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  • 1. 1 DO GATT A OMC Cada poca tem seu desassossego, logo aps o final da 2 Guerra Mundial, enormes dificuldades econmicas, transformaram-se em dogmas irrefutveis, ameaando todo o sistema financeiro e comrcio internacional. Surgiu assim o pensamento em blocos econmicos, onde as relaes comerciais internacionais visaram o desenvolvimento ou reconstruo das economias destrudas pela Guerra, com conceitos, regras adequadas s necessidades gerais. Em 1947, vinte e trs pases, dentre eles o Brasil, que estavam na Conferncia de Havana. A maioria desta era compostas por pases em desenvolvimento, que defendiam o direito de discriminar entre diferentes tipos de produtos a aplicao de quotas de importao, posio combatida pelos Estados Unidos, que no queriam qualquer medida de proteo ao mercado dos pases em desenvolvimento. A posio americana foi vencida, entretanto a Carta reconheceu o direito a restries s importaes somente em casos especiais, ligados ao desenvolvimento econmico. A Carta foi assinada em 20 de outubro de 1947, em Genebra, mas no ratificada pelos Estados Unidos, em razo de setores preocupados com a competio nas importaes. A abolio de restries quantitativas no comrcio, a clusula da nao mais favorecida e reduo de barreiras tarifrias eram os princpios bsicos do GATT. Durante a vigncia do GATT, foram realizadas, no total, oito Rodadas de negociaes: Genebra (1947), Annecy (1949), Torquay (1950), Genebra (1955) e Dillon (1960), que trataram da adeso de outros pases, assim como, concesses tarifrias e redues aduaneiras. E as trs Rodadas seguintes, de: Kennedy (1964), Tquio (1973) e Uruguai (1986), que trouxeram grandes avanos ao GATT. O comrcio internacional, sempre existiu, na sociedade. Pode-se citar como as primeiras manifestaes dessa modalidade, o comrcio entre Roma e pases como Grcia e Palestina, que j aconteciam antes mesmo do incio da era crist h mais de dois mil anos. Com o final da 2 Guerra Mundial, iniciou-se um novo perodo, a Alemanha arrasada, a poltica e economia da Europa em crise e o Japo completamente destrudo. Os Estados Unidos que j despontavam como potncia dominante, sabia que os acordos bilaterais por si s no seriam suficientes para garantir a cooperao em nvel mundial, assumiram ento a liderana da liberalizao multilateral do comrcio. Nessa poca foram criados a ONU (Organizao das Naes Unidas), o FMI (Fundo Monetrio Internacional), o Bird (Banco Mundial) etc, para cuidar das relaes comerciais entre os pases, o GATT, cuja sigla em ingls General Agreement on Tariffs and Trade. Isso porque os governos perceberam que para Ter a paz mundial era necessrio o desenvolvimento econmico1 O GATT surgiu, estabelecendo um conjunto de normas e concesses tarifrias, e tinha o objetivo de impulsionar a liberalizao multilateral do comercio, que consiste na negociao dos mais diversos temas, que variam desde comrcio internacional at segurana coletiva, com a participao efetiva de trs ou mais pases e combater as prticas protecionistas, que vinham sendo adotadas pelos pases desde a dcada de 20. As negociaes a cerca de normas para o comrcio internacional tem incio, formalmente, com o GATT, que devia ter um carter provisrio e vigir apenas at a criao da Organizao Internacional do Comrcio, que acabou no sendo criada, pois o Congresso dos Estados Unidos se recusou a ratificar o acordo, por problemas polticos internos, e por receio de que a ratificao do acordo pudesse afetar a soberania e autonomia comercial. Assim o sistema idealizado e fundado por Bretton Woods, se tornou um trip defeituoso, com apenas dois pilares, o Fundo Monetrio Internacional e o Banco Mundial, responsvel pelo financiamento da reconstruo dos pases destrudos e ocupados. 1 DIDONE, Andr Rubens. Site da Universidade Municipal de So Caetano do Sul; http:/www.imesexplica.com.br/2708omc_abre.asp.

2. 2 Durante a vigncia do GATT, Rodadas de negociaes aconteceram, e funcionou como encontros entre todas as partes contratantes nas quais elas negociavam redues tarifrias, diminuio de outras barreiras comerciais e outros assuntos concernentes ao comrcio internacional. Para que funcionem os dois pilares que foram a base para os acordos comerciais entre Estados Unidos e Reino Unido nos anos 30 sustentaram tambm o GATT: princpios da no discriminao e a reciprocidade. Na no discriminao o pas contratante deve tratar igualmente todos os outros, ou seja, ao fazer um acordo de concesso a um determinado parceiro comercial, esse deve se estender a todos os parceiros membro do GATT (clusula da nao mais favorecida). A no discriminao tambm se refere impossibilidade de impor tratamento diferente entre produtos nacionais e estrangeiros, isto , o chamado tratamento nacional. O principal objetivo do GATT era a diminuio das barreiras comerciais e a garantia de acesso mais eqitativo aos mercados por parte de seus signatrios e no a promoo do livre comrcio, essa funo do GATT pode ser traduzida como sinnimo de liberalizao do comrcio ou remoo de barreiras tarifrias e no tarifrias. Incorporou muitas provises da OIT, contida na Carta de Havana, e foi adquirindo progressivamente atribuies de uma organizao internacional, no perdendo o carter de acordo provisrio nem obteve uma personalidade jurdica prpria. O texto bsico de 1947 foi ampliado ou modificado atravs das Rodadas que ocorreram durante a vigncia do GATT. As cinco primeiras Rodadas, a de: Genebra (1947), Annecy (1951), Genebra (1956) e Dillon (1960), trataram quase que exclusivamente de estabelecer novas metas, como: concesses tarifrias e reduo aduaneira, alm da adeso de outros pases ao GATT. As rodadas de negociao dos pases pactuantes do GATT serviram para rever, avaliar, discutir e propor regras e normas gerais de comrcio. As cinco primeiras foram breves e consistiram basicamente em concesses tarifrias na rea industrial. As outras trs Rodadas de: Kennedy (1964), Tquio (1973) e Uruguai (1986), so tidos como as mais importantes. A Rodada Kennedy (1964), significou o incio de uma nova etapa no GATT, essa foi a primeira em que a Comunidade Europia participou das negociaes como bloco, defendendo o interesse comum de seus pases-membro, se tornando um negociador com grande poder de barganha ao poderio dos Estados Unidos, foi estabelecida a no-reciprocidade para pases em desenvolvimento e dada ateno especial para as exportaes desses mesmos pases. A partir desta Rodada, foram incorporados outros temas e questes nas negociaes multilaterais. A partir da Rodada Tquio (1973), a qual constitui um marco na histria do comrcio internacional, foi realizada, num quadro claramente distinto das Rodadas anteriores, foram negociados novos acordos, alm das redues tarifrias. Os principais resultados da Rodada foram: a reduo da tarifa mdia dobre produtos industriais em 30 %, a elaborao de cdigos que visaram regular os procedimentos de vrias barreiras no tarifrias, como valorao aduaneiras, sistema de licenciamento para importaes, barreiras tcnicas, compras governamentais, subsdios e direitos compensatrios e antidumping. Na Rodada Tquio, o ambiente econmico mundial alterou-se. A crise do petrleo fez com que pases desenvolvidos enfrentassem problemas de desemprego e inflao acelerada, o que resultou no crescimento das restries comerciais. Ampliou-se a utilizao das barreiras no- tarifrias, que so restries entrada de mercadorias importadas que possuem como fundamento requisitos tcnicos, sanitrios, ambientais, laborais, restries quantitativas (quotas e contingenciamento de importao), bem como polticas de valorao aduaneira, de preos mnimos e de bandas de preos, diferentemente das barreiras tarifrias, que se baseiam na imposio de tarifas aos produtos importados. Normalmente, as BNTs visam a proteger bens jurdicos importantes para os Estados, como a segurana nacional, a proteo do meio ambiente e do consumidor, e ainda, a sade dos animais e das plantas. No entanto, justamente o fato de os pases aplicarem medidas ou exigncias sem que haja fundamentos ntidos que as justifiquem, que d origem s barreiras no-tarifrias ao comrcio, formando o que se chama de neoprotecionismo., bem como o interesse em negociar um maior nmero de temas. Nesse sentido, uma maior 3. 3 complexidade na negociao refletiu-se, e ainda reflete no tempo de durao da rodada e na diversificao dos temas negociados. Nessa Rodada o Japo surgiu com grande relevncia nas relaes comerciais, mudando o equilbrio de foras no cenrio internacional, alm do fortalecimento da Unio Europia como coletividade, desestabilizou o equilbrio do GATT. Entre todas as Rodadas, sem dvida a mais importante, foi a Rodada Uruguai (1986), que contou com a participao de 123 pases, que culmina com a constituio da OMC em 1995. O principal objetivo era negociar reas comerciais que no faziam parte do GATT, a incluso de novos temas, como: o aumento da importncia dos setores de servios, tecnologia, investimentos e propriedade intelectual, a forte tendncia constituio de blocos comerciais, a preocupao crescente com a sanidade de alimentos e padres tcnicos de bens, o que passou a demandar uma regulamentao prpria para cada um desses temas, agricultura; pressionado pelos pases desenvolvidos, era considerada pelos pases em desenvolvimento, como a ausncia de aderncia s regras j estabelecidas no GATT, ou seja, a incluso tenderia a relegar ao segundo plano a questo da proliferao de barreiras no-tarifrias. Pelo fato de esses temas possurem alto grau de complexidade, sua regulamentao, s poderia se dar no mbito de uma Organizao Internacional, prevista na Declarao de Marrakesh, foi criada assim a Organizao Mundial do Comrcio (OMC), com sede em Genebra, que entrou em vigor em 1 de janeiro de 1995. A Rodada Uruguai foi longa, durando quase o dobro do previsto (sete anos e meio), e nela, foi estabelecida uma srie de novos tratados, sendo que ela provocou a maior mudana no sistema de comrcio internacional desde o estabelecimento do GATT. parte de discusses acadmicas o comrcio internacional, pode ser traduzido pela imagem da Quimera2 , pela pluralidade de aes que o compe, norteado pelos princpios gerais do GATT, que surgiu como um acordo provisrio de tarifas e comrcio, que se estende por um longo perodo. A OMC s viria plenamente substituir esse sistema em 1995, de modo que o sistema provisrio teve durao de dcadas3 . 2 Monstro mitolgico, com cabea de leo, corpo de cabra e cauda de drago. Que aterrorizava os gregos da antigidade, hoje encarnado nas organizaes internacionais, que atuam em uma diversidade de atividades lcitas e ilcitas, formando, assim, um monstro bem mais real e perigoso que o antigo mito, composto por uma srie de rgos, como diferentes competncias e atribuies. 3 JUNIOR, Umberto Celli. Fundamentos do Direito Internacional, Economia e Direito do Sistema Internacional. Aula ministrada no curso de Economia e Direito do Sistema Internacional MBA/USP, em 03 de abril de 2006. 4. 4 Fonte http://www.iconebrasil.org.br/Acordos-OMC/ATA-FINAL.pdf O comrcio internacional se desenvolveu atravs de regras estabelecidas pelo GATT, onde se aprofundou as negociaes multilaterais, j que inicialmente eram feitas entre dois pases, ou seja, bilateralmente. Iniciando-se assim, trocas entre as partes contratantes, atravs da prtica de um comrcio aberto aos pases membros, atravs de princpios que seriam a base para a eliminao das praticas mercantilista que dominavam o perodo entre a 1 Guerra e final da 2 Guerra Mundial. O GATT baseava-se em princpios bsicos e clusulas essenciais. Um dos objetivos estabelecidos no prembulo do GATT 1947 foi a eliminao do tratamento discriminatrio no comrcio internacional, ou seja, a eliminao do tratamento distinto 5. 5 e discricionrio entre as partes contratantes. O princpio da no-discriminao fomentado por meio da aceitao das regras relativas a nao-mais-favorecida e ao tratamento nacional. No-discriminao: princpio fundamental do sistema multilateral de comrcio, atravs de duas regras: A clusula de nao mais favorecida (artigo I), onde cada pas signatrio tem a obrigao de conceder o mesmo tratamento (mais favorecido) dispensado a outros pases. Esta clusula til aos pases com menor poder de barganha no comercio internacional, que automaticamente se beneficiam das redues tarifrias negociadas por grandes produtores e importadores. A clusula de nao mais favorecida, impediria a discriminao entre os pases-membro do acordo geral, assim, estimula as relaes multilaterais entre estes pases, ficando estabelecido que toda vantagem, favor, privilgio ou imunidade concedida a um contratante, devem ser transferidos a todos os demais membros do sistema multilateral automtica e incondicionalmente. A NMF pe em prtica o princpio basilar da no discriminao, j explicita no artigo 1 do GATT. A fim de evitar problema de free rider que a clusula da nao mais favorecida poderia trazer, as concesses nas Rodadas de negociao so tratadas como um nico pacote. Embora em alguns casos as negociaes sejam bilaterais, as concesses abordadas so provisrias at que o acordo completo seja assinado. Ao mesmo tempo, como as negociaes at a dcada de 1960 eram conduzidas bilateralmente produto por produto, acordou-se que um fornecedor s seria chamado a fazer concesses pelo pas que mais importasse seu produto4 . Destarte, caso seja concedido um benefcio tarifrio a um membro, este benefcio dever ser estendido a todos os demais. Juntamente com a regra de tratamento nacional (artigo III do GATT), a regra da nao mais-favorecida um dos pilares do sistema multilateral de comrcio desde 1947. A clusula do tratamento nacional (artigo II), produtos importados devem receber o mesmo tratamento dispensado a produtos nacionais, ou seja, ao ingressar em um determinado mercado, o produto no pode receber um tratamento menos favorvel do que aquele dispensado ao similar nacional. Por via de regra, a clusula do tratamento nacional, probe a discriminao entre produtos nacionais e importados, isto , no se podem criar mecanismos a modo a permitir a proteo dos produtos domsticos, assim sendo, uma vez que um produto estrangeiro entre no pas, dever receber o mesmo tratamento que o similar nacional no que concerne s leis, regulamentos ou requerimentos que afetem sua venda interna, oferta, aquisio, transporte, distribuio e uso. Taxas, impostos, regulamentos tcnicos, exigncias de embalagem, selos ou etiquetas e requerimentos relativos proteo da sade so fatores que podem causar discriminao entre produtos similares. Reciprocidade: complementa a clusula de nao mais favorecida, limitando o incentivo por ela conferido concorrncia de free riding. As negociaes devem ser realizadas atravs de concesses, que vai depender do poder de barganha de cada pas interessado na negociao. Transparncia: as regras impostas pelos pases devem ser claras, de fcil entendimento, e em via de regra, divulgadas nos sites dos governos. A transparncia define que todos os regulamentos relacionados ao comrcio internacional, seja publicado prontamente, de modo a permitir que os governos e agentes do comrcio externo possam delas tomar conhecimento. 4 LIMA, Tatiana de Macedo Nogueira. GATT/OMC: Uma Anlise Institucional, Dissertao (Mestrado) Universidade de So Paulo, 2004. 6. 6 Concorrncia leal: cobe o dumping (artigo VI), que traz prejuzos economia do pas, e institui-se o regime da majorao dos direitos aduaneiros, em virtude da qual se procura anular os efeitos da concorrncia que o dumping estabelece. Base estvel para o comrcio: tenta garantir maior segurana aos pases investidores, atravs da consolidao das tarifas mximas que cada pas pode aplicar a cada produto. Atravs de uma lista de concesses, ficam determinado, os produtos e tarifas mximas que devem se praticadas no comrcio internacional. Trata-se da alquota consolidada ou Boud Rate, sendo que o Estado obrigado a respeitar esse limite, no podendo em uma prxima reunio aumentar essa alquota consolidada. At a Rodada Uruguai, grande parte dos pases desenvolvidos j possua a lista e tarifas consolidadas, s podendo alter-las atravs de concesses s partes interessadas, enquanto os pases em desenvolvimento, s consolidaram amplamente apenas na Rodada Uruguai. Proibio e restries quantitativas a importaes: probe limites quantidade que ingressar no pas de determinado produto. Restries quantitativas so instrumentos que limitam o valor ou o volume de importao de um determinado produto, podendo indicar tambm as quantidades que cada pas pode importar individualmente. So exemplos de restries quantitativas: Quotas de importao, As quotas de importao so as formas mais simples de restrio quantitativa. Consistem na limitao da quantidade de produto importado a um valor pr- estabelecido. So alocadas sob a base global ou especfica e possuem um sistema de administrao e licenciamento, que pode variar do leilo concesso discricionria. Quotas tarifrias, as quotas tarifrias so uma forma de restrio quantitativa. Esse sistema constitudo pela aplicao de uma tarifa de importao (tarifa intra-quota) mais baixa sobre uma quantidade de produto pr-determinada (quota), aplicando-se outra tarifa, mais alta que a primeira, para importaes acima dessa quantidade (tarifa extra- quota). Restries voluntrias exportao Restrio voluntria exportao uma forma de restrio quantitativa em que o pas exportador limita as exportaes de determinado produto. O objetivo desse tipo de restrio de oferta pode ser o de tornar o produto escasso no pas importador e assim maximizar o preo e bem-estar do exportador. Dessa forma, o pas exportador se apropria de ganhos advindos da restrio voluntria ao importador, sendo que tais ganhos no seriam passveis de apropriao quando da imposio de tarifas de exportao. Restries voluntrias exportao foram muito empregadas nos anos de 1970 e 1980, especialmente para calados, automveis e autopeas, no bojo de acordos chamados de "zona cinzenta". Tais restries so proibidas pelo artigo XI do GATT, com as reformulaes estabelecidas na Rodada Uruguai. Tratamento especial para pases em desenvolvimento: os pases desenvolvidos so obrigados a da assistncia aos pases em desenvolvimento. A "Clusula de Habilitao" (ou Enabling Clause) consiste na Deciso das Partes Contratantes do Acordo Geral sobre Tarifas e Comrcio (GATT), adotada por ocasio da Rodada Tquio (1979), atravs da qual permitido celebrar acordos regionais ou gerais entre pases em desenvolvimento com a finalidade de reduzir ou eliminar mutuamente as travas a seu comrcio recproco, excetuando-se da aplicao do princpio consagrado no Artigo I do GATT, sobre o Tratamento da Nao Mais Favorecida. Esta Clusula denominou-se "de Habilitao" porque seus dispositivos no impunham uma obrigao de acordar um tratamento diferenciado e mais favorvel, mas permitiam s partes contratantes adotar tais medidas. Desse modo, a Clusula de Habilitao permitiu que os pases desenvolvidos concedessem tratamento diferenciado e mais favorvel aos pases em desenvolvimento, sem reciprocidade, bem como que estes concedessem preferncias entre si sem a necessidade de estend-las aos pases desenvolvidos. 7. 7 O regime coberto pela "Clusula de Habilitao" comporta limites, que so: de um lado, a concesso de preferncias no constitui uma obrigao jurdica, mas uma simples faculdade para as partes contratantes desenvolvidas; de outro, a Clusula no se aplica s preferncias especiais. So exemplos de acordos fundamentados na "Clusula de Habilitao", entre outros, o Acordo ndia- Sri Lanka e o Mercado Comum do Sul e Leste da frica (COMESA). Uma clusula importante na histria do GATT era a chamada grandfathers clause (clusula do av), que foi eliminada com a Rodada Uruguai e a criao da OMC, que era um dispositivo que seria aplicado com maior abrangncia possvel. De forma a no ser incompatvel com as legislaes existentes, era um protocolo de aplicao provisria adotados pelas partes contratantes originais do GATT. Algumas excees so instrumentos que permitiam a no aplicao das regras determinadas no acordo entre determinados partes. As excees gerais: define que nada no Acordo deve impedir a adoo de medidas para proteger a moral pblica e a sade humana, animal ou vegetal. Quando alguns dos pases signatrios se sentir ameaados por uma outra parte, ele pode tomar medidas para defender a soberania nacional. A medida de Salvaguardas a proteo temporria a indstria domstica com o estabelecimento de quotas s importaes, isto . Se um produto est sendo importado em quantidades crescentes e sob condies que possam ameaar ou causar prejuzo grave aos produtores domsticos, medidas so tomadas para proteger esses produtores, contra um surto inesperado de importaes. A diferena entre salvaguardas e direitos antidumping e medidas compensatrias que salvaguardas no so utilizadas no combate de prticas desleais de comrcio, enquanto este o objetivo primordial dos outros dois remdios comerciais acima mencionados. Outra diferena que as salvaguardas so aplicadas com base na clusula da Nao Mais Favorecida, ou seja, so aplicadas a todos os Membros indistintamente, enquanto os direitos antidumping e medidas compensatrias so aplicados a empresas ou pases especficos que foram objeto de investigaes. Ademais, as salvaguardas tm um prazo mximo de aplicao de trs anos. Passado esse prazo, devem ser negociadas compensaes com os pases cujas exportaes foram afetadas, caso o pas importador deseje manter em vigor a medida de salvaguarda. Cabe salientar que salvaguardas s podem ser acionadas por perodo determinado de tempo. O artigo XIX do GATT e o Acordo de Salvaguardas da OMC permitem que um pas eleve suas tarifas ou imponha outras restries quando determinadas importaes ferirem ou ameaarem a competitividade de produtores domsticos de bens e/ou servios. Salvaguardas podem existir, em diferentes formas, no mbito de Acordos Regionais de Comrcio, sempre com o objetivo de conceder proteo temporria em razo de surtos de importao. O dumping a exportao de mercadorias a um preo inferior ao seu valor normal, o que geralmente significa que eles so exportados a um preo inferior ao preo pelo qual so vendidos no mercado domstico ou no mercado de um terceiro pas, ou outros, a um preo inferior ao custo de produo, dando direito ao anti-dumping, que o direito de agir contra essas prticas comerciais desleais, um exemplo clssico so os tecidos, guarda-chuva etc, exportados pela China5 . Em caso de comprovao, o direito antidumping ser baseado na diferena entre o preo de exportao praticado por aquela(s) empresa(s) e o valor normal das vendas no seu pas de origem, conferindo o direito imposio de taxas antidumping (antidumping duties). Os subsdios so benefcios diretos ou indiretos concedido por um governo para a produo ou distribuio de uma mercadoria ou para complementar outros servios. A percepo geral de 5 JUNIOR, Umberto Celli. Fundamentos do Direito Internacional, Economia e Direito do Sistema Internacional. Aula ministrada no curso de Economia e Direito do Sistema Internacional MBA/USP, em 17 de abril de 2006. 8. 8 que os subsdios provocam distores na produo e no comrcio, resultando um uso ineficiente de recursos. So exemplos deste direto concedido por parte de governos: Sustentao de preos ou de renda; Contribuio financeira de um governo ou algum rgo pblico em que h transferncia direta de recursos (concesses, emprstimos e ttulos); Absteno do recolhimento de impostos e taxas; Fornecimento de bens e servios de infra-estrutura geral, aquisio de bens; Concesso de privilgios financeiros. O Acordo sobre Subsdios e Medidas Compensatrias somente se aplica aos subsdios que so "especficos". So especficos os subsdios concedidos a apenas um setor ou grupo de setores, a uma empresa ou grupo de empresas, ou a empresas situadas em regio geogrfica delimitada. Os subsdios so classificados em trs categorias, que so: Subsdios vermelhos ou proibidos, em especial os subsdios exportao, diretos a produtos voltados exportao. Estes subsdios foram proibidos conforme Acordo sobre Subsdios e Medidas Compensatrias. No entanto, o Acordo sobre Agricultura permite sua utilizao, unicamente neste segmento da economia. Neste caso, esto os subsdios exportao sujeitos a reduo, com destaque para os seguintes: os apoios do governo ou de suas agncias atravs de subsdios diretos; a venda ou a disposio para exportar, pelo governo, de estoques de produtos no- comerciais a preos menores que os preos para o mercado domstico; e pagamentos sobre exportaes de produtos agrcolas financiados por aes do governo. Subsdios amarelos ou acionveis, Subsdios acionveis so aqueles que causam efeitos adversos, ou seja, provocam prejuzo grave indstria de outro pas, anulam ou restringem algum benefcio concedido por outro pas a terceiros, ou causam prejuzo srio aos interesses de outros Membros da OMC. Sob essas circunstncias, o pas prejudicado pode solicitar explicaes e/ou impor medidas compensatrias.Cabe salientar que para que o subsdio seja acionvel, ele deve ser especfico, ou seja, limitado, de fato ou direito, a uma empresa ou a um grupo de empresas ou indstrias, a setores de produo ou a regies geogrficas. Subsdios verdes ou no-acionveis, Para que no sejam acionveis, ou seja, no sujeitos a medidas compensatrias, os subsdios no devem ser especficos. At o final de 1999, o Acordo sobre Subsdios e Medidas Compensatrias previa uma categoria de subsdios que, ainda que especficos, eram considerados no- acionveis (chamados "subsdios verdes"). Incluam-se nessa categoria os subsdios concedidos para atividades de pesquisa, assistncia regio desfavorecida ou promoo e adaptao de instalaes s novas exigncias ambientais, sob determinadas condies. Essa categoria perdeu validade, por no haver sido renovada pelo Comit de Subsdios e Medidas Compensatrias da OMC. Com a Rodada Uruguai, a mais ampla e complexa de todas as Rodadas, maiores compromissos e obrigaes foram institudos a seus participantes, o avano das relaes de comrcio internacional, fez com que os pases membros do GATT, percebessem que ele estava defasado. Os pases em desenvolvimento pouca voz tiveram em sua criao e poucos benefcios tambm. A operao dos mecanismos criados provocou o descompasso do crescimento econmico, criando insatisfaes. 9. 9 As grandes deficincias do sistema GATT, que levaram ao surgimento da OMC eram: primeiro aspecto que demonstra a fragilidade do GATT/47: suas normas so to genricas que no especificam, concretamente, a forma de se atingir tais procedimentos. Posteriormente, com a OMC/94, essa deficincia parcialmente sanada, mas algumas de suas disposies excessivamente genricas persistem. Exemplo: o direito ao desenvolvimento permeia todo o Acordo Constitutivo da OMC, porm, ele continua sendo uma diretriz genrica: no se especifica como esse objetivo pode se concretizar. O GATT surgiu como um acordo de efeito provisrio, pois o objetivo era a criao de uma Organizao Internacional que tivesse plena capacidade de regulamentar o comrcio internacional; procedimento e regras frgeis, que levavam as partes, aplicarem essas regras da maneira que lhe convinham, e como no existia um sistema para a soluo de controvrsias eficaz, muitas destas interpretaes no foram solucionadas no mbito do GATT, ensejavam igualmente ambigidades em sua interpretao. A natureza programtica das regras gera, portanto, alm de fragilidades na sua aplicao, fragilidades tambm em sua interpretao. Alis, vale tambm o inverso: a fragilidade interpretativa gera a prpria fragilidade aplicativa, ambas as fragilidades decorrentes da natureza programtica das regras. Alis, a fragilidade interpretativa no GATT era evidenciada pela inexistncia de um terceiro que uniformizasse a interpretao das normas do GATT/47. Havia a falta de um terceiro que forasse o Estado violador das regras do GATT/47 a voltar a se enquadrar novamente ao sistema; e a falta de um quadro institucional, bem definido como em uma Organizao Internacional. No havia, portanto, um quadro de estabilidade jurdica no GATT: faltava um rgo de soluo de controvrsias e um rgo de elaborao de regras. Com a OMC essas deficincias so, de certo modo, sanadas. Afinal, a OMC uma organizao internacional, com personalidade jurdica"6 Alm de Novas regras que surgiram balizando o comrcio internacional, e tornando-o muito mais complexo e importante do que era na criao do GATT, alm de os investimentos internacionais e o mercado de servios, no cobertos por ele, terem se tornado interesse principal de diversos pases e essenciais para o mercado internacional. Desse feito, decidiram criar uma organizao capaz de regulamentar o comrcio, e que tivesse grande capacidade de adaptao, tal qual projetado na Conferncia de Havana. Surgiu, assim, a OMC7 . A OMC uma organizao que tem por funes principais facilitar a aplicao das normas do comrcio internacional j acordada internacionalmente e serve tambm como foro para negociaes de novas regras, dotada tambm de um sistema de controvrsias em comrcio internacional. Surgiu ao final da Rodada Uruguai, tendo entrado em funcionamento em 1o de janeiro de 1995. Engloba no s acordos referentes ao comrcio de bens agrcolas e industriais, como tambm servios, propriedade intelectual, soluo de controvrsias, regras de origem e outros, buscando assim promover a efetiva liberalizao do comrcio entre seus membros. A OMC tem sede em Genebra, Sua. O artigo III discorre sobre as funes da OMC: funciona como foro de negociaes comerciais; trata de solucionar as controvrsias levadas Organizao pelos membros; supervisiona as polticas comerciais; promove cooperao entre organizaes internacionais etc. Hodiernamente a OMC conta com 149 pases-membro, o Brasil responde por apenas 1% do comrcio internacional, e no conta com uma estrutura de retaguarda nas negociaes internacionais, mas mesmo com a falta de recursos, o pas o quarto maior demandante do mecanismo de soluo de controvrsia no tribunal da instituio8 , ... o Brasil, j obteve 22 vitrias nessa disputa e apenas uma derrota9 . Foras desiguais em Genebra: h um grande desnvel, especialmente nas estruturas de apoio na retaguarda entre condies de negociao do Brasil, do EUA e da Unio Europia. 6 JUNIOR, Umberto Celli. Fundamentos do Direito Internacional, Economia e Direito do Sistema Internacional. Aula ministrada no curso de Economia e Direito do Sistema Internacional MBA/USP, em 12 de junho de 2006 7 AMARAL, Antonio Carlos Rodrigues do. Direito do comrcio internacional: aspectos fundamentais / Antonio Carlos Rodrigues do Amaral (coord.). So Paulo: Aduaneiras, 2004. 8 MESQUITA, Rodrigo Revista Exame, pgs. 40 at 42 de 10/05/2006. 9 MESQUITA, Rodrigo Revista Exame, pgs. 40 at 42 de 10/05/2006. 10. 10 Brasil o Itamaraty conta com apenas 16 diplomatas na OMC. Trs outros ministrios mantm um estagirio cada um em Genebra. Algumas poucas entidades da iniciativa privada tambm ajudam nas negociaes, com estudos tcnicos. EUA o Departamento de Comrcio possui 200 funcionrios dedicados OMC. Trabalha conectado com 54 agncias do governo federal e do Congresso, o nmero total de pessoas estimado em 600. A iniciativa privada tambm participa por meio de centenas de instituies de estudos. Unio Europia o Departamento de Comrcio da Comisso Europia o negociador oficial do bloco. A misso diplomtica composta de 62 funcionrios, que trabalham em estreito contato com as estruturas burocrticas de cada um dos 25 pases-membro, o que multiplica enormemente os recursos10 . BIBLIOGRAFIA: AMARAL, Antonio Carlos Rodrigues do. Direito do comrcio internacional: aspectos fundamentais / Antonio Carlos Rodrigues do Amaral (coord.). So Paulo: Aduaneiras, 2004. DIDONE, Andr Rubens. Site da Universidade Municipal de So Caetano do Sul; http:/www.imesexplica.com.br/2708omc_abre.asp GIOVAN, Ileana Di. Derecho internacional econmico e relaciones econmicas internacionales. - Buenos Aires: Abeledo Perrot. JUNIOR, Umberto Celli. Fundamentos do Direito Internacional, Economia e Direito do Sistema Internacional. Aula ministrada no curso de Economia e Direito do Sistema Internacional MBA/USP, em 03 e 17 de abril de 2006. LIMA, Tatiana de Macedo Nogueira. GATT/OMC: Uma Anlise Institucional, Dissertao (Mestrado) Universidade de So Paulo, 2004. MESQUITA, Rodrigo Revista Exame, pgs. 40 at 42 de 10/05/2006. THORTENSEN, Vera. OMC Organizao Mundial do Comrcio: As Regras do Comrcio Internacional e a Rodada do Milnio. So Paulo: Aduaneiras. Site do Instituto de Estudos do Comrcio e Negociaes Internacionais ICONE - Sobre Comrcio e Negociaes - http://www.iconebrasil.org.br Site da Associao Latino-Americana de Integrao ALADI -Glosario de Trminos Aduaneros y de Comercio Exterior / Glosario Bsico de la ALADI - http://www.aladi.org RENATO RIBEIRO VELLOSO ([email protected]) Ps-graduado em Direito Penal Econmico Internacional, pelo Instituto de Direito Penal Econmico e Europeu da Universidade de Coimbra, Portugal, e cursando MBA em Economia e Direito do Sistema Internacional, pela Universidade de So Paulo USP, e co-autor do livro Crimes Tributrios e Econmicos, pela Editora Quartier Latin do Brasil. 10 MESQUITA, Rodrigo Revista Exame, pgs. 40 at 42 de 10/05/2006.