dossier temático- fernando pessoa 1p

25
1 Eu não escrevo português. Eu escrevo eu Mesmo Dossiê Temático Imagem por Helena Duarte FERNANDO ANTÓNIO NOGUEIRA PESSOA

Upload: helena-duarte

Post on 24-Mar-2016

253 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

análise de poemas, biografias, retrato

TRANSCRIPT

Page 1: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

1

Eu não escrevo português. Eu escrevo eu Mesmo

Dossiê Temático

Imagem por Helena Duarte

FERNANDO ANTÓNIO NOGUEIRA PESSOA

Page 2: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

2

Page 3: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

3

Agrupamento das escolas de Albufeira

Disciplina de Português

“Eu não escrevo em português.

Escrevo eu mesmo.” (Fernando Pessoa)

Helena Duarte 12ºF nº12

Dossiê Temático

Professora Isabel Fernandes

Albufeira, 20 de Novembro de 2012

Page 4: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

4

ÍNDICE

Introdução....................................................................................................................pág.5

O início... .....................................................................................................................pág.6

....................................................................................................................pág.7

Modernismo.................................................................................................................pág.8

...................................................................................................................pág.9

Em memória de Pessoa...............................................................................................pág.10

..............................................................................................pág.11

Heterónimos................................................................................................................pág.12

....................................................................................................pág.13

Alberto Caeiro.....................................................................................................pág14

....................................................................................................pág.15

Ricardo Reis.........................................................................................................pág.16

........................................................................................................pág.17

.......................................................................................................pág.18

.........................................................................................................pág.19

Álvaro de Campos...............................................................................................pág.20

. ...............................................................................................pág.21

Conclusão.................................................................................................................. pág.22

Bibliografia..................................................................................................................pág.23

......................................................................................................................pág.24

......................................................................................................................pág.25

Page 5: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

5

INTRODUÇÃO

O tema deste dossier temático é “Fernando Pessoa” e escolhi-o por ser um tema

que tem mais que falar em relação aos outros temas propostos.

Nunca fiz um dossiê temático, não sabia como elabora-lo, pois não queria algo

muito simples ou pouco ineressante, ou mesmo o que era esperado dele, mas

depois de ver outros trabalhos do género, percebi o que era então pedido.

Não foi fácil toda esta pesquisa, demorei muito tempo, não só a tentar descobrir

uma informação específica, principalmente nas fotografias, mas também na sua

própria elaboração, porque apesar de estar simples, ainda que com algumas coisas

engraçadas, aconteceram muitos imprevistos, um deles relacionado com o facto de

não ter colocado desde início uma ordem lógica na sequência dos temas

abordados.

Mas, espero que tenha valho o esforço e o tempo!

Page 6: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

6

O inicío... Fernando António Nogueira

Pessoa, nasceu em Lisboa,no 4º

andar da casa da figura [2] em

1888 e a placa da figura [4] foi

inaugurada no trigésimo

aniversário do poeta.

Na figura [1] estão

representados os pais de Pessoa,

a sua mãe, Maria Magdalena e o

seu padrasto e a na figura [3]

está Fernando Pessoa depois de

nascer ao lado da sua mãe.

Por volta dos dez anos [6], é

quando ele viaja com a família

para Durban depois da morte do

seu pai aos cinco anos de idade e

da sua mãe se ter casado pela

segunda vez.

Quando chegaram à África do

Sul, instalaram-se na Ridge Road,

um lugar pouco civilizado para

quem acabava de chegar a África

e a casa da imagem [7] foi a sua

primeira casa. Na imagem [8],

encontramos Fernando Pessoa,

com 16 anos, com a família em

Durban, África do Sul.

Depois dos seus estudos bem

sucedidos na universidade em

África , decide então voltar

definitivamente a Portugal e é

quando começa a travar relações

com escritores famosos. Inicia a

sua atividade de ensaísta e

crítico literário com alguns

artigos publicados na revista

“Águia” [9], um pouco depois

participa então na revista

literária “Orpheu”[10] e mais

tarde lançou a revista

“Athena”[12].

Por fim, lança o seu primeiro e

único livro “A Mensagem”[11]

em 1934 e em 1935 é internado

com cólica hepática.

[1]

[2]

[3] [4]

[5]

[6]

[3]

[4]

Page 7: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

7

[7]

[8]

[10]

[9]

[13]

[7]

[12]

[11]

Page 8: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

8

O Modernismo Entre década de 80 do século XIX e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), surge o Modernismo, a traduzir a

inquietude de uma época em crise e com grande agitação social em que as diversas correntes estéticas procuram

a novidade contra o estabelecido, numa clara reação aos vlores e aos sistemas políticos, sociais e filosóficos em

vigor. Umas de carácter novi-romântico, permitem movimentos tradicionalistas como o neogarretismo, o

nacionalismo e o integralismo; outras, procurando separar-se da burguesia e do seu materealismo, tentam a

rutura, apregoando a liberdade criadora, o cosmopoltismo, a originalidade, as formas de expressão capazes de

traduzir uma nova realidade. Estas novas experiências, denominadas de Vanguarda, irão contruir o Modernismo,

que abrange ou recobre diversos ismos: futurismo, cubismo, impressionismo, dadaísmo, expressionísmo,

interseccionismo, palismo, sensacionismo, entre outros.

Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, entre outos, (primeiro grupo modernista) que

iniciaram no saudosismo, transitaram rapidamente para o Modernismo levando com eles todas as inflûencias das

correntes estéticas e filosóficas europeias, vendo mais tarde a sua ação prosseguida e esclarecida pelo grupo

Presença (segundo modernismo). Com eles surge a revista Orpheu, a traduzir as novas ideias.

Page 9: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

9

Calendários de Pessoa- Quim Bica

Fernando Pessoa- Almada Negreiros

Retrato de Pessoa- Júlio Pomar (escultor e

pintor)

Estátua de bonze de Fernando Pessoa- Chiado, Lisboa

Retrato de Pessoa- Alberto Cutileiro

1935

Caricatura de F.P. feito pelo companheiro

de Almada Negreiros 1915

Pitura de Júlio Pomar

Page 10: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

10

Entrevista que mostra o quanto Fernando Pessoa ainda é importante e

como ele mudou a vida de alguém

http://videos.sapo.ao/GcyGoge9nwCuAjYrgQyB

Decomentário sobre a vida e obras lierárias

http://www.youtube.com/watch?v=ZL8bhv5DjQ8

Video biográfico de Fernando Pessoa

http://www.youtube.com/watch?v=zcerHYMeFVU

Decomentário sobre a vida de Pessoa

http://www.youtube.com/watch?v=i6jAcPeY-p0&feature=related

Decomentário sobre a F.P. e a sua importância

http://www.youtube.com/watch?v=ZL8bhv5DjQ8

Anúncio:

“O conhecido apresentador e humurista brasileiro Jô Soares vai apresentar em Portugal um

espetáculo baseado nos poemas de Fernando Pessoa.

O espetáculo é baseado no CD remix em Pessoa e decorrerá de 29 de Janeiro a 7 de Fevereiro

no Teatro Villaret, em Lisboa.”

[12]

Em memória de Pessoa

Page 11: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

11

Fig.[1]

Fig.[2]

Fig.[1]

Fig.[5]

Fig.1 Entrevista à irmã de Pessoa após a sua morte.

Fig.2. Artigo de revista ”Segredos de Fernando Pessoa e outros”.

Fig.3 Revista em que foram publicados dois artigos sobre Pessoa.

Fig.4 Cartaz publicitário.

Fig.5 Artigo de jornal “40 anos sem Fernando Pessoa”.

Fig.6 Artigo de jornal ácerca da Biblioteca de Fernando Pessoa/Casa Fernando Pessoa.

Fig.7 CD de poemas cantados de Fernando Pessoa.

Fig.8 Artigo de revista sobre F.P. “Eu ser descoberto em 2198”

Fig.[2]

Fig.[3]

Fig.[4]

Fig.[3]

Fig.[5]

Fig.[6]

Fig.[7]

Fig.[8]

Page 12: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

12

A origem dos meus heterónimos é o fundo traço de histeria que existe em mim.

Não sei se sou simplesmente histérico, se sou, mais própriamente, um histero-

neurasénico.

Page 13: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

13

esde criança que tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício,

de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem

entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas

cousas, como em todas, não devemos ser dogmáticos.)

Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar

mentalmente, em figura, movimentos, carácter e história, várias figuras irreais que eram

para mim tão visíveis e minhas como as cousas daquilo a que chamamos, porventura

abusivamente, a vida real.

Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um eu, tem-me acompanhado

sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando

nunca a sua maneira de encantar.

Lembro, assim, o que me parece ter sido o meu primeiro heterónimo, ou, antes, o meu

primeiro conhecido inexistente- um certo Chevalier de Pas dos meus seis anos, por quem

escrevia cartas dele a mim mesmo, e cuja figura, não inteiramente vaga, ainda conquista

aquela parte da minha afeição que confina com a saudade.

(...) Cousas que acontecem a todas as crianças? Sem dúvida - ou talvez. Mas a tal ponto as

vivi que as vivo ainda, pois que as relembro de tal modo que é mister um esforço para me

fazer saber que não foram realidade.

Esta tendência para criar em torno de mim um outro mundo, igual a este mas com outra

gente, nunca me saiu da imaginação. Teve várias fases, entre as quais esta, sucedida já em

maioridade. Ocorria-me um dito de espírito, absolutamente alheio, por um motivo ou

outro, a quem eu sou, ou a quem suponho que sou.

Dizia-o, imediatamente, espontaneamente, como sendo de certo amigo meu, cujo nome

inventava, cuja história acrescentava, e cuja figura- cara, estaura, traje e gesto-

imediatamente eu via dentro de mim. E assim arranjei, e propaguei, vários amigos e

conhecidos que nunca existiram, mas que ainda hoje, a perto de trinta anos de distância,

D

Carta de F.P. “A Adolfe Casais Monteiro”

oiço, sinto, vejo. Repito: oiço, sinto, vejo… E tenho saudades deles. (...)

Page 14: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

14

O essencial é saber ver,

Saber ver sem estar a pensar,

Saber ver quando se vê,

E nem pensar quando se vê

Nem ver quando se pensa.

“... Caeiro, por pura e inesperada inspiração, sem saber ou sequer calcular o

que iria escrever.”

Alberto Caeiro da Silva nasceu a 16 de Abril de 1889, foi uma personagem ficcional

(heterónimo) criada por Fernando Pessoa, sendo considerado o Mestre Ingenuo dos

Heterónimos, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, e do seu própri autor. Apresentava uma

estatura média, era loiro, fágil e tinhas olhos azuis, viveu a maior arte da sua vida no

campo, daí só er a instrução primária e de se apresentar como um simples “Guardador

de Rebanhos”.

Faz poesia involuntáriamente, pois é a sua maneira de estar sózinho e a sua lindguagem é

simples(escreve como fala), familiar e denotaiva, as frases pouco elaboradas com a

utilização de comparaçoes, enumerações e assindetos, utiliza o polissindeto em

detrimento do assíndoto, versos soltos e os verbos no presente do indicaivo demonstram

que ele só vive o presente.

É o poeta da natureza, identifica-se com ela e vive de acordo com as suas leis, que

despresa e repreende qualquer tipo de pensamento filosófico afirmando, que pensar

altera realidade (“pensar é estar doente dos olhos”). Vive da simplicidade, para ele só

interessa o que os nossos olhos vêm, e por isso vive das impressões, principalmente

visuais preferindo a objetividade.

Alberto Caeiro...

Fernando Pessoa

(de O Guardador de Rebanhos, XXIV)

Page 15: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

15

Eu nunca guardei rebanhos,

Mas é como se os guardasse.

Minha alma é como um pastor,

Conhece o vento e o sol

E anda pela mão das Estações

A seguir e a olhar.

Toda a paz da Natureza sem gente

Vem sentar-se a meu lado.

Mas eu fico triste como um pôr de sol

Para a nossa imaginação,

Quando esfria no fundo da planície

E se sente a noite entrada

Como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego

Porque é natural e justa

E é o que deve estar na alma

Quando já pensa que existe

E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.

Com um ruído de chocalhos

Para além da curva da estrada,

Os meus pensamentos são contentes,

Só tenho pena de saber que eles são contentes,

Porque, se o não soubesse,

Em vez de serem contentes e tristes,

Seriam alegres e contentes.

Pensar incomoda como andar à chuva

Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não tenho ambições nem desejos.

Ser poeta não é uma ambição minha

É a minha maneira de estar sozinho.

E se desejo às vezes

Por imaginar, ser cordeirinho

(Ou ser o rebanho todo

Para andar espalhado por toda a encosta

A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo),

É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,

Ou quando uma nuvem passa a mão por cima

da luz

E corre um silêncio pela erva fora.

Quando me sento a escrever versos

Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,

Escrevo versos num papel que está no meu

pensamento,

Sinto um cajado nas mãos

E vejo um recorte de mim

No cimo dum outeiro

Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas

ideias,

Eu olhando para as minhas ideias e vendo o meu

rebanho,

E sorrindo vagamente como quem não

compreende o que se diz

E quer fingir que compreende.

Saúdo todos os que me lerem,

Tirando-lhes o chapéu largo

Quando me vêem à minha porta

Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.

Saúdo-os e desejo-lhes sol,

E chuva, quando a chuva é precisa,

E que as suas casas tenham

Ao pé duma janela aberta

Uma cadeira predilecta

Onde se sentem, lendo os meus versos.

E ao lerem os meus versos pensem

Que sou qualquer coisa natural

Por exemplo, a árvore antiga

À sombra da qual quando crianças

Se sentavam com um baque, cansados de

brincar,

E limpavam o suor da testa quente

Com a manga do bibe riscado.

I

“O Guardador de Rebanhos, I”

Page 16: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

16

Ricardo Reis é um dos ma importantes heterónimos de Fernando Pessoa, tendo sido

imaginado quando veio à ideia do outor escrever uns poemas de índole pagã.

Nasceu a 19 de Setembro de 1887, era moreno, ligeiramente mais baixo que Alberto Caeiro,

magro, tinha o cabelo liso e era médico. Viveu no Brazil desde 1919, pois se expatriou

espontaneamente para ser monárquico. É um lanitista por formação clássica e um semi-

helenista por educação própria tendo estudado num colégio de jesuítas.

As suas obras revelam um purismo exagerado, uma linguagem complexa, culta e precissa sem

qualquer marca de espontaniedade, com principal recurso ao hipérbato, comparações,

latinismos e metáforas, utiliza a ode e o versilibrismo e empregamonólogos.

Este poeta é um moralista, tanto que emprega o gerundio e o imperativo nos seus poemas que

revelam um tom exortativo, e um clássico a nível de estilo pois faz dos gregos o modelo de

sabedoria.

Opõe a moral pagã à cristã uma vez que considera a primeira moral de orientação e de

disciplina, e a segunda como uma moral de renuncia e desapego, tem noça da efemeridade da

vida e recusa dor (epicurismo), por isso, considera que a sabedoria consiste em aproveitar o

momento (carpe iem horaciano ), isto é, gozar a vida moderadamente, através do exercício da

razão (estoicismo) pois só assim conseguiremos alcançar e tranquilidade(ataraxia) e

serenidade(eudemonismo).

Ricardo Reis...

“Dr. Ricardo Reis. É que os seus poemas são medicamento para a

individalização da tragédia”

António Azevedo, Fernando Pessoa- Outramento e heteronímia, Lisboa, Instituto Piaget, 2005

Senta-te ao sol.

Abdica.

E sê rei de ti próprio.

Ricardo Reis

Page 17: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

17

Vivem em nós inúmeros;

Se penso ou sinto, ignoro

Quem é que pensa ou sente.

Sou somente o lugar

Onde se sente ou pensa.

Tenho mais almas que uma.

Há mais eus do que eu mesmo.

Existo todavia

Indiferente a todos.

Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados

Do que sinto ou não sinto

Disputam em quem sou.

Ignoro-os. Nada ditam

A quem me sei: eu 'screvo.

Tenho mais almas que uma

Temo, Lídia, o destino. Nada é certo.

Em qualquer hora pode suceder-nos

O que nos tudo mude.

Fora do conhecido é estranho o passo

Que próprio damos. Graves numes guardam

As lindas do que é uso.

Não somos deuses; cegos, receemos,

E a parca dada vida anteponhamos

À novidade, abismo.

Temo, Lídia, o destino. Nada é certo

Súbdito inútil de astros dominantes,

Passageiros como eu, vivo uma vida

Que não quero nem amo,

Minha porque sou ela,

No ergástulo de ser quem sou, contudo,

De em mim pensar me livro, olhando no alto

Os astros que dominam

Submissos de os ver brilhar.

Vastidão vã que finge de infinito

(Como se o infinito se pudesse ver!) —

Dá-me ela a liberdade?

Como, se ela a não tem?

Vivo uma Vida que não Quero nem Amo

Poemas de Ricardo Reis, Odes

Page 18: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

18

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.

Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos

Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.

(Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida

Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,

Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,

Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.

Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.

Mais vale saber passar silenciosamente

E sem desassossegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,

Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,

Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,

E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,

Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,

Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro

Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as

No colo, e que o seu perfume suavize o momento -

Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,

Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois

Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,

Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos

Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o o bolo ao barqueiro sombrio,

Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.

Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,

Pagã triste e com flores no regaço.

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio

Page 19: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

19

O poema está dividido em quatro partes:

-a primeira parte são as duas primeiras estrofes, que nos falam da

efemeridade da vida. (“sossegadamente fitemos o seu curso e

aprendamos/que a vida passa”)v.2 e 3

Existe uma comparação entre o destino do nosso caminho e o

destino do percurso do rio, que acaba por ser o mesmo, a morte,

e que por isso é inútil assumir um compromisso. Estão presentes

também nestas estrofes, alguns elementos clássicos como

ambiente bucólico, a Lídia e o papel do Fado.

- a segunda parte é composta pela terceira e quarta estrofe, que

falam e explicam a inutilidade de assumir um compromisso.

(“Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos”)

v.9 O desenlaçar as mãos são o símbolo da recusa do

compromisso e a recusa dos amores, ódios e paixões que

levantam a voz (verso 13) são o símbolo da recusa consciente de

qualquer tipo de excesso de emoções (estoicismo).

Temos ainda a ataraxia presente no verso 12 (“E sem

desassossegos grandes.”).

O sujeito-poético faz realçar a morte como a única certeza do

nosso percurso (“porque se os tivesse, o rio sempre correria/e

sempre iria ter ao mar.”)v.15 e 16

- a terceira parte são a quinta e a sexta estrofe, que são a procura

da serenidade. Os versos 17 (“Amemo-nos tranquilamente”) e 21

(“Colamos flores”) são exemplos da ataraxia/eudemonismo, o

verso 18 e 19 (“Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e

carícias,/Mas que mais vale estarmos sentados um ao pé do

outro”) é um exemplo de estoicismo e os versos 22 e23 (“No

colo, que o seu perfume suavize o momento-/Este momento em

que sossegadamente na cremos em nada,”).

O locutor faz como se um apelo ao controlo as emoções pois elas

são motivo de sobressaltos.

- e por fim, a última parte são as duas últimas estrofes que são a

aceitação da morte.

A aceitação pacífica da morte é consequência da desistência de

lutar pela vida. Assim, a morte não deve ser motivo de

sofrimento, pois nunca se “viveu” e, precisamente porque a vida

passa, não assumamos compromissos.

Nestas estrofes está presente o estoicismo pela aceitação das leis

do destino e pela abdicação de lutar.

Análise do Poema

Page 20: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

20

Álvaro de Campos nasceu a 15 de Outubro de 1890 por um “impulso para escrever”,

sendo o mais parecido com Fernando Pessoa.

Tinha 1,75cm, era magro, moreno tipo judeus de cabelo liso e risco ao lado e com um

monóculo. Recebeu um tipo de ducação normal, de liceu e tirou engenheiria mecânica e

naval.

O seu drama concretiza-se num apelo dilacerante entre o amor do mundo e da

humanidade. É uma espécie de frustração total feita de incapacidade de unicar em

sipensamento e sentimento, mundo exterior e mundo interior. Revela como Pessoa a

mesma inadaptação à existência e a mesma demissão da personalidade íntegra querend

ser “toda a gente e toda a parte”.

A obra de Campos passa por três fases: a decadentista- que exprime o tédio, o cansaço e

a necessidade de novas sensações; a futurista e a sencionista-que se caracteriza pela

exaltação da energia, de “todas as dinâmicas” e da velocidade e da força até situções de

paroxismo e a intimista ou da abulia- que perante a incapacidade das realizações, traz de

volta o abatimento.

Utiliza uma linguagem em estilo torrencial, nervoso e exuberante, com marcas da

oraliade, expressa o mundo do progresso técnico, dessa “nova revelação metálica e

dinâmica de Deus”. Recorre à mistura de níveis de lingua, apresenta desvios sintáticos,

construções nominais no infinito e no gerundio, excamações, intergeições e pontuação

emotiva. Predominam os versos livres, muitas vezs longos com assoâncias, onomatopeias,

aliterações, e numerações excessivas e utiliza ainda, vários recursos tais como metáfora,

oxímoros, personificações e hipérboles.

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!

Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!

Em fúria fora e dentro de mim,

Por todos os meus nervos dissecados fora,

Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!

Álvaro de Campos... “Álvaro de Campos, de entre os três heterónimos fundamentais do

“drama em gente”, é o mais labirosamente fabricado.”

A minha vida dava um livro (Fernando Pessoa), João Simões, Lisboa, Texto Editora, 2011

Álvaro de Campos, Ode Triunfal

Page 21: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

21

Não, não é cansaço...

É uma quantidade de desilusão

Que se me entranha na espécie de pensar,

E um domingo às avessas

Do sentimento,

Um feriado passado no abismo...

Não, cansaço não é...

É eu estar existindo

E também o mundo,

Com tudo aquilo que contém,

Como tudo aquilo que nele se desdobra

E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Não. Cansaço por quê?

É uma sensação abstrata

Da vida concreta —

Qualquer coisa como um grito

Por dar,

Qualquer coisa como uma angústia

Por sofrer,

Ou por sofrer completamente,

Ou por sofrer como...

Sim, ou por sofrer como...

Isso mesmo, como...

Como quê?...

Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.

(Ai, cegos que cantam na rua,

Que formidável realejo

Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)

Porque oiço, vejo.

Confesso: é cansaço!...

Não, não é cançasso...

Álvaro de Campos

Page 22: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

22

CONCLUSÃO

Não tinha noção da quantidade de informação que exista ácerca de Fernando Pessoa, ele

está presente em tudo um pouco. Encontrei livros dedicados a ele, pinturas, esculturas,

monumentos, artigos, entrevistas à cerca dele, músicas, textos, decomentérios,

reportagens, entre outros, e isto não são apenas documentos sobre a sua biografia,

porque só disso deve estar o Google cheio, mas de agradecimentos, elogios, críticas,

memórias e criações a partir dele ou mesmo do seu trablho. Não tenho dúvida alguma de

que Fernando Pessoa é sem dúvida um grande poeta.

Esperava ter tido mais tempo, ter enconrado mais informação, ter feito “brincadeiras”

com a informação recolhida, com o seu retrato ou mesmo com as suas óbras, ter feito

muitos mais estúdos sobre este tema, e enfim, em suma, gostaria de ter aprofundado mais

certas questões outras que não mencionei no trabalho.

Adorei a experiência, o próximo sairá melhor espero.

Page 23: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

23

BIBLIOGRAFIA http://www.c2com.up.pt/blog/muitaletra/arquivos/008782.html http://ogrifoemeu.com/tag/fernando-pessoa/

http://www.google.com/imgres?um=1&hl=pt-

PT&tbo=d&biw=1706&bih=945&tbm=isch&tbnid=pzgVtID9lDynTM:&imgrefurl=http://www.e

ditorcriacao.com.br/cultura/artigos/ver/110/fernando-pessoa-e-o-corpo-sublime-da-

poesia&docid=5ic3BvEFEbEwlM&imgurl=http://www.editorcriacao.com.br/gerenciadorEditor/

app/webroot/img/img-materia/imagem-

Ferando_Pessoa_Crian%2525C3%2525A7a.jpg&w=615&h=300&ei=qUe2UIi4EYemhAfH5oD4C

Q&zoom=1&iact=hc&vpx=4&vpy=329&dur=1014&hovh=157&hovw=322&tx=154&ty=35&sig=

118397631891624427238&page=1&tbnh=136&tbnw=272&start=0&ndsp=51&ved=1t:429,r:11

,s:0,i:115

http://ludj.blogspot.pt/2011/12/fernando-pessoa-disse.html

http://www.google.com/imgres?um=1&hl=pt-

PT&tbo=d&biw=1706&bih=888&tbm=isch&tbnid=DPEO81fbzSSZ_M:&imgrefurl=http://manife

stotavernista.blogspot.com/2011/11/uma-noite-na-taverna-com-poesia-

de.html&docid=17OGX_fqPCObJM&imgurl=http://2.bp.blogspot.com/-dcrzU-

Kf69Q/TrygDhe0WPI/AAAAAAAACsI/ycOFGPrdOkw/s1600/com%252Bsua%252Bm%252525C3

%252525A3e.jpg&w=411&h=600&ei=1E62UJ7pG-iEygGR-

4GIBA&zoom=1&iact=rc&dur=572&sig=118397631891624427238&page=1&tbnh=150&tbnw=

109&start=0&ndsp=51&ved=1t:429,r:7,s:0,i:103&tx=38&ty=93

http://www.google.com/imgres?um=1&hl=pt-

PT&tbo=d&biw=1706&bih=888&tbm=isch&tbnid=k94GhrlKjGKhcM:&imgrefurl=http://www.p

assoslargos.pt/zonas/lisboa/chiado/&docid=ZRx1R5_ktDA6jM&imgurl=http://www.passoslarg

os.pt/files/2011/11/TeatroSaoCarlos.jpg&w=700&h=525&ei=L1C2UMnSG4K5hAeyjIF4&zoom=

1&iact=hc&vpx=4&vpy=579&dur=2093&hovh=194&hovw=258&tx=125&ty=121&sig=1183976

31891624427238&page=2&tbnh=148&tbnw=198&start=50&ndsp=55&ved=1t:429,r:50,s:0,i:2

35

http://www.lisboapatrimoniocultural.pt/artepublica/placasevocativas/pecas/Paginas/fernand

o-pessoa.aspx

http://actofalhado.blogs.sapo.pt/807544.html

http://tertuliabibliofila.blogspot.pt/2010/05/athena-e-fernando-pessoa-apontamentos.html

http://lerebooks.wordpress.com/2012/03/21/ebook-gratuito-a-mensagem-de-fernando-

pessoa/

Page 24: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

24

http://citizengrave.blogspot.pt/2012_05_01_archive.html

http://www.prof2000.pt/users/secjeste/recortes/literatura/Pesso001.htm

http://www.conexaoportugal.com/2011/06/parabens-pelos-123-anos.html

https://www.google.com/search?hl=pt-

PT&q=biblioteca+de+fernando+pessoa&bpcl=38897761&biw=1706&bih=945&bav=on.2,or.r_g

c.r_pw.r_qf.&um=1&ie=UTF-

8&tbm=isch&source=og&sa=N&tab=wi&ei=drq2UJH0E9GKhQfcxICQAw

http://www.suapesquisa.com/biografias/livros_fernando_pessoa.htm

http://www.google.com/imgres?um=1&hl=pt-

PT&sa=X&tbo=d&biw=1706&bih=945&tbm=isch&tbnid=dG-

vxC7L2BMscM:&imgrefurl=http://sebastiaodagama-

acsg.blogspot.com/&docid=EqBCbsGYUwbDUM&imgurl=http://4.bp.blogspot.com/-

TaYkA_Zpedc/UIPk5T_uZ2I/AAAAAAAAAps/WC--

1x9Q3nE/s1600/Fernando%252BPessoa%252Be%252Ba%252Bgest%2525C3%2525A3o%252B-

%252B2012-11-03%252B-%252Bconvite.jpg&w=780&h=580&ei=UMG2UNinMISXhQfJ-

4BA&zoom=1&iact=hc&vpx=987&vpy=471&dur=282&hovh=194&hovw=260&tx=189&ty=78&

sig=118397631891624427238&page=2&tbnh=137&tbnw=184&start=48&ndsp=57&ved=1t:42

9,r:83,s:0,i:334

http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2011/06/13/835905/google-lembra-123-

aniversario-nascimento-fernando-pessoa-veja-todos-os-doodles.html

http://www.google.com/imgres?start=105&um=1&hl=pt-

PT&sa=X&tbo=d&biw=1706&bih=945&tbm=isch&tbnid=2bbpm4jOJbacVM:&imgrefurl=http://

cidadanialx.blogspot.com/2009_02_01_archive.html&docid=rkKuInrRlUnu-

M&imgurl=http://3.bp.blogspot.com/_sXku-

FZVGhE/SaHzDddKpcI/AAAAAAAAAjc/pS___ed21zw/s400/Fernando%252BPessoa%252Bpor%

252BLagoa%252BHenriques.JPG&w=300&h=400&ei=QMO2UJb2JcTDhAf0_YDYAg&zoom=1&ia

ct=hc&vpx=369&vpy=37&dur=580&hovh=258&hovw=194&tx=92&ty=109&sig=118397631891

624427238&page=3&tbnh=134&tbnw=102&ndsp=58&ved=1t:429,r:7,s:100,i:25

http://blog.umfernandopessoa.com/2010/12/dois-artigos-sobre-pessoa-na-revista.html

http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=24782

http://institutoparacleto.org/2010/09/07/segredos-de-fernando-pessoa-e-outros/

http://blog.umfernandopessoa.com/2011/12/eu-ser-descoberto-em-2198-na-revista.html

http://www.pessoa.art.br/?p=24

http://www.google.com/imgres?num=10&um=1&hl=pt-

PT&tbo=d&biw=1706&bih=888&tbm=isch&tbnid=UFF3jjTjbud82M:&imgrefurl=http://arcaden

oe.sapo.pt/forum/viewtopic.php%3Fp%3D635597&docid=HxoZKl53UNMJlM&imgurl=http://i

mg99.imageshack.us/img99/6459/2918dscn9702x1bj4.jpg&w=600&h=450&ei=xEW3UJyXOo6

Page 25: Dossier Temático- Fernando Pessoa 1P

25

xhAfDroGAAQ&zoom=1&iact=hc&vpx=123&vpy=157&dur=940&hovh=194&hovw=258&tx=17

9&ty=100&sig=118397631891624427238&sqi=2&page=1&tbnh=144&tbnw=214&start=0&nds

p=41&ved=1t:429,r:1,s:0,i:85

http://www.lithis.net/45

http://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Caeiro

http://www.lithis.net/73

http://hypescience.com/como-os-avioes-voam/

http://www.citador.pt/poemas/nao-nao-e-cansaco-alvaro-de-camposbrbheteronimo-de-

fernando-pessoa

http://www.google.com/imgres?um=1&hl=pt-

PT&tbo=d&biw=1706&bih=888&tbm=isch&tbnid=UdjxiEYtiZ5u4M:&imgrefurl=http://leoferrar

i08.blogspot.com/2010_09_01_archive.html&docid=8AL7mPhB2LwqZM&imgurl=http://3.bp.b

logspot.com/_8KX-

X0Jy7M4/TJxeWDzIdZI/AAAAAAAAAJk/YEmqAjLkBqE/s1600/casal%252B%2525C3%2525A0%2

52Bbeira%252Bdo%252BSena,%252Bamor.jpg&w=743&h=1134&ei=a-

G3UIXQL4aGhQfsh4HQDQ&zoom=1&iact=hc&vpx=4&vpy=495&dur=3025&hovh=277&hovw=

182&tx=82&ty=162&sig=118397631891624427238&page=1&tbnh=133&tbnw=86&start=0&n

dsp=42&ved=1t:429,r:26,s:0,i:162

http://revistalusofonia.wordpress.com/2012/04/29/calendarios-fernando-pessoa-2/

http://ciencias.com.br/paulo_bedaque/?page_id=350