domingo, 28 de julho de 2013 nº 113 sÉrie iii...

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SEKE IA BINDO | Era uma vez uma bela jovem cha- mada Kuzola, filha de rei vivo e rai- nha falecida. Passava os dias na ci- dadela real, sozinha e triste, sem nin- guém da sua idade para brincar. Mas o pior de tudo eram as saudades da mãe, que batiam no seu coração bon- doso. O pai pensou que ela estava a precisar de uma nova mãe e casou com uma mulher que tinha duas fi- lhas. Pobre Kuzola, que naquele dia perdeu tudo. Como o pai de Kuzola saía muito para ir à caça ou vender as colheitas do café, a madrasta e as filhas obri- gavam Kuzola a fazer todos os traba- lhos domésticos. O seu fino e delica- do pescoço tinha de suportar cargas pesadas, quando ia ao rio buscar água. Se era preciso varrer, era ela que varria. Cozinhar, era ele que co- zinhava. Kuzola era mais infeliz do que nunca. Um dia o pai de Kuzola foi à caça e uma pakaça ferida investiu contra ele, matando-o. A menina ficou nas mãos da madrasta e suas filhas de- salmadas. De jovem rica e prendada passou a criada. Era obrigada a dor- mir no quintal, sob uma mandio- queira e em cima do luando, sem co- bertor nem agasalho. Chorava as suas mágoas quando ia ao rio buscar água. Os animais choravam com ela. Um certo dia foi anunciado que no reino vizinho, o príncipe ia orga- nizar uma grande festa para esco- lher entre as jovens, aquela que ia ser sua esposa. A madrasta e suas fi- lhas desalmadas, com medo da bele- za de Kuzola, trancaram-na no quar- to e partiram para a festa. As filhas da madrasta estavam deslumbran- tes, com vestidos luxuosos. Kuzola estava a chorar em silên- cio quando entraram pela janela os seus amigos macacos. Libertaram- na e todos ajudaram a fazer um belo vestido para a festa. Quando estava pronta, as águias juntaram-se e voa- ram com ela para o reino vizinho. Kuzola entrou na festa e todos se renderam à sua beleza. O príncipe não quis saber de mais nada e pediu- lhe para ser sua esposa. - Quando posso pedir a tua mão ao teu pai? E Kuzola respondeu: - Não tenho pai nem mãe, apenas lágrimas para chorar. O príncipe já não a deixou partir e nessa noite dormiu numa cama boa e bem agasalhada. Na manhã seguinte o rei mandou juntar o povo e infor- mou que seu filho ia casar com Ku- zola. Como todos gostavam muito dele, houve festa durante uma sema- na. Quando chegou o dia do casa- mento, Kuzola desapareceu. Uns diziam que a viram partir nas asas das águias que tinham ninho no alto das montanhas. Outros juravam que ela foi levadas pelas gazelas, em grande cavalgada. O certo é que Ku- zola desapareceu no dia da grande festa. Para trás deixou apenas o seu vestido com que dançou a primeira vez com o príncipe, e um sapatinho de cristal, feito pela Lua à medida do seu pé delicado. O príncipe reuniu um exército de jovens guerreiros e partiu à procura de Kuzola. A jovem tinha sido rap- tada por um feiticeiro amigo da madrasta e suas filhas desalmadas. E fez dela sua escrava. O príncipe dava o vestido às jo- vens que encontrava, mas ele não lhes servia. Depois pedia-lhes para experimentarem o sapatinho de cris- tal, mas todos os pés eram demasia- do grandes para caberem nele. Até que um dia chegou a casa do feiticei- ro. Quando viu aquela jovem andra- josa, cabelos desalinhados, ficou sem vontade de lhe pedir para expe- rimentar o vestido e o sapatinho. A menina vestiu-se e o vestido era feito para o seu corpo. O cora- ção do príncipe começou a bater mais forte. Depois deu-lhe o sapato de cristal. Kuzola calçou-o com to- da a facilidade. Naquele momento o feiticeiro re- bentou e do seu interior começaram a surgir pássaros de mil cores, voan- do sob a cabeça do príncipe e de Ku- zola. Um raio de sol entrou no quin- tal da casa e mostrou a beleza da jo- vem em todo o seu esplendor. O príncipe e Kuzola casaram e fo- ram muito felizes. CONSELHOS CONTOS POPULARES ANGOLANOS Kuzola e o sapato feito à mão pela Lua PROVÉRBIO ADIVINHAS Soluções: 1. Ratos; 2. Rio; 3. Reviver; 4. Ponteiros do relógio; 5. O tomate; 6. Os famosos; 7. Relógio. Valorizar a mulher africana Na nossa escola fizemos trabalhos sobre o Dia da Mulher Africa- na. Eu fiquei a saber que no nosso continente as mulheres cuidam do lar, da educação dos filhos, vão às lavras cultivar a terra e nas grandes cidades muitas trabalham de manhã até à noite para edu- car e alimentar as famílias. Nós em Angola também temos esta situação. As mulheres an- golanas viveram todos os anos de guerra sem baixar os braços. Enquanto os maridos iam defender a pátria, elas cuidavam do lar e faziam tudo para que nada faltasse aos filhos. Também temos muitos casos em que as mulheres pegaram em armas para lutar ao lado dos homens. Eu não vivi esses tempos, mas fico admirada com tudo o que a nossa professora nos contou sobre as mulheres angolanas du- rante a guerra. Depois de tantos sacrifícios para sozinhas aguen- tarem a casa e sustentarem os filhos, ainda tinham forças para apoiar os que lutavam nas frentes de combarte. Depois de conhecer os sacrifícios das mulheres africanas ao longo dos séculos, sinto cada vez mais orgulho em ser angolana e africana. É bom conhecer a nossa História. ANASTÁCIA NGOMBE |12 ANOS| PALANCA 1. Mãe ladra, pai ladrão e os filhos não fogem à geração. 2. Sem voz, encanto quem me ouve, tenho leito mas não durmo. E, como o tempo, corro sempre. 3.Que palavra lida direita, ou às avessas, significa voltar à vida? 4. Dez e dez não são vinte, com mais cinquenta faz onze. O que é? 5.O que é que nasce no Sporting e morre no Benfica? 6.O que é que sai do chão e vira estrela? 7.Os homens dão-me governo, e eu a eles dou. Quando me esque- cem perco o meu governo. «É a água calma e silenciosa que afoga um homem. Domingo, 28 de Julho de 2013 Nº 113 SÉRIE III |11 Como escrever para o “Recreio” O nosso endereço é: Recreio - Página Infantil do Jornal de Angola - Rua Rainha Ginga, 18/26 - Luanda, ou para o e-mail: [email protected]. R R ecreio ecreio Suplemento infantil do Jornal de angola BRINCAR E APRENDER Cartas dos Amiguinhos A Os cactos armazenam água dentro dos seus grossos cau- les. As suas folhas são os espinhos A “vitória régia”, planta símbolo da Amazónia, chega a alcan- çar dois metros de diâmetro sendo que as suas flores só abrem à noite e o seu nome foi uma homenagemfeita pelo seu descobridor, o naturalista inglês Haenske, à rainha Vitória da Inglaterra. As plantas carnívoras são aquelas que realizam atracção, cap- tura e digestão de presas. Hermafroditas, repoduzem-se por sementes. Crescem em lugares inóspitos e húmidos. As suas vítimas são insectos e pequenos animais, como roedores. S S A A B B I I A A S S Q Q U U E E . . . . . . Este mês também é dedicado à mu- lher. O dia da mulher Africana come- mora-se a 31de Julho. todos os me- ninos e meninas devem fazer um agrado à suas mães. Podem fazer um desenho em cartolina, plasticina ou comprar uma peça de artesanato que represente a mulher africana, para oferecerem às mamãs. Lem- brem-se que um abraço, um beijo de bom dia ao papá e à mamã é muito agradável. É um gesto simples mas com muito significado para eles. Saúda com respeito todos os mais velhos que conheces e que encon- trares pelo caminho. É uma questão de respeito e boa educação. O com- portamento das crianças mostra co- mo os papás as educaram. CASIMIRO PEDRO VAMOS COLORIR

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SEKE IA BINDO |

Era uma vez uma bela jovem cha-mada Kuzola, filha de rei vivo e rai-nha falecida. Passava os dias na ci-dadela real, sozinha e triste, sem nin-guém da sua idade para brincar. Maso pior de tudo eram as saudades damãe, que batiam no seu coração bon-doso. O pai pensou que ela estava aprecisar de uma nova mãe e casoucom uma mulher que tinha duas fi-lhas. Pobre Kuzola, que naquele diaperdeu tudo.Como o pai de Kuzola saía muito

para ir à caça ou vender as colheitasdo café, a madrasta e as filhas obri-gavam Kuzola a fazer todos os traba-lhos domésticos. O seu fino e delica-do pescoço tinha de suportar cargaspesadas, quando ia ao rio buscarágua. Se era preciso varrer, era elaque varria. Cozinhar, era ele que co-zinhava. Kuzola era mais infeliz doque nunca.Um dia o pai de Kuzola foi à caça e

uma pakaça ferida investiu contraele, matando-o. A menina ficou nasmãos da madrasta e suas filhas de-salmadas. De jovem rica e prendadapassou a criada. Era obrigada a dor-

mir no quintal, sob uma mandio-queira e em cima do luando, sem co-bertor nem agasalho. Chorava assuas mágoas quando ia ao rio buscarágua. Os animais choravam com ela. Um certo dia foi anunciado que

no reino vizinho, o príncipe ia orga-nizar uma grande festa para esco-lher entre as jovens, aquela que iaser sua esposa. A madrasta e suas fi-lhas desalmadas, com medo da bele-

za de Kuzola, trancaram-na no quar-to e partiram para a festa. As filhasda madrasta estavam deslumbran-tes, com vestidos luxuosos.Kuzola estava a chorar em silên-

cio quando entraram pela janela osseus amigos macacos. Libertaram-na e todos ajudaram a fazer um belovestido para a festa. Quando estavapronta, as águias juntaram-se e voa-ram com ela para o reino vizinho.

Kuzola entrou na festa e todos serenderam à sua beleza. O príncipenão quis saber de mais nada e pediu-lhe para ser sua esposa. - Quando posso pedir a tua mão ao

teu pai? E Kuzola respondeu:- Não tenho pai nem mãe, apenas

lágrimas para chorar.O príncipe já não a deixou partir e

nessa noite dormiu numa cama boa ebem agasalhada. Na manhã seguinteo rei mandou juntar o povo e infor-mou que seu filho ia casar com Ku-zola. Como todos gostavam muitodele, houve festa durante uma sema-na. Quando chegou o dia do casa-mento, Kuzola desapareceu. Uns diziam que a viram partir nas

asas das águias que tinham ninho noalto das montanhas. Outros juravamque ela foi levadas pelas gazelas, emgrande cavalgada. O certo é que Ku-zola desapareceu no dia da grandefesta. Para trás deixou apenas o seuvestido com que dançou a primeiravez com o príncipe, e um sapatinhode cristal, feito pela Lua à medida doseu pé delicado.O príncipe reuniu um exército de

jovens guerreiros e partiu à procurade Kuzola. A jovem tinha sido rap-

tada por um feiticeiro amigo damadrasta e suas filhas desalmadas.E fez dela sua escrava. O príncipe dava o vestido às jo-

vens que encontrava, mas ele nãolhes servia. Depois pedia-lhes paraexperimentarem o sapatinho de cris-tal, mas todos os pés eram demasia-do grandes para caberem nele. Atéque um dia chegou a casa do feiticei-ro. Quando viu aquela jovem andra-josa, cabelos desalinhados, ficousem vontade de lhe pedir para expe-rimentar o vestido e o sapatinho. A menina vestiu-se e o vestido

era feito para o seu corpo. O cora-ção do príncipe começou a batermais forte. Depois deu-lhe o sapatode cristal. Kuzola calçou-o com to-da a facilidade. Naquele momento o feiticeiro re-

bentou e do seu interior começarama surgir pássaros de mil cores, voan-do sob a cabeça do príncipe e de Ku-zola. Um raio de sol entrou no quin-tal da casa e mostrou a beleza da jo-vem em todo o seu esplendor.O príncipe e Kuzola casaram e fo-

ram muito felizes.

CONSELHOS

CONTOS POPULARES ANGOLANOS

Kuzola e o sapato feito à mão pela Lua

PROVÉRBIO

ADIVINHAS

Soluções:1.Ratos; 2. Rio; 3. Reviver; 4. Ponteiros do relógio; 5. O tomate; 6. Os famosos; 7.Relógio.

Valorizar a mulher africanaNa nossa escola fizemos trabalhos sobre o Dia da Mulher Africa-

na. Eu fiquei a saber que no nosso continente as mulheres cuidamdo lar, da educação dos filhos, vão às lavras cultivar a terra e nasgrandes cidades muitas trabalham de manhã até à noite para edu-car e alimentar as famílias.Nós em Angola também temos esta situação. As mulheres an-

golanas viveram todos os anos de guerra sem baixar os braços.Enquanto os maridos iam defender a pátria, elas cuidavam do lare faziam tudo para que nada faltasse aos filhos. Também temosmuitos casos em que as mulheres pegaram em armas para lutarao lado dos homens.Eu não vivi esses tempos, mas fico admirada com tudo o que a

nossa professora nos contou sobre as mulheres angolanas du-rante a guerra. Depois de tantos sacrifícios para sozinhas aguen-tarem a casa e sustentarem os filhos, ainda tinham forças paraapoiar os que lutavam nas frentes de combarte. Depois de conhecer os sacrifícios das mulheres africanas ao

longo dos séculos, sinto cada vez mais orgulho em ser angolana eafricana. É bom conhecer a nossa História.

ANASTÁCIA NGOMBE |12 ANOS| PALANCA

1. Mãe ladra, pai ladrão e os filhos não fogem à geração.2. Sem voz, encanto quem me ouve, tenho leito mas não durmo. E,como o tempo, corro sempre.3.Que palavra lida direita, ou às avessas, significa voltar à vida?4. Dez e dez não são vinte, com mais cinquenta faz onze. O que é?5.O que é que nasce no Sporting e morre no Benfica?6.O que é que sai do chão e vira estrela?7.Os homens dão-me governo, e eu a eles dou. Quando me esque-cem perco o meu governo.

«É a água calma e silenciosaque afoga um homem.

Domingo, 28 de Julho de 2013Nº 113 SÉRIE III

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Como escrever para o “Recreio”O nosso endereço é:Recreio - Página Infantil do Jornalde Angola - Rua Rainha Ginga,18/26 - Luanda, ou para o e-mail:[email protected].

RRecreioecreioSuplemento infantil do Jornal de angola

RecreioSuplemento infantil do Jornal de angola

BRINCAR E APRENDERCartas dos Amiguinhos

AOs cactos armazenam água dentro dos seus grossos cau-les. As suas folhas são os espinhosA “vitória régia”, planta símbolo da Amazónia, chega a alcan-çar dois metros de diâmetro sendo que as suas flores sóabrem à noite e o seu nome foi uma homenagemfeita peloseu descobridor, o naturalista inglês Haenske, à rainha Vitóriada Inglaterra. As plantas carnívoras são aquelas que realizam atracção, cap-tura e digestão de presas. Hermafroditas, repoduzem-se porsementes. Crescem em lugares inóspitos e húmidos. As suasvítimas são insectos e pequenos animais, como roedores.

SSAABBIIAASS QQUUEE.... ..

Este mês também é dedicado à mu-lher. O dia da mulher Africana come-mora-se a 31de Julho. todos os me-ninos e meninas devem fazer umagrado à suas mães. Podem fazerum desenho em cartolina, plasticinaou comprar uma peça de artesanatoque represente a mulher africana,para oferecerem às mamãs. Lem-brem-se que um abraço, um beijo debom dia ao papá e à mamã é muitoagradável. É um gesto simples mascom muito significado para eles.Saúda com respeito todos os maisvelhos que conheces e que encon-trares pelo caminho. É uma questãode respeito e boa educação. O com-portamento das crianças mostra co-mo os papás as educaram.

CASIMIRO PEDRO

VAMOS COLORIR