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189 VII Jornada de Iniciação Científica do INPA • 07 a 09 de Julho de 1998 • Manaus - AM EFEITOS DE DIFERENTES ESTÁDIOS DE PLÂNTULAS E TAMANHO DOS SACOS PARA TRANSPLANTE NO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE PUPUNHEIRA (Bactris gasipaes Kunth) Silvia Maria Sena de Mesquita'<'; Kaoru Yuyama'<' (l)Bolsista CNPq/PIBIC; (2)Pesquisador INPA/CPCA A pupunheira (Bactris gasipaes Kunth), planta típica da Amazônia, além dos frutos possui grande potencial econômico como: farinha, óleo, ração animal e palmito.t Chávez F., 1987, apud Mora Urpi et al., 1982; Clement & Mora Urpi, 1984). Atualmente, o alto potencial da pupunha está, sobretudo, como produtora de palmito, por sua precocidade (cerca de 18 meses no campo para o primeiro corte) e perfilhos de seis a doze meses após o primeiro corte, por mais de quinze anos consecutivos. As pesquisas com a pupunha para produção de palmito começou em 1975 no Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (CA TIE), em Turrialba, Costa Rica (Clement, 1987). Hoje, existem normas e padrões para a produção de mudas fiscalizadas, elaboradas pela Comissão Estadual de Sementes e Mudas, mas as informações sobre a produção de mudas de pupunheira ainda são muito vagas devido à falta de estudos específicos (CESM, 1996). Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo: avaliar o desenvolvimento das mudas transplantadas em diferentes estádios de plântulas e volume de substrato. O experimento foi conduzido na Coordenação de Pesquisas em Ciências Agronômicas (CPCA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) V-8, em viveiro. Foram utilizadas sementes de pupunheira coletadas em meados de março de 1997, de plantas inermes de Yurimaguas, Peru. Foi utilizado o delineamento de blocos casualizados, em esquema de fatorial 2X3X3, com quatro repetições. Os tratamentos foram: dois tipos de substrato (com e sem esterco de galinha), três estádios de plântulas (chifrinho, uma folha e duas folhas) e três tamanhos de sacos (meio quilo, um quilo e dois quilos). O transplante das mudas foi realizado no dia 01107/97. Os dados foram coletados a cada 30 dias, da seguinte forma: diâmetro (mm) do caule, na região do colo da planta utilizando um paquímetro digital; altura (em) do caule à última bifurcação das folhas da planta, utilizando régua de 50cm; número de folhas verdes abertas contadas visualmente. As plântulas submetidas a substrato com esterco tiveram maior desenvolvimento (Figuras 1, 4 e 7) em relação às sem esterco, em todas as fases. O crescimento das mudas transplantadas em diferentes estádios das plântulas (Figuras 2, 5 e 8) mostram que as plântulas transplantadas' no estádio de uma folha teve crescimento maior seguida de chifrinho e de duas folhas. Apenas o número de folhas de mudas transplantadas no estádio de duas folhas superaram a de chifrinhos e uma folha, após seis meses de transplante (Figura 8). O volume de substrato mostra que os sacos de 1 (médio) e 2 (grande) quilos não diferem no crescimento das plantas (altura, diâmetro e número de folhas verdes), superando o de meio (pequeno) quilo (Figuras 3, 6 e 9). Portanto, o saco médio é o ideal para mudas de pupunha, pois o saco grande terá dificuldade no transporte de mudas no campo, devido ao seu volume. Os resultados obtidos são contrários a uma pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Produção Rural e Abastecimento (Araujo, 1991), que afirma ser ideal para a produção de mudas os sacos de lOX25 em (2 litros). Segundo a recomendação do

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VII Jornada de Iniciação Científica do INPA • 07 a 09 de Julho de 1998 • Manaus - AM

EFEITOS DE DIFERENTES ESTÁDIOS DE PLÂNTULAS E TAMANHODOS SACOS PARA TRANSPLANTE NO DESENVOLVIMENTO DEMUDAS DE PUPUNHEIRA (Bactris gasipaes Kunth)

Silvia Maria Sena de Mesquita'<'; Kaoru Yuyama'<'(l)Bolsista CNPq/PIBIC; (2)Pesquisador INPA/CPCA

A pupunheira (Bactris gasipaes Kunth), planta típica da Amazônia, além dos frutospossui grande potencial econômico como: farinha, óleo, ração animal e palmito.t Chávez F.,1987, apud Mora Urpi et al., 1982; Clement & Mora Urpi, 1984). Atualmente, o alto potencialda pupunha está, sobretudo, como produtora de palmito, por sua precocidade (cerca de 18meses no campo para o primeiro corte) e perfilhos de seis a doze meses após o primeiro corte,por mais de quinze anos consecutivos.

As pesquisas com a pupunha para produção de palmito começou em 1975 no CentroAgronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (CATIE), em Turrialba, Costa Rica (Clement,1987). Hoje, existem normas e padrões para a produção de mudas fiscalizadas, elaboradaspela Comissão Estadual de Sementes e Mudas, mas as informações sobre a produção demudas de pupunheira ainda são muito vagas devido à falta de estudos específicos (CESM,1996).

Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo: avaliar o desenvolvimento das mudastransplantadas em diferentes estádios de plântulas e volume de substrato.

O experimento foi conduzido na Coordenação de Pesquisas em Ciências Agronômicas(CPCA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) V-8, em viveiro. Foramutilizadas sementes de pupunheira coletadas em meados de março de 1997, de plantas inermesde Yurimaguas, Peru. Foi utilizado o delineamento de blocos casualizados, em esquema defatorial 2X3X3, com quatro repetições. Os tratamentos foram: dois tipos de substrato (com esem esterco de galinha), três estádios de plântulas (chifrinho, uma folha e duas folhas) e trêstamanhos de sacos (meio quilo, um quilo e dois quilos). O transplante das mudas foi realizadono dia 01107/97. Os dados foram coletados a cada 30 dias, da seguinte forma: diâmetro (mm)do caule, na região do colo da planta utilizando um paquímetro digital; altura (em) do caule àúltima bifurcação das folhas da planta, utilizando régua de 50cm; número de folhas verdesabertas contadas visualmente.

As plântulas submetidas a substrato com esterco tiveram maior desenvolvimento(Figuras 1, 4 e 7) em relação às sem esterco, em todas as fases. O crescimento das mudastransplantadas em diferentes estádios das plântulas (Figuras 2, 5 e 8) mostram que as plântulastransplantadas' no estádio de uma folha teve crescimento maior seguida de chifrinho e de duasfolhas. Apenas o número de folhas de mudas transplantadas no estádio de duas folhassuperaram a de chifrinhos e uma folha, após seis meses de transplante (Figura 8).

O volume de substrato mostra que os sacos de 1 (médio) e 2 (grande) quilos nãodiferem no crescimento das plantas (altura, diâmetro e número de folhas verdes), superando ode meio (pequeno) quilo (Figuras 3, 6 e 9). Portanto, o saco médio é o ideal para mudas depupunha, pois o saco grande terá dificuldade no transporte de mudas no campo, devido ao seuvolume.

Os resultados obtidos são contrários a uma pesquisa realizada pela Secretaria deEstado da Produção Rural e Abastecimento (Araujo, 1991), que afirma ser ideal para aprodução de mudas os sacos de lOX25 em (2 litros). Segundo a recomendação do

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Nishikawa et al. (1998), a plântula deve ser replantada em saco de plástico de um litro,quando estiverem com duas folhas e substrato contendo uma mistura de terra/areia/esterco elOg de adubo 10-30-10. Enquanto Villachica (1996) recomenda o uso de sacos de um quilopara produção de mudas pequenas (quatro meses) e de dois quilos para mudas maiores (maisde seis meses no viveiro) e as plântulas no estádio de duas folhas. O resultado mostrou que asmudas de uma folha foi superior em desenvolvimento em todas fases do que de duas folhas.

Para os produtores de mudas é vantajoso produzir mudas em curto espaço de tempo eem sacos com menor quantidade de substrato, pois facilita o transporte dos mesmos para ocampo. Portanto, para a produção de mudas de boa qualidade, as plântulas de pupunheiradevem ser transplantadas no estádio de uma folha aberta, em sacos de um quilo contendosubstrato com esterco.

Araujo, I.e. 1991. Aspéctos técnicos da implantação da cultura da pupunheira para produção depalmito. In: Pupunheira e suas potencialidades econômicas. Manaus, INPA/EMBRAPA-CPAA/EMATER-AMIUT AMIIBAMNSEBRAE-AM/SUFRAMA, p.1-38.

CESM, 1996. Normas e padrões para a produção de mudas fiscalizadas. Manaus,CESMlDFNMN AM. 40p.

Chávez F.,W.B. 1987. Estudos genéticos-fenotipicos de uma população introduzida de pupunha(Bactris gasipaes Kunth) sem espinhos na região de Manaus .. Manaus, INPA/FUA. 74p.(Dissertação de mestrado).

Clement, e. R. 1987. A pupunha, uma árvore domesticada. Ciência Hoje 5 (29): 42-49.Clement, e.R.; Chávez F.,W.B e Gomes, J.B.M. 1987. Considerações sobre a pupunha (Bactris

gasipaes Kunth) como produtora de palmito. I Encontro Nacional de Pesquisadores em Palmito.Curitiba, CNPF/IAPAR/IAC, 225p.

Nishikawa, M.A.N.; Moro, J.R.; Bandel, G. 1998. Cultura da pupunha para produção de palmito.Piracicaba, USPIESALQ/BIRD, 31p. (Série Produtor Rural, n° 6).

Villachica, H. 1996. Cultivo dei pijuayo (Bactris gasipaes Kunth) para palmito en Ia Amazonia.Lima, TCA, 153p.

Yuyama, K.; Costa, S.S. 1994. Estudo da altura do corte da pupunha para extração de palmito. RevistaBrasileira de Fruticultura, 16 (2): 77-82.

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Figura 8. Número de folhas verdes de mudas de pupunheira, em mm, transplantadas em diferentes estádios.

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