domingo, 1 de março de 2015 nº 195 sÉrie iii...

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Pedro almoçava em companhia dos pais. Prestava muita atenção à conversa dos mesmos, porque de facto era muito interessante. - Há muitos caçadores furtivos nos bosques - disse o pai. - Joa- quim diz que não sabe quem é mas, todas as noites desapare- cem coelhos e aves. Deve ser al- gum forasteiro! - Escuta, papai - interrompeu Pedro - Joaquim não viu o caçador furtivo? - Sim! Julga que uma vez chegou a vê-lo! - respondeu o pai. - Oxalá pudesse descobri-lo! Dois dias depois, quando o Sol se pu- nha, deu-se a casualidade de estar Pedro debruçado à janela mais al- ta de sua casa. Procurava ver se descobria seu amigo Tomás, o fi- lho do guarda, na colina situada em frente da casa. Enquanto olha- va, seus olhos se fixaram num indi- víduo alto, que desaparecia nos bosques de seu pai. O sol poente fez brilhar por um instante a arma que o desconheci- do levava. Pedro imediatamente se lembrou da descrição que o pai fi- zera do homem. Desceu correndo e dirigiu-se a Jaime, o cocheiro. - Jaime, Jaime! - exclamou arquejan- te. - Nos bosques está um caçador furtivo! - Estou vendo que queres caçoar comigo! - acrescentou. - Juro que é verdade, Jaime! - exclamou o menino, agarrando- se ao braço do cocheiro. - Faz- me o favor de ir lá antes que seja tarde e que ele mate todas as aves e todos os coelhos de pa- pai! - Não diga tolices! - Tenho muito que fazer e se qui- seres vai tu mesmo apanhar esse caçador furtivo! - E se eu mesmo fosse apanhá-lo na floresta? Cor- reu em direcção ao bosque e, an- tes mesmo de haver pensado no que faria, esbarrou com o desco- nhecido. - Quem é você, menino? - perguntou aquele. - Pouco lhe importa saber! - Você é um caçador furtivo! - Joaquim já o viu uma vez. Você tem as características dele! Faça o favor de me acompanhar! O desconhecido pôs-se a rir. - E on- de pretende levar-me? - pergun- tou. - Aqui perto, em casa de meu pai! E não resista! - E se eu tentar fugir? O que você vai fazer? - Seguí-lo-ei. Respondeu Pedro. - Bom! - Entrego-me e acom- panho-o. Pedro segurou-o pela manga do casaco e, tirando-o do bosque, levou-o até à sua casa. O desconhecido seguiu-o docilmen- te, sem intentar sequer a fuga. Pe- dro considerava-se muito valente. O que iria dizer o seu pai quando eles chegassem? Considerava-se um herói completo! - Pai! Pai gritou ao chegar. - Venha ver o caçador furtivo! Eu prendi-o e encerrei-o no telheiro! O pai e a mãe apres- saram-se a acudir surpreendidos e Pedro conduziu-os ao telheiro. - Cuidado pai! - Pode tentar uma fu- ga e nos surpreender. O pai abriu a porta e deu um grito de assom- bro entrando no telheiro. - Guilher- me! - Exclamou. - Não esperávamos tão cedo! Aquele homem de elevada esta- tura saiu a sorrir segurando no braço de papai. Pedrinho não en- tendia nada. Pois seu pai tratava amigavelmente aquele desco- nhecido! - Este é o teu tio Gui- lherme! - disse o pai. -Vem de caçar tigres num país muito distante, para passar uma temporada connosco. E você menino foi prendê-lo, confundindo-o com um caçador furtivo! “Meu Deus!” Pedro ficou vermelho como um tomate e muito envergonhado olhou para o seu tio Guilherme! - Sinto muito! - disse por fim. - A verdade é que pensei que fosse um caçador furtivo! Pe- dro acrescentou ainda: -Por que não me disse logo que era o tio Guilherme? Teria evitado o aborrecimento de fechá-lo no te- lheiro! - Tú és o menino mais valen- te que tenho conhecido respondeu o tio. - Tú prendeste-me quando eu menos esperava! Prometo um dia levar-te comigo, porque estou or- gulhoso de ter um sobrinho como tú! A aventura, pois, não teve con- sequências. Adaptado In: histórias africanas CONSELHOS CONTO AFRICANO PROVÉRBIO ADIVINHAS Soluções: 1. Deixa de ser quadrado; 2. A letra U; 3. O piolho; 4. Arara; 5. Bola; 6. Olhos; 7. Nome. Novo ano com escola nova Ganhámos mais escolas este ano lectivo e as crianças da nos- sa província estão muito contentes com isso, porque muitas meninas e meninos vão poder estudar com melhores condi- ções. Antes estudávamos em escolas provisórias, debaixo de árvores ou sombras improvisadas, mas agora o nosso governo construiu escolas e já temos salas com carteiras e quadros on- de podemos aprender melhor. As nossas escolas novas têm até um espaço grande para o recreio, onde podemos brincarmos à vontade e fazermos muitos jogos. Nos intervalos também contamos histórias de animais e pessoas enquanto comemos o lanche. Nestes momentos as crianças estão todas felizes mas falta uma coisa que é muito importante para nós crianças, a merenda esco- lar. Nós queremos que a merenda escolar chegue às nossas es- colas, porque sendo assim as crianças não vão faltar à escola. A fome não é boa companheira e por isso muitas crianças faltam à escola sabendo que vão ficar algumas horas sem comer nada, pois muitos não têm possibilidade de levar um lanche à escola. Esperamos que este ano haja muitos alunos e tudo seja diferente. ARMANDA DOMINGOS |12 ANOS | LUNDA NORTE 1. O que a esfera disse para o cubo? 2. O que é o que é que esta sempre no meio da rua e de per- nas para o ar? 3.O que é o que é que anda com os pés na cabeça? 4.É um pássaro brasileiro e seu nome de trás para frente é igual. 5. Come-se o macho e rola-se a fêmea. O que são? 6. Uma caixinha de bem-querer, Abre e fecha sem ranger. 7. O que é que te foi dado, te pertence, mas os outros utilizam mais do que tu ? «Quem nasce para tostão não serve para milhão. Domingo, 1 de Março de 2015 Nº 195 SÉRIE III |11 Como escrever para o “Recreio” O nosso endereço é: Recreio - Página Infantil do Jornal de Angola - Rua Rainha Ginga, 18/26 - Luanda, ou para o e-mail: [email protected]. R R ecreio ecreio Suplemento infantil do Jornal de angola BRINCAR E APRENDER CARTA DOS AMIGUINHOS AA tecnologia não pára de evoluir e surpreender. Desta vez a invenção surgiu com o objectivo de nos tornarmos mais amigos do ambiente. Assim sendo, rupo de cientistas norte- americanos estão a apostar na criação de árvores artificiais. AEste novo modelo de “árvore” é, capaz de transformar dió- xido de carbono em oxigénio e aparentemente de uma forma inofensiva para o subsolo. A verdade é que a principal função das árvores é evitar o super- aquecimento da Terra pela absorção de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa. ANo entanto, devido ao aumento da percentagem de dióxido de carbono na Terra, o seu número acaba por se rele- var pouco significativo, tendo em conta a real neces- sidade do planeta. Desta forma, estas árvores artificiais têm como objectivo captar o dió- xido de carbono de uma forma muito mais rápida e eficaz, do que qual- quer outra árvore natural. S S A A B B I I A A S S Q Q U U E E . . . . . . Escutar os conselhos Costuma se dizer-se popular- mente que conselho pede-se e não se dá. Mas eu digo para vo- cês amiguinhos que quem escu- ta conselho é sábio, porque dos conselhos que escuta ele vai ad- quirindo sabedoria e com isso comete poucos erros por acatar os conselhos que recebe. Acre- dito que se os amigos deste can- tinho têm posto em prática cada conselho que aqui se publica têm-se dado muito bem no dia a dia, porque eles ensinam-vos co- mo se comportar diante da so- ciedade em qualquer situação, e isso me deixa muito feliz. CASIMIRO PEDRO VAMOS COLORIR O valente menino Pedro e o caçador furtivo

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Pedro almoçava em companhiados pais. Prestava muita atençãoà conversa dos mesmos, porquede facto era muito interessante. -Há muitos caçadores furtivosnos bosques - disse o pai. - Joa-quim diz que não sabe quem émas, todas as noites desapare-cem coelhos e aves. Deve ser al-gum forasteiro!- Escuta, papai - interrompeu

Pedro - Joaquim não viu o caçadorfurtivo? - Sim! Julga que uma vezchegou a vê-lo! - respondeu o pai.- Oxalá pudesse descobri-lo! Doisdias depois, quando o Sol se pu-nha, deu-se a casualidade de estarPedro debruçado à janela mais al-ta de sua casa. Procurava ver sedescobria seu amigo Tomás, o fi-lho do guarda, na colina situadaem frente da casa. Enquanto olha-va, seus olhos se fixaram num indi-víduo alto, que desaparecia nosbosques de seu pai.O sol poente fez brilhar por um

instante a arma que o desconheci-do levava. Pedro imediatamente selembrou da descrição que o pai fi-zera do homem. Desceu correndoe dirigiu-se a Jaime, o cocheiro. -

Jaime, Jaime! - exclamou arquejan-te. - Nos bosques está um caçadorfurtivo! - Estou vendo que querescaçoar comigo! - acrescentou.- Juro que é verdade, Jaime! -

exclamou o menino, agarrando-se ao braço do cocheiro. - Faz-me o favor de ir lá antes que sejatarde e que ele mate todas asaves e todos os coelhos de pa-pai! - Não diga tolices! - Tenho muito que fazer e se qui-

seres vai tu mesmo apanhar essecaçador furtivo! - E se eu mesmofosse apanhá-lo na floresta? Cor-reu em direcção ao bosque e, an-tes mesmo de haver pensado noque faria, esbarrou com o desco-nhecido. - Quem é você, menino?- perguntou aquele. - Pouco lheimporta saber! - Você é um caçador furtivo! -

Joaquim já o viu uma vez. Vocêtem as características dele! Façao favor de me acompanhar! Odesconhecido pôs-se a rir. - E on-de pretende levar-me? - pergun-tou. - Aqui perto, em casa de meupai! E não resista! - E se eu tentarfugir? O que você vai fazer? - Seguí-lo-ei. Respondeu Pedro.

- Bom! - Entrego-me e acom-panho-o. Pedro segurou-o pelamanga do casaco e, tirando-o dobosque, levou-o até à sua casa. Odesconhecido seguiu-o docilmen-te, sem intentar sequer a fuga. Pe-dro considerava-se muito valente.O que iria dizer o seu pai quandoeles chegassem? Considerava-seum herói completo! - Pai! Pai gritouao chegar. - Venha ver o caçador

furtivo! Eu prendi-o e encerrei-ono telheiro! O pai e a mãe apres-saram-se a acudir surpreendidose Pedro conduziu-os ao telheiro. -Cuidado pai! - Pode tentar uma fu-ga e nos surpreender. O pai abriua porta e deu um grito de assom-bro entrando no telheiro. - Guilher-me! - Exclamou. - Não esperávamos tão cedo!

Aquele homem de elevada esta-

tura saiu a sorrir segurando nobraço de papai. Pedrinho não en-tendia nada. Pois seu pai tratavaamigavelmente aquele desco-nhecido! - Este é o teu tio Gui-lherme! - disse o pai. -Vem de caçar tigres num país

muito distante, para passar umatemporada connosco. E você menino foi prendê-lo,

confundindo-o com um caçadorfurtivo! “Meu Deus!” Pedro ficouvermelho como um tomate e muitoenvergonhado olhou para o seutio Guilherme! - Sinto muito! - dissepor fim. - A verdade é que penseique fosse um caçador furtivo! Pe-dro acrescentou ainda: -Por que não me disse logo que

era o tio Guilherme? Teria evitado oaborrecimento de fechá-lo no te-lheiro! - Tú és o menino mais valen-te que tenho conhecido respondeuo tio. - Tú prendeste-me quando eumenos esperava! Prometo um dialevar-te comigo, porque estou or-gulhoso de ter um sobrinho comotú! A aventura, pois, não teve con-sequências.

Adaptado In: histórias africanas

CONSELHOS

CONTO AFRICANO

PROVÉRBIO

ADIVINHAS

Soluções:1.Deixa de ser quadrado; 2. A letra U; 3. O piolho; 4. Arara; 5. Bola; 6. Olhos; 7. Nome.

Novo ano com escola novaGanhámos mais escolas este ano lectivo e as crianças da nos-sa província estão muito contentes com isso, porque muitasmeninas e meninos vão poder estudar com melhores condi-ções. Antes estudávamos em escolas provisórias, debaixo deárvores ou sombras improvisadas, mas agora o nosso governoconstruiu escolas e já temos salas com carteiras e quadros on-de podemos aprender melhor.As nossas escolas novas têm até um espaço grande para o recreio,onde podemos brincarmos à vontade e fazermos muitos jogos.Nos intervalos também contamos histórias de animais e pessoasenquanto comemos o lanche. Nestes momentos as crianças estão todas felizes mas falta umacoisa que é muito importante para nós crianças, a merenda esco-lar. Nós queremos que a merenda escolar chegue às nossas es-colas, porque sendo assim as crianças não vão faltar à escola.A fome não é boa companheira e por isso muitas crianças faltamà escola sabendo que vão ficar algumas horas sem comer nada,pois muitos não têm possibilidade de levar um lanche à escola.Esperamos que este ano haja muitos alunos e tudo seja diferente.

ARMANDA DOMINGOS |12 ANOS | LUNDA NORTE

1. O que a esfera disse para o cubo?2. O que é o que é que esta sempre no meio da rua e de per-nas para o ar?3.O que é o que é que anda com os pés na cabeça?4.É um pássaro brasileiro e seu nome de trás para frente éigual.5. Come-se o macho e rola-se a fêmea. O que são?6. Uma caixinha de bem-querer, Abre e fecha sem ranger.7. O que é que te foi dado, te pertence, mas os outros utilizammais do que tu ?

«Quem nasce para tostão nãoserve para milhão.

Domingo, 1 de Março de 2015Nº 195 SÉRIE III

|11

Como escrever para o “Recreio”O nosso endereço é:Recreio - Página Infantil do Jornalde Angola - Rua Rainha Ginga,18/26 - Luanda, ou para o e-mail:[email protected].

RRecreioecreioSuplemento infantil do Jornal de angola

RecreioSuplemento infantil do Jornal de angola

BRINCAR E APRENDERCARTA DOS AMIGUINHOS

AA tecnologia não pára de evoluir e surpreender. Destavez a invenção surgiu com o objectivo de nos tornarmos maisamigos do ambiente. Assim sendo, rupo de cientistas norte-americanos estão a apostar na criação de árvores artificiais.AEste novo modelo de “árvore” é, capaz de transformar dió-xido de carbono em oxigénio e aparentemente de uma formainofensiva para o subsolo.A verdade é que a principal função das árvores é evitar o super-aquecimento da Terra pela absorção de dióxido de carbono(CO2), um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa.ANo entanto, devido ao aumento da percentagem de dióxido

de carbono na Terra, o seu número acaba por se rele-var pouco significativo, tendo em conta a real neces-sidade do planeta. Desta forma, estas árvoresartificiais têm como objectivo captar o dió-xido de carbono de uma forma muitomais rápida e eficaz, do que qual-quer outra árvore natural.

SSAABBIIAASS QQUUEE......

Escutar os conselhosCostuma se dizer-se popular-mente que conselho pede-se enão se dá. Mas eu digo para vo-cês amiguinhos que quem escu-ta conselho é sábio, porque dosconselhos que escuta ele vai ad-quirindo sabedoria e com issocomete poucos erros por acataros conselhos que recebe. Acre-dito que se os amigos deste can-tinho têm posto em prática cadaconselho que aqui se publicatêm-se dado muito bem no dia adia, porque eles ensinam-vos co-mo se comportar diante da so-ciedade em qualquer situação, eisso me deixa muito feliz.

CASIMIRO PEDRO

VAMOS COLORIR

O valente menino Pedro e o caçador furtivo