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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
COMO A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO INFLUENCIA O
CLIMA ORGANIZACIONAL
Por: Flávia da Silva Couto
Orientador
Prof. Mario Luiz
Petrópolis
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
COMO A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO INFLUENCIA O
CLIMA ORGANIZACIONAL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão de Recursos
Humanos
Por: Flávia da Silva Couto
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, acima de tudo, por ter me
permitido tal estudo, a minha família,
aos meus mestres e a empresa que
trabalho, por contribuírem para a
conclusão dessa importante etapa na
minha vida.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Adalberto e Marly, a minha
irmã Bianca e, de forma especial, ao meu
filho Bernardo, minha grande inspiração a
prosseguir.
5
“Se desejamos saber como as pessoas sentem –
qual sua experiência interior, o que lembram,
como são suas emoções e seus motivos, quais as
razões para agir como o fazem – por que não
perguntar a elas?”
G. W. ALLPORT
6
RESUMO
Esta monografia tem como objetivo mostrar como a qualidade de vida no
ambiente de trabalho reflete em um bom clima organizacional. No primeiro
capítulo será abordado o amplo conceito de qualidade de vida e no segundo
como se dá essa abordagem, na prática. Baseado nesse contexto, o capítulo
seguinte mostrará a relação entre a qualidade de vida no trabalho e um bom
clima da organização, através da pesquisa de clima organizacional, que é uma
ferramenta que orienta o gestor da empresa a conhecer melhor o ambiente de
trabalho e os meios necessários para melhoria do clima, contribuindo dessa
forma para que a Empresa seja um ambiente de trabalho agradável e seus
funcionários fiquem satisfeitos.
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METODOLOGIA
Neste estudo foi utilizado como método de pesquisa a bibliografia. O
problema proposto foi analisado através de pesquisa bibliográfica em livros e
revistas acadêmicas da área, baseada nos seguintes autores: FERNANDES,
EDA. Qualidade de Vida no Trabalho: Como medir para melhorar Salvador:
Casa da Qualidade, 1996; RODRIGUES, MARCUS VINICIUS. Qualidade de
Vida no Trabalho Petrópolis: Vozes.1994; CHIAVENATO, IDALBERTO. Gestão
de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de
Janeiro: Campos, 1999; SOUZA, EDELA LANZER PEREIRA DE. Clima e
cultura organizacionais: como se manifestam e como se manejam. Porto
Alegre, 1978, em sites e através da observação do comportamento humano
em uma cooperativa, com objetivo de mostrar como a qualidade de vida no
ambiente de trabalho influencia o clima organizacional.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I - Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho 12
CAPÍTULO II - Obtenção Prática da Qualidade de Vida no Trabalho 20
CAPÍTULO III – Relação entre Qualidade de vida no trabalho
e bom clima organizacional 28
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ÍNDICE 40
9
INTRODUÇÃO
O tema desse trabalho foi baseado em como a qualidade de vida
influencia o clima organizacional. A questão central do presente estudo será
relacionar a qualidade de vida no trabalho ao clima organizacional.
No primeiro capítulo será abordado o amplo conceito de qualidade de
vida no Trabalho – QVT, que é bastante complexo, existindo muitas
conceituações e várias formas metodológicas de abordagem. Esse conceito
deve ser definido com clareza, uma vez que os cargos de trabalho
representam não somente uma fonte de renda para os colaboradores, mas
também um meio de satisfazerem suas necessidades de toda ordem, como
reflexos evidentemente em sua qualidade de vida. Portanto, as diversas
conceituações de qualidade de vida no trabalho serão abordadas nesse
capítulo inicial.
No segundo capítulo será abordado como essa questão se constitui, na
prática, visto que a importância das necessidades humanas varia conforme a
cultura de cada indivíduo e cada organização. Portanto, a QVT não é
determinada apenas pelas características individuais ou situacionais, mas sim
por toda a atuação sistêmica. Para o funcionário, a adoção de programas de
qualidade de vida e promoção da saúde proporcionaria ao indivíduo maior
resistência ao estresse, maior estabilidade emocional, maior motivação, maior
eficiência no trabalho, melhoria da autoimagem e melhor relacionamento.
Baseado nesse contexto, o capítulo seguinte mostrará a relação entre a
qualidade de vida no trabalho e um bom clima da organização, através da
pesquisa de clima organizacional, que é uma ferramenta que orienta o gestor
da empresa a conhecer melhor o ambiente de trabalho e os meios necessários
para melhoria do clima. O clima organizacional é uma variável que influi
10
diretamente na produtividade, pois o grau de salubridade de uma organização
depende de sua atmosfera psicológica. Esta atmosfera é fruto do conjunto de
percepções das pessoas que compartilham seu dia-a-dia com a organização. A
pesquisa revelará a realidade percebida pelos colaboradores e não somente o
que efetivamente acontece.
Como a busca por uma melhor qualidade de vida é um assunto muito
em voga nos dias de hoje, pelo fato dessa qualidade de vida ser muito
almejada e, como normalmente passamos a maior parte de nossos dias e uma
grande parte de nossas vidas no trabalho, buscamos lá essa melhoria:
qualidade de vida no trabalho. E essa qualidade de vida no trabalho acaba
refletindo na vida social de cada trabalhador.
Atualmente, não é só a remuneração que prende um funcionário a
determinada empresa. Quando a Empresa fornece uma boa condição de
trabalho e fornece benefícios especiais que são inclusive considerados
“remuneração indireta”, relacionados a saúde, a cultura, a integração e lazer, a
alimentação, a carreira, a educação e desenvolvimento, esses atrativos
melhoram a satisfação interna e a produtividade e conseguem inclusive reter
talentos, pois fazem as pessoas mais felizes.
Isso reflete justamente no clima organizacional pois esse bem estar
geral, esse bom ambiente de trabalho, além de ser ótimo para o funcionário,
pois tem reflexos também no seu lado social, na sua família, é ótimo para a
Empresa, pois funcionários felizes rendem mais, gerando uma maior
produtividade e fazendo com que a Empresa se mantenha competitiva no
mercado de trabalho.
A Qualidade de Vida no Trabalho – QVT é um tema amplo que deve ser
compreendido de forma sistêmica. A preocupação não deve estar somente no
11
ambiente físico de trabalho, mas também no ambiente psicológico da
organização.
Portanto, os objetivos da presente pesquisa são conceituar a qualidade
de vida no trabalho, analisar a obtenção prática da qualidade de vida no
trabalho e verificar a relação entre qualidade de vida no trabalho e bom clima
organizacional.
12
CAPÍTULO I
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
O CONCEITO
1. Qualidade de Vida no Ambiente de Trabalho
O termo Qualidade de Vida no Trabalho - QVT é bastante complexo,
existem muitas conceituações e formas metodológicas de abordagem.
A QVT é hoje muito difundida, tendo um acentuado desenvolvimento em
diversos países. No Brasil, o interesse pelo tema pode ser considerado
recente. Porém, a busca pela readaptação de modelos estrangeiros no intuito
de encontrar um modelo próprio a partir das características culturais locais, é
crescente (RODRIGUES, 1994).
De sua parte, Rodrigues (1994) não apresenta um conceito específico
sobre Qualidade de Vida no Trabalho, mas demonstra que houve uma
evolução no enfoque do ser humano no trabalho, destacando os aspectos de
participação, poder e autonomia como fatores importantes na compreensão do
processo.
Independentemente do conceito, é preciso enfatizar que as categorias
utilizadas devem ser vistas de forma sistêmica em constante interação e
apresentam a vantagem de analisar tanto o conjunto de condições e práticas
organizacionais, como aspectos relacionados à satisfação e percepção dos
empregados sobre os fatores positivos no trabalho.
A expressão Qualidade de Vida no Trabalho tem sido usada com
crescente freqüência para descrever certos valores ambientais e
13
humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor
do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento
econômico (WALTON, 1973 apud RODRIGUES, 1994, p.81).
Um dos desses conceitos de qualidade de vida no trabalho refere-se a
preocupação com o bem estar geral e com a saúde dos empregados, no
desempenho de suas atividades funcionais. Este conceito envolve tanto
aspectos físicos quanto psicológicos. A qualidade de vida representa em que
grau os membros da organização são capazes de satisfazer suas
necessidades pessoais através do seu trabalho na empresa.
O termo Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) foi cunhado por
Louis Davis na década de 1970, quando desenvolvia um projeto
sobre desenho de cargos. Para ele, o conceito de QVT refere-se
à preocupação com o bem-estar geral e a saúde dos
trabalhadores no desempenho de suas tarefas. Alguns autores
europeus desenvolveram outras conceituações dentro da
abordagem sóciotécnica e da democracia industrial. Atualmente,
o conceito de QVT envolve tanto os aspectos físicos e
ambientais como os aspectos psicológicos do local de trabalho.
A QVT assimila duas posições antagônicas: de um lado, a
reivindicação dos empregados quanto ao bem-estar e satisfação
no trabalho; e, de outro, o interesse das organizações quanto
aos seus efeitos potenciais sobre a produtividade e a qualidade.
(CHIAVENATO, 1999, p. 390-391).
O conceito de Qualidade de Vida na organização é de certa forma,
abrangente e precisa ser definido com clareza, uma vez que os cargos de
trabalho representam não somente uma fonte de renda para os colaboradores,
mas também um meio de satisfazerem suas necessidades de toda ordem,
como reflexos evidentemente em sua qualidade de vida, ou seja, o homem é o
principal elemento diferenciador, e o agente responsável pelo sucesso de todo
e qualquer negócio.
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O assunto Qualidade de Vida no Trabalho é uma preocupação
crescente e fundamentada de todas as empresas que buscam se tornarem
altamente competitivas, em mercados cada vez mais globalizados.
A tecnologia de QVT (Qualidade de Vida no Trabalho) pode ser
utilizada para que as organizações renovem suas formas de
organização no trabalho, de modo que, ao mesmo tempo em
que se eleve o nível de satisfação do pessoal, se eleve também
à produtividade das empresas, como resultado de maior
participação dos empregados nos processos relacionados ao
seu trabalho. (FERNANDES, 1996, p. 36)
Fernandes (1996), que definiu QVT como a ciência que estuda aspectos
ligados ao bem-estar das pessoas em situação de trabalho e também que:
o foco central da investigação visa ao questionamento das
formas a serem adotadas para que “os cargos se mostrem mais
produtivos e satisfatórios, com vantagens para as pessoas e
organizações, mediante a reformulação do desenho de cargos e
postos de trabalho”. (WALTON apud FERNANDES, 1996).
Ainda de acordo com Fernandes, a QVT seria uma gestão dinâmica e
contingencial de fatores físicos, tecnológicos e sociopsicológicos que afetam a
cultura e renovam o clima organizacional, refletindo-se no bem-estar do
trabalhador e na produtividade das empresas.
Fatores físicos, aspectos sociológicos e psicológicos interferem
igualmente na satisfação dos indivíduos em situação de trabalho, sem deixar
de considerar os aspectos tecnológicos da organização do próprio trabalho,
que, em conjunto, afetam a cultura e interferem no clima organizacional com
reflexos na produtividade e na satisfação dos empregados.
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Segundo Rodrigues (1994), a QVT pode ser entendida como a resultante
direta da combinação de diversas dimensões básicas da tarefa e outras dimensões
não dependentes diretamente da tarefa, capazes de produzir motivação e satisfação
em diferentes níveis.
A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE QVT segundo FERNANDES (1996):
Concepções evolutivas da QVT Características ou Visão
1. QVT como variável (1959 a 1972): Reação do indivíduo ao trabalho.
Investigava-se como melhorar a qualidade de vida do indivíduo no
trabalho.
2. QVT como abordagem (1969 a 1974): O foco era o indivíduo antes do
resultado organizacional. Ao mesmo tempo, tendia a trazer melhorias
também à direção.
3. QVT como método (1972 a 1975): Conjunto de abordagens, métodos e
técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e torná-lo mais produtivo
e satisfatório. QVT era vista como sinônimo de grupos autônomos de
trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com
integração social e técnica.
4. QVT como movimento (1975 a 1982): Declaração ideológica sobre a
natureza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a
organização. Utilizados termos como administração participativa e
democracia industrial.
5. QVT como tudo (1979 a 1982): Como panaceia contra a competição
estrangeira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade,
problemas de queixas e outros problemas organizacionais.
16
6. QVT como nada (futuro): No caso de projetos de QVT fracassarem no
futuro, não passará de apenas um “modismo” passageiro.
A QVT tem sido objeto de reflexão no atual cenário empresarial no
âmbito globalizado, visto que os modelos de gestão, atualmente, estão
enfatizados nas pessoas.
A racionalidade das leis de mercado, que até então regiam as
empresas, já não mais reinam absolutas, mas dividem lugar com fatores que
proporcionam satisfação e fazem com que os empregados se sintam parte
integrante da empresa.
“apesar de toda badalação em cima das novas tecnologias de
produção, ferramentas de Qualidade, etc., é fato facilmente
constatável que mais e mais trabalhadores se queixam de uma
rotina de trabalho, de uma subutilização de suas potencialidades
e talentos, e de condições de trabalho inadequadas. Estes
problemas ligados à insatisfação no trabalho têm consequências
que geram um aumento do absenteísmo, uma diminuição do
rendimento, uma rotatividade de mão-de-obra mais elevada,
reclamações e greves mais numerosas, tendo um efeito
marcante sobre a saúde mental e física dos trabalhadores, e, em
decorrência na rentabilidade empresarial.” (FERNANDES,
1996: 38-39)
Quem participa do mundo corporativo possui, geralmente, mais
informação globalizada, metas pessoais, profissionais e existenciais mais
ambiciosas, noção mais apurada de seus direitos, se constituindo, enfim, num
segmento mais esclarecido e exigente.
Mais que um modismo na área de Recursos Humanos, a tecnologia da
QVT deve ser uma ferramenta gerencial efetiva, visando, conforme Fernandes
(1996):
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“Garantir maior eficácia e produtividade e, ao mesmo tempo, o
atendimento das necessidades básicas dos trabalhadores.
Assim sendo, quando adequadamente proposto, um programa
de QVT tem como meta “gerar uma organização mais
humanizada, na qual o trabalho envolve, simultaneamente,
relativo grau de responsabilidade e de autonomia a nível do
cargo, recebimento de recursos de ‘feedback’ sobre o
desempenho, com tarefas adequadas, variedade,
enriquecimento do trabalho e com ênfase no desenvolvimento
pessoal do indivíduo.” WALTON apud FERNANDES (1996: 36)
Empresas que insistirem numa visão obsoleta de que só salário e
alguns benefícios (base da pirâmide Maslowiana) motivam e garantem a
melhor produtividade e a retenção do trabalhador em sua empresa, estão
correndo um sério risco de perderem seus talentos e seu capital humano e
intelectual e, por conseguinte, perderem sua competitividade.
De acordo com Fernandes (1996), os principais critérios e indicadores de
QVT são: uma compensação justa e adequada; boas condições de trabalho;
bom uso e desenvolvimento adequado de capacidades; oportunidade de
crescimento e segurança no local de trabalho; integração social na
organização; constitucionalismo; trabalho e espaço total de vida; além da
relevância social da vida no trabalho.
Faz-se necessário frisar que não se pode confundir QVT com melhorias
apenas nas condições de trabalho, como era o praticado nas organizações que
utilizavam as melhorias no ambiente de trabalho com a finalidade de acalmar e
conter os ânimos dos funcionários que reclamavam das péssimas condições a
que eram submetidos.
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O tema é mais amplo e deve considerar tanto aspectos que interferem
diretamente na QVT (como é o caso dos projetos de trabalho e sua
organização); quanto os que estão indiretamente influenciando-a (como é o
caso das decisões estratégicas da organização), dos quais os funcionários
passam a maior parte de suas vidas sem tomar conhecimento.
Chiavenato (1999) esquematiza os principais objetivos dos indivíduos e
da organização da seguinte forma:
Objetivos Organizacionais :
Sobrevivência;
Crescimento Sustentado;
Lucratividade;
Produtividade;
Qualidade nos produtos/serviços;
Redução de Custos;
Participação no Mercado;
Novos Mercados;
Novos Clientes;
Competitividade;
Imagem no Mercado.
Objetivos individuais:
Melhores Salários;
Melhores Benefícios;
Estabilidade no Emprego;
Segurança no Trabalho;
Qualidade de Vida no Trabalho;
Satisfação no Trabalho;
Consideração e Respeito;
Oportunidades de Crescimento;
Liberdade para Trabalhar;
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Liderança Liberal;
Orgulho da Organização.
Para Chiavenato (1999), dentre os principais objetivos da gestão de
pessoas devem estar o auxílio eficiente para que a empresa alcance seus
objetivos e realize sua missão.
Para tanto, é necessário que esses objetivos sejam atingidos através de
vários meios, inclusive pela monitoração de comportamentos dos empregados.
Proporcionar competitividade, proporcionar empregados bem treinados e bem
motivados; fomentar a auto-atualização e a satisfação dos empregados no
trabalho; manter políticas éticas e comportamento social responsável.
No âmbito organizacional a qualidade de vida é uma temática
reconhecidamente de extrema relevância, pois interfere diretamente na
questão da competitividade, do espaço no mercado, na produtividade da
empresa.
Nesse contexto, a qualidade de vida no trabalho pode ser entendida
como o envolvimento de pessoas, trabalho e organizações, onde a
preocupação com o bem-estar do trabalhador e com a eficiência da
organização são os aspectos mais relevantes.
Portanto, temos que a QVT tem sido preocupação do homem desde que
o trabalho foi concebido como meio de sobrevivência, isto é, desde o início dos
tempos; independentemente da conotação adquirida, com outros títulos, com
vários conceitos e abordagens, mas de uma forma sempre voltada para auxiliar
ou proporcionar satisfação e bem-estar ao trabalhador no desempenho de
suas atividades.
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CAPÍTULO II
OBTENÇÃO PRÁTICA DA QUALIDADE DE VIDA NO
TRABALHO
A organização que investe diretamente no
funcionário está, na realidade, investindo
indiretamente no cliente. A gestão da
qualidade total nas organizações depende
fundamentalmente da otimização do potencial
humano, e isto depende de quão bem as
pessoas se sentem trabalhando na
organização. A QVT representa em que grau
os membros da organização são capazes de
satisfazer suas necessidades pessoais
através do seu trabalho na organização.
(CHIAVENATO, 1999, p. 391)
2. Remuneração, Condições físico-psicológicas do trabalho,
benefícios sociais e Programas de Qualidade de Vida
Não se pode verificar a qualidade de vida no trabalho sem levar em
conta a dimensão “remuneração”. O homem é empregado para trabalhar e
pelo seu trabalho recebe uma remuneração.
Interessa-se averiguar a qualidade de vida no trabalho, na vida
profissional e não na vida privada. O indicador desta humanização pela via
salarial, tem de ser proporcional ao que se faz no trabalho e não à manutenção
da sua vida fora.
21
Desta forma, mesmo que o trabalho se constitua em um meio
socialmente aceito, para que os seres humanos garantam a sua sobrevivência
através da remuneração, a mensuração da qualidade de vida no trabalho deve
se ater ao que se faz na organização para recebê-lo.
Segundo Chiavenato (1999, p. 221) a remuneração é o processo que
envolve todas as formas de pagamento ou de recompensas dadas ao
funcionário decorrentes do seu emprego.
“Como parceiro da organização cada funcionário está
interessado em investir com trabalho, dedicação e esforço
pessoal, com seus conhecimentos e habilidades, desde que
receba uma retribuição adequada. As organizações estão
interessadas em investir em recompensas para as pessoas
desde que delas possam receber contribuições ao alcance de
seus objetivos” (CHIAVENATO, 1999, p. 221)
Para que se possa ter esta variável de maneira sólida e segura na
composição variável QVT, é necessário “amarrá-la” a fatores objetivos e
mensuráveis.
Rodrigues (1994) cita Nadler e Lawler, que estudaram o tema
Qualidade de Vida no Trabalho centralizado na motivação das pessoas,
acreditando, portanto, que as organizações atingirão os altos níveis de
produtividade, sem esquecer a motivação e a satisfação do indivíduo.
Analisando-se alguns dos benefícios que trazem qualidade de vida na
empresa, destacam-se os seguintes:
Saúde: auxílio doença, assistência médica, assistência psicológica,
cobertura para tratamentos de dependências química (droga/alcoolismo),
homeopatia, infertilidade, terapia, acupuntura, check-up, plano médico com
livre escolha, plano com cobertura também para agregados e aposentados,
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assistência ou consultório odontológico, cobertura para aparelhos ortodônticos,
ambulatório, auxílio para aquisição de óculos e lentes de contato, desconto na
compra de medicamentos e entrega no local de trabalho, programas de
alongamento e relaxamento para os funcionários, ginástica laboral durante o
expediente, academia e spa.
Alimentação: tíquete, vale-supermercado, café da manhã grátis,
lanchonete na empresa, refeições coletivas, cardápios diferenciados para
funcionários que tem problemas como diabetes, colesterol e hipertensão.
Educação e Desenvolvimento: seguro educação, bolsas de estudo,
cursos de idiomas, instrução dos filhos, ensino supletivo, reembolso para
cursos de graduação, pós graduação e MBA, grande oferta de treinamento,
inclusive à distância (via CD-ROM), job rotation, oportunidades de estágio e
carreira em outras unidades do grupo e no exterior, biblioteca, videoteca,
palestras variadas: planejamento familiar, orçamento doméstico, segurança no
trabalho, apoio pré-aposentadoria, etc.
Carreira: política de promoção com base em avaliação de desempenho
para todos os funcionários, prioridade ao recrutamento interno,
aconselhamento de carreira, grandes oportunidades de carreira, programas de
trainees.
Formas de Remuneração e Auxílios: remuneração por competências e
habilidade, remuneração variável, participação nos lucros e resultados (salários
extras), 14º salário, programa de reconhecimento, previdência privada, seguro
de vida, adicional por tempo de casa, concessão de opção de ações para
todos os funcionários (stock options), ajuda no aluguel (em caso de
transferência), empréstimo para aquisição de casa própria, financiamento para
aquisição de automóvel, carro com despesas pagas, estacionamento,
transporte da empresa (ônibus), venda de produtos fabricados pela empresa
com desconto, auxílio para pais de filhos excepcionais, auxílio para compra de
material escolar e assistência jurídica.
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Integração e lazer: clima de coleguismo no ambiente de trabalho,
incentivo a participação dos funcionários em projetos filantrópicos, forte política
de recepção e integração aos funcionários novos, clube, colônia de férias, área
de lazer na empresa com sala de jogos, leitura e ginástica, atividades de
recreação para os filhos de funcionários, promoção de festas, como por
exemplo Festas Juninas e de Natal.
Comunicação Interna: segurança e confiança na gestão, sinergia entre
chefes e subordinados, avaliação para todos os funcionários, política de portas
abertas, valorização das sugestões dos funcionários, linha direta e ombudsman
para reclamações, número reduzido de salas fechadas, pesquisa de clima
periódica para medir a satisfação dos funcionários, clareza e abertura na
comunicação interna, política formal de não demissões, entrevista com
potenciais pares de trabalho no processo de seleção, ambiente de trabalho
onde as pessoas sintam-se livres para participar, criar e ter iniciativa.
Outras práticas: horário flexível de trabalho, jornada reduzida no verão,
possibilidade de trabalho em locais remotos (casa, cliente, etc), informalidade
nos trajes, licença não remunerada para projetos pessoais, berçário, creche,
sala de aleitamento para mães, loja de conveniência e outros serviços dentro
da empresa (videolocadora, salão de beleza, etc);
projetos esportivos (patrocínios, incentivos a prática, associação, clube);
projetos sociais (eventos para a comunidade e família, colônia de férias);
projetos ambientais (reciclagem, dicas de economia de energia e água) e
outros como nascimento de filhos, aniversariante do mês, dia do trabalhador,
dia das crianças, dia das mães, dia dos pais, etc.
Fernandes (1996) apresenta contribuições relevantes, mostrando como
podemos medir a satisfação dos empregados, além de oferecer subsídios para
a construção e compreensão dos conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho,
afirmando que tal expressão está associada a melhoria das condições físicas,
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programas de lazer, estilo de vida, nas reivindicações dos trabalhadores e na
ampliação do conjunto de benefícios.
Segundo Chiavenatto (1999) benefícios constituem pagamentos
financeiros indiretos oferecidos aos funcionários. Incluem saúde, segurança,
férias, pensões, planos de educação, desconto em produtos da companhia.
Já as condições físico-psicológicas referem-se ao ambiente interno tanto
físico-geográfico como físico-psicológico de uma organização.
Uma forma prática para obtenção da qualidade de vida no trabalho seria
a implementação de Programas de Qualidade de Vida no Trabalho.
Os Programas de Qualidade de Vida no Trabalho podem incrementar a
produtividade através da melhoria da comunicação e coordenação entre os
empregados e os diversos setores da organização; do crescimento da
motivação do trabalhador, no que diz respeito aos seus aspectos individuais; e
da constante capacitação para o aprimoramento do desempenho.
A satisfação no trabalho não pode estar isolada da vida do indivíduo
como um todo. Segundo Rodrigues (1994), os empregados que possuem uma
vida familiar insatisfatória tem o trabalho como o único ou maior meio para obter a
satisfação de muitas de suas necessidades, principalmente, as sociais.
Ainda segundo Rodrigues (1994), qualidade de vida no trabalho é a
grande esperança das organizações para atingirem altos níveis de
produtividade, sem esquecer a motivação e satisfação do indivíduo.
Para o funcionário, a adoção de programas de qualidade de vida e
promoção da saúde proporcionaria ao indivíduo maior resistência ao estresse,
maior estabilidade emocional, maior motivação, maior eficiência no trabalho,
melhoria da autoimagem e melhor relacionamento.
Do outro lado, as organizações seriam beneficiadas com uma força de
trabalho mais saudável, menor absenteísmo / rotatividade, menor número de
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acidentes, menor custo de saúde assistencial, maior produtividade, melhor
imagem e, por último, um melhor ambiente de trabalho.
De acordo com Rodrigues (1994: 76), “a qualidade de vida no trabalho tem
sido uma preocupação do homem desde o início de sua existência com outros títulos
em outros contextos, mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem
estar ao trabalhador na execução de sua tarefa”.
Segundo Fernandes (1996), os desafios e as metas da qualidade
dependem da mobilização das pessoas para o desenvolvimento das ações de
programas.
Por outro lado, o que se observa é que, apesar de as empresas
estarem investindo em tecnologia, verifica-se um certo desequilíbrio,
descuidam-se em relação às estratégias de envolvimento do pessoal em
direção à qualidade.
A implantação de um programa de QVT não só pode modificar a cultura
organizacional, mas também a concepção de uma política de QVT. O processo
de implantação poderá promover mudanças profundas de valores, crenças,
ritos e mitos organizacionais que se encontram cristalizados nas organizações
onde se afirma um velho paradigma de que não se mudam práticas sem
mudança de consciência, ou seja, fazer diferente requer pensar
diferentemente.
A grande lição da teoria organizacional é a de que os indivíduos
que compõem uma organização – e sobre tudo os membros
menos categorizados na hierarquia – recusam-se a ser tratados
como instrumentos e reivindicam, através de comportamentos
que a elite administrativa freqüentemente define como
ineficientes, e ineficazes, a sua condição humana
(RODRIGUES, 1994, p. 52)
26
Inserido nesse contexto, o setor de Recursos Humanos além de ter o
desafio de promover iguais oportunidades de emprego, também é responsável
por melhorar a qualidade de vida no trabalho, tornando os cargos mais
produtivos e satisfatórios. E o setor de Recursos Humanos que pode ajudar a
combinar as necessidades humanas com as do cargo.
Um dos maiores desafios do administrador é motivar as
pessoas; fazê-las decididas, confiantes e comprometidas
intimamente a alcançar os objetivos propostos; energizá-las e
estimulá-las para que sejam bem-sucedidas através do seu
trabalho na organização (CHIAVENATO, 1999, p. 591).
O significado da Qualidade de vida muda conforme as prioridades de
cada um. Generalizações podem ser contra producentes: o que é bom para
uns, pode não ser para outros.
Segundo Fernandes (1996), ”a qualidade é antes de tudo uma questão de
atitude. Quem faz e garante a qualidade são as pessoas, muito mais do que o
sistema, as ferramentas e os métodos de trabalho”.
Contemplar as expectativas dos trabalhadores, num primeiro momento,
parece tarefa simples, bastaria aplicar programas de combate ao estresse, ao
tabagismo, à obesidade, ao sedentarismo e colocar à disposição academias de
ginástica e creches. Mas as aspirações humanas são bem mais complexas. E
encontrá-las, portanto, não é tarefa das mais simples.
A QVT envolve uma constelação de fatores como exemplos: a
satisfação com o trabalho executado; as possibilidades de futuro na
organização; o reconhecimento pelos resultados alcançados; o salário
percebido; os benefícios auferidos; o relacionamento humano dentro do grupo
e da organização; o ambiente psicológico e físico de trabalho; entre outros.
O que não pode acontecer é o trabalho ser visto como não tendo
qualidade de vida, como não sendo humano. Segundo Rodrigues (1994, p.
11), “o trabalho é indesejado, justamente porque na atual sociedade, com muita
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freqüência, ele se configura de uma forma totalmente fragmentada e sem sentido,
burocratizada, cheia de normas e rotinas, ou então, cheio de exigências e conflitivo
com a vida social ou familiar”.
As corporações de sucesso olham o assunto como uma questão
diretamente relacionada com os valores da empresa, ajudar o funcionário a
exercer seus diversos papéis na sociedade da melhor maneira possível,
reduzindo o volume de trabalho e respeitando os horários, é hoje tão
importante quanto cuidar de seu bem-estar físico.
A QVT tem sido utilizada como indicador das experiências humanas no
local de trabalho e do grau de satisfação das pessoas que desempenham o
trabalho.
A gestão da qualidade total nas organizações depende
fundamentalmente da otimização do potencial humano, isto é, depende de
quão bem as pessoas se sentem trabalhando na organização. A QVT
representa em que grau os membros da organização são capazes de
satisfazer suas necessidades pessoais através do seu trabalho na
organização.
Segundo Fernandes (1996, p. 46), “QVT deve ser considerada como uma
gestão dinâmica porque as organizações e as pessoas mudam constantemente; e é
contingencial porque depende da realidade de cada empresa no contexto em que esta
inserida”.
Conclui-se que a importância das necessidades humanas varia
conforme a cultura de cada indivíduo e cada organização. Portanto, a QVT não
é determinada apenas pelas características individuais (necessidades, valores,
expectativas) ou situacionais (estrutura organizacional, tecnologia, sistemas de
recompensas, políticas internas), mas sim por toda a atuação sistêmica.
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CAPÍTULO III
RELAÇÃO ENTRE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
E BOM CLIMA ORGANIZACIONAL
3. A Pesquisa de Clima Organizacional nas Empresas que
proporcionam qualidade de vida no ambiente de trabalho
O capital humano é hoje considerado o bem mais valioso da
organização. São as pessoas as responsáveis pelo andamento e
desenvolvimento das atividades da empresa.
Políticas de gestão de pessoas têm sido estudadas e aplicadas para
fazer com que as pessoas se sintam motivadas e invistam na empresa todo o
seu potencial, conhecimentos e energia no alcance dos objetivos.
Para que as pessoas produzam, elas necessitam de um ambiente
saudável que lhes propicie condições de realizarem seu trabalho com
qualidade de vida, satisfação e um bom clima organizacional.
O clima organizacional está ligado à forma como os membros da
organização percebem a empresa e seus aspectos culturais, seus processos,
políticas e valorização.
De acordo com Edela (1978), o clima organizacional é um fenômeno
resultante da interação dos elementos da cultura, como preceitos, caráter e
tecnologia. Decorre do peso dos efeitos de cada um desses elementos
culturais, valores, políticas, tradições, estilos gerenciais, comportamentos,
29
expressões dos indivíduos envolvidos no processo e também resultante do
conjunto de instrumentos, conhecimentos e processos operacionais da
organização.
Ainda segundo a autora, embora clima seja uma resultante da cultura,
tem também sobre ela efeito. Há, portanto, segundo essa autora, uma
causalidade circular entre cultura e clima. Ela considera ainda que cultura e
clima têm efeito sobre os resultados das empresas, podendo ser facilitadores
ou restritivos.
Apesar da relação de causalidade entre clima e cultura, cabe ressaltar
que embora a cultura organizacional seja decisiva na qualidade do clima,
outros fatores também concorrem para esse resultado. É o caso dos aspectos
externos à organização, mas que impactam o grau de satisfação dos
trabalhadores, e acabam por influenciar a sua atitude no trabalho. Pode-se
indicar como exemplo, toda a gama de problemas pessoais, familiares e
sociais que com os quais os trabalhadores têm de conviver e que é sabido,
impactam na sua motivação, e, conseqüentemente, no seu comportamento no
trabalho.
O clima organizacional influencia direta e indiretamente nos
comportamentos, na motivação, na produtividade do trabalho e também na
satisfação das pessoas envolvidas com a organização.
Para Edela (1978) o clima organizacional pode ser compreendido como
o resultado, em sua totalidade, da própria cultura, tradições e métodos de cada
organização, onde cada novo empregado espera ter o apoio da empresa e
atender seus desejos econômicos, sociais e emocionais.
Através da percepção que este colaborador tiver, então produzirá uma
outra imagem da organização em sua mente. As organizações costumam atrair
e manter pessoas que se ajustem em seus padrões de comportamento,
30
padrões estes que são, por vezes, perpetuados através da história da
organização.
Muitos são os fatores que influenciam no clima organizacional, como
cultura, valorização profissional, instalações físicas, oportunidades de
crescimento, relação com a chefia e companheiros de trabalho, entre outros.
A cultura de uma organização pode ser considerada como um conjunto
de normas subjetivas nas quais os membros da organização se baseiam para
adotarem ou não determinadas atitudes e comportamentos. A maneira como a
direção e os funcionários percebem a organização e a mentalidade
predominante se reflete na cultura organizacional.
Em relação aos tipos de clima organizacional, existem inúmeros tipos e
subtipos de clima organizacionais, portanto a classificação de somente alguns
deles se deve a um fator meramente didático e sistemático.
Edela (1978) os classificou como clima desumano, onde é dada
excessiva importância à tecnologia; clima tenso, onde há forte pressão ao
cumprimento de normas rígidas, burocráticas em que os resultados podem
levar a punições e/ou demissões e por último, o clima de tranqüilidade e
confiança, onde existe plena aceitação dos afetos, sem descuidar-se de
preceitos e do trabalho.
O ambiente em que se movem as relações de trabalho é muito
importante para fomentar a cooperação entre os dois lados: funcionário e
organização. Por isso, um dos fatores que, quando bem administrado pode
colaborar para aumentar o comprometimento dos funcionários, é a existência
de políticas e costumes que permitam aos profissionais vislumbrarem a
possibilidade de atingir suas metas e anseios dentro da organização.
31
Isso traz satisfação pela atividade que executam e orgulho pela
empresa onde trabalham, prezando a manutenção do bom clima
organizacional. E é esse ambiente que deve ser percebido e avaliado pelos
colaboradores, através da Pesquisa de Clima Organizacional.
Mas, afinal, o que é clima organizacional? Existem várias definições do
termo, onde a mais utilizada entende-se como um conjunto de propriedades
mensuráveis do ambiente de trabalho percebido, direta ou indiretamente pelos
indivíduos que vivem e trabalham neste ambiente e que influencia a motivação
e o comportamento dessas pessoas.
Segundo Chiavenato, este conceito envolve uma visão mais ampla e
flexível da influência ambiental sobre a motivação. É a qualidade ou
propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada
pelos membros da organização e influencia no seu comportamento.
O clima organizacional, portanto, refere-se ao ambiente interno existente
entre as pessoas que convivem no meio organizacional e está relacionado com
o grau de motivação de seus participantes.
A palavra clima origina-se do grego klima e significa tendência ou
inclinação. O clima é algo que não se pode ver ou tocar, mas ele é facilmente
percebido dentro de uma organização através do comportamento dos seus
colaboradores.
Em ambientes de mudanças constantes, para que haja o desenvolvimento
integral, as organizações devem, não só centralizar seus esforços na
satisfação do cliente externo, mas também no cliente interno, ou seja, o
colaborador, pois sua satisfação trará, como consequência, a satisfação do
cliente externo, contribuindo para os resultados das empresas.
32
O clima organizacional pode ser considerado como um reflexo das
motivações, comportamentos e relações estabelecidas entre os agentes
organizacionais, além de ser um fator que influencia estas mesmas variáveis.
O clima organizacional pode ser visto, também, como um conjunto de
fatores que interferem na satisfação ou descontentamento no trabalho.
Entende-se por fatores de satisfação aqueles que demonstram os
sentimentos mais positivos do colaborador em relação ao trabalho, tais como:
a realização, o reconhecimento, o trabalho em si, a responsabilidade e o
progresso.
Por fatores de descontentamento, temos aqueles que contribuem com uma
conotação negativa, do ponto de vista do colaborador, tais como: as políticas e
administração, a supervisão, o salário e as condições de trabalho.
Quando existe um bom clima organizacional, a tendência é que a
satisfação das necessidades pessoais e profissionais seja realizada. No
entanto, quando o clima é tenso, ocorre frustração destas necessidades,
provocando insegurança, desconfiança e descontentamento entre os
colaboradores.
Pode-se dizer que clima organizacional é a forma como o ambiente de
trabalho é percebido e interpretado pelos empregados. A implantação de
melhorias deve considerar a organização percebida pelos empregados, pois,
se as pessoas percebem uma situação como real, ela certamente é real nas
suas consequências.
Conclui-se então que Clima Organizacional é o estado de espírito da
empresa percebido pelos seus funcionários e que para melhorar o ambiente
ninguém melhor do que seus funcionários para serem consultados.
33
O clima organizacional é uma variável que influi diretamente na
produtividade, pois o grau de salubridade de uma organização depende de sua
atmosfera psicológica. Esta atmosfera é fruto do conjunto de percepções das
pessoas que compartilham seu dia-a-dia com a organização.
A pesquisa revelará a realidade percebida pelos colaboradores e não
somente o que efetivamente acontece.
Portanto, o conceito de clima organizacional é muito abrangente e
complexo, pois busca sintetizar numerosas percepções, atitudes e sentimentos
em um número limitado de dimensões, numa tentativa de mensuração.
De acordo com Fernandes (1996), tendo como central a ideia de que é
necessário medir para melhorar, assim como nos programas de qualidade,
também os Programas de Qualidade de Vida no Trabalho devem ser
mensurados.
Nesse processo de autoconhecimento, as sondagens de opinião interna
são uma importante ferramenta para detectar a percepção dos funcionários
sobre os fatores intervenientes na qualidade de vida e na organização do
trabalho.
A pesquisa de clima organizacional surge nesse contexto e tem como
objetivo analisar o ambiente interno a partir do levantamento dos aspectos
críticos, com a participação dos funcionários.
Então, o Clima Organizacional seria o indicador de satisfação dos
membros de uma empresa, em relação a diferentes aspectos da cultura ou
realidade aparente da organização, tais como: políticas de RH, modelo de
gestão, processo de comunicação, valorização profissional e identificação com
a empresa.
34
A apuração do nível de satisfação dos colaboradores, se faz necessária
para: indicar e apoiar as decisões dos gestores; mensurar como está a
qualidade de vida no trabalho dos colaboradores.
Assim, se a qualidade do trabalho for pobre, conduzirá à alienação do
empregado e à insatisfação, à má vontade, ao declínio da produtividade, à
comportamentos contraproducentes (como absenteísmo, rotatividade, roubo,
sabotagem, militância sindical etc.).
É necessário estabelecer referências confiáveis sobre um ambiente
específico para implementar ações, onde cresça a motivação, gerando um
espírito participativo, efetivo, levando a empresa a atingir excelentes níveis de
produtividade e comprometimento.
Se a qualidade do trabalho for boa, conduzirá a um clima de confiança e
respeito mútuo, no qual o indivíduo tenderá a aumentar suas contribuições e
elevar suas oportunidades de êxito psicológico e a administração tenderá a
reduzir mecanismos rígidos de controle social.
Neste contexto, o clima organizacional busca retratar o estado de
satisfação dos colaboradores em relação a diversos itens, dentre os quais
podemos mencionar: ao seu trabalho, a empresa; a ele mesmo; aos colegas
de trabalho, às condições de trabalho; à sua chefia/gerência, etc, bem como
visualizar e identificar o grau de alinhamento entre a cultura definida pela
organização e as ações realizadas no dia-a-dia.
A Pesquisa de Clima Organizacional visa em um primeiro momento,
proporcionar a análise da organização com o seu ambiente, bem como o
conjunto de condições que caracterizam o estado de satisfação e/ou
insatisfação dos colaboradores na empresa e das demais pessoas que com
eles interagem.
A Pesquisa de Clima Organizacional é uma valiosa ferramenta de
Gestão Estratégica, pois além de permitir a análise interna e externa, também
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acompanha o estado de satisfação e comprometimento dos colaboradores
com a organização.
A necessidade de aplicação da Pesquisa de Clima Organizacional se dá
para que se proporcione, através de estratégias e ações, o crescimento e
desenvolvimento das pessoas e a máxima produtividade e qualidade, visando
a consecução e a superação dos resultados pré-estabelecidos pela Direção.
Dentre as principais contribuições da Pesquisa de Clima Organizacional,
podem ser destacadas:
- a busca pelo alinhamento da cultura com as ações efetivas da empresa;
- o interesse em promover o crescimento e desenvolvimento dos
colaboradores;
- a tentativa de integrar os diversos processos e áreas funcionais;
- a busca da otimização da comunicação;
- a tentativa de minimizar a burocracia;
- a identificação das necessidades de treinamento, desenvolvimento
pessoal/gerencial e de educação empresarial;
- o enfoque no cliente interno e no externo;
- o processso de otimização das ações gerenciais, tornando-as mais
consistentes;
- a organização, flexibilização e agilidade das atividades da organização,
dentre outras.
É oportuno ressaltar que a demanda para a realização da Pesquisa de
Clima Organizacional decorre, principalmente, do desenvolvimento do
Planejamento Estratégico Empresarial.
O objetivo principal da Pesquisa de Clima Organizacional para qualquer
empresa é maximizar, cada vez mais, suas relações com os colaboradores
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oferecendo condições de trabalho adequadas, proporcionando oportunidades
de desenvolvimento e estabelecendo um ótimo ambiente de trabalho, o que
proporcionará o alcance e a superação dos objetivos definidos pela Diretoria.
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CONCLUSÃO
A qualidade de vida no trabalho pode ser considerada um forte
indicador, um fator determinante para a geração de um excelente clima
organizacional.
O clima organizacional está inserido na administração de recursos
humanos e tem por finalidade compreender o colaborador, buscando conhecer
suas percepções quanto a empresa. Ele busca retratar o estado de satisfação
dos colaboradores em relação a diversos itens, dentre os quais: a empresa; o
seu trabalho; a ele mesmo; aos colegas de trabalho, às condições de trabalho;
à sua chefia/gerência, etc, bem como visualizar e identificar o grau de
alinhamento entre a cultura definida pela organização e as ações realizadas no
dia-a-dia, através de um instrumento que é a denominada Pesquisa de Clima.
Dentro da Qualidade de Vida no Trabalho - origem, evolução e
perspectivas -, está um ambiente saudável, caracterizado não somente por
condições de trabalho seguras e salutares, mas também por uma atmosfera
psicológica sadia, o que só é possível averiguar através de uma pesquisa de
clima organizacional séria, consistente e coerente.
Tanto o clima organizacional quanto a qualidade de vida no trabalho são
fatores de extrema importância em uma organização, pois através destes é
possível medir o grau de satisfação entre os funcionários, facilmente percebido
e comprovado com a Pesquisa de Clima Organizacional, gerando resultados
muito positivos para a organização.
Portanto, diante da hipótese levantada, de qual seria a relação entre
qualidade de vida no trabalho e um bom clima organizacional, chega-se a
conclusão que é de fundamental importância para uma organização em mundo
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globalizado e em um mercado competitivo, que a empresa mantenha seus
funcionários satisfeitos e felizes.
Conclui-se dessa forma que a qualidade de vida no ambiente de
trabalho reflete em um bom clima organizacional, que é uma grande aspiração
das organizações. Funcionário feliz, Empresa feliz.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Pesquisa bibliográfica em livros e revistas acadêmicas da área, baseada nos seguintes autores:
FERNANDES, EDA. Qualidade de Vida no Trabalho. Como medir para melhorar Salvador: Casa da Qualidade, 1996
RODRIGUES, MARCUS VINICIUS. Qualidade de Vida no Trabalho Petrópolis: Vozes.1994
CHIAVENATO, IDALBERTO. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campos, 1999.
SOUZA, EDELA LANZER PEREIRA DE. Clima e cultura organizacionais: como se manifestam e como se manejam. Porto Alegre: Edgar Blucher, 1978.
Webgrafia:
http://www.coladaweb.com/administracao/beneficios-especiais-geram-qualidade-de-vida-na-empresa http://www.rhportal.com.br/artigos
http://www.cursosnocd.com.br/recursos-humanos/qualidade-de-vida-no-
trabalho-qvt.htm
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
EPÍGRAFE 5
RESUMO 6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho 12
CAPÍTULO II
Obtenção Prática da Qualidade de Vida no Trabalho 20
CAPÍTULO III
Relação entre Qualidade de Vida no Trabalho e Bom
Clima Organizacional 28
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ÍNDICE 40