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PROGRAMA NACIONAL DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL NA PROMOÇÃO DE INFOINCLUSÃO DOCENTE SILVA, Valdirene Moura - UFPE 1 Grupo de Trabalho - Comunicação e Tecnologia Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Há de se convir que esse é mais um dos paradigmas enfrentados pela educação: A apropriação da tecnologia na prática docente. Tendo em vista a posição conflitante dos educadores, a proposta desse artigo consistiu em compreender os efeitos perceptíveis da infoinclusão oriundos da implantação do ProInfo na escola da rede pública municipal de Vertentes - Pernambuco. Esse estudo, objetivou-se a investigar a promoção de infoinclusão docente, bem como a inclusão metódica do uso das TDIC nas práticas educativas, obtidas como consequência das ações do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) nas instituições pesquisadas. Destarte, especificamente analisou-se: a disponibilização, pela gestão, do laboratório aos docentes da instituição; A frequência mensal de acesso dos docentes ao laboratório de informática; e a demanda do corpo docente para o uso das TDIC no laboratório. Por sua vez, o caminho teórico-metodológico percorreu entre as concepções de Kenski (2008), Padilha e Cavalcante (2009), Prata (2005), Buzzato (2011), Coll (2010), Gil (2008) e as diretrizes dos Livros Azul, Branco e Verde. As nossas conclusões apontam para a mínima existência de infoinclusão instigada pelo ProInfo, as ações permanecem mais centradas em aulas isoladas e atividades pouco direcionadas ou interdisciplinares, é como se as TIDIC fossem abstratas e portanto quase impossível de serem utilizada na prática pedagógica. Dessa forma, percebe-se ainda que, embora as TDIC não sejam utilizadas de maneira correta, ou seja, explorando todas as suas potencialidades e recursos para aprimorar a prática pedagógica, os seus resultados da educação são perceptíveis e, portanto a sua inserção no contexto educacional deve ser pensado e concretizado. Palavras-chave: Tecnologia; Educação; Docente. Introdução Em sua complexidade, a temática inserção de tecnologias digitais na educação suscita uma pertinente inquietude, tanto profissional quanto acadêmica, relacionada à dualidade de posições que o tema provoca. Diz-se dualidade, pois, ao mesmo tempo em que, na área 1 Mestranda em Educação Matemática e Tecnológica no EDUMATEC da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Pedagoga também pela mesma instituição. Participante do grupo de pesquisa na área de processos de ensino e aprendizagem em educação, com ênfase em tecnologia. E-mail: [email protected].

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PROGRAMA NACIONAL DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL NA

PROMOÇÃO DE INFOINCLUSÃO DOCENTE

SILVA, Valdirene Moura - UFPE1

Grupo de Trabalho - Comunicação e Tecnologia

Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Há de se convir que esse é mais um dos paradigmas enfrentados pela educação: A apropriação da tecnologia na prática docente. Tendo em vista a posição conflitante dos educadores, a proposta desse artigo consistiu em compreender os efeitos perceptíveis da infoinclusão oriundos da implantação do ProInfo na escola da rede pública municipal de Vertentes - Pernambuco. Esse estudo, objetivou-se a investigar a promoção de infoinclusão docente, bem como a inclusão metódica do uso das TDIC nas práticas educativas, obtidas como consequência das ações do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) nas instituições pesquisadas. Destarte, especificamente analisou-se: a disponibilização, pela gestão, do laboratório aos docentes da instituição; A frequência mensal de acesso dos docentes ao laboratório de informática; e a demanda do corpo docente para o uso das TDIC no laboratório. Por sua vez, o caminho teórico-metodológico percorreu entre as concepções de Kenski (2008), Padilha e Cavalcante (2009), Prata (2005), Buzzato (2011), Coll (2010), Gil (2008) e as diretrizes dos Livros Azul, Branco e Verde. As nossas conclusões apontam para a mínima existência de infoinclusão instigada pelo ProInfo, as ações permanecem mais centradas em aulas isoladas e atividades pouco direcionadas ou interdisciplinares, é como se as TIDIC fossem abstratas e portanto quase impossível de serem utilizada na prática pedagógica. Dessa forma, percebe-se ainda que, embora as TDIC não sejam utilizadas de maneira correta, ou seja, explorando todas as suas potencialidades e recursos para aprimorar a prática pedagógica, os seus resultados da educação são perceptíveis e, portanto a sua inserção no contexto educacional deve ser pensado e concretizado. Palavras-chave: Tecnologia; Educação; Docente. Introdução

Em sua complexidade, a temática inserção de tecnologias digitais na educação suscita

uma pertinente inquietude, tanto profissional quanto acadêmica, relacionada à dualidade de

posições que o tema provoca. Diz-se dualidade, pois, ao mesmo tempo em que, na área 1 Mestranda em Educação Matemática e Tecnológica no EDUMATEC da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Pedagoga também pela mesma instituição. Participante do grupo de pesquisa na área de processos de ensino e aprendizagem em educação, com ênfase em tecnologia. E-mail: [email protected].

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educativa, uma parcela de profissionais defende, com vigor, a introdução de tecnologias

digitais nas atividades de ensino, aprendizagem e pesquisa, outros tantos se mantém alheios e

resistentes ao uso desses recursos.

Quanto aos gestores das instituições de ensino, as posições conflitantes se repetem.

Enquanto alguns aproveitam os programas de inclusão digital os quais o governo institui para

a implantação de recursos de tecnologias digitais de informação e comunicação (de ora em

diante TDIC), como é o caso do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo),

outros gestores abrem mão dessas possibilidades.

No cotidiano escolar é possível acompanhar os dois discursos simultâneos, aqueles

abertos aos avanços proporcionados pela tecnologia, assim como aqueles que resistem a esse

desenvolvimento. Visto que as tecnologias digitais de informação e comunicação assumem

uma função cada vez mais essencial na sociedade contemporânea, a educação formal procura

meios de atender a essa demanda do mundo do trabalho e do cotidiano dos sujeitos, e estes,

progressivamente, se tornam mais dependentes dos recursos das tecnologias digitais para

diversas tarefas. De fato, as TDIC alteraram a configuração de nossas atividades do dia-a-dia,

desde o uso de caixas eletrônicos de bancos até a comunicação das empresas com seus

funcionários, que atualmente se dá, com frequência, via correio eletrônico.

Com relação às ações do governo no sentido de incluir as TDIC nas escolas da rede

pública, uma delas foi a criação do ProInfo, que disponibiliza, mediante adesão voluntária das

escolas, computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais2.O ProInfo foi criado pela

Portaria nº 522/MEC, de 9 de abril de 1997 com o intuito de introduzir/potencializar o uso das

tecnologias de informação e comunicação nas atividades de ensino e aprendizagem na rede

pública de ensino fundamental e médio.

Com o intuito de incluir as escolas públicas do Brasil na “Era Tecnológica”, em 14 de

junho de 2010 pela Lei nº. 12.249, instituiu-se o Programa Um Computador por Aluno

(PROUCA), visando ainda uma maior e melhor integração entre aluno/escola/família. O

PROUCA3 busca integrar o desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem entre

alunos e professores das escolas públicas, além de promover a inclusão digital pedagógica,

atentando ainda para o fato de que esta pode acrescentar qualidade à ação educativa, dado o

leque de recursos oferecidos pelas TDIC. Para tanto, se disponibilizam equipamentos

2 http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=462&id=244&option=com_content&view=article, acesso em 02/02/2010 3 Fonte: www.uca.gov.br acesso em 10 /04/2011

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portáteis, como os laptops que poderão ser utilizados nos espaços escolares (sala de aula,

biblioteca, laboratório, etc.) por estudantes e professores, de acordo com regras a serem

estabelecidas, assim como também poderão ser manuseados em casa, iniciando assim o

processo de inclusão digital de familiares e da comunidade em geral.

Não é de hoje que se aponta os benefícios para o processo de ensino e aprendizagem

com a introdução das TDIC na educação formal, dentre os quais pode-se citar a dinamização

da aula, a possibilidade de autoria compartilhada nas interfaces de discussão, a interação, etc,

bem como também se pode fortalecer a cidadania pelo acesso mais diversificado à

informação. Em outras palavras, quanto mais evoluímos, mais necessitamos ter acesso às

transformações que a tecnologia promove e que são de nosso direito usufruir. Já se

posicionava a respeito disso, Freire (1979, p. 22):

Se o meu compromisso é realmente com o homem concreto, como a causa de sua humanização, de sua libertação, não posso por isso mesmo prescindir da ciência, nem da tecnologia, com as quais me vou instrumentando para melhor lutar por esta causa.

Entretanto, somente a posse dos equipamentos e o acesso à rede mundial de

computadores, que sustentam o uso das TDIC, não garantem a sua utilização para fins

educativos. Aliás, nenhuma tecnologia, por maior que seja a excelência dos recursos

oferecidos, é educativa per si. A fé cega nos recursos da Ciência (qualquer que seja ela), como

promotores inquestionáveis do bem estar humano, é um paradigma da modernidade que caiu

por terra no século XX. Uma tecnologia adquirirá a qualidade de ser educativa de acordo,

sobretudo, com as concepções de ensino e aprendizagem dos agentes envolvidos nesse

processo.

Em virtude disso, por mais louvável a intenção que suscitou a criação do ProInfo, e

recentemente do PROUCA, parece ser relevante tomar ciência dos resultados de sua aplicação

no cotidiano escolar. Essa é a proposta desta investigação, a saber: compreender os efeitos

perceptíveis de infoinclusão oriundos da implantação do ProInfo na escola da rede pública.

Objetivou-se com esse estudo investigar a promoção de infoinclusão docente, bem

como a inclusão metódica do uso das TDIC nas práticas educativas, obtidas como

consequência das ações do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) nas

instituições pesquisadas. Para tanto analisou-se a disponibilização, pela gestão, do laboratório

aos docentes da instituição;A frequência mensal de acesso dos docentes ao laboratório de

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informática para fins de pesquisa pessoal, para atividades escolares; a demanda do corpo

docente ao programa e à gestão no que diz respeito ao uso de TDIC nas práticas educativas.

O referencial teórico se deu pelo diálogo com autores tais como: Prata (2005) Padilha

(2009) Kenski (2008), Zabala (1998), entre outros, trabalhando em torno de conceitos sobre

as tecnologias no contexto educacional, instalação de novo paradigma e a relação da prática

docente e das tecnologias no processo de ensino aprendizagem, parcialmente desenvolvidos

nos itens a seguir.

AS TECNOLOGIAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL: A CONQUISTA DE UM NOVO PARADIGMA

Ao eleger uma temática para investigação, certamente sente-se a necessidade de

mergulhar em aspectos históricos que descortinem o contexto na qual ela se instala. Os

avanços ocorridos na segunda metade do século XX, e primeira década do século XXI,

promoveram consigo uma revolução no que diz respeito à disseminação ampla do

conhecimento e a tecnologia digital e, atrelada a ele, produz novas exigências pessoais e

profissionais aos sujeitos.

Porém, ao nos determos na vida primitiva dos homens, na pré-história, identificamos,

desde então, a presença de ferramentas criadas para facilitar as tarefas. O homem primitivo, a

partir de um ponto, detinha o domínio tanto de utensílios quanto de técnicas para caça, pesca e

a sua própria defesa contra os predadores. Tudo isso se trata de tecnologias. Assim sendo,

pode-se concluir que a tecnologia está presente nos fazeres da espécie humana, desde tempos

remotos.

Partindo desse contexto, reporto-me a Kenski (2008, p. 16) que afirma:

A Guerra Fria iniciada logo após a Segunda Guerra Mundial e que durante quase 50 anos dividiu o mundo em dois grandes blocos de poder – impulsionou a ciência e a tecnologia de forma jamais vista na história da humanidade. Trouxe inovações como: isopor, forno de microondas, relógio digital e o computador.

A década de 90 se configurou em um marco de transição de entrada no século XXI,

com uma presença marcante da tecnologia digital. Porém, ao nos debruçarmos sobre o papel

da educação na sociedade da informação, há a necessidade de ampliar o conhecimento das

propostas governamentais com relação à tecnologia.

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Para aprofundarmos em relação às propostas da inclusão tecnológica no Brasil,

buscamos respaldo em documento oriundos da Conferência de Ciência e Tecnologia que

surgiu em 1985, por iniciativa do primeiro Ministro da Ciência e Tecnologia: Renato Archer.

Com o intuito de ampliar a participação da sociedade brasileira na definição de uma política

tecnológica para o país.

Por outro lado, a segunda conferência aconteceu em setembro de 2001, trazendo

consigo discussões sobre a importância da inovação tecnológica como instrumento de

competitividade e passou a ser chamada de: “2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia

e Inovação” (CNCTI) onde em 2002 mediante as discussões e debates realizados publicou-se

o livro Verde.

Posteriormente, na 3ª Conferência Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação

realizada em Brasília, entre 16 a 18 de novembro de 2005, a qual resultou o Livro

Branco,apresentado pelo então Ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg. Em

conseguinte, convocada por Decreto Presidencial em três de agosto de 2009, realizou-se nos

dias 26 a 28 de maio de 2010 a 4ª Conferência, com o título: “Política de Estado Ciência,

Tecnologia e Inovação com vista ao Desenvolvimento Sustentável”, e resultou o Livro Azul.

Pode-se concluir que os livros citados anteriormente trazem objetivos específicos da área de

tecnologia na educação, composto de planejamento, orçamento de infraestrutura e execução

de ações concretas nesta área.

No entanto, o ato de educar em uma sociedade marcada pelas excessivas informações,

não é tarefa fácil, vez que é necessário muito mais do que treinar as pessoas para uso das

tecnologias. É válido ressaltar ainda, o fato de que enquanto vários adultos fogem do contato

com interfaces virtuais, para as crianças esse contato já está incorporado na lógica infantil.

Partindo desse contexto, é necessário se pensar nos recursos das TDIC como alternativas

legítimas e atrativas para se atrelar às atividade educativas. Assim nos adverte o capítulo 4 do

livro verde (p. 45):

A atração que as novas tecnologias exercem sobre todos – de formuladores de políticas e implementadores de infra-estrutura e aplicações de tecnologia de informação e comunicação até usuários de todas as classes e idades – pode levar a uma visão perigosamente reducionista acerca do papel da educação na sociedade da informação, enfatizando a capacitação tecnológica em detrimento de aspectos mais relevantes.

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Ao se pensar nas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação no contexto

educacional, é pertinente compreender o leque de funções oferecido por elas. Há de se

ressaltar duas questões que suscitam vários debates atuais, relacionados ao tema, e cujas

respostas podem ser uma pista para a ocorrência dos inúmeros mal entendidos que surgem

quanto à inclusão de TDIC no processo ensino – aprendizagem, a saber: Os projetos

relacionados às TDIC, que chegam às escolas vêm acompanhados de um suporte

epistemológico e operacional para os professores que desenvolverão as propostas? E quanto

aos alunos, há um plano de introdução destes nas atividades com as TDIC? Quem é a

preocupação central?

Compreendendo ser de grande relevância se ter clareza quanto questões levantadas,

recorda-se Kenski (2008), que afirma: “Da análise de novos projetos e propostas de ensino

mediado pelas TDIC, busco examinar uma questão bem atual sobre quem é o centro do

processo educativo: O conhecimento, o aluno ou as tecnologias.” (p.09).

Os tempos atuais nos demandam refletir sobre a evolução do processo pedagógico nos

contexto educacional. Sobretudo se lembrarmos, que pelo fato das TDIC ainda serem de

acesso restrito, no universo da população de nosso país, seu uso ainda é privilégio de poucos,

ferramenta de exercício de poder e domínio. Portanto, a educação formal, principalmente as

instituições públicas, precisam entrar em compasso com as exigências do contemporâneo

combatendo à exclusão digital. Diante desse aspecto Kenski (2008. p.19) nos dirá:

Na ação do professor na sala de aula e no uso que ele faz de suportes tecnológicos que se encontram à sua disposição, são novamente definidas as relações entre o conhecimento a ser ensinado, o poder do professor e a forma de exploração das tecnologias disponíveis para garantir melhor aprendizagem pelos alunos

Na área educacional esse fato se repete, por isso a conquista das escolas e dos

profissionais da área (gestores, coordenadores, professores) em relação às TDIC traz uma

singularidade sem dúvida alguma de grande representatividade para toda a comunidade

escolar, e é certamente a conquista de um novo paradigma na educação. É ainda incipiente a

forma como são incorporados os recursos tecnológicos nas escolas, para Padilha e Cavalcante

(2009.p.08):

As inovações tecnológicas já chegaram às escolas e universidades, porém, a mudança dá-se muito mais na estrutura física da escola, com a construção de laboratórios equipados, podendo até chegar no mesmo discurso dos professores e gestores. Entretanto nas práticas pedagógicas docentes, nas formas de ensinar e aprender essa mudança ocorre muito pouco.

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Nessa perspectiva, é notório as dimensões que podem atingir o uso da tecnologia na

educação formal. Partindo do pressuposto de que é importante contextualizar o conhecimento

para que a construção de saber seja mais efetiva, convém considerar também a tecnologia

digital como algo além de um recurso a mais para os professores aperfeiçoarem suas

respectivas aulas.

A introdução das TDIC deve ser guiada por concepções contemporâneas de

aprendizagem e com metodologia consistente, com o intuito de resultar em projetos de

inclusão tecnológica de forma competente desde o início do percurso escolar. Na realidade,

diante do que vem sendo discutido e publicado, podemos inferir que a mudança ainda está

restrita praticamente ao âmbito do discurso.

A RELAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE E DAS TECNOLOGIAS NO P ROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

A prática docente desejável é constituída por uma dinâmica muito exigente que

envolve como diz Zabala (1998), uma série de níveis de competências tais como: os

conceituais, atitudinais, procedimentais. Pode-se, dessa forma dialogar com três desafios: o

saber olhar, o quê olhar e como olhar.

As tecnologias que hoje são consideradas novas em pouco tempo perdem a atualidade

em virtude da celeridade das mudanças ocorridas nessa área de saber, e isso é preocupante em

relação à educação formal visto que a lentidão com que a escola metaboliza essas mudanças

deixa sempre a instituição um passo atrás de seu tempo. Também convém lembrar, que por

diversas vezes a inserção das tecnologias na escola são interpretadas de maneiras simplistas

pelos educadores. Fazer uso das possibilidades das TDIC vai além de saber operar um

computador, necessita da uma concepção de aprendizagem consistente relacionada às novas

linguagens que circulam socialmente. Lembra Prata (2005.p.95):

O computador é um recurso que possibilita interações com diferentes formas de representação simbólica (gráficos, textos, hipertextos, som, movimentos, ícones, imagens) e permite o acesso a muitas e mais diversas fontes de informações (CD – ROM e internet).

O caráter interativo, proporcionado por ambientes virtuais de aprendizagem e suas

interfaces, podem desenvolver o potencial de trabalho colaborativo entre alunos, sobretudo se

incorporado aos fazeres na sala de aula presencial. Nessa perspectiva, há possibilidade de

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contribuição para o redirecionamento de práticas ultrapassadas, que ainda se fazem presentes

na cultura educacional brasileira, pois, nessa nova perspectiva o aluno tem um recurso a mais

para construção de seus conhecimentos. É compreensível certa resistência dos educadores,

frente a esses novos desafios. A excessiva carga de funções atribuídas à docência, além do

receio de ver desqualificada a sua experiência profissional produzem um receio

compreensível. Nesse sentido recordo Buzzato (2011.p.10):

O que torna a formação do professor um desafio fantástico não é a ideia ingênua de que podemos /devemos recomeçar do zero, mas justamente a necessidade de integrar o novo com o que já temos/sabemos, a partir do que já temos/sabemos, transformando esse conjunto de práticas, habilidades e significados da mesma forma como novos letramentos transformam os seus percussores.

É perceptível a presença de um marco de transição em nossa sociedade, marco de

entrada no século XXI, que tem como ponto de referência o uso tecnológico na vida social e

que deveria já ter repercutido na educação. No entanto, é necessário saber não só como fazer

uso da TDIC, mas sobretudo fazê-lo de modo a desenvolver criticidade tantos dos professores

quanto dos alunos. Como afirma Lyotard apud Kenski (2008, p.18):

A única chance que o homem tem para conseguir acompanhar o movimento do mundo é adaptar-se à complexidade que os avanços tecnológicos impõem a todos, indistintamente. Este é também o duplo desafio para educação: adaptar-se aos avanços das tecnologias e orientar o caminho de todos para o domínio e a apropriação crítica desses novos meios.

Enfim, aderir aos avanços tecnológicos se constitui um grande desafio assim como

também fazer o uso deles de maneira favorável e positiva auxiliando e facilitando as nossas

ações cotidianas também é.

Portanto, incorporar a criticidade, não é tarefa fácil, por isso mesmo requer exercício

diário de reflexão sobre as ações e principalmente nas consequências causadas por elas. Essa

atividade torna-se cada vez mais complexa mediante a quantidade de informações a qual o

mundo contemporâneo exige para sobrevivermos frente a tantos desafios principalmente na

área educacional.

Metodologia

Destarte, por mais louvável a intenção que suscitou a criação do ProInfo, e

posteriormente do PROUCA, parece ser relevante tomar ciência dos resultados de sua

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aplicação no cotidiano escolar. Essa é a proposta desta investigação, a saber: compreender os

efeitos perceptíveis de infoinclusão oriundos da implantação do ProInfo na escola da rede

pública. As escolas escolhidas são do município de Vertentes, Pernambuco, e a pesquisa se

ocupará, em sua fase inicial, de levantar dados quali-quantitativos, por meio de questionários,

análise de cronogramas, de observação, e entrevistas semi-estruturadas, sendo os instrumentos

aplicados ao corpo docente. Espera-se que, em etapa subsequente, a análise do material

permita distinguir efeitos do ProInfo, nessas instituições, no quesito infoinclusão docente.

Sendo o objeto de estudo dessa investigação a infoinclusão docente que deriva da

adesão ao ProInfo no ambiente escolar, compreende-se que será pertinente desenvolver uma

pesquisa exploratória, que segundo Gil (2008, p. 27):

Têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores [...] são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, tipo aproximativo, acerca de determinado fato.

Assim sendo, essas delimitações da pesquisa permitem rigor metodológico e

fundamentação teórica, proporcionando uma melhor análise dos dados que serão coletados. É

válido ressaltar ainda a advertência de Santos quanto às questões que envolvem grandes

debates na pesquisa social: “os métodos quantitativo e qualitativo não são incompatíveis; pelo

contrário, estão intimamente imbricados e, portanto, podem ser usados pelos pesquisadores

sem caírem na contradição epistemológica” (2007, p. 51).

No decorrer da investigação foram aplicados aos docentes questionários e entrevistas

semi-estruturadas. Também foram realizadas: a análise do material ProInfo; observações de

atividade nos laboratórios, e registros fotográfico com intuito de alicerçar a análise dos dados

coletados.

Os quarenta e dois (42) professores participantes da investigação foram selecionados

mediante a escolha das Escolas Municipais Sol Nascente e Teatro Mágico4 localizadas no

município de Vertentes - Pernambuco. É pertinente lembrar, que uma localiza-se no centro da

cidade e a outra na zona rural da mesma. A análise de dados foi construída acerca do diálogo

que se estruturou no seguinte tópico: Dialogando com a realidade do cotidiano dos docentes.

4 Nome fictício atribuído com a finalidade de preservar a identidade dos sujeitos envolvidos na pesquisa.

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DIALOGANDO COM A REALIDADE DO COTIDIANO DOS DOCENTE S

Nos últimos anos a sociedade demanda que um novo paradigma seja incorporado aos

processos de ensino e aprendizado desenvolvendo-se na escola, a saber: o uso das tecnologias

na educação.

A escola convive com um mundo cada vez mais saturado de informações, e as

tecnologias atreladas ao cotidiano escolar representam uma possível ponte entre o

conhecimento e a criticidade, assim, esse desafio que deve ser pensado e incorporado o

quanto antes nas práticas pedagógicas atuais, consegue ser cada vez mais presente em nosso

dia-a-dia, vez que só a introdução delas na realidade da escola não gera por si só

aprendizagem.

Destarte, as invenções, sejam elas: ipod, celular, mp3, mp4, vídeo game, enfim, todas

elas já circundam naturalmente o cotidiano das pessoas, é válido ressaltar as questões

socioeconômicas do indivíduo. Mas, mesmo que não se possua o equipamento, as linguagens

e a lógica da era digital já permeiam toda a sociedade, sobretudo a juventude.

Com o intuito de investigar como os docentes lidam com esse contexto vivenciado

pelos discentes, buscou-se compreender os efeitos da infoinclusão oriundos da implantação do

ProInfo em algumas escolas da rede pública municipal da cidade de Vertentes – PE.

Na área da educação há grandes diferenças quanto à questão de gênero, em um total de

42 docentes apenas 12% são do sexo masculino e 88% feminino. Como podemos ver no

gráfico a seguir:

Fonte: Dados originados da coleta de dados do campo de pesquisa.

Frente aos dados coletados, uma das primeiras interpretações consiste na relação da

tecnologia com a idade, o que nos remete as discussões trazidas por Coll (2010) sobre a nova

sociedade - Sociedade da Informação e Comunicação, na qual a geração deveria se alicerçar

no desenvolvimento proposto pelas TDIC. Porém, diante de sérias resistências dos docentes

em relação aos avanços tecnológicos, cada vez se torna mais difícil o bom aproveitamento dos

recursos disponibilizados na escola para a prática docente.

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Quanto à faixa etária dos professores envolvidos na investigação pode-se dizer que são

pessoas maduras, pois cerca de 44% estão entre os 38 a 48 anos. Entretanto, também é bom

ressaltar que é uma geração que não vivenciou a implantação das inovações em ações

corriqueiras do dia-a-dia e esta talvez seja a que mais resiste à inserção de novas tecnologias

virtuais nas práticas docentes, como podemos conferir no gráfico II:

Fonte: Dados originados da coleta de dados do campo de pesquisa.

Até podemos compreender as limitações impostas pelo fato das pessoas resistirem a

mudança na lógica que orientava o seu dia a dia antes do advento dos computadores, no

entanto, é necessário em qualquer função sobretudo naquelas que dizem respeito à educação

que os profissionais se atualizem e acompanhem o seu tempo.É inútil tentar ignorar e se

ausentar dessa condição. Já nos adverte Brunner apud Coll (2010, p.290):

A escolha do termo “alfabetização” para referir-se a este conjunto de aprendizagens mostra sua importância. Com efeito, o termo refere-se originalmente à língua escrita e à cultura letrada, baseada na capacidade de ler e escrever, e, como é sabido, o texto escrito, a leitura e a escrita estão na base da educação escolar e do surgimento, consolidação e universalização dos sistemas estatais de educação.

É bastante pertinente que se tenha uma alfabetização digital para se conviver na

sociedade atual, pois cada vez mais carecemos desses saberes dificultamos nossas ações

cotidianas. Quando nos reportamos à prática docente, essa realidade não muda, pelo contrário,

concentra-se ainda mais, porque existem inúmeras expectativas em relação ao trabalho do

professor.

Ao tratar de alfabetização digital é conveniente lembrar, que a maioria dos docentes

reclamam da falta de formações continuadas. São as próprias formações que instigam os

professores a serem dinâmicos (pelo menos é que espera-se), no entanto, apenas preparam

para o uso sistemático das tecnologias digitais. É incompreensível que em pleno século XX,

54% do total de docentes investigados utilizem apenas livro didático em suas aulas como

mostra o Gráfico III:

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Fonte: Dados originados da coleta de dados do campo de pesquisa.

Os conflitos são sempre importantes, pois são eles que nos encorajam frente aos

nossos ideais, enquanto não nos inquietamos em relação às injustiças praticadas, repetimos os

mesmos erros, porém, quando há o confronto, certamente teremos mais certeza em lutar pelas

nossas conquistas, ou seja, aceitar que ainda há professores que estão em descompasso com as

necessidade do contemporâneo e que por isso é necessário planejar ações sistemáticas para

que ultrapassem e não repitam a sua didática retrógrada é imprescindível para evoluir nesse

aspecto Reporto-me a Kenski (2008, p. 21):

A evolução tecnológica não se restringe apenas a novos usos de determinados equipamentos e produtos. Ela altera comportamentos. A ampliação e a banalização do uso de determinada tecnologia impõem-se à cultura existente e transformam não apenas o comportamento individual, mas de todo o grupo social. Elas transformam sua maneira de pensar, sentir, a agir.

É mister proferir ainda que a transformação só acontecerá mediante a conscientização

dos professores. Ou seja, quando as tecnologias fizerem sentido na vida desses profissionais,

o comportamento se modificará. O futuro da profissão docente vai depender do destino que

cada um dará aos novos instrumentos que a cultura lhe oferece.

A reportagem publicada na revista VEJA (10/2011), argumenta que o mundo está

sendo dominado pelas inovações do facebook, inclusive chamando de nova geração, cerca de

800 milhões de internautas que passam no mínimo duas horas diárias envolvidos em recursos

propostos pela rede social supracitada. Esse dado representaria em números, uma população

que ocuparia o terceiro lugar como país mais populoso do planeta, país esse, virtual.

É válido salientar um dado bastante significativo em relação à carência de

possibilidades concretas de infoinclusão docente, tendo em vista que 73% dos docentes ainda

não possuem computadores, fator esse que influencia e determina diversas práticas

pedagógicas tradicionais presentes no trabalho pedagógico desses referidos profissionais

podemos conferir no gráfico IV:

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Fonte: Dados originados da coleta de dados do campo de pesquisa.

Nesse sentido, recorda-se Almeida (2005.p 109):

O computador, em um futuro muito próximo, tornar-se-á propriedade privada do indivíduo, o que permitirá o retorno do indivíduo do poder de determinar os modelos da educação.

Contudo, em um futuro não tão distante, seremos todos inevitavelmente envolvidos

nesse contexto, direta ou indiretamente, a preocupação que insiste em permanecer é: Como

estamos nos preparando para lidar com essa realidade que se aproxima rapidamente do nosso

cotidiano? Será que teremos criticidade de distinguir se a tecnologia constrói modelos

coerentes para educação de qualidade? E nossa colaboração ajuda nesse processo?

O problema não é conduzir o processo de inserção da TDIC no contexto educacional,

muito menos se fazer parte dos que já a utilizam em suas práticas pedagógicas. A

preocupação maior nos remete a discernir sobre a responsabilidade presente nessa inserção,

ou seja, é extremamente necessário comprometimento do profissional em saber “como” e

“para que” fazer, pois o objetivo pedagógico deve ser garantido. Percebe-se que quando há o

uso do computador é para programas básicos como podemos comprovar no gráfico V:

Fonte: Dados originados da coleta de dados do campo de pesquisa.

Compreende-se, portanto que para avançar em relação à infoinclusão docente se faz

necessário uma maior apropriação de conceitos relacionados à tecnologia na educação, vez

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que os dados revelaram conhecimentos abstratos e insuficientes. Vamos observar os gráficos

VI, VII e VIII:

Fonte: Dados originados da coleta de dados do campo de pesquisa.

Os referidos gráficos representam o quanto os docentes quando fazem o uso do

computador, fazem sem ter objetivos pedagógicos. É preocupante a forma como a inclusão

das TDIC pode acontecer, acredita-se que os resultados podem ser bastante preocupantes e até

irreversíveis.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluída a pesquisa, retoma-se a pergunta inicial que originou a investigação, a

saber: compreender os efeitos perceptíveis de infoinclusão oriundos da implantação do

ProInfo na escola da rede pública. Destarte, constatou-se que os laboratórios são

pouquíssimos utilizados, é como se os docentes não fizessem parte do mundo que a ênfase nas

tecnologias torna-se cada vez mais presente.

Assim sendo, objetivou-se com esse estudo investigar a promoção de infoinclusão

docente, bem como a inclusão metódica do uso das TDIC nas práticas educativas, obtidas

como consequência das ações do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo).

Os resultados são preocupantes, cerca de 54% dos docentes, utilizam como recurso didático

apenas o livro didático, o que não é proibido, porém, deve no mínimo estar atrelado a outro

recurso.

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É válido ressaltar ainda que essa maioria supracitada não mencionaram utilizar o

laboratório de informática nem para pesquisas, menos ainda nos momento das aulas, ou seja,

os computadores da escola são vistos como uma sala que apenas o instrutor de informática

pode utilizar, sem interdisciplinaridade.

Mais especificamente analisou-se a disponibilização, pela gestão, do laboratório aos

docentes, as instituições investigadas apresentaram comportamentos neutros por parte da

equipe gestora, nem incentiva nem impede, deixa na responsabilidade do professor. Em

decorrência, a frequência mensal de acesso dos docentes ao laboratório de informática para

fins de pesquisa pessoal e para atividades escolares é praticamente irrelevante.

Esse estudo expressou a percepção conturbada que os docentes possuem em relação a

tecnologia, percepção essa, que relaciona as TDIC apenas ao computador, então, deixar o

professor a mercê dessa inovação e atualização seria admitir a permanência de uma prática

educacional retógrada e sem estímulos para aprendizagem.

Diante do exposto, pode-se concluir que o trabalho docente é permeado por teoria e

ações práticas, requerendo permanente reflexão teórica-prática e constantes aprofundamentos.

Sua complexidade envolve a interação com os alunos, planejamento e gestão educacional do

ensino, avaliação, transformações curriculares, dentre tantas outras. Logo, a docência pode ser

considerada como uma forma privada de trabalho sobre o humano, ou seja, uma atividade em

que o trabalhador dedica-se ao seu “objeto” de trabalho, constituído por outro ser humano, na

esfera infinita da interação humana. Justamente por isso, faz-se complexa e interativa, em

permanente estado de tensão frente aos desafios impostos pela sociedade contemporânea,

contraditória, complexa e exigente.

Ser educador na pós-modernidade implica ter pluralidade de competências,

versatilidade de postura e atuação, fazendo-nos refletir qual o real limite do exercício da

docência, até que ponto permitir-se chegar – adequar-se; aceitar – sem deixar-se ser usurpada

de suas verdadeiras funções, sem encaixar-se – inconscientemente – em moldes de

“salvadores da humanidade”, responsáveis por todo o caminhar do país, levando sob os

ombros, a evolução da humanidade.

Em suma, concluí-se que embora as TDIC não sejam utilizadas de maneira correta, ou

seja, explorando todas as suas potencialidades e recursos para aprimorar a prática pedagógica,

os seus resultados na educação são perceptíveis e portanto a sua inserção no contexto

educacional deve ser pensado e concretizado.

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REFERÊNCIAS

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