ed22 novos rumos da balistica forense

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  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    1/36

    Distribuio Gratuita Ano VI Nmero 22 setembro a dezembro de 2005

    Associao Nacional

    dos Peritos Criminais Federais

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    VIST

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    Ludwig

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  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    2/36Percia Federal2

    Bruno Costa Pitanga MaiaSecretrio-Geral

    Sara L. R. LenharoSuplente de Secretrio-Geral

    Andr Luiz da Costa MorissonDiretor Jurdico

    Alan de Oliveira LopesSuplente de Diretor Jurdico

    Emlio Lenine C. C. da CruzDiretor Financeiro

    Leonardo VergaraSuplente de Diretor Financeiro

    Srgio Luis FavaDiretor de Comunicao

    Rogrio L. de MesquitaSuplente de Diretor de Comunicao

    Antnio Augusto ArajoDiretor Tcnico-Social

    Frederico Quadros DAlmeidaSuplente de Diretor Tcnico-Social

    J oo Dantas de CarvalhoDiretor de Aposentados

    J oo C. L. AmbrsioSuplente de Diretor de Aposentados

    Diretoria Executiva Nacional

    Conselho Fiscal Deliberativo

    Paulo Roberto Fagundes

    Titular

    Delluiz Simes de Brito

    Titular

    Eurico Monteiro Montenegro

    Titular

    Renato Rodrigues Barbosa

    Suplente

    Alyssandra R. de A. Augusto

    Suplente

    Diretorias Regionais

    ACRE

    Diretor: Andr Lus Alonso Loli

    Suplente: Ramatis Vozniaik de Almeida

    [email protected]

    ALAGOAS

    Diretor: Nivaldo do Nascimento

    Suplente:J oo Bosco Carvalho de Almeida

    [email protected]

    AMAZONAS

    Diretor: Evandro Jos de Alencar Paton

    [email protected]

    BAHIA

    Diretor: Rogrio Matheus Vargas

    Suplente: Antnio Lus Brando Franco

    [email protected]

    CEAR

    Diretor: Fernando Fernandes de Lima

    Suplente: Simone Cavalcante do Nascimento

    [email protected]

    DISTRITO FEDERAL

    Diretor: Acir de Oliveira J nior

    Suplente: Leonardo Nbrega Dantas

    [email protected]

    ESPRITO SANTO

    Diretor: Roberto Silveira

    Suplente: Fbio Izoton do Nascimento

    [email protected]

    FOZ DO IGUAU

    Diretor: J os Augusto Melnio Filho

    GOIS

    Diretor: J os Walber Borges Pinheiro

    Suplente: Fabiano Afonso de Sousa Menezes

    [email protected]

    MARANHO

    Diretor: Eufrsio Bezerra de Sousa Filho

    Suplente: Luiz Carlos Cardoso [email protected]

    MATO GROSSO

    Diretor: Marco Aurlio Gomes Alves

    Suplente: William Gomes Gripp

    [email protected]

    MATO GROSSO DO SUL

    Diretor: Silvio Csar Paulon

    Suplente: Andr Luis de Abreu Moreira

    [email protected]

    MINAS GERAIS

    Diretor: J oo Luiz Moreira de Oliveira

    Suplente:J oo Bosco Gomide

    [email protected]

    PAR

    Diretor: Antonio Carlos Figueiredo dos Santos

    Suplente: Ana Luiza Barbosa de Oliveira

    [email protected]

    PARABA

    Diretor: Eduardo Aparecido Toledo

    Suplente: Fernanda Scarton Kantorsky

    [email protected]

    PARAN

    Diretor: Silvino Schickmann J nior

    Suplente: Magda Aparecida de Arajo Kemetz

    [email protected]

    PERNAMBUCO

    Diretor: Agadeilton Gomes L. de Menezes

    Suplente: Assis Clemente da Silva Filho

    [email protected]

    PIAU

    Diretor: Ricardo Wagner

    [email protected]

    RIO DE JANEIRO

    Diretor: Roberto Arajo Vieira

    Suplente: Marcelo Leal Barbosa

    [email protected]

    RIO GRANDE DO NORTE

    Diretor: Flvio Leite Rodrigues

    Suplente: Odair de Souza Glria J [email protected]

    RIO GRANDE DO SUL

    Diretor: Maurcio Monteiro da Rosa

    [email protected]

    RONDNIA

    Diretor: Denis Peters

    Suplente: Helder Marques Vieira da Silva

    [email protected]

    RORAIMA

    Diretor: Luciana Souto Ferreira

    Suplente: Luciana Souto Ferreira

    [email protected]

    SANTA CATARINA

    Diretor: Alexanders Tadeu das Neves Belarmino

    [email protected]

    SO PAULO

    Diretor: Cau Peres

    Suplente: Eduardo Agra de Brito Neves

    [email protected]

    SERGIPE

    Diretor: Reinaldo do Couto Passos

    Suplente:J efferson Ricardo Bastos Braga

    [email protected]

    TOCANTINS

    Diretor: Carlos Antnio Almeida de Oliveira

    Suplente: Daniel Gonalves Tadim

    [email protected]

    Associao Nacionaldos Peritos Criminais Federais

    Revista Percia Federal

    Planejamento e produo:Assessoria de Comunicao da [email protected] e redao:

    Pedro Peduzzi (Mtb: 4811/014/083vDF)

    Capa e artes: Gabriela PiresDiagramao: Marcos Antonio PereiraReviso: Lindolfo do Amaral AlmeidaCTP e Impresso: Athalaia Grfica

    Tiragem: 5.000 exemplares

    A revista Percia Federal uma publicaoquadrimestral da APCF. A revista no seresponsabiliza por informes publicitriosnem por opinies e conceitos emitidos em

    artigos assinados.

    Correspondncias para: Revista Percia FederalSEPS 714/914 Centro Executivo Sabin, Bloco D,salas 223/224 CEP 70390-145 Braslia/DFTelefones: (61) 3346-9481 / 3345-0882

    e-mail: [email protected] - www.apcf.org.br

    ISSN 1806-8073

    Antnio Carlos MesquitaPresidente

    Charles Rodrigues ValenteVice-Presidente

  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    3/36Percia Federal

    Oano de 2005 representou muitas conquistas. Graas competncia

    de nossa diretoria, a APCF obteve importantes ganhos na J ustia, in-gressou novos pleitos, contribuiu com a administrao do sistema decriminalstica dentro da Polcia Federal e, por que no dizer, com o pr-prio Departamento de Polcia Federal e o Ministrio da J ustia, em um

    esforo que se fez ver por meio de contatos constantes com os ocupantes dos seuscargos principais de comando, discutindo e oferecendo sugestes no tratamento dasquestes que hoje afligem nossa categoria.

    Foi tambm um ano de importantes contatos com autoridades de vrios outrossetores do poder pblico. Nesses encontros pudemos desenvolver um trabalho deconscientizao sobre os nossos mritos, nossas necessidades e, acima de tudo,reforar em cada um deles a certeza do quo importante a busca pela solidificaoda posio atual do Perito Criminal Federal, sem prejuzo de novas conquistas nocenrio da Polcia Federal, que sempre proporcionou um ambiente de estabilidadee organizao institucional que do condies para o exerccio da Criminalstica deforma isenta, livre de presses, e trabalhando em harmonia com os demais segmen-tos policiais no exerccio das Atividades de Polcia J udiciria.

    Aproveito a oportunidade para fazer uma homenagem ao PCF Octavio Bran-do Caldas Netto, ex-diretor do INC, que fez da sua gesto um marco para a Cri-

    minalstica Federal. E tambm para dar as boas vindas nova diretora, Zara Hellowell, perita que em muito con-tribuiu para os avanos histricos j obtidos pela nossacategoria e que agora escreve novas pginas dessa his-tria, com o entusiasmo de quem sempre vestiu a camisada famlia pericial.

    Estou bastante otimista com os 126 peritos que, aolongo do primeiro semestre de 2006, sero formados pelaANP. Eventos sociais sero promovidos pela APCF, visan-

    do confraternizao entre antigos, novos e futuros peri-tos. Ser uma boa oportunidade para apresentarmos nossaAssociao e para passarmos um pouco da nossa experi-ncia a todos os formandos.

    Estou otimista tambm com alguns produtos planejadospara o Projeto de Valorizao da Percia, como o PrmioPercia J ornalstica um instrumento de aproximao daAPCF com a imprensa nacional, que premiar os jornalistasque veicularem as melhores matrias abordando as reaspericiais e o papel do Perito Criminal Federal.

    J fomos contatados por algumas editoras interessadasem publicar o Livro da APCF, outro produto ligado ao Proje-to de Valorizao da Percia. Este livro ser constitudo ba-sicamente por artigos coletivos que descrevero crimes eatuaes periciais. Ao final de cada artigo apresentaremos

    as sugestes dos peritos para que o poder pblico crie mecanismos que dificultem arepetio da mesma prtica criminosa.

    Essas mesmas sugestes sero anexadas tambm na forma de sugestes deprojetos de lei que, com o aval da APCF, podero ser apresentados junto ao Con-gresso Nacional por parlamentares comprometidos com a idia de que aqueles quelutam no seu dia-a-dia pela aplicao da justia com a ferramenta mais perene e ina-tacvel que a produo da prova material so, tambm, fontes para propostasde aes que possam melhorar nossa sociedade.

    Este projeto est sendo desenvolvido por nossa Assessoria de Comunicao So-cial. Entrem em contato e faam suas sugestes. O Livro da APCF ser um produtoque, alm de contribuir para o merecido reconhecimento de nossa categoria, orien-tar o poder pblico sobre aes preventivas inteligentes apresentadas por uma

    polcia judiciria moderna e eficiente.

    Editorial: Antnio Carlos Mesquita, presidente da APCF

    CONQUISTAS E OTIMISMO

    3

    Arquivo APCF

    Graas competncia denossa diretoria,a APCF obteve

    importantes ganhosna Justia

    Sumrio

    DIO ESPECIALs novos rumos da balstica forense

    m busca da normatizao para a coleta e alise de disparos

    GINA 7

    plantao de uma Rede de Microscopiaetrnica para anlise de provas periciaisGINA 8

    ontribuio identificao de resduos desparo de arma de fogoGINA 13

    nlise da disperso de resduos de tiro submetralhadora e fuzil automtico leve

    oletados diretamente do corpo do atiradorGINA 15

    nlise de resduos de tiro oriundos deunio sem chumbo por MEV/EDSGINA 18

    eteco por MEV e microanlise por raios-x resduos de tiro em amostras de necropsiaxadas por longos perodosGINA 20

    studo preliminar por MEV e microanlise porios-x de partculas do tipo GSR oriundas de

    astilhas de freio nacionaisGINA 23

    studo de resduos de tiro via MEVGINA 27

    olaboradores:a Lvia Silveira, Andr L. Pinto, Andr Oliveira,drea Martiny, Andrea Porto Carreiro, Flvio

    guens, J orge Borges dos Santos, Ladrio dava, Ldia Sena, Liege Abel, Lus Frederico P. Dick,rcia Attias, Mrcia Sader, Miriam Souza Santos,lrzano, Andr Pinto; e PCFs Sara L. R. Lenharo,rlos Magno S. Queiroz, Marcelo Jost, Eduardo M.to e Andr R. Meinicke.

    Os primeiros seminrios da nova sededro Peduzzi PGINA 29

    FUNPF j tem sede e escrituraPromotec/Proamaznia ser prorrogadodro Peduzzi PGINA 32

    otas e Curtas PGINAS 33 E 34

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    Verso alem da Polcia Federalbrasileira, a BKA (Bundeskrimi-nalamt) o rgo responsvelpelos assuntos policiais daquelepas e, tambm, pela coopera-o internacional com polcias deoutras naes. nessa institui-o que funciona o Laboratriode Investigao Criminal Federal,uma das grandes referncias da

    Criminalstica mundial.Alm de fazer Cincias Foren-ses, a BKA desenvolve pes-quisas aplicadas; coleta, analisae distribui informaes; propenovos mtodos e melhora osprocedimentos relacionados sCincias Forenses; e certificaoutros laboratrios.

    nesta instituio que trabalhaLudwig Niewhner, um dos papas

    mundiais na rea de MicroscopiaEletrnica de Varredura (MEV)aplicada Balstica Forense.Chefe da Seo de Resduosde Tiro da BKA, Niewhner falasobre a criminalstica alem epassa um pouco da experinciaque detm com a MEV.

    Na Alemanha, as anlises fo-renses so uma atividade efetuada

    principalmente por servidores dogoverno ou por pessoas oriundasdo setor privado?

    A investigao forense efetuadaprincipalmente pelos institutos go-vernamentais. Ns temos 16 Labo-ratrios forenses nos estados e umlaboratrio de Investigao Crimi-nal Federal na Bundeskriminalamt,a Polcia Federal alem (BKA). OInstituto Mdico Legal pertence Universidade e responsvel pe-

    las anlises de sangue e de nvel

    GSR na Alemanha

    ENTREVISTA: Ludwig Niewhner, Chefe da Seo de Resduos de Tiro da Bundeskriminalamt

    de lcool, bem como pelas anli-ses toxicolgicas.

    Qual a instituio na qual o se-nhor trabalha e como essa institui-o se enquadra dentro da estruturado governo alemo?

    O BKA, onde eu trabalho, o r-go responsvel pelos assuntos po-liciais, e est subordinado direta-mente ao Ministrio Federal do Inte-rior. uma agncia central que res-ponde pela cooperao internacio-nal nessa rea e pelas atividades de

    represso e preveno criminal.

    Alm de desenvolver metodolo-gia e fornecer certificao para ou-

    tros laboratrios, o seu grupo de tra-balho tambm atua em casos crimi-nais especficos?

    A atuao do BKA controladapor lei especial que determina suasresponsabilidades dentro da Rep-blica Federal da Alemanha. Ns te-mos que fazer Cincias Forenses,coleta, anlise e distribuio de infor-mao, monitoramento e anlise dastendncias do crime. Temos tambmque fazer pesquisa aplicada. Ns

    propomos novos mtodos e melho-

    Percia Federal4

  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    5/36

    ramos os mtodos existentes emCincia Forense.

    Como executada, no seu la-boratrio, as anlises de GSR(gunshot residue resduos de dis-paro de arma de fogo), desde a co-leta das evidncias at o resultadoda anlise?

    A coleta das evidncias nas mosdo suspeito atirador no feita porcientistas ou pesquisadores foren-ses. A coleta feita por uma equi-pe de campo especialmente treinadapor ns. Se h objetos nos quais acoleta deve ser feita em laboratrio,ns solicitamos o envio do material.Se no for esse o caso, essa equipeespecialmente treinada faz a coletados vestgios na cena do crime.

    A coleta de evidncias padroni-zada, e a BKA possui um manual quedescreve todos os procedimentosnecessrios.

    Em nosso laboratrio (ns somosum laboratrios credenciado pe -la ISO:17025 comisso de cre-denciamento para testes de pro-cedimentos para material de in-vestigao, que fica em Berlim)somos muito cuidadosos paraevitar contaminaes.

    por isso que executamos nos-so trabalho de anlise de GSRcom MEV-EDS (microscpio ele-trnico de varredura com espec-troscopia por disperso de ener-gia) em uma sala limpa. Para osresultados de anlise ns temosprocedimentos padres, usan-

    do sempre o mesmo parmetropara a investigao.

    Nos ltimos anos uma certaquantidade de artigos cientficosenfocaram o que parece ser algu-mas consideraes sobre o nvel devalidade das tcnicas de anlisesde GSR relacionada a testes de re-centidade, ou seja, determinar se al-gum efetuou um disparo de armade fogo num passado prximo, con-

    siderando o tempo decorrido desde

    5

    o disparo at a coleta das evidn-cias e o tipo de resduo normalmen-te associado com o disparo de armade fogo. O que o senhor pensa so-bre essas consideraes?

    Devemos deixar bem claro o quea anlise de resduo de disparo dearma de fogo significa: ns podemosencontrar uma partcula de resduode disparo de arma de fogo micro-mtrica, mas ns no podemos dizerse ela estava l h dois anos atrsou h uma hora atrs. Ns encontra-mos partculas de resduos de dispa-ro de arma de fogo, mas ns no po-

    demos informar quando a partcula

    foi depositada. Mas existem algunstrabalhos de pesquisa efetuados porum colega da rea forense da Su-cia (com artigo publicado noJ ournalof Forensic Sciences, vol.50, em ju-lho de 2005) usando outras tcnicaspara estimar o tempo de disparo.

    O que o senhor pensa sobre ouso do microscpio eletrnico devarredura para as anlises de res-duos de disparo de arma de fogo?

    A utilizao do MEV para asanlises de resduos realmenteessencial e necessria. a nicatcnica possvel quando h somen-te uma nica partcula de resduo a

    ser encontrada. As tcnicas qumi-cas buscam modelos padres paraos resduos.

    Alm do mais, com elas noh segurana de que seja um re-sduo de disparo, porque no soidentificados todos os elementos.O microscpio eletrnico de var-redura no uma tcnica destru-tiva, e com isso voc pode reana-lisar a amostra nos casos em queexistirem questionamentos sobre

    os resultados.

    Percia Federal 5

    A coleta de evidncias padronizada, e a

    BKA possui um manualque descreve todosos procedimentos

    necessrios

    Kit GSR

  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    6/36Percia Federal6

    Quais so suasexpectativas numfuturo prximo so-bre a evoluo dastcnicas foren-ses aplicadas aoscampos da bals-tica e das anli-ses de resduos dedisparo de armade fogo?

    Vamos esclare-cer que esses con-ceitos de balsticae de resduos dedisparo de arma defogo so camposdiferentes. Ns es-peramos que todosos laboratrios fo-renses tenham suaprpria seo paraanlises de res-duos desse tipo. OBKA respons-vel pelos testes deproficincia paraanlises de dispa-ro de arma de fogoe prepara um kitcom uma nicapartcula de dispa-ro sinttica, que pode ser usada pe-riodicamente para calibrar o micros-cpio eletrnico de varredura.

    O senhor poderia nos fornecer asespecificaes de como feita a cer-tificao para resduos de disparode arma de fogo usando MEV?

    Dentro da estrutura do Grupo deTrabalho de Armas de Fogo ENFSI,foi ajustado e executado um progra-ma de testes de proficincia sobre adeteco e identificao de resduosde disparo de arma de fogo por MEV-EDS. O material testado foi projetadopelo BKA e manufaturado sob enco-menda por uma empresa externa defabricao de acessrios de MEV.

    Os laboratrio participantes foramsolicitados a determinar o nmero to-

    tal de partculas contendo chumbo

    (Pb), antimnio (Sb) e Brio (Ba) naamostra teste de acordo com os m-todos especficos automatizados, uti-lizados em seus prprios laboratrios,para busca e deteco de partculasde GSR por MEV-EDS.

    Os itens para o teste de proficin-cia consistem de uma srie de amos-

    tras completamente idnticas, comorequerido na norma ISO 5725 para aexecuo de testes de proficincia.

    Todos os laboratrios participan-tes devem analisar a amostra rece-bida usando sua rotina de examede resduo de disparo de arma defogo com seus sistemas de MEV-EDS e relatar seus resultados aocomit organizador. Todos os rela-trios tm de incluir, entre outrosparmetros analticos, o nmero de

    partculas de Pb,Sb e Ba detecta-

    das, seus tamanhos e suas posi-es exatas na amostra.

    Por fim, uma avaliao estatsticado desempenho do laboratrio paradetectar partculas de resduo GSR realizada, usando teste Z, de acordocom o IUPAC e o EURACHEM (redede organizaes europias dedicada

    rea de qumica analtica), os quaispermitem aferir a qualidade da inves-tigao dos laboratrios.

    Niewoehner L, Andrasko J , Bie-gstraaten J , Gunaratnam L, Ste-ffen S, Uhlig S; Maintenance ofthe ENFSI proficiency test pro-gram on identification of GSR bySEM/EDX (GSR2003). J Foren-

    sic Sci 2005;50(4)

    Leitura complementar

    ENTREVISTA: Ludwig Niewhner, Chefe da Seo de Resduos de Tiro da Bundeskriminalamt

    A utilizao do MEV para

    as anlises de resduos

    realmente essencial e

    necessria. a nica tcnica

    possvel quando h somente

    uma nica partcula de

    resduo a ser encontrada

  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    7/36Percia Federal

    Atualmente, no mbito das cin-cias forenses, sabe-se que noh um procedimento padro paraa coleta e anlise de resduos de

    disparo de arma de fogo que seja ampla-mente aceito e aplicado por todas as forasde segurana pblica.

    Em termos internacionais, considera-seque tanto a morfologia como a composioqumica dos resduos sejam caractersticasnicas, exclusivas e determinantes. Ou seja,

    para se definir um resduo como oriundo dedisparo de arma de fogo, tal partcula deveser esfrica e ser composta por chumbo (Pb),brio (Ba) e antimnio (Sb). Caso a partculaseja composta apenas por dois desses ele-mentos, j no se pode assegurar que sejaresduo de disparo de arma de fogo.

    Assim, anlises qumicas instrumentaise testes qumicos colorimtricos que no de-terminam a presena conjunta, numa mesmapartcula, dos trs elementos e no permitama observao da morfologia da partcula, em-bora sejam ainda muito usados no Brasil,contrariam as tendncias e avanos cientfi-

    cos observados na rea de balstica forense.

    Obviamente este assunto ainda mui-to polmico, j que se tratam de diminu-tas partculas, de permanncia efme-ra, de difcil coleta e de trabalhosa bus-ca para anlise. como procurar umaagulha no palheiro.

    Em alguns pases os peritos s fazema coleta para residuograma at oito horasaps o disparo, pois decorrido esse pero-do dificilmente alguma partcula ainda po-der ser encontrada na mo do suspeito.

    O tempo decorrido do disparo cole-ta, o modo como a amostra coletada e aprocura sobre a rea amostrada, alm dospossveis resultados equivocados devido presena de resduos ocupacionais, to-dos esses fatores interferem e podem tor-nar o uso do residuograma uma prova pe-ricial pouco prtica.

    No entanto, sistematizando-se a metodo-logia e executando-se coleta e anlise a par-tir de procedimentos padres, como j sorealizados em vrios pases, a identificaode apenas uma nica partcula de 0,002 mmde dimetro permite afirmar que se trata de

    resduo de disparo de arma de fogo.

    Esta edio da revista da Associa-o Nacional dos Peritos Criminais Fede-rais tem como objetivo apresentar o est-gio atual de desenvolvimento dos estudose trabalhos relativos aos exames residuo-grficos com o uso do microscpio eletr-nico de varredura, no Brasil e no mundo.

    Com isso, almejamos buscar uma nor-matizao para a coleta e anlise de dis-paros de arma de fogo, contando com acolaborao crtica e sugestes da comu-

    nidade forense.Graas ao apoio da Direo Geral daPolcia Federal, o INC receber, em janeirode 2006, o mais moderno equipamento demicroscopia eletrnica de varredura (MEV)para microanlise qualitativa e quantitativadisponvel no mundo.

    Tal equipamento apresenta vantagenscomo a de trabalhar em baixo vcuo oumodo ambiental; realizar anlise por energydispersive spectroscopy (EDS) e waveleng-th dispersive spectroscopy (WDS); e a de fa-tiar as amostras, permitindo a avaliao emtrs dimenses. Esse sistema ser o nico

    em funcionamento na Amrica Latina.

    BALSTICA

    FOR

    EN

    SE

    ESPEC

    IAL

    7

    Os sete artigos apresentados nesta

    edio especial da revista Percia Federal

    mostram que a balstica forense entrou

    definitivamente em uma nova era. E que, apartir das novas tecnologias, necessrio

    normatizar, de forma cada vez mais

    eficiente, a coleta e a anlise

    de resduos de disparos de armas de fogo

    Em busca da normatizaoEm busca da normatizaopara a coleta epara a coleta ea anlise de disparosa anlise de disparos

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE SARA L. R. LENHARO - PERITA CRIMINAL FEDERAL, INSTITUTO NACIONALDE CRIMINALSTICADA POLTICA FEDERAL

  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    8/36Percia Federal

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE ANDR L. PINTOE ANDREA MARTINY INSTITUTO MILITARDE ENGENHARIA (IME)

    Essa reviso descreve a concepo e o histrico de implantao da Rede Plvora e

    fornece tambm uma viso geral da tcnica de microscopia eletrnica de varredura

    utilizada para anlise de resduos de tiro, bem como para outras aplicaes forenses

    Histrico da Rede Plvora

    No ano de 2000, o ento se-cretrio de Cincia e Tecno-logia do Estado do Rio deJ aneiro, Wanderley de Sou-

    za, idealizou um programa de fomen-to pesquisa direcionado para a reade segurana pblica. Durante doisanos, esse programa, coordenadopela Fundao de Amparo Pesqui-sa do Estado do Rio de Janeiro (FA-PERJ ), apoiou uma srie de proje-tos. Com a nomeao do Wanderleycomo secretrio executivo do Minist-rio da Cincia e Tecnologia (MCT) em

    2003, foi implementado um programasemelhante, em nvel nacional, emparceria com o Ministrio da J usti-a. Um dos principais objetivos desseprograma estabelecer aes de co-operao e atuao integrada entre acomunidade cientfica e tecnolgicabrasileira, localizada principalmentenas universidades e centros de pes-quisa, e as equipes de servios peri-ciais federais e estaduais, programaeste que vem sendo financiado pelo

    MCT atravs do CNPq.

    A coordenao da rede e o incen-tivo ao projeto pelo MJ coube ao peri-to criminal da Polcia Civil do DF EdsonWagner Barroso, poca o coordena-dor de Planejamento Estratgico e Pro-jetos Especiais da SENASP-MJ . A par-tir de 2004 at o presente essa coor-denao feita pelo PCF Paulo Rober-to Fagundes, coordenador de planeja-mento estratgico e projetos especiaisda SENASP-MJ . A coordenao doprojeto no MCT feita pelo coordena-dor da Secretaria Tcnica dos FundosSetoriais, Aldo Pinheiro da Fonseca.

    O programa foi inicialmente divi-

    dido em trs reas: gentica forense,entomologia forense e balstica foren-se, essa ltima visando a implantaode uma rede nacional de laboratriosde microscopia eletrnica para anli-se de resduos de tiro. Os laboratriosparticipantes dessa rede so volunt-rios e passam a ser centros de refern-cia regionais, devendo cumprir ativida-des de treinamento de pessoal paraas unidades da Federao circunvizi-nhas, alm da realizao de pesquisa

    e desenvolvimento das tecnologias e

    metodologias a serem introduzidas noambiente forense. Com isso, objetiva-se o surgimento de uma estreita cola-borao entre as comunidades foren-se e universitria, desenvolvendo ati-vidades de carter acadmico e depesquisa em conjunto. O objetivo final que os Estados montem seus pr-prios laboratrios de DNA, entomolo-gia e microscopia eletrnica e passema realizar esses exames de rotina.

    No que tange rea de balstica fo-rense, informalmente denominada deRede Plvora, foram investidos no anode 2004 R$ 875 mil divididos por 18 gru-

    pos. Cada laboratrio da Rede recebeufomento no valor de R$ 25 mil para ma-nuteno de equipamento e/ou consu-mo. Alm disso, uma reserva oramen-tria foi disponibilizada para concessode bolsa de estudo/ajuda de custo paraos profissionais de percia envolvidosnas atividades de pesquisa e desenvol-vimento e para apoio a eventos.

    A extensa maioria das unidades pe-riciais de balstica forense no Brasil ain-da emprega testes residuogrficos de

    revelao colorimtrica, pouco sens-

    para anlise de provas periciais

    Implantao de uma

    Rede de MicroscopiaEletrnica

    8

  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    9/36Percia Federal

    I Seminrio de Balstica Forense Avanada, realizado no Instituto Militar de Engenharia (IME/RJ), entre os dias 1 e 3 de setembro de 2004

    veis e inespecficos. Os laboratrios daRede tm como funo estabelecer eimplementar a rotina de anlise de res-duos de tiro por MEV/EDS, j emprega-da e consagrada em centros de perciano exterior, de forma a obter resultados

    mais precisos em ocorrncias criminaisque envolvam situaes de disparo dearma de fogo. Os trabalhos iniciaram-se oficialmente em setembro de 2004,quando foi realizado no Instituto Militarde Engenharia no Rio de J aneiro (insti-tuio esta que sedia a coordenao daRede) o I Seminrio de Balstica Foren-se Avanada, com o objetivo de expor epadronizar as metodologias bsicas demicroscopia eletrnica aplicada bals-tica a serem adotadas pelos membrosda Rede. O evento, que durou trs dias,contou com a participao dos pesqui-sadores das universidades e centros depesquisa envolvidos e de peritos milita-res, federais e estaduais, estes ltimosapoiados pela SENASP-MJ .

    Nesse encontro ficou tambm de-cidido que a Sociedade Brasileira deMicroscopia e Microanlise (SBMM)apoiaria a Rede Plvora. Ainda no anode 2004, um minicurso de AplicaesForenses da Microscopia Eletrnica foioferecido comunidade cientfica e fo-

    rense do Estado da Bahia, com o apoio

    da SBMM. Aps um ano de trabalho,vrios temas de pesquisa de interesseda comunidade forense foram ou estosendo desenvolvidos nos diversos labo-ratrios da Rede, como por exemplo:

    Estabelecimento da morfologia ecomposio qumica dos resduos detiro produzidos por munio livre dechumbo encontrada em solo brasileiro.

    Estabelecimento de um bancode dados de morfologia e composiopredominante dos resduos de tiro pro-duzidos por diferentes calibres e tiposde munio CBC.

    Avaliao da eficincia de coletadas diferentes metodologias emprega-das atualmente: fita de carbono condu-tora dupla face, fita de nquel condutoradupla face, resina polimrica desenvol-vida pelo perito Hlio Rochel, fita crepeadesiva dupla face e esparadrapo.

    Avaliao da possibilidade de seutilizar o MET para anlise de resduosde tiro e desenvolvimento de uma me-todologia de coleta adequada s pecu-liaridades deste equipamento.

    Avaliao das melhores tcnicas depreparao para avaliao de resduos detiro em tecidos e ossos post-mortem.

    Avaliao das possveis interfe-rncias entre atividades profissionais

    e resduos de tiro.

    Avaliao da melhor regio decoleta de resduos de tiro produzidospor submetralhadoras e fuzis.

    Avaliao do efeito do rodizona-to de sdio sobre partculas observa-das no MEV.

    Em 2005 foi realizado um novo en-contro, o I Simpsio Brasileiro de Mi-croscopia Aplicada s Cincias Foren-ses (I SBMACF), evento satlite do XXCongresso da SBMM. Esse evento, quedurou quatro dias, contou com a partici-pao de dois peritos dos Estados Uni-dos, um da Alemanha e um de Portu-gal. Foram efetuadas diversas ativida-des durante o simpsio, entre elas umcurso sobre MEV aplicado s CinciasForenses com nfase em deteco deresduos de tiro, conferncias, mesas-redondas, apresentao de psteres,um frum de discusses cientficas euma reunio visando discutir aspectostcnicos e financeiros da Rede.

    Segundo entendimentos entre o MJe o MCT, o fomento da Rede Plvoraser renovado por mais um ano. Os re-cursos disponibilizados so da ordemde R$ 500 mil. Os plos regionais es-to sendo reestruturados. Mais dois la-boratrios devem integrar a Rede, umno Distrito Federal e um na Bahia. Com

    isso, as reas de atendimento devem

    9

    Fotos: Arquivo pessoal dos autores

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    10/36Percia Federal

    ser modificadas. De concreto, a inicia-tiva j estimulou que dois importan-tes centros de criminalstica, o Depar-tamento de Policia Tcnica do Estadoda Bahia e o Instituto Nacional de Cri-minalstica do Departamento de Polcia

    Federal, conseguissem recursos paraaquisio de MEVs prprios. O Depar-tamento de Polcia Tcnico-Cientficado Estado do Rio de J aneiro tambmresolveu oficializar os convnios cominstituies de pesquisa, durante umevento promovido com o apoio da Se-cretaria de Segurana Pbli-ca em outubro de 2005.

    A Microscopia Eletrnicade Varredura Acoplada Microanlise porDisperso de Energia

    O Microscpio Eletrni-co de Varredura (MEV) um dos equipamentos demaior ver satilidade na an-lise microestrutural de mate-riais slidos. Apesar da com-plexidade dos mecanismospara a obteno da imagem,o princpio de funcionamen-to muito simples. Um fei-xe de eltrons bombardeia a

    amostra e detetores monito-

    ram a intensidade dos sinais secund-rios gerados pela interao destes. Asimagens obtidas so de fcil interpre-tao, principalmente devido gran-de profundidade de campo, permitin-do a visualizao de aspectos tridi-

    mensionais. Essa caracterstica jus-tamente o fator que em grande parteimpulsionou a disseminao do uso doMEV nos diversos campos da pesqui-sa cientfica e tecnolgica. O aumentomximo conseguidofica entre o do mi-croscpio tico (MO) e do Microscpio

    Eletrnico de Transmisso (MET). Noentanto, a resoluo, na ordem de 1-5nm ou 10-50 , muito superior deum microscpio ptico (~0,5m). Almdisso, entre as vantagens do MEV es-to: facilidade de preparao da amos-

    tra (em alguns casos, o material podeser observado sem nenhuma prepara-o anterior); diferentes tipos de ima-gens obtidas, dependendo da nature-za dos sinais escolhidos para detec-o; aquisio de sinal digital (possi-bilitando o processamento posterior) e

    I Simpsio Brasileiro de Microscopia Aplicada s Cincias Forenses, realizado em guas de Lindia entre os dias 28 e 31 de agosto de 2005

    Microscpio Eletrnico de Varredura do IME e representao esquemtica dos principais componentes

    10

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE ANDR L. PINTOE ANDREA MARTINY INSTITUTO MILITARDE ENGENHARIA (IME)

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    11/36Percia Federal

    a possibilidade de combinar a anlisemicroestrutural com a anlise qumicamicrolocalizada.

    A concepo do MEV data de 1935[Knoll, 1935], mas o equipamento s

    se tornou comercial em 19651 [Pea-se & Nixon, 1965]. O MEV distingue-se de um MO ou de um MET principal-mente pela maneira como a imagem obtida. A imagem do MEV resulta-do das interaes entre os eltrons e asuperfcie da amostra. O equipamen-to constitudo basicamente por umacoluna (canho de eltrons, sistemade demagnificao e objetiva), umaunidade de varredura, uma cmarade amostra, um sistema de detetores

    e um de visualizao da imagem. Ocanho de eltrons usado para ge-rar um feixe de eltrons com energiae quantidade suficiente para ser cap-tado pelos detetores. Esse feixe ele-trnico ento demagnificado por v-rias lentes eletromagnticas, cuja fina-lidade produzir um feixe de eltronsde pequeno dimetro e focaliz-lo emuma regio especfica da amostra.

    Ao atingir a amostra, os eltrons dofeixe interagem com os tomos des-ta, causando modificao na sua ve-locidade inicial. Como resultado destainterao, eltrons das vrias cama-das da eletrosfera do tomo so ex-citados. A energia perdida pelos el-trons ao atravessar a amostra libe-rada de diferentes formas, dependen-do do tipo de interao entre o el-tron primrio e os tomos da mesma.Cada um dos sinais gerados (eltronssecundrios, retroespalhados, ftons,raios-X, eltrons Auger, etc.) requerum detetor especfico para sua aquisi-

    o e transformao em sinal eltrico.Para anlises forenses, os trs princi-pais sinais utilizados so os eltronssecundrios, eltrons retroespalha-dos e os raios-X. Os eltrons secun-drios fornecem imagem de topogra-fia da superfcie da amostra e so osresponsveis pela obteno das ima-gens de alta resoluo; j os retroes-palhados fornecem uma imagem ca-racterstica de variao de composi-o ou contraste de nmero atmi-

    co. Os raios-X caractersticos emiti-

    dos permitem a obteno de informa-es qualitativas e semiquantitativasda composio da amostra na regiode incidncia do feixe de eltrons.

    A microanlise por raios-X foi incor-porada ao MEV em 1968 [Fitzgerald etal., 1968] e um dos mais versteisinstrumentos para a anlise qumicade materiais orgnicos e inorgnicos.Atravs da identificao dos raios-Xemitidos pela amostra, quando da in-terao com o feixe de eltrons, pos-svel determinar a composio de regi-es especficas de forma no destruti-va. Os detetores baseados na medidade energia (EDS energy dispersivespectroscopy ou espectroscopia pordisperso de energia) so os mais uti-

    lizados e sua vantagem a rapidez naavaliao dos elementos. A composi-o qumica em uma regio da amos-tra pode ser identificada em no mxi-mo 100s, dependendo da concentra-o dos elementos. Uma outra carac-terstica importante da microanlise a possibilidade de se obter o mapacomposicional da regio observada.

    O primeiro relato conhecido do usodo MEV/EDS para anlise de resduosde tiro data de 1969 [revisto em Romo-

    lo & Margot, 2001] e foi realizado no la-

    boratrio forense da Policia Metropoli-tana inglesa. Em 1971 foram apresen-tadas as primeiras imagens de MEV eespectro de EDS de resduos de tiro no4o Simpsio Anual de Microscopia Ele-trnica de Varredura. Esses resultadosgeraram intenso interesse da comuni-dade forense e incentivaram a realiza-o de um workshop sobre resduosde tiro naAerospaceCorporation em1975. At hoje o documento que se ori-ginou desse encontro, o Final Reporton Particle Analysis for Gunshot Resi-due Detection ou simplesmenteAeros-pace Report ATR-77(7915)-3 guia dereferncia para esse tipo de anlise. Oprimeiro trabalho descrevendo a anli-se de resduos de tiro por MEV/EDS foi

    publicado em 1976 no Journal of Fo-rensic Sciences [Nesbitt et al. 1976]. Ouso de eltrons retroespalhados parafacilitar a busca de resduos de tiro foisugerido em um artigo de Matricardi eKilty [1977]. Os problemas que podemafetar a anlise, como metodologia decoleta dos resduos e tamanho da reaa ser analisada, esto sendo gradati-vamente resolvidos ou minimizados,utilizando kits de coleta especficospara MEV e programas de computador

    que permitem a busca e anlise auto-

    Tipos de sinais gerados pela interao do feixe de eltrons com a amostra

    11

  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    12/36Percia Federal

    matizada de partculas, segundo par-metros definidos pelo operador. Pra-

    ticamente todo o conhecimento atualsobre resduos de tiro e sua formaofoi obtido por MEV/EDS. Basicamente,os resduos de tiro so formados emcondies especficas de temperaturae presso durante o disparo, permitin-do vaporizao e rpida condensaode elementos oriundos principalmen-te da espoleta (Pb, Ba, Sb) em part-culas com formato esfrico e dime-tro variando entre 1-10m. No entanto,o formato e o tamanho das partculaspodem variar com o tipo de arma em-pregada para efetuar o disparo (revl-veres produzem mais partculas esfri-cas do que pistolas) e o calibre (quantomaior o calibre, maior o tamanho m-dio das partculas). A composio tam-bm pode variar, dependendo da com-posio da espoleta. Uma mesma par-tcula tambm pode apresentar regiescom composies diferentes.

    A grande desvantagem do uso doMEV para anlise de resduos de tiro o tempo gasto, que pode ser ex-

    tremamente longo em equipamen-tos mais antigos, que no possuembusca automatizada. Esse problemapode ser minimizado concentrando aspartculas em uma rea menor. Nestecaso, o mtodo mais apropriado paraa coleta de resduos de tiro atravsde fita dupla face condutora de car-bono aderida a um suporte especficopara MEV, o que reduz a busca a umarea de aproximadamente 126,7mm2.Ainda assim, a anlise pode demorar

    uma tarde mesmo para operadores

    experientes. Utilizando o mtodo au-tomatizado, esse tempo pode ser re-

    duzido para cerca de duas horas. Ain-da hoje, o MEV/EDS a ferramentamais fidedigna no que tange anlisede resduos de tiro, justamente pelasua capacidade de combinar a infor-mao morfolgica e a composioqumica dos resduos individualmen-te, o que fundamental na distinoentre resduos de tiro e resduos deorigem ocupacional ou ambiental.

    Alm da anlise de resduos detiro, o MEV permite o exame de umagama de amostras e vestgios, comopor exemplo: orientao e concentra-o de elementos (inclusive sangue)em roupas (fibras) e objetos; detecode resduos metlicos em amostras de

    tecido, luvas de mo (cadver) e emossos (casos de agresso por objeto

    contundente, armas de fogo, etc.), in-clusive em corpos exumados; anlisede projteis para busca de microves-tgios, como por exemplo vidro, per-mitindo a confirmao da trajetria dodisparo; anlise de objetos encontra-dos em cenas de crime com impregna-es de tinta proveniente de veculosautomotores, solo, etc.; anlise de ra-nhuras e marca de percutor em estojosrecolhidos em locais de crime, quandoa anlise por microcomparador balsti-co no se mostrar conclusiva; anlisede nmeros de srie adulterados emarmas de fogo, quando estes no pu-derem ser revelados atravs das tcni-cas usuais de metalografia.

    1. F itzgerald, R.; Keil, K.; Heinrich, K.F.J . 1968. Solid-State Energy-Dispersion Spectrometer forElectron-Microprobe X-ray Analysis, Science 159, 528-530.

    2. Knoll, M. 1935. Aufladepotentiel und Sekundremission elektronenbestrahlter Krper. Z TechPhys 16, 467-475

    3. Matricardi, V.R.; Kilty, J .W. 1977. Detection of gunshot residue particles from the hands of a shoo-ter. J . Forensic Sci. 22: 725-738.

    4. Nesbitt, R.S.; Wessel, J .E.; J ones, P.F. 1976. Detection of gunshot residue by use of the scanningelectron microscope. J . Forensic Sci. 21: 595-610.

    5. Pease R.F.W.; Nixon W.C. 1965. High resolution scanning electron microscopy. J . Sci. Inst. 42,81-85.

    6. Romolo, F.S.; Margot, P. 2001. Identification of gunshot residue: a critical review. Forensic Sci Int.119, 195-211.

    7. Ward, D.C.1982. Gunshot residue collection for scanning electron microscopy. Scanning Elec-tron Microscopy. pp. 1031-1036.

    8. Final Report on Particle Analysis for Gunshot Residue Detection - ATR-77(7915)-3. Law Enforce-ment Development Group. The Aerospace Corporation. Set. 1977.

    Referncias

    1 Cambridge Scientific Instruments Mark I.

    Nota

    Partcula de

    GSR vista por

    microscopia

    eletrnica de

    varredura:

    (A) imagem

    de eltrons

    retroespalhados

    e (B) de eltrons

    secundrios.

    Munio calibre

    .45, CBC. X

    25.000.

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    ESPECIAL BALSTICA FORENSE ANDR L. PINTOE ANDREA MARTINY INSTITUTO MILITARDE ENGENHARIA (IME)

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    13/36Percia Federal

    Resduos de disparo de arma

    de fogo so formados pelaexploso da espoleta e defla-grao do propelente, alm

    dos metais dos cartuchos e dos proj-teis. De acordo com a literatura [1], aidentificao definitiva de uma partcu-la como resduo de disparo de arma defogo (Gunshot Residue GSR) depen-de da presena simultnea de chumbo(Pb), brio (Ba) e antimnio (Sb) com-pondo a mesma partcula. As caracte-rsticas morfolgicas e qumicas tam-

    bm devem fornecer evidncias de quea partcula foi formada em altas tem-peraturas, por processo de fuso, sen-do composta no mnimo pelos trs me-tais acima mencionados (Pb, Ba e Sb).

    Testes qumicos, tais como o de rodizo-

    nato de sdio para resduo de chumbo,atualmente no so considerados teispara identificar tais partculas j quepermitem apenas a identificao qua-litativa de um elemento principal, ge-ralmente chumbo, no fornecendo in-formao sobre os outros elementos e,portanto, falhando como prova de quea partcula certamente um compos-to de diversos elementos, como reque-rido atravs das tcnicas modernas deidentificao de GSR.

    Assim, tcnicas forenses usadashoje em dia devem fornecer no so-mente as caractersticas morfolgicasdo resduo, mas tambm sua compo-sio qumica, tal como apresenta-

    do no microscpio eletrnico de varre-

    dura (MEV) equipado com anlise deraios-X atravs de espectroscopia pordisperso de energia (EDS).

    Entretanto, o uso de tcnicas deMEV-EDS para procurar uma diminu-ta partcula sobre uma grande rea deuma pelcula plstica adesiva, usadapara retirar tais partculas da pele hu-mana, demanda muitas horas de in-vestigao. Nesse caso, o uso de ummarcador qumico no-destrutivo, an-tes da anlise de MEV-EDS, poderia

    ser muito vantajoso. Os objetivos dopresente trabalho so identificar e ca-racterizar GSR especficos, constitu-dos dos trs elementos, Pb, Ba e Sb,e avaliar o efeito do uso de um produto

    Contribuio identificao de resduos

    de disparo de arma de fogoAmostras de GSR destinadas a anlises por microscopia eletrnica de varredura

    no devem ser submetidas a revelao com marcadores qumicos

    Tipos de resduos, coleta de amostras e marcador qumico

    Fotografia 2:

    Massa e cristais

    de Pb em papel

    de filtro

    Figura 2:

    Espectro da

    partcula cinza

    com Pb e sem

    Ba e Sb

    Fotografia 1:

    Partculas de

    Pb pura (mais

    claras) e partcula

    irregular zonada

    de Pb, Ba e Sb

    (cinza) em papel

    de filtro

    Figura 1:

    Espectro de

    raios-X da

    partcula de Pb,

    Ba e Sb cinza em

    papel de filtro

    13

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE: PCF S SARA L. R. LENHARO, CARLOS MAGNO S. QUEIROZ, MARCELO JOST, EDUARDO M. SATO, ANDR R. MEINICKE (INC/DPF); E ANA LVIA SILVEIRA (FURNAS CENTRAIS ELTRICAS)

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    14/36Percia Federal

    qumico, como marcador, previamente anlise por MEV-EDS, utilizando-sedois suportes diferentes, papel defiltroe pelcula polimrica.

    A coleta de GSR foi feita de dois mo-dos distintos: 1) no papel de filtro direta-mente ao lado da abertura entre o canoe o tambor no revlver, com munio decalibre 0.38 SPECIAL com projtil dechumbo ogival da marca CBC; e 2) napelcula polimrica da mo do atirador,com (a) munio calibre 0.38 SPECIALcom projtil de chumbo ogival da marcaCBC usando revlver; e (b) munio ca-libre 9 mm, com projtil encamisado to-tal ogival, usando pistola semi-autom-tica. A pelcula polimrica foi fornecidapelo Perito Hlio Rochel, que preparou-a em trs condies diferentes: 1) pel-cula polimrica simples; 2) pelcula poli-mrica com soluo reveladora para Pb

    e Ba (marcadores qumicos); e 3) pe-lcula polimrica com carbono (C) parareduzir a carga eletrnica de superfciedurante a anlise por MEV.

    Amostras do papel defiltro no-trata-das quimicamente apresentaram muitaspartculas puras de Pb com diferentesmorfologias e tamanhos, mas principal-mente na forma de um fundido ou mas-sa derretida cada sobre o papel. Adicio-nalmente, foram encontradas partculasirregulares compostas de Pb, Ba e tra-

    os de Sb (Fotografi

    a 1 e Figura 1).

    Amostras do papel de filtro tratadascom cido tartrico/bitartarato comosolvente e subseqentemente com ro-dizonato de sdio para revelar resduode chumbo, previamente anlise deMEV, mostraram uma dissoluo com-pleta das partculas originais e a pre-cipitao de uma massa com cristais,constituda essencialmente de Pb esem Ba e Sb (Fotografia 2 e Figura 2).

    Amostras do papel de filtro tratadassomente com rodizonato de sdio norevelaram nenhum resduo e mostra-ram partculas intactas, similares que-las encontradas nas amostras de papeldefiltro no-tratadas quimicamente.

    Amostras das pelculas polimri-cas com a soluo para revelao dePb e Ba (marcadores qumicos) apre-sentaram GSR parcialmente dissolvi-dos, nos quais se observou um cen-

    tro composto essencialmente de Pbcircundado por uma aurola arredon-dada, constituda de elementos maissolveis parcialmente dissolvidos e/ourecm-precipitados. Estes fragmentosso constitudos de Pb, Ba e Sb (Foto-grafia 3 e Figura 3).

    Amostras da pelcula polimricasimples e da pelcula polimrica comcarbono retratam escassos GRS semmudanas morfolgicas e qumicas,como mostra a Fotografia 4 e a Figura

    4. Estes resultados demonstram que

    testes qumicos completos, tais comoo de rodizonato de sdio associadocom cido tartrico/bitartarato comotampo, no podem ser usados comomarcadores, antes da anlise de MEV,mesmo em um meio polimrico, de-vido dissoluo da partcula. Usan-do um meio menos fluido, tal como umpolmero, as partculas de Pb-Ba-Sbparecem ter diferentes taxas de disso-luo. Aparentemente, com o uso domtodo de rodizonato de sdio, pararevelao de Pb e Ba, a dissoluo deSb e Ba maior que a do Pb. Esta re-ao no papel de filtro foi obscureci-da devido elevada quantidade de Pbpresente na amostra.

    Como um avano, diversos testes es-to sendo realizados usando somente amistura iniciadora para observar o com-portamento do Pb, Ba e Sb e para ve-

    rificar outros marcadores qumicos. Adi-cionalmente, diversos procedimentos decoleta tambm esto sendo testados.

    Referncias

    [1] Romolo, F.S. and Margot, P., ForensicScience International 119 (2001) 195-211.

    Agradecimentos: Ao Laboratrio de Mecnicadas Rochas de Furnas Centrais Eltricas S.Apela realizao das anlises.

    Fotografia 4:

    Partcula de Pb,

    Ba e traos de Sb

    Figura 4:

    Espectro de

    partcula de Pb,

    Ba e Sb

    Fotografia 3:

    Centro

    composto de Pb

    e fragmentos

    dissolvidos

    constitudos de

    Pb, Ba e Sb

    Figura 3:

    Espectro

    mostrando Pb,

    Ba e traos de

    Sb em partculacinza na pelcula

    polimrica com

    marcadores

    14

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE:PCFS SARA L. R. LENHARO, CARLOS MAGNO S. QUEIROZ, MARCELO JOST, EDUARDO M. SATO, ANDR R. MEINICKE (INC/DPF); E ANA LVIA SILVEIRA (FURNAS CENTRAIS ELTRICAS)

  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    15/36Percia Federal

    Materiais

    Seis testes de tiro foram efetu-ados por dois oficiais do 18Batalho de Polcia do Exrci-to/MD, na linha de tiro da cor-

    porao, com munio apropriada pro-duzida pela CBC. Os grupos de tes-te so dados na Tabela 1. Previamen-te a cada seqncia de tiros, fitas con-dutoras adesivas dupla-face de 1x1 cmforam posicionadas em 15 pontos es-pecficos do corpo do atirador, segun-do o esquema da Fig. 1. Imediatamen-te aps cada teste de tiro as fitas adesi-vas foram coletadas e acondicionadasem caixas individuais de coleta.

    MtodosAs 90 amostras resultantes foram

    analisadas de forma manual [4] sobrestubs de alumnio, com voltagem deacelerao de 20kV e busca por el-trons retroespalhados [1], no microsc-

    ARMA SITUAO/POSIO GRUPO

    Fuzil automtico leve (FAL) 3 tiros/ visada A

    7,62mm Imbel (M964) 3 tiros/ assalto B

    Submetralhadora 3 tiros/ visada C

    9mm parabellum Beretta (M972) 3 tiros/ assalto D

    10 tiros, rajada/ visada E

    10 tiros, rajada/ assalto F

    Tabela 1: Armamento, posies e situaes de tiro para cada grupo de coleta de GSR

    Fig. 1: Pontos de coleta de GSR

    15

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE: LIEGE ABEL (DC/IGP/RS); MIRIAM SOUZA SANTOSE LUS FREDERICO P. DICK (CME/UFRGS)

    pio eletrnico de varredura J EOLSEM5800 com microssonda para realizaode espectroscopia de energia dispersi-va (EDS) de raios-X Noran dos elemen-tos boro at urnio.

    ResultadosConsideraram-se apenas as com-

    posies de elementos denominadasexclusivas e caractersticas apresen-tadas na Tabela 2. Nos seis grupos deamostras foram encontradas particulasexclusivas, tpicas, esfricas, com di-metros entre 1 e 30 m, contendo Pb,Ba e Sb, freqentemente acompanha-das de Al e, eventualmente, de Fe, Sn,Ca, Cl, Si, Cu, Zn, K, Mn e S. Em para-lelo houve a deposio de partculas deGSR exclusivas atpicas [5], de formasdistintas, irregulares, angulosas, cavi-tadas, aplainadas, nodulares, em agre-gados e floculadas [2], ou com dimen-ses maiores que as primeiras. Partcu-

    las de GSR caractersticas foram detec-tadas em quantidades maiores do queaquelas exclusivas. Houve a deposiode partculas com dimetros variveisque atingiam cerca de 200 m, conten-do Na, Cl e K, atribuveis contamina-o das amostras por suor do atirador emanuseio, ou contendo Al, Si e Ca, re-ferentes a partculas de poeira de alu-mino-silicatos de clcio. Em relao

    Neste trabalho, o MEV foi empregado na determinao da distribuio

    de micropartculas de GSR no corpo do atirador aps testes de tiro com

    submetralhadora e FAL, sob condies controladas

    Anlise da disperso de resduos de tiro de submetralhadora e fuzil automtico leve

    coletados diretamente do corpo do atirador

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    PONTOS COM PARTCULASDE GSR EXCLUSIVAS

    (Pb-Ba-Sb, Ba-Sb)

    PONTOS COM PARTCULAS DE GSR CARACTERSTICAS(Pb-Ba, Pb-Sb, Ba-Sb, Pb, Ba, Sb)

    FAL, visada A1- A9 A3(2)- A9- A14(4)

    FAL, assalto B9(5)- B11 B1- B5- B8- B9- B11(2)- B12(2)

    Submetr.,visada C8- C9- C13 C2- C9- C10- C13(2)

    Submetr., assalto D1(2)- D8- D10- D13 D5- D8

    Submetr.,rajada/ visada

    E2- E6- E7(2)- E8(2)- E10 E2(7)- E3(6)- E4(5)- E5(3)- E6(3)- E8(2)- E10(2)- E11(2) - E14

    Submetr., rajada/assalto F3- F4(3)- F5- F7- F8(3)-F10- F15F1(4)- F2(3)- F3(7)- F4(9)- F5(5)- F6- F7(2)- F8(3)- F9(2)- F10(6)- F11(5)- F12(2)- F14(5)-F15

    Tabela 2: Distribuio de particulados de GSR no corpo do atirador. Achados mltiplos de partculas de mesma composio, no consideran-do outros elementos presentes, esto indicados nos parnteses

    16

    Amostra B9- FAL/assalto: particulados de GSR cavitados. Imagens de el-trons secundrios

    Amostra B9- FAL/assalto: particulados de GSR cavitados. Imagens de el-trons retroespalhados

    Amostra D1- Submetr.trs tiros/assalto: particulados de GSR irregulares,aplainados

    Amostra D1- Submetr.trs tiros/assalto: particulados de GSR regulares, emagregados esferides

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE: LIEGE ABEL (DC/IGP/RS); MIRIAM SOUZA SANTOSE LUS FREDERICO P. DICK (CME/UFRGS)

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    17/36Percia Federal

    Referncias[1] Romolo, F. S. e Margot, P., Identification ofgunshot residue: a critical review, Forensic ScienceInternational 119 (2001) p. 195-211.

    [2] Garofano, I. et alli, Gunshot residue further stu-dies on particles of environmental and occupationalorigin, Forensic Science International 103 (1999) p.1-21.

    [3] Brozek-Mucha, Z. e Zadora, G., Grouping of am-

    munition types by means of frequencies of occur-rence of GSR, Forensic Science International 135(2003) p. 97-104.

    [4] Brozek-Mucha, Z. e Jankowicz, A., Evaluation ofthe possibility of differentiation between various typesof ammunition by means of GSR examination withSEM-EDX method, Forensic Science International123 (2001) p. 39-47.

    [5] J . Flynn et al., Evaluation of X-ray microfluores-cence spectrometry for the elemental analysis offi-rearm discharge residues, Forensic Science Interna-tional 97 (1998) p. 21-36.

    [6] Cardinetti et al., X-ray mapping technique: a pre-liminary study in discriminating gunshot residue par-ticles from aggregates of environmental occupatio-nal origin, Forensic Science International 143 (2004)p. 1-19.

    Agradecimentos: SENASP/MJ , CNPq, 18

    Batalho de Polcia do Exrcito/MD, Peritosda Seo de Balstica Forense do DC/IGP-RS e Secretaria do CME/UFRGS.

    disperso de GSR no corpo do atirador,os resultados esto resumidos na Tabe-la 2, onde os pontos de coleta 8, 9 e10 exibem a maior deposio de parti-

    culados de GSR, seguidos do ponto 1.

    Os primeiros correspondem a pontosna mo e antebrao esquerdos, que fir-mam a poro anterior do armamento eo ltimo representa o dedo indicador di-

    reito, que aciona o gatilho.

    ConclusesOs tiros com FAL resultaram em

    deposio preferencial de particuladosde GSR na lateral posterior da mo es-querda, no dedo indicador direito e na

    regio abdominal do atirador. J o usode submetralhadora produziu maior de-posio de GSR na regio abdominal,no dedo polegar esquerdo e na regiointerna do antebrao esquerdo, prxi-ma ao pulso. Os tiros em rajada comsubmetralhadora ocasionaram depo-sio principal de GSR ao redor dosolhos do atirador e na regio interna deseu antebrao direito. Para os dois tiposde armas, a posio de assalto induziua maior disperso de particulados de

    GSR nas reas internas dos membrossuperiores, em direo aos ombros.Quanto presena de GSR exclusivas,houve a deposio no apenas de par-tculas tpicas em relao a formato, di-menso e composio, como tambmde particulados atpicos, que poderiam,em uma leitura isolada, confundir-secom partculas oriundas de contamina-o ocupacional [6].

    Amostra E8- Submetr. rajada/visada: particulados de GSR

    Amostra BE8- Submetr.rajada/visada: mapeamento dos elementos da partcula de GSR

    17

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    ANLISEDERESDUOSDETIRO

    oriundos de munio sem chumbo por MEV/EDSMunies ambientais sem chumbo j se encontram venda em vrios

    pases do mundo. No Brasil, a munio CleanRange, produzida pela CBC,

    ainda no comercializada. Caso se torne comum em territrio nacional, a

    composio atual da espoleta torna sua deteco praticamente impossvel

    Adeteco a e identificao departculas derivadas de disparopor arma de fogo constituemuma importante ferramenta em inves-tigaes criminais. A metodologia para

    deteco de partculas de resduosde tiro sofreu grande evoluo. Nopassado buscavam-se compostos ni-trogenados da plvora. Atualmente de-tectam-se resduos derivados da cargainiciadora, cuja composio mais usualapresenta chumbo (Pb), brio (Ba) eantimnio (Sb) derivados do estifnato

    de chumbo, nitrato de brio e sulfetode antimnio. O rodizonato de sdiosurgiu no fim da dcada de 60, paradeteco de Pb e Ba. No entanto, essemtodo, ainda utilizado rotineiramente

    nos servios periciais brasileiros, nopermite distinguir resduos de tiro deresduos ocupacionais/ambientais. Di-ferentes mtodos analticos se prestama esse tipo de anlise, mas a presenados trs elementos em uma grandevariedade de ocupaes rotineiraslevou ao uso da microscopia eletrnica

    de varredura acoplada a um espectr-metro por disperso de energia comoa melhor ferramenta para identificaode resduos de tiro. O uso dessa tcni-ca comeou a se difundir nos Estados

    Unidos nos anos 60 e to aceito nomeio forense mundial que h uma nor-ma estabelecida para anlise de res-duos de tiro por MEV/EDS pela ASTM.

    H alguns anos, uma preocupaocrescente com a sade de policiais,militares e atiradores, constantementeexpostos a uma atmosfera rica em

    Fig. 1:Resduos de tiro de munio CBC CleanRange e respectivo espectro EDS

    Fig. 2:Partcula resultante da detonao d

    9mm e espectro de EDS

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE: ANDR L. PINTO, ANDR G. OLIVEIRA, ANDREA MARTINY (IME); ANDREA PORTO CARREIRO (INST. DE CRIMINALSTICA CARLOS BOLI); LADRIODA SILVA (ESCOLA NAVAL, MARINHADO BR

    18

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    19/36Percia Federal

    18

    Referncias[1] Romolo, F. S. e Margot, P., Identification

    of gunshot residue: a critical review, Forensic

    Science International 119 (2001) p. 195-211.

    [2] ASTM E1588-95 (2001) Standard Guide

    for Gunshot Residue Analysis by Scanning

    Electron Microscopy/Energy Dispersive

    Spectroscopy.

    [3] Tocchetto, D. Balstica Forense, Ed. Millen-

    nium, Campinas, 2003.

    chumbo especialmente em estandesde tiro fechados, impulsionou a produ-o de munies sem chumbo. Essasmunies ditas ambientais encontram-se disponveis para venda em todomundo. Este trabalho visa estabeleceros elementos caractersticos presentesna munio sem chumbo produzidano Brasil. Foi utilizada munio Clean-Range, produzida pela CompanhiaBrasileira de Cartuchos (CBC). Essamunio no comercializada no Bra-sil, mas exportada para vrios pases,sendo vendida pela empresa MagTech.

    A coleta

    Utilizamos munio de primeira esegunda geraes, nos calibres 9mmLuger, .380 AUTO e .38 SPL. Os car-tuchos foram primeiramente desmon-tados, a plvora recolhida e a espoletadetonada manualmente sobre fita decarbono dupla-face aderida a suportepara MEV. A coleta de resduos da mode atiradores foi realizada em estandede tiro aberto. Tanto as armas quanto asmos dos atiradores foram limpas antesdos disparos de forma a minimizar a

    contaminao por chumbo provenientede disparos anteriores. Os resduosforam coletados comfita dupla-face decarbono da regio do polegar, indicadore palma de ambas as mos. Tambmforam coletados resduos da nuvem ga-sosa durante o disparo, mantendo os su-portes comfita dupla-face a cerca de 15cm da arma, perpendiculares ao cho.

    Fig. 3:Partcula resultante da detonao da carga iniciadora de munio CBC CleanRange

    9mm e espectro de EDS

    Agradecimentos: Os autores so gratosao 1o Batalho de Polcia do Exrcito noRio de J aneiro pelo uso do estande de ti-ros e ao Dr. Domingos Tocchetto, que noscedeu os cartuchos de munio CleanRan-ge CBC. Esse trabalho foi realizado como apoio financeiro do CNPq (auxlios nos.52.0188/03-9 e 52.0184/03-3).

    Todas as amostras foram analisadas emMEV J eol J SM-6460LV equipado comespectrmetro por disperso de energiaThermo SIX1. As condies de trabalhoforam: 25 keV, 10 mm e busca manual.

    A anlise de munio sem chumbode primeira gerao da CBC (produzi-da at 2002) mostrou que o principalelemento qumico presente na misturainiciadora estrncio (Sr). A Fig. 1mostra uma partcula caracterstica eseu espectro de EDS. J a muniode segunda gerao (produzida aps2002) apresenta partculas da misturainiciadora em sua maioria de morfo-logia irregular e compostas de Al, Si,

    K e Ca (Fig. 2). Da mesma forma, osresduos coletados das mos apre-sentaram os mesmos elementos e emalguns casos Cu e Zn, provavelmenteoriundos do cartucho. Esses resulta-dos esto de acordo com a composi-o das cargas iniciadoras fornecidapelo fabricante [3], diazol, tetrazeno,nitrato de estrncio e plvora nas mu-nies de primeira gerao e diazol,tetrazeno, nitrocelulose, nitrato de po-tssio, alumnio e vidro nas munies

    de segunda gerao.Os dados obtidos demonstramclaramente que a composio atualda munio CleanRange produzidapela CBC no permite a identificaodos resduos como sendo provenien-tes de disparo por arma de fogo pornenhuma tcnica conhecida. Emboraseja possvel detectar algumas par-

    tculas com morfologia esfrica, amaioria irregular. A composio qu-mica tambm no apresenta nenhumelemento caracterstico, que possaser utilizado como marcador. Resdu-os de origem ocupacional e ambientalse assemelham muito aos resduosgerados por essa munio. Emborao aspecto da contaminao por Pbseja claramente importante e devaser levado em considerao, deve-seter em mente que a composio atualda munio desenvolvida pela CBCpode ser extremamente danosa parainvestigaes criminais.

    19

    ciadora de munio CBC CleanRange

    SADER (UFRJ)

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    e microanlise por raios-x de resduos de tiro

    em amostras de necropsiafixadas por longos perodos

    Deteco por MEV

    Na investigao forense de homi-cdios decorrentes de disparopor arma de fogo, muitas vezes a

    amostra precisa ser mantida por longosperodos. Na impossibilidade de manter-se o corpo da vtima, coletar amostrasda regio atingida um procedimentosimples e capaz de prevenir e esclarecerfuturas dvidas. Entretanto, a longo prazoas solues utilizadas comofixadores po-deriam dissolver e remover os resduosde tiro presentes nestas amostras. Esses

    resduos consistem em partculas com-postas principalmente por chumbo, brioe antimnio, resultantes da condensaode vapores oriundos da mistura iniciadora[1]. Alm desses elementos, comuma presena de elementos derivados doprojtil, do estojo e da prpria arma. Con-sidera-se de modo geral que a natureza equantidade desses resduos que atingemo alvo, alm de sua distribuio em tornodo ferimento, dependem da distncia dodisparo [2]. Para conferir estes aspectos,

    realizamos um estudo por microscopia

    A microscopia eletrnica de varredura associada microanlise por raios-X foi utilizada

    visando identificao de resduos de tiro em amostras de necropsia armazenadas em

    soluo fixadora. A tcnica mostrou-se apropriada para tal fim, sugerindo seu uso em

    amostras antigas, que por algum motivo tenham sido armazenadas para testes posteriores

    Figura 1: Coleta de resduos prxima ao ferimento de entrada utilizandofi

    ta condutora d

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE: MRCIA ATTIAS, ANDREA MARTINY (UFRJ); LDIA A. SENA (DIMEC/DIMCI, INMETRO, XERM, RJ); JORGE BORGESDOS SANTOS (DEPARTAMENTODE POLCIA TCNICA, SALVADOR/

    20

    A

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    21/36Percia Federal

    eletrnica de varredura associado mi-croanlise por raios-X de fragmentos detecido obtidos da regio vizinha ao feri-mento de entrada do projtil.

    A vtima, do sexo masculino e noidentificada, deu entrada no InstitutoMdico Legal de Salvador, Bahia, cer-

    Figura 2: Observao da amostra por ES (A) e ERS (B). Camadas de queratina, plos e a estrutura geral da pele se encontram preservadas.(B) Pontos brancos (setas) indicativos de resduos de tiro. 50x

    AA BB

    ca de 24 horas aps ser morto por trstiros disparados por policiais. O motivoalegado foi resistncia a voz de prisodada pelos oficiais. Resduos foram co-letados comfita condutora de carbonodupla face pressionada sobre a peledas mos e em torno dos ferimentos do

    indivduo (Fig. 1). Alm disso, tambmforam retiradas com um bisturi amos-tras de tecido com cerca de 0,5 cm2 naregio do peito, prximo ao ferimentode entrada do projtil. Esses fragmen-tos foram imediatamente fixados emglutaraldedo 2,5% (v/v) e formaldedo4% (v/v) em tampo cacodilato de s-

    dio 0,1M pH 7,2 e armazenados a 4 C.Aps quatro meses de armazenamentona soluofixadora, fragmentos dessasamostras foram obtidos e enxaguadosde um dia para o outro em tampo fos-fato de sdio 0,1M. O excesso de lqui-do foi absorvido com um leno de papele as amostras imediatamente montadassobre fita condutora dupla face aderidaa suportes para MEV e observadas aomicroscpio eletrnico de varredura FEIQuanta 200 a 0.83 Torr de presso, 25

    keV, 10 mm de distncia de trabalho ecom tamanho do feixe de 5 nm.A anlise das amostras coletadas dos

    ferimentos indicou a presena de part-culas esfricas contendo PbBa, PbSbe PbBaSb. Amostras coletadas dasmos continham apenas Ba, mas esseresultado pode no ser sugestivo de dis-paro com arma de fogo, uma vez que asimpresses digitais da vtima j haviamsido colhidas para identificao. Foramgeradas imagens de vrias regies dasamostras tanto pela emisso de eltrons

    21

    Fotos:Arquivopessoaldosautores

    e retirada de fragmentos de tecido da borda do ferimento

    L. PINTO (IME)

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    22/36Percia Federal22

    [1]. Romolo, F. S., Margot, P. Identification of

    gunshot residue: a critical review, ForensicScience International 2001; 119: 195-211.

    [2] Brown, H., Cauchi, D.M., Holden, J .L., Al-

    len, F.C.L., Cordner, S., Thatcher, P. Image

    analysis of gunshot residue on entry wounds II

    A statistical estimation offiring range. Foren-

    sic Science International 1999; 100: 179186.

    [3]J ohnson, C.A., Moench, H., Wersin, P., Ku-

    gler, P., Wenger, C. Solubility of Antimony and

    Other Elements in Samples Taken from Shoo-

    ting Ranges, J ournal of Environmental Quality

    2005, 34: 248-254.

    Referncias

    Figura 3: Maior aumento de uma outra rea. Pontos brancos de diversos tamanhos e morfologia esfrica contendo PbBa esto fortemente in-crustadas na pele. (A) ES e (B) ERS. 561x

    0 2 4 6 8 10 12 14

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    Ba

    PbPb

    Pb

    counts

    energy (keV)

    AA BB

    Figura 4: Imagem em ERS de um agregado de partculas composto por PbBa, dois elementos tpicos nosresduos de tiro, como demonstra anlise de raios X. 8.738x

    Agradecimentos: Este trabalho contoucom auxlio do CNPq (Conselho Nacio-nal de Desenvolvimento Cientfico e Tec-nolgico) atravs dos processos de nos520189/03-5 e 99/11756-0.

    secundrios (ES) quan-to pelos retroespalhados(RES). A morfologia geralda pele demonstrou boapreservao com cama-das de queratina e folculoscapilares caractersticos(Fig. 2). Depsitos com

    alto contraste de nmeroatmico foram observadosincrustados na pele davtima, muitos dos quaiscontendo PbBa. Apenasuma das partculas obser-vadas continha PbSb. Aausncia de Sb nas amos-tras de pele, quando com-parada aos resduos coletados comfita dupla face durante a autpsia, podeser indicativa de que esse elemento foi,

    pelo menos em parte, solubilizado du-rante a fixao e armazenamento. Emamostras de gua coletadas prximas aestandes de tiro, a concentrao de Sb consideravelmente maior que a dosdemais elementos [3]. Alm disso, resul-tados experimentais obtidos por Browne colaboradores (1999) em sees detecidos de cabra atingidos por disparosfeitos a diferentes distncias mostraramque a quantidade de resduos de tiroassociados ao ferimento decresce com oaumento da distncia de disparo [2]. Em

    distncias superiores a 20 cm a detecode partculas bastante difcil, sugerindoque, no presente caso, a vtima foi alveja-

    da queima roupa. Futuros estudos des-sa natureza devem ser realizados a fimde demonstrar a exeqibilidade e con-fiabilidade da anlise por MEV/EDS parafins de investigao forense em casoscontroversos de suicdio ou assassinatoem locais/corpos no preservados.

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE: MRCIA ATTIAS, ANDREA MARTINY (UFRJ); LDIA A. SENA (INMETRO); JORGE BORGESDOS SANTOS (DPT, SALVADOR/BA); E ANDR PINTO (IME)

  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    23/36Percia Federal

    Resduos derivados

    de pastilhas de freio

    automotivas pela frico

    durante a frenagem podem

    levar a falsos positivos em

    exames residuogrficos

    Estudo preliminar por MEVe microanlisepor raios-x de partculas do tipo GSRoriundas de pastilhas de freio nacionais

    Adeteco e identificao deresduos de tiro (GSR ougunshot residues) nasmos de suspeitos ou em

    objetos sempre representaram umaimportante informao na investiga-o criminal. GSR so compostos departculas combustas ou parcialmentecombustas de plvora e da carga pro-pulsora, alm de fragmentos do pro-jtil, do cartucho e do cano da arma.No entanto, a composio elementalde GSR est fortemente associada carga iniciadora, normalmente com-posta de estifnato de chumbo (inicia-dor), nitrato de brio (oxidante) e sul-feto de antimnio (combustvel). Ascondies nicas de temperatura epresso no momento do disparo con-tribuem para a formao de agrega-dos metlicos com morfologia carac-terstica, podendo estes se depositar,na forma de aerossol, nas mos, face,vestes e objetos prximos. A compre-

    enso da origem e do mecanismo de

    23

    formao de GSR fundamental paraa correta distino entre esses resdu-os e partculas de origem ambiental e/ou ocupacional. Resduos derivadosda manipulao de motores, baterias,tintas, hardware, derivados de petr-leo, ferramentas industriais, fogos deartifcio, alm de atividades que en-volvem a indstria automobilstica po-dem apresentar composio seme-lhante GSR, podendo levar a errosna interpretao de evidncias, casono se tenha conhecimento prvio damorfologia e do ambiente. Materiaisde frico utilizados na produo depastilhas de freio muitas vezes apre-sentam chumbo, sulfeto de antimnioe sulfato de brio em diferentes com-posies. Durante o processo de fre-nagem, a frico entre as pastilhas e odisco de freio eleva a temperatura in-terna, podendo exceder a 600C, e s

    vezes chegar at 1.200C [1]. A com-binao calor e atrito mecnico des-gasta a pastilha e pulveriza partculascompostas pela fuso entre os compo-nentes, liberando resduos microsc-picos com composio similar a GSR.Estudos anteriores mostraram que par-tculas de composio semelhante (de-terminantes e/ou indicativas) a GSRpodem ser encontradas em amostrasde pastilhas de freio [2, 3]. No entanto,esses estudos foram centrados em mo-delos de automvel e no em marcas emodelos de pastilhas.

    Neste trabalho foi testada a pre-sena de partculas consistentes comGSR em pastilhas de freio comercial-mente disponveis no Brasil, visandoa confeco de um banco de dadospara ser disponibilizado aos institutosde criminalstica do pas. Foram utili-

    zadas pastilhas de freio usadas, cole-

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE: ANDREA MARTINY1,2; ANDR L. PINTO1; LADRIODA SILVA3; ANDREA PORTO CARREIRO4; JORGE B. DOS SANTOS5; MRCIA SADER6; FLVIO C. MIGUENS7

  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    24/36Percia Federal

    Figura. 3A-D:Imagem deeltronsretroespalhados(A) e mapa deelementos (B-D) de resduosde pastilha defreio Cobreq CO-733. Antimnio(B), brio (C) e

    chumbo (D)

    Figura 1A-C: Imagem de uma pastilha de freio produzida no Brasil (A). As pastilhas localizam-se em lados opostos do disco de freio. Du-rante a frenagem, a frico com este reduz a rotao do disco. Esse processo envolve aquecimento e desgaste do material de frico ge-rando resduos que ficam impregnados por toda a roda e so liberados na atmosfera na forma de aerossol. (B-C) Coleta dos resduos dasuperfcie da pastilha de freio para anlise por MEV/EDS, utilizando stubcom fita dupla-face de carbono

    B C

    24

    Fotos: Arquivo pessoal dos autores

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE: ANDREA MARTINY1,2; ANDR L. PINTO1; LADRIODA SILVA3; ANDREA PORTO CARREIRO4; JORGE B. DOS SANTOS5; MRCIA SADER6; FLVIO C. MIGUENS7

    A

    A B

    C D

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    25/36Percia Federal

    Figura. 2A-F: Imagem de eltrons retroespalhados (A) e mapa de elementos (B-F) de uma particular encontrada nos resduos de pastilha defreio Fras-Le PD/42. Antimnio (B), brio (C), chumbo (D) e ferro (E)

    tadas em oficinas mecnicas nas ci-dades do Rio de J aneiro e Salvador.As pastilhas foram individualmente ar-mazenadas em sacos do tipo ziplock,

    identifi

    cados por nmeros. Os resdu-os de desgaste presentes na superf-cie de atrito foram coletados utilizan-do stubscomfita dupla-face de carbo-no. As pastilhas foram ento lavadas,identificadas e pequenos fragmen-tos do material de atrito foram obtidosutilizando uma serra em arco. Essasamostras foram lixadas com lixas de220, 400, 600 e 1.000 gros para pos-terior anlise metalogrfica e compa-rao com os resduos. As amostras

    de resduo foram analisadas em um

    MEV J eol JSM-6460LV equipado comdetector de eltrons retroespalhadose um espectrmetro por energia dis-persiva (EDS) Thermo. Os parmetros

    de operao foram: distncia de tra-balho de 10mm, acelerao de volta-gem de 25 keV e busca manual. Algu-mas amostras foram tambm analisa-das em um MEV Zeiss DSM940A equi-pado com EDS IXRF Systems e umsoftwareParticle Analysis V. 1.2 parabusca automtica de partculas. Fo-ram analisadas 22 amostras de pas-tilhas de freio: Fras-Le PD/23, PD/25,PD/28, PD/42 (2), PD/54, PD/55,PD/985-V, Cobreq CO-720, CO-733

    (4), N-534, NDP-721, NADP-477 , ATE

    20.5100 8076, 20.5100 7787, MinaoB220 e Tecpads F0 (3).

    Utilizando busca manual, os princi-pais elementos detectados foram Ba

    e Pb. A combinao dos trs elemen-tos (PbBaSb) somente foi encontradanas pastilhas Cobreq CO-733, Fras-LePd/42 e Tecpads. Algumas vezes Cue Zn (elementos constituintes da ligade lato dos estojos) tambm foramencontrados. O elemento mais abun-dante em todas as amostras analisa-das, independente da marca ou mode-lo, foi Fe. A busca automtica revelouum grande nmero de partculas con-tendo elementos considerados deter-

    minantes de GSR (PbBaSb). Os resul-

    25

    A B C

    D E F

  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    26/36Percia Federal

    tados obtidos mostram que o desgastedo material de frico de pastilhas defreio produzidas no Brasil pode produ-zir partculas semelhantes em compo-sio a GSR. No entanto, essas par-tculas so morfologicamente hetero-

    gneas. Uma vez que mesmo partcu-las derivadas da carga iniciadora apsdisparo de arma de fogo podem apre-sentar morfologia irregular, esse crit-rio no deve ser utilizado para discri-minar resduos ocupacionais de GSR.

    Fabricante Modelo Montadora Composio das Partculas

    Fras-Le

    PD/23 VW Ba, BaFe

    PD/25 FIAT BaFeCuZn; BaFeZn; BaFeCu; BaFe; Ba; BaSb; Sb

    PD/28 FORD Pb; PbFe; SbFe; PbSbFe

    PD/42 (2) GM Ba; BaFe; Fe; PbBaSbFe

    PD/48 FIAT PbFe; PbFeCuZn; Pb; Sb; PbSbFe

    PD/54 GM/VW Pb; PbFe; PbSbFe; SbFe; SbZn

    PD/55 FORD BaFe

    PD/958 VW BaFe; PbFeCuZn

    Cobreq

    CO-720 FeCu; FeCuZn

    CO-733 (4)FeCu; BaFe; BaFeZn; BaZn; PbBaFeZn; PbBaSb; SbBa; PbSb; Sb;Ba; Pb; FeCuZn

    N-534 FIAT BaPbFe; Ba; BaFe; BaFeCu

    NADP-721 VW BaFe; FeCu; FeCuZn; BaFeCu

    NADP-477 GM FeCu; BaFe; BaFeCu

    ATE Freios20.5100 8076 (2) FIAT PbBaFeZn; BaFe; BaFeZn; Ba; Pb

    20.5100 7787.3 (2) BaFeCu; BaPbFeCuZn; BaPbFeCu; BaFeCuZn

    Tecpads F0 (3)FeBaPb; FeZnSbBaPb; FeCuBaPb; FeSrSbBaPb; FeCuSbBaPb;FeSbBa; FeSbBaPb

    Minao B220 (1) BaFe

    Tabela 1: Elementos comuns a GSR encontrados em algumas pastilhas de freio nacionais

    As partculas derivadas dosfreios normalmente so maiores eapresentam elementos como Fe, Cu,Zn, Mg e Sr. Alguns desses elemen-tos, como Cu e Zn, embora tambmpossam ser encontrados em amos-

    tras de GSR, nas amostras de freioencontram-se em quantidade rela-tiva incompatvel com as ligas utili-zadas nos estojos (Cu < Zn). Almdisso, a alta incidncia de Fe no comum em GSR.

    Agradecimentos: Ao CNPq, pelo auxilio con-cedido (nos. 52.0188/03-9 e 52.0184/03-3) es oficinas mecnicas que cederam o materialpara esse trabalho.

    Referncias[1] G.M. Ingo, M. DUffizi, G. Falso, G. Bultrini, G. Pa-deletti. Thermochimica Acta 418 (2004) 6168.

    [2] B. Cardinetti, C. Ciamprini, C. DOnofrio, G. Or-lando, L. Gravina, F. Ferrari, D. DI Tullio and L. Torre-si. Forensic Science International 143 (2004) 1-19.

    [3] L. Garofano, M. Capra, F. Ferrari, G. P. Bizza-ro, D. Di Tullio, M. DellOlio and A. Ghitti. Forensic

    Science International 103 (1999) 1-21.

    A anlise e identificao de GSR porMEV/EDS deve levar em consideraoa morfologia e composio qumica daspartculas como um todo na amostra.

    1 Instituto Militar de Engenharia, Rio de J aneiro, RJ ;2 Instituto de Biofsica Carlos ChagasFilho, Universidade Federal do Rio de J aneiro; 3 Escola Naval - Marinha do Brasil, Rio de

    J aneiro, RJ ; 4 Instituto de Criminalstica Carlos Eboli, Rio de Janeiro;5Laboratrio Central,Departamento de Polcia Tcnica, Salvador, BA; 6 COPPE, Universidade Federal do Rio

    de J aneiro, Rio de J aneiro, RJ ;7

    Universidade Estadual do Norte Fluminense.

    26

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE: ANDREA MARTINY1,2; ANDR L. PINTO1; LADRIODA SILVA3; ANDREA PORTO CARREIRO4; JORGE B. DOS SANTOS5; MRCIA SADER6; FLVIO C. MIGUENS7

  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    27/36Percia Federal

    Introduo

    Adeterminao da presenade resduos de tiros fun-

    damental para uma inves-tigao eficaz e conclusiva.

    GSR so indcios importantes em cri-mes violentos e podem ser encontra-dos nas mos de um indivduo ou emobjetos prximos ao disparo [1]. GSRtm sido amplamente estudados [2], eh um consenso de que a maioria daspartculas formadas so esfricas, dedimetro variando entre 1 e 10 m. Po-rm, partculas menores, e caracters-

    ticas de GSR, so detectadas. Umapartcula identificada como oriundade um tiro se nesta so encontradosos elementos Pb, Ba e Sb. A tcnicamais utilizada nesse tipo de pesquisa a Microscopia Eletrnica de Varredura(MEV). Poucos estudos foram realiza-dos utilizando MET [3,4]. Estes relatamque possvel caracterizar partculastpicas de um GSR com dimenses de

    at 2 nm, no podendo ser observadas

    atravs da tcnica padro que utiliza aMEV. Dentro desse contexto, foi inicia-do o estudo de nanopartculas GSR via

    MET combinada com a Espectrosco-pia de Energia Dispersiva de Raios-X(XEDS), no intuito de formular examepadro para determinar se houve pro-duo de tiro, bem como identificar otipo de munio utilizada.

    Procedimento ExperimentalAs amostras foram coletadas numa

    grade com um dimetro de 3 mm, dis-posta na mesma altura do atirador,

    perpendicular linha de tiro, estando asuperfcie dessa grade perpendicularao plano do piso. A distncia da gradeat o atirador um parmetro vari-vel: do mais prximo possvel, ou seja,da distncia na qual a grade no sofredeformaes devido nuvem gasosaque se forma no momento do tiro, atuma distncia mais afastada na qualainda seja possvel observar uma den-

    sidade razovel de partculas. A de-

    terminao dessas distncias depen-de do tipo de munio utilizada. Apsa coleta, as amostras foram observa-

    das em um Microscpio Eletrnico deTransmisso J EOL 2010, operando a200kV. Imagens em campo claro e emcampo escuro foram obtidas por umacmera CCD da marca Gatan. A figu-ra de difrao foi registrada diretamen-te em um negativo. A composio daspartculas foi determinada no sistemaXEDS acoplado ao microscpio.

    Resultados

    Vrias partculas de diferentes for-mas e tamanhos foram observadas,confirmando a existncia de partculasGSR com dimetro inferior a 1m.

    A Figura 1 exibe duas partculas,designadas A e B. Essas partculasso, na verdade, aglomerados. Par-tcula A, exibida nas figuras 2a e 2b(campo claro e campo escuro, respec-tivamente) um exemplo de partcula

    que no apresenta uma forma esfri-

    Estudo de resduos de tirovia microscopia eletrnica de transmisso (MET)

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE: ANDREA PORTO CARREIRO (INST. DE CRIMINALSTICA CARLOS BOLI); SOLRZANO, I. G. (PUC/RJ); E ANDRL. PINTO (IME)

    27

    Neste trabalho,

    a MET utilizada para

    caracterizar resduos de tiro

    (Gunshot Residue GSR). Partculas

    isoladas e aglomeradas foram observadas,

    de diferentes formas, com tamanhosdiversos variando de trs

    ordens de grandeza a

    partir de 2 nm

  • 7/30/2019 Ed22 Novos Rumos Da Balistica Forense

    28/36Percia Federal

    Agradecimentos: Este trabalho financiado pelo Projeto Plvora(CNPq) atravs do Contrato 520188/03-9.

    Referncias

    [1] Tochetto, D. Balstica Forense, Ed. Millennium, Campinas, 2003.

    [2] A. J . Schwoeble e D. L. Extline, Current Methods in Forensic GSR Analysis CRC Press LLC (2000)

    [3] M. Kijck, U. Bloeck, D. Su e M. Giersig, TEM- study of Gunshot Residue, Eur. J Cell Biol. 74 Suppl 45 (1997) 121.

    [4] C. A. Zona, The Analysis of Nyclad Ammunition Discharge Residues Using Transmission Electron Microscopy and Polarized Light Microscopy, Micros-

    cope vol 44:1 (1996) 11.

    Figura 1 Imagem em campo claro dos aglomerados denomi-nados A e B

    ca, e que de fato um aglomerado de nanopartculas. Fi-gura 2c o correspondente espectro EDS, com os picosindicando a presena dos elementos Pb, Ba e Sb, caracte-rizando uma partcula tpica de um resduo de tiro.

    ConclusoForam caracterizadas nanopartculas oriundas de um

    tiro atravs da Microscopia Eletrnica de Transmisso. Acapacidade de se trabalhar no nvel molecular permite oentendimento sem precedentes de propriedades funda-mentais na matria, as quais podem ser utilizadas parasolucionar questes inclusive na rea de segurana pbli-ca. A continuidade do trabalho consiste na formulao deum exame padro para aplicao em casos reais.

    Figura 2 Aglomerado A; (a) imagem em campo claro; (b) ima-gem em campo escuro destacando reas com nanoparticulas;(c) espectro EDS

    28

    ESPECIAL BALSTICA FORENSE: ANDREA PORTO CARREIRO (INST. DE CRIMINALSTICA CARLOS BOLI); SOLRZANO, I. G. (PUC/RJ); E ANDR L. PINTO (IME)

    B

    A

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    29/36Percia Federal 29

    Depois de pronta, a nova sede doInstituto Nacional de Criminalstica(INC) apresentou resultados bastantepositivos para a Percia Criminal Federal. Se,

    por um lado, havia grande expectativa comos laboratrios e equipamentos que foramadquiridos, agora, com a sede j funcionando,um outro espao tambm vem se mostrandoimportante para a melhor formao dos profis-sionais da Polcia Federal: o auditrio do INC.

    Com o novo espaoficou mais fcil orga-nizar seminrios, proporcionando uma atua-lizao mais constante do corpo de peritosdo DPF. Prova disso a lista de primeirosseminrios realizados ao longo de 2005,que abordaram todas as reas periciais,como as de geoprocessamento, documen-toscopia, crimes financeiros, engenharia

    civil, gemologia, valorao de danos am-bientais, coleta de vestgios para exame deDNA, percias em informtica, radioprote-o e segurana nuclear, entre outros.

    Mais uma vez temos a felicidade de verreivindicaes antigas de nossa categoria,como a melhor capacitao dos peritos, sen-do atendidas, comemora o presidente da

    Associao Nacional dos Peritos CriminaisFederais, Antnio Carlos Mesquita. Essesseminrios so de grande valia para a trocade experincias e contedos entre peritos dediferentes geraes e localidades.

    A contribuio do auditrio para a forma-o dos peritos pode ter surpreendido muitagente, mas no o diretor tcnico-cientficodo DPF, Geraldo Bertolo. H muito tempo jidentificvamos a falta de um espao fsicopara nos ajudar a definir, de forma coletiva,as padronizaes de procedimentos e meto-dologias a serem adotados, explica Bertolo.

    Crimes financeirosEntre 17 e 21 de outubro, o auditrio foi

    palco do mais importante encontro j reali-

    zado no Brasil entre peritos especialistas nocombate a crimes financeiros. O I Seminriosobre Percias em Crimes Financeiros discu-tiu diversas questes vinculadas preveno

    e ao combate aos crimes financeiros, comfoco na constituio da prova material.

    Eventos dessa natureza so fundamen-tais no atual momento poltico brasileiro,repleto de graves denncias de corrupoque, muitas vezes, so questionadas pelafalta do respaldo da prova material, avalia oPCF Eduardo Siqueira Costa Neto, um dosorganizadores do seminrio. Palestrantesaltamente qualificados deram a tnica do se-minrio, que contou com apresentaes deprofissionais brasileiros e estrangeiros.

    Na abertura quem falou foi o ministro doSuperior Tribunal de J ustia Gilson Dipp, au-

    toridade que tem dado grande contribuiopara o combate a esse tipo de crime. Numadas mais importantes palestras ministradas

    Os primeiros seminrios

    da nova sedeCom o novo auditrio, o INC disponibiliza espao

    para atualizar constantemente os servidores do DPF

    SEMINRIOS: PEDRO PEDUZZI

    Palestra do PCF ClnioGuimares Belluco, duranteo I Seminrio de Perciasem Crimes Financeiros

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    30/36Percia Federal

    no evento, o ministro deixou clara a necessi-dade de uma atuao proativa da percia, quecomearia desde o incio do processo inves-tigatrio e que seja concomitante conduodo inqurito. necessrio que o delegadoesteja com o perito desde o incio, podendo,dessa forma, proporcionar uma investigaomais ampla e moderna, defendeu.

    Isso resultaria numa otimizao dosgastos de energia e de recursos. Se essaprtica fosse sistematicamente adotada, aarrecadao de documentos e objetos ne-cessrios obteno da prova material, porexemplo, seria mais seletiva, evitando-seproblemas como os de documentos que noforam, mas deveriam ter sido arrecadados,e de documentos e objetos arrecadadosdesnecessariamente, argumenta o P CFRoberto Larrubia.

    O seminrio permitiu que importantes

    autoridades estrangeiras como os agentesespeciais do Departament of Homeland Se-curity (DHS/EUA), Charles Allen e Rory Hale,e o adido da Polcia francesa, Daniel Rippoll passassem muito de suas experincias aosperitos criminais federais e para outros inte-grantes da platia, constituda por promoto-res de J ustia, procuradores da Repblica,servidores da Polcia Federal e de rgospalestrantes, como Banco Central, Tribunalde Contas da Unio (TCU), Ministrio PblicoFederal, Conselho de Controle de AtividadesFinanceiras (COAF) e Receita Federal.

    O objetivo de nivelar o conhecimento

    dos peritos da rea foi plenamente atendido.Avanamos muito em termos de padroniza-o das tcnicas e metodologias, graas apresentao do diretor tcnico-cientfico doDPF, Geraldo Bertolo, avalia o PCF EduardoSiqueira, que tambm elogiou a palestra dopresidente do COAF, Antonio Gustavo Rodri-gues. Ele apresentou, de uma forma extre-mamente didtica, uma interessante visosobre a importncia e a funo das unidadesfinanceiras de inteligncia. Cabe ao COAFrepassar informaes, como movimenta-es financeiras suspeitas, s autoridadescompetentes. Com o seminrio ser possvel

    estreitar ainda mais a relao entre a PerciaCriminal Federal e a entidade.A preocupao e a metodologia adotada

    pelo COAF, no sentido de diferenciar opera-es atpicas que no so necessariamenteirregulares, foram elogiadas pelo chefe de

    perincia para os peritos recm-empossados,avalia. o caso do PCF Fabiano MachadoPeres, que, durante o seminrio, tinha apenas

    trs meses de percia, e j havia identifi

    cadogrande demanda da J ustia por quantificarprejuzos nas reas investigadas. Este o pri-meiro seminrio do qual participo no DPF, masacho que por tratar de um assunto novo todosacabaram aprendendo muito, comenta.

    I Seminrio de Geoprocessamento I Seminrio de Documentoscopia I Seminrio de Radioproteo I Seminrio de Percias em Crimes Financeiros I Se-minrio de Valorao de Danos Ambientais I Seminrio de Documentoscopia I Seminrio de Radioproteo e Segurana Nuclear I Seminrio de Coleta deVestgios para Exame de DNA III Seminrio de Percias de Engenharia Civil Curso de Geoprocessamento a Distncia Curso de Geoprocessamento Pre-sencial Seminrio de Geoprocessamento Integrao e Desenvolvimento Profissional Curso de Estatstica Descritiva Curso Avanado de RepresentaoFacial Humana Curso de Estudo da Metodologia Informatizada de Confronto de Impresses Digitais Oficina para Multiplicadores do Guia de SimplificaoLegislao de Pessoal Curso de Gemologia - Mdulos I e II Seminrio de P ercias de Engenharia Civil Seminrio sobre Crimes F inanceiros Ofici-na de Auto-avaliao Elaborao e Gerenciamento de Projetos Seminrio de DNA Seminrio de Percias de Informtica Melhoria da Gerncia Pblica

    Treinamentos oferecidos pela DITEC em 2005

    A DITEC e o INC fizeram uma justahomenagem quele que, por unani-midade, considerado no Brasil comoo melhor perito de todos os tempos.

    Deu o nome do perito criminal federalaposentado, Antnio Carlos Villanova,91 anos, ao auditrio do INC, em ceri-mnia realizada no dia 5 de dezembro.Villanova entrou para o DPF em 1937.Engenheiro qumico, foi diretor doInstituto de Criminalstica do Departa-mento Federal de Segurana Pbl