educaÇÃo e formaÇÃo de adultos: reconhecimento, … ii... · 2016-09-12 · nível iii, do...

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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS: Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências De Adultos sem a Escolaridade Básica Obrigatória Na Região Autónoma da Madeira Volume II (Anexos e Apêndices) Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Ciências da Educação, na Área de Especialidade: Educação, Sociedade e Desenvolvimento Orientação Científica Professor Doutor Casimiro Manuel Marques Balsa Maio, 2013

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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências

De Adultos sem a Escolaridade Básica Obrigatória

Na Região Autónoma da Madeira

Volume – II

(Anexos e Apêndices)

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira

Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à

obtenção do grau de Doutor em Ciências da Educação, na Área de

Especialidade: Educação, Sociedade e Desenvolvimento

Orientação Científica

Professor Doutor Casimiro Manuel Marques Balsa

Maio, 2013

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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências

De Adultos sem a Escolaridade Básica Obrigatória

Na Região Autónoma da Madeira

Volume – II

(Anexos e Apêndices)

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira

Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à

obtenção do grau de Doutor em Ciências da Educação, na Área de

Especialidade: Educação, Sociedade e Desenvolvimento

Orientação Científica

Professor Doutor Casimiro Manuel Marques Balsa

Maio, 2013

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Declaro que esta Tese é o resultado da minha investigação pessoal e independente.

O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas

no texto, nas notas e na bibliografia.

A candidata,

_________________________

Lisboa, 13 de maio de 2013

Declaro que esta Tese se encontra em condições de ser apreciada pelo júri a

designar.

O Orientador,

_________________________

Lisboa, 13 de maio de 2013

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ÍNDICE

ANEXOS .......................................................................................................................... 1

ANEXO A ........................................................................................................................ 3

Declaração – Autorização do Ministério da Educação. .................................................... 3

ANEXO B ........................................................................................................................ 5

Declaração – Autorização da Direcção Regional da Educação da RAM. ........................ 5

ANEXO C ........................................................................................................................ 7

Declaração – Autorização dos Centros Novas Oportunidades da RAM .......................... 7

APÊNDICES .................................................................................................................. 11

APÊNDICE A: ............................................................................................................... 13

Requerimento de consentimento para a realização do Estudo Empírico - Escola de

Hotelaria e Turismo de Lisboa ....................................................................................... 13

APÊNDICE B: ................................................................................................................ 15

Requerimento de consentimento para a realização do Estudo Empírico - Ministério da

Educação ......................................................................................................................... 15

APÊNDICE C: ................................................................................................................ 19

Requerimento de consentimento para a realização do Estudo Empírico – Diretor

Regional de Educação - Região Autónoma da Madeira ................................................. 19

................................................................................................................................................. 20

APÊNDICE D: ............................................................................................................... 23

Requerimento de consentimento para a realização do Estudo Empírico – Diretora

Regional dos Centros Novas Oportunidades - Região Autónoma da Madeira .............. 23

APÊNDICE E: ................................................................................................................ 27

Requerimento de consentimento para a realização do Estudo Empírico – Directores e

Coordenadores dos Centros Novas Oportunidades - Região Autónoma da Madeira..... 27

APÊNDICE F: ................................................................................................................ 31

Requerimento de consentimento para a realização do Estudo Empírico – Participantes

no processo de Reconhecimento, Certificação, Validação de Competências dos Centros

Novas Oportunidades – Região Autónoma da Madeira. ................................................ 31

APÊNDICE G: ............................................................................................................... 33

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Guião para a realização das Entrevistas (exploratórias) no Estudo Empírico –

Participantes no processo de Reconhecimento, Certificação, Validação de Competências

dos Centros Novas Oportunidades – Região Autónoma da Madeira. ............................ 33

APÊNDICE H: ............................................................................................................... 37

Guião para a realização das Entrevistas aos Coordenadores – Participantes/Informantes

no processo de Reconhecimento, Certificação, Validação de Competências dos Centros

Novas Oportunidades – Região Autónoma da Madeira. ................................................ 37

APÊNDICE I: ................................................................................................................. 45

Entrevistas às Coordenadoras / Coordenadores dos Centros Novas Oportunidades da

Região Autónoma da Madeira ........................................................................................ 45

APENDICE J: ............................................................................................................... 127

Codificação das disjunções e associações na análise do corpus – Análise estrutural .. 127

APÊNDICE K: ............................................................................................................. 137

Codificação e Categorização das Histórias de Vida na análise do corpus – Análise de

Conteúdo ....................................................................................................................... 137

Apêndice L: .................................................................................................................. 261

Análise de Conteúdo - Categorização e Subcategorias das Histórias de Vida na análise

do corpus relacionadas com a Dimensão: MOTIVAÇÃO ........................................... 261

Apêndice M: ................................................................................................................. 269

Análise de Conteúdo - Categorização e Subcategorias das Histórias de Vida na análise

do corpus relacionadas com a Dimensão: INDIVIDUAÇÃO ...................................... 269

Apêndice N ................................................................................................................... 347

Análise de Conteúdo: Categorização e das Histórias de Vida na análise do corpus

relacionadas com a Dimensão: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS………………………...

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 1

ANEXOS

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 2

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 3

ANEXO A

Declaração – Autorização do Ministério da

Educação.

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 5

ANEXO B

Declaração – Autorização da Direcção

Regional da Educação da RAM.

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

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ANEXO C

Declaração – Autorização dos Centros

Novas Oportunidades da RAM

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 11

APÊNDICES

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 12

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 13

APÊNDICE A:

Requerimento de consentimento para a

realização do Estudo Empírico - Escola de

Hotelaria e Turismo de Lisboa

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 14

Exma. Senhora Directora da Escola de

Hotelaria e Turismo de Lisboa – Dra. Clara Nobre

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira, natural da Freguesia da Fajã da Ovelha –

Calheta - Madeira, portador(a) do BI nº 6669241, emitido pelo Arquivo de Identificação

de Lisboa, 09/02/2000, residente na Rua do Maçapez nº 24 – Fajã da Ovelha – Calheta,

com o(s) telefone(s) 962810878 ou 912550115/ professor(a) do 1º Ciclo do Ensino

Básico, da EB, 1º, 2º, 3º Ciclos/ PE Prof. Manuel Francisco Santana Barreto – Fajã da

Ovelha – Calheta, a frequentar o curso Doutoramento em Ciências da Educação, na

Especialidade Educação e Desenvolvimento, promovido pelo(a) Faculdade de Ciências

Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, vem, por este meio, solicitar a V.ª

Ex.ª se digne autorizar a assistir às Sessões de Júri de Certificação de um Grupo de

Nível III, do processo de RVCC, na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Esta

Investigação Científica, insere-se no âmbito do estudo intitulado: Educação e Formação

de Adultos: Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem

Escolaridade Básica na Região Autónoma da Madeira, cujo objectivo deste estudo é

contribuir para a compreensão de uma nova realidade no domínio do Sistema

Educativo: o reconhecimento e a validação das aprendizagens1 que os adultos realizam

ao longo das suas trajectórias de vida, em contextos informais e formais de educação e

formação. Mais remeto a Vossa Excelência, a fotocópia da Declaração – Orientadora –

Faculdade de Ciências Sociais e a Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Pede deferimento.

Lisboa, 21 de Janeiro de 2010

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira

1Pires (2005) analisa o conceito de aprendizagem, utilizando-o como termo genérico, no entanto, as

designações adoptadas pelos diferentes sistemas e dispositivos estudados são: em língua inglesa –

“learning” , em língua francesa – “acquis”, e em português – “competências”.

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 15

APÊNDICE B:

Requerimento de consentimento para a

realização do Estudo Empírico - Ministério

da Educação

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 16

Exmo. Senhor Professor Doutor

Luís Capucha

Ministério da Educação - ANQ

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira, natural da Freguesia da Fajã da Ovelha –

Calheta - Madeira, portador(a) do BI nº 6669241, emitido pelo Arquivo de Identificação

de Lisboa, 09/02/2000, residente na Rua do Maçapez nº 24 – Fajã da Ovelha – Calheta,

com o(s) telefone(s) 962810878 ou 912550115/ professor(a) do 1º Ciclo do Ensino

Básico, da EB 1.º, 2.º, 3.º Ciclos/ PE Prof. Manuel Francisco Santana Barreto – Fajã da

Ovelha – Calheta, a frequentar o curso Doutoramento em Ciências da Educação, na

Especialidade Educação e Desenvolvimento, promovido pelo(a) Faculdade de Ciências

Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, vem, por este meio, solicitar a V.ª

Ex.ª se digne autorizar a Investigação Empírica (realização de entrevistas/observação

directa em campo de investigação, recolha de Portefólios Reflexivos de Aprendizagens)

aos Coordenadores e às suas Equipas, e aos Adultos participantes no processo de

Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências (RVCC), cujos Centros

Novas Oportunidades são os seguintes:

Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional de Hotelaria e Turismo da

Madeira - Funchal;

Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional Cristóvão Colombo -

Funchal;

Centro Novas Oportunidades da DRQP – Direcção Regional de Qualificação

Profissional - Funchal;

Centro Novas Oportunidades do CELF – Centro de Estudos, Línguas e

Formação do Funchal - Funchal;

Centro Novas Oportunidades da DTIM – Associação Regional para o

Desenvolvimento das Tecnologias da Informação da Madeira – Funchal;

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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 17

Centro Novas Oportunidades da Escola Básica e Secundária D. Lucinda Andrade -

São Vicente.

Esta Investigação Científica, insere-se no âmbito do estudo intitulado:

“Educação e Formação de Adultos: Reconhecimento, Validação, Certificação de

Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na Região Autónoma da Madeira”,

cujo objectivo deste estudo é contribuir para a compreensão de uma nova realidade no

domínio do Sistema Educativo: o reconhecimento e a validação das aprendizagens2 que

os adultos realizam ao longo das suas trajectórias de vida, em contextos informais e

formais de educação e formação. Relativamente à Metodologia de Investigação o estudo

empírico é formado por um Corpus Misto:

1 - Campo de Observação

Como campo de observação serão privilegiados os Adultos/Utentes que

frequentaram ou estão em frequência nos Centros de Novas Oportunidades (CNO)

(desde 2004 a 2010), na Região Autónoma da Madeira (RAM).

Realizar-se-ão entrevistas semi-estruturadas, em profundidade, aos

Adultos/Utentes. Ainda como trabalho de campo e para a aplicação dos instrumentos do

estudo considerados para a recolha de dados, serão contactados os Conselhos

Executivos, Directores e as suas Equipas dos Centros Novas Oportunidades, bem como

aos Adultos/Utentes, a fim de estabelecermos todos os respectivos Protocolos para a

realização da Investigação.

2 - Participantes

Os participantes da investigação empírica são os Adultos do Ensino Básico (sem

escolaridade básica obrigatória) que frequentam os cursos oferecidos pelos Centros

Novas Oportunidades (CNO) nos Centros Y e Z…. (códigos), na Região Autónoma da

Madeira (RAM). Os sujeitos participantes frequentam o processo de Reconhecimento

Validação e Certificação de Competências, através da Legislação que regulamenta os

2Pires (2005) analisa o conceito de aprendizagem, utilizando-o como termo genérico, no entanto,

as designações adoptadas pelos diferentes sistemas e dispositivos estudados são: em língua inglesa –

“learning” , em língua francesa – “acquis”, e em português – “competências”.

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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 18

Centros de Novas Oportunidades (CNO). (cf. Dec. Lei n.º 357/2007 de 29 de Outubro e

Portaria n.º370/2008 de 21 de Maio de 2008).

3- Instrumentos de recolha de informação

3.1-Entrevistas

Como foi dito anteriormente, pretende-se realizar entrevistas em profundidade,

aos Coordenadores, e as suas Equipas do Processo RVCC - dos Centros de Novas

Oportunidades (CNO), para se obter o ponto de vista daqueles a quem cabe garantir a

Certificação e a Validação de Competências.

3.2. Observação Directa

Faz-se a Observação Directa às Instalações dos Centros de Novas Oportunidades

(CNO), ao seu funcionamento, e ainda à apresentação de Provas Públicas e a sua defesa

dos Adultos/Utentes, a fim de compreender a realidade do terreno de investigação e

confirmar as Questões de Investigação.

3.3. Portefólio Reflexivo de Aprendizagens (prescritos na respectiva

Legislação).As Histórias de Vida serão obtidas através de entrevistas etnobiográficas e

dos Portefólios Reflexivos de Aprendizagens. Pretende-se utilizar as entrevistas em

profundidade, como já foi referido, para conhecer as trajectórias dos Adultos /Utentes

que frequentaram ou frequentam os Centros Novas Oportunidades. Mais remeto a

Vossa Excelência, um Guião (para o estudo exploratório) das Entrevistas a aplicar aos

Coordenadores dos respectivos Centros, para numa fase posterior procedermos à

recolha das Histórias de Vida dos vários Adultos participantes no presente Estudo.

Atentamente.

Ao dispor,

Funchal, 01 Março de 2010

A Investigadora

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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 19

APÊNDICE C:

Requerimento de consentimento para a

realização do Estudo Empírico – Director

Regional de Educação - Região Autónoma

da Madeira

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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 20

Exmo. Senhor Director Regional da Educação – RAM

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira, natural da Freguesia da Fajã da Ovelha –

Calheta - Madeira, portador(a) do BI nº 6669241, emitido pelo Arquivo de Identificação

de Lisboa, 09/02/2000, residente na Rua do Maçapez nº 24 – Fajã da Ovelha – Calheta,

com o(s) telefone(s) 962810878 ou 912550115/ professor(a) do 1º Ciclo do Ensino

Básico, da EB 1º, 2º, 3º Ciclos/ PE Prof. Manuel Francisco Santana Barreto – Fajã da

Ovelha – Calheta, a frequentar o curso Doutoramento em Ciências da Educação, na

Especialidade Educação e Desenvolvimento, promovido pelo(a) Faculdade de Ciências

Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, vem, por este meio, solicitar a V.ª

Ex.ª se digne autorizar a Investigação Empírica (realização de entrevistas/observação

directa em campo de investigação, recolha de Portefólios Reflexivos de Aprendizagens)

aos Coordenadores e às suas Equipas, e aos Adultos participantes no processo de

Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências (RVCC), cujos Centros

Novas Oportunidades são os seguintes:

Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional de Hotelaria e Turismo da

Madeira - Funchal;

Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional Cristóvão Colombo -

Funchal;

Centro Novas Oportunidades da DRQP – Direcção Regional de Qualificação

Profissional - Funchal;

Centro Novas Oportunidades do CELF – Centro de Estudos, Línguas e

Formação do Funchal - Funchal;

Centro Novas Oportunidades da DTIM – Associação Regional para o

Desenvolvimento das Tecnologias da Informação da Madeira – Funchal;

Centro Novas Oportunidades da Escola Básica e Secundária D. Lucinda

Andrade - São Vicente.

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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 21

Esta Investigação Científica insere-se no âmbito do estudo intitulado:

“Educação e Formação de Adultos: Reconhecimento, Validação, Certificação de

Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na Região Autónoma da Madeira”,

cujo objectivo é contribuir para a compreensão de uma nova realidade no domínio do

Sistema Educativo: o reconhecimento e a validação das aprendizagens3 que os adultos

realizam ao longo das suas trajectórias de vida, em contextos informais e formais de

educação e formação.

Relativamente à Metodologia de Investigação, o estudo empírico é formado por

um Corpus Misto:

1 - Campo de Observação

Como campo de observação serão privilegiados os Adultos/Utentes que

frequentaram ou estão em frequência nos Centros de Novas Oportunidades (CNO)

(desde 2004 a 2010) na Região Autónoma da Madeira (RAM). Realizar-se-ão

entrevistas semi-estruturadas, em profundidade, aos Adultos/Utentes. Ainda como

trabalho de campo e para a aplicação dos instrumentos do estudo considerados para a

recolha de dados, serão contactados os Conselhos Executivos, Directores e as suas

Equipas dos Centros Novas Oportunidades, bem como aos Adultos/Utentes, a fim de

estabelecermos todos os respectivos Protocolos para a realização da Investigação.

2-Participantes

Os participantes da investigação empírica são os Adultos do Ensino Básico (sem

escolaridade básica obrigatória) que frequentam os cursos oferecidos pelos Centros

Novas Oportunidades (CNO) nos Centros Y e Z…. (códigos), na Região Autónoma da

Madeira (RAM). Os sujeitos participantes frequentam os cursos de Reconhecimento

Validação e Certificação de Competências, através da Legislação que regulamenta os

Centros de Novas Oportunidades (CNO). (cf. Dec. Lei n.º 357/2007 de 29 de Outubro e

Portaria n.º370/2008 de 21 de Maio de 2008).

3Pires (2005) analisa o conceito de aprendizagem, utilizando-o como termo genérico, no entanto,

as designações adoptadas pelos diferentes sistemas e dispositivos estudados são: em língua inglesa –

“learning” , em língua francesa – “acquis”, e em português – “competências”.

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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 22

3- Instrumentos de recolha de informação

3.1-Entrevistas

Como foi dito anteriormente, pretende-se realizar entrevistas em profundidade,

aos Coordenadores, e as suas Equipas do Processo de RVCC - dos Centros de Novas

Oportunidades (CNO), para se obter o ponto de vista daqueles a quem cabe garantir a

Certificação e a Validação de Competências.

3.2. - Observação Directa

Faz-se a Observação Directa às Instalações dos Centros de Novas Oportunidades

(CNO) o seu funcionamento e ainda à apresentação de Provas Públicas e sua defesa dos

Adultos/Utentes, a fim de compreender a realidade do terreno de investigação e

confirmar as Questões de Investigação.

3.3. Portefólios Reflexivo de Aprendizagens (prescritos na respectiva

Legislação). As Histórias de Vida serão obtidas através de entrevistas etnobiográficas e

dos Portefólios Reflexivos de Aprendizagens. Pretende-se utilizar as entrevistas em

profundidade, como já foi referido, para conhecer as trajectórias dos Adultos /Utentes

que frequentaram ou frequentam os Centros Novas Oportunidades. Mais remeto a

Vossa Excelência, um Guião (para o estudo exploratório) das Entrevistas a aplicar aos

Coordenadores dos respectivos Centros, para numa fase posterior, procedermos à

recolha das Histórias de Vida dos vários Adultos participantes no presente Estudo.

Atentamente.

Ao dispor,

Pede deferimento.

Funchal, 06 de Novembro de 2009

A Investigadora

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 23

APÊNDICE D:

Requerimento de consentimento para a

realização do Estudo Empírico – Directora

Regional dos Centros Novas Oportunidades

- Região Autónoma da Madeira

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

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Exmo. Senhora Directora Regional

dos Centros Novas Oportunidades – RAM

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira, natural da Freguesia da Fajã da Ovelha –

Calheta - Madeira, portador(a) do BI nº 6669241, emitido pelo Arquivo de Identificação

de Lisboa, 09/02/2000, residente na Rua do Maçapez nº 24 – Fajã da Ovelha – Calheta,

com o(s) telefone(s) 962810878 ou 912550115/ professor(a) do 1º Ciclo do Ensino

Básico, da EB 1º, 2º, 3º Ciclos/PE Prof. Manuel Francisco Santana Barreto – Fajã da

Ovelha – Calheta, a frequentar o curso Doutoramento em Ciências da Educação, na

Especialidade Educação e Desenvolvimento, promovido pelo(a) Faculdade de Ciências

Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, vem, por este meio, solicitar a V.ª

Ex.ª se digne autorizar a Investigação Empírica (realização de entrevistas/observação

directa em campo de investigação, recolha de Portefólios Reflexivos de Aprendizagens)

aos Coordenadores e às suas Equipas, e aos Adultos participantes no processo de

Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências (RVCC), cujos Centros

Novas Oportunidades são os seguintes:

Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional de Hotelaria e Turismo da

Madeira - Funchal;

Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional Cristóvão Colombo -

Funchal;

Centro Novas Oportunidades da DRQP – Direcção Regional de Qualificação

Profissional - Funchal;

Centro Novas Oportunidades do CELF – Centro de Estudos, Línguas e

Formação do Funchal - Funchal;

Centro Novas Oportunidades da DTIM – Associação Regional para o

Desenvolvimento das Tecnologias da Informação da Madeira – Funchal;

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 25

Centro Novas Oportunidades da Escola Básica e Secundária D. Lucinda

Andrade - São Vicente.

Esta Investigação Científica insere-se no âmbito do estudo intitulado: “Educação

e Formação de Adultos: Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências de

Adultos Sem Escolaridade Básica na Região Autónoma da Madeira”, cujo objectivo é

contribuir para a compreensão de uma nova realidade no domínio do Sistema

Educativo: o reconhecimento e a validação das aprendizagens4 que os adultos realizam

ao longo das suas trajectórias de vida, em contextos informais e formais de educação e

formação. Relativamente à Metodologia de Investigação, o estudo empírico é formado

por um Corpus Misto:

1 - Campo de Observação

Como campo de observação serão privilegiados os Adultos/Utentes que

frequentaram ou estão em frequência nos Centros de Novas Oportunidades (CNO)

(desde 2004 a 2010), na Região Autónoma da Madeira (RAM). Realizar-se-ão

entrevistas semi-estruturadas, em profundidade, aos Adultos/Utentes. Ainda como

trabalho de campo e para a aplicação dos instrumentos do estudo considerados para a

recolha de dados, serão contactados os Conselhos Executivos, Directores e as suas

Equipas dos Centros Novas Oportunidades, bem como os Adultos/Utentes, a fim de

estabelecermos todos os respectivos Protocolos para a realização da Investigação.

2-Participantes

Os participantes da investigação empírica são os Adultos do Ensino Básico (sem

escolaridade básica obrigatória) que frequentam o processo de RVCC, oferecido pelos

Centros Novas Oportunidades (CNOS) nos Centros Y e Z…. (códigos), na Região

Autónoma da Madeira (RAM). Os sujeitos participantes frequentam os cursos de

Reconhecimento Validação e Certificação de Competências, através da Legislação que

4Pires (2005) analisa o conceito de aprendizagem, utilizando-o como termo genérico, no entanto,

as designações adoptadas pelos diferentes sistemas e dispositivos estudados são: em língua inglesa –

“learning” , em língua francesa – “acquis”, e em português – “competências”.

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

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regulamenta os Centros de Novas Oportunidades (CNOS). (cf. Dec. Lei n.º 357/2007 de

29 de Outubro e Portaria n.º370/2008 de 21 de Maio de 2008).

3- Instrumentos de recolha de informação

3.1-Entrevistas

Como dito anteriormente, pretende-se realizar entrevistas em profundidade, aos

Coordenadores, e as suas Equipas do Processo de RVCC - dos Centros de Novas

Oportunidades (CNO), para se obter o ponto de vista daqueles a quem cabe garantir a

Certificação e a Validação de Competências.

3.2. - Observação Directa

Faz-se a Observação Directa às Instalações dos Centros de Novas Oportunidades

(CNO) e o seu funcionamento e ainda à apresentação de Provas Públicas e sua defesa

dos Adultos/Utentes, a fim de compreender a realidade do terreno de investigação e

confirmar as Questões de Investigação.

3.3. Portefólios Reflexivos de Aprendizagens (prescritos na respectiva

Legislação).As Histórias de Vida serão obtidas através de entrevistas etnobiográficas e

dos Portefólios Reflexivos de Aprendizagens. Pretende-se utilizar as entrevistas em

profundidade, como já foi referido, para conhecer as trajectórias dos Adultos /Utentes

que frequentaram ou frequentam os Centros Novas Oportunidades. Mais remeto a

Vossa Excelência, um Guião (para o estudo exploratório) das Entrevistas a aplicar aos

Coordenadores dos respectivos Centros, para numa fase posterior procedermos à

recolha das Histórias de Vida dos vários Adultos participantes no presente Estudo.

Atentamente

Ao dispor,

Pede deferimento.

Funchal, 09 de Novembro de 2009

A Investigadora

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Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

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APÊNDICE E:

Requerimento de consentimento para a

realização do Estudo Empírico – Directores

e Coordenadores dos Centros Novas

Oportunidades - Região Autónoma da

Madeira

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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 28

Ex.ma (o) Sra. (Sr.) Professor (a) Doutor(a)

Director(a) e Coordenador(a) dos Centros Novas

Oportunidades (C1, C2, C3, C4, C5, C6)

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira, natural da Freguesia da Fajã da Ovelha –

Calheta- Madeira, portador(a) do BI nº 6669241, emitido pelo Arquivo de Identificação

de Lisboa, 09/02/2000, residente na Rua do Massapêz n.º 24 – Fajã da Ovelha –

Calheta, com o(s) telefone(s) 962810878 ou 912550115/ professor(a) do 1º Ciclo do

Ensino Básico, da EB 1º, 2,º 3º Ciclos/PE Prof. Manuel Francisco Santana Barreto –

Fajã da Ovelha – Calheta, a frequentar o curso Doutoramento em Ciências da

Educação, na Especialidade Educação e Desenvolvimento, promovido pelo(a)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, vem, por

este meio, solicitar a V.ª Ex.ª se digne autorizar a Investigação Empírica (aplicação de

questionários/ realização de entrevistas /observação directa em campo de investigação)

aos Adultos/Utentes do Processo de Reconhecimento, Validação, Certificação de

Competências do Centro Novas Oportunidades (C1, C2, C3, C4, C5, C6). Esta

Investigação Científica, insere-se no âmbito do estudo intitulado: “Educação e

Formação de Adultos: Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências de

Adultos Sem Escolaridade Básica na Região Autónoma da Madeira”, cujo objectivo

deste estudo é contribuir para a compreensão de uma nova realidade no domínio do

Sistema Educativo: o reconhecimento e a validação das aprendizagens5 que os adultos

realizam ao longo das suas trajectórias de vida, em contextos informais e formais de

educação e formação.

Relativamente à Metodologia de Investigação, o estudo empírico é formado por

um Corpus Misto:

5Pires (2005) analisa o conceito de aprendizagem, utilizando-o como termo genérico, no entanto,

as designações adoptadas pelos diferentes sistemas e dispositivos estudados são: em língua inglesa –

“learning” , em língua francesa – “acquis”, e em português – “competências”.

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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS:

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Adultos sem a

Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

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1 - Campo de Observação

Como campo de observação, serão privilegiados os Adultos/Utentes que

frequentaram ou estão em frequência nos Centros de Novas Oportunidades na Região

Autónoma da Madeira (RAM). Realizar-se-ão entrevistas semi-estruturadas6, em

profundidade, aos Adultos/Utentes dos Centros Novas Oportunidades na Região

Autónoma da Madeira (RAM).

2-Participantes

Os participantes da investigação empírica são os Adultos do Ensino Básico (sem

escolaridade básica obrigatória) que frequentam o Processo de Reconhecimento,

Validação, Certificação de Competências oferecido pelos Centros Novas

Oportunidades nas Escolas Y e Z (códigos), na Região Autónoma da Madeira (RAM).

Os sujeitos participantes frequentam o Processo de Reconhecimento Validação e

Certificação de Competências, através da legislação que regulamenta os Centros de

Novas Oportunidades (cf. Portaria n.º 370/2008, de 21 de Maio de 2008).

3- Instrumentos de recolha de informação

3.1-Entrevistas

Como foi referido anteriormente, pretende-se realizar entrevistas em

profundidade, aos Coordenadores, Técnicos, Docentes/formadores das respectivas

unidades curriculares - RVCC - dos Centros Novas Oportunidades, para se obter o

ponto de vista daqueles a quem cabe garantir a Certificação e a Validação de

Competências.

3.2. - Observação Directa

Faz-se a Observação Directa às Instalações dos Centros de Novas Oportunidades

e ao seu funcionamento e ainda aos Júris de Certificação dos Adultos/Utentes, a fim de

6 Dado que neste momento ainda não nos foi cedido o número total de Adultos/Utentes que

frequentaram e estão em frequência nos Centros das Novas Oportunidades (2004-2009, não podemos

determinar o número de participantes para qualquer modalidade de investigação empírica de acordo com

as nossas opções que referimos no presente Projecto.

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 30

compreender a realidade do terreno de investigação e confirmar as Questões de

Investigação.

3.3. - Portefólios Reflexivos de Aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação).

Histórias de Vida serão obtidas através de entrevistas etnobiográficas. Pretende-se

utilizar as entrevistas em profundidade, como já foi referido, para conhecer as

trajectórias dos Adultos /Utentes que frequentaram ou frequentam os Centros Novas

Oportunidades.

Mais remetemos a Vossa Ex.ª, em anexo, fotocópias comprovativas referentes

ao Projeto de Investigação: a Fotocópia referente à Licença de Equiparação a Bolseiro,

concedida pela Secretaria Regional de Educação e Cultura da Região Autónoma da

Madeira; a Declaração da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade

Nova de Lisboa. Finalmente remetemos, em anexo, um pedido de solicitação de recolha

de dados referentes aos Adultos/Utentes, e um outro pedido de autorização para

posteriormente os Adultos/Utentes tomarem conhecimento e darem respectivamente

autorização para consultar os Portefólios Reflexivos de Aprendizagens.

Atenciosamente e renovando o nosso agradecimento pela sua disponibilidade e

colaboração neste Estudo, apresentamos os melhores cumprimentos.

Atentamente,

Pede deferimento.

Funchal, 12 de Novembro de 2009

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

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APÊNDICE F:

Requerimento de consentimento para a

realização do Estudo Empírico –

Participantes no processo de

Reconhecimento, Certificação, Validação

de Competências dos Centros Novas

Oportunidades – Região Autónoma da

Madeira.

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

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Exma. (o) Sra. (Sr.) Utente do

Processo RVCC do Centro Novas

Oportunidades (C1, C2, C3, C4, C5, C6)

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira, natural da Freguesia da Fajã da Ovelha –

Calheta- Madeira, portador(a) do BI n.º 6669241, emitido pelo Arquivo de Identificação

de Lisboa, 09/02/2000, residente na Rua do Massapêz n.º 24 – Fajã da Ovelha –

Calheta, com o(s) telefone(s) 962810878 ou 912550115/ professor(a) do 1º Ciclo do

Ensino Básico, da E.B.1º, 2,º 3º Ciclos/ PE Prof. Manuel Francisco Santana Barreto –

Fajã da Ovelha – Calheta, a frequentar o curso Doutoramento em Ciências da

Educação, na Especialidade Educação e Desenvolvimento, promovido pelo(a)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, vem, por

este meio, solicitar a V.ª Ex.ª se digne autorizar para a Investigação Empírica, consultar

o Portefólio Reflexivo de Aprendizagens (prescrito na respectiva Legislação) de

acordo com o Processo de Reconhecimento, Validação, Certificação de Competências

no Centro Novas Oportunidades. Esta Investigação Científica, insere-se no âmbito do

estudo intitulado: “Educação e Formação de Adultos: Reconhecimento, Validação,

Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na Região

Autónoma da Madeira” , cujo objectivo deste estudo é contribuir para a compreensão de

uma nova realidade no domínio do Sistema Educativo: o reconhecimento e a validação

das aprendizagens que os adultos realizam ao longo das suas trajectórias de vida, em

contextos informais e formais de educação e formação.

Atenciosamente e renovando o nosso agradecimento pela sua disponibilidade e

colaboração neste Estudo, apresentamos os melhores cumprimentos.

Pede deferimento. Funchal, 12 de Novembro de 2009

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 33

APÊNDICE G:

Guião para a realização das Entrevistas

(exploratórias) no Estudo Empírico –

Participantes no processo de

Reconhecimento, Certificação, Validação

de Competências dos Centros Novas

Oportunidades – Região Autónoma da

Madeira.

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 34

GUIÃO DE ENTREVISTA (Exploratória)

Exmo. Senhor Secretário Regional da Educação e Cultura da RAM.

I -Tema: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,

Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na

Região Autónoma da Madeira.

II - Objectivos Gerais:

1.Conhecer o Posicionamento em relação:

1.1 – Educação e Formação de Adultos e o Sistema Educativo ao nível do

Ensino Básico na RAM;

1.2 - Visão relativamente ao Processo de Reconhecimento Validação

Certificação de Competências (RVCC) na RAM;

1.3 – Visão em relação à organização dos Centros Novas Oportunidades

(CNO). Entende-se por organização (Morfologia territorial, instalações, recursos

materiais, corpo docente e função). Por outras palavras, entenda-se por organização os

aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos

(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-

Utentes).

1.3.1 – Perspectivas de abertura de Novos Centros de Novas Oportunidades na

RAM. (Os Centros existentes são suficientes para dar resposta à população da RAM.)

1.4 - Conhecer que necessidades de Formação dos Docentes são sentidas para

exercerem funções ao nível da Educação – Formação de Adultos na RAM;

1.5 - Processos de colocação dos Docentes nos CNO e visão em relação à

mobilidade dos docentes na RAM;

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 35

1.6 - Projectos na RAM. para a Formação de Formadores ao nível da Educação -

Formação de Adultos;

1.7 - Relativamente às Políticas Públicas Educativas da Região e a nível

Nacional, que divergências-convergências são sentidas ao nível das Novas

Oportunidades?

2 - Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e

disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o qual não

tivéssemos abordado e que considere importante para esta Investigação Científica?

Blocos Objectivos

Específicos Formulário de perguntas Observações

(A)

Legitimação

da entrevista

e motivação.

A entrevista no

contexto do

interesse do estudo

a realizar:

Explicar

sucintamente o

projecto de

investigação e os

resultados

esperados;

A estrutura da

entrevista

(apresentação dos

objectivos o seu

sentido);

Gravação e

anonimato,

Informar, nas suas linhas

gerais, do estudo: O

Problema da Investigação

centra-se na problemática

seguinte: Como é que os

vários atores sociais, com

particular incidência os

Adultos/Utentes

compreendem/percepcionam,

se apropriam do Processo de

Reconhecimento Validação

Certificação de

Competências (RVCC) na

Região Autónoma da

Madeira.

Explicar o tema da

Haverá que

responder de

modo claro e

preciso, a todas

as perguntas do

entrevistado sem

desvio dos

objectivos

específicos do

bloco;

Explicar a razão

da escolha do

Entrevistado;

Criar um clima de

empatia e

confiança;

Garantir a

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 36

devolução da

entrevista e acesso

ao produto final.

Legitimar a

entrevista;

Motivar o

entrevistado;

Assegurar a

confidencialidade.

entrevista, a perspectiva de

duração e o período espaço -

temporal a focar;

O contributo é muito

importante para o êxito do

estudo.

Caracterização Pessoal

Nome,

Idade,

Nacionalidade,

Estado Civil,

Caracterização Profissional

Formação Inicial,

Anos de actividade

Profissional,

Percurso Profissional,

confidencialidade

, o anonimato dos

dados.

Renovando o meu agradecimento pela sua disponibilidade e colaboração neste

Estudo, apresento os meus cumprimentos.

Atentamente.

A investigadora,

Manuela Pereira

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 37

APÊNDICE H:

Guião para a realização das Entrevistas aos

Coordenadores – Participantes/Informantes

no processo de Reconhecimento,

Certificação, Validação de Competências

dos Centros Novas Oportunidades – Região

Autónoma da Madeira.

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 38

GUIÃO DE ENTREVISTA AOS COORDENADORES

Centro Novas Oportunidades

Processo de Reconhecimento Validação Certificação de Competências

Região Autónoma da Madeira

Entrevista nº_____________________________________________________

Data:_________________________________________________________

Local________________________________________________________

Duração da Entrevista__________________________________ (Das___às___)

BLOCO (A)

Legitimação da Entrevista e Motivação do Estudo Científico.

1. Identificação:

1.1. Nome

1.2. Idade

1.3. Nacionalidade

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Escolaridade Básica Obrigatória na Região Autónoma da Madeira

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 39

1.4. Estado Civil

2. Habilitações Académicas:

2.1. Licenciatura

2.2. Mestrado/Doutoramento

2.3. Outras Formações

3. Experiência Profissional

3.1. Ao longo da Carreira

(anos no geral que exerce a sua actividade profissional)

3.2. Percurso Profissional no CNO

(anos específicos que exerce a sua actividade profissional de

Coordenador(a) no CNO)

3.3. Cargos Desempenhados ao longo da Carreira

3.4. Processo de colocação no desempenho do Cargo de

Coordenador

(convite, concurso, outros)

4. Opções de Carreira

4.1. As decisões da actividade profissional foram influenciadas

pelos processos de Formação Inicial ou desenvolveram - se no interior

profissional e como?

4.2. De que modo a vida familiar e social contribui para a

formação profissional?

BLOCO (B)

Visão do Coordenador(a) sobre o Processo de Reconhecimento Validação

Certificação de Competências (RVCC).

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1. O porquê da opção pelo exercício das funções profissionais na

área do Processo de RVCC.

2. Como se actualiza e enriquece a actividade profissional no

desempenho de funções ao nível das Novas Oportunidades.

3. Momentos mais significativos profissionalmente.

4. Relato da experiência enquanto Coordenador(a) do Processo de

RVCC.

5. Descrição do Processo de RVCC.

6. Relativamente ao Referencial de Competências Chave de

Educação e Formação de Adultos (Matemática para a Vida, Linguagem e

Comunicação, Cidadania e Empregabilidade e Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC)), saber quais são as maiores dificuldades sentidas pelos

Adultos.

6.1. Áreas preferidas pelos Adultos e áreas que referem

maiores dificuldades.

7. Saber como se estruturam os recursos pedagógicos e didácticos.

8. Saber qual é o ponto de vista relativamente ao Portefólio

Reflexivo de aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação) como

instrumento de avaliação. (Há dominantes nas Histórias de Vida dos Adultos

que são decisivas para o processo de RVCC?)

9. Relativamente às Histórias de Vida, saber qual é o sistema de

provas que os Adultos enfrentam.

10. Saber como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final.

11. Saber quais são os aspectos valorizados nas avaliações dos

Adultos?

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BLOCO (C)

Visão do Funcionamento de cada Centro Novas Oportunidades

1. Constituição da Equipa do Processo de RVCC, e a função de cada

elemento da Equipa; Funcionamento do Plano Estratégico de Intervenção (PEI)

se está integrado no quadro das várias Actividades da Instituição. (ou Projecto

Educativo da Escola).

2. Saber se faz a dupla Certificação no CNO (Profissional e

Escolar).

3. O Processo faz-se por passagem nos vários Ciclos, ou é linear ao

3º Ciclo (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo).

BLOCO (D)

Identificação /organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO)

1. Pedir uma descrição da morfologia do Centro Novas

Oportunidades.

2. Saber qual é o balanço global que se faz relativamente ao

funcionamento de cada Centro Novas Oportunidade. Solicitar os dados

Estatísticos referentes à população que frequentou e está em frequência em cada

Centro Novas Oportunidades.

BLOCO (E)

Posicionamento do Coordenador(a) face ao Perfil dos Adultos que

procuram o Processo de RVCC

1. Como é caracterizado o perfil dos grupos de Adultos que

procuram o Programa Novas Oportunidades (quer ao nível etário, número de

utentes, média de idades, percursos escolares, assiduidade nas Sessões

programadas, dificuldades referenciadas no trajecto de passagem pelos diversos

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módulos do processo de RVCC, atitudes, comportamentos como se evidenciam,

participação dos familiares no processo de RVCC, outras situações

relevantes…)

2. Normalmente qual é a origem social dos Adultos e a Classe Social

predominante.

BLOCO (F)

Posicionamento do Coordenador(a) face às expectativas e motivações dos

Adultos que procuram o Processo de RVCC.

1. Saber quais são as expectativas dos Adultos quando procuram os

Centros Novas Oportunidades.

2. Saber quais são as motivações dos Adultos relativamente ao

processo de RVCC. No geral, saber qual é a atitude dos Adultos perante as

diversas actividades propostas no Processo de RVCC.

BLOCO (G)

Condições de sucesso e insucesso – Constrangimentos no Processo de RVCC

1. Saber as práticas pedagógicas de acompanhamento dos Adultos

que apresentam maiores dificuldades, quer de aprendizagem, quer económicas.

2. Saber como se manifesta o interesse dos Adultos face aos

incentivos ou apoios que lhes são facultados.

BLOCO (H)

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Notas: Para finalizar o guião das Entrevistas, teremos em consideração as

seguintes questões:

1- Se tivesse que sugerir algumas mudanças no Programa Novas

Oportunidades, que sugestões apresentaria como pertinentes no momento actual?

2- Gostaríamos, para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e

disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o qual

não tivéssemos perguntado e que considere importante?

BEM-HAJA PELA COLABORAÇÃO

Manuela Pereira

Transição dos Adultos Qualificados pelos Processo RVCC para o Mercado

de Trabalho

1. Caracterizar o ponto de vista sobre o valor Social do Diploma

atribuído através do processo de RVCC face às motivações dos Adultos.

2. Saber qual é o posicionamento entre um Diploma obtido através

do processo de RVCC e o obtido através do percurso normal académico.

3. Constatar geralmente quais são as perspectivas futuras dos

Adultos após a Certificação através do processo de RVCC.

4. Saber quais são as representações em relação ao sucesso dos

Adultos e integração no Mercado de Trabalho.

5. Os dados Estatísticos referentes à população que frequentou e está

em frequência no seu Centro Novas Oportunidades correspondem às suas

expectativas e a procura no Mercado de Trabalho.

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APÊNDICE I:

Entrevistas às Coordenadoras/

Coordenadores dos Centros Novas

Oportunidades da Região Autónoma da

Madeira

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Centro Novas Oportunidades – Reconhecimento Validação Certificação de

Competências Região Autónoma da Madeira

I -Tema: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,

Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na

Região Autónoma da Madeira.

II - Objectivos Gerais:

1º- Conhecer o Posicionamento dos Coordenadores dos Centros Novas Oportunidades

na Região Autónoma da Madeira, relativamente ao processo de Reconhecimento

Validação Certificação de Competências (RVCC).

2º- Identificar a organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO).

Entende-se por organização a morfologia territorial, as instalações, os recursos

materiais, o corpo docente e função. Por outras palavras, entenda-se por organização os

aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos

(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-

Utentes).

3º- Conhecer que sentidos dão os vários atores ao Processo de RVCC. (Utentes,

Profissionais do RVCC, Sociedade)

Data da Entrevista - 03 de Fevereiro de 2010

Local da Entrevista - Gabinete – CNO 1

Nome do Entrevistado - C1

Duração: 1h:04:33 (das 10 horas às 11horas e 04:33)

Zona (Urbana)

GUIÃO DA ENTREVISTA

1.Qual é a sua identificação? (caracterização da Amostra)

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C1

1. Qual é o Centro das Novas Oportunidades?

CNO 1

2. Qual é a sua idade?

42 anos.

3. Qual é a sua Nacionalidade?

Portuguesa.

4. Qual é o seu Estado Civil?

Casado.

5. Qual é a sua Formação Inicial/habilitações

académicas?

Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, na variante de Estudos

Portugueses/Franceses, e o Mestrado em Literatura Portuguesa.

6. Há quantos anos exerce a sua actividade profissional?

Em geral, há 22 anos.

7. Qual o seu percurso profissional?

Desde 1987 até Dezembro de 1993, fui docente do Ensino Secundário, na altura

era o Ensino Básico e Secundário, agora 3º ciclo do Ensino Básico e Secundário.

De Janeiro de 1994 até Agosto de 2007, fui Docente na Universidade da Madeira,

no Departamento de Estudos Humanísticos. Entretanto tive o convite para vir

coordenar este centro, aceitei e estou como coordenador desde Setembro de 2007.

8. Quais foram os Cargos Desempenhados?

Exerci os cargos normais dentro da profissão na Escola Básica e Secundária,

tais como o cargo de Director de turma e de Delegado de Grupo. Na Universidade o

de assistente de diversos professores; coordenador de estágios de português na

Universidade da Madeira, durante, creio eu, três ou quatro anos lectivos; fui vogal

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do Conselho Directivo do Departamento durante dois anos. Membro da Assembleia

da Universidade (pronto…acho que já chega) e actualmente Coordenador deste

Centro.

9. As suas decisões da actividade profissional foram

influenciadas pelos processos de Formação Inicial ou desenvolveram

- se no interior profissional. Como?

A formação inicial teve força preponderante nomeadamente na escolha do grupo

de leccionação, como é óbvio, depois quando concorri para a Universidade da Madeira

para assistente, essa formação inicial já foi moldada pelo Mestrado que estava a

decorrer na altura.

Depois dentro da Universidade da Madeira enquanto Assistente Estagiário, as

funções e as disciplinas que me foram atribuídas já se distanciaram um bocadinho da

formação inicial, já decorreram da necessidade do serviço e exigiram investigação anual

para leccionar as determinas disciplinas. Tudo decorreu da exigência profissional.

O cargo que agora tenho, já nada tem a ver com a formação inicial, já decorre da

experiência dos anos e também da investigação que naturalmente tive que fazer para me

adaptar a esta nova realidade de trabalho, são práticas e metodologias pedagógicas

específicas para os adultos.

10. De que modo a sua vida familiar e social contribui para

a sua formação profissional?

É evidente que há referências, eu diria mais, que vêm desde a vida académica e

os contributos da vida familiar….

Há modelos de liderança, por parte da docência, relativamente ao meu papel de

professor, depois ao longo da minha vida pessoal e profissional, assim como da minha

vida familiar e das relações que se geram, é evidente que há modelos de referência, em

termos de gestão, liderança, chefias que não fizeram parte da minha formação inicial,

mas que servem sempre de referência, nomeadamente na vida profissional, e digamos

que serviram de novos “aportes”, de informação para podermos balizar e formar o

quadro de referências, neste caso para desempenhar o papel de dirigente.

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11. Em relação ao exercício das suas funções enquanto Coordenador(a)

há quanto tempo as exerce estas? Sempre neste mesmo Centro?

Portanto há 2 anos e meio que exerço funções de coordenador e, claro, sempre neste

Centro.

12.Porque fez a opção pelo exercício das suas funções profissionais na área do

Programa Novas Oportunidades?

Foi um desafio que me foi lançado e que aceitei por dois motivos: em primeiro

lugar, porque na altura estava em condições para aceitar novos desafios profissionais, e

em segundo lugar, porque a nível profissional era um projecto com novos desafios e

sabendo que este é um projecto válido, que acredito, queria dar o meu contributo e lutar

pela sua validade. Acredito que este projecto quando bem gerido, proporciona aos

adultos uma mais-valia, e acima de tudo ajuda os adultos a verem reconhecidas as suas

competências, quer em situações de formação, quer em situações de validação de

competências.

13.Como se actualiza e enriquece a sua actividade profissional no desempenho

de funções ao nível das Novas Oportunidades?

Toda a Iniciativa Novas Oportunidades é muito moldada pela Agência Nacional

para a Qualificação. Todos os anos frequentamos diversas vezes formações, quer na

sequência da nova Legislação publicada, quer de actualização simplesmente.

Confrontámos os vários pontos dos diversos grupos dos centros e, para além disso, há

também um encontro anual dos Centros Novas Oportunidades, o qual nos permite

sempre ganhos, quer em termos de contactos pessoais, quer nas participações dos

diversos painéis. Temos a possibilidade de confrontar a atividade com aquilo que se faz

nos outros Centros e aprofundar as competências nesta área. Depois também fomos

envolvidos no início do ano passado no processo de auto-avaliação dos Centros Novas

Oportunidades, sendo o nosso mais antigo dos seis que existem na Região Autónoma da

Madeira. Tivemos reuniões em Lisboa, nessa altura o nosso grupo de trabalho estava

integrado com outros grupos dos centros de Lisboa, e esses momentos desenvolveram-

se com a necessidade de estudar, investigar e evoluirmos profissionalmente. Para além

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disso, há que irmos resolvendo, no nosso a dia-a-dia os problemas que vão surgindo, e

temos necessidade de interagir com a agência nacional para a qualificação, através dos

centros de apoio.

14.Que meses são mais significativos profissionalmente e são determinantes

na sua actividade de Coordenador?

Relativamente ao ciclo anual dos Centros, pessoalmente é evidente que os três

primeiros meses foram muito exigentes em termos de estudo, em termos de horas de

trabalho, em horas de percepção do que se passava e de esforço mais determinante

talvez no período de Setembro de 2007. No ciclo anual, o mês de Janeiro é sempre

muito importante para fazer a auto-avaliação do centro relativamente ao ano anterior,

depois temos dois momentos importantes: o final do primeiro semestre, no qual se vai

verificar se as metas traçadas estão, ou não de acordo, com os objectivos propostos. Ou

melhor, se os resultados, estão ou não, de acordo com as metas que traçámos. Os

últimos meses, sobretudo Novembro e Dezembro, são de muitíssimo trabalho no Centro

Novas Oportunidades, porque é quando muito do trabalho previsto para o ano vai

resultar em júris de certificação. Há sempre um grupo de adultos que aponta os seus

trabalhos para esta altura, para organizar a sua vida pessoal, quer para terminar o ano

com aquele projecto acabado, portanto Novembro e Dezembro são meses como já referi

de muito trabalho, mas simultaneamente de muita satisfação profissional, porque vemos

o resultado concreto do nosso trabalho confirmado pelo Centro Novas Oportunidades

com a respectiva certificação dos Adultos.

15.Como define o Processo de RVCC e o funcionamento do Centro (Equipa do

Centro)?

Temos duas grandes linhas, digamos relativas ao processo de RVCC: do ponto de

vista académico e do ponto de vista profissional. Do meu ponto de vista profissional, é

um processo muito exigente, quer para quem coordena e quem dirige, mas é tudo um

processo diferente, substancialmente em metodologias e teoricamente diferente do que

se passa do Ensino dito Regular (não é?). Imaginemos uma boneca russa, uma

“matrioska”, enquanto que no Ensino Regular nós vamos acrescentando supostamente

camadas de conhecimentos aos jovens que nos chegam às nossas mãos enquanto

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professores, aqui nós vamos tirando essas “camadas de poeiras” para poderem chegar ao

conhecimento que está dentro de cada adulto, para que no fim do processo, no momento

da certificação final, o júri faça a respectiva certificação e validação de competências.

Assim, é como reconstruirmos aquela boneca russa nas competências dos adultos que

ficaram certificados. Do ponto vista profissional, exige aos formadores, que são

professores, uma adaptação que nunca demora menos do que um ou dois meses.

Portanto, o professor ,que é aqui colocado no Centro Novas Oportunidades não está de

imediato apto a leccionar com um grupo de adultos, porque o processo é diferente, é

como se fosse preciso estagiar com os outros formadores que já aqui estão e que fazem

a transição, digamos da estrutura dorsal do centro, para posteriormente estarem aptos e

autónomos para avançarem. Depois, há mais duas ou três categorias na equipa, que são

fundamentais do ponto de vista profissional, muito importantes, que é o papel dos

técnicos de reconhecimento que têm como formação inicial psicologia, sociologia,

filosofia ou ciências da educação, estas são as áreas preferenciais. Estes técnicos antes

de dois meses e meio a três, ou seja, só a partir do primeiro trimestre começam a

autonomizar-se, porque há metodologias próprias que têm de investigar. Essas

metodologias estão publicadas pela agência nacional para a qualificação, é preciso

sempre estudá-las e vê-las aplicadas, é um esforço profissional muito grande da parte

deles. Depois temos ainda a categoria dos administrativos que regulam o trabalho

administrativo como qualquer outro, mas com especificidades muito concretas, quer na

constituição dos arquivos que estão regulamentados pela Agência Nacional para a

Qualificação, com determinadas categorias, falo por exemplo do arquivo

técnico/pedagógico que tem categorias específicas, aliás que foi alterado no ano passado

e que claro neste ano já terá de estar em conformidade. Para além disso há uma série de

procedimentos técnicos de acesso à base de dados e lançamento no programa, de uma

unificação de dados que são de extrema responsabilidade e portanto um administrativo a

funcionar num centro de novas oportunidades tem de dominar tudo isto. Por último, do

ponto de vista profissional, temos o papel do técnico de diagnóstico e encaminhamento,

que também pode ser um Psicólogo, um Licenciado em Ciências da Educação, ou um

Sociólogo, mas preferencialmente em Ciências da Educação ou Psicologia, porque tem

de basear todo o seu trabalho na metodologia de diagnóstico, no conhecimento das

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ofertas formativas da Região em que se inserem e o conhecimento tem de estar

actualizado à realidade, para além disso tem de dominar muito bem a técnica da

entrevista, a técnica da entrevista colectiva e de entrevista profissional. Portanto, do

ponto de vista profissional, este Processo exige muito mais do que lá fora se possa

pensar, digamos para quem trabalha num Centro Novas Oportunidades, um pequeno

parênteses para dizer que os professores aqui são colocados nos Centros, normalmente

ao fim de um ou dois anos, regressam às escolas oficias, provavelmente porque o

horário é mais leve, há maior independência metodológica, aqui é de facto um trabalho

muito em grupo, em equipa. Assim, as minhas metas dependem da dos formadores, a

dos formadores dependem dos técnicos e assim, sucessivamente. Portanto, se falha um

elemento da engrenagem não há metas para ninguém, isto no âmbito profissional. Do

ponto de vista social é outro processo fundamental, isto porque vem repor a justiça

social, digamos assim, relativamente aos adultos que tendo a sua vida profissional e

empenho competente, muitos deles no momento da avaliação nomeadamente nas

empresas, na função pública etc., sendo competentes naquilo que fazem, mas não

tinham reconhecidas as suas competências académicas, portanto vem repor essa justiça.

Do ponto de vista sócio-pessoal é um elemento fundamental para a auto-estima dos

adultos, é porque nós temos assistido a pessoas contentes com os seus papéis de

liderança que desempenham em instituições públicas, mas o grande constrangimento é

que não podem evoluir na carreira, não podem ter a sua posição profissional de vida

porque não tem habilitação (não é verdade?).Para além disto como muitos adultos

referem, é sempre bom poder preencher os diversos papéis ou documentos dos filhos na

escola e que têm o 9º ano, pelo menos ou o 12º ano (não é?). Há o reverso da medalha,

quando este Processo é mal aplicado, quando a própria comunidade institucional como

se inicialmente se referiu, indicia processos de facilitismo há a ideia de que este

Processo é profundamente injusto, a ideia de que não é justo ver um adulto em seis

meses conseguir o 9º ano, quando os jovens têm de cumprir nove anos de escolaridade,

isto é preocupante, isto é falso porque se o Processo for bem feito, o que o adulto vem

fazer durante os seis meses ou outro tempo, não vem fazer o 9º ano em seis meses, o

que o adulto tem é nesse período de seis meses demonstrar o que aprendeu durante os

seus 30, 40 ou 50 anos de vida, isto é preciso dizer, é isto que é feito e que seja bem

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feito. Assim, os financiamentos podem sofrer de alguma forma e sendo assim o

Processo como se pode facilmente perceber pode ficar envasado porque fazemos

certificações e corremos o risco de não cumprirmos as metas. Para cumprirmos as metas

às vezes é preciso certificar à pressa, ainda assim há uma figura que nos vem dar

alguma segurança aos Centros e alguma credibilidade ao processo de RVCC, estou a

falar dos Avaliadores Externos. Os Avaliadores Externos são pessoas que não estão

relacionadas directamente com os Centros que concorreram à Agência Nacional para a

Qualificação, que aliás foram recentemente empossadas, digamos assim, nessas funções

no dia 30 de Novembro de 2009 na qualidade de Avaliadores Externos da Região

Autónoma da Madeira. Estas pessoas têm experiência na área da formação,

conhecimentos na área da formação e do mapa das profissões na Região. Os

Avaliadores Externos dão o seu acordo, digamos final para a certificação dos adultos,

mas se encontrarem alguma areia na engrenagem podem perfeitamente não validar nem

certificar o adulto, é importante ressalvar esta mais-valia.

Os Avaliadores Externos são autorizados a nível nacional e depois distribuídos

por núcleos, zonas, claro que qualquer avaliador do norte pode ir ao Alentejo ou ao

Algarve, mas não é viável do ponto de vista económica estar a fazer a transferência de

um adulto ou avaliador da Madeira fazer uma certificação em Lisboa, embora ao

contrário já tenha acontecido no processo inicial em relação aos Avaliadores Externos.

Estes vieram do continente para fazerem cá o processo de RVCC. Actualmente, temos

cá na Madeira para os seis Centros uma bolsa renovada no total de (… ) agora não

consigo garantir assim, mas são uns sete ou oito, mas atenção, destes, dois são pessoas

já aposentadas nas funções da função pública, pelo que se podem exercer na avaliação

externa dos Centros Privados. Nos Centros Públicos estão impedidos de o fazer por via

da Legislação Nacional, portanto na prática dos Centros Públicos como é o nosso, só

dispomos, de momento, de seis Avaliadores Externos. O nosso Centro é Público, rege-

se pelas Leis da Função Pública, temos é do ponto de vista contratual pessoas do centro

com contrato equivalente ao da função pública, nós temos os professores que são

requisitados ou que são destacados para cá, e temos outros formadores e técnicos com o

regime de contrato privado, digamos assim. Relativamente aos professores,

normalmente chegam cá professores jovens, no inicio da carreira ou porque pretendem

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por motivos pessoais deslocar-se para o centro e estão disponíveis, mas de ressalvar que

não vêm com qualquer tipo de formação prévia especializada na área dos adultos

sobretudo pela formação por observação, mas sendo possível recorrem a acções de

formação e não tendo outra alternativa propomos aos professores uma espécie de

estágio junto dos profissionais que trabalham há algum tempo, basicamente é assim que

tem acontecido. Também já nos tem acontecido dentro do corpo docente da escola

convidarmos alguns professores, dadas as suas boas referências, neste sentido de que

apresentam um perfil para trabalhar connosco, são colegas do próprio quadro da escola.

16. O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias

Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)

O PEI é traçado sempre de acordo com a Instituição, aliás é lançado on-line no

âmbito do SIGO (Sistema Integrado de Gestão da Oferta Educativa), depois o que

fazemos é seguir as regras que lá estão. No primeiro trimestre de cada ano, o PEI é

integrado no plano de actividades da escola. No nosso caso, o plano estratégico de

intervenção actual foi aprovado para o biénio - 2010/2011.

17.Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)

Nós, neste momento temos desde 2004 apenas a certificação escolar. Durante o

ano passado, 2009, aliás, perdão, em finais de 2008, vimos aprovada a nossa

candidatura à certificação profissional, só podemos avançar com ela no último trimestre

de 2009, mas já temos de facto em funcionamento a formação proporcional nas áreas de

cozinha, restaurante e bar. Vamos fazer os primeiros certificados até à Páscoa.

18.Como se faz o Processo por Ciclos, isto é, por fases nos vários Ciclos ou

linear ao 3º Ciclo (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)

O que a Legislação prevê é que o diagnóstico sendo bem feito encaminha o adulto

logo para o patamar em que ele já demonstra ter competências, ou seja, teoricamente é

possível um adulto que chegue cá com a 4ª classe, fazer o reconhecimento de

competências de nível Secundário. A experiência porém, diz-nos que isso é muito difícil

ter o 4º ano e passar através do processo de RVCC passar para o 9º ano é mais

frequente, porque as pessoas têm boas competências a nível profissional, que lhes

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permite perfeitamente reagir e responder de forma assertiva (não é?). Do nível Básico

para o Secundário é mais complexo, já tem acontecido, mas é mais complexo porquê?

Porque as pessoas não estão habituadas a reflectir e o Processo exige muita reflexão

pessoal, muito investimento pessoal, muita investigação, muita autonomia quer no

domínio dos quadros de referência que exige muita reflexão pessoal, isto gera algumas

dificuldades, no entanto já tem acontecido, até já tivemos um outro caso. O que

acontece, só para concluir esta parte, é que durante o Processo muitas vezes de

reconhecimento de competência de nível B3 - 9º ano, algumas pessoas acabam por se

revelar e muitas delas dizem que desconheciam as suas competências (eu até não sabia

que sabia fazer isto, normalmente é o que dizem), então é aí que certificamos o nível

B3. Normalmente, com a proposta de fazerem Formação Complementar, curiosamente

acabam por voltar ao Centro e se inscrever novamente de acordo com a melhor solução

proposta para o nível Secundário. Algumas, e só algumas, conseguem fazer o

reconhecimento de competências de Secundário depois de ter feito o nível B3, mas

sempre com muito investimento pessoal e formação científica. Outras, e aí temos alguns

problemas, inscrevem-se porque são livres de se inscreverem mas são normalmente

encaminhadas para a educação formação de adultos, ou outra solução. As pessoas

demonstram-se desagradadas porque pensam que o processo é imediato, já que fizeram

o nível B3 podem fazer de imediato o Secundário, mas nem todas conseguem, a verdade

é essa. Ainda esta semana tivémos uma pessoa que desistiu, como sabe a Legislação

prevê que a decisão seja sempre tomada pelo grupo do Centro. Nós aqui neste Centro,

quando o adulto insiste em fazer o reconhecimento de conhecimentos e não é essa a

opinião da Equipa Técnica, então levamos o adulto a assinar uma declaração de

compromisso, assim um adulto sabe que quando entrar no processo naquelas

circunstâncias poderá vir a ter dificuldades e poderá apenas ter certificação parcial. O

adulto assina essa declaração e assume esse compromisso, e claro que nós trabalhamos

com ele. Ainda esta semana, nós tivemos uma pessoa que, neste caso, tenha sido

encaminhada para um processo de RVCC de nível Básico, contra a opinião do técnico

de diagnóstico, que teve a dignidade de reconhecer que o adulto não estava preparado, e

o adulto desta forma, decidiu fazer a sua desistência.

19.Qual é a ligação entre a Teoria (Legislação) e a Prática de Certificação?

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A ANQ, para além da formação que nos vem dando, tem uma espécie de

biblioteca, que já vem aliás da antiga Direcção Geral de Formação Profissional, que

vai não só especificando a teoria, a aplicação dos conceitos como descrevendo a

metodologia, e operacionalizando a aplicação dos Referenciais de Competências.

Esses manuais estão disponíveis on-line no site da ANQ, bem como outra

documentação. Temos o estudo feito, de facto para os referenciais, são os grandes

pilares, sobretudo o do nível Secundário, digamos que é uma Tese, não sei se de

facto não foi um trabalho de Doutoramento. É um estudo muito completo do ponto

de vista de uma descrição exaustiva, há portanto uma massa crítica académica que

está por detrás deste processo, e tem pessoas como o professor Doutor Luís

Capucho, Presidente da ANQ, a professora Maria do Carmo Gomes, que é a Vice-

presidente, enfim, são cérebros, pois dizia eu, temos obra publicada, quer para os

referenciais, quer para as metodologias, quer para a aplicação na área das

competências profissionais, há de facto muitas investigações e publicações feitas.

20.Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a

conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a Equipa

Externa de Avaliação?

A nível Regional os seis centros têm uma coordenação que está junto do

gabinete do Senhor Secretário e essa coordenação regional neste momento é

liderada, pela Senhora Dra. Ângela Borges, que já foi Directora Regional da

Educação, e que nos convoca algumas vezes por ano para reuniões para aferirmos

situações…enfim, quer relativamente a alterações legislativas, quer à formação

contínua…do ponto de vista de interacção entre os diversos centros, nós,

coordenadores, e formadores, falamos com alguma frequência, sobretudo com os

centros mais novos, contactam muito os centros mais antigos, não só o nosso

naturalmente para um processo de cooperação, inclusivamente o centro de S.

Vicente, da Escola Básica e Secundária D. Lucinda de Andrade, que já fomentou

uma espécie de workshop connosco e foi muito proveitoso.

21.Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos

relativamente ao processo de RVCC?

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No caso do nosso Centro, nós temos protocolo directo com a empresa Horários

do Funchal, Casa do Povo da Calheta, com a PT, os CTT, já fizémos e já está

concluído, falta só a entrega formal com os Bombeiros Voluntários da Ribeira

Brava, com a empresa MGL, que é uma empresa de comércio e reparação de

automóveis são os representantes da Toyota e da Volvo (deixe-me pensar assim de

cor)… empresa Previsão com o Laboratório Regional Veterinário, o antigo, que

depois se alargou à Direcção Regional Veterinária e ainda com o Sindicato dos

Trabalhadores da Função Pública, ainda com outra empresa de formação que é a

SERFORMA, porque algumas destas pessoas apresentam carência de qualificação

escolar e logo vemos que, quando é possível, fazermos certificação, e quando não é

possível, encaminhamos para a formação. Penso que referi todos os protocolos, mas

entretanto se faltou algum tenho na direcção à sua disposição (está bem…).AH!

Peço desculpa, no âmbito do protocolo de qualificação temos como Ministério da

Administração Interna aqui na Madeira. Temos também protocolo com a PSP, com

a Direcção Regional da Qualificação Regional, nós temos um trabalho muito bem

organizado e com muito investimento da nossa parte.

22.Como define os grupos que procuram o Programa Novas Oportunidades?

(quer ao nível etário, número de utentes, média de idades, percursos escolares,

assiduidade nas Sessões programadas, dificuldades referenciadas no trajecto de

passagem pelos diversos módulos e etapas do processo de RVCC, atitudes,

comportamentos como se evidenciam, participação dos familiares no processo

de RVCC, outras situações relevantes…?)

A média etária está na faixa dos 38 anos, estava em Dezembro de 2009. A Moda

está nos 34 anos, isto quer dizer, que temos público jovem e temos também público

já na casa dos 50, 60 anos…mas a grande maioria está na faixa dos 30, ou seja, é um

público que não tendo tido possibilidade de concluir a escolaridade no seu percurso

normal estão agora, num processo muito activo da sua vida (casa dos 30, 40 e

poucos anos) e precisam em muitos dos casos dessa qualificação académica.

Precisam por motivos profissionais, para progressão na carreira, às vezes em casos

mais dramáticos precisam por motivos profissionais garantir o emprego, porque há

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exigências cada vez mais regulamentadas em termos Europeus, Nacionais e claro

Regionais. Assim, determinadas funções só podem ser desempenhadas com

determinadas habilitações, independentemente da competência, mas há de facto a

contestação destas situações, outras decorrem de motivos empresariais, tivémos uma

procura muita forte por parte das agências imobiliárias, porque as carreiras

profissionais das agências, aproximadamente cerca de dois ou três anos, creio eu

foram reorganizadas em função de determinadas exigências de qualificação escolar

para as pessoas. Por exemplo, houve condutores para quem passou ser obrigatório o

12º ano, por isso há muita e muita procura por parte dos adultos. Depois temos um

outro nicho de procura, que são as próprias empresas que nos solicitam, não os

adultos das empresas que já lhe falei, mas porque estão sensíveis à necessidade de

qualificação escolar, muitas vezes, por motivos próprios, nas outras vezes por

necessidade de certificação, e qualificação, ou seja, precisam de ter certificação e

claro a certificação escolar dos coordenadores, precisam de estar ao nível destas

exigências, então as empresas tomam estas opções. Há aqui uma espécie de alavanca

para que os adultos façam a sua qualificação porque é uma componente importante

na vida social. Nós temos duas situações relativamente aos Protocolos, assim na

maior parte dos Protocolos, nós vamos aos locais como na empresa Horários do

Funchal, PT, MGL…Outros, porque não há uma centralidade de instalações, as

pessoas deslocam-se até cá ao centro. Ah! Esqueci-me de referir o protocolo com o

grupo Pestana que vieram cá ao Centro fazer o Processo.

23.Normalmente qual é a origem social dos Adultos? (Classe social

predominante?)

Se quisermos dividir para a certificação escolar, temos normalmente as classes

médias, as baixas não, porque estas não têm a cultura da qualificação. No entanto,

há frequentemente pessoas que fizeram o seu percurso profissional e estão próximas

da reforma ou que tem outros desafios pela frente e que não tiveram oportunidade de

fazer a formação escolar e procuram fazer a sua certificação. Este estudo nós não

fizemos, mas na prática sabemos que na formação profissional convivemos com as

pessoas ligadas à hotelaria tendo qualificações escolares baixas, algumas dezenas

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com a quarta classe, no entanto são óptimos profissionais, mas não tem habilitação

académica suficiente.

24.Quais são as suas motivações, expectativas dos Adultos relativamente aos

Centros Novas Oportunidades?

A maioria são pessoas muito motivadas, o Adulto quando toma a decisão, ele

assume, motiva-se e determina. O grande obstáculo é reconhecer que é preciso

voltar à escola - é uma barreira muito grande que as pessoas sentem, mas uma vez

tomada essa decisão, normalmente são pessoas muitíssimo motivadas. Temos claro

dois tipos de franjas desta população: temos aqueles que chegam cá porque

precisam e só vêm cá porque precisam por motivos profissionais e têm a postura

que já sabem tudo, a grande maioria dessas pessoas não conseguem fazer o

processo de RVCC, porque não admitem que é preciso investir…Já tivemos que

resolver alguns casos em que as pessoas diziam-nos simplesmente que já tinham

feito várias formações e agora só precisavam do Certificado, isto não é anedótico,

estas situações já nos têm acontecido, embora com maior frequência no início, mas

aconteceram!... Alguns adultos admitiram que o Processo não era bem assim,

tinham de facto algumas competências mas era preciso sujeitarem-se a um processo

de diagnóstico e algumas quando se aperceberam acabaram por desistir. Temos a

outra franja, é a do ponto inverso, as pessoas chegam cá com algumas dificuldades

mas com muita esperança, das duas, uma: ou têm competências escondidas que elas

próprias não sabem e avançam, e há surpresas fantásticas, já nos surgiram, e há

outros Adultos facto não conseguem, ou melhor, não é que não tenham

competências, ou que não conseguem, as competências que transportam consigo

não equivalem às exigidas no Referencial de Competências do processo de RVCC.

Sendo assim, não podem ser encaminhadas para o processo de RVCC e depois

temos muitos problemas, problemas porque há pessoas que não aceitam bem esta

situação, outras pessoas que não conseguem por via do seu horário laboral,

conciliar este é um problema social acrescido com a conciliação das

responsabilidades familiares e claro, não conseguem voltar à escola frequentar um

curso de educação e formação de adultos. Assim temos de facto este público que

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precisa que se consiga uma solução…A solução negociada pela equipa apesar de

ainda haver muitos casos que os adultos ficam com a Certificação Parcial, será de

fazer cursos em formações Modelares, ou seja, concluírem só os módulos que lhes

fazem falta, esta seria uma solução para muitas pessoas. Ah! Gostaria de lhe contar

um caso curioso, de uma senhora que iniciou o processo de RVCC com 75 anos. A

senhora chegou cá, não tinha a 4ª classe, não tinha nenhum certificado e disse-nos

que tinha estudado apenas 3 anos na sua infância, o equivalente à antiga 3ª classe,

não tinha frequentado uma Instituição, tinha sido com umas pessoas que a

ensinaram, isto era muito frequente a umas décadas atrás. A senhora apresentou-se

de facto naquela situação em que manifestou muito gosto por ter pelo menos o 4º

ano. A senhora já estava reformada, claro que dizia que nessa situação não

precisava de ter qualificação académica, mas gostava pelo menos no mínimo a 4ª

classe. No momento do diagnóstico, na altura era outra metodologia revelou-se que

a senhora tinha muitas competências e mais que o 4º ano. Alguma dificuldade é

verdade, sobretudo quando era exigido competências na área da informática, aí teve

ai alguns constrangimentos, mas com a formação complementar chegou lá, e claro

sem dificuldades concluiu o 6º ano. No dia do Júri, a Avaliadora Externa

perguntou-lhe então qual era a sua opinião sobre o processo de RVCC e a senhora

respondeu: que tinha gostado tanto…tanto…A senhora de facto escrevia muito

bem, tinha uma veia poetiza popular, mas acrescentou ainda ao Júri, que tinha

ficado com um problema, a Equipa ficou apreensiva porque a senhora nunca tinha

revelado problemas, mas entretanto explicou, que o seu problema era ter ficado

viciada na internet. Nesse dia do Júri, estavam também presentes uma filha, uma

neta e uma bisneta. A filha confirmou que a senhora tinha um neto a trabalhar em

Londres, ou algures próximo de Londres e pelo skype e pelo MSN contactava

sempre o neto. Estas situações querem dizer o quê? Quer dizer que este processo de

Reconhecimento de Competências na verdade gera nos adultos a necessidade de

procurar novas competências, e é essa a alavanca impulsionadora de maior

qualificação, é uma necessidade por parte dos adultos que semanalmente

frequentam este Centro. Estas necessidades são muitas vezes suportadas pela

colaboração dos filhos, sobrinhos, irmãos mais novos, a outras pessoas conhecidas,

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sobretudo na área informática. Nota-se muito este efeito de alavanca, deste

Processo de procura do conhecimento, as pessoas vão procurar por elas próprias

novas fontes de informação, de treino para adquirir competências, no fundo o saber

aplicar na sua vida diária. Permita-me dizer que se um adulto certificado com o 9º

ano for fazer o exame académico chumba, mas se um aluno do 9º ano vier fazer

este Processo não consegue, porque são processos diferentes. A sociedade em geral

não percebe este mecanismo de funcionamento e precisamos de esclarecer cada

Sistema de Funcionamento.

25. O que costumam indicar para o acompanhamento dos Adultos que

apresentam maiores dificuldades, quer de aprendizagem, quer económicas?

Vamos por passos, do ponto de vista escolar, os adultos que ao longo do

processo demonstram competências nalgumas áreas podem ter até ao limite total de

50 horas de formação complementar dentro do Processo, não pagam por isso nem

podem pagar e têm formação em função das suas necessidades. Claro que estas

necessidades sendo individuais há formação complementar individual, também

muitas vezes organizam-se grupos de adultos, grupos de adultos com o mesmo tipo

de dificuldades sobretudo nas áreas de Linguagem e Comunicação, na área das

Tecnologias de Informação e na área da Matemática. Estas são as áreas em que se

sentem as maiores dificuldades e maiores necessidades evidenciadas pelos adultos.

Agora falando do ponto de vista financeiro, há um Despacho do Senhor Secretário

Regional, informando e deliberando que os adultos que estejam desempregados e

inscritos no Centro de Desemprego Regional não pagam a taxa de inscrição, que é

um valor de 20 euros. Esta taxa de inscrição só é paga no momento do processo

RVCC porque toda a primeira etapa nos Centros Novas Oportunidades é

absolutamente gratuita para o adulto. Todo o diagnóstico e encaminhamento são

absolutamente gratuitos para o adulto. O adulto só paga a taxa de inscrição como já

referi só se entrar no processo de RVCC, paga os 20 euros que é taxa de inscrição

conforme o estipulado pelo Senhor Secretário Regional e 5 euros de imposto de selo

e faz desta forma contrato connosco. A nível financeiro é tudo, é este o valor pago,

quer por 6 meses quer por 6 anos.

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26.Qual é a sua opinião entre um Diploma obtido através do Processo de

RVCC e o obtido através do percurso normal académico?

É evidente que o mercado de trabalho não valoriza da mesma forma, no entanto

a ANQ tomou uma decisão, creio que em 2008, está a fazer 2 anos, que todos os

certificados não vão indicar a fonte, portanto se não indicam a fonte não haverá

desvalorização de Diplomas, e esses problemas não se colocaram…. Também temos

assistido a outras situações, sobretudo em parte das empresas que possuem

Protocolo com o nosso Centro, que reconhecem a valorização do nosso Diploma, ou

melhor, reconhecem uma mais-valia do Certificado por via do processo de RVCC.

Tudo isto faz sentido, se pensarmos em termos de competências, é um adulto que

não se contenta só com o trabalho que fazia e portanto quis ir mais além,

começamos a sentir aliás como já vimos o Belmiro de Azevedo e outros que fizeram

investimentos próprios e se tiverem pessoas mais qualificadas, a fortificação das

empresas e das sub-empresas ficará mais fácil. Actualmente este reconhecimento

começa a ser perceptível, não há ainda no entanto, estudos concretos sobre esta nova

realidade. Está em curso o estudo de Roberto Carneiro, o seu estudo, e outros a nível

Nacional que naturalmente irão dar contributos significativos para esta revolução

silenciosa no Sistema Educativo.

27.Como estruturam os recursos pedagógicos e didácticos?

Os recursos pedagógicos são muito gerados, criados pelo próprio Centro, em

função do público que têm, mas há inclusivamente blogs, formação e outros meios

específicos que partilhamos instrumentos pedagógicos neste Processo e

exclusivamente actividades a realizar com os Adultos.

28.Como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final?

O júri é obrigatoriamente constituído pelo adulto, pelos Formadores que com ele

trabalharam, podendo estar ausente um, pelo Técnico que liderou o grupo e pelo

Avaliador Externo. Portanto, temos os Elementos da Equipa do centro que

trabalharam com o Adulto, os Formadores das quatro áreas, por exemplo se for do

nível básico B3, mas normalmente juntamos 2 áreas: Linguagem e Comunicação e

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Cidadania e Empregabilidade que também normalmente é o mesmo Formador, e

ainda o Formador de Matemática para a Vida e o Formador de Tecnologias e

Informação. Os Técnicos de Encaminhamento que normalmente conseguem

melhores resultados são os de Psicologia, Sociologia ou em Ciências da Educação.

As sessões de Júri, são sessões públicas, embora dadas as caraterísticas individuais

das histórias de vida, há sempre uma preocupação de proteger os Adultos como

estas sessões são públicas. As pessoas que normalmente assistem pedem licença aos

presentes para assistirem ao Júri…

29.Qual é o seu ponto de vista relativamente ao Portefólio Reflexivo de

aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação) como instrumento de

avaliação? (Há dominantes nas Histórias de Vida dos Adultos que são decisivas

para o processo de RVCC?

A história de vida nos Centros apresentadas pelos Adultos, não é a história de

vida íntima das pessoas, como é lógico, é a história de vida das pessoas desde que

elas adquiriram competências, exemplo concreto: Muitas das senhoras, alguns dos

senhores que foram pais, relatam o momento da maternidade, ora esse momento por

si só não chega, e não é uma mais-valia, só o momento do nascimento, parece duro

dizer isto, mas na verdade não é. O relato emocional não serve para comprovar

competências… Agora estou-me a lembrar de um caso específico, onde este

acontecimento foi feito em torno de uma reflexão. Assim, o nascimento de um filho

extrapolou a parte emocional dando origem a um estudo de uma análise comparativa

entre o sistema de apoio à maternidade em Portugal e a comparação com outros

países, nomeadamente a Inglaterra. O adulto passou por esta experiência relatou o

estudo que fez relacionados com os Sistemas de Saúde, os Sistemas de Saúde

comparativos entre os dois países e em relação à Europa. Completou com o relato a

experiência de vida da maternidade, esteve ainda associado a um bebé que nasceu

com problemas de saúde, claro que não digo quem é o adulto, isso é lógico, desta

forma temos de facto um manancial de competências impressionantes. Este adulto

foi uma pessoa que concluiu o seu nível Secundário com um portefólio

interessantíssimo e brilhante sobretudo na área da saúde, tecnologia e ciência. Para

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concluir a história de vida é importante nestes contextos e é indispensável que o

adulto se agarre nos momentos da sua vida em que de facto desenvolveu as suas

competências, quer ao nível pessoal, familiar, profissional, social, quer em

momentos formais, não formais ou até informais do seu dia-a-dia e ao longo da sua

vida.

30.Quais são as dificuldades que os Adultos são confrontados após a Certificação

e integração no Mercado de Trabalho?

Esse estudo está por fazer, já decorre o estudo do Professor Roberto Carneiro, cá na

Região Autónoma da Madeira, o Observatório Regional da Educação está a fazer em

parte este estudo, é liderado pela Doutora Maria João Freitas, creio que é um estudo

específico para a Madeira relacionado com o confronto com o mercado de trabalho e

as saídas profissionais. O que posso acrescentar é que a maioria dos nossos

certificados já estão ao activo, ou seja, são pessoas que já estão empregadas. Desta

forma, não se consegue medir a empregabilidade, porque já lá estão, o que posso dizer

é que é mais-valia nem sempre corresponde a uma progressão na carreira, de acordo

com as vozes dos adultos, mas isso creio eu deve-se muito ao período de crise que

estamos a atravessar e claro devido restrições económicas. Para os utentes

desempregados claro que ficam com outras armas para poderem concorrer. Temos

alguns dados, claro que não estão tratados, mas de pessoas que nos dizem que o

concurso que pretendiam agora já pôde concorrer com a nova qualificação académica.

Portanto se isto também acontece como lhe digo, e de facto não estando nada

sistematizado temos todo este conhecimento resultante daquilo que falamos,

ouvimos… é tudo muito empírico.

31.Os dados Estatísticos referentes à população que frequentou e está em

frequência no seu Centro das Novas Oportunidades correspondem às suas

expectativas?

Em termos de números de inscrição durante o ano de 2009, houve um

decréscimo muito grande no nosso Centro, não tenho cá presente os dados gerais

dos outros Centros porque não temos acesso. De facto notou-se uma diminuição nas

nossas metas, como já tínhamos previsto, uma vez que abriram mais Centros, é

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lógico, havia três Centros, agora estão em funcionamento seis, houve portanto um

derrame das inscrições, acontece porém que as listas de espera são ainda muito

elevadas, temos cerca de um milhar de pessoas que estão à espera de fazer

diagnóstico, portanto é uma pressão muito grande sobre a equipa. Temos no entanto

uma novidade, que é a certificação profissional, esta está em franco crescimento,

ainda não fizemos muita divulgação e já temos grupos a funcionar e mais pessoas à

espera. Esta certificação está a crescer, já temos o Instituto de Formação Profissional

por via da Legislação, que a ANQ fez publicar, está a transferir muitas das suas

competências para os Centros Novas Oportunidades. Nesta área temos que ter muito

cuidado na formação dos profissionais, pois é muito importante que haja uma

formação com muita solidez porque aproximam-se um ou dois anos pelo menos na

área da certificação profissional e claro que temos que estar preparados para estes

desafios.

32.Qual é o balanço que faz ao funcionamento do seu Centro Novas

Oportunidades? (Podia-nos falar sobre a sua experiência enquanto

Coordenador do processo de RVCC, e quais são os pontos fortes e fracos do

processo de RVCC)

Bom, contextualizando tudo isto, e tentando arrumar as ideias, a iniciativa Novas

Oportunidades, ou melhor o processo de RVCC, iniciou-se como se sabe em

Portugal como consequência da estratégia de Lisboa, no Tratado de Lisboa em

2001, portanto com compromissos Europeus. Em 2002, o Sistema Nacional de

Reconhecimento de Competências até 2004/2005 começou-se a notar uma

avalanche, que depois foi tão grande o número de inscrições que se sentia a

necessidade de estruturar o Processo e dos Centros fazerem o reconhecimento de

competências. Atenção que não foi uma iniciativa exclusiva de 2005, já vinha de

2001/2002, tudo termina com o primeiro grande fio desta oportunidade, dos adultos

reporem a sua certificação escolar e que termina na sua primeira fase no final deste

ano, até Novembro de 2010, termina assim a primeira fase desta iniciativa: Novas

Oportunidades. As metas dificilmente serão atingidas na totalidade…A meta que

Portugal se comprometeu até 31 de Dezembro de 2010 para certificar um milhar, já

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se fala num alargamento desta fase, pelo menos até ao final do primeiro trimestre de

2011. O que virá a seguir não se sabe certamente, mas o que é dado como certo é

este número significativo de movimentos de adultos, este retorno à escola à procura

de qualificação académica e naturalmente estas situações não podem ficar sem

resposta. É importantíssimo qualificar os portugueses nas diversas áreas. Nós, por

exemplo, só podemos fazer reconhecimento profissional nas áreas de Bar,

Restauração e Cozinha, porque a escola só tem formadores nestas áreas, e as

instalações que temos são canalizadas para as mesmas. Portanto a 2ª fase começará

daqui a um ano, mas estamos já conscientes da importância de aproveitar por um

lado a massa profissional que se gerou, milhares de pessoas a trabalhar no país todo,

cerca de 435 Centros por todo o País, temos 435 Directores, temos 435

Coordenadores, isto multiplicando por os Coordenadores e Técnicos, temos alguns

milhares de pessoas a trabalhar nesta iniciativa das Novas Oportunidades. Há

portanto uma massa crítica que se foi ao longo destes anos criando e que certamente

vai continuar a contribuir para a qualificação de Portugal…A grande vantagem é por

um lado possibilitar certificar pessoas que já são competentes nas suas áreas

profissionais, e naturalmente proporciona-lhes a sua satisfação a nível pessoal,

enquanto a grande desvantagem é o desvalorizar o processo e o meio-termo é

esquecido por vezes. Este é de facto o principal problema, um outro que não encaro

como negativo mas que é menos positivo, é a falta de resposta de forma adequada

dos adultos que são encaminhados para fora dos Centros. Aqui na Madeira já se

percebeu esta realidade, há muitos adultos que não enquadram no Ensino Recorrente

que já foram encaminhados para cursos EFA e não tinham resposta. O Sistema

Educativo Regional percebeu esta pressão e criou os CEF, assim estão em quase

todas as escolas da Região. Portanto o que vai fazer falta agora? É dar outro passo

que estamos a sentir que faz falta, que é o das formações Modelares, por modelos.

Apesar do Centro não puder fazer Formação Modelar, nós podemos fazer o

diagnóstico e o encaminhamento, em termos de futuro haverão assim formações

complementares para os Adultos. Para concluir o impressionante é a grande procura

dos adultos e o seu recurso ao Programa das Novas Oportunidades quer para dar

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respostas sociais, quer pessoais…enfim assim vamos tendo um número crescente de

Qualificações Académicas.

33.Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e

disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o

qual não tivéssemos perguntado e que considere importante?

Creio que disse tudo, ah! Esqueci de referir que também temos Protocolos com o

Programa Escolhas, iremos dar Apoio aos Bairros da Nogueira, que se localiza na

Camacha e no Bairro da Nazaré que se localiza em São Martinho – Funchal. No

nosso ponto de vista teremos novos desafios educativos - formativos mas que serão

muito interessantes para a Região Autónoma da Madeira.

Muito obrigada por ter participado neste processo de Investigação.

Manuela Pereira

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GUIÃO DE ENTREVISTA – AOS COORDENADORES

Centro Novas Oportunidades - Processo de Reconhecimento Validação

Certificação de Competências Região Autónoma da Madeira

I -Título: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,

Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na

Região Autónoma da Madeira.

II - Objectivos Gerais:

1º- Conhecer o Posicionamento dos Coordenadores dos Centros Novas

Oportunidades na Região Autónoma da Madeira relativamente ao Processo de

Reconhecimento Validação Certificação de Competências (RVCC).

2º- Identificar a organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO).

Entende-se por organização (Morfologia territorial, instalações, recursos

materiais, corpo docente e função). Por outras palavras, entenda-se por organização os

aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos

(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-

Utentes).

3º- Conhecer que sentidos dão os vários Actores ao processo de RVCC?

(Utentes, Profissionais do RVCC, Sociedade).

Data da Entrevista – 04 de Fevereiro de 2010

Local da Entrevista – Gabinete da Coordenadora do CNO

Nome do Entrevistado – C2

Centro Novas Oportunidades – CNO 2

Duração da Entrevista – 29:19 (das 10 horas às 10h 29: 19)

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Zona – Funchal (Urbana)

GUIÃO DA ENTREVISTA

Legitimação da Entrevista e motivação.

I - Identificação Pessoal e Profissional da Coordenadora e do

Centro Novas Oportunidades

1. Qual é a sua identificação?

C2

2. Qual é o Centro Novas Oportunidades?

CNO2

3. Qual é a sua idade?

34 Anos.

4. Qual é a sua Nacionalidade?

Portuguesa.

5. Qual é o seu Estado Civil?

Solteira.

6. Qual é a sua Formação Inicial/habilitações académicas?

A Formação Inicial em Ciências da Educação, em Psicologia e o Mestrado em

Psicologia.

7. Há quantos anos exerce a sua actividade profissional?

Há 11 anos.

8. Qual o seu percurso profissional?

Exerci sempre aqui no Centro na qualidade de Coordenadora Pedagógica,

sempre relacionado com as actividades com os Adultos e também no âmbito dos

jovens na sua formação, no âmbito dos desempregados, e agora claro com o Centro

Novas Oportunidades.

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9.Quais foram os Cargos Desempenhados?

Exerci sempre aqui no Centro na qualidade de Coordenadora Pedagógica, sempre

relacionado com as actividades com os Adultos e também no âmbito dos jovens na sua

formação, no âmbito dos desempregados, e agora claro com o Centro Novas

Oportunidades sou Coordenadora. Dou também Formação e também dou aulas ainda, é

algo que gosto bastante, claro gosto muito de estar com o Ensino Profissional, esta

Escola é uma Escola Profissional, e que gosto muito, realmente….

10.Como foi o Processo de colocação do Cargo de Coordenadora?

Como eu já desempenhava o cargo de Coordenadora dos cursos do CELFF e

como o nosso Centro foi indicado, pela Direcção de Qualificação Profissional para

sermos um Novo Centro de Novas Oportunidades, então fomos convidados

apresentamos Candidatura, uma vez que já havia três Centros cá na Região, então

avançamos com os recursos humanos que estavam disponíveis e claro deu-se a abertura

de um novo CNO, aqui na Madeira.

II – Percurso de vida Pessoal e Profissional Funções de Coordenação no CNO

As suas decisões da actividade profissional foram influenciadas pelos

processos de Formação Inicial ou desenvolveram - se no interior

profissional. Como?

Os dois, os dois…. e completam-se profissionalmente….

1. De que modo a sua vida familiar e social contribui para a sua formação

profissional?

Contribui muito, porque desde pequenina que já gostava muito de ensinar,

imagine que já queria ensinar o meu avô a ler, era analfabeto claro que foi uma tentativa

muito inglória.

O meu gosto por ensinar era muito grande, claro que o meu pai também exerceu

funções na área da educação, embora que fosse militar dava apoio aos Recrutas, e claro

que na minha família existia uma vertente social muito forte na área da educação…

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2.Em relação ao seu exercício das suas funções enquanto Coordenadora há

quanto tempo exerce estas funções? Sempre neste mesmo Centro?

Desde que abriu o nosso Centro, portanto já fez há um ano. Nunca exerci

funções noutros Centros, foi aqui o meu primeiro emprego, gosto muito e cá continuo…

3.Porque fez a opção pelo exercício das suas funções profissionais na área

do Programa Novas Oportunidades?

Porque realmente é bastante aliciante a actividade com os Adultos, a área

profissional é gratificante, o trabalho de orientação para mim foi sempre algo que me

entusiasmou…o meu trabalho a acompanhar as pessoas no seu crescimento é algo muito

fascinante para mim, e que muito me agrada, que muito me entusiasmou…mesmo antes

da abertura do Centro Novas Oportunidades…Claro com esta oportunidade da abertura

do Centro esta perspectiva ainda aumentou muito mais, me fascinou e evidente o

desenvolvimento das competências pessoais e profissionais, da auto-valorização, sinto

que é um grande desafio para mim… o crescimento pessoal é muito gratificante…

III – Formação e Desenvolvimento Profissional

1. Como se actualiza e enriquece a sua actividade profissional no

desempenho de funções ao nível das Novas Oportunidades?

Estamos sempre atentos, tentamos sempre que haja oportunidade de participarmos

no Continente em Acções de Formação e estamos sempre atentos para acompanharmos

a literatura actual neste campo de Educação - Formação de Adultos… tentamos estar

sempre actualizados, e claro que também partilhamos com a Equipa dos outros Centros,

pois têm mais experiência, de vez em quando vamos aos outros Centros e claro que

vamos sempre aprendendo uns com os outros.

Quando há dificuldades temos sempre o apoio dos que têm mais conhecimento e

experiência…claro que não é uma formação formal, mas realmente partilhamos a

informação, etc, etc… e as parcerias é realmente que nos fazem crescer

profissionalmente…

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Pesquisamos muito na área da literatura das Ciências da Educação, na Educação de

Adultos, saiu agora uma Publicação muito recente relativa ao Processo pela ANQ,

devemos estar agora a receber…

IV - Posicionamento da Coordenadora sobre o Processo de Reconhecimento

Validação Certificação de Competências (RVCC) e o funcionamento dos Centros.

1. Como define o processo de RVCC e o funcionamento do Centro?

É evidente que o processo de RVCC é um caminho que se faz caminhando, no

ensino regular o caminho está traçado. No início realmente foi tudo muito utópico, claro

que foi o sentimento para nós no início, pensávamos como havíamos de dar

encaminhamento…Lembro-me das planificações que eram feitas e que agora não têm

nada a ver com esta, refazemos e refazemos, relativamente ao Básico já fizemos cinco

planificações e sempre de acordo com o público que vamos tendo e naturalmente nos

contextos que estão integrados, a adaptação das actividades com os Adultos em

questão…É um Processo que vamos caminhando, vamos andando, curiosamente

relativamente ao Secundário, lembro-me de um Formador que quando fez a

descodificação num dia, a primeira vez na área do Secundário, e logo no dia seguinte

questionou quando começa logo outro grupo do Secundário? Realmente é um Processo

tão estimulante e que nos cria tantas expectativas que realmente acaba por nos estimular

e nos encorajar profissionalmente, é muito estimulante, nós vamos andando e

caminhando num sentido de crescimento… pois é tudo diferente, vamos

experimentando e claro que vamos realizando em conjunto o acompanhamento do

Processo. Relativamente aos Referenciais, na minha opinião às vezes são um

bocadinho… porque também é preciso ter consciência do nível sociocultural da

Madeira, e mesmo na Madeira entre o Funchal e o Caniçal por exemplo é

completamente diferente, assim temos que adaptar o Referencial ir de encontro ao

Adultos em questão e não o Adulto enquadrado no Referencial…há aqui uma grande

adaptabilidade nesse sentido, mas vamos andando… adaptando e conseguimos desta

forma acompanhar o processo de RVCC. Relativamente à Equipa e ao seu

funcionamento no início do Processo foi um desbravar de práticas pedagógicas, foi um

encarar de um outro paradigma educativo - formativo, completamente diferente da

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prática profissional que estavam habituados… principalmente os Formadores….Nós

optámos pela colocação de professores que tenham experiência na área de Educação –

Formação de Adultos e que tenham também experiência na área da formação

profissional, e professor como é óbvio… Dado que nós podemos ter esta possibilidade

de não fazer a colocação de Professores não por concurso mas por convite, pois é um

perfil de um profissional específico que terá que saber trabalhar com Adultos….Um

Professor poderá ser um excelente Professor, mas poderá não ser um excelente

Formador…isto faz realmente a grande diferença… percebe?

2. Que meses são mais significativas profissionalmente e são determinantes na

sua actividade de Coordenadora?

É evidente que as pessoas chegam ao final do ano e as pessoas querem

concluir as suas Habilitações nesse ano e também sentimos as suas necessidades que

com o culminar do ano as pessoas querem concluir o seu Processo…mas a

actividade é sempre a mesma… em todo o caso sempre que possível acompanhamos

esse culminar com as pessoas, realmente também nós fazemos questão encerrar

desta forma o ano …

3. O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das

várias Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)

Está previsto o PEI estar integrado nas actividades da Instituição e estar de

acordo com os objectivos que pretendemos atingir no nosso Centro…

4. Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)

Não, só fazemos a Escolar, neste momento, até porque estamos em

funcionamento recente e na nossa perspectiva precisamos de mais algum tempo para

pôr em funcionamento o CNO com esta valência…

5. Como se faz o Processo por Ciclos, isto é por fases nos vários Ciclos ou

linear ao 3º Ciclo? (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)

Depende do perfil de Adulto, já tivemos casos em que a partir do 4º ano, nível

B1 fizeram o 9º ano, nível B3. Temos Adultos que neste momento estão a preparar-se

para fazer o nível B2, o 5º e o 6 anos, Adultos com o nível B1 -4º ano nunca tivemos.

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6. Qual é a ligação entre a Teoria (Legislação) e a Prática de Certificação?

Claro que temos que trabalhar à luz da Legislação, são normas da nossa

Referência, todo este Processo é financiado pelo Fundo Social Europeu e existem regras

que são de extrema importância para o funcionamento do Processo RVCC.

Nós exercemos de acordo com os suportes Legislativos, a nossa prática é

decorrente das Orientações Legislativas. A ANQ dispõe de muitos materiais, a maior

parte dos materiais são enviados pela Agência Nacional, são muito muito úteis ao nível

científico…

7. Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a

conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a

Equipa Externa de Avaliação?

Nós naturalmente que exercemos relações de parceria com os vários

intervenientes, com a Secretaria Regional de Educação com a Senhora Doutora Ângela

Borges, que é responsável mensalmente por nos convocar para reuniões ou outras

situações de funcionamento dos CNO, em que trocamos dúvidas, partilhámos

conhecimentos, colocámos os nossos obstáculos em relação às escolas….Nós temos

directivas para fazer encaminhamentos de Adultos também para os Cursos EFA, é

necessário criarmos relações de parceria e as escolas estarem preparadas para esta

realidade no Sistema Educativo, por exemplo para determinadas modalidades

educativas – formativas, os Cursos EFA dão respostas a certa população de Adultos.

Sentimos um problema por exemplo na parte dos encaminhamentos dos Adultos para as

Escolas, cá na Madeira estamos muito dependentes da abertura do ano escolar, e claro

que há Adultos que por exemplo fazem a sua inscrição em Janeiro, após o

encaminhamento, Janeiro Fevereiro… por exemplo para um curso EFA, ele terá que

esperar até reabra o novo ano escolar…até lá muitos Adultos desmotivam-se…o ideal

era seguir logo o percurso escolar …. Percebe?

Existem directivas pela Carta de Qualidade que foi feita pela Agência Nacional

de Qualificação, que alerta precisamente que o tempo que medeia entre as diversas

etapas não deverá ser muito longo, mas realmente na prática é difícil contornar esta

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situação. Na realidade, a nossa Região não tem tantas ofertas formativas que deem

respostas a estas necessidades dos Adultos, já colocamos estas preocupações na

Secretaria Regional de Educação no sentido de depois criarem novas aberturas dos

referidos Cursos, como nós gostaríamos para a Madeira… Na realidade este ano já se

abriram alguns Cursos EFA (Educação e Formação de Adultos) e houver um esforço

por parte da Doutora Ângela Borges, mas sentimos que há ainda uma grande maioria de

Adultos que não foram abrangidos… No processo de RVCC, algumas pessoas não

reúnem as condições e nós alertamos para a necessidade de formação académica, a nível

de encaminhamento era o ideal que houvesse muitas ofertas educativas - formativas…

8. Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos

relativamente ao Processo de RVCC?

Temos várias Parcerias, nós temos com a Casa do Povo do Caniçal que também

tem uma unidade de intervenção na vida activa, e encaminha-nos muitos desempregados

e não só, temos também a Associação Cidade Solidária, em Santana, temos Casa do

Povo no Caniço, com uma unidade de intervenção na vida activa, também são

desempregados. Vamos ter também em breve um protocolo que ainda não está assinado

com a unidade de intervenção na vida activa em Câmara de Lobos, também com baixa

escolaridade e temos também um protocolo que está prestes a ser assinado com o Grupo

Sá, em que realmente são muitos empregados e com baixas qualificações académicas,

baixa escolaridade…

O processo de RVCC em alguns casos há itinerância, é o caso do Caniçal, pois

vamos até as Instituições e lá damos início ao Processo outros casos em que nós

fazemos a primeira parte a fase de diagnóstico e depois a fase de encaminhamento como

o caso do Caniço que fica relativamente próximo do Funchal, toda a restante parte do

Processo faz-se cá no Centro. Assim rentabilizamos recursos humanos e desta forma

não se justifica itinerância e mais gastos financeiros. Quando é necessário fazer

formação para além das 50 horas que é o tempo limite de formação no processo de

RVCC, nós encaminhamos para as ofertas formativas do Centro: na área das

informáticas, das línguas…ter ou não a vertente da hotelaria, tudo depende do Plano

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Individual, do Projecto de vida de cada Adulto e da forma como estão a decorrer as

nossas actividades no momento.

V - Visão do Coordenador(a) sobre os Adultos em geral

1.Como define os grupos que procuram o Programa Novas Oportunidades?

(quer ao nível etário, número de utentes, média de idades, percursos

escolares, assiduidade nas Sessões programadas, dificuldades referenciadas

no trajecto de passagem pelos diversos módulos e etapas do processo

RVCC, atitudes, comportamentos como se evidenciam, participação dos

familiares no processo de RVCC, outras situações relevantes…?)

Normalmente são de origem social de classe social média-baixa.

Em termos conceptuais são Adultos que apresentam dificuldades em integrar as

suas actividades nos seus Portefólios, têm muitas dificuldades de abstracção, têm mais

dificuldades independentemente da área, claro que quando digo isto é mais ao nível do

Ensino Básico…e claro que varia de contexto para contexto de vivência de cada

Adulto… Por exemplo aplicando um diagnóstico a um Adulto no Funchal e o mesmo

no Caniçal a outro Adulto, vemos grandes diferenças, ao nível conceptual é muito,

muito diferente….

2.Normalmente qual é a origem social dos Adultos? (Classe social

predominante?)

Normalmente a origem social dos Adultos como já referi é média baixa…

Estamos neste momento não pelo Centro Novas Oportunidades mas pela Vertente

Profissional, estamos a ter um grande projecto por parte do Instituto Regional de

Emprego, estamos a desenvolver Unidades de Certificação Modelar, e aproveitamos

para divulgar o nosso Centro e aproveitamos para lhes dar equivalências para o Ensino

Regular…nas Escolas e claro também muita motivação…

Constatamos que os desempregos estão muito associados a factores de baixa

escolaridade, a fraca formação académica, de rendimentos sociais baixos…

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3.Quais são as motivações, expectativas, dos Adultos quando procuram os

Centros das Novas Oportunidades?

Muitas vezes os Adultos apresentam-se com uma noção que o processo de

RVCC é muito fácil… Tudo é muito fácil… Pensam que há um grande facilitismo,

pensam que podem fazer o Processo por auto-determinação…mas depois quando se

deparam que é um percurso que embora seja orientado, exige investimento por parte

dos Adultos, aí a situação inverte….começam realmente a caírem em si…Eu digo-lhes

muitas vezes que nós não vamos pescar por eles….nós ensinamos a colocar o anzol, a

atirar a linha…por aí fora, mas realmente nós não pescamos, serão os Adultos que

terão que pescar por eles…

VI- Condições de sucesso e insucesso em geral.

1.O que costumam indicar para o acompanhamento dos Adultos que

apresentam maiores dificuldades, quer de aprendizagem, quer económicas?

Quando são constatadas determinadas dificuldades de aprendizagem numa

determinada área, nos Adultos, nós fazemos o encaminhamento para a Formação

Complementar…., aí este Plano de Formação está integrado no processo de RVCC e

não implica cargos económicos (…) como sabe até 50 horas não acarreta cargos

acrescidos financeiros.

VI- Estratégias e posicionamento face ao Sistema Educativo Actual

1.Qual é a sua opinião entre um Diploma obtido através do processo de

RVCC e o obtido através do percurso normal académico?

2.Como estruturam os recursos pedagógicos e didácticos?

Os recursos pedagógicos são criados pelo próprio Centro, em função do público

que têm, mas inclusivamente recorremos a outras parcerias e Centros e

particularmente a ANQ, que dispõe de material pedagógico e científico.

3.Como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final?

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O júri é obrigatoriamente constituído pelo adulto, pelos Formadores que

com ele trabalharam, podendo estar ausente um, pelo Técnico que liderou o grupo e

pelo Avaliador Externo.

4.Qual é o seu ponto de vista relativamente ao Portefólio Reflexivo de

aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação) como instrumento de

avaliação? (Há dominantes nas Histórias de Vida dos Adultos que são

decisivas para o processo de RVCC?

A partir dos Referenciais nós temos grelhas de evidências, para cada unidade de

competência claro para cada área, onde os Adultos têm que apresentar evidências que

nos permitam validar determinados itens do Referencial de Competências –

Chave…Portanto de acordo com a História de Vida, os Adultos relatam e a Equipa vai

validar determinadas competências ao longo do percurso de vida dos Adultos. O

Balanço de competências é no fundo a primeira fase do Processo o que nos faz

despistar as actividades que por sua vez irão de encontro às vivências dos Adultos e

dos Referências de Competências, claro todo este processo integrado nas Histórias de

Vida dos Adultos, que serão sempre acompanhados pelos Técnicos e Formadores…e o

objectivo é enquadrar no Portefólio todas as actividades de uma forma que faça

sentido e tenha evidências académicas…

VII- Transição dos Adultos Qualificados para o Mercado de Trabalho

1. Quais são as dificuldades que os Adultos são confrontados após a

Certificação e integração no Mercado de Trabalho?

No nosso caso ainda não está feito esse estudo, mas cada vez mais sentimos que

a sociedade exige cada também cada vez mais competências pessoais e profissionais…

há cada vez mais a desvalorização de currículos…É curioso que já constatámos

vivências de Adultos com competências, que nós questionámos como era que aqueles

Adultos não tinham certas habilitações Académicas? Como era possíveis não terem o

9ºano, atendendo às suas competências…era mesmo impossível….tinham

competências quer pessoais quer profissionais….e às vezes nós nos deparamos com

Adultos com por exemplo o 12 º ano e com baixas competências, quer dizer por vezes

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podemos ser excelentes académicos e não apresentarmos as competências que são

exigidas pelo mercado de trabalho….Curiosamente estamos a encerrar um Relatório e

foi mesmo ontem, está mesmo fresquinho, estamos a fazer a Avaliação do impacto do

processo de RVCC, após alguns meses de conclusão do Processo, está muito por alto,

mas um dos itens é a situação profissional, em que entre os vários critérios está a

situação de empregado e desempregado, e curiosamente constatamos um aumento de

empregados…mas ainda não tivemos oportunidade de trabalhar estes dados, mas já

verificamos um aumento nas saídas para o mercado de trabalho…

2. Os dados Estatísticos referentes à população que frequentou e está

em frequência no seu Centro das Novas Oportunidades correspondem às

suas expectativas?

A procura tende a ser cada vez mais, porque isto também funciona com a

divulgação boca a boca, não é? Atendendo também à quantidade de pessoas que passam

por cá porque o nosso Centro tem outras valências é evidente que há muita divulgação

não só nos Cursos que estão a decorrer, mas também fazemos muita divulgação junto

dos pais, dos alunos, nos Cursos que estão a decorrer não só no CELFF mas também na

Escola Profissional Atlântico, que é nossa parceira, paralela à nossa empresa …há muita

muita procura cada vez mais por parte dos Adultos.

VIII- Satisfação/Insatisfação da Coordenadora

1.Qual é o balanço que faz ao funcionamento do seu Centro Novas

Oportunidades enquanto Coordenadora do processo de RVCC?

É bastante positivo, muito positivo….é muito gratificante, é um Processo que em

si é muito gratificante pois acabamos por ver os Adultos crescerem através destes

métodos que o Processo dispõe. Agora há uma situação que realmente uma situação que

é difícil, temos as metas e temos que cumprir metas e isso é por vezes muito difícil,

porque este é um trabalho do Adulto e é ele que comanda depende das suas motivações,

podemos adoptar muitas estratégias diversificadas, mas se ele não tem disponibilidade

de gestão de tempo por exemplo, ou outras situações, etc…etc…isso deixa-nos muito

constrangidos, dão prioridade aos seus trabalhos, também muitas das vezes não estão

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preparados para o trabalho académico e muitas das vezes acabam por desistir. Depois há

outra situação como já lhe disse que é o facto de nós não termos tantas ofertas

formativas como desejávamos…e claro que não podemos encaminhar assim tão

rapidamente os Adultos e ficámos ali à espera, espera e às vezes acabam por se

desmotivar, é evidente que a Legislação prevê estas situações, mas claro que a Região

apresenta estas nuances…

2.Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e

disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o

qual não tivéssemos perguntado e que considere importante?

Era a questão para reforçar mais o aumento das ofertas formativas e a sensibilidade

das escolas para receberem estes Adultos quando são encaminhados, embora há

escolas que já estão bem integradas nesta modalidade Educativa - Formativa, temos

parcerias não pelo Centro da parte do CNO mas pelo CEF, nós também temos Cursos

de CEF, e realmente as escolas já estão sensibilizadas para este tipo de população

escolar… ah… ainda a questão das metas, realmente às vezes é muito difícil atingir

aquelas metas…atendendo realmente à nossa realidade territorial é diferente…

Para concluir reforço que este Processo é muito gratificante e dá oportunidades

aos Adultos se realizarem pessoalmente e profissionalmente (…).

Muito obrigada por ter participado neste processo de investigação.

Manuela Pereira

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GUIÃO DE ENTREVISTA – AOS COORDENADORES

Centro Novas Oportunidades Processo de Reconhecimento Validação

Certificação de Competências Região Autónoma da Madeira

I -Título: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,

Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na

Região Autónoma da Madeira.

II - Objectivos Gerais:

1º- Conhecer o Posicionamento dos Coordenadores dos Centros Novas

Oportunidades na Região Autónoma da Madeira relativamente ao Processo de

Reconhecimento Validação Certificação de Competências (RVCC).

2º- Identificar a organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO).

Entende-se por organização (Morfologia territorial, instalações, recursos

materiais, corpo docente e função). Por outras palavras, entenda-se por organização os

aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos

(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-

Utentes).

3º- Conhecer que sentidos dão os vários Actores ao processo de RVCC?

(Utentes, Profissionais do RVCC, Sociedade)

Data da Entrevista – 09 de Fevereiro de 2010

Local da Entrevista – Gabinete da Coordenadora do CNO3

Nome do Entrevistado – C3

Duração da Entrevista – das 14 horas às 14: 55

Zona – Funchal (Urbana)

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GUIÃO DA ENTREVISTA

Legitimação da Entrevista e motivação.

I - Identificação Pessoal e Profissional da Coordenadora e do Centro Novas

Oportunidades

1. Qual é a sua identificação?

C3

2. Qual é o Centro Novas Oportunidades?

CNO 3

3. Qual é a sua idade?

39 Anos

4. Qual é a sua Nacionalidade?

Portuguesa.

5. Qual é o seu Estado Civil?

Casada.

6. Qual é a sua Formação Inicial/habilitações académicas?

A Formação Inicial é Licenciatura em Psicologia, feita no Porto.

7. Há quantos anos exerce a sua actividade profissional?

Há 13 anos.

8. Qual o seu percurso profissional?

Antes de ser coordenadora trabalhei na Direcção Regional de Formação

Profissional, como Psicóloga dos cursos, fazia o acompanhamento psico-pedagógico

dos formandos, selecção dos formandos. Como Psicóloga cheguei a acompanhar o

curso EFA de Cabeleireiro, sendo que foi o primeiro curso feito cá na Região, na

modalidade de Educação e Formação de Adultos. A partir desta altura comecei a

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interessar-me por esta área da Educação – Formação de Adultos. Também fui

formadora nesse curso e mediadora nesse curso.

9. Como foi o Processo de colocação do Cargo de Coordenadora?

Foi por convite, na altura fui convidada e aceitei o desafio, foi a primeira

coordenadora e ainda cá estou.

II – Percurso de vida Pessoal e Profissional Funções de Coordenação no CNO

1. As suas decisões da actividade profissional foram influenciadas pelos

processos de Formação Inicial ou desenvolveram - se no interior

profissional. Como?

As duas exactamente, tanto a formação inicial como a experiencia profissional,

não consigo separar uma da outra.

2.De que modo a sua vida familiar e social contribui para a sua formação

profissional?

Contribui e todo o processo aconteceu naturalmente ao longo da minha carreira

profissional.

3.Em relação ao seu exercício das suas funções enquanto Coordenadora há

quanto tempo exerce estas funções? Sempre neste mesmo Centro?

Desde a abertura do Centro, desde 2006.

4.Porque fez a opção pelo exercício das suas funções profissionais na área do

Programa Novas Oportunidades?

Porque gosto muito de trabalhar com os Adultos e de colaborar com a equipa, na

planificação e no desenvolvimento das actividades, concretizar nas diferentes etapas da

intervenção, desde o acolhimento até à etapa da certificação dos Adultos. Elaborar o

plano estratégico de intervenção, promover e estabelecer parcerias com outras

entidades, promover o Centro na parte da divulgação do Centro de Novas

Oportunidades, promover a formação contínua dos elementos da equipa, disponibilizar

toda a informação que é necessária a toda a equipa. Disponibilizar também à Agência

Nacional para a Qualificação todas as informações de funcionamento do nosso Centro, e

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mesmo no Centro internamente, elaborar o Relatório de Actividades do Centro... Nós

temos uma hierarquia no Centro, temos o Director do Centro, a Coordenadora, o

Técnico de Diagnóstico e Encaminhamento, os Profissionais de RVCC, os Formadores

e os Administrativos. O Técnico de Encaminhamento é o responsável pelo

encaminhamento do adulto, enquanto os Profissionais depois apoiam e trabalham mais

na parte do reconhecimento na parte do reconhecimento e certificação de competências.

Apresento-lhe as etapas de um processo de RVCC (fez uma apresentação em

PowerPoint relacionado com o funcionamento do processo de RVCC) e são: o

acolhimento, diagnóstico e encaminhamento, por exemplo eu tento estar sempre

presente na parte do acolhimento. Surge o acto de inscrição e depois o de acolhimento, e

a partir desta fase estou mais nos bastidores, como eu costumo dizer. O Profissional de

RVCC também pode fazer o diagnóstico e encaminhamento mas já cabe-lhe dinamizar

todo o processo de RVCC. Nós no dia 19 de Fevereiro pelas 10h nós temos um Júri de

nível B3 é uma sessão pública que poderá assistir e é cá no auditório do Centro.

III – Formação e Desenvolvimento Profissional

1. Como se actualiza e enriquece a sua actividade profissional no

desempenho de funções ao nível das Novas Oportunidades?

Temos tido oportunamente formação em várias áreas e também tenho procurado

muito a auto-formação.

Faço muitas pesquisas, leituras, também adquirimos algumas obras para o

Centro que consideramos indispensáveis e importantes para o acompanhamento do

processo de RVCC.

IV- Posicionamento da Coordenadora sobre o Processo de Reconhecimento

Validação Certificação de Competências (RVCC) e o funcionamento dos

Centros.

1.Como define o processo de RVCC e o funcionamento do Centro?

O processo de RVCC tem sido uma mais-valia, e a educação e formação de

Adultos em Portugal com o processo de RVCC…O Processo veio revolucionar um

pouco o mundo da Educação, porque realmente não havia respostas para este público.

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Não vejo só processo de RVCC, mas a iniciativa Novas Oportunidades, porque o RVCC

é só uma parte da resposta das Novas Oportunidades. No âmbito da educação e

formação de Adultos eu penso que toda esta iniciativa veio mobilizar os Adultos e a

missão dos Centros Novas Oportunidades não é só o processo de RVCC, como já lhe

referi… Nós como Centro encaramos como uma porta de abertura para o imprevisto

dado que temos adultos de um público variado que procuram oportunidades, para novas

qualificações académicas e profissionais enquanto que no ensino regular há um perfil de

público traçado. Eu encaro esta missão e faz sentido para os Adultos que eles querem

progredir, querem aumentar o seu nível de escolaridade. Para mim a fase do diagnóstico

e do encaminhamento são etapas cruciais porque nem todos os adultos têm perfil para o

processo de RVCC. Vou dar-lhe um exemplo: um adulto passa pela fase do diagnóstico

e do acolhimento, o Técnico responsável juntamente com esse Adulto vão dar uma

resposta formativa/ educativa adequada ao seu perfil, que poderá ser um curso de

educação e formação de adultos, um processo de RVCC, poderá ser também no âmbito

das vias alternativas de conclusão do Nível Secundário, que poderá ser também a

frequência de um de formação profissional.

2.Que meses são mais significativas profissionalmente e são determinantes na sua

actividade de Coordenadora?

Sim, há períodos críticos, no início e final do ano, mas temos muita actividade

sempre ao longo do ano.

3.O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias

Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)

O Plano Estratégico é da responsabilidade do nosso Centro e claro que traça as

suas metas de acordo com os seus objectivos.

4. Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)

Neste momento já temos as duas vias de Certificação, nós temos a certificação

profissional na área de electricista de instalações.

5.Como se faz o Processo por Ciclos, isto é por fases nos vários Ciclos ou linear ao

3º Ciclo? (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)

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Temos tido mais adultos do nível Básico e o Processo RVCC, faz-se de acordo

com o perfil de cada adulto, e o processo poderá ser linear ou não.

6.Qual é a ligação entre a Teoria (Legislação) e a Prática de Certificação?

Fazemos a ligação entre a teoria e a prática, mas faz falta mais formação especializada

e específica no âmbito de reconhecimento e certificação de competências, sobretudo

ao nível das metodologias, estratégias e dos materiais pedagógicos.

7.Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a

conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a Equipa

Externa de Avaliação?

Fazemos parcerias com outros Centros e com a Secretaria Regional da

Educação, temos reuniões e contactos sempre que precisamos, e claro também com a

ANQ.

8.Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos

relativamente ao processo de RVCC?

Temos protocolos formalizados com a Zona Militar da Madeira, com o grupo

Jerónimo Martins, com a Cáritas do Funchal e temos também parcerias não

formalizadas com outras entidades, com a Peugeot, Madeira Impex, com os Bombeiros

Voluntários de Câmara de Lobos, com a Associação Desportiva da Camacha…

V- Visão do Coordenador(a) sobre os Adultos em geral

1. Como define os grupos que procuram o Programa Novas

Oportunidades? (quer ao nível etário, número de utentes, média de

idades, percursos escolares, assiduidade nas Sessões programadas,

dificuldades referenciadas no trajecto de passagem pelos diversos

módulos e etapas do processo de RVCC, atitudes, comportamentos como

se evidenciam, participação dos familiares no processo de RVCC, outras

situações relevantes…?)

Um público muito diversificado e com realidades específicas (…).O que eu sinto

é que normalmente no início as áreas que os Adultos têm mais receio são a Matemática

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e as Tecnologias de Informação. Embora depois a área em que eu pense que apresentem

mais dificuldades é em Linguagem e Comunicação, sobretudo ao nível da escrita. No

entanto aos Adultos é proporcionado um período de 50 horas complementares para os

que apresentam algumas lacunas nestas áreas.

2.Normalmente qual é a origem social dos Adultos? (Classe social predominante?)

Temos um público muito diversificado, talvez porque estamos sediados na

Direcção Regional de Qualificação Profissional, o que naturalmente tem públicos

próprios como beneficiários do Rendimento de Reinserção Social muitos que são

reencaminhados pelo Instituto Regional de Emprego, pela Segurança Social, pelas

empresas que nos procuram, temos públicos próprios…

3.Quais são as motivações, expectativas, dos Adultos quando procuram os Centros

das Novas Oportunidades?

As expectativas…muitas vezes das pessoas desconhecem o que é um Centro de

Novas Oportunidades, e também qual é a sua missão, ainda há algum desconhecimento

por parte da população da Região.

VI- Condições de sucesso e insucesso em geral.

1.O que costumam indicar para o acompanhamento dos Adultos que apresentam

maiores dificuldades, quer de aprendizagem, quer económicas?

Já aconteceu a darmos alguns apoios, por exemplo, proporcionáramos algumas

refeições, mas são casos pontuais.

VI- Estratégias e posicionamento face ao Sistema Educativo Actual

1.Qual é a sua opinião entre um Diploma obtido através do processo de RVCC e o

obtido através do percurso normal académico?

Normalmente as pessoas questionam se o Diploma tem o mesmo valor que o

obtido pela via Académica.

Eu explico que sim, só que no qual não é atribuído uma nota em termos

quantitativos, mas no final do Processo estas questões já não se colocam…

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2. Como estruturam os recursos pedagógicos e didácticos?

Os recursos pedagógicos são criados pelo próprio Centro, em função do público

que têm, mas inclusivamente recorremos a outras parcerias e Centros, à ANQ.

3. Como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final?

O júri é obrigatoriamente constituído pelo Adulto, pelos Formadores que com ele

trabalharam, podendo estar ausente um, pelo Técnico que acompanhou o grupo e pelo

Avaliador Externo.

4. Qual é o seu ponto de vista relativamente ao Portefólio Reflexivo de

aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação) como instrumento de

avaliação? (Há dominantes nas Histórias de Vida dos Adultos que são

decisivas para o Processo de RVCC?

Os Adultos aceitam bem as metodologias das Histórias de Vida. Os Técnicos

proporcionam alguns instrumentos que ajudam a descodificar o Referencial de

Competências. Quando são detectadas lacunas ou dificuldades por parte dos Adultos o

nosso Centro tem a preocupação de fazer sessões individuais que proporcionam com o

acompanhamento mais personalizado aos Adultos. Assim o acompanhamento dá-lhes

orientação em termos da realização da sua História de Vida. Nós funcionamos de acordo

com a disponibilidade dos adultos, normalmente temos os turnos da tarde e da noite

para o funcionamento do processo de RVCC.

VII- Transição dos Adultos Qualificados para o Mercado de Trabalho

1.Quais são as dificuldades que os Adultos são confrontados após a Certificação e

integração no Mercado de Trabalho?

É muito cedo para avaliar já o Processo, mas quando alguns Adultos nos

procuram é por causa da sua progressão na carreira

2.Os dados Estatísticos referentes à população que frequentou e está em frequência

no seu Centro das Novas Oportunidades correspondem às suas expectativas?

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A procura ultrapassa todas as nossas expectativas –(…).No ano 2009

constataram-se transferências para outros Centros, por motivos de proximidade

profissionais ou de residência dos Adultos.

VIII- Satisfação/Insatisfação da Coordenadora

1.Qual é o balanço que faz ao funcionamento do seu Centro Novas Oportunidades

enquanto Coordenadora do processo de RVCC?

O balanço é positivo, é muito positivo, porque eu gosto muito de focar esta

questão, quando nós abrimos a expectativa era de termos 100 adultos inscritos apenas, e

nós tínhamos uma equipa pequena. Logo no 1º ano tivemos perto de 1000 inscritos, este

Processo realmente ultrapassou as nossas expectativas.

2.Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e

disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o qual

não tivéssemos perguntado e que considere importante?

Não falei, e agora vou lembrar, esqueci de referir as Parcerias que temos com as

escolas, não formalizadas, com várias escolas da Região, e os adultos são assim

encaminhados para os cursos EFA. Por sua vez, as escolas pedem colaboração na parte

do diagnóstico e de encaminhamento, e todo este Processo tem sido uma mais-valia.

Também temos uma pareceria especial com a Direcção Regional de Educação Especial,

porque o nosso Centro a partir deste ano, tornamo-nos num Centro de Novas

Oportunidades, Inclusivo. Nós recebemos também pessoas com deficiências, temos uma

Técnica da Educação Especial que dá apoio na área de deficiência. Vamos em breve

avançar com um grupo de 18 adultos que vão ser incluídos nos outros grupos. Creio que

somos o único Centro que faz esta integração pois esta é uma nova realidade. Para

concluir estamos muito satisfeitos com o sucesso que o nosso Centro tem proporcionado

aos Adultos.

Muito obrigada por ter participado neste Processo de Investigação.

Manuela Pereira

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GUIÃO DE ENTREVISTA – AOS COORDENADORES

Centro Novas Oportunidades - Processo de Reconhecimento Validação

Certificação de Competências Região Autónoma da Madeira

I -Título: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,

Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na

Região Autónoma da Madeira.

II - Objectivos Gerais:

1º- Conhecer o Posicionamento dos Coordenadores dos Centros Novas

Oportunidades na Região Autónoma da Madeira relativamente ao Processo de

Reconhecimento Validação Certificação de Competências (RVCC).

2º- Identificar a organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO).

Entendemos por organização - morfologia territorial, instalações, recursos

materiais, corpo docente e função. Por outras palavras, entenda-se por organização

os aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos

(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-

Utentes).

3º- Conhecer que sentidos dão os vários Actores ao processo de RVCC? (Utentes,

Profissionais do RVCC, Sociedade)

Data da Entrevista - 05 de Fevereiro de 2010

Local da Entrevista – CNO4

Nome do Entrevistado – C4

Duração: das 10 horas às 10h 36: 31 (36:31)

Zona (Rural) - São Vicente

Legitimação da Entrevista e motivação.

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I - Identificação Pessoal e Profissional do Coordenador e do

Centro Novas Oportunidades

1. Qual é a sua identificação?

C4

2. Qual é o Centro Novas Oportunidades?

CNO4

3. Qual é a sua idade?

27- Anos.

4. Qual é a sua Nacionalidade?

Portuguesa.

5. Qual é o seu Estado Civil?

Solteiro.

6. Qual é a sua Formação Inicial/habilitações académicas?

A Formação Inicial é a Licenciatura em Ensino da Geografia e duas Pós

– Graduações.

7. Há quantos anos exerce a sua actividade profissional?

Este é o 4º ano e no CNO só há um ano e meio.

8. Qual o seu percurso profissional?

Estagiei, faz parte o Estágio Integrado, na Universidade do Porto, depois passei um

ano a fazer Investigação e entretanto entrei cá no Quadro da Região, e assim já estou cá

na Região há três anos e meio. Nessa altura não havia CNO, exerci funções docentes de

Professor de Geografia. Entretanto, ainda na Universidade do Porto, em 2005 participei

num Projecto de Investigação, onde fiz a Pós-graduação. Cá na Região exerci os Cargos

normais de Coordenação do Secretariado de Exames com a Escola e também coordenei

um Projecto para a Câmara de São Vicente, que foi fazer a Toponímia e um outro

Projecto que era fazer um intercâmbio com as Ilhas Canárias e os Açores.

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9.Como foi o Processo de colocação do Cargo de Coordenador?

Como estava colocado nesta Escola tive o convite para o Cargo de Coordenador

do CNO, deste Centro.

II – Percurso de vida Pessoal e Profissional Funções de Coordenação no CNO

1. As suas decisões da actividade profissional foram influenciadas pelos

processos de Formação Inicial ou desenvolveram - se no interior

profissional. Como?

Depois…depois, aliás poderei dizer que metade do exercício das minhas funções

e experiência profissional, não tem nada a ver com a minha Formação Inicial. Por isso,

até lhe digo que acabei agora uma Pós-Graduação em Gestão porque precisava de novos

desafios, conhecimentos, conhecimentos em Contabilidade por exemplo… precisava de

formação específica…

2.De que modo a sua vida familiar e social contribui para a sua formação

profissional?

Eu saí de casa aos 18 anos e logo todo o investimento pessoal foi da minha

responsabilidade a nível profissional. (risos…)

3.Em relação ao seu exercício das suas funções enquanto Coordenador há quanto

tempo exerce estas funções? Sempre neste mesmo Centro?

Desde que abriu o nosso Centro, portanto já fez um ano e meio.

4.Porque fez a opção pelo exercício das suas funções profissionais na área do

Programa Novas Oportunidades?

Eu gosto muito deste tipo de funções, do tipo de trabalho, do trabalho

burocrático de escritório, eu gosto…não porque não goste de estar com os alunos,

também pelo tipo de horário, é mais fixo, de qualidade…Há o turno da tarde, o

turno da noite…na minha vida pessoal é mais útil assim…Horário de professor

entrar às 8 e só sair às 6 com buracos no meio, não gosto, gosto de investir, o cargo

de Coordenação tem esta mais-valia de investimento profissional…

III – Formação e Desenvolvimento Profissional

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1.Como se actualiza e enriquece a sua actividade profissional no desempenho de

funções ao nível das Novas Oportunidades?

No início começamos a funcionar sem termos formações específicas, foi a ajuda dos

outros Centros, nomeadamente a Escola de Hotelaria, Direcção Regional de

Qualificação, o Dr. Fernando, a Dra. Sónia deram muita ajuda…Entretanto tivemos uma

Formação da ANQ que era essencialmente teórica, e tinha a ver com os Referenciais, ou

seja houve formação para os Profissionais e Formadores mas Coordenação e Direcção

não, não houve, foi já uma observação que fizemos à ANQ, e eles dizem que vai

haver…Portanto a formação que se fez, eu e a minha Directora tem sido por iniciativa

pessoal, somos nós que a procuramos e que a pagamos e que a fazemos. Oficialmente,

estamos à espera da formação que, segundo a ANQ, irá haver na Região (…).

IV- Posicionamento do Coordenador sobre o processo de Reconhecimento

Validação Certificação de Competências (RVCC) e o funcionamento do

Centro.

1.Como define o processo de RVCC e o funcionamento do Centro?

A nossa experiência ainda é pequena (…) no tempo e no número de Adultos. É

evidente que através do processo de RVCC ainda não terminou nenhum

processo…Possivelmente os primeiros irão em Abril a Júri uns 5 ou 6

Adultos…Depois irão começar os grupos novos, quando acabarem estes (… ).

Na experiência que nós temos tido, como em tudo na vida, quer os Adultos, quer

toda a Equipa, quando se começa uma coisa nova há sempre constrangimentos, um

empolgamento, e o sabor da imprevisibilidade, mas com o passar do tempo tudo isso é

um fenómeno normal enquanto que há sempre um programa para cumprir com os

alunos do Ensino Regular. No início muitas expectativas por parte dos Adultos, muito

interesse, muito envolvimento, mas numa segunda fase já baixaram as motivações… e

agora que estão a chegar ao fim, estão novamente entusiasmados, até porque há pessoas

que precisam do Diploma, enfim tudo isto mexe com a vida pessoal de cada um. Não

sei muito bem se os próprios adultos têm uma percepção exacta do Processo, mesmo

que se explique como é feito o reconhecimento, há a ideia que se passa na comunicação

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social, no café….de que é só ir à Escola buscar o Diploma…Nós tivemos uma situação,

(isto só para exemplificar, aliás já tínhamos ouvido muitas histórias destas nas

formações, mas esta aconteceu comigo e com a Joana, que é a nossa Técnica) em que

chegou junto de nós um Senhor, que nos disse: eu preciso do Certificado de 6º ano, nem

é preciso mais…agora vou para a Inglaterra…Ah…isto não é cá, terá que ir à Secretaria,

que é o local de atendimento na Escola e é lá que passam…e lá foi. Entretanto a senhora

da Secretaria disse-nos que o Senhor só tinha o 5º ano e perguntou-lhe se então queria

que lhe passasse o Certificado de 5º ano, e o Senhor respondeu logo que queria era do 6

º ano. Entretanto conversamos qual seria a possibilidade de encaminhamento do

Processo, e o Senhor respondeu-nos logo: Sim…sim…o que o doutor achar melhor,

então já na próxima Quinta eu venho buscar porque vou logo para a Inglaterra na Sexta-

feira…Estava convencido que o Processo RVCC funcionava desta forma…Já tinha

ouvido histórias destas, mas nunca tinha assistido…Portanto o Processo é muito mais

complexo de que imaginam, e agora que eu tenho dado algumas aulas nos cursos EFA,

dando o módulo de Cidadania, eu vejo que nestes cursos, os Adultos têm todo o apoio,

estou lá na sala, têm que fazer actividades, algumas que fazem relembrar algumas do

CNO, mas está ali junto dos Adultos um professor que explica, que orienta, que dá

apoio, no RVCC, não…os Adultos têm que ser muito autónomos, e constatamos que na

maior parte das pessoas não têm essa autonomia …essa capacidade de trabalho. Nós

temos umas horas semanais em que nós damos um apoio adicional, mas estão muito

escolarizados, eles próprios não vão e verificamos que estão sempre à espera de que o

professor lhes diga o que devem fazer, escrevem duas linhas e questionam “e agora o

que é que eu tenho que fazer?”...Nós dizemos que terão que reflectir sobre isso sobre as

suas vivências…eu penso que, posso estar enganado, mas muitas pessoas ainda veem o

Processo como “posso tirar o 9º ano num RVVC porque é mais fácil e só se vem às

sessões uma vez por semana”, e atenção que não é aulas, é uma orientação… e as

dificuldades permanecem…Eu penso que o processo de RVCC é útil em teoria, faz

algum ou bastante sentido, pode ser operacionalizado com sucesso, mas às vezes a culpa

pode ser de quem está deste lado, minha incluído, mas dá-nos a sensação de que os

Adultos querem é despachar, querem é fazer…muitos… mas nem todos …A ideia de

que de que colocam na História de Vida, por exemplo que o filho nasceu prematuro,

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muito bem dizemos nós, mas agora irá fazer uma reflexão no campo da saúde, por

exemplo ao nível das Novas Tecnologias como funcionam os cuidados com os

prematuros, as incubadoras … a resposta dos Adultos, alguns é imediata: vou reflectir

como? Em casa nem tenho computador…Alguns não têm recursos, não conseguem

(…), eu estou a falar dos que têm menos autonomia, alguns têm portefólios lindíssimos

e avançados e fazem o Processo sem problema nenhum, mas há pessoas que têm

dificuldades (…) no meio rural as pessoas têm outras prioridades e outras preocupações

(…) enfim.

2.Que meses são mais significativas profissionalmente e são determinantes na sua

actividade de Coordenadora?

No início nós não tínhamos nem experiência, nem formação, portanto era tudo

muito às apalpadelas, era tudo muito demorado, agora já estamos a funcionar, já a

velocidade de cruzeiro…Já fizemos uma série de minutas, de procedimentos, agora

qualquer situação que surge já estamos aptos, já respondemos na hora, no dia nós já

resolvemos, por exemplo entraram dois elementos novos e nós logo avançamos no

Processo. No início não, era preciso uma transferência, uma suspensão…ora bem o que

é isto? Não houve formação para a coordenação e direcção do Centro.

O processo demorava, as orientações técnicas chegavam tarde…Está a ver… a

função de organização do Centro, de gestão, e lá está além destas funções há a função

de apresentação de candidaturas, de relacionamento institucional, há esta função de

tentar facilitar o trabalho à Equipa… temos um fluxograma de procedimentos. Por

exemplo a Técnica de Diagnóstico faz Encaminhamentos, e há encaminhamentos que

são complicados…e aqueles que têm uma componente mais burocrática mais legal, ao

Abrigo do Decreto-Lei nº 357, por exemplo, obviamente que a Técnica precisa de

conhecer a Legislação, mas aí eu tento ajudar… fazer transferências, alterações de

encaminhamentos, validações formais, suspensões, eu tento cobrir esta parte para que os

elementos da Equipa não percam muito tempo com estas situações… para que se

possam concentrar nas funções deles…para que eles se possam concentrar naquilo que é

importante para os Adultos…

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3.O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias

Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)

Está previsto o PEI estar integrado nas actividades da Escola e estar de acordo

com os objectivos que pretendemos atingir no nosso CNO.

4.Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)

Não, não, inicialmente nem havia na Região. Agora há na Direcção de

Qualificação Profissional e na Escola de Hotelaria…

5.Como se faz o Processo por Ciclos, isto é por fases nos vários Ciclos ou linear ao

3º Ciclo? (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)

Teoricamente é linear, pode passar logo do Ciclo ou até para o

Secundário…O que nós tentamos fazer é no encaminhamento nos casos em que há

dúvida, fazer um esforço adicional no diagnóstico, para já encaminhar as pessoas

para a melhor opção, ou seja, não subestimar as capacidades, mas temos alguns

Adultos que só tinham a 4ª classe mas já estão a fazer um nível B3, porque revelou à

Técnica de Diagnóstico bons conhecimentos e tem…não manifestou

dificuldades…mas também pode acontecer ao contrário, os Adultos virem muito

motivados e muito interessados, com muita disponibilidade de trabalho, mas podem

não apresentar os conhecimentos necessários, competências evidenciadas, mas

geralmente no diagnóstico tentamos já fazer esta selecção. Às vezes é possível a

meio do percurso mudar, por exemplo se está a fazer um B2 e verificamos que faz à

vontade e sem dificuldades, claro que mudamos para B3.

6.Qual é a ligação entre a Teoria (Legislação) e a Prática de Certificação?

Existem muitas Orientações ainda do tempo da ANEFA, depois da ANQ, onde

temos informação e depois temos a Legislação. Entretanto também temos aprendido

para trabalhar com as Histórias de Vida e depois com os outros Centros, a Escola de

Hotelaria, a Direcção de Qualificação Profissional…que nos ajudaram mais. O que

se tem visto recentemente é que as Histórias de Vida, do nível Básico devem ser

vistas como as do Secundário, eu penso que em alguns anos anteriores, era vistas as

Histórias de Vida apresentadas com fichas, trabalhos escolarizados, eram fichas de

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actividades. Quando surgiu o Secundário, veio cristalizar, refinar a metodologia do

Ensino Básico, as competências devem estar integradas nas Histórias de Vida,

devem quase todas estar dentro da História de Vida, no Básico teve-se que fazer

assim e nós já tentámos trabalhar assim…Portanto o que nós tentámos fazer é que

tudo esteja integrado na História de Vida e quando não se consegue, e encontramos

resistências, proporcionamos algumas actividades e a nossa preocupação é que não

sejam actividades escolarizadas, padronizadas, que cada actividade seja criada

especificamente para aquele Adulto, isto quando não se consegue a partir da

História de Vida, fazer a validação de algumas competências. Por exemplo se o

Adulto é carpinteiro, faz uma actividade na área da carpintaria, e é um pouco

assim…

7.Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a

conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a Equipa

Externa de Avaliação?

Nós sempre que solicitados, quer pela Secretaria Regional de Educação ou

outros Agentes, reunimo-nos com os vários Parceiros e sobretudo temos tido o apoio

dos outros Centros que já funcionam anteriores a nós e que claro têm mais

experiência. Temos tido o apoio dos Coordenadores de outros Centros,

nomeadamente o Dr. Fernando e a Dra. Sónia.

8. Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos

relativamente ao processo de RVCC?

Nós temos dois ou três estudados, mas estão ainda confirmados, portanto ainda

não estão oficiais.

V- Visão do Coordenador sobre os Adultos em geral

1.Como define os grupos que procuram o Programa Novas Oportunidades?

(quer ao nível etário, número de utentes, média de idades, percursos

escolares, assiduidade nas Sessões programadas, dificuldades referenciadas

no trajecto de passagem pelos diversos módulos e etapas do processo

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RVCC, atitudes, comportamentos como se evidenciam, participação dos

familiares no processo de RVCC, outras situações relevantes?)

Eu não lido directamente com os Referenciais, eu conheço-os. Mas por exemplo,

penso que é nas TIC, que têm mais dificuldades, isto é só impressão que tenho,

porque já tivemos algumas situações em que constatámos que havia Adultos que

nunca tinham feito formação nesta área. Também temos pessoas que conhecem

bem o computador e que têm conhecimentos, e estão sem dificuldades na

informática. Mas, excepto alguns poucos casos superam bem…às vezes com

meia dúzia de horas de Formação Complementar, chegam lá. Matemática, o

Referencial de Matemática, se for levado à letra parece-me exigente, eu só tive

Matemática no 9º ano como aluno, mas parece-me exigente, os conceitos que eu

depois comparo com os alunos do 9º ano Regular e parece-me exigente, portanto

é normal que hajam algumas dificuldades, mas vão fazendo…Em Língua e

Comunicação, também é uma impressão minha, já me aconteceu ler alguns

textos, alguns extractos de Histórias de Vida e encontramos muitos erros e

dificuldades de construção frásica, mas depois comparo com os alunos do

Ensino Regular do 7º, 8º e 9º ano e não escrevem muito melhor, alguns… São

pessoas com dificuldades no ler e escrever português mas os filhos deles

também têm…Eu por acaso tive a colaborar com uma colega da Universidade a

fazer um Estudo que era sobre a importância da Formação das Auxiliares da

Acção Educativa no Pré-Escolar, porque elas estão possivelmente mais tempo

com as crianças do que com as Educadoras, além do tempo em sala de aulas,

levam-nas aos recreios, casas de banhos e muito mais actividades…e as crianças

aprendem a falar pelo que ouvem, não é? O que nós constamos naquele contexto

específico davam erros de meia – noite e claro que depois as crianças apanham

aqueles vícios…ora em casa é a mesma coisa. Portanto aqueles Adultos que têm

muitas dificuldades na leitura e escrita os filhos também têm…Por isso

Linguagem e Comunicação a mim, por fora, parece-me muito mais complicado

que por exemplo informática, porque esta é uma área nova, parece-lhes

interessante e é curioso, não há preconceitos, e se houver no trabalho qualquer

coisinha de Word ou Excel não é mau…agora o Português… eu que dou aulas a

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um EFA, a Adultos com perfil semelhante, e têm muitas dificuldades…Sabe que

como temos curso EFA, cria uma situação interessante, é que eles falam uns com

os outros, os dos EFA acham que os do CNO, que só têm “aulas” uma vez por

semana e queixam-se que não têm tempo para fazer as coisas, “então nós que

estamos mais vezes por semana na Escola como é que eles não têm mais meses

de processo?” Os do CNO sentem que não têm aquele apoio, os dos Curso EFA,

têm os professores a explicarem…Os dos EFA têm que ir às aulas todos os dias,

mas não é prática mandar tarefas para casa, enquanto os do CNO, têm toda a

autonomia e trabalho em casa…Em relação ao módulo de Cidadania, pelo

feedback da Formadora, dar aulas de Cidadania para mim é algo óptimo, sabe

que é bom que eu tenho as duas visões do CNO e dos EFA, então eu trabalho no

mesmo terreno que a minha colega no CNO e o que acontece é que eu tenho um

leque de opções que ela não tem, eu tenho aulas e os Adultos gostam desta área,

mas atenção que não é esta a metodologia que se faz no RVCC. No CNO, têm

apenas algumas horas de Formação Complementar e os Adultos referem essa

lacuna de terem aulas… Por exemplo ontem estávamos a falar da globalização,

nos hábitos, nos hábitos alimentares, apresentei-lhes um documentário, e repare

que o documentário são duas horas, claro que num EFA, ver um filme de duas

horas e comenta-lo não me parece um desperdício de tempo, ora os Adultos do

CNO se quisessem teriam de ver o filme em casa e a argumentação, comentário

claro que já não tem a riqueza da dimensão na sala de aulas. Nós fazemos um

debate, eu ajudo a reflectir nas temáticas…ou seja num EFA a disciplina de

Cidadania parece relativamente acessível, mas no processo de RVCC, a

impressão que eu tenho é que os Adultos têm algumas dificuldades a reflectir…o

Referencial de Cidadania é o mesmo do EFA, B2 ou B3 é o mesmo que do

Processo RVCC, o Referencial de Competências Chave, mas por exemplo, na

parte do Programa, agora está na actualidade do dia a Lei das Finanças

Regionais, se pedirmos uma opinião às pessoas sabe a Lei das Finanças

Regionais, grande parte das pessoas nem sequer percebe como é que a Lei das

Finanças Regionais influência a sua vida do dia-a-dia…lá está num EFA eu

posso explicar, porque tenho tempo, contacto com os Adultos, tenho

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disponibilidade….Muitos Adultos ouvem as notícias e eu tenho a percepção que

têm dificuldade em fazer reflexão sobre determinados assuntos, determinadas

competências pois se perguntar sobre a Organização do Estado Democrático,

eles respondem isso é para os políticos…posso estar enganado!…Sentem que

não é palpável, não tangível no dia-a-dia dos Adultos.

2.Normalmente qual é a origem social dos Adultos? (Classe social

predominante?)

Normalmente a origem social dos Adultos como já referi é média (…). Se

tivessem boas condições claro que tinham estudado (…).

3.Quais são as motivações, expectativas, dos Adultos quando procuram os

Centros das Novas Oportunidades?

Como já lhe disse as pessoas chegam motivadas, mas por vezes uma motivação

errada, que isto é para despachar e já está… mas quando começam a fazer, e

percebem e dizem: isto dá trabalho. Há duas situações, ou as pessoas desistem,

ou outras dizem isto dá trabalho, mas eu vou fazer. Isto é como tudo, dentro de

cada grupo variam, há pessoas adiantadíssimas e que até vão a júri mais

rapidamente. Há outras pessoas que estão mais atrasadas e que se marca

Formação Complementar mas que não aparecem. Fazemos por exemplo uma

sessão individual, para dar mais apoio e atenção às pessoas, mas há pessoas que

não querem sessões individuais, porque não se sentem à vontade, não querem ser

o centro dizem, até porque não se pode pressionar os Adultos a nada…Como

este Processo implica muita autonomia, então o que preparámos são sessões

colectivas e tentámos que as pessoas se motivem nessas sessões, porque se as

pessoas estiverem contrariadas não temos sucesso claro. Nós não temos muitos

casos felizmente, se calhar estou a falar de um ou dois mas se as pessoas

estivessem muito pressionadas, poderia acontecer…desmotivar-se, desintegrar-

se, sentirem que não conseguem, que não têm tempo (… ).

VI- Condições de sucesso e insucesso em geral.

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1.O que costumam indicar para o acompanhamento dos Adultos que apresentam

maiores dificuldades, quer de aprendizagem, quer económicas?

Nos Adultos, que apresentam dificuldades de aprendizagem, nós fazemos o

encaminhamento para a Formação Complementar…., esta Formação está integrada no

processo de RVCC e não implica encargos económicos …como sabe o processo

RVCC prevê para esta situação até 50 horas.

2.Como estruturam os recursos pedagógicos e didácticos?

Se os Adultos tiverem acesso em casa à internet, têm muitos e muitos recursos,

infelizmente já há até Histórias de Vida já feitas na internet…há muito matéria…

Agora quantas pessoas têm internet em casa? Já pensou como esta situação é

complicada?

VI- Estratégias e posicionamento face ao Sistema Educativo Actual

1.Qual é a sua opinião entre um Diploma obtido através do processo de RVCC e o

obtido através do percurso normal académico?

Já se nota alguma preocupação por parte dos Adultos, com aquela história que

quando referem tenho o 9º ano, mas foi através das Novas Oportunidades, isso não vale

de nada, já se nota alguma preocupação com esta situação, mas isso é normal…Nós por

exemplo, e agora pensando no processo de RVCC, os Adultos até vão à internet

pesquisar e se o Professor disse-lhes: agora pesquisem sobre o processo de

RVCC….claro que muitas das vezes o que eles encontram não é muito

agradável…aquelas críticas ferozes e algumas vezes um pouco infundadas, aquela

história de que vão pedir o Diploma na Segunda e vão recebê-lo na Quarta…e claro que

os Adultos ficam preocupados com estes constrangimentos.

2.Como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final?

Vamos ter só para Abril possivelmente a primeira etapa de Certificação, até lá

estamos em fase de preparação da constituição do Júri.

VII- Transição dos Adultos Qualificados para o Mercado de Trabalho

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1.Quais são as dificuldades que os Adultos são confrontados após a Certificação e

integração no Mercado de Trabalho?

Nós por exemplo temos dois casos, duas situações que eu não posso dar

resposta, porque ainda temos Júri…são dois Adultos que queriam fazer o nível B3,

porque a nível profissional lhes foi pedido o 9º ano, então justificaram que estavam

inscritos e que estavam em fase de conclusão do processo de RVCC, então foi-lhes

pedido que entregassem uma Declaração comprovativa, então nós elaboramos esse

Documento de acordo com o comprovativo de inscrição. Claro que irão a Júri, mas o

que constatámos é que houve objectivamente uma possibilidade profissional e uma

melhoria na vida daquelas pessoas.

A motivação dessas pessoas, que depois se aperceberam que se inscreverem nas

Novas Oportunidades foi útil, e foi mesmo útil nas suas vidas, é uma motivação enorme

porque sabem que quando terminarem o Processo, vai buscar o Diploma do processo de

RVCC e mais o Diploma Profissional que tinha, e aí percebem que há uma melhoria

significativa na sua vida, (…), se todos os Adultos têm essa percepção não sei!.

VIII- Satisfação/Insatisfação do Coordenador

1.Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e

disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o qual

não tivéssemos perguntado e que considere importante?

Em termos estruturais e vendo mais com a minha preocupação de necessidade de

Formação, penso que a Formação não deveria a ser pontual, deveria haver um

calendário de Formação para os Elementos das Equipas, por exemplo, no mínimo de

dois em dois meses, por exemplo havia às Sextas- feiras, na última Sexta-feira de cada

mês, as pessoas sabiam que estavam em Formação em todos os CNO cá na Madeira.

Poderia ser dividida, para Formadores, para os Técnicos, para os Profissionais de

RVCC, para a Direcção, Coordenação… era para as pessoas saberem que assim tinham

sempre momentos de partilha de experiências pedagógicas, e trocar ideias…isso penso

que era o ideal. Outra coisa importante era haver mecanismos Regionais, não sei como é

que isso poderia funcionar legalmente, mas haver mecanismos Regionais, que

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permitissem maior estabilidade da Equipa. Nós, por exemplo se for um Formador,

precisa de um tempo para se adaptar às Metodologias do processo de RVCC, ele afecta

por exemplo aquela área de competência, mas penso que se for um Profissional de

RVCC é mais fulcral afecta o grupo todo portanto é central…e se for um Técnico de

Diagnóstico pára tudo. Embora os grupos que já estejam em processo continuem, os

novos grupos claro que não avançam…por exemplo quando eu sair desta Escola, não

vejo nenhum colega especializado na área, a trabalhar no CNO, claro que tenho lá agora

todos os Documentos e Orientações técnicas, claro que eu a trabalhar lá já as sei todas

de cor, mas sei como se exerce funções.

Deveria haver mecanismos, para quem quisesse claro, não era prender as

pessoas, pelo menos no sector Público deveria haver mecanismos para quem quer

permanecer, claro que há uns que estão no Quadro, mas temos o Quadro de Zona, mas

no Quadro de Escola. Este ano perdemos dois Formadores, uma das colegas era do

Continente, e quis ir para o Continente, obviamente que ai não iríamos proibir a colega

de sair, mas há outras situações em que os professores são colocados noutras escolas e

ai, não estou falando de condições financeiras nem nada do género, era quando se fazem

os concursos, era permitir a continuidade de funções para quem quer, e no caso do

pessoal Técnico era o processo semelhante, era quase automático, desde que a pessoa

quisesse continuar e o Centro tem interesse então havia continuidade de exercício de

funções no CNO.

Sempre que precisar disponha e vamos nos encontrando mais vezes.

Muito obrigada por ter participado neste Processo de Investigação.

Manuela Pereira

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GUIÃO DE ENTREVISTA – AOS COORDENADORES

Centro Novas Oportunidades - Processo de Reconhecimento Validação

Certificação de Competências Região Autónoma da Madeira

I -Título: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,

Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na

Região Autónoma da Madeira.

II - Objectivos Gerais:

1º- Conhecer o Posicionamento dos Coordenadores dos Centros Novas

Oportunidades na Região Autónoma da Madeira relativamente ao Processo de

Reconhecimento Validação Certificação de Competências (RVCC).

2º- Identificar a organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO).

Entendemos por organização-morfologia territorial, instalações, recursos

materiais, corpo docente e função. Por outras palavras, entenda-se por organização os

aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos

(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-

Utentes).

3º- Conhecer que sentidos dão os vários Actores ao processo de RVCC?

(Utentes, Profissionais do RVCC, Sociedade)

Data da Entrevista – 08 de Fevereiro de 2010

Local da Entrevista – CNO 5

Nome do Entrevistado –C5

Duração da Entrevista – das 10 horas às 10h 36: 40 (36:40)

Zona – Funchal (Urbana)

Legitimação da Entrevista e motivação.

I - Identificação Pessoal e Profissional da Coordenadora e do Centro Novas

Oportunidades

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1. Qual é a sua identificação?

C5

2. Qual é o Centro Novas Oportunidades?

CNO5

3. Qual é a sua idade?

46 Anos.

4. Qual é a sua Nacionalidade?

Portuguesa.

5. Qual é o seu Estado Civil?

Casada.

6. Qual é a sua Formação Inicial/habilitações académicas?

A Formação Inicial é a Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas

na variante Inglês - Alemão.

7. Há quantos anos exerce a sua actividade profissional?

Desde 1990

8. Qual o seu percurso profissional?

Fui docente em Línguas há muitos anos, mas a maior parte da minha carreira

comecei logo com a Formação Profissional. Trabalhei algum tempo no Ensino Público,

depois comecei a trabalhar no 1º Quadro Comunitário de Apoio com a Formação

Profissional de Activos, e a partir daí foi uma evolução na área e no Ensino Profissional.

9. Como foi o Processo de colocação do Cargo de Coordenadora?

Comecei como Formadora da Empresa que foi a mãe desta Escola, Formadora

em várias áreas comportamentais, e também de Inglês a minha área – base. Também na

Formação de Activos, de Formadora passei para Coordenadora Pedagógica na altura, e

entretanto estive no Projecto de Abertura desta Escola para a candidatura aqui no

Funchal. Quando o Projecto foi aprovado vim para cá para a Região, para o Funchal e a

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Escola abriu em 1993. A partir daí mantive-me no Ensino Profissional em simultâneo

fui acoplando funções na Formação Profissional para Activos com a minha função.

Entretanto continuei a dar Formação em horário pós-laboral nas Áreas

Comportamentais, depois em 2006, surge a oportunidade de Candidatura aos Centros

Novas Oportunidades, nós concorremos, foi aprovada a Candidatura e entrámos neste

mundo completamente novo, e começamos a nossa actividade em 2007, como Centro

Novas Oportunidades.

II – Percurso de vida Pessoal e Profissional Funções de Coordenação no CNO

1.As suas decisões da actividade profissional foram influenciadas pelos processos

de Formação Inicial ou desenvolveram-se no interior profissional. Como?

Não, não têm nada a ver com a Formação Inicial, só têm a ver na parte do gostar

de ensinar, e pela parte de dar Formação. Depois a retaguarda foi por gosto mesmo e

desenvolver outras competências que se calhar já estavam dentro de mim e que me

aliciaram ainda muito mais…

2.De que modo a sua vida familiar e social contribui para a sua formação

profissional?

Não teve interferência nenhuma, a nível social teve na altura era solteira e foi

através de uma amiga minha que eu comecei a dar formação e a partir daí desenvolvi na

empresa a minha formação.

3.Em relação ao seu exercício das suas funções enquanto Coordenadora há quanto

tempo exerce estas funções? Sempre neste mesmo Centro?

Como já lhe referi desde a abertura do CNO.

4.Porque fez a opção pelo exercício das suas funções profissionais na área do

Programa Novas Oportunidades?

Fui eu quem fez a Candidatura ao Centro, e porque já na Escola nós tínhamos

alguma sensibilidade apurada para as questões das equivalências escolares e para as

metodologias de abordagem com os Adultos, e daí houve uma aproximação mesmo

construída…A parte da formação que está comigo, fez com que por inerência acabasse

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por assumir, por acoplar mais esta função de Coordenadora do CNO, pois gosto muito

da área da Formação e das actividades com os Adultos.

III – Formação e Desenvolvimento Profissional

1.Como se actualiza e enriquece a sua actividade profissional no desempenho de

funções ao nível das Novas Oportunidades?

Não só fazemos auto – formação, mas tivemos Formação no ano passado mesmo

na Madeira, não só para o nosso Centro mas para vários e sobretudo ao nível do

Secundário tínhamos muitas dificuldades, e sempre que possível trazemos esta mais-

valia ao Centro, de resto em termos de funcionamento muito generalizado temos este

Processo de muita pesquisa e investimento por todos os Profissionais da Equipa.

IV- Posicionamento da Coordenadora sobre o Processo de Reconhecimento

Validação Certificação de Competências (RVCC) e o funcionamento dos

Centros.

1.Como define o processo de RVCC e o funcionamento do Centro?

Como um Processo que exige muita aprendizagem e sobretudo com muita

pesquisa…No início houve muito investimento profissional, nós já fomos a terceira leva

de abertura de CNO. A primeira leva foi piloto com a abertura de seis Centros ao nível

Nacional, a segunda já foram mais mas nós na altura não concorremos. Nós só

concorremos na terceira leva de abertura dos Centros Novas Oportunidades, ainda muito

pouca informação havia quer para formação e informação, aliás desde que nós

começamos o Processo evoluiu imenso e nós também com toda a Equipa. Houve muita

pesquisa através da Net, aliás nós estamos aqui na Região portanto é-nos mais

complicado as Formações no Continente e as reuniões que a ANQ faziam foram de

facto importantes em termos de partilha e também as relações que estabelecemos com

outros Centros, que também fomos desenvolvendo, em casos de dúvidas íamos

ligando… de resto foi um partilhar da Equipa que juntos conseguimos encontrar o

melhor caminho, e estamos sempre constantemente a alterar e a construir…Começamos

pelo Básico só entrou o Secundário um ano depois. Como Coordenadora eu não me

queria definir muito neste papel de Coordenadora, porque no fundo a base está na

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Equipa que nós conseguimos arranjar, se uma Equipa tiver toda o mesmo interesse de

trabalhar bem, de construir bem, não interessa o individual, há de facto uma linha de

orientação, que era um Referencial, havia alguns instrumentos criados, fizemos o

primeiro Processo com o que havia, mas fomos reunindo e ver que no segundo Processo

já vimos que alterar aqui melhorar ali, porque víamos que resultaria melhor. Desta

forma fomos construindo o Processo, mas com uma análise no terreno à medida que o

Processo ia evoluímos, alertávamos no grupo seguinte. Alterámos ainda hoje a

construção de novos instrumentos, grelhas de participação de forma a serem meios

facilitadores dos processos para os adultos, portanto por essa via conseguimos chegar

sempre a bom termo, também a Equipa é estável, também é uma vantagem, portanto é

uma vantagem do Centro. O Centro tem autonomia para recrutar a Equipa, no caso as

Técnicas já estavam na Escola portanto já as conhecíamos muito e em termos de perfil e

de trabalho, foi uma mais-valia da Escola, o que nos ajudou imenso em termos de

escolha, porque tudo depende muito dos Profissionais que estão à frente e do seu

perfil…

Embora as Habilitações sejam obrigatórias por Lei, mas o perfil é importante,

por exemplo, poderá haver uma Formação de Base em Psicologia, mas não poderemos

dizer logo por exemplo que é um excelente profissional no processo de RVCC…, que

está apto, tem a ver com o perfil. Por experiência já da Escola foram convidadas as

Técnicas para tal e aceitaram este desafio. Os Formadores roubaram-nos mais tempo,

porque os Formadores têm um papel completamente diferente daquele Formador que

exerce no Ensino Oficial, portanto também têm que ter um perfil muito especial para

estarem com os Adultos, mais difícil moldar os Formadores…A Formação Inicial dos

Formadores é a exigida pela Legislação, não podemos fugir destas normativas. Agora a

nossa Equipa é estável ao longo destes dois anos, o que é óptimo em termos de

conseguirmos evoluir … Depois a formação que é dada quando integramos mais uma

pessoa é só de acompanhamento, ou seja, a pessoa acompanha desde o primeiro dia

todas as fases do Processo, a pessoa própria, portanto não lhes é explicado teoricamente

o que terá que fazer, a pessoa vê e portanto é pelo Processo de Observação e desta

forma tem funcionado bem até agora. Naturalmente o segredo da Equipa CNO está

muito no perfil, muito, muito…A nossa Equipa não é muito grande, mas tem

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capacidade de resposta para o publico que tende a vir-nos procurar. Relativamente às

necessidades de Formação são notórias por parte da Equipa, a Formação que nós

trouxemos ao Funchal, foi muito importante, ela faz um clic nas pessoas, porque os

Formadores que cá vêm como já têm uma experiência no terreno, e a partilha de outras

formas de trabalhar permite-nos a nós optimizar a nossa e neste tipo de iniciativa é tudo

muito importante, a partilha é uma mais-valia. No Ensino Regular tudo está

determinado ao nível dos conteúdos programáticos. A ANQ promove muitas formações

e ficamos sempre com grupo diferente logo é sempre enriquecedor para o processo de

RVCC

2.Que meses são mais significativas profissionalmente e são determinantes na sua

actividade de Coordenadora?

Temos meses de maior exigência profissional, tem a ver com a entrada das

pessoas em Processo e portanto há um tempo de grandes picos, nomeadamente a meio

do ano e outra vez no final do ano e aí são de facto são processos complicados …Depois

também temos depois as metas. As metas Regionais tal como as Nacionais são boas

metas, não são nada de extraordinário, podem-se muito bem alcançar perfeitamente num

ano, mas naturalmente que exigem picos de trabalho e aí a Equipa acusa muito cansaço,

porque o tempo despendido no Processo é muito na análise dos Portefólios, não é tanto

no acompanhamento com os Adultos, mas é muito mais na análise dos Portefólios para

dar o feedback aos Adultos e como são muitos Portefólios naturalmente que acusam

cansaço…

3.O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias

Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)

Embora o CNO funcione dentro da Escola ele tem uma autonomia face ao papel

que deve exercer, que é completamente distinto da Escola.

4.Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)

Não, nós só temos Certificação Escolar.

5.Como se faz o Processo por Ciclos, isto é por fases nos vários Ciclos ou linear ao

3º Ciclo? (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)

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É consoante o público de entrada, portanto os Adultos inscrevem-se a Técnica de

Diagnóstico e Encaminhamento faz o seu diagnóstico, entretanto as pessoas aguardam

que nós formemos um grupo. Portanto o grupo é feito com a ordem de chegada e são 15

pessoas no máximo e depois avançamos e também tem a ver com os horários, nós temos

três tornos manhã, tarde e noite, aí os Adultos podem escolher, ou o torno da manhã,

tarde ou noite. Portanto abrimos o Processo de acordo com as disponibilidades e os

níveis das pessoas que se candidatam.

6.Qual é a ligação entre a Teoria (Legislação) e a Prática de Certificação?

É explicado ao Adulto no primeiro dia o que tem que fazer, o que é que se

pretende, isto numa primeira sessão chamada acolhimento, depois o Adulto faz as

sessões de Diagnóstico com a Técnica onde é explicado muito qual é o caminho a

atravessar e quais são as possibilidades em termos de oportunidades e de aumentar a sua

escolaridade.

O Adulto escolhe, se optar pelo processo de RVCC e tiver condições para o

fazer, porque nem todos os Adultos podem fazer o processo de RVCC, então entra no

Processo, claro os que apresentam requisitos do Processo, então tem a primeira sessão

com a Profissional de RVCC, que lhe explica tudo o que tem que fazer. Seguidamente

são os Formadores que lhes explicam a descodificação do Referencial. A descodificação

do Referencial é importantíssima para que os Adultos possam perceber o que têm de

reflectir na sua História de Vida. Depois há sessões de acompanhamento que são várias

com a Equipa presente na sala, com os Formadores das várias Áreas e a Profissional. Do

final deste acompanhamento vai sair a sua História de Vida, entretanto o que a

Profissional faz, não é mais do que com o Adulto ver a partir do que o Adulto fez,

reflectir e construir a sua História de Vida a partir do que lá está, e tentamos na medida

do possível fazer esse acompanhamento aos Adultos. Se notarmos que alguns Adultos

precisam de alguma Formação Complementar, até as 50 horas, nós encaminhamos, mas

se for para além desta, nós Escola temos uma Candidatura em alguma formação

Modelar, por acaso temos resposta. Estamos a encaminhar para não é grande a

capacidade, mas temos alguma formação – base, nomeadamente na Linguagem e

Comunicação, e a Matemática para a Vida também abrimos porque é muito

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complicado…Entretanto fizemos um levantamento de tudo o que existe na Região para

dizermos aos Adultos de tudo que possibilidades têm na Região ou que será melhor

optarem por outra alternativa, outro caminho a percorrer...

7.Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a

conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a Equipa

Externa de Avaliação?

Na Secretaria Regional de Educação, temos reuniões com a Dra. Ângela, que faz

a Representação da Secretaria Regional de Educação e é responsável pelos CNO, na

Madeira, temos também sempre que possível partilha com os outros Centros sempre que

seja possível, sempre que é preciso. Temos também situações de transferências de

pessoas, que vêm daqui para lá e de lá para cá, muitas vezes por motivos de residência e

dos horários também, e assim todos conseguimos funcionar melhor.

8.Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos

relativamente ao processo de RVCC?

Nós temos Parcerias com o AKI, com a Câmara Municipal do Funchal e do

Porto Santo e ainda com o Hotel Vila Galé. Nós somos o único Centro que abrange o

Porto Santo, para já (…).

V- Visão do Coordenador(a) sobre os Adultos em geral

1.Como define as maiores dificuldades sentidas pelos grupos que procuram

o Programa Novas Oportunidades, Referencial de Competências? (quer ao

nível etário, número de utentes, média de idades, percursos escolares,

assiduidade nas Sessões programadas, dificuldades referenciadas no trajecto de

passagem pelos diversos módulos e etapas do processo RVCC, atitudes,

comportamentos como se evidenciam, participação dos familiares no processo

de RVCC, outras situações relevantes…?) o seu ponto de vista relativamente ao

Portefólio Reflexivo de aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação)

como instrumento de avaliação? Há dominantes nas Histórias de Vida dos

Adultos que são decisivas para o processo de RVCC?

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As pessoas sentem mais dificuldades ao nível da Matemática, e também ao nível

da escrita com grandes dificuldades… São pessoas com uma experiência de vida rica

até têm, mas apetências de escrita são mínimas, acho que é onde a Equipa sente mais

dificuldade…é estruturá-los para a competência linguística. O Referencial de

Competência é a Bíblia, na análise do Portefólio ele reflecte, não reflecte, nós temos três

parâmetros que são: cumpre plenamente, cumpre ou não cumpre. Portanto temos aqui

distinções bem diferenciadas. A nossa orientação base é o Referencial, sempre, sempre

presente nas nossas orientações para o processo de RVCC.

2.Normalmente qual é a origem social dos Adultos? (Classe social predominante?)

Normalmente é mais média (…). O Processo também acaba por não ser muito

caro, pois o Processo é realmente é Financiado pelo Fundo Social Europeu. Claro que as

pessoas que não conseguem fazer realmente o Processo aí acabam por exemplo por ter

recorrer aos Cursos EFA, que agora estão aparecendo nas Escolas Públicas, mas os

Adultos não querem porque têm aulas diariamente é no período Pós-Laboral, as

famílias, os filhos…são sempre muitos constrangimentos, e, portanto o que os Adultos

procuram são alternativas que não lhes ocupem tempo, muitos dias da semana. Portanto,

esta aposta na formação Modelar acho fantástica, porque de facto os Adultos podem

fazer estas Unidades de Formação, elas têm mais sucesso, embora as pessoas não

tenham muito conhecimento destas Unidades de Curta Formação, porque as Escolas

Públicas não oferecem. As Unidades Modelares são uma iniciativa Nacional e mais no

nível Secundário é possível terminar o Secundário conforme o número de disciplinas

que tem em atraso, frequentando de uma a seis das cadeiras que tem em atraso e não

tem que entrar em Processo, portanto é uma grande possibilidade que o Decreto-Lei nº

357, portanto isto é uma grande oportunidade para os Adultos. Nós estamos fazendo dia

sim, dia não, ao longo da semana, o problema é que a Madeira não tem esta capacidade

de resposta.

3.Quais são as motivações, expectativas, dos Adultos quando procuram os Centros

das Novas Oportunidades?

É aumentar a sua escolaridade acima de tudo, alguma ascensão na Carreira

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Profissional, aliás essa é uma das grandes motivações para as pessoas fazerem

esta opção. Nomeadamente posso dar o exemplo que da Câmara Municipal foi

muita, muita gente, porque tinham essa possibilidade, na Função Pública isso

acontece. No Privado já não tanto, mas de toda a maneira é de notar o esforço dos

Privados em subir o nível de escolaridade dos seus funcionários, não sei se dão

algum incentivo ou não, nós não acedemos a esse Processo, a verdade é que tem

havido maior procura por parte das Empresas para aumentar as qualificações dos

seus Funcionários. Nós temos um crescente aumento da procura por parte dos

Adultos para o processo de RVCC

VI- Condições de sucesso e insucesso em geral

1.Como estruturam os recursos pedagógicos e didácticos?

Nós construímos os nossos próprios materiais, construímos grelhas de

observação e atenção que estamos a validar competências, portanto não vamos

construir materiais de recurso para os Adultos. Cada Adulto terá que procurar os

seus recursos para construir o seu Portefólio Reflexivo de Aprendizagens.

VI- Estratégias e posicionamento face ao Sistema Educativo Actual

1.Qual é a sua opinião entre um Diploma obtido através do processo de

RVCC e o obtido através do percurso normal académico?

Mal de nós se como Centro se não acreditamos no que estamos a fazer…

portanto quando atribuímos uma Certificação ela é Válida. Acontece que temos pessoas

muitíssimo válidas que valem perfeitamente toda a sua Certificação, agora as pessoas se

põem a comparar se um Adulto fez Físico-Química, Geografia, teve História das Artes

Visuais, Educação Visual, naturalmente que não poderemos comparar por aqui, pelo

currículo… São Processos completamente diferentes, onde definitivamente as

competências que as pessoas mostram, revelam adquiridas pela via profissional, são

definitivamente uma mais-valia e são certamente uma Certificação plena do mundo do

trabalho. Agora se fomos a comparar pelos conteúdos curriculares, não o caminho não é

por aí, senão não haveria sido criado um Referencial para todo este processo de RVCC.

2.Como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final?

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O Júri é composto por toda a Equipa de esteve ao longo do tempo do Processo

de cada grupo, um Formador de cada Área mais um Profissional, e pela Avaliadora

Externa. Terminado o Processo, validado pela Equipa, fica no Portefólio a opinião da

Equipa, com o Relatório de Equipa, que depois é entregue ao Avaliador Externo que lê

e acompanha o Portefólio. Portanto, depois é marcado o dia do Júri com o Avaliador

Externo, e é feita a sessão de Júri que por norma, isto no Nível Básico (B3) os Adultos

dispõem de uns 15 minutos para apresentarem o que foi para cada um o Processo

RVCC, o que querem reflectir do seu Portefólio, são livres de o fazer, pedimos que

reflictam em todas as Áreas, é um critério do nosso Centro, depois submetem-se às

perguntas que lhes serão feitas, ou comentários por todos os elementos da Equipa.

VII- Transição dos Adultos Qualificados para o Mercado de Trabalho

1.Quais são as dificuldades que os Adultos são confrontados após a Certificação e

integração no Mercado de Trabalho?

Nalguns casos tem se feito sentir mais no Público, porque a Carreira da Função

Pública é muito compartimentada, se tiver o 9º Ano poderá fazer isto, isto…isto. Se

tiver o 10º Ano já poderá fazer isto, isto e aquilo…e lá está, nota-se muito mais esta

saída no mercado de trabalho.

VIII- Satisfação/Insatisfação da Coordenadora

1.Qual é o balanço que faz ao funcionamento do seu Centro Novas Oportunidades

enquanto Coordenadora do processo de RVCC?

No processo de RVCC, na fase de Diagnóstico é o Adulto que escolhe, e se não

tiver em condições de entrar em Processo e a Equipa achar, mas se o Adulto assim

quiser ele entra, e nestas situações não deveria entrar em Processo, pois não tem

condições…Quando o Adulto é encaminhado para o Processo assina, seja aqui ou em

qualquer outro Centro, há uma Declaração de Compromisso em que os Adultos assinam

e nós, é assinado por ambos, é um compromisso! A minha maior angústia é haver

Adultos que não têm a noção do que é o processo de RVCC, e arriscam sem noção, eu

percebo porque em termos de disponibilidade se eu tiver competências naturalmente,

mas é se eu as tiver, agora se não as tenho e ao longo do Processo não adquire

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competências, portanto quando se trata de competências, primeiro temos que adquiri-las

depois para as validar…aqui já gera para a Equipa a partir deste momento muitos

constrangimentos, portanto isto no início não era assim, mas a partir do momento que

passou a ter esta organização, a primeira leva de pessoas não era assim o Diagnóstico. A

Equipa fazia o Diagnóstico demorava normalmente mais tempo ou menos tempo mas

não era assim…não havia um limite de sessões, agora há…Um Adulto com

competências razoáveis, em todas as Áreas normalmente demora para fazer o Processo

4 a 5 meses na sua totalidade.

2.Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e

disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o qual

não tivéssemos perguntado e que considere importante?

Só para dizer que neste momento o tipo de pessoas que nos procura são

diferentes, daquelas primeiras que nos surgiram no Centro Novas Oportunidades,

pessoas que ao passar a palavra, ficam com a ideia que se passa o Certificado sem

esforço nenhum, e não é bem o caso, temos que ter muito mais cuidado neste momento,

do que quando iniciamos, porque o copy-past é uma coisa impressionante, portanto a

Equipa já teve Formação para o plágio em termos de método já temos software

instalados porque foi nos acontecendo, portanto queremos fazer um trabalho sério e

honesto, e nunca quereremos seguir por essa via. Para concluir e fazendo um balanço é

francamente muito positivo. Há aspectos que são muito determinantes e marcantes no

Processo, é sentirmos o feedback que os Adultos nos dão, é sentirmos que fomos muito

úteis nas suas vidas, é o contributo para que a nossa sociedade seja uma sociedade

melhor, é fantástico…Sentimos que em termos da nossa investigação cumpre a nossa

missão…naturalmente há muito trabalho pela frente, muito trabalho a fazer ainda com

estes Adultos que foram validados, mas é um trabalho que ainda demora o seu tempo.

Quanto a mim deveria haver outras alternativas que permitissem a estes Adultos, sem

ser uma escolarização, novas alternativas para que fossem andando e que tivessem

maior motivação, porque um Adulto com responsabilidades familiares, nomeadamente

as mulheres, é muito complicado, muito complicado, portanto na minha opinião ainda

há um grande trabalho…Agora em termos de feedback, acho que sim, valeu a pena e já

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contribuímos para a felicidade de muita gente que é fantástico e continuaremos a

contribuir porque é essa a nossa missão com Centro Novas Oportunidades. Por agora

nada mais me ocorre de imediato, mas se precisar mais de alguma informação disponha.

Muito obrigada por ter participado neste Processo de Investigação.

Manuela Pereira

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GUIÃO DE ENTREVISTA – AOS COORDENADORES

Centro Novas Oportunidades - Processo de Reconhecimento Validação

Certificação de Competências Região Autónoma da Madeira

I -Título: Educação e Formação de Adultos: Processo de Reconhecimento,

Validação, Certificação de Competências de Adultos Sem Escolaridade Básica na

Região Autónoma da Madeira.

II - Objectivos Gerais:

1º- Conhecer o Posicionamento dos Coordenadores dos Centros Novas

Oportunidades na Região Autónoma da Madeira relativamente ao Processo de

Reconhecimento Validação Certificação de Competências (RVCC).

2º- Identificar a organização dos Centros Novas Oportunidades (CNO).

Entende-se por organização-morfologia territorial, instalações, recursos

materiais, corpo docente e função). Por outras palavras, entenda-se por organização os

aspectos estruturais/cartografia, aspectos curriculares (referenciais) e pedagógicos

(função dos professores, recursos materiais e o Processo de Avaliação dos Adultos-

Utentes).

3º- Conhecer que sentidos dão os vários Actores ao processo de RVCC?

(Utentes, Profissionais do RVCC, Sociedade)

Data da Entrevista – 11 de Fevereiro de 2010

Local da Entrevista – CNO 6

Nome do Entrevistado – C6

Duração da Entrevista – das 15 horas às 15h 39: 01

Zona – Funchal (Urbana)

Legitimação da Entrevista e motivação.

I - Identificação Pessoal e Profissional da Coordenadora e do Centro Novas

Oportunidades

1. Qual é a sua identificação?

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C6

2. Qual é o Centro Novas Oportunidades?

CNO6

3. Qual é a sua idade?

36 Anos.

4. Qual é a sua Nacionalidade?

Portuguesa.

5. Qual é o seu Estado Civil?

Casada.

6. Qual é a sua Formação Inicial/habilitações académicas?

Licenciatura em Gestão.

7. Há quantos anos exerce a sua actividade profissional?

Desde Janeiro de 2009 (data da abertura do Centro Novas

Oportunidades).

8. Qual o seu percurso profissional?

De Julho de 1999 a Dezembro de 2008

Técnica de Formação, durante sensivelmente período de 1 ano estive

responsável pelo Marketing de Maio de 1997 a Junho de 1999.Contratada em

regime de prestação de serviços como formadora (exercendo a função de

formadora e de coordenadora da formação) pela FDTI (Fundação para a

Divulgação das Tecnologias de Informação)

9.Como foi o Processo de colocação do Cargo de Coordenadora?

Pertencia aos quadros da entidade promotora do Centro e com o

surgimento deste projecto, foi-me proposto a Coordenação do mesmo.

II – Percurso de vida Pessoal e Profissional Funções de Coordenação no

CNO

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1.As suas decisões da actividade profissional foram influenciadas pelos processos

de Formação Inicial ou desenvolveram-se no interior profissional. Como?

A Licenciatura base é Gestão, mas sempre exerci a actividade de formadora de

formação profissional, desta forma estive sempre ligada aos adultos.

2.De que modo a sua vida familiar e social contribui para a sua formação

profissional?

Desde que recebi o convite para Coordenadora tive sempre o apoio da família,

desde o momento que assumi esta função, a disponibilidade tem de ser diferente, porque

antes entrava às 9h e saía às 17h30, agora tenho que estar mais disponível, porque às

vezes as reuniões, sessões de júri e sessões são em horário pós-laboral.

3.Em relação ao seu exercício das suas funções enquanto Coordenadora há quanto

tempo exerce estas funções? Sempre neste mesmo Centro?

Desde a abertura do Centro, Janeiro de 2009.

4.Porque fez a opção pelo exercício das suas funções profissionais na área do

Programa Novas Oportunidades?

Foi uma nova oportunidade profissional (sorrisos) e um desafio profissional…

III – Formação e Desenvolvimento Profissional

1.Como se actualiza e enriquece a sua actividade profissional no desempenho de

funções ao nível das Novas Oportunidades?

Temos alguma dificuldade, em estar presente em todos os acontecimentos

promovidos pela ANQ, para nós há sempre a dificuldade como ilhéus. Muita da ajuda é

dada, através da Net, da ligação telefónica à ANQ, e recorremos muito à ajuda dos

colegas dos outros centros. Recordo que quando iniciamos, sentimos algumas

dificuldades porque não tivemos uma formação específica, uma formação de início para

a abertura do Centro. A ajuda que tivemos dos outros centros foi fundamental, para

podermos ver como funcionavam, ver como eram todos os processos e como

desempenhavam toda a actividade.

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IV- Posicionamento da Coordenadora sobre o Processo de Reconhecimento

Validação Certificação de Competências (RVCC) e o funcionamento dos Centros.

1.Como define o processo de RVCC e o funcionamento do Centro?

O processo de RVCC permite aumentar o nível de qualificação escolar, da

população adulta, através do reconhecimento de competências adquiridas ao longo da

vida. É um processo com alguma complexidade. Muitas vezes, as pessoas não fazem

ideia dos conhecimentos e competência que vão adquirindo ao longo da vida e não as

valorizaram. Este processo vai permitir que os adultos reflictam sobre essas as

aprendizagens que fizeram ao longo do seu percurso pessoal, social, profissional e

formativo e que não foi certificado. No Ensino Regular a formação faz-se a partir dos

conteúdos programáticos propostos pelo Sistema Educativo. O horário de

funcionamento abrange o período laboral e pós-laboral de modo a permitir que os

adultos empregados possam frequentar. A equipa do Centro é constituída por um

director, um coordenador, técnico de diagnóstico e encaminhamento, profissionais de

RVC, formadores e técnico administrativo. Após os adultos realizarem a sua inscrição

no centro, são posteriormente contactados para iniciarem a fase de diagnóstico e

encaminhamento, com a ajuda do técnico de diagnóstico, esta etapa permite desenvolver

e aprofundar a análise do perfil do adulto. O Encaminhamento é feito mediante a

definição do plano de encaminhamento. O adulto é direccionado para a resposta

formativa ou educativa mais adequada ao seu perfil e, tendo em conta, as ofertas de

qualificação disponíveis a nível regional (RVCC, Cursos de Educação e Formação de

Adultos, Cursos Profissionais. Os adultos encaminhados para outras ofertas formativas

saem do centro e os que são encaminhados para processo de RVCC continuam

connosco. O RVCC desenvolve-se num sistema de sessões colectivas e individuais. A

validação das competências é feita a partir do Portefólio Reflexivo de Aprendizagens

(PRA) com interacção permanente entre o adulto, o/a técnico/a e os formadores

envolvidos, tendo por base o referencial de Competências-Chave. A certificação de

competências realiza-se perante um Júri de Certificação constituído pelo Profissional de

RVC, pelos Formadores de cada adulto e por um Avaliador Externo. Após este

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Processo, elabora-se um Plano de Desenvolvimento Pessoal, tendo em vista a

continuação do percurso de qualificação/aprendizagem de cada adulto.

2.Que meses são mais significativas profissionalmente e são determinantes na sua

actividade de Coordenadora?

Não lhe posso dizer os meses em concreto, existem fases mais trabalhosas do

que outras, lhe posso adiantar que existem picos do Processo, um deles é quando

estamos a preparar os adultos para estarem presentes numa sessão de júri.

3.O Plano Estratégico de Intervenção (PEI) está integrado no quadro das várias

Actividades da Instituição? (Projecto Educativo da Escola?)

O PEI está integrado na instituição, mas claro que as actividades são diferentes.

Os profissionais são contratos pela entidade e não pelo Centro. Os recursos humanos

são financiados, nós fazemos através do ajuste directo, nós fazemos o convite a algumas

pessoas, e depois é feita uma análise das propostas e a partir daí é feita a colocação. Nós

é que fazemos o recrutamento para a nossa equipa do CNO.

4.Fazem dupla Certificação no vosso Centro? (Profissional e Escolar)

Neste momento só temos a Certificação Escolar.

5.Como se faz o Processo por Ciclos, isto é por fases nos vários Ciclos ou linear ao

3º Ciclo? (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3º Ciclo?)

Após análise do perfil dos adultos e respectivo encaminhamento são criados

grupos de acordo com o nível: nível B2, nível B3 ou secundário. Ao obterem o nível

para o qual se inscreveram são aconselhados a continuarem o seu percurso formativo

através de processo de RVCC ou outra oferta formativa extra centro, varia consoante o

perfil do adulto. No Ensino Regular o programa é aplicado independentemente do perfil

humano.

6.Qual é a ligação entre a Teoria (Legislação) e a Prática de Certificação?

Sempre uma ligada à outra. O Centro para poder funcionar tem como base toda a

legislação inerente desde a constituição da equipa a todo o processo de certificação.

Todo o processo de RVCC é feito com base das metodologias propostas pela ANQ.

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7.Qual é a relação entre a sua Equipa de Parceria Interna do Centro e a

conjugação com a ANQ, a Secretaria Regional de Educação? E com a Equipa

Externa de Avaliação?

Sempre que necessário reunimos com os coordenadores dos outros centros da

região e com Coordenadora Regional, que é um pessoa da Secretaria Regional de

Educação. Sempre que existe algum evento a ANQ convida todos os centros, mas torna-

se muito dispendioso ir daqui a Lisboa para estarmos presentes num evento com a

duração de 2horas. Mas sempre que se justifique, nós estamos presentes.

8.Quais são as Empresas ou outras Instituições que estabelecem Protocolos

relativamente ao processo de RVCC?

Actualmente temos protocolos celebrados com a SODIPRAVE, McDonald,

APRAM, com Associação Desportiva e Recreativa da Água de Pena e Junta de

Freguesia de Machico.O protocolo com a Junta de Freguesia de Machico, que serve de

Pólo, todo o processo desenvolve-se lá, desde as inscrições até á entrega dos Diplomas.

V- Visão do Coordenador(a) sobre os Adultos em geral

1.Como define as maiores dificuldades sentidas pelos grupos que procuram o

Programa Novas Oportunidades, Referencial de Competências? (quer ao nível

etário, número de utentes, média de idades, percursos escolares, assiduidade

nas Sessões programadas, dificuldades referenciadas no trajecto de passagem

pelos diversos módulos e etapas do processo de RVCC, atitudes,

comportamentos como se evidenciam, participação dos familiares no processo

de RVCC, outras situações relevantes…?) o seu ponto de vista relativamente ao

Portefólio Reflexivo de aprendizagens (prescritos na respectiva Legislação)

como instrumento de avaliação? (Há dominantes nas Histórias de Vida dos

Adultos que são decisivas para o processo de RVCC?

Os Adultos em termos conceptuais apresentam dificuldades em integrar as suas

actividades do seu dia-a-dia, da sua experiência de vida, nos seus Portefólios, têm

muitas dificuldades de abstracção, e depois depende da área em que apresentam mais

lacunas de dificuldades. É sempre a partir dos Referenciais, damos sempre umas

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orientações de quais são as fases mais importantes da vida que os Adultos devem colar

nas Histórias de Vida. É curioso o que por vezes certos os Adultos pensam que são

critérios de evidência para eles, normalmente não são, eles precisam de fazer e reflectir

e integrar respectivamente nas Histórias de Vida, mas com rigor científico.

2.Normalmente qual é a origem social dos Adultos? (Classe social predominante?)

É difícil de classificar, temos Adultos que relatam que deixaram de estudar para

ir trabalhar em casa, cuidar dos irmãos… outras situações em que referem que repetiram

muitas vezes na escola e foram trabalhar e depois eram para voltar estudar mas já não

voltaram. Começam a ganhar autonomia financeira e depois desistem do investimento

académico.

3.Quais são as motivações, expectativas, dos Adultos quando procuram os Centros

das Novas Oportunidades?

Alguns Adultos estão motivados por motivos profissionais, outros por motivos

escolares… Outros por voltarem ao Centro, por exemplo porque na altura já deixaram

de estudar, e não tinham meios disponíveis, por exemplo por causa dos filhos, e agora

que já estão licenciados pensam no regresso e querem aumentar as suas qualificações

académicas, aumentar o seu nível de escolaridade. É assim, as motivações podem ser

diferentes, mas o motivo ou é profissional ou pessoal (é uma fase de vida em que

querem agora pensar em si e investirem).

VI- Condições de sucesso e insucesso em geral

1.O que costumam indicar para o acompanhamento dos Adultos que apresentam

maiores dificuldades, quer de aprendizagem, quer económicas?

Os Adultos pagam de 5 euros por estarem a assinar o contrato e 20 euros que é

uma taxa de início do processo. Há situações que acontecem, quando as pessoas são

de Machico nós optámos para fazer lá, exactamente com esta preocupação de

económica para os Adultos. Por exemplo, para os Adultos de Santa Cruz

informamos que temos um Polo em Machico e normalmente, preferem ir para

Machico. Sempre que as pessoas vêm cá ao Centro ao Funchal, nós questionamos

qual é o local mais próximo da área de residência.

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2.Os dados Estatísticos referentes à população que frequentou e está em frequência

no seu Centro das Novas Oportunidades correspondem às suas expectativas?

Em relação ao número de inscritos nós ultrapassamos o número que estava nas

nossas expectativas, mas relativamente ao número de certificados será mais difícil

atingir. É assim, nós temos metas para atingir, mas nós olhamos também para a

qualidade do processo de RVCC. Não podemos ultrapassar a qualidade do Processo e

trabalhar para a quantidade.

VI- Estratégias e posicionamento face ao Sistema Educativo Actual

1.Qual é a sua opinião entre um Diploma obtido através do processo de RVCC e o

obtido através do percurso normal académico?

Acho que deve ser valorizados de forma igual.

2.Como se processa a constituição do Júri de Avaliação Final?

O Júri é composto por toda a Equipa de esteve ao longo do tempo do Processo

de cada grupo, (o Formador de cada Área, o Profissional de RVCC) o Avaliador

Externo. Terminado o Processo, validado pela Equipa, fica no Portefólio a opinião da

Equipa, com o Relatório de Equipa, que depois é entregue ao Avaliador Externo que lê

e acompanha o Portefólio. É desta forma que se organiza a constituição de um Júri do

processo de RVCC.

VII- Transição dos Adultos Qualificados para o Mercado de Trabalho

3. Quais são as dificuldades que os Adultos são confrontados após a Certificação e

integração no Mercado de Trabalho?

Ainda é muito cedo para fazermos essa avaliação, os primeiros Adultos foram

certificados em Dezembro, e ainda não entregámos os Diplomas porque nós temos a

entidade certificadora e ainda não está disponível nos diplomas, mas agora já tenho a

parceria, tudo está formalizado, já enviei os nomes para Lisboa, e já integrei na base de

dados e agora estamos a aguardar. No entanto recordo que tínhamos algumas pessoas

deste grupo que estavam à espera do Certificado porque estavam a fazer um curso de

Auxiliares de Educadores de Infância e só lhe passavam o Diploma, que estava

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condicionado com a escolaridade. Tínhamos também 2 desempregadas, mas continuam

desempregadas, o outro grupo já estava a trabalhar, mas era só mesmo para valorização

pessoal e profissional.

VIII- Satisfação/Insatisfação da Coordenadora

1.Qual é o balanço que faz ao funcionamento do seu Centro Novas Oportunidades

enquanto Coordenadora do processo de RVCC?

Acho que é positivo, dadas as dificuldades que as pessoas colocam, não temos

ainda assim uma taxa muito elevada de desistências. Há pessoas que tentam desistir,

mas tentamos motivá-las e vamos assim formando mais alguns grupos.

2.Gostaríamos para terminar, de agradecer a sua preciosa colaboração e

disponibilidade. Será que quer referir qualquer situação ou pormenor sobre o qual

não tivéssemos perguntado e que considere importante?

Penso que falamos de tudo no geral e estou disponível para qualquer

esclarecimento sobre o processo de RVCC.

Muito obrigada por ter participado neste Processo de Investigação.

Manuela Pereira

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APENDICE J:

Codificação das disjunções e associações na

análise do corpus – Análise estrutural

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EIXO: MODALIDADES DA AÇÃO

O sentido da prática dos Coordenadores no processo de RVCC

Probabilidade da ação do Coordenador intervir na identificação das necessidades das

necessidades dos adultos no processo de RVC

Interação influenciada pelo meio social e

cultural do adulto / Interação baseada em rotinas

| |

Construção de relação de confiança / Não construção de relação de confiança

| |

Expetativa de interações futuras / Não expetativa de interações futuras

| |

Retirar “camadas de poeira” (conhecimentos

a partir das histórias de vida) /

Adicionar conhecimentos a partir do

programa curricular

| |

Interação em continuidade / Interação ocasional

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Peso da inferência

Valorização da dimensão subjetiva do adulto / [Não valorização da dimensão subjetiva do

adulto]

| |

Não imposição de perspetivas / Imposição das perspetivas do Coordenador

| |

Adesão do adulto / Não adesão do adulto

| |

Exigência de adaptação do Coordenador / Não exigência de adaptação do

Coordenador

| |

Identificação das necessidades a partir

das expectativas do adulto /

Identificação das necessidades a partir

das expectativas do Coordenador

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Probabilidade de partilha de saberes na ação

Valor ao conhecimento do adulto / [Desvalorização do conhecimento do

adulto]

| |

O adulto tem capacidade para avaliar o

conhecimento do Coordenador /

O adulto não tem capacidade para avaliar o

conhecimento do coordenador

| |

Intercomunicação entre Coordenador e

adulto /

Não Intercomunicação entre Coordenador e

adulto

| |

Interconhecimento / Saber centralizado

Plasticidade da ação

Ação exigente para o coordenador / Ação não exigente para o coordenador

| |

Ação pouco estruturada / Ação estruturada

| |

Abertura ao inesperado / Não abertura ao inesperado

| |

Adaptação da ação do coordenador / Não adaptação da ação do coordenador

| |

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Imprevisibilidade / Previsibilidade

Emoções sentidas na ação

Agrado / [Desagrado]

| |

Motivação intrínseca / Não motivação intrínseca

| |

Motivação extrínseca / Não motivação extrínseca

| |

Interação Coordenador-adulto fator

positivo /

Interação Coordenador-adulto fator

negativo

A não Força da rotina

O Coordenador é uma espécie de

alavanca para os adultos /

O Coordenador não é uma espécie

de alavanca para os adultos

| |

A prática nunca é a mesma / A prática é a mesma

| |

Questionar as práticas / Não questionar as práticas

| |

Não repetição / Repetição

| |

Incerteza / Certeza

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Probabilidade de mediar os processos de ensino/ aprendizagem dos adultos

Interlocutor ativo / Interlocutor passivo

| |

Processo social complexo / [Processo social não complexo]

| |

Possibilidade de partilha de papéis / Dificuldade na partilha de papéis

| |

Ação contínua de ensino/aprendizagem / Não ação contínua de ensino/aprendizagem

| |

Dinâmica socioprofissional / Inércia

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Possibilidade da intervenção de diferentes saberes e diferentes competências na elaboração

da história de vida (Portefólio Reflexivo de Aprendizagens)

Adulto / Criança

| |

Necessidades complexas / [Necessidades não complexas]

| |

Autonomia / Dependência

| |

Prazer / Não prazer

| |

Vontade / Não vontade

| |

Não abandonar / Abandonar

| |

Rede de diferentes atores e diferentes

competências /

Inexistência de rede diferentes atores

| |

Equipa multidisciplinar / Equipa monodisciplinar

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EIXO: O ESTATUTO DO COORDENADOR

Probabilidade de influir na interação durante o desenvolvimento do processo de RVCC em

cada adulto

Perceção do significado de uma ação a partir

da expectativa de ambos /

Perceção do significado de uma ação a

partir das expectativas do coordenador

| |

Poder recíproco Coordenador/adulto / Poder unilateral do coordenador para influir

numa ação

| |

Ator participativo / Ator passivo

| |

Ator ativo no processo de ensino

/aprendizagem /

Ator passivo no processo de

ensino/aprendizagem

Probabilidade das significações subjetivas intervirem na interação

Indagação das necessidades dos adultos / Indagação das necessidades dos adultos

| |

a partir do específico / a partir do geral

| |

Processo heurístico / Processo linear

| |

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Descoberta / Causalidade linear

Orientação para a distinção de cada História de Vida

Consideração da situação a partir da

experiência de vida do adulto /

Não consideração da situação a partir da

experiência de vida do adulto

| |

Influência das circunstâncias / Não influência das circunstâncias

| |

Enfoque no processo de construção das

Histórias de Vida /

Não enfoque no processo de construção

das Histórias de Vida

Margem de ajuste de vontades

Decisão partilhada / Decisão imposta

| |

Atender às expetativas dos adultos / Não atender às expetativas dos adultos

| |

Orientação para valores individuais / Orientação para os valores universais

| |

Negociação / Imposição

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APÊNDICE K:

Codificação e Categorização das Histórias

de Vida na análise do corpus – Análise de

Conteúdo.

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HISTÓRIAS DE VIDA

Ao nível individual (DP) Indicadores (excertos) da prova

I – CATEGORIA

Dimensão do sistema de provação tipo: vida pessoal e familiar:

Quem sou eu e quem é a minha família?

PRA/1 O homem de génio diz: “eu sou”. O poderoso afirmar: “eu posso”. O rico diz:

“eu tenho”. O ambicioso: “eu quero”. E eu, não genial, sem poderoso, de

posses medianas e sem idade para grandes ambições, o que posso dizer sobre

mim, que já não seja do conhecimento daqueles que me rodeiam? Cabelo

ralo, mais branco do que preto, a barba por corta, os olhos castanhos cara

tisnada pelo sol onde já se notam algumas rugas que o tempo e as

inquietações quotidianas, aceleram a cada dia. Esta é a cara de um corpo cuja

barriga já foi elegante, mas que os convívios e jantaradas dilataram. Tenho 53

anos e dietas só as faço pelos cuidados da saúde, pois o aspecto físico já há

muito deixou de ter remédio. Sobre mim, dizem que sou uma boa pessoa,

responsável no meu trabalho e sociável com todos os que comigo interagem.

Pessoalmente aceito estes atributos, mas confesso-me insatisfeito, ando

sempre à procura da minha realização pessoal. Gosto da minha profissão, mas

quero investir cada vez mais, procuro fazer todas as actividades com

dedicação e satisfação para todos. Esta é a pessoa que sou, mesmo sem

sobrenome, todos sabem quem sou … o grande amigo! Éramos 8 filhos e o

meu pai era o único que trabalhava, e o que ganhava, era muito pouco para

sustentar uma família tão grande e pobre. Ainda pus a hipótese de ir para o

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Seminário, chegando mesmo a receber os impressos para a inscrição, no

entanto o meu pai desde logo negou essa oportunidade, alegando que eu já

podia trabalhar e ajudar a família.

PRA/2

Nasci na Venezuela, em Los Teques, Estado Miranda onde vivi 7 anos, com

os meus irmãos. Depois regressei com os meus pais para a Madeira. Tenho

neste momento 41 anos e quanto ao meu aspecto físico, tenho 1,50 m de

altura, cabelos castanhos e encaracolados, olhos castanhos e face oval (…).

Tenho orgulho no que faço, gosto de ter boas relações com todas as pessoas,

estou sempre bem-disposta. Tenho os meus defeitos, sou teimosa, falo muito,

gosto muito de dialogar com as pessoas que me rodeiam. Vim para a Madeira

com 7 anos, a adaptação foi desagradável porque tive que deixar os meus

irmãos na Venezuela, foi uma nova vida ter que aprender o português. Mas

tive uma boa relação com os meus novos amigos, tive de continuar aqui os

estudos, onde tive de aprender novos costumes e saberes. O meu pai era

agricultor, a minha mãe doméstica, vivemos em casa dos meus avós

maternos, já faleceram há muitos anos. A minha mãe já faleceu há 6 anos, só

tenho o meu pai com 88 anos, vive sozinho, é uma pessoa saudável, sempre

que posso ajudo na lida da casa. (Ilustra a sua biografia com uma fotografia

quando era bebé, uma outra com a sua família e outra na idade adulta). Casei

aos 20 anos e depois fui para a Venezuela, onde vive 2 anos. Foi complicado

para mim deixar os meus pais, mas em compensação tive o meu filho, foi

uma alegria, encheu um vazio que tinha ao deixar a minha família e amigos.

Vim para a Madeira, onde continuo a viver e onde tive mais 2 filhos. Vivo

bem e feliz com o meu marido e filhos, são rapazes, o mais velho tem 19

anos, o segundo tem 13 anos e o terceiro tem 6 anos. São bons filhos,

carinhosos, gostam de conviver com as pessoas, e falam bastante como a

mãe. O conselho que lhes dou, é que não faça igual a mim, que continuem

estudando, estou arrependida, e como diziam já as pessoas antigas: “o saber

não ocupa lugar” avancem nos estudos, não desistam (...). (Ilustra o discurso

com a foto dos 3 filhos).

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PRA/3

Nasci na Venezuela, em Caracas. Sou a 3ª de 7 filhos, uma família numerosa

que atravessou imensas dificuldades. A minha infância foi praticamente

passada na Venezuela, considero que tive uma infância feliz. Era uma criança

muito temida, fechada na minha própria “casca”, pois não tinha oportunidade

de conviver com outras crianças. Os meus irmãos como eram mais velhos

brincavam comigo, o mais velho ensinava-me a jogar ao pião e a andar de

bicicleta, protegia as irmãs mais novas, era quase como um pai para nós.

(Ilustra com uma foto em família). Tivemos que começar cedo a trabalhar

para dar uma vida melhor aos meus irmãos mais novos, nos estudos e outras

necessidades para ajudar nas despesas da família, porque era difícil para os

meus pais arcar com tamanha despesa, devido à pobreza da nossa família e ao

meu pai ter graves problemas de saúde. Devido à falta de meios financeiros

dos meus pais, vi-me obrigada a iniciar o meu percurso profissional mais

cedo do que esperava. A vida não foi fácil, tivemos uma adolescência

complicada, tornamo-nos adultos antes do tempo. A vida só voltou à

normalidade quando o meu pai comprou um pequeno negócio na cidade de

La Victoria, sendo que aos 16 anos iniciei a minha vida no comércio

juntamente com os meus irmãos. Como vim de um meio mais pequeno, foi

difícil de habituar ao ambiente da cidade, pois tudo era diferente, foi uma

volta de 180 graus. A experiência de uma nova vida permitiu-me conhecer

outras pessoas, tornando-me numa pessoa mais aberta e menos tímida, que

gostava muito do que fazia, ajudava a minha família e ganhava algum

dinheiro para as minhas coisas. Recordo que comprei uma televisão, um rádio

e outros objectos que faziam falta em casa, fazendo sentir mais feliz. Foram

anos difíceis, de muito trabalho, mas que impuseram uma maturidade

antecipada da qual me posso orgulhar. Foi também aqui neste negócio que

conheci o homem que viria a ser mais tarde o meu marido. Um dia veio da

Madeira um primo que veio trabalhar connosco, e nunca imaginei com o

passar do tempo, que fosse meu marido. Algum tempo depois começamos a

namorar às escondidas dos meus pais, pois eles opuseram-se, só que o nosso

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amor era mais forte e conseguimos ultrapassar as barreiras que nos eram

impostas pelos meus pais, porque ironia do destino éramos primos legítimos.

Tempo depois os meus pais aceitaram o nosso namoro e um ano mais tarde

casamos. Aproximadamente um ano depois fiquei grávida do meu primeiro

filho, na altura passamos momentos difíceis. Foi uma gravidez um pouco

complicada, mas nasceu um rapaz lindo e forte, com 3,350Kg e 57 cm de

altura, de cabelos loiros e olhos claros. Não há palavras para descrever a

alegria que senti ao dar à luz um ser que era fruto do nosso amor. O

nascimento do nosso filho veio dar alegria ao casal, que na altura passava por

algumas dificuldades. (Ilustra o discurso com uma foto do filho). Depois de

alguns anos o meu marido decide regressar à sua terra natal, que era a mesma

que os meus pais, que nunca tinha visitado. Foi uma grande mudança na

minha vida, viver numa terra desconhecida e ter que habituar-me a novos

hábitos e costumes, mas a maior dificuldade foi a língua portuguesa, que

ainda considero um grande obstáculo. Após à chegada à Madeira, surgiu a

oportunidade de ir para a África do Sul, foi novamente passar por novas fases

de descoberta e adaptação. O medo do desconhecido gerava expectativas de

vida, à procura de uma vida melhor para nós e para o nosso filho. Devido a

problemas burocráticos com a minha nacionalidade e a do meu filho, foi

impossível a nossa legalização na África do Sul, e mais uma vez tivemos que

regressar à Madeira, só que desta vez trazia uma nova vida dentro de mim, o

meu filho mais novo tinha sido gerado na África do Sul. Na Madeira

surgiram novamente novos problemas burocráticos, devido a problemas de

nacionalidade, tive que voltar à minha terra natal para tratar da documentação

e ai então para poder voltar definitivamente para a Madeira, só que a vida por

vezes prega-nos partidas sem nos dar-nos de conta, e foi isso que aconteceu

comigo, tive que ficar na Venezuela até ao nascimento do meu 2º filho. Dez

anos depois de ter o meu 1º filho tive novamente a alegria de voltar a ser

mãe. Nasceu um rapaz tão lindo como o 1º, pesava 3,150kg e tinha 54 cm,

este filho nasceu numa altura de mais “fartura”. Ao mesmo tempo que foi um

momento de grande felicidade, foi também de tristeza, pois não tinha o meu

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marido comigo, pois tinha ficado na Madeira a tentar resolver a nossa vida.

(Ilustra o discurso com uma foto dos filhos). Dois meses depois do

nascimento do meu filho regressei à Madeira, onde cruzei com poucas

oportunidades de emprego, e os que havia estavam preenchidos.

PRA/4 Nasci no dia 28 de Agosto de 1959, contudo, nos meus documentos consta a

data de 29 (por lapso do meu avô no acto do registo), passando essa data a

por mim celebrada. A minha família começou por ser o meu pai e a minha

mãe e o meu irmão, sendo que fui a terceira de quatro filhos. (Ilustra discurso

com foto da família). Todos nascemos na Madeira e naquela altura os partos

eram realizados em casa, com a ajuda de uma “parteira”, comigo e com os

meus irmãos também foi assim. A parteira que deu assistência ao meu

nascimento foi a senhora Adelaide chegou a conhecê-la e ainda recordo o seu

rosto. No mesmo ano em que eu nasci, nasceu também a famosa boneca

“Barbie”, que é até hoje muito popular entre as crianças, foi um dos

brinquedos favoritos da minha filha. (Ilustra o discurso com uma foto da

boneca “Barbie”). Foi uma infância feliz na companhia dos meus familiares,

e em convívio com vizinhos e amigas, apesar do meu pai se encontrar

emigrado no Curaçao. Nesta época, eu e a minha irmã tínhamos vestidos de

festas muito bonitos que o meu pai trazia do Curaçao, e éramos convidadas

para as meninas das alianças em muitos casamentos. A minha adolescência

foi uma época passada essencialmente em família escolar, os meus familiares

foram os meus principais professores. Nessa época aprendi diversas coisas

que são muito úteis no meu quotidiano. Aprendi a cozinhar, limpar, passar a

ferro. A aprendizagem de todas estas tarefas foi muito importante para a

minha vida adulta, principalmente mais tarde que vim a trabalhar nesta área.

Aos 18 anos casei-me, e após o casamento fui viver para a Venezuela. Fomos

de barco, durou uma semana, foi a nossa lua-de-mel. Vivemos naquele país

durante 7 anos, sendo que ao longo desse período estive sempre rodeada dos

meus irmãos que emigraram para lá. Aos meus 21 anos (ainda na Venezuela),

fui mãe pela primeira vez da minha filha, e aos 27 tive o meu segundo filho

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(após regressar a Portugal). Desde então tenho residido em Portugal, mais

precisamente na Madeira (RAM). No regresso dediquei-me a cuidar dos

meus filhos e a cuidar da casa a tempo inteiro. O meu marido é operador de

uma empresa; a minha filha é licenciada em enfermagem, já é casada e estou

à espera da minha 1ª neta. O meu filho encontra-se a estudar na Universidade

da Madeira, encontrando-se no último ano da Licenciatura em Arte e

Multimédia.

PRA/5

Tenho 28 anos, nasci a 10 de Agosto de 1980, e sou um ser humano com

sentimentos como qualquer outra pessoa. Sou casada e tenho dois filhos, um

com 7 anos, e outro com 16 meses, os quais gosto muito, pois são meigos,

divertidos e são do Futebol Clube do Porto. (Ilustra discurso com as fotos dos

filhos). O meu marido é uma pessoa que me dá muito apoio, e sobretudo que

me incentiva para a frequência do processo de RVCC, no âmbito do

programa das Novas Oportunidades. O meu pai é uma pessoa muito exigente

e a minha mãe é uma pessoa muito humilde. Os meus familiares dizem que o

meu temperamento é como o do meu pai: “como boa pessoa sou até demais,

mas por má fervo em pouca água”. Eu sou amiga, prestável, muito teimosa,

autoritária, mas acima de tudo trabalhadora, generosa e sincera. Tenho 3

irmãos, sendo eu a mais nova. Temos grandes diferenças de idades, pois

quando nasci a minha irmã tinha 15 anos, e os meus irmãos 9 e 12. (Ilustra

discurso com uma tabela com a moda e média das idades da família). Sou

uma pessoa com um aspecto físico aparentemente de estrutura média, tenho

os olhos castanhos-claros, cabelo castanho e sou de cor branca. A minha

infância foi feliz, apesar dos meus irmãos terem emigrado cedo para a África

do Sul, o que fez com que nunca tivesse um irmão para brincar! Tinha apenas

os meus amigos (as), mas sempre tive tudo, amor e carinho…Também apesar

dos meus pais trabalharem na “fazenda”, nunca me faltou nada…sempre fui a

menina da casa e a atenção era toda para mim. Os acontecimentos da minha

infância foram as brincadeiras da época: saltar à corda, brincar à macaca, às

escondidas, à bola, a “cozinhar com ervas e pedras”. Aprendi nesta altura da

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minha vida a respeitar os outros e fazer amizades. A minha adolescência não

foi das melhores, mas também não foi das piores. Quando saí da escola

ajudava os meus pais, e a vida de casa dependia de mim. Os anos foram

passando e eu conheci o meu marido, namoramos, casamos e aprendi

seriamente a organizar o lar. Com o casamento e nascimento dos meus filhos,

aprendi a ser mais responsável, a organizar o orçamento familiar, para ter a

capacidade de gerir a casa e a capacidade de sofrimento em cada mês, quando

tenho que fazer o meu orçamento familiar como mostra na tabela e gráfico

nas despesas mensais (apresenta as despesas mensais da família).

PRA/6

Tenho 45 anos, nasci no Funchal, sou casado e tenho duas filhas. A minha

esposa tem 40 anos, as minhas filhas 17 e 13 anos, respectivamente.

Geralmente sou uma pessoa alegre, faço humor com tudo o que me rodeia,

tento criar um bom ambiente onde estou presente, sempre sem abdicar dos

meus princípios e sem que ninguém se sinta lesado. Passo sempre que

possível algum tempo com a minha família, e é de vital importância porque

cada vez temos menos tempo para ela, e há aprendizagens e valores que não

se aprendem só na escola, mas que veem do berço e como considero que a

família é o núcleo da sociedade, parto de um princípio de que as famílias

estão saudáveis, haveram menos problemas sociais. É agradável e

reconfortante passar os tempos livres com as pessoas de que mais gostamos, a

aprendizagem é mútua, convivendo intensamente, ficam tantas coisas

positivas que nunca mais esqueceremos. Considero-me uma pessoa de

princípios, e sou muito fiel a eles, sou capaz de perder um amigo para não

violar esses valores, tracei uma linha de orientação na vida, e faço sempre os

possíveis para não desviar-me muito dela, na maioria dos casos sinto que foi

positivo ter tomado essa opção, mas às vezes sinto que se tivesse corrido

mais riscos, teria tido mais sucesso. Penso que por vezes, me falta aquele

sonhar mais alto, será porque sou desconfiado? Será porque duvido de tudo o

que me parece fácil de atingir? Sou daqueles que pensam que se a “esmola

for muito generosa, o pobre desconfia”. Como ponto negativo, considero-me

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uma pessoa desorganizada, a minha mesa de trabalho está sempre com

montes de papel para arquivar, acabo uma tarefa e deixo em cima da mesa

num cantinho, pensado sempre na mesma maneira, que quando tiver tempo

organizo e passo para outra tarefa, isto traz-me problemas de organização,

porque nunca tenho tempo para organizar ficheiros, e como diz o velho

ditado: “nunca deixes para amanhã, o que podes fazer hoje”. Quero continuar

a ser a pessoa que sou, mas a cada dia que passa, tentar sempre aprender algo

mais, e aperfeiçoar o meu dia-a-dia, fazendo as coisas bem para mim e para a

sociedade.

PRA/7

A 15 de Dezembro de 1974, numa modesta casa de uma freguesia rural, a

minha mãe dava à luz um menino. Esse menino era eu, o sexto de dez irmãos.

Aqui começava a história da minha vida com o facto curioso, o do meu pai

apenas registar-me no dia seguinte ao meu nascimento, 16 de Dezembro de

modo a gozar mais um dia de licença, uma vez que nasci num domingo.

(Ilustra discurso com uma foto acompanhado com a sua mãe, numa fase

adulta, justificando que não tinha fotos de quando era bebé). Voltando às

minhas memórias de infância, a minha família era pobre, não tinha muitos

meios de subsistência. Os meus pais viviam principalmente da agricultura e

da criação do gado. Eu e os meus irmãos ajudávamos mutuamente a apanhar

erva, cuidar dos animais, e a cultivar a terra. Os meus pais sempre foram

pessoas humildes, mas sempre procuraram criar e educar os seus filhos da

melhor maneira, por isso considerava-me uma criança feliz. Os meus amigos

com quem brincava, eram os meus irmãos mais velhos. Ao longo da minha

vida, vamos sempre ganhando afinidade mais com uns irmãos do que outros,

mas todos fazem parte do tesouro da minha vida. A minha família diz que era

muito bonito: tinha cabelos compridos e louros, olhos azuis. Também diziam

que tinha um grande defeito, era barulhento, pelo que me chamavam o

“berrão”.

Actualmente tenho 34 anos, meço 1,65m e peso 75 Kg. Tenho olhos

verdes, cor de azeitonas, cabelos castanhos, e sou já um pouco calvo. Sou

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muito bondoso, humano e verdadeiro, mas também tenho os meus defeitos,

pois sou muito barulhento, teimoso e muito “sentido”. Identifico-me com a

letra da canção de Jorge Ferreira, que se chama “Papai”, que ele canta com a

filha. (Ilustra discurso com a letra da música e a foto do cantor). Talvez seja

por ter 2 filhas e amá-las muito, que na verdade gosto desta canção, não pela

sua melodia, mas pela letra que representa para mim. Também me identifico

com o livro: Presentes Para Você, é um livro com muitas lições de vida e que

está de acordo com a minha personalidade. Posso mesmo dizer que este livro,

ajudou-me a sair de uma depressão, ele deu-me muitos conselhos úteis…Foi

o livro que mais me marcou em toda a minha vida, e é da autoria de Douglas

Pagels. Esta obra foi muito importante, pois é um livro de auto-ajuda, é uma

homenagem às capacidades e aos valores humanos, pelo que ajudou-me a

superar alguns dos momentos difíceis por que passei ao longo da vida. Assim

como o título indica, este livro constituiu uma colecção de presentes, das

mais significativas dádivas que se pode receber através de pequenas poesias e

máximas, tais como as dádivas da responsabilidade, sorrisos, sucessos, dar,

receber, criatividade, riqueza, recordações, destino…Cita o pensamento de

James Bryant Conant: “Observe a tartaruga: ela só avança quando põe o

pescoço de fora.” Cita ainda o pensamento de Ella Wheeler Wilcox: “ Se eu

respirar de seu ar puro, se eu viver de acordo com essas leis naturais que te

governam, se eu aceitar a primavera, o verão, o outono e o inverno da vida

como manifestações perfeitas…então, eu também poderei crescer…”. Com a

ajuda deste livro posso dizer que aprendi a dar valor às mais pequenas coisas

da vida, que não deixam contudo de serem especiais, passei a encarar as

situações diversas com mais serenidade e a acreditar na possibilidade de um

mundo melhor, e de uma vida melhor, pelo que aconselho que todas as

pessoas façam a leitura deste livro. Citando Douglas Pagels, “Sua presença é

um presente para o mundo. Você é realmente uma pessoa especial, e a sua

vida pode ser exactamente o que você quer que ela seja – se você viver um

dia de cada vez”. Quando me sinto em baixo psicologicamente, gosto de

praticar jardinagem, agricultura e culinária. Tenho muitos sonhos, e um deles

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é ser massagista para ajudar quem precisa. Tenho pena de não ter conseguido

concretizar este sonho mais cedo, mas ainda vou a tempo. Posso dizer que

esta é a principal meta que desejo alcançar na vida, para isso tenho que

concluir o 9º ano e o curso de quiromassagem que já comecei a frequentar.

Acredito que existem três paixões que nunca se vão extinguir na minha vida:

o amor pelas minhas filhas, o amor pelos meus pais, e o amor pela natureza.

PRA/8

Sou uma pessoa com 1,65 m de altura, e tenho 68 kg. Sou muito

trabalhadora, responsável e organizada, muito frágil, sensível, meiga,

carinhosa, sentimental, romântica e sonhadora. Gosto de tomar as minhas

próprias decisões e iniciativas. Escolhi como título para a minha história de

vida: “Desejos e lutas”, pois a minha vida tem sido exactamente assim.

Desejos vêm do facto de eu querer ter uma família melhor e de realizar os

meus sonhos. Lutas vêm do facto de eu sofrer muito para alcançar os meus

objectivos. Tenho 33 anos de idade, e ainda não consegui concretizar os meus

sonhos ao nível escolar, exactamente porque convivi com pessoas antiquadas

e alcoólicas que proibiram-me de estudar…não tinham consciência que

precisava de desenvolver as minhas habilitações escolares, para eu fazer algo

mais na vida, que realmente fizesse-me sentir mais útil, mais feliz e realizada.

É claro que podia retomar os meus estudos mais cedo, mas os meus pais não

me deixaram, e quando completei os 18 anos, fui para o estrangeiro

trabalhar…Conheci lá o meu primeiro namorado. Entretanto casei e tive os

meus filhos. Gostaria de ter tido uma família com melhores condições

económicas. A minha mãe quando tinha 30 anos viu-se confrontada com a

ida do meu pai para a Venezuela, deixando-nos juntamente com a minha irmã

mais nova, com menos 10 anos de idade. Antes da partida do meu pai para a

Venezuela, já tinha sofrido com a Guerra Colonial…A minha mãe bordava

muito, “Bordado Madeira”, e trabalhava na agricultura para sustentar as três,

e recordo que ainda enviava dinheiro para o meu pai que estava na Guerra.

Entretanto o meu pai regressou da Venezuela e foi trabalhar para uma padaria

e posteriormente nasceram mais 7 irmãos. No total a minha mãe teve 9 filhos,

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sendo que estão 8 vivos, sendo que o meu irmão mais novo que nasceu com 7

meses é deficiente. (Ilustra discurso com foto da família).

PRA/9

Ao longo da vida aparecem-nos várias barreiras. Ao conseguirmos

ultrapassá-las, conseguimos aprender uma lição e ganhámos experiências

com cada uma das nossas aprendizagens. Nasci a 09-09-1986 e sou natural de

uma freguesia rural. O meu cabelo é castanho, olhos esverdeados, e sou de

estatura média. Cresci numa freguesia muito calma, no inverno é bastante

frio, e no verão é bastante quente. È um local bonito, rodeado de montanhas

altas e de uma beleza natural incrível. Passei muitos momentos tristes na

minha vida, senti a falta do meu pai! Embora a minha relação com a minha

mãe fosse boa, não era uma pessoa independente, porque a minha mãe não

nos deu muita liberdade, nem a mim nem aos meus irmãos. Ela não nos

deixava sair com os amigos, nem podíamos chegar a casa mais tarde. Tinha

que sair da escola e ir directamente para casa. Gostaria de ter tido mais um

pouco de liberdade, para poder sair mais com os meus amigos. (Ilustra

discurso com 7 fotos, pais, irmãos, primos e filha). Nessa altura tinha muitos

sonhos, tais como ser educadora de infância, porque adoro crianças. Além

disso tinha muitos objectivos, que eram constituir uma família, ter uma casa,

um trabalho e conseguir tirar um curso. Infelizmente, tive de desistir destes

sonhos, já que foi difícil concretizar os objectivos que tinha traçado na época.

Aos 15 anos fui mãe, e o como consequência tive que desistir da escola.

Acho que se devia ao facto de naquela época sentir que era impossível

conciliar a escola com o bebé, e também devido ao facto de ir grávida para a

escola, e sentir o olhar dos meus colegas e dos meus professores. Pensava que

uma filha impedir-me-ia de muitas coisas, mas o que realmente impediu foi a

minha falta de auto-estima. (Ilustra discurso com a citação de um texto

relacionado com a gravidez na adolescência). Constituir uma família não é

fácil, e no meu caso senti muitas dificuldades…A partir do momento em que

tive de cuidar da minha filha, e de dar um apoio ao meu tio que estava

doente, tudo isto conciliar com a vida doméstica e o apoio ao nível da

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segurança social a prestar ao meu tio é muito difícil. Praticamente não sobra

tempo para mim. Não consigo arranjar trabalho no foro público porque estou

limitada aos outros. Vivo com o meu companheiro em União de Facto, e

tenho alguns direitos. (Ilustra discurso com a citação destes mesmos direitos

e deveres, de acordo com a legislação em vigor). (Ilustra discurso com 4 fotos

do dia do baptizado da filha, e do seu dia da Crisma e da família). Ser mãe,

apesar de ser bastante cedo, foi uma experiência maravilhosa. O que mudou

na minha vida foi ter que deixar de estudar para dar toda a atenção e cuidados

à minha filha, uma vez que tinha problemas de saúde (bronquite) e de vez em

quando tinha de fazer o aerossol. Porém, apesar destas contrariedades e de

me ter feito desistir da escola, é algo que não trocaria por nada. (Ilustra

discurso com a citação de um texto relacionado com a doença - “bronquite”).

PRA/10

Nasci a 25 de Novembro de 1983. As minhas características pessoais: sou

reservada, e gosto muito de cozinhar, cuidar de pessoas, sobretudo idosos e

crianças. As actividades do meu interesse, são: Leitura, Desporto, passear no

campo e brincar com minha filha. Actualmente sou divorciada, tenho olhos e

cabelos castanhos-escuros, estatura baixa e pele clara. Considero-me uma

pessoa relativamente calma, sociável, que preza muito o seu espaço, não

gosto de faltas de respeito nem de mentiras, por vezes sou um pouco teimosa,

gostaria de não ser tanto, mas acho que faz parte da minha personalidade, e é

apenas uma qualidade menos boa, que às vezes pode prejudicar-me. Uma

parte da minha infância foi passada na freguesia onde nasci, num meio

urbano, lá cresci e fiquei até aos oito anos, vivia com os meus pais, tios, e

avós paternos. Fui a primeira filha que os meus pais tiveram. A minha família

paterna era a família típica e tradicional católica. Os meus pais foram

educados no sentido de respeitar e obedecer sempre as pessoas mais velhas, e

cumprirem os valores. Quando tinha 15 meses nasceu o meu primeiro irmão,

meu companheiro de infância. Entretanto quando tinha 7 anos nasceu o meu

último irmão, o “caçula”, como chamávamos. Brincávamos juntos, e recordo-

me de ajudar a minha mãe nas tarefas, uma vez que havia um bebé e a minha

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mãe precisava de ajuda. Durante o tempo em que vivi em casa dos meus avós

paternos, tive alguns amigos vizinhos e colegas de escola, com quem

brincava. Por volta dos meus 8 anos os meus pais separaram-se e a minha

mãe ficou connosco e nós voltámos para casa da nossa avó materna. Foi

muito difícil sentir a dor de não ter o pai presente…o meu pai tinha-nos

abandonado, foi viver para Lisboa com a sua namorada. Hoje ainda carrego

essa dor, não posso dizer que o perdoei, pois não compete a mim fazê-lo, só a

Deus, mas não lhe guardo rancor, apenas um vazio. Acho que ele não se

esforçou o suficiente para estar connosco, uma vez que simplesmente não nos

dava notícias. Aos 17 anos fiquei grávida, e não consegui creche para a nossa

filha, e o meu companheiro sugeriu que seria melhor ficar em casa a cuidar

dela. Vivi os 3 primeiros anos da minha filha em casa da minha mãe, uma vez

que tinha a bebé para cuidar e tomar conta da casa. Quando a minha filha fez

4 anos, foi frequentar a pré-primária, comprámos uma casa própria, e

passamos a viver apenas os três.

PRA/11

Eu nasci a 26 de Outubro de 1967, numa freguesia rural, na Região

Autónoma da Madeira. Sou casada e tenho 3 filhos. As minhas virtudes são

humildade e honestidade, nunca achei-me mais do que as outras pessoas, nem

nunca gostei de aldrabar ninguém. Ninguém é perfeito, e eu também não,

sendo que o meu principal defeito é ser atrasada, muitas vezes saio de casa

atrasada, principalmente para a Missa. Meço 1,64 m e tenho

aproximadamente 70Kg. Muitas vezes gostava de fazer exercício físico, mas

infelizmente pouco tempo livre me resta. Tenho olhos castanhos, cabelos

compridos e pretos. Tirando as horas de trabalho e a vida de casa, pouco

tempo sobra-me para ter um passatempo, mas sempre que tenho oportunidade

gosto de ver novelas que dão na TVI. Também gosto de ver os telejornais

para saber o que acontece no país e no mundo. Gostava de ter estudado mais,

infelizmente não foi possível, e se pudesse voltar atrás e deixassem-me

estudar, não pensava duas vezes. Neste momento tenho uma grande

preocupação, os dias de hoje estão muito competitivos e precisamos de estar

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preparados para acompanhar a sociedade. Os meus pais apesar de na altura

ser muito comum ter mais do que 3 filhos, apenas tiveram 2, e foram

meninas, a minha irmã que nasceu em 1960, e eu sete anos depois. Quando

era pequena gostava muito de ir à serra com os meus pais e os avós, pois iam

roçar feiteira ou buscar lenha, e quando voltávamos vínhamos em cima de um

ramalheiro puxado por uma carreta de bois. O ramalheiro era feito de ramos

de giesta ou urze e servia para evitar que o carro de bois andasse tanto, e para

nós era um divertimento pois íamos sentados em cima. (Ilustra discurso com

a foto de uma carreta de bois). Pelo verão também gostava muito da debulha

do trigo, naquela altura havia muito trigo, hoje em dia a debulha do trigo das

pessoas do sítio, demora apenas um dia, mas naquela altura o cultivo chegava

a levar semanas e semanas. (Ilustra discurso com foto da máquina

debulhadora e um texto com a descrição dos procedimentos da separação do

trigo da farinha). A sopa de trigo é também uma tradição na nossa freguesia.

(Ilustra discurso com foto de um prato de sopa de trigo, e uma receita com os

ingredientes para uma sopa para 10 pessoas). Já de pequena ajudava a minha

mãe na confecção do tradicional pão de casa, gostava de mexer na massa, e

às vezes a minha mãe deixava um pouco de massa à parte, para que eu e a

minha irmã fizéssemos a forma do pão que quiséssemos, em forma de

boneco, de animal, conforme a nossa imaginação. Hoje em dia a minha mãe

faz o pão caseiro com a ajuda do meu marido ou filhos, pois as forças para

amassar já não são as mesmas de outros tempos. (Ilustra discurso com foto do

pão caseiro, e a respectiva receita). Aos 18 anos o meu pai ficou doente, e eu

tinha de ir ao hospital dia sim, dia não. Nessa altura conheci o meu marido.

Namorámos até que o meu pai descobriu e não ficou contente, não era de

acordo porque ele era de família pobre. Até que decidimos casar, e como o

meu pai não era de acordo, sai de casa e fui viver para a casar dos pais do

meu marido, mas não era fácil, visto que era uma família muito pobre e

numerosa, pois eram 5 rapazes e 2 raparigas. Aprendi a viver numa casa com

pouco dinheiro. No ano seguinte nasceu o nosso 1º filho, e no ano seguinte o

meu 2º. O nascimento dos nossos filhos foi uma grande alegria nas nossas

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vidas, a partir daquele momento tínhamos 2 vidas a depender de nós, aprendi

a cuidar deles, dar-lhes carinho, alimentação, a melhor educação possível, e

garantir que nada de importante lhe podia faltar. Aos meus 24 anos, o meu

marido foi para a Inglaterra ganhar dinheiro e tirar a carta de pesados, e eu

fiquei só com os meus filhos durante três anos. Entretanto o meu marido

regressou a Portugal e sofreu um acidente quando regressava do trabalho com

3 colegas. Numa curva já próximo a chegar a casa, houve um violento

acidente, do qual resultou a morte do meu marido e de mais 2 colegas, e um

sobreviveu. Sofri muito, perdi a pessoa que amava, que era muito nova, e que

tinha duas crianças para educar, mas com a ajuda da minha mãe superei as

dificuldades. Aos 31 anos, comecei a interessar-me por uma pessoa, que hoje

é o meu marido. Pensei, com dois filhos pequenos e nova, precisava de

alguém para ajudar-me…Na altura ele estava no exército a cumprir contrato

de trabalho, começamos a namorar, reparei que gostava dos meus filhos, e

eles dele, pedi opinião à minha família, à mãe do meu marido falecido, à

minha mãe, e aos meus filhos, todos eles deram-me o seu apoio. Decidimos

casar, ficamos a viver na casa da minha mãe, e no ano seguinte nasceu o

nosso filho. Duas semanas antes do nosso filho nascer, o meu marido voltou

do exército e passou a trabalhar por conta própria, trabalhos na carpintaria.

Assim já poupava no transporte, e já ajudava-me na mercearia. Graças a Deus

que hoje somos uma família feliz…

PRA/12

Nasci a 11 de Setembro de 1967, numa freguesia do meio rural. Somos uma

família um pouco extensa, 7 raparigas e 4 rapazes, e eu sou a décima de onze

filhos. Éramos uma família muito humilde, com pais muito esforçados para

dar o mínimo de qualidade de vida, vivíamos da agricultura. Desde nova senti

a necessidade de ajudar os meus pais e os meus irmãos (alguns já tinham

emigrado), mas nunca perdi o entusiasmo pelos estudos, sendo sempre uma

boa aluna (segundo os comentários dos professores). Apesar da ambição por

uma vida melhor, por um bom nível de escolaridade, não tive possibilidades

económicas para dar continuidade a este sonho. Aos 17 anos, surgiu-me a

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oportunidade para trabalhar num restaurante, onde era cozinheira. Entretanto

comecei a namorar, deixei de ser cozinheira e fui trabalhar com o meu

namorado para um snack-bar. O meu namoro foi muito contrariado pela

família do meu marido, pois não me aceitavam como sua namorada, por ser

pobre e não ter estudos. Em Outubro de 1989 casei. O meu esposo tem o 12º

ano de escolaridade e é perito avaliador. O seu apoio foi determinante para

frequentar o Programa das Novas Oportunidades. Um ano depois de termos

casado, tivemos a nossa primeira filha, que actualmente está com 20 anos e

está no 3º ano do curso de Direito. Em 1995 deu-se o nascimento da nossa 2ª

filha, que actualmente tem 15 anos e frequenta o 10º ano. A 23 de Dezembro

de 2007, o natal da minha família foi marcado pelo falecimento do meu

sogro, pessoa muito estimada pela família, amigos e conhecidos. Em 1997 a

minha mãe teve de amputar uma perna, devido a problemas relacionados com

diabetes. Foi complicado tanto para ela, como para os filhos. Foi uma fase

complicada, dado que a minha mãe não aceitava ter ficar sem a sua perna.

Teve de ter apoio de um psicólogo para ultrapassar essa barreira na vida.

Passados 5 anos a minha mãe faleceu devido a um ataque cardíaco. O meu

pai, como era muito ligado à minha mãe, abateu muito e começou a ter

problemas de saúde. Passados 3 anos foi internado no hospital, e 3 dias após

faleceu. Em Janeiro de 2000 comecei a sentir muitas dores na coluna, e

precisei de fazer uma cirurgia urgente. Passado algum tempo passei a fazer

terapia à coluna. Agradeço a Deus e ao Doutor por tudo ter corrido bem.

Passados 5 anos, parecia estar tudo bem, até que em 2005 caí e não me

conseguia levantar. Voltei novamente a ser operada, fiz outra terapia,

acabando novamente por tudo ter corrido bem. Tenho algumas limitações na

minha vida, mas com o apoio da minha família, torna-se tudo mais

simples…amizade, lealdade e honestidade são as minhas características.

Respeito opiniões divergentes das minhas, respeito os gostos de cada um,

respeito as suas profissões. Estou sempre disponível para ajudar tudo o que

esteja ao meu alcance, ao mesmo que não esteja. Faço os possíveis para

conseguir pôr quem está mal, bem. Também tenho uma outra característica, é

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ser “comilhona”, adoro comer, provar várias especialidades. Aos 23 anos fui

tirar carta de condução, tive 21 aulas de condução e 15 de código. A carta de

condução foi uma necessidade, sobretudo para sair com a minha filha bebé

para as consultas médicas.

PRA/13

Nasci a 26 de Janeiro de 1959 numa freguesia rural. Pelo que a minha mãe

contava, vim do Funchal com 15 dias, onde vivi até aos 3 anos de idade.

Entretanto, como a minha família estava a crescer, os meus pais mudaram-se

para outra casa, também no Funchal, tendo sido essa a minha morada até ao

ano 2000. Durante a minha infância, ouvi os meus primos e tios de S. Vicente

a falar muito bem da sua terra e dos arraiais. Quando tinha 8 anos pedi aos

meus pais para me deixarem ir até S. Vicente. Logo que a minha tia veio ao

Funchal, eu e o meu primo fomos com ela a S. Vicente. Eu ia tão feliz, e

recordo-me como se fosse hoje, que até levava um vaso de violetas, de

presente para a minha tia. Quando cheguei lá, foi um verdadeiro choque, a

casa não tinha luz, era a candeeiro de petróleo. Não tinha água canalizada, era

preciso buscar a uma nascente. Quando começava a escurecer, só chorava,

queria vir para casa com a minha mãe. Os meus primos contavam histórias

para deixar de estudar, mas não resultava. Um dia, percebi que a minha tia ia

ao Funchal com as minhas primas, pensei que ia levar-me para casa, mas ela

disse que ia apenas à vila e voltava. Afinal tinha ido mesmo para o Funchal, e

lá ficou durante uns dias. No dia seguinte, eu e o meu irmão fomos apanhar o

autocarro para o Funchal, e houve um senhor que ajudou-nos e pediu ao

motorista para nos deixar no Funchal. Chegados lá, estávamos perdidos, e um

polícia aproximou-se de nós, e nós começamos a fugir, passamos no meio de

muita gente, havia muitos cestos de fruta a vender nas ruas, mas apesar da

confusão chegamos ao nosso destino. Depois só voltei a S. Vicente quando

tinha 21 anos (Ilustra discurso com foto da casa). Nós éramos 7 irmãos. Os

meus pais trabalhavam, e nós ficávamos em casa ao cuidado das irmãs mais

velhas. Durante o dia, enquanto nós brincávamos deixavam a casa aberta. O

meu maior defeito é ser pessimista, e a minha maior qualidade é a

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sinceridade. O que mais aprecio nos meus amigos é a lealdade. Os problemas

do mundo que mais me preocupam são a Guerra e a crise. Se eu tivesse muito

dinheiro fazia uma viagem pelo mundo.

PRA/14

Nasci no dia 5 de Abril de 1974 num meio urbano. O parto foi feito em casa

pelo meu pai, que chegava naquele momento do mar, pois era pescador.

Nasci com 3,100Kg e tinha 50 cm de altura. Era um bebé muito rebelde,

chorava muito. Fazia parte de uma família humilde, já era o 4º filho. A minha

mãe era doméstica, tinha de cuidar de mim e dos meus irmãos. (Ilustra

discurso com foto da sua terra Natal). Aos 2 anos cai ao colo do meu pai que

estava embriagado, e fracturei o tórax. Fiz fisioterapia até aos 10 anos, ia ao

Funchal 3 vezes por semana. A vida familiar era muito agitada, mas ao nível

financeiro era muito razoável. Aos 11 anos, mudámos de casa, o meu pai foi

trabalhar para a Câmara Municipal. A nossa vida foi mudando, e inicie-me no

mundo do trabalho e casei no dia 6 de Janeiro de 1996, e fui viver para a casa

da minha sogra. Com 22 anos recebi a melhor prenda da minha vida, a minha

filha, que nasceu no dia 16 de Julho. No dia 16 de Janeiro de 2002, nasceu a

minha segunda filha. Em 29 de Julho de 2002, fui viver para a minha casa. Já

há 6 anos que sonhava ter a minha privacidade e viver com a minha família.

(Ilustra discurso com foto da família). Hoje tenho a minha casa, o meu carro

e a minha mota. Já sou casada há 15 anos, e tenho uma vida financeira

razoável pois a minha esposa começou a trabalhar.

PRA/15

Trinta são os anos da minha experiência, nasci no dia 26 de Dezembro de

1979, nasci numa freguesia rural, tenho nacionalidade portuguesa e vivo em

união de facto. Fisicamente tenho 1,72, sou forte, moreno, olhos castanhos e

cabelo curto. Sou trabalhador e psicologicamente tenho muita paciência, sou

generoso divertido e muito calmo. Sou uma pessoa muito preguiçosa, mas

gostava de melhorar mais a minha participação para em casa apoiar mais a

família. Nasci no campo e numa casa simples, rodeada por árvores e por

algumas casas vizinhas onde viviam algumas famílias. A minha família é

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constituída pelo meu pai, mãe e sete irmãos. Éramos uma família de classe

média – baixa. A educação foi moderada e religiosa. Enquanto criança os

trabalhos que fiz foram na terra: cavar, plantar semilhas, batatas e couves,

ajudava os meus pais também a tratar dos animais, o que foi muito bom

porque sempre me incentivou a trabalhar. Durante a minha adolescência, a

relação com os meus pais era próxima e comecei a ter a minha

independência. Recordo que tive a minha primeira bicicleta comprada com o

meu próprio dinheiro aos 14 anos, em seguida um dos meus sonhos era ter

mota, que acabei por comprar aos 16 anos.

Actualmente constitui família, comprei um apartamento, tenho um filho com

10 meses e procuro uma vida estabilizada, organizando o orçamento

doméstico e tentando poupar para o nosso futuro. Nos meus tempos livres

gosto de estar com a família, ir ao cinema e passear (ilustra discurso com a

foto da sua família: o próprio a esposa e o filho. Também na sua capa do seu

PRAS, apresenta foto atual).

PRA/16

Nasci em 19/03/1953 numa freguesia rural e sou casado (ilustra discurso com

a sus foto actual). Nasci no seio de uma família numerosa, humilde e pobre,

sendo o 7º filho de 12, entre o quais 6 rapazes e 6 raparigas. Para isso o meu

pai era habilidoso, mas também era um pai muito amigo, divertido e

brincalhão. Fazia rir toda a gente! A minha mãe era mais reservada mas nem

por isso deixou de ser boa mãe. (ilustra discurso com a fotografia dos seus

pais e irmãos, à excepção do seu irmão mais velho que tinha emigrado para o

Brasil e de dois irmãos que já tinham falecido). A minha irmã mais velha

nem concluiu a 4ª classe, teve que cuidar de nós, recordo que ela levava o

meu irmão mais novo ao colo e os outros iam agarrados à saia dela. Queria

aqui homenagear a minha irmã mais velha que muito nos ajudou com a sua

dedicação carinho e trabalho. Das memórias que não apago e trago na

lembrança são as da minha avó. Esperava-nos todos os dias à mesma hora,

6horas da tarde era a hora que regressávamos da escola e lá estava ela, à

nossa espera para nos dar de comer “semilhas” cozidas que preparava com

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amor e carinho para não irmos para casa sem comida. A minha irmã mais

nova é aquela que fica na memória por outros motivos. Saíamos de casa com

o objectivo de apanhar erva para os animais, mas como éramos miúdos, só

queríamos brincadeira, e por isso até nos esquecíamos do que a nossa mãe

nos tinha mandado fazer. A mãe mandava apanhar erva depois de chegar da

escola porque tínhamos ovelhas que eram para matar no Natal. Estávamos

sempre desejando a chegada da Festa (Natal), pois era sinónimo de fartura,

tudo o que era cultivado ou tratado (como o porco, as galinhas) eram para

colher ou matar no Natal. Era a época do ano em que existiam mais coisas

para comer. Quando a minha mãe fazia um bolo ficávamos nos degraus à

espera que colocasse o bolo no forno para depois lambermos o alguidar,

passava-se o dedo à volta e lambia o resto da massa do bolo. Hoje o nível de

vida é bem diferente, os meus filhos não passaram por estas dificuldades

…eu e a minha esposa nos dias de hoje, sentimos mais preocupações com as

crianças e os adolescentes, porque cada vez há maior liberdade, e por vezes

não tanto respeito pelas outras pessoas como havia nos tempos passados.

Antigamente os filhos respeitavam os pais, mas hoje em dia as crianças já

começam até a tratar os pais por tu e eles começam a rir….

PRA/17

Tenho 49 anos de idade, sou holandesa. Nasci nas Antilhas. O meu aspeto

físico é normal. Tenho estatura média, cabelo castanho-claro, olhos azuis,

pele clara, peso 72 kg, sou parecida com o meu pai. Não consigo ver-me tal

como sou, os espelhos enganam, as fotos enganam e os gostos variam. Por

isso, seja eu magra ou gorda, tenho que aceitar como sou, uns vêem mais

gorda, outros, menos gorda. Se eu não gostar de mim, quem gostará? O meu

pai era funcionário e responsável pelo material e equipamento da SHEEL e a

minha mãe ocupava-se das lides domésticas da casa. Vim para a Madeira em

1963, com apenas dois anos de idade, acompanhada dos meus pais e sou filha

única. Os meus pais decidiram voltar à Madeira uma vez que o meu pai ficou

aposentado. O meu pai faleceu em 1985 e a minha mãe em 2008. Passei a

minha infância com os meus pais onde sempre tive regras de higiene, lavar as

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mãos, lavar todos os dias os dentes, saber estar à mesa, entre outras. Mas

quando estava com os meus amigos, nas nossas brincadeiras, tudo isso me

esquecia. No entanto, cresci saudável. Havia em casa, um cão e gatos, o meu

pai gostava muito de animais. Nessa altura, a comida não era ração, mas

comiam a mesma que nós (muitas vezes os restos) e sem problema nenhum.

Banho quente? Nem pensar! E champô? Muito menos. Era lavado de

mangueira, com água fria e sabão azul de barra e nunca o cão adoeceu ou

morreu por causa disso. Morreu sim, de velho. Isto só para dizer que no

tempo passado as coisas eram feitas naturalmente. Talvez por isso mesmo,

havia menos intoxicações. Sempre ouvi dizer que o sabão azul era um

desinfetante. Não era por acaso que antigamente era usado nos hospitais.

Falando agora da minha vida conjugal, casei em 1984, deste casamento

nasceu um filho que atualmente tem 22 anos. Oito anos depois houve um

divórcio pacífico. Tenho algumas paixões como a paixão pelos meus pais, a

paixão pelo meu filho, pelos chocolates, pela natureza. Tanto que me

identifico com a serra, gosto do ar puro, o verde, o cheiro da natureza e o

silêncio.

Para finalizar, apresenta vinte fotografias que fazem parte do seu percurso de

vida.

PRA/18

Tenho 62 anos de idade, por isso tenho um percurso de vida muito alongado,

o que me dificulta precisar datas de algumas mudanças na minha vida

expressas pelas dificuldades do tempo e de falta de meios. No entanto, há

sempre alguma coisa que se foi aperfeiçoando e dando corpo ao projecto que

o destino me proporcionou. Tenho muito prazer de falar da minha infância

até das dificuldades financeira dos meus Pais que me privaram de muitas

coisas que as crianças gostam de ter, mas hoje considero que essas

dificuldades me ajudaram a preparar para a vida, valorizando as coisas e

lutando por elas. Aprendi a não desperdiçar e também a repartir. Durante a

minha infância vivi num meio rural, com os meus pais e irmãos. Na minha

infância os acontecimentos eram de uma vida muito simples passando o

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tempo a brincar com a própria natureza. Lembro-me muito bem de brincar

com as flores, fazia delas lindos ramos e até com as próprias ervas. Também

fazia casas de cartão, enfeitava e chamava a isto uma brincadeira. Fazia de

conta que cozinhava fazendo “um lar” com duas pedras e a panela era uma

lata qualquer. Dentro colocava uma variedade de ervas, isto significava a

mistura de legumes para a sopa. Com as brincadeiras fui aprendendo de

verdade a fazer as coisas que eram precisas na vida doméstica ganhando

assim o gosto por elas e tentando melhorar sempre. Aprendi a cozer batatas o

que me dava uma bela alegria quando a minha mãe e as pessoas que

cominam davam um elogio dizendo: “estão saborosas”. Tenho boas

recordações da minha adolescência. Comecei a fazer experiencias para ser

uma boa dona de casa, em que se dizia que o maior valor de uma mulher era

ser uma boa dona de casa. Tinha que aprender a ser uma boa dona de casa,

aprender aproveitar bem o tempo, ser uma boa cozinheira e se amável. Ainda

hoje acredito nesses valores. Também comecei a ajudar nas actividades

agrícolas porque o meu pai era agricultor e era minha obrigação ajudar em

tudo o que fosse preciso, e assim me fui integrando na vida social e familiar.

E sempre difícil uma pessoa autoavaliar se é mais fácil avaliar os outros

embora reconheça quem sou. Gosto mais de ficar no silêncio do que falar,

principalmente das minhas qualidades. Sinto-me mais a vontade em falar nos

meus defeitos. Gosto de: ser pontual, sincera, ter espírito jovem, ser feliz,

tocar um instrumento, ser responsável, fazer bem o meu trabalho, tenho uma

paixão pela música e uma adoração pela minha família. (Ilustra discurso com

uma foto atual). Sou solteira por opção, tenho 4 irmãos, 2 rapazes e 2

raparigas, vivo com uma das minhas irmãs e sinto-me muito feliz. Gosto

muito de viver e também que os outros vivam felizes. Sou amiga e estou

sempre pronta para os que precisam de mim aponto de prejudicar a minha

vida. Gosto de viver o presente. Esta e aminha família que amo muito e são

uma parte da minha vida. Infelizmente os meus pais já faleceram, mas

continuam presentes na minha vida porque em mim reflecte o seu exemplo e

os seus ensinamentos. Viveram até aos 88 anos e viveram juntos 60 anos de

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casados. Sinto prazer de falar da minha família porque tive e tenho uma boa

relação com aminha família. Os meus pais foram pessoas simples que nem

sabiam ler mas lutavam por uma vida digna. (Ilustra discurso com uma foto

das Bodas de Ouro na igreja e duas da sua família e amigos). Sou uma pessoa

de meia estatura, tenho cabelos castanhos, sou morena e tenho 1,56 de altura.

Gosto de fazer muitas coisas mas, o que eu mais gosto de fazer e cantar.

Acho que quando canto sinto-me feliz e como diz o ditado: “ quem canta seu

mal espanta”; sinto a vibração das palavras, da música, e também gosto muito

de ensinar de partilhar os meus conhecimentos. Este gosto pela música faz

com que eu contagie os outros para esta alegria de viver cantando (ilustra

discurso com foto do grupo coral a que pertence, posicionando-se ao centro).

PRA/19

Nasci a 19 de Março de 1978 e tenho 2 irmãos mais velhos, todos nascidos

no meio rural. Sou uma pessoa de estatura média, não sou magra, mas

também não me considero gorda. Sou o signo de Peixes, considero-me uma

pessoa calma, amiga dos amigos, trabalhadora, responsável, pronta a ajudar o

próximo sem reembolso. Adoro música, de ouvir e tocar. A minha família

vivia da agricultura e não havia muito dinheiro para estudarmos para além do

6º ano porque era o único ciclo de escolaridade que davam na minha área de

residência. O trabalho do meu pai era levar verduras para o Funchal era uma

pessoa muito conhecida, eu com seis anos não me lembro de muita coisa que

ele fazia porque infelizmente faleceu novo devido a uma queda quando

estava a construir a nossa casa. Foi um choque muito horroroso para nós

parecia mentira que tinha falecido, ele ainda era tão novo, e deixava 3 filhos

menores e muita coisa por fazer na vida (ilustra discurso com a fotografia sua

e dos irmãos e do seu pai). A morte do meu pai foi muito difícil para nós. Nós

ficamos a viver na casa da minha avó porque a minha mãe não tinha dinheiro

e o pouco que tinha foi gasto nas despesas do funeral do meu pai. Na minha

juventude, conheci um rapaz que frequentava muito a casa de chá onde eu

trabalhava, ficamos amigos e pouco tempo depois pediu-me em namoro.

Passados 10 anos nós casamos porque até esta data o meu namorado era

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guarda da GNR no Continente. Já tinha feito o programa da missa religiosa e

quando chegou o dia do casamento todos os preparativos estavam

programados. No final como tradição fomos tirar as fotos da “praxe” dos

noivos com familiares e amigos e depois seguimos para a festa. (Ilustra

discurso com as fotografias da festa do dia do casamento).

PRA/20

Nasci no dia 04/02/1971, numa freguesia rural, onde vivia até aos 19 anos de

idade. Venho de uma família pobre mas humilde e numerosa, somos 8 filhos,

5 rapazes e 3 raparigas. O meu signo é aquário. (Ilustra discurso descrevendo

as caraterísticas dos nativos desse signo). Como qualidades sou honesta,

sincera e responsável, não gosto de mentiras, também admito que sou

exigente, rigorosa. Fisicamente tenho estatura média, 1,65 m de altura e

66Kg, sou morena, cabelos e olhos castanhos. Não gostaria que fizessem um

“clone” da minha pessoa, porque na minha opinião, cada um é como é, e não

há duas pessoas iguais. Por exemplo, até os gémeos verdadeiros são muito

idênticos mas no fundo têm pensamentos e ideias diferentes, e agem de

maneiras diferentes. O que gosto mais de fazer é nadar, dar passeios e ir às

compras. Casei aos 19 anos e fui viver para uma freguesia rural. Foi sem

dúvida o Dia do meu Casamento, o Dia mais importante da minha vida, fui

em busca da minha felicidade. Aos 21 anos, nasceu o meu primeiro filho, no

dia 15 de Fevereiro de 1992, no Hospital Cruz de Carvalho. Foi uma nova

fase da minha vida, tive que saber cuidar do bebé, ente as fraldas, a

alimentação e o seu bem-estar. (Ilustra discurso descrevendo as diferentes

fases de crescimento e cuidados básicos com o seu filho). Em 1995, comecei

a construir a minha casa, fui construindo aos poucos, nessa altura, eu e o meu

marido, tivemos que ver como é que projectávamos a casa, tendo em conta a

área do terreno, tivemos que pensar quantos quartos de dormir queríamos, a

dimensão dos mesmos, da sala, da cozinha, WC e da garagem. (Ilustra

discurso descrevendo os cálculos, apresenta a Planta da sua casa, e foto da

mesma). Depois da casa concluída, fomos comprar as mobílias, íamos com a

ideia de comprar apenas o essencial para a casa (dois quartos de dormir e o

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indispensável para a sala). Na loja, foi nos colocados a hipótese de pagarmos

às prestações, e com a vantagem de pagarmos em x meses, sem quebra de

juros. Gostámos da ideia, foi sustentável para nós, e já ficamos com a casa

toda mobilada. Quanto à cozinha comprámos também o seu equipamento e os

electrodomésticos e ficámos muito felizes. (Ilustra discurso descrevendo as

caraterísticas dos seus electrodomésticos e cuidados a ter em conta, quer na

manutenção, quer nos cuidados em relação ao ambiente.) No ano 2000

engravidei do meu 2º filho, não estava à espera, pois nessa altura era uma

fase de muita agitação na minha vida…estava a abrir uma loja de pronto a

vestir e queria que tudo corresse bem…Felizmente tudo correu bem, trabalhei

até ao nascimento do meu filho. Nesta fase, tinha uma cunhada

desempregada, substituiu-me por alguns dias, até estar capacitada para

trabalhar. Quando recomecei a trabalhar, foi uma fase de stress, porque tinha

de levar o bebé e com tudo o que era indispensável, bem como deixar a casa

organizada e refeições para o meu filho mais velho, que já frequentava a

escola e o marido que também ia trabalhar (…). Com o passar dos dias, foi-se

tornando rotina! Hoje considero que tenho uma família feliz e sinto-me com

vontade de enfrentar cada vez mais desafios da vida, desta sociedade em

permanente mudança!

Ao nível individual (DI) Indicadores (excertos)

II – CATEGORIA

Dimensão ao nível do sistema de provação em da relação com a experiência

escolar:

Quando terminou os estudos e o seu destino?

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PRA/1

Entrei para a escola primária com 7 anos de idade e saí com 12, após ter

concluído a 4ª classe. A minha saída da escola teve a ver com a necessidade de

entrar no mundo do trabalho. No ano 1972/73 tentei continuar os meus estudos,

mas como entrava ao serviço às 4h30 da manhã e as aulas terminavam às 23 h,

acabei por desistir antes de terminar o 2º período. Nos anos lectivos 1990/91 e

1991/92, frequentei em horário pós laboral a Telescola (ensino nocturno) com o

objectivo de me habilitar ao 6º ano de escolaridade. No ano 2004/2005

matriculei-me noutra escola com o objectivo de concluir o 9º ano em módulos.

Consegui fazer todo o 1º Período, no entanto senti algumas dificuldades na

disciplina de inglês, e tentei fazê-la por exame, mas não consegui concluir.

Como não podia avançar sem a referida disciplina, acabei por abandonar a

escola, não dando continuidade ao meu objectivo pessoal: continuar os meus

estudos.

PRA/2

O meu percurso escolar começou na minha terra natal que é a Venezuela, na

cidade de Los Teques. Entrei na escola com 6 anos, no ano de 1973 por até

1974. Por motivos de mudança de residência, deixei os estudos, regressei à

Madeira com os meus pais, tendo apenas 7 anos. Continuei os estudos, mas por

causa das dificuldades linguísticas, tive que recomeçar novamente no 1º ano na

escola primária onde residia, e onde frequentei o 4º ano em 1979. A minha

adaptação foi boa, não tive problemas, pois fiz novas amizades, e todos os

funcionários e professores deram-me atenção, e fui bem acolhida. Senti

também dificuldade nos costumes, a maneira de viver era totalmente diferente,

na Madeira sentia-me mais autónoma, ia sozinha para a escola, e sentia-me

mais segura do que na Venezuela. Lá os meus pais tinham que me dar

protecção e segurança. Fiz continuação na Escola Básica e Secundária, onde

estudei até ao 7º ano. Perdi o 8º ano, e não quis repetir, os meus pais insistiram

para que eu concluísse o 9º ano. Foi o maior erro que fiz, não segui o conselho

dos meus pais, já poderia ter o 9º ano de escolaridade…Nessa altura já tinha

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namorado, depois casei e fui para a Venezuela. Tive uma escola tradicional,

onde não tínhamos a liberdade de falar nem comunicar, mas valeu a pena,

porque aprendíamos muito, e tínhamos mais respeito para com os professores.

Nós respondíamos só quando éramos solicitados. Não existiam actividades

práticas, que permitissem aos alunos actuar, agir ou reagir de forma individual.

Foi o que menos agradou, a maneira como éramos tratados. Não tínhamos

liberdade para expressar as ideias, era como a professora dizia, não havia troca

de ideias nem sugestões. A escola de hoje é diferente, os alunos comunicam

com os professores, tem mais liberdade de se expressar, juntos tentam dar

propostas ou sugestões para as actividades, vivem numa chamada escola

moderna. (Ilustra o discurso com uma fotografia dos seus colegas de grupo da

Venezuela). Mesmo sendo escola profissional, tenho boas recordações, aprendi

a ter respeito pelos superiores, fiz muitos amigos, aprendi jogos tradicionais

como por exemplo: saltar à corda, o jogo do saco, o pião, as pedrinhas…

(Ilustra o discurso com fotografias de jogos tradicionais). A escola ajudou-me a

ter confiança na vida, ir em frente, além de não ter continuado nos estudos

como já referi, não sendo pela falta de apoio, mas sim pela falta de reflectir o

que viria a acontecer no futuro, tive a família sempre a meu lado, se eu tivesse

seguido o seu conselho hoje teria já terminado o 9º ano, e quem sabe até, maior

escolaridade. Há um ditado que diz: “Não deixes para amanhã o que podes

fazer hoje”, pensando bem no provérbio, sempre temos que seguir em frente,

não pensar que dá tempo, e se pudermos fazer já, e agora é o que estou a fazer

aquilo que deixei para trás: concluir o 9º ano de escolaridade.

PRA/3

Os meus primeiros anos escolares foram passados na Venezuela, estive até ao

4º ano (comprovo com um anexo do certificado), e transitei para o 5º ano com a

classificação final de 19 pontos na escola: “Nuestra Señora de Los Dolores”.

Usava uniforme como era normal em todas escolas da zona. Os meus tempos

de escola geraram momentos de grande satisfação, no entanto, deixaram uma

marca profunda com a morte acidental de uma colega mesmo à minha frente, é

algo que jamais esquecerei. Quando terminei o 5º ano, infelizmente tive que

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abandonar a escola, pois a nossa situação financeira era complicada, éramos

muitas “bocas” a comer e poucas a trabalhar. Também, a mudança para outra

cidade veio dificultar a oportunidade de continuar a estudar, pois a distância

entre a casa e a escola, e não havia assim meios financeiros para frequentarmos

todos a escola. Demos assim oportunidade aos mais novos de estudarem,

enquanto nós mais velhos ajudavam a manter a família. Ao fim de muitos anos

consegui por em prática um sonho, prosseguir os meus estudos, outrora

deixados por falta de meios financeiros. Com muita dificuldade consegui

acabar o 6º ano através do Ensino Recorrente (Comprova com certificado em

anexo) entre os anos 2004 e 2006, onde consegui aperfeiçoar um pouco do

português e criar novos objectivos que há muito tempo perdi a esperança de

realizar. Entre os vários objectivos, concluir o 9º ano através do grande

projecto das novas oportunidades que é o processo RVCC. (Ilustra com uma

foto um painel publicitário com o slogan: “Educação de Jovens e

Adultos…uma oportunidade de sucesso para a vida!!!”). Hoje em dia todos

temos de lutar para melhorar a nossa vida e se isso inclui retomar os estudos,

então é isso que temos de fazer, independente da idade que temos.

PRA/4

Estudei na escola primária até ao 4º ano, e em seguida no colégio fiz o 5º e 6º

ano, tinha então 12 anos, idade em que parei de estudar. Nessa altura vim para

casa para a companhia da minha mãe, irmã e avó. Nessa época, era preciso

aprender as lides domésticas e a bordar. Como o meu pai estava emigrado no

Curaçao, para uma jovem era melhor estar protegida na companhia dos

familiares, e em convívio com vizinhos e amigos. Aos meus 6 anos entrei para

a 1ª classe, já lá vão 44 ano. Contudo ainda recordo o percurso que fazia a pé

para a escola que hoje já não existe. Nessa altura aprendi a conhecer as letras

do abecedário e iniciei a leitura e a escrita. Conheci os números e comecei a

contar e a pintar. No 2º ano, já conseguia ler e escrever, e comecei a fazer

contas simples. No 3º ano já fazia cópias, ditados e contas mais complexas, e já

sabia as tabuadas. No 4º ano já estudava história de Portugal e Geografia.

Nessa época aprendi também a cantar o hino de Portugal. Na altura era prática

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habitual cantar-mos o hino na sala de aulas. (Ilustra discurso com imagem da

bandeira portuguesa, e citação do hino de Portugal). Recordo ainda a

aprendizagem das ciências, trabalhos manuais, história e geografia que era uma

das minhas principais áreas e interesses, nelas tive oportunidade de aprender as

dinastias e a história de Portugal, as principais províncias portuguesas entre

outros temas interessantes. Foi também nesta época que iniciei as minhas

primeiras interacções sociais, aprendendo a fazer amizades, a brincar com os

colegas e partilhar os valores na sociedade. Com 10 anos, transitei para o 5º

ano (na época denominado 1º ano). Mudei de escola, passando a frequentar um

externato. Juntamente comigo foram 2 amigas que eram da minha turma, e

assim a adaptação à nova escola foi boa, fiz novos amigos, tinha muitos

professores, sendo um para cada disciplina. Nessa época ainda era muito

frequente os professores darem reguadas nas mãos (costumávamos chamar de

“bolos”) como método de punição. Cheguei a levar um “bolo” na disciplina de

matemática, apesar de já não recordar o motivo, ainda que fosse a disciplina

que devido aos cálculos complexos, era a disciplina que tinha mais dificuldade.

Nessa altura tive o 1º contacto com a língua estrangeira, o francês, onde

aprendi iniciação. Recordo na disciplina de português, analisávamos várias

obras, entre as quais “Os Lusíadas”. Aos 12 anos conclui o 6º ano (denominado

na época 2º ano) e nessa época perdi a motivação para continuar os estudos

porque na sociedade não era tão importante estudar como nos dias de hoje, e

menos ainda pertencendo ao sexo feminino. Por vezes penso, como teria sido

diferente a minha vida se tivesse prosseguido os estudos. Tudo teria sido

diferente, naturalmente tinha um bom emprego e não tinha tido a necessidade

de emigrar. Contudo no meu percurso de vida estes factores de vida

aconteceram, e mesmo assim foi tentando ser feliz, apesar de não ter

frequentado a escolaridade básica, tive sorte na vida, quem sabe se não foi uma

oportunidade de fazer muitas outras aquisições para a vida? (Ilustra discurso

apresentado o cronograma do percurso escolar). Em conclusão, sentido o gosto

e a necessidade por voltar a estudar e tendo a oportunidade de fazer o processo

RVCC, foi mais uma fase determinante para minha auto-realização na vida. A

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elaboração do meu portefólio permitiu-me a reflexão acerca de toda a minha

história de vida. Tive a oportunidade de relembrar e viver essas etapas. Foi

também importante para reflectir acerca de importantes aprendizagens que

tenho feito ao longo da minha vida, em momentos do dia-a-dia, por vezes sem

me aperceber. Com este trabalho, pude também verificar que em muitos

momentos dos meus dias, no passado e no presente, obtive conhecimentos das

várias áreas do referencial de competências chave: LC, MV, TIC e CE. De um

modo geral, estou satisfeita por ter realizado este PRA e com o seu trabalho

final. Por vezes senti dificuldades em associar os conhecimentos à respectiva

área de competência, contudo com a ajuda do material de apoio fornecido pelos

formadores e profissionais, com as suas orientações consegui superar as

dificuldades. (Ilustra discurso com a apresentação de uma tabela, na qual

resumo as competências adquiridas, e a respectiva área de conhecimento: a LC,

a MV, as TIC e a CE).

PRA/5

Entrei para a escola primária com 6 anos, onde aprendi a ler, a escrever, contar,

e a respeitar os outros. Conclui o 4º ano nesta escola. Nos meus tempos livres

passeava e sempre que podia ajudava os meus pais nas várias tarefas e na

fazenda. Entretanto, frequentei o 5º ano e o 6º ano e tive de mudar de escola

porque não havia estudos nos níveis seguintes na área da minha residência.

Conclui o 6ºano e o 7º ano numa escola secundária, sendo que entretanto aí

começaram os “namoricos” e acabei por reprovar o 8º ano. Os meus pais não

ficaram satisfeitos, e eu fui transferida por uma outra escola secundária situada

na cidade do Funchal. Despertou em mim sentimentos de ansiedade, mas

também de alegria conhecer novos professores, colegas e fazer novos amigos.

Passado um tempo não gostei da vida agitada da cidade, e a minha mãe

resolveu transferir-me para um colégio, pois queria que fosse freira. Foi contra

a minha vontade, porque a minha vocação não era essa, não estava preparada

para esse desafio, e a meio do ano desisti e pedi transferência novamente para a

minha escola secundária de origem, pois tinha a certeza que queria continuar,

concluir o 9º ano, e seguir o meu objectivo, ser polícia. Gostava muito da farda

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que teria de usar, e sentir-me-ia muito respeitada a nível social. Contei ao meu

pai o meu sonho de ser polícia, e ele opôs-se, disse que filha dele não teria essa

profissão, e não havia nada a fazer porque, o que o meu pai dizia, estava dito. A

partir daí, fiquei completamente desanimada, comecei a faltar às aulas, e na

altura tinha 13 anos, aproveitei para namorar…Hoje penso de forma totalmente

diferente, e sei que actualmente estou prejudicada por não ter continuado a

estudar…poderia ter arranjado um trabalho melhor, ou quem sabe, concorrido

para polícia. Acabei por reprovar o 9º ano, e por fim desisti da escola. Neste

momento optar pela carreira de polícia já não faz sentido, já tenho a minha vida

estabilizada, tenho família e penso que se fosse polícia, os perigos seriam muito

maiores, isto porque os deveres e as competências exigidas na sociedade são

muitas…Ser polícia é uma profissão de bom nome, mas muitos são acusados

de uso e abuso do poder que possuírem, embora por outro lado, existem

polícias que perdem a vida injustamente, e muitas vezes não o apoio

necessário. Seria mais eficaz se o próprio Governo com a dinâmica legislativa,

desse mais apoio aos polícias, para assim cuidarem dos inocentes, protegerem

os mais fracos, e proporcionar harmonia na sociedade.

PRA/6 Quem me ajudou a dar os meus primeiros passos no meu percurso escolar, foi a

minha mãe, mesmo só com a 4ª classe, e como não havia pré-escolar foi ela

que uns 2 anos antes de eu atingir a idade escolar, começou a ensinar-me as

primeiras letrinhas, os primeiros números, contava-me histórias sobre os mais

importantes acontecimentos da História de Portugal, e muitas coisas

mais…Lembro-me que quando entrei para a escola já sabia muito, facto que

me dava muita satisfação. Quem me ajudou a dar os meus primeiros passos no

meu percurso escolar, foi a minha mãe, mesmo só com a 4ª classe, e como não

havia pré-escolar foi ela que uns 2 anos antes de eu atingir a idade escolar,

começou a ensinar-me as primeiras letrinhas, os primeiros números, contava-

me histórias sobre os mais importantes acontecimentos da História de Portugal,

e muitas coisas mais (…). Ainda hoje recordo-a com carinho, pois há boas

recordações que marcam e permanecem para toda a vida. De vez em quando

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encontro a minha professora, já reformada e muito cansada, conversamos um

pouco e faz-me voltar ao passado, e traz-me recordações fantásticas. A minha

avó que era costureira fez-me um par de batas brancas, pois era obrigatório

usar, e sinceramente nunca gostei. Queria terminar a escola primária

rapidamente para não ter que usar aquelas batas!...A escola não era mista, havia

escola para os rapazes, e escola para as raparigas, o que fazia com que

fôssemos mais tímidos e inibidos. Nas escolas primárias, principalmente no

campo, não tinham a ver com as escolas de hoje, não estavam dotadas de pátios

grandes, pavilhões, campos desportivos, e outros equipamentos que nos dão

tanta comodidade e facilidade na aprendizagem nas escolas de hoje. As salas de

aulas não eram construídas para o efeito, eram algumas casas já muito antigas,

que eram adaptadas para funcionaram como escolas. Apesar de tudo tínhamos

alguma coisa, o meu pai sempre dizia que na infância dele, nem escolas dessa

natureza havia. (Ilustra discurso com foto da sua escola primária). Não me

esqueço da famosa régua que todos sabem ou ouviram falar para que servia, e

também das caninhas de bambú, que além de servirem para apontar para o

quadro, deixavam algumas manchas vermelhas nas pernas…A escola primária

correu muito bem para mim, era bom aluno, aplicado, não faltava à escola e

assistia às aulas com muita atenção, nunca deixei de fazer os trabalhos de casa,

até fazia questão de ser o melhor aluno nos testes. Em geral gostava da matéria

que era dada, mas preferia História, sendo que, o que menos me agradava era

Desenho. No 4º ano, nos dias que antecediam o nosso exame, a nossa

professora descolocou-se a outra escola para fazer exame a outros alunos, e

deixou-me a tarefa de orientar os meus colegas nas revisões da matéria, recordo

que não foi tarefa muito fácil, como pode imaginar éramos crianças mais ou

menos da mesma idade, só que umas mais rebeldes…Foi um trabalho árduo

conseguir impor respeito e silêncio, mas recordo que consegui cumprir a tarefa,

o que me deixou muito orgulhoso. Acabado o 4º ano, frequentei a Escola

Comercial e Industrial do Funchal, hoje denominada Escola Secundária

Francisco Franco. Estudei o 5º e 6º ano no edifício que se situava junto à Igreja

do Colégio, que tinha sofrido algumas obras no interior, para ser adaptado e

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funcionar como escola, dado que anteriormente funcionava como um quartel

militar, nós alunos chamávamos o “batalhão”. Se a memória não me falha, esta

fase de estudo foi logo a seguir ao 25 de Abril de 1974 e eu que fora habituado

a viver sob certo rigor dos meus pais, comecei a sentir-me mais livre, mais

homenzinho, novos colegas, novos amigos, novos incentivos e tentações, tinha

tantas coisas para pensar, e pouco a pouco apercebi-me que já não era aquele

aluno excelente e aplicado que era outrora. Fiz alguns amigos, que ainda hoje

nos encontramos para lembrar os velhos tempos, tocávamos viola nos tempos

livres, não tínhamos formação musical, mas aprendíamos algumas coisas uns

com os outros, e fazíamos sempre as nossas festas. Eu estudei até ao 8º ano, e

matriculei-me no 9º ano, até que recebi a visita do meu tio Marcos, emigrante

na Venezuela, que me incentivou a emigrar à procura de uma vida e de um

futuro melhor. Foi então que deixei a escola e emigrei para a Venezuela, penso

que foi um erro, mas como não se pode voltar atrás, ficaram as experiências e

os ensinamentos da vida.

PRA/7

Em 1980 eu tinha 6 anos de idade, quando comecei a estudar na escola

primária. Lembro-me que nunca tinha pegado num lápis. A caminho da escola

a minha irmã é que ensinava a fazê-lo. A minha mochila era um saco de

plástico, ia de calções de descalço. Recordo o sentimento de tristeza ao ver os

meus colegas calçados e eu não, acrescido em seguida ao sentimento de revolta

pelos professores porem de parte, era excluído, não tina a mesma facilidade de

linguagem dos meninos ricos (…). Era filho de pais muito pobres, e só os

“filhos de papás” eram bem tratados, os meninos nobres ficavam à frente, e os

pobres ficavam atrás. Toda esta situação faz-me pensar como um ser humano

consegue ser injusto e cruel. Mas por tudo isto perdi o ano e interesse pela

escola. Em compensação diziam que eu era bem-educado, que era bem

divertido, que brincava muito com os meus colegas, e dava-me bem com todos.

Também gostava do facto de estar a aprender coisas novas, tais como, aprender

a escrever, a ler e a contar, que são aprendizagens de grande utilidade no dia-a-

dia. Por exemplo, era a partir da escrita que esperava vir a escrever cartas para

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os meus 3 irmãos que se encontravam na Venezuela. Também as contas eram

importantes, nomeadamente quando a minha mãe mandava comprar algo na

mercearia. Entretanto fiquei doente, tive de desistir da escola e posteriormente

foi diagnosticada: espondilose anquilosante. Com efeito, por volta de 1981,

agravaram-se as dores no meu pé. Fui assistido pelos médicos do meu centro de

saúde, mas cada vez o meu estado foi piorando. Foi transferido o meu processo

para o hospital central do Funchal. Lembro-me que foi a primeira vez que fui

ao Funchal. A viagem era um sonho, dado que nunca tinha andado de autocarro

e nunca tinha visto barcos, pelo que contava comentar estas aventuras quando

regressasse, mas não foi assim…fiquei hospitalizado durante seis meses.

Quando o meu pai me deixou gritei alto, tive o sentimento que era o fim do

mundo. Além da dor física, sentia também a falta dos meus pais, irmãos, e,

principalmente do meu ídolo que era a minha avó materna, que me dava muito

amor e carinho. No hospital, junto às escadarias do 5º andar, eu gritava tão alto

que se ouvia no 1º andar: “Eu quero a minha avó”. Eu pensava que estava

abandonado porque ninguém ia visitar-me, mas as viagens eram longas, duas

horas e meia de autocarro e eram muito caras, pelo que não havia

possibilidades económicas. Porém, sentia muito amor e carinho por parte da

equipa médica e de todo o pessoal auxiliar, bem como dos familiares, dos meus

colegas de quarto que também me chegaram e a dar comida na boca. Entretanto

regressei a casa, e matei as saudades de tudo e de todos, mas tudo já me parecia

estranho, e a minha mãe já estava grávida da minha última irmã, e recordo que

quando ia à fisioterapia e às consultas, uma funcionária do hospital encontrou-

nos e reconheceu-me. Propôs à minha mãe para eu ficar na casa dela para que

não tivesse que deslocar-me ao Funchal. Após a consulta, fiquei internado e aí

permaneci um ano. No hospital conclui a 2ª classe com uma professora que

estava destacada para o hospital. Quando saí do hospital, fui para a casa da

funcionária, que acabou por ser uma segunda mãe para mim. Encontrei uma

nova família, dois irmãos, e uns novos pais que me deram tudo: roupas,

sapatos, comida e principalmente amor. Aprendi nesta casa a fazer de tudo,

desde a limpar a casa, a engomar etc…o marido deste funcionário acabou

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posteriormente por ser o meu padrinho do crisma. Foi através desta minha

madrinha que eu conheci uma senhora massagista, que me dava massagem nos

pés, a quem eu admirava muito e a quem se tornou uma grande amiga.

Entretanto ela dizia para eu aprender a dar massagens para que, quando ela

morresse, eu ficasse no lugar dela. A partir daí, comecei a pôr em prática aquilo

que ela ensinava-me, visto que comecei a dar massagens em algumas pessoas

conhecidas e amigas. Infelizmente, a minha amiga massagista já faleceu.

Durante cerca de sete anos, alternei a minha vida entre a casa dos meus pais, o

hospital e a casa dos meus padrinhos. Mas, depois de tanto sofrimento comecei

a sentir melhoras no meu estado de saúde. Apesar de todas estas dificuldades

que passei, terminei o 1º ciclo por volta do ano de 1987, mas sempre com o

sentimento que muitas injustiças foram cometidas no meu dia-a-dia. Em 1989

voltei a estudar no posto oficial de ensino básico, onde estudava no período

nocturno, o que me dava a possibilidade de trabalhar de dia e estudar à noite.

Gostei muito dos meus colegas, mais principalmente dos meus professores.

Eram muito humanos, compreensivos e amigos. O que mais me desagradava

era o cansaço, provocado pelo facto de trabalhar o dia inteiro. Mas este

sacrifício valeu a pena, uma vez que em 1991 conclui o 6º ano de escolaridade.

Foram estas habilitações que permitiram arranjar emprego alguns anos mais

tarde numa Escola Básica e Secundária. Após a consulta, fiquei internado e aí

permaneci um ano. No hospital conclui a 2ª classe com uma professora que

estava destacada para o hospital. Quando saí do hospital, fui para a casa da

funcionária, que acabou por ser uma segunda mãe para mim.

PRA/8

Fiz a escola primária na única escola que havia na minha freguesia. Saí da

escola com 10 anos de idade, mas lembro-me muito pouco daquilo que

aprendi…saí com a 3ª classe, era a escolaridade obrigatória da minha época. As

aprendizagens mais significativas que fiz, foram simplesmente a leitura e a

escrita, e ao nível da matemática, pois aprendi algumas contas que sempre

utilizei no meu dia-a-dia. Quando tinha 17 anos, no ano de 1994, inscrevi-me

no ensino recorrente, e consegui concluir o 4º ano de adultos. Em 2004 voltei a

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estudar, e consegui concluir o 5º e 6º ano do Ensino Recorrente na Escola

Básica e Secundária Gonçalves Zarco, no Funchal.

PRA/9

Frequentei uma escola pequena (não me lembro do nome) até à 2ª classe, e

depois frequentei outra até à 4ª classe. Nessa altura, as disciplinas que eu tinha

eram Língua Portuguesa, Matemática e Estudo do Meio. Nesta última

disciplina, falávamos dos reis de Portugal, do corpo humano…e na Matemática

aprendi alguns cálculos e aplicação de resolução de problemas, aprendizagens

que realmente me ajudam no meu dia-a-dia. No 1º Ciclo tive uma professora de

quem gostei muito, que foi a da 2ª classe, porque era muito simpática, e notava-

se que tinha muito gosto pelo que fazia. Gostava dos alunos, e tinha paciência

para ensiná-los. Além disso, fui a única que esteve connosco do princípio ao

final do ano lectivo, porque as outras professoras desistiam, e tinham medo da

queda de rochas, e de viver naquela freguesia, por questões climatéricas. No 2º

e 3º Ciclo, frequentei a escola da Madalena em Santo António, onde estudei até

ao 8º ano. A minha disciplina favorita era Português, e aquela que tinha mais

dificuldade era Matemática. (Ilustra discurso com foto do último

estabelecimento de ensino frequentado, bem como o certificado de habilitações

do 8º ano). Como aos 15 anos fui mãe, desisti da escola ainda que não tivesse

tomado a decisão mais acertada, mas nada como errar para aprender…Neste

momento iniciei a minha caminhada no Processo RVCC, a fim de me preparar

devidamente para o mundo do mercado de trabalho. Desta forma poderei

realizar-me pessoal e profissionalmente, e alcançar uma maior segurança a

nível financeiro, o que permitirá oferecer à minha filha um futuro melhor,

especialmente no que diz respeito aos seus estudos, algo que não concluí mas

que desejo que ela o faça.

PRA/

10

A minha escola primária foi num meio urbano, e entrei logo para a 1ª classe.

Não frequentei nem infantário, nem pré-escolar. Ficava com as minhas tias e

avós, uma vez que os pais trabalhavam. Recordo-me do meu 1º dia de aulas:

estava muito entusiasmado e feliz…eu sorria, enquanto a grande maioria das

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minhas colegas se agarram às mães e choravam. Eu observava atentamente a

minha professora, a Senhora Dona Clarisse, uma senhora já com alguma idade,

simpática e com alguma calma. Algo que me ficou gravado, em forma de

recordação foi o facto de nas suas mãos haver anéis e muitas pulseiras, que

faziam um som particular quando chocalhavam, principalmente quando

utilizava a borracha para apagar os nossos erros. Também ainda parece que

sinto o seu perfume muito intenso, recordo-me de tudo, como ainda se fosse

hoje. Recordo-me também da minha outra escola, na mesma zona, alguns

metros abaixo da anterior. Actualmente é também uma moradia com aspecto

completamente alterado, o que me deixa profundamente triste, uma vez que

representa uma boa parte da minha infância. Com a minha primeira professora,

aprendi a ler e a escrever, facto que adorei e que ainda hoje acompanha-me, e

sinto uma grande paixão pela aprendizagem. Quanto ao Desporto, esteve

sempre presente, pois embora não estivesse em nenhum clube, o meu pai

transmitiu-nos esse gosto. Lembro-me de jogar à bola, o meu pai levava-nos ao

Estádio dos Barreiros quando ia treinar. (Ilustra discurso com foto do

estádio).No 2º Ciclo fui para a Escola Horácio Bento Gouveia, onde estive até

ao 7º ano. Gostava muito das disciplinas de Português, Inglês, História,

Ciências e Educação Física. Durante os meus 2 últimos anos de escola, estive

doente e faltei muito à escola, razão pela qual reprovei o 7º ano. Andei até ao 8º

ano na escola, mas entretanto desisti, pois a minha mãe trabalhava muito, e nós

tínhamos muitas dificuldades económicas, nós éramos 3 filhos, apesar dos

meus tios darem-nos ajuda, mas no fundo também, ainda sentia a frustração e

desilusão de ter reprovado o 7º ano. Tudo isto de nada ajudou para concluir a

escolaridade básica obrigatória. Sonhava vir a ser Jornalista ou Juíza. Queria

muito frequentar a Universidade, mas as coisas assim não aconteceram.

PRA/

11

Gostava muito das disciplinas de Português, Inglês, História, Ciências e

Educação Física. Durante os meus 2 últimos anos de escola, estive doente e

faltei muito à escola, razão pela qual reprovei o 7º ano. Andei até ao 8º ano na

escola, mas entretanto desisti, pois a minha mãe trabalhava muito, e nós

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tínhamos muitas dificuldades económicas, nós éramos 3 filhos, apesar dos

meus tios darem-nos ajuda, mas no fundo também, ainda sentia a frustração e

desilusão de ter reprovado o 7º ano. Tudo isto de nada ajudou para concluir a

escolaridade básica obrigatória. Sonhava vir a ser Jornalista ou Juíza. Também

estivemos um ano sem ter aulas, pois vieram umas senhoras professoras do

Continente, e conclui a 4ª classe. Gostava de ter continuado a estudar, mas o

meu pai na altura não deixou, porque a minha irmã já tinha emigrado para a

Venezuela com o marido, e eu tinha de fazer o trabalho doméstico e da

agricultura.

PRA/

12

Estive na escola apenas até ao 6º ano, pois os meus pais não tinham

possibilidades económicas suficientes para dar continuidade aos meus estudos.

Apesar de uma professora ir à casa dos meus pais falar com eles para me

deixarem estudar, nada consegui, pois o meu pai disse que quem mandava era

ele, e não ficava bem gastar dinheiro a pôr a filha a estudar. Só que fiquei com

uma raiva ao meu pai, porque já tinham pedido dinheiro para a minha irmã

estudar, que até concluiu o 12º ano e começou logo a trabalhar num centro de

saúde. Recordo ainda que quando terminei o 6º ano os professores organizaram

uma visita de estudo à serra. Como não havia possibilidade de pagar os

transportes, fomos e regressámos a pé. Apesar de ter sido cansativo, gostei,

porque apesar de tudo, foi o último ano que estive com todos os meus amigos e

colegas de escola juntos, e muitos deles foi a última vez. (Ilustra discurso com

a foto do passeio à serra em grupo). Recordo também, no meu tempo de escola

aos 11 anos, tive o meu primeiro bolo de aniversário, que foi oferecido pela

madrinha da minha irmã. Não era hábito festejar os anos. Os meus pais nunca

faziam festas, muito menos um simples bolo, só havia bolos no Natal, e

também só o queijo, azeitonas, ananás, manteiga e fiambre, era a única época

do ano, em que vivíamos com estas iguarias. (Ilustra discurso com foto do seu

aniversário). Actualmente por influência das minhas filhas, pus a hipótese de

voltar a estudar, inscrevi-me no centro de novas oportunidades esta ano, pois o

saber não ocupada lugar. Passei da minha hipótese à realidade, e cá estou eu na

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minha aventura, pois quero aumentar a minha cultura.

PRA/

13

Entrei para a 1ª classe com 7 anos, numa escola no Funchal. Perdia a 1ª classe,

porque segundo o que a professora disse à minha mãe, eu era muito calada. Por

ter perdido, tive que mudar de escola, para uma mais longe de casa. Entretanto

conclui a 3ª e 4ª classe, noutra escola mais perto de casa. Hoje em dia estas

escolas encontram-se encerradas. (Ilustra discurso com a foto das escolas).

Quando conclui a 4ª classe já tinha 12 anos, e não continuei os estudos porque

tinha de ficar em casa a cuidar das minhas irmãs, a fazer a lida de casa, e a

aprender a bordar tela. (Ilustra discurso com a foto do seu 1º bordado em tela).

PRA/

14

Entrei para a 1ª classe com 7 anos, numa escola no Funchal. Perdia a 1ª classe,

porque segundo o que a professora disse à minha mãe, eu era muito calada. Por

ter perdido, tive que mudar de escola, para uma mais longe de casa. Foi um dos

momentos mais marcantes da minha infância!...

PRA/

15

A minha vida escolar foi um pouco curta: tirei o quarto ano, sem perder, tendo

apenas perdido o quinto ano. Nessa altura a minha escola ficava longe de casa e

eu tinha que ir a pé. Era uma escola pequena mas ainda recordo que a minha

disciplina preferida era Matemática mas no entanto tinha muitas dificuldades a

Português. As aprendizagens adquiridas foram as básicas que utilizo no dia –a-

dia: ler (quando vou ao café costumo ler o diário, principalmente os “casos do

dia”, para ler as legendas de filmes e séries, revistas e documentos diversos),

escrever (na folha de registo diário de trabalho, para fazer a lista de compras e

conversar no msn) operações matemáticas diversas (no supermercado, para

gerir o orçamento familiar e no trabalho quando necessário). Aos 12 anos

abandonei a escola porque fui trabalhar nas férias e depois preferi o trabalho à

escola, o dinheiro naquela época era mais útil. Actualmente com 30 anos, os

meus objectivos já são diferentes, sinto vontade de estudar (…) as minhas

preocupações principais passam por manter o meu emprego para garantir

sustentabilidade para a minha família, e investir na minha formação académica

e profissional, razão pela qual encontro-me inscrito no Centro Novas

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Oportunidades.

PRA/

16

Em 1959 fui pela primeira vez à escola e tinha que fazer um percurso de 40

minutos a pé e descalço. Nessa altura havia poucos carros…Depois, por volta

dos 7 anos de idade, fui à cidade de barco mas era muito difícil entrar no barco

por causa do mar. As aulas eram das 9 horas até às 17h 30m apenas com uma

refeição diária. Por vezes davam-nos um prato de milho, uma sopa ou uma

chávena de café com leite e pão. Levava um pouco de açúcar para pôr em cima

do milho ou comprava dois tostões de bacalhau para comer com o milho. Na

parte da manhã havia leite e às vezes óleo de fígado de bacalhau que era mau

de tomar, mas éramos obrigados…Durante o período que frequentei a escola, o

que não gosto de lembrar é de ter de beber o óleo de bacalhau. Era horrível,

colocavam os alunos em cima da secretária, alguém nos agarrava e outra

pessoa abria a boca e deitavam esse óleo que era terrível de engolir…Reunia

muitas vitaminas, e como éramos crianças mal alimentadas tínhamos de o

tomar. As vacinas foram outra das situações que me marcou. Faziam uns riscos

no braço que por vezes infectavam até sair pus. Sofríamos imenso, mas os

professores diziam que era bom para a nossa saúde, era a maneira que os

Governantes pensavam que era a maneira mais eficaz da época. A mesma

agulha serva para todos. Na altura frequentei a cartilha, era como uma

preparação para entrar na 1ª Classe até à 4ª Classe. Conclui apenas a 4ª Classe,

não estudei mais, embora a professora dissesse à minha mãe que eu era de boa

cabeça, mas com imensa pena tive que vir para casa. Aos 10 anos vim para

casa trabalhar…. Recordo que no ano que fiz a 4ª Classe, utilizava como

mochila um saco de pano. Como os meus pais não tinham muitas posses eu não

tinha o livro de história, por isso ia a casa de um colega que tinha o livro para

estudar…Em casa a minha mãe dizia para ser obediente, e portar-me bem.

Surgia o medo porque a minha mãe batia-me e ameaçava-me dizendo que ia

perguntar à minha professora como me comportava. O que mais me agradou

foi aprender a ler e a escrever e ainda a brincar com os meus colegas. Gostava

muito da minha professora primária…era muito boa senhora professora.

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Gostava muito da escola e até era de boa cabeça, como dizia a minha senhora

professora.

Continuar os estudos sempre foi um desejo, mas devido às fracas posses

económicas não pode continuar. Tive o sonho de ser enfermeiro, no entanto

não passou de um sonho (…).

PRA/

17

Hoje encontro-me nas Novas Oportunidades para fazer uma nova “viagem” e

com a esperança de chegar ao fim… com um resultado positivo. Voltando ao

meu passado, comecei a frequentar a escola aos seis anos de idade. Na escola,

havia bons alunos e maus alunos. Uns passavam, outros eram reprovados.

Ninguém ia por isso ao psicólogo porque nem esse nome era conhecido. Não

havia a moda dos sobredotados. Quem não passava, simplesmente repetia o ano

e tentava de novo no ano seguinte. Lembro-me de apanhar piolhos na escola

primária e a minha mãe lavava a minha cabeça com um produto que nem me

lembro do nome e com um pente fino, chamado pente de marfim, removia os

piolhos todos. Hoje já não é bem assim, já não se usa o tal pente fino, já há

outros produtos mais sofisticados, com mais segurança de serem usados. Na

minha adolescência frequentei uma escola preparatória e antes de ser escola, no

passado era uma casa de misericórdia. Tenho muitas e lindas recordações desse

tempo, recordações que me lembro com muitas saudades. Por ser uma escola

com mais espaço e com sete salas adaptei-me bem. A passagem do primeiro

ciclo para o segundo não me veio trazer grandes novidades. Os meus pais

chegaram a matricular-me no Funchal, já estava consciente que ia para uma

escola maior e com mais professores. Claro que senti no primeiro dia de aulas,

algum nervosismo que é normal. Desde o segundo ciclo tive um gosto pela

parte de línguas como o francês. Por ser uma disciplina nova, gostava muito.

As minhas disciplinas preferidas eram História e Português, porque gostava

muito de ouvir falar do nosso passado, do nosso património, das guerras, das

conquistas e das vitórias. Gostava muito de português, adorava fazer

composições. Não gostava de matemática nem de música, porque eram as

disciplinas que tinha mais dificuldade. Frequentei um colégio, no Funchal

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como aluna interna. Também frequentei a Escola Industrial e Comercial do

Funchal, atual escola Francisco Franco. Na escola, havia bons alunos e maus

alunos. Uns passavam, outros eram reprovados. Ninguém ia por isso ao

psicólogo porque nem esse nome era conhecido. Não havia a moda dos

sobredotados. Quem não passava, simplesmente repetia o ano e tentava de

novo no ano seguinte. Lembro-me de apanhar piolhos na escola primária e a

minha mãe lavava a minha cabeça com um produto que nem me lembro do

nome e com um pente fino, chamado pente de marfim, removia os piolhos

todos. Hoje já não é bem assim, já não se usa o tal pente fino, já há outros

produtos mais sofisticados, com mais segurança de serem usados. Quando fui

para o Funchal estudar só vinha a casa, no Natal, no Carnaval, na Páscoa e nas

férias de Verão que chamávamos as férias grandes. Hoje já há alguém que faz o

percurso de ir e vir todos os dias. Não sabem a saudade que me dava dos meus

pais, das minhas amigas que não tiveram oportunidade de ir estudar. Deixei a

escola por minha livre vontade. Deixando o 9ºano por concluir, que foi o maior

desgosto que dei aos meus pais. Tinham possibilidades de me dar um curso,

mas infelizmente não lhes dei essa satisfação.

PRA/

18

Comecei a frequentar a escola com 7 anos de idade. Era uma escola privada,

era a escola primária da Paróquia (Instituição chamada vulgarmente por casa

dos pobres) lembro – me muito bem do meu primeiro dia de escola, porque

comecei a chorar pois não sabia escrever a letra que a professora me propôs.

Gostava muito de frequentar a escola por isso não faltava, nem na matança do

porco pela época do Natal as crianças tinham tolerância mas eu nem faltava

nesse dia… fiz o exame da terceira classe e os meus pais já não queriam que

fosse mais para a escola, pois nessa altura eram poucos os que continuavam.

Vim para casa mas chorava porque queria regressar para a minha escola. Os

meus pais matricularam na quarta classe e assim conclui este ano. Ainda me

lembro do vestido novo para o exame e como compensação um bom lanche,

são coisas que jamais me esquecerei. Eu dava significado as coisas que hoje

nem sequer se da atenção. Nessa época quem queria estudar para além da

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quarta classe teria que se deslocar para o Funchal, que não era fácil. A minha

professora Conceição aconselhou aos meus Pais no sentido de eu prosseguir

nos estudos, mas eles não tinham meios económicos nem estavam motivados

porque nem sabiam ler nem escrever. Na fase adulta resolvi estudar no

conservatório. Frequentei o conservatório durante 7 anos com muita

dificuldade pois tinha de pagar transporte duas vezes por semana para o

Funchal. Foi muito difícil, mas como sou persistente não desisti. Nessa época

com o curso geral de música e o sexto ano podíamos leccionar música no ciclo

preparatório, foi por este motivo que fiz e conclui o sexto ano na telescola.

Infelizmente, quando conclui este ano passou a ser obrigatório o nono ano.

Neste momento fiz opção de me inscrever nas novas oportunidades:

Ao inscrever – me neste curso

Sentia-me ainda criança

Mas depressa me envolvi

Na dificuldade que avança.

Logo na primeira sessão

Já me senti desanimada

Pensando: na minha idade!

Isto já não leva a nada…

Como sou persistente

Estou continuando

Já aprendi muitas coisas

E assim vou continuando!

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PRA/

19

Na altura eu estava a iniciar a 1ª classe, com 6 anos o meu pai faleceu em

sequência de uma queda em casa. Com alguma dificuldade em casa consegui

terminar a escola primária e o 5º e o 6º ano também porque havia aquela escola

na minha área de residência. Saía de casa muito cedo, tinha de ir a pé para a

escola porque não havia transporte escolar. Eu tinha uma amiga e vizinha que

era a Rita e nós íamos sempre juntas para a escola mas entretanto pelo percurso

na estrada ficávamos a apreciar os ninhos dos melros, uma gata com gatinhos

pequeninhos e chegávamos atrasadas as aulas (…) e a professora ralhava

connosco. Eu ficava de castigo a apanhar comida para as vacas e trabalhar nos

terrenos. Eu não queria, mas lá tinha de obedecer e ao sábado ficava com a

responsabilidade de ajudar nas lidas domesticam e ir a catequese. Recordo as

aulas de História, Ciências de Natureza e Francês e a minha aflição que se

resumia: Como e que vou meter tanta coisa na minha cabeça? Entretanto não

pode continuar a estudar porque já não tinha dinheiro. Ainda pedi para não me

tirar da escola porque no futuro eu ficaria prejudicada, sem curso algum, eu até

aquela altura nem pedia para ir a Universidade ainda que gostasse, bastava tirar

apenas o nono ano para ser feliz. As professoras ainda falaram com a minha

mãe, mas também não adiantou muito porque a razão para não continuar na

escola é que não tinha dinheiro e também como os irmãos saíram cedo para

trabalhar e não tinha estudado eu também não iria estudar, e ainda para mais

fora da freguesia. Eram outras mentalidades naquela altura… Fiquei triste em

desistir da escola, era para mim uma injustiça social, mas tive que ficar em casa

ajudar a minha mãe na lida da casa e na agricultura.

PRA/

20

Fui para a escola (1ª classe) com 7 anos de idade, esta foi uma fase de

adaptação às novas regras e a partilhar com os outros colegas. Nesta mesma

altura, iniciei as aulas da catequese onde tinha muito empenho. As professoras

ainda falaram com a minha mãe, mas também não adiantou muito porque a

razão para não continuar na escola é que não tinha dinheiro e também como os

irmãos saíram cedo para trabalhar e não tinha estudado eu também não iria

estudar, e ainda para mais fora da freguesia. Eram outras mentalidades naquela

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altura (…). Fiquei triste em desistir da escola, era para mim uma injustiça

social, mas tive que ficar em casa ajudar a minha mãe na lida da casa e na

agricultura! (Ilustra discurso com as fotocópias dos Certificados Escolares e

dos diversos Cursos frequentados ao longo da sua vida).

Ao nível individual (D P) Indicadores (excertos)

III - CATEGORIA

Dimensão ao nível sistema de provação em relação com o Trabalho e situação de

Emprego: Quais são os percursos profissionais?

PRA/1

A minha primeira experiência profissional foi aos 12 anos a tirar areia das

praias do Concelho. Neste trabalho não tinha um horário fixo, pois tudo

dependia das marés (manhã, tarde ou madrugada). Aos 14 anos e durante um

ano e meio, fui para trabalhar para uma empresa de construção civil, na

reconstrução do engenho. Logo de seguida, fui trabalhar para uma britadeira

que moía pedra para a fabricação de brita, que serviu para asfaltar a estrada

entre o Arco da Calheta e a Vila da Calheta. Com este trabalho, senti a dureza

do mundo do mercado de trabalho, pois o barulho e a poeira eram uma

constante, durante todo o dia. Após 9 meses de trabalho passei a ser apontador

de obras, e fazia o registo de todas as ocorrências; Na ausência do

encarregado assumia a sua função, responsabilizando-me pelas máquinas.

Após este percurso de trabalho, a 23 de Novembro de 1972, fui chamado para

trabalhar numa Escola Básica e Secundária. No ano de 1972/73, aos dezassete

anos, iniciei as minhas funções na escola. A minha primeira actividade foi

como vigilante no autocarro, que transportava as crianças e não contínuo

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dentro da escola. De 1981/1984 exerci as minhas funções na reprografia da

escola, e tinha a meu cargo o serviço externo (pagamentos e compras).

Também era eu que ia todos os dias ao banco depositar o dinheiro proveniente

das receitas do bar, transportes e papelaria da escola. Neste período fiz um

curso de socorrismo dado pela Cruz Vermelha Portuguesa, e desta forma pus

muitas vezes em prática os meus conhecimentos e até assumi a função de

acompanhar os alunos quando se deslocavam ao hospital do funchal por

motivos de doença ou acidente. A partir de 2004 até à presente data estou

destacado para a reprografia da escola. A minha função é fotocopiar:

materiais pedagógicos para a escola, professores, textos/testes para os alunos

e materiais diversos para os encarregados de educação e comunidade em

geral. Também executo encadernações, plastifico cartões ou outros

documentos. Sou eu que faço o controlo das máquinas, a sua assistência, os

consumos e os serviços técnicos. Também gosto muito de cuidar os meus

terrenos agrícolas, principalmente de cultivar os frutos tropicais. Já tive

plantação de bananeiras, mas a mão-de-obra está muito cara, por isso mesmo

optei pelas árvores de fruto. Sou uma pessoa que também desenrasca um

pouco de tudo ao nível das obras, tais como: pintura, pedreiro, canalizador,

electricista, entre outras. Senti necessidade de o fazer, pois o meu trabalho

exigiu que dominasse estas tarefas, dado que quando não havia mais ninguém

para as desempenhar, eu era quem tinha essas competências. Actualmente

faço parte da direção do sindicato da Função Pública da Madeira, que todos

os meses se reúne para aprovar e/ou rejeitar algumas decisões. Gosto muito de

intervir nessas reuniões, em especial quando é o bem de todos que está em

causa, sócios e não só. É para isso que fomos eleitos. Apesar de não haver

ganho económico com este trabalho, posso afirmar que nestas actividades se

desenvolve algo importante: a solidariedade.

PRA/2

Tenho dificuldade em conseguir trabalho, por não ter o 9º ano de

escolaridade. Para além da actividade doméstica que tenho diariamente à

minha responsabilidade, tenho como objectivos conseguir um trabalho no

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infantário, pois espero exercer tudo aquilo que aprendi no curso de auxiliar de

educação, ensinar as crianças a dar apoio, carinho, e não só ensinamos como

aprendemos. Para além de já ter feito o curso de informática, também fiz

outro curso como já referi anteriormente, auxiliar de infância, que decorreu do

ano 2006 até 2008, concluindo com aproveitamento. Aprendi como dar mais

apoio aos jovens. Foi uma formação em que pus em prática muitos

conhecimentos em diferente áreas, nomeadamente expressão plástica, música,

leituras…Realizei alguns trabalhos em conjunto com os meus colegas, éramos

no grupo 7, fomos sempre unidas, onde nos ajudávamos umas às outras

durante a formação tive a oportunidade de por em prática os conhecimentos

teóricos que fomos tendo durante a formação. Desde sempre demonstrei

interesse em manter boas relações com todos. Estive sempre disponível e

cooperante nas diversas actividades realizadas com as crianças. (Ilustra o

discurso com 17 fotos com as actividades realizadas em grupo e com as

crianças.) O estágio foi realizado no infantário, onde a sala era constituída por

15 crianças com idades compreendidas entre os 2 e 3 anos. Gostei muito do

papel que desempenhei no estágio, aprendi muito, tive oportunidade de tirar

dúvidas com as minhas colegas e educadoras. Realizei diversas actividades,

tais como: jogos, instrumentos, pinturas, recortes e leitura infantil. Lia às

crianças uma história feita por mim, intitulada ” Um dia na floresta”. Todas as

crianças gostaram, fizeram muitas perguntas e queriam tocar também no livro

que foi elaborado por mim. Depois tentei por em prática a descoberta do jogo,

que era a descoberta das cores e das imagens. Dançamos e cantamos,

dialoguei muito com as crianças, foi desta forma que descobri o valor que elas

tinham, e também me ensinaram muito para a vida. Citando parte de um

poema:

“A felicidade está tão perto da gente.

Mas tão perto que não a percebemos.

Está…

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No olhar de uma criança,

Num simples abraço,

Numa palavra de carinho…”.

PRA/3

O trabalho agrícola foi a minha profissão durante alguns anos, é um trabalho

que requer muito esforço físico e mental, pois muitas vezes temos de fazer

cálculos relativos à quantidade de sementes e pesticidas a utilizar em certo

tempo e determinados espaços de terreno. É um trabalho árduo mas não

menos honrado que os outros trabalhos, é algo sem o qual não podemos viver,

pois todos nós de uma maneira ou outra necessitamos dos produtos agrícolas.

Fiz trabalhos que alguns homens nunca fizeram na vida, desde de tratar de

uma vaca até aos mais diversos trabalhos agrícolas. Tive a oportunidade de

frequentar várias acções de formação, referentes à agricultura, e também

referente à floricultura (anexos comprovativos e ilustra com fotos de um

campo de plantações agrícolas).Apesar de aos 16 anos ter iniciada a minha

actividade profissional no comércio com os meus irmãos, no qual durante

vários explorámos essa actividade comercial, num pequeno café dos meus

pais, onde fazíamos a comida, a limpeza e o atendimento ao público. Foi uma

experiência muito gratificante a aprender a lidar com pessoas de todas as

classes sociais e culturais, e enriqueci as minhas vivências pessoais. Aprendi a

viver a vida de outra forma, foi assim que aprendi a valorizar as coisas que

temos, pois há pessoas com mais dificuldades que outras, passam fome e não

tem nada de seu, em especial as crianças. Entretanto, surgiu a grande a

oportunidade de conseguir um emprego em que realmente sentia-me

reconhecida, e tinha uma remuneração pelas minhas actividades, isto porque,

na agricultura trabalhava muito mas a remuneração era mínima. Trabalho

num Centro Social e estou integrada na carreira “ Auxiliar de Serviços

Gerais”, onde existem várias actividades, tais como: limpeza, cozinheira,

motorista, tecelagem e outro tipo de artesanato. Participo também em várias

actividades culturais e sociais organizadas no centro. Muitas das vezes, tomo

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a iniciativa para a elaboração de várias actividades relacionadas com a

elaboração de vários eventos, como o Natal, Carnaval, Páscoa, encerramento

do ano lectivo, entre outros. Ao fim do dia senti-mo feliz por ter alcançado o

meu objectivo, que é dar um pouco de felicidade aos meus queridos idosos.

(Ilustra com várias fotos de várias actividades com os idosos no centro

social.) Tive a oportunidade de frequentar um curso de informática, com o

qual aprendi a iniciação às novas tecnologias. Também desenvolvi as minhas

habilidades artesanais, tendo participado em alguns cursos: “Arraiolos”,

“Bordado Madeira” e “Tecelagem” (coloca certificados comprovativos em

anexos).

Ao longo destes anos fui tendo também algumas sessões de formação

relacionadas com os cuidados de saúde, higiene, alimentação, primeiros

socorros, medidas de protecção individual e civil, prevenção de acidentes,

educação para a cidadania, expressão físico-motora, entre muitas outras.

Nestas sessões tenho sempre aprendido os vários cuidados que devemos ter ao

nível da saúde, da alimentação, da higiene, os primeiros socorros a alguém

que tenha um acidente, enfim, aprendemos sempre algo útil nas acções de

formação. Actualmente no serviço de desempenho apesar de inicialmente

encontrar alguns obstáculos, sobretudo relacionados com o facto de enfrentar

novos desafios, quer ao nível de falar com pessoas que nunca tinha falado,

enfim, vários constrangimentos que consegui contornar, pois sou uma mulher

que não me deixo ir abaixo.

PRA/4

Na minha adolescência dediquei-me às aprendizagens de origem diversa,

associadas à vida doméstica. Aos meus 18 anos casei-me, e após o casamento

fui viver para a Venezuela. Fomos de barco durante 1 semana, foi a nossa lua-

de-mel. Aos 21 anos para além de me ocupar da casa a tempo inteiro, fui mãe

pela primeira vez, e aos 27 tive o meu segundo filho após o regresso a

Portugal. Aos 22 anos frequentei um curso de cerâmica, no qual aprendia a

produzir peças lucrativas e cerâmica. Estas eram inicialmente esculpidas com

moldes, pintadas e de seguida iam a um forno próprio. Nessa altura tive

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necessidade de dar resposta aos desafios da modernidade. (Ilustra discurso

com imagem de fabrico de imagem de cerâmica). Em 1988 tive o meu 1º

carro, foi oferecido pelo meu pai e era um “Carocha”. Foi nele que comecei a

praticar a minha condução, pois apesar de ter carta tinha pouca experiência.

(Ilustra discurso com foto do seu “Carocha”). No decorrer dos anos, fui

participando em diversas actividades de contexto formativo. Aos 35 anos

frequentei o curso de arranjos florais, o qual tive o 1º momento para flores

naturais um 2º para flores artificiais. Aos 36 anos frequentei um curso de

culinária. Estes cursos realizaram-se na casa do povo. Aos 35 anos também

iniciei as actividades na minha paróquia, frequentei o grupo coral, onde

adquiri algumas noções de canto e iniciei a minha actividade como catequista,

sendo que actualmente sou a coordenadora da catequese na paróquia. Em

2001 iniciei a minha actual actividade profissional, Assistente Operacional,

numa escola básica do 1º ciclo com pré-escolar, com então 41 anos de idade.

Trabalho na confecção de refeições, desde que comecei a trabalhar a minha

vida mudou muito. Deixei de ter a disponibilidade que tinha para a minha

família, para mim própria, passando a ter outro tipo de responsabilidades.

Entretanto mudei a prestação de serviços no meu trabalho aos 51 anos. No

meu trabalho procuro cumprir todas as minhas obrigações, ser assídua,

pontual, organizada e asseada. Tento manter uma atitude assertiva junto das

minhas colegas, de modo a manter um bom ambiente de trabalho. Procuro-me

manter afastada dos conflitos e considero que não é benéfico esse tipo de

atitudes num clima profissional. Assim cumpro os meus deveres de

trabalhador, e espero também que os meus direitos sejam cumpridos, contudo

sempre que tenho algumas dúvidas, peço opinião a alguns membros do

sindicato, apesar de não ser sindicalizada. (Ilustra discurso com a citação de

um conjunto de direitos e de deveres inseridos no contexto profissional). No

meu desenvolvimento profissional tenho também tentado várias acções de

formação, nomeadamente: “Melhorar Relacionamentos”; “Enquadramento

Formal da Carreira”; “Desenvolvimento Pessoal e Social”; “Higiene

Alimentar”; “Primeiros Socorros”; e a minha última formação concluída no

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presente ano, foi um curso de informática. Este este curso incluio vários

módulos, entre eles: introdução à informática, Microsoft Word, Excel, Power

Point, Internet Explorer. (Ilustra o discurso com apresentação em anexos com

fotocópias dos Certificados das várias Acções de Formação frequentadas.)

PRA/5

Iniciei a minha actividade profissional como empregada doméstica durante

um ano, e tive que sair porque sofri um acidente numa das mãos. Foi uma das

piores experiências trabalhar como empregada doméstica, porque tudo

depende de nós, com uma responsabilidade muito grande, e não é a nossa casa

na qual senão fizermos hoje, amanhã será outro dia. Saí pelo motivo de me ter

magoado, mas entre tanto consegui uns meses depois, um trabalho numa

residencial. Éramos duas funcionárias, fazíamos um pouco de tudo, recepção,

limpeza, jardinagem (…). Nesse período tirei carta de condução, trabalhei

quase dois anos, mas entretanto mudaram de gerência e eu fui para o

desemprego. Mais tarde recebi uma proposta de trabalho na Casa do Povo,

onde exercia a função de empregada de limpeza, e onde organizada a

documentação para a contabilidade. Trabalhei durante três anos, mas o meu

contrato acabou e não podiam renovar por motivo da conjuntura financeira, e

claro, tive que sair. Uns meses depois consegui novamente trabalho numa

casa de chá, onde trabalhei como empregada de balcão, mas por um período

de apenas quatro meses. Gostava muito desta actividade profissional, mas

entretanto recebi uma proposta com melhores condições financeiras para

trabalhar numa padaria/pastelaria, onde trabalhei cinco anos como empregada

de balcão. A experiência de trabalhar com clientes é boa, mas também

complicada, muitas vezes temos que ouvir e calar, e para quem depende do

trabalho é muito complicado…temos que deixar passar tudo, e tudo passa

pela nossa frente. Em Setembro de 2008 concorri para a Santa Casa de

Misericórdia como funcionária de acção directa ao domicílio e soube que

tinha sido colocada em Outubro, apesar de só dar início a 9 de Março de

2009. Gosto muito do trabalho, os idosos trata-nos com um carinho especial,

pois muitos não têm família, e outros estão carentes (…). Por isso sentem um

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carinho especial por quem lhes dá ajuda, confiança, compreensão, apoio e

acima de tudo atenção.

PRA/6

Ainda durante o meu tempo de escola, durante as férias trabalhava na

farmácia, foi por pouco tempo e apercebi-me rapidamente que nunca segui o

que gostaria de fazer na minha vida, era só para ganhar algum dinheiro que

me servia de ajuda, e alguma experiência que me ficava. Pelo menos aprendi

a ter a noção do que gostava de trabalhar para conseguir o que queremos. O

meu percurso profissional divide-se em 2 etapas, a primeira como emigrante

na Venezuela, e a segunda na Madeira. Como parece-me lógico irei falar

primeiro da Venezuela. Emigrei para lá no dia 7 de Março de 1979, tinha eu

16 anos, radiquei-me em Caracas, e comecei logo a trabalhar no dia 15 do

mesmo mês, não foi nada fácil como se pode calcular com aquela idade, longe

da minha terra, da minha família, outra língua, apesar de ser muito parecida

com a nossa, é diferente (…).Outras pessoas, outros costumes, sentia uma

vontade de chorar, e só pensava em voltar, contava com o apoio do meu tio, e

com o passar do tempo consegui superar aquelas crises de

saudade…Trabalhei na Venezuela 11 anos, mas todos os dias pensava na

minha terra, que visitei por 2 ocasiões, em 1984 e em 1987, e continuava

ansioso que chegasse a hora de voltar definitivamente. Trabalhei durante os

primeiros 2 anos no supermercado, “Altamira” que pertencia a uma sociedade

formada por 2 sócios, um era madeirense natural de Câmara de Lobos e outro

era espanhol, natural de Ponte Vedra, Galiza. Eu tinha como trabalho, arrumar

as prateleiras da parte dos produtos da mercearia, para que estivesse sempre

bem apresentado os produtos para o dia seguinte, confesso que não gostava

muito, mas tinha que me sujeitar, pois entretanto estava a aprender a conhecer

as mercadorias, as lógicas de arrumação e o falar castelhano. Passados os 2

primeiros anos, transferira-me para outro supermercado de maiores dimensões

que pertencia a outra sociedade, no qual ficava situado o armazém principal

que abastecia os 2 supermercados. Nos primeiros tempos continuei a exercer

os mesmos tipos de trabalho e passado tempo, fui encarregado no armazém,

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excepto quando alguém estava de férias, fazia alguns dias na charcutaria ou

numa das caixas. Exercia estas funções até Junho de 1987, de segunda a

sábado, das 7h30 às 19h30, com apenas 1 hora para almoço. Ao domingo

estava aberto apenas na parte da manhã, e então o horário era alternado,

trabalhava num domingo e descansava noutro. Era duro para um jovem, mas

consegui ter suficiente resistência e espírito de sacrifício para suportar todos

estes desafios. (Ilustra discurso com foto da Venezuela). Entretanto recebi

uma proposta para ser independente, e como tal saí do trabalho que exerci

durante estes anos, e vim 2 meses de férias para a Madeira, já com o objectivo

de voltar para o meu novo negócio. Regressei à Venezuela e fui radicar-me na

cidade de Maracay, que fica a 150 Km de Caracas era sócio num negócio de

venda de bebidas, organização e aluguer de material para as festas, só estive

lá 6 meses, a vida não me corria bem, o calor era intenso, a loja ficava situada

à entrada de um bairro de lata, passava por situações horríveis, e tinha a

certeza que aquela não era vida para mim, então decidi voltar novamente para

Caracas. Fui trabalhar novamente com o meu tio que entretanto já tinha o seu

próprio supermercado, a situação económica na Venezuela ia cada vez mais

deteriorando, e eu sentindo cada vez mais dificuldades em viver, até que em

10 de Maio de 1990, com a minha esposa grávida de 6 meses e meio voltei

finalmente para a minha terra, de onde não saí mais trabalhar. Tive que tomar

a decisão na hora certa, pois a família ia começar a crescer, e não me

arrependo de ter voltado, se fosse mais cedo só teria ganho, mas como se não

pode voltar atrás, o que está feito, está feito. Como por ironia do destino,

comecei a trabalhar num hotel, onde ainda estou desde 15 de Março de 1991.

(Ilustra discurso com foto do hotel na Madeira). Durante o 1º ano fui

empregado do economato, gostava imenso do meu trabalho, sentia-me como

um “peixinho na água”, eu que estivera tantos anos responsável para um

armazém já com alguma dimensão, agora com aquele armazém tão pequeno

apesar de ser diferente (era uma brincadeira…) Passado um ano, fui

promovido a chefe do economato, função que exerci sempre com muito

empenho, tinha muitas ideias na cabeça que comecei por pôr em prática,

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desde revolucionar a arrumação do stock, de maneira a que fosse mais fácil a

logística, redução de stocks, elaboração de listas de compras, etiquetas com

nome do fornecedor, data de entrada, identificação do produto, peso e etc…A

recepção de mercadorias começou a ser mais cuidada com pedido de compra

para controlar produto, quantidade, preço e qualidade do produto,

procedimentos que hoje são banais mas que nessa altura quase ninguém

aplicava. Estive em formação contínua, aproveitava tudo o que estava ao meu

alcance, desde que estivesse cá para aprender, lá estava eu. Estive presente no

“1º Seminário sobre Higiene dos Alimentos”, realizado no Funchal no dia 3

de Julho de 1982 pelo Conselho Nacional de Alimentação e Nutrição em

colaboração com a Secretária Regional dos Assuntos Sociais e Secretaria

Regional da Economia. Foram abordados aspectos técnicos e legais e

temáticas relacionadas com a higiene na produção, transportes, transformação

e comercialização dos alimentos. Frequentei a curso de iniciação de

informática, organizado pelo Grupo Recreativo de Cruzado Canicence com os

seguintes módulos: Higiene e Segurança no Trabalho, Introdução à

Informática, Sistema Operativo MS-DOS, MS Word 2.0, MS Excel 4.0, D

Base IV. No mês de Outubro de 1996 fui eleito o MELHOR EMPREGADO

DO TRIMESTRE. Frequentei no CITMA uma Acção de Formação, intitulada

INTRODUÇÂO À INFORMÀTICA de 3/12/1997 a 19/12/1997 com duração

de 28 Horas. Frequentei a acção de formação: RELAÇÕES HUMANAS E

ALEMÃO com a duração de 135 horas promovida pelo Sindicato de

Hotelaria, Turismo e Similares da Região. Fiz o curso de SISTEMA

OPERATIVO WINDOWS ME módulo 1 e 2, realizado pela Serform, cujos

custos foram suportados por mim na totalidade. Frequentei a Formação de

APERFEIÇOAMENTO EM ATENDIMENTO AO CLIENTE E

COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL de 13/05/2002 a 22/05/2002, com a

duração de 35 horas que nos foi dada pelo Celff. Frequentei uma acção de

formação de iniciação à língua inglesa, entre Fevereiro e Maio de 2004, com a

duração de 30 horas, especialmente direcionada para os Encarregados de

Educação, que eu nessa qualidade tive muito gosto em participar e em

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aprender. Estive presente em várias acções de apresentação de novos

produtos, provas de vinho…nomeadamente, numa efectuada a 30/01/2005

pelas adegas Alentejanas CARMIM. Frequentei de 11/04/2007 a 13/04/2007

com a duração de 21 horas, o curso de Formação Profissional: GESTÃO DE

ARMAZÉNS E STOCKS, promovido pela ACIF, o qual para mim foi de

grande utilidade. Participei no Seminário QUALIDADE E SEGURANÇA

ALIMENTAR NA RESTAURAÇÃO, que decorreu no Museu Casa da Luz

no dia 29/05/2007 com informações actuais de grande utilidade. Mais

recentemente efectuei o exame KEY ENGLISH TEST da University of

Cambridge no qual consegui passar. Aprendi muito com os meus chefes,

colegas, fornecedores, clientes, com os erros que cometi e com algumas

acções de formação que frequentei, que anexarei à minha história de vida.

Mais tarde em 1999, fui promovido a encarregado de compras, cargo que com

orgulho ainda ocupo e exerço com a maior humildade, honestidade, e lealdade

possível, dá imensas dores de cabeça, mas é com muito carinho, alegria e

prazer que levanto-me de manhã para ir trabalhar, porque gosto imenso

daquilo que faço, continuarei a aprender ao meu ritmo e dentro das minhas

capacidades, para acompanhar a evolução, principalmente as novas

tecnologias. Rejeito o pensamento de me sentir ultrapassado e obsoleto na

sociedade. Acompanhei e colaborei nos trabalhos a desenvolver na

certificação ambiental do Hotel, um dos hotéis do nosso grupo, foi um

trabalho bastante gratificante, com o qual aprendi muitíssimo. Por fim, muito

sinceramente gostaria de dizer, quero continuar a aprender e digo que não

passa nenhum dia em que eu não aprenda alguma coisa de novo e não vá para

casa consciente que dei o meu melhor, é desta forma o meu lema para viver

em equilíbrio na sociedade.

PRA/7

A minha primeira experiência de trabalho foi em 1988, aos 14 anos, e não foi

muito boa, porque os patrões não respeitavam os trabalhadores, chegando

mesmo a bater-nos. Nessa altura era muito novo e trabalhei numa oficina de

automóveis a servir os mecânicos. Fazia a limpeza da oficina, lixava, lavava e

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aspirava carros. O meu maior motivo de satisfação é que era os meus

primeiros “trocos”, e ainda hoje guardo e conservo algumas aprendizagens

que fiz, por exemplo, o cuidado de lavar e aspirar o meu carro. Em 1990 fui

para Londres, com um dos meus irmãos, que me arranjou trabalho num

restaurante chamado Sambúca. Ai comecei a trabalhar, como cozinheiro,

fazia algumas refeições, tais como, esparguete à bolonhesa, borrego e

macarronada. Também fazia algumas saladas e alguns doces. Foi

principalmente ai que comecei a pôr em prática tudo aquilo que a minha

madrinha ensinou-me, cozinhar, limpar e engomar…. (Ilustra discurso com

foto dos pratos típicos). Sentia-me feliz por estar naquele restaurante, e

gostava muito da Inglaterra, mas esta felicidade durou pouco, cerca de 1 ano.

Começou a agravar-se o meu estado de saúde, talvez devido à mudança do

clima, pelo que tive de regressar à Madeira, para a casa dos meus padrinhos e

fazer tratamentos. Trouxe da Inglaterra algum dinheiro que poupei com muito

esforço. Quando comecei a melhorar por volta de 1992, tornei-me ajudante de

carpinteiro, onde também estive pouco tempo. As minhas funções eram lixar

madeiras e envernizar. Um dos meus maiores motivos de satisfação era que

eu gostava daquilo que fazia, e dava-me bem com os colegas e patrões. O que

não era agradável era o cheiro do verniz e do pó. Entretanto já namorava com

um rapariga que já conhecia desde a escola primária e com quem queria

casar…Também nessa altura a escola básica e secundária da minha localidade

estava em construção, para a qual eu concorri para desempenhar a função de

jardineiro. Entretanto fiquei admitido, fiquei tão feliz por ter conseguido tal

trabalho, e ainda mais porque morava perto, aproximadamente 4.1 Km. Assim

que recebi os primeiros vencimentos, aproveitei para tirar a carta de

condução, e em seguida comprei um carro para me deslocar no dia-a-dia.

(Ilustra discurso com foto dos alunos na escola, a comemorar o dia mundial

da árvore). Novamente o meu problema de saúde voltou a manifestar-se, e

tive de deixar as funções de jardineiro pois não podia fazer muitos

esforços…No dia 1 de Janeiro de 2003, passei a assumir as funções de

auxiliar de apoio e comecei a fazer um pouco de tudo, desde vigilância no

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portão, limpeza de salas, e serviço de bar. Os meus maiores motivos de

satisfação eram os elogios que alguns professores e alunos me davam a

propósito das tarefas que desempenhava. No dia 1 de Janeiro de 2007, passei

para auxiliar da acção educativa, nível um. Neste momento exerço funções de

assistente operacional. Parece tarefa simples, mas exige uma dose de

responsabilidade. Costumo zelar pelos vinte e quatro computadores, e seguir

todas as regras de segurança na realização das minhas actividades. Antes de

sair da escola, tenho que fechar todas as portas, verificar as janelas e todo o

sistema de segurança, desde desligar os quadros eléctricos, ligar o alarme, e

por fim fechar o portão da escola a cadeado.

No CNO tenho tido oportunidade de mostrar tudo aquilo que aprendi

em criança, tentando encorajar principalmente os mais novos estudantes para

que eles não desistam de estudar, e de lutar pelos seus sonhos, por mais

difíceis que lhes pareçam. Alguns professores foram para mim grandes

amigos, nos momentos mais precisos da minha vida, por vezes dedicamos

alguns momentos para realizarmos jantares ou pequenos convívios entre

professores, funcionários e alunos, sobretudo ao nível do Ensino Recorrente

Nocturno, visto que já trabalho no período nocturno há oito anos. Para o meu

desenvolvimento profissional frequentei várias acções de formação. A

primeira foi intitulada: “Relações Interpessoais” que decorreu em março de

1998. A partir desta acção tentei compreender mais as outras pessoas, visto

que uma escola só funciona se os vários elementos trabalharem como um

grupo unido. A segunda acção de formação foi também ainda em Março de

1998, e foi relacionada ainda com os “Primeiros Socorros”. Com esta

formação aprendi a ajudar as pessoas que se encontravam em situações de

aflição. Em Maio do mesmo ano participei no segundo módulo da acção de

formação: “Relações Interpessoais”. Em Abril de 2000, participei na acção de

formação: “Segurança e Saúde no Trabalho”. Aprendi que devemos

desempenhar as tarefas com calma e reflectir sobre o que estamos a

desempenhar. Posso dizer que ponho em prática o que aprendi em tudo o que

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faço, visto que são factores determinantes no meu desempenho pessoal. Em

Outubro do mesmo ano, participei na Acção de Formação: “Meios

Audiovisuais”, pela Direcção Regional de Administração e Pessoal, no

Funchal. Visto que trabalho numa escola, esta formação é sempre útil para

poder ajudar quando for preciso, e até mesmo no nosso dia-a-dia, sempre que

utilizamos algum aparelho. Em Maio de 2001, participei numa Acção de

Formação: “Equipamentos Audiovisuais” pela Direcção Regional de

Administração e Pessoal, no Funchal. Por último, em Dezembro de 2001,

participei na Acção de Formação: “Meios Audiovisuais – Iniciação à

Informática” que decorreu novamente na Direcção Regional de

Administração e Pessoal, no Funchal. Actualmente coloco em prática estas

aprendizagens no bar da escola, visto que trabalho no computador e também

aplico-as em casa para o processo RVCC, na elaboração da minha história de

vida. (Ilustra discurso com a discrição em pormenor das Acções de Formação

frequentadas ao longo do seu percurso profissional, bem como a capa do

portefólio com a apresentação de um acróstico que consta com o seu nome e

com as várias profissões exercidas ao longo do percurso profissional, e ainda

com o seu apelido: sonho tornado numa “simples realidade”).

PRA/8

Depois de ter saído da Escola Primária, fiquei em casa a trabalhar, ajudando

os meus pais na “fazenda” e a cuidar dos animais (vacas, porcos, galinhas,

coelhos, cabras, pombas…). (Ilustra discurso com fotos dos animais). O meu

verdadeiro percurso profissional começou exactamente aos 18 anos, quando

fui para o estrangeiro, mais precisamente para uma ilha chamada Guernsey.

Aprendi com os meus amigos alguns conhecimentos da língua inglesa,

diverti-me imenso, foi uma aventura maravilhosa e inesquecível. Na ilha de

Guernsey também aprendi a conhecer o que era uma montanha russa, ir a uma

discoteca, aprendi a nadar, a conduzir automóvel e mota. Nesse período da

minha estadia também tive oportunidade de ver a Rainha da Inglaterra,

juntamente com os seus familiares, desfilando ao vivo pelas cidades. Também

nesta ilha tive o privilégio de andar de avioneta, fui de Guernsey até Jersey. O

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povo inglês é amável e fácil de criar laços de amizade. Durante o tempo que

estive no estrangeiro, no final de cada contrato, obrigatoriamente tinha que

sair da ilha durante 3 meses. Nesses períodos de tempo, aproveitava para

fazer várias formações e trabalhar, nomeadamente em 1996 trabalhei 1 mês

num bar, servia ao balcão e às mesas. (Ilustra discurso com 7 fotos no

estrangeiro, e 1 com a sua carta de condução). Em 2004 tirei o curso de

iniciação à informática. (Ilustra discurso com a descrição das aprendizagens

feitas no curso, e o certificado de aproveitamento.) Em 2008, concluí com

aproveitamento o módulo de “ Consolidação da Acção S@ber + Literacia

Tecnologia”. (Ilustra discurso com a descrição das aprendizagens feitas no

curso, e o certificado de aproveitamento).

Em 2009 tirei o “Curso de Formação e Iniciação de Inglês” (Ilustra

discurso com a descrição das aprendizagens feitas no curso, e o certificado de

aproveitamento). Em 2009 participei na Acção de Sensibilização “Higiene

Oral”. (Ilustra discurso com a descrição das aprendizagens feitas no curso, e o

certificado de aproveitamento).Também participei na Acção de Sensibilização

subordinada ao tema: “Prevenção de Acidentes e Promoção de Segurança

Infantil.” (Ilustra discurso com a descrição das aprendizagens feitas no curso,

e o certificado de aproveitamento). Participei ainda nas Acções de Formação:

“Alterações Climáticas e Qualidade do Ar”. (Ilustra discurso com a descrição

das aprendizagens feitas no curso, e os certificados de aproveitamento). Em

2008 trabalhei numa oficina a lavar os carros. Aprendi a fazer a limpeza em

geral em todos os tipos de carro, e a funcionar com as máquinas. Actualmente

exerço a actividade profissional de empregada doméstica e Jardineira.

Trabalho com vários tipos de máquinas: máquinas de limpeza, de lavar e

secar roupa, lavar loiçam aspiradores centrais…Também faço a limpeza de

filtros da piscina, e da piscina em geral. (Ilustra discurso com 4 fotos das

actividades profissionais desenvolvidas).

PRA/9 Costumava ajudar a minha mãe e a minha avó na agricultura. Recordo a

apanha das uvas feita em Setembro e em Outubro fazíamos várias plantações,

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desde batata-doce e as “semilhas”. (Ilustra discurso com as várias fases das

tarefas agrícolas, bem como 4 fotos com os frutos típicos da sua freguesia.

Mais tarde tive que começar a cuidar do meu tio que ficou tetraplégico,

devido a um acidente de carro. Tenho de ter vários cuidados com ele, desde

dar-lhe comida, porque não consegue equilibrar-se, prestar os cuidados

básicos de higiene etc…Ao fim de semana tenho a ajuda do meu

companheiro, e durante a semana tenho a ajuda de uma ajudante domiciliária.

Quando saímos de casa encontramos várias barreiras, nos mais variados

espaços comerciais e públicos, não há muitas vezes acesso para as pessoas

com deficiência. (Ilustra discurso com foto de um espaço público com

degraus e cita informação relacionada com a tetraplegia ou quadraplegia,

desde o seu tratamento e evolução, os cuidados para evitar lesão na medula

espinal…). Estou inscrita no Centro de Emprego. Gostaria de arranjar

trabalho numa área que permitisse trabalhar com crianças ou idosos. Se

conseguisse um trabalho, iria pedir mais apoio na segurança social para que

colocassem mais alguma ajuda domiciliária ao meu tio. Assim também estaria

preparada no futuro para o mundo do trabalho. Entretanto uso os diversos

meios de tecnologias. Frequentei o curso de informática, aprendi com os meus

professores e algumas coisas sozinha, sobretudo para poder trabalhar no meu

computador. Tenho internet há dois anos, e visito os sites: Facebook,

Messenger, Youtube etc…

PRA/10

Ajudei sempre a minha família nas actividades domésticas, sobretudo a minha

mãe a cuidar dos meus irmãos. Aos 16 anos frequentei um curso de cozinha,

através da Associação Barmen da Madeira. Desde pequena tinha um fascínio

pela cozinha e muito envolvia-me no trabalho. Talvez por ter crescido a ver

os meus avós a cozinharem, e também porque adorava os seus cozinhados.

Segundo a minha avó, só pode ser um bom cozinheiro, quem é um apreciador

da verdadeira culinária, é preciso uma paixão natural. Durante o tempo de

espera de selecção para o curso, trabalhei numa caixa num supermercado da

cadeira Pingo Doce. Gostei do que fiz e ganhei dinheiro, o que me fez sentir

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útil. Adaptei-me bem, e tive uma boa supervisora, que muito ensinou,

juntamente com as colegas que lá estavam. Passados 3 meses, sai e fui para o

curso de cozinha, tive aulas teóricas e práticas, sendo que nestas últimas

aprendi a função do cozinheiro, a preparação e confecção dos pratos,

organização e limpeza da cozinha e as despensas, e a origem da culinária

portuguesa com a derivação da cozinha francesa. (Ilustra discurso com foto

do curso de culinária). Entretanto, aos 17 anos fiquei grávida, e não pude

continuar no curso. Houve um estágio que coincidiu com a fase final da

gravidez, e foi uma fase muito exaustiva. Sai com a ideia de um dia voltar,

mas tal não aconteceu, pois tive de tomar a decisão de cuidar da minha filha.

Um dia uma amiga falou-me de um emprego que seria ideal para mim, cuidar

de idosos, e pessoas deficientes através da segurança social. Fiz logo a minha

inscrição, fui seleccionada para uma entrevista, e entretanto dei entrada ao

serviço. Fiz um curso de primeiros socorros para ajudante domiciliária. Fiz

também um curso de geriatria – cuidados e apoios à 3ª idade, cuidados

relacionados com a Higiene, Saúde e Segurança, bem como algumas doenças

mais comuns, associadas aos idosos. Estas formações decorreram durante um

mês e foram muito importantes e úteis, dado que aprendi a socorrer alguém, e

os cuidados a ter com os doentes. Eu trabalhei neste serviço apenas 3 meses, a

substituir uma colega que estava de baixa. No desempenho das minhas

funções, desempenhava tarefas tais como: dar banho e toda a restante higiene

pessoal, cortar unhas e desfazer a barba. Podia também fazer a limpeza da

respectiva casa, consoante a agenda de tarefas que estivesse estipulada pela

minha chefe. Durante a minha experiência profissional tive contactos com

diversos tipos de deferências: deficientes motores e mentais. O Estado

desempenha um papel fundamental no apoio aos idosos, através das suas

políticas, no apoio da Segurança Social às instituições. Eu, actualmente cuido

de uma bebé que é minha sobrinha, alimento-a e trato da sua higiene, na

minha casa ela brinca e dorme, até que os pais venham buscá-la. Também

estou inscrita no Instituto de Emprego, por minha iniciativa, através desse

serviço, poderei ter mais oportunidades de emprego. As minhas técnicas de

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procura activa de emprego, são essencialmente através do Diário de Notícias

da Madeira. Nos contactos directos em alguns sítios onde vou aos recursos

humanos, deixo a minha inscrição e o meu currículo, neste momento inscrevi-

me no Centro de Novas Oportunidades, acima de tudo aumentar as minhas

habilitações literárias, e em 2º lugar e não menos importante, a possibilidade

de aceder a certas profissões ou cursos que exigem o 9º ano de escolaridade.

PRA/11

No meu tempo de adolescente trabalhava-se muito a terra, eram bem poucos

os terrenos que estivessem abandonados. Tive que ir muitas vezes à serra com

o meu pai e a minha avó apanhar e trazer molhos de erva para o gado. No

início trazíamos às costas, mas depois o meu pai comprou uma carreta de

vacas, o que foi bom, pois sofríamos muito fazer grandes percursos com os

molhes às costas. Nessa altura não havia tractores, e as estradas não eram tão

boas como agora, ou eram estradas de terra ou de calçada, era tudo mais

difícil…Na minha adolescência não me diverti muito, pois sempre tive que

ajudar os meus pais, e o tempo para brincar foi pouco. Também desde nova

ajudava os meus pais na mercearia, e aos 18 anos, quando o meu pai adoeceu,

fiquei com a responsabilidade de trabalhar na mercearia. Como sempre fui a

própria patroa, nunca tive necessidade de filiação num sindicato, no entanto

sei que são importantes para a defesa dos direitos dos trabalhadores. As

pessoas se estiverem reunidas em sindicatos, conseguem lutar melhor pelos

seus direitos, do que sós. Como atendo consumidores na minha mercearia, e

como eu própria sou consumidora, tenho sempre presente os direitos e

deveres (cita direitos e deveres dos consumidores).

PRA/12

Desde muito nova que trabalhava com os meus pais nos terrenos, não havia

momentos de “folga” ia aprender a costurar com uma senhora vizinha, que

dava aulas de costura. Também aprendi a fazer croché e tricô, uma fazia

toalhas e camisolas para ganhar dinheiro. Também trabalhei durante um ano

como empregada doméstica na casa de uma professora. Lá tinha que fazer o

trabalho doméstico e ainda cuidar de duas crianças, uma com 3 anos, e uma

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com um ano. Tudo isto, eu tinha apenas 16 anos. Aos 17 anos surgiu-me a

oportunidade para trabalhar num restaurante, com a função de cozinheira.

Entretanto fui trabalhar para um restaurante snack-bar. No restaurante

fazíamos bastantes refeições por dia, almoços e jantares, e trabalhava só com

o meu marido, não podíamos dar-nos ao luxo de colocar empregados.

Actualmente continuamos os 2 na restauração e como trabalhamos por conta

própria, não precisámos de sindicato. Em 2002, tirei um curso de informática,

“Internet e Novas Tecnologias”, e fiz aquisição de um computador portátil

(Descreve as aquisições feitas no curso, bem como as vantagens do uso das

nova tecnologias).

PRA/13

No dia que fiz 15 anos, comecei a trabalhar numa empresa de equipamentos

de precisão. O meu trabalho era fabricar componentes electrónicos que depois

eram exportados para a Inglaterra. Trabalhei lá durante 9 anos. Nas horas de

almoço, aproveitava o tempo para aprender a bordar, fazer croché, tricô e

ponto cruz. A fábrica esteve aberta enquanto a mão-de-obra aqui na Madeira

era das mais baratas. Pouco depois de sair de lá, foi encerrada e levada para a

China. (Ilustra discurso com a carta de recomendação da empresa em que

trabalhou. Estive durante 1 ano e meio desempregada. Ocupava o meu tempo

a bordar telas. (Ilustra discurso com fotos de quadros bordados em tela).

Em 1984 comecei a trabalhar numa escola como auxiliar da acção educativa.

Em 1989, após um concurso, fiquei como auxiliar técnica, e passei a trabalhar

na reprografia, onde até hoje mantenho esse tipo de funções. Em 1986,

participei em 2 cursos de arranjos florais: nome de flores no geral, e outro de

arranjos secos e artificiais. Ainda no mesmo ano, tirei carta de condução de

veículos ligeiros. Mais recentemente comecei a aprender técnicas de pintura e

bricolagem. (Ilustra discurso com 2 fotos de anjos pintados por si). Em 2008

foi formado o coro da levada, e desde essa altura que participo nos ensaios e

actuações). Frequentei também a acção de formação a 28 de fevereiro de

2004, intitulada “Como Agir numa Situação de Emergência”. Esta formação

serviu para aprender como nós devemos dar apoio em situações de

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emergência.

PRA/14

Iniciei-me no mundo do trabalho aos 15 anos, pois a escola não me agrava

muito, e necessitava de trabalhar para ajudar em casa, pois a família já tinha

aumentado. O meu primeiro emprego ficava no centro da cidade do Funchal,

numa barraca, venda de frutas e verduras. Tinha que pesar os produtos e fazer

os cálculos mentalmente, tento em conta o peso. A seguir ao trabalho ia a casa

depressa, preparava para ir aos treinos. Às segundas, quartas e sextas-feiras,

das 19h às 20h no Clube Futebol União, para poder jogar aos domingos nos

campeonatos. (Ilustra discurso com foto da equipa CF União). Aos 16 anos

mudei de emprego, e fui trabalhar para uma empresa de alumínios, como

aprendiz. Trabalhava de 2ª a 6ª feira, e folgava ao Sábado e ao Domingo.

Estive lá a trabalhar cerca de um ano e meio. Aos 18 anos fui trabalhar para a

Renault, como pintor de automóveis. Tive de deixar o serviço para cumprir

tropa, sendo este um dever, enquanto cidadão português. Após cumprir a

tropa, voltei novamente para a Renault por mais 2 anos. Entretanto mudei de

trabalho e fui electricista. As minhas funções eram fazer iluminações em

arraiais, e outros eventos, desde festas de casamentos e baptizados. Entretanto

consegui emprego numa rede de supermercados da rede como condutor. A

empresa entrou em falência e entretanto fui para uma loja de tintas, estive lá 3

anos. Entretanto tirei carta de pesados, e concorri para os horários do Funchal.

Comecei a trabalhar para a empresa em Setembro de 2000. Tenho de vender

bilhetes, e por isso tenho que fazer muitos cálculos e fazer os diversos

percursos de viagem. O autocarro atinge 100% nas horas de pontas, e no resto

das viagens pode atingir mais ou menos 50%. (Ilustra com fotocópia dos

certificados e a carta de condução dos pesados). Aos 36 anos continuo a

trabalhar na mesma empresa e espero lá continuar. Espero concluir os meus

estudos para poder mais tarde usufruir deles e ser um excelente profissional.

PRA/15

O meu primeiro trabalho que tive foi entregar garrafas de gás aos domicílios,

durante cerca de 1 ano. Íamos de carro, de casa em casa, distribuir as botijas

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de gás. Nas veredas, locais em que a viatura não podia circular, nós (os meus

colegas de trabalho e eu) transportávamos as botijas às costas, era duro…A

cobrança das botijas eram feitas pelo condutor da viatura, porque este era o

responsável pelo dinheiro das vendas, a restante equipa eram os

distribuidores. Em seguida trabalhei durante três anos na agricultura, cavava a

terra, carregava as bananas, fazia as vindimas e tratava dos diversos terrenos.

Na fase dos 16 aos 18 anos trabalhei na construção civil, sempre com o

mesmo patrão, onde carregava os materiais de construção civil, ajudava os

mestres na construção de casas e apartamentos. A maior dificuldade que tive

foi na construção civil foi que encontrei um trabalho muito pesado, dado que

nessa época não tínhamos máquinas de apoio ao trabalho. Em relação aos

colegas de trabalho e às chefias o nosso entendimento era positivo.

Socialmente relacionava-me bem com o grupo de amigos e convivíamos

sobretudo ao fim de semana dado que não tinha qualquer actividade

desportiva ou cultural. A partir do exercício de funções na construção civil e

desde os meus 18 anos até a presente data exerço a função de Condutor

Manobrador. Comecei por trabalhar dos 18 anos numa pequena empresa,

como Condutor Manobrador mas que estava em risco de abrir falência, o que

me motivou a mudar de empresa. A partir dos 19 anos até a actualidade, estou

a exercer funções na mesma empresa, dado que esta me dá satisfação

profissional e oferece-me estabilidade (…).Aos 21 anos também cumpri o

Serviço Militar no RG3 (Regimento de Guarnição nº3) durante 6 meses. Esta

experiência, que na época era obrigatória, ensinou-me a ser mais responsável,

disciplinado e a ter sentimentos de camaradagem. Algumas catividades que lá

efectuei foram relacionadas com exercícios diversos de aptidão física,

formação para o uso de armas, montar e desmontar as armas, exercícios

militares na serra, onde por vezes fiz disparos e, no final o Juramento de

Bandeira. Aos 30 anos frequentei a Acção de Formação intitulada: “Condutor

Manobrador- Movimentação de terras”, sendo que esta formação foi muito

útil para o meu trabalho. A Entidade Formadora foi: Destinos Práticos”, e a

duração foi de 20 horas. Aprendi essencialmente as normas de Segurança no

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Trabalho, tais como: sinalizar a estrada em caso de obras, cuidados básicos a

ter com as máquinas junto das pessoas, manter a limpeza do equipamento e

fazer o Registo Diário e ainda dar assistência em caso de eventuais avarias.

Diariamente executo várias funções, tais como: partir pedra, cavar terra,

carregar, carregar terra, dar\apoio nas obras, limpar as ribeiras….Iniciei esta

experiência numa situação de substituição de um colega que faltou ao

trabalho. Depois com agrado do patrão tive o convite e acabei por exercer a

profissão de manobrador de máquinas…Com o passar do tempo e a prática

desenvolvi as minhas competências na qualidade de manobrador (ilustra

discurso com a foto das sua máquina escavadora). Confesso que já tive

algumas dificuldades em dar apoio nas obras, contudo essas dificuldades já

foram ultrapassadas. Senti alguma evolução nas máquinas, pois são desta

época moderna, mas já trabalhei com diversos tipos de máquinas… Com a pá

escavadora carrego a terra, rocha, inertes em camiões de pequeno porte. Com

a escavadora, cavo a terra, afasto pedras e faço carregamentos para transportar

para diversos locais específicos deste tipo de serviço. Com o “dampar”, para

deslocar as terras, rochas e inertes e com a retroescavadora, para escavar e

fazer valas em estradas, deslocar materiais e fazer carregamentos de materiais

diversos. A manutenção das máquinas requer alguma atenção, desde o seu

abastecimento, a lubrificação e limpeza…. O meu dia de trabalho começa às 8

horas, carrego terra, escavo terra e pedra, utilizo os cálculos quando meço as

valas e faço escavações para casas e diversas obras. Passo o dia nos trabalhos

com as máquinas, o dia acaba às 17 horas. A partir deste horário vou até casa,

e tenho um portátil com banda larga TMN então utilizo a internet para

comunicar com os meus familiares, o facebook, o Hotmail e claro o Google

para as minhas pesquisas, onde normalmente costumo pesquisar informações

sobre as máquinas, dado que é a minha área de trabalho. Ainda faço pesquisas

sobre outras áreas do meu interesse, como é o exemplo das pesquisas

decorrentes relacionadas com o Centro Novas Oportunidades, as motas, os

carros, os apartamentos…. Tenho um portátil do programa TMN e-escolas,

com velocidade de 1Mbps e cujo preço mensal é de 5 euros, que graças ao

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meu ordenado vou investindo e pagando as respectivas prestações.

PRA/16

Ao sair da escola, fui ajudar o meu pai a fazer blocos. O meu pai trabalhava

numa fábrica de blocos e telha para a construção civil, mas trabalhei pouco

tempo, ou seja, entre os meus 11 anos e 13 anos, tínhamos que trabalhar na

agricultura, cavar batatas-doces por exemplo para o almoço, e às vezes

tínhamos milho com bacalhau ou peixe para o meu pai e os meus irmãos que

andavam a trabalhar fora. Caldeirada com “semilhas” era para os que ficavam

em casa…Um dia, um Senhor que era funcionário da Comissão

Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira, que mais tarde

passou a denominar-se Empresa de Electricidade da Madeira, e tinha um

ajudante que teve de ir para o cumprimento do Serviço Militar. Aí ele falou

com o meu pai e perguntou se o filho podia ocupar o lugar do seu ajudante de

eletricista. Eu tinha 13 anos na altura e já trabalhava com o meu pai e à s

vezes na fazenda, mas aquele trabalho pareceu-me ser melhor e talvez

ganhasse mais. Na semana seguinte logo comecei a exercer funções diversas,

tais como: substituía lâmpadas, levantava postes, fazia baixadas, etc. Nos

primeiros dias tive que ser acompanhado com outro empregado que me

ensinou, mas depois ele teve que sair e aos poucos fui aprendendo sempre

com o Senhor Danilo por perto. Sentia-me realizado, tinha bons colegas que

me ajudavam a integrar no ambiente profissional, foi uma mudança muito

agradável na minha carreira profissional. Quando recebi o primeiro ordenado,

tinha um sentimento de ser uma pessoa muito feliz, no outro trabalho era uma

miséria na agricultura. Passado algum tempo, comecei a fazer leitura e

cobrança da luz nas residências da localidade, no campo. Foi com o Senhor

Danilo que ainda aprendi a fazer instalações eléctricas em casas aos fins de

semana e aos feriados, ele ensinou-me o que sei hoje, foi com este grande

mestre, este professor e também foi desta forma que aprendi a gostar da

profissão. Aos 21 anos, como todos os jovens masculinos, interrompi a minha

profissão para cumprir o serviço militar e entrei no Quartel no dia 15 de Julho

de 1974. Fiz a recruta, depois a especialidade e, de seguida, fui mobilizado

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para o Ultramar, sendo, neste caso específico para Angola. Na altura já tinha

acabado a guerra mas ainda fizemos greve e quisemos recusar o embarque,

mas foi inútil, dado que tivemos mesmo que ir….Embora a guerra já tivesse

acabado, ainda haviam lutas entre os Movimentos tanto MPLA, UNITA,

FNLA e, por força maior, a Tropa Portuguesa estava envolvida. Estivemos

em terras de Angola a cumprir o Serviço Militar quase 10 meses, tendo saído

de cá no dia 3 de Janeiro de 1975, e regressámos no dia 23 de Outubro, ou

seja, 15 dias antes de ter sido declarada a independência de Angola, que foi

no dia 11 de Novembro de 1975. Entretanto regressei de volta à minha terra

Madeira, da qual tinha saudades, principalmente da paz, com o Serviço

Militar cumprido eu queria era trabalhar. Foi ter novamente com o Senhor

Danilo, e ele propôs –me o mesmo emprego, o qual aceitei com toda a

satisfação, como já tinha alguma experiência, foi bom….Entretanto ele pediu-

me para fazer transferência para o Funchal e foi bom que a minha família

residia lá, e posso dizer que fiquei no seu lugar como Fiscal de Rede e com

um ajudante. Este encargo consistia em fazer a conservação e manutenção da

Rede Eléctrica, ou seja, o arranjo das avarias que eram muitas, pois há 30

anos o material era diferente, as linhas cruzavam-se com o mau tempo,

principalmente com o vento e as trovoadas, fazendo com faltasse a luz e os

consumidores chamavam-nos fosse de dia ou noite e tínhamos a obrigação de

ir procurar a avaria, depois voltávamos atrás para desligar a corrente eléctrica,

mas se fosse muito longe a distância entre a avaria e o transformador por

vezes tínhamos que trabalhar com corrente eléctrica, usando luvas e alicates

isolados, mas admitindo que era muito arriscado e sabíamos do perigo que

corríamos, mas nós tínhamos que servir a população e dependíamos muito (e

cada vez dependemos mais) da energia eléctrica. Actualmente contínuo nesta

área da electricidade e faço também obras por conta própria. Na obra por

exemplo, faço rasgos nas paredes para introduzir tubos, caixas e terminais

para depois passar o fio e finalizo com a colocação de interruptores e

tomadas, sempre com a preocupação do cumprimento das normas de

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segurança.

PRA/17

Como não fui estudar, lancei-me no mundo do trabalho, queria trabalhar para

poder gerir o meu próprio dinheiro. Hoje, lamento não ter continuado os

estudos, porque me teriam proporcionado outras escolhas profissionais e mais

estabilidade financeira. No entanto, gosto do meu trabalho, porque adoro estar

com crianças, sinto-me por vezes criança. O lado menos bom é o pequeno

ordenado que, por vezes, não é fácil de gerir para chegar até ao fim do mês.

No entanto, tenho um terreno próprio de bananeiras que vou explorando e daí

que me dá uma ajuda. Ao fazer um balanço da minha vida, posso dizer que

me sinto segura, mas não realizada. O meu objetivo é vender o meu terreno,

dado que tenho um projeto com loteamento e aprovação para construção de

sete casas e outro terreno, separado incluindo no total doze casas. Gostaria de

realizar este sonho, para melhorar a minha vida. Iniciei-me no mundo do

trabalho, exercendo funções no Recenseamento dos Censos 81. A minha

função era ser inquiridora. Tinha a responsabilidade de recensear as pessoas

que me foram atribuídas. Logo a seguir, exerci funções de escriturária

dactilógrafa na junta de freguesia. Exerci também a atividade de agricultura

por conta própria na exploração de bananeiras. Exerci novamente funções no

recenseamento dos Censos 91. Entre 81 e 91 houve uma evolução na área do

emprego, de casa própria e de remodelação ou melhoramento de algumas

casas. Isto na área em que me foi atribuída para efeitos de recenseamento.

Iniciei-me no mundo do trabalho, exercendo funções no Recenseamento dos

Censos 81. A minha função era ser inquiridora. Tinha a responsabilidade de

recensear as pessoas que me foram atribuídas. Logo a seguir, exerci funções

de escriturária dactilógrafa na junta de freguesia. Exerci também a atividade

de agricultura por conta própria na exploração de bananeiras. Frequentei

várias ações de formação, as quais me foram enriquecendo não só a nível

profissional como também pessoal. São ações de formação complementar e

todas elas foram importantes. A Formação relacionada com Relações

Humanas e a Prevenção da Sida e a Escola são fundamentais para mim.

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 207

(Ilustra discurso com a descrição das aprendizagens adquiridas na ações de

formação). Aprendi teoria musical, violino, canto e guitarra e também a me

relacionar com as pessoas comecei a conviver com muita gente e ganhando

confiança, auto-estima e vontade para viver em sociedade ganhando novos

amigos. Actualmente sou monitora em diferentes freguesias rurais, ensino

música em três centros sócias e sou responsável pelo grupo instrumental de

uma casa do povo. Tem sido um trabalho contínuo e crescente de experiencias

e resultados notáveis e positivos. Inicialmente dava teoria e flauta de Bisel

depois Guitarra, Bandolim, Violino, Órgão, Rajão e Braguinha. Comecei com

músicas populares, depois regionais até às clássicas. O primeiro trabalho que

o grupo apresentou ao público foi numa missa da Noite de Natal, em 1985,

fomos crescendo até hoje. (Ilustra discurso com 10 fotos relacionadas com:

animação litúrgica com um grupo de adolescentes e crianças (encontros de

Natal, encontros de animação para festejar o aniversario do grupo, encontro

regional de Tunas e encontros com os idosos dos centros sócias). Fiz as

seguintes formações: Curso de Catequese, Relações Humanas, Cultura Geral,

Culinária, Arranjos florais, trabalhos Manuais e Curso de pintura em tecido,

técnicas de Guardanapo em Vela, Telas e madeiras. Cada coisa que aprendi,

abriu-me o caminho para vontade de aprender outras coisas, dá – me o prazer

fazer com as minhas próprias mãos aquilo que vi feito pelos outros e torna-me

muito mais preenchida.

Sinto vontade de também ensinar aos outros o que eu faço. (Ilustra discurso

com fotos das diversas ações realizadas bem como das fotocópias dos

respetivos certificados. Também nos anexos do seu PRA apresenta fotocópias

relacionadas com a teoria musical).

PRA/18

Desde muito nova comecei a trabalhar na vida de casa, na terra e nos tempos

livres bordava (bordado Madeira). E entretanto começaram aparecer cursos de

formação rural. Fiz um curso de culinária não só para aprender a cozinhar

mas principalmente para aprender aproveitar o valor dos alimentos. Fiz outro

curso de trabalhos manuais: croché e rafia. Não consigo precisar a data destes

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cursos porque não época não eram atribuídos os diplomas, o importante era

saber fazer o que se aprendia o que se lá passaram mais de 40 anos.

PRA/19

Terminei o 6ºano e vim para casa trabalhar, na lida da casa, na fazenda e em

tudo o que precisasse. Estive assim talvez uns três anos. Depois no meu sítio,

havia um casal de idosos a precisar de ajuda e fui trabalhar para lá. A minha

mãe perguntou-me se queria ir e logo disse que sim. Aceitei, talvez não a

pensar no trabalho, mas sim no dinheiro que iria receber. Nunca tinha

recebido ordenado. Por mês, o senhor pagava-me vinte contos, era bom

dinheiro para mim. Lá em casa, eu tinha de cuidar dos senhores, fazer a

comida, lavar as roupas, limpar a casa e fazer companhia. Só o banho é que

eu não dava porque o senhor é que fazia. Eu penso que ele disse isso, visto eu

ser nova e ela deveria ter vergonha de mim e preferia o marido. (Ilustra

discurso com os procedimentos da vida diária com o casal).Entretanto tive

conhecimento através de uma prima, que vivia no Funchal, da possibilidade

de me inscrever no Centro Regional de Emprego. Eu disse que sim, fui lá com

a minha tia Conceição e fiz a inscrição. Pediram-me a minha escolaridade e a

que trabalho me candidatava. Como só tinha o 6ºano, não tinha muitas opções

e inscrevi-me apenas nas limpezas e restaurantes. Passado algum tempo,

recebi uma carta do Centro Regional de Emprego para lá ir porque tinha uma

proposta de trabalho. Era no hotel, na qualidade de ajudante de limpeza.

Como era distante da minha área de residência e não tinha meios de

transportes, acabei por desistir. Era a minha primeira proposta, ainda tinha

mais duas oportunidades, visto que só poderia recusar três propostas. Daí a

algumas semanas, fui novamente chamada pelo centro de emprego e tive

outra proposta de trabalho, na minha freguesia, para trabalhar num

restaurante. Fiquei muito contente, conhecia o restaurante e era perto. Era o

meu primeiro emprego a sério e a oportunidade de aprender muitas coisas,

conhecer pessoas, ter recibo de ordenado. E muito mais. Entretanto recebi

uma outra proposta para trabalhar num restaurante e aceitei. (Ilustra discurso

com a descrição das funções exercidas no restaurante). Entretanto, fiquei a

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saber, através de uma conversa de balcão, que estavam a dar aulas de música

na Casa do Povo. Como gostava de música, não hesitei e fui lá para me

inscrever. Era um dia por semana, à quarta-feira, das 9h30 às 12h. Como eu

queria aprender a tocar órgão, para depois tocar na igreja, ia com a minha

irmã para a música e pedia para sair uns cinco minutos mais cedo para entrar

no trabalho. A professora de música começou por ensinar o solfejo, e

tínhamos de saber primeiro as notas de música mas eu queria era tocar!

(Ilustra discurso com as incertezas e medos da aprendizagem do solfejo e de

como aprendeu a tocar um instrumento musical). Quando juntei algum

dinheiro, comecei a tirar a carta de condução. (Ilustra discurso com as

despesas inerentes à carta de condução). Tinha de dar um passo de cada vez.

Tinha acabado de gastar algum dinheiro, não podia comprar logo um carro.

Entretanto, a minha irmã casou-se e, pouco tempo depois, emigrou para o

Reino Unido. Acabei por ficar com o carro que ela tinha. E, assim já ia para o

trabalho com o carro. Em janeiro de 2001, com a mudança do escudo para o

euro, senti algumas dificuldades sobretudo porque trabalhava na máquina

registadora. Entretanto tive uma nova proposta de trabalho de outro

restaurante para trabalhar. Para além de ganhar mais, também ficava mais

próximo de casa, até poderia ir a pé. Comecei a pensar, poderia poupar

dinheiro no gasóleo e até também tinha um dia de folga. Falei com a minha

família e logo aceitei a proposta. (Ilustra discurso com as novas funções no

restaurante). De momento, concorri para trabalhar na Casa do Povo e exerço

actualmente as funções nesta instituição. Estou muito satisfeita e preocupo-

me muito com o meu desempenho profissional.

PRA/20

No meu 8º ano, comecei logo a trabalhar numa casa particular a fazer

trabalhos domésticos (lavar, passar a ferro, etc.). Esta era uma maneira de

ganhar algum dinheiro para mim e para ajudar em casa nalgumas despesas.

Passava o dia a correr, dividia-o entre trabalhar e estudar. Começava às 8

horas até às 12 horas, tinha 1 hora para almoçar e preparar-me para a escola.

Às 13h e 30m dirigia-me para a paragem para “apanhar” o autocarro para a

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escola com regresso às 20 horas. Dormia e assim se repetia o mesmo ciclo de

vida no dia seguinte!... Assim, fui me desinteressando cada vez mais e não

continuei a estudar e passei a trabalhar a tempo inteiro. Deste modo deixei o

meu 8º ano incompleto!...Ainda na fase da adolescência, a minha mãe

ensinou-me para que no futuro estivesse preparada para a vida do dia-a-dia,

para que quando casasse, soubesse fazer além da vida doméstica, cozinhar e

tratar da roupa. Tudo a minha mãe me ensinou e também a fazer o meu

enxoval (bordados, crochet). (Ilustra discurso com a descrição da técnica dos

vários trabalhos manuais, bem como apresenta imagens dos bordados e

crochet). A seguir ao meu casamento tirei carta de condução, assim já me

preparei para me lançar no mundo do trabalho….Entretanto aprendi a

trabalhar com uma máquina de puxar rolos. Além disso também tínhamos um

machado profissional e trabalhava a “rachar” a lenha. (Ilustra discurso com 1

foto da sua máquina industrial). Mais tarde resolvemos abrir uma loja de um

pronto-a-vestir, que estava bem localizada, junto à estrada regional, daí o

nosso interesse e aposta neste investimento. Era uma área desconhecida, não

fazia ideia de todas as exigências e burocracias para podermos ter a licença de

funcionamento. Tivemos de adaptar o espaço que neste caso era uma

garagem, no rés-do-chão de uma casa, para podermos ter as melhores

condições e espaços necessários, assim como o WC e pavimento adequado.

(Ilustra discurso com 1 foto do seu espaço comercial e relata as obras

realizadas decorrentes da criação do pronto a vestir). A abertura da loja foi no

dia 01-07-2000, tendo sido um sucesso, toda a gente que lá ia gostava e dava-

me os parabéns, porque tudo lhes parecia muito bonito e surpreendiam-se por

ter sido eu a tratar de tudo! Entretanto o meu marido continuava com a

mesma ocupação e para a minha deslocação para o meu Pronto-a-vestir,

tivemos de comprar um carro. Foi necessário ter em conta as nossas

possibilidades monetárias, uma vez que já tínhamos entrado em despesas

(com a nossa Loja). (Ilustra discurso com os cálculos das despesas realizadas

em combustível e apresenta um mapa da Madeira, onde assinala a respetiva

distancia da sua residência para a área do seu espaço comercial, bem como a

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foto da sua viatura). Com a chegada o euro, no final do ano 2001, já estava na

loja, e daí ter que alterar todo o funcionamento, o que originou trabalho e

despesa acrescida…cada artigo tinha um preço diferente e assim tive de fazer

a conversão de escudos para euros. (Ilustra discurso com a descrição de vários

artigos e respetiva conversão monetária). Com o passar do tempo, foi tudo se

tornando rotina. Fiquei durante 2 anos e meio com esta actividade comercial,

mas uma vez que não estava a ser rentável, porque apesar da loja estar bem

localizada, não tinha muita população que justificasse este investimento…tive

que acabar por encerrar a loja de Pronto a vestir. Apesar de tudo, gostei muito

da experiência, porque esta é uma área com a qual me identifico, gosto muito

do mundo da moda e, no futuro, gostaria de voltar a trabalhar nesta área.

Entretanto como não exercia nenhuma actividade profissional, além da minha

vida diária doméstica comecei a fazer alguns cursos na Casa do Povo,

nomeadamente: pintura em tecido, em vidro, arranjos florais, doces e licores.

(Ilustra discurso com 6 fotos das diversas pinturas realizadas, bem como

descreve várias receitas de sobremesa e bolos). Em Janeiro do ano em curso,

inscrevi-me e comecei num novo curso de bordados e tela, e também inscrevi-

me no Curso de Iniciação à Informática. As tecnologias são muito

importantes nos dias em que a sociedade actual vive, são muito úteis, servem

para facilitar muito as nossas tarefas do dia-a-dia, nomeadamente o

computador, que serve para realizarmos muitas tarefas, desde cartas, tabelas,

gráficos e desenhos, etc. (Ilustra discurso com foto do seu painel solar, e do

seu equipamento informático). A internet leva-nos a navegar por todo o

mundo, serve para nos manter actualizados, para fazermos pesquisas, tirar

algumas receitas por exemplo de culinária, e até conversar com os amigos e

familiares, bem como estar online. Um exemplo de rede social mundialmente

conhecida é o Facebook. Também é útil para efectuar pagamentos de várias

facturas, tais como, luz, telefone, da água e ainda transferências bancárias. A

internet não tem só vantagens, o computador pode ficar sujeito a “apanhar

vírus”. Quando isto acontece, devemos hibernar o mesmo para o ir

retardando. É importante ter um bom anti-vírus, que impede que o mesmo

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ataque o computador. Entretanto, soube que seria possível terminar o 9º ano,

através do processo de RVCC, resolvi inscrever-me num Centro Novas

Oportunidades, em Abril de 2010 e o Curso começou a decorrer em Junho do

mesmo ano. Infelizmente, estes dois cursos (Iniciação à Informática e RVCC)

coincidiam no mesmo dia, mas consegui conjugar este investimento pessoal e

como já enfrentei vários obstáculos estava disposta a enfrentar mais estes

desafios (…) dado que o meu futuro profissional está em causa, vou subir

mais uns degraus na vida e naturalmente se conseguir estarei satisfeita e

também a minha família até a sociedade, porque estando mais formada mais

estarei desenvolvida e valorizada!

Ao nível individual Indicadores (excertos)

IV - CATEGORIA

Dimensão ao nível sistema de provação da relação com o espaço e a mobilidade

social:

Quais os destinos ou paragens percorridas?

PRA/1

Já viajei por diversos países, conheci muitas culturas e povos. E um dia,

quando tiver disponibilidade financeira, quero voltar ao Brasil, país que muito

encantou-me com as suas belezas naturais, suas músicas, os seus pratos e claro,

com as suas pessoas. Agora, o mais importante é que haja saúde e, como dizia a

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“Miss Universo”, que haja paz no mundo.

PRA/2

As recordações ou histórias da Venezuela são muitas. Ainda me lembro dos

castigos que me aplicavam na escola, era reguadas nas palmas das mãos. Ainda

que também na escola na Madeira, também castigavam, a professora tinha um

pau ou um vime, e naquele tempo sempre que nós errávamos levava-se uma

reguada e ficávamos de castigo a olhar para a parede. Sou contra esses

castigos…Acerca do clima, nós cá na Madeira temos 4 estações, na Venezuela

não, é sempre verão, pode chover mas contínua o calor, prefiro o clima da

Madeira, é mais saudável…Adoro viajar, já fiz várias viagens a Portugal

continental. Nos meus tempos livres gosto de estar com a família,

principalmente com os meus filhos. Gosto de fazer caminhadas com as minhas

amigas, faço ginástica 2 vezes por semana, pertenço a uma empresa que

proporciona vários exercícios físicos, somos no total 20 pessoas de várias

idades. O exercício faz bem à saúde, todas as pessoas deviam participar nestas

actividades, pois ficamos mais activas e não só pela ginástica, mas ganhámos

mais amizades e mais experiências, dialogámos, trocamos ideias e assim

aprendemos a ser mais sociáveis e felizes para viver em sociedade. (Ilustra o

discurso com fotos das actividades lúdicas realizadas.)

PRA/3

Já visitei vários países, desde a minha terra natal (Venezuela), África do Sul e

Portugal continental, sendo que todos contribuíram para o desenvolvimento das

minhas competências. Recentemente fui à África do Sul e foi muito agradável,

passei lá um dos melhores momentos da minha vida, apesar de não saber falar

inglês, passei momentos inesquecíveis.

PRA/4

Aos 18 anos foi a minha primeira viagem à Venezuela num navio italiano, que

se chamava “Angelina Lauro”. Foram 8 dias abordo. Foi uma viagem bastante

divertida, íamos à piscina, ao cinema, aos bailes nocturnos. Quando lá cheguei

foi tudo novo para mim. O primeiro impacto foi a imagem com que se depara

logo à chegada: os bairros de lata, chamados “ranchos”, uma imagem um

pouco chocante para quem lá nunca foi. (Ilustra com foto dos famosos bairros

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de lata da Venezuela.) Umas das primeiras aprendizagens foram a aquisição de

uma nova língua: o espanhol, e os novos hábitos socioculturais dum novo país

para mim. Neste novo país deparei-me com novos hábitos alimentares, aprendi

a cozinhar as comidas tradicionais como arepas, empanadas, hallacas, pavallon,

sancocho, etc. (Ilustra discurso com foto de vários pratos típicos da Venezuela).

Foi também novidade a intensidade com que as pessoas vivem as festas

naquele país, desde o natal, à passagem de ano, à festa dos 15 anos dos

adolescentes, tudo é vivido com muita alegria, música e dança. Costumava

frequentar o clube português, onde se encontravam muitos compatriotas em

convívio, onde se faziam jogos, íamos à piscina, ao ginásio, jantávamos em

vários restaurantes e saíamos à noite. A música que passamos a ouvir era

também diferente: “salsa”, “merengue”, “mariaches”, por volta do Natal

ouviam-se as famosas “gaitas”. As decorações de Natal nas casas foram

também para mim novidade, tudo se vivia com intensidade. Usavam-se muitos

artigos de decoração, tudo com muitas lantejoulas e muito brilho. Ao chegar à

Venezuela deparei-me com uma grande dificuldade: uma nova moeda. Assim,

para conseguir gerir os gastos do dia-a-dia frequentemente, tinha que efectuar o

câmbio dos bolívares e dos escudos. (Ilustra discurso com a apresentação de

vários câmbios). Já fiz várias viagens pelo território nacional, de norte a sul de

Portugal continental. Nestas viagens, tive oportunidade de conhecer a capital

portuguesa – Lisboa e os seus monumentos: Mosteiro dos Jerónimos, Castelo

S. Jorge, Padrão dos Descobrimentos, Torre de Belém, Baixa Pombalina, o rio

Tejo, Cascais, Óbidos e as suas ruínas, Sintra e o fascinante Palácio da Pena,

Setúbal e a bela Tróia. Pelo país fora conheci o Minho, onde gostei imenso do

Santuário de Santa Luzia, em Viana do Castelo e da cidade de Braga, com o

imponente Bom Jesus. Visitei Bragança e Viseu e no Porto subi aos Clérigos e

contemplei o Rio Douro. Visitei Aveiro, a Veneza portuguesa, onde comi os

deliciosos ovos-moles. Em Coimbra visitei as Universidades e conheci o

Portugal dos Pequeninos. Na Guarda contemplei a Bela Sé, fui à Covilhã, e

subi à Serra da Estrela, coberta de neve! Na Figueira da Foz comi umas belas

sardinhas assadas, no Alentejo passei por Évora, visitei o Templo de Diana, a

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Capela dos Ossos, o Alqueva e a barragem. Beja com o seu famoso Castelo, e

Elvas onde se avista Badajoz. Já no Algarve, desde da ponte sagres, até à Vila

Real de Santo António visitei as praias, apanhei banhos de sol, nos belos

arreais e nadei nas belas águas do atlântico, enfim…Um país que é o nosso,

oferece óptimas condições para viajar, belas paisagens para comtemplar,

histórias e monumentos para conhecer, e uma gastronomia de “comer e chorar

por mais”. (Ilustra discurso com a apresentação de vinte fotos alusivas aos

vários locais visitados em Portugal, e o respectivo mapa de Portugal

Continental). Contudo, tive também oportunidade de conhecer outros países, a

Inglaterra é uma das nações do Reino Unido, ocupa a metade sul da ilha da

Grã-Bretanha. Em 1989 a minha viagem à Inglaterra foi mais precisamente, à

ilha de Jersey. Esta localiza-se no Canal da Mancha. A moeda utilizada na

Inglaterra é a libra esterlina, ou pound, uma das mais fortes moedas do mundo.

Os centavos são conhecidos como pences. A língua oficial é o inglês. Ao passo

que Portugal é uma república, já a Inglaterra é uma Monarquia Constitucional.

Tem ministros e a Chefe de Estado actual é a rainha Elizabeth II. (Ilustra

discurso com 6 fotos e um mapa da Grã-Bretanha). Em 1985 fiz uma viagem à

Itália, onde tive a oportunidade de conhecer várias cidades como: Roma,

Veneza, Vaticano e Pisa. Visitei monumentos como o Coliseu de Roma, a

Praça de São Marcos, a Torre de Pisa, a Praça de São Francisco e a Capela

Sistina. O que mais me fascinou foi andar de gôndola nos canais de Veneza.

Devido ao grande património cultural de Itália, pude aprender muitas coisas

nesta viagem. Aprendi por exemplo que o tecto da Capela Sistina foi pintado

por Michael Ângelo e que pertence ao estilo Renascentista. Em 1998 fiz a

minha viagem a Santiago de Compostela (Espanha) - Capital da Galiza famosa

pela sua capital Barroca, até onde viaja muitos peregrinos, percorrendo os

Caminhos de Santiago. Em Santiago de Compostela o que mais fascinou foi a

catedral. Nesta tive oportunidade de assistir ao triblo (incensário) em

funcionamento. Este é o maior do Mundo e pesa cerca de 62 Kg, são

necessários 7 homens para movimentar a corda que o suspende, é

verdadeiramente imponente! (Ilustra o discurso com fotos das pinturas do

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Tecto da Capela Sistina, e dos vários monumentos de Santiago de Compostela).

Em 2009 viagem a Isla de Margarita (Venezuela) foi mais uma fantástica

viagem na minha vida. (Ilustra o discurso com uma foto na Isla de Margarita).

PRA/5

Fui à França, foi uma viagem fantástica onde conheci muitos lugares

lindíssimos, sendo que fiquei num hotel de 5 estrelas, onde fui bem atendida.

Conheci algumas cidades lindas, tais como: Nantes, Falaise, Ferrette,

Fontainebleau, Formigry, por último estive na cidade de Paris. A minha viagem

de Portugal a França demorou 2h:45 m. (Ilustra discurso com o mapa, e o

respectivo cálculo da escala, e ainda 2 fotos da Torre Eiffel e centro, e da

basílica de Sacré Coeur). Em relação ao atendimento na França foi muito bom,

desde a estadia no hotel, aos vários sítios que visitámos. Em relação à cultura

também está um pouco acima de nós, só pessoas espírito mais aberto que o

nosso. Aproveitei os saldos para comprar algumas lembranças (Ilustra discurso

com as despesas e as respectivas percentagens feitas). Visitei também Portugal

Continental, também tivemos bom atendimento, mas comparativamente com a

França será necessário fazerem grandes investimentos financeiros, culturais e

sociais.

PRA/6

Conheci várias regiões da Venezuela, mais especificamente Caracas, pois no

ano de 1980, tirei a minha carta de condução. Frequentei algumas aulas, e

quando já me sentia preparado fui a exame, passei e consegui a minha carta de

condução, claro que era tudo mais fácil do que cá em Portugal. Estava ansioso

para conduzir, não perdia a oportunidade de sentar-me ao volante de

automóvel, e simular que conduzia e conhecia novos locais…Com a carta tive

a oportunidade de viajar muito pela Venezuela e pela Madeira. Frequentemente

em grupo, mais ou menos 12 colegas muito amigos, celebraram os nossos

aniversários em grupo, fazemos levadas, passeios a pé, safaris, actividades

ecológicas, recolhemos os lixos das praias, descemos no elevador da Fajã dos

Padres são momentos fantásticos…Já fomos uma semana a Alemanha, à

Baviera, estivemos em Munique e algumas cidades vizinhas, foi uma

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experiência inesquecível em plenos mês de Janeiro, encontramos 10 graus de

temperatura, estava tudo branquinho, cheio de neve…Foi bom estar em

contacto com os outros povos e culturas, ver que tipo de vida, de gostos e

costumes têm. Gostei imenso e foi de grande utilidade esta viagem, porque os

nossos clientes são 90% alemães, e assim é mais fácil para mim

profissionalmente compreende-los, saber das suas expectativas, e podermos

oferecer o produto e serviço com melhor qualidade para os nossos

clientes.Neste momento estou a programar a minha viagem de sonho, que será

Holanda, mais propriamente para conhecer Amesterdão. Escolhi este destino

entre outros, porque conheço várias pessoas que já visitaram este país, e

relataram-me que tem paisagens maravilhosas, uma cultura rica, entre outros

pontos atractivos que já estou a pesquisar. (Ilustra discurso com a apresentação

de 3 fotos do país). Estou a projectar a minha viagem para Março do próximo

ano, seremos 4 pessoas nesta viagem, visto que irei com a minha mulher e 2

filhas. A duração da nossa estadia em Amesterdão, a qual estamos

programando ao pormenor de maneira a que possamos aproveitar ao máximo.

Viajaremos na Transavia linha área Holandesa do tipo charter que faz ligações

directas entre o Funchal e Amesterdão. Iremos utilizar o inglês, visto não

sabermos falar holandês. (Ilustra discurso com o programa da viagem, um

estudo sobre a sua cultura, a sua gastronomia, as distâncias do Funchal a

Amesterdão num mapa, e o orçamento). Futuramente gostaria de conhecer o

Egipto, Israel e mais países do Médio Oriente, são lugares com uma história tão

antiga, são fascinantes, devem ser um sonho para quem como de história como

eu. Se eu tivesse mais tempo livre, dedicava-me a estudar, à leitura, e acho que

gostaria de aprender música, tocar piano e conhecer novos espaços na natureza

e na sociedade. (Ilustra discurso com uma foto no seu automóvel.)

PRA/7

Viajei pela Inglaterra e conheço muitos sítios da Madeira. Sempre que tenho

disponibilidade viajo, e recordo com muito carinho as vivências e experiências

no meu percurso de vida em Londres. Visitei também Portugal Continental e

gostei muito.

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PRA/8

Viajei pela Inglaterra e recordo sempre com grande satisfação as paisagens e os

momentos de alegria vividos no estrangeiro. Em Portugal Continental recordo

os momentos em tirei a carta de condução e os bons momentos em que viajei

por lá. Na Madeira tenho meu automóvel, e sempre que tenho disponibilidade

visito vários locais da ilha.

PRA/9

Nunca fiz nenhuma viagem e também não tenho nenhuma viagem de sonho.

Fiz alguns passeios pela Madeira e o lugar que mais gostei de visitar foi, as

grutas de S. Vicente. (Ilustra discurso com informação relativa às grutas

baseada no site: http://www.grutasecentrodovulcanismo.com/display.asp?id=5 .

PRA/

10

A minha primeira viagem foi a Lisboa, com a minha tia mais nova, irmã do

meu pai, e os meus avós. Fomos lá passar o Natal, foi uma experiência muito

agradável, eu não cabia em mim com tamanha felicidade, ao contrário do meu

irmão, pois como fui sempre mais extrovertida do que ele, era muito apegado à

minha mãe, ele sofria imenso quando se tinha de afastar da minha mãe. Na

Madeira visitei vários pontos da ilha, que adorei imenso.

PRA/

11

Já viajei até ao Porto Santo, e fiquei com boas lembranças desta ilha.

Acompanhei o meu filho numa viagem de finalistas, só tenho boas memórias.

PRA/

12

Para fugir um bocadinho à rotina do dia-a-dia, gosto de viajar. Para tal, é

preciso poupar, e por isso temos de pôr de parte todos os meses algum dinheiro,

para podermos conhecer novos sítios, culturas, pessoas…A minha primeira

viajem ao Continente foi em 2001, devido ao trabalho não foi possível mais

cedo. Pela primeira vez fomos do Porto até Lisboa de carro. Como não

conhecíamos as estradas, recorremos a um mapa, sendo que ainda nos

enganamos em algumas estradas, mas chegamos ao destino. Antes de

chegarmos a Lisboa, passamos por Fátima (Ilustra discurso com foto do

Santuário). Foi muito comovente. Vimos pessoas ajoelhadas a percorrer o

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Santuário…Assistimos a uma missa, e depois fomos colocar velas pela nossa

família e amigos. Gostei imenso de lá estar, e todos os anos quando vou ao

continente, visito Fátima. Em 2002, estive em Chaves e visitámos os restantes

sítios do norte. Adorei a gastronomia portuguesa (tripas à moda do Porto,

secretos de porco preto, sopa de pedra…). A partir de Chaves fomos a Espanha,

e lá comemos “Paella”, “presunto fumado”, “tortilha” e “arroz cubano”. Gostei

muito da estadia na Espanha. Neste Natal, estive em Lisboa novamente, fomos

acompanhar o meu cunhado que é bombeiro, que foi convidado a participar

como representante dos Bombeiros da Madeira para participar na festa de Natal

com o Presidente da República – Cavaco Silva. A mais recente viagem a 25 de

Julho de 2010, novamente a Portugal Continental (descreve os locais visitados).

Também há 9 anos fomos pela primeira vez com as nossas filhas ao Porto

Santo, pois elas participaram no “campep”, e também no encontro de bandolins

no Centro Cultural do Porto Santo, onde a minha filha tocou bandolim e

cantou. Ela já gravou um CD, e já participou nos talentos à solta, e em diversos

festivais na Madeira. (Ilustra discurso com 4 fotos da actuação da filha, e letras

das suas canções).

PRA/

13

Gosto de ir de férias ao Porto Santo, e também de viajar pela Madeira. (Ilustra

a capa do portefólio com várias fotos tiradas nas férias e em família).

PRA/

14

Gosto muito de percorrer, viajar pela Ilha da Madeira, quer de mota, de carro

particular, quer com transporte público.

PRA/

15

Nos meus tempos livres e sobretudo os fins – de – semana gosto de viajar com

o meu filho e passear pela ilha com a minha família, já conhecemos vários

sítios da Madeira, os quais têm uma vegetação e paisagens belíssimas.

Gostamos de ir ao cinema e passear (…). (Ilustra discurso com a fotocópia do

cartão “Zon”- quando vai ao cinema, e o cartão “GALP” – para os respetivos

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 220

descontos quando abastece nas viagens que faz).

PRAS/

16

A Angola era (penso que continua a ser) uma terra linda. Eu tive o prazer de

conhecer várias zonas como Nova Lisboa que hoje se chama Huambo, Quibala,

Gabela, Salazar e Luanda. Esta última era muito bonita pois tinha uma baía

lidíssima e praias, enormes. Se fosse para ficar eu gostaria da cidade de Salazar

porque havia muitos jardins e o clima e a temperatura era parecido com o da

Madeira. Mas isto antes de ser bombardeada, pois nós, enquanto soldados

tivemos lá 8 dias, debaixo de fogo, embora a Tropa Portuguesa não tivesse

nada a ver com isso, tinha que estar sempre atentos. No fundo eram os

Movimentos que estavam em guerra e nós no meio impotentes sem podermos

fazer nada…. Para sairmos dali, foi preciso uma “escolta de fuzileiros” e “pára-

quedistas”, e dava pena ver uma cidade tão bonita ficar toda destruída cheia de

cadáveres. Posso afirmar que este foi um dos episódios mais marcantes e tristes

a que eu assisti. Tirei a carta de condução em 1989, foi também uma etapa que

me marcou muito, pois nessa altura testei as minhas capacidades, tanto

intelectuais como emocionais com a aprovação do exame de código à 2ª vez e a

condução logo à primeira vez. Foi nessa altura que comprei um carro e comecei

a testar a possibilidade de viajar sozinho e em família com essa

responsabilidade. Agora desloco-me para qualquer ponto da Madeira, sinto-me

mais valorizado a nível pessoal e adoro viajar e conhecer as belas paisagens da

Madeira. (Ilustra discurso com a foto do seu veículo).

PRA/

17

Como não fui estudar, lancei-me no mundo do trabalho, queria trabalhar para

poder gerir o meu próprio dinheiro. Visitei a Holanda e vários locais a nível de

Portugal Continental e também da Madeira.

PRA/

18

Como não fui estudar, lancei-me no mundo do trabalho, queria trabalhar para

poder gerir o meu próprio dinheiro. Visitei a Holanda e vários locais a nível de

Portugal Continental e também da Madeira No mês de agosto de 1975, fiz a

minha primeira viagem fora da Madeira. Vivi uma grande ansiedade, andava

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nervosa, parecia que não chegava ao dia!... Queria experimentar de perto aquilo

que ouvia falar. Foi uma viagem tão desejada e tão aproveitada que nunca mais

esqueci, foi uma viagem muito instrutiva, conheci muitas coisas e aprendi

muito. Tinha eu 29 anos quando o meu pároco organizou uma peregrinação em

Roma por coincidir com o ano Santo era então o Papa Paulo VI. (Ilustra

discurso com o relato da viagem da peregrinação a Fátima e a Roma). E

também integrado no Grupo Católico visitei a Alemanha. (Ilustra discurso com

o relato da viagem a Alemanha bem como 3 fotos da viagem realizada).

PRA/

19

O meu irmão convidou-me para ir à África de Sul, mas eu não tinha muito

dinheiro porque as viagens para lá são muito caras. Ele resolveu pagar lá a

passagem e mandar-me o bilhete de avião, viagem essa que foi marcada em

Outubro. Nessa altura, fui falar com a minha patroa que precisava tirar as

minhas férias. A minha patroa só tinha planeado dar-nos férias em Novembro,

data que encerrava o restaurante. Eu fiquei tão desanimada, porque o meu

irmão já tinha pago a viagem e pensei que não podia ser alterada, entretanto

liguei para o meu irmão e expliquei a situação e, ele claro, conseguiu alterar

para Novembro, embora tivesse de pagar mais umas taxas, devido às

alterações. Já fiquei mais contente porque sempre iria viajar! Preparei a minha

viagem, comprando algumas roupas novas e algumas recordações típicas da

Madeira: bolos de mel, broas de mel, lapas, rebuçados de funcho e outros

produtos para eles matarem a saudade da Madeira. (Ilustra discurso com a

descrição da viagem à África do Sul, descrevendo as escalas de Lisboa,

Joanesburgo e Cidade do Cabo). Visitamos, além da África do Sul,

Moçambique e passeamos por muitos lados, estivemos na cidade de Maputo e

fomos até ao mercado. Passeámos por toda a costa, junto das praias e vimos as

pessoas da terra a pescar, gostei muito da gastronomia de lá e de conhecer os

animais selvagens. (Ilustra discurso com cinco fotografias de animais que

encontrou no Kruger National Park).Passados alguns meses, após o euro, no

meu mês de férias, a minha irmã convidou-me a passar alguns dias na

Inglaterra com ela. Eu, como não conhecia a Inglaterra, fiquei toda contente e

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resolvi ir. A minha irmã é que me pagou a passagem e preparou-me para o

clima que sentia, estava muito frio e teria que levar roupas muito quentes.

Assim que eu saí do aeroporto na Inglaterra, senti logo o gelo na cara e nas

mãos. Era um clima completamente diferente da África do Sul. A língua oficial

é o inglês, com aquele sotaque carregado, bem diferente do inglês da África do

Sul e da América. Passeamos pela cidade de Londres, estivemos na porta do

castelo da Rainha, mas não podíamos entrar. (Ilustra discurso com os relatos

das vivências dessa viagem, bem como com fotografias da mesma). Entretanto,

fui novamente à África de Sul com a minha mãe, ao casamento do meu irmão.

(Ilustra discurso com o relato da nova viagem à África do Sul, relatando

episódios do casamento e completa com uma foto do mesmo).

PRA/

20

Gosto muito de viajar e nadar, dar passeios…. Adoro ir até à marina e viajar no

nosso barquinho pelo mar da costa da Madeira. Gostaria de fazer um cruzeiro

mas ainda não tive oportunidade. Já viajei várias vezes até ao Continente e

recordo uma das vezes que fui até Lisboa para comprar o stock para a minha

loja. Foram três dias muito agitados, para tratar das compras e dos envios para

a Madeira, enfim para que nada faltasse. Visitei várias fábricas de roupas,

calçado, acessórios artigos para o lar, da qual fiquei cliente e posteriormente

continuei a fazer as minhas encomendas para a minha loja de pronto-a-vestir.

(Ilustra discurso com os respetivos cálculos relativos aos lucros e respetivas

percentagens, descreve o funcionamento da sua loja e relata alguns episódios

vividos com os seus clientes. Apresenta também 6 fotos da montra da sua loja

de pronto a vestir)

Ao nível do laço social Indicadores (excertos)

CATEGORIA - V

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Dimensão ao nível do sistema de provação da relação a si próprio e aos outros:

Quem são as pessoas de esferas de influência social, rede de familiares e amigos,

que acompanham o trajeto de vida pessoal?

PRA/1

Fruto de uma mocidade que não vivi, uma idade que medi com

responsabilidade, encaminhado para a terceira fase da vida que é a velhice, com

muita dedicação e sempre com um sorriso no rosto. Sou uma pessoa muito

dedicada e sempre com muita responsabilidade, pronta para a ajudar os outros e

muito solidário com os colegas e família. No fim do dia de trabalho, vou para

casa com a minha esposa. Neste local partilhámos as tarefas e o trato da parte

da cozinha…Nós sempre vivemos em conjunto, partilhando os bons e maus

momentos da nossa vida, assim como dos nossos filhos. No mapa das minhas

aprendizagens da vida, muitas pessoas marcaram-me profundamente, as minhas

relações de amizade, assim um senhor de 63 anos, agricultor, 4ª classe, aprendi

a cultivar os terrenos, como fazer a agricultura, desde o tempo de rega, de

semear, mondar e colher, e deitar remédio. Com um outro senhor de 70 anos

aprendi a cuidar das mesmas, ainda com um outro senhor de 50 aprendi a

enxertar mangreiros e anoneiras. Com um técnico agrícola de 63 anos aprendi a

poda das árvores e modos de colheita dos frutos. Com um senhor de 70 anos,

comerciante, aprendi muito a nível de funcionamento de bares e mercearias… e

até a fazer poncha. Com o meu filho mais velho de 31 anos de idade, 12º ano de

escolaridade, motorista de turismo, e a minha nora de 30 anos, contabilista,

aprendi a ser avó, com a experiência por ter cuidado dos filhos, tenho o dobro

da atenção pelo neto. Sou muito tolerante, pois sou um avô babado. Com o meu

filho mais novo de 21 anos, 12º ano de escolaridade, aprendi a ser um pai mais

tolerante e mais moderno, visto que os tempos e épocas que vivi serem

diferentes, mas mesmo assim não é fácil corresponder aos tempos de hoje, pois

a madeira que fui educado, é muito diferente daquela que tento dar aos meus

filhos. Neste momento com o meu neto, quase 3 anos de idade, tenho aprendido

a ser mais tolerante e ter o dobro da disponibilidade como pai. Estando na fase

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de descoberta, transforma-me viver a vida mais feliz.

PRA/2

Graças a um grupo de amigos e de uma professora, fui tirar um curso de

informática, do ano 2003 ao ano 2004. Com o passar dos anos vi que precisava

de aprender mais alguma coisa, e a informática era importante, ter

conhecimentos ao nível dos acessórios do Windows, Microsoft word e Internet

Explorer. Foi com esta formação que consegui conhecimentos e ferramentas

para trabalhar no computador. Na altura não sabia tocar no rato nem sabia a

importância dos computadores. Recordo a minha primeira aula de informática,

quando olhei para o computador parecia-me um “monstro”, vi muitas teclas e

não sabia para que serviam. Nunca pensei que fosse capaz de aprender alguma

coisa. Escrever inicialmente não era fácil, demorava muito tempo no início, mas

com a prática tudo se foi tornando mais fácil. Também usei o Paint, o Power

Point, Excel e Internet. Aprendi a pesquisar e navegar na internet, usando

motores de busca (Sapo e Google). Para mim esta foi a descoberta mais

importante e muito boa, dei-me conta que podia descobrir e ter muitos

conhecimentos, sem ter que perguntar a alguém. A aceleração dos

conhecimentos e aproximação dos amigos e da família estão longe, são uma

grande vitória e conquista para mim. Primeiro fiz o meu e-mail, para depois

usar o Messenger, sendo que hoje o uso muito para comunicar com a família e

amigos. Neste momento o computador já não é um “monstro”, mas sim um

companheiro que me ajuda no dia-a-dia, tirando as minhas dúvidas e facilitando

a aproximação entre o mundo. Mesmo depois de acabar o curso, continuo a

aprender diariamente com o computador e uso da internet.

PRA/3

No percurso da minha vida decorreram acontecimentos marcantes, dos quais

passo a citar alguns que considero relevantes. Nunca esquecerei que foi a minha

mãe que me ensinou a fazer croché apenas com 9 anos. É uma situação que

sempre recordarei e que me tem servido pela vida fora, para mim e também

para eu poder ensinar para outras pessoas. (Ilustra o discurso com foto a fazer

croché). Com as minhas queridas velhinhas do Centro Social, aprendi a fazer

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renda antiga, para não se perder as tradições antigas e ainda a trabalhar na área

da tecelagem e no bordado. (Ilustra o discurso com fotos de artes manuais). Há

pessoas que passam na nossa vida, tal como o comboio passa na estação. Umas

entram com destino marcado, há outras que somente que entram por entrar, há

outras que ocupam um lugar especial e outras que passam só de passagem mas

que deixam a sua marca. Todas estas pessoas fazem parte do meu comboio da

vida, tem- me ensinado algo, por mais insignificante que seja, ou por muito

importante que marque profundamente…são elas: a minha mãe é viúva, tem 72

anos e tem a 4ª classe. Ensina-me muita coisa, desde cozinhar, fazer a lida de

casa e a ser uma pessoa honesta. Eu como filha e com outra mentalidade devido

à diferença de idades ensino-lhe outra maneira de ver a vida, dando maior

espaço ao optimismo, à esperança e a reflectir que na vida há outras coisas que

não são só trabalho. O que a minha mãe espera de mim, é que eu não desista

dos meus objectivos, faça o procedimento de estudos, e assim ela ajuda-me a

dar forças e ânimo. (Ilustra o discurso com uma foto de um cartão que contém

um poema dedicado à mãe. O meu marido é motorista de pesados, tem 49 anos

e 10º ano de escolaridade. Com ele aprendi a amar e aprendi a dar valor à vida,

aprendi a ultrapassar as fases menos boas que a vida nos proporciona. Nós

apoiamo-nos e aconselhamo-nos nos diferentes momentos da vida. O meu filho

mais velho é segurança e tem-me ensinado a melhorar o meu português, tanto a

nível da escrita como o falar. Ensinou-me também que se queremos algo mais

da vida, temos que lutar para consegui-lo, ajudou-me assim a ter mais vontade e

coragem para seguir em frente com o objectivo que me propus, frequentar as

novas oportunidades. Assim o nosso sonho conjunto fica concretizado. O meu

filho mais novo apesar de tenra idade, foi com ele que aprendi a dar os

primeiros passos a nível das tecnologias, desde programar o telemóvel para as

várias funcionalidades existentes, ou usar os recursos informáticos. O

computador tem-me ajudado na elaboração dos textos da história da minha

vida. Espero que finalize o processo RVCC e todos temos grandes expectativas

sobre este processo. A minha comadre é auxiliar de educação educativa, tem 31

anos e tem-me dado muito apoio psicológico e ajuda de forma que eu

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concretize o meu sonho para eu também poder aumentar a minha escolaridade.

Trocámos conhecimentos, e apesar dos problemas que a vida nos apresenta,

enfrentamos com um sorriso na cara, e com um pouco mais de optimismo as

dificuldades são mais fáceis de ultrapassar.

PRA/4

A família constitui sem dúvida o centro da minha vida relacional. Para além do

meu núcleo familiar (marido e filhos), a restante família assume grande

importância na minha rede de convivência diária. (Ilustra o discurso com uma

foto da família). Os meus pais foram os meus primeiros educadores e

desempenharam um papel importante na minha vida, aconselharam a

importantes decisões, e a quem eu procuro ajudar em tarefas do dia-a-dia. Os

meus filhos têm sido uma presença constante na minha vida, apesar de já serem

adultos e terem as suas vidas próprias, continuamos a partilhar muitos quer em

casa, quer em momentos de lazer, tenho aprendido muito diariamente com eles,

em questões de me manter na actualidade em questões culturais e socias, ao

nível das tecnologias (por exemplo, com eles aprendi muito, e o que sei em

relação aos computadores, telemóveis e novas tecnologias deve-se a eles.

Enfim…é um constante processo de transmissão e aquisição de conhecimentos.

Os meus irmãos, cunhados (as) e sobrinhos (os) continuam a ser as pessoas que

ao longo dos tempos têm estado sempre presentes nos bons e maus momentos e

com quem tenho partilhado muito. São as pessoas com as quais eu sei que

poderei contar e vice-versa. Toda a vida temos estado uns para os outros.

(Ilustra discurso com foto da família). Através das redes sociais é vantajoso no

sentido estabelecemos comunicação. Cita a frase: “ A amizade multiplica o

amor e divide a tristeza”, Bacon, in 101 pensamentos. Um dia encontrei “pedras

no meu caminho”, tendo por hábito olhar pela minha saúde, efectuando análises

de rotina, controlar o peso, a tensão arterial, ter as vacinas em dia, etc. e

recorrendo ao centro de saúde da minha área de residência para as consultas de

rotina com a minha médica de família, um dia tive uma surpresa…Foi assim,

que em Janeiro de 2007 foi-me diagnosticado após o resultado de uma biopsia

um carcinoma do cólon. (Ilustra discurso com a apresentação do relatório

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médico em anexo). Após o diagnóstico, surgiram-me de imediato um turbilhão

de emoções: medo, desespero, esperança, mas acima de tudo, coragem e força,

e fé para lutar. Foi estabelecido que eu deveria ser submetida à cirurgia e

posteriormente ser submetida à quimioterapia. Assim foi agendada a cirurgia

que teve lugar na clínica de Santa Catarina, e que consistiu na remoção do meu

cólon descendente. Devido a uma complicação da cirurgia foi-me removido o

baço, que é o órgão, sem o qual não podemos viver bem. Felizmente a

recuperação da cirurgia correu bem, e passados alguns dias recebi o resultado

da análise com uma boa notícia: as células malignas não haviam atingido os

gânglios e por isso não seria necessário efectuar quimioterapia. Desde então o

meu estado de saúde está controlado, e faço vigilância anualmente. Este

episódio da minha vida constituí um grande momento de aprendizagem.

Aprendi a estar na vida de outra forma, valorizando mais as pequenas as coisas

e as pessoas que me rodeiam; Encontrei amizade em pessoas que não esperava,

e com essas aprendi a dividir as tristezas e a multiplicar as alegrias, a somar os

bons momentos e a subtrair os maus. Aprendi a acreditar, ter Fé, lutar perante

as adversidades da vida e a nunca desistir. Aprendi que na vida nem sempre as

coisas correm como gostaríamos, mas mesmo perante os obstáculos e as

vicissitudes, temos que lutar para atingir os nossos objectivos. Aprendi a ser

feliz! Durante a minha recuperação escrevi uma carta que reflecte os meus

sentimentos vividos no momento da doença. (Ilustra discurso com a citação da

carta em forma de poema, intitulado “Um dia eu fiz uma escolha”, e no qual faz

um apelo ao Senhor pela sua cura e a força para seguir os seus passos. Termina

poema com a citação: “só pretendo com a minha total dedicação e empenho,

também dar o meu contributo para anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, um

Reino de Amor e Verdade.”)

PRA/5

A minha família está em primeiro lugar pois é o mais importante nesta vida.

(Ilustra discurso com uma foto acompanhada de um poema, com uma foto

intitulada o seu auto-retrato e acompanhada com a citação do poema “Urgente”

de Eugénio de Andrade). A minha mãe tem 67 anos, e não tem escolaridade

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pois nessa época não frequentavam a escola. Também os meus avós defendiam

que as mulheres deveriam ficar em casa. A profissão da minha mãe é

agricultora, e muito tem ensinado nesta área. O meu marido é motorista,

ensinou-me a conduzir, e até a nadar (…). Apoia-me muito quando estou triste.

O meu filho mais velho tem 8 anos, anda no 3º ano, é um bom aluno e ensinou-

me as primeiras lições no computador. O meu filho mais novo ensinou-me a ser

cada vez mais alegre na vida. Os meus amigos ensinam-me a ser simpática,

generosa e divertida. Os colegas de trabalho encorajam-me para enfrentar os

desafios do dia-a-dia. As pessoas da comunidade: senhor padre, senhora

enfermeira e a senhora bancária estimulam, encorajam para o investimento

académico. Conclui a sua rede de relações e amizades com a citação do poema:

“Fúria nas trevas o vento” de Fernando Pessoa.

PRA/6

São muitos os acontecimentos que no dia-a-dia que nos fazem aprender durante

a vida. Aqui deixo o registo de alguns que mais me marcaram e que foram para

mim lições de vida com todas as pessoas que me acompanharam ao longo do

meu percurso. Com elas aprendi a pôr em prática imensas coisas, e a ver nos

pequenos detalhes da vida factores tão importantes que normalmente nem lhes

damos atenção, mas que fazem parte da nossa vida. Tenho aprendido com a

minha família e o meu trabalho, o qual cumpro com a maior honestidade,

apesar de haver incentivos por vezes na vida que são desonestos, mas que tenho

sabido resistir, e dos quais não me arrependo. Costumo dizer que quase

costumo passar mais tempo com os colegas de trabalho do que com a família,

uns mais, outros menos amigos, uns de mais, outros de menos confiança, mas

quase sempre para que haja uma certa harmonia e um bom ambiente de

trabalho. A rede de relações e aprendizagens são de natureza diversa: Relações

Familiares – Esposa, filhas e pais; Relações de amizade – Um amigo de

infância (48 anos), o meu professor de Inglês (44 anos) e a minha colega de

longo tempo e amiga (30 anos); Relações de Trabalho – Director do Hotel (47

anos), o controlador de comidas e bebidas (39 anos) e a Directora Financeira

(34 anos). (Ilustra a rede de relações com um texto relativo a cada uma destas

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pessoas que fazem parte do seu ciclo de amizades).

PRA/7

Era a minha avó quem me contava muitas histórias e além de me dar muito

amor, e apesar de apenas ter concluído a 3ª classe, era uma pessoa muito sábia.

Sempre que eu estava doente, ela fazia um remédio que dava resultado.

Independentemente da idade, sempre fui uma pessoa muito corajosa e que

nunca desanimava perante as adversidades. (Ilustra discurso com foto da avó).

O meu “Mundo Relacional” é: as minhas filhas, a esposa, os meus pais e

irmãos, padrinhos, colegas, auxiliarem, professores e amigos íntimos. (Ilustra

discurso com oito fotos da família, das filhas, esposa e colegas da escola).

PRA/8

Foram sobretudo os meus amigos que ajudaram-me a crescer, e a criar o gosto

pela luta da vida.

PRA/9

A minha avó, a minha mãe e os meus irmãos foram quem ajudaram-me a

crescer. Actualmente a minha filha, o meu companheiro e o meu tio, ajudam-

me a ultrapassar os obstáculos do dia-a-dia.

PRAS/

10

Durante o tempo que vivi em casa dos meus avós paternos, tive muitos amigos

e colegas com quem brincava, na altura, a minha melhor amiga era a Sara. Ela

vinha a minha casa, e vice-versa. Também festejávamos os nossos aniversários.

Brincávamos à “apanhada”, à “cabra cega”, “às escondidas”, ao “peão”, “ às

quentes” e “às palmas” com as meninas. Também adorava desenhar, mas

sobretudo pintar com o meu grupinho da infância. (Ilustra discurso com foto

dos jogos tradicionais). Foi também através da minha amiga, que conheci a

Biblioteca Pública da Madeira, cujo espaço frequento, pois gosto de fazer as

minhas leituras. (Ilustra discurso com foto da fotocópia de cartão de utilizador).

PRA/

11

A minha mãe tem sido uma força determinante na minha vida, com ela aprendi

e ganhei força para ultrapassar as dificuldades. Nasci em casa, pois nessa altura

havia senhoras parteiras, e na nossa freguesia havia uma. Quando não havia

problemas de saúde, faziam-se os partos em casa. A parteira era a 1ª pessoa a

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pegar na criança, e ficavam como a primeira madrinha, e os pais da criança

tratavam como comadre. Nos meus tempos de criança, tinha as minhas grandes

amigas, brincava com a minha prima e com outras crianças que viviam perto de

mim. Fazíamos bonecas com panos, “brincávamos ao lencinho”, “ao avião”,

“ao jogo da macaca”… (Ilustra discurso com 2 fotos de jogos tradicionais).

PRA/

12

Com o meu marido aprendi muita coisa: a falar menos, a ser mais

compreensiva, liberta e calma. A minha filha ensinou-me a jogar Playstation, e

a minha amiga ensinou-me a estudar o código, e em contra partida ensinei a

fazer tricô. Quanto às minhas relações de trabalho mais próximas, tenho o meu

marido, e duas amigas e clientes do café. Quanto às relações familiares, tenho o

meu marido, as minhas filhas, e restantes familiares, que me dão força para

lutar contra todas as barreiras que apareçam na vida. (Ilustra discurso com a sua

foto de casamento na igreja e com o nascimento das suas filhas, bem como dos

seus pais e sogros).

PRA/

13

Durante a minha infância foram sobretudo os meus tios e os meus sobrinhos

que marcaram a vida. Naquele tempo não havia muitos brinquedos. Eu e os

meus irmãos divertíamo-nos a jogar ao “Avião”, à “Senhora”, “às prendas”,

fazíamos “Joeiras”, “papagaios” e “carrinhos de pano”. Também

frequentávamos o Baile Infantil do Livramento, que entretanto acabou….

PRA/

14

No mapa das minhas relações e aprendizagens, destaco a minha esposa, com ela

aprendi a cozinhar e a responsabilizar pela casa e ter muita vontade para ter

uma família feliz. A minha mãe que sempre me incutiu a necessidade de

respeitar as outras pessoas e as ajudar…Com o meu pai aprendi a lutar, a não

ter medo da vida…Com as minhas filhas aprendi a viver feliz, a sentir que cada

dia vale a pena viver a felicidade. Com o meu irmão aprendi a arte de eletricista

e ensinei-lhe a conduzir o carro e a mota.

PRA/

15

No mapa das minhas relações e aprendizagens, assinalo o meu pai, com o qual

aprendi a vida da agricultura. A minha mãe que me deixou os seus

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ensinamentos, nomeadamente quando me recomendava para não andar coma

más companhias. Na oficina aprendi com o me amigo a compor os carros e

outras situações relacionadas com a manutenção dos automóveis. Com um

outro amigo aprendi a andar de mota. A nível profissional aprendi também com

um amigo a trabalhar com uma máquina e também já ensinei a outros colegas

de trabalho o manuseamento das máquinas. O meu conhecimento com o

computador e internet começou cerca de um ano e meio, aprendi com as minhas

sobrinhas e sozinho. Devo a aprendizagem nas tecnologias, mais precisamente

o uso do computador às minhas sobrinhas…

PRA/

16

As pessoas que fazem parte da minha vida no que concerne a aprendizagens

significativas são: a minha mãe com 79 anos de idade (hoje falecida), não

andou na escola mas sabia ler, a tia ensinou-a a ler e a escrever, porque o meu

pai emigrou para o Brasil. Assim, ela escrevia as suas cartas e também nos

ajudava nos trabalhos da escola. (Ilustra discurso com a foto da sua mãe).

A minha irmã mais nova, com 49 anos de idade e que tem o 12º ano de

escolaridade, ela me tem ajudado nos meus desempenhos escolares, ensina-me

a trabalhar com o computador, porque não sabia mesmo nada e, assim, tenho

feitos diversas actividades, desde percentagens, gráficos e pintar, escrever, etc.

Sempre me ensinou que não há causas inatingíveis, que as nossas vidas são do

tamanho dos nossos sonhos, ela diz-me sempre que: querer é poder…é ela que

me impulsiona a ir em frente perante os obstáculos. (ilustra discurso com a foto

da sua irmã). Tenho também uma vizinha com 76 anos de idade, que é

analfabeta, mas tem uma sabedoria que só se adquire na Universidade da Vida.

Com a sua calma e o seu jeito próprio de ser, ensinou-me a reflectir sempre

antes de agir, em qualquer situação que se apresenta pela frente. Ensinou-me

que a união faz a força, que é muito importante manter a família sempre unida,

pois assim se consegue vencer qualquer barreira que se atravesse na nossa vida.

(ilustra discurso com a foto da sua vizinha). A minha sobrinha, que tem 26

anos, com o 12º ano de escolaridade e é Comissária de Bordo com a sua alegria

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pela vida, ensinou-me a valorizar as pequenas coisas que a vida oferece, a estar

sempre de espírito aberto para as mudanças que vão surgindo na nossa vida e

neste período moderno. (Ilustra discurso com a foto da sua sobrinha). O meu

amigo de 55 anos de idade e com o 12º ano de escolaridade, e que exerce a

actividade de Polícia, por causa da sua maturidade e segurança naquilo que faz

e diz, ensinou-me a valorizar o meu trabalho e a resolver qualquer dificuldade

ou problema que se apresente na minha vida, até mesmo a improvisar se

necessário, sempre de cabeça erguida e satisfação (ilustra discurso com a foto

do seu amigo). Um outro amigo que tem 35 anos, e é professor de Educação

Física, ensinou-me a descontrair e a baixar o stress de pois de um longo dia de

trabalho. Ensinou-me a não desistir mesmo quando as expectativas não

correspondem ao que queríamos, mesmo que a nossa força esteja no limite.

Temos que nos valorizar e acreditar nas nossas potencialidades. (Ilustra

discurso com a foto do professor amigo).

PRA/

17

Passei a minha infância com os meus pais, mas visitava muitas vezes os meus

tios e um casal amigo e as suas duas filhas, daí partiu uma amizade de criança

que ainda hoje existe. A minha primeira vez que fui para o Funchal estudar

tinha ido juntamente com uma amiga que vivia próximo da casa dos meus pais.

Eram tantas as saudades que resolvemos um dia vir passar um fim de semana a

casa. Pedi autorização à irmã superior, mas não disse que vinha para casa,

disse-lhe que ia passar o fim de semana a casa dos meus tios, que viviam junto

do nosso colégio e, para isso, tinha autorização dos meus pais. Por isso mesmo

menti, mas por uma boa causa. (Ilustra discurso, narrando a aventura entre ela e

a amiga nesse fim de semana).Ainda me recordo as aventuras no tempo de

criança, sempre tive o contacto desta amiga e sempre que nos encontramos, as

nossas conversas vão sempre bater a essas aventuras. Com esta colega,

aprendemos em conjunto a lidar com os nossos defeitos e a ultrapassá-los, nos

momentos menos bons.

PRA/ Reflectir sobre a rede das minhas relações tendo em conta do que os outros

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 233

18

pensam de mim, e realmente uma das minhas preocupações. Tenho sempre

presente o meu modo de agir de maneira de que os outros fiquem com uma boa

impressão de mim mas, esta ideia tem limites. Os amigos são uma parte

importante da minha vida. Acho que sem amigos e impossível viver embora

tenha muito cuidado na escolha dos amigos. Quem tem um verdadeiro amigo

tem um tesouro, mas no tempo em que estamos não e fácil fazer amigos porque

cada um só pensa no seu bem. Um verdadeiro amigo e aquele que esta comigo

quando estou bem e quando eu estou mal e aquele que da razão quando não a

tenho. Numa fase da minha vida durante uns três anos tive de fazer companhia

a uma senhora velhinha que vivia sozinha, não tinha família nem casa para

viver e os meus pais então emprestaram-lhe uma casa. Não o fiz com muito

gosto porque preferia estar em casa. Ainda hoje, lamento não o ter feito de boa

vontade, no entretanto foi uma “lição” porque agora estou mais sensibilizada a

ajudar as outras pessoas e aprendi muito os segredos da vida com essa senhora

e a minha mãe.

PRA/

19

Eu tinha uma amiga e vizinha, que era a Rita e nós íamos sempre juntas para a

escola. Como a minha casa ficava antes da minha amiga Rita, era sempre eu a

chamá-la. (Ilustra discurso com o relato das vivências com a sua amiga na

infância). Brincávamos muito amigas na infância, ao lenço, ao anel, ao gri-gri,

às pedrinhas, etc… Eu preferia brincar ao lenço. Fazíamos uma roda e eu por

for ia cantando, até deitar o lenço atrás de alguém. Claro que preferia sempre a

minha amiga Rita. Quanto às pedrinhas, era para acertar as cinco pedras em

cima da palma da mão e as que caíssem, tínhamos de juntá-las até perfazer

novamente as cinco pedrinhas. A Tia Conceição foi das pessoas que mais

referências marcaram na vida. Com ela aprendi desde a trabalhar na fazenda,

como na agricultura. A minha patroa, que era muito exigente, mas que mais

tarde percebi que era para o nosso bem, era preciso aprendermos as coisas

certas e termos alguma qualidade no nosso serviço e na nossa imagem. A Dona

Filomena, que era a minha professora de música, foi a minha grande mestre. A

professora dizia que era bom tocar por ouvido, mas tinha de aprender a tocar

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com a pauta à minha frente. Passados uns tempos, a professora fez-me uma

proposta e apresentou-me um programa no qual eu tinha de tocar numa missa e

eu pensei: “não vou ser capaz de tocar numa missa, com tanta gente e o senhor

padre a assistir”. Pensei que se não saísse bem, não saía, errar é humano. E eu

fiquei mais calma. No final, só ouvi baterem palmas. Todos nós ficamos muito

contentes. (Ilustra discurso com a fotografia do grupo e a tocar o órgão em

conjunto com os membros do coro da paróquia). Tenho também como pessoas

das minhas relações uma das minhas tia e primos, dados que na época tinham

um carro e como não havia na nossa casa carro, era uma alegria tão grande

quando nos vinham buscar para passear, era maravilhoso viajar todos juntos

pela Madeira…

PRA/

20

Na minha casa, eu a minha irmã, desenhávamos no chão o jogo com um caco

de telha e jogávamos com uma pedrinha, também brincávamos ao “jogo das

cinco pedrinhas” e um “jogo com linhas”, eram tão engraçados e nós ficávamos

tão felizes!...Recordo-me também nas minhas relações de amizade, os meus

irmãos mais velhos que faziam “papagaios” eram tão linhos e atiravam-nos ao

vento com as linhas de croché da minha mãe, que ficava danada…também

jogavam ao pião e com um arquinho iam caminhando felizes pela estrada fora,

era tudo tão natural e belo na natureza…Também faziam aqueles carrinhos de

arame forrado com canas “vieira”, cortadas de forma pequena, que nos dias de

hoje, pouca gente sabe fazer. (Ilustra discurso com 4 fotos de diversos jogos

tradicionais). Nos fins de semana como éramos uma família numerosa,

juntávamos – nos todos com os vizinhos no caminho onde não passavam carros,

e brincávamos e fazíamos vários jogos até ao anoitecer, numa grande rede de

laços de amizades. Recordo que os valores da amizade e de solidariedade eram

praticados em grupo, éramos todos tão amigos e todos cooperavam nos jogos

desde o jogo do lenço, à cabra-cega, ao jogo do anel (…). As pessoas mais

velhas também jogavam. O jogo que mais gostava era a matança, era feito com

uma bola média que arranjávamos com trapos velhos e jogávamos todos muito

felizes! (...). (Ilustra discurso 2 foto dos jogos tradicionais realizados na época).

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Ao nível do laço social Indicadores (excertos)

VI - CATEGORIA

Dimensão ao nível do sistema de provação em relação à história e aos coletivos:

Quais são os momentos históricos e coletivos que atravessam os percursos

individuais?

PRA/1

Já trabalhava na escola, quando chegaram alunos a comentar que havia um

Golpe de Estado. Na rádio não transmitiram o noticiário, só passavam músicas

de Zeca Afonso. Tivemos que levar os alunos mais cedo para casa, quando dão

a primeira notícia ao País, fala-se no M.F.A. no General Spínola, Capitão

Salgueiro Maia, Saraiva de Carvalho, entre outros. Portugal no domínio das

Forças Armadas, sendo a Junta de Salvação Nacional que é o M.F.A. a

comandar todo o território português. Mandaram para a Madeira o Almirante

Américo Tomás e Marcelo Caetano que ficaram uns dias exilados no Funchal,

Marcelo Caetano pediu asilo político no Brasil. Suspenderam-se as Guerras nas

Colónias portuguesas e eu fiquei contente, porque assim não iria para lá

combater, e o meu irmão que estava lá voltou mais cedo para casa.

PRA/2

O que mais me preocupa no mundo é como as pessoas vivem em certos países,

passam fome, têm pobreza, contaminam o ambiente, a guerra, o racismo, tudo

isto preocupa-me, todos nós somos humanos, essas pessoas têm o mesmo

direito de viver em paz e amor. Por vezes o egoísmo, a inveja levam à

separação e à maldade entre os Homens.

PRA/3

Há uma coisa que me preocupa muito no mundo, é a fome que a sociedade

atravessa é triste ver principalmente tantas crianças a passar por tal…Todos os

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dias quando vou à “fazenda” e recolho as minhas hortaliças para o meu uso

diário trago tanta fartura que chego a ficar com remorsos, é como diz o velho

ditado: “Uns com muito, outros sem nada”. (Ilustra o discurso com uma foto de

crianças famintas). Preocupo-me também com a actual juventude, que muitas

vezes perde a cabeça, que se mete na droga e prostituição, à procura de uma

vida fácil, de uma vida de engano, onde só há ruína e infelicidade para eles,

familiares e sociedade. (Ilustra o discurso com uma foto de toxicodependentes).

PRA/4

Em 1964, tinha eu 5 anos e lembro-me da inauguração do aeroporto de Santa

Catarina, junto à minha casa, ai estava o primeiro aeroporto na Madeira. Cita a

fonte: www.fsportugal.com com a notícia, “ No dia 8 de Julho de 1964 tinha eu

um ano, o Super Constellation da TAP, aterra pelas 11h24, transportando uma

larga comitiva de convidados, onde se destacava o presidente da TAP,

engenheiro Vaz Pinto. Na cerimónia de inauguração também estava o

presidente Américo Tomaz. A partir desse dia o sonho de todos os Madeirenses

estava realizado. Apesar de ser ainda criança, recordo muito bem esse dia em

que fui assistir à inauguração. Mais tarde, em 1986 a casa onde nasci foi

expropriada devido à ampliação do aeroporto. A minha adolescência foi vivida

na altura do Estado Novo, regime político liderado por Salazar, e mais tarde por

Marcelo Caetano. Tive de aprender as regras políticas associadas à ditadura que

se vivia na época. Na escola, junto do Crucifixo de Jesus Cristo era obrigatório

ter a fotografia de Salazar. Não se podia falar em política adversa relativa ao

Estado em público. Muitos programas de TV e rádio eram submetidos à

censura, e alguns proibidos de serem emitidos, enfim…Tudo muito diferente da

liberdade em que se vive nos dias de hoje na nossa sociedade. (Ilustra o

discurso com duas fotos de Salazar e de dois jovens da Mocidade Portuguesa).

PRA/5

A conjuntura actual da sociedade apresenta-nos muitas dificuldades ao nível

económico, o desemprego por exemplo, tem vindo a aumentar em Portugal,

atingindo valores preocupantes. O desemprego atinge principalmente a classe

média, e mais as mulheres, sendo que para estas a taxa é de 8 por cento,

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enquanto os homens desempregados são 6,4 por cento, também entre os jovens

que as taxas são mais elevadas, com quase 16 por cento dos portugueses com

menos de 25 anos sem trabalho. São cada vez mais as famílias que são

confrontadas com a perda do seu emprego, ficando em situações de aflição,

para poderem cumprir com as suas responsabilidades financeiras, visto que a

maioria possuí créditos bancários, e não podendo pagar ficam sujeitos a perder

os seus bens. Não só a perda dos seus bens como da sua qualidade de vida da

alimentação, de um vestuário, cultura e lazer. (Ilustra discurso com uma foto de

um grupo de manifestantes desempregados). Actualmente a sociedade também

se confronta com o suicídio, e tem sido apontado como a terceira maior causa

de morte a nível mundial. Idosos são o grupo de maior risco, principalmente o

homem viúvo, reformado e socialmente isolado. Também jovens entre os 15 e

24 anos, solteiros e normalmente habitantes de zonas rurais, por causa do meio

social isolado, e também não menos preocupante, os das zonas urbanas pelo

consumo excessivo de álcool e drogas. A maioria das pessoas que tentam o

suicídio estão psicologicamente perturbadas, trata-se de pessoas que sofrem de

depressão, problemas afectivos. Algumas causas são: o divórcio, perda de

emprego, perda de familiares e problemas de saúde grave. Em suma, falar é

preciso, poder falar com alguém é um importante factor de protecção.

PRA/6

No meu tempo de criança juntamente com dois amigos inseparáveis,

dedicávamos os nossos tempos livres, a criar os nossos próprios brinquedos.

Eram os “carrinhos de madeira”, “os papagaios” que chamávamos “joeiras”, os

“carrinhos de arame” com “canas de bambu”, o arco de dois paus que tinham

dois suportes para andar em cima que chamávamos “cambadinhos”. Etc.

Concorria-mos para ver quem conseguia fazer melhor, quem conseguia chegar

mais longe, por exemplo com os cambadinhos, era sempre uma

festa…Jogávamos também à batalha naval, às palavras cruzadas, o jogo das

palavras que consistia, por exemplo, em pedir ao outro jogador para dar o nome

de cinco capitais europeias, ou de cinco países da América Latina, etc..Alguns

anos depois tocávamos viola, ouvíamos música, íamos ao cinema, dávamos

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alguns passeios, lembro-me que entre os meus 13 e 15 anos, fui três vezes ao

Porto Santo, dormíamos na areia, foi espetacular, a viagem no barco que era

Pirata Azul, não era muito agradável, mas apesar de tudo era muito bom. A

minha avó fazia pão, bolos e broas caseiras que eram uma delícia, às vezes

tenho o pressentimento que ainda sinto aquele cheirinho e

paladar...Historicamente decorreram acontecimentos importantes ao longo da

minha vida. O Presidente dos Estados Unidos, Jonhn Kennedy, foi assassinado

a 22 de Novembro de 1963. (Ilustra discurso com foto do Presidente).

Recordemos também os “Beatles”, famoso grupo de rock fundado em

Liverpool, Inglaterra no final da década de 50 e constituído: Jonh Lennon, Paul

McCarteny, George Harrinson e Ringo Starr. (Ilustra discurso com foto do

grupo). Recordo os momentos trágicos vividos no terramoto do Índico, que

ocorreu a 26 de Dezembro de 2004, que fez aproximadamente 220 000 vítimas.

(Ilustra discurso com foto do terramoto). Recordo também os atentados de 11

de Setembro de 2001, que destruíram as torres gémeas de Nova Iorque, que

consistiram numa série de ataques suicidas coordenados pela Al-Qaeda contra

alvos civis nos Estados Unido. Em Portugal recordo o golpe de Estado Militar

de 1974, que derrubou o regime político que vigorava em Portugal desde 1926.

Aqueles primeiros anos após o 25 de Abril, o país vivia uma anarquia, eram

greves em cima de greves, toda a gente reivindicava muito bem os seus direitos,

mas sem saber como, aderia-se a uma greve ou ia-se a uma manifestação só

porque víamos os outros lá, pintávamos as paredes e afixavam cartazes,

escreviam frases agressivas, algumas não por convicção política, mas porque os

outros o faziam, achavam piada e estava na moda, tudo isto parecia um barco à

deriva. No dia 1 de Janeiro de 1986 na então chamada CEE. A entrada

representou uma enorme expectativa e um grande aumento de confiança para os

portugueses em relação ao futuro, que até então era desilusão atrás de desilusão.

Apesar de tudo, penso que Portugal pode orgulhar-se por pertencer à Europa e

ser membro activo da União Europeia, a adesão à Europa Comunitária e ao

Euro foram boas opções políticas, porque se assim não fosse, seríamos um país

isolado, remetido para um terceiro-mundismo instável, subdesenvolvido e a

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nossa moeda seria irremediavelmente desvalorizada, sofrendo uma constante

inflação e de taxas de juros insuportáveis. No âmbito da literatura recordemos

também José Saramago, que recebeu o Prémio Nobel da Literatura, sendo

entregue por Sua Majestade o rei Carlos XVI da Suécia em Estocolmo, no dia

10 de Dezembro de 1998. (Ilustra discurso com 2 fotos destes acontecimentos

históricos.)

PRA/7

Vivemos num mundo actual que nos obriga a acompanhar-nos a sua evolução.

Curioso é o funcionamento das plataformas de e-learning e as Formações. O e-

Learning é mais motivador pois é possível recorrer a elementos multimédia, o

que nos proporciona uma experiência mais enriquecedora, além de permitir a

interactividade. Por outro lado, adapta-se ao ritmo individual de trabalho,

solucionando o clássico problema da heterogeneidade das turmas. Outro

aspecto relevante prende-se com os factores económicos e ambientais, uma vez

que minimiza ao máximo as deslocações entre a residência do formando, e a

instituição local onde decorre a formação – menor consumo de energia, melhor

ambiente, e menos despesas inerentes à deslocação. O horário flexível permite

trabalharmos ao ritmo do nosso horário e de acordo com as nossas necessidades

e gosto. Em 2006, candidatei-me a uma especialização na ESEC (Escola

Superior de Educação de Coimbra) e fui aceite. A especialização era em regime

presencial, facto que invalidou a minha frequência no curso. Entretanto

regressei para a Madeira e reconheci que um dos principais obstáculos era na

verdade, por um lado, a inexistência desse tipo de formação no arquipélago e,

por outro lado, o carácter obrigatório presencial da formação. Estes dois

factores associados impediram a concretização deste meu projecto de vida.

PRA/8

Para mim tudo é importante e diferente, felizmente gosto de tudo porque

adapto-me às exigências da sociedade. Neste tempo em que tudo é rápido e se

eu tivesse mais tempo livre gostaria de ajudar mais a minha família. Gosto

também de tirar fotos, principalmente aos meus filhos quando passeamos, para

poderem recordar mais tarde a época que vivemos. (Ilustra discurso com 4 fotos

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pessoais e familiares).

PRA/9

Neste momento preocupa-me imenso a situação do nosso País, ao nível do

desemprego, do ambiente, entre outros factores que ameaçam a nossa

sociedade. Quero, a partir de agora, dedicar mais tempo a pensar em mim, a

preparar o meu futuro, e acima de tudo, pensar em conseguir dar melhores

condições de vida à filha, e dar-lhe todas as oportunidades que não tive. Vou

fazer de tudo para que ela nunca desista dos seus objectivos, e quero também

alcançar os meus objectivos, que são formar-me, conseguir evoluir, ir mais

além, e conseguir um trabalho para evoluir a nível profissional, uma vez que

nunca trabalhei fora. Assim, poderei ter o meu dinheiro para não depender do

ordenado do meu marido, pois a sociedade nos dias de hoje, exige que cada um

de nós dê o seu contributo profissional. (Ilustra discurso com a apresentação de

um gráfico relativo à evolução do desemprego em Portugal e um texto relativo

à situação dos desempregados em Portugal).

PRA/

10

Vivemos numa sociedade em que é importante conhecermos os órgãos de

soberania. Existem órgãos do poder político específicos que pertencem às

Regiões Autónomas e às Autarquias. Precisámos de acompanhar o poder local e

as suas funções. (Ilustra discurso com dez fotos alusivas com o Governo, e

textos relacionados, desde as funções do Governo; o modo como este se forma;

qual é o seu programa; a Assembleia da República Portuguesa; a relação entre o

Governo e os Tribunais; a relação entre o governo e as relações autónomas; e a

relação entre o governo e a administração pública). (Faz referência também ao

poder regional das Regiões Autónomas, Açores e Madeira, apresentado a

bandeira de cada uma delas).

PRA/

11

Naquele tempo por altura da Páscoa, os rapazes brincavam ao “Pião”. Uma

colega minha que também tinha pais com uma mercearia, um dia chegou à

escola com um pião, e também se pôs a jogar com os rapazes. Foi a primeira

rapariga na turma a ter um pião. Eu também como gostava de jogar, tirei um da

mercearia do meu pai sem pedir-lhe, pois sabia que os meus pais não queriam

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que eu tivesse um pião. Quando o meu pai descobriu que eu andava a jogar ao

pião, e que tinha tirado um da mercearia sem pedir, bateu-me, pois tinha tirado

sem a sua autorização, e como rapariga a sociedade não aceitava que jogasse ao

pião… No início da minha adolescência muita gente não tinha televisão, e o

meu pai na altura em que apareceram os televisores, não quis comprar, pois

achava que ver TV era uma perda de tempo, e não trabalhar. Aos meus 17 anos

o meu pai sempre comprou TV, e já foi a cores, sendo que fomos os primeiros

no sítio a ter desta maneira. Recordo-me que eram muito caros.

PRA/

12

Um dos momentos vividos na nossa sociedade, está relacionado com a

Eutanásia. A prática desta acção sempre foi motivo de dúvida por parte da

nossa sociedade. Actualmente colocam-se várias questões em causa, perante

este tema tão polémico, tais como: a eutanásia não vai contra os direitos do

Homem? Contra a ética? Será justo retirar a vida a uma pessoa? A vida não

cabe apenas a Deus determinar? Será um homicídio assistido? Como podemos

ver, são diversas as questões, e muitas não têm uma resposta clara, nem

objectiva. (Ilustra discurso fazendo uma reflexão relacionada com a eutanásia,

onde menciona os prós e contras, bem como a Declaração dos Direitos

Humanos, apresentado também dados estatísticos relacionados com a

legalização da eutanásia).

PRA/

13

Naquela época da minha infância, era comum os vizinhos (tantos os jovens

como os mais velhos) meterem medo a mim e aos meus irmãos. Todas as noites

entrava lá em casa, uma “velha” de preto para assustar. Um dia a minha mãe

chegou a casa mais cedo, e era uma vizinha. Certo dia, enquanto fomos brincar,

uns vizinhos decidiram fazer uma partida à minha irmã, pois sabiam que ela

tinha medo de mortos. Foram ao guardo fatos do meu pai e tiraram um fato.

Encheram de roupa para fazer um boneco de braços abertos, e colocaram na

cara um chapéu. Depois pegaram no boneco e deitaram na cama da minha irmã.

Quando chegámos a casa, a minha irmã estava a gritar porque estava um morto

dentro de casa. Outros vizinhos que ouviram os gritos vieram ver o que se

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passava. Descobriu-se logo quem tinha sido, visto que estavam em cima de uma

árvore a rir. Eles foram castigados, e recordo-me que levaram ali mesmo uma

tareia.

PRA/

14

Hoje vivemos numa fase de um mundo moderno. Recordo por exemplo o meu

nascimento que foi feito pelo meu pai que acabara de chegar do mar…pois era

pescador. As minhas filhas pelo contrário tiveram outra assistência hospitalar.

Hoje temos muitos meios de transporte e tudo é mais rápido…Eu por exemplo

também recordo a propósito de transportes, que quando fui tirar carta de

pesados para poder conduzir transportes públicos, logo se conseguia um

emprego, hoje já está muito difícil…

PRA/

15

As brincadeiras eram diferentes das actuais. Brincávamos na terra com

brinquedos que nós próprios construíamos, jogávamos à bola, tínhamos

carrinhos de canas e de madeira. Por vezes, os meus irmãos e eu fazíamos

algumas asneiras, pelas quis éramos severamente repreendidos. Actualmente, as

brincadeiras das crianças são muito diferentes são modernas, existem as

tecnologias, e têm acesso assim aos computadores desde muito novas, têm as

playtations, jogos de vídeo e mp3, o que contribui para que as crianças já não

brinquem na rua, já convivem muito pouco umas com as outras. (Ilustra

discurso com uma foto em criança onde está brincando com um Carrinho de

Canas).Um dos momentos mais marcantes na minha infância era quando ia a

casa de uma vizinha ver televisão com os meus irmãos, porque na nossa casa

não havia televisor…Quando eu nasci o meu pai trabalhava na construção civil,

como ajudante de pedreiro e, em casa cultivava semilhas, batatas, couves e

vinha, enfim diversos produtos agrícolas. A minha mãe era bordadeira e dona

de casa. Actualmente, o meu pai encontra-se inválido e a minha mãe também já

tem dificuldades, já não trabalha…

PRA/

16

Naquela época não havia televisão, mas a população ouvia muito na rádio as

notícias, música e romances… Quando faltava a luz, substituíam a corrente por

baterias (pilhas). Menciona também a grande tragédia que abalou sobre a ilha

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da Madeira no dia 20 de fevereiro de 2010. (Ilustra o seu discurso com a

descrição da tragédia nessa data).

PRA/

17

Na minha altura de infância, não havia televisão, não havia internet, nada de

playstations, Nintendo ou jogos de vídeo. Passava tardes a brincar com os meus

primos e amigos que viviam próximo da casa dos meus pais. A minha única

condição era voltar para casa ao anoitecer. Estas brincadeiras aconteciam na

altura das férias, porque durante o período escolar, os meus pais não

autorizavam eu sair de casa. As nossas brincadeiras eram bem diferentes dos

meninos de hoje. Brincávamos ao jogo das escondidas, ao jogo da pedrinha, ao

jogo da matança, utilizávamos uma bola pequenina passando de um lado para

outro, até acertar em alguém, ao jogo do anel, ao jogo do lenço, entre muitos

outros. Eram jogos simples e pouco sofisticados, mas éramos felizes.

Brincávamos ao ar livre, na natureza, num ambiente saudável. E mais,

brincávamos sem a presença dos adultos a vigiar-nos. Estávamos entregues a

nós próprios, livres como passarinhos. Também tínhamos a nossa liberdade, os

nossos fracassos, os nossos sucessos e deveres. Aprendíamos a lidar com cada

um deles. Lembro-me de existir uma nascente e que os meus pais mandavam-

me ir buscar água. Quando chegava a casa, essa água era deitada num pote de

barro chamado infusa, para aguentar a água fresca. Não havia garrafas ditas

atualmente esterilizadas e os meus pais morreram velhinhos. Nessa altura, não

se deitavam pesticidas nos terrenos. Por isso mesmo, a água era saudável,

mesmo ficando no pote de barro. O desenvolvimento traz coisas boas, como

também, traz menos boas…Na altura em que frequentei o colégio no Funchal,

sofri muito, apanhei o 25 de Abril onde houve algumas manifestações, faziam-

se muitos comentários da vida política, assisti ao incêndio da loja SOCARMA e

por tudo isso ficava muito assustada. Mas também tive coisas boas nessa altura.

PRA/

18

O que mais me preocupa com o mundo é a degradação dos valores humanos.

Eu vivi num tempo em que tínhamos muitas dificuldades em todos os sentidos

porque faltavam-nos os meios de aprendizagem, também os meios financeiros

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mas vivíamos com confiança, podíamos comprar e vender uma coisa so com

uma palavra, ainda hoje tenho terrenos que eram dos meus pais que foram

comprados sem confirmar a compra, ou seja sem fazer a escritura e nunca

houve problemas!... Actualmente existe novos equipamentos e nova tecnologia

bem como a internet onde a sua utilidade e sem dúvida indispensável para

vivermos hoje em sociedade. (Ilustra discurso apresentando uma reflexão sobre

as novas tecnologias e as suas vantagens).

PRA/

19

Atualmente a sociedade e particularmente a Região Autónoma da Madeira,

apresenta uma taxa de desemprego preocupante. (Ilustra discurso com um

gráfico relativo ao período de 2008 na RAM, bem como em Portugal um

quadro estatístico referente ao terceiro trimestre de 2008). Uma outra situação

preocupante é o consumo do tabaco. (Ilustra esta preocupação com a

apresentação de um inquérito e de um texto que mostra a forma de ajudar a

prevenir o tabagismo). Com a conjuntura actual, o acesso aos créditos estando

mais dificultados, na sociedade o suicídio começa a ser um problema

preocupante. A maioria das pessoas que atentam contra a própria vida, está

psicologicamente perturbada, o que não significa que sejam doentes mentais ou

malucos. Trata-se de pessoas que sofrem de depressão, sobretudo pela fase

actual que a sociedade está a enfrentar. (Ilustra discurso com um texto

relacionado com esta temática).

PRA/

20

Neste mundo, na sociedade actual preocupa-me a degradação do meio

ambiente, que está a crescer, piorar cada vez mais…Preocupa também a

pobreza e a fome que já os nossos passados sofreram devido à guerra e que

actualmente está sendo de novo um indicador na sociedade pela situação

política e social. O endividamento das famílias, o recurso ao crédito, o suicídio,

o consumo do tabaco e das drogas, uma multiplicidade de problemas sociais.

Em todo o mundo, há crianças maltratadas, abandonadas e exploradas, assim

como também existe indiferenças a estes problemas sociais e humanitários.

(Ilustra discurso com a citação de um Poema intitulado “Esperança” justifica-o

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como necessidade de termos esperança na sociedade atual para ultrapassar a

conjuntura de crise que atravessamos). Um dia também fui convidada para

pertencer à lista de um partido político mas para não criar conflitos, não aceitei.

Uma vez que o voto é secreto, o mais importante é votar, que é o dever dos

cidadãos. A verdade é que nem todos os cidadãos o fazem, “Todos se

subscrevem, mas nem todos respeitam”. Os políticos utilizam um discurso

persuasivo- argumentativo nas suas campanhas políticas, estes exigem uma

organização lógica de argumentos, uma argumentação para convencer o seu

público de maneira a que o raciocínio da pessoa que discursa convença o

público.

Utilizam um tom de voz alto e claro com a finalidade de convencer os presentes

na sua ideologia. Estes, os políticos, como líderes de cada partido, devem a

partir do seu talento, da sua vontade e da sua disciplina conquistar o respeito e a

amizade dos colaboradores pelos seus próprios méritos. (Ilustra discurso com 2

fotos da Campanha Eleitoral e com um espetáculo do Concerto do Paulo

Gonzo).

Ao nível do laço social e individual Indicadores (excertos)

VI I - CATEGORIA

Dimensão ao nível do sistema de provação relacionada com a religião:

Quais são vivências e percursos religiosos significativos ao longo das trajetórias

de vida de cada ator?

PRA/1 Graças a Deus, que com muita fé, por volta do ano 1980, tive uma das maiores

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alegrias pois, depois de ter casado e ter vivido numa casa arrendada, pude

usufruir do meu lar. Considero que toda a gente deve lutar para o ter o

“chapéu”. Costumo dizer: “mesa quando comas, casa que te agasalhes e terra

que não saibas.”

PRA/2

Sou da Religião Católica, tenho cumprido os meus Sacramentos Religiosos, fiz

a minha 1ª Comunhão, Confirmação e o Crisma, estando assim na catequese

durante 9 anos. Recebi os meus sacramentos na minha Paróquia. Sentia-me

feliz, o que me ajudou a superar a distância dos meus irmãos. Os meus pais

fizeram de tudo para que me sentisse bem. A religião proporcionou-me uma

boa educação. Sou de uma família média e humilde. O que eu sei e sou, foi

fruto daquilo que aprendi no seio da família e no seio religioso, sempre segui os

exemplos e conselhos dos meus pais, e a fé universal. A riqueza que eu tenho

em mim, devo à minha fé e família, os meus pais diziam, “ Quem boa cama

busca, nela se deita”, sempre tentei seguir esta máxima e procurar um bom

caminho. (Ilustra este discurso com fotos dos sacramentos realizados: 1ª

comunhão e Crisma). O meu matrimónio foi na Madeira, na paróquia onde

residia (Ilustra uma foto do casamento na paróquia onde se realizou).

PRA/3

Porque com as mãos começa o meu dia, bendizendo, o “Senhor”, através do

sinal da cruz com as mãos, faço todo o tipo de trabalhos, acarinho e sou

acarinhada, com as mãos tudo posso, tudo faço, com as mãos semeio o trigo,

com as mãos amasso o pão. Enfim, necessito das mãos para tudo o que faço.

Agradeço muito a Deus. (Ilustra o discurso com uma gravura da sagrada família

com as mãos levantadas para o céu). O dia 30 de Outubro de 1982 foi uma data

especial, foi a do nosso casamento na igreja de nossa senhora de Fátima. A

festa foi num restaurante chamado “El vitoriano” na cidade de “La Victoria”.

Tudo correu bem, a lua-de-mel foi inesquecível, e nunca esquecerei aqueles

momentos tão importantes na minha vida, Graças a Deus. (Ilustra discurso com

foto de casamento da igreja). Gosto muito de participar em alguns eventos

religiosos, gosto de frequentar a igreja e participo nas leituras. Considero-me

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uma boa cristã, e tenho orgulho de ser uma católica praticante. Sou também

catequista de adolescentes, que neste momento frequentam o 8º ano, os quais já

dou catequese desde o 1º ano. Tenho por hábito frequentar a igreja, participar

nas Eucaristias, porque gosto, porque acalma-me a vida, e sinto-me “mais

perto” de Deus, bem como a nossa Pátria. Todos os dias faço as minhas orações

da manhã no meu quarto, e rezo o terço. É com tudo isto que enriqueço a minha

vida espiritual, que sinto uma grande paz interior, e me vai dando forças para

viver em sociedade e lutar pelas oportunidades que não tive na vida. Precisamos

de viver com Deus, para abençoar a nossa Pátria, e a nossa Família. (Ilustra o

discurso com uma vela em homenagem à Nossa Senhora de Fátima).

PRA/4

O título do meu PRA: “As Pégadas da minha vida e o RVCC”, transmitem

lembranças dos momentos vividos na minha infância, adolescência e idade

adulta, e todos estes momentos agradeço ao Senhor. Traz-me lembranças dos

momentos vividos em família, em grupos, na minha Pátria, onde todos ficam

em silêncio, onde reflectimos, conversamos, choramos, e vivemos os bons

momentos da vida, que só Deus nos poderá proteger. (Ilustra discurso com

apresentação da capa do PRA, bordada em tecido de linho, o título, dois

pezinhos e o seu nome). O meu poema favorito também é “Pegadas na Areia”,

este poema transmite a ideia de que mesmo nos momentos mais difíceis,

quando pensamos que está tudo perdido, o Senhor levá-nos ao colo, ou seja,

ajuda-nos a ultrapassar as dificuldades. Citando um excerto do seu poema:

“Senhor, Tu me disseste que, uma vez que eu resolvi seguir-Te, tu andarias

sempre comigo, todo o caminho. Contudo, notei que durante as maiores

atribulações do meu viver, havia na areia dos caminhos da vida, apenas um par

de pegadas…O Senhor me respondeu: Quando viste na areia, apenas um par de

pegadas, foi exactamente ai que nos braços te carreguei.” (Ilustra o discurso

com o poema e as respectivas pegadas na areia). No ano de 1959 fui baptizada a

27 de Setembro pelo padre Gabriel Olavo Garcês, já falecido. Foi também

quem celebrou a minha 1ª Comunhão, Profissão de Fé, Crisma e Casamento. Os

meus padrinhos do baptismo eram pessoas abastadas e eu pensava muito tempo

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em sua casa. Como era das poucas pessoas nas redondezas no carro, gostava

muito de passear com eles. Por altura do Pão por Deus (1 de Novembro) era

hábito a minha mãe preparar um cestinho com frutos, nomeadamente nozes e

castanha e eu levava para a casa dos meus padrinhos. (Ilustra discurso com a

foto da igreja matriz da sua paróquia, e uma outra com os frutos típicos do Pão

por Deus. O meu casamento religioso aconteceu no dia 17 de Setembro de

1977, na igreja da minha paróquia. Fui eu que organizei os preparativos, desde

o vestido de noiva mandado fazer pela modista, aos arranjos da igreja que

foram feitos com “Não me deixe” flor da estação e o ramo para oferecer a

Nossa Senhora. O côro foi um grupo de freiras que eram minhas amigas. A

festa foi feita num hotel e os convidados foram familiares e amigos. Aos 35

anos inicei as actividades religiosas na minha paróquia. Frequentei o grupo

coral, onde adquiri algumas noções básicas de canto e iniciei a minha

actividade como catequista. Sou actualmente a coordenadora da catequese na

paróquia, o que requer muita responsabilidade, criatividade, capacidade de

liderança e fé.O ingressar na catequese foi um passo muito importante na minha

vida, dar um contributo de fé na sociedade é preciso para que Deus nos ajude.

Desde o início foi algo que me agradou e fez-me sentir útil. Apesar do trabalho

que se tem e do tempo que se emprega, sem nada receber em troca a nível

monetário, é gratificante ver o nosso esforço reconhecido. Para além disso

tenho crescido muito enquanto pessoa, e aprendido também muito, pois é uma

actividade que requer pesquisa, leitura, participação em reuniões e em

conferências. Tenho aprendido essencialmente a comunicar e a transmitir as

minhas ideias aos outros! Também na área da informática tenho feito várias

apresentações, nomeadamente em power point e word nas apresentações que

faço na catequese. Enfim, ser catequista para mim, é algo interior mais forte e

importante na minha vida, não é o simples “dar catequese”. Na minha opinião

ser catequista, é: ser uma educadora, ser uma amiga, uma conselheira, alguém

que transmite valores para a vida. É necessário ter capacidade para movimentar

e mobilizar os grupos, é necessário inspirar confiança e inovação, é necessário

distribuir tarefas e proporcionar decisões, e as suas consequências, e

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particularmente no meu caso servir de exemplo, nem sempre é fácil conseguir

tudo isto! Juntamente com o meu marido, aderi às Equipas de Nossa Senhora,

onde temos reuniões mensais com outros casais, onde discutimos temáticas

relacionadas com a família e temos momentos de reflexão. Estas atividades

fizeram com que eu desenvolvesse capacidade de comunicação, transmissão de

conhecimentos, debate, partilha e aproximação, quer da vida familiar, quer do

seio do grupo. (Ilustra discurso com uma foto de vinte jovens na catequese

numa atividade em 2009, e outra foto com membros das equipas de Nossa

Senhora em Agosto de 2009). No âmbito das atividades religiosas, já

organizamos muitos passeios à volta da ilha, onde se alugam autocarros, mas

também fora da ilha, como uma viagem ao Porto Santo. Nesta viagem fomos

mais de 400 pessoas, entre catequizados, pais e catequistas e foi no

encerramento da catequese, no mês de Junho. Em 2006 também fizemos uma

viagem de finalistas da catequese, os jovens que fizeram o crisma e a viagem

foi até Fátima. Nesta viagem tivemos um Guia no autocarro e fomos até

Nazaré, Óbidos, Santarém, Alcobaça, Lisboa etc. Entre várias visitas que

realizamos, visitamos as grutas de Santo António. Nesta viagem foram 38

jovens e 8 catequistas, foi muito bom para que isto se realizasse, foi preciso

muito trabalho e investimento. No Dia do Pai e nas festas de Santo Amaro,

preparamos rifas e fizemos uma barraca, tudo isto para angariar fundos e depois

os pais pagarem a diferença.

Só a Fé nos permitiu chegar até Fátima. (Ilustra discurso com duas fotos do

grupo no Santuário de Fátima e Mosteiro da Batalha, em Junho de 2006).

Recentemente participei na organização de um acontecimento que exigiu muita

planificação e programação. Foi aquando a visita da Imagem Peregrina de

Nossa Senhora de Fátima à Madeira. Foram muitas as reuniões que tivemos

(equipa coordenadora) numa das quais tive oportunidade de lançar a ideia de

elaboramos o logótipo para mandar estampar em T-shirts e bonés para os

jovens da catequese. Lancei mãos à obra e com a colaboração do meu filho

(estudante universitário em Arte e Multimédia) fizemos o logótipo que depois

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foi apresentado em reunião, e ficou aprovado. (Ilustra discurso com a

apresentação de uma tabela para a encomenda de T-shirts e bonés, num total de

771 e de acordo com as cores, quantidades e tamanhos). Deu muito trabalho

esta organização, mas valeu a pena porque todas as crianças, jovens e adultos

participaram nas atividades previstas. Foram três dias vividos com muito

entusiasmo e alegria. (Ilustra discurso com 4 fotos alusivas a Nossa Senhora de

Fátima e anexa o programa também da imagem peregrina). Atualmente estou a

preparar o início do novo ano pastoral e a reunião de pais, bem como das

crianças e jovens. Tenho programado a apresentação em powerpoint com várias

fotos das actividades realizadas no ano anterior, bem como estou a elaborar o

plano de actividades para o próximo ano. Este ano convidei uma psicóloga que

irá falar aos pais e à comunidade em geral sobre pais e filhos. Geralmente a

leitura é uma actividade diária e recentemente li um livro que me cativou

bastante, foi: “Deus é um tipo fixe”, de Cyril Massarotto. Este professor nasceu

em 1975, e é um professor de jardim-de-infância, perto da cidade de Perpignan,

na França. Por muitos anos, exercitou a escrita apenas como letrista da banda de

rock amadora da qual é vocalista, Saint-Louis. Em 2006, tentou ir mais além.

Um ano depois, na banheira veio-lhe a frase: “Deus é um tipo fixe”. Foi o início

deste que é o seu primeiro romance. (Ilustra discurso com a imagem da capa do

livro, e relata o resumo desta obra).

PRA/5

Eu pertencia ao grupo dos estudantes católicos madeirenses, “E.C.M”, e aos

fins-de-semana organizávamos passeios onde havia a preocupação de

cuidarmos da natureza, de termos respeito e amizade uns pelos outros. No meu

dia-a-dia pratico a reciclagem porque foi fruto dessa aprendizagem que fiz. Nos

piqueniques a despesa era dividida por todos, e era eu quem fazia as

sobremesas. (Ilustra discurso com a apresentação de uma receita: “folhado de

morango”). O nosso grupo do “E.C.M.” também fazia peças de teatro, e eu até

tinha jeito, e era muito divertido, fazíamos festas bem engaçadas! Chegamos a

deslocar-nos ao Porto Santo de propósito para atuarmos. Desempenhei vários

papéis, entre eles recordo aquele que fiz com uma colega na peça: “As Velhas

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Surdas”. (Ilustra discurso com a descrição da peça). Com o passar do tempo,

juntei-me a um grupo de amigos e amigas que cantavam nas celebrações

eucarísticas da Paróquia, era espetacular. Nos dias do ensaio, primeiro

ensaiávamos, e depois saíamos até ao café, íamos jogar um pouco de bilhar,

enfim (…) senão fosse este grupo religioso que estava integrado, não tinha

liberdade de sair de casa. Dado que os meus pais não permitiam, e naquele

tempo não havia liberdade nem essa mentalidade. Foi neste grupo que conheci

o meu marido, e onde começamos a namorar, e um ano depois casámos na

igreja.

PRA/6

Como católico praticante que sou, participei em atividades da minha paróquia,

quando me é solicitado ajudo nas ornamentações para algum arraial, dou

alguma ajuda monetária para diversos peditórios que são feitos, que me

parecem justos e que devemos ajudar na sociedade. Admiro a imagem do Cristo

Rei de braços abertos, imponente sobre o rochedo da Ponta do Garajau com

uma vista maravilhosa, de um ponto podemos observar parte do Funchal e de

outro ponto, o Caniço, só temos de olhar em redor e deixar que os nossos olhos

viagem até ao horizonte mais longínquo. (Ilustra discurso com uma foto da

imagem).

PRA/7

A minha avó materna foi quem ensinou-me muitas orações e que me deu muito

amor e força para viver nesta vida. Decorava muitas orações e sempre que eu

estava doente recorria as orações que ela me ensinava. Recordo com muito

carinho e ternura, o dia da minha Primeira Comunhão, em que fez em conjunto

com o meu irmão. O meu irmão levou um fato branco, sendo que eu levava um

fato azul. (Ilustra discurso com a foto de ambos no dia da Primeira Comunhão).

Um dos maiores acontecimentos mais marcantes da minha infância foi o

nascimento da minha irmã mais nova. Recordo que a minha mãe deu uma

queda, e estava a chorar numa cama. Eu deitei-me junto a ela e perguntei-lhe o

que se passava. No início, ela não me dizia nada, mas depois de tanto insistir

disse-me que estava grávida e que tinha caído, estava com medo de perder o

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bebé. Tentei animá-la e fui fazer-lhe um chá. Desse dia em diante, comecei a

rezar diariamente um Pai-nosso e três Avés Marias, para que o bebé nascesse

perfeito. Passados seis meses a minha mãe deu à luz uma menina. Fui ao

hospital visitar a minha mãe e a minha irmã, e pedi para tirar toda a roupa, para

assim eu poder confirmar se realmente era perfeita, como eu havia pedido a

Deus. Era a menina mais linda que estava no hospital. Com este acontecimento,

aprendi que quando queremos algo, devemos apegar-nos a algo em que

tenhamos Fé. Eu tenho Fé em Deus, por isso em tudo o que faço, peço-lhe

ajuda para que oriente e proteja na vida. Eu tenho fé em Deus que hei -de

concluir estes dois meus cursos que decorrem, o de massagista e do processo

RVCC.

PRA/8

Peço a Deus diariamente para que ajude os Problemas do Mundo. Eles são sem

dúvida e cada vez mais graves como: o alcoolismo, a droga, a violência

doméstica, os problemas ambientais, sempre que cada vez há maior produção

de lixo, e as pessoas não tem cuidado com a saúde pública. (Ilustra discurso

com 4 fotos relacionadas com estas preocupações sociais e ambientais).

PRA/9

Fui batizada e fiz a Primeira Comunhão na minha freguesia. O meu Crisma

coincidiu com o dia do Baptizado da minha filha. (Ilustra discurso com a

apresentação destes sacramentos religiosos, e a capa do portefólio com a

montagem de quatro fotos relacionadas com estes acontecimentos).

PRA/

10

Sempre que Deus proporciona-me tempo, gosto de brincar com a minha filha, ir

à biblioteca e andar a pé, saborear a Paz que recebemos como dádivas do Pai do

Céu.

PRA/

11

Gostava muito da festa da paróquia, que é feita no mês de Junho, em honra de

Santo António. (Ilustra discurso com um cartaz das festas da paróquia, e

descreve a vivência da festividade). Ao Domingo é sempre realizada a festa

Solene do Padroeiro, com a procissão, e com, um tapete de flores muito bonito.

No tapete existe mais do que uma forma geométrica, as mais comuns são os

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retângulos que se fazem os musgos, e funcionam como um quadrado onde as

pessoas preenchem com flores diversas. Sempre participei na elaboração dos

tapetes. O meu casamento foi na igreja, e recordo com mágoa que o meu pai

não pode levar-me ao altar…No meu 2º casamento não me casei de branco,

pois de branco só se casa uma vez…O meu vestido foi creme, mas estava muito

feliz junto a Deus.

PRA/

12

Aos meus 6 anos fui para a catequese, foi mais um passo na minha vida cristã,

aos 7 anos fiz a minha 1ª comunhão. (Ilustra discurso com foto da 1ª Comunhão

em 1972). Continuei na catequese até aos 12 anos, onde fiz o crisma e ai

terminei esta etapa. Como gostava muito da minha Catequista e da forma como

explicava a Vida de Jesus, também queria ser um dia Catequista, mas mais uma

vez fui proibida de o ser pelos meus pais. No ano 2009/2010, fui convidada

para ajudar a dar catequese, e aceitei! É uma forma de estar com os jovens, de

ensinar, e relembrar algo esquecido. Tive várias ações de formação, da

responsabilidade da Doutora Maria, licenciada em Teologia (Ilustra discurso

com as aprendizagens decorrentes da formação e o relato de várias vivências

com crianças e jovens na catequese.)

PRA/

13

Adoro fazer pinturas de anjinhos (Ilustra discurso com duas fotos de anjos com

aplicação de folha de ouro, da sua autoria. Participou no curso de pintura que

foi dinamizado pela casa do povo, e pela juventude católica. Aprendi várias

técnicas de pintura e bricolagem, e graças a Deus, através de pessoas amigas

que consegui desenvolver estas minhas competências. Hoje também consulto

revistas, e outros recursos tecnológicos para a criatividade das minhas pinturas.,

tudo isso graças à inspiração divina.

PRA/

14

Aos 21 anos casei na Igreja, no dia 06 de Janeiro de 1986 (ilustra discurso com

as fotos do casamento na Igreja). Nos meus tempos livres gosto de ir à Igreja e

acompanhar a minha família à missa. Identifico-me com a beleza de um

girassol, uma bela flor que Deus nos deu …O girassol procura a luz do sol para

sorrir, eu também adoro acordar cada dia de sol e viver cada momento feliz,

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ainda que o dos a dia traga algumas surpresas, mas Deus ajuda-nos a ultrapassar

cada dia. À noite gosto de estar em casa, sentir-me feliz com a minha família e

seguro e fechar-me como faz o girassol quando faz noite…

PRA/

15

Nasci no seio de uma família numerosa, onde vivemos uma educação moderada

e religiosa. O culto a Deus esteve sempre presente nas nossas vivências

familiares e nas nossas orações pela nossa Pátria. Participamos nas missas, a fé

ajuda-nos no dia-a-dia.

PRA/

16

As pessoas que fizeram parte da minha vida graças a Deus que tive um bom

relacionamento a nível familiar. Nasci de uma família numerosa e com muita

proteção divina. Queria homenagear a minha irmã mais venha que muito nos

ajudou com a sua dedicação, carinho e trabalho, que Deus a ajude!

PRA/

17

Havia a tradição dos arraiais, das festas religiosas. Nessa altura das festas

religiosas, vinham os festeiros fazer a festa aos santos da terra. (Ilustra discurso

contando alguns episódios vividos nas festas religiosas, destacando

principalmente os arraiais da Ponta Delgada, o chamado Bom Jesus, o Santo

André no Carvalhal, Canhas, da Nossa Senhora da Piedade nos Canhas e o

Pedro no Livramento e na Ribeira Brava, refere ainda as festas do Divino

Espírito Santo, do Santíssimo Sacramento, do Senhor S. Brás e da Senhora do

Loreto). Na minha vida adulta, um acontecimento que considero mais feliz,

graças a Deus, foi o nascimento do meu filho. Foi um nascimento planeado.

Nasceu por cesariana, mas correu tudo bem, nasceu um rapaz saudável. Tive

outros acontecimentos bonitos, como: o baptizado do meu filho, quando ele fez

a Primeira Comunhão, quando se Crismou e quando fez a Bênção das Capas no

12ºano. (Ilustra discurso com várias fotografias dos acontecimentos).Pertenço a

um grupo coral e religioso da paróquia. (Ilustra discurso com as várias

atividades realizadas no grupo).

PRA/

18

Sou catequista e oriento grupos de jovens na minha paróquia. Nas actividades

sócias tantas vezes tenho sentido muita alegria, com a presença de Deus em

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especial quando vejo as pessoas, algumas com mais de 70 anos a pegarem num

instrumento pela primeira vez e ainda conseguem aprender dois acordes para

acompanharem melodias populares que para eles se torna algo importante na

vida. Tenho uma experiência de vida graças a Deus muito bonita mas muito

exigente porque lido com todas as idades e tenho que me adaptar aos diferentes

níveis etários, em todas as actividades tenho aprendido sobretudo em grupo o

valor da partilha, da amizade da solidariedade e o dom da fé. (Ilustra discurso

com duas fotografias sendo uma da sua 1ª Comunhão, outra de um encontro de

catequistas e ainda outra fotocópia do Diploma de Cooperadora dos

Salesianos).

PRA/

19

Recordo-me as vivências na catequese: A senhora Lucinda começava por nos

por a benzer e depois tínhamos de rezar uma Avé Maria e um Pai Nosso e

assim começava a catequese. Não se podia faltar, porque depois não se fazia a

Primeira Comunhão. Lembro-me quando fiz a Primeira Comunhão, ia toda

vaidosa para a igreja, assistir à missa com um vestido branco de renda e uma

capela na cabeça. Com aquele vestido, parecia uma noiva e eu sentia-me muito

grande. Levava um ramo de açucenas brancas que era tradição. O senhor padre,

na preparação para a Primeira Comunhão com todas as crianças, recomendava

que nós não podíamos comer nada antes de comungar. E eu fiquei a pensar, e se

me der fome, será que nem água posso beber?” “Ele disse que era nada” – dizia

a minha amiga Rita ao meu lado. Estava tão curiosa sobre saber qual seria o

sabor daquela coisa branca redonda: hóstia santa! Mas depois de provar, vi que

não tinha muito sabor, parecia farinha crua… Depois vim para casa e fizemos

uma festa onde brinquei com outros meninos. Gosto muito de tocar e fazer

parte do coro da igreja e um dia fizemos uma surpresa ao senhor padre que

adorou e ficou bastante comovido com o nosso gesto. Criámos um poema para

dedicar ao senhor padre. (Ilustra discurso com a citação do poema). Após esta

leitura, todos nós juntamente com o senhor padre, ficamos comovidos, o senhor

padre não tinha palavras para descrever aquele momento. Ele também sabia que

naquele momento e em breve iria mudar de paróquia. Então sentiu-se ainda

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mais comovido, com a nossa homenagem. De momento, estou a fazer um

trabalho para a igreja que é a preparação dos cânticos para a missa do parto, no

programa publisher da Microsoft, em forma de livro. Coloquei o cântico

“Virgem do Parto” por ser um dos mais conhecidos e tradicionais do Natal.

PRA/

20

Na minha infância, aprendi a escrever, a ler e a rezar. Quando fiz a minha

Primeira Comunhão, tinha eu 7 anos de idade, lembro-me do meu vestido, foi

feito por uma senhora que vivia perto da minha casa. Recordo que fui tirar as

medidas para fazer o meu vestido, e também de o vestir antes dos acabamentos

finais. A minha mãe fez “papelotos” no meu cabelo, sentia-me tão bela…

(Ilustra discurso com a sua foto da Primeira Comunhão). Para mim, o

casamento na igreja era um sonho, sempre pensei um dia casar de branco

porque esta cor significa pureza e paz para Deus e para mim. Apesar de ter

casado no Inverno a cor utilizada no vestido (branca) era uma cor de Verão,

uma cor fresca e por ser uma época fria, tive que adaptar umas mangas ao

vestido e também para a igreja teria de ser deste modo. Foi sem dúvida, um dia

muito importante na minha vida, foi uma decisão e mudança muito importante,

ou melhor fui em busca da minha felicidade e de uma bênção de Deus. (Ilustra

discurso com a sua foto com o seu vestido branco no Dia do seu Casamento).

Dia 20 de Junho de 2009, o meu filho, fez a Primeira Comunhão, o dia teve de

ser organizado de forma a celebrar este acontecimento e correr tudo bem.

Preparei o meu filho com tudo o que era necessário levar para a igreja: Vela,

Ramo de Flores, Terço e Livro. Às 9h e 30m fomos para a igreja, e a missa

demorou cerca de 1h30m. Terminada a missa tiraram fotos para mais tarde

recordar estes momentos de Graças a Deus vividos. (Ilustra discurso com a foto

do seu filho da Primeira Comunhão e relatas as vivências desse dia na

companhia da família e amigos).

Ao nível do laço social e individual Indicadores (excertos)

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VIII – CATEGORIA

Dimensão ao nível do sistema de provação em relação ao sistema Cultural:

Nos tempos livres ou de lazer quais foram as obras literárias consultadas?

PRA/1

Obra: “A Saga”, de Sophia de Mello Breyner Andresen. (Ilustra discurso com a

apresentação do resumo da história).

Poema: “Recomeça” de Miguel Torga. (cita o poema, apresenta a biografia do

autor, e ainda o seu resumo).

PRA/2

Obra: “As Pupilas do Senhor Reitor”, de Júlio Dinis. (Ilustra discurso com a

foto da capa do livro e faz uma reflexão sobre a história, bem como, emite o seu

comentário sobre esta obra).

Poema: “Felicidade” de Carlos Drumond de Andrade (cita o poema e emite o

seu comentário sobre o mesmo, ilustrando ainda com gravuras do sol, flores e

uma criança).

PRA/3

Poema: “O Velho e a Flor” de Vinicius de Moraes (cita o poema e emite a seu

comentário sobre o mesmo e ilustra-o).

PRA/4

Obra: “Deus é um tipo fixe”, de Cyril Massarotto. (Ilustra discurso com a foto

da capa do livro e faz uma reflexão sobre a leitura, bem como, emite um

comentário sobre esta obra. Apresenta ainda a biografia do autor).

Poema: “Pegadas na Areia”, www.grandespoemas.blogspot.com (cita o poema

e emite a seu comentário sobre o mesmo e ilustra-o).

PRA/5

Obra: “A criança que não queria falar”, de Torey Hayden. (Ilustra discurso com

a foto da capa do livro e faz uma reflexão sobre a história, bem como, emite um

comentário sobre esta obra. Apresenta ainda a biografia do autor.

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PRA/6

Obra: “Os Cinco Sentidos - Matando a paz no Médio Oriente”, de Arsénio Reis.

(Ilustra discurso com a foto da capa do livro e faz uma reflexão sobre a história,

bem como, emite um comentário sobre esta obra. Apresenta ainda a biografia

do autor).

Poema: “Ponta da Oliveira”, de J. Morna Gomes, poema extraído do livro (cita

o poema e emite a seu comentário sobre o mesmo e ilustra-o).

PRA/7

Obra: “O Principezinho”, de Antoine de Saint-Exupéry. (Ilustra discurso com a

passagem de alguns de excertos da história, fazendo uma reflexão, bem como,

emite um comentário sobre esta obra).

Poema: “A Felicidade”, de Benjamin Franklin. (cita pensamento: “A felicidade

humana geralmente não se consegue com grandes golpes de sorte, que poucas

vezes acontecem, mas com pequenas coisas que acontecem todos os dias”).

PRA/8

Obra: “Desfigurada”, de Rania al-Baz. (Ilustra discurso com a passagem de

alguns de excertos da história, fazendo uma reflexão, bem como, emite um

comentário sobre esta obra e apresenta também o resumo das obras e

comentários dos seus colegas do Processo RVCC).

Poema: “Rosa Solitária”, de Elizabete Ribeiro. (Faz comentário sobre o poema

no seu Diário de Bordo.

PRA/9

Obras: “A Lua de Joana”, de Maria Teresa Maia Gonzalez. (Ilustra discurso

com a passagem de um poema, fazendo uma reflexão, bem como, emite um

comentário sobre esta obra e apresenta também o resumo das obras e

comentários dos seus colegas do Processo RVCC).

“A aia”, de Eça de Queirós. (Ilustra discurso com a passagem de alguns

excertos do conto).

PRA/

10

Obra: “A aia”, de Eça de Queirós. (Ilustra discurso com a passagem de alguns

excertos do conto, apresentado também o resumo do mesmo).

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Poema: “Poesias Ortónimo”, de Fernando Pessoa. (Faz comentário sobre os

poemas e cita alguns, bem como apresenta, fotocópia da capa da obra).

PRA/

11

Poema: “Flagrantes da vida real” (cita o poema e emite a seu comentário sobre

o mesmo e ilustra-o).

“Crónicas de Amor” (cita o poema)

PRA/

12

Obra: “Aos olhos de Deus”, de José Manuel Saraiva. (Ilustra discurso com a

passagem de alguns de excertos da história, fazendo uma reflexão, bem como,

emite um comentário sobre esta obra e apresenta a biografia do autor.

Poema: “As coisas vulgares que há na vida” (cita poema).

PRA/

13

Obra: “O Velho e o Mar”, de Ernest Hemingway. (Ilustra discurso com o

resumo do livro, bem como apresenta a biografia do autor. Apresenta ainda no

seu diário de bordo as obras dos colegas do grupo).

PRA/

14

Obra: “Juntos ao Luar”, de Nicholas Sparks. (Ilustra discurso com o resumo do

livro, bem como apresenta a biografia do autor. Apresenta ainda no seu diário

de bordo as obras dos colegas do grupo e emite opinião pessoal sobre a obra e o

autor e destaca algumas das suas obras adaptadas em filmes).

PRA/

15

Obra: “Adolescência, Civilização – O difícil diálogo: Pais e Filhos” de

Fenwich, Elisabeth Smith, Ernest Hemingway. (Ilustra discurso com um

excerto do texto).

Poema: “Poema da Vida ” (cita poema) de Raul Cordeiro. (Comenta o poema e

associa o poema ao falecimento da irmã, quando já a encontrou na praia sem

vida, ilustra com uma foto da praia).

PRA/

16

Obra: “Crónica de Amor” In Revista Visão: Crónica de Lobo Antunes,

António. (Ilustra discurso com excertos da crónica).

Poema: “Que bom não ser o melhor de todos ” (cita dois poemas). (Comenta o

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poema e associa à realidade do dia-a-dia.)

PRAS/

17

Obra: “Como ter um coração saudável” do Professor Manuel Oliveira

Carrageta. (Ilustra discurso com excertos do livro e respetivos comentários).

Poema: “Poesia” de Sophia de Mello Breyner Andresen. (Faz comentário sobre

os poemas e cita alguns, bem como apresenta, fotocópia da capa da obra).

PRA/

18

Obra: “O velho e o mar” de Ernest Hemingway (Ilustra discurso com excertos

da história e apresenta um comentário pessoal sobre o livro).

Poema: “A primeira morada” de José Tolentino Mendonça (cita o poema e

comenta o poema e associa à realidade do dia-a-dia ilustrando as dificuldades

da vida com fotos pessoais e da sua mãe nos degraus da sua casa).

PRA/

19

Obra: “No teu Deserto” de Miguel Sousa Tavares (Ilustra discurso com a

apresentação de um comentário pessoal sobre o livro).

Cântico: “Virgem do Parto” (cita o cântico e comenta-o e justificando que é um

dos cânticos mais conhecidos na época Natalícia)

PRA/

20

Obra: “O Rapaz do Pijama as Riscas” de Jonh Boyne (Ilustra discurso com

excertos da história, apresenta um comentário pessoal sobre o livro e a

apresenta a fotocópia da capa do livro).

Poema: “Esperança” (cita o poema, comenta e associa-o à realidade do seu dia-

a-dia).

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Apêndice L:

Análise de Conteúdo - Categorização e

Subcategorias das Histórias de Vida na

análise do corpus relacionadas com a

Dimensão: MOTIVAÇÃO

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Motivações

Unidades de registo de contexto

Codificação

1 - Recompensas extrínsecas; 2 - Recompensas intrínsecas

“Foi com satisfação a nível pessoal quando recebi a notícia da

existência de um programa com financiamento Europeu em que

consistia na certificação de competências aqueles que um dia e por

força maior deixaram os seus estudos, dando-lhes a possibilidade a que

as suas competências e progressos entretanto adquiridas na sua vida

(pessoal e profissional), sejam valorizadas e equiparadas, assim terei

uma maior auto - estima na minha vida".

2

“Depois de receber uma carta do sindicato a informar da

existência do Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de

Competências, 15 dias depois, dei o pontapé de saída, numa reunião

com algumas Técnicas especializadas no processo RVCC, que me

informaram os diferentes passos desde a inscrição até aos

procedimentos da certificação, desta forma já teria oportunidade

também de ter maior facilidade para entrar no mercado de trabalho".

laços de amizades.”

1

"Tive conhecimento deste processo através de amigos, e em

seguida fiz a inscrição no centro. A ideia de seguir ou tirar o 9º ano no

centro de novas oportunidades, era para eu puder trabalhar no curso

que também pretendia tirar, que era auxiliar de infância, solicitavam o

9º ano, e eu só tinha o 7º ano de escolaridade..."

1

"Entrei com pensamentos negativos, e no início foi muito

complicado, não era fácil falar de nós demonstrar as nossas

competências. Mas com ajuda da equipa e do grupo, estes foram bons

colegas, e fomos muito unidos durante o processo e com o decorrer do

2

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tempo, as ideias negativas transformaram-se em positivas e sinto maior

auto-estima no meu dia-a-dia."

“Entrei, neste centro novas oportunidades que será um desafio,

espero realizar os meus objectivos futuros. Tenho alguns receios, mas

vou em frente, espero conseguir, acompanhar aquilo que me vai ser

proposto, mas espero atingir bons resultados, acompanhar as minhas

colegas, dar o meu melhor e compreender. Tenho medo de não

conseguir interpretar os temas que me vão ser entregues, e saber

organizar os textos e ideias. Por vezes, fico bloqueada, as palavras não

saem na hora certa, estou a compreender mas não consigo dizer, não

encontro a frase ou palavras. Já há muitos anos que deixei a escola, e

agora vejo a falta que me faz não ter o 9º ano de escolaridade, ter um

curso de técnica auxiliar de infância e sem esta escolaridade não

consigo trabalhar naquilo que tanto gosto..."

1

"Os aspectos negativos que senti inicialmente em demonstrar

conhecimento e as minhas competências transformaram-se em

positivos quando consegui finalizar o portefólio. O convívio com os

formadores e colegas e o desafio de abraçar este processo foram de

extrema importância. Também como já tinha frequentado algumas

formações, como de informáticas, entre outras, foram muito úteis para

este processo e para entrar no mercado de trabalho."

1

"Tenho muita necessidade de conviver com outras pessoas,

aprendemos a ser mais comunicativos e a ter mais conhecimento. Eu

espero adquirir competências e validá-las durante este processo, farei

com que juntamente com as minhas colegas, façamos um bom trabalho.

Eu sei que tenho que partilhar muita coisa com os meus formadores e

2

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colegas, isto é uma forma de conhecermos melhor a nossa vida,

relembrar tudo aquilo que já passamos, dar valor a nós próprios e ao

nosso auto-conhecimento e melhorar a nossa aut-estima."

"Reviver novamente o passado coisas que deixamos para trás,

vai ajudar a enriquecer mais o meu presente bem como o meu futuro.

Esta oportunidade, faz-me sentir mais realizada, desenvolve as minhas

capacidades e conhecimentos, e faz reflectir na vida do dia-a-dia. O

grupo é constituído por 13 pessoas, as idades variam entre os 27 e 63

anos.Após a conclusão deste processo espero conseguir entrar mais

rapidamente no mercado de trabalho."

1

"Neste portefólio estou a explicar a história da minha vida, tento

falar daquilo que há muito tempo não falava, é uma experiência que

nos faz reflectir o passado, o presente e talvez o futuro. Estou a gostar

de relembrar a minha vida, não trás só lembranças, mas também um

caminhar para o futuro, a nível pessoal de auto-estima para conseguir

um emprego o mais rapidamente possível."

1

"Neste portefólio estou a explicar a história da minha vida, tento

falar daquilo que há muito tempo não falava, é uma experiência que

nos faz reflectir o passado, o presente e talvez o futuro. Estou a gostar

de relembrar a minha vida, não trás só lembranças, mas também um

caminhar para o futuro, a nível pessoal de auto-estima para conseguir

um emprego o mais rapidamente possível."

1

"Agora chegou o momento de entrar para o processo RVCC,

concretizar o meu sonho, ter o 9º ano. O meu muito obrigado por tudo,

especialmente pelo apoio que me deram e abriram novas portas para

continuar a investir na minha vida pessoal, familiar e social e eme

especial profissional".

1

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"A motivação para frequentar o processo RVCC é para mim ir

ao encontro dos conhecimentos adquiridos ao longo de todo o processo

ao longo da minha vida, e através dele, ter a possibilidade de adquirir

novos conteúdos. Inscrevi-me neste processo com a perspectiva de

relembrar conceitos úteis à prática do dia-a-dia e adquirir qualificações

com as mesmas. Nunca é tarde para relembrar o que aprendi na minha

vida, e assim, através do RVCC torno a minha vida mais dinâmica e

com novos desafios. Para além disso, ao adquirir mais qualificações

penso que poderei melhorar a minha vida profissional".

1

"A motivação para frequentar o processo RVCC é a

possibilidade de ter uma oportunidade de concluir o 9º ano. Soube da

existência deste novo processo que funciona no Centro de Novas

Oportunidades X, através do meu marido. Inscrevi-me para completar

o 9º ano como já referi e também porque queria concorrer para um

outro trabalho que exigiam essa escolaridade, essa mudança para mim

era muito importante. As minhas expectativas perante este processo

achava que fosse mais fácil, não é que também fosse tão difícil, mas

ocupo-me diariamente algum tempo e para quem trabalha e tem família

é difícil de gerir..."

1

"Tomei conhecimento deste projecto das novas oportunidades

através de um colega de trabalho e que iniciara o processo algum

tempo antes. A partir desse momentos despertou o meu interesse e fiz

algumas pesquisas na Internet para recolher mais informações sobre o

assunto. O que me levou até à Escola Hoteleira, mais propriamente

aoprocesso RVCC, foi o desejo de ver reconhecidas as minhas

qualificações e também a vontade de aprender sempre mais e mais,

com o objectivo de conseguir acompanhar a evolução, que nos

trouxeram as novas tecnologias, ser cada vez mais produtivo no

desempenho das minhas funções e garantir que o meu futuro seja

1

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melhor ao nível profissional."

"O meu grande sonho é concluir o 9º ano para prosseguir

estudos, e tirar o curso de fisioterapeuta. Tenho fé em Deus que hei-de

de alcançar estes objectivos, quem espera sempre alcança, querer é

poder. Além de acreditar nestas máximas, acredito também que

conseguirei concluir o 9º ano através do processo RVCC. Acredito

também que existem 3 grandes paixões que orientam a minha vida: o

amor pelas minhas filhas, o amor pelos meus pais e pela natureza. Por

todos estes factores, frequento o processo RVCC, depois valerá a pena

que terei novas carreiras profissionais."

1

"Segundo Soren Kierkegaard, conhecido teólogo e filósofo

dinarmaquês, “A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás,

mas só pode ser vivida olhando-se para a frente.” Este pensamento

motiva-me a escrever a história da minha vida. Ao longo da minha

história de vida procuro então, “olhar para trás”, para todos os

acontecimentos que marcaram o meu passado e fazer uma breve

reflexão sobre eles, de modo a melhor compreender a minha vida, até

aos dias de hoje e encontrar novos caminhos profissonais."

1

"A minha maior motivação era concluir o 6º ano, já tinha tido

muitas expectativas concluir, mas nunca tinha conseguido. "Decidi

agora concluir o 6º ano, pois tenho apenas o 4º ano e a escolaridade

obrigatória para a minha faixa etária é o 6º ano. De momento não estou

a precisar do diploma do 6º ano, porque sou comerciante e trabalho por

conta própria, sou dona de uma mercearia-bar, mas como cada vez

mais as pessoas dão preferência aos supermercados e a freguesia vai

ficando cada vez mais com menos pessoa, provavelmente poderei ter

de fechá-la. Para agravar esta situação, quando a via expresso estiver

concluída, a clientela irá ser desviada com a nova via expresso e

procurará outros pólos de comércio. Por isso, para me antecipar e

1

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preparar com futuro, tenho urgentemente que concluir o 6º ano, e deste

modo candidatar-me a algum trabalho que eventualmente apareça no

mercado de trabalho".

"A minha maior motivação era mesmo continuar a estudar,

porque sempre o quis fazer, mas não podia, devido à situação

financeira dos meus pais, tive que sair muito cedo da escola. Então

agora que a vida me dá esta oportunidade, vou tentar pelo menos tirar o

9º ano. Através desta via consigo conciliar o meu trabalho e apoiar a

minha família, sobretudo as minhas filhas, caso contrário não seria

possível. Assim, por não ser a tempo inteiro, consigo conciliar todos os

factores da minha vida: o trabalho, a família e os estudos, estou muito

feliz..."

1

"A minha motivação para entrar no processo RVCC é dar valor

às competências que a pessoa adquiriu durante a sua vida e motivar-se

para desenvolver novas competências e aprendizagens. O meu caso

tenho algumas dúvidas na escrita da língua portuguesa, dou alguns

erros e é por essa mesma razão, que sinto necessidade de investir para

ultrapassar este tipo de dificuldades e assim poder ter um emprego sem

dificuldades."

1

"O RVCC é uma oportunidade para concluir o 6º ano de

escolaridade, é essa é a minha maior motivação... Reflectir sobre os

momentos mais marcantes da minha vida é uma possibilidade de

recordar os bons e maus momentos da história da minha existência.

Sinto motivação em aprender coisas novas, e principalmente a

necessidade de escrever melhor o português. Com o apoio da equipa do

CNO irei conseguir ultrapassar estas mesmas necessidades, e assim a

língua portuguesa, irei encarar com outro olhar e em qualquer trabalho

que encontre não ficar tão constrangida de medos (.. ). Trinta são os

anos da minha existência de vida, e nesta idade, senti estas motivações

1

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e tomei a decisão para inscrever-me no centro de novas oportunidades,

porque quero aumentar o meu nível de escolaridade como referi, para

poder tirar um curso que será muito útil para qualquer área de

trabalho."

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Apêndice M:

Análise de Conteúdo - Categorização e

Subcategorias das Histórias de Vida na

análise do corpus relacionadas com a

Dimensão: INDIVIDUAÇÃO

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Natureza Física

Unidades de registo de contexto

Codificação

1 - Traços de Natureza Física

"O homem de génio diz: “eu sou”, o poderoso afirmar: “eu

posso”. o rico diz: “eu tenho”, o ambicioso: “eu quero”, e eu, não genial,

sem poderoso, de posses medianas e sem idade para grandes ambições, o

que posso dizer sobre mim, que já não seja do conhecimento daqueles

que me rodeiam? Cabelo ralo, mais branco do que preto, a barba por

corta, os olhos castanhos cara tisnada pelo sol onde já se notam algumas

rugas que o tempo e as inquietações quotidianas, aceleram a cada dia.

Esta é a cara de um corpo cuja barriga já foi elegante, mas que os

convívios e jantaradas dilataram. Tenho 53 anos e dietas só as faço pelos

cuidados da saúde, pois o aspeto físico já há muito deixou de ter

remédio."

1

"Tenho neste momento 41 anos e quanto ao meu aspeto físico,

tenho 1,50 m de altura, cabelos castanhos e encaracolados, olhos

castanhos e face oval…"

1

"Fisicamente apresento uma estatura média, tenho olhos

castanhos e cabelos também castanhos…" 1

"Nasci no dia 28 de Agosto de 1959, contudo, nos meus

documentos constam a data de 29 (por lapso do meu avô no ato do

registo), passando essa data a por mim celebrada. Relativamente ao meu

aspeto físico, tenho 1,65m e 65kg. Assim o meu IMC (Índice de Massa

Corporal) é: 65:1.65*1.65=23,8 logo estou no meu peso normal."

1

"Sou uma pessoa com um aspeto físico aparentemente de 1

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estrutura média, tenho os olhos castanhos-claros, cabelo castanho e sou

de cor branca."

"Tenho estatura média, cabelos castanhos e sou morena." 1

"Atualmente tenho 34 anos, meço 1,65 m e peso 75 Kg. Tenho

olhos verdes, cor de azeitonas, cabelos castanhos, e sou já um pouco

calvo."

1

" Sou uma pessoa com 1,65m de altura, e tenho 68 kg." 1

"O meu cabelo é castanho, olhos esverdeados, e sou de estatura

média." 1

"Tenho olhos e cabelos castanhos-escuros, estatura baixa e pele

clara. " 1

"Meço 1,64 m e tenho aproximadamente 70Kg. Muitas vezes

gostava de fazer exercício físico, mas infelizmente pouco tempo livre

me resta. Tenho olhos castanhos, cabelos compridos e pretos."

1

"Meço 1,65m e tenho aproximadamente 75 Kg. Tenho os

cabelos castanhos e os olhos também castanhos." 1

"Fisicamente tenho 1,72 m e sou forte, moreno, olhos castanhos

e cabelo curto. " 1

"Nasci com 3,100Kg e tinha 50 cm de altura". 1

"Fisicamente tenho 1,72m, sou forte, moreno, olhos castanhos e

cabelo curto. " 1

"Tenho estatura baixa e pele clara. Os meus olhos são castanhos

e sou morena." 1

"O meu aspeto físico é normal. Tenho estatura média, cabelo

castanho-claro, olhos azuis, pele clara, peso 72 kg, sou parecida com o 1

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meu pai."

"Sou uma pessoa de meia estatura, tenho cabelos castanhos,

sou morena e tenho 1,56 de altura." 1

"Sou uma pessoa de estatura média, não sou magra, mas

também não me considero gorda." 1

"Fisicamente tenho estatura média, 1,65 m de altura e 66Kg,

sou morena, cabelos e olhos castanhos." 1

Natureza Familiar

Unidades de registo de contexto

Codificação

1 - Traços familiares

"Éramos 8 filhos e o meu pai era o único que trabalhava, e o

que ganhava, era muito pouco para sustentar uma família tão grande e

pobre."

1

"O meu pai era agricultor, a minha mãe doméstica, vivemos em

casa dos meus avós maternos, já faleceram há muitos anos. A minha

mãe já faleceu há 6 anos, só tenho o meu pai com 88 anos, vive

sozinho, é uma pessoa saudável, sempre que posso ajudo na lida da

casa. "

1

"Sou a 3ª de 7 filhos, uma família numerosa que atravessou

imensas dificuldades. " 1

"A minha família começou por ser o meu pai e a minha mãe e o

meu irmão, sendo que fui a terceira de quatro filhos, que viveram com 1

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muitas dificuldades económicas."

"Tenho 3 irmãos, sendo eu a mais nova. Temos grandes

diferenças de idades, pois quando nasci a minha irmã tinha 15 anos, e

os meus irmãos 9 e 12."

1

"Sou casado e tenho 2 filhas. A minha esposa tem 40 anos, as

minhas filhas 17 e 13 anos, respetivamente." 1

"Numa modesta casa de uma freguesia rural, a minha mãe dava

à luz um menino. Esse menino era eu, o sexto de dez irmãos. Aqui

começava a história da minha vida com o facto curioso, o do meu pai

apenas registar-me no dia seguinte ao meu nascimento, 16 de

Dezembro de modo a gozar mais um dia de licença, uma vez que nasci

num domingo."

1

"Desejos vêm do facto de eu querer ter uma família melhor e de

realizar os meus sonhos. Lutas vêm do facto de eu sofrer muito para

alcançar os meus objetivos. Convivi com pessoas antiquadas e

alcoólicas que proibiram-me de estudar."

1

"Passei muitos momentos tristes na minha vida, senti a falta do

meu pai! Embora a minha relação com a minha mãe fosse boa, não era

uma pessoa independente, porque a minha mãe não nos deu muita

liberdade, nem a mim nem aos meus irmãos. Ela não nos deixava sair

com os amigos, nem podíamos chegar a casa mais tarde."

1

"A minha família paterna era a família típica e tradicional

católica. Os meus pais foram educados no sentido de respeitar e

obedecer sempre as pessoas mais velhas, e cumprirem os valores.

1

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Quando tinha 15 meses nasceu o meu primeiro irmão, meu

companheiro de infância. Entretanto quando tinha 7 anos nasceu o meu

último irmão, o “casula”, como chamávamos."

"Os meus pais apesar de na altura ser muito comum ter mais do

que 3 filhos, apenas tiveram 2, e foram meninas, a minha irmã que

nasceu em 1960, e eu sete anos depois."

1

"Somos uma família um pouco extensa, 7 raparigas e 4 rapazes,

e eu sou a décima de onze filhos. Éramos uma família muito humilde,

com pais muito esforçados para dar o mínimo de qualidade de vida,

vivíamos da agricultura. Desde nova senti a necessidade de ajudar os

meus pais e os meus irmãos (alguns já tinham emigrado), mas nunca

perdi o entusiasmo pelos estudos, sendo sempre uma boa aluna

(segundo os comentários dos professores)."

1

"Nós éramos 7 irmãos. Os meus pais trabalhavam, e nós

ficávamos em casa ao cuidado das irmãs mais velhas. Durante o dia,

enquanto nós brincávamos deixavam a casa aberta."

1

"A vida familiar era muito agitada, mas ao nível financeiro era

muito razoável." 1

"A minha família é constituída pelo meu pai, mãe e sete irmãos.

Éramos uma família de classe média – baixa. A educação foi moderada

e religiosa."

1

"Nasci no seio de uma família numerosa, humilde e pobre,

sendo o 7º filho de 12, entre o quais 6 rapazes e 6 raparigas." 1

"O meu pai era funcionário e responsável pelo material e

equipamento da SHEEL e a minha mãe ocupava-se das lides 1

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domésticas da casa. Vim para a Madeira em 1963, com apenas dois

anos de idade, acompanhada dos meus pais e sou filha única."

"Tenho muito prazer de falar da minha infância ate das

dificuldades financeira dos meus Pais que me privaram de muitas

coisas que as crianças gostam de ter, mas hoje considero que essas

dificuldades me ajudaram a preparar para a vida, valorizando as coisas

e lutando por elas. Aprendi a não desperdiçar e também a repartir.

Durante a minha infância vivi num meio rural, com os meus pais e

irmãos."

1

"Tenho 2 irmãos mais velhos, todos nascidos no meio rural. A

minha família vivia da agricultura e não havia muito dinheiro para

estudarmos para além do 6º ano porque era o único ciclo de

escolaridade que davam na minha área de residência."

1

"Venho de uma família pobre mas humilde e numerosa, somos

8 filhos, 5 rapazes e 3 raparigas." 1

Natureza Psicológica

Unidades de registo de contexto

Codificação

1 - Traços Psicológicos

"Sou uma boa pessoa, responsável no meu trabalho e sociável

com todos os que comigo interagem. Pessoalmente aceito estes

atributos, mas confesso-me insatisfeito, ando sempre à procura da

minha realização pessoal."

1

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"Tenho orgulho no que faço, gosto de ter boas relações com

todas as pessoas, estou sempre bem-disposta. Tenho os meus defeitos,

sou teimosa, falo muito, gosto muito de dialogar com as pessoas que me

rodeiam. "

1

"Era uma criança muito temida, fechada na minha própria

“casca”, pois não tinha oportunidade de conviver com outras crianças." 1

"Tenho muito orgulho em ter tido sucesso na vida, o que a escola

não deu, a vida ofereceu …" 1

"Os meus familiares dizem que o meu temperamento é como o

do meu pai: “como boa pessoa sou até demais, mas por má fervo em

pouca água”. Eu sou amiga, prestável, muito teimosa, autoritária, mas

acima de tudo trabalhadora, generosa e sincera."

1

"Considero-me uma pessoa de princípios, e sou muito fiel a eles,

sou capaz de perder um amigo para não violar esses valores, tracei uma

linha de orientação na vida, e faço sempre os possíveis para não desviar-

me muito dela, na maioria dos casos sinto que foi positivo ter tomado

essa opção, mas às vezes sinto que se tivesse corrido mais riscos, teria

tido mais sucesso. "

1

"Sou muito bondoso, humano e verdadeiro, mas também tenho os

meus defeitos, pois sou muito barulhento, teimoso e muito “sentido”. " 1

"Sou muito trabalhadora, responsável e organizada, muito frágil,

sensível, meiga, carinhosa, sentimental, romântica e sonhadora. Gosto de

tomar as minhas próprias decisões e iniciativas. Escolhi como título para

a minha história de vida: “Desejos e lutas”, pois a minha vida tem sido

exatamente assim. "

1

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"Ao longo da vida aparecem-nos várias barreiras, sou muito

lutadora e muito forte. Ao conseguirmos ultrapassá-las, conseguimos

aprender uma lição e ganhámos experiências com cada uma das nossas

aprendizagens. "

1

"Sou reservada, e gosto muito de cozinhar, cuidar de pessoas,

sobretudo idosos e crianças." 1

"As minhas virtudes são humildade e honestidade, nunca

achei-me mais do que as outras pessoas, nem nunca gostei de aldrabar

ninguém. Ninguém é perfeito, e eu também não, sendo que o meu

principal defeito é ser atrasada, muitas vezes saio de casa atrasada,

principalmente para a Missa."

1

"A amizade, lealdade e honestidade são as minhas

características. Respeito opiniões divergentes das minhas, respeito os

gostos de cada um, respeito as suas profissões. Estou sempre

disponível para ajudar tudo o que esteja ao meu alcance, ao mesmo

que não esteja. Faço os possíveis para conseguir pôr quem está mal,

bem. Também tenho uma outra característica, é ser “comilhona”,

adoro comer, provar várias especialidades. "

1

"O meu maior defeito é ser pessimista, e a minha maior

qualidade é a sinceridade. O que mais aprecio nos meus amigos é a

lealdade. "

1

"Era um bebé muito rebelde, chorava muito. Hoje sou uma

pessoa muito tímida." 1

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"Sou trabalhador e psicologicamente tenho muita paciência,

sou generoso divertido e muito calmo. Sou uma pessoa muito

preguiçosa, mas gostava de melhorar mais a minha participação para

em casa apoiar mais a família."

1

"Das memórias que não apago e trago na lembrança são as da

minha avó, sou muito sensível e amável. " 1

"Tenho algumas paixões como a paixão pelos meus pais, a

paixão pelo meu filho, pelos chocolates, pela natureza. Tanto que me

identifico com a serra, gosto do ar puro, o verde, o cheiro da natureza

e o silêncio."

1

"Gosto de fazer muitas coisas mas, o que eu mais gosto de

fazer e cantar. Acho que quando canto sinto-me feliz e como diz o

ditado: “ quem canta seu mal espanta”; sinto a vibração das palavras,

da música, e também gosto muito de ensinar de partilhar os meus

conhecimentos. Este gosto pela música faz com que eu contagie os

outros para esta alegria de viver cantando."

1

"Sou do signo de Peixes, considero-me uma pessoa calma,

amiga dos amigos, trabalhadora, responsável, pronta a ajudar o

próximo sem reembolso."

1

"O meu signo é aquário. Como qualidades sou honesta, sincera

e responsável, não gosto de mentiras, também admito que sou

exigente, rigorosa."

1

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Natureza Escolar

Unidades de registo de contexto

Codificação 1 - Abandono; 2- Mercado de Trabalho; 3- Pobreza e exclusão

social; 4 - Famílias numerosas

"A minha saída da escola teve a ver com a necessidade de

entrar no mundo do trabalho." 2

"Senti algumas dificuldades na disciplina de inglês, e tentei

fazê-la por exame, mas não consegui concluir e abandonei a escola." 1

"Por motivos de mudança de residência, deixei os estudos,

regressei à Madeira com os meus pais e abandonei a escola." 1

"Por causa das dificuldades linguísticas, tive que recomeçar

novamente no 6º ano e depois desisti da escola." 2

"Perdi o 8º ano, e não quis repetir, os meus pais insistiram

para que eu concluísse o 9º ano. Foi o maior erro que fiz, não segui o

conselho dos meus pais, já poderia ter o 9º ano de escolaridade, mas

abandonei a escola (…).Nessa altura já tinha namorado, depois casei

e fui para a Venezuela."

1

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"Tive uma escola tradicional, onde não tínhamos a liberdade

de falar nem comunicar, mas valeu a pena, porque aprendíamos

muito, e tínhamos mais respeito para com os professores. Nós

respondíamos só quando éramos solicitados. Não existiam actividades

práticas, que permitissem aos alunos actuar, agir ou reagir de forma

individual, desisti da escola. Foi o que menos agradou, a maneira

como éramos tratados. Não tínhamos liberdade para expressar as

ideias, era como a professora dizia, não havia troca de ideias nem

sugestões.”

1

"A escola de hoje é diferente, os alunos comunicam com os

professores, tem mais liberdade de se expressar, juntos tentam dar

propostas ou sugestões para as actividades, vivem numa chamada

escola moderna, hoje não desistia da escola (…)."

1

"A escola ajudou-me a ter confiança na vida, ir em frente,

além de não ter continuado nos estudos como já referi, não sendo pela

falta de apoio, mas sim pela falta de reflectir o que viria a acontecer

no futuro, tive a família sempre a meu lado, se eu tivesse seguido o

seu conselho hoje teria já terminado o 9º ano, e quem sabe até, maior

escolaridade, mas abandonei e estou arrependida (...)."

1

"Tive que abandonar a escola, pois a nossa situação financeira

era complicada, éramos muitas “bocas” a comer e poucas a trabalhar,

era a pobreza, e como éramos pobres excluídos da sociedade, era

preciso trabalhar muito (…)."

3

"A mudança para outra cidade veio dificultar a oportunidade

de continuar a estudar, pois a distância entre a casa e a escola, e não

havia assim meios financeiros para frequentarmos todos a escola.”

3

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"Fui de uma família muito numerosa e tive que desistir da

escola." 4

“Com muita dificuldade consegui acabar o 6º ano através do

Ensino Recorrente, mas por motivos económicos acabei por desistir

dos estudos."

3

“Educação de Jovens e Adultos…uma oportunidade de sucesso

para a vida!!!”). Hoje em dia todos temos de lutar para melhorar a

nossa vida e se isso inclui retomar os estudos, então é isso que temos

de fazer, independente da idade que temos, porque havia muitos níveis

de pobreza na nossa época.

3

"Estudei na escola primária até ao 4º ano, e em seguida no

colégio fiz o 5º e 6º ano, tinha então 12 anos, idade em que parei de

estudar. Nessa altura vim para casa para a companhia da minha mãe,

irmã e avó. Nessa época, era preciso aprender as lides domésticas e a

bordar, por estas razões desisti de estudar."

1

"Como o meu pai estava emigrado no Curaçao, para uma jovem

era melhor estar protegida na companhia dos familiares, e em convívio

com vizinhos e amigos, desta forma abandonei a escola (…)."

1

"Recordo ainda a aprendizagem das ciências, trabalhos

manuais, história e geografia que era uma das minhas principais áreas e

interesses, nelas tive oportunidade de aprender as dinastias e a história

de Portugal, as principais províncias portuguesas entre outros temas

interessantes, mas por falta de meios económicos abandonei a escola."

1

"Cheguei a levar um “bolo” na disciplina de matemática, apesar

de já não recordar o motivo, ainda que fosse a disciplina que devido 4

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aos cálculos complexos, era a disciplina que tinha mais dificuldade e a

partir desta situação deixei de gostar da escola e também éramos uma

família numerosa, logo era mais difícil continuar os estudos."

"Aos 12 anos conclui o 6º ano (denominado na época 2º ano) e

nessa época perdi a motivação para continuar os estudos porque na

sociedade não era tão importante estudar como nos dias de hoje, e

menos ainda pertencendo ao sexo feminino, por esta razão desisti da

escola."

1

"Por vezes penso, como teria sido diferente a minha vida se

tivesse prosseguido os estudos. Tudo teria sido diferente, naturalmente

tinha um bom emprego e não tinha tido a necessidade de emigrar,

entrar muito cedo numa luta no mercado de trabalho."

4

"Apesar de não ter frequentado a escolaridade básica, tive sorte

na vida, quem sabe se não foi uma oportunidade de fazer muitas outras

aquisições para a vida? Desisti da escola mas tive muitas outras

oportunidades na vida (…)."

1

“Senti o gosto e a necessidade por voltar a estudar e tendo a

oportunidade de fazer o processo RVCC, foi mais uma fase

determinante para minha auto-realização na vida. A elaboração do meu

portefólio permitiu-me a reflexão acerca de toda a minha história de

vida e de perceber o abandono que fiz em relação à escola (...)."

1

"Entretanto, frequentei o 5º e 6º ano e tive de mudar de escola

porque não havia estudos nos níveis seguintes na área da minha

residência, entretanto tive de desistir, somos por vezes excluídos da

sociedade ( …)."

1

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"Conclui o 6º e 7º ano numa escola secundária, sendo que

entretanto aí começaram os “namoricos” e acabei por reprovar o 8º ano e

abandonar a escola."

1

"Os meus pais não ficaram satisfeitos, e eu fui transferida por uma

outra escola secundária situada na cidade do Funchal, mas não gostava da

vida na cidade e acabei por desistir da escola."

1

"Passado um tempo não gostei da vida agitada da cidade, e a

minha mãe resolveu transferir-me para um colégio, pois queria que fosse

freira, desisti da escola porque não era essa a minha vocação (…)."

1

"Contei ao meu pai o meu sonho de ser polícia, e ele opôs-se,

disse que filha dele não teria essa profissão, e não havia nada a fazer

porque, o que o meu pai dizia, estava dito. A partir daí, fiquei

completamente desanimada, comecei a faltar às aulas, e na altura tinha 13

anos, aproveitei para namorar…"

1

"Hoje penso de forma totalmente diferente, e sei que actualmente

estou prejudicada por não ter continuado a estudar…poderia ter arranjado

um trabalho melhor se tivesse continuado a escola (…)."

1

"Quem me ajudou a dar os meus primeiros passos no meu

percurso escolar, foi a minha mãe, mesmo só com a 4ª classe, e como não

havia pré-escolar foi ela que uns 2 anos antes de eu atingir a idade

escolar, começou a ensinar-me as primeiras letrinhas, os primeiros

números, contava-me histórias sobre os mais importantes acontecimentos

da História de Portugal, e muitas outras coisas (...) mas os tempos eram

difíceis e não havia dinheiro para continuar a estudar (...)."

3

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"Como a escola não me deu oportunidade de continuar a estudar,

dado que as professoras diziam que eu não era capaz de ter capacidades

para estudar, hoje estou feliz graças a essa exclusão, ganhei tempo na

vida e hoje tenho mais investimento se tivesse estudado, no entanto gosto

de estudar (...)."

1

"A minha avó que era costureira fez-me um par de batas brancas,

pois era obrigatório usar, e sinceramente nunca gostei de usar bata.

Queria terminar a escola primária rapidamente para não ter que usar

aquelas batas!...A escola não era mista, havia escola para os rapazes, e

escola para as raparigas, o que fazia com que fôssemos mais tímidos e

inibidos. Uma outra razão também quem era pobre era excluído da

escola."

3

"Nas escolas primárias, principalmente no campo, não tinham a

ver com as escolas de hoje, não estavam dotadas de pátios grandes,

pavilhões, campos desportivos, e outros equipamentos que nos dão tanta

comodidade e facilidade na aprendizagem nas escolas de hoje. As salas

de aulas não eram construídas para o efeito, eram algumas casas já muito

antigas, que eram adaptadas para funcionaram como escolas. Se tivesse

frequentado a escola de hoje com estas condições naturalmente que não

teria desistido de estudar."

1

"Não me esqueço da famosa régua que todos sabem ou ouviram

falar para que servia, e também das caninhas de bambú, que além de

servirem para apontar para o quadro, deixavam algumas manchas

vermelhas nas pernas (…) sentia tanto medo, e o melhor a fazer nessa

época era desistir da escola, do sofrimento que os mais pobres passavam

(...)."

1

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"A escola primária correu muito bem para mim, era bom aluno,

aplicado, não faltava à escola e assistia às aulas com muita atenção,

nunca deixei de fazer os trabalhos de casa, até fazia questão de ser o

melhor aluno nos testes. Em geral gostava da matéria que era dada, mas

preferia História, sendo que, o que menos me agradava era Desenho, mas

cedo tive que desistir e ir trabalhar porque a minha família era numerosa

e tinha que a ajudar."

2

"No 4º ano, nos dias que antecediam o nosso exame, a nossa

professora descolocou-se a outra escola para fazer exame a outros alunos,

e deixou-me a tarefa de orientar os meus colegas nas revisões da matéria,

recordo que não foi tarefa muito fácil, como pode imaginar éramos

crianças mais ou menos da mesma idade, só que umas mais

rebeldes…Foi um trabalho árduo conseguir impor respeito e silêncio,

mas recordo que consegui cumprir a tarefa, o que me deixou muito

orgulhoso. Terminei a escola primária mas tive que ir logo para o mundo

do trabalho, a vida da minha família que era numerosa precisava da

minha ajuda."

2

"Eu estudei até ao 8º ano, e matriculei-me no 9º ano, até que

recebi a visita do meu tio Marcos, emigrante na Venezuela, que me

incentivou a emigrar à procura de uma vida e de um futuro melhor. Foi

então que deixei a escola e emigrei para a Venezuela, penso que foi um

erro, mas como não se pode voltar atrás, ficaram as experiências e os

ensinamentos da vida."

2

" Lembro-me que nunca tinha pegado num lápis. A caminho da

escola a minha irmã é que ensinava a fazê-lo. A minha mochila era um

saco de plástico, ia de calções e descalço, será pobreza e exclusão …

desisti para ir trabalhar e começar a ganhar algum dinheiro (...)."

2

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"Recordo o sentimento de tristeza ao ver os meus colegas

calçados e eu não, acrescido em seguida ao sentimento de revolta pelos

professores porem de parte, era excluído, não tinha a mesma facilidade

de linguagem dos meninos ricos…Era filho de pais muito pobres, e só os

“filhos de papás” eram bem tratados, os meninos nobres ficavam à frente,

e os pobres ficavam atrás. Toda esta situação faz-me pensar como um ser

humano consegue ser injusto e cruel. Mas por tudo isto perdi o ano e

interesse pela escola."

3

"Gostava do facto de estar a aprender coisas novas, tais como,

aprender a escrever, a ler e a contar, que são aprendizagens de grande

utilidade no dia-a-dia. Por exemplo, era a partir da escrita que esperava

vir a escrever cartas para os meus 3 irmãos que se encontravam na

Venezuela. Também as contas eram importantes, nomeadamente quando

a minha mãe mandava comprar algo na mercearia, mas infelizmente tive

de desistir para ir trabalhar (...)."

2

"Entretanto fiquei doente, tive de desistir da escola e

posteriormente foi diagnosticada: espondilose anquilosante." 1

"Após a consulta, fiquei internado e aí permaneci um ano. No

hospital conclui a 2ª classe com uma professora que estava destacada

para o hospital. Quando saí do hospital, fui para a casa da funcionária,

que acabou por ser uma segunda mãe para mim."

1

"Fiz a escola primária na única escola que havia na minha

freguesia. Saí da escola com 10 anos de idade, mas lembro-me muito

pouco daquilo que aprendi…saí com a 3ª classe, era a escolaridade

obrigatória da minha época."

1

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"No 1º ciclo tive uma professora de quem gostei muito, que foi a

da 2ª classe, porque era muito simpática, e notava-se que tinha muito

gosto pelo que fazia. Gostava dos alunos, e tinha paciência para ensiná-

los. Além disso, fui a única que esteve connosco do princípio ao final do

ano lectivo, porque as outras professoras desistiam, e tinham medo da

queda de rochas, e de viver naquela freguesia, por questões climatéricas.

A minha família como era numerosa eu tive de desistir para ir trabalhar e

ganhar algum dinheiro para o sustento da família."

2

"Frequento o processo RVCC, porque desta forma poderei

realizar-me pessoal e profissionalmente, e alcançar uma maior segurança

a nível financeiro, o que permitirá oferecer à minha filha um futuro

melhor, não quero que desista da escola como eu fui obrigada por

motivos de pobreza."

3

"Recordo-me do meu 1º dia de aulas: estava muito entusiasmado

e feliz…eu sorria, enquanto a grande maioria das minhas colegas se

agarram às mães e choravam. Eu observava atentamente a minha

professora, a Senhora Dona Clarisse, uma senhora já com alguma idade,

simpática e com alguma calma. Algo que me ficou gravado, em forma de

recordação foi o facto de nas suas mãos haver anéis e muitas pulseiras,

que faziam um som particular quando chocalhavam, principalmente

quando utilizava a borracha para apagar os nossos erros. Também ainda

parece que sinto o seu perfume muito intenso, recordo-me de tudo, como

ainda se fosse hoje. Infelizmente apesar de gostar muito da escola, como

pertencia a uma família de 8 irmãos, tive de ir muito cedo trabalhar para

ajudar a minha família."

2

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"Gostava muito das disciplinas de Português, Inglês, História,

Ciências e Educação Física. Durante os meus 2 últimos anos de escola,

estive doente e faltei muito à escola, razão pela qual reprovei o 7º ano.

Andei até ao 8º ano na escola, mas entretanto desisti, pois a minha mãe

trabalhava muito, e nós tínhamos muitas dificuldades económicas, nós

éramos 3 filhos, apesar dos meus tios darem-nos ajuda, mas no fundo

também, ainda sentia a frustração e desilusão de ter reprovado o 7º ano.

Tudo isto de nada ajudou para concluir a escolaridade básica

obrigatória. Sonhava vir a ser Jornalista ou Juíza."

1

"Gostava muito das disciplinas de Português, Inglês, História,

Ciências e Educação Física. Durante os meus 2 últimos anos de escola,

estive doente e faltei muito à escola, razão pela qual reprovei o 7º ano.

Andei até ao 8º ano na escola, mas entretanto desisti, pois a minha mãe

trabalhava muito, e nós tínhamos muitas dificuldades económicas, nós

éramos 3 filhos, apesar dos meus tios darem-nos ajuda, mas no fundo

também, ainda sentia a frustração e desilusão de ter reprovado o 7º ano.

Tudo isto de nada ajudou para concluir a escolaridade básica

obrigatória. Sonhava vir a ser Jornalista ou Juíza."

1

"Gostava de ter continuado a estudar, mas o meu pai na altura

não deixou, porque a minha irmã já tinha emigrado para a Venezuela

com o marido, e eu tinha de fazer o trabalho doméstico e da

agricultura."

2

"Estive na escola apenas até ao 6º ano, pois os meus pais não

tinham possibilidades económicas suficientes para dar continuidade

aos meus estudos. Apesar de uma professora ir à casa dos meus pais

falar com eles para me deixarem estudar, nada consegui, pois o meu

pai disse que quem mandava era ele, e não ficava bem gastar dinheiro a

pôr a filha a estudar."

1

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"Entrei para a 1ª classe com 7 anos, numa escola no Funchal.

Perdia a 1ª classe, porque segundo o que a professora disse à minha

mãe, eu era muito calada. Por ter perdido, tive que mudar de escola,

para uma mais longe de casa, fiquei cansada e perdi a motivação,

desisti de estudar (...)."

1

"Quando conclui a 4ª classe já tinha 12 anos, e não continuei os

estudos porque tinha de ficar em casa a cuidar das minhas irmãs,

éramos uma família numerosa e era preciso ajudar a fazer a lida de

casa, e a aprender a bordar tela."

4

"A minha vida escolar foi um pouco curta: tirei o quarto ano,

sem perder, tendo apenas perdido o quinto ano. Nessa altura a minha

escola ficava longe de casa e eu tinha que ir a pé. Era uma escola

pequena mas ainda recordo que a minha disciplina preferida era

Matemática mas no entanto tinha muitas dificuldades a Português."

1

"Actualmente com 30 anos, os meus objectivos já são

diferentes, sinto vontade de estudar (…) as minhas preocupações

principais passam por manter o meu emprego para garantir

sustentabilidade para a minha família, e investir na minha formação

académica e profissional, razão pela qual encontro-me inscrito no

Centro Novas Oportunidades, sinto necessidade de recuperar o meu

passado escolar."

1

"Em 1959 fui pela primeira vez à escola e tinha que fazer um

percurso de 40 minutos a pé e descalço. Nessa altura havia poucos

carros…Depois, por volta dos 7 anos de idade, fui à cidade de barco

mas era muito difícil entrar no barco por causa do mar. As aulas eram

das 9 horas até às 17h 30m apenas com uma refeição diária. Por vezes

davam-nos um prato de milho, uma sopa ou uma chávena de café com

leite e pão. Levava um pouco de açúcar para pôr em cima do milho ou

3

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comprava dois tostões de bacalhau para comer com o milho. Foi uma

época de muita pobreza e de muita divisão das classes sociais, quem

era pobre tinha que lutar muito muito na vida."

"Durante o período que frequentei a escola, o que não gosto de

lembrar é de ter de beber o óleo de bacalhau. Era horrível, colocavam

os alunos em cima da secretária, alguém nos agarrava e outra pessoa

abria a boca e deitavam esse óleo que era terrível de engolir…Reunia

muitas vitaminas, e como éramos crianças mal alimentadas tínhamos

de o tomar. As vacinas foram outra das situações que me marcou.

Faziam uns riscos no braço que por vezes infectavam até sair pus.

Sofríamos imenso, mas os professores diziam que era bom para a nossa

saúde, era a maneira que os Governantes pensavam que era a maneira

mais eficaz da época. A mesma agulha servia para todos. Na altura

frequentei a cartilha, era como uma preparação para entrar na 1ª Classe

até à 4ª Classe."

3

"Conclui apenas a 4ª Classe, não estudei mais, embora a

professora dissesse à minha mãe que eu era de boa cabeça, mas com

imensa pena tive que vir para casa. Aos 10 anos vim para casa

trabalhar…. Recordo que no ano que fiz a 4ª Classe, utilizava como

mochila um saco de pano."

3

"Como os meus pais não tinham muitas posses eu não tinha o

livro de história, por isso ia a casa de um colega que tinha o livro para

estudar…Em casa a minha mãe dizia para ser obediente, e portar-me

bem."

3

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"Gostava muito da minha professora primária…era muito boa

senhora professora, mas cedo tive que desistir da escola e ir trabalhar

(…)."

2

"Gostava muito da escola e até era de boa cabeça, como dizia a

minha senhora professora." 1

"Na escola, havia bons alunos e maus alunos. Uns passavam,

outros eram reprovados. Ninguém ia por isso ao psicólogo porque nem

esse nome era conhecido. Não havia a moda dos sobredotados. Quem não

passava, simplesmente repetia o ano e tentava de novo no ano seguinte.

Lembro-me de apanhar piolhos na escola primária e a minha mãe lavava

a minha cabeça com um produto que nem me lembro do nome e com um

pente fino, chamado pente de marfim, removia os piolhos todos. Hoje já

não é bem assim, já não se usa o tal pente fino, já há outros produtos

mais sofisticados, com mais segurança de serem usados. Eram tempos

difíceis e tive que desistir da escola."

1

"Não sabem a saudade que me dava dos meus pais, das minhas

amigas que não tiveram oportunidade de ir estudar.

Deixei a escola por minha livre vontade. Deixando o 9ºano por concluir,

que foi o maior desgosto que dei aos meus pais. Tinham possibilidades

de me dar um curso, mas infelizmente não lhes dei essa satisfação."

1

"Comecei a frequentar a escola com 7 anos de idade. Era uma

escola privada, era a escola primária da Paróquia (Instituição chamada

vulgarmente por casa dos pobres) lembro – me muito bem do meu

primeiro dia de escola, porque comecei a chorar pois não sabia escrever a

letra que a professora me propôs. Quando terminei a escola primária tive

logo que ir trabalhar porque precisava de ajudar a minha família que era

pobre e numerosa."

3

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 292

"A minha professora Conceição aconselhou aos meus Pais no

sentido de eu prosseguir nos estudos, mas eles não tinham meios

económicos nem estavam motivados porque nem sabiam ler nem

escrever. Na fase adulta resolvi estudar no conservatório. Frequentei o

conservatório durante 7 anos com muita dificuldade pois tinha de pagar

transporte duas vezes por semana para o Funchal. Foi muito difícil, mas

como sou persistente não desisti. Quero recuperar a minha desistência da

escola na época...

3

Neste momento fiz opção de me inscrever nas novas

oportunidades:

Ao inscrever – me neste curso

Sentia-me ainda criança

Mas depressa me envolvi

Na dificuldade que avança.

Logo na primeira sessão

Já me senti desanimada

Pensando: na minha idade!

Isto já não leva a nada

Como sou persistente

Estou continuando

Já aprendi muitas coisas

E assim vou continuando!"

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 293

Natureza Profissional

Unidades de registo de contexto

Codificação 1 - Precariedade; 2 - Clandestinidade; 3 - Perigosidade; 4 -

Penosidade; 5 - Formação complementar profissional

"A minha primeira experiência profissional foi aos 12 anos a

tirar areia das praias do Concelho. Neste trabalho não tinha um horário

fixo, pois tudo dependia das marés (manhã, tarde ou

madrugada).Desde muito cedo que não era o trabalho que me dava

segurança profissional, era muito perigoso sobretudo para um jovem

..."

3

"Na altura eu estava a iniciar a 1ª classe, com 6 anos o meu pai

faleceu em sequência de uma queda em casa. Com alguma dificuldade

em casa consegui terminar a escola primária e o 5º e o 6º ano também

porque havia aquela escola na minha área de residência. Saía de casa

muito cedo, tinha de ir a pé para a escola porque não havia transporte

escolar e não havia dinheiro para o transporte até a escola, por isso

abandonei a escola (...)."

1

"As professoras ainda falaram com a minha mãe, mas também

não adiantou muito porque a razão para não continuar na escola é que

não tinha dinheiro e também como os irmãos saíram cedo para trabalhar

e não tinha estudado eu também não iria estudar, e ainda para mais fora

da freguesia. Eram outras mentalidades naquela altura… Fiquei triste em

desistir da escola, era para mim uma injustiça social, mas tive que ficar

em casa ajudar a minha mãe na lida da casa e na agricultura."

3

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 294

"Aos 14 anos e durante um ano e meio, fui para trabalhar para

uma empresa de construção civil, na reconstrução do engenho, era

uma espécie de clandestinidade, não se faziam descontos, mas já se

ganhava algum dinheiro…"

2

"A minha primeira actividade foi como vigilante no autocarro,

que transportava as crianças e não contínuo dentro da escola, não tinha

condições para viver com pouco dinheiro. "

1

"A partir de 2004 até à presente data estou destacado para a

reprografia da escola, graças às acções de formação que eu fiz ao

longo da minha carreira."

5

"Sou uma pessoa que também desenrasca um pouco de tudo ao

nível das obras, tais como: pintura, pedreiro, canalizador, electricista,

entre outras. Senti necessidade de o fazer, pois o meu trabalho exigiu

que dominasse estas tarefas, dado que quando não havia mais ninguém

para as desempenhar, eu era quem tinha essas competências...foram

trabalhos penosos, de desgaste e de stress. "

4

"Para além da actividade doméstica que tenho diariamente à

minha responsabilidade, tenho como objectivos conseguir um trabalho

no infantário, pois espero exercer tudo aquilo que aprendi no curso de

auxiliar de educação, ensinar as crianças a dar apoio, carinho, e não só

ensinamos como aprendemos e sobretudo a formação é uma mais valia

para a nossa profissão."

5

"Fiz um curso de socorrismo dado pela Cruz Vermelha

Portuguesa." 5

"Actualmente faço parte da direção do sindicato da Função

Pública da Madeira." 5

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 295

"Para além de já ter feito o curso de informática, também fiz

outro curso, auxiliar de infância." 5

"O trabalho agrícola foi a minha profissão durante alguns anos,

é um trabalho que requer muito esforço físico e mental, pois muitas

vezes temos de fazer cálculos relativos à quantidade de sementes e

pesticidas a utilizar em certo tempo e determinados espaços de

terreno."

4

"Apesar de aos 16 anos ter iniciada a minha actividade

profissional no comércio com os meus irmãos, no qual durante vários

explorámos essa actividade comercial, num pequeno café dos meus

pais, onde fazíamos a comida, a limpeza e o atendimento ao público,

mas foi preciso ir fazendo continuamente ações de formação para

manter o comércio em funcionamento."

5

"Surgiu a grande a oportunidade de conseguir um emprego em

que realmente sentia-me reconhecida, e tinha uma remuneração pelas

minhas actividades, isto porque, na agricultura trabalhava muito mas a

remuneração era mínima. Trabalho num Centro Social e estou

integrada na carreira “ Auxiliar de Serviços Gerais”.

5

"Tive a oportunidade de frequentar um curso de informática,

com o qual aprendi a iniciação às novas tecnologias. Também

desenvolvi as minhas habilidades artesanais, tendo participado em

alguns cursos: “Arraiolos”, “Bordado Madeira” e “Tecelagem"."

5

"Ao longo destes anos fui tendo também algumas sessões de

formação relacionadas com os cuidados de saúde, higiene,

alimentação, primeiros socorros, medidas de protecção individual e

civil, prevenção de acidentes, educação para a cidadania, expressão

físico-motora, entre muitas outras."

5

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 296

"Na minha adolescência dediquei-me às aprendizagens de

origem diversa, associadas à vida doméstica e com fracos retornos

económicos…. "

2

"Aos 22 anos frequentei um curso de cerâmica, no qual

aprendia a produzir peças lucrativas e cerâmica. Estas eram

inicialmente esculpidas com moldes, pintadas e de seguida iam a um

forno próprio. Nessa altura tive necessidade de dar resposta aos

desafios da modernidade."

5

"No decorrer dos anos, fui participando em diversas

actividades de contexto formativo. Aos 35 anos frequentei o curso de

arranjos florais, o qual tive o 1º momento para flores naturais um 2º

para flores artificiais. Aos 36 anos frequentei um curso de culinária."

5

"A minha actual actividade profissional é Assistente

Operacional, numa escola básica do 1º ciclo com pré-escolar, com

então 41 anos de idade. Toda esta conquista profissional deve-se

graças às acções de formação que fiz ao longo da minha vida

profissional. "

5

"No meu desenvolvimento profissional tenho também tentado

várias acções de formação, nomeadamente: “Melhorar

Relacionamentos”; “Enquadramento Formal da Carreira”;

“Desenvolvimento Pessoal e Social”; “Higiene Alimentar”; “Primeiros

Socorros”; e a minha última formação concluída no presente ano, foi

um curso de informática."

5

"Iniciei a minha actividade profissional como empregada

doméstica durante um ano, e tive que sair porque sofri um acidente

numa das mãos. Foi uma das piores experiências trabalhar como

empregada doméstica."

4

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 297

"Recebi uma proposta de trabalho na Casa do Povo, onde

exercia a função de empregada de limpeza, e onde organizada a

documentação para a contabilidade. Trabalhei durante três anos, mas o

meu contrato acabou e não podiam renovar por motivo da conjuntura

financeira, e claro, tive que sair. Entretanto tenho feito acções de

formação e já estou esperando um emprego para breve."

5

"Em Setembro de 2008 concorri para a Santa Casa de

Misericórdia como funcionária de acção directa ao domicílio e soube

que tinha sido colocada em Outubro, apesar de só dar início a 9 de

Março de 2009. Gosto muito do trabalho, os idosos trata-nos com um

carinho especial, pois muitos não têm família, e outros estão carentes

(…)."

5

"Ainda durante o meu tempo de escola, durante as férias

trabalhava na farmácia, foi por pouco tempo e apercebi-me

rapidamente que nunca segui o que gostaria de fazer na minha vida,

era só para ganhar algum dinheiro que me servia de ajuda, e alguma

experiência que me ficava."

4

"O meu percurso profissional divide-se em 2 etapas, a primeira

como emigrante na Venezuela, e a segunda na Madeira." 4

"Trabalhava num domingo e descansava noutro. Era duro para

um jovem, mas consegui ter suficiente resistência e espírito de

sacrifício para suportar todos estes desafios(…) mas era mais infeliz se

voltasse sem dinheiro para a minha terra, era uma vergonha (...)."

4

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 298

"Regressei à Venezuela e fui radicar-me na cidade de Maracay,

que fica a 150 Km de Caracas era sócio num negócio de venda de

bebidas, organização e aluguer de material para as festas, só estive lá 6

meses, a vida não me corria bem, o calor era intenso, a loja ficava

situada à entrada de um bairro de lata, passava por situações horríveis,

e tinha a certeza que aquela não era vida para mim, então decidi voltar

novamente para Caracas."

4

"Passado um ano, fui promovido a chefe do economato, função

que exerci sempre com muito empenho, tinha muitas ideias na cabeça

que comecei por pôr em prática, desde revolucionar a arrumação do

stock, de maneira a que fosse mais fácil a logística, redução de stocks,

elaboração de listas de compras, etiquetas com nome do fornecedor,

data de entrada, identificação do produto, peso e etc…"

5

"Estive presente no “1º Seminário sobre Higiene dos

Alimentos”, realizado no Funchal no dia 3 de Julho de 1982 pelo

Conselho Nacional de Alimentação e Nutrição em colaboração com a

Secretária Regional dos Assuntos Sociais e Secretaria Regional da

Economia."

5

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 299

"Frequentei a curso de iniciação de informática, organizado

pelo Grupo Recreativo de Cruzado Canicence com os seguintes

módulos: Higiene e Segurança no Trabalho, Introdução à Informática,

Sistema Operativo MS-DOS, MS Word 2.0, MS Excel 4.0, D Base IV.

No mês de Outubro de 1996 fui eleito o MELHOR EMPREGADO

DO TRIMESTRE. Frequentei no CITMA uma Acção de Formação,

intitulada INTRODUÇÂO À INFORMÀTICA de 3/12/1997 a

19/12/1997 com duração de 28 Horas. Frequentei a acção de

formação: RELAÇÕES HUMANAS E ALEMÃO com a duração de

135 horas promovida pelo Sindicato de Hotelaria, Turismo e Similares

da Região. Fiz o curso de SISTEMA OPERATIVO WINDOWS ME

módulo 1 e 2, realizado pela Serform, cujos custos foram suportados

por mim na totalidade. Frequentei a Formação de

APERFEIÇOAMENTO EM ATENDIMENTO AO CLIENTE E

COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL de 13/05/2002 a 22/05/2002,

com a duração de 35 horas que nos foi dada pelo Celff. Frequentei

uma acção de formação de iniciação à língua inglesa, entre Fevereiro e

Maio de 2004, com a duração de 30 horas, especialmente direcionada

para os Encarregados de Educação, que eu nessa qualidade tive muito

gosto em participar e em aprender. Estive presente em várias acções

de apresentação de novos produtos, provas de vinho…nomeadamente,

numa efectuada a 30/01/2005 pelas adegas Alentejanas CARMIM.

Frequentei de 11/04/2007 a 13/04/2007 com a duração de 21 horas, o

curso de Formação Profissional: GESTÃO DE ARMAZÉNS E

STOCKS, promovido pela ACIF, o qual para mim foi de grande

utilidade. Participei no Seminário QUALIDADE E SEGURANÇA

ALIMENTAR NA RESTAURAÇÃO, que decorreu no Museu Casa

da Luz no dia 29/05/2007 com informações actuais de grande

utilidade. Mais recentemente efectuei o exame KEY ENGLISH TEST

da University of Cambridge no qual consegui passar."

5

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 300

"A minha primeira experiência de trabalho foi em 1988, aos 14

anos, e não foi muito boa, porque os patrões não respeitavam os

trabalhadores, chegando mesmo a bater-nos."

1

"Nessa altura era muito novo e trabalhei numa oficina de

automóveis a servir os mecânicos. Fazia a limpeza da oficina, lixava,

lavava e aspirava carros. O meu maior motivo de satisfação é que era

os meus primeiros “trocos”, e ainda hoje guardo e conservo algumas

aprendizagens que fiz, por exemplo, o cuidado de lavar e aspirar o

meu carro."

5

"Em 1990 fui para Londres, com um dos meus irmãos, que me

arranjou trabalho num restaurante chamado Sambúca. Ai comecei a

trabalhar, como cozinheiro, fazia algumas refeições, tais como,

esparguete à bolonhesa, borrego e macarronada. Também fazia

algumas saladas e alguns doces, senti algumas dificuldades e alguns

riscos no trabalho... "

1

"No dia 1 de Janeiro de 2003, passei a assumir as funções de

auxiliar de apoio e comecei a fazer um pouco de tudo, desde vigilância

no portão, limpeza de salas, e serviço de bar. Os meus maiores

motivos de satisfação eram os elogios que alguns professores e alunos

me davam a propósito das tarefas que desempenhava."

1

"Alguns professores, foram para mim grandes amigos, nos

momentos mais precisos da minha vida, por vezes dedicamos alguns

momentos para realizarmos jantares ou pequenos convívios entre

professores, funcionários e alunos, sobretudo ao nível do Ensino

Recorrente Nocturno, visto que já trabalho no período nocturno há

oito anos. "

1

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 301

"Para o meu desenvolvimento profissional frequentei várias

acções de formação. A primeira foi intitulada: “Relações Interpessoais”

que decorreu em março de 1998. A partir desta acção tentei compreender

mais as outras pessoas, visto que uma escola só funciona se os vários

elementos trabalharem como um grupo unido. A segunda acção de

formação foi também ainda em Março de 1998, e foi relacionada ainda

com os “Primeiros Socorros”. Com esta formação aprendi a ajudar as

pessoas que se encontravam em situações de aflição. Em Maio do mesmo

ano participei no segundo módulo da acção de formação: “Relações

Interpessoais”. Em Abril de 2000, participei na acção de formação:

“Segurança e Saúde no Trabalho”. Aprendi que devemos desempenhar as

tarefas com calma e reflectir sobre o que estamos a desempenhar. Posso

dizer que ponho em prática o que aprendi em tudo o que faço, visto que

são factores determinantes no meu desempenho pessoal. Em Outubro do

mesmo ano, participei na Acção de Formação: “Meios Audiovisuais”,

pela Direcção Regional de Administração e Pessoal, no Funchal. Visto

que trabalho numa escola, esta formação é sempre útil para poder ajudar

quando for preciso, e até mesmo no nosso dia-a-dia, sempre que

utilizamos algum aparelho. Em Maio de 2001, participei numa Acção de

Formação: “Equipamentos Audiovisuais” pela Direcção Regional de

Administração e Pessoal, no Funchal. Por último, em Dezembro de 2001,

participei na Acção de Formação: “Meios Audiovisuais – Iniciação à

Informática” que decorreu novamente na Direcção Regional de

Administração e Pessoal, no Funchal."

1

"Depois de ter saído da Escola Primária, fiquei em casa a

trabalhar, ajudando os meus pais na “fazenda” e a cuidar dos animais

(vacas, porcos, galinhas, coelhos, cabras, pombas…). (Ilustra discurso

com fotos dos animais). "

1

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 302

"O meu verdadeiro percurso profissional começou exactamente

aos 18 anos, quando fui para o estrangeiro, mais precisamente para uma

ilha chamada Guernsey. Aprendi com os meus amigos alguns

conhecimentos da língua inglesa, diverti-me imenso, foi uma aventura

maravilhosa e inesquecível. Na ilha de Guernsey também aprendi a

conhecer o que era uma montanha russa, ir a uma discoteca, aprendi a

nadar, a conduzir automóvel e mota. "

1

"Nesse período da minha estadia também tive oportunidade de ver

a Rainha da Inglaterra, juntamente com os seus familiares, desfilando ao

vivo pelas cidades. Também nesta ilha tive o privilégio de andar de

avioneta, fui de Guernsey até Jersey."

1

"Em 2004 tirei o curso de iniciação à informática. " 1

"Em 2008, concluí com aproveitamento o módulo de “

Consolidação da Acção S@ber + Literacia Tecnologia." 1

"Em 2009 tirei o “Curso de Formação e Iniciação de Inglês” ." 5

"Participei na Acção de Sensibilização subordinada ao tema:

“Prevenção de Acidentes e Promoção de Segurança Infantil.” " 5

"Participei ainda nas Acções de Formação: “Alterações Climáticas

e Qualidade do Ar”." 5

"Actualmente exerço a actividade profissional de empregada

doméstica e Jardineira. " 2

"Costumava ajudar a minha mãe e a minha avó na agricultura.

Recordo a apanha das uvas feita em Setembro e em Outubro fazíamos

várias plantações, desde batata-doce e as “semilhas”."

2

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 303

"Tive que começar a cuidar do meu tio que ficou tetraplégico,

devido a um acidente de carro. Tenho de ter vários cuidados com ele,

desde dar-lhe comida, porque não consegue equilibrar-se, prestar os

cuidados básicos de higiene etc…"

1

"Frequentei o curso de informática, aprendi com os meus

professores e algumas coisas sozinha, sobretudo para poder trabalhar no

meu computador. Tenho internet há dois anos, e visito os sites: Facebook,

Messenger, Youtube etc… "

5

"Ajudei sempre a minha família nas actividades domésticas,

sobretudo a minha mãe a cuidar dos meus irmãos. Aos 16 anos frequentei

um curso de cozinha, através da Associação Barmen da Madeira."

1

"Trabalhei numa caixa num supermercado da cadeira Pingo Doce.

" 1

"Fiz também um curso de geriatria – cuidados e apoios à 3ª idade,

cuidados relacionados com a Higiene, Saúde e Segurança, bem como

algumas doenças mais comuns, associadas aos idosos. "

5

"Durante a minha experiência profissional tive contactos com

diversos tipos de deferências: deficientes motores e mentais. " 5

"No meu tempo de adolescente trabalhava-se muito a terra, eram

bem poucos os terrenos que estivessem abandonados. Tive que ir muitas

vezes à serra com o meu pai e a minha avó apanhar e trazer molhos de

erva para o gado. No início trazíamos às costas, mas depois o meu pai

comprou uma carreta de vacas, o que foi bom, pois sofríamos muito fazer

grandes percursos com os molhes às costas. Nessa altura não havia

tractores, e as estradas não eram tão boas como agora, ou eram estradas

de terra ou de calçada, era tudo mais difícil…"

1

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 304

"Também desde nova ajudava os meus pais na mercearia, e aos 18

anos, quando o meu pai adoeceu, fiquei com a responsabilidade de

trabalhar na mercearia."

1

"Desde muito nova que trabalhava com os meus pais nos terrenos,

não havia momentos de “folga” ia aprender a costurar com uma senhora

vizinha, que dava aulas de costura. Também aprendi a fazer croché e

tricô, uma fazia toalhas e camisolas para ganhar dinheiro. Também

trabalhei durante um ano como empregada doméstica na casa de uma

professora."

1

"Aos 17 anos surgiu-me a oportunidade para trabalhar num

restaurante, com a função de cozinheira. Entretanto fui trabalhar para um

restaurante snack-bar. "

1

"Actualmente continuamos os 2 na restauração e como

trabalhamos por conta própria, não precisámos de sindicato." 1

"Em 2002, tirei um curso de informática, “Internet e Novas

Tecnologias”, e fiz aquisição de um computador portátil." 5

"No dia que fiz 15 anos, comecei a trabalhar numa empresa de

equipamentos de precisão. O meu trabalho era fabricar componentes

electrónicos que depois eram exportados para a Inglaterra. Trabalhei lá

durante 9 anos. "

3

"Frequentei também a acção de formação a 28 de fevereiro de

2004, intitulada “Como Agir numa Situação de Emergência”. " 5

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 305

"Iniciei-me no mundo do trabalho aos 15 anos, pois a escola

não me agrava muito, e necessitava de trabalhar para ajudar em casa,

pois a família já tinha aumentado. O meu primeiro emprego, ficava no

centro da cidade do Funchal, numa barraca, venda de frutas e

verduras. "

2

"Aos 18 anos fui trabalhar para a Renault, como pintor de

automóveis. Tive de deixar o serviço para cumprir tropa, sendo este

um dever, enquanto cidadão português. Após cumprir a tropa, voltei

novamente para a Renault por mais 2 anos."

1

"Aos 36 anos continuo a trabalhar na mesma empresa e espero

lá continuar. Espero concluir os meus estudos para poder mais tarde

usufruir deles e ser um excelente profissional."

5

"O meu primeiro trabalho que tive foi entregar garrafas de gás

aos domicílios, durante cerca de 1 ano. Íamos de carro, de casa em

casa, distribuir as botijas de gás. Nas veredas, locais em que a viatura

não podia circular, nós (os meus colegas de trabalho e eu)

transportávamos as botijas às costas, era duro…"

3

"A maior dificuldade que tive foi na construção civil foi que

encontrei um trabalho muito pesado, dado que nessa época não

tínhamos máquinas de apoio ao trabalho. "

3

"A partir do exercício de funções na construção civil e desde os

meus 18 anos até a presente data exerço a função de Condutor

Manobrador. Comecei por trabalhar dos 18 anos numa pequena

empresa, como Condutor Manobrador mas que estava em risco de

abrir falência, o que me motivou a mudar de empresa e também era

um trabalho perigosos."

3

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 306

"Aos 21 anos também cumpri o Serviço Militar no RG3

(Regimento de Guarnição nº 3) durante 6 meses. Esta experiência, que

na época era obrigatória, ensinou-me a ser mais responsável,

disciplinado e a ter sentimentos de camaradagem. "

5

"Aos 30 anos frequentei a Acção de Formação intitulada:

“Condutor Manobrador- Movimentação de terras”, sendo que esta

formação foi muito útil para o meu trabalho. A Entidade Formadora

foi: Destinos Práticos”, e a duração foi de 20 horas."

5

"Tenho um portátil do programa TMN e-escolas, com

velocidade de 1Mbps e cujo preço mensal é de 5 euros, que graças ao

meu ordenado vou investindo e pagando as respectivas prestações."

5

"Ao sair da escola, fui ajudar o meu pai a fazer blocos. O meu

pai trabalhava numa fábrica de blocos e telha para a construção civil,

mas trabalhei pouco tempo, ou seja, entre os meus 11 anos e 13 anos,

tínhamos que trabalhar na agricultura, cavar batatas doce por exemplo

para o almoço, e às vezes tínhamos milho com bacalhau ou peixe para

o meu pai e os meus irmãos que andavam a trabalhar fora. "

3

"Foi com o Senhor Danilo que ainda aprendi a fazer

instalações eléctricas em casas aos fins de semana e aos feriados, ele

ensinou-me o que sei hoje, foi com este grande mestre, este professor

e também foi desta forma que aprendi a gostar da profissão. "

3

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 307

"Embora a guerra já tivesse acabado, ainda haviam lutas entre

os Movimentos tanto MPLA, UNITA, FNLA e, por força maior, a

Tropa Portuguesa estava envolvida. Estivemos em terras de Angola a

cumprir o Serviço Militar quase 10 meses, tendo saído de cá no dia 3

de Janeiro de 1975, e regressámos no dia 23 de Outubro, ou seja, 15

dias antes de ter sido declarada a independência de Angola, que foi no

dia 11 de Novembro de 1975. Entretanto regressei de volta à minha

terra Madeira, da qual tinha saudades, principalmente da paz, com o

Serviço Militar cumprido eu queria era trabalhar."

5

"Actualmente contínuo nesta área da electricidade e faço

também obras por conta própria." 3

"Como não fui estudar, lancei-me no mundo do trabalho,

queria trabalhar para poder gerir o meu próprio dinheiro. Hoje,

lamento não ter continuado os estudos, porque me teriam

proporcionado outras escolhas profissionais e mais estabilidade

financeira. No entanto, gosto do meu trabalho, porque adoro estar com

crianças, sinto-me por vezes criança."

5

"O lado menos bom é o pequeno ordenado que, por vezes, não

é fácil de gerir para chegar até ao fim do mês. No entanto, tenho um

terreno próprio de bananeiras que vou explorando e daí que me dá

uma ajuda."

3

"Iniciei-me no mundo do trabalho, exercendo funções no

Recenseamento dos Censos 81. A minha função era ser inquiridora.

Tinha a responsabilidade de recensear as pessoas que me foram

atribuídas. Logo a seguir, exerci funções de escriturária dactilógrafa na

junta de freguesia. Exerci também a atividade de agricultura por conta

própria na exploração de bananeiras."

5

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 308

"Frequentei várias ações de formação, as quais me foram

enriquecendo não só a nível profissional como também pessoal. São

ações de formação complementar e todas elas foram importantes. A

Formação relacionada com Relações Humanas e a Prevenção da Sida

e a Escola são fundamentais para mim."

5

“Actualmente sou monitora em diferentes freguesias rurais,

ensino música em três centros sócias e sou responsável pelo grupo

instrumental de uma casa do povo."

5

" Tem sido um trabalho contínuo e crescente de experiencias e

resultados notáveis e positivos. Inicialmente dava teoria e flauta de

Bisel depois Guitarra, Bandolim, Violino, Órgão, Rajão e Braguinha.

Comecei com músicas populares, depois regionais até às clássicas."

5

"O primeiro trabalho que o grupo apresentou ao público foi

numa missa da Noite de Natal, em 1985, fomos crescendo até hoje." 5

"Fiz as seguintes formações: Curdo de Catequese, Relações

Humanas, Cultura Geral, Culinária, Arranjos florais, trabalhos

Manuais e Curso de pintura em tecido, técnicas de Guardanapo em

Vela, Telas e madeiras."

5

"Desde muito nova comecei a trabalhar na vida de casa, na

terra e nos tempos livres bordava (bordado Madeira). E entretanto

começaram aparecer cursos de formação rural. Fiz um curso de

culinária não só para aprender a cozinhar mas principalmente para

aprender aproveitar o valor dos alimentos. Fiz outro curso de trabalhos

manuais: croché e rafia."

1

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"Terminei o 6ºano e vim para casa trabalhar, na lida da casa, na

fazenda e em tudo o que precisasse. Estive assim talvez uns três anos.

Depois no meu sítio, havia um casal de idosos a precisar de ajuda e fui

trabalhar para lá. A minha mãe perguntou-me se queria ir e logo disse

que sim. Aceitei, talvez não a pensar no trabalho, mas sim no dinheiro

que iria receber. Nunca tinha recebido ordenado. Por mês, o senhor

pagava-me vinte contos, era bom dinheiro para mim. "

3

"Como só tinha o 6ºano, não tinha muitas opções e inscrevi-me

apenas nas limpezas e restaurantes. Passado algum tempo, recebi uma

carta do Centro Regional de Emprego para lá ir porque tinha uma

proposta de trabalho. Era no hotel, na qualidade de ajudante de

limpeza. Como era distante da minha área de residência e não tinha

meios de transportes, acabei por desistir."

5

"Como eu queria aprender a tocar órgão, para depois tocar na

igreja, ia com a minha irmã para a música e pedia para sair uns cinco

minutos mais cedo para entrar no trabalho. A professora de música

começou por ensinar o solfejo, e tínhamos de saber primeiro as notas

de música mas eu queria era tocar! "

5

"De momento, concorri para trabalhar na Casa do Povo e

exerço actualmente as funções nesta instituição. Estou muito satisfeita

e preocupo-me muito com o meu desempenho profissional."

5

"No meu 8º ano, comecei logo a trabalhar numa casa particular

a fazer trabalhos domésticos (lavar, passar a ferro, etc.). Esta era uma

maneira de ganhar algum dinheiro para mim e para ajudar em casa

nalgumas despesas. Passava o dia a correr, dividia-o entre trabalhar e

estudar. "

3

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"Entretanto como não exercia nenhuma actividade profissional,

além da minha vida diária doméstica comecei a fazer alguns cursos na

Casa do Povo, nomeadamente: pintura em tecido, em vidro, arranjos

florais, doces e licores."

5

"Como já enfrentei vários obstáculos estava disposta a

enfrentar mais estes desafios (…) dado que o meu futuro profissional

está em causa, vou subir mais uns degraus na vida e naturalmente se

conseguir estarei satisfeita e também a minha família até a sociedade,

porque estando mais formada mais estarei desenvolvida e valorizada!"

5

Natureza das Sociabilidades

Unidades de registo de contexto

Codificação

1 - Confiança perspetiva racional; 2 - Confiança perspetiva social

"No mapa das minhas aprendizagens da vida, muitas pessoas

marcaram-me profundamente, as minhas relações de amizade, assim um

senhor de 63 anos, agricultor, 4ª classe, aprendi a cultivar os terrenos,

como fazer a agricultura, desde o tempo de rega, de semear, mondar e

colher, e deitar remédio. Com um outro senhor de 70 anos aprendi a

cuidar das mesmas, ainda com um outro senhor de 50 anos aprendi a

enxertar mangreiros e anoneiras. Com um técnico agrícola de 63 anos

aprendi a poda das árvores e modos de colheita dos frutos. Com um

senhor de 70 anos, comerciante, aprendi muito a nível de funcionamento

de bares e mercearias… e até a fazer poncha. Com o meu filho mais velho

de 31 anos de idade, 12º ano de escolaridade, motorista de turismo, e a

minha nora de 30 anos, contabilista, aprendi a ser avó, com a experiência

1

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 311

por ter cuidado dos filhos, tenho o dobro da atenção pelo neto. Sou muito

tolerante, pois sou um avô babado. Com o meu filho mais novo de 21

anos, 12º ano de escolaridade, aprendi a ser um pai mais tolerante e mais

moderno, visto que os tempos e épocas que vivi serem diferentes, mas

mesmo assim não é fácil corresponder aos tempos de hoje, pois a maneira

que fui educado, é muito diferente daquela que tento dar aos meus filhos.

Neste momento com o meu neto, quase 3 anos de idade, tenho aprendido a

ser mais tolerante e ter o dobro da disponibilidade como pai."

"Graças a um grupo de amigos e de uma professora, fui tirar um

curso de informática, do ano 2003 ao ano 2004, o que se converteu numa

mais-valia profissional."

1

"Nunca esquecerei que foi a minha mãe que me ensinou a fazer

croché apenas com 9 anos. É uma situação que sempre recordarei e que

me tem servido pela vida fora, para mim e também para eu poder ensinar

para outras pessoas."

2

"Com as minhas queridas velhinhas do Centro Social, aprendi a

fazer renda antiga, para não se perder as tradições antigas e ainda a

trabalhar na área da tecelagem e no bordado da Madeira."

2

" Ensina-me muita coisa, desde cozinhar, fazer a lida de casa e a

ser uma pessoa honesta, porque é destas pessoas que a sociedade

necessita. Eu como filha e com outra mentalidade devido à diferença de

idades ensino-lhe outra maneira de ver a vida, dando maior espaço ao

optimismo, à esperança e a reflectir que na vida há outras coisas que não

são só trabalho. O que a minha mãe espera de mim, é que eu não desista

dos meus objectivos, faça o procedimento de estudos, e assim ela ajuda-

me a dar forças e ânimo e a seguir as normas da vida."

2

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"O meu filho mais velho é segurança e tem-me ensinado a

melhorar o meu português, tanto a nível da escrita como o falar. Ensinou-

me também que se queremos algo mais da vida, temos que lutar para

consegui-lo, ajudou-me assim a ter mais vontade e coragem para seguir

em frente com o objectivo que me propus, frequentar as novas

oportunidades. Assim o nosso sonho conjunto fica concretizado.

O meu filho mais novo apesar de tenra idade, foi com ele que

aprendi a dar os primeiros passos a nível das tecnologias, desde programar

o telemóvel para as várias funcionalidades existentes, ou usar os recursos

informáticos."

1

"A minha comadre é auxiliar de educação educativa, tem 31 anos e

tem-me dado muito apoio psicológico e ajuda de forma que eu concretize

o meu sonho para eu também poder aumentar a minha escolaridade.

Trocámos conhecimentos, e apesar dos problemas que a vida nos

apresenta, enfrentamos com um sorriso na cara, e com um pouco mais de

optimismo as dificuldades são mais fáceis de ultrapassar."

1

"A família constitui sem dúvida o centro da minha vida relacional.

Para além do meu núcleo familiar (marido e filhos), a restante família

assume grande importância na minha rede de convivência diária e de

normas sociais que devemos orientar-nos na vida porque é desta forma

que a sociedade nos espera."

2

"Os meus pais foram os meus primeiros educadores e

desempenharam um papel importante na minha vida, aconselharam a

importantes decisões, e a quem eu procuro ajudar em tarefas do dia-a-dia.

Os meus filhos têm sido uma presença constante na minha vida, apesar de

já serem adultos e terem as suas vidas próprias, continuamos a partilhar

muitos quer em casa, quer em momentos de lazer, tenho aprendido muito

diariamente com eles, em questões de me manter na actualidade em

1

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questões culturais e sociais, ao nível das tecnologias (por exemplo, com

eles aprendi muito, e o que sei em relação aos computadores, telemóveis e

novas tecnologias deve-se a eles."

"Os meus irmãos, cunhados (as) e sobrinhos (os) continuam a ser

as pessoas que ao longo dos tempos têm estado sempre presentes nos bons

e maus momentos e com quem tenho partilhado muito. São as pessoas

com as quais eu sei que poderei contar e vice-versa. Toda a vida temos

estado uns para os outros ..."

1

"Através das redes sociais é vantajoso no sentido estabelecemos

comunicação. Cita a frase: “ A amizade multiplica o amor e divide a

tristeza”, Bacon, in 101 pensamentos. Um dia encontrei “pedras no meu

caminho”, tendo por hábito olhar pela minha saúde, efectuando análises

de rotina, controlar o peso, a tensão arterial, ter as vacinas em dia, etc. e

recorrendo ao centro de saúde da minha área de residência para as

consultas de rotina com a minha médica de família, um dia tive uma

surpresa…Foi assim, que em Janeiro de 2007 foi-me diagnosticado após o

resultado de uma biopsia um carcinoma do cólon. (Ilustra discurso com a

apresentação do relatório médico em anexo). Após o diagnóstico,

surgiram-me de imediato um turbilhão de emoções: medo, desespero,

esperança, mas acima de tudo, coragem e força, e fé para lutar. Foi

estabelecido que eu deveria ser submetida à cirurgia e posteriormente ser

submetida à quimioterapia. Assim foi agendada a cirurgia que teve lugar

na clínica de Santa Catarina, e que consistiu na remoção do meu cólon

descendente. Devido a uma complicação da cirurgia foi-me removido o

baço, que é o órgão, sem o qual não podemos viver bem. Felizmente a

recuperação da cirurgia correu bem, e passados alguns dias recebi o

resultado da análise com uma boa notícia: as células malignas não haviam

atingido os gânglios e por isso não seria necessário efectuar

quimioterapia. Desde então o meu estado de saúde está controlado, e faço

1

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vigilância anualmente. Este episódio da minha vida constituí um grande

momento de aprendizagem. Aprendi a estar na vida de outra forma,

valorizando mais as pequenas as coisas e as pessoas que me rodeiam;

Encontrei amizade em pessoas que não esperava, e com essas aprendi a

dividir as tristezas e a multiplicar as alegrias, a somar os bons momentos e

a subtrair os maus. Aprendi a acreditar, ter Fé, lutar perante as

adversidades da vida e a nunca desistir. Aprendi que na vida nem sempre

as coisas correm como gostaríamos, mas mesmo perante os obstáculos e

as vicissitudes, temos que lutar para atingir os nossos objectivos. Aprendi

a ser feliz! Durante a minha recuperação escrevi uma carta que reflecte os

meus sentimentos vividos no momento da doença..."

"A minha família está em primeiro lugar pois é o mais importante

nesta vida. Acompanhada este pensamento com a citação do poema

“Urgente” de Eugénio de Andrade. A minha mãe tem 67 anos, e não tem

escolaridade pois nessa época não frequentavam a escola. Também os

meus avós defendiam que as mulheres deveriam ficar em casa assim

estavam protegidas da sociedade ..."

1

"O meu marido é motorista, ensinou-me a conduzir, e até a nadar

(…). Apoia-me muito quando estou triste. O meu filho mais velho tem 8

anos, anda no 3º ano, é um bom aluno e ensinou-me as primeiras lições no

computador. O meu filho mais novo ensinou-me a ser cada vez mais

alegre na vida. Os meus amigos ensinam-me a ser simpática, generosa e

divertida. Os colegas de trabalho encorajam-me para enfrentar os desafios

do dia-a-dia. As pessoas da comunidade: senhor padre, senhora

enfermeira e a senhora bancária estimulam, encorajam para o

investimento académico. Conclui a sua rede de relações e amizades com a

citação do poema: “Fúria nas trevas o vento” de Fernando Pessoa."

1

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"Tenho aprendido com a minha família e o meu trabalho, o qual

cumpro com a maior honestidade, apesar de haver incentivos por vezes na

vida que são desonestos, mas que tenho sabido resistir, e dos quais não me

arrependo." Costumo dizer que quase costumo passar mais tempo com os

colegas de trabalho do que com a família, uns mais, outros menos amigos,

uns de mais, outros de menos confiança, mas quase sempre para que haja

uma certa harmonia e um bom ambiente de trabalho. A rede de relações e

aprendizagens são de natureza diversa: Relações Familiares – Esposa,

filhas e pais; Relações de amizade – Um amigo de infância (48 anos), o

meu professor de Inglês (44 anos) e a minha colega de longo tempo e

amiga (30 anos); Relações de Trabalho – Director do Hotel (47 anos), o

controlador de comidas e bebidas (39 anos) e a Directora Financeira (34

anos)."

1

"Era a minha avó quem me contava muitas histórias e além de me

dar muito amor, e apesar de apenas ter concluído a 3ª classe, era uma

pessoa muito sábia. Sempre que eu estava doente, ela fazia um remédio

que dava resultado e que me ensinou como viver de acordo com a

sociedade."

2

"O meu “Mundo Relacional” são: as minhas filhas, a esposa, os

meus pais e irmãos, padrinhos, colegas, auxiliarem, professores e amigos

íntimos, que no seu conjunto me proporcionam bem-estar no dia a dia."

1

"Foram sobretudo os meus amigos que ajudaram-me a crescer, e a

criar o gosto pela luta da vida e seguir as normas que são precisas para

vivermos à nossa volta."

2

"A minha avó, a minha mãe e os meus irmãos foram quem

ajudaram-me a crescer. Actualmente a minha filha, o meu companheiro e

o meu tio, ajudam-me a ultrapassar os obstáculos do dia-a-dia."

1

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"Durante o tempo que vivi em casa dos meus avós paternos, tive

muitos amigos e colegas com quem brincava, na altura, a minha melhor

amiga era a Sara. Ela vinha a minha casa, e vice-versa. Também

festejávamos os nossos aniversários. Brincávamos à “apanhada”, à “cabra

cega”, “às escondidas”, ao “peão”, “ às quentes” e “às palmas” com as

meninas. Também adorava desenhar, mas sobretudo pintar com o meu

grupinho da infância."

1

"A minha mãe tem sido uma força determinante na minha vida,

com ela aprendi e ganhei força para ultrapassar as dificuldades e ter

consciência das regras que são precisas para vivermos em sociedade."

2

"Nos meus tempos de criança, tinha as minhas grandes amigas,

brincava com a minha prima e com outras crianças que viviam perto de

mim. Fazíamos bonecas com panos, “brincávamos ao lencinho”, “ao

avião”, “ao jogo da macaca”, aprendíamos a ser felizes todos juntos."

1

"Com o meu marido aprendi muita coisa: a falar menos, a ser mais

compreensiva, liberta e calma. A minha filha ensinou-me a jogar

Playstation, e a minha amiga ensinou-me a estudar o código, e em contra

partida ensinei a fazer tricô. Quanto às minhas relações de trabalho mais

próximas, tenho o meu marido, e duas amigas.... Quanto às relações

familiares, tenho o meu marido, as minhas filhas, e restantes familiares,

que me dão força para lutar contra todas as barreiras que apareçam na

vida."

1

"Durante a minha infância foram sobretudo os meus tios e os meus

sobrinhos que marcaram a vida. Naquele tempo não havia muitos

brinquedos. Eu e os meus irmãos divertíamo-nos a jogar ao “Avião”, à

“Senhora”, “às prendas”, fazíamos “Joeiras”, “papagaios” e “carrinhos de

pano”. Também frequentávamos o Baile Infantil do Livramento, que

entretanto acabou…"

1

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"No mapa das minhas relações e aprendizagens, destaco a minha

esposa, com ela aprendi a cozinhar e a responsabilizar pela casa e ter

muita vontade para ter uma família feliz. A minha mãe que sempre me

incutiu a necessidade de respeitar as outras pessoas e as ajudar…Com o

meu pai aprendi a lutar, a não ter medo da vida…Com as minhas filhas

aprendi a viver feliz, a sentir que cada dia vale a pena viver a felicidade.

Com o meu irmão aprendi a arte de eletricista e ensinei-lhe a conduzir o

carro e a mota."

2

"No mapa das minhas relações e aprendizagens, assinalo o meu

pai, com o qual aprendi a vida da agricultura. A minha mãe que me deixou

os seus ensinamentos, nomeadamente quando me recomendava para não

andar coma más companhias. Na oficina aprendi com o me amigo a

compor os carros e outras situações relacionadas com a manutenção dos

automóveis. Com um outro amigo aprendi a andar de mota. A nível

profissional aprendi também com um amigo a trabalhar com uma máquina

e também já ensinei a outros colegas de trabalho o manuseamento das

máquinas. O meu conhecimento com o computador e internet começou

cerca de um ano e meio, aprendi com as minhas sobrinhas e sozinho.

Devo a aprendizagem nas tecnologias, mais precisamente o uso do

computador às minhas sobrinhas…"

2

"As pessoas que fazem parte da minha vida no que concerne a

aprendizagens significativas são: a minha mãe com 79 anos de idade (hoje

falecida), não andou na escola mas sabia ler, a tia ensinou-a a ler e a

escrever, porque o meu pai emigrou para o Brasil. Assim, ela escrevia as

suas cartas e também nos ajudava nos trabalhos da escola."

1

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"A minha irmã mais nova, com 49 anos de idade e que tem o 12º

ano de escolaridade é quem me tem ajudado nos meus desempenhos

escolares, ensina-me a trabalhar com o computador, porque não sabia

mesmo nada e, assim, tenho feitos diversas actividades, desde

percentagens, gráficos e pintar, escrever, etc. Sempre me ensinou que não

há causas inatingíveis, que as nossas vidas são do tamanho dos nossos

sonhos, ela diz-me sempre que: querer é poder…é ela que me impulsiona

a ir em frente perante os obstáculos. Tenho também uma vizinha com 76

anos de idade, que é analfabeta, mas tem uma sabedoria que só se adquire

na Universidade da Vida. Com a sua calma e o seu jeito próprio de ser,

ensinou-me a reflectir sempre antes de agir, em qualquer situação que se

apresenta pela frente. Ensinou-me que a união faz a força, que é muito

importante manter a família sempre unida, pois assim se consegue vencer

qualquer barreira que se atravesse na nossa vida."

1

"A minha sobrinha, que tem 26 anos, com o 12º ano de

escolaridade e é Comissária de Bordo com a sua alegria pela vida,

ensinou-me a valorizar as pequenas coisas que a vida oferece, a estar

sempre de espírito aberto para as mudanças que vão surgindo na nossa

vida e neste período moderno. (ilustra discurso com a foto da sua

sobrinha). O meu amigo de 55 anos de idade e com o 12º ano de

escolaridade, e que exerce a actividade de Polícia, por causa da sua

maturidade e segurança naquilo que faz e diz, ensinou-me a valorizar o

meu trabalho e a resolver qualquer dificuldade ou problema que se

apresente na minha vida, até mesmo a improvisar se necessário, sempre de

cabeça erguida e satisfação. Um outro amigo que tem 35 anos, e é

professor de Educação Física, ensinou-me a descontrair e a baixar o stress

de pois de um longo dia de trabalho. Ensinou-me a não desistir mesmo

quando as expectativas não correspondem ao que queríamos, mesmo que

a nossa força esteja no limite. Temos que nos valorizar e acreditar nas

1

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nossas potencialidades."

"Passei a minha infância com os meus pais, mas visitava muitas

vezes os meus tios e um casal amigo e as suas duas filhas, daí partiu uma

amizade de criança que ainda hoje existe."

1

"Ainda me recordo as aventuras no tempo de criança, sempre tive

o contacto desta amiga e sempre que nos encontramos, as nossas

conversas vão sempre bater a essas aventuras. Com esta colega,

aprendemos em conjunto a lidar com os nossos defeitos e a ultrapassá-los,

nos momentos menos bons."

1

"Os amigos são uma parte importante da minha vida. Acho que

sem amigos e impossível viver embora tenha muito cuidado na escolha

dos amigos. Quem tem um verdadeiro amigo tem um tesouro, mas no

tempo em que estamos não e fácil fazer amigos porque cada um só pensa

no seu bem. Um verdadeiro amigo e aquele que esta comigo quando estou

bem e quando eu estou mal e aquele que da razão quando não a tenho.

Numa fase da minha vida durante uns três anos tive de fazer companhia a

uma senhora velhinha que vivia sozinha, não tinha família nem casa para

viver e os meus pais então emprestaram-lhe uma casa. Não o fiz com

muito gosto porque preferia estar em casa. Ainda hoje, lamento não o ter

feito de boa vontade, no entretanto foi uma “lição” porque agora estou

mais sensibilizada a ajudar as outras pessoas e aprendi muito os segredos

da vida com essa senhora e a minha mãe. "

1

"Eu tinha uma amiga e vizinha, que era a Rita e nós íamos sempre

juntas para a escola. Como a minha casa ficava antes da minha amiga

Rita, era sempre eu a chamá-la, a nossa amizade ainda se mantém nas

situações necessárias para o encorajamento nas dificuldades da vida."

1

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"Brincávamos muito amigas na infância, ao lenço, ao anel, ao gri-

gri, às pedrinhas, etc… Eu preferia brincar ao lenço. Fazíamos uma roda e

eu por for ia cantando, até deitar o lenço atrás de alguém, assim tínhamos

estas aprendizagens sociais tão importantes na nossa vida."

1

"A Tia Conceição foi das pessoas que mais referências marcou na

minha vida. Com ela aprendi desde a trabalhar na fazenda, como na

agricultura. A minha patroa, que era muito exigente, mas que mais tarde

percebi que era para o nosso bem, era preciso aprendermos as coisas

certas e termos alguma qualidade no nosso serviço e na nossa imagem."

2

"A Dona Filomena, que era a minha professora de música, foi a

minha grande mestre. A professora dizia que era bom tocar por ouvido,

mas tinha de aprender a tocar com a pauta à minha frente. Passados uns

tempos, a professora fez-me uma proposta e apresentou-me um programa

no qual eu tinha de tocar numa missa e eu pensei: “não vou ser capaz de

tocar numa missa, com tanta gente e o senhor padre a assistir”. Pensei que

se não saísse bem, não saía, errar é humano. E eu fiquei mais calma. No

final, só ouvi baterem palmas. Todos nós ficamos muito contentes."

1

"Recordo-me também nas minhas relações de amizade, os meus

irmãos mais velhos que faziam “papagaios” eram tão linhos e atiravam-

nos ao vento com as linhas de croché da minha mãe, que ficava

danada…também jogavam ao pião e com um arquinho iam caminhando

felizes pela estrada fora, era tudo tão natural e belo na natureza…Também

faziam aqueles carrinhos de arame forrado com canas “vieira”, cortadas de

forma pequena, que nos dias de hoje, pouca gente sabe fazer, que

aprendizagens fascinantes uns com os outros."

1

"Nos fins de semana como éramos uma família numerosa,

juntávamos – nos todos com os vizinhos no caminho onde não passavam

carros, e brincávamos e fazíamos vários jogos até ao anoitecer, numa

1

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grande rede de laços de amizades. Recordo que os valores da amizade e de

solidariedade eram praticados em grupo, éramos todos tão amigos e todos

cooperavam nos jogos desde o jogo do lenço, à cabra-cega, ao jogo do

anel (…). As pessoas mais velhas também jogavam. O jogo que mais

gostava era a matança, era feito com uma bola média que arranjávamos

com trapos velhos e jogávamos todos muito felizes! (...). "

Natureza Histórica

Unidades de registo de contexto

Codificação 1 – Perspetivas Históricas Passadas; 2 – Perpetivas Históricas

Atuais

"Já trabalhava na escola, quando chegaram alunos a comentar que

havia um Golpe de Estado. Na rádio não transmitiram o noticiário, só

passavam músicas de Zeca Afonso. Tivemos que levar os alunos mais cedo

para casa, quando dão a primeira notícia ao País, fala-se no M.F.A. no General

Spínola, Capitão Salgueiro Maia, Saraiva de Carvalho, entre outros. Portugal

no domínio das Forças Armadas, sendo a Junta de Salvação Nacional que é o

M.F.A. a comandar todo o território português. Mandaram para a Madeira o

Almirante Américo Tomás e Marcelo Caetano que ficaram uns dias exilados

no Funchal, Marcelo Caetano pediu asilo político no Brasil. Suspenderam-se

as Guerras nas colónias portuguesas e eu fiquei contente, porque assim não iria

para lá combater, e o meu irmão que estava lá, voltou mais cedo para casa. "

1

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"O que mais me preocupa no mundo é como as pessoas vivem em

certos países, passam fome, têm pobreza, contaminam o ambiente, a guerra, o

racismo, tudo isto preocupa-me, todos nós somos humanos, essas pessoas têm

o mesmo direito de viver em paz e amor. Por vezes o egoísmo, a inveja levam

à separação e à maldade entre os Homens."

2

"Há uma coisa que me preocupa muito no mundo, é a fome que a

sociedade atravessa é triste ver principalmente tantas crianças a passar por

tal…Todos os dias quando vou à “fazenda” e recolho as minhas hortaliças para

o meu uso diário trago tanta fartura que chego a ficar com remorsos, é como

diz o velho ditado: “Uns com muito, outros sem nada”.

2

"Preocupo-me também com a actual juventude, que muitas vezes perde

a cabeça, que se mete na droga e prostituição, à procura de uma vida fácil, de

uma vida de engano, onde só há ruína e infelicidade para eles, familiares e

sociedade."

2

"Em 1964, tinha eu 5 anos e lembro-me da inauguração do aeroporto

de Santa Catarina, junto à minha casa, ai estava o primeiro aeroporto na

Madeira."

1

"No dia 8 de Julho de 1964 tinha eu um ano, o Super Constellation da

TAP, aterra pelas 11h24, transportando uma larga comitiva de convidados,

onde se destacava o presidente da TAP, engenheiro Vaz Pinto. Na cerimónia

de inauguração também estava o presidente Américo Tomaz. A partir desse

dia o sonho de todos os Madeirenses estava realizado. Apesar de ser ainda

criança, recordo muito bem esse dia em que fui assistir à inauguração. Mais

tarde, em 1986 a casa onde nasci foi expropriada devido à ampliação do

aeroporto. A minha adolescência foi vivida na altura do Estado Novo, regime

político liderado por Salazar, e mais tarde por Marcelo Caetano. Tive de

1

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aprender as regras políticas associadas à ditadura que se vivia na época. Na

escola, junto do Crucifixo de Jesus Cristo era obrigatório ter a fotografia de

Salazar. Não se podia falar em política adversa relativa ao Estado em público.

Muitos programas de TV e rádio eram submetidos à censura, e alguns

proibidos de serem emitidos, enfim…Tudo muito diferente da liberdade em

que se vive nos dias de hoje na nossa sociedade. "

"A conjuntura actual da sociedade apresenta-nos muitas dificuldades ao

nível económico, o desemprego por exemplo, tem vindo a aumentar em

Portugal, atingindo valores preocupantes. O desemprego atinge principalmente

a classe média, e mais as mulheres, sendo que para estas a taxa é de 8 por

cento, enquanto os homens desempregados são 6,4 por cento, também entre os

jovens que as taxas são mais elevadas, com quase 16 por cento dos

portugueses com menos de 25 anos sem trabalho. São cada vez mais as

famílias que são confrontadas com a perda do seu emprego, ficando em

situações de aflição, para poderem cumprir com as suas responsabilidades

financeiras, visto que a maioria possuí créditos bancários, e não podendo pagar

ficam sujeitos a perder os seus bens. Não só a perda dos seus bens como da

sua qualidade de vida da alimentação, de um vestuário, cultura e lazer."

2

"Actualmente a sociedade também se confronta com o suicídio, e tem

sido apontado como a terceira maior causa de morte a nível mundial. Idosos

são o grupo de maior risco, principalmente o homem viúvo, reformado e

socialmente isolado. Também jovens entre os 15 e 24 anos, solteiros e

normalmente habitantes de zonas rurais, por causa do meio social isolado, e

também não menos preocupante, os das zonas urbanas pelo consumo

excessivo de álcool e drogas. A maioria das pessoas que tentam o suicídio

estão psicologicamente perturbadas, trata-se de pessoas que sofrem de

depressão, problemas afectivos. Algumas causas são: o divórcio, perda de

emprego, perda de familiares e problemas de saúde grave. Em suma, falar é

preciso, poder falar com alguém é um importante factor de protecção."

2

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 324

"No meu tempo de criança juntamente com dois amigos

inseparáveis, dedicávamos os nossos tempos livres, a criar os nossos

próprios brinquedos. Eram os “carrinhos de madeira”, “os papagaios”

que chamávamos “joeiras”, os “carrinhos de arame” com “canas de

bambu”, o arco de dois paus que tinham dois suportes para andar em

cima que chamávamos “cambadinhos” etc. Concorria-mos para ver

quem conseguia fazer melhor, quem conseguia chegar mais longe, por

exemplo com os cambadinhos, era sempre uma festa…Jogávamos

também à batalha naval, às palavras cruzadas, o jogo das palavras que

consistia, por exemplo, em pedir ao outro jogador para dar o nome de

cinco capitais europeias, ou de cinco países da América Latina, etc."

1

"Alguns anos depois tocávamos viola, ouvíamos música, íamos

ao cinema, dávamos alguns passeios, lembro-me que entre os meus 13 e

15 anos, fui três vezes ao Porto Santo, dormíamos na areia, foi

espetacular, a viagem no barco que era Pirata Azul, não era muito

agradável, mas apesar de tudo era muito bom. A minha avó fazia pão,

bolos e broas caseiras que eram uma delícia, às vezes tenho o

pressentimento que ainda sinto aquele cheirinho e

paladar...Historicamente decorreram acontecimentos importantes ao

longo da minha vida. O Presidente dos Estados Unidos, Jonhn Kennedy,

foi assassinado a 22 de Novembro de 1963. (Ilustra discurso com foto do

Presidente)." "Recordemos também os “Beatles”, famoso grupo de rock

fundado em Liverpool, Inglaterra no final da década de 50 e constituído:

Jonh Lennon, Paul McCarteny, George Harrinson e Ringo Starr."

1

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Maria Manuela Vieira Teixeira Pereira 325

" Recordo também os atentados de 11 de Setembro de 2001, que

destruíram as torres gémeas de Nova Iorque, que consistiram numa série

de ataques suicidas coordenados pela Al-Qaeda contra alvos civis nos

Estados Unido. Em Portugal recordo o golpe de Estado Militar de 1974,

que derrubou o regime político que vigorava em Portugal desde 1926.

Aqueles primeiros anos após o 25 de Abril, o país vivia uma anarquia,

eram greves em cima de greves, toda a gente reivindicava muito bem os

seus direitos, mas sem saber como, aderia-se a uma greve ou ia-se a uma

manifestação só porque víamos os outros lá, pintávamos as paredes e

afixavam cartazes, escreviam frases agressivas, algumas não por

convicção política, mas porque os outros o faziam, achavam piada e

estava na moda, tudo isto parecia um barco à deriva. No dia 1 de Janeiro

de 1986 na então chamada CEE. A entrada representou uma enorme

expectativa e um grande aumento de confiança para os portugueses em

relação ao futuro, que até então era desilusão atrás de desilusão. Apesar

de tudo, penso que Portugal pode orgulhar-se por pertencer à Europa e

ser membro activo da União Europeia, a adesão à Europa Comunitária e

ao Euro foram boas opções políticas, porque se assim não fosse,

seríamos um país isolado, remetido para um terceiro-mundismo instável,

subdesenvolvido e a nossa moeda seria irremediavelmente

desvalorizada, sofrendo uma constante inflação e de taxas de juros

insuportáveis. No âmbito da literatura recordemos também José

Saramago, que recebeu o Prémio Nobel da Literatura, sendo entregue

por Sua Majestade o rei Carlos XVI da Suécia em Estocolmo, no dia 10

de Dezembro de 1998."

1

"Vivemos num mundo actual que nos obriga a acompanhar-nos a

sua evolução. Curioso é o funcionamento das plataformas de e-learning e

as Formações. O e-Learning é mais motivador pois é possível recorrer a

elementos multimédia, o que nos proporciona uma experiência mais

enriquecedora, além de permitir a interactividade. Por outro lado,

2

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adapta-se ao ritmo individual de trabalho, seleccionando o clássico

problema da heterogeneidade das turmas. Outro aspecto relevante

prende-se com os factores económicos e ambientais, uma vez que

minimiza ao máximo as deslocações entre a residência do formando, e a

instituição local onde decorre a formação – menor consumo de energia,

melhor ambiente, e menos despesas inerentes à deslocação. "

"Em 2006, candidatei-me a uma especialização na ESEC (Escola

Superior de Educação de Coimbra) e fui aceite. A especialização era em

regime presencial, facto que invalidou a minha frequência no curso.

Entretanto regressei para a Madeira e reconheci que um dos principais

obstáculos era na verdade, por um lado, a inexistência desse tipo de

formação no arquipélago e, por outro lado, o carácter obrigatório

presencial da formação. Estes dois factores associados impediram a

concretização deste meu projecto de vida, se a sociedade mudasse de

regras eu teria conseguido mudanças na minha vida."

1

"Para mim tudo é importante e diferente, felizmente gosto de

tudo porque adapto-me às exigências da actual "sociedade." Neste tempo

em que tudo é rápido e se eu tivesse mais tempo livre gostaria de ajudar

mais a minha família. Gosto também de tirar fotos, principalmente aos

meus filhos quando passeamos, para poderem recordar mais tarde a

época que vivemos"

2

"Neste momento preocupa-me imenso a situação do nosso País,

ao nível do desemprego, do ambiente, entre outros factores que

ameaçam a nossa sociedade."

2

"Vivemos numa sociedade em que é importante conhecermos os

órgãos de soberania. Existem órgãos do poder político específicos que

pertencem às Regiões Autónomas e às Autarquias. Precisámos de

acompanhar o poder local e as suas funções."

2

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"Naquele tempo por altura da Páscoa, os rapazes brincavam ao

“pião”. Uma colega minha que também tinha pais com uma mercearia,

um dia chegou à escola com um pião, e também se pôs a jogar com os

rapazes. Foi a primeira rapariga na turma a ter um pião. Eu também

como gostava de jogar, tirei um da mercearia do meu pai sem pedir-lhe,

pois sabia que os meus pais não queriam que eu tivesse um pião. Quando

o meu pai descobriu que eu andava a jogar ao pião, e que tinha tirado um

da mercearia sem pedir, bateu-me, pois tinha tirado sem a sua

autorização, e como rapariga a sociedade não aceitava que jogasse ao

pião… No início da minha adolescência muita gente não tinha televisão,

e o meu pai na altura em que apareceram os televisores, não quis

comprar, pois achava que ver TV era uma perda de tempo, e não

trabalhar. Aos meus 17 anos o meu pai sempre comprou TV, e já foi a

cores, sendo que fomos os primeiros no sítio a ter desta maneira.

Recordo-me que os televisores eram muito caros..."

1

"Um dos momentos vividos na nossa sociedade, está relacionado

com a Eutanásia. A prática desta acção sempre foi motivo de dúvida por

parte da nossa sociedade. Actualmente colocam-se várias questões em

causa, perante este tema tão polémico, tais como: a eutanásia não vai

contra os direitos do Homem? Contra a ética? Será justo retirar a vida a

uma pessoa? A vida não cabe apenas a Deus determinar? Será um

homicídio assistido? Como podemos ver, são diversas as questões, e

muitas não têm uma resposta clara, nem objectiva."

2

"Naquela época da minha infância, era comum os vizinhos

(tantos os jovens como os mais velhos) meterem medo a mim e aos

meus irmãos. Todas as noites entrava lá em casa, uma “velha” de preto

para assustar. Um dia a minha mãe chegou a casa mais cedo, e era uma

vizinha. Certo dia, enquanto fomos brincar, uns vizinhos decidiram fazer

uma partida à minha irmã, pois sabiam que ela tinha medo de mortos.

1

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Foram ao guardo fatos do meu pai e tiraram um fato. Encheram de roupa

para fazer um boneco de braços abertos, e colocaram na cara um chapéu.

Depois pegaram no boneco e deitaram na cama da minha irmã. Quando

chegámos a casa, a minha irmã estava a gritar porque estava um morto

dentro de casa. Outros vizinhos que ouviram os gritos vieram ver o que

se passava. Descobriu-se logo quem tinha sido, visto que estavam em

cima de uma árvore a rir. Eles foram castigados, e recordo-me que

levaram ali mesmo uma tareia."

"Hoje vivemos numa fase de um mundo moderno. Recordo por

exemplo o meu nascimento que foi feito pelo meu pai que acabara de

chegar do mar…pois era pescador. As minhas filhas pelo contrário

tiveram outra assistência hospitalar. Hoje temos muitos meios de

transporte e tudo é mais rápido…Eu por exemplo também recordo a

propósito de transportes, que quando fui tirar carta de pesados para

poder conduzir transportes públicos, logo se conseguia um emprego,

hoje já está muito difícil conseguirmos um emprego …"

2

"As brincadeiras eram diferentes das actuais. Brincávamos na

terra com brinquedos que nós próprios construíamos, jogávamos à bola,

tínhamos carrinhos de canas e de madeira. Por vezes, os meus irmãos e

eu fazíamos algumas asneiras, pelas quis éramos severamente

repreendidos. Actualmente, as brincadeiras das crianças são muito

diferentes são modernas, existem as tecnologias, e têm acesso assim aos

computadores desde muito novas, têm as playstation, jogos de vídeo e

mp3, o que contribui para que as crianças já não brinquem na rua, já

convivem muito pouco umas com as outras."

1

"Um dos momentos mais marcantes na minha infância foi

quando ia a casa de uma vizinha ver televisão com os meus irmãos,

porque na nossa casa não havia televisor…éramos pobres e uma família

1

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numerosa."

"Naquela época não havia televisão, mas a população ouvia

muito na rádio as notícias, música e romances… Quando faltava a luz,

substituíam a corrente por baterias (pilhas). Menciona também a grande

tragédia que abalou sobre a ilha da Madeira no dia 20 de fevereiro de

2010."

2

"Na minha altura de infância, não havia televisão, não havia

internet, nada de playstation, Nintendo ou jogos de vídeo. Passava tardes

a brincar com os meus primos e amigos que viviam próximo da casa dos

meus pais. A minha única condição era voltar para casa ao anoitecer.

Estas brincadeiras aconteciam na altura das férias, porque durante o

período escolar, os meus pais não autorizavam eu sair de casa. As nossas

brincadeiras eram bem diferentes dos meninos de hoje. Brincávamos ao

jogo das escondidas, ao jogo da pedrinha, ao jogo da matança,

utilizávamos uma bola pequenina passando de um lado para outro, até

acertar em alguém, ao jogo do anel, ao jogo do lenço, entre muitos

outros."

1

"Eram jogos simples e pouco sofisticados, mas éramos felizes.

Brincávamos ao ar livre, na natureza, num ambiente saudável. E mais,

brincávamos sem a presença dos adultos a vigiar-nos. Estávamos

entregues a nós próprios, livres como passarinhos. Também tínhamos a

nossa liberdade, os nossos fracassos, os nossos sucessos e deveres,

aprendíamos a lidar com cada um deles."

1

"O desenvolvimento actual traz coisas boas, como também, traz

menos boas para a sociedade, como é o caso do desemprego e a crise

actual."

2

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"Na altura em que frequentei o colégio no Funchal, sofri muito,

apanhei o 25 de Abril onde houve algumas manifestações, faziam-se

muitos comentários da vida política, assisti ao incêndio da loja

SOCARMA e por tudo isso ficava muito assustada mas também tive

coisas boas nessa altura..."

1

"O que mais me preocupa com o mundo é a degradação dos

valores humanos. Eu vivi num tempo em que tínhamos muitas

dificuldades em todos os sentidos porque faltavam-nos os meios de

aprendizagem, também os meios financeiros mas vivíamos com

confiança, podíamos comprar e vender uma coisa só com uma palavra,

ainda hoje tenho terrenos que eram dos meus pais que foram comprados

sem confirmar a compra, ou seja sem fazer a escritura e nunca houve

problemas!... Actualmente existe novos equipamentos e nova tecnologia

bem como a internet onde a sua utilidade e sem dúvida indispensável

para vivermos hoje em sociedade."

1

"Actualmente a sociedade e particularmente a Região Autónoma

da Madeira, apresenta uma taxa de desemprego preocupante…" 2

"Com a conjuntura actual, o acesso aos créditos estando mais

dificultados, na sociedade o suicídio começa a ser um problema

preocupante. A maioria das pessoas que atentam contra a própria vida,

está psicologicamente perturbada, o que não significa que sejam doentes

mentais ou malucos. Trata-se de pessoas que sofrem de depressão,

sobretudo pela fase actual que a sociedade está a enfrentar."

2

"Neste mundo, na sociedade actual preocupa-me a degradação do

meio ambiente, que está a crescer, piorar cada vez mais…Preocupa

também a pobreza e a fome que já os nossos passados sofreram devido à

guerra e que actualmente está sendo de novo um indicador na sociedade

pela situação política e social."

2

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"O endividamento das famílias, o recurso ao crédito, o suicídio, o

consumo do tabaco e das drogas, uma multiplicidade de problemas

sociais. Em todo o mundo, há crianças maltratadas, abandonadas e

exploradas, assim como também existe indiferenças a estes problemas

sociais e humanitários ..."

2

"Os políticos utilizam um discurso persuasivo- argumentativo nas

suas campanhas políticas, estes exigem uma organização lógica de

argumentos, uma argumentação para convencer o seu público de

maneira a que o raciocínio da pessoa que discursa convença o público é

esta arte actual dos políticos no seu Governo."

2

"Os políticos utilizam um tom de voz alto e claro com a

finalidade de convencer os presentes na sua ideologia. Estes, os

políticos, como líderes de cada partido, devem a partir do seu talento, da

sua vontade e da sua disciplina conquistar o respeito e a amizade dos

colaboradores pelos seus próprios méritos."

2

Natureza Religiosa

Unidades de registo de contexto

Codificação 1 - Justificação pela “fé;” 2 – As práticas Religiosas – “Os

Sacramentos”

"Graças a Deus, que com muita fé, por volta do ano 1980, tive uma

das maiores alegrias pois, depois de ter casado e ter vivido numa casa

arrendada, pude usufruir do meu lar. Considero que toda a gente deve

lutar para o ter o “chapéu”. Costumo dizer: “mesa quando comas, casa que

te agasalhes e terra que não saibas.”

1

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"Sou da Religião Católica, tenho cumprido os meus Sacramentos

Religiosos, fiz a minha 1ª Comunhão, Confirmação e o Crisma, estando

assim na catequese durante 9 anos. Recebi os meus sacramentos na minha

Paróquia. Sentia-me feliz, o que me ajudou a superar a distância dos meus

irmãos. Os meus pais fizeram de tudo para que me sentisse bem. A

religião proporcionou-me uma boa educação. Sou de uma família média e

humilde. O que eu sei e sou, foi fruto daquilo que aprendi no seio da

família e no seio religioso, sempre segui os exemplos e conselhos dos

meus pais, e a fé universal. A riqueza que eu tenho em mim, devo à minha

fé e família."

2

"O meu matrimónio religioso foi na Madeira, na paróquia onde

residia." 2

"Porque com as mãos começo o meu dia, bendizendo, o “Senhor”,

através do sinal da cruz com as mãos, faço todo o tipo de trabalhos,

acarinho e sou acarinhada, com as mãos tudo posso, tudo faço, com as

mãos semeio o trigo, com as mãos amasso o pão. Enfim, necessito das

mãos para tudo o que faço. Agradeço muito a Deus."

1

"O dia 30 de Outubro de 1982 foi uma data especial, foi a do nosso

casamento na igreja de Nossa Senhora de Fátima. A festa foi num

restaurante chamado “El vitoriano” na cidade de “La Victoria”. Tudo

correu bem, a lua-de-mel foi inesquecível, e nunca esquecerei aqueles

momentos tão importantes na minha vida, Graças a Deus."

2

"Gosto muito de participar em alguns eventos religiosos, gosto de

frequentar a igreja e participo nas leituras. Considero-me uma boa cristã, e

tenho orgulho de ser uma católica praticante. Sou também catequista de

adolescentes, que neste momento frequentam o 8º ano, os quais já dou

catequese desde o 1º ano. Tenho por hábito frequentar a igreja, participar

nas Eucaristias, porque gosto, porque acalma-me a vida, e sinto-me “mais

1

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perto” de Deus, bem como a nossa Pátria. Todos os dias faço as minhas

orações da manhã no meu quarto, e rezo o terço. É com tudo isto que

enriqueço a minha vida espiritual, que sinto uma grande paz interior, e me

vai dando forças para viver em sociedade e lutar pelas oportunidades que

não tive na vida. Precisamos de viver com Deus, para abençoar a nossa

Pátria, e a nossa Família."

"O título do meu PRA: “As Pégadas da minha vida e o RVCC”,

transmitem lembranças dos momentos vividos na minha infância,

adolescência e idade adulta, e todos estes momentos agradeço ao Senhor.

Traz-me lembranças dos momentos vividos em família, em grupos, na

minha Pátria, onde todos ficam em silêncio, onde reflectimos,

conversamos, choramos, e vivemos os bons momentos da vida, que só

Deus nos poderá proteger."

1

"O meu poema favorito também é “Pegadas na Areia”, este poema

transmite a ideia de que mesmo nos momentos mais difíceis, quando

pensamos que está tudo perdido, o Senhor leva-nos ao colo, ou seja,

ajuda-nos a ultrapassar as dificuldades. Citando um excerto do seu poema:

“Senhor, Tu me disseste que, uma vez que eu resolvi seguir-Te, tu

andarias sempre comigo, todo o caminho. Contudo, notei que durante as

maiores atribulações do meu viver, havia na areia dos caminhos da vida,

apenas um par de pegadas…O Senhor me respondeu: Quando viste na

areia, apenas um par de pegadas, foi exactamente aí que nos braços te

carreguei."

1

"No ano de 1959 fui baptizada a 27 de Setembro pelo padre

Gabriel Olavo Garcês, já falecido. Foi também quem celebrou a minha 1ª

Comunhão, Profissão de Fé, Crisma e Casamento. Os meus padrinhos do

baptismo eram pessoas abastadas e eu pensava muito tempo em sua casa.

Como era das poucas pessoas nas redondezas no carro, gostava muito de

passear com eles. Por altura do Pão por Deus (1 de Novembro), era hábito

2

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a minha mãe preparar um cestinho com frutos, nomeadamente nozes e

castanha e eu levava para a casa dos meus padrinhos."

"O meu casamento religioso aconteceu no dia 17 de Setembro de

1977, na igreja da minha paróquia. Fui eu que organizei os preparativos,

desde o vestido de noiva mandado fazer pela modista, aos arranjos da

igreja que foram feitos com “Não me deixe” flor da estação e o ramo para

oferecer a Nossa Senhora. O côro foi um grupo de freiras que eram

minhas amigas."

2

"O ingressar na catequese foi um passo muito importante na minha

vida, dar um contributo de fé na sociedade é preciso para que Deus nos

ajude. Desde o início foi algo que me agradou e fez-me sentir útil. Apesar

do trabalho que se tem e do tempo que se emprega, sem nada receber em

troca a nível monetário, é gratificante ver o nosso esforço reconhecido.

Para além disso tenho crescido muito enquanto pessoa, e aprendido

também muito, pois é uma actividade que requer pesquisa, leitura,

participação em reuniões e em conferências. Tenho aprendido

essencialmente a comunicar e a transmitir as minhas ideias aos outros!

Também na área da informática tenho feito várias apresentações,

nomeadamente em power point e word nas apresentações que faço na

catequese. Enfim, ser catequista para mim, é algo interior mais forte e

importante na minha vida, não é o simples “dar catequese”.

1

"Na minha opinião ser catequista, é: ser uma educadora, ser uma

amiga, uma conselheira, alguém que transmite valores para a vida. É

necessário ter capacidade para movimentar e mobilizar os grupos, é

necessário inspirar confiança e inovação, é necessário distribuir tarefas e

proporcionar decisões, e as suas consequências, e particularmente no meu

caso servir de exemplo, nem sempre é fácil conseguir tudo isto!

Juntamente com o meu marido, aderi às Equipas de Nossa Senhora, onde

temos reuniões mensais com outros casais, onde discutimos temáticas

1

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relacionadas com a família e temos momentos de reflexão."

"Estas actividades religiosas fizeram com que eu desenvolvesse

capacidade de comunicação, transmissão de conhecimentos, debate,

partilha e aproximação, quer da vida familiar, quer do seio do grupo."

1

"No âmbito das actividades religiosas, já organizamos muitos

passeios à volta da ilha, onde se alugam autocarros, mas também fora da

ilha, como uma viagem ao Porto Santo. Nesta viagem fomos mais de 400

pessoas, entre catequizados, pais e catequistas e foi no encerramento da

catequese, no mês de Junho. Em 2006 também fizemos uma viagem de

finalistas da catequese, os jovens que fizeram o crisma e a viagem foi até

Fátima. Nesta viagem tivemos um Guia no autocarro e fomos até Nazaré,

Óbidos, Santarém, Alcobaça, Lisboa etc."

1

"Entre várias visitas que realizamos, visitamos as grutas de Santo

António. Nesta viagem foram 38 jovens e 8 catequistas, foi muito bom

para que isto se realizasse, foi preciso muito trabalho e investimento. No

Dia do Pai e nas festas de Santo Amaro, preparamos rifas e fizemos uma

barraca, tudo isto para angariar fundos e depois os pais pagarem a

diferença."

1

"Só a Fé nos permitiu chegar até Fátima. Recentemente participei

na organização de um acontecimento que exigiu muita planificação e

programação. Foi aquando a visita da Imagem Peregrina de Nossa

Senhora de Fátima à Madeira. Foram muitas as reuniões que tivemos

(equipa coordenadora) numa das quais tive oportunidade de lançar a ideia

de elaboramos o logótipo para mandar estampar em T-shirts e bonés para

os jovens da catequese."

1

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"Lancei mãos à obra e com a colaboração do meu filho (estudante

universitário em Arte e Multimédia) fizemos o logótipo que depois foi

apresentado em reunião, e ficou aprovado."

1

"Actualmente estou a preparar o início do novo ano pastoral e a

reunião de pais, bem como das crianças e jovens. Tenho programado a

apresentação em powerpoint com várias fotos das actividades realizadas

no ano anterior, bem como estou a elaborar o plano de actividades para o

próximo ano. Este ano convidei uma psicóloga que irá falar aos pais e à

comunidade em geral sobre pais e filhos."

1

" Geralmente a leitura é uma actividade diária e recentemente li

um livro que me cativou bastante, foi: “Deus é um tipo fixe”, de Cyril

Massarotto. Este professor nasceu em 1975, e é um professor de jardim-

de-infância, perto da cidade de Perpignan, na França. Por muitos anos,

exercitou a escrita apenas como letrista da banda de rock amadora da qual

é vocalista, Saint-Louis. Em 2006, tentou ir mais além. Um ano depois, na

banheira veio-lhe a frase: “Deus é um tipo fixe”. Foi o início deste que é o

seu primeiro romance."

1

"Eu pertencia ao grupo dos estudantes católicos madeirenses,

“E.C.M”, e aos fins-de-semana organizávamos passeios onde havia a

preocupação de cuidarmos da natureza, de termos respeito e amizade uns

pelos outros."

2

"O nosso grupo do “E.C.M.” também fazia peças de teatro, e eu

até tinha jeito, e era muito divertido, fazíamos festas bem engaçadas!

Chegamos a deslocar-nos ao Porto Santo de propósito para atuarmos.

Desempenhei vários papéis, entre eles recordo aquele que fiz com uma

colega na peça: “As Velhas Surdas”. (Ilustra discurso com a descrição da

peça). Com o passar do tempo, juntei-me a um grupo de amigos e amigas

que cantavam nas celebrações eucarísticas da Paróquia, era espetacular.

1

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Nos dias do ensaio, primeiro ensaiávamos, e depois saíamos até ao café,

íamos jogar um pouco de bilhar, enfim (…) senão fosse este grupo

religioso que estava integrado, não tinha liberdade de sair de casa. Dado

que os meus pais não permitiam, e naquele tempo não havia liberdade

nem essa mentalidade. Foi neste grupo que conheci o meu marido, e onde

começamos a namorar, e um ano depois casámos na igreja."

"Como católico praticante que sou, participei em atividades da

minha paróquia, quando me é solicitado ajudo nas ornamentações para

algum arraial, dou alguma ajuda monetária para diversos peditórios que

são feitos, que me parecem justos e que devemos ajudar na sociedade.

Admiro a imagem do Cristo Rei de braços abertos, imponente sobre o

rochedo da Ponta do Garajau com uma vista maravilhosa, de um ponto

podemos observar parte do Funchal e de outro ponto, o Caniço, só temos

de olhar em redor e deixar que os nossos olhos viagem até ao horizonte

mais longínquo."

1

"A minha avó materna foi quem ensinou-me muitas orações e que

me deu muito amor e força para viver nesta vida. Decorava muitas

orações e sempre que eu estava doente recorria as orações que ela me

ensinava. Recordo com muito carinho e ternura, o dia da minha Primeira

Comunhão, em que fez em conjunto com o meu irmão. O meu irmão

levou um fato branco, sendo que eu levava um fato azul."

2

"Um dos maiores acontecimentos mais marcantes da minha

infância foi o nascimento da minha irmã mais nova. Recordo que a minha

mãe deu uma queda, e estava a chorar numa cama. Eu deitei-me junto a

ela e perguntei-lhe o que se passava. No início, ela não me dizia nada, mas

depois de tanto insistir disse-me que estava grávida e que tinha caído,

estava com medo de perder o bebé. Tentei animá-la e fui fazer-lhe um

chá. Desse dia em diante, comecei a rezar diariamente um Pai-nosso e três

Avés Marias, para que o bebé nascesse perfeito. Passados seis meses a

1

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minha mãe deu à luz uma menina. Fui ao hospital visitar a minha mãe e a

minha irmã, e pedi para tirar toda a roupa, para assim eu poder confirmar

se realmente era perfeita, como eu havia pedido a Deus. Era a menina

mais linda que estava no hospital. Com este acontecimento, aprendi que

quando queremos algo, devemos apegar-nos a algo em que tenhamos Fé."

"Eu tenho Fé em Deus, por isso em tudo o que faço, peço-lhe ajuda

para que oriente e proteja a minha vida." 1

"Eu tenho fé em Deus que hei -de concluir estes dois meus cursos

que decorrem, o de massagista e do processo RVCC." 1

"Peço a Deus diariamente para que ajude os Problemas do Mundo.

Eles são sem dúvida e cada vez mais graves como: o alcoolismo, a droga,

a violência doméstica, os problemas ambientais, sempre que cada vez há

maior produção de lixo, e as pessoas não têm cuidado com a saúde

pública."

1

"Fui batizada e fiz a Primeira Comunhão na minha freguesia. O

meu Crisma coincidiu com o dia do Baptizado da minha filha. " 2

"Sempre que Deus proporciona-me tempo, gosto de brincar com a

minha filha, ir à biblioteca e andar a pé, saborear a Paz que recebemos

como dádivas do Pai do Céu."

1

"Gostava muito da festa da paróquia, que é feita no mês de Junho,

em honra de Santo António." 1

"Ao Domingo é sempre realizada a festa Solene do Padroeiro, com

a procissão, e com um tapete de flores muito bonito. No tapete existe mais

do que uma forma geométrica, as mais comuns são os retângulos que se

fazem os musgos, e funcionam como um quadrado onde as pessoas

preenchem com flores diversas."

1

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" Sempre participei na elaboração dos tapetes. O meu casamento

foi na igreja, e recordo com mágoa que o meu pai não pode levar-me ao

altar…No meu 2º casamento não me casei de branco, pois de branco só se

casa uma vez…O meu vestido foi creme, mas estava muito feliz junto a

Deus."

2

"Aos meus 6 anos fui para a catequese, foi mais um passo na

minha vida cristã, aos 7 anos fiz a minha 1ª Comunhão. Continuei na

catequese até aos 12 anos, onde fiz o crisma e ai terminei esta etapa."

2

"Como gostava muito da minha Catequista e da forma como

explicava a Vida de Jesus, também queria ser um dia Catequista, mas mais

uma vez fui proibida de o ser pelos meus pais. No ano 2009/2010, fui

convidada para ajudar a dar catequese, e aceitei! É uma forma de estar

com os jovens, de ensinar, e relembrar algo esquecido e de espalhar a fé

cristã."

1

"Tive várias ações de formação, da responsabilidade da Doutora

Maria, licenciada em Teologia, o que me deu umas bênçãos de Deus para

a vida."

1

"Adoro fazer pinturas de anjinhos (Ilustra discurso com duas fotos

de anjos com aplicação de folha de ouro, da sua autoria. Participou no

curso de pintura que foi dinamizado pela casa do povo, e pela juventude

católica. Aprendi várias técnicas de pintura e bricolagem, e graças a Deus,

através de pessoas amigas que consegui desenvolver estas minhas

competências."

1

" Hoje também consulto revistas, e outros recursos tecnológicos

para a criatividade das minhas pinturas, tudo isso graças à inspiração

divina."

1

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"Aos 21 anos casei na Igreja, no dia 06 de Janeiro de 1986. Nos meus

tempos livres gosto de ir à Igreja e acompanhar a minha família à missa.

Identifico-me com a beleza de um girassol, uma bela flor que Deus nos

deu…O girassol procura a luz do sol para sorrir, eu também adoro acordar

cada dia de sol e viver cada momento feliz, ainda que cada dia traga algumas

surpresas, mas Deus ajuda-nos a ultrapassar cada dia."

1

"Nasci no seio de uma família numerosa, onde vivemos uma educação

moderada e religiosa. O culto a Deus esteve sempre presente nas nossas

vivências familiares e nas nossas orações pela nossa Pátria. Participamos nas

missas, a fé ajuda-nos no dia-a-dia."

1

"As pessoas que fizeram parte da minha vida graças a Deus que tive

um bom relacionamento a nível familiar. Nasci de uma família numerosa e

com muita proteção divina. Queria homenagear a minha irmã mais venha que

muito nos ajudou com a sua dedicação, carinho e trabalho, que Deus a ajude!"

1

"Havia a tradição dos arraiais, das festas religiosas. Nessa altura das

festas religiosas, vinham os festeiros fazer a festa aos santos da terra, de Nossa

Senhora da Piedade e de São Pedro, refere ainda as festas do Divino Espírito

Santo, do Santíssimo Sacramento, do Senhor S. Brás e da Senhora do

Loreto)."

1

"Na minha vida adulta, um acontecimento que considero mais feliz,

graças a Deus, foi o nascimento do meu filho. Foi um nascimento planeado.

Nasceu por cesariana, mas correu tudo bem, nasceu um rapaz saudável. Tive

outros acontecimentos bonitos, como: o baptizado do meu filho, quando ele

fez a Primeira Comunhão, quando se Crismou e quando fez a Bênção das

Capas no 12ºano."

2

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"Pertenço a um grupo coral e religioso da paróquia o que muito me

orgulho de dar o meu contributo religioso e social."

1

"Sou catequista e oriento grupos de jovens na minha paróquia. Nas

actividades sócias tantas vezes tenho sentido muita alegria, com a presença de

Deus em especial quando vejo as pessoas, algumas com mais de 70 anos a

pegarem num instrumento pela primeira vez e ainda conseguem aprender dois

acordes para acompanharem melodias populares que para eles se torna algo

importante na vida. Tenho uma experiência de vida graças a Deus muito

bonita mas muito exigente porque lido com todas as idades e tenho que me

adaptar aos diferentes níveis etários, em todas as actividades tenho aprendido

sobretudo em grupo o valor da partilha, da amizade da solidariedade e o dom

da fé."

1

"Recordo-me as vivências na catequese: A senhora Lucinda começava

por nos por a benzer e depois tínhamos de rezar uma Avé Maria e um Pai

Nosso e assim começava a catequese. Não se podia faltar, porque depois não

se fazia a Primeira Comunhão."

2

"Lembro-me quando fiz a Primeira Comunhão, ia toda vaidosa para a

igreja, assistir à missa com um vestido branco de renda e uma capela na

cabeça. Com aquele vestido, parecia uma noiva e eu sentia-me muito grande.

Levava um ramo de açucenas brancas que era tradição. O senhor padre, na

preparação para a Primeira Comunhão com todas as crianças, recomendava

que nós não podíamos comer nada antes de comungar. E eu fiquei a pensar, e

se me der fome, será que nem água posso beber?” “Ele disse que era nada” –

dizia a minha amiga Rita ao meu lado. Estava tão curiosa sobre saber qual

seria o sabor daquela coisa branca redonda: hóstia santa! Mas depois de

provar, vi que não tinha muito sabor, parecia farinha crua… Depois vim para

casa e fizemos uma festa onde brinquei com outros meninos."

2

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"Gosto muito de tocar e fazer parte do coro da igreja e um dia fizemos

uma surpresa ao senhor padre que adorou e ficou bastante comovido com o

nosso gesto. Criámos um poema para dedicar ao senhor padre. Após esta

leitura, todos nós juntamente com o senhor padre, ficamos comovidos, o

senhor padre não tinha palavras para descrever aquele momento. Ele também

sabia que naquele momento e em breve iria mudar de paróquia. Então sentiu-

se ainda mais comovido, com a nossa homenagem. De momento, estou a fazer

um trabalho para a igreja que é a preparação dos cânticos para a missa do

parto, no programa publisher da Microsoft, em forma de livro. Coloquei o

cântico “Virgem do Parto” por ser um dos mais conhecidos e tradicionais do

Natal."

1

"Na minha infância, aprendi a escrever, a ler e a rezar. Quando fiz a

minha Primeira Comunhão, tinha eu 7 anos de idade, lembro-me do meu

vestido, foi feito por uma senhora que vivia perto da minha casa. Recordo que

fui tirar as medidas para fazer o meu vestido, e também de o vestir antes dos

acabamentos finais. A minha mãe fez “papelotos” no meu cabelo, sentia-me

tão bela."

2

"Para mim, o casamento na igreja era um sonho, sempre pensei um dia

casar de branco porque esta cor significa pureza e paz para Deus e para mim.

Apesar de ter casado no Inverno a cor utilizada no vestido (branca) era uma

cor de Verão, uma cor fresca e por ser uma época fria, tive que adaptar umas

mangas ao vestido e também para a igreja teria de ser deste modo."

2

" Foi sem dúvida, um dia muito importante na minha vida, foi uma

decisão e mudança muito importante, ou melhor fui em busca da minha

felicidade e de uma bênção de Deus."

1

"Dia 20 de Junho de 2009, o meu filho, fez a Primeira Comunhão, o dia

teve de ser organizado de forma a celebrar este acontecimento e correr tudo

bem. Preparei o meu filho com tudo o que era necessário levar para a igreja:

2

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Vela, Ramo de Flores, Terço e Livro. Às 9h e 30 m fomos para a igreja, e a

missa demorou cerca de 1h30m."

"Terminada a missa tiramos fotos aos nossos filhos para mais tarde

recordar estes momentos de Graças a Deus em que receberam os Sacramentos

Divinos. "

2

Natureza Religiosa

Unidades de registo de contexto

Codificação 1 - Justificação pela “fé;” 2 – As práticas Religiosas – “Os

Sacramentos”

“As Pupilas do Senhor Reitor”, de Júlio Dinis. 1

“Deus é um tipo fixe”, de Cyril Massarotto. 1

“A criança que não queria falar”, de Torey Hayden. 1

“Os Cinco Sentidos - Matando a paz no Médio Oriente”, de

Arsénio Reis. 1

“O Principezinho”, de Antoine de Saint-Exupéry. 1

“Desfigurada”, de Rania al-Baz. 1

“A Lua de Joana”, de Maria Teresa Maia Gonzalez. 1

“A aia”, de Eça de Queirós. 1

“Aos olhos de Deus”, de José Manuel Saraiva 1

“O Velho e o Mar”, de Ernest Hemingway. 1

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“Juntos ao Luar”, de Nicholas Sparks. 1

“Adolescência, Civilização – O difícil diálogo: Pais e Filhos” de

Fenwich, Elisabeth Smith, Ernest Hemingway. 1

“Crónica de Amor” In Revista Visão: Crónica de Lobo Antunes,

António. 1

“Como ter um coração saudável” do Professor Manuel Oliveira

Carrageta. 1

“No teu Deserto” de Miguel Sousa Tavares 1

“O Rapaz do Pijama as Riscas” de Jonh Boyne 1

“Esperança” 1

“Virgem do Parto” 2

“A primeira morada” de José Tolentino Mendonça 1

“Poesia” de Sophia de Mello Breyner Andresen 1

“Que bom não ser o melhor de todos ” 1

“Poema da Vida ” de Raul Cordeiro. 1

“As coisas vulgares que há na vida” 1

“Flagrantes da vida real” 1

“Crónicas de Amor” 2

“Poesias Ortónimo”, de Fernando Pessoa. 2

“Rosa Solitária”, de Elizabete Ribeiro. 1

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“A Felicidade”, de Benjamin Franklin 1

“Ponta da Oliveira”, de J. Morna Gomes 1

“Pegadas na Areia”, www.grandespoemas.blogspot.com 1

“O Velho e a Flor” de Vinicius de Moraes 1

“Felicidade” de Carlos Drumond de Andrade 1

“Recomeça” de Miguel Torga 1

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Apêndice N

Análise de Conteúdo: Categorização e das

Histórias de Vida na análise do corpus relacionadas

com a Dimensão: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

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Representações Sociais

Unidades de registo de contexto

Codificação

1 – Perspetivas Sociais; 2 – Perspetivas Individuais

“…o processo RVCC é algo que exige muita luta de cada um

de nós, pois temos que escrever a nossa História de Vida e não é nada

fácil…, mas depois de o concluir vou ter uma vida diferente a nível

pessoal, terei mais auto-confiança na vida . “

2

“(...) este Centro assim é muito acolhedor onde há um grande

companheirismo entre os colegas e até entre Formadores e utentes…

aprendemos muito …mas vou ter pessoalmente uma vida com

melhores condições ao nível de encontrar um emprego .”

1

“ (...) será totalmente diferente a minha vida, se calhar daquilo

que eu estou à espera, mas pensava que poderia vir cá de manhã e

pedir um certificado até pela tarde talvez já o entregassem, mas não é

a realidade assim.... não vou desistir, porque preciso de ter a

escolaridade básica para ter um emprego é obrigatória para poder ir

trabalhar e a minha vida vai mudar, quando chegar ao estrangeiro…”

1

"É claro que as expectativas eram grandes e os obstáculos

também, em especial para quem tinha uma aversão a computadores.

Aquela motivação que as técnicas me mostravam foram superiores aos

medos gerados, encarei de frente e avancei, logo sinto-me com uma

maior auto-estima e a partir desta fase terei novos projetos para o meu

futuro.”

2

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"Já cá no Centro Novas Oportunidades, quando fui chamado

pela 1ª vez tive uma desilusão, o mesmo se passou com alguns dos

meus colegas, todos tínhamos dificuldades no computador. Apesar de

ter umas aulas pelo sindicato, mas eram insuficientes para o que me

era pedido. Tratou-se uma prova muito fria, julgava que como 1ª aula

fosse para aprender ou uma simples apresentação, afinal foi para fazer

um teste de informática, logo na disciplina em que tinha maior

dificuldade, mas passada esta fase estava mais integrado e com maior

satisfação pessoal e com maior auto-confiança para encarar a minha

vida no futuro…”

2

“Quando uns meses mais tarde, telefonaram-me para ter uma

reunião. Compareci e encontrei alguns colegas que tal como eu

estiveram a efectuar o tal “teste frio”, não sabíamos o que ia ser

tratado, mas teve a sua grande compensação, sinto-me com maior

confiança pessoalmente e encaro melhor a vida…"

2

"Foi tudo diferente, apareceu uma senhora que se apresentou

como a Senhora Dra., dizendo que pensou no nosso caso e que achava

que merecíamos uma oportunidade, afinal estamos a falar de “Novas

Oportunidades”. Assim foi, tivemos acompanhamento no próprio

Centro, de formação complementar sobre os computadores e foi esse o

trampolim para que hoje eu estivesse aqui a apresentar o meu

testemunho de felicidade pessoal e com vontade para conseguir entrar

no mercado de trabalho.”

1

"Quanto às minhas perspectivas futuras a nível profissional

após ter a escolaridade básica, espero que o processo RVCC subir

sobretudo a nível profissional, a questão monetária é muito

importante. A nível escolar fico com o 9º ano que é sempre uma mais

valia a aquisição de um diploma e pretendo a investir nos estudos. A

1

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nível pessoal foi muito bom ter contactos diferentes, em vários níveis,

desde o clima do centro à amizade dos colegas, e aos excelentes

formadores, os quais permitiram projetar o meu futuro."

"Eu espero após este percurso encontrar nas actividades

adquiridas ao longo desta formação um caminho que me dê boas

oportunidades no futuro ao nível do mercado de trabalho, espero obter

bons resultados, não só na formação mas também foi positivo pelo

convívio no grupo e permitiu uma ter uma melhor apróximação para o

mundo do trabalho."

1

"Os meus desejos são conseguir ter bons resultados

profissionais, e futuramente ter proveito daquilo que aprendi

sobretudo para encontrar um trabalho assim a minha vida melhorará

no futuro."

1

"Gostaria como projectos futuros, de dar continuidade a este

processo, tirar dúvidas que me deparo no dia-a-dia, descobrir coisas

novas da minha vida, mas já com este processo, penso futuramente

conseguir trabalhar naquilo que mais gosto, trabalhar num infantário,

trabalhar com as crianças é o meu maior sonho para o meu percurso de

vida".

1

"Tive conhecimento do processo de RVCC através dos meios

de comunicação social e depois de algum tempo, fiz a inscrição no

centro. As expetativas eram muitas, mesmo sentido algumas

dificuldades na escrita, sobretudo no português. As colegas foram

formidáveis, sempre existia entre ajuda, e este processo foi muito

gratificante para mim. Nunca me esquecerei de tudo o que aprendi e

espero que todas as pessoas pensem como eu. Para mim este processo

é um sonho pessoal que estou a concretizar, desde a minha infância a

estes dias, sempre gostei de estudar, mas pelas surpresas da vida não

1

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consegui concretizar ao nível profissional as minhas metas...agora a

partir deste momento talvez...."

“Dizem que o espelho é o reflexo da alma” (ilustra discurso

com uma gravura de uma imagem sua no espelho) e isso reflete a

minha grande confianaça, auto-estima e reconhecimento e projecção

para um futuro risonho."

2

"Sinto-me satisfeita por ter aderido ao processo de RVCC, pois

sinto que de certa forma, estou a ser valorizada pelas aprendizagens

que tenho efectuado na minha vida, e ao mesmo tempo sinto mais

vontade de continuar a aprender. Gostaria, por exemplo a nível pessoal

de tirar um curso de fotografia que é algo que me cativa bastante.

Assim, penso que o balanço final é positivo e a partir deste momento

tenho novas perpectivas melhores para o futuro."

1

"Gostei das sessões do processo de RVCC, aprendi muito, as

equipas foram exepcionais, sem o apoio e a força dos formadores eu

teria desistido. As novas situações apresentadas nas diferentes sessões,

por vezes senti dificuldade, sobretudo em apresentar o trabalho em

powerpoint, mas com o tempo tudo foi ultrapassado. Estive nas

formações complementares, aprendi, tirei algumas dúvidas e todo este

processo foi positivo na minha história de vida. A nível futuro, as

minhas expectativas são boas, porque a nível profissional já posso

entregar o meu diploma no meu trabalho e aceder a outro cargo."

1

"O processo de RVCC permitiu-me adquirir conhecimentos

suficientes para me encaminhar ou seguir novo rumo, melhorar na

vida e sentindo-me é claro, mais realizada tanto a nível pessoal como

profissional. Aprender é bom, e nesta sociedade onde todos somos

“reprovados” uns pelos outros, é necessário e urgente aprender sempre

mais para marcarmos a nossa presewnça no mercado de trabalho..."

1

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"A minha opinião geral sobre este processo é muito positiva,

esta iniciativa só peca por ser tardia, mas é de louvar que no nosso

país se tomem iniciativas desta natureza e se deem oportunidades a

quem quer progredir na vida sobretudo ao nível profissional, social,

cultural e até mesmo na sua realização pessoal. Eu estou, firmemente

decidida a continuar se me for dada essa oportunidade, porque com a

situação actual, o futuro só se viverá se tivermos em formação

contínua. Tenho determinação e vontade de aprender em cada dia algo

novo, conseguirmos competitivos e rentáveis para a nossa empresa, o

nosso país e garantirmos um futuro melhor numa sociedade em

permanente mudança no mercado de trabalho."

1

"Durante as várias etapas de RVCC, procurei transpor para este

portefólio as lembranças do meu percurso de vida, desde a infância até

hoje, e das experiências que considerei importantes relacionadas com

os temas propostos nas áreas de Linguagem e Comunicação,

Cidadania e Empregabilidade, Matemática para a Vida e Tecnologias

de Informação e Comunicação, só mesmo a partir deste processo é que

irei conseguir um lugar no mercado de trabalho."

1

"A partir do processo RVCC, estou com mais vontade de

aprender ao longo da vida, isto é, quero tentar entender, explicar,

conhecer e conviver com vários modos, estilos, artes, técnicas e

destrezas/habilidades que a vida nos proporciona e que nos obriga

numa procura contínua de saberes culturais."

2

"A representação que eu tinha ao me inscrever no Centro de

Novas Oportunidades, foi com o objectivo de concluir o 9º ano, e mais

tarde, se possível, concluir o 12º ano. Com esta escolaridade

concluída, poderei tirar um curso já há muito tempo desejado: acção

social. Gosto de ajudar de certa forma as outras pessoas, mas o que eu

1

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sempre desejei era trabalhar no Apoio à vítima, uma vez que o meu

principal motivo de não ter estudos, é mesmo já ter 33 anos e não ter

já conseguido o que sempre sonhei, porque exactamente convivi com

pessoas antiquadas e alcoólicas que me proibiram de estudar, mas

ainda estou a tempo de ter o meu curso de sonho..."