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UNI-ANHANGUERA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS
CURSO DE DIREITO
DUMPING SOCIAL E SEUS EFEITOS SOCIAIS E ECONÔMICOS NA JUSTIÇA DO
TRABALHO
LIDIANE BRAGA ALMEIDA
GOIÂNIA
Abril/2012
LIDIANE BRAGA DE ALMEIDA
DUMPING SOCIAL E SEUS EFEITOS SOCIAIS E ECONÔMICOS NA JUSTIÇA DO
TRABALHO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentando ao curso de Direito do Centro Universitário, Uni-ANHANGUERA, sob orientação da Prof. Me. Luiz Carlos de Pádua Bailão, como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Direito.
Goiânia
Abril/2012
TERMO DE APROVAÇÃO
LIDIANE BRAGA DE ALMEIDA
DUMPING SOCIAL E SEUS EFEITOS SOCIAIS E ECONÔMICOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO
Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Direito do Centro Universitário de Goiás - Uni-ANHANGÜERA, defendido e aprovado em 12 de Junho de 2012, pela banca examinadora constituída por:
___________________________________
Prof. Me. Luiz Carlos de Pádua Bailão
Orientador
_________________________________
Profª Rita de Cássia Nunes Machado
Examinadora
Agradeço ao Uni-ANHANGUERA, Centro Universitário
de Goiás pela oportunidade de conferir-me o título de
bacharel em Direito. Agradeço também a todos aqueles
que me ajudaram ao longo destes anos. Não importa a
forma material, intelectual ou emocional que cada um
tenha contribuído, todos caminharam junto comigo na
efetivação desse sonho.
"São estes os preceitos do direito: viver honestamente,não
ofender os demais e dar a cada um o que lhe pertence."
Ulpiano
RESUMO A pesquisa analisa o fenômeno do Dumping Social e suas conseqüências sociais econômicas face às relações de trabalho. Levantar-se-á o histórico no qual surgiu a prática do Dumping Social, destacando as consequências sociais e econômicas dessa prática condenável com enfoque no dano moral coletivo. Inclusive demonstrando casos práticos em que o Dumping Social foi punido na Justiça do Trabalho enumerando medidas antidumping que estão sendo aplicadas para tentar inibir a prática do Dumping Social. PALAVRAS-CHAVE: precarização, direitos trabalhistas, dano moral coletivo.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
1 DUMPING 10
1.1 Conceito 10
1.1.1 Conceito Econômico 12
1.1.2 Conceito Jurídico 12
1.2 Classificações 12
1.2.1 Quanto à continuidade 13
1.2.2 Quanto ao motivo 14
1.2.3 Dumping condenável x Dumping não-condenável 15
1.3 Natureza Jurídica 15
1.3.1 Dumping como ato ilícito 16
1.3.2 Dumping como abuso de poder econômico 16
1.3.3 Dumping como fato jurídico 16
1.4 Novos tipos de dumping 17
1.4.1 Dumping Cambial 18
1.4.2 Dumping Ambiental 18
1.4.3 Dumping Social 18
1.5 Dumping e outros institutos 19
1.5.1 Dumping e Preço Predatório 20
1.5.2 Dumping e Underseling 20
1.5.3 Dumping e Subsídios 21
2 DUMPING SOCIAL 22
2.1 Breves Considerações 22
2.2 Dumping Social com forma de vilipendiar os direitos sociais 24
2.3 Relação entre dumping social e as cláusulas sociais 25
2.4 A efetiva atuação da Justiça do Trabalho – Casos Concretos 26
2.4.1 Caso 01 26
2.4.2 Caso 02 27
2.4.3 Caso 03 27
2.4.4 Caso 04 28
2.4.5 Caso 05 28
3.0 DANO MORAL COLETIVO DECORRENTE DO DUMPING SOCIAL 30
3.1 Dano Moral Coletivo 31
3.2 Medidas Antindumping 33
3.2.1 Medidas de Ofício 35
3.2.1 Medidas do Ministério Público do Trabalho 37
A) Inquérito Civil Público 37
B) Ação Civil Pública 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42
INTRODUÇAO
No decorrer da história é fácil perceber que continuamente o empregador
desobedece as regras trabalhistas buscando vantagem econômica. Tais práticas fraudulentas
não são admitidas pelo Estado que procuram coibí-las.
A Revolução Industrial trouxe uma nova roupagem às relações trabalhistas. Foi a
partir de então que institui-se um conjunto de regras e princípios de proteção aos
trabalhadores, pois percebeu-se que estes ocupam uma posição mais frágil na vida laboral.
Todavia, as conquistas construídas ao longo da história, a cada dia, são ludibriadas no
contexto da globalização. No capitalismo, devido a alta taxa de desemprego é cada vez mais
frequente a flexibilização das leis trabalhistas na ganância pelo lucro maximizado.
Essas práticas flexibilizadoras representam de uma forma geral, a redução das
normas estabelecidas pelo Estado dando enfoque às transações concretizadas pelos sindicatos
do empregado e do empregador. Assim sendo, há progressivamente uma supressão das
normas trabalhistas já que essas negociações ocorrem sob a égide do manto do livre mercado.
Percebe-se que as discussões trabalhistas são antigas, mas estas ainda não
contribuíram para abrandar suas desarmonias. Isso porque, há uma dicotomia dessa
problemática dentro da economia mundial. Os países em desenvolvimento temem esses
padrões trabalhistas, os países desenvolvidos vêem esses padrões como direitos fundamentais
dos trabalhadores.
É neste contexto desarmônico que surgem inúmeras maneiras de burlar as leis
trabalhistas no intuito de diminuir os custos que elas acarretam e, consequentemente,
maximizar os lucros. Uma dessas formas é o Dumping Social.
O fenômeno do Dumping Social busca a maximização dos lucros em detrimentos
das normas laborais. Essa prática não afeta somente os trabalhadores, mas, também, toda
sociedade.
Ao longo desse estudo, pretende-se estudar o que é o fenômeno do Dumping
Social; suas consequências para os trabalhadores e para a sociedade (dano moral coletivo
decorrente da prática do Dumping Social); e as medidas antidumping adotadas pelas
autoridades para coibir essa prática fraudulenta.
O presente estudo utilizar-se-á da abordagem dedutiva, buscando seus objetivos
por intermédio da pesquisa bibliográfica e por meio de demonstração de casos práticos já
julgados na Justiça do Trabalho.
1 DUMPING
1.1 Conceito
Sena Jr. (2006, p.91) afirma que os registros pioneiros da prática do dumping
foram observadas no final do século XIX. Todavia, somente em 1947, com o Acordo Geral
sobre Tarifas e Comércio (GATT) a matéria foi positivada na esfera internacional.
O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) de 1947 foi a primeira
legislação a se preocupar com a prática de dumping dando seu conceito.
As partes contratantes reconhecem que o dumping que introduz produtos de um país no comércio de outro país, por valor abaixo do normal, é condenado se causa ou ameaça causar prejuízo material a uma indústria estabelecida no território de uma parte contratante, ou se retarda, sensivelmente, o estabelecimento de uma indústria nacional. (GATT, art.VI)
De acordo com Sena Jr. (2006, p.85), apesar de conceituar o dumping, o GATT o
faz de maneira simplista e não abordou todos os seus efeitos. Na tentativa de suprir estas
lacunas foi necessário a elaboração do Acordo de Implementação do Artigo VI do GATT, ou
ainda chamado de Código Antidumping. Este código já possuiu três variantes: 1ª Rodada do
Kennedy; 2ª Rodada de Tóquio; 3ª Rodada do Uruguai. A primeira o Brasil não aderiu e a
última está em vigor até hoje e é mais conhecida como Acordo Antidumping da Rodada do
Uruguai (AARU).
A AARU estabelece três requisitos para a distinção do dumping: 1º Venda dos
produtos abaixo do preço praticado o mercado do país exportador; 2º Comprovação do dano
ou da ameaça do dano à indústria doméstica ou do retardamento no estabelecimento de
indústrias que venham a produzir o mesmo produto objeto do dumping; e 3º Nexo de
causalidade entre os dois primeiros requisitos.
A Secretaria do Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio (MDIC), é o órgão responsável no Brasil para identificar a prática do
dumping. Essa identificação é feita por meio de um processo administrativo, e além da
investigação cabe a SECEX também caracterizar o fenômeno e punir com a devida medida
antidumping.
Sena Jr. (2006, p.86) elenca vários textos legais relevantes que aderem às
orientações da Organização Mundial do Comércio (OMC) em relação ao dumping. São eles
Decreto Legislativo 30/94, que aprova a Ata Final da Rodada do Uruguai de Negociações
Comerciais Multilaterais GATT; Decreto 1.335/94, que promulga a Ata Final que incorpora
os resultados da Rodada do Uruguai de Negociações Multilaterais do GATT – Acordo
Antidumping, Acordo sobre Subsídios e Direitos Compensatórios e Acordo sobre
Salvaguardas; Decreto 1.602/95, que regulamenta as normas que disciplinam os
procedimentos administrativos, relativos à aplicação e medidas antidumping; Lei 9.019/95,
que dispõe sobre a aplicação dos direitos previstos no Acordo Antidumping e no Acordo de
Subsídios e Direitos Compensatórios; e Circular/SECEX, que regulamenta as normas que
disciplinam os procedimentos administrativos, relativos à aplicação de medidas antidumping.
A prática do dumping está atrelada com a discriminação entre mercados, ou seja,
quando o mesmo produto com a mesma qualidade possui preços diferentes entre os países que
o fazem (BARRAL apud SENA JR., 2006, p.85).
O dumping é a venda de mercadorias importadas com o preço abaixo do seu valor
normal, e, como a GATT/OMC considera essas prática desleal, impõe-se aí as medidas
antidumping (BOLTUCK apud SENA JR., 2006, p.85).
De acordo com Tomazette (2008, p.43) a prática de dumping autoriza a utilização
das medidas protecionistas na esfera internacional.
A economia pioneiramente utilizou o conceito de dumping e chegou-se a idéia
genérica de uma “discriminação de preços entre diferentes mercados internacionais”. Mais
tarde formulou-se o conceito jurídico do dumping, também na esfera internacional,
caracterizado “como a exportação de um produto a preços inferiores ao seu valor normal”
(TOMAZETTE, 2008, p.43).
Diante da formulação e utilização de tais conceitos, fez-se presente subsídios para
a identificação de tal prática. Sendo assim, foi possível verificar as situações em que ela está
ou não ocorrendo e adotar as medidas antidumping necessárias.
1.1.1 Conceito Econômico
Segundo Tomazette (2008, p.44), a palavra dumping advém do islandês arcaico
thumpa, que quer dizer “atingir alguém”. No inglês moderno o verbo to dump quer dizer
“despejar”, “descarregar”.
O primeiro entendimento da economia apresentava o dumping como atitudes
desleais adotadas no comércio internacional os quais traziam claros malefícios à estas
relações. Gradativamente, o conceito se reduziu a questões ligadas ao preço das mercadorias.
Assim sendo, o dumping começou a ser compreendido como a comercialização de
mercadorias iguais, em mercados diferentes, com preços distintos.
Deste conceito, pode-se perceber a presença constante de três elementos: É uma
prática de atitude desleal no comércio; o nome em inglês foi conservado; e que é uma prática
repreendida.
Com o passar do tempo, os estudos passaram a se aprofundar no campo da
economia trazendo uma expansão ao conceito. O dumping passou a ser compreendido como
a:
(...) discriminação de preços entre dois mercados nacionais, entre o mercado exportador e o mercado importador. Em outras palavras, o preço demandado por um determinado bem, pelo mesmo produto, difere entre dois mercados, desconsiderando-se os fatores relacionados a transporte, tributos, etc. (BARRAL apud TOMAZETTE, 2008, p.45)
É necessário destacar que para a caracterização do dumping deve haver a
separação dos mercados nos quesitos sociais, geográficos, culturais ou legais. Entre esses
mercados a competição ocorrerá com demanda e oferta diferentes, mas o mesmo produto,
permitindo assim a discriminação de preços.
O conceito ora citado remete a situação usualmente caracterizada como dumping,
que é a exportação num preço menor ao do mercado interno. Mas também, pode ocorrer que o
preço menor advenha do mercado interno em detrimento para o externo.
1.1.2 Conceito Jurídico
Na economia o termo dumping não equivale exatamente a concepção jurídica. Ela
considera além da discriminação de preços entre os mercados, considera, também, o valor real
da mercadoria.
Na acepção jurídica a doutrina considera que dumping “consiste na colocação de
mercadorias em outro país a preço inferior daquele colocado no mercado doméstico, como o
fito de desestabilizar a concorrência” (GUEDES apud TOMAZETTE, 2008, p.47). Na esfera
jurídica a preocupação é focada nos ensejos que levam à essa conduta.
Percebe-se que no âmbito jurídico o conceito de dumping é mais amplo do que no
âmbito econômico.
Assim sendo, conclui-se que o fenômeno do dumping, juridicamente, se dá
quando o preço de exportação é menor do que seu valor normal do mercado interno, o que
acarreta prejuízos. Percebe-se que juridicamente o dumping está diretamente atrelado a
vendas de bens, e exportação de mercadorias.
1.2 Classificações
Ao abordar as conceituações do dumping nas diferentes áreas, permanecem em
segundo plano os motivos que desencadearam a prática do dumping. O conceito é construído
objetivamente onde através da comparação entre os preços dos produtos identificamos ou não
a ocorrência desta prática. Contudo, para um estudo didático e que ultrapassa a simples
compreensão do que é esse fenômeno, é necessário buscar as circunstâncias que motivam a
prática do dumping.
1.2.1 Quanto à continuidade
Esse quesito leva em consideração o tempo da prática do dumping, ou seja, a
frequência que ocorre o fenômeno.
Dentro dessa classificação, o dumping pode ser:
a) Esporádico
É esporádico quando não existir a intenção de efetuar uma concorrência desleal,
ou seja, prejudicar outra empresa. Nesse caso, a queda dos preços se dá na tentativa de
modificar situações localizadas e momentâneas advindas do mercado.
b)De curto prazo
O dumping ocorre a curto prazo quando for mais frenquente que o esporádico.
Apesar de não ser contínuo, a situação que exigiu a queda dos preços, se mantém por um
curto prazo. Normalmente, o dumping é utilizado dessa forma quando busca manter conexões
com outros mercados. Nesses casos, há um interesse de manter um mercado e não apenas de
solucionar uma situação localizada como no esporádico. Aqui se busca novas clientelas;
manutenção das conexões com outras empresas e mercados; eliminação de concorrência;
impedir a própria prática do dumping respondendo com essa igual medida; impedir o
crescimento de outras empresas no ramo nos casos de empresas monopolísticas, etc.
c)Contínuo ou permanente
Nesses casos, como o próprio nome indica, a situação geradora do dumping se
perpetua no tempo. Aqui se busca a conservação da produção que se tem; a aquisição de
economias de escala; manutenção de prerrogativas específicas para exportação, etc.
1.2.2 Quanto ao motivo
Aqui, diferentemente do conceito objetivo, os motivos que levaram a prática do
dumping são analisados. Neste quesito, temos as seguintes subdivisões:
a)Dumping esporádico
O dumping esporádico, como já visto,não objetiva lesionar a concorrência e sim é
uma alternativa de solucionar aspectos momentâneas do mercado. O motivo aqui pode ser
desde um excesso de estoque até mesmo um discernimento de preços entre mercados em
presença de uma demanda mais maleável.
b)Dumping Defensivo
Objetiva coibir a expansão de novos concorrentes no mercado e dilatar sua
produção.
c)Dumping Cíclico
Almeja consolidar a produção durante as conexões e negociações de mercado em
determinados espaço de tempo.
d)Dumping para economias de escalas
Busca a redução de custos para aumentar a produção.
e)Dumping para criação de mercados
Tem por finalidade entrar com um novo produto no mercado desestabilizando
aquele produto que já é líder.
f)Dumping Predatório
Busca a monopolização do mercado praticando o dumping para eliminar a
concorrência. Os clientes consomem motivados pelos preços em detrimento da qualidade.
1.2.3 Dumping condenável x Dumping não-condenável
As classificações ora citados não estão positivadas. Elas advém da doutrina que
objetivam um estudo mais didático. A classificação existente em relação ao dumping colocada
pela Organização Mundial de Comércio (OMC) busca apenas identificar se o dumping é
condenável ou não-condenável. Assim sendo, aquele que não gera danos a manutenção
saudável do comércio e da concorrência leal é considerado um dumping não condenável; em
contrário, aquele que gera dano ao mercado interno caracterizando concorrência desleal, é
considerado condenável.
1.3 Natureza Jurídica
A busca de definir a natureza jurídica do dumping esbarra em diversos aspectos já
que não há um consenso nos estudos doutrinários.
Tomazette (2008) enumera os seguintes itens que contribuem para embaraçar essa
definição.
a)trata-se de um fenômeno eminentemente econômico que, nem sempre, se adapta às categorias jurídicas; b)trata-se de um fenômeno recente e, por isso, não se enquadraria facilmente em categorias jurídicas já consolidadas; c)sua regularização é uma adaptação da legislação de common law e não é fácil seu enquadramento em categoria da tradição civil law. (TOMAZETTE, 2008, p.78)
Consciente destas limitações é possível destacar três correntes doutrinárias sobre a
natureza jurídica do dumping.
1.3.1 Dumping como ato ilícito
Segundo Código Civil 2002, o ato ilícito é toda ação ou omissão que cause dano a
outrem. Assim sendo, em seu art. 186 declara:
Art.186. CC/02. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Essa primeira corrente acredita que a prática do dumping é um ato ilícito. Todavia,
diante do estudo apresentado é nítido perceber que nem sempre a prática do dumping será um
ato ilícito, dessa forma, não pode-se generalizar. O dumping não vai de encontro ao direito,
assim sendo, não pode ser considerado um ato ilícito.
Vimos que há várias formas de dumping, e que, juridicamente, interessa se está
causando dano ao mercado e caracterizando concorrência desleal. No entanto, mesmo quando
se trata de dumping condenável, as medidas anti-dumping não constituem obrigação, ou seja,
é um ato discricionário, nem sempre a prática do dumping acarretará compromisso de
indenizar.
1.3.2 Dumping como abuso de poder econômico
O abuso de poder econômico se caracteriza quando a atividade realizada tem por
finalidade a eliminação da concorrência, o domínio de mercados ou o aumento arbitrário dos
lucros.
Essa prática é recriminada na Constituição Federal Brasileira de 1988, que, em
seu art.173, parágrafo 4º reza “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à
dominação do mercado, eliminação da concorrência ou o aumento arbitrário dos lucros”.
Diante o exposto, percebe-se que o dumping também não se emoldura nesta
classe. Sabe-se que nem sempre a prática desse fenômeno vem atrelada a busca de conquista
de mercados, banimento da concorrência ou maximização dos lucros. A prática do dumping,
como já analisado, possui os mais variados objetivos e não se pode cometer o equívoco de
limitá-lo a um grupo somente.
1.3.3 Dumping como fato jurídico
Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2008) “Fato jurídico em sentido amplo é
todo acontecimento da vida que o ordenamento jurídico considera relevante no campo do
direito”(p.276)
Ponderando o conceito de fato jurídico, é nítido que a corrente mais coerente, de
acordo com a visão deste estudo, encontra-se aqui. A prática do dumping social adveio do
direito internacional common law, ou seja, de um sistema jurídico embasado mais nas
jurisprudências do que no texto legal. Ao chegar no Brasil, onde o sistema é civil law, ou seja,
o sistema jurídico possui suas principais fontes do direito positivadas, teve de ser adaptado.
Sua ocorrência passou a ser monitorada, refreando-se às normas do direito econômico e
possibilitando a intervenção estatal nos casos onde se aplicam as medidas anti-dumping. Vale
lembrar que, como já explicitado, a aplicação dessas medidas anti-dumping pelo governo é
uma to discricionário.
Sendo assim, considerar-se-á para este estudo o dumping como um fato jurídico
relevante para o direito econômico já que deriva-se de acontecimentos humanos.
1.4 Novos tipos de dumping
Após adentrar nas relações mercantilistas do Brasil, a prática do dumping
expandiu-se e conquistou alçadas nem sempre relacionadas às comercializações internacionais
prevista em seu conceito puro.
Na tentativa de identificar e alcançar essas novas situações, foram sendo criados
novos tipos de dumping, inclusive, nomenclaturados e conceituados para melhor compreensão
destes.
Pode-se dividir estas novas formas em três grupos distintos:
1.4.1 Dumping Cambial
O dumping cambial se caracteriza quando a moeda interna de um país é
desvalorizado devido à altas taxa cambiais. Nesses casos, os produtos produzidos no mercado
interno ficam mais caros do que os produtos exportados, assim sendo, há uma facilidade em
exportar mercadorias já que estas chegam no mercado externo com preços mais baixos.
1.4.2 Dumping Ambiental
O dumping ambiental é a diminuição de preços de determinadas mercadorias em
detrimento do meio ambiente. Normalmente, grandes empresas instalam-se nos países em
desenvolvimento onde as leis ambientais são inexistentes ou menos exigentes. Esta situação
mais aberta possibilita que os mesmos produtos sejam produzidos com a mesma qualidade
com preços incrivelmente reduzidos. Assim sendo, considera-se dumping ambiental a
“vantagem comparativa ilícita advinda da degradação ambiental, nos países em
desenvolvimento” (GOYOS JÚNIOR apud TOMAZETTE, p. 81, 2008)
Para Negra (2005):
Fala-se em dumping ambiental quando os preços dos bens resultam do facto das empresas suas produtoras estarem instaladas (ou terem-se instalado) em países cuja legislação não exige o cumprimento de normas de defesa do ambiente, nem seguem os habituais padrões de qualidade do ambiente existentes nos países desenvolvidos, pelo que tais empresas economizam custos ao não efectuarem investimentos no domínio ambiental a que estariam obrigadas se estivessem instaladas em países desenvolvidos (NEGRA, 2005, p.35).
O dumping ambiental é mais uma forma que as grandes empresas encontraram de
maximizarem os lucros e caracterizarem a concorrência desleal.
1.4.3 Dumping Social
O dumping social é a diminuição de preços de determinadas mercadorias em
detrimento das normas trabalhistas. Assim como acontece com o dumping ambiental, no
dumping social as grandes empresas instalam-se nos países em desenvolvimento onde as leis
trabalhistas são mais brandas e se utilizam disso para baratear os custo da produção e
maximizar os lucros.
Segundo Negra (2008) ambos os tipos de dumping constituem as maiores causas
para o deslocamento das grandes empresas multinacionais para os países em
desenvolvimento.
Estas empresas transferem suas fábricas para esses países juntamente com maior
parte de sua produção. Unindo a prática dos dois tipos de dumping, o lucro é maximizado
consideravelmente. O que seria lesão a legislação em seu país de origem, é considerado
normal nos países onde atualmente estão situadas a maioria dessas fábricas. A título de
exemplo, para a produção de um tênis da Nike em empresa instalada nos Estados Unidos, o
preço de cada produto equivale a US$35,00 dólares, já se a empresa estiver situada na Índia,
este mesmo produto, como a mesma qualidade, sairá por US$5,00 dólares.
A despeito do dumping social, que é o foco deste estudo, é necessário uma
delonga que trataremos no capítulo seguinte.
1.5 Dumping e outros institutos
De acordo com Tomazette (2008), o dumping, assim como outras práticas do
comércio, é reiterado. Conhecendo a finco o fenômeno do dumping, é necessário que se faça
agora uma diferenciação do dumping com outras práticas comerciais, no intuito de evitar
confusões jurídicas.
1.5.1 Dumping e Preço Predatório
A prática comercial mais embaraçada com o dumping é o preço predatório.
A Secretaria do Acompanhamento Econômico (SEAE) traz a definição de preços
predatórios como a:
(...) venda injustificada da mercadoria abaixo do preço de custo que produza efeitos ou tenha como objeto prejudicar a livre concorrência, dominar mercado relevante de bens e serviços, aumentar arbitrariamente os lucros ou exercer de forma abusiva posição dominante. (SEAC apud TOMAZETTE, 2008, p.83)
Perante o conceito, pode-se afirmar que o preço predatório objetiva suprimir um
concorrente igual ou mais forte que ele.
Conhecendo o conceito de dumping e o conceito de preço predatório, percebe-se
nitidamente que ambos não são sinônimos.
Dumping Preço Predatório
Prática relacionada ao comércio internacional Prática relacionada ao mercado interno
Autoridade competente:
Ligada ao comércio internacional, no Brasil
SECEX
Autoridade competente;
Ligado a defesa econômica interna, no Brasil
CADE
Nem sempre está atrelado à dano no mercado Exige a intenção de eliminar a concorrência e
aumentar arbitrariamente os lucros
Punição:
Tem por objetivo a proteção da indústria
nacional
Punição:
Tem por objetivo imediato a proteção da
concorrência e por objetivo mediato a
proteção do consumidor.
Importante ressaltar, que, as duas situações podem coexistirem em determinados
casos.
1.5.2 Dumping e Underseling
Segundo Tomazette (2008) o Underseling caracteriza-se precisamente com a
venda de produtos abaixo do preço de custo não considerando a intenção com que é feita. Sua
ocorrência se dá no mercado interno e nem sempre é punida.
Pelo conceito de Underseling já conseguimos averiguar as diferenças que possui
com o dumping. No caso do dumping sua caracterização se dá no mercado internacional e não
interno, e as vendas dos produtos ocorrem abaixo do preço de mercado e não abaixo do preço
de custo.
1.5.3 Dumping e Subsídios
Os subsídios ocorrem quando um produto é exportado por um preço menor em
razão de uma interferência estatal. Nesses casos, o Estado confere benefícios e incentivos e
que contribuem para essa queda dos preços.
Tal prática não se confunde com o dumping, pois no subsídio a atuação do Estado
é definitivo, no dumping não. O Estado só irá atuar quando o dumping for predatório, é um
ato discricionário. E, ainda, quem pratica do dumping é exclusivamente a rede privado, o
empresário, sem qualquer atuação estatal.
2 DUMPING SOCIAL
2.1 Breves Considerações
Caetano (2010. p.1) nos traz que no decorrer da história produtiva, principalmente
no cerne industrial, ocorreram inúmeras situações que ameaçaram a dignidade da pessoa
humana.
Foram diversos anos e lutas que perpassaram gerações para iniciar mudanças
significativas que culminaram na mudança de concepção do trabalho. A partir de então ele
deveria expressar a dignidade, os reais objetivos e deveres do homem e do Estado para com a
sociedade. Assim sendo, o trabalho passou a dignificar o homem.
Segundo Chaves (2010, p.1), atualmente é progressivo a importância auferida ao
trabalho, seja pela própria sociedade ou pelos operadores do direito. Segundo o autor, essa
importância reflete a tentativa de garantir nosso princípio basilar, o Princípio da Dignidade da
Pessoa, que está constitucionalmente garantido em seu art. 1º, inciso III, in verbis:
Art.1º. CF/88. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de Direito e tem como fundamentos: III – a dignidade de pessoa humana.
Vieira (2009, p.39), afirma que o dumping social ou dumping laboral por
considerar as condições a que são submetidas os responsáveis pela produção, diz respeito a
relação entre a força de trabalho empregada no processo produtivo e o comércio internacional
desses produtos.
Este aspecto de produção leva em consideração a redução do custo final dos
preços dos produtos; o corte de valores; e os gastos com empregados no processo de
produção, sobretudo, no que se refere à mão-de-obra. Enquadram-se neste aspecto os
denominados países em desenvolvimento localizados principalmente no continente asiático,
casos de Taiwan, Indonésia dentre outros.
A incidência é maior em relação aos produtos manufaturados, onde há prevalência
do trabalho manual em relação ao trabalho mecânico. Nesses casos, observa-se a utilização
freqüente de mão-de-obra infantil, baixos salários, precárias condições de trabalho, longas
jornadas e a não adoção ou não cumprimento de direitos trabalhistas. Todo esse quadro lesivo,
resulta em produtos com preço final de venda muito inferior ao de países que seguem regras
de produção de acordo com o que é estabelecido pela Organização Internacional do Trabalho
(OIT).
Esta prática tem levado a um grande crescimento das vendas destes produtos nos
mercados de todo o mundo, notadamente nos países desenvolvidos. Isso tornou-se um embate
internacional entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Assim sendo, muitos dos países desenvolvidos que vem atravessando problemas
relacionados a um crescente aumento das taxas de desemprego, pobreza e recessão
econômica, tem buscado saídas para se precaverem desses problemas e protegerem seus
mercados internos de produtos estrangeiros.
Inúmeras iniciativas visam proteger os direitos sociais, através de incentivos que
buscam proteger direitos adquiridos e garantidos pelas convenções internacionais do trabalho.
O Conselho de Ministros da União Européia, em 30 de outubro de 1997, ofereceu uma
redução de 15% a 35% nas tarifas de exportação aos países da União Européia que
respeitassem as convenções trabalhistas firmadas pela Organização Internacional do Trabalho
– OIT. Tais convenções tangem a liberdade sindical e à proteção do direito sindical
(Convenção 87); o direito de organização e negociação coletiva (Convenção 98); a idade
mínima para admissão no trabalho (Convenção 138) bem como as normas relativas a
Organização Internacional da Madeira Tropical – OIMT (entidade que tem a finalidade de
conservar promover o remanejo sustentável e o uso e comércio de recursos florestais
tropicais).
Medidas como da União Européia, por um lado buscam frear o avanço comercial
de países em desenvolvimento, sobretudo os asiáticos, protegendo assim mercados e a
economia de países desenvolvidos, por outro, procuram proteger direitos e garantir condições
mínimas de trabalho às pessoas submetidas a regimes de trabalho quase escravo, além de
buscar uma conscientização quanto à necessidade de se buscarem meios sustentáveis de
crescimento, através da proteção e conservação do meio ambiente e de seus recursos minerais.
Segundo Negra (2005, p.2):
Fala-se em dumping social quando os preços baixos dos bens resultam do facto das empresas produtoras estarem instaladas onde não são cumpridos os direitos trabalhistas mais elementares, assim como direitos dos trabalhadores internacionalmente reconhecidos, nomeadamente aqueles que estão previstos pela Organização Internacional do Trabalho, pelo que os custos sociais da maõ-de-obra são extremamente baixos permitindo consequentemente uma descida artificial dos preços produzidos em condições laborais ilegítimas e que vão contra a dignidade da pessoa humana. (NEGRA, 2005, p.2)
Ainda de acordo com Negra (2005), o dumping social gera a entrada de produtos
nos países a preço inferior do seu normal, devido ao desrespeito às normas laborais. Essa
situação prejudica àqueles que se enquadram na lei, desestruturando o mercado e
caracterizando a concorrência desleal.
A prática do dumping social, se não identificada e punida, acaba por incentivando
sua propagação, pois, àqueles que a utilizam lucram demasiadamente por ferir a legislação.
2.2 Dumping Social como forma de vilipendiar os direitos sociais
A "teoria do dumping social", de acordo com o TST, teve origem no contexto de
globalização da economia.
Segundo Chaves (2010, p.1), o em dumping social caracteriza-se pela queda dos
preços resultantes da precarização das relações do trabalho dentro das empresas. Para ele, em
países onde não são respeitados os direitos humanos e dos trabalhadores internacionalmente
adotados, o lucro é obtido mediante mão-de-obra barata e de profundas rachaduras na
dignidade humana.
A ANAMATRA (Associação Nacional dos Magistrados Trabalhistas) em seu
enunciado nº 4 da 1ª Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho (2007,
p.1) – expõe que dumping social são as agressões reincidentes e inescusáveis aos direitos
trabalhistas que geram um dano à sociedade, pois com tal prática desconsidera-se,
propositalmente, a estrutura do Estado social e do próprio modelo capitalista com a obtenção
de vantagem indevida perante a concorrência.
Chaves afirma (2010, p.4) que essa prática desequilibra o mercado colocando as
empresas que não praticam as agressões às normas trabalhistas em desvantagem dàquelas
empresas que cumprem rigorosamente a legislação laboral. Assim sendo, a empresa
descumpridora possui um gasto menor na produção de seus produtos e os colocam á um preço
desleal no mercado. Os melhores resultados das empresas fraudulentas acabam estimulando
essa conduta no mercado, pois, nenhuma delas quer ficar em situação desfavorável e fora da
concorrência do mercado.
Práticas como o dumping social corroboram o exercício abusivo do direito e
caracterizam um dano à toda sociedade, pois, caminham contra a Constituição Federal
Brasileira de 1988 que resguardam e garantem limites econômicos e sociais.
Essas garantias extrapolam a Carta Magna Brasileira e alcançam documentos
internacionais, que dão efetividade aos direitos fundamentais de todo cidadão e no mundo
inteiro, não só quanto a ceara laboral, mas como ser humano. E, perante estes direitos, todos,
juristas ou não, devem buscar e lutar em favor.
Chaves (2010) enfoca a questão humana da problemática:
Ora, se a dignidade da pessoa humana irradia seu conteúdo por todo o ordenamento jurídico, sendo considerado princípio supralegal, com efetividade máxima, não é incongruente pensar que os direitos fundamentais, inspirados por esse princípio, devem ser observados quando da aplicação da norma jurídica. O dumping representa, por si mesmo, uma prática prejudicial e condenável,estando vinculado com outras práticas desleais de comércio como o underselling e o preço predatório. (CHAVES, 2010, p.2)
Percebe-se que a prática do dumping social e sua consequente precarização das
relações do trabalho, fere frontalmente o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, principio
basilar do direito e constitucionalmente garantido (como já demonstrado). Além deste, atinge,
também, toda estrutura lógica do mercado que abomina a concorrência desleal.
2.3 Relação entre dumping social e as cláusulas sociais
Frahm & Villatore (2003, p.3), acreditam que uma das formas de se impedir a
incidência do dumping social são as cláusulas sociais. Elas podem ocorrer na forma
preventiva, que são a presença das cláusulas em atos internacionais e, também, na forma
punitiva, que ocorre através da aplicação de taxas que visam balancear a diferença do preço
de venda do produto produzido à base da prática do dumping social.
Importante ressaltar que nos casos de incidência do fenômeno, é necessário que o
Estado constate, por meio de processo perante órgãos governamentais, antes que qualquer
atitude seja tomada.
Essas cláusulas, também chamadas de normas, são necessárias á medida que,
presentes nos acordos internacionais, objetivam proteger os direitos míninos dos
trabalhadores, inclusive, com penalidade se necessário.
2.4 A efetiva atuação da Justiça do Trabalho – Casos Concretos
Já tramitaram e tramitam inúmeros processos na Justiça do Trabalho, que, perante
o judiciário, comprovou-se a prática do dumping social e do dano moral coletivo decorrente
deste.
A Justiça do Trabalho, diante da problemática auferida pela prática do dumping
social, vêm tomando inúmeras medidas para coibir e punir tal forma de fraude contra os
direitos laborais.
2.4.1 – Caso 01
A Segunda Vara de Trabalho de Goiânia, no processo 01035-2005-002-18-00-3,
conduzida pelo juiz Ranúlio Mendes Moreira, condenou duas empresas a pagar danos morais
por contratar trabalhador de maneira ilícita praticando assim o dumping social. Segundo o
Juiz, a construtora MB Engenharia e cooperativa Mundcoop praticavam dumping deixando de
pagar direitos trabalhistas.
Segundo a decisão do juiz da 2ª Vara do Trabalho, ao serem contratados, os
trabalhadores eram coagidos a associar-se a uma inventiva cooperativa para que os encargos
trabalhistas deixassem de ser pagos. Como pena, ambas as empresas foram condenadas a
pagar a uma indenização de R$100 Mil Reais, que serão invertidos em prol da entidade Vila
São Cottolengo, em Trindade/GO.
Em sua sentença o juiz fundamentou:
(...) as reclamadas, em concluo, utilizaram de cooperativa fraudulenta para vilipendiar os direitos dos trabalhadores e se desvencilhar de indeclinável responsabilidade social, provocando dano não só aos trabalhadores atingidos, mas também a toda comunidade. (...) Somente uma punição de caráter social e pedagógico poderá servir de lenitivo à coletividade afetada e funcionar como aviso á reclamadas de que a legislação trabalhista e a dignidade da pessoa humana não podem ser menosprezadas.
Explicitamente percebe-se o entendimento do judiciário em prol da indenização
suplementar pelo dano moral coletivo, decorrente do dumping social.
2.4.2 – Caso 02
A juíza substituta da 2ª Vara do Trabalho de Goiânia, Alciane Margarida de
Carvalho, no processo 00304.2009.002.18.00-8, condenou uma empresa de prestação de
serviços em telefonia por dano moral coletivo, em decorrência de "dumping social". O
dumping social, como elucidado neste estudo, acontece quando a empresa adota condições
desumanas de trabalho e desconsidera direitos em busca de vantagem sobre a concorrência.
A magistrada determinou que o valor da condenação, arbitrado em R$ 50 mil, seja
revertido em favor do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Pediu, ainda, que o
Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do Trabalho sejam imediatamente
notificados dos fatos para que tomem as providências no sentido de inibir tais ocorrências.
De acordo com a sentença, para conseguir vender o trabalho humano a preços
baixos, a empresa descumpriu preceitos fundamentais que garantem as relações de emprego.
Normas de proteção ao trabalho como direito à equiparação salarial, isonomia de salários ao
trabalho de igual valor, concessão de intervalo e pagamento de hora-extra não foram
respeitados. Pesquisas mostram que os danos morais gerados em tais casos não atingem
apenas um empregado em específico, mas toda a massa trabalhadora porque desconsidera a
estrutura do estado social e os direitos trabalhistas com o objetivo de obter ganho comercial.
2.4.3 – Caso 03
O ministro Raphael de Barros Monteiro Filho, presidente do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), negou liminar em mandado de segurança Nº 13.300 - DF - 2008/0005956-7 -
impetrado pela Associação Brasileira de Produtos e Equipamentos Ópticos (Abiótica). O
intuito da entidade era suspender os efeitos das Resoluções 44 e 61, ambas de 2007, do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior que determinaram taxação
extra para importações de armações de óculos e lentes corretivas provenientes da China e a
aplicação da legislação antidumping.
A Abiótica chegou a alegar que estava sofrendo cerceamento ao direito de ampla
defesa e afirma que o aumento das exportações de produtos chineses seria um auto equilíbrio
do mercado, pois a indústria interna não sustentava a necessidade do mercado. Para ela, esses
contratempos com as importações poderiam causar falta do produto e prejuízos aos usuários.
Em sua decisão, o ministro Barros Monteiro sustentou que o pedido não teria
plausibilidade jurídica e que a simples alegação de cerceamento de defesa e possíveis
prejuízos sociais para os usuários não caracterizam direito líquido e certo. Com essa
fundamentação o ministro negou o recurso da Abiótica e determinou que o envio dos autos ao
Ministério Público Federal.
2.4.4 – Caso 04
A 1ª Vara do Trabalho de Parauapebas/PA, da Justiça do Trabalho da 8ª Região -
processo nº 0068500-45.2008.05.08.0114 - condenou a Companhia Vale do Rio Doce
(VALE) a pagar R$ 100 milhões por danos morais coletivos e mais R$ 200 milhões por
dumping social. O juiz federal do trabalho Jônatas dos Santos Andrade atendeu ação do
procurador José Adilson Pereira da Costa do Ministério Público em desfavor da empresa por
avaliar que a mineradora lucrava com a exploração indevida de seus empregados e
prestadores de serviço na região da província mineral de Carajás.
Os trabalhadores eram contratados pela VALE e outras empresas prestadoras de
serviço e gastavam em torno de duas horas para ir e voltar ao local de trabalho. Este intervalo
de tempo, considerado pela Justiça do Trabalho horas in itinere, não era remunerado ou
descontado da jornada.
O juiz Jônatas decidiu condenar VALE por danos morais e pela prática do
dumping porque era ela que motivava às suas prestadoras de serviço a omitir as horas in
itinere. “A construção do artifício de fraude foi comandada pela Vale, inclusive para o não
pagamento dos direitos trabalhistas”, afirmou o juiz.
Segundo cálculos, a VALE economizou cerca de R$200 milhões nos últimos
cinco anos, praticando concorrência desleal e vilipendiando os direitos trabalhistas de seus
empregados.
O valor dessa primeira indenização pela prática de dumping social foi revertido ao
Fundo de Amparo ao Trabalhador e, os R$100 milhões pagos por danos morais coletivos
serão revertidos à própria comunidade afetada por meio de projetos derivados de políticas
públicas de defesa e promoção dos direitos humanos do trabalhador.
2.4.5 – Caso 05
Em Iturama(MG) - processo nº 0000631-03.2010.5.03.0157 RO – a empresa JBS-
Friboi foi condenada a pagar indenização suplementar por dumping social. O Juiz, Alexandre
Chibante Martins, fundamentou-se no enunciado da ANAMATRA Nº 4 da 1ª Jornada de
Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho e condenou a anotação da carteira, o
pagamento de horas extras do empregado e, de ofício, a indenização suplementar por dumping
social.
O Juiz fundamentou que o frigorífico vinha reinteradamente ferindo a legislação
laboral visando a maximazação de sus lucros. O processo traz a informação que desde 2008,
cerca de 20 ações foram proposta contra a empresa reclamando o não pagamento de horas
extras.
A decisão do magistrado foi ratificada pela Quarta Turma Regional do Trabalho
de Minas Gerais. Os desembargadores sustentaram a sentença do juiz ao pagamento da
indenização suplementar de R$ 500 ao ex-empregado. Para eles, "Verifica-se que está
caracterizado o dumping social quando a empresa, por meio da burla na legislação trabalhista,
acaba por obter vantagens indevidas, através da redução do custo da produção, o que acarreta
um maior lucro nas vendas", diz o desembargador Júlio Bernardo do Carmo, relator do caso.
O Grupo JBS-Friboi ajuizou recurso contra a decisão no Tribunal Superior do
Trabalho (TST).
3 DANO MORAL COLETIVO DECORRENTE DO DUMPING SOCIAL
Segundo Silva e Mandalozzo (2010, p. 1), quando fala-se em Dumping Social, o
enfoque está nas empresas de grande porte econômico. Em regra, são elas que cortam custos
na mão de obra e flexibilizam o Direito do Trabalho para acrescer seus lucros. Essa prática
gera uma ininterrupta precarização das relações de trabalho. Como resultado, a massa
trabalhadora desprovida do capital (parte hipossuficiente na relação laboral) acaba, de forma
involuntária, abrindo mão de seus direitos e se curvando diante das condições ofertadas.
O fenômeno do Dumping Social não atinge apenas os trabalhadores. O
empregador que burla as normas trabalhistas aufere vantagens sobre a concorrência que
cumpri suas obrigações conforme estabelece a lei. Isso porque, é na supressão dos direitos
laborais que as empresas conseguem aumentar seus lucros. Intitui-se assim, claramente, dano
moral coletivo pelas consequências sociais e econômicas.
Silva e Mandalozzo (2010, p.3) afirmam que a prática do Dumping Social nas
relações de trabalho representa claramente uma afronta ao interesse coletivo. O empregador,
que de qualquer forma, tenta burlar sua responsabilidade junto aos empregados, não deve
responder especificamente e individualmente por eles. Tal atitude acarreta consequências que
ultrapassam a relação empregador e empregado, a configuração do dano moral coletivo nas
relações laborais preceitua a reparação individual do trabalhador, e, também, à reparação do
dano moral coletivo. Inclusive, pioneiramente, é isso que os magistrados da Justiça do
Trabalho de Minas Gerais e Goiás estão aplicando.
A prática do Dumping Social interno alastrou-se de tal forma que não foi difícil
alcançar a esfera da Justiça do Trabalho. Os empregados, sentindo-se lesados, começaram a
procurar tal Justiça na intenção da solução de suas lides. Desde 2007 surgiram julgados sobre
o Dumping Social nesse tribunais especializados. Pioneiramente, a punição do Dumping
Social teve início nos Tribunais Regionais do Trabalho de Minas Gerais e Goiás.
O Dumping Social e outros meios dolosos na relação trabalhista, deixa claro que,
além destes trabalhadores estarem sendo diretamente lesados, ainda há uma lesão a própria
sociedade. As empresas que se valem desses meios, rotineiramente diminuindo os custos da
produção e maximizando seus lucros ilegalmente, pratica a concorrência desleal, deixando os
demais empresários em uma situação insustentável e o reflexo disso, sem dúvida, alcança toda
a sociedade.
Diante dos fatos narrados em juízo pelos empregados lesados, os magistrados
trabalhistas começaram a perceber que não somente aquele específico indivíduo estava sendo
ludibriado. Estava-se diante de uma situação que alcançava todos os indivíduos das empresas
que adotavam essas práticas ilícitas, como, também, estavam gerando reflexos na própria
sociedade.
Assim sendo, constituídos em sua competência, começaram a deferir além dos
direitos trabalhistas do reclamante uma indenização suplementar pela prática do dumping,
pois não se pode admitir o lucro longínquo da responsabilidade social.
Dessa forma, após inúmeras decisões em juízo nesse mesmo sentido, concluiu-se
que tratava-se aqui de um dano moral coletivo, não somente aos empregados, não somente à
sociedade, mas englobava-se todo o conjunto.
3.1 O Dano Moral Coletivo
A sociedade é o conjunto de pessoas que vivem em uma sociedade organizada.
Ela pode ser vista como um grupo de pessoas com semelhanças étnicas, culturais, políticas
e/ou religiosas ou mesmo pessoas com um objetivo comum.
Nesse sentido,
“Em muitos casos, o interesse do jogo, comum a uma pluralidade indeterminada (e praticamente indeterminável) de pessoas, não comporta decomposição num feixe de interesses individuais que se justapõem como entidades singulares, embora análogas. Há, por assim dizer, uma comunhão indivisível de que participam todos os possíveis interessados, sem que se possa discernir, sequer idealmente, onde acaba a “quota” de um e começa a de outro. Por isso mesmo, instaura-se, entre os destinos dos interessados, tão firme união, que a satisfação de um só implica de modo necessário a satisfação de todas; e, reciprocamente, a lesão de um só constitui, ipso facto, lesão da inteira coletividade”. (BITTAR FILHO, 2008, p.1 apud MOREIRA, 1984, p.24)
Segundo Ministério Público do Trabalho, o dano moral coletivo caracteriza-se
quando um ato ou comportamento compromete valores e interesses coletivos fundamentais,
mesmo que estes atos não concretizem-se em sequelas físicas ou mentais para membros da
coletividade.
Assim sendo,
O dano moral coletivo caracteriza-se pela injusta lesão moral de uma dada comunidade, a violação antijurídica de um determinado círculo de valores coletivos. (...) E, em razão da indisponibilidade dos direitos difusos, as pretensões para a defesa do dano moral coletivo são imprescritíveis, já que o interesse é indisponível. (SILVA e MANDALOZZO, 2010, p.4)
Na esfera trabalhista não poderia ser diferente, pois, frequentemente, os
empregadores agem de forma a gerar esse dano moral coletivo decorrente da relação laboral.
Especificamente, o dano moral coletivo decorrente do fenômeno dumping social, fere
frontalmente o ar. 1º, incisos III e IV da Constituição Federal de 1988, que reza:
Art.1º. CF/88. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se como Estado Democrático de Direito e tem como fundamento: III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
Fere também, o artigo 170, do mesmo instituto, que protege a ordem econômica:
Art.170. CF/88. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conformes os ditames da justiça social(...).
A Lei Magna Brasileira afirma que a ordem econômica no Brasil deve ser paltada
na valorização do trabalho humano, almejando garantir a Justiça Social. Além do direito
basilar da dignidade da pessoa humana, a prática do dumping social, fere o equilíbrio da
ordem econômica, pois, projeta a empresa que desvia-se de suas obrigações junto a seus
empregadores, colocando-a em uma posição ilicitamente favorável.
Efetivamente, essa situação caracteriza a concorrência desleal, veementemente
repudiada no mercado. Sendo assim, a prática do Dumping Social é condenável, pois, não se
pode conceber o lucro dissociado da responsabilidade social e, muito menos, a lesão contínua
das leis trabalhistas.
A prática decorrente da situação acima descrita, nitidamente não apenas lesa
àquele indivíduo do qual o direito foi suprimido, nem mesmo, somente o grupo de indivíduos
do qual ele faz parte e compartilha essa supressão. A situação gera uma conseqüência em toda
a sociedade e, aquele que a lesa, deve ser obrigado a reparar não somente o indivíduo ou
grupo de indivíduos, mas sim, deverá indenizar a representatividade do todo.
Segundo Bittar Filho (2009, p.1) apud Silva e Mandalozzo (2010, p.4), por esse
motivo, quando o erário de uma determinada sociedade é atingido do ponto de vista jurídico,
não é há que se falar em responsabilização exclusiva do fato violador, fazer-se-á necessário a
reparação do dano moral coletivo, por tratar-se de direitos difusos indisponíveis.
Vale ressaltar que a configuração do dano moral coletivo nas relações laborais não
depende de manifestação concretizada do dano, pois, se este é percebido coletivamente,
representa uma consequência de procedimento ilícito sucedido.
Sendo assim, esta poderá ser presumida. E necessário que comprove-se o nexo de
causalidade da ação ilícita com o dano aos trabalhadores, o infrator poderá ser penalizado à
reparação individual e coletiva.
3.2 Medidas Antindumping
Se dentro dos Tribunais essa prática está sendo punida, o Estado também vem
tomando atitudes para dissipar o dumping, ou seja, as medidas antidumping.
As medidas antindumping normalmente causam um desagradável mal estar entre
os países que as adotam. Isso porque, a proteção do mercado interno, mesmo nessas
determinadas situações, podem abalar outros mercados que nele atuam. Imagine se todos os
mercados adotassem discriminadamente essas medidas, haveria certamente um caos no
mercado internacional capaz até, de evoluir para uma “guerra”, como ou sem armas.
Pensando nisso, a OMC (Organização Mundial do Comércio), editou um acordo
em 2002 no MERCOSUL, o MERCOSUL/CMC/DEC. Nº 13/02 (2002, p.1), que está
vigente. Este acordo deu efetividade ao Acordo Antindumping (AAC) aprovado pelo Decreto
Legislativo n.º 30, de 15.12.94, promulgado pelo Decreto n.º 1.355, de 30.12.94 e
regulamentado pelo Decreto N° 1.602, de 23.08.95.
O Decreto N° 1.602/95, objetiva limitar a discricionariedade dos Estados na utilização
dessas medidas, garantindo um igual tratamento entre todos as partes internacionais para a
preservação da liberdade de comercializar. Assim sendo, adveio para tentar coibir a prática do
dumping, e, ao mesmo tempo, constituir discernimentos mais rigorosos para sua utilização.
Tomazette (2008, p.121) afirma que as medidas antidumping é um meio de defesa
comercial da indústria nacional. Elas constituem um valor adicional a ser depreendido nas
importações de mercadorias objetos do dumping quer estejam causando um dano, em sentido
amplo, à indústria nacional. É uma espécie de indenização paga. Apesar de não remediar a
situação, impõe um ônus a ela. Assim sendo, os direitos antidumping “constituem imposição
paratarifária de intervenção no domínio econômico, fundada na função de incentivo do
Estado” (BARRAL apud TOMAZETTE, 2008, p.128)
As medidas antindumping se fazem necessárias nesse cenário. Apesar de
inúmeros autores ressaltarem o mal estar que elas causam no âmbito internacional, não pode-
se apenas focar nesse aspecto e permitir as inúmeras prática de dumping, inclusive a social,
que ludibriam os direitos dos trabalhadores lhes usurpando gozar de benefícios historicamente
conquistados.
Além da indenização que vêem alcançando a conta bancária de muitas dessas
empresas, o Estado também vem adotando outros meios de punir e impedir que essa prática
aconteça, são elas: medidas de ofício (magistrados); e medidas do Ministério Público do
Trabalho como a instauração de Inquérito Civil Público e Ação Civil Pública.
Juridicamente, a reparação do dano moral coletivo possui sua proteção no dano
moral individual. A Justiça do Trabalho utiliza-se subsidiariamente da legislação civil no que
é viável quando o caso exige. A Teoria adotada é a subjetiva e está exposta no Código Civil
de 2002 em três artigos.
O Código Civil de 2002 afirma que quem violar direito de outrem, mesmo que
sem o dolo, cometerá ato ilícito, in verbis:
Art.186. CC/2002. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito ou causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, cometer ato ilícito.
Também o artigo 187 do mesmo instituto refere-se a mesma temática:
Art. 187. CC/2002. Também comete ato ilícito o titular de direito que, ao exercê-lo, excede manifestadamente os limites impostos pelo seu fim econômico e social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
E, finalizando, o artigo 927, remetendo-se aos 186 e 187 do Código Civil de 2002,
determina que além de responder por ato ilícito, aquele que causar dano a outrem ficará
obrigado a reparar o dano, ipsis verbis:
Art.927. CC/2002. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo Único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos específicos em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, riscos para os direitos de outrem.
Assim, protegidos juridicamente pela legislação civil, conclui-se que poderão ser
aplicadas tanto medidas de ofício quanto ações do Ministério Público para coibir e punir a
prática do dumping social.
3.2.1 - Medidas de Ofício
Alguns doutrinadores laborais, como Jorge Luiz Souto Maior (2006, p.4),
amparam que quando efetivamente nota-se a presença do dumping social, o magistrado, de
ofício, pode condenar a empresa ao pagamento de uma “indenização complementar” como
permite o art. 404 do Código Civil Brasileiro, ipsis litteris:
Art.404. CC/2002. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional. Parágrafo Único. Provados que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.
Segundo Silva e Mandalozzo (2010, p.4), a idéia desses autores que defendem a
aplicação da indenização suplementar é que, ao tornar-se frequente as supressões dos direitos
trabalhistas por determinada empresa, esta passa a desobedecer não somente a legislação
laboral específica, mas, também, a composição do Estado Social e o capitalismo.
Assim sendo, no caso concreto, presente a relação empregatícia singular e o dano
ultrapassar esta esfera, poderá o juiz de ofício, determinar o pagamento dos direitos
individuais e um valor indenizatório excedente que será revertido para uma função do Estado.
Pois, nem sempre, o valor atualizado do devido é suficiente para reparar materialmente e
moralmente o trabalhador e a sociedade.
As decisões de indenizações suplementares só não são ainda mais freqüentes por
duas situações: a primeira porque só a pouco, ano de 2008, a prática do dumping social vem
sendo advertida na Justiça do Trabalho; a segunda decore do fato que a maioria dos juízes de
primeiro grau se julgam competente apenas para arbitrar o dano moral individual do
trabalhador lesado. Nesses casos onde o juiz singular não condena a multa do dano moral
coletivo, sua obrigação é oficiar o Ministério Público do Trabalho para que este, defensor dos
interesses sociais, tome as medidas necessárias e oportunas.
A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA),
em seu enunciado nº 4 da 1ª Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho
(2007, p.1), reconheceu a prática do dumping social com um ato ilícito e reconheceu a
possibilidade do arbitramento da indenização suplementar.
“Dumping Social”. Dano à sociedade. Indenização suplementar. As agressões reincidentes e inescusávies aos direitos trabalhistas geram um dano à sociedade, pois com tal prática desconsidera-se, propositalmente, a estrutura do Estado social e do próprio modelo capitalista com a obtenção de vantagem indevida perante a concorrência. A prática, portanto, reflete o conhecido “dumping social”, motivando a necessária reação do judiciário trabalhista para corrigi-la. O dano à sociedade configura ato ilícito, por exercício abusivo do direito, já que extrapola limites econômicos e sociais, nos exatos termos dos arts. 186, 187 e 927 do Código Civil. Encontra-se, no art.404 de ordem positiva para impingir ao agressor contumaz uma indenização suplementar, como, aliás, já previam os ar,s652, d, e 832, parágrafo 1º, da CLT.(Enunciado nº4 da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho ANAMATRA)
Assim sendo, quando surgir na prática, caso concreto do exercício do dumping
social, inclusive violando nosso princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, o juiz
poderá de ofício condenar o pagamento da indenização suplementar. O magistrado representa
o Estado e seu dever é punir, dentro nos limites legais que lhe são concebidos, quaisquer
ações que exponham os direitos fundamentais dos cidadãos.
A Justiça do Trabalho apoderou-se do direito de usufruir do direito comum como
fonte subsidiária desde a promulgação da Consolidação das Leis Trabalhistas em 1943
(CLT/43). O art. 8º, parágrafo único, da CLT exige somente que a aplicação desta
subsidiariedade não comprometa os princípios da justiça especializada.
Observa-se, in verbis:
Art. 8º. CLT/43. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste.
Neste sentido, caminham inúmeras decisões já demonstradas aqui neste estudo
nos casos concretos do capítulo anterior.
3.2.2 - Medidas do Ministério Público do Trabalho
A Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 127, da legitimidade ao
Ministério Público de defender os interesses coletivos.
Art. 127. CF/88. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
Juridicamente, existem duas maneiras para que ele possa concretizar seu papel: a
primeira, judicialmente, por meio da ação civil pública, onde atuará como fiscal da lei ou
parte; a segunda, na via administrativa, por meio do inquérito civil público, que poderá ser
meio de prova para a própria instauração da ação civil pública quando o promotor julgar
necessário.
Vale ressaltar que, no caso específico que trata este estudo, a ocorrência do
dumping social na esfera laboral, somente o Ministério Publico do Trabalho terá a titularidade
de ambas formas de defesa, judicialmente ou administrativamente. Isso se deve ao fato da
própria Constituição Federal ter guardado esta função institucional ao Ministério Público.
Art.129. CF/88. São funções institucionais do Ministério Público: III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
A seguir, de forma resumida, como proceder-se-á estas duas ferramentas de defesa
possíveis do Ministério Público realizar.
A) Inquérito Civil Público
Segundo Silva e Mandalozzo (2010, p.5) o Inquérito Civil Público é fase
extrajudicial e, como já dito anteriormente, ocorre na esfera administrativa. Aqui não há
contraditório, acusação ou penalidade, busca-se tão somente o levantamento e investigação
dos fatos. Seu objetivo é a produção de provas da lesão aos interesses coletivos da relação
laboral.
O procedimento é instaurado, passa pela fase de instrução e encerra-se com a
conclusão fundamentada em um relatório final que determinará, ou não, a instauração da ação
civil pública.
Caso não seja comprovada a lesão aos interesses coletivos, o inquérito é
arquivado, caso existam informações satisfatórias à ocorrência de lesão, o relatório final
seguirá ao Ministério Público do Trabalho, e este, detentor da ação civil pública, realizará seu
ajuizamento.
B) Ação Civil Pública
A Ação Civil Pública foi citada inicialmente no art. 3º, III, da Lei Orgânica
Nacional do Ministério Público (Lei complementar federal nº 40, de 13.12.81),que dispõe in
verbis:
Art. 3º - São funções institucionais do Ministério Público: I - velar pela observância da Constituição e das leis, e promover-lhes a execução; II - promover a ação penal pública; III - promover a ação civil pública, nos termos da lei.
Posteriormente a Lei 7.347/85, a ação civil pública é tratada como ação de
responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor e a valores culturais.
Assim sendo, Salles (2012, p.1) define que “A ação civil pública é um
instrumento processual, de ordem constitucional, destinado à defesa de interesses difusos e
coletivos “.
A Lei Complementar 75/93, em seu art. 83, reserva o direito ao ajuizamento da
ação civil pública na Justiça do Trabalho:
Art. 83. Lei 75/93. Compete ao Ministério Público do Trabalho o exercício das seguintes atribuições junto aos órgãos da Justiça do Trabalho: III - promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos;
Para a reparação do dano moral coletivo, o amparo está paltado na Lei da Ação
Civil Pública (Lei 7.347/85), art. 1º, IV e V.
Art.1ª. Lei 7.347/85. Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: IV- a qualquer outro direito difuso e coletivo; V – por infração da ordem econômica.
E, também, no Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), art. 6º e 81.
Art. 6º. CDC/90. São direitos básicos do consumidor: VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
VII – o acesso aos órgãos do judiciário e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados.
Silva e Mandalozzo (2010, p.6) afirmam que no caso específico deste estudo,
dumping social, a lesão sofrida ultrapassa a esfera individual. A reparação ocorrerá
individualmente e coletivamente na busca de resguardar-se os valores morais da coletividade.
“A ação civil pública na Justiça do Trabalho é processo exclusivamente impulsionado pelo
Ministério Público do Trabalho” (SILVA e MANDALOZZO, 2010, p.6).
A ação civil pública na Justiça do Trabalho é proposta da mesma forma que uma
ação trabalhista. Em regra, o foro competente será o do lugar onde ocorreu o dano ao direito
coletivo. O procedimento será o ordinário, já que uma das partes é o Ministério Público do
Trabalho que, mesmo não estando inserido em um dos poderes, representa o interesse da
coletividade, o Estado.
Quanto a sentença, segundo Silva e Mandalozzo (2010, p.6), poderá ser de
natureza condenatória, declaratória, constitutiva, cautelar, de execução ou mandamental.
A lei 7.347/85, em seu art.3º, permite as duas formas de condenações: “A ação
civil pública poderá ter objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer”.
Quando a condenação for de uma obrigação de fazer ou não fazer, o juiz poderá
arbitrar uma multa diária em caso de descumprimento. Quando a condenação for em dinheiro,
este deverá ser compensador para a sociedade e punitiva para o ofensor e, o valor pago, será
revertido ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), como corroborou o caso concreto
número 4 do capítulo anterior.
Em suma, mediante quaisquer uns dos procedimentos acima citados, o importante
é garantir eficazmente a efetividade dos direitos gerais e específicos do trabalhador,e, segundo
demonstrado, tanto o juiz singular das varas da Justiça do Trabalho, quanto, o Ministério
Público, detentor da função institucional da defesa dos direitos coletivos, possuem, papel
insubstituível nela luta contra a precarização dos direitos laborais, ou não, dos cidadãos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O homem é um ser social. A visão primordial do Direito Laboral é a melhoria das
condições dos trabalhadores garantindo a produção de riquezas, a satisfação do ser humano e
a ordem sócio econômica.
O Direito do Trabalho possui um caráter modernizante, pois, a cada dia, atua
como um instrumento civilizatório para o aprimoramento das condições de trabalho,
adequando-se, frequentemente, à sociedade e ao mundo no qual está inserido.
Neste contexto, compete ao Estado o poder fiscalizador e punitivo das relações do
trabalho e a defesa dos interesses dos trabalhadores, ou seja, a aplicação das regras
historicamente construídas do Direito do Trabalho no intuito de evitar o desequilíbrio
contratual.
Assim sendo, qualquer ação ou omissão das partes presentes na relação do
trabalho que desrespeite as normas trabalhistas e gere conseqüências maléficas individuais e
coletivas devem ser prontamente punidas. O Dumping Social é uma dessas formas
encontradas pelos empregadores de tentar precarização as relações de trabalho no intuito de
maximizar os lucros.
Mesmo proibido, a prática do Dumping Social é recorrente no meio trabalhista
brasileiro, e, essa violação jurídica, fere não somente o trabalhador diretamente lesado, ou
grupo de trabalhadores lesados, mas sim, toda a sociedade indiretamente envolvida no
contexto da fraude.
A afronta no caso em questão é ao princípio base do direito, Princípio da
Dignidade da Pessoa Humana e à própria Constituição Federal Brasileira que se funda na
ordem econômica e na valorização do trabalho humano com o objetivo de assegurar a todos
existência digna conforme almeja a justiça social.
A esperança é perceber que, a Justiça do Trabalho, ao deparar-se com essa
situação, desde ao ano de 2008 busca meios de impedir e punir àqueles que reiteradamente
apelam à essas práticas fraudulentas.
Em suma, apesar de 70% dos trabalhadores brasileiros estarem sendo lesados de
alguma forma (índice assustador), pode-se perceber que o Estado e a Justiça do Trabalho, por
meio de seus magistrados e o Ministério Público do Trabalho, não estão de olhos fechados
para situação. Percebe-se a tentativa de se impedir a prática do Dumping Social e,
consequentemente, a contínua lesão dos direitos trabalhistas.
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DECLARAÇÃO E AUTORIZAÇÃO
Eu, LIDIANE BRAGA DE ALMEIDA, portador (a) da Carteira de Identidade nº
4304800, emitida pelo Departamento Geral da Polícia Civil, inscrita no CPF sob nº
005.929.421-39, residente e domiciliada na Avenida Contorno, Quadra 569, Lote 22, Setor
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Conclusão de Curso: DUMPING SOCIAL E SEUS EFEITOS SOCIAIS E
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Lidiane Braga de Almeida
Goiânia (GO), 17 de Abril de 2012.