docencia no ensino superior com suporte da tecnologia
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Reflexões sobre docência no ensino superior com suporte da tecnologia
Fernando Lincoln Mattos
Aí um aluno me perguntou:
“Professor, será que não poderíamos estudar esse tema em um vídeo
e não em texto?”
As tecnologias e a universidade brasileira
O padre jesuíta (na imagem, Inácio de
Loiola) e seus artefatos tecnológicos para a
aula
“A universidade é um dinossauro pousado num aeroporto”
Jacques Attali, Reitor, Universidade de Paris
Você concorda?
As tecnologias e a universidade brasileira
➲ O ensino superior só surge no século XIX➲ O gosto pelo bacharelismo – muita retórica,
muita oratória➲ O Brasil demorou a industrializar-se – e,
portanto, a sentir a necessidade da inovação tecnológica
➲ O ensino superior ainda é coisa de elite no Brasil (cerca de 12%, contra 30% na Argentina)
Dado quentinho - 20/10/2010:
➲ Mais de 70 milhões de brasileiros têm acesso à internet (em casa, no trabalho ou em lan houses). Acha muito?
(Ibope)
O acesso à internet no Brasil é dos mais caros no mundo
Quem tem acesso fácil a datashow? Sabe quanto custa uma lâmpada?
Apesar de todos os esforços e da queda nos preços, notebook é
coisa cara!
Ainda existem entraves para a introdução de tecnologias digitais no
ensino superior? Quais?
As redes digitais e o novo paradigma
➲ A ampliação da memória humana em imagens, sons e bases de dados diversas➲ O compartilhamento via tecnologia, como
nova forma de sociabilidade➲ Os novos significados de privacidade➲ O conhecimento escancarado na rede – a
Rosa tem nome e revela-se a todos (todos?)
➲ A exclusão digital – exclusão social
As redes digitais e o novo paradigma
➲ O conhecimento em rede➲ A aprendizagem como construção, como
atividade➲ O ensino como problematização da
existência
As redes digitais e o novo paradigma
Você não está fora desta revolução! Pelo contrário, todos vivenciamos, em maior ou menor grau, estas transformações.
Nunca uma geração passou a ser tão distante da outra, do ponto de
vista tecnológico
O zapping
A multitarefa
O protagonismo
A interatividade
As comunidades
Os blogs, os twitters
Tecnologia x tecnicismo
➲ Uma coisa tem algo a ver com a outra?➲ Planificacionismo, excesso de controle –
isto é tecnicismo. A tecnologia pode ser utilizada para controlar, mas pode ser utilizada para promover a autonomia também.
➲ Por que alguns têm tanto medo do emprego da tecnologia digital no trabalho docente?
Ensino com tecnologia ou Recursos Didáticos?
➲ Quais as diferenças entre a utilização da tecnologia enquanto RECURSO e enquanto parte integrante do ensino?
Como o professor universitário lida com tudo isto?
Discursos lineares x não lineares – a lógica do professor é linear; a dos alunos, não. A aula passa a ser zapeada pelos alunos
Quais as possibilidades didáticas?
➲ Mudar a(s) linguagem(ns): o mundo da aprendizagem profissional – como a vida – tende a ser cada vez mais dinâmico, não-linear. As tecnologias são fundamentais nesta mudança.
➲ Abandonar o discurso do “professor-que-sabe-e-o-aluno-que-aprende”. Afinal, qualquer um pode buscar conteúdo estruturado nas redes. Colocar-se como um ELABORADOR DE OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM.
Quais as possibilidades didáticas?
➲ Sem o professor, hoje, as pessoas teriam muita dificuldade em articular uma compreensão coerente do mundo do conhecimento, em meio à profusão de informação.
➲ Ao contrário de antigamente, porém, o professor auxilia o aluno a montar e gerenciar seus próprios itinerários formativos, com base em opções disponíveis. Isto é reforçado não apenas pelo ensino, mas pela pesquisa e a extensão.
Quais as possibilidades didáticas?
• Vivenciar as tecnologias digitais como algo inerente à vida cotidiana, e não como uma coisa para “nerds” ou “iniciados”.
• Caprichar na formação didático-pedagógica, nesta nova visão. Ensinar hoje em dia, na universidade, é muito mais complicado que antigamente (pois antes a aula era mais monólogo que diálogo).
• Compreender que o ato educativo não se dá apenas na sala de aula (ou no Ambiente Virtual de Aprendizagem). Na maioria das vezes acontece fora destes espaços formais. Valorizar os espaços informais de aprendizagem e utilizá-los como parte de seu planejamento do ensino.
Mas... como formar este professor?
➲ Mudando os projetos pedagógicos dos cursos. Não é o professor sozinho quem muda tudo. Isto inclui a mudança nos currículos, de forma a comportar a interdisciplinaridade real (componente essencial da nova dinâmica curricular).
➲ Fortalecendo a autonomia do professor, para que ele possa realizar sua atividade com liberdade.
➲ Abandonando a ação profissional solitária para abraçar o planejamento e a ação profissional em grupo.
➲ Enfatizando o abandono de posturas sectárias, autoritárias, fechadas, em prol de orientações dialógicas.
➲ Formando especialmente o PESQUISADOR, mais que o “dador de aulas” (os profissionais do dizer).