educaÇÃo e formaÇÃo de adultos: reconhecimento, … ii... · 2016-09-12 · nível iii, do...
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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências
De Adultos sem a Escolaridade Básica Obrigatória
Na Região Autónoma da Madeira
Volume – II
(Anexos e Apêndices)
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira
Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à
obtenção do grau de Doutor em Ciências da Educação, na Área de
Especialidade: Educação, Sociedade e Desenvolvimento
Orientação Científica
Professor Doutor Casimiro Manuel Marques Balsa
Maio, 2013
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências
De Adultos sem a Escolaridade Básica Obrigatória
Na Região Autónoma da Madeira
Volume – II
(Anexos e Apêndices)
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira
Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à
obtenção do grau de Doutor em Ciências da Educação, na Área de
Especialidade: Educação, Sociedade e Desenvolvimento
Orientação Científica
Professor Doutor Casimiro Manuel Marques Balsa
Maio, 2013
Declaro que esta Tese é o resultado da minha investigação pessoal e independente.
O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas
no texto, nas notas e na bibliografia.
A candidata,
_________________________
Lisboa, 13 de maio de 2013
Declaro que esta Tese se encontra em condições de ser apreciada pelo júri a
designar.
O Orientador,
_________________________
Lisboa, 13 de maio de 2013
ÍNDICE
ANEXOS .......................................................................................................................... 1
ANEXO A ........................................................................................................................ 3
Declaração – Autorização do Ministério da Educação. .................................................... 3
ANEXO B ........................................................................................................................ 5
Declaração – Autorização da Direcção Regional da Educação da RAM. ........................ 5
ANEXO C ........................................................................................................................ 7
Declaração – Autorização dos Centros Novas Oportunidades da RAM .......................... 7
APÊNDICES .................................................................................................................. 11
APÊNDICE A: ............................................................................................................... 13
Requerimento de consentimento para a realização do Estudo Empírico - Escola de
Hotelaria e Turismo de Lisboa ....................................................................................... 13
APÊNDICE B: ................................................................................................................ 15
Requerimento de consentimento para a realização do Estudo Empírico - Ministério da
Educação ......................................................................................................................... 15
APÊNDICE C: ................................................................................................................ 19
Requerimento de consentimento para a realização do Estudo Empírico – Diretor
Regional de Educação - Região Autónoma da Madeira ................................................. 19
................................................................................................................................................. 20
APÊNDICE D: ............................................................................................................... 23
Requerimento de consentimento para a realização do Estudo Empírico – Diretora
Regional dos Centros Novas Oportunidades - Região Autónoma da Madeira .............. 23
APÊNDICE E: ................................................................................................................ 27
Requerimento de consentimento para a realização do Estudo Empírico – Directores e
Coordenadores dos Centros Novas Oportunidades - Região Autónoma da Madeira..... 27
APÊNDICE F: ................................................................................................................ 31
Requerimento de consentimento para a realização do Estudo Empírico – Participantes
no processo de Reconhecimento, Certificação, Validação de Competências dos Centros
Novas Oportunidades – Região Autónoma da Madeira. ................................................ 31
APÊNDICE G: ............................................................................................................... 33
Guião para a realização das Entrevistas (exploratórias) no Estudo Empírico –
Participantes no processo de Reconhecimento, Certificação, Validação de Competências
dos Centros Novas Oportunidades – Região Autónoma da Madeira. ............................ 33
APÊNDICE H: ............................................................................................................... 37
Guião para a realização das Entrevistas aos Coordenadores – Participantes/Informantes
no processo de Reconhecimento, Certificação, Validação de Competências dos Centros
Novas Oportunidades – Região Autónoma da Madeira. ................................................ 37
APÊNDICE I: ................................................................................................................. 45
Entrevistas às Coordenadoras / Coordenadores dos Centros Novas Oportunidades da
Região Autónoma da Madeira ........................................................................................ 45
APENDICE J: ............................................................................................................... 127
Codificação das disjunções e associações na análise do corpus – Análise estrutural .. 127
APÊNDICE K: ............................................................................................................. 137
Codificação e Categorização das Histórias de Vida na análise do corpus – Análise de
Conteúdo ....................................................................................................................... 137
Apêndice L: .................................................................................................................. 261
Análise de Conteúdo - Categorização e Subcategorias das Histórias de Vida na análise
do corpus relacionadas com a Dimensão: MOTIVAÇÃO ........................................... 261
Apêndice M: ................................................................................................................. 269
Análise de Conteúdo - Categorização e Subcategorias das Histórias de Vida na análise
do corpus relacionadas com a Dimensão: INDIVIDUAÇÃO ...................................... 269
Apêndice N ................................................................................................................... 347
Análise de Conteúdo: Categorização e das Histórias de Vida na análise do corpus
relacionadas com a Dimensão: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS………………………...
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 1
ANEXOS
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 2
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 3
ANEXO A
Declaração – Autorização do Ministério da
Educação.
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 4
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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 5
ANEXO B
Declaração – Autorização da Direcção
Regional da Educação da RAM.
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
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ANEXO C
Declaração – Autorização dos Centros
Novas Oportunidades da RAM
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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 11
APÊNDICES
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 12
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 13
APÊNDICE A:
Requerimento de consentimento para a
realização do Estudo Empírico - Escola de
Hotelaria e Turismo de Lisboa
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 14
Exma. Senhora Directora da Escola de
Hotelaria e Turismo de Lisboa – Dra. Clara Nobre
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira, natural da Freguesia da Fajã da Ovelha –
Calheta - Madeira, portador(a) do BI nº 6669241, emitido pelo Arquivo de Identificação
de Lisboa, 09/02/2000, residente na Rua do Maçapez nº 24 – Fajã da Ovelha – Calheta,
com o(s) telefone(s) 962810878 ou 912550115/ professor(a) do 1º Ciclo do Ensino
Básico, da EB, 1º, 2º, 3º Ciclos/ PE Prof. Manuel Francisco Santana Barreto – Fajã da
Ovelha – Calheta, a frequentar o curso Doutoramento em Ciências da Educação, na
Especialidade Educação e Desenvolvimento, promovido pelo(a) Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, vem, por este meio, solicitar a V.ª
Ex.ª se digne autorizar a assistir às Sessões de Júri de Certificação de um Grupo de
Nível III, do processo de RVCC, na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Esta
Investigação Científica, insere-se no âmbito do estudo intitulado: Educação e Formação
de Adultos: Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem
Escolaridade Básica na Região Autónoma da Madeira, cujo objectivo deste estudo é
contribuir para a compreensão de uma nova realidade no domínio do Sistema
Educativo: o reconhecimento e a validação das aprendizagens1 que os adultos realizam
ao longo das suas trajectórias de vida, em contextos informais e formais de educação e
formação. Mais remeto a Vossa Excelência, a fotocópia da Declaração – Orientadora –
Faculdade de Ciências Sociais e a Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Pede deferimento.
Lisboa, 21 de Janeiro de 2010
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira
1Pires (2005) analisa o conceito de aprendizagem, utilizando-o como termo genérico, no entanto, as
designações adoptadas pelos diferentes sistemas e dispositivos estudados são: em língua inglesa –
“learning” , em língua francesa – “acquis”, e em português – “competências”.
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 15
APÊNDICE B:
Requerimento de consentimento para a
realização do Estudo Empírico - Ministério
da Educação
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 16
Exmo. Senhor Professor Doutor
Luís Capucha
Ministério da Educação - ANQ
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira, natural da Freguesia da Fajã da Ovelha –
Calheta - Madeira, portador(a) do BI nº 6669241, emitido pelo Arquivo de Identificação
de Lisboa, 09/02/2000, residente na Rua do Maçapez nº 24 – Fajã da Ovelha – Calheta,
com o(s) telefone(s) 962810878 ou 912550115/ professor(a) do 1º Ciclo do Ensino
Básico, da EB 1.º, 2.º, 3.º Ciclos/ PE Prof. Manuel Francisco Santana Barreto – Fajã da
Ovelha – Calheta, a frequentar o curso Doutoramento em Ciências da Educação, na
Especialidade Educação e Desenvolvimento, promovido pelo(a) Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, vem, por este meio, solicitar a V.ª
Ex.ª se digne autorizar a Investigação Empírica (realização de entrevistas/observação
directa em campo de investigação, recolha de Portefólios Reflexivos de Aprendizagens)
aos Coordenadores e às suas Equipas, e aos Adultos participantes no processo de
Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências (RVCC), cujos Centros
Novas Oportunidades são os seguintes:
Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional de Hotelaria e Turismo da
Madeira - Funchal;
Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional Cristóvão Colombo -
Funchal;
Centro Novas Oportunidades da DRQP – Direcção Regional de Qualificação
Profissional - Funchal;
Centro Novas Oportunidades do CELF – Centro de Estudos, Línguas e
Formação do Funchal - Funchal;
Centro Novas Oportunidades da DTIM – Associação Regional para o
Desenvolvimento das Tecnologias da Informação da Madeira – Funchal;
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 17
Centro Novas Oportunidades da Escola Básica e Secundária D. Lucinda Andrade -
São Vicente.
Esta Investigação Científica, insere-se no âmbito do estudo intitulado:
“Educação e Formação de Adultos: Reconhecimento, Validação, Certificação de
Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na Região Autónoma da Madeira”,
cujo objectivo deste estudo é contribuir para a compreensão de uma nova realidade no
domínio do Sistema Educativo: o reconhecimento e a validação das aprendizagens2 que
os adultos realizam ao longo das suas trajectórias de vida, em contextos informais e
formais de educação e formação. Relativamente à Metodologia de Investigação o estudo
empírico é formado por um Corpus Misto:
1 - Campo de Observação
Como campo de observação serão privilegiados os Adultos/Utentes que
frequentaram ou estão em frequência nos Centros de Novas Oportunidades (CNO)
(desde 2004 a 2010), na Região Autónoma da Madeira (RAM).
Realizar-se-ão entrevistas semi-estruturadas, em profundidade, aos
Adultos/Utentes. Ainda como trabalho de campo e para a aplicação dos instrumentos do
estudo considerados para a recolha de dados, serão contactados os Conselhos
Executivos, Directores e as suas Equipas dos Centros Novas Oportunidades, bem como
aos Adultos/Utentes, a fim de estabelecermos todos os respectivos Protocolos para a
realização da Investigação.
2 - Participantes
Os participantes da investigação empírica são os Adultos do Ensino Básico (sem
escolaridade básica obrigatória) que frequentam os cursos oferecidos pelos Centros
Novas Oportunidades (CNO) nos Centros Y e Z…. (códigos), na Região Autónoma da
Madeira (RAM). Os sujeitos participantes frequentam o processo de Reconhecimento
Validação e Certificação de Competências, através da Legislação que regulamenta os
2Pires (2005) analisa o conceito de aprendizagem, utilizando-o como termo genérico, no entanto,
as designações adoptadas pelos diferentes sistemas e dispositivos estudados são: em língua inglesa –
“learning” , em língua francesa – “acquis”, e em português – “competências”.
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 18
Centros de Novas Oportunidades (CNO). (cf. Dec. Lei n.º 357/2007 de 29 de Outubro e
Portaria n.º370/2008 de 21 de Maio de 2008).
3- Instrumentos de recolha de informação
3.1-Entrevistas
Como foi dito anteriormente, pretende-se realizar entrevistas em profundidade,
aos Coordenadores, e as suas Equipas do Processo RVCC - dos Centros de Novas
Oportunidades (CNO), para se obter o ponto de vista daqueles a quem cabe garantir a
Certificação e a Validação de Competências.
3.2. Observação Directa
Faz-se a Observação Directa às Instalações dos Centros de Novas Oportunidades
(CNO), ao seu funcionamento, e ainda à apresentação de Provas Públicas e a sua defesa
dos Adultos/Utentes, a fim de compreender a realidade do terreno de investigação e
confirmar as Questões de Investigação.
3.3. Portefólio Reflexivo de Aprendizagens (prescritos na respectiva
Legislação).As Histórias de Vida serão obtidas através de entrevistas etnobiográficas e
dos Portefólios Reflexivos de Aprendizagens. Pretende-se utilizar as entrevistas em
profundidade, como já foi referido, para conhecer as trajectórias dos Adultos /Utentes
que frequentaram ou frequentam os Centros Novas Oportunidades. Mais remeto a
Vossa Excelência, um Guião (para o estudo exploratório) das Entrevistas a aplicar aos
Coordenadores dos respectivos Centros, para numa fase posterior procedermos à
recolha das Histórias de Vida dos vários Adultos participantes no presente Estudo.
Atentamente.
Ao dispor,
Funchal, 01 Março de 2010
A Investigadora
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 19
APÊNDICE C:
Requerimento de consentimento para a
realização do Estudo Empírico – Director
Regional de Educação - Região Autónoma
da Madeira
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 20
Exmo. Senhor Director Regional da Educação – RAM
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira, natural da Freguesia da Fajã da Ovelha –
Calheta - Madeira, portador(a) do BI nº 6669241, emitido pelo Arquivo de Identificação
de Lisboa, 09/02/2000, residente na Rua do Maçapez nº 24 – Fajã da Ovelha – Calheta,
com o(s) telefone(s) 962810878 ou 912550115/ professor(a) do 1º Ciclo do Ensino
Básico, da EB 1º, 2º, 3º Ciclos/ PE Prof. Manuel Francisco Santana Barreto – Fajã da
Ovelha – Calheta, a frequentar o curso Doutoramento em Ciências da Educação, na
Especialidade Educação e Desenvolvimento, promovido pelo(a) Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, vem, por este meio, solicitar a V.ª
Ex.ª se digne autorizar a Investigação Empírica (realização de entrevistas/observação
directa em campo de investigação, recolha de Portefólios Reflexivos de Aprendizagens)
aos Coordenadores e às suas Equipas, e aos Adultos participantes no processo de
Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências (RVCC), cujos Centros
Novas Oportunidades são os seguintes:
Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional de Hotelaria e Turismo da
Madeira - Funchal;
Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional Cristóvão Colombo -
Funchal;
Centro Novas Oportunidades da DRQP – Direcção Regional de Qualificação
Profissional - Funchal;
Centro Novas Oportunidades do CELF – Centro de Estudos, Línguas e
Formação do Funchal - Funchal;
Centro Novas Oportunidades da DTIM – Associação Regional para o
Desenvolvimento das Tecnologias da Informação da Madeira – Funchal;
Centro Novas Oportunidades da Escola Básica e Secundária D. Lucinda
Andrade - São Vicente.
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 21
Esta Investigação Científica insere-se no âmbito do estudo intitulado:
“Educação e Formação de Adultos: Reconhecimento, Validação, Certificação de
Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na Região Autónoma da Madeira”,
cujo objectivo é contribuir para a compreensão de uma nova realidade no domínio do
Sistema Educativo: o reconhecimento e a validação das aprendizagens3 que os adultos
realizam ao longo das suas trajectórias de vida, em contextos informais e formais de
educação e formação.
Relativamente à Metodologia de Investigação, o estudo empírico é formado por
um Corpus Misto:
1 - Campo de Observação
Como campo de observação serão privilegiados os Adultos/Utentes que
frequentaram ou estão em frequência nos Centros de Novas Oportunidades (CNO)
(desde 2004 a 2010) na Região Autónoma da Madeira (RAM). Realizar-se-ão
entrevistas semi-estruturadas, em profundidade, aos Adultos/Utentes. Ainda como
trabalho de campo e para a aplicação dos instrumentos do estudo considerados para a
recolha de dados, serão contactados os Conselhos Executivos, Directores e as suas
Equipas dos Centros Novas Oportunidades, bem como aos Adultos/Utentes, a fim de
estabelecermos todos os respectivos Protocolos para a realização da Investigação.
2-Participantes
Os participantes da investigação empírica são os Adultos do Ensino Básico (sem
escolaridade básica obrigatória) que frequentam os cursos oferecidos pelos Centros
Novas Oportunidades (CNO) nos Centros Y e Z…. (códigos), na Região Autónoma da
Madeira (RAM). Os sujeitos participantes frequentam os cursos de Reconhecimento
Validação e Certificação de Competências, através da Legislação que regulamenta os
Centros de Novas Oportunidades (CNO). (cf. Dec. Lei n.º 357/2007 de 29 de Outubro e
Portaria n.º370/2008 de 21 de Maio de 2008).
3Pires (2005) analisa o conceito de aprendizagem, utilizando-o como termo genérico, no entanto,
as designações adoptadas pelos diferentes sistemas e dispositivos estudados são: em língua inglesa –
“learning” , em língua francesa – “acquis”, e em português – “competências”.
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 22
3- Instrumentos de recolha de informação
3.1-Entrevistas
Como foi dito anteriormente, pretende-se realizar entrevistas em profundidade,
aos Coordenadores, e as suas Equipas do Processo de RVCC - dos Centros de Novas
Oportunidades (CNO), para se obter o ponto de vista daqueles a quem cabe garantir a
Certificação e a Validação de Competências.
3.2. - Observação Directa
Faz-se a Observação Directa às Instalações dos Centros de Novas Oportunidades
(CNO) o seu funcionamento e ainda à apresentação de Provas Públicas e sua defesa dos
Adultos/Utentes, a fim de compreender a realidade do terreno de investigação e
confirmar as Questões de Investigação.
3.3. Portefólios Reflexivo de Aprendizagens (prescritos na respectiva
Legislação). As Histórias de Vida serão obtidas através de entrevistas etnobiográficas e
dos Portefólios Reflexivos de Aprendizagens. Pretende-se utilizar as entrevistas em
profundidade, como já foi referido, para conhecer as trajectórias dos Adultos /Utentes
que frequentaram ou frequentam os Centros Novas Oportunidades. Mais remeto a
Vossa Excelência, um Guião (para o estudo exploratório) das Entrevistas a aplicar aos
Coordenadores dos respectivos Centros, para numa fase posterior, procedermos à
recolha das Histórias de Vida dos vários Adultos participantes no presente Estudo.
Atentamente.
Ao dispor,
Pede deferimento.
Funchal, 06 de Novembro de 2009
A Investigadora
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 23
APÊNDICE D:
Requerimento de consentimento para a
realização do Estudo Empírico – Directora
Regional dos Centros Novas Oportunidades
- Região Autónoma da Madeira
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 24
Exmo. Senhora Directora Regional
dos Centros Novas Oportunidades – RAM
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira, natural da Freguesia da Fajã da Ovelha –
Calheta - Madeira, portador(a) do BI nº 6669241, emitido pelo Arquivo de Identificação
de Lisboa, 09/02/2000, residente na Rua do Maçapez nº 24 – Fajã da Ovelha – Calheta,
com o(s) telefone(s) 962810878 ou 912550115/ professor(a) do 1º Ciclo do Ensino
Básico, da EB 1º, 2º, 3º Ciclos/PE Prof. Manuel Francisco Santana Barreto – Fajã da
Ovelha – Calheta, a frequentar o curso Doutoramento em Ciências da Educação, na
Especialidade Educação e Desenvolvimento, promovido pelo(a) Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, vem, por este meio, solicitar a V.ª
Ex.ª se digne autorizar a Investigação Empírica (realização de entrevistas/observação
directa em campo de investigação, recolha de Portefólios Reflexivos de Aprendizagens)
aos Coordenadores e às suas Equipas, e aos Adultos participantes no processo de
Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências (RVCC), cujos Centros
Novas Oportunidades são os seguintes:
Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional de Hotelaria e Turismo da
Madeira - Funchal;
Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional Cristóvão Colombo -
Funchal;
Centro Novas Oportunidades da DRQP – Direcção Regional de Qualificação
Profissional - Funchal;
Centro Novas Oportunidades do CELF – Centro de Estudos, Línguas e
Formação do Funchal - Funchal;
Centro Novas Oportunidades da DTIM – Associação Regional para o
Desenvolvimento das Tecnologias da Informação da Madeira – Funchal;
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 25
Centro Novas Oportunidades da Escola Básica e Secundária D. Lucinda
Andrade - São Vicente.
Esta Investigação Científica insere-se no âmbito do estudo intitulado: “Educação
e Formação de Adultos: Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências de
Adultos Sem Escolaridade Básica na Região Autónoma da Madeira”, cujo objectivo é
contribuir para a compreensão de uma nova realidade no domínio do Sistema
Educativo: o reconhecimento e a validação das aprendizagens4 que os adultos realizam
ao longo das suas trajectórias de vida, em contextos informais e formais de educação e
formação. Relativamente à Metodologia de Investigação, o estudo empírico é formado
por um Corpus Misto:
1 - Campo de Observação
Como campo de observação serão privilegiados os Adultos/Utentes que
frequentaram ou estão em frequência nos Centros de Novas Oportunidades (CNO)
(desde 2004 a 2010), na Região Autónoma da Madeira (RAM). Realizar-se-ão
entrevistas semi-estruturadas, em profundidade, aos Adultos/Utentes. Ainda como
trabalho de campo e para a aplicação dos instrumentos do estudo considerados para a
recolha de dados, serão contactados os Conselhos Executivos, Directores e as suas
Equipas dos Centros Novas Oportunidades, bem como os Adultos/Utentes, a fim de
estabelecermos todos os respectivos Protocolos para a realização da Investigação.
2-Participantes
Os participantes da investigação empírica são os Adultos do Ensino Básico (sem
escolaridade básica obrigatória) que frequentam o processo de RVCC, oferecido pelos
Centros Novas Oportunidades (CNOS) nos Centros Y e Z…. (códigos), na Região
Autónoma da Madeira (RAM). Os sujeitos participantes frequentam os cursos de
Reconhecimento Validação e Certificação de Competências, através da Legislação que
4Pires (2005) analisa o conceito de aprendizagem, utilizando-o como termo genérico, no entanto,
as designações adoptadas pelos diferentes sistemas e dispositivos estudados são: em língua inglesa –
“learning” , em língua francesa – “acquis”, e em português – “competências”.
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 26
regulamenta os Centros de Novas Oportunidades (CNOS). (cf. Dec. Lei n.º 357/2007 de
29 de Outubro e Portaria n.º370/2008 de 21 de Maio de 2008).
3- Instrumentos de recolha de informação
3.1-Entrevistas
Como dito anteriormente, pretende-se realizar entrevistas em profundidade, aos
Coordenadores, e as suas Equipas do Processo de RVCC - dos Centros de Novas
Oportunidades (CNO), para se obter o ponto de vista daqueles a quem cabe garantir a
Certificação e a Validação de Competências.
3.2. - Observação Directa
Faz-se a Observação Directa às Instalações dos Centros de Novas Oportunidades
(CNO) e o seu funcionamento e ainda à apresentação de Provas Públicas e sua defesa
dos Adultos/Utentes, a fim de compreender a realidade do terreno de investigação e
confirmar as Questões de Investigação.
3.3. Portefólios Reflexivos de Aprendizagens (prescritos na respectiva
Legislação).As Histórias de Vida serão obtidas através de entrevistas etnobiográficas e
dos Portefólios Reflexivos de Aprendizagens. Pretende-se utilizar as entrevistas em
profundidade, como já foi referido, para conhecer as trajectórias dos Adultos /Utentes
que frequentaram ou frequentam os Centros Novas Oportunidades. Mais remeto a
Vossa Excelência, um Guião (para o estudo exploratório) das Entrevistas a aplicar aos
Coordenadores dos respectivos Centros, para numa fase posterior procedermos à
recolha das Histórias de Vida dos vários Adultos participantes no presente Estudo.
Atentamente
Ao dispor,
Pede deferimento.
Funchal, 09 de Novembro de 2009
A Investigadora
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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
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APÊNDICE E:
Requerimento de consentimento para a
realização do Estudo Empírico – Directores
e Coordenadores dos Centros Novas
Oportunidades - Região Autónoma da
Madeira
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Ex.ma (o) Sra. (Sr.) Professor (a) Doutor(a)
Director(a) e Coordenador(a) dos Centros Novas
Oportunidades (C1, C2, C3, C4, C5, C6)
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira, natural da Freguesia da Fajã da Ovelha –
Calheta- Madeira, portador(a) do BI nº 6669241, emitido pelo Arquivo de Identificação
de Lisboa, 09/02/2000, residente na Rua do Massapêz n.º 24 – Fajã da Ovelha –
Calheta, com o(s) telefone(s) 962810878 ou 912550115/ professor(a) do 1º Ciclo do
Ensino Básico, da EB 1º, 2,º 3º Ciclos/PE Prof. Manuel Francisco Santana Barreto –
Fajã da Ovelha – Calheta, a frequentar o curso Doutoramento em Ciências da
Educação, na Especialidade Educação e Desenvolvimento, promovido pelo(a)
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, vem, por
este meio, solicitar a V.ª Ex.ª se digne autorizar a Investigação Empírica (aplicação de
questionários/ realização de entrevistas /observação directa em campo de investigação)
aos Adultos/Utentes do Processo de Reconhecimento, Validação, Certificação de
Competências do Centro Novas Oportunidades (C1, C2, C3, C4, C5, C6). Esta
Investigação Científica, insere-se no âmbito do estudo intitulado: “Educação e
Formação de Adultos: Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências de
Adultos Sem Escolaridade Básica na Região Autónoma da Madeira”, cujo objectivo
deste estudo é contribuir para a compreensão de uma nova realidade no domínio do
Sistema Educativo: o reconhecimento e a validação das aprendizagens5 que os adultos
realizam ao longo das suas trajectórias de vida, em contextos informais e formais de
educação e formação.
Relativamente à Metodologia de Investigação, o estudo empírico é formado por
um Corpus Misto:
5Pires (2005) analisa o conceito de aprendizagem, utilizando-o como termo genérico, no entanto,
as designações adoptadas pelos diferentes sistemas e dispositivos estudados são: em língua inglesa –
“learning” , em língua francesa – “acquis”, e em português – “competências”.
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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
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1 - Campo de Observação
Como campo de observação, serão privilegiados os Adultos/Utentes que
frequentaram ou estão em frequência nos Centros de Novas Oportunidades na Região
Autónoma da Madeira (RAM). Realizar-se-ão entrevistas semi-estruturadas6, em
profundidade, aos Adultos/Utentes dos Centros Novas Oportunidades na Região
Autónoma da Madeira (RAM).
2-Participantes
Os participantes da investigação empírica são os Adultos do Ensino Básico (sem
escolaridade básica obrigatória) que frequentam o Processo de Reconhecimento,
Validação, Certificação de Competências oferecido pelos Centros Novas
Oportunidades nas Escolas Y e Z (códigos), na Região Autónoma da Madeira (RAM).
Os sujeitos participantes frequentam o Processo de Reconhecimento Validação e
Certificação de Competências, através da legislação que regulamenta os Centros de
Novas Oportunidades (cf. Portaria n.º 370/2008, de 21 de Maio de 2008).
3- Instrumentos de recolha de informação
3.1-Entrevistas
Como foi referido anteriormente, pretende-se realizar entrevistas em
profundidade, aos Coordenadores, Técnicos, Docentes/formadores das respectivas
unidades curriculares - RVCC - dos Centros Novas Oportunidades, para se obter o
ponto de vista daqueles a quem cabe garantir a Certificação e a Validação de
Competências.
3.2. - Observação Directa
Faz-se a Observação Directa às Instalações dos Centros de Novas Oportunidades
e ao seu funcionamento e ainda aos Júris de Certificação dos Adultos/Utentes, a fim de
6 Dado que neste momento ainda não nos foi cedido o número total de Adultos/Utentes que
frequentaram e estão em frequência nos Centros das Novas Oportunidades (2004-2009, não podemos
determinar o número de participantes para qualquer modalidade de investigação empírica de acordo com
as nossas opções que referimos no presente Projecto.
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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
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compreender a realidade do terreno de investigação e confirmar as Questões de
Investigação.
3.3. - Portefólios Reflexivos de Aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação).
Histórias de Vida serão obtidas através de entrevistas etnobiográficas. Pretende-se
utilizar as entrevistas em profundidade, como já foi referido, para conhecer as
trajectórias dos Adultos /Utentes que frequentaram ou frequentam os Centros Novas
Oportunidades.
Mais remetemos a Vossa Ex.ª, em anexo, fotocópias comprovativas referentes
ao Projeto de Investigação: a Fotocópia referente à Licença de Equiparação a Bolseiro,
concedida pela Secretaria Regional de Educação e Cultura da Região Autónoma da
Madeira; a Declaração da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade
Nova de Lisboa. Finalmente remetemos, em anexo, um pedido de solicitação de recolha
de dados referentes aos Adultos/Utentes, e um outro pedido de autorização para
posteriormente os Adultos/Utentes tomarem conhecimento e darem respectivamente
autorização para consultar os Portefólios Reflexivos de Aprendizagens.
Atenciosamente e renovando o nosso agradecimento pela sua disponibilidade e
colaboração neste Estudo, apresentamos os melhores cumprimentos.
Atentamente,
Pede deferimento.
Funchal, 12 de Novembro de 2009
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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
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APÊNDICE F:
Requerimento de consentimento para a
realização do Estudo Empírico –
Participantes no processo de
Reconhecimento, Certificação, Validação
de Competências dos Centros Novas
Oportunidades – Região Autónoma da
Madeira.
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Exma. (o) Sra. (Sr.) Utente do
Processo RVCC do Centro Novas
Oportunidades (C1, C2, C3, C4, C5, C6)
Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira, natural da Freguesia da Fajã da Ovelha –
Calheta- Madeira, portador(a) do BI n.º 6669241, emitido pelo Arquivo de Identificação
de Lisboa, 09/02/2000, residente na Rua do Massapêz n.º 24 – Fajã da Ovelha –
Calheta, com o(s) telefone(s) 962810878 ou 912550115/ professor(a) do 1º Ciclo do
Ensino Básico, da E.B.1º, 2,º 3º Ciclos/ PE Prof. Manuel Francisco Santana Barreto –
Fajã da Ovelha – Calheta, a frequentar o curso Doutoramento em Ciências da
Educação, na Especialidade Educação e Desenvolvimento, promovido pelo(a)
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, vem, por
este meio, solicitar a V.ª Ex.ª se digne autorizar para a Investigação Empírica, consultar
o Portefólio Reflexivo de Aprendizagens (prescrito na respectiva Legislação) de
acordo com o Processo de Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências
no Centro Novas Oportunidades. Esta Investigação Científica, insere-se no âmbito do
estudo intitulado: “Educação e Formação de Adultos: Reconhecimento, Validação,
Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na Região
Autónoma da Madeira” , cujo objectivo deste estudo é contribuir para a compreensão de
uma nova realidade no domínio do Sistema Educativo: o reconhecimento e a validação
das aprendizagens que os adultos realizam ao longo das suas trajectórias de vida, em
contextos informais e formais de educação e formação.
Atenciosamente e renovando o nosso agradecimento pela sua disponibilidade e
colaboração neste Estudo, apresentamos os melhores cumprimentos.
Pede deferimento. Funchal, 12 de Novembro de 2009
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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a
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APÊNDICE G:
Guião para a realização das Entrevistas
(exploratórias) no Estudo Empírico –
Participantes no processo de
Reconhecimento, Certificação, Validação
de Competências dos Centros Novas
Oportunidades – Região Autónoma da
Madeira.
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GUIÃO DE ENTREVISTA (Exploratória)
Exmo. Senhor Secretário Regional da Educação e Cultura da RAM.
I -Tema: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,
Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na
Região Autónoma da Madeira.
II - Objectivos Gerais:
1.Conhecer o Posicionamento em relação:
1.1 – Educação e Formação de Adultos e o Sistema Educativo ao nível do
Ensino Básico na RAM;
1.2 - Visão relativamente ao Processo de Reconhecimento Validação
Certificação de Competências (RVCC) na RAM;
1.3 – Visão em relação à organização dos Centros Novas Oportunidades
(CNO). Entende-se por organização (Morfologia territorial, instalações, recursos
materiais, corpo docente e função). Por outras palavras, entenda-se por organização os
aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos
(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-
Utentes).
1.3.1 – Perspectivas de abertura de Novos Centros de Novas Oportunidades na
RAM. (Os Centros existentes são suficientes para dar resposta à população da RAM.)
1.4 - Conhecer que necessidades de Formação dos Docentes são sentidas para
exercerem funções ao nível da Educação – Formação de Adultos na RAM;
1.5 - Processos de colocação dos Docentes nos CNO e visão em relação à
mobilidade dos docentes na RAM;
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1.6 - Projectos na RAM. para a Formação de Formadores ao nível da Educação -
Formação de Adultos;
1.7 - Relativamente às Políticas Públicas Educativas da Região e a nível
Nacional, que divergências-convergências são sentidas ao nível das Novas
Oportunidades?
2 - Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e
disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o qual não
tivéssemos abordado e que considere importante para esta Investigação Científica?
Blocos Objectivos
Específicos Formulário de perguntas Observações
(A)
Legitimação
da entrevista
e motivação.
A entrevista no
contexto do
interesse do estudo
a realizar:
Explicar
sucintamente o
projecto de
investigação e os
resultados
esperados;
A estrutura da
entrevista
(apresentação dos
objectivos o seu
sentido);
Gravação e
anonimato,
Informar, nas suas linhas
gerais, do estudo: O
Problema da Investigação
centra-se na problemática
seguinte: Como é que os
vários atores sociais, com
particular incidência os
Adultos/Utentes
compreendem/percepcionam,
se apropriam do Processo de
Reconhecimento Validação
Certificação de
Competências (RVCC) na
Região Autónoma da
Madeira.
Explicar o tema da
Haverá que
responder de
modo claro e
preciso, a todas
as perguntas do
entrevistado sem
desvio dos
objectivos
específicos do
bloco;
Explicar a razão
da escolha do
Entrevistado;
Criar um clima de
empatia e
confiança;
Garantir a
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devolução da
entrevista e acesso
ao produto final.
Legitimar a
entrevista;
Motivar o
entrevistado;
Assegurar a
confidencialidade.
entrevista, a perspectiva de
duração e o período espaço -
temporal a focar;
O contributo é muito
importante para o êxito do
estudo.
Caracterização Pessoal
Nome,
Idade,
Nacionalidade,
Estado Civil,
Caracterização Profissional
Formação Inicial,
Anos de actividade
Profissional,
Percurso Profissional,
confidencialidade
, o anonimato dos
dados.
Renovando o meu agradecimento pela sua disponibilidade e colaboração neste
Estudo, apresento os meus cumprimentos.
Atentamente.
A investigadora,
Manuela Pereira
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APÊNDICE H:
Guião para a realização das Entrevistas aos
Coordenadores – Participantes/Informantes
no processo de Reconhecimento,
Certificação, Validação de Competências
dos Centros Novas Oportunidades – Região
Autónoma da Madeira.
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GUIÃO DE ENTREVISTA AOS COORDENADORES
Centro Novas Oportunidades
Processo de Reconhecimento Validação Certificação de Competências
Região Autónoma da Madeira
Entrevista nº_____________________________________________________
Data:_________________________________________________________
Local________________________________________________________
Duração da Entrevista__________________________________ (Das___às___)
BLOCO (A)
Legitimação da Entrevista e Motivação do Estudo Científico.
1. Identificação:
1.1. Nome
1.2. Idade
1.3. Nacionalidade
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1.4. Estado Civil
2. Habilitações Académicas:
2.1. Licenciatura
2.2. Mestrado/Doutoramento
2.3. Outras Formações
3. Experiência Profissional
3.1. Ao longo da Carreira
(anos no geral que exerce a sua actividade profissional)
3.2. Percurso Profissional no CNO
(anos específicos que exerce a sua actividade profissional de
Coordenador(a) no CNO)
3.3. Cargos Desempenhados ao longo da Carreira
3.4. Processo de colocação no desempenho do Cargo de
Coordenador
(convite, concurso, outros)
4. Opções de Carreira
4.1. As decisões da actividade profissional foram influenciadas
pelos processos de Formação Inicial ou desenvolveram - se no interior
profissional e como?
4.2. De que modo a vida familiar e social contribui para a
formação profissional?
BLOCO (B)
Visão do Coordenador(a) sobre o Processo de Reconhecimento Validação
Certificação de Competências (RVCC).
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1. O porquê da opção pelo exercício das funções profissionais na
área do Processo de RVCC.
2. Como se actualiza e enriquece a actividade profissional no
desempenho de funções ao nível das Novas Oportunidades.
3. Momentos mais significativos profissionalmente.
4. Relato da experiência enquanto Coordenador(a) do Processo de
RVCC.
5. Descrição do Processo de RVCC.
6. Relativamente ao Referencial de Competências Chave de
Educação e Formação de Adultos (Matemática para a Vida, Linguagem e
Comunicação, Cidadania e Empregabilidade e Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC)), saber quais são as maiores dificuldades sentidas pelos
Adultos.
6.1. Áreas preferidas pelos Adultos e áreas que referem
maiores dificuldades.
7. Saber como se estruturam os recursos pedagógicos e didácticos.
8. Saber qual é o ponto de vista relativamente ao Portefólio
Reflexivo de aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação) como
instrumento de avaliação. (Há dominantes nas Histórias de Vida dos Adultos
que são decisivas para o processo de RVCC?)
9. Relativamente às Histórias de Vida, saber qual é o sistema de
provas que os Adultos enfrentam.
10. Saber como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final.
11. Saber quais são os aspectos valorizados nas avaliações dos
Adultos?
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BLOCO (C)
Visão do Funcionamento de cada Centro Novas Oportunidades
1. Constituição da Equipa do Processo de RVCC, e a função de cada
elemento da Equipa; Funcionamento do Plano Estratégico de Intervenção (PEI)
se está integrado no quadro das várias Actividades da Instituição. (ou Projecto
Educativo da Escola).
2. Saber se faz a dupla Certificação no CNO (Profissional e
Escolar).
3. O Processo faz-se por passagem nos vários Ciclos, ou é linear ao
3º Ciclo (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo).
BLOCO (D)
Identificação /organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO)
1. Pedir uma descrição da morfologia do Centro Novas
Oportunidades.
2. Saber qual é o balanço global que se faz relativamente ao
funcionamento de cada Centro Novas Oportunidade. Solicitar os dados
Estatísticos referentes à população que frequentou e está em frequência em cada
Centro Novas Oportunidades.
BLOCO (E)
Posicionamento do Coordenador(a) face ao Perfil dos Adultos que
procuram o Processo de RVCC
1. Como é caracterizado o perfil dos grupos de Adultos que
procuram o Programa Novas Oportunidades (quer ao nível etário, número de
utentes, média de idades, percursos escolares, assiduidade nas Sessões
programadas, dificuldades referenciadas no trajecto de passagem pelos diversos
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módulos do processo de RVCC, atitudes, comportamentos como se evidenciam,
participação dos familiares no processo de RVCC, outras situações
relevantes…)
2. Normalmente qual é a origem social dos Adultos e a Classe Social
predominante.
BLOCO (F)
Posicionamento do Coordenador(a) face às expectativas e motivações dos
Adultos que procuram o Processo de RVCC.
1. Saber quais são as expectativas dos Adultos quando procuram os
Centros Novas Oportunidades.
2. Saber quais são as motivações dos Adultos relativamente ao
processo de RVCC. No geral, saber qual é a atitude dos Adultos perante as
diversas actividades propostas no Processo de RVCC.
BLOCO (G)
Condições de sucesso e insucesso – Constrangimentos no Processo de RVCC
1. Saber as práticas pedagógicas de acompanhamento dos Adultos
que apresentam maiores dificuldades, quer de aprendizagem, quer económicas.
2. Saber como se manifesta o interesse dos Adultos face aos
incentivos ou apoios que lhes são facultados.
BLOCO (H)
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Notas: Para finalizar o guião das Entrevistas, teremos em consideração as
seguintes questões:
1- Se tivesse que sugerir algumas mudanças no Programa Novas
Oportunidades, que sugestões apresentaria como pertinentes no momento actual?
2- Gostaríamos, para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e
disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o qual
não tivéssemos perguntado e que considere importante?
BEM-HAJA PELA COLABORAÇÃO
Manuela Pereira
Transição dos Adultos Qualificados pelos Processo RVCC para o Mercado
de Trabalho
1. Caracterizar o ponto de vista sobre o valor Social do Diploma
atribuído através do processo de RVCC face às motivações dos Adultos.
2. Saber qual é o posicionamento entre um Diploma obtido através
do processo de RVCC e o obtido através do percurso normal académico.
3. Constatar geralmente quais são as perspectivas futuras dos
Adultos após a Certificação através do processo de RVCC.
4. Saber quais são as representações em relação ao sucesso dos
Adultos e integração no Mercado de Trabalho.
5. Os dados Estatísticos referentes à população que frequentou e está
em frequência no seu Centro Novas Oportunidades correspondem às suas
expectativas e a procura no Mercado de Trabalho.
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APÊNDICE I:
Entrevistas às Coordenadoras/
Coordenadores dos Centros Novas
Oportunidades da Região Autónoma da
Madeira
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Centro Novas Oportunidades – Reconhecimento Validação Certificação de
Competências Região Autónoma da Madeira
I -Tema: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,
Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na
Região Autónoma da Madeira.
II - Objectivos Gerais:
1º- Conhecer o Posicionamento dos Coordenadores dos Centros Novas Oportunidades
na Região Autónoma da Madeira, relativamente ao processo de Reconhecimento
Validação Certificação de Competências (RVCC).
2º- Identificar a organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO).
Entende-se por organização a morfologia territorial, as instalações, os recursos
materiais, o corpo docente e função. Por outras palavras, entenda-se por organização os
aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos
(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-
Utentes).
3º- Conhecer que sentidos dão os vários atores ao Processo de RVCC. (Utentes,
Profissionais do RVCC, Sociedade)
Data da Entrevista - 03 de Fevereiro de 2010
Local da Entrevista - Gabinete – CNO 1
Nome do Entrevistado - C1
Duração: 1h:04:33 (das 10 horas às 11horas e 04:33)
Zona (Urbana)
GUIÃO DA ENTREVISTA
1.Qual é a sua identificação? (caracterização da Amostra)
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C1
1. Qual é o Centro das Novas Oportunidades?
CNO 1
2. Qual é a sua idade?
42 anos.
3. Qual é a sua Nacionalidade?
Portuguesa.
4. Qual é o seu Estado Civil?
Casado.
5. Qual é a sua Formação Inicial/habilitações
académicas?
Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, na variante de Estudos
Portugueses/Franceses, e o Mestrado em Literatura Portuguesa.
6. Há quantos anos exerce a sua actividade profissional?
Em geral, há 22 anos.
7. Qual o seu percurso profissional?
Desde 1987 até Dezembro de 1993, fui docente do Ensino Secundário, na altura
era o Ensino Básico e Secundário, agora 3º ciclo do Ensino Básico e Secundário.
De Janeiro de 1994 até Agosto de 2007, fui Docente na Universidade da Madeira,
no Departamento de Estudos Humanísticos. Entretanto tive o convite para vir
coordenar este centro, aceitei e estou como coordenador desde Setembro de 2007.
8. Quais foram os Cargos Desempenhados?
Exerci os cargos normais dentro da profissão na Escola Básica e Secundária,
tais como o cargo de Director de turma e de Delegado de Grupo. Na Universidade o
de assistente de diversos professores; coordenador de estágios de português na
Universidade da Madeira, durante, creio eu, três ou quatro anos lectivos; fui vogal
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do Conselho Directivo do Departamento durante dois anos. Membro da Assembleia
da Universidade (pronto…acho que já chega) e actualmente Coordenador deste
Centro.
9. As suas decisões da actividade profissional foram
influenciadas pelos processos de Formação Inicial ou desenvolveram
- se no interior profissional. Como?
A formação inicial teve força preponderante nomeadamente na escolha do grupo
de leccionação, como é óbvio, depois quando concorri para a Universidade da Madeira
para assistente, essa formação inicial já foi moldada pelo Mestrado que estava a
decorrer na altura.
Depois dentro da Universidade da Madeira enquanto Assistente Estagiário, as
funções e as disciplinas que me foram atribuídas já se distanciaram um bocadinho da
formação inicial, já decorreram da necessidade do serviço e exigiram investigação anual
para leccionar as determinas disciplinas. Tudo decorreu da exigência profissional.
O cargo que agora tenho, já nada tem a ver com a formação inicial, já decorre da
experiência dos anos e também da investigação que naturalmente tive que fazer para me
adaptar a esta nova realidade de trabalho, são práticas e metodologias pedagógicas
específicas para os adultos.
10. De que modo a sua vida familiar e social contribui para
a sua formação profissional?
É evidente que há referências, eu diria mais, que vêm desde a vida académica e
os contributos da vida familiar….
Há modelos de liderança, por parte da docência, relativamente ao meu papel de
professor, depois ao longo da minha vida pessoal e profissional, assim como da minha
vida familiar e das relações que se geram, é evidente que há modelos de referência, em
termos de gestão, liderança, chefias que não fizeram parte da minha formação inicial,
mas que servem sempre de referência, nomeadamente na vida profissional, e digamos
que serviram de novos “aportes”, de informação para podermos balizar e formar o
quadro de referências, neste caso para desempenhar o papel de dirigente.
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11. Em relação ao exercício das suas funções enquanto Coordenador(a)
há quanto tempo as exerce estas? Sempre neste mesmo Centro?
Portanto há 2 anos e meio que exerço funções de coordenador e, claro, sempre neste
Centro.
12.Porque fez a opção pelo exercício das suas funções profissionais na área do
Programa Novas Oportunidades?
Foi um desafio que me foi lançado e que aceitei por dois motivos: em primeiro
lugar, porque na altura estava em condições para aceitar novos desafios profissionais, e
em segundo lugar, porque a nível profissional era um projecto com novos desafios e
sabendo que este é um projecto válido, que acredito, queria dar o meu contributo e lutar
pela sua validade. Acredito que este projecto quando bem gerido, proporciona aos
adultos uma mais-valia, e acima de tudo ajuda os adultos a verem reconhecidas as suas
competências, quer em situações de formação, quer em situações de validação de
competências.
13.Como se actualiza e enriquece a sua actividade profissional no desempenho
de funções ao nível das Novas Oportunidades?
Toda a Iniciativa Novas Oportunidades é muito moldada pela Agência Nacional
para a Qualificação. Todos os anos frequentamos diversas vezes formações, quer na
sequência da nova Legislação publicada, quer de actualização simplesmente.
Confrontámos os vários pontos dos diversos grupos dos centros e, para além disso, há
também um encontro anual dos Centros Novas Oportunidades, o qual nos permite
sempre ganhos, quer em termos de contactos pessoais, quer nas participações dos
diversos painéis. Temos a possibilidade de confrontar a atividade com aquilo que se faz
nos outros Centros e aprofundar as competências nesta área. Depois também fomos
envolvidos no início do ano passado no processo de auto-avaliação dos Centros Novas
Oportunidades, sendo o nosso mais antigo dos seis que existem na Região Autónoma da
Madeira. Tivemos reuniões em Lisboa, nessa altura o nosso grupo de trabalho estava
integrado com outros grupos dos centros de Lisboa, e esses momentos desenvolveram-
se com a necessidade de estudar, investigar e evoluirmos profissionalmente. Para além
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disso, há que irmos resolvendo, no nosso a dia-a-dia os problemas que vão surgindo, e
temos necessidade de interagir com a agência nacional para a qualificação, através dos
centros de apoio.
14.Que meses são mais significativos profissionalmente e são determinantes
na sua actividade de Coordenador?
Relativamente ao ciclo anual dos Centros, pessoalmente é evidente que os três
primeiros meses foram muito exigentes em termos de estudo, em termos de horas de
trabalho, em horas de percepção do que se passava e de esforço mais determinante
talvez no período de Setembro de 2007. No ciclo anual, o mês de Janeiro é sempre
muito importante para fazer a auto-avaliação do centro relativamente ao ano anterior,
depois temos dois momentos importantes: o final do primeiro semestre, no qual se vai
verificar se as metas traçadas estão, ou não de acordo, com os objectivos propostos. Ou
melhor, se os resultados, estão ou não, de acordo com as metas que traçámos. Os
últimos meses, sobretudo Novembro e Dezembro, são de muitíssimo trabalho no Centro
Novas Oportunidades, porque é quando muito do trabalho previsto para o ano vai
resultar em júris de certificação. Há sempre um grupo de adultos que aponta os seus
trabalhos para esta altura, para organizar a sua vida pessoal, quer para terminar o ano
com aquele projecto acabado, portanto Novembro e Dezembro são meses como já referi
de muito trabalho, mas simultaneamente de muita satisfação profissional, porque vemos
o resultado concreto do nosso trabalho confirmado pelo Centro Novas Oportunidades
com a respectiva certificação dos Adultos.
15.Como define o Processo de RVCC e o funcionamento do Centro (Equipa do
Centro)?
Temos duas grandes linhas, digamos relativas ao processo de RVCC: do ponto de
vista académico e do ponto de vista profissional. Do meu ponto de vista profissional, é
um processo muito exigente, quer para quem coordena e quem dirige, mas é tudo um
processo diferente, substancialmente em metodologias e teoricamente diferente do que
se passa do Ensino dito Regular (não é?). Imaginemos uma boneca russa, uma
“matrioska”, enquanto que no Ensino Regular nós vamos acrescentando supostamente
camadas de conhecimentos aos jovens que nos chegam às nossas mãos enquanto
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professores, aqui nós vamos tirando essas “camadas de poeiras” para poderem chegar ao
conhecimento que está dentro de cada adulto, para que no fim do processo, no momento
da certificação final, o júri faça a respectiva certificação e validação de competências.
Assim, é como reconstruirmos aquela boneca russa nas competências dos adultos que
ficaram certificados. Do ponto vista profissional, exige aos formadores, que são
professores, uma adaptação que nunca demora menos do que um ou dois meses.
Portanto, o professor ,que é aqui colocado no Centro Novas Oportunidades não está de
imediato apto a leccionar com um grupo de adultos, porque o processo é diferente, é
como se fosse preciso estagiar com os outros formadores que já aqui estão e que fazem
a transição, digamos da estrutura dorsal do centro, para posteriormente estarem aptos e
autónomos para avançarem. Depois, há mais duas ou três categorias na equipa, que são
fundamentais do ponto de vista profissional, muito importantes, que é o papel dos
técnicos de reconhecimento que têm como formação inicial psicologia, sociologia,
filosofia ou ciências da educação, estas são as áreas preferenciais. Estes técnicos antes
de dois meses e meio a três, ou seja, só a partir do primeiro trimestre começam a
autonomizar-se, porque há metodologias próprias que têm de investigar. Essas
metodologias estão publicadas pela agência nacional para a qualificação, é preciso
sempre estudá-las e vê-las aplicadas, é um esforço profissional muito grande da parte
deles. Depois temos ainda a categoria dos administrativos que regulam o trabalho
administrativo como qualquer outro, mas com especificidades muito concretas, quer na
constituição dos arquivos que estão regulamentados pela Agência Nacional para a
Qualificação, com determinadas categorias, falo por exemplo do arquivo
técnico/pedagógico que tem categorias específicas, aliás que foi alterado no ano passado
e que claro neste ano já terá de estar em conformidade. Para além disso há uma série de
procedimentos técnicos de acesso à base de dados e lançamento no programa, de uma
unificação de dados que são de extrema responsabilidade e portanto um administrativo a
funcionar num centro de novas oportunidades tem de dominar tudo isto. Por último, do
ponto de vista profissional, temos o papel do técnico de diagnóstico e encaminhamento,
que também pode ser um Psicólogo, um Licenciado em Ciências da Educação, ou um
Sociólogo, mas preferencialmente em Ciências da Educação ou Psicologia, porque tem
de basear todo o seu trabalho na metodologia de diagnóstico, no conhecimento das
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ofertas formativas da Região em que se inserem e o conhecimento tem de estar
actualizado à realidade, para além disso tem de dominar muito bem a técnica da
entrevista, a técnica da entrevista colectiva e de entrevista profissional. Portanto, do
ponto de vista profissional, este Processo exige muito mais do que lá fora se possa
pensar, digamos para quem trabalha num Centro Novas Oportunidades, um pequeno
parênteses para dizer que os professores aqui são colocados nos Centros, normalmente
ao fim de um ou dois anos, regressam às escolas oficias, provavelmente porque o
horário é mais leve, há maior independência metodológica, aqui é de facto um trabalho
muito em grupo, em equipa. Assim, as minhas metas dependem da dos formadores, a
dos formadores dependem dos técnicos e assim, sucessivamente. Portanto, se falha um
elemento da engrenagem não há metas para ninguém, isto no âmbito profissional. Do
ponto de vista social é outro processo fundamental, isto porque vem repor a justiça
social, digamos assim, relativamente aos adultos que tendo a sua vida profissional e
empenho competente, muitos deles no momento da avaliação nomeadamente nas
empresas, na função pública etc., sendo competentes naquilo que fazem, mas não
tinham reconhecidas as suas competências académicas, portanto vem repor essa justiça.
Do ponto de vista sócio-pessoal é um elemento fundamental para a auto-estima dos
adultos, é porque nós temos assistido a pessoas contentes com os seus papéis de
liderança que desempenham em instituições públicas, mas o grande constrangimento é
que não podem evoluir na carreira, não podem ter a sua posição profissional de vida
porque não tem habilitação (não é verdade?).Para além disto como muitos adultos
referem, é sempre bom poder preencher os diversos papéis ou documentos dos filhos na
escola e que têm o 9º ano, pelo menos ou o 12º ano (não é?). Há o reverso da medalha,
quando este Processo é mal aplicado, quando a própria comunidade institucional como
se inicialmente se referiu, indicia processos de facilitismo há a ideia de que este
Processo é profundamente injusto, a ideia de que não é justo ver um adulto em seis
meses conseguir o 9º ano, quando os jovens têm de cumprir nove anos de escolaridade,
isto é preocupante, isto é falso porque se o Processo for bem feito, o que o adulto vem
fazer durante os seis meses ou outro tempo, não vem fazer o 9º ano em seis meses, o
que o adulto tem é nesse período de seis meses demonstrar o que aprendeu durante os
seus 30, 40 ou 50 anos de vida, isto é preciso dizer, é isto que é feito e que seja bem
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feito. Assim, os financiamentos podem sofrer de alguma forma e sendo assim o
Processo como se pode facilmente perceber pode ficar envasado porque fazemos
certificações e corremos o risco de não cumprirmos as metas. Para cumprirmos as metas
às vezes é preciso certificar à pressa, ainda assim há uma figura que nos vem dar
alguma segurança aos Centros e alguma credibilidade ao processo de RVCC, estou a
falar dos Avaliadores Externos. Os Avaliadores Externos são pessoas que não estão
relacionadas directamente com os Centros que concorreram à Agência Nacional para a
Qualificação, que aliás foram recentemente empossadas, digamos assim, nessas funções
no dia 30 de Novembro de 2009 na qualidade de Avaliadores Externos da Região
Autónoma da Madeira. Estas pessoas têm experiência na área da formação,
conhecimentos na área da formação e do mapa das profissões na Região. Os
Avaliadores Externos dão o seu acordo, digamos final para a certificação dos adultos,
mas se encontrarem alguma areia na engrenagem podem perfeitamente não validar nem
certificar o adulto, é importante ressalvar esta mais-valia.
Os Avaliadores Externos são autorizados a nível nacional e depois distribuídos
por núcleos, zonas, claro que qualquer avaliador do norte pode ir ao Alentejo ou ao
Algarve, mas não é viável do ponto de vista económica estar a fazer a transferência de
um adulto ou avaliador da Madeira fazer uma certificação em Lisboa, embora ao
contrário já tenha acontecido no processo inicial em relação aos Avaliadores Externos.
Estes vieram do continente para fazerem cá o processo de RVCC. Actualmente, temos
cá na Madeira para os seis Centros uma bolsa renovada no total de (… ) agora não
consigo garantir assim, mas são uns sete ou oito, mas atenção, destes, dois são pessoas
já aposentadas nas funções da função pública, pelo que se podem exercer na avaliação
externa dos Centros Privados. Nos Centros Públicos estão impedidos de o fazer por via
da Legislação Nacional, portanto na prática dos Centros Públicos como é o nosso, só
dispomos, de momento, de seis Avaliadores Externos. O nosso Centro é Público, rege-
se pelas Leis da Função Pública, temos é do ponto de vista contratual pessoas do centro
com contrato equivalente ao da função pública, nós temos os professores que são
requisitados ou que são destacados para cá, e temos outros formadores e técnicos com o
regime de contrato privado, digamos assim. Relativamente aos professores,
normalmente chegam cá professores jovens, no inicio da carreira ou porque pretendem
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por motivos pessoais deslocar-se para o centro e estão disponíveis, mas de ressalvar que
não vêm com qualquer tipo de formação prévia especializada na área dos adultos
sobretudo pela formação por observação, mas sendo possível recorrem a acções de
formação e não tendo outra alternativa propomos aos professores uma espécie de
estágio junto dos profissionais que trabalham há algum tempo, basicamente é assim que
tem acontecido. Também já nos tem acontecido dentro do corpo docente da escola
convidarmos alguns professores, dadas as suas boas referências, neste sentido de que
apresentam um perfil para trabalhar connosco, são colegas do próprio quadro da escola.
16. O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias
Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)
O PEI é traçado sempre de acordo com a Instituição, aliás é lançado on-line no
âmbito do SIGO (Sistema Integrado de Gestão da Oferta Educativa), depois o que
fazemos é seguir as regras que lá estão. No primeiro trimestre de cada ano, o PEI é
integrado no plano de actividades da escola. No nosso caso, o plano estratégico de
intervenção actual foi aprovado para o biénio - 2010/2011.
17.Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)
Nós, neste momento temos desde 2004 apenas a certificação escolar. Durante o
ano passado, 2009, aliás, perdão, em finais de 2008, vimos aprovada a nossa
candidatura à certificação profissional, só podemos avançar com ela no último trimestre
de 2009, mas já temos de facto em funcionamento a formação proporcional nas áreas de
cozinha, restaurante e bar. Vamos fazer os primeiros certificados até à Páscoa.
18.Como se faz o Processo por Ciclos, isto é, por fases nos vários Ciclos ou
linear ao 3º Ciclo (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)
O que a Legislação prevê é que o diagnóstico sendo bem feito encaminha o adulto
logo para o patamar em que ele já demonstra ter competências, ou seja, teoricamente é
possível um adulto que chegue cá com a 4ª classe, fazer o reconhecimento de
competências de nível Secundário. A experiência porém, diz-nos que isso é muito difícil
ter o 4º ano e passar através do processo de RVCC passar para o 9º ano é mais
frequente, porque as pessoas têm boas competências a nível profissional, que lhes
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permite perfeitamente reagir e responder de forma assertiva (não é?). Do nível Básico
para o Secundário é mais complexo, já tem acontecido, mas é mais complexo porquê?
Porque as pessoas não estão habituadas a reflectir e o Processo exige muita reflexão
pessoal, muito investimento pessoal, muita investigação, muita autonomia quer no
domínio dos quadros de referência que exige muita reflexão pessoal, isto gera algumas
dificuldades, no entanto já tem acontecido, até já tivemos um outro caso. O que
acontece, só para concluir esta parte, é que durante o Processo muitas vezes de
reconhecimento de competência de nível B3 - 9º ano, algumas pessoas acabam por se
revelar e muitas delas dizem que desconheciam as suas competências (eu até não sabia
que sabia fazer isto, normalmente é o que dizem), então é aí que certificamos o nível
B3. Normalmente, com a proposta de fazerem Formação Complementar, curiosamente
acabam por voltar ao Centro e se inscrever novamente de acordo com a melhor solução
proposta para o nível Secundário. Algumas, e só algumas, conseguem fazer o
reconhecimento de competências de Secundário depois de ter feito o nível B3, mas
sempre com muito investimento pessoal e formação científica. Outras, e aí temos alguns
problemas, inscrevem-se porque são livres de se inscreverem mas são normalmente
encaminhadas para a educação formação de adultos, ou outra solução. As pessoas
demonstram-se desagradadas porque pensam que o processo é imediato, já que fizeram
o nível B3 podem fazer de imediato o Secundário, mas nem todas conseguem, a verdade
é essa. Ainda esta semana tivémos uma pessoa que desistiu, como sabe a Legislação
prevê que a decisão seja sempre tomada pelo grupo do Centro. Nós aqui neste Centro,
quando o adulto insiste em fazer o reconhecimento de conhecimentos e não é essa a
opinião da Equipa Técnica, então levamos o adulto a assinar uma declaração de
compromisso, assim um adulto sabe que quando entrar no processo naquelas
circunstâncias poderá vir a ter dificuldades e poderá apenas ter certificação parcial. O
adulto assina essa declaração e assume esse compromisso, e claro que nós trabalhamos
com ele. Ainda esta semana, nós tivemos uma pessoa que, neste caso, tenha sido
encaminhada para um processo de RVCC de nível Básico, contra a opinião do técnico
de diagnóstico, que teve a dignidade de reconhecer que o adulto não estava preparado, e
o adulto desta forma, decidiu fazer a sua desistência.
19.Qual é a ligação entre a Teoria (Legislação) e a Prática de Certificação?
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A ANQ, para além da formação que nos vem dando, tem uma espécie de
biblioteca, que já vem aliás da antiga Direcção Geral de Formação Profissional, que
vai não só especificando a teoria, a aplicação dos conceitos como descrevendo a
metodologia, e operacionalizando a aplicação dos Referenciais de Competências.
Esses manuais estão disponíveis on-line no site da ANQ, bem como outra
documentação. Temos o estudo feito, de facto para os referenciais, são os grandes
pilares, sobretudo o do nível Secundário, digamos que é uma Tese, não sei se de
facto não foi um trabalho de Doutoramento. É um estudo muito completo do ponto
de vista de uma descrição exaustiva, há portanto uma massa crítica académica que
está por detrás deste processo, e tem pessoas como o professor Doutor Luís
Capucho, Presidente da ANQ, a professora Maria do Carmo Gomes, que é a Vice-
presidente, enfim, são cérebros, pois dizia eu, temos obra publicada, quer para os
referenciais, quer para as metodologias, quer para a aplicação na área das
competências profissionais, há de facto muitas investigações e publicações feitas.
20.Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a
conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a Equipa
Externa de Avaliação?
A nível Regional os seis centros têm uma coordenação que está junto do
gabinete do Senhor Secretário e essa coordenação regional neste momento é
liderada, pela Senhora Dra. Ângela Borges, que já foi Directora Regional da
Educação, e que nos convoca algumas vezes por ano para reuniões para aferirmos
situações…enfim, quer relativamente a alterações legislativas, quer à formação
contínua…do ponto de vista de interacção entre os diversos centros, nós,
coordenadores, e formadores, falamos com alguma frequência, sobretudo com os
centros mais novos, contactam muito os centros mais antigos, não só o nosso
naturalmente para um processo de cooperação, inclusivamente o centro de S.
Vicente, da Escola Básica e Secundária D. Lucinda de Andrade, que já fomentou
uma espécie de workshop connosco e foi muito proveitoso.
21.Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos
relativamente ao processo de RVCC?
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No caso do nosso Centro, nós temos protocolo directo com a empresa Horários
do Funchal, Casa do Povo da Calheta, com a PT, os CTT, já fizémos e já está
concluído, falta só a entrega formal com os Bombeiros Voluntários da Ribeira
Brava, com a empresa MGL, que é uma empresa de comércio e reparação de
automóveis são os representantes da Toyota e da Volvo (deixe-me pensar assim de
cor)… empresa Previsão com o Laboratório Regional Veterinário, o antigo, que
depois se alargou à Direcção Regional Veterinária e ainda com o Sindicato dos
Trabalhadores da Função Pública, ainda com outra empresa de formação que é a
SERFORMA, porque algumas destas pessoas apresentam carência de qualificação
escolar e logo vemos que, quando é possível, fazermos certificação, e quando não é
possível, encaminhamos para a formação. Penso que referi todos os protocolos, mas
entretanto se faltou algum tenho na direcção à sua disposição (está bem…).AH!
Peço desculpa, no âmbito do protocolo de qualificação temos como Ministério da
Administração Interna aqui na Madeira. Temos também protocolo com a PSP, com
a Direcção Regional da Qualificação Regional, nós temos um trabalho muito bem
organizado e com muito investimento da nossa parte.
22.Como define os grupos que procuram o Programa Novas Oportunidades?
(quer ao nível etário, número de utentes, média de idades, percursos escolares,
assiduidade nas Sessões programadas, dificuldades referenciadas no trajecto de
passagem pelos diversos módulos e etapas do processo de RVCC, atitudes,
comportamentos como se evidenciam, participação dos familiares no processo
de RVCC, outras situações relevantes…?)
A média etária está na faixa dos 38 anos, estava em Dezembro de 2009. A Moda
está nos 34 anos, isto quer dizer, que temos público jovem e temos também público
já na casa dos 50, 60 anos…mas a grande maioria está na faixa dos 30, ou seja, é um
público que não tendo tido possibilidade de concluir a escolaridade no seu percurso
normal estão agora, num processo muito activo da sua vida (casa dos 30, 40 e
poucos anos) e precisam em muitos dos casos dessa qualificação académica.
Precisam por motivos profissionais, para progressão na carreira, às vezes em casos
mais dramáticos precisam por motivos profissionais garantir o emprego, porque há
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exigências cada vez mais regulamentadas em termos Europeus, Nacionais e claro
Regionais. Assim, determinadas funções só podem ser desempenhadas com
determinadas habilitações, independentemente da competência, mas há de facto a
contestação destas situações, outras decorrem de motivos empresariais, tivémos uma
procura muita forte por parte das agências imobiliárias, porque as carreiras
profissionais das agências, aproximadamente cerca de dois ou três anos, creio eu
foram reorganizadas em função de determinadas exigências de qualificação escolar
para as pessoas. Por exemplo, houve condutores para quem passou ser obrigatório o
12º ano, por isso há muita e muita procura por parte dos adultos. Depois temos um
outro nicho de procura, que são as próprias empresas que nos solicitam, não os
adultos das empresas que já lhe falei, mas porque estão sensíveis à necessidade de
qualificação escolar, muitas vezes, por motivos próprios, nas outras vezes por
necessidade de certificação, e qualificação, ou seja, precisam de ter certificação e
claro a certificação escolar dos coordenadores, precisam de estar ao nível destas
exigências, então as empresas tomam estas opções. Há aqui uma espécie de alavanca
para que os adultos façam a sua qualificação porque é uma componente importante
na vida social. Nós temos duas situações relativamente aos Protocolos, assim na
maior parte dos Protocolos, nós vamos aos locais como na empresa Horários do
Funchal, PT, MGL…Outros, porque não há uma centralidade de instalações, as
pessoas deslocam-se até cá ao centro. Ah! Esqueci-me de referir o protocolo com o
grupo Pestana que vieram cá ao Centro fazer o Processo.
23.Normalmente qual é a origem social dos Adultos? (Classe social
predominante?)
Se quisermos dividir para a certificação escolar, temos normalmente as classes
médias, as baixas não, porque estas não têm a cultura da qualificação. No entanto,
há frequentemente pessoas que fizeram o seu percurso profissional e estão próximas
da reforma ou que tem outros desafios pela frente e que não tiveram oportunidade de
fazer a formação escolar e procuram fazer a sua certificação. Este estudo nós não
fizemos, mas na prática sabemos que na formação profissional convivemos com as
pessoas ligadas à hotelaria tendo qualificações escolares baixas, algumas dezenas
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com a quarta classe, no entanto são óptimos profissionais, mas não tem habilitação
académica suficiente.
24.Quais são as suas motivações, expectativas dos Adultos relativamente aos
Centros Novas Oportunidades?
A maioria são pessoas muito motivadas, o Adulto quando toma a decisão, ele
assume, motiva-se e determina. O grande obstáculo é reconhecer que é preciso
voltar à escola - é uma barreira muito grande que as pessoas sentem, mas uma vez
tomada essa decisão, normalmente são pessoas muitíssimo motivadas. Temos claro
dois tipos de franjas desta população: temos aqueles que chegam cá porque
precisam e só vêm cá porque precisam por motivos profissionais e têm a postura
que já sabem tudo, a grande maioria dessas pessoas não conseguem fazer o
processo de RVCC, porque não admitem que é preciso investir…Já tivemos que
resolver alguns casos em que as pessoas diziam-nos simplesmente que já tinham
feito várias formações e agora só precisavam do Certificado, isto não é anedótico,
estas situações já nos têm acontecido, embora com maior frequência no início, mas
aconteceram!... Alguns adultos admitiram que o Processo não era bem assim,
tinham de facto algumas competências mas era preciso sujeitarem-se a um processo
de diagnóstico e algumas quando se aperceberam acabaram por desistir. Temos a
outra franja, é a do ponto inverso, as pessoas chegam cá com algumas dificuldades
mas com muita esperança, das duas, uma: ou têm competências escondidas que elas
próprias não sabem e avançam, e há surpresas fantásticas, já nos surgiram, e há
outros Adultos facto não conseguem, ou melhor, não é que não tenham
competências, ou que não conseguem, as competências que transportam consigo
não equivalem às exigidas no Referencial de Competências do processo de RVCC.
Sendo assim, não podem ser encaminhadas para o processo de RVCC e depois
temos muitos problemas, problemas porque há pessoas que não aceitam bem esta
situação, outras pessoas que não conseguem por via do seu horário laboral,
conciliar este é um problema social acrescido com a conciliação das
responsabilidades familiares e claro, não conseguem voltar à escola frequentar um
curso de educação e formação de adultos. Assim temos de facto este público que
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precisa que se consiga uma solução…A solução negociada pela equipa apesar de
ainda haver muitos casos que os adultos ficam com a Certificação Parcial, será de
fazer cursos em formações Modelares, ou seja, concluírem só os módulos que lhes
fazem falta, esta seria uma solução para muitas pessoas. Ah! Gostaria de lhe contar
um caso curioso, de uma senhora que iniciou o processo de RVCC com 75 anos. A
senhora chegou cá, não tinha a 4ª classe, não tinha nenhum certificado e disse-nos
que tinha estudado apenas 3 anos na sua infância, o equivalente à antiga 3ª classe,
não tinha frequentado uma Instituição, tinha sido com umas pessoas que a
ensinaram, isto era muito frequente a umas décadas atrás. A senhora apresentou-se
de facto naquela situação em que manifestou muito gosto por ter pelo menos o 4º
ano. A senhora já estava reformada, claro que dizia que nessa situação não
precisava de ter qualificação académica, mas gostava pelo menos no mínimo a 4ª
classe. No momento do diagnóstico, na altura era outra metodologia revelou-se que
a senhora tinha muitas competências e mais que o 4º ano. Alguma dificuldade é
verdade, sobretudo quando era exigido competências na área da informática, aí teve
ai alguns constrangimentos, mas com a formação complementar chegou lá, e claro
sem dificuldades concluiu o 6º ano. No dia do Júri, a Avaliadora Externa
perguntou-lhe então qual era a sua opinião sobre o processo de RVCC e a senhora
respondeu: que tinha gostado tanto…tanto…A senhora de facto escrevia muito
bem, tinha uma veia poetiza popular, mas acrescentou ainda ao Júri, que tinha
ficado com um problema, a Equipa ficou apreensiva porque a senhora nunca tinha
revelado problemas, mas entretanto explicou, que o seu problema era ter ficado
viciada na internet. Nesse dia do Júri, estavam também presentes uma filha, uma
neta e uma bisneta. A filha confirmou que a senhora tinha um neto a trabalhar em
Londres, ou algures próximo de Londres e pelo skype e pelo MSN contactava
sempre o neto. Estas situações querem dizer o quê? Quer dizer que este processo de
Reconhecimento de Competências na verdade gera nos adultos a necessidade de
procurar novas competências, e é essa a alavanca impulsionadora de maior
qualificação, é uma necessidade por parte dos adultos que semanalmente
frequentam este Centro. Estas necessidades são muitas vezes suportadas pela
colaboração dos filhos, sobrinhos, irmãos mais novos, a outras pessoas conhecidas,
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sobretudo na área informática. Nota-se muito este efeito de alavanca, deste
Processo de procura do conhecimento, as pessoas vão procurar por elas próprias
novas fontes de informação, de treino para adquirir competências, no fundo o saber
aplicar na sua vida diária. Permita-me dizer que se um adulto certificado com o 9º
ano for fazer o exame académico chumba, mas se um aluno do 9º ano vier fazer
este Processo não consegue, porque são processos diferentes. A sociedade em geral
não percebe este mecanismo de funcionamento e precisamos de esclarecer cada
Sistema de Funcionamento.
25. O que costumam indicar para o acompanhamento dos Adultos que
apresentam maiores dificuldades, quer de aprendizagem, quer económicas?
Vamos por passos, do ponto de vista escolar, os adultos que ao longo do
processo demonstram competências nalgumas áreas podem ter até ao limite total de
50 horas de formação complementar dentro do Processo, não pagam por isso nem
podem pagar e têm formação em função das suas necessidades. Claro que estas
necessidades sendo individuais há formação complementar individual, também
muitas vezes organizam-se grupos de adultos, grupos de adultos com o mesmo tipo
de dificuldades sobretudo nas áreas de Linguagem e Comunicação, na área das
Tecnologias de Informação e na área da Matemática. Estas são as áreas em que se
sentem as maiores dificuldades e maiores necessidades evidenciadas pelos adultos.
Agora falando do ponto de vista financeiro, há um Despacho do Senhor Secretário
Regional, informando e deliberando que os adultos que estejam desempregados e
inscritos no Centro de Desemprego Regional não pagam a taxa de inscrição, que é
um valor de 20 euros. Esta taxa de inscrição só é paga no momento do processo
RVCC porque toda a primeira etapa nos Centros Novas Oportunidades é
absolutamente gratuita para o adulto. Todo o diagnóstico e encaminhamento são
absolutamente gratuitos para o adulto. O adulto só paga a taxa de inscrição como já
referi só se entrar no processo de RVCC, paga os 20 euros que é taxa de inscrição
conforme o estipulado pelo Senhor Secretário Regional e 5 euros de imposto de selo
e faz desta forma contrato connosco. A nível financeiro é tudo, é este o valor pago,
quer por 6 meses quer por 6 anos.
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26.Qual é a sua opinião entre um Diploma obtido através do Processo de
RVCC e o obtido através do percurso normal académico?
É evidente que o mercado de trabalho não valoriza da mesma forma, no entanto
a ANQ tomou uma decisão, creio que em 2008, está a fazer 2 anos, que todos os
certificados não vão indicar a fonte, portanto se não indicam a fonte não haverá
desvalorização de Diplomas, e esses problemas não se colocaram…. Também temos
assistido a outras situações, sobretudo em parte das empresas que possuem
Protocolo com o nosso Centro, que reconhecem a valorização do nosso Diploma, ou
melhor, reconhecem uma mais-valia do Certificado por via do processo de RVCC.
Tudo isto faz sentido, se pensarmos em termos de competências, é um adulto que
não se contenta só com o trabalho que fazia e portanto quis ir mais além,
começamos a sentir aliás como já vimos o Belmiro de Azevedo e outros que fizeram
investimentos próprios e se tiverem pessoas mais qualificadas, a fortificação das
empresas e das sub-empresas ficará mais fácil. Actualmente este reconhecimento
começa a ser perceptível, não há ainda no entanto, estudos concretos sobre esta nova
realidade. Está em curso o estudo de Roberto Carneiro, o seu estudo, e outros a nível
Nacional que naturalmente irão dar contributos significativos para esta revolução
silenciosa no Sistema Educativo.
27.Como estruturam os recursos pedagógicos e didácticos?
Os recursos pedagógicos são muito gerados, criados pelo próprio Centro, em
função do público que têm, mas há inclusivamente blogs, formação e outros meios
específicos que partilhamos instrumentos pedagógicos neste Processo e
exclusivamente actividades a realizar com os Adultos.
28.Como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final?
O júri é obrigatoriamente constituído pelo adulto, pelos Formadores que com ele
trabalharam, podendo estar ausente um, pelo Técnico que liderou o grupo e pelo
Avaliador Externo. Portanto, temos os Elementos da Equipa do centro que
trabalharam com o Adulto, os Formadores das quatro áreas, por exemplo se for do
nível básico B3, mas normalmente juntamos 2 áreas: Linguagem e Comunicação e
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Cidadania e Empregabilidade que também normalmente é o mesmo Formador, e
ainda o Formador de Matemática para a Vida e o Formador de Tecnologias e
Informação. Os Técnicos de Encaminhamento que normalmente conseguem
melhores resultados são os de Psicologia, Sociologia ou em Ciências da Educação.
As sessões de Júri, são sessões públicas, embora dadas as caraterísticas individuais
das histórias de vida, há sempre uma preocupação de proteger os Adultos como
estas sessões são públicas. As pessoas que normalmente assistem pedem licença aos
presentes para assistirem ao Júri…
29.Qual é o seu ponto de vista relativamente ao Portefólio Reflexivo de
aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação) como instrumento de
avaliação? (Há dominantes nas Histórias de Vida dos Adultos que são decisivas
para o processo de RVCC?
A história de vida nos Centros apresentadas pelos Adultos, não é a história de
vida íntima das pessoas, como é lógico, é a história de vida das pessoas desde que
elas adquiriram competências, exemplo concreto: Muitas das senhoras, alguns dos
senhores que foram pais, relatam o momento da maternidade, ora esse momento por
si só não chega, e não é uma mais-valia, só o momento do nascimento, parece duro
dizer isto, mas na verdade não é. O relato emocional não serve para comprovar
competências… Agora estou-me a lembrar de um caso específico, onde este
acontecimento foi feito em torno de uma reflexão. Assim, o nascimento de um filho
extrapolou a parte emocional dando origem a um estudo de uma análise comparativa
entre o sistema de apoio à maternidade em Portugal e a comparação com outros
países, nomeadamente a Inglaterra. O adulto passou por esta experiência relatou o
estudo que fez relacionados com os Sistemas de Saúde, os Sistemas de Saúde
comparativos entre os dois países e em relação à Europa. Completou com o relato a
experiência de vida da maternidade, esteve ainda associado a um bebé que nasceu
com problemas de saúde, claro que não digo quem é o adulto, isso é lógico, desta
forma temos de facto um manancial de competências impressionantes. Este adulto
foi uma pessoa que concluiu o seu nível Secundário com um portefólio
interessantíssimo e brilhante sobretudo na área da saúde, tecnologia e ciência. Para
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concluir a história de vida é importante nestes contextos e é indispensável que o
adulto se agarre nos momentos da sua vida em que de facto desenvolveu as suas
competências, quer ao nível pessoal, familiar, profissional, social, quer em
momentos formais, não formais ou até informais do seu dia-a-dia e ao longo da sua
vida.
30.Quais são as dificuldades que os Adultos são confrontados após a Certificação
e integração no Mercado de Trabalho?
Esse estudo está por fazer, já decorre o estudo do Professor Roberto Carneiro, cá na
Região Autónoma da Madeira, o Observatório Regional da Educação está a fazer em
parte este estudo, é liderado pela Doutora Maria João Freitas, creio que é um estudo
específico para a Madeira relacionado com o confronto com o mercado de trabalho e
as saídas profissionais. O que posso acrescentar é que a maioria dos nossos
certificados já estão ao activo, ou seja, são pessoas que já estão empregadas. Desta
forma, não se consegue medir a empregabilidade, porque já lá estão, o que posso dizer
é que é mais-valia nem sempre corresponde a uma progressão na carreira, de acordo
com as vozes dos adultos, mas isso creio eu deve-se muito ao período de crise que
estamos a atravessar e claro devido restrições económicas. Para os utentes
desempregados claro que ficam com outras armas para poderem concorrer. Temos
alguns dados, claro que não estão tratados, mas de pessoas que nos dizem que o
concurso que pretendiam agora já pôde concorrer com a nova qualificação académica.
Portanto se isto também acontece como lhe digo, e de facto não estando nada
sistematizado temos todo este conhecimento resultante daquilo que falamos,
ouvimos… é tudo muito empírico.
31.Os dados Estatísticos referentes à população que frequentou e está em
frequência no seu Centro das Novas Oportunidades correspondem às suas
expectativas?
Em termos de números de inscrição durante o ano de 2009, houve um
decréscimo muito grande no nosso Centro, não tenho cá presente os dados gerais
dos outros Centros porque não temos acesso. De facto notou-se uma diminuição nas
nossas metas, como já tínhamos previsto, uma vez que abriram mais Centros, é
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lógico, havia três Centros, agora estão em funcionamento seis, houve portanto um
derrame das inscrições, acontece porém que as listas de espera são ainda muito
elevadas, temos cerca de um milhar de pessoas que estão à espera de fazer
diagnóstico, portanto é uma pressão muito grande sobre a equipa. Temos no entanto
uma novidade, que é a certificação profissional, esta está em franco crescimento,
ainda não fizemos muita divulgação e já temos grupos a funcionar e mais pessoas à
espera. Esta certificação está a crescer, já temos o Instituto de Formação Profissional
por via da Legislação, que a ANQ fez publicar, está a transferir muitas das suas
competências para os Centros Novas Oportunidades. Nesta área temos que ter muito
cuidado na formação dos profissionais, pois é muito importante que haja uma
formação com muita solidez porque aproximam-se um ou dois anos pelo menos na
área da certificação profissional e claro que temos que estar preparados para estes
desafios.
32.Qual é o balanço que faz ao funcionamento do seu Centro Novas
Oportunidades? (Podia-nos falar sobre a sua experiência enquanto
Coordenador do processo de RVCC, e quais são os pontos fortes e fracos do
processo de RVCC)
Bom, contextualizando tudo isto, e tentando arrumar as ideias, a iniciativa Novas
Oportunidades, ou melhor o processo de RVCC, iniciou-se como se sabe em
Portugal como consequência da estratégia de Lisboa, no Tratado de Lisboa em
2001, portanto com compromissos Europeus. Em 2002, o Sistema Nacional de
Reconhecimento de Competências até 2004/2005 começou-se a notar uma
avalanche, que depois foi tão grande o número de inscrições que se sentia a
necessidade de estruturar o Processo e dos Centros fazerem o reconhecimento de
competências. Atenção que não foi uma iniciativa exclusiva de 2005, já vinha de
2001/2002, tudo termina com o primeiro grande fio desta oportunidade, dos adultos
reporem a sua certificação escolar e que termina na sua primeira fase no final deste
ano, até Novembro de 2010, termina assim a primeira fase desta iniciativa: Novas
Oportunidades. As metas dificilmente serão atingidas na totalidade…A meta que
Portugal se comprometeu até 31 de Dezembro de 2010 para certificar um milhar, já
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se fala num alargamento desta fase, pelo menos até ao final do primeiro trimestre de
2011. O que virá a seguir não se sabe certamente, mas o que é dado como certo é
este número significativo de movimentos de adultos, este retorno à escola à procura
de qualificação académica e naturalmente estas situações não podem ficar sem
resposta. É importantíssimo qualificar os portugueses nas diversas áreas. Nós, por
exemplo, só podemos fazer reconhecimento profissional nas áreas de Bar,
Restauração e Cozinha, porque a escola só tem formadores nestas áreas, e as
instalações que temos são canalizadas para as mesmas. Portanto a 2ª fase começará
daqui a um ano, mas estamos já conscientes da importância de aproveitar por um
lado a massa profissional que se gerou, milhares de pessoas a trabalhar no país todo,
cerca de 435 Centros por todo o País, temos 435 Directores, temos 435
Coordenadores, isto multiplicando por os Coordenadores e Técnicos, temos alguns
milhares de pessoas a trabalhar nesta iniciativa das Novas Oportunidades. Há
portanto uma massa crítica que se foi ao longo destes anos criando e que certamente
vai continuar a contribuir para a qualificação de Portugal…A grande vantagem é por
um lado possibilitar certificar pessoas que já são competentes nas suas áreas
profissionais, e naturalmente proporciona-lhes a sua satisfação a nível pessoal,
enquanto a grande desvantagem é o desvalorizar o processo e o meio-termo é
esquecido por vezes. Este é de facto o principal problema, um outro que não encaro
como negativo mas que é menos positivo, é a falta de resposta de forma adequada
dos adultos que são encaminhados para fora dos Centros. Aqui na Madeira já se
percebeu esta realidade, há muitos adultos que não enquadram no Ensino Recorrente
que já foram encaminhados para cursos EFA e não tinham resposta. O Sistema
Educativo Regional percebeu esta pressão e criou os CEF, assim estão em quase
todas as escolas da Região. Portanto o que vai fazer falta agora? É dar outro passo
que estamos a sentir que faz falta, que é o das formações Modelares, por modelos.
Apesar do Centro não puder fazer Formação Modelar, nós podemos fazer o
diagnóstico e o encaminhamento, em termos de futuro haverão assim formações
complementares para os Adultos. Para concluir o impressionante é a grande procura
dos adultos e o seu recurso ao Programa das Novas Oportunidades quer para dar
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respostas sociais, quer pessoais…enfim assim vamos tendo um número crescente de
Qualificações Académicas.
33.Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e
disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o
qual não tivéssemos perguntado e que considere importante?
Creio que disse tudo, ah! Esqueci de referir que também temos Protocolos com o
Programa Escolhas, iremos dar Apoio aos Bairros da Nogueira, que se localiza na
Camacha e no Bairro da Nazaré que se localiza em São Martinho – Funchal. No
nosso ponto de vista teremos novos desafios educativos - formativos mas que serão
muito interessantes para a Região Autónoma da Madeira.
Muito obrigada por ter participado neste processo de Investigação.
Manuela Pereira
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GUIÃO DE ENTREVISTA – AOS COORDENADORES
Centro Novas Oportunidades - Processo de Reconhecimento Validação
Certificação de Competências Região Autónoma da Madeira
I -Título: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,
Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na
Região Autónoma da Madeira.
II - Objectivos Gerais:
1º- Conhecer o Posicionamento dos Coordenadores dos Centros Novas
Oportunidades na Região Autónoma da Madeira relativamente ao Processo de
Reconhecimento Validação Certificação de Competências (RVCC).
2º- Identificar a organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO).
Entende-se por organização (Morfologia territorial, instalações, recursos
materiais, corpo docente e função). Por outras palavras, entenda-se por organização os
aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos
(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-
Utentes).
3º- Conhecer que sentidos dão os vários Actores ao processo de RVCC?
(Utentes, Profissionais do RVCC, Sociedade).
Data da Entrevista – 04 de Fevereiro de 2010
Local da Entrevista – Gabinete da Coordenadora do CNO
Nome do Entrevistado – C2
Centro Novas Oportunidades – CNO 2
Duração da Entrevista – 29:19 (das 10 horas às 10h 29: 19)
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Zona – Funchal (Urbana)
GUIÃO DA ENTREVISTA
Legitimação da Entrevista e motivação.
I - Identificação Pessoal e Profissional da Coordenadora e do
Centro Novas Oportunidades
1. Qual é a sua identificação?
C2
2. Qual é o Centro Novas Oportunidades?
CNO2
3. Qual é a sua idade?
34 Anos.
4. Qual é a sua Nacionalidade?
Portuguesa.
5. Qual é o seu Estado Civil?
Solteira.
6. Qual é a sua Formação Inicial/habilitações académicas?
A Formação Inicial em Ciências da Educação, em Psicologia e o Mestrado em
Psicologia.
7. Há quantos anos exerce a sua actividade profissional?
Há 11 anos.
8. Qual o seu percurso profissional?
Exerci sempre aqui no Centro na qualidade de Coordenadora Pedagógica,
sempre relacionado com as actividades com os Adultos e também no âmbito dos
jovens na sua formação, no âmbito dos desempregados, e agora claro com o Centro
Novas Oportunidades.
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9.Quais foram os Cargos Desempenhados?
Exerci sempre aqui no Centro na qualidade de Coordenadora Pedagógica, sempre
relacionado com as actividades com os Adultos e também no âmbito dos jovens na sua
formação, no âmbito dos desempregados, e agora claro com o Centro Novas
Oportunidades sou Coordenadora. Dou também Formação e também dou aulas ainda, é
algo que gosto bastante, claro gosto muito de estar com o Ensino Profissional, esta
Escola é uma Escola Profissional, e que gosto muito, realmente….
10.Como foi o Processo de colocação do Cargo de Coordenadora?
Como eu já desempenhava o cargo de Coordenadora dos cursos do CELFF e
como o nosso Centro foi indicado, pela Direcção de Qualificação Profissional para
sermos um Novo Centro de Novas Oportunidades, então fomos convidados
apresentamos Candidatura, uma vez que já havia três Centros cá na Região, então
avançamos com os recursos humanos que estavam disponíveis e claro deu-se a abertura
de um novo CNO, aqui na Madeira.
II – Percurso de vida Pessoal e Profissional Funções de Coordenação no CNO
As suas decisões da actividade profissional foram influenciadas pelos
processos de Formação Inicial ou desenvolveram - se no interior
profissional. Como?
Os dois, os dois…. e completam-se profissionalmente….
1. De que modo a sua vida familiar e social contribui para a sua formação
profissional?
Contribui muito, porque desde pequenina que já gostava muito de ensinar,
imagine que já queria ensinar o meu avô a ler, era analfabeto claro que foi uma tentativa
muito inglória.
O meu gosto por ensinar era muito grande, claro que o meu pai também exerceu
funções na área da educação, embora que fosse militar dava apoio aos Recrutas, e claro
que na minha família existia uma vertente social muito forte na área da educação…
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2.Em relação ao seu exercício das suas funções enquanto Coordenadora há
quanto tempo exerce estas funções? Sempre neste mesmo Centro?
Desde que abriu o nosso Centro, portanto já fez há um ano. Nunca exerci
funções noutros Centros, foi aqui o meu primeiro emprego, gosto muito e cá continuo…
3.Porque fez a opção pelo exercício das suas funções profissionais na área
do Programa Novas Oportunidades?
Porque realmente é bastante aliciante a actividade com os Adultos, a área
profissional é gratificante, o trabalho de orientação para mim foi sempre algo que me
entusiasmou…o meu trabalho a acompanhar as pessoas no seu crescimento é algo muito
fascinante para mim, e que muito me agrada, que muito me entusiasmou…mesmo antes
da abertura do Centro Novas Oportunidades…Claro com esta oportunidade da abertura
do Centro esta perspectiva ainda aumentou muito mais, me fascinou e evidente o
desenvolvimento das competências pessoais e profissionais, da auto-valorização, sinto
que é um grande desafio para mim… o crescimento pessoal é muito gratificante…
III – Formação e Desenvolvimento Profissional
1. Como se actualiza e enriquece a sua actividade profissional no
desempenho de funções ao nível das Novas Oportunidades?
Estamos sempre atentos, tentamos sempre que haja oportunidade de participarmos
no Continente em Acções de Formação e estamos sempre atentos para acompanharmos
a literatura actual neste campo de Educação - Formação de Adultos… tentamos estar
sempre actualizados, e claro que também partilhamos com a Equipa dos outros Centros,
pois têm mais experiência, de vez em quando vamos aos outros Centros e claro que
vamos sempre aprendendo uns com os outros.
Quando há dificuldades temos sempre o apoio dos que têm mais conhecimento e
experiência…claro que não é uma formação formal, mas realmente partilhamos a
informação, etc, etc… e as parcerias é realmente que nos fazem crescer
profissionalmente…
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Pesquisamos muito na área da literatura das Ciências da Educação, na Educação de
Adultos, saiu agora uma Publicação muito recente relativa ao Processo pela ANQ,
devemos estar agora a receber…
IV - Posicionamento da Coordenadora sobre o Processo de Reconhecimento
Validação Certificação de Competências (RVCC) e o funcionamento dos Centros.
1. Como define o processo de RVCC e o funcionamento do Centro?
É evidente que o processo de RVCC é um caminho que se faz caminhando, no
ensino regular o caminho está traçado. No início realmente foi tudo muito utópico, claro
que foi o sentimento para nós no início, pensávamos como havíamos de dar
encaminhamento…Lembro-me das planificações que eram feitas e que agora não têm
nada a ver com esta, refazemos e refazemos, relativamente ao Básico já fizemos cinco
planificações e sempre de acordo com o público que vamos tendo e naturalmente nos
contextos que estão integrados, a adaptação das actividades com os Adultos em
questão…É um Processo que vamos caminhando, vamos andando, curiosamente
relativamente ao Secundário, lembro-me de um Formador que quando fez a
descodificação num dia, a primeira vez na área do Secundário, e logo no dia seguinte
questionou quando começa logo outro grupo do Secundário? Realmente é um Processo
tão estimulante e que nos cria tantas expectativas que realmente acaba por nos estimular
e nos encorajar profissionalmente, é muito estimulante, nós vamos andando e
caminhando num sentido de crescimento… pois é tudo diferente, vamos
experimentando e claro que vamos realizando em conjunto o acompanhamento do
Processo. Relativamente aos Referenciais, na minha opinião às vezes são um
bocadinho… porque também é preciso ter consciência do nível sociocultural da
Madeira, e mesmo na Madeira entre o Funchal e o Caniçal por exemplo é
completamente diferente, assim temos que adaptar o Referencial ir de encontro ao
Adultos em questão e não o Adulto enquadrado no Referencial…há aqui uma grande
adaptabilidade nesse sentido, mas vamos andando… adaptando e conseguimos desta
forma acompanhar o processo de RVCC. Relativamente à Equipa e ao seu
funcionamento no início do Processo foi um desbravar de práticas pedagógicas, foi um
encarar de um outro paradigma educativo - formativo, completamente diferente da
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prática profissional que estavam habituados… principalmente os Formadores….Nós
optámos pela colocação de professores que tenham experiência na área de Educação –
Formação de Adultos e que tenham também experiência na área da formação
profissional, e professor como é óbvio… Dado que nós podemos ter esta possibilidade
de não fazer a colocação de Professores não por concurso mas por convite, pois é um
perfil de um profissional específico que terá que saber trabalhar com Adultos….Um
Professor poderá ser um excelente Professor, mas poderá não ser um excelente
Formador…isto faz realmente a grande diferença… percebe?
2. Que meses são mais significativas profissionalmente e são determinantes na
sua actividade de Coordenadora?
É evidente que as pessoas chegam ao final do ano e as pessoas querem
concluir as suas Habilitações nesse ano e também sentimos as suas necessidades que
com o culminar do ano as pessoas querem concluir o seu Processo…mas a
actividade é sempre a mesma… em todo o caso sempre que possível acompanhamos
esse culminar com as pessoas, realmente também nós fazemos questão encerrar
desta forma o ano …
3. O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das
várias Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)
Está previsto o PEI estar integrado nas actividades da Instituição e estar de
acordo com os objectivos que pretendemos atingir no nosso Centro…
4. Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)
Não, só fazemos a Escolar, neste momento, até porque estamos em
funcionamento recente e na nossa perspectiva precisamos de mais algum tempo para
pôr em funcionamento o CNO com esta valência…
5. Como se faz o Processo por Ciclos, isto é por fases nos vários Ciclos ou
linear ao 3º Ciclo? (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)
Depende do perfil de Adulto, já tivemos casos em que a partir do 4º ano, nível
B1 fizeram o 9º ano, nível B3. Temos Adultos que neste momento estão a preparar-se
para fazer o nível B2, o 5º e o 6 anos, Adultos com o nível B1 -4º ano nunca tivemos.
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6. Qual é a ligação entre a Teoria (Legislação) e a Prática de Certificação?
Claro que temos que trabalhar à luz da Legislação, são normas da nossa
Referência, todo este Processo é financiado pelo Fundo Social Europeu e existem regras
que são de extrema importância para o funcionamento do Processo RVCC.
Nós exercemos de acordo com os suportes Legislativos, a nossa prática é
decorrente das Orientações Legislativas. A ANQ dispõe de muitos materiais, a maior
parte dos materiais são enviados pela Agência Nacional, são muito muito úteis ao nível
científico…
7. Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a
conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a
Equipa Externa de Avaliação?
Nós naturalmente que exercemos relações de parceria com os vários
intervenientes, com a Secretaria Regional de Educação com a Senhora Doutora Ângela
Borges, que é responsável mensalmente por nos convocar para reuniões ou outras
situações de funcionamento dos CNO, em que trocamos dúvidas, partilhámos
conhecimentos, colocámos os nossos obstáculos em relação às escolas….Nós temos
directivas para fazer encaminhamentos de Adultos também para os Cursos EFA, é
necessário criarmos relações de parceria e as escolas estarem preparadas para esta
realidade no Sistema Educativo, por exemplo para determinadas modalidades
educativas – formativas, os Cursos EFA dão respostas a certa população de Adultos.
Sentimos um problema por exemplo na parte dos encaminhamentos dos Adultos para as
Escolas, cá na Madeira estamos muito dependentes da abertura do ano escolar, e claro
que há Adultos que por exemplo fazem a sua inscrição em Janeiro, após o
encaminhamento, Janeiro Fevereiro… por exemplo para um curso EFA, ele terá que
esperar até reabra o novo ano escolar…até lá muitos Adultos desmotivam-se…o ideal
era seguir logo o percurso escolar …. Percebe?
Existem directivas pela Carta de Qualidade que foi feita pela Agência Nacional
de Qualificação, que alerta precisamente que o tempo que medeia entre as diversas
etapas não deverá ser muito longo, mas realmente na prática é difícil contornar esta
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situação. Na realidade, a nossa Região não tem tantas ofertas formativas que deem
respostas a estas necessidades dos Adultos, já colocamos estas preocupações na
Secretaria Regional de Educação no sentido de depois criarem novas aberturas dos
referidos Cursos, como nós gostaríamos para a Madeira… Na realidade este ano já se
abriram alguns Cursos EFA (Educação e Formação de Adultos) e houver um esforço
por parte da Doutora Ângela Borges, mas sentimos que há ainda uma grande maioria de
Adultos que não foram abrangidos… No processo de RVCC, algumas pessoas não
reúnem as condições e nós alertamos para a necessidade de formação académica, a nível
de encaminhamento era o ideal que houvesse muitas ofertas educativas - formativas…
8. Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos
relativamente ao Processo de RVCC?
Temos várias Parcerias, nós temos com a Casa do Povo do Caniçal que também
tem uma unidade de intervenção na vida activa, e encaminha-nos muitos desempregados
e não só, temos também a Associação Cidade Solidária, em Santana, temos Casa do
Povo no Caniço, com uma unidade de intervenção na vida activa, também são
desempregados. Vamos ter também em breve um protocolo que ainda não está assinado
com a unidade de intervenção na vida activa em Câmara de Lobos, também com baixa
escolaridade e temos também um protocolo que está prestes a ser assinado com o Grupo
Sá, em que realmente são muitos empregados e com baixas qualificações académicas,
baixa escolaridade…
O processo de RVCC em alguns casos há itinerância, é o caso do Caniçal, pois
vamos até as Instituições e lá damos início ao Processo outros casos em que nós
fazemos a primeira parte a fase de diagnóstico e depois a fase de encaminhamento como
o caso do Caniço que fica relativamente próximo do Funchal, toda a restante parte do
Processo faz-se cá no Centro. Assim rentabilizamos recursos humanos e desta forma
não se justifica itinerância e mais gastos financeiros. Quando é necessário fazer
formação para além das 50 horas que é o tempo limite de formação no processo de
RVCC, nós encaminhamos para as ofertas formativas do Centro: na área das
informáticas, das línguas…ter ou não a vertente da hotelaria, tudo depende do Plano
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Individual, do Projecto de vida de cada Adulto e da forma como estão a decorrer as
nossas actividades no momento.
V - Visão do Coordenador(a) sobre os Adultos em geral
1.Como define os grupos que procuram o Programa Novas Oportunidades?
(quer ao nível etário, número de utentes, média de idades, percursos
escolares, assiduidade nas Sessões programadas, dificuldades referenciadas
no trajecto de passagem pelos diversos módulos e etapas do processo
RVCC, atitudes, comportamentos como se evidenciam, participação dos
familiares no processo de RVCC, outras situações relevantes…?)
Normalmente são de origem social de classe social média-baixa.
Em termos conceptuais são Adultos que apresentam dificuldades em integrar as
suas actividades nos seus Portefólios, têm muitas dificuldades de abstracção, têm mais
dificuldades independentemente da área, claro que quando digo isto é mais ao nível do
Ensino Básico…e claro que varia de contexto para contexto de vivência de cada
Adulto… Por exemplo aplicando um diagnóstico a um Adulto no Funchal e o mesmo
no Caniçal a outro Adulto, vemos grandes diferenças, ao nível conceptual é muito,
muito diferente….
2.Normalmente qual é a origem social dos Adultos? (Classe social
predominante?)
Normalmente a origem social dos Adultos como já referi é média baixa…
Estamos neste momento não pelo Centro Novas Oportunidades mas pela Vertente
Profissional, estamos a ter um grande projecto por parte do Instituto Regional de
Emprego, estamos a desenvolver Unidades de Certificação Modelar, e aproveitamos
para divulgar o nosso Centro e aproveitamos para lhes dar equivalências para o Ensino
Regular…nas Escolas e claro também muita motivação…
Constatamos que os desempregos estão muito associados a factores de baixa
escolaridade, a fraca formação académica, de rendimentos sociais baixos…
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3.Quais são as motivações, expectativas, dos Adultos quando procuram os
Centros das Novas Oportunidades?
Muitas vezes os Adultos apresentam-se com uma noção que o processo de
RVCC é muito fácil… Tudo é muito fácil… Pensam que há um grande facilitismo,
pensam que podem fazer o Processo por auto-determinação…mas depois quando se
deparam que é um percurso que embora seja orientado, exige investimento por parte
dos Adultos, aí a situação inverte….começam realmente a caírem em si…Eu digo-lhes
muitas vezes que nós não vamos pescar por eles….nós ensinamos a colocar o anzol, a
atirar a linha…por aí fora, mas realmente nós não pescamos, serão os Adultos que
terão que pescar por eles…
VI- Condições de sucesso e insucesso em geral.
1.O que costumam indicar para o acompanhamento dos Adultos que
apresentam maiores dificuldades, quer de aprendizagem, quer económicas?
Quando são constatadas determinadas dificuldades de aprendizagem numa
determinada área, nos Adultos, nós fazemos o encaminhamento para a Formação
Complementar…., aí este Plano de Formação está integrado no processo de RVCC e
não implica cargos económicos (…) como sabe até 50 horas não acarreta cargos
acrescidos financeiros.
VI- Estratégias e posicionamento face ao Sistema Educativo Actual
1.Qual é a sua opinião entre um Diploma obtido através do processo de
RVCC e o obtido através do percurso normal académico?
2.Como estruturam os recursos pedagógicos e didácticos?
Os recursos pedagógicos são criados pelo próprio Centro, em função do público
que têm, mas inclusivamente recorremos a outras parcerias e Centros e
particularmente a ANQ, que dispõe de material pedagógico e científico.
3.Como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final?
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O júri é obrigatoriamente constituído pelo adulto, pelos Formadores que
com ele trabalharam, podendo estar ausente um, pelo Técnico que liderou o grupo e
pelo Avaliador Externo.
4.Qual é o seu ponto de vista relativamente ao Portefólio Reflexivo de
aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação) como instrumento de
avaliação? (Há dominantes nas Histórias de Vida dos Adultos que são
decisivas para o processo de RVCC?
A partir dos Referenciais nós temos grelhas de evidências, para cada unidade de
competência claro para cada área, onde os Adultos têm que apresentar evidências que
nos permitam validar determinados itens do Referencial de Competências –
Chave…Portanto de acordo com a História de Vida, os Adultos relatam e a Equipa vai
validar determinadas competências ao longo do percurso de vida dos Adultos. O
Balanço de competências é no fundo a primeira fase do Processo o que nos faz
despistar as actividades que por sua vez irão de encontro às vivências dos Adultos e
dos Referências de Competências, claro todo este processo integrado nas Histórias de
Vida dos Adultos, que serão sempre acompanhados pelos Técnicos e Formadores…e o
objectivo é enquadrar no Portefólio todas as actividades de uma forma que faça
sentido e tenha evidências académicas…
VII- Transição dos Adultos Qualificados para o Mercado de Trabalho
1. Quais são as dificuldades que os Adultos são confrontados após a
Certificação e integração no Mercado de Trabalho?
No nosso caso ainda não está feito esse estudo, mas cada vez mais sentimos que
a sociedade exige cada também cada vez mais competências pessoais e profissionais…
há cada vez mais a desvalorização de currículos…É curioso que já constatámos
vivências de Adultos com competências, que nós questionámos como era que aqueles
Adultos não tinham certas habilitações Académicas? Como era possíveis não terem o
9ºano, atendendo às suas competências…era mesmo impossível….tinham
competências quer pessoais quer profissionais….e às vezes nós nos deparamos com
Adultos com por exemplo o 12 º ano e com baixas competências, quer dizer por vezes
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podemos ser excelentes académicos e não apresentarmos as competências que são
exigidas pelo mercado de trabalho….Curiosamente estamos a encerrar um Relatório e
foi mesmo ontem, está mesmo fresquinho, estamos a fazer a Avaliação do impacto do
processo de RVCC, após alguns meses de conclusão do Processo, está muito por alto,
mas um dos itens é a situação profissional, em que entre os vários critérios está a
situação de empregado e desempregado, e curiosamente constatamos um aumento de
empregados…mas ainda não tivemos oportunidade de trabalhar estes dados, mas já
verificamos um aumento nas saídas para o mercado de trabalho…
2. Os dados Estatísticos referentes à população que frequentou e está
em frequência no seu Centro das Novas Oportunidades correspondem às
suas expectativas?
A procura tende a ser cada vez mais, porque isto também funciona com a
divulgação boca a boca, não é? Atendendo também à quantidade de pessoas que passam
por cá porque o nosso Centro tem outras valências é evidente que há muita divulgação
não só nos Cursos que estão a decorrer, mas também fazemos muita divulgação junto
dos pais, dos alunos, nos Cursos que estão a decorrer não só no CELFF mas também na
Escola Profissional Atlântico, que é nossa parceira, paralela à nossa empresa …há muita
muita procura cada vez mais por parte dos Adultos.
VIII- Satisfação/Insatisfação da Coordenadora
1.Qual é o balanço que faz ao funcionamento do seu Centro Novas
Oportunidades enquanto Coordenadora do processo de RVCC?
É bastante positivo, muito positivo….é muito gratificante, é um Processo que em
si é muito gratificante pois acabamos por ver os Adultos crescerem através destes
métodos que o Processo dispõe. Agora há uma situação que realmente uma situação que
é difícil, temos as metas e temos que cumprir metas e isso é por vezes muito difícil,
porque este é um trabalho do Adulto e é ele que comanda depende das suas motivações,
podemos adoptar muitas estratégias diversificadas, mas se ele não tem disponibilidade
de gestão de tempo por exemplo, ou outras situações, etc…etc…isso deixa-nos muito
constrangidos, dão prioridade aos seus trabalhos, também muitas das vezes não estão
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preparados para o trabalho académico e muitas das vezes acabam por desistir. Depois há
outra situação como já lhe disse que é o facto de nós não termos tantas ofertas
formativas como desejávamos…e claro que não podemos encaminhar assim tão
rapidamente os Adultos e ficámos ali à espera, espera e às vezes acabam por se
desmotivar, é evidente que a Legislação prevê estas situações, mas claro que a Região
apresenta estas nuances…
2.Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e
disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o
qual não tivéssemos perguntado e que considere importante?
Era a questão para reforçar mais o aumento das ofertas formativas e a sensibilidade
das escolas para receberem estes Adultos quando são encaminhados, embora há
escolas que já estão bem integradas nesta modalidade Educativa - Formativa, temos
parcerias não pelo Centro da parte do CNO mas pelo CEF, nós também temos Cursos
de CEF, e realmente as escolas já estão sensibilizadas para este tipo de população
escolar… ah… ainda a questão das metas, realmente às vezes é muito difícil atingir
aquelas metas…atendendo realmente à nossa realidade territorial é diferente…
Para concluir reforço que este Processo é muito gratificante e dá oportunidades
aos Adultos se realizarem pessoalmente e profissionalmente (…).
Muito obrigada por ter participado neste processo de investigação.
Manuela Pereira
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GUIÃO DE ENTREVISTA – AOS COORDENADORES
Centro Novas Oportunidades Processo de Reconhecimento Validação
Certificação de Competências Região Autónoma da Madeira
I -Título: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,
Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na
Região Autónoma da Madeira.
II - Objectivos Gerais:
1º- Conhecer o Posicionamento dos Coordenadores dos Centros Novas
Oportunidades na Região Autónoma da Madeira relativamente ao Processo de
Reconhecimento Validação Certificação de Competências (RVCC).
2º- Identificar a organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO).
Entende-se por organização (Morfologia territorial, instalações, recursos
materiais, corpo docente e função). Por outras palavras, entenda-se por organização os
aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos
(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-
Utentes).
3º- Conhecer que sentidos dão os vários Actores ao processo de RVCC?
(Utentes, Profissionais do RVCC, Sociedade)
Data da Entrevista – 09 de Fevereiro de 2010
Local da Entrevista – Gabinete da Coordenadora do CNO3
Nome do Entrevistado – C3
Duração da Entrevista – das 14 horas às 14: 55
Zona – Funchal (Urbana)
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GUIÃO DA ENTREVISTA
Legitimação da Entrevista e motivação.
I - Identificação Pessoal e Profissional da Coordenadora e do Centro Novas
Oportunidades
1. Qual é a sua identificação?
C3
2. Qual é o Centro Novas Oportunidades?
CNO 3
3. Qual é a sua idade?
39 Anos
4. Qual é a sua Nacionalidade?
Portuguesa.
5. Qual é o seu Estado Civil?
Casada.
6. Qual é a sua Formação Inicial/habilitações académicas?
A Formação Inicial é Licenciatura em Psicologia, feita no Porto.
7. Há quantos anos exerce a sua actividade profissional?
Há 13 anos.
8. Qual o seu percurso profissional?
Antes de ser coordenadora trabalhei na Direcção Regional de Formação
Profissional, como Psicóloga dos cursos, fazia o acompanhamento psico-pedagógico
dos formandos, selecção dos formandos. Como Psicóloga cheguei a acompanhar o
curso EFA de Cabeleireiro, sendo que foi o primeiro curso feito cá na Região, na
modalidade de Educação e Formação de Adultos. A partir desta altura comecei a
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interessar-me por esta área da Educação – Formação de Adultos. Também fui
formadora nesse curso e mediadora nesse curso.
9. Como foi o Processo de colocação do Cargo de Coordenadora?
Foi por convite, na altura fui convidada e aceitei o desafio, foi a primeira
coordenadora e ainda cá estou.
II – Percurso de vida Pessoal e Profissional Funções de Coordenação no CNO
1. As suas decisões da actividade profissional foram influenciadas pelos
processos de Formação Inicial ou desenvolveram - se no interior
profissional. Como?
As duas exactamente, tanto a formação inicial como a experiencia profissional,
não consigo separar uma da outra.
2.De que modo a sua vida familiar e social contribui para a sua formação
profissional?
Contribui e todo o processo aconteceu naturalmente ao longo da minha carreira
profissional.
3.Em relação ao seu exercício das suas funções enquanto Coordenadora há
quanto tempo exerce estas funções? Sempre neste mesmo Centro?
Desde a abertura do Centro, desde 2006.
4.Porque fez a opção pelo exercício das suas funções profissionais na área do
Programa Novas Oportunidades?
Porque gosto muito de trabalhar com os Adultos e de colaborar com a equipa, na
planificação e no desenvolvimento das actividades, concretizar nas diferentes etapas da
intervenção, desde o acolhimento até à etapa da certificação dos Adultos. Elaborar o
plano estratégico de intervenção, promover e estabelecer parcerias com outras
entidades, promover o Centro na parte da divulgação do Centro de Novas
Oportunidades, promover a formação contínua dos elementos da equipa, disponibilizar
toda a informação que é necessária a toda a equipa. Disponibilizar também à Agência
Nacional para a Qualificação todas as informações de funcionamento do nosso Centro, e
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mesmo no Centro internamente, elaborar o Relatório de Actividades do Centro... Nós
temos uma hierarquia no Centro, temos o Director do Centro, a Coordenadora, o
Técnico de Diagnóstico e Encaminhamento, os Profissionais de RVCC, os Formadores
e os Administrativos. O Técnico de Encaminhamento é o responsável pelo
encaminhamento do adulto, enquanto os Profissionais depois apoiam e trabalham mais
na parte do reconhecimento na parte do reconhecimento e certificação de competências.
Apresento-lhe as etapas de um processo de RVCC (fez uma apresentação em
PowerPoint relacionado com o funcionamento do processo de RVCC) e são: o
acolhimento, diagnóstico e encaminhamento, por exemplo eu tento estar sempre
presente na parte do acolhimento. Surge o acto de inscrição e depois o de acolhimento, e
a partir desta fase estou mais nos bastidores, como eu costumo dizer. O Profissional de
RVCC também pode fazer o diagnóstico e encaminhamento mas já cabe-lhe dinamizar
todo o processo de RVCC. Nós no dia 19 de Fevereiro pelas 10h nós temos um Júri de
nível B3 é uma sessão pública que poderá assistir e é cá no auditório do Centro.
III – Formação e Desenvolvimento Profissional
1. Como se actualiza e enriquece a sua actividade profissional no
desempenho de funções ao nível das Novas Oportunidades?
Temos tido oportunamente formação em várias áreas e também tenho procurado
muito a auto-formação.
Faço muitas pesquisas, leituras, também adquirimos algumas obras para o
Centro que consideramos indispensáveis e importantes para o acompanhamento do
processo de RVCC.
IV- Posicionamento da Coordenadora sobre o Processo de Reconhecimento
Validação Certificação de Competências (RVCC) e o funcionamento dos
Centros.
1.Como define o processo de RVCC e o funcionamento do Centro?
O processo de RVCC tem sido uma mais-valia, e a educação e formação de
Adultos em Portugal com o processo de RVCC…O Processo veio revolucionar um
pouco o mundo da Educação, porque realmente não havia respostas para este público.
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Não vejo só processo de RVCC, mas a iniciativa Novas Oportunidades, porque o RVCC
é só uma parte da resposta das Novas Oportunidades. No âmbito da educação e
formação de Adultos eu penso que toda esta iniciativa veio mobilizar os Adultos e a
missão dos Centros Novas Oportunidades não é só o processo de RVCC, como já lhe
referi… Nós como Centro encaramos como uma porta de abertura para o imprevisto
dado que temos adultos de um público variado que procuram oportunidades, para novas
qualificações académicas e profissionais enquanto que no ensino regular há um perfil de
público traçado. Eu encaro esta missão e faz sentido para os Adultos que eles querem
progredir, querem aumentar o seu nível de escolaridade. Para mim a fase do diagnóstico
e do encaminhamento são etapas cruciais porque nem todos os adultos têm perfil para o
processo de RVCC. Vou dar-lhe um exemplo: um adulto passa pela fase do diagnóstico
e do acolhimento, o Técnico responsável juntamente com esse Adulto vão dar uma
resposta formativa/ educativa adequada ao seu perfil, que poderá ser um curso de
educação e formação de adultos, um processo de RVCC, poderá ser também no âmbito
das vias alternativas de conclusão do Nível Secundário, que poderá ser também a
frequência de um de formação profissional.
2.Que meses são mais significativas profissionalmente e são determinantes na sua
actividade de Coordenadora?
Sim, há períodos críticos, no início e final do ano, mas temos muita actividade
sempre ao longo do ano.
3.O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias
Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)
O Plano Estratégico é da responsabilidade do nosso Centro e claro que traça as
suas metas de acordo com os seus objectivos.
4. Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)
Neste momento já temos as duas vias de Certificação, nós temos a certificação
profissional na área de electricista de instalações.
5.Como se faz o Processo por Ciclos, isto é por fases nos vários Ciclos ou linear ao
3º Ciclo? (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)
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Temos tido mais adultos do nível Básico e o Processo RVCC, faz-se de acordo
com o perfil de cada adulto, e o processo poderá ser linear ou não.
6.Qual é a ligação entre a Teoria (Legislação) e a Prática de Certificação?
Fazemos a ligação entre a teoria e a prática, mas faz falta mais formação especializada
e específica no âmbito de reconhecimento e certificação de competências, sobretudo
ao nível das metodologias, estratégias e dos materiais pedagógicos.
7.Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a
conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a Equipa
Externa de Avaliação?
Fazemos parcerias com outros Centros e com a Secretaria Regional da
Educação, temos reuniões e contactos sempre que precisamos, e claro também com a
ANQ.
8.Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos
relativamente ao processo de RVCC?
Temos protocolos formalizados com a Zona Militar da Madeira, com o grupo
Jerónimo Martins, com a Cáritas do Funchal e temos também parcerias não
formalizadas com outras entidades, com a Peugeot, Madeira Impex, com os Bombeiros
Voluntários de Câmara de Lobos, com a Associação Desportiva da Camacha…
V- Visão do Coordenador(a) sobre os Adultos em geral
1. Como define os grupos que procuram o Programa Novas
Oportunidades? (quer ao nível etário, número de utentes, média de
idades, percursos escolares, assiduidade nas Sessões programadas,
dificuldades referenciadas no trajecto de passagem pelos diversos
módulos e etapas do processo de RVCC, atitudes, comportamentos como
se evidenciam, participação dos familiares no processo de RVCC, outras
situações relevantes…?)
Um público muito diversificado e com realidades específicas (…).O que eu sinto
é que normalmente no início as áreas que os Adultos têm mais receio são a Matemática
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e as Tecnologias de Informação. Embora depois a área em que eu pense que apresentem
mais dificuldades é em Linguagem e Comunicação, sobretudo ao nível da escrita. No
entanto aos Adultos é proporcionado um período de 50 horas complementares para os
que apresentam algumas lacunas nestas áreas.
2.Normalmente qual é a origem social dos Adultos? (Classe social predominante?)
Temos um público muito diversificado, talvez porque estamos sediados na
Direcção Regional de Qualificação Profissional, o que naturalmente tem públicos
próprios como beneficiários do Rendimento de Reinserção Social muitos que são
reencaminhados pelo Instituto Regional de Emprego, pela Segurança Social, pelas
empresas que nos procuram, temos públicos próprios…
3.Quais são as motivações, expectativas, dos Adultos quando procuram os Centros
das Novas Oportunidades?
As expectativas…muitas vezes das pessoas desconhecem o que é um Centro de
Novas Oportunidades, e também qual é a sua missão, ainda há algum desconhecimento
por parte da população da Região.
VI- Condições de sucesso e insucesso em geral.
1.O que costumam indicar para o acompanhamento dos Adultos que apresentam
maiores dificuldades, quer de aprendizagem, quer económicas?
Já aconteceu a darmos alguns apoios, por exemplo, proporcionáramos algumas
refeições, mas são casos pontuais.
VI- Estratégias e posicionamento face ao Sistema Educativo Actual
1.Qual é a sua opinião entre um Diploma obtido através do processo de RVCC e o
obtido através do percurso normal académico?
Normalmente as pessoas questionam se o Diploma tem o mesmo valor que o
obtido pela via Académica.
Eu explico que sim, só que no qual não é atribuído uma nota em termos
quantitativos, mas no final do Processo estas questões já não se colocam…
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2. Como estruturam os recursos pedagógicos e didácticos?
Os recursos pedagógicos são criados pelo próprio Centro, em função do público
que têm, mas inclusivamente recorremos a outras parcerias e Centros, à ANQ.
3. Como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final?
O júri é obrigatoriamente constituído pelo Adulto, pelos Formadores que com ele
trabalharam, podendo estar ausente um, pelo Técnico que acompanhou o grupo e pelo
Avaliador Externo.
4. Qual é o seu ponto de vista relativamente ao Portefólio Reflexivo de
aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação) como instrumento de
avaliação? (Há dominantes nas Histórias de Vida dos Adultos que são
decisivas para o Processo de RVCC?
Os Adultos aceitam bem as metodologias das Histórias de Vida. Os Técnicos
proporcionam alguns instrumentos que ajudam a descodificar o Referencial de
Competências. Quando são detectadas lacunas ou dificuldades por parte dos Adultos o
nosso Centro tem a preocupação de fazer sessões individuais que proporcionam com o
acompanhamento mais personalizado aos Adultos. Assim o acompanhamento dá-lhes
orientação em termos da realização da sua História de Vida. Nós funcionamos de acordo
com a disponibilidade dos adultos, normalmente temos os turnos da tarde e da noite
para o funcionamento do processo de RVCC.
VII- Transição dos Adultos Qualificados para o Mercado de Trabalho
1.Quais são as dificuldades que os Adultos são confrontados após a Certificação e
integração no Mercado de Trabalho?
É muito cedo para avaliar já o Processo, mas quando alguns Adultos nos
procuram é por causa da sua progressão na carreira
2.Os dados Estatísticos referentes à população que frequentou e está em frequência
no seu Centro das Novas Oportunidades correspondem às suas expectativas?
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A procura ultrapassa todas as nossas expectativas –(…).No ano 2009
constataram-se transferências para outros Centros, por motivos de proximidade
profissionais ou de residência dos Adultos.
VIII- Satisfação/Insatisfação da Coordenadora
1.Qual é o balanço que faz ao funcionamento do seu Centro Novas Oportunidades
enquanto Coordenadora do processo de RVCC?
O balanço é positivo, é muito positivo, porque eu gosto muito de focar esta
questão, quando nós abrimos a expectativa era de termos 100 adultos inscritos apenas, e
nós tínhamos uma equipa pequena. Logo no 1º ano tivemos perto de 1000 inscritos, este
Processo realmente ultrapassou as nossas expectativas.
2.Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e
disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o qual
não tivéssemos perguntado e que considere importante?
Não falei, e agora vou lembrar, esqueci de referir as Parcerias que temos com as
escolas, não formalizadas, com várias escolas da Região, e os adultos são assim
encaminhados para os cursos EFA. Por sua vez, as escolas pedem colaboração na parte
do diagnóstico e de encaminhamento, e todo este Processo tem sido uma mais-valia.
Também temos uma pareceria especial com a Direcção Regional de Educação Especial,
porque o nosso Centro a partir deste ano, tornamo-nos num Centro de Novas
Oportunidades, Inclusivo. Nós recebemos também pessoas com deficiências, temos uma
Técnica da Educação Especial que dá apoio na área de deficiência. Vamos em breve
avançar com um grupo de 18 adultos que vão ser incluídos nos outros grupos. Creio que
somos o único Centro que faz esta integração pois esta é uma nova realidade. Para
concluir estamos muito satisfeitos com o sucesso que o nosso Centro tem proporcionado
aos Adultos.
Muito obrigada por ter participado neste Processo de Investigação.
Manuela Pereira
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GUIÃO DE ENTREVISTA – AOS COORDENADORES
Centro Novas Oportunidades - Processo de Reconhecimento Validação
Certificação de Competências Região Autónoma da Madeira
I -Título: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,
Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na
Região Autónoma da Madeira.
II - Objectivos Gerais:
1º- Conhecer o Posicionamento dos Coordenadores dos Centros Novas
Oportunidades na Região Autónoma da Madeira relativamente ao Processo de
Reconhecimento Validação Certificação de Competências (RVCC).
2º- Identificar a organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO).
Entendemos por organização - morfologia territorial, instalações, recursos
materiais, corpo docente e função. Por outras palavras, entenda-se por organização
os aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos
(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-
Utentes).
3º- Conhecer que sentidos dão os vários Actores ao processo de RVCC? (Utentes,
Profissionais do RVCC, Sociedade)
Data da Entrevista - 05 de Fevereiro de 2010
Local da Entrevista – CNO4
Nome do Entrevistado – C4
Duração: das 10 horas às 10h 36: 31 (36:31)
Zona (Rural) - São Vicente
Legitimação da Entrevista e motivação.
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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira
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I - Identificação Pessoal e Profissional do Coordenador e do
Centro Novas Oportunidades
1. Qual é a sua identificação?
C4
2. Qual é o Centro Novas Oportunidades?
CNO4
3. Qual é a sua idade?
27- Anos.
4. Qual é a sua Nacionalidade?
Portuguesa.
5. Qual é o seu Estado Civil?
Solteiro.
6. Qual é a sua Formação Inicial/habilitações académicas?
A Formação Inicial é a Licenciatura em Ensino da Geografia e duas Pós
– Graduações.
7. Há quantos anos exerce a sua actividade profissional?
Este é o 4º ano e no CNO só há um ano e meio.
8. Qual o seu percurso profissional?
Estagiei, faz parte o Estágio Integrado, na Universidade do Porto, depois passei um
ano a fazer Investigação e entretanto entrei cá no Quadro da Região, e assim já estou cá
na Região há três anos e meio. Nessa altura não havia CNO, exerci funções docentes de
Professor de Geografia. Entretanto, ainda na Universidade do Porto, em 2005 participei
num Projecto de Investigação, onde fiz a Pós-graduação. Cá na Região exerci os Cargos
normais de Coordenação do Secretariado de Exames com a Escola e também coordenei
um Projecto para a Câmara de São Vicente, que foi fazer a Toponímia e um outro
Projecto que era fazer um intercâmbio com as Ilhas Canárias e os Açores.
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9.Como foi o Processo de colocação do Cargo de Coordenador?
Como estava colocado nesta Escola tive o convite para o Cargo de Coordenador
do CNO, deste Centro.
II – Percurso de vida Pessoal e Profissional Funções de Coordenação no CNO
1. As suas decisões da actividade profissional foram influenciadas pelos
processos de Formação Inicial ou desenvolveram - se no interior
profissional. Como?
Depois…depois, aliás poderei dizer que metade do exercício das minhas funções
e experiência profissional, não tem nada a ver com a minha Formação Inicial. Por isso,
até lhe digo que acabei agora uma Pós-Graduação em Gestão porque precisava de novos
desafios, conhecimentos, conhecimentos em Contabilidade por exemplo… precisava de
formação específica…
2.De que modo a sua vida familiar e social contribui para a sua formação
profissional?
Eu saí de casa aos 18 anos e logo todo o investimento pessoal foi da minha
responsabilidade a nível profissional. (risos…)
3.Em relação ao seu exercício das suas funções enquanto Coordenador há quanto
tempo exerce estas funções? Sempre neste mesmo Centro?
Desde que abriu o nosso Centro, portanto já fez um ano e meio.
4.Porque fez a opção pelo exercício das suas funções profissionais na área do
Programa Novas Oportunidades?
Eu gosto muito deste tipo de funções, do tipo de trabalho, do trabalho
burocrático de escritório, eu gosto…não porque não goste de estar com os alunos,
também pelo tipo de horário, é mais fixo, de qualidade…Há o turno da tarde, o
turno da noite…na minha vida pessoal é mais útil assim…Horário de professor
entrar às 8 e só sair às 6 com buracos no meio, não gosto, gosto de investir, o cargo
de Coordenação tem esta mais-valia de investimento profissional…
III – Formação e Desenvolvimento Profissional
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1.Como se actualiza e enriquece a sua actividade profissional no desempenho de
funções ao nível das Novas Oportunidades?
No início começamos a funcionar sem termos formações específicas, foi a ajuda dos
outros Centros, nomeadamente a Escola de Hotelaria, Direcção Regional de
Qualificação, o Dr. Fernando, a Dra. Sónia deram muita ajuda…Entretanto tivemos uma
Formação da ANQ que era essencialmente teórica, e tinha a ver com os Referenciais, ou
seja houve formação para os Profissionais e Formadores mas Coordenação e Direcção
não, não houve, foi já uma observação que fizemos à ANQ, e eles dizem que vai
haver…Portanto a formação que se fez, eu e a minha Directora tem sido por iniciativa
pessoal, somos nós que a procuramos e que a pagamos e que a fazemos. Oficialmente,
estamos à espera da formação que, segundo a ANQ, irá haver na Região (…).
IV- Posicionamento do Coordenador sobre o processo de Reconhecimento
Validação Certificação de Competências (RVCC) e o funcionamento do
Centro.
1.Como define o processo de RVCC e o funcionamento do Centro?
A nossa experiência ainda é pequena (…) no tempo e no número de Adultos. É
evidente que através do processo de RVCC ainda não terminou nenhum
processo…Possivelmente os primeiros irão em Abril a Júri uns 5 ou 6
Adultos…Depois irão começar os grupos novos, quando acabarem estes (… ).
Na experiência que nós temos tido, como em tudo na vida, quer os Adultos, quer
toda a Equipa, quando se começa uma coisa nova há sempre constrangimentos, um
empolgamento, e o sabor da imprevisibilidade, mas com o passar do tempo tudo isso é
um fenómeno normal enquanto que há sempre um programa para cumprir com os
alunos do Ensino Regular. No início muitas expectativas por parte dos Adultos, muito
interesse, muito envolvimento, mas numa segunda fase já baixaram as motivações… e
agora que estão a chegar ao fim, estão novamente entusiasmados, até porque há pessoas
que precisam do Diploma, enfim tudo isto mexe com a vida pessoal de cada um. Não
sei muito bem se os próprios adultos têm uma percepção exacta do Processo, mesmo
que se explique como é feito o reconhecimento, há a ideia que se passa na comunicação
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social, no café….de que é só ir à Escola buscar o Diploma…Nós tivemos uma situação,
(isto só para exemplificar, aliás já tínhamos ouvido muitas histórias destas nas
formações, mas esta aconteceu comigo e com a Joana, que é a nossa Técnica) em que
chegou junto de nós um Senhor, que nos disse: eu preciso do Certificado de 6º ano, nem
é preciso mais…agora vou para a Inglaterra…Ah…isto não é cá, terá que ir à Secretaria,
que é o local de atendimento na Escola e é lá que passam…e lá foi. Entretanto a senhora
da Secretaria disse-nos que o Senhor só tinha o 5º ano e perguntou-lhe se então queria
que lhe passasse o Certificado de 5º ano, e o Senhor respondeu logo que queria era do 6
º ano. Entretanto conversamos qual seria a possibilidade de encaminhamento do
Processo, e o Senhor respondeu-nos logo: Sim…sim…o que o doutor achar melhor,
então já na próxima Quinta eu venho buscar porque vou logo para a Inglaterra na Sexta-
feira…Estava convencido que o Processo RVCC funcionava desta forma…Já tinha
ouvido histórias destas, mas nunca tinha assistido…Portanto o Processo é muito mais
complexo de que imaginam, e agora que eu tenho dado algumas aulas nos cursos EFA,
dando o módulo de Cidadania, eu vejo que nestes cursos, os Adultos têm todo o apoio,
estou lá na sala, têm que fazer actividades, algumas que fazem relembrar algumas do
CNO, mas está ali junto dos Adultos um professor que explica, que orienta, que dá
apoio, no RVCC, não…os Adultos têm que ser muito autónomos, e constatamos que na
maior parte das pessoas não têm essa autonomia …essa capacidade de trabalho. Nós
temos umas horas semanais em que nós damos um apoio adicional, mas estão muito
escolarizados, eles próprios não vão e verificamos que estão sempre à espera de que o
professor lhes diga o que devem fazer, escrevem duas linhas e questionam “e agora o
que é que eu tenho que fazer?”...Nós dizemos que terão que reflectir sobre isso sobre as
suas vivências…eu penso que, posso estar enganado, mas muitas pessoas ainda veem o
Processo como “posso tirar o 9º ano num RVVC porque é mais fácil e só se vem às
sessões uma vez por semana”, e atenção que não é aulas, é uma orientação… e as
dificuldades permanecem…Eu penso que o processo de RVCC é útil em teoria, faz
algum ou bastante sentido, pode ser operacionalizado com sucesso, mas às vezes a culpa
pode ser de quem está deste lado, minha incluído, mas dá-nos a sensação de que os
Adultos querem é despachar, querem é fazer…muitos… mas nem todos …A ideia de
que de que colocam na História de Vida, por exemplo que o filho nasceu prematuro,
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muito bem dizemos nós, mas agora irá fazer uma reflexão no campo da saúde, por
exemplo ao nível das Novas Tecnologias como funcionam os cuidados com os
prematuros, as incubadoras … a resposta dos Adultos, alguns é imediata: vou reflectir
como? Em casa nem tenho computador…Alguns não têm recursos, não conseguem
(…), eu estou a falar dos que têm menos autonomia, alguns têm portefólios lindíssimos
e avançados e fazem o Processo sem problema nenhum, mas há pessoas que têm
dificuldades (…) no meio rural as pessoas têm outras prioridades e outras preocupações
(…) enfim.
2.Que meses são mais significativas profissionalmente e são determinantes na sua
actividade de Coordenadora?
No início nós não tínhamos nem experiência, nem formação, portanto era tudo
muito às apalpadelas, era tudo muito demorado, agora já estamos a funcionar, já a
velocidade de cruzeiro…Já fizemos uma série de minutas, de procedimentos, agora
qualquer situação que surge já estamos aptos, já respondemos na hora, no dia nós já
resolvemos, por exemplo entraram dois elementos novos e nós logo avançamos no
Processo. No início não, era preciso uma transferência, uma suspensão…ora bem o que
é isto? Não houve formação para a coordenação e direcção do Centro.
O processo demorava, as orientações técnicas chegavam tarde…Está a ver… a
função de organização do Centro, de gestão, e lá está além destas funções há a função
de apresentação de candidaturas, de relacionamento institucional, há esta função de
tentar facilitar o trabalho à Equipa… temos um fluxograma de procedimentos. Por
exemplo a Técnica de Diagnóstico faz Encaminhamentos, e há encaminhamentos que
são complicados…e aqueles que têm uma componente mais burocrática mais legal, ao
Abrigo do Decreto-Lei nº 357, por exemplo, obviamente que a Técnica precisa de
conhecer a Legislação, mas aí eu tento ajudar… fazer transferências, alterações de
encaminhamentos, validações formais, suspensões, eu tento cobrir esta parte para que os
elementos da Equipa não percam muito tempo com estas situações… para que se
possam concentrar nas funções deles…para que eles se possam concentrar naquilo que é
importante para os Adultos…
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3.O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias
Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)
Está previsto o PEI estar integrado nas actividades da Escola e estar de acordo
com os objectivos que pretendemos atingir no nosso CNO.
4.Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)
Não, não, inicialmente nem havia na Região. Agora há na Direcção de
Qualificação Profissional e na Escola de Hotelaria…
5.Como se faz o Processo por Ciclos, isto é por fases nos vários Ciclos ou linear ao
3º Ciclo? (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)
Teoricamente é linear, pode passar logo do Ciclo ou até para o
Secundário…O que nós tentamos fazer é no encaminhamento nos casos em que há
dúvida, fazer um esforço adicional no diagnóstico, para já encaminhar as pessoas
para a melhor opção, ou seja, não subestimar as capacidades, mas temos alguns
Adultos que só tinham a 4ª classe mas já estão a fazer um nível B3, porque revelou à
Técnica de Diagnóstico bons conhecimentos e tem…não manifestou
dificuldades…mas também pode acontecer ao contrário, os Adultos virem muito
motivados e muito interessados, com muita disponibilidade de trabalho, mas podem
não apresentar os conhecimentos necessários, competências evidenciadas, mas
geralmente no diagnóstico tentamos já fazer esta selecção. Às vezes é possível a
meio do percurso mudar, por exemplo se está a fazer um B2 e verificamos que faz à
vontade e sem dificuldades, claro que mudamos para B3.
6.Qual é a ligação entre a Teoria (Legislação) e a Prática de Certificação?
Existem muitas Orientações ainda do tempo da ANEFA, depois da ANQ, onde
temos informação e depois temos a Legislação. Entretanto também temos aprendido
para trabalhar com as Histórias de Vida e depois com os outros Centros, a Escola de
Hotelaria, a Direcção de Qualificação Profissional…que nos ajudaram mais. O que
se tem visto recentemente é que as Histórias de Vida, do nível Básico devem ser
vistas como as do Secundário, eu penso que em alguns anos anteriores, era vistas as
Histórias de Vida apresentadas com fichas, trabalhos escolarizados, eram fichas de
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actividades. Quando surgiu o Secundário, veio cristalizar, refinar a metodologia do
Ensino Básico, as competências devem estar integradas nas Histórias de Vida,
devem quase todas estar dentro da História de Vida, no Básico teve-se que fazer
assim e nós já tentámos trabalhar assim…Portanto o que nós tentámos fazer é que
tudo esteja integrado na História de Vida e quando não se consegue, e encontramos
resistências, proporcionamos algumas actividades e a nossa preocupação é que não
sejam actividades escolarizadas, padronizadas, que cada actividade seja criada
especificamente para aquele Adulto, isto quando não se consegue a partir da
História de Vida, fazer a validação de algumas competências. Por exemplo se o
Adulto é carpinteiro, faz uma actividade na área da carpintaria, e é um pouco
assim…
7.Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a
conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a Equipa
Externa de Avaliação?
Nós sempre que solicitados, quer pela Secretaria Regional de Educação ou
outros Agentes, reunimo-nos com os vários Parceiros e sobretudo temos tido o apoio
dos outros Centros que já funcionam anteriores a nós e que claro têm mais
experiência. Temos tido o apoio dos Coordenadores de outros Centros,
nomeadamente o Dr. Fernando e a Dra. Sónia.
8. Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos
relativamente ao processo de RVCC?
Nós temos dois ou três estudados, mas estão ainda confirmados, portanto ainda
não estão oficiais.
V- Visão do Coordenador sobre os Adultos em geral
1.Como define os grupos que procuram o Programa Novas Oportunidades?
(quer ao nível etário, número de utentes, média de idades, percursos
escolares, assiduidade nas Sessões programadas, dificuldades referenciadas
no trajecto de passagem pelos diversos módulos e etapas do processo
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RVCC, atitudes, comportamentos como se evidenciam, participação dos
familiares no processo de RVCC, outras situações relevantes?)
Eu não lido directamente com os Referenciais, eu conheço-os. Mas por exemplo,
penso que é nas TIC, que têm mais dificuldades, isto é só impressão que tenho,
porque já tivemos algumas situações em que constatámos que havia Adultos que
nunca tinham feito formação nesta área. Também temos pessoas que conhecem
bem o computador e que têm conhecimentos, e estão sem dificuldades na
informática. Mas, excepto alguns poucos casos superam bem…às vezes com
meia dúzia de horas de Formação Complementar, chegam lá. Matemática, o
Referencial de Matemática, se for levado à letra parece-me exigente, eu só tive
Matemática no 9º ano como aluno, mas parece-me exigente, os conceitos que eu
depois comparo com os alunos do 9º ano Regular e parece-me exigente, portanto
é normal que hajam algumas dificuldades, mas vão fazendo…Em Língua e
Comunicação, também é uma impressão minha, já me aconteceu ler alguns
textos, alguns extractos de Histórias de Vida e encontramos muitos erros e
dificuldades de construção frásica, mas depois comparo com os alunos do
Ensino Regular do 7º, 8º e 9º ano e não escrevem muito melhor, alguns… São
pessoas com dificuldades no ler e escrever português mas os filhos deles
também têm…Eu por acaso tive a colaborar com uma colega da Universidade a
fazer um Estudo que era sobre a importância da Formação das Auxiliares da
Acção Educativa no Pré-Escolar, porque elas estão possivelmente mais tempo
com as crianças do que com as Educadoras, além do tempo em sala de aulas,
levam-nas aos recreios, casas de banhos e muito mais actividades…e as crianças
aprendem a falar pelo que ouvem, não é? O que nós constamos naquele contexto
específico davam erros de meia – noite e claro que depois as crianças apanham
aqueles vícios…ora em casa é a mesma coisa. Portanto aqueles Adultos que têm
muitas dificuldades na leitura e escrita os filhos também têm…Por isso
Linguagem e Comunicação a mim, por fora, parece-me muito mais complicado
que por exemplo informática, porque esta é uma área nova, parece-lhes
interessante e é curioso, não há preconceitos, e se houver no trabalho qualquer
coisinha de Word ou Excel não é mau…agora o Português… eu que dou aulas a
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um EFA, a Adultos com perfil semelhante, e têm muitas dificuldades…Sabe que
como temos curso EFA, cria uma situação interessante, é que eles falam uns com
os outros, os dos EFA acham que os do CNO, que só têm “aulas” uma vez por
semana e queixam-se que não têm tempo para fazer as coisas, “então nós que
estamos mais vezes por semana na Escola como é que eles não têm mais meses
de processo?” Os do CNO sentem que não têm aquele apoio, os dos Curso EFA,
têm os professores a explicarem…Os dos EFA têm que ir às aulas todos os dias,
mas não é prática mandar tarefas para casa, enquanto os do CNO, têm toda a
autonomia e trabalho em casa…Em relação ao módulo de Cidadania, pelo
feedback da Formadora, dar aulas de Cidadania para mim é algo óptimo, sabe
que é bom que eu tenho as duas visões do CNO e dos EFA, então eu trabalho no
mesmo terreno que a minha colega no CNO e o que acontece é que eu tenho um
leque de opções que ela não tem, eu tenho aulas e os Adultos gostam desta área,
mas atenção que não é esta a metodologia que se faz no RVCC. No CNO, têm
apenas algumas horas de Formação Complementar e os Adultos referem essa
lacuna de terem aulas… Por exemplo ontem estávamos a falar da globalização,
nos hábitos, nos hábitos alimentares, apresentei-lhes um documentário, e repare
que o documentário são duas horas, claro que num EFA, ver um filme de duas
horas e comenta-lo não me parece um desperdício de tempo, ora os Adultos do
CNO se quisessem teriam de ver o filme em casa e a argumentação, comentário
claro que já não tem a riqueza da dimensão na sala de aulas. Nós fazemos um
debate, eu ajudo a reflectir nas temáticas…ou seja num EFA a disciplina de
Cidadania parece relativamente acessível, mas no processo de RVCC, a
impressão que eu tenho é que os Adultos têm algumas dificuldades a reflectir…o
Referencial de Cidadania é o mesmo do EFA, B2 ou B3 é o mesmo que do
Processo RVCC, o Referencial de Competências Chave, mas por exemplo, na
parte do Programa, agora está na actualidade do dia a Lei das Finanças
Regionais, se pedirmos uma opinião às pessoas sabe a Lei das Finanças
Regionais, grande parte das pessoas nem sequer percebe como é que a Lei das
Finanças Regionais influência a sua vida do dia-a-dia…lá está num EFA eu
posso explicar, porque tenho tempo, contacto com os Adultos, tenho
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disponibilidade….Muitos Adultos ouvem as notícias e eu tenho a percepção que
têm dificuldade em fazer reflexão sobre determinados assuntos, determinadas
competências pois se perguntar sobre a Organização do Estado Democrático,
eles respondem isso é para os políticos…posso estar enganado!…Sentem que
não é palpável, não tangível no dia-a-dia dos Adultos.
2.Normalmente qual é a origem social dos Adultos? (Classe social
predominante?)
Normalmente a origem social dos Adultos como já referi é média (…). Se
tivessem boas condições claro que tinham estudado (…).
3.Quais são as motivações, expectativas, dos Adultos quando procuram os
Centros das Novas Oportunidades?
Como já lhe disse as pessoas chegam motivadas, mas por vezes uma motivação
errada, que isto é para despachar e já está… mas quando começam a fazer, e
percebem e dizem: isto dá trabalho. Há duas situações, ou as pessoas desistem,
ou outras dizem isto dá trabalho, mas eu vou fazer. Isto é como tudo, dentro de
cada grupo variam, há pessoas adiantadíssimas e que até vão a júri mais
rapidamente. Há outras pessoas que estão mais atrasadas e que se marca
Formação Complementar mas que não aparecem. Fazemos por exemplo uma
sessão individual, para dar mais apoio e atenção às pessoas, mas há pessoas que
não querem sessões individuais, porque não se sentem à vontade, não querem ser
o centro dizem, até porque não se pode pressionar os Adultos a nada…Como
este Processo implica muita autonomia, então o que preparámos são sessões
colectivas e tentámos que as pessoas se motivem nessas sessões, porque se as
pessoas estiverem contrariadas não temos sucesso claro. Nós não temos muitos
casos felizmente, se calhar estou a falar de um ou dois mas se as pessoas
estivessem muito pressionadas, poderia acontecer…desmotivar-se, desintegrar-
se, sentirem que não conseguem, que não têm tempo (… ).
VI- Condições de sucesso e insucesso em geral.
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1.O que costumam indicar para o acompanhamento dos Adultos que apresentam
maiores dificuldades, quer de aprendizagem, quer económicas?
Nos Adultos, que apresentam dificuldades de aprendizagem, nós fazemos o
encaminhamento para a Formação Complementar…., esta Formação está integrada no
processo de RVCC e não implica encargos económicos …como sabe o processo
RVCC prevê para esta situação até 50 horas.
2.Como estruturam os recursos pedagógicos e didácticos?
Se os Adultos tiverem acesso em casa à internet, têm muitos e muitos recursos,
infelizmente já há até Histórias de Vida já feitas na internet…há muito matéria…
Agora quantas pessoas têm internet em casa? Já pensou como esta situação é
complicada?
VI- Estratégias e posicionamento face ao Sistema Educativo Actual
1.Qual é a sua opinião entre um Diploma obtido através do processo de RVCC e o
obtido através do percurso normal académico?
Já se nota alguma preocupação por parte dos Adultos, com aquela história que
quando referem tenho o 9º ano, mas foi através das Novas Oportunidades, isso não vale
de nada, já se nota alguma preocupação com esta situação, mas isso é normal…Nós por
exemplo, e agora pensando no processo de RVCC, os Adultos até vão à internet
pesquisar e se o Professor disse-lhes: agora pesquisem sobre o processo de
RVCC….claro que muitas das vezes o que eles encontram não é muito
agradável…aquelas críticas ferozes e algumas vezes um pouco infundadas, aquela
história de que vão pedir o Diploma na Segunda e vão recebê-lo na Quarta…e claro que
os Adultos ficam preocupados com estes constrangimentos.
2.Como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final?
Vamos ter só para Abril possivelmente a primeira etapa de Certificação, até lá
estamos em fase de preparação da constituição do Júri.
VII- Transição dos Adultos Qualificados para o Mercado de Trabalho
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1.Quais são as dificuldades que os Adultos são confrontados após a Certificação e
integração no Mercado de Trabalho?
Nós por exemplo temos dois casos, duas situações que eu não posso dar
resposta, porque ainda temos Júri…são dois Adultos que queriam fazer o nível B3,
porque a nível profissional lhes foi pedido o 9º ano, então justificaram que estavam
inscritos e que estavam em fase de conclusão do processo de RVCC, então foi-lhes
pedido que entregassem uma Declaração comprovativa, então nós elaboramos esse
Documento de acordo com o comprovativo de inscrição. Claro que irão a Júri, mas o
que constatámos é que houve objectivamente uma possibilidade profissional e uma
melhoria na vida daquelas pessoas.
A motivação dessas pessoas, que depois se aperceberam que se inscreverem nas
Novas Oportunidades foi útil, e foi mesmo útil nas suas vidas, é uma motivação enorme
porque sabem que quando terminarem o Processo, vai buscar o Diploma do processo de
RVCC e mais o Diploma Profissional que tinha, e aí percebem que há uma melhoria
significativa na sua vida, (…), se todos os Adultos têm essa percepção não sei!.
VIII- Satisfação/Insatisfação do Coordenador
1.Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e
disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o qual
não tivéssemos perguntado e que considere importante?
Em termos estruturais e vendo mais com a minha preocupação de necessidade de
Formação, penso que a Formação não deveria a ser pontual, deveria haver um
calendário de Formação para os Elementos das Equipas, por exemplo, no mínimo de
dois em dois meses, por exemplo havia às Sextas- feiras, na última Sexta-feira de cada
mês, as pessoas sabiam que estavam em Formação em todos os CNO cá na Madeira.
Poderia ser dividida, para Formadores, para os Técnicos, para os Profissionais de
RVCC, para a Direcção, Coordenação… era para as pessoas saberem que assim tinham
sempre momentos de partilha de experiências pedagógicas, e trocar ideias…isso penso
que era o ideal. Outra coisa importante era haver mecanismos Regionais, não sei como é
que isso poderia funcionar legalmente, mas haver mecanismos Regionais, que
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permitissem maior estabilidade da Equipa. Nós, por exemplo se for um Formador,
precisa de um tempo para se adaptar às Metodologias do processo de RVCC, ele afecta
por exemplo aquela área de competência, mas penso que se for um Profissional de
RVCC é mais fulcral afecta o grupo todo portanto é central…e se for um Técnico de
Diagnóstico pára tudo. Embora os grupos que já estejam em processo continuem, os
novos grupos claro que não avançam…por exemplo quando eu sair desta Escola, não
vejo nenhum colega especializado na área, a trabalhar no CNO, claro que tenho lá agora
todos os Documentos e Orientações técnicas, claro que eu a trabalhar lá já as sei todas
de cor, mas sei como se exerce funções.
Deveria haver mecanismos, para quem quisesse claro, não era prender as
pessoas, pelo menos no sector Público deveria haver mecanismos para quem quer
permanecer, claro que há uns que estão no Quadro, mas temos o Quadro de Zona, mas
no Quadro de Escola. Este ano perdemos dois Formadores, uma das colegas era do
Continente, e quis ir para o Continente, obviamente que ai não iríamos proibir a colega
de sair, mas há outras situações em que os professores são colocados noutras escolas e
ai, não estou falando de condições financeiras nem nada do género, era quando se fazem
os concursos, era permitir a continuidade de funções para quem quer, e no caso do
pessoal Técnico era o processo semelhante, era quase automático, desde que a pessoa
quisesse continuar e o Centro tem interesse então havia continuidade de exercício de
funções no CNO.
Sempre que precisar disponha e vamos nos encontrando mais vezes.
Muito obrigada por ter participado neste Processo de Investigação.
Manuela Pereira
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GUIÃO DE ENTREVISTA – AOS COORDENADORES
Centro Novas Oportunidades - Processo de Reconhecimento Validação
Certificação de Competências Região Autónoma da Madeira
I -Título: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,
Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na
Região Autónoma da Madeira.
II - Objectivos Gerais:
1º- Conhecer o Posicionamento dos Coordenadores dos Centros Novas
Oportunidades na Região Autónoma da Madeira relativamente ao Processo de
Reconhecimento Validação Certificação de Competências (RVCC).
2º- Identificar a organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO).
Entendemos por organização-morfologia territorial, instalações, recursos
materiais, corpo docente e função. Por outras palavras, entenda-se por organização os
aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos
(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-
Utentes).
3º- Conhecer que sentidos dão os vários Actores ao processo de RVCC?
(Utentes, Profissionais do RVCC, Sociedade)
Data da Entrevista – 08 de Fevereiro de 2010
Local da Entrevista – CNO 5
Nome do Entrevistado –C5
Duração da Entrevista – das 10 horas às 10h 36: 40 (36:40)
Zona – Funchal (Urbana)
Legitimação da Entrevista e motivação.
I - Identificação Pessoal e Profissional da Coordenadora e do Centro Novas
Oportunidades
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1. Qual é a sua identificação?
C5
2. Qual é o Centro Novas Oportunidades?
CNO5
3. Qual é a sua idade?
46 Anos.
4. Qual é a sua Nacionalidade?
Portuguesa.
5. Qual é o seu Estado Civil?
Casada.
6. Qual é a sua Formação Inicial/habilitações académicas?
A Formação Inicial é a Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas
na variante Inglês - Alemão.
7. Há quantos anos exerce a sua actividade profissional?
Desde 1990
8. Qual o seu percurso profissional?
Fui docente em Línguas há muitos anos, mas a maior parte da minha carreira
comecei logo com a Formação Profissional. Trabalhei algum tempo no Ensino Público,
depois comecei a trabalhar no 1º Quadro Comunitário de Apoio com a Formação
Profissional de Activos, e a partir daí foi uma evolução na área e no Ensino Profissional.
9. Como foi o Processo de colocação do Cargo de Coordenadora?
Comecei como Formadora da Empresa que foi a mãe desta Escola, Formadora
em várias áreas comportamentais, e também de Inglês a minha área – base. Também na
Formação de Activos, de Formadora passei para Coordenadora Pedagógica na altura, e
entretanto estive no Projecto de Abertura desta Escola para a candidatura aqui no
Funchal. Quando o Projecto foi aprovado vim para cá para a Região, para o Funchal e a
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Escola abriu em 1993. A partir daí mantive-me no Ensino Profissional em simultâneo
fui acoplando funções na Formação Profissional para Activos com a minha função.
Entretanto continuei a dar Formação em horário pós-laboral nas Áreas
Comportamentais, depois em 2006, surge a oportunidade de Candidatura aos Centros
Novas Oportunidades, nós concorremos, foi aprovada a Candidatura e entrámos neste
mundo completamente novo, e começamos a nossa actividade em 2007, como Centro
Novas Oportunidades.
II – Percurso de vida Pessoal e Profissional Funções de Coordenação no CNO
1.As suas decisões da actividade profissional foram influenciadas pelos processos
de Formação Inicial ou desenvolveram-se no interior profissional. Como?
Não, não têm nada a ver com a Formação Inicial, só têm a ver na parte do gostar
de ensinar, e pela parte de dar Formação. Depois a retaguarda foi por gosto mesmo e
desenvolver outras competências que se calhar já estavam dentro de mim e que me
aliciaram ainda muito mais…
2.De que modo a sua vida familiar e social contribui para a sua formação
profissional?
Não teve interferência nenhuma, a nível social teve na altura era solteira e foi
através de uma amiga minha que eu comecei a dar formação e a partir daí desenvolvi na
empresa a minha formação.
3.Em relação ao seu exercício das suas funções enquanto Coordenadora há quanto
tempo exerce estas funções? Sempre neste mesmo Centro?
Como já lhe referi desde a abertura do CNO.
4.Porque fez a opção pelo exercício das suas funções profissionais na área do
Programa Novas Oportunidades?
Fui eu quem fez a Candidatura ao Centro, e porque já na Escola nós tínhamos
alguma sensibilidade apurada para as questões das equivalências escolares e para as
metodologias de abordagem com os Adultos, e daí houve uma aproximação mesmo
construída…A parte da formação que está comigo, fez com que por inerência acabasse
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por assumir, por acoplar mais esta função de Coordenadora do CNO, pois gosto muito
da área da Formação e das actividades com os Adultos.
III – Formação e Desenvolvimento Profissional
1.Como se actualiza e enriquece a sua actividade profissional no desempenho de
funções ao nível das Novas Oportunidades?
Não só fazemos auto – formação, mas tivemos Formação no ano passado mesmo
na Madeira, não só para o nosso Centro mas para vários e sobretudo ao nível do
Secundário tínhamos muitas dificuldades, e sempre que possível trazemos esta mais-
valia ao Centro, de resto em termos de funcionamento muito generalizado temos este
Processo de muita pesquisa e investimento por todos os Profissionais da Equipa.
IV- Posicionamento da Coordenadora sobre o Processo de Reconhecimento
Validação Certificação de Competências (RVCC) e o funcionamento dos
Centros.
1.Como define o processo de RVCC e o funcionamento do Centro?
Como um Processo que exige muita aprendizagem e sobretudo com muita
pesquisa…No início houve muito investimento profissional, nós já fomos a terceira leva
de abertura de CNO. A primeira leva foi piloto com a abertura de seis Centros ao nível
Nacional, a segunda já foram mais mas nós na altura não concorremos. Nós só
concorremos na terceira leva de abertura dos Centros Novas Oportunidades, ainda muito
pouca informação havia quer para formação e informação, aliás desde que nós
começamos o Processo evoluiu imenso e nós também com toda a Equipa. Houve muita
pesquisa através da Net, aliás nós estamos aqui na Região portanto é-nos mais
complicado as Formações no Continente e as reuniões que a ANQ faziam foram de
facto importantes em termos de partilha e também as relações que estabelecemos com
outros Centros, que também fomos desenvolvendo, em casos de dúvidas íamos
ligando… de resto foi um partilhar da Equipa que juntos conseguimos encontrar o
melhor caminho, e estamos sempre constantemente a alterar e a construir…Começamos
pelo Básico só entrou o Secundário um ano depois. Como Coordenadora eu não me
queria definir muito neste papel de Coordenadora, porque no fundo a base está na
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Equipa que nós conseguimos arranjar, se uma Equipa tiver toda o mesmo interesse de
trabalhar bem, de construir bem, não interessa o individual, há de facto uma linha de
orientação, que era um Referencial, havia alguns instrumentos criados, fizemos o
primeiro Processo com o que havia, mas fomos reunindo e ver que no segundo Processo
já vimos que alterar aqui melhorar ali, porque víamos que resultaria melhor. Desta
forma fomos construindo o Processo, mas com uma análise no terreno à medida que o
Processo ia evoluímos, alertávamos no grupo seguinte. Alterámos ainda hoje a
construção de novos instrumentos, grelhas de participação de forma a serem meios
facilitadores dos processos para os adultos, portanto por essa via conseguimos chegar
sempre a bom termo, também a Equipa é estável, também é uma vantagem, portanto é
uma vantagem do Centro. O Centro tem autonomia para recrutar a Equipa, no caso as
Técnicas já estavam na Escola portanto já as conhecíamos muito e em termos de perfil e
de trabalho, foi uma mais-valia da Escola, o que nos ajudou imenso em termos de
escolha, porque tudo depende muito dos Profissionais que estão à frente e do seu
perfil…
Embora as Habilitações sejam obrigatórias por Lei, mas o perfil é importante,
por exemplo, poderá haver uma Formação de Base em Psicologia, mas não poderemos
dizer logo por exemplo que é um excelente profissional no processo de RVCC…, que
está apto, tem a ver com o perfil. Por experiência já da Escola foram convidadas as
Técnicas para tal e aceitaram este desafio. Os Formadores roubaram-nos mais tempo,
porque os Formadores têm um papel completamente diferente daquele Formador que
exerce no Ensino Oficial, portanto também têm que ter um perfil muito especial para
estarem com os Adultos, mais difícil moldar os Formadores…A Formação Inicial dos
Formadores é a exigida pela Legislação, não podemos fugir destas normativas. Agora a
nossa Equipa é estável ao longo destes dois anos, o que é óptimo em termos de
conseguirmos evoluir … Depois a formação que é dada quando integramos mais uma
pessoa é só de acompanhamento, ou seja, a pessoa acompanha desde o primeiro dia
todas as fases do Processo, a pessoa própria, portanto não lhes é explicado teoricamente
o que terá que fazer, a pessoa vê e portanto é pelo Processo de Observação e desta
forma tem funcionado bem até agora. Naturalmente o segredo da Equipa CNO está
muito no perfil, muito, muito…A nossa Equipa não é muito grande, mas tem
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capacidade de resposta para o publico que tende a vir-nos procurar. Relativamente às
necessidades de Formação são notórias por parte da Equipa, a Formação que nós
trouxemos ao Funchal, foi muito importante, ela faz um clic nas pessoas, porque os
Formadores que cá vêm como já têm uma experiência no terreno, e a partilha de outras
formas de trabalhar permite-nos a nós optimizar a nossa e neste tipo de iniciativa é tudo
muito importante, a partilha é uma mais-valia. No Ensino Regular tudo está
determinado ao nível dos conteúdos programáticos. A ANQ promove muitas formações
e ficamos sempre com grupo diferente logo é sempre enriquecedor para o processo de
RVCC
2.Que meses são mais significativas profissionalmente e são determinantes na sua
actividade de Coordenadora?
Temos meses de maior exigência profissional, tem a ver com a entrada das
pessoas em Processo e portanto há um tempo de grandes picos, nomeadamente a meio
do ano e outra vez no final do ano e aí são de facto são processos complicados …Depois
também temos depois as metas. As metas Regionais tal como as Nacionais são boas
metas, não são nada de extraordinário, podem-se muito bem alcançar perfeitamente num
ano, mas naturalmente que exigem picos de trabalho e aí a Equipa acusa muito cansaço,
porque o tempo despendido no Processo é muito na análise dos Portefólios, não é tanto
no acompanhamento com os Adultos, mas é muito mais na análise dos Portefólios para
dar o feedback aos Adultos e como são muitos Portefólios naturalmente que acusam
cansaço…
3.O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias
Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)
Embora o CNO funcione dentro da Escola ele tem uma autonomia face ao papel
que deve exercer, que é completamente distinto da Escola.
4.Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)
Não, nós só temos Certificação Escolar.
5.Como se faz o Processo por Ciclos, isto é por fases nos vários Ciclos ou linear ao
3º Ciclo? (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)
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É consoante o público de entrada, portanto os Adultos inscrevem-se a Técnica de
Diagnóstico e Encaminhamento faz o seu diagnóstico, entretanto as pessoas aguardam
que nós formemos um grupo. Portanto o grupo é feito com a ordem de chegada e são 15
pessoas no máximo e depois avançamos e também tem a ver com os horários, nós temos
três tornos manhã, tarde e noite, aí os Adultos podem escolher, ou o torno da manhã,
tarde ou noite. Portanto abrimos o Processo de acordo com as disponibilidades e os
níveis das pessoas que se candidatam.
6.Qual é a ligação entre a Teoria (Legislação) e a Prática de Certificação?
É explicado ao Adulto no primeiro dia o que tem que fazer, o que é que se
pretende, isto numa primeira sessão chamada acolhimento, depois o Adulto faz as
sessões de Diagnóstico com a Técnica onde é explicado muito qual é o caminho a
atravessar e quais são as possibilidades em termos de oportunidades e de aumentar a sua
escolaridade.
O Adulto escolhe, se optar pelo processo de RVCC e tiver condições para o
fazer, porque nem todos os Adultos podem fazer o processo de RVCC, então entra no
Processo, claro os que apresentam requisitos do Processo, então tem a primeira sessão
com a Profissional de RVCC, que lhe explica tudo o que tem que fazer. Seguidamente
são os Formadores que lhes explicam a descodificação do Referencial. A descodificação
do Referencial é importantíssima para que os Adultos possam perceber o que têm de
reflectir na sua História de Vida. Depois há sessões de acompanhamento que são várias
com a Equipa presente na sala, com os Formadores das várias Áreas e a Profissional. Do
final deste acompanhamento vai sair a sua História de Vida, entretanto o que a
Profissional faz, não é mais do que com o Adulto ver a partir do que o Adulto fez,
reflectir e construir a sua História de Vida a partir do que lá está, e tentamos na medida
do possível fazer esse acompanhamento aos Adultos. Se notarmos que alguns Adultos
precisam de alguma Formação Complementar, até as 50 horas, nós encaminhamos, mas
se for para além desta, nós Escola temos uma Candidatura em alguma formação
Modelar, por acaso temos resposta. Estamos a encaminhar para não é grande a
capacidade, mas temos alguma formação – base, nomeadamente na Linguagem e
Comunicação, e a Matemática para a Vida também abrimos porque é muito
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complicado…Entretanto fizemos um levantamento de tudo o que existe na Região para
dizermos aos Adultos de tudo que possibilidades têm na Região ou que será melhor
optarem por outra alternativa, outro caminho a percorrer...
7.Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a
conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a Equipa
Externa de Avaliação?
Na Secretaria Regional de Educação, temos reuniões com a Dra. Ângela, que faz
a Representação da Secretaria Regional de Educação e é responsável pelos CNO, na
Madeira, temos também sempre que possível partilha com os outros Centros sempre que
seja possível, sempre que é preciso. Temos também situações de transferências de
pessoas, que vêm daqui para lá e de lá para cá, muitas vezes por motivos de residência e
dos horários também, e assim todos conseguimos funcionar melhor.
8.Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos
relativamente ao processo de RVCC?
Nós temos Parcerias com o AKI, com a Câmara Municipal do Funchal e do
Porto Santo e ainda com o Hotel Vila Galé. Nós somos o único Centro que abrange o
Porto Santo, para já (…).
V- Visão do Coordenador(a) sobre os Adultos em geral
1.Como define as maiores dificuldades sentidas pelos grupos que procuram
o Programa Novas Oportunidades, Referencial de Competências? (quer ao
nível etário, número de utentes, média de idades, percursos escolares,
assiduidade nas Sessões programadas, dificuldades referenciadas no trajecto de
passagem pelos diversos módulos e etapas do processo RVCC, atitudes,
comportamentos como se evidenciam, participação dos familiares no processo
de RVCC, outras situações relevantes…?) o seu ponto de vista relativamente ao
Portefólio Reflexivo de aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação)
como instrumento de avaliação? Há dominantes nas Histórias de Vida dos
Adultos que são decisivas para o processo de RVCC?
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As pessoas sentem mais dificuldades ao nível da Matemática, e também ao nível
da escrita com grandes dificuldades… São pessoas com uma experiência de vida rica
até têm, mas apetências de escrita são mínimas, acho que é onde a Equipa sente mais
dificuldade…é estruturá-los para a competência linguística. O Referencial de
Competência é a Bíblia, na análise do Portefólio ele reflecte, não reflecte, nós temos três
parâmetros que são: cumpre plenamente, cumpre ou não cumpre. Portanto temos aqui
distinções bem diferenciadas. A nossa orientação base é o Referencial, sempre, sempre
presente nas nossas orientações para o processo de RVCC.
2.Normalmente qual é a origem social dos Adultos? (Classe social predominante?)
Normalmente é mais média (…). O Processo também acaba por não ser muito
caro, pois o Processo é realmente é Financiado pelo Fundo Social Europeu. Claro que as
pessoas que não conseguem fazer realmente o Processo aí acabam por exemplo por ter
recorrer aos Cursos EFA, que agora estão aparecendo nas Escolas Públicas, mas os
Adultos não querem porque têm aulas diariamente é no período Pós-Laboral, as
famílias, os filhos…são sempre muitos constrangimentos, e, portanto o que os Adultos
procuram são alternativas que não lhes ocupem tempo, muitos dias da semana. Portanto,
esta aposta na formação Modelar acho fantástica, porque de facto os Adultos podem
fazer estas Unidades de Formação, elas têm mais sucesso, embora as pessoas não
tenham muito conhecimento destas Unidades de Curta Formação, porque as Escolas
Públicas não oferecem. As Unidades Modelares são uma iniciativa Nacional e mais no
nível Secundário é possível terminar o Secundário conforme o número de disciplinas
que tem em atraso, frequentando de uma a seis das cadeiras que tem em atraso e não
tem que entrar em Processo, portanto é uma grande possibilidade que o Decreto-Lei nº
357, portanto isto é uma grande oportunidade para os Adultos. Nós estamos fazendo dia
sim, dia não, ao longo da semana, o problema é que a Madeira não tem esta capacidade
de resposta.
3.Quais são as motivações, expectativas, dos Adultos quando procuram os Centros
das Novas Oportunidades?
É aumentar a sua escolaridade acima de tudo, alguma ascensão na Carreira
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Profissional, aliás essa é uma das grandes motivações para as pessoas fazerem
esta opção. Nomeadamente posso dar o exemplo que da Câmara Municipal foi
muita, muita gente, porque tinham essa possibilidade, na Função Pública isso
acontece. No Privado já não tanto, mas de toda a maneira é de notar o esforço dos
Privados em subir o nível de escolaridade dos seus funcionários, não sei se dão
algum incentivo ou não, nós não acedemos a esse Processo, a verdade é que tem
havido maior procura por parte das Empresas para aumentar as qualificações dos
seus Funcionários. Nós temos um crescente aumento da procura por parte dos
Adultos para o processo de RVCC
VI- Condições de sucesso e insucesso em geral
1.Como estruturam os recursos pedagógicos e didácticos?
Nós construímos os nossos próprios materiais, construímos grelhas de
observação e atenção que estamos a validar competências, portanto não vamos
construir materiais de recurso para os Adultos. Cada Adulto terá que procurar os
seus recursos para construir o seu Portefólio Reflexivo de Aprendizagens.
VI- Estratégias e posicionamento face ao Sistema Educativo Actual
1.Qual é a sua opinião entre um Diploma obtido através do processo de
RVCC e o obtido através do percurso normal académico?
Mal de nós se como Centro se não acreditamos no que estamos a fazer…
portanto quando atribuímos uma Certificação ela é Válida. Acontece que temos pessoas
muitíssimo válidas que valem perfeitamente toda a sua Certificação, agora as pessoas se
põem a comparar se um Adulto fez Físico-Química, Geografia, teve História das Artes
Visuais, Educação Visual, naturalmente que não poderemos comparar por aqui, pelo
currículo… São Processos completamente diferentes, onde definitivamente as
competências que as pessoas mostram, revelam adquiridas pela via profissional, são
definitivamente uma mais-valia e são certamente uma Certificação plena do mundo do
trabalho. Agora se fomos a comparar pelos conteúdos curriculares, não o caminho não é
por aí, senão não haveria sido criado um Referencial para todo este processo de RVCC.
2.Como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final?
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O Júri é composto por toda a Equipa de esteve ao longo do tempo do Processo
de cada grupo, um Formador de cada Área mais um Profissional, e pela Avaliadora
Externa. Terminado o Processo, validado pela Equipa, fica no Portefólio a opinião da
Equipa, com o Relatório de Equipa, que depois é entregue ao Avaliador Externo que lê
e acompanha o Portefólio. Portanto, depois é marcado o dia do Júri com o Avaliador
Externo, e é feita a sessão de Júri que por norma, isto no Nível Básico (B3) os Adultos
dispõem de uns 15 minutos para apresentarem o que foi para cada um o Processo
RVCC, o que querem reflectir do seu Portefólio, são livres de o fazer, pedimos que
reflictam em todas as Áreas, é um critério do nosso Centro, depois submetem-se às
perguntas que lhes serão feitas, ou comentários por todos os elementos da Equipa.
VII- Transição dos Adultos Qualificados para o Mercado de Trabalho
1.Quais são as dificuldades que os Adultos são confrontados após a Certificação e
integração no Mercado de Trabalho?
Nalguns casos tem se feito sentir mais no Público, porque a Carreira da Função
Pública é muito compartimentada, se tiver o 9º Ano poderá fazer isto, isto…isto. Se
tiver o 10º Ano já poderá fazer isto, isto e aquilo…e lá está, nota-se muito mais esta
saída no mercado de trabalho.
VIII- Satisfação/Insatisfação da Coordenadora
1.Qual é o balanço que faz ao funcionamento do seu Centro Novas Oportunidades
enquanto Coordenadora do processo de RVCC?
No processo de RVCC, na fase de Diagnóstico é o Adulto que escolhe, e se não
tiver em condições de entrar em Processo e a Equipa achar, mas se o Adulto assim
quiser ele entra, e nestas situações não deveria entrar em Processo, pois não tem
condições…Quando o Adulto é encaminhado para o Processo assina, seja aqui ou em
qualquer outro Centro, há uma Declaração de Compromisso em que os Adultos assinam
e nós, é assinado por ambos, é um compromisso! A minha maior angústia é haver
Adultos que não têm a noção do que é o processo de RVCC, e arriscam sem noção, eu
percebo porque em termos de disponibilidade se eu tiver competências naturalmente,
mas é se eu as tiver, agora se não as tenho e ao longo do Processo não adquire
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competências, portanto quando se trata de competências, primeiro temos que adquiri-las
depois para as validar…aqui já gera para a Equipa a partir deste momento muitos
constrangimentos, portanto isto no início não era assim, mas a partir do momento que
passou a ter esta organização, a primeira leva de pessoas não era assim o Diagnóstico. A
Equipa fazia o Diagnóstico demorava normalmente mais tempo ou menos tempo mas
não era assim…não havia um limite de sessões, agora há…Um Adulto com
competências razoáveis, em todas as Áreas normalmente demora para fazer o Processo
4 a 5 meses na sua totalidade.
2.Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e
disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o qual
não tivéssemos perguntado e que considere importante?
Só para dizer que neste momento o tipo de pessoas que nos procura são
diferentes, daquelas primeiras que nos surgiram no Centro Novas Oportunidades,
pessoas que ao passar a palavra, ficam com a ideia que se passa o Certificado sem
esforço nenhum, e não é bem o caso, temos que ter muito mais cuidado neste momento,
do que quando iniciamos, porque o copy-past é uma coisa impressionante, portanto a
Equipa já teve Formação para o plágio em termos de método já temos software
instalados porque foi nos acontecendo, portanto queremos fazer um trabalho sério e
honesto, e nunca quereremos seguir por essa via. Para concluir e fazendo um balanço é
francamente muito positivo. Há aspectos que são muito determinantes e marcantes no
Processo, é sentirmos o feedback que os Adultos nos dão, é sentirmos que fomos muito
úteis nas suas vidas, é o contributo para que a nossa sociedade seja uma sociedade
melhor, é fantástico…Sentimos que em termos da nossa investigação cumpre a nossa
missão…naturalmente há muito trabalho pela frente, muito trabalho a fazer ainda com
estes Adultos que foram validados, mas é um trabalho que ainda demora o seu tempo.
Quanto a mim deveria haver outras alternativas que permitissem a estes Adultos, sem
ser uma escolarização, novas alternativas para que fossem andando e que tivessem
maior motivação, porque um Adulto com responsabilidades familiares, nomeadamente
as mulheres, é muito complicado, muito complicado, portanto na minha opinião ainda
há um grande trabalho…Agora em termos de feedback, acho que sim, valeu a pena e já
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contribuímos para a felicidade de muita gente que é fantástico e continuaremos a
contribuir porque é essa a nossa missão com Centro Novas Oportunidades. Por agora
nada mais me ocorre de imediato, mas se precisar mais de alguma informação disponha.
Muito obrigada por ter participado neste Processo de Investigação.
Manuela Pereira
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GUIÃO DE ENTREVISTA – AOS COORDENADORES
Centro Novas Oportunidades - Processo de Reconhecimento Validação
Certificação de Competências Região Autónoma da Madeira
I -Título: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,
Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na
Região Autónoma da Madeira.
II - Objectivos Gerais:
1º- Conhecer o Posicionamento dos Coordenadores dos Centros Novas
Oportunidades na Região Autónoma da Madeira relativamente ao Processo de
Reconhecimento Validação Certificação de Competências (RVCC).
2º- Identificar a organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO).
Entende-se por organização-morfologia territorial, instalações, recursos
materiais, corpo docente e função). Por outras palavras, entenda-se por organização os
aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos
(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-
Utentes).
3º- Conhecer que sentidos dão os vários Actores ao processo de RVCC?
(Utentes, Profissionais do RVCC, Sociedade)
Data da Entrevista – 11 de Fevereiro de 2010
Local da Entrevista – CNO 6
Nome do Entrevistado – C6
Duração da Entrevista – das 15 horas às 15h 39: 01
Zona – Funchal (Urbana)
Legitimação da Entrevista e motivação.
I - Identificação Pessoal e Profissional da Coordenadora e do Centro Novas
Oportunidades
1. Qual é a sua identificação?
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C6
2. Qual é o Centro Novas Oportunidades?
CNO6
3. Qual é a sua idade?
36 Anos.
4. Qual é a sua Nacionalidade?
Portuguesa.
5. Qual é o seu Estado Civil?
Casada.
6. Qual é a sua Formação Inicial/habilitações académicas?
Licenciatura em Gestão.
7. Há quantos anos exerce a sua actividade profissional?
Desde Janeiro de 2009 (data da abertura do Centro Novas
Oportunidades).
8. Qual o seu percurso profissional?
De Julho de 1999 a Dezembro de 2008
Técnica de Formação, durante sensivelmente período de 1 ano estive
responsável pelo Marketing de Maio de 1997 a Junho de 1999.Contratada em
regime de prestação de serviços como formadora (exercendo a função de
formadora e de coordenadora da formação) pela FDTI (Fundação para a
Divulgação das Tecnologias de Informação)
9.Como foi o Processo de colocação do Cargo de Coordenadora?
Pertencia aos quadros da entidade promotora do Centro e com o
surgimento deste projecto, foi-me proposto a Coordenação do mesmo.
II – Percurso de vida Pessoal e Profissional Funções de Coordenação no
CNO
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1.As suas decisões da actividade profissional foram influenciadas pelos processos
de Formação Inicial ou desenvolveram-se no interior profissional. Como?
A Licenciatura base é Gestão, mas sempre exerci a actividade de formadora de
formação profissional, desta forma estive sempre ligada aos adultos.
2.De que modo a sua vida familiar e social contribui para a sua formação
profissional?
Desde que recebi o convite para Coordenadora tive sempre o apoio da família,
desde o momento que assumi esta função, a disponibilidade tem de ser diferente, porque
antes entrava às 9h e saía às 17h30, agora tenho que estar mais disponível, porque às
vezes as reuniões, sessões de júri e sessões são em horário pós-laboral.
3.Em relação ao seu exercício das suas funções enquanto Coordenadora há quanto
tempo exerce estas funções? Sempre neste mesmo Centro?
Desde a abertura do Centro, Janeiro de 2009.
4.Porque fez a opção pelo exercício das suas funções profissionais na área do
Programa Novas Oportunidades?
Foi uma nova oportunidade profissional (sorrisos) e um desafio profissional…
III – Formação e Desenvolvimento Profissional
1.Como se actualiza e enriquece a sua actividade profissional no desempenho de
funções ao nível das Novas Oportunidades?
Temos alguma dificuldade, em estar presente em todos os acontecimentos
promovidos pela ANQ, para nós há sempre a dificuldade como ilhéus. Muita da ajuda é
dada, através da Net, da ligação telefónica à ANQ, e recorremos muito à ajuda dos
colegas dos outros centros. Recordo que quando iniciamos, sentimos algumas
dificuldades porque não tivemos uma formação específica, uma formação de início para
a abertura do Centro. A ajuda que tivemos dos outros centros foi fundamental, para
podermos ver como funcionavam, ver como eram todos os processos e como
desempenhavam toda a actividade.
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IV- Posicionamento da Coordenadora sobre o Processo de Reconhecimento
Validação Certificação de Competências (RVCC) e o funcionamento dos Centros.
1.Como define o processo de RVCC e o funcionamento do Centro?
O processo de RVCC permite aumentar o nível de qualificação escolar, da
população adulta, através do reconhecimento de competências adquiridas ao longo da
vida. É um processo com alguma complexidade. Muitas vezes, as pessoas não fazem
ideia dos conhecimentos e competência que vão adquirindo ao longo da vida e não as
valorizaram. Este processo vai permitir que os adultos reflictam sobre essas as
aprendizagens que fizeram ao longo do seu percurso pessoal, social, profissional e
formativo e que não foi certificado. No Ensino Regular a formação faz-se a partir dos
conteúdos programáticos propostos pelo Sistema Educativo. O horário de
funcionamento abrange o período laboral e pós-laboral de modo a permitir que os
adultos empregados possam frequentar. A equipa do Centro é constituída por um
director, um coordenador, técnico de diagnóstico e encaminhamento, profissionais de
RVC, formadores e técnico administrativo. Após os adultos realizarem a sua inscrição
no centro, são posteriormente contactados para iniciarem a fase de diagnóstico e
encaminhamento, com a ajuda do técnico de diagnóstico, esta etapa permite desenvolver
e aprofundar a análise do perfil do adulto. O Encaminhamento é feito mediante a
definição do plano de encaminhamento. O adulto é direccionado para a resposta
formativa ou educativa mais adequada ao seu perfil e, tendo em conta, as ofertas de
qualificação disponíveis a nível regional (RVCC, Cursos de Educação e Formação de
Adultos, Cursos Profissionais. Os adultos encaminhados para outras ofertas formativas
saem do centro e os que são encaminhados para processo de RVCC continuam
connosco. O RVCC desenvolve-se num sistema de sessões colectivas e individuais. A
validação das competências é feita a partir do Portefólio Reflexivo de Aprendizagens
(PRA) com interacção permanente entre o adulto, o/a técnico/a e os formadores
envolvidos, tendo por base o referencial de Competências-Chave. A certificação de
competências realiza-se perante um Júri de Certificação constituído pelo Profissional de
RVC, pelos Formadores de cada adulto e por um Avaliador Externo. Após este
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Processo, elabora-se um Plano de Desenvolvimento Pessoal, tendo em vista a
continuação do percurso de qualificação/aprendizagem de cada adulto.
2.Que meses são mais significativas profissionalmente e são determinantes na sua
actividade de Coordenadora?
Não lhe posso dizer os meses em concreto, existem fases mais trabalhosas do
que outras, lhe posso adiantar que existem picos do Processo, um deles é quando
estamos a preparar os adultos para estarem presentes numa sessão de júri.
3.O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias
Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)
O PEI está integrado na instituição, mas claro que as actividades são diferentes.
Os profissionais são contratos pela entidade e não pelo Centro. Os recursos humanos
são financiados, nós fazemos através do ajuste directo, nós fazemos o convite a algumas
pessoas, e depois é feita uma análise das propostas e a partir daí é feita a colocação. Nós
é que fazemos o recrutamento para a nossa equipa do CNO.
4.Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)
Neste momento só temos a Certificação Escolar.
5.Como se faz o Processo por Ciclos, isto é por fases nos vários Ciclos ou linear ao
3º Ciclo? (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)
Após análise do perfil dos adultos e respectivo encaminhamento são criados
grupos de acordo com o nível: nível B2, nível B3 ou secundário. Ao obterem o nível
para o qual se inscreveram são aconselhados a continuarem o seu percurso formativo
através de processo de RVCC ou outra oferta formativa extra centro, varia consoante o
perfil do adulto. No Ensino Regular o programa é aplicado independentemente do perfil
humano.
6.Qual é a ligação entre a Teoria (Legislação) e a Prática de Certificação?
Sempre uma ligada à outra. O Centro para poder funcionar tem como base toda a
legislação inerente desde a constituição da equipa a todo o processo de certificação.
Todo o processo de RVCC é feito com base das metodologias propostas pela ANQ.
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7.Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a
conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a Equipa
Externa de Avaliação?
Sempre que necessário reunimos com os coordenadores dos outros centros da
região e com Coordenadora Regional, que é um pessoa da Secretaria Regional de
Educação. Sempre que existe algum evento a ANQ convida todos os centros, mas torna-
se muito dispendioso ir daqui a Lisboa para estarmos presentes num evento com a
duração de 2horas. Mas sempre que se justifique, nós estamos presentes.
8.Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos
relativamente ao processo de RVCC?
Actualmente temos protocolos celebrados com a SODIPRAVE, McDonald,
APRAM, com Associação Desportiva e Recreativa da Água de Pena e Junta de
Freguesia de Machico.O protocolo com a Junta de Freguesia de Machico, que serve de
Pólo, todo o processo desenvolve-se lá, desde as inscrições até á entrega dos Diplomas.
V- Visão do Coordenador(a) sobre os Adultos em geral
1.Como define as maiores dificuldades sentidas pelos grupos que procuram o
Programa Novas Oportunidades, Referencial de Competências? (quer ao nível
etário, número de utentes, média de idades, percursos escolares, assiduidade
nas Sessões programadas, dificuldades referenciadas no trajecto de passagem
pelos diversos módulos e etapas do processo de RVCC, atitudes,
comportamentos como se evidenciam, participação dos familiares no processo
de RVCC, outras situações relevantes…?) o seu ponto de vista relativamente ao
Portefólio Reflexivo de aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação)
como instrumento de avaliação? (Há dominantes nas Histórias de Vida dos
Adultos que são decisivas para o processo de RVCC?
Os Adultos em termos conceptuais apresentam dificuldades em integrar as suas
actividades do seu dia-a-dia, da sua experiência de vida, nos seus Portefólios, têm
muitas dificuldades de abstracção, e depois depende da área em que apresentam mais
lacunas de dificuldades. É sempre a partir dos Referenciais, damos sempre umas
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orientações de quais são as fases mais importantes da vida que os Adultos devem colar
nas Histórias de Vida. É curioso o que por vezes certos os Adultos pensam que são
critérios de evidência para eles, normalmente não são, eles precisam de fazer e reflectir
e integrar respectivamente nas Histórias de Vida, mas com rigor científico.
2.Normalmente qual é a origem social dos Adultos? (Classe social predominante?)
É difícil de classificar, temos Adultos que relatam que deixaram de estudar para
ir trabalhar em casa, cuidar dos irmãos… outras situações em que referem que repetiram
muitas vezes na escola e foram trabalhar e depois eram para voltar estudar mas já não
voltaram. Começam a ganhar autonomia financeira e depois desistem do investimento
académico.
3.Quais são as motivações, expectativas, dos Adultos quando procuram os Centros
das Novas Oportunidades?
Alguns Adultos estão motivados por motivos profissionais, outros por motivos
escolares… Outros por voltarem ao Centro, por exemplo porque na altura já deixaram
de estudar, e não tinham meios disponíveis, por exemplo por causa dos filhos, e agora
que já estão licenciados pensam no regresso e querem aumentar as suas qualificações
académicas, aumentar o seu nível de escolaridade. É assim, as motivações podem ser
diferentes, mas o motivo ou é profissional ou pessoal (é uma fase de vida em que
querem agora pensar em si e investirem).
VI- Condições de sucesso e insucesso em geral
1.O que costumam indicar para o acompanhamento dos Adultos que apresentam
maiores dificuldades, quer de aprendizagem, quer económicas?
Os Adultos pagam de 5 euros por estarem a assinar o contrato e 20 euros que é
uma taxa de início do processo. Há situações que acontecem, quando as pessoas são
de Machico nós optámos para fazer lá, exactamente com esta preocupação de
económica para os Adultos. Por exemplo, para os Adultos de Santa Cruz
informamos que temos um Polo em Machico e normalmente, preferem ir para
Machico. Sempre que as pessoas vêm cá ao Centro ao Funchal, nós questionamos
qual é o local mais próximo da área de residência.
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2.Os dados Estatísticos referentes à população que frequentou e está em frequência
no seu Centro das Novas Oportunidades correspondem às suas expectativas?
Em relação ao número de inscritos nós ultrapassamos o número que estava nas
nossas expectativas, mas relativamente ao número de certificados será mais difícil
atingir. É assim, nós temos metas para atingir, mas nós olhamos também para a
qualidade do processo de RVCC. Não podemos ultrapassar a qualidade do Processo e
trabalhar para a quantidade.
VI- Estratégias e posicionamento face ao Sistema Educativo Actual
1.Qual é a sua opinião entre um Diploma obtido através do processo de RVCC e o
obtido através do percurso normal académico?
Acho que deve ser valorizados de forma igual.
2.Como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final?
O Júri é composto por toda a Equipa de esteve ao longo do tempo do Processo
de cada grupo, (o Formador de cada Área, o Profissional de RVCC) o Avaliador
Externo. Terminado o Processo, validado pela Equipa, fica no Portefólio a opinião da
Equipa, com o Relatório de Equipa, que depois é entregue ao Avaliador Externo que lê
e acompanha o Portefólio. É desta forma que se organiza a constituição de um Júri do
processo de RVCC.
VII- Transição dos Adultos Qualificados para o Mercado de Trabalho
3. Quais são as dificuldades que os Adultos são confrontados após a Certificação e
integração no Mercado de Trabalho?
Ainda é muito cedo para fazermos essa avaliação, os primeiros Adultos foram
certificados em Dezembro, e ainda não entregámos os Diplomas porque nós temos a
entidade certificadora e ainda não está disponível nos diplomas, mas agora já tenho a
parceria, tudo está formalizado, já enviei os nomes para Lisboa, e já integrei na base de
dados e agora estamos a aguardar. No entanto recordo que tínhamos algumas pessoas
deste grupo que estavam à espera do Certificado porque estavam a fazer um curso de
Auxiliares de Educadores de Infância e só lhe passavam o Diploma, que estava
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condicionado com a escolaridade. Tínhamos também 2 desempregadas, mas continuam
desempregadas, o outro grupo já estava a trabalhar, mas era só mesmo para valorização
pessoal e profissional.
VIII- Satisfação/Insatisfação da Coordenadora
1.Qual é o balanço que faz ao funcionamento do seu Centro Novas Oportunidades
enquanto Coordenadora do processo de RVCC?
Acho que é positivo, dadas as dificuldades que as pessoas colocam, não temos
ainda assim uma taxa muito elevada de desistências. Há pessoas que tentam desistir,
mas tentamos motivá-las e vamos assim formando mais alguns grupos.
2.Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e
disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o qual
não tivéssemos perguntado e que considere importante?
Penso que falamos de tudo no geral e estou disponível para qualquer
esclarecimento sobre o processo de RVCC.
Muito obrigada por ter participado neste Processo de Investigação.
Manuela Pereira
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APENDICE J:
Codificação das disjunções e associações na
análise do corpus – Análise estrutural
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EIXO: MODALIDADES DA AÇÃO
O sentido da prática dos Coordenadores no processo de RVCC
Probabilidade da ação do Coordenador intervir na identificação das necessidades das
necessidades dos adultos no processo de RVC
Interação influenciada pelo meio social e
cultural do adulto / Interação baseada em rotinas
| |
Construção de relação de confiança / Não construção de relação de confiança
| |
Expetativa de interações futuras / Não expetativa de interações futuras
| |
Retirar “camadas de poeira” (conhecimentos
a partir das histórias de vida) /
Adicionar conhecimentos a partir do
programa curricular
| |
Interação em continuidade / Interação ocasional
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Peso da inferência
Valorização da dimensão subjetiva do adulto / [Não valorização da dimensão subjetiva do
adulto]
| |
Não imposição de perspetivas / Imposição das perspetivas do Coordenador
| |
Adesão do adulto / Não adesão do adulto
| |
Exigência de adaptação do Coordenador / Não exigência de adaptação do
Coordenador
| |
Identificação das necessidades a partir
das expectativas do adulto /
Identificação das necessidades a partir
das expectativas do Coordenador
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Probabilidade de partilha de saberes na ação
Valor ao conhecimento do adulto / [Desvalorização do conhecimento do
adulto]
| |
O adulto tem capacidade para avaliar o
conhecimento do Coordenador /
O adulto não tem capacidade para avaliar o
conhecimento do coordenador
| |
Intercomunicação entre Coordenador e
adulto /
Não Intercomunicação entre Coordenador e
adulto
| |
Interconhecimento / Saber centralizado
Plasticidade da ação
Ação exigente para o coordenador / Ação não exigente para o coordenador
| |
Ação pouco estruturada / Ação estruturada
| |
Abertura ao inesperado / Não abertura ao inesperado
| |
Adaptação da ação do coordenador / Não adaptação da ação do coordenador
| |
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Imprevisibilidade / Previsibilidade
Emoções sentidas na ação
Agrado / [Desagrado]
| |
Motivação intrínseca / Não motivação intrínseca
| |
Motivação extrínseca / Não motivação extrínseca
| |
Interação Coordenador-adulto fator
positivo /
Interação Coordenador-adulto fator
negativo
A não Força da rotina
O Coordenador é uma espécie de
alavanca para os adultos /
O Coordenador não é uma espécie
de alavanca para os adultos
| |
A prática nunca é a mesma / A prática é a mesma
| |
Questionar as práticas / Não questionar as práticas
| |
Não repetição / Repetição
| |
Incerteza / Certeza
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Probabilidade de mediar os processos de ensino/ aprendizagem dos adultos
Interlocutor ativo / Interlocutor passivo
| |
Processo social complexo / [Processo social não complexo]
| |
Possibilidade de partilha de papéis / Dificuldade na partilha de papéis
| |
Ação contínua de ensino/aprendizagem / Não ação contínua de ensino/aprendizagem
| |
Dinâmica socioprofissional / Inércia
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Possibilidade da intervenção de diferentes saberes e diferentes competências na elaboração
da história de vida (Portefólio Reflexivo de Aprendizagens)
Adulto / Criança
| |
Necessidades complexas / [Necessidades não complexas]
| |
Autonomia / Dependência
| |
Prazer / Não prazer
| |
Vontade / Não vontade
| |
Não abandonar / Abandonar
| |
Rede de diferentes atores e diferentes
competências /
Inexistência de rede diferentes atores
| |
Equipa multidisciplinar / Equipa monodisciplinar
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EIXO: O ESTATUTO DO COORDENADOR
Probabilidade de influir na interação durante o desenvolvimento do processo de RVCC em
cada adulto
Perceção do significado de uma ação a partir
da expectativa de ambos /
Perceção do significado de uma ação a
partir das expectativas do coordenador
| |
Poder recíproco Coordenador/adulto / Poder unilateral do coordenador para influir
numa ação
| |
Ator participativo / Ator passivo
| |
Ator ativo no processo de ensino
/aprendizagem /
Ator passivo no processo de
ensino/aprendizagem
Probabilidade das significações subjetivas intervirem na interação
Indagação das necessidades dos adultos / Indagação das necessidades dos adultos
| |
a partir do específico / a partir do geral
| |
Processo heurístico / Processo linear
| |
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Descoberta / Causalidade linear
Orientação para a distinção de cada História de Vida
Consideração da situação a partir da
experiência de vida do adulto /
Não consideração da situação a partir da
experiência de vida do adulto
| |
Influência das circunstâncias / Não influência das circunstâncias
| |
Enfoque no processo de construção das
Histórias de Vida /
Não enfoque no processo de construção
das Histórias de Vida
Margem de ajuste de vontades
Decisão partilhada / Decisão imposta
| |
Atender às expetativas dos adultos / Não atender às expetativas dos adultos
| |
Orientação para valores individuais / Orientação para os valores universais
| |
Negociação / Imposição
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APÊNDICE K:
Codificação e Categorização das Histórias
de Vida na análise do corpus – Análise de
Conteúdo.
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HISTÓRIAS DE VIDA
Ao nível individual (DP) Indicadores (excertos) da prova
I – CATEGORIA
Dimensão do sistema de provação tipo: vida pessoal e familiar:
Quem sou eu e quem é a minha família?
PRA/1 O homem de génio diz: “eu sou”. O poderoso afirmar: “eu posso”. O rico diz:
“eu tenho”. O ambicioso: “eu quero”. E eu, não genial, sem poderoso, de
posses medianas e sem idade para grandes ambições, o que posso dizer sobre
mim, que já não seja do conhecimento daqueles que me rodeiam? Cabelo
ralo, mais branco do que preto, a barba por corta, os olhos castanhos cara
tisnada pelo sol onde já se notam algumas rugas que o tempo e as
inquietações quotidianas, aceleram a cada dia. Esta é a cara de um corpo cuja
barriga já foi elegante, mas que os convívios e jantaradas dilataram. Tenho 53
anos e dietas só as faço pelos cuidados da saúde, pois o aspecto físico já há
muito deixou de ter remédio. Sobre mim, dizem que sou uma boa pessoa,
responsável no meu trabalho e sociável com todos os que comigo interagem.
Pessoalmente aceito estes atributos, mas confesso-me insatisfeito, ando
sempre à procura da minha realização pessoal. Gosto da minha profissão, mas
quero investir cada vez mais, procuro fazer todas as actividades com
dedicação e satisfação para todos. Esta é a pessoa que sou, mesmo sem
sobrenome, todos sabem quem sou … o grande amigo! Éramos 8 filhos e o
meu pai era o único que trabalhava, e o que ganhava, era muito pouco para
sustentar uma família tão grande e pobre. Ainda pus a hipótese de ir para o
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Seminário, chegando mesmo a receber os impressos para a inscrição, no
entanto o meu pai desde logo negou essa oportunidade, alegando que eu já
podia trabalhar e ajudar a família.
PRA/2
Nasci na Venezuela, em Los Teques, Estado Miranda onde vivi 7 anos, com
os meus irmãos. Depois regressei com os meus pais para a Madeira. Tenho
neste momento 41 anos e quanto ao meu aspecto físico, tenho 1,50 m de
altura, cabelos castanhos e encaracolados, olhos castanhos e face oval (…).
Tenho orgulho no que faço, gosto de ter boas relações com todas as pessoas,
estou sempre bem-disposta. Tenho os meus defeitos, sou teimosa, falo muito,
gosto muito de dialogar com as pessoas que me rodeiam. Vim para a Madeira
com 7 anos, a adaptação foi desagradável porque tive que deixar os meus
irmãos na Venezuela, foi uma nova vida ter que aprender o português. Mas
tive uma boa relação com os meus novos amigos, tive de continuar aqui os
estudos, onde tive de aprender novos costumes e saberes. O meu pai era
agricultor, a minha mãe doméstica, vivemos em casa dos meus avós
maternos, já faleceram há muitos anos. A minha mãe já faleceu há 6 anos, só
tenho o meu pai com 88 anos, vive sozinho, é uma pessoa saudável, sempre
que posso ajudo na lida da casa. (Ilustra a sua biografia com uma fotografia
quando era bebé, uma outra com a sua família e outra na idade adulta). Casei
aos 20 anos e depois fui para a Venezuela, onde vive 2 anos. Foi complicado
para mim deixar os meus pais, mas em compensação tive o meu filho, foi
uma alegria, encheu um vazio que tinha ao deixar a minha família e amigos.
Vim para a Madeira, onde continuo a viver e onde tive mais 2 filhos. Vivo
bem e feliz com o meu marido e filhos, são rapazes, o mais velho tem 19
anos, o segundo tem 13 anos e o terceiro tem 6 anos. São bons filhos,
carinhosos, gostam de conviver com as pessoas, e falam bastante como a
mãe. O conselho que lhes dou, é que não faça igual a mim, que continuem
estudando, estou arrependida, e como diziam já as pessoas antigas: “o saber
não ocupa lugar” avancem nos estudos, não desistam (...). (Ilustra o discurso
com a foto dos 3 filhos).
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PRA/3
Nasci na Venezuela, em Caracas. Sou a 3ª de 7 filhos, uma família numerosa
que atravessou imensas dificuldades. A minha infância foi praticamente
passada na Venezuela, considero que tive uma infância feliz. Era uma criança
muito temida, fechada na minha própria “casca”, pois não tinha oportunidade
de conviver com outras crianças. Os meus irmãos como eram mais velhos
brincavam comigo, o mais velho ensinava-me a jogar ao pião e a andar de
bicicleta, protegia as irmãs mais novas, era quase como um pai para nós.
(Ilustra com uma foto em família). Tivemos que começar cedo a trabalhar
para dar uma vida melhor aos meus irmãos mais novos, nos estudos e outras
necessidades para ajudar nas despesas da família, porque era difícil para os
meus pais arcar com tamanha despesa, devido à pobreza da nossa família e ao
meu pai ter graves problemas de saúde. Devido à falta de meios financeiros
dos meus pais, vi-me obrigada a iniciar o meu percurso profissional mais
cedo do que esperava. A vida não foi fácil, tivemos uma adolescência
complicada, tornamo-nos adultos antes do tempo. A vida só voltou à
normalidade quando o meu pai comprou um pequeno negócio na cidade de
La Victoria, sendo que aos 16 anos iniciei a minha vida no comércio
juntamente com os meus irmãos. Como vim de um meio mais pequeno, foi
difícil de habituar ao ambiente da cidade, pois tudo era diferente, foi uma
volta de 180 graus. A experiência de uma nova vida permitiu-me conhecer
outras pessoas, tornando-me numa pessoa mais aberta e menos tímida, que
gostava muito do que fazia, ajudava a minha família e ganhava algum
dinheiro para as minhas coisas. Recordo que comprei uma televisão, um rádio
e outros objectos que faziam falta em casa, fazendo sentir mais feliz. Foram
anos difíceis, de muito trabalho, mas que impuseram uma maturidade
antecipada da qual me posso orgulhar. Foi também aqui neste negócio que
conheci o homem que viria a ser mais tarde o meu marido. Um dia veio da
Madeira um primo que veio trabalhar connosco, e nunca imaginei com o
passar do tempo, que fosse meu marido. Algum tempo depois começamos a
namorar às escondidas dos meus pais, pois eles opuseram-se, só que o nosso
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amor era mais forte e conseguimos ultrapassar as barreiras que nos eram
impostas pelos meus pais, porque ironia do destino éramos primos legítimos.
Tempo depois os meus pais aceitaram o nosso namoro e um ano mais tarde
casamos. Aproximadamente um ano depois fiquei grávida do meu primeiro
filho, na altura passamos momentos difíceis. Foi uma gravidez um pouco
complicada, mas nasceu um rapaz lindo e forte, com 3,350Kg e 57 cm de
altura, de cabelos loiros e olhos claros. Não há palavras para descrever a
alegria que senti ao dar à luz um ser que era fruto do nosso amor. O
nascimento do nosso filho veio dar alegria ao casal, que na altura passava por
algumas dificuldades. (Ilustra o discurso com uma foto do filho). Depois de
alguns anos o meu marido decide regressar à sua terra natal, que era a mesma
que os meus pais, que nunca tinha visitado. Foi uma grande mudança na
minha vida, viver numa terra desconhecida e ter que habituar-me a novos
hábitos e costumes, mas a maior dificuldade foi a língua portuguesa, que
ainda considero um grande obstáculo. Após à chegada à Madeira, surgiu a
oportunidade de ir para a África do Sul, foi novamente passar por novas fases
de descoberta e adaptação. O medo do desconhecido gerava expectativas de
vida, à procura de uma vida melhor para nós e para o nosso filho. Devido a
problemas burocráticos com a minha nacionalidade e a do meu filho, foi
impossível a nossa legalização na África do Sul, e mais uma vez tivemos que
regressar à Madeira, só que desta vez trazia uma nova vida dentro de mim, o
meu filho mais novo tinha sido gerado na África do Sul. Na Madeira
surgiram novamente novos problemas burocráticos, devido a problemas de
nacionalidade, tive que voltar à minha terra natal para tratar da documentação
e ai então para poder voltar definitivamente para a Madeira, só que a vida por
vezes prega-nos partidas sem nos dar-nos de conta, e foi isso que aconteceu
comigo, tive que ficar na Venezuela até ao nascimento do meu 2º filho. Dez
anos depois de ter o meu 1º filho tive novamente a alegria de voltar a ser
mãe. Nasceu um rapaz tão lindo como o 1º, pesava 3,150kg e tinha 54 cm,
este filho nasceu numa altura de mais “fartura”. Ao mesmo tempo que foi um
momento de grande felicidade, foi também de tristeza, pois não tinha o meu
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marido comigo, pois tinha ficado na Madeira a tentar resolver a nossa vida.
(Ilustra o discurso com uma foto dos filhos). Dois meses depois do
nascimento do meu filho regressei à Madeira, onde cruzei com poucas
oportunidades de emprego, e os que havia estavam preenchidos.
PRA/4 Nasci no dia 28 de Agosto de 1959, contudo, nos meus documentos consta a
data de 29 (por lapso do meu avô no acto do registo), passando essa data a
por mim celebrada. A minha família começou por ser o meu pai e a minha
mãe e o meu irmão, sendo que fui a terceira de quatro filhos. (Ilustra discurso
com foto da família). Todos nascemos na Madeira e naquela altura os partos
eram realizados em casa, com a ajuda de uma “parteira”, comigo e com os
meus irmãos também foi assim. A parteira que deu assistência ao meu
nascimento foi a senhora Adelaide chegou a conhecê-la e ainda recordo o seu
rosto. No mesmo ano em que eu nasci, nasceu também a famosa boneca
“Barbie”, que é até hoje muito popular entre as crianças, foi um dos
brinquedos favoritos da minha filha. (Ilustra o discurso com uma foto da
boneca “Barbie”). Foi uma infância feliz na companhia dos meus familiares,
e em convívio com vizinhos e amigas, apesar do meu pai se encontrar
emigrado no Curaçao. Nesta época, eu e a minha irmã tínhamos vestidos de
festas muito bonitos que o meu pai trazia do Curaçao, e éramos convidadas
para as meninas das alianças em muitos casamentos. A minha adolescência
foi uma época passada essencialmente em família escolar, os meus familiares
foram os meus principais professores. Nessa época aprendi diversas coisas
que são muito úteis no meu quotidiano. Aprendi a cozinhar, limpar, passar a
ferro. A aprendizagem de todas estas tarefas foi muito importante para a
minha vida adulta, principalmente mais tarde que vim a trabalhar nesta área.
Aos 18 anos casei-me, e após o casamento fui viver para a Venezuela. Fomos
de barco, durou uma semana, foi a nossa lua-de-mel. Vivemos naquele país
durante 7 anos, sendo que ao longo desse período estive sempre rodeada dos
meus irmãos que emigraram para lá. Aos meus 21 anos (ainda na Venezuela),
fui mãe pela primeira vez da minha filha, e aos 27 tive o meu segundo filho
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(após regressar a Portugal). Desde então tenho residido em Portugal, mais
precisamente na Madeira (RAM). No regresso dediquei-me a cuidar dos
meus filhos e a cuidar da casa a tempo inteiro. O meu marido é operador de
uma empresa; a minha filha é licenciada em enfermagem, já é casada e estou
à espera da minha 1ª neta. O meu filho encontra-se a estudar na Universidade
da Madeira, encontrando-se no último ano da Licenciatura em Arte e
Multimédia.
PRA/5
Tenho 28 anos, nasci a 10 de Agosto de 1980, e sou um ser humano com
sentimentos como qualquer outra pessoa. Sou casada e tenho dois filhos, um
com 7 anos, e outro com 16 meses, os quais gosto muito, pois são meigos,
divertidos e são do Futebol Clube do Porto. (Ilustra discurso com as fotos dos
filhos). O meu marido é uma pessoa que me dá muito apoio, e sobretudo que
me incentiva para a frequência do processo de RVCC, no âmbito do
programa das Novas Oportunidades. O meu pai é uma pessoa muito exigente
e a minha mãe é uma pessoa muito humilde. Os meus familiares dizem que o
meu temperamento é como o do meu pai: “como boa pessoa sou até demais,
mas por má fervo em pouca água”. Eu sou amiga, prestável, muito teimosa,
autoritária, mas acima de tudo trabalhadora, generosa e sincera. Tenho 3
irmãos, sendo eu a mais nova. Temos grandes diferenças de idades, pois
quando nasci a minha irmã tinha 15 anos, e os meus irmãos 9 e 12. (Ilustra
discurso com uma tabela com a moda e média das idades da família). Sou
uma pessoa com um aspecto físico aparentemente de estrutura média, tenho
os olhos castanhos-claros, cabelo castanho e sou de cor branca. A minha
infância foi feliz, apesar dos meus irmãos terem emigrado cedo para a África
do Sul, o que fez com que nunca tivesse um irmão para brincar! Tinha apenas
os meus amigos (as), mas sempre tive tudo, amor e carinho…Também apesar
dos meus pais trabalharem na “fazenda”, nunca me faltou nada…sempre fui a
menina da casa e a atenção era toda para mim. Os acontecimentos da minha
infância foram as brincadeiras da época: saltar à corda, brincar à macaca, às
escondidas, à bola, a “cozinhar com ervas e pedras”. Aprendi nesta altura da
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minha vida a respeitar os outros e fazer amizades. A minha adolescência não
foi das melhores, mas também não foi das piores. Quando saí da escola
ajudava os meus pais, e a vida de casa dependia de mim. Os anos foram
passando e eu conheci o meu marido, namoramos, casamos e aprendi
seriamente a organizar o lar. Com o casamento e nascimento dos meus filhos,
aprendi a ser mais responsável, a organizar o orçamento familiar, para ter a
capacidade de gerir a casa e a capacidade de sofrimento em cada mês, quando
tenho que fazer o meu orçamento familiar como mostra na tabela e gráfico
nas despesas mensais (apresenta as despesas mensais da família).
PRA/6
Tenho 45 anos, nasci no Funchal, sou casado e tenho duas filhas. A minha
esposa tem 40 anos, as minhas filhas 17 e 13 anos, respectivamente.
Geralmente sou uma pessoa alegre, faço humor com tudo o que me rodeia,
tento criar um bom ambiente onde estou presente, sempre sem abdicar dos
meus princípios e sem que ninguém se sinta lesado. Passo sempre que
possível algum tempo com a minha família, e é de vital importância porque
cada vez temos menos tempo para ela, e há aprendizagens e valores que não
se aprendem só na escola, mas que veem do berço e como considero que a
família é o núcleo da sociedade, parto de um princípio de que as famílias
estão saudáveis, haveram menos problemas sociais. É agradável e
reconfortante passar os tempos livres com as pessoas de que mais gostamos, a
aprendizagem é mútua, convivendo intensamente, ficam tantas coisas
positivas que nunca mais esqueceremos. Considero-me uma pessoa de
princípios, e sou muito fiel a eles, sou capaz de perder um amigo para não
violar esses valores, tracei uma linha de orientação na vida, e faço sempre os
possíveis para não desviar-me muito dela, na maioria dos casos sinto que foi
positivo ter tomado essa opção, mas às vezes sinto que se tivesse corrido
mais riscos, teria tido mais sucesso. Penso que por vezes, me falta aquele
sonhar mais alto, será porque sou desconfiado? Será porque duvido de tudo o
que me parece fácil de atingir? Sou daqueles que pensam que se a “esmola
for muito generosa, o pobre desconfia”. Como ponto negativo, considero-me
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uma pessoa desorganizada, a minha mesa de trabalho está sempre com
montes de papel para arquivar, acabo uma tarefa e deixo em cima da mesa
num cantinho, pensado sempre na mesma maneira, que quando tiver tempo
organizo e passo para outra tarefa, isto traz-me problemas de organização,
porque nunca tenho tempo para organizar ficheiros, e como diz o velho
ditado: “nunca deixes para amanhã, o que podes fazer hoje”. Quero continuar
a ser a pessoa que sou, mas a cada dia que passa, tentar sempre aprender algo
mais, e aperfeiçoar o meu dia-a-dia, fazendo as coisas bem para mim e para a
sociedade.
PRA/7
A 15 de Dezembro de 1974, numa modesta casa de uma freguesia rural, a
minha mãe dava à luz um menino. Esse menino era eu, o sexto de dez irmãos.
Aqui começava a história da minha vida com o facto curioso, o do meu pai
apenas registar-me no dia seguinte ao meu nascimento, 16 de Dezembro de
modo a gozar mais um dia de licença, uma vez que nasci num domingo.
(Ilustra discurso com uma foto acompanhado com a sua mãe, numa fase
adulta, justificando que não tinha fotos de quando era bebé). Voltando às
minhas memórias de infância, a minha família era pobre, não tinha muitos
meios de subsistência. Os meus pais viviam principalmente da agricultura e
da criação do gado. Eu e os meus irmãos ajudávamos mutuamente a apanhar
erva, cuidar dos animais, e a cultivar a terra. Os meus pais sempre foram
pessoas humildes, mas sempre procuraram criar e educar os seus filhos da
melhor maneira, por isso considerava-me uma criança feliz. Os meus amigos
com quem brincava, eram os meus irmãos mais velhos. Ao longo da minha
vida, vamos sempre ganhando afinidade mais com uns irmãos do que outros,
mas todos fazem parte do tesouro da minha vida. A minha família diz que era
muito bonito: tinha cabelos compridos e louros, olhos azuis. Também diziam
que tinha um grande defeito, era barulhento, pelo que me chamavam o
“berrão”.
Actualmente tenho 34 anos, meço 1,65m e peso 75 Kg. Tenho olhos
verdes, cor de azeitonas, cabelos castanhos, e sou já um pouco calvo. Sou
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muito bondoso, humano e verdadeiro, mas também tenho os meus defeitos,
pois sou muito barulhento, teimoso e muito “sentido”. Identifico-me com a
letra da canção de Jorge Ferreira, que se chama “Papai”, que ele canta com a
filha. (Ilustra discurso com a letra da música e a foto do cantor). Talvez seja
por ter 2 filhas e amá-las muito, que na verdade gosto desta canção, não pela
sua melodia, mas pela letra que representa para mim. Também me identifico
com o livro: Presentes Para Você, é um livro com muitas lições de vida e que
está de acordo com a minha personalidade. Posso mesmo dizer que este livro,
ajudou-me a sair de uma depressão, ele deu-me muitos conselhos úteis…Foi
o livro que mais me marcou em toda a minha vida, e é da autoria de Douglas
Pagels. Esta obra foi muito importante, pois é um livro de auto-ajuda, é uma
homenagem às capacidades e aos valores humanos, pelo que ajudou-me a
superar alguns dos momentos difíceis por que passei ao longo da vida. Assim
como o título indica, este livro constituiu uma colecção de presentes, das
mais significativas dádivas que se pode receber através de pequenas poesias e
máximas, tais como as dádivas da responsabilidade, sorrisos, sucessos, dar,
receber, criatividade, riqueza, recordações, destino…Cita o pensamento de
James Bryant Conant: “Observe a tartaruga: ela só avança quando põe o
pescoço de fora.” Cita ainda o pensamento de Ella Wheeler Wilcox: “ Se eu
respirar de seu ar puro, se eu viver de acordo com essas leis naturais que te
governam, se eu aceitar a primavera, o verão, o outono e o inverno da vida
como manifestações perfeitas…então, eu também poderei crescer…”. Com a
ajuda deste livro posso dizer que aprendi a dar valor às mais pequenas coisas
da vida, que não deixam contudo de serem especiais, passei a encarar as
situações diversas com mais serenidade e a acreditar na possibilidade de um
mundo melhor, e de uma vida melhor, pelo que aconselho que todas as
pessoas façam a leitura deste livro. Citando Douglas Pagels, “Sua presença é
um presente para o mundo. Você é realmente uma pessoa especial, e a sua
vida pode ser exactamente o que você quer que ela seja – se você viver um
dia de cada vez”. Quando me sinto em baixo psicologicamente, gosto de
praticar jardinagem, agricultura e culinária. Tenho muitos sonhos, e um deles
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é ser massagista para ajudar quem precisa. Tenho pena de não ter conseguido
concretizar este sonho mais cedo, mas ainda vou a tempo. Posso dizer que
esta é a principal meta que desejo alcançar na vida, para isso tenho que
concluir o 9º ano e o curso de quiromassagem que já comecei a frequentar.
Acredito que existem três paixões que nunca se vão extinguir na minha vida:
o amor pelas minhas filhas, o amor pelos meus pais, e o amor pela natureza.
PRA/8
Sou uma pessoa com 1,65 m de altura, e tenho 68 kg. Sou muito
trabalhadora, responsável e organizada, muito frágil, sensível, meiga,
carinhosa, sentimental, romântica e sonhadora. Gosto de tomar as minhas
próprias decisões e iniciativas. Escolhi como título para a minha história de
vida: “Desejos e lutas”, pois a minha vida tem sido exactamente assim.
Desejos vêm do facto de eu querer ter uma família melhor e de realizar os
meus sonhos. Lutas vêm do facto de eu sofrer muito para alcançar os meus
objectivos. Tenho 33 anos de idade, e ainda não consegui concretizar os meus
sonhos ao nível escolar, exactamente porque convivi com pessoas antiquadas
e alcoólicas que proibiram-me de estudar…não tinham consciência que
precisava de desenvolver as minhas habilitações escolares, para eu fazer algo
mais na vida, que realmente fizesse-me sentir mais útil, mais feliz e realizada.
É claro que podia retomar os meus estudos mais cedo, mas os meus pais não
me deixaram, e quando completei os 18 anos, fui para o estrangeiro
trabalhar…Conheci lá o meu primeiro namorado. Entretanto casei e tive os
meus filhos. Gostaria de ter tido uma família com melhores condições
económicas. A minha mãe quando tinha 30 anos viu-se confrontada com a
ida do meu pai para a Venezuela, deixando-nos juntamente com a minha irmã
mais nova, com menos 10 anos de idade. Antes da partida do meu pai para a
Venezuela, já tinha sofrido com a Guerra Colonial…A minha mãe bordava
muito, “Bordado Madeira”, e trabalhava na agricultura para sustentar as três,
e recordo que ainda enviava dinheiro para o meu pai que estava na Guerra.
Entretanto o meu pai regressou da Venezuela e foi trabalhar para uma padaria
e posteriormente nasceram mais 7 irmãos. No total a minha mãe teve 9 filhos,
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sendo que estão 8 vivos, sendo que o meu irmão mais novo que nasceu com 7
meses é deficiente. (Ilustra discurso com foto da família).
PRA/9
Ao longo da vida aparecem-nos várias barreiras. Ao conseguirmos
ultrapassá-las, conseguimos aprender uma lição e ganhámos experiências
com cada uma das nossas aprendizagens. Nasci a 09-09-1986 e sou natural de
uma freguesia rural. O meu cabelo é castanho, olhos esverdeados, e sou de
estatura média. Cresci numa freguesia muito calma, no inverno é bastante
frio, e no verão é bastante quente. È um local bonito, rodeado de montanhas
altas e de uma beleza natural incrível. Passei muitos momentos tristes na
minha vida, senti a falta do meu pai! Embora a minha relação com a minha
mãe fosse boa, não era uma pessoa independente, porque a minha mãe não
nos deu muita liberdade, nem a mim nem aos meus irmãos. Ela não nos
deixava sair com os amigos, nem podíamos chegar a casa mais tarde. Tinha
que sair da escola e ir directamente para casa. Gostaria de ter tido mais um
pouco de liberdade, para poder sair mais com os meus amigos. (Ilustra
discurso com 7 fotos, pais, irmãos, primos e filha). Nessa altura tinha muitos
sonhos, tais como ser educadora de infância, porque adoro crianças. Além
disso tinha muitos objectivos, que eram constituir uma família, ter uma casa,
um trabalho e conseguir tirar um curso. Infelizmente, tive de desistir destes
sonhos, já que foi difícil concretizar os objectivos que tinha traçado na época.
Aos 15 anos fui mãe, e o como consequência tive que desistir da escola.
Acho que se devia ao facto de naquela época sentir que era impossível
conciliar a escola com o bebé, e também devido ao facto de ir grávida para a
escola, e sentir o olhar dos meus colegas e dos meus professores. Pensava que
uma filha impedir-me-ia de muitas coisas, mas o que realmente impediu foi a
minha falta de auto-estima. (Ilustra discurso com a citação de um texto
relacionado com a gravidez na adolescência). Constituir uma família não é
fácil, e no meu caso senti muitas dificuldades…A partir do momento em que
tive de cuidar da minha filha, e de dar um apoio ao meu tio que estava
doente, tudo isto conciliar com a vida doméstica e o apoio ao nível da
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segurança social a prestar ao meu tio é muito difícil. Praticamente não sobra
tempo para mim. Não consigo arranjar trabalho no foro público porque estou
limitada aos outros. Vivo com o meu companheiro em União de Facto, e
tenho alguns direitos. (Ilustra discurso com a citação destes mesmos direitos
e deveres, de acordo com a legislação em vigor). (Ilustra discurso com 4 fotos
do dia do baptizado da filha, e do seu dia da Crisma e da família). Ser mãe,
apesar de ser bastante cedo, foi uma experiência maravilhosa. O que mudou
na minha vida foi ter que deixar de estudar para dar toda a atenção e cuidados
à minha filha, uma vez que tinha problemas de saúde (bronquite) e de vez em
quando tinha de fazer o aerossol. Porém, apesar destas contrariedades e de
me ter feito desistir da escola, é algo que não trocaria por nada. (Ilustra
discurso com a citação de um texto relacionado com a doença - “bronquite”).
PRA/10
Nasci a 25 de Novembro de 1983. As minhas características pessoais: sou
reservada, e gosto muito de cozinhar, cuidar de pessoas, sobretudo idosos e
crianças. As actividades do meu interesse, são: Leitura, Desporto, passear no
campo e brincar com minha filha. Actualmente sou divorciada, tenho olhos e
cabelos castanhos-escuros, estatura baixa e pele clara. Considero-me uma
pessoa relativamente calma, sociável, que preza muito o seu espaço, não
gosto de faltas de respeito nem de mentiras, por vezes sou um pouco teimosa,
gostaria de não ser tanto, mas acho que faz parte da minha personalidade, e é
apenas uma qualidade menos boa, que às vezes pode prejudicar-me. Uma
parte da minha infância foi passada na freguesia onde nasci, num meio
urbano, lá cresci e fiquei até aos oito anos, vivia com os meus pais, tios, e
avós paternos. Fui a primeira filha que os meus pais tiveram. A minha família
paterna era a família típica e tradicional católica. Os meus pais foram
educados no sentido de respeitar e obedecer sempre as pessoas mais velhas, e
cumprirem os valores. Quando tinha 15 meses nasceu o meu primeiro irmão,
meu companheiro de infância. Entretanto quando tinha 7 anos nasceu o meu
último irmão, o “caçula”, como chamávamos. Brincávamos juntos, e recordo-
me de ajudar a minha mãe nas tarefas, uma vez que havia um bebé e a minha
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mãe precisava de ajuda. Durante o tempo em que vivi em casa dos meus avós
paternos, tive alguns amigos vizinhos e colegas de escola, com quem
brincava. Por volta dos meus 8 anos os meus pais separaram-se e a minha
mãe ficou connosco e nós voltámos para casa da nossa avó materna. Foi
muito difícil sentir a dor de não ter o pai presente…o meu pai tinha-nos
abandonado, foi viver para Lisboa com a sua namorada. Hoje ainda carrego
essa dor, não posso dizer que o perdoei, pois não compete a mim fazê-lo, só a
Deus, mas não lhe guardo rancor, apenas um vazio. Acho que ele não se
esforçou o suficiente para estar connosco, uma vez que simplesmente não nos
dava notícias. Aos 17 anos fiquei grávida, e não consegui creche para a nossa
filha, e o meu companheiro sugeriu que seria melhor ficar em casa a cuidar
dela. Vivi os 3 primeiros anos da minha filha em casa da minha mãe, uma vez
que tinha a bebé para cuidar e tomar conta da casa. Quando a minha filha fez
4 anos, foi frequentar a pré-primária, comprámos uma casa própria, e
passamos a viver apenas os três.
PRA/11
Eu nasci a 26 de Outubro de 1967, numa freguesia rural, na Região
Autónoma da Madeira. Sou casada e tenho 3 filhos. As minhas virtudes são
humildade e honestidade, nunca achei-me mais do que as outras pessoas, nem
nunca gostei de aldrabar ninguém. Ninguém é perfeito, e eu também não,
sendo que o meu principal defeito é ser atrasada, muitas vezes saio de casa
atrasada, principalmente para a Missa. Meço 1,64 m e tenho
aproximadamente 70Kg. Muitas vezes gostava de fazer exercício físico, mas
infelizmente pouco tempo livre me resta. Tenho olhos castanhos, cabelos
compridos e pretos. Tirando as horas de trabalho e a vida de casa, pouco
tempo sobra-me para ter um passatempo, mas sempre que tenho oportunidade
gosto de ver novelas que dão na TVI. Também gosto de ver os telejornais
para saber o que acontece no país e no mundo. Gostava de ter estudado mais,
infelizmente não foi possível, e se pudesse voltar atrás e deixassem-me
estudar, não pensava duas vezes. Neste momento tenho uma grande
preocupação, os dias de hoje estão muito competitivos e precisamos de estar
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preparados para acompanhar a sociedade. Os meus pais apesar de na altura
ser muito comum ter mais do que 3 filhos, apenas tiveram 2, e foram
meninas, a minha irmã que nasceu em 1960, e eu sete anos depois. Quando
era pequena gostava muito de ir à serra com os meus pais e os avós, pois iam
roçar feiteira ou buscar lenha, e quando voltávamos vínhamos em cima de um
ramalheiro puxado por uma carreta de bois. O ramalheiro era feito de ramos
de giesta ou urze e servia para evitar que o carro de bois andasse tanto, e para
nós era um divertimento pois íamos sentados em cima. (Ilustra discurso com
a foto de uma carreta de bois). Pelo verão também gostava muito da debulha
do trigo, naquela altura havia muito trigo, hoje em dia a debulha do trigo das
pessoas do sítio, demora apenas um dia, mas naquela altura o cultivo chegava
a levar semanas e semanas. (Ilustra discurso com foto da máquina
debulhadora e um texto com a descrição dos procedimentos da separação do
trigo da farinha). A sopa de trigo é também uma tradição na nossa freguesia.
(Ilustra discurso com foto de um prato de sopa de trigo, e uma receita com os
ingredientes para uma sopa para 10 pessoas). Já de pequena ajudava a minha
mãe na confecção do tradicional pão de casa, gostava de mexer na massa, e
às vezes a minha mãe deixava um pouco de massa à parte, para que eu e a
minha irmã fizéssemos a forma do pão que quiséssemos, em forma de
boneco, de animal, conforme a nossa imaginação. Hoje em dia a minha mãe
faz o pão caseiro com a ajuda do meu marido ou filhos, pois as forças para
amassar já não são as mesmas de outros tempos. (Ilustra discurso com foto do
pão caseiro, e a respectiva receita). Aos 18 anos o meu pai ficou doente, e eu
tinha de ir ao hospital dia sim, dia não. Nessa altura conheci o meu marido.
Namorámos até que o meu pai descobriu e não ficou contente, não era de
acordo porque ele era de família pobre. Até que decidimos casar, e como o
meu pai não era de acordo, sai de casa e fui viver para a casar dos pais do
meu marido, mas não era fácil, visto que era uma família muito pobre e
numerosa, pois eram 5 rapazes e 2 raparigas. Aprendi a viver numa casa com
pouco dinheiro. No ano seguinte nasceu o nosso 1º filho, e no ano seguinte o
meu 2º. O nascimento dos nossos filhos foi uma grande alegria nas nossas
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vidas, a partir daquele momento tínhamos 2 vidas a depender de nós, aprendi
a cuidar deles, dar-lhes carinho, alimentação, a melhor educação possível, e
garantir que nada de importante lhe podia faltar. Aos meus 24 anos, o meu
marido foi para a Inglaterra ganhar dinheiro e tirar a carta de pesados, e eu
fiquei só com os meus filhos durante três anos. Entretanto o meu marido
regressou a Portugal e sofreu um acidente quando regressava do trabalho com
3 colegas. Numa curva já próximo a chegar a casa, houve um violento
acidente, do qual resultou a morte do meu marido e de mais 2 colegas, e um
sobreviveu. Sofri muito, perdi a pessoa que amava, que era muito nova, e que
tinha duas crianças para educar, mas com a ajuda da minha mãe superei as
dificuldades. Aos 31 anos, comecei a interessar-me por uma pessoa, que hoje
é o meu marido. Pensei, com dois filhos pequenos e nova, precisava de
alguém para ajudar-me…Na altura ele estava no exército a cumprir contrato
de trabalho, começamos a namorar, reparei que gostava dos meus filhos, e
eles dele, pedi opinião à minha família, à mãe do meu marido falecido, à
minha mãe, e aos meus filhos, todos eles deram-me o seu apoio. Decidimos
casar, ficamos a viver na casa da minha mãe, e no ano seguinte nasceu o
nosso filho. Duas semanas antes do nosso filho nascer, o meu marido voltou
do exército e passou a trabalhar por conta própria, trabalhos na carpintaria.
Assim já poupava no transporte, e já ajudava-me na mercearia. Graças a Deus
que hoje somos uma família feliz…
PRA/12
Nasci a 11 de Setembro de 1967, numa freguesia do meio rural. Somos uma
família um pouco extensa, 7 raparigas e 4 rapazes, e eu sou a décima de onze
filhos. Éramos uma família muito humilde, com pais muito esforçados para
dar o mínimo de qualidade de vida, vivíamos da agricultura. Desde nova senti
a necessidade de ajudar os meus pais e os meus irmãos (alguns já tinham
emigrado), mas nunca perdi o entusiasmo pelos estudos, sendo sempre uma
boa aluna (segundo os comentários dos professores). Apesar da ambição por
uma vida melhor, por um bom nível de escolaridade, não tive possibilidades
económicas para dar continuidade a este sonho. Aos 17 anos, surgiu-me a
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oportunidade para trabalhar num restaurante, onde era cozinheira. Entretanto
comecei a namorar, deixei de ser cozinheira e fui trabalhar com o meu
namorado para um snack-bar. O meu namoro foi muito contrariado pela
família do meu marido, pois não me aceitavam como sua namorada, por ser
pobre e não ter estudos. Em Outubro de 1989 casei. O meu esposo tem o 12º
ano de escolaridade e é perito avaliador. O seu apoio foi determinante para
frequentar o Programa das Novas Oportunidades. Um ano depois de termos
casado, tivemos a nossa primeira filha, que actualmente está com 20 anos e
está no 3º ano do curso de Direito. Em 1995 deu-se o nascimento da nossa 2ª
filha, que actualmente tem 15 anos e frequenta o 10º ano. A 23 de Dezembro
de 2007, o natal da minha família foi marcado pelo falecimento do meu
sogro, pessoa muito estimada pela família, amigos e conhecidos. Em 1997 a
minha mãe teve de amputar uma perna, devido a problemas relacionados com
diabetes. Foi complicado tanto para ela, como para os filhos. Foi uma fase
complicada, dado que a minha mãe não aceitava ter ficar sem a sua perna.
Teve de ter apoio de um psicólogo para ultrapassar essa barreira na vida.
Passados 5 anos a minha mãe faleceu devido a um ataque cardíaco. O meu
pai, como era muito ligado à minha mãe, abateu muito e começou a ter
problemas de saúde. Passados 3 anos foi internado no hospital, e 3 dias após
faleceu. Em Janeiro de 2000 comecei a sentir muitas dores na coluna, e
precisei de fazer uma cirurgia urgente. Passado algum tempo passei a fazer
terapia à coluna. Agradeço a Deus e ao Doutor por tudo ter corrido bem.
Passados 5 anos, parecia estar tudo bem, até que em 2005 caí e não me
conseguia levantar. Voltei novamente a ser operada, fiz outra terapia,
acabando novamente por tudo ter corrido bem. Tenho algumas limitações na
minha vida, mas com o apoio da minha família, torna-se tudo mais
simples…amizade, lealdade e honestidade são as minhas características.
Respeito opiniões divergentes das minhas, respeito os gostos de cada um,
respeito as suas profissões. Estou sempre disponível para ajudar tudo o que
esteja ao meu alcance, ao mesmo que não esteja. Faço os possíveis para
conseguir pôr quem está mal, bem. Também tenho uma outra característica, é
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ser “comilhona”, adoro comer, provar várias especialidades. Aos 23 anos fui
tirar carta de condução, tive 21 aulas de condução e 15 de código. A carta de
condução foi uma necessidade, sobretudo para sair com a minha filha bebé
para as consultas médicas.
PRA/13
Nasci a 26 de Janeiro de 1959 numa freguesia rural. Pelo que a minha mãe
contava, vim do Funchal com 15 dias, onde vivi até aos 3 anos de idade.
Entretanto, como a minha família estava a crescer, os meus pais mudaram-se
para outra casa, também no Funchal, tendo sido essa a minha morada até ao
ano 2000. Durante a minha infância, ouvi os meus primos e tios de S. Vicente
a falar muito bem da sua terra e dos arraiais. Quando tinha 8 anos pedi aos
meus pais para me deixarem ir até S. Vicente. Logo que a minha tia veio ao
Funchal, eu e o meu primo fomos com ela a S. Vicente. Eu ia tão feliz, e
recordo-me como se fosse hoje, que até levava um vaso de violetas, de
presente para a minha tia. Quando cheguei lá, foi um verdadeiro choque, a
casa não tinha luz, era a candeeiro de petróleo. Não tinha água canalizada, era
preciso buscar a uma nascente. Quando começava a escurecer, só chorava,
queria vir para casa com a minha mãe. Os meus primos contavam histórias
para deixar de estudar, mas não resultava. Um dia, percebi que a minha tia ia
ao Funchal com as minhas primas, pensei que ia levar-me para casa, mas ela
disse que ia apenas à vila e voltava. Afinal tinha ido mesmo para o Funchal, e
lá ficou durante uns dias. No dia seguinte, eu e o meu irmão fomos apanhar o
autocarro para o Funchal, e houve um senhor que ajudou-nos e pediu ao
motorista para nos deixar no Funchal. Chegados lá, estávamos perdidos, e um
polícia aproximou-se de nós, e nós começamos a fugir, passamos no meio de
muita gente, havia muitos cestos de fruta a vender nas ruas, mas apesar da
confusão chegamos ao nosso destino. Depois só voltei a S. Vicente quando
tinha 21 anos (Ilustra discurso com foto da casa). Nós éramos 7 irmãos. Os
meus pais trabalhavam, e nós ficávamos em casa ao cuidado das irmãs mais
velhas. Durante o dia, enquanto nós brincávamos deixavam a casa aberta. O
meu maior defeito é ser pessimista, e a minha maior qualidade é a
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sinceridade. O que mais aprecio nos meus amigos é a lealdade. Os problemas
do mundo que mais me preocupam são a Guerra e a crise. Se eu tivesse muito
dinheiro fazia uma viagem pelo mundo.
PRA/14
Nasci no dia 5 de Abril de 1974 num meio urbano. O parto foi feito em casa
pelo meu pai, que chegava naquele momento do mar, pois era pescador.
Nasci com 3,100Kg e tinha 50 cm de altura. Era um bebé muito rebelde,
chorava muito. Fazia parte de uma família humilde, já era o 4º filho. A minha
mãe era doméstica, tinha de cuidar de mim e dos meus irmãos. (Ilustra
discurso com foto da sua terra Natal). Aos 2 anos cai ao colo do meu pai que
estava embriagado, e fracturei o tórax. Fiz fisioterapia até aos 10 anos, ia ao
Funchal 3 vezes por semana. A vida familiar era muito agitada, mas ao nível
financeiro era muito razoável. Aos 11 anos, mudámos de casa, o meu pai foi
trabalhar para a Câmara Municipal. A nossa vida foi mudando, e inicie-me no
mundo do trabalho e casei no dia 6 de Janeiro de 1996, e fui viver para a casa
da minha sogra. Com 22 anos recebi a melhor prenda da minha vida, a minha
filha, que nasceu no dia 16 de Julho. No dia 16 de Janeiro de 2002, nasceu a
minha segunda filha. Em 29 de Julho de 2002, fui viver para a minha casa. Já
há 6 anos que sonhava ter a minha privacidade e viver com a minha família.
(Ilustra discurso com foto da família). Hoje tenho a minha casa, o meu carro
e a minha mota. Já sou casada há 15 anos, e tenho uma vida financeira
razoável pois a minha esposa começou a trabalhar.
PRA/15
Trinta são os anos da minha experiência, nasci no dia 26 de Dezembro de
1979, nasci numa freguesia rural, tenho nacionalidade portuguesa e vivo em
união de facto. Fisicamente tenho 1,72, sou forte, moreno, olhos castanhos e
cabelo curto. Sou trabalhador e psicologicamente tenho muita paciência, sou
generoso divertido e muito calmo. Sou uma pessoa muito preguiçosa, mas
gostava de melhorar mais a minha participação para em casa apoiar mais a
família. Nasci no campo e numa casa simples, rodeada por árvores e por
algumas casas vizinhas onde viviam algumas famílias. A minha família é
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constituída pelo meu pai, mãe e sete irmãos. Éramos uma família de classe
média – baixa. A educação foi moderada e religiosa. Enquanto criança os
trabalhos que fiz foram na terra: cavar, plantar semilhas, batatas e couves,
ajudava os meus pais também a tratar dos animais, o que foi muito bom
porque sempre me incentivou a trabalhar. Durante a minha adolescência, a
relação com os meus pais era próxima e comecei a ter a minha
independência. Recordo que tive a minha primeira bicicleta comprada com o
meu próprio dinheiro aos 14 anos, em seguida um dos meus sonhos era ter
mota, que acabei por comprar aos 16 anos.
Actualmente constitui família, comprei um apartamento, tenho um filho com
10 meses e procuro uma vida estabilizada, organizando o orçamento
doméstico e tentando poupar para o nosso futuro. Nos meus tempos livres
gosto de estar com a família, ir ao cinema e passear (ilustra discurso com a
foto da sua família: o próprio a esposa e o filho. Também na sua capa do seu
PRAS, apresenta foto atual).
PRA/16
Nasci em 19/03/1953 numa freguesia rural e sou casado (ilustra discurso com
a sus foto actual). Nasci no seio de uma família numerosa, humilde e pobre,
sendo o 7º filho de 12, entre o quais 6 rapazes e 6 raparigas. Para isso o meu
pai era habilidoso, mas também era um pai muito amigo, divertido e
brincalhão. Fazia rir toda a gente! A minha mãe era mais reservada mas nem
por isso deixou de ser boa mãe. (ilustra discurso com a fotografia dos seus
pais e irmãos, à excepção do seu irmão mais velho que tinha emigrado para o
Brasil e de dois irmãos que já tinham falecido). A minha irmã mais velha
nem concluiu a 4ª classe, teve que cuidar de nós, recordo que ela levava o
meu irmão mais novo ao colo e os outros iam agarrados à saia dela. Queria
aqui homenagear a minha irmã mais velha que muito nos ajudou com a sua
dedicação carinho e trabalho. Das memórias que não apago e trago na
lembrança são as da minha avó. Esperava-nos todos os dias à mesma hora,
6horas da tarde era a hora que regressávamos da escola e lá estava ela, à
nossa espera para nos dar de comer “semilhas” cozidas que preparava com
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amor e carinho para não irmos para casa sem comida. A minha irmã mais
nova é aquela que fica na memória por outros motivos. Saíamos de casa com
o objectivo de apanhar erva para os animais, mas como éramos miúdos, só
queríamos brincadeira, e por isso até nos esquecíamos do que a nossa mãe
nos tinha mandado fazer. A mãe mandava apanhar erva depois de chegar da
escola porque tínhamos ovelhas que eram para matar no Natal. Estávamos
sempre desejando a chegada da Festa (Natal), pois era sinónimo de fartura,
tudo o que era cultivado ou tratado (como o porco, as galinhas) eram para
colher ou matar no Natal. Era a época do ano em que existiam mais coisas
para comer. Quando a minha mãe fazia um bolo ficávamos nos degraus à
espera que colocasse o bolo no forno para depois lambermos o alguidar,
passava-se o dedo à volta e lambia o resto da massa do bolo. Hoje o nível de
vida é bem diferente, os meus filhos não passaram por estas dificuldades
…eu e a minha esposa nos dias de hoje, sentimos mais preocupações com as
crianças e os adolescentes, porque cada vez há maior liberdade, e por vezes
não tanto respeito pelas outras pessoas como havia nos tempos passados.
Antigamente os filhos respeitavam os pais, mas hoje em dia as crianças já
começam até a tratar os pais por tu e eles começam a rir….
PRA/17
Tenho 49 anos de idade, sou holandesa. Nasci nas Antilhas. O meu aspeto
físico é normal. Tenho estatura média, cabelo castanho-claro, olhos azuis,
pele clara, peso 72 kg, sou parecida com o meu pai. Não consigo ver-me tal
como sou, os espelhos enganam, as fotos enganam e os gostos variam. Por
isso, seja eu magra ou gorda, tenho que aceitar como sou, uns vêem mais
gorda, outros, menos gorda. Se eu não gostar de mim, quem gostará? O meu
pai era funcionário e responsável pelo material e equipamento da SHEEL e a
minha mãe ocupava-se das lides domésticas da casa. Vim para a Madeira em
1963, com apenas dois anos de idade, acompanhada dos meus pais e sou filha
única. Os meus pais decidiram voltar à Madeira uma vez que o meu pai ficou
aposentado. O meu pai faleceu em 1985 e a minha mãe em 2008. Passei a
minha infância com os meus pais onde sempre tive regras de higiene, lavar as
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mãos, lavar todos os dias os dentes, saber estar à mesa, entre outras. Mas
quando estava com os meus amigos, nas nossas brincadeiras, tudo isso me
esquecia. No entanto, cresci saudável. Havia em casa, um cão e gatos, o meu
pai gostava muito de animais. Nessa altura, a comida não era ração, mas
comiam a mesma que nós (muitas vezes os restos) e sem problema nenhum.
Banho quente? Nem pensar! E champô? Muito menos. Era lavado de
mangueira, com água fria e sabão azul de barra e nunca o cão adoeceu ou
morreu por causa disso. Morreu sim, de velho. Isto só para dizer que no
tempo passado as coisas eram feitas naturalmente. Talvez por isso mesmo,
havia menos intoxicações. Sempre ouvi dizer que o sabão azul era um
desinfetante. Não era por acaso que antigamente era usado nos hospitais.
Falando agora da minha vida conjugal, casei em 1984, deste casamento
nasceu um filho que atualmente tem 22 anos. Oito anos depois houve um
divórcio pacífico. Tenho algumas paixões como a paixão pelos meus pais, a
paixão pelo meu filho, pelos chocolates, pela natureza. Tanto que me
identifico com a serra, gosto do ar puro, o verde, o cheiro da natureza e o
silêncio.
Para finalizar, apresenta vinte fotografias que fazem parte do seu percurso de
vida.
PRA/18
Tenho 62 anos de idade, por isso tenho um percurso de vida muito alongado,
o que me dificulta precisar datas de algumas mudanças na minha vida
expressas pelas dificuldades do tempo e de falta de meios. No entanto, há
sempre alguma coisa que se foi aperfeiçoando e dando corpo ao projecto que
o destino me proporcionou. Tenho muito prazer de falar da minha infância
até das dificuldades financeira dos meus Pais que me privaram de muitas
coisas que as crianças gostam de ter, mas hoje considero que essas
dificuldades me ajudaram a preparar para a vida, valorizando as coisas e
lutando por elas. Aprendi a não desperdiçar e também a repartir. Durante a
minha infância vivi num meio rural, com os meus pais e irmãos. Na minha
infância os acontecimentos eram de uma vida muito simples passando o
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tempo a brincar com a própria natureza. Lembro-me muito bem de brincar
com as flores, fazia delas lindos ramos e até com as próprias ervas. Também
fazia casas de cartão, enfeitava e chamava a isto uma brincadeira. Fazia de
conta que cozinhava fazendo “um lar” com duas pedras e a panela era uma
lata qualquer. Dentro colocava uma variedade de ervas, isto significava a
mistura de legumes para a sopa. Com as brincadeiras fui aprendendo de
verdade a fazer as coisas que eram precisas na vida doméstica ganhando
assim o gosto por elas e tentando melhorar sempre. Aprendi a cozer batatas o
que me dava uma bela alegria quando a minha mãe e as pessoas que
cominam davam um elogio dizendo: “estão saborosas”. Tenho boas
recordações da minha adolescência. Comecei a fazer experiencias para ser
uma boa dona de casa, em que se dizia que o maior valor de uma mulher era
ser uma boa dona de casa. Tinha que aprender a ser uma boa dona de casa,
aprender aproveitar bem o tempo, ser uma boa cozinheira e se amável. Ainda
hoje acredito nesses valores. Também comecei a ajudar nas actividades
agrícolas porque o meu pai era agricultor e era minha obrigação ajudar em
tudo o que fosse preciso, e assim me fui integrando na vida social e familiar.
E sempre difícil uma pessoa autoavaliar se é mais fácil avaliar os outros
embora reconheça quem sou. Gosto mais de ficar no silêncio do que falar,
principalmente das minhas qualidades. Sinto-me mais a vontade em falar nos
meus defeitos. Gosto de: ser pontual, sincera, ter espírito jovem, ser feliz,
tocar um instrumento, ser responsável, fazer bem o meu trabalho, tenho uma
paixão pela música e uma adoração pela minha família. (Ilustra discurso com
uma foto atual). Sou solteira por opção, tenho 4 irmãos, 2 rapazes e 2
raparigas, vivo com uma das minhas irmãs e sinto-me muito feliz. Gosto
muito de viver e também que os outros vivam felizes. Sou amiga e estou
sempre pronta para os que precisam de mim aponto de prejudicar a minha
vida. Gosto de viver o presente. Esta e aminha família que amo muito e são
uma parte da minha vida. Infelizmente os meus pais já faleceram, mas
continuam presentes na minha vida porque em mim reflecte o seu exemplo e
os seus ensinamentos. Viveram até aos 88 anos e viveram juntos 60 anos de
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casados. Sinto prazer de falar da minha família porque tive e tenho uma boa
relação com aminha família. Os meus pais foram pessoas simples que nem
sabiam ler mas lutavam por uma vida digna. (Ilustra discurso com uma foto
das Bodas de Ouro na igreja e duas da sua família e amigos). Sou uma pessoa
de meia estatura, tenho cabelos castanhos, sou morena e tenho 1,56 de altura.
Gosto de fazer muitas coisas mas, o que eu mais gosto de fazer e cantar.
Acho que quando canto sinto-me feliz e como diz o ditado: “ quem canta seu
mal espanta”; sinto a vibração das palavras, da música, e também gosto muito
de ensinar de partilhar os meus conhecimentos. Este gosto pela música faz
com que eu contagie os outros para esta alegria de viver cantando (ilustra
discurso com foto do grupo coral a que pertence, posicionando-se ao centro).
PRA/19
Nasci a 19 de Março de 1978 e tenho 2 irmãos mais velhos, todos nascidos
no meio rural. Sou uma pessoa de estatura média, não sou magra, mas
também não me considero gorda. Sou o signo de Peixes, considero-me uma
pessoa calma, amiga dos amigos, trabalhadora, responsável, pronta a ajudar o
próximo sem reembolso. Adoro música, de ouvir e tocar. A minha família
vivia da agricultura e não havia muito dinheiro para estudarmos para além do
6º ano porque era o único ciclo de escolaridade que davam na minha área de
residência. O trabalho do meu pai era levar verduras para o Funchal era uma
pessoa muito conhecida, eu com seis anos não me lembro de muita coisa que
ele fazia porque infelizmente faleceu novo devido a uma queda quando
estava a construir a nossa casa. Foi um choque muito horroroso para nós
parecia mentira que tinha falecido, ele ainda era tão novo, e deixava 3 filhos
menores e muita coisa por fazer na vida (ilustra discurso com a fotografia sua
e dos irmãos e do seu pai). A morte do meu pai foi muito difícil para nós. Nós
ficamos a viver na casa da minha avó porque a minha mãe não tinha dinheiro
e o pouco que tinha foi gasto nas despesas do funeral do meu pai. Na minha
juventude, conheci um rapaz que frequentava muito a casa de chá onde eu
trabalhava, ficamos amigos e pouco tempo depois pediu-me em namoro.
Passados 10 anos nós casamos porque até esta data o meu namorado era
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guarda da GNR no Continente. Já tinha feito o programa da missa religiosa e
quando chegou o dia do casamento todos os preparativos estavam
programados. No final como tradição fomos tirar as fotos da “praxe” dos
noivos com familiares e amigos e depois seguimos para a festa. (Ilustra
discurso com as fotografias da festa do dia do casamento).
PRA/20
Nasci no dia 04/02/1971, numa freguesia rural, onde vivia até aos 19 anos de
idade. Venho de uma família pobre mas humilde e numerosa, somos 8 filhos,
5 rapazes e 3 raparigas. O meu signo é aquário. (Ilustra discurso descrevendo
as caraterísticas dos nativos desse signo). Como qualidades sou honesta,
sincera e responsável, não gosto de mentiras, também admito que sou
exigente, rigorosa. Fisicamente tenho estatura média, 1,65 m de altura e
66Kg, sou morena, cabelos e olhos castanhos. Não gostaria que fizessem um
“clone” da minha pessoa, porque na minha opinião, cada um é como é, e não
há duas pessoas iguais. Por exemplo, até os gémeos verdadeiros são muito
idênticos mas no fundo têm pensamentos e ideias diferentes, e agem de
maneiras diferentes. O que gosto mais de fazer é nadar, dar passeios e ir às
compras. Casei aos 19 anos e fui viver para uma freguesia rural. Foi sem
dúvida o Dia do meu Casamento, o Dia mais importante da minha vida, fui
em busca da minha felicidade. Aos 21 anos, nasceu o meu primeiro filho, no
dia 15 de Fevereiro de 1992, no Hospital Cruz de Carvalho. Foi uma nova
fase da minha vida, tive que saber cuidar do bebé, ente as fraldas, a
alimentação e o seu bem-estar. (Ilustra discurso descrevendo as diferentes
fases de crescimento e cuidados básicos com o seu filho). Em 1995, comecei
a construir a minha casa, fui construindo aos poucos, nessa altura, eu e o meu
marido, tivemos que ver como é que projectávamos a casa, tendo em conta a
área do terreno, tivemos que pensar quantos quartos de dormir queríamos, a
dimensão dos mesmos, da sala, da cozinha, WC e da garagem. (Ilustra
discurso descrevendo os cálculos, apresenta a Planta da sua casa, e foto da
mesma). Depois da casa concluída, fomos comprar as mobílias, íamos com a
ideia de comprar apenas o essencial para a casa (dois quartos de dormir e o
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indispensável para a sala). Na loja, foi nos colocados a hipótese de pagarmos
às prestações, e com a vantagem de pagarmos em x meses, sem quebra de
juros. Gostámos da ideia, foi sustentável para nós, e já ficamos com a casa
toda mobilada. Quanto à cozinha comprámos também o seu equipamento e os
electrodomésticos e ficámos muito felizes. (Ilustra discurso descrevendo as
caraterísticas dos seus electrodomésticos e cuidados a ter em conta, quer na
manutenção, quer nos cuidados em relação ao ambiente.) No ano 2000
engravidei do meu 2º filho, não estava à espera, pois nessa altura era uma
fase de muita agitação na minha vida…estava a abrir uma loja de pronto a
vestir e queria que tudo corresse bem…Felizmente tudo correu bem, trabalhei
até ao nascimento do meu filho. Nesta fase, tinha uma cunhada
desempregada, substituiu-me por alguns dias, até estar capacitada para
trabalhar. Quando recomecei a trabalhar, foi uma fase de stress, porque tinha
de levar o bebé e com tudo o que era indispensável, bem como deixar a casa
organizada e refeições para o meu filho mais velho, que já frequentava a
escola e o marido que também ia trabalhar (…). Com o passar dos dias, foi-se
tornando rotina! Hoje considero que tenho uma família feliz e sinto-me com
vontade de enfrentar cada vez mais desafios da vida, desta sociedade em
permanente mudança!
Ao nível individual (DI) Indicadores (excertos)
II – CATEGORIA
Dimensão ao nível do sistema de provação em da relação com a experiência
escolar:
Quando terminou os estudos e o seu destino?
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PRA/1
Entrei para a escola primária com 7 anos de idade e saí com 12, após ter
concluído a 4ª classe. A minha saída da escola teve a ver com a necessidade de
entrar no mundo do trabalho. No ano 1972/73 tentei continuar os meus estudos,
mas como entrava ao serviço às 4h30 da manhã e as aulas terminavam às 23 h,
acabei por desistir antes de terminar o 2º período. Nos anos lectivos 1990/91 e
1991/92, frequentei em horário pós laboral a Telescola (ensino nocturno) com o
objectivo de me habilitar ao 6º ano de escolaridade. No ano 2004/2005
matriculei-me noutra escola com o objectivo de concluir o 9º ano em módulos.
Consegui fazer todo o 1º Período, no entanto senti algumas dificuldades na
disciplina de inglês, e tentei fazê-la por exame, mas não consegui concluir.
Como não podia avançar sem a referida disciplina, acabei por abandonar a
escola, não dando continuidade ao meu objectivo pessoal: continuar os meus
estudos.
PRA/2
O meu percurso escolar começou na minha terra natal que é a Venezuela, na
cidade de Los Teques. Entrei na escola com 6 anos, no ano de 1973 por até
1974. Por motivos de mudança de residência, deixei os estudos, regressei à
Madeira com os meus pais, tendo apenas 7 anos. Continuei os estudos, mas por
causa das dificuldades linguísticas, tive que recomeçar novamente no 1º ano na
escola primária onde residia, e onde frequentei o 4º ano em 1979. A minha
adaptação foi boa, não tive problemas, pois fiz novas amizades, e todos os
funcionários e professores deram-me atenção, e fui bem acolhida. Senti
também dificuldade nos costumes, a maneira de viver era totalmente diferente,
na Madeira sentia-me mais autónoma, ia sozinha para a escola, e sentia-me
mais segura do que na Venezuela. Lá os meus pais tinham que me dar
protecção e segurança. Fiz continuação na Escola Básica e Secundária, onde
estudei até ao 7º ano. Perdi o 8º ano, e não quis repetir, os meus pais insistiram
para que eu concluísse o 9º ano. Foi o maior erro que fiz, não segui o conselho
dos meus pais, já poderia ter o 9º ano de escolaridade…Nessa altura já tinha
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namorado, depois casei e fui para a Venezuela. Tive uma escola tradicional,
onde não tínhamos a liberdade de falar nem comunicar, mas valeu a pena,
porque aprendíamos muito, e tínhamos mais respeito para com os professores.
Nós respondíamos só quando éramos solicitados. Não existiam actividades
práticas, que permitissem aos alunos actuar, agir ou reagir de forma individual.
Foi o que menos agradou, a maneira como éramos tratados. Não tínhamos
liberdade para expressar as ideias, era como a professora dizia, não havia troca
de ideias nem sugestões. A escola de hoje é diferente, os alunos comunicam
com os professores, tem mais liberdade de se expressar, juntos tentam dar
propostas ou sugestões para as actividades, vivem numa chamada escola
moderna. (Ilustra o discurso com uma fotografia dos seus colegas de grupo da
Venezuela). Mesmo sendo escola profissional, tenho boas recordações, aprendi
a ter respeito pelos superiores, fiz muitos amigos, aprendi jogos tradicionais
como por exemplo: saltar à corda, o jogo do saco, o pião, as pedrinhas…
(Ilustra o discurso com fotografias de jogos tradicionais). A escola ajudou-me a
ter confiança na vida, ir em frente, além de não ter continuado nos estudos
como já referi, não sendo pela falta de apoio, mas sim pela falta de reflectir o
que viria a acontecer no futuro, tive a família sempre a meu lado, se eu tivesse
seguido o seu conselho hoje teria já terminado o 9º ano, e quem sabe até, maior
escolaridade. Há um ditado que diz: “Não deixes para amanhã o que podes
fazer hoje”, pensando bem no provérbio, sempre temos que seguir em frente,
não pensar que dá tempo, e se pudermos fazer já, e agora é o que estou a fazer
aquilo que deixei para trás: concluir o 9º ano de escolaridade.
PRA/3
Os meus primeiros anos escolares foram passados na Venezuela, estive até ao
4º ano (comprovo com um anexo do certificado), e transitei para o 5º ano com a
classificação final de 19 pontos na escola: “Nuestra Señora de Los Dolores”.
Usava uniforme como era normal em todas escolas da zona. Os meus tempos
de escola geraram momentos de grande satisfação, no entanto, deixaram uma
marca profunda com a morte acidental de uma colega mesmo à minha frente, é
algo que jamais esquecerei. Quando terminei o 5º ano, infelizmente tive que
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abandonar a escola, pois a nossa situação financeira era complicada, éramos
muitas “bocas” a comer e poucas a trabalhar. Também, a mudança para outra
cidade veio dificultar a oportunidade de continuar a estudar, pois a distância
entre a casa e a escola, e não havia assim meios financeiros para frequentarmos
todos a escola. Demos assim oportunidade aos mais novos de estudarem,
enquanto nós mais velhos ajudavam a manter a família. Ao fim de muitos anos
consegui por em prática um sonho, prosseguir os meus estudos, outrora
deixados por falta de meios financeiros. Com muita dificuldade consegui
acabar o 6º ano através do Ensino Recorrente (Comprova com certificado em
anexo) entre os anos 2004 e 2006, onde consegui aperfeiçoar um pouco do
português e criar novos objectivos que há muito tempo perdi a esperança de
realizar. Entre os vários objectivos, concluir o 9º ano através do grande
projecto das novas oportunidades que é o processo RVCC. (Ilustra com uma
foto um painel publicitário com o slogan: “Educação de Jovens e
Adultos…uma oportunidade de sucesso para a vida!!!”). Hoje em dia todos
temos de lutar para melhorar a nossa vida e se isso inclui retomar os estudos,
então é isso que temos de fazer, independente da idade que temos.
PRA/4
Estudei na escola primária até ao 4º ano, e em seguida no colégio fiz o 5º e 6º
ano, tinha então 12 anos, idade em que parei de estudar. Nessa altura vim para
casa para a companhia da minha mãe, irmã e avó. Nessa época, era preciso
aprender as lides domésticas e a bordar. Como o meu pai estava emigrado no
Curaçao, para uma jovem era melhor estar protegida na companhia dos
familiares, e em convívio com vizinhos e amigos. Aos meus 6 anos entrei para
a 1ª classe, já lá vão 44 ano. Contudo ainda recordo o percurso que fazia a pé
para a escola que hoje já não existe. Nessa altura aprendi a conhecer as letras
do abecedário e iniciei a leitura e a escrita. Conheci os números e comecei a
contar e a pintar. No 2º ano, já conseguia ler e escrever, e comecei a fazer
contas simples. No 3º ano já fazia cópias, ditados e contas mais complexas, e já
sabia as tabuadas. No 4º ano já estudava história de Portugal e Geografia.
Nessa época aprendi também a cantar o hino de Portugal. Na altura era prática
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habitual cantar-mos o hino na sala de aulas. (Ilustra discurso com imagem da
bandeira portuguesa, e citação do hino de Portugal). Recordo ainda a
aprendizagem das ciências, trabalhos manuais, história e geografia que era uma
das minhas principais áreas e interesses, nelas tive oportunidade de aprender as
dinastias e a história de Portugal, as principais províncias portuguesas entre
outros temas interessantes. Foi também nesta época que iniciei as minhas
primeiras interacções sociais, aprendendo a fazer amizades, a brincar com os
colegas e partilhar os valores na sociedade. Com 10 anos, transitei para o 5º
ano (na época denominado 1º ano). Mudei de escola, passando a frequentar um
externato. Juntamente comigo foram 2 amigas que eram da minha turma, e
assim a adaptação à nova escola foi boa, fiz novos amigos, tinha muitos
professores, sendo um para cada disciplina. Nessa época ainda era muito
frequente os professores darem reguadas nas mãos (costumávamos chamar de
“bolos”) como método de punição. Cheguei a levar um “bolo” na disciplina de
matemática, apesar de já não recordar o motivo, ainda que fosse a disciplina
que devido aos cálculos complexos, era a disciplina que tinha mais dificuldade.
Nessa altura tive o 1º contacto com a língua estrangeira, o francês, onde
aprendi iniciação. Recordo na disciplina de português, analisávamos várias
obras, entre as quais “Os Lusíadas”. Aos 12 anos conclui o 6º ano (denominado
na época 2º ano) e nessa época perdi a motivação para continuar os estudos
porque na sociedade não era tão importante estudar como nos dias de hoje, e
menos ainda pertencendo ao sexo feminino. Por vezes penso, como teria sido
diferente a minha vida se tivesse prosseguido os estudos. Tudo teria sido
diferente, naturalmente tinha um bom emprego e não tinha tido a necessidade
de emigrar. Contudo no meu percurso de vida estes factores de vida
aconteceram, e mesmo assim foi tentando ser feliz, apesar de não ter
frequentado a escolaridade básica, tive sorte na vida, quem sabe se não foi uma
oportunidade de fazer muitas outras aquisições para a vida? (Ilustra discurso
apresentado o cronograma do percurso escolar). Em conclusão, sentido o gosto
e a necessidade por voltar a estudar e tendo a oportunidade de fazer o processo
RVCC, foi mais uma fase determinante para minha auto-realização na vida. A
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elaboração do meu portefólio permitiu-me a reflexão acerca de toda a minha
história de vida. Tive a oportunidade de relembrar e viver essas etapas. Foi
também importante para reflectir acerca de importantes aprendizagens que
tenho feito ao longo da minha vida, em momentos do dia-a-dia, por vezes sem
me aperceber. Com este trabalho, pude também verificar que em muitos
momentos dos meus dias, no passado e no presente, obtive conhecimentos das
várias áreas do referencial de competências chave: LC, MV, TIC e CE. De um
modo geral, estou satisfeita por ter realizado este PRA e com o seu trabalho
final. Por vezes senti dificuldades em associar os conhecimentos à respectiva
área de competência, contudo com a ajuda do material de apoio fornecido pelos
formadores e profissionais, com as suas orientações consegui superar as
dificuldades. (Ilustra discurso com a apresentação de uma tabela, na qual
resumo as competências adquiridas, e a respectiva área de conhecimento: a LC,
a MV, as TIC e a CE).
PRA/5
Entrei para a escola primária com 6 anos, onde aprendi a ler, a escrever, contar,
e a respeitar os outros. Conclui o 4º ano nesta escola. Nos meus tempos livres
passeava e sempre que podia ajudava os meus pais nas várias tarefas e na
fazenda. Entretanto, frequentei o 5º ano e o 6º ano e tive de mudar de escola
porque não havia estudos nos níveis seguintes na área da minha residência.
Conclui o 6ºano e o 7º ano numa escola secundária, sendo que entretanto aí
começaram os “namoricos” e acabei por reprovar o 8º ano. Os meus pais não
ficaram satisfeitos, e eu fui transferida por uma outra escola secundária situada
na cidade do Funchal. Despertou em mim sentimentos de ansiedade, mas
também de alegria conhecer novos professores, colegas e fazer novos amigos.
Passado um tempo não gostei da vida agitada da cidade, e a minha mãe
resolveu transferir-me para um colégio, pois queria que fosse freira. Foi contra
a minha vontade, porque a minha vocação não era essa, não estava preparada
para esse desafio, e a meio do ano desisti e pedi transferência novamente para a
minha escola secundária de origem, pois tinha a certeza que queria continuar,
concluir o 9º ano, e seguir o meu objectivo, ser polícia. Gostava muito da farda
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que teria de usar, e sentir-me-ia muito respeitada a nível social. Contei ao meu
pai o meu sonho de ser polícia, e ele opôs-se, disse que filha dele não teria essa
profissão, e não havia nada a fazer porque, o que o meu pai dizia, estava dito. A
partir daí, fiquei completamente desanimada, comecei a faltar às aulas, e na
altura tinha 13 anos, aproveitei para namorar…Hoje penso de forma totalmente
diferente, e sei que actualmente estou prejudicada por não ter continuado a
estudar…poderia ter arranjado um trabalho melhor, ou quem sabe, concorrido
para polícia. Acabei por reprovar o 9º ano, e por fim desisti da escola. Neste
momento optar pela carreira de polícia já não faz sentido, já tenho a minha vida
estabilizada, tenho família e penso que se fosse polícia, os perigos seriam muito
maiores, isto porque os deveres e as competências exigidas na sociedade são
muitas…Ser polícia é uma profissão de bom nome, mas muitos são acusados
de uso e abuso do poder que possuírem, embora por outro lado, existem
polícias que perdem a vida injustamente, e muitas vezes não o apoio
necessário. Seria mais eficaz se o próprio Governo com a dinâmica legislativa,
desse mais apoio aos polícias, para assim cuidarem dos inocentes, protegerem
os mais fracos, e proporcionar harmonia na sociedade.
PRA/6 Quem me ajudou a dar os meus primeiros passos no meu percurso escolar, foi a
minha mãe, mesmo só com a 4ª classe, e como não havia pré-escolar foi ela
que uns 2 anos antes de eu atingir a idade escolar, começou a ensinar-me as
primeiras letrinhas, os primeiros números, contava-me histórias sobre os mais
importantes acontecimentos da História de Portugal, e muitas coisas
mais…Lembro-me que quando entrei para a escola já sabia muito, facto que
me dava muita satisfação. Quem me ajudou a dar os meus primeiros passos no
meu percurso escolar, foi a minha mãe, mesmo só com a 4ª classe, e como não
havia pré-escolar foi ela que uns 2 anos antes de eu atingir a idade escolar,
começou a ensinar-me as primeiras letrinhas, os primeiros números, contava-
me histórias sobre os mais importantes acontecimentos da História de Portugal,
e muitas coisas mais (…). Ainda hoje recordo-a com carinho, pois há boas
recordações que marcam e permanecem para toda a vida. De vez em quando
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encontro a minha professora, já reformada e muito cansada, conversamos um
pouco e faz-me voltar ao passado, e traz-me recordações fantásticas. A minha
avó que era costureira fez-me um par de batas brancas, pois era obrigatório
usar, e sinceramente nunca gostei. Queria terminar a escola primária
rapidamente para não ter que usar aquelas batas!...A escola não era mista, havia
escola para os rapazes, e escola para as raparigas, o que fazia com que
fôssemos mais tímidos e inibidos. Nas escolas primárias, principalmente no
campo, não tinham a ver com as escolas de hoje, não estavam dotadas de pátios
grandes, pavilhões, campos desportivos, e outros equipamentos que nos dão
tanta comodidade e facilidade na aprendizagem nas escolas de hoje. As salas de
aulas não eram construídas para o efeito, eram algumas casas já muito antigas,
que eram adaptadas para funcionaram como escolas. Apesar de tudo tínhamos
alguma coisa, o meu pai sempre dizia que na infância dele, nem escolas dessa
natureza havia. (Ilustra discurso com foto da sua escola primária). Não me
esqueço da famosa régua que todos sabem ou ouviram falar para que servia, e
também das caninhas de bambú, que além de servirem para apontar para o
quadro, deixavam algumas manchas vermelhas nas pernas…A escola primária
correu muito bem para mim, era bom aluno, aplicado, não faltava à escola e
assistia às aulas com muita atenção, nunca deixei de fazer os trabalhos de casa,
até fazia questão de ser o melhor aluno nos testes. Em geral gostava da matéria
que era dada, mas preferia História, sendo que, o que menos me agradava era
Desenho. No 4º ano, nos dias que antecediam o nosso exame, a nossa
professora descolocou-se a outra escola para fazer exame a outros alunos, e
deixou-me a tarefa de orientar os meus colegas nas revisões da matéria, recordo
que não foi tarefa muito fácil, como pode imaginar éramos crianças mais ou
menos da mesma idade, só que umas mais rebeldes…Foi um trabalho árduo
conseguir impor respeito e silêncio, mas recordo que consegui cumprir a tarefa,
o que me deixou muito orgulhoso. Acabado o 4º ano, frequentei a Escola
Comercial e Industrial do Funchal, hoje denominada Escola Secundária
Francisco Franco. Estudei o 5º e 6º ano no edifício que se situava junto à Igreja
do Colégio, que tinha sofrido algumas obras no interior, para ser adaptado e
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funcionar como escola, dado que anteriormente funcionava como um quartel
militar, nós alunos chamávamos o “batalhão”. Se a memória não me falha, esta
fase de estudo foi logo a seguir ao 25 de Abril de 1974 e eu que fora habituado
a viver sob certo rigor dos meus pais, comecei a sentir-me mais livre, mais
homenzinho, novos colegas, novos amigos, novos incentivos e tentações, tinha
tantas coisas para pensar, e pouco a pouco apercebi-me que já não era aquele
aluno excelente e aplicado que era outrora. Fiz alguns amigos, que ainda hoje
nos encontramos para lembrar os velhos tempos, tocávamos viola nos tempos
livres, não tínhamos formação musical, mas aprendíamos algumas coisas uns
com os outros, e fazíamos sempre as nossas festas. Eu estudei até ao 8º ano, e
matriculei-me no 9º ano, até que recebi a visita do meu tio Marcos, emigrante
na Venezuela, que me incentivou a emigrar à procura de uma vida e de um
futuro melhor. Foi então que deixei a escola e emigrei para a Venezuela, penso
que foi um erro, mas como não se pode voltar atrás, ficaram as experiências e
os ensinamentos da vida.
PRA/7
Em 1980 eu tinha 6 anos de idade, quando comecei a estudar na escola
primária. Lembro-me que nunca tinha pegado num lápis. A caminho da escola
a minha irmã é que ensinava a fazê-lo. A minha mochila era um saco de
plástico, ia de calções de descalço. Recordo o sentimento de tristeza ao ver os
meus colegas calçados e eu não, acrescido em seguida ao sentimento de revolta
pelos professores porem de parte, era excluído, não tina a mesma facilidade de
linguagem dos meninos ricos (…). Era filho de pais muito pobres, e só os
“filhos de papás” eram bem tratados, os meninos nobres ficavam à frente, e os
pobres ficavam atrás. Toda esta situação faz-me pensar como um ser humano
consegue ser injusto e cruel. Mas por tudo isto perdi o ano e interesse pela
escola. Em compensação diziam que eu era bem-educado, que era bem
divertido, que brincava muito com os meus colegas, e dava-me bem com todos.
Também gostava do facto de estar a aprender coisas novas, tais como, aprender
a escrever, a ler e a contar, que são aprendizagens de grande utilidade no dia-a-
dia. Por exemplo, era a partir da escrita que esperava vir a escrever cartas para
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os meus 3 irmãos que se encontravam na Venezuela. Também as contas eram
importantes, nomeadamente quando a minha mãe mandava comprar algo na
mercearia. Entretanto fiquei doente, tive de desistir da escola e posteriormente
foi diagnosticada: espondilose anquilosante. Com efeito, por volta de 1981,
agravaram-se as dores no meu pé. Fui assistido pelos médicos do meu centro de
saúde, mas cada vez o meu estado foi piorando. Foi transferido o meu processo
para o hospital central do Funchal. Lembro-me que foi a primeira vez que fui
ao Funchal. A viagem era um sonho, dado que nunca tinha andado de autocarro
e nunca tinha visto barcos, pelo que contava comentar estas aventuras quando
regressasse, mas não foi assim…fiquei hospitalizado durante seis meses.
Quando o meu pai me deixou gritei alto, tive o sentimento que era o fim do
mundo. Além da dor física, sentia também a falta dos meus pais, irmãos, e,
principalmente do meu ídolo que era a minha avó materna, que me dava muito
amor e carinho. No hospital, junto às escadarias do 5º andar, eu gritava tão alto
que se ouvia no 1º andar: “Eu quero a minha avó”. Eu pensava que estava
abandonado porque ninguém ia visitar-me, mas as viagens eram longas, duas
horas e meia de autocarro e eram muito caras, pelo que não havia
possibilidades económicas. Porém, sentia muito amor e carinho por parte da
equipa médica e de todo o pessoal auxiliar, bem como dos familiares, dos meus
colegas de quarto que também me chegaram e a dar comida na boca. Entretanto
regressei a casa, e matei as saudades de tudo e de todos, mas tudo já me parecia
estranho, e a minha mãe já estava grávida da minha última irmã, e recordo que
quando ia à fisioterapia e às consultas, uma funcionária do hospital encontrou-
nos e reconheceu-me. Propôs à minha mãe para eu ficar na casa dela para que
não tivesse que deslocar-me ao Funchal. Após a consulta, fiquei internado e aí
permaneci um ano. No hospital conclui a 2ª classe com uma professora que
estava destacada para o hospital. Quando saí do hospital, fui para a casa da
funcionária, que acabou por ser uma segunda mãe para mim. Encontrei uma
nova família, dois irmãos, e uns novos pais que me deram tudo: roupas,
sapatos, comida e principalmente amor. Aprendi nesta casa a fazer de tudo,
desde a limpar a casa, a engomar etc…o marido deste funcionário acabou
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posteriormente por ser o meu padrinho do crisma. Foi através desta minha
madrinha que eu conheci uma senhora massagista, que me dava massagem nos
pés, a quem eu admirava muito e a quem se tornou uma grande amiga.
Entretanto ela dizia para eu aprender a dar massagens para que, quando ela
morresse, eu ficasse no lugar dela. A partir daí, comecei a pôr em prática aquilo
que ela ensinava-me, visto que comecei a dar massagens em algumas pessoas
conhecidas e amigas. Infelizmente, a minha amiga massagista já faleceu.
Durante cerca de sete anos, alternei a minha vida entre a casa dos meus pais, o
hospital e a casa dos meus padrinhos. Mas, depois de tanto sofrimento comecei
a sentir melhoras no meu estado de saúde. Apesar de todas estas dificuldades
que passei, terminei o 1º ciclo por volta do ano de 1987, mas sempre com o
sentimento que muitas injustiças foram cometidas no meu dia-a-dia. Em 1989
voltei a estudar no posto oficial de ensino básico, onde estudava no período
nocturno, o que me dava a possibilidade de trabalhar de dia e estudar à noite.
Gostei muito dos meus colegas, mais principalmente dos meus professores.
Eram muito humanos, compreensivos e amigos. O que mais me desagradava
era o cansaço, provocado pelo facto de trabalhar o dia inteiro. Mas este
sacrifício valeu a pena, uma vez que em 1991 conclui o 6º ano de escolaridade.
Foram estas habilitações que permitiram arranjar emprego alguns anos mais
tarde numa Escola Básica e Secundária. Após a consulta, fiquei internado e aí
permaneci um ano. No hospital conclui a 2ª classe com uma professora que
estava destacada para o hospital. Quando saí do hospital, fui para a casa da
funcionária, que acabou por ser uma segunda mãe para mim.
PRA/8
Fiz a escola primária na única escola que havia na minha freguesia. Saí da
escola com 10 anos de idade, mas lembro-me muito pouco daquilo que
aprendi…saí com a 3ª classe, era a escolaridade obrigatória da minha época. As
aprendizagens mais significativas que fiz, foram simplesmente a leitura e a
escrita, e ao nível da matemática, pois aprendi algumas contas que sempre
utilizei no meu dia-a-dia. Quando tinha 17 anos, no ano de 1994, inscrevi-me
no ensino recorrente, e consegui concluir o 4º ano de adultos. Em 2004 voltei a
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estudar, e consegui concluir o 5º e 6º ano do Ensino Recorrente na Escola
Básica e Secundária Gonçalves Zarco, no Funchal.
PRA/9
Frequentei uma escola pequena (não me lembro do nome) até à 2ª classe, e
depois frequentei outra até à 4ª classe. Nessa altura, as disciplinas que eu tinha
eram Língua Portuguesa, Matemática e Estudo do Meio. Nesta última
disciplina, falávamos dos reis de Portugal, do corpo humano…e na Matemática
aprendi alguns cálculos e aplicação de resolução de problemas, aprendizagens
que realmente me ajudam no meu dia-a-dia. No 1º Ciclo tive uma professora de
quem gostei muito, que foi a da 2ª classe, porque era muito simpática, e notava-
se que tinha muito gosto pelo que fazia. Gostava dos alunos, e tinha paciência
para ensiná-los. Além disso, fui a única que esteve connosco do princípio ao
final do ano lectivo, porque as outras professoras desistiam, e tinham medo da
queda de rochas, e de viver naquela freguesia, por questões climatéricas. No 2º
e 3º Ciclo, frequentei a escola da Madalena em Santo António, onde estudei até
ao 8º ano. A minha disciplina favorita era Português, e aquela que tinha mais
dificuldade era Matemática. (Ilustra discurso com foto do último
estabelecimento de ensino frequentado, bem como o certificado de habilitações
do 8º ano). Como aos 15 anos fui mãe, desisti da escola ainda que não tivesse
tomado a decisão mais acertada, mas nada como errar para aprender…Neste
momento iniciei a minha caminhada no Processo RVCC, a fim de me preparar
devidamente para o mundo do mercado de trabalho. Desta forma poderei
realizar-me pessoal e profissionalmente, e alcançar uma maior segurança a
nível financeiro, o que permitirá oferecer à minha filha um futuro melhor,
especialmente no que diz respeito aos seus estudos, algo que não concluí mas
que desejo que ela o faça.
PRA/
10
A minha escola primária foi num meio urbano, e entrei logo para a 1ª classe.
Não frequentei nem infantário, nem pré-escolar. Ficava com as minhas tias e
avós, uma vez que os pais trabalhavam. Recordo-me do meu 1º dia de aulas:
estava muito entusiasmado e feliz…eu sorria, enquanto a grande maioria das
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minhas colegas se agarram às mães e choravam. Eu observava atentamente a
minha professora, a Senhora Dona Clarisse, uma senhora já com alguma idade,
simpática e com alguma calma. Algo que me ficou gravado, em forma de
recordação foi o facto de nas suas mãos haver anéis e muitas pulseiras, que
faziam um som particular quando chocalhavam, principalmente quando
utilizava a borracha para apagar os nossos erros. Também ainda parece que
sinto o seu perfume muito intenso, recordo-me de tudo, como ainda se fosse
hoje. Recordo-me também da minha outra escola, na mesma zona, alguns
metros abaixo da anterior. Actualmente é também uma moradia com aspecto
completamente alterado, o que me deixa profundamente triste, uma vez que
representa uma boa parte da minha infância. Com a minha primeira professora,
aprendi a ler e a escrever, facto que adorei e que ainda hoje acompanha-me, e
sinto uma grande paixão pela aprendizagem. Quanto ao Desporto, esteve
sempre presente, pois embora não estivesse em nenhum clube, o meu pai
transmitiu-nos esse gosto. Lembro-me de jogar à bola, o meu pai levava-nos ao
Estádio dos Barreiros quando ia treinar. (Ilustra discurso com foto do
estádio).No 2º Ciclo fui para a Escola Horácio Bento Gouveia, onde estive até
ao 7º ano. Gostava muito das disciplinas de Português, Inglês, História,
Ciências e Educação Física. Durante os meus 2 últimos anos de escola, estive
doente e faltei muito à escola, razão pela qual reprovei o 7º ano. Andei até ao 8º
ano na escola, mas entretanto desisti, pois a minha mãe trabalhava muito, e nós
tínhamos muitas dificuldades económicas, nós éramos 3 filhos, apesar dos
meus tios darem-nos ajuda, mas no fundo também, ainda sentia a frustração e
desilusão de ter reprovado o 7º ano. Tudo isto de nada ajudou para concluir a
escolaridade básica obrigatória. Sonhava vir a ser Jornalista ou Juíza. Queria
muito frequentar a Universidade, mas as coisas assim não aconteceram.
PRA/
11
Gostava muito das disciplinas de Português, Inglês, História, Ciências e
Educação Física. Durante os meus 2 últimos anos de escola, estive doente e
faltei muito à escola, razão pela qual reprovei o 7º ano. Andei até ao 8º ano na
escola, mas entretanto desisti, pois a minha mãe trabalhava muito, e nós
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tínhamos muitas dificuldades económicas, nós éramos 3 filhos, apesar dos
meus tios darem-nos ajuda, mas no fundo também, ainda sentia a frustração e
desilusão de ter reprovado o 7º ano. Tudo isto de nada ajudou para concluir a
escolaridade básica obrigatória. Sonhava vir a ser Jornalista ou Juíza. Também
estivemos um ano sem ter aulas, pois vieram umas senhoras professoras do
Continente, e conclui a 4ª classe. Gostava de ter continuado a estudar, mas o
meu pai na altura não deixou, porque a minha irmã já tinha emigrado para a
Venezuela com o marido, e eu tinha de fazer o trabalho doméstico e da
agricultura.
PRA/
12
Estive na escola apenas até ao 6º ano, pois os meus pais não tinham
possibilidades económicas suficientes para dar continuidade aos meus estudos.
Apesar de uma professora ir à casa dos meus pais falar com eles para me
deixarem estudar, nada consegui, pois o meu pai disse que quem mandava era
ele, e não ficava bem gastar dinheiro a pôr a filha a estudar. Só que fiquei com
uma raiva ao meu pai, porque já tinham pedido dinheiro para a minha irmã
estudar, que até concluiu o 12º ano e começou logo a trabalhar num centro de
saúde. Recordo ainda que quando terminei o 6º ano os professores organizaram
uma visita de estudo à serra. Como não havia possibilidade de pagar os
transportes, fomos e regressámos a pé. Apesar de ter sido cansativo, gostei,
porque apesar de tudo, foi o último ano que estive com todos os meus amigos e
colegas de escola juntos, e muitos deles foi a última vez. (Ilustra discurso com
a foto do passeio à serra em grupo). Recordo também, no meu tempo de escola
aos 11 anos, tive o meu primeiro bolo de aniversário, que foi oferecido pela
madrinha da minha irmã. Não era hábito festejar os anos. Os meus pais nunca
faziam festas, muito menos um simples bolo, só havia bolos no Natal, e
também só o queijo, azeitonas, ananás, manteiga e fiambre, era a única época
do ano, em que vivíamos com estas iguarias. (Ilustra discurso com foto do seu
aniversário). Actualmente por influência das minhas filhas, pus a hipótese de
voltar a estudar, inscrevi-me no centro de novas oportunidades esta ano, pois o
saber não ocupada lugar. Passei da minha hipótese à realidade, e cá estou eu na
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minha aventura, pois quero aumentar a minha cultura.
PRA/
13
Entrei para a 1ª classe com 7 anos, numa escola no Funchal. Perdia a 1ª classe,
porque segundo o que a professora disse à minha mãe, eu era muito calada. Por
ter perdido, tive que mudar de escola, para uma mais longe de casa. Entretanto
conclui a 3ª e 4ª classe, noutra escola mais perto de casa. Hoje em dia estas
escolas encontram-se encerradas. (Ilustra discurso com a foto das escolas).
Quando conclui a 4ª classe já tinha 12 anos, e não continuei os estudos porque
tinha de ficar em casa a cuidar das minhas irmãs, a fazer a lida de casa, e a
aprender a bordar tela. (Ilustra discurso com a foto do seu 1º bordado em tela).
PRA/
14
Entrei para a 1ª classe com 7 anos, numa escola no Funchal. Perdia a 1ª classe,
porque segundo o que a professora disse à minha mãe, eu era muito calada. Por
ter perdido, tive que mudar de escola, para uma mais longe de casa. Foi um dos
momentos mais marcantes da minha infância!...
PRA/
15
A minha vida escolar foi um pouco curta: tirei o quarto ano, sem perder, tendo
apenas perdido o quinto ano. Nessa altura a minha escola ficava longe de casa e
eu tinha que ir a pé. Era uma escola pequena mas ainda recordo que a minha
disciplina preferida era Matemática mas no entanto tinha muitas dificuldades a
Português. As aprendizagens adquiridas foram as básicas que utilizo no dia –a-
dia: ler (quando vou ao café costumo ler o diário, principalmente os “casos do
dia”, para ler as legendas de filmes e séries, revistas e documentos diversos),
escrever (na folha de registo diário de trabalho, para fazer a lista de compras e
conversar no msn) operações matemáticas diversas (no supermercado, para
gerir o orçamento familiar e no trabalho quando necessário). Aos 12 anos
abandonei a escola porque fui trabalhar nas férias e depois preferi o trabalho à
escola, o dinheiro naquela época era mais útil. Actualmente com 30 anos, os
meus objectivos já são diferentes, sinto vontade de estudar (…) as minhas
preocupações principais passam por manter o meu emprego para garantir
sustentabilidade para a minha família, e investir na minha formação académica
e profissional, razão pela qual encontro-me inscrito no Centro Novas
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Oportunidades.
PRA/
16
Em 1959 fui pela primeira vez à escola e tinha que fazer um percurso de 40
minutos a pé e descalço. Nessa altura havia poucos carros…Depois, por volta
dos 7 anos de idade, fui à cidade de barco mas era muito difícil entrar no barco
por causa do mar. As aulas eram das 9 horas até às 17h 30m apenas com uma
refeição diária. Por vezes davam-nos um prato de milho, uma sopa ou uma
chávena de café com leite e pão. Levava um pouco de açúcar para pôr em cima
do milho ou comprava dois tostões de bacalhau para comer com o milho. Na
parte da manhã havia leite e às vezes óleo de fígado de bacalhau que era mau
de tomar, mas éramos obrigados…Durante o período que frequentei a escola, o
que não gosto de lembrar é de ter de beber o óleo de bacalhau. Era horrível,
colocavam os alunos em cima da secretária, alguém nos agarrava e outra
pessoa abria a boca e deitavam esse óleo que era terrível de engolir…Reunia
muitas vitaminas, e como éramos crianças mal alimentadas tínhamos de o
tomar. As vacinas foram outra das situações que me marcou. Faziam uns riscos
no braço que por vezes infectavam até sair pus. Sofríamos imenso, mas os
professores diziam que era bom para a nossa saúde, era a maneira que os
Governantes pensavam que era a maneira mais eficaz da época. A mesma
agulha serva para todos. Na altura frequentei a cartilha, era como uma
preparação para entrar na 1ª Classe até à 4ª Classe. Conclui apenas a 4ª Classe,
não estudei mais, embora a professora dissesse à minha mãe que eu era de boa
cabeça, mas com imensa pena tive que vir para casa. Aos 10 anos vim para
casa trabalhar…. Recordo que no ano que fiz a 4ª Classe, utilizava como
mochila um saco de pano. Como os meus pais não tinham muitas posses eu não
tinha o livro de história, por isso ia a casa de um colega que tinha o livro para
estudar…Em casa a minha mãe dizia para ser obediente, e portar-me bem.
Surgia o medo porque a minha mãe batia-me e ameaçava-me dizendo que ia
perguntar à minha professora como me comportava. O que mais me agradou
foi aprender a ler e a escrever e ainda a brincar com os meus colegas. Gostava
muito da minha professora primária…era muito boa senhora professora.
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Gostava muito da escola e até era de boa cabeça, como dizia a minha senhora
professora.
Continuar os estudos sempre foi um desejo, mas devido às fracas posses
económicas não pode continuar. Tive o sonho de ser enfermeiro, no entanto
não passou de um sonho (…).
PRA/
17
Hoje encontro-me nas Novas Oportunidades para fazer uma nova “viagem” e
com a esperança de chegar ao fim… com um resultado positivo. Voltando ao
meu passado, comecei a frequentar a escola aos seis anos de idade. Na escola,
havia bons alunos e maus alunos. Uns passavam, outros eram reprovados.
Ninguém ia por isso ao psicólogo porque nem esse nome era conhecido. Não
havia a moda dos sobredotados. Quem não passava, simplesmente repetia o ano
e tentava de novo no ano seguinte. Lembro-me de apanhar piolhos na escola
primária e a minha mãe lavava a minha cabeça com um produto que nem me
lembro do nome e com um pente fino, chamado pente de marfim, removia os
piolhos todos. Hoje já não é bem assim, já não se usa o tal pente fino, já há
outros produtos mais sofisticados, com mais segurança de serem usados. Na
minha adolescência frequentei uma escola preparatória e antes de ser escola, no
passado era uma casa de misericórdia. Tenho muitas e lindas recordações desse
tempo, recordações que me lembro com muitas saudades. Por ser uma escola
com mais espaço e com sete salas adaptei-me bem. A passagem do primeiro
ciclo para o segundo não me veio trazer grandes novidades. Os meus pais
chegaram a matricular-me no Funchal, já estava consciente que ia para uma
escola maior e com mais professores. Claro que senti no primeiro dia de aulas,
algum nervosismo que é normal. Desde o segundo ciclo tive um gosto pela
parte de línguas como o francês. Por ser uma disciplina nova, gostava muito.
As minhas disciplinas preferidas eram História e Português, porque gostava
muito de ouvir falar do nosso passado, do nosso património, das guerras, das
conquistas e das vitórias. Gostava muito de português, adorava fazer
composições. Não gostava de matemática nem de música, porque eram as
disciplinas que tinha mais dificuldade. Frequentei um colégio, no Funchal
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como aluna interna. Também frequentei a Escola Industrial e Comercial do
Funchal, atual escola Francisco Franco. Na escola, havia bons alunos e maus
alunos. Uns passavam, outros eram reprovados. Ninguém ia por isso ao
psicólogo porque nem esse nome era conhecido. Não havia a moda dos
sobredotados. Quem não passava, simplesmente repetia o ano e tentava de
novo no ano seguinte. Lembro-me de apanhar piolhos na escola primária e a
minha mãe lavava a minha cabeça com um produto que nem me lembro do
nome e com um pente fino, chamado pente de marfim, removia os piolhos
todos. Hoje já não é bem assim, já não se usa o tal pente fino, já há outros
produtos mais sofisticados, com mais segurança de serem usados. Quando fui
para o Funchal estudar só vinha a casa, no Natal, no Carnaval, na Páscoa e nas
férias de Verão que chamávamos as férias grandes. Hoje já há alguém que faz o
percurso de ir e vir todos os dias. Não sabem a saudade que me dava dos meus
pais, das minhas amigas que não tiveram oportunidade de ir estudar. Deixei a
escola por minha livre vontade. Deixando o 9ºano por concluir, que foi o maior
desgosto que dei aos meus pais. Tinham possibilidades de me dar um curso,
mas infelizmente não lhes dei essa satisfação.
PRA/
18
Comecei a frequentar a escola com 7 anos de idade. Era uma escola privada,
era a escola primária da Paróquia (Instituição chamada vulgarmente por casa
dos pobres) lembro – me muito bem do meu primeiro dia de escola, porque
comecei a chorar pois não sabia escrever a letra que a professora me propôs.
Gostava muito de frequentar a escola por isso não faltava, nem na matança do
porco pela época do Natal as crianças tinham tolerância mas eu nem faltava
nesse dia… fiz o exame da terceira classe e os meus pais já não queriam que
fosse mais para a escola, pois nessa altura eram poucos os que continuavam.
Vim para casa mas chorava porque queria regressar para a minha escola. Os
meus pais matricularam na quarta classe e assim conclui este ano. Ainda me
lembro do vestido novo para o exame e como compensação um bom lanche,
são coisas que jamais me esquecerei. Eu dava significado as coisas que hoje
nem sequer se da atenção. Nessa época quem queria estudar para além da
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quarta classe teria que se deslocar para o Funchal, que não era fácil. A minha
professora Conceição aconselhou aos meus Pais no sentido de eu prosseguir
nos estudos, mas eles não tinham meios económicos nem estavam motivados
porque nem sabiam ler nem escrever. Na fase adulta resolvi estudar no
conservatório. Frequentei o conservatório durante 7 anos com muita
dificuldade pois tinha de pagar transporte duas vezes por semana para o
Funchal. Foi muito difícil, mas como sou persistente não desisti. Nessa época
com o curso geral de música e o sexto ano podíamos leccionar música no ciclo
preparatório, foi por este motivo que fiz e conclui o sexto ano na telescola.
Infelizmente, quando conclui este ano passou a ser obrigatório o nono ano.
Neste momento fiz opção de me inscrever nas novas oportunidades:
Ao inscrever – me neste curso
Sentia-me ainda criança
Mas depressa me envolvi
Na dificuldade que avança.
Logo na primeira sessão
Já me senti desanimada
Pensando: na minha idade!
Isto já não leva a nada…
Como sou persistente
Estou continuando
Já aprendi muitas coisas
E assim vou continuando!
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PRA/
19
Na altura eu estava a iniciar a 1ª classe, com 6 anos o meu pai faleceu em
sequência de uma queda em casa. Com alguma dificuldade em casa consegui
terminar a escola primária e o 5º e o 6º ano também porque havia aquela escola
na minha área de residência. Saía de casa muito cedo, tinha de ir a pé para a
escola porque não havia transporte escolar. Eu tinha uma amiga e vizinha que
era a Rita e nós íamos sempre juntas para a escola mas entretanto pelo percurso
na estrada ficávamos a apreciar os ninhos dos melros, uma gata com gatinhos
pequeninhos e chegávamos atrasadas as aulas (…) e a professora ralhava
connosco. Eu ficava de castigo a apanhar comida para as vacas e trabalhar nos
terrenos. Eu não queria, mas lá tinha de obedecer e ao sábado ficava com a
responsabilidade de ajudar nas lidas domesticam e ir a catequese. Recordo as
aulas de História, Ciências de Natureza e Francês e a minha aflição que se
resumia: Como e que vou meter tanta coisa na minha cabeça? Entretanto não
pode continuar a estudar porque já não tinha dinheiro. Ainda pedi para não me
tirar da escola porque no futuro eu ficaria prejudicada, sem curso algum, eu até
aquela altura nem pedia para ir a Universidade ainda que gostasse, bastava tirar
apenas o nono ano para ser feliz. As professoras ainda falaram com a minha
mãe, mas também não adiantou muito porque a razão para não continuar na
escola é que não tinha dinheiro e também como os irmãos saíram cedo para
trabalhar e não tinha estudado eu também não iria estudar, e ainda para mais
fora da freguesia. Eram outras mentalidades naquela altura… Fiquei triste em
desistir da escola, era para mim uma injustiça social, mas tive que ficar em casa
ajudar a minha mãe na lida da casa e na agricultura.
PRA/
20
Fui para a escola (1ª classe) com 7 anos de idade, esta foi uma fase de
adaptação às novas regras e a partilhar com os outros colegas. Nesta mesma
altura, iniciei as aulas da catequese onde tinha muito empenho. As professoras
ainda falaram com a minha mãe, mas também não adiantou muito porque a
razão para não continuar na escola é que não tinha dinheiro e também como os
irmãos saíram cedo para trabalhar e não tinha estudado eu também não iria
estudar, e ainda para mais fora da freguesia. Eram outras mentalidades naquela
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altura (…). Fiquei triste em desistir da escola, era para mim uma injustiça
social, mas tive que ficar em casa ajudar a minha mãe na lida da casa e na
agricultura! (Ilustra discurso com as fotocópias dos Certificados Escolares e
dos diversos Cursos frequentados ao longo da sua vida).
Ao nível individual (D P) Indicadores (excertos)
III - CATEGORIA
Dimensão ao nível sistema de provação em relação com o Trabalho e situação de
Emprego: Quais são os percursos profissionais?
PRA/1
A minha primeira experiência profissional foi aos 12 anos a tirar areia das
praias do Concelho. Neste trabalho não tinha um horário fixo, pois tudo
dependia das marés (manhã, tarde ou madrugada). Aos 14 anos e durante um
ano e meio, fui para trabalhar para uma empresa de construção civil, na
reconstrução do engenho. Logo de seguida, fui trabalhar para uma britadeira
que moía pedra para a fabricação de brita, que serviu para asfaltar a estrada
entre o Arco da Calheta e a Vila da Calheta. Com este trabalho, senti a dureza
do mundo do mercado de trabalho, pois o barulho e a poeira eram uma
constante, durante todo o dia. Após 9 meses de trabalho passei a ser apontador
de obras, e fazia o registo de todas as ocorrências; Na ausência do
encarregado assumia a sua função, responsabilizando-me pelas máquinas.
Após este percurso de trabalho, a 23 de Novembro de 1972, fui chamado para
trabalhar numa Escola Básica e Secundária. No ano de 1972/73, aos dezassete
anos, iniciei as minhas funções na escola. A minha primeira actividade foi
como vigilante no autocarro, que transportava as crianças e não contínuo
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dentro da escola. De 1981/1984 exerci as minhas funções na reprografia da
escola, e tinha a meu cargo o serviço externo (pagamentos e compras).
Também era eu que ia todos os dias ao banco depositar o dinheiro proveniente
das receitas do bar, transportes e papelaria da escola. Neste período fiz um
curso de socorrismo dado pela Cruz Vermelha Portuguesa, e desta forma pus
muitas vezes em prática os meus conhecimentos e até assumi a função de
acompanhar os alunos quando se deslocavam ao hospital do funchal por
motivos de doença ou acidente. A partir de 2004 até à presente data estou
destacado para a reprografia da escola. A minha função é fotocopiar:
materiais pedagógicos para a escola, professores, textos/testes para os alunos
e materiais diversos para os encarregados de educação e comunidade em
geral. Também executo encadernações, plastifico cartões ou outros
documentos. Sou eu que faço o controlo das máquinas, a sua assistência, os
consumos e os serviços técnicos. Também gosto muito de cuidar os meus
terrenos agrícolas, principalmente de cultivar os frutos tropicais. Já tive
plantação de bananeiras, mas a mão-de-obra está muito cara, por isso mesmo
optei pelas árvores de fruto. Sou uma pessoa que também desenrasca um
pouco de tudo ao nível das obras, tais como: pintura, pedreiro, canalizador,
electricista, entre outras. Senti necessidade de o fazer, pois o meu trabalho
exigiu que dominasse estas tarefas, dado que quando não havia mais ninguém
para as desempenhar, eu era quem tinha essas competências. Actualmente
faço parte da direção do sindicato da Função Pública da Madeira, que todos
os meses se reúne para aprovar e/ou rejeitar algumas decisões. Gosto muito de
intervir nessas reuniões, em especial quando é o bem de todos que está em
causa, sócios e não só. É para isso que fomos eleitos. Apesar de não haver
ganho económico com este trabalho, posso afirmar que nestas actividades se
desenvolve algo importante: a solidariedade.
PRA/2
Tenho dificuldade em conseguir trabalho, por não ter o 9º ano de
escolaridade. Para além da actividade doméstica que tenho diariamente à
minha responsabilidade, tenho como objectivos conseguir um trabalho no
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infantário, pois espero exercer tudo aquilo que aprendi no curso de auxiliar de
educação, ensinar as crianças a dar apoio, carinho, e não só ensinamos como
aprendemos. Para além de já ter feito o curso de informática, também fiz
outro curso como já referi anteriormente, auxiliar de infância, que decorreu do
ano 2006 até 2008, concluindo com aproveitamento. Aprendi como dar mais
apoio aos jovens. Foi uma formação em que pus em prática muitos
conhecimentos em diferente áreas, nomeadamente expressão plástica, música,
leituras…Realizei alguns trabalhos em conjunto com os meus colegas, éramos
no grupo 7, fomos sempre unidas, onde nos ajudávamos umas às outras
durante a formação tive a oportunidade de por em prática os conhecimentos
teóricos que fomos tendo durante a formação. Desde sempre demonstrei
interesse em manter boas relações com todos. Estive sempre disponível e
cooperante nas diversas actividades realizadas com as crianças. (Ilustra o
discurso com 17 fotos com as actividades realizadas em grupo e com as
crianças.) O estágio foi realizado no infantário, onde a sala era constituída por
15 crianças com idades compreendidas entre os 2 e 3 anos. Gostei muito do
papel que desempenhei no estágio, aprendi muito, tive oportunidade de tirar
dúvidas com as minhas colegas e educadoras. Realizei diversas actividades,
tais como: jogos, instrumentos, pinturas, recortes e leitura infantil. Lia às
crianças uma história feita por mim, intitulada ” Um dia na floresta”. Todas as
crianças gostaram, fizeram muitas perguntas e queriam tocar também no livro
que foi elaborado por mim. Depois tentei por em prática a descoberta do jogo,
que era a descoberta das cores e das imagens. Dançamos e cantamos,
dialoguei muito com as crianças, foi desta forma que descobri o valor que elas
tinham, e também me ensinaram muito para a vida. Citando parte de um
poema:
“A felicidade está tão perto da gente.
Mas tão perto que não a percebemos.
Está…
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No olhar de uma criança,
Num simples abraço,
Numa palavra de carinho…”.
PRA/3
O trabalho agrícola foi a minha profissão durante alguns anos, é um trabalho
que requer muito esforço físico e mental, pois muitas vezes temos de fazer
cálculos relativos à quantidade de sementes e pesticidas a utilizar em certo
tempo e determinados espaços de terreno. É um trabalho árduo mas não
menos honrado que os outros trabalhos, é algo sem o qual não podemos viver,
pois todos nós de uma maneira ou outra necessitamos dos produtos agrícolas.
Fiz trabalhos que alguns homens nunca fizeram na vida, desde de tratar de
uma vaca até aos mais diversos trabalhos agrícolas. Tive a oportunidade de
frequentar várias acções de formação, referentes à agricultura, e também
referente à floricultura (anexos comprovativos e ilustra com fotos de um
campo de plantações agrícolas).Apesar de aos 16 anos ter iniciada a minha
actividade profissional no comércio com os meus irmãos, no qual durante
vários explorámos essa actividade comercial, num pequeno café dos meus
pais, onde fazíamos a comida, a limpeza e o atendimento ao público. Foi uma
experiência muito gratificante a aprender a lidar com pessoas de todas as
classes sociais e culturais, e enriqueci as minhas vivências pessoais. Aprendi a
viver a vida de outra forma, foi assim que aprendi a valorizar as coisas que
temos, pois há pessoas com mais dificuldades que outras, passam fome e não
tem nada de seu, em especial as crianças. Entretanto, surgiu a grande a
oportunidade de conseguir um emprego em que realmente sentia-me
reconhecida, e tinha uma remuneração pelas minhas actividades, isto porque,
na agricultura trabalhava muito mas a remuneração era mínima. Trabalho
num Centro Social e estou integrada na carreira “ Auxiliar de Serviços
Gerais”, onde existem várias actividades, tais como: limpeza, cozinheira,
motorista, tecelagem e outro tipo de artesanato. Participo também em várias
actividades culturais e sociais organizadas no centro. Muitas das vezes, tomo
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a iniciativa para a elaboração de várias actividades relacionadas com a
elaboração de vários eventos, como o Natal, Carnaval, Páscoa, encerramento
do ano lectivo, entre outros. Ao fim do dia senti-mo feliz por ter alcançado o
meu objectivo, que é dar um pouco de felicidade aos meus queridos idosos.
(Ilustra com várias fotos de várias actividades com os idosos no centro
social.) Tive a oportunidade de frequentar um curso de informática, com o
qual aprendi a iniciação às novas tecnologias. Também desenvolvi as minhas
habilidades artesanais, tendo participado em alguns cursos: “Arraiolos”,
“Bordado Madeira” e “Tecelagem” (coloca certificados comprovativos em
anexos).
Ao longo destes anos fui tendo também algumas sessões de formação
relacionadas com os cuidados de saúde, higiene, alimentação, primeiros
socorros, medidas de protecção individual e civil, prevenção de acidentes,
educação para a cidadania, expressão físico-motora, entre muitas outras.
Nestas sessões tenho sempre aprendido os vários cuidados que devemos ter ao
nível da saúde, da alimentação, da higiene, os primeiros socorros a alguém
que tenha um acidente, enfim, aprendemos sempre algo útil nas acções de
formação. Actualmente no serviço de desempenho apesar de inicialmente
encontrar alguns obstáculos, sobretudo relacionados com o facto de enfrentar
novos desafios, quer ao nível de falar com pessoas que nunca tinha falado,
enfim, vários constrangimentos que consegui contornar, pois sou uma mulher
que não me deixo ir abaixo.
PRA/4
Na minha adolescência dediquei-me às aprendizagens de origem diversa,
associadas à vida doméstica. Aos meus 18 anos casei-me, e após o casamento
fui viver para a Venezuela. Fomos de barco durante 1 semana, foi a nossa lua-
de-mel. Aos 21 anos para além de me ocupar da casa a tempo inteiro, fui mãe
pela primeira vez, e aos 27 tive o meu segundo filho após o regresso a
Portugal. Aos 22 anos frequentei um curso de cerâmica, no qual aprendia a
produzir peças lucrativas e cerâmica. Estas eram inicialmente esculpidas com
moldes, pintadas e de seguida iam a um forno próprio. Nessa altura tive
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necessidade de dar resposta aos desafios da modernidade. (Ilustra discurso
com imagem de fabrico de imagem de cerâmica). Em 1988 tive o meu 1º
carro, foi oferecido pelo meu pai e era um “Carocha”. Foi nele que comecei a
praticar a minha condução, pois apesar de ter carta tinha pouca experiência.
(Ilustra discurso com foto do seu “Carocha”). No decorrer dos anos, fui
participando em diversas actividades de contexto formativo. Aos 35 anos
frequentei o curso de arranjos florais, o qual tive o 1º momento para flores
naturais um 2º para flores artificiais. Aos 36 anos frequentei um curso de
culinária. Estes cursos realizaram-se na casa do povo. Aos 35 anos também
iniciei as actividades na minha paróquia, frequentei o grupo coral, onde
adquiri algumas noções de canto e iniciei a minha actividade como catequista,
sendo que actualmente sou a coordenadora da catequese na paróquia. Em
2001 iniciei a minha actual actividade profissional, Assistente Operacional,
numa escola básica do 1º ciclo com pré-escolar, com então 41 anos de idade.
Trabalho na confecção de refeições, desde que comecei a trabalhar a minha
vida mudou muito. Deixei de ter a disponibilidade que tinha para a minha
família, para mim própria, passando a ter outro tipo de responsabilidades.
Entretanto mudei a prestação de serviços no meu trabalho aos 51 anos. No
meu trabalho procuro cumprir todas as minhas obrigações, ser assídua,
pontual, organizada e asseada. Tento manter uma atitude assertiva junto das
minhas colegas, de modo a manter um bom ambiente de trabalho. Procuro-me
manter afastada dos conflitos e considero que não é benéfico esse tipo de
atitudes num clima profissional. Assim cumpro os meus deveres de
trabalhador, e espero também que os meus direitos sejam cumpridos, contudo
sempre que tenho algumas dúvidas, peço opinião a alguns membros do
sindicato, apesar de não ser sindicalizada. (Ilustra discurso com a citação de
um conjunto de direitos e de deveres inseridos no contexto profissional). No
meu desenvolvimento profissional tenho também tentado várias acções de
formação, nomeadamente: “Melhorar Relacionamentos”; “Enquadramento
Formal da Carreira”; “Desenvolvimento Pessoal e Social”; “Higiene
Alimentar”; “Primeiros Socorros”; e a minha última formação concluída no
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presente ano, foi um curso de informática. Este este curso incluio vários
módulos, entre eles: introdução à informática, Microsoft Word, Excel, Power
Point, Internet Explorer. (Ilustra o discurso com apresentação em anexos com
fotocópias dos Certificados das várias Acções de Formação frequentadas.)
PRA/5
Iniciei a minha actividade profissional como empregada doméstica durante
um ano, e tive que sair porque sofri um acidente numa das mãos. Foi uma das
piores experiências trabalhar como empregada doméstica, porque tudo
depende de nós, com uma responsabilidade muito grande, e não é a nossa casa
na qual senão fizermos hoje, amanhã será outro dia. Saí pelo motivo de me ter
magoado, mas entre tanto consegui uns meses depois, um trabalho numa
residencial. Éramos duas funcionárias, fazíamos um pouco de tudo, recepção,
limpeza, jardinagem (…). Nesse período tirei carta de condução, trabalhei
quase dois anos, mas entretanto mudaram de gerência e eu fui para o
desemprego. Mais tarde recebi uma proposta de trabalho na Casa do Povo,
onde exercia a função de empregada de limpeza, e onde organizada a
documentação para a contabilidade. Trabalhei durante três anos, mas o meu
contrato acabou e não podiam renovar por motivo da conjuntura financeira, e
claro, tive que sair. Uns meses depois consegui novamente trabalho numa
casa de chá, onde trabalhei como empregada de balcão, mas por um período
de apenas quatro meses. Gostava muito desta actividade profissional, mas
entretanto recebi uma proposta com melhores condições financeiras para
trabalhar numa padaria/pastelaria, onde trabalhei cinco anos como empregada
de balcão. A experiência de trabalhar com clientes é boa, mas também
complicada, muitas vezes temos que ouvir e calar, e para quem depende do
trabalho é muito complicado…temos que deixar passar tudo, e tudo passa
pela nossa frente. Em Setembro de 2008 concorri para a Santa Casa de
Misericórdia como funcionária de acção directa ao domicílio e soube que
tinha sido colocada em Outubro, apesar de só dar início a 9 de Março de
2009. Gosto muito do trabalho, os idosos trata-nos com um carinho especial,
pois muitos não têm família, e outros estão carentes (…). Por isso sentem um
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carinho especial por quem lhes dá ajuda, confiança, compreensão, apoio e
acima de tudo atenção.
PRA/6
Ainda durante o meu tempo de escola, durante as férias trabalhava na
farmácia, foi por pouco tempo e apercebi-me rapidamente que nunca segui o
que gostaria de fazer na minha vida, era só para ganhar algum dinheiro que
me servia de ajuda, e alguma experiência que me ficava. Pelo menos aprendi
a ter a noção do que gostava de trabalhar para conseguir o que queremos. O
meu percurso profissional divide-se em 2 etapas, a primeira como emigrante
na Venezuela, e a segunda na Madeira. Como parece-me lógico irei falar
primeiro da Venezuela. Emigrei para lá no dia 7 de Março de 1979, tinha eu
16 anos, radiquei-me em Caracas, e comecei logo a trabalhar no dia 15 do
mesmo mês, não foi nada fácil como se pode calcular com aquela idade, longe
da minha terra, da minha família, outra língua, apesar de ser muito parecida
com a nossa, é diferente (…).Outras pessoas, outros costumes, sentia uma
vontade de chorar, e só pensava em voltar, contava com o apoio do meu tio, e
com o passar do tempo consegui superar aquelas crises de
saudade…Trabalhei na Venezuela 11 anos, mas todos os dias pensava na
minha terra, que visitei por 2 ocasiões, em 1984 e em 1987, e continuava
ansioso que chegasse a hora de voltar definitivamente. Trabalhei durante os
primeiros 2 anos no supermercado, “Altamira” que pertencia a uma sociedade
formada por 2 sócios, um era madeirense natural de Câmara de Lobos e outro
era espanhol, natural de Ponte Vedra, Galiza. Eu tinha como trabalho, arrumar
as prateleiras da parte dos produtos da mercearia, para que estivesse sempre
bem apresentado os produtos para o dia seguinte, confesso que não gostava
muito, mas tinha que me sujeitar, pois entretanto estava a aprender a conhecer
as mercadorias, as lógicas de arrumação e o falar castelhano. Passados os 2
primeiros anos, transferira-me para outro supermercado de maiores dimensões
que pertencia a outra sociedade, no qual ficava situado o armazém principal
que abastecia os 2 supermercados. Nos primeiros tempos continuei a exercer
os mesmos tipos de trabalho e passado tempo, fui encarregado no armazém,
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excepto quando alguém estava de férias, fazia alguns dias na charcutaria ou
numa das caixas. Exercia estas funções até Junho de 1987, de segunda a
sábado, das 7h30 às 19h30, com apenas 1 hora para almoço. Ao domingo
estava aberto apenas na parte da manhã, e então o horário era alternado,
trabalhava num domingo e descansava noutro. Era duro para um jovem, mas
consegui ter suficiente resistência e espírito de sacrifício para suportar todos
estes desafios. (Ilustra discurso com foto da Venezuela). Entretanto recebi
uma proposta para ser independente, e como tal saí do trabalho que exerci
durante estes anos, e vim 2 meses de férias para a Madeira, já com o objectivo
de voltar para o meu novo negócio. Regressei à Venezuela e fui radicar-me na
cidade de Maracay, que fica a 150 Km de Caracas era sócio num negócio de
venda de bebidas, organização e aluguer de material para as festas, só estive
lá 6 meses, a vida não me corria bem, o calor era intenso, a loja ficava situada
à entrada de um bairro de lata, passava por situações horríveis, e tinha a
certeza que aquela não era vida para mim, então decidi voltar novamente para
Caracas. Fui trabalhar novamente com o meu tio que entretanto já tinha o seu
próprio supermercado, a situação económica na Venezuela ia cada vez mais
deteriorando, e eu sentindo cada vez mais dificuldades em viver, até que em
10 de Maio de 1990, com a minha esposa grávida de 6 meses e meio voltei
finalmente para a minha terra, de onde não saí mais trabalhar. Tive que tomar
a decisão na hora certa, pois a família ia começar a crescer, e não me
arrependo de ter voltado, se fosse mais cedo só teria ganho, mas como se não
pode voltar atrás, o que está feito, está feito. Como por ironia do destino,
comecei a trabalhar num hotel, onde ainda estou desde 15 de Março de 1991.
(Ilustra discurso com foto do hotel na Madeira). Durante o 1º ano fui
empregado do economato, gostava imenso do meu trabalho, sentia-me como
um “peixinho na água”, eu que estivera tantos anos responsável para um
armazém já com alguma dimensão, agora com aquele armazém tão pequeno
apesar de ser diferente (era uma brincadeira…) Passado um ano, fui
promovido a chefe do economato, função que exerci sempre com muito
empenho, tinha muitas ideias na cabeça que comecei por pôr em prática,
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desde revolucionar a arrumação do stock, de maneira a que fosse mais fácil a
logística, redução de stocks, elaboração de listas de compras, etiquetas com
nome do fornecedor, data de entrada, identificação do produto, peso e etc…A
recepção de mercadorias começou a ser mais cuidada com pedido de compra
para controlar produto, quantidade, preço e qualidade do produto,
procedimentos que hoje são banais mas que nessa altura quase ninguém
aplicava. Estive em formação contínua, aproveitava tudo o que estava ao meu
alcance, desde que estivesse cá para aprender, lá estava eu. Estive presente no
“1º Seminário sobre Higiene dos Alimentos”, realizado no Funchal no dia 3
de Julho de 1982 pelo Conselho Nacional de Alimentação e Nutrição em
colaboração com a Secretária Regional dos Assuntos Sociais e Secretaria
Regional da Economia. Foram abordados aspectos técnicos e legais e
temáticas relacionadas com a higiene na produção, transportes, transformação
e comercialização dos alimentos. Frequentei a curso de iniciação de
informática, organizado pelo Grupo Recreativo de Cruzado Canicence com os
seguintes módulos: Higiene e Segurança no Trabalho, Introdução à
Informática, Sistema Operativo MS-DOS, MS Word 2.0, MS Excel 4.0, D
Base IV. No mês de Outubro de 1996 fui eleito o MELHOR EMPREGADO
DO TRIMESTRE. Frequentei no CITMA uma Acção de Formação, intitulada
INTRODUÇÂO À INFORMÀTICA de 3/12/1997 a 19/12/1997 com duração
de 28 Horas. Frequentei a acção de formação: RELAÇÕES HUMANAS E
ALEMÃO com a duração de 135 horas promovida pelo Sindicato de
Hotelaria, Turismo e Similares da Região. Fiz o curso de SISTEMA
OPERATIVO WINDOWS ME módulo 1 e 2, realizado pela Serform, cujos
custos foram suportados por mim na totalidade. Frequentei a Formação de
APERFEIÇOAMENTO EM ATENDIMENTO AO CLIENTE E
COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL de 13/05/2002 a 22/05/2002, com a
duração de 35 horas que nos foi dada pelo Celff. Frequentei uma acção de
formação de iniciação à língua inglesa, entre Fevereiro e Maio de 2004, com a
duração de 30 horas, especialmente direcionada para os Encarregados de
Educação, que eu nessa qualidade tive muito gosto em participar e em
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aprender. Estive presente em várias acções de apresentação de novos
produtos, provas de vinho…nomeadamente, numa efectuada a 30/01/2005
pelas adegas Alentejanas CARMIM. Frequentei de 11/04/2007 a 13/04/2007
com a duração de 21 horas, o curso de Formação Profissional: GESTÃO DE
ARMAZÉNS E STOCKS, promovido pela ACIF, o qual para mim foi de
grande utilidade. Participei no Seminário QUALIDADE E SEGURANÇA
ALIMENTAR NA RESTAURAÇÃO, que decorreu no Museu Casa da Luz
no dia 29/05/2007 com informações actuais de grande utilidade. Mais
recentemente efectuei o exame KEY ENGLISH TEST da University of
Cambridge no qual consegui passar. Aprendi muito com os meus chefes,
colegas, fornecedores, clientes, com os erros que cometi e com algumas
acções de formação que frequentei, que anexarei à minha história de vida.
Mais tarde em 1999, fui promovido a encarregado de compras, cargo que com
orgulho ainda ocupo e exerço com a maior humildade, honestidade, e lealdade
possível, dá imensas dores de cabeça, mas é com muito carinho, alegria e
prazer que levanto-me de manhã para ir trabalhar, porque gosto imenso
daquilo que faço, continuarei a aprender ao meu ritmo e dentro das minhas
capacidades, para acompanhar a evolução, principalmente as novas
tecnologias. Rejeito o pensamento de me sentir ultrapassado e obsoleto na
sociedade. Acompanhei e colaborei nos trabalhos a desenvolver na
certificação ambiental do Hotel, um dos hotéis do nosso grupo, foi um
trabalho bastante gratificante, com o qual aprendi muitíssimo. Por fim, muito
sinceramente gostaria de dizer, quero continuar a aprender e digo que não
passa nenhum dia em que eu não aprenda alguma coisa de novo e não vá para
casa consciente que dei o meu melhor, é desta forma o meu lema para viver
em equilíbrio na sociedade.
PRA/7
A minha primeira experiência de trabalho foi em 1988, aos 14 anos, e não foi
muito boa, porque os patrões não respeitavam os trabalhadores, chegando
mesmo a bater-nos. Nessa altura era muito novo e trabalhei numa oficina de
automóveis a servir os mecânicos. Fazia a limpeza da oficina, lixava, lavava e
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aspirava carros. O meu maior motivo de satisfação é que era os meus
primeiros “trocos”, e ainda hoje guardo e conservo algumas aprendizagens
que fiz, por exemplo, o cuidado de lavar e aspirar o meu carro. Em 1990 fui
para Londres, com um dos meus irmãos, que me arranjou trabalho num
restaurante chamado Sambúca. Ai comecei a trabalhar, como cozinheiro,
fazia algumas refeições, tais como, esparguete à bolonhesa, borrego e
macarronada. Também fazia algumas saladas e alguns doces. Foi
principalmente ai que comecei a pôr em prática tudo aquilo que a minha
madrinha ensinou-me, cozinhar, limpar e engomar…. (Ilustra discurso com
foto dos pratos típicos). Sentia-me feliz por estar naquele restaurante, e
gostava muito da Inglaterra, mas esta felicidade durou pouco, cerca de 1 ano.
Começou a agravar-se o meu estado de saúde, talvez devido à mudança do
clima, pelo que tive de regressar à Madeira, para a casa dos meus padrinhos e
fazer tratamentos. Trouxe da Inglaterra algum dinheiro que poupei com muito
esforço. Quando comecei a melhorar por volta de 1992, tornei-me ajudante de
carpinteiro, onde também estive pouco tempo. As minhas funções eram lixar
madeiras e envernizar. Um dos meus maiores motivos de satisfação era que
eu gostava daquilo que fazia, e dava-me bem com os colegas e patrões. O que
não era agradável era o cheiro do verniz e do pó. Entretanto já namorava com
um rapariga que já conhecia desde a escola primária e com quem queria
casar…Também nessa altura a escola básica e secundária da minha localidade
estava em construção, para a qual eu concorri para desempenhar a função de
jardineiro. Entretanto fiquei admitido, fiquei tão feliz por ter conseguido tal
trabalho, e ainda mais porque morava perto, aproximadamente 4.1 Km. Assim
que recebi os primeiros vencimentos, aproveitei para tirar a carta de
condução, e em seguida comprei um carro para me deslocar no dia-a-dia.
(Ilustra discurso com foto dos alunos na escola, a comemorar o dia mundial
da árvore). Novamente o meu problema de saúde voltou a manifestar-se, e
tive de deixar as funções de jardineiro pois não podia fazer muitos
esforços…No dia 1 de Janeiro de 2003, passei a assumir as funções de
auxiliar de apoio e comecei a fazer um pouco de tudo, desde vigilância no
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portão, limpeza de salas, e serviço de bar. Os meus maiores motivos de
satisfação eram os elogios que alguns professores e alunos me davam a
propósito das tarefas que desempenhava. No dia 1 de Janeiro de 2007, passei
para auxiliar da acção educativa, nível um. Neste momento exerço funções de
assistente operacional. Parece tarefa simples, mas exige uma dose de
responsabilidade. Costumo zelar pelos vinte e quatro computadores, e seguir
todas as regras de segurança na realização das minhas actividades. Antes de
sair da escola, tenho que fechar todas as portas, verificar as janelas e todo o
sistema de segurança, desde desligar os quadros eléctricos, ligar o alarme, e
por fim fechar o portão da escola a cadeado.
No CNO tenho tido oportunidade de mostrar tudo aquilo que aprendi
em criança, tentando encorajar principalmente os mais novos estudantes para
que eles não desistam de estudar, e de lutar pelos seus sonhos, por mais
difíceis que lhes pareçam. Alguns professores foram para mim grandes
amigos, nos momentos mais precisos da minha vida, por vezes dedicamos
alguns momentos para realizarmos jantares ou pequenos convívios entre
professores, funcionários e alunos, sobretudo ao nível do Ensino Recorrente
Nocturno, visto que já trabalho no período nocturno há oito anos. Para o meu
desenvolvimento profissional frequentei várias acções de formação. A
primeira foi intitulada: “Relações Interpessoais” que decorreu em março de
1998. A partir desta acção tentei compreender mais as outras pessoas, visto
que uma escola só funciona se os vários elementos trabalharem como um
grupo unido. A segunda acção de formação foi também ainda em Março de
1998, e foi relacionada ainda com os “Primeiros Socorros”. Com esta
formação aprendi a ajudar as pessoas que se encontravam em situações de
aflição. Em Maio do mesmo ano participei no segundo módulo da acção de
formação: “Relações Interpessoais”. Em Abril de 2000, participei na acção de
formação: “Segurança e Saúde no Trabalho”. Aprendi que devemos
desempenhar as tarefas com calma e reflectir sobre o que estamos a
desempenhar. Posso dizer que ponho em prática o que aprendi em tudo o que
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faço, visto que são factores determinantes no meu desempenho pessoal. Em
Outubro do mesmo ano, participei na Acção de Formação: “Meios
Audiovisuais”, pela Direcção Regional de Administração e Pessoal, no
Funchal. Visto que trabalho numa escola, esta formação é sempre útil para
poder ajudar quando for preciso, e até mesmo no nosso dia-a-dia, sempre que
utilizamos algum aparelho. Em Maio de 2001, participei numa Acção de
Formação: “Equipamentos Audiovisuais” pela Direcção Regional de
Administração e Pessoal, no Funchal. Por último, em Dezembro de 2001,
participei na Acção de Formação: “Meios Audiovisuais – Iniciação à
Informática” que decorreu novamente na Direcção Regional de
Administração e Pessoal, no Funchal. Actualmente coloco em prática estas
aprendizagens no bar da escola, visto que trabalho no computador e também
aplico-as em casa para o processo RVCC, na elaboração da minha história de
vida. (Ilustra discurso com a discrição em pormenor das Acções de Formação
frequentadas ao longo do seu percurso profissional, bem como a capa do
portefólio com a apresentação de um acróstico que consta com o seu nome e
com as várias profissões exercidas ao longo do percurso profissional, e ainda
com o seu apelido: sonho tornado numa “simples realidade”).
PRA/8
Depois de ter saído da Escola Primária, fiquei em casa a trabalhar, ajudando
os meus pais na “fazenda” e a cuidar dos animais (vacas, porcos, galinhas,
coelhos, cabras, pombas…). (Ilustra discurso com fotos dos animais). O meu
verdadeiro percurso profissional começou exactamente aos 18 anos, quando
fui para o estrangeiro, mais precisamente para uma ilha chamada Guernsey.
Aprendi com os meus amigos alguns conhecimentos da língua inglesa,
diverti-me imenso, foi uma aventura maravilhosa e inesquecível. Na ilha de
Guernsey também aprendi a conhecer o que era uma montanha russa, ir a uma
discoteca, aprendi a nadar, a conduzir automóvel e mota. Nesse período da
minha estadia também tive oportunidade de ver a Rainha da Inglaterra,
juntamente com os seus familiares, desfilando ao vivo pelas cidades. Também
nesta ilha tive o privilégio de andar de avioneta, fui de Guernsey até Jersey. O
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povo inglês é amável e fácil de criar laços de amizade. Durante o tempo que
estive no estrangeiro, no final de cada contrato, obrigatoriamente tinha que
sair da ilha durante 3 meses. Nesses períodos de tempo, aproveitava para
fazer várias formações e trabalhar, nomeadamente em 1996 trabalhei 1 mês
num bar, servia ao balcão e às mesas. (Ilustra discurso com 7 fotos no
estrangeiro, e 1 com a sua carta de condução). Em 2004 tirei o curso de
iniciação à informática. (Ilustra discurso com a descrição das aprendizagens
feitas no curso, e o certificado de aproveitamento.) Em 2008, concluí com
aproveitamento o módulo de “ Consolidação da Acção S@ber + Literacia
Tecnologia”. (Ilustra discurso com a descrição das aprendizagens feitas no
curso, e o certificado de aproveitamento).
Em 2009 tirei o “Curso de Formação e Iniciação de Inglês” (Ilustra
discurso com a descrição das aprendizagens feitas no curso, e o certificado de
aproveitamento). Em 2009 participei na Acção de Sensibilização “Higiene
Oral”. (Ilustra discurso com a descrição das aprendizagens feitas no curso, e o
certificado de aproveitamento).Também participei na Acção de Sensibilização
subordinada ao tema: “Prevenção de Acidentes e Promoção de Segurança
Infantil.” (Ilustra discurso com a descrição das aprendizagens feitas no curso,
e o certificado de aproveitamento). Participei ainda nas Acções de Formação:
“Alterações Climáticas e Qualidade do Ar”. (Ilustra discurso com a descrição
das aprendizagens feitas no curso, e os certificados de aproveitamento). Em
2008 trabalhei numa oficina a lavar os carros. Aprendi a fazer a limpeza em
geral em todos os tipos de carro, e a funcionar com as máquinas. Actualmente
exerço a actividade profissional de empregada doméstica e Jardineira.
Trabalho com vários tipos de máquinas: máquinas de limpeza, de lavar e
secar roupa, lavar loiçam aspiradores centrais…Também faço a limpeza de
filtros da piscina, e da piscina em geral. (Ilustra discurso com 4 fotos das
actividades profissionais desenvolvidas).
PRA/9 Costumava ajudar a minha mãe e a minha avó na agricultura. Recordo a
apanha das uvas feita em Setembro e em Outubro fazíamos várias plantações,
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desde batata-doce e as “semilhas”. (Ilustra discurso com as várias fases das
tarefas agrícolas, bem como 4 fotos com os frutos típicos da sua freguesia.
Mais tarde tive que começar a cuidar do meu tio que ficou tetraplégico,
devido a um acidente de carro. Tenho de ter vários cuidados com ele, desde
dar-lhe comida, porque não consegue equilibrar-se, prestar os cuidados
básicos de higiene etc…Ao fim de semana tenho a ajuda do meu
companheiro, e durante a semana tenho a ajuda de uma ajudante domiciliária.
Quando saímos de casa encontramos várias barreiras, nos mais variados
espaços comerciais e públicos, não há muitas vezes acesso para as pessoas
com deficiência. (Ilustra discurso com foto de um espaço público com
degraus e cita informação relacionada com a tetraplegia ou quadraplegia,
desde o seu tratamento e evolução, os cuidados para evitar lesão na medula
espinal…). Estou inscrita no Centro de Emprego. Gostaria de arranjar
trabalho numa área que permitisse trabalhar com crianças ou idosos. Se
conseguisse um trabalho, iria pedir mais apoio na segurança social para que
colocassem mais alguma ajuda domiciliária ao meu tio. Assim também estaria
preparada no futuro para o mundo do trabalho. Entretanto uso os diversos
meios de tecnologias. Frequentei o curso de informática, aprendi com os meus
professores e algumas coisas sozinha, sobretudo para poder trabalhar no meu
computador. Tenho internet há dois anos, e visito os sites: Facebook,
Messenger, Youtube etc…
PRA/10
Ajudei sempre a minha família nas actividades domésticas, sobretudo a minha
mãe a cuidar dos meus irmãos. Aos 16 anos frequentei um curso de cozinha,
através da Associação Barmen da Madeira. Desde pequena tinha um fascínio
pela cozinha e muito envolvia-me no trabalho. Talvez por ter crescido a ver
os meus avós a cozinharem, e também porque adorava os seus cozinhados.
Segundo a minha avó, só pode ser um bom cozinheiro, quem é um apreciador
da verdadeira culinária, é preciso uma paixão natural. Durante o tempo de
espera de selecção para o curso, trabalhei numa caixa num supermercado da
cadeira Pingo Doce. Gostei do que fiz e ganhei dinheiro, o que me fez sentir
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útil. Adaptei-me bem, e tive uma boa supervisora, que muito ensinou,
juntamente com as colegas que lá estavam. Passados 3 meses, sai e fui para o
curso de cozinha, tive aulas teóricas e práticas, sendo que nestas últimas
aprendi a função do cozinheiro, a preparação e confecção dos pratos,
organização e limpeza da cozinha e as despensas, e a origem da culinária
portuguesa com a derivação da cozinha francesa. (Ilustra discurso com foto
do curso de culinária). Entretanto, aos 17 anos fiquei grávida, e não pude
continuar no curso. Houve um estágio que coincidiu com a fase final da
gravidez, e foi uma fase muito exaustiva. Sai com a ideia de um dia voltar,
mas tal não aconteceu, pois tive de tomar a decisão de cuidar da minha filha.
Um dia uma amiga falou-me de um emprego que seria ideal para mim, cuidar
de idosos, e pessoas deficientes através da segurança social. Fiz logo a minha
inscrição, fui seleccionada para uma entrevista, e entretanto dei entrada ao
serviço. Fiz um curso de primeiros socorros para ajudante domiciliária. Fiz
também um curso de geriatria – cuidados e apoios à 3ª idade, cuidados
relacionados com a Higiene, Saúde e Segurança, bem como algumas doenças
mais comuns, associadas aos idosos. Estas formações decorreram durante um
mês e foram muito importantes e úteis, dado que aprendi a socorrer alguém, e
os cuidados a ter com os doentes. Eu trabalhei neste serviço apenas 3 meses, a
substituir uma colega que estava de baixa. No desempenho das minhas
funções, desempenhava tarefas tais como: dar banho e toda a restante higiene
pessoal, cortar unhas e desfazer a barba. Podia também fazer a limpeza da
respectiva casa, consoante a agenda de tarefas que estivesse estipulada pela
minha chefe. Durante a minha experiência profissional tive contactos com
diversos tipos de deferências: deficientes motores e mentais. O Estado
desempenha um papel fundamental no apoio aos idosos, através das suas
políticas, no apoio da Segurança Social às instituições. Eu, actualmente cuido
de uma bebé que é minha sobrinha, alimento-a e trato da sua higiene, na
minha casa ela brinca e dorme, até que os pais venham buscá-la. Também
estou inscrita no Instituto de Emprego, por minha iniciativa, através desse
serviço, poderei ter mais oportunidades de emprego. As minhas técnicas de
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procura activa de emprego, são essencialmente através do Diário de Notícias
da Madeira. Nos contactos directos em alguns sítios onde vou aos recursos
humanos, deixo a minha inscrição e o meu currículo, neste momento inscrevi-
me no Centro de Novas Oportunidades, acima de tudo aumentar as minhas
habilitações literárias, e em 2º lugar e não menos importante, a possibilidade
de aceder a certas profissões ou cursos que exigem o 9º ano de escolaridade.
PRA/11
No meu tempo de adolescente trabalhava-se muito a terra, eram bem poucos
os terrenos que estivessem abandonados. Tive que ir muitas vezes à serra com
o meu pai e a minha avó apanhar e trazer molhos de erva para o gado. No
início trazíamos às costas, mas depois o meu pai comprou uma carreta de
vacas, o que foi bom, pois sofríamos muito fazer grandes percursos com os
molhes às costas. Nessa altura não havia tractores, e as estradas não eram tão
boas como agora, ou eram estradas de terra ou de calçada, era tudo mais
difícil…Na minha adolescência não me diverti muito, pois sempre tive que
ajudar os meus pais, e o tempo para brincar foi pouco. Também desde nova
ajudava os meus pais na mercearia, e aos 18 anos, quando o meu pai adoeceu,
fiquei com a responsabilidade de trabalhar na mercearia. Como sempre fui a
própria patroa, nunca tive necessidade de filiação num sindicato, no entanto
sei que são importantes para a defesa dos direitos dos trabalhadores. As
pessoas se estiverem reunidas em sindicatos, conseguem lutar melhor pelos
seus direitos, do que sós. Como atendo consumidores na minha mercearia, e
como eu própria sou consumidora, tenho sempre presente os direitos e
deveres (cita direitos e deveres dos consumidores).
PRA/12
Desde muito nova que trabalhava com os meus pais nos terrenos, não havia
momentos de “folga” ia aprender a costurar com uma senhora vizinha, que
dava aulas de costura. Também aprendi a fazer croché e tricô, uma fazia
toalhas e camisolas para ganhar dinheiro. Também trabalhei durante um ano
como empregada doméstica na casa de uma professora. Lá tinha que fazer o
trabalho doméstico e ainda cuidar de duas crianças, uma com 3 anos, e uma
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com um ano. Tudo isto, eu tinha apenas 16 anos. Aos 17 anos surgiu-me a
oportunidade para trabalhar num restaurante, com a função de cozinheira.
Entretanto fui trabalhar para um restaurante snack-bar. No restaurante
fazíamos bastantes refeições por dia, almoços e jantares, e trabalhava só com
o meu marido, não podíamos dar-nos ao luxo de colocar empregados.
Actualmente continuamos os 2 na restauração e como trabalhamos por conta
própria, não precisámos de sindicato. Em 2002, tirei um curso de informática,
“Internet e Novas Tecnologias”, e fiz aquisição de um computador portátil
(Descreve as aquisições feitas no curso, bem como as vantagens do uso das
nova tecnologias).
PRA/13
No dia que fiz 15 anos, comecei a trabalhar numa empresa de equipamentos
de precisão. O meu trabalho era fabricar componentes electrónicos que depois
eram exportados para a Inglaterra. Trabalhei lá durante 9 anos. Nas horas de
almoço, aproveitava o tempo para aprender a bordar, fazer croché, tricô e
ponto cruz. A fábrica esteve aberta enquanto a mão-de-obra aqui na Madeira
era das mais baratas. Pouco depois de sair de lá, foi encerrada e levada para a
China. (Ilustra discurso com a carta de recomendação da empresa em que
trabalhou. Estive durante 1 ano e meio desempregada. Ocupava o meu tempo
a bordar telas. (Ilustra discurso com fotos de quadros bordados em tela).
Em 1984 comecei a trabalhar numa escola como auxiliar da acção educativa.
Em 1989, após um concurso, fiquei como auxiliar técnica, e passei a trabalhar
na reprografia, onde até hoje mantenho esse tipo de funções. Em 1986,
participei em 2 cursos de arranjos florais: nome de flores no geral, e outro de
arranjos secos e artificiais. Ainda no mesmo ano, tirei carta de condução de
veículos ligeiros. Mais recentemente comecei a aprender técnicas de pintura e
bricolagem. (Ilustra discurso com 2 fotos de anjos pintados por si). Em 2008
foi formado o coro da levada, e desde essa altura que participo nos ensaios e
actuações). Frequentei também a acção de formação a 28 de fevereiro de
2004, intitulada “Como Agir numa Situação de Emergência”. Esta formação
serviu para aprender como nós devemos dar apoio em situações de
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emergência.
PRA/14
Iniciei-me no mundo do trabalho aos 15 anos, pois a escola não me agrava
muito, e necessitava de trabalhar para ajudar em casa, pois a família já tinha
aumentado. O meu primeiro emprego ficava no centro da cidade do Funchal,
numa barraca, venda de frutas e verduras. Tinha que pesar os produtos e fazer
os cálculos mentalmente, tento em conta o peso. A seguir ao trabalho ia a casa
depressa, preparava para ir aos treinos. Às segundas, quartas e sextas-feiras,
das 19h às 20h no Clube Futebol União, para poder jogar aos domingos nos
campeonatos. (Ilustra discurso com foto da equipa CF União). Aos 16 anos
mudei de emprego, e fui trabalhar para uma empresa de alumínios, como
aprendiz. Trabalhava de 2ª a 6ª feira, e folgava ao Sábado e ao Domingo.
Estive lá a trabalhar cerca de um ano e meio. Aos 18 anos fui trabalhar para a
Renault, como pintor de automóveis. Tive de deixar o serviço para cumprir
tropa, sendo este um dever, enquanto cidadão português. Após cumprir a
tropa, voltei novamente para a Renault por mais 2 anos. Entretanto mudei de
trabalho e fui electricista. As minhas funções eram fazer iluminações em
arraiais, e outros eventos, desde festas de casamentos e baptizados. Entretanto
consegui emprego numa rede de supermercados da rede como condutor. A
empresa entrou em falência e entretanto fui para uma loja de tintas, estive lá 3
anos. Entretanto tirei carta de pesados, e concorri para os horários do Funchal.
Comecei a trabalhar para a empresa em Setembro de 2000. Tenho de vender
bilhetes, e por isso tenho que fazer muitos cálculos e fazer os diversos
percursos de viagem. O autocarro atinge 100% nas horas de pontas, e no resto
das viagens pode atingir mais ou menos 50%. (Ilustra com fotocópia dos
certificados e a carta de condução dos pesados). Aos 36 anos continuo a
trabalhar na mesma empresa e espero lá continuar. Espero concluir os meus
estudos para poder mais tarde usufruir deles e ser um excelente profissional.
PRA/15
O meu primeiro trabalho que tive foi entregar garrafas de gás aos domicílios,
durante cerca de 1 ano. Íamos de carro, de casa em casa, distribuir as botijas
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de gás. Nas veredas, locais em que a viatura não podia circular, nós (os meus
colegas de trabalho e eu) transportávamos as botijas às costas, era duro…A
cobrança das botijas eram feitas pelo condutor da viatura, porque este era o
responsável pelo dinheiro das vendas, a restante equipa eram os
distribuidores. Em seguida trabalhei durante três anos na agricultura, cavava a
terra, carregava as bananas, fazia as vindimas e tratava dos diversos terrenos.
Na fase dos 16 aos 18 anos trabalhei na construção civil, sempre com o
mesmo patrão, onde carregava os materiais de construção civil, ajudava os
mestres na construção de casas e apartamentos. A maior dificuldade que tive
foi na construção civil foi que encontrei um trabalho muito pesado, dado que
nessa época não tínhamos máquinas de apoio ao trabalho. Em relação aos
colegas de trabalho e às chefias o nosso entendimento era positivo.
Socialmente relacionava-me bem com o grupo de amigos e convivíamos
sobretudo ao fim de semana dado que não tinha qualquer actividade
desportiva ou cultural. A partir do exercício de funções na construção civil e
desde os meus 18 anos até a presente data exerço a função de Condutor
Manobrador. Comecei por trabalhar dos 18 anos numa pequena empresa,
como Condutor Manobrador mas que estava em risco de abrir falência, o que
me motivou a mudar de empresa. A partir dos 19 anos até a actualidade, estou
a exercer funções na mesma empresa, dado que esta me dá satisfação
profissional e oferece-me estabilidade (…).Aos 21 anos também cumpri o
Serviço Militar no RG3 (Regimento de Guarnição nº3) durante 6 meses. Esta
experiência, que na época era obrigatória, ensinou-me a ser mais responsável,
disciplinado e a ter sentimentos de camaradagem. Algumas catividades que lá
efectuei foram relacionadas com exercícios diversos de aptidão física,
formação para o uso de armas, montar e desmontar as armas, exercícios
militares na serra, onde por vezes fiz disparos e, no final o Juramento de
Bandeira. Aos 30 anos frequentei a Acção de Formação intitulada: “Condutor
Manobrador- Movimentação de terras”, sendo que esta formação foi muito
útil para o meu trabalho. A Entidade Formadora foi: Destinos Práticos”, e a
duração foi de 20 horas. Aprendi essencialmente as normas de Segurança no
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Trabalho, tais como: sinalizar a estrada em caso de obras, cuidados básicos a
ter com as máquinas junto das pessoas, manter a limpeza do equipamento e
fazer o Registo Diário e ainda dar assistência em caso de eventuais avarias.
Diariamente executo várias funções, tais como: partir pedra, cavar terra,
carregar, carregar terra, dar\apoio nas obras, limpar as ribeiras….Iniciei esta
experiência numa situação de substituição de um colega que faltou ao
trabalho. Depois com agrado do patrão tive o convite e acabei por exercer a
profissão de manobrador de máquinas…Com o passar do tempo e a prática
desenvolvi as minhas competências na qualidade de manobrador (ilustra
discurso com a foto das sua máquina escavadora). Confesso que já tive
algumas dificuldades em dar apoio nas obras, contudo essas dificuldades já
foram ultrapassadas. Senti alguma evolução nas máquinas, pois são desta
época moderna, mas já trabalhei com diversos tipos de máquinas… Com a pá
escavadora carrego a terra, rocha, inertes em camiões de pequeno porte. Com
a escavadora, cavo a terra, afasto pedras e faço carregamentos para transportar
para diversos locais específicos deste tipo de serviço. Com o “dampar”, para
deslocar as terras, rochas e inertes e com a retroescavadora, para escavar e
fazer valas em estradas, deslocar materiais e fazer carregamentos de materiais
diversos. A manutenção das máquinas requer alguma atenção, desde o seu
abastecimento, a lubrificação e limpeza…. O meu dia de trabalho começa às 8
horas, carrego terra, escavo terra e pedra, utilizo os cálculos quando meço as
valas e faço escavações para casas e diversas obras. Passo o dia nos trabalhos
com as máquinas, o dia acaba às 17 horas. A partir deste horário vou até casa,
e tenho um portátil com banda larga TMN então utilizo a internet para
comunicar com os meus familiares, o facebook, o Hotmail e claro o Google
para as minhas pesquisas, onde normalmente costumo pesquisar informações
sobre as máquinas, dado que é a minha área de trabalho. Ainda faço pesquisas
sobre outras áreas do meu interesse, como é o exemplo das pesquisas
decorrentes relacionadas com o Centro Novas Oportunidades, as motas, os
carros, os apartamentos…. Tenho um portátil do programa TMN e-escolas,
com velocidade de 1Mbps e cujo preço mensal é de 5 euros, que graças ao
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meu ordenado vou investindo e pagando as respectivas prestações.
PRA/16
Ao sair da escola, fui ajudar o meu pai a fazer blocos. O meu pai trabalhava
numa fábrica de blocos e telha para a construção civil, mas trabalhei pouco
tempo, ou seja, entre os meus 11 anos e 13 anos, tínhamos que trabalhar na
agricultura, cavar batatas-doces por exemplo para o almoço, e às vezes
tínhamos milho com bacalhau ou peixe para o meu pai e os meus irmãos que
andavam a trabalhar fora. Caldeirada com “semilhas” era para os que ficavam
em casa…Um dia, um Senhor que era funcionário da Comissão
Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira, que mais tarde
passou a denominar-se Empresa de Electricidade da Madeira, e tinha um
ajudante que teve de ir para o cumprimento do Serviço Militar. Aí ele falou
com o meu pai e perguntou se o filho podia ocupar o lugar do seu ajudante de
eletricista. Eu tinha 13 anos na altura e já trabalhava com o meu pai e à s
vezes na fazenda, mas aquele trabalho pareceu-me ser melhor e talvez
ganhasse mais. Na semana seguinte logo comecei a exercer funções diversas,
tais como: substituía lâmpadas, levantava postes, fazia baixadas, etc. Nos
primeiros dias tive que ser acompanhado com outro empregado que me
ensinou, mas depois ele teve que sair e aos poucos fui aprendendo sempre
com o Senhor Danilo por perto. Sentia-me realizado, tinha bons colegas que
me ajudavam a integrar no ambiente profissional, foi uma mudança muito
agradável na minha carreira profissional. Quando recebi o primeiro ordenado,
tinha um sentimento de ser uma pessoa muito feliz, no outro trabalho era uma
miséria na agricultura. Passado algum tempo, comecei a fazer leitura e
cobrança da luz nas residências da localidade, no campo. Foi com o Senhor
Danilo que ainda aprendi a fazer instalações eléctricas em casas aos fins de
semana e aos feriados, ele ensinou-me o que sei hoje, foi com este grande
mestre, este professor e também foi desta forma que aprendi a gostar da
profissão. Aos 21 anos, como todos os jovens masculinos, interrompi a minha
profissão para cumprir o serviço militar e entrei no Quartel no dia 15 de Julho
de 1974. Fiz a recruta, depois a especialidade e, de seguida, fui mobilizado
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para o Ultramar, sendo, neste caso específico para Angola. Na altura já tinha
acabado a guerra mas ainda fizemos greve e quisemos recusar o embarque,
mas foi inútil, dado que tivemos mesmo que ir….Embora a guerra já tivesse
acabado, ainda haviam lutas entre os Movimentos tanto MPLA, UNITA,
FNLA e, por força maior, a Tropa Portuguesa estava envolvida. Estivemos
em terras de Angola a cumprir o Serviço Militar quase 10 meses, tendo saído
de cá no dia 3 de Janeiro de 1975, e regressámos no dia 23 de Outubro, ou
seja, 15 dias antes de ter sido declarada a independência de Angola, que foi
no dia 11 de Novembro de 1975. Entretanto regressei de volta à minha terra
Madeira, da qual tinha saudades, principalmente da paz, com o Serviço
Militar cumprido eu queria era trabalhar. Foi ter novamente com o Senhor
Danilo, e ele propôs –me o mesmo emprego, o qual aceitei com toda a
satisfação, como já tinha alguma experiência, foi bom….Entretanto ele pediu-
me para fazer transferência para o Funchal e foi bom que a minha família
residia lá, e posso dizer que fiquei no seu lugar como Fiscal de Rede e com
um ajudante. Este encargo consistia em fazer a conservação e manutenção da
Rede Eléctrica, ou seja, o arranjo das avarias que eram muitas, pois há 30
anos o material era diferente, as linhas cruzavam-se com o mau tempo,
principalmente com o vento e as trovoadas, fazendo com faltasse a luz e os
consumidores chamavam-nos fosse de dia ou noite e tínhamos a obrigação de
ir procurar a avaria, depois voltávamos atrás para desligar a corrente eléctrica,
mas se fosse muito longe a distância entre a avaria e o transformador por
vezes tínhamos que trabalhar com corrente eléctrica, usando luvas e alicates
isolados, mas admitindo que era muito arriscado e sabíamos do perigo que
corríamos, mas nós tínhamos que servir a população e dependíamos muito (e
cada vez dependemos mais) da energia eléctrica. Actualmente contínuo nesta
área da electricidade e faço também obras por conta própria. Na obra por
exemplo, faço rasgos nas paredes para introduzir tubos, caixas e terminais
para depois passar o fio e finalizo com a colocação de interruptores e
tomadas, sempre com a preocupação do cumprimento das normas de
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segurança.
PRA/17
Como não fui estudar, lancei-me no mundo do trabalho, queria trabalhar para
poder gerir o meu próprio dinheiro. Hoje, lamento não ter continuado os
estudos, porque me teriam proporcionado outras escolhas profissionais e mais
estabilidade financeira. No entanto, gosto do meu trabalho, porque adoro estar
com crianças, sinto-me por vezes criança. O lado menos bom é o pequeno
ordenado que, por vezes, não é fácil de gerir para chegar até ao fim do mês.
No entanto, tenho um terreno próprio de bananeiras que vou explorando e daí
que me dá uma ajuda. Ao fazer um balanço da minha vida, posso dizer que
me sinto segura, mas não realizada. O meu objetivo é vender o meu terreno,
dado que tenho um projeto com loteamento e aprovação para construção de
sete casas e outro terreno, separado incluindo no total doze casas. Gostaria de
realizar este sonho, para melhorar a minha vida. Iniciei-me no mundo do
trabalho, exercendo funções no Recenseamento dos Censos 81. A minha
função era ser inquiridora. Tinha a responsabilidade de recensear as pessoas
que me foram atribuídas. Logo a seguir, exerci funções de escriturária
dactilógrafa na junta de freguesia. Exerci também a atividade de agricultura
por conta própria na exploração de bananeiras. Exerci novamente funções no
recenseamento dos Censos 91. Entre 81 e 91 houve uma evolução na área do
emprego, de casa própria e de remodelação ou melhoramento de algumas
casas. Isto na área em que me foi atribuída para efeitos de recenseamento.
Iniciei-me no mundo do trabalho, exercendo funções no Recenseamento dos
Censos 81. A minha função era ser inquiridora. Tinha a responsabilidade de
recensear as pessoas que me foram atribuídas. Logo a seguir, exerci funções
de escriturária dactilógrafa na junta de freguesia. Exerci também a atividade
de agricultura por conta própria na exploração de bananeiras. Frequentei
várias ações de formação, as quais me foram enriquecendo não só a nível
profissional como também pessoal. São ações de formação complementar e
todas elas foram importantes. A Formação relacionada com Relações
Humanas e a Prevenção da Sida e a Escola são fundamentais para mim.
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(Ilustra discurso com a descrição das aprendizagens adquiridas na ações de
formação). Aprendi teoria musical, violino, canto e guitarra e também a me
relacionar com as pessoas comecei a conviver com muita gente e ganhando
confiança, auto-estima e vontade para viver em sociedade ganhando novos
amigos. Actualmente sou monitora em diferentes freguesias rurais, ensino
música em três centros sócias e sou responsável pelo grupo instrumental de
uma casa do povo. Tem sido um trabalho contínuo e crescente de experiencias
e resultados notáveis e positivos. Inicialmente dava teoria e flauta de Bisel
depois Guitarra, Bandolim, Violino, Órgão, Rajão e Braguinha. Comecei com
músicas populares, depois regionais até às clássicas. O primeiro trabalho que
o grupo apresentou ao público foi numa missa da Noite de Natal, em 1985,
fomos crescendo até hoje. (Ilustra discurso com 10 fotos relacionadas com:
animação litúrgica com um grupo de adolescentes e crianças (encontros de
Natal, encontros de animação para festejar o aniversario do grupo, encontro
regional de Tunas e encontros com os idosos dos centros sócias). Fiz as
seguintes formações: Curso de Catequese, Relações Humanas, Cultura Geral,
Culinária, Arranjos florais, trabalhos Manuais e Curso de pintura em tecido,
técnicas de Guardanapo em Vela, Telas e madeiras. Cada coisa que aprendi,
abriu-me o caminho para vontade de aprender outras coisas, dá – me o prazer
fazer com as minhas próprias mãos aquilo que vi feito pelos outros e torna-me
muito mais preenchida.
Sinto vontade de também ensinar aos outros o que eu faço. (Ilustra discurso
com fotos das diversas ações realizadas bem como das fotocópias dos
respetivos certificados. Também nos anexos do seu PRA apresenta fotocópias
relacionadas com a teoria musical).
PRA/18
Desde muito nova comecei a trabalhar na vida de casa, na terra e nos tempos
livres bordava (bordado Madeira). E entretanto começaram aparecer cursos de
formação rural. Fiz um curso de culinária não só para aprender a cozinhar
mas principalmente para aprender aproveitar o valor dos alimentos. Fiz outro
curso de trabalhos manuais: croché e rafia. Não consigo precisar a data destes
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cursos porque não época não eram atribuídos os diplomas, o importante era
saber fazer o que se aprendia o que se lá passaram mais de 40 anos.
PRA/19
Terminei o 6ºano e vim para casa trabalhar, na lida da casa, na fazenda e em
tudo o que precisasse. Estive assim talvez uns três anos. Depois no meu sítio,
havia um casal de idosos a precisar de ajuda e fui trabalhar para lá. A minha
mãe perguntou-me se queria ir e logo disse que sim. Aceitei, talvez não a
pensar no trabalho, mas sim no dinheiro que iria receber. Nunca tinha
recebido ordenado. Por mês, o senhor pagava-me vinte contos, era bom
dinheiro para mim. Lá em casa, eu tinha de cuidar dos senhores, fazer a
comida, lavar as roupas, limpar a casa e fazer companhia. Só o banho é que
eu não dava porque o senhor é que fazia. Eu penso que ele disse isso, visto eu
ser nova e ela deveria ter vergonha de mim e preferia o marido. (Ilustra
discurso com os procedimentos da vida diária com o casal).Entretanto tive
conhecimento através de uma prima, que vivia no Funchal, da possibilidade
de me inscrever no Centro Regional de Emprego. Eu disse que sim, fui lá com
a minha tia Conceição e fiz a inscrição. Pediram-me a minha escolaridade e a
que trabalho me candidatava. Como só tinha o 6ºano, não tinha muitas opções
e inscrevi-me apenas nas limpezas e restaurantes. Passado algum tempo,
recebi uma carta do Centro Regional de Emprego para lá ir porque tinha uma
proposta de trabalho. Era no hotel, na qualidade de ajudante de limpeza.
Como era distante da minha área de residência e não tinha meios de
transportes, acabei por desistir. Era a minha primeira proposta, ainda tinha
mais duas oportunidades, visto que só poderia recusar três propostas. Daí a
algumas semanas, fui novamente chamada pelo centro de emprego e tive
outra proposta de trabalho, na minha freguesia, para trabalhar num
restaurante. Fiquei muito contente, conhecia o restaurante e era perto. Era o
meu primeiro emprego a sério e a oportunidade de aprender muitas coisas,
conhecer pessoas, ter recibo de ordenado. E muito mais. Entretanto recebi
uma outra proposta para trabalhar num restaurante e aceitei. (Ilustra discurso
com a descrição das funções exercidas no restaurante). Entretanto, fiquei a
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saber, através de uma conversa de balcão, que estavam a dar aulas de música
na Casa do Povo. Como gostava de música, não hesitei e fui lá para me
inscrever. Era um dia por semana, à quarta-feira, das 9h30 às 12h. Como eu
queria aprender a tocar órgão, para depois tocar na igreja, ia com a minha
irmã para a música e pedia para sair uns cinco minutos mais cedo para entrar
no trabalho. A professora de música começou por ensinar o solfejo, e
tínhamos de saber primeiro as notas de música mas eu queria era tocar!
(Ilustra discurso com as incertezas e medos da aprendizagem do solfejo e de
como aprendeu a tocar um instrumento musical). Quando juntei algum
dinheiro, comecei a tirar a carta de condução. (Ilustra discurso com as
despesas inerentes à carta de condução). Tinha de dar um passo de cada vez.
Tinha acabado de gastar algum dinheiro, não podia comprar logo um carro.
Entretanto, a minha irmã casou-se e, pouco tempo depois, emigrou para o
Reino Unido. Acabei por ficar com o carro que ela tinha. E, assim já ia para o
trabalho com o carro. Em janeiro de 2001, com a mudança do escudo para o
euro, senti algumas dificuldades sobretudo porque trabalhava na máquina
registadora. Entretanto tive uma nova proposta de trabalho de outro
restaurante para trabalhar. Para além de ganhar mais, também ficava mais
próximo de casa, até poderia ir a pé. Comecei a pensar, poderia poupar
dinheiro no gasóleo e até também tinha um dia de folga. Falei com a minha
família e logo aceitei a proposta. (Ilustra discurso com as novas funções no
restaurante). De momento, concorri para trabalhar na Casa do Povo e exerço
actualmente as funções nesta instituição. Estou muito satisfeita e preocupo-
me muito com o meu desempenho profissional.
PRA/20
No meu 8º ano, comecei logo a trabalhar numa casa particular a fazer
trabalhos domésticos (lavar, passar a ferro, etc.). Esta era uma maneira de
ganhar algum dinheiro para mim e para ajudar em casa nalgumas despesas.
Passava o dia a correr, dividia-o entre trabalhar e estudar. Começava às 8
horas até às 12 horas, tinha 1 hora para almoçar e preparar-me para a escola.
Às 13h e 30m dirigia-me para a paragem para “apanhar” o autocarro para a
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escola com regresso às 20 horas. Dormia e assim se repetia o mesmo ciclo de
vida no dia seguinte!... Assim, fui me desinteressando cada vez mais e não
continuei a estudar e passei a trabalhar a tempo inteiro. Deste modo deixei o
meu 8º ano incompleto!...Ainda na fase da adolescência, a minha mãe
ensinou-me para que no futuro estivesse preparada para a vida do dia-a-dia,
para que quando casasse, soubesse fazer além da vida doméstica, cozinhar e
tratar da roupa. Tudo a minha mãe me ensinou e também a fazer o meu
enxoval (bordados, crochet). (Ilustra discurso com a descrição da técnica dos
vários trabalhos manuais, bem como apresenta imagens dos bordados e
crochet). A seguir ao meu casamento tirei carta de condução, assim já me
preparei para me lançar no mundo do trabalho….Entretanto aprendi a
trabalhar com uma máquina de puxar rolos. Além disso também tínhamos um
machado profissional e trabalhava a “rachar” a lenha. (Ilustra discurso com 1
foto da sua máquina industrial). Mais tarde resolvemos abrir uma loja de um
pronto-a-vestir, que estava bem localizada, junto à estrada regional, daí o
nosso interesse e aposta neste investimento. Era uma área desconhecida, não
fazia ideia de todas as exigências e burocracias para podermos ter a licença de
funcionamento. Tivemos de adaptar o espaço que neste caso era uma
garagem, no rés-do-chão de uma casa, para podermos ter as melhores
condições e espaços necessários, assim como o WC e pavimento adequado.
(Ilustra discurso com 1 foto do seu espaço comercial e relata as obras
realizadas decorrentes da criação do pronto a vestir). A abertura da loja foi no
dia 01-07-2000, tendo sido um sucesso, toda a gente que lá ia gostava e dava-
me os parabéns, porque tudo lhes parecia muito bonito e surpreendiam-se por
ter sido eu a tratar de tudo! Entretanto o meu marido continuava com a
mesma ocupação e para a minha deslocação para o meu Pronto-a-vestir,
tivemos de comprar um carro. Foi necessário ter em conta as nossas
possibilidades monetárias, uma vez que já tínhamos entrado em despesas
(com a nossa Loja). (Ilustra discurso com os cálculos das despesas realizadas
em combustível e apresenta um mapa da Madeira, onde assinala a respetiva
distancia da sua residência para a área do seu espaço comercial, bem como a
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foto da sua viatura). Com a chegada o euro, no final do ano 2001, já estava na
loja, e daí ter que alterar todo o funcionamento, o que originou trabalho e
despesa acrescida…cada artigo tinha um preço diferente e assim tive de fazer
a conversão de escudos para euros. (Ilustra discurso com a descrição de vários
artigos e respetiva conversão monetária). Com o passar do tempo, foi tudo se
tornando rotina. Fiquei durante 2 anos e meio com esta actividade comercial,
mas uma vez que não estava a ser rentável, porque apesar da loja estar bem
localizada, não tinha muita população que justificasse este investimento…tive
que acabar por encerrar a loja de Pronto a vestir. Apesar de tudo, gostei muito
da experiência, porque esta é uma área com a qual me identifico, gosto muito
do mundo da moda e, no futuro, gostaria de voltar a trabalhar nesta área.
Entretanto como não exercia nenhuma actividade profissional, além da minha
vida diária doméstica comecei a fazer alguns cursos na Casa do Povo,
nomeadamente: pintura em tecido, em vidro, arranjos florais, doces e licores.
(Ilustra discurso com 6 fotos das diversas pinturas realizadas, bem como
descreve várias receitas de sobremesa e bolos). Em Janeiro do ano em curso,
inscrevi-me e comecei num novo curso de bordados e tela, e também inscrevi-
me no Curso de Iniciação à Informática. As tecnologias são muito
importantes nos dias em que a sociedade actual vive, são muito úteis, servem
para facilitar muito as nossas tarefas do dia-a-dia, nomeadamente o
computador, que serve para realizarmos muitas tarefas, desde cartas, tabelas,
gráficos e desenhos, etc. (Ilustra discurso com foto do seu painel solar, e do
seu equipamento informático). A internet leva-nos a navegar por todo o
mundo, serve para nos manter actualizados, para fazermos pesquisas, tirar
algumas receitas por exemplo de culinária, e até conversar com os amigos e
familiares, bem como estar online. Um exemplo de rede social mundialmente
conhecida é o Facebook. Também é útil para efectuar pagamentos de várias
facturas, tais como, luz, telefone, da água e ainda transferências bancárias. A
internet não tem só vantagens, o computador pode ficar sujeito a “apanhar
vírus”. Quando isto acontece, devemos hibernar o mesmo para o ir
retardando. É importante ter um bom anti-vírus, que impede que o mesmo
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ataque o computador. Entretanto, soube que seria possível terminar o 9º ano,
através do processo de RVCC, resolvi inscrever-me num Centro Novas
Oportunidades, em Abril de 2010 e o Curso começou a decorrer em Junho do
mesmo ano. Infelizmente, estes dois cursos (Iniciação à Informática e RVCC)
coincidiam no mesmo dia, mas consegui conjugar este investimento pessoal e
como já enfrentei vários obstáculos estava disposta a enfrentar mais estes
desafios (…) dado que o meu futuro profissional está em causa, vou subir
mais uns degraus na vida e naturalmente se conseguir estarei satisfeita e
também a minha família até a sociedade, porque estando mais formada mais
estarei desenvolvida e valorizada!
Ao nível individual Indicadores (excertos)
IV - CATEGORIA
Dimensão ao nível sistema de provação da relação com o espaço e a mobilidade
social:
Quais os destinos ou paragens percorridas?
PRA/1
Já viajei por diversos países, conheci muitas culturas e povos. E um dia,
quando tiver disponibilidade financeira, quero voltar ao Brasil, país que muito
encantou-me com as suas belezas naturais, suas músicas, os seus pratos e claro,
com as suas pessoas. Agora, o mais importante é que haja saúde e, como dizia a
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“Miss Universo”, que haja paz no mundo.
PRA/2
As recordações ou histórias da Venezuela são muitas. Ainda me lembro dos
castigos que me aplicavam na escola, era reguadas nas palmas das mãos. Ainda
que também na escola na Madeira, também castigavam, a professora tinha um
pau ou um vime, e naquele tempo sempre que nós errávamos levava-se uma
reguada e ficávamos de castigo a olhar para a parede. Sou contra esses
castigos…Acerca do clima, nós cá na Madeira temos 4 estações, na Venezuela
não, é sempre verão, pode chover mas contínua o calor, prefiro o clima da
Madeira, é mais saudável…Adoro viajar, já fiz várias viagens a Portugal
continental. Nos meus tempos livres gosto de estar com a família,
principalmente com os meus filhos. Gosto de fazer caminhadas com as minhas
amigas, faço ginástica 2 vezes por semana, pertenço a uma empresa que
proporciona vários exercícios físicos, somos no total 20 pessoas de várias
idades. O exercício faz bem à saúde, todas as pessoas deviam participar nestas
actividades, pois ficamos mais activas e não só pela ginástica, mas ganhámos
mais amizades e mais experiências, dialogámos, trocamos ideias e assim
aprendemos a ser mais sociáveis e felizes para viver em sociedade. (Ilustra o
discurso com fotos das actividades lúdicas realizadas.)
PRA/3
Já visitei vários países, desde a minha terra natal (Venezuela), África do Sul e
Portugal continental, sendo que todos contribuíram para o desenvolvimento das
minhas competências. Recentemente fui à África do Sul e foi muito agradável,
passei lá um dos melhores momentos da minha vida, apesar de não saber falar
inglês, passei momentos inesquecíveis.
PRA/4
Aos 18 anos foi a minha primeira viagem à Venezuela num navio italiano, que
se chamava “Angelina Lauro”. Foram 8 dias abordo. Foi uma viagem bastante
divertida, íamos à piscina, ao cinema, aos bailes nocturnos. Quando lá cheguei
foi tudo novo para mim. O primeiro impacto foi a imagem com que se depara
logo à chegada: os bairros de lata, chamados “ranchos”, uma imagem um
pouco chocante para quem lá nunca foi. (Ilustra com foto dos famosos bairros
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de lata da Venezuela.) Umas das primeiras aprendizagens foram a aquisição de
uma nova língua: o espanhol, e os novos hábitos socioculturais dum novo país
para mim. Neste novo país deparei-me com novos hábitos alimentares, aprendi
a cozinhar as comidas tradicionais como arepas, empanadas, hallacas, pavallon,
sancocho, etc. (Ilustra discurso com foto de vários pratos típicos da Venezuela).
Foi também novidade a intensidade com que as pessoas vivem as festas
naquele país, desde o natal, à passagem de ano, à festa dos 15 anos dos
adolescentes, tudo é vivido com muita alegria, música e dança. Costumava
frequentar o clube português, onde se encontravam muitos compatriotas em
convívio, onde se faziam jogos, íamos à piscina, ao ginásio, jantávamos em
vários restaurantes e saíamos à noite. A música que passamos a ouvir era
também diferente: “salsa”, “merengue”, “mariaches”, por volta do Natal
ouviam-se as famosas “gaitas”. As decorações de Natal nas casas foram
também para mim novidade, tudo se vivia com intensidade. Usavam-se muitos
artigos de decoração, tudo com muitas lantejoulas e muito brilho. Ao chegar à
Venezuela deparei-me com uma grande dificuldade: uma nova moeda. Assim,
para conseguir gerir os gastos do dia-a-dia frequentemente, tinha que efectuar o
câmbio dos bolívares e dos escudos. (Ilustra discurso com a apresentação de
vários câmbios). Já fiz várias viagens pelo território nacional, de norte a sul de
Portugal continental. Nestas viagens, tive oportunidade de conhecer a capital
portuguesa – Lisboa e os seus monumentos: Mosteiro dos Jerónimos, Castelo
S. Jorge, Padrão dos Descobrimentos, Torre de Belém, Baixa Pombalina, o rio
Tejo, Cascais, Óbidos e as suas ruínas, Sintra e o fascinante Palácio da Pena,
Setúbal e a bela Tróia. Pelo país fora conheci o Minho, onde gostei imenso do
Santuário de Santa Luzia, em Viana do Castelo e da cidade de Braga, com o
imponente Bom Jesus. Visitei Bragança e Viseu e no Porto subi aos Clérigos e
contemplei o Rio Douro. Visitei Aveiro, a Veneza portuguesa, onde comi os
deliciosos ovos-moles. Em Coimbra visitei as Universidades e conheci o
Portugal dos Pequeninos. Na Guarda contemplei a Bela Sé, fui à Covilhã, e
subi à Serra da Estrela, coberta de neve! Na Figueira da Foz comi umas belas
sardinhas assadas, no Alentejo passei por Évora, visitei o Templo de Diana, a
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Capela dos Ossos, o Alqueva e a barragem. Beja com o seu famoso Castelo, e
Elvas onde se avista Badajoz. Já no Algarve, desde da ponte sagres, até à Vila
Real de Santo António visitei as praias, apanhei banhos de sol, nos belos
arreais e nadei nas belas águas do atlântico, enfim…Um país que é o nosso,
oferece óptimas condições para viajar, belas paisagens para comtemplar,
histórias e monumentos para conhecer, e uma gastronomia de “comer e chorar
por mais”. (Ilustra discurso com a apresentação de vinte fotos alusivas aos
vários locais visitados em Portugal, e o respectivo mapa de Portugal
Continental). Contudo, tive também oportunidade de conhecer outros países, a
Inglaterra é uma das nações do Reino Unido, ocupa a metade sul da ilha da
Grã-Bretanha. Em 1989 a minha viagem à Inglaterra foi mais precisamente, à
ilha de Jersey. Esta localiza-se no Canal da Mancha. A moeda utilizada na
Inglaterra é a libra esterlina, ou pound, uma das mais fortes moedas do mundo.
Os centavos são conhecidos como pences. A língua oficial é o inglês. Ao passo
que Portugal é uma república, já a Inglaterra é uma Monarquia Constitucional.
Tem ministros e a Chefe de Estado actual é a rainha Elizabeth II. (Ilustra
discurso com 6 fotos e um mapa da Grã-Bretanha). Em 1985 fiz uma viagem à
Itália, onde tive a oportunidade de conhecer várias cidades como: Roma,
Veneza, Vaticano e Pisa. Visitei monumentos como o Coliseu de Roma, a
Praça de São Marcos, a Torre de Pisa, a Praça de São Francisco e a Capela
Sistina. O que mais me fascinou foi andar de gôndola nos canais de Veneza.
Devido ao grande património cultural de Itália, pude aprender muitas coisas
nesta viagem. Aprendi por exemplo que o tecto da Capela Sistina foi pintado
por Michael Ângelo e que pertence ao estilo Renascentista. Em 1998 fiz a
minha viagem a Santiago de Compostela (Espanha) - Capital da Galiza famosa
pela sua capital Barroca, até onde viaja muitos peregrinos, percorrendo os
Caminhos de Santiago. Em Santiago de Compostela o que mais fascinou foi a
catedral. Nesta tive oportunidade de assistir ao triblo (incensário) em
funcionamento. Este é o maior do Mundo e pesa cerca de 62 Kg, são
necessários 7 homens para movimentar a corda que o suspende, é
verdadeiramente imponente! (Ilustra o discurso com fotos das pinturas do
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Tecto da Capela Sistina, e dos vários monumentos de Santiago de Compostela).
Em 2009 viagem a Isla de Margarita (Venezuela) foi mais uma fantástica
viagem na minha vida. (Ilustra o discurso com uma foto na Isla de Margarita).
PRA/5
Fui à França, foi uma viagem fantástica onde conheci muitos lugares
lindíssimos, sendo que fiquei num hotel de 5 estrelas, onde fui bem atendida.
Conheci algumas cidades lindas, tais como: Nantes, Falaise, Ferrette,
Fontainebleau, Formigry, por último estive na cidade de Paris. A minha viagem
de Portugal a França demorou 2h:45 m. (Ilustra discurso com o mapa, e o
respectivo cálculo da escala, e ainda 2 fotos da Torre Eiffel e centro, e da
basílica de Sacré Coeur). Em relação ao atendimento na França foi muito bom,
desde a estadia no hotel, aos vários sítios que visitámos. Em relação à cultura
também está um pouco acima de nós, só pessoas espírito mais aberto que o
nosso. Aproveitei os saldos para comprar algumas lembranças (Ilustra discurso
com as despesas e as respectivas percentagens feitas). Visitei também Portugal
Continental, também tivemos bom atendimento, mas comparativamente com a
França será necessário fazerem grandes investimentos financeiros, culturais e
sociais.
PRA/6
Conheci várias regiões da Venezuela, mais especificamente Caracas, pois no
ano de 1980, tirei a minha carta de condução. Frequentei algumas aulas, e
quando já me sentia preparado fui a exame, passei e consegui a minha carta de
condução, claro que era tudo mais fácil do que cá em Portugal. Estava ansioso
para conduzir, não perdia a oportunidade de sentar-me ao volante de
automóvel, e simular que conduzia e conhecia novos locais…Com a carta tive
a oportunidade de viajar muito pela Venezuela e pela Madeira. Frequentemente
em grupo, mais ou menos 12 colegas muito amigos, celebraram os nossos
aniversários em grupo, fazemos levadas, passeios a pé, safaris, actividades
ecológicas, recolhemos os lixos das praias, descemos no elevador da Fajã dos
Padres são momentos fantásticos…Já fomos uma semana a Alemanha, à
Baviera, estivemos em Munique e algumas cidades vizinhas, foi uma
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experiência inesquecível em plenos mês de Janeiro, encontramos 10 graus de
temperatura, estava tudo branquinho, cheio de neve…Foi bom estar em
contacto com os outros povos e culturas, ver que tipo de vida, de gostos e
costumes têm. Gostei imenso e foi de grande utilidade esta viagem, porque os
nossos clientes são 90% alemães, e assim é mais fácil para mim
profissionalmente compreende-los, saber das suas expectativas, e podermos
oferecer o produto e serviço com melhor qualidade para os nossos
clientes.Neste momento estou a programar a minha viagem de sonho, que será
Holanda, mais propriamente para conhecer Amesterdão. Escolhi este destino
entre outros, porque conheço várias pessoas que já visitaram este país, e
relataram-me que tem paisagens maravilhosas, uma cultura rica, entre outros
pontos atractivos que já estou a pesquisar. (Ilustra discurso com a apresentação
de 3 fotos do país). Estou a projectar a minha viagem para Março do próximo
ano, seremos 4 pessoas nesta viagem, visto que irei com a minha mulher e 2
filhas. A duração da nossa estadia em Amesterdão, a qual estamos
programando ao pormenor de maneira a que possamos aproveitar ao máximo.
Viajaremos na Transavia linha área Holandesa do tipo charter que faz ligações
directas entre o Funchal e Amesterdão. Iremos utilizar o inglês, visto não
sabermos falar holandês. (Ilustra discurso com o programa da viagem, um
estudo sobre a sua cultura, a sua gastronomia, as distâncias do Funchal a
Amesterdão num mapa, e o orçamento). Futuramente gostaria de conhecer o
Egipto, Israel e mais países do Médio Oriente, são lugares com uma história tão
antiga, são fascinantes, devem ser um sonho para quem como de história como
eu. Se eu tivesse mais tempo livre, dedicava-me a estudar, à leitura, e acho que
gostaria de aprender música, tocar piano e conhecer novos espaços na natureza
e na sociedade. (Ilustra discurso com uma foto no seu automóvel.)
PRA/7
Viajei pela Inglaterra e conheço muitos sítios da Madeira. Sempre que tenho
disponibilidade viajo, e recordo com muito carinho as vivências e experiências
no meu percurso de vida em Londres. Visitei também Portugal Continental e
gostei muito.
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PRA/8
Viajei pela Inglaterra e recordo sempre com grande satisfação as paisagens e os
momentos de alegria vividos no estrangeiro. Em Portugal Continental recordo
os momentos em tirei a carta de condução e os bons momentos em que viajei
por lá. Na Madeira tenho meu automóvel, e sempre que tenho disponibilidade
visito vários locais da ilha.
PRA/9
Nunca fiz nenhuma viagem e também não tenho nenhuma viagem de sonho.
Fiz alguns passeios pela Madeira e o lugar que mais gostei de visitar foi, as
grutas de S. Vicente. (Ilustra discurso com informação relativa às grutas
baseada no site: http://www.grutasecentrodovulcanismo.com/display.asp?id=5 .
PRA/
10
A minha primeira viagem foi a Lisboa, com a minha tia mais nova, irmã do
meu pai, e os meus avós. Fomos lá passar o Natal, foi uma experiência muito
agradável, eu não cabia em mim com tamanha felicidade, ao contrário do meu
irmão, pois como fui sempre mais extrovertida do que ele, era muito apegado à
minha mãe, ele sofria imenso quando se tinha de afastar da minha mãe. Na
Madeira visitei vários pontos da ilha, que adorei imenso.
PRA/
11
Já viajei até ao Porto Santo, e fiquei com boas lembranças desta ilha.
Acompanhei o meu filho numa viagem de finalistas, só tenho boas memórias.
PRA/
12
Para fugir um bocadinho à rotina do dia-a-dia, gosto de viajar. Para tal, é
preciso poupar, e por isso temos de pôr de parte todos os meses algum dinheiro,
para podermos conhecer novos sítios, culturas, pessoas…A minha primeira
viajem ao Continente foi em 2001, devido ao trabalho não foi possível mais
cedo. Pela primeira vez fomos do Porto até Lisboa de carro. Como não
conhecíamos as estradas, recorremos a um mapa, sendo que ainda nos
enganamos em algumas estradas, mas chegamos ao destino. Antes de
chegarmos a Lisboa, passamos por Fátima (Ilustra discurso com foto do
Santuário). Foi muito comovente. Vimos pessoas ajoelhadas a percorrer o
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Santuário…Assistimos a uma missa, e depois fomos colocar velas pela nossa
família e amigos. Gostei imenso de lá estar, e todos os anos quando vou ao
continente, visito Fátima. Em 2002, estive em Chaves e visitámos os restantes
sítios do norte. Adorei a gastronomia portuguesa (tripas à moda do Porto,
secretos de porco preto, sopa de pedra…). A partir de Chaves fomos a Espanha,
e lá comemos “Paella”, “presunto fumado”, “tortilha” e “arroz cubano”. Gostei
muito da estadia na Espanha. Neste Natal, estive em Lisboa novamente, fomos
acompanhar o meu cunhado que é bombeiro, que foi convidado a participar
como representante dos Bombeiros da Madeira para participar na festa de Natal
com o Presidente da República – Cavaco Silva. A mais recente viagem a 25 de
Julho de 2010, novamente a Portugal Continental (descreve os locais visitados).
Também há 9 anos fomos pela primeira vez com as nossas filhas ao Porto
Santo, pois elas participaram no “campep”, e também no encontro de bandolins
no Centro Cultural do Porto Santo, onde a minha filha tocou bandolim e
cantou. Ela já gravou um CD, e já participou nos talentos à solta, e em diversos
festivais na Madeira. (Ilustra discurso com 4 fotos da actuação da filha, e letras
das suas canções).
PRA/
13
Gosto de ir de férias ao Porto Santo, e também de viajar pela Madeira. (Ilustra
a capa do portefólio com várias fotos tiradas nas férias e em família).
PRA/
14
Gosto muito de percorrer, viajar pela Ilha da Madeira, quer de mota, de carro
particular, quer com transporte público.
PRA/
15
Nos meus tempos livres e sobretudo os fins – de – semana gosto de viajar com
o meu filho e passear pela ilha com a minha família, já conhecemos vários
sítios da Madeira, os quais têm uma vegetação e paisagens belíssimas.
Gostamos de ir ao cinema e passear (…). (Ilustra discurso com a fotocópia do
cartão “Zon”- quando vai ao cinema, e o cartão “GALP” – para os respetivos
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descontos quando abastece nas viagens que faz).
PRAS/
16
A Angola era (penso que continua a ser) uma terra linda. Eu tive o prazer de
conhecer várias zonas como Nova Lisboa que hoje se chama Huambo, Quibala,
Gabela, Salazar e Luanda. Esta última era muito bonita pois tinha uma baía
lidíssima e praias, enormes. Se fosse para ficar eu gostaria da cidade de Salazar
porque havia muitos jardins e o clima e a temperatura era parecido com o da
Madeira. Mas isto antes de ser bombardeada, pois nós, enquanto soldados
tivemos lá 8 dias, debaixo de fogo, embora a Tropa Portuguesa não tivesse
nada a ver com isso, tinha que estar sempre atentos. No fundo eram os
Movimentos que estavam em guerra e nós no meio impotentes sem podermos
fazer nada…. Para sairmos dali, foi preciso uma “escolta de fuzileiros” e “pára-
quedistas”, e dava pena ver uma cidade tão bonita ficar toda destruída cheia de
cadáveres. Posso afirmar que este foi um dos episódios mais marcantes e tristes
a que eu assisti. Tirei a carta de condução em 1989, foi também uma etapa que
me marcou muito, pois nessa altura testei as minhas capacidades, tanto
intelectuais como emocionais com a aprovação do exame de código à 2ª vez e a
condução logo à primeira vez. Foi nessa altura que comprei um carro e comecei
a testar a possibilidade de viajar sozinho e em família com essa
responsabilidade. Agora desloco-me para qualquer ponto da Madeira, sinto-me
mais valorizado a nível pessoal e adoro viajar e conhecer as belas paisagens da
Madeira. (Ilustra discurso com a foto do seu veículo).
PRA/
17
Como não fui estudar, lancei-me no mundo do trabalho, queria trabalhar para
poder gerir o meu próprio dinheiro. Visitei a Holanda e vários locais a nível de
Portugal Continental e também da Madeira.
PRA/
18
Como não fui estudar, lancei-me no mundo do trabalho, queria trabalhar para
poder gerir o meu próprio dinheiro. Visitei a Holanda e vários locais a nível de
Portugal Continental e também da Madeira No mês de agosto de 1975, fiz a
minha primeira viagem fora da Madeira. Vivi uma grande ansiedade, andava
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nervosa, parecia que não chegava ao dia!... Queria experimentar de perto aquilo
que ouvia falar. Foi uma viagem tão desejada e tão aproveitada que nunca mais
esqueci, foi uma viagem muito instrutiva, conheci muitas coisas e aprendi
muito. Tinha eu 29 anos quando o meu pároco organizou uma peregrinação em
Roma por coincidir com o ano Santo era então o Papa Paulo VI. (Ilustra
discurso com o relato da viagem da peregrinação a Fátima e a Roma). E
também integrado no Grupo Católico visitei a Alemanha. (Ilustra discurso com
o relato da viagem a Alemanha bem como 3 fotos da viagem realizada).
PRA/
19
O meu irmão convidou-me para ir à África de Sul, mas eu não tinha muito
dinheiro porque as viagens para lá são muito caras. Ele resolveu pagar lá a
passagem e mandar-me o bilhete de avião, viagem essa que foi marcada em
Outubro. Nessa altura, fui falar com a minha patroa que precisava tirar as
minhas férias. A minha patroa só tinha planeado dar-nos férias em Novembro,
data que encerrava o restaurante. Eu fiquei tão desanimada, porque o meu
irmão já tinha pago a viagem e pensei que não podia ser alterada, entretanto
liguei para o meu irmão e expliquei a situação e, ele claro, conseguiu alterar
para Novembro, embora tivesse de pagar mais umas taxas, devido às
alterações. Já fiquei mais contente porque sempre iria viajar! Preparei a minha
viagem, comprando algumas roupas novas e algumas recordações típicas da
Madeira: bolos de mel, broas de mel, lapas, rebuçados de funcho e outros
produtos para eles matarem a saudade da Madeira. (Ilustra discurso com a
descrição da viagem à África do Sul, descrevendo as escalas de Lisboa,
Joanesburgo e Cidade do Cabo). Visitamos, além da África do Sul,
Moçambique e passeamos por muitos lados, estivemos na cidade de Maputo e
fomos até ao mercado. Passeámos por toda a costa, junto das praias e vimos as
pessoas da terra a pescar, gostei muito da gastronomia de lá e de conhecer os
animais selvagens. (Ilustra discurso com cinco fotografias de animais que
encontrou no Kruger National Park).Passados alguns meses, após o euro, no
meu mês de férias, a minha irmã convidou-me a passar alguns dias na
Inglaterra com ela. Eu, como não conhecia a Inglaterra, fiquei toda contente e
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resolvi ir. A minha irmã é que me pagou a passagem e preparou-me para o
clima que sentia, estava muito frio e teria que levar roupas muito quentes.
Assim que eu saí do aeroporto na Inglaterra, senti logo o gelo na cara e nas
mãos. Era um clima completamente diferente da África do Sul. A língua oficial
é o inglês, com aquele sotaque carregado, bem diferente do inglês da África do
Sul e da América. Passeamos pela cidade de Londres, estivemos na porta do
castelo da Rainha, mas não podíamos entrar. (Ilustra discurso com os relatos
das vivências dessa viagem, bem como com fotografias da mesma). Entretanto,
fui novamente à África de Sul com a minha mãe, ao casamento do meu irmão.
(Ilustra discurso com o relato da nova viagem à África do Sul, relatando
episódios do casamento e completa com uma foto do mesmo).
PRA/
20
Gosto muito de viajar e nadar, dar passeios…. Adoro ir até à marina e viajar no
nosso barquinho pelo mar da costa da Madeira. Gostaria de fazer um cruzeiro
mas ainda não tive oportunidade. Já viajei várias vezes até ao Continente e
recordo uma das vezes que fui até Lisboa para comprar o stock para a minha
loja. Foram três dias muito agitados, para tratar das compras e dos envios para
a Madeira, enfim para que nada faltasse. Visitei várias fábricas de roupas,
calçado, acessórios artigos para o lar, da qual fiquei cliente e posteriormente
continuei a fazer as minhas encomendas para a minha loja de pronto-a-vestir.
(Ilustra discurso com os respetivos cálculos relativos aos lucros e respetivas
percentagens, descreve o funcionamento da sua loja e relata alguns episódios
vividos com os seus clientes. Apresenta também 6 fotos da montra da sua loja
de pronto a vestir)
Ao nível do laço social Indicadores (excertos)
CATEGORIA - V
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Dimensão ao nível do sistema de provação da relação a si próprio e aos outros:
Quem são as pessoas de esferas de influência social, rede de familiares e amigos,
que acompanham o trajeto de vida pessoal?
PRA/1
Fruto de uma mocidade que não vivi, uma idade que medi com
responsabilidade, encaminhado para a terceira fase da vida que é a velhice, com
muita dedicação e sempre com um sorriso no rosto. Sou uma pessoa muito
dedicada e sempre com muita responsabilidade, pronta para a ajudar os outros e
muito solidário com os colegas e família. No fim do dia de trabalho, vou para
casa com a minha esposa. Neste local partilhámos as tarefas e o trato da parte
da cozinha…Nós sempre vivemos em conjunto, partilhando os bons e maus
momentos da nossa vida, assim como dos nossos filhos. No mapa das minhas
aprendizagens da vida, muitas pessoas marcaram-me profundamente, as minhas
relações de amizade, assim um senhor de 63 anos, agricultor, 4ª classe, aprendi
a cultivar os terrenos, como fazer a agricultura, desde o tempo de rega, de
semear, mondar e colher, e deitar remédio. Com um outro senhor de 70 anos
aprendi a cuidar das mesmas, ainda com um outro senhor de 50 aprendi a
enxertar mangreiros e anoneiras. Com um técnico agrícola de 63 anos aprendi a
poda das árvores e modos de colheita dos frutos. Com um senhor de 70 anos,
comerciante, aprendi muito a nível de funcionamento de bares e mercearias… e
até a fazer poncha. Com o meu filho mais velho de 31 anos de idade, 12º ano de
escolaridade, motorista de turismo, e a minha nora de 30 anos, contabilista,
aprendi a ser avó, com a experiência por ter cuidado dos filhos, tenho o dobro
da atenção pelo neto. Sou muito tolerante, pois sou um avô babado. Com o meu
filho mais novo de 21 anos, 12º ano de escolaridade, aprendi a ser um pai mais
tolerante e mais moderno, visto que os tempos e épocas que vivi serem
diferentes, mas mesmo assim não é fácil corresponder aos tempos de hoje, pois
a madeira que fui educado, é muito diferente daquela que tento dar aos meus
filhos. Neste momento com o meu neto, quase 3 anos de idade, tenho aprendido
a ser mais tolerante e ter o dobro da disponibilidade como pai. Estando na fase
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de descoberta, transforma-me viver a vida mais feliz.
PRA/2
Graças a um grupo de amigos e de uma professora, fui tirar um curso de
informática, do ano 2003 ao ano 2004. Com o passar dos anos vi que precisava
de aprender mais alguma coisa, e a informática era importante, ter
conhecimentos ao nível dos acessórios do Windows, Microsoft word e Internet
Explorer. Foi com esta formação que consegui conhecimentos e ferramentas
para trabalhar no computador. Na altura não sabia tocar no rato nem sabia a
importância dos computadores. Recordo a minha primeira aula de informática,
quando olhei para o computador parecia-me um “monstro”, vi muitas teclas e
não sabia para que serviam. Nunca pensei que fosse capaz de aprender alguma
coisa. Escrever inicialmente não era fácil, demorava muito tempo no início, mas
com a prática tudo se foi tornando mais fácil. Também usei o Paint, o Power
Point, Excel e Internet. Aprendi a pesquisar e navegar na internet, usando
motores de busca (Sapo e Google). Para mim esta foi a descoberta mais
importante e muito boa, dei-me conta que podia descobrir e ter muitos
conhecimentos, sem ter que perguntar a alguém. A aceleração dos
conhecimentos e aproximação dos amigos e da família estão longe, são uma
grande vitória e conquista para mim. Primeiro fiz o meu e-mail, para depois
usar o Messenger, sendo que hoje o uso muito para comunicar com a família e
amigos. Neste momento o computador já não é um “monstro”, mas sim um
companheiro que me ajuda no dia-a-dia, tirando as minhas dúvidas e facilitando
a aproximação entre o mundo. Mesmo depois de acabar o curso, continuo a
aprender diariamente com o computador e uso da internet.
PRA/3
No percurso da minha vida decorreram acontecimentos marcantes, dos quais
passo a citar alguns que considero relevantes. Nunca esquecerei que foi a minha
mãe que me ensinou a fazer croché apenas com 9 anos. É uma situação que
sempre recordarei e que me tem servido pela vida fora, para mim e também
para eu poder ensinar para outras pessoas. (Ilustra o discurso com foto a fazer
croché). Com as minhas queridas velhinhas do Centro Social, aprendi a fazer
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renda antiga, para não se perder as tradições antigas e ainda a trabalhar na área
da tecelagem e no bordado. (Ilustra o discurso com fotos de artes manuais). Há
pessoas que passam na nossa vida, tal como o comboio passa na estação. Umas
entram com destino marcado, há outras que somente que entram por entrar, há
outras que ocupam um lugar especial e outras que passam só de passagem mas
que deixam a sua marca. Todas estas pessoas fazem parte do meu comboio da
vida, tem- me ensinado algo, por mais insignificante que seja, ou por muito
importante que marque profundamente…são elas: a minha mãe é viúva, tem 72
anos e tem a 4ª classe. Ensina-me muita coisa, desde cozinhar, fazer a lida de
casa e a ser uma pessoa honesta. Eu como filha e com outra mentalidade devido
à diferença de idades ensino-lhe outra maneira de ver a vida, dando maior
espaço ao optimismo, à esperança e a reflectir que na vida há outras coisas que
não são só trabalho. O que a minha mãe espera de mim, é que eu não desista
dos meus objectivos, faça o procedimento de estudos, e assim ela ajuda-me a
dar forças e ânimo. (Ilustra o discurso com uma foto de um cartão que contém
um poema dedicado à mãe. O meu marido é motorista de pesados, tem 49 anos
e 10º ano de escolaridade. Com ele aprendi a amar e aprendi a dar valor à vida,
aprendi a ultrapassar as fases menos boas que a vida nos proporciona. Nós
apoiamo-nos e aconselhamo-nos nos diferentes momentos da vida. O meu filho
mais velho é segurança e tem-me ensinado a melhorar o meu português, tanto a
nível da escrita como o falar. Ensinou-me também que se queremos algo mais
da vida, temos que lutar para consegui-lo, ajudou-me assim a ter mais vontade e
coragem para seguir em frente com o objectivo que me propus, frequentar as
novas oportunidades. Assim o nosso sonho conjunto fica concretizado. O meu
filho mais novo apesar de tenra idade, foi com ele que aprendi a dar os
primeiros passos a nível das tecnologias, desde programar o telemóvel para as
várias funcionalidades existentes, ou usar os recursos informáticos. O
computador tem-me ajudado na elaboração dos textos da história da minha
vida. Espero que finalize o processo RVCC e todos temos grandes expectativas
sobre este processo. A minha comadre é auxiliar de educação educativa, tem 31
anos e tem-me dado muito apoio psicológico e ajuda de forma que eu
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concretize o meu sonho para eu também poder aumentar a minha escolaridade.
Trocámos conhecimentos, e apesar dos problemas que a vida nos apresenta,
enfrentamos com um sorriso na cara, e com um pouco mais de optimismo as
dificuldades são mais fáceis de ultrapassar.
PRA/4
A família constitui sem dúvida o centro da minha vida relacional. Para além do
meu núcleo familiar (marido e filhos), a restante família assume grande
importância na minha rede de convivência diária. (Ilustra o discurso com uma
foto da família). Os meus pais foram os meus primeiros educadores e
desempenharam um papel importante na minha vida, aconselharam a
importantes decisões, e a quem eu procuro ajudar em tarefas do dia-a-dia. Os
meus filhos têm sido uma presença constante na minha vida, apesar de já serem
adultos e terem as suas vidas próprias, continuamos a partilhar muitos quer em
casa, quer em momentos de lazer, tenho aprendido muito diariamente com eles,
em questões de me manter na actualidade em questões culturais e socias, ao
nível das tecnologias (por exemplo, com eles aprendi muito, e o que sei em
relação aos computadores, telemóveis e novas tecnologias deve-se a eles.
Enfim…é um constante processo de transmissão e aquisição de conhecimentos.
Os meus irmãos, cunhados (as) e sobrinhos (os) continuam a ser as pessoas que
ao longo dos tempos têm estado sempre presentes nos bons e maus momentos e
com quem tenho partilhado muito. São as pessoas com as quais eu sei que
poderei contar e vice-versa. Toda a vida temos estado uns para os outros.
(Ilustra discurso com foto da família). Através das redes sociais é vantajoso no
sentido estabelecemos comunicação. Cita a frase: “ A amizade multiplica o
amor e divide a tristeza”, Bacon, in 101 pensamentos. Um dia encontrei “pedras
no meu caminho”, tendo por hábito olhar pela minha saúde, efectuando análises
de rotina, controlar o peso, a tensão arterial, ter as vacinas em dia, etc. e
recorrendo ao centro de saúde da minha área de residência para as consultas de
rotina com a minha médica de família, um dia tive uma surpresa…Foi assim,
que em Janeiro de 2007 foi-me diagnosticado após o resultado de uma biopsia
um carcinoma do cólon. (Ilustra discurso com a apresentação do relatório
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médico em anexo). Após o diagnóstico, surgiram-me de imediato um turbilhão
de emoções: medo, desespero, esperança, mas acima de tudo, coragem e força,
e fé para lutar. Foi estabelecido que eu deveria ser submetida à cirurgia e
posteriormente ser submetida à quimioterapia. Assim foi agendada a cirurgia
que teve lugar na clínica de Santa Catarina, e que consistiu na remoção do meu
cólon descendente. Devido a uma complicação da cirurgia foi-me removido o
baço, que é o órgão, sem o qual não podemos viver bem. Felizmente a
recuperação da cirurgia correu bem, e passados alguns dias recebi o resultado
da análise com uma boa notícia: as células malignas não haviam atingido os
gânglios e por isso não seria necessário efectuar quimioterapia. Desde então o
meu estado de saúde está controlado, e faço vigilância anualmente. Este
episódio da minha vida constituí um grande momento de aprendizagem.
Aprendi a estar na vida de outra forma, valorizando mais as pequenas as coisas
e as pessoas que me rodeiam; Encontrei amizade em pessoas que não esperava,
e com essas aprendi a dividir as tristezas e a multiplicar as alegrias, a somar os
bons momentos e a subtrair os maus. Aprendi a acreditar, ter Fé, lutar perante
as adversidades da vida e a nunca desistir. Aprendi que na vida nem sempre as
coisas correm como gostaríamos, mas mesmo perante os obstáculos e as
vicissitudes, temos que lutar para atingir os nossos objectivos. Aprendi a ser
feliz! Durante a minha recuperação escrevi uma carta que reflecte os meus
sentimentos vividos no momento da doença. (Ilustra discurso com a citação da
carta em forma de poema, intitulado “Um dia eu fiz uma escolha”, e no qual faz
um apelo ao Senhor pela sua cura e a força para seguir os seus passos. Termina
poema com a citação: “só pretendo com a minha total dedicação e empenho,
também dar o meu contributo para anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, um
Reino de Amor e Verdade.”)
PRA/5
A minha família está em primeiro lugar pois é o mais importante nesta vida.
(Ilustra discurso com uma foto acompanhada de um poema, com uma foto
intitulada o seu auto-retrato e acompanhada com a citação do poema “Urgente”
de Eugénio de Andrade). A minha mãe tem 67 anos, e não tem escolaridade
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pois nessa época não frequentavam a escola. Também os meus avós defendiam
que as mulheres deveriam ficar em casa. A profissão da minha mãe é
agricultora, e muito tem ensinado nesta área. O meu marido é motorista,
ensinou-me a conduzir, e até a nadar (…). Apoia-me muito quando estou triste.
O meu filho mais velho tem 8 anos, anda no 3º ano, é um bom aluno e ensinou-
me as primeiras lições no computador. O meu filho mais novo ensinou-me a ser
cada vez mais alegre na vida. Os meus amigos ensinam-me a ser simpática,
generosa e divertida. Os colegas de trabalho encorajam-me para enfrentar os
desafios do dia-a-dia. As pessoas da comunidade: senhor padre, senhora
enfermeira e a senhora bancária estimulam, encorajam para o investimento
académico. Conclui a sua rede de relações e amizades com a citação do poema:
“Fúria nas trevas o vento” de Fernando Pessoa.
PRA/6
São muitos os acontecimentos que no dia-a-dia que nos fazem aprender durante
a vida. Aqui deixo o registo de alguns que mais me marcaram e que foram para
mim lições de vida com todas as pessoas que me acompanharam ao longo do
meu percurso. Com elas aprendi a pôr em prática imensas coisas, e a ver nos
pequenos detalhes da vida factores tão importantes que normalmente nem lhes
damos atenção, mas que fazem parte da nossa vida. Tenho aprendido com a
minha família e o meu trabalho, o qual cumpro com a maior honestidade,
apesar de haver incentivos por vezes na vida que são desonestos, mas que tenho
sabido resistir, e dos quais não me arrependo. Costumo dizer que quase
costumo passar mais tempo com os colegas de trabalho do que com a família,
uns mais, outros menos amigos, uns de mais, outros de menos confiança, mas
quase sempre para que haja uma certa harmonia e um bom ambiente de
trabalho. A rede de relações e aprendizagens são de natureza diversa: Relações
Familiares – Esposa, filhas e pais; Relações de amizade – Um amigo de
infância (48 anos), o meu professor de Inglês (44 anos) e a minha colega de
longo tempo e amiga (30 anos); Relações de Trabalho – Director do Hotel (47
anos), o controlador de comidas e bebidas (39 anos) e a Directora Financeira
(34 anos). (Ilustra a rede de relações com um texto relativo a cada uma destas
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pessoas que fazem parte do seu ciclo de amizades).
PRA/7
Era a minha avó quem me contava muitas histórias e além de me dar muito
amor, e apesar de apenas ter concluído a 3ª classe, era uma pessoa muito sábia.
Sempre que eu estava doente, ela fazia um remédio que dava resultado.
Independentemente da idade, sempre fui uma pessoa muito corajosa e que
nunca desanimava perante as adversidades. (Ilustra discurso com foto da avó).
O meu “Mundo Relacional” é: as minhas filhas, a esposa, os meus pais e
irmãos, padrinhos, colegas, auxiliarem, professores e amigos íntimos. (Ilustra
discurso com oito fotos da família, das filhas, esposa e colegas da escola).
PRA/8
Foram sobretudo os meus amigos que ajudaram-me a crescer, e a criar o gosto
pela luta da vida.
PRA/9
A minha avó, a minha mãe e os meus irmãos foram quem ajudaram-me a
crescer. Actualmente a minha filha, o meu companheiro e o meu tio, ajudam-
me a ultrapassar os obstáculos do dia-a-dia.
PRAS/
10
Durante o tempo que vivi em casa dos meus avós paternos, tive muitos amigos
e colegas com quem brincava, na altura, a minha melhor amiga era a Sara. Ela
vinha a minha casa, e vice-versa. Também festejávamos os nossos aniversários.
Brincávamos à “apanhada”, à “cabra cega”, “às escondidas”, ao “peão”, “ às
quentes” e “às palmas” com as meninas. Também adorava desenhar, mas
sobretudo pintar com o meu grupinho da infância. (Ilustra discurso com foto
dos jogos tradicionais). Foi também através da minha amiga, que conheci a
Biblioteca Pública da Madeira, cujo espaço frequento, pois gosto de fazer as
minhas leituras. (Ilustra discurso com foto da fotocópia de cartão de utilizador).
PRA/
11
A minha mãe tem sido uma força determinante na minha vida, com ela aprendi
e ganhei força para ultrapassar as dificuldades. Nasci em casa, pois nessa altura
havia senhoras parteiras, e na nossa freguesia havia uma. Quando não havia
problemas de saúde, faziam-se os partos em casa. A parteira era a 1ª pessoa a
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pegar na criança, e ficavam como a primeira madrinha, e os pais da criança
tratavam como comadre. Nos meus tempos de criança, tinha as minhas grandes
amigas, brincava com a minha prima e com outras crianças que viviam perto de
mim. Fazíamos bonecas com panos, “brincávamos ao lencinho”, “ao avião”,
“ao jogo da macaca”… (Ilustra discurso com 2 fotos de jogos tradicionais).
PRA/
12
Com o meu marido aprendi muita coisa: a falar menos, a ser mais
compreensiva, liberta e calma. A minha filha ensinou-me a jogar Playstation, e
a minha amiga ensinou-me a estudar o código, e em contra partida ensinei a
fazer tricô. Quanto às minhas relações de trabalho mais próximas, tenho o meu
marido, e duas amigas e clientes do café. Quanto às relações familiares, tenho o
meu marido, as minhas filhas, e restantes familiares, que me dão força para
lutar contra todas as barreiras que apareçam na vida. (Ilustra discurso com a sua
foto de casamento na igreja e com o nascimento das suas filhas, bem como dos
seus pais e sogros).
PRA/
13
Durante a minha infância foram sobretudo os meus tios e os meus sobrinhos
que marcaram a vida. Naquele tempo não havia muitos brinquedos. Eu e os
meus irmãos divertíamo-nos a jogar ao “Avião”, à “Senhora”, “às prendas”,
fazíamos “Joeiras”, “papagaios” e “carrinhos de pano”. Também
frequentávamos o Baile Infantil do Livramento, que entretanto acabou….
PRA/
14
No mapa das minhas relações e aprendizagens, destaco a minha esposa, com ela
aprendi a cozinhar e a responsabilizar pela casa e ter muita vontade para ter
uma família feliz. A minha mãe que sempre me incutiu a necessidade de
respeitar as outras pessoas e as ajudar…Com o meu pai aprendi a lutar, a não
ter medo da vida…Com as minhas filhas aprendi a viver feliz, a sentir que cada
dia vale a pena viver a felicidade. Com o meu irmão aprendi a arte de eletricista
e ensinei-lhe a conduzir o carro e a mota.
PRA/
15
No mapa das minhas relações e aprendizagens, assinalo o meu pai, com o qual
aprendi a vida da agricultura. A minha mãe que me deixou os seus
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ensinamentos, nomeadamente quando me recomendava para não andar coma
más companhias. Na oficina aprendi com o me amigo a compor os carros e
outras situações relacionadas com a manutenção dos automóveis. Com um
outro amigo aprendi a andar de mota. A nível profissional aprendi também com
um amigo a trabalhar com uma máquina e também já ensinei a outros colegas
de trabalho o manuseamento das máquinas. O meu conhecimento com o
computador e internet começou cerca de um ano e meio, aprendi com as minhas
sobrinhas e sozinho. Devo a aprendizagem nas tecnologias, mais precisamente
o uso do computador às minhas sobrinhas…
PRA/
16
As pessoas que fazem parte da minha vida no que concerne a aprendizagens
significativas são: a minha mãe com 79 anos de idade (hoje falecida), não
andou na escola mas sabia ler, a tia ensinou-a a ler e a escrever, porque o meu
pai emigrou para o Brasil. Assim, ela escrevia as suas cartas e também nos
ajudava nos trabalhos da escola. (Ilustra discurso com a foto da sua mãe).
A minha irmã mais nova, com 49 anos de idade e que tem o 12º ano de
escolaridade, ela me tem ajudado nos meus desempenhos escolares, ensina-me
a trabalhar com o computador, porque não sabia mesmo nada e, assim, tenho
feitos diversas actividades, desde percentagens, gráficos e pintar, escrever, etc.
Sempre me ensinou que não há causas inatingíveis, que as nossas vidas são do
tamanho dos nossos sonhos, ela diz-me sempre que: querer é poder…é ela que
me impulsiona a ir em frente perante os obstáculos. (ilustra discurso com a foto
da sua irmã). Tenho também uma vizinha com 76 anos de idade, que é
analfabeta, mas tem uma sabedoria que só se adquire na Universidade da Vida.
Com a sua calma e o seu jeito próprio de ser, ensinou-me a reflectir sempre
antes de agir, em qualquer situação que se apresenta pela frente. Ensinou-me
que a união faz a força, que é muito importante manter a família sempre unida,
pois assim se consegue vencer qualquer barreira que se atravesse na nossa vida.
(ilustra discurso com a foto da sua vizinha). A minha sobrinha, que tem 26
anos, com o 12º ano de escolaridade e é Comissária de Bordo com a sua alegria
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pela vida, ensinou-me a valorizar as pequenas coisas que a vida oferece, a estar
sempre de espírito aberto para as mudanças que vão surgindo na nossa vida e
neste período moderno. (Ilustra discurso com a foto da sua sobrinha). O meu
amigo de 55 anos de idade e com o 12º ano de escolaridade, e que exerce a
actividade de Polícia, por causa da sua maturidade e segurança naquilo que faz
e diz, ensinou-me a valorizar o meu trabalho e a resolver qualquer dificuldade
ou problema que se apresente na minha vida, até mesmo a improvisar se
necessário, sempre de cabeça erguida e satisfação (ilustra discurso com a foto
do seu amigo). Um outro amigo que tem 35 anos, e é professor de Educação
Física, ensinou-me a descontrair e a baixar o stress de pois de um longo dia de
trabalho. Ensinou-me a não desistir mesmo quando as expectativas não
correspondem ao que queríamos, mesmo que a nossa força esteja no limite.
Temos que nos valorizar e acreditar nas nossas potencialidades. (Ilustra
discurso com a foto do professor amigo).
PRA/
17
Passei a minha infância com os meus pais, mas visitava muitas vezes os meus
tios e um casal amigo e as suas duas filhas, daí partiu uma amizade de criança
que ainda hoje existe. A minha primeira vez que fui para o Funchal estudar
tinha ido juntamente com uma amiga que vivia próximo da casa dos meus pais.
Eram tantas as saudades que resolvemos um dia vir passar um fim de semana a
casa. Pedi autorização à irmã superior, mas não disse que vinha para casa,
disse-lhe que ia passar o fim de semana a casa dos meus tios, que viviam junto
do nosso colégio e, para isso, tinha autorização dos meus pais. Por isso mesmo
menti, mas por uma boa causa. (Ilustra discurso, narrando a aventura entre ela e
a amiga nesse fim de semana).Ainda me recordo as aventuras no tempo de
criança, sempre tive o contacto desta amiga e sempre que nos encontramos, as
nossas conversas vão sempre bater a essas aventuras. Com esta colega,
aprendemos em conjunto a lidar com os nossos defeitos e a ultrapassá-los, nos
momentos menos bons.
PRA/ Reflectir sobre a rede das minhas relações tendo em conta do que os outros
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pensam de mim, e realmente uma das minhas preocupações. Tenho sempre
presente o meu modo de agir de maneira de que os outros fiquem com uma boa
impressão de mim mas, esta ideia tem limites. Os amigos são uma parte
importante da minha vida. Acho que sem amigos e impossível viver embora
tenha muito cuidado na escolha dos amigos. Quem tem um verdadeiro amigo
tem um tesouro, mas no tempo em que estamos não e fácil fazer amigos porque
cada um só pensa no seu bem. Um verdadeiro amigo e aquele que esta comigo
quando estou bem e quando eu estou mal e aquele que da razão quando não a
tenho. Numa fase da minha vida durante uns três anos tive de fazer companhia
a uma senhora velhinha que vivia sozinha, não tinha família nem casa para
viver e os meus pais então emprestaram-lhe uma casa. Não o fiz com muito
gosto porque preferia estar em casa. Ainda hoje, lamento não o ter feito de boa
vontade, no entretanto foi uma “lição” porque agora estou mais sensibilizada a
ajudar as outras pessoas e aprendi muito os segredos da vida com essa senhora
e a minha mãe.
PRA/
19
Eu tinha uma amiga e vizinha, que era a Rita e nós íamos sempre juntas para a
escola. Como a minha casa ficava antes da minha amiga Rita, era sempre eu a
chamá-la. (Ilustra discurso com o relato das vivências com a sua amiga na
infância). Brincávamos muito amigas na infância, ao lenço, ao anel, ao gri-gri,
às pedrinhas, etc… Eu preferia brincar ao lenço. Fazíamos uma roda e eu por
for ia cantando, até deitar o lenço atrás de alguém. Claro que preferia sempre a
minha amiga Rita. Quanto às pedrinhas, era para acertar as cinco pedras em
cima da palma da mão e as que caíssem, tínhamos de juntá-las até perfazer
novamente as cinco pedrinhas. A Tia Conceição foi das pessoas que mais
referências marcaram na vida. Com ela aprendi desde a trabalhar na fazenda,
como na agricultura. A minha patroa, que era muito exigente, mas que mais
tarde percebi que era para o nosso bem, era preciso aprendermos as coisas
certas e termos alguma qualidade no nosso serviço e na nossa imagem. A Dona
Filomena, que era a minha professora de música, foi a minha grande mestre. A
professora dizia que era bom tocar por ouvido, mas tinha de aprender a tocar
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com a pauta à minha frente. Passados uns tempos, a professora fez-me uma
proposta e apresentou-me um programa no qual eu tinha de tocar numa missa e
eu pensei: “não vou ser capaz de tocar numa missa, com tanta gente e o senhor
padre a assistir”. Pensei que se não saísse bem, não saía, errar é humano. E eu
fiquei mais calma. No final, só ouvi baterem palmas. Todos nós ficamos muito
contentes. (Ilustra discurso com a fotografia do grupo e a tocar o órgão em
conjunto com os membros do coro da paróquia). Tenho também como pessoas
das minhas relações uma das minhas tia e primos, dados que na época tinham
um carro e como não havia na nossa casa carro, era uma alegria tão grande
quando nos vinham buscar para passear, era maravilhoso viajar todos juntos
pela Madeira…
PRA/
20
Na minha casa, eu a minha irmã, desenhávamos no chão o jogo com um caco
de telha e jogávamos com uma pedrinha, também brincávamos ao “jogo das
cinco pedrinhas” e um “jogo com linhas”, eram tão engraçados e nós ficávamos
tão felizes!...Recordo-me também nas minhas relações de amizade, os meus
irmãos mais velhos que faziam “papagaios” eram tão linhos e atiravam-nos ao
vento com as linhas de croché da minha mãe, que ficava danada…também
jogavam ao pião e com um arquinho iam caminhando felizes pela estrada fora,
era tudo tão natural e belo na natureza…Também faziam aqueles carrinhos de
arame forrado com canas “vieira”, cortadas de forma pequena, que nos dias de
hoje, pouca gente sabe fazer. (Ilustra discurso com 4 fotos de diversos jogos
tradicionais). Nos fins de semana como éramos uma família numerosa,
juntávamos – nos todos com os vizinhos no caminho onde não passavam carros,
e brincávamos e fazíamos vários jogos até ao anoitecer, numa grande rede de
laços de amizades. Recordo que os valores da amizade e de solidariedade eram
praticados em grupo, éramos todos tão amigos e todos cooperavam nos jogos
desde o jogo do lenço, à cabra-cega, ao jogo do anel (…). As pessoas mais
velhas também jogavam. O jogo que mais gostava era a matança, era feito com
uma bola média que arranjávamos com trapos velhos e jogávamos todos muito
felizes! (...). (Ilustra discurso 2 foto dos jogos tradicionais realizados na época).
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Ao nível do laço social Indicadores (excertos)
VI - CATEGORIA
Dimensão ao nível do sistema de provação em relação à história e aos coletivos:
Quais são os momentos históricos e coletivos que atravessam os percursos
individuais?
PRA/1
Já trabalhava na escola, quando chegaram alunos a comentar que havia um
Golpe de Estado. Na rádio não transmitiram o noticiário, só passavam músicas
de Zeca Afonso. Tivemos que levar os alunos mais cedo para casa, quando dão
a primeira notícia ao País, fala-se no M.F.A. no General Spínola, Capitão
Salgueiro Maia, Saraiva de Carvalho, entre outros. Portugal no domínio das
Forças Armadas, sendo a Junta de Salvação Nacional que é o M.F.A. a
comandar todo o território português. Mandaram para a Madeira o Almirante
Américo Tomás e Marcelo Caetano que ficaram uns dias exilados no Funchal,
Marcelo Caetano pediu asilo político no Brasil. Suspenderam-se as Guerras nas
Colónias portuguesas e eu fiquei contente, porque assim não iria para lá
combater, e o meu irmão que estava lá voltou mais cedo para casa.
PRA/2
O que mais me preocupa no mundo é como as pessoas vivem em certos países,
passam fome, têm pobreza, contaminam o ambiente, a guerra, o racismo, tudo
isto preocupa-me, todos nós somos humanos, essas pessoas têm o mesmo
direito de viver em paz e amor. Por vezes o egoísmo, a inveja levam à
separação e à maldade entre os Homens.
PRA/3
Há uma coisa que me preocupa muito no mundo, é a fome que a sociedade
atravessa é triste ver principalmente tantas crianças a passar por tal…Todos os
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dias quando vou à “fazenda” e recolho as minhas hortaliças para o meu uso
diário trago tanta fartura que chego a ficar com remorsos, é como diz o velho
ditado: “Uns com muito, outros sem nada”. (Ilustra o discurso com uma foto de
crianças famintas). Preocupo-me também com a actual juventude, que muitas
vezes perde a cabeça, que se mete na droga e prostituição, à procura de uma
vida fácil, de uma vida de engano, onde só há ruína e infelicidade para eles,
familiares e sociedade. (Ilustra o discurso com uma foto de toxicodependentes).
PRA/4
Em 1964, tinha eu 5 anos e lembro-me da inauguração do aeroporto de Santa
Catarina, junto à minha casa, ai estava o primeiro aeroporto na Madeira. Cita a
fonte: www.fsportugal.com com a notícia, “ No dia 8 de Julho de 1964 tinha eu
um ano, o Super Constellation da TAP, aterra pelas 11h24, transportando uma
larga comitiva de convidados, onde se destacava o presidente da TAP,
engenheiro Vaz Pinto. Na cerimónia de inauguração também estava o
presidente Américo Tomaz. A partir desse dia o sonho de todos os Madeirenses
estava realizado. Apesar de ser ainda criança, recordo muito bem esse dia em
que fui assistir à inauguração. Mais tarde, em 1986 a casa onde nasci foi
expropriada devido à ampliação do aeroporto. A minha adolescência foi vivida
na altura do Estado Novo, regime político liderado por Salazar, e mais tarde por
Marcelo Caetano. Tive de aprender as regras políticas associadas à ditadura que
se vivia na época. Na escola, junto do Crucifixo de Jesus Cristo era obrigatório
ter a fotografia de Salazar. Não se podia falar em política adversa relativa ao
Estado em público. Muitos programas de TV e rádio eram submetidos à
censura, e alguns proibidos de serem emitidos, enfim…Tudo muito diferente da
liberdade em que se vive nos dias de hoje na nossa sociedade. (Ilustra o
discurso com duas fotos de Salazar e de dois jovens da Mocidade Portuguesa).
PRA/5
A conjuntura actual da sociedade apresenta-nos muitas dificuldades ao nível
económico, o desemprego por exemplo, tem vindo a aumentar em Portugal,
atingindo valores preocupantes. O desemprego atinge principalmente a classe
média, e mais as mulheres, sendo que para estas a taxa é de 8 por cento,
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enquanto os homens desempregados são 6,4 por cento, também entre os jovens
que as taxas são mais elevadas, com quase 16 por cento dos portugueses com
menos de 25 anos sem trabalho. São cada vez mais as famílias que são
confrontadas com a perda do seu emprego, ficando em situações de aflição,
para poderem cumprir com as suas responsabilidades financeiras, visto que a
maioria possuí créditos bancários, e não podendo pagar ficam sujeitos a perder
os seus bens. Não só a perda dos seus bens como da sua qualidade de vida da
alimentação, de um vestuário, cultura e lazer. (Ilustra discurso com uma foto de
um grupo de manifestantes desempregados). Actualmente a sociedade também
se confronta com o suicídio, e tem sido apontado como a terceira maior causa
de morte a nível mundial. Idosos são o grupo de maior risco, principalmente o
homem viúvo, reformado e socialmente isolado. Também jovens entre os 15 e
24 anos, solteiros e normalmente habitantes de zonas rurais, por causa do meio
social isolado, e também não menos preocupante, os das zonas urbanas pelo
consumo excessivo de álcool e drogas. A maioria das pessoas que tentam o
suicídio estão psicologicamente perturbadas, trata-se de pessoas que sofrem de
depressão, problemas afectivos. Algumas causas são: o divórcio, perda de
emprego, perda de familiares e problemas de saúde grave. Em suma, falar é
preciso, poder falar com alguém é um importante factor de protecção.
PRA/6
No meu tempo de criança juntamente com dois amigos inseparáveis,
dedicávamos os nossos tempos livres, a criar os nossos próprios brinquedos.
Eram os “carrinhos de madeira”, “os papagaios” que chamávamos “joeiras”, os
“carrinhos de arame” com “canas de bambu”, o arco de dois paus que tinham
dois suportes para andar em cima que chamávamos “cambadinhos”. Etc.
Concorria-mos para ver quem conseguia fazer melhor, quem conseguia chegar
mais longe, por exemplo com os cambadinhos, era sempre uma
festa…Jogávamos também à batalha naval, às palavras cruzadas, o jogo das
palavras que consistia, por exemplo, em pedir ao outro jogador para dar o nome
de cinco capitais europeias, ou de cinco países da América Latina, etc..Alguns
anos depois tocávamos viola, ouvíamos música, íamos ao cinema, dávamos
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alguns passeios, lembro-me que entre os meus 13 e 15 anos, fui três vezes ao
Porto Santo, dormíamos na areia, foi espetacular, a viagem no barco que era
Pirata Azul, não era muito agradável, mas apesar de tudo era muito bom. A
minha avó fazia pão, bolos e broas caseiras que eram uma delícia, às vezes
tenho o pressentimento que ainda sinto aquele cheirinho e
paladar...Historicamente decorreram acontecimentos importantes ao longo da
minha vida. O Presidente dos Estados Unidos, Jonhn Kennedy, foi assassinado
a 22 de Novembro de 1963. (Ilustra discurso com foto do Presidente).
Recordemos também os “Beatles”, famoso grupo de rock fundado em
Liverpool, Inglaterra no final da década de 50 e constituído: Jonh Lennon, Paul
McCarteny, George Harrinson e Ringo Starr. (Ilustra discurso com foto do
grupo). Recordo os momentos trágicos vividos no terramoto do Índico, que
ocorreu a 26 de Dezembro de 2004, que fez aproximadamente 220 000 vítimas.
(Ilustra discurso com foto do terramoto). Recordo também os atentados de 11
de Setembro de 2001, que destruíram as torres gémeas de Nova Iorque, que
consistiram numa série de ataques suicidas coordenados pela Al-Qaeda contra
alvos civis nos Estados Unido. Em Portugal recordo o golpe de Estado Militar
de 1974, que derrubou o regime político que vigorava em Portugal desde 1926.
Aqueles primeiros anos após o 25 de Abril, o país vivia uma anarquia, eram
greves em cima de greves, toda a gente reivindicava muito bem os seus direitos,
mas sem saber como, aderia-se a uma greve ou ia-se a uma manifestação só
porque víamos os outros lá, pintávamos as paredes e afixavam cartazes,
escreviam frases agressivas, algumas não por convicção política, mas porque os
outros o faziam, achavam piada e estava na moda, tudo isto parecia um barco à
deriva. No dia 1 de Janeiro de 1986 na então chamada CEE. A entrada
representou uma enorme expectativa e um grande aumento de confiança para os
portugueses em relação ao futuro, que até então era desilusão atrás de desilusão.
Apesar de tudo, penso que Portugal pode orgulhar-se por pertencer à Europa e
ser membro activo da União Europeia, a adesão à Europa Comunitária e ao
Euro foram boas opções políticas, porque se assim não fosse, seríamos um país
isolado, remetido para um terceiro-mundismo instável, subdesenvolvido e a
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nossa moeda seria irremediavelmente desvalorizada, sofrendo uma constante
inflação e de taxas de juros insuportáveis. No âmbito da literatura recordemos
também José Saramago, que recebeu o Prémio Nobel da Literatura, sendo
entregue por Sua Majestade o rei Carlos XVI da Suécia em Estocolmo, no dia
10 de Dezembro de 1998. (Ilustra discurso com 2 fotos destes acontecimentos
históricos.)
PRA/7
Vivemos num mundo actual que nos obriga a acompanhar-nos a sua evolução.
Curioso é o funcionamento das plataformas de e-learning e as Formações. O e-
Learning é mais motivador pois é possível recorrer a elementos multimédia, o
que nos proporciona uma experiência mais enriquecedora, além de permitir a
interactividade. Por outro lado, adapta-se ao ritmo individual de trabalho,
solucionando o clássico problema da heterogeneidade das turmas. Outro
aspecto relevante prende-se com os factores económicos e ambientais, uma vez
que minimiza ao máximo as deslocações entre a residência do formando, e a
instituição local onde decorre a formação – menor consumo de energia, melhor
ambiente, e menos despesas inerentes à deslocação. O horário flexível permite
trabalharmos ao ritmo do nosso horário e de acordo com as nossas necessidades
e gosto. Em 2006, candidatei-me a uma especialização na ESEC (Escola
Superior de Educação de Coimbra) e fui aceite. A especialização era em regime
presencial, facto que invalidou a minha frequência no curso. Entretanto
regressei para a Madeira e reconheci que um dos principais obstáculos era na
verdade, por um lado, a inexistência desse tipo de formação no arquipélago e,
por outro lado, o carácter obrigatório presencial da formação. Estes dois
factores associados impediram a concretização deste meu projecto de vida.
PRA/8
Para mim tudo é importante e diferente, felizmente gosto de tudo porque
adapto-me às exigências da sociedade. Neste tempo em que tudo é rápido e se
eu tivesse mais tempo livre gostaria de ajudar mais a minha família. Gosto
também de tirar fotos, principalmente aos meus filhos quando passeamos, para
poderem recordar mais tarde a época que vivemos. (Ilustra discurso com 4 fotos
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pessoais e familiares).
PRA/9
Neste momento preocupa-me imenso a situação do nosso País, ao nível do
desemprego, do ambiente, entre outros factores que ameaçam a nossa
sociedade. Quero, a partir de agora, dedicar mais tempo a pensar em mim, a
preparar o meu futuro, e acima de tudo, pensar em conseguir dar melhores
condições de vida à filha, e dar-lhe todas as oportunidades que não tive. Vou
fazer de tudo para que ela nunca desista dos seus objectivos, e quero também
alcançar os meus objectivos, que são formar-me, conseguir evoluir, ir mais
além, e conseguir um trabalho para evoluir a nível profissional, uma vez que
nunca trabalhei fora. Assim, poderei ter o meu dinheiro para não depender do
ordenado do meu marido, pois a sociedade nos dias de hoje, exige que cada um
de nós dê o seu contributo profissional. (Ilustra discurso com a apresentação de
um gráfico relativo à evolução do desemprego em Portugal e um texto relativo
à situação dos desempregados em Portugal).
PRA/
10
Vivemos numa sociedade em que é importante conhecermos os órgãos de
soberania. Existem órgãos do poder político específicos que pertencem às
Regiões Autónomas e às Autarquias. Precisámos de acompanhar o poder local e
as suas funções. (Ilustra discurso com dez fotos alusivas com o Governo, e
textos relacionados, desde as funções do Governo; o modo como este se forma;
qual é o seu programa; a Assembleia da República Portuguesa; a relação entre o
Governo e os Tribunais; a relação entre o governo e as relações autónomas; e a
relação entre o governo e a administração pública). (Faz referência também ao
poder regional das Regiões Autónomas, Açores e Madeira, apresentado a
bandeira de cada uma delas).
PRA/
11
Naquele tempo por altura da Páscoa, os rapazes brincavam ao “Pião”. Uma
colega minha que também tinha pais com uma mercearia, um dia chegou à
escola com um pião, e também se pôs a jogar com os rapazes. Foi a primeira
rapariga na turma a ter um pião. Eu também como gostava de jogar, tirei um da
mercearia do meu pai sem pedir-lhe, pois sabia que os meus pais não queriam
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que eu tivesse um pião. Quando o meu pai descobriu que eu andava a jogar ao
pião, e que tinha tirado um da mercearia sem pedir, bateu-me, pois tinha tirado
sem a sua autorização, e como rapariga a sociedade não aceitava que jogasse ao
pião… No início da minha adolescência muita gente não tinha televisão, e o
meu pai na altura em que apareceram os televisores, não quis comprar, pois
achava que ver TV era uma perda de tempo, e não trabalhar. Aos meus 17 anos
o meu pai sempre comprou TV, e já foi a cores, sendo que fomos os primeiros
no sítio a ter desta maneira. Recordo-me que eram muito caros.
PRA/
12
Um dos momentos vividos na nossa sociedade, está relacionado com a
Eutanásia. A prática desta acção sempre foi motivo de dúvida por parte da
nossa sociedade. Actualmente colocam-se várias questões em causa, perante
este tema tão polémico, tais como: a eutanásia não vai contra os direitos do
Homem? Contra a ética? Será justo retirar a vida a uma pessoa? A vida não
cabe apenas a Deus determinar? Será um homicídio assistido? Como podemos
ver, são diversas as questões, e muitas não têm uma resposta clara, nem
objectiva. (Ilustra discurso fazendo uma reflexão relacionada com a eutanásia,
onde menciona os prós e contras, bem como a Declaração dos Direitos
Humanos, apresentado também dados estatísticos relacionados com a
legalização da eutanásia).
PRA/
13
Naquela época da minha infância, era comum os vizinhos (tantos os jovens
como os mais velhos) meterem medo a mim e aos meus irmãos. Todas as noites
entrava lá em casa, uma “velha” de preto para assustar. Um dia a minha mãe
chegou a casa mais cedo, e era uma vizinha. Certo dia, enquanto fomos brincar,
uns vizinhos decidiram fazer uma partida à minha irmã, pois sabiam que ela
tinha medo de mortos. Foram ao guardo fatos do meu pai e tiraram um fato.
Encheram de roupa para fazer um boneco de braços abertos, e colocaram na
cara um chapéu. Depois pegaram no boneco e deitaram na cama da minha irmã.
Quando chegámos a casa, a minha irmã estava a gritar porque estava um morto
dentro de casa. Outros vizinhos que ouviram os gritos vieram ver o que se
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passava. Descobriu-se logo quem tinha sido, visto que estavam em cima de uma
árvore a rir. Eles foram castigados, e recordo-me que levaram ali mesmo uma
tareia.
PRA/
14
Hoje vivemos numa fase de um mundo moderno. Recordo por exemplo o meu
nascimento que foi feito pelo meu pai que acabara de chegar do mar…pois era
pescador. As minhas filhas pelo contrário tiveram outra assistência hospitalar.
Hoje temos muitos meios de transporte e tudo é mais rápido…Eu por exemplo
também recordo a propósito de transportes, que quando fui tirar carta de
pesados para poder conduzir transportes públicos, logo se conseguia um
emprego, hoje já está muito difícil…
PRA/
15
As brincadeiras eram diferentes das actuais. Brincávamos na terra com
brinquedos que nós próprios construíamos, jogávamos à bola, tínhamos
carrinhos de canas e de madeira. Por vezes, os meus irmãos e eu fazíamos
algumas asneiras, pelas quis éramos severamente repreendidos. Actualmente, as
brincadeiras das crianças são muito diferentes são modernas, existem as
tecnologias, e têm acesso assim aos computadores desde muito novas, têm as
playtations, jogos de vídeo e mp3, o que contribui para que as crianças já não
brinquem na rua, já convivem muito pouco umas com as outras. (Ilustra
discurso com uma foto em criança onde está brincando com um Carrinho de
Canas).Um dos momentos mais marcantes na minha infância era quando ia a
casa de uma vizinha ver televisão com os meus irmãos, porque na nossa casa
não havia televisor…Quando eu nasci o meu pai trabalhava na construção civil,
como ajudante de pedreiro e, em casa cultivava semilhas, batatas, couves e
vinha, enfim diversos produtos agrícolas. A minha mãe era bordadeira e dona
de casa. Actualmente, o meu pai encontra-se inválido e a minha mãe também já
tem dificuldades, já não trabalha…
PRA/
16
Naquela época não havia televisão, mas a população ouvia muito na rádio as
notícias, música e romances… Quando faltava a luz, substituíam a corrente por
baterias (pilhas). Menciona também a grande tragédia que abalou sobre a ilha
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da Madeira no dia 20 de fevereiro de 2010. (Ilustra o seu discurso com a
descrição da tragédia nessa data).
PRA/
17
Na minha altura de infância, não havia televisão, não havia internet, nada de
playstations, Nintendo ou jogos de vídeo. Passava tardes a brincar com os meus
primos e amigos que viviam próximo da casa dos meus pais. A minha única
condição era voltar para casa ao anoitecer. Estas brincadeiras aconteciam na
altura das férias, porque durante o período escolar, os meus pais não
autorizavam eu sair de casa. As nossas brincadeiras eram bem diferentes dos
meninos de hoje. Brincávamos ao jogo das escondidas, ao jogo da pedrinha, ao
jogo da matança, utilizávamos uma bola pequenina passando de um lado para
outro, até acertar em alguém, ao jogo do anel, ao jogo do lenço, entre muitos
outros. Eram jogos simples e pouco sofisticados, mas éramos felizes.
Brincávamos ao ar livre, na natureza, num ambiente saudável. E mais,
brincávamos sem a presença dos adultos a vigiar-nos. Estávamos entregues a
nós próprios, livres como passarinhos. Também tínhamos a nossa liberdade, os
nossos fracassos, os nossos sucessos e deveres. Aprendíamos a lidar com cada
um deles. Lembro-me de existir uma nascente e que os meus pais mandavam-
me ir buscar água. Quando chegava a casa, essa água era deitada num pote de
barro chamado infusa, para aguentar a água fresca. Não havia garrafas ditas
atualmente esterilizadas e os meus pais morreram velhinhos. Nessa altura, não
se deitavam pesticidas nos terrenos. Por isso mesmo, a água era saudável,
mesmo ficando no pote de barro. O desenvolvimento traz coisas boas, como
também, traz menos boas…Na altura em que frequentei o colégio no Funchal,
sofri muito, apanhei o 25 de Abril onde houve algumas manifestações, faziam-
se muitos comentários da vida política, assisti ao incêndio da loja SOCARMA e
por tudo isso ficava muito assustada. Mas também tive coisas boas nessa altura.
PRA/
18
O que mais me preocupa com o mundo é a degradação dos valores humanos.
Eu vivi num tempo em que tínhamos muitas dificuldades em todos os sentidos
porque faltavam-nos os meios de aprendizagem, também os meios financeiros
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mas vivíamos com confiança, podíamos comprar e vender uma coisa so com
uma palavra, ainda hoje tenho terrenos que eram dos meus pais que foram
comprados sem confirmar a compra, ou seja sem fazer a escritura e nunca
houve problemas!... Actualmente existe novos equipamentos e nova tecnologia
bem como a internet onde a sua utilidade e sem dúvida indispensável para
vivermos hoje em sociedade. (Ilustra discurso apresentando uma reflexão sobre
as novas tecnologias e as suas vantagens).
PRA/
19
Atualmente a sociedade e particularmente a Região Autónoma da Madeira,
apresenta uma taxa de desemprego preocupante. (Ilustra discurso com um
gráfico relativo ao período de 2008 na RAM, bem como em Portugal um
quadro estatístico referente ao terceiro trimestre de 2008). Uma outra situação
preocupante é o consumo do tabaco. (Ilustra esta preocupação com a
apresentação de um inquérito e de um texto que mostra a forma de ajudar a
prevenir o tabagismo). Com a conjuntura actual, o acesso aos créditos estando
mais dificultados, na sociedade o suicídio começa a ser um problema
preocupante. A maioria das pessoas que atentam contra a própria vida, está
psicologicamente perturbada, o que não significa que sejam doentes mentais ou
malucos. Trata-se de pessoas que sofrem de depressão, sobretudo pela fase
actual que a sociedade está a enfrentar. (Ilustra discurso com um texto
relacionado com esta temática).
PRA/
20
Neste mundo, na sociedade actual preocupa-me a degradação do meio
ambiente, que está a crescer, piorar cada vez mais…Preocupa também a
pobreza e a fome que já os nossos passados sofreram devido à guerra e que
actualmente está sendo de novo um indicador na sociedade pela situação
política e social. O endividamento das famílias, o recurso ao crédito, o suicídio,
o consumo do tabaco e das drogas, uma multiplicidade de problemas sociais.
Em todo o mundo, há crianças maltratadas, abandonadas e exploradas, assim
como também existe indiferenças a estes problemas sociais e humanitários.
(Ilustra discurso com a citação de um Poema intitulado “Esperança” justifica-o
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como necessidade de termos esperança na sociedade atual para ultrapassar a
conjuntura de crise que atravessamos). Um dia também fui convidada para
pertencer à lista de um partido político mas para não criar conflitos, não aceitei.
Uma vez que o voto é secreto, o mais importante é votar, que é o dever dos
cidadãos. A verdade é que nem todos os cidadãos o fazem, “Todos se
subscrevem, mas nem todos respeitam”. Os políticos utilizam um discurso
persuasivo- argumentativo nas suas campanhas políticas, estes exigem uma
organização lógica de argumentos, uma argumentação para convencer o seu
público de maneira a que o raciocínio da pessoa que discursa convença o
público.
Utilizam um tom de voz alto e claro com a finalidade de convencer os presentes
na sua ideologia. Estes, os políticos, como líderes de cada partido, devem a
partir do seu talento, da sua vontade e da sua disciplina conquistar o respeito e a
amizade dos colaboradores pelos seus próprios méritos. (Ilustra discurso com 2
fotos da Campanha Eleitoral e com um espetáculo do Concerto do Paulo
Gonzo).
Ao nível do laço social e individual Indicadores (excertos)
VI I - CATEGORIA
Dimensão ao nível do sistema de provação relacionada com a religião:
Quais são vivências e percursos religiosos significativos ao longo das trajetórias
de vida de cada ator?
PRA/1 Graças a Deus, que com muita fé, por volta do ano 1980, tive uma das maiores
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alegrias pois, depois de ter casado e ter vivido numa casa arrendada, pude
usufruir do meu lar. Considero que toda a gente deve lutar para o ter o
“chapéu”. Costumo dizer: “mesa quando comas, casa que te agasalhes e terra
que não saibas.”
PRA/2
Sou da Religião Católica, tenho cumprido os meus Sacramentos Religiosos, fiz
a minha 1ª Comunhão, Confirmação e o Crisma, estando assim na catequese
durante 9 anos. Recebi os meus sacramentos na minha Paróquia. Sentia-me
feliz, o que me ajudou a superar a distância dos meus irmãos. Os meus pais
fizeram de tudo para que me sentisse bem. A religião proporcionou-me uma
boa educação. Sou de uma família média e humilde. O que eu sei e sou, foi
fruto daquilo que aprendi no seio da família e no seio religioso, sempre segui os
exemplos e conselhos dos meus pais, e a fé universal. A riqueza que eu tenho
em mim, devo à minha fé e família, os meus pais diziam, “ Quem boa cama
busca, nela se deita”, sempre tentei seguir esta máxima e procurar um bom
caminho. (Ilustra este discurso com fotos dos sacramentos realizados: 1ª
comunhão e Crisma). O meu matrimónio foi na Madeira, na paróquia onde
residia (Ilustra uma foto do casamento na paróquia onde se realizou).
PRA/3
Porque com as mãos começa o meu dia, bendizendo, o “Senhor”, através do
sinal da cruz com as mãos, faço todo o tipo de trabalhos, acarinho e sou
acarinhada, com as mãos tudo posso, tudo faço, com as mãos semeio o trigo,
com as mãos amasso o pão. Enfim, necessito das mãos para tudo o que faço.
Agradeço muito a Deus. (Ilustra o discurso com uma gravura da sagrada família
com as mãos levantadas para o céu). O dia 30 de Outubro de 1982 foi uma data
especial, foi a do nosso casamento na igreja de nossa senhora de Fátima. A
festa foi num restaurante chamado “El vitoriano” na cidade de “La Victoria”.
Tudo correu bem, a lua-de-mel foi inesquecível, e nunca esquecerei aqueles
momentos tão importantes na minha vida, Graças a Deus. (Ilustra discurso com
foto de casamento da igreja). Gosto muito de participar em alguns eventos
religiosos, gosto de frequentar a igreja e participo nas leituras. Considero-me
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uma boa cristã, e tenho orgulho de ser uma católica praticante. Sou também
catequista de adolescentes, que neste momento frequentam o 8º ano, os quais já
dou catequese desde o 1º ano. Tenho por hábito frequentar a igreja, participar
nas Eucaristias, porque gosto, porque acalma-me a vida, e sinto-me “mais
perto” de Deus, bem como a nossa Pátria. Todos os dias faço as minhas orações
da manhã no meu quarto, e rezo o terço. É com tudo isto que enriqueço a minha
vida espiritual, que sinto uma grande paz interior, e me vai dando forças para
viver em sociedade e lutar pelas oportunidades que não tive na vida. Precisamos
de viver com Deus, para abençoar a nossa Pátria, e a nossa Família. (Ilustra o
discurso com uma vela em homenagem à Nossa Senhora de Fátima).
PRA/4
O título do meu PRA: “As Pégadas da minha vida e o RVCC”, transmitem
lembranças dos momentos vividos na minha infância, adolescência e idade
adulta, e todos estes momentos agradeço ao Senhor. Traz-me lembranças dos
momentos vividos em família, em grupos, na minha Pátria, onde todos ficam
em silêncio, onde reflectimos, conversamos, choramos, e vivemos os bons
momentos da vida, que só Deus nos poderá proteger. (Ilustra discurso com
apresentação da capa do PRA, bordada em tecido de linho, o título, dois
pezinhos e o seu nome). O meu poema favorito também é “Pegadas na Areia”,
este poema transmite a ideia de que mesmo nos momentos mais difíceis,
quando pensamos que está tudo perdido, o Senhor levá-nos ao colo, ou seja,
ajuda-nos a ultrapassar as dificuldades. Citando um excerto do seu poema:
“Senhor, Tu me disseste que, uma vez que eu resolvi seguir-Te, tu andarias
sempre comigo, todo o caminho. Contudo, notei que durante as maiores
atribulações do meu viver, havia na areia dos caminhos da vida, apenas um par
de pegadas…O Senhor me respondeu: Quando viste na areia, apenas um par de
pegadas, foi exactamente ai que nos braços te carreguei.” (Ilustra o discurso
com o poema e as respectivas pegadas na areia). No ano de 1959 fui baptizada a
27 de Setembro pelo padre Gabriel Olavo Garcês, já falecido. Foi também
quem celebrou a minha 1ª Comunhão, Profissão de Fé, Crisma e Casamento. Os
meus padrinhos do baptismo eram pessoas abastadas e eu pensava muito tempo
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em sua casa. Como era das poucas pessoas nas redondezas no carro, gostava
muito de passear com eles. Por altura do Pão por Deus (1 de Novembro) era
hábito a minha mãe preparar um cestinho com frutos, nomeadamente nozes e
castanha e eu levava para a casa dos meus padrinhos. (Ilustra discurso com a
foto da igreja matriz da sua paróquia, e uma outra com os frutos típicos do Pão
por Deus. O meu casamento religioso aconteceu no dia 17 de Setembro de
1977, na igreja da minha paróquia. Fui eu que organizei os preparativos, desde
o vestido de noiva mandado fazer pela modista, aos arranjos da igreja que
foram feitos com “Não me deixe” flor da estação e o ramo para oferecer a
Nossa Senhora. O côro foi um grupo de freiras que eram minhas amigas. A
festa foi feita num hotel e os convidados foram familiares e amigos. Aos 35
anos inicei as actividades religiosas na minha paróquia. Frequentei o grupo
coral, onde adquiri algumas noções básicas de canto e iniciei a minha
actividade como catequista. Sou actualmente a coordenadora da catequese na
paróquia, o que requer muita responsabilidade, criatividade, capacidade de
liderança e fé.O ingressar na catequese foi um passo muito importante na minha
vida, dar um contributo de fé na sociedade é preciso para que Deus nos ajude.
Desde o início foi algo que me agradou e fez-me sentir útil. Apesar do trabalho
que se tem e do tempo que se emprega, sem nada receber em troca a nível
monetário, é gratificante ver o nosso esforço reconhecido. Para além disso
tenho crescido muito enquanto pessoa, e aprendido também muito, pois é uma
actividade que requer pesquisa, leitura, participação em reuniões e em
conferências. Tenho aprendido essencialmente a comunicar e a transmitir as
minhas ideias aos outros! Também na área da informática tenho feito várias
apresentações, nomeadamente em power point e word nas apresentações que
faço na catequese. Enfim, ser catequista para mim, é algo interior mais forte e
importante na minha vida, não é o simples “dar catequese”. Na minha opinião
ser catequista, é: ser uma educadora, ser uma amiga, uma conselheira, alguém
que transmite valores para a vida. É necessário ter capacidade para movimentar
e mobilizar os grupos, é necessário inspirar confiança e inovação, é necessário
distribuir tarefas e proporcionar decisões, e as suas consequências, e
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particularmente no meu caso servir de exemplo, nem sempre é fácil conseguir
tudo isto! Juntamente com o meu marido, aderi às Equipas de Nossa Senhora,
onde temos reuniões mensais com outros casais, onde discutimos temáticas
relacionadas com a família e temos momentos de reflexão. Estas atividades
fizeram com que eu desenvolvesse capacidade de comunicação, transmissão de
conhecimentos, debate, partilha e aproximação, quer da vida familiar, quer do
seio do grupo. (Ilustra discurso com uma foto de vinte jovens na catequese
numa atividade em 2009, e outra foto com membros das equipas de Nossa
Senhora em Agosto de 2009). No âmbito das atividades religiosas, já
organizamos muitos passeios à volta da ilha, onde se alugam autocarros, mas
também fora da ilha, como uma viagem ao Porto Santo. Nesta viagem fomos
mais de 400 pessoas, entre catequizados, pais e catequistas e foi no
encerramento da catequese, no mês de Junho. Em 2006 também fizemos uma
viagem de finalistas da catequese, os jovens que fizeram o crisma e a viagem
foi até Fátima. Nesta viagem tivemos um Guia no autocarro e fomos até
Nazaré, Óbidos, Santarém, Alcobaça, Lisboa etc. Entre várias visitas que
realizamos, visitamos as grutas de Santo António. Nesta viagem foram 38
jovens e 8 catequistas, foi muito bom para que isto se realizasse, foi preciso
muito trabalho e investimento. No Dia do Pai e nas festas de Santo Amaro,
preparamos rifas e fizemos uma barraca, tudo isto para angariar fundos e depois
os pais pagarem a diferença.
Só a Fé nos permitiu chegar até Fátima. (Ilustra discurso com duas fotos do
grupo no Santuário de Fátima e Mosteiro da Batalha, em Junho de 2006).
Recentemente participei na organização de um acontecimento que exigiu muita
planificação e programação. Foi aquando a visita da Imagem Peregrina de
Nossa Senhora de Fátima à Madeira. Foram muitas as reuniões que tivemos
(equipa coordenadora) numa das quais tive oportunidade de lançar a ideia de
elaboramos o logótipo para mandar estampar em T-shirts e bonés para os
jovens da catequese. Lancei mãos à obra e com a colaboração do meu filho
(estudante universitário em Arte e Multimédia) fizemos o logótipo que depois
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foi apresentado em reunião, e ficou aprovado. (Ilustra discurso com a
apresentação de uma tabela para a encomenda de T-shirts e bonés, num total de
771 e de acordo com as cores, quantidades e tamanhos). Deu muito trabalho
esta organização, mas valeu a pena porque todas as crianças, jovens e adultos
participaram nas atividades previstas. Foram três dias vividos com muito
entusiasmo e alegria. (Ilustra discurso com 4 fotos alusivas a Nossa Senhora de
Fátima e anexa o programa também da imagem peregrina). Atualmente estou a
preparar o início do novo ano pastoral e a reunião de pais, bem como das
crianças e jovens. Tenho programado a apresentação em powerpoint com várias
fotos das actividades realizadas no ano anterior, bem como estou a elaborar o
plano de actividades para o próximo ano. Este ano convidei uma psicóloga que
irá falar aos pais e à comunidade em geral sobre pais e filhos. Geralmente a
leitura é uma actividade diária e recentemente li um livro que me cativou
bastante, foi: “Deus é um tipo fixe”, de Cyril Massarotto. Este professor nasceu
em 1975, e é um professor de jardim-de-infância, perto da cidade de Perpignan,
na França. Por muitos anos, exercitou a escrita apenas como letrista da banda de
rock amadora da qual é vocalista, Saint-Louis. Em 2006, tentou ir mais além.
Um ano depois, na banheira veio-lhe a frase: “Deus é um tipo fixe”. Foi o início
deste que é o seu primeiro romance. (Ilustra discurso com a imagem da capa do
livro, e relata o resumo desta obra).
PRA/5
Eu pertencia ao grupo dos estudantes católicos madeirenses, “E.C.M”, e aos
fins-de-semana organizávamos passeios onde havia a preocupação de
cuidarmos da natureza, de termos respeito e amizade uns pelos outros. No meu
dia-a-dia pratico a reciclagem porque foi fruto dessa aprendizagem que fiz. Nos
piqueniques a despesa era dividida por todos, e era eu quem fazia as
sobremesas. (Ilustra discurso com a apresentação de uma receita: “folhado de
morango”). O nosso grupo do “E.C.M.” também fazia peças de teatro, e eu até
tinha jeito, e era muito divertido, fazíamos festas bem engaçadas! Chegamos a
deslocar-nos ao Porto Santo de propósito para atuarmos. Desempenhei vários
papéis, entre eles recordo aquele que fiz com uma colega na peça: “As Velhas
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Surdas”. (Ilustra discurso com a descrição da peça). Com o passar do tempo,
juntei-me a um grupo de amigos e amigas que cantavam nas celebrações
eucarísticas da Paróquia, era espetacular. Nos dias do ensaio, primeiro
ensaiávamos, e depois saíamos até ao café, íamos jogar um pouco de bilhar,
enfim (…) senão fosse este grupo religioso que estava integrado, não tinha
liberdade de sair de casa. Dado que os meus pais não permitiam, e naquele
tempo não havia liberdade nem essa mentalidade. Foi neste grupo que conheci
o meu marido, e onde começamos a namorar, e um ano depois casámos na
igreja.
PRA/6
Como católico praticante que sou, participei em atividades da minha paróquia,
quando me é solicitado ajudo nas ornamentações para algum arraial, dou
alguma ajuda monetária para diversos peditórios que são feitos, que me
parecem justos e que devemos ajudar na sociedade. Admiro a imagem do Cristo
Rei de braços abertos, imponente sobre o rochedo da Ponta do Garajau com
uma vista maravilhosa, de um ponto podemos observar parte do Funchal e de
outro ponto, o Caniço, só temos de olhar em redor e deixar que os nossos olhos
viagem até ao horizonte mais longínquo. (Ilustra discurso com uma foto da
imagem).
PRA/7
A minha avó materna foi quem ensinou-me muitas orações e que me deu muito
amor e força para viver nesta vida. Decorava muitas orações e sempre que eu
estava doente recorria as orações que ela me ensinava. Recordo com muito
carinho e ternura, o dia da minha Primeira Comunhão, em que fez em conjunto
com o meu irmão. O meu irmão levou um fato branco, sendo que eu levava um
fato azul. (Ilustra discurso com a foto de ambos no dia da Primeira Comunhão).
Um dos maiores acontecimentos mais marcantes da minha infância foi o
nascimento da minha irmã mais nova. Recordo que a minha mãe deu uma
queda, e estava a chorar numa cama. Eu deitei-me junto a ela e perguntei-lhe o
que se passava. No início, ela não me dizia nada, mas depois de tanto insistir
disse-me que estava grávida e que tinha caído, estava com medo de perder o
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bebé. Tentei animá-la e fui fazer-lhe um chá. Desse dia em diante, comecei a
rezar diariamente um Pai-nosso e três Avés Marias, para que o bebé nascesse
perfeito. Passados seis meses a minha mãe deu à luz uma menina. Fui ao
hospital visitar a minha mãe e a minha irmã, e pedi para tirar toda a roupa, para
assim eu poder confirmar se realmente era perfeita, como eu havia pedido a
Deus. Era a menina mais linda que estava no hospital. Com este acontecimento,
aprendi que quando queremos algo, devemos apegar-nos a algo em que
tenhamos Fé. Eu tenho Fé em Deus, por isso em tudo o que faço, peço-lhe
ajuda para que oriente e proteja na vida. Eu tenho fé em Deus que hei -de
concluir estes dois meus cursos que decorrem, o de massagista e do processo
RVCC.
PRA/8
Peço a Deus diariamente para que ajude os Problemas do Mundo. Eles são sem
dúvida e cada vez mais graves como: o alcoolismo, a droga, a violência
doméstica, os problemas ambientais, sempre que cada vez há maior produção
de lixo, e as pessoas não tem cuidado com a saúde pública. (Ilustra discurso
com 4 fotos relacionadas com estas preocupações sociais e ambientais).
PRA/9
Fui batizada e fiz a Primeira Comunhão na minha freguesia. O meu Crisma
coincidiu com o dia do Baptizado da minha filha. (Ilustra discurso com a
apresentação destes sacramentos religiosos, e a capa do portefólio com a
montagem de quatro fotos relacionadas com estes acontecimentos).
PRA/
10
Sempre que Deus proporciona-me tempo, gosto de brincar com a minha filha, ir
à biblioteca e andar a pé, saborear a Paz que recebemos como dádivas do Pai do
Céu.
PRA/
11
Gostava muito da festa da paróquia, que é feita no mês de Junho, em honra de
Santo António. (Ilustra discurso com um cartaz das festas da paróquia, e
descreve a vivência da festividade). Ao Domingo é sempre realizada a festa
Solene do Padroeiro, com a procissão, e com, um tapete de flores muito bonito.
No tapete existe mais do que uma forma geométrica, as mais comuns são os
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retângulos que se fazem os musgos, e funcionam como um quadrado onde as
pessoas preenchem com flores diversas. Sempre participei na elaboração dos
tapetes. O meu casamento foi na igreja, e recordo com mágoa que o meu pai
não pode levar-me ao altar…No meu 2º casamento não me casei de branco,
pois de branco só se casa uma vez…O meu vestido foi creme, mas estava muito
feliz junto a Deus.
PRA/
12
Aos meus 6 anos fui para a catequese, foi mais um passo na minha vida cristã,
aos 7 anos fiz a minha 1ª comunhão. (Ilustra discurso com foto da 1ª Comunhão
em 1972). Continuei na catequese até aos 12 anos, onde fiz o crisma e ai
terminei esta etapa. Como gostava muito da minha Catequista e da forma como
explicava a Vida de Jesus, também queria ser um dia Catequista, mas mais uma
vez fui proibida de o ser pelos meus pais. No ano 2009/2010, fui convidada
para ajudar a dar catequese, e aceitei! É uma forma de estar com os jovens, de
ensinar, e relembrar algo esquecido. Tive várias ações de formação, da
responsabilidade da Doutora Maria, licenciada em Teologia (Ilustra discurso
com as aprendizagens decorrentes da formação e o relato de várias vivências
com crianças e jovens na catequese.)
PRA/
13
Adoro fazer pinturas de anjinhos (Ilustra discurso com duas fotos de anjos com
aplicação de folha de ouro, da sua autoria. Participou no curso de pintura que
foi dinamizado pela casa do povo, e pela juventude católica. Aprendi várias
técnicas de pintura e bricolagem, e graças a Deus, através de pessoas amigas
que consegui desenvolver estas minhas competências. Hoje também consulto
revistas, e outros recursos tecnológicos para a criatividade das minhas pinturas.,
tudo isso graças à inspiração divina.
PRA/
14
Aos 21 anos casei na Igreja, no dia 06 de Janeiro de 1986 (ilustra discurso com
as fotos do casamento na Igreja). Nos meus tempos livres gosto de ir à Igreja e
acompanhar a minha família à missa. Identifico-me com a beleza de um
girassol, uma bela flor que Deus nos deu …O girassol procura a luz do sol para
sorrir, eu também adoro acordar cada dia de sol e viver cada momento feliz,
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ainda que o dos a dia traga algumas surpresas, mas Deus ajuda-nos a ultrapassar
cada dia. À noite gosto de estar em casa, sentir-me feliz com a minha família e
seguro e fechar-me como faz o girassol quando faz noite…
PRA/
15
Nasci no seio de uma família numerosa, onde vivemos uma educação moderada
e religiosa. O culto a Deus esteve sempre presente nas nossas vivências
familiares e nas nossas orações pela nossa Pátria. Participamos nas missas, a fé
ajuda-nos no dia-a-dia.
PRA/
16
As pessoas que fizeram parte da minha vida graças a Deus que tive um bom
relacionamento a nível familiar. Nasci de uma família numerosa e com muita
proteção divina. Queria homenagear a minha irmã mais venha que muito nos
ajudou com a sua dedicação, carinho e trabalho, que Deus a ajude!
PRA/
17
Havia a tradição dos arraiais, das festas religiosas. Nessa altura das festas
religiosas, vinham os festeiros fazer a festa aos santos da terra. (Ilustra discurso
contando alguns episódios vividos nas festas religiosas, destacando
principalmente os arraiais da Ponta Delgada, o chamado Bom Jesus, o Santo
André no Carvalhal, Canhas, da Nossa Senhora da Piedade nos Canhas e o
Pedro no Livramento e na Ribeira Brava, refere ainda as festas do Divino
Espírito Santo, do Santíssimo Sacramento, do Senhor S. Brás e da Senhora do
Loreto). Na minha vida adulta, um acontecimento que considero mais feliz,
graças a Deus, foi o nascimento do meu filho. Foi um nascimento planeado.
Nasceu por cesariana, mas correu tudo bem, nasceu um rapaz saudável. Tive
outros acontecimentos bonitos, como: o baptizado do meu filho, quando ele fez
a Primeira Comunhão, quando se Crismou e quando fez a Bênção das Capas no
12ºano. (Ilustra discurso com várias fotografias dos acontecimentos).Pertenço a
um grupo coral e religioso da paróquia. (Ilustra discurso com as várias
atividades realizadas no grupo).
PRA/
18
Sou catequista e oriento grupos de jovens na minha paróquia. Nas actividades
sócias tantas vezes tenho sentido muita alegria, com a presença de Deus em
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especial quando vejo as pessoas, algumas com mais de 70 anos a pegarem num
instrumento pela primeira vez e ainda conseguem aprender dois acordes para
acompanharem melodias populares que para eles se torna algo importante na
vida. Tenho uma experiência de vida graças a Deus muito bonita mas muito
exigente porque lido com todas as idades e tenho que me adaptar aos diferentes
níveis etários, em todas as actividades tenho aprendido sobretudo em grupo o
valor da partilha, da amizade da solidariedade e o dom da fé. (Ilustra discurso
com duas fotografias sendo uma da sua 1ª Comunhão, outra de um encontro de
catequistas e ainda outra fotocópia do Diploma de Cooperadora dos
Salesianos).
PRA/
19
Recordo-me as vivências na catequese: A senhora Lucinda começava por nos
por a benzer e depois tínhamos de rezar uma Avé Maria e um Pai Nosso e
assim começava a catequese. Não se podia faltar, porque depois não se fazia a
Primeira Comunhão. Lembro-me quando fiz a Primeira Comunhão, ia toda
vaidosa para a igreja, assistir à missa com um vestido branco de renda e uma
capela na cabeça. Com aquele vestido, parecia uma noiva e eu sentia-me muito
grande. Levava um ramo de açucenas brancas que era tradição. O senhor padre,
na preparação para a Primeira Comunhão com todas as crianças, recomendava
que nós não podíamos comer nada antes de comungar. E eu fiquei a pensar, e se
me der fome, será que nem água posso beber?” “Ele disse que era nada” – dizia
a minha amiga Rita ao meu lado. Estava tão curiosa sobre saber qual seria o
sabor daquela coisa branca redonda: hóstia santa! Mas depois de provar, vi que
não tinha muito sabor, parecia farinha crua… Depois vim para casa e fizemos
uma festa onde brinquei com outros meninos. Gosto muito de tocar e fazer
parte do coro da igreja e um dia fizemos uma surpresa ao senhor padre que
adorou e ficou bastante comovido com o nosso gesto. Criámos um poema para
dedicar ao senhor padre. (Ilustra discurso com a citação do poema). Após esta
leitura, todos nós juntamente com o senhor padre, ficamos comovidos, o senhor
padre não tinha palavras para descrever aquele momento. Ele também sabia que
naquele momento e em breve iria mudar de paróquia. Então sentiu-se ainda
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mais comovido, com a nossa homenagem. De momento, estou a fazer um
trabalho para a igreja que é a preparação dos cânticos para a missa do parto, no
programa publisher da Microsoft, em forma de livro. Coloquei o cântico
“Virgem do Parto” por ser um dos mais conhecidos e tradicionais do Natal.
PRA/
20
Na minha infância, aprendi a escrever, a ler e a rezar. Quando fiz a minha
Primeira Comunhão, tinha eu 7 anos de idade, lembro-me do meu vestido, foi
feito por uma senhora que vivia perto da minha casa. Recordo que fui tirar as
medidas para fazer o meu vestido, e também de o vestir antes dos acabamentos
finais. A minha mãe fez “papelotos” no meu cabelo, sentia-me tão bela…
(Ilustra discurso com a sua foto da Primeira Comunhão). Para mim, o
casamento na igreja era um sonho, sempre pensei um dia casar de branco
porque esta cor significa pureza e paz para Deus e para mim. Apesar de ter
casado no Inverno a cor utilizada no vestido (branca) era uma cor de Verão,
uma cor fresca e por ser uma época fria, tive que adaptar umas mangas ao
vestido e também para a igreja teria de ser deste modo. Foi sem dúvida, um dia
muito importante na minha vida, foi uma decisão e mudança muito importante,
ou melhor fui em busca da minha felicidade e de uma bênção de Deus. (Ilustra
discurso com a sua foto com o seu vestido branco no Dia do seu Casamento).
Dia 20 de Junho de 2009, o meu filho, fez a Primeira Comunhão, o dia teve de
ser organizado de forma a celebrar este acontecimento e correr tudo bem.
Preparei o meu filho com tudo o que era necessário levar para a igreja: Vela,
Ramo de Flores, Terço e Livro. Às 9h e 30m fomos para a igreja, e a missa
demorou cerca de 1h30m. Terminada a missa tiraram fotos para mais tarde
recordar estes momentos de Graças a Deus vividos. (Ilustra discurso com a foto
do seu filho da Primeira Comunhão e relatas as vivências desse dia na
companhia da família e amigos).
Ao nível do laço social e individual Indicadores (excertos)
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VIII – CATEGORIA
Dimensão ao nível do sistema de provação em relação ao sistema Cultural:
Nos tempos livres ou de lazer quais foram as obras literárias consultadas?
PRA/1
Obra: “A Saga”, de Sophia de Mello Breyner Andresen. (Ilustra discurso com a
apresentação do resumo da história).
Poema: “Recomeça” de Miguel Torga. (cita o poema, apresenta a biografia do
autor, e ainda o seu resumo).
PRA/2
Obra: “As Pupilas do Senhor Reitor”, de Júlio Dinis. (Ilustra discurso com a
foto da capa do livro e faz uma reflexão sobre a história, bem como, emite o seu
comentário sobre esta obra).
Poema: “Felicidade” de Carlos Drumond de Andrade (cita o poema e emite o
seu comentário sobre o mesmo, ilustrando ainda com gravuras do sol, flores e
uma criança).
PRA/3
Poema: “O Velho e a Flor” de Vinicius de Moraes (cita o poema e emite a seu
comentário sobre o mesmo e ilustra-o).
PRA/4
Obra: “Deus é um tipo fixe”, de Cyril Massarotto. (Ilustra discurso com a foto
da capa do livro e faz uma reflexão sobre a leitura, bem como, emite um
comentário sobre esta obra. Apresenta ainda a biografia do autor).
Poema: “Pegadas na Areia”, www.grandespoemas.blogspot.com (cita o poema
e emite a seu comentário sobre o mesmo e ilustra-o).
PRA/5
Obra: “A criança que não queria falar”, de Torey Hayden. (Ilustra discurso com
a foto da capa do livro e faz uma reflexão sobre a história, bem como, emite um
comentário sobre esta obra. Apresenta ainda a biografia do autor.
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PRA/6
Obra: “Os Cinco Sentidos - Matando a paz no Médio Oriente”, de Arsénio Reis.
(Ilustra discurso com a foto da capa do livro e faz uma reflexão sobre a história,
bem como, emite um comentário sobre esta obra. Apresenta ainda a biografia
do autor).
Poema: “Ponta da Oliveira”, de J. Morna Gomes, poema extraído do livro (cita
o poema e emite a seu comentário sobre o mesmo e ilustra-o).
PRA/7
Obra: “O Principezinho”, de Antoine de Saint-Exupéry. (Ilustra discurso com a
passagem de alguns de excertos da história, fazendo uma reflexão, bem como,
emite um comentário sobre esta obra).
Poema: “A Felicidade”, de Benjamin Franklin. (cita pensamento: “A felicidade
humana geralmente não se consegue com grandes golpes de sorte, que poucas
vezes acontecem, mas com pequenas coisas que acontecem todos os dias”).
PRA/8
Obra: “Desfigurada”, de Rania al-Baz. (Ilustra discurso com a passagem de
alguns de excertos da história, fazendo uma reflexão, bem como, emite um
comentário sobre esta obra e apresenta também o resumo das obras e
comentários dos seus colegas do Processo RVCC).
Poema: “Rosa Solitária”, de Elizabete Ribeiro. (Faz comentário sobre o poema
no seu Diário de Bordo.
PRA/9
Obras: “A Lua de Joana”, de Maria Teresa Maia Gonzalez. (Ilustra discurso
com a passagem de um poema, fazendo uma reflexão, bem como, emite um
comentário sobre esta obra e apresenta também o resumo das obras e
comentários dos seus colegas do Processo RVCC).
“A aia”, de Eça de Queirós. (Ilustra discurso com a passagem de alguns
excertos do conto).
PRA/
10
Obra: “A aia”, de Eça de Queirós. (Ilustra discurso com a passagem de alguns
excertos do conto, apresentado também o resumo do mesmo).
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Poema: “Poesias Ortónimo”, de Fernando Pessoa. (Faz comentário sobre os
poemas e cita alguns, bem como apresenta, fotocópia da capa da obra).
PRA/
11
Poema: “Flagrantes da vida real” (cita o poema e emite a seu comentário sobre
o mesmo e ilustra-o).
“Crónicas de Amor” (cita o poema)
PRA/
12
Obra: “Aos olhos de Deus”, de José Manuel Saraiva. (Ilustra discurso com a
passagem de alguns de excertos da história, fazendo uma reflexão, bem como,
emite um comentário sobre esta obra e apresenta a biografia do autor.
Poema: “As coisas vulgares que há na vida” (cita poema).
PRA/
13
Obra: “O Velho e o Mar”, de Ernest Hemingway. (Ilustra discurso com o
resumo do livro, bem como apresenta a biografia do autor. Apresenta ainda no
seu diário de bordo as obras dos colegas do grupo).
PRA/
14
Obra: “Juntos ao Luar”, de Nicholas Sparks. (Ilustra discurso com o resumo do
livro, bem como apresenta a biografia do autor. Apresenta ainda no seu diário
de bordo as obras dos colegas do grupo e emite opinião pessoal sobre a obra e o
autor e destaca algumas das suas obras adaptadas em filmes).
PRA/
15
Obra: “Adolescência, Civilização – O difícil diálogo: Pais e Filhos” de
Fenwich, Elisabeth Smith, Ernest Hemingway. (Ilustra discurso com um
excerto do texto).
Poema: “Poema da Vida ” (cita poema) de Raul Cordeiro. (Comenta o poema e
associa o poema ao falecimento da irmã, quando já a encontrou na praia sem
vida, ilustra com uma foto da praia).
PRA/
16
Obra: “Crónica de Amor” In Revista Visão: Crónica de Lobo Antunes,
António. (Ilustra discurso com excertos da crónica).
Poema: “Que bom não ser o melhor de todos ” (cita dois poemas). (Comenta o
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poema e associa à realidade do dia-a-dia.)
PRAS/
17
Obra: “Como ter um coração saudável” do Professor Manuel Oliveira
Carrageta. (Ilustra discurso com excertos do livro e respetivos comentários).
Poema: “Poesia” de Sophia de Mello Breyner Andresen. (Faz comentário sobre
os poemas e cita alguns, bem como apresenta, fotocópia da capa da obra).
PRA/
18
Obra: “O velho e o mar” de Ernest Hemingway (Ilustra discurso com excertos
da história e apresenta um comentário pessoal sobre o livro).
Poema: “A primeira morada” de José Tolentino Mendonça (cita o poema e
comenta o poema e associa à realidade do dia-a-dia ilustrando as dificuldades
da vida com fotos pessoais e da sua mãe nos degraus da sua casa).
PRA/
19
Obra: “No teu Deserto” de Miguel Sousa Tavares (Ilustra discurso com a
apresentação de um comentário pessoal sobre o livro).
Cântico: “Virgem do Parto” (cita o cântico e comenta-o e justificando que é um
dos cânticos mais conhecidos na época Natalícia)
PRA/
20
Obra: “O Rapaz do Pijama as Riscas” de Jonh Boyne (Ilustra discurso com
excertos da história, apresenta um comentário pessoal sobre o livro e a
apresenta a fotocópia da capa do livro).
Poema: “Esperança” (cita o poema, comenta e associa-o à realidade do seu dia-
a-dia).
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Apêndice L:
Análise de Conteúdo - Categorização e
Subcategorias das Histórias de Vida na
análise do corpus relacionadas com a
Dimensão: MOTIVAÇÃO
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Motivações
Unidades de registo de contexto
Codificação
1 - Recompensas extrínsecas; 2 - Recompensas intrínsecas
“Foi com satisfação a nível pessoal quando recebi a notícia da
existência de um programa com financiamento Europeu em que
consistia na certificação de competências aqueles que um dia e por
força maior deixaram os seus estudos, dando-lhes a possibilidade a que
as suas competências e progressos entretanto adquiridas na sua vida
(pessoal e profissional), sejam valorizadas e equiparadas, assim terei
uma maior auto - estima na minha vida".
2
“Depois de receber uma carta do sindicato a informar da
existência do Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de
Competências, 15 dias depois, dei o pontapé de saída, numa reunião
com algumas Técnicas especializadas no processo RVCC, que me
informaram os diferentes passos desde a inscrição até aos
procedimentos da certificação, desta forma já teria oportunidade
também de ter maior facilidade para entrar no mercado de trabalho".
laços de amizades.”
1
"Tive conhecimento deste processo através de amigos, e em
seguida fiz a inscrição no centro. A ideia de seguir ou tirar o 9º ano no
centro de novas oportunidades, era para eu puder trabalhar no curso
que também pretendia tirar, que era auxiliar de infância, solicitavam o
9º ano, e eu só tinha o 7º ano de escolaridade..."
1
"Entrei com pensamentos negativos, e no início foi muito
complicado, não era fácil falar de nós demonstrar as nossas
competências. Mas com ajuda da equipa e do grupo, estes foram bons
colegas, e fomos muito unidos durante o processo e com o decorrer do
2
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tempo, as ideias negativas transformaram-se em positivas e sinto maior
auto-estima no meu dia-a-dia."
“Entrei, neste centro novas oportunidades que será um desafio,
espero realizar os meus objectivos futuros. Tenho alguns receios, mas
vou em frente, espero conseguir, acompanhar aquilo que me vai ser
proposto, mas espero atingir bons resultados, acompanhar as minhas
colegas, dar o meu melhor e compreender. Tenho medo de não
conseguir interpretar os temas que me vão ser entregues, e saber
organizar os textos e ideias. Por vezes, fico bloqueada, as palavras não
saem na hora certa, estou a compreender mas não consigo dizer, não
encontro a frase ou palavras. Já há muitos anos que deixei a escola, e
agora vejo a falta que me faz não ter o 9º ano de escolaridade, ter um
curso de técnica auxiliar de infância e sem esta escolaridade não
consigo trabalhar naquilo que tanto gosto..."
1
"Os aspectos negativos que senti inicialmente em demonstrar
conhecimento e as minhas competências transformaram-se em
positivos quando consegui finalizar o portefólio. O convívio com os
formadores e colegas e o desafio de abraçar este processo foram de
extrema importância. Também como já tinha frequentado algumas
formações, como de informáticas, entre outras, foram muito úteis para
este processo e para entrar no mercado de trabalho."
1
"Tenho muita necessidade de conviver com outras pessoas,
aprendemos a ser mais comunicativos e a ter mais conhecimento. Eu
espero adquirir competências e validá-las durante este processo, farei
com que juntamente com as minhas colegas, façamos um bom trabalho.
Eu sei que tenho que partilhar muita coisa com os meus formadores e
2
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colegas, isto é uma forma de conhecermos melhor a nossa vida,
relembrar tudo aquilo que já passamos, dar valor a nós próprios e ao
nosso auto-conhecimento e melhorar a nossa aut-estima."
"Reviver novamente o passado coisas que deixamos para trás,
vai ajudar a enriquecer mais o meu presente bem como o meu futuro.
Esta oportunidade, faz-me sentir mais realizada, desenvolve as minhas
capacidades e conhecimentos, e faz reflectir na vida do dia-a-dia. O
grupo é constituído por 13 pessoas, as idades variam entre os 27 e 63
anos.Após a conclusão deste processo espero conseguir entrar mais
rapidamente no mercado de trabalho."
1
"Neste portefólio estou a explicar a história da minha vida, tento
falar daquilo que há muito tempo não falava, é uma experiência que
nos faz reflectir o passado, o presente e talvez o futuro. Estou a gostar
de relembrar a minha vida, não trás só lembranças, mas também um
caminhar para o futuro, a nível pessoal de auto-estima para conseguir
um emprego o mais rapidamente possível."
1
"Neste portefólio estou a explicar a história da minha vida, tento
falar daquilo que há muito tempo não falava, é uma experiência que
nos faz reflectir o passado, o presente e talvez o futuro. Estou a gostar
de relembrar a minha vida, não trás só lembranças, mas também um
caminhar para o futuro, a nível pessoal de auto-estima para conseguir
um emprego o mais rapidamente possível."
1
"Agora chegou o momento de entrar para o processo RVCC,
concretizar o meu sonho, ter o 9º ano. O meu muito obrigado por tudo,
especialmente pelo apoio que me deram e abriram novas portas para
continuar a investir na minha vida pessoal, familiar e social e eme
especial profissional".
1
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"A motivação para frequentar o processo RVCC é para mim ir
ao encontro dos conhecimentos adquiridos ao longo de todo o processo
ao longo da minha vida, e através dele, ter a possibilidade de adquirir
novos conteúdos. Inscrevi-me neste processo com a perspectiva de
relembrar conceitos úteis à prática do dia-a-dia e adquirir qualificações
com as mesmas. Nunca é tarde para relembrar o que aprendi na minha
vida, e assim, através do RVCC torno a minha vida mais dinâmica e
com novos desafios. Para além disso, ao adquirir mais qualificações
penso que poderei melhorar a minha vida profissional".
1
"A motivação para frequentar o processo RVCC é a
possibilidade de ter uma oportunidade de concluir o 9º ano. Soube da
existência deste novo processo que funciona no Centro de Novas
Oportunidades X, através do meu marido. Inscrevi-me para completar
o 9º ano como já referi e também porque queria concorrer para um
outro trabalho que exigiam essa escolaridade, essa mudança para mim
era muito importante. As minhas expectativas perante este processo
achava que fosse mais fácil, não é que também fosse tão difícil, mas
ocupo-me diariamente algum tempo e para quem trabalha e tem família
é difícil de gerir..."
1
"Tomei conhecimento deste projecto das novas oportunidades
através de um colega de trabalho e que iniciara o processo algum
tempo antes. A partir desse momentos despertou o meu interesse e fiz
algumas pesquisas na Internet para recolher mais informações sobre o
assunto. O que me levou até à Escola Hoteleira, mais propriamente
aoprocesso RVCC, foi o desejo de ver reconhecidas as minhas
qualificações e também a vontade de aprender sempre mais e mais,
com o objectivo de conseguir acompanhar a evolução, que nos
trouxeram as novas tecnologias, ser cada vez mais produtivo no
desempenho das minhas funções e garantir que o meu futuro seja
1
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melhor ao nível profissional."
"O meu grande sonho é concluir o 9º ano para prosseguir
estudos, e tirar o curso de fisioterapeuta. Tenho fé em Deus que hei-de
de alcançar estes objectivos, quem espera sempre alcança, querer é
poder. Além de acreditar nestas máximas, acredito também que
conseguirei concluir o 9º ano através do processo RVCC. Acredito
também que existem 3 grandes paixões que orientam a minha vida: o
amor pelas minhas filhas, o amor pelos meus pais e pela natureza. Por
todos estes factores, frequento o processo RVCC, depois valerá a pena
que terei novas carreiras profissionais."
1
"Segundo Soren Kierkegaard, conhecido teólogo e filósofo
dinarmaquês, “A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás,
mas só pode ser vivida olhando-se para a frente.” Este pensamento
motiva-me a escrever a história da minha vida. Ao longo da minha
história de vida procuro então, “olhar para trás”, para todos os
acontecimentos que marcaram o meu passado e fazer uma breve
reflexão sobre eles, de modo a melhor compreender a minha vida, até
aos dias de hoje e encontrar novos caminhos profissonais."
1
"A minha maior motivação era concluir o 6º ano, já tinha tido
muitas expectativas concluir, mas nunca tinha conseguido. "Decidi
agora concluir o 6º ano, pois tenho apenas o 4º ano e a escolaridade
obrigatória para a minha faixa etária é o 6º ano. De momento não estou
a precisar do diploma do 6º ano, porque sou comerciante e trabalho por
conta própria, sou dona de uma mercearia-bar, mas como cada vez
mais as pessoas dão preferência aos supermercados e a freguesia vai
ficando cada vez mais com menos pessoa, provavelmente poderei ter
de fechá-la. Para agravar esta situação, quando a via expresso estiver
concluída, a clientela irá ser desviada com a nova via expresso e
procurará outros pólos de comércio. Por isso, para me antecipar e
1
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preparar com futuro, tenho urgentemente que concluir o 6º ano, e deste
modo candidatar-me a algum trabalho que eventualmente apareça no
mercado de trabalho".
"A minha maior motivação era mesmo continuar a estudar,
porque sempre o quis fazer, mas não podia, devido à situação
financeira dos meus pais, tive que sair muito cedo da escola. Então
agora que a vida me dá esta oportunidade, vou tentar pelo menos tirar o
9º ano. Através desta via consigo conciliar o meu trabalho e apoiar a
minha família, sobretudo as minhas filhas, caso contrário não seria
possível. Assim, por não ser a tempo inteiro, consigo conciliar todos os
factores da minha vida: o trabalho, a família e os estudos, estou muito
feliz..."
1
"A minha motivação para entrar no processo RVCC é dar valor
às competências que a pessoa adquiriu durante a sua vida e motivar-se
para desenvolver novas competências e aprendizagens. O meu caso
tenho algumas dúvidas na escrita da língua portuguesa, dou alguns
erros e é por essa mesma razão, que sinto necessidade de investir para
ultrapassar este tipo de dificuldades e assim poder ter um emprego sem
dificuldades."
1
"O RVCC é uma oportunidade para concluir o 6º ano de
escolaridade, é essa é a minha maior motivação... Reflectir sobre os
momentos mais marcantes da minha vida é uma possibilidade de
recordar os bons e maus momentos da história da minha existência.
Sinto motivação em aprender coisas novas, e principalmente a
necessidade de escrever melhor o português. Com o apoio da equipa do
CNO irei conseguir ultrapassar estas mesmas necessidades, e assim a
língua portuguesa, irei encarar com outro olhar e em qualquer trabalho
que encontre não ficar tão constrangida de medos (.. ). Trinta são os
anos da minha existência de vida, e nesta idade, senti estas motivações
1
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e tomei a decisão para inscrever-me no centro de novas oportunidades,
porque quero aumentar o meu nível de escolaridade como referi, para
poder tirar um curso que será muito útil para qualquer área de
trabalho."
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Apêndice M:
Análise de Conteúdo - Categorização e
Subcategorias das Histórias de Vida na
análise do corpus relacionadas com a
Dimensão: INDIVIDUAÇÃO
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Natureza Física
Unidades de registo de contexto
Codificação
1 - Traços de Natureza Física
"O homem de génio diz: “eu sou”, o poderoso afirmar: “eu
posso”. o rico diz: “eu tenho”, o ambicioso: “eu quero”, e eu, não genial,
sem poderoso, de posses medianas e sem idade para grandes ambições, o
que posso dizer sobre mim, que já não seja do conhecimento daqueles
que me rodeiam? Cabelo ralo, mais branco do que preto, a barba por
corta, os olhos castanhos cara tisnada pelo sol onde já se notam algumas
rugas que o tempo e as inquietações quotidianas, aceleram a cada dia.
Esta é a cara de um corpo cuja barriga já foi elegante, mas que os
convívios e jantaradas dilataram. Tenho 53 anos e dietas só as faço pelos
cuidados da saúde, pois o aspeto físico já há muito deixou de ter
remédio."
1
"Tenho neste momento 41 anos e quanto ao meu aspeto físico,
tenho 1,50 m de altura, cabelos castanhos e encaracolados, olhos
castanhos e face oval…"
1
"Fisicamente apresento uma estatura média, tenho olhos
castanhos e cabelos também castanhos…" 1
"Nasci no dia 28 de Agosto de 1959, contudo, nos meus
documentos constam a data de 29 (por lapso do meu avô no ato do
registo), passando essa data a por mim celebrada. Relativamente ao meu
aspeto físico, tenho 1,65m e 65kg. Assim o meu IMC (Índice de Massa
Corporal) é: 65:1.65*1.65=23,8 logo estou no meu peso normal."
1
"Sou uma pessoa com um aspeto físico aparentemente de 1
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estrutura média, tenho os olhos castanhos-claros, cabelo castanho e sou
de cor branca."
"Tenho estatura média, cabelos castanhos e sou morena." 1
"Atualmente tenho 34 anos, meço 1,65 m e peso 75 Kg. Tenho
olhos verdes, cor de azeitonas, cabelos castanhos, e sou já um pouco
calvo."
1
" Sou uma pessoa com 1,65m de altura, e tenho 68 kg." 1
"O meu cabelo é castanho, olhos esverdeados, e sou de estatura
média." 1
"Tenho olhos e cabelos castanhos-escuros, estatura baixa e pele
clara. " 1
"Meço 1,64 m e tenho aproximadamente 70Kg. Muitas vezes
gostava de fazer exercício físico, mas infelizmente pouco tempo livre
me resta. Tenho olhos castanhos, cabelos compridos e pretos."
1
"Meço 1,65m e tenho aproximadamente 75 Kg. Tenho os
cabelos castanhos e os olhos também castanhos." 1
"Fisicamente tenho 1,72 m e sou forte, moreno, olhos castanhos
e cabelo curto. " 1
"Nasci com 3,100Kg e tinha 50 cm de altura". 1
"Fisicamente tenho 1,72m, sou forte, moreno, olhos castanhos e
cabelo curto. " 1
"Tenho estatura baixa e pele clara. Os meus olhos são castanhos
e sou morena." 1
"O meu aspeto físico é normal. Tenho estatura média, cabelo
castanho-claro, olhos azuis, pele clara, peso 72 kg, sou parecida com o 1
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meu pai."
"Sou uma pessoa de meia estatura, tenho cabelos castanhos,
sou morena e tenho 1,56 de altura." 1
"Sou uma pessoa de estatura média, não sou magra, mas
também não me considero gorda." 1
"Fisicamente tenho estatura média, 1,65 m de altura e 66Kg,
sou morena, cabelos e olhos castanhos." 1
Natureza Familiar
Unidades de registo de contexto
Codificação
1 - Traços familiares
"Éramos 8 filhos e o meu pai era o único que trabalhava, e o
que ganhava, era muito pouco para sustentar uma família tão grande e
pobre."
1
"O meu pai era agricultor, a minha mãe doméstica, vivemos em
casa dos meus avós maternos, já faleceram há muitos anos. A minha
mãe já faleceu há 6 anos, só tenho o meu pai com 88 anos, vive
sozinho, é uma pessoa saudável, sempre que posso ajudo na lida da
casa. "
1
"Sou a 3ª de 7 filhos, uma família numerosa que atravessou
imensas dificuldades. " 1
"A minha família começou por ser o meu pai e a minha mãe e o
meu irmão, sendo que fui a terceira de quatro filhos, que viveram com 1
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muitas dificuldades económicas."
"Tenho 3 irmãos, sendo eu a mais nova. Temos grandes
diferenças de idades, pois quando nasci a minha irmã tinha 15 anos, e
os meus irmãos 9 e 12."
1
"Sou casado e tenho 2 filhas. A minha esposa tem 40 anos, as
minhas filhas 17 e 13 anos, respetivamente." 1
"Numa modesta casa de uma freguesia rural, a minha mãe dava
à luz um menino. Esse menino era eu, o sexto de dez irmãos. Aqui
começava a história da minha vida com o facto curioso, o do meu pai
apenas registar-me no dia seguinte ao meu nascimento, 16 de
Dezembro de modo a gozar mais um dia de licença, uma vez que nasci
num domingo."
1
"Desejos vêm do facto de eu querer ter uma família melhor e de
realizar os meus sonhos. Lutas vêm do facto de eu sofrer muito para
alcançar os meus objetivos. Convivi com pessoas antiquadas e
alcoólicas que proibiram-me de estudar."
1
"Passei muitos momentos tristes na minha vida, senti a falta do
meu pai! Embora a minha relação com a minha mãe fosse boa, não era
uma pessoa independente, porque a minha mãe não nos deu muita
liberdade, nem a mim nem aos meus irmãos. Ela não nos deixava sair
com os amigos, nem podíamos chegar a casa mais tarde."
1
"A minha família paterna era a família típica e tradicional
católica. Os meus pais foram educados no sentido de respeitar e
obedecer sempre as pessoas mais velhas, e cumprirem os valores.
1
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Quando tinha 15 meses nasceu o meu primeiro irmão, meu
companheiro de infância. Entretanto quando tinha 7 anos nasceu o meu
último irmão, o “casula”, como chamávamos."
"Os meus pais apesar de na altura ser muito comum ter mais do
que 3 filhos, apenas tiveram 2, e foram meninas, a minha irmã que
nasceu em 1960, e eu sete anos depois."
1
"Somos uma família um pouco extensa, 7 raparigas e 4 rapazes,
e eu sou a décima de onze filhos. Éramos uma família muito humilde,
com pais muito esforçados para dar o mínimo de qualidade de vida,
vivíamos da agricultura. Desde nova senti a necessidade de ajudar os
meus pais e os meus irmãos (alguns já tinham emigrado), mas nunca
perdi o entusiasmo pelos estudos, sendo sempre uma boa aluna
(segundo os comentários dos professores)."
1
"Nós éramos 7 irmãos. Os meus pais trabalhavam, e nós
ficávamos em casa ao cuidado das irmãs mais velhas. Durante o dia,
enquanto nós brincávamos deixavam a casa aberta."
1
"A vida familiar era muito agitada, mas ao nível financeiro era
muito razoável." 1
"A minha família é constituída pelo meu pai, mãe e sete irmãos.
Éramos uma família de classe média – baixa. A educação foi moderada
e religiosa."
1
"Nasci no seio de uma família numerosa, humilde e pobre,
sendo o 7º filho de 12, entre o quais 6 rapazes e 6 raparigas." 1
"O meu pai era funcionário e responsável pelo material e
equipamento da SHEEL e a minha mãe ocupava-se das lides 1
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domésticas da casa. Vim para a Madeira em 1963, com apenas dois
anos de idade, acompanhada dos meus pais e sou filha única."
"Tenho muito prazer de falar da minha infância ate das
dificuldades financeira dos meus Pais que me privaram de muitas
coisas que as crianças gostam de ter, mas hoje considero que essas
dificuldades me ajudaram a preparar para a vida, valorizando as coisas
e lutando por elas. Aprendi a não desperdiçar e também a repartir.
Durante a minha infância vivi num meio rural, com os meus pais e
irmãos."
1
"Tenho 2 irmãos mais velhos, todos nascidos no meio rural. A
minha família vivia da agricultura e não havia muito dinheiro para
estudarmos para além do 6º ano porque era o único ciclo de
escolaridade que davam na minha área de residência."
1
"Venho de uma família pobre mas humilde e numerosa, somos
8 filhos, 5 rapazes e 3 raparigas." 1
Natureza Psicológica
Unidades de registo de contexto
Codificação
1 - Traços Psicológicos
"Sou uma boa pessoa, responsável no meu trabalho e sociável
com todos os que comigo interagem. Pessoalmente aceito estes
atributos, mas confesso-me insatisfeito, ando sempre à procura da
minha realização pessoal."
1
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"Tenho orgulho no que faço, gosto de ter boas relações com
todas as pessoas, estou sempre bem-disposta. Tenho os meus defeitos,
sou teimosa, falo muito, gosto muito de dialogar com as pessoas que me
rodeiam. "
1
"Era uma criança muito temida, fechada na minha própria
“casca”, pois não tinha oportunidade de conviver com outras crianças." 1
"Tenho muito orgulho em ter tido sucesso na vida, o que a escola
não deu, a vida ofereceu …" 1
"Os meus familiares dizem que o meu temperamento é como o
do meu pai: “como boa pessoa sou até demais, mas por má fervo em
pouca água”. Eu sou amiga, prestável, muito teimosa, autoritária, mas
acima de tudo trabalhadora, generosa e sincera."
1
"Considero-me uma pessoa de princípios, e sou muito fiel a eles,
sou capaz de perder um amigo para não violar esses valores, tracei uma
linha de orientação na vida, e faço sempre os possíveis para não desviar-
me muito dela, na maioria dos casos sinto que foi positivo ter tomado
essa opção, mas às vezes sinto que se tivesse corrido mais riscos, teria
tido mais sucesso. "
1
"Sou muito bondoso, humano e verdadeiro, mas também tenho os
meus defeitos, pois sou muito barulhento, teimoso e muito “sentido”. " 1
"Sou muito trabalhadora, responsável e organizada, muito frágil,
sensível, meiga, carinhosa, sentimental, romântica e sonhadora. Gosto de
tomar as minhas próprias decisões e iniciativas. Escolhi como título para
a minha história de vida: “Desejos e lutas”, pois a minha vida tem sido
exatamente assim. "
1
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"Ao longo da vida aparecem-nos várias barreiras, sou muito
lutadora e muito forte. Ao conseguirmos ultrapassá-las, conseguimos
aprender uma lição e ganhámos experiências com cada uma das nossas
aprendizagens. "
1
"Sou reservada, e gosto muito de cozinhar, cuidar de pessoas,
sobretudo idosos e crianças." 1
"As minhas virtudes são humildade e honestidade, nunca
achei-me mais do que as outras pessoas, nem nunca gostei de aldrabar
ninguém. Ninguém é perfeito, e eu também não, sendo que o meu
principal defeito é ser atrasada, muitas vezes saio de casa atrasada,
principalmente para a Missa."
1
"A amizade, lealdade e honestidade são as minhas
características. Respeito opiniões divergentes das minhas, respeito os
gostos de cada um, respeito as suas profissões. Estou sempre
disponível para ajudar tudo o que esteja ao meu alcance, ao mesmo
que não esteja. Faço os possíveis para conseguir pôr quem está mal,
bem. Também tenho uma outra característica, é ser “comilhona”,
adoro comer, provar várias especialidades. "
1
"O meu maior defeito é ser pessimista, e a minha maior
qualidade é a sinceridade. O que mais aprecio nos meus amigos é a
lealdade. "
1
"Era um bebé muito rebelde, chorava muito. Hoje sou uma
pessoa muito tímida." 1
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"Sou trabalhador e psicologicamente tenho muita paciência,
sou generoso divertido e muito calmo. Sou uma pessoa muito
preguiçosa, mas gostava de melhorar mais a minha participação para
em casa apoiar mais a família."
1
"Das memórias que não apago e trago na lembrança são as da
minha avó, sou muito sensível e amável. " 1
"Tenho algumas paixões como a paixão pelos meus pais, a
paixão pelo meu filho, pelos chocolates, pela natureza. Tanto que me
identifico com a serra, gosto do ar puro, o verde, o cheiro da natureza
e o silêncio."
1
"Gosto de fazer muitas coisas mas, o que eu mais gosto de
fazer e cantar. Acho que quando canto sinto-me feliz e como diz o
ditado: “ quem canta seu mal espanta”; sinto a vibração das palavras,
da música, e também gosto muito de ensinar de partilhar os meus
conhecimentos. Este gosto pela música faz com que eu contagie os
outros para esta alegria de viver cantando."
1
"Sou do signo de Peixes, considero-me uma pessoa calma,
amiga dos amigos, trabalhadora, responsável, pronta a ajudar o
próximo sem reembolso."
1
"O meu signo é aquário. Como qualidades sou honesta, sincera
e responsável, não gosto de mentiras, também admito que sou
exigente, rigorosa."
1
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Natureza Escolar
Unidades de registo de contexto
Codificação 1 - Abandono; 2- Mercado de Trabalho; 3- Pobreza e exclusão
social; 4 - Famílias numerosas
"A minha saída da escola teve a ver com a necessidade de
entrar no mundo do trabalho." 2
"Senti algumas dificuldades na disciplina de inglês, e tentei
fazê-la por exame, mas não consegui concluir e abandonei a escola." 1
"Por motivos de mudança de residência, deixei os estudos,
regressei à Madeira com os meus pais e abandonei a escola." 1
"Por causa das dificuldades linguísticas, tive que recomeçar
novamente no 6º ano e depois desisti da escola." 2
"Perdi o 8º ano, e não quis repetir, os meus pais insistiram
para que eu concluísse o 9º ano. Foi o maior erro que fiz, não segui o
conselho dos meus pais, já poderia ter o 9º ano de escolaridade, mas
abandonei a escola (…).Nessa altura já tinha namorado, depois casei
e fui para a Venezuela."
1
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"Tive uma escola tradicional, onde não tínhamos a liberdade
de falar nem comunicar, mas valeu a pena, porque aprendíamos
muito, e tínhamos mais respeito para com os professores. Nós
respondíamos só quando éramos solicitados. Não existiam actividades
práticas, que permitissem aos alunos actuar, agir ou reagir de forma
individual, desisti da escola. Foi o que menos agradou, a maneira
como éramos tratados. Não tínhamos liberdade para expressar as
ideias, era como a professora dizia, não havia troca de ideias nem
sugestões.”
1
"A escola de hoje é diferente, os alunos comunicam com os
professores, tem mais liberdade de se expressar, juntos tentam dar
propostas ou sugestões para as actividades, vivem numa chamada
escola moderna, hoje não desistia da escola (…)."
1
"A escola ajudou-me a ter confiança na vida, ir em frente,
além de não ter continuado nos estudos como já referi, não sendo pela
falta de apoio, mas sim pela falta de reflectir o que viria a acontecer
no futuro, tive a família sempre a meu lado, se eu tivesse seguido o
seu conselho hoje teria já terminado o 9º ano, e quem sabe até, maior
escolaridade, mas abandonei e estou arrependida (...)."
1
"Tive que abandonar a escola, pois a nossa situação financeira
era complicada, éramos muitas “bocas” a comer e poucas a trabalhar,
era a pobreza, e como éramos pobres excluídos da sociedade, era
preciso trabalhar muito (…)."
3
"A mudança para outra cidade veio dificultar a oportunidade
de continuar a estudar, pois a distância entre a casa e a escola, e não
havia assim meios financeiros para frequentarmos todos a escola.”
3
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"Fui de uma família muito numerosa e tive que desistir da
escola." 4
“Com muita dificuldade consegui acabar o 6º ano através do
Ensino Recorrente, mas por motivos económicos acabei por desistir
dos estudos."
3
“Educação de Jovens e Adultos…uma oportunidade de sucesso
para a vida!!!”). Hoje em dia todos temos de lutar para melhorar a
nossa vida e se isso inclui retomar os estudos, então é isso que temos
de fazer, independente da idade que temos, porque havia muitos níveis
de pobreza na nossa época.
3
"Estudei na escola primária até ao 4º ano, e em seguida no
colégio fiz o 5º e 6º ano, tinha então 12 anos, idade em que parei de
estudar. Nessa altura vim para casa para a companhia da minha mãe,
irmã e avó. Nessa época, era preciso aprender as lides domésticas e a
bordar, por estas razões desisti de estudar."
1
"Como o meu pai estava emigrado no Curaçao, para uma jovem
era melhor estar protegida na companhia dos familiares, e em convívio
com vizinhos e amigos, desta forma abandonei a escola (…)."
1
"Recordo ainda a aprendizagem das ciências, trabalhos
manuais, história e geografia que era uma das minhas principais áreas e
interesses, nelas tive oportunidade de aprender as dinastias e a história
de Portugal, as principais províncias portuguesas entre outros temas
interessantes, mas por falta de meios económicos abandonei a escola."
1
"Cheguei a levar um “bolo” na disciplina de matemática, apesar
de já não recordar o motivo, ainda que fosse a disciplina que devido 4
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aos cálculos complexos, era a disciplina que tinha mais dificuldade e a
partir desta situação deixei de gostar da escola e também éramos uma
família numerosa, logo era mais difícil continuar os estudos."
"Aos 12 anos conclui o 6º ano (denominado na época 2º ano) e
nessa época perdi a motivação para continuar os estudos porque na
sociedade não era tão importante estudar como nos dias de hoje, e
menos ainda pertencendo ao sexo feminino, por esta razão desisti da
escola."
1
"Por vezes penso, como teria sido diferente a minha vida se
tivesse prosseguido os estudos. Tudo teria sido diferente, naturalmente
tinha um bom emprego e não tinha tido a necessidade de emigrar,
entrar muito cedo numa luta no mercado de trabalho."
4
"Apesar de não ter frequentado a escolaridade básica, tive sorte
na vida, quem sabe se não foi uma oportunidade de fazer muitas outras
aquisições para a vida? Desisti da escola mas tive muitas outras
oportunidades na vida (…)."
1
“Senti o gosto e a necessidade por voltar a estudar e tendo a
oportunidade de fazer o processo RVCC, foi mais uma fase
determinante para minha auto-realização na vida. A elaboração do meu
portefólio permitiu-me a reflexão acerca de toda a minha história de
vida e de perceber o abandono que fiz em relação à escola (...)."
1
"Entretanto, frequentei o 5º e 6º ano e tive de mudar de escola
porque não havia estudos nos níveis seguintes na área da minha
residência, entretanto tive de desistir, somos por vezes excluídos da
sociedade ( …)."
1
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"Conclui o 6º e 7º ano numa escola secundária, sendo que
entretanto aí começaram os “namoricos” e acabei por reprovar o 8º ano e
abandonar a escola."
1
"Os meus pais não ficaram satisfeitos, e eu fui transferida por uma
outra escola secundária situada na cidade do Funchal, mas não gostava da
vida na cidade e acabei por desistir da escola."
1
"Passado um tempo não gostei da vida agitada da cidade, e a
minha mãe resolveu transferir-me para um colégio, pois queria que fosse
freira, desisti da escola porque não era essa a minha vocação (…)."
1
"Contei ao meu pai o meu sonho de ser polícia, e ele opôs-se,
disse que filha dele não teria essa profissão, e não havia nada a fazer
porque, o que o meu pai dizia, estava dito. A partir daí, fiquei
completamente desanimada, comecei a faltar às aulas, e na altura tinha 13
anos, aproveitei para namorar…"
1
"Hoje penso de forma totalmente diferente, e sei que actualmente
estou prejudicada por não ter continuado a estudar…poderia ter arranjado
um trabalho melhor se tivesse continuado a escola (…)."
1
"Quem me ajudou a dar os meus primeiros passos no meu
percurso escolar, foi a minha mãe, mesmo só com a 4ª classe, e como não
havia pré-escolar foi ela que uns 2 anos antes de eu atingir a idade
escolar, começou a ensinar-me as primeiras letrinhas, os primeiros
números, contava-me histórias sobre os mais importantes acontecimentos
da História de Portugal, e muitas outras coisas (...) mas os tempos eram
difíceis e não havia dinheiro para continuar a estudar (...)."
3
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"Como a escola não me deu oportunidade de continuar a estudar,
dado que as professoras diziam que eu não era capaz de ter capacidades
para estudar, hoje estou feliz graças a essa exclusão, ganhei tempo na
vida e hoje tenho mais investimento se tivesse estudado, no entanto gosto
de estudar (...)."
1
"A minha avó que era costureira fez-me um par de batas brancas,
pois era obrigatório usar, e sinceramente nunca gostei de usar bata.
Queria terminar a escola primária rapidamente para não ter que usar
aquelas batas!...A escola não era mista, havia escola para os rapazes, e
escola para as raparigas, o que fazia com que fôssemos mais tímidos e
inibidos. Uma outra razão também quem era pobre era excluído da
escola."
3
"Nas escolas primárias, principalmente no campo, não tinham a
ver com as escolas de hoje, não estavam dotadas de pátios grandes,
pavilhões, campos desportivos, e outros equipamentos que nos dão tanta
comodidade e facilidade na aprendizagem nas escolas de hoje. As salas
de aulas não eram construídas para o efeito, eram algumas casas já muito
antigas, que eram adaptadas para funcionaram como escolas. Se tivesse
frequentado a escola de hoje com estas condições naturalmente que não
teria desistido de estudar."
1
"Não me esqueço da famosa régua que todos sabem ou ouviram
falar para que servia, e também das caninhas de bambú, que além de
servirem para apontar para o quadro, deixavam algumas manchas
vermelhas nas pernas (…) sentia tanto medo, e o melhor a fazer nessa
época era desistir da escola, do sofrimento que os mais pobres passavam
(...)."
1
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"A escola primária correu muito bem para mim, era bom aluno,
aplicado, não faltava à escola e assistia às aulas com muita atenção,
nunca deixei de fazer os trabalhos de casa, até fazia questão de ser o
melhor aluno nos testes. Em geral gostava da matéria que era dada, mas
preferia História, sendo que, o que menos me agradava era Desenho, mas
cedo tive que desistir e ir trabalhar porque a minha família era numerosa
e tinha que a ajudar."
2
"No 4º ano, nos dias que antecediam o nosso exame, a nossa
professora descolocou-se a outra escola para fazer exame a outros alunos,
e deixou-me a tarefa de orientar os meus colegas nas revisões da matéria,
recordo que não foi tarefa muito fácil, como pode imaginar éramos
crianças mais ou menos da mesma idade, só que umas mais
rebeldes…Foi um trabalho árduo conseguir impor respeito e silêncio,
mas recordo que consegui cumprir a tarefa, o que me deixou muito
orgulhoso. Terminei a escola primária mas tive que ir logo para o mundo
do trabalho, a vida da minha família que era numerosa precisava da
minha ajuda."
2
"Eu estudei até ao 8º ano, e matriculei-me no 9º ano, até que
recebi a visita do meu tio Marcos, emigrante na Venezuela, que me
incentivou a emigrar à procura de uma vida e de um futuro melhor. Foi
então que deixei a escola e emigrei para a Venezuela, penso que foi um
erro, mas como não se pode voltar atrás, ficaram as experiências e os
ensinamentos da vida."
2
" Lembro-me que nunca tinha pegado num lápis. A caminho da
escola a minha irmã é que ensinava a fazê-lo. A minha mochila era um
saco de plástico, ia de calções e descalço, será pobreza e exclusão …
desisti para ir trabalhar e começar a ganhar algum dinheiro (...)."
2
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"Recordo o sentimento de tristeza ao ver os meus colegas
calçados e eu não, acrescido em seguida ao sentimento de revolta pelos
professores porem de parte, era excluído, não tinha a mesma facilidade
de linguagem dos meninos ricos…Era filho de pais muito pobres, e só os
“filhos de papás” eram bem tratados, os meninos nobres ficavam à frente,
e os pobres ficavam atrás. Toda esta situação faz-me pensar como um ser
humano consegue ser injusto e cruel. Mas por tudo isto perdi o ano e
interesse pela escola."
3
"Gostava do facto de estar a aprender coisas novas, tais como,
aprender a escrever, a ler e a contar, que são aprendizagens de grande
utilidade no dia-a-dia. Por exemplo, era a partir da escrita que esperava
vir a escrever cartas para os meus 3 irmãos que se encontravam na
Venezuela. Também as contas eram importantes, nomeadamente quando
a minha mãe mandava comprar algo na mercearia, mas infelizmente tive
de desistir para ir trabalhar (...)."
2
"Entretanto fiquei doente, tive de desistir da escola e
posteriormente foi diagnosticada: espondilose anquilosante." 1
"Após a consulta, fiquei internado e aí permaneci um ano. No
hospital conclui a 2ª classe com uma professora que estava destacada
para o hospital. Quando saí do hospital, fui para a casa da funcionária,
que acabou por ser uma segunda mãe para mim."
1
"Fiz a escola primária na única escola que havia na minha
freguesia. Saí da escola com 10 anos de idade, mas lembro-me muito
pouco daquilo que aprendi…saí com a 3ª classe, era a escolaridade
obrigatória da minha época."
1
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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 287
"No 1º ciclo tive uma professora de quem gostei muito, que foi a
da 2ª classe, porque era muito simpática, e notava-se que tinha muito
gosto pelo que fazia. Gostava dos alunos, e tinha paciência para ensiná-
los. Além disso, fui a única que esteve connosco do princípio ao final do
ano lectivo, porque as outras professoras desistiam, e tinham medo da
queda de rochas, e de viver naquela freguesia, por questões climatéricas.
A minha família como era numerosa eu tive de desistir para ir trabalhar e
ganhar algum dinheiro para o sustento da família."
2
"Frequento o processo RVCC, porque desta forma poderei
realizar-me pessoal e profissionalmente, e alcançar uma maior segurança
a nível financeiro, o que permitirá oferecer à minha filha um futuro
melhor, não quero que desista da escola como eu fui obrigada por
motivos de pobreza."
3
"Recordo-me do meu 1º dia de aulas: estava muito entusiasmado
e feliz…eu sorria, enquanto a grande maioria das minhas colegas se
agarram às mães e choravam. Eu observava atentamente a minha
professora, a Senhora Dona Clarisse, uma senhora já com alguma idade,
simpática e com alguma calma. Algo que me ficou gravado, em forma de
recordação foi o facto de nas suas mãos haver anéis e muitas pulseiras,
que faziam um som particular quando chocalhavam, principalmente
quando utilizava a borracha para apagar os nossos erros. Também ainda
parece que sinto o seu perfume muito intenso, recordo-me de tudo, como
ainda se fosse hoje. Infelizmente apesar de gostar muito da escola, como
pertencia a uma família de 8 irmãos, tive de ir muito cedo trabalhar para
ajudar a minha família."
2
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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 288
"Gostava muito das disciplinas de Português, Inglês, História,
Ciências e Educação Física. Durante os meus 2 últimos anos de escola,
estive doente e faltei muito à escola, razão pela qual reprovei o 7º ano.
Andei até ao 8º ano na escola, mas entretanto desisti, pois a minha mãe
trabalhava muito, e nós tínhamos muitas dificuldades económicas, nós
éramos 3 filhos, apesar dos meus tios darem-nos ajuda, mas no fundo
também, ainda sentia a frustração e desilusão de ter reprovado o 7º ano.
Tudo isto de nada ajudou para concluir a escolaridade básica
obrigatória. Sonhava vir a ser Jornalista ou Juíza."
1
"Gostava muito das disciplinas de Português, Inglês, História,
Ciências e Educação Física. Durante os meus 2 últimos anos de escola,
estive doente e faltei muito à escola, razão pela qual reprovei o 7º ano.
Andei até ao 8º ano na escola, mas entretanto desisti, pois a minha mãe
trabalhava muito, e nós tínhamos muitas dificuldades económicas, nós
éramos 3 filhos, apesar dos meus tios darem-nos ajuda, mas no fundo
também, ainda sentia a frustração e desilusão de ter reprovado o 7º ano.
Tudo isto de nada ajudou para concluir a escolaridade básica
obrigatória. Sonhava vir a ser Jornalista ou Juíza."
1
"Gostava de ter continuado a estudar, mas o meu pai na altura
não deixou, porque a minha irmã já tinha emigrado para a Venezuela
com o marido, e eu tinha de fazer o trabalho doméstico e da
agricultura."
2
"Estive na escola apenas até ao 6º ano, pois os meus pais não
tinham possibilidades económicas suficientes para dar continuidade
aos meus estudos. Apesar de uma professora ir à casa dos meus pais
falar com eles para me deixarem estudar, nada consegui, pois o meu
pai disse que quem mandava era ele, e não ficava bem gastar dinheiro a
pôr a filha a estudar."
1
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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 289
"Entrei para a 1ª classe com 7 anos, numa escola no Funchal.
Perdia a 1ª classe, porque segundo o que a professora disse à minha
mãe, eu era muito calada. Por ter perdido, tive que mudar de escola,
para uma mais longe de casa, fiquei cansada e perdi a motivação,
desisti de estudar (...)."
1
"Quando conclui a 4ª classe já tinha 12 anos, e não continuei os
estudos porque tinha de ficar em casa a cuidar das minhas irmãs,
éramos uma família numerosa e era preciso ajudar a fazer a lida de
casa, e a aprender a bordar tela."
4
"A minha vida escolar foi um pouco curta: tirei o quarto ano,
sem perder, tendo apenas perdido o quinto ano. Nessa altura a minha
escola ficava longe de casa e eu tinha que ir a pé. Era uma escola
pequena mas ainda recordo que a minha disciplina preferida era
Matemática mas no entanto tinha muitas dificuldades a Português."
1
"Actualmente com 30 anos, os meus objectivos já são
diferentes, sinto vontade de estudar (…) as minhas preocupações
principais passam por manter o meu emprego para garantir
sustentabilidade para a minha família, e investir na minha formação
académica e profissional, razão pela qual encontro-me inscrito no
Centro Novas Oportunidades, sinto necessidade de recuperar o meu
passado escolar."
1
"Em 1959 fui pela primeira vez à escola e tinha que fazer um
percurso de 40 minutos a pé e descalço. Nessa altura havia poucos
carros…Depois, por volta dos 7 anos de idade, fui à cidade de barco
mas era muito difícil entrar no barco por causa do mar. As aulas eram
das 9 horas até às 17h 30m apenas com uma refeição diária. Por vezes
davam-nos um prato de milho, uma sopa ou uma chávena de café com
leite e pão. Levava um pouco de açúcar para pôr em cima do milho ou
3
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comprava dois tostões de bacalhau para comer com o milho. Foi uma
época de muita pobreza e de muita divisão das classes sociais, quem
era pobre tinha que lutar muito muito na vida."
"Durante o período que frequentei a escola, o que não gosto de
lembrar é de ter de beber o óleo de bacalhau. Era horrível, colocavam
os alunos em cima da secretária, alguém nos agarrava e outra pessoa
abria a boca e deitavam esse óleo que era terrível de engolir…Reunia
muitas vitaminas, e como éramos crianças mal alimentadas tínhamos
de o tomar. As vacinas foram outra das situações que me marcou.
Faziam uns riscos no braço que por vezes infectavam até sair pus.
Sofríamos imenso, mas os professores diziam que era bom para a nossa
saúde, era a maneira que os Governantes pensavam que era a maneira
mais eficaz da época. A mesma agulha servia para todos. Na altura
frequentei a cartilha, era como uma preparação para entrar na 1ª Classe
até à 4ª Classe."
3
"Conclui apenas a 4ª Classe, não estudei mais, embora a
professora dissesse à minha mãe que eu era de boa cabeça, mas com
imensa pena tive que vir para casa. Aos 10 anos vim para casa
trabalhar…. Recordo que no ano que fiz a 4ª Classe, utilizava como
mochila um saco de pano."
3
"Como os meus pais não tinham muitas posses eu não tinha o
livro de história, por isso ia a casa de um colega que tinha o livro para
estudar…Em casa a minha mãe dizia para ser obediente, e portar-me
bem."
3
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"Gostava muito da minha professora primária…era muito boa
senhora professora, mas cedo tive que desistir da escola e ir trabalhar
(…)."
2
"Gostava muito da escola e até era de boa cabeça, como dizia a
minha senhora professora." 1
"Na escola, havia bons alunos e maus alunos. Uns passavam,
outros eram reprovados. Ninguém ia por isso ao psicólogo porque nem
esse nome era conhecido. Não havia a moda dos sobredotados. Quem não
passava, simplesmente repetia o ano e tentava de novo no ano seguinte.
Lembro-me de apanhar piolhos na escola primária e a minha mãe lavava
a minha cabeça com um produto que nem me lembro do nome e com um
pente fino, chamado pente de marfim, removia os piolhos todos. Hoje já
não é bem assim, já não se usa o tal pente fino, já há outros produtos
mais sofisticados, com mais segurança de serem usados. Eram tempos
difíceis e tive que desistir da escola."
1
"Não sabem a saudade que me dava dos meus pais, das minhas
amigas que não tiveram oportunidade de ir estudar.
Deixei a escola por minha livre vontade. Deixando o 9ºano por concluir,
que foi o maior desgosto que dei aos meus pais. Tinham possibilidades
de me dar um curso, mas infelizmente não lhes dei essa satisfação."
1
"Comecei a frequentar a escola com 7 anos de idade. Era uma
escola privada, era a escola primária da Paróquia (Instituição chamada
vulgarmente por casa dos pobres) lembro – me muito bem do meu
primeiro dia de escola, porque comecei a chorar pois não sabia escrever a
letra que a professora me propôs. Quando terminei a escola primária tive
logo que ir trabalhar porque precisava de ajudar a minha família que era
pobre e numerosa."
3
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"A minha professora Conceição aconselhou aos meus Pais no
sentido de eu prosseguir nos estudos, mas eles não tinham meios
económicos nem estavam motivados porque nem sabiam ler nem
escrever. Na fase adulta resolvi estudar no conservatório. Frequentei o
conservatório durante 7 anos com muita dificuldade pois tinha de pagar
transporte duas vezes por semana para o Funchal. Foi muito difícil, mas
como sou persistente não desisti. Quero recuperar a minha desistência da
escola na época...
3
Neste momento fiz opção de me inscrever nas novas
oportunidades:
Ao inscrever – me neste curso
Sentia-me ainda criança
Mas depressa me envolvi
Na dificuldade que avança.
Logo na primeira sessão
Já me senti desanimada
Pensando: na minha idade!
Isto já não leva a nada
Como sou persistente
Estou continuando
Já aprendi muitas coisas
E assim vou continuando!"
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Natureza Profissional
Unidades de registo de contexto
Codificação 1 - Precariedade; 2 - Clandestinidade; 3 - Perigosidade; 4 -
Penosidade; 5 - Formação complementar profissional
"A minha primeira experiência profissional foi aos 12 anos a
tirar areia das praias do Concelho. Neste trabalho não tinha um horário
fixo, pois tudo dependia das marés (manhã, tarde ou
madrugada).Desde muito cedo que não era o trabalho que me dava
segurança profissional, era muito perigoso sobretudo para um jovem
..."
3
"Na altura eu estava a iniciar a 1ª classe, com 6 anos o meu pai
faleceu em sequência de uma queda em casa. Com alguma dificuldade
em casa consegui terminar a escola primária e o 5º e o 6º ano também
porque havia aquela escola na minha área de residência. Saía de casa
muito cedo, tinha de ir a pé para a escola porque não havia transporte
escolar e não havia dinheiro para o transporte até a escola, por isso
abandonei a escola (...)."
1
"As professoras ainda falaram com a minha mãe, mas também
não adiantou muito porque a razão para não continuar na escola é que
não tinha dinheiro e também como os irmãos saíram cedo para trabalhar
e não tinha estudado eu também não iria estudar, e ainda para mais fora
da freguesia. Eram outras mentalidades naquela altura… Fiquei triste em
desistir da escola, era para mim uma injustiça social, mas tive que ficar
em casa ajudar a minha mãe na lida da casa e na agricultura."
3
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"Aos 14 anos e durante um ano e meio, fui para trabalhar para
uma empresa de construção civil, na reconstrução do engenho, era
uma espécie de clandestinidade, não se faziam descontos, mas já se
ganhava algum dinheiro…"
2
"A minha primeira actividade foi como vigilante no autocarro,
que transportava as crianças e não contínuo dentro da escola, não tinha
condições para viver com pouco dinheiro. "
1
"A partir de 2004 até à presente data estou destacado para a
reprografia da escola, graças às acções de formação que eu fiz ao
longo da minha carreira."
5
"Sou uma pessoa que também desenrasca um pouco de tudo ao
nível das obras, tais como: pintura, pedreiro, canalizador, electricista,
entre outras. Senti necessidade de o fazer, pois o meu trabalho exigiu
que dominasse estas tarefas, dado que quando não havia mais ninguém
para as desempenhar, eu era quem tinha essas competências...foram
trabalhos penosos, de desgaste e de stress. "
4
"Para além da actividade doméstica que tenho diariamente à
minha responsabilidade, tenho como objectivos conseguir um trabalho
no infantário, pois espero exercer tudo aquilo que aprendi no curso de
auxiliar de educação, ensinar as crianças a dar apoio, carinho, e não só
ensinamos como aprendemos e sobretudo a formação é uma mais valia
para a nossa profissão."
5
"Fiz um curso de socorrismo dado pela Cruz Vermelha
Portuguesa." 5
"Actualmente faço parte da direção do sindicato da Função
Pública da Madeira." 5
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"Para além de já ter feito o curso de informática, também fiz
outro curso, auxiliar de infância." 5
"O trabalho agrícola foi a minha profissão durante alguns anos,
é um trabalho que requer muito esforço físico e mental, pois muitas
vezes temos de fazer cálculos relativos à quantidade de sementes e
pesticidas a utilizar em certo tempo e determinados espaços de
terreno."
4
"Apesar de aos 16 anos ter iniciada a minha actividade
profissional no comércio com os meus irmãos, no qual durante vários
explorámos essa actividade comercial, num pequeno café dos meus
pais, onde fazíamos a comida, a limpeza e o atendimento ao público,
mas foi preciso ir fazendo continuamente ações de formação para
manter o comércio em funcionamento."
5
"Surgiu a grande a oportunidade de conseguir um emprego em
que realmente sentia-me reconhecida, e tinha uma remuneração pelas
minhas actividades, isto porque, na agricultura trabalhava muito mas a
remuneração era mínima. Trabalho num Centro Social e estou
integrada na carreira “ Auxiliar de Serviços Gerais”.
5
"Tive a oportunidade de frequentar um curso de informática,
com o qual aprendi a iniciação às novas tecnologias. Também
desenvolvi as minhas habilidades artesanais, tendo participado em
alguns cursos: “Arraiolos”, “Bordado Madeira” e “Tecelagem"."
5
"Ao longo destes anos fui tendo também algumas sessões de
formação relacionadas com os cuidados de saúde, higiene,
alimentação, primeiros socorros, medidas de protecção individual e
civil, prevenção de acidentes, educação para a cidadania, expressão
físico-motora, entre muitas outras."
5
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"Na minha adolescência dediquei-me às aprendizagens de
origem diversa, associadas à vida doméstica e com fracos retornos
económicos…. "
2
"Aos 22 anos frequentei um curso de cerâmica, no qual
aprendia a produzir peças lucrativas e cerâmica. Estas eram
inicialmente esculpidas com moldes, pintadas e de seguida iam a um
forno próprio. Nessa altura tive necessidade de dar resposta aos
desafios da modernidade."
5
"No decorrer dos anos, fui participando em diversas
actividades de contexto formativo. Aos 35 anos frequentei o curso de
arranjos florais, o qual tive o 1º momento para flores naturais um 2º
para flores artificiais. Aos 36 anos frequentei um curso de culinária."
5
"A minha actual actividade profissional é Assistente
Operacional, numa escola básica do 1º ciclo com pré-escolar, com
então 41 anos de idade. Toda esta conquista profissional deve-se
graças às acções de formação que fiz ao longo da minha vida
profissional. "
5
"No meu desenvolvimento profissional tenho também tentado
várias acções de formação, nomeadamente: “Melhorar
Relacionamentos”; “Enquadramento Formal da Carreira”;
“Desenvolvimento Pessoal e Social”; “Higiene Alimentar”; “Primeiros
Socorros”; e a minha última formação concluída no presente ano, foi
um curso de informática."
5
"Iniciei a minha actividade profissional como empregada
doméstica durante um ano, e tive que sair porque sofri um acidente
numa das mãos. Foi uma das piores experiências trabalhar como
empregada doméstica."
4
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"Recebi uma proposta de trabalho na Casa do Povo, onde
exercia a função de empregada de limpeza, e onde organizada a
documentação para a contabilidade. Trabalhei durante três anos, mas o
meu contrato acabou e não podiam renovar por motivo da conjuntura
financeira, e claro, tive que sair. Entretanto tenho feito acções de
formação e já estou esperando um emprego para breve."
5
"Em Setembro de 2008 concorri para a Santa Casa de
Misericórdia como funcionária de acção directa ao domicílio e soube
que tinha sido colocada em Outubro, apesar de só dar início a 9 de
Março de 2009. Gosto muito do trabalho, os idosos trata-nos com um
carinho especial, pois muitos não têm família, e outros estão carentes
(…)."
5
"Ainda durante o meu tempo de escola, durante as férias
trabalhava na farmácia, foi por pouco tempo e apercebi-me
rapidamente que nunca segui o que gostaria de fazer na minha vida,
era só para ganhar algum dinheiro que me servia de ajuda, e alguma
experiência que me ficava."
4
"O meu percurso profissional divide-se em 2 etapas, a primeira
como emigrante na Venezuela, e a segunda na Madeira." 4
"Trabalhava num domingo e descansava noutro. Era duro para
um jovem, mas consegui ter suficiente resistência e espírito de
sacrifício para suportar todos estes desafios(…) mas era mais infeliz se
voltasse sem dinheiro para a minha terra, era uma vergonha (...)."
4
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"Regressei à Venezuela e fui radicar-me na cidade de Maracay,
que fica a 150 Km de Caracas era sócio num negócio de venda de
bebidas, organização e aluguer de material para as festas, só estive lá 6
meses, a vida não me corria bem, o calor era intenso, a loja ficava
situada à entrada de um bairro de lata, passava por situações horríveis,
e tinha a certeza que aquela não era vida para mim, então decidi voltar
novamente para Caracas."
4
"Passado um ano, fui promovido a chefe do economato, função
que exerci sempre com muito empenho, tinha muitas ideias na cabeça
que comecei por pôr em prática, desde revolucionar a arrumação do
stock, de maneira a que fosse mais fácil a logística, redução de stocks,
elaboração de listas de compras, etiquetas com nome do fornecedor,
data de entrada, identificação do produto, peso e etc…"
5
"Estive presente no “1º Seminário sobre Higiene dos
Alimentos”, realizado no Funchal no dia 3 de Julho de 1982 pelo
Conselho Nacional de Alimentação e Nutrição em colaboração com a
Secretária Regional dos Assuntos Sociais e Secretaria Regional da
Economia."
5
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"Frequentei a curso de iniciação de informática, organizado
pelo Grupo Recreativo de Cruzado Canicence com os seguintes
módulos: Higiene e Segurança no Trabalho, Introdução à Informática,
Sistema Operativo MS-DOS, MS Word 2.0, MS Excel 4.0, D Base IV.
No mês de Outubro de 1996 fui eleito o MELHOR EMPREGADO
DO TRIMESTRE. Frequentei no CITMA uma Acção de Formação,
intitulada INTRODUÇÂO À INFORMÀTICA de 3/12/1997 a
19/12/1997 com duração de 28 Horas. Frequentei a acção de
formação: RELAÇÕES HUMANAS E ALEMÃO com a duração de
135 horas promovida pelo Sindicato de Hotelaria, Turismo e Similares
da Região. Fiz o curso de SISTEMA OPERATIVO WINDOWS ME
módulo 1 e 2, realizado pela Serform, cujos custos foram suportados
por mim na totalidade. Frequentei a Formação de
APERFEIÇOAMENTO EM ATENDIMENTO AO CLIENTE E
COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL de 13/05/2002 a 22/05/2002,
com a duração de 35 horas que nos foi dada pelo Celff. Frequentei
uma acção de formação de iniciação à língua inglesa, entre Fevereiro e
Maio de 2004, com a duração de 30 horas, especialmente direcionada
para os Encarregados de Educação, que eu nessa qualidade tive muito
gosto em participar e em aprender. Estive presente em várias acções
de apresentação de novos produtos, provas de vinho…nomeadamente,
numa efectuada a 30/01/2005 pelas adegas Alentejanas CARMIM.
Frequentei de 11/04/2007 a 13/04/2007 com a duração de 21 horas, o
curso de Formação Profissional: GESTÃO DE ARMAZÉNS E
STOCKS, promovido pela ACIF, o qual para mim foi de grande
utilidade. Participei no Seminário QUALIDADE E SEGURANÇA
ALIMENTAR NA RESTAURAÇÃO, que decorreu no Museu Casa
da Luz no dia 29/05/2007 com informações actuais de grande
utilidade. Mais recentemente efectuei o exame KEY ENGLISH TEST
da University of Cambridge no qual consegui passar."
5
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"A minha primeira experiência de trabalho foi em 1988, aos 14
anos, e não foi muito boa, porque os patrões não respeitavam os
trabalhadores, chegando mesmo a bater-nos."
1
"Nessa altura era muito novo e trabalhei numa oficina de
automóveis a servir os mecânicos. Fazia a limpeza da oficina, lixava,
lavava e aspirava carros. O meu maior motivo de satisfação é que era
os meus primeiros “trocos”, e ainda hoje guardo e conservo algumas
aprendizagens que fiz, por exemplo, o cuidado de lavar e aspirar o
meu carro."
5
"Em 1990 fui para Londres, com um dos meus irmãos, que me
arranjou trabalho num restaurante chamado Sambúca. Ai comecei a
trabalhar, como cozinheiro, fazia algumas refeições, tais como,
esparguete à bolonhesa, borrego e macarronada. Também fazia
algumas saladas e alguns doces, senti algumas dificuldades e alguns
riscos no trabalho... "
1
"No dia 1 de Janeiro de 2003, passei a assumir as funções de
auxiliar de apoio e comecei a fazer um pouco de tudo, desde vigilância
no portão, limpeza de salas, e serviço de bar. Os meus maiores
motivos de satisfação eram os elogios que alguns professores e alunos
me davam a propósito das tarefas que desempenhava."
1
"Alguns professores, foram para mim grandes amigos, nos
momentos mais precisos da minha vida, por vezes dedicamos alguns
momentos para realizarmos jantares ou pequenos convívios entre
professores, funcionários e alunos, sobretudo ao nível do Ensino
Recorrente Nocturno, visto que já trabalho no período nocturno há
oito anos. "
1
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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 301
"Para o meu desenvolvimento profissional frequentei várias
acções de formação. A primeira foi intitulada: “Relações Interpessoais”
que decorreu em março de 1998. A partir desta acção tentei compreender
mais as outras pessoas, visto que uma escola só funciona se os vários
elementos trabalharem como um grupo unido. A segunda acção de
formação foi também ainda em Março de 1998, e foi relacionada ainda
com os “Primeiros Socorros”. Com esta formação aprendi a ajudar as
pessoas que se encontravam em situações de aflição. Em Maio do mesmo
ano participei no segundo módulo da acção de formação: “Relações
Interpessoais”. Em Abril de 2000, participei na acção de formação:
“Segurança e Saúde no Trabalho”. Aprendi que devemos desempenhar as
tarefas com calma e reflectir sobre o que estamos a desempenhar. Posso
dizer que ponho em prática o que aprendi em tudo o que faço, visto que
são factores determinantes no meu desempenho pessoal. Em Outubro do
mesmo ano, participei na Acção de Formação: “Meios Audiovisuais”,
pela Direcção Regional de Administração e Pessoal, no Funchal. Visto
que trabalho numa escola, esta formação é sempre útil para poder ajudar
quando for preciso, e até mesmo no nosso dia-a-dia, sempre que
utilizamos algum aparelho. Em Maio de 2001, participei numa Acção de
Formação: “Equipamentos Audiovisuais” pela Direcção Regional de
Administração e Pessoal, no Funchal. Por último, em Dezembro de 2001,
participei na Acção de Formação: “Meios Audiovisuais – Iniciação à
Informática” que decorreu novamente na Direcção Regional de
Administração e Pessoal, no Funchal."
1
"Depois de ter saído da Escola Primária, fiquei em casa a
trabalhar, ajudando os meus pais na “fazenda” e a cuidar dos animais
(vacas, porcos, galinhas, coelhos, cabras, pombas…). (Ilustra discurso
com fotos dos animais). "
1
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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 302
"O meu verdadeiro percurso profissional começou exactamente
aos 18 anos, quando fui para o estrangeiro, mais precisamente para uma
ilha chamada Guernsey. Aprendi com os meus amigos alguns
conhecimentos da língua inglesa, diverti-me imenso, foi uma aventura
maravilhosa e inesquecível. Na ilha de Guernsey também aprendi a
conhecer o que era uma montanha russa, ir a uma discoteca, aprendi a
nadar, a conduzir automóvel e mota. "
1
"Nesse período da minha estadia também tive oportunidade de ver
a Rainha da Inglaterra, juntamente com os seus familiares, desfilando ao
vivo pelas cidades. Também nesta ilha tive o privilégio de andar de
avioneta, fui de Guernsey até Jersey."
1
"Em 2004 tirei o curso de iniciação à informática. " 1
"Em 2008, concluí com aproveitamento o módulo de “
Consolidação da Acção S@ber + Literacia Tecnologia." 1
"Em 2009 tirei o “Curso de Formação e Iniciação de Inglês” ." 5
"Participei na Acção de Sensibilização subordinada ao tema:
“Prevenção de Acidentes e Promoção de Segurança Infantil.” " 5
"Participei ainda nas Acções de Formação: “Alterações Climáticas
e Qualidade do Ar”." 5
"Actualmente exerço a actividade profissional de empregada
doméstica e Jardineira. " 2
"Costumava ajudar a minha mãe e a minha avó na agricultura.
Recordo a apanha das uvas feita em Setembro e em Outubro fazíamos
várias plantações, desde batata-doce e as “semilhas”."
2
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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 303
"Tive que começar a cuidar do meu tio que ficou tetraplégico,
devido a um acidente de carro. Tenho de ter vários cuidados com ele,
desde dar-lhe comida, porque não consegue equilibrar-se, prestar os
cuidados básicos de higiene etc…"
1
"Frequentei o curso de informática, aprendi com os meus
professores e algumas coisas sozinha, sobretudo para poder trabalhar no
meu computador. Tenho internet há dois anos, e visito os sites: Facebook,
Messenger, Youtube etc… "
5
"Ajudei sempre a minha família nas actividades domésticas,
sobretudo a minha mãe a cuidar dos meus irmãos. Aos 16 anos frequentei
um curso de cozinha, através da Associação Barmen da Madeira."
1
"Trabalhei numa caixa num supermercado da cadeira Pingo Doce.
" 1
"Fiz também um curso de geriatria – cuidados e apoios à 3ª idade,
cuidados relacionados com a Higiene, Saúde e Segurança, bem como
algumas doenças mais comuns, associadas aos idosos. "
5
"Durante a minha experiência profissional tive contactos com
diversos tipos de deferências: deficientes motores e mentais. " 5
"No meu tempo de adolescente trabalhava-se muito a terra, eram
bem poucos os terrenos que estivessem abandonados. Tive que ir muitas
vezes à serra com o meu pai e a minha avó apanhar e trazer molhos de
erva para o gado. No início trazíamos às costas, mas depois o meu pai
comprou uma carreta de vacas, o que foi bom, pois sofríamos muito fazer
grandes percursos com os molhes às costas. Nessa altura não havia
tractores, e as estradas não eram tão boas como agora, ou eram estradas
de terra ou de calçada, era tudo mais difícil…"
1
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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 304
"Também desde nova ajudava os meus pais na mercearia, e aos 18
anos, quando o meu pai adoeceu, fiquei com a responsabilidade de
trabalhar na mercearia."
1
"Desde muito nova que trabalhava com os meus pais nos terrenos,
não havia momentos de “folga” ia aprender a costurar com uma senhora
vizinha, que dava aulas de costura. Também aprendi a fazer croché e
tricô, uma fazia toalhas e camisolas para ganhar dinheiro. Também
trabalhei durante um ano como empregada doméstica na casa de uma
professora."
1
"Aos 17 anos surgiu-me a oportunidade para trabalhar num
restaurante, com a função de cozinheira. Entretanto fui trabalhar para um
restaurante snack-bar. "
1
"Actualmente continuamos os 2 na restauração e como
trabalhamos por conta própria, não precisámos de sindicato." 1
"Em 2002, tirei um curso de informática, “Internet e Novas
Tecnologias”, e fiz aquisição de um computador portátil." 5
"No dia que fiz 15 anos, comecei a trabalhar numa empresa de
equipamentos de precisão. O meu trabalho era fabricar componentes
electrónicos que depois eram exportados para a Inglaterra. Trabalhei lá
durante 9 anos. "
3
"Frequentei também a acção de formação a 28 de fevereiro de
2004, intitulada “Como Agir numa Situação de Emergência”. " 5
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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 305
"Iniciei-me no mundo do trabalho aos 15 anos, pois a escola
não me agrava muito, e necessitava de trabalhar para ajudar em casa,
pois a família já tinha aumentado. O meu primeiro emprego, ficava no
centro da cidade do Funchal, numa barraca, venda de frutas e
verduras. "
2
"Aos 18 anos fui trabalhar para a Renault, como pintor de
automóveis. Tive de deixar o serviço para cumprir tropa, sendo este
um dever, enquanto cidadão português. Após cumprir a tropa, voltei
novamente para a Renault por mais 2 anos."
1
"Aos 36 anos continuo a trabalhar na mesma empresa e espero
lá continuar. Espero concluir os meus estudos para poder mais tarde
usufruir deles e ser um excelente profissional."
5
"O meu primeiro trabalho que tive foi entregar garrafas de gás
aos domicílios, durante cerca de 1 ano. Íamos de carro, de casa em
casa, distribuir as botijas de gás. Nas veredas, locais em que a viatura
não podia circular, nós (os meus colegas de trabalho e eu)
transportávamos as botijas às costas, era duro…"
3
"A maior dificuldade que tive foi na construção civil foi que
encontrei um trabalho muito pesado, dado que nessa época não
tínhamos máquinas de apoio ao trabalho. "
3
"A partir do exercício de funções na construção civil e desde os
meus 18 anos até a presente data exerço a função de Condutor
Manobrador. Comecei por trabalhar dos 18 anos numa pequena
empresa, como Condutor Manobrador mas que estava em risco de
abrir falência, o que me motivou a mudar de empresa e também era
um trabalho perigosos."
3
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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 306
"Aos 21 anos também cumpri o Serviço Militar no RG3
(Regimento de Guarnição nº 3) durante 6 meses. Esta experiência, que
na época era obrigatória, ensinou-me a ser mais responsável,
disciplinado e a ter sentimentos de camaradagem. "
5
"Aos 30 anos frequentei a Acção de Formação intitulada:
“Condutor Manobrador- Movimentação de terras”, sendo que esta
formação foi muito útil para o meu trabalho. A Entidade Formadora
foi: Destinos Práticos”, e a duração foi de 20 horas."
5
"Tenho um portátil do programa TMN e-escolas, com
velocidade de 1Mbps e cujo preço mensal é de 5 euros, que graças ao
meu ordenado vou investindo e pagando as respectivas prestações."
5
"Ao sair da escola, fui ajudar o meu pai a fazer blocos. O meu
pai trabalhava numa fábrica de blocos e telha para a construção civil,
mas trabalhei pouco tempo, ou seja, entre os meus 11 anos e 13 anos,
tínhamos que trabalhar na agricultura, cavar batatas doce por exemplo
para o almoço, e às vezes tínhamos milho com bacalhau ou peixe para
o meu pai e os meus irmãos que andavam a trabalhar fora. "
3
"Foi com o Senhor Danilo que ainda aprendi a fazer
instalações eléctricas em casas aos fins de semana e aos feriados, ele
ensinou-me o que sei hoje, foi com este grande mestre, este professor
e também foi desta forma que aprendi a gostar da profissão. "
3
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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 307
"Embora a guerra já tivesse acabado, ainda haviam lutas entre
os Movimentos tanto MPLA, UNITA, FNLA e, por força maior, a
Tropa Portuguesa estava envolvida. Estivemos em terras de Angola a
cumprir o Serviço Militar quase 10 meses, tendo saído de cá no dia 3
de Janeiro de 1975, e regressámos no dia 23 de Outubro, ou seja, 15
dias antes de ter sido declarada a independência de Angola, que foi no
dia 11 de Novembro de 1975. Entretanto regressei de volta à minha
terra Madeira, da qual tinha saudades, principalmente da paz, com o
Serviço Militar cumprido eu queria era trabalhar."
5
"Actualmente contínuo nesta área da electricidade e faço
também obras por conta própria." 3
"Como não fui estudar, lancei-me no mundo do trabalho,
queria trabalhar para poder gerir o meu próprio dinheiro. Hoje,
lamento não ter continuado os estudos, porque me teriam
proporcionado outras escolhas profissionais e mais estabilidade
financeira. No entanto, gosto do meu trabalho, porque adoro estar com
crianças, sinto-me por vezes criança."
5
"O lado menos bom é o pequeno ordenado que, por vezes, não
é fácil de gerir para chegar até ao fim do mês. No entanto, tenho um
terreno próprio de bananeiras que vou explorando e daí que me dá
uma ajuda."
3
"Iniciei-me no mundo do trabalho, exercendo funções no
Recenseamento dos Censos 81. A minha função era ser inquiridora.
Tinha a responsabilidade de recensear as pessoas que me foram
atribuídas. Logo a seguir, exerci funções de escriturária dactilógrafa na
junta de freguesia. Exerci também a atividade de agricultura por conta
própria na exploração de bananeiras."
5
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"Frequentei várias ações de formação, as quais me foram
enriquecendo não só a nível profissional como também pessoal. São
ações de formação complementar e todas elas foram importantes. A
Formação relacionada com Relações Humanas e a Prevenção da Sida
e a Escola são fundamentais para mim."
5
“Actualmente sou monitora em diferentes freguesias rurais,
ensino música em três centros sócias e sou responsável pelo grupo
instrumental de uma casa do povo."
5
" Tem sido um trabalho contínuo e crescente de experiencias e
resultados notáveis e positivos. Inicialmente dava teoria e flauta de
Bisel depois Guitarra, Bandolim, Violino, Órgão, Rajão e Braguinha.
Comecei com músicas populares, depois regionais até às clássicas."
5
"O primeiro trabalho que o grupo apresentou ao público foi
numa missa da Noite de Natal, em 1985, fomos crescendo até hoje." 5
"Fiz as seguintes formações: Curdo de Catequese, Relações
Humanas, Cultura Geral, Culinária, Arranjos florais, trabalhos
Manuais e Curso de pintura em tecido, técnicas de Guardanapo em
Vela, Telas e madeiras."
5
"Desde muito nova comecei a trabalhar na vida de casa, na
terra e nos tempos livres bordava (bordado Madeira). E entretanto
começaram aparecer cursos de formação rural. Fiz um curso de
culinária não só para aprender a cozinhar mas principalmente para
aprender aproveitar o valor dos alimentos. Fiz outro curso de trabalhos
manuais: croché e rafia."
1
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"Terminei o 6ºano e vim para casa trabalhar, na lida da casa, na
fazenda e em tudo o que precisasse. Estive assim talvez uns três anos.
Depois no meu sítio, havia um casal de idosos a precisar de ajuda e fui
trabalhar para lá. A minha mãe perguntou-me se queria ir e logo disse
que sim. Aceitei, talvez não a pensar no trabalho, mas sim no dinheiro
que iria receber. Nunca tinha recebido ordenado. Por mês, o senhor
pagava-me vinte contos, era bom dinheiro para mim. "
3
"Como só tinha o 6ºano, não tinha muitas opções e inscrevi-me
apenas nas limpezas e restaurantes. Passado algum tempo, recebi uma
carta do Centro Regional de Emprego para lá ir porque tinha uma
proposta de trabalho. Era no hotel, na qualidade de ajudante de
limpeza. Como era distante da minha área de residência e não tinha
meios de transportes, acabei por desistir."
5
"Como eu queria aprender a tocar órgão, para depois tocar na
igreja, ia com a minha irmã para a música e pedia para sair uns cinco
minutos mais cedo para entrar no trabalho. A professora de música
começou por ensinar o solfejo, e tínhamos de saber primeiro as notas
de música mas eu queria era tocar! "
5
"De momento, concorri para trabalhar na Casa do Povo e
exerço actualmente as funções nesta instituição. Estou muito satisfeita
e preocupo-me muito com o meu desempenho profissional."
5
"No meu 8º ano, comecei logo a trabalhar numa casa particular
a fazer trabalhos domésticos (lavar, passar a ferro, etc.). Esta era uma
maneira de ganhar algum dinheiro para mim e para ajudar em casa
nalgumas despesas. Passava o dia a correr, dividia-o entre trabalhar e
estudar. "
3
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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 310
"Entretanto como não exercia nenhuma actividade profissional,
além da minha vida diária doméstica comecei a fazer alguns cursos na
Casa do Povo, nomeadamente: pintura em tecido, em vidro, arranjos
florais, doces e licores."
5
"Como já enfrentei vários obstáculos estava disposta a
enfrentar mais estes desafios (…) dado que o meu futuro profissional
está em causa, vou subir mais uns degraus na vida e naturalmente se
conseguir estarei satisfeita e também a minha família até a sociedade,
porque estando mais formada mais estarei desenvolvida e valorizada!"
5
Natureza das Sociabilidades
Unidades de registo de contexto
Codificação
1 - Confiança perspetiva racional; 2 - Confiança perspetiva social
"No mapa das minhas aprendizagens da vida, muitas pessoas
marcaram-me profundamente, as minhas relações de amizade, assim um
senhor de 63 anos, agricultor, 4ª classe, aprendi a cultivar os terrenos,
como fazer a agricultura, desde o tempo de rega, de semear, mondar e
colher, e deitar remédio. Com um outro senhor de 70 anos aprendi a
cuidar das mesmas, ainda com um outro senhor de 50 anos aprendi a
enxertar mangreiros e anoneiras. Com um técnico agrícola de 63 anos
aprendi a poda das árvores e modos de colheita dos frutos. Com um
senhor de 70 anos, comerciante, aprendi muito a nível de funcionamento
de bares e mercearias… e até a fazer poncha. Com o meu filho mais velho
de 31 anos de idade, 12º ano de escolaridade, motorista de turismo, e a
minha nora de 30 anos, contabilista, aprendi a ser avó, com a experiência
1
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por ter cuidado dos filhos, tenho o dobro da atenção pelo neto. Sou muito
tolerante, pois sou um avô babado. Com o meu filho mais novo de 21
anos, 12º ano de escolaridade, aprendi a ser um pai mais tolerante e mais
moderno, visto que os tempos e épocas que vivi serem diferentes, mas
mesmo assim não é fácil corresponder aos tempos de hoje, pois a maneira
que fui educado, é muito diferente daquela que tento dar aos meus filhos.
Neste momento com o meu neto, quase 3 anos de idade, tenho aprendido a
ser mais tolerante e ter o dobro da disponibilidade como pai."
"Graças a um grupo de amigos e de uma professora, fui tirar um
curso de informática, do ano 2003 ao ano 2004, o que se converteu numa
mais-valia profissional."
1
"Nunca esquecerei que foi a minha mãe que me ensinou a fazer
croché apenas com 9 anos. É uma situação que sempre recordarei e que
me tem servido pela vida fora, para mim e também para eu poder ensinar
para outras pessoas."
2
"Com as minhas queridas velhinhas do Centro Social, aprendi a
fazer renda antiga, para não se perder as tradições antigas e ainda a
trabalhar na área da tecelagem e no bordado da Madeira."
2
" Ensina-me muita coisa, desde cozinhar, fazer a lida de casa e a
ser uma pessoa honesta, porque é destas pessoas que a sociedade
necessita. Eu como filha e com outra mentalidade devido à diferença de
idades ensino-lhe outra maneira de ver a vida, dando maior espaço ao
optimismo, à esperança e a reflectir que na vida há outras coisas que não
são só trabalho. O que a minha mãe espera de mim, é que eu não desista
dos meus objectivos, faça o procedimento de estudos, e assim ela ajuda-
me a dar forças e ânimo e a seguir as normas da vida."
2
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"O meu filho mais velho é segurança e tem-me ensinado a
melhorar o meu português, tanto a nível da escrita como o falar. Ensinou-
me também que se queremos algo mais da vida, temos que lutar para
consegui-lo, ajudou-me assim a ter mais vontade e coragem para seguir
em frente com o objectivo que me propus, frequentar as novas
oportunidades. Assim o nosso sonho conjunto fica concretizado.
O meu filho mais novo apesar de tenra idade, foi com ele que
aprendi a dar os primeiros passos a nível das tecnologias, desde programar
o telemóvel para as várias funcionalidades existentes, ou usar os recursos
informáticos."
1
"A minha comadre é auxiliar de educação educativa, tem 31 anos e
tem-me dado muito apoio psicológico e ajuda de forma que eu concretize
o meu sonho para eu também poder aumentar a minha escolaridade.
Trocámos conhecimentos, e apesar dos problemas que a vida nos
apresenta, enfrentamos com um sorriso na cara, e com um pouco mais de
optimismo as dificuldades são mais fáceis de ultrapassar."
1
"A família constitui sem dúvida o centro da minha vida relacional.
Para além do meu núcleo familiar (marido e filhos), a restante família
assume grande importância na minha rede de convivência diária e de
normas sociais que devemos orientar-nos na vida porque é desta forma
que a sociedade nos espera."
2
"Os meus pais foram os meus primeiros educadores e
desempenharam um papel importante na minha vida, aconselharam a
importantes decisões, e a quem eu procuro ajudar em tarefas do dia-a-dia.
Os meus filhos têm sido uma presença constante na minha vida, apesar de
já serem adultos e terem as suas vidas próprias, continuamos a partilhar
muitos quer em casa, quer em momentos de lazer, tenho aprendido muito
diariamente com eles, em questões de me manter na actualidade em
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questões culturais e sociais, ao nível das tecnologias (por exemplo, com
eles aprendi muito, e o que sei em relação aos computadores, telemóveis e
novas tecnologias deve-se a eles."
"Os meus irmãos, cunhados (as) e sobrinhos (os) continuam a ser
as pessoas que ao longo dos tempos têm estado sempre presentes nos bons
e maus momentos e com quem tenho partilhado muito. São as pessoas
com as quais eu sei que poderei contar e vice-versa. Toda a vida temos
estado uns para os outros ..."
1
"Através das redes sociais é vantajoso no sentido estabelecemos
comunicação. Cita a frase: “ A amizade multiplica o amor e divide a
tristeza”, Bacon, in 101 pensamentos. Um dia encontrei “pedras no meu
caminho”, tendo por hábito olhar pela minha saúde, efectuando análises
de rotina, controlar o peso, a tensão arterial, ter as vacinas em dia, etc. e
recorrendo ao centro de saúde da minha área de residência para as
consultas de rotina com a minha médica de família, um dia tive uma
surpresa…Foi assim, que em Janeiro de 2007 foi-me diagnosticado após o
resultado de uma biopsia um carcinoma do cólon. (Ilustra discurso com a
apresentação do relatório médico em anexo). Após o diagnóstico,
surgiram-me de imediato um turbilhão de emoções: medo, desespero,
esperança, mas acima de tudo, coragem e força, e fé para lutar. Foi
estabelecido que eu deveria ser submetida à cirurgia e posteriormente ser
submetida à quimioterapia. Assim foi agendada a cirurgia que teve lugar
na clínica de Santa Catarina, e que consistiu na remoção do meu cólon
descendente. Devido a uma complicação da cirurgia foi-me removido o
baço, que é o órgão, sem o qual não podemos viver bem. Felizmente a
recuperação da cirurgia correu bem, e passados alguns dias recebi o
resultado da análise com uma boa notícia: as células malignas não haviam
atingido os gânglios e por isso não seria necessário efectuar
quimioterapia. Desde então o meu estado de saúde está controlado, e faço
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vigilância anualmente. Este episódio da minha vida constituí um grande
momento de aprendizagem. Aprendi a estar na vida de outra forma,
valorizando mais as pequenas as coisas e as pessoas que me rodeiam;
Encontrei amizade em pessoas que não esperava, e com essas aprendi a
dividir as tristezas e a multiplicar as alegrias, a somar os bons momentos e
a subtrair os maus. Aprendi a acreditar, ter Fé, lutar perante as
adversidades da vida e a nunca desistir. Aprendi que na vida nem sempre
as coisas correm como gostaríamos, mas mesmo perante os obstáculos e
as vicissitudes, temos que lutar para atingir os nossos objectivos. Aprendi
a ser feliz! Durante a minha recuperação escrevi uma carta que reflecte os
meus sentimentos vividos no momento da doença..."
"A minha família está em primeiro lugar pois é o mais importante
nesta vida. Acompanhada este pensamento com a citação do poema
“Urgente” de Eugénio de Andrade. A minha mãe tem 67 anos, e não tem
escolaridade pois nessa época não frequentavam a escola. Também os
meus avós defendiam que as mulheres deveriam ficar em casa assim
estavam protegidas da sociedade ..."
1
"O meu marido é motorista, ensinou-me a conduzir, e até a nadar
(…). Apoia-me muito quando estou triste. O meu filho mais velho tem 8
anos, anda no 3º ano, é um bom aluno e ensinou-me as primeiras lições no
computador. O meu filho mais novo ensinou-me a ser cada vez mais
alegre na vida. Os meus amigos ensinam-me a ser simpática, generosa e
divertida. Os colegas de trabalho encorajam-me para enfrentar os desafios
do dia-a-dia. As pessoas da comunidade: senhor padre, senhora
enfermeira e a senhora bancária estimulam, encorajam para o
investimento académico. Conclui a sua rede de relações e amizades com a
citação do poema: “Fúria nas trevas o vento” de Fernando Pessoa."
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"Tenho aprendido com a minha família e o meu trabalho, o qual
cumpro com a maior honestidade, apesar de haver incentivos por vezes na
vida que são desonestos, mas que tenho sabido resistir, e dos quais não me
arrependo." Costumo dizer que quase costumo passar mais tempo com os
colegas de trabalho do que com a família, uns mais, outros menos amigos,
uns de mais, outros de menos confiança, mas quase sempre para que haja
uma certa harmonia e um bom ambiente de trabalho. A rede de relações e
aprendizagens são de natureza diversa: Relações Familiares – Esposa,
filhas e pais; Relações de amizade – Um amigo de infância (48 anos), o
meu professor de Inglês (44 anos) e a minha colega de longo tempo e
amiga (30 anos); Relações de Trabalho – Director do Hotel (47 anos), o
controlador de comidas e bebidas (39 anos) e a Directora Financeira (34
anos)."
1
"Era a minha avó quem me contava muitas histórias e além de me
dar muito amor, e apesar de apenas ter concluído a 3ª classe, era uma
pessoa muito sábia. Sempre que eu estava doente, ela fazia um remédio
que dava resultado e que me ensinou como viver de acordo com a
sociedade."
2
"O meu “Mundo Relacional” são: as minhas filhas, a esposa, os
meus pais e irmãos, padrinhos, colegas, auxiliarem, professores e amigos
íntimos, que no seu conjunto me proporcionam bem-estar no dia a dia."
1
"Foram sobretudo os meus amigos que ajudaram-me a crescer, e a
criar o gosto pela luta da vida e seguir as normas que são precisas para
vivermos à nossa volta."
2
"A minha avó, a minha mãe e os meus irmãos foram quem
ajudaram-me a crescer. Actualmente a minha filha, o meu companheiro e
o meu tio, ajudam-me a ultrapassar os obstáculos do dia-a-dia."
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"Durante o tempo que vivi em casa dos meus avós paternos, tive
muitos amigos e colegas com quem brincava, na altura, a minha melhor
amiga era a Sara. Ela vinha a minha casa, e vice-versa. Também
festejávamos os nossos aniversários. Brincávamos à “apanhada”, à “cabra
cega”, “às escondidas”, ao “peão”, “ às quentes” e “às palmas” com as
meninas. Também adorava desenhar, mas sobretudo pintar com o meu
grupinho da infância."
1
"A minha mãe tem sido uma força determinante na minha vida,
com ela aprendi e ganhei força para ultrapassar as dificuldades e ter
consciência das regras que são precisas para vivermos em sociedade."
2
"Nos meus tempos de criança, tinha as minhas grandes amigas,
brincava com a minha prima e com outras crianças que viviam perto de
mim. Fazíamos bonecas com panos, “brincávamos ao lencinho”, “ao
avião”, “ao jogo da macaca”, aprendíamos a ser felizes todos juntos."
1
"Com o meu marido aprendi muita coisa: a falar menos, a ser mais
compreensiva, liberta e calma. A minha filha ensinou-me a jogar
Playstation, e a minha amiga ensinou-me a estudar o código, e em contra
partida ensinei a fazer tricô. Quanto às minhas relações de trabalho mais
próximas, tenho o meu marido, e duas amigas.... Quanto às relações
familiares, tenho o meu marido, as minhas filhas, e restantes familiares,
que me dão força para lutar contra todas as barreiras que apareçam na
vida."
1
"Durante a minha infância foram sobretudo os meus tios e os meus
sobrinhos que marcaram a vida. Naquele tempo não havia muitos
brinquedos. Eu e os meus irmãos divertíamo-nos a jogar ao “Avião”, à
“Senhora”, “às prendas”, fazíamos “Joeiras”, “papagaios” e “carrinhos de
pano”. Também frequentávamos o Baile Infantil do Livramento, que
entretanto acabou…"
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"No mapa das minhas relações e aprendizagens, destaco a minha
esposa, com ela aprendi a cozinhar e a responsabilizar pela casa e ter
muita vontade para ter uma família feliz. A minha mãe que sempre me
incutiu a necessidade de respeitar as outras pessoas e as ajudar…Com o
meu pai aprendi a lutar, a não ter medo da vida…Com as minhas filhas
aprendi a viver feliz, a sentir que cada dia vale a pena viver a felicidade.
Com o meu irmão aprendi a arte de eletricista e ensinei-lhe a conduzir o
carro e a mota."
2
"No mapa das minhas relações e aprendizagens, assinalo o meu
pai, com o qual aprendi a vida da agricultura. A minha mãe que me deixou
os seus ensinamentos, nomeadamente quando me recomendava para não
andar coma más companhias. Na oficina aprendi com o me amigo a
compor os carros e outras situações relacionadas com a manutenção dos
automóveis. Com um outro amigo aprendi a andar de mota. A nível
profissional aprendi também com um amigo a trabalhar com uma máquina
e também já ensinei a outros colegas de trabalho o manuseamento das
máquinas. O meu conhecimento com o computador e internet começou
cerca de um ano e meio, aprendi com as minhas sobrinhas e sozinho.
Devo a aprendizagem nas tecnologias, mais precisamente o uso do
computador às minhas sobrinhas…"
2
"As pessoas que fazem parte da minha vida no que concerne a
aprendizagens significativas são: a minha mãe com 79 anos de idade (hoje
falecida), não andou na escola mas sabia ler, a tia ensinou-a a ler e a
escrever, porque o meu pai emigrou para o Brasil. Assim, ela escrevia as
suas cartas e também nos ajudava nos trabalhos da escola."
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"A minha irmã mais nova, com 49 anos de idade e que tem o 12º
ano de escolaridade é quem me tem ajudado nos meus desempenhos
escolares, ensina-me a trabalhar com o computador, porque não sabia
mesmo nada e, assim, tenho feitos diversas actividades, desde
percentagens, gráficos e pintar, escrever, etc. Sempre me ensinou que não
há causas inatingíveis, que as nossas vidas são do tamanho dos nossos
sonhos, ela diz-me sempre que: querer é poder…é ela que me impulsiona
a ir em frente perante os obstáculos. Tenho também uma vizinha com 76
anos de idade, que é analfabeta, mas tem uma sabedoria que só se adquire
na Universidade da Vida. Com a sua calma e o seu jeito próprio de ser,
ensinou-me a reflectir sempre antes de agir, em qualquer situação que se
apresenta pela frente. Ensinou-me que a união faz a força, que é muito
importante manter a família sempre unida, pois assim se consegue vencer
qualquer barreira que se atravesse na nossa vida."
1
"A minha sobrinha, que tem 26 anos, com o 12º ano de
escolaridade e é Comissária de Bordo com a sua alegria pela vida,
ensinou-me a valorizar as pequenas coisas que a vida oferece, a estar
sempre de espírito aberto para as mudanças que vão surgindo na nossa
vida e neste período moderno. (ilustra discurso com a foto da sua
sobrinha). O meu amigo de 55 anos de idade e com o 12º ano de
escolaridade, e que exerce a actividade de Polícia, por causa da sua
maturidade e segurança naquilo que faz e diz, ensinou-me a valorizar o
meu trabalho e a resolver qualquer dificuldade ou problema que se
apresente na minha vida, até mesmo a improvisar se necessário, sempre de
cabeça erguida e satisfação. Um outro amigo que tem 35 anos, e é
professor de Educação Física, ensinou-me a descontrair e a baixar o stress
de pois de um longo dia de trabalho. Ensinou-me a não desistir mesmo
quando as expectativas não correspondem ao que queríamos, mesmo que
a nossa força esteja no limite. Temos que nos valorizar e acreditar nas
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nossas potencialidades."
"Passei a minha infância com os meus pais, mas visitava muitas
vezes os meus tios e um casal amigo e as suas duas filhas, daí partiu uma
amizade de criança que ainda hoje existe."
1
"Ainda me recordo as aventuras no tempo de criança, sempre tive
o contacto desta amiga e sempre que nos encontramos, as nossas
conversas vão sempre bater a essas aventuras. Com esta colega,
aprendemos em conjunto a lidar com os nossos defeitos e a ultrapassá-los,
nos momentos menos bons."
1
"Os amigos são uma parte importante da minha vida. Acho que
sem amigos e impossível viver embora tenha muito cuidado na escolha
dos amigos. Quem tem um verdadeiro amigo tem um tesouro, mas no
tempo em que estamos não e fácil fazer amigos porque cada um só pensa
no seu bem. Um verdadeiro amigo e aquele que esta comigo quando estou
bem e quando eu estou mal e aquele que da razão quando não a tenho.
Numa fase da minha vida durante uns três anos tive de fazer companhia a
uma senhora velhinha que vivia sozinha, não tinha família nem casa para
viver e os meus pais então emprestaram-lhe uma casa. Não o fiz com
muito gosto porque preferia estar em casa. Ainda hoje, lamento não o ter
feito de boa vontade, no entretanto foi uma “lição” porque agora estou
mais sensibilizada a ajudar as outras pessoas e aprendi muito os segredos
da vida com essa senhora e a minha mãe. "
1
"Eu tinha uma amiga e vizinha, que era a Rita e nós íamos sempre
juntas para a escola. Como a minha casa ficava antes da minha amiga
Rita, era sempre eu a chamá-la, a nossa amizade ainda se mantém nas
situações necessárias para o encorajamento nas dificuldades da vida."
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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 320
"Brincávamos muito amigas na infância, ao lenço, ao anel, ao gri-
gri, às pedrinhas, etc… Eu preferia brincar ao lenço. Fazíamos uma roda e
eu por for ia cantando, até deitar o lenço atrás de alguém, assim tínhamos
estas aprendizagens sociais tão importantes na nossa vida."
1
"A Tia Conceição foi das pessoas que mais referências marcou na
minha vida. Com ela aprendi desde a trabalhar na fazenda, como na
agricultura. A minha patroa, que era muito exigente, mas que mais tarde
percebi que era para o nosso bem, era preciso aprendermos as coisas
certas e termos alguma qualidade no nosso serviço e na nossa imagem."
2
"A Dona Filomena, que era a minha professora de música, foi a
minha grande mestre. A professora dizia que era bom tocar por ouvido,
mas tinha de aprender a tocar com a pauta à minha frente. Passados uns
tempos, a professora fez-me uma proposta e apresentou-me um programa
no qual eu tinha de tocar numa missa e eu pensei: “não vou ser capaz de
tocar numa missa, com tanta gente e o senhor padre a assistir”. Pensei que
se não saísse bem, não saía, errar é humano. E eu fiquei mais calma. No
final, só ouvi baterem palmas. Todos nós ficamos muito contentes."
1
"Recordo-me também nas minhas relações de amizade, os meus
irmãos mais velhos que faziam “papagaios” eram tão linhos e atiravam-
nos ao vento com as linhas de croché da minha mãe, que ficava
danada…também jogavam ao pião e com um arquinho iam caminhando
felizes pela estrada fora, era tudo tão natural e belo na natureza…Também
faziam aqueles carrinhos de arame forrado com canas “vieira”, cortadas de
forma pequena, que nos dias de hoje, pouca gente sabe fazer, que
aprendizagens fascinantes uns com os outros."
1
"Nos fins de semana como éramos uma família numerosa,
juntávamos – nos todos com os vizinhos no caminho onde não passavam
carros, e brincávamos e fazíamos vários jogos até ao anoitecer, numa
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grande rede de laços de amizades. Recordo que os valores da amizade e de
solidariedade eram praticados em grupo, éramos todos tão amigos e todos
cooperavam nos jogos desde o jogo do lenço, à cabra-cega, ao jogo do
anel (…). As pessoas mais velhas também jogavam. O jogo que mais
gostava era a matança, era feito com uma bola média que arranjávamos
com trapos velhos e jogávamos todos muito felizes! (...). "
Natureza Histórica
Unidades de registo de contexto
Codificação 1 – Perspetivas Históricas Passadas; 2 – Perpetivas Históricas
Atuais
"Já trabalhava na escola, quando chegaram alunos a comentar que
havia um Golpe de Estado. Na rádio não transmitiram o noticiário, só
passavam músicas de Zeca Afonso. Tivemos que levar os alunos mais cedo
para casa, quando dão a primeira notícia ao País, fala-se no M.F.A. no General
Spínola, Capitão Salgueiro Maia, Saraiva de Carvalho, entre outros. Portugal
no domínio das Forças Armadas, sendo a Junta de Salvação Nacional que é o
M.F.A. a comandar todo o território português. Mandaram para a Madeira o
Almirante Américo Tomás e Marcelo Caetano que ficaram uns dias exilados
no Funchal, Marcelo Caetano pediu asilo político no Brasil. Suspenderam-se
as Guerras nas colónias portuguesas e eu fiquei contente, porque assim não iria
para lá combater, e o meu irmão que estava lá, voltou mais cedo para casa. "
1
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"O que mais me preocupa no mundo é como as pessoas vivem em
certos países, passam fome, têm pobreza, contaminam o ambiente, a guerra, o
racismo, tudo isto preocupa-me, todos nós somos humanos, essas pessoas têm
o mesmo direito de viver em paz e amor. Por vezes o egoísmo, a inveja levam
à separação e à maldade entre os Homens."
2
"Há uma coisa que me preocupa muito no mundo, é a fome que a
sociedade atravessa é triste ver principalmente tantas crianças a passar por
tal…Todos os dias quando vou à “fazenda” e recolho as minhas hortaliças para
o meu uso diário trago tanta fartura que chego a ficar com remorsos, é como
diz o velho ditado: “Uns com muito, outros sem nada”.
2
"Preocupo-me também com a actual juventude, que muitas vezes perde
a cabeça, que se mete na droga e prostituição, à procura de uma vida fácil, de
uma vida de engano, onde só há ruína e infelicidade para eles, familiares e
sociedade."
2
"Em 1964, tinha eu 5 anos e lembro-me da inauguração do aeroporto
de Santa Catarina, junto à minha casa, ai estava o primeiro aeroporto na
Madeira."
1
"No dia 8 de Julho de 1964 tinha eu um ano, o Super Constellation da
TAP, aterra pelas 11h24, transportando uma larga comitiva de convidados,
onde se destacava o presidente da TAP, engenheiro Vaz Pinto. Na cerimónia
de inauguração também estava o presidente Américo Tomaz. A partir desse
dia o sonho de todos os Madeirenses estava realizado. Apesar de ser ainda
criança, recordo muito bem esse dia em que fui assistir à inauguração. Mais
tarde, em 1986 a casa onde nasci foi expropriada devido à ampliação do
aeroporto. A minha adolescência foi vivida na altura do Estado Novo, regime
político liderado por Salazar, e mais tarde por Marcelo Caetano. Tive de
1
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aprender as regras políticas associadas à ditadura que se vivia na época. Na
escola, junto do Crucifixo de Jesus Cristo era obrigatório ter a fotografia de
Salazar. Não se podia falar em política adversa relativa ao Estado em público.
Muitos programas de TV e rádio eram submetidos à censura, e alguns
proibidos de serem emitidos, enfim…Tudo muito diferente da liberdade em
que se vive nos dias de hoje na nossa sociedade. "
"A conjuntura actual da sociedade apresenta-nos muitas dificuldades ao
nível económico, o desemprego por exemplo, tem vindo a aumentar em
Portugal, atingindo valores preocupantes. O desemprego atinge principalmente
a classe média, e mais as mulheres, sendo que para estas a taxa é de 8 por
cento, enquanto os homens desempregados são 6,4 por cento, também entre os
jovens que as taxas são mais elevadas, com quase 16 por cento dos
portugueses com menos de 25 anos sem trabalho. São cada vez mais as
famílias que são confrontadas com a perda do seu emprego, ficando em
situações de aflição, para poderem cumprir com as suas responsabilidades
financeiras, visto que a maioria possuí créditos bancários, e não podendo pagar
ficam sujeitos a perder os seus bens. Não só a perda dos seus bens como da
sua qualidade de vida da alimentação, de um vestuário, cultura e lazer."
2
"Actualmente a sociedade também se confronta com o suicídio, e tem
sido apontado como a terceira maior causa de morte a nível mundial. Idosos
são o grupo de maior risco, principalmente o homem viúvo, reformado e
socialmente isolado. Também jovens entre os 15 e 24 anos, solteiros e
normalmente habitantes de zonas rurais, por causa do meio social isolado, e
também não menos preocupante, os das zonas urbanas pelo consumo
excessivo de álcool e drogas. A maioria das pessoas que tentam o suicídio
estão psicologicamente perturbadas, trata-se de pessoas que sofrem de
depressão, problemas afectivos. Algumas causas são: o divórcio, perda de
emprego, perda de familiares e problemas de saúde grave. Em suma, falar é
preciso, poder falar com alguém é um importante factor de protecção."
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"No meu tempo de criança juntamente com dois amigos
inseparáveis, dedicávamos os nossos tempos livres, a criar os nossos
próprios brinquedos. Eram os “carrinhos de madeira”, “os papagaios”
que chamávamos “joeiras”, os “carrinhos de arame” com “canas de
bambu”, o arco de dois paus que tinham dois suportes para andar em
cima que chamávamos “cambadinhos” etc. Concorria-mos para ver
quem conseguia fazer melhor, quem conseguia chegar mais longe, por
exemplo com os cambadinhos, era sempre uma festa…Jogávamos
também à batalha naval, às palavras cruzadas, o jogo das palavras que
consistia, por exemplo, em pedir ao outro jogador para dar o nome de
cinco capitais europeias, ou de cinco países da América Latina, etc."
1
"Alguns anos depois tocávamos viola, ouvíamos música, íamos
ao cinema, dávamos alguns passeios, lembro-me que entre os meus 13 e
15 anos, fui três vezes ao Porto Santo, dormíamos na areia, foi
espetacular, a viagem no barco que era Pirata Azul, não era muito
agradável, mas apesar de tudo era muito bom. A minha avó fazia pão,
bolos e broas caseiras que eram uma delícia, às vezes tenho o
pressentimento que ainda sinto aquele cheirinho e
paladar...Historicamente decorreram acontecimentos importantes ao
longo da minha vida. O Presidente dos Estados Unidos, Jonhn Kennedy,
foi assassinado a 22 de Novembro de 1963. (Ilustra discurso com foto do
Presidente)." "Recordemos também os “Beatles”, famoso grupo de rock
fundado em Liverpool, Inglaterra no final da década de 50 e constituído:
Jonh Lennon, Paul McCarteny, George Harrinson e Ringo Starr."
1
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" Recordo também os atentados de 11 de Setembro de 2001, que
destruíram as torres gémeas de Nova Iorque, que consistiram numa série
de ataques suicidas coordenados pela Al-Qaeda contra alvos civis nos
Estados Unido. Em Portugal recordo o golpe de Estado Militar de 1974,
que derrubou o regime político que vigorava em Portugal desde 1926.
Aqueles primeiros anos após o 25 de Abril, o país vivia uma anarquia,
eram greves em cima de greves, toda a gente reivindicava muito bem os
seus direitos, mas sem saber como, aderia-se a uma greve ou ia-se a uma
manifestação só porque víamos os outros lá, pintávamos as paredes e
afixavam cartazes, escreviam frases agressivas, algumas não por
convicção política, mas porque os outros o faziam, achavam piada e
estava na moda, tudo isto parecia um barco à deriva. No dia 1 de Janeiro
de 1986 na então chamada CEE. A entrada representou uma enorme
expectativa e um grande aumento de confiança para os portugueses em
relação ao futuro, que até então era desilusão atrás de desilusão. Apesar
de tudo, penso que Portugal pode orgulhar-se por pertencer à Europa e
ser membro activo da União Europeia, a adesão à Europa Comunitária e
ao Euro foram boas opções políticas, porque se assim não fosse,
seríamos um país isolado, remetido para um terceiro-mundismo instável,
subdesenvolvido e a nossa moeda seria irremediavelmente
desvalorizada, sofrendo uma constante inflação e de taxas de juros
insuportáveis. No âmbito da literatura recordemos também José
Saramago, que recebeu o Prémio Nobel da Literatura, sendo entregue
por Sua Majestade o rei Carlos XVI da Suécia em Estocolmo, no dia 10
de Dezembro de 1998."
1
"Vivemos num mundo actual que nos obriga a acompanhar-nos a
sua evolução. Curioso é o funcionamento das plataformas de e-learning e
as Formações. O e-Learning é mais motivador pois é possível recorrer a
elementos multimédia, o que nos proporciona uma experiência mais
enriquecedora, além de permitir a interactividade. Por outro lado,
2
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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 326
adapta-se ao ritmo individual de trabalho, seleccionando o clássico
problema da heterogeneidade das turmas. Outro aspecto relevante
prende-se com os factores económicos e ambientais, uma vez que
minimiza ao máximo as deslocações entre a residência do formando, e a
instituição local onde decorre a formação – menor consumo de energia,
melhor ambiente, e menos despesas inerentes à deslocação. "
"Em 2006, candidatei-me a uma especialização na ESEC (Escola
Superior de Educação de Coimbra) e fui aceite. A especialização era em
regime presencial, facto que invalidou a minha frequência no curso.
Entretanto regressei para a Madeira e reconheci que um dos principais
obstáculos era na verdade, por um lado, a inexistência desse tipo de
formação no arquipélago e, por outro lado, o carácter obrigatório
presencial da formação. Estes dois factores associados impediram a
concretização deste meu projecto de vida, se a sociedade mudasse de
regras eu teria conseguido mudanças na minha vida."
1
"Para mim tudo é importante e diferente, felizmente gosto de
tudo porque adapto-me às exigências da actual "sociedade." Neste tempo
em que tudo é rápido e se eu tivesse mais tempo livre gostaria de ajudar
mais a minha família. Gosto também de tirar fotos, principalmente aos
meus filhos quando passeamos, para poderem recordar mais tarde a
época que vivemos"
2
"Neste momento preocupa-me imenso a situação do nosso País,
ao nível do desemprego, do ambiente, entre outros factores que
ameaçam a nossa sociedade."
2
"Vivemos numa sociedade em que é importante conhecermos os
órgãos de soberania. Existem órgãos do poder político específicos que
pertencem às Regiões Autónomas e às Autarquias. Precisámos de
acompanhar o poder local e as suas funções."
2
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"Naquele tempo por altura da Páscoa, os rapazes brincavam ao
“pião”. Uma colega minha que também tinha pais com uma mercearia,
um dia chegou à escola com um pião, e também se pôs a jogar com os
rapazes. Foi a primeira rapariga na turma a ter um pião. Eu também
como gostava de jogar, tirei um da mercearia do meu pai sem pedir-lhe,
pois sabia que os meus pais não queriam que eu tivesse um pião. Quando
o meu pai descobriu que eu andava a jogar ao pião, e que tinha tirado um
da mercearia sem pedir, bateu-me, pois tinha tirado sem a sua
autorização, e como rapariga a sociedade não aceitava que jogasse ao
pião… No início da minha adolescência muita gente não tinha televisão,
e o meu pai na altura em que apareceram os televisores, não quis
comprar, pois achava que ver TV era uma perda de tempo, e não
trabalhar. Aos meus 17 anos o meu pai sempre comprou TV, e já foi a
cores, sendo que fomos os primeiros no sítio a ter desta maneira.
Recordo-me que os televisores eram muito caros..."
1
"Um dos momentos vividos na nossa sociedade, está relacionado
com a Eutanásia. A prática desta acção sempre foi motivo de dúvida por
parte da nossa sociedade. Actualmente colocam-se várias questões em
causa, perante este tema tão polémico, tais como: a eutanásia não vai
contra os direitos do Homem? Contra a ética? Será justo retirar a vida a
uma pessoa? A vida não cabe apenas a Deus determinar? Será um
homicídio assistido? Como podemos ver, são diversas as questões, e
muitas não têm uma resposta clara, nem objectiva."
2
"Naquela época da minha infância, era comum os vizinhos
(tantos os jovens como os mais velhos) meterem medo a mim e aos
meus irmãos. Todas as noites entrava lá em casa, uma “velha” de preto
para assustar. Um dia a minha mãe chegou a casa mais cedo, e era uma
vizinha. Certo dia, enquanto fomos brincar, uns vizinhos decidiram fazer
uma partida à minha irmã, pois sabiam que ela tinha medo de mortos.
1
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Foram ao guardo fatos do meu pai e tiraram um fato. Encheram de roupa
para fazer um boneco de braços abertos, e colocaram na cara um chapéu.
Depois pegaram no boneco e deitaram na cama da minha irmã. Quando
chegámos a casa, a minha irmã estava a gritar porque estava um morto
dentro de casa. Outros vizinhos que ouviram os gritos vieram ver o que
se passava. Descobriu-se logo quem tinha sido, visto que estavam em
cima de uma árvore a rir. Eles foram castigados, e recordo-me que
levaram ali mesmo uma tareia."
"Hoje vivemos numa fase de um mundo moderno. Recordo por
exemplo o meu nascimento que foi feito pelo meu pai que acabara de
chegar do mar…pois era pescador. As minhas filhas pelo contrário
tiveram outra assistência hospitalar. Hoje temos muitos meios de
transporte e tudo é mais rápido…Eu por exemplo também recordo a
propósito de transportes, que quando fui tirar carta de pesados para
poder conduzir transportes públicos, logo se conseguia um emprego,
hoje já está muito difícil conseguirmos um emprego …"
2
"As brincadeiras eram diferentes das actuais. Brincávamos na
terra com brinquedos que nós próprios construíamos, jogávamos à bola,
tínhamos carrinhos de canas e de madeira. Por vezes, os meus irmãos e
eu fazíamos algumas asneiras, pelas quis éramos severamente
repreendidos. Actualmente, as brincadeiras das crianças são muito
diferentes são modernas, existem as tecnologias, e têm acesso assim aos
computadores desde muito novas, têm as playstation, jogos de vídeo e
mp3, o que contribui para que as crianças já não brinquem na rua, já
convivem muito pouco umas com as outras."
1
"Um dos momentos mais marcantes na minha infância foi
quando ia a casa de uma vizinha ver televisão com os meus irmãos,
porque na nossa casa não havia televisor…éramos pobres e uma família
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numerosa."
"Naquela época não havia televisão, mas a população ouvia
muito na rádio as notícias, música e romances… Quando faltava a luz,
substituíam a corrente por baterias (pilhas). Menciona também a grande
tragédia que abalou sobre a ilha da Madeira no dia 20 de fevereiro de
2010."
2
"Na minha altura de infância, não havia televisão, não havia
internet, nada de playstation, Nintendo ou jogos de vídeo. Passava tardes
a brincar com os meus primos e amigos que viviam próximo da casa dos
meus pais. A minha única condição era voltar para casa ao anoitecer.
Estas brincadeiras aconteciam na altura das férias, porque durante o
período escolar, os meus pais não autorizavam eu sair de casa. As nossas
brincadeiras eram bem diferentes dos meninos de hoje. Brincávamos ao
jogo das escondidas, ao jogo da pedrinha, ao jogo da matança,
utilizávamos uma bola pequenina passando de um lado para outro, até
acertar em alguém, ao jogo do anel, ao jogo do lenço, entre muitos
outros."
1
"Eram jogos simples e pouco sofisticados, mas éramos felizes.
Brincávamos ao ar livre, na natureza, num ambiente saudável. E mais,
brincávamos sem a presença dos adultos a vigiar-nos. Estávamos
entregues a nós próprios, livres como passarinhos. Também tínhamos a
nossa liberdade, os nossos fracassos, os nossos sucessos e deveres,
aprendíamos a lidar com cada um deles."
1
"O desenvolvimento actual traz coisas boas, como também, traz
menos boas para a sociedade, como é o caso do desemprego e a crise
actual."
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"Na altura em que frequentei o colégio no Funchal, sofri muito,
apanhei o 25 de Abril onde houve algumas manifestações, faziam-se
muitos comentários da vida política, assisti ao incêndio da loja
SOCARMA e por tudo isso ficava muito assustada mas também tive
coisas boas nessa altura..."
1
"O que mais me preocupa com o mundo é a degradação dos
valores humanos. Eu vivi num tempo em que tínhamos muitas
dificuldades em todos os sentidos porque faltavam-nos os meios de
aprendizagem, também os meios financeiros mas vivíamos com
confiança, podíamos comprar e vender uma coisa só com uma palavra,
ainda hoje tenho terrenos que eram dos meus pais que foram comprados
sem confirmar a compra, ou seja sem fazer a escritura e nunca houve
problemas!... Actualmente existe novos equipamentos e nova tecnologia
bem como a internet onde a sua utilidade e sem dúvida indispensável
para vivermos hoje em sociedade."
1
"Actualmente a sociedade e particularmente a Região Autónoma
da Madeira, apresenta uma taxa de desemprego preocupante…" 2
"Com a conjuntura actual, o acesso aos créditos estando mais
dificultados, na sociedade o suicídio começa a ser um problema
preocupante. A maioria das pessoas que atentam contra a própria vida,
está psicologicamente perturbada, o que não significa que sejam doentes
mentais ou malucos. Trata-se de pessoas que sofrem de depressão,
sobretudo pela fase actual que a sociedade está a enfrentar."
2
"Neste mundo, na sociedade actual preocupa-me a degradação do
meio ambiente, que está a crescer, piorar cada vez mais…Preocupa
também a pobreza e a fome que já os nossos passados sofreram devido à
guerra e que actualmente está sendo de novo um indicador na sociedade
pela situação política e social."
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"O endividamento das famílias, o recurso ao crédito, o suicídio, o
consumo do tabaco e das drogas, uma multiplicidade de problemas
sociais. Em todo o mundo, há crianças maltratadas, abandonadas e
exploradas, assim como também existe indiferenças a estes problemas
sociais e humanitários ..."
2
"Os políticos utilizam um discurso persuasivo- argumentativo nas
suas campanhas políticas, estes exigem uma organização lógica de
argumentos, uma argumentação para convencer o seu público de
maneira a que o raciocínio da pessoa que discursa convença o público é
esta arte actual dos políticos no seu Governo."
2
"Os políticos utilizam um tom de voz alto e claro com a
finalidade de convencer os presentes na sua ideologia. Estes, os
políticos, como líderes de cada partido, devem a partir do seu talento, da
sua vontade e da sua disciplina conquistar o respeito e a amizade dos
colaboradores pelos seus próprios méritos."
2
Natureza Religiosa
Unidades de registo de contexto
Codificação 1 - Justificação pela “fé;” 2 – As práticas Religiosas – “Os
Sacramentos”
"Graças a Deus, que com muita fé, por volta do ano 1980, tive uma
das maiores alegrias pois, depois de ter casado e ter vivido numa casa
arrendada, pude usufruir do meu lar. Considero que toda a gente deve
lutar para o ter o “chapéu”. Costumo dizer: “mesa quando comas, casa que
te agasalhes e terra que não saibas.”
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"Sou da Religião Católica, tenho cumprido os meus Sacramentos
Religiosos, fiz a minha 1ª Comunhão, Confirmação e o Crisma, estando
assim na catequese durante 9 anos. Recebi os meus sacramentos na minha
Paróquia. Sentia-me feliz, o que me ajudou a superar a distância dos meus
irmãos. Os meus pais fizeram de tudo para que me sentisse bem. A
religião proporcionou-me uma boa educação. Sou de uma família média e
humilde. O que eu sei e sou, foi fruto daquilo que aprendi no seio da
família e no seio religioso, sempre segui os exemplos e conselhos dos
meus pais, e a fé universal. A riqueza que eu tenho em mim, devo à minha
fé e família."
2
"O meu matrimónio religioso foi na Madeira, na paróquia onde
residia." 2
"Porque com as mãos começo o meu dia, bendizendo, o “Senhor”,
através do sinal da cruz com as mãos, faço todo o tipo de trabalhos,
acarinho e sou acarinhada, com as mãos tudo posso, tudo faço, com as
mãos semeio o trigo, com as mãos amasso o pão. Enfim, necessito das
mãos para tudo o que faço. Agradeço muito a Deus."
1
"O dia 30 de Outubro de 1982 foi uma data especial, foi a do nosso
casamento na igreja de Nossa Senhora de Fátima. A festa foi num
restaurante chamado “El vitoriano” na cidade de “La Victoria”. Tudo
correu bem, a lua-de-mel foi inesquecível, e nunca esquecerei aqueles
momentos tão importantes na minha vida, Graças a Deus."
2
"Gosto muito de participar em alguns eventos religiosos, gosto de
frequentar a igreja e participo nas leituras. Considero-me uma boa cristã, e
tenho orgulho de ser uma católica praticante. Sou também catequista de
adolescentes, que neste momento frequentam o 8º ano, os quais já dou
catequese desde o 1º ano. Tenho por hábito frequentar a igreja, participar
nas Eucaristias, porque gosto, porque acalma-me a vida, e sinto-me “mais
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perto” de Deus, bem como a nossa Pátria. Todos os dias faço as minhas
orações da manhã no meu quarto, e rezo o terço. É com tudo isto que
enriqueço a minha vida espiritual, que sinto uma grande paz interior, e me
vai dando forças para viver em sociedade e lutar pelas oportunidades que
não tive na vida. Precisamos de viver com Deus, para abençoar a nossa
Pátria, e a nossa Família."
"O título do meu PRA: “As Pégadas da minha vida e o RVCC”,
transmitem lembranças dos momentos vividos na minha infância,
adolescência e idade adulta, e todos estes momentos agradeço ao Senhor.
Traz-me lembranças dos momentos vividos em família, em grupos, na
minha Pátria, onde todos ficam em silêncio, onde reflectimos,
conversamos, choramos, e vivemos os bons momentos da vida, que só
Deus nos poderá proteger."
1
"O meu poema favorito também é “Pegadas na Areia”, este poema
transmite a ideia de que mesmo nos momentos mais difíceis, quando
pensamos que está tudo perdido, o Senhor leva-nos ao colo, ou seja,
ajuda-nos a ultrapassar as dificuldades. Citando um excerto do seu poema:
“Senhor, Tu me disseste que, uma vez que eu resolvi seguir-Te, tu
andarias sempre comigo, todo o caminho. Contudo, notei que durante as
maiores atribulações do meu viver, havia na areia dos caminhos da vida,
apenas um par de pegadas…O Senhor me respondeu: Quando viste na
areia, apenas um par de pegadas, foi exactamente aí que nos braços te
carreguei."
1
"No ano de 1959 fui baptizada a 27 de Setembro pelo padre
Gabriel Olavo Garcês, já falecido. Foi também quem celebrou a minha 1ª
Comunhão, Profissão de Fé, Crisma e Casamento. Os meus padrinhos do
baptismo eram pessoas abastadas e eu pensava muito tempo em sua casa.
Como era das poucas pessoas nas redondezas no carro, gostava muito de
passear com eles. Por altura do Pão por Deus (1 de Novembro), era hábito
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a minha mãe preparar um cestinho com frutos, nomeadamente nozes e
castanha e eu levava para a casa dos meus padrinhos."
"O meu casamento religioso aconteceu no dia 17 de Setembro de
1977, na igreja da minha paróquia. Fui eu que organizei os preparativos,
desde o vestido de noiva mandado fazer pela modista, aos arranjos da
igreja que foram feitos com “Não me deixe” flor da estação e o ramo para
oferecer a Nossa Senhora. O côro foi um grupo de freiras que eram
minhas amigas."
2
"O ingressar na catequese foi um passo muito importante na minha
vida, dar um contributo de fé na sociedade é preciso para que Deus nos
ajude. Desde o início foi algo que me agradou e fez-me sentir útil. Apesar
do trabalho que se tem e do tempo que se emprega, sem nada receber em
troca a nível monetário, é gratificante ver o nosso esforço reconhecido.
Para além disso tenho crescido muito enquanto pessoa, e aprendido
também muito, pois é uma actividade que requer pesquisa, leitura,
participação em reuniões e em conferências. Tenho aprendido
essencialmente a comunicar e a transmitir as minhas ideias aos outros!
Também na área da informática tenho feito várias apresentações,
nomeadamente em power point e word nas apresentações que faço na
catequese. Enfim, ser catequista para mim, é algo interior mais forte e
importante na minha vida, não é o simples “dar catequese”.
1
"Na minha opinião ser catequista, é: ser uma educadora, ser uma
amiga, uma conselheira, alguém que transmite valores para a vida. É
necessário ter capacidade para movimentar e mobilizar os grupos, é
necessário inspirar confiança e inovação, é necessário distribuir tarefas e
proporcionar decisões, e as suas consequências, e particularmente no meu
caso servir de exemplo, nem sempre é fácil conseguir tudo isto!
Juntamente com o meu marido, aderi às Equipas de Nossa Senhora, onde
temos reuniões mensais com outros casais, onde discutimos temáticas
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relacionadas com a família e temos momentos de reflexão."
"Estas actividades religiosas fizeram com que eu desenvolvesse
capacidade de comunicação, transmissão de conhecimentos, debate,
partilha e aproximação, quer da vida familiar, quer do seio do grupo."
1
"No âmbito das actividades religiosas, já organizamos muitos
passeios à volta da ilha, onde se alugam autocarros, mas também fora da
ilha, como uma viagem ao Porto Santo. Nesta viagem fomos mais de 400
pessoas, entre catequizados, pais e catequistas e foi no encerramento da
catequese, no mês de Junho. Em 2006 também fizemos uma viagem de
finalistas da catequese, os jovens que fizeram o crisma e a viagem foi até
Fátima. Nesta viagem tivemos um Guia no autocarro e fomos até Nazaré,
Óbidos, Santarém, Alcobaça, Lisboa etc."
1
"Entre várias visitas que realizamos, visitamos as grutas de Santo
António. Nesta viagem foram 38 jovens e 8 catequistas, foi muito bom
para que isto se realizasse, foi preciso muito trabalho e investimento. No
Dia do Pai e nas festas de Santo Amaro, preparamos rifas e fizemos uma
barraca, tudo isto para angariar fundos e depois os pais pagarem a
diferença."
1
"Só a Fé nos permitiu chegar até Fátima. Recentemente participei
na organização de um acontecimento que exigiu muita planificação e
programação. Foi aquando a visita da Imagem Peregrina de Nossa
Senhora de Fátima à Madeira. Foram muitas as reuniões que tivemos
(equipa coordenadora) numa das quais tive oportunidade de lançar a ideia
de elaboramos o logótipo para mandar estampar em T-shirts e bonés para
os jovens da catequese."
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"Lancei mãos à obra e com a colaboração do meu filho (estudante
universitário em Arte e Multimédia) fizemos o logótipo que depois foi
apresentado em reunião, e ficou aprovado."
1
"Actualmente estou a preparar o início do novo ano pastoral e a
reunião de pais, bem como das crianças e jovens. Tenho programado a
apresentação em powerpoint com várias fotos das actividades realizadas
no ano anterior, bem como estou a elaborar o plano de actividades para o
próximo ano. Este ano convidei uma psicóloga que irá falar aos pais e à
comunidade em geral sobre pais e filhos."
1
" Geralmente a leitura é uma actividade diária e recentemente li
um livro que me cativou bastante, foi: “Deus é um tipo fixe”, de Cyril
Massarotto. Este professor nasceu em 1975, e é um professor de jardim-
de-infância, perto da cidade de Perpignan, na França. Por muitos anos,
exercitou a escrita apenas como letrista da banda de rock amadora da qual
é vocalista, Saint-Louis. Em 2006, tentou ir mais além. Um ano depois, na
banheira veio-lhe a frase: “Deus é um tipo fixe”. Foi o início deste que é o
seu primeiro romance."
1
"Eu pertencia ao grupo dos estudantes católicos madeirenses,
“E.C.M”, e aos fins-de-semana organizávamos passeios onde havia a
preocupação de cuidarmos da natureza, de termos respeito e amizade uns
pelos outros."
2
"O nosso grupo do “E.C.M.” também fazia peças de teatro, e eu
até tinha jeito, e era muito divertido, fazíamos festas bem engaçadas!
Chegamos a deslocar-nos ao Porto Santo de propósito para atuarmos.
Desempenhei vários papéis, entre eles recordo aquele que fiz com uma
colega na peça: “As Velhas Surdas”. (Ilustra discurso com a descrição da
peça). Com o passar do tempo, juntei-me a um grupo de amigos e amigas
que cantavam nas celebrações eucarísticas da Paróquia, era espetacular.
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Nos dias do ensaio, primeiro ensaiávamos, e depois saíamos até ao café,
íamos jogar um pouco de bilhar, enfim (…) senão fosse este grupo
religioso que estava integrado, não tinha liberdade de sair de casa. Dado
que os meus pais não permitiam, e naquele tempo não havia liberdade
nem essa mentalidade. Foi neste grupo que conheci o meu marido, e onde
começamos a namorar, e um ano depois casámos na igreja."
"Como católico praticante que sou, participei em atividades da
minha paróquia, quando me é solicitado ajudo nas ornamentações para
algum arraial, dou alguma ajuda monetária para diversos peditórios que
são feitos, que me parecem justos e que devemos ajudar na sociedade.
Admiro a imagem do Cristo Rei de braços abertos, imponente sobre o
rochedo da Ponta do Garajau com uma vista maravilhosa, de um ponto
podemos observar parte do Funchal e de outro ponto, o Caniço, só temos
de olhar em redor e deixar que os nossos olhos viagem até ao horizonte
mais longínquo."
1
"A minha avó materna foi quem ensinou-me muitas orações e que
me deu muito amor e força para viver nesta vida. Decorava muitas
orações e sempre que eu estava doente recorria as orações que ela me
ensinava. Recordo com muito carinho e ternura, o dia da minha Primeira
Comunhão, em que fez em conjunto com o meu irmão. O meu irmão
levou um fato branco, sendo que eu levava um fato azul."
2
"Um dos maiores acontecimentos mais marcantes da minha
infância foi o nascimento da minha irmã mais nova. Recordo que a minha
mãe deu uma queda, e estava a chorar numa cama. Eu deitei-me junto a
ela e perguntei-lhe o que se passava. No início, ela não me dizia nada, mas
depois de tanto insistir disse-me que estava grávida e que tinha caído,
estava com medo de perder o bebé. Tentei animá-la e fui fazer-lhe um
chá. Desse dia em diante, comecei a rezar diariamente um Pai-nosso e três
Avés Marias, para que o bebé nascesse perfeito. Passados seis meses a
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minha mãe deu à luz uma menina. Fui ao hospital visitar a minha mãe e a
minha irmã, e pedi para tirar toda a roupa, para assim eu poder confirmar
se realmente era perfeita, como eu havia pedido a Deus. Era a menina
mais linda que estava no hospital. Com este acontecimento, aprendi que
quando queremos algo, devemos apegar-nos a algo em que tenhamos Fé."
"Eu tenho Fé em Deus, por isso em tudo o que faço, peço-lhe ajuda
para que oriente e proteja a minha vida." 1
"Eu tenho fé em Deus que hei -de concluir estes dois meus cursos
que decorrem, o de massagista e do processo RVCC." 1
"Peço a Deus diariamente para que ajude os Problemas do Mundo.
Eles são sem dúvida e cada vez mais graves como: o alcoolismo, a droga,
a violência doméstica, os problemas ambientais, sempre que cada vez há
maior produção de lixo, e as pessoas não têm cuidado com a saúde
pública."
1
"Fui batizada e fiz a Primeira Comunhão na minha freguesia. O
meu Crisma coincidiu com o dia do Baptizado da minha filha. " 2
"Sempre que Deus proporciona-me tempo, gosto de brincar com a
minha filha, ir à biblioteca e andar a pé, saborear a Paz que recebemos
como dádivas do Pai do Céu."
1
"Gostava muito da festa da paróquia, que é feita no mês de Junho,
em honra de Santo António." 1
"Ao Domingo é sempre realizada a festa Solene do Padroeiro, com
a procissão, e com um tapete de flores muito bonito. No tapete existe mais
do que uma forma geométrica, as mais comuns são os retângulos que se
fazem os musgos, e funcionam como um quadrado onde as pessoas
preenchem com flores diversas."
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" Sempre participei na elaboração dos tapetes. O meu casamento
foi na igreja, e recordo com mágoa que o meu pai não pode levar-me ao
altar…No meu 2º casamento não me casei de branco, pois de branco só se
casa uma vez…O meu vestido foi creme, mas estava muito feliz junto a
Deus."
2
"Aos meus 6 anos fui para a catequese, foi mais um passo na
minha vida cristã, aos 7 anos fiz a minha 1ª Comunhão. Continuei na
catequese até aos 12 anos, onde fiz o crisma e ai terminei esta etapa."
2
"Como gostava muito da minha Catequista e da forma como
explicava a Vida de Jesus, também queria ser um dia Catequista, mas mais
uma vez fui proibida de o ser pelos meus pais. No ano 2009/2010, fui
convidada para ajudar a dar catequese, e aceitei! É uma forma de estar
com os jovens, de ensinar, e relembrar algo esquecido e de espalhar a fé
cristã."
1
"Tive várias ações de formação, da responsabilidade da Doutora
Maria, licenciada em Teologia, o que me deu umas bênçãos de Deus para
a vida."
1
"Adoro fazer pinturas de anjinhos (Ilustra discurso com duas fotos
de anjos com aplicação de folha de ouro, da sua autoria. Participou no
curso de pintura que foi dinamizado pela casa do povo, e pela juventude
católica. Aprendi várias técnicas de pintura e bricolagem, e graças a Deus,
através de pessoas amigas que consegui desenvolver estas minhas
competências."
1
" Hoje também consulto revistas, e outros recursos tecnológicos
para a criatividade das minhas pinturas, tudo isso graças à inspiração
divina."
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"Aos 21 anos casei na Igreja, no dia 06 de Janeiro de 1986. Nos meus
tempos livres gosto de ir à Igreja e acompanhar a minha família à missa.
Identifico-me com a beleza de um girassol, uma bela flor que Deus nos
deu…O girassol procura a luz do sol para sorrir, eu também adoro acordar
cada dia de sol e viver cada momento feliz, ainda que cada dia traga algumas
surpresas, mas Deus ajuda-nos a ultrapassar cada dia."
1
"Nasci no seio de uma família numerosa, onde vivemos uma educação
moderada e religiosa. O culto a Deus esteve sempre presente nas nossas
vivências familiares e nas nossas orações pela nossa Pátria. Participamos nas
missas, a fé ajuda-nos no dia-a-dia."
1
"As pessoas que fizeram parte da minha vida graças a Deus que tive
um bom relacionamento a nível familiar. Nasci de uma família numerosa e
com muita proteção divina. Queria homenagear a minha irmã mais venha que
muito nos ajudou com a sua dedicação, carinho e trabalho, que Deus a ajude!"
1
"Havia a tradição dos arraiais, das festas religiosas. Nessa altura das
festas religiosas, vinham os festeiros fazer a festa aos santos da terra, de Nossa
Senhora da Piedade e de São Pedro, refere ainda as festas do Divino Espírito
Santo, do Santíssimo Sacramento, do Senhor S. Brás e da Senhora do
Loreto)."
1
"Na minha vida adulta, um acontecimento que considero mais feliz,
graças a Deus, foi o nascimento do meu filho. Foi um nascimento planeado.
Nasceu por cesariana, mas correu tudo bem, nasceu um rapaz saudável. Tive
outros acontecimentos bonitos, como: o baptizado do meu filho, quando ele
fez a Primeira Comunhão, quando se Crismou e quando fez a Bênção das
Capas no 12ºano."
2
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"Pertenço a um grupo coral e religioso da paróquia o que muito me
orgulho de dar o meu contributo religioso e social."
1
"Sou catequista e oriento grupos de jovens na minha paróquia. Nas
actividades sócias tantas vezes tenho sentido muita alegria, com a presença de
Deus em especial quando vejo as pessoas, algumas com mais de 70 anos a
pegarem num instrumento pela primeira vez e ainda conseguem aprender dois
acordes para acompanharem melodias populares que para eles se torna algo
importante na vida. Tenho uma experiência de vida graças a Deus muito
bonita mas muito exigente porque lido com todas as idades e tenho que me
adaptar aos diferentes níveis etários, em todas as actividades tenho aprendido
sobretudo em grupo o valor da partilha, da amizade da solidariedade e o dom
da fé."
1
"Recordo-me as vivências na catequese: A senhora Lucinda começava
por nos por a benzer e depois tínhamos de rezar uma Avé Maria e um Pai
Nosso e assim começava a catequese. Não se podia faltar, porque depois não
se fazia a Primeira Comunhão."
2
"Lembro-me quando fiz a Primeira Comunhão, ia toda vaidosa para a
igreja, assistir à missa com um vestido branco de renda e uma capela na
cabeça. Com aquele vestido, parecia uma noiva e eu sentia-me muito grande.
Levava um ramo de açucenas brancas que era tradição. O senhor padre, na
preparação para a Primeira Comunhão com todas as crianças, recomendava
que nós não podíamos comer nada antes de comungar. E eu fiquei a pensar, e
se me der fome, será que nem água posso beber?” “Ele disse que era nada” –
dizia a minha amiga Rita ao meu lado. Estava tão curiosa sobre saber qual
seria o sabor daquela coisa branca redonda: hóstia santa! Mas depois de
provar, vi que não tinha muito sabor, parecia farinha crua… Depois vim para
casa e fizemos uma festa onde brinquei com outros meninos."
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"Gosto muito de tocar e fazer parte do coro da igreja e um dia fizemos
uma surpresa ao senhor padre que adorou e ficou bastante comovido com o
nosso gesto. Criámos um poema para dedicar ao senhor padre. Após esta
leitura, todos nós juntamente com o senhor padre, ficamos comovidos, o
senhor padre não tinha palavras para descrever aquele momento. Ele também
sabia que naquele momento e em breve iria mudar de paróquia. Então sentiu-
se ainda mais comovido, com a nossa homenagem. De momento, estou a fazer
um trabalho para a igreja que é a preparação dos cânticos para a missa do
parto, no programa publisher da Microsoft, em forma de livro. Coloquei o
cântico “Virgem do Parto” por ser um dos mais conhecidos e tradicionais do
Natal."
1
"Na minha infância, aprendi a escrever, a ler e a rezar. Quando fiz a
minha Primeira Comunhão, tinha eu 7 anos de idade, lembro-me do meu
vestido, foi feito por uma senhora que vivia perto da minha casa. Recordo que
fui tirar as medidas para fazer o meu vestido, e também de o vestir antes dos
acabamentos finais. A minha mãe fez “papelotos” no meu cabelo, sentia-me
tão bela."
2
"Para mim, o casamento na igreja era um sonho, sempre pensei um dia
casar de branco porque esta cor significa pureza e paz para Deus e para mim.
Apesar de ter casado no Inverno a cor utilizada no vestido (branca) era uma
cor de Verão, uma cor fresca e por ser uma época fria, tive que adaptar umas
mangas ao vestido e também para a igreja teria de ser deste modo."
2
" Foi sem dúvida, um dia muito importante na minha vida, foi uma
decisão e mudança muito importante, ou melhor fui em busca da minha
felicidade e de uma bênção de Deus."
1
"Dia 20 de Junho de 2009, o meu filho, fez a Primeira Comunhão, o dia
teve de ser organizado de forma a celebrar este acontecimento e correr tudo
bem. Preparei o meu filho com tudo o que era necessário levar para a igreja:
2
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Vela, Ramo de Flores, Terço e Livro. Às 9h e 30 m fomos para a igreja, e a
missa demorou cerca de 1h30m."
"Terminada a missa tiramos fotos aos nossos filhos para mais tarde
recordar estes momentos de Graças a Deus em que receberam os Sacramentos
Divinos. "
2
Natureza Religiosa
Unidades de registo de contexto
Codificação 1 - Justificação pela “fé;” 2 – As práticas Religiosas – “Os
Sacramentos”
“As Pupilas do Senhor Reitor”, de Júlio Dinis. 1
“Deus é um tipo fixe”, de Cyril Massarotto. 1
“A criança que não queria falar”, de Torey Hayden. 1
“Os Cinco Sentidos - Matando a paz no Médio Oriente”, de
Arsénio Reis. 1
“O Principezinho”, de Antoine de Saint-Exupéry. 1
“Desfigurada”, de Rania al-Baz. 1
“A Lua de Joana”, de Maria Teresa Maia Gonzalez. 1
“A aia”, de Eça de Queirós. 1
“Aos olhos de Deus”, de José Manuel Saraiva 1
“O Velho e o Mar”, de Ernest Hemingway. 1
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“Juntos ao Luar”, de Nicholas Sparks. 1
“Adolescência, Civilização – O difícil diálogo: Pais e Filhos” de
Fenwich, Elisabeth Smith, Ernest Hemingway. 1
“Crónica de Amor” In Revista Visão: Crónica de Lobo Antunes,
António. 1
“Como ter um coração saudável” do Professor Manuel Oliveira
Carrageta. 1
“No teu Deserto” de Miguel Sousa Tavares 1
“O Rapaz do Pijama as Riscas” de Jonh Boyne 1
“Esperança” 1
“Virgem do Parto” 2
“A primeira morada” de José Tolentino Mendonça 1
“Poesia” de Sophia de Mello Breyner Andresen 1
“Que bom não ser o melhor de todos ” 1
“Poema da Vida ” de Raul Cordeiro. 1
“As coisas vulgares que há na vida” 1
“Flagrantes da vida real” 1
“Crónicas de Amor” 2
“Poesias Ortónimo”, de Fernando Pessoa. 2
“Rosa Solitária”, de Elizabete Ribeiro. 1
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“A Felicidade”, de Benjamin Franklin 1
“Ponta da Oliveira”, de J. Morna Gomes 1
“Pegadas na Areia”, www.grandespoemas.blogspot.com 1
“O Velho e a Flor” de Vinicius de Moraes 1
“Felicidade” de Carlos Drumond de Andrade 1
“Recomeça” de Miguel Torga 1
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Apêndice N
Análise de Conteúdo: Categorização e das
Histórias de Vida na análise do corpus relacionadas
com a Dimensão: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
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Representações Sociais
Unidades de registo de contexto
Codificação
1 – Perspetivas Sociais; 2 – Perspetivas Individuais
“…o processo RVCC é algo que exige muita luta de cada um
de nós, pois temos que escrever a nossa História de Vida e não é nada
fácil…, mas depois de o concluir vou ter uma vida diferente a nível
pessoal, terei mais auto-confiança na vida . “
2
“(...) este Centro assim é muito acolhedor onde há um grande
companheirismo entre os colegas e até entre Formadores e utentes…
aprendemos muito …mas vou ter pessoalmente uma vida com
melhores condições ao nível de encontrar um emprego .”
1
“ (...) será totalmente diferente a minha vida, se calhar daquilo
que eu estou à espera, mas pensava que poderia vir cá de manhã e
pedir um certificado até pela tarde talvez já o entregassem, mas não é
a realidade assim.... não vou desistir, porque preciso de ter a
escolaridade básica para ter um emprego é obrigatória para poder ir
trabalhar e a minha vida vai mudar, quando chegar ao estrangeiro…”
1
"É claro que as expectativas eram grandes e os obstáculos
também, em especial para quem tinha uma aversão a computadores.
Aquela motivação que as técnicas me mostravam foram superiores aos
medos gerados, encarei de frente e avancei, logo sinto-me com uma
maior auto-estima e a partir desta fase terei novos projetos para o meu
futuro.”
2
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"Já cá no Centro Novas Oportunidades, quando fui chamado
pela 1ª vez tive uma desilusão, o mesmo se passou com alguns dos
meus colegas, todos tínhamos dificuldades no computador. Apesar de
ter umas aulas pelo sindicato, mas eram insuficientes para o que me
era pedido. Tratou-se uma prova muito fria, julgava que como 1ª aula
fosse para aprender ou uma simples apresentação, afinal foi para fazer
um teste de informática, logo na disciplina em que tinha maior
dificuldade, mas passada esta fase estava mais integrado e com maior
satisfação pessoal e com maior auto-confiança para encarar a minha
vida no futuro…”
2
“Quando uns meses mais tarde, telefonaram-me para ter uma
reunião. Compareci e encontrei alguns colegas que tal como eu
estiveram a efectuar o tal “teste frio”, não sabíamos o que ia ser
tratado, mas teve a sua grande compensação, sinto-me com maior
confiança pessoalmente e encaro melhor a vida…"
2
"Foi tudo diferente, apareceu uma senhora que se apresentou
como a Senhora Dra., dizendo que pensou no nosso caso e que achava
que merecíamos uma oportunidade, afinal estamos a falar de “Novas
Oportunidades”. Assim foi, tivemos acompanhamento no próprio
Centro, de formação complementar sobre os computadores e foi esse o
trampolim para que hoje eu estivesse aqui a apresentar o meu
testemunho de felicidade pessoal e com vontade para conseguir entrar
no mercado de trabalho.”
1
"Quanto às minhas perspectivas futuras a nível profissional
após ter a escolaridade básica, espero que o processo RVCC subir
sobretudo a nível profissional, a questão monetária é muito
importante. A nível escolar fico com o 9º ano que é sempre uma mais
valia a aquisição de um diploma e pretendo a investir nos estudos. A
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nível pessoal foi muito bom ter contactos diferentes, em vários níveis,
desde o clima do centro à amizade dos colegas, e aos excelentes
formadores, os quais permitiram projetar o meu futuro."
"Eu espero após este percurso encontrar nas actividades
adquiridas ao longo desta formação um caminho que me dê boas
oportunidades no futuro ao nível do mercado de trabalho, espero obter
bons resultados, não só na formação mas também foi positivo pelo
convívio no grupo e permitiu uma ter uma melhor apróximação para o
mundo do trabalho."
1
"Os meus desejos são conseguir ter bons resultados
profissionais, e futuramente ter proveito daquilo que aprendi
sobretudo para encontrar um trabalho assim a minha vida melhorará
no futuro."
1
"Gostaria como projectos futuros, de dar continuidade a este
processo, tirar dúvidas que me deparo no dia-a-dia, descobrir coisas
novas da minha vida, mas já com este processo, penso futuramente
conseguir trabalhar naquilo que mais gosto, trabalhar num infantário,
trabalhar com as crianças é o meu maior sonho para o meu percurso de
vida".
1
"Tive conhecimento do processo de RVCC através dos meios
de comunicação social e depois de algum tempo, fiz a inscrição no
centro. As expetativas eram muitas, mesmo sentido algumas
dificuldades na escrita, sobretudo no português. As colegas foram
formidáveis, sempre existia entre ajuda, e este processo foi muito
gratificante para mim. Nunca me esquecerei de tudo o que aprendi e
espero que todas as pessoas pensem como eu. Para mim este processo
é um sonho pessoal que estou a concretizar, desde a minha infância a
estes dias, sempre gostei de estudar, mas pelas surpresas da vida não
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consegui concretizar ao nível profissional as minhas metas...agora a
partir deste momento talvez...."
“Dizem que o espelho é o reflexo da alma” (ilustra discurso
com uma gravura de uma imagem sua no espelho) e isso reflete a
minha grande confianaça, auto-estima e reconhecimento e projecção
para um futuro risonho."
2
"Sinto-me satisfeita por ter aderido ao processo de RVCC, pois
sinto que de certa forma, estou a ser valorizada pelas aprendizagens
que tenho efectuado na minha vida, e ao mesmo tempo sinto mais
vontade de continuar a aprender. Gostaria, por exemplo a nível pessoal
de tirar um curso de fotografia que é algo que me cativa bastante.
Assim, penso que o balanço final é positivo e a partir deste momento
tenho novas perpectivas melhores para o futuro."
1
"Gostei das sessões do processo de RVCC, aprendi muito, as
equipas foram exepcionais, sem o apoio e a força dos formadores eu
teria desistido. As novas situações apresentadas nas diferentes sessões,
por vezes senti dificuldade, sobretudo em apresentar o trabalho em
powerpoint, mas com o tempo tudo foi ultrapassado. Estive nas
formações complementares, aprendi, tirei algumas dúvidas e todo este
processo foi positivo na minha história de vida. A nível futuro, as
minhas expectativas são boas, porque a nível profissional já posso
entregar o meu diploma no meu trabalho e aceder a outro cargo."
1
"O processo de RVCC permitiu-me adquirir conhecimentos
suficientes para me encaminhar ou seguir novo rumo, melhorar na
vida e sentindo-me é claro, mais realizada tanto a nível pessoal como
profissional. Aprender é bom, e nesta sociedade onde todos somos
“reprovados” uns pelos outros, é necessário e urgente aprender sempre
mais para marcarmos a nossa presewnça no mercado de trabalho..."
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"A minha opinião geral sobre este processo é muito positiva,
esta iniciativa só peca por ser tardia, mas é de louvar que no nosso
país se tomem iniciativas desta natureza e se deem oportunidades a
quem quer progredir na vida sobretudo ao nível profissional, social,
cultural e até mesmo na sua realização pessoal. Eu estou, firmemente
decidida a continuar se me for dada essa oportunidade, porque com a
situação actual, o futuro só se viverá se tivermos em formação
contínua. Tenho determinação e vontade de aprender em cada dia algo
novo, conseguirmos competitivos e rentáveis para a nossa empresa, o
nosso país e garantirmos um futuro melhor numa sociedade em
permanente mudança no mercado de trabalho."
1
"Durante as várias etapas de RVCC, procurei transpor para este
portefólio as lembranças do meu percurso de vida, desde a infância até
hoje, e das experiências que considerei importantes relacionadas com
os temas propostos nas áreas de Linguagem e Comunicação,
Cidadania e Empregabilidade, Matemática para a Vida e Tecnologias
de Informação e Comunicação, só mesmo a partir deste processo é que
irei conseguir um lugar no mercado de trabalho."
1
"A partir do processo RVCC, estou com mais vontade de
aprender ao longo da vida, isto é, quero tentar entender, explicar,
conhecer e conviver com vários modos, estilos, artes, técnicas e
destrezas/habilidades que a vida nos proporciona e que nos obriga
numa procura contínua de saberes culturais."
2
"A representação que eu tinha ao me inscrever no Centro de
Novas Oportunidades, foi com o objectivo de concluir o 9º ano, e mais
tarde, se possível, concluir o 12º ano. Com esta escolaridade
concluída, poderei tirar um curso já há muito tempo desejado: acção
social. Gosto de ajudar de certa forma as outras pessoas, mas o que eu
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sempre desejei era trabalhar no Apoio à vítima, uma vez que o meu
principal motivo de não ter estudos, é mesmo já ter 33 anos e não ter
já conseguido o que sempre sonhei, porque exactamente convivi com
pessoas antiquadas e alcoólicas que me proibiram de estudar, mas
ainda estou a tempo de ter o meu curso de sonho..."