domingo, 27 de outubro de 2013 nº 126 sÉrie iii...

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SEKE IA BINDO | Era uma vez a Avó Tchiolo que vivia sozinha numa pequena casa junto a um riacho na floresta do Mayombe. Todos os dias passeava pela mata, apreciando a natureza. Os macacos desciam do alto das mafumeiras e vi- nham brincar com ela. Ao fim de mui- tos anos de convívio, tornaram-se grandes amigos. Um dia recebeu da neta Nguala um convite para o seu casamento. Para ir à aldeia onde es- tavam os seus familiares, tinha de atravessar uma mata habitada pelas hienas e pelo terrível Mabeco Mau. Avó Tchiolo era muito destemida. Fez a trouxa e partiu para a aldeia da filha e da neta Nguala. A velha já tinha percorrido tantos caminhos que o cansaço da vida obrigava a andar de- vagar. Tanto melhor: assim podia dis- pensar algum tempo aos animais da floresta que com ela fizeram amizade. A meio do percurso, Avó Tchiolo encontrou a Hiena Manhosa. Tentou esconder-se mas já era tarde: - Vou comer-te, velhinha! Avó Tchiolo, corajosa, disse à hiena: - Não faças isso agora. Como vês, estou muito magrinha. Eu vou ao ca- samento da minha neta Nguala. Quando voltar estou mais gordi- nha e então podes comer-me. A Hiena Manhosa afastou-se e dei- xou Avó Tchiolo continuar o seu cami- nho. Ela prosseguiu a caminhada, com os seus passos lentos. Mas sem cansa- ço. Quando estava perto da aldeia on- de viviam os familiares. O Mabeco Mau saltou-lhe ao caminho e uivou: - Não passas aqui sem que eu te coma, velha magrinha! Avó Tchiolo sentiu o coração tre- mer mas fez coragem e disse ao Ma- beco Mau: – Agora não me comas. Eu vou ao casamento da minha neta Nguala e quando voltar estou bem mais gordinha. Então tiras mais pro- veito quando me comeres. O Mabeco Mau ficou a lamber a beiça e deixou passar Avó Tchiolo. A velhinha che- gou à aldeias dos familiares e foi rece- bida em festa. Ajudou a filha e a neta nos preparativos do casamento e quando chegou o dia da festa, comeu e bebeu, cantou e dançou. Alguns dias depois do casamento de Nguala, Avó Tchiolo decidiu voltar a casa. Quando já estava preparada para a viagem lembrou-se da Hiena Manho- sa e do Mabeco Mau. Contou o que ti- nha sucedido na sua viagem e os fa- miliares pediram-lhe que não voltas- se a casa sozinha. Na família existiam caçadores que podiam acompanhá- la, para viajar com segurança. Mas Avó Tchiolo não quis esperar. Pediu aos parentes que a ajudassem a encontrar um objecto onde pudes- se viajar escondida. Experimentaram panelas de barro e barris, mas ape- sar de ser pequena, ela não cabia lá. De repente, Avó Tchiolo descobriu uma grande cabaça onde cabia bem. Abriu-lhe uma pequena janela para ver o caminho e partiu a rebolar. Quando a cabaça passou pelo Mabeco Mau, ele perguntou: - Viste por aí uma ve- lhinha gordinha? – Nem velhinha nem velhão, rola cabacinha, roda cabação! O Mabeco Mau afastou-se e Avó Tchiolo prosseguiu o seu caminho. Já estava perto de casa quando a Hiena Manhosa se atravessou no ca- minho da cabaça: – Viste por aí uma velhinha? A cabaça respondeu: – Nem velhi- nha nem velhão, roda cabacinha, ro- da cabação! A Hiena Manhosa afastou-se do ca- minho e a cabaça continuou a rolar. Pouco depois Avó Tchiolo chegou a casa em segurança, bateu com a ca- baça numa grande pedra que estava perto da porta e saiu de lá de dentro. Avó Tchiolo continuou a dar os seus passeios pela floresta, brincan- do com os animais amigos. Mas evi- tava entrar nos domínios da Hiena Manhosa e do Mabeco Mau. Os dois ainda hoje continuam à espera que a velhinha volte do casamento da sua neta Nguala. Moral da história: A inte- ligência vale muito mais que a força. * Esta história foi-me contada por José Casimiro em Cabinda CONSELHOS CONTOS POPULARES ANGOLANOS Avó Tchiolo mede forças com o Mabeco Mau PROVÉRBIO ADIVINHAS Soluções: 1. Orelhas; 2. Nariz; 3. Olhos: as pestanas e a menina-dos-olhos; 4. Abrir os olhos; 5. Pescada; 6. Pião; 7. Melancia. Efeitos da merenda escolar Este ano, desde o primeiro dia de aulas que temos a merenda esolar. No princípio havia alguma confusão quando chegava a hora da distribuição. Muitos meninos pensavam que não ia che- gar para todos. Mas depois começou a haver disciplina. Em pouco tempo todos percebemos que a merenda chegava pa- ra toda a gente e agora corre tudo bem. Estamos a pouco tempo do final do ano lectivo e o que todos percebemos é que na nossa turma este ano ninguém desistiu. Os alunos que vivem mais longe da escola e têm de sair muito ce- do de casa para chegarem às aulas a tempo e horas, não têm tempo para comer em casa. Mas não há problema nenhum por- que têm a sua merenda na escola. Também os alunos que têm dificuldades e os pais não podem ar- ranjar um farnel para comerem no intervalo, agora sentem-se me- lhor porque têm à sua espera a merenda escolar. Só tenho pena dos meus colegas que no ano passado tiveram que desistir porque não aguentavam muitas horas sem comer. Saíam de casa de manhã cedo, sem tomar o pequeno almoço e depois ficavam horas na escola sem comer nada. CLAUDINA DALA|12 ANOS | SUMBE 1.Somos duas irmãs gémeas, despidas mas enfeitadas, não nos podemos ver e nunca nos zangamos 2.O que é que está entre o riso e o pranto? 3.O que é, que é, pêlo com pêlo e a menina fica no meio? 4.O que se faz primeiro ao acordar? 5.Qual é a coisa qual é ela que antes de o ser já o era? 6.Para andar lhe pus a capa, e tirei-lhe para andar; ela sem capa não anda, com ela não pode andar 7. Verde por fora, encarnado por dentro, e mulatinhas no centro. «A igualdade não é fácil, mas a superioridade é dolorosa. Domingo, 27 de Outubro de 2013 Nº 126 SÉRIE III |11 Como escrever para o “Recreio” O nosso endereço é: Recreio - Página Infantil do Jornal de Angola - Rua Rainha Ginga, 18/26 - Luanda, ou para o e-mail: [email protected]. R R ecreio ecreio Suplemento infantil do Jornal de angola BRINCAR E APRENDER CARTAS DOS AMIGUINHOS AAO abacate é um alimento que a América ofereceu ao mundo. Há mais de 500 variedades de abacateiros, o que explica os mui- tos tipos de abacate, diferentes na forma, tamanhos e cor. Em pra- tos doces, o abacate combina bem com limão, leite, creme de leite e leite condensado, na preparação de sorvetes, cremes, musses e bebidas. Em pratos salgados, vai bem com camarão e lagosta, em saladas ou acompanhando pratos fortes. APossui alta taxa de gordura, sendo muito rico em calorias, o que o torna contra indicado para dietas de emagrecimento ou de ma- nutenção de peso. Mas, como a sua gordura é fácil de assimilar pelo organismo, pode constar da dieta de quem tem problemas di- gestivos. Também contém vitaminas A e do Complexo B e alguns sais minerais como ferro, cálcio e fósforo. Os melhores abacates são os mais pesados, firmes e com polpa macia e gordurosa. A Algumas vezes, tem manchas claras na casca, mas é só um defeito superficial que não afecta a qualidade do fruto. S S A A B B I I A A S S Q Q U U E E . . . . . . Caros meninos e meninas, o ano escolar está a chegar ao fim. To- do este tempo tenho escrito nes- te cantinho muitos conselhos pa- ra vocês. Pensem em todos os conselhos que já receberam de mim e ponham-nos em prática. Tudo que eu tenho passado para vocês aqui é para o vosso bem e segurança. Também é para que amanhã sejam homens e mulhe- res respeitados na sociedade. Comparem os conselhos com o vosso comportamento dia após dia, para saberem se estão a se- guir bem, se estão a construir ou a destruir o vosso futuro. Isto é muito importante porque todos à vossa volta vos têm observado. CASIMIRO PEDRO VAMOS COLORIR ."

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Page 1: Domingo, 27 de Outubro de 2013 Nº 126 SÉRIE III Recreioimgs.sapo.pt/jornaldeangola/img/file526cf46699766recreativo.pdf · SEKE IA BINDO | Era uma vez a Avó Tchiolo que vivia sozinha

SEKE IA BINDO |

Era uma vez a Avó Tchiolo que viviasozinha numa pequena casa junto aum riacho na floresta do Mayombe.Todos os dias passeava pela mata,apreciando a natureza. Os macacosdesciam do alto das mafumeiras e vi-nham brincar com ela. Ao fim de mui-tos anos de convívio, tornaram-segrandes amigos. Um dia recebeu daneta Nguala um convite para o seucasamento. Para ir à aldeia onde es-tavam os seus familiares, tinha deatravessar uma mata habitada pelashienas e pelo terrível Mabeco Mau.Avó Tchiolo era muito destemida.

Fez a trouxa e partiu para a aldeia dafilha e da neta Nguala. A velha já tinhapercorrido tantos caminhos que ocansaço da vida obrigava a andar de-vagar. Tanto melhor: assim podia dis-pensar algum tempo aos animais dafloresta que com ela fizeram amizade.A meio do percurso, Avó Tchiolo

encontrou a Hiena Manhosa. Tentouesconder-se mas já era tarde:- Vou comer-te, velhinha!Avó Tchiolo, corajosa, disse à hiena:- Não faças isso agora. Como vês,

estou muito magrinha. Eu vou ao ca-

samento da minha neta Nguala.Quando voltar estou mais gordi-

nha e então podes comer-me.A Hiena Manhosa afastou-se e dei-

xou Avó Tchiolo continuar o seu cami-nho. Ela prosseguiu a caminhada, comos seus passos lentos. Mas sem cansa-ço. Quando estava perto da aldeia on-

de viviam os familiares. O Mabeco Mausaltou-lhe ao caminho e uivou:- Não passas aqui sem que eu te

coma, velha magrinha!Avó Tchiolo sentiu o coração tre-

mer mas fez coragem e disse ao Ma-beco Mau: – Agora não me comas.Eu vou ao casamento da minha neta

Nguala e quando voltar estou bemmais gordinha. Então tiras mais pro-veito quando me comeres. O MabecoMau ficou a lamber a beiça e deixoupassar Avó Tchiolo. A velhinha che-gou à aldeias dos familiares e foi rece-bida em festa. Ajudou a filha e a netanos preparativos do casamento equando chegou o dia da festa, comeue bebeu, cantou e dançou. Algunsdias depois do casamento de Nguala,Avó Tchiolo decidiu voltar a casa.Quando já estava preparada para a

viagem lembrou-se da Hiena Manho-sa e do Mabeco Mau. Contou o que ti-nha sucedido na sua viagem e os fa-miliares pediram-lhe que não voltas-se a casa sozinha. Na família existiamcaçadores que podiam acompanhá-la, para viajar com segurança.Mas Avó Tchiolo não quis esperar.

Pediu aos parentes que a ajudassema encontrar um objecto onde pudes-se viajar escondida. Experimentarampanelas de barro e barris, mas ape-sar de ser pequena, ela não cabia lá.De repente, Avó Tchiolo descobriu

uma grande cabaça onde cabia bem.Abriu-lhe uma pequena janela para vero caminho e partiu a rebolar. Quandoa cabaça passou pelo Mabeco Mau,

ele perguntou: - Viste por aí uma ve-lhinha gordinha?– Nem velhinha nem velhão, rola

cabacinha, roda cabação!O Mabeco Mau afastou-se e Avó

Tchiolo prosseguiu o seu caminho.Já estava perto de casa quando a

Hiena Manhosa se atravessou no ca-minho da cabaça: – Viste por aí umavelhinha?A cabaça respondeu: – Nem velhi-

nha nem velhão, roda cabacinha, ro-da cabação!A Hiena Manhosa afastou-se do ca-

minho e a cabaça continuou a rolar.Pouco depois Avó Tchiolo chegou acasa em segurança, bateu com a ca-baça numa grande pedra que estavaperto da porta e saiu de lá de dentro.Avó Tchiolo continuou a dar os

seus passeios pela floresta, brincan-do com os animais amigos. Mas evi-tava entrar nos domínios da HienaManhosa e do Mabeco Mau. Os doisainda hoje continuam à espera que avelhinha volte do casamento da suaneta Nguala. Moral da história: A inte-ligência vale muito mais que a força.

* Esta história foi-me contada por José Casimiro emCabinda

CONSELHOS

CONTOS POPULARES ANGOLANOSAvó Tchiolo mede forças com o Mabeco Mau

PROVÉRBIO

ADIVINHAS

Soluções:1. Orelhas; 2. Nariz; 3. Olhos: as pestanas e a menina-dos-olhos; 4. Abrir os olhos;5. Pescada; 6. Pião; 7. Melancia.

Efeitos da merenda escolarEste ano, desde o primeiro dia de aulas que temos a merendaesolar. No princípio havia alguma confusão quando chegava ahora da distribuição. Muitos meninos pensavam que não ia che-gar para todos. Mas depois começou a haver disciplina.Em pouco tempo todos percebemos que a merenda chegava pa-ra toda a gente e agora corre tudo bem. Estamos a pouco tempodo final do ano lectivo e o que todos percebemos é que na nossaturma este ano ninguém desistiu. Os alunos que vivem mais longe da escola e têm de sair muito ce-do de casa para chegarem às aulas a tempo e horas, não têmtempo para comer em casa. Mas não há problema nenhum por-que têm a sua merenda na escola.Também os alunos que têm dificuldades e os pais não podem ar-ranjar um farnel para comerem no intervalo, agora sentem-se me-lhor porque têm à sua espera a merenda escolar.Só tenho pena dos meus colegas que no ano passado tiveramque desistir porque não aguentavam muitas horas sem comer.Saíam de casa de manhã cedo, sem tomar o pequeno almoço edepois ficavam horas na escola sem comer nada.

CLAUDINA DALA|12 ANOS | SUMBE

1.Somos duas irmãs gémeas, despidas mas enfeitadas, nãonos podemos ver e nunca nos zangamos2.O que é que está entre o riso e o pranto?3.O que é, que é, pêlo com pêlo e a menina fica no meio?4.O que se faz primeiro ao acordar?5.Qual é a coisa qual é ela que antes de o ser já o era?6.Para andar lhe pus a capa, e tirei-lhe para andar; ela semcapa não anda, com ela não pode andar7. Verde por fora, encarnado por dentro, e mulatinhas no centro.

«A igualdade não é fácil, mas asuperioridade é dolorosa.

Domingo, 27 de Outubro de 2013Nº 126 SÉRIE III

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Como escrever para o “Recreio”O nosso endereço é:Recreio - Página Infantil do Jornalde Angola - Rua Rainha Ginga,18/26 - Luanda, ou para o e-mail:[email protected].

RRecreioecreioSuplemento infantil do Jornal de angola

RecreioSuplemento infantil do Jornal de angola

BRINCAR E APRENDERCARTAS DOS AMIGUINHOS

AAO abacate é um alimento que a América ofereceu ao mundo.Há mais de 500 variedades de abacateiros, o que explica os mui-tos tipos de abacate, diferentes na forma, tamanhos e cor. Em pra-tos doces, o abacate combina bem com limão, leite, creme de leitee leite condensado, na preparação de sorvetes, cremes, musses ebebidas. Em pratos salgados, vai bem com camarão e lagosta, emsaladas ou acompanhando pratos fortes.APossui alta taxa de gordura, sendo muito rico em calorias, o queo torna contra indicado para dietas de emagrecimento ou de ma-nutenção de peso. Mas, como a sua gordura é fácil de assimilarpelo organismo, pode constar da dieta de quem tem problemas di-gestivos. Também contém vitaminas A e do Complexo B e algunssais minerais como ferro, cálcio e fósforo.Os melhores abacates são os mais pesados, firmes e com polpamacia e gordurosa.A Algumas vezes, tem manchas claras na casca, mas é sóum defeito superficial que não afecta a qualidade do fruto.

SSAABBIIAASS QQUUEE......

Caros meninos e meninas, o anoescolar está a chegar ao fim. To-do este tempo tenho escrito nes-te cantinho muitos conselhos pa-ra vocês. Pensem em todos osconselhos que já receberam demim e ponham-nos em prática.Tudo que eu tenho passado paravocês aqui é para o vosso bem esegurança. Também é para queamanhã sejam homens e mulhe-res respeitados na sociedade.Comparem os conselhos com ovosso comportamento dia apósdia, para saberem se estão a se-guir bem, se estão a construir oua destruir o vosso futuro. Isto émuito importante porque todos àvossa volta vos têm observado.

CASIMIRO PEDRO

VAMOS COLORIR

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