domingo, 21 de setembro de 2014 nº 172 sÉrie iii...

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ELISABETE PAIHOMA | Era uma vez uma aldeia que se chamava Pungo a Ndongo, no Norte de Angola, que tinha gente muito simples e um grande feiti- ceiro. As pessoas em Pungo a Ndongo tinham como actividade principal a agricultura. Trabalha- vam nas lavras dia e noite. O feiti- ceiro, tinha uma filha, a Belita, de quem gostava muito, e a sua es- posa era a ajudante nos feitiços. Belita queria casar-se com Pedri- to, filho de Gasuza. Mana Minga era viúva e tinha uma lavra em Maiombola, para onde eram en- viados todos os que eram mor- tos pelo feiticeiro, onde ficavam eternamente a fazer trabalhos forçados. A viúva era comadre do feiticeiro. Um belo dia, Pedri- to, acompanhado de Gasuza, foi a casa de Belita pedir a sua mão em casamento, mas teve um grande espanto quando lá che- gou: o feiticeiro não concordava com o casamento, de maneira nenhuma. Mas a insistência foi tanta que o feiticeiro, calculista como sempre, armou uma tra- móia para impedir o casamento de Belita. Virou-se para Pedrito e disse-lhe: - Pedrito, para te casa- res com a minha filha tens de pa- gar “alembamento”, porque Beli- ta é filha do sacrifício e minha úni- ca companheira. Pedrito con- cordou e perguntou qual era o “alembamento”. E disse ao feiti- ceiro: - Nenhum preço é demais, pois ela vale ouro. - Quero que me tragas um peixe que não vive na água doce nem na água sal- gada. Quero um peixe nem cru nem cozido, estamos entendi- dos? - Perguntou o feiticeiro. Pe- drito respondeu admirado: - Mas existe tal peixe? - Sim, exis- te. E se até amanhã não me trou- xeres o peixe, não tens a minha filha. Pedrito, desesperado e triste, foi procurar o homem mais inteligente da aldeia, o velho Ngunga, para lhe pedir ajuda. O velho Ngunga pensou, pensou e disse: - Não te preocupes, meu filho. Passa aqui amanhã e tens o teu “alembamento” pronto. Pedrito ficou todo feliz e despe- diu-se. Na manhã seguinte, foi ter com o velho Ngunga e rece- beu a solução do seu problema. Então partiram juntos para casa do feiticeiro. - Já tenho o seu pe- dido – disse Pedrito. - Impossí- vel! Como foi que conseguiste? Dá-me então o peixe! E Pedrito disse: - A pessoa que me deu o peixe disse-me que o devo entre- gar, mas não pode ser de noite, nem de dia. O feiticeiro ficou fu- rioso com o ardil do jovem, mas teve de cumprir a promessa e en- tregou a filha a Pedrito, fazendo ameaças de uma terrível vingan- ça. Um dia o jovem casal desco- bre as pegadas do feiticeiro à volta da casa. Os dois chegam à conclusão de que ele andava a tramar algu- ma para matá-los. Belita e Pedrito vão ter com ele e dizem-lhe que andam a ser roubados e querem prender o gatuno. Para isso leva- ram ao feiticeiro a areia onde esta- vam marcadas as pegadas, para ele fazer um feitiço forte que aca- basse com o salteador. O feiticeiro fez um grande feitiço com base nas suas próprias pegadas e mo- rreu logo ali. Belita e Pedro ficaram livres daquele homem terrível e houve festa em Pungo a Ndongo. CONSELHOS CONTOS POPULARES ANGOLANOS PROVÉRBIO ADIVINHAS Soluções: 1. Abelha; 2. Sal; 3. Relógio; 4. Serra. Os pais devem encorajar As aulas estão a chegar ao fim e na minha escola vejo que muitos colegas não aparecem todos os dias. Isso não é bom para eles porque estão a perder matéria que pode fazer muita falta na altura das provas. Temos todos de estudar desde muito pequeninos para ser- mos úteis às nossas família e também ao nosso país quando formos grandes. Temos de ser médicos, engenheiros e cien- tistas. Se não estudarmos, quem vai pagar as despesas fami- liares e pôr a funcionar os equipamentos tecnológicos muito avançados que o nosso Governo está agora a instalar com a ajuda de empresas estrangeiras? Os nossos amiguinhos que gostam de fugir da escola para fi- carem a brincar com gameboys, devem saber que, hoje, para sermos bons jogadores não basta sermos habilidosos, é pre- ciso conhecer técnicas muito avançadas de dominar a bola no campo e ter bons resultados dentro de uma equipa. Por isso, eu quero pedir aos meus colegas que não faltem à escola, que estudem todos os dias e sejam bons alunos. Todos devem estar preparados para as provas finais, senão acabam por reprovar e depois têm de repetir o ano. ALBERTINA JOÃO |12 ANOS | CUITO 1.Sem fogo nem alambique, industriosa alquimista, faço uma doce quinta-essência, sou amiga da paz e do silêncio, e para crédito da clemência não posso me irar sem dano, porque, quando me vingo, morro. 2. Não há criatura na Natureza que sobre mim leve vantagens no poder e na beleza. Meu belo rosto divino, de tal modo sin- gular, deslumbra a vista de quem me contempla. 3.Qual é a coisa, qual é ela, que nos tira quando dá? 4.Tísica de nascença, rói quanto lhe dão, mas por falta de co- zedura lança o que rói no chão. «Se parares cada vez que ouvires o latir de um cão, nunca chegarás ao fim do caminho. Prov. chinês Domingo, 21 de Setembro de 2014 Nº 172 SÉRIE III |11 Como escrever para o “Recreio” O nosso endereço é: Recreio - Página Infantil do Jornal de Angola - Rua Rainha Ginga, 18/26 - Luanda, ou para o e-mail: [email protected]. R R ecreio ecreio Suplemento infantil do Jornal de angola BRINCAR E APRENDER CARTAS DOS AMIGUINHOS AA cenoura melhora a visão. O vegetal consegue, sim, melhorar a visão dependendo de algumas condições, já que é rico em betacaroteno, um pig- mento natural que ajuda a “alimentar” os olhos. O nosso corpo usa o betacaroteno para fazer vitamina A, um nu- triente essencial para fazer com que o olho humano traduza a luz captada por ele em sinais que são enviados para o cé- rebro, aumentando a eficiência, mesmo em fracas condi- ções de iluminação. ASabe-se que a privação da vitamina A pode fazer inclusive com que a córnea praticamente desapareça e em conse- quência disto surgir a cegueira. S S A A B B I I A A S S Q Q U U E E . . . . . . Cumprimenta educadamente, e conversa respeitosamente em casa, com os amigos, no restaurante, na escola, ou no supermercado. Se ti- veres o hábito de usar boas manei- ras em casa, utilizá-ás em qualquer lugar em que estiver. Quando receberes um presente se não o abrires à frente de quem o ofereceu, deves ligar ou agradecer pessoalmente, mencionando o presente e o nome do ofertante. Aprende a saudar as pessoas pelo seu nome olhando-a nos olhos e diz “bom dia ou boa tarde sr. ou sra fulano (a)” – em vez de “Olá” ou “bom dia” a olhar para o chão, é uma valiosa lição para o teu futuro. ARMANDO PULULO O feiticeiro e o velho sábio e inteligente VAMOS COLORIR Completa as figuras unindo os pontos e pinta ao teu gosto

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ELISABETE PAIHOMA |

Era uma vez uma aldeia que sechamava Pungo a Ndongo, noNorte de Angola, que tinha gentemuito simples e um grande feiti-ceiro. As pessoas em Pungo aNdongo tinham como actividadeprincipal a agricultura. Trabalha-vam nas lavras dia e noite. O feiti-ceiro, tinha uma filha, a Belita, dequem gostava muito, e a sua es-posa era a ajudante nos feitiços.Belita queria casar-se com Pedri-to, filho de Gasuza. Mana Mingaera viúva e tinha uma lavra emMaiombola, para onde eram en-viados todos os que eram mor-tos pelo feiticeiro, onde ficavameternamente a fazer trabalhosforçados. A viúva era comadredo feiticeiro. Um belo dia, Pedri-to, acompanhado de Gasuza, foia casa de Belita pedir a sua mãoem casamento, mas teve umgrande espanto quando lá che-gou: o feiticeiro não concordavacom o casamento, de maneiranenhuma. Mas a insistência foitanta que o feiticeiro, calculistacomo sempre, armou uma tra-móia para impedir o casamentode Belita. Virou-se para Pedrito e

disse-lhe: - Pedrito, para te casa-res com a minha filha tens de pa-gar “alembamento”, porque Beli-ta é filha do sacrifício e minha úni-ca companheira. Pedrito con-cordou e perguntou qual era o“alembamento”. E disse ao feiti-ceiro: - Nenhum preço é demais,pois ela vale ouro. - Quero queme tragas um peixe que não vivena água doce nem na água sal-gada. Quero um peixe nem crunem cozido, estamos entendi-dos? - Perguntou o feiticeiro. Pe-

drito respondeu admirado: -Mas existe tal peixe? - Sim, exis-te. E se até amanhã não me trou-xeres o peixe, não tens a minhafilha. Pedrito, desesperado etriste, foi procurar o homem maisinteligente da aldeia, o velhoNgunga, para lhe pedir ajuda. Ovelho Ngunga pensou, pensou edisse: - Não te preocupes, meufilho. Passa aqui amanhã e tenso teu “alembamento” pronto.Pedrito ficou todo feliz e despe-diu-se. Na manhã seguinte, foi

ter com o velho Ngunga e rece-beu a solução do seu problema.Então partiram juntos para casado feiticeiro. - Já tenho o seu pe-dido – disse Pedrito. - Impossí-vel! Como foi que conseguiste?Dá-me então o peixe! E Pedritodisse: - A pessoa que me deu opeixe disse-me que o devo entre-gar, mas não pode ser de noite,nem de dia. O feiticeiro ficou fu-rioso com o ardil do jovem, masteve de cumprir a promessa e en-tregou a filha a Pedrito, fazendoameaças de uma terrível vingan-ça. Um dia o jovem casal desco-bre as pegadas do feiticeiro àvolta da casa.Os dois chegam à conclusão

de que ele andava a tramar algu-ma para matá-los. Belita e Pedritovão ter com ele e dizem-lhe queandam a ser roubados e queremprender o gatuno. Para isso leva-ram ao feiticeiro a areia onde esta-vam marcadas as pegadas, paraele fazer um feitiço forte que aca-basse com o salteador. O feiticeirofez um grande feitiço com basenas suas próprias pegadas e mo-rreu logo ali. Belita e Pedro ficaramlivres daquele homem terrível ehouve festa em Pungo a Ndongo.

CONSELHOS

CONTOS POPULARES ANGOLANOS

PROVÉRBIO

ADIVINHAS

Soluções:1.Abelha; 2. Sal; 3. Relógio; 4. Serra.

Os pais devem encorajarAs aulas estão a chegar ao fim e na minha escola vejo quemuitos colegas não aparecem todos os dias. Isso não é bompara eles porque estão a perder matéria que pode fazermuita falta na altura das provas.Temos todos de estudar desde muito pequeninos para ser-mos úteis às nossas família e também ao nosso país quandoformos grandes. Temos de ser médicos, engenheiros e cien-tistas. Se não estudarmos, quem vai pagar as despesas fami-liares e pôr a funcionar os equipamentos tecnológicos muitoavançados que o nosso Governo está agora a instalar com aajuda de empresas estrangeiras? Os nossos amiguinhos que gostam de fugir da escola para fi-carem a brincar com gameboys, devem saber que, hoje, parasermos bons jogadores não basta sermos habilidosos, é pre-ciso conhecer técnicas muito avançadas de dominar a bolano campo e ter bons resultados dentro de uma equipa. Por isso, eu quero pedir aos meus colegas que não faltem àescola, que estudem todos os dias e sejam bons alunos. Todos devem estar preparados para as provas finais, senãoacabam por reprovar e depois têm de repetir o ano.

ALBERTINA JOÃO |12 ANOS | CUITO

1.Sem fogo nem alambique, industriosa alquimista, faço umadoce quinta-essência, sou amiga da paz e do silêncio, e paracrédito da clemência não posso me irar sem dano, porque,quando me vingo, morro.2. Não há criatura na Natureza que sobre mim leve vantagensno poder e na beleza. Meu belo rosto divino, de tal modo sin-gular, deslumbra a vista de quem me contempla. 3.Qual é a coisa, qual é ela, que nos tira quando dá?4.Tísica de nascença, rói quanto lhe dão, mas por falta de co-zedura lança o que rói no chão.

«Se parares cada vez que ouvireso latir de um cão, nunca chegarásao fim do caminho. Prov. chinês

Domingo, 21 de Setembro de 2014Nº 172 SÉRIE III

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Como escrever para o “Recreio”O nosso endereço é:Recreio - Página Infantil do Jornalde Angola - Rua Rainha Ginga,18/26 - Luanda, ou para o e-mail:[email protected].

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BRINCAR E APRENDERCARTAS DOS AMIGUINHOS

AA cenoura melhora a visão.O vegetal consegue, sim, melhorar a visão dependendo dealgumas condições, já que é rico em betacaroteno, um pig-mento natural que ajuda a “alimentar” os olhos. O nossocorpo usa o betacaroteno para fazer vitamina A, um nu-triente essencial para fazer com que o olho humano traduzaa luz captada por ele em sinais que são enviados para o cé-rebro, aumentando a eficiência, mesmo em fracas condi-ções de iluminação.ASabe-se que a privação da vitamina A pode fazer inclusivecom que a córnea praticamente desapareça e em conse-quência disto surgir a cegueira.

SSAABBIIAASS QQUUEE......

Cumprimenta educadamente, econversa respeitosamente em casa,com os amigos, no restaurante, naescola, ou no supermercado. Se ti-veres o hábito de usar boas manei-ras em casa, utilizá-ás em qualquerlugar em que estiver. Quando receberes um presente senão o abrires à frente de quem oofereceu, deves ligar ou agradecerpessoalmente, mencionando opresente e o nome do ofertante.Aprende a saudar as pessoas peloseu nome olhando-a nos olhos ediz “bom dia ou boa tarde sr. ou srafulano (a)” – em vez de “Olá” ou“bom dia” a olhar para o chão, éuma valiosa lição para o teu futuro.

ARMANDO PULULO

O feiticeiro e o velho sábio e inteligente

VAMOS COLORIR

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