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análise de poemas, biografias, retratoTRANSCRIPT
1
Eu não escrevo português. Eu escrevo eu Mesmo
Dossiê Temático
Imagem por Helena Duarte
FERNANDO ANTÓNIO NOGUEIRA PESSOA
2
3
Agrupamento das escolas de Albufeira
Disciplina de Português
“Eu não escrevo em português.
Escrevo eu mesmo.” (Fernando Pessoa)
Helena Duarte 12ºF nº12
Dossiê Temático
Professora Isabel Fernandes
Albufeira, 20 de Novembro de 2012
4
ÍNDICE
Introdução....................................................................................................................pág.5
O início... .....................................................................................................................pág.6
....................................................................................................................pág.7
Modernismo.................................................................................................................pág.8
...................................................................................................................pág.9
Em memória de Pessoa...............................................................................................pág.10
..............................................................................................pág.11
Heterónimos................................................................................................................pág.12
....................................................................................................pág.13
Alberto Caeiro.....................................................................................................pág14
....................................................................................................pág.15
Ricardo Reis.........................................................................................................pág.16
........................................................................................................pág.17
.......................................................................................................pág.18
.........................................................................................................pág.19
Álvaro de Campos...............................................................................................pág.20
. ...............................................................................................pág.21
Conclusão.................................................................................................................. pág.22
Bibliografia..................................................................................................................pág.23
......................................................................................................................pág.24
......................................................................................................................pág.25
5
INTRODUÇÃO
O tema deste dossier temático é “Fernando Pessoa” e escolhi-o por ser um tema
que tem mais que falar em relação aos outros temas propostos.
Nunca fiz um dossiê temático, não sabia como elabora-lo, pois não queria algo
muito simples ou pouco ineressante, ou mesmo o que era esperado dele, mas
depois de ver outros trabalhos do género, percebi o que era então pedido.
Não foi fácil toda esta pesquisa, demorei muito tempo, não só a tentar descobrir
uma informação específica, principalmente nas fotografias, mas também na sua
própria elaboração, porque apesar de estar simples, ainda que com algumas coisas
engraçadas, aconteceram muitos imprevistos, um deles relacionado com o facto de
não ter colocado desde início uma ordem lógica na sequência dos temas
abordados.
Mas, espero que tenha valho o esforço e o tempo!
6
O inicío... Fernando António Nogueira
Pessoa, nasceu em Lisboa,no 4º
andar da casa da figura [2] em
1888 e a placa da figura [4] foi
inaugurada no trigésimo
aniversário do poeta.
Na figura [1] estão
representados os pais de Pessoa,
a sua mãe, Maria Magdalena e o
seu padrasto e a na figura [3]
está Fernando Pessoa depois de
nascer ao lado da sua mãe.
Por volta dos dez anos [6], é
quando ele viaja com a família
para Durban depois da morte do
seu pai aos cinco anos de idade e
da sua mãe se ter casado pela
segunda vez.
Quando chegaram à África do
Sul, instalaram-se na Ridge Road,
um lugar pouco civilizado para
quem acabava de chegar a África
e a casa da imagem [7] foi a sua
primeira casa. Na imagem [8],
encontramos Fernando Pessoa,
com 16 anos, com a família em
Durban, África do Sul.
Depois dos seus estudos bem
sucedidos na universidade em
África , decide então voltar
definitivamente a Portugal e é
quando começa a travar relações
com escritores famosos. Inicia a
sua atividade de ensaísta e
crítico literário com alguns
artigos publicados na revista
“Águia” [9], um pouco depois
participa então na revista
literária “Orpheu”[10] e mais
tarde lançou a revista
“Athena”[12].
Por fim, lança o seu primeiro e
único livro “A Mensagem”[11]
em 1934 e em 1935 é internado
com cólica hepática.
[1]
[2]
[3] [4]
[5]
[6]
[3]
[4]
7
[7]
[8]
[10]
[9]
[13]
[7]
[12]
[11]
8
O Modernismo Entre década de 80 do século XIX e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), surge o Modernismo, a traduzir a
inquietude de uma época em crise e com grande agitação social em que as diversas correntes estéticas procuram
a novidade contra o estabelecido, numa clara reação aos vlores e aos sistemas políticos, sociais e filosóficos em
vigor. Umas de carácter novi-romântico, permitem movimentos tradicionalistas como o neogarretismo, o
nacionalismo e o integralismo; outras, procurando separar-se da burguesia e do seu materealismo, tentam a
rutura, apregoando a liberdade criadora, o cosmopoltismo, a originalidade, as formas de expressão capazes de
traduzir uma nova realidade. Estas novas experiências, denominadas de Vanguarda, irão contruir o Modernismo,
que abrange ou recobre diversos ismos: futurismo, cubismo, impressionismo, dadaísmo, expressionísmo,
interseccionismo, palismo, sensacionismo, entre outros.
Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, entre outos, (primeiro grupo modernista) que
iniciaram no saudosismo, transitaram rapidamente para o Modernismo levando com eles todas as inflûencias das
correntes estéticas e filosóficas europeias, vendo mais tarde a sua ação prosseguida e esclarecida pelo grupo
Presença (segundo modernismo). Com eles surge a revista Orpheu, a traduzir as novas ideias.
9
Calendários de Pessoa- Quim Bica
Fernando Pessoa- Almada Negreiros
Retrato de Pessoa- Júlio Pomar (escultor e
pintor)
Estátua de bonze de Fernando Pessoa- Chiado, Lisboa
Retrato de Pessoa- Alberto Cutileiro
1935
Caricatura de F.P. feito pelo companheiro
de Almada Negreiros 1915
Pitura de Júlio Pomar
10
Entrevista que mostra o quanto Fernando Pessoa ainda é importante e
como ele mudou a vida de alguém
http://videos.sapo.ao/GcyGoge9nwCuAjYrgQyB
Decomentário sobre a vida e obras lierárias
http://www.youtube.com/watch?v=ZL8bhv5DjQ8
Video biográfico de Fernando Pessoa
http://www.youtube.com/watch?v=zcerHYMeFVU
Decomentário sobre a vida de Pessoa
http://www.youtube.com/watch?v=i6jAcPeY-p0&feature=related
Decomentário sobre a F.P. e a sua importância
http://www.youtube.com/watch?v=ZL8bhv5DjQ8
Anúncio:
“O conhecido apresentador e humurista brasileiro Jô Soares vai apresentar em Portugal um
espetáculo baseado nos poemas de Fernando Pessoa.
O espetáculo é baseado no CD remix em Pessoa e decorrerá de 29 de Janeiro a 7 de Fevereiro
no Teatro Villaret, em Lisboa.”
[12]
Em memória de Pessoa
11
Fig.[1]
Fig.[2]
Fig.[1]
Fig.[5]
Fig.1 Entrevista à irmã de Pessoa após a sua morte.
Fig.2. Artigo de revista ”Segredos de Fernando Pessoa e outros”.
Fig.3 Revista em que foram publicados dois artigos sobre Pessoa.
Fig.4 Cartaz publicitário.
Fig.5 Artigo de jornal “40 anos sem Fernando Pessoa”.
Fig.6 Artigo de jornal ácerca da Biblioteca de Fernando Pessoa/Casa Fernando Pessoa.
Fig.7 CD de poemas cantados de Fernando Pessoa.
Fig.8 Artigo de revista sobre F.P. “Eu ser descoberto em 2198”
Fig.[2]
Fig.[3]
Fig.[4]
Fig.[3]
Fig.[5]
Fig.[6]
Fig.[7]
Fig.[8]
12
A origem dos meus heterónimos é o fundo traço de histeria que existe em mim.
Não sei se sou simplesmente histérico, se sou, mais própriamente, um histero-
neurasénico.
“
”
13
esde criança que tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício,
de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem
entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas
cousas, como em todas, não devemos ser dogmáticos.)
Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar
mentalmente, em figura, movimentos, carácter e história, várias figuras irreais que eram
para mim tão visíveis e minhas como as cousas daquilo a que chamamos, porventura
abusivamente, a vida real.
Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um eu, tem-me acompanhado
sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando
nunca a sua maneira de encantar.
Lembro, assim, o que me parece ter sido o meu primeiro heterónimo, ou, antes, o meu
primeiro conhecido inexistente- um certo Chevalier de Pas dos meus seis anos, por quem
escrevia cartas dele a mim mesmo, e cuja figura, não inteiramente vaga, ainda conquista
aquela parte da minha afeição que confina com a saudade.
(...) Cousas que acontecem a todas as crianças? Sem dúvida - ou talvez. Mas a tal ponto as
vivi que as vivo ainda, pois que as relembro de tal modo que é mister um esforço para me
fazer saber que não foram realidade.
Esta tendência para criar em torno de mim um outro mundo, igual a este mas com outra
gente, nunca me saiu da imaginação. Teve várias fases, entre as quais esta, sucedida já em
maioridade. Ocorria-me um dito de espírito, absolutamente alheio, por um motivo ou
outro, a quem eu sou, ou a quem suponho que sou.
Dizia-o, imediatamente, espontaneamente, como sendo de certo amigo meu, cujo nome
inventava, cuja história acrescentava, e cuja figura- cara, estaura, traje e gesto-
imediatamente eu via dentro de mim. E assim arranjei, e propaguei, vários amigos e
conhecidos que nunca existiram, mas que ainda hoje, a perto de trinta anos de distância,
D
Carta de F.P. “A Adolfe Casais Monteiro”
oiço, sinto, vejo. Repito: oiço, sinto, vejo… E tenho saudades deles. (...)
14
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
“... Caeiro, por pura e inesperada inspiração, sem saber ou sequer calcular o
que iria escrever.”
Alberto Caeiro da Silva nasceu a 16 de Abril de 1889, foi uma personagem ficcional
(heterónimo) criada por Fernando Pessoa, sendo considerado o Mestre Ingenuo dos
Heterónimos, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, e do seu própri autor. Apresentava uma
estatura média, era loiro, fágil e tinhas olhos azuis, viveu a maior arte da sua vida no
campo, daí só er a instrução primária e de se apresentar como um simples “Guardador
de Rebanhos”.
Faz poesia involuntáriamente, pois é a sua maneira de estar sózinho e a sua lindguagem é
simples(escreve como fala), familiar e denotaiva, as frases pouco elaboradas com a
utilização de comparaçoes, enumerações e assindetos, utiliza o polissindeto em
detrimento do assíndoto, versos soltos e os verbos no presente do indicaivo demonstram
que ele só vive o presente.
É o poeta da natureza, identifica-se com ela e vive de acordo com as suas leis, que
despresa e repreende qualquer tipo de pensamento filosófico afirmando, que pensar
altera realidade (“pensar é estar doente dos olhos”). Vive da simplicidade, para ele só
interessa o que os nossos olhos vêm, e por isso vive das impressões, principalmente
visuais preferindo a objetividade.
Alberto Caeiro...
Fernando Pessoa
(de O Guardador de Rebanhos, XXIV)
15
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Com um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes,
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos.
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima
da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu
pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas
ideias,
Eu olhando para as minhas ideias e vendo o meu
rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não
compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predilecta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer coisa natural
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de
brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.
I
“O Guardador de Rebanhos, I”
16
Ricardo Reis é um dos ma importantes heterónimos de Fernando Pessoa, tendo sido
imaginado quando veio à ideia do outor escrever uns poemas de índole pagã.
Nasceu a 19 de Setembro de 1887, era moreno, ligeiramente mais baixo que Alberto Caeiro,
magro, tinha o cabelo liso e era médico. Viveu no Brazil desde 1919, pois se expatriou
espontaneamente para ser monárquico. É um lanitista por formação clássica e um semi-
helenista por educação própria tendo estudado num colégio de jesuítas.
As suas obras revelam um purismo exagerado, uma linguagem complexa, culta e precissa sem
qualquer marca de espontaniedade, com principal recurso ao hipérbato, comparações,
latinismos e metáforas, utiliza a ode e o versilibrismo e empregamonólogos.
Este poeta é um moralista, tanto que emprega o gerundio e o imperativo nos seus poemas que
revelam um tom exortativo, e um clássico a nível de estilo pois faz dos gregos o modelo de
sabedoria.
Opõe a moral pagã à cristã uma vez que considera a primeira moral de orientação e de
disciplina, e a segunda como uma moral de renuncia e desapego, tem noça da efemeridade da
vida e recusa dor (epicurismo), por isso, considera que a sabedoria consiste em aproveitar o
momento (carpe iem horaciano ), isto é, gozar a vida moderadamente, através do exercício da
razão (estoicismo) pois só assim conseguiremos alcançar e tranquilidade(ataraxia) e
serenidade(eudemonismo).
Ricardo Reis...
“Dr. Ricardo Reis. É que os seus poemas são medicamento para a
individalização da tragédia”
António Azevedo, Fernando Pessoa- Outramento e heteronímia, Lisboa, Instituto Piaget, 2005
Senta-te ao sol.
Abdica.
E sê rei de ti próprio.
Ricardo Reis
17
Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.
Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.
Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.
Tenho mais almas que uma
Temo, Lídia, o destino. Nada é certo.
Em qualquer hora pode suceder-nos
O que nos tudo mude.
Fora do conhecido é estranho o passo
Que próprio damos. Graves numes guardam
As lindas do que é uso.
Não somos deuses; cegos, receemos,
E a parca dada vida anteponhamos
À novidade, abismo.
Temo, Lídia, o destino. Nada é certo
Súbdito inútil de astros dominantes,
Passageiros como eu, vivo uma vida
Que não quero nem amo,
Minha porque sou ela,
No ergástulo de ser quem sou, contudo,
De em mim pensar me livro, olhando no alto
Os astros que dominam
Submissos de os ver brilhar.
Vastidão vã que finge de infinito
(Como se o infinito se pudesse ver!) —
Dá-me ela a liberdade?
Como, se ela a não tem?
Vivo uma Vida que não Quero nem Amo
Poemas de Ricardo Reis, Odes
18
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o o bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio
19
O poema está dividido em quatro partes:
-a primeira parte são as duas primeiras estrofes, que nos falam da
efemeridade da vida. (“sossegadamente fitemos o seu curso e
aprendamos/que a vida passa”)v.2 e 3
Existe uma comparação entre o destino do nosso caminho e o
destino do percurso do rio, que acaba por ser o mesmo, a morte,
e que por isso é inútil assumir um compromisso. Estão presentes
também nestas estrofes, alguns elementos clássicos como
ambiente bucólico, a Lídia e o papel do Fado.
- a segunda parte é composta pela terceira e quarta estrofe, que
falam e explicam a inutilidade de assumir um compromisso.
(“Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos”)
v.9 O desenlaçar as mãos são o símbolo da recusa do
compromisso e a recusa dos amores, ódios e paixões que
levantam a voz (verso 13) são o símbolo da recusa consciente de
qualquer tipo de excesso de emoções (estoicismo).
Temos ainda a ataraxia presente no verso 12 (“E sem
desassossegos grandes.”).
O sujeito-poético faz realçar a morte como a única certeza do
nosso percurso (“porque se os tivesse, o rio sempre correria/e
sempre iria ter ao mar.”)v.15 e 16
- a terceira parte são a quinta e a sexta estrofe, que são a procura
da serenidade. Os versos 17 (“Amemo-nos tranquilamente”) e 21
(“Colamos flores”) são exemplos da ataraxia/eudemonismo, o
verso 18 e 19 (“Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e
carícias,/Mas que mais vale estarmos sentados um ao pé do
outro”) é um exemplo de estoicismo e os versos 22 e23 (“No
colo, que o seu perfume suavize o momento-/Este momento em
que sossegadamente na cremos em nada,”).
O locutor faz como se um apelo ao controlo as emoções pois elas
são motivo de sobressaltos.
- e por fim, a última parte são as duas últimas estrofes que são a
aceitação da morte.
A aceitação pacífica da morte é consequência da desistência de
lutar pela vida. Assim, a morte não deve ser motivo de
sofrimento, pois nunca se “viveu” e, precisamente porque a vida
passa, não assumamos compromissos.
Nestas estrofes está presente o estoicismo pela aceitação das leis
do destino e pela abdicação de lutar.
Análise do Poema
20
Álvaro de Campos nasceu a 15 de Outubro de 1890 por um “impulso para escrever”,
sendo o mais parecido com Fernando Pessoa.
Tinha 1,75cm, era magro, moreno tipo judeus de cabelo liso e risco ao lado e com um
monóculo. Recebeu um tipo de ducação normal, de liceu e tirou engenheiria mecânica e
naval.
O seu drama concretiza-se num apelo dilacerante entre o amor do mundo e da
humanidade. É uma espécie de frustração total feita de incapacidade de unicar em
sipensamento e sentimento, mundo exterior e mundo interior. Revela como Pessoa a
mesma inadaptação à existência e a mesma demissão da personalidade íntegra querend
ser “toda a gente e toda a parte”.
A obra de Campos passa por três fases: a decadentista- que exprime o tédio, o cansaço e
a necessidade de novas sensações; a futurista e a sencionista-que se caracteriza pela
exaltação da energia, de “todas as dinâmicas” e da velocidade e da força até situções de
paroxismo e a intimista ou da abulia- que perante a incapacidade das realizações, traz de
volta o abatimento.
Utiliza uma linguagem em estilo torrencial, nervoso e exuberante, com marcas da
oraliade, expressa o mundo do progresso técnico, dessa “nova revelação metálica e
dinâmica de Deus”. Recorre à mistura de níveis de lingua, apresenta desvios sintáticos,
construções nominais no infinito e no gerundio, excamações, intergeições e pontuação
emotiva. Predominam os versos livres, muitas vezs longos com assoâncias, onomatopeias,
aliterações, e numerações excessivas e utiliza ainda, vários recursos tais como metáfora,
oxímoros, personificações e hipérboles.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Álvaro de Campos... “Álvaro de Campos, de entre os três heterónimos fundamentais do
“drama em gente”, é o mais labirosamente fabricado.”
A minha vida dava um livro (Fernando Pessoa), João Simões, Lisboa, Texto Editora, 2011
Álvaro de Campos, Ode Triunfal
21
Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...
Não, não é cançasso...
Álvaro de Campos
22
CONCLUSÃO
Não tinha noção da quantidade de informação que exista ácerca de Fernando Pessoa, ele
está presente em tudo um pouco. Encontrei livros dedicados a ele, pinturas, esculturas,
monumentos, artigos, entrevistas à cerca dele, músicas, textos, decomentérios,
reportagens, entre outros, e isto não são apenas documentos sobre a sua biografia,
porque só disso deve estar o Google cheio, mas de agradecimentos, elogios, críticas,
memórias e criações a partir dele ou mesmo do seu trablho. Não tenho dúvida alguma de
que Fernando Pessoa é sem dúvida um grande poeta.
Esperava ter tido mais tempo, ter enconrado mais informação, ter feito “brincadeiras”
com a informação recolhida, com o seu retrato ou mesmo com as suas óbras, ter feito
muitos mais estúdos sobre este tema, e enfim, em suma, gostaria de ter aprofundado mais
certas questões outras que não mencionei no trabalho.
Adorei a experiência, o próximo sairá melhor espero.
23
BIBLIOGRAFIA http://www.c2com.up.pt/blog/muitaletra/arquivos/008782.html http://ogrifoemeu.com/tag/fernando-pessoa/
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ditorcriacao.com.br/cultura/artigos/ver/110/fernando-pessoa-e-o-corpo-sublime-da-
poesia&docid=5ic3BvEFEbEwlM&imgurl=http://www.editorcriacao.com.br/gerenciadorEditor/
app/webroot/img/img-materia/imagem-
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de.html&docid=17OGX_fqPCObJM&imgurl=http://2.bp.blogspot.com/-dcrzU-
Kf69Q/TrygDhe0WPI/AAAAAAAACsI/ycOFGPrdOkw/s1600/com%252Bsua%252Bm%252525C3
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109&start=0&ndsp=51&ved=1t:429,r:7,s:0,i:103&tx=38&ty=93
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PT&tbo=d&biw=1706&bih=888&tbm=isch&tbnid=k94GhrlKjGKhcM:&imgrefurl=http://www.p
assoslargos.pt/zonas/lisboa/chiado/&docid=ZRx1R5_ktDA6jM&imgurl=http://www.passoslarg
os.pt/files/2011/11/TeatroSaoCarlos.jpg&w=700&h=525&ei=L1C2UMnSG4K5hAeyjIF4&zoom=
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