dm mariareis 2011

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Mestrado em contabilidade e Finanças A importância da contabilidade analítica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortiça Maria de Fátima Gomes dos Reis Dissertação para obtenção de Grau de Mestre em Contabilidade e Finanças Orientador: Mestre António Gonçalves da Silva Porto, 2011 INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO

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Materia de Contabilidade de Custos I & II

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  • Mestrado em contabilidade e Finanas

    A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e

    indireto numa microempresa do setor da cortia

    Maria de Ftima Gomes dos Reis

    Dissertao para obteno de Grau de Mestre em

    Contabilidade e Finanas

    Orientador: Mestre Antnio Gonalves da Silva

    Porto, 2011

    INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAO DO PORTO

    INSTITUTO POLITCNICO DO PORTO

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    II

    Resumo

    A principal motivao para a realizao desta de tese de mestrado, prende-se com a

    necessidade de saber at que ponto, a Contabilidade analtica importante na tomada de

    decises de uma microempresa.

    O objetivo principal deste estudo o clculo do custo da produo da empresa, tendo

    como pressuposto as tcnicas de custeio do mtodo direto em confronto com o mtodo

    indireto.

    O contrabalano entre os benefcios e os custos desta aplicao sero tambm

    analisados com rigor.

    Um enquadramento a nvel microeconmico ser importante para analisar a importncia

    desta empresa no mundo empresarial envolvente.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    III

    Resume

    The main motivation for this master thesis, deals with the need to know to what extent,

    the cost accounting is important in the decision making of microenterprise.

    The main objective of this study is the calculation of cost of production of the company,

    with the assumption techniques costing the direct method in comparison with the

    indirect method.

    The counterbalance between benefits and costs of this application will also be analyzed

    rigorously.

    A micro-level economic framework will be important, to analyze the importance of this

    company in the business environment.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    IV

    Dedicatria

    Ao meu querido marido Jos e nossa linda filha Maria. Sem vocs esta Dissertao

    de Mestrado no seria possvel.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    V

    Agradecimentos

    Os meus agradecimentos vo primeiramente para os scios gerentes da nossa empresa

    do estudo de caso. Depois para todas as empresas que amavelmente me cederam os

    seus dados internos. Por fim para a Associao Portuguesa de Cortia (APCOR) que

    me apoiou a nvel terico.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    VI

    Abreviaturas

    APCOR Associao portuguesa de cortia

    CA Custos administrativos

    Cal Calibre

    CC Custo complexivo

    CD Custos distribuio

    CET Custo econmico tcnico

    CF Custos financeiros

    CI Custo industrial

    CIPP Cdigo internacional de prticas rolheiras

    CT Custo de transformao

    Ct Custo total

    CU Custo unitrio

    E Externo

    EGF Encargos gerais de fabrico

    g Gramas

    GC Gastos comerciais

    h horas

    I Interno

    IVA Imposto sobre o valor acrescentado

    Ln Logaritmo

    m minutos

    MD Mtodo direto

    MI Mtodo indireto

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    VII

    MOD Mo-de-obra direta

    MP Matrias-primas

    MPD Matria-prima direta

    P Preo

    PC Preo de custo

    PM Preo mdio

    pn Preo de n

    pu Preo unitrio

    PV Preo de venda

    Q Procura

    Qd Quantidade procurada

    qdn Quantidade procurada

    qds Quantidade oferecida

    Qs Quantidade oferecida

    R - Resultado

    s segundos

    S Oferta

    SNC Sistema de normalizao contabilstica

    Sup. - Superior

    Trab Trabalhadores

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    1

    ndice

    Captulo I

    1.1 Introduo

    4

    Captulo II

    2.1 Evoluo histrica da matria-prima e produto cortia a nvel nacional

    e mundial

    2.1.1 A matria-prima e a sua evoluo histrica em Portugal

    6

    9

    Captulo III

    3.1 Breve resenha da histria da Contabilidade Industrial

    3.1.1 Histria da Contabilidade analtica

    3.1.2 Contabilidade analtica em Portugal

    3.1.3 A poca da Contabilidade Industrial

    3.2 A Contabilidade analtica

    3.2.1 Os mtodos de apuramento do custo de produo

    3.2.1.1 Mtodo direto ou de custeio por tarefas

    3.2.1.2 Mtodo indireto ou de custos por processos

    3.3 Tipos de produo

    3.3.1 Produo conjunta

    3.4 Componentes do custo

    12

    12

    13

    15

    16

    17

    17

    18

    19

    19

    20

    Captulo IV

    4.1 Estudo microeconmico do setor e empresa

    4.1.1 Funo procura de mercado

    4.1.2 Funo oferta alargada

    4.1.3 Funo oferta de mercado

    4.1.4 Equilbrio

    4.1.5 Equilbrio do mercado

    4.2 Anlise microeconmica do mercado do setor da cortia

    4.2.1 Estudo microeconmico do calibre 38x24

    4.2.2 Estudo microeconmico do calibre 45x24

    4.2.3 Estudo microeconmico do calibre 49x24

    4.3 Estudo da empresa a nvel microeconmico

    4.4 Anlise da importncia da empresa no seu meio envolvente seus

    parceiros e concorrentes

    4.4.1 A importncia das microempresas

    4.5 Clculo do custo de produo pelo mtodo direto e o mtodo indireto

    4.6 Sistema produtivo

    4.7 Clculo do custo da produo da empresa pelo mtodo direto

    4.7.1 Clculo do custo da produo pelo mtodo direto de janeiro

    4.7.2 Clculo do custo da produo pelo mtodo direto de fevereiro

    4.7.3 Clculo do custo da produo pelo mtodo direto de maro

    4.8 Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto

    25

    25

    26

    26

    26

    27

    27

    29

    30

    31

    32

    33

    33

    35

    36

    42

    42

    43

    45

    46

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    2

    4.8.1 Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto de janeiro

    4.8.2 Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto de fevereio

    4.8.3 Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto de maro

    4.9 Contraposio entre o mtodo direto e o mtodo indireto

    4.10 Anlise dos resultados obtidos

    4.11 Contraposio dos resultados obtidos com a tomada de deciso

    4.12 O processo de tomada de deciso

    46

    49

    51

    53

    53

    56

    57

    Concluso

    61

    Bibliografia

    63

    Anexos A Estudo microeconmico

    A1

    A4

    Anexos B - Custo da produo pelo MD de janeiro

    B1

    B8

    Anexos C - Custo da produo pelo MD de fevereiro

    C1

    C6

    Anexos D - Custo da produo pelo MD de maro

    D1

    D5

  • Captulo I

    Introduo

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo I

    4

    1.1 - Introduo

    Sobreiro ou rvore da casca, era assim denominada pelos antigos autores. Com

    caractersticas especiais, esta casca veio sculos depois, dar origem a uma das indstrias

    mais rentveis em Portugal.

    A atividade corticeira na realidade s teve o seu incio no sculo XVIII, com o

    surgimento do vinho engarrafado, mas a relao da humanidade com a cortia existe

    desde os primrdios da histria. Em Portugal esta atividade passou a ser um dos

    motores da nossa economia.

    Neste estudo as microempresas e a rolha natural1 sero as figuras centrais. O ano de

    2010 foi um ano em que o preo da rolha natural supostamente diminuiu. Realizaremos

    uma anlise microeconmica do sector para verificarmos que preos foram praticados

    em 2010. Esta anlise foi realizada atravs de inquritos dirigidos s empresas

    produtoras de rolha natural. Este estudo incidir nos trs calibres de rolha natural mais

    produzidas e comercializadas no setor: 38x24, 45x24 e 49x24. Posteriormente,

    compararemos os valores do mercado com os valores da empresa do estudo de caso.

    . Para produzir rolha natural necessrio muita mo-de-obra, entre outros custos

    associados. Surge assim a necessidade de calcular o custo da produo. O Estudo de

    caso ir realizar-se numa microempresa do setor. Aqui poderemos estudar a importncia

    da contabilidade analtica no dia-a-dia da empresa. Tentaremos demonstrar que estamos

    na presena de uma boa ferramenta de apoio gesto.

    1 - Designa-se assim dado que no terceiro quartel do Sculo XX, surgiu a rolha tcnica, que uma rolha que tambm designada de cortia, mas no cem por cento cortia natural (v. g., rolhas para vedar garrafas de

    espumante/champanhe e as rolhas designadas cem por cento de basto ou as conhecidas rolhas 1 + 1.

  • Captulo II

    Evoluo histrica da matria-

    prima e produto cortia a nvel

    nacional e mundial

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo II

    6

    2.1 - Evoluo histrica da matria-prima e produto cortia a nvel

    nacional e mundial

    O sobreiro uma rvore que data da Era terciria, do perodo Oligoceno, pensando-se

    ter surgido na regio do mar Tirreno e mais tarde progressivamente migrado para as

    atuais localizaes. O habitat natural desta espcie situa-se na zona mediterrnica

    ocidental Europeia e do Norte de frica tendo fracassado todas as tentativas de

    implementao noutras regies. Os antigos autores chamavam ao sobreiro a rvore da

    casca. Segundo (Natividade, J.V., 1938) a cortia a casca ou parnquima suberoso

    que se forma no sobreiro, constituindo o revestimento do seu tronco e ramos. uma

    rvore com um grande poder de regenerao. O tempo de vida do sobreiro situa-se entre

    os 150 e 200 anos. Durante a sua vida a cada sobreiro so-lhe feitos cerca de 16

    descortiamentos intercalados por perodos de 9 anos (segundo o Decreto-Lei n.

    169/2001). O descortiamento o nome que se d ao processo de extrao da casca do

    sobreiro. Este processo d-se entre meados de maio e princpios de junho at ao fim de

    agosto. So necessrios 25 anos at que o sobreiro comece a produzir cortia rentvel. O

    primeiro descortiamento denomina-se desboia e nesta altura que se obtm a chamada

    cortia virgem. Esta cortia ser utilizada para pavimentos e isolamentos, pois no

    possui as caractersticas necessria para a produo da rolha.

    Descortiamento

    Fonte: APCOR

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo II

    7

    Macroscopicamente a cortia um material leve, elstico e praticamente impermevel a

    lquidos e gases, isolante trmico, eltrico, absorvente acstico e vibrtico, apresenta a

    capacidade de ser comprimido sem expanso lateral2.

    Segundo (Honegger,P.J., 1968) microscopicamente, a cortia constituda por camadas

    de clulas mortas de aspeto alveolar, cujas membranas celulares possuem um certo grau

    de impermeabilizao e esto cheias de um gs, o que lhe confere as suas particulares

    propriedades.

    principalmente uma matria cem por cento natural, reciclvel e biodegradvel.

    Tudo indica que desde que o homem passou a produzir e a consumir vinho, a cortia

    comeou a ser utilizada como vedante, por consequncia.

    Segundo (Annimo, 1992) num artigo de 1914 refere-se que a prova do mais antigo

    uso da rolha se deve ao Prof. Flinders Petrie, que em 1911 descobriu o mais velho

    espcime conhecido. Esta rolha foi encontrada no gargalo de uma nfora romana,

    tendo sido descobertas solas de cortia em escavaes efetuadas na antiga cidade de

    Havara, no alto Egito, que se supe terem sido enterradas no ano 200.

    Mas existem vrias outras referncias relativas utilizao da cortia. Na Grcia em

    (372-287 a.C.) o filsofo Teofrasto mencionou, nos seus trabalhos sobre botnica a

    faculdade que o sobreiro possui para renovar a casca que lhe retirada. Este refere

    tambm na sua Histria Natural das plantas que na Itlia j se fabricavam vedantes de

    cortia.

    Os Romanos, alargaram o leque de utilizao da cortia.

    So exemplo disso a recomendao de Marco Terncio Varro (116-27 a.C.), e o

    tcnico agrcola Lcio Columela (sculo I) para a utilizao de cortia nos enxames de

    abelhas devido a esta ser m condutora de calor.

    Gaio Plnio, o velho (cerca de 79-23 a.C.) menciona na sua histria Natural (sculo I), a

    utilizao da casca do sobreiro nos cabos de ncoras, nas redes de pesca, como vedantes

    das vasilhas, no fabrico de calado de mulher prprio para o inverno e na cobertura de

    2 Quando a cortia comprimida, as suas clulas encurvam e dobram, no lhe conferindo praticamente qualquer dilatao lateral, havendo uma posterior recuperao devida ao do gs comprimido no interior das clulas.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo II

    8

    habitaes com pranchas. Os pescadores usavam ainda este produto como coletes de

    salvao. Plnio explica tambm que na Grcia o sobreiro era adorado como smbolo de

    liberdade e honra, tendo somente os sacerdotes autorizao para o cortarem.

    O mdico grego Dioscrides (sculo II) menciona algumas aplicaes medicinais do

    tecido suberoso do sobreiro, uma das quais para a queda de cabelo. O sobreiro era

    consagrado a Jpiter pelos Gregos e pelos Romanos, como smbolo de valor.

    No museu de Histria da Enologia de Pessione (Turim) existe uma ampola de vidro do

    ltimo sculo a.C., que foi encontrada em Efeso (Grcia) rolhada e contendo vinho.

    Mais de quarenta sculos se passaram entre as antigas referncias de aplicao da

    cortia e o despertar da indstria rolheira. Segundo (Annimo, 1988) a arte de

    engarrafar d-se no sculo XVII, a pelo ano de 1680, em que o frade beneditino francs

    Dom Pierre Prrignon (1639-1715), procurador da abadia de Hautvillers, perto de

    pernay (Champagne), a quem se deve o processo de champanhizao. Ele verificou

    que, com frequncia, saltavam dos recipientes com espumante os tampes de madeira

    envoltos em cnhamo embebido de azeite. Ento experimentou trocar os tampes de

    madeira por rolhas de cortia inicialmente revestidas com cera e presas ao gargalo por

    um arame ou cordo. Estava dado o primeiro passo na descoberta de um vedante que se

    viria a prolongar o seu uso at aos nossos dias, no engarrafamento de vinhos. E assim o

    vieram a adotar empresas vincolas como Ruinart de Reims, em 1729 e a Mot et

    Chandon, em 1743.

    Segundo (Bernardo, H.B., 1945) as primeiras rolhas eram fabricadas apenas de cortia

    virgem, tendo-se tornado mais eficientes, perfeitas e baratas com a utilizao de cortia

    amadia. A primeira cortia para rolhas foi usada em Frana e tudo indica ser

    proveniente das Landes, Var e Pirinus Orientais. Na provncia de Gerona, junto

    fronteira francesa, na povoao de Angullane, em 1750, surge a primeira unidade fabril

    de fabrico de rolhas, que marca o incio da industrializao da cortia.

    Mas a histria continua, surge durante os segundo e terceiro quartis do sculo XIX

    uma diminuio de fabricao de rolhas, devido sua pouca rentabilizao, tendo at

    surgido durante esse perodo processos de vedao mais econmicos ou simplesmente

    mais atraentes aos olhos, situao que afetou gravemente a industria rolheira que s

    pode usar a cortia amadia e por isso s aproveitava daquela matria-prima, cerca de

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo II

    9

    25% - fato que trouxe, durante algum tempo, o desinteresse pela subericultura, dado que

    75% seria resduo. Tudo se altera em 1891, poca em que o norte-americano John Smith

    descobriu a possibilidade de fabricar o aglomerado da cortia. Era um virar de pgina de

    cerca de 50 anos indesejados, pois a partir dessa data passaram a ter utilizao no s as

    aparas da indstria rolheira, mas tambm as cortias tidas at ento sem valor comercial.

    2.1.1 - A matria-prima e a sua evoluo histrica em Portugal

    H conhecimento de a espcie fssil mais antiga de sobreiro rondar os 10 milhes de

    anos, localizado na bacia hidrogrfica do Rio Tejo.

    Estudos realizados indicam que em Portugal, a Noroeste e na faixa litoral entre Ovar e

    Peniche, o sobreiro teria tido um papel mais importante do que atualmente. No centro

    sul do pas, tal no aconteceu vingando at o sculo XVIII, altura em que a valorizao

    da cortia fez nascer a subericultura. Segundo (Dumas, H., 1988) os bosques na altura

    estavam sujeitos a queimadas frequentes e s serviam para realizar montarias, sendo o

    sobreiro apenas importante pela sua madeira e pelo seu fruto.

    Do tempo da ocupao romana conservam-se alguns utenslios de cortia. Desde ento

    at ao sculo XII a falta de significativos artefactos corticeiros, por sua natureza

    indestrutveis, leva a concluir ser escasso o uso da casca de sobreiro, apesar da

    imemorial radicao deste em territrio portugus.

    Mas, logo nos alvores da nacionalidade, sabe-se que ele tinha aplicao na indstria da

    construo (incluindo a naval) e na utilizao da bolota como alimento para o gado

    porcino. H referncias defesa da produo da lande desde os costumes de Castelo

    Rodrigo Castelo Maior (1209). Segundo (Vieira, J.A.N., 1988) Portugal foi um dos

    pioneiros em matria de legislao ambiental sendo esta a espcie que mais legislao

    teve at atualidade em Portugal. No sculo XIV j o sobreiro ocupava lugar de relevo

    na economia nacional, o que levou promulgao de leis para proteo dos montados

    de sobro. Segundo (Bernardo, H.B., 1948) foi com Dom Dinis, pelo ano de 1320, tomou

    medidas severas contra o que estratava os meus soverais que andavam cernados e

    escacados. No reinado de Dom Fernando a cortia era um produto com maior relevo

    entre os exportadores pelo porto de Lisboa.

    Do sculo XIV para o sculo XV acentuou-se a importncia da cortia. Segundo

    (Martins, E., 1945) em 1456 foi concedido a um mercador estrangeiro o monoplio da

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo II

    10

    exportao da cortia, por um perodo de 10 anos. Mas logo, em 1459, os representantes

    do povo, nas cortes de Lisboa reclamaram contra este privilgio. No tendo sido

    atendidos, voltaram carga nas cortes de 1481-1482, 1490 e 1492.

    O rei Dom Manuel deu-se por convencido e, em 1498, declarou que os contratos

    existentes relativos cortia no seriam renovados, uma vez expirados os prazos. Isto

    para se dizer, que desde o princpio da nacionalidade at ao sculo XVI, se verifica um

    antagonismo entre os interesses dos reis e senhores das terras.

    Segundo (Lissia, F; Pes, A., 1984) rolha da cortia tornou-se conhecida em Portugal

    pelo ano de 1700. Mas s por volta de 1770 que na cidade do Porto ela passou a ser

    aplicada garrafa cilndrica, possibilitando a maturao prolongada do vinho em

    recipiente de vidro. por essa altura que h uma notvel expanso do seu fabrico.

    Segundo (Sampaio, J.S., 1985) os dados mais antigos de fabricao de rolhas em

    Portugal remontam poca do Marqus de Pombal. Quando a indstria das garrafas se

    comeou a desenvolver, em detrimento dos barris, por volta de 1760, comeou a

    chamada utilizao industrial da cortia. No princpio, as rolhas eram talhadas mo,

    com uma faca, obtendo-se uma forma cilndrica no muito rigorosa. A exportao de

    rolhas feitas em Portugal j era importante na ltima metade do sculo XVIII. Em 1797

    exportaram-se 115.183 grosas de rolhas e 1.331 toneladas de pranchas de cortia. Esta

    situao acaba por decair em cerca de 25 anos, retoma-se a indstria do fabrico da rolha,

    entre 1822-1826, com a vinda para Portugal de operrios da Catalunha, conhecedores de

    tcnicas aperfeioadas, tendo-se exportado no ano de 1831, 33 947 grosas de rolhas.

    Mas a crise vivida noutros pases tambm esteve presente em Portugal, j que o grande

    surto do setor rolheiro tem incio no final do ltimo quartel do sculo XIX. Entre 1890 e

    1917, o nmero de trabalhadores nesse setor mais que duplicou e, em 1930, o seu

    nmero quintuplicaria, relativamente ltima dcada do sculo XIX, atingindo 10.000

    operrios. Portugal afirma-se ento, como o primeiro produtor mundial de cortia.

  • Capitulo III

    Breve resenha da histria da

    Contabilidade Industrial

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo III

    12

    3.1 - Breve resenha da histria da Contabilidade Industrial

    3.1.1 - Histria da Contabilidade analtica

    Segundo (Antnio C. Pires Caiado) os registos de contabilidade analtica mais antigos

    que se conhecem datam de 3600 a.C., foram realizados na Babilnia. Estas povoaes

    registavam o pagamento dos salrios em tbuas de barro.

    Com a expanso comercial do sculo XV na Europa, consequncia da evoluo e

    aumento das atividades mercantis houve a necessidade de controlo contabilstico.

    Foi em 1494 que o frade Luca Paccioli escreveu o livro Summa de Arithmtica,

    Geometria, Proportioni et Proportionalita que continha o captulo Tratatus XI

    particularis de computis et scripturis, onde estavam inscritos os fundamentos das

    partidas dobradas. A dupla-entrada possibilita o registo de dois aspetos de uma

    transao, de forma que estabelece um equilbrio.

    Quanto ao custo da produo, base da contabilidade de custos ou interna, no final do

    sculo XVI os resultados das operaes eram calculados apenas no final. Para conhecer

    o resultado de um perodo, o comerciante avaliava todos os seus bens ao valor do dia de

    inventrio. A diferena entre dois inventrios consecutivos traduzia o seu

    enriquecimento ou a sua pobreza. Mas j na primeira metade do sculo XV Radip

    N.Khandwalla refere no seu resumo sobre os principais acontecimentos dos primrdios

    da gesto que em 1436 o Arsenal de Veneza possua Contabilidade de custos;

    Verificao de balanos para controlo; numerao de inventrios; intercmbio de partes;

    utilizao da tcnica de linha de montagem; uso da Administrao de Pessoal;

    estandardizao das partes; controlo de inventrio; controlo de custos.

    At ao sculo XVIII, poca em que se deu a revoluo industrial, no se conhecem

    progressos na contabilidade de custos. A passagem do mtodo de produo manual para

    o mtodo de produo fabril, levou crescente necessidade de informao. Pois a

    produo de produtos em srie, deu origem necessidade de determinar o custo de um

    grande nmero de produtos produzidos. A Contabilidade de custos de produo era

    muito primitiva e fornecia gesto registos e relatrios sobre as operaes do passado.

    Uma grande parte das decises, eram tomadas com o conhecimento de informaes

    histricas, combinadas com a intuio sobre o potencial sucesso das aes.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo III

    13

    Um dos autores ingleses do tempo da revoluo industrial foi Charles Babbage,

    professor de matemtica na universidade de Cambridge, que escreveu o livro On the

    Economy of Machinery and Manufacturers em que focou problemas de tempos de

    trabalho e de clculo de custos.

    Em Frana, M. Godard no seu livro Trait Gnral et Sommaire de la conptabilit

    Commerciale (Paris 1827) discute a depreciao e manuteno dos edifcios e

    instalaes, reconhece o problema da fixao de preos sem os materiais comprados a

    vrios preos, apadrinha um preo mdio simples e anual de cada material e inclui os

    juros do capital nas despesas da conta de lucros e perdas.

    Trs dcadas mais tarde, Louis Mzires publicou o livro Industrial and Manufacturing

    accounts que contribuiu de forma importante no moderno sistema de custeio de tarefas,

    obra ou encomenda.

    Embora a revoluo industrial se tenha dado em Inglaterra na primeira parte do sculo

    XIX, foi na Frana que se realizaram mais estudos em contabilidade de custos. No final

    do sculo surgiram os Estados Unidos da Amrica com uma posio primordial na

    indstria e na respetiva contabilidade que mantiveram durante o sculo XX.

    Na ltima dcada do sculo XIX, Alexandre Hamilton Church, presidente do Institute

    of Cost and Accountants destacou-se na promoo do sistema de custeio. Publicou seis

    artigos no Engineering Magazine, em 1901, sobre a repartio dos gastos gerais de

    fabrico. O desenvolvimento da ideia do centro de produo tomou possvel o

    refinamento da taxa horria-mquina em algo bastante parecido com o modelo atual.

    3.1.2 - Contabilidade analtica em Portugal

    Ao realizar uma pesquisa em publicaes que remontam ao sculo XIX e parte do

    sculo XX, podemos verificar que no haviam grandes preocupaes com definies,

    mas sim de explicar os processos da indstria transformadora. J se notavam

    preocupaes em relao repartio dos custos indiretos, quer industriais quer no

    industriais. Uma das primeiras obras publicadas em Portugal est compreendida entre os

    finais do sculo XVIII at aos anos 30 do sculo XIX. Foi Manuel Teixeira Cabral de

    Mendona que escreveu o livro intitulado Guarda-livros Moderno contendo este dois

    captulos Da agricultura e Das Artes Mecnicas ou Manufaturas. No primeiro

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo III

    14

    captulo o autor tece vrios comentrios sobre o panorama da arte e o meio para se

    procurarem todas as prprias para satisfazer as necessidades fsicas a que os homens so

    por natureza sujeitos. No segundo captulo o autor faz apologia s manufaturas,

    referindo que a barateza induz ao consumo de todas as manufaturas, cujas causas se

    concentram na abundncia de matrias-primas, na barateza das despesas de transporte,

    dentro e fora do pas.

    Cerca de cinquenta anos mais tarde, Jos Maria De Almeida Outeiro publicou o livro

    Estudos sobre Escriturao mercantil. No captulo dedicado ao estudo das contas

    especiais apresenta a conta fbrica que aberta quando se manufatura qualquer produto.

    Em 1875 Rodrigo Afonso Pequito (professor do Instituto Industrial e Comercial de

    Lisboa) publica o livro Curso de contabilidade Comercial. Este livro continha na sua

    parte III os captulos XVI Contabilidade industrial ou da Indstria Manufatora e o

    captulo XVII contabilidade agrcola. No captulo XVI so apresentadas algumas

    contas caractersticas da atividade transformadora (Caixa, Mquinas e Utenslios e

    Matria prima) e as contas que integram a conta de Produtos Fabricados (Matria-

    prima, Mo-de-obra e Despesas de Fabricao).

    O captulo dedicado Contabilidade agrcola refere que a explorao agrcola consiste

    na explorao da terra e na criao de animais de rendimento. Esta explorao necessita

    de material (instrumentos aratrios, estrumes e adubos, sementes e gado destinados ao

    servio) e do trabalho dos operrios. Para cada natureza deve existir uma conta, o

    mesmo sucedendo com o custo de produo dos diversos produtos (laranja, uva,

    azeitona, trigo, milho, etc.).

    Nos finais do sculo XIX (1893), Luiz M. dos Santos publicou o Tratado de

    Contabilidade Comercial que contm os captulos XXIII relativos a Contabilidade

    Industrial e o captulo XXVI relativo a contabilidade Agrcola.

    No incio de 1907 Francisco Adolfo Manso-Preto publicou o livro Escriturao

    Comercial, Industrial e Agrcola em que resume os conceitos relativos a estas ltimas

    atividades, em moldes j evidenciados por Pequito umas dcadas antes.

    A 2 edio do tratado de contabilidade, de Ricardo de S publicado em 1919 dedica o

    ttulo V s Indstrias de manufatura e agrcola. O autor apresenta os modelos de

    documentos (guias e folhas de frias) destinados ao esclarecimento e regularidade do

    movimento propriamente fabril ou agrcola.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo III

    15

    3.1.3 - A poca da Contabilidade Industrial

    Em 1930, F. Caetano Dias publicou o livro Comrcio e Contabilidade, dizia este

    autor que a Contabilidade industrial tem por objetivo estabelecer os princpios e

    normas de atualizao e observao para constatar as diferentes fases da extrao ou

    transformao de matrias-primas em produtos, fixando-lhe o preo de custo. Para tal

    utiliza as contas industriais fundamentais so elas Matrias-Primas, Matrias

    Subsidirias, Mo-de-obra, Gastos de Fabricao e Fabricao ou Laborao. A

    movimentao e correspondentes mapas destas contas so igualmente apresentados,

    havendo uma descrio de vrios processos de imputao dos gastos gerais de fabrico

    (percentagem sobre os salrios, horas de trabalho, custo dos salrios, horas das

    mquinas, custos das horas mquinas, materiais aplicados e simples diviso).

    O Prof. Henrique de Barros escreveu uma obra que data de 1945 subordinada ao ttulo

    O Custo da Produo na Agricultura onde faz uma anlise bastante aprofundada sobre

    a problemtica do custo de produo no setor agrcola.

    O Prof. F. V. Gonalves da Silva publicou em 1954 o livro Contabilidade Industrial,

    em que faz uma anlise pormenorizada de muitos aspetos relacionados com o

    apuramento do custo de produo das empresas industriais.

    Aps a enumerao dos diferentes estgios do custo (primrio, industrial, comercial),

    aquele professor refere que na prtica atual os chamados gastos comerciais (gastos de

    venda e gastos gerais de administrao) so geralmente escriturados no como parcela

    do custo mas como componentes negativas do rdito.

    O Prof. Rogrio Fernandes Ferreira apresenta no livro Casos de contabilidade

    Industrial, a evoluo da produo e agregao de custos.

    Martim Noel Monteiro escreveu uma obra dedicada Contabilidade Industrial em dizia

    que os componentes do custo de produo na indstria eram:

    Matrias aplicadas ou consumidas;

    Mo-de-obra ou salrios pagos ao elemento humano ocupado, direta ou indiretamente

    na produo;

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo III

    16

    Imobilizaes materiais (edifcios,.) necessrios produo;

    Imobilizaes imateriais (obteno de alvars, patentes,.);

    Despesas de funcionamento dos servios tcnicos, administrativos e comerciais;

    Perdas de capital tais como deterioraes, quebras e mal parado;

    Remuneraes de capital alheio;

    Figurativos (juros do capital prprio, prmio de risco e salrio do empresrio).

    O Prof. Jaime Lopes de Amorim no escreveu uma obra especfica sobre a

    Contabilidade Industrial, mas apenas umas lies de Contabilidade Industrial. No

    entanto, o volume II do livro Noes Bsicas de Contabilidade de 1973, 3. edio,

    contm o captulo VII dedicado a este ramo da contabilidade. Aqui este Prof. define

    custos como sendo o somatrio das parcelas constitudas pelos valores dos elementos

    naturais e tecnolgicos que contribuem para a obteno desses artigos por qualquer

    processo fabril.

    O centro de estudos de economia agrria da Fundao Calouste Gulbenkian editou uma

    obra da autoria do Eng. Agr. Amndio Galvo, tendo as 1. e 2. edies datas de 1967

    e1976, respetivamente.

    3.2 - A Contabilidade analtica

    Segundo a American Accounting Association, Contabilidade o processo de

    identificar, medir e comunicar informao econmica para permitir opinies e decises

    informadas para os utilizadores. Entre outras palavras, a Contabilidade est preocupada

    em fornecer informao financeira e no financeira para futuramente ajudar os gestores.

    Uma compreenso da contabilidade portanto requer uma compreenso do processo da

    tomada de deciso e uma consciencializao da informao contabilstica dos

    utilizadores.

    O objetivo da contabilidade o de fornecer informao suficiente para atender s

    necessidades dos vrios utilizadores ao mais baixo custo.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo III

    17

    A Contabilidade de gesto est preocupada com o fornecimento de informao a

    pessoas do interior da empresa, para as ajudar a tomar melhores decises, melhorar a

    eficincia e a eficcia das operaes existentes. Mas existe uma questo que se coloca

    Calcular custos para qu?.

    Os custos devem ser calculados para que seja possvel valorizar as existncias, analisar

    resultados, rendibilidades, avaliar o desempenho, elaborar oramentos, controlar a

    gesto, no fundo recolha de dados para uma mais eficiente tomada de deciso.

    3.2.1 Os mtodos de apuramento do custo da produo

    3.2.1.1 - Mtodo direto ou de custeio por tarefas

    Segundo o Prof. F.V. Gonalves da Silva o mtodo direto utilizado em empresas com

    uma produo varivel, em que os produtos so perfeitamente distinguveis uns dos

    outros. Com esta distino podemos imputar diretamente a cada um deles os respetivos

    custos.

    Uma outra designao para este sistema o mtodo por tarefas. Tarefa a denominao

    dada a um produto ou lote de produtos bem determinado, nitidamente diferenciado dos

    restantes durante o processo de fabricao.

    Neste mtodo temos que criar tantas contas divisionrias de fabricao, quantos os

    diferentes produtos. Sempre que a fabricao do produto prossegue, vo-se registando

    nas folhas de custos as matrias e a mo-de-obra que lhe respeitem. Ao custo direto,

    adiciona-se de seguida uma nota suplementar de encargos gerais de fabrico.

    Quando as ordens especficas de produo se referem a um conjunto de artefatos

    idnticos, o custo unitrio obtm-se dividindo o custo total da operao pelo nmero de

    unidades produzidas.

    Este sistema processa-se da seguinte forma:

    Os custos dos produtos so apurados por ordens de produo.

    A essa ordem de produo atribudo um nmero, e preparada uma ficha de

    custos, divisionria da conta de fabricao. Na conta de fabricao so imputados

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo III

    18

    todos os custos respeitantes a matrias aplicadas, mo-de-obra direta e encargos gerais

    de fabrico.

    Aps concluso dos trabalhos, somam-se os custos e divide-se o total destes pelo

    nmero de unidades produzidas.

    O valor obtido transferido para a conta de Produtos Acabados e Intermdios.

    Neste mtodo obrigatrio que os Servios de Controlo de Produo faam um registo

    de encomendas. A requisio dos materiais efetuada pelos vrios setores fabris que

    intervm no processo produtivo. A contabilidade interna valoriza essas requisies.

    No que respeita imputao da mo-de-obra direta, esta feita de acordo com as folhas

    individuais de trabalho em que se inscrevem as horas aplicadas em cada obra ou

    encomenda. A valorizao tambm pode ser feita atravs de um custo horrio mdio

    para cada categoria profissional, por seco ou departamento embora o custo horrio de

    cada operrio seja o mais adequado.

    Quanto aos encargos gerais de fabrico h que definir previamente qual o critrio de

    repartio, que nos vai ajudar a imputar a cada encomenda a quota-parte dos gastos.

    3.2.1.2 - Mtodo indireto ou de custos por processos

    Segundo Prof. F.V. Gonalves da Silva este mtodo aplica-se principalmente nas

    fbricas de produo em massa, contnua, de um s produto ou de um pequeno nmero

    de artigos diferentes.

    A continuidade e uniformidade da produo impedem a identificao dos lotes de

    produtos. A produo terminada composta por elementos ou unidades semelhantes

    que absorvem a mesma quantidade de matria-prima, mo-de-obra e encargos gerais de

    fabrico. Neste processo no economicamente vivel a individualizao dos produtos

    durante as fases de fabrico.

    Por este mtodo as matrias vo sendo consumidas e transformadas ao longo dos

    perodos por cada ordem de fabricao, aguardando-se pelo final do ms para se

    conhecerem os respetivos custos. Estes custos so divididos pelos produtos fabricados

    obtendo-se assim o custo unitrio.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo III

    19

    Neste processo as matrias e os custos com a sua transformao (mo-de-obra direta e

    encargos gerais de fabrico) so acumulados mensalmente nas fases de produo em que

    interessa calcular os custos.

    O custo de produo calculado indireta e periodicamente referindo-se sempre aos

    custos de produo que intervm no processo.

    O objetivo desta contabilidade o de apurar o valor dos bens e servios consumidos em

    cada centro de atividade ou lugar de trabalho durante o perodo considerado.

    Existem industrias que tanto se pode aplicar o mtodo direto como o mtodo indireto. A

    contabilidade por tarefas s pode adotar-se quando no possvel aplicar a

    contabilidade por processos. A contabilidade por processos demonstra mais a realidade.

    Neste caso os custos unitrios so custos mdios que se obtm indiretamente dividindo

    o custo global da produo de cada perodo pelo nmero das unidades fabricadas no

    mesmo perodo.

    3.3 - Tipos de produo

    A produo pode ser uniforme ou mltipla. Diz-se que a produo uniforme quando se

    fabrica um s produto e mltipla quando se produz dois ou mais produtos.

    A produo mltipla pode ser conjunta ou disjunta. A produo conjunta quando da

    mesma matria-prima se obtm em simultneo dois ou mais produtos conjuntamente.

    A produo diz-se disjunta quando os vrios produtos so produzidos de forma

    independente uns dos outros.

    3.3.1 Produo conjunta

    Na produo conjunta se os produtos obtidos tiverem valor econmico semelhante

    (preos de venda relativamente semelhantes), dizemos que obtivemos coprodutos

    (produtos conjuntos com valores semelhantes).

    Os produtos secundrios, conforme a sua importncia econmica tm geralmente os

    nomes de subprodutos, desperdcios, resduos e refugos.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo III

    20

    Em questo de valorimetria os coprodutos ou produtos principais podem ser valorizados

    ao custo mdio ponderado, custo mdio unitrio ou valor de venda relativo no ponto de

    separao.

    Na valorizao ao custo mdio ponderado o clculo do custo unitrio faz-se ponderando

    as quantidades produzidas com os preos de venda de cada produto.

    No que se refere ao clculo do custo unitrio do produto pelo custo mdio unitrio,

    dividimos o custo total pela soma das quantidades dos vrios produtos e todos eles tero

    o mesmo custo unitrio.

    No critrio do valor de venda relativo ao ponto de separao considerarmos que o custo

    total de cada produto proporcional ao seu valor de venda no ponto de separao da

    produo conjunta. O valor de venda no ponto de separao, o valor de venda

    deduzido dos custos aps separao.

    Os produtos secundrios so valorizados ao lucro nulo ou ao custo nulo. No critrio do

    lucro nulo considera-se que o produto secundrio tem um custo igual ao seu valor

    lquido de venda (valor de venda menos as despesas). O custo do produto secundrio

    valorizado desta forma subtrado ao custo total da produo conjunta para se

    determinar o custo do produto principal.

    Na valorizao do subproduto ao critrio do custo nulo atribui-se ao produto secundrio

    um custo zero. Deste modo o valor da sua venda todo lucro. O produto principal

    suporta todo o custo da produo conjunta.

    O critrio do lucro nulo especialmente utilizado para os subprodutos, j que o critrio

    do custo nulo utilizado para os desperdcios, resduos e refugos.

    3.4 Componentes do custo

    Comearemos por calcular o nosso custo de produo ou custo industrial. o custo da

    produo terminada (PT) ou armazenada (produo transferida da zona fabril para o

    armazm de produtos fabricados num dado perodo).

    Analiticamente dado pelo somatrio: CI = MPD+MOD+EGF

    Componentes do custo de produo (CI)

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo III

    21

    Matrias-Primas (MP) So os principais inventrios objeto de transformao no

    processo industrial (SNC).

    Mo-de-obra direta (MOD) Todo o custo do trabalho daqueles que intervm

    diretamente no processo de transformao de um determinado produto.

    Encargos Gerais de Fabrico (EGF) Todos os gastos de produo que no possam ser

    considerados como matrias-primas ou mo-de-obra direta (variveis).

    Matrias-primas

    + gastos de transao lquido de desconto e de IVA dedutvel

    + gastos associados ao transporte e aquisio das matrias primas (v.g., transporte,

    gastos de alfandegrias)

    + gastos internos associados compra e armazenagem

    = Custo das matrias-primas

    Mo-de-obra

    + Remuneraes fixas (ex. vencimento bruto mensal, subsdio de frias, subsdio de

    natal)

    + Remuneraes variveis (ex. comisses, horas extraordinrias, prmios)

    + Contribuies da entidade patronal para a segurana social

    + Seguros

    + Outros gastos obrigatrios ou facultativos (ex. subsdio de alimentao, formao

    profissional)

    = Custo anual mo-de-obra direta

    Mo-de-obra direta

    + Tempo pago

    - Tempo de ausncias remuneradas

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo III

    22

    = Tempo de Presena

    - Tempos mortos

    = Tempo de atividade

    - Tempo de atividade no afetveis

    = Tempo produtivo (horas teis)

    Custo hora = somatrio custos

    = Horas de trabalho produtivo

    Encargos Gerais de Fabrico (EGF)

    Matrias indiretas

    Fornecimentos externos relacionados com a produo nomeadamente eletricidade, gua,

    trabalhos especializados, ferramentas e utenslios, conservao e reparao, seguro de

    equipamentos e instalaes fabris.

    Custos com o pessoal referente mo-de-obra indireta

    Depreciaes dos ativos tangveis fixos, na componente equipamento bsico

    Outros gastos relacionados com a produo

    Custo de transformao ou de converso (CT)

    O custo de transformao obtm-se somando as parcelas

    MOD Mo-de-obra direta

    EGF Encargos Gerais de Fabrico

    CT = MOD+EGF

    Estas parcelas representam o valor acrescentado, pela ao da empresa, s matrias-

    primas adquiridas, para as transformar em produtos fabricados.

    Custo complexivo (CC) ou preo de custo

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo III

    23

    O somatrio de todos os gastos que a empresa suporta desde que adquire as matrias-

    primas e as consome na produo, at que o produto esteja pronto para entrega aos

    clientes, portanto um custo completo.

    OU

    O valor mnimo pelo qual a empresa deve vender o seu produto para no sofrer

    prejuzos.

    Logo, PV = CC R = 0

    Analiticamente CC = CI+GC

    Onde GC = CD + CA + CF + outros custos

    GC Gastos comerciais

    CD Custos distribuio

    CA Custos administrativos

    CF Custos Financeiros

    A empresa tem vrios custos mas um s preo de custo.

    Custo complexivo

    +custos industriais

    +custos no industriais

    = custo complexivo (completo)

  • Capitulo IV

    Estudo de caso

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    25

    4.1 - Estudo microeconmico do setor e empresa

    No mercado encontram-se duas foras com objetivos distintos, a oferta e a procura. Da

    conjuno destas foras nasce o Mercado.

    O conjunto dos compradores de um bem d origem procura desse bem. Essa procura

    poder ser traduzida por uma funo que inclui todas as variveis que podem influenciar

    as decises dos consumidores.

    Para estudar a funo procura alargada vamos considerar todas as variveis constantes,

    exceto duas, o preo e a quantidade do bem em causa.

    Tal como habitual na maioria dos casos, existe uma relao inversa entre a quantidade

    procurada e o preo do produto, razo pela qual a curva da procura geralmente

    apresenta-se com um declive negativo.

    Ou seja, medida que o preo do bem diminui coeteris paribus tem como resultado

    um aumento da quantidade procurada.

    4.1.1 - Funo procura de mercado

    A curva da procura de mercado obtm-se por agregao das curvas da procura

    individuais.

    Grfico I - Curva da procura

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    26

    4.1.2 - Funo oferta alargada

    O conjunto dos vendedores de um bem d origem oferta desse bem. Essa oferta poder

    ser traduzida por uma funo que inclui todas as variveis que possam influenciar as

    decises dos vendedores (ou produtores).

    Tal como acontece com o estudo da procura, tambm com a oferta pretendemos

    construir uma funo em que a quantidade oferecida depende apenas do preo e da

    quantidade do produto em causa, presumindo constantes todas as outras variveis.

    Geralmente a curva da oferta apresenta um declive positivo, o que reflete o facto de os

    produtores pretenderem oferecer mais medida que o preo do produto aumenta.

    4.1.3 - Funo oferta de mercado

    Analogamente ao que acontece com a procura, tambm para encontrarmos a funo

    oferta a partir das funes oferta de cada produtor, teremos que as somar.

    4.1.4 - Equilbrio

    O equilbrio entre oferta e procura ser o par ordenado preo-quantidade que satisfaz,

    quer compradores, quer vendedores. Ou seja, ser o par ordenado onde as curvas da

    procura e da oferta se intersetam.

    Grfico II - Curva da oferta

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    27

    4.1.5 - Equilbrio do mercado.

    Existe excesso de procura quando Qd>Qs. Nesta situao, os consumidores no

    conseguem comprar toda a quantidade que, quele preo, desejariam comprar, pelo que

    no h equilbrio de mercado.

    Existe excesso de oferta quando Qs>Qd. Neste caso so os produtores que, ao preo em

    questo, pretendem vender uma quantidade superior quela que conseguem.

    4.2 - Anlise microeconmica do mercado do setor da cortia

    O ano de 2010 foi particular no setor da cortia. Isto porque neste setor o preo do

    produto final (rolhas), atingiu valores muito baixos. Esta situao gerou dificuldades em

    muitas empresas, provocando at insolvncias.

    Para podermos estudar este fenmeno, realizamos uma anlise microeconmica do

    setor. Com este estudo pretendemos analisar o mercado, com o objetivo de verificar que

    preos foram praticados. Para a realizao deste estudo, foi necessrio abordar as

    empresas do setor atravs de dois inquritos, um dirigido a micro e pequenas empresas e

    outro a mdias e grandes empresas. Esta diviso foi feita por a realidade negocial do

    setor ser que, as micro e pequenas empresas vendem o seu produto final s mdias e

    grandes empresas. Com a anlise destes inquritos vamos realizar o nosso estudo de

    mercado.

    Grfico III Equilbrio do mercado

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    28

    Esta abordagem foi realizada primeiramente por telefone, dando depois as

    possibilidades de resposta inscritas no quadro abaixo. Esta anlise microeconmica, tem

    por amostra os associados da APCOR. Desta amostra s abordamos as empresas que

    produziam rolha natural. Os associados da APCOR so cerca de 250 e destes 250

    produzem rolha natural 163 empresas. Estes resultados sero posteriormente

    comparados com os valores da empresa do nosso Estudo de caso.

    Para estimar a curva da oferta e da procura das rolhas com o calibre 38x24, 45x24 e

    49x24 utilizamos a regresso linear. Logaritemizamos a quantidade considerando que a

    distribuio bastante assimtrica. Com isto estimamos a regresso entre o preo e o

    logaritmo da quantidade.

    Colaborao com o inqurito

    Telefone

    Colaboraram 19

    No colaboraram 25

    Presencialmente

    Colaboraram 8

    No colaboraram 0

    Correio eletrnico

    Colaboraram 6

    No colaboraram 37

    Servios prestados 3

    Trabalhos especializados 6

    No produziram em 2010 1

    Nmero no atribudo 15

    No atenderam 39

    Insolvncia 4

    Total empresas 163

    Quadro I

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    29

    4.2.1 - Estudo microeconmico do calibre 38x24

    A rolha com o calibre 38x24 a mais barata, pois produzida a partir de

    aproveitamentos. Na realidade as rolhas que no tm qualidade suficiente, so

    rebaixadas (retiradas lascas, passando por uma mquina designada de rebaixadeira) at

    que a rolha fique com uma qualidade superior, mas de menor espessura. Estas rolhas

    embora sejam as mais baratas so as menos procuradas pois o seu calibre menor.

    De acordo com os clculos descritos, in anexo, e tendo presente os pressupostos do

    ponto 4.1 verificamos que:

    Preo de equilbrio do calibre 38x24 - 20,00 por milheiro

    Quantidade de equilbrio do calibre 38x24 14.800.000,00

    Se o preo de mercado for superior a 20,00, teremos excesso de oferta.

    Se o preo de mercado for inferior a 20,00, teremos excesso de procura.

    Grfico IV - Calibre 38x24

    Legenda: Oferta

    Procura

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    30

    4.2.2 - Estudo microeconmico do calibre 45x24

    As rolhas com o calibre 45x24 so as rolhas que se vendem em maior quantidade. Isto

    porque a medida normal das rolhas de garrafa.

    De acordo com os clculos descritos, in anexo e tendo presente os pressupostos do

    ponto 4.1 verificamos que:

    Preo equilbrio do calibre 45x24 105,00 por milheiro

    Quantidade de equilbrio do calibre 45x24 15.800.000,00

    Se o preo de mercado for superior a 105,00, teremos excesso de oferta.

    Se o preo de mercado for inferior a 105,00, teremos excesso de procura.

    Grfico V - Calibre 45x24

    Legenda: Oferta

    Procura

    Empresa

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    31

    4.2.3 - Estudo microeconmico do calibre 49x24

    As rolhas com o calibre 49x24 so as rolhas com maior calibre. As rolhas com este

    calibre so retiradas das melhores pranchas de cortia. A cortia tem que ter um miolo

    muito alto. Da estas serem as rolhas de maior preo de venda unitrio, pois no podem

    ser rebaixadas e provm da melhor e mais cara cortia. Neste particular uma referncia

    se torna importante, estas rolhas so utilizadas para vedar garrafas de vinho de muita

    alta qualidade, cujo preo de venda ao pblico elevado e tambm por as mesmas terem

    a dupla funo de ser um melhor vedante e proporcionar um envelhecimento mais longo

    dos vinhos.

    De acordo com os clculos descritos, in anexo e tendo presente os pressupostos do

    ponto 4.1 verificamos que:

    Preo de equilbrio do calibre 49x24 180,50 por milheiro.

    Quantidade de equilbrio do calibre 49x24 15.000.000,00

    Se o preo de mercado for superior a 180,50, teremos excesso de oferta.

    Se o preo de mercado for inferior a 180,50, teremos excesso de procura

    Grfico VI - Calibre 49x24

    Legenda: Oferta

    Procura

    Empresa

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    32

    4.3 - Estudo da empresa a nvel microeconmico

    A empresa do nosso Estudo de caso uma microempresa do setor da cortia que se

    dedica produo de rolha natural. Esta empresa trabalha s para o mercado nacional,

    no exportando.

    No ano de 2010 a empresa obteve os valores mdios identificados no quadro a baixo.

    O calibre 38x24 no foi mencionado no quadro a II, porque a empresa s realizou uma

    venda deste calibre no ano de 2010. Devido a este facto no podemos encontrar o valor

    mdio do calibre, no podendo assim entrar no nosso estudo.

    Empresa estudo de caso Mercado

    Calibre 45x24 Calibre 45x24

    Preo mdio 54,00 Preo equilbrio 105,00

    Quantidade produzida 5942.2 milheiros Quantidade produzida 15.800 milheiros

    Calibre 49x24 Calibre 49x24

    Preo mdio 179,00 Preo equilbrio 180,50

    Quantidade produzida 137.2 milheiros Quantidade produzida 15.000 milheiros

    A nossa empresa do estudo de caso apresenta relativamente ao calibre 45x24 um preo

    mdio de 54,00. Se compararmos com os valores de mercado, verificamos que o preo

    de equilbrio para este calibre de 105,00. Este dado indica-nos que o mercado teria

    pago mais pelas rolhas deste calibre. Como indica o grfico V, a empresa situa-se num

    local de procura excedente. A empresa demonstrou, pelos dados recolhidos, que no

    teve dificuldade em escoar a sua produo de rolhas com calibre 45x24, pois o mercado

    estava na disposio de pagar mais. Relativamente s rolhas com o calibre 49x24, a

    empresa apresenta um preo mdio de 179,00. O mercado encontra o seu equilbrio

    quando o preo atinge os 180,50. Como se indica no grfico VI acima, a empresa

    situa-se numa zona muito prxima do equilbrio de mercado. Neste caso, a empresa

    vendeu as rolhas com calibre 49x24 ao preo transacionado no mercado. No existiu

    praticamente procura excedente.

    Quadro II

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    33

    4.4 - Anlise da importncia da empresa no seu meio envolvente seus

    parceiros e concorrentes

    4.4.1 - A importncia das microempresas

    As microempresas so importantes para a economia de qualquer pas, pois revelam

    caractersticas especficas como o enorme potencial na utilizao mais produtiva e

    eficiente dos recursos, no reforo da concorrncia, na criao de emprego, no

    desenvolvimento do territrio e na coeso social.

    Segundo (Couto dos Santos) h cerca de quatro dcadas, pouco se falava destas

    empresas. A ideia que se criava era a de que todas as empresas que eram constitudas

    teriam de se expandir e crescer.

    Sendo assim uma microempresa ou pequena empresa seria uma empresa de menor

    importncia econmica, pois no tinha conseguido cumprir com a sua misso.

    Esta ideia foi alterada com uma crise mundial e com o exemplo Japons. No decorrer

    dos anos 70, do sculo XX, podemos verificar que foram as empresas de menor

    dimenso que demonstraram uma maior capacidade de adaptao a novos

    enquadramentos internos e externos. Foram estas que nesta poca mais contriburam

    para a criao de novos postos de trabalho. Novos setores (industriais e servios)

    surgiram volta de ncleos de pequenas empresas dinmicas e com grande capacidade

    de inovao. O Japo surgiu na altura como uma superpotncia econmica e estas

    empresas tinham um papel muito importante na sua coesa estrutura.

    Uma superior rapidez de deciso que no travada por estruturas pesadas como as das

    grandes empresas;

    Uma maior proximidade do mercado; e

    Uma menor intensidade capitalista, que facilita a reconverso e uma diferente relao

    empresa-trabalhador que possibilita um maior empenhamento destes na vida da

    empresa.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    34

    Os inconvenientes so igualmente considerveis so eles as economias de escala 3que

    so tcnicas e comerciais, de elevada importncia em determinados tipos de produo.

    As grandes empresas possuem estruturas de planeamento, gesto, controlo, apoio

    administrativo e de investigao tecnolgica que constituiriam para uma pequena

    empresa custos fixos insuportveis. Segundo (Fernando Lopes Cardoso) as

    microempresas so, empresas at nove trabalhadores. Mas so a imagem do empresrio.

    Estas empresas normalmente no tm quadros de gesto relevantes, mas so muito

    flexveis em relao ao mercado, ao investimento, tecnologia de nvel mdio, estrutura

    de recursos humanos e relaes de trabalho. As microempresas so um retrato cultural

    do pas, o seu barmetro um importante trunfo em tempos de mudana.

    A empresa do nosso estudo de caso no diferente em nada, no que se coloca ao que foi

    mencionado anteriormente. Se analisarmos o quadro I em anexo, podemos verificar que

    as empresas com a mesma dimenso da nossa empresa do estudo de caso produzem

    anualmente basicamente, a mesma quantidade de rolha natural. E a maior parte dos seus

    produtos so vendidos para o mercado nacional. Mas se analisarmos o quadro 7, in

    anexo A (pagina A4) &, verificamos que as empresas at 9 trabalhadores so

    responsveis por cerca de 19% de exportaes em Portugal segundo a nossa amostra. Se

    os seus produtos so escoados, isso significa que o mercado precisa delas para

    funcionar.

    Mesmo havendo mdias e grandes empresas no setor, provavelmente estas no

    conseguiriam responder ao mercado sozinhas.

    3 - Economia de escala aquela que organiza o processo produtivo de maneira que se alcance a mxima utilizao

    dos fatores produtivos envolvidos no processo, procurando como resultado baixos custos de produo e o incremento de bens e servios.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    35

    4.5 - Clculo do custo de produo pelo mtodo direto e mtodo

    indireto

    O Estudo de caso tem por objetivo aplicar a Contabilidade analtica numa microempresa

    do setor da cortia. Isto porque normalmente este tipo de empresas no possui

    contabilidade analtica. Este facto ocorre por diversas razes, mas a principal a falta de

    meios monetrios ou os gastos em que se incorre para por de p uma til ferramenta

    para os gestores. Outras sero, por exemplo, a falta de obrigatoriedade ou o total

    desconhecimento de contabilidade analtica por parte dos gestores das microempresas.

    Depois de realizado o estudo microeconmico de mercado, o nosso prximo objetivo

    o de calcular o custo de produo de uma microempresa do setor da cortia. Esta ideia

    surge, pelo facto de nas microempresas no se realizar contabilidade analtica. Iremos

    calcular o custo da produo pelo mtodo direto e pelo mtodo indirecto. Nas empresas

    de cortia no se utiliza o mtodo direto, porque estas empresas no realizam a sua

    produo em funo das encomendas ou tarefas, mas sim por processos. Iremos calcular

    mesmo assim, para podermos no final realizar uma comparao entre os dois processos.

    O clculo do custo de produo por tarefas ou pelo mtodo direto ou encomendas ser

    hipottico pois a empresa no realiza a sua produo desta forma. A produo

    constituda por um processo industrial contnuo. A rolha de cortia natural o produto

    principal da indstria corticeira. Estas so obtidas por brocagem da cortia amadia, aps

    cozedura em gua, e as aparas so o seu subproduto. Estas aparas juntamente com

    alguma cortia virgem e/ ou outros tipos de cortia, destinam-se granulao. So o

    produto principal da indstria dos aglomerados.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    36

    4.6 - Sistema Produtivo

    Perodo de repouso

    Aps o descortiamento, as pranchas de cortia so empilhadas numa fbrica ou na

    floresta ao tempo. A cortia assim empilhada segundo as normas do Cdigo

    Internacional de Prticas Rolheiras CIPP, de forma a permitir a estabilizao da

    cortia. Este perodo no deve ser inferior a seis meses.

    Perodo de repouso

    Fonte: APCOR

    Processo industrial

    Cozedura das pranchas

    A cozedura o processo de imerso das pranchas de cortia em gua limpa e a ferver.

    Este processo decorre no perodo de pelo menos uma hora. Os objetivos da cozedura

    so os de limpar a cortia, extrair as substncias hidrossolveis, aumentar a sua

    espessura reduzindo a sua densidade e torna-la mais macia e elstica.

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    37

    Cozedura das pranchas

    Fonte: APCOR

    Com a cozedura o gs contido dentro das clulas expande. Com este fenmeno a cortia

    torna-se mais regular e o seu volume aumenta cerca de 20 por cento.

    Este processo tambm regulado pelo Cdigo internacional de Prticas Rolheiras.

    Estabilizao

    Aps a cozedura, decorre o perodo de estabilizao da cortia, que tem uma durao de

    duas a trs semanas. A estabilizao tem a funo de aplanar as pranchas e permitir o

    repouso. Com esta etapa a cortia ganha consistncia necessria para a sua

    transformao em rolhas.

    Estabilizao das pranchas

    Fonte: empresa

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    38

    Rabaneao

    Decorrido o perodo de estabilizao as pranchas so cortadas em tiras com uma largura

    ligeiramente superior ao comprimento da rolha a fabricar.

    Rabaneao

    Fonte: empresa

    Brocagem

    Brocagem a denominao que se d ao processo manual ou semi-automtico de

    perfurar as tiras de cortia com a broca. Neste processo obtm-se a rolha cilndrica em

    conformidade com os limites dimensionais desejados.

    Brocagem

    Fonte: empresa

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    39

    Estufa

    As rolhas depois de formadas vo por um perodo de tempo para a estufa, para que lhe

    seja retirada toda a humidade. Este processo realiza-se para que as rolhas no possam

    diminuir mais a sua dimenso.

    Estufa

    Fonte: empresa

    Retificao

    Neste processo, as rolhas produzidas no processo anterior sofrem retificaes, para que

    elas fiquem com as dimenses finais pretendidas. Para a realizao destas retificaes

    utiliza-se uma punsadeira que retifica a parte cilndrica e posteriormente uma

    topojadeira para a retificao dos topos da rolha.

    Punsadeira

    Fonte: empresa

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    40

    Topojadeira

    Fonte: empresa

    Escolha

    Nesta operao d-se a separao das rolhas acabadas em classes diferentes. A

    determinao das classes feita por controlo automtico da superfcie das rolhas.

    Durante esta fase so definidas as qualidades e tambm eliminadas as rolhas com

    defeitos.

    Mquina de escolher rolhas

    Fonte: empresa

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    41

    Passagem

    A passagem a ltima etapa no que se refere classificao da classe das rolhas.

    Normalmente feito manualmente e pelos mais experientes profissionais da unidade

    fabril.

    Tapete de passagem de rolhas

    Fonte: empresa

    Contagem e embalagem

    Por fim as rolhas so contadas e embaladas, tendo como destino outras unidades fabris

    de maior dimenso.

    Mquina de contar rolhas

    Fonte: empresa

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    42

    Quadro III

    Quadro IV

    4.7 - Clculo do custo da produo da empresa pelo mtodo direto

    4.7.1 - Clculo do custo da produo pelo mtodo direto de janeiro

    Dados do perodo:

    Produo Terminada

    janeiro 1.099.9 milheiros

    Clculo:

    Encomenda n3356

    Encomenda n3364

    Custo MP 3.945,55

    Custo MP 1.796,14

    Custo MOD 959,29

    Custo MOD 436,70

    Custo EGF 150,68

    Custo EGF 68,59

    Total de Custos 5.055,52

    Total de Custos 2.301,43

    Quantidades

    produzidas

    197.7

    milheiros

    Quantidades

    produzidas

    90

    milheiros

    Custo Unitrio 25,57

    Custo Unitrio 25,57

    Encomenda n3360

    Encomenda n3368

    Custo MP 4.139,14

    Custo MP 2.730,15

    Custo MOD 1.006,36

    Custo MOD 663,79

    Custo EGF 158,07

    Custo EGF 104,26

    Total de Custos 5.303,57

    Total de Custos 3.498,20

    Quantidades

    produzidas

    207.4

    milheiros

    Quantidades

    produzidas

    136.8

    milheiros

    Custo Unitrio 25,57

    Custo Unitrio 25,57

    Encomenda n3363

    Encomenda n3370

    Custo MP 1.796,14

    Custo MP 7.543,85

    Custo MOD 436,70

    Custo MOD 1.834,15

    Custo EGF 68,59

    Custo EGF 288,86

    Total de Custos 2.301,43

    Total de Custos 9.666,86

    Quantidades

    produzidas 90 milheiros

    Unidades

    Produzidas

    378

    milheiros

    Custo Unitrio 25,57

    Custo Unitrio 25,57

    Custos de janeiro

    MP 21.951,00

    MOD 5.337,03

    EGF 838,29

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    43

    Relao de janeiro

    N encom. Custos Custo

    Unitrio

    3356 5.055,52 25,57

    3360 5.303,57 25,57

    3363 2.301,43 25,57

    3364 2.301,43 25,57

    3368 3.498,20 25,57

    3370 9.666,86 25,57

    Total 28.127,01 25,57

    4.7.2 - Clculo do custo da produo pelo mtodo direto de fevereiro

    Dados do perodo:

    Custos de fevereiro

    MP 5.679,00

    MOD 3.646,41

    EGF 631,48

    Produo Terminada

    fevereiro 424.4 milheiros

    Clculo:

    Encomenda n3371

    Encomenda n3372

    Custo MP 421,51

    Custo MP 267,62

    Custo MOD 270,65

    Custo MOD 171,84

    Custo EGF 46,87

    Custo EGF 29,76

    Total de Custos 739,03

    Total de Custos 469,22

    Quantidades

    produzidas

    31.5

    milheiros

    Quantidades

    produzidas

    20

    milheiros

    Custo Unitrio 23,46

    Resultado 23,46

    Quadro V

    Quadro VI

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    44

    Encomenda n3374

    Encomenda n3384

    Custo MP 481,72

    Custo MP 2.388,55

    Custo MOD 309,31

    Custo MOD 1.533,66

    Custo EGF 53,57

    Custo EGF 265,60

    Total de Custos 844,60

    Total de Custos 4.187,81

    Quantidades

    produzidas

    36

    milheiros

    Quantidades

    produzidas

    178.5

    milheiros

    Custo Unitrio 23,46

    Custo Unitrio 23,46

    Encomenda n3375

    Encomenda n3385

    Custo MP 848,37

    Custo MP 749,35

    Custo MOD 544,73

    Custo MOD 481,15

    Custo EGF 94,34

    Custo EGF 83,32

    Total de Custos 1.487,44

    Total de Custos 1.313,82

    Quantidades

    produzidas

    63.4

    milheiros

    Quantidades

    produzidas

    56

    milheiros

    Custo Unitrio 23,46

    Custo Unitrio 23,46

    Encomenda n3376

    Custo MP 521,87

    Custo MOD 335,08

    Custo EGF 58,03

    Total de Custos 914,98

    Quantidades

    produzidas

    39

    milheiros

    Custo unitrio 23,46

    Relao de fevereiro

    N encom. Custos Custo

    Unitrio

    3371 739,03 23,46

    3372 469,22 23,46

    3375 1.457,56 23,46

    3376 914,98 23,46

    3374 844,60 23,46

    3384 4.187,81 23,46

    3385 1.313,82 23,46

    Total 9.927,02 23,46

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    45

    4.7.3 - Clculo do custo da produo pelo mtodo direto de maro

    Dados do perodo:

    Custos de maro

    MP 11.972,00

    MOD 3.944,31

    EGF 1.160,98

    Produo Terminada

    maro 418.6 milheiros

    Clculo:

    Encomenda n3384

    Encomenda n3391

    Custo MP 3.194,63

    Custo MP 1.129,70

    Custo MOD 1.052,51

    Custo MOD 372,19

    Custo EGF 309,80

    Custo EGF 109,55

    Total de Custos 4.556,94

    Total de Custos 1.611,44

    Quantidades

    produzidas

    111.7

    milheiros

    Quantidades

    produzidas

    39.5

    milheiros

    Custo Unitrio 40,80

    Custo Unitrio 40,80

    Encomenda n3388

    Custo MP 7.647,67 Custo MOD 2.519,61 Custo EGF 741,63

    Total de Custos 10.908,91 Quantidades

    produzidas

    267.4

    milheiros

    Custo Unitrio 40,80

    Relao de Maro

    N encom. Custos Custo

    Unitrio

    3384 4.556,94 40,80

    3388 10.908,91 40,80

    3391 1.611,44 40,80

    Total 17.077,29 40,80

    Quadro VII

    Quadro VIII

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    46

    4.8 - Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto

    4.8.1- Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto de janeiro

    Nesta microempresa estamos perante um processo produtivo contnuo. A produo

    mltipla pois produzimos como produto principal (rolhas) e subproduto (aparas). uma

    produo conjunta pois da mesma prancha de cortia retiramos os dois produtos. O

    custo do produto principal (rolhas) ser calculado pelo mtodo do valor de venda no

    ponto de separao. O custo do subproduto (aparas) ser calculado pelo mtodo do lucro

    nulo. A 1 milheiro de produto principal (rolhas) correspondem os preos de venda

    indicados nos quadros IX, XII e XV. Em relao ao subproduto (aparas) para cada Kg

    correspondem os preos inscritos nos quadros X, XII e XVI. Desta forma vamos

    calcular o custo unitrio da produo por classes de rolha.

    Dados do perodo:

    Produo Terminada de rolhas do ms de janeiro

    Calibre Classe Quantidade Preo de venda Total

    49x24 Sup. 67.7 milheiros 160,00 10.832,00

    45x24 Extra 56.4 milheiros 155,00 8.742,00

    45x24 Extra 30 milheiros 160,00 4.800,00

    45x24 Sup. 81.5 milheiros 125,00 10.187,50

    45x24 1 30 milheiros 100,00 3.000,00

    45x24 1 91 milheiros 80,00 7.280,00

    45x24 2 100 milheiros 80,00 8.000,00

    45x24 2 190 milheiros 70,00 13.300,00

    45x24 2 85.3 milheiros 55,00 4.691,50

    45x24 3 170 milheiros 30,00 5.100,00

    45x24 5/6 180 milheiros 3,00 540,00

    Raa 18 milheiros 15,00 270,00

    TOTAL 1099.9 milheiros 76.743,00

    Quadro IX

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    47

    Clculo:

    49x24 Sup. = (23.612,79*10.832,00)/76.743,00 = 3.332,86

    3.332,86/67.7 milheiros = 49,22/milheiro;

    45x24 Extra (pv = 155,00) = (23.612,79*8.742,00)/76.743,00 =

    2.689,80

    2.686,80/56,4 milheiros = 47,69/milheiro;

    45x24 Extra (pv = 160,00) = (23.612,79*4.800,00)/76.743,00 =

    1.476,90

    1.476,90/30 milheiros = 49,23 /milheiro;

    45x24 Sup. = (23.612,79*10.187,50)/76.743,00 = 3.134,56

    Aparas do ms de janeiro

    Subproduto Quantidade Preo de venda Total

    Aparas 1.267 Kg 0,50 633.50

    Aparas 2.261 Kg 0,50 1.130,50

    Aparas 1.861 Kg 0,50 930,50

    Aparas 1939 Kg 0,50 969,50

    Aparas 1699 Kg 0,50 849,50

    TOTAL 9.027 Kg

    4.513.50

    Custos conjuntos de janeiro

    MP 21.951,00

    MOD 5.337,00

    EGF 838,29

    Total 28.126,29

    Custos conjuntos Rolhas de diferentes calibres e

    classes (produto principal)

    Aparas (subproduto) 28.126,29 - 4513,50 = 23.612,79

    Quadro XI

    Quadro X

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    48

    3.134,56/81,5 milheiros = 38,42/milheiro;

    45x24 1 (pv = 100,00) = (23.612,79*3.000,00)/76.743,00 =923,06

    923,06/30milheiros = 30,77/milheiro;

    45x24 - 1 (pv = 80,00) = (23.612,79*7.280,00)/76.743,00 = 2.239,96

    2.239,96/91 milheiros =24,61/milheiro;

    45x24 2 (pv = 80,00) = (23.612,79*7.280,00)/76.743,00 = 2.239,96

    2.239,96/91 milheiros =24,61/milheiro;

    45x24 2 (pv = 70,00) = (23.612,79*13.300,00)/76.743,00 = 4.092,23

    4.092,23/190milheiros = 24,54/milheiro;

    45x24 2 (pv = 55,00) = (23.612,79*4.691,50)/76.743,00) =1.443,51

    1443,51/85,3milheiros = 16,92/milheiro;

    45x24 3 = (23.612,79*5.100,00)/76.743,00 = 1.569,20

    1.569,20/170milheiros = 9,23/milheiro;

    45x24 5/6 = (23.612,79*540,00)/76.743,00 = 166,15

    166,15/180milheiros = 0,92/milheiro;

    Raa = (23.612,79*270,00)/76.743,00 = 83,08

    83,08/18milheiros = 4,62/milheiro;

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    49

    4.8.2- Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto de fevereiro

    Dados do perodo:

    Produo Terminada de rolhas do ms de fevereiro

    Calibre Classe Quantidade Preo de venda Total

    49x24 Extra 36 milheiros 260,00 9.360,00

    49x24 Sup. 37.3 milheiros 170,00 6,341,00

    49x24 1 23.3 milheiros 120,00 2.796,00

    49x24 2 8.2 milheiros 100,00 820,00

    45x25 Sup.Extra 8 milheiros 195,00 1.560,00

    45x25 1 20 milheiros 100,00 2.000,00

    45x24 Extra 31 milheiros 165,00 5.115,00

    45x24 Extra 33.4 milheiros 150,00 5.010,00

    45x24 Sup.B 69 milheiros 100,00 6.900,00

    45x24 Sup. 49.8 milheiros 125,00 6.225,00

    45x24 1 30.1 milheiros 80,00 2.408,00

    45x24 1 30 milheiros 55,00 1.650,00

    45x24 2 28.3 milheiros 55,00 1.556,50

    45x24 2F 20 milheiros 32,00 640,00

    TOTAL 424.4 milheiros 52.381,50

    Aparas do ms de fevereiro

    Subproduto Quantidade Preo de venda Total

    Aparas 740 Kg 0,75 555,00

    Aparas 2.185 Kg 0,50 1.092,50

    Aparas 998 Kg 0,50 499,00

    Aparas 2.011 Kg 0,50 1.008,00

    TOTAL 5.934 Kg 3.154,50

    Custos conjuntos de fevereiro

    MP 8.858,50

    MOD 3.646,41

    EGF 631,48

    Total 13.136,39

    Quadro XII

    Quadro XIII

    Quadro XIV

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    50

    Clculo:

    49x24 Extra = (9.981,89*9.360)/52.381,50 = 1.783,65

    1.783,65/36 milheiros = 49,54/milheiro;

    49x24 Sup. = (9.981,89*6.341)/52.381,50= 1.208,35

    1.208,35/37,3 milheiros = 32,40/milheiro;

    49x24 1 = (9981,89*2.796,00)/52.381,50 = 532,81

    532,81/23,3 milheiros = 22,87/milheiro;

    49x24 2 = (9.981,89*820)/52.381,50 = 156,26

    156,26/8,2 milheiros = 19,06/milheiro;

    45x25 Sup. Extra = (9.981,89*1.560)/52.381,50 = 297,28

    297,28/8 milheiros = 37,16/milheiro;

    45x25 1 = (9.981,89*2.000)/52.381,50 = 381,12

    381,12/20 milheiros = 19,06/milheiro;

    45x24 Extra (pv = 165,00) = (9.981,89*5.115)/52.381,50 = 974,72

    974,72/31 milheiros = 31,44/milheiro;

    45x24 Extra (pv = 150,00) = (9.981,89*5.010)/52.381,50 = 954,71

    954,71/33,4 milheiros = 28,58/milheiro;

    45x24 Sup. B = (9.981,89*6.900)/52.381,50 = 1.314,87

    1314,89/69 milheiros = 19,06/milheiro;

    45x24 Sup. = (9.981,89*6.225)/52.381,50 = 1.186,24

    Custos conjuntos Rolhas de diferentes calibres e

    classes (produto principal)

    Aparas (subproduto) 13.136,39 - 3.154,50 = 9.981,89

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    51

    1.186,24/49,8 milheiros = 23,82/milheiro;

    45x24 1 (pv = 80,00) = (9.981,89*2.408)/52.381,50 = 458,87

    458,87/30,10 milheiros = 15,24/milheiro;

    45x24 1 (pv = 55,00) = (9.981,89*1.650,00)/52.381,50 = 314,43

    314,43/30 milheiros = 10,48/milheiro;

    45x24 2 = (9.981,89*1.556,50)/52.381,50 = 296,608

    296,608/28,3 milheiros = 10,48/milheiro;

    45x24 2 F = (9.981,89*640)/52.381,50 = 121,96

    121,96/20 milheiros = 6,09/milheiro;

    4.8.3 Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto de maro

    Dados do perodo:

    Aparas do ms de maro

    Subproduto Quantidade Preo de venda Total

    Aparas 1.613 Kg 0,50 806,50

    Aparas 1.862 Kg 0,50 931,00

    Aparas 2.112 Kg 0,50 1.056,00

    TOTAL 5.587 Kg 2.793,50

    Produo Terminada de rolhas do ms de maro

    Calibre Classe Quantidade Preo de venda Total

    49x25 4 39.5 milheiros 20,00 790,00

    45x24 Ext 10 milheiros 165,00 1.650,00

    45x24 Sup 20 milheiros 125,00 2.500,00

    45x24 1 30 milheiros 80,00 2.400,00

    45x24 2 49.1 milheiros 55,00 2.700,50

    45x24 2 60 milheiros 32,00 1.920,00

    45x24 2F 210 milheiros 32,00 6.720,00

    TOTAL 418.6 milheiros 18.680,50

    Quadro XV

    Quadro XVI

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    52

    Custos conjuntos de maro

    MP 11.972,00

    MOD 3.944,31

    EGF 1.160,98

    Total 17.077,29

    Clculo:

    49x25 4 = (14.283,79*790,00)/18.680,50 = 604,06

    604,06/39,5 milheiros = 15,29/milheiro;

    45x24 Extra = (14.283,79*1.650,00)/18.680,50 = 1.261,65

    1.261,65/10 milheiros = 126,17/milheiro;

    45x24 Sup. = (14.283,79*2.500,00)/18.680,50 = 1.911,59

    1.911,59/20 milheiros = 95,58/milheiro;

    45x24 1 = (14.283,79*2.400,00)/18.680,50 = 1.835,13

    1.835,13/30 milheiros = 61,17/milheiro;

    45x24 2 (pv = 55,00) = (14.283,79*2.700,50)/18.680,50 = 2.064,90

    2.064,90/49,10 milheiros = 42,05/milheiro;

    45x24 2 (pv = 32,00) = (14.283,79*1.920,00)/18.680,50 = 1.468,10

    1.468,10/60 milheiros = 24,47/milheiro;

    45x24 2 Fraco= (14.283,79*6.720,00)/18.680,50 = 5.138,36

    5.138,36/210 milheiros = 24,47/milheiro;

    Custos conjuntos Rolhas de diferentes calibres e

    classes (produto principal)

    Aparas (subproduto) 17.077,29 - 2.793,50 = 14.283,79

    Quadro XVII

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    53

    4.9 Contraposio entre o mtodo direto e o mtodo indireto

    Ao analisarmos os clculos do custo da produo pelo mtodo direto e pelo mtodo

    indireto, verificamos que o mtodo mais adequado para a microempresa do sector da

    cortia o mtodo indireto.

    Primeiro porque esta empresa no produz por encomenda mas sim por um processo

    contnuo de produo.

    Em segundo lugar, com a aplicao do mtodo direto, somente conseguimos chegar a

    um custo unitrio mdio de produo por encomenda. Com a aplicao do mtodo

    direto, no conseguimos chegar ao custo unitrio da produo com a diferenciao de

    custo por classe e calibre. Ao contrrio, ao aplicarmos o mtodo indirecto, conseguimos

    calcular o custo unitrio da produo por classe e calibre objetivo ao qual nos tnhamos

    proposto.

    Por ltimo a contabilidade por tarefas s pode adotar-se quando no possvel aplicar a

    contabilidade por processos. A contabilidade por processos demonstra mais a realidade.

    4.10 - Anlise dos resultados obtidos

    janeiro

    Calibre Classe Preo de venda Preo de custo

    49x24 Sup 160,00 49,22

    45x24 Extra 155,00 47,69

    45x24 Extra 160,00 49,23

    45x24 Sup 125,00 38,42

    45x24 1 100,00 30,77

    45x24 1 80,00 24,61

    45x24 2 80,00 24,61

    45x24 2 70,00 21,54

    45x24 2 55,00 16,92

    45x24 3 30,00 9,23

    45x24 5/6 3,00 0,92

    Raa 15,00 4,62

    Quadro XVIII

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    54

    fevereiro

    Calibre Classe Preo de venda Preo de custo

    49x24 Extra 260,00 33,76

    49x24 Sup 170,00 22,08

    49x24 1 120,00 15,58

    49x24 2 100,00 12,97

    45x25 Sup.Extra 195,00 25,32

    45x25 1 100,00 12,99

    45x24 Extra 165,00 21,43

    45x24 Extra 150,00 19,48

    45x24 Sup.B 100,00 12,99

    45x24 Sup 125,00 16,23

    45x24 1 80,00 10,39

    45x24 1 55,00 7,14

    45x24 2 55,00 7,14

    45x24 2F 32,00 4,16

    maro

    Calibre Classe Preo de venda Preo de custo

    49x25 4 20,00 15,29

    45x24 Extra 165,00 126,17

    45x24 Sup 125,00 95,58

    45x24 1 80,00 61,17

    45x24 2 55,00 42,05

    45x24 2 32,00 24,47

    45x24 2F 32,00 24,47

    Custos conjuntos de janeiro

    MP 21.951,00

    MOD 5.337,00

    EGF 838,29

    Total 28.126,29

    Quadro XIX

    Quadro XX

    Quadro XXI

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    55

    Ao analisarmos os quadros XVIII, XIX, XX, XXI, XXII e XXIII, podemos verificar

    que para o mesmo tipo de calibre e classe, ao longo dos trs meses estudados,

    verificamos diferenas substanciais nos custos unitrios da produo.

    Se por exemplo compararmos o calibre 45x24 na classe extra, nos trs meses estudados,

    verificamos que os preos de venda por milheiro rondam os 160,00, 165,00. Os

    preos de custo por milheiro nos perodos mencionados, oscilam bastante, em janeiro

    49,23, em fevereiro 31,44 e em maro 126,17. Os preos de venda praticamente no

    variaram enquanto que os preos de custo variaram muito. Ao analisarmos os quadro

    XXI, XXII e XXIII referentes aos custos conjuntos, podemos verificar que uma das

    causas desta disparidade de preos de custo, principalmente entre fevereiro e maro, se

    deve em muito, ao custo da matria prima. No ms de fevereiro compramos 7.945Kg de

    cortia por 8.858,50 e em maro compramos 6.415Kg de cortia por 11.972,00.

    Compramos menos cortia com um custo mais elevado. Ainda na anlise a estes

    quadros, verificamos uma outra causa possvel para a diferena do custo de produo

    entre o ms de maro e o ms de fevereiro se deve ao montante de EGF que quase

    duplicou.

    Ou seja, quase a mesma quantidade de produo e o dobro dos encargos. Uma outra

    razo possvel para tal disparidade de preos, estar relacionada com a qualidade das

    rolhas extradas das pranchas de cortia. Em fevereiro produzimos 424,4 milheiros

    subdivididas em classes muito boas como extra e superior nos diversos calibres como

    demonstra o XIX. Em maro produzimos 418.6 milheiros, subdivididas por classes mais

    fracas e por isso mais baratas. Como calculamos o custo de produo em relao ao

    Custos conjuntos de fevereiro

    MP 8.858,50

    MOD 3.646,41

    EGF 631,48

    Total 13.136,39

    Custos conjuntos de maro

    MP 11.972,00

    MOD 3.944,31

    EGF 1.160,98

    Total 17.077,29

    Quadro XXII

    Quadro XXIII

  • A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia

    Captulo IV

    56

    valor de venda no ponto de separao, faz com que custos de matria-prima e EGF mais

    elevados conjugados com produto final constitudo por calibres com classes mais fracas

    ou baratas origina custos unitrios de produo mais elevados.

    4.11 - Contraposio dos resultados obtidos com a tomada de deciso

    Como verificamos nos quadros XVIII, XIX e XX os preos de venda dos produtos

    mantm-se praticamente inalterados. Isto faz com que um aumento do custo da

    produo produza uma diminuio do resultado da empresa. Se o gestor

    atempadamente, tivesse conhecimento dos preos de custo dos seus produtos no ms de

    maro, teria tempo para poder tomar certas medidas para que este facto no voltasse a

    acontecer.

    Ao conhecer os seus custos fixos e os preos de venda, ter mais noo da quantidade

    de custos variveis que poder suportar.

    No ms de maro o gestor adquiriu a matria-prima e EGF mais elevados dos trs meses

    em estudo.

    Um outro facto ser tambm o conhecimento sobre a matria-prima que est a adquirir,

    isto porque em fevereiro extraiu das pranchas de cortia rolhas com melhor qualidade e

    logo preos de venda mais elevados do que em maro.

    Estamos conscientes que a contabilidade analtica uma importante ferramenta

    informativa para a gesto. Se o gestor tivesse contabilidade analtica na sua empresa

    teria conhecimento da disparidade de preos de custo de produo nos diferentes meses.

    P