dissertaÇÃo sustentabilidade em estÁdios de futebol

306
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL: O CASO DA ARENA PANTANAL EM CUIABÁ-MT RODRIGO PINHEIRO TÓFFANO PEREIRA Cuiabá, MT Março - 2013

Upload: doanduong

Post on 07-Jan-2017

243 views

Category:

Documents


11 download

TRANSCRIPT

Page 1: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL

DISSERTAÇÃO

SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL:

O CASO DA ARENA PANTANAL EM CUIABÁ-MT

RODRIGO PINHEIRO TÓFFANO PEREIRA

Cuiabá, MT

Março - 2013

Page 2: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

RODRIGO PINHEIRO TÓFFANO PEREIRA

SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL:

O CASO DA ARENA PANTANAL EM CUIABÁ-MT

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Engenharia de

Edificações e Ambiental, da Universidade

Federal de Mato Grosso, como requisito

para a obtenção do título de Mestre.

Área de concentração:

Construção Civil

Orientador:

Prof. Dr. José Manoel Henriques de Jesus

Cuiabá, MT

Março - 2013

Page 3: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL
Page 4: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL
Page 5: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

DEDICATÓRIA

À memória de minha avó Norma Pinheiro da Silva

✶ 09/08/1932 - Campos dos Goytacazes/RJ

✝ 29/04/2010 - Niterói /RJ

Page 6: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, pela força e sabedoria.

Agradeço aos meus pais Joaquim e Angélica, por todo o amor e incentivo.

A minha namorada Priscila e sua família pelo imenso carinho e confiança.

Ao meu Tio Alexandre e a sua esposa Janaína por todo o apoio em Cuiabá.

A minha prima Thaís, pela enorme ajuda na reta derradeira deste trabalho.

Ao Prof. Henriques pela orientação e pela chance de realizar este trabalho.

Aos demais professores do PPGEEA pela base e pelo ensino de qualidade.

Em especial ao coordenador durante a minha estada em MT, Prof. Douglas.

Aos membros da banca pelas preciosas contribuições dadas a este trabalho.

Ao servidor Cleyton Rocha do PPGEEA por suas atitudes sempre solicitas.

A Prof.ª. Fernanda Furtado da UFF pelo incentivo de abrir novos horizontes.

Ao CAPES / REUNI pela bolsa, apoio financeiro, durante todo o mestrado.

Aos colegas do mestrado pelos momentos e conhecimentos compartilhados.

Em especial as amigas: Aline Santiago, Emilly Freire e Mellyna Wendland.

As cias envolvidas com o Verdão: Concremat, GCP Arquitetos e SECOPA.

Ao Secretário Extraordinário da SECOPA, o advogado Maurício Guimarães.

Em especial ao engenheiro civil João Paulo Curvo Borges, da SECOPA-MT.

A prestativa engenheira sanitarista e ambiental Eliane Rocha, da Concremat.

E ao engenheiro civil Ubirajara Souza Jr. representante da GCP Arquitetos.

Aos meus amigos de sempre pelo companheirismo, o estímulo e paciência.

E a todos que colaboraram de uma forma, ou de outra na realização desta.

Page 7: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

EPÍGRAFE

“There are no minds more innovative than the minds of young people.

No one is more attuned to the environment than young people.”

Palavras proferidas por um jovem atleta participante ao final da

VIII Conferência Mundial Sobre Esporte e Meio Ambiente.

Março de 2009 - Vancouver, Columbia Britânica, Canadá.

Page 8: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

RESUMO

TÓFFANO, R. Sustentabilidade em Estádios de Futebol: o Caso da Arena Pan-

tanal em Cuiabá-MT. Cuiabá-MT, 2013. 305 p. Dissertação (Mestrado). Faculdade de

Arquitetura, Engenharia e Tecnologia. Universidade Federal de Mato Grosso.

Com a expansão de grandes eventos esportivos para países em desenvolvimento -

muitos deles ainda ricos em recursos naturais - políticas por uma arquitetura mais

ecológica tornaram-se cada vez mais recorrentes, uma vez que estes torneios demandam

grandes obras de infraestrutura que, inevitavelmente, impactam o meio ambiente

circundante. O objetivo deste trabalho é exatamente verificar se as soluções projetuais

adotadas para a construção do estudo de caso, a Arena Pantanal, uma das subsedes da

XX Copa do Mundo FIFA Brasil 2014TM

, em Cuiabá, Mato Grosso, apresentam,

realmente, princípios de sustentabilidade. O embasamento deste trabalho consiste na

revisão histórica e bibliográfica desta temática, com a apresentação dos parâmetros e

das peculiaridades que norteiam projetos de estádios de futebol ao passar dos anos. Os

exemplos mais relevantes de projetos de grandes arenas que incluíram em sua

concepção ações de cunho sustentável merecem destaque e foram levantados e

catalogados para esta pesquisa. Assim, como a análise de modelos de certificação

ambiental, com destaque para o norte-americano LEEDTM

, por ser o exigido pela FIFA

e suas normativas para a organização dos últimos Mundiais. A partir de um registro

científico crítico, com base em todo o referencial teórico e utilizando recursos gráficos,

à medida que foram imprescindíveis, se efetivou a apreciação das soluções projetuais de

sustentabilidade adotadas pela Arena Pantanal. Como resultado, salienta-se que a busca

por um ambiente construído, de grandes proporções como este, 100% sustentável,

baseado em fórmulas ideais, é impossível. Entretanto, é possível sim, minimizar ou

mitigar os impactos ambientais gerados pela construção de um estádio de futebol,

através de diretrizes e/ou ações de sustentabilidade que estejam intrínsecas desde a

concepção de um novo projeto. Assim, esta pesquisa serve apenas de referencial para

contextos análogos, não sendo um modelo, solução, ou uma regra a ser reproduzida em

construções desportivas.

Palavras-chave: Sustentabilidade, Estádios de Futebol, Cuiabá, Arena Pantanal.

Page 9: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

ABSTRACT

TÓFFANO, R. Sustainability in Soccer Stadiums: The Case of the Arena Pantanal

in Cuiabá-MT. Cuiabá-MT, 2013. 305 p. Master’s Dissertation. Faculdade de

Arquitetura, Engenharia e Tecnologia. Universidade Federal de Mato Grosso.

With the expansion of great sporting events to developing countries – many of them

rich in natural resources – policies for a greener architecture have become more and

more recurrent once these championships demand great infrastructure constructions

which inevitably impact the surrounding environment. The purpose of this paper is to

verify if the designing solutions adopted in the construction of the case study, the Arena

Pantanal, one of the host cities of the 2014TM

XX FIFA Brazil World Cup, in Cuiabá,

Mato Grosso, really shows principles of sustainability. The foundation of this paper

consists of a literature review and historical review about this issue, showing the

parameters and peculiarities that direct soccer stadium projects over the years. The most

significant examples of large arenas projects, which included in its design sustainable

actions, deserve attention and have been collected and catalogued for this research. As

well as the analysis of environmental certification models, highlighting the north-

american one LEEDTM

, because it is required by FIFA and its standards for the

organization of the last World Championships. From a critical scientific registry, based

on all the theoretical background and through graphic resources, as they were

indispensable, it has been done the assessment of the sustainable design solutions taken

at the Arena Pantanal. As a result, it should be noted that the pursuit of a built

environment, of big proportions like this one, 100% sustainable, based on ideal

formulas, is impossible to be executed. However, it is indeed possible to minimize or

mitigate the environmental impacts caused by the construction of a soccer stadium;

through guidelines and sustainability actions which are directly related since the birth of

a new project. Thus, this research is only a reference to analogue contexts, and not a

model, solution or rule to be repeated in sporting constructions.

Keywords: Sustainability, Soccer Stadiums, Cuiabá, Arena Pantanal.

Page 10: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Delineamento da pesquisa ...................................................................... 22

Figura 02 - Principais certificações ambientais do planeta ....................................... 45

Figura 03 - Estrutura básica do BEPAC ................................................................... 48

Figura 04 - Representação esquemática do processo de avaliação em planilhas ..... 49

Figura 05 - Suíte de ferramentas de avaliação que compõem o CASBEE ............... 50

Figura 06 - Estrutura conceitual do CASBEE .......................................................... 51

Figura 07 - Representação do modelo de sistema de gestão do empreendimento e

das avaliações de desempenho (auditorias) ........................................... 52

Figura 08 - Estrutura básica do Green Star ............................................................... 53

Figura 09 - Construções LEEDTM

, no mundo ........................................................... 58

Figura 10 - Evolução dos registros e certificações LEEDTM

, no Brasil .................... 58

Figura 11 - Projetos registrados LEEDTM

, por Unidades Federativas ...................... 59

Figura 12 - Redução de impactos negativos de prédios com certificação LEED ..... 59

Figura 13 - Perfil genérico de carga típica de um estádio ......................................... 72

Figura 14 - Relação dos procedimentos de verificação da sustentabilidade da

Arena Pantanal ..................................................................................... 102

Figura 15 - Distribuição das categorias de “ações” por continentes e mundo ........ 120

Figura 16 - Possibilidade de interferência das “ações” pelo mundo ....................... 121

Figura 17 - Arena da Amazônia............................................................................... 129

Figura 18 - Arena da Baixada.................................................................................. 130

Figura 19 - Arena das Dunas................................................................................... 131

Figura 20 - Arena de Itaquera.................................................................................. 132

Figura 21 - Arena Fonte Nova ................................................................................ 133

Figura 22 - Arena Pernambuco................................................................................ 134

Figura 23 - Estádio Beira-Rio.................................................................................. 135

Figura 24 - Estádio Castelão ................................................................................... 136

Figura 25 - Estádio do Maracanã............................................................................. 137

Figura 26 - Estádio do Mineirão ............................................................................. 138

Figura 27 - Estádio Nacional de Brasília ................................................................ 139

Figura 28 - Corredores Estruturais de Transporte Coletivo - VLT ........................ 143

Page 11: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

Figura 29 - COT-Barra do Parí, em Várzea Grande................................................ 146

Figura 30 - COT-UFMT, em Cuiabá....................................................................... 146

Figura 31 - Localização da Arena Pantanal e de seu complexo esportivo (em

relação à área urbana do município, Regiões Administrativas de

Cuiabá, Mato Grosso, Região Centro-Oeste e Brasil).......................... 151

Figura 32 - Concepção original do “Verdão”.......................................................... 152

Figura 33 - Estádio Governador José Fragelli......................................................... 152

Figura 34 - Obras iniciais do Estádio “Verdão”...................................................... 153

Figura 35 - Construção do Estádio Verdão.............................................................. 153

Figura 36 - O José Fragelli, o Verdão, é o principal estádio de Mato Grosso......... 153

Figura 37 - Projeto da Arena Pantanal desenvolvido por Castro Mello Arquitetos.154

Figura 38 - Demolição das torres de iluminação..................................................... 156

Figura 39 - Desmonte da cobertura metálica........................................................... 156

Figura 40 - Setorização com a parte superior da arquibancada sul desmontada..... 158

Figura 41 - Corte esquemático com a apresentação de todos os níveis da

Arena Pantanal...................................................................................... 159

Figura 42 - Planta “00” do Projeto da Arena Pantanal............................................ 160

Figura 43 - Planta “10” do Projeto da Arena Pantanal............................................ 160

Figura 44 - Planta “20” do Projeto da Arena Pantanal ........................................... 161

Figura 45 - Vista Lounge VVIP - Setor Oeste......................................................... 162

Figura 46 - Vista Lounge VIP - Setor Oeste............................................................ 162

Figura 47 - Planta “30” do Projeto da Arena Pantanal ........................................... 162

Figura 48 - Planta “40” do Projeto da Arena Pantanal............................................ 163

Figura 49 - Planta “50” do Projeto da Arena Pantanal............................................ 163

Figura 50 - Planta de cobertura do projeto da Arena............................................... 164

Figura 51 - Implantação do projeto a ser utilizado no Mundial de 2014................. 165

Figura 52 - Vista da Passarela e Scalinata............................................................... 166

Figura 53 - Vista da Marquise e da Passarela.......................................................... 166

Figura 54 - Implantação do projeto multiuso adequado a Cuiabá, pós 2014........... 166

Figura 55 - Fundos do Setor Oeste - Out/2011........................................................ 167

Figura 56 - Setor Oeste concluído - Out/2012......................................................... 167

Figura 57 - Lava-rodas de caminhões...................................................................... 171

Page 12: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

Figura 58 - Umidificação das vias de circulação..................................................... 171

Figura 59 - Exemplos de pavimentos a serem utilizados, na área externa, com

controle de SRI.................................................................................... 174

Figura 60 - Elementos controladores de vazão de água da Arena Pantanal............ 176

Figura 61 - Integração dos recursos hídricos. Economia de consumo de água....... 179

Figura 62 - As preocupações com o conforto térmico da Arena Pantanal............... 190

Page 13: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

LISTA DE TABELAS

TABELA 01 - Síntese dos estádios disponíveis para a prática de futebol/susten-

táveis, no mundo ............................................................................. 106

TABELA 02 - Estádios disponíveis para a prática de futebol/sustentáveis, na

África (54 países) ............................................................................ 109

TABELA 03 - Estádios disponíveis para a prática de futebol/sustentáveis, na

América (36 países) ......................................................................... 111

TABELA 04 - Estádios disponíveis para a prática de futebol/sustentáveis, na Ásia

(49 países) ....................................................................................... 112

TABELA 05 - Estádios disponíveis para a prática de futebol/sustentáveis, na Eu-

ropa (45 países) ............................................................................... 114

TABELA 06 - Estádios disponíveis para a prática de futebol/sustentáveis, na

Oceania (14 países) ......................................................................... 115

TABELA 07 - Análise quantitativa dos aspectos de sustentabilidade das eco-

arenas consideradas ......................................................................... 117

TABELA 08 - Análise quantitativa dos aspectos de sustentabilidade das eco-

arenas mais sustentáveis................................................................... 197

Page 14: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

AELP: Associação de Empresários e Locatários da Prainha

AGECOPA: Agência Est. de Execução dos Projetos da Copa do Mundo do Pantanal

APPs: Áreas de Preservação Permanente

AQUA: Alta Qualidade Ambiental

AsBEA: Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura

ASHRAE: American Society of Heating, Refrigerating and Air Conditioning

Engineering - Associação Americana de Engenheiros de Aquecimento,

Refrigeração e Ar Condicionado

BEE: Eficiência Ambiental do Edifício

BEPAC: Building Environmental Performance Assessment Criteria -

Critérios de Avaliação do Desempenho Ambiental da Construção

BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BRE: Building Research Establishment - Fundação da Pesquisa da Construção

BREEAM: Building Research Establishment Environmental Assessment Method -

Fundação da Pesquisa do Método de Avaliação Ambiental da Construção

BRT: Bus Rapid Tranport - Transporte Rápido de Ônibus

C40: Grandes Cidades Para Liderança do Clima

CAD: Computer-aided Design - Desenho Auxiliado por Computador

CAF: Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles -

Construções e Auxílios para Ferrovias

CASBEE: Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency

Sistema Completo de Avaliação da Eficiência Ambiental da Construção

CBCS: Conselho Brasileiro de Construção Civil

CBF: Confederação Brasileira de Futebol

CEF: Caixa Econômica Federal

CFCs: Clorofluorcarbonetos

CMP: Reunião das Partes do Protocolo de Kyoto

CODEMAT: Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso

CO2: Dióxido de Carbono (Gás Carbônico)

Page 15: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

COI: Comitê Olímpico Internacional

COL: Comitê Organizador Local

CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente

Condeprodemat: Conselho Deliberativo dos Programas de Desenvolvimento do

Estado de Mato Grosso

CONCACAF: Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe

CONMEBOL: Confederação Sul-Americana de Futebol

COP: Conferência das Partes

COTs: Campos Oficiais de Treinamento

COVs: Compostos Orgânicos Voláteis

CPA: Centro Político Administrativo

CPDS: Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável

CSTB: Centre Scientifique et Technique du Bâtiment -

Centro Científico e Técnico para a Construção

DAP: Declarações Ambientais do Produto

DIN: Dinamarca

DNIT: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

EIA: Estudo de Impacto Ambiental

EMAS: Eco-Management and Audit Scheme - Sistema de Auditoria e Ecogestão

ETE: Estação de Tratamento de Esgotos

ETFE: Etileno-tetrafluoretileno

EUA: Estados Unidos da América

FCAV: Fundação Carlos Alberto Vanzolini

FEB: Força Expedicionária Brasileira

FGV: Fundação Getúlio Vargas

FIFA: Federação Internacional de Futebol

FISPQ: Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico

FR: França

FSC: Forest Stewardship Council - Conselho de Manejo Florestal

GBC: Green Building Challenge - Desafio da Construção Verde

GW: Gigawatt

HQE: Haute Qualité Environnementale - Alta Qualidade Ambiental

Page 16: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

HK-BEAM: Hong Kong Building Environmental Assessment Method -

Método de Avaliação Ambiental da Construção de Hong Kong

IAAF: International Association of Athletics Federations -

Associação Internacional de Federações de Atletismo

IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IDH: Índice de Desenvolvimento Humano

IGP-DI: Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna

iiSBE: International Initiative for Sustainable Built Environment -

Iniciativa Internacional para o Ambiente Construído Sustentável

INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

IPCC: Intergovernmental Panel on Climate Change -

Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

ISO: International Organization for Standardization -

Organização Internacional para Padronização

LED(s): Diodo(s) Emissor(es) de Luz

LEED: Leadership in Energy and Environmental Design -

Liderança em Energia e Design Ambiental

LEED AP: Profissional Acreditado LEED

MOP: Módulo Operacional Provisório

MPE: Ministério Público Estadual

MW: Megawatt

NBR: Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas

ONG(s): Organização(ões) Não Governamental(is)

ONU: Organização das Nações Unidas

OPEP: Organização dos Países Exportadores de Petróleo

PAC: Programa de Aceleração do Crescimento

PB: Países Baixos

PET: Politereftalato de Etileno

PIB: Produto Interno Bruto

PNUMA: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PROCEL: Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

PTFE: Politetrafluoretileno (Teflon®)

Page 17: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

PVC: Cloreto de Polivinila

QAE: Qualidade Ambiental do Edifício

QEB: Qualité Environnementale du Bâtiment - Qualidade Ambiental da Construção

RCD: Resíduos de Construção e Demolição

RIMA: Relatório de Impacto Ambiental

RTQ-R: Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética

de Edificações Residenciais

RU: Reino Unido

SBAT: Sustainable Building Assessment Tool -

Ferramenta de Avaliação de Construção Sustentável

SECOPA: Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo - FIFA 2014

SGE: Sistema de Gestão do Empreendimento

SHGC: Solar Heat Gain Coefficient - Coeficiente de Ganho de Aquecimento Solar

SMO: Système de Management de l’Opération - Gestão de Operação do Sistema

SRI: Solar Reflectance Index - Índice de Refletância Solar

TCU: Tribunal de Contas da União

UEMT: Universidade Estadual de Mato Grosso

UFMS: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

UFMT: Universidade Federal de Mato Grosso

UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura

UNFCCC: Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima

USGBC: Conselho de Edificações Verdes dos Estados Unidos

VIP: Very Important Person/People - Pessoa(s) Muito Importante(s)

VVIP: Very VIP - Pessoa(s) Extremamente Importante(s)

VLT: Veículo Leve Sobre Trilhos

WWF: World Wide Fund for Nature - Fundo Mundial para a Natureza

Page 18: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO……………………..…………………………………… .... 17

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA..……………………………... … 17

1.2. JUSTIFICATIVA.……………………………………………… . …...… 20

1.3. OBJETIVOS .............................................................................................. 21

1.4. O PROBLEMA E A HIPÓTESE DA PESQUISA…………………... ... 22

1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO...…………………………………...… 23

2. SUSTENTABILIDADE: CONCEITOS GERAIS.……………….…….... 25

2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA.......………………………...… 25

2.2. SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL.………….…...… 34

2.3. AS CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS..……………………………….. 44

2.3.1. BREEAM: Building Research Establishment Environmental

Assessment Method ................................................................................. 46

2.3.2. BEPAC: Building Environmental Performance Assessment Criteria 47

2.3.3. GBC: Green Building Challenge ............................................................ 48

2.3.4. CASBEE: Comprehensive Assessment System for Building

Environmental Efficiency ........................................................................ 50

2.3.5. HQE: Haute Qualité Environnementale ............................................... 51

2.3.6. Green Star ................................................................................................. 53

2.3.7. Processo AQUA: Alta Qualidade Ambiental ......................................... 54

2.4. A CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL LEEDTM

......................................... 55

2.5. CONSIDERAÇÕES SOBRE A TEMÁTICA .......................................... 60

3. A SUSTENTABILIDADE EM EQUIPAMENTOS ESPORTIVOS ….... 63

3.1. A SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL .................. 63

3.1.1. Princípios da Sustentabilidade em Ecoarenas ....................................... 71

3.2. O PROGRAMA FIFA GREEN GOALTM

............................................... 80

3.2.1. Contextualização Histórica ...................................................................... 81

3.2.2. Etapas do Programa Green GoalTM

Para Estádios Sustentáveis ......... 88

4. MATERIAIS E MÉTODO .......................................................................... 95

4.1. ECO ARENAS ........................................................................................... 95

4.2. ARENA PANTANAL ............................................................................. 100

Page 19: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................... 105

5.1. A SUSTENTABILIDADE EM ECOARENAS PELO MUNDO .......... 105

5.1.1. O Continente Africano ........................................................................... 108

5.1.2. O Continente Americano ....................................................................... 110

5.1.3. O Continente Asiático ............................................................................ 112

5.1.4. O Continente Europeu ........................................................................... 113

5.1.5. O Continente Oceânico .......................................................................... 114

5.1.6. Síntese dos Resultados de Sustentabilidade em Ecoarenas ................ 116

5.2. A COPA DO MUNDO FIFATM

BRASIL 2014 ...................................... 122

5.3. CUIABÁ E A COPA DO PANTANAL .................................................. 140

5.4. A ARENA PANTANAL ......................................................................... 150

5.4.1. Retrospectiva Histórica e Urbanística .................................................. 150

5.4.2. A Concepção e o Projeto Arquitetônico ............................................... 157

5.4.3. Parâmetros de Avaliação da Sustentabilidade da Arena Pantanal ... 170

5.4.3.1. Ação 01: Ambiente Urbano e Paisagístico.............................................. 170

5.4.3.2. Ação 02: Transporte ................................................................................ 175

5.4.3.3. Ação 03: Água - Racionalização ............................................................. 176

5.4.3.4. Ação 04: Água - Conservação e Reuso ................................................... 177

5.4.3.5. Ação 05: Energia - Fontes Renováveis ................................................... 180

5.4.3.6. Ação 06: Energia - Demanda Minimizada .............................................. 182

5.4.3.7. Ação 07: Materiais Ecológicos ............................................................... 184

5.4.3.8. Ação 08: Resíduos e Reciclagem ............................................................ 186

5.4.3.9. Ação 09: Conforto Ambiental Passivo .................................................... 188

5.4.3.10. Ação 10: Conforto Ambiental Ativo ..................................................... 192

5.4.4. Avaliação Final das Diretrizes Projetuais de Sustentabilidade ......... 194

6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................... 201

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 209

ANEXOS ............................................................................................................ 223

ANEXO 1. LEED para Novas Construções 2009 – Registro Projeto Checklist.

APÊNDICES ...................................................................................................... 225

APÊNDICE 1. Fichas dos principais estádios de futebol sustentáveis, do mundo.

Page 20: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

17

1. INTRODUÇÃO

O presente capítulo, introdutório, contextualiza a pesquisa a ser apresentada,

sua problemática e expõe as justificativas para o desenvolvimento desta dissertação,

além de seus objetivos: geral e específicos e a estruturação do documento.

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

Ao longo do início do século XXI observa-se a expansão de grandes eventos

esportivos para países em desenvolvimento como: a Índia (IV Jogos Mundiais

Militares - 2007), a China (XXIX Jogos Olímpicos de Verão – 2008), a África do Sul

(XIX Copa do Mundo FIFA - 2010), o Brasil (V Jogos Mundiais Militares – 2011;

XX Copa do Mundo FIFA - 2014; XXXI Jogos Olímpicos de Verão - 2016), a

Rússia (XXII Jogos Olímpicos de Inverno – 2014; XXI Copa do Mundo FIFA –

2018) e o Qatar (XXII Copa do Mundo FIFA – 2022). Estes vêm se tornando um

importante recurso de transformações urbanas, com significativo impacto social,

político e econômico nas cidades que os sediam (MASCARENHAS;

BIENENSTEIN; SÁNCHEZ, 2011). Entretanto, nem sempre a tecnologia e a

infraestrutura destes audaciosos megaprojetos são adequadas, ou considera as

condições locais e culturais da população.

Projetos de novas arenas / estádios são, em geral, exportados da Europa e dos

Estados Unidos para o resto do mundo, contrapondo-se a noções de respeito e

sustentabilidade econômica, ambiental e cultural do país e mesmo da cidade a sediar

tais entretenimentos esportivos. Muitas vezes, os “destinos finais” são nações ainda

consideradas emergentes, ou em desenvolvimento que exibem situações precárias,

por falta de investimentos públicos, de acesso à água potável, transporte público,

educação, saúde de qualidade, saneamento básico e equipamentos sociais essenciais.

Page 21: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

18

Mas, que já gastaram, ou virão a gastar bilhões com a (re)construção, reforma e

modernização de equipamentos esportivos para se destacarem globalmente.

Como forma de exemplificar, o Brasil, estima-se, investirá mais de R$ 6,3

bilhões (VILARON, 2010) somente nas doze arenas espalhadas nas cinco regiões

para a Copa de 2014 da Federação Internacional de Futebol (FIFA). Um valor

superior ao Produto Interno Bruto (PIB) de todo o estado de Roraima R$ 5.6 bilhões

(IBGE, 2011). Nunca tanto dinheiro fora investido na construção civil em prol de um

único evento esportivo já que tal estimativa orçamentária supera os gastos com todo

o legado (obras estruturais, novas arenas, infraestrutura, transportes e etc.) dos Jogos

Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, R$ 5.7 bilhões (MOTTA, 2007).

A XX Copa do Mundo FIFA Brasil 2014TM

vem movimentando bilhões de

reais, principalmente nos setores industrial, econômico, de serviços e turismo. E para

seus trinta dias de celebração milhares de empregos serão criados direta e

indiretamente. A previsão do Governo Federal e do Ministério dos Esportes é que a

segunda Copa do Mundo do Brasil gere investimentos de mais de R$ 185 bilhões

(JÚNIOR, 2011) e uma arrancada na construção civil, na infraestrutura e em novas

tecnologias, como nunca visto antes. O espólio da XX Copa FIFA está exatamente

neste fato: proporcionar uma melhor qualidade de vida aos brasileiros, de forma a

recuperar anos de atraso e descaso das autoridades públicas na prestação de serviços.

Entretanto, toda esta preparação requer uma cadeia produtiva altamente

impactante para o meio ambiente pelo elevado consumo de insumos (SATTLER;

PEREIRA, 2006), já que o setor da construção civil é um dos grandes responsáveis

pelo consumo de recursos naturais e geração de impactos negativos. Recursos estes,

nem sempre renováveis, finitos na natureza, e que se explorados sem nenhum critério

e de forma excessiva não poderão mais ser produzidos, regenerados, ou reutilizados a

uma escala que possam sustentar a sua taxa de consumo.

No entanto, a Copa do Brasil vem sendo chamada de “Copa Limpa”, “Copa

Verde”, pelas ações ecológicas desprendidas no setor da construção civil, uma vez

que profissionais da arquitetura, engenharia e construção têm como premissa, inserir

algumas práticas de sustentabilidade em seus projetos para que estes alcancem

melhores níveis de qualidade e conforto no ambiente construído, principalmente nos

projetos das novas arenas que caminham em prol do desenvolvimento sustentável.

Page 22: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

19

A sustentabilidade, foco desta pesquisa, é objeto de estudos científicos há

décadas e estes já produziram uma significativa quantidade de trabalhos, abordando

desde a origem de seu conceito, até as suas aplicações nos mais variados campos do

saber, com destaque para a economia, a engenharia e a geografia, dentre outros.

Já a relação entre arenas/estádios de futebol e a sustentabilidade, todavia, não

fora incorporada às pesquisas; marcada pela escassez de trabalhos e obras publicadas

sobre o assunto. O que dificulta o estabelecimento de regras, boas práticas e até

mesmo a exemplificação. Esta temática em questão é recente fruto das preocupações

ambientais do final do século XX, tendo como marco a Eco - 92, no Rio de Janeiro e

a assimilação de seus preceitos pelo COI, em 1994, no Congresso do Centenário

Olímpico desta instituição (IOC, 2009). Todavia, somente em 2006, com os

preparativos para a Copa do Mundo da Alemanha é que a FIFA - instituição

internacional que dirige as associações de futebol, órgão máximo deste esporte - e

seus parceiros introduziram políticas ambientais, através do Programa Green GoalTM

,

na organização e disseminação de Copas “mais sustentáveis” (FIFA, 2007).

No Brasil, o apoio a projetos de construção e reforma de arenas que receberão

os jogos da Copa do Mundo de 2014 e de urbanização de seus entornos ficou a cargo

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Influenciado, inicialmente, por uma tendência mundial de bancos assimilarem

critérios socioambientais na avaliação financeira de projetos. Acrescido do reflexo ao

desenvolvimento histórico do sistema capitalista brasileiro, onde o ônus é de

responsabilidade do Estado e o bônus de construtoras e da iniciativa privada.

Foi através desta linha de crédito especial, que o BNDES se tornou o maior

incentivador da “Copa Verde”, no Brasil, ao exigir projetos que contemplem, desde

aspectos relacionados à sustentabilidade ambiental à sustentabilidade financeira, na

solução de gestão. Estes também deveriam apresentar um contrato firmado com

entidades certificadoras de Qualidade Ambiental, reconhecidas internacionalmente

e/ou acreditadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial (INMETRO), com vistas à obtenção de certificação para o projeto, em até

doze meses, após o término da utilização dos recursos (SPORTV, 2012).

Por não existir um método específico a ser seguido, as metodologias

utilizadas nas certificações ambientais se tornaram as principais fontes das diretrizes

Page 23: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

20

projetuais para arenas sustentáveis. Contudo, todo país apresenta especificidades - o

que obrigaria a cada um destes a desenvolver sua própria metodologia de avaliação,

ou certificação ambiental - que variam desde as condições climáticas ao

desenvolvimento industrial, passando pelas técnicas construtivas.

O Brasil para a Copa do Mundo FIFA 2014 terá grande parte de seus projetos

certificados pela metodologia americana LEED, uma das mais difundidas no mundo,

voltada muito mais para a realidade dos Estados Unidos, de país desenvolvido, do

que para a realidade periférica, marcada por grandes desigualdades sociais, brasileira.

Cuiabá, no Mato Grosso, será uma das cidades-sede da Copa do Mundo de

2014. O projeto da nova Arena Pantanal, objeto de estudo deste trabalho, foi

reverenciado pela FIFA como um dos melhores projetos do próximo mundial;

mesmo sendo um dos maiores e mais onerosos projetos do estado do Mato Grosso,

até hoje. Orçado, provisoriamente, em R$ 518,9 milhões (BRASIL, 2012a),

apresenta uma capacidade superior à demanda local, 43.600 pagantes (BRASIL,

2012a). Todavia, apresenta justificativas que o colocam, a princípio, como edificado

de forma a ser inserido e apropriado ao ambiente urbano, posteriormente a Copa de

2014, pela população cuiabana, que não possui equipes de futebol renomadas e de

tradição nas séries A e B do principal campeonato do país o “Brasileirão”.

1.2. JUSTIFICATIVA

Não há dúvidas da importância estratégica e desenvolvimentista das questões

acima, para o progresso nacional e para o estado de Mato Grosso. Talvez, esteja,

neste fato, a relevância desta proposta: ao levar a uma esfera acadêmica, de profunda

reflexão, a abordagem de uma temática ao mesmo tempo generalista - por tratar de

questões vitais ao desenvolvimento de qualquer país; atual - por tratar da

sustentabilidade; e específico - por se ater a um objeto de estudo delimitado, a Arena

Pantanal e suas questões construtivas para a Copa do Mundo FIFA 2014TM

.

Com a intensificação das atividades humanas, principalmente através da

construção civil, sobre os limitados recursos naturais presume-se que o desequilíbrio

ecológico do planeta tenha nesta sua principal causa. As discussões e estudos a fim

de desenvolver estratégias e soluções para diminuírem esses impactos têm evoluído e

Page 24: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

21

despertado o setor para uma mudança de paradigma incorporando práticas de

sustentabilidade nas edificações (BRASIL, 2010).

Empreendimentos sustentáveis, não só do ponto de vista econômico, mas

também, símbolos da vida cotidiana, das inovações tecnológicas, das preocupações e

do desenvolvimento sociocultural, que surgem de modo a disseminar o conhecimento

a respeito deste desenvolvimento dito sustentável (ANDRADE, 2010).

Este estudo busca contribuir com a apreciação desta sustentabilidade na

construção civil, em especial em grandes empreendimentos esportivos. Assim,

espera-se apresentar as políticas de adoção da sustentabilidade como um poderoso

instrumento de mudança de postura, de eliminação de desperdícios, de inovação

tecnológica e de redução de impactos ecológicos.

1.3. OBJETIVOS

A Arena Pantanal será analisada nesta pesquisa, através de um viés de

sustentabilidade “verde”. O objetivo principal deste estudo é identificar se as

soluções projetuais adotadas por seus idealizadores (Sérgio Coelho, da GCP

Arquitetos e pelo Grupo Stadia) atendem aos critérios da promoção da

sustentabilidade e de que forma. Buscar-se-á apresentar como parâmetro, as

principais soluções projetuais adotadas por estádios de futebol mundiais.

Deste objetivo central, desprendem-se os seguintes objetivos secundários: 1)

apresentar os desafios e aspectos gerais do contexto da sustentabilidade referentes a

megaeventos esportivos; 2) levantar e apresentar os principais exemplos mundiais de

sustentabilidade aplicados a estádios de uso futebolístico; 3) destacar a importância

do envolvimento de entidades como o COI, a FIFA e Agências Certificadoras

“Verdes”, através de suas normativas, na promoção da sustentabilidade de

equipamentos esportivos e; 4) verificar - através de uma análise comparativa, entre a

situação proposta para Cuiabá e o modelo supostamente globalizado de estádios que

podem vir a ser replicados em qualquer parte do planeta, a despeito de fatores

diferenciadores locais, como os econômicos, tecnológicos, climáticos e culturais - se

o projeto escolhido e em execução está adaptado aos condicionantes locais.

Page 25: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

22

1.4. O PROBLEMA DA PESQUISA

Esta é uma pesquisa qualitativa, exploratória, baseada em um seleto grupo de

amostras que proporcionam percepções, interpretações próprias e a apreensão do

contexto de um problema pouco explorado, que deve ser melhor definido e

compreendido, através do contato direto com o objeto em questão (Figura 01).

A situação-problema em que esta pesquisa se insere é verificar, através de um

estudo de caso, sem abdicar de técnicas quantitativas como, análise de dados, se a

Arena Pantanal apresenta soluções projetuais sustentáveis - com base nos principais

equipamentos esportivos, deste tipo, no mundo - e adequadas ao contexto ambiental,

onde está inserida. E que não seja apenas, sinônimo de uma jogada de marketing das

campanhas de publicidade envolvidas e das esferas de governo responsáveis.

Para isso, foi efetivada, inicialmente, uma contextualização histórica sobre a

sustentabilidade e sua aplicação na construção civil, em especial a grandes

equipamentos esportivos, assim como, das principais ferramentas para a identificação

de estratégias de sustentabilidade adotadas: as certificações ambientais.

Posteriormente, o Capítulo 4 – “Materiais e Método” aprofundará esta questão em

relação ao objeto de pesquisa, a Arena Pantanal.

Figura 01 - Delineamento da pesquisa.

Fonte: Autor, 2012.

Page 26: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

23

1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO

A presente dissertação foi organizada em capítulos, de acordo com os

conteúdos a seguir, que buscam apresentar o conceito de sustentabilidade aplicado a

estádios de futebol.

O Capítulo 1 contextualiza a pesquisa, sua problemática e apresenta as

justificativas para o desenvolvimento da dissertação, seus objetivos: geral e

específicos e a estruturação do documento.

O Capítulo 2 trata dos temas centrais relacionados à sustentabilidade: sua

contextualização histórica, através de uma abordagem ampla e irrestrita; sua

aplicação na construção civil; e aborda seus instrumentos de verificação em

edificações, os “selos” conhecidos como certificações ambientais.

O Capítulo 3 analisa o referencial técnico da sustentabilidade aplicada a

equipamentos esportivos (Ecoarenas), com destaque para o Programa da FIFA Green

GoalTM

; normativa desta entidade que, por exemplo, exige que a certificação

ambiental LEEDTM

seja verificada em todas as arenas da Copa do Mundo de 2014.

O Capítulo 4 institui os materiais e método de trabalho para os procedimentos

de avaliação da sustentabilidade da Arena Pantanal.

O Capítulo 5 implementa os resultados e as discussões do estudo de caso: a

Arena Pantanal, seus conceitos de sustentabilidade e critérios utilizados em projeto

(com base em uma ampla exposição de modelos de estádios mundialmente

sustentáveis). Além de analisar, brevemente, o Mundial, no Brasil, e em Cuiabá.

O Capítulo 6 traz as considerações finais para a pesquisa realizada

considerando os objetivos apresentados no Capítulo 1.

Por último, são apresentadas as principais referências teóricas e eletrônicas

utilizadas para a produção desta dissertação, assim como apêndices e anexos.

É de interesse salientar que, com a apresentação destes resultados, este estudo

servirá de alicerce referencial para a implantação e construção de novas arenas

poliesportivas e estádios de futebol baseados em projetos mais sustentáveis; já que

um dos maiores desafios da sustentabilidade é aplicar a teoria em prática.

Page 27: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

24

Page 28: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

25

2. SUSTENTABILIDADE: CONCEITOS GERAIS

Neste capítulo serão abordados os ideários da sustentabilidade, inicialmente,

através de sua contextualização histórica e de sua evolução para o conceito de

desenvolvimento sustentável. A segunda seção apresentará um breve histórico da

sustentabilidade aplicada à construção civil. Já a terceira seção abordará os diferentes

selos de certificação ambiental; instrumentos criados e destinados a verificar o grau

de sustentabilidade de edificações, educar seus usuários e assim reduzir os impactos

negativos da construção civil sobre o meio ambiente. A quarta seção se limitará a

certificação norte-americana LEEDTM

, uma das mais importantes do mundo e

recomendada pela FIFA para a construção/reforma de estádios de futebol. Por

último, algumas considerações sobre a temática serão apresentadas na seção 2.5.

2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Ao longo da história múltiplos eventos científicos, publicações e acordos

internacionais foram firmados com o desígnio de despertar a sociedade para os

problemas decorrentes do desenvolvimento sem limites e permitir as futuras gerações

o mínimo de impactos negativos ao meio ambiente. A sustentabilidade que será

tratada nesta seção está diretamente relacionada à evolução econômica do homem e

da apropriação deste dos insumos disponibilizados pelo planeta. Abaliza-se a seguir,

os principais episódios com vistas a contextualizar esta pesquisa.

A Revolução Industrial, na Inglaterra, em meados do século XVIII, é

considerada um dos principais marcos de transformação do homem sobre a natureza,

a economia, a sociedade e sobre a tecnologia. Com a expansão desta pelo mundo, nos

dois séculos consecutivos, nunca, em toda a história, se consumiram combustíveis

fósseis, matérias-primas e energia com tanta intensidade (ANDRADE, 2010).

Page 29: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

26

Nesse período, a natureza foi transformada, gradativamente, em objeto

econômico de consumo, fruto da ratificação do capitalismo como sistema econômico

vigente. O que ocasionou, desde então, uma série de impactos negativos sobre a

saúde humana e sobre o planeta como: aquecimento global; degradação ambiental;

desequilíbrios ambientais; desigualdades sociais; aumento da poluição e das doenças

correlacionadas; crescimento da pobreza extrema; dentre outros.

O atual sistema econômico considera os recursos naturais infinitos - já que

com o avanço tecnológico são possíveis substituições de recursos - e se considera

inofensivo ao meio natural; apenas se preocupando com a produtividade e com o

aumento de riquezas. O Produto Interno Bruto (PIB) de um país, por exemplo, que

mede seu grau de prosperidade (bem-estar social e o desenvolvimento), não tem uma

preocupação com a sustentabilidade e sim com a ideia de que um crescimento

infinito é sinônimo de desenvolvimento e de uma melhor qualidade de vida.

O relatório apresentado em fevereiro de 2007 pelo Painel Intergovernamental

sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) relata que se mudanças no

modelo de produção e consumo, de cultura e da forma de viver não forem aprovadas

brevemente, a humanidade sofrerá graves consequências e catástrofes ambientais.

Após a Segunda Guerra Mundial, com a retomada do crescimento

populacional, a expansão de técnicas construtivas e a abundância de combustíveis

fósseis baratos (como o petróleo e o carvão mineral), disseminaram pelo mundo,

inadequadamente, em ambientes climatologicamente distintos, o uso das mesmas

matérias-primas e soluções tecnológicas (ANDRADE, 2010). Soluções que além de

não respeitarem culturalmente e arquitetonicamente as peculiaridades locais

difundiram equívocos nas obras de engenharia e graves problemas ambientais.

Entretanto, foi só a partir da década de 1960, ou seja, quase dois séculos

depois, que o descaso com o meio ambiente passou a constar na pauta de problemas

a serem resolvidos por diversos cientistas e instituições. Já que até então, cada

empresa concebia seu modelo de gestão ambiental, em função da falta de um aparato

legislativo governamental. Em 1968, foi fundado o Clube de Roma, um grupo

formado por intelectuais, empresários e políticos, sem fins lucrativos, que

questionavam o modelo de produção, a estrutura de consumo e as questões

relacionadas com a poluição e o meio ambiente (SEIFFERT, 2007).

Page 30: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

27

Na década de 1970, o Clube de Roma, como resultado dessas discussões e

debates, divulgou o seu primeiro relatório “Os Limites do Crescimento” (do original,

em inglês, The Limits of Growth), de 1972, onde apontou as consequências da

poluição gerada pela sociedade industrial até então; através da relação do

crescimento exponencial desastroso da população diante dos insumos disponíveis.

Com o lançamento de tal relatório se intensificaram as reuniões internacionais

promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), Organizações Não

Governamentais (ONGs), Fundo Mundial Para a Natureza (WWF, da sigla em

inglês) e Estados em prol da normatização de modelos de gestão ambiental e da

criação de uma agência reguladora (BISMARCHI, 2011).

O marco destes encontros ocorreu em 1972, a Conferência de Estocolmo

Sobre o Ambiente Humano das Nações Unidas a primeira tentativa mundial de

organizar as relações do homem e do meio ambiente. Dentre os principais assuntos

discutidos destacaram-se as responsabilidades dos países centrais com o consumo

exagerado, a infraestrutura de países emergentes e o crescimento demográfico dos

países periféricos. A declaração sobre o meio ambiente humano foi o documento

confeccionado por tal encontro e abordou os princípios de comportamento e

responsabilidade que deveriam governar as decisões concernentes as questões

ambientais; reconhecendo a importância da educação ambiental (BRASIL, 2010).

Um ano depois, o mundo foi assolado pela segunda crise mundial do

petróleo em protesto ao apoio prestado pelos Estados Unidos a Israel durante a

Guerra do Yom Kippur1, fazendo com que os países árabes participantes da

Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) aumentassem o preço do

petróleo em mais de 300%. Com esta crise, as ideias pela busca por sistemas

passivos de conforto no ambiente construído e aproveitamento de recursos naturais

foram retomadas (CORBELLA; YANNAS, 2009).

Em 1977, na Geórgia, país do leste europeu, realizou-se a Conferência de

Tbilisi, através de uma parceria da Organização das Nações Unidas para a Educação,

a Ciência e a Cultura (UNESCO) com o Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente (PNUMA) da ONU. Nela ficou estabelecido que o processo educativo

1 Conflito armado ocorrido de 06 a 26 de outubro de 1973, também conhecido como Guerra do

Ramadã. O Oriente Médio teve nas localidades da Península do Sinai, Colinas de Golã e adjacências,

um combate direto entre Israel, que fora vencedor, e uma aliança formada pela Síria, Egito e Iraque.

Page 31: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

28

necessitaria focar os problemas ambientais, através da interdisciplinaridade e da

participação ativa de toda a sociedade (BRASIL, 2010). Dois anos depois, foram

firmadas a Convenção de Berna sobre a proteção de habitats e a Convenção de

Genebra sobre a poluição atmosférica.

No Brasil, nesta mesma década, ocorreram os primeiros movimentos sociais

pelo meio ambiente; o que fez com que o país participasse da reunião de Estocolmo,

de 1972, com uma posição da ditadura militar de que “nada poderia impedir o

crescimento econômico”. Entretanto, esta posição é contraditória já que em 1973 foi

criada uma Secretaria Especial do Meio Ambiente.

Na década de 1980, a pressão direta dos ambientalistas sobre as corporações e

os Estados tomava força. Empresas, investidores e seguradoras passaram a reagir a

estas pressões e buscaram incorporar normas ambientais a processos e produtos

como sinal de responsabilidade social. Inspirado nos Estados Unidos da América

(EUA) - que na década anterior tornara obrigatório a realização de Estudos de

Impactos Ambientais - diversos outros países adotaram tal medida. Outro país da

América do Norte, o Canadá, se tornou a primeira nação a lançar um modelo de

gestão ambiental o Programa de Ação Responsável desenvolvido pela Associação

das Indústrias Químicas do Canadá, em 1984 (SOUSA, 2010). Um ano antes fora

assinado o Protocolo de Helsinque, na Finlândia, sobre a Qualidade do Ar, temática

novamente discutida quatro anos depois, no Protocolo de Montreal, no Canadá, que

aborda as substâncias que destroem a camada de ozônio.

Contudo, foi só em 1987 com a divulgação do Relatório Brundtland (Nosso

Futuro Comum), fruto da Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento da ONU, de 1983, que o conceito de desenvolvimento sustentável

fora empregado pela primeira vez na história. Onde, segundo sua definição, as

necessidades dos mais pobres, devem receber prioridade máxima, assim como, deve

haver um limite de tecnologia e da organização social, para que as futuras gerações

possam também satisfazer as suas reais necessidades (ONU, 1987).

O Brasil, nesta década, evoluiu em relação às questões ambientais até então

incipientes; além de participar da Conferência da ONU de 1983 sobre o Meio

Ambiente, criou em 1981, através da Lei Federal 6938/81 o Sistema Nacional do

Meio Ambiente e o Conselho Nacional do Meio Ambiente. Com a redemocratização

Page 32: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

29

do país, em 1988, foi ratificada a nova Constituição Federal com direito a um

capítulo específico sobre o meio ambiente. Já em 1989, foi criado o Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)

unificando todos os institutos e secretarias anteriormente sancionadas.

Na década de 1990, com o fortalecimento das comunicações em nível global,

houve uma maior pressão sobre governos e empresas em relação à ética e a

transparência de ações. O mercado consumidor mundial se tornou mais consciente e

a sustentabilidade se tornou o diferencial de produtos e países. A assinatura de

diversos acordos internacionais sobre a camada de ozônio (Protocolo de Montreal de

1987), o transporte de materiais poluentes (Convenção da Basiléia de 1992) e a

emissão de gases estufa (Mandato de Berlim de 1995) é um marco desta política.

No entanto, o grande balizador desta década é a Conferência das Nações

Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, realizada na capital

fluminense, ou também chamada de ECO 92, Cúpula da Terra, ou Rio 92. Nela, os

172 países presentes foram apresentados às normas da Organização Internacional

para Padronização (ISO): Gestão Ambiental (ISO 14000) e Sistema de Gestão

Ambiental (ISO 14001) e definiram uma série de ações para a melhoria do meio

ambiente associado ao desenvolvimento e para a criação da Declaração do Rio, a

Declaração dos Princípios Sobre Florestas, a Convenção Sobre Diversidade

Biológica, além da principal delas: a Agenda 21.

A Agenda 21 é o planejamento a ser adotado pelas esferas de governo em

prol de uma sociedade sustentável, através de métodos de proteção ambiental, justiça

social e eficiência econômica. O documento é dividido em 40 capítulos com 2500

recomendações e estratégias para conservação do planeta, além de metas em prol da

exploração sustentável (CNUMAD,1997).

Dentre os principais desdobramentos da Rio-92 destacamos a Conferência

das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do

Clima (UNFCCC) 2

- que se reúne anualmente para debater o aprofundamento das

regras de redução das emissões de gases-estufa e a proposta de um modelo de

desenvolvimento limpo aos países em desenvolvimento; e a Reunião das Partes do

Protocolo de Kyoto (CMP) de 1997, no Japão, talvez a mais famosa desta temática

2 A Primeira delas ocorreu em Berlin, na Alemanha, em 1995, em 2012, a XVIII ocorrerá no Qatar.

Page 33: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

30

de combate ao aquecimento global, que trata suas partes de forma diferenciada; ao

creditar aos países mais industrializados uma obrigação maior em reduzir as

emissões de gases poluentes na atmosfera. Podendo estes, também, comprarem

créditos de carbono, através de um sistema de comércio de emissões entre diferentes

países, desde que invistam em tecnologias limpas. Contudo, tal sistema é incoerente

já que permite que países ricos continuem poluindo, ao manter os países pobres

endividados. Este acordo ratificado, em 2005, ficou famoso pela recusa dos Estados

Unidos da América, um dos principais poluidores mundiais, em firmá-lo.

Ainda em 1997, em Nova Iorque, foi realizada a 19ª Sessão Especial da

Assembleia-Geral das Nações Unidas, também designada Rio + 5, com o objetivo de

avaliar os cinco primeiros anos de operação da Agenda 21. O encontro identificou as

principais dificuldades relacionadas à implementação do documento, priorizou ações

para os anos posteriores e conferiu impulso político para as negociações ambientais

em curso ao difundir a temática nos meios de comunicação (COSTA, 2008).

O Brasil, nesta mesma década, implantava efetivamente a Lei Ambiental de

1981, através do Decreto Federal 99274/90. Em 1998, foi criada a Lei de Crimes

Ambientais e após diversos nomes e alterações, em 1999, foi designado Ministério

do Meio Ambiente à antiga Secretaria Especial do Meio Ambiente (SOUSA, 2010).

Campanhas e ações publicitárias por parte do governo e de companhias privadas

explicitando seu compromisso com a questão socioambiental se intensificaram

também neste mesmo período.

Já no começo do século XXI, a sustentabilidade antes restrita a intelectuais e

políticos se “democratizava” e passava a ser vinculada em todos os meios de

comunicação como forma de estímulo, ou mesmo pressão para que governos e

empresas incorporassem conceitos de desenvolvimento sustentável.

Historicamente, em 2002, na África do Sul, em uma de suas capitais,

Johannesburgo, foi realizada a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento

Sustentável, também conhecida como Rio + 10, ou Cúpula da Terra de

Johannesburgo, como forma de analisar os resultados alcançados até então e indicar

o caminho a ser seguido para ratificar seus compromissos. A principal proposta desta

conferência foi elevar a fração de energia renovável do mundo para 10%, até 2010,

porém, por não ter sido aprovada na íntegra, não foi fixada para todos os países.

Page 34: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

31

No Brasil, o começo do século XXI é marcado por esforços do setor público,

privado e da sociedade civil organizada pela incorporação dos conceitos de

sustentabilidade, seja através da mobilização local, seja pelo fortalecimento das

associações, organizações e conselhos de meio ambiente. Em 2001, foram

estabelecidas as diretrizes gerais da política urbana em prol de cidades sustentáveis,

pela Lei nº 10.257, conhecida também como Estatuto das Cidades. Já, em 2002, a

Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável (CPDS) elaborou a Agenda

21 brasileira; com o objetivo de propor estratégias, instrumentos e recomendações

voltados para o desenvolvimento sustentável do país.

O ano de 2012 foi marcado pela Rio + 20, conhecida também como

Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Realizada entre

os dias 13 e 22 de junho, na capital fluminense, tinha como objetivo discutir sobre a

renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável. O maior

evento realizado pelas Nações Unidas até então tratou de temas relacionados aos

recursos naturais do planeta, oceanos, a dimensão econômica, como também de

questões sociais como a falta de moradia, erradicação da pobreza e a participação da

mulher na sociedade. Com ela foi confeccionado um relatório “The Future We Want”

(O Futuro que Queremos, do original em inglês) de 49 páginas, que não foram

suficientes para incluir propostas importantes, relacionadas à “Economia verde no

contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”, assim como

da “Estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável”, através de objetivos

de sustentabilidade, decorrentes das divergências entre os principais interesses dos

líderes de governos. Países europeus e africanos, por exemplo, ficaram insatisfeitos

do PNUMA não ter se tornado uma Agência, o que para a mídia, em geral, refletiu o

fracasso, ou a estagnação deste encontro (CARVALHO et al., 2012).

Todavia, uma série de mais de 700 acordos paralelos foram firmados entre

empresas, governos e instituições e prometem impactos positivos ao meio ambiente,

através da conscientização da sociedade e de um orçamento de mais de 513 bilhões

de dólares. Estes recursos serão investidos em projetos de transporte, energia e

proteção ambiental, como por exemplo, para combater o aquecimento global.

Neste mesmo encontro, em um evento paralelo, o Grupo das Grandes Cidades

para Liderança do Clima (C40) formado por amplas metrópoles mundiais,

Page 35: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

32

empenhadas em debater e combater as mudanças climáticas efetivou o Rio + C40.

Neste, 58 prefeitos de todo o mundo (inclusive das cidades brasileiras de Curitiba,

Rio de Janeiro e São Paulo) ratificaram a redução da emissão de mais de um bilhão

de toneladas de gases responsáveis pelo efeito estufa até 2030. Juntas, estas cidades

representam 18% do PIB mundial, consomem 75% da energia mundial e representam

uma, em cada 12 pessoas, no mundo. É evidente que estas cidades têm muito a fazer,

pois o debate sobre a diferença entre crescimento e desenvolvimento ainda não foi

finalizado e profundas transformações nas estruturas socioeconômicas ainda são

necessárias para a implementação da sustentabilidade plena (VEIGA, 2005).

Ao tratar deste assunto, uma das metodologias mais aceitas, para determinar o

conceito de desenvolvimento sustentável, já que sua interpretação não é universal e

varia em função das diferentes áreas e prioridades, é aquela que a define como o

equilíbrio de um tripé formado por: aspectos socioculturais, aspectos ambientais e

aspectos econômicos; ou seja, o que é ecologicamente correto, economicamente

viável, socialmente justo e culturalmente aceito.

Segundo Bismarchi (2011), este conceito, apresentado pelo Relatório

Brundtland, deve, nos próximos anos, se integrar de forma consistente ao corpo de

conhecimentos existentes tanto das ciências humanas quanto das naturais, como

argumentava Sachs (2002), há a necessidade de “voltar à economia política e a um

planejamento flexível negociado e contratual, simultaneamente aberto para as

preocupações ambientais e sociais”.

Sachs (2002), por exemplo, apresenta os critérios da sustentabilidade

distribuídos em oito dimensões: Social; Cultural; Ecológica; Ambiental; Territorial;

Econômica; Política Nacional e Política Internacional, onde cada uma delas traz

objetivos a serem alcançados, ainda que qualitativos, a fim de tornar a sociedade

mais sustentável, partindo das políticas públicas, estratégias corporativas e

movimentos sociais (ANDRADE, 2010; BISMARCHI, 2011).

Edwards (2008) relaciona o desenvolvimento sustentável aos princípios que

criaram a arquitetura clássica: firmitas, utilitas e vetustas (solidez, utilidade e

beleza). Para ele, “um projeto não é economicamente sustentável se não cumprir uma

função efetiva; não é ambientalmente sustentável se não for construído de forma

sólida; e não é socialmente sustentável se não for desejável por seus usuários”.

Page 36: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

33

Outra abordagem, em defesa do desenvolvimento sustentável, através de

mudanças dos padrões de consumo e produção é a apresentada pelo PNUMA e

conhecida como 3R’s: REDUZIR (o desperdício e o consumo), REUTILIZAR

(materiais) e RECICLAR (dando preferência para os que podem ser reciclados).

Manzini e Vezzoli (2002) indicam que a atual sociedade poderá se tornar

objetivamente sustentável, desde que, a pegada ecológica (o quanto de terra e água

são necessários para atender ao estilo de vida dos indivíduos) e o uso de bens

materiais sejam os menores possíveis e planejados; atendendo a mudanças técnicas e

culturais, para alcançar os seguintes requisitos gerais:

- Fundar-se essencialmente em recursos renováveis;

- Aperfeiçoar o emprego de recursos não renováveis;

- Não acumular dejetos impassíveis de renaturalização;

- Limitar as sociedades “ricas”, ou “pobres” ao gozo do espaço ambiental ao

qual potencialmente têm direito.

Apesar dos marcos e acordos aqui apresentados, as práticas do

desenvolvimento sustentável só serão possíveis através da elaboração de uma agenda

de prioridades com metas e objetivos de médio/longo prazo, debatidas em conjunto

entre todos os atores sociais envolvidos, com a finalidade de redefinir padrões de

consumo, de produção e da avaliação do bem-estar social.

O setor da construção civil, sem dúvida, continua sendo um dos principais

consumidores de recursos naturais e, por isso também, vem sendo desafiado a

promover a sustentabilidade. Ele é responsável por 40% da emissão de gás

carbônico, na atmosfera; e consome de 100 a 200 vezes mais recursos que a indústria

automobilística. No Brasil, consome dois terços de toda a madeira extraída; é

responsável por 21% do consumo de água; 35% da emissão de gases do efeito estufa;

70% dos resíduos e utiliza 42% da eletricidade produzida (BERROCAL, 2012).

Desta forma, deve-se analisar este setor de forma holística, incluindo seus atores,

alvos, suas diferentes necessidades e metas; só assim, poderão ser entendidas as

ações tomadas para se alcançar os objetivos da sustentabilidade (BISMARCHI,

2011).

Page 37: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

34

2.2. SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Longe de se aprofundar numa discussão minuciosa sobre os constituintes da

sustentabilidade na construção civil, o que por si só, já seria uma pesquisa complexa;

esta seção pretende discorrer sobre a evolução deste conceito no desenvolvimento

deste importante setor, até chegar à compreensão atual: da necessidade de mudanças

e da adoção de uma postura mais ecológica.

O setor da construção civil é vital e estratégico para o desenvolvimento de

qualquer país do mundo, tanto pela edificação de estruturas físicas, quanto pelo

processo da cadeia construtiva de absorção de mão-de-obra, investimentos e

recolhimento de impostos. Entretanto, ao mesmo tempo, é um dos maiores

causadores de impactos ambientais, pela elevada demanda de insumos em todo o

ciclo da vida útil de uma edificação (JOHN, 2009).

Originalmente, o conceito de análise do ciclo de vida, anteriormente citado,

foi desenvolvido para a avaliação de impacto de produtos e posteriormente, foi

adaptado para o desenvolvimento de metodologias de avaliação ambiental de

edificações, na Europa, EUA e Canadá, no início da década de 1990 (SILVA, 2007).

Desta forma procura descrever todos os fluxos de entrada e saída de um produto de

forma mais objetiva possível, explicitando o consumo de recursos e a saída de

emissões e resíduos. É uma das poucas bases aceitas internacionalmente para

comparar materiais, tecnologias, componentes e serviços utilizados, ou prestados.

No contexto da construção sustentável é difícil separar meio ambiente de

fatores econômicos, à medida que, com a redução dos insumos disponíveis, há o

aumento da poluição, de passivos ambientais e do desequilíbrio na oferta-procura e

na qualidade dos produtos (NASCIMENTO, 2010). Desta forma, no âmbito da

construção civil, historicamente, estes termos se inter-relacionam, de modo que as

edificações podem ser utilizadas como instrumentos para averiguar a disseminação

de conceitos de sustentabilidade (LAMBERTS et al., 2010). No entanto, não existe

um padrão único para que uma construção possa ser classificada como sustentável,

tudo dependerá do nível de impactos gerados pela obra, ao meio ambiente3.

3 No Brasil, em grandes projetos deve-se intervir numa etapa anterior da decisão à realização de um

determinado projeto que acaba resultando na elaboração de um estudo/relatório de impacto ambiental

(EIA-RIMA), que visa abordar preventivamente os impactos e apresentar e analisar alternativas.

Page 38: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

35

Desde a década de 1960, pioneiros ambientais vêm alertando que o mundo

terá de mudar e adquirir uma “consciência verde”, na construção civil, ou seja, esta

deverá responder aos desafios ambientais, sendo ela mesma um modelo de solução.

Um bom modelo deverá utilizar a energia elétrica de forma eficiente, conservar o

máximo de recursos possíveis, dentre outros aspectos; contudo, as novas formas de

viver do ser humano, se tornaram um verdadeiro problema para este setor.

Qualquer decisão tomada na engenharia de projeto de um edifício afeta a

sociedade e o meio ambiente por um longo período. Dentre os materiais aqui,

amplamente empregados, o uso de tijolos, por exemplo, apresenta quatro vezes mais

energia embutida do que a madeira; já o concreto e o aço, em torno de cinco e dez

vezes mais, respectivamente. Enquanto o alumínio e o vidro são materiais produzidos

com índices de poluição maiores que os anteriormente expostos (AALTONEN,

2008). Assim, é preciso identificar a trajetória de cada material, recurso a ser

empregado “do seu berço ao seu túmulo”, isto é, da fonte de onde é extraído, até a

sua destinação final, opções que possam vir a minimizar este percurso e os impactos

potenciais desta trajetória. O fim a ser buscado com a adoção destas medidas, além

de retardar os impactos ao meio ambiente, proporciona ao ser humano uma melhoria

de sua qualidade de vida (SATTLER, 2007).

O planeta sente, hoje, os efeitos da ação negativa do homem sobre a natureza

e por isso, é essencial que se alcance um modelo de desenvolvimento sustentável, ou

seja, um modelo com qualidade que consiga equilibrar harmoniosamente as

demandas sociais, com os cuidados ambientais e com a viabilidade econômica

(BISMARCHI, 2011). No entanto, a incorporação destes critérios ditos sustentáveis

ainda é um grande desafio para este setor, mesmo com as pressões externas sob a sua

cadeia produtiva. Segundo relatórios, em 2009, do Conselho Brasileiro de

Construção Sustentável, estima-se que entre 40 a 75% dos recursos naturais,

excluindo-se a água e energia, são utilizados na construção civil.

Ao mesmo tempo, historicamente, é possível identificar, eventos, conceitos e

discussões com preocupações de cunho sustentável; na tentativa de conciliar

harmonicamente: meio ambiente, homem e arquitetura (BRASIL, 2010).

Uma das primeiras tentativas refere-se à preocupação oriunda com a crise

energética da década de 1970, da incorporação de recursos não renováveis na

Page 39: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

36

construção civil, a “Arquitetura Solar” como ficou conhecida. Até então, a partir da

década de 1940, o mundo reproduziu uma arquitetura igual em qualquer parte do

planeta, “Estilo Internacional”, marcada por panos de vidro e não respeitosa as

peculiaridades ambientais locais; que se estabeleceu ao apoiar-se em onerosos

sistemas de controle climático prediais, principalmente os aparelhos

condicionadores, com elevados gastos energéticos (GONÇALVES, 2003).

Foi a partir desta crise, com ápice em 1973, com o aumento dos custos, em

mais de 300%, dos barris de petróleo que o conceito de ecodesenvolvimento,

apresentado pela primeira vez por Maurice Strong, secretário-geral da Conferência

de Estocolmo, no intuito de orientar o desenvolvimento para aspectos ecológicos, se

firmou; se originalmente fora concebido apenas para áreas rurais do Terceiro Mundo,

passou a ser considerado, como aplicável também as áreas urbanas, ao coletar calor

do sol como fonte alternativa ao consumo elétrico, por exemplo, (BAPTISTA, 2008).

Na década de 1980 surge o conceito de “edifício inteligente” que pode ser

definido de forma bem sucinta, como: o mínimo de avanço tecnológico capaz de

aperfeiçoar sistemas e a qualidade de uma edificação com a devida redução de

custos. Tal conceito, constantemente, é confundido com o de edificações

sustentáveis, já que algumas medidas adotadas no primeiro contribuem para o menor

consumo de água e energia, questões ligadas diretamente à segunda consideração.

Segundo Brasil (2010), na mesma década de 1980, surgiram, no país, os

primeiros laboratórios de conforto ambiental com a finalidade de estudar o ambiente

construído e práticas de eficiência energética4. Prática que foi adotada no currículo

de todos os cursos de Arquitetura & Urbanismo através do decreto n° 79.260/77 e

das portarias do Ministério da Educação números 244/85, 607/85 e 862/86.

Já na década de 1990 foi lançado o conceito de arquitetura ecoeficiente com

foco na alta qualidade ambiental da edificação. Temáticas referentes, por exemplo, a

fontes energéticas alternativas, preocupações com o conforto ambiental, avaliações

da qualidade do ar e da água, gestão de resíduos, dentre outros assuntos, ganharam

discussões e análises de instituições acadêmicas e de representantes da sociedade.

4 Segundo Brasil (2010) os primeiros laboratórios de conforto ambiental implantados foram: o

Laboratório de Conforto Ambiental (LCA) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo

vinculado a Secretaria de desenvolvimento do Estado de São Paulo, fundado em 1980; o Laboratório

de Conforto Ambiental (LACAM) da Universidade Federal da Bahia, fundado em 1985; e o

Laboratório de Conforto Ambiental (LABCON) da Universidade Santa Catariana, fundado em 1986.

Page 40: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

37

No século XXI, com a evolução do conceito de desenvolvimento sustentável,

surgiram os conceitos de sustentabilidade para a arquitetura e para a construção civil:

A arquitetura sustentável pode ser dividida em sustentabilidade

financeira, ambiental, social, espacial e ecológica:

• Sustentabilidade financeira: crescimento através do uso eficiente dos

recursos (mão de obra, materiais, água e energia) financeiramente viáveis;

• Sustentabilidade ambiental: evitar efeitos prejudiciais ao ambiente

através de uso cuidadoso de recursos naturais, minimização de resíduos,

proteção e melhoria do ambiente;

• Sustentabilidade social: responder às necessidades dos “atores sociais”

envolvidos no processo de construção (do planejamento à demolição), in-

cluindo alta satisfação do cliente e do usuário, fornecedores compro-

metidos ambientalmente, respeito aos funcionários e comunidades locais;

• Sustentabilidade espacial: localização e relação com a vizinhança e a

cidade minimizando impactos negativos;

• Sustentabilidade ecológica: possibilitar a permanência ou menor

interferência nos ciclos naturais como a realimentação dos lençóis

freáticos. (LOMARDO et al., 2005)

A sustentabilidade na construção civil é o “processo holístico5 para

restabelecer e manter a harmonia entre os ambientes natural e construído e criar

estabelecimentos que confirmem a dignidade humana e estimulem a igualdade

econômica” (CIB, 2002). Alguns arquitetos podem ser destacados pelo aporte no

campo da sustentabilidade e da inserção destes conceitos em suas obras.

O norte-americano Frank Lloyd Wright (1867-1959), por exemplo, foi

marcado pela sua tentativa de expressar a denominada “arquitetura orgânica”, ou

seja, a tentativa de integrar a edificação e seus elementos arquitetônicos ao seu

entorno; com a maior utilização possível de insumos locais e o menos impactante

possível ao meio ambiente.

O suíço Charles-Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido pelo seu

pseudônimo Le Corbusier (1887-1965) contribuiu com a inserção de pilotis nas

edificações, o que tornou livre a circulação do ar e pedestres no pavimento térreo; a

utilização de coberturas habitáveis; e terraços-jardins.

5 Caráter “holístico” – caracteriza-se pela visão interdisciplinar e transdisciplinar da sustentabilidade

em que busca uma abordagem pluridimensional, aberta e indissociável por parte de todas as áreas do

conhecimento. As outras duas vertentes básicas da sustentabilidade são a “progressiva” – que por sua

aplicação dinâmica e contínua define metas e constitui processos para atingir relações e condições

específicas – e a “histórica” – que se caracteriza pela abordagem no que toca às especificidades

espaciais e temporais das comunidades envolvidas (SILVA, 2000 apud OLIVEIRA, 2006).

Page 41: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

38

Tais influências internacionais foram assimiladas nas obras de importantes

nomes da arquitetura brasileira como: Roberto Burle Marx (1909-1994) e seus

trabalhos paisagísticos; Oscar Niemeyer (1907-2012) e seus brise-soleils e cobogós

cerâmicos; e João da Gama Filgueiras Lima, o “Lelé” (1932-) pelas suas

preocupações com as questões de racionalização, iluminação e ventilação naturais.

É exatamente na etapa de processo de projeto, que arquitetos e engenheiros

têm grande destaque; já que nesta fase, que engloba desde a concepção até as ideias

do reuso do edifício, se ações, decisões e técnicas de sustentabilidade forem tomadas

corretamente, maiores serão as chances de sua qualificação (BRASIL, 2010).

Hoje, infelizmente, estes critérios são adotados de forma aleatória e sem sua

correta inserção, na maioria dos casos, pela falta de conhecimento de seus

responsáveis das diretrizes específicas de processo de projeto e de produto. À medida

que estes estiverem presentes em um maior número de fases da edificação

(idealização, concepção, projeto, construção, uso, manutenção e final da vida útil),

principalmente nas iniciais, maior será a sustentabilidade do empreendimento.

Quanto mais distante desta etapa, menores serão as possibilidades de minimização

dos impactos ambientais gerados, entretanto, é justamente o contrário que ocorre.

É válido ressaltar também, que inserir critérios de sustentabilidade no

processo de projeto não é somente uma questão metodológica e sim uma questão de

mudança de paradigmas no setor da construção civil. Quanto maior a aplicação

destes conceitos em unidades significativas, maior será sua visibilidade. Em obras

públicas, por exemplo, os conceitos sustentáveis e de eficiência energética devem ser

contemplados já no edital do processo licitatório. No Brasil, a exemplo, para obras da

Administração Federal, existe a Normativa n° 1 de 19 de janeiro de 2010 que dispõe

sobre critérios específicos para a aquisição de bens e serviços (VIGGIANO, 2010).

A elaboração de um projeto dito sustentável seja este da iniciativa privada,

ou pública necessita de uma metodologia cíclica e não mais linear6, pois esta

possibilita a avaliação e a reformulação de soluções ao longo de todo o processo, ao

permitir a interação entre equipes e profissionais ao longo de todas as etapas da obra

(VIGGIANO, 2010). Esta metodologia deve ser aliada as premissas e diretrizes de

6 O método linear parte de uma única via de informações encadeada em forma de uma sequência de

ações preestabelecidas, de forma que cada etapa vencida é uma etapa finda que não admite reavaliação

(VIGGIANO, 2010).

Page 42: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

39

trabalho que contemple os quesitos de sustentabilidade factíveis dentro da realidade

do sítio e do projeto em questão. Há, entretanto, uma cultura lastimável, neste setor,

principalmente no Brasil, de se gastarem pouco tempo e recursos na fase de

concepção de projetos, como forma de se cortarem custos globais ditos

“desnecessários” (NASCIMENTO, 2010).

Grande parte dos empreendimentos concebidos é construída e entregue para

uso, sem grandes preocupações referentes ao quanto de recursos naturais e

energéticos serão consumidos, assim como, do quanto de gases do efeito estufa serão

produzidos; gerando um problema que deverá ser suportado por décadas por toda a

sociedade (CEOTTO, 2006). Todavia, quando as preocupações são levadas em

consideração, estas podem ser traduzidas, por exemplo, na busca por boas práticas de

projeto, como destacam, o Conselho Brasileiro de Construção Civil – CBCS (2009) e

a Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura - AsBEA (CIC, 2008):

• Aproveitar ao máximo as condições naturais locais;

• Utilizar o mínimo do terreno e integrar a obra ao ambiente natural;

• Analisar o entorno para a implantação;

• Não provocar, ou reduzir os impactos no entorno;

• Promover a qualidade ambiental interna e externa;

• Gerir de forma sustentável a implantação da obra;

• Adaptar o projeto às necessidades atuais e futuras dos usuários;

• Utilizar insumos locais e que contribuam com a ecoeficiência do processo;

• Reduzir o consumo energético, de água e de materiais;

• Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos;

• Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável;

• Conscientizar os envolvidos do processo, através da educação ambiental.

Estes exemplos de princípios da sustentabilidade, da construção civil, não são

vistos ao longo prazo, mesmo que acarretem lucros para as corporações e uma maior

prosperidade econômica e social, e não somente ambiental. Geralmente, as empresas

se preocupam somente com a parte econômica e com o ônus do montante inicial, sem

se importar com o pagamento desta tecnologia empregada em mais, ou menos tempo.

Page 43: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

40

É sabido que para cada centavo gasto na construção, aproximadamente, o triplo será

gasto em operação, manutenção e renovação (SILVA, 2009).

Segundo Gomide et al. (2006), a sustentabilidade do empreendimento pode

ser alcançada, em parte, por uma boa manutenção; uma vez que esta tem a finalidade

de viabilizar a disponibilidade de sistemas, com o menor valor e desperdícios. Além

de também, se comprometer a racionalizar o uso de recursos naturais e de se

preocupar com as questões de impacto ambiental e urbano.

A sustentabilidade segundo Motta, Aguilar, Andery (2009), pode ser inserida,

em uma empresa, horizontalmente, ou verticalmente. No primeiro caso, a adoção

destes requisitos se converge em ações; enquanto no segundo, são incorporadas as

estratégias da empresa, de forma a se tornar um diferencial de competitividade.

A empresa que busca a sustentabilidade levanta discussões positivas sobre a

importância de se pensar em empreendimentos verdes, em ganhos de eficiência, em

inovação tecnológica e de gestão, de todas as partes interessadas: indivíduos,

sociedade, fornecedores, universidades, instituições, investidores, agentes públicos,

etc. Como forma de se exemplificar o papel de cada um destes atores, citam-se:

• Os consumidores estejam estes isolados, ou em conjunto, são primordiais ao

mercado, ao fazer reivindicações e cobranças por sustentabilidade e inovação.

• Fornecedores necessitam rever suas prioridades para buscar novas soluções

e inovações a partir de parcerias com os demais agentes da construção civil.

• O setor de ensino e pesquisa é vital, ao disseminar novos conhecimentos e

prover serviços independentes de monitoramento e avaliação.

• Na conjuntura institucional, a existência de um empenho pela busca da

qualidade, seja nas ações de elaboração das Normas Brasileiras7, por parte da

ABNT, seja nos esforços dos operadores públicos, como: o BNDES e a Caixa

Econômica Federal de investirem mediante a certificação ambiental.

• Os investidores buscam empreendimentos economicamente viáveis, dentro

das novas tendências e técnicas de sustentabilidade empregadas.

7 Um dos grandes destaques é a NBR 15575 (editada em 2008, mas em vigor a partir de 2010) que

levantou discussões, de forma inédita no país, em relação ao desempenho das edificações, a sua

aplicabilidade como um todo e ao emprego da mão-de-obra na construção civil (BISMARCHI, 2011).

Page 44: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

41

• Já os agentes públicos, como as prefeituras, são responsáveis por todo o

arcabouço legal e seu funcionamento, devendo ser os principais

incentivadores para a transformação e a adoção de medidas sustentáveis.

Para se alcançar esta sustentabilidade na construção civil, através de projetos

efetivamente sustentáveis, alguns compromissos devem ser ratificados pelas

empresas da cadeia produtiva; apresentam-se aqui três pré-condições fundamentais:

Pré-condição 1 – Um projeto de sustentabilidade tem que ter qualidade:

A qualidade garante que níveis de excelência sejam atingidos, mantidos e

disseminados nos processos das empresas. A gestão da qualidade,

especialmente a busca por melhoria contínua, é um pré-requisito para a

sustentabilidade porque estimula a melhoria constante dos processos

empresariais, que estão ligados ao consumo de recursos naturais,

produtividade, desperdício, durabilidade, entre outros.

Pré-condição 2 – Sustentabilidade não combina com informalidade

É fundamental selecionar fornecedores, tanto de materiais e serviços,

assim como a equipe da mão-de-obra. As empresas que trabalham com

fornecedores informais também se tornam informais, alimentando este

ciclo nocivo. É preciso garantir a legalidade de toda a empresa e de todos

os seus processos. Além de garantir a legitimidade da empresa, a seleção

de fornecedores formais estimula o aumento da profissionalização na

cadeia produtiva e consequente eliminação de empresas com baixa

produtividade que só se mantêm no mercado por economias advindas de

atividades ilícitas.

Pré-condição 3 – Busca constante pela inovação

Utilizar novas tecnologias, quando possível e adequado. Caso inviáveis

[sic], buscar soluções criativas respeitando o contexto. É importante que

as empresas tenham relações estreitas com agentes promotores de

inovação na cadeia produtiva, tanto na oferta de novos materiais e

equipamentos, quanto na capacitação da mão-de-obra. A base para a

sustentabilidade na construção é alinhar ganhos ambientais e sociais com

os econômicos, daí a necessidade e importância de inovações (CIC,

2008:16).

Esta sustentabilidade almejada é marcada por um design, materiais,

construções e práticas operacionais específicas que reduzem significativamente os

impactos negativos sobre o meio ambiente e seus ocupantes; considerações cada vez

mais importantes para os atuais e futuros edifícios se tornarem “verdes”, ou seja,

ambientalmente responsáveis e eficientes na utilização de energia e recursos. Além,

de adaptáveis às mudanças decorrentes do uso de seus usuários e desmontáveis ao

final de seu ciclo de vida, permitindo a utilização de seus componentes, por meio da

reutilização, ou reciclagem (SILVA, 2007).

Page 45: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

42

Para isso, devem levar em conta medidas específicas da construção verde,

que reconhecem a interdependência de ambientes construídos e naturais. Dentre eles,

destacam-se: o aproveitamento da energia natural de processos biológicos; a

independência de combustíveis fósseis e materiais tóxicos; a eficiência de recursos e

sistemas; a promoção da ventilação e iluminação naturais; a redução da carga térmica

de edificações; o aprimoramento de componentes elétricos, luminotécnicos e

energéticos; o uso de tecnologias ambientalmente amigáveis, renováveis e

preferencialmente locais; a redução de resíduos, poluentes e a utilização de materiais

reciclados; o reaproveitamento de águas pluviais através de equipamentos com

menores fluxos de vazão; a baixa interferência com o entorno; e a sensibilização da

população referente ao impacto do desenvolvimento sobre o meio ambiente.

Os benefícios de edifícios verdes são usualmente relacionados a ações e

metas previstas em meios decisórios do desenvolvimento sustentável. Para tal,

buscam-se respostas no processo como um todo. Aqui, as Agendas 21 de cada país e

a definida pela ONU cumprem esta função, de integrar processos da natureza

completamente distintos, proporcionar a comparação de visões e percepções de

desenvolvimento sustentável e finalmente da avaliação futura do setor. Estes podem

ser divididos, normalmente, em três categorias gerais, os quais correspondem às três

esferas do desenvolvimento sustentável (ambiental, econômico e social):

Os benefícios ambientais incluem:

- Promover e proteger os ecossistemas e a biodiversidade;

- Melhorar a qualidade do ar e da água;

- Reduzir a produção de resíduos sólidos;

- Conservar os recursos naturais;

- Reduzir as emissões de carbono.

Os benefícios econômicos incluem:

- Reduzir os custos operacionais;

- Aumentar o valor de ativos e lucros;

- Melhorar a produtividade e a satisfação dos funcionários;

- Aperfeiçoar o ciclo de vida e o desempenho econômico.

Os benefícios sociais e de saúde incluem:

- A melhoria do ar, ambientes térmicos e acústicos;

- Aumentar o conforto dos ocupantes e da saúde;

- Minimizar a pressão sobre a infraestrutura local;

- Contribuir para o reforço da qualidade de vida global (FIFA, 2011:40).

Estes benefícios devem ser aliados à necessidade de se aprimorar o

gerenciamento das construções de modo a apurar o uso de recursos e garantir a

Page 46: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

43

qualidade do processo de produção e dos produtos intermediários e finais. A

construção civil deve superar as barreiras impostas pelo avanço tecnológico, ao

buscar: a qualificação de sua mão-de-obra (um dos principais gargalos); o uso de pré-

fabricados; a incorporação de tecnologias no processo de projeto e de trabalho de

campo; meios de incrementar a produtividade, reduzir perdas e desperdícios;

potencializar a gestão; minimizar os custos da construção; investir em métodos de

trabalho que visem estimular a inovação; e o apoio à universidades e centros de

pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos, projetos e processos. Soluções

estas, que atenderão as necessidades de todos os envolvidos, de forma mais

econômica, competitiva e com mais qualidade que as alternativas atuais.

Uma das maiores preocupações de uma construção sustentável é realmente o

gerenciamento de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) já que estes têm

origens diferenciadas: os que resultam da própria ação de construir, os que são

gerados pela sobra de materiais, e as embalagens de produtos que chegam à obra.

Esta heterogeneidade dificulta a reciclagem e estimula a legalidade desta temática a

nível nacional, estadual e municipal. No país, o grande impulso veio em 2002,

quando o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) aprovou a Resolução

n° 307 de 05 de julho de 2002 sobre Gestão de Resíduos da Construção Civil e

estabeleceu na prática responsabilidades para toda a cadeia envolvida.

Contudo, quando um empreendimento é viabilizado com estratégias

sustentáveis, de modo que todo o ciclo de projeto provoque o menor impacto

ambiental possível, inclusive seus resíduos; existe a possibilidade de se obter uma

certificação ambiental, ou seja, um reconhecimento da sociedade, dos fornecedores,

profissionais e do mercado da qualidade de seu processo, através de organizações

independentes que avaliam a multidisciplinaridade das partes integrantes do projeto.

Tratar-se-á melhor deste assunto na próxima seção deste capítulo.

A partir deste cenário apresentado, do mercado da construção civil, ações

devem ser propostas, discutidas e implementadas a fim de se capacitar a cadeia

produtiva para competir em um novo cenário mundial com forte pressão pela

responsabilidade socioambiental, por parte de seus usuários, mesmo que para isso

dependa muito mais de questões políticas que econômicas (BISMARCHI, 2011).

Page 47: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

44

2.3. AS CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS

Como observado pelos autores, das seções anteriores, o impacto gerado pela

construção civil ao meio ambiente vem se acentuado, assim como, a preocupação

com seus efeitos negativos. Arquitetos, engenheiros e profissionais da construção

iniciaram uma série de estudos e debates a fim de estabelecer estratégias que

diminuíssem e avaliassem tais impactos; como premissa para a incorporação destas

técnicas, em melhores níveis de qualidade ambiental de projetos.

Todavia, a sustentabilidade inserida na construção civil não se apresenta

ainda, integrada ao ciclo de vida da edificação, variando de empresa para empresa,

de acordo com os mais variados processos de gestão de projetos e de suas

metodologias correspondentes. O que vem dificultando a obtenção de índices

significativos de sustentabilidade em edificações; já que suas práticas são inseridas,

nas etapas de projeto, aleatoriamente.

Pela ausência de um método comum de práticas sustentáveis, as certificações

ambientais se tornaram uma referência para que diretrizes ambientais fossem

adotadas e avaliadas, pelas empresas, em seus projetos os Green Buildings.

Expressão esta utilizada, a partir da década de 1990, para englobar todas as inciativas

dedicadas à criação de construções mais eficientes do ponto de vista energético, mais

confortáveis, passíveis de adaptações, dentre outras medidas “verdes”.

O primeiro sinal da necessidade de se avaliar o desempenho ambiental de

edifícios veio exatamente com a constatação que, mesmo os países que

acreditavam dominar os conceitos de projeto ecológico, não possuíam

meios para verificar quão "verdes" eram de fato os seus edifícios. Como

seria comprovado mais tarde, edifícios projetados para sintetizar os

conceitos de construção ecológica frequentemente consumiam ainda mais

energia que aqueles resultantes de práticas comuns de projeto e

construção (SILVA, 2007).

Os selos e essas certificações ambientais acabaram se tornando também,

sinônimos da qualidade do desempenho da edificação, do seu esforço de minimizar o

consumo de insumos naturais e o desperdício na construção. Tornando-se símbolos

de um marketing ambiental de vendas e de divulgação de produtos arquitetônicos.

Vários países já apresentam sua própria metodologia de certificação

ambiental, como: África do Sul (SBAT), Austrália (Green Star), Brasil (AQUA),

Page 48: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

45

Canadá (BEPAC), Estados Unidos (LEEDTM

), França (HQE), Japão (CASBEE),

Reino Unido (BREEAM), Suécia (EcoEffect), dentre outros (Figura 02).

Figura 02 - Principais certificações ambientais do planeta.

Fonte: BRASIL, 2010 apud FUNDAÇÃO VANZOLINE, 2008.

Cada um destes países indicados, no mapa anterior, apresentam

especificidades socioculturais, econômicas e ambientais que os diferenciam e fazem

com que desenvolvam sua própria metodologia de avaliação, apoio, ou certificação

ambiental. Em cada uma delas, a avaliação ambiental pode atender desde a

programação da edificação, passando pelas etapas de planejamento, simulação de

desempenho, até chegar à fase de operação e manutenção (BRASIL, 2010).

Silva (2007) promove uma distinção das certificações ambientais em duas

categorias. Na primeira se enquadram os sistemas que promovem a construção

sustentável através de mecanismos de mercado, ou seja, através de uma estrutura

mais simples, normalmente formatada em uma lista de verificações, por exemplo: o

BREEAM, o LEEDTM

, o CASBEE, o HQE e o HK-BEAM (Hong Kong). Na

segunda, o BEPAC e o GBC, seu sucessor, por exemplo, são centrados no

desenvolvimento metodológico e na fundamentação científica.

Page 49: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

46

O presente trabalho abordará as metodologias das principais certificações

ambientais disponíveis (AQUA, BEPAC, BREEAM, CASBEE, GBC, Green Star e

HQE), em função de seu extenso universo, com ênfase em uma análise crítica da

normativa norte-americana LEEDTM

, uma das mais difundidas e utilizadas no

mundo. O Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Federação Internacional de

Futebol (FIFA), por exemplo, exigem que tal sistema de avaliação contemple grande

parte dos empreendimentos a serem edificados, ou reformados, para o êxito de seus

megaeventos, como forma de demonstrar uma preocupação de cunho ambiental,

conforme acompanhar-se-á no próximo capítulo.

2.3.1. BREEAM: Building Research Establishment Environmental Assessment

Method

O BREEAM foi o primeiro método de avaliação ambiental de edifícios

lançado no mundo, em 1990, de origem inglesa, através de uma parceria entre

pesquisadores do Building Research Establishment (BRE) e do setor privado com o

setor industrial, visando especificação e mensuração de desempenho. Este método,

que inspirou vários sistemas subsequentes, fornece um processo de certificação

embasado em uma auditoria externa, através de avaliadores treinados e indicados

pelo BRE, que são responsáveis por especificar seus critérios e métodos como forma

de garantir a qualidade do processo utilizado de avaliação.

Sua popularidade deve-se a abordagem de desempenho de referência, a

cobertura abrangente de aspectos relacionados à energia, impactos ambientais, saúde

e produtividade e a identificação de oportunidades para melhorias construtivas e

vantagens financeiras (SILVA, 2007).

O BREEAM é atualizado regularmente, como forma de mantê-lo atualizado

no mercado, a cada 3-5 anos, em função de novos estudos, pesquisas e da experiência

acumulada. Versões deste sistema foram adaptadas às condições regionais de Hong

Kong (HK-BEAM - Hong Kong Building Environmental Assessment Method), do

Canadá (BREEAM Canadá) e de diversos outros países.

Dentre os critérios avaliados pelo BREEAM em obras industriais,

residenciais, comerciais e institucionais estão: Gestão; Saúde e Conforto; Energia;

Transporte; Água; Materiais; Uso do Solo; Ecologia; e Poluição que podem ser

Page 50: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

47

aplicados nos estágios de projeto e execução; gerenciamento e operação; e revisão

pós-construção. Tais critérios são ponderados, em uma escala de zero a dez, para

eventuais comparações e têm como alvo minimizar os efeitos adversos dos edifícios

sobre o meio ambiente e promover um espaço interno mais saudável e confortável.

Para ser aprovado e receber a certificação na etapa de “Projeto e Execução” é

necessário que o empreendimento adquira no mínimo 200 pontos (25%). Para

receber o conceito “Bom” são necessários 300 pontos (37,5%); já o conceito “Muito

bom” exige mais de 380 pontos (47,5%). O conceito mais nobre o “Excelente” impõe

mais de 490 pontos (61,3%) como mínimo de índice de desempenho ambiental.

Segundo Silva (2007), para ser aprovado na categoria de “Gestão e

Operação” é imprescindível que a edificação obtenha no mínimo 160 pontos

(21,1%). Para o conceito “Bom” mais de 280 pontos (36,9%). Para o “Muito Bom”

superior a 400 pontos (52,8%) e para o “Excelente” mais de 520 pontos (68,6%).

A pontuação máxima a ser alcançada por uma edificação são 1062 pontos.

2.3.2. BEPAC: Building Environmental Performance Assessment Criteria

O primeiro sistema orientado a pesquisas metodológicas e novas práticas

ambientais do mundo foi canadense, o BEPAC de 1993, que inspirado no BREEAM

do Reino Unido, avalia o desempenho ambiental de edifícios comerciais novos, ou

existentes de acordo com a qualidade ambiental de seu projeto e gestão (COLE;

ROUSSEAU; THEAKER, 1993).

Suas avaliações são em menor número, porém mais detalhadas e abrangentes

que de seu antecessor, o que fez com que seu custo de aplicação e sua complexidade

fossem maiores. Contudo, o objetivo maior do desenvolvimento desta metodologia

fora orientar o desenvolvimento de novos sistemas de avaliação ambiental, mais até

do que produzir uma certificação com maior flexibilização de aplicação.

Leva em consideração a interação de módulos de projeto e de gestão de duas

unidades distintas: o edifício-base e a tipologia de ocupação. Sendo que cada um

destes módulos é avaliado em cinco categorias de impacto: proteção da camada de

ozônio; impacto ambiental do uso de energia; qualidade do ambiente interno;

conservação de recursos; e contexto de implantação e transporte (Figura 03).

Page 51: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

48

Figura 03 - Estrutura básica do BEPAC

Fonte: Adaptado de SILVA, 2007.

As categorias de impacto são amplas, entretanto não hierarquizadas, podendo

ser subdivididas de acordo com a sua complexidade de aspectos ambientais, o que

facilita sua avaliação. Em cada categoria, os critérios são ponderados e divididos em

essenciais, importantes, ou suplementares, podendo receber de 1 a 10 pontos. O

resultado final traz, portanto, o total de pontos em cada uma das categorias e, no

certificado concedido, os créditos obtidos são mostrados em relação ao valor máximo

possível para cada crédito (COLE; ROUSSEAU; THEAKER, 1993).

2.3.3. GBC: Green Building Challenge

Iniciado e financiado em 1996, integralmente pelo Canadá, durante dois anos,

o GBC foi inspirado no BEPAC e posteriormente, em 2000, envolveu um consórcio

internacional de países International Iniciative for Sustainable Built Environment

(iiSBE); com o objetivo de desenvolver um novo método, o mais científico possível,

para avaliar a performance ambiental de edifícios. Este novo “procedimento” respeita

as diversidades técnicas e regionais, através de ciclos sucessivos de pesquisa e

difusão de resultados.

A diferença notável entre o GBC e os Sistemas de Certificação Ambiental

desenvolvidos até então é que, estes últimos, fornecem alguma forma de

classificação de desempenho e são incapazes de refletir as diferentes prioridades,

tecnologias, tradições construtivas e valores culturais de um país, ou regiões.

Page 52: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

49

A pontuação do GBC é dada por comparação de desempenhos de referência e

as equipes de avaliação são encorajadas a indicar a melhor ponderação entre as

categorias de impacto de cada caso. A pontuação é atribuída segundo uma escala

graduada de desempenho que vai de -2 a +5, como forma de acomodar critérios

qualitativos e quantitativos (COLE; LARSSON, 1997).

Inicialmente, foi produzido um software para tais avaliações, porém sua

complexidade era demasiada e fez com que os pesquisadores migrassem para uma

plataforma de onze planilhas-padrão Excel®

(Figura 04).

Figura 04 - Representação esquemática do processo de avaliação em planilhas.

Fonte: Adaptado de SILVA, 2007.

A pontuação final é derivada da agregação ponderada sucessiva, subjetiva,

obtida de quatro níveis: (1) subcritérios, (2) critérios, (3) categorias e áreas de

desempenho, e (4) temas principais, que é o nível hierárquico mais elevado, porém é

altamente controversa (SILVA, 2007). Com esta pontuação são gerados gráficos de

desempenho global e do desempenho em cada categoria, além de gráficos parciais,

um para cada categoria implementada (Uso de Recursos; Cargas Ambientais;

Qualidade de Ambiente Interno; Qualidade dos Serviços; Aspectos Econômicos;

Gestão Pré-ocupação; Transporte).

Page 53: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

50

2.3.4. CASBEE: Comprehensive Assessment System for Building

Environmental Efficiency

Desenvolvida em 2002, no Japão, pelo Japan Sustainability Building

Consortium, o CASBEE introduziu alguns conceitos inovadores à avaliação de

edifícios comerciais, escolares, residenciais, além de hotéis, hospitais e restaurantes.

É dividida em 04 ferramentas de avaliação: pré-projeto e projeto para edifícios novos

e certificação ambiental e pós-projeto para edificações existentes (Figura 05).

Figura 05 - Suíte de ferramentas de avaliação que compõem o CASBEE.

Fonte: Adaptado de SILVA, 2007.

O CASBEE caracteriza-se pela definição de limites do edifício analisado (um

espaço hipotético dentro do perímetro do terreno) e pelo levantamento e

balanceamento de impactos positivos e negativos gerados ao longo de seu ciclo de

vida (Figura 06). Em relação aos espaços hipotéticos criados, o CASBEE define dois

fatores (SILVA, 2007):

L (cargas ambientais) - impactos negativos que se estendem para fora do

espaço hipotético (para o ambiente público)

Q (qualidade ambiental) - qualidade e desempenho ambiental do edifício

(dentro do espaço hipotético).

Page 54: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

51

Figura 06 - Estrutura conceitual do CASBEE.

Fonte: Adaptado de SILVA, 2007.

As edificações são avaliadas através do preenchimento de fichas que abordam

os seguintes aspectos: consumo de energia, uso de recursos críticos, ambiente local e

interno. Após essa análise dos dois sistemas é gerada uma nota final, através de uma

ponderação de 220 pontos, o indicador de Eficiência Ambiental do Edifício (BEE) e

um formulário com o desempenho da edificação em cinco níveis: S (Superior), A,

B+, B- e C. Quanto maior a qualidade do ambiente interno, maior a sustentabilidade

ambiental do edifício e mais próximo ele estará de S, a melhor classificação possível.

2.3.5. HQE: Haute Qualité Environnementale

Esta metodologia inovadora de avaliação francesa, iniciada em 2002 e testada

nos dois anos conseguintes integra os aspectos sociais, ambientais e econômicos do

desenvolvimento sustentável, não com a intenção principal de certificar, mas sim de

promover ações voluntárias entre todos os atores envolvidos (HETZEL, 2003).

Segundo Silva (2007), sua versão oficial foi publicada em fevereiro de 2005 e

foca a implementação de um sistema de gestão do empreendimento, o SMO (Système

de Management de l’Opération) e de qualidade ambiental QEB (Qualité

Environnementale du Bâtiment), que avaliam as fases de projeto, execução e uso,

cada qual com uma certificação em separado. Inclusive avalia as disposições e

escolhas realizadas, em três ocasiões distintas, privilegiando as inovações do setor,

permitindo a flexibilidade desde que justificada, ao longo das fases de planejamento,

Page 55: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

52

concepção e realização. Todas as soluções e discussões são registradas, revisadas e

referenciadas - o que confere à metodologia um caráter evolutivo (Figura 07).

Figura 07 - Representação do modelo de sistema de gestão do empreendimento

e das avaliações de desempenho (auditorias).

Fonte: Adaptado de SILVA, 2007.

A estrutura da avaliação HQE fundamenta-se em 14 categorias de

preocupações ambientais divididas em quatro famílias: Eco-construção; Eco-gestão;

Conforto e; Saúde. Em cada uma delas são apontadas as disposições técnicas e

arquitetônicas desejadas e considerando essa estrutura, inicialmente, é o próprio

empreendedor que avalia o desempenho ambiental. Atribuindo um nível de três

ordens (Básico; Médio Desempenho e; Alto Desempenho8) para cada avaliação de

preocupação elementar de seu empreendimento. Em seguida, o nível de desempenho

atribuído é comparado ao perfil ambiental inicialmente desejado e estabelecido,

através de uma auditoria externa.

A análise das categorias de preocupações ambientais aponta a

interação existente entre elas, o que evidencia o fato de que o

tratamento de uma poderá interferir no tratamento de outras de

modo favorável ou desfavorável conforme o contexto. Por esta

razão, ao invés de propor um método de ponderação dos critérios

de avaliação, a metodologia francesa preconiza a realização de uma

hierarquização destas categorias de preocupações, tendo como

finalidade identificar as prioridades e definir o perfil ambiental

desejado para cada operação (SILVA, 2007).

8 Respectivamente: “Base”; “Performant”; “Très Performant” (tradução nossa).

Page 56: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

53

2.3.6. Green Star

A ferramenta australiana, de 2005, combina aspectos do BREEAM

(categorias de avaliação) e do LEEDTM

(sistema de pontuação) para estabelecer uma

linguagem comum e padrão de mensuração ambiental de edifícios ao promover um

projeto integrado e global. Atende aos mais variados usos e fases do ciclo de vida de

uma edificação. Sua estrutura é composta por oito categorias, dentro das quais uma

série de critérios-chave, específicos, são agrupados e avaliados com pesos e

ponderações variantes, de acordo com a região da construção. (Figura 08).

Figura 08 - Estrutura básica do Green Star.

Fonte: Adaptado de SILVA, 2007.

O Green Star possui pontuação numerada de uma a seis estrelas

(respectivamente: 10, 20, 30, 45, 60 e 75 pontos) e reconhece e premia com a

certificação apenas as “Práticas de Excelência” (quatro estrelas), “Excelência na

Austrália” (cinco estrelas) e “Liderança em Nível Mundial” (seis estrelas).

Para encorajar o desenvolvimento e difusão de tecnologias,

projetos e processos inovadores que possam aumentar o

desempenho ambiental de edifícios, foi incluída uma categoria com

créditos de inovação, não sujeita a ponderação, já que a inovação

propriamente poderia ocorrer em quaisquer das categorias do

Green Star (SILVA, 2007).

A pontuação final, ou global é obtida pelo somatório das pontuações

ponderadas das categorias, ou seja, 100 pontos; mais os (até) cinco pontos

disponíveis para inovação de projeto e construção.

Page 57: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

54

2.3.7. Processo AQUA: Alta Qualidade Ambiental

Em 2007, a Fundação Carlos Alberto Vanzolini (FCAV) se associou ao

instituto francês CSTB (Centre Scientifique et Technique du Bâtiment) e aos

professores de engenharia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para

adaptar a certificação HQE para a realidade da construção civil brasileira; que foi

denominada AQUA, em 2008, quando foi finalizado e apresentado.

As principais adaptações foram referentes aos materiais de construção, o

nível do consumo de água, de energia e de conforto térmico, pelas divergências

climáticas entre o Brasil e a França (MARTINS, 2010).

Segundo Brasil (2010), sua metodologia possui aplicações específicas para

edifícios residenciais, comerciais, institucionais, hotéis, novas construções, reformas,

dentre outros e conta com auditores treinados pela mesma Fundação. O referencial

técnico do AQUA, assim como de seu precedente, estrutura-se em dois instrumentos

de avaliação de desempenho: o Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) e o de

Qualidade Ambiental do Edifício (QAE).

A certificação ocorre em três etapas e se baseia em catorze critérios de

sustentabilidade divididos em quatro fases, como o HQE: Eco-construção; Eco-

gestão; Conforto e; Saúde. Cada critério é classificado como “bom”, “superior”, ou

“excelente”. Para obter o selo, é preciso ser “bom” em todos os itens e atingir, no

mínimo, quatro marcas no nível superior e três no nível excelente. É importante

ressaltar que o AQUA não cobra tecnologias predefinidas e custa em média, R$ 25

mil para obras com até 10 mil m² e R$ 87.500,00 para empreendimentos com mais

de 45 mil m² (ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO, 2010).

A primeira etapa da certificação é realizada durante o planejamento do

empreendimento, antes mesmo do projeto, ou seja, quando se estabelece as diretrizes

de projeto e programação. Após a conclusão dos projetos, o desempenho dos catorze

critérios de avaliação é julgado novamente, sendo esta, a fase de concepção. Após a

conclusão do empreendimento é feita uma terceira avaliação e certificação, onde é

verificado através de uma auditoria se de fato a construção atingiu os critérios de

desempenho estabelecidos inicialmente. A operação também poderá ser avaliada.

O Brasil conta ainda com as certificações PROCEL Edifica e RTQ-R que são

voltadas mais para a eficiência energética e a “Casa Azul” da CEF para habitações.

Page 58: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

55

2.4. A CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL LEEDTM

A LEEDTM

- Leadership in Energy and Environmental Design, ou Liderança

em Energia e Design Ambiental, um sistema de classificação de desempenho

consensual e orientado para o mercado, foi desenvolvida pelo USGBC - United

States Green Building Council (Conselho de Edificações Verdes dos Estados

Unidos), uma organização sem fins lucrativos, com sede em Washington, em 1994. E

teve a sua primeira versão publicada em prol de acelerar o desenvolvimento e a

implantação de práticas de projeto e construções sustentáveis, em 1999.

O sistema contempla além da certificação, suporte profissional, treinamento

de consultores, recursos práticos e locação de empresas terceirizadas, com auditores

independentes que analisam os documentos exigidos.

No Brasil, a certificação arribou com força no final de 2006, com a criação do

Green Building Council Brasil (Conselho de Edificações Verdes do Brasil), espécie

de subsidiária da entidade que trabalha na certificação, no treinamento de

avaliadores, na divulgação e na conformação de leis e regras capazes de incentivar a

construção sustentável (ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO, 2010).

Atualmente, é o método com maior potencial de crescimento no concorrido

mercado globalizado, pelo investimento maciço aplicado para sua difusão e

aprimoramento; está presente em mais de 130 países e se encontra na sua terceira

versão. Foi influenciado pelo BREEAM e pelo BEPAC tendo estrutura e conceitos

muito semelhantes, mesclando aspectos prescritivos e de desempenho, em uma

estrutura simplificada, o que a tornou passível de críticas (SILVA, 2007).

Este instrumento de certificação ambiental agrupa as seguintes categorias:

Novas Construções e Grandes Reformas; Fachadas e Áreas Comuns em Prédios

Comerciais (Core and Shell); Operação e Manutenção de Edifícios Existentes;

Residências; Loteamentos; e Interiores Comerciais e de Varejo.

A categoria “Novas Construções e Grandes Reformas” engloba: Edificações

para Múltiplos Usos; Escolas; Prédios de Saúde, Edifícios de Varejo; e Laboratórios.

Estádios de futebol são englobados nesta categoria pela falta de metodologia própria.

Durante o processo de avaliação global, o empreendimento precisa

contabilizar créditos, perfazendo um total de 110 pontos, através de checklists

relacionados às seguintes temáticas, resumidamente apresentadas, a seguir:

Page 59: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

56

Espaço Sustentável: Refere-se ao tamanho, localização geográfica e outros

efeitos do edifício sobre seu entorno.

Uso Racional da Água: Premia o uso correto da água no empreendimento.

Energia e Atmosfera: Cobre a instalação, controle e monitoramento dos

sistemas de calefação, refrigeração, iluminação e

outros, além do uso de energia renovável.

Materiais e Recursos: Reforça estratégias ambientais para o uso de materiais

regionais, renováveis e recicláveis, reduzindo o

consumo e incentivando o reaproveitamento.

Qualidade Ambiental: Baseia-se na redução de gases perigosos e compostos

orgânicos voláteis, no interior de ambientes, além da

incorporação de luz solar e ar fresco nos mesmos.

Inovação em Projeto: Pontos extras que podem ser ganhos por rendimento

exemplar, em alguma das categorias acima, ou em

alguma técnica inovadora e eficaz.

Créditos Regionais: Prioridades ambientais específicas da região.

A atribuição de pontos, por exemplo, de uma arena esportiva é baseada nos

potenciais impactos ambientais e benefícios humanos de cada crédito durante a

concepção, construção, operação e manutenção do edifício, sendo avaliados durante

o ciclo de vida do empreendimento (MARTINS, 2010).

De acordo com a pontuação cumulativa obtida, através de pesos impostos

pela metodologia, o empreendimento poderá vir a ser classificado em quatro

categorias: “Certificado” (pontuação mínima entre 40-49 pontos), “Silver” (50-59

pontos), “Gold” (60-79 pontos), ou “Platinum” (acima de 80 pontos).

Para obter a certificação LEEDTM

é preciso registrar, primeiramente, o

empreendimento no sistema de certificação do Green Building Council Institute pelo

site www.usgbc.org e pagar uma taxa de US$ 400 (ARQUITETURA &

CONSTRUÇÃO, 2010). Em seguida, uma equipe deverá ser formada para prestar

consultoria, acompanhar o processo e enviar relatórios à certificadora, nas fases de

projeto, além de memórias de cálculo, relatórios de obra e testes de

comissionamento, na fase de pré-certificação.

Page 60: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

57

Com a execução total do empreendimento, ocorre sua avaliação final, através

de um Profissional Acreditado LEED (LEED AP) externo, que o certificará de

acordo com os créditos acumulados, desde que respeite os pré-requisitos.

O Programa Mínimo de Requisitos corresponde às características básicas e

obrigatórias para que um empreendimento possa ser elegível para a certificação; não

valem pontos e em conjunto servem para dar orientações claras para os clientes,

proteger a integridade do programa e para reduzir as complicações decorrentes

durante o processo de certificação.

Na temática “Espaço Sustentável”, o pré-requisito se refere a prevenir a

poluição durante a atividade de construção, ou seja, englobar estratégias para o

controle da erosão do solo e a não geração de poeira, por exemplo.

No “Uso Racional da Água” devem-se empregar estratégias que reduzam o

consumo de água em 20%, no mínimo, tendo como base o total pré-definido.

No critério “Energia e Atmosfera” é necessário assegurar que todos os

sistemas energéticos da edificação sejam projetados, instalados, operados e mantidos

de acordo com os requisitos e necessidades operacionais. E devem ter um

desempenho energético melhor que 10%, no mínimo, do projeto inicial. Outro pré-

requisito refere-se a não utilização de gases clorofluorcarbonetos (CFCs), prejudicial

à camada de ozônio.

Já em “Materiais e Recursos”, recomenda-se o armazenamento e coleta de

resíduos que possam ser reciclados, desviando-lhes de aterros sanitários.

Em “Qualidade Ambiental” é recomendada uma qualidade do ar mínima a ser

estabelecida para os ocupantes das edificações, com o controle do cigarro.

O custo total estimado da certificação é de cerca de um real por metro

quadrado, com valor mínimo de 5mil m² e máximo de R$ 50 mil para obras acima de

50 mil m². A consultoria terceirizada custa, em média, 0,5% do valor da obra e a

estimativa de acréscimo, nos custos da construção, pode variar de 1 a 7%

dependendo do selo desejado (GBC BRASIL, 2012).

O selo LEEDTM

poderá ser utilizado durante dois anos, ao final desse prazo,

para conservar a certificação, por mais dois anos, o edifício deverá ser reavaliado, em

termos de operação sustentável dos sistemas. Caso não haja interesse, por parte do

proprietário, perde-se a certificação concedida (CREDÍDIO, 2008).

Page 61: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

58

Segundo dados do Green Building Council Brasil (2012), no mundo, existem

cerca de 912,56 milhões de m² de construções LEEDTM

, enquanto no Brasil, apenas

16,02 milhões de m², ou seja, menos de 1,8% do total (Figura 09).

Figura 09 - Construções LEED

TM, no mundo.

Fonte: GBC Brasil, 2012.

Hoje, o país é o quarto no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos,

Emirados Árabes Unidos e China; e conta com 175 profissionais habilitados para a

certificação, até 21 de maio de 2012 (GBC BRASIL, 2012). Que respondem, até 12

de junho de 2012 (GBC BRASIL, 2012), por 543 empreendimentos registrados,

sendo 249 confidenciais, 240 não confidenciais9 e 54 certificados (Figura 10).

Figura 10 - Evolução dos registros e certificações LEEDTM

, no Brasil.

Fonte: Adaptado de GBC Brasil, 2012.

9 Os registros também podem ocorrer em sigilo, o que resguarda o empreendedor de publicitar um

fracasso na obtenção desta certificação (GODOY, 2009).

Page 62: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

59

O primeiro empreendimento nacional certificado foi a agência bancária do

Banco Real (atual Santander), de Granja Viana, em Cotia, interior de São Paulo, o

estado da federação que mais oferece projetos registrados e certificados (Figura 11).

O projeto arquitetônico é de Pierre Perrone e foi certificado com selo “LEEDTM

Silver”, versão 2.2, em seis de agosto de 2007. É importante ressaltar que esta

metodologia não é adaptada à realidade nacional ainda, em países como México,

Índia e Canadá já fora adaptada. Nos anexos (Anexo 1) foi reproduzido o Registro

Projeto Checklist LEEDTM

para Novas Construções 2009, o mais atual e o mesmo

utilizado para novos projetos de estádios de futebol.

Figura 11 - Projetos registrados LEEDTM

, por Unidades Federativas.

Fonte: Adaptado de GBC Brasil, 2012.

Segundo informações divulgadas pelo GBC Brasil (2012) há redução de

vários tipos de impactos ambientais nos prédios certificados. Salienta-se a

informação, na Figura 12, que reflete uma estimativa genérica, já que cada edifício

tem um resultado específico e que não se pode generalizar.

Figura 12 - Redução de impactos negativos de prédios com certificação LEED.

Fonte: Reprodução de Godoy, 2009 - Adaptado de GBC Brasil, 2012.

Page 63: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

60

2.5. CONSIDERAÇÕES SOBRE A TEMÁTICA

A partir das certificações ambientais apresentadas anteriormente foi possível

notar que estas encorajam o mercado e profissionais da área para níveis superiores de

desempenho ambiental, dentro de blocos de discussão relativamente comuns; onde

ora se apresentam detalhados e minuciosos, ora são generalistas e simplificados

(SILVA, 2007). Embora, nenhum deles aborde em quais momentos, ao longo das

etapas do processo de projeto, os critérios de sustentabilidade devam ser verificados,

inseridos e avaliados, já que estão ligados muito mais a gestão (BRASIL, 2010).

Tais selos verdes indicam uma mudança de paradigma no setor da construção

civil, no modo de pensar/executar etapas de processo de projeto e gestão, não mais

de forma individualizada, segregada, mas sim de forma integrada e cíclica. Destaca-

se aqui a importância do gerente de projeto no planejamento das edificações

sustentáveis; focado muito mais em questões ambientais e sociais do que em custos e

questões operacionais. Facilitando a inserção de critérios de sustentabilidade,

principalmente nas etapas de idealização e concepção de projeto e não mais na fase

de execução, onde as possibilidades e índices de sustentabilidade são menores.

O mercado das certificações ambientais estimula as equipes idealizadoras de

projetos, verdadeiros “eco mutirões”, a buscarem soluções inovadoras e integradas,

sem medo de novas práticas, em um setor com critérios conhecidos e bem definidos.

O que estimula o mercado de produtos e serviços sustentáveis, mesmo que o custo

ainda seja diferenciado e a construção 100% sustentável ainda não exista.

Já o empreendimento tem valor agregado, tanto para o espaço físico, em

torno de 25% (GBC BRASIL, 2012), pela redução de custos com operação,

manutenção, aumento da produtividade e redução do quadro de funcionários. Como

para a empresa idealizadora que obtém know how em um diferencial mercadológico

e associa sua marca ao conceito de sustentabilidade.

No entanto, alguns destes selos se globalizaram, não respeitando as

especificidades locais (cultura, clima, métodos construtivos, materiais, bioma e etc.),

que sempre devem ser priorizadas, se possível, através de uma metodologia

desenvolvida no próprio país de origem, ou se não, adaptada às condições do sítio em

prol da redução dos impactos ambientais, ao longo do ciclo de vida da edificação.

Page 64: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

61

Dentre os principais pontos passíveis de debates e opiniões controvérsias das

certificações estão suas metodologias; já que estas refletem as expectativas do

mercado, práticas construtivas e as diferentes agendas ambientais dos países.

A maioria destas avalia apenas um somatório de pontos, ponderados ou não,

que podem ser elencados pelo empreendedor, aleatoriamente, em detrimento de

critérios realmente importantes e mais onerosos do ponto de vista de execução. O

BREEAM, o LEEDTM

e o BEPAC, por exemplo, trabalham assim, ao acionar uma

série de estratégias e equipamentos que provavelmente levarão a alguma melhoria,

não necessariamente a melhor, do desempenho global. O LEEDTM

, por exemplo,

pontua igualmente a presença de bicicletários a utilização de 10% de materiais locais.

Entretanto, tais medidas muitas vezes não são mensuráveis e não refletem,

verdadeiramente, os impactos ambientais das escolhas feitas. A CASBEE e o GBC

são os únicos pautados na análise do desempenho da edificação, ao longo do seu

ciclo de vida, o que aumenta sua complexidade, sua transparência e custo.

Já o HQE e o AQUA ponderam igualmente seus critérios adotados no sistema

de avaliação e gestão, efetivados por auditorias presenciais (SILVA, 2007).

Para países como o Brasil, com relevantes desigualdades sociais, a

certificação de edificações não deve se restringir apenas a aspectos ambientais;

devendo englobar, também, aspectos sociais e econômicos de distribuição igualitária

de renda. Um exemplo, dessa “sustentabilidade” é a incorporação de mão-de-obra

egressa do sistema penitenciário na construção de estádios para a Copa do Mundo de

2014, nas cidades de Cuiabá-MT, Salvador-BA e Brasília (PORTAL 2014, 2011).

As questões sociais são pouco abordadas, erroneamente, em quase todas as

avaliações. A AQUA aborda algumas preocupações referentes à formalidade da mão-

de-obra e do impacto do empreendimento no seu entorno. Todavia a LEEDTM

altamente difundida em países em desenvolvimento convive com a ilegalidade da

mão-de-obra e o trabalho escravo, lado-a-lado, já que fora desenvolvido, assim como

as outras certificações, em países que tais práticas degradantes foram superadas,

voltando-se assim, apenas para a dimensão ambiental da sustentabilidade.

Na temática econômica, o GBC é o único que vai além da avaliação de

desempenho ambiental, que procura estimular o custo envolvido na sua obtenção, a

Page 65: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

62

longo prazo, desmistificando que edifícios ecológicos são mais caros. Contudo,

pondera esta categoria no mesmo nível de diversas subcategorias (SILVA, 2007).

A temática “conforto térmico” está presente em todas as certificações,

contudo, as questões de conforto acústico, visual e olfativo são detalhadas apenas na

normativa brasileira (BRASIL, 2010). Nenhuma das metodologias, acima citadas,

relaciona os requisitos de certificação com as etapas de processo de projeto.

Os métodos apresentados são diferentes entre si e nem sempre cobrem todos

os campos potenciais de aplicação definidos por Silva (2007) resumidamente como:

Gestão Ambiental; Marketing; Metas Ambientais; Auxílio ao Projeto; Normas de

Desempenho; Auditorias Ambientais. Segundo o mesmo autor, todas as certificações

são muito mais eficientes em marketing do que nas preocupações realmente

ambientais. Este aponta que o GBC, com maior ou menor sucesso, pela sua

complexidade, é o único que incorpora todos os potenciais campos de aplicação,

sendo assim, o mais completo. Visto que fora desenvolvido para superar as dificulda-

des de suas matrizes e, também, é o mais frequentemente revisado e atualizado.

É valido ressaltar que a inserção de critérios de sustentabilidade e de

certificação ambiental em estruturas de megaeventos é uma prática nova. De acordo

com a LEEDTM

não é possível ainda criar um estádio totalmente verde, pois as

recomendações para este tipo de edificação ainda são escassas. Segundo Vicente de

Castro Mello, arquiteto do Estádio Nacional de Brasília, em entrevista para o Blog

Copa Verde (2010), daqui a dez anos talvez, já exista uma metodologia específica.

Entretanto, a FIFA vem se esforçando para incorporar tais critérios, desde a Copa do

Mundo da Alemanha 2006; adotando o LEEDTM

como referência de certificação para

suas arenas, através de seus manuais de recomendação técnica e requerimentos.

A seguir, será apresentada a importância da adoção de medidas sustentáveis

em grandes eventos esportivos com foco em estádios de futebol e em suas principais

características. Destacar-se-á também, a importância do Programa Green GoalTM

(Metas Verdes, tradução nossa), uma cartilha de 125 páginas, elaborada pela FIFA

com conceitos e medidas sustentáveis a serem adotadas em projetos de grandes

arenas propícias a sediar eventos de cunho internacional.

Page 66: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

63

3. A SUSTENTABILIDADE EM EQUIPAMENTOS ESPORTIVOS

Após a exposição da contextualização histórica da sustentabilidade, de sua

aplicação na construção civil e da apresentação de suas principais ferramentas de

verificação: as certificações ambientais; este capítulo abordará a sustentabilidade

aplicada a grandes eventos esportivos com ênfase em estádios de futebol. O

Programa FIFA Green GoalTM

, que orienta as principais competições internacionais

de futebol e aconselha que sistemas de avaliação como o LEEDTM

sejam adotados

em novas construções e reformas, também fora analisado neste capítulo.

3.1. A SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

A construção de equipamentos esportivos remonta a antiguidade, o Circo

Máximo de Roma, por exemplo, tinha capacidade para 180.000 espectadores e serve

de modelo para instalações modernas até hoje (NEUFERT, 2004). Instalações estas,

que se tornaram verdadeiros ícones visuais de qualquer edição de uma Copa do

Mundo e até mesmo de uma Olimpíada, ao associar esportes a uma concentração de

um grande público. Entretanto, a concepção e o desenvolvimento destas estruturas

são um verdadeiro desafio para arquitetos e engenheiros envolvidos em seus

projetos, em função de sua grande complexidade.

Os modernos estádios do século XXI não diferem da concepção clássica

grega: uma grande construção destinada à realização de competições esportivas e

outros espetáculos, com plateias que circundam o perímetro do campo de provas. Sua

forma sim, já que os primeiros estádios gregos eram longos e estreitos, com formato

de ferradura e posteriormente foram adaptados pelos romanos em dois tipos: o circo

e o anfiteatro. O primeiro servia para corridas de bigas e o segundo para lutas entre

gladiadores (CERETO, 2004).

Page 67: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

64

Posteriormente, a Antiguidade Clássica e após um período milenar de

estagnação esportiva, em função da expansão do cristianismo, onde as atenções se

voltaram para o campo religioso, a construção de estádios foi retomada com a

Revolução Industrial. Neste período, a demanda crescente por eventos de massa

ocorreu principalmente nos EUA e na Europa, onde a prática de atividades físicas era

associada a não contração de doenças; o que fez com que vários clubes e federações

fossem criados. Um impulso particularmente importante veio do Barão Pierre de

Coubertin (1863-1937), no final do século XIX, que retomou as atividades dos Jogos

Olímpicos da Grécia Antiga, de quatro em quatro anos, com exceção dos períodos de

grandes guerras, a partir de 1896 (JOHN; SHEAARD; VICKERY, 2007).

Desde então, os “templos” dos mais variados esportes se multiplicaram e se

tornaram verdadeiros marcos urbanos, associados principalmente, a uma das maiores

paixões esportivas do mundo: o futebol; esporte de origem britânica, com

equipamentos de baixo custo, criado por dissidentes do rúgbi, que faz o mundo parar,

de quatro em quatro anos, para acompanhar o seu ápice: a Copa do Mundo FIFATM

.

O primeiro grande “boom” da construção de estádios com esta tipologia

ocorreu durante as décadas de 1890 e 1930, da iniciativa de clubes, quando o futebol

se tornou um esporte de massas em muitas partes do mundo, alguns destes

complexos continuam ativos até hoje. O primeiro registro da construção de um

estádio, no século XX, foi em Londres, o “White City” de 1908, sua capacidade era

de 100 mil espectadores, até ser demolido em 1985 (CERETO, 2004). Entretanto, foi

na década de 1980, com a constatação de que muitos destes projetos eram

inadequados, tanto arquitetonicamente, quanto para níveis de segurança que uma

nova onda de arenas foi viabilizada10

. Deste ponto em diante, estádios de futebol se

10

Infelizmente, esta constatação foi tardia já que grandes tragédias ocorreram entre 1960 e o começo

do século XXI e levaram consigo muitos adeptos do futebol; destacam-se as tragédias de:

1964 - Peru, Estádio Nacional Lima, partida entre Argentina x Peru, 340 mortos, mais de 500 feridos;

1968 - Argentina, Buenos Aires, Monumental, River Plate x Boca Juniors, 71 mortos, 150 feridos;

1971 - Escócia, Glasgow, Ibrox Stadium, partida Rangers e Celtic, 66 mortos, mais de 150 feridos;

1974 - Egito, Cairo, Zamalek Stadium, partida entre Zamalek x Dukla, 49 mortos, mais de 47 feridos;

1982 - URSS, Moscou, Estádio de Luzhniki, Spartak x HFC Haarlem, 66 mortos (não oficiais 340);

1985 - Inglaterra, Bradford, Estádio de Valley Parede, Bradford x Lincoln, 56 mortos, 265 feridos;

1985 - Bélgica, Bruxelas, Estádio de Heysel, Juventus x Liverpool, 38 mortos e mais de 600 feridos;

1988 - Nepal, Katmandu, Estádio de Katmandu, Muktijodha x Janakpur, mais de 93 mortos;

1989 - Inglaterra, Sheffield, Estádio Hillsborough, Nottingham x Liverpool, 95 mortos, 200 feridos;

1991 - África do Sul, Orkney, Oppenheimer Stadium, Kaizer Chiefs x Orlando Pirates, 40 mortos;

1992 - França, Bastia, Estádio Armand Césari, Bastia x Olympique de Marselha, 17 mortos;

1996 - Guatemala, Cidade de Guatemala, Estádio Mateo Flores, Guatemala x Costa Rica, 83 mortos;

Page 68: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

65

tornaram marcos da engenharia, referências nacionais, símbolos de identidade e

modernidade; fazendo com que muitos torcedores se tornassem clientes exigentes

por conforto e qualidade. Esta revolução, a partir do final do século XX, fez com que

novas gerações e um número maior de crianças e mulheres acompanhassem e

desfrutassem deste conforto e da segurança, dos estádios, com toda a sua família.

Hoje, as modernas arenas não se restringem mais a eventos esportivos de uma

única modalidade, associando seus complexos muitas vezes a outros esportes (rúgbi,

futebol americano, críquete e etc.) e usos (centros de conferência, locação de

espaços, direito da venda do nome do estádio, restaurantes, apresentação de

concertos e peças musicais, museus, universidades, alas administrativas, shopping

centers e até mesmo hotéis). Esta agregação de usos e a flexibilidade de um estádio

de futebol se iniciou com a XV Copa do Mundo FIFATM

EUA 1994, quando estádios

de futebol americano (football), esporte predominante no país, foram adaptados para

o futebol convencional (soccer). Neste mesmo período, através de uma jogada de

marketing, os estádios começaram a ser chamados de “arenas” de forma a arrecadar

mais usos, anunciantes e públicos-alvo distintos, entretanto, a roupagem continuava

sendo a mesma (MASSIMINO, 2012).

Dentre as adaptações de estádios mais comuns, destaca-se, a associação do

campo de futebol com a pista de atletismo, entretanto, tal alteração distancia o

público do campo de ação e de seu envolvimento, ao tornar as arquibancadas

paralelas ao campo, elípticas. Algumas tentativas para minimizar tais efeitos já foram

concebidas como a instalação de assentos retráteis, ao longo das linhas laterais, sobre

a pista de atletismo, como por exemplo, as utilizadas no estádio Saint-Dennis, onde

ocorreu a final da XVI Copa do Mundo de Futebol Masculino FIFATM

França 1998.

Contudo, tais estruturas de difícil operação e inclinação acentuada, comprometem de

certa forma o campo de visão, além de apresentarem preços elevados de intervenção.

Segundo a FIFA (2011), alguns fatores devem ser levados em consideração

para decidir a diversidade de usos em estádios de futebol, desde que, não alterem sua

função primordial, dentre eles destacam-se: serviços adequados de infraestrutura

2001 - África do Sul, Johanesburgo, Ellis Park Stadium, Kaiser Chiefs x Orlando Pirates, 43 mortos;

2001 - Gana, Accra, Accra Sport Stadium, Hearts of Oak x Asante Kotoko, 127 mortos, 90 feridos;

As fontes consultadas (IG, 2012; TERRA, 2012; FOLHA DE SÃO PAULO, 2012; BOL, 2012)

apresentam divergências entre alguns números das tragédias apresentadas e relatadas acima.

Page 69: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

66

sanitária e de apoio; a facilidade de acesso ao campo (por parte de veículos, materiais

e máquinas); vestiários extras para atletas e artistas; locais adicionais, ao nível do

campo, para depósito e armazenamento de materiais e etc.

Esta multifuncionalidade, em prol da maior capacidade de utilização possível,

é inevitável em função dos insumos, dos recursos econômicos, energéticos e das

tecnologias desprendidas para sua construção e manutenção. Hoje, atletas,

espectadores, materiais, rentabilidade e design precisam ser levados em conta em

uma complexa equação em prol do desenvolvimento positivo econômico, social e

ambiental de estádios inseridos na malha urbana e de suas cidades correspondentes.

Infelizmente, apesar dos modernos processos de gestão buscarem a máxima

rentabilidade econômica destes complexos, a ociosidade de arenas esportivas, pós-

eventos, é ordinária. Estádios de futebol utilizados na Coréia do Sul e no Japão, no

Mundial de 2002, apesar de todo o aparato tecnológico empregado (campo móvel,

cobertura retrátil e etc.); e na África do Sul, 2010, ficaram sem uso, seja pelo seu

superdimensionamento, seja pela limitada prática esportiva desta modalidade. Estes

estádios são vulgarmente conhecidos como “elefantes brancos”, em função de sua

ociosidade. Até mesmo o Brasil, sede da Copa de 2014, é apontado por investir

recursos públicos em arenas que terão este fim, em cidades sem tradição neste

esporte, são elas: Brasília-DF, Cuiabá-MT, Manaus-AM e Natal-RN.

Não é apenas em Copas do Mundo que a ociosidade de estádios ocorre, em

Jogos Olímpicos, algumas cidades enfrentaram os mesmos problemas. Athenas, na

Grécia, 2004 e Beijing, na China, 2008, têm grande parte de seus parques olímpicos

inutilizados com elevados custos de manutenção; o mesmo pode-se dizer de

competições continentais, como o XV Pan-Americano, de 2007, no Rio de Janeiro,

onde o Parque Aquático e o Velódromo têm utilizações limitadas e rarefeitas.

Isto se deve, ao atual modelo de execução de arenas esportivas em grande

parte dos países periféricos, inclusive no Brasil, reflexo do desenvolvimento

histórico do sistema capitalista e da relação do Estado com a iniciativa privada. Neste

modelo, a iniciativa privada é representada pelas construtoras e o Estado age como o

financiador, através de um banco (no caso brasileiro o BNDES).

O papel dos bancos neste financiamento é primordial, foram eles que a partir

de 2000, através de um movimento internacional e posteriormente nacional,

Page 70: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

67

começaram a incorporar critérios de qualidade socioambiental na avaliação de

projetos a serem financiados. Movimento este, constituído a partir da interação entre

os bancos e movimentos sociais organizados (IDEC, 2008). O banco exerce, aqui,

um papel de fiscalização e controle da obra, por força de um contrato muito severo,

liberando o recurso de acordo com os avanços da construção (SEGALLA, 2011).

O BNDES, por exemplo, no caso do Brasil, tornou-se o principal responsável

pelo fomento das políticas públicas de financiamento de estádios “verdes” para a

Copa do Mundo FIFATM

de 2014, através do Programa Pró Copa Arenas. Das doze

arenas para o mundial somente o Estádio Nacional de Brasília abdicou da linha

especial de crédito de R$ 400 milhões com taxas de juros reduzidas e relatórios do

progresso físico-financeiro da obra, a cada três meses (SEGALLA, 2011). De acordo

com as autoridades do Distrito Federal todo o financiamento e recursos locais terão

como origem os cofres da Terracap, estatal proprietária dos terrenos pertencentes a

capital federal (SEGALLA, 2011). Os outros onze estádios, ao final da construção,

deverão também obter a certificação ambiental de seu empreendimento, através de

uma Agência reconhecida internacionalmente. Todavia, o BNDES não especificou

que nível de certificação exigiria o que fez com que a maioria das arenas se

enquadrasse em programas básicos de sustentabilidade.

Embora, nos últimos anos, o tema sustentabilidade esteja na pauta das

discussões da sociedade e do meio acadêmico, quando se trata de estádios de futebol,

esta abordagem é recente. Poucas foram as iniciativas tomadas, ao longo do século

XX, com grandes arenas, fato que vem se modificando e se intensificando, a partir de

meados da primeira década deste século. Delineiam-se, a seguir, as principais

iniciativas tomadas de modo a proporcionar a contextualização do presente trabalho.

É sabido que empreendimentos como arenas esportivas demandam uma

grande quantidade de insumos, desprendem uma quantidade de energia inevitável e

consomem milhões em recursos monetários iniciais e na sua manutenção. Coberturas

fechadas, envoltórias em aço, ou espelhadas, gramados móveis, climatização,

automação predial, iluminação eficiente, assentos individuais ergonômicos e tantos

outros itens são o reflexo da busca implacável pelo conforto em arenas, associada ao

aumento da demanda energética.

Page 71: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

68

Uma das primeiras entidades esportivas internacionais a reconhecer sua

responsabilidade com a promoção do meio ambiente e do desenvolvimento

sustentável foi o COI, após protestos nos XVI Jogos Olímpicos de Inverno de

Albertville, na França, em 1992, decorrentes da degradação do meio ambiente e da

qualidade de vida da população local (POLOLWANE MUNICIPALITY, 2009). Isso

resultou na inclusão do meio ambiente como uma das dimensões integrantes do

espírito olímpico, ao lado dos pilares do esporte e da cultura (IOC, 2009). Tanto, que

após o Congresso do Centenário Olímpico, em Paris, 1994, o COI, levando em

consideração os preceitos da Agenda 21, acrescentou um parágrafo, no primeiro

capítulo, artigo segundo, sobre a proteção ambiental na Carta Olímpica de 1996:

[O papel do COI é:] encorajar e apoiar uma atitude responsável pelos

problemas do ambiente, promover o desenvolvimento sustentável no

desporto e exigir que os Jogos Olímpicos sejam organizados em

conformidade; (MESTRE; LOPES, 2010).

Através de sua Comissão de Meio Ambiente e Esporte, o COI publicou o

Movimento Olímpico da "Agenda 21: Esporte para o Desenvolvimento Sustentável".

Um guia teórico e prático para que os membros do Movimento Olímpico possam

reproduzir de forma concreta com ações, em nosso planeta, as propostas de

desenvolvimento sustentável definidas no Rio de Janeiro, em 1992. As aplicações

práticas são bienalmente avaliadas através de Conferências Mundiais do Esporte e

Meio Ambiente realizadas desde 1995, em Lausanne, Suíça11

.

Quando uma cidade se candidata a sediar os Jogos Olímpicos, sejam estes de

inverno, ou de verão, os princípios ambientais e orientadores do desenvolvimento

sustentável devem constar na submissão da documentação exigida. Estes serão

verificados por uma Comissão de Avaliação, composta por assessores ambientais,

nomeados pelo COI, durante o processo de seleção de candidatura. Após a escolha, a

cidade-sede também terá um consultor assessorando e orientado seus preparativos e

conferindo se estes estão de acordo com o dossiê de candidatura (IOC, 2009).

A história da prática desportiva mostra que estes eventos se desenvolveram e

se tornaram mais sofisticados e modernos, ao longo dos anos. Hoje, grandes estádios

dotados de uma extensa rede de telecomunicações, parques de estacionamento,

11

As conseguintes foram: Cidade do Kuwait - 1997; Nagano, Japão - 1999; Rio de Janeiro - 2001;

Turim, Itália - 2003; Nairóbi, Quênia - 2005; Beijing - 2007; Vancouver, Canadá - 2009; Doha - 2011.

Page 72: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

69

centros de mídias e tantos outros aparatos são necessários. Toda esta grandiosidade,

alcançada em função da escala deste tipo de evento, implica na aglomeração de uma

multidão de pessoas, que impactam o meio ambiente de forma negativa, resultado

este, que não deve ser ignorado (JOHN; SHEAARD; VICKERY, 2007).

Esporte e meio ambiente são fatores de bem-estar da humanidade e ambos

estão ligados no sentido de que, um influencia o outro e vice-versa. O objetivo do

COI é que, durante a realização dos Jogos Olímpicos, os riscos ambientais sejam

evitados e reduzidos sempre que possível; e que os impactos positivos e as

oportunidades, sejam potencializados, representando assim um legado promissor

para a cidade anfitriã (IOC, 2009).

A primeira cidade beneficiada por estas iniciativas foi Lillehammer, na

Noruega, sede dos XVII Jogos Olímpicos de Inverno de 1994, que apresentou

instalações energeticamente e ambientalmente conscientes. A sede dos XXV Jogos

Olímpicos de Verão, Barcelona, na Espanha, em 1992, considerada o maior exemplo

de sucesso de desenvolvimento urbano associado a megaeventos, até recuperou suas

zonas costeiras, através da criação de atrativos turísticos, expandiu suas redes de

saneamento básico e alterou o uso do solo para a execução de parques urbanos,

contudo, tais medidas são consideradas muito mais urbanísticas que eco-sustentáveis

(MASCARENHAS; BIENENSTEIN; SÁNCHEZ, 2011). O projeto do Rio de

Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de Verão de 2004 foi inspirado no sucesso

dos Jogos de Barcelona e contemplava a despoluição da Baía de Guanabara e

preocupações socioambientais muito maiores que as executadas para os XV Jogos

Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007.

Entretanto, foi em 2000, em Sidney, na Austrália, com a realização dos

XXVII Jogos Olímpicos de Verão, que a preocupação com o meio ambiente marcou

o sucesso de uma edição. As orientações ambientais foram baseadas no conceito de

desenvolvimento sustentável e continham mais de cem compromissos em cinco áreas

principais: conservação da energia; água; redução de desperdícios; gestão da

poluição; e proteção dos ambientes de valor cultural e natural (SOCOG, 2001).

A Vila Olímpica, por exemplo, executada com investimentos públicos, em

um sofisticado bairro litorâneo, sofreu pressão de militantes do Green Peace – a

maior organização ambientalista do planeta – e, seguindo os novos parâmetros

Page 73: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

70

delineados pelo COI, priorizou as questões ecológicas, como a energia solar

(MASCARENHAS; BIENENSTEIN; SÁNCHEZ, 2011). Outro grande exemplo foi

a transformação de um lixão, na área ocupada pelo Parque Olímpico. Entre 1998 e

2000, quatro milhões de árvores foram plantadas em toda a Austrália (IOC, 2009).

Posteriormente a esta data, todas as cidades-sedes, sejam estas das

Olimpíadas de Inverno, ou Verão contaram com iniciativas em prol do

desenvolvimento sustentável: Salt Lake City 2002, Athenas 2004, Turino 2006,

Beijing 2008, Vancouver 2010 e Londres 2012. Cidades como Sóchi, na Rússia e

Pyeongchang, na Coréia do Sul casas dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 e

2018, respectivamente, além do Rio de Janeiro 2016, só foram nomeadas em função

de terem apresentado compromissos sérios com as questões de sustentabilidade, no

processo de candidatura. Estes compromissos, apresentados de forma diminuta, a

serem cumpridos e desenvolvidos pelas cidades anfitriãs, são os que se seguem:

• Fornecer uma garantia oficial das autoridades competentes informando

que todo o trabalho necessário para a organização dos Jogos irá cumprir

com a legislação local, regional e nacional, além dos regulamentos

referentes ao ordenamento do território e da proteção ambiental.

• Indicar se os estudos de impacto têm sido realizados com vistas à

integração harmoniosa e natural dos Jogos Olímpicos com o meio

ambiente e se eles foram estabelecidos por órgãos oficiais, ou entidades

reconhecidas como independentes e cientificamente competentes.

• Posicionar se as organizações ecológicas da cidade, região, ou país têm

sido informadas, ou consultadas. Se este for o caso, declarar suas

apreciações e posições em relação à candidatura. Indicando o tamanho

destas organizações e sua representatividade.

• Descrever os planos para tratamento de resíduos e gestão de energia,

particularmente para a Vila Olímpica, de Mídia e locais de competição.

• Indicar se a realização dos Jogos dará origem a uma tecnologia

avançada, na área de proteção ambiental e em caso positivo, descreve-la.

• Indicar os esforços realizados, em nível de transportes, nomeadamente,

com vista a minimizar a poluição atmosférica. (JOHN; SHEAARD;

VICKERY, 2007, p. 245-246, tradução nossa).

Outra instituição, que utiliza grandes estádios em suas competições, a

Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), desde o X

Campeonato Mundial de Atletismo de 2005, em Helsinque, na Finlândia, inclui uma

abordagem ecológica em seus eventos para melhores práticas. Dentre estas destacam-

Page 74: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

71

se: o gerenciamento do ciclo de vida dos impactos ambientais; as preocupações com

as mudanças climáticas; o fluxo de materiais e de eficiência (incluindo prevenção e

gestão de resíduos); água; produtos químicos; e emissão de ruídos (POLOLWANE

MUNICIPALITY, 2009). Segundo a IAAF, estas considerações devem ser atendidas

em quatro fases: licitatória; planejamento e preparação; operação; e pós-evento.

A adoção de políticas de sustentabilidade, desde a concepção do evento,

possibilita orientar, evitar e minimizar os danos ao meio ambiente. É vital que todos

os estudos relativos à infraestrutura de cidades, ou de estádios, sejam para Jogos

Olímpicos, sejam para Copas do Mundo, ou eventos de qualquer outra federação

esportiva mundial, levem em consideração parâmetros ambientais.

3.1.1. Princípios da Sustentabilidade em Ecoarenas

De acordo com John, Sheaard e Vickery (2007); FIFA (2011) e Viggiano

(2010) para a concepção de novos projetos e construções de novas arenas esportivas,

alguns princípios e parâmetros ambientais devem ser levados em consideração. A

seguir, são listados e apresentados os principais fundamentos, onde arquitetos,

projetistas e engenheiros deverão apoiar-se para ratificarem modelos de construções

sustentáveis, com destaque especial para o uso racional de energia e água:

a) Utilização de energia: Existem três objetivos principais para a geração e a

utilização de energia em estádios (John, Sheaard e Vickery, 2007): • Minimizar a

demanda energética; • Elevar o uso de fontes renováveis; • E atender a demanda

restante através do uso de combustíveis, os mais limpos e renováveis possíveis.

Para alcançar o primeiro objetivo é necessária a utilização de aparelhos

energeticamente eficientes, como por exemplo, os que apresentam o selo do

Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), além de um bom

controle de sistemas, preferencialmente central, para o controle e monitoramento dos

equipamentos técnicos dos estádios; bem como, políticas educacionais para ajudar e

aumentar a conscientização de usuários e funcionários.

O segundo objetivo tornou-se uma meta do COI para suas cidades-sedes e de

várias novas arenas, em reforma e/ou em construção pelo mundo. O consumo de

energia deve ser baseado em um "perfil da carga local utilizada" detalhado,

Page 75: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

72

correspondente as suas reais necessidades e através dos recursos renováveis

disponíveis no entorno (Figura 13). O projetista precisa compreender claramente a

relação da demanda e da carga de pico energética, assim como, das diferenças

consideráveis para dias de uso, localização geográfica e de ociosidade - quando

apenas as instalações auxiliares estarão em uso, com demandas relativamente baixas.

Estádios de Mundiais, por exemplo, tem um consumo médio anual entre 3,5 a 4,0

milhões de kWh de eletricidade e por partida de 170 mil kWh (OC, 2006).

Figura 13: Perfil genérico de carga típica de um estádio.

Fonte: Adaptado de JOHN; SHEAARD; VICKERY, 2007, p. 247.

O terceiro objetivo reconhece que combustíveis diferentes têm níveis de

impactos ambientais díspares. O custo não pode ser o único fator que influencia a

decisão, ao escolher uma fonte de energia para um estádio, porque o mercado,

atualmente, não conjetura o verdadeiro impacto ambiental das fontes de energia

convencionais. Um critério de escolha, por exemplo, deve ser baseado na redução da

emissão de gases do efeito estufa, não só durante a construção, mas durante todo o

ciclo de vida da edificação, o que já ocorre em alguns poucos países. A arena deve

também se desvencilhar ao máximo da energia fornecida pela rede nacional,

Page 76: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

73

geralmente produzida em grandes usinas interligadas e em muitos aspectos, através

de sistemas ineficientes e prejudicais ao meio ambiente.

Uma nova corrente de pensamento indica que a eletricidade deve ser gerada

perto de onde será utilizada, por ser mais limpa, segura, ter baixa emissão de dióxido

de carbono e menores custos de construção e para seu usuário. Uma das alternativas

para grandes complexos esportivos, hoje, é a geração através de fontes renováveis,

como a utilização de placas fotovoltaicas; já que o insumo de geração, o sol, é

bastante abundante em boa parte do planeta. Sua instalação e montagem, também são

simples, entretanto o custo ainda representa um empecilho na produção de

eletricidade (VIGGIANO, 2010). Vários empreendimentos já apresentam esta

tecnologia, principalmente por associarem suas coberturas de grandes dimensões à

produção local de energia. Este aumento na viabilidade é decorrente, no geral, da

associação de painéis de revestimento da envoltória de arenas com células

fotoelétricas, que acabam apresentando dupla função: fechamento de áreas e geração

da sua própria energia. Segundo, um exemplo, apresentado por John, Sheaard e

Vickery (2007), uma edificação com 2.500 metros quadrados seria capaz de produzir

até 40% das necessidades do recinto, através da energia fotovoltaica.

Outros exemplos a serem pensados pelos projetistas são: a geração de energia

através da reciclagem de resíduos, bem como a utilização da cogeração,

procedimento mediante o qual se obtém simultaneamente energia elétrica e energia

térmica. O Estádio Tynecastle, em Edimburgo, na Escócia, utiliza este sistema

descrito anteriormente (KUMMERT, 2008). A energia pode também ser recuperada

a partir da troca de calor com a água como apontam Bakema e Snijders (1998) em

seus estudos sobre a Arena Gelredome, na Holanda. Turbinas eólicas são outra

possibilidade a ser considerada, o Estádio Lincoln Financial Field, na Filadélfia, por

exemplo, instalou 80 turbinas desta em sua fachada superior. (BANERJEE, 2011).

b) Iluminação Natural: Segundo Viggiano (2010), a iluminação natural dos

ambientes é conseguida com a correta orientação das edificações, levando-se em

conta a necessidade de proteção contra a penetração excessiva do calor, através dos

mais variados recursos arquitetônicos. John, Sheaard e Vickery (2007) completam

que esta deve ser a preferida para estádios de futebol, em detrimento a artificial. Seja

pela sua economia de recursos de iluminação, seja pela sensação de “bem-estar”

Page 77: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

74

gerada para seus frequentadores. Existe, hoje, no mercado uma infinidade de

materiais que permitem que as coberturas sejam leves e translucidas facilitando a

penetração da luz natural, a exemplo, do plástico etileno-tetrafluoretileno (ETFE).

c) Iluminação Artificial: Tendo como parâmetro empreendimentos

esportivos, o componente mais óbvio da iluminação artificial são os holofotes, cada

vez mais exigidos qualitativamente por cadeias televisivas. Todavia, estes consomem

uma enorme quantidade de energia, o que faz com que sejam elementos passíveis de

economia, através de luminárias, reatores com alta frequência, níveis de iluminação,

distribuição, sistemas de controle e lâmpadas mais eficientes. Deste último item,

destacam-se as de baixo consumo energético como as fluorescentes e os Diodos

Emissores de Luz (LEDs)12

associadas a economizadores como: os controladores de

luminosidade (dimmers), de tempo (timers) e os sensores de presença.

d) Iluminação Interna: Além da iluminação da área do campo, onde

geralmente acontecem os eventos, a iluminação interna também é um fator de

destaque em projetos de estádios, principalmente, em função das grandes áreas

públicas envolvidas. Segundo John, Sheaard e Vickery (2007) são de responsabilida-

de das autoridades locais os parâmetros para este tipo de iluminamento, contudo eles

ratificam a importância e a necessidade da iluminação natural até mesmo para áreas

como vestiários e salas de apoio, setores que geralmente se encontram enterrados.

Viggiano (2010) complementa que este efeito pode ser conseguido através de

recursos arquitetônicos como as bandejas refletoras, os domos translúcidos, as

aberturas zenitais e a transferência da luz por meio de fibras óticas.

e) Iluminação Externa: Existem dois pontos importantes a serem destacados

a respeito da iluminação externa: o grau de segurança pública proporcionado e a

valorização arquitetônica da construção. Grande consumidora de energia e de

avanços tecnológicos significativos é uma das áreas que mais se destacam em novos

projetos sustentáveis, principalmente por facilidades contemporâneas como o LED.

f) Aquecimento de água: A abundante energia solar disponível, no mundo,

pode ser transformada em calor para o aquecimento da água para os mais variados

usos de estádios de futebol, minimizando a energia elétrica para tal fim. Um

12

Os LEDs podem funcionar com baixas tensões, como as geradas por sistemas fotovoltaicos (12v),

ou tensão da rede elétrica (110 ou 220v), propiciando uma variedade de usos e cores, já que emitem

luzes coloridas sem a necessidade de filtros, com economia de 20% com a iluminação.

Page 78: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

75

aquecimento de água efetivado através da energia solar reduz em 90% as emissões de

gás carbônico; 20% a mais que através de gás canalizado. Um sistema eficiente de

aquecimento solar da água consiste basicamente em um conjunto de placas, ou

coletores solares, orientados corretamente para a coleta da maior quantidade possível

de radiação solar; um reservatório (boiler), devidamente isolado para a retenção do

calor gerado; e um conjunto de tubulações adequadas com a capacidade, resistência e

isolamentos necessários para a distribuição da água quente, além de um sistema

auxiliar de aquecimento, por exemplo, a gás. A repartição desta água quente deve ser

cuidadosamente considerada na fase de concepção do projeto, principalmente pela

utilização intermitente. Torneiras de água quente devem ser bem pensadas, por

exemplo, as de banheiros públicos, raramente são utilizadas. Em um estádio de

futebol, menos de 10% das instalações utilizam água quente (OC, 2006).

g) Calefação: Ao contrário do Brasil, em países de clima temperado, algumas

formas de aquecimento se fazem necessárias. Sendo assim, para a sustentabilidade

vigorar a quantidade de energia desprendida para aquecer deve ser reduzida,

mantendo a massa térmica e melhorando a eficiência em sua aplicação. Construções

em clima temperado, ou frio, requerem uma mínima área de superfície externa,

pequenas aberturas e máximo isolamento (VIGGIANO, 2010). A obtenção de

ambientes confortáveis, através de temperaturas ideais, pode ter a radiação solar

como a principal fonte contribuinte para a redução da utilização da energia da rede,

ou também, a utilização do calor residual do processo de energia.

h) Ventilação e Refrigeração: Uma arena sustentável, principalmente se

estiver localizada em países tropicais, deve prezar sistemas passivos de climatização

tais como: ventilação natural, paredes ventiladas, ventilação por efeito chaminé e

coberturas verdes. A principal e a mais econômica delas, a ventilação natural, deverá

ser o foco, seja na área do evento, sejam nos espaços coorporativos e administrativos

(as “multifuncionalidades da arena”). Estes espaços devem fornecer um nível

aceitável de conforto em termos de temperatura, de qualidade do ar e umidade. O

consumo energético decorrente da climatização é bastante relevante e prende a

atenção de arquitetos, inicialmente, ainda na fase de planejamento e projetos.

Entretanto, condições de conforto podem ser conseguidas, ainda nesta mesma fase,

em muitas partes do estádio, simplesmente através do uso de ventilação natural.

Page 79: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

76

i) Temperatura: De acordo com as ideias apresentadas por John, Sheaard e

Vickery (2007) a temperatura ideal para assistir a uma partida de futebol varia de 18

a 26° C e de suas áreas administrativas de 20 a 22° C. Contudo, algumas variáveis

influenciam e merecem ser destacadas, como: revestimentos em vidro, que podem vir

a acumular a radiação solar; o isolamento do calor e do frio, importante para

assegurar o mínimo do consumo energético possível; e o movimento do ar, que pode

reduzir a temperatura. Estes autores afirmam que uma taxa de ventilação com cerca

de cinco mudanças de ar por hora, com uma velocidade típica de 0,23 metros por

segundo, pode, de fato, reduzir a temperatura em cerca de 1 a 1.5°C.

j) Materiais Ecológicos: São considerados materiais ecológicos

(ecoeficientes) aqueles produzidos com menor impacto ao meio ambiente, menor

energia utilizada para sua produção e utilização e escolhidos com base na análise do

ciclo de vida da edificação. Entre os utilizados em arenas sustentáveis pode-se citar:

tijolos ecológicos; tintas sem componentes voláteis tóxicos, com esta taxa reduzida,

ou à base de água; materiais reciclados, sem prejuízo a segurança da construção;

madeira de reflorestamento, certificada, ou de curto ciclo de renovação; materiais

duráveis; dentre outros. Neste item devem ser priorizados insumos locais, pois estes

reduzem o percurso de transportes, que emitem grandes quantidades de gás

carbônico na queima de combustíveis, além de priorizarem o desenvolvimento do

comércio e da indústria.

Os gramados merecem destaque neste item, a utilização de um relvado

artificial torna a operação de gestão de um estádio mais simplificada; já que se

economiza com energia elétrica para estádios cobertos, ou parcialmente cobertos,

que necessitam de iluminação especial para o crescimento do gramado. Outro fator

de economia é com a irrigação, pois há a poupança de milhares de litros de água,

principalmente no verão, onde a demanda por água é maior. Contudo, o maior ganho

com este tipo de gramado é relacionado a rentabilidade da arena, pois permite seu

uso ininterrupto para diversos fins (shows, peças de teatro e etc.) sem afetar

demasiadamente a superfície de jogo. Apesar de ser um material mais ecológico que

a grama natural, do ponto de vista de operação e manutenção, e não de fabricação,

gera ainda muitas polêmicas em relação ao seu desempenho e adaptabilidade.

Page 80: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

77

Uma maneira prática de se obter uma avaliação criteriosa da escolha do

material para a aplicação no projeto sustentável é por intermédio de uma matriz de

avaliação de materiais. Esta, segundo Viggiano (2010), é uma representação gráfica

bidimensional que auxilia na avaliação quantitativa de qualquer fenômeno e nela são

relacionados os elementos e suas propriedades.

Na avaliação da matriz, são estabelecidos os quesitos que são os itens a

serem avaliados, que podem ser os itens ambientais ou outros de escolha

do avaliador.

Para a avaliação, são estabelecidos dois critérios: a pontuação e o peso. O

valor final da avaliação é o somatório de todos os valores dos quesitos

(após a multiplicação da pontuação pelo peso) e dá a posição relativa do

material em comparação aos outros materiais estudados.

Para efeito de análise, os critérios de avaliação de materiais sustentáveis

podem ser reunidos em sete categorias: natureza do insumo, impacto

ambiental direto, energia incorporada, ciclo de vida, função social, custos

e propriedades bioclimáticas (VIGGIANO, 2010, p.52).

k) Resíduos e a Reciclagem: Os Resíduos da Construção e da Demolição

(RCD) são provenientes de obras civis e representam um grande volume, assim como

um grande problema ambiental para qualquer empreendimento deste porte, seja na

sua inteira construção, seja em uma renovação/transformação. É essencial uma

gestão de resíduos (plano de gerenciamento de resíduos) durante a construção de

uma arena sustentável, onde os materiais são separados e reciclados no próprio

canteiro de obra, ou fora do local. Esta iniciativa, bastante empregada no mundo do

futebol, hoje, reduz a produção de entulhos a ser depositada em aterros, além de

economizar materiais e a energia desprendida. No entanto, os resíduos são gerados

não só na construção, mas também, durante todo o ciclo de vida da edificação,

através das atividades dos usuários e do fim da vida útil de componentes. Uma arena

que busca um padrão adequado de sustentabilidade deve conscientizar seus usuários

a respeito de campanhas de redução, de reutilização e de reciclagem. Através destes

métodos se reduz a quantidade de materiais destinados a aterros sanitários, a

necessidade de extração de matérias-primas e se preserva o meio ambiente por meio

de uma atividade economicamente vantajosa e empregadora de mão-de-obra,

principalmente para materiais como: o vidro, o alumínio, o papel e o plástico.

l) Água: A água é um recurso natural escasso em muitos países que contam

com grandes estádios de futebol. Seu consumo, assim como o de energia está sujeito

Page 81: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

78

a uma considerável flutuação durante o curso de um ano, em função do número de

jogos desportivos, condições meteorológicas, eventos e espectadores, variando

anualmente de 10 a 20 mil metros cúbicos (OC, 2006). Seu manejo e uso devem ser

conscientes, principalmente na forma potável, envolvendo ações de economia, como:

aparelhos economizadores, reuso das águas servidas, (re)aproveitamento eficiente

(águas pluviais) e de conservação (recarga dos aquíferos). Dentre as estratégias

referentes ao uso racional e de sua correta captação e rejeite, destacam-se:

Aparelhos Economizadores: O bom uso da água potável utilizando-se de

equipamentos economizadores (com baixo fluxo de vazão) como: os vasos sanitários

com caixa acoplada, registros com sensores de presença, acionamentos de torneiras

temporizados e vasos sanitários / mictórios a vácuo, são a condição primordial para a

eficiência e a sustentabilidade economia e ambiental de todo sistema hidráulico.

Tratamento de Águas Servidas: As águas servidas são as águas provenientes

da totalidade do esgoto, em um modelo ideal de sustentabilidade e do uso racional da

água, sua máxima reutilização é aplicada; por meio de diferentes sistemas de

tratamento que dispõe de filtros modernos, câmaras de armazenamento e outros itens.

Aproveitamento da Água da Chuva: As águas pluviais podem ser

aproveitadas para os usos não potáveis da edificação: irrigação do gramado, limpezas

e descargas. Para tanto, o projeto de instalações hidráulicas deve prever a separação

das águas em reservatórios, segundo sua potabilidade. Seu sistema básico, em

grandes arenas, é composto pelas calhas da cobertura, uma pré-filtragem, a filtragem

em si e o armazenamento final. Comum em novos projetos e adaptações pode

representar uma economia substancial do abastecimento da rede pública e de capital.

Recarga de Aquíferos: Segundo Viggiano (2010), a recarga dos aquíferos é

uma das soluções especificadas para a redução dos impactos negativos do excesso de

chuvas nas regiões urbanas. Esse impacto ocorre em função da urbanização ter

acarretado uma excessiva área impermeabilizada, que impede a necessária absorção

das águas pluviais pelo solo. A recarga pode ocorrer de duas maneiras principais:

bacias de infiltração e valas de infiltração. Complexos esportivos apresentam grandes

áreas impermeabilizadas / cobertas e geralmente se localizam em centros urbanos,

assim recargas artificiais como estas devem ser pensadas, na concepção projetual,

como forma de facilitar o escoamento das águas das chuvas.

Page 82: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

79

m) Ambiente Urbano e Paisagístico: O local aonde a arena será edificada

deve ter preocupações de inserção na paisagem, no relevo, no ecossistema, na cidade,

com a proximidade de corpos hídricos e etc.; de forma a minimizar os danos

ambientais, erosões, sedimentação de rios, geração de poluentes atmosféricos e o

consumo de materiais. O partido arquitetônico, por exemplo, deve ser tomado de

acordo com as características do terreno e a localização, de preferencia, em locais em

declive (para oferecer apoio à estrutura) e reduzir a quantidade de materiais

empregada na obra. Os elementos paisagísticos devem ser locais e adaptados de

forma a compensar a emissão de gás carbônico e elevadas temperaturas.

n) Transporte: Propostas para construção de novos estádios devem

privilegiar o transporte público, facilidades de acesso e circulação de forma a reduzir

a emissão de gases do efeito estufa e estimular meios coletivos de locomoção.

Medidas deste tipo, associadas ao incentivo de ciclovias, caminhadas à arena,

bicicletários, vagas para veículos movidos a biocombustíveis, ou carona solidária são

formas de tornar um estádio mais sustentável.

Todos os princípios de sustentabilidade ambiental, aqui apresentados,

deverão ser analisados, também, de acordo com o custo de seu ciclo de vida13

. Já

que, algumas tecnologias, em prol da sustentabilidade, podem não só reduzir os

custos operacionais e com manutenção, como também, com o investimento aplicado

inicialmente. Outras podem ser inicialmente mais onerosas, em termos de capital,

mas proporcionam economias com o funcionamento, a longo prazo. Opções que

priorizam a ventilação e a iluminação naturais, por exemplo, podem levar ao

barateamento de estádios frente a opções herméticas de arquitetura. A análise dos

custos da construção é uma ferramenta de projeto que garante o melhor valor,

devendo ser utilizada na fase de concepção, pois inclui desde as matérias-primas, o

custo inicial do investimento; passando pelos custos de operação, manutenção e

substituições das partes danificadas. (JOHN; SHEAARD; VICKERY, 2007).

Inspirado nos aspectos sustentáveis da construção civil, aqui apresentados, e

nos preceitos do COI, a FIFA, só em 2006, para a XVIII Copa do Mundo FIFATM

Alemanha, estabeleceu o Programa Green GoalTM

(no português, Metas Verdes), o

13

A avaliação do ciclo de vida tem sido descrita como "do berço ao túmulo", ou seja, da contabilidade

das entradas e saídas dos usos de uma edificação - custo inicial, execução, manutenção e eventuais

substituições (JOHN; SHEAARD; VICKERY, 2007).

Page 83: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

80

qual se dedicou a próxima seção. Nele preza-se pelo conceito de “Ecoarenas”, ou

seja, estádios que apresentam aspectos ecológicos em sua concepção; que foram

construídos de forma a causar o menor impacto ambiental, sem desperdício de

materiais e com as maiores eficiências energéticas e hidro sanitárias possíveis.

Para o Mundial posterior, a XIX Copa do Mundo FIFATM

África do Sul 2010,

seu país-sede não inovou em conceitos de sustentabilidade, assim como, em aspectos

tecnológicos; “importando”, apenas, modelos utilizados no Mundial alemão. O

Mundial de 2014, no Brasil, entretanto, poderá se tornar um marco da

sustentabilidade aplicada em estádios de futebol, pela concepção de projetos que

buscam o equilíbrio do esporte com o meio ambiente, o combate ao aquecimento

global e a preservação ecológica (MASSIMINO, 2012).

Infelizmente, por ser a sustentabilidade aplicada a arenas esportivas, uma

temática recente, há pouca informação técnica disponível, assim como de referencial

teórico. O que dificulta o estabelecimento de regras, boas práticas e até mesmo a

exemplificação. Somente através da difusão destes conceitos em novos projetos, de

sua quantificação e da publicação de seus resultados e experiências é que será

atingido seu real objetivo: estádios verdadeiramente e ambientalmente sustentáveis.

3.2. O PROGRAMA FIFA GREEN GOALTM

A FIFA, órgão internacional que conduz as associações de futsal, futebol de

areia e futebol de campo, o esporte coletivo mais popular do mundo, mantém uma

extensa lista de exigências às quais os estádios das cidades-sede e as próprias devem

se adequar para terem direito a sediar seus eventos. Uma delas está relacionada às

questões de responsabilidade socioambiental; temas como o aquecimento global, a

conservação ambiental e o manejo sustentável recebem destaque durante as edições,

por exemplo, das Copas do Mundo. Tal temática ambiental se tornou uma

preocupação constante e explicita da entidade máxima do futebol mundial, neste

novo século14

, de seus parceiros e patrocinadores em prol da mitigação dos impactos

negativos decorrentes da atividade futebolística.

14

Ao contrário dos Jogos Olímpicos, um conceito ambiental não era obrigatório no caso de uma Copa

do Mundo até o lançamento do Programa Green GoalTM

, em 2005.

Page 84: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

81

O novo edifício da FIFA é o exemplo da instituição, para cidades-sede, como

forma de mostrar esta constante preocupação. O projeto da arquiteta suíça Tilla

Theus, com 39,7 mil m² de área construída, nas proximidades do zoológico de

Zurique, na Suíça, vem sendo utilizado desde 2006 e definiu novos padrões

ambientais e de referencial projetual/arquitetônico. A concepção do projeto baseou-

se na valorização de itens como: a sustentabilidade, a flexibilização construtiva, a

não emissão de poluentes e a eficiência energética; aliados a modernas instalações e

a integração completa da edificação ao seu entorno imediato (FIFA, 2010).

Desde a Copa do Mundo FIFA Alemanha 2006 a entidade internacional em

questão investe na divulgação de programas que integrem o desenvolvimento

sustentável, a modificação de padrões de comportamento, a redução do consumo de

recursos, com a proteção do meio ambiente a exemplo do inédito Green GoalTM

. Este

Programa, lançado em 2005, em parceria inédita com a PNUMA, a Federação Alemã

de Futebol e o Ministério do Meio Ambiente, como forma de demonstrar que o

esporte também pode contribuir com as questões de desenvolvimento sustentável; em

linhas gerais, prevê para as cidades-sedes a administração racional e eficiente da

água e dos resíduos gerados, a economia de energia e o uso de sistemas públicos de

transporte com consumo eficiente de combustíveis (OC, 2006).

O Green GoalTM

vem contribuindo para o acúmulo de conhecimentos e

experiências para futuras sedes da Copa do Mundo e até mesmo outros grandes

eventos. Ao fornecer uma base sobre a qual as cidades anfitriãs poderão desenvolver

seus próprios programas ambientais e de infraestrutura dentro das limitações

impostas por eventos como este; a fim de minimizar as consequências negativas

destes sobre o meio ambiente, maximizando o legado social, econômico e ambiental.

Não só no período de sua realização, mas sim no pós-evento, de curto a longo prazo.

3.2.1. Contextualização Histórica

Ao sexto dia do mês de julho, do ano 2000 (Record, 2000), a FIFA anunciou

que a Alemanha vencera o Marrocos, a Inglaterra e a África do Sul e sediaria a Copa

do Mundo de 2006. Dentre as propostas de sustentabilidade apresentadas pelo comitê

organizador local, em parceria com a FIFA, destacamos o ecológico Programa

Green GoalTM

(Metas Verdes, tradução nossa), de 2005, primeira tentativa ambiciosa

Page 85: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

82

do gênero em estabelecer objetivos mensuráveis de proteção ambiental, preencher as

lacunas correspondentes a falta de especificações ambientais da FIFA e reduzir os

efeitos adversos de uma competição deste porte15

.

Inicialmente, as questões ambientais, ao longo do processo de candidatura

alemã, se resumiam a apenas um único capítulo intitulado “Conceito Ambiental para

os Estádios”. Redigido e inspirado no sucesso ambiental dos XXVII Jogos Olímpicos

de Verão de Sidney, Austrália, em 2000. O pacote de diretrizes ambientais, que

formou a espinha dorsal do Programa, foi ratificado durante a XVII Copa do Mundo

FIFA 2002 Japão - Coréia do Sul através de uma comissão de pesquisadores do Öko-

Institut16

e do WWF e apresentado, posteriormente, em 2003. Assim, dos 16

objetivos propostos, treze foram alcançados, através de parcerias entre as cidades-

sedes, o governo federal, empresas de transporte público, os parceiros e

patrocinadores da FIFA e a própria entidade máxima do futebol; expondo uma

Alemanha ambientalmente consciente e economicamente rentável (OC, 2006).

Dentre as ações desenvolvidas, destacam-se: pela primeira vez na história do

torneio, as emissões de efeito estufa adicionais foram compensadas, com um

investimento total de 1,2 milhões de euros em projetos de requalificação climática,

na própria Alemanha e em países em desenvolvimento “Gold Standard” - como

forma de reduzir as desigualdades sociais. Na África do Sul, por exemplo, 400 mil

euros foram empregados em um projeto de contrapartida de emissões de dióxido de

carbono na Alemanha. Neste, gases provenientes de rejeitos de uma estação de

tratamento de esgotos eram transformados em energia elétrica, na cidade de Seboken,

na província de Gauteng, onde fica localizada também, uma das capitais do país,

Johanesburgo. Houve também, a construção de uma fábrica para gerar combustível a

partir de restos de serragem da indústria do papel, para substituir o uso do carvão

vegetal de fazendas de cítricos. Estes projetos foram elaborados pelo Comitê

Organizador Alemão e pela organização suíça Myclimate de forma a compensar as

92 mil toneladas de gases lançadas na atmosfera durante a competição (OC, 2006).

15

A segunda Copa do Mundo do país, a Alemanha Ocidental já organizara o Mundial de 13 de junho

a 07 de julho de 1974, quando a nação era dividida em duas. Dezesseis países participaram,

consagrando a Alemanha Ocidental campeã, as partidas foram realizadas em nove cidades. 16

Organização europeia de pesquisa, preservação ambiental e consultoria sustentáveis, que criou um

software, o Global Emission Model for Integrated Systems, que torna possível quantificar quantas

mudas de árvores devem ser plantadas, para retirar o gás carbônico produzido durante os jogos e

lançado na atmosfera, evitando assim o efeito estufa e o aquecimento global (MATIAS, 2007).

Page 86: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

83

Outro país beneficiado por este Mundial fora a Índia, escolhida por te sido

assolada pelo tsunami de 26 de dezembro de 200417

. Novecentas famílias da

província de Tamil Nadu, no sudeste do país, duramente atingidas, foram

beneficiadas com a aplicação de 500 mil euros, na recuperação de casas e na

construção de biodigestores através de fezes de bovinos, para a produção de biogás

para atividades domésticas. Assim, 30.000 toneladas de dióxido de carbono serão

evitadas, nos próximos dez anos, com a abolição das fogueiras usadas anteriormente

para cozinhar (OC, 2006).

Na Alemanha em si, o consumo de água nos estádios foi reduzido em 20%,

(42.400m³) com o reaproveitamento de água de chuva; nas coberturas dos estádios

foram implantadas placas fotovoltaicas na ordem de 2.800kW, suficientes para cobrir

a demanda anual total de um estádio de futebol, o que reduziu o consumo energético

em 13% (7% a menos que o esperado). Contudo, a grande façanha energética foi a

cota de 13 milhões de kWh de energia verde, certificadas a partir de hidrelétricas

(OC, 2006). Nos transportes, dos portadores de bilhetes, 74% dos 3,4 milhões de

torcedores viajaram para os estádios através de meios públicos de locomoção, com

frequência e qualidade elevadas, ou a pé. No total, cerca de 50 projetos de

infraestrutura foram realizados nas cidades-sede para melhorar o transporte público.

Já a redução de resíduos, após gerações elevadas (em valores absolutos) na

Copa do Mundo de 2002 e na Eurocopa de Portugal, em 2004; foi marcada pela

excelente gestão (17% menor na produção de resíduos), pela utilização do mínimo de

embalagens possíveis, em produtos à venda, e pela adoção de copos retornáveis, pela

primeira vez na história, de uma Copa do Mundo, ou Olimpíadas. Destaca-se aqui, o

programa de gestão de resíduos da Allianz Arena de Munique, entretanto, cada

partida ainda foi marcada pela produção exagerada de 15 toneladas de lixo, números

que precisam ser minimizados. O Green GoalTM

só não fora mais eficiente na

Alemanha, pois foi implantado, posteriormente, ao inicio do planejamento e das

obras para a Copa, entretanto todas as medidas ratificadas posteriormente se

comprometeram voluntariamente a participar da alguma forma do Programa.

17

Conhecido também como Sismo do Índico de 2004 disparou uma sequência de tsunamis fatais com

epicentro na Sumatra, Indonésia. Quatorze países banhados pelo Oceano Índico foram atingidos

matando mais de 230 mil pessoas. Esta tragédia mobilizou ações humanitárias de diversos países.

Page 87: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

84

O sucesso do Programa Green GoalTM

2006 fora tão grande, que dois anos

mais tarde, um conceito ambiental similar foi desenvolvido na Áustria, uma das

sedes, juntamente com a Suíça, da Eurocopa 2008. Por sua vez, a FIFA incorporou

este programa as cidades anfitriãs, que viriam a sediar um dos seus eventos

posteriormente, através de uma cláusula de proteção ambiental:

The Host City undertakes to carry out its obligations and activities under

this Agreement in a manner which embraces the concept of sustainable

development that complies with applicable environmental legislation and

serves to promote the protection of the environment. In particular, the

concept of sustainable development shall include concerns for post-

competition use of Stadia and other facilities and infrastructure

(POLOLWANE MUNICIPALITY, 2009).18

Na Copa do Mundo FIFA da África do Sul 2010, o comitê organizador local,

também, adaptou o Programa a realidade nacional, em parceria com as cidades-sedes

- com destaque para a Cidade do Cabo - e órgãos pátrios como a Secretaria Nacional

de Meio Ambiente e entidades internacionais como o PNUMA e os escritórios de

arquitetura germânicos que participaram da Copa de 2006. Os organizadores da Copa

sul-africana tinham como objetivo maior transforma-la em um “evento verde”, ao

deixar um legado ambiental positivo para sua população (CAPE TOWN CITY,

2008). Pelas desigualdades sociais do país, o Programa Green GoalTM

2010 teve

contornos sociais muito maiores que a edição alemã, ao associar suas questões

ambientais com a preocupação em reduzir a pobreza da África do Sul.

Na cidade sul-africana, acima em destaque, o Programa Green GoalTM

teve

seu plano de metas lançado, em outubro de 2008, com orçamento municipal inicial

de, aproximadamente, um milhão de dólares, além de investimentos do Governo

Federal e da Província correspondente, e seu conceito foi bastante assimilado pela

população e partes interessadas. A venda de certificados de eletricidade ecológica,

por exemplo, compensaram cerca de 80% das emissões de carbono da competição,

assim como, uma taxa de redução da geração de resíduos de 20%. Uma série de

projetos de eficácia energética também foram implantados, como exemplo cita-se

18

“A cidade-sede se compromete a cumprir as suas obrigações e atividades no âmbito do presente

Acordo, de forma a abraçar o conceito de desenvolvimento sustentável, que cumpre a legislação

ambiental aplicável e serve para promover a proteção do meio ambiente. Em particular, o conceito de

desenvolvimento sustentável deve incluir preocupações com o pós-competição, o uso futuro do

estádio e outras instalações, assim como, da infraestrutura disponibilizada” (tradução nossa).

Page 88: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

85

(FIFA, 2011a): o aperfeiçoamento de semáforos; a instalação de holofotes eficientes;

e o fornecimento de calefação solar de água para 540 famílias de baixa renda em

Darling, pequeno município rural, a 75 km da Cidade do Cabo.

Com a divulgação do relatório final de 130 páginas, em 2011, de todos os

projetos executados, durante quatro anos, para a Copa do Mundo da África do Sul,

que assinala as “três vias básicas” do desenvolvimento sustentável: meio-ambiente,

sociedade e economia; percebe-se que um grande número de temáticas foram

abordadas, como: eficiência energética; redução de gases estufa; conservação da

água; gestão de resíduos; transportes; paisagismo e biodiversidade; edificações

sustentáveis; turismo responsável; comunicação e conscientização. Destes programas

desenvolvidos para a Copa do Mundo 2010, 19 dos 41 totais correspondem ao

“legado”, o que significa que as melhorias serão sentidas pela população durante

muito tempo, após o término do Mundial propriamente dito (FIFA, 2011a).

De acordo com o informe, concebido a partir do trabalho de monitoramento e

avaliação realizado pela ONG Sustainable Energy Africa, o Programa Green GoalTM

2010 superou as metas nacionais para a redução de resíduos em aterros e o uso de

transporte público a fim de minimizar o impacto ambiental do torneio (FIFA, 2011a).

Entretanto, a pegada do carbono do Mundial 2010 foi estimada em 896 mil

toneladas de gás carbônico, mais de oito vezes a Copa do Mundo de 2006. Este valor

é resultado da falta de transportes públicos de qualidade, interligando as cidades-

sedes, o que demanda um acréscimo de percursos efetivados de carro, ou avião e da

matriz energética sul-africana ser voltada para a queima do carvão. Além da

construção de cinco novos estádios, ao contrário da Alemanha, onde só o Allianz

Arena de Munique fora construído. Estes valores só seriam totalmente compensados

com um investimento entre 6,8 e 12 milhões de dólares, o que em um país em

desenvolvimento é ainda algo difícil e oneroso. A solução foi, portanto, focar em

tornar a Copa da África do Sul um evento de baixo carbono, ao invés de um evento

carbono neutro, reduzindo-se assim os impactos climáticos do evento através da

mitigação de suas emissões (CAPE TOWN CITY, 2009).

Cabe destacar também, da Copa do Mundo FIFA África do Sul 2010, a

campanha “20 Centros para 2010” que está construindo vinte complexos “Football

for Hope” em comunidades carentes de todo o continente africano com o objetivo de

Page 89: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

86

promover a saúde pública, programas ambientais e a educação através da prática do

futebol. Já foram edificados oito, em países como: África do Sul (Cidade do Cabo e

Mokopane), Gana, Lesoto, Mali, Namíbia, Quênia e Ruanda. Todos eles contam com

medidas sustentáveis, como a aplicação de painéis fotovoltaicos, o que garante o

fornecimento elétrico e conscientiza a população para fontes alternativas de energia.

Um ano depois da Copa da África, a Alemanha voltou a sediar uma Copa do

Mundo desta vez a feminina, o país que já utilizara o Programa Green GoalTM

, em

2006, o relançou em 2010, explorando novas áreas com cerca de 50 medidas e um

orçamento de um milhão de euros. Aproveitando as experiências anteriores, em

parceria com a FIFA, entidades alemãs e o Öko-Institut a VI Copa do Mundo

Feminina 2011 foi além de eliminar e reduzir os impactos ambientais da Copa de

2006, o Green GoalTM

2011 foi também utilizado como plataforma para divulgar

questões de proteção de recursos ambientais e para incrementar as matrizes

energéticas de fontes renováveis (OC, 2011).

As 40.000 toneladas de emissões de gás carbônico adicionais do torneio, pela

primeira vez na história do futebol feminino, foram compensadas através de

investimentos, na ordem dos 600 milhões de euros, em cinco países em

desenvolvimento, em projetos de proteção do clima com o slogan “Pegada do

Futebol” (OC, 2011). Como forma de exemplificar, cita-se: a construção de

biodigestores na Índia; de um parque eólico, com 19 turbinas, na Nicarágua; de uma

pequena central hidroelétrica em Honduras; e a distribuição de aquecedores

eficientes em Gana e no Mali. Cabe salientar, que para a Copa de 2011, o potencial

de alterações estruturais dos estádios foi severamente limitado e houve a venda de

pelo menos um alimento orgânico certificado em todos os postos de venda dos

estádios e não somente em áreas VIPs (Very Important Person/People).

As arenas esportivas da Copa 2011 investiram aproximadamente 710 milhões

de euros em suas acomodações, isto representa uma economia de 6.000.000 kWh de

energia, 50.000 m³ de água e 4.000 toneladas de gás carbônico por ano. Uma análise

dos resultados indica que 80% das medidas executadas serão quitadas em três anos e

apenas 20% serão amortizadas durante um período superior a três anos.

Comparativamente ao Mundial masculino, anteriormente realizado neste país, a Copa

feminina teve um apelo e uma aceitação muito maior na sociedade; além de

Page 90: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

87

resultados mais eficientes e positivos, principalmente nos estádios, que se encontram

agora muito mais sustentáveis, mais limpos, bem geridos e ofertando uma quantidade

maior de produtos orgânicos locais e com poucas embalagens.

Entretanto, nos transportes, a oferta pública foi muito menor que na Copa de

2006; 80% de todas as emissões de gases do efeito estufa no Mundial de 2011 foram

provenientes deste setor, ou seja, mais de 33.600 toneladas de poluentes, sendo que,

os carros, o meio de transporte mais utilizado, foi responsável por quase 60% deste

total, um retrocesso se comparado ao Mundial de 2006 (OC, 2011).

Até mesmo o Campeonato Mundial de Futebol Sub-2019

FIFA Colômbia, de

2011, através da Federação Colombiana de Futebol, em parceria com a Secretaria

Presidencial de Política Ambiental, se comprometeu com o Programa; com práticas

de reflorestamento de mais de 35 mil mudas, nos Andes colombianos e na

conscientização do público com temas ambientais. Foram desprendidas nove mil

toneladas de dióxido de carbono para a realização da competição (FIFA, 2011b).

No Brasil, a FIFA já começou a trabalhar com o Comitê Organizador Local

da Copa do Mundo 2014 para que haja uma integração adequada e fortalecida das

questões ambientais, da estrutura de gestão, da preparação e da execução do evento.

A entidade internacional, por exemplo, investirá US$ 20 milhões em estádios

ecológicos e na compensação de gases poluentes emitidos, para garantir que a

segunda edição da Copa, no Brasil, tenha sua sustentabilidade maximizada

(PORTAL2014, 2012). Tanto, que muitas das sedes brasileiras, em especial o Rio de

Janeiro, sede também dos Jogos Olímpico de 2016, já procuraram os escritórios de

arquitetura e as esferas de governo que participaram das Copas de 2006 e 2010, para

receberem apoio para estas questões, com honorários avaliados, entre três e quatro

milhões de reais. Segundo o Comitê Organizador Local da Copa Sul-africana, no

Brasil, a CBF, pela sua força mundial, deveria tomar uma postura mais incisiva em

relação às metas do Programa Green GoalTM

2014, o que ainda não acontecera

(PROVINCIAL GOVERNMENT OF THE WESTERN CAPE, 2011).

Até mesmo as próximas Copas do Mundo a serem realizadas na Rússia, em

2018 e no Catar, em 2022, já tiveram firmadas em seus contratos garantias de

responsabilidade e planejamento ambiental, dentre elas, destacam-se (FIFA, 2012):

19

Espécime de Copa do Mundo FIFA para jogadores com idade inferior, ou igual a vinte anos.

Page 91: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

88

Avaliação ambiental completa da organização da Copa do Mundo;

Integração sistemática do meio ambiente às estruturas de gestão;

Composição e integração de um conselho consultivo ambiental;

Criação de um programa de consulta às partes envolvidas;

Apontamento de objetivos mensuráveis em seis temas principais: água,

resíduos, energia, transporte, compras e mudanças climáticas;

E atividades planejadas para minimizar os efeitos ambientais adversos.

3.2.2. Etapas do Programa Green GoalTM

Para Estádios Sustentáveis

Um evento importante como uma Copa do Mundo é um desafio não só para

as seleções inscritas como também para o meio ambiente. Um país sede recebe

milhares de visitantes e turistas que se deslocam por grandes distâncias, consumindo

energia elétrica, água, gerando resíduos, gases do efeito estufa, além de tanto outros

efeitos indiretos inevitáveis. E como o futebol e o meio ambiente precisam “andar de

mãos dadas”, o Programa Green GoalTM

além de ser parte integrante do

planejamento e da organização de uma Copa do Mundo “verde” é uma contribuição

para um "legado sustentável".

Na última Copa do Mundo, por exemplo, segundo o Secretário Geral da FIFA

Jérôme Valcke (FIFA, 2011), uma média de 49.670 espectadores assistiram a cada

uma das 64 partidas, consumindo mais de 3,1 milhões de garrafas de bebidas e 56

MW de energia elétrica, o que equivale à oferta de mais de 56.000 casas.

Segundo a FIFA (2007), os princípios da sustentabilidade do Green GoalTM

,

em prol da proteção climática20

, maior desafio das políticas ambientais, hoje, devem

orientar uma cidade-sede e sua respectiva arena, para a organização de um Mundial.

Estes devem ser discutidos com os representantes da comunidade local, grupos

ambientais, mídia e autoridades locais e nacionais de futebol; se agrupando em

quatro áreas básicas e bem resumidas, a favor de uma experiência ambiental e

comunitária positiva, com os seguintes objetivos:

20

Neutralidade Climática, ou Clima Neutro: As emissões de gases prejudiciais do efeito estufa, em

Copas, serão, na medida do possível, evitadas, ou reduzidas. Emissões inevitáveis deverão ser

compensadas através de investimentos financeiros no próprio local, ou em outros países (OC, 2006).

Page 92: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

89

a) Água: Reduzir e utilizar o consumo de água potável de forma mais

responsável. Criar meios alternativos para a irrigação do gramado. Armazenar águas

pluviais como forma de apoiar o ciclo de vida. Instalar mecanismos de redução do

fluxo de vazão em equipamentos sanitários durante a fase de construção.

b) Resíduos: Sua remoção é responsável pelo maior custo da gestão de

estádios. Devem ser evitados e/ou reduzidos, por exemplo, com a reutilização de

recipientes de bebidas; reciclagem, através da separação da coleta de lixo; e com a

redução de embalagens desnecessárias de alimentos e produtos de merchandising.

c) Energia: Edificação de estádios com sistemas de energia alternativos, mais

econômicos e eficientes. Fontes alternativas de geração e sistemas de controle central

devem ser explorados, assim como, a redução da utilização de equipamentos de ar

condicionado. Os vidros, também, deverão ser isolados e protegidos da insolação.

d) Transporte: Incentivar o uso de transportes públicos (trens, ônibus,

metros, barcas, e etc.) para o gerenciamento facilitado dos eventos e a otimização do

desempenho de sistemas de combustíveis. Já que este setor é o principal responsável

pela emissão de gases do efeito estufa em eventos do porte de uma Copa do Mundo.

De acordo com o Football Stadiums - Technical Recommendations and

Requirements21

(FIFA, 2007) todos estes princípios de sustentabilidade ambiental

devem ser levados em consideração e compatibilizados na escolha do local,

concepção e da construção de uma megaestrutura, com os que se seguem:

- Aumento do tráfego de veículos;

- Grande número de fãs/pedestres barulhentos e muitas vezes agressivos;

- Elevada emissão de ruídos;

- Orientação solar adequada e iluminação de eventos;

- Sombreamentos das construções adjacentes;

- Ociosidade do entorno das arenas em dias de não eventos;

- Escala inadequado do projeto em relação aos seus arredores.

21

Estádios de Futebol: Recomendações Técnicas e Requerimentos (tradução nossa)

Page 93: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

90

Segundo a FIFA (2011), com estudos, análises e concepções adequadas, a

maioria dos problemas, acima citados, pode ser mitigada. Dentre os exemplos

apontados de soluções, destacam-se: criação de zonas de acesso restritas; controle

dos índices de ruído e iluminação; rebaixamento do gramado, para propiciar a

redução da altura da arena; controle dos horários de partidas, eventos e tráfego local;

preocupações com o paisagismo e a arborização do entorno (que beneficiam a

percepção de conforto ambiental e visual dos usuários); programas de drenagem e

percepção dos corpos d’água adjacentes; e diversificação dos usos dos estádios para

que estes não se tornem ociosos.

Estádios por serem grandes projetos pontuais de desenvolvimento urbano,

com impactos negativos em diversas áreas, devem melhorar a qualidade de vida

daqueles que vivem no seu entorno, integrando-se ao dia-a-dia de sua comunidade,

ao fornecer estabilidade financeira, social e principalmente ambiental.

Como forma de avaliar toda esta sustentabilidade, metas e eventuais

impactos, em suas cidades-sedes, a FIFA, desde 2011, incorporou ao Programa

Green GoalTM

a adoção de certificações ambientais mundialmente difundidas como

instrumentos de verificações. Anteriormente, na Copa da Alemanha, em 2006, por

exemplo, os estádios de Nuremberg e Munique receberam o Eco-Management and

Audit Scheme (EMAS), um tipo de certificação europeia de gestão ambiental, que

obriga aos seus gestores melhorarem, continuamente, seu processo de proteção

ambiental, através de auditorias regulares.

Entretanto, hoje, no Programa, há uma citação direta das metodologias

LEEDTM

e BREEAM; além de uma genérica para as que classificam obras de

engenharia através de um sistema de estrelas (como a australiana Green Star), ou

daquelas que efetivam medições utilizando o sistema de pegada do carbono. A ênfase

é dada a certificação LEEDTM

apresentada, em detalhes, em detrimento das outras.

Segundo a FIFA (2011), todos os novos projetos e reconstruções/renovações de

estádios deverão incorporar princípios e técnicas de construção verde em sua

concepção, para alcançar o mínimo de requisitos para a certificação LEEDTM

.

As questões ambientais exigidas pela FIFA de uma cidade-sede, na

organização de um Mundial, não se restringem apenas as certificações, algumas

outras exigências são apresentadas, na página 47, da FIFA (2011):

Page 94: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

91

- Apresentar uma avaliação detalhada e quantitativa da qualidade do ar, para

os cinco anos antes do evento, para eventuais mudanças exigidas pela FIFA;

- Fornecer informações referentes à qualidade da água da rede pública;

- Cidades-sedes têm que disponibilizar informações a respeito de qualquer

ambiente sensível, dentro da cidade, ou ao redor do estádio, em particular;

- Informar sobre áreas de interesse cultural, histórico, ambiental, ou religioso;

- Expor os objetivos, metas e prioridades ambientais;

- Criar e apresentar meios de divulgar e avaliar os impactos ambientais;

- Minimizar as poluições sonora e atmosférica;

- Gerir corretamente os resíduos de procedência sólida e de esgotamento;

- Reciclar, reduzir e reutilizar resíduos provenientes de embalagens;

- Utilizar materiais e técnicas de construção ecológicas nas obras da Copa;

- Operar campanhas de limpeza eficientes no Pós-Copa do Mundo;

- Fazer com que medidas de proteção ambiental sejam adotadas pelas

autoridades de governo e organizações não governamentais;

- Incentivar a criação de programas de conscientização ambiental do público.

Até mesmo a execução de estruturas temporárias (tendas, edificações

provisórias, plataformas, rampas de cabeamento, passarelas para pedestres,

arquibancadas desmontáveis e etc.) necessárias para a infraestrutura da realização de

um Mundial, aprovadas pela FIFA, apresentam preocupações ambientais e estéticas.

Materiais e componentes utilizados, por exemplo, nestas estruturas, devem

ser eleitos na sua forma básica, só quando essencialmente necessários, assegurando

seu potencial máximo de desmontagem, reutilização e reciclagem. Com a menor

destinação possível para aterros sanitários, com a menor quantidade de energia

incorporada possível e cientes da sua importância para a proteção ambiental do

planeta e da saúde humana. Exemplos desta estratégia incluem (FIFA, 2011):

- Evitar pinturas, acabamentos ou laminados; uso de materiais na forma bruta;

- Evitar rebocos, divisórias e paredes; uso de auto acabados;

- Usar concreto ou madeiras aparentes, de modo a evitar tapetes, vinil e etc.;

- Evitar o uso de papéis laminados, utilizar sempre materiais reciclados;

- Fixar materiais de exposição sempre de forma mecânica, evitando adesivos.

Page 95: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

92

Segundo o Green Goal

TM, princípios de energia passiva devem ser

empregados, também, em estruturas temporárias, para evitar uma infinidade de

sistemas de refrigeração com custos elevados de materiais e energia, como: telhado

flutuante, massa térmica, sombreamento, e espaços abertos com bom fluxo de ar.

A FIFA (2011) aponta ainda que, caso as instalações temporárias criem valor

agregado, a longo prazo, poderão permanecer “permanentes”, como legado do

evento, sem a necessidade de sua remoção, apenas com algumas adequações.

Com a apresentação da estrutura institucional do Programa Green GoalTM

e

com o apoio de obras da FIFA relacionadas com a construção e gestão de estádios de

futebol como: Football Stadiums - Technical Recommendations and Requirements;

Safety Regulations (FIFA, 2008), dentre outras; cada cidade-sede, ou país,

estabelecerá um Plano de Ações, definindo projetos específicos de implementação

ligados a esta área temática, ao planejamento e a operação de grandes eventos. As

iniciativas devem partir das diferentes esferas de governo, com dotações

orçamentárias próprias e através de parcerias público-privado (DUTRA, 2010).

Na última Copa do Mundo, por exemplo, para a Cidade do Cabo, o Plano de

Ações identificava nove áreas temáticas (cinco a mais que o Programa Green

GoalTM

original) e definia 41 medidas a serem desenvolvidas, implementadas e

destinadas a reduzir o impacto ambiental. Incialmente, estas medidas demandaram

certa aplicação de recursos, todavia este são recuperados com a redução dos custos

operacionais a curto e a longo prazo. A seguir, apresenta-se as nove áreas temáticas

identificadas pelo Programa Green GoalTM

2010, com seus respectivos objetivos:

1- Energia e Mudanças Climáticas: Minimizar a pegada do carbono,

potencializar a eficiência energética e promover fontes renováveis;

2- Água: Minimizar o uso e promover a conservação dos recursos hídricos;

3- Gestão Integrada de Resíduos: Reduzir, reutilizar e reciclar resíduos;

4- Transporte, Mobilidade e Acesso: Promover a eficiência energética, o

acesso universal a mobilidade e a minimização da poluição do ar.

5- Paisagismo e Biodiversidade: Promover o paisagismo e a biodiversidade;

6- A Construção Verde e Estilos de Vida Sustentáveis: Promover uma

consciência ambiental, estilos de vida e práticas de construção sustentável;

Page 96: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

93

7- Turismo Responsável: Promover o turismo responsável para 2010 e além;

8- Comunicações do Green Goal: Comunicar a mensagem do Programa

Green GoalTM

a residentes e visitantes de forma a gerar a conscientização;

9- Monitoramento, Medição e Comunicação: Acompanhar, avaliar e

elaborar relatórios sobre os progressos realizados durante a sua execução.

Dentre as 41 medidas estabelecidas, de forma a exemplificar, apresenta-se

uma das adotadas para o quarto item “Transporte, Mobilidade e Acesso”. Tal medida

denominada “Eco táxis” previa facilitar o estabelecimento de uma frota de táxis de

baixa emissão de poluentes e ambientalmente corretos, operando a partir do ano de

2010. Os veículos seriam dotados de reduzido consumo de combustíveis e emissões e

seriam adesivados com o logo do Green Goal 2010 para promover a conscientização.

Esta ação partiu do Governo da Província do Cabo Ocidental, onde fica

localizada a Cidade do Cabo e contou com membros do município, que dispunham

de verbas de aproximadamente US$ 10 mil, em parceria com o setor privado. O

medidor do desempenho desta ação correspondeu ao número de veículos operando.

Encerra-se esta seção com o preceito número 10 “Usar o futebol para fazer

um mundo melhor”, do código de condutas, moral e ética da FIFA, o “Fair Play” 22

:

O futebol tem um poder incrível, que pode ser usado para fazer deste

mundo, um lugar melhor, no qual todos possam viver. Use esta poderosa

plataforma para promover a todos: a paz, a saúde, a igualdade e a

educação. Faça um jogo melhor, leve isso a todos, e você estará

promovendo um mundo melhor (FIFA, 2012a, tradução nossa).

Durante uma Copa do Mundo, ou uma Olimpíada, milhares de espectadores

assistem às partidas diretamente dos estádios e outros bilhões assistem às partidas

pela televisão e/ou internet. Isto proporciona uma grande oportunidade de se

sensibilizar o público, através de campanhas de conscientização ambiental locais,

através do voluntariado e da comunicação visual do evento. E para o grande público,

por meio dos grandes meios de comunicação, que associam o futebol aos problemas

22

Este código simples e de fácil entendimento da FIFA, de 1997, conhecido também como “Jogo

Limpo”, representa os benefícios de se cumprir as regras, de se ter bom senso e de se respeitar o

próximo. Código, o qual, segundo a entidade, ela vai continuar lutando no futuro, independentemente,

das influências e pressões externas exercidas. A FIFA homenageia aqueles que são exemplos de Fair

Play, pelo mundo, e muito frequentemente o prêmio vai para indivíduos, ou grupos que não costumam

aparecer nas manchetes futebolísticas e que geralmente estão “atrás das câmeras” (FIFA, 2012a).

Page 97: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

94

climáticos e ambientais, da importância de se proteger o planeta e de se promover o

desenvolvimento sustentável nos seus respectivos países. Campanhas como o “não

ao racismo”, por exemplo, poderiam ser adaptadas, pela própria FIFA, para questões

de cunho ambiental, o que ajudaria a atrair mais ainda o interesse público.

A FIFA, neste século, apesar da demora - se comparada ao COI e a sua

responsabilidade ambiental com os Jogos Olímpicos - compreende que está em uma

posição chave para decidir medidas de proteção ambiental e de responsabilidade

social, em todo o planeta, através da organização de seus eventos; tanto, que

estabeleceu parcerias estratégicas com renomadas instituições internacionais e

organizações não governamentais. Além disso, introduziu diretrizes ambientais para

os processos de candidatura de seus eventos - mesmo que através do LEEDTM

- e

sem a força da obrigatoriedade - comum a exigências com equipamentos técnicos e

aparatos de segurança. Afinal, o futebol também precisa de um ambiente saudável e

limpo e muitas das medidas ambientais a serem tomadas e aplicadas, nas futuras

Copas, dependem de um envolvimento maior e impositivo de sua entidade máxima.

Com o Programa Green GoalTM

as cidades-sedes da FIFA começaram a

estabelecer, desde 2005, uma nova consciência ambiental, modificando padrões de

comportamento e reduzindo o consumo de recursos, ao relacionar melhorias na

infraestrutura com a qualidade ambiental.

A sustentabilidade de um grande evento, com a redução da sua pegada de

carbono, pode ser considerada, sim, seu maior legado, mesmo que seja impossível

neutralizar 100% das emissões, em função dos impactos negativos de um evento

deste porte, como discutido nesta seção. O mais importante é saber que tais medidas,

adotadas na gestão e na inovação de Mundiais passados, com suas limitações e sua

ampla divulgação, através de relatórios de legado, influenciam a organização e o

planejamento sustentável de novos eventos, através de federações nacionais de

futebol, patrocinadores, governos e diversos outros atores sociais envolvidos. Espera-

se comprovar com este trabalho que o esporte e o meio ambiente são uma equipe

vencedora e que podem beneficiar o planeta muito além das quatro linhas do campo

e muito depois do apito final e do silenciar dos aplausos dos fãs.

Page 98: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

95

4. MATERIAIS E MÉTODO

A partir do referencial teórico explanado, neste capítulo, é proposta uma

metodologia para a análise de sustentabilidade do projeto da Arena Pantanal, com a

proposição de eventuais diretrizes, quando necessárias. A principal motivação para o

seu desenvolvimento foi à necessidade do estabelecimento de indicadores de

sustentabilidade para grandes equipamentos esportivos destinados a prática do

futebol, considerando-se ações orientadas ao desenvolvimento de projetos mais

preocupados com o meio ambiente. A seguir, são apresentados os materiais e o

método utilizados nesta realização e, consequentemente, das ações propostas.

4.1. ECO ARENAS

Para a construção da metodologia de análise da sustentabilidade do projeto da

Arena Pantanal faz-se necessário, primeiramente, em função da escassez de

referencial bibliográfico, levantar critérios de verificação desta preocupação com o

projeto e com o meio ambiente circundante, e dos principais exemplos de estádios de

futebol mundiais, de forma a estabelecer uma base de dados a ser utilizada,

posteriormente, no objeto de pesquisa principal deste trabalho.

Nesta pesquisa, se realizou um levantamento das principais arenas, de todo o

Mundo, concluídas, ou em vias de finalização de suas obras, que tenham o futebol

como uma de suas práticas, independentemente, associada e/ou adaptada para

qualquer outra modalidade, para disputas de partidas e amistosos oficiais de qualquer

escala, das mais variadas federações nacionais e internacionais de futebol. Estádios

em projeto, projeções futuras, ou em início de construção, não foram considerados,

em função de nem sempre ratificarem suas diretrizes e concepções iniciais, ao longo

do seu desenvolvimento e construção.

Page 99: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

96

Para a categorização das principais ecoarenas mundiais se levou em

consideração, como sua principal base, a plataforma eletrônica disponibilizada por

Deproft; Amadò; Spampinato (2012). Nela, seus autores disponibilizam por

continente, país e capacidade os principais complexos esportivos globais23

.1

De forma a sintetizar, individualmente, os dados obtidos em pesquisas

literárias, referências eletrônicas em língua portuguesa e/ou em outro idioma; todas

as arenas foram apresentadas em fichas catalográficas, organizadas geograficamente

- por continente, país e em ordem alfabética - com base nos seguintes itens:

localização geografia; capacidade de público; valores estimados de sua

construção/reforma; identificação de seus projetistas; período de realização do

empreendimento; outras nomenclaturas usuais; apresentação do(s) mandante(s) do

campo de jogo; finalidades e usos do estádio; eventos ocorridos, ou a serem

realizados; acesso e transporte e as principais medidas sustentáveis alcançadas.

Buscando um entendimento mais aprofundado destas “Eco Medidas”,

aplicadas a estádios de futebol, todos estes dados foram compendiados e analisados

com base em aspectos/ações de sustentabilidade numerados de 01 a 10. Definiu-se

estas dez ações com base na literatura até então apresentada com destaque para:

FIFA (2011), John; Sheaard; Vickery (2007), Silva (2007) e Viggiano (2010). Tais

critérios foram dispostos de forma a simplificar todas as informações obtidas e

equacionar eventuais falhas e a falta de subsídios que alguma arena, por ventura, veio

a apresentar. Quanto maior o número de respostas positivas a estes critérios, maior

foi o nível de sustentabilidade do projeto. Seguem-se, a seguir, estes aspectos:

Ambiente Urbano e Paisagístico (Ação 01): Preocupações de integração do projeto

com: o entorno, o relevo, a malha urbana, o meio ambiente (fauna e flora), corpos

hídricos adjacentes, parques urbanos e/ou ecológicos, criação de um ícone

geográfico. Além do respeito com a natureza; a busca pela redução de emissões de

gases poluentes; o plantio de árvores nativas e paisagismo adequado; a integração da

arena interior-exterior e a busca pela versatilidade de usos de seus complexos.

231

Foram desconsiderados estádios que apresentassem aspectos como: mobilidade e transporte,

conforto ambiental passivo (ventilação e iluminação naturais) e presença de cobertura, como únicos

aspectos sustentáveis; pois estes já entraram em voga, anteriormente, as preocupações ambientais.

Page 100: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

97

Transporte (Ação 02): Integração do projeto com a malha urbana local, facilidade

de acessos, mobilidade e circulações. Estímulo ao transporte público de massa com

qualidade, assim como de bicicletas, caronistas, caminhadas, carros biocombustíveis,

elétricos e para vagas de veículos com baixa emissão de poluentes.

O aspecto de sustentabilidade “Água” foi dividido em duas ações, como

forma de facilitar sua análise: “Racionalização” e “Conservação e Reuso”. A

primeira é constituída por medidas aparentemente mais simples e com impactos

econômicos menores; já, a seguinte é considerada mais complexa, a nível

tecnológico e é mais onerosa para ser implantada e para entrar em operação.

Água - Racionalização (Ação 03): Implantação de equipamentos hídricos mais

eficientes e econômicos, como: válvulas e controladores de fluxo e de vazão; uso de

temporizadores; descargas sanitárias com dois acionamentos independentes; vasos

sanitários com caixa acoplada; mictórios a seco; e limpeza a vácuo.

Água - Conservação e Reuso (Ação 04): Esta ação tem como fundamento a

minimização da dependência da rede pública de abastecimento, através de medidas

como: captação e reuso das águas de chuva; infiltração e percolação de águas

pluviais; utilização de águas subterrâneas; tratamento de águas residuais, para usos

não potáveis; e pavimentação e calçamento com materiais permeáveis.

O aspecto de sustentabilidade “Energia” também foi dividido em duas ações,

como forma de facilitar sua análise: “Fontes Renováveis” e “Demanda Minimizada”.

A primeira corresponde a arenas que se desvencilharam total e/ou parcialmente, da

rede pública de energia elétrica, através da utilização de fontes de energia

renováveis. Já, a segunda considera meios mais simples de economia, monitoramento

de gastos e a racionalização do uso da energia elétrica.

Energia - Fontes Renováveis (Ação 05): Corresponde à máxima independência da

rede local, através da produção de energia, para atender totalmente, ou parcialmente

as suas necessidades, oriundas de fontes energéticas renováveis como: a instalação

Page 101: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

98

de painéis fotovoltaicos, de turbinas eólicas, de subestações locais, com combustíveis

mais ecológicos, ou qualquer outro tipo de geração elétrica alternativa.

Energia - Demanda Minimizada (Ação 06): Esta ação aborda mecanismos de:

racionalização energética; qualificação luminotécnica; utilização de lâmpadas LED

e/ou florescentes compactas; uso de equipamentos elétricos modernos e econômicos;

de sistemas de energização eficientes; do emprego de timers, dimmers e sensores de

presença; do controle de áreas non operante; da automação predial; do

monitoramento de gastos; da conscientização de funcionários; e da utilização de

aparelhos com selos de economia energética, como o do brasileiro PROCEL.

Materiais Ecológicos (Ação 07): Objetiva o emprego e/ou a aquisição de materiais e

serviços considerados mais ecológicos, ou certificados, como: gramados artificiais;

produtos flexíveis, duráveis e/ou com curto ciclo de renovação (baixo impacto

ambiental); com baixa emissão de poluentes e biodegradáveis; madeiras de

reflorestamento, ou certificadas; tintas e vernizes com baixo teor de Compostos

Orgânicos Voláteis (COVs) e/ou a base de água; sobretudo, a utilização de itens

locais, que necessitam de pequenos deslocamentos e estimulam a economia.

Resíduos e Reciclagem (Ação 08): Esta ação aborda a reciclagem de materiais de

edificações pré-existentes; a gestão correta de resíduos (durante a construção e a

operação da arena); as campanhas de conscientização de usuários; os programas de

reciclagem e compostagem; a redução do desperdício; e a separação de embalagens.

O aspecto “Conforto Ambiental” também foi dividido em duas ações,

conforme a natureza e o desprendimento energético de seus atos:

Conforto Ambiental Passivo (Ação 09): Esta ação se atém a preocupações com a

ventilação e a iluminação naturais; a permeabilidade da envoltória e de vãos; o

emprego de coberturas e paredes verdes; a utilização de isolantes térmicos e solares;

a concepção arquitetônica favorável; a simplificação de elementos construtivos; a

correta orientação solar; a redução natural do efeito da ilha de calor, e etc.

Page 102: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

99

Conforto Ambiental Ativo (Ação 10): Esta ação abrange o aquecimento de água; a

calefação e a refrigeração eficiente de ambientes; o uso da ventilação forçada; o

emprego de coberturas retráteis; o controle da climatização; mecanismos criados para

isolamento acústico; e a utilização de fontes alternativas e/ou de transferência

térmica, para potencializar o conforto térmico de áreas utilizadas, de forma

controlada. Nesta ação, há um desprendimento energético para que este objetivo seja

alcançado, ao contrário de seu precedente, que tenta resolvê-lo de forma “natural”.

Entretanto, é sabido que algumas escolhas dos projetistas, a nível de

adequação da sustentabilidade, são muito mais complexas e abrangentes que os itens

aqui apresentados. Por exemplo, a escolha de um material ecológico, como um bloco

cerâmico certificado, para fechamento de alvenarias, se enquadra na Ação 07

(Materiais Ecológicos); contudo, este poderá auxiliar no conforto ambiental interno,

o que automaticamente o classificaria também como pertencente à Ação 09

(Conforto Ambiental Passivo). Ademais, ao auxiliar na manutenção da temperatura

interna em patamares agradáveis, este colaborará com a redução do consumo

energético, ou seja, contribuirá também com a Ação 06 (Energia - Demanda

Minimizada). E se apresenta preocupações de cunho ambiental na sua produção, a

Ação 01 (Ambiente Urbano e Paisagístico) foi consequentemente atendida. Como

materiais e medidas de sustentabilidade englobam diversas áreas, através de uma

rede complexa de desdobramentos, estas foram simplificadas à sua função mais

básica e primordial, no intuito de tornar a análise de ecoarenas mais concreta.

Segundo Huovila (2008), os indicadores (no caso deste trabalho, as ações

apresentadas anteriormente) são usados para medir o desempenho e monitorar

tendências, e devem possuir as seguintes características:

(a) relevância: isto é, clara ligação com o desempenho da meta;

(b) objetividade: com base em informações confiáveis;

(c) acessibilidade: de dados confiáveis;

(d) legibilidade: que seja compreensível pela comunidade;

(e) mensurabilidade; e

(f) sensibilidade: para que seu uso seja confiável.

Page 103: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

100

Isto posto, todos os estádios de futebol analisados apresentam diferentes

contextos social, econômico, ambiental, cultural e climático. E pelo volume do

material produzido, estas apreciações, expostas através de fichas, foram destinadas

aos apêndices deste trabalho. No entanto, como forma de sintetizar estes dados, estes

foram tabulados por um “sistema de pontuação” com formato checklist simplificado,

onde cada uma das categorias apresenta o mesmo grau de importância. A ponderação

aritmética, vulgarmente conhecida como “pesos”, não se aplica, pela dificuldade de

se estabelecer, em tempo hábil e sem visitas in loco, todas as informações, de cada

uma das ações desenvolvidas nestas arenas. Observa-se que há necessidade de se

aprimorar esta questão em trabalhos futuros, analisando a viabilidade do

estabelecimento de diferentes pesos para cada uma das ações.

Nas tabelas elaboradas, as colunas ilustram as ações de projeto e as linhas são

dedicadas a cada um dos estádios levantados, agrupados por continente de origem.

Os valores obtidos podem ser relativos e/ou absolutos, com a apresentação de suas

devidas porcentagens por continente e o total (abrangendo todas as amostras

levantadas). No entanto, para estudos mais aprofundados, comparativo, entre um

universo limitado de arenas, é necessária a criação de um método mais específico e

menos generalista, a fim de que se defina o real desempenho ambiental e grau de

sustentabilidade de cada uma das arenas em análise.

Esta metodologia foi utilizada para identificar soluções, pontos críticos,

possibilitar avaliações, para fins de melhorias e permitir comparações, quando estes

projetos forem analisados de acordo com suas “ações de sustentabilidade”. Este

processo de análise se deu através da elaboração de gráficos e tabelas estatísticas,

apresentados à medida que foram necessários, juntos a estrutura textual.

4.2. ARENA PANTANAL

Com a síntese destes resultados, estruturada em tabelas e gráficos, se iniciou

a análise das diretrizes projetuais de sustentabilidade do principal ambiente em

construção para a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014TM

, em Cuiabá, Mato Grosso: a

Arena Pantanal, palco de quatro partidas da fase de grupos.

Page 104: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

101

Esta apreciação se deu a partir do levantamento de informações relevantes de

seu processo projetual, dos parâmetros apresentados na revisão bibliográfica até

então, de uma análise crítica, da elaboração de proposições e de eventuais compara-

ções com o extensivo levantamento de arenas sustentáveis, produzido até então.

Caso haja a necessidade de se propor retificações das diretrizes de projeto,

ou sugestões; estas terão por objetivo suprir as deficiências encontradas no projeto de

sustentabilidade da Arena Pantanal; da forma mais eficiente e o menos impactante

possível, sem detalhamentos extensivos. Espera-se que estas conjeturem melhorias,

tanto para o ambiente urbano construído, quanto para seus usuários e o meio

ambiente circundante, de forma a potencializar as ações disponíveis.

Para a realização desta etapa, contou-se com o emprego de plantas do projeto

original da Arena Pantanal, de seu entorno e de sua área de influência, impressos

e/ou em meio digital (Computer-aided Design - CAD e/ou Adobe Reader), tanto das

versões mais atualizadas, quanto dos primeiros esboços; assim como das propostas,

ilustrações e perspectivas apresentadas, previamente, para a FIFA, pelo Governo de

Mato Grosso, em sua candidatura e que foram descartadas. Estes materiais foram

obtidos de seu órgão competente a Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo -

FIFA 2014 (SECOPA), de sua precedente, a Agência Estadual de Execução dos

Projetos da Copa do Mundo do Pantanal (AGECOPA), ou do escritório paulista

idealizador do projeto: a GCP Arquitetos. Outros documentos da própria SECOPA,

GCP Arquitetos e da CONCREMAT, gerenciadora da obra, também foram

utilizados, como os correspondentes ao processo de certificação LEEDTM

e de

ratificação de sua sustentabilidade. Trabalhos acadêmicos e referenciais teóricos, que

viessem a enriquecer esta pesquisa, também não foram descartados.

Registros fotográficos da evolução da obra, de seu estádio antecedente e de

acervo próprio, obtido durante o desenvolvimento da pesquisa, também foram

empregados, quando necessários para ilustrar e exemplificar o trabalho, à medida que

não se tornassem demasiados. Imagens aéreas foram conseguidas através do emprego

do software Google Earth; e todas as iconografias foram corretamente creditadas.

Para trabalhar com estes mapas, projetos e fotografias, diversos programas de

manipulação de imagens e edição gráfica e artística foram utilizados, especialmente,

as plataformas eletrônicas Photoshop, CorelDRAW e Corel PHOTO-PAINT.

Page 105: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

102

Utilizou-se, ainda, de documentos técnicos, memoriais descritivos e

justificativos; e apresentações disponibilizadas pelo consórcio construtor da obra,

grupo formado pelas construtoras Santa Bárbara e Mendes Júnior. Pela

contemporaneidade desta temática, sua bibliografia ainda se encontra limitada, o que

fez com que jornais, revistas e mídias digitais fossem consultados constantemente,

para suprir a carência de informações técnicas relevantes, disponibilizadas por estes

meios, ao longo dos últimos anos.

De posse desses materiais coletados, foi possível iniciar o levantamento das

ações de sustentabilidade deste estádio, de forma a obter a melhor compreensão

possível, seja graficamente, seja através de registros textuais.

Inicialmente, abordaram-se as origens do Mundial de 2014, no Brasil, de

forma resumida, com a apresentação de suas subsedes, estádios, a temática dos

grandes eventos esportivos mundiais e de seus projetos de desenvolvimento urbano.

Posteriormente, foi abordada a contextualização da Copa do Mundo no Mato Grosso:

obras envolvidas, de forma compacta e ações de sustentabilidade nas áreas social,

ambiental e econômica. Por fim, sua peça fundamental o Estádio Governador José

Fragelli (nome oficial), popularmente conhecido como “Verdão” e comercialmente,

pela FIFA, denominado Arena Pantanal foi tratado.

Quando o estudo de caso for o centro das atenções, destacou-se sua

retrospectiva histórica e urbanística, o histórico de sua construção, o

desenvolvimento urbano de seu entorno, suas características gerais, e a apresentação,

concepção e ratificação do novo projeto arquitetônico para 2014.

A partir daí, o trabalho retomou os dez aspectos de sustentabilidade já

apresentados na metodologia das EcoArenas (Figura 14), com base em FIFA (2011),

John; Sheaard; Vickery (2007), Silva (2007) e Viggiano (2010).

Figura 14 - Relação dos procedimentos de verificação da sustentabilidade da Arena Pantanal

Ação 01 Ambiente Urbano e Paisagístico

Ação 02 Transporte

Ação 03 Água - Racionalização

Ação 04 Água - Conservação e Reuso

Ação 05 Energia - Fontes Renováveis

Ação 06 Energia - Demanda Minimizada

Ação 07 Materiais Ecológicos

Ação 08 Resíduos e Reciclagem

Ação 09 Conforto Ambiental Passivo

Ação 10 Conforto Ambiental Ativo

Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.

Page 106: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

103

De forma a verificar se a Arena Pantanal é realmente sustentável, com que

contornos; e através de suas análises minuciosas, descrições qualitativas, se está

adaptada aos condicionantes locais, as dez ações em análise.

Entretanto, a contribuição metodológica, aqui apresentada, não tem como

intuito esgotar, nos dez aspectos apresentados acima, todas as possibilidades de

melhoria deste empreendimento, ou de qualquer outro desta natureza que almeje a

sustentabilidade e a inovação deste setor da construção civil brasileira

(CARVALHO, SPOSTO, 2012).

Ratifica-se também, que as obras deste complexo se encontram em

andamento e seu prazo de finalização foi adiado de dezembro de 2012 para outubro

de 2013, sendo assim, muitas das diretrizes de sustentabilidade poderão ser

retificadas ao longo dos próximos meses e em função das exigências da FIFA, do

BNDES e dos demais agentes envolvidos. A importância destas entidades na

promoção da sustentabilidade fora apresentada, já, nos Capítulos 2 e 3. Quanto a

qualquer tipo de verificação e medição in loco, pelo atraso nas obras, estas também

foram prejudicadas por esta alteração de cronograma.

Com a finalização da aplicação desta metodologia espera-se que esta pesquisa

seja capaz de possibilitar uma análise crítica da sustentabilidade adotada no projeto

mato-grossense para o Mundial de 2014, possibilitando ainda uma apreciação

comparativa dos parâmetros observados na revisão bibliográfica e nos principais

exemplares internacionais catalogados. Uma eventual comparação entre a Arena

Pantanal e os outros onze estádios do Mundial de 2014 só poderia ser viabilizada

com a ratificação de todas as medidas de sustentabilidade adotadas por estas arenas,

entretanto, muitas destas projeções correm o risco de serem retificadas ao longo de

2013, período pelo qual estas ainda estarão em construção. Outrossim, pela segunda

Copa do Brasil ser considerada um Mundial com estádios “verdes e sustentáveis”, os

critérios e a metodologia de comparação deverão ser mais rigorosos e minuciosos.

Espera-se que com esta metodologia, o desenvolvimento de proposições que

visem minimizar os efeitos do ambiente urbano no meio natural, ou seja, uma maior

sustentabilidade em complexos esportivos tenha, a partir de então, um embasamento

maior; servindo para fundamentar decisões de arquitetos, engenheiros e projetistas na

hora em que estes se debruçarem sobre estes templos do esporte mundial.

Page 107: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

105

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo será apresentado o estudo de caso: Cuiabá e a Arena Pantanal;

já que esta cidade foi escolhida para ser uma das doze subsedes da XX Copa do

Mundo FIFATM

Brasil 2014 e adotou políticas de sustentabilidade para o projeto, a

execução e a gestão de seu estádio de futebol, também conhecido como “Verdão”,

popularmente, ou Estádio Governador José Fragelli, oficialmente. A primeira seção

aborda os principais exemplos de sustentabilidade de estádios de futebol levantados

pelo mundo; material que servirá de base para a análise do projeto mato-grossense. A

seção posterior apresenta a escolha do Brasil, pela segunda vez, após a Copa de

1950, para sediar o Mundial de 2014, além de suas respectivas subsedes e os projetos

das arenas. A terceira seção trata, brevemente, de Cuiabá e de sua preparação

logística para 2014. Já a quarta seção, encerra o capítulo, abordando o objeto de

pesquisa em si: a Arena Pantanal; desde seus aspectos históricos, passando pela

apresentação do projeto da GCP Arquitetos, até a avaliação dos possíveis impactos

(resultados) - abalizada nas teorias apresentadas nos capítulos anteriores sobre

sustentabilidade - esperados das medidas empregadas em sua concepção.

5.1. A SUSTENTABILIDADE EM ECOARENAS PELO MUNDO

Após um extenso levantamento dos principais palcos disponíveis para a

prática de partidas de futebol oficiais, concluídos, ou em vias de conclusão;

constatou-se que o número de estádios destinados a este esporte, ambientalmente

responsáveis, em todo o mundo, ainda é pequeno se comparado à grande difusão

deste tipo de equipamento pelos cinco continentes.

Com base na plataforma eletrônica disponibilizada por Deproft; Amadò;

Spampinato (2012), 8181 unidades foram examinadas, em todo o mundo, que

Page 108: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

106

contemplam a prática do futebol (soccer), de forma convencional, ou adaptada (o

caso, por exemplo, dos estádios de futebol americano). Destes, apenas 81, além dos

doze estádios para a XX Copa do Mundo FIFATM

Brasil 2014 (com previsão de

certificação ambiental), apresentam algum atributo relevante de sustentabilidade

ambiental associado ao seu projeto, ou a gestão e a operação de seu empreendimento.

Na TABELA 01, encontra-se uma síntese desta pesquisa, por continente. Nos

apêndices, deste trabalho, estão catalogados todos os estádios sustentáveis

levantados, com descrição completa e apresentação de suas eco medidas.

TABELA 01 - Síntese dos estádios disponíveis para a prática de futebol/sustentáveis, no Mundo.

Continente Estádios de Futebol Estádios Sustentáveis

África (54 países) 655 06

América (36 países) 3047 29 241

Ásia (49 países) 1255 13

Europa (45 países) 3018 40

Oceania (14 países) 206 05

TOTAL (198 países): 8181 93

Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.

Ou seja, neste universo, em apenas 1% dos estádios pesquisados foram

encontrados algum tipo de medida ecológica, associada ao seu processo de

constituição. Se somarmos, os 12 estádios do Mundial de 2014, esse percentual

alcança 1, 14%. Um número extremamente baixo se comparado a monumentalidade

destes projetos, aos desprendimentos econômicos elevadíssimos necessários, a

quantidade de água, energia e recursos naturais utilizados na sua construção e

operação; e na quantidade de gases poluentes desprendidos.

O trabalho de edificação de uma arena sustentável, ou melhor, com o menor

número de impactos ambientais possíveis é ainda bastante complexo e deve ser

executado com antecedência e de forma planejada. A redução destes impactos

provenientes da infraestrutura e dos equipamentos esportivos de um grande evento,

como uma Copa do Mundo, ou uma Olimpíada, só é possível com trabalhos e

241

Para a América foram considerados também os 12 estádios para o Mundial de 2014, no Brasil.

Suas fichas catalográficas não se encontram nos apêndices e sim, na próxima seção deste capítulo.

Page 109: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

107

estudos realizados previamente, durante o período de preparação destes. Muitos

projetos, hoje, são executados com a neutralização total do dióxido de carbono

emitido durante o período da construção/reforma; estes valores são calculados

através de convênios com órgãos devidamente credenciados e de renome, ligados,

geralmente, a projetos de reflorestamento, ou plantio de mudas de árvores.

Por exemplo, no “Brasil 2014 - Estudo de Impacto de Emissões em CO2

Equivalente” disponibilizado pela CO2Zero (2012) as emissões totais referentes à

construção de estádios, infraestrutura e traslados internacionais do público e das

delegações são estimadas em 11.173.210 toneladas de gás carbônico. Este valor,

segundo o mesmo estudo, é equivalente a 46.946 hectares do Pantanal (34,5%), ou ao

consumo de energia de 181.254 domicílios, o equivalente a iluminar, por um ano,

municípios como Londrina-PR, Santos-SP, ou Campos dos Goytacazes-RJ.

A inserção de características ditas “sustentáveis”, de última hora, em eventos

deste porte e em seus complexos, é conhecida pela expressão em língua inglesa

“green wash”, ou no português, “verniz verde”. Contudo, ao se analisar o processo

de produção, constata-se que a edificação nada tem de eficiente e ecológica; e que

suas características rotuladas como sustentáveis são fruto de pesadas campanhas de

marketing e promoção da cidade em questão. O estádio olímpico conhecido como

“Ninho de Pássaro” em Beijing, utilizado na Olímpiada de 2008 é um exemplo disto.

Vendeu-se como altamente ecológico, por seus gasodutos subterrâneos

que economizam energia ao aquecer e resfriar o estádio, e também por

seu sistema de tratamento de água, feito por meio de raízes de plantas

aquáticas. No entanto, sua manutenção revelou-se um problema. A

poluição e a sujeira ficam depositadas na estrutura de 110.000 toneladas

de aço, obrigando o uso de uma quantidade imensa de água para a

limpeza. A casca metálica não tem nenhuma funcionalidade, é apenas

bonita esteticamente. Requereu dez vezes mais aço do que um estádio

tradicional. O caso evidencia o possível conflito entre a ambição estética

e a ambição ecológica (MANFRIM, 2009).

Expõe-se a seguir, uma lista destas Ecoarenas, organizadas por continentes e

países de origem, de forma mais detalhada; com uma breve síntese dos principais

atributos de sustentabilidade encontrados e verificados.

Page 110: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

108

5.1.1. O Continente Africano

Ao contrário do senso comum, este continente apresenta alguns estádios

modernos e recém-construídos como: o Borg el Arab Stadium, em Alexandria, no

Egito, de 2006, com capacidade para 86.000 espectadores; o Internacional do Cairo,

também no Egito, com 74.100 lugares, renovado em 2005; o Estádio de Marrakesh,

com 45.240 assentos, de 2011, na cidade de mesmo nome, no Marrocos; além dos

também marroquinos: Stade Complexe Sportif25

, em Fez, para 45.000 pessoas, de

2003; e o Stade Ibn Batouta, em Tanger, para 45.000 espectadores, de 2011. Outro

país africano, a Tunísia conta com um dos melhores estádios africanos, em Radès, o

Estádio Olímpico de Radès, de 2001, com 60.000 lugares. Mais ao sul, Angola

possui o Estádio Onze de Novembro, na capital Luanda, para 50.000 espectadores,

de 2009; e o Estádio Nacional de Ombaka, em Benguela, de 2009, com 35.000

assentos. Outro país de língua portuguesa, Moçambique, recém-inaugurou, em 2011,

o Estádio Nacional do Zimpeto, na capital Maputo, para 42.000 pessoas. Na Nigéria,

na capital Abuja, localiza-se um estádio de mesmo nome, com 60.000 assentos, de

2003. Guiné Equatorial acomoda duas arenas modernas: o Estádio Nacional de Bata,

na cidade mais povoada do país, de mesmo nome, com uma capacidade de 35.700

lugares; e o da capital Malabo, “Novo Estádio de Malabo”, para 15.250 pessoas, de

2007. Já o Gabão teve seu estádio Stade d'Angondjé, para 40.000 torcedores,

inaugurado, em 11 de novembro de 2011, por uma partida amistosa contra a seleção

brasileira, na capital Libreville263

. Todavia, das 655 arenas esportivas levantadas,

contemporâneas, ou não, em somente seis foram encontrados elementos de projeto,

ou gestão que as tornassem empreendimentos sustentáveis (TABELA 02).

25

Segundo o jornal econômico marroquino “l’Economiste” o estádio já se encontrava abandonado e

sem manutenção um ano depois de sua inauguração (Reportagem de Youness Saad Alami, em 15 jul.

2004. Disponível em: <http://www.leconomiste.com/article/65279fes-le-complexe-sportif-l-

abandon>. Acesso em: 04 abr. 2012. 263

Os três primeiros países supracitados concorreram com a África do Sul para se tornarem a sede da

Copa do Mundo FIFA 2010 junto da Líbia. Entretanto, a FIFA rejeitou a candidatura líbia, por

questões políticas, o que fez a Tunísia desistir também, em função da candidatura conjunta. A escolha

ocorreu em 15 de maio de 2004, em Zurique, na Suíça e pelo rodízio continental imposto pela FIFA, a

Copa seria em um país africano. A África do Sul venceu a escolha com 14 votos, enquanto Marrocos

teve dez votos e o Egito nenhum voto (Fonte: <http://www.duplipensar.net/dossies/copa-do-mundo-

2010-africa-do-sul/escolha-sede-copa-mundo-2010.html>. Acesso em: 04 abr. 2012).

Page 111: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

109

TABELA 02 - Estádios disponíveis para a prática de futebol/sustentáveis, na África (54 países).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.

Page 112: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

110

Sendo assim, o único país do continente africano que apresenta arenas com

aspectos de sustentabilidade é a África do Sul. Muito da incorporação de decisões

responsáveis no âmbito social, econômico e principalmente ambiental, de forma a

deixar uma herança ambiental positiva, neste país, decorre da pressão exercida para o

Mundial de 2010, pela FIFA; que busca neste novo milênio associar sua marca e seus

Mundiais, a uma visão “ecologicamente correta”, assim como o COI, no século XX.

5.1.2. O Continente Americano

O continente com o maior número de estádios de futebol levantados (3047)

apresenta algumas divergências em relação a sua prática e arenas utilizadas; devido a

sua dimensão geográfica alongada e extensa, e pelo desenvolvimento histórico

diferente. Se na América do Sul, o futebol já apresenta associações organizadas

desde o final do século XIX como: Argentina (1893), Chile (1895) e Uruguai (1900)

e extensa popularidade com estádios exclusivos e tradicionais. Na América Central o

futebol é pouco difundido, pouco praticado, principalmente nos países do Caribe,

apresentando o beisebol como principal modalidade esportiva; o que pelas dimensões

do campo (um quarto de círculo) limita a pratica associada destas duas modalidades.

Em contrapartida, a América do Norte, apresenta uma grande quantidade de estádios,

principalmente nos EUA, onde o futebol é praticado de forma adaptada, já que o

esporte mais difundido é o futebol americano, onde o campo é mais estreito. O

Canadá apresenta características semelhantes ao seu vizinho meridional, a única

diferença é o número menor destes complexos. O único país da América setentrional,

onde o futebol tradicional é a modalidade esportiva mais popular é o México.

Em relação às questões de sustentabilidade (TABELA 03) menos de 1% de

todas as arenas apresentam algum mecanismo de projeto, ou gestão com

preocupações de cunho ambiental. O Brasil é o país que apresenta o maior número de

unidades com estas preocupações, todavia, doze destes complexos correspondem as

arenas que estão sendo construídas para a Copa do Mundo FIFATM

2014. Os Estados

Unidos são o segundo maior representante com seis arenas. Todos os outros países

levantados, que apresentam arenas sustentáveis, dispõem apenas de uma unidade, são

eles: Argentina, Canadá, Chile, Costa Rica, México e Peru.

Page 113: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

111

TABELA 03 - Estádios disponíveis para a prática de futebol/sustentáveis, na América (36 países).

* Para os Estados Unidos da América, os estádios de futebol americano também foram considerados

na contagem para a prática do futebol (soccer). Já que normalmente, estes são utilizados seguindo

algumas adaptações físicas de seus complexos esportivos.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.

Page 114: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

112

5.1.3. O Continente Asiático

O maior continente do planeta apresenta uma quantidade de estádios total

(1255) pequena se comparado somente aos EUA (1440)274

. Aproximadamente, 1%

destas arenas apresenta alguma medida de preocupação com a sustentabilidade. Foi

neste continente que uma atividade semelhante ao futebol moderno foi registrada,

pela primeira vez na história, entre os séculos III e II, antes de Cristo. Todavia, a sua

origem milenar não acompanhou a sua difusão e prática. A primeira Copa do Mundo

de Futebol Feminino ocorreu na China, somente, em 1991 e a masculina só em 2002;

em um Mundial compartilhado entre a Coreia do Sul e o Japão. Em 2018,

novamente, a Copa do Mundo será na Ásia, indiretamente, já que uma das subsedes

russas se encontra na parte oriental de seu território: Ekaterinburg, mesmo que muito

próximo dos Montes Urais. Contudo, em 2022, a Copa, pela primeira vez na história

será no Oriente Médio, no Catar, onde as temperaturas, entre junho e julho, no verão,

ultrapassam facilmente os 40° C, um problema para a prática deste esporte. Se a

sustentabilidade e a refrigeração dos estádios de 2022 ainda são uma promessa, hoje,

alguns estádios da Ásia já apresentam características sustentáveis, principalmente

aqueles utilizados no Mundial de 2002 e nas Olimpíadas de 2008 (TABELA 04).

TABELA 04 - Estádios disponíveis para a prática de futebol/sustentáveis, na Ásia (49 países).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.

274

Como forma de facilitar a pesquisa, a Rússia foi considerada totalmente constituinte do continente

Europeu, assim como, a Turquia foi considerada constituinte, exclusivamente, do continente asiático.

Page 115: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

113

TABELA 04 - Estádios disponíveis para a prática de futebol/sustentáveis, na Ásia (49 países) cont.

** Como forma de facilitar o estudo, a Turquia foi considerada, totalmente, como pertencente à Ásia.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.

5.1.4. O Continente Europeu

Na Europa pratica-se uma quantidade considerável de desportos, no entanto,

o mais popular é o futebol. Este foi criado na Inglaterra, em 1863, junto de sua

confederação, com sua formatação e regras atuais. Foi neste continente que a

primeira partida oficial entre seleções ocorreu, em 30 de novembro de 1872, na

Escócia, entre a anfitriã e a Inglaterra, em uma partida sem gols (EFO, 2012). É o

continente com o maior número de estádios voltados exclusivamente para a prática

do futebol (3018) e que apresenta uma maior quantidade de estádios sustentáveis

distribuídos por um número maior de nações. O país com o maior número de estádios

sustentáveis é a Alemanha que realizou recentemente a XVIII Copa do Mundo FIFA

de Futebol 2006TM

e a VI Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino 2011TM

. Os

dados podem ser acompanhados na TABELA 05, que se segue.

Page 116: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

114

TABELA 05 - Estádios disponíveis para a prática de futebol/sustentáveis, na Europa (45 países).

*** Como forma de facilitar o estudo, a Rússia foi considerada pertencente, totalmente a Europa.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.

5.1.5. O Continente Oceânico

Na Oceania, a influência cultural da Austrália sobre os outros países é muito

grande. Tanto que o futebol australiano, um esporte de contato originado em

Melbourne, uma de suas principais cidades, no século XIX, é largamente praticado

Page 117: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

115

não só na Austrália, onde é o mais popular, como em vários países da Oceania e até

mesmo na África do Sul. A expansão deste esporte se deve a mineiros e soldados

australianos que migraram para o exterior, no final do século XIX. Suas regras e

características derivam em parte do futebol e em parte do rúgbi. O campo é oval com

135 a 185m de comprimento, por entre 110 a 155m de largura (o mesmo tamanho e

formas utilizadas pelo críquete). Assim, diversos campos ovais na Oceania são

utilizados e adaptados para a prática do futebol tradicional (soccer). Nesta pesquisa,

a Austrália é responsável por aproximadamente 62% das amostras, seguida pela

Nova Zelândia 15% e Fiji 7%; já que, os outros países do continente apresentam

dimensões reduzidas e poucos exemplares de estádios. A sustentabilidade das arenas

também é limitada em apenas cinco unidades, ou seja, 2,4% do total; quatro na

Austrália e uma na Nova Zelândia. O continente é marcado por nunca ter recebido

uma Copa do Mundo e por já ter recebido os Jogos Olímpicos de Verão de

Melbourne, em 1956 e de Sydney, em 2000 (TABELA 06).

TABELA 06 - Estádios disponíveis para a prática de futebol/sustentáveis, na Oceania (14 países).

**** Os estádios de futebol australiano também foram considerados para a prática do futebol.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.

Page 118: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

116

5.1.6. Síntese dos Resultados de Sustentabilidade em Ecoarenas

Acompanhou-se, preliminarmente, a exposição dos 81 principais estádios

ecológicos do mundo, apenas de 1% de todo o universo pesquisado. Estádios estes

que podem ter todas as suas informações de sustentabilidade encontradas,

catalogadas individualmente, nos apêndices deste trabalho.

Como forma de sistematizar as diferentes e escassas eco medidas encontradas

estes estádios foram tabulados com base nas características comuns de suas ações de

sustentabilidade. Esta metodologia tenta equacionar, de forma abrangente, eventuais

falhas e a falta de subsídios de alguns destes complexos esportivos. Levando em

consideração as diferentes realidades socioculturais, econômicas, ambientais e

climáticas que os países detentores destes estádios apresentam.

O sistema adotado fora do tipo checklist simplificado, ou seja, quanto maior o

número de ações encontradas mais sustentável será o objeto em análise. As colunas

ilustram as ações de projeto e as linhas foram divididas por estádios, agrupados por

país de origem e continente: África (06 unidades), América (17 unidades, excluindo-

se as arenas para 2014), Ásia (13 unidades), Europa (40 unidades) e Oceania (05)

unidades. Os valores obtidos podem ser relativos, absolutos e/ou suas devidas taxas

de porcentagem por continente, ou o montante abrangendo as 81 unidades totais.

Quando se apresentou a metodologia das dez ações de sustentabilidade três

foram desmembradas para facilitar esta pesquisa: “Água” em “Racionalização” e

“Conservação e Reuso”; “Energia” em “Fontes Renováveis” e “Demanda

Minimizada” e “Conforto Ambiental” em “Passivo” e “Ativo”. Nesta tabela estas

ações estão em evidência e desmembradas, como apresentado no Capítulo 04;

diferentemente dos apêndices deste trabalho, que ao enfocar cada uma das arenas,

engloba estas medidas. Esta supressão ocorreu apenas para fins didáticos, para

potencializar um espaço de informações muito limitado e qualitativo. Dinamizando

sua leitura e facilitando o processo de redação textual.

A seguir, apresenta-se a TABELA 07 representativa da análise quantitativa

condensada dessas amostras, que colaborarão com a compreensão das preocupações

referentes à sustentabilidade da Arena Pantanal, em Cuiabá.

Page 119: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

117

TA

BE

LA

07

- A

nál

ise

quanti

tati

va

do

s as

pec

tos

de

sust

enta

bil

idad

e d

as e

coar

enas

co

nsi

der

adas

.

Fo

nte

: E

lab

ora

do

pel

o a

uto

r, 2

01

2.

Page 120: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

118

TA

BE

LA

07

- A

nál

ise

quanti

tati

va

do

s as

pec

tos

de

sust

enta

bil

idad

e d

as e

coar

enas

co

nsi

der

adas

(co

nti

nuaç

ão).

Fo

nte

: E

lab

ora

do

pel

o a

uto

r, 2

01

2.

Page 121: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

119

T

AB

EL

A 0

7 -

Anál

ise

quan

tita

tiva

do

s as

pec

tos

de

sust

enta

bil

idad

e d

as e

coar

enas

co

nsi

der

adas

(co

nti

nuaç

ão).

Fo

nte

: E

lab

ora

do

pel

o a

uto

r, 2

01

2.

Page 122: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

120

Pode-se observar com a TABELA 07, que nenhuma das arenas apresentadas

atendeu a todos os aspectos de sustentabilidade elencados, entretanto, destacaram-se

positivamente: o Moses Mabhida Stadium, em Durban, na África do Sul; a nova

Arena do Grêmio, em Porto Alegre; o CenturyLink Field, em Seattle, nos EUA; o

Aviva Stadium, em Dublin, na Irlanda; a Stockholm Arena, na Suécia e a Signal

Iduna Park, em Dortmund, na Alemanha. Todos estes estádios apresentaram

contempladas 90% das ações, coeficiente superior à média de todas as 81 amostras

que fora de 62,6% das ações.

Com estes mesmos dados, alguns gráficos estatísticos foram gerados; na

Figura 15 observam-se as diferenças entre os pesos impostos por cada uma das dez

ações apresentadas por continente e para sua média mundial. Os representantes da

África, por exemplo, apresentam quase todas as ações superiores à média global, ou

quando não muito próximas a esta, em função das exigências da FIFA, através do

Programa Green GoalTM

, para o último Mundial. A América ainda necessita trabalhar

ações como “fontes renováveis de energia” e “conservação e reuso de água”, bastante

deficitárias em seus representantes. Na Ásia, as preocupações com programas de

gestão de resíduos e reciclagem, em estádios, ainda é muito incipiente, estando o

continente muito abaixo da média global. A Europa, apesar de médias elevadas,

necessita utilizar mais materiais ecológicos em novas construções. Já a Oceania foi o

único continente onde uma ação não obteve qualquer pontuação, ou seja, nenhum

dos estádios tem a preocupação com a geração alternativa de energia.

Figura 15 - Distribuição das categorias de “Ações” por continentes e Mundo.

Fonte: Autor, 2012.

72,8 79 62,9 58 33,3 76,5 45,6 45,6 86,4 62,9

60 100

60 100 0 40 60

60 100 40

77,5

92,5 70 55

47,5 80 35

52,5

75 70

46,1

61,5

46,1 69,2 30,7

69,2 38,5

7,7 100 61,5

82,3

58,8

52,9 29,4

17,6

82,3 64,7 52,9 94,1

41,2

83,3 66,6 83,3 100

16,6 83,3 66,6 50 100

100

Ação 01 Ação 02 Ação 03 Ação 04 Ação 05 Ação 06 Ação 07 Ação 08 Ação 09 Ação 10

Val

ore

s e

m

%

África

América

Ásia

Europa

Oceania

Mundo

Page 123: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

121

Com a apresentação dos aspectos de sustentabilidade individuais (por

continente) e com o cálculo da média global, um novo gráfico pode ser gerado.

Neste, as ações de sustentabilidade são apresentadas de forma decrescente, ou seja,

das que mais se destacaram às que menos foram contempladas por arquitetos,

engenheiros e projetistas na concepção e construção de suas arenas (Figura 16).

Figura 16 - Possibilidade de interferência das “Ações” pelo Mundo.

Fonte: Autor, 2012.

As ações de sustentabilidade que menos se sobressaíram neste universo total

de estádios são exatamente as que deveriam ter maior destaque, pelo seu enorme

apelo ambiental. Questões referentes à conservação e ao reuso da água (Ação 04); ao

emprego de materiais ecológicos (Ação 07); a gestão de resíduos e a reciclagem

(Ação 08); e principalmente, as ligadas à temática energética, como a produção

através de fontes alternativas (Ação 05), deveriam ter destaque absoluto em uma

apresentação gráfica como esta. Pois, com estas pode-se prevenir e/ou minimizar a

geração de grande parte dos impactos negativos da construção civil sobre o meio

ambiente (sem nunca, claro, esquecer-se da importância das demais).

A partir de toda esta análise, nas próximas seções, serão apresentadas a Copa

do Mundo FIFA Brasil 2014TM

, suas origens; sua dinâmica em Mato Grosso; e

finalmente, a síntese introdutória deste capítulo será aplicada, como base e processo

comparativo, dos procedimentos de avaliação da sustentabilidade da Arena Pantanal.

Estádio onde, segundo seus autores, foram inseridas ações de preocupação com o

meio ambiente e conforto ambiental nas premissas para a sua concepção projetual.

0

20

40

60

80

100

Ação09

Ação02

Ação06

Ação01

Ação10

Ação03

Ação04

Ação07

Ação08

Ação05

86,4 79 76,5

72,8

62,9 62,9 58

45,6 45,6

33,3

Val

ore

s e

m

%

Page 124: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

122

5.2. A COPA DO MUNDO FIFATM

BRASIL 2014

Organizar megaeventos esportivos de repercussão internacional tornou-se,

neste início de século, uma meta explícita da política pública brasileira e de muitos

países considerados emergentes. Exemplos são inúmeros, podem-se citar: a Índia (IV

Jogos Mundiais Militares - 2007), a China (XXIX Jogos Olímpicos de Verão –

2008), a África do Sul (XIX Copa do Mundo FIFA - 2010), o Brasil (V Jogos

Mundiais Militares – 2011; XX Copa do Mundo FIFA - 2014; XXXI Jogos

Olímpicos de Verão - 2016), a Rússia (XXII Jogos Olímpicos de Inverno – 2014;

XXI Copa do Mundo FIFA – 2018) e o Catar (XXII Copa do Mundo FIFA – 2022).

Economicamente, estas nações em desenvolvimento, com parques industriais,

mercados consumidores e PIBs respeitáveis utilizam destes espetáculos esportivos

internacionais diferenciados para se firmarem, ainda mais, como potências mundiais;

ao assumir compromissos financeiros substanciais, com projetos que devem ser

planejados e concluídos em um prazo específico e inflexível (KPMG, 2009). Neste

processo, acabam acelerando seu desenvolvimento econômico, influências políticas e

reduzindo anos de mazelas e desigualdades sociais. Investimentos, que levariam

décadas para serem aplicados, são conduzidos e realizados rapidamente e com

eficiência para agradar seus citadinos e a usuários estrangeiros. Já que estes jogos são

veiculados, geralmente, a uma imagem de cidade positiva, competitiva, disciplinada,

saudável, vigorosa e empreendedora. O esporte tornou-se, no final do último século,

sinônimo de grandes espetáculos e de elevados investimentos econômicos,

materializando-se em projetos de instalações monumentais, novas concepções de

planejamento e de evolução urbana e, não, de práticas cotidianas e comunitárias.

Porém, não se deve limitar esta busca por prestígio internacional a apenas

eventos relacionados ao meio esportivo. Grandes museus, exposições internacionais

e feiras apresentam, também, forte apelo simbólico, atraindo diversas oportunidades,

tanto para empresas, quanto para investidores, ao influenciar diretamente o

desempenho econômico, político e social de um país (SIQUEIRA, 2012).

Este interesse, por estes grandes projetos urbanos, foi uma forma que as

cidades e seus gestores encontraram de se ratificarem como empresas, globalizadas e

de grande projeção internacional; não só em países periféricos, mas em todo o

Page 125: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

123

mundo a partir da década de 1980, quando houve um corte de investimentos

aplicados nas cidades, por parte das esferas centrais de governo. Assim, estas

passaram a alocar recursos e investimentos, muito mais na infraestrutura necessária

para a realização destes grandes eventos do que, propriamente, para resolver questões

básicas de sobrevivência do trabalhador como: educação, saúde, moradia e segurança

(MASCARENHAS; BIENENSTEIN; SÁNCHEZ, 2011).

Mas, para isso, são necessários planejamentos prévios das cidades e/ou países

envolvidos, que almejam se tornarem centros urbanos competitivos, no cenário

mundial de cidades. Bilhões acabam sendo investidos em projetos considerados

“faraônicos”, que colocam estes aglomerados, provisoriamente, durante seu período

de exibição, no centro de um “foco midiático” muito intenso. Telespectadores, de

todos os continentes, desfrutam, destas transformações, acompanhando-as pelos

meios de comunicação. Quanto maior a exposição midiática, mais bem sucedidos

serão seus principais objetivos, ou seja, um maior número de negócios será

viabilizado. Isso claro, sem proclamar a originalidade e criatividade do evento.

Tanto destaque acarreta uma “verdadeira guerra” entre cidades, para sediarem

tais eventos, uma vez que estes trazem consigo grandes investimentos financeiros.

De forma a “disfarçar” os bilhões a serem negociados, a compensação para a cidade

se dá através de investimentos na sua estrutura física, ao que, recorrentemente, é

associada ao termo legado (MASCARENHAS; BIENENSTEIN; SÁNCHEZ, 2011).

Um país que recebe um evento desse porte guarda, por muitos anos, a marca

de sua realização. Já que uma série de transformações é necessária, na forma de

pensar e agir, para que este venha a crescer. Este tenderá a se modernizar, será

dotado de instalações específicas e será considerado capaz de se organizar, com

extrema força econômica para captar investimentos e se tornar um grande destino

turístico. Os megaeventos esportivos tem tamanha envergadura, que são capazes de

redefinir centralidades, constituindo verdadeiros marcos na evolução urbana, já que

são calcados na lógica do mercado capitalista (SIQUEIRA, 2012).

Entretanto, a criação das imagens de seus legados (infraestrutura, redes de

telecomunicações e etc.), infelizmente, não respeita, muitas vezes, os direitos dos

seus cidadãos. Por exemplo, para facilitar a mobilidade urbana, desapropriações e

despejos são realizados contra a vontade de seus moradores, contrariando qualquer

Page 126: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

124

direito internacional. Antes mesmo do Mundial de 2014 ser iniciado, já fora

produzido um dossiê de articulação nacional dos Comitês Populares da Copa

intitulado “Megaeventos e Violações de Direitos Humanos no Brasil”, onde o

desrespeito com questões como: trabalho; moradia; informação, participação e

representação popular; meio ambiente; acesso a serviços e bens públicos;

mobilidade; e segurança pública são relatados. Este dossiê é um convite, uma

conclamação à luta, à resistência, em particular, às cidades que receberão grandes

eventos, de respeitarem os direitos humanos (ANCPC, 2011).

Polêmicas a parte, foi com a experiência dos XV Jogos Pan-Americanos de

2007, na cidade do Rio de Janeiro, que o país mergulhou em projetos de muito maior

envergadura, como: os V Jogos Mundiais Militares - 2011; a XX Copa do Mundo

FIFATM

- 2014; e os XXXI Jogos Olímpicos de Verão – 2016. A possibilidade de

acolher um grande evento esportivo traz oportunidades e desafios às cidades

candidatas, que englobam tempo, dinheiro e esforço, para investir em fatores como

liderança, propostas unificadas e credibilidade (SIQUEIRA, 2012).

O Mundial de 2014, foco desta pesquisa, será a vigésima edição do evento e

terá como anfitrião o Brasil, pela segunda vez (a primeira foi em 1950). A

competição, considerada o maior evento do entretenimento mundial, superando os

Jogos Olímpicos de Verão e a Fórmula-1, por acumular atividades culturais, shows e

etc.; trará, aqui, como slogan “Juntos num só ritmo”, será disputada entre 12 de

junho e 13 de julho, com 32 participantes e ocorrerá, pela quinta vez, na América do

Sul, depois de 36 anos de afastamento (a última ocorreu em 1978, na Argentina).

O Brasil foi a última sede da Copa do Mundo escolhida através de uma

política de rodízio de continentes implementada pela FIFA, iniciada a partir da

escolha da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Historicamente, o processo da

candidatura brasileira iniciou-se no dia 03 de junho de 2003, quando a Confederação

Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) anunciou que a Argentina, o Brasil e a

Colômbia se candidatariam à sede do evento. Em 17 de março de 2006, porém, as

federações constituintes281

da CONMEBOL votaram pela inscrição única do Brasil.

281

Os países-membros são: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru,

Uruguai e Venezuela. Guiana, Guiana Francesa e Suriname, mesmo fazendo parte da América do Sul,

aderiram à Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (CONCACAF).

Page 127: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

125

Durante este período de candidatura, os países/cidades sedes procuram se

destacar em relação aos seus concorrentes, mostrando seus atrativos turísticos, como

forma de se projetarem internacionalmente (SIQUEIRA, 2012). No entanto, com a

candidatura única do Brasil para o Mundial de 2014, a data final das inscrições foi

antecipada, pela FIFA, do dia 07 de fevereiro de 2007 para o dia 18 de dezembro de

2006. No último dia para as inscrições, porém, a Colômbia mostrou seu desejo de

receber esta competição, mas Joseph Blatter, presidente da instituição, não apoiou a

candidatura do país, que imediatamente desistiu de sediar o evento.

Com isso, em 30 de outubro de 2007, o Brasil foi ratificado o país-sede da

Copa de 2014, cristalizando sua imagem de “país do futebol”; após uma apresentação

de aproximadamente 40 minutos, focada em vídeos, com imagens de jogos da

seleção, das cidades pré-selecionadas para organizar o evento, pontos turísticos, a

explicação sobre os projetos das construções dos novos estádios e, principalmente,

nas preocupações ecológicas (FOLHA DE SÃO PAULO, 2007). A seleção foi

marcada pelo discurso de que “o futebol estava voltando para casa”, que “o Brasil é o

país do futebol”, onde “a natureza emoldura e convida para as práticas esportivas”.

Uma vez que este esporte foi elevado, em um país considerado amigável, à condição

de símbolo nacional e de integração identitária (RIBEIRO, 2003).

Grande parte desta vitória está associada ao empenho de atores privados (em

busca de benefícios políticos e econômicos) e públicos (das três esferas de governo)

e do sucesso midiático decorrente dos ainda recém-encerrados XV Jogos Pan-

Americanos de 2007, da cidade do Rio de Janeiro, de tornar o Brasil competitivo

para receber grandes eventos mundiais.

A escolha das cidades-sede ficaria para o fim de 2008, mas acabou

acontecendo em 31 de maio de 2009, em Nassau, nas Bahamas. Com a confirmação

do Brasil, uma disputa interna entre subsedes foi travada; o projeto da CBF incluía

18 cidades postulantes, mas, no máximo, doze seriam escolhidas. Dezessete estados e

o Distrito Federal se candidataram para receber o evento em suas capitais (FOLHA

DE SÃO PAULO, 2007a). Mascarenhas, Sanchez e Bienenstein (2011) apontam que

a divulgação do resultado foi uma verdadeira “guerra camuflada” de lugares. Como

exemplo, destaca-se a imposição da FIFA de que uma sede deveria representar o

bioma do Pantanal e outra o bioma da Amazônia, o que fez, respectivamente, Campo

Page 128: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

126

Grande – MS e Cuiabá – MT; e Belém – PA e Manaus – AM “duelarem” pelo

mesmo objetivo. Sendo o anúncio saudado como uma conquista e uma demonstração

de competência das cidades vencedoras, por diversos meios de comunicação. No

entanto, somente, Belo Horizonte – MG, Brasília – DF, Cuiabá – MT, Curitiba – PR,

Fortaleza – CE, Manaus – AM, Natal – RN, Porto Alegre – RS, Recife29

– PE, Rio

de Janeiro – RJ, Salvador – BA e São Paulo30

– SP foram escolhidas a partir das

propostas de criação e de ampliação dos estádios, que as mesmas possuem, e de suas

mobilidades e renovações urbanas, que contemplem a dimensão do evento. Seis

cidades foram preteridas Belém – PA, Campo Grande – MS, Florianópolis – SC,

Goiânia – GO, Maceió – AL (que foi eliminada do processo de candidatura, em

janeiro de 2009, por falta de documentos obrigatórios) e Rio Branco – AC.

A partir de então, as doze cidades-sede da Copa de 2014 deveriam cumprir

uma série de exigências estabelecidas pela FIFA conhecidas como “Programa de

Matriz FIFA”; dentre elas, destacam-se: a Arena; o entorno da Arena; a mobilidade

urbana; os campos oficiais de treinamento; o FIFA Fan Fest®; a infraestrutura

necessária; a tecnologia da informação; acomodações; turismo; comunicação,

marketing e notícias; melhorias visuais da cidade; saúde; eventos FIFA,

gerenciamento de desastres; proteção e segurança; justiça, leis e protocolos;

voluntariado; sustentabilidade; gerenciamento de gastos; fechamento de negócios;

portos, aeroportos e mercadorias; suprimentos; cultura; legados; financiabilidade;

esportes; educação; e coordenação geral do comitê organizador local. Daí, a

necessidade de um planejamento, de uma fiscalização e de um monitoramento muito

detalhado das ações a serem desenvolvidas (SECOPA, 2012h). Bem diferente da

Copa de 1950, onde o único investimento brasileiro314

fora com a construção do

29

Os jogos de Recife, na verdade, ocorrerão em um estádio localizado na Região Metropolitana da

cidade, no município de São Lourenço da Mata, a 19 km da capital de Pernambuco. 30

Originalmente, o Estádio do Morumbi era o representante de São Paulo, mas por incompatibilidades

financeiras, política e de projeto, a FIFA retirou o estádio como uma das sedes. O comitê organizador

da copa, em São Paulo, estudava a construção de um novo estádio em Pirituba, Zona Noroeste da

cidade, mas esta opção foi descartada pela inviabilidade do tempo. Com isso, o Comitê Organizador

da Copa, juntamente, com a Prefeitura e o Governo de São Paulo, decidiram que o estádio sede seria o

novo estádio do Corinthians, em Itaquera, na Zona Leste (SPINELLI, 2010). 314

O primeiro estádio brasileiro a contar com recursos públicos federais fora o Pacaembu, em São

Paulo, iniciado em 1937 e inaugurado em 1940, fruto da política estadista de Getúlio Vargas. Esta

política de “gigantismo” herdada do fascismo italiano, vigorosa no período ditatorial, fez com que,

segundo Ramos (1984), 70% dos estádios brasileiros fossem construídos com recursos públicos;

espalhando a ideologia de fomentar espetáculos populares. Por tal política, frequentemente, tais

estádios foram superdimensionados em sua capacidade, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste.

Page 129: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

127

Estádio do Maracanã, para 200 mil pessoas, 10% da população da cidade, na época.

Transportes, hotéis, comunicações, ou mesmo estádios, nenhuma exigência foi feita

pela FIFA. Comparada às mega-organizações e exigências atuais, a Copa de 1950 foi

uma “aventura amadorista, marcada por improvisos” (MÁXIMO, 2009).

A estimativa de gastos com todas estas exigências, a fim de adequar as

cidades-sedes às exigências estabelecidas pela FIFA, para a Copa de 2014 é de R$

27,4 bilhões, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), em relatório divulgado

em junho de 2012. Estes investimentos totais têm origem nas três esferas do governo

e na iniciativa privada e poderão alcançar até R$ 33 bilhões, segundo o ministro do

TCU Valmir Campelo (GLOBOESPORTE.COM, 2012). Segundo um estudo sobre

impactos socioeconômicos, organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), para o

Comitê Organizador Local (COL), a escolha do Brasil acarretará na injeção de R$

155,7 bilhões na economia brasileira, com a criação de 3,6 milhões de empregos por

ano, até o apito final da decisão da Copa do Mundo (PASSOS, 2009).

Deste montante, R$ 6,3 bilhões (VILARON, 2010), serão utilizados na

construção, ou na reforma das doze arenas das cidades-sede. Se o discurso de

candidatura do Brasil, para a Copa de 2014, era marcado pela garantia do Governo

Federal de que verbas públicas não seriam utilizadas em estádios, na prática, a

realidade é outra. Dinheiro público, oriundo do BNDES, é uma das principais fontes

destas obras, assim como, para a melhoria e a ampliação da infraestrutura urbana. A

ausência de interesse da inciativa privada, neste tipo de financiamento, foi a maior

responsável pelo engajamento dos Estados da União na construção destes. Todavia,

as obras são terceirizadas e beneficiam um número limitado de grandes construtoras

nacionais, cuja dimensão de interesse extrapola o progresso da esfera nacional.

A XIX Copa do Mundo FIFATM

2010, na África do Sul, foi marcada por

inúmeros protestos locais, agravamento das desigualdades sociais, imenso

desperdício de recursos públicos em estádios superdimensionados e muito pouco

contribuiu para melhorar a qualidade de vida de seus citadinos, que carecem, por

exemplo, de transportes públicos adequados. No entanto, grandes empreiteiras foram

beneficiadas pela especulação de terra e em função de bilhões investidos na

construção civil (REIS, 2010) (HAMILTON, HAMILTON, SHANGE, 2010).

Exemplos negativos marcaram, também, edições olímpicas como Atlanta, nos

Page 130: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

128

Estados Unidos, em 1996, Athenas, na Grécia, em 2004, Beijing, na China, em 2008

e até mesmo, Jogos Pan-Americanos, como os de San Domingo, na Republica

Dominicana, em 2003 e os do Rio de Janeiro, em 2007.

Se muitas das respostas referentes às questões econômicas e sociais da Copa

brasileira só serão respondidas após o evento, com profundas análises e estudos, as

questões ambientais se tornaram premissas para a realização desta, no país.

O Brasil, além de mostrar, em 2014, uma postura de protagonismo nas

relações internacionais, como nação de economia estável, de redução do grau de

pobreza extrema e tantos outros fatores, buscará também, reduzir os impactos

ambientais negativos e maximizar os positivos. Isso se dá através de um trabalho em

conjunto, entre as três esferas do governo, agências financiadoras, empresas públicas

e privadas, a FIFA e a população, que já vem ocorrendo e fará com que o próximo

Mundial seja o mais sustentável, “verde” de todos os tempos.

Esta é uma oportunidade de mostrar ao mundo uma mudança dos padrões, do

comportamento da construção civil e da sociedade brasileira, no que diz respeito aos

impactos gerados ao meio ambiente. Cada uma das doze cidades-sede vem se

empenhando em apresentar metas com reduzidas mazelas ecológicas, seja na gestão

da copa, seja na construção/reforma de seus estádios. É essencial construir um

ambiente para turistas, visando definir que tipo de sociedade se quer ser. Uma Copa

do Mundo não resolverá todos os problemas ambientais do Brasil, mas gerará

avanços, oportunidades e traçará diretrizes para a idealização de uma nova imagem,

mais responsável e focada em métodos com o máximo de eficiência e eficácia.

Se as preocupações ecológicas estavam no discurso da candidatura do Brasil

para o Mundial (FOLHA DE SÃO PAULO, 2007), na prática são os Estados,

principalmente, que vem se adequando às rigorosas exigências do Caderno de

Encargos da FIFA, na busca por impactos positivos e duradouros para suas cidades.

A exemplo de 2009, quando a população foi às ruas mostrar à FIFA sua decisão de

sediar a Copa, hoje, é novamente, convocado a apoiar e fiscalizar seus gestores.

Apresentam-se a seguir, fichados na metodologia comum deste trabalho, os

onze estádios a serem construídos/reformados para o Mundial de 2014, com ênfase

nas medidas de sustentabilidade adotadas, até então, por estes. O décimo segundo

estádio, a Arena Pantanal, será detalhadamente estudado nas próximas seções.

Page 131: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

129

Continente/País: América/Brasil (Copa do Mundo FIFATM

2014)

Arena da Amazônia Eco Medidas:

Figura 17 - Fonte: www.helioviana.com.br/

Acesso 26/11/2012

Entorno: Com forma inspirada na

Floresta Amazônica e em um cesto de

palha indígena se localiza, taticamente,

entre o aeroporto e o centro histórico

com presença marcante de áreas verdes.

Terá um shopping center no complexo,

quando este for administrado pela

iniciativa privada. Há um trabalho

constante de prevenção e controle de

processos erosivos e do monitoramento

mensal da emissão de ruídos.

Água: Captará e reutilizará água de

chuva para banheiros e a irrigação do

gramado, cerca de 40% de economia de

água potável; além de ser executada uma

estação própria para tratamento de

esgotos e dos efluentes gerados.

Energia: A luz solar abundante na região

deverá gerar energia limpa e renovável.

Prezará também, a eficiência energética

de equipamentos e sistemas.

Materiais: Uso de insumos locais com

economia e eficiência de processos (lean

construction). Dentre os materiais

ecológicos destacam-se o porcelanato

ecológico e o piso de borracha natural.

Resíduos: Reaproveitamento máximo de

materiais para a redução da geração de

resquícios, ao longo da construção; como

exemplo, as sobras de concreto são

utilizadas para produzir meios-fios e

pavimentos. Os resíduos gerados da

demolição do antigo Vivaldão, estádio

que ficava no mesmo terreno, foram

reciclados também de forma eficiente,

assim como os materiais que puderam ser

reutilizados em outros equipamentos. O

índice de reutilização chegou a 95%.

Conforto Ambiental: Algumas paredes

com vegetação contribuirão para a

redução dos gastos com energia e para o

controle da temperatura dentro da Arena.

A ventilação natural e cruzada se fará

presente pelos brises fixos da cobertura.

A iluminação natural será possível graças

a uma membrana translúcida tensionada.

Localização: Manaus (cidade)

Amazonas (estado)

Capacidade: 44.000 pessoas

Estimativa: 529,4 milhões (R$ reais)

Arquiteto(s): GMP e Grupo Stadia

Início da obra: 19 de março de 2010

Inauguração: Dez. de 2013 (previsão)

Outros nomes: Estádio Vivaldo Lima,

Vivaldão, Arena de Manaus

Mandante: Penarol Atlético Clube,

Atlético Rio Negro Clube (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes,

concertos musicais e eventos específicos

Eventos: Campeonato Amazonense e

Copa do Mundo FIFA Brasil 2014TM

Acesso e Transporte: Monotrilho e

Corredor de ônibus exclusivo

Fonte: ANDRADE GUTIERREZ. Sus-

tentabilidade. In: Arena da Amazônia,

2012. Disponível em:<http://arenadaama

zonia. com.br/a-obra/sustentabilidade/>.

Acesso em 24. Dez. 2012.

CORBIOLI, N. GMP e Grupo Stadia –

Arena da Amazônia, Manaus. In:

PROJETODESIGN, 2009. Disponível

em: <http://noradar.com/arquitetura/ gmp

-e-grupo-stadia-arena-da-amazonia-ma

naus/>. Acesso em 24. Dez. 2012.

FIFA. Arena Amazônia - Manaus. Dis-

ponível em: <http://pt.fifa.com/worldcup

/destination/stadiums/stadium=5007289/i

ndex.html>. Acesso em: 24 dez. 2012.

Page 132: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

130

Continente/País: América/Brasil (Copa do Mundo FIFATM

2014)

Arena da Baixada Eco Medidas:

Figura 18 - Fonte: www.globoesporte.globo.com

Acesso 26/11/2012

Entorno: Várias ações serão colocadas

em prática no estádio e no entorno,

como a melhoria e a integração do

acesso ao transporte público, instalação

de bicicletários e promoção da

utilização de veículos de baixa emissão

de gases poluentes.

Água: Captará e reutilizará água de

chuva para descargas de sanitários,

lavagem de áreas externas e a irrigação

do gramado e áreas verdes. O

reservatório contará com uma

capacidade de dois mil metros cúbicos.

Energia: A cobertura possuirá uma

usina de captação de energia solar, com

capacidade de geração de 2,3 kW, o

suficiente para abastecer quase cinco

mil casas e o próprio estádio. Será

responsável, também, pela redução da

necessidade da climatização em 60%

pela proteção do público. Prezará pela

eficiência energética de equipamentos e

sistemas elétricos, como ao utilizar

lâmpadas de baixo consumo.

Materiais: Uso predominante de

insumos locais e com algum tipo de

elemento reciclado em sua constituição.

Resíduos: Buscará a sustentabilidade

no que se refere às sobras dos materiais,

que, normalmente, encheriam os aterros

e agora passaram a ser reaproveitados.

Conforto Ambiental: Em função das

baixas temperaturas, o estádio será o

único 100% coberto, no país, com

cobertura retrátil de 15 minutos de

operação. A fachada do edifício

revestida em policarbonato potencia-

lizará a climatização dos espaços

internos em 30% em relação aos

modelos convencionais. Venezianas

permitirão, também, a facilitação da

ventilação natural.

Localização: Curitiba (cidade)

Paraná (estado)

Capacidade: 28.273 pessoas (original)

42.000 pessoas (reforma)

Estimativa: 30 milhões (US dólares)

234 milhões (reforma R$)

Arquiteto(s): Carlos Arcos Arquitetura

Início da obra: 01 de dezembro de 1997

(original) / Outubro de 2011 (reforma)

Inauguração: 20 de junho de 1999

(original) / Junho de 2013 (previsão)

Outros nomes: Estádio Joaquim Américo

Guimarães, Caldeirão do Diabo

Mandante: Clube Atlético Paranaense

Finalidade: Multiuso: esportes, concertos

musicais e eventos especializados

Eventos: Campeonato Paranaense e Copa

do Mundo FIFA Brasil 2014TM

Acesso e Transporte: Sistema de BRT

Curitiba- Estações Tubo Coronel Dulcídio,

Getúlio Vargas e Praça Osvaldo Cruz

Fonte:

LEITE, A.; FAVERO, P. Teto Retrátil é

o Diferencial da Arena Paranaense. In:

Estadão Esportes, 01 nov. 2012. Dispo-

nível em: <http://www.estadao.com.br/

especiais/teto-retratil-e-o-diferencial-da-

arena-paranaense,186787.htm>. Acesso

em: 24 dez. 2012.

Page 133: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

131

Continente/País: América/Brasil (Copa do Mundo FIFATM

2014)

Arena das Dunas Eco Medidas:

Figura 19 - Fonte: www.marcosdantas.com/sites/

Acesso 26/11/2012

Entorno: Foi projetado, originalmente,

dentro de um complexo sustentável

com hotéis, centro de convenções e

torres de escritórios e residenciais. A

forma remete as dunas de Natal, repre-

sentadas pela assimetria de sua forma.

Água: As águas pluviais serão

captadas, tratadas e direcionadas para

um reservatório; de onde, serão

constantemente reutilizadas na limpeza

e irrigação. Os sanitários contarão com

equipamentos que reduzem o consumo

de água. Haverá ainda uma estação de

tratamento de esgoto que tratará os

efluentes para a reutilização.

Energia: As necessidades do estádio

deverão ser supridas com energia solar,

captada por dois tipos de equipamentos:

placas fotovoltaicas instaladas na

cobertura e uma espécie de "antena

parabólica" que absorve os raios. De

forma a evitar desperdícios, o gerencia-

mento energético será informatizado.

Materiais: A estrutura mista de aço e

concreto será em parte desmontável – o

que reduz o custo com a manutenção.

No entorno, será dada prioridade a

recursos renováveis e insumos

produzidos no próprio Estado.

Resíduos: Mensalmente, o canteiro de

obras da Arena das Dunas produz entre

duas e quatro toneladas de resíduos.

Através de um programa interno, todo o

material reciclável é separado e

destinado para coleta.

Conforto Ambiental: A cobertura é

feita de um tecido termoacústico, que

favorece a ventilação, minimiza os

efeitos da insolação, facilita a

penetração de luz natural e entre suas

“pétalas” exibirá calhas vazadas que

facilitarão o escoamento da água da

chuva. É o mesmo material utilizado no

Cubo d’Água Olímpico de Pequim.

Localização: Natal (cidade)

Rio Grande do Norte (estado)

Capacidade: 42.623 pessoas (Copa)

32.000 pessoas (Pós-Copa)

Estimativa: 417 milhões (R$ reais)

Arquiteto(s): Populous Architects e

Coutinho, Diegues e Cordeiro Arquitetos.

Início da obra: 15 de agosto de 2011

Inauguração: Dez. de 2013 (previsão)

Outros nomes: Estádio João Cláudio de

Vasconcelos Machado, Machadão

Mandante: América Futebol Clube (RN)

Finalidade: Multiuso: esportes, concertos

musicais e eventos especializados

Eventos: Campeonato Potiguar e Copa do

Mundo FIFA Brasil 2014TM

Acesso e Transporte: Obras do BRT e

mobilidade encontram-se com atrasos,

Arena limitada a corredores de ônibus

Fonte:

LEITE, A.; FAVERO, P. Arena das

Dunas Será um Marco na Paisagem da

Cidade. In: Estadão Esportes, 24 nov.

2012. Disponível em: <http://www.esta

dao.com.br/noticias/esportes,arena-das-du

nas-sera-um-marco-na-paisagem-da-cida

de,964644,0.htm>. Acesso: 24 dez. 2012.

MANFRIM, J. Gramados Ainda Mais

Verdes. In: Revista Veja Ambiente, 25

nov. 2009. Disponível em: <http://veja.

abril.com.br/251109/estadios.shtml>.

Acesso em: 24 dez. 2012.

Page 134: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

132

Continente/País: América/Brasil (Copa do Mundo FIFATM

2014)

Arena de Itaquera Eco Medidas:

Figura 20 - Fonte: www.surgiu.com.br

Acesso 26/11/2012

Entorno: O entorno do estádio terá o

plantio de muitas árvores, além do uso

de piso drenante, para evitar problemas

com o acúmulo de água. O terreno

estreito foi explorado ao máximo, se

tornando acessível ao reduzir o número

de escadas no pavimento térreo.

Água: Além do reuso da água de

chuva, os banheiros serão sofisticados,

com vasos sanitários importados do

Japão, que dispensam papel higiênico:

um dispositivo promove a limpeza com

jatos de água e secagem por ar quente.

Energia: A iluminação equivalerá a 4

mil lux, o dobro do que se viu nos está-

dios da África do Sul. A ideia é repro-

duzir a luz diurna nos jogos noturnos.

A cobertura e as laterais do gramado

contarão com placas fotovoltaicas para

captação de energia solar (1MW). Além

disso, toda estrutura da arena foi

preparada para receber equipamentos

de captação de energia eólica.

Materiais: Parte das arquibancadas, dos

setores atrás dos gols, será desmontada

reduzindo a capacidade da arena pós-

mundial o que amortizará custos com

manutenção. Por São Paulo ser um

centro industrial por excelência, grande

parte dos insumos será fabricada no

próprio Estado movendo sua economia.

Destaca-se a fachada de vidros curvos,

a envoltória com cerâmica branca e a

cobertura com manta emborrachada.

Resíduos: Minimizará as sobras dos

materiais gerados ao longo da constru-

ção com a devida separação e destina-

ção finais de forma mais ecológica.

Conforto Ambiental: A refrigeração

atenderá os 70 mil metros quadrados

construídos, inclusive os banheiros. As

aberturas nos fundos do campo

favorecerão a ventilação cruzada e a

iluminação natural. A cobertura terá

isolamento térmico na parte superior,

junto à membrana transparente.

Localização: São Paulo (cidade)

São Paulo (estado)

Capacidade: 65.807 pessoas (Copa)

45.807 pessoas (Pós-Copa)

Estimativa: 820 milhões (R$ reais)

Arquiteto(s): DDG e CDCA Arquitetos

(Coutinho, Diegues e Cordeiro)

Início da obra: 30 de maio de 2011

Inauguração: Dez. de 2013 (previsão)

Outros nomes: Arena São Paulo, Arena

Corinthians, Itaquerão, Fielzão

Mandante: S. C. Corinthians Paulista

Finalidade: Multiuso: esportes, concertos

musicais e eventos especializados

Eventos: Campeonato Paulista e Copa do

Mundo FIFA Brasil 2014TM

Acesso e Transporte: Estações do metrô e

da CPTM - Companhia Paulista de Trens

Metropolitanos

Fonte: AMADO, R. Os Luxos que o

Futuro Itaquerão Deverá Oferecer. In:

EXAME.COM, 18 jun. 2012. Disponível

em: <http://exame.abril.com.br/estilo-de-

vida/entretenimento/noticias/os-luxos-que-

o-futuro-itaquerao-devera-oferecer/>.

Acesso em: 24 dez. 2012.

CDC ARQUITETOS. Entenda Melhor o

Projeto da Arena Corinthians. In: Rumo

à Itaquera, 27 set. 2011. Disponível em:

<http://rumoaitaquera.blogspot.com.br/20

11/09/entenda-melhor-o-projeto-da-arena.

html>. Acesso em: 24 dez. 2012.

Page 135: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

133

Continente/País: América/Brasil (Copa do Mundo FIFATM

2014)

Arena Fonte Nova Eco Medidas:

Figura 21 - Fonte: www.radios.redecol.com.br/

Acesso 26/11/2012

Entorno: Preocupação com a inserção

da Arena na paisagem, através de sua

forma em “ferradura” com abertura

para o Dique do Tororó. O que viabiliza

megaestruturas sem danificar o relvado. Vagas preferenciais para veículos com

baixa emissão de CO2, tais como

veículos do tipo “flex”, que funcionam

a etanol serão delimitadas também.

Água: Reaproveitará as águas pluviais,

com coleta a partir da cobertura, após

processo de filtragem e reservação.

Reutilizará esgoto tratado, através de

uma estação de tratamento própria e

racionalizará o uso da água em seus

equipamentos hídricos e sanitários.

Energia: Utilizará energia solar para

aquecimento de água e para geração de

energia elétrica para suas necessidades.

Materiais elétricos e eletrônicos serão

os mais eficientes possíveis.

Materiais: Destaque para materiais

regionais e com algum elemento

reciclado em sua constituição. Corpos

de prova, por exemplo, são reutilizados

para a pavimentação do complexo. A

cobertura em PTFE reduz a utilização

de 30 a 40% de estruturas metálicas.

Resíduos: 100% dos resíduos gerados

com a demolição do antigo estádio

foram reutilizados na própria obra e em

outras obras de infraestrutura de

Salvador e da Região Metropolitana. Os

resíduos gerados ao longo da

construção, também são reaproveitados

ao máximo no próprio canteiro.

Conforto Ambiental: Empregará brises

(quebra-sol) nas fachadas, para o

aproveitamento da ventilação e da

iluminação natural. O sistema de refri-

geração será ambientalmente favorável,

com a eliminação dos fluidos que

agridem a camada de ozônio. A própria

forma da edificação facilita a ventilação

e a iluminação naturais.

Localização: Salvador (cidade)

Bahia (estado)

Capacidade: 50.000 pessoas

Estimativa: 591,7 milhões (R$ reais)

Arquiteto(s): Marc Duwe e Claas Schulitz

Início da obra: 29 de agosto de 2010

Inauguração: 29/03/2013 (previsão)

Outros nomes: Estádio Octávio

Mangabeira, Estádio Fonte Nova

Mandante: Esporte Clube Bahia (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concertos

musicais e eventos especializados

Eventos: Campeonato Baiano, Brasileirão

2013, Copa das Confederações FIFA,

Copa do Mundo FIFA Brasil 2014TM

e

Jogos Olímpicos de Verão Rio 2016

Acesso e Transporte: Estações do metrô

Pólvora e Brotas que encontram-se ainda

fora de operação da Linha 01 de Salvador

Fonte:

ARENA FONTE NOVA. Arena

Sustentabilidade. In: Portal Arena Fonte

Nova, 2012. Disponível em: <http://www.

arenafontenova.com.br/a-arena/sustentabili

dade/>. Acesso em: 24 dez. 2012.

Page 136: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

134

Continente/País: América/Brasil (Copa do Mundo FIFATM

2014)

Arena Pernambuco Eco Medidas:

Figura 22 - Fonte: www.veja.abril.com.br/noticia/

Acesso 26/11/2012

Entorno: A Arena Pernambuco é o

ponto de partida para a Cidade da Copa,

um novo núcleo urbano em São

Lourenço da Mata, onde serão

preservados mais de 600 mil metros

quadrados de Mata Atlântica nativa.

Água: Captará e reutilizará água de

chuva para banheiros e a irrigação do

gramado, além de ser executada uma

estação própria para o tratamento de

esgotos e dos efluentes gerados. Adotará materiais e dispositivos

economizadores de água.

Energia: Contará com uma usina solar

com capacidade para gerar 1MW de

energia, o suficiente para atender ao

consumo médio de seis mil brasileiros.

Todos os equipamentos como telões em

LED, câmeras especializadas, sonoriza-

ção e iluminação além de atenderem

aos padrões internacionais terão sua

eficiência elevada e menor consumo. A

água a ser utilizada em vestiários e na

cozinha será aquecida por energia solar,

reduzindo o consumo de energias

convencionais em até 85%.

Materiais: A fachada que a princípio

seria toda em vidro teve seu material

substituído pelo ETFE (Etileno Tetra-

fluoretileno) uma solução mais

ecológica e que exigirá menos insumos.

Resíduos: A Arena conta com recipien-

tes de coleta seletiva espalhados em

vários pontos para a correta destinação

dos materiais e resíduos separados.

Conforto Ambiental: Empregará ao

máximo mecanismos de aproveitamen-

to da iluminação e da ventilação

naturais como forma de evitar o

consumo desnecessário de energia

elétrica em prol do conforto ambiental.

Localização: São Lourenço da Mata /

Recife (cidade) - Pernambuco (estado)

Capacidade: 46.160 pessoas

Estimativa: 532 milhões (R$ reais)

Arquiteto(s): Daniel Fernandes

Início da obra: Agosto de 2010

Inauguração: 14 de abril de 2013 (prev.)

Outros nomes: Arena Capibaribe

Mandante: Clube Náutico Capibaribe

Finalidade: Multiuso: esportes, concertos

musicais e eventos especializados

Eventos: Copa das Confederações 2013 e

Copa do Mundo FIFA Brasil 2014TM

Acesso e Transporte: Estação do metrô

Cosme e Damião e BRT (em construção)

Fonte: BRASIL. Arena Pernambuco. In:

Portal da Copa, 2012. Site do Governo

Federal sobre a Copa do Mundo FIFA

2014TM

. Ministério dos Esportes.

Disponível em: <http://www.copa2014.

gov.br/pt-br/arena/recife>. Acesso em: 26

dez. 2012.

ODEBRECHT. Arena Pernam-buco:

Canteiro de Proteção Ambiental. In:

Revista Arena, 27 set. 2012. Disponível

em: <http://www.cidadedaco pa.com.br/pt/

especiais/arena-pernambuco/2012/09/27/

NWS,132,18,126,PT,2305-ARENA-PER

NAMBUCO-CANTEIRO-PROTECAO-

AMBIENTAL.aspx>. Acesso em: 24 dez.

2012.

Page 137: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

135

Continente/País: América/Brasil (Copa do Mundo FIFATM

2014)

Estádio Beira-Rio Eco Medidas:

Figura 23 - Fonte: www.img341.imageshack.us/

Acesso 26/11/2012

Entorno: Criará um estacionamento

exclusivo para veículos menos

poluentes. Os pisos serão em blocos

intertravados que aumentam a

permeabilidade. Além disso, o projeto

tenta se integrar de forma definitiva a

orla do Guaíba e ao contexto de parque

ecológico-urbano de Porto Alegre.

Água: Será instalado um sistema de

coleta de águas pluviais para irrigação

do gramado e jardins, limpeza de áreas

externas e descargas de banheiros.

Energia: Contará com a análise

energética desenvolvida através de

softwares especializados e o controle da

iluminação. Há um estudo para a

instalação de placas fotovoltaicas, na

cobertura, e a possível redução do uso

da rede pública de energia elétrica.

Materiais: Destaque para materiais

regionais e com algum elemento

reciclado em sua constituição. Está

gerando uma mudança no mercado de

fornecedores da construção civil em

prol de produtos certificados. O concre-

to originário das demolições do antigo

estádio, a exemplo, é transformado em

brita reciclada para nova reutilização.

Resíduos: O clube já conta com um

programa de separação e reciclagem do

lixo e estuda a possibilidade de utilizar

a grama cortada como adubo para o

relvado, por meio de compostagem.

Conforto Ambiental: Empregará uma

cobertura em Politetrafluoretileno-

PTFE (Teflon®), material com maior

durabilidade, reciclado e translúcido

que absorve menos calor e permite o

aproveitamento mais eficiente da luz

solar e das correntes de vento, evitando

gastos excessivos e desnecessários com

iluminação artificial e condicionadores

de ar.

Localização: Porto Alegre (cidade)

Rio Grande do Sul (estado)

Capacidade: 61.000 pessoas (original)

52.000 pessoas (reforma)

Estimativa: 330 milhões (R$ reforma)

Arquiteto(s): Rui Tedesco (original)

Hype Studio (reforma)

Início da obra: 1959 (original)

12 de dezembro de 2010 (reforma)

Inauguração: 06 de abril de 1969

(original) / Dezembro de 2013 (previsão)

Outros nomes: Est. José Pinheiro Borda

Mandante: Sport Club Internacional

Finalidade: Multiuso: esportes, concertos

musicais e eventos especializados

Eventos: Campeonato Brasileiro e Copa

do Mundo FIFA Brasil 2014TM

Acesso e Transporte: Terminal Sul (Beira-

Rio) de BRT (em projeto/estudo)

Fonte: BRASIL. Beira-Rio. In: Portal da

Copa, 2012. Site do Governo Federal

sobre a Copa do Mundo FIFA 2014TM

.

Ministério dos Esportes. Disponível em:

<http://www.copa2014.gov.br/pt-br/arena

/porto-alegre>. Acesso em: 26 dez. 2012.

OLIVEIRA, D. Projeto Gigante Para

Sempre. In: Portal Oficial do Governo do

Rio Grande do Sul, 20 jun. 2012.

Disponível em: <http://www.copa2014.rs.

gov.br/conteudo/1515/beira-rio-e-uma-das

-oito-arenas-da-copa-com-acoes-sustenta

veis>. Acesso em: 24 dez. 2012.

Page 138: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

136

Continente/País: América/Brasil (Copa do Mundo FIFATM

2014)

Estádio Castelão Eco Medidas:

Figura 24 - Fonte: www.oestadoce.com.br/noticia/

Acesso 26/11/2012

Entorno: Ao longo da construção

medidas de proteção do entorno foram

adotadas como a proteção das bocas de

lobo para reter os detritos e não obstruir

a tubulação da rede pluvial municipal,

lava-rodas que evitam que os sedimen-

tos presos nas rodas dos caminhões

sujem as vias públicas, dentre outros.

Água: O estádio conta com coleta de

águas pluviais com tratamento, para

que o armazenamento não prejudique a

qualidade das águas. Esta reserva é

utilizada na manutenção do gramado,

limpeza e descargas dos banheiros. As

últimas apresentam duplo acionamento.

Energia: A área coberta do Castelão é

de 15,2 mil m²; já a área útil para

geração de energia fotovoltaica é de

12,2 mil m² para possíveis 1,73 MW. A

iluminação em LED e dos 332

refletores pode ser abastecida, também,

por placas de energia solar.

Materiais: Deu-se destaque ao empre-

go de insumos locais e ao uso de

materiais que apresentassem em sua

composição algum tipo de reciclado.

Resíduos: Grande parte dos materiais

descartados da reforma do Castelão

foram doados para estádios do interior,

como o Romeirão em Juazeiro do Norte

que recebeu 8.600 cadeiras, 50 refleto-

res, o placar eletrônico e as estruturas

metálicas dos bancos de reserva. 36 mil

toneladas de concreto da demolição de

parte do antigo estádio foram utilizadas

na pavimentação do estacionamento.

Conforto Ambiental: O lado externo da

arena é revestido por uma pele de vidro,

que reflete os raios solares e ameniza o

calor e chapas de aço inox furadas que

permitem a circulação de ar. A cobertu-

ra com telhas metálicas revestidas com

material isolante e policarbonato ame-

nizam o calor ao mesmo tempo em que

permitem o aproveitamento da ilumina-

ção natural.

Localização: Fortaleza (cidade)

Ceará (estado)

Capacidade: 60.326 pessoas (original)

63.903 pessoas (reforma)

Estimativa: 518,6 milhões (R$ reforma)

Arquiteto(s): José Liberal de Castro,

Gerhard Ernst Borman, Reginaldo Mendes

Rangel, Marcílio Dias de Luna e Ivan da

Silva Britto (original) / Escritório

Vigliecca & Associados (reforma)

Início da obra: 1969 (original)

31 de março de 2011 (reforma)

Inauguração: 11 de novembro de 1973

(original) 16 de dez. de 2012 (reforma)

Outros nomes: Gigante da Boa Vista,

Estádio Governador Plácido Castelo

Mandante: Ceará Sporting Club, Fortaleza

Esporte Clube e Ferroviário Atlético Clube

Finalidade: Multiuso: esportes, concertos

musicais e eventos especializados

Eventos: Campeonato Cearense, Copa das

Confederações FIFA, Copa do Mundo

FIFA Brasil 2014TM

e Brasileirão

Acesso e Transporte: BRT Alberto

Craveiro (em construção/execução)

Fonte: BRASIL. Novo Castelão: Preocu-

pação Ambiental, Uma das Marcas do

Projeto. In: Portal da Copa, 16 dez. 2012.

Ministério dos Esportes. Disponível em:

<http://www.copa2014.gov.br/pt-br/noti

cia/novo-castelao-sustentabilidade-uma-

das-marcas-do-projeto>. Acesso 24/12/12.

Page 139: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

137

Continente/País: América/Brasil (Copa do Mundo FIFATM

2014)

Estádio do Maracanã Eco Medidas:

Figura 25 - Fonte: www.maracanario2014.com.br/

Acesso 26/11/2012

Entorno: O projeto que tornará o

estádio “verde” inclui a diminuição nas

emissões de CO2, que causam o efeito

estufa, melhoria nas condições do

ambiente e a preservação de árvores ao

longo do canteiro de obras.

Água: A economia dos recursos hídri-

cos, através da captação, armazenamen-

to e reutilização de toda a água de

chuva e da água de irrigação do campo

de jogo, por exemplo, proporcionarão

uma redução no consumo em 30%.

Energia: Serão utilizadas lâmpadas,

luminárias e equipamentos com alta

eficiência energética, além de 1.560

painéis fotovoltaicos instalados na

cobertura do estádio, que vão produzir

energia limpa equivalente ao consumo

de mais de 200 residências evitando a

emissão de 2.560 toneladas de gás

carbônico na atmosfera.

Materiais: Insumos locais tem

preferencia. Dentre os materiais

ecológicos destacam-se: o barro que sai

dos pneus dos veículos que também é

reaproveitado e já rendeu 4.200 m³ de

matéria prima para fazer telhas e tijolos

ecológicos e a campanha nacional para

recolher garrafas PET para a produção

dos assentos de todo o estádio.

Resíduos: A meta é que 75% dos resí-

duos da obra não cheguem a aterros. Os

17 mil m³ de aço retirados na demoli-

ção do antigo Maracanã foram recicla-

dos, 84 mil cadeiras foram reutilizadas

e mais de 1.000 m³ de solo de alto nível

foram enviados para ajudar no

reflorestamento da Mata Atlântica.

Conforto Ambiental: Empregará uma

cobertura em membrana de fibra de

vidro e teflon de alta tecnologia (PTFE)

que facilitará a ventilação e a ilumina-

ção naturais. Equipamentos de refriger-

ação, ventilação e iluminação serão

monitorados por um sistema central o

que facilitará a resolução de problemas.

Localização: Rio de Janeiro (cidade)

Rio de Janeiro (estado)

Capacidade: 200.000 pessoas (original)

79.000 pessoas (reforma)

Estimativa: 859,9 milhões (R$ reforma)

Arquiteto(s): W. Ramos, R. Galvão, M.

Feldman, O.Valdetaro, O. Azevedo, Pedro

P. B. Bastos e A. D. Carneiro (original) /

Daniel Fernandes e Empresa de Obras

Públicas do Estado do RJ (Reforma)

Início da obra: 02 de agosto de 1948

(original) / Agosto de 2010 (reforma)

Inauguração: 16 de junho de 1950

(original) / 28 de mai. de 2013 (previsão)

Outros nomes: Estádio Jornalista Mário

Filho, Maraca, Templo do Futebol

Mandante: Seleção Brasileira, Fluminense

F. C. e C. R. Flamengo (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concertos

musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Mundo FIFA de 1950 e

2014, XV Jogos Pan-Americanos 2007,

Copa das Confederações 2013, XXI Jogos

Olímpicos de Verão 2016 e Brasileirão.

Acesso e Transporte: Estações do metrô e

trem: Maracanã e São Cristóvão

Fonte: COLBERT, M. Maracanã Vai se

Tornar Exemplo de Estádio Ecologica-

mente Correto. In: Governo do RJ, 27

mai. 2011. Disponível em: <http://www.

rj.gov.br/web/seobras/exibeconteudo?artic

le-id=476966>. Acesso em: 24/12/12.

Page 140: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

138

Continente/País: América/Brasil (Copa do Mundo FIFATM

2014)

Estádio do Mineirão Eco Medidas:

Figura 26 - Fonte: BCMF Arquitetos /

Minas Arena

Entorno: Uma esplanada foi crida

interligando o Estádio ao ginásio do

Mineirinho favorecendo a integração do

complexo ao seu entorno e a Lagoa da

Pampulha, patrimônio municipal. Foi

feito um controle da emissão de poeira,

ao longo da obra, também.

Água: Reusa água de chuva, através de

um reservatório com seis milhões de

litros, para limpeza da área externa,

descargas de sanitários e para a

irrigação de áreas verdes e do gramado.

Energia: Outra marca importante está

na cobertura: uma usina solar é capaz

de transformar a radiação em energia

elétrica. As placas fotovoltaicas presen-

tes na cobertura têm potência de 1,6

megawatt e captarão energia suficiente

para suprir a demanda de cerca de 1200

residências de médio porte. A ilumi-

nação do estádio tem como característi-

ca a alta eficiência e o baixo consumo,

com sistema elétrico inteligente.

Materiais: Produtos sustentáveis e

locais foram priorizados. Qualquer tinta

que não fosse à base de água, por

exemplo, não foi utilizada na obra.

Resíduos: Houve a reciclagem do aço e

do concreto, materiais oriundos da

demolição do antigo Mineirão. Cerca

de 90% do entulho da obra foi

reaproveitado. As antigas cadeiras

foram doadas a outros equipamentos

esportivos do estado. As árvores

derrubadas foram destinadas a artesãos

que deram finalidade a madeira. Foi

organizado um sistema de coleta seleti-

va de lixo e armazenamento de resíduos

Conforto Ambiental: O tecido

semitransparente utilizado na cobertura

suaviza a sombra projetada no

gramado, evitando áreas muito escuras

ao lado de outras muito claras, além de

favorecer a iluminação e a ventilação

naturais da Arena.

Localização: Belo Horizonte (cidade)

Minas Gerais (estado)

Capacidade: 130.000 pessoas (original)

64.000 pessoas (reforma)

Estimativa: 695 milhões (R$ reforma)

Arquiteto(s): Eduardo Mendes Guimarães

Júnior e Gaspar Garreto (original) /

Gustavo Penna e GMP (reforma)

Início da obra: 25 de fevereiro de 1960

(original) / Julho de 2010 (reforma)

Inauguração: 05 de setembro de 1965

(original) / 21 de dezembro de 2012

Outros nomes: Estádio Governador

Magalhães Pinto

Mandante: Clube Atlético Mineiro,

Cruzeiro Esporte Clube (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concertos

musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Mundo FIFA de 2014,

Copa das Confederações 2013, XXI Jogos

Olímpicos de Verão 2016 e Brasileirão

Acesso e Transporte: Corredor de ônibus

Pedro II, integração com o BRT

Fonte: BRASIL. Novo Mineirão: Obra

Verde em Busca da Certificação LEED.

In: Portal da Copa, 21 dez. 2012. Site do

Governo Federal sobre a Copa do Mundo

FIFA 2014TM

. Ministério dos Esportes.

Disponível em: <http://www.copa2014.

gov.br/pt-br/noticia/novo-mineirao-obra-

verde-em-busca-da-certificacao-leed>.

Acesso em: 24 dez. 2012.

Page 141: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

139

Continente/País: América/Brasil (Copa do Mundo FIFATM

2014)

Estádio Nacional de Brasília Eco Medidas:

Figura 27 - Fonte: www.brasilimperdivel.tur.br/

Acesso 26/11/2012

Entorno: Integrado a arquitetura mar-

cante de Brasília, o Estádio faz referên-

cia as colunatas da capital. Utilizará

materiais permeáveis no entorno para

facilitar a percolação da água de chuva.

Água: Quatro reservatórios para capta-

ção de água da chuva estão em fase de

construção. A água será armazenada em

cisternas com 350m³ de capacidade e

utilizada em vasos sanitários, mictórios,

irrigação e lavagem em geral. A

implantação do sistema prevê uma

economia de até 40% do consumo.

Energia: Para economizar e otimizar a

iluminação de algumas áreas do

estádio, haverá a substituição de

lâmpadas normais pela tecnologia LED,

20% mais econômicas. A cobertura

contará com cerca de 9,6 mil painéis

fotovoltaicos que serão capazes de

gerar 3,5 milhões de quilowatt por ano,

tornando o estádio o primeiro no

mundo a ser autossuficiente em

produção de energia e, ainda, produzir

excedente que será utilizado na cidade.

Materiais: A estrutura da cobertura, um

de seus elementos mais marcantes,

além de servir para proteger o público e

ser autolimpante será revestida de

dióxido de titânio, que em contato com

a água da chuva, libera oxigênio para a

atmosfera. Cada metro quadrado da

cobertura retirará da atmosfera, por

hora, o equivalente aos gases poluentes

produzidos por 88 veículos. As cadeiras

do estádio serão confeccionadas com

garrafas PET recicladas e doadas.

Resíduos: A produção de resíduos é a

menor possível com sua correta

separação, gestão e destinação final.

Conforto Ambiental: A cobertura

liberará a passagem de iluminação e

ventilação naturais e refletirá os raios

solares, reduzindo o calor interno e a

necessidade do uso refrigeradores.

Localização: Brasília (cidade)

Distrito Federal (unidade)

Capacidade: 71.400 pessoas (original)

Estimativa: 812,2 milhões (R$ reais)

Arquiteto(s): Eduardo de Castro Mello,

Vicente de Castro Mello e GMP

Início da obra: Agosto de 2010

Inauguração: Fev. de 2013 (previsão)

Outros nomes: Estádio Mané Garrincha

Mandante: Brasília Futebol Clube e

Brasiliense Futebol Clube (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concertos

musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Brasil de Futebol

Feminino 2007, Copa das Confederações

FIFA Brasil 2013TM

e Copa do Mundo

FIFA Brasil 2014TM

Acesso e Transporte: Estação Central de

Brasília (metrô) a 4,5km do Estádio. As

obras do VLT estão paralisadas e não

ficarão prontas até o Mundial de 2014

Fonte: BRASIL. Ações Sustentáveis do

Estádio Nacional de Brasília São

Apresentadas nos Estados Unidos. In:

Portal da Copa, 14 nov. 2012. Site do

Governo Federal sobre a Copa do Mundo

FIFA 2014TM

. Ministério dos Esportes.

Disponível em: <http://www.copa2014.go

v.br/pt-br/noticia/acoes-sustentaveis-do-

estadio-nacional-de-brasilia-sao-apresenta

das-nos-estados-unidos> Acesso: 26/12/12

Page 142: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

140

5.3. CUIABÁ E A COPA DO PANTANAL

Localizada no centro geodésico do continente sul-americano, Cuiabá é

famosa pelas suas altas temperaturas, pela sua riqueza cultural, por ser a porta de

entrada de importantes destinos turísticos nacionais321

e por abranger três dos

principais biomas brasileiros: o Pantanal, o Cerrado e a Amazônia332

. Esta riqueza

ambiental, em grande parte preservada, lhe conferiu o apelido de “Cidade Verde”.

Este predicativo fora, exatamente, utilizado pelo município, fundado por

bandeirantes em 1719, em sua candidatura vitoriosa para receber a Copa do Mundo

FIFATM

Brasil 2014. Assim, seus 551.098 habitantes (IBGE, 2010) receberão, pela

primeira vez, em 2014, um grande evento internacional. Se anteriormente fora

destino de exploradores e aventureiros, que partiam de São Paulo em busca do ouro

farto da região, hoje, será destino de quatro partidas da primeira fase do Mundial.

A “Cidade Verde”, apesar de contar com um Índice de Desenvolvimento

Humano - IDH 0.821 (PNUD, 2000) elevado, ser o centro de serviços, comércio,

agronegócio e da indústria do Estado, têm uma estrutura modesta para receber um

evento desta magnitude. A rede hoteleira, por exemplo, conta atualmente com 6.710

leitos, em 3.271 apartamentos, com previsão de expansão de 1.400 leitos; isso,

incluindo a cidade de Várzea Grande, com a qual é conurbada (SINAENCO, 2009).

Não é só a infraestrutura que é modesta, seu futebol também. O Mixto

Esporte Clube, o Cuiabá Esporte Clube, o Clube Esportivo Dom Bosco, além do

Operário Futebol Clube, da Vizinha Várzea Grande são suas equipes mais

expressivas. Entretanto, nenhuma delas se encontra nas renomadas Séries A e B, do

Campeonato Brasileiro de Futebol. O Cuiabá E. C., atualmente, na série C, junto do

Luverdense, equipe de Lucas do Rio Verde, município do norte de Mato Grosso; e o

Mixto, na Série D, são suas equipes mais bem posicionadas. Esta difusão do futebol

321

Destacam-se os balneários turísticos de Chapada dos Guimarães, famoso por suas cachoeiras;

Poconé, cidade sede do miolo pantaneiro; e Nobres, recanto ecoturístico do Estado, dentre outros. 332

O bioma amazônico ocupa 480.215 km² (53,6%) de área, principalmente, no norte do Estado e é

caracterizado pela vegetação predominantemente florestal. O cerrado ocupa 354.823km² (39,6%) de

área, na porção central do estado, reunindo formações florestais e savânicas. Já o Pantanal, no sul do

Estado, ocupa a menor área 60.885 km² (6,8%) e apresenta formações florestais e savânicas

associadas, com grande diversidade de espécies e um pulso de inundação, com níveis de enchente,

cheia, vazante e seca, que alteram a paisagem e a ecologia, no ambiente, sazonalmente. É em função

deste último que a Copa é associada a Cuiabá, a “Copa do Pantanal” (PLA, 2011).

Page 143: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

141

ainda incipiente, contribui para a Arena Pantanal, a ser abordada na próxima seção,

já ser considerada um “elefante branco”, antes mesmo de sua entrada em operação.

Se o legado com o principal palco do Mundial, no Estado, ainda é uma

dúvida, algumas outras transformações nos campos: social, econômico, ambiental e

urbano tendem a se tornarem heranças para as futuras gerações.

Estão sendo preparadas, ou já entraram em operação, uma série de obras que

vão transformar a Grande Cuiabá num aglomerado urbano organizado e eficiente. O

que já vem despertando o interesse de empresários nacionais e estrangeiros, por um

mercado consumidor e por uma valorização fundiária em franca expansão. É claro

que estas transformações vêm alterando a rotina de seus moradores, turistas e

visitantes. No entanto, estas ações tenderão a potencializar a qualidade de vida local.

A responsável por grande parte destas transformações é a SECOPA, um

órgão da Administração Direta do Estado de Mato Grosso, vinculado ao gabinete do

Governador, que tem por objetivos e competências: planejar, executar, controlar,

fiscalizar, firmar convênios, ratificar parcerias, servir de interlocutora e coordenar os

projetos especiais do Governo, destinados a viabilizar as ações pertinentes à

realização da Copa do Mundo FIFA Brasil TM

2014, em Cuiabá.

Originalmente, este órgão, após a ratificação de Cuiabá como uma das sedes

de 2014, foi criado em 25 de setembro de 2009, através da Lei Complementar

370/2009, com o nome de Agência Estadual de Execução dos Projetos da Copa do

Mundo do Pantanal (AGECOPA). Esta entidade, com prazo de duração determinado,

até 31 de dezembro de 2015, era integrante da administração pública indireta,

vinculada ao Gabinete do Governador e submetida a um regime autárquico

especial34

. Sua principal missão era acompanhar os projetos de mobilidade urbana e

das estruturas necessárias para a ocorrência deste megaevento. Entretanto, devido a

uma série de disputas políticas internas, passou a se chamar SECOPA (SIQUEIRA,

2012). A SECOPA foi criada em outubro de 2011, ainda no modelo de autarquia,

com a justificativa de que seria uma estrutura mais enxuta, com cinquenta cargos

comissionados - 110 a menos que a AGECOPA (COELHO, 2011). Contudo, em

agosto de 2012, seu quadro de comissionados já alcançava 70 servidores, alteração

que expõe que o ideal inicial já não confere com sua justificativa (VILELA, 2012).

34

A natureza do regime autárquico especial é marcada pela independência administrativa e financeira,

pela ausência de subordinação hierárquica e pelo mandato fixo de seus dirigentes.

Page 144: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

142

Todavia, no campo técnico, segundo a SECOPA (2012), já foram colocadas

em prática ideias que repousavam há décadas nas gavetas de gestores públicos e

planejadores urbanos. Projetos, principalmente ligados à mobilidade (duplicações de

pista, viadutos, pontes, trincheiras), turismo, transporte aéreo, segurança, saneamento

básico, saúde, capacitação de mão de obra, voluntariado, comunicações, marketing e

de diversos outros setores, que projetam a Região daqui a 20, 30 anos; priorizando

uma correta gestão e o respeito ao meio ambiente, mas que não seriam executados a

curto prazo em condições normais, mas que são necessários para o sucesso da Copa.

De acordo com o Conselho Deliberativo dos Programas de Desenvolvimento do

Estado de Mato Grosso (Condeprodemat), até 2014 serão investidos no Estado R$ 10

bilhões pelas iniciativas pública e privada; em áreas como: comércio/serviços,

industrial, mineração, obras estaduais, obras federais, linhas de transmissão, e na

Copa. Nesta última, diretamente, serão aplicados R$2,4 bilhões (CABRAL, 2012).

Dentre os compromissos firmados entre os Governos Municipal e Estadual da

menor das doze sedes, junto ao Governo Federal e a FIFA, destacam-se: a licitação

de 2.231,99 metros lineares de pavimentação do entorno de sua Arena (SECOPA,

2012a); a duplicação da Rodovia Mário Andreazza e da Estrada da Guarita, com a

construção de uma nova ponte sobre o Rio Cuiabá e de uma trincheira, de forma a

facilitar a locomoção entre o aeroporto, o estádio e a rede hoteleira; as obras de

Travessia Urbana (viadutos, trincheiras, elevados, dentre outras), realizadas com

recursos do governo federal, através do Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes (DNIT), ao longo de trechos das três rodovias federais (BRs

364/163/070), que cortam Cuiabá e Várzea Grande, avenidas que contam com os

seguintes nomes, respectivamente, Fernando Correa da Costa, Miguel Sutil

(Perimetral) e Avenida da FEB (Força Expedicionária Brasileira). Obras de

desbloqueio, de forma a criar alternativas ao tráfego durante a execução das obras de

Travessia Urbana, como: a duplicação, pavimentação, ligação e prolongamento de

vias, além da construção de uma nova ponte sobre o Rio Coxipó.

Destacam-se, também, as obras de duplicação da Rodovia Emanuel Pinheiro,

que conecta os municípios de Cuiabá e Chapada dos Guimarães - importante ponto

turístico do Estado; e da Rodovia Palmiro Paes de Barros, que liga a capital à cidade

de Santo Antônio de Leverger, reduto da boa pescaria no Rio Cuiabá.

Page 145: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

143

Contudo, a grande obra da Copa do Mundo, para Cuiabá e Várzea Grande, é a

implantação do Veículo Leve Sobre Trilhos – VLT, que redesenhará o tráfego das

principais avenidas, proporcionará uma melhor qualidade de vida, rapidez nos

deslocamentos, integração com a malha de ônibus, minimização de poluentes

ambientais, de poluição sonora e a elevação da segurança no trânsito entre as duas

maiores cidades mato-grossenses (SECOPA, 2012a). Com dois eixos, “CPA354

-

Aeroporto” e “Coxipó-Centro”, totalizando 22,2 km de extensão, o modal terá

velocidade de operação de 60 km por hora, atenderá a capacidade máxima de 400

passageiros por vagão, e será implantado no canteiro central das avenidas Historiador

Rubens de Mendonça, FEB, 15 de Novembro, Tenente-Coronel Duarte (Prainha),

Coronel Escolástico e Fernando Correa da Costa (Figura 28).

Figura 28 - Corredores Estruturais de Transporte Coletivo - VLT.

Fonte: SECOPA, 2012.

Segundo a SECOPA (2012a), os terminais do VLT terão estacionamento para

veículos e bicicletas, o que amplia o potencial de mobilidade urbana; atenderão todos

os critérios de acessibilidade; e o sistema de bilhetagem das 33 novas estações será

compatível com o já utilizado no transporte público da Região Metropolitana.

354

Sigla de Centro Político Administrativo, um dos bairros de Cuiabá, onde se localiza o Palácio do

Governo do Estado e grande parte das secretarias correspondentes, além de conjuntos habitacionais.

Page 146: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

144

O prazo de entrega desta obra é para o primeiro trimestre de 2014, poucos

meses antes do Mundial, que se inicia em junho. Seu financiamento contará com

empréstimos da Caixa Econômica Federal e do BNDES. O consórcio VLT

Cuiabá/Várzea Grande formado pelas construtoras CR Almeida, Santa Bárbara, CAF

(Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles), Magna e Astep terá a responsabilidade

de executar todos os projetos, serviços, relatórios de impactos e complementares para

a instalação do modal, assim como fornecer o material rodante (vagões).

No projeto de mobilidade original apresentado junto à FIFA, o modelo de

transporte coletivo adotado para integrar Cuiabá à Várzea Grande era outro: o BRT -

Bus Rapid Transport; um sistema de média capacidade, constituído de ônibus

urbanos articulados, ou biarticulados, que trafegam em faixas de rolamento

específicas, ou em vias elevadas. As verbas, para sua implantação, seriam oriundas

do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.

Entretanto, o Governo de Mato Grosso se empenhou para alterar o modal

estabelecido pelo VLT, assim como seus recursos, que migraram para a nova

escolha; os R$454 milhões iniciais passaram para cerca de 1,47 bilhão, quantia que

ainda poderá sofrer com retificações e aditivos (KONCHINSKI, 2012).

Dentre as justificativas utilizadas pelo Governo para a sanção de sua nova

escolha, destaca-se: a ideia de que o VLT, embora seja mais caro, é mais moderno,

menos poluente, exige menos manutenção de sua frota e sua implantação exigiria

menos desapropriações365

, cerca de 90% a menos que o BRT (para se ter uma calha

de transporte do tipo BRT são necessárias duas pistas de 7m de largura, uma em cada

sentido, mais o canteiro central, com os pontos de embarque e desembarque; no VLT

esta calha cai para 3m, em cada sentido). Já, a defesa do BRT, feita por parte do

Ministério das Cidades, é de que Cuiabá não tem demanda para o VLT, o que seria

traduzido em um elevado valor da passagem; argumento este rebatido pela SECOPA,

que, embora não divulgue o valor previsto, afirma, apenas, que a nova tarifa será um

pouco mais elevada do que os atuais R$2,70 dos ônibus municipais – custo,

atualmente, já considerado alto para a maioria dos trabalhadores (SILVA, 2011).

365

Algumas manifestações em defesa do VLT foram organizadas pela Associação de Empresários e

Locatários da Prainha (AELP), região da Avenida Tenente Coronel Duarte, no Centro da cidade, que

teriam parte dos seus imóveis desapropriados pela implantação do BRT (SILVA, 2011).

Page 147: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

145

Outro modal importante é o aéreo, o Aeroporto Internacional Marechal

Rondon, que atende a Região Metropolitana de Cuiabá e fica localizado no

município de Várzea Grande, distante cerca de 8 km do centro da capital mato-

grossense, receberá investimentos de 85,260 milhões de reais, até dezembro de 2013,

sendo 82 milhões oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do

Governo Federal. Seu terminal de passageiros aumentará de 5.460m², para 18.550m²

com capacidade anual de passageiros saltando de 1,6 milhão, para 2,3 milhões. Já, o

estacionamento passará das atuais 405 vagas, para 1.447 vagas (LOPES, 2009). As

obras já começaram com a inauguração, em novembro de 2011, de um Módulo

Operacional Provisório - MOP, com 675 m², uma edificação a parte, com duas novas

esteiras e quatro banheiros, de forma a facilitar o desembarque local.

Além das intervenções já citadas e a referente à Arena Pantanal, a qual se

discorrerá na próxima seção, a FIFA faz mais duas exigências para as cidades-sedes:

os Campos Oficiais de Treinamento (COTs) e a FIFA Fan Fest®.

A primeira exigência refere-se à estrutura adequada para treinamento e

preparação física dos atletas das seleções participantes do Mundial que, segundo a

FIFA, deve distanciar-se, ao máximo, 20 minutos do seu estádio sede. Mato Grosso

disponibilizará, segundo a SECOPA (2012b), de três Campos Oficiais de

Treinamento. O primeiro deles, orçado em R$ 25 milhões, na localidade de Barra do

Pari, em Várzea Grande, distante 2,7km do Verdão (Figura 29), será facilmente

acessado pelo corredor Mário Andreazza, contará com uma área de 52 mil metros

quadrados; estrutura para receber até cinco mil torcedores e as demais necessidades

do programa. Em Cuiabá, no bairro Morada da Serra, próximo ao Centro Político

Administrativo (CPA), o COT terá capacidade para 1.600 pessoas e também será

utilizado como centro de ensino e treinamento do Corpo de Bombeiros. O outro

(Figura 30), ficará localizado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com

1.500 assentos, e revitalizará a área esportiva do campus, contemplando, ainda, a

construção de uma pista oficial de atletismo de padrão internacional, a primeira desta

unidade federativa (SECOPA, 2012b). Originalmente, seriam instalados COTs nos

municípios de Chapada dos Guimarães, Barão de Melgaço e nos arredores da represa

do Lago do Manso, todavia, estas propostas não progrediram (SINAENCO, 2009).

Page 148: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

146

Figura 29: COT-Barra do Parí, em V. Grande. Figura 30: COT-UFMT, em Cuiabá.

Fonte: SECOPA, 2012. Fonte: SECOPA, 2012.

A segunda exigência, refere-se à capacidade do município de assegurar a

realização de eventos de entretenimento, culturais e esportivos, bem como a

transmissão de jogos oficiais, de forma gratuita, segura e confortável para seus

envolvidos, por meio de telões, conforme especificações da entidade máxima do

futebol (SECOPA, 2012c). Este projeto, denominado FIFA Fan Fest®, surgiu em

2002, na Coréia do Sul. Era originalmente, apenas um evento de apoio, pequeno,

destinado a animar os torcedores, que não conseguiam lugar nos estádios. Em 2006,

na Alemanha, o projeto foi ampliado para mais de 18 milhões de pessoas, em doze

cidades, que contaram com telões instalados. O sucesso foi tão satisfatório que a

FIFA, para 2010, além das nove cidades sedes da África do Sul376

, internacionalizou

o evento para seis metrópoles mundiais: Rio de Janeiro, Roma, Paris, Berlin, Sydney

e Cidade do México (FIFA, 2010a). Hoje, este evento é considerado uma prioridade

para a FIFA, sendo o segundo lugar mais importante (depois da Arena), pela

capacidade agregadora de turistas e fãs de futebol (SECOPA, 2012c). No Mato

Grosso, este será instalado na área do atual Parque de Exposições Jonas Pinheiro, no

bairro Dom Aquino, a 2,5 km da Arena Pantanal, nas proximidades do Rio Cuiabá e

funcionará durante os 31 dias de competição. Sua dimensão, de quatro hectares, terá

capacidade para comportar 56 mil pessoas por dia, telão de alta definição, lojas

oficiais da FIFA, estacionamento, praça de alimentação, atividades culturais, shows,

além de sistema completo de segurança e emergência-médica (SECOPA, 2012c).

376

As nove cidades da Copa de 2010 foram: Durban, Mangaung/Bloemfontein, Johannesburgo, Nelson

Mandela Bay/Port Elizabeth, Nelspruit, Polokwane, Rustemburgo, Tshwane/Pretória e Cape Town.

Page 149: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

147

Entretanto, a sustentabilidade de uma Copa do Mundo não se resume apenas

a dimensão econômica (estádio e toda a infraestrutura arrolada). As dimensões social

e ambiental, também, precisam ser trabalhadas. Em Mato Grosso, a SECOPA vem

desenvolvendo uma série de ações que buscam alcançar esta sustentabilidade.

Segundo a SECOPA (2012d), o “Copa em Ação” é o maior programa social

de capacitação já realizado em Mato Grosso, de forma gratuita, com foco nas

oportunidades profissionais do Mundial. Este programa, que foca a dimensão social,

vem qualificando cerca de 10 mil pessoas (jovens e/ou desempregados), nas áreas de

turismo, hotelaria, construção civil, comércio e serviços, em todo o Estado. A carga

horária média destes é de 200 horas por aluno e os formandos, ao final, são

disponibilizados no cadastro nacional de trabalhadores, para serem acessados de

forma mais simples, por empresas que os inserirão de volta ao mercado de trabalho.

A preocupação aqui valoriza um legado muito maior que apenas para o evento em si.

Outro programa de grande destaque é o “Ação Integrada pela Qualificação e

Inserção Social dos Egressos de Trabalho Escravo”, que envolve a contratação de

trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão, em Mato Grosso, para

a construção da Arena Pantanal. Vinte e cinco operários foram capacitados e estão

recebendo salários, carteira de trabalho assinada, além de apoio e moradia na obra. O

empreendimento é pioneiro, no país, em receber trabalhadores em situação de

vulnerabilidade, em seu quadro de funcionários; outro exemplo é a inserção de

reeducandos (pessoas que cumprem pena em prisões) nas obras da Copa de 2014.

Desde agosto de 2010, 12 homens trabalham regularizados, após passar pela

capacitação e pelo treinamento do “Programa Começar de Novo”. Todos os

processos licitatórios realizados em Cuiabá, para o Mundial, obrigam a contratação

do percentual mínimo de 5% de mão de obra prisional (PORTAL2014, 2011a).

Nesta dimensão social, alguns programas apresentam cunho educacional,

como o “Tô na Área”, que abre a oportunidade para que estudantes e grupos

comunitários visitem o canteiro de obras da Arena Pantanal e se sintam

familiarizados com o estádio, antes de sua inauguração; e o “Pintando a Copa”, que

premia desenhos feitos por estudantes da rede pública do ensino fundamental de

Cuiabá e Várzea Grande, com a temática de 2014 (SECOPA, 2012d).

Page 150: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

148

Já, na dimensão ambiental, um dos maiores destaques é o projeto “Copa

Verde”, lançado em junho de 2011. Aqui, todas as preocupações ambientais,

apresentadas com o LEEDTM

, o FIFA Green GoalTM

e a sustentabilidade de

megaeventos, estão sendo colocadas em prática. Este projeto tem como principal

objetivo realizar o inventário e a total neutralização das emissões de carbono da

Arena Pantanal (SECOPA, 2012d). Fato que já é sinalizado por CO2Zero (2012), em

um estudo prévio dos impactos das emissões de gás carbônico, durante 2014; nele, o

estádio de Cuiabá, postulante ao conceito “Certificado” LEEDTM

é apontada como o

estádio mais sustentável de todo o Mundial, com uma emissão de 37,70t de CO2,

considerando o ciclo de vida como de 30 anos e os quatro jogos que sediará; taxa 3.5

vezes menor, que o terceiro maior poluidor, o Estádio Nacional de Brasília (139,24t

CO2), que pleiteia uma certificação LEEDTM “

Platinum”, muito superior ao apenas

“Certificado” do Verdão. O representante cearense será o mais poluente, com

197,98t de CO2, seguido de Natal, com 153,18t de CO2 (CO2Zero, 2012).

Para o “Copa Verde”, a SECOPA vai recuperar cerca de mil hectares de

Áreas de Preservação Permanentes (APPs), através de uma parceria com o Instituto

Ação Verde38

,7ao plantar 1,4 milhão de mudas nas margens dos rios São Lourenço,

Paraguai e Cuiabá, contribuintes do complexo hídrico do Pantanal. O cultivo, realiza-

do por quase três mil famílias ribeirinhas, creditará carbono, que será comprado pela

Secretaria para compensar as 711 mil toneladas de gases, estimadas, provenientes das

obras do Estádio Governador José Fragelli. Em média, as árvores a serem plantadas

sequestrarão, individualmente, 138 quilos de carbono durante um período de 30 anos.

Os mil hectares recuperados pela SECOPA serão capazes de sequestrar 12 toneladas

de carbono, ao ano. Hoje, com técnicas modernas de estatística, já é possível calcular

a emissão total de carbono de um empreendimento, com precisão (SECOPA, 2012d).

Tal iniciativa se mostra tão positiva que o Instituto já concedeu à SECOPA o

Certificado de Neutralização de Carbono, através do selo “Floresta Viva”, que

reconhece este empenho e esta responsabilidade da empresa, com a emissão nula de

poluentes. Além disto, o Programa Copa Verde resolverá quatro problemas,

simultaneamente: integrará estas famílias às leis de proteção do meio ambiente;

criará uma nova fonte de renda; contribuirá para a preservação da natureza,

387

Este Instituto estadual é responsável pela execução e pelo cadastro dos grupos e dos estoques de

carbono por meio da Plataforma de Negociações de Bens e Serviços Ambientais e Ecossistemas.

Page 151: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

149

principalmente com a recuperação de matas ciliares; e regularizará, ambientalmente,

os sítios à beira dos rios, já que 90% destes estão em APPs, há décadas.

A origem de toda esta ação sustentável está na comunidade de Barranco Alto,

no município de Santo Antônio de Leverger, a 35 km da capital. Seus moradores

foram os primeiros a receberem as doações de mudas, aulas de educação ambiental e

a assistência técnica necessária. Após a finalização do ciclo de trabalho, esta

comunidade, ou qualquer outra, recebe o pagamento pelos serviços ambientais

prestados; podendo este montante ser repassado em parcelas anuais para o grupo, ou

individualmente. Porém, caso estes apresentem um projeto considerado de utilidade

pública ao Ministério Público Estadual (MPE), o valor é liberado integralmente. No

Barranco Alto, este dinheiro foi aplicado na compra de dois poços artesianos e duas

caixas d'água, que vão beneficiar cerca de 300 famílias da região (SECOPA, 2012d).

De forma a fiscalizar esta “ação verde” e todas as outras referentes à

realização da Copa do Mundo, executadas ou não pela SECOPA, o Governo do

Estado instituiu, através do Decreto 777/2011, de 18 de outubro de 2011, as Câmaras

Temáticas, que têm por objetivo formular políticas e planos para a implementação de

ações nas suas respectivas área de atuação, bem como acompanhar e articular ações

interinstitucionais, através de uma hierarquização de poderes (SECOPA, 2012e).

A Copa do Pantanal, de Cuiabá representa um contexto muito maior do que

de uma obra específica, do que de uma única ação isolada; o “legado” pós-copa é o

que retrata a herança que seus governantes deixarão para a população e para as

gerações futuras. Uma grande transformação, aliada a um bom planejamento e a uma

correta gestão podem ser ratificados com este megaevento, com efeitos positivos

para a história da cidade; é claro, que, ao longo do caminho, percalços deverão ser

ultrapassados, assim como a paciência deverá resistir a uma cidade em obras.

Todavia, a menor entre as doze cidades-sedes, com esta seção, mostrou que é

possível conciliar desenvolvimento e progresso com a sustentabilidade, seja esta

econômica, social, ou ambiental. Indicou que uma mudança maior está por vir e que

o município poderá se ajustar, com facilidade, ao mercado mundial de cidades. Um

modelo que prioriza a excelência no atendimento às necessidades do cidadão daqui,

ou de fora, com eficiência na gestão e respeito ao meio ambiente. Esta compreensão

é fundamental para o Estado e deve ser assumida por todos os mato-grossenses.

Page 152: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

150

5.4. A ARENA PANTANAL

Nesta seção será apresentado o principal objeto da pesquisa em questão: o

Estádio Governador José Fragelli, popularmente conhecido como “Verdão” e

comercialmente, pela FIFA, por “Arena Pantanal”. Este processo dar-se-á através da

apresentação de um breve histórico, de sua contextualização urbanística, de sua

concepção arquitetônica atual e de sua proposta renegada. Ao final, os parâmetros de

avaliação da sustentabilidade, apresentados no Capítulo 04, serão aplicados aqui,

para verificar se a Arena Pantanal é realmente um projeto sustentável, como apontam

seus idealizadores, ao tratarem tais questões como premissas para a concepção

projetual; juntamente com a síntese do levantamento mundial de Ecoarenas.

5.4.1. Retrospectiva Histórica e Urbanística

Com a ratificação oficial de Cuiabá, em 31 de maio de 2009, como uma das

sedes da Copa do Mundo FIFATM

Brasil 2014, em um embate travado com a capital

do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, mais uma vez, a rivalidade histórica e

política entre estas duas cidades aflorou (DOURADO, 2009).

Ao analisar jornais depositados no Arquivo Público de Mato Grosso, Portela

(2008) constatou que a disputa política entre estas duas cidades já era bastante

acalorada, na década de 1970, quando faziam parte de um único estado, o Mato

Grosso. Campo Grande, na época, era um centro urbano maior que sua capital e isso

incomodava, e muito, Cuiabá, que buscava, a qualquer custo, incrementar sua

população, seja com obras de modernização e infraestrutura, seja com a expansão das

fronteiras agrícolas. Entretanto, a corrente separatista do sul, que ambicionava a

divisão do Estado, ganhou força e, em 11 de outubro de 1977, o temor dos cuiabanos

se concretizou. A divisão veio muito mais como a imposição de um regime ditatorial,

que do desejo popular, emanado do então sul mato-grossense (PORTELA, 2008).

A construção do Estádio Governador José Fragelli representa este desejo de

se modernizar e de mostrar a Campo Grande seu poderio; já que esta inaugurara, em

1971, em homenagem ao governador que o concebeu, o Estádio Universitário Pedro

Pedrossian, localizado dentro da Universidade Estadual de Mato Grosso (UEMT),

Page 153: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

151

atual Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Respectivamente, era

“Verdão” contra “Morenão”; o sufixo “ão” de imponência foi associado às perífrases

pelas quais eram conhecidas as duas cidades: “Cidade Verde”, Cuiabá e “Cidade

Morena”, Campo Grande, como forma de marcar a rivalidade, seja no campo da

política, seja no campo desportivo (PORTELA, 2008).

O interesse de Cuiabá pelo estádio era tão grande que a 1ª Dama do

Estado, dona Maria de Lourdes Ribeiro Fragelli, foi escolhida como sua

madrinha. Afinal de contas, Cuiabá,... não poderia ficar atrás em

modernidade, e faltava um estádio de futebol à altura. O velho “Estádio

Presidente Dutra”, o “Dutrinha”, já não comportava mais uma cidade em

pleno crescimento. O “inha” precisava ser “ão” (PORTELA, 2008).

O “sonho que se tornou realidade”, como diziam os jornais da época, tinha

capacidade para 50 mil pessoas e foi construído em terreno desapropriado na Cidade

Alta (um bairro de ocupação rarefeita, com edificações residenciais de tipologia

térrea, ou dois pavimentos, predominantemente), na Região Oeste da capital - zona

de expansão natural da cidade - pelo então governador José Fragelli, através do

decreto n. 379, de 29 de fevereiro de 1972 (Figura 31).

Figura 31 - Localização da Arena Pantanal e de seu complexo esportivo (em relação à área urbana do

município, Regiões Administrativas de Cuiabá, Mato Grosso, Região Centro-Oeste e Brasil).

Fonte: Adaptado de Google Earth, 2012.

Região Centro-Oeste / Brasil Cuiabá / Mato Grosso Complexo Arena Pantanal /

Regiões Administrativas de Cuiabá

Page 154: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

152

Dois foram os projetos apresentados: o primeiro, formado por um consórcio

de 13 arquitetos, representados por Ari Veiga Costa Campos foi recusado; o segundo

(Figuras 32 e 33) e vencedor, fora assinado pelo arquiteto Silvano José Wendel, que

o projetou de forma a atender as condições climáticas de Cuiabá, com possibilidades

de expansão (ampliação que nunca se concretizou). A cobertura metálica da tribuna

de honra e das cabines de transmissão foi realizada pelo calculista Cedric Marsh,

autor dos estudos do Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo

(DOURADO, 2009). Seu orçamento ficou a cargo, na época, da Companhia de

Desenvolvimento de Mato Grosso (CODEMAT) que para levantar a verba necessária

vendeu grandes parcelas de terra no extremo norte do Estado (PORTELA, 2008).

Figura 32 - Concepção original do “Verdão”. Figura 33 - Estádio Governador José Fragelli.

Fonte: www.hisrel.blogspot.com.br. Fonte: www.rdnews.com.br Acessos 06/10/2012

A obra foi iniciada em 1973, em uma depressão do terreno, e seu nome

homenagearia o único cuiabano que chegou a presidência do país, o presidente

Eurico Gaspar Dutra. Contudo, terminou por homenagear o governador que o

construiu, José Manuel Fontanillas Fragelli. Mesmo com estas honras, Fragelli foi

extremamente criticado quanto ao valor final da obra Cr$ 1.200.000,00391

. Sua

inauguração oficial ocorreu em 08 de abril de 1976, já no governo de José Garcia

Neto, com a participação do Presidente da República Ernesto Geisel, sendo

transmitida para todo o país, por várias rádios e emissoras de televisão. Os jogos de

inauguração, assistidos por mais de 44 mil pessoas, foram disputados em um

quadrangular entre o Flamengo e os clubes da capital: Mixto, Operário e Dom Bosco.

391

Valor equivalente a aproximadamente 2 milhões de reais. A atualização desta importância ocorreu

com base no Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas.

Page 155: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

153

Antes, porém, em 12 de março de 1975, o então governador, que não poderia deixar

o governo sem algum tipo de inauguração parcial, promoveu o jogo entre o

Fluminense, do Rio de Janeiro, e a Seleção de Cuiabá (PORTELA, 2008).

Figura 34 - Obras iniciais do Estádio “Verdão”. Figura 35 - Construção do Estádio Verdão.

Fonte: www.rdnews.com.br Acesso 06/10/2012. Fonte: www.rdnews.com.br Acesso 06/10/2012.

“o ‘Verdão’, que é um dos maiores sonhos da população cuiabana, faz

parte apenas de um grande conjunto olímpico, que compreende as mais

diversas atividades, inclusive a cultural, pois até será construído um teatro

ao ar livre, com capacidade para três mil pessoas. Além do futebol, no

mencionado centro esportivo existirão, de acordo com o projeto, quadras

para disputas simultâneas de oito modalidades esportivas, sem contar os

locais, no fundo de cada gol, destinados a esportes que exigem menores

espaços, como lançamento de disco, dardos, martelos, arremessos de peso

e assim por diante” (PORTELA, 2008 apud MACIEL, 1976, p. 7).

Infelizmente, o Verdão (Figura 36) não alavancou o sucesso das equipes

mato-grossenses em campeonatos nacionais como idealizavam seus contemporâneos;

consumia apenas R$ 50 mil, por mês, dos cofres públicos, para sua manutenção, que

permitia que este tivesse usos rarefeitos (PORTAL2014, 2009).

Figura 36 - O José Fragelli, o Verdão, é o principal estádio de Mato Grosso.

Fonte: www.globoesporte.globo.com/Esportes/Fotos/ Acesso: 06/10/2012.

Page 156: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

154

O projeto do novo “Verdão”, que sancionou Cuiabá como uma das sedes de

2014 (Figura 37), apresentado à FIFA pelo Governo do Estado, fora desenvolvido

pelo experiente escritório em arenas e equipamentos esportivos, Castro Mello

Arquitetos, de São Paulo (o mesmo do Estádio Nacional de Brasília), em colaboração

com a empresa Schlaich Bergermann und Partner, da Alemanha, que participou de

vários projetos estruturais das Copas do Mundo de 2006 e 2010. Elaborado em

menos de um mês, sua concepção arquitetônica adota PTFE, na cobertura, com seção

inspirada em um arco-e-flecha, componente que remete visualmente à cultura

ancestral dos bororos, habitantes indígenas desta região (MELENDEZ, 2009).

Figura 37 - Projeto da Arena Pantanal desenvolvido por Castro Mello Arquitetos.

Fonte: www.globoesporte.globo.com/Esportes/Fotos/ Acesso: 06/10/2012.

Este novo complexo esportivo, orçado, inicialmente, em US$ 150 milhões,

seria implantado na mesma área do antigo estádio, que seria totalmente demolido,

preservando-se apenas seu campo de jogo e o nome. Dentre as diretrizes da obra,

destacam-se: a capacidade para 48,5 mil pessoas, a proximidade da plateia, em dois

níveis, com o campo de jogo; o posicionamento de camarotes, tribunas e autoridades

em um setor intermediário; a visão plena da partida, de todos os setores; a forma

retangular, com as quinas abauladas; colunatas de concreto na periferia de todo o

projeto; o estacionamento radial, ao redor do conjunto; e, principalmente,

fundamentos de sustentabilidade em sua concepção, em função das altas

temperaturas de Cuiabá (MELENDEZ, 2009). Outro desafio importante de sua

concepção foi o balanceamento do investimento de sua construção, com o retorno

proveniente do turismo, uma vez que o futebol mato-grossense não tem, por si só,

ainda, potencial para sustentar uma obra desta magnitude (SINAENCO, 2009).

Page 157: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

155

Dentre as questões de preocupação com o meio-ambiente, citam-se: a

cobertura ligeiramente afastada do nível superior das arquibancadas, o que

favoreceria a ventilação natural; a proposta de captação/armazenamento da água de

chuva, para uso na irrigação do gramado e em bacias sanitárias; e a construção de

dois jardins de vegetação nativa, nas áreas de acesso de público, tanto no nível

inferior das arquibancadas, como no superior (MELENDEZ, 2009).

Este projeto de candidatura, aliado ao objetivo comum do governador do

estado Blairo Maggi, dos prefeitos de Cuiabá, Wilson Santos e de Várzea Grande,

Murilo Domingos, em trazerem a Copa para Mato Grosso, com o aval da FIFA e da

Confederação Brasileira de Futebol (CBF), teve o apoio de toda a sociedade. Esta

participou de forma ativa e contribuiu para que Cuiabá fosse a escolhida, ao

responder aos apelos das autoridades e ir às ruas, em fevereiro de 2009, para receber

a comitiva da FIFA e da CBF; o que causou uma boa impressão, mostrando a alegria

e o interesse dos mato-grossenses em receber o Mundial (DOURADO, 2009a).

No entanto, dois dias depois de Cuiabá ser anunciada como a sede do

Pantanal para a Copa 2014, seus coordenadores de candidatura, através do Secretário

de Turismo e presidente do Comitê Pró Copa do Mundo, Yuri Bastos, dispensaram,

sem explicações formais, o escritório Castro Mello Arquitetura. A notícia

surpreendeu os arquitetos, a mídia e membros do comitê gestor da Copa no Brasil,

que associam esta atitude ao desejo de se baratear o custo da obra. Procurados, na

época, seus projetistas informaram que efetivaram o projeto básico em apenas 15

dias - entre as festividades de natal de 2008 e o início do ano de 2009 - para que

pudessem atender ao cronograma da FIFA e que, em nenhum momento, foram

procurados pelos responsáveis da candidatura da cidade para fazerem modificações,

no projeto, as quais, se fossem solicitadas, seriam atendidas (PRADA, 2009).

Em 04 de maio de 2010, o antigo Verdão, que já fora casa de quatro

amistosos da seleção brasileira, começou a ser desmontado, para dar lugar a um novo

estádio para a Copa do Mundo FIFATM

Brasil 2014 - se aterá a este na próxima

seção. Duas escavadeiras rompedoras, da empresa mineira Destroy, se dedicaram as

arquibancadas e em um prazo de, aproximadamente, 90 dias demoliram todo o

complexo. O grande marco desta demolição foi o rompimento das duas torres de 33

metros, que sustentavam os refletores, através da quebra da base destas, com o

Page 158: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

156

equipamento “rompedor” e, posteriormente, foram amarrados cabos a tratores de

esteiras, que as levaram ao chão. A estrutura metálica, que cobria parte da

arquibancada principal fora desmembrada e será utilizada em outras praças

esportivas do Estado, assim como cadeiras, refletores e outros (24HorasNews, 2010).

Após esta etapa foram iniciadas as obras de terraplanagem, marcações e

fundações. Para isso, uma máquina chamada de britador móvel, chegou ao local das

obras para reciclar, aproximadamente, 24 mil m³ de concreto, em dois meses,

resultantes da demolição do antigo Verdão (Figuras 38 e 39). Uma economia de R$

1,2 milhão, no reaproveitamento de concreto, já que cada metro cúbico custava, na

época, cerca de cinquenta reais e todo este material fora utilizado na formação da

sub-base, que precede a implantação das fundações da nova Arena. Materiais como

ferro e aço também foram separados e encaminhados para usinas de reciclagem. Até

mesmo, o antigo gramado fora encaminhado para dois miniestádios, em Cuiabá; e as

árvores foram replantadas no Horto Florestal Municipal (PORTAL2014, 2010).

Figura 38 - Demolição das torres de iluminação. Figura 39 - Desmonte da cobertura metálica.

Fonte: www.copanopantanal.com.br Fonte: www.colegioevolucaovg.com.br

Este novo empreendimento vem atraindo uma nova dinâmica espacial e uma

nova centralidade geográfica na cidade, através de investimentos públicos e privados,

na forma de infraestrutura, atividades econômicas e da especulação imobiliária, nas

vastas reservas de terrenos vazios, ao redor do estádio; principalmente, ao longo de

seu principal eixo de circulação: a Avenida Doutor Agrícola Paes de Barros, que

planejada, originalmente, para um arruamento residencial, vem diversificando seus

usos, se valorizando e recebendo uma população com melhor poder aquisitivo,

atraída por investimentos em infraestrutura (SIQUEIRA, 2012).

Page 159: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

157

5.4.2. A Concepção e o Projeto Arquitetônico

Com o descarte do projeto de Castro Mello Arquitetos, pelo Governo do

Estado, um novo projeto fora solicitado, desta vez, para o também escritório

paulistano GCP Arquitetos, em parceria com o Stadia Projeto Engenharia e

Consultoria. A autoria é do Arquiteto & Urbanista Sérgio Coelho, com Adriana

Oliveira, Danilo Carvalho e Maurício Reverendo, de coautores. A elaboração dos

projetos básico e executivo envolveu mais de 120 profissionais e especialistas

nacionais e de companhias estrangeiras, para atender aos requerimentos

especificados pela FIFA, contemplar os aspectos de infraestrutura, segurança física e

dos envolvidos no evento, tecnologia, controle e monitoramento, sustentabilidade,

acessibilidade, dentre outros. A estrutura ficou a cargo dos escritórios Sinclair Knight

Merz e Ponto de Apoio, as instalações pelo MHA, a luminotécnica pelo grupo

Acenda, o paisagismo de responsabilidade de Koiti Mori e Klara Kaiser, a

consultoria LEEDTM

pelo CTE, a infraestrutura com o Interact e a gestão de fluxos

ficou a cargo dos ingleses Steer Davies Gleave (GRUPOSTADIA, 2012).

O projeto fora desenvolvido em 2009 e suas obras foram iniciadas em 2010,

após a demolição do antigo estádio, com previsão inicial de entrega para dezembro

de 2012. Entretanto, esta já fora postergada para o segundo semestre de 2013, em

função da não participação de Cuiabá na Copa das Confederações 2013, evento teste

da FIFA, a ser realizado também no Brasil, em junho. A área total do

empreendimento é de 307 mil m², atualmente subutilizada e terá uma nova área

construída de 101 mil m², com requalificação urbana do entorno. O custo estimado

de todo o complexo, para 43.136 expectadores, é de 518,9 milhões de reais, com 285

milhões402

destes financiados pelo governo federal (BRASIL, 2012a).

O moderno estádio que abrigará somente quatro partidas da primeira fase413

da Copa do Mundo da FIFA™ Brasil 2014 teve sua concepção baseada na inserção

de um equipamento de última geração, em um amplo conjunto arquitetônico

402

Outros R$100 milhões virão do Governo do Estado através do Fundo de Desenvolvimento Estrutu-

ral e Social de Mato Grosso; um fundo criado em 2005, que recebe os rendimentos da receita estadual. 413

No sábado, 13 de junho de 2014, às 19h, as Seleções 3 e 4 do Grupo B se enfrentam na Arena

Pantanal. No dia 17 de junho, terça-feira, às 19h, é a vez das Seleções 3 e 4 do Grupo H, assim como,

no dia 21, sábado, à 19h se enfrentam as Seleções 2 e 4 do Grupo F. No dia 24 de junho, terça-feira, às

17h, o cabeça de chave do Grupo C duela com a Seleção 4 de sua chave (horários de Brasília UTC-3).

Page 160: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

158

adequado a realidade local, sem tradição futebolística; e essencialmente

comprometido com a sustentabilidade, com a responsabilidade socioambiental e com

a requalificação urbana da cidade. Este espaço multiuso, por exemplo, terá parte das

arquibancadas superiores, nas áreas de fundo de campo, em estrutura modular

metálica, montada com perfis aparafusados, que poderão ser desmontados após o

Mundial e reportadas a outras arenas, com redução de sua capacidade em 30%

(aproximadamente 15 mil pessoas). Um marco de inovação tecnológica, utilizado

pela primeira vez em um Mundial com o aval da FIFA, diretamente ligado à

sustentabilidade econômica do empreendimento e à baixa demanda de público local.

Outrossim, poderá receber, além de partidas de futebol, outros eventos diferenciados

como: feiras, exposições e shows; acompanhando a tendência mundial de operação

do setor (arenas multiusos), por empresas de iniciativa privada (VITRUVIUS, 2012).

Sua viabilização foi possível graças a um projeto racional e estruturalmente

mais econômico, ao conceber quatro módulos de arquibancada e cobertura separados

e idênticos, dois a dois: Leste e Oeste; Norte e Sul (fundo de campo), sem afetar e

comprometer a sua integridade estrutural (Figura 40). Este arranjo arquitetônico

funcional possibilitou a abertura das quinas da Arena, com visibilidade para a área

externa e a total integração da edificação com o paisagismo circundante; com

destaque para a ventilação cruzada e o conforto ambiental passivo da edificação.

Figura 40 - Setorização com a parte superior da arquibancada sul desmontada.

Fonte: www.stadiumguide.com Acesso: 23/10/2012.

Page 161: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

159

Com exceção das arquibancadas superiores Norte e Sul, desenvolvidas em

perfis metálicos, todas as demais foram projetadas em concreto pré-moldado, com

modulação estrutural de 8m x 8m. Os quatro pórticos independentes, que sustentam

os 26.000 m² de cobertura, também, foram desenvolvidos em estrutura metálica, com

vãos a serem vencidos nos Setores Norte e Sul, de 96m e de 136m nos Leste e Oeste.

O projeto fora desenvolvido em níveis, para facilitar a sua concepção e

construção, que serão reproduzidos, aqui, de forma a promover seu completo

entendimento. Estes sete níveis correspondem às plantas “00”, “10”, “20”, “30”,

“40”, “50” e de cobertura, que serão a seguir detalhadas e esmiuçadas (Figura 41).

Figura 41 - Corte esquemático com a apresentação de todos os níveis da Arena Pantanal.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012), pelo autor.

O “Nível 00” corresponde ao subsolo do estádio, caso o referencial esteja do

lado externo do estádio, ou ao pavimento semienterrado, caso o referencial esteja no

gramado de jogo. É constituído pelos seguintes ambientes, de forma resumida:

campo; túnel de jogadores; banco de reserva e de oficiais; áreas de aquecimento;

mesa de informações, posições de fotógrafos; vestiários; 400 vagas privativas de

estacionamento; salas para a FIFA, Comitê Local, Mídia, médicos e voluntariados;

áreas técnicas e administrativas; escritórios e salas de reuniões; depósitos; estúdios

de TV e salas de conferência da FIFA; guaritas de controle de acesso; espelhos

d’água; e os halls de recepção da mídia e de convidados VIPs (Figura 42).

Nível “00”

Nível “10”

Nível “20”

Nível “30”

Nível “40”

Nível “50”

Cobertura

Gramado

Page 162: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

160

Figura 42 - Planta “00” do Projeto da Arena Pantanal.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

O “Nível 10” corresponde ao primeiro andar da arena, caso o referencial

esteja do lado externo do estádio, ou seja, ao andar de acesso de torcedores em geral.

É constituído pelos seguintes ambientes, de forma resumida: arquibancadas

inferiores (próximas ao campo de jogo); banheiros públicos; acessos ao meio

externo; bares, depósitos e lojas; sala médica; sala da polícia e guarda; e circulações

horizontais e verticais do estádio (Figura 43).

Figura 43 - Planta “10” do Projeto da Arena Pantanal.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

Page 163: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

161

O “Nível 20” corresponde ao segundo andar da arena, ou seja, ao andar de

cadeiras de autoridades e camarotes. É constituído pelos seguintes ambientes:

camarotes; cozinha comercial; lounges e tribunas VIPs e de pessoa(s) extremamente

importante(s) (VVIPs); camarotes dos presidentes da FIFA e do Comitê Organizador

Local; local de entrevistas da área VIP; sala médica, recepção e cozinha das Áreas

VIPs; quiosques de alimentos e bebidas; banheiros; depósitos; salas técnicas;

circulações e casa de máquinas da climatização. (Figura 44).

Figura 44 - Planta “20” do Projeto da Arena Pantanal.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

Estas áreas internas e exclusivas ao público, VIP e VVIP, foram concebidas

com elementos arquitetônicos, que remetem a contemporaneidade do design e da

decoração, através de elementos cenográficos simples e requintados (Figuras 45 e

46). Esta característica é notada, também, na recepção exclusiva, que dará acesso aos

lounges, no piso do estacionamento (Nível “00”). A comunicação visual adotada para

todos estes ambientes proporcionará, segundo seus idealizadores, um aspecto

cenográfico inovador, pela presença de grandes bancos com iluminação pontual e

placas de cristal preto fixadas ao teto. As paredes serão revestidas com placas de aço

corten e pontos de luz em LED. A relação do espaço com a cultura brasileira se dará

através de painéis iluminados por LED, com imagens de fotógrafos nacionais,

retratando temas de futebol e da natureza pantaneira (Vitruvius, 2012).

Page 164: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

162

Figura 45 - Vista Lounge VVIP - Setor Oeste. Figura 46 - Vista Lounge VIP - Setor Oeste.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012). Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

O “Nível 30” corresponde ao terceiro andar da arena, ou seja, é constituído

por: camarotes; estúdios televisivos de apresentação; salas de comentaristas e

depósitos correspondentes; plataforma de filmagens externas; quiosques de alimentos

e bebidas; salas de controle de som e segurança; casa de máquinas da climatização;

cozinha e restaurantes; sanitários e vestiários; depósitos; lounge e cozinha restaurante

da mídia; além das circulações horizontais e verticais (Figura 47).

Figura 47 - Planta “30” do Projeto da Arena Pantanal.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

O “Nível 40” corresponde ao quarto andar da arena, ou seja, é constituído

pelas arquibancadas superiores; circulações verticais e horizontais; sanitários, para o

público em geral; salas técnicas; e quiosques de alimentos e bebidas (Figura 48).

Page 165: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

163

Figura 48 - Planta “40” do Projeto da Arena Pantanal.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

O “Nível 50” corresponde ao quinto andar, à laje técnica da Arena Pantanal,

estando este localizado sob as arquibancadas mais elevadas. Nele, encontram-se os

reservatórios superiores, sanitários de funcionários e equipamentos técnicos vitais

para a manutenção e a viabilização de eventos, neste complexo (Figura 49).

Figura 49 - Planta “50” do Projeto da Arena Pantanal.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

A cobertura de toda a arena corresponde ao último nível, seus materiais

constituintes são o policarbonato e uma membrana termoplástica autolimpante. Há

Page 166: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

164

um estudo para a implantação de placas fotovoltaicas, neste nível, de forma a garantir

uma autonomia parcial de todo o complexo (Figura 50).

Figura 50 - Planta de cobertura do projeto da Arena.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

Dos 43.136 assentos totais, previstos neste projeto - muito mais próximos da

linha de campo do que seu projeto original, que dispunha de um largo fosso ao seu

redor - 735 posições são para convidados VIP e 108 posições para VVIP, limitando o

público pagante a 40.815 pessoas. Os camarotes correspondem a 104 unidades, com

capacidade para até 1644 espectadores (sendo 100, para 15 pessoas e 04, para 36

pessoas) e a imprensa ocupará 768 arranjos em mesas e 654, em cadeiras. Dentre

outros dados técnicos deste projeto destacam-se: o número de escadas, 20; de

elevadores, 12; guichês, 24; e de banheiros, 948 posições para o público em geral e

66, para portadores de necessidades especiais (SECOPA, 2012f).

Projeto este, que já recebeu vários prêmios, inclusive um internacional, o

Americas Property Awards, em novembro de 2010, em Londres, na categoria

Empreendimentos Públicos. A medalha de ouro, promovida pela International

Residential Property Awards, em parceria com a Bloomberg Television contempla os

melhores empreendimentos imobiliários da América. A escolha não levou em conta

apenas aspectos como modernidade e beleza, mas, principalmente, o compromisso

com a sustentabilidade e com a responsabilidade socioambiental; destacando este

ainda mais perante as instituições ligadas à arquitetura nacional (LIMA, 2010).

11111

Page 167: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

165

As preocupações do escritório GCP Arquitetos vão além da estrutura do

estádio, em si. Todo o entorno, uma área com mais de 300 mil m², também será

requalificado, em duas etapas. A primeira fase corresponde ao uso para o Mundial de

2014. Nele a quantidade de estruturas técnicas e de apoio da FIFA limitam a

diversidade de usos; já que esta necessitará instalar uma série de estruturas

provisórias, juntamente com as equipes de mídia. As novas construções

correspondem a: espelhos d’água, que proporcionarão uma maior umidade local, em

função do clima quente e seco cuiabano; a ratificação e recuperação de uma área

verde, com pista de caminhada; a edificação de uma scalinata, um tipo de mirante de

contemplação e convívio; de um estacionamento com 2.431 vagas automotivas; um

restaurante externo à Arena; uma choperia, com arquitetura em telhado verde; a

pavimentação das áreas técnicas e de hospitalidade; e a implantação de uma

marquise e passarela para pedestres, em uma área de convívio, atrás do Setor Norte.

Na Figura 51, a seguir, é possível verificar todas estas áreas, a serem implantadas ao

redor do Estádio para o Mundial de 2014, neste perímetro do bairro Cidade Alta.

Figura 51 - Implantação do projeto a ser utilizado no Mundial de 2014.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

Perspectivas artísticas deste entorno foram desenvolvidas pelo escritório GCP

Arquitetos e são apresentadas a seguir (Figuras 52 e 53). Cabe frisar que, como

ainda não foram edificadas, modificações decorrentes das etapas de projeto e

LEGENDA:

1- Arena Pantanal

2- Ginásio Esportivo (Existente)

3- Piscina Existente 4- Ginásio de Lutas (Edificação Existente)

5- Secretaria de Segurança (Existente)

6- Espelho d’Água 7- Área Verde

8- Scalinata

9- Estacionamento

10- Restaurante

11- Área Técnica

12- Hospitalidade VIP e VVIP 13- Choperia

14- Marquise 15- TV Compound (Caminhões Transmissivos)

16- CIA Telefônica (Edificação Existente)

Page 168: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

166

orçamentária poderão ser ainda implementadas, o que poderá fazer com que os

resultados obtidos sejam diferentes dos apresentados.

Figura 52 - Vista da Passarela e Scalinata. Figura 53 - Vista da Marquise e da Passarela.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012). Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

Posteriormente à Copa de 2014, esta área será readaptada à realidade local, o

que seus gestores chamam de “legado”, ou seja, o espaço atualmente subutilizado se

tornará uma área pública de lazer. Assim, serão criadas quadras poliesportivas;

quadras de tênis; um condomínio de edifícios residenciais; uma área para comércio

de rua; além de áreas de playground, convivência e para skatistas (Figura 54). Até

mesmo os fechamentos internos da Arena Pantanal poderão ser remanejados, de

forma facilitada para a sua versatilidade de usos (VITRUVIUS, 2012).

Figura 54 - Implantação do projeto multiuso adequado a Cuiabá, pós 2014.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

LEGENDA:

1- Arena Pantanal

2- Ginásio Esportivo (Existente) 3- Piscina Existente

4- Ginásio de Lutas (Edificação Existente)

5- Condomínio de Edifícios Residenciais 6- Espelho d’Água

7- Área Verde

8- Scalinata 9- Estacionamento

10- Restaurante (Praça de Alimentação)

11- Quadra Poliesportiva (02 Unidades) 12- Quadra Poliesportiva (03 Unidades)

13- Choperia “Teto-Verde”

14- Marquise 15- Quadras de Tênis (04 Unidades)

16- CIA Telefônica (Edificação Existente)

17- Street Mall (Setor Comercial) 18- Skate Park

19- Playground / Convivência

20- Expansão Área Verde (Parque Urbano)

Page 169: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

167

A construção de todo este complexo (Figuras 55 e 56) - não exatamente sobre

seu projeto original, mas próximo a este - ficou a cargo do consórcio vencedor da

licitação pública n° 017/2009, homologada em 30 de março de 2010, com 1,8 mil

itens de serviços e materiais exigidos em seu edital (PORTAL2014, 2010a); o grupo

é formado pela empresa mineira Santa Bárbara Engenharia e pela paulista Mendes

Júnior, estando o gerenciamento a cargo da empresa fluminense Concremat. A

proposta financeira apresentada foi de R$ 342 milhões, 15% menor que o valor

definido pelo edital (R$ 405 milhões) e consumirá recursos públicos. A decisão

contraria a orientação da CBF, que recomendou às cidades-sedes que procurassem

parceiros privados para a construção das arenas e reservassem os recursos públicos

para obras de infraestrutura e para investimentos sociais (PORTAL2014, 2009a). A

esse montante ainda serão acrescidos os custos da compra das cadeiras, placar

eletrônico, mobiliário e equipamentos para transmissão de dados.

Atualmente, 650 operários trabalham na obra (DINIZ, 2012). Quando esta

atingir o auge de produtividade, previsto para o início de 2013, serão mais de 1.200.

Figura 55 - Fundos do Setor Oeste - Out/2011. Figura 56 - Setor Oeste concluído - Out/2012.

Fonte: www.acopadopantanal.com.br Fonte: Edson Rodrigues/SECOPA-MT.

Polêmicas envolvendo a Arena Pantanal não são recentes, em função do

emprego de dinheiro público e se arrastam desde sua concepção; por não agradar as

autoridades estatais - que gostariam de uma estrutura permanente e de maior porte,

mostrando o poderio econômico do Estado - nem aos arquitetos locais, que

esperavam uma arquitetura mais simbólica - com intenção iconográfica, que

remetesse à cultura regional, que colocasse Cuiabá no mercado mundial das grandes

Page 170: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

168

cidades e metrópoles - e não a adotada, voltada muito mais para a funcionalidade

(PORTAL2014, 2009b). E, certamente, se alastrarão até o seu modelo de concessão.

Juntas, em 2013, as empresas consorciadas concluirão um projeto avaliado

como seguro, acessível e confortável, para atletas e espectadores. Um complexo

multiuso, com instalações esportivas, culturais, educativas e de entretenimento; que,

logo após a Copa, será administrado por meio de concessão privada (SECOPA,

2012f). O Estado, investidor da obra, irá definir o modelo de concessão e, por meio

de licitação pública, elegerá aquele que mais lhe trouxer benefícios. A estratégia do

Governo de Mato Grosso foi erguer o estádio, mostrar que ele é viável

financeiramente e, assim, transferi-lo para a iniciativa privada (DINIZ, 2012).

De acordo com o executivo, isso foi feito porque o apelo de Cuiabá, na gestão

de um estádio, é muito menor do que em outras cidades-sede, que servirão à Copa.

Por isso, como apresentado, o projeto foi concebido de forma funcional, para que

diversas atividades possam ser realizadas neste espaço, independentemente, do

vencedor de sua licitação. Os quatro módulos poderiam ser adaptados por empresas

do setor privado, até as do setor de empreendimento, com usos diversos como: hotel,

escola, escritórios, restaurantes, eventos e etc.

Retomando a análise do projeto e colocando suas questões de privatização de

lado; este, se comparado ao projeto de Castro Mello Arquitetos, abdica de qualquer

simbologia local, em sua concepção, ao propor uma estrutura mais simplificada,

funcional e mais econômica – condizente com a inexpressividade do futebol local e

com a necessidade de se incentivar os setores de comércio e de serviços locais. Dois

exemplos são a já citada remoção das arquibancadas superiores, em estruturas

metálicas e modulares, dos Setores “Norte” e “Sul”, para outros complexos

esportivos do Estado, pós Mundial; e a opção pela construção utilizando boa parte

dos insumos locais, oriundos do próprio Mato Grosso. O entorno, visualmente, do

projeto da GCP Arquitetos é também menos “apelativo” às questões de

sustentabilidade “green washes”, não dispondo de espécies arbóreas distribuídas em

círculos concêntricos. Entretanto, no primeiro idealizado, havia a possibilidade do

estabelecimento de empreendimentos comerciais e de serviços na estrutura inferior

das arquibancadas, de forma a tornar a rentabilidade da Arena maior; neste, lojas,

restaurantes e etc. ficam, em sua grande parte, fora da edificação. O que de certa

Page 171: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

169

forma realça uma preocupação maior com o pedestre, em detrimento do primeiro,

que privilegia o automóvel e concentra todas as suas atividades internamente.

Partindo-se, agora, de uma análise macro e generalista de projeto para a

temática de sustentabilidade, verifica-se que o Estádio Governador José Fragelli, da

GCP Arquitetos, busca incorporar conceitos arquitetônicos comprometidos com a

conservação dos recursos naturais. Estando este em uma região de flora e fauna

exuberantes, como a do Pantanal, tais conceitos não poderiam deixar de estar

presentes entre suas metas de construção, projeto, manutenção e fiscalização

(atividade que é desenvolvida pela SECOPA e pela Concremat, neste momento).

O projeto fora desenvolvido, desde o início, dentro de parâmetros

ambientalmente corretos do Programa FIFA Green Goal™, dos pilares da

sustentabilidade (econômico, social e ambiental - apresentados no Capítulo 02) e das

normativas para a certificação LEED™, com foco, principalmente, nos aspectos

relacionados ao uso correto de materiais e da redução do consumo de energia e da

água. Quando o projeto foi licitado, exigiu-se que este atendesse elevados índices de

sustentabilidade - uma novidade na construção civil pública brasileira, já que, em

outros estádios para a Copa, isso foi feito depois do projeto terminado. Segundo a

SECOPA, o BNDES seguiu o modelo da Arena Pantanal para fazer os requisitos de

sustentabilidade das outras arenas, para a obtenção do empréstimo (DINIZ, 2012).

Segundo Sérgio Coelho, autor do projeto cuiabano, apesar do discurso

recorrente destas premissas que abordam a sustentabilidade, estas foram

desenvolvidas com seriedade, pelos titulares dos principais estúdios envolvidos na

concepção de complexos esportivos para a Copa de 2014, principalmente, após esta

ter sido “batizada” de Copa Verde (PORTAL2014, 2010b).

Na capital do Mato Grosso, o projeto pioneiro a tratar da sustentabilidade

aplicada a sua concepção, encontra-se em construção, com prazo de entrega adiado

para o segundo semestre de 2013; todavia, tais medidas já são contabilizadas desde

sua etapa anterior, quando 38 pontos foram ratificados. Espera-se, com esta obra

finalizada, alcançar mais doze pontos, o que tornaria o projeto merecedor da

certificação “Silver” do LEEDTM

, ou, no mínimo, apenas “Certificado”. Seus

consultores de sustentabilidade, disponibilizados pela CONCREMAT, vêm se

esforçando para que Cuiabá obtenha o maior reconhecimento ambiental possível.

Page 172: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

170

5.4.3. Parâmetros de Avaliação da Sustentabilidade da Arena Pantanal

O paradigma da sustentabilidade induziu, nos últimos anos, associado ao

estímulo de financiamento bancário, a incorporação de práticas ecológicas, em

estruturas poliesportivas preparadas para sediar grandes eventos mundiais.

A seguir, apresentam-se os parâmetros de avaliação da sustentabilidade da

Arena Pantanal, que almeja alcançar 38 pontos, apenas na etapa de projeto da

certificação LEEDTM

e mais alguns pontos, na etapa de construção (valor ainda não

creditado); através da exposição das ações que possibilitam a minimização de

prováveis impactos a serem gerados, bem como, da necessidade de uma mudança de

comportamento e da adoção de atitudes de cunho ecológico.

Considera-se, aqui, a questão econômica como vital para a viabilização de

empreendimentos deste porte, bem como a integração e a conscientização das mais

diversificadas equipes envolvidas e de seus aparatos tecnológicos sustentáveis (ex.:

redução do uso de energia; maximização do reuso de recursos hídricos; busca por

materiais de menor impacto; e etc.); além do investimento necessário para tais ações,

de forma continuada, na busca por melhores resultados (CESAR; OBATA, 2012).

5.4.3.1. Ação 01: Ambiente Urbano e Paisagístico

Uma das maiores preocupações dos idealizadores deste projeto foi a

integração da Arena com seu entorno imediato e como esta poderia potencializar o

desenvolvimento urbano do bairro Cidade Alta. Não somente através de um legado

esportivo, mas de forma a incentivar a criação de um foco de atratividade de

serviços, de lazer, de comércio e de entretenimento da comunidade.

Para isso, a preocupação com o ambiente urbano e paisagístico foi salientada,

já nas etapas de projeto e de gerenciamento de obras, ao promover a educação

ambiental, a conscientização de seus trabalhadores e a difusão dos benefícios da

construção sustentável aos visitantes e à população, em geral.

A implantação, por exemplo, priorizou o desnível natural do terreno, de

forma a evitar o consumo desnecessário de energia, gastos econômicos com a

movimentação de terra e com o despendimento de poluentes na atmosfera.

Page 173: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

171

Esta preocupação atende, exatamente, ao pré-requisito obrigatório dos

créditos da categoria “Espaço Sustentável” do LEEDTM

; ou seja, prevenir, ao

máximo, a poluição gerada pelas atividades da construção civil.

Esta prevenção se deu na fase de instalação do canteiro de obras e se dá

durante a execução de todo o complexo, com o intuito de controlar os possíveis

impactos provenientes das atividades da construção, como os oriundos: de processos

erosivos; da movimentação e descarte de solo; da sedimentação; da geração de

poeira; do assoreamento da drenagem pluvial; da contaminação do solo e da água; da

geração de ruído e da vibração; dos incômodos gerados à vizinhança; da poluição do

ar atmosférico; e da alteração do tráfego local (SECOPA, 2012g).

Dentre os principais exemplos práticos de sustentabilidade, destacam-se: o

lava-bicas e o lava-rodas (Figura 57), que são executados para evitar o carreamento

de sedimentos para as vias do entorno e o lançamento destes nas redes de drenagem

pluvial; a própria água utilizada passa, depois, por um processo de decantação e é

reaproveitada (SECOPA, 2012f). A estabilização dos acessos e áreas de

estacionamento, para evitar poeira e promover a correta percolação da água no solo.

A umidificação das vias de circulação (Figura 58), para evitar a geração de poeira

pela circulação de veículos, principalmente no inverno seco. A limpeza e

manutenção das vias do entorno, para evitar distúrbios à vizinhança. A proteção de

taludes com grama em placas, corpos de prova e outras técnicas, para evitar erosão e

o carreamento de sedimentos para a rede de drenagem e corpos hídricos presentes. A

execução de uma rede provisória para drenagem das águas pluviais e a proteção da

rede definitiva com bacias de contenção de sedimentos e elementos filtrantes.

Figura 57 - Lava-rodas de caminhões. Figura 58 - Umidificação das vias de circulação.

Fonte: SECOPA, 2012. Fonte: SECOPA, 2012.

Page 174: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

172

Ademais do monitoramento da qualidade do ar e das emissões de poluentes

dos veículos e equipamentos utilizados na construção. O controle da qualidade das

águas potáveis e efluentes, para evitar fontes de contaminação. A utilização de um

sistema pré-fabricado, instalado no canteiro, para tratamento dos efluentes gerados

durante a construção. A contenção de vazamentos, com lonas e/ou bandejas, para

evitar a contaminação do solo. A proteção do contato direto de materiais, corpos de

prova e equipamentos com o solo, para evitar desperdícios e contaminações. A

presença de kits de emergência ambiental, ao longo do canteiro de obras, para

controlar e remediar focos de contaminação. A capacitação de envolvidos com

treinamentos e cursos sobre o meio ambiente e sustentabilidade. A divulgação de

campanhas permanentes sobre a redução do consumo de água e sobre a coleta de

óleo de cozinha utilizado. A promoção de eventos sobre o meio ambiente, a exemplo,

do dia da árvore, onde mudas foram distribuídas. O armazenamento de produtos

perigosos em locais impermeáveis, protegidos da intempérie, com ventilação e com

sua respectiva Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico - FISPQ. O

monitoramento constante da qualidade do ar e do solo. Além da preocupação com o

“top soil” (a camada mais superficial de solo), que está armazenado e protegido

contra o carreamento e será reutilizado para o plantio de mudas, na etapa de

recomposição vegetal (SECOPA, 2012g). Com todas estas medidas práticas

adotadas, o apelido “Verdão” dificilmente será esquecido.

Com o pré-requisito LEEDTM

atendido verifica-se a pontuação da categoria.

Nesta, a certificação incorpora, além dos 14 créditos correspondentes ao “Ambiente

Urbano e Paisagístico” - ação estabelecida, nesta pesquisa, para averiguar a

sustentabilidade da Arena Pantanal - mais 12 relacionados a transportes, totalizando

26 pontos. De forma a facilitar este estudo, os créditos relacionados à mobilidade

serão analisados no próximo item.

Assim, dos 14 pontos possíveis, seus projetistas esperam alcançar nove. Um,

pela seleção do terreno, já que neste local já se dispunha de um complexo esportivo

subutilizado. Cinco, pela “Densidade urbana e conexão com a comunidade”,

decorrentes da localização estratégica do complexo, próximo à centralidade de

Cuiabá, do aeroporto e das principais redes hoteleiras. Outro ponto é oriundo da

maximização dos espaços abertos e de seu desenvolvimento.

Page 175: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

173

Aqui, deve-se levar em consideração a latitude e a longitude da edificação, as

sombras projetadas por outras edificações, a presença de obstáculos, o clima local, a

capacidade de armazenagem que a edificação tem, em relação ao ganho solar

disponível, a insolação natural, a ventilação cruzada, nas mais díspares épocas do ano

e etc. Quanto mais ventilado e iluminado, naturalmente, um local, menor será seu

consumo energético e mais ecológico este será. O fechamento lateral da Arena

Pantanal, por exemplo, é constituído por uma estrutura metálica, onde serão fixados

brises metálicos e painéis de Cloreto de Polivinila - PVC perfurados, que garantirão

uma boa ventilação, sombreamento e a visualização do exterior, além de realçar sua

qualidade estética. Este item foi estratégico e influente para a abertura das quinas da

Arena, com vegetação nativa e comunicação com o meio externo; buscou-se, assim,

a total integração da edificação com o paisagismo e o ambiente urbano circundantes.

O paisagismo, detalhadamente, fora pensado com a utilização de espécies

nativas e adaptáveis às condições climáticas de Cuiabá, ou seja, oriundas dos biomas

locais: Pantanal, Cerrado e Amazônico; o que favorecerá, principalmente, nas áreas

de estacionamento e circulação, ao aumento da taxa de permeabilidade do solo,

tornando o ambiente menos propício a desastres urbanos. Ao mesmo tempo em que a

opção, em projeto, por tais espécimes reduz a necessidade de irrigação no período do

inverno - quente e seco - e evita problemas referentes à sua adaptabilidade. Estima-se

que 2080 mudas serão implantadas, para a ampliação da área verde existente; todas

terão seus nomes em destaque, para favorecer o uso do complexo para atividades

educacionais. Áreas degradadas, segundo a agência fiscalizadora, também serão

recompostas, com vegetação de mata tipicamente ciliar (SECOPA, 2012g).

Incoerentemente, após toda esta análise do entorno da Arena, o ponto

referente à proteção e a restauração do habitat não será creditado pela agência

certificadora. Outros pontos que não serão contabilizados são a remediação de áreas

contaminadas (01 ponto), que não se aplica; projeto para águas pluviais e seu

controle de qualidade (02 pontos) e a redução da poluição luminosa (01 ponto).

Destes 05 pontos, talvez os referentes às águas pluviais pudessem estar em projeto,

caso houvesse um empenho maior de seus projetistas em destinar estas para seu

corpo hídrico receptor, da melhor forma, com seu correto controle dos poluentes e

resíduos, principalmente pela proximidade do Estádio com córregos da região.

Page 176: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

174

Os últimos dois créditos a serem obtidos correspondem à redução do efeito de

“ilha de calor”, ou seja, áreas de concentração térmica relacionadas à pavimentação e

a cobertura (SECOPA, 2012f). As especificações do piso externo e da cobertura, para

evitar tal efeito (que aumenta o desconforto no clima tropical e interfere no aumento

das precipitações), levaram em consideração o Índice de Refletância Solar, ou em

inglês, Solar Reflectance Index (SRI), que valora o quanto uma superfície aquecida

se comporta em relação a uma superfície branca e preta, na reflexão e na emissão de

calor. Na Arena Pantanal, o piso terá SRI mínimo, de 29, e a cobertura, considerando

sua inclinação, SRI máximo de 78. Alguns exemplos destes, que ainda poderão ser

substituídos são a concrebrita, seixos e intertravados (VITRUVIUS, 2012).

Figura 59 - Exemplos de pavimentos a serem utilizados, na área externa, com controle de SRI.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

A ação “Ambiente Urbano e Paisagístico” é claramente atendida pelos

projetistas da Arena Pantanal, assim como no processo LEEDTM

; várias medidas

foram adotadas e apresentadas, nesta seção, de forma a ilustrar o envolvimento pleno

de seus arquitetos e engenheiros com estas ações. Cabe frisar, mais uma vez, que

muitas das medidas adotadas podem ter desdobramentos sobre outras áreas, através

de uma rede complexa de influências; que, aqui, foram simplificadas de forma a

facilitar sua apresentação, entretanto, estas poderão vir a ser analisadas nos próximos

itens, através de um novo viés relacionado à sua área de abordagem.

LEGENDA:

Concrebrita

Seixos

Intertravados

Page 177: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

175

5.4.3.2. Ação 02: Transporte

Cuiabá e Várzea Grande, na Região Metropolitana, estão recebendo um

pacote de obras de mobilidade para a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014TM

, que

aspira transformá-las em um aglomerado urbano organizado, com total infraestrutura

viária e servido de transporte coletivo adequado às necessidades de sua população.

O plano original previa a construção de dois corredores de BRT e quatro

novos corredores viários (LIMA, 2011). Entretanto, após uma polêmica nacional,

este modal fora substituído pelo VLT; a mudança triplicou o valor orçamentário

inicial, de R$ 454 milhões, para cerca de R$ 1,47 bilhão (KONCHINSKI, 2012).

Com este novo projeto modal, a Arena Pantanal, centro desta análise, ficará a

uma distância média de 2,5 km da estação mais próxima do VLT, na área central da

cidade, o que equivale a uma caminhada de aproximadamente 25 minutos. Se este

dado aparenta ser confortável para pessoas jovens, pode não ser para pessoas idosas e

com problemas de locomoção. Todavia, o estádio e suas proximidades estão

inseridos no itinerário de alguns coletivos públicos das duas cidades, que através de

um sistema de bilhetagem única se integram a toda frota de ônibus.

Esta facilidade, a rede de transportes públicos, possibilitou que, dos doze

pontos máximos referentes a transporte, no LEEDTM

, a Arena Pantanal alcançasse

seis. Outros três pontos serão obtidos pela presença de vagas preferenciais, no

projeto do estacionamento do estádio, para usuários que possuam veículos movidos a

álcool, que são difundidos por ambientalistas como uma das alternativas mais

sustentáveis em relação à frota de automóveis convencionais.

Dois pontos serão obtidos pela preocupação com áreas de estacionamento.

Internamente, a Arena comportará até 400 veículos (368 carros, 03 ônibus e 29

motocicletas); externamente serão mais 2.431 vagas automotivas, além dos

estacionamentos remotos. Nestes os torcedores deixarão seus veículos e seguirão

para a arena em micro-ônibus disponibilizados pela organização; para tal, terrenos do

Exército serão desapropriados futuramente (BRASIL, 2011).

O estádio só não receberá um ponto referente à alocação de bicicletários e

vestiários para seus ocupantes, já que este não apresenta usuários fixos; no entanto, é

notável a preocupação com a sustentabilidade referente à ação “Transportes”.

Page 178: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

176

5.4.3.3. Ação 03: Água - Racionalização

A racionalização da água é uma das questões ambientais mais importantes da

atualidade e diversas empresas vêm desenvolvendo projetos a respeito desta

temática. Na Arena Pantanal, desde a etapa de projeto, os sistemas hidráulicos já

foram detalhados para que todo o complexo entre em funcionamento com o máximo

aproveitamento de seus recursos hídricos, o equivalente a uma economia mínima de

40% do consumo de uma edificação semelhante (SECOPA, 2012g).

Dentre os principais dispositivos economizadores a serem utilizados no

projeto do novo Verdão destacam-se: válvulas de descarga, com limitador de fluxo -

nelas é oferecido um sistema duplo de acionamento, permitindo a dosagem de água

de acordo com a opção de uso (menos água para resíduos líquidos, mais para

sólidos); válvulas eletrônicas para mictórios, que são acionadas automaticamente

após a saída do usuário do campo de detecção do sensor; torneiras anti-vandalismo,

acionadas hidromecanicamente com leve pressão manual; torneiras elétricas, que

permanecerão abertas enquanto o usuário lava as mãos, cessando seu fluxo quando

este se afastar; torneiras de acionamento restrito, utilizáveis apenas para aqueles que

possuam sua chave destacável; além de mecanismos semelhantes (Figura 60).

Figura 60 - Elementos controladores de vazão de água da Arena Pantanal.

Fonte: GCP Arquitetos.

Programas como o Green GoalTM

e o LEEDTM

destacam a importância do uso

racional da água. Nesta certificação supracitada, a redução do consumo de água é

pré-requisito para a ratificação de um projeto sustentável. Tanto que, dos quatro

pontos disponíveis para a redução do consumo, em até 40%, a Arena obterá todos.

Este índice retrata a preocupação de seus projetistas em relação à utilização da água.

Page 179: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

177

5.4.3.4. Ação 04: Água - Conservação e Reuso

A minimização da dependência da rede pública de abastecimento e a

autonomia consciente parcial, ou total, de uma edificação é um dos índices que mais

refletem sua sustentabilidade. Medidas como: captação e reuso das águas de chuva;

utilização de águas subterrâneas; e tratamento de águas residuais, para usos não

potáveis; são medidas que, apesar de terem custo de aplicação inicial elevado,

reduzem o custo com manutenção e operação e contribuem para o meio ambiente.

O reuso da água, hoje, se afirmou como uma tendência internacional,

irreversível no mercado da construção civil; contudo, apresenta-se tímido no

mercado nacional, sem previsão de tornar-se uma diretriz para sistemas mais

eficientes de uma sociedade ainda nada consciente de suas responsabilidades.

Poucas empresas, no país, concebem e executam sistemas de reuso de água, já que o

mercado consumidor deste serviço limita-se a, somente, algumas grandes empresas.

Dentre as principais ações de sustentabilidade aplicadas na conservação e

reuso da água, no estádio da capital mato-grossense, destacam-se:

O reaproveitamento da água de chuva. Este já está presente, desde a etapa de

construção do estádio, à medida que, boa parte da água consumida no canteiro de

obras é produto de reuso. Dois tanques, com capacidade para 2.500 litros, recebem as

águas pluviais captadas e, após processos de decantação e filtragem, liberam-na para

usos como a cura do concreto e a lavagem dos caminhões betoneiras. Após estas

atividades, esta água volta para os tanques, para um novo ciclo (BRASIL, 2012).

Com a finalização das obras, a cobertura do estádio e o gramado, também,

terão esta função de captar as águas de chuva para usos menos nobres; entretanto,

para isso, o estudo de um sistema eficiente de reaproveitamento foi necessário.

Primeiro, levou-se em consideração o clima da região, a localização do complexo e a

identificação do volume pluviométrico registrado no local; o que influiu no

dimensionamento do sistema. Segundo, levaram-se em consideração os materiais a

serem empregados e a manutenção da rede hidráulica do sistema, que sempre deverá

ter uma comunicação com a rede de água tratada da concessionária local, para que o

abastecimento não seja afetado em tempos de seca. Geralmente, é estabelecido um

sistema de instalações prediais de água fria não potável, paralelo ao sistema

Page 180: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

178

convencional de águas potáveis da concessionária; já que a primeira pode conter

poluentes presentes na atmosfera e coliformes. Em áreas de grande porte, como esta,

aproveitar a água de chuva é unir os benefícios ecológicos aos econômicos.

A água a ser armazenada em reservatórios, nos períodos de chuva, depois de

passar por um tratamento primário, poderá ser utilizada para usos que não necessitem

de água potável, como: a irrigação de jardins e gramados; resfriamento de

equipamentos e máquinas; no reservatório contra incêndio; lavações de pisos e

veículos; e nas descargas de banheiros. Com isso, haverá a redução do consumo de

água da rede pública e do custo de fornecimento da mesma; encorajando, até mesmo,

outras edificações, em Cuiabá, a terem uma postura ativa perante os problemas

ambientais da cidade, ao conservarem água e serem autossuficientes. Até mesmo nos

dias de chuva intensa, as cisternas poderão funcionar como "buffers" (áreas de

contenção), diminuindo, ou até evitando, alagamentos e a sobrecarga da rede pluvial.

O retorno, com este sistema, de um recurso escasso, em grande parte das

cidades ocorre após dois anos e meio; no entanto, para obras mais complexas, como

estádios, os investimentos com tempo, precauções e dinheiro são mais consideráveis

que a grande maioria das coberturas de edificações residenciais e comerciais.

O tratamento de efluentes. Para alcançar os 40% de índice de redução de

consumo de água, citados na ação anterior, o projeto da Arena Pantanal fará o reuso

de seus efluentes, de forma a integrar todos os seus sistemas. Processo este já

iniciado no canteiro de obras, uma vez que, uma miniestação foi construída, para

captar o esgoto originário dos banheiros dos operários e de outras atividades

desenvolvidas na construção. A exemplo do lava-bicas e do lava-rodas, citados na

ação “Ambiente Urbano e Paisagístico”, como formas de evitarem o carreamento de

sedimentos; estes mecanismos têm a sua própria água reutilizada, após um processo

de decantação (SECOPA, 2012f). A intenção é que o complexo, como um todo,

prejudique o sistema hídrico e o lençol freático o menos possível (BRASIL, 2012).

Com a conclusão deste empreendimento, todos os efluentes coletados serão

tratados em uma Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), com alto padrão de

qualidade, a ser instalada em seu perímetro (PORTAL2014, 2009b). A água utilizada

para irrigação do gramado do campo terá como uma de suas origens os efluentes

produzidos, coletados, tratados e armazenados neste estádio (VITRUVIUS, 2012).

Page 181: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

179

Figura 61 - Integração dos recursos hídricos. Economia de consumo de água.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

Ao comparar esta ação com os pontos constituintes do LEEDTM

, percebe-se

que, dos seis pontos disponíveis, a Arena Pantanal creditará todos; dois, pelo

importante trabalho de aplicação de tecnologias inovadoras para o tratamento de

águas servidas, que já fora abordado anteriormente; e quatro, pelo uso eficiente de

água não potável, ou sem irrigação para o paisagismo, já que o gramado e os jardins

do entorno contarão com o aproveitamento da água da chuva e o reuso tratado dos

efluentes para esta atividade. Aqui, cabe frisar que esta certificação norte-americana

não está adaptada à realidade climática brasileira e que a região onde se localiza

Cuiabá sofre com um período agudo de estiagem, entre os meses de março e

setembro, onde os índices pluviométricos são baixos e as temperaturas elevam-se, o

que obrigará os gestores da futura Arena a irrigarem suas áreas verdes e o campo de

jogo com água potável, disponibilizada pela concessionária da capital.

As duas ações que abordam a temática água são atendidas pelos seus

projetistas, seja pelo conjunto, à luz desta pesquisa, seja os 100% “quantificáveis” da

metodologia LEEDTM

. Contudo, ressalta-se que os quatro pontos referentes à

redução do consumo de água, em 40%, só serão creditados posteriormente à

conclusão desta obra e com sua eventual verificação. As medidas obtidas nesta

investigação foram apresentadas nesta seção e esclarecem o quanto a água é um

elemento importante nas questões de sustentabilidade.

Page 182: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

180

5.4.3.5. Ação 05: Energia - Fontes Renováveis

A utilização de energia renovável, originária de fontes naturais, se tornou

uma preocupação de projetistas de arenas, já que estas consomem, em um período de

duas horas (o equivalente a uma partida de futebol), em torno de 6 a 8 MW de

energia elétrica (DINIZ, 2012). Ao contrário dos combustíveis de origem fóssil que

suprem boa parte dos complexos esportivos mundiais, as fontes de energias

renováveis, no geral, causam impactos considerados mais brandos ao meio ambiente,

pois suas “matérias-primas” possuem grande capacidade de regeneração (renovação).

Portanto, são excelentes alternativas ao sistema energético tradicional, tornando estes

empreendimentos totalmente, ou parcialmente independentes da rede local de

abastecimento, principalmente em uma época de luta contra a poluição atmosférica e

o aquecimento global, que têm os hidrocarbonetos como seus maiores antagonistas.

A Arena Pantanal e as outras arenas, como já explanado, tiveram o

empréstimo para a construção de suas principais estruturas para a Copa, liberado

mediante a ratificação de um acordo com o BNDES, de que estas produziriam parte

da energia “limpa” a ser consumida nas suas próprias instalações (BILENKY, 2010).

A cobertura do equipamento cuiabano, que já teve seus pórticos de

sustentação iniciados, deverá abrigar, quando concluída, uma estação de geração de

energia solar, a partir do uso de placas fotovoltaicas. Os estudos estão sendo

efetivados, em parceria com a Eletronorte, empresa que atua no segmento da geração

e da transmissão de energia elétrica na Região Amazônica, na qual o estado de Mato

Grosso também faz parte, e que tem disponibilidade financeira para investimentos

em soluções inovadoras que garantam a sustentabilidade ambiental. A expectativa é

que a usina possa gerar 1,2 megawatts/hora de energia, o que corresponderia a quase

20% do consumo da arena em situações normais (BRASIL, 2012b).

Pela localização geográfica da Arena os painéis fotovoltaicos deverão estar

direcionados para o hemisfério norte, com uma inclinação de 15° 33’, para que

captem a energia solar e convertam-na em energia elétrica, de forma mais eficiente.

Além do que, estes serão conectados à rede pública de abastecimento, através de um

sistema interligado, para que o excedente produzido, quando esta não estiver em

operação, seja utilizado por edificações do entorno, através da subsidiária local.

Page 183: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

181

O sistema projetado, em função da média do consumo, das limitações da

cobertura e dos aparelhos eletrônicos utilizados, é beneficiado pelas características de

insolação e clima de Cuiabá, onde o sol é predominante; no entanto, contará com

placas fotovoltaicas tradicionais, importadas, tecnologia ainda não dominada pelas

empresas nacionais (REDAÇÃO ECOD, 2012). Países que detêm tais conhecimentos

investem na flexibilização de painéis fotovoltaicos, ou seja, o utilizam em muitos

elementos construtivos, tais como telhas, cortinas de vidro e painéis decorativos,

aumentando sua difusão no mercado da construção civil (MONTEIRO, 2010).

Outra utilização da energia solar na Arena Pantanal corresponde aos coletores

solares térmicos - estruturas que captam a energia térmica do sol e a transformam em

calor - poupando até 70% da energia elétrica necessária para o aquecimento da água.

Assim como na instalação de painéis fotovoltaicos, estes coletores deverão estar

direcionados para o hemisfério norte, onde serão mais eficientes. Em ambos os casos,

a cobertura foi projetada e calculada prevendo o sobrepeso destes painéis.

A Ação 05 “Energia - Fontes Renováveis”, é atendida nesta pesquisa, tem

grande destaque no Programa FIFA Green GoalTM

e no LEEDTM

; contudo, ao

analisarmos este último, esta ratificação se torna um pouco mais complexa. Como a

construção encontra-se em andamento, muitos dos detalhes da obra estão em projeto,

são sigilosos, ou estão sendo revisados constantemente, o que faz com que sistemas

elétricos e a instalação de fontes renováveis, um dos últimos itens a serem

executados, possam vir a ser retificados. Em um dos últimos “Status de Pontuação

Certificação LEED”, que fora disponibilizado pela Concremat Engenharia, empresa

gerenciadora, supervisora, fiscalizadora e coordenadora da sustentabilidade da obra,

através de uma palestra, nenhum dos nove créditos referentes às categorias “Energia

Verde” e a “Geração de Energia Renovável” foram creditados até agora.

Todavia, foi apresentado, nesta seção, que o BNDES obrigará os estádios que

adquiriram financiamento para a execução de seus projetos, de instalarem

mecanismos para a geração de energia limpa em seus empreendimentos (BILENKY,

2010). A Arena Pantanal que, inicialmente, não instalaria uma usina de energia

fotovoltaica, em sua cobertura, foi obrigada a fazê-lo e, com isso, certamente sua

pontuação será alterada e estes pontos serão creditados, elevando assim, a pontuação

final do estádio e, talvez, até a sua classificação para a categoria “Silver”.

Page 184: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

182

5.4.3.6. Ação 06: Energia - Demanda Minimizada

Combater o desperdício de energia elétrica não significa abrir mão do

conforto, seja de uma grande edificação como esta, seja de uma pequena edificação

residencial. Os benefícios provenientes da geração de energia elétrica podem ser

aproveitados de forma racional, através de atitudes simples, como utilizar lâmpadas

mais econômicas; e quando isto acontece, o consumidor está preservando os recursos

do país, ao mesmo tempo, que evitando problemas de abastecimento (EDM, 2012).

A Arena Pantanal busca, através de sua concepção arquitetônica e de sua

construção sustentável, estabelecer dispositivos economizadores, que reduzirão em

até 20% o consumo energético de sua utilização, se comparada a estádios de mesmo

porte (PORTAL2014, 2009b). Para o sucesso da minimização do consumo, o projeto

levou em consideração o estabelecimento de modelos das atividades futuras de seus

usuários, nos mais diversos ambientes projetados, variando de acordo com as

necessidades energéticas e luminotécnicas de cada um deles. As condições climáticas

locais de Cuiabá, obviamente, acabam favorecendo a iluminação natural dos

ambientes e a redução natural do consumo energético.

Segundo a GCP Arquitetos, dar-se-á, por exemplo, a utilização de lâmpadas

de baixo consumo e procurar-se-á utilizar iluminação localizada em pontos

indispensáveis. Priorizar-se-á lâmpadas fluorescentes compactas, pois elas têm o

mesmo potencial de iluminação de lâmpadas incandescentes e das lâmpadas

fluorescentes, mas consomem menos energia; e a iluminação em LED, que tem baixo

consumo e emissão de dióxido de carbono (10 a 30 vezes mesmos que uma lâmpada

convencional), não produz calor (evitando o envelhecimento dos componentes e dos

materiais envolventes: difusores, acrílicos, cabeamento, suportes e etc., aumentando

sua vida útil), gera menos carga térmica (o que reduz a necessidade de utilização de

aparelhos climatizadores, para compensação de temperatura) e reduz drasticamente

os custos com lâmpadas de substituição e serviços associados.

Outras medidas referem-se a: a utilização de aparelhos eletrônicos e sistemas

de condicionamento de ar mais eficientes, disponíveis no mercado; a programação

dos doze elevadores, para economizar, durante os percursos percorridos, com a

utilização de comandos eletrônicos e sensores de presença; a ratificação de que os

Page 185: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

183

sistemas elétricos atendem as normas da American Society of Heating, Refrigerating

and Air Conditioning Engineering (ASHRAE), com especificação de componentes e

sistemas que garantam e evitem desperdícios de consumo; além do estabelecimento

de limite de potência dos projetos luminotécnicos das áreas internas e externas, o que

reduzirá o consumo energético exagerado da edificação (SECOPA, 2012g).

Igualmente à ação anterior, a Arena Pantanal atende aos critérios

simplificados adotados nesta pesquisa e no Programa FIFA Green GoalTM

; entretanto

mais uma vez, apresenta uma certa complexidade, se analisada à luz do LEEDTM

. A

categoria analisada corresponde a “Energia e Atmosfera” e, excluindo-se os nove

pontos referentes a energias alternativas, analisados na seção anterior, 26 pontos

estão disponíveis. Estes pontos exigem o cumprimento de três pré-requisitos básicos:

“Comissionamento dos Sistemas de Energia”: Assegura que os sistemas

relacionados à energia sejam instalados e tenham desempenho de acordo com os

requisitos do proprietário e os projetos dos engenheiros responsáveis.

“Performance Mínima de Energia”: Estabelece que objetivos iguais devem

ser realizados com o mínimo de energia, de forma mais eficiente e sustentável.

“Gestão Fundamental de Gases Refrigerantes/Não Uso de CFCs”:

Preocupação com gases que, mesmo não tendo cloro em sua composição e sendo

menos prejudiciais à camada de ozônio, contribuem para o aumento do efeito estufa.

O projeto em análise atende a todos os pré-requisitos, caso contrário não

receberia nenhuma classificação desta certificação norte-americana. Assim, segundo

seus projetistas, dos 26 pontos disponíveis, cinco serão atingidos: dois por melhorias

no comissionamento dos sistemas de energia e três por medições e verificações

realizadas durante a obra. Já, 21 pontos não seriam atingidos: 19 por otimização da

performance energética e dois por melhoria na gestão de gases refrigerantes.

Contudo, pelo projeto ainda se encontrar em andamento, muitas destas

informações poderão ser corrigidas, ou alteradas, até a sua versão definitiva. Um

empreendimento de grande porte como este apresenta uma série de variáveis e

restrições internas e externas, podendo sofrer, ainda, pelo envolvimento político que

esta obra tem, na dinâmica das três esferas de governo, pela sua magnitude. Podemos

citar como as variáveis mais importantes para o gerenciamento deste projeto: o

tempo de término da obra; o seu orçamento; e o seu escopo.

Page 186: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

184

5.4.3.7. Ação 07: Materiais Ecológicos

Os materiais utilizados na construção da Arena Pantanal atendem, a princípio,

a critérios de regionalização, preservação, recuperação e de responsabilidade

socioambiental (ou seja, não comprometem o meio ambiente e a saúde de seus

ocupantes e contribuem para tornar o estilo de vida cotidiano mais sustentável). Isto

significa que estes foram elencados, em projeto, considerando os sistemas

construtivos predominantes locais, sua geografia, questões culturais, preocupações

ambientais e a sua disponibilidade no mercado. Boa parte destes apresenta tecnologia

biocompatível; ou seja, melhoram as condições de conforto de seus usuários e/ou, no

mínimo, não agridem o meio ambiente em seu processo de fabricação, nem durante

seu ciclo de vida. Materiais que reconhecidamente estão envolvidos com graves

problemas ambientais foram evitados, quando possível, ou utilizados, na ausência de

outras opções, de maneira criteriosa e de forma bastante controlada.

Dos 14 pontos totais disponíveis na categoria “Materiais e Recursos” do

LEEDTM

, 06 correspondem à utilização de materiais ecológicos e os outros oito

referem-se a “Resíduos e Reciclagem”, ação a ser abordada no próximo tópico.

Destes seis em análise, segundo o “Status de Pontuação Certificação LEED”,

quase todos serão atendidos. Um, pela utilização de madeira certificada; ou seja, toda

esta matéria-prima terá sua origem controlada e certificada pelos órgãos de controle

ambiental. Buscar-se-á alcançar, neste item, a utilização de 100% de madeira legal e

50% de madeira certificada pela Forest Stewardship Council (FSC), já que este item

é abundante no Estado e de grande importância na obra (SECOPA, 2012f).

Outro ponto, virá pela utilização de materiais de rápida renovação; insumos

que tenham curto ciclo de renovação e substituam matérias-primas finitas. A

utilização de madeira de reflorestamento, para fôrmas de concreto e para tapumes,

foi uma das medidas adotadas; assim como, a utilização de lâmpadas LED, em

detrimento das outras, que apresentam como uma de suas vantagens ambientais a não

produção de materiais para reciclar, como: reatores, bulbos e etc.

Os últimos dois pontos, apesar da gerenciadora da obra esperar obtê-los,

integralmente, para o uso mínimo de 20% de materiais regionais (extraídos,

processados e manufaturados a menos de 800 km de distância da construção),

Page 187: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

185

representam uma das maiores dificuldades encontradas. O conceito, aparentemente

simples, que estimula o desenvolvimento econômico sustentável de Mato Grosso e

atende aos anseios do setor empresarial da região esbarra no processo de Certificação

LEEDTM

, que demanda que todas as ações sejam comprovadas e, para isso, a

utilização de materiais ditos ecológicos exige que estes sejam apresentados,

acompanhados de suas respectivas Declarações Ambientais do Produto (DAP).

Entretanto, tal prática ratificadora de sustentabilidade não é comum no Estado. As

DAPs seriam os documentos emitidos pelas empresas, para divulgação dos impactos

ambientais gerados por um produto, ao longo do seu ciclo de vida, além de sua

origem, conteúdo incorporado, etc. (ALMEIDA et al., 2011).

Assim, a SECOPA vem trabalhando para que alguns materiais utilizados por

ela, na construção da Arena Pantanal, sejam certificados por suas empresas de

origem. Por exemplo, tijolos cerâmicos a serem utilizados para o fechamento de

vãos, que, hoje, não são certificados, têm a consultoria especial da SECOPA em suas

empresas de origem. Nelas, engenheiros e arquitetos instruem seus administradores

sobre como providenciar os laudos comprobatórios, perante as entidades ambientais

responsáveis e que, posteriormente, serão utilizados para a comprovação LEEDTM

.

Dois pontos não estão sendo creditados, referentes ao reuso de materiais. No

entanto, algumas medidas práticas foram tomadas para que tal ação fosse ratificada.

A concepção modulada e simplificada de todo o complexo, por exemplo, fez com

que o uso da madeira, em fôrmas, fosse reduzido no canteiro de obras, ao se utilizar

pré-moldados com estruturas metálicas, em quase todos os elementos estruturais.

Entretanto, este conceito simples de reuso de madeira, para a concepção de fôrmas de

peças idênticas e numerosas em concreto não fora creditado até o momento, podendo

ser revertido até o momento da certificação final, no segundo semestre de 2013.

Esta seção apresentou que o princípio de sustentabilidade de materiais

ecológicos é corretamente empregado na Arena Pantanal, por seus projetistas, ora

pela metodologia desenvolvida para esta pesquisa, ora pela certificação americana. O

emprego, por exemplo, de tintas, selantes, vernizes e derivados com baixa, ou

nenhuma emissão de COV, atende a preocupações muito mais relevantes que as

relacionadas à estética, preço e funcionalidade. Atendem a um novo paradigma: o

impacto ambiental dos produtos em seu processo de fabricação (SECOPA, 2012f).

Page 188: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

186

5.4.3.8. Ação 08: Resíduos e Reciclagem

A grande produção de resíduos, aliada à falta de tratamento e a disposição

adequada destes, é hoje, uma das maiores preocupações ambientais. Porém, a gestão

integrada de resíduos - podendo envolver conteúdos sólidos, líquidos e gasosos - é

uma das principais metodologias, com vistas a reduzir os efeitos nocivos destes sobre

a saúde humana e o meio ambiente, no sentido de atingir um equilíbrio entre a

necessidade de produção e os seus impactos na natureza.

Dentre uma série de métodos de recuperação de recursos, que estão sendo

desenvolvidos, continuamente, podemos destacar, decrescentemente, através das

opções mais eficientes: a prevenção, a minimização, a reutilização e a reciclagem.

A reciclagem de materiais inertes da demolição, gerados no canteiro de obras,

e a incorporação destes em elementos construtivos, por exemplo, se tornou uma das

principais diretrizes aplicadas a (re)qualificação de arenas esportivas. Nestes espaços,

a produção de resíduos, durante a construção e na fase de operação, deve ser levada

em consideração por seus projetistas, logicamente, partindo de formas mais

eficientes, para formas menos eficientes de tratamento e disposição final. Esta

temática recebe, atualmente, grande destaque; não somente na análise desta ação

pesquisada, mas, também, em toda a revisão bibliográfica, nos requerimentos e

normativas técnicas exigidas pela FIFA e nas principais certificações ambientais.

Dentre as medidas adotadas pela Arena Pantanal com a sustentabilidade de

resíduos e a reciclagem destacam-se: o controle do transporte; a identificação de

quantidades, destinos e empresas; a reciclagem de insumos; a utilização de 20% de

novos materiais, que apresentem em sua composição conteúdo reciclado; o programa

de coleta seletiva de escritórios, canteiro de obras e frentes de serviço; a utilização de

recipientes com cores, para facilitar a compostagem; a instalação de baias de

armazenamento identificáveis e protegidas de intempéries; e a averiguação das

licenças das empresas transportadoras e receptoras, além de sua destinação correta,

evitando aterros sanitários, lixões e a sua completa incineração (SECOPA, 2012g).

Cuidados foram adotados antes da construção do novo Estádio, já incluídos

nas premissas de projeto, ainda no período da demolição do antigo Verdão, onde

definiu-se que nenhum detrito seria descartado; priorizando-se assim, a reciclagem e

Page 189: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

187

o reuso, evitando a poluição de outros locais (SECOPA, 2012f). Estruturas metálicas,

assentos, refletores e até o gramado, por exemplo, foram destinados para praças

esportivas do interior do Estado (24HorasNews, 2010). Já materiais como ferro e aço

foram separados e encaminhados para reuso em usinas siderúrgicas (PORTAL2014,

2010). Entretanto, o maior destaque ficou a cargo dos 24 mil m³ de concreto e

alvenarias, que foram reciclados e reaproveitados no aterro e na pavimentação de

vias de acesso ao complexo, em uma área de aproximadamente 300 mil m².

A gestão de resíduos do antigo Verdão foi de aproximadamente 100%,

segundo dados da SECOPA; menos de 5% destes materiais tiveram como destinação

final o aterro sanitário da cidade. Esta ação teve como objetivo atender a já citada

normativa brasileira CONAMA 307/02, ao promover a reciclagem e/ou a reutilização

de resíduos gerados no canteiro, desviando do aterro e da incineração, pelo menos

75% do volume total gerado (SECOPA, 2012g).

Inclusive, o novo projeto, desde sua etapa de terraplanagem, já priorizava a

racionalidade e a sustentabilidade desta ação, ao permitir a compensação entre corte

e aterro, eliminando a importação e/ou o bota-fora de materiais de escavação, o que

evitou os impactos ambientais que uma obra deste porte acarretaria.

Ao partir de uma análise qualitativa como esta, para uma mais quantitativa,

como a LEEDTM

, verifica-se que, na categoria “Materiais e Recursos”, dos oito

pontos possíveis relacionados a resíduos e reciclagem, quatro pontos não poderiam

ser alcançados, já que o estádio original fora totalmente destruído e estes créditos são

correspondentes ao reuso de elementos parciais, ou totais da edificação original.

Dois pontos foram possíveis, desta categoria, por especificarem, em projeto,

que a gestão da construção destinaria 75% dos resíduos para reuso. E outros dois, por

utilizar em obra 20% do conteúdo reciclado - ação ratificada em projeto.

Assim, dos oito pontos disponíveis, a Arena Pantanal atende, até o momento,

a 50% destes. No entanto, como as obras encontram-se em andamento, algumas

destas bonificações podem vir a deixar de ser pontuadas por seus avaliadores.

O LEEDTM

impõe apenas um pré-requisito para este item, o correto depósito

e coleta de materiais recicláveis. Caso este não seja atendido, automaticamente - ao

contrário do que foi visto neste objeto de pesquisa - a edificação não pontua neste

item e é eliminada do processo de certificação.

Page 190: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

188

5.4.3.9. Ação 09: Conforto Ambiental Passivo

O conforto ambiental nas edificações é uma temática cada vez mais em voga

para aqueles que estudam o ambiente construído e suas relações com o homem. Pode

ser entendido como a adequação deste espaço ao uso; respeitando condições

térmicas, de ventilação, de insolação, de acústica e visual, capazes de alterar o seu

desempenho e o seu contexto urbano. Nesse sentido, segundo Oliveira e Ribas

(1995), todo conhecimento desenvolvido acerca do conforto ambiental para

edificações pode ser definido através de elementos de controle passivo (materiais,

brises e etc.), a serem estudados neste item; e de controle ativo (condicionadores de

ar, umidificadores, ventiladores e etc.), que virão a ser abordados na próxima ação.

Este assunto difundido, vastamente, na literatura sobre edificações de uso

residencial, também se aplica em grandes obras e complexos esportivos, como é o

caso da Arena Pantanal, entretanto, com uma escassez maior de fontes bibliográficas.

O estádio da capital mato-grossense, por localizar-se em uma área com

características climáticas específicas, onde predominam temperaturas médias

elevadas, requereu cuidados maiores em sua etapa de projeto, favorecendo,

principalmente, ações de conforto ambiental passivo, que são menos onerosas e

desprendem menos gastos energéticos que as de controle ambiental ativo. Dentre as

principais medidas adotadas, destacam-se: a busca pelo melhor aproveitamento dos

condicionantes naturais, que favorecem a eficiência energética; o emprego de

materiais com baixa condutibilidade térmica; a concepção da forma arquitetônica

mais arejada e permeável em relação às correntes de ar; e o posicionamento da

edificação e do campo, protegidos da insolação mais forte (DINIZ, 2012).

Neste tipo de projeto, na América do Sul, para se manter uma temperatura

constante em seu interior, deve-se evitar perdas de calor, no inverno, e ganhos de

calor, no verão. A incidência constante de raios solares, por exemplo, fez com que o

design da arena se tornasse mais arejado, com a substituição das arquibancadas entre

os módulos “Norte”, “Sul”, “Leste” e “Oeste”, por vegetação, de forma a facilitar a

ventilação cruzada. Este fenômeno natural e suas variantes (velocidade, direção e

variações sazonais) são um dos elementos mais importantes deste tipo de conforto e

transformarão as áreas suprimidas em pequenos microclimas, contribuintes da

Page 191: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

189

manutenção de uma temperatura interna mais agradável, através de processos de

resfriamento e de renovação do ar (SECOPA, 2012f).

No entanto, uma ressalva se faz necessária; a vegetação a ser empregada será

de baixo-médio porte, disponibilizada em vasos próprios para paisagismo, ou em

uma estreita camada de substrato, propícia, apenas, para espécies rasteiras e

gramíneas. Esta limitação é imposta por áreas de circulação e permanência, em seu

andar inferior, e pelo limite de carga máximo possível para as quatro lajes em

concreto, de cada uma das quinas. Uma solução que contemplasse a vegetação

diretamente no solo seria muito mais plausível, pois permitiria a arborização com

espécies de médio-grande porte, mais eficientes para o combate ao calor; reduziria a

quantidade de estruturas construídas necessárias; minimizaria a possibilidade de

eventuais infiltrações, decorrentes de impermeabilizações mal executadas; e de

rompimentos casuais em função da expansão das raízes das espécies a serem fixadas.

Caso as quatro coberturas do estádio, a serem constituídas de estrutura

metálica e lona tensionada, não apresentassem vãos livres de grandes dimensões

(Setores “Norte” e “Sul”, 64m de largura e 70m de comprimento; Setores “Oeste” e

“Leste”, 64m de largura e 110m de comprimento) poderiam receber, também, um

mecanismo de conforto ambiental passivo denominado “telhado verde”. Neste

dispositivo arquitetônico são aplicadas camadas de solo e vegetação sobre um meio

impermeável. No entanto, neste caso, a grande dimensão disponível sobrecarregaria a

estrutura; e pela sua altura (44m), dificultaria processos de manutenção, mesmo

sendo, uma excelente solução para as condições climáticas de Cuiabá (DINIZ, 2012).

Os materiais escolhidos para a cobertura buscam uma boa relação entre durabilidade,

á resistência à água e a forte ação do sol, que poderia ressecar materiais como o PVC

e o policarbonato. Suas cores claras trarão, também, um maior benefício térmico.

Voltando à ventilação, outra a ser promovida será a vertical, ou seja, a

retirada de ar quente do interior da edificação se dará através de um fluxo de ar

ascendente, mediante ondas de convecção, com diferença de pressão. Dispositivos

como espelhos d’água internos, aberturas zenitais e o distanciamento da cobertura do

último nível de assentos serão utilizados para tal fim. Os vãos citados anteriormente,

que tiveram atenção redobrada na sua alocação estratégica, poderão, até mesmo,

favorecer a iluminação natural e o alcance visual, exceto claro, em locais, que devam

Page 192: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

190

prevalecer a segurança e a privacidade (PORTAL2014, 2009b). Segundo a SECOPA

(2012g), o índice de visibilidade externa e de iluminação natural de todas as áreas

construídas, com exceção das arquibancadas, será de 90%.

Figura 62 - As preocupações com o conforto térmico da Arena Pantanal.

Fonte: Adaptado de VITRUVIUS (2012).

Entretanto, é a proteção aos efeitos do sol a maior preocupação dos

idealizadores deste projeto. A concepção da Arena Pantanal prevê que coberturas e

fachadas sirvam de anteparo de sombreamento dos raios solares, evitando o acúmulo

de calor nos ambientes internos. A exemplo, toda a envoltória será constituída de

brises, que, originalmente, seriam em madeira certificada, mas que, em função de

mudanças de projeto, serão em estrutura metálica associados a uma lona tensionada,

para proteger os fundos das arquibancadas do calor e da incidência de sol

diretamente no concreto. Segundo João Paulo Curvo Borges, engenheiro-geral

responsável pelo projeto do estádio, a medida criará uma área de ventilação entre a

fachada e a arquibancada, evitando o aquecimento da estrutura (DINIZ, 2012).

O material escolhido, inicialmente, caso fosse certificado e tratado para

intempéries seria bem mais adequado; primeiro, pela riqueza desta matéria-prima no

Estado; segundo, pelas suas propriedades físicas mais adequadas para o isolamento

da condutibilidade térmica, que chapas de estrutura metálica, mesmo que

apresentassem custos iniciais e de manutenção mais elevados.

Page 193: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

191

Em alguns trechos da fachada, também, serão utilizados vidros, que, apesar

de não serem elementos construtivos adequados para Cuiabá, em alguns locais se

fazem necessários. Teve-se uma preocupação com a relação entre o ganho de calor e

as áreas envidraçadas, o que está diretamente relacionado com o clima local. Vidros

adequados ao conforto térmico interno foram buscados e deverão possuir fator de

ganho solar (SHGC - Solar Heat Gain Coeficcient) de, no máximo, 0,48, para não

contribuírem com o ganho interno de calor dos ambientes.

Esta preocupação com o conforto proporcionado por alguns materiais está

presente, também: nas arquibancadas, que receberam em sua composição, adicionado

ao concreto, elementos reflexivos; na cobertura, que sofrerá o mesmo procedimento;

nas paredes, que estão recebendo alvenarias mais espessas, para terem a capacidade

de reter o calor; nas cores de envoltórias e da cobertura, já que tintas mais claras

absorvem menos calor que as escuras; etc. Estas mesmas tintas serão à base de água,

menos tóxicas, por serem isentas de solventes químicos; portanto, isentas de COVs,

que agridem a camada de ozônio e prejudicam a saúde dos que as manipulam e do

ambiente onde são aplicadas (DINIZ, 2012).

Outra preocupação refere-se à qualidade do ar nas atividades de construção,

de forma a prevenir a poluição do ar e a contaminação de sistemas de refrigeração a

serem utilizados, futuramente. Para isso, é proibido fumar no canteiro de obras, em

ambientes internos; a geração de poeira, nas atividades de limpeza e acabamentos, é

controlada; e dutos de ar condicionados são limpos e protegidos de contaminantes,

durante suas etapas de montagem e instalação.

A ação analisada é atendida, diversas vezes, por medidas empregadas pelos

projetistas da Arena Pantanal. Logo, há uma busca para que o “Conforto Ambiental

Passivo” seja atendido, da melhor forma possível em prol da sustentabilidade.

Ao ser analisado à luz do LEEDTM

, o novo estádio cuiabano atende aos

únicos dois pré-requisitos obrigatórios: “Desempenho Mínimo da Qualidade do Ar

Interno” e “Controle de Fumaça do Cigarro” da categoria “Qualidade Ambiental

Interna” com as premissas expostas anteriormente. Oito pontos, dos 15 disponíveis,

serão analisados nesta ação, os outros sete serão verificados no próximo item.

Todos os créditos desta categoria têm a mesma pontuação, ou seja, apenas um

ponto. Seus projetistas buscam alcançar pontos pelos créditos de: “Iluminação

Page 194: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

192

Natural e Paisagem (Vistas)”, pelas medidas já apresentadas; pelo “Conforto

Térmico” aplicado na concepção do projeto; e mais dois pontos, por “Materiais de

Baixa Emissão (adesivos e selantes)” e também pelo crédito “tintas e vernizes”. Estes

últimos 02 pontos vêm pelo empenho aplicado da não utilização de produtos tóxicos.

Quatro pontos, até o momento, não serão alcançados em “Qualidade

Ambiental Interna”, correspondentes à ação de “Conforto Ambiental Passivo”, por

seus projetistas. São eles: “Materiais de Baixa Emissão (Carpetes e sistemas de

piso)”; “Materiais de Baixa Emissão (Madeiras Compostas e Produtos de

Agrofibras)”, estes dois não serão ratificados, pela não utilização destes materiais na

construção. Um ponto é pela falta de “Controle Interno de Poluentes e Produtos

Químicos” e outro, pela ausência de luz do dia em “Iluminação Natural e Paisagem”.

Das ações possíveis, o LEEDTM

contempla 50% delas; ou seja,

quantitativamente a preocupação com o conforto ambiental passivo da edificação,

também é atendido pelo processo de certificação ambiental.

5.4.3.10. Ação 10: Conforto Ambiental Ativo

O conforto ambiental ativo abarca mecanismos que apresentam certo

desprendimento energético, para adequarem os princípios físicos do ambiente

envolvidos com as necessidades práticas do ser humano. Sistemas de aquecimento,

ventilação, umidificação e refrigeração são seus principais exemplos.

Países localizados em zonas temperadas têm preocupações maiores com

calefação e sistemas de aquecimento; na Arena Pantanal esta preocupação é mínima.

Baixas temperaturas dificilmente são registradas em Mato Grosso, o que dispensa

sistemas de calefação; no entanto, água quente será necessária nos vestiários dos

jogadores e em atividades de cozinhas e restaurantes, como principais usos. A

instalação de um sistema de aquecimento solar usa coletores para absorver energia

do sol e aquecer a água a ser utilizada na edificação. Um sistema bem projetado e

dimensionado permite seu uso com os mesmos benefícios e características da água

aquecida pelos sistemas tradicionais. Um investimento inicial maior, na aquisição de

um sistema como este, é pago, através da redução expressiva no consumo de energia

elétrica, em alguns anos; além de preservar o meio ambiente.

Page 195: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

193

Outro sistema importante é o de climatização e refrigeração, talvez, este seja

o mais importante mecanismo de conforto ambiental ativo da Arena. Todavia, será o

maior consumidor de energia elétrica, também. As altas temperaturas da cidade

obrigam que áreas técnicas, camarotes e áreas de impressa sejam refrigerados. O

desprendimento energético, logicamente, será alto; mas, há medidas para que estes

gastos se tornem mais racionais e, consequentemente, mais sustentáveis; todo este

mecanismo foi projetado para atender a normativa ASHRAE 90.1-2007 quanto à

chillers, unidades condensadoras, sistemas de automação e controle, isolamento,

dimensionamento de dutos, balanceamento e comissionamento do sistema, de forma

a garantir a qualidade do ar interna (SECOPA, 2012g). Já, a ventilação de ambientes

internos, será realizada associada ao sistema de refrigeração do prédio.

Uma preocupação por parte de seus projetistas deveria ser referente a

equipamentos de resfriamento evaporativo, que são excelentes redutores de

temperatura, em climas quente-secos, como o de Cuiabá. O princípio consiste em

induzir a umidificação do ar mediante pressurização da rede hidráulica e

vaporizadores especiais, que criam minúsculas gotas de água, na forma de névoa. A

névoa úmida reduz a temperatura do ambiente, ao mesmo tempo em que aumenta a

umidade relativa, preocupação bastante relevante para a cidade (VIGGIANO, 2010).

Externamente, fontes d’água e chafarizes auxiliarão no aumento da umidificação.

A sustentabilidade de uma ação como “Conforto Ambiental Ativo” é

dificultosa; contudo, seus projetos apresentam soluções para o cumprimento deste

item. No LEEDTM

, dos sete pontos possíveis de “Qualidade Ambiental Interna”, já

que oito foram apresentados anteriormente, apenas um, até o momento, será atendido

o referente ao “Plano de Gestão de Qualidade do Ar (Durante a Construção)”. Ou

seja, apenas 14% das ações LEEDTM

têm preocupações com este tipo de conforto.

Os seis pontos que não serão atendidos nesta categoria correspondem aos

créditos de: “Monitoramento do Ar Externo”; “Aumento de Ventilação”; “Plano de

Gestão de Qualidade do Ar (Antes da Ocupação)”; dois, pelo “Controle de Sistemas”

de projeto e de ventilação; e mais um, pela verificação do “Conforto Térmico”.

Pelo projeto se encontrar em sua fase de execução, muitos destes pontos

apresentados, nesta categoria e nas anteriores, poderão ainda ser retificados.

Apresenta-se, na próxima seção, a avaliação final das diretrizes de todas as ações.

Page 196: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

194

5.4.4. Avaliação Final das Diretrizes Projetuais de Sustentabilidade

Além das ações de sustentabilidade desenvolvidas para esta pesquisa, a

certificação ambiental norte-americana LEEDTM

apresenta ainda mais duas

categorias, as quais, os projetistas da Arena Pantanal almejam serem bonificados:

“Inovação e Processo do Projeto” e “Créditos Regionais”. Estas ações, por não

abordarem a sustentabilidade, em si, não são relevantes para o desenvolvimento desta

metodologia; entretanto, quando alguma destas medidas adotadas, por seus

projetistas, abrangia tal temática esta fora considerada na sua matriz de origem.

Na primeira categoria, a aplicação de experiências inéditas nas etapas de

projeto e de canteiro de obras geram pontos, à medida que são incluídos processos

novos e renovadores em atividades técnicas, em prol de sua qualificação e

aprimoramento. Dos seis pontos disponíveis, nesta categoria, até o momento, o

projeto já alcançou cinco, todos eles com apenas um ponto de bonificação, pelas

seguintes ações: a utilização de um profissional acreditado LEEDTM

, para o

desenvolvimento da metodologia, já que este poderá tornar o projeto o mais

sustentável possível e evitará que sejam cometidos erros em seu desenvolvimento; a

presença do dobro da área livre disponível no entorno da edificação,

complementando a categoria “Espaço Sustentável”; a aplicação de tecnologias

inovadoras para o tratamento de efluentes, como já aludido anteriormente, na ação

“Água - Conservação e Reuso”; pela implantação de um programa de educação

ambiental, citado quando se abordou a Copa em Cuiabá; e por último, pela ampliação

do programa de reciclagem, durante a etapa de obras. Um ponto ainda não fora

creditado, referente à recuperação exemplar de APPs, no entono da Arena, já que

esta medida ainda não fora executada, o que impede que seu ponto seja concedido.

Já na segunda categoria “Créditos Regionais”, item que não fora ainda

totalmente adaptado à realidade brasileira, peculiaridades do mercado da construção

civil nacional e do entorno da construção, em Cuiabá, se tornam relevantes e podem

ser creditados. As prioridades regionais abrangem até quatro pontos, distribuídos em

créditos unitários. Segundo, um dos últimos “Status de Pontuação Certificação

LEED”, que fora disponibilizado pela Concremat Engenharia, a Arena Pantanal

buscará três pontos. Um pelo uso eficiente de água no paisagismo, principalmente

pela utilização de espécies nativas dos três biomas que compõem o Estado: cerrado,

Page 197: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

195

pantanal e amazônico, acostumados à escassez de água, durante o período seco.

Outro ponto, pela adequação das técnicas de medições e verificações da categoria

“Energia e Atmosfera”. E, finalmente, um, pelo emprego de tecnologias inovadoras

para águas servidas, complementando a categoria “Uso Racional da Água”.

Assim, pela certificação LEEDTM

, a Arena Pantanal obterá, até o momento,

49 pontos, 38 pelo projeto e 11 pela etapa de construção. Estes 49 pontos

correspondem à categoria de “Certificado”, entretanto, como a certificação “Silver”

inicia-se com 50 pontos, há um esforço das equipes de sustentabilidade de

alcançarem um reconhecimento maior. Esta pontuação poderá ser retificada enquanto

as obras não forem concluídas, já que a avaliação final só é realizada ao final do

processo. Se alguma das exigências previstas nos pré-requisitos não for cumprida,

todo o esforço com a sustentabilidade do projeto pode ser perdido. Para que isso não

ocorra, regularmente, as ações desenvolvidas são monitoradas, evitando que

ocorrências graves possam colocar em risco a certificação e anos de empenho.

Todos os requisitos de projeto apontados deverão ser comprovados depois da

execução das obras, em auditoria própria à matriz americana, onde toda a

documentação será encaminhada. Qualquer tipo de arquivo poderá ser solicitado, na

auditoria final da Arena Pantanal, em língua inglesa, e deverá ser apresentado para

que, de fato, o crédito, em análise, seja sancionado. O simples ato de verificar sempre

as alterações de projetos, em obra, não repercute no atendimento de requisitos da

certificação. A normativa, apesar da sua origem estrangeira, garante sempre o

cumprimento da legislação local, pois se trata de um “requerimento mínimo” de

respeito às leis locais, que deve, obrigatoriamente, ser atendido.

Algumas medidas estão sendo adotadas pelos gestores, como forma de

transcorrer o processo de certificação da melhor forma possível; medidas simples,

envolvendo os processos de gestão burocrática e controle do canteiro. São elas:

evitar, fundamentalmente, todo e qualquer tipo de impacto visivelmente identificável

para evitar notícias de má fé, denúncias ambientais, ou da vizinhança; executar as

ações em suas etapas correspondentes, sem acometer fases; evidenciar o atendimento

dos requisitos, em todas as etapas; controlar as evidências de atendimento, por cada

uma das etapas da construção; rastrear rigorosamente os documentos envolvidos com

o projeto: notas fiscais, dados, licenças, projetos, manifestos; e etc.

Page 198: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

196

Este processo de certificação ambiental da Arena Pantanal se tornou mais

lento nos últimos meses, assim como sua obra, uma vez que a Arena Pantanal foi

excluída da Copa das Confederações FIFA 2013TM

, a ser realizada em junho do

próximo ano, nas cidades do Rio de Janeiro-RJ, Belo Horizonte-MG, Brasília-DF,

Salvador-BA, Recife-PE e Fortaleza-CE. Para que o estádio de Cuiabá não ficasse

muito tempo sem ser utilizado, para a Copa do Mundo FIFA 2014TM

, a SECOPA

diminuiu o ritmo das obras, de forma a tornar o estádio o menos ocioso possível. Das

doze cidades-sedes, o Verdão foi o que menos evoluiu, no ano de 2012. Em março,

43% das obras estavam prontas; até outubro, este percentual foi acrescido em apenas

7%. Neste mesmo período (março-outubro), o Castelão, por exemplo, avançou 32%;

o Mineirão, 34%; o Mané Garrincha, 29% e a Fonte Nova, 20% (PORTAL2014,

2012a). Além disso, houve uma preocupação do Governo do Estado em arcar com os

custos elevados de sua manutenção. Caso este ficasse pronto e fechado, durante um

ano e meio, até os jogos oficiais, em junho de 2014.

Já, ao analisar o Estádio Governador José Fragelli, comparativamente, com a

síntese da sustentabilidade das principais ecoarenas pelo mundo, contata-se que a

arena cuiabana é uma exceção aos outros complexos esportivos levantados e a única

onde foram encontradas todas as ações comuns, desenvolvidas na metodologia desta

pesquisa. É claro, que estas ações foram ratificadas através do material bibliográfico

levantado, podendo alguma delas apresentar um maior número de itens de

sustentabilidade, que, infelizmente, não foram levantados pela escassez de

divulgação destes e/ou pela limitação imposta para averiguar ,cada um deles, in loco.

Se das 8181 unidades examinadas, cerca de 1,13% apresentam algum atributo

relevante de sustentabilidade associado ao seu projeto, menos de 0,14% dos estádios

pesquisados contemplam todas estas; o que faz com que a Arena Pantanal destaque-

se no cenário mundial de complexos esportivos ambientalmente corretos.

Das 81 amostras levantadas, que apresentaram, como média, 62,6% de ações

sustentáveis, complexos como: o Moses Mabhida Stadium, na África do Sul; a Arena

do Grêmio, em Porto Alegre; o CenturyLink Field, em Seattle, nos EUA; o Aviva

Stadium, na Irlanda; a Stockholm Arena, na Suécia; e a Signal Iduna Park, na

Alemanha, se destacaram por apresentar 90% das ações contempladas. Índice 10%

menor, na média, do que o apresentado pela subsede cuiabana (TABELA 08).

Page 199: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

197

TABELA 08: Análise quantitativa dos aspectos de sustentabilidade das ecoarenas mais sustentáveis.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.

Ao analisar-se a TABELA 08, apura-se que preocupações com aspectos de

sustentabilidade, como: “Ambiente Urbano e Paisagístico”, “Transporte”, “Água -

Racionalização”, “Energia - Demanda Minimizada”, “Materiais Ecológicos”,

“Resíduos e Reciclagem” e “Conforto Ambiental Passivo” são comuns nas oito

arenas mundiais levantadas, ambientalmente, mais corretas. O grande diferencial da

Arena Pantanal, frente aos outros sete complexos, é apresentar mutuamente as ações

“Água – Conservação e Reuso”, “Conforto Ambiental Ativo” e “Energia – Fontes

Renováveis”. Ações que minimizam a quantidade de água e energia, provenientes da

rede, necessária para o abastecimento da Arena Pantanal, reduzem a quantidade de

gases poluentes desprendidos, além de fazerem jus aos desprendimentos econômicos

elevadíssimos, investidos para a construção de todo o seu complexo.

A Ação 05: Energia – Fontes Renováveis é exatamente a que menos aparece,

em todos os 8181 estádios levantados. Das 81 ecoarenas mundiais selecionadas,

apenas 33,3% destas apresentam este processo de utilização alternativa de energia.

Até mesmo em Cuiabá, sua presença, através de placas fotovoltaicas, ainda não foi

ratificada, mas se tornará uma obrigação, em função do financiamento

disponibilizado pelo BNDES, que em suas cláusulas exige a adoção de tal medida. Já

a Ação 04: Água - Conservação e Reuso é um pouco mais presente e aparece em

58% das ecoarenas mais sustentáveis. O que faz com que o CenturyLink Field, o

Signal Iduna Park e a Stockholm Arena apresentem um diferencial maior, perante as

outras arenas, ao se destacarem em uma ação difundida, ainda de forma limitada.

Page 200: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

198

Ao fim das análises dos parâmetros de sustentabilidade, presentes no projeto

da Arena Pantanal e de sua comparação com as principais ecoarenas mundiais,

constatou-se que a adoção destas práticas é muito mais eficiente, se tomada desde a

sua concepção e planejamento, onde os custos de implementação são menores e as

possibilidades de intervenção são maiores. Percebeu-se também, a importância de

estudos de viabilidade confiáveis, aliados à análise qualitativa do empreendimento,

os quais suportam o processo de tomada de decisões de projetistas, engenheiros e

arquitetos. Ou seja, construir, ou não, uma edificação mais sustentável deve ser uma

decisão inicial de seus gestores, ou proprietários, a qual guiará todo o

empreendimento, desde suas origens. Esta deliberação foi praticada pelo Governo de

Mato Grosso, seu empreendedor local, e por toda a sua rede de integrantes, que vêm

trabalhando em conjunto. Ao descartarem, prematuramente, o projeto desenvolvido

por Castro Mello Arquitetos para representar Cuiabá, em seu processo de candidatura

para sediar a Copa do Mundo, seus gestores estavam preocupados com a Arena

Pantanal se tornar um “elefante branco”, pela fragilidade do futebol no Estado. Risco

este apontado por importantes consultoras financeiras, como a Crowe Horwarth RCS

em seu relatório “Gestão do Ativo Estádio – Viabilidade Econômico-Financeira de

Estádios e Arenas para a Copa de 2014” e pelo próprio Tribunal de Contas da União

(PORTAL2014, 2010b). Tamanhas preocupações com o contexto cuiabano e com as

peculiaridades implícitas em seu sítio já ambicionavam que medidas ditas

sustentáveis seriam adotadas e incorporadas ao seu novo produto final, que acabou

sendo desenvolvido pelo escritório GCP Arquitetos.

Uma construção sustentável, seja um moderno estádio de futebol, seja um

edifício multifamiliar, nasce a partir destas atitudes ecológicas. Para isso, os

envolvidos na sua concepção (empreendedores, profissionais, construtores, operários,

fornecedores, futuros usuários e equipes de manutenção) tiveram, como meta, esta

premissa. Entende-se este processo de forma holística, ao se buscar minimizar os

impactos, sem prejuízo da qualidade da obra (CESAR; OBATA, 2012).

Infelizmente, a construção sustentável ainda não é uma realidade no Brasil,

uma vez que a adoção de práticas vinculadas a esta temática é dificultada por normas

e empresas não preparadas, o que onera o custo da implantação destas ações. A

dificuldade dos gestores da Arena Pantanal em conseguir tijolos cerâmicos

Page 201: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

199

certificados, para o fechamento de ambientes internos, dentro do próprio Estado, é

um exemplo desta falta de preparo. Em contrapartida, os benefícios decorrentes de

práticas como esta, não são considerados ao longo do ciclo de vida da edificação,

assim como, o da qualificação da indústria local, já que há o estimulo a produção de

materiais sustentáveis, no próprio Mato Grosso, para outros empreendimentos.

Hoje, um empreendimento que não adota a sustentabilidade deixa de ser

competitivo, principalmente porque seus usuários estão mais conscientes e exigentes,

quanto à importância de se escolherem práticas que preservem o meio ambiente e

que adotem, não só medidas compensatórias, para minimizar seus impactos

negativos, mas que, realmente, demonstrem, através de relatórios de sustentabilidade,

ter colocado em prática os compromissos assumidos em relação aos riscos que seu

negócio representa (CESAR; OBATA, 2012).

É esta conscientização e sensibilização, movida pela reeducação de sua

população, que estimula a edificação de empreendimentos ditos “verdes”, através de

uma mudança de postura, voltada para o compromisso com as futuras gerações, na

forma de se projetar e edificar. Construtoras, por exemplo, vêm se tornando cada vez

mais competitivas e acreditam que tal atitude, com base em ações vinculadas a

campanhas de marketing, fará com que sejam mais bem aceitas por toda a sociedade.

Estas ações, sejam os parâmetros utilizados neste trabalho para estádios,

sejam os destacados de cada empresa, devem ser muito bem gerenciados e, com a

compreensão total de que um, não deve ser totalmente desvinculado do outro. Caso

isso ocorra, teremos exemplos de “green washes”, ou seja, de práticas pouco efetivas

rodeadas de discursos fervorosos e marqueteiros sobre sustentabilidade. É comum, o

levantamento de arenas ditas sustentáveis, em seus discursos, mas que de fato, na

prática, não apresentam informações coerentes e de fato críveis. Geralmente, estas

acabam sendo limitadas a textos carentes de técnica e atendendo sempre aos mesmos

itens, considerados abrangentes: ventilação natural, aproveitamento da luz natural e

proteção do entorno. Todavia, nenhuma informação mais detalhada é revelada.

Outro ponto a ser levantado é que ações de sustentabilidade, muitas vezes,

tem um custo inicial maior e se pagam ao longo de um determinado tempo; todavia,

a construção civil ainda se preocupa muito com o curto prazo e o retorno imediato de

seus investimentos, o que descarta muitas destas ações (NASCIMENTO, 2010).

Page 202: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

200

Segundo Blanco (2008), ações, por exemplo, referentes à economia de água e

de energia elétrica, como as implantadas na Arena Pantanal, ou até mais

desenvolvidas, devem ser altamente levadas em consideração, pois, apesar do seu

custo maior de implantação, se refletem na redução de custos, com a operação e

manutenção da edificação, onde estes itens representam seus maiores gastos. Se a

ação referente à utilização racional de água na Arena Pantanal é bem atendida, o

mesmo não se pode dizer do sistema de energia elétrica. Pelo LEEDTM

, a pontuação

é baixa e não vai ao encontro das ideias apresentadas por John; Sheard; Vickery

(2007) e FIFA (2011), que almejam a independência do estádio da rede elétrica local.

A inovação tecnológica é indispensável e um dos principais aliados na busca

de horizontes de sustentabilidade para a arquitetura e para o meio urbano. Não se

pode mais aceitar os prejuízos causados à cidade e à população, devido à falta de

investimentos na concepção de projetos particulares sustentáveis. O estabelecimento

de uma arquitetura “mais verde”, aliada ao meio ambiente circundante, é um dos

primeiros passos (OLIVEIRA, 2006). Pesquisas e investimentos em novos materiais,

acabamentos, posicionamento da edificação, etc, retratam uma nova forma de pensar

e de minimizar os impactos negativos das construções sobre o meio ambiente.

A arquitetura não deve ser prisioneira de valores plásticos e formais, como os

apresentados por Castro Mello Arquitetos, no primeiro projeto cuiabano, frutos de

uma globalização de valores padronizados e associações a utopias culturais. Esses

valores descontextualizados e meramente simbólicos, dissociados de uma função

mais plena, podem conduzi-los a inadequações ambientais (OLIVEIRA, 2006). Os

paradigmas de desenvolvimento, padrões de consumo, os conceitos de conforto e

segurança necessitam ser revistos, como, acertadamente, o escritório GCP Arquitetos

parece ter se envolvido. Estes itens precisam ser mais racionais e menos estéticos; a

função deve se sobrepor à forma em períodos de crises energéticas e ambientais,

como as quais, continuamente, somos afligidos. Em épocas de escassez de materiais,

a sustentabilidade deve ser o caminho e a principal vertente a qual devemos seguir.

A tecnologia tem capacidade para a resolução destes problemas, mas deve

ser aplicada de forma crítica e questionadora, não ignorando técnicas tradicionais e

comprovadamente eficientes, mas se aliando a elas, levando os espaços construídos à

sustentabilidade espacial, econômica e ambiental.

Page 203: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

201

6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho buscou explorar os possíveis impactos da adoção de um modelo

de sustentabilidade em estádios de futebol, com foco na Arena Pantanal, em Cuiabá-

MT, em prol do meio ambiente e da inovação do setor brasileiro da construção civil.

Acredita-se que o objetivo central deste trabalho foi atendido, ao refletir que a

adoção de propostas de projetos sustentáveis, desde a concepção da obra

arquitetônica, facilita a criatividade, maiores índices de qualidade, o

desenvolvimento de novas técnicas construtivas, assim como, da manutenção e da

operação da edificação, ao longo de seu ciclo de vida, sem afetar o seu ecossistema

circundante em grande escala. Afinal, nenhum projeto de grandes proporções, como

este, é 100% sustentável; podendo sim, ter seus impactos amenizados.

Os indicadores de sustentabilidade utilizados, nesta pesquisa, como

ferramentas para esta avaliação, pela sua simplicidade, facilitaram a compreensão do

tema, proporcionaram a apreciação de que o estabelecimento de metas e estratégias

pode ser fundamental para se alcançar bons resultados e poderão contribuir, até

mesmo, com a avaliação de outras arenas. Mesmo que, a princípio, neste estudo de

caso, trabalha-se apenas com a certificação mais básica do LEEDTM

; isto já é um

avanço para um Estado, que não apresenta nenhuma edificação com tal “selo”.

Arenas como as em construção/reforma, para a Copa do Mundo FIFA Brasil

2014TM

e para as Copas de 2018 e 2022, que apresentam um maior número de ações

de sustentabilidade e tem esta preocupação desde a sua concepção, necessitam de

uma metodologia mais aprofundada para serem comparadas entre si, ou, até mesmo,

com a Arena Pantanal. Talvez, aqui, estas ações necessitassem ser desmembradas, de

forma mais criteriosa, para atender a um maior número de itens pré-existentes.

Pode-se demonstrar com este estudo da Arena Pantanal que, mesmo seu

projeto tendo ainda muitas medidas a serem potencializadas, para contribuir

Page 204: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

202

plenamente com o desenvolvimento sustentável, sua aplicação, na realidade da

construção civil brasileira, já é um avanço. Com este estádio constatou-se que ações

ecológicas não deveriam ser mais tratadas como uma questão de escolha (opcionais),

para grandes empreendimentos, e, sim, de obrigação. O meio ambiente necessita

deste tipo de esforço, ou investimento sustentável, principalmente em um dos setores

que mais contribuem para a poluição do planeta. Só assim, se reduzirá a quantidade

de insumos, de energia aplicada, de poluentes liberados, e de resíduos produzidos em

grandes complexos, em prol do pleno desenvolvimento das próximas gerações.

A reflexão sobre a sustentabilidade mostra que esta deve ser tratada como um

requisito de projeto (integrado, e não pensado em partes), com apoio de um aparato

jurídico, quando necessário, e não como um diferencial, pois se não, esta não

conseguirá se sustentar, em virtude de muitas das técnicas construtivas adotadas

serem mais onerosas que as tradicionais, fazendo com que, muitas vezes, o retorno

econômico, só seja alcançado após muitos anos de operação e com a redução de

custos com manutenção. Aqui, cabe frisar que a preocupação com o empreendimento

deve se esforçar para atender positivamente e hipoteticamente ao tripé apresentado

no Capítulo 02: economia, sociedade e meio ambiente; o que representaria uma

mudança de paradigma no setor da construção civil.

Em relação aos objetivos secundários da pesquisa, acredita-se, também, que

foram atendidos. Ao abordar o contexto da sustentabilidade, desde sua

contextualização histórica, passando pela sua aplicação na construção civil, até

chegar às arenas, lançou-se um olhar sobre a problemática da limitação dos recursos

naturais para as futuras gerações, e da construção civil, como uma das principais

atividades humanas responsáveis pela degradação do planeta.

Acompanhou-se, ao longo deste trabalho, a evolução do conceito de

sustentabilidade, em grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo e as

Olimpíadas; processo este, que reflete grande parte das experiências políticas

(modelos) de planejamento, urbanismo e economia que se estabeleceram em nossa

história, no decorrer das décadas. Abrangendo, desde o total descaso das autoridades

com o conceito base, até uma mudança de postura, focando o meio ambiente, como

uma das suas principais vertentes. Alternando apenas em função dos atores

envolvidos (públicos e privados) e do posicionamento da sociedade, o que beneficia

Page 205: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

203

determinados grupos em detrimento de outros, conforme a mobilização política.

Infelizmente, os impactos oriundos destes acabam sendo muito maiores que os

retornos previstos e prometidos421

.

Apontou-se, também, a importância do papel estratégico dos Estados, por

meio de financiamentos nos projetos de sustentabilidade, ligados, por exemplo, a XX

Copa do Mundo FIFA Brasil 2014TM

, mesmo que repassados à iniciativa privada. E

de entidades provedoras de grandes eventos esportivos, como o COI e a FIFA,

através de suas normativas e de Agências Certificadoras (mesmo que a mais

internacionalmente aceita, a LEED, não seja a mais adequada para a realidade

brasileira, de país periférico), de promoverem a sustentabilidade, a inovação dos

equipamentos esportivos e de toda a infraestrutura necessária para a realização destes

marcos midiáticos, em seus respectivos países e cidades-sedes.

Estas cidades/países, hoje, se tornaram quase que verdadeiras

“multinacionais”, exportando sua imagem, modelos de gestão, planejamento e

urbanismo. O projeto da Arena Pantanal, por exemplo, é uma clara iniciativa do

governo mato-grossense de tornar sua capital mais competitiva, de mostrar ao

mundo, ao longo de quatro partidas, quando esta será o foco das atenções do planeta

(mesmo que estas sejam bem mais futebolísticas), que o “celeiro do país” cresce

economicamente e urbanisticamente de forma sustentável, integrado a logística

nacional. Muito mais que um paraíso ecológico, o Estado tenta se (a)firmar, através

de uma nova imagem, um “rótulo”, como sede de uma metrópole regional, de um

forte entreposto comercial, além do Distrito Federal, fluxo de mercadorias e riquezas.

Um discurso muito mais político, em prol de interesses privados e da especulação

imobiliária, do que com as preocupações do desenvolvimento sustentável em si; e,

para isso, se apoia em um projeto bastante simbólico.

A “Copa Verde”, a “Copa do Pantanal”, como ficou conhecida a subsede

cuiabana, assim como a “Copa da Amazônia”, como é retratada a subsede manauara,

evidenciam que a inclusão destas neste torneio futebolístico não se deve ao seu

futebol pouco expressivo e sim a um projeto de desenvolvimento nacional maior dito

421

Como exemplo, podemos citar: os Jogos Pan-Americanos de San Domingo, na Republica

Dominicana, em 2003; os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007; a Copa do Mundo

FIFA 2010, na África do Sul; os Jogos Olímpicos de Verão de Beijing, 2008, na China e os de Atenas,

na Grécia, 2004, pelas suas gestões conturbadas. Para maior aprofundamento destaque-se

Mascarenhas; Bienenstein; Sánchez (2011).

Page 206: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

204

“sustentável”, que engloba seus respectivos biomas, visando lucros. As respectivas

capitais do centro-oeste e do norte são vendidas a partir de “imagens síntese”, ou

“ideias força”, a fim de se promoverem perante as outras entidades federativas e no

mercado mundial de cidades (SÁNCHEZ, 2003). Mesmo que no período do

megaevento correspondente, a adornada “vitrine” possa se revelar “vidraça”.

Caso Cuiabá, seja bem sucedida com seus preparativos e com o evento em si,

poderá se tornar um símbolo de cidade verde e ecológica. Podendo atrair diversos

outros eventos nacionais e internacionais, além de qualificar seu turismo para todo o

mundo. Segundo Mascarenhas; Bienenstein; Sánchez (2011) esses marcos são

enaltecidos pelos gestores e empreendedores como valorosos legados, que podem

atrair novos investimentos, colocando em vantagem, a capital do Mato Grosso, no

cenário competitivo de cidades-mercadorias.

Este trabalho buscou contribuir com observações da sustentabilidade, em um

campo pouco explorado, o qual ainda necessita evoluir muito; através de um convite

à reflexão e à discussão de uma nova maneira de se pensar eventos e projetos de

grande impacto e envergadura, no mundo e em nosso país. Ressaltando a importância

do setor da construção civil, seja através de financiamentos públicos, seja através da

iniciativa privada (através de estímulos governamentais), na promoção da cidadania,

da inovação e, principalmente, da promoção do desenvolvimento sustentável.

Concluiu-se que a adoção de um estudo exploratório e de pesquisa de

modelos de sustentabilidade, adotados em estádios de futebol edificados em outros

países, como referência para avaliar o objeto de pesquisa em questão, foi adequado;

uma vez que o ineditismo da questão fora dificultador na obtenção de bases teóricas

e de um modelo de comparação e análise. Soma-se a este fato, o adiamento da

conclusão das obras da Arena Pantanal para meados de 2013, em função da exclusão

de Cuiabá para a realização da Copa das Confederações FIFA 2013, em detrimento

ao prazo original, final de 2012, o que impediu possíveis medições necessárias. Além

da dificuldade de acesso, a informações do projeto e do acompanhamento das obras

da construção do Estádio Governador José Fragelli, por parte das autarquias do

governo do Estado de Mato Grosso. Talvez, com a conclusão de todos os projetos e

com o encerramento da XX Copa do Mundo FIFATM

Brasil 2014, um estudo

quantitativo possa vir a ser realizado, o que contará, também, com os relatórios de

Page 207: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

205

análise e impacto a serem produzidos por cada uma das cidades-sede e pelas esferas

de governo responsáveis, em função da repercussão do evento.

A conclusão deste é que a adoção de propostas de projeto, “ditas

sustentáveis”, traduzidas, neste trabalho, pelas iniciativas para se obter uma

pontuação mais elevada de certificação LEED, ou de atender um maior número de

ações consideradas sustentáveis é altamente benéfica para o meio ambiente, desde

que estejam elencadas nas premissas de idealização e concepção do projeto. O que

torna o país inclusivo, ao harmonizar suas ações industriais com as demandas/limites

naturais, através das inovações do setor da construção civil (BISMARCHI, 2011).

Ainda que muito desta “sustentabilidade”, fundamental para o recebimento de

financiamento do BNDES, tenha, por trás, muito de pesadas campanhas de

marketing do que de mecanismos de redução de impactos ambientais. Entretanto,

estas medidas tão escassas, de preocupação com o meio ambiente, como a do objeto

pesquisado, são um avanço e servirão de referencial teórico para que novos/futuros

projetos possam vir a ser estudados, caso-a-caso, em seu ambiente circundante, em

seus pormenores, não havendo uma fórmula/lei geral para ser aplicada.

Com a evolução desta pesquisa, alguns pontos relevantes foram identificados,

abrindo uma gama de possibilidades para novos estudos decorrentes do processo de

sustentabilidade, que se planeja pesquisar em próximas oportunidades, a saber:

Uma análise do “durante” e do “pós-copa”, em Cuiabá, principalmente de seu

estádio e de seu entorno (infraestrutura disponibilizada, saneamento,

drenagem, sistema viário). Consistirá este equipamento de um “elefante

branco” (SALGADO, 2011), sem uso, como é duramente apontado? Será que

a Arena Pantanal e seu usufruto estarão acessíveis para toda a sociedade? Ou

somente seu entorno será passível de atividades esportivas? Como ocorre, na

metrópole fluminense, com o Maracanã e o Estádio Olímpico João Havelange

(Engenhão), como apontam Mascarenhas; Bienenstein; Sánchez (2011).

Um estudo a respeito das preocupações com estádios e com a

sustentabilidade, da Copa do Mundo do Brasil 2014, e sua influência direta

em países também em desenvolvimento, que virão a receber os próximos

Page 208: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

206

mundiais: Rússia, 2018 e Catar. E, principalmente, aos países limítrofes

Argentina e Uruguai, que se propuseram a sediar conjuntamente o mundial de

2030, que marca o centenário das copas e da sede uruguaia de 1930.

Uma metodologia própria para a análise comparativa ambiental e econômica

de estádios de futebol, respeitando as peculiaridades culturais, bioclimáticas e

geográficas, não necessariamente por somatório de pontos, e sim, por

auditorias presenciais, sistemas de gestão e cálculos matemáticos relevantes.

De forma a qualificar, quantitativamente, que arena é mais sustentável e de

que forma o êxito fora alcançado. Esta mesma metodologia poderia ser

aprimorada, para poder trabalhar com arenas que apresentem quesitos de

sustentabilidade, desde sua concepção, como as do Mundial de 2014.

As coberturas são cada vez mais exigidas em estádios de futebol, não só pela

proteção a intempéries, mas pelo conforto ambiental e pelo isolamento

acústico gerados e por mecanismos associados a elas como: recuperação e

coleta de água pluviais; instalação de placas de energia solar e fotovoltaicas;

dentre outros. Desta forma, sua concepção, materiais empregados e estrutura

são uma temática que já conta com certa dedicação de pesquisadores,

principalmente estrangeiros, mas ainda tem muito para ser explorada.

A análise detalhada, de cada um dos subsistemas de um estádio de futebol, ou

de uma edificação análoga, providos por seus projetistas: desde a sua

concepção, passando pela sua execução e gestão, até alcançar o

funcionamento e a manutenção. Englobando, por exemplo: sistemas de

reaproveitamento e captação de águas pluviais, sistemas de uso de energia e

eficiência, sistemas de reaproveitamento de dejetos líquidos e sólidos, dentre

outros detalhes importantíssimos para a construção de um futuro sustentável.

O estudo dos meios de transporte utilizados no deslocamento de uma Copa do

Mundo; já que, comparativamente à centralidade dos Jogos Olímpicos, sua

dispersão, em diversas cidades-sedes, agrava e contribui com a emissão de

Page 209: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

207

gases de efeito estufa, de forma mais danosa que a construção de uma arena.

São estes gases, provenientes destes deslocamentos, os maiores geradores da

poluição atmosférica associada a grandes eventos esportivos mundiais.

O papel das barreiras e empecilhos criados dentro da estrutura da construção

civil, para soluções de edificações mais sustentáveis: o costume de se projetar

em equipes isoladas, onde o projeto deveria ser integrado; a cultura

administrativa da licitação e contratação pelo menor preço; a ausência de uma

fiscalização adequada; a descontinuidade dos contratos, que finalizam antes

do término da obra; a falta de consciência ambiental por parte dos órgãos

públicos e das empresas de projeto e obras; a ausência de uma gestão

ambiental da administração pública; a continuidade de um aparato legislativo

ultrapassado; a necessidade da incorporação de critérios ambientais, ainda

renegados; a necessidade de se requalificar a mão-de-obra para mudanças na

cultura da construção, que privilegia materiais tradicionais; a documentação,

avaliação e análise de todas as etapas, de forma a prover subsídios para

projetos futuros; este é outro importante tema a ser aprofundado, a partir de

pesquisas.

Page 210: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

208

Page 211: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

209

REFERÊNCIAS

24HORASNEWS. Torre de Iluminação do Verdão é Demolida. In: Portal

24HorasNews, 17 mai. 2010. Disponível em: <http://www.24horasnews.com.br/in

dex.php?mat=328858>. Acesso em: 12 out. 2012.

AALTONEN, G. The History of Architecture. Icon Buildings Throughout The

Ages. New York-NY, USA. Metro Books, 2008. 256 p.

ALMEIDA, M.; DIAS, A. C.; DIAS, B.; ARROJA, L. M. A Declaração Ambiental

de Produto Para Materiais de Construção. Universidade de Aveiro, 12 mai. 2011.

PowerPoint, 21 slides. Guimarães, Portugal. Disponível em:

<http://acv.ibict.br/publicacoes/trabalhos-apresentados-em-eventos/3_ACV%20Mari

sa%20Almeida.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2012.

ANCPC - ARTICULAÇÃO NACIONAL DOS COMITÊS POPULARES DA

COPA. Megaeventos e Violações de Direitos Humanos no Brasil. In: Portal

Popular da Copa e das Olimpíadas. 2011. Disponível em: <http://www.portalpopular

dacopa.org.br/index.php?option=com_k2&view=item&id=198:dossi%C3%AA-naci

onal-de-viola%C3%A7%C3%B5es-de-direitos-humanos>. Acesso em: 06 dez. 2012.

ANDRADE, E. M. N. de. Sustentabilidade em Áreas Urbanas: Análise do

Sistema Viário do Campus Sede da UFMT. Dissertação de Mestrado em

Engenharia de Edificações e Ambiental. Universidade Federal de Mato Grosso.

Cuiabá-MT. 2010. 194 p.

ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO. Especial Construção Sustentável. Edição

01. São Paulo: Editora Abril S. A., 2010. 130 p.

BAKEMA, G.; SNIJDERS, A. L. Field Heating and Space Cooling at “Gelre-

dome” Multifunctional Stadium in Arnhem; an Example of Heat-Pump Appli-

cation in the Netherlands. 1998. Disponível em: <http://intraweb.stockton.edu/eyos

/energy_studies/content/docs/proceedings/BAKEM.PDF>. Acesso em: 19 abr. 2012.

BAPTISTA, L. B. Agenda 21, Uma Experiência em Volta Redonda. Dissertação

de Mestrado em Arquitetura & Urbanismo. Área de Concentração: Gestão do Espaço

Urbano. Universidade Federal Fluminense. Niterói, Rio de Janeiro, 2008. 129 p.

BANERJEE, N. Philadelphia Eagles Go Greener With Eco-friendly Stadium. In:

Los Angeles Times, 09 jan. 2011. Disponível em: <http://articles.lati

mes.com/2011/jan/09/nation/la-na-envir onmental-eagles-20110109>. Acesso em: 13

abr. 2012.

BERROCAL, G. Introdução à Construção Sustentável e Aplicação da

Certificação LEED-NC na Arena Pantanal. In: Concremat Engenharia e

Tecnologia S/A. Apresentação de PowerPoint, 2012. 149 p.

BILENKY, T. BNDES Força Estádios a Ficar "Verdes" Para Copa-14. In: Portal

UOL, 20 jun. 2010. Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/

me2006201012.htm>. Acesso em: 20 nov. 2012.

Page 212: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

210

BISMARCHI, L. F. Sustentabilidade e Inovação no Setor Brasileiro da

Construção Civil: Um Estudo Exploratório Sobre a Implantação da Política

Pública Baseada em Desempenho. Dissertação de Mestrado em Ciência Ambiental.

Universidade de São Paulo. São Paulo-SP. 2011. 173 p.

BLANCO, M. Ecoeficiência. In: Revista Construção Mercado n° 87, out. Editora

PINI. 2008. Disponível em: <http://revista.construcaomercado.com.br/negocios

incorporacao-construcao/87/artigo120605-1.asp.>. Acesso em: 30 set. 3012.

BLOG COPA VERDE. Entrevista com Ian McKee e Vicente de Castro Mello. In:

The Copa Verde Plan: Blog, 20 fev. 2010 Disponível em:

<http://blog.copaverde.com/2010/02/20/entrevista-com-ian-mckee-e-vicente-de-

castro-mello/>. Acesso em: 09 jul 2012.

BOL. Distúrbios de Port Said Entram Para Rol de Tragédias nos Estádios de

Futebol. In: BOL Notícias, 01 fev. 2012. Disponível em: <http://noticias.bol.uol.

com.br/esporte/2012/02/01/disturbios-de-port-said-entram-para-rol-de-tragedias-nos-

estadios-de-futebol.jhtm>. Acesso em: 11 jul. 2012.

BRASIL, P. de C. Diretrizes Para um Modelo de Gerenciamento do Processo do

Projeto em Edificações Sustentáveis. Dissertação de Mestrado em Arquitetura &

Urbanismo. Área de Concentração: Projeto, Produção e Gestão do Edifício.

Universidade Federal Fluminense. Niterói, Rio de Janeiro, 2010. 129 p.

BRASIL. Mato Grosso Negocia Desocupação de Área Militar Para Projetos de

Mobilidade. In: Portal da Copa, 23 set. 2011. Site do Governo Federal sobre a Copa

do Mundo FIFA 2014TM

. Ministério dos Esportes. Disponível em: < http://copa2014-

admin.copa2014.gov.br/pt-br/noticia/mato-grosso-negocia-desocupa cao-de-area-

militar-para-projetos-de-mobilidade>. Acesso em: 18 nov. 2012.

_______. Madeira Certificada, Carbono Neutralizado e Elevadores Inteligentes:

Arena Pantanal. In: Portal da Copa, 22 fev. 2012. Site do Governo Federal sobre a

Copa do Mundo FIFA 2014TM

.

Ministério dos Esportes. Disponível em:

<http://www.copa2014.gov.br/pt-br/noticia/sustentabilidade-uma-das-marcas-na-

arena-pantanal-em-cuiaba>. Acesso em: 19 nov. 2012.

_______. Arena Pantanal - Estádio José Fragelli. In: Portal da Copa, mar. 2012a.

Site do Governo Federal sobre a Copa do Mundo FIFA 2014TM

. Ministério dos

Esportes. 2012a. Disponível em: <http://www.copa2014.gov.br/pt-br/arena/cuiaba>.

Acesso em: 22 mai. 2012.

_______. Pórticos Para Sustentar Cobertura da Arena Pantanal Começam a Ser

Montados. In: Portal da Copa, 29 jun. 2012b. Site do Governo Federal sobre a Copa

do Mundo FIFA 2014TM

.

Ministério dos Esportes. Disponível em:

<http://www.copa2014.gov.br/pt-br/noticia/porticos-para-sustentar-cobertura-da-

arena-pantanal-comecam-ser-montados>. Acesso em: 20 nov. 2012.

CABRAL, V. Mato Grosso Deve Receber R$ 26 Bilhões de Investimentos Até

2014. In: Olhar Direto - Notícias de MT, 21 ago. 2012. Disponível em: < http://www.

olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=Mato_Grosso_deve_receber_R_26_bil

hoes_de_investimentos_ate_2014&id=276003>. Acesso em: 01 dez. 2012.

Page 213: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

211

CAPE TOWN CITY. Green Goal Action Plan. 2010 FIFA World CUP. Cape

Town, South Africa: SAppi, 2008. 60 p.

_________________. Green Goal Progress Report. 2010 Fifa World Cup. Cape

Town, South Africa: Sappi, 2009. 45 p.

CARVALHO, E.; SANCHEZ, G.; MENICONI, T. Países Aprovam Rascunho da

Rio+20 que Vai Para Chefes de Estado. In: G1 Natureza Rio + 20, 19 jun. 2012.

Disponível em: <http://g1.globo.com/natureza/rio20/noticia/2012/06/paises-concorda

m-sobre-texto-da-rio20-que-sera-levado-chefes-de-estado.html>. Acesso em: 02 jul.

2012.

CARVALHO, M.; SPOSTO, R. Metodologia Para Avaliação de Sustentabilidade

de Habitações de Interesse Social com Foco no Projeto. In: Ambiente Construído,

Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 207-225, Recebido em 07/07/11 jan./mar. 2012.

CBCS – CONSELHO BRASILEIRO DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL.

Materiais, Componentes e a Construção Sustentável. In: Comitê Temático de

Materiais. São Paulo, ago. 2009. Disponível em: <http://www.cbcs.org.br /userfiles/

comitestematicos/materiais/CT_materiais.pdf>. Acesso em: 03 jul. 2012.

CEOTTO, L. H. Construção Civil e o Meio Ambiente. In: Notícias da Construção,

São Paulo, n° 51, nov. 2006. Seção Qualidade e Produtividade. Disponível em:

<http://www.sindusconsp.com.br/downloads/imprensa/noticiasda construcao/2006/

ed51.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2012.

CERETO, M. P. Arquitetura de Massas: O Caso dos Estádios Brasileiros.

Dissertação de Mestrado em Arquitetura. Universidade Federal do Rio Grande do

Sul. Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 2004. 258 p.

CESAR, V. A. B. S. S.; OBATA, S. H. Indicadores de Sustentabilidade: Uma

Proposta Para a Sustentabilidade das Construções. In: VIII Congresso Nacional

de Excelência em Gestão. Anais. Niterói - RJ, jun. 2012. CD-ROM. 2012. 19 p.

CIB - INTERNATIONAL COUNCIL FOR RESEARCH AND INNOVATION IN

BUILDING AND CONSTRUCTION. Agenda 21 for Sustainable Construction in

Developing Countries: A Discussion Document. Boutek Report No Bou/E0204,

Pretoria, South Africa, 2002.

CIC - CÂMARA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Guia de Sustentabilidade

na Construção. Belo Horizonte: FIEMG, 2008. 60p.

CNUMAD - CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO

AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Agenda 21. 2. Ed. Brasília: Senado

Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas. 1997.

CO2Zero - EDIÇÃO DE INFORMAÇÕES E SERVIÇOS LTDA. Brasil 2014 -

Estudo de Impacto de Emissões em CO2 Equivalente. São Paulo-SP, 2012. 19p.

Page 214: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

212

COELHO, P. Assembleia ‘Fecha’ AGECOPA e Cria SECOPA com Emendas de

Deputados. In: Portal HíperNotícias, 29 set. 2011. Disponível em: <http://hip

ernoticias.com.br/TNX/conteudo.php?sid=170&cid=5650>. Acesso em: 27 nov 2012

COLE, R. J.; ROUSSEAU, D.; THEAKER, I. T. Building Environmental

Performance Assessment Criteria: Version 1 – Office Buildings. The BEPAC

Foundation, Vancouver, Canada, 1993.

COLE, R. J.; LARSSON, N. Green Building Challenge’98. In: Second

International Conference Buildings and the Environment. Proceedings. Paris, France,

1997. p 19-29.

CORBELLA, O.; YANNAS, S. Em busca de uma Arquitetura Sustentável para

os Trópicos: Conforto Ambiental. 2 ed. Revisada ampliada. Rio de Janeiro: Revan,

2009. 308 p.

COSTA, A. C. da. Sustentabilidade e o Processo de Planejamento e Gestão Urba-

na. Uma reflexão Sobre o Caso de Rio das Ostras (RJ). Dissertação de Mestrado

em Arquitetura & Urbanismo. Área de Concentração: Projeto, Produção e Gestão do

Edifício. Universidade Federal Fluminense. Niterói, R de Janeiro, 2008. 166 p.

CREDÍDIO, F. Construções Sustentáveis: Conforto e Respeito ao Meio

Ambiente – Parte 1. In: Virtual Book. 2008. Disponível em:

<http://www.ifk.org.br/construcoes_sustentaveis:_conforto_e_respeito_ao_meio_am

biente_parte _1 _ 344.html>. Acesso em: 08 jul. 2012.

DEPROFT, N.; AMADÒ, G.; SPAMPINATO, A. Stadium List. 2012. Disponível

em: <http://www.worldstadiums.com/>. Acesso em: 14 mar. 2012.

DINIZ, A. Construção da Arena Pantanal Adota Medidas Contra Calor. In:

Portal Grande Área Esportes, 12 set. 2012. Disponível em: <http://www.grandearea.

com/index.php/giro-brasil/4983-construcao-da-arena-pantanal-adota-medidas-contra-

calor.html> Acesso em: 20 nov. 2012.

DOURADO, R. Verdão é Reformulado 36 anos Depois da Inauguração. In: Blog

do Romilson, 28 ago. 2009. Disponível em: <http://www.rdnews.com.br/blog/

topico/cuiaba-antiga>. Acesso em: 06 out. 2012.

_____________. Cuiabá é Anunciada Oficialmente Como Sede da Copa/2014. In:

Blog do Romilson, 31 mai. 2009a. Disponível em: < http://www.rdnews.co

m.br/blog/post/cuiaba-e-anunciada-oficialmente-como-sede-da-copa-2014>. Acesso

em: 06 out. 2012.

DUTRA, M. J. de L. Copa do Mundo FIFA - Programa Green Goal. In: 1º

Encontro Municipal de Administração Pública – Desafios e Perspectivas para a Copa

2014. Prefeitura de Manaus, SEMMAS - Secretaria Municipal de Meio Ambiente e

Sustentabilidade, 15 abr. 2010. Disponível em: <http://fespm.manaus.am. gov.br/wp-

content/uploads/2010/04/Green-Goal-Semin%C3%A1rio.pdf>. Acesso em: 15 jul.

2012.

Page 215: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

213

EDM - ELECTRICIDADE DE MOÇAMBIQUE, E.P. Como Racionalizar Energia

Elétrica. 2012. Disponível em: <http://www.edm.co.mz/index.php?option=com_

content&view=article&id=125%3Acomo-poupar-energia-electrica&catid=62%3Apo

io-ao-cliente&Itemid=84&lang=pt>. Acesso em: 20 nov. 2012.

EDWARDS, B. O Guia Básico para a Sustentabilidade. Trad.: Claudia Ardións

Espasandin. Barcelona: GG. 2008. 226 p.

EFO – ENGLAND FOOTBALL ONLINE. The World's First Official

International Football Match. 2012. Disponível em: <http://www.englandfootball

online.com /Seas1872-00/1872-73/M0001Sco1872.html>. Acesso em: 17 set 2012.

FIFA - FÉDÉRATION INTERNATIONALE DE FOOTBALL ASSOCIATION.

Football Stadiums - Technical Recommendations and Requirements. Zürich,

Switzerland: FIFA, 4th

Edition, 2007. 248 p.

______. Safety Regulations. Zürich, Switzerland: FIFA, 1st Edition, 2008. 32 p.

______. Home of FIFA. Zürich, Switzerland: FIFA, RVA, Altstatten, 2010. 27 p.

______. International Fifa Fan Fest Rio de Janeiro. 2010a. Disponível em:

<http://www.fifafanfestrio.com/index.php?option=com_content&view=article&id=4

6&Itemid=53>. Acesso em: 02 out. 2012.

______. Football Stadiums- Technical Recommendations and Require-ments.

Zürich, Switzerland: FIFA, 5th

Edition, 2011. 419 p.

_______. Divulgado o Relatório do Programa Green Goal 2010 na Cidade do

Cabo. 20 jul. 2011a. Disponível em: <http://pt.fifa.com/worldcup/archive/south

africa2010/news/newsid=1477807/index.html>. Acesso em: 21 mar. 2012.

_______. Primeiro Programa Ambiental em uma Copa do Mundo Sub-20 da

FIFA. In: Site da FIFA, 12 ago. 2011b. Disponível em: <http://pt.fifa.com/u20world

cup/ organisation/media/newsid=1491444/index.html>. Acesso em: 23 mar. 2012.

_______. A FIFA e o Meio Ambiente. In: Site da FIFA. 2012. Disponível em: <

http://pt.fifa.com/aboutfifa/socialresponsibility/environmental.html>. Acesso em: 22

mar 2012.

_______. My Game is Fair Play. In: Site da FIFA. 2012a. Disponível em: <http://

pt.fifa.com/aboutfifa/socialresponsibility/fairplay/index.html. Acesso em: 15 jul.

2012.

FOLHA DE SÃO PAULO. Fifa Oficializa Brasil Como Sede da Copa do Mundo-

2014 In: Folha de São Paulo – Esporte, 30 out. 2007. Disponível em: < http://www

1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u341044.shtml>. Acesso em: 01 dez. 2012.

________________________. Brasil Vê Agora Disputa Interna Para a Definição

das Subsedes da Copa In: Folha de São Paulo - Esporte, 30 out. 2007a. Disponível

em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u341099.shtml>. Acesso em:

01 dez. 2012.

Page 216: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

214

FOLHA DE SÃO PAULO. Confira Outras Tragédias em Estádios de Futebol. In:

Folha de São Paulo - Esporte, 01 fev. 2012. Disponível em:

<http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1042705-confira-outras-tragedias-em-esta

dios-de-futebol.shtml>. Acesso em: 11 jul. 2012.

GBC - GREEN BUILDING COUNCILS BRASIL. Certificações. 2012. Disponível

em: <http://www.gbcbrasil.org.br>. Acesso em: 09 jul. 2012.

GLOBOESPORTE.COM. TCU: Custo da Copa Cresceu 9% e Orçamento Atual

é de R$ 27,4 bilhões. In: GloboEsporte.com, 09 jun. 2012. Disponível em: <http://

globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/noticia/2012/06/tcu-custo-da-copa-

cresceu-9-e-orcamento-atual-e-de-r-274-bilhoes.html>. Acesso em: 01 dez. 2012.

GODOY, C. B. Análise Crítica da Metodologia do Cálculo Prescritivo do

Regulamento Técnico da Qualidade para Eficiência Energética de Edifícios

Comerciais, de Serviços e Públicos. Dissertação de Mestrado em Arquitetura &

Urbanismo. Área de Concentração: Gestão do Espaço Urbano. Universidade Federal

Fluminense. Niterói, Rio de Janeiro, 2009. 140 p.

GOMIDE, T. L. F.; PUJADAS, F. Z. A.; NETO FAGUNDES, J. C. P. Técnicas de

Inspeção e Manutenção Predial. São Paulo: Editora PINI, 2006.

GONÇALVES, J. A Sustentabilidade do Edifício Alto: Discussão Sobre a

Inserção Urbana de Edifícios Altos. Tese Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

de São Paulo, São Paulo-SP, 2003.

GRUPOSTADIA. Arena Cuiabá. 2012. Disponível em: < http://www.grupostadia.

com.br/sport/projetos-sport/arena-cuiaba>. Acesso em: 12 out. 2012.

HAMILTON, S.; HAMILTON, W. SHANGE, L. África do Sul Ganha a Copa do

Mundo… Da Desigualdade. In: Portal LSR, 09 jun. 2010. Disponível em:

<http://www.lsr-cit.org/internacional/africa/653-africa-do-sul-ganha-a-copa-do-

mundo-da-desigualdade>. Acesso em: 02 dez. 2012.

HETZEL, J. Haute Qualité Environnementale du Cadre Bâti: Enjeux et

Pratiques. AFNOR: France. 2003, 292p.

HUOVILA, P. Framework and Indication For Sustainable Urban Development.

In: WORLD SUSTAINABLE BUILDING CONFERENCE, 8., Melbourne, 2008.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo

Demográfico 2010. 2010. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/cidadesat/top

window.htm?1>. Acesso em: 01 out. 2012.

______________________________________ . Contas Regionais do Brasil 2005 -

2009. 2011. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ home/estatistica/economia/

contasregionais/2009/contasregionais2009.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2012.

IDEC – INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Avaliação

Comparativa da Responsabilidade Socioambiental dos Bancos no Brasil. São

Page 217: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

215

Paulo-SP. 2008. Disponível em: <http://www.idec.org.br/arquivos/RSE_

bancos_RelatorioFinal.pdf>. Acesso em: 03 jul. 2012.

IG. Tragédia no Egito é uma das Piores da História. In: Portal IG São Paulo, 01

fev. 2012. Disponível em: <http://esporte.ig.com.br/futebol/tragedia-no-egito-e-uma-

das-piores-da-historia-confira/n1597609810837.html>. Acesso em: 11 jul 2012.

IOC - International Olympic Committee. The Environment and Sustainable

Development. 2009. Disponível em: <http://www.olympic.org/Documents/Referen

ce_documents_Factsheets/Environment_and_substainable_developement.pdf>.

Acesso em: 21 abr. 2012.

JOHN, G.; SHEAARD, R.; VICKERY, B. STADIA: A Design and Development

Guide. Fourth Edition Architectural Press: 2007. 306 p.

JOHN, V. M. (Coord.). Desenvolvimento Sustentável, Construção Civil,

Reciclagem e Trabalho Multidisciplinar. 2009. Disponível em: <http://www.reci

clagem.pcc.usp.br/des_sustentavel.htm>. Acesso em: 03 jul. 2012.

JÚNIOR, G. P. Copa e Olimpíadas Trarão R$ 185 Bilhões ao PIB. In: Itweb, 02

ago. 2011. Disponível em: <http://itweb.com.br/45824/copa-e-olimpiada-trarao-r-

185-bilhoes-ao-pib/>. Acesso em: 20 mai. 2012.

KONCHINSKI, V. Estudo Sobre VLT de Cuiabá Revela Incertezas Sobre

Legado e Preocupação Quanto a Prazo. In: Portal UOL Copa 2014, 05 set. 2012.

Disponível em: <http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2012/09/05/estudo

-sobre-vlt-de-cuiaba-revela-incertezas-sobre-legado-e-preocupacao-quanto-a-prazo.

htm>. Acesso em: 18 nov. 2012.

KPMG INTERNATIONAL. Mega Eventos Esportivos - Credenciais Globais. Suíça:

KPMG Auditores Independentes, 2009. 9 p.

KUMMERT, M. Feasiblity of a Hybrid CHP/GSHP System for the Tynecastle

Stadium. 2008. Disponível em: <https://pure.strath.ac.uk/portal/en/publica

tions/feasiblity-of-a-hybrid-chpgshp-system-for-the-tynecastle-stadium%283995

aafe-0a52-4681-9c03-cf1a9b81ae84%29/export.html>. Acesso em: 22 abr. 2012.

LAMBERTS, R.; GHISI, E.; PEREIRA, C. D.; BATISTA, J. O. Casa Eficiente:

Bioclimatologia e Desempenho Térmico. Volumes I. Florianópolis: UFSC/

LabEEE, 2010. 123p. Disponível em <http://www.labeee.ufsc.br/downloads>.

Acesso em: 19 ago. 2012.

LIMA, M. Arena Pantanal Ganha Prêmio Internacional. In: Portal PINI Web, 05

nov. 2010. Disponível em: < http://www.piniweb.com.br/construcao/arquitetura/a

rena-pantanal-ganha-premio-internacional-191047-1.asp>. Acesso em: 15 nov. 2012.

_________. Obras Para Mobilidade Urbana em Cuiabá Começam em Abril. In:

Portal PINI Web, 03 jan. 2011. Disponível em: < http://www.piniweb.com.br/

construcao/infra-estrutura/obras-para-mobilidade-urbana-em-cuiaba-comecam-em-

abril-206257-1.asp>. Acesso em: 18 nov. 2012.

Page 218: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

216

LOMARDO, L. L. B.; ROSA, C. C.; LUIZ, D. M.; TRINDADE, G. L. A Casa da

Descoberta: A Difusão do Uso Eficiente de Energia via um Museu de Ciência.

Niterói, Rio de Janeiro, 2005.

LOPES, J. M. Infraestrutura Aeroportuária Copa do Mundo 2014. In: VI Semi-

nário ALACPA de Pavimentos Aeroportuários; IV FAA Workshop. INFRAERO

Superintendência de Estudos e Projetos de Engenharia – DEPE, 2009 45 p.

MACIEL, M. M. Sonho Tornou-se Realidade. In: O Estado de Mato Grosso, 01

jan. 1976. Cuiabá, Mato Grosso. p. 07.

MANFRIM, J. Gramados Ainda Mais Verdes. In: Planeta Sustentável Editora

Abril, 25 nov. 2009. Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/

desenvolvimento/gramados-ainda-mais-verdes-fifa-estadios-copa-2014-515614.

shtml?func=1&pag=0&fnt=9pt>. Acesso em: 02 ago. 2012.

MANZINI, E.; VEZZOLI, C. O Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis: os

Requisitos Ambientais dos Produtos Industriais. São Paulo: Edusp (Trad. Astrid

de Carvalho). 2002.

MARTINS, D. F. Sustentabilidade no Canteiro de Obras. Projeto de Graduação

apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica. Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2010. 90 p.

MASCARENHAS, G.; BIENENSTEIN, G.; SÁNCHEZ, F. O Jogo Continua:

Megaeventos Esportivos e Cidades. Rio de Janeiro: EdUERJ. 2011. 302 p.

MASSIMINO, R. O Conceito de Arena é Puro Marketing, diz Arquiteto da

Copa. In: Portal 2014, 15 mai. 2012. Disponível em:

<http://www.portal2014.org.br/noticias/9868/O+CONCEITO+DE+ARENA+E+PUR

O+MARKETING+DIZ+ARQUITETO+DA+COPA.html>. Acesso em: 13 jul. 2012.

MATIAS, M. Os Efeitos dos Megaeventos Esportivos nas Cidades. In: Turismo &

Sociedade, Curitiba, v. 1, n. 2, p. 175-198, 2007. out. 2008.

MÁXIMO, J. Organizar a Copa de 50 Foi Mais Fácil do Que Ganhá-la. In: Jornal

O GLOBO, 01 jun. 2009. Caderno de Esportes: As 12 para 14, Rio de Janeiro-RJ

MELENDEZ, A. Estádio, Cuiabá: Castro Mello Arquitetos. In: ProjetoDesign, 348°

Edição, fev. Disponível em: Portal ArcoWeb, 06 mai. 2009. <http://www.arcoweb.

com.br/arquitetura/castro-mello-arquitetos-estadio-cuiaba-06-05-2009.html>. Acesso

em: 06 out. 2012.

MESTRE, A. M.; LOPES, F. S. Carta Olímpica. Em vigor desde: 11 fev. 2010.

Lisboa, Portugal, 15, jun. 2010. Disponível em: <http://cev.org. br/biblioteca/carta-

olimpica/#2.%20missao>. Acesso em: 21 abr. 2012.

MONTEIRO, U. Telhas Solares Solesia. 2010. Disponível em:

<http://www.umbelino.pt/solesia/>. Acesso em: 20 nov. 2012.

Page 219: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

217

MOTTA, C. PIB do PAN Chega a R$ 5,7 Bilhões. In: O Globo, 14 jul. 2007.

Disponível em: <http://rubemmedinaescondido.blogspot.com.br/2007/07/pib-do-pan-

che ga-r-57-bilhes.html>. Acesso em: 20 mai. 2012.

MOTTA, S. R. F.; AGUILAR, M. T. P.; ANDERY, P. R. P. Um Modelo de Inser-

ção da Sustentabilidade no Processo de Produção da Edificação. In: Simpósio

Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído. São Paulo, 2009.

NASCIMENTO, T. C. Influência da Eficiência no Uso da Água e Energia no

Custo do Ciclo de Vida de uma Moradia Multifamiliar Popular em Belo

Horizonte - Brasil. Dissertação de Mestrado em Construção Civil. Área de

Concentração: Materiais da Construção Civil. Universidade Federal de Minas Gerais.

Belo Horizonte, Minas Gerais, 2010. 150 p.

NEUFERT, P. Arte de Projetar em Arquitetura. Portugal: Gg - Gustavo Gili, 17ª

Edição. 2004. 618 p.

OC - ORGANIZING COMMITTEE FIFA WORLD CUP 2006. Green Goal -

Legacy Report. Frankfurt, Alemanha. 2006. 120 p.

OC - ORGANIZING COMMITTEE FIFA WOMEN'S WORLD CUP 2011.

Football’s Footprint - Legacy Report. Frankfurt, Alemanha. 2011. 65 p.

OLIVEIRA, T. F. C. S. de. Sustentabilidade e Arquitetura: Uma Reflexão Sobre

o Uso do Bambu na Construção Civil. Dissertação de Mestrado em Dinâmicas do

Espaço Habitado. Universidade Federal de Alagoas. Maceió-AL, 2006. 136 p.

OLIVEIRA, T. A. de; RIBAS, O. T. Sistemas de Controle das Condições

Ambientais de Conforto. Ministério da Saúde. Secretária de Assistência à Saúde.

Série Saúde & Tecnologia. Brasília-DF, 1995. 92 p.

ONU - ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Report of the World

Commission on Environment and Development: Our Common Future. New

York: WCED. 1987. Disponível em: <http://www.un-documents.net/wced-ocf.htm>.

Acesso em: 20 mai. 2012.

PASSOS, J. M. Mundial Criará 3,6 Milhões de Empregos Por Ano. In: Jornal O

GLOBO, 01 jun. 2009. Caderno de Esportes: As 12 para 14, Rio de Janeiro-RJ.

PLA, V. L. M. Mapa dos Biomas Mato-Grossenses. SEMA – Secretaria de Estado

do Meio Ambiente. Governo de Mato Grosso, 15 mar. 2011. Disponível em:

<http://www.sema.mt.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=170

&Itemid=107>. Acesso em: 25 jul. 2012.

PNUD - PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO.

Ranking do IDH dos Municípios do Brasil 2003. 2000. In: Atlas de

Desenvolvimento Humano no Brasil 2003. Disponível em:

<http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH_Municipios_Brasil_2000.aspx?indiceAc

cordion=1&li=li_Ranking2003>. Acesso em: 01 out. 2012.

Page 220: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

218

POLOKWANE MUNICIPALITY. Greening Plan for the 2010 Soccer World

Cup. Pretoria, Província de Limpopo, África do Sul Mar. Edição: Future Works.

2009. 54 p.

PORTAL2014. Cuiabá Avisa: Vai Usar 100% de Dinheiro Público em Novo

Estádio. In: Portal 2014, 10 jun. 2009. Disponível em: < http://www.portal2014.

org.br/noticias/367/CUIABA+AVISA+VAI+USAR+100+DE+DINHEIRO+PUBLI

CO+EM+NOVO+ESTADIO.html>. Acesso em: 17 nov. 2012.

___________. Afinal, Qual é o Projeto de Cuiabá? In: Portal 2014, 09 jul. 2009a.

Disponível em: < http://www.portal2014.org.br/noticias/717/AFINAL+QUAL+E+O

+ PROJETO+DE+CUIABA.html>. Acesso em: 17 nov. 2012.

___________. Novo Verdão, Flexível e Sustentável In: Portal 2014, 10 dez. 2009b.

Disponível em: <http://www.portal2014.org.br/noticias/1731/NOVO+VERDAO+

FLEXIVEL+E+SUSTENTAVEL.html>. Acesso em: 17 nov. 2012.

___________. Reciclagem Deve Gerar Economia de Até R$ 1,2 mi na Arena

Pantanal. In: Portal 2014, 09 ago. 2010. Disponível em: <http://www.portal2014.

org.br/noticias/4888/RECICLAGEM+DEVE+GERAR+ECONOMIA+DE+ATE+R+

12+MI+NA+ARENA+PANTANAL.html>. Acesso em: 12 out. 2012.

___________. Licitação do Novo Verdão é Homologada. In: Portal 2014, 31 mar.

2010a. Disponível em: <http://www.portal2014.org.br/noticias/2450/LICITACAO+

DO+NOVO+VERDAO+E+HOMOLOGADA.html>. Acesso em: 17 nov. 2012.

___________. Sete Estádios da Copa Podem Virar "Elefantes Brancos", Diz Es-

tudo. In: Portal 2014, 25 jun. 2010b. Disponível em: < http://www.portal2014.org.br/

noticias/4038/SETE+ESTADIOS+DA+COPA+PODEM+VIRAR+ELEFANTES+B

RANCOS+DIZ+ESTUDO.html>. Acesso em: 25 nov. 2012.

___________. Salvador Vai Empregar Ex-presidiários em Obras da Copa. In:

Portal 2014, 01 jul. 2011. Disponível em:

<http://www.portal2014.org.br/noticias/7413/SALVADOR+VAI+EMPREGAR+

EXPRESIDIARIOS+EM+OBRAS+DA+COPA.html>. Acesso em: 09 jul. 2012.

___________. Arena Pantanal Contrata Mão de Obra Egressa do Trabalho

Escravo. In: Portal 2014, 25 mai. 2011a. Disponível em: <http://www.portal

2014.org.br/noticias/7095/ARENA+PANTANAL+CONTRATA+MAO+DE+OBRA

+EGRESSA+DO+TRABALHO+ESCRAVO.html>. Acesso em: 27 nov. 2012.

____________. Fifa Investirá US$ 20 milhões para que Copa de 2014 Seja

Sustentável. In: Portal 2014, 19 jun. 2012. Disponível em: <http://www.portal2014.

org.br/noticias/10158/FIFA+INVESTIRA+US+20+MILHOES+PARA+QUE+COP

A+DE+20 14+SEJA+SUSTENTAVEL.html>. Acesso em: 09 jul. 2012.

____________. Após "Marasmo", Arena Pantanal Chega a 50,3% das Obras

Concluídas In: Portal 2014, 01 nov. 2012a. Disponível em: <http://www.portal2014.

org.br/noticias/10982/APOS+MARASMO+ARENA+PANTANAL+CHEGA+A+50

3+DAS+OBRAS+CONCLUIDAS.html>. Acesso em: 25 nov. 2012.

Page 221: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

219

PORTELA, L. V. de S. Estádio José Fragelli, Mas Pode Chamá-lo de Verdão. In:

Hisrel, 04 out. 2012. Original: 16 mai. 2008. Disponível em: <http://hisrel.blog

spot.com.br/2012/04/estadio-jose-fragelli-mas-pode-chama-lo.html>. Acesso em: 04

out. 2012.

PRADA, R. Após Escolha da Fifa, Cuiabá Muda Arquiteto e Projeto do Verdão.

In: Portal Arquitetura, 06 jun. 2009. Disponível em: <http://www.arquitetura.

com.br/noticias/noticia.php?idNot=486>. Acesso em: 12 out. 2012.

PROVINCIAL GOVERNMENT OF THE WESTERN CAPE. Reflecting on

Strategy, Building Legacy Report on the 2010 FIFA World Cup™. Cape Town,

South Africa: Hansa Print. 2011. 215 p.

RAMOS, R. Futebol: Ideologia do Poder. Editora; Vozes. Petrópolis-RJ, 1984.

RECORD. FIFA Escolhe Alemanha para Organizar Mundial - 2006 -

Candidatura Europeia Bateu África Do Sul por um Voto. In: Portal Record, 06

jul. 2000. Disponível em: <http://www.record.xl.pt/Futebol/Internacional/interior.

aspx?content_id=38667#CommentsArea>. Acesso em: 23 mar. 2012.

REDAÇÃO ECOD. Como a energia solar será implantada nos estádios da Copa

do Mundo?. In: Portal EcoD, 25 abr. 2012. Disponível em: <http://www.eco

desenvolvimento.org/posts/2012/abril/como-a-energia-solar-sera-implantada-nos-

estadios>. Acesso em: 20 nov. 2012.

REIS, M. Na África do Sul, G1 Mostra as Cidades com Maior Desigualdade

Social do Mundo. In: Portal G1, 28 mar. 2010. Disponível em: <http://g1.

globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL1547516-17084,00.html>. Acesso em:

02 dez. 2012.

RIBEIRO, L. C. Brasil: Futebol e Identidade Nacional. In: EF y Deportes Revista

Digital, Buenos Aires-Argentina Ano 08 n 56. 2003. Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd56/futebol.htm>. Apresentado no IV Encontro do

Esporte e Ciencias Sociais, Buenos Aires, nov. 2002. Acesso em: 02 dez. 2012.

SACHS, I. Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro:

Garamond, 2002.

SALGADO, D. Quatro Elefantes Incomodam Muita Gente. In: Portal 2014, 23

set. 2011. Disponível em: <http://www.portal2014.org.br/blog/noventa-

minutos/?p=190>. Acesso em: 19 jun. 2012.

SÁNCHEZ, F. A Reinvenção das Cidades para um Mercado Mundial. Chapecó:

Argos. 2003.

SATTLER, M. A. Sustentabilidade: A Construção Fazendo a Sua Parte.

Conselho em Revista – Matéria, n° 33, Porto Alegre, Rio Grande do Sul. 2007.

SATTLER, M. A.; PEREIRA, F.O.R. Construção e Meio Ambiente. Porto Alegre:

ANTAC. Coleção Habitare, v.7. 2006. 296 p.

Page 222: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

220

SECOPA - SECRETARIA EXTRAORDINÁRIA PARA A COPA DO MUNDO

EM MATO GROSSO (2012). O Verdadeiro Legado da Copa em Mato Grosso.

In: Governo do Estado, 19 jun. Disponível em: <http://www.cuiaba2014.mt.gov.br/

index2.php?sid=291>. Acesso em: 01 out. 2012.

_______. Principais Obras. In: Governo do Estado, 15 jun. 2012a. Disponível em:

<http://www.cuiaba2014.mt.gov.br/index2.php?sid=295>. Acesso em: 02 out. 2012.

_______. Campos Oficiais de Treinamento - COT. In: Governo do Estado, 15 jun.

2012b. Disponível em: <http://www.cuiaba2014.mt.gov.br/index2.php? sid=363>.

Acesso em: 02 out. 2012.

_______. FIFA Fan Fest. In: Governo do Estado, 15 jun. 2012c. Disponível em:

<http://www.cuiaba2014.mt.gov.br/index2.php?sid=362>. Acesso em: 02 out. 2012.

_______. Principais Ações. In: Governo do Estado, 14 jun. 2012d. Disponível em:

<http://www.cuiaba2014.mt.gov.br/index_list.php?tip=not&sid=278>. Acesso em:

03 out. 2012.

_______. Câmaras Temáticas. In: Governo do Estado, 24 mai. 2012e. Disponível

em: <http://www.cuiaba2014.mt.gov.br/index2.php?sid=279>. Acesso em: 03 out.

2012.

_______. Arena Pantanal. In: Governo do Estado, 25 jun. 2012f. Disponível em:

<http://www.mtnacopa.mt.gov.br/index2.php?sid=388>. Acesso em: 15 nov. 2012.

_______ . Governo de Mato Grosso na Copa. Apresentação de PowerPoint. 2012g.

_______. Programas da Matriz FIFA. In: Governo do Estado, 25 mai. 2012h.

Disponível em: <http://www.mtnacopa.com.br/index2.php?sid=277>. Acesso em: 01

dez. 2012.

SEGALLA, V. Governo do DF Decide Abrir Mão de Dinheiro do BNDES na

Construção de Arena para Copa. In: UOL Esporte, 29 out. 2011. Disponível em:

<http://m.esporte.uol.com.br/futebol/copa-2014/ultimas-noticias/2011/10/29/gover

no-do-df-decide-abrir-mao-de-dinheiro-do-bndes-na-construcao-de-arena-para-copa.

htm>. Acesso em: 22 mai. 2012.

SEIFFERT, M. E. B. Gestão Ambiental: Instrumentos, Esferas de Ação e

Educação Ambiental. São Paulo: Atlas. 2007.

SILVA, V. da. Cuiabá - MT e a Copa 2014: Do Sonho à Realidade. In: XII

SIMPURB - Simpósio Nacional de Geografia Urbana. Ciência e Utopia. Belo

Horizonte, Minas Gerais 16 a 19 de novembro. 2011. Disponível em:

<http://xiisimpurb2011.com.br/app/web/arq/trabalhos/a6d6e950924c24c31f63daaf81

acad7e.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2012. 12 p.

SILVA, V. G. da. Metodologias de Avaliação de Desempenho Ambiental de

Edifícios: Estado Atual e Discussão Metodológica. In: Habitação mais Sustentável.

Documento 5. Projeto FINEP 2386/04: Tecnologias para construção habitacional

mais sustentável. São Paulo, 2007. 60p.

Page 223: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

221

SILVA, V. G. da. Gestão Sustentável de Facilidades. In: Palestra no 1º Seminário

Sustentabilidade e Facilities. ABRAFAC/CBCS: São Paulo, 27 mai, 2009.

SINAENCO - SINDICATO DA ARQUITETURA E DA ENGENHARIA. Vitrine

ou Vidraça - Desafios do Brasil para a Copa de 2014. Indusplan: 2009. 128 p.

SIQUEIRA, F. M. B. Valorização Imobiliária do Entorno do Estádio Verdão

Face à Copa do Mundo de 2014. Dissertação de Mestrado em Geografia. Área de

Concentração: Ambiente e Desenvolvimento Regional. Universidade Federal de

Mato Grosso. Cuiabá, Mato Grosso, 2012. 119 p.

SOCOG - SYDNEY ORGANISING COMMITTEE FOR THE OLYMPIC GAMES.

Official Report of the Xxvii Olympiad - Volume One - Preparing for the Games.

Australia: Paragon Printers Australasia. 1st Edition. 2001. 420 p.

SOUZA, A. C. A. A Evolução da Política Ambiental no Brasil do Século XX.

2010. Disponível em: <http://www.achegas.net/numero/vinteeseis/ana_sousa_26.

htm>. Acesso em: 26 jun. 2012.

SPINELLI, E. Abertura da Copa Será no Novo Estádio do Corinthians, em

Itaquera. In: Folha de São Paulo – Esporte 27, ago. 2010. Disponível em: < http://

www1.folha.uol.com.br/esporte/790211-abertura-da-copa-sera-no-novo-estadio-do-

corinthians-em-itaquera.shtml>. Acesso em: 01 dez. 2012.

SPORTV. BNDES é o Principal Incentivador da Copa Ecológica, Diz

Especialista. In: SporTV News, 09 fev. 2012. Disponível em: <http://sportv.globo.

com/site/programas/sportv-news/noticia/2012/02/bndes-e-o-principal-incentivador-

da-copa-ecolo gica-diz-especialista.html>. Acesso em: 22 mai. 2012.

TERRA. Relembre 12 Tragédias em Estádios do Futebol Mundial. In: Terra

Futebol, 02 fev. 2012. Disponível em: <http://esportes.terra.com.br/futebol/fotos/0,,

OI186634-EI1832,00-Relembre+tragedias+em+estadios+do+futebol+mundial.html>.

Acesso em: 11 jul. 2012.

VEIGA, J. E. Do Global ao Local. Campinas: Armazém do Ipê. 2005.

VIGGIANO, M. S. Edifícios Públicos Sustentáveis. Brasília: Senado Verde, 2010.

VILARON, W. Obras em Estádios já Passam dos R$ 6 Bilhões. In: O Estadão, 17

abr. 2010. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,obr as-em-

estadios-ja-passam-dos-r-6-bilhoes,539821,0.htm>. Acesso em: 20 mai. 2012.

VILELA, P. Criada para 'Enxugar Máquina', SECOPA Nomeia Oito Novos

Nomes. In: Olhar Direto - Notícias de MT, 29 ago. 2012. Disponível em:

<http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=Criada_para_enxugar_m

aquina_Secopa_nomeia_8_novos_nomes&id=277371>. Acesso em: 27 nov. 2012.

VITRUVIUS. Arena Pantanal. In: Portal Vitruvius, Projetos, São Paulo, 12.133,

fev. 2012. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/12.

133/4203>. Acesso em: 14 nov. 2012.

Page 224: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

223

ANEXOS

ANEXO 1. LEED para Novas Construções 2009 – Registro Projeto Checklist.

Page 225: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

224

Page 226: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

225

APÊNDICES

APÊNDICE 1. Fichas dos principais estádios de futebol sustentáveis, do Mundo.

Continente/País: África/África do Sul

Cape Town Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.blitzbokke.com

Acesso 15/04/2012

Entorno: Destacado em uma paisagem

marcante, no centro de um parque urbano

de 60 hectares, próximo ao mar.

Água: Proporciona uma economia de

27% no consumo de água. Foram

instalados vasos sanitários com duas

opções de descarga, assim como

chuveiros e torneiras de baixo fluxo de

vazão. Além disso, as águas do

manancial de Oranjezicht, nas encostas

da Table Mountain, cadeia de montanhas

que marca o relevo da cidade, passaram a

irrigar o parque do Green Point, o que

representa uma economia de 580 milhões

de litros de água potável por ano.

Energia: O projeto do estádio proporcio-

na uma economia estimada em 15% no

uso da eletricidade em função da ilumi-

nação em LED e pela automação de

sistemas.

Resíduos: Foram reaproveitados 95%

dos materiais do antigo estádio (aço,

plástico, concreto e madeira).

Conforto Ambiental: O estádio é ainda

marcado pelo aproveitamento racional da

iluminação e da ventilação naturais,

assim como das áreas refrigeradas.

Localização: Cidade do Cabo (cidade)

Western Cape (província)

Capacidade: 66.000 pessoas (Copa)

55.000 pessoas (hoje)

Estimativa: 609 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): GMP, Louis Karol, Point

Início da obra: 26 de março de 2007

Inauguração: 14 de dezembro de 2009

Outros nomes: Green Point (referência

ao antigo estádio demolido)

Mandante: Ajax Cape Town (futebol)

Finalidade: Multiuso: futebol, rúgbi,

eventos no geral e concertos musicais.

Eventos: Copa do Mundo FIFA 2010,

Campeonato Sul-africano de Futebol.

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: FIFA - FÉDÉRATION

INTERNATIONALE DE FOOTBALL

ASSOCIATION. Divulgado o Relatório

do Programa Green Goal 2010 na

Cidade do Cabo. 20 jul. 2012.

Disponível em: <http://pt.fifa.com/world

cup/archive/southafrica2010/news/news

id=1477807/index.html>. Acesso em: 21

mar. 2012.

Page 227: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

226

Continente/País: África/África do Sul

Mbombela Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.blitzbokke.com

Acesso 15/04/2012

Água: O estádio conta com o

reaproveitamento da água de chuva para

irrigação do gramado e de áreas verdes,

através de tubulações especiais, e uma

reserva para até 30.000m³. Recupera

calor da refrigeração, por sua vez, para o

aquecimento de água para os mais

variados usos da edificação.

Energia: Utiliza painéis solares conecta-

dos diretamente à rede do edifício.

Materiais: Uma pegada de carbono de

baixo impacto foi alcançada através da

minimização da utilização de

componentes vindos do exterior, ou seja,

utilizaram-se insumos locais, tanto

quanto possível.

Conforto Ambiental: A cobertura, em

material transparente para facilitar a

iluminação, fica localizada a seis metros

de altura do último assento, favorecendo

também, a ventilação natural, através de

uma ancoragem em suportes desenhados

para se assemelharem a girafas.

Localização: Nelspruit (cidade)

Mpumalanga (província)

Capacidade: 43.589 pessoas

Estimativa: 140 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): R&L Architects

Início da obra: Fevereiro de 2007

Inauguração: 16 de maio de 2010

Outros nomes: “Estádio Girafa” (apelido

referente aos 18 suportes da cobertura).

Mandante: Bidvest Wits (futebol) e

Pumas (rúgbi)

Finalidade: futebol, rúgbi, eventos no

geral e concertos musicais.

Eventos: Copa do Mundo FIFA 2010,

Campeonato Sul-africano de Futebol

Acesso e Transporte: Westaffin Station

(sistema ferroviário de Nelspruit)

Fonte: SOUTH AFRICA. National

Legacy Report for the Greening of the

2010 FIFA World CupTM

. 2011 South

Africa: Environmental Affairs

Department. 120 p.

Page 228: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

227

Continente/País: África/África do Sul

Moses Mabhida Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.chuteagool.wordpress.com

Acesso 15/04/2012

Entorno: Localizado ao final de um

parque urbano linear de 2.5 km de

extensão, junto ao Oceano Índico, tem

sua arquitetura marcada por um arco

emblemático com bondinho turístico (sky

car), sobre o campo, de 106 m de altura.

A sua construção levou em consideração

o controle de resíduos e a proteção de

80% da cobertura vegetal nativa.

Água: Apresenta um sistema de

conservação de água de 70% dos recur-

sos e reaproveitamento de água de chuva.

Energia: A iluminação em LED, por

exemplo, em seu grande arco com 15 mil

lâmpadas, representa uma economia de

20% com o consumo energético.

Algumas outras facilidades são: a

automação de sistemas e a eficiência

energética - podendo ser refrigerado, ou

aquecido facilmente.

Materiais: É o único estádio da África

do Sul considerado “carbono neutro”,

pois 85% dos insumos vieram de fontes

locais.

Resíduos: Projetado e construído em prol

do respeito ao meio ambiente utilizou 30

mil metros cúbicos de concreto do

estádio local, anteriormente demolido.

Conforto Ambiental: A cobertura

apresenta uma membrana revestida com

Politetrafluoretileno (PTFE), ou

simplesmente Teflon®, o que permite

50% da luz natural através da superfície,

proporcionando proteção contra os raios

solares e a chuva. A fachada, que segue

as ondulações do volume, protege contra

as frequentes correntes de vento e

permite a ventilação natural.

Localização: Durban (cidade)

KwaZulu-Natal (província)

Capacidade: 62.760 pessoas (Copa)

54.000 pessoas (hoje)

85.000 (ampliação futura)

Estimativa: 450 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): GMP Arquitetos, Ambro-

Afrique, Theunissen Jankowitz

Início da obra: 01 de abril de 2007

Inauguração: 28 de novembro de 2009

Outros nomes: Durban Stadium (podem-

do se tornar olímpico, caso seja sede).

Mandante: AmaZulu (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, eventos,

lazer, uso social e concertos musicais.

Eventos: Copa do Mundo FIFA 2010,

Campeonato Sul-africano de Futebol

Acesso e Transporte: Umgeni Station

(sistema ferroviário de Durban)

Fonte: GREENING2010. Durban. 2008

Disponível em: <http://www.greening

2010.co.za/index.php?option=com_conte

nt&task=view&id= 327&Itemid=338>.

Acesso em 15 abr. 2012.

Page 229: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

228

Continente/País: África/África do Sul

Nelson Mandela Bay Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.celsojunior.net

Acesso 15/04/2012

Entorno: Localizado em um Parque

Urbano, próximo a um espelho d’água,

teve suas medidas de sustentabilidade

amplamente divulgadas na sociedade.

Água: Sua cobertura permite a captação

e reuso da água de chuva com até 35%

de economia do consumo regular.

Energia: Quanto ao setor energético

foram instalados sensores de presença

em corredores e escritórios, assim como

lâmpadas florescentes compactas. Além

da construção e da instalação de sistemas

de gestão, que permitem o controle de

zonas e espaços subutilizados, o que

favorece a minimização do consumo

energético, do consumo desnecessário e

do aquecimento durante períodos de

baixa utilização.

Conforto Ambiental: A cobertura em

estrutura de PTFE é orientada para as

melhores condições climática; o que

protege seus espectadores não apenas dos

raios solares, mas também das frequentes

e violentas rajadas de vento do Índico.

Localização: Port Elizabeth (cidade)

Eastern Cape (província)

Capacidade: 48.459 pessoas (Copa)

42.486 pessoas (hoje)

Estimativa: 159 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Architectural D. Associates

Dominic Bonnesse Archit

Início da obra: 2007

Inauguração: 06 de junho de 2009

Outros nomes: “Sunflower” (Estádio Gi-

rassol) em função do design da cobertura

Mandante: Eastern Prov. Kings (rúgbi)

Finalidade: Multiuso: futebol, rúgbi e

concertos musicais.

Eventos: Copa das Confederações FIFA

2009, Copa do Mundo FIFA 2010.

Acesso e Transporte: Sydenham e North

End Station localizadas a 2km da Arena

(sistema ferroviário de Port Elizabeth).

Fonte: SOUTH AFRICA. National

Legacy Report for the Greening of the

2010 FIFA World CupTM

. 2011 South

Africa: Environmental Affairs Depart-

ment. 120 p.

Page 230: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

229

Continente/País: África/África do Sul

Peter Mokaba Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.br.taringa.net

Acesso 15/04/12

Entorno: Os calçamentos são

permeáveis facilitando a percolação do

lençol freático. No paisagismo fora

utilizado vegetação nativa, o que reduz

os gastos com irrigação.

Água: O estádio faz a coleta da água de

chuva, em um tanque de 50 m³, para fins

de irrigação. Os equipamentos sanitários

também apresentam baixo fluxo de

vazão.

Energia: Apresenta o monitoramento

dos gastos energéticos e da climatização.

Materiais: Na sua construção, monito-

rada por um consultor ambiental, foram

utilizados resíduos locais para aterros e a

utilização de pedras locais para material

de enchimento de formas.

Resíduos: O complexo apresenta

separação de resíduos, por categoria, dos

eventos que lá ocorrem, para reciclagem.

Conforto Ambiental: Como forma de

manter o conforto ambiental interno

utiliza a ventilação cruzada e a

iluminação natural, como medidas de

baixo custo.

Localização: Polokwane (cidade)

Limpopo (província)

Capacidade: 41.733 pessoas

Estimativa: 150 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): AFL Architects

Início da obra: 2007

Inauguração: 2010

Outros nomes:

Mandante: Black Leopards (futebol)

Finalidade: Multiuso: futebol, rúgbi e

atividades culturais e comerciais.

Eventos: Copa do Mundo FIFA 2010,

Campeonato Sul-africano de Futebol

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: POLOKWANE MUNICIPALI-

TY. Greening Plan for the 2010 Soccer

World Cup. Pretoria, Província de

Limpopo, África do Sul Mar. Edição:

Future Works. 54 p. 2009.

Page 231: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

230

Continente/País: África/África do Sul

Soccer City Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.basf-cc.ae/en/News2/Pages/BASF

SoccerStadiuminSA.aspx. Acesso 15/04/12

Entorno: Construído originalmente em

1987 foi reformado em função da

identidade local e de seu entorno. O

projeto conceitual remete a um pote

cerâmico típico, a cabaça. A única cida-

de, da Copa do Mundo FIFA 2010TM

,

que apresentava dois estádios na compe-

tição: o Soccer City e o Ellis Park Stadi-

um plantou 200 mil árvores como forma

de minimizar a emissão de carbono das

construções e reformas para a Copa.

Água: Quanto ao uso de água, o

reaproveitamento da água da chuva

envolveu a transformação de um fosso

descoberto em um reservatório de água

coberto para a irrigação do gramado e

atividades de limpeza. O estádio trabalha

com uma meta de utilização de 80% de

água reciclada para a irrigação do campo,

dos 100 mil litros diários necessários. Os

equipamentos sanitários apresentam

controle do sistema de fluxo e vazão,

podendo este ser ajustado de acordo com

a necessidade e a frequência.

Energia: Quanto ao setor energético, o

Soccer City utiliza lâmpadas compactas

fluorescentes; além de ter instalado e

construído um sistema de gestão de

zonas que permite o controle individua-

lizado, minimizando custos com

eletricidade e aquecimento de áreas não

operantes, em períodos de uso reduzido.

Materiais: A fachada é revestida com 40

mil painéis de fibra de vidro e concreto,

mais ecológicos e com potencial de

aquecimento global 40% menor que os

tradicionais de fibra de vidro, cimento

e/ou alumínio, atualmente utilizados.

Conforto Ambiental: Controle de áreas

refrigeradas e aquecidas e favorecimento

da ventilação e da iluminação naturais.

Localização: Johanesburgo (cidade)

Gauteng (província)

Capacidade: 94.787 pessoas (Copa)

88.460 pessoas (hoje)

Estimativa: 440 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Boogertman Urban Edge

and Partners e Populous

Início da obra: Fevereiro de 2007

Inauguração: Dezembro de 2009

Outros nomes: FNB Stadium (naming

rights de uma rede bancária sul-africana)

Mandante: Kaizer Chiefs (futebol) e a

Seleção Sul-africana de futebol

Finalidade: Multiuso (futebol, rúgbi,

eventos religiosos e concertos musicais).

Eventos: Copa do Mundo FIFA 2010,

Campeonato Sul-africano de Futebol

Acesso e Transporte: Nasrec Station

(sistema metroviário de Johanesburgo)

Fonte: SOUTH AFRICA. National

Legacy Report for the Greening of the

2010 FIFA World CupTM

. 2011 South

Africa: Environmental Affairs Depart-

ment. 120 p.

Page 232: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

231

Continente/País: América/Argentina

Estádio Ciudad de La Plata Eco Medidas:

Fonte: www.globoesporte.globo.com/platb/fute

bolargentino/2011/02/18/principal-palco-da-co

pa-america-e-reaberto-na-argentina/

Acesso 15/04/12

Entorno: Está inserido em um parque

urbano arborizado.

Materiais: A cobertura usa o PTFE

tensionado em forma de duas tendas

amarradas. A solução é mais barata e

mais leve que as coberturas de estádios

tradicionais que consomem maior

quantidade de materiais.

Conforto Ambiental: Esta mesma

cobertura tem propriedades térmicas

melhores que as executadas com

materiais metálicos tradicionais e é

menos poluente que as de policarbonato.

Sua acústica também é melhor, pois em

uma tempestade este material ameniza o

som, ao contrario da metálica, que o

realça.

Localização: La Plata (cidade)

Buenos Aires (província)

Capacidade: 50.000 pessoas

Estimativa: 216 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Roberto “Nolo” Ferreira

Início da obra: Construído em 1987

Abertura parcial 2003

Inauguração: 12 de fevereiro de 2011

Outros nomes: Est. Único de La Plata

Mandante: Estudiantes de La Plata e

Gimnasia y Esgrima de La Plata (futebol)

Finalidade: Multiuso: futebol, eventos

esportivos, comerciais e shows musicais.

Eventos: Copa América 2011, Copa

Santander Libertadores da América 2009

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: ARCH DAILY. Estadio Único

Ciudad de La Plata / Roberto Ferreira

& Arquitectos Asociados. 12 nov. 2011.

Disponível em: <http://www.archdaily.

com/ 183538/estadio-unico-ciudad-de-la-

plata-roberto-ferreira-arquitectos-asocia

dos/?utm _source=feedblitz&utm_medi

um=FeedBlitzEmail&utm_campaign=0

&utm_content=383045>. Acesso em: 15

abr. 2012.

Page 233: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

232

Continente/País: América/Brasil

Arena Grêmio Eco Medidas:

Fonte: www.globoesporte.globo.com/futebol/

times/gremio. Acesso 15/04/12

Entorno: O projeto busca a certificação

LEED, sendo assim, destacam-se as

seguintes medidas sustentáveis: estacio-

namento com mais de 50% das vagas

cobertas, reduzindo o efeito da ilha de

calor e vagas preferenciais para veículos

de baixa emissão de poluentes e de

incentivo a caronistas. O projeto infiltra

mais água de chuva para dentro do

terreno em comparação às condições

originais do terreno, reduzindo cheias.

Água: A cobertura capta água de chuva

para 50% da irrigação do gramado, que é

automatizada, economizando mais 30%

de água potável. As águas pluviais

captadas, também são utilizadas em

aparelhos sanitárias. Quanto ao

esgotamento sanitário este terá seu fluxo

reduzido em 20%, ao utilizar metais,

louças e válvulas mais eficientes.

Energia: Quanto às questões energéticas

há pelo menos 10% de redução do

consumo de energia anual, através do uso

de ar condicionados de alta eficiência e

iluminação com baixos níveis de

potência.

Materiais: Sua construção está

incorporando o máximo de materiais

regionais, reciclados, e certificados, além

de tintas, selantes e vernizes com baixa

emissão de compostos voláteis.

Resíduos: A arena contará com áreas

permanentes de segregação de resíduos e

promoverá campanhas de conscienti-

zação, para seu público, das medidas

sustentáveis adotadas.

Conforto Ambiental: Cobertura na cor

clara, de alta refletividade, minimizando

os ganhos com calor e reduzindo a carga

térmica da construção.

Localização: Porto Alegre (cidade)

Rio Grande do Sul (estado)

Capacidade: 60.540 pessoas

Estimativa: 465 milhões (R$ reais)

Arquiteto(s): Antônio Monteiro,

Pedro Santos

Início da obra: 20 de setembro de 2010

Inauguração: 08 de dezembro de 2012

Outros nomes:

Mandante: Grêmio Foot-Ball Porto

Alegrense (futebol)

Finalidade: Multiuso: futebol, shows, e-

ventos, conferências, espaços comerciais

Eventos: Centro de Treinamento para a

Copa do Mundo FIFA Brasil 2014

Acesso e Transporte: Estação Anchieta

(sistema metroviário de Porto Alegre)

Fonte: GRÊMIO ARENA. Certificação

LEEDTM

. In: Arena Grêmio, 17 jun,

2011. Disponível em: <http://arena.gre

mio.net/#!/diferenciais/288-certificacao-

leed>. Acesso em: 01 ago. 2012.

Page 234: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

233

Continente/País: América/Brasil

Arena Palestra Itália Eco Medidas:

Fonte: www.legiaopalestrina.blogspot.com.br/

Acesso 15/04/2012

Entorno: O projeto prevê uma ampla

integração com a malha urbana da Zona

Oeste paulistana. A Arena que apresenta

gramado elevado, em relação ao nível do

solo, está se preocupando com o

remanejo de espécies arbustivas.

Água: Dentre as questões referentes à

redução do consumo de água destacam-

se: a utilização de torneiras com tempo-

rizadores, captação de água de chuva e

louças com baixo fluxo de vazão.

Energia: A iluminação racionalizada

contará com lâmpadas de LED.

Resíduos: O novo estádio do Palmeiras

está reciclando e reutilizando mais de 20

mil m³ de concreto e 4 mil toneladas de

aço do antigo estádio para os mais

diversos fins, dentre eles destacamos a

execução de sub-base de calçamentos e

de projetos dos empreendimentos em

anexo, ao complexo.

Conforto Ambiental: A envoltória é

permeável facilitando a iluminação e a

ventilação naturais.

Localização: São Paulo (cidade)

São Paulo (estado)

Capacidade: 45.000 pessoas (previsão)

Estimativa: 330 milhões (R$ reais)

Arquiteto(s): Tomás Taveira

Início da obra: Outubro de 2010

Inauguração: Outubro de 2013 (prev.)

Outros nomes: Parque Antárctica

Mandante: Sociedade Esportiva

Palmeiras (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, shows,

concertos e outros eventos coorporativos

Eventos: Centro de Treinamento para a

Copa do Mundo FIFA Brasil 2014

Acesso e Transporte: Estação Palmeiras-

Barra Funda (linhas de metrô e trem)

Fonte: NOVA ARENA. Nova Arena: o

Complexo Multiuso Mais Moderno da

América Latina. 2012. Disponível em:

<http://www.novaarena.com.br/2012/pro

jeto.asp>. Acesso em: 15 abr. 2012.

Page 235: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

234

Continente/País: América/Brasil

Estádio Governador Roberto Santos Eco Medidas:

Fonte: www.saofrancisconoticias.com.br.

Acesso 15/04/2012

Entorno: Dentre as poucas medidas

sustentáveis adotadas, nesta reforma,

destaca-se: a criação do esgotamento

sanitário, até então inexistente.

Energia: A colocação de 1,7 mil

módulos de placas solares em sua

cobertura, com carga de 630 MWh/ano,

equivalente a uma produção 75% maior

que a do estádio, em um ano. O primeiro

da América Latina, a usar este tipo de

tecnologia, com o apoio de uma equipe

técnica alemã, o que representa uma

economia de cerca de R$ 120 mil por

ano, sob a coordenação da Universidade

Federal de Santa Catarina. Ocorreu

também a troca de lâmpadas por modelos

mais eficientes, melhorando a

luminosidade.

Conforto Ambiental: Seu formato de

arquibancada em ferradura facilita

questões de conforto ambiental.

Localização: Salvador (cidade)

Bahia (estado)

Capacidade: 31.677 pessoas

Estimativa: 21 milhões (R$ reais)

5,5 milhões (R$ reforma)

Arquiteto(s): Estado da Bahia

Início da obra: 2011

Inauguração: 1979 e 2012 (Reforma)

Outros nomes: Estádio do Pituaçu (nome

do bairro, onde está localizado)

Mandante: Bahia F. C. (futebol) em fun-

ção das reformas da Arena Fonte Nova

Finalidade: Multiuso: futebol, shows,

feiras e outros eventos sociais

Eventos: Centro de Treinamento para a

Copa do Mundo FIFA Brasil 2014

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: MAIA, G. Estádio de Pituaçu,

em Salvador, Inaugura Sistema de

Energia Solar Nesta Terça-feira. In:

NE10/Bahia, 10 abr. 2012. Disponível

em: <http://ne10.uol.com.br/canal/cotidia

no/nordeste/noticia/2012/04/10/estadio-

de-pituacu-em-salvador-inaugura-siste

ma-de-energia-solar-nesta-tercafeira-336

733.php>. Acesso em: 15 abr. 2012.

Page 236: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

235

Continente/País: América/Brasil

Estádio Olímpico João Havelange Eco Medidas:

Fonte: www.minhaalmacanta.blogspot.com

Acesso 15/04/2012

Água: Apresenta poucas medidas que o

tornam ecologicamente sustentável,

dentre elas, sobressai-se a coleta de água

de chuva da cobertura para duas

cisternas, com capacidade de 470 mil

litros de água, que retêm até um milhão e

meio de litros. Esta água, que representa

uma economia de 11 milhões de litros

anuais do sistema público de

abastecimento e R$ 20 mil mensais, é

destinada a irrigação dos gramados,

limpeza, sistema de combate a incêndio,

refrigeração e ao uso em descargas e

aparelhos sanitários. O sistema é

composto de filtros, acessórios e

cisternas de armazenamento, desenvol-

vido por uma empresa alemã e fabricado

no Brasil. Toda esta água captada, se não

fosse aproveitada, escoaria em direção as

galerias pluviais de drenagem da Zone

Norte carioca, já saturadas.

Energia: Na parte energética, telões em

LED e uma gestão mais econômica

também foram pensadas por seus

arquitetos em sua concepção.

Localização: Rio de Janeiro (cidade)

Rio de Janeiro (estado)

Capacidade: 46.931 pessoas (hoje)

60.000 (ampliação 2016)

Estimativa: 380 milhões (R$ reais)

Arquiteto(s): Carlos Porto

Início da obra: 2003

Inauguração: 30 de junho de 2007

Outros nomes: Stadium Rio, Engenhão

(nome do bairro, onde fica localizado).

Mandante: Botafogo de Futebol e

Regatas (futebol)

Finalidade: Multiuso: futebol, atletismo,

shows, feiras e outros eventos culturais

Eventos: Jogos Pan-americanos de 2007,

Jogos Parapan-americanos de 2007

Acesso e Transporte: Estação Engenho

de Dentro (sistema ferroviário do Rio)

Fonte: FUTEBOL INTERIOR. Grama-

do do Engenhão Será Irrigado com

Água de Chuva. 2007. Disponível em:

<http://www.futebolinterior.com.br/canal

/futebol_brasil/15877+Gramado_do_En

genhao_sera_irrigado_com_agua_de_chu

va>. Acesso em: 09 abr 2012.

Page 237: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

236

Continente/País: América/Brasil

Eco Estádio Janguito Malucelli Eco Medidas:

Fonte: www.panasonic.com.br/ecoideas/blog/

Acesso 15/04/2012

Entorno: É o primeiro estádio ecológico

do Brasil, nas proximidades do Parque

Barigüi, na capital paranaense, onde se

encontra totalmente inserido, com

simplicidade em seu contexto, com área

aproximada de 1,4 milhões de metros

quadrados. Sua arquibancada foi erguida

no desnível taludado natural da lateral do

terreno, onde os assentos foram fixados

diretamente sobre o gramado, como

forma de causar o menor impacto

ambiental possível.

Materiais: Concreto só fora utilizada em

áreas obrigatórias por lei como nos

calçamentos de circulação dos

torcedores. Toda a madeira utilizada, na

construção, teve como origem áreas de

reflorestamento.

Resíduos: Reutilizou ferro proveniente

de dormentes de ferrovias desativadas.

Conforto Ambiental: Pelo seu contexto

urbano e arquitetura simplificada tem a

ventilação e a iluminação naturais

potencializadas e exploradas ao máximo.

Localização: Curitiba (cidade)

Paraná (estado)

Capacidade: 6.000 pessoas (hoje)

Estimativa: 1,2 milhão (R$ reais)

Arquiteto(s): Grupo J. Malucelli

Início da obra: Início da obra: 2007

Inauguração: 07 de julho de 2007

Outros nomes: Eco Estádio, Janguitão

Mandante: Sport Club Corinthians

Paranaense (futebol)

Finalidade: Multiuso: futebol, lazer e

outros eventos culturais

Eventos: Jogos do Campeonato

Paranaense de Futebol

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: JMALUCELLI. EcoEstádio

Janguito Malucelli. 2012. Disponível

em: <http://www.jmalucelli.com.br/in

dex.php?pag=empresas&t_cod=99&subg

rupo= eco_estadio_janguito_malucelli>.

Acesso em: 15 abr. 2012.

Page 238: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

237

Continente/País: América/Canadá

BC Place Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.flickr.com.

Acesso 16/04/2012

Entorno: A partir de 2011, a Arena se

tornou carbono neutro, principalmente

em função da sua preocupação com o

desperdício de insumos.

Energia: A cobertura recém-reformada é

muito mais eficiente, analisando os

aspectos energéticos, do que a original,

poupando 25% de energia (ou cerca de

US 350.000 milhões de dólares por ano).

Um adicional de 100.000 de dólares, por

ano, será salvo em custos de manutenção. A nova iluminação da cobertura, em

LED, apesar do alto investimento inicial

representa uma grande redução de custos

com o consumo energético.

Materiais: O gramado é sintético feito

com material ambientalmente correto e

de melhor adaptação às condições

climáticas locais e ao seu fechamento.

Conforto Ambiental: Foi a primeira

arena coberta de seu país e possuía a

maior cobertura inflável do mundo até 04

de maio de 2010, quando após alguns

incidentes, foi proposta a sua

substituição. Após a reforma, se tornou o

estádio com o maior cabo de aço

sustentando uma cobertura retrátil de

ETFE, o que permite a iluminação

natural da arena e o fechamento de sua

cobertura, em 20 minutos, em dias

chuvosos e no rigoroso inverno local.

Localização: Vancouver (cidade)

C. Britânica (província)

Capacidade: 54.320 (futebol americano)

21.000 (futebol)

Estimativa: 260 milhões (US dólares)

563 milhões (reforma)

Arquiteto(s): Phillips Barratt (1983)

Stantec Architecture (2010)

Início da obra: Abril de 1981 (original)

Abril de 2010 (reforma)

Inauguração: 19 de junho de 1983 (ori-

ginal) /30 de setembro de 2011 (reforma)

Outros nomes:

Mandante: British Columbia Lions (fut.

americano), Vancouver Whitecaps (fut.)

Finalidade: Multiuso: esportes, comer-

cio, shows, eventos e automobilismo

Eventos: Expo 1986, Jogos Olímpicos e

Paraolímpicos de Inverno de 2010

Acesso e Transporte: Stadium China-

town Sky Train Station (sistema metro-

viário da cidade de Vancouver)

Fonte: BC PLACE. The New Stadium.

2011. Disponível em: <http://www.bcpla

ce.com/index.php/roof.html> Acesso em:

16 abr. 2012.

Page 239: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

238

Continente/País: América/Chile

Est. Nacional Julio Martínez Prádanos Eco Medidas:

Fonte: www.panasonic.com.br/ecoideas/blog/

Acesso 15/04/2012

Entorno: Em 15 de junho de 2009, a

então presidente Michelle Bachelet

apresentou um plano de intervenções em

todo o conjunto que foi cumprido

parcialmente em função do terremoto

que atingiu o Chile em 27 de fevereiro de

2010, o que inverteu as prioridades. Sua

reinauguração parcial ocorreu em 12 de

setembro de 2010. Com a posse do atual

presidente, Sebastián Piñera, foi proposto

em 03 de junho de 2011, o aumento da

capacidade para 70 mil, além da inserção

deste em um contexto sustentável com

63,5 hectares, com a disposição de 15

mil novas espécies arbóreas, um

complexo recreativo e desportivo. Este

complexo denominado “Parque de la

Ciudadanía” custará 25 milhões de

dólares, sendo escolhido em um concurso

internacional de arquitetura, vencido pela

equipe formada por Teodoro Fernández,

Rodrigo Pérez de Arce e Owar

Arquitectos; para equiparar o principal

estádio chileno as principais arenas

mundiais de qualidade. A previsão da

entrega deste parque urbano também é

para 2014, quando o Chile sediará os

Jogos Sul-Americanos, um evento

multiesportivo, no estilo das Olimpíadas.

Energia: Nesta reforma o estádio contará

com uma iluminação mais moderna e

eficiente.

Conforto Ambiental: A nova proposta

prevê que o estádio receba cobertura

favorecendo as questões de conforto

ambiental e facilitando a iluminação

natural e a ventilação cruzada; já que este

se localiza no centro de um parque

urbano.

Localização: Santiago (cidade/região)

Capacidade: 70.000 pessoas (original)

47.000 pessoas (hoje)

Estimativa: 38 milhões (US dólares)

42 milhões (reforma)

Arquiteto(s): Karl Brunner (1938) /

Álvaro Costa, Francisco Romero e Max

Decombe (Atual Remodelação)

Início da obra: 1937 (original) / 15 de

junho de 2009 (reforma)

Inauguração: 03 de dezembro de 1938

(original) / Reforma 2014 (previsão)

Outros nomes: Est. Nacional do Chile,

El Coloso de Ñuñoa, El Pasional

Mandante: Club Universidad de Chile

(futebol) e Seleção de Futebol do Chile

Finalidade: Multiuso: futebol, atletismo,

concertos, eventos religiosos e shows

Eventos: Copa do Mundo FIFA de 1962,

Copa América 1991 e 2015

Acesso e Transporte: Estación Ñuble

(sistema metroviário de Santiago)

Fonte: VARAS, C. ¿El Cóndor de Pi-

ñera y Mardones en el Estadio Nacio-

nal? Concurso Público Por Favor… In:

Plataforma Urbana, 02 fev., 2010. Dispo-

nível em: <http://www.plata formaurbana

.cl/archive/2010/02/02/el-estadio-naciona

l-de-pinera-y-mardones-condores-volcan

es-y-regiones-se-toman-el-complejo-dep

ortivo/#more-14431>. Acesso: 01/04/12.

Page 240: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

239

Continente/País: América/Costa Rica

Estádio Nacional da Costa Rica Eco Medidas:

Fonte: www.google.com.br

Acesso 21/08/2012

Entorno: Localizado integrado ao Par-

que Metropolitano de La Sabana, uma

grande área verde da capital San José,

Sua construção se sucedeu através de

uma doação proporcionada pela China,

após acordos internacionais bilaterais

entre estes dois países

Energia: É o estádio mais moderno e

tecnológico (telões de LED e iluminação

de última geração) da América Central e

do Caribe, respeitando os preceitos

ambientais e esportivos do COI.

Conforto Ambiental: Apresenta

cobertura que favorece a penetração de

iluminação e ventilação naturais.

Localização: San José (cidade)

San José (província)

Capacidade: 35.175 pessoas (hoje)

Estimativa: 110 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Anhui Foreign Economic

Construction (Group) Co.

Início da obra: 12 de março de 2009

Inauguração: 10 de janeiro de 2011

Outros nomes:

Mandante: Seleção da Costa Rica

Finalidade: Multiuso: futebol, atletismo,

museu, concertos, eventos e shows

Eventos: Copa do Mundo Feminina Sub-

17 FIFA 2014

Acesso e Transporte: Parada del Tren

Urbano del MAG (sistema ferroviário)

Fonte: RODRÍGUEZ, J. L. China

Entregó el Estadio com un Mes de

Antecipación. In: La Nación, 11 jan.

2011 Disponível em: <http://www.naci

on.com/2011-01-11/Deportes/NotasDes

tacadas/Deportes2647793.aspx>. Acesso

em: 21 ago. 2012.

Page 241: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

240

Continente/País: América/Estados Unidos da América

CenturyLink Field Eco Medidas:

Fonte: www.seahawknationblog.com

Acesso 21/08/2012

Entorno: Palco de alguns amistosos da

seleção brasileira de futebol, a redução

das emissões de carbono deste projeto

ultrapassam 1.346 toneladas métricas por

ano, principalmente ao estimular o

abundante transporte público local.

Água: Economizam, 1.342,660 litros de

água, anualmente, com equipamentos

eficientes e mais 1,8 milhões de dólares

com o gramado artificial, o que dispensa

serviços de aquecimento e irrigação.

Energia: Em sua cobertura foram

instalados 3750 painéis solares com

capacidade energética para 830.000

kWh; aliada a uma iluminação de alta

eficiência. Conta ainda com a

mecanização dos sistemas o que permitiu

uma redução da dependência dos

serviços públicos em 21%, anualmente.

Materiais: Sua construção incorporou o

máximo de materiais regionais,

reciclados, e certificados.

Resíduos: Foi construído com a recicla-

gem de quase metade dos resíduos de seu

estádio antecessor. Quanto à gestão de

resíduos sólidos, estimula a conscientiza-

ção de seus usuários com programas de

reciclagem de resíduos e compostagem.

Conforto Ambiental: A cobertura apenas

nas laterais do gramado facilita a

incidência de iluminação natural e da

ventilação cruzada.

Localização: Seattle (cidade)

Washington (estado)

Capacidade: 38.500 pessoas (soccer)

67.000 (fut. americano)

72.000 (expansão)

Estimativa: 360 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Ellerbe Becket,

LMN Architects

Início da obra: Setembro de 1998

Inauguração: 28 de julho de 2002

Outros nomes: Seahawks Stadium,

Qwest Field

Mandante: Seattle Seahawks (fut. ameri-

cano) e Seattle Sounders FC (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, mostras,

shows, edifício-garagem e feiras

Eventos: Copa Ouro da CONCACAF

2005 e 2009

Acesso e Transporte: Seattle King Street

Station (sistema ferroviário de Seattle)

Fonte: CENTURYLINK FIELD.

Sustainability at CenturyLink Field. 2012. Disponível em: <http://www.centu

rylinkfield.com/sustainability-at-century

link/>. Acesso em: 22 ago. 2012.

Page 242: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

241

Continente/País: América/Estados Unidos da América

Cowboys Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.twistedsifter.com

Acesso 22/08/2012

Entorno: Dentre as preocupações com o

seu entorno destaca-se a pavimentação

com materiais permeáveis o que facilita a

drenagem e reduz áreas de inundação.

Água: Há o consumo de um milhão de

litros de água anuais focado em

iniciativas verdes.

Energia: O estádio é capaz de consumir

20% menos energia do que estádios da

mesma magnitude.

Materiais: Insumos locais foram

utilizados na sua construção ao máximo.

Resíduos: Dentre as questões de gestão

de resíduos destacamos um biorreator de

compostagem para matéria orgânica, um

programa de reciclagem abrangente e a

redução de 25% de seus resíduos sólidos.

Conforto Ambiental: Foi construído com

o maior teto retrátil do mundo, pode

fechar seus painéis em 12 minutos,

dependendo das condições climáticas.

Esta facilidade permite um maior número

de eventos realizados com iluminação

natural, ao mesmo tempo, em que

impede que o gramado seja natural. A

operacionalidade de sua envoltória e a

presença de portas retráteis proporciona a

circulação de ar durante seus jogos.

Localização: Arlington (cidade)

Texas (estado)

Capacidade: 80.000 pessoas

110.000 (expansível)

Estimativa: 1,3 bilhão (US dólares)

Arquiteto(s): HKS Sports &

Entertainment Group

Início da obra: 20 de setembro de 2005

Inauguração: 27 de maio de 2009

Outros nomes: The Palace in Dallas,

Cowboys Cathedral

Mandante: Dallas Cowboys

(futebol americano)

Finalidade: Multiuso: esportes, shows e

outras atividades do entretenimento.

Eventos: Copa Ouro da CONCACAF

2009 e 2011, XLV Super Bowl 2011

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: ARLINGTON. Cowboys Stadi-

um Construction. City of Arlington,

Texas, USA. 2012. Disponível em:

<http://www.arlingtontx.gov/cowboys/co

nstruction.html>. Acesso em: 22 ago.

2012.

Page 243: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

242

Continente/País: América/Estados Unidos da América

Lincoln Financial Field Eco Medidas:

Fonte: www.lincolnfinancial.rockandbus.com/

Acesso 22/08/2012

Entorno: A equipe de projetistas

calculou as emissões de gases provenien-

tes das atividades de uso de seu

complexo e planta árvores para

compensar a pegada de carbono. O

estádio fica localizado em um complexo

esportivo ao lado de um parque urbano.

Energia: O estádio produz 97% de toda

a sua energia através de fontes

renováveis, o que representa, a nível de

comparação, ao utilizado por 26 mil

residências ao longo de um ano. Dentre

as medidas adotadas destacam-se: a

instalação de 80 turbinas eólicas, ao

longo da fachada superior do estádio e

2.500 painéis solares em balanço; além

de uma subestação de 7,6 megawatts

dual-fuel no local.

Materiais: Na gestão de materiais, houve

a substituição por recicláveis, por

exemplo, os copos plásticos foram

substituídos por um à base de milho, ou

seja, mais biodegradável.

Resíduos: Atualmente, 80% dos resíduos

gerados são reciclados, entretanto a

administração objetiva alcançar 95% do

total. Todas estas mudanças acarretaram

30 milhões de dólares em despesas, mas

significarão uma economia de 60

milhões de dólares nos próximos 20

anos. E para o meio ambiente serão

poupados o equivalente a 500.000 barris

de petróleo em gás carbônico

Conforto Ambiental: A ausência de

cobertura facilita a permeabilidade de

raios solares e da ventilação cruzada.

Localização: Filadélfia (cidade)

Pensilvânia (estado)

Capacidade: 67.594 pessoas

Estimativa: 512 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): NBBJ e

Agoos Lovera Architects

Início da obra: 07 de maio de 2001

Inauguração: 03 de agosto de 2003

Outros nomes: The Linc (naming rights),

Philadelphia Eagles Stadium

Mandante: Philadelphia Eagles

(futebol americano)

Finalidade: Multiuso: esportes, shows e

outras atividades do entretenimento

Eventos: IV Copa do Mundo FIFA EUA

de Futebol Feminino 2003

Acesso e Transporte: A T and T Station

(sistema metroviário da Filadélfia)

Fonte: BANERJEE, N. Philadelphia

Eagles Go Greener With Eco-friendly

Stadium. In: Los Angeles Times, 09 jan.

2011. Disponível em: <http://articles.lati

mes.com/2011/jan/09/nation/la-na-envir

onmental-eagles-20110109>. Acesso em:

13 abr. 2012.

Page 244: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

243

Continente/País: América/Estados Unidos da América

Lucas Oil Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.stonycreeklifestyle.com

Acesso 22/08/2012

Água: Há a utilização de torneiras

temporizadoras, sanitários eficientes e a

correta infiltração da água de chuva.

Energia: Quanto aos sistemas

energéticos, há um controle de

climatização e da iluminação de áreas

que não estão sendo utilizadas; e a

utilização de lâmpadas fluorescentes

compactas.

Materiais: Materiais sustentáveis são

sempre preferidos, o que faz com que,

por exemplo, produtos de limpeza

utilizados sejam apenas biodegradáveis.

Resíduos: Na demolição do estádio

antecessor, parte da cobertura foi doada

para abrigos, assim como seu mobiliário.

O estádio, atualmente, conta com um

programa gestão de resíduos, o que faz

com que bebedouros sejam utilizados ao

em vez de garrafas de água, como forma

de evitar o desperdício.

Conforto Ambiental: Foi construído com

teto retrátil de 9 minutos e paredes de

janela de vidro operáveis, em função das

condições climáticas e do conforto

ambiental natural.

Localização: Indianapolis (cidade)

Indiana (estado)

Capacidade: 63.000 pessoas

70.000 (expansível)

Estimativa: 720 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): HKS Inc e A2so4

Início da obra: 20 de setembro de 2005

Inauguração: 16 de agosto de 2008

Outros nomes: New RCA Dome

Mandante: Indianapolis Colts

(futebol americano)

Finalidade: Multiuso: esportes, shows e

centro de convenções

Eventos: XLVI Super Bowl 2012

Acesso e Transporte: Indianapolis

Antrak Station (sistema ferroviário).

Fonte: FRITZE, J. City Quietly

Studying Designs for Colts Stadium. In: Ballparks, 23 jul. 2004. Disponível

em: <http://football.ballparks.com/NFL/

IndianapolisColts/newindex.htm>. Aces-

so em: 22 ago. 2012

Page 245: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

244

Continente/País: América/Estados Unidos da América

MetLife Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.totalprosports.com

Acesso 22/08/2012

Entorno: Poupou 1,68 milhões de t de

CO2 no seu primeiro ano de operação.

Hoje, volta-se para questões de gestão

com baixo impacto ambiental. Ademais,

houve uma preocupação com o plantio de

espécies nativas, o ecossistema circun-

dante e com a utilização de máquinas

com combustíveis menos poluentes. O

complexo desenvolve programas de

conscientização ecológica de seus usuá-

rios e funcionários e só adquiri produtos

e serviços que tenham esta preocupação.

Água: Reduziu a demanda média em

cerca de 11.000 m³ por ano, ou seja, 25%

se comparado ao antigo estádio. A

recarga do lençol freático foi facilitada,

através da utilização de pedriscos para

forração, uma economia de 2 milhões de

litros de água, por ano. O gramado sinté-

tico economiza 3.500 m³ de água ao ano.

Energia: Com uma metragem quadrada,

duas vezes maior que seu antecessor

economiza 30% a mais de energia. O

sistema de energização é descentralizado

e com lâmpadas florescentes compactas,

reduzindo custos de áreas não utilizadas.

Os equipamentos de ventilação, calefa-

ção e iluminação são 25-50% mais efici-

entes. Está sendo estudada a implan-

tação de um sistema de energia solar.

Materiais: A construção incorporou

materiais ecológicos. Destacam-se a uti-

lização de assentos fabricados com

plástico reciclado e sucata de ferro e

produtos com baixa emissão de COVs.

Resíduos: Reutilizou cerca de 40.000t de

aço reciclado (50% de seu percussor, o

Giants Stadium) e reciclou 82% dos

resíduos gerados na construção. Das 70t

médias produzidas em uma partida, 25%

já fazem parte de um programa de

redução, além da matéria orgânica já ser

encaminhada para composteiras.

Conforto Ambiental: Eficiência dos

aparelhos de calefação e aproveitamento

da iluminação e ventilação naturais.

Localização: East Rutherford (cidade)

New Jersey (estado)

Capacidade: 82.566 pessoas

Estimativa: 1,6 bilhão (US dólares)

Arquiteto(s): EwingCole, Skanska AB,

360 Architecture

Início da obra: 05 de setembro de 2007

Inauguração: 10 de abril de 2010

Outros nomes: New Meadowlands Stad.

Mandante: New York Giants e New

York Jets (fut. americano)

Finalidade: Multiuso: esportes, shows e

eventos midiáticos

Eventos: XLVIII Super Bowl 2014,

Amistosos da Seleção Americana

Acesso e Transporte: Meadowlands

Sports Complex Station (ferrovia).

Fonte: NJSEA - NEW JERSEY

SPORTS AND EXPOSITION AUTHO-

RITY; NMST - NEW MEADOW-

LANDS STADIUM COMPANY, LLC.

New Meadowlands Stadium Project -

Scoping Document. 2006. East Ruther-

ford - New Jersey , USA. 35 p.

Page 246: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

245

Continente/País: América/Estados Unidos da América

University of Phoenix Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.football.ballparks.com

Acesso 23/08/2012

Entorno: Um dos estádios mais

modernos do mundo apresenta gramado

móvel que pode ser recolhido para

atividades não esportivas. Visitas e

atividades de manutenção substituíram os

tradicionais carros elétricos, ou a gás por

bicicletas, transporte mais ecológico.

Água: Como forma de reduzir o

consumo de água apresenta materiais, ou

sistemas a vácuo de limpeza (25% mais

econômicos e ecológicos), demonstrando

a preocupação ambiental de seus

gestores. Equipamentos sanitários, tam-

bém buscam economizar água, através de

dois acionamentos de descarga distintos.

Energia: Há uma intensa utilização de

equipamentos eficientes, iluminação em

LED, controle de áreas não utilizadas -

que tem seus circuitos desabilitados; e o

uso de 503 sensores de movimento para

controle e redução de gastos.

Materiais: Materiais locais e com parte

de seu conteúdo reciclado foram

preferidos; por exemplo, o plástico

constituinte dos assentos apresenta 10%

de sua composição de material reciclado.

Resíduos: O estádio gera 120 toneladas

de material reciclável por ano, tanto que

campanhas de direcionamento correto de

resíduos e a conscientização de seus

usuários são frequentes.

Conforto Ambiental: Seu teto retrátil

pode fechar em 15 minutos, o que facilita

a entrada de iluminação e ventilação

naturais.

Localização: Glendale (cidade)

Arizona (estado)

Capacidade: 63.400 pessoas

78.600 (expansão)

Estimativa: 455 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Peter Eisenman

Populous (HOK Sport)

Início da obra: 12 de abril de 2003

Inauguração: 01 de agosto de 2006

Outros nomes: Cardinals Stadium

Mandante: Arizona Cardinals

(futebol americano)

Finalidade: Multiuso: esportes, shows,

exposições e eventos midiáticos

Eventos: XLII e XLIX Super Bowl

(2008 e 2015), Amistosos da seleção

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: UNIVERSITY OF PHOENIX.

Cardinals Stadium Design. 2010.

Disponível em: <http://www.azcardinals.

com/stadium/design.html>. Acesso em:

23 ago. 2012.

Page 247: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

246

Continente/País: América/México

Estádio Omnilife Eco Medidas:

Fonte: www.msn.mediotiempo.com/negocios

Acesso 23/08/2012

Entorno: Sua inserção na paisagem é

constantemente comparada a um disco

voador em pouso, ou um vulcão, pelo

desenho da cobertura, já que seu Estado

localiza-se em uma área geológica

instável. O estádio está inserido em uma

área verde com sete hectares de mata

nativa; a preocupação com o “verde”

pode ser percebida, também, em sua

envoltória.

Água: A mesma cobertura que é

sinônimo de ironias é capaz de captar

30.000 m³ de águas pluviais, anualmente,

para fins não potáveis como: limpeza,

irrigação e aparelhos sanitários. Quanto

às águas residuais, estas são tratadas nas

proximidades do Estádio e utilizadas em

usos não potáveis.

Materiais: O estádio que tem seu nome

patrocinado por uma empresa mexicana

de suplementos alimentares apresenta

gramado sintético, considerado uma

“afronta” ao futebol deste país, mesmo

que resista a usos consecutivos e

necessite de pouca água para sua

manutenção.

Conforto Ambiental: O distanciamento

da cobertura do último assento facilita a

ventilação cruzada e permite a entrada de

iluminação natural neste equipamento.

Localização: Zapopan (cidade)

Jalisco (estado)

Capacidade: 49.850 pessoas

Estimativa: 146 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): VFO Arquitectos (HKO),

Jean Marie Massaud e Daniel Pouzet

Início da obra: 09 de maio de 2007

Inauguração: 29 de julho de 2010

Outros nomes: Volcano Stadium, Chivas

Stadium e Estádio Guadalajara

Mandante: Club Deportivo Guadalajara,

Chivas Rayadas (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, shows,

cinema infantil, lojas e salões de beleza

Eventos: XVI Jogos Pan-Americanos

Guadalajara 2011, Libertadores 2010

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: OLIVEIRA, L. Volcano

Stadium. In: Blog Gol de Arquitetura,

23 ago. 2009. Disponível em: <http://gol

daarquitetura.blogspot.com.br/2009/08/v

olcano-stadium.html>. Acesso em: 23

ago. 2012.

Page 248: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

247

Continente/País: América/Peru

Estádio Nacional do Peru Eco Medidas:

Fonte: www.foroperu.com

Acesso 23/08/2012

Entorno: Através de um acordo firmado

entre o Instituto Peruano de Desportes e

a Universidade Nacional de Engenharia,

o estádio quinquagenário da capital foi

remodelado e ampliado (escritórios e

pista de atletismo), sem perder suas

características originais: como a grande

torre, os louros desportivos e sua

integração ao Parque de la Reserva /

Circuito Magico del Agua.

Energia: A iluminação, telões e efeitos

cenográficos luminotécnicos da fachada

contam com lâmpadas LED que são mais

econômicas e permitem uma ampla gama

de cores.

Materiais: A cobertura foi revestida por

uma manta em membrana geotêxtil que

“flutua” sobre as arquibancadas.

Conforto Ambiental: Uma nova envolto-

ria foi fixada em estrutura metálica e

revestida com chapas metálicas perfura-

das que facilitam a ventilação, o conforto

ambiental e a visão do interior para fora,

contudo o contrário não é possível.

Localização: Lima (cidade/província)

Capacidade: 39.305 pessoas

Estimativa: 70 milhões (US dólares)

Valor da reforma 2011

Arquiteto(s): José Bentín Diez Canseco,

Miguel Dasso

Inauguração: 27 de outubro de 1952

Remodelação: 24 de julho de 2011

Outros nomes: El Coloso de José Díaz,

Estádio Nacional de Lima

Mandante: Seleção de futebol do Peru

Finalidade: Multiuso: esportes, shows,

exposições e eventos midiáticos

Eventos: Campeonato Mundial de Fute-

bol Sub-17 2005, Copa América 2004

Acesso e Transporte: Estación Estadio

Nacional (sistema de BRTs de Lima).

Fonte: DELGADO, C. M. Proyecto

Remodelación Estadio Nacional Lima. In: Bitácora - Arquitectura Peruana, 14

mar. 2009. Disponível em: <http://arqui

tecturaperuana.blogspot.com.br/2009/03/

proyecto-remodelacion-estadio-nacional.

html> Acesso em: 23 ago. 2012.

Page 249: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

248

Continente/País: Ásia/Catar

Sheikh Jassim Bin Hamad Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.mltqa.com/up//uploads/images/

Acesso 23/08/2012

Energia: Com uma arquitetura marcada

pelo design passivo, elementos de

construção pré-moldados e por quatro

torres de 45 metros de altura, em cada

uma das quinas do estádio, é uma

raridade no Oriente Médio; placas

fotovoltaicas, instaladas no estádio,

captam energia solar, convergem-na em

eletricidade que resfria o estádio, através

da parte inferior do assento, com emissão

zero de dióxido de carbono.

Conforto Ambiental: Apesar das tempe-

raturas, no verão, alcançarem os 45° C é

climatizado. Em uma partida realizada

com temperatura externa a 39° C, um

espectador poderá assistir a esta com a

temperatura agradável de 19° C. Todo

este sistema demorou 4 meses para ser

totalmente instalado, permitindo medidas

de poupança de energia e conforto

ambiental. A execução ficou a cargo da

empresa Arup Associates, com sede em

Londres, que está trabalhando com um

projeto de máximo aproveitamento de

energia solar de regiões áridas.

Localização: Doha (cidade)

Dawhah (municipalidade)

Capacidade: 17.000 pessoas

Estimativa: Não divulgada

Arquiteto(s): Ali Sharaf

Início da obra: 1974 (original)

2009 (reforma)

Inauguração: 1975 (original)

2010 (reforma)

Outros nomes: Al-Sadd Stadium

Mandante: Al-Sadd (futebol), Segunda

casa da Seleção Nacional431

Finalidade: Multiuso: esportes, shows,

exposições e eventos midiáticos

Eventos: Copa das Nações do Golfo

2004, XV Jogos Asiáticos de Doha 2006

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: QATARCLICK. Qatar to Tap

Solar Energy. In: Qatarqlick, 16 set.

2010. Disponível em: <http://www.qatar

qlick.com/technology/item/510-qatar-to-t

ap-solar-energy.html>. Acesso: 05/04/12.

DONGES STEELTEC. Stadium Roof-

ing- Jassim-Bin-Hamad Stadium, Do-

ha - Qatar. 2012. Disponível em: <http:

//www.donges-steeltec.de/en/product-gro

ups/sports-facilities/stadium-roofs/stadiu

m-roofing-al-sadd/> Acesso: 23/08/12.

43

Foi à casa da seleção até a inauguração do Estádio Internacional de Khalifah, também em Doha,

construído em 1976 e remodelado em 2005. Sua capacidade atual é de 50.000 espectadores e foi

apresentado como uma das subsedes da Copa do Catar 2022, onde terá acrescido 18.030 assentos.

Page 250: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

249

Continente/País: Ásia/Cazaquistão

Astana Arena Eco Medidas:

Fonte: www.zerozero.pt/img/estadios/364/

Acesso 23/08/2012

Entorno: Com a preocupação de sua

inserção na paisagem, o estádio de forma

elíptica é o símbolo da cidade.

Energia: O projeto apresenta soluções

inovadoras adotando princípios de alta

tecnologia para a gestão operacional, a

interação com o meio ambiente e,

especialmente, com as condições

climáticas rigorosas do inverno cazaque.

Materiais: O gramado, entretanto, é

artificial, o que favorece pelo menos a

economia hídrica.

Conforto Ambiental: Apresenta

cobertura retrátil de 10 mil m² e 20

minutos de acionamento, em

policarbonato, o que facilita a entrada da

iluminação natural. Suas paredes em

concreto isolam o estádio das baixas

temperaturas externas do inverno.

Localização: Astana (cidade)

Astana (província)

Capacidade: 30.000 pessoas

Estimativa: 185 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Tabanlıoğlu Architects

Início da obra: 2006

Inauguração: 03 de julho de 2009

Outros nomes: Lokomotiv Astana Stad.

Mandante: Lokomotiv Astana (futebol),

Seleção do Cazaquistão

Finalidade: Multiuso: esportes, shows,

exposições e eventos internacionais

Eventos: VII Jogos Asiáticos de Inverno

2011, Campeonato Cazaque de Futebol

Acesso e Transporte: Turan Station

(sistema de transporte público de Astana)

Fonte: ARCSPACE. Tabanlioglu

Architects Astana Arena. In: ArcSpace,

25 jan. 2010. Disponível em: <http://

www.arcspace.com/architects/tabanliogl

u/astana-arena/astana-arena.html>. Aces-

so em: 23 ago. 2012.

Page 251: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

250

Continente/País: Ásia/China

Bao'an Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.images.wordlesstech.com

Acesso 29/08/2012

Água: A cobertura, marca deste estádio,

permite a entrada de luz através de seu

material “filme luz”, ao mesmo tempo

em que coleta água de chuva, para reuso.

Energia: Quanto aos recursos

energéticos, há a economia de energia

através de um sistema de consumo mais

eficiente e pelo uso de lâmpadas LED.

Materiais: A referência ao bambu,

matéria-prima abundante e com baixo

gasto de energia, na China, está presente

em todo o estádio, dos elementos

estruturais verticais que sustentam a

cobertura, à produção de mobiliário

interno sustentável.

Conforto Ambiental: A fachada do

estádio é bastante permeável, o que

facilita a circulação de pessoas e da

ventilação natural, ao mesmo tempo em

que evita dificuldades em casos de

chuvas, ou insolações excessivas.

Localização: Shenzhen (cidade)

Guangdong (província)

Capacidade: 40.050 pessoas

Estimativa: 133 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Gerkan, Marg & Partners

Início da obra: 2009

Inauguração: 2011

Outros nomes: Bamboo Stadium

Mandante: Shenzhen Ruby Football

Club (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, shows,

exposições e eventos internacionais

Eventos: Jogos Universitários Mundiais

de Verão 2011, Super Liga Chinesa

Acesso e Transporte: Interligada a rede

pública de transporte de Shenzhen.

Fonte: XIMIN, H. Bamboo Forest a

Stage for Football. In: Shenzhen Daily,

24 jun. 2011. Disponível em:

<http://sztqb.sznews.com/page/641/2011

-06/24/E08/20110624 E08_pdf.pdf>.

Acesso em: 29 ago. 2012.

Page 252: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

251

Continente/País: Ásia/China

Estádio Nacional de Beijing Eco Medidas:

Fonte: www.globoesporte.globo.com

Acesso 29/08/2012

Entorno: É marcado pela monumentali

dade e pela sua posição estratégica no

centro de um parque olímpico urbano

arborizado.

Água: A cobertura facilita a apreensão

de água de chuva como medida para

reduzir o consumo, assim como, o

complexo tem seus rejeitos líquidos

tratados na Estação de Tratamento de

Esgotos de Oinghe, que processa até

80.000m³, por dia, que são armazenados

em poços subterrâneos adjacentes. Estas

medidas reduzem a necessidade do

estádio de utilizar a água doce tratada, já

que o processado é utilizado para o

paisagismo, incêndios e limpeza.

Energia: O estádio capta energia solar.

Conforto Ambiental: Destaca-se pela

envoltória em estrutura metálica,

facilitadora da ventilação natural, mas

constituída por mais de 110.000

toneladas de aço, medida nada

sustentável. Para a permeabilidade da luz

solar e uma sensação de leveza

estrutural, no estádio, foi fixada entre as

vigas de aço uma membrana dupla,

semitransparente de ETFE, que oferece

maior proteção acústica, resistência aos

ventos, as águas pluviais e aos raios

ultravioleta. Foram utilizados 884 painéis

individuais de ETFE, que cobrem um

total de 38.500 metros quadrados da

envoltória. Já a superfície inferior do

estádio foi revestida com 1,044 painéis

de PTFE, que cobrem 53.000 m² de área,

melhoram a acústica e colaboraram com

iluminação natural, ao diminuir o brilho

e ajudar a sombrear, permitindo um

ambiente mais favorável às competições.

Localização: Beijing (cidade)

Beijing (municipalidade)

Capacidade: 80.000 pessoas (hoje)

91.000 (Olimpíadas 2008)

Estimativa: 457 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Herzog & de Meuron,

ArupSport, Research Group

Início da obra: 24 de dezembro de 2003

Inauguração: 28 de junho de 2008

Outros nomes: Estádio Olímpico da

China e Ninho de Pássaro

Mandante: Não há um mandante de

futebol neste estádio (ocioso)

Finalidade: Multiuso: esportes, shows,

exposições e eventos internacionais

Eventos: Jogos Olímpicos e Paraolím-

picos de Verão de Beijing 2008

Acesso e Transporte: Olympic Sports

Center Station (sistema metroviário).

Fonte: ASTON, A. Can China Go

Green? In: BloombergBusinessweek

Magazine, 14 mai. 2009. Disponível em:

<http://images.businessweek.com/ss/09/0

5/0514_green_ china_awar dees/9.htm>.

Acesso em: 07 abr. 2012.

Page 253: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

252

Continente/País: Ásia/Coreia do Sul

Jeonju World Cup Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.english.whatsonkorea.com

Acesso 29/08/2012

Entorno: Dentre as poucas medidas

sustentáveis levantadas deste estádio está

sua localização estratégica no centro de

um parque urbano de lazer e recreação.

Água: Destaca-se a incorporação da

coleta de água pluvial, através de um

tanque de armazenamento, com capaci-

dade para 21,3 m³ e o uso de equipa-

mentos sanitários mais econômicos.

Conforto Ambiental: Sua cobertura, em

formato de leque de bambu, um produto

tipicamente local, além de coletar água

da chuva é favorável ao conforto

ambiental passível. Localização: Jeonju (cidade)

North Jeolla (província)

Capacidade: 42.477 pessoas

Estimativa: 141 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): POSCO Architects

Início da obra: 19 de fevereiro de 1999

Inauguração: 08 de novembro de 2001

Outros nomes: "Fort Jeonju"

Mandante: Jeonbuk Hyundai (futebol)

Finalidade: Uso exclusivo do futebol

Eventos: XVII Copa do Mundo FIFA

2002 Coreia do Sul - Japão

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: SOCCERPHILE. Jeonju World

Cup Stadium. 2002. Disponível em:

<http://www.soccerphile.com/soccerphil

e/archives/wc2002/fo/kv.html#je>. Aces-

so em: 29 ago. 2012.

Page 254: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

253

Continente/País: Ásia/Coreia do Sul

Suwon World Cup Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.worldstadiums.com

Acesso 29/08/2012

Entorno: Dentre as poucas medidas

sustentáveis levantadas deste estádio está

sua localização urbana preocupada com o

contexto de inserção.

Água: Destaca-se a retenção da água de

chuva em um tanque de 24,5m³, para

usos de manutenção do estádio, o que de

certa forma contribui para evitar

inundações e desastres naturais. A água

reciclada é utilizada para instalações

sanitárias, rega de jardins e áreas verdes,

bem como para a limpeza de sanitários.

Conforto Ambiental: Sua cobertura, em

formato de um grande pássaro, além de

coletar água da chuva é favorável a

ventilação cruzada.

Localização: Suwon (cidade)

Gyeonggi-do (província)

Capacidade: 43.288 pessoas

Estimativa: 193 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Sam Woo Architects

Início da obra: Junho de 1997

Inauguração: 13 de maio de 2001

Outros nomes: Grande Pássaro

Mandante: Suwon Samsung Blue Wings

(futebol)

Finalidade: Uso exclusivo do futebol

Eventos: XVII Copa do Mundo FIFA

2002, Copa das Confederações 2001

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: SOCCERPHILE. Jeonju World

Cup Stadium. 2002. Disponível em:

<http://www.soccerphile.com/soccerphil

e/archives/wc2002/fo/kv.html#je>. Aces-

so em: 29 ago. 2012.

Page 255: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

254

Continente/País: Ásia/Japão

Estádio Shizuoka Ecopa Eco Medidas:

Fonte: www.arctecart.com.br/2011/05/

Acesso 29/08/2012

Entorno: Erguido em um parque

montanhoso com 269 hectares de

preocupações paisagísticas, apresenta

questões sustentáveis até em sua

denominação. A palavra Ecopa é

formada pela aglutinação dos sufixos

“eco” de ecologia e “pa” de parque. Seu

complexo é voltado para diversas

atividades esportivas e conta com lagos,

áreas para estacionamento, um ginásio

poliesportivo, um estádio auxiliar e áreas

de preservação ambiental e para

entretenimento diverso.

Água: Destaca-se a reutilização da água

de chuva para irrigação, através de uma

cobertura de PTFE com 23 mil m².

Energia: Destaca-se a utilização racional

dos aparelhos condicionadores para o

armazenamento de gelo.

Materiais: Priorizou-se insumos locais e

com algum tipo de material reciclado em

sua composição.

Conforto Ambiental: O aquecimento de

água se dá através do uso de um sistema

de energia solar. A forma arquitetônica

da cobertura facilita o máximo

aproveitamento da iluminação e da

ventilação naturais.

Localização: Fukuroi (cidade)

Shizuoka (província)

Capacidade: 50.889 pessoas

Estimativa: 368 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): AXA SATOW Inc.

Início da obra: 03 de março de 1998

Inauguração: 26 de março de 2001

Outros nomes: Shizuoka Stadium

Mandante: Jubilo Iwata, Shimizu

S-Pulse (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, shows,

eventos culturais e artísticos

Eventos: XVII Copa do Mundo FIFA

2002 Coreia do Sul - Japão

Acesso e Transporte: Aino Station

(sistema ferroviário de Fukuroi).

Fonte: OSPMO - OGASAYAMA

SPORTS PARK MANAGEMENT

OFFICE. Ecopa Stadium / Ecopa Are-

na - Welcome to ECOPA. 2002. 8 p.

Page 256: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

255

Continente/País: Ásia/Japão

Estádio Toyota Eco Medidas:

Fonte: www.worldstadiums.com

Acesso 29/08/2012

Entorno: Na implantação do projeto

foram levados em conta questões

ambientais, pela proximidade deste com

um corpo hídrico e um canal de

irrigação.

Água: A arena apresenta coleta e reuso

das águas pluviais, através da cobertura.

Energia: Materiais e sistemas mais

eficientes foram concretizados para

potencializar sua eficiência energética.

Resíduos: Há uma preocupação com os

resíduos gerados, pelo complexo, e sua

correta destinação.

Conforto Ambiental: É marcado por

uma cobertura retrátil em cloreto de

polivinila (PVC), revestida por fibra de

poliéster de alto desempenho, que lembra

um acordeão, leva uma hora para ter seu

acionamento concluído, em condições

climáticas desfavoráveis.

Localização: Toyota (cidade)

Aichi (província)

Capacidade: 45.000 pessoas

Estimativa: 377 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Kisho Kurokawa

Início da obra: 1997

Inauguração: 21 de julho de 2001

Outros nomes: Stade Toyota

Mandante: Nagoya Grampus Eight (fut),

Toyota Verblitz (rúgbi)

Finalidade: Uso exclusivo desportivo

Eventos: Campeonato Mundial de

Clubes da FIFA, Liga Japonesa

Acesso e Transporte: Toyotashi e

Shintoyota Stations (sistema ferroviário).

Fonte: TAKAHASHI, M. Sports

Facilities With a Cultural Aspect /

Toyota Stadium 2002. Disponível em:

<http://www.taiyokogyo.co.jp/wc_stadiu

m/stadium_ e/eng/camp/index. html>.

Acesso em: 06 abr. 2012.

Page 257: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

256

Continente/País: Ásia/Japão

Misaki Park Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.google.com.

Acesso 29/08/2012

Água: Utiliza água de poços locais para

usos diversos e para poupar água da rede.

Energia: Desde março de 2010, passa

por testes da empresa japonesa de

comércio eletrônico Rakuten Inc., que

instalou painéis geradores de

eletricidade, através da vibração dos

torcedores, nos pisos das arquibancadas.

Esta energia, a primeira experiência do

gênero, é conduzida para a central

energética do estádio, de onde é

distribuída para os mais diversos usos de

toda a arena.

Conforto Ambiental: O estádio que

originalmente não apresentava cobertura

na parte posterior das linhas de fundo do

gramado, reduziu sua capacidade após o

torneio da FIFA e reinstalou a cobertura

de forma retrátil, com operação de 20

minutos, para proteger seus usuários de

condições climáticas desfavoráveis. A

arena conta com um sistema de ar

condicionado/ aquecimento através do

piso, como forma de economizar energia.

Localização: Kobe (cidade)

Hyogo (província)

Capacidade: 42.000 pessoas (Copa)

30.132 (atualmente)

Estimativa: 280 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Obayashi Corp.

Início da obra: 1997

Inauguração: Outubro de 2001

Outros nomes: Kobe Wing Stadium

Mandante: Vissel Kobe (futebol), Kobe

Steel Kobelco Steelers (rúgbi)

Finalidade: Multiuso: esportes, shows e

eventos diversos

Eventos: XVII Copa do Mundo FIFA

2002 Coreia do Sul - Japão

Acesso e Transporte: Wadamisaki

Station (sistema metroviário de Kobe).

Fonte: SHEPPARD, T. Sports Fans

Generate Electricity in Japan. 2011.

Disponível em: <http://www.asia.youth-

leader.org/?p=2580>. Acesso em: 07 abr.

2012.

Page 258: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

257

Continente/País: Ásia/Japão

Nissan Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.arctecart.com.br/2011/05/

Acesso 29/08/2012

Água: Dentre as poucas medidas

sustentáveis levantadas, destacam-se: a

utilização do esgoto tratado na Estação

de Tratamento de Kohoku, para regar o

relvado e para utilização em louças

sanitárias; combinado com a água

reutilizada da captação do telhado.

Energia: O estádio conta com uma

iluminação eficiente que minimiza gastos

desnecessários da energia da rede.

Conforto Ambiental: Quanto ao

conforto, a envoltória impede a emissão

de ruídos; assim como, a cobertura tem

uma parte móvel e outra estática para

melhorar o conforto interno. Localização: Yokohama (cidade)

Kanagawa (província)

Capacidade: 72.327 pessoas

Estimativa: 600 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Matsuda-Hirata,

Tohata Architecture Office

Início da obra: Janeiro de 1994

Inauguração: 01 de março de 1998

Outros nomes: Yokohama International

Stadium

Mandante: Yokohama F. Marinos (fut.)

Finalidade: Multiuso: esportes, shows,

eventos culturais e de entretenimento

Eventos: XVII Copa do Mundo FIFA

2002, Copa das Confederações 2001

Acesso e Transporte: Shinyokohama e

Kozukue Stations (sistema ferroviário).

Fonte: YSA - YOKOHAMA SPORTS

ASSOCIATION. Overview of the Faci-

lity. 2012. Disponível em: <http://www.

nissan-stadium.jp/english/site.php#01>.

Acesso em: 29 ago. 2012.

Page 259: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

258

Continente/País: Ásia/Japão

Saitama Stadium 2002 Eco Medidas:

Fonte: www.arctecart.com.br/2011/05/

Acesso 29/08/2012

Água: Conta com um sistema de

drenagem e purificação que recolhe

águas pluviais em tanques de 3.250

toneladas e as utiliza para irrigação do

gramado e sanitários.

Conforto Ambiental: Garante um

ambiente propício, o ano todo, para o

crescimento da grama, através de um

sistema computadorizado de controle de

temperatura do solo. Este corresponde a

40 km de tubos sem costura com 20 mm

de diâmetro, sob a superfície do campo,

onde as águas quente e fria podem ser

distribuídas. Localização: Saitama (cidade)

Saitama (província)

Capacidade: 63.700 pessoas

Estimativa: 350 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Azusa Sekkei Co., Ltd.

Início da obra: 09 de maio de 1998

Inauguração: 13 de outubro de 2001

Outros nomes: Estádio Saisuta,

Saitama Stadium

Mandante: Urawa Red Diamonds (fut.)

Finalidade: Uso exclusivo do futebol

Eventos: XVII Copa do Mundo FIFA

2002, Liga Japonesa de Futebol

Acesso e Transporte: Urawamisono

Station (sistema ferroviário de Saitama).

Fonte: SAITAMA. Saitama Stadium

2002 - Information. 2012. Disponível

em: <http://www.stadium2002.com/en/

index.php>. Acesso em: 29 ago. 2012.

Page 260: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

259

Continente/País: Ásia/Japão

Sapporo Dome Eco Medidas:

Fonte: www.arctecart.com.br/2011/05/

Acesso 29/08/2012

Energia: Marcado por uma cúpula de

grandes dimensões, quando se há

necessidade de se refrigerar o ambiente,

para se economizar energia, o ar frio é

lançado para sua periferia.

Materiais: É utilizada simultaneamente

para o beisebol (através de um gramado

artificial e fixo) e para o futebol (relvado

natural e móvel). Para esta transforma-

ção, o campo desliza para o exterior do

estádio, em aproximadamente cinco

horas, girando 180°.

Conforto Ambiental: Sua cobertura foi

projetada para facilitar a dispersão do

acumulo de neve, sem a necessidade de

gastos com a sua retirada. A ventilação e

a iluminação naturais são facilitadas

através de pequenas aberturas

mecanizadas da cobertura. Em função

das fortes nevascas locais, o aquecimento

foi facilitado enterrando boa parte da

estrutura ao solo.

Localização: Sapporo (cidade)

Hokkaido (província)

Capacidade: 41.484 pessoas

Estimativa: 510 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Hiroshi Hara

Início da obra: 1998

Inauguração: 03 de junho de 2001

Outros nomes: Hiroba Stadium

Mandante: Hokkaido Nippon Ham Figh-

ters (beisebol), Consadole Sapporo (fut)

Finalidade: Multiuso: esportes, shows e

eventos diversos

Eventos: XVII Copa do Mundo FIFA

2002, Liga Japonesa de Futebol

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: SAPPORO DOME. In Sapporo

Dome, the Use and Device of Eco-

friendly Technique are Performed in

Such a Place. 2012. Disponível em:

<http://www.sapporo-dome.co.jp.e.cx.

hp.transer.com/kankyo/gijutsu.html>.

Acesso em: 06 abr. 2012.

Page 261: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

260

Continente/País: Ásia/ Taiwan (República da China)

Kaohsiung National Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.gio.gov.tw

Acesso 30/08/2012

Energia: A arena que se destaca pela sua

cobertura, em formato de dragão, quando

vista de cima, tem nesta um de seus

maiores triunfos. Composta por 8.844

painéis de captação de energia solar, em

uma área de 14.155m². Estes painéis

fotovoltaicos são suficientes para suprir

todas as necessidades de energia do

estádio, composto por 3.300 luzes, em

apenas seis minutos, e dois telões

gigantes. Os 1.14 GW hora produzidos

são capazes, também, de iluminar 80%

das residências do entorno, ou podem ser

armazenados em baterias especiais. O

uso desta fonte de energia renovável e

limpa evita a emissão de 660 toneladas

de CO2, na atmosfera, anualmente.

Materiais: A arena teve outras

preocupações ambientais: foi construída

apenas com matérias-primas locais, e

utilizou elementos reciclados em sua

construção.

Conforto Ambiental: Sua cobertura,

além de favorecer a captação de energia

solar foi projetada para resfriar natural-

mente as arquibancadas e aproveitar ao

máximo a iluminação natural.

Localização: Kaohsiung (cidade)

Kaohsiung (condado)

Capacidade: 40.000 pessoas

55.000 (ampliação)

Estimativa: 150 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Toyo Ito

Início da obra: 2007

Inauguração: Junho de 2009

Outros nomes: Taiwan Solar Power

Stadium, National Stadium

Mandante: Seleção de Taipé Chinês de

Futebol

Finalidade: Multiuso: esportes, shows e

eventos diversos

Eventos: VIII Jogos Mundiais de 2009

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: PHAM, D. Dragon-Shaped

Solar Stadium in Taiwan is 100%

Powered by the Sun. In: Inhabitat, 15

mar. 2011. Disponível em: <http://inhabi

tat.com/taiwan%E2%80%99s-solar-sta

dium-100-powered-by-the-sun/>. Acesso

em: 04 set. 2012.

Page 262: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

261

Continente/País: Europa/Alemanha

Allianz-Arena Eco Medidas:

Fonte: www.blog.rklarquitetura.com.br

Acesso 18/12/2012

Entorno: O estádio conta com garagens

de 70 mil m² com telhado verde, preocu-

pações paisagísticas e com o sistema de

infiltração, através de pisos permeáveis,

para promover o ciclo da água.

Água: O gerenciamento de águas

pluviais é abrangente com infiltração,

através de tanques de decantação e

reutilização. Apresenta descargas com

fluxo de vazão reduzido e automáticas.

Energia: A gestão energética reduziu os

gastos pela metade. Dispensou uma

unidade de fornecimento a diesel de

emergência por estar conectado a duas

linhas de fornecimento, independentes.

Resíduos: O estádio preza em sua gestão,

por materiais recicláveis, redução de

embalagens e a coleta seletiva. Conforto Ambiental: A temperatura de

aquecimento interno é automatizada e

recupera calor do sistema de eletricidade.

São utilizadas caldeiras de condensação

de 5 a 10% mais eficientes. O sistema de

refrigeração dos ambientes é controlado

por meio de sondas de CO2, o que

significa que o ar fresco é fornecido, de

acordo com a qualidade do ar e com a

necessidade. Cada área de aquecimento

da arena pode ser controlada individual-

mente, o que economiza eletricidade e

calor.

Localização: Munique (cidade)

Baviera (estado)

Capacidade: 69.901 pessoas (2006-12)

71.137 (hoje)

67.812 (partidas internac.)

Estimativa: 370 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Herzog & de Meuron

ArupSport

Início da obra: 21 de outubro de 2002

Inauguração: 30 de maio de 2005

Outros nomes: München Arena,

Munich Stadium

Mandante: FC Bayern Munich e TSV

1860 München (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Bundesliga, Copa Audi 2009 e

2011, XVIII Copa do Mundo FIFA 2006,

Liga dos Campeões da UEFA 2011-12.

Acesso e Transporte: Fröttmaning

Station (sistema metroviário d’ Munique)

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WORLD CUP

2006. Green Goal - Legacy Report.

2006. Frankfurt, Alemanha. 120 p.

Page 263: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

262

Continente/País: Europa/Alemanha

AOL Arena Eco Medidas:

Fonte: www.casqueiforapraalemanha.blogspot.

com.br/2010/10/ Acesso 18/12/2012

Entorno: O projeto é integrado ao

Parque Urbano de Altonaer Volkspark

que conta com 205 hectares de área.

Água: Apresenta descargas com fluxo de

vazão reduzido e automáticas. A água de

chuva é desviada para corpos hídricos

receptores adjacentes e será utilizada,

através de poços, para a irrigação do

gramado e instalações sanitárias.

Energia: O estádio é abastecido através

de uma combinação de calor e energia; e

tenta poupar nos gastos de energia.

Resíduos: O estádio preza em sua gestão,

por materiais recicláveis, redução de

embalagens e a coleta seletiva. Conforto Ambiental: O aquecimento do

estádio evita a utilização de energia

elétrica, substituindo esta fonte por

biogás, ou calor recuperado. O biogás é

fornecido através de uma usina moderna

nas proximidades do estádio que

consome 20.000 toneladas de resíduos

biodegradáveis, por ano.

Localização: Hamburgo (cidade-estado)

Capacidade: 75.000 pessoas (original)

57.000 (hoje)

51.500 (partidas internac.)

Estimativa: 132 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Não disponível

Início da obra: 1951(original)

30 de abril de 1998 (ref.)

Inauguração: 12 de julho de 1953 (orig)

02 de setembro de 2000 (ref)

Outros nomes: HSH Nordbank Arena,

Imtech Arena, Volksparstadion

Mandante: Hamburger SV (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Bundesliga, Copa do Mundo de

1974 e 2006, Euro 1988 e UEFA 2010

Acesso e Transporte: Stellingen Station

(sistema ferroviário de Hamburgo).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WORLD CUP

2006. Green Goal - Legacy Report.

2006. Frankfurt, Alemanha. 120 p.

Page 264: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

263

Continente/País: Europa/Alemanha

AWD Arena Eco Medidas:

Fonte: www.zerozero.pt/estadio.php?id=170

Acesso 18/12/2012

Entorno: É localizado integrado ao

perímetro do parque urbano, onde está

localizado o lago artificial Maschsee.

Água: Quanto a racionalização de água

utiliza mictórios a seco com tecnologia

de diafragma. Utiliza dos rios e do lago

Mashsee para a irrigação do gramado.

Energia: O estádio é abastecido através

de uma combinação de calor e energia; e

recebeu uma gestão energética ardilosa.

Conforto Ambiental: O estádio conta

com um sistema de aquecimento das

cabines. E Cobertura em ETFE

assimétrica para aproveitar ao máximo a

iluminação e a ventilação naturais. Localização: Hannover (cidade)

Baixa Saxônia (estado)

Capacidade: 86.000 pessoas (original)

49.000 (hoje)

43.000 (partidas internac.)

Estimativa: 85 milhões (US dólares)

Valor da reforma de 2003

Arquiteto(s): Heinz Goesmann,

Konwiarz Richard e Rudolf Hillebrecht

(original), Schulitz & Partners (2003)

Início da obra: 1952 (original)

Março de 2003 (reforma)

Inauguração: 26 de setembro de 1954

(original), Dezembro de 2004 (reforma)

Outros nomes: Niedersachsenstadion,

Hannover 96 Arena e Hannover Stadium

Mandante: Hannover 96 (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Bundesliga, Copa do Mundo

FIFA de 1974 e 2006, EuroCopa 1988,

Copa das Confederações FIFA 2005

Acesso e Transporte: Hannover-

Linden/Fischerhof e Stadionbrücke Sta-

tion (sistema ferroviário de Hannover).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WORLD CUP

2006. Green Goal - Legacy Report.

2006. Frankfurt, Alemanha. 120 p.

Page 265: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

264

Continente/País: Europa/Alemanha

Bay Arena Eco Medidas:

Fonte: www.thetrequartista.files.wordpress.com/

Acesso 19/12/2012

Entorno: É localizado integrado ao

perímetro do Sportpark Leverkusen,

parque urbano e de práticas esportivas.

Água: Utiliza água de poço para a

irrigação do gramado, economia de 5.882

m³ de água, por ano; além de utilizar

mictórios a seco, uma economia de 1,176

m³ de água potável, por ano.

Energia: Lâmpadas de LED são

utilizadas na iluminação da cobertura e

substituíram boa parte das lâmpadas

alógenas dos ambientes internos. Foram

instalados também, sensores de presença.

Já os transformadores são ligados só

quando realmente necessários.

Materiais: Utiliza materiais de limpeza

menos nocivos ao meio ambiente.

Resíduos: Retorna para fornecedores,

por ano, 12 m³ de resíduos e embalagens.

Conforto Ambiental: A cobertura facilita

a proteção a intempéries, ao mesmo

tempo, que permite o aproveitamento da

iluminação natural. A envoltória facilita

a circulação de ar no interior da arena.

Localização: Leverkusen (cidade)

Renânia do Norte-Vestfália (estado)

Capacidade: 20.000 pessoas (original)

30.210 pessoas (hoje)

Estimativa: 93 milhões (US dólares)

Valor da remodelação 2007

Arquiteto(s): Max Bogl e Köster Bau

(original); HPP Hentrich-Petschnigg &

Partner (remodelação 2007)

Início da obra: 23 de abril de 1956 (orig)

1986 (renovação) , 2007 (remodelação)

Inauguração: 02 de agosto de 1958 (ori-

ginal), 1997 (fim da renovação), 15 de

agosto de 2009 (fim da remodelação).

Outros nomes:Ulrich-Haberland-Stadion

Mandante: Bayer 04 Leverkusen (fut.)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Mundo FIFA de

Futebol Feminino 2011, Bundesliga

Acesso e Transporte: Leverkusen Mitte

Station (sist. ferroviário de Leverkusen)

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WOMEN'S

WORLD CUP 2011. Football’s

Footprint - Legacy Report. 2011.

Frankfurt, Alemanha. 65 p.

Page 266: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

265

Continente/País: Europa/Alemanha

Borussia-Park Eco Medidas:

Fonte: www.skyscrapercity.com

Acesso 19/12/2012

Água: Utilização de mictórios mais

ecológicos, com baixa utilização de água,

uma reserva de 100 m³ de água, por jogo.

E aspersores de água para o gramado,

durante o verão, mais ecológicos, que

economizam 25.000 m³ de água, por ano.

Energia: Substituição da iluminação

convencional por LED, nas áreas VIP, na

esplanada e nos corredores internos, uma

redução de 15,284 kWh de energia/ano.

Conforto Ambiental: Ajusta manual-

mente o aquecimento e a refrigeração do

estádio, com base em condições

meteorológicas. Vinte e oito quiosques

receberam aquecedores elétricos, uma

economia de 4.005 kWh de energia / mês

de inverno.

Localização: Mönchengladbach (cidade)

Renânia do Norte-Vestfália (estado)

Capacidade: 54.019 pessoas (hoje)

45.500 (partidas internac.)

Estimativa: 112 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Planungsgruppe B

Início da obra: 13 de novembro de 2002

Inauguração: 30 de julho de 2004

Outros nomes: New Bökelberg Stadium

Mandante: Borussia Mönchengladbach

(time da primeira divisão da Bundesliga)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Mundo FIFA de

Futebol Feminino 2011, Bundesliga

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WOMEN'S

WORLD CUP 2011. Football’s

Footprint - Legacy Report. 2011.

Frankfurt, Alemanha. 65 p.

Page 267: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

266

Continente/País: Europa/Alemanha

Frankenstadion Eco Medidas:

Fonte: http://www.hpp.com/de/projekte/

Acesso 19/12/2012

Entorno: Localizado integrado à área do

Volkspark Dutzendteich, parque urbano

e de práticas esportivas de Nuremberg é

um exemplo de adaptação de estruturas

históricas ao conceito de sustentabilidade

conta com 15.000 m² de áreas de

estacionamento revestidas com cascalho

permeável e gramadas. Quiosques do

entorno receberam cobertura verde.

Água: Reutiliza água de chuva para

aspersão do gramado e limpeza, através

de três tanques com volume total de

1.000 m³. Mictórios a seco, também, fo-

ram instalados. A água de chuva é

desviada para os corpos hídricos

receptores adjacentes.

Energia: Utiliza um sistema alternativo

de energia, através de geradores a diesel

e de um sistema de placas fotovoltaicas

instaladas em sua cobertura de 12 mil m²

(250 kWp / 1,68 MWh ao ano).

Apresenta um sistema de aquecimento do

gramado mais eficiente e com menor

desprendimento energético. Poupa

energia, ao fornecer aos quiosques do

entorno, gás e não eletricidade para

aquecimento de água e chapas de cozinha

o que aumenta a eficiência.

Resíduos: Há a gestão ambiental correta

dos resíduos produzidos e uma continua

busca por um melhor desempenho

ambiental.

Conforto Ambiental: O gramado conta

com um sistema de aquecimento, assim

como os ambientes internos, que fora

otimizado. São utilizadas caldeiras de

condensação de 5 a 10% mais eficientes.

Localização: Nuremberg (cidade)

Baviera (estado)

Capacidade: 50.000 pessoas (original)

48.548 pessoas (hoje)

44.308 (partidas internac.)

Estimativa: 75 milhões (US dólares)

Valor da reforma de 2002

Arquiteto(s): Otto Ernst Schweizer-1928

Início da obra: 1925 (original); 1987,

1991, 2002 (renovações)

Inauguração: 1928 (original)

24 de Abril de 2005

Outros nomes: Stadion Nürnberg, Max-

Morlock-Stadion, Städtisches Stadion,

EasyCredit-Stadion (namings rights)

Mandante: FC Nürnberg (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Jogos Olímpicos de 1972, Copa

do Mundo FIFA 2006, Copa das

Confederações FIFA 2005, Bundesliga

Acesso e Transporte: Nürnberg

Frankenstadion Station (sistema

ferroviário de Nuremberg).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WORLD CUP

2006. Green Goal - Legacy Report.

2006. Frankfurt, Alemanha. 120 p.

Page 268: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

267

Continente/País: Europa/Alemanha

Fritz-Walter-Stadion Eco Medidas:

Fonte: www.my.opera.com/miss2incredible

Acesso 19/12/2012

Entorno: É localizado na borda do Par-

que de Vida Selvagem de Kaiserslautern,

o que mostra a preocupação ecológica do

projeto.

Água: Para a racionalização da água

foram instalados mictórios a seco e

descargas automáticas.

Energia: Apresenta energia fotovoltaica

em três setores de sua cobertura, em uma

área de 6.000 m², com 5.000 módulos de

placas. Em dias ensolarados a produção é

de até 800 kWp, podendo gerar, por ano,

até 720.000 kWh, o suficiente para

abastecer, anualmente, 200 casas.

Lâmpadas fluorescentes de última

geração foram utilizadas e economizam

20% a mais que modelos anteriores.

Resíduos: O estádio preza em sua gestão,

por materiais recicláveis, redução de

embalagens e a coleta seletiva.

Conforto Ambiental: A cobertura facilita

o conforto térmico e o aproveitamento da

iluminação natural.

Localização: Kaiserslautern (cidade)

Renânia-Palatinado (estado)

Capacidade: 49.780 pessoas (hoje)

38.000 pessoas (original)

43.450 (partidas internac.)

Estimativa: 101 milhões (US dólares)

Valor da reforma de 2002

Arquiteto(s): Folker Fiebiger (reforma)

Início da obra: 1920 (original)

2002 (renovação)

Inauguração: 13 de maio de 1920 (orig)

06 de maio de 2006 (fim da renovação)

Outros nomes: Betze, Betzenbergstadion

Mandante: FC Kaiserslautern (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Mundo FIFA 2006,

Bundesliga (Liga Alemã de Futebol)

Acesso e Transporte: Kaiserslautern Hbf

Station (sistema ferroviário e de trens de

alta velocidade de Kaiserslautern).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WORLD CUP

2006. Green Goal - Legacy Report.

2006. Frankfurt, Alemanha. 120 p.

Page 269: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

268

Continente/País: Europa/Alemanha

Glücksgas-Stadion Eco Medidas:

Fonte: www.br.soccerway.com/teams/germany/

Acesso 19/12/2012

Entorno: É localizado integrado ao Par-

que Bürgerwiese, o mais antigo do local.

Água: Utiliza poços subterrâneos para a

irrigação do gramado, uma economia de

1.979 m³ de água, por ano.

Energia: Desenvolveu de um sistema de

monitoramento e gestão de energia e

instalou telões em LED, mais eficientes.

Resíduos: Criou uma área central para o

recebimento de resíduos, já que com a

separação destes, se reduz o custo com

sua eliminação e destinação final. Conforto Ambiental: Conta com um

sistema de aquecimento, refrigeração e

ventilação (95,000m³/h), 30% mais

econômico, o que reduz a emissão de

30.5 toneladas de CO2 e de 665.000 kWh

de energia, por ano. A cobertura com

4.800m² de plástico transparente facilita

a iluminação natural do campo. O

isolamento acústico reduz os ruídos a

100 decibéis.

Localização: Dresden (cidade)

Saxônia (estado)

Capacidade: 32.066 pessoas (hoje)

36.000 (concertos)

27.190 (partidas internac.)

Estimativa: 61 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Beyer + Partner

Início da obra: 12 de novembro de 2007

Inauguração: 15 de setembro de 2009

Outros nomes: Stadion Dresden, Dyna-

mo-Stadion, Rudolf-Harbig-Stadio

Mandante: Sportgemeinschaft Dynamo

Dresden (time da segunda divisão alemã)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Mundo de Futebol

Feminino Sub-20 de 2010, Copa do

Mundo de Futebol Feminino FIFA 2011

Acesso e Transporte: Lennéplatz e

Großer Garten Stations (sistema de trens

elétricos de Dresden).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WOMEN'S

WORLD CUP 2011. Football’s

Footprint - Legacy Report. 2011.

Frankfurt, Alemanha. 65 p.

Page 270: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

269

Continente/País: Europa/Alemanha

Gottlieb-Daimler-Stadion Eco Medidas:

Fonte: www.arctecart.com.br/2011/05/

Acesso 19/12/2012

Entorno: Localizado no centro de um

complexo esportivo e de lazer da

montadora de veículos Mercedes-Benz,

apresenta parte de suas coberturas com

telhado verde.

Água: Capta águas pluviais em sua

cobertura de 14 mil m², armazenando-a

em uma cisterna com 350 m³ de volume.

A racionalização da água conta com

monitoramento digital constante,

reguladores de fluxo e mictórios a seco

com tecnologia diafragma.

Energia: Dois telões em LED com

603.136 lâmpadas são encontrados na

arena, assim como lâmpadas fluorescen-

tes de última geração para economizar

20% de energia. A arena busca a máxima

racionalização de suas instalações.

Conforto Ambiental: A cobertura em

PVC revestida em poliéster permite a

transmitância da luz em 8%. Em função

das baixas temperaturas alemãs, sob a

grama (cerca de 20 cm), existem mais de

20 km de tubos de aquecimento

instalados. O isolamento térmico da

envoltória do estádio, com mantas de

fibra mineral com 15 a 20 cm de

espessura, economizam custos com a

energia e o aquecimento, cerca de 20%,

ou 300.000 kWh. A temperatura de

aquecimento interno é automatizada e a

refrigeração utiliza vapor de água. Há a

recuperação do calor para aquecimento.

Localização: Stuttgart (cidade)

Bade-Vurtemberga (estado)

Capacidade: 60.441 pessoas (hoje)

70.000 (original)

54.906 (partidas internac.)

Estimativa: 77 milhões (US dólares)

Valor da reforma de 2006

84 milhões (US dólares)

Valor da reforma de 2011

Arquiteto(s): Paul Bonatz (original)

'asp' architekten Stuttgart (reformas)

Início da obra: 1929 (original) 1971,

1993, 1999, 2004 (reformas), 18 de maio

de 2009 (retirada da pista de atletismo)

Inauguração: 23 de julho de 1933 (orig)

1973, 1994, 2003, 2005, 2011 (fim das

reformas e da retirada da pista atlética)

Outros nomes: Mercedes-Benz Arena,

Adolf-Hitler-Kampfbahn, Neckarstadion

Mandante: VfB Stuttgart (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados.

Eventos: Eurocopa 1988, Bundesliga,

Copas do Mundo FIFA de 1974 e 2006 e

Campeonato Mundial de Atletismo- 1933

Acesso e Transporte: Stuttgart

Neckarpark (Mercedes-Benz) Station

(sistema ferroviário de Stuttgart).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WORLD CUP

2006. Green Goal - Legacy Report.

2006. Frankfurt, Alemanha. 120 p.

Page 271: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

270

Continente/País: Europa/Alemanha

Olympiastadion Eco Medidas:

Fonte: www.atletismoenmexico.com/

Acesso 19/12/2012

Entorno: Com arquitetura marcante no

centro do Parque Olímpico de Berlim,

construído ainda no período nazista

alemão apresenta preocupações de cunho

ambiental: da pavimentação permeável,

até sua frota de veículos, que fora

substituída, parcialmente, por veículos

elétricos de baixa emissão de carbono.

Água: Acionamentos de descargas foram

otimizados com uma economia anual de

1.200 m³ de água, através de 3 litros de

vazão e origem de águas pluviais. Conta

com uma cisterna para captação de água

de chuva com 1.400 m³ de capacidade,

que permite dez regas do gramado. A

economia anual com a captação de água

de chuva é de 15.000m³.

Energia: Buscou a eficiência energética

do estádio, através da readequação do

sistema de iluminação noturna, uma

economia de 22.600 kWh, por ano, por

exemplo; a instalação de timmers em

escadas e corredores (menos 7.000 kwh);

e a redução do transformador de

voltagem de 420V para 400V. Dispensou

uma unidade de fornecimento a diesel de

emergência por estar conectado a duas

linhas de fornecimento, independentes.

Resíduos: Gere seus resíduos de forma

mais adequada com a redução de 400 m³

de produção por ano. Conforto Ambiental: Parte da cobertura

central de 42.000 m² é transparente como

forma de permitir a entrada de

iluminação natural. O formato de

ferradura facilita a entrada da ventilação

natural. Foram feitos ajustes e a automa-

tização dos sistemas de aquecimento e

refrigeração, o que representa uma

economia anual de 122.000 kWh.

Localização: Berlim (cidade)

Berlim (estado)

Capacidade: 74.244 pessoas (hoje)

110.000 (original)

Estimativa: 330 milhões (US dólares)

Valor da reforma de 2004

Arquiteto(s): Werner March (original),

Gerkan, Marg und Partner (renovação)

Início da obra: 1934 (original)

03 de julho de 2000 (renovação)

Inauguração: 01 de ago. de 1936 (orig.)

31 de julho de 2004 (renovação)

Outros nomes: Est. Olímpico de Berlim,

Deutsches Stadion

Mandante: Hertha BSC Berlin (futebol)

e Seleção de Futebol da Alemanha

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Jogos Olímpicos de Verão de

1936, Copa do Mundo FIFA 1974, 2006

e Copa do Mundo de Atletismo de 2009.

Acesso e Transporte: Olympia-Stadion

Station (sist. ferro/metroviário d’ Berlim)

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WORLD CUP

2006. Green Goal - Legacy Report.

2006. Frankfurt, Alemanha. 120 p.

Page 272: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

271

Continente/País: Europa/Alemanha

Rewirpower Stadion Eco Medidas:

Fonte: www.st-anna-schule.eu/content/

Acesso 19/12/2012

Água: Apresenta descargas com fluxo de

vazão reduzido e ativação automática.

Energia: Apresenta sistema alternativo

de energia elétrica renovável; e buscou

poupar ao máximo energia através de

lâmpadas, alarmes de detecção e medidas

para reduzir a duração da iluminação.

Resíduos: Apresenta uma gestão mais

adequada de seus resíduos ao utilizar

caçambas de separação e produtos com

menos embalagens.

Conforto Ambiental: A cobertura com

pouca projeção facilita a entrada da

ventilação e da iluminação naturais. Localização: Bochum (cidade)

Renânia do Norte-Vestfália (estado)

Capacidade: 50.000 pessoas (original)

31.328 (hoje)

Estimativa: Não divulgada

Arquiteto(s): Não disponível

Início da obra: Março de 1976

Inauguração: 21 de julho de 1979 (orig)

Outros nomes: Ruhrstadion, Stadion an

der Straße Castroper

Mandante: VfL Bochum (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Eurocopa Sub-21 de 2004,

Copa do Mundo de Futebol Feminino

Sub-20 de 2010 e Copa do Mundo FIFA

de Futebol Feminino Alemanha 2011

Acesso e Transporte: Rewirpower

Stadion Station (sistema de trens

elétricos de Bochum).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WOMEN'S

WORLD CUP 2011. Football’s

Footprint - Legacy Report. 2011.

Frankfurt, Alemanha. 65 p.

Page 273: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

272

Continente/País: Europa/Alemanha

RheinEnergieStadion Eco Medidas:

Fonte: www.acdckarten.info/03/

Acesso 19/12/2012

Entorno: Localiza-se no interior do

Parque Esportivo de Müngersdorf, em

meio a extensiva vegetação nativa; o que

fez com que áreas de estacionamento

fossem pavimentadas com material

permeável feito com tapetes treliçados de

plástico reciclado, com grama.

Água: Apresenta descargas com fluxo de

vazão reduzido e automatizadas.

Energia: Apresenta medidas de

poupança de energia através de

lâmpadas, alarmes de detecção e medidas

para reduzir a duração da iluminação.

Conforto Ambiental: Para o aquecimen-

to interno, a energia que seria perdida

com o ar residual é recuperada por meio

de trocadores de calor e reutilizada na

calefação.

Localização: Colônia (cidade)

Renânia do Norte-Vestfália (estado)

Capacidade: 61.000 pessoas (original)

50.997 (hoje)

46.134 (partidas internac.)

Estimativa: 157 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): GMP e Max Bögl

Início da obra: 1972 (original)

2003 (reforma)

Inauguração: 12 de novembro de 1975

(original) 31 de março de 2004 (reforma)

Outros nomes: Müngersdorfer Stadion,

Colônia Stadium

Mandante: 1. FC Köln (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Mundo FIFA 2006,

Copa das Confederações FIFA 2005,

Bundesliga (“B”), Copa UEFA 2004/05.

Acesso e Transporte: Rheinenergie-

Stadion Station (sistema metroviário da

região metropolitana de Colônia).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WORLD CUP

2006. Green Goal - Legacy Report.

2006. Frankfurt, Alemanha. 120 p.

Page 274: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

273

Continente/País: Europa/Alemanha

Rhein-Neckar-Arena Eco Medidas:

Fonte: www.data.motor-talk.de/data/

Acesso 19/12/2012

Água: Racionalização da utilização da

água e verificação dos fluxos d’descarga,

alterando quando necessário, o consumo

de 9 para 6 litros, por acionamento, o que

gerou uma economia de 850 m³, por ano.

Energia: Otimização do acionamento da

iluminação, ventilação e da refrigeração,

uma economia anual de 5.000 kWh.

Utilização de iluminação LED, nas

fachadas e em áreas internas, economi-

zando 13.750 kWh de energia.

Resíduos: Instalação completa e bem

sinalizada de local adequado para

substâncias nocivas ao meio ambiente.

Conforto Ambiental: Controle dos

aquecedores elétricos, nos banheiros de

áreas públicas, com base na temperatura

externa - economia de 90.000 kWh –

assim como do isolamento dos tubos de

aquecimento. Fora efetivado uma

economia de 10-15% do óleo para

aquecimento, com base na redução da

temperatura de fluxo.

Localização: Sinsheim (cidade)

Baden-Württemberg (estado)

Capacidade: 30.164 pessoas (hoje)

25.641 (partidas internac.)

Estimativa: 80 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Eheim Moebel

Sattler Europe

Início da obra: 25 de maio de 2007

Inauguração: 24 de janeiro de 2009

Outros nomes: New Dietmar-Hopp-

Stadion, Wirsol Rhein-Neckar-Arena

Mandante: TSG 1899 Hoffenheim (fut)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Mundo FIFA de

Futebol Feminino Alemanha 2011,

Festival de Ginástica Alemão 2013

Acesso e Transporte: Sinsheim

Museum/Arena Station (sistema

ferroviário de Sinsheim).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WOMEN'S

WORLD CUP 2011. Football’s

Footprint - Legacy Report. 2011.

Frankfurt, Alemanha. 65 p.

Page 275: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

274

Continente/País: Europa/Alemanha

Signal Iduna Park Eco Medidas:

Fonte: www.zerozero.pt/estadio.php?id=166

Acesso 19/12/2012

Entorno: Localizado no interior do

Parque Esportivo Freibad Volkspark

apresenta preocupações paisagísticas

com seu entorno.

Água: Conta com reguladores de fluxo

em descargas com vazão de cinco litros.

A água de chuva é desviada para corpos

hídricos receptores adjacentes.

Energia: Em 2011, na cobertura, um

sistema fotovoltaico fora construído

sobre o setor norte. A planta tem uma

capacidade de 924 kWp e foi construído

pela empresa de energia solar Q-Cells. O

estádio conta com telões e a publicidade

do gramado em monitores LED. O

número de lâmpadas foi reduzido em

função de um estudo de intensidade

luminosa. O consumo de energia por

jogo é de cerca de 10 mil kWh, um jogo

à noite com holofotes consome 3,5 MW.

Materiais: Dortmund se esforçou para

utilizar produtos e materiais locais.

Resíduos: O estádio preza em sua gestão,

por materiais recicláveis, redução de

embalagens e a coleta seletiva. Conforto Ambiental: A fachada do

estádio, em vidro, facilita o aquecimento

interno, permitindo partidas no inverno.

Localização: Dortmund (cidade)

Renânia do Norte-Vestfália (estado)

Capacidade: 54.000 pessoas (original)

81.264 pessoas (hoje)

65.718 (partidas internac.)

Estimativa: 264 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Planungsgruppe Drahtler,

Ulrich Drahtler, Schulte-Ladbeck

Início da obra: 1971 (original); 1992,

1995, 2002, 2005 (ampliações)

Inauguração: 02 de abril de 1974 (orig.)

Outros nomes: Yellow Wall, Dortmund

Stadium, Westfalenstadion

Mandante: Ballspiel-Verein Borussia

1909 e. V. Dortmund (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Mundo FIFA 1974,

2006, Liga dos Campeões da UEFA

2000/01, Bundesliga

Acesso e Transporte: Westfalen Stadion

e Dortmund Signal Iduna Park Stations

(sistema ferroviário e metroviário da

região metropolitana de Dortmund).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WORLD CUP

2006. Green Goal - Legacy Report.

2006. Frankfurt, Alemanha. 120 p.

Page 276: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

275

Continente/País: Europa/Alemanha

SGL Arena Eco Medidas:

Fonte: www.winsportscommesse.com

Acesso 19/12/2012

Entorno: É o primeiro estádio de

futebol, no mundo, carbono neutro,

construído em etapas, podendo receber

uma ampliação. A neutralidade do

carbono foi conseguida por meio de

bombas de calor que alcançam a tempe-

ratura desejada.

Água: A irrigação do campo é efetivada

através de poços, uma economia de

3.100m³ de água potável, por ano.

Quanto à racionalização da água, os

mictórios passaram a ser acionados

individualmente, uma economia de 2.500

m³ de água e de esgoto, por ano.

Energia: Uma caldeira de biogás fornece

a energia alternativa necessária em jogos,

durante o horário de pico. Quanto à

racionalização, a iluminação interna é

dividida em grupos, que podem ser

acionados separadamente, uma economia

de 15.700 kWh de energia, por ano.

Conforto Ambiental: Em relação ao

conforto térmico, a arena conta com a

verificação de superfícies aquecidas

utilizando câmeras de imagem térmica, o

que reduz o desprendimento energético.

Além de utilizar sistemas de

aquecimento e resfriamento neutros em

emissões de CO2.

Localização: Augsburgo (cidade)

Baviera (estado)

Capacidade: 30.660 pessoas (hoje)

28.367 (partidas internac.)

49.000 (expansão futura)

Estimativa: 60 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Bernhard & Kögl

Início da obra: 16 de novembro de 2007

Inauguração: 26 de julho de 2009

Outros nomes: Augsburg Arena,

Impuls Arena

Mandante: FC Augsburg 1907 (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Mundo de Futebol

Feminino Sub-20 de 2010, Supercopa da

Alemanha 2010, Copa do Mundo FIFA

de Futebol Feminino Alemanha 2011

Acesso e Transporte: Haunstetten

Siemens II Station (sistema de trens

elétricos de Augsburgo).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WOMEN'S

WORLD CUP 2011. Football’s

Footprint - Legacy Report. 2011.

Frankfurt, Alemanha. 65 p.

Page 277: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

276

Continente/País: Europa/Alemanha

Veltins-Arena Eco Medidas:

Fonte: www.arctecart.com.br/2011/05/

Acesso 19/12/2012

Entorno: Marcado por um gramado

retrátil que leva quatro horas para sua

operação, localiza-se no meio de um

parque esportivo utilizado para o lazer da

população de Gelsenkirchen.

Água: Reguladores de fluxo foram

utilizados em descargas com apenas 4.5

litros de vazão. A água de chuva é

desviada para corpos hídricos receptores

adjacentes.

Energia: Apresenta um sistema de

aquecimento do gramado mais eficiente e

com menor desprendimento energético.

Resíduos: O estádio preza em sua gestão,

por materiais recicláveis, redução de

embalagens e a coleta seletiva. Conforto Ambiental: A cobertura móvel

facilita o conforto ambiental interno,

assim como isola acusticamente a arena

para shows em 105 decibéis. A

temperatura de aquecimento interno é

automatizada e utiliza gás encanado. Para

o aquecimento interno, a energia que

seria perdida com o ar residual é

recuperada por meio de trocadores de

calor e reutilizada na calefação.

Localização: Gelsenkirchen (cidade)

Renânia do Norte-Vestfália (estado)

Capacidade: 61.481 pessoas (hoje)

53.473 (partidas internac.)

Estimativa: 253 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Hubert Petschnigg, Günter

Kus, Hentrich e Partne

Início da obra: 21 de novembro de 1998

Inauguração: 13 de agosto de 2001

Outros nomes: Arena AufSchalke,

New Parkstadion

Mandante: FC Schalke 04 (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Liga dos Campeões da UEFA

2004, Copa do Mundo FIFA 2006,

Campeonato Mundial de Hóquei no Gelo

2010, Grand Prix de Motovelocidade

2007 e 2008 e Bundesliga.

Acesso e Transporte: Veltins-Arena

Station (sistema de trens elétricos da

região metropolitana de Gelsenkirchen).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WORLD CUP

2006. Green Goal - Legacy Report.

2006. Frankfurt, Alemanha. 120 p.

Page 278: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

277

Continente/País: Europa/Alemanha

Volkswagen Arena Eco Medidas:

Fonte: www.vfl-wolfsburg.de/fileadmin

Acesso 19/12/2012

Entorno: Localizado no Autostadt, um

complexo esportivo e de lazer da

montadora de veículos Volkswagen,

apresenta automóveis elétricos preocupa-

dos com o meio ambiente, que

economizam 800 litros de diesel por ano.

Água: Dentre as medidas de economia

de água, destaca-se a instalação de

mictórios a seco em seus banheiros.

Materiais: Utiliza papéis 100%

reciclados para materiais de divulgação.

Resíduos: Efetiva a correta triagem de

seus resíduos para a destinação final.

Conforto Ambiental: A cobertura retrátil

e translucida facilita o aproveitamento

máximo da iluminação natural e facilita o

conforto térmico em dias muito frios.

Tanto o gramado quanto a arena contam

com um sistema eficiente de calefação.

Localização: Wolfsburg (cidade)

Baixa Saxônia (estado)

Capacidade: 30.000 pessoas (hoje)

Estimativa: 70 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Hentrich - Petschnigg &

Partner KG (HPP), Düsseldorf, nb + b

Architekten und Ingenieure, Wolfsburgo

Início da obra: Maio de 2001

Inauguração: 13 de dezembro de 2002

Outros nomes: VFL Stadion

Mandante: VfL Wolfsburg (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Mundo FIFA de

Futebol Feminimo 2011, Bundesliga

Acesso e Transporte: Wolfsburg Hbf

Station (sist. de trens de alta velocidade).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WOMEN'S

WORLD CUP 2011. Football’s

Footprint - Legacy Report. 2011.

Frankfurt, Alemanha. 65 p.

Page 279: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

278

Continente/País: Europa/Alemanha

Waldstadion Eco Medidas:

Fonte: www.novomilenio.inf.br/real/

Acesso 19/12/2012

Entorno: Obra mais importante de um

parque urbano e esportivo de Frankfurt

que conta com a pavimentação

permeável para reduzir áreas de dilúvio e

apreensões com gases e ruídos gerados.

Água: Conta com um grande sistema de

infiltração subterrânea, de 1.715 m³, de

águas pluviais, em nove mil blocos ocos

de plástico, que está conectado a uma

cisterna, com aprox. 200 m³ de volume,

para as necessidades do complexo.

Oferece descargas com vazão reduzida.

Energia: Dentre as medidas de

racionalização apresenta sensores de

presença, para controle de iluminação;

controladores de fluxo de refrigeradores,

otimização energética e treinou seus

funcionários para lidar corretamente com

equipamentos eletrônicos.

Conforto Ambiental: Apresenta teto

retrátil para facilitar o conforto térmico

interno, seja para dias frios, ou de verão.

E proteção para a incidência solar de

áreas voltadas para a fachada sul. O calor

do ar das cozinhas é recuperado para o

aquecimento interno. São utilizadas

caldeiras de condensação de 5 a 10%

mais eficientes. Já, quanto aos

aquecedores elétricos estes contam com

temporizadores automáticos, conservan-

do 4.000 kWh, por ano. Quanto aos

sistemas de refrigeração e ventilação,

estes apresentam fluxos de saída

controlados, minimizando o consumo

energético em 135.000 kWh.

Localização: Frankfurt (cidade)

Hesse (estado)

Capacidade: 52.000 pessoas (hoje)

48.132 (partidas internac.)

65.000 (concertos)

Estimativa: 166 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): GMP - Gerkan, Marg und

Partner e Max Bögl (remodelação)

Início da obra: 17 de junho de 2002

(reconstrução)

Inauguração: 21 de maio de 1925 (orig.)

15 de junho de 2005 (reconstrução)

Outros nomes: Commerzbank-Arena (na

-ming rights de uma rede bancária alemã)

Mandante: Eintracht Frankfurt (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Mundo FIFA 1974 e

2006, Eurocopa 1988, Bundesliga, Copa

das Confederações de 2005, Copa do

Mundo Feminina de Futebol 2011.

Acesso e Transporte: Frankfurt am Main

Stadion Station (sistema ferroviário da

região metropolitana de Frankfurt).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WORLD CUP

2006. Green Goal - Legacy Report.

2006. Frankfurt, Alemanha. 120 p.

Page 280: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

279

Continente/País: Europa/Alemanha

Zentralstadion Eco Medidas:

Fonte: www.arctecart.com.br/2011/05/

Acesso 19/12/2012

Entorno: Construído sobre seu antigo

estádio, foi conectado a velha estrutura

através de passarelas em meio a árvores e

áreas de vegetação nativa; de forma a mi-

nimizar os custos com sua manutenção e

não destoar com a paisagem marcada por

um parque urbano e pelo zoológico local.

Água: Apresenta descargas e torneiras

com fluxo de vazão reduzido e auto-

máticas para reduzir o consumo de água.

Energia: O estádio é abastecido através

de uma combinação de calor e energia. E

buscou poupar ao máximo energia

através de lâmpadas, alarmes de detecção

e medidas para reduzir a duração da

iluminação.

Conforto Ambiental: A cobertura facilita

a acústica da arena e a penetração de

ventilação e iluminação naturais. A arena

conta com um sistema de aquecimento

que reduz os gastos com energia elétrica.

Localização: Leipzig (cidade)

Saxônia (estado)

Capacidade: 44.300 pessoas (hoje)

50.000 pessoas (concertos)

Estimativa: 127 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Wirth+Wirth, Glöckner

Architekten, Körber, Barton, Fahle, IPL

Ingenieurplanung Leichtbau, GmbH,

Zech Planungs GmbH Leipzig

Início da obra: Dezembro de 2000

Inauguração: 07 de março de 2004

Outros nomes: Red Bull Arena

Mandante: R Ballsport Leipzig e 1. FC

Lokomotive Leipzig (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Copa das Confederações FIFA

2005 e Copa do Mundo FIFA 2006.

Acesso e Transporte: Sportforum Station

(sistema de trens elétricos de Leipzig).

Fonte: OC - ORGANIZING

COMMITTEE FIFA WORLD CUP

2006. Green Goal - Legacy Report.

2006. Frankfurt, Alemanha. 120 p.

Page 281: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

280

Continente/País: Europa/Áustria

UPC Arena Eco Medidas:

Fonte: www.itecaudio.si/itecref/upc_arena.html

Acesso 17/04/2012

Energia: A unidade ganhou um prêmio,

em 2002, e foi considerada, até 2006,

como o maior projeto de energia solar do

país. Sua iniciativa vem incentivando

outros países do continente a utilizar a

energia solar para o aquecimento urbano.

É capaz de produzir 540 MWh por ano e

comparado a uma caldeira de óleo reduz

a emissão de gás carbônico, anualmente,

em 250.000 kg.

Conforto Ambiental: Um dos anexos do

complexo apresenta uma cobertura que

conta com um sistema de aquecimento

através de 1407 m² de painéis solares,

que alimentam diretamente a rede

urbana.

Localização: Graz (cidade)

Estíria (estado)

Capacidade: 15.400 pessoas (hoje)

Estimativa: 27 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Jörg Wallmüller, Dietrich

Ecker, Herbert Missoni e Franz Cziharz

Início da obra: 1995

Inauguração: 09 de julho de 1997

Outros nomes: Arnold Schwarzenegger

Stadium e Stadion Graz-Liebenau

Mandante: Grazer AK e SK Sturm Graz

(futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, lazer,

serviços, shows e eventos comerciais

Eventos: Supercopa Austríaca de

Futebol, Copa da Áustria

Acesso e Transporte: Stadion Liebenau e

Dr. Lister Gasse Stations (sistema de

bondes elétricos de Graz).

Fonte: STADION GRAZ. UPC Arena.

2012. Disponível em: <http://www.mcg.

at/en/upc_arena>. Acesso em: 17 abr.

2012.

Page 282: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

281

Continente/País: Europa/França

Stadium du Littoral Eco Medidas:

Fonte: www.archdaily.com/179962/

Acesso 23/12/2012

Entorno: Localizado dentro de um

parque esportivo é o primeiro complexo

do tipo erguido no norte da França com a

intenção de integrar vários esportes.

Água: Apresenta uma cisterna para

águas pluviais com 8 m³ de capacidade

para limpeza e aparelhos sanitários.

Energia: Busca a utilização racional de

energia elétrica através de uma

iluminação de baixa emissão e de 700

metros quadrados de painéis

fotovoltaicos que foram embutidos na

cobertura e produzem eletricidade para

suas necessidades e o excedente é

vendido para a concessionária. O sistema

de produção de energia em breve será

concluído com a instalação de uma

turbina eólica, para o norte do complexo,

fazendo com que a edificação produza

mais energia do que consuma.

Materiais: Empregou materiais duráveis

em sua construção para garantir a

durabilidade das estruturas e a facilidade

da manutenção.

Conforto Ambiental: Apresenta 40 m² de

painéis solares responsáveis por 50% das

necessidades energéticas de água quente.

Quanto a calefação utiliza duas bombas

de calor combinadas com um sistema de

ventilação alternativo que evita a perda

de calor. Utiliza, também, PTFE com a

função de delimitar espaços, manter a

transparência, permitir a ventilação; ao

mesmo tempo em que, dependendo da

iluminação, mantém a privacidade.

Localização: Grande Synthe (cidade)

Nord-Pas-de-Calais (reg. administrativa)

Capacidade: 617 assentos (hoje)

Estimativa: 5,2 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): OLGGA Architects

(Alice Vaillant, Guillaume

Grenu, Nicolas Le Meur)

Início da obra: Não disponível

Inauguração: 04 de setembro de 2011

Outros nomes: Não disponível

Mandante: Olympique Grande-Synthe

Football (futebol)

Finalidade: Esportes: BMX, rúgbi, arco

e flecha, futebol, atletismo e ciclismo.

Eventos: Championnat de France Ama-

teur 2 (quinta divisão do futebol francês)

Acesso e Transporte: Estação de trem no

encontro das ruas De la Gare com Du

Chemin de Fer (sistema ferroviário da

cidade de Grande Synthe).

Fonte: ARCH DAILY. Stadium du

Littoral / OLGGA Architects. 01 nov.

2011. Disponível em: <http://www.arch

daily.com/179962/stadium-du-littoral-

olgga-architects/>. Acesso em: 23 dez.

2012.

Page 283: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

282

Continente/País: Europa/Holanda (Países Baixos)

Amsterdam Arena Eco Medidas:

Fonte: www.worldstadiums.com/stadium_menu/

Acesso 19/04/2012

Água: A arena passa por um processo de

implantação de um sistema de

reutilização das águas pluviais.

Energia: A arena está implantando um

sistema de captação de energia solar

através de placas fotovoltaicas instaladas

em sua cobertura.

Materiais: No momento, a arena passa

por reformas para tornar-se neutra em

emissões de gases estufa, até 2015.

Dentre as transformações destaca-se: a

substituição dos assentos por um

especial, brasileiro, em plástico, obtido

através da cana-de-açúcar.

Resíduos: O estádio apresenta um

sistema de gestão de resíduos dos

eventos realizados em seu complexo.

Conforto Ambiental: Apresenta cobertu-

ra retrátil, facilitando a iluminação

natural e a ventilação interna, a operação

dura cerca de 18 minutos, entretanto o

gramado é extremamente prejudicado

pela baixa luminosidade.

Localização: Amsterdã (cidade)

Holanda do Norte (prov.)

Capacidade: 52.342 pessoas (futebol)

68.000 pessoas (shows)

Estimativa: 184 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Rob Schuurman e

Sjoerd Soeters

Início da obra: 1993

Inauguração: 14 de agosto de 1996

Outros nomes: “A Arena”

Mandante: AFC Ajax (futebol) e a

Seleção Neerlandesa de Futebol

Finalidade: Multiuso: futebol, concertos,

convenções e exposições

Eventos: Eurocopa 2000 e Liga dos

Campeões da UEFA

Acesso e Transporte: Bijlmer ArenA

Station (sistema metroviário e ferroviário

de Amsterdã).

Fonte: PONTES, N.; SCHOSSLER, A.

Amsterdam Arena Vai Instalar

Assentos Feitos de Plástico Verde

Brasileiro. In: DW - Deutsche Welle, 19

jan. 2012. Disponível em: <http://www.

dw.de/dw/article/0,,15672456,00.html>.

Acesso em: 19 abr. 2012.

Page 284: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

283

Continente/País: Europa/Holanda (Países Baixos)

GelreDome Eco Medidas:

Fonte: www.arneym.nl/images/37cagelredo

egacv9w0619.jpg. Acesso 19/04/2012

Energia: Apresenta um sistema de

aquecimento e refrigeração, através de

fontes renováveis, principalmente através

da utilização do lençol freático, o que

favorece o conforto interno, através de

um rigoroso controle de clima.

Materiais: Primeiro estádio do mundo a

utilizar assentos recicláveis de plástico.

Conforto Ambiental: Apresenta

cobertura retrátil, facilitando a

iluminação natural e a ventilação interna.

Seu gramado é móvel, podendo ser

recolhido para shows e concertos, sem

ser danificado, em seis horas.

Localização: Arnhem (cidade)

Gelderland (província)

Capacidade: 25.000 pessoas (futebol)

34.000 pessoas (shows)

Estimativa: 92 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Alynia Architecten

Início da obra: 12 de julho de 1996

Inauguração: 25 de março de 1998

Outros nomes: Karel Aalbers Stadium e

Vitesse Stadium

Mandante: SBV Vitesse (futebol)

Finalidade: Multiuso: futebol, concertos,

convenções e exposições

Eventos: Eurocopa 2000 e Campeonato

Holândes de Futebol (Eredivisie)

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado.

Fonte: BAKEMA, G.; SNIJDERS, A. L.

Field Heating and Space Cooling at

“Gelredome” Multifunctional Stadium

in Arnhem; an Example of Heat-Pump

Application in the Netherlands. 1998.

Disponível em: <http://intraweb.stockto

n.edu/eyos/energy_studies/content/docs/

proceedings/BAKEM.PDF>.

LARIVE, J. Recycling of Old Plastic.

In: Jornal Oficial da União Europeia, 13

out. 1997. Publicado ofic. em: 08 jun.

1998. Disponível em: <http://eur-lex. eu

ropa.eu/LexUri Serv/LexUriServ.do?uri=

CELEX:91997E3137:EN:HTML>.

Acessos em: 19 abr. 2012.

Page 285: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

284

Continente/País: Europa/Irlanda

Aviva Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.pmgroup-global.com/aboutus/keypr

ojects/aviva-stadium-redevelopment-ireland.aspx.

Acesso 17/04/2012

Entorno: A preocupação com o entorno

é marcada pela instalação de ninhos

artificiais para pássaros e outros animais

silvestres, no corpo hídrico adjacente ao

estádio.

Água: A arena promove: a coleta e o

armazenamento de 320 mil litros de água

de chuva para irrigação do gramado;

mictórios a seco (economia de 20 mil

litros de água, em um único evento) e o

gerenciamento correto da água.

Energia: O excelente gerenciamento de

energia é demonstrado, por exemplo,

pelas escadas rolantes que só funcionam

quando solicitadas.

Materiais: Empregou concreto com

baixa emissão de gás carbônico em sua

construção.

Resíduos: Construído para substituir o

antigo estádio Lansdowne Road,

reutilizou toda a estrutura metálica de seu

antecessor. Já o gerenciamento estratégi-

co do lixo vem de um fundo anual

comunitário de 100 mil euros, para

estímulo da produção local de bens.

Conforto Ambiental: Conta com um

sistema de transferência térmica que

aquece a água de banheiros e cozinhas,

através do calor produzido na

refrigeração de seus geradores elétricos.

Outro grande realce é o material

transparente que constitui a envoltória,

que permite a melhor penetração e

aproveitamento da luz natural; que

associado a um sistema de isolamento

acústico, abafa o ruído emitido no local e

o reduz para 53 decibéis (semelhante ao

ruído de uma impressora a um metro de

distancia da fachada).

Localização: Dublin (cidade/condado)

Capacidade: 51.700 pessoas (hoje)

Estimativa: 540 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Populous e

Scott Tallon Walker

Início da obra: Março de 2007

Inauguração: 14 de maio de 2010

Outros nomes: New Lansdowne Road

Mandante: Seleções Irlandesas de

Futebol e Rúgbi e Leinster Rúgbi

Finalidade: Multiuso: esportes, shows e

concertos

Eventos: Final da Liga Europa da UEFA

2011, Copa da Irlanda

Acesso e Transporte: Lansdowne Road

Station (sistema ferroviário de Dublin).

Fonte: REDAÇÃO ECOD. Irlanda

Inaugura Estádio Sustentável com

Capacidade para 50 mil Espectadores. In: Portal EcoD, 18 mai. 2010.

Disponível em: <http://www.ecode

senvolvimento.org/noticias/irlanda-inaug

ura-estadio-sustentavel-com#ixzz1qdYF

fJFe>. Acesso em: 30 mar. 2012.

Page 286: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

285

Continente/País: Europa/Portugal

Estádio do Dragão Eco Medidas:

Fonte: www.fcporto24.com/fcporto.php

Acesso 02/05/2012

Água: Foram aplicados temporizadores

nas torneiras e reutilização das águas

pluviais, para irrigação do gramado.

Energia: Foi o primeiro estádio europeu

a conseguir a certificação “GreenLight”,

da Comissão Europeia, para esforços

realizados em termos da utilização

racional de energia e da qualidade da

iluminação; tais medidas acarretaram em

uma redução de 18% do consumo

elétrico. No Estádio do Dragão localiza-

se a central de gestão técnica de todo o

complexo, constituído por 142 câmaras

de vídeo-vigilância; deste é possível

assegurar a boa gestão de recursos,

tornando possível, à distância de um

clique, gerir os diversos sistemas de

iluminação, auxiliando, por exemplo, aos

já instalados sensores de presença.

Resíduos: As boas práticas de recicla-

gem e campanhas de conscientização

ambiental, também são um dos destaques

desta arena que produz cerca de quatros

toneladas de resíduos por partida.

Conforto Ambiental: Conta com a

instalação de painéis solares térmicos

para o aquecimento da água; o que

representa uma economia de 30% do

consumo total. A ventilação e a

iluminação naturais tiveram destaque

também em sua concepção.

Localização: Porto (cidade/distrito)

Capacidade: 50.399 pessoas (hoje)

Estimativa: 130 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Manuel Salgado

Início da obra: 2001

Inauguração: 16 de novembro de 2003

Outros nomes: (Novo) Estádio das Antas

Mandante: Futebol Clube do Porto

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos, serviços, shows e eventos comerciais

Eventos: Euro 2004, Campeonato Portu-

guês de Futebol (Liga Zon Sagres)

Acesso e Transporte: Estação Estádio do

Dragão (sistema metroviário do Porto).

Fonte: GREEN SAVERS. A Sustenta-

bilidade do Estádio do Dragão (com

Vídeo). In: Green Savers, 24 jan. 2012.

Disponível em: <http://greensavers. sapo.

pt/2012/01/24/a-sustentabilidade-do-esta

dio-do-dragao-com-video/>. Acesso em:

03 mai. 2012.

Page 287: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

286

Continente/País: Europa/Reino Unido - Inglaterra

Estádio Olímpico de Londres Eco Medidas:

Fonte: www.sportv.globo.com/platb/files/

Acesso 09/12/2012

Entorno: O estádio está no extremo sul

do Parque Olímpico Urbano entre rios e

afluentes e visa se tornar uma nova área

de lazer londrino revitalizando uma área

degradada a leste da capital. Durante os

quase três anos de obra, mais de 60% dos

materiais de construção foram levados

por via férrea ou fluvial, reduzindo as

emissões atmosféricas de carbono.

Água: O estádio conta com a coleta e o

armazenamento de águas pluviais para a

irrigação do gramado, lavagem de áreas e

para descargas sanitárias.

Energia: Sete turbinas eólicas foram

instaladas no Parque Olímpico pela

empresa Quiet Revolution para atender

as necessidades do complexo. Cada uma

conta com 18 m de altura, carca de 8kW

de potência por unidade, podendo gerar

atá 7500 kWh/ano de energia com

velocidade média de ventos de 7m/s.

Materiais: Sua flexibilização e a possibi-

lidade do desmonte do anel superior

fazem com que seus materiais possam ser

utilizados em outros equipamentos

esportivos. O material da cobertura é

feito em plástico PVC (em vez de aço -

este quando utilizado fora mais leve)

para reduzir custos e o impacto

ambiental. A envoltória é feita com

tecidos coloridos. O estádio foi

construído usando mais de 50% de

materiais reciclados, incluindo armas

apreendidas pela polícia. A arena,

também possui concreto com teor 40%

menor de carbono do que o habitual, a

partir de resíduos industriais.

Resíduos: As 800 mil toneladas de solo

retiradas para o rebaixamento de 20

metros, para a sua construção, foram

utilizadas no próprio Parque Olímpico.

Conforto Ambiental: A cobertura parcial

do estádio facilita a entrada de ilumina-

ção e ventilação naturais.

Localização: Newham (cidade)

Londres (região)

Capacidade: 60.000 pessoas (hoje)

80.000 (Olimpíadas)

25.000 (capacidade mínima)

Estimativa: 777 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Populous e Peter Cook

Início da obra: 22 de maio de 2008

Inauguração: 05 de maio de 2012

Outros nomes: Stratford Stadium,

Estádio da Ilha

Mandante: West Ham United (time da

segunda divisão do futebol inglês)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Jogos Olímpicos e Para-

olímpicos de 2012, Premier League,

Campeonato Mundial de Atletismo 2017.

Acesso e Transporte: Stratford Station

(sistema ferroviário e metroviário da

região metropolitana de Londres).

Fonte: NEWCOMB, T. O Estádio

Olímpico Mais Leve e Responsável Já

Construído. In: Popular Science Brasil

Tecnologia, 02 ago. 2012. Disponível

em: <http://popscibrasil.uol.com.br/tec

nologia/o-estadio-olimpico-mais-leve-e-r

esponsavel-ja-construido/>. Acesso em:

09 dez. 2012.

Page 288: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

287

Continente/País: Europa/Reino Unido - País de Gales

Millennium Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.bbc.co.uk/wales/scrumv/images/

Acesso 15/12/2012

Entorno: O complexo encontra-se

inserido na área central da cidade nas

proximidades do Rio Taff, do Parque

Cardiff Arms e do Castelo de Cardiff o

que redobrou a atenção de seus designers

com sua inclusão na paisagem e entorno.

Água: A grama natural foi colocada em

um sistema modular que contém

irrigação e drenagem próprias e que pode

ser removida para outros eventos. Esta

irrigação é efetivada com água de chuva

captada da cobertura. A racionalização

da água marca a nova gestão do estádio.

Energia: A iluminação dos novos

holofotes é 78% mais eficiente e reduz o

consumo elétrico, assim como, as mais

de 450 luminárias em LED instaladas e

pelo uso de frigoríficos mais eficientes.

O estádio busca o aprimoramento da

gestão e da racionalização energética,

seja por controle eletrônico, seja pela

limitação de áreas sem uso iluminadas.

Materiais: A equipe de manutenção usa

produtos menos nocivos ao meio

ambiente sempre que possível.

Resíduos: A gestão de resíduos prioriza a

reciclagem e a transformação da matéria

orgânica em energia elétrica. Esta busca

pela boa gestão é divulgada entre todos

os funcionários, usuários e fornecedores.

Com isto, 71,52 toneladas de resíduos

deixaram de ir para aterros sanitários.

Conforto Ambiental: A cobertura móvel

facilita a incidência de iluminação e

ventilação naturais, ao mesmo tempo,

que protege seus espectadores das

condições adversas do tempo. Sistemas

de ventilação, refrigeração e

aquecimento foram aprimorados para

reduzir o consumo energético.

Localização: Cardiff (cidade)

Gales do Sul (região)

Capacidade: 74.500 pessoas (hoje)

Estimativa: 200 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Bligh Lobb Sports

Architecture (Populous)

Início da obra: Setembro de 1997

Inauguração: 26 de junho de 1999

Outros nomes: Stadiwm y Mileniwm

Mandante: Seleção Galesa de Rúgbi e

Seleção Galesa de Futebol

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Copa do Mundo de Rúgbi

1999, 2007, 2015 e Jogos Olímpicos de

Verão Londres 2012 (futebol)

Acesso e Transporte: Cardiff Central

Station (sistema ferroviário de Cardiff).

Fonte: MILLENNIUM STADIUM.

Millennium Stadium Sustainable

Development. In: Portal Millennium

Stadium, 2009. Disponível em:

<http://www.millenniumstadium.com/inf

ormation/sustainability.php>. Acesso em:

15 dez. 2012.

Page 289: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

288

Continente/País: Europa/Reino Unido - Inglaterra

Princes Park Eco Medidas:

Fonte: www.providerfiles2.thedms.co.uk/

Acesso 10/12/2012

Entorno: A preocupação com sua

inserção na paisagem começou na sua

concepção. O gramado foi rebaixado dois

metros em relação ao nível da rua para

diminuir a poluição sonora e visual. A

terra retirada foi reutilizada no paisagis-

mo ao redor do estádio. A área onde está

localizado ainda apresenta contornos de

grande preservação ambiental.

Água: Água de chuva é coletada e

direcionada para dois grandes lagos

artificiais localizados ao norte da área do

estádio. Esta água é reutilizada para

atividades de limpeza, descargas e

irrigação do gramado. Os lagos além

desta função foram construídos para

potencializar a estética do complexo e

para servir de atração para a fauna local.

Energia: Possui painéis de energia solar

em sua cobertura que geram sua própria

eletricidade e abastecem diversas áreas.

A Iluminação é de baixo consumo.

Materiais: A cobertura reutiliza madeira

tratada para sua sustentação.

Conforto Ambiental: A cobertura do

estádio recebeu forração vegetal para

fazer a filtragem natural do ar

atmosférico. Caldeiras de condensação

foram utilizadas para fornecer um

sistema mais eficiente de calefação;

assim como, uso do aquecimento

radiante na sede do clube, que recebeu

um isolamento térmico mais eficiente

para manter sua temperatura ideal.

Coletores solares aquecem a água, que

armazenada em cilindros de alumínio,

será reutilizada para necessidades locais.

Localização: Dartford (cidade)

Kent (condado)

Capacidade: 4.100 pessoas (capacidade)

642 assentos (hoje)

Estimativa: 11 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Alexander Sedgley

Início da obra: 14 de novembro de 2005

Inauguração: 11 de novembro de 2006

Outros nomes: Dart Stadium

Mandante: Dartford F.C. (futebol)

Finalidade: Multiuso: campo comunitá-

rio de treinamento, estádio de futebol,

clube privado, campo de golfe e corrida

de rua e permite eventos especializados.

Eventos: Partidas da quinta divisão do

futebol inglês.

Acesso e Transporte: Arena necessita de

transporte de massa mais apropriado,

conta apenas com pontos de ônibus.

Fonte: BRANDON, B. The World

Games Stadium and Eco-friendly Sta-

dia In: Portal Pi, 30 jul. 2009. Disponí-

vel em: <http://pitchinvasion.net/blog/20

09/07/30/the-world-games-stadium-and-e

co-friendly-stadia/>. Acesso: 10/12/2012.

OLIVEIRA, L. Estádios que Visam à

Sustentabilidade. In: Blog Gol de

Arquitetura, 11 ago. 2009. Disponível

em: <http://goldaarquitetura.blogspot.co

m.br/2009/08/estadios-que-visam-sustent

abilidade.html>. Acesso: 10 dez. 2012.

Page 290: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

289

Continente/País: Europa/Reino Unido - Inglaterra

Wembley Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.london-attractions.info

Acesso 19/12/2012

Entorno: O estádio equilibrou a

quantidade de cortes e aterros de sua

construção para evitar a retirada de

grandes quantidades de terra. Sua

inserção na paisagem tem sua origem em

um projeto de 1923 que fora demolido.

Água: O estádio trabalha com várias

iniciativas de racionalização para reduzir

o consumo local de água, decorrente de

suas atividades, são processados e esto-

cados 600 m³ de água na própria arena.

Energia: O estádio é alimentado 100%

por energia verde comprada do operador.

Sistemas elétricos e equipamentos são

utilizados da forma mais eficiente

possível. Em dias onde não ocorrem

eventos, toda a iluminação não essencial

é desligada, inclusive a do arco da

cobertura. Assim, desde 2007, o

consumo energético fora reduzido e as

emissões de carbono relacionadas

reduzidas em 28%.

Resíduos: Através de um programa de

recuperação (transformação de restos em

eletricidade) e de reciclagem de resíduos

(taxa atual de 76%), o estádio não envia

mais dejetos para o aterro sanitário local.

Conforto Ambiental: A cobertura retrátil

facilita o aproveitamento da iluminação e

da ventilação naturais no interior do

estado. Protegendo seus espectadores do

rigoroso inverno londrino.

Localização: Brent (cidade)

Londres (região)

Capacidade: 90.000 pessoas (hoje)

86.000 (futebol americano)

75.000 (concertos)

Estimativa: 1,3 bilhão (US dólares)

Arquiteto(s): Foster and Partners,

Populous, Nathaniel

Lichfield and Partners

Início da obra: 30 de setembro de 2002

Inauguração: 09 de março de 2007

Outros nomes: The Venue of Legends,

New Wembley

Mandante: Seleção Inglesa de Futebol

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Liga dos Campeões da UEFA

2011 e 2013, Jogos Olímpicos de Verão

2012, Campeonato Inglês de Futebol.

Acesso e Transporte: Wembley Park,

London Underground e Wembley

Central Stations (sistema ferroviário e

metroviário metropolitanos de Londres).

Fonte: WEMBLEY NATIONAL

STADIUM. Stadium Guide

Sustainability. 2012. Disponível em:

<http://wembleystadium.com/TheStadiu

m/StadiumGuide/Sustainability> Acesso

em: 24 dez. 2012.

Page 291: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

290

Continente/País: Europa/Romênia

Cluj Arena Eco Medidas:

Fonte: www.skyscrapercity.com/

showthread.ph p?p=89051899

Acesso 19/04/2012

Entorno: Por estar localizado nas

proximidades do Rio Someşul Mic e a

oeste do Parque Central, a preocupação

com a sustentabilidade advém da

concepção projetual, ou seja, da inserção

do estádio, na cidade, e a sua integração

interior- exterior, marcada pela limpidez

dos elementos construtivos.

Conforto Ambiental: A forma

arquitetônica da cobertura facilita o

máximo aproveitamento da iluminação e

da ventilação naturais.

Localização: Cluj-Napoca (cidade)

Cluj (distrito)

Capacidade: 30.335 pessoas (hoje)

Estimativa: 60 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Dico si Tiganas

Início da obra: 15 de julho de 2009

Inauguração: 11 de outubro de 2011

Outros nomes: Ion Moina (antiga arena)

Mandante: FC Universitatea Cluj (fut.)

Finalidade: Multiuso: esportes, lazer,

shows e eventos comerciais

Eventos: Campeonato Romeno

Acesso e Transporte: Sta ia Uzinei

Electrice e Sta ia Parcul Central (sistema

de transporte público de Cluj-Napoca)

Fonte: CLUJ, S.C. F. C. U. Stadion.

2012. Disponível em: <http://www.uni

versitateacluj.ro/Stadion.html> Acesso

em: 04 set. 2012.

Page 292: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

291

Continente/País: Europa/Suécia

Friends Arena Eco Medidas:

Fonte: www.stadiumguide.com/friendsarena/

Acesso 07/01/2012

Entorno: Seu design e sua localização

visam revitalizar e transformar uma área

da Região Metropolitana de Estocolmo,

de origem industrial, em uma das áreas

mais sustentáveis e economicamente

viáveis de toda a Suécia.

Água: Capta água de chuva para a

irrigação do gramado, limpeza e para o

acionamento de equipamentos sanitários

eficientes.

Energia: Conta com iluminação em

LED, uma das técnicas mais eficientes,

modernas e econômicas; não só

internamente, como também ao longo de

toda a sua fachada.

Conforto Ambiental: A arena por contar

com um teto retrátil, o que facilita a

utilização de recursos naturais como o

vento e a luz solar, durante o verão,

funcionará durante todo o ano. Para o

inverno, o estádio conta com um sistema

de aquecimento eficiente e moderno.

Localização: Solna (cidade)

Estocolmo (condado)

Capacidade: 50.000 pessoas (futebol)

67.500 pessoas (shows)

Estimativa: 391 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Berg Arkitektkontor,

Krook & Tjäder,

C. F. Møller e HOK Sport

Início da obra: 07 de dezembro de 2009

Inauguração: 27 de outubro de 2012

Outros nomes: Swedbank Arena,

Arenastaden

Mandante: Seleção Sueca de Futebol e

AIK Fotboll (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes (incluin-

do os de inverno), concertos e outros

Eventos: Campeonato Europeu de

Futebol Feminino 2013, Superliga Sueca

Acesso e Transporte: Solna Station

(sistema ferroviário de Solna).

Fonte: FRIENDS ARENA. Välkommen

Till Friends Arena - De Stora Ögon

blickens Arena. 2012. Disponível em:

<http://friendsarena.se/Arenan/> Acesso

em: 08 mai. 2012.

Page 293: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

292

Continente/País: Europa/Suécia

Stockholm Arena Eco Medidas:

Fonte: www.afabonline.com.br/new/

Acesso 04/05/2012

Entorno: Receberá o selo de

sustentabilidade de grau mais elevado da

“Miljöbyggnad”, sistema de classificação

do país, pela mínima influência negativa

para o meio ambiente, buscará também, o

norte-americano LEED.

Água: Contará com gramado artificial

como forma de economizar água e

facilitar a sua manutenção.

Energia: Contará com o uso de energia

renovável e a implementação eficaz de

técnicas de eficiência energética.

Materiais: Está empregando, ao longo de

sua construção, materiais sustentáveis.

Resíduos: Contará com o gerenciamento

estratégico e eficaz de seus resíduos.

Conforto Ambiental: Apresentará teto-

retrátil o que facilitará o conforto térmico

interno (sistemas de aquecimento e

refrigeração), em função das baixas

temperaturas do inverno sueco.

Localização: Globen (cidade)

Estocolmo (condado)

Capacidade: 30.000 pessoas (futebol)

40.000 pessoas (shows)

Estimativa: 380 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): White Arkitekter

Início da obra: 10 de setembro de 2010

Inauguração: Julho de 2013 (projeção)

Outros nomes: Söderstadion

Mandante: Hammarby Fotbol e

Djurgårdens IF Fotboll (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes (incluin-

do equestres, no gelo e motorizados),

concertos, exposições, eventos

empresariais, banquetes e serviços.

Eventos: Superliga Sueca e eventos

internacionais de futebol

Acesso e Transporte: Gullmarsplan T-

bana Station (sistema metroviário e de

bondes elétricos de Estocolmo).

Fonte: WSP GROUP. Sustainability

Strategy for Stockholm Arena. 2012.

Disponível em: <http://www.wspenviron

mental.com/locations/stockholm-arena-p

roject/en>. Acesso em: 04 mai. 2012.

Page 294: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

293

Continente/País: Europa/Suécia

Swedbank Stadion Eco Medidas:

Fonte: www.farm4.static.flickr.com/3220/30201

34510_ec9970a8ea_o.jpg. Acesso 08/05/2012

Entorno: A arena busca contribuir para

uma sociedade sustentável através de

políticas de eficiência ambiental, de

informação/educação e de recursos.

Energia: Conta com técnicas de

conservação de energia de forma

responsável.

Materiais: Adquiri bens, materiais e

serviços, considerando seus impactos

ambientais.

Resíduos: Conta com ampla divulgação

e apoio legal de campanhas de

reciclagem e redução de materiais.

Conforto Ambiental: A forma

arquitetônica da cobertura facilita o

máximo aproveitamento da iluminação e

da ventilação naturais.

Localização: Malmö (cidade)

Sverige (condado)

Capacidade: 21.000 pessoas (hoje)

Estimativa: 102 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Fojab Arkitekter

Berg Arkitektkontor

Início da obra: 23 de abril de 2007

Inauguração: 13 de abril de 2009

Outros nomes: Malmö New Stadium

Mandante: Malmö FF (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos e outros eventos.

Eventos: Campeonato de Futebol Mascu-

lino Sub-21 Europeu, Superliga Sueca

Acesso e Transporte: Triangeln Station

(sistema ferroviário de Malmö).

Fonte: MFF - MALMÖ FOTBOLL-

FÖRENING. Swedbank Station Milijö.

2008. Disponível em: <http://www.swed

bankstadion.se/Om_stadion/>. Acesso

em: 08 mai. 2012.

Page 295: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

294

Continente/País: Europa/Suécia

Ullevi Stadion Eco Medidas:

Fonte: www.nflstadiumguide.com/ullevi1.jpg

Acesso 08/05/2012

Energia: Desde março de 2007, o

estádio conta com uma das maiores

usinas de energia solar da Suécia,

constituída de 600 metros quadrados de

painéis solares fotovoltaicos, situados na

cobertura das cabines de honra e áreas

VIPs. O rendimento dos 451 módulos é

de 86,4 kW e a produção anual é cerca de

65 000 kWh; o que é suficiente para

cobrir os gastos com a iluminação

artificial de 35 eventos, com um saldo

positivo. Esta pequena iniciativa

sustentável de 841 mil dólares, no

estádio, faz parte de uma iniciativa maior

das esferas de governo, o projeto

“Gotemburgo 2050”, que visa trabalhar

uma transição energética, a longo prazo.

Conforto Ambiental: Pela ausência de

cobertura em grande parte do estádio, o

aproveitamento da iluminação natural e

de mecanismos de ventilação cruzada é

maior do que em muitas arenas cobertas.

Localização: Gotemburgo (cidade)

Västra Götaland (condado)

Capacidade: 43.000 pessoas (futebol)

75.000 pessoas (shows)

Estimativa: 65 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Fritz Jaenecke

Sten Samuelson

Início da obra: Maio de 1957

Inauguração: 29 de maio de 1958

Outros nomes: Nya Ullevi, Ullevi

Mandante: IFK Göteborg, Örgryte IS e

GAIS Göteborg (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos e outros eventos

Eventos: Copa do Mundo FIFA 1958,

Copa Mundial de Atletismo de 1995

Acesso e Transporte: Goteborg Central

Station (sistema ferroviário e de bondes

elétricos de Gotemburgo).

Fonte: GOT EVENT, AB. En av

Sveriges Största Solcellsanläggning

Producerar Grön el på Ullevi. 2012.

Disponível em: <http://www.gotevent.se/

solceller/default.asp>. Acesso em: 09

mai. 2012.

Page 296: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

295

Continente/País: Europa/Suíça

AFG Arena Eco Medidas:

Fonte: www.blogestadios.blogspot.com.br/2011

Acesso 17/05/2012

Entorno: Inserido em uma cidade

pequena, apresenta baixa capacidade de

público o que facilita a manutenção, sem

perder sua modernidade tecnológica.

Tem a emissão de gases do efeito estufa,

na atmosfera, controlada e limitada.

Energia: Recebeu na cobertura placas

fotovoltaicas, a pedido da administração

municipal, para a geração de 202,4kWp

de energia elétrica, suficientes para gerar

190,250 kWh, anualmente, para as

necessidades de até 50 residências.

Conforto Ambiental: Apresenta

cobertura descolada da última fileira de

assentos o que facilita a ventilação

cruzada e a iluminação natural.

Localização: St. Gallen (cidade)

St. Gallen (cantão)

Capacidade: 19.694 pessoas (hoje)

Estimativa: 360 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Bruno Clerici,

Bayer Partner AG e

Philippe Joye & Associés

Início da obra: 14 de setembro de 2005

Inauguração: 30 de maio de 2008

Outros nomes: Stadion St. Gallen

Mandante: FC St. Gallen (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos, serviços e lazer

Eventos: Challenge League (A segunda

divisão do campeonato suíço de futebol)

Acesso e Transporte: St. Gallen Winkel

Station (sistema ferroviário d’ St. Gallen)

Fonte: TRITEC GROUP. IKEA flat

roof AFG Arena. 2012. Disponível em:

<http://www.tritec- energy.com/en/refere

nce-cases/1002-ikea-flat-roof-afg-arena-

st-gallen/>. Acesso em: 17 mai. 2012.

Page 297: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

296

Continente/País: Europa/Suíça

Arena Thun AG Eco Medidas:

Fonte: www.hrs.ch/typo3temp/pics/

Acesso 09/05/2012

Água: O gramado é artificial em função

de uma economia com o aquecimento e a

irrigação. A arena busca racionalizar

água ao máximo, evitando desperdícios.

Energia: Na cobertura do estádio, com

2624 metros quadrados, foram instaladas

1600 placas fotovoltaicas para geração

de energia. Estas fornecem uma redução

do consumo em 18% e uma produção

anual de 440 MWh, o que corresponde

ao consumo anual de 80 famílias.

Conforto Ambiental: Cerca de 90% do

aquecimento, em função das baixas

temperaturas é feito indiretamente

através de bombas de calor das águas

subterrâneas e os outros 10% através da

condensação a gás. A água quente (65%)

também é obtida indiretamente através

das bombas de calor das águas

subterrâneas, o restante não utiliza

condensação a gás. A pouca capacidade

do estádio proporciona uma cobertura

menor e um maior aproveitamento da

iluminação e ventilação naturais.

Localização: Thun (cidade)

Berna (cantão)

Capacidade: 10.000 pessoas (hoje)

Estimativa: 45 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Itten + Brechbühl AG,

Brügger Architekten AG e

Pool Architekten

Início da obra: Março de 2010

Inauguração: 09 de julho de 2011

Outros nomes: "The Jewel" (A Jóia)

Mandante: F C Thun (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos, conferências e convenções.

Eventos: Superliga Suíça

Acesso e Transporte: Thun Station

(sistema ferroviário de Berna)

Fonte: ARENA THUN AG. Solarstrom

vom Arena-Dach. 2011. Disponível em:

<http://www.arenathun.ch/index.php?sec

tion=news&cmd=details&newsid=19>.

Acesso em: 09 mai. 2012.

MILELLI, A. Fussballstadien Nach

Minergie. 28 jul. 2011. Disponível em:

<http://www.minergie.ch/news/items/fus

sballstadien-nach-minergie.html>.

Acesso em: 09 mai. 2012.

Page 298: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

297

Continente/País: Europa/Suíça

Letzigrund Stadion Eco Medidas:

Fonte: www.4.bp.blogspot.com/

Acesso 09/05/2012

Entorno: Em sua concepção as

preocupações ambientais tiveram grande

destaque para a sua correta gestão.

Água: O projeto apresenta preocupações

com as águas subterrâneas, toda a água

de chuva que cai na cobertura é recolhida

e infiltrada no solo, através de galerias.

Energia: Na cobertura, fora instalada,

em 2007, uma usina fotovoltaica com

1276 módulos, 2.500 m² à base da

eficiente tecnologia dos monocristais,

com potência de 223 mil quilowatts.

Materiais: A cobertura apresenta

forração em madeira certificada e tratada.

A construção teve uma preocupação

maior com a gestão de novos materiais.

Resíduos: A arena desde sua concepção

apresenta preocupações com a produção

e gestão de resíduos. Os 350.000 m³ de

materiais originários do rebaixamento do

gramado tiveram reuso na própria obra,

ou foram destinados a locais próximos,

evitando grandes deslocamentos. Já o

concreto do antigo estádio demolido foi

reciclado para novas construções. 29.000

m³ de material foram descartados

corretamente.

Conforto Ambiental: A cobertura com

20.000 m² elevada do último assento e

assimétrica, em direção a incidência dos

raios solares, facilita a penetração da

iluminação e ventilação naturais.

Localização: Zurique (cidade)

Zurique (cantão)

Capacidade: 25.000 pessoas (futebol)

30.000 pessoas (atletismo)

48.000 pessoas (concertos)

Estimativa: 94 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Bétrix & Consolascio,

Frei & Ehrensperger

Início da obra: 15 de novembro de 2005

Inauguração: 30 de agosto de 2007

Outros nomes: Letzi, New Letzigrund

Stadium, Nouveau Stade

Mandante: FC Zürich, Grasshopper

Club Zurich (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos, conferências e convenções.

Eventos: Euro 2008, Superliga Suíça

Acesso e Transporte: Zürich, Freihof-

strasse e Zürich, Letzigrund Stations

(sistema de trens elétricos de Zurique)

Fonte: HOFFMANN, G. A Maior

Usina Solar do Mundo num Estádio de

Futebol. In: Portal Swissinfo.ch 22 fev.

2010. Disponível em: <http://www.swiss

info.ch/por/especiais/a_suica_dos_record

es/recordes_mundiais/A_maior_usina_%

20solar_do_mundo_num_estadio_de_fut

ebol.html?cid=8310648>. Acesso em: 17

mai. 2012.

Page 299: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

298

Continente/País: Europa/Suíça

Stade de la Maladière Eco Medidas:

Fonte: www.hrs.ch/index.php?id=163&L=4&

Acesso 09/05/2012

Entorno: As margens do Lago Neuchâtel

o projeto está integrado ao contexto

urbano do centro da cidade ao optar, na

fachada, por elementos em vidro e aço,

como forma de refletir a cidade; por

apresentar um centro de compras em seu

embasamento, corpo de bombeiros e uma

série de outros serviços. Além de criar,

na face leste, uma praça pública.

Água: O gramado é artificial, apesar das

controvérsias a respeito desta temática, a

economia com água e manutenção, além

da racionalização são evidentes na arena.

Energia: A cobertura da arena recebeu

750 m² de placas fotovoltaicas, ou 960

placas, para a geração de 60 MW de

energia elétrica anualmente, suficientes

para abastecer 20 famílias. O estádio

apresenta automação predial e de

monitoramento, o que minimiza as

emissões de dióxido de carbono e reduz

o consumo energético de áreas ociosas,

satisfazendo as normas ambientais cada

vez mais rigorosas.

Materiais: A preocupação com materiais

locais e com alta qualidade está na

concepção do projeto.

Conforto Ambiental: Para a ventilação e

a refrigeração foi utilizado um sistema de

bombeamento de água do solo

alternativo, já que estes equipamentos

não poderiam ficar na cobertura.

Localização: Neuchâtel (cidade)

Neuchâtel (cantão)

Capacidade: 12.000 pessoas (hoje)

Estimativa: 214 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Laurent Geninasca

Bernard Delefortrie1

Início da obra: 27 de maio de 2005

Inauguração: 18 de abril de 2007

Outros nomes: La Maladière

Mandante: Neuchâtel Xamax (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos, serviços e exposições

Eventos: Superliga Suíça

Acesso e Transporte: Neuchâtel Station

(sistema ferroviário e de trens de alta

velocidade de Neuchâtel).

Fonte: NEUCHÂTEL XAMAX 1912.

La Maladière • Le Constructeur. In:

Portal Xamx, 2012. Disponível em:

<http://www.xamax.ch/maladiere-constr

ucteur.php>. Acesso em: 09 mai. 2012.

Page 300: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

299

Continente/País: Europa/Suíça

Stade de Suisse Eco Medidas:

Fonte: www.flickr.com/photos/camera_alex/

Acesso 17/05/2012

Entorno: Prédio principal de um grande

complexo esportivo apresenta-se conexo

a uma grande área de lazer de Berna.

Água: O gramado artificial mostra a

preocupação com a racionalização de

água, mesmo com as reclamações, assim

como equipamentos sanitários com baixo

fluxo de vazão de descarga.

Energia: Uma das maiores coberturas

com aplicação de energia solar do

mundo, o que faz com que o estádio seja

autossuficiente em energia. As células

solares ocupam uma área de 12.000 m²,

cerca de 7.000 painéis e produzem 1,3

milhão de quilowatt/h de eletricidade por

ano, livre de subvenção, o que

corresponde ao consumo de 400 casas. O

grau de eficiência dos painéis é de 15%,

isto é, 15% da energia que se encontra na

luz solar é transformada em eletricidade,

o que favorece a relação custo-benefício.

Conforto Ambiental: A cobertura

deslocada do último assento permite a

incidência da iluminação e da ventilação

naturais.

Localização: Berna (cidade)

Berna (cantão)

Capacidade: 32.000 pessoas (futebol)

45.000 pessoas (shows)

Estimativa: 370 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Rodolphe Luscher, Felix

Rebmann e Jean-Pierre Schwaar

Início da obra: 15 de junho de 2002

Inauguração: 30 de julho de 2005

Outros nomes: Estádio Wandkdorf Bern,

The Swiss National Stadium

Mandante: BSC - Berner Sport Club

Young Boys (futebol)

Finalidade: Multiuso: concertos e servi-

ços, esportes (hóquei inclusive)

Eventos: Euro 2008, Superliga Suíça

Acesso e Transporte: Bern Wankdorf

Station (sistema ferroviário de Berna).

Fonte: HOFFMANN, G. A Maior Usina

Solar do Mundo num Estádio de

Futebol. In: Portal Swissinfo.ch 22 fev.

2010. Disponível em: <http://www.swiss

info.ch/por/especiais/a_suica_dos_record

es/recordes_mundiais/A_maior_usina_%

20solar_do_mundo_num_estadio_de_fut

ebol.html?cid=8310648>. Acesso em: 17

mai. 2012.

Page 301: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

300

Continente/País: Europa/Suíça

Stade St. Jakob-Park Eco Medidas:

Fonte: www.zerozero.pt/img/estadios/803/67803

Acesso 17/05/2012

Entorno: Prédio principal de um grande

complexo esportivo e do maior centro de

comércio e compras de Basileia, apre-

senta grande variedade de transportes.

Água: Apresenta descargas com fluxo de

vazão reduzido e ativação automática.

Busca a máxima racionalização da água.

Energia: Sua cobertura apresenta

instalada cerca de 1.200 m² de placas

fotovoltaicas. A produção anual é de

cerca de 130 mil quilowatts/hora.

Apresenta ainda, como fonte de

alimentação, um conjunto de geradores a

diesel com 600 kVA de potência. A

fachada apresenta lâmpadas fluorescente

mais econômicas que as tradicionais.

Conforto Ambiental: A cobertura

inclinada facilita a penetração da

iluminação e da ventilação naturais.

Localização: Basileia (cidade)

Basileia (cantão)

Capacidade: 42.500 pessoas (Euro2008)

38.000 pessoas (hoje)

33.433 pessoas (original)

60.000 pessoas (concertos)

Estimativa: 235 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Jacques Herzog,

Pierre De Meuron

Início da obra: 14 de agosto de 1999

Inauguração: 15 de março de 2001

Sofreu uma ampliação entre 2006-07

Outros nomes: Joggeli

Mandante: FC Basel (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos, serviços e exposições

Eventos: Euro 2008, Superliga Suíça

Acesso e Transporte: Basel SBB Station

(sistema ferroviário, de trens de alta

velocidade e elétricos de Basileia).

Fonte: HOFFMANN, G. A Maior Usina

Solar do Mundo num Estádio de

Futebol. In: Portal Swissinfo.ch 22 fev.

2010. Disponível em: <http://www.swiss

info.ch/por/especiais/a_suica_dos_record

es/recordes_mundiais/A_maior_usina_%

20solar_do_mundo_num_estadio_de_fut

ebol.html?cid=8310648>. Acesso em: 17

mai. 2012.

Page 302: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

301

Continente/País: Oceania/Austrália

Brisbane Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.footballnews.com.au/stadium.php

Acesso 05/09/2012

Água: Através de sua cobertura, com 22

mil m², recolhe água de chuva para

atividades de limpeza e irrigação do

gramado. Este volume é armazenado em

quatro tanques com capacidade para 1,1

milhões de litros, o que reduz a

dependência do abastecimento municipal

e pode ser preenchido com chuvas de

cerca de 50 mm, suficientes para irrigar o

gramado durante doze semanas.

Resíduos: A arena vem praticando

campanhas de conscientização de seus

usuários a respeito da reciclagem e da

separação de resíduos por todo seu

espaço físico.

Conforto Ambiental: A cobertura,

elevada em relação ao último assento,

facilita a penetração da iluminação

natural e da ventilação cruzada.

Localização: Brisbane (cidade)

Queensland (estado)

Capacidade: 52.500 pessoas (hoje)

Estimativa: 280 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Populous HOK Sport,

Venue e Event

Início da obra: Julho de 2001

Inauguração: 01 de junho de 2003

Outros nomes: Suncorp Stadium,

Lang Park

Mandante: Queensland Rugby, Brisbane

Broncos, Queensland Reds (rúgbi) e

Brisbane Roar (futebol)

Finalidade: Multiuso: esportes (rúgbi,

futebol) e concertos musicais.

Eventos: Copa Mundial de Rúgbi de

2003, Liga Australiana de Rúgbi

Acesso e Transporte: Milton e Roma

Street Stations (sistema ferroviário).

Fonte: SUNCORP STADIUM. Suncorp

Stadium is Undertaking a Number of

Environmental Initiatives. 2010.

Disponível em: <http://www.suncorp

stadium.com.au/The_Stadium/Environm

ent.aspx>. Acesso em: 05 set. 2012.

Page 303: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

302

Continente/País: Oceania/Austrália

Estádio Olímpico de Sidney Eco Medidas:

Fonte: www.dailytelegraph.com.au

Acesso 05/09/2012

Entorno: Após uma reforma, em 2003, o

Estádio Olímpico de Sidney que é

integrado ao meio ambiente e foi

construído sobre um antigo aterro

sanitário perdeu sua pista de atletismo e

teve sua capacidade de assentos reduzida

(81.500 espectadores, na configuração

oval, para jogos de críquete e futebol

australiano e 83.500 torcedores, na

configuração retangular, para jogos de

futebol e rúgbi).

Água: O formato da cobertura favorece a

possibilidade de se reutilizar águas

pluviais, através de reservatórios de

apoio, para uso de sanitários.

Materiais: Seus materiais foram

cuidadosamente selecionados, após a

análise de seus “ciclos de vida” para

evitar os que gerassem poluição na sua

fabricação, ou instalação, ou que

consumissem grandes quantidades de

energia. Prezou, por exemplo, pela pouca

utilização de aço, o que deu leveza a sua

cobertura, bem diferente dos Estádios

Olímpicos de Athenas e Beijing.

Conforto Ambiental: O conforto

ambiental interno foi favorecido por

aberturas que facilitam a circulação de ar

e a ventilação natural, através de um

sistema de refrigeração natural.

Localização: Sydney (cidade)

Nova Gales do Sul (estado)

Capacidade: 83.500 pessoas (hoje)

110.000 (Olimpíadas)

Estimativa: 690 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Populous

Início da obra: Setembro de 1996

Inauguração: 06 de março de 1999

Outros nomes: ANZ Stadium (namings

rights), Stad. Australia, Testra Stadium

Mandante: Seleções australianas de

rúgbi e futebol

Finalidade: Multiuso: esportes (motoci-

clismo, rúgbi, futebol, críquete e futebol

australiano), concertos musicais, shows e

eventos religiosos.

Eventos: XXVII Jogos Olímpicos de

Verão Sidney 2000 e Paraolímpicos

Acesso e Transporte: Olympic Park

Station (sistema ferroviário de Sydney).

Fonte: SOCOG - SYDNEY ORGANI-

SING COMMITTEE FOR THE

OLYMPIC GAMES. Official Report of

the Xxvii Olympiad - Volume One -

Preparing for the Games. 2001.

Australia: Paragon Printers Australasia.

1st Edition. 420 p.

Page 304: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

303

Continente/País: Oceania/Austrália

Etihad Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.marketingdeportivomd.com

Acesso 05/09/2012

Água: Sua cobertura propicia a coleta da

água de chuva em seus 40 mil m² de

superfície. Sua armazenagem, de 15 a 20

milhões de litros por ano, é feita em 17

tanques enterrados, com capacidade para

um milhão de litros, que serão utilizados

em sanitários e na irrigação do gramado.

O projeto hidráulico da arena é

automatizado e economiza de 20 a 30

milhões de litros, das redes da cidade, e

foi implantado, em janeiro de 2009, com

financiamento de 50% da concessionária

de água local. Pode-se destacar também,

na arena: equipamentos sanitários mais

econômicos, vazões de fluxo reguladas, a

instalação de uma unidade de reciclagem

da água, além de campanhas de

conscientização da importância da água.

Conforto Ambiental: Foi o primeiro

estádio com assentos móveis da

Austrália, o que permite uma

configuração oval, ou retangular,

dependendo da modalidade esportiva,

entretanto, esta flexibilidade acarreta

danos ao relvado. Sua cobertura é retrátil,

no sentido leste oeste, com oito minutos

para a conclusão da sua operação o que

facilita a inserção de iluminação e

ventilação naturais.

Localização: Melbourne (cidade)

Victoria (estado)

Capacidade: 56.347 pessoas (hoje)

Estimativa: 460 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Populous e Daryl Jackson

Início da obra: Outubro de 1997

Inauguração: 09 de março de 2000

Outros nomes: Colonial Stadium, Dockl-

ands Stadium, The Dome e Victoria Stad.

Mandante: Melbourne Victory FC (fut.),

Melbourne Storm (rúgbi), Melbourne

Renegades (críquete), Carlton FC (fut.

australiano)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Jogos da Comunidade Britânica

2006 e Copa Mundial de Rúgbi 2003

Acesso e Transporte: Southern Cross

Station (sistema ferroviário e de bondes

elétricos de Melbourne).

Fonte: AFL - AUSTRALIAN

FOOTBALL LEAGUE. Sustainable

Initiatives With Our Partners. 2012.

Disponível em: <http://www.afl.com.au/

AFL%20Green/tabid/9866/default.aspx >

Acesso em: 05 set. 2012.

Page 305: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

304

Continente/País: Oceania/Austrália

Melbourne Rectangular Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.prc-magazine.com

Acesso 05/09/2012

Entorno: Foi levada em consideração,

em sua implantação, uma preocupação

com a inserção da arena, na malha

urbana, nos acessos a bicicletários,

transportes públicos e na disponibilidade

de vagas exclusivas para carros elétricos.

Água: Marcado por uma cobertura

geodésica, sobre boa parte dos assentos,

é capaz de recolher e armazenar água de

chuva como forma de minimizar o

consumo da rede. A utilização de

aparelhos sanitários com vazão

controlada também fora ratificada.

Energia: Sua iluminação é em LED

(com gastos de 1/10 das lâmpadas

comuns), com o que há de mais moderno

em tecnologia, design e economia, em

prol de reduzir a dependência do sistema

de iluminação pública. Em outros locais,

lâmpadas econômicas foram utilizadas

sempre que possíveis, paralelamente a

um sistema de automação predial, para

minimizar o consumo elétrico.

Materiais: Sua envoltória é constituída

de aço bio-frame, 50% mais leve que o

aço comum e desprendeu menos energia

para sua construção do que coberturas

similares, entretanto, esta representa um

limitador para uma possível expansão.

Destaca-se também, em sua construção,

o emprego de materiais reciclados,

sempre que possível; o uso de madeira de

reflorestamento, ou certificada; a

edificação de lajes ocas de concreto, que

incorporam uma menor quantidade de

energia; e a aplicação de carpetes e tintas

com baixo teor de COVs.

Resíduos: A gestão de resíduos é

integrada a um sistema de reciclagem.

Conforto Ambiental: Sua cobertura é um

facilitador para a entrada de iluminação e

ventilação naturais, em seu interior.

Localização: Melbourne (cidade)

Victoria (estado)

Capacidade: 30.050 pessoas

50.000 (expansível)

Estimativa: 268 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Cox Architects e Planners

Início da obra: Final de 2007

Inauguração: 07 de maio de 2010

Outros nomes: AAMI Park (nome

comercial de uma empresa de seguros)

Mandante: Melbourne Victory FC,

Melbourne Heart FC (futebol), Melbour-

ne Rebels, Melbourne Storm (rúgbi)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Liga Australiana de Rúgbi e

Campeonato Australiano de Futebol

Acesso e Transporte: Richmond Station

(sistema ferroviário de Melbourne).

Fonte: AAMI PARK. Construction.

2010. Disponível em: <http://www.aami

park.com.au /desktopdefault.aspx/tabid-

166/115_read-102/>. Acesso em: 05 set.

2012.

ROLFE, P. Stadium of light. In: Herald

Sun, 02 ago. 2009. Melbourne, Australia.

Disponível em: <http://www.heraldsun.

com.au/stadium-of-light/story-fna7dq6e-

1225757119915>. Acesso em: 05 set.

2012.

Page 306: DISSERTAÇÃO SUSTENTABILIDADE EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL

305

Continente/País: Oceania/Nova Zelândia

Forsyth Barr Stadium Eco Medidas:

Fonte: www.worldstadiums.com

Acesso 05/09/2012

Entorno: Sua área de implantação levou

em consideração a facilidade de acesso

ao transporte público de qualidade, ou a

pé, assim como a sua integração total a

malha urbana da cidade de Dunedin.

Água: A água da chuva é captada a partir

da superfície do telhado com 20.500 m² e

armazenada em tanques especiais para a

irrigação do gramado e necessidades

internas que não necessitem de água

potável.

Energia: Para a eficiência energética,

sempre que possível, os materiais

empregados tem baixa incorporação e

gastos de energia, ou são recicláveis.

Materiais: A cobertura em ETFE, um

polímero leve, dobrado, totalmente

reciclado e translúcido é voltada para a

face norte, o que facilita a iluminação e o

aquecimento do estádio durante o

inverno, de junho a setembro.

Resíduos: O estádio foi construído

reciclando 97% dos materiais utilizados

nas edificações existentes, anteriormente,

em seu perímetro, como: aço, madeiras,

blocos cimentícios e detritos de concreto.

Conforto Ambiental: Conhecido pela sua

semelhança a uma “caixa de vidro”

apresenta assentos móveis, ventilação

natural das arquibancadas e forçada das

áreas internas, que consomem menos

energia (quando estas não necessitam de

condicionadores).

Localização: Dunedin (cidade)

Otago (região)

Capacidade: 30.748 pessoas (hoje)

Estimativa: 163 milhões (US dólares)

Arquiteto(s): Jasmax e Populous

Início da obra: Maio de 2009

Inauguração: 05 de agosto de 2011

Outros nomes: The Glasshouse, Otago

Stadium, New Carisbrook

Mandante: Otago United (futebol),

Highlanders e Otago Union (rúgbi)

Finalidade: Multiuso: esportes, concer-

tos musicais e eventos especializados

Eventos: Copa Mundial de Rugby 2011

Acesso e Transporte: Dunedin Railway

Station (sistema ferroviário de Dunedin).

Fonte: VENUES, D. Eco-friendly

Features - Actually, It is Easy Being

Green. 2012. Disponível em: <http://ww

w.forsythbarrstadium.co.nz/stadium/cons

truction/eco-features>. Acesso em: 05

set. 2012.