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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM:
AVALIAÇÃO COMO DIAGNÓSTICO DE AVANÇOS
E NECESSIDADES
Por: Ana Cristina de Souza Costa
Orientador: Prof.ª Msc. Maria Esther de Araújo
RIO DE JANEIRO
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM:
AVALIAÇÃO COMO DIAGNÓSTICO DE AVANÇOS
E NECESSIDADES
Apresentação de monografia ao Conjunto
Universitário Candido Mendes como
condição prévia para a conclusão do Curso
de Pós-Graduação “Lato Sensu” em
Orientação Educacional.
Por: Ana Cristina de Souza Costa
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha família
que me dá apoio sempre que preciso e
está sempre comigo mesmo que eu esteja
distante.
Dedico em especial a meus amigos
dos quais precisei me afastar por conta
desse e outros compromissos e ainda as
amizades conquistadas ao longo do curso
em Orientação Educacional e que
guardarei como uma doce lembrança em
minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Aproveito também esse momento para
fazer um agradecimento especial a minha
querida mãe, Cirléia, que tem me apoiado
em toda essa trajetória acadêmica sem
esquecer que é a ela que recorro quando
me sinto desestimulada para poder
ganhar fôlego e seguir adiante, obrigada
por tudo!
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RESUMO
Ao estudar a avaliação percebemos que, por um lado e de forma
geral, o seu conteúdo está presente em todas as áreas da atividade humana,
seja de modo formal ou informal. Por outro lado, os estudos sobre esta
temática na área educacional têm crescido muito nos últimos anos e têm sido
tratados por seus investigadores, a partir de muitos enfoques, como o
psicológico, o antropológico, o filosófico, o tecnológico, o sociológico e o
pedagógico, estando presentes nas propostas de governo, nos sistemas de
ensino ou no ambiente escolar e na sala de aula. Tudo pode ser avaliado,
porém, de forma geral, a preocupação gira em torno do fracasso escolar e a
busca da qualidade no ensino. Contudo, ainda ouvimos, na prática escolar,
denúncias e queixas sobre a prática avaliativa de alguns profissionais, desde o
excesso de poder, o autoritarismo, as arbitrariedades cometidas e, até mesmo,
coerções, punições, numa verdadeira lógica do absurdo. Porém, quaisquer das
formas, posturas e práticas adotadas na avaliação estão “a serviço de uma
pedagogia dominante que, por sua vez, serve a um modelo social dominante”
(LUCKESI, 1995, p. 29), passando pelo entendimento sobre a evolução das
funções que governos, escolas e educadores acreditam cumprir na sociedade
e no mercado de trabalho.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada nesta monografia foi a pesquisa bibliográfica.
Utilizou-se como fonte de consulta livros, monografias, artigos e publicações
eletrônicas que abordam o tema em análise.
O tema “Avaliação da Aprendizagem” tem sido exaustivamente
discutido. Muitos professores até dizem que a avaliação é assunto superado,
mas entendemos que assunto superado é assunto resolvido, no entanto,
poucos consideram a avaliação como parte integrante do ensino e
aprendizagem.
Poucos praticam uma avaliação inovadora que leve o aluno a
assimilar informações e utilizá-las em contextos adequados, servindo-se dos
conhecimentos adquiridos para tomar decisões autônomas e socialmente
relevantes. Ao contrário das avaliações tradicionais; que exigem a
memorização de conteúdos, muitas vezes sem sentido, sem um significado real
para ele. Apenas reprodução do que foi transmitido pelo professor. O que
queremos é que a partir deste texto possam comungar de idéias de autores
como Cagliari, Hadji, Haydt, Libâneo, Luckesi, Perrenoud, Hoffman e
Vasconcelos, para assim colocar a avaliação no lugar em que merece e deve
estar.
É nosso objetivo mostrar aos professores, alunos e pais que é
preciso mudar a concepção de que a nota é o que importa. O que importa na
verdade é o ensino, a aprendizagem realmente efetivada. A avaliação tem
função de diagnosticar aqueles pontos em que os alunos precisam enfatizar
mais, portanto, deve acontecer durante o processo ensino e aprendizagem e
não somente ao final de um módulo ou bimestre como vem acontecendo no
contexto escolar.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 08
CAPÍTULO I
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ................................................................ 09
CAPÍTULO II
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: CONSTRUÇÃO OU DESTRUIÇÃO?.... 20
CAPÍTULO III
AVALIAÇÃO: PROMOÇÃO X REPROVAÇÃO ............................................... 27
33
CONCLUSÃO ................................................................................................. 56
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 56
ÍNDICE ............................................................................................................ 59
FOLHA DE AVALIAÇÃO ................................................................................ 64
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho pretende refletir sobre a forma como a avaliação
tem sido feita atualmente e os possíveis avanços e necessidades nesta área.
Vamos perceber que somos avaliados constantemente e que a
avaliação perde seu objetivo quando utilizada somente através de notas e
conceitos ou para cumprir metas quantitativas ou até mesmo punitivas.
Os professores precisam estar mais esclarecidos sobre o quanto
suas ações podem interferir no processo ensino-aprendizagem, pois, às vezes,
protagonizam situações que podem prejudicar seu aluno, onde mesmo não
havendo a intenção de errar, a falta de aprofundamento nessas questões e a
sua formação faz com que prejudiquem diversos alunos com julgamentos e não
com avaliação.
No primeiro capítulo vamos refletir sobre o que é avaliar, definindo
conceitos de avaliação somativa e avaliação educativa, para que possamos
refletir sobre a concepção mais adequada de avaliação.
No segundo capítulo a abordagem será sobre o quanto a avaliação
pode contribuir ou destruir, considerando que esta é uma tarefa muito difícil,
principalmente em termos atuais em que há pouca contribuição da família.
Ao final, é inevitável. Tratamos sobre aprovação e reprovação que é
o tema central quando se fala em avaliação, pois não há como avaliar sem o
produto final, sem esse tema específico não haveria razão de produzirmos todo
este trabalho. Mas para que a aprovação ou reprovação seja consciente,
precisamos discutir muito bem o papel do professor neste processo e o quanto
a avaliação pode ser utilizada como diagnóstico de avanços e necessidades.
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CAPÍTULO I
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
Discutir avaliação é um tema polêmico. Certamente todos nós já nos
sentimos injustiçados alguma vez. Por exemplo, não é raro acontecer de em
uma avaliação, no modelo prova, não conseguirmos expressar o que sabemos.
Ou termos ouvido algum comentário de um professor sobre nosso esforço não
ter sido suficiente, sendo que naquele momento estávamos nos esforçando
muito, entre outras situações e experiências marcantes que temos relacionadas
a avaliação da aprendizagem.
Agora vamos nos colocar na posição do professor. Temos a
responsabilidade de gerenciar o processo de avaliação e devemos observar se
seu aluno atingiu ou não os objetivos de um processo, ou de uma etapa da
aprendizagem. E devemos fazê-lo procurando despertar a curiosidade e o
interesse do aluno. Isso parece tarefa fácil.
Parece que apenas o bom senso não é capaz de ajudar ao professor
a estabelecer as direções do processo de avaliação. O caminho é o
conhecimento de concepções e instrumentos de avaliação, e, neste capítulo
em particular, estamos tratando do caso específico da aprendizagem.
O professor precisa ter consciência de que deve existir coerência
entre a sua atuação em sala de aula e a forma como avalia. Nesse sentido,
julgamos necessário apresentar a seguir diferentes correntes sobre a forma de
conceber a avaliação.
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1.1 O que é avaliar?
Na vida nós nos avaliamos frequentemente e nem nos damos conta
que estamos avaliando, se uma pessoa se olha no espelho, vê se o sapato
está adequado para aquela roupa, esta pessoa está fazendo uma avaliação.
A vida humana é caracterizada por um processo de permanente
avaliação, e quando entramos na escola, não poucas vezes nos deparamos
com o fato de se atribuir a avaliação aquele especial papel, aquele grande
cuidado, não poucas vezes induzindo o aluno a crer que ele está na escola não
para aprender, mas para ser avaliado, daí a colossal importância que se dá
para as provas e notas.
Então o primeiro obstáculo a se superar é aceitar essa ideia de que a
avaliação faz parte de uma rotina com a qual temos que estar lidando a cada
instante e a cada momento.
O segundo grande problema que envolve a avaliação do rendimento
escolar é se perguntar se aquilo que avaliamos é realmente pertinente, mesmo
considerando que estejamos avaliando bem, o que é altamente discutível.
Sobre a avaliação HOFFMANN (2001, p. 68) enfatiza que:
“Avaliação é sinônimo de evolução, eu respondo sobre a
evolução do aluno de uma tarefa a outra, de um fazer ao outro,
de um momento ao outro, de um momento de convivência ao
outro. Avaliação é basicamente acompanhamento da evolução
do aluno no processo de construção do conhecimento”.
Mas mesmo considerando que estejamos avaliando bem, será que
aquilo realmente é pertinente? Será que aquele aprender tem para o aluno o
significado necessário e essencial?
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Muitas vezes o que ensinamos, ensinamos por que está no programa,
ou então porque é uma tradição de destaque que precisa ser ensinado, mas
não estamos associando este ensinar a uma certa pertinência.
A escola precisa avaliar, mas avaliar o aluno na sua integridade, no
amplo aspecto de suas competências, não apenas naquele restrito campo dos
saberes escolares.
Porém, é importante ressaltar que não queremos com isso afirmar que
não se tenha que discutir a avaliação clássica dos saberes escolares, pois este
é o foco deste trabalho.
1.2. Aceitação das diferenças
Saindo daquelas considerações um tanto quanto mais filosóficas
sobre avaliação e nos aproximando da discussão da sistemática da avaliação,
da associação da avaliação à prova, contingência no processo de aprovação
ou retenção, ainda cremos ser importante, mostrar que o campo da avaliação
existe a dificuldade ligada a nossa insensibilidade para a aceitação às
diferenças. Isto pode parecer distante do conceito avaliativo, mas não é.
Por exemplo, vamos pensar na seguinte questão: “Qual é a flor
certa? É a vermelha ou a azul? A margarida, a dália ou a rosa?”, a conclusão
que se chega é que não há a flor certa, que as flores são admiráveis porque
não são obrigadas a obedecer a padrão nenhum e que a natureza em sua
sabedoria as fez encantadoras pelo elenco de diversidades que se
caracterizam.
Esse tipo de reflexão poderia ser estendido aos animais, às árvores,
às rochas... Enfim em tudo quanto é natural. Nós nos acomodamos a
compreender que a beleza está na diversidade.
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Por uma circunstância extremamente curiosa e humana não
transferimos para a educação a abrangência desse olhar e já não pensamos o
mesmo quando nos pedem para falar do aluno certo, da pessoa certa, da
atitude certa.
Se não existe a flor, o animal e a planta certa, pois a diversidade
acolhe muitas formas de ser certa, por que não transferir este conceito para o
espaço humano e, dentro da nossa realidade, para o espaço do aluno?
É importante refletir que não existe uma única maneira de viver, de
escolher amigos, então não pode existir uma única forma de avaliar.
Muitas vezes a avaliação não é vista, mas ela é um funil, onde
transformamos um volume de qualidades que um aluno possa vir a ter,
colocando um conjunto de valores que o caracterizam e o torna único para
dizer através da frieza metálica de um papel que ele é sete em Matemática,
seis em História, cinco em Língua Portuguesa e tentamos incutir na sociedade
e aos pais a ideia de que podemos medir o indivíduo em um número que
expressa circunstância de saber muito específico, em um momento também
muito específico.
Sobre essa questão HOFFMANN (1991, p. 43) enfatiza que, “a
medida em uso de notas reforça um mecanismo de competição e seleção na
escola. A medida em educação deve resguardar o significado de um indicador
de acertos e erros para ser útil”.
Então tudo isso volta a levantar a ideia de que as nossas escolas
precisam caminhar por avaliações mais abrangentes. Não se trata de não
avaliar, nem se trata de julgar que se está avaliando quando se está colocando
um termômetro em um saber geográfico, matemático ou linguístico.
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Mesmo considerando a importância dessa abrangência, vamos
refletir sobre esse termômetro, mesmo esquecendo aquela avaliação que
ainda não temos e que almejamos ter e se centrando naquela avaliação que
temos que ter diante do pragmatismo de ter que entregar para a secretaria um
boletim com as notas.
1.3. Como pensar a avaliação?
Os educadores de uma maneira geral, dividem a avaliação em duas
grandes categorias: a avaliação somativa e a avaliação educativa.
1.3.1. Avaliação somativa
A avaliação somativa é uma educação centrada essencialmente
naquilo que a memória é capaz de reter, é a avaliação convencional da prova
“fria” e metálica que diz o quanto o aluno tirou. Esta avaliação somativa além
de não retratar o indivíduo, é fruto de uma circunstância, tem um aspecto
extremamente pontual, dirigido, inflexível e é restrita a ocasiões e momentos. A
avaliação somativa, portanto é uma avaliação muito excludente e
consequentemente muito imperfeita.
Sobre esta forma de avaliar, concordamos com RABELO (1998, p.
38), quando afirma que:
“A avaliação exercida apenas com a função de classificar
alunos não dá ênfase ao desenvolvimento e em pouco, ou em
quase nada, auxilia no crescimento deles na aprendizagem.
Portanto, avaliar é muito mais do que aplicar um teste, uma
prova, fazer uma observação, saber se um aluno merece esta
ou aquela nota, este ou aquele conceito. Avaliar é um ato
rigoroso de acompanhamento da aprendizagem”.
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LUCKESI (2002, p. 67) concorda com Rabelo complementando que
“a avaliação com a função classificatória, constitui-se num instrumento estático
do processo de crescimento”.
A avaliação somativa é centrada nas informações que o aluno pôde
reter, nem sempre através de perguntas claramente formuladas, não que
exista por parte do professor o objetivo de confundir, mas, às vezes, por maior
que seja o seu esforço qualificador, ele confunde. Aquele mesmo aluno,
perguntado de uma outra maneira, provavelmente saberia responder de uma
outra forma.
Um terceiro defeito da avaliação somativa é ela muitas vezes chega
através de testes buscando resultados precisos, formas e estilos diferentes de
aprendizagem com que o aluno transcreve. Ele precisa transcrever o que o
professor quer que ele transcreva e que o professor entende como sendo a
resposta correta, mas da mesma maneira como há infinitas formas corretas de
dizer “eu estou feliz com sua chegada”, onde muitas vezes até nem a mesma
palavra é usada, existem muitas maneiras de apresentar um determinado
conceito desta ou daquela disciplina, e na avaliação somativa nem sempre o
aluno tem a oportunidade de dizer estas formas, até porque o professor, às
vezes, com o acúmulo de trabalhos e diversas provas, acaba mentalizando o
gabarito da resposta que ele quer ouvir, e se o aluno se desvia um pouco
daquela resposta, ele coloca errado, porque não se aproximou do que ele
tinha, não se identificou com o algoritmo que ele possuía e não porque o saber
realmente se mostrava extravasado.
Segundo HAYDT (2000, p. 27), “a avaliação somativa tem como
função classificar os alunos ao final da unidade, semestre ou ano letivo,
segundo níveis de aproveitamento apresentados. O objetivo da avaliação
somativa é classificar o aluno para determinar se ele será aprovado ou
reprovado e está vinculada à noção de medir”.
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1.3.2. Avaliação Educativa:
Após essa reflexão sobre avaliação somativa, chegamos, então ao
conceito, ao campo da avaliação educativa, enfim de uma avaliação não
somativa, de uma educação plena.
A avaliação educativa não é pontual, os alunos são avaliados em
todas as oportunidades, então o professor precisa dispor de múltiplos recursos
para perceber o aluno no seu todo. Muitas vezes a maneira como ele pergunta,
é um indício muito mais claro do saber do aluno do que a resposta que ele
pode colocar no papel.
Sobre a avaliação educativa, LUCKESI (1995, p.81) enfatiza que:
“Desse modo, a avaliação não seria tão-somente um
instrumento para a aprovação ou reprovação dos alunos, mas
sim um instrumento de diagnóstico de sua situação, tendo em
vista a definição de encaminhamentos adequados para a sua
aprendizagem”
Nesse contexto tudo deve ser observado: qual é o envolvimento do
aluno nas aulas, o seu envolvimento com o conteúdo, como ele aplica na sua
vida cotidiana o conteúdo que assumiu, Mas, quando dizemos que tudo isso
tem que ser observado, se coloca um conceito de uma maneira muito
subjetiva, observar tudo como? Em que momentos? Em que oportunidades?
Como registrar esse tudo?
Para estas indagações, não cremos que seja difícil aos professores
levantarem um conjunto de atitudes de natureza intelectual e social que
considerem válidas, elaborando um quadro diagnóstico para assinalar se o
aluno alcança ou não aqueles itens, para que isso seja também incorporado ao
seu processo avaliativo, mas principalmente desenfocar aquele saber naquele
momento em que ele é colocado.
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Nesse sentido, HOFFMANN (2001. P. 47) esclarece:
“O processo avaliativo não deve estar centrado no
entendimento imediato pelo aluno das noções em estudo, ou
no entendimento de todos em tempos equivalentes.
Essencialmente, por que não há paradas ou retrocessos nos
caminhos da aprendizagem. Todos os aprendizes estão
sempre evoluindo, mas em diferentes ritmos e por caminhos
singulares e únicos. O olhar do professor precisará abranger a
diversidade de traçados, provocando-os a progredir sempre”
Em segundo lugar, buscar verificar se este aprender se expressa na
maleabilidade para conquistar outros aprenderes. Aprender que há um
determinado dado a ser conhecido, para que este conhecimento posse ser
aplicado dentro de outro contexto e dentro de outra realidade.
Contudo, é importante enfatizar que:
“Tentar uma prática de avaliação que objetive essa perspectiva
virá, conseqüentemente, questionar todo o nosso modo de
pensar e de agir, nossa consciência, nossa prática pedagógica
e social, virá questionar a sociedade como um todo”.
(GUARESCHI citado por RABELO, 1998, p. 56)
Então se aparece para a escola a polêmica: avaliação quantitativa /
somativa ou avaliação qualitativa / avaliação educativa, emerge outra questão:
avaliação individual ou avaliação em grupo?
1.3.2.1. Avaliação individual ou em grupo?
Em relação à avaliação em grupo é comum encontrarmos falas do
tipo, ela é incorreta, imperfeita, oportunística, permite facilidades para o
professor, mas que na verdade não representa um instrumento fiel de
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percepção do desempenho do aluno, mas tudo isso é uma falácia, porque a
maior parte das coisas que fazemos, fazemos em grupo.
Sobre a aprendizagem individual, HOFFMANN (1993, p.58) enfatiza
que:
“Todo o conhecimento que o aluno desenvolve, todo
conhecimento que o aluno constrói, é construído na relação
consigo próprio, na relação com os outros e com o objeto do
conhecimento e tudo isso ao mesmo tempo, ou seja, o aluno
nunca aprende sozinho”.
Muito poucas atividades profissionais são desenvolvidas
individualmente, então quando se pensam projetos educativos de ação
cooperativa, pode se pensar em uma avaliação em grupo.
Geralmente encontramos as seguintes colocações de professores:
“eu não sou a favor de colocar dois alunos previamente avisados para fazer
uma prova meramente quantitativa e atribuir aos dois uma mesma nota,
sabendo que um estudou e o outro não”. Mas, se o professor souber colocar
questões que envolvam colaborações recíprocas, se esses alunos não
souberem previamente com quem formarão as suas duplas ou seus trios,
cremos que essa avaliação em grupo pode ser colocada.
Então, entendemos que o problema da avaliação em grupo é se
pensar no ensino individualista para uma dimensão coletiva, mas se
pensarmos em um ensino de coletividade nós teremos esse resultado.
Quando se avalia o resultado de um time de futebol ou de vôlei,
avaliamos o desempenho de uma equipe então isso também poderia ser
mostrado em um plano escolar.
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Concluindo, os processos de autoavaliação podem e devem ser
individuais e de grupo. Não devem ficar restritos apenas aos aspectos mais
relativos a atitudes e valores. Os estudantes, em todos os níveis de ensino,
devem refletir sobre seus avanços não só relativos à sua socialização, bem
como sobre aqueles relativos às suas aprendizagens específicas.
1.4. Avaliações Nacionais
Devemos refletir na questão de haver um programa de avaliação
nacional, muito bem feito, muito bem estruturado, não para castigar os que não
alcançaram ou para aplaudir os que tiveram sucesso, mas para se colocar um
termômetro no padrão cultural da população que se tem e dentro desse
termômetro aferir o desempenho do aluno.
Nas avaliações internacionais, o Brasil tem um péssimo
desempenho. Como explicar essa posição horrível da avaliação brasileira em
exames comparativos realizados em nosso país? Será que não estamos
avaliando com tanta indulgência dentro da casa que quando a avaliação é feita
comparativamente com outras casas nosso resultado é muito negativo?
Cremos que não!
Acreditamos que esse mau desempenho brasileiro em avaliações
internacionais e nacionais como SAEB (Sistema de Avaliação da Educação
Básica), IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), PISA
(Programa Internacional de Avaliação de Alunos), ENEM (Exame Nacional do
Ensino Médio), ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes),
entre outros, não são decorrentes de uma avaliação interna imperfeita.
O Brasil, provavelmente, é caso único no mundo em ter vivenciado
uma explosão educacional. Nós tínhamos, há algumas décadas atrás, metade
das crianças na sala de aula. Em pouco mais de vinte anos, colocamos
noventa e oito por cento das crianças em sala de aula; e este aumento brutal é
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ainda maior se pensarmos que nesses anos, o país viveu uma explosão
demográfica.
Não foi apenas crescer na estatística, mas crescer em número
absoluto, onde embora tenha havido um salto quantitativo, houve também uma
perda de qualidade. Por força desse crescimento, milhares de salas tiveram
que ser abertas, vários professores tiveram que ser preparados às pressas,
entre outras ações.
Então não é a avaliação brasileira que é imperfeita. O Brasil tem
uma situação singular, quando comparado com outros países, cujo
desempenho nos exames internacionais, se revelam melhor que a nossa.
Percebe-se que eles não são característicos por mobilidades demográficas que
geraram essa explosão quantitativa e que em decorrência disso, criou uma
série de problemas que temos.
Não estamos querendo afirmar que a educação brasileira não esteja
crítica e que não possa ser melhorada, mas reiterando, vencida a etapa
quantitativa, é o momento de repensarmos nas políticas e nas práticas para
melhorarmos o padrão de qualidade, onde entre a discussão sobre avaliação
como diagnóstico de avanços e necessidades.
Então, todos esses elementos têm que ser colocados para se falar e
analisar a questão da avaliação brasileira.
CAPÍTULO II
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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: CONSTRUÇÃO
OU DESTRUIÇÃO?
Se educar para a liberdade é função do professor, educar-se para
ser livre é função do aluno e isso só se concretiza na interação aluno-professor,
aluno-aluno, aluno-conhecimento.
A avaliação da aprendizagem do aluno é o mais frequente objeto de
análise por parte dos estudiosos do processo ensino-aprendizagem. A
preocupação com a avaliação tem levado as escolas a discutirem e abordarem
a questão com todos os segmentos internos e externos, na busca constante de
redefinir e ressignificar a sua função social.
O ato de avaliar implica coleta, análise e interpretação dos dados
que configuram o objeto da avaliação, acrescido de já atribuição de valor ou
qualidade, que se processa a partir da comparação da configuração do objeto
avaliado com um determinado padrão de qualidade previamente estabelecido.
Esse valor ou qualidade atribuídos conduzem a um posicionamento a favor ou
contra o objeto em avaliação, que conduz a uma decisão sobre manter o objeto
como está ou atuar sobre ele.
A discussão do sentido que vem revestindo a avaliação da
aprendizagem evidencia os seus serviços e inadequações quando se tem
como propósito a democratização da escola, de forma a garantir o acesso das
crianças de origem popular às escolas públicas, como também a permanência
e a aquisição de um conjunto de conhecimento, como condição para a
participação política e cultural. Essa democratização implica na transformação
das relações de poder que se estabelecem na escola e na sociedade.
Na realidade, as práticas avaliativas na escola vêm se
caracterizando por apoiar-se em promoção e classificação, vistas como
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decorrentes do empenho individual do aluno. Apesar disto refletir uma
tendência dominante, observa-se que as práticas na escola não são totalmente
homogêneas e coerentes entre si. Atentos para isso é relevante ter em vista
uma ruptura com o significado que vem revestindo o processo de avaliação da
aprendizagem.
A avaliação é hoje compreendida pelos educadores como elemento
integrador entre o ensino e a aprendizagem e como uma ação que ocorre
durante todo processo e não apenas em momentos específicos, não sendo
responsabilidade somente do professor, mas do aluno, dos pais e da
comunidade escolar. Tão importante quanto “o que” e “como” avaliar, são as
decisões pedagógicas decorrentes dos resultados da avaliação, pois elas
orientam a reorganização da prática educativa do professor no seu dia-a-dia. É
importante ressaltar que a avaliação diagnóstica, cuidadosa e objetiva é
componente essencial do ensino e da aprendizagem.
O professor elabora critérios absolutos para distinguir o aluno que
deve ou não ser aprovado. Tais critérios refletem as deficiências de sua
formação, seus preconceitos e representações (RIBEIRO, 1992, p. 65).
Olhar a avaliação com outros olhos não é apenas tendência, é lei.
Os avanços alcançados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
anunciam, em seus diferentes artigos, uma forma mais atualizada de entende o
processo avaliativo. Em linhas gerais, essa Lei busca flexibilizar e
descentralizar o ensino, substituindo o esquema de burocracia e centralização
que durante muito tempo inspirou as ações de educação.
2.1 Avaliar: uma tarefa difícil
Falar sobre avaliação é uma tarefa difícil, por ser um assunto que
gera controvérsias entre alunos, professores, diretores, especialistas e outros
atores ligados, direta ou indiretamente ao processo ensino-aprendizagem: as
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posições geralmente são radicais, pois alguns defendem a avaliação como se
ela significasse a resolução de todos os problemas educacionais; outros a
atacam, desconsiderando seu importante papel de informação e orientação
para a melhoria do ensino.
Sua abordagem também é difícil, em virtude da extensa gama de
variáveis que abrange desde as que se referem a aspectos socioeconômicos e,
sobretudo políticos, até as que se relacionam a aspectos metodológicos mais
específicos, ligados à definição de critérios na elaboração de instrumentos,
forma de análise e interpretação de resultados.
A ênfase na atribuição de notas pela avaliação tem provocado
alguns desvios significativos, como o de lhe dar um caráter comercial
desconsiderando seu aspecto educacional de orientação do aluno. As notas
são comumente usadas para fundamentar necessidades de classificação de
alunos, em um critério de posições, em que a maior ênfase é dada à
comparação de desempenhos e não aos objetivos que se deseja atingir. O
aluno é classificado como inferior, médio ou superior quanto ao seu
desempenho e, muitas vezes, fica preso a esse estigma, não conseguindo
revelar seu potencial.
As limitações da utilização de tal prática são descritas e abordadas
por inúmeros autores. A principal crítica a ela reside na visão ou na percepção
distorcida, por parte dos avaliadores, e não menos frequentemente, dos
próprios avaliados, da avaliação como atividade isolada, desvinculada e
dissociada do processo ensino-aprendizagem.
A aplicação de métodos de avaliação neste contexto, em que a
avaliação não se integra ao processo dinâmico de ensino-aprendizagem, traz
um a série de malefícios à construção do conhecimento por parte do aluno e do
professor. A impossibilidade da retomada ou rediscussão de determinados
conteúdos, uma vez detectadas dificuldades ou divergências, é apenas uma
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dentre as muitas críticas a este modelo de avaliação, que em um número não
desprezível de casos, traduz claramente a falta de compromisso do professor
com o aprender do aluno.
Na maioria destas avaliações tradicionais o instrumento utilizado
avalia apenas uma fração do conhecimento, geralmente aquela já previamente
construída, exigindo do aluno tão somente a capacidade de memorização
mecânica para que, quando solicitado, possa retransmiti-la. O aluno torna-se
um mero retransmissor, sem que haja espaço para o desenvolvimento e
exposição dos meios pelos quais o conhecimento pode ser construído e
adquirido, valorizando-se mais aquilo que o aluno lembra do que lhe foi
transmitido, em detrimento do que ele pode faze com o que aprendeu. Além de
ser um método que supervaloriza o conhecimento já construído, não
valorizando as formas pelos quais novos conhecimentos podem ser gerados, a
avaliação tradicional inverte o verdadeiro sentido de se estar em uma sala de
aula.
Para o aluno, com a condescendência de alguns professores, uma
boa nota ou conceito final, passa a ser o objetivo principal, deixando em
segundo plano aquilo que deveria ser prioridade: a construção do
conhecimento. Em uma sociedade capitalista, hierarquicamente constituída,
caracterizada por seleções exclusões, uma boa nota é vista como uma
necessidade para que o aluno possa permanecer no “grupo de elite”.
De acordo com LUCKESI (1999, p. 52):
“A avaliação que se pratica na escola é a da culpa. Aponta,
ainda, que as notas são usadas para fundamentar necessidade
de classificação de alunos, onde são comparados
desempenhos e não objetivos a atingir”.
Além disso, um caráter puramente comercial algumas vezes permeia
a relação entre pais e filhos: se as notas dos filhos são excelentes, os pais
oferecem prêmios que podem aliciar o comportamento, fazendo com que o
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aluno, em vez de estudar para aprender, estude para sair-se bem na prova.
Neste contexto, uma boa nota passa a ser o núcleo de interesse do estudo,
não mais o desejo de adquirir e construir conhecimento, pois a na obtenção de
uma boa nota exercerá um papel punitivo e repressivo. Sabe-se, no entanto,
que ser submetido a um processo de aprendizagem por receio à punição
produz resultados indesejáveis e insatisfatórios.
Entende-se que a avaliação não tem como objetivo classificar ou
selecionar – fundamenta-se nos processos de aprendizagem em seus aspectos
cognitivos, afetivos e relacionais: aprendizagens significativas e funcionais
aplicadas em diversos contextos se atualizam quanto for preciso, para que se
continue a aprender.
Segundo PERRENOUD (2000, p. 37):
“Normalmente, define-se o fracasso escolar como
consequência da dificuldade de aprendizagem e como a
expressão de uma “falta objetivo” de conhecimentos e de
competências. Esta visão que “naturaliza” o fracasso impede a
compreensão de que ele resulta de formas e de normas de
excelência que foram instituídas pela escola, cuja execução
revela algumas arbitrariedades, entre as quais a definição de
exigência da qual depende o limiar que separa aqueles que
têm êxito daqueles que não têm”.
As classificações escolares refletem as desigualdades de
competências muito efêmeras, logo não se pode acreditar na avaliação da
escola. O fracasso escolar só existe no âmbito de uma instituição que tem o
poder de classificar e declarar um aluno em fracasso.
Ainda segundo PERRENOUD (2000, p. 39):
25
“O fracasso não é a simples tradução lógica das desigualdades
reais. O fracasso é sempre relativo a uma cultura escolar e
reflexo das desigualdades de conhecimento e competências de
avaliação da escola. Põe as hierarquias de excelência a
serviço de suas decisões, ou é assim um julgamento
institucional”.
O conceito de avaliação da aprendizagem, que tradicionalmente tem
como alvo o julgamento e a classificação do aluno, necessita ser
redimensionado, pois a competência ou incompetência do aluno resulta, em
última instância ou competência da escola, não podendo a avaliação restringir-
se a um de seus elementos de forma isolada. Assim, a avaliação tem na
análise do desempenho do aluno um dos seus focos de julgamento do sucesso
ou fracasso do processo pedagógico.
Nesse enfoque, desponta como finalidade principal da avaliação a
de fornecer ao processo pedagógico informações que permitam aos agentes
escolares decidir sobre as intervenções e redimensionamentos necessários em
face ao projeto educativo, definido coletivamente, com a garantia da
aprendizagem do aluno. Entende-se que avaliação, que começa e termina na
sala de aula, é um processo que envolve planejamento. Neste contexto, é
necessário que a avaliação cubra, desde o projeto curricular e a programação
de ensino, até o processo em sala de aula e seus resultados.
Tradicionalmente, o que se observa é o processo de avaliação
reduzir-se à aprendizagem produzida nos alunos. No contexto de um processo
de avaliação diagnóstica, isto não tem nenhum sentido. As informações sobre
os resultados obtidos com os alunos devem, necessariamente, levar a um
replanejamento entre os alunos, e entre esses e o professor, como afirma
HOFFMANN (1998, p. 63):
“Avaliar nesse novo paradigma é dinamizar oportunidades de
ação-reflexão, num acompanhamento permanente do professor
26
e este deve propiciar ao aluno em seu processo de
aprendizado, reflexões acerca do mundo, formando seres
críticos participativos na construção de verdades formuladas e
reformuladas”.
Modificar a forma de avaliar implica a reformulação do processo
pedagógico, deslocando a ideia de avaliação do ensino, para avaliação da
aprendizagem. Esta concepção de avaliação deve ter uma finalidade
diagnóstica, voltada para o levantamento das dificuldades dos alunos, com
vistas á correção de rumos, à reformulação de procedimentos didáticos ou até
mesmo dos objetivos. A avaliação é um processo paralelo ao processo ensino-
aprendizagem e deve ser permanente.
Para HADJI (2001, p. 48):
“A passagem de uma avaliação normativa para uma formativa
implica necessariamente uma modificação das práticas d
professor em compreender o aluno e, não só do ponto de
partida, mas também o de chegada. Seu progresso só será
percebido quando comparado com ele mesmo”.
A partir dessa concepção de avaliação, acredita-se na escola cidadã
e democrática, onde se possa caminhar para uma educação em que o
conhecimento não tenha uma estrutura estática, mas seja um processo de
descobertas mediatizadas pelo diálogo entre educador e educando. Nessa
escola, a preocupação, na sala de aula, deverá ser com uma educação que
torne os alunos pessoas habilitadas para agir na sociedade e entendê-la sem
qualquer tipo de manipulação obscura, como por exemplo, um sistema
avaliativo punitivo. Destaca-se também que nesse processo de avaliação, o
professor deve conhecer seus alunos, avanços e dificuldades, e que o próprio
aluno deve aprender a se avaliar e descobrir o que é preciso mudar para
garantir melhor desempenho.
27
Para LIBÂNEO (1999, p. 62):
“A função nuclear da avaliação é ajudar o aluno a aprender e
ao professor o redimensionamento de sua prática,
determinando também quanto e em que nível os objetivos
estão sendo atingidos. Para isso é preciso o uso de
instrumentos e procedimentos adequados”.
A avaliação, quando apenas praticada de modo classificatório,
cristaliza e estigmatiza um momento da vida do aluno, sem considerar que ele
se encontra em uma fase de profundas mudanças. É uma forma unilateral e,
portanto, autoritária que não considera as condições que foram oferecidas para
a aprendizagem. Pune justamente aqueles alunos que por sofrerem uma
situação social adversa, necessitam de que a escola lhes proporcione meios
adequados que diminuam suas dificuldades de aprendizagem.
A avaliação apenas como instrumento de classificação tende a
descomprometer a equipe escolar com o processo de tomada de decisão para
o aperfeiçoamento do ensino, que é a função básica da avaliação.
Acreditar que notas ou conceitos possam explicar o rendimento do
aluno e justificar uma decisão de aprovação ou retenção, sem que sejam
analisados os processos de ensino-aprendizagem do aluno e a relevância
deste resultado na continuidade de estudos, é, sobretudo, tornar o processo
avaliativo reducionista, diminuindo as possibilidades de professores e de
tornarem-se detentores de maiores conhecimentos sobre aprendizagem e
ensino.
Expressões e conceitos como os de avaliação inicial, formativa e
somatória passaram a fazer parte da bagagem profissional dos educadores.
Esses diferentes tipos de avaliação desempenham funções diferentes. Embora
ainda escassos, começa-se a ter alguns instrumentos de avaliação fáceis de
utilizar. Sabe-se que não basta avaliar as aprendizagens dos alunos: também é
28
necessário avaliar a atuação do professor, as atividades de ensino que ele
planeja e desenvolve com seus alunos.
No entanto, apesar de contribuições, a avaliação continua sendo um
dos ingredientes da atividade do professor que ainda causa muitas dúvidas,
dificuldades e contradições.
Para LUCKESI (2002, p. 54):
“A avaliação, diferentemente da verificação, envolve um ato
que ultrapassa a obtenção da configuração do objeto, exigindo
decisão do que fazer ante ou com ele. A verificação é uma
ação que congela o objeto; a avaliação por sua vez direciona o
objeto numa trilha dinâmica de ação”.
2.2 Avaliação e proposta da escola
A avaliação da aprendizagem traduz de forma explícita a proposta
educacional da escola. Como um instrumento de ensino que tem rituais
definidos pelos dirigentes escolares, suas decisões têm consequências no
cotidiano da escola e refletem a proposta educacional vivida efetivamente.
Assim os problemas que a avaliação apresenta, estão relacionados à proposta
que direciona a prática docente, as relações de trabalho definidas pela escola e
as orientações pedagógicas que norteiam a avaliação.
É preciso ter claro que qualquer aperfeiçoamento de processo de
avaliação passa necessariamente pela discussão da proposta da escola, isto é,
da orientação pedagógica que deve definir todas as práticas educativas no
interior da escola, inclusive a avaliação.
HAYDT (2000, p. 27) defende que a avaliação deve ser
compreendida como um processo dinâmico de permanente interação entre
educador e educando no apontamento e no desenvolvimento de conteúdos de
29
ensino-aprendizagem, na seleção e aplicação de suas metodologias, bem
como no diagnóstico da realidade social, visando à mudança comportamental
educando e do seu compromisso com a sociedade.
Dessa maneira, se as concepções de educação, currículo, ensino e
avaliação da aprendizagem forem amplas, visando à formação do aluno como
ser social, as instituições buscarão formas de avaliar sua situação extramuros,
indagando-se, constantemente, se estão contribuindo para despertar a
consciência e estimular a busca de alternativas ou desenvolvimento de ações
individuais e coletivas de transformação.
Certamente, não existem receitas nem modelos que sirvam para
todas as instituições educacionais, no sentido de promover a formação ampla
do aluno; mas talvez haja um alerta comum: educação é processo, e avaliar
nesse processo é dever das instituições; ganhar espaços, gerar mudanças,
promover melhorias devem fazer parte integrante da consciência do educador.
Selecionar valores, construir seu mundo, confirmar suas escolhas e realizações
é papel do agente da educação, o aluno.
2.3. Uma perspectiva inclusiva da avaliação
É preciso refletir sobre o que vem acontecendo em escolas do
mundo inteiro, onde crianças e jovens se agridem e não se respeitam entre si,
chegando a situações extremas de violência; onde professores também são
envolvidos nesse clima, emaranhado como um nó que não se consegue
desatar. É preciso competência para entender e solucionar o conflito. É preciso
descobrir quem deu o nó e compreender como ele aconteceu. Essencialmente
estamos diante de um fenômeno de falta de respeito ao outro e, corajosamente
os educadores precisam reconhecer que crianças e jovens os imitam. Até que
ponto nossa atitude não estará, ainda que inconscientemente, provocando
essa reação desordenada de comportamentos?
30
Nesse ponto é preciso repensar a avaliação tal como vem sendo
praticada. Com a melhor das intenções, erramos em nossa psicologia quando,
no processo avaliativo, agredimos a autoestima do aluno, como pessoa. É aí
que se dá o nó da avaliação. É aí que o aluno se sente “incapaz”, “lento”,
“feinho” e outras coisas mais, porque “tirou notas baixas”, “perdeu pontos”, “foi
reprovado”. É aí que ele se sente o “patinho feio”. É nesse momento que a
autoestima é seriamente afetada, gerando um emaranhado de atitudes e
comportamento que expressam perda e fracasso no caminho desgovernado da
violência.
Por que não desatar esse nó criado pela avaliação incompetente,
mudando a perspectiva do enfoque avaliativo para uma visão inclusiva
(MERTENS, 2003, p. 67), segundo a qual ninguém é excluído e a justiça social
é a preocupação por excelência. Não se deve culpara vítima, mas indagar por
que o sistema escolar está fracassando com nossas crianças, em vez de por
que e como essas crianças estão fracassando.
O papel do avaliador – no caso, o professor – é buscar corrigir os
fatores que sustentam a injustiça social, descobrindo os elementos que
contribuem para os problemas sociais e sua solução. Avaliadores de várias
partes do mundo estão em discussão a respeito dessa inclusão por meio da
qual vários interesses e múltiplas perspectivas são representados no processo
avaliativo. Todos têm voz e voto para chegarmos juntos aos juízos de valor
sobre uma criança, um jovem, uma escola, um sistema, uma sociedade.
Avaliação só tem significado se juntos entendermos o problema e
encontrarmos a solução. É dessa maneira que garantimos a representação dos
pontos de vista dos interessados no fenômeno em questão, seja ele
aprendizagem, ensino ou desempenho de um programa ou sistema. Interação
e responsividade são imprescindíveis na avaliação.
31
Assim, para preservar o respeito à pessoa, no caso a criança, foco
da avaliação, o educador precisa conhecer seu contexto e abrir espaço para
que o julgamento sobre seu desempenho inclua o entendimento de todos os
fatores que atuam sobre ela. Inclusive, a própria criança é sumamente
importante para falar de si mesma e, sobretudo valorizar-se,
independentemente de qualquer situação de fracasso. Avaliação é um
processo coletivo.
Portanto, a criança e o jovem são, através da avaliação,
reconhecidos no seu valor e encorajados a perceber suas dificuldades e
trabalhar por corrigi-las. E nessa abordagem, seja qual for nosso procedimento
ou método avaliativo, um fator crucial é a atitude do avaliador. Tirar o aluno de
sala? Mandá-lo embora? Suspendê-lo? Expulsá-lo? Estas são geralmente
atitudes de desespero de um professor ou gestor que, de fato, perdeu a
esperança do resgate.
Uma nova maneira de descobrir a realidade é apreciar em vez de
depreciar, ver mais longe e mais profundo em vez de ver apenas na superfície
mais palpável. Aprender a ver o invisível, ver com os olhos do coração, que
comovem, e com os da sabedoria, que desvelam e transformam. É o que se
chama avaliação diagnóstica, ou seja, descobrir a realidade no seu lado mais
promissor e, na sombra dessa luz projetada, descobrir com competência e
ética o que deve ser corrigido e de fato corrigi-lo.
Para isso, é preciso desaprender o que temos feito na prática
avaliativa mais corrente, estimulando a criatividade no processo e provocando
maior satisfação nos envolvidos. Assim propiciamos a eles condições de serem
ouvidos e compartilharem suas aspirações. Contudo, a ênfase na direção
positiva na avaliação apreciativa não elimina a percepção dos aspectos
negativos, apenas ressalta os positivos, para fortalecer a capacidade de admitir
falhas e a iniciativa de resolvê-las. O fator crucial é segurar a autoestima para
realizar o salto da transformação e do aperfeiçoamento contínuo.
32
Estudos sobre autoestima (SEARS e SHERMAN, 1964, p. 26;
PENNA FIRME, 1969, p. 49) e a experiência profissional têm destacado o
papel crucial dessa apreciação do autoconceito no ajustamento pessoal e no
desenvolvimento harmonioso dos grupos humanos e das organizações,
enfatizando que autoestima está relacionada com autoconfiança e tolerância à
autocrítica e à frustração.
O aumento da autoestima eleva o nível de aprendizagem e de
competência profissional. Ao contrario, as pessoas tendem a não atuar bem
quando se espera menos delas. É necessário, portanto, descobrir meios
efetivos de elevar a autoestima dos alunos, de outros atores envolvidos no
processo educativo e das organizações simultaneamente, tornando públicos os
sucessos alcançados, o que, por certo resultará em contínuo aperfeiçoamento.
Além disso, quanto mais elevada for a autoestima de um indivíduo,
mais positivos serão seus sentimentos em relação a outros indivíduos e mais
positivamente ele será capaz de perceber os sentimentos de outros a seu
respeito.
Em síntese, a avaliação diagnóstica, nesse contexto tradicional e
conservador da avaliação, é um desafio. É desfazer o nó, ou seja, o bloqueio
da decepção e da desesperança e abrir caminhos desobstruídos de
crescimento individual e social. Para isso, precisamos abraçar o “patinho feio”
e, junto com ele, descobrir o cisne deslumbrante que está dentro dele. É
preciso levar conosco o que foi deixado de lado, excluído, abandonado e
resgatá-lo. É necessário incluir, apreciar e, sobretudo, amar antes de ensinar.
Avaliação é isso.
CAPÍTULO III
33
AVALIAÇÃO: PROMOÇÃO E REPROVAÇÃO
Chegamos ao conceito final que geralmente é o mais debatido em
termos de avaliação: o aluno deve ou não ser aprovado? Devemos validar a
classificação em ciclos ou devemos voltar ao rigor cartesiano de ao final de
duzentos dias letivos fazer o aluno se submeter a uma avaliação para
promovê-lo ou reprová-lo?
Para refletirmos sobre a avaliação como diagnóstico de avanços e
necessidades é importante analisarmos primeiramente a avaliação e a
promoção que são duas atividades pedagógicas sem as quais a escola não
sobrevive, mas nem por isso as pratica de maneira exemplar.
O primeiro ponto a ser levantado é a confusão que se estabeleceu
em nossas escolas entre avaliação e promoção. Nas nossas escolas a
avaliação tem como única meta a promoção, ou seja, os alunos recebem notas
pelos trabalhos ano. Isso parece óbvio e natural para muitos professores,
acostumados com essa prática. No entanto, é muito importante que essas duas
atividades sejam feitas independentemente.
Devemos refletir que nenhum grande educador foi capaz de nos
garantir que os volumes de saber estão prontos para serem medidos depois de
determinados números de dias letivos.
Medir volume de competências de um aluno ao final do ano em
novembro, ou a cada dois anos, tem uma validade absolutamente retórica, sem
nenhum sentido de objetividade claro, portanto a primeira grande discussão
que permeio o debate da aprovação ou não é em que ciclos da história de vida
do aluno estas avaliações serão medidas e esta é uma questão que compete
ao corpo docente observar.
34
Retém-se esse aluno ou não? A reprovação é necessária quando
uma qualidade explícita que se pediu não foi alcançada, desde que se tenha
muito cuidado em observar se realmente é uma qualidade.
Segundo HAYDT (2000, p.43) faz parte do trabalho docente verificar
e julgar o rendimento dos alunos, avaliando os resultados do ensino. A
avaliação está sempre presente na sala de aula, fazendo parte da rotina
escolar, daí ser responsabilidade do professor aperfeiçoar suas técnicas para
decidir com consciência sobre a aprovação ou reprovação do aluno.
3.1 Notas e Conceitos
A prática de dar notas ou conceitos é o centro da confusão entre
avaliação e promoção. Na verdade, esse hábito desvirtuou até mesmo o modo
de avaliar. Algumas pessoas apresentam mil argumentos para dizer que
conceitos são melhores do que notas, uma vez que os conceitos são melhores
do que notas, uma vez que os conceitos englobam menos categorias,
facilitando, portanto, um julgamento mais amplo e com menos riscos.
Certamente esse argumento é um contra-senso, porque se poderia contra-
argumentar, entre outras razões, que as notas de 0 a 10 permitem avaliar com
mais justiça do que o uso de apenas 5 conceitos. Na verdade, a questão
central não é essa, mas o próprio fato de atribuir notas ou conceitos. Nem a
avaliação nem a promoção precisam de notas ou conceitos.
LUCKESI (1990, p. 172-3) enfatiza que a avaliação tem fugido ao
seu significado constitutivo:
“Ela é assumida como classificatória, pois que ai está a arma
de uma pedagogia autoritária e conservadora, como o
educador possui o poder arbitrário de classificar, em definitivo
sem tribunal de apelação, um educando, possui também a
chave que impede (consciente ou inconscientemente) o
processo de crescimento para a liberdade e autonomia e para
35
o processo do conhecimento. Aquele que aprendeu, aprendeu.
O que aprendeu, fica como está. É a classificação por notas ou
conceito. Desse modo, tanto será arbitrário e maléfico o
educador “bonzinho” que piedosamente, facilita a vida dos
educandos classificando-os em níveis qualitativos que ainda
não possuem, como será arbitrário e maléfico o educador
“durão” que, ardilosamente, cria artifícios para “quebrar” os
educandos em testes e provas. Ambos estão trabalhando para
um processo antidemocrático de verdadeiro acesso ao saber e
à competência necessárias para a vivência em sociedade. E a
isso some-se o exemplo fascista de conduta que tem amplas
possibilidades de ser reproduzido no futuro. A conduta de
muitos educadores (se é que são) é cópia de seus antigos
mestres”.
O surgimento de notas e especialmente dos conceitos deveu-se não
só ao fato de se avaliar o certo e o errado no trabalho do aluno, como também
ao fato de se premiar com um elogio o aluno aplicado aos estudos e castigar
expondo ao vexame o aluno preguiçoso. Este último argumento é o mais
comum para justificar o uso de notas e conceitos. Os professores dizem que,
sem as notas, os alunos não estudam e não existe competição que os
estimule. Alguns acham que as notas são essenciais até para manter a
disciplina. Ainda existem professores que reprovem por indisciplina.
A necessidade de dar e receber nota tornou-se, com o tempo,
compulsória nas atividades escolares e estendeu-se por todos os níveis,
abrangendo todas as atividades. Como a escola educa para a sociedade,
vemos que nossa sociedade passou a ter a mesma obsessão. Mesmo
atividades que não precisam de julgamento de valor passam a ganhar notas,
como um jogo social.
Sobre a questão das notas VASCONCELLOS (1995, p. 37) afirma
que:
36
“A prática da avaliação escolar chega a um grau assustador de
pressão sobre os alunos, levando a distúrbios físicos e
emocionais: mal-estar, dor de cabeça, “branco”, medo,
angustia, insônia, ansiedade, decepção, introjeção de auto-
imagem negativa. Uma escola que precisa recorrer à pressão
da nota logo nas series iniciais, é certamente, uma triste escola
e não está educando, é uma escola fracassada”.
Curiosamente, mas não sem razão, as notas são menos
encontradas justamente nos esportes e jogos. Como o objetivo é muito claro,
ganha quem consegue atingir tal meta: não adianta o time de futebol ter um
excelente desempenho, se no último minuto o adversário, que jogava mal, faz o
gol da vitória.
Nos concursos de seleção, a situação é semelhante: é preciso
classificar para admitir um certo número de pessoas e excluir as demais. Em
algumas escolas, as notas servem também para indicar o campeão da turma,
da série, da escola.
As notas, refletindo um julgamento de valor, funcionam bem quando
se trata de classificação e, sobretudo, quando se pretende fazer uma seleção a
partir dessa classificação. Isso é muito útil num concurso ou numa competição
esportiva. Nesse sentido, vê-se claramente a relação entre notas e
competitividade.
Nosso problema, porém, é outro: será que os alunos, quando
estudam, estão participando de uma competição, de uma seleção para ver
quem fica e quem é excluído ou, simplesmente, quem é o campeão? Será esse
o objetivo da escola, da educação, dos estudos?
Neste sentido, PERRENOUD (1999, p. 168) afirma: “enquanto a
escola der tanto peso à aquisição de conhecimentos descontextualizados e tão
37
pouco à transferência e à construção de competências, toda avaliação correrá
o risco de se transformar em um concurso de excelência”.
Na prática, o uso de notas nas atividades escolares parece deixar
bem claro que a escola optou por esses objetivos. Será que estudar é uma
competição em que é preciso ganhar, senão se acabam as chances de
continuar? Será que não se pode estudar por ideais mais nobres? Será que a
escola não pode ter objetivos voltados mais para a formação e menos para a
competição?
Em qualquer ambiente escolar, é comum haver competição, pela
própria natureza das atividades da escola. Quando se reúnem muitas pessoas,
fazendo determinadas tarefas, a partir da capacidade de cada um, logo fica
evidente que algumas fazem melhor, com mais arte e perfeição do que outras.
E a comparação mostra quem é melhor e quem é pior nisso ou naquilo. Na
vida, cada um se especializa naquilo que se julga melhor.
O fato de que alguém é melhor em determinada tarefa não significa
que é preciso desprezar todas as demais pessoas que não sabem fazer com a
mesma perfeição. Uma análise das ocupações de trabalho em sociedade
ilustra bem o que se disse acima. Cada um cumpre o seu dever da melhor
maneira possível e a existência de diferenças é uma característica da própria
sociedade.
Pode haver promoção escolar sem competição através de notas? A
promoção depende de como se faz a programação escolar e dos objetivos que
se pretende alcançar. Nas escolas da Antiguidade não fazia sentido reprovar
alguém: as pessoas iam para discutir ideias e muitas vezes cada um defendia
seu ponto de vista contra o do mestre.
A nota só entrou na escola quando a prática pedagógica tirou a
aprendizagem como alvo e colocou o ensino em seu lugar. Ou seja, as notas
38
surgiram quando os alunos começaram a ter de reproduzir o que o mestre
ensinava, do jeito que era ensinado, deixando de lado as opiniões individuais.
É por essa razão que as notas não avaliam o processo de aprendizagem do
aluno ou sua esperteza intelectual, mas simplesmente sua capacidade de
reproduzir ou aplicar um modelo dado pelo professor ou pelo livro didático.
Basta fazer uma análise de provas, testes e exames, para descobrir que essas
avaliações nada mais são do que um exercício de “faça segundo o modelo”.
Essas formas de avaliação exigem que os alunos repitam para o
professor o que este lhes disse. Mesmo quando um aluno faz uma redação
livre, a nota é fruto do que o professor ensinou e que acha que o aluno precisa
reproduzir em seu trabalho, principalmente no que se refere à ortografia, à
concordância e a certa lógica no desenvolvimento do argumento. Essa prática
de aplicar provas determinou o sentido que a avaliação e a promoção
passaram a ter na escola.
3.2 Promoção automática
A promoção é feita a partir dos resultados das notas, o que significa
que, no fundo, depende da avaliação.
É muito confortável saber que o artigo 208, inciso I, da Constituição
brasileira, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009, diz
que “Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete)
anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela
não tiveram acesso na idade própria” não faz nenhuma menção a notas nem
avaliações. Mas, certamente, também não pensou que uma pessoa pudesse
ficar durante vários anos nos primeiros anos de escolaridade simplesmente
porque tem o direito de escolarização garantido pela Constituição.
Intui-se que uma lei como essa existe para não ser cumprida,
servindo apenas para mostrar para os demais países que o Brasil também se
39
preocupa com a educação. Não só não há escolas para abrigar toda a
população necessitada, como a própria escola encarrega-se de marginalizar
grande parte das crianças de 6 (idade para ingressar no Ensino Fundamental)
a 17 anos, julgadas inaptas para o trabalho escolar. No caso, é um desrespeito
não só à criança como também à Constituição.
Uma pedagogia sadia e lúdica recomenda que promoção seja
automática. Aliás, a promoção não deveria sequer ser objeto de preocupação
da escola, a não ser em casos muito excepcionais. Assim, seria candidato à
repetição de ano o aluno que não tivesse assistido, por exemplo, a pelo menos
metade das aulas, talvez por motivo de saúde ou de trabalho, desde que não
tivesse compensado essa falta com conhecimentos escolares adquiridos fora
da escola.
Há professores que acreditam que promover todos os alunos tira o
estímulo dos mais estudiosos e favorece o desinteresse dos menos estudiosos,
sobre essa questão, THEREZA PENNA FIRME (1994, p. 59), enfatiza que:
“Esta afirmação não é verdade e se baseia no fato de que
alguns alunos estão acostumados a “estudar para a prova”, se
os professores se conscientizarem e conscientizarem os
alunos para o valor da aprendizagem de tal modo que eles
estudem para sua formação e não para “passar de novo”, o
estímulo por aprender supera “o da prova”. É o desejo de
crescer cada vez mais e de buscar a própria realização é o que
deve ser apoiado na escola, como um processo contínuo. Alem
disso, a verificação da aprendizagem não pode ficar
concentrada “numa só prova” mas sim numa variedade de
observações e durante toda a trajetória escolar”.
3.3 Avaliação e Rendimento Escolar
40
O rendimento escolar não é razão suficiente para reprovar ninguém.
Pessoas que apresentam patologias deveriam ter uma escola especial para
receberem uma formação adequada. Nesse caso, faz menos sentido ainda
falar em reprovação.
Alguns professores ficam chocados quando ouvem dizer que o
rendimento escolar, expresso por notas ou conceitos, não é razão suficiente
para reprovar alguém. Algumas considerações bastam para esclarecer esse
ponto, embora haja muito mais a ser dito.
Em primeiro lugar, a nota serve para o interesse em passar de ano
(ganhar diploma) se torne o objetivo maior da educação, deixando a ideia de
formação, no sentido pleno da palavra, num plano secundário e mesmo
dispensável. O aluno estuda não porque é importante para a vida, mas para
livrar-se de mais uma competição intelectual.
Em relação a isso, LUCKESI (2005, p. 30) faz a seguinte afirmação:
“Em nossa vida escolar, fomos muito abusados com os exames (...)”. “(...), hoje
no papel de educadores, repetimos o padrão”.
Uma análise honesta do que de fato acontece com o atual sistema
de avaliação mostra que um aluno pode ter nota, passar de ano com louvor e
não saber o conteúdo da matéria. Acertar nas provas nem sempre significa que
o aluno aprendeu, assim como errar nem sempre significa que ele não estudou
ou não aprendeu. Quantas vezes um aluno lembra logo depois da prova como
se resolve uma questão? Mas, então, já não há mais tempo. O tempo da
avaliação é irreversível, como irremediável é a nota. De nada adianta o aluno
dizer para o professor no dia seguinte que ele sabe a lição na ponta da língua.
A avaliação não volta atrás.
41
Por outro lado, quantos alunos chegam mesmo a dizer, depois de
terminada uma prova, que fazem questão de se esquecer de tudo, porque
agora já conseguiram nota necessária para serem aprovados? Quantos
estudantes esperam as férias para rasgar os apontamentos, queimar livros e
tratar de esquecer a escola, porque a nota já garantiu a promoção e, talvez, até
o diploma? Essa atitude é um alarme para a educação e significa, entre outras
coisas, que esses alunos estudam apenas para ganhar nota e passar de ano.
Esse será o típico cidadão que jamais se interessará pelos estudos depois de
diplomado. Estudar não é uma atividade que se faça apenas na escola, mas ao
longo da vida, como aprimoramento pessoal e profissional. A educação precisa
modificar sua visão de si própria. É preciso educar para a vida, não para a
nota.
3.3.1 Qualidade de ensino e motivação
A falta de nota não é responsável pela baixa qualidade do ensino.
Num país como o Brasil, dizer isso é uma piada, uma vez que piorar o ensino é
impossível. A qualidade do ensino se consegue com um trabalho competente,
quer com relação ao conteúdo técnico das matérias, quer na ação do professor
como educador. E nada disso tem a ver com notas.
Segundo THEREZA PENNA FIRME (1994, p. 61), a pesquisa e a
prática têm comprovado que a baixa qualidade do ensino se deve a outras
causas como a falta de propósitos claros sobre a educação, a falta de
informação adequada sobre teorias e práticas pedagógicas, o isolamento do
professor no campo de trabalho e o apego aos sistemas tradicionais em que o
professor foi formado. A promoção não pode preocupar quando o ensino é de
qualidade. É nas causas da má qualidade do ensino que se deve concentrar
toda a atenção.
42
Outro argumento, também inconcebível do ponto de vista
pedagógico, é dizer que as notas servem de motivação para o aluno. Se o
professor nunca passar uma prova, os alunos não estudam. Pelo menos com
medo da provas, eles estudam um pouco.
Os alunos acabam tendo esse comportamento porque a escola não
deu a eles, desde cedo, uma outra perspectiva de trabalho escolar. Os alunos
são vítimas desse processo, não culpados. Ainda nessa linha de raciocínio,
alguns professores pensam que seu trabalho (ou o do colega) perde a
seriedade, fica sem controle, se não houver provas exigentes e notas baixas.
Alguns diretores até consideram que professor bom é aquele que passa muita
prova e dá muita nota baixa. Professor que não faz isso passa a ser avaliado
como alguém irresponsável, que gosta de matar o tempo.
3.3.2 Avaliação e castigo escolar
Se alguém quisesse fazer um livro sobre a vida na escola,
encontraria, nas provas e notas, um tesouro em comportamentos patológicos e
uns cem números de casos trágicos daí decorrentes. Já ocorreram até casos
de suicídio devido a notas e reprovação escolar. O drama que pais e filhos
passam a ter nas famílias por causa das notas é algo de que a escola nunca
quis tomar conhecimento, embora seja ela a principal causadora dessas
tragédias.
Por fim, cria-se na escola aquele famoso clima de vingança mútua:
professor faz prova para os alunos ganharem notas baixas, se sentirem
humilhados e castigados. Em troca, os alunos revidam com um enorme
bagunça nas aulas e nas dependências da escola. Com o aumento das
irregularidades de comportamento, o professor se volta de novo contra os
alunos, usando sua arma terrível que é a nota. Surpreende-os com provas
relâmpagos para complicar ainda mais a relação entre ensino e aprendizagem,
43
comprometendo traiçoeiramente a promoção de alguns alunos e instalando um
ambiente de guerra.
Para LUCKESI (2005, p. 32):
“Na avaliação nós não precisamos julgar, necessitamos isto
sim, de diagnosticar, tendo em vista encontrar soluções mais
adequadas e mais satisfatórias para os impasses e
dificuldades. Para isso, não é necessário nem ameaça, nem
castigo, mas sim acolhimento e confrontação amorosa”.
Alguns professores elaboram provas já sabendo quais os resultados
que irão obter: duas questões são escolhidas a dedo para que ninguém acerte;
três questões são mal formuladas para enganar de certo modo e confundir o
aluno menos esperto; três questões são tão longas que exigem dos alunos um
tempo de eles não vão ter para responder direito e de maneira completa; por
fim, duas questões de resposta fácil, mas com pequenas armadilhas na
escolha das palavras. Esses professores se gabam quando seus alunos erram
ao responder as coisas mais banais da matéria. Acreditam que, dessa forma,
estão ensinando seus alunos a estudarem direito.
Um professor que acompanha de perto o trabalho de seus alunos na
sala de aula acaba percebendo o que eles sabem e o que não sabem, aluno
por aluno. Este acompanhamento é a melhor forma de avaliação, e a mais
honesta, pois é a diagnóstica. A convivência mostra ao professor quem são de
fato seus alunos. Essas informações são cruciais para o professor planejar
adequadamente suas aulas e dirigir os trabalhos do aluno para que ele
progrida. Uma prática semelhante realmente dispensa qualquer tipo de prova e
nota.
44
Filosofar sobre a justiça ou não das notas e conceitos é uma
discussão bizantina, uma perda de tempo, e equivale a discutir se existe uma
avaliação justa.
Nesse sentido, HOFFMANN (2001, p. 47) esclarece:
“O processo avaliativo não deve estar centrado no
entendimento imediato pelo aluno das noções em estudo, ou
no entendimento de todos em tempos equivalentes.
Essencialmente, por que não há paradas ou retrocessos nos
caminhos da aprendizagem. Todos os aprendizes estão
sempre evoluindo, mas em diferentes ritmos e por caminhos
singulares e únicos. O olhar do professor precisará abranger a
diversidade de traçados, provocando-os a progredir sempre”.
Gostaríamos, não obstante, de dizer que o problema não está em
haver ou não um teste objetivo ou um critério bem-definido para se atribuir uma
nota justa. Existem muito mais coisas por trás dos testes e critérios utilizados
na avaliação, cujo envolvimento com as notas mostra que não é a maneira
como a nota é dada que faz justiça ou não, mas o próprio fato de dar notas.
3.3.3 O posicionamento do professor diante dos resultados da avaliação
Diante dos resultados, o professor terá que decidir o que fazer
conforme o que já foi exaustivamente colocado nesta e na aula anterior. E,
entre as ações do professor em relação ao que precisa ser recuperado, estão:
organizar grupos de estudo para a recuperação paralela; explicar o que foi
estudado outra vez e de outra forma; indicar outras fontes de consulta; orientar
o aluno para que tenha mais empenho nas aulas e tarefas de casa e para que
procure ser mais assíduo; organizar estudos dirigidos para os alunos que
apresentaram dificuldade em algum dos aspectos avaliados; conversar
particularmente com os alunos que não obtiveram bom resultado para
identificar onde está a falha...
45
Sobre o erro, VASCONCELLOS (1995, p. 71), orienta que mostrar
ao aluno que o erro faz parte da aprendizagem, revela “como o educando está
pensando”, o que possibilita ao professor ajudá-lo na construção do
conhecimento. Até as empresas mais modernas estão valorizando o erro como
forma de aprendizagem.
Contudo, ainda sobre o erro, VASCONCELLOS, alerta que:
“É muito importante que não se caia no extremo oposto,
“passar a achar que o erro é uma coisa formidável e deixar o
aluno lá”... Numa perspectiva transformadora, o erro deve ser
trabalhado de modo a levar o aluno a superar suas hipóteses
em direção a outras mais complexas e abrangentes”.
(VASCONCELLOS, 1995, p. 71)
Sobre os resultados da avaliação, vale ressaltar o papel do
Conselho de Classe (COC), momento em que todos os docentes reunidos
trocam informações sobre os alunos e concluem suas avaliações. A
colaboração de outros profissionais da escola e de representantes dos alunos e
da comunidade em que a escola está inserida enriquece bastante as
discussões, fornecendo mais elementos para a avaliação.
Nesta ocasião, os critérios de avaliação, estabelecidos no projeto
político-pedagógico da escola, devem nortear as discussões sobre o processo
de avaliação da aprendizagem dos estudantes. Algumas vezes, há
discrepância entre os educadores no que diz respeito a alguns critérios.
Por exemplo: um aluno pode ser considerado como tendo uma boa
participação (critério participação) por vários professores e como um aluno que
participa pouco, por outros professores. Neste caso, deve-se discutir
amplamente, para se verificar o que realmente está ocorrendo e se chegar a
uma conclusão.
46
Embora o foco do COC seja a avaliação da aprendizagem, outros
aspectos também são considerados e estes Conselhos “podem ser importantes
estratégias na busca de alternativas para a superação dos problemas
pedagógicos, comunitários e administrativos da escola” (VASCONCELLOS,
1995, p. 72)
3.4 Avaliação sem nota
A avaliação é uma atividade importante, que deve estar sempre
presente na escola e na vida em geral. Na escola, a avaliação deve ser uma
análise e interpretação do progresso do aluno. O professor também precisa se
autoavaliar.
Para VASCONCELLOS (1998, p. 43), a avaliação é um processo
abrangente da existência humana que implica reflexão sobre a prática, no
sentido de diagnosticar seus avanços e dificuldades e, a partir dos resultados,
planejar tomadas de decisão sobre as atividades didáticas posteriores. Nesse
contexto, a avaliação deveria acompanhar o aluno em seu processo de
crescimento, contribuindo como instrumento facilitador da aprendizagem.
A avaliação é sempre uma atividade voltada para cada indivíduo de
maneira específica, porque cada um é diferente dos demais, cada um tem uma
história de vida diferente e apresenta uma realidade escolar peculiar. O
progresso de um aluno não precisa ser igual ao de outro. O importante é que
todos cresçam, trabalhando e fazendo o que tem de ser feito.
Passar a mesma prova para todos os alunos de uma classe,
sobretudo nos primeiros anos de escolaridade, é desconhecer a realidade de
cada aluno. Somente aquele tipo de ensino massificante, uniformizante, em
que o professor manda e todos obedecem, leva um professor a aplicar a
47
mesma prova para toda a classe. Não é porque o professor ensinou alguma
coisa, que todos os alunos aprenderam do mesmo jeito. Não é porque o
professor ensinou, que já tem o direito de cobrar de seus alunos, na forma de
provas ou chamadas, uma reprodução do modelo apresentado, como conteúdo
específico ou como conhecimento derivado, aplicado à solução de algum
problema.
3.4.1 O trabalho substitui a nota
Uma escola sem nota precisa, em primeiro lugar, mudar seus
objetivos e adotar um processo de educação para a vida, não para passar de
ano. Nesse clima pedagógico, o que conta é o trabalho sério do professor e do
aluno. A escola precisa trocar as provas, os testes, enfim as notas, por
trabalhos que os alunos irão fazer, alguns sob orientação direta do professor,
outros por iniciativa própria sob a supervisão dele.
Assim, é função da avaliação, de acordo com FURLAN (2007, p. 23),
ajudar a construir a aprendizagem e a interferir ativamente em uma situação
em curso. Para tanto, faz-se necessário conhecer o processo e perceber, na
avaliação, indicadores de intervenção.
Se a escola incentivar os alunos a produzir trabalhos, e se esses
trabalhos forem guardados, fica muito fácil para o professor provar, para quem
quiser ver, como um aluno começou sem saber muito e, depois de uns tantos
meses de aula, aprendeu e fez inúmeras coisas interessantes. Em vez de
boletim de notas, os professores deveriam ter arquivos para guardar os
trabalhos que os alunos realizaram ao longo do ano. No final do ano letivo, o
próprio aluno poderia ver, nesse arquivo, a história da sua educação naquela
série e constatar o quanto progrediu.
48
Através de uma prática intensa de realização de trabalhos, o
professor tem condições de estudar o processo de aprendizagem de cada um
de seus alunos e orientá-los melhor. Esse tipo de avaliação, porém, exige que
o professor conheça profundamente o assunto que ensina para poder analisar
e interpretar os resultados encontrados nos trabalhos e propor soluções e
melhorias. Somente quem possui um conhecimento técnico sofisticado é capaz
de conduzir um processo de avaliação contínuo durante o ano todo, levando
em conta tudo o que o aluno fez ou deixou de fazer.
3.4.2 Autocorreção e autoavaliação
Algumas práticas que levariam a uma maior autonomia e
compromisso dos estudantes, a um diálogo mais profundo entre os sujeitos da
aprendizagem, à construção do conhecimento de forma mais criativa e menos
mecânica ainda continuam distanciadas do cotidiano da maioria das escolas.
Ainda não incorporamos em nossa prática cotidiana, por exemplo, a
autoavaliação do ensino (feita pelo professor) e a autoavaliação da
aprendizagem (feita pelo aluno). Na maioria das vezes, quando esta é
realizada, aparece de forma assistemática ou apenas em determinados
momentos do ano letivo, quase que separada do processo.
LUCKESI (1995, p. 179) chama atenção dos professores no sentido
de evitarem a correção das provas com caneta ou lápis vermelho, porque o
vermelho tem uma representação social negativa, como por exemplo: “estou
operando no vermelho, o boletim do meu filho, neste mês, teve três notas em
vermelho”.
Assim o vermelho estaria desqualificando o trabalho do aluno.
Quanto ao momento da devolução, LUCKESI (1995, p. 179) recomenda que o
professor entregue pessoalmente, a cada aluno, a sua prova. Nessa ocasião, o
professor deve comentar com o aluno os resultados obtidos, procurando
49
entender as suas dúvidas, esclarecendo-as, possibilitando ao aluno entender o
seu “processo pessoal de estudo, de aprendizagem e de desenvolvimento”.
Ainda sobre a correção, HOFFMAN (2001, p. 43) sinaliza que:
“Corrigir tem a função de dar notas e uma de suas
interrogações reprimendas em vermelho e apreciações e
orientações genéricas do aluno... a correção favorece a
compreensão e o desenvolvimento da autonomia do aluno... a
dinâmica da avaliação efetiva - e a partir da analise das
respostas do educando frente às situações desafiadoras nas
diferentes áreas do conhecimento”.
A autoavaliação ainda não se tornou um hábito em nossas salas de
aula. Se é papel da escola formar sujeitos autônomos, críticos, por que ainda
não incorporamos tal prática? Por que ainda insistimos em uma avaliação que
não favorece o aprendizado e que não está coerente com nosso discurso
atual? Por que insistimos em uma avaliação que coloca todo o processo nas
mãos do professor, eximindo assim o estudante de qualquer responsabilidade?
A autoavaliação ainda não faz parte da cultura escolar brasileira.
Entretanto, se quisermos sujeitos autônomos, críticos, devemos ter consciência
de que tal prática deve ser incorporada ao cotidiano dos planejamentos dos
professores.
Ainda hoje, apesar de nossos discursos pedagógicos terem
avançado bastante, insistimos em uma avaliação que não favorece o
aprendizado, pois é concebida como algo que não se constitui como parte do
processo de aprendizagem, mas apenas como um momento de verificação.
Em uma concepção de educação cujo foco do processo de ensino e
aprendizagem seja o professor, há coerência com uma prática de avaliação
cujos critérios e expectativas estejam somente a cargo do professor. No
50
entanto, orientar a avaliação para uma prática formativa, contemplando a
autoavaliação, torna-se um pressuposto para avançarmos em direção a uma
necessária coerência com uma concepção mais atual de ensino e
aprendizagem.
Ter clareza sobre o que é esperado dele é o primeiro passo para
que o estudante possa realizar sua autoavaliação. Como poderia saber se
estou aprendendo o que deveria da forma como deveria, se não sei o que vou
aprender? Todos nós, para podermos fazer uma análise de nossos potenciais e
necessidades, em primeiro lugar devemos conhecer o que vamos aprender.
Isso, na escola, se traduz em conhecer não só o programa de ensino do ciclo,
etapa ou série, mas principalmente, as expectativas dos professores, as
nossas próprias, refletir sobre por que frequentar a escola, sobre o que é mais
importante aprender e sobre aquilo que queremos conhecer.
Depois, para, além disso, é importante que o professor propicie uma
prática constante de autoavaliação para os estudantes, que se torne uma
rotina, incorporada ao planejamento, com instrumentos elaborados para esse
fim e, especialmente, que os resultados obtidos da autoavaliação sejam
utilizados, seja em conversas individuais, tarefas orientadas ou exercícios de
grupo. O processo de avaliação, seja ou não autoavaliação, não se encerra
com a aplicação de um instrumento e com a análise dos resultados obtidos.
Avaliar implica em tomar decisões para o futuro, a partir desses resultados.
A autoavaliação quando realizada no grupo significa verificar e
avaliar, no coletivo, se os propósitos estabelecidos com o grupo estão sendo
contemplados.
Novamente, coloca-se a situação do grupo ter conhecimento daquilo
que é esperado dele, da construção coletiva de metas e regras. A partir daí,
pode-se então, fazer uma auto-avaliação dos processos do grupo, seja em
51
termos atitudinais, seja em relação aos conhecimentos construídos coletiva e
individualmente.
A autoavaliação deve favorecer ao estudante a auto-reflexão acerca
de sua postura, suas atitudes individuais e no grupo, seu papel no grupo, seus
avanços, seus medos e conquistas. Deve ajudar na superação das dificuldades
de aprendizagem, naturais a todo e qualquer processo de aprender.
Uma avaliação que acompanha o processo de aprendizagem de
cada aluno, além de ajudá-lo, servirá para o professor organizar melhor suas
aulas futuras e adaptar seu programa de trabalho à realidade do dia-a-dia,
durante o ano escolar.
De acordo com SILVA (2004, p. 68), quanto mais o professor
conhecer as formas como os alunos aprendem, melhor será sua intervenção
pedagógica.
Com isso, o professor ensina ao aluno que a avaliação é um ato
contínuo, paralelo a tudo o que se faz, e o treina a se autoavaliar e a refletir
criticamente sobre o próprio trabalho. Alguns alunos nem sequer chegam a
desconfiar de que podem errar por falta de um trabalho de avaliação
acompanhada pelo professor, quando realizam suas tarefas. A escola deve
formar pessoas competentes não só para dizer e fazer, como também para
julgar o que os outros e o que elas próprias fazem.
3.4.3 O aluno no ano de escolaridade seguinte
Se todos os professores partirem da realidade de seus alunos, no
começo do ano, para ensinar o que acham que deve ser ensinado, tem-se um
argumento a mais para a promoção automática na escola. Uma programação
geral deve distribuir conteúdos básicos para serem ensinados ao longo dos
anos. Se um aluno não aprendeu direito um ponto num ano, o professor do ano
52
seguinte, em vez de reclamar do colega, tem de assumir seu papel e ensinar a
esse aluno o que ele precisa saber.
Como afirma HOFFMANN (1993, p. 56), “a avaliação é uma reflexão
permanente sobre a realidade, e acompanhamento, passo a passo, do
educando, na sua trajetória de construção de conhecimento”.
Portanto, a promoção automática não precisa se preocupar com a
hipótese de um aluno não conseguir acompanhar a matéria no ano seguinte.
Mesmo hoje, apesar das provas e das notas, quando um aluno é promovido,
não se tem garantias de que ele aprendeu de fato o que estudou no ano
anterior.
Analisando friamente, constata-se que alguns alunos foram
reprovados porque cometeram certos erros em suas provas. Quais serão esses
erros, que conhecimentos tão importantes eles envolvem para que um aluno
repita de ano? Encontramos, por exemplo, que o aluno errou o sujeito da
oração, confundiu o predicativo do objeto direto com outra função sintática ou,
mesmo, não soube resolver um binômio de segundo grau. Como avaliar essa
avaliação, senão dizendo que é fruto de uma ingenuidade e uma ignorância
que só poderia vir de uma escola tão desorientada como a nossa?
Será que vale a pena criar tantos problemas por tão pouco? O
mundo não vai cair se o aluno não aprendeu o que é predicativo do objeto
diretor ou como resolver um problema de álgebra, ou qualquer dessas coisas
que se tornam objeto de perguntas fatídicas nas provas e testes.
Por causa de um predicativo do objeto direto ou um erro de
ortografia muitos alunos já foram reprovados. A escola não sabe dimensionar
esses fatos nem mede as consequências do que faz. Tal reprovação, além de
causar danos emocionais nos alunos, ocasiona danos financeiros às famílias e
ao governo.
53
3.4.4 O círculo vicioso de quem não aprende
A avaliação por meio de testes e provas muito frequentemente cria
um problema sério para os professores: eles acabam acreditando que aquela
forma avaliação é de fato um espelho do processo de aprendizagem. E se o
aluno vai mal na prova, o professor pensa que ele não aprendeu e repete tudo
de novo, esperando que um dia o aluno devolva o que foi ensinado do mesmo
jeito como foi passado.
Nesse contexto, é interessante a gente discutir o conceito de
recuperação dentro de uma prática avaliativa formadora. Porque geralmente
dizemos que tem que recuperar um aluno que tem dificuldades de aprender,
mas será que o aluno tem dificuldade de aprender ou nós temos dificuldade de
descobrir a forma do aluno aprender? Se a gente considera que os alunos têm
diversas formas de aprender, talvez a dificuldade não esteja nele, mas sim no
professor de descobrir essa forma dele aprender. Então nós não vamos
recuperar o aluno, vamos criar novas situações de aprendizagem,
considerando sim o percurso de aprendizagem do aluno, a especificidade
daquele sujeito na sua hora de aprender
Quanto essa questão, concordamos com CAGLIARI (1998, p. 72)
que diz que “o processo de aprendizagem não funciona assim. Por isso alguns
professores dizem que ensinam sempre as mesmas coisas e os alunos nunca
aprendem: isso mostra que esses mestres não são muito espertos. Por que
não ensinar algo diferente? Talvez assim os alunos aprendam.
Muitas vezes, para aprender adequadamente um ponto é preciso
avançar bastante na matéria. Ora, se o aluno fica marcando passo em algumas
ideias e não tem a chance de ver outras, pode ficar condenado a não aprender
nada”.
54
3.5 Uma nova visão da avaliação e da promoção
A escola não sabe avaliar para corrigir e ensinar, mas somente para
promover ou não o aluno. A formação de arquivos com os trabalhos realizados
pelos alunos é o material de que o professor precisa para avaliar o progresso
dos alunos. Agir assim requer uma mudança de atitude. Não acontece
simplesmente porque alguém decretou uma lei ou uma norma.
Muitos professores gostariam de mudar radicalmente sua prática
pedagógica, mas encontram obstáculos nas normas e até mesmo no
comportamento de diretores, supervisores e orientadores pedagógicos, sem
mencionar a tradicional queixa dos pais.
Se o patrão exige que o professor dê notas a seus alunos, ele pode
até agir assim, mas certamente isso será feito com base numa avaliação do
progresso de cada aluno e de seus trabalhos, e não através de provas e testes
padronizados. Um professor que incentiva seus alunos a trabalhar nas aulas,
pesquisando, fazendo todo o tipo de atividade escolar, não pode dar outra nota
senão 10 ou A. Ninguém pode reclamar disso, porque afinal de contas essa
nota é mais do que justa: cada um fez o que devia, dentro de suas
possibilidades, e isso é altamente educativo e uma excelente maneira de o
aluno e o professor conduzirem o processo escolar.
Os alunos podem ter notas sem ligar para isso, considerando uma
tarefa do professor, uma obrigação profissional sem consequências
educacionais. Estudar é outra coisa. É algo sério, que precisa ser feito com
responsabilidade, como uma forma de respeito que cada pessoa precisa ter
consigo própria.
Outra questão que perturba muitos professores é o que fazer com
quem não aprende. Na alfabetização, por exemplo, esse é um ponto muito
grave: se o aluno não aprendeu a ler, o que vai fazer depois?
55
Fazer recuperação é uma tarefa desnecessária se na atividade do
professor a recuperação estiver presente todos os dias, como deve estar. A
necessidade de um período de recuperação surge somente quando o professor
ensina seguindo seu programa, sem ligar para o que acontece com seus
alunos. Então, de vez em quando, faz uma prova e recomenda uma
recuperação para aqueles que tiraram nota baixa. Para os piores, recomenda
uma mudança para a classe especial. Para os repetentes incorrigíveis, a única
solução que visualiza é a evasão escolar.
Segundo CAGLIARI (1998, p. 73), se um aluno não aprendeu a ler, é
porque o professor fracassou: não é possível que um ser humano não aprenda
a ler durante um ano de escola. O autor ainda enfatiza que se isso acontece é
porque os professores não sabem lidar com esses casos: ficam repetindo
sempre as mesmas coisas, em vez de fazer uma análise das dificuldades do
aluno e orientá-lo de maneira específica. Quando o professor ensina com
competência e seriedade, os alunos aprendem. Todos eles aprendem alguma
coisa. Talvez não saibam reproduzir o modelo de maneira exata e completa,
mas alguma coisa eles aprendem, e isso basta.
CONCLUSÃO
56
Para concluir, vamos ilustrar a história onde há um personagem
fictício “Professora Isabel” e de autor desconhecido:
“Isabel é professora de escola multisseriada, onde alunos de
anos de escolaridade diferentes ficam na mesma turma, e o
lugar onde ela trabalhava não havia sala de professores. Então
um determinado dia, os alunos estavam no recreio e ela os
observava. Num dado momento, um burro pulou a cerca da
escola. Os alunos aproveitaram para fazer a maior algazarra. A
professora vendo o alvoroço, colocou os alunos para dentro da
sala de aula e aproveitando o assunto iniciou uma aula de
Linguagem, com indagações sobre a escrita da palavra burro e
acrescentou dados Matemáticos, de História e de Ciências
aproveitando o tema.”
Se poderia interrogar, qual a relação que existe entre a história de
Isabel e a avaliação? A relação é muito profunda e significativa, porque na
história de Isabel procura se mostrar que o saber não é estanque e não está
restrito.
Não existe o saber da Geografia que não esteja incorporado ao
saber da Língua Portuguesa, associado ao saber da Matemática e da Ciência,
e que muitas vezes, a avaliação que se precisa construir é aquela avaliação de
várias disciplinas numa participação única, não para que se segmente o papel
de cada disciplina, mas para se verificar, se naquela redação bem feita por um
determinado aluno há a incorporação de saberes matemáticos, de Língua
Portuguesa e demais disciplinas.
Não existe ainda essa forma de se pensar a avaliação, mas é uma
ideia que se poderia desenvolver para que houvesse uma forma de avaliação
mais globalizada, onde o aluno não tivesse que apenas propriedades
específicas.
57
Esta não é uma missão pronta. É um trabalho a ser construído. É
uma ideia que deve prevalecer quando se pensar na plenitude de uma
avaliação como diagnóstico de avanços e necessidades.
Temos que refletir que a avaliação nunca pode se constituir em um
instrumento punidor do aluno, pois durante muito tempo e infelizmente ainda
hoje, há professores que utilizam a nota como forma de punir o aluno porque
seu comportamento não é adequado, ao invés de usar a avaliação para revelar
a realidade do seu saber. Com isso o professor realmente está usando a
avaliação como um julgamento e não com o sentido que precisa caracterizar o
papel do mediador.
Enquanto não entendermos que a avaliação não serve para julgar,
vamos incorrer nos mesmos erros, mesmo procurando fazer novos caminhos
Em síntese, as dificuldades são muito significativas, mas é preciso
que os professores tenham o conhecimento das mesmas e partam para as
suas soluções.
Não se trata de pleitear por normas que organizadas ou
desenvolvidas em salas de ar refrigeradas possam atuar no cotidiano da sala.
A ferramenta avaliadora está nas mãos dos professores.
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ÍNDICE
DEDICATÓRIA ................................................................................................. 03
62
AGRADECIMENTOS ....................................................................................... 04
RESUMO .............................................................................................. 05
METODOLOGIA .............................................................................................. 06
SUMÁRIO ........................................................................................................ 07
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 08
CAPÍTULO I
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 09
1.1 O que é avaliar? ....................................................................................... 10
1.2 Aceitação das diferenças .................................................................... 11
1.3 Como pensar a avaliação? .................................................................... 13
1.3.1 Avaliação somativa .................................................................... 13
1.3.2 Avaliação educativa .................................................................... 15
1.3.2.1 Avaliação individual ou em grupo? ............................ 16
1.4. Avaliações Nacionais ............................................................................... 18
CAPÍTULO II
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: CONSTRUÇÃO OU DESTRUIÇÃO? .... 20
2.1 Avaliar: Uma tarefa difícil .......................................................................... 21
2.2 Avaliação e proposta da escola .............................................................. 28
2.3 Uma perspectiva inclusiva da avaliação ................................................... 29
CAPÍTULO III
AVALIAÇÃO E PROMOÇÃO ........................................................................... 33
3.1 Notas e conceitos ..................................................................................... 34
3.2 Promoção automática ............................................................................... 38
3.3 Avaliação e rendimento escolar .............................................................. 40
3.3.1 Qualidade de ensino e motivação .............................................. 41
63
3.3.2 Avaliação e castigo escolar ....................................................... 42
3.3.3 O posicionamento do professor diante dos resultados da
avaliação .................................................................................................
44
3.4 Avaliação sem nota ................................................................................... 46
3.4.1 O trabalho substitui a nota ........................................................ 47
3.4.2 Autocorreção e autoavaliação ................................................... 48
3.4.3 O aluno no ano de escolaridade seguinte ............................... 51
3.4.4 O círculo vicioso de quem não aprende ................................ 53
3.5 Uma nova visão da avaliação e da promoção .......................................... 54
CONCLUSÃO .................................................................................................. 56
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 59
ÍNDICE ............................................................................................................. 62
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes
64
Título da Monografia: Avaliação da Aprendizagem: Avaliação como
diagnóstico de avanços e necessidades
Autor: Ana Cristina de Souza Costa
Data da entrega:
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