dissertaÇÃo completa - unb...entretanto, para o modelo capm (capital asset pricing model), segundo...
TRANSCRIPT
i |UnB UFPB UFPE UFRN
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UnB
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN
Robson Lopes Abreu
OS DETERMINANTES DE CAIXA DAS EMPRESAS BRASILEIRAS Teste das Variaacuteveis Propostas pelas Teorias
Tradeoff Pecking Order e Free Cash Flow
Brasiacutelia
2005
2
Abreu Robson LopesOS DETERMINANTES DE CAIXA DAS EMPRESAS BRASILEIRAS Teste das Variaacuteveis Propostas pelas Teorias Tradeoff Pecking Order e Free Cash Flow Robson Lopes Abreu Brasiacutelia UnB 2005 p 92
Dissertaccedilatildeo - Mestrado Bibliografia
lContabilidade 2Caixa 3 Determinantes de caixa
3
Universidade de Brasiacutelia - UnB Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNProgram a Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo
em Ciecircncias Contaacutebeis
Robson Lopes Abreu
OS DETERMINANTES DE CAIXA DAS EMPRESAS
BRASILEIRAS Teste das Variaacuteveis Propostas pelas Teorias
Tradeoff Pecking Order e Free Cash Flow
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa
Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da UnB UFPB UFPE e
UFRN como requisito para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo
de Mestre em Ciecircncias Contaacutebeis
O rientadorProf Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva
Brasiacutelia
2005
4
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA (UnB)
Reitor
Prof Dr Lauro Morhy
Vice-Reitor
Prof Dr Timothy Martin Mulholand
Decano de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo
Prof Dr Noraiacute Romeu Rocco
Diretor da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo Contabilidade e Ciecircncia da Informaccedilatildeo e Documentaccedilatildeo
(FACE)
Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva
Chefe do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis e Atuariais (CCA)
Prof Dr Paulo Roberto Barbosa Lustosa
Coordenador-Geral do Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Contaacutebeis da UnB UFPB UFPE e UFRN
Prof Dr Jorge Katsumi Niyama
5
TERMO DE APROVACcedilAtildeO
Robson Lopes Abreu
OS DETERMINANTES DE CAIXA DAS EMPRESAS BRASILEIRAS Teste das
Variaacuteveis Propostas pelas Teorias Tradeoff Pecking Order e Free Cash Flow
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da UnB UFPB UFPE e UFRN como requisito para a
obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Contaacutebeis
Banca Examinadora
Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva Presidente da Banca
Prof Otaacutevio Ribeiro de Medeiros PhD Membro Examinador Interno
Prof3 D r1 Solange Garcia dos Reis Membro Examinador Externo
Brasiacutelia 27 de outubro de 2005
DEDICATOacuteRIA
6
A meus paisPelo esforccedilo incentivo e apoio afetuoso
7
AGRADECIMENTOS
Agrave minha famiacutelia Meus pais Nildete e Adalberto e a meu irmatildeo Hudson Mesmo
distantes sempre os senti perto pois estavam em minha mente e em meu coraccedilatildeo Seu apoio
palavras de conforto e orientaccedilatildeo foram meu porto seguro Palavras nunca seriam capazes de
expressar minha gratidatildeo e amor pelo esforccedilo em proporcionar as melhores condiccedilotildees de vida e
educaccedilatildeo para mim e para o meu irmatildeo Sei que vocecircs vibram tanto quanto eu com esta
conquista
Ao professor Ceacutesar Tibuacutercio pela segura orientaccedilatildeo confianccedila e pelas inuacutemeras
oportunidades que me foram oferecidas durante o mestrado principalmente pelo exemplo de
acadecircmico brilhante professor dedicado e espiacuterito em prol da ciecircncia Homem digno de meu
profundo respeito e sincera admiraccedilatildeo Sinto-me honrado por ter sido seu orientando
Aos professores Jorge Katsumi Otaacutevio de Medeiros e Paulo Lustosa pelos valiosos
ensinamentos dedicaccedilatildeo ao nosso programa e presenccedila inspiradora em meu desenvolvimento
intelectual
Aos professores Bernardo Kipnis Edwin de La Sota e Jerocircnymo Libonati pelas ricas
oportunidades de aprendizado
Agrave Maacutercia Barcellos pela competecircncia e dedicaccedilatildeo com as quais administrava os aspectos
burocraacuteticos do programa e principalmente pelo carinho e palavras agradaacuteveis de estiacutemulo e
apoio
Agrave Vera Luacutecia Cavalcanti pelo apoio e atenccedilatildeo carinhosa
Aos colegas de turma Alves Fernanda Gustavo Humberto Marcellus Seacutergio Siacutelvio e
William pelo coleguismo e profiacutecuos debates
Aos amigos de Brasiacutelia em especial Camilla Daniel Liacutevia Marcos e Vanderlei pela
bonita e afetuosa amizade e calorosa acolhida Sempre em minha gratidatildeo
Ao velho amigo e novo candango Bruno pela verdadeira amizade e inestimaacutevel auxiacutelio
8
9
EPIacuteGRAFE
ldquoAn investment in knowledge pays the best interest rdquo
Benjamim Franklin
10
RESUMO
Estudos que investigam os niacuteveis de caixa tecircm ganhado evidecircncia na literatura de financcedilas nos uacuteltimos anos Entende-se que o caixa estaacute no centro de uma seacuterie de decisotildees gerenciais e que apesar disso as pesquisas que consideram seus determinantes e implicaccedilotildees ainda estatildeo em seu iniacutecio Adicionalmente as empresas de todo o mundo tecircm mantido um montante significativo de recursos em caixa Dentro deste escopo trecircs correntes teoacutericas distintas seriam capazes de explicar o niacutevel de caixa agrave partir de variaacuteveis chamadas de ldquodeterminantes de caixardquo Satildeo elas a teoria tradeoff a teoria pecking order e a teoria free cash flow Este estudo tem por objetivo identificar qual destas trecircs teorias seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso foi realizada uma anaacutelise dos determinantes de caixa por meio de um modelo economeacutetrico em panel data para uma amostra de 269 empresas da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) que totalizam 6430 observaccedilotildees durante o periacuteodo de 1995 a 2004 Os resultados indicam que o porte a alavancagem os ativos liacutequidos substitutos e o pagamento de dividendos apresentam relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa ao passo que o prazo da diacutevida as oportunidades de investimentos a incerteza do fluxo de caixa e a concentraccedilatildeo de controle guardam relaccedilatildeo negativa Constatou-se que o fluxo de caixa natildeo foi significativo Desta forma nenhuma das teorias foi corroborada pois a anaacutelise dos determinantes indicou que natildeo haacute uma teoria dominante mas sim que as trecircs teorias tecircm poder explicativo Os testes de robustez de raiacutezes unitaacuterias e autocorrelaccedilatildeo reforccedilam a significacircncia dos resultados
Palavras-chave Caixa Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
11
ABSTRACT
On the last few years studies about cash determinants have been receiveing an increasing attention on the finance literature It is understood that besides cash plays a central role in several management decisions researches about its determinants and its implications are in their beginning Additionally firms all over the world have been holding a significant amount of cash In this context three distinguished theories could be able to explain cash holdings through a few variables known as cash determinants the tradeoff theory the pecking order theory and the free cash flow theory This study intends to identify which one of these tree theories is able to explain the cash holdings of brazilian firms An analysis of the cash determinants using a panel data model was conducted from a sample of 269 firms from Satildeo Paulo Stock Exchange (BOVESPA) which sum 6430 observations from 1995 to 2004 The results show that size leverage liquid assets substitutes and dividend payments hold a positive relationship with cash holdings while debt maturity investment opportunities cash flow uncertainty and ownership concentration hold a negative one Also cash flow did not present significant coefficients From that on none of the theories were corroborated once the analysis did not show a dominant theory but that both of them have explanatiom power Robustness tests of unit roots and autocorrelation reinforce the results
Key-words Cash Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
12
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das Teorias 29
Tabela 2 Resumo das Relaccedilotildees Esperadas entre o Niacutevel de Caixa e asVariaacuteveis 35
Tabela 3 Estatiacutesticas Descritivas 57
Tabela 4 Matriz de Correlaccedilatildeo de Pearson 58
Tabela 5 Irrelevacircncia das Variaacuteveis Macroeconocircmicas para o Modelo 60
Tabela 6 Resumo das Regressotildees 61
Tabela 9 Resumo dos Resultados - Variaacuteveis Significativas e TeoriasCorroboradas 62
Tabela A-1 Regressatildeo com Variaacuteveis Macroeconocircmicas 78
Tabela A-2 Regressatildeo - pooled regression 79
Tabela A-21 Regressotildees com - efeitos fixos80
Tabela A-22 Regressatildeo - efeitos aleatoacuterios 81
Tabela B Raiacutezes Unitaacuterias 82
Tabela C-1 Niacutevel de caixa 83
Tabela C-2 Ativos Liacutequidos Substitutos 84
Tabela C-3 Porte 85
Tabela C-4 Alavancagem 86
Tabela C-5 Magnitude do Fluxo de Caixa 87
Tabela C-6 Incerteza do Fluxo de Caixa 88
Tabela C-7 Oportunidades de Investimentos89
13
Tabela C-8 Prazo da Diacutevida 90
Tabela C-9 Concentraccedilatildeo do Controle 91
Tabela C-10 Pagamento de Dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio 92
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97
2
Abreu Robson LopesOS DETERMINANTES DE CAIXA DAS EMPRESAS BRASILEIRAS Teste das Variaacuteveis Propostas pelas Teorias Tradeoff Pecking Order e Free Cash Flow Robson Lopes Abreu Brasiacutelia UnB 2005 p 92
Dissertaccedilatildeo - Mestrado Bibliografia
lContabilidade 2Caixa 3 Determinantes de caixa
3
Universidade de Brasiacutelia - UnB Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNProgram a Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo
em Ciecircncias Contaacutebeis
Robson Lopes Abreu
OS DETERMINANTES DE CAIXA DAS EMPRESAS
BRASILEIRAS Teste das Variaacuteveis Propostas pelas Teorias
Tradeoff Pecking Order e Free Cash Flow
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa
Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da UnB UFPB UFPE e
UFRN como requisito para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo
de Mestre em Ciecircncias Contaacutebeis
O rientadorProf Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva
Brasiacutelia
2005
4
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA (UnB)
Reitor
Prof Dr Lauro Morhy
Vice-Reitor
Prof Dr Timothy Martin Mulholand
Decano de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo
Prof Dr Noraiacute Romeu Rocco
Diretor da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo Contabilidade e Ciecircncia da Informaccedilatildeo e Documentaccedilatildeo
(FACE)
Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva
Chefe do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis e Atuariais (CCA)
Prof Dr Paulo Roberto Barbosa Lustosa
Coordenador-Geral do Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Contaacutebeis da UnB UFPB UFPE e UFRN
Prof Dr Jorge Katsumi Niyama
5
TERMO DE APROVACcedilAtildeO
Robson Lopes Abreu
OS DETERMINANTES DE CAIXA DAS EMPRESAS BRASILEIRAS Teste das
Variaacuteveis Propostas pelas Teorias Tradeoff Pecking Order e Free Cash Flow
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da UnB UFPB UFPE e UFRN como requisito para a
obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Contaacutebeis
Banca Examinadora
Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva Presidente da Banca
Prof Otaacutevio Ribeiro de Medeiros PhD Membro Examinador Interno
Prof3 D r1 Solange Garcia dos Reis Membro Examinador Externo
Brasiacutelia 27 de outubro de 2005
DEDICATOacuteRIA
6
A meus paisPelo esforccedilo incentivo e apoio afetuoso
7
AGRADECIMENTOS
Agrave minha famiacutelia Meus pais Nildete e Adalberto e a meu irmatildeo Hudson Mesmo
distantes sempre os senti perto pois estavam em minha mente e em meu coraccedilatildeo Seu apoio
palavras de conforto e orientaccedilatildeo foram meu porto seguro Palavras nunca seriam capazes de
expressar minha gratidatildeo e amor pelo esforccedilo em proporcionar as melhores condiccedilotildees de vida e
educaccedilatildeo para mim e para o meu irmatildeo Sei que vocecircs vibram tanto quanto eu com esta
conquista
Ao professor Ceacutesar Tibuacutercio pela segura orientaccedilatildeo confianccedila e pelas inuacutemeras
oportunidades que me foram oferecidas durante o mestrado principalmente pelo exemplo de
acadecircmico brilhante professor dedicado e espiacuterito em prol da ciecircncia Homem digno de meu
profundo respeito e sincera admiraccedilatildeo Sinto-me honrado por ter sido seu orientando
Aos professores Jorge Katsumi Otaacutevio de Medeiros e Paulo Lustosa pelos valiosos
ensinamentos dedicaccedilatildeo ao nosso programa e presenccedila inspiradora em meu desenvolvimento
intelectual
Aos professores Bernardo Kipnis Edwin de La Sota e Jerocircnymo Libonati pelas ricas
oportunidades de aprendizado
Agrave Maacutercia Barcellos pela competecircncia e dedicaccedilatildeo com as quais administrava os aspectos
burocraacuteticos do programa e principalmente pelo carinho e palavras agradaacuteveis de estiacutemulo e
apoio
Agrave Vera Luacutecia Cavalcanti pelo apoio e atenccedilatildeo carinhosa
Aos colegas de turma Alves Fernanda Gustavo Humberto Marcellus Seacutergio Siacutelvio e
William pelo coleguismo e profiacutecuos debates
Aos amigos de Brasiacutelia em especial Camilla Daniel Liacutevia Marcos e Vanderlei pela
bonita e afetuosa amizade e calorosa acolhida Sempre em minha gratidatildeo
Ao velho amigo e novo candango Bruno pela verdadeira amizade e inestimaacutevel auxiacutelio
8
9
EPIacuteGRAFE
ldquoAn investment in knowledge pays the best interest rdquo
Benjamim Franklin
10
RESUMO
Estudos que investigam os niacuteveis de caixa tecircm ganhado evidecircncia na literatura de financcedilas nos uacuteltimos anos Entende-se que o caixa estaacute no centro de uma seacuterie de decisotildees gerenciais e que apesar disso as pesquisas que consideram seus determinantes e implicaccedilotildees ainda estatildeo em seu iniacutecio Adicionalmente as empresas de todo o mundo tecircm mantido um montante significativo de recursos em caixa Dentro deste escopo trecircs correntes teoacutericas distintas seriam capazes de explicar o niacutevel de caixa agrave partir de variaacuteveis chamadas de ldquodeterminantes de caixardquo Satildeo elas a teoria tradeoff a teoria pecking order e a teoria free cash flow Este estudo tem por objetivo identificar qual destas trecircs teorias seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso foi realizada uma anaacutelise dos determinantes de caixa por meio de um modelo economeacutetrico em panel data para uma amostra de 269 empresas da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) que totalizam 6430 observaccedilotildees durante o periacuteodo de 1995 a 2004 Os resultados indicam que o porte a alavancagem os ativos liacutequidos substitutos e o pagamento de dividendos apresentam relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa ao passo que o prazo da diacutevida as oportunidades de investimentos a incerteza do fluxo de caixa e a concentraccedilatildeo de controle guardam relaccedilatildeo negativa Constatou-se que o fluxo de caixa natildeo foi significativo Desta forma nenhuma das teorias foi corroborada pois a anaacutelise dos determinantes indicou que natildeo haacute uma teoria dominante mas sim que as trecircs teorias tecircm poder explicativo Os testes de robustez de raiacutezes unitaacuterias e autocorrelaccedilatildeo reforccedilam a significacircncia dos resultados
Palavras-chave Caixa Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
11
ABSTRACT
On the last few years studies about cash determinants have been receiveing an increasing attention on the finance literature It is understood that besides cash plays a central role in several management decisions researches about its determinants and its implications are in their beginning Additionally firms all over the world have been holding a significant amount of cash In this context three distinguished theories could be able to explain cash holdings through a few variables known as cash determinants the tradeoff theory the pecking order theory and the free cash flow theory This study intends to identify which one of these tree theories is able to explain the cash holdings of brazilian firms An analysis of the cash determinants using a panel data model was conducted from a sample of 269 firms from Satildeo Paulo Stock Exchange (BOVESPA) which sum 6430 observations from 1995 to 2004 The results show that size leverage liquid assets substitutes and dividend payments hold a positive relationship with cash holdings while debt maturity investment opportunities cash flow uncertainty and ownership concentration hold a negative one Also cash flow did not present significant coefficients From that on none of the theories were corroborated once the analysis did not show a dominant theory but that both of them have explanatiom power Robustness tests of unit roots and autocorrelation reinforce the results
Key-words Cash Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
12
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das Teorias 29
Tabela 2 Resumo das Relaccedilotildees Esperadas entre o Niacutevel de Caixa e asVariaacuteveis 35
Tabela 3 Estatiacutesticas Descritivas 57
Tabela 4 Matriz de Correlaccedilatildeo de Pearson 58
Tabela 5 Irrelevacircncia das Variaacuteveis Macroeconocircmicas para o Modelo 60
Tabela 6 Resumo das Regressotildees 61
Tabela 9 Resumo dos Resultados - Variaacuteveis Significativas e TeoriasCorroboradas 62
Tabela A-1 Regressatildeo com Variaacuteveis Macroeconocircmicas 78
Tabela A-2 Regressatildeo - pooled regression 79
Tabela A-21 Regressotildees com - efeitos fixos80
Tabela A-22 Regressatildeo - efeitos aleatoacuterios 81
Tabela B Raiacutezes Unitaacuterias 82
Tabela C-1 Niacutevel de caixa 83
Tabela C-2 Ativos Liacutequidos Substitutos 84
Tabela C-3 Porte 85
Tabela C-4 Alavancagem 86
Tabela C-5 Magnitude do Fluxo de Caixa 87
Tabela C-6 Incerteza do Fluxo de Caixa 88
Tabela C-7 Oportunidades de Investimentos89
13
Tabela C-8 Prazo da Diacutevida 90
Tabela C-9 Concentraccedilatildeo do Controle 91
Tabela C-10 Pagamento de Dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio 92
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97
3
Universidade de Brasiacutelia - UnB Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNProgram a Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo
em Ciecircncias Contaacutebeis
Robson Lopes Abreu
OS DETERMINANTES DE CAIXA DAS EMPRESAS
BRASILEIRAS Teste das Variaacuteveis Propostas pelas Teorias
Tradeoff Pecking Order e Free Cash Flow
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa
Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da UnB UFPB UFPE e
UFRN como requisito para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo
de Mestre em Ciecircncias Contaacutebeis
O rientadorProf Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva
Brasiacutelia
2005
4
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA (UnB)
Reitor
Prof Dr Lauro Morhy
Vice-Reitor
Prof Dr Timothy Martin Mulholand
Decano de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo
Prof Dr Noraiacute Romeu Rocco
Diretor da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo Contabilidade e Ciecircncia da Informaccedilatildeo e Documentaccedilatildeo
(FACE)
Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva
Chefe do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis e Atuariais (CCA)
Prof Dr Paulo Roberto Barbosa Lustosa
Coordenador-Geral do Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Contaacutebeis da UnB UFPB UFPE e UFRN
Prof Dr Jorge Katsumi Niyama
5
TERMO DE APROVACcedilAtildeO
Robson Lopes Abreu
OS DETERMINANTES DE CAIXA DAS EMPRESAS BRASILEIRAS Teste das
Variaacuteveis Propostas pelas Teorias Tradeoff Pecking Order e Free Cash Flow
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da UnB UFPB UFPE e UFRN como requisito para a
obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Contaacutebeis
Banca Examinadora
Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva Presidente da Banca
Prof Otaacutevio Ribeiro de Medeiros PhD Membro Examinador Interno
Prof3 D r1 Solange Garcia dos Reis Membro Examinador Externo
Brasiacutelia 27 de outubro de 2005
DEDICATOacuteRIA
6
A meus paisPelo esforccedilo incentivo e apoio afetuoso
7
AGRADECIMENTOS
Agrave minha famiacutelia Meus pais Nildete e Adalberto e a meu irmatildeo Hudson Mesmo
distantes sempre os senti perto pois estavam em minha mente e em meu coraccedilatildeo Seu apoio
palavras de conforto e orientaccedilatildeo foram meu porto seguro Palavras nunca seriam capazes de
expressar minha gratidatildeo e amor pelo esforccedilo em proporcionar as melhores condiccedilotildees de vida e
educaccedilatildeo para mim e para o meu irmatildeo Sei que vocecircs vibram tanto quanto eu com esta
conquista
Ao professor Ceacutesar Tibuacutercio pela segura orientaccedilatildeo confianccedila e pelas inuacutemeras
oportunidades que me foram oferecidas durante o mestrado principalmente pelo exemplo de
acadecircmico brilhante professor dedicado e espiacuterito em prol da ciecircncia Homem digno de meu
profundo respeito e sincera admiraccedilatildeo Sinto-me honrado por ter sido seu orientando
Aos professores Jorge Katsumi Otaacutevio de Medeiros e Paulo Lustosa pelos valiosos
ensinamentos dedicaccedilatildeo ao nosso programa e presenccedila inspiradora em meu desenvolvimento
intelectual
Aos professores Bernardo Kipnis Edwin de La Sota e Jerocircnymo Libonati pelas ricas
oportunidades de aprendizado
Agrave Maacutercia Barcellos pela competecircncia e dedicaccedilatildeo com as quais administrava os aspectos
burocraacuteticos do programa e principalmente pelo carinho e palavras agradaacuteveis de estiacutemulo e
apoio
Agrave Vera Luacutecia Cavalcanti pelo apoio e atenccedilatildeo carinhosa
Aos colegas de turma Alves Fernanda Gustavo Humberto Marcellus Seacutergio Siacutelvio e
William pelo coleguismo e profiacutecuos debates
Aos amigos de Brasiacutelia em especial Camilla Daniel Liacutevia Marcos e Vanderlei pela
bonita e afetuosa amizade e calorosa acolhida Sempre em minha gratidatildeo
Ao velho amigo e novo candango Bruno pela verdadeira amizade e inestimaacutevel auxiacutelio
8
9
EPIacuteGRAFE
ldquoAn investment in knowledge pays the best interest rdquo
Benjamim Franklin
10
RESUMO
Estudos que investigam os niacuteveis de caixa tecircm ganhado evidecircncia na literatura de financcedilas nos uacuteltimos anos Entende-se que o caixa estaacute no centro de uma seacuterie de decisotildees gerenciais e que apesar disso as pesquisas que consideram seus determinantes e implicaccedilotildees ainda estatildeo em seu iniacutecio Adicionalmente as empresas de todo o mundo tecircm mantido um montante significativo de recursos em caixa Dentro deste escopo trecircs correntes teoacutericas distintas seriam capazes de explicar o niacutevel de caixa agrave partir de variaacuteveis chamadas de ldquodeterminantes de caixardquo Satildeo elas a teoria tradeoff a teoria pecking order e a teoria free cash flow Este estudo tem por objetivo identificar qual destas trecircs teorias seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso foi realizada uma anaacutelise dos determinantes de caixa por meio de um modelo economeacutetrico em panel data para uma amostra de 269 empresas da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) que totalizam 6430 observaccedilotildees durante o periacuteodo de 1995 a 2004 Os resultados indicam que o porte a alavancagem os ativos liacutequidos substitutos e o pagamento de dividendos apresentam relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa ao passo que o prazo da diacutevida as oportunidades de investimentos a incerteza do fluxo de caixa e a concentraccedilatildeo de controle guardam relaccedilatildeo negativa Constatou-se que o fluxo de caixa natildeo foi significativo Desta forma nenhuma das teorias foi corroborada pois a anaacutelise dos determinantes indicou que natildeo haacute uma teoria dominante mas sim que as trecircs teorias tecircm poder explicativo Os testes de robustez de raiacutezes unitaacuterias e autocorrelaccedilatildeo reforccedilam a significacircncia dos resultados
Palavras-chave Caixa Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
11
ABSTRACT
On the last few years studies about cash determinants have been receiveing an increasing attention on the finance literature It is understood that besides cash plays a central role in several management decisions researches about its determinants and its implications are in their beginning Additionally firms all over the world have been holding a significant amount of cash In this context three distinguished theories could be able to explain cash holdings through a few variables known as cash determinants the tradeoff theory the pecking order theory and the free cash flow theory This study intends to identify which one of these tree theories is able to explain the cash holdings of brazilian firms An analysis of the cash determinants using a panel data model was conducted from a sample of 269 firms from Satildeo Paulo Stock Exchange (BOVESPA) which sum 6430 observations from 1995 to 2004 The results show that size leverage liquid assets substitutes and dividend payments hold a positive relationship with cash holdings while debt maturity investment opportunities cash flow uncertainty and ownership concentration hold a negative one Also cash flow did not present significant coefficients From that on none of the theories were corroborated once the analysis did not show a dominant theory but that both of them have explanatiom power Robustness tests of unit roots and autocorrelation reinforce the results
Key-words Cash Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
12
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das Teorias 29
Tabela 2 Resumo das Relaccedilotildees Esperadas entre o Niacutevel de Caixa e asVariaacuteveis 35
Tabela 3 Estatiacutesticas Descritivas 57
Tabela 4 Matriz de Correlaccedilatildeo de Pearson 58
Tabela 5 Irrelevacircncia das Variaacuteveis Macroeconocircmicas para o Modelo 60
Tabela 6 Resumo das Regressotildees 61
Tabela 9 Resumo dos Resultados - Variaacuteveis Significativas e TeoriasCorroboradas 62
Tabela A-1 Regressatildeo com Variaacuteveis Macroeconocircmicas 78
Tabela A-2 Regressatildeo - pooled regression 79
Tabela A-21 Regressotildees com - efeitos fixos80
Tabela A-22 Regressatildeo - efeitos aleatoacuterios 81
Tabela B Raiacutezes Unitaacuterias 82
Tabela C-1 Niacutevel de caixa 83
Tabela C-2 Ativos Liacutequidos Substitutos 84
Tabela C-3 Porte 85
Tabela C-4 Alavancagem 86
Tabela C-5 Magnitude do Fluxo de Caixa 87
Tabela C-6 Incerteza do Fluxo de Caixa 88
Tabela C-7 Oportunidades de Investimentos89
13
Tabela C-8 Prazo da Diacutevida 90
Tabela C-9 Concentraccedilatildeo do Controle 91
Tabela C-10 Pagamento de Dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio 92
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97
4
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA (UnB)
Reitor
Prof Dr Lauro Morhy
Vice-Reitor
Prof Dr Timothy Martin Mulholand
Decano de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo
Prof Dr Noraiacute Romeu Rocco
Diretor da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo Contabilidade e Ciecircncia da Informaccedilatildeo e Documentaccedilatildeo
(FACE)
Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva
Chefe do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis e Atuariais (CCA)
Prof Dr Paulo Roberto Barbosa Lustosa
Coordenador-Geral do Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Contaacutebeis da UnB UFPB UFPE e UFRN
Prof Dr Jorge Katsumi Niyama
5
TERMO DE APROVACcedilAtildeO
Robson Lopes Abreu
OS DETERMINANTES DE CAIXA DAS EMPRESAS BRASILEIRAS Teste das
Variaacuteveis Propostas pelas Teorias Tradeoff Pecking Order e Free Cash Flow
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da UnB UFPB UFPE e UFRN como requisito para a
obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Contaacutebeis
Banca Examinadora
Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva Presidente da Banca
Prof Otaacutevio Ribeiro de Medeiros PhD Membro Examinador Interno
Prof3 D r1 Solange Garcia dos Reis Membro Examinador Externo
Brasiacutelia 27 de outubro de 2005
DEDICATOacuteRIA
6
A meus paisPelo esforccedilo incentivo e apoio afetuoso
7
AGRADECIMENTOS
Agrave minha famiacutelia Meus pais Nildete e Adalberto e a meu irmatildeo Hudson Mesmo
distantes sempre os senti perto pois estavam em minha mente e em meu coraccedilatildeo Seu apoio
palavras de conforto e orientaccedilatildeo foram meu porto seguro Palavras nunca seriam capazes de
expressar minha gratidatildeo e amor pelo esforccedilo em proporcionar as melhores condiccedilotildees de vida e
educaccedilatildeo para mim e para o meu irmatildeo Sei que vocecircs vibram tanto quanto eu com esta
conquista
Ao professor Ceacutesar Tibuacutercio pela segura orientaccedilatildeo confianccedila e pelas inuacutemeras
oportunidades que me foram oferecidas durante o mestrado principalmente pelo exemplo de
acadecircmico brilhante professor dedicado e espiacuterito em prol da ciecircncia Homem digno de meu
profundo respeito e sincera admiraccedilatildeo Sinto-me honrado por ter sido seu orientando
Aos professores Jorge Katsumi Otaacutevio de Medeiros e Paulo Lustosa pelos valiosos
ensinamentos dedicaccedilatildeo ao nosso programa e presenccedila inspiradora em meu desenvolvimento
intelectual
Aos professores Bernardo Kipnis Edwin de La Sota e Jerocircnymo Libonati pelas ricas
oportunidades de aprendizado
Agrave Maacutercia Barcellos pela competecircncia e dedicaccedilatildeo com as quais administrava os aspectos
burocraacuteticos do programa e principalmente pelo carinho e palavras agradaacuteveis de estiacutemulo e
apoio
Agrave Vera Luacutecia Cavalcanti pelo apoio e atenccedilatildeo carinhosa
Aos colegas de turma Alves Fernanda Gustavo Humberto Marcellus Seacutergio Siacutelvio e
William pelo coleguismo e profiacutecuos debates
Aos amigos de Brasiacutelia em especial Camilla Daniel Liacutevia Marcos e Vanderlei pela
bonita e afetuosa amizade e calorosa acolhida Sempre em minha gratidatildeo
Ao velho amigo e novo candango Bruno pela verdadeira amizade e inestimaacutevel auxiacutelio
8
9
EPIacuteGRAFE
ldquoAn investment in knowledge pays the best interest rdquo
Benjamim Franklin
10
RESUMO
Estudos que investigam os niacuteveis de caixa tecircm ganhado evidecircncia na literatura de financcedilas nos uacuteltimos anos Entende-se que o caixa estaacute no centro de uma seacuterie de decisotildees gerenciais e que apesar disso as pesquisas que consideram seus determinantes e implicaccedilotildees ainda estatildeo em seu iniacutecio Adicionalmente as empresas de todo o mundo tecircm mantido um montante significativo de recursos em caixa Dentro deste escopo trecircs correntes teoacutericas distintas seriam capazes de explicar o niacutevel de caixa agrave partir de variaacuteveis chamadas de ldquodeterminantes de caixardquo Satildeo elas a teoria tradeoff a teoria pecking order e a teoria free cash flow Este estudo tem por objetivo identificar qual destas trecircs teorias seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso foi realizada uma anaacutelise dos determinantes de caixa por meio de um modelo economeacutetrico em panel data para uma amostra de 269 empresas da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) que totalizam 6430 observaccedilotildees durante o periacuteodo de 1995 a 2004 Os resultados indicam que o porte a alavancagem os ativos liacutequidos substitutos e o pagamento de dividendos apresentam relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa ao passo que o prazo da diacutevida as oportunidades de investimentos a incerteza do fluxo de caixa e a concentraccedilatildeo de controle guardam relaccedilatildeo negativa Constatou-se que o fluxo de caixa natildeo foi significativo Desta forma nenhuma das teorias foi corroborada pois a anaacutelise dos determinantes indicou que natildeo haacute uma teoria dominante mas sim que as trecircs teorias tecircm poder explicativo Os testes de robustez de raiacutezes unitaacuterias e autocorrelaccedilatildeo reforccedilam a significacircncia dos resultados
Palavras-chave Caixa Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
11
ABSTRACT
On the last few years studies about cash determinants have been receiveing an increasing attention on the finance literature It is understood that besides cash plays a central role in several management decisions researches about its determinants and its implications are in their beginning Additionally firms all over the world have been holding a significant amount of cash In this context three distinguished theories could be able to explain cash holdings through a few variables known as cash determinants the tradeoff theory the pecking order theory and the free cash flow theory This study intends to identify which one of these tree theories is able to explain the cash holdings of brazilian firms An analysis of the cash determinants using a panel data model was conducted from a sample of 269 firms from Satildeo Paulo Stock Exchange (BOVESPA) which sum 6430 observations from 1995 to 2004 The results show that size leverage liquid assets substitutes and dividend payments hold a positive relationship with cash holdings while debt maturity investment opportunities cash flow uncertainty and ownership concentration hold a negative one Also cash flow did not present significant coefficients From that on none of the theories were corroborated once the analysis did not show a dominant theory but that both of them have explanatiom power Robustness tests of unit roots and autocorrelation reinforce the results
Key-words Cash Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
12
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das Teorias 29
Tabela 2 Resumo das Relaccedilotildees Esperadas entre o Niacutevel de Caixa e asVariaacuteveis 35
Tabela 3 Estatiacutesticas Descritivas 57
Tabela 4 Matriz de Correlaccedilatildeo de Pearson 58
Tabela 5 Irrelevacircncia das Variaacuteveis Macroeconocircmicas para o Modelo 60
Tabela 6 Resumo das Regressotildees 61
Tabela 9 Resumo dos Resultados - Variaacuteveis Significativas e TeoriasCorroboradas 62
Tabela A-1 Regressatildeo com Variaacuteveis Macroeconocircmicas 78
Tabela A-2 Regressatildeo - pooled regression 79
Tabela A-21 Regressotildees com - efeitos fixos80
Tabela A-22 Regressatildeo - efeitos aleatoacuterios 81
Tabela B Raiacutezes Unitaacuterias 82
Tabela C-1 Niacutevel de caixa 83
Tabela C-2 Ativos Liacutequidos Substitutos 84
Tabela C-3 Porte 85
Tabela C-4 Alavancagem 86
Tabela C-5 Magnitude do Fluxo de Caixa 87
Tabela C-6 Incerteza do Fluxo de Caixa 88
Tabela C-7 Oportunidades de Investimentos89
13
Tabela C-8 Prazo da Diacutevida 90
Tabela C-9 Concentraccedilatildeo do Controle 91
Tabela C-10 Pagamento de Dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio 92
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97
5
TERMO DE APROVACcedilAtildeO
Robson Lopes Abreu
OS DETERMINANTES DE CAIXA DAS EMPRESAS BRASILEIRAS Teste das
Variaacuteveis Propostas pelas Teorias Tradeoff Pecking Order e Free Cash Flow
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da UnB UFPB UFPE e UFRN como requisito para a
obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Contaacutebeis
Banca Examinadora
Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva Presidente da Banca
Prof Otaacutevio Ribeiro de Medeiros PhD Membro Examinador Interno
Prof3 D r1 Solange Garcia dos Reis Membro Examinador Externo
Brasiacutelia 27 de outubro de 2005
DEDICATOacuteRIA
6
A meus paisPelo esforccedilo incentivo e apoio afetuoso
7
AGRADECIMENTOS
Agrave minha famiacutelia Meus pais Nildete e Adalberto e a meu irmatildeo Hudson Mesmo
distantes sempre os senti perto pois estavam em minha mente e em meu coraccedilatildeo Seu apoio
palavras de conforto e orientaccedilatildeo foram meu porto seguro Palavras nunca seriam capazes de
expressar minha gratidatildeo e amor pelo esforccedilo em proporcionar as melhores condiccedilotildees de vida e
educaccedilatildeo para mim e para o meu irmatildeo Sei que vocecircs vibram tanto quanto eu com esta
conquista
Ao professor Ceacutesar Tibuacutercio pela segura orientaccedilatildeo confianccedila e pelas inuacutemeras
oportunidades que me foram oferecidas durante o mestrado principalmente pelo exemplo de
acadecircmico brilhante professor dedicado e espiacuterito em prol da ciecircncia Homem digno de meu
profundo respeito e sincera admiraccedilatildeo Sinto-me honrado por ter sido seu orientando
Aos professores Jorge Katsumi Otaacutevio de Medeiros e Paulo Lustosa pelos valiosos
ensinamentos dedicaccedilatildeo ao nosso programa e presenccedila inspiradora em meu desenvolvimento
intelectual
Aos professores Bernardo Kipnis Edwin de La Sota e Jerocircnymo Libonati pelas ricas
oportunidades de aprendizado
Agrave Maacutercia Barcellos pela competecircncia e dedicaccedilatildeo com as quais administrava os aspectos
burocraacuteticos do programa e principalmente pelo carinho e palavras agradaacuteveis de estiacutemulo e
apoio
Agrave Vera Luacutecia Cavalcanti pelo apoio e atenccedilatildeo carinhosa
Aos colegas de turma Alves Fernanda Gustavo Humberto Marcellus Seacutergio Siacutelvio e
William pelo coleguismo e profiacutecuos debates
Aos amigos de Brasiacutelia em especial Camilla Daniel Liacutevia Marcos e Vanderlei pela
bonita e afetuosa amizade e calorosa acolhida Sempre em minha gratidatildeo
Ao velho amigo e novo candango Bruno pela verdadeira amizade e inestimaacutevel auxiacutelio
8
9
EPIacuteGRAFE
ldquoAn investment in knowledge pays the best interest rdquo
Benjamim Franklin
10
RESUMO
Estudos que investigam os niacuteveis de caixa tecircm ganhado evidecircncia na literatura de financcedilas nos uacuteltimos anos Entende-se que o caixa estaacute no centro de uma seacuterie de decisotildees gerenciais e que apesar disso as pesquisas que consideram seus determinantes e implicaccedilotildees ainda estatildeo em seu iniacutecio Adicionalmente as empresas de todo o mundo tecircm mantido um montante significativo de recursos em caixa Dentro deste escopo trecircs correntes teoacutericas distintas seriam capazes de explicar o niacutevel de caixa agrave partir de variaacuteveis chamadas de ldquodeterminantes de caixardquo Satildeo elas a teoria tradeoff a teoria pecking order e a teoria free cash flow Este estudo tem por objetivo identificar qual destas trecircs teorias seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso foi realizada uma anaacutelise dos determinantes de caixa por meio de um modelo economeacutetrico em panel data para uma amostra de 269 empresas da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) que totalizam 6430 observaccedilotildees durante o periacuteodo de 1995 a 2004 Os resultados indicam que o porte a alavancagem os ativos liacutequidos substitutos e o pagamento de dividendos apresentam relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa ao passo que o prazo da diacutevida as oportunidades de investimentos a incerteza do fluxo de caixa e a concentraccedilatildeo de controle guardam relaccedilatildeo negativa Constatou-se que o fluxo de caixa natildeo foi significativo Desta forma nenhuma das teorias foi corroborada pois a anaacutelise dos determinantes indicou que natildeo haacute uma teoria dominante mas sim que as trecircs teorias tecircm poder explicativo Os testes de robustez de raiacutezes unitaacuterias e autocorrelaccedilatildeo reforccedilam a significacircncia dos resultados
Palavras-chave Caixa Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
11
ABSTRACT
On the last few years studies about cash determinants have been receiveing an increasing attention on the finance literature It is understood that besides cash plays a central role in several management decisions researches about its determinants and its implications are in their beginning Additionally firms all over the world have been holding a significant amount of cash In this context three distinguished theories could be able to explain cash holdings through a few variables known as cash determinants the tradeoff theory the pecking order theory and the free cash flow theory This study intends to identify which one of these tree theories is able to explain the cash holdings of brazilian firms An analysis of the cash determinants using a panel data model was conducted from a sample of 269 firms from Satildeo Paulo Stock Exchange (BOVESPA) which sum 6430 observations from 1995 to 2004 The results show that size leverage liquid assets substitutes and dividend payments hold a positive relationship with cash holdings while debt maturity investment opportunities cash flow uncertainty and ownership concentration hold a negative one Also cash flow did not present significant coefficients From that on none of the theories were corroborated once the analysis did not show a dominant theory but that both of them have explanatiom power Robustness tests of unit roots and autocorrelation reinforce the results
Key-words Cash Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
12
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das Teorias 29
Tabela 2 Resumo das Relaccedilotildees Esperadas entre o Niacutevel de Caixa e asVariaacuteveis 35
Tabela 3 Estatiacutesticas Descritivas 57
Tabela 4 Matriz de Correlaccedilatildeo de Pearson 58
Tabela 5 Irrelevacircncia das Variaacuteveis Macroeconocircmicas para o Modelo 60
Tabela 6 Resumo das Regressotildees 61
Tabela 9 Resumo dos Resultados - Variaacuteveis Significativas e TeoriasCorroboradas 62
Tabela A-1 Regressatildeo com Variaacuteveis Macroeconocircmicas 78
Tabela A-2 Regressatildeo - pooled regression 79
Tabela A-21 Regressotildees com - efeitos fixos80
Tabela A-22 Regressatildeo - efeitos aleatoacuterios 81
Tabela B Raiacutezes Unitaacuterias 82
Tabela C-1 Niacutevel de caixa 83
Tabela C-2 Ativos Liacutequidos Substitutos 84
Tabela C-3 Porte 85
Tabela C-4 Alavancagem 86
Tabela C-5 Magnitude do Fluxo de Caixa 87
Tabela C-6 Incerteza do Fluxo de Caixa 88
Tabela C-7 Oportunidades de Investimentos89
13
Tabela C-8 Prazo da Diacutevida 90
Tabela C-9 Concentraccedilatildeo do Controle 91
Tabela C-10 Pagamento de Dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio 92
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97
DEDICATOacuteRIA
6
A meus paisPelo esforccedilo incentivo e apoio afetuoso
7
AGRADECIMENTOS
Agrave minha famiacutelia Meus pais Nildete e Adalberto e a meu irmatildeo Hudson Mesmo
distantes sempre os senti perto pois estavam em minha mente e em meu coraccedilatildeo Seu apoio
palavras de conforto e orientaccedilatildeo foram meu porto seguro Palavras nunca seriam capazes de
expressar minha gratidatildeo e amor pelo esforccedilo em proporcionar as melhores condiccedilotildees de vida e
educaccedilatildeo para mim e para o meu irmatildeo Sei que vocecircs vibram tanto quanto eu com esta
conquista
Ao professor Ceacutesar Tibuacutercio pela segura orientaccedilatildeo confianccedila e pelas inuacutemeras
oportunidades que me foram oferecidas durante o mestrado principalmente pelo exemplo de
acadecircmico brilhante professor dedicado e espiacuterito em prol da ciecircncia Homem digno de meu
profundo respeito e sincera admiraccedilatildeo Sinto-me honrado por ter sido seu orientando
Aos professores Jorge Katsumi Otaacutevio de Medeiros e Paulo Lustosa pelos valiosos
ensinamentos dedicaccedilatildeo ao nosso programa e presenccedila inspiradora em meu desenvolvimento
intelectual
Aos professores Bernardo Kipnis Edwin de La Sota e Jerocircnymo Libonati pelas ricas
oportunidades de aprendizado
Agrave Maacutercia Barcellos pela competecircncia e dedicaccedilatildeo com as quais administrava os aspectos
burocraacuteticos do programa e principalmente pelo carinho e palavras agradaacuteveis de estiacutemulo e
apoio
Agrave Vera Luacutecia Cavalcanti pelo apoio e atenccedilatildeo carinhosa
Aos colegas de turma Alves Fernanda Gustavo Humberto Marcellus Seacutergio Siacutelvio e
William pelo coleguismo e profiacutecuos debates
Aos amigos de Brasiacutelia em especial Camilla Daniel Liacutevia Marcos e Vanderlei pela
bonita e afetuosa amizade e calorosa acolhida Sempre em minha gratidatildeo
Ao velho amigo e novo candango Bruno pela verdadeira amizade e inestimaacutevel auxiacutelio
8
9
EPIacuteGRAFE
ldquoAn investment in knowledge pays the best interest rdquo
Benjamim Franklin
10
RESUMO
Estudos que investigam os niacuteveis de caixa tecircm ganhado evidecircncia na literatura de financcedilas nos uacuteltimos anos Entende-se que o caixa estaacute no centro de uma seacuterie de decisotildees gerenciais e que apesar disso as pesquisas que consideram seus determinantes e implicaccedilotildees ainda estatildeo em seu iniacutecio Adicionalmente as empresas de todo o mundo tecircm mantido um montante significativo de recursos em caixa Dentro deste escopo trecircs correntes teoacutericas distintas seriam capazes de explicar o niacutevel de caixa agrave partir de variaacuteveis chamadas de ldquodeterminantes de caixardquo Satildeo elas a teoria tradeoff a teoria pecking order e a teoria free cash flow Este estudo tem por objetivo identificar qual destas trecircs teorias seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso foi realizada uma anaacutelise dos determinantes de caixa por meio de um modelo economeacutetrico em panel data para uma amostra de 269 empresas da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) que totalizam 6430 observaccedilotildees durante o periacuteodo de 1995 a 2004 Os resultados indicam que o porte a alavancagem os ativos liacutequidos substitutos e o pagamento de dividendos apresentam relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa ao passo que o prazo da diacutevida as oportunidades de investimentos a incerteza do fluxo de caixa e a concentraccedilatildeo de controle guardam relaccedilatildeo negativa Constatou-se que o fluxo de caixa natildeo foi significativo Desta forma nenhuma das teorias foi corroborada pois a anaacutelise dos determinantes indicou que natildeo haacute uma teoria dominante mas sim que as trecircs teorias tecircm poder explicativo Os testes de robustez de raiacutezes unitaacuterias e autocorrelaccedilatildeo reforccedilam a significacircncia dos resultados
Palavras-chave Caixa Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
11
ABSTRACT
On the last few years studies about cash determinants have been receiveing an increasing attention on the finance literature It is understood that besides cash plays a central role in several management decisions researches about its determinants and its implications are in their beginning Additionally firms all over the world have been holding a significant amount of cash In this context three distinguished theories could be able to explain cash holdings through a few variables known as cash determinants the tradeoff theory the pecking order theory and the free cash flow theory This study intends to identify which one of these tree theories is able to explain the cash holdings of brazilian firms An analysis of the cash determinants using a panel data model was conducted from a sample of 269 firms from Satildeo Paulo Stock Exchange (BOVESPA) which sum 6430 observations from 1995 to 2004 The results show that size leverage liquid assets substitutes and dividend payments hold a positive relationship with cash holdings while debt maturity investment opportunities cash flow uncertainty and ownership concentration hold a negative one Also cash flow did not present significant coefficients From that on none of the theories were corroborated once the analysis did not show a dominant theory but that both of them have explanatiom power Robustness tests of unit roots and autocorrelation reinforce the results
Key-words Cash Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
12
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das Teorias 29
Tabela 2 Resumo das Relaccedilotildees Esperadas entre o Niacutevel de Caixa e asVariaacuteveis 35
Tabela 3 Estatiacutesticas Descritivas 57
Tabela 4 Matriz de Correlaccedilatildeo de Pearson 58
Tabela 5 Irrelevacircncia das Variaacuteveis Macroeconocircmicas para o Modelo 60
Tabela 6 Resumo das Regressotildees 61
Tabela 9 Resumo dos Resultados - Variaacuteveis Significativas e TeoriasCorroboradas 62
Tabela A-1 Regressatildeo com Variaacuteveis Macroeconocircmicas 78
Tabela A-2 Regressatildeo - pooled regression 79
Tabela A-21 Regressotildees com - efeitos fixos80
Tabela A-22 Regressatildeo - efeitos aleatoacuterios 81
Tabela B Raiacutezes Unitaacuterias 82
Tabela C-1 Niacutevel de caixa 83
Tabela C-2 Ativos Liacutequidos Substitutos 84
Tabela C-3 Porte 85
Tabela C-4 Alavancagem 86
Tabela C-5 Magnitude do Fluxo de Caixa 87
Tabela C-6 Incerteza do Fluxo de Caixa 88
Tabela C-7 Oportunidades de Investimentos89
13
Tabela C-8 Prazo da Diacutevida 90
Tabela C-9 Concentraccedilatildeo do Controle 91
Tabela C-10 Pagamento de Dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio 92
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97
7
AGRADECIMENTOS
Agrave minha famiacutelia Meus pais Nildete e Adalberto e a meu irmatildeo Hudson Mesmo
distantes sempre os senti perto pois estavam em minha mente e em meu coraccedilatildeo Seu apoio
palavras de conforto e orientaccedilatildeo foram meu porto seguro Palavras nunca seriam capazes de
expressar minha gratidatildeo e amor pelo esforccedilo em proporcionar as melhores condiccedilotildees de vida e
educaccedilatildeo para mim e para o meu irmatildeo Sei que vocecircs vibram tanto quanto eu com esta
conquista
Ao professor Ceacutesar Tibuacutercio pela segura orientaccedilatildeo confianccedila e pelas inuacutemeras
oportunidades que me foram oferecidas durante o mestrado principalmente pelo exemplo de
acadecircmico brilhante professor dedicado e espiacuterito em prol da ciecircncia Homem digno de meu
profundo respeito e sincera admiraccedilatildeo Sinto-me honrado por ter sido seu orientando
Aos professores Jorge Katsumi Otaacutevio de Medeiros e Paulo Lustosa pelos valiosos
ensinamentos dedicaccedilatildeo ao nosso programa e presenccedila inspiradora em meu desenvolvimento
intelectual
Aos professores Bernardo Kipnis Edwin de La Sota e Jerocircnymo Libonati pelas ricas
oportunidades de aprendizado
Agrave Maacutercia Barcellos pela competecircncia e dedicaccedilatildeo com as quais administrava os aspectos
burocraacuteticos do programa e principalmente pelo carinho e palavras agradaacuteveis de estiacutemulo e
apoio
Agrave Vera Luacutecia Cavalcanti pelo apoio e atenccedilatildeo carinhosa
Aos colegas de turma Alves Fernanda Gustavo Humberto Marcellus Seacutergio Siacutelvio e
William pelo coleguismo e profiacutecuos debates
Aos amigos de Brasiacutelia em especial Camilla Daniel Liacutevia Marcos e Vanderlei pela
bonita e afetuosa amizade e calorosa acolhida Sempre em minha gratidatildeo
Ao velho amigo e novo candango Bruno pela verdadeira amizade e inestimaacutevel auxiacutelio
8
9
EPIacuteGRAFE
ldquoAn investment in knowledge pays the best interest rdquo
Benjamim Franklin
10
RESUMO
Estudos que investigam os niacuteveis de caixa tecircm ganhado evidecircncia na literatura de financcedilas nos uacuteltimos anos Entende-se que o caixa estaacute no centro de uma seacuterie de decisotildees gerenciais e que apesar disso as pesquisas que consideram seus determinantes e implicaccedilotildees ainda estatildeo em seu iniacutecio Adicionalmente as empresas de todo o mundo tecircm mantido um montante significativo de recursos em caixa Dentro deste escopo trecircs correntes teoacutericas distintas seriam capazes de explicar o niacutevel de caixa agrave partir de variaacuteveis chamadas de ldquodeterminantes de caixardquo Satildeo elas a teoria tradeoff a teoria pecking order e a teoria free cash flow Este estudo tem por objetivo identificar qual destas trecircs teorias seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso foi realizada uma anaacutelise dos determinantes de caixa por meio de um modelo economeacutetrico em panel data para uma amostra de 269 empresas da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) que totalizam 6430 observaccedilotildees durante o periacuteodo de 1995 a 2004 Os resultados indicam que o porte a alavancagem os ativos liacutequidos substitutos e o pagamento de dividendos apresentam relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa ao passo que o prazo da diacutevida as oportunidades de investimentos a incerteza do fluxo de caixa e a concentraccedilatildeo de controle guardam relaccedilatildeo negativa Constatou-se que o fluxo de caixa natildeo foi significativo Desta forma nenhuma das teorias foi corroborada pois a anaacutelise dos determinantes indicou que natildeo haacute uma teoria dominante mas sim que as trecircs teorias tecircm poder explicativo Os testes de robustez de raiacutezes unitaacuterias e autocorrelaccedilatildeo reforccedilam a significacircncia dos resultados
Palavras-chave Caixa Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
11
ABSTRACT
On the last few years studies about cash determinants have been receiveing an increasing attention on the finance literature It is understood that besides cash plays a central role in several management decisions researches about its determinants and its implications are in their beginning Additionally firms all over the world have been holding a significant amount of cash In this context three distinguished theories could be able to explain cash holdings through a few variables known as cash determinants the tradeoff theory the pecking order theory and the free cash flow theory This study intends to identify which one of these tree theories is able to explain the cash holdings of brazilian firms An analysis of the cash determinants using a panel data model was conducted from a sample of 269 firms from Satildeo Paulo Stock Exchange (BOVESPA) which sum 6430 observations from 1995 to 2004 The results show that size leverage liquid assets substitutes and dividend payments hold a positive relationship with cash holdings while debt maturity investment opportunities cash flow uncertainty and ownership concentration hold a negative one Also cash flow did not present significant coefficients From that on none of the theories were corroborated once the analysis did not show a dominant theory but that both of them have explanatiom power Robustness tests of unit roots and autocorrelation reinforce the results
Key-words Cash Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
12
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das Teorias 29
Tabela 2 Resumo das Relaccedilotildees Esperadas entre o Niacutevel de Caixa e asVariaacuteveis 35
Tabela 3 Estatiacutesticas Descritivas 57
Tabela 4 Matriz de Correlaccedilatildeo de Pearson 58
Tabela 5 Irrelevacircncia das Variaacuteveis Macroeconocircmicas para o Modelo 60
Tabela 6 Resumo das Regressotildees 61
Tabela 9 Resumo dos Resultados - Variaacuteveis Significativas e TeoriasCorroboradas 62
Tabela A-1 Regressatildeo com Variaacuteveis Macroeconocircmicas 78
Tabela A-2 Regressatildeo - pooled regression 79
Tabela A-21 Regressotildees com - efeitos fixos80
Tabela A-22 Regressatildeo - efeitos aleatoacuterios 81
Tabela B Raiacutezes Unitaacuterias 82
Tabela C-1 Niacutevel de caixa 83
Tabela C-2 Ativos Liacutequidos Substitutos 84
Tabela C-3 Porte 85
Tabela C-4 Alavancagem 86
Tabela C-5 Magnitude do Fluxo de Caixa 87
Tabela C-6 Incerteza do Fluxo de Caixa 88
Tabela C-7 Oportunidades de Investimentos89
13
Tabela C-8 Prazo da Diacutevida 90
Tabela C-9 Concentraccedilatildeo do Controle 91
Tabela C-10 Pagamento de Dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio 92
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97
Aos amigos de Brasiacutelia em especial Camilla Daniel Liacutevia Marcos e Vanderlei pela
bonita e afetuosa amizade e calorosa acolhida Sempre em minha gratidatildeo
Ao velho amigo e novo candango Bruno pela verdadeira amizade e inestimaacutevel auxiacutelio
8
9
EPIacuteGRAFE
ldquoAn investment in knowledge pays the best interest rdquo
Benjamim Franklin
10
RESUMO
Estudos que investigam os niacuteveis de caixa tecircm ganhado evidecircncia na literatura de financcedilas nos uacuteltimos anos Entende-se que o caixa estaacute no centro de uma seacuterie de decisotildees gerenciais e que apesar disso as pesquisas que consideram seus determinantes e implicaccedilotildees ainda estatildeo em seu iniacutecio Adicionalmente as empresas de todo o mundo tecircm mantido um montante significativo de recursos em caixa Dentro deste escopo trecircs correntes teoacutericas distintas seriam capazes de explicar o niacutevel de caixa agrave partir de variaacuteveis chamadas de ldquodeterminantes de caixardquo Satildeo elas a teoria tradeoff a teoria pecking order e a teoria free cash flow Este estudo tem por objetivo identificar qual destas trecircs teorias seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso foi realizada uma anaacutelise dos determinantes de caixa por meio de um modelo economeacutetrico em panel data para uma amostra de 269 empresas da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) que totalizam 6430 observaccedilotildees durante o periacuteodo de 1995 a 2004 Os resultados indicam que o porte a alavancagem os ativos liacutequidos substitutos e o pagamento de dividendos apresentam relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa ao passo que o prazo da diacutevida as oportunidades de investimentos a incerteza do fluxo de caixa e a concentraccedilatildeo de controle guardam relaccedilatildeo negativa Constatou-se que o fluxo de caixa natildeo foi significativo Desta forma nenhuma das teorias foi corroborada pois a anaacutelise dos determinantes indicou que natildeo haacute uma teoria dominante mas sim que as trecircs teorias tecircm poder explicativo Os testes de robustez de raiacutezes unitaacuterias e autocorrelaccedilatildeo reforccedilam a significacircncia dos resultados
Palavras-chave Caixa Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
11
ABSTRACT
On the last few years studies about cash determinants have been receiveing an increasing attention on the finance literature It is understood that besides cash plays a central role in several management decisions researches about its determinants and its implications are in their beginning Additionally firms all over the world have been holding a significant amount of cash In this context three distinguished theories could be able to explain cash holdings through a few variables known as cash determinants the tradeoff theory the pecking order theory and the free cash flow theory This study intends to identify which one of these tree theories is able to explain the cash holdings of brazilian firms An analysis of the cash determinants using a panel data model was conducted from a sample of 269 firms from Satildeo Paulo Stock Exchange (BOVESPA) which sum 6430 observations from 1995 to 2004 The results show that size leverage liquid assets substitutes and dividend payments hold a positive relationship with cash holdings while debt maturity investment opportunities cash flow uncertainty and ownership concentration hold a negative one Also cash flow did not present significant coefficients From that on none of the theories were corroborated once the analysis did not show a dominant theory but that both of them have explanatiom power Robustness tests of unit roots and autocorrelation reinforce the results
Key-words Cash Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
12
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das Teorias 29
Tabela 2 Resumo das Relaccedilotildees Esperadas entre o Niacutevel de Caixa e asVariaacuteveis 35
Tabela 3 Estatiacutesticas Descritivas 57
Tabela 4 Matriz de Correlaccedilatildeo de Pearson 58
Tabela 5 Irrelevacircncia das Variaacuteveis Macroeconocircmicas para o Modelo 60
Tabela 6 Resumo das Regressotildees 61
Tabela 9 Resumo dos Resultados - Variaacuteveis Significativas e TeoriasCorroboradas 62
Tabela A-1 Regressatildeo com Variaacuteveis Macroeconocircmicas 78
Tabela A-2 Regressatildeo - pooled regression 79
Tabela A-21 Regressotildees com - efeitos fixos80
Tabela A-22 Regressatildeo - efeitos aleatoacuterios 81
Tabela B Raiacutezes Unitaacuterias 82
Tabela C-1 Niacutevel de caixa 83
Tabela C-2 Ativos Liacutequidos Substitutos 84
Tabela C-3 Porte 85
Tabela C-4 Alavancagem 86
Tabela C-5 Magnitude do Fluxo de Caixa 87
Tabela C-6 Incerteza do Fluxo de Caixa 88
Tabela C-7 Oportunidades de Investimentos89
13
Tabela C-8 Prazo da Diacutevida 90
Tabela C-9 Concentraccedilatildeo do Controle 91
Tabela C-10 Pagamento de Dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio 92
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97
9
EPIacuteGRAFE
ldquoAn investment in knowledge pays the best interest rdquo
Benjamim Franklin
10
RESUMO
Estudos que investigam os niacuteveis de caixa tecircm ganhado evidecircncia na literatura de financcedilas nos uacuteltimos anos Entende-se que o caixa estaacute no centro de uma seacuterie de decisotildees gerenciais e que apesar disso as pesquisas que consideram seus determinantes e implicaccedilotildees ainda estatildeo em seu iniacutecio Adicionalmente as empresas de todo o mundo tecircm mantido um montante significativo de recursos em caixa Dentro deste escopo trecircs correntes teoacutericas distintas seriam capazes de explicar o niacutevel de caixa agrave partir de variaacuteveis chamadas de ldquodeterminantes de caixardquo Satildeo elas a teoria tradeoff a teoria pecking order e a teoria free cash flow Este estudo tem por objetivo identificar qual destas trecircs teorias seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso foi realizada uma anaacutelise dos determinantes de caixa por meio de um modelo economeacutetrico em panel data para uma amostra de 269 empresas da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) que totalizam 6430 observaccedilotildees durante o periacuteodo de 1995 a 2004 Os resultados indicam que o porte a alavancagem os ativos liacutequidos substitutos e o pagamento de dividendos apresentam relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa ao passo que o prazo da diacutevida as oportunidades de investimentos a incerteza do fluxo de caixa e a concentraccedilatildeo de controle guardam relaccedilatildeo negativa Constatou-se que o fluxo de caixa natildeo foi significativo Desta forma nenhuma das teorias foi corroborada pois a anaacutelise dos determinantes indicou que natildeo haacute uma teoria dominante mas sim que as trecircs teorias tecircm poder explicativo Os testes de robustez de raiacutezes unitaacuterias e autocorrelaccedilatildeo reforccedilam a significacircncia dos resultados
Palavras-chave Caixa Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
11
ABSTRACT
On the last few years studies about cash determinants have been receiveing an increasing attention on the finance literature It is understood that besides cash plays a central role in several management decisions researches about its determinants and its implications are in their beginning Additionally firms all over the world have been holding a significant amount of cash In this context three distinguished theories could be able to explain cash holdings through a few variables known as cash determinants the tradeoff theory the pecking order theory and the free cash flow theory This study intends to identify which one of these tree theories is able to explain the cash holdings of brazilian firms An analysis of the cash determinants using a panel data model was conducted from a sample of 269 firms from Satildeo Paulo Stock Exchange (BOVESPA) which sum 6430 observations from 1995 to 2004 The results show that size leverage liquid assets substitutes and dividend payments hold a positive relationship with cash holdings while debt maturity investment opportunities cash flow uncertainty and ownership concentration hold a negative one Also cash flow did not present significant coefficients From that on none of the theories were corroborated once the analysis did not show a dominant theory but that both of them have explanatiom power Robustness tests of unit roots and autocorrelation reinforce the results
Key-words Cash Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
12
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das Teorias 29
Tabela 2 Resumo das Relaccedilotildees Esperadas entre o Niacutevel de Caixa e asVariaacuteveis 35
Tabela 3 Estatiacutesticas Descritivas 57
Tabela 4 Matriz de Correlaccedilatildeo de Pearson 58
Tabela 5 Irrelevacircncia das Variaacuteveis Macroeconocircmicas para o Modelo 60
Tabela 6 Resumo das Regressotildees 61
Tabela 9 Resumo dos Resultados - Variaacuteveis Significativas e TeoriasCorroboradas 62
Tabela A-1 Regressatildeo com Variaacuteveis Macroeconocircmicas 78
Tabela A-2 Regressatildeo - pooled regression 79
Tabela A-21 Regressotildees com - efeitos fixos80
Tabela A-22 Regressatildeo - efeitos aleatoacuterios 81
Tabela B Raiacutezes Unitaacuterias 82
Tabela C-1 Niacutevel de caixa 83
Tabela C-2 Ativos Liacutequidos Substitutos 84
Tabela C-3 Porte 85
Tabela C-4 Alavancagem 86
Tabela C-5 Magnitude do Fluxo de Caixa 87
Tabela C-6 Incerteza do Fluxo de Caixa 88
Tabela C-7 Oportunidades de Investimentos89
13
Tabela C-8 Prazo da Diacutevida 90
Tabela C-9 Concentraccedilatildeo do Controle 91
Tabela C-10 Pagamento de Dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio 92
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97
10
RESUMO
Estudos que investigam os niacuteveis de caixa tecircm ganhado evidecircncia na literatura de financcedilas nos uacuteltimos anos Entende-se que o caixa estaacute no centro de uma seacuterie de decisotildees gerenciais e que apesar disso as pesquisas que consideram seus determinantes e implicaccedilotildees ainda estatildeo em seu iniacutecio Adicionalmente as empresas de todo o mundo tecircm mantido um montante significativo de recursos em caixa Dentro deste escopo trecircs correntes teoacutericas distintas seriam capazes de explicar o niacutevel de caixa agrave partir de variaacuteveis chamadas de ldquodeterminantes de caixardquo Satildeo elas a teoria tradeoff a teoria pecking order e a teoria free cash flow Este estudo tem por objetivo identificar qual destas trecircs teorias seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso foi realizada uma anaacutelise dos determinantes de caixa por meio de um modelo economeacutetrico em panel data para uma amostra de 269 empresas da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) que totalizam 6430 observaccedilotildees durante o periacuteodo de 1995 a 2004 Os resultados indicam que o porte a alavancagem os ativos liacutequidos substitutos e o pagamento de dividendos apresentam relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa ao passo que o prazo da diacutevida as oportunidades de investimentos a incerteza do fluxo de caixa e a concentraccedilatildeo de controle guardam relaccedilatildeo negativa Constatou-se que o fluxo de caixa natildeo foi significativo Desta forma nenhuma das teorias foi corroborada pois a anaacutelise dos determinantes indicou que natildeo haacute uma teoria dominante mas sim que as trecircs teorias tecircm poder explicativo Os testes de robustez de raiacutezes unitaacuterias e autocorrelaccedilatildeo reforccedilam a significacircncia dos resultados
Palavras-chave Caixa Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
11
ABSTRACT
On the last few years studies about cash determinants have been receiveing an increasing attention on the finance literature It is understood that besides cash plays a central role in several management decisions researches about its determinants and its implications are in their beginning Additionally firms all over the world have been holding a significant amount of cash In this context three distinguished theories could be able to explain cash holdings through a few variables known as cash determinants the tradeoff theory the pecking order theory and the free cash flow theory This study intends to identify which one of these tree theories is able to explain the cash holdings of brazilian firms An analysis of the cash determinants using a panel data model was conducted from a sample of 269 firms from Satildeo Paulo Stock Exchange (BOVESPA) which sum 6430 observations from 1995 to 2004 The results show that size leverage liquid assets substitutes and dividend payments hold a positive relationship with cash holdings while debt maturity investment opportunities cash flow uncertainty and ownership concentration hold a negative one Also cash flow did not present significant coefficients From that on none of the theories were corroborated once the analysis did not show a dominant theory but that both of them have explanatiom power Robustness tests of unit roots and autocorrelation reinforce the results
Key-words Cash Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
12
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das Teorias 29
Tabela 2 Resumo das Relaccedilotildees Esperadas entre o Niacutevel de Caixa e asVariaacuteveis 35
Tabela 3 Estatiacutesticas Descritivas 57
Tabela 4 Matriz de Correlaccedilatildeo de Pearson 58
Tabela 5 Irrelevacircncia das Variaacuteveis Macroeconocircmicas para o Modelo 60
Tabela 6 Resumo das Regressotildees 61
Tabela 9 Resumo dos Resultados - Variaacuteveis Significativas e TeoriasCorroboradas 62
Tabela A-1 Regressatildeo com Variaacuteveis Macroeconocircmicas 78
Tabela A-2 Regressatildeo - pooled regression 79
Tabela A-21 Regressotildees com - efeitos fixos80
Tabela A-22 Regressatildeo - efeitos aleatoacuterios 81
Tabela B Raiacutezes Unitaacuterias 82
Tabela C-1 Niacutevel de caixa 83
Tabela C-2 Ativos Liacutequidos Substitutos 84
Tabela C-3 Porte 85
Tabela C-4 Alavancagem 86
Tabela C-5 Magnitude do Fluxo de Caixa 87
Tabela C-6 Incerteza do Fluxo de Caixa 88
Tabela C-7 Oportunidades de Investimentos89
13
Tabela C-8 Prazo da Diacutevida 90
Tabela C-9 Concentraccedilatildeo do Controle 91
Tabela C-10 Pagamento de Dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio 92
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97
11
ABSTRACT
On the last few years studies about cash determinants have been receiveing an increasing attention on the finance literature It is understood that besides cash plays a central role in several management decisions researches about its determinants and its implications are in their beginning Additionally firms all over the world have been holding a significant amount of cash In this context three distinguished theories could be able to explain cash holdings through a few variables known as cash determinants the tradeoff theory the pecking order theory and the free cash flow theory This study intends to identify which one of these tree theories is able to explain the cash holdings of brazilian firms An analysis of the cash determinants using a panel data model was conducted from a sample of 269 firms from Satildeo Paulo Stock Exchange (BOVESPA) which sum 6430 observations from 1995 to 2004 The results show that size leverage liquid assets substitutes and dividend payments hold a positive relationship with cash holdings while debt maturity investment opportunities cash flow uncertainty and ownership concentration hold a negative one Also cash flow did not present significant coefficients From that on none of the theories were corroborated once the analysis did not show a dominant theory but that both of them have explanatiom power Robustness tests of unit roots and autocorrelation reinforce the results
Key-words Cash Tradeoff Pecking Order Free Cash Flow
12
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das Teorias 29
Tabela 2 Resumo das Relaccedilotildees Esperadas entre o Niacutevel de Caixa e asVariaacuteveis 35
Tabela 3 Estatiacutesticas Descritivas 57
Tabela 4 Matriz de Correlaccedilatildeo de Pearson 58
Tabela 5 Irrelevacircncia das Variaacuteveis Macroeconocircmicas para o Modelo 60
Tabela 6 Resumo das Regressotildees 61
Tabela 9 Resumo dos Resultados - Variaacuteveis Significativas e TeoriasCorroboradas 62
Tabela A-1 Regressatildeo com Variaacuteveis Macroeconocircmicas 78
Tabela A-2 Regressatildeo - pooled regression 79
Tabela A-21 Regressotildees com - efeitos fixos80
Tabela A-22 Regressatildeo - efeitos aleatoacuterios 81
Tabela B Raiacutezes Unitaacuterias 82
Tabela C-1 Niacutevel de caixa 83
Tabela C-2 Ativos Liacutequidos Substitutos 84
Tabela C-3 Porte 85
Tabela C-4 Alavancagem 86
Tabela C-5 Magnitude do Fluxo de Caixa 87
Tabela C-6 Incerteza do Fluxo de Caixa 88
Tabela C-7 Oportunidades de Investimentos89
13
Tabela C-8 Prazo da Diacutevida 90
Tabela C-9 Concentraccedilatildeo do Controle 91
Tabela C-10 Pagamento de Dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio 92
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97
12
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das Teorias 29
Tabela 2 Resumo das Relaccedilotildees Esperadas entre o Niacutevel de Caixa e asVariaacuteveis 35
Tabela 3 Estatiacutesticas Descritivas 57
Tabela 4 Matriz de Correlaccedilatildeo de Pearson 58
Tabela 5 Irrelevacircncia das Variaacuteveis Macroeconocircmicas para o Modelo 60
Tabela 6 Resumo das Regressotildees 61
Tabela 9 Resumo dos Resultados - Variaacuteveis Significativas e TeoriasCorroboradas 62
Tabela A-1 Regressatildeo com Variaacuteveis Macroeconocircmicas 78
Tabela A-2 Regressatildeo - pooled regression 79
Tabela A-21 Regressotildees com - efeitos fixos80
Tabela A-22 Regressatildeo - efeitos aleatoacuterios 81
Tabela B Raiacutezes Unitaacuterias 82
Tabela C-1 Niacutevel de caixa 83
Tabela C-2 Ativos Liacutequidos Substitutos 84
Tabela C-3 Porte 85
Tabela C-4 Alavancagem 86
Tabela C-5 Magnitude do Fluxo de Caixa 87
Tabela C-6 Incerteza do Fluxo de Caixa 88
Tabela C-7 Oportunidades de Investimentos89
13
Tabela C-8 Prazo da Diacutevida 90
Tabela C-9 Concentraccedilatildeo do Controle 91
Tabela C-10 Pagamento de Dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio 92
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97
13
Tabela C-8 Prazo da Diacutevida 90
Tabela C-9 Concentraccedilatildeo do Controle 91
Tabela C-10 Pagamento de Dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio 92
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
ALAV Alavancagem
ALS Ativos Liacutequidos Substitutos
AO Ativo Operacional
AT Ativo Total
BOVESPA Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
CAPM Capital Asset Pricing Model
CE Caixa e Equivalentes
CONTR Concentraccedilatildeo de Controle
D Desconhecido
DCP Diacutevida de Curto Prazo
DIV Pagamento de Dividendos
DT Diacutevida Total
DW Durbin Watson
FC Fluxo de Caixa
FCF Free Cash Flow
IFC Incerteza do Fluxo de Caixa
JCP Juros Sobre Capital Proacuteprio
MFC Magnitude do Fluxo de Caixa
15
NC Niacutevel de Caixa
INV Oportunidades de Investimentos
PDIVa Prazo da Diacutevida
PO Pecking Order
TO Tradeoff
VCA Valor Contaacutebil do Ativo
VMA Valor de Mercado do Ativo
VPL Valor Presente Liacutequido
SUR Seemingly Unrelated Regressions
16
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 16
11 Justificativa e Problema 1612 Objetivos 2013 Delimitaccedilatildeo do Estudo 2114 Estrutura do Trabalho 22
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 23
21 A Teoria Tradeoff 2322 A Teoria Pecking Order 2523 A Teoria Free Cash Flow 2724 Relaccedilatildeo entre as trecircs teorias e o niacutevel de caixa 29
241 A teoria Tradeoff e os determinantes de caixa 29242 A teoria Pecking Order e os determinantes de caixa 32243 A teoria Free Cash Flow e os determinantes de caixa33
25 Aspectos conceituais 35251 O valor da liquidez e o valor do caixa 35
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de 36 caixa
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa 37254 Caixa e desempenho das empresas 38
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de 39 caixa
256 A diacutevida e o caixa 40267 Caixa fluxo de caixa e investimentos 41258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa 43259 Caixa e porte das empresas 44
26 Resultados empiacutericos 45
3 M ETODOLOGIA50
31 Amostra e dados 5032 Panel d a ta 5033 Modelo claacutessico de regressatildeo linear52
331 O modelo economeacutetrico do estudo5334 Variaacuteveis 5435 Procedimentos estatiacutesticos 57
351 Os testes 59352 Resultados dos testes 61
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 63
41 Magnitude do fluxo de caixa 6342 Ativos liacutequidos substitutos 6443 P orte 6444 Alavancagem 65
17
45 Prazo da diacutevida 6546 Oportunidades de investimentos 6647 Pagamento de dividendos 6648 Incerteza do fluxo de caixa 6749 Concentraccedilatildeo de controle 67
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES 69
REFEREcircN CIA S 71
APEcircNDICES78
Apecircndice A 78Apecircndice B 82Apecircndice C 83
18
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Justificativa e Problema
Considera-se que haacute trecircs motivos baacutesicos para que uma empresa mantenha caixa segundo
Keynes (1982) O primeiro denomina-se transaccedilatildeo e sustenta que o caixa deve ser mantido para
que a empresa possa honrar seus compromissos O segundo refere-se agrave precauccedilatildeo e justifica-se
pela existecircncia de fluxos de pagamento imprevisiacuteveis enquanto o terceiro reporta agrave especulaccedilatildeo
no sentido de se aproveitar as oportunidades futuras de negoacutecios
Entretanto para o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) segundo Assaf Neto e
Silva (2002) por considerar que os investidores estatildeo em um mercado eficiente onde o acesso a
creacutedito seria irrestrito a uma taxa sem risco a administraccedilatildeo de caixa eacute desnecessaacuteria
No que se refere ao CAPM Assaf Neto e Silva (2002) argumentam que estudos na aacuterea
de financcedilas tecircm mostrado ser possiacutevel a conciliaccedilatildeo entre a administraccedilatildeo de caixa e o CAPM
sendo a primeira importante para os resultados empresariais Aleacutem disso a literatura de financcedilas
apresenta alguns modelos de consideraacutevel importacircncia para a administraccedilatildeo de caixa no contexto
do estudo sobre capital de giro como mostram Assaf Neto e Silva (2002) Tem-se como
exemplos o modelo de Baumol e o modelo de Miller e Orr
Uma empresa investiria em caixa ou seja em liquidez se o retorno proporcionado por tal
investimento fosse superior ao retorno do investimento em produccedilatildeo ou se os benefiacutecios
advindos de um aumento no niacutevel de caixa como a reduccedilatildeo da probabilidade de insolvecircncia a
possibilidade de manter seu niacutevel de investimentos e a reduccedilatildeo da dependecircncia de capital de
terceiros fossem superiores aos benefiacutecios relativos a vendas ou ao investimento em imobilizado
Desta forma a decisatildeo de se manter caixa deveria ponderar seu custo de oportunidade com os
benefiacutecios correspondentes (MYERS 19777)
A reduccedilatildeo da dependecircncia do capital de terceiros pode ainda ser contemplada como o
principal motivo para uma empresa manter caixa como propotildee Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) uma vez que o montante que fora poupado em caixa apresentaria custos financeiros se
tivesse ingressado na empresa como diacutevida custos estes que o caixa natildeo apresenta Isto quer
dizer que frente agrave assimetria informacional existente entre gestores e acionistas e credores o
custo do financiamento externo seria oneroso para as empresas Nesse sentido a contrataccedilatildeo de
diacutevida apresentaria taxas mais altas que a emissatildeo de accedilotildees a qual eacute afetada por um desconto
imposto pelo mercado em seu valor em funccedilatildeo desta assimetria Neste contexto o caixa se
situaria em uma posiccedilatildeo que precede a contrataccedilatildeo de diacutevida eximindo a empresa de incorrer em
custos decorrentes da diferenccedila de acesso agrave informaccedilatildeo existente entre acionistas e gestores
Os benefiacutecios do caixa podem ainda ser analisados pela oacutetica da divergecircncia de interesses
entre esses acionistas e os gestores de suas empresas (JENSEN 1986) Aqui uma vez que os
gestores teriam controle sobre o caixa este representaria um objeto de poder dos mesmos
possibilitando-os perseguirem seus proacuteprios interesses e natildeo os dos acionistas Nesse contexto o
caixa reduz a pressatildeo para que os gestores apresentem bom desempenho pois atenua o efeito
monitorador que a diacutevida representaria
Em termos da situaccedilatildeo das empresas o caixa foi destaque na revista Business Week de
julho de 2004 (SYMONDS et al 2004) na qual satildeo destacadas as cifras dos caixas de algumas
das maiores empresas norte americanas como IBM Exxon Mobil HP e Microsoft sendo esta
uacuteltima detentora de um caixa de 564 bilhotildees de doacutelares agrave eacutepoca (SYMONDS et al 2004) De
acordo com Kim et al (1998) o niacutevel de caixa e equivalentes de 915 empresas norte-americanas
durante o periacuteodo de 1975 a 1994 representava 81 dos ativos totais A realidade europeacuteia eacute
19
semelhante Ferreira e Vilela (2004) reportam dados contidos no Datastream onde as empresas
de paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia ateacute o ano 2000 detinham em meacutedia 15 de seu valor total de
ativos em caixa e equivalentes o que representava uma cifra meacutedia de 368 bilhotildees de euros
No Brasil os dados da Economaacutetica mostram que as empresas brasileiras mantinham no
final de dezembro de 2003 em meacutedia 1208 do total de ativos em caixa sendo que a Petrobraacutes
a tiacutetulo de exemplo alcanccedilava um montante proacuteximo a 25 bilhotildees de reais em caixa e
equivalentes representando aproximadamente 18 de seus ativos totais
O excesso de caixa tambeacutem foi destaque na revista supracitada em junho de 2005 em
referecircncia a um artigo escrito por um executivo do banco JP Morgan No artigo em questatildeo
(ANDA 2005) a aplicaccedilatildeo produtiva do excesso de liquidez das empresas representa um desafio
para os gestores sendo que historicamente quando as empresas aumentam significativamente
seu niacutevel e caixa o resultado tende a ser o sacrifiacutecio do valor do acionista Assim os acionistas
apoacutes o estouro da bolha da Nasdaq tecircm direcionado sua atenccedilatildeo ao excesso de caixa e ao retorno
sobre o capital Observa-se uma crescente preocupaccedilatildeo do mercado com o excesso de liquidez
nas empresas e como elas planejam utilizaacute-lo
Em 1996 o presidente da Chrysler Robert Eaton e o investidor Kirk Kerkorian
realizaram um acordo por cinco anos no qual Kerkorian desistiria de adquirir o controle da
Chrysler Um importante elemento desse acordo foi o compromisso assumido pela empresa de
que os ativos liacutequidos que excedessem o alvo de U$ 75 bilhotildees seriam devolvidos aos acionistas
na forma de recompra de accedilotildees ou dividendos Esse fato levanta uma seacuterie de questionamentos
que tecircm sido negligenciados na literatura de financcedilas sobre os niacuteveis de caixa (OPLER et al
1999)
Segundo Dittmar et al (2003) os acadecircmicos natildeo deram a devida atenccedilatildeo agraves causas e
consequumlecircncias de se manter caixa nas corporaccedilotildees Adicionalmente Ferreira e Vilela (2004)
20
salientam o escasso nuacutemero de estudos sobre os determinantes de caixa apesar de Brealey e
Myers (1995) destacarem que o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda natildeo
solucionados na teoria das financcedilas
Nesse sentido o estudo de Pinkowitz e Williansom (2002) apontou o papel relevante das
oportunidades de investimentos para o valor dado pelos acionistas ao caixa Kalcheva e Lins
(2004) realizaram um estudo em mais de trinta paiacuteses para identificar os determinantes e
implicaccedilotildees do niacutevel de caixa na presenccedila de problemas de agecircncia Os resultados indicaram
que dentro desse contexto os investidores aplicaram taxas de desconto no valor das empresas
Kim et al (1998) contribuem com o problema do valor da liquidez ao desenvolverem um
modelo teoacuterico que trata da decisatildeo de investimento em ativos liacutequidos e identificarem
empiricamente que a volatilidade do fluxo de caixa e o retorno dos investimentos em ativos de
produccedilatildeo satildeo importantes determinantes desta decisatildeo
Em um dos estudos mais citados na literatura da aacuterea Opler et al (1999) constataram que
oportunidades de crescimento risco do fluxo de caixa e acesso ao mercado de capitais satildeo
significativos determinantes do niacutevel de caixa Tatildeo influentes como Opler et al (1999) Ozkan e
Ozkan (2004) introduziram aspectos de governanccedila corporativa como determinantes de caixa
Entre esses aspectos encontram-se a concentraccedilatildeo de controle e a composiccedilatildeo do quadro
diretivo
O niacutevel de caixa eacute tambeacutem explicado pelo poder dos bancos nas empresas (PINKOWITZ
e WILLIANSOM 2001) Os autores afirmam que a relaccedilatildeo com um banco principal deva reduzir
a assimetria informacional resultando em um baixo niacutevel de caixa
Outro possiacutevel determinante de caixa eacute apresentado por Hartzel et al (2005) Os autores
constataram uma significativa influecircncia dos impostos de repatriamento nos niacuteveis de caixa
21
Dittmar et al (2003) incluiacuteram a influecircncia da estrutura legal dos paiacuteses no niacutevel de caixa
Os autores concluem que em paiacuteses onde prevalece a estrutura juriacutedica do direito britacircnico as
empresas mantecircm um maior niacutevel de caixa O caixa tem tambeacutem sido investigado no contexto de
controle corporativo (HARFORD 1999) e do pagamento de dividendos (ZHANG 2005)
No Brasil Koshio e Cia (2004) estudam os determinantes de caixa das empresas
brasileiras em comparaccedilatildeo aos de empresas norte-americanas Os autores fundamentam sua
pesquisa em duas correntes teoacutericas a teoria tradeoff e a teoria buffer stock liquidity
Haacute trecircs modelos que de acordo com Ferreira e Vilela (2004) auxiliam a explicaccedilatildeo de
quais variaacuteveis das empresas influenciam suas decisotildees sobre quanto se deve manter em caixa
Satildeo eles o modelo tradeoff o pecking order e o free cash flow
Frente ao exposto entende-se que a investigaccedilatildeo dos determinantes de caixa de empresas
brasileiras eacute relevante para a literatura de contabilidade e financcedilas ao reportar as constataccedilotildees
empiacutericas de proposiccedilotildees teoacutericas que abarcam alguns dos mais discutidos problemas das
ciecircncias gerencias na atualidade
Dessa forma este trabalho propotildee-se a responder o seguinte problema ldquoQual teoria
dentre as teorias tradeoff pecking order e free cash flow eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa
das empresas brasileirasrdquo
12 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral identificar qual das trecircs teorias - tradeoff pecking
order e free cash flow - apresenta maior poder explanatoacuterio para o niacutevel de caixa das empresas
brasileiras Para se atingir o objetivo geral desse trabalho seratildeo traccedilados os seguintes objetivos
especiacuteficos
22
bull analisar quantitativamente a relaccedilatildeo existente entre o caixa e equivalentes e as variaacuteveis
consideradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
bull apontar os determinantes de caixa resultantes dos testes
bull identificar a teoria dominante na anaacutelise dos determinantes de caixa
Com isso apresenta-se como hipoacutetese subjacente ao estudo
H 0a As variaacuteveis enumeradas pelas teorias tradeoff pecking order e free cash flow
quanto a pagamento de dividendos oportunidades de investimentos ativos liacutequidos substitutos
alavancagem porte incerteza do fluxo de caixa fluxo de caixa prazo da diacutevida e concentraccedilatildeo
de controle satildeo capazes de explicar o montante mantido em caixa e equivalentes pelas empresas
brasileiras
13 Delimitaccedilatildeo do estudo
Este estudo tem como horizonte temporal o periacuteodo de 1995 a 2004 Dessa forma os
efeitos que a alta instabilidade econocircmica do periacuteodo anterior ao Plano Real causaram nas
empresas natildeo seratildeo considerados
Deve-se considerar tambeacutem que o estudo limita-se a empresas natildeo financeiras praacutetica
adotada pela ampla maioria dos autores do tema
Adicionalmente destaca-se que os efeitos que itens de governanccedila corporativa possam
causar ao caixa das empresas natildeo seratildeo investigados sendo este toacutepico abordado na conclusatildeo do
trabalho como sugestatildeo para pesquisas futuras
Natildeo se espera que as variaacuteveis deste estudo expliquem por completo o montante mantido
em caixa pelas empresas pois entende-se que haacute outros fatores natildeo abordados pelas teorias em
questatildeo que tambeacutem podem explicar o caixa Deve-se considerar ainda que estas teorias
23
24
reportam implicaccedilotildees sobre proteccedilatildeo a acionistas e desenvolvimento do mercado de capitais
como demonstrado por Ferreira e Vilela (2004) Estes efeitos natildeo seratildeo tratados no trabalho
14 E stru tura do Trabalho
O presente trabalho subdivide-se em 5 capiacutetulos O primeiro capiacutetulo refere-se agrave
introduccedilatildeo Satildeo apresentados a justificativa e problema os objetivos e hipoacutetese e a delimitaccedilatildeo
do estudo O segundo capiacutetulo abrange o referencial bibliograacutefico Satildeo apresentadas as teorias
que fundamentam esta dissertaccedilatildeo bem como os estudos empiacutericos sobre os determinantes de
caixa Em seguida desenvolve-se o terceiro capiacutetulo onde a metodologia eacute contemplada Aqui
daacute-se destaque para as teacutecnicas economeacutetricas utilizadas para a realizaccedilatildeo do estudo e aos
resultados encontrados a partir dos testes O quarto capiacutetulo analisa os resultados dos testes agrave luz
da teoria e apresenta o significado teoacuterico das variaacuteveis significativas O quinto capiacutetulo retoma a
discussatildeo inicial do estudo e conclui o trabalho aleacutem de apresentar sugestotildees para futuras
pesquisas
25
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 A teoria tradeoff
Para Chirinko e Singha (2000) a estrutura de capital continua a ser um toacutepico enigmaacutetico
dentro da teoria de financcedilas sendo que o trabalho claacutessico de Modgliani e Miller (1958) omitiu
fricccedilotildees de mercado na explicaccedilatildeo da estrutura de capital A partir de entatildeo vaacuterios estudos tecircm
considerado tais fricccedilotildees no intuito de explicar a estrutura das empresas Myers (1977)
considerou que duas dessas fricccedilotildees seriam capazes de explicar uma poliacutetica oacutetima de capital Satildeo
elas os custos de agecircncia dos problemas financeiros e a dedutibilidade fiscal das diacutevidas Estas
fricccedilotildees formam a Static Tradeoff Theory
A teoria tradeoff segundo Shyam-Sunder e Myers(1999) prevecirc a reversatildeo da atual taxa
de diacutevida da empresa para um alvo ou niacutevel oacutetimo e prevecirc tambeacutem uma relaccedilatildeo cross-sectional
entre a taxa meacutedia de diacutevida e o risco dos ativos lucratividade e tipo de ativos Os autores
argumentam que apesar dos testes empiacutericos que envolvem a teoria tradeoff corroborarem estas
duas previsotildees poucos satildeo os trabalhos que testam seu poder explanatoacuterio quando comparado a
teorias alternativas de estrutura de capital
Fama e French (2002) reforccedilam que a busca por um niacutevel oacutetimo de diacutevida se daacute atraveacutes da
relaccedilatildeo entre os custos e os benefiacutecios de uma unidade monetaacuteria adicional de diacutevida Entre os
benefiacutecios da diacutevida encontram-se a dedutibilidade de impostos e a reduccedilatildeo de problemas de
excesso de caixa Jaacute os custos contemplam os custos de falecircncia e os conflitos entre acionistas e
credores
Shyam-Sunder e Myers (1999) ao descreverem resultados de pesquisas que corroboram a
teoria tradeoff destacam trabalhos como os de Marsh (1982) e Opler e Titman (1994) apud
Sunder e Myers (1999) os quais constatam um movimento de reversatildeo agrave meacutedia do iacutendice de
endividamento sendo que os uacuteltimos identificaram que as probabilidades de emissatildeo de diacutevidas
variam em relaccedilatildeo ao desvio que iacutendice atual de endividamento tem em relaccedilatildeo ao niacutevel alvo
Todavia o iacutendice de endividamento pode natildeo ser estaacutevel ou seja a existecircncia de eventos
aleatoacuterios seria um empecilho para os gestores na busca de uma estrutura oacutetima Alia-se a esse
ponto criacutetico o fato de que o alvo eacute inobservaacutevel de forma a exigir um modelo de ajustamento
sendo que os resultados dos testes baseados em tais modelos satildeo considerados satisfatoacuterios
quando analisados isoladamente mas quando comparados aos resultados da teoria pecking
order natildeo apresentam bons coeficientes (SUNDER MYERS 1999)
Destaca-se que a teoria tradeoff assume a maximizaccedilatildeo da riqueza do acionista como
objetivo principal da empresa o que a faz determinar uma taxa de alavancagem de longo prazo
(BOMTEMPI 2002) Frente ao exposto Bontempi (2002) ressalta que a teoria tradeoff natildeo pode
ser testada sob a forma de estudos de eventos e que o ideal seria que se desenvolvesse um
modelo combinado com a teoria pecking order
Para Watson e Wilson (2002) os modelos baseados na teoria tradeoff satildeo intuitivos
Confirmam observaccedilotildees casuais de poliacuteticas corporativas reais Como a maioria das empresas
tem alguma diacutevida entende-se que a situaccedilatildeo ldquodiacutevida zerordquo ou ldquototalmente endividadardquo natildeo
podem ser maximizadoras de valor enquanto um montante moderado de diacutevidas eacute provavelmente
oacutetimo Contudo os autores salientam que os testes empiacutericos com modelos tradeoff tecircm
apresentado resultados desapontadores pois apresentam baixo poder explanatoacuterio
Myers (2001) salienta outro ponto criacutetico da teoria que eacute o de determinar posturas
conservadoras em relaccedilatildeo ao iacutendice de endividamento Se a teoria estiver correta uma empresa
com o foco na riqueza do acionista nunca evitaraacute o acesso a financiamentos com juros se a
probabilidade de problemas financeiros - custo de falecircncia ou reorganizaccedilatildeo e custos de agecircncia
26
devido a falta de creacutedito - for baixa Entretanto empresas como a Microsoft satildeo lucrativas tecircm
acesso a creacutedito e ainda assim trabalham com um percentual conservador de capitais de terceiros
22 A teoria Pecking Order
A teoria Pecking Order foi proposta inicialmente por Myers (1984) e Myers e Majluf
(1984) Esta corrente considera que as empresas seguem uma sequumlecircncia hieraacuterquica de
financiamento Inicialmente o financiamento se daria por fontes internas e somente quando estas
natildeo fossem suficientes recorreriam a fontes externas deixando a emissatildeo de accedilotildees por uacuteltimo
A teoria pecking order considera como ponto central de sua discussatildeo a assimetria
informacional existente entre os gestores e os investidores externos menos informados Esse
aspecto foi proposto e explorado por Myers e Majluf (1984) ao investigarem as decisotildees de
financiamento das empresas quando os gestores tecircm informaccedilotildees que os investidores natildeo tecircm
Os autores consideram que natildeo ocorreriam mudanccedilas fundamentais se os gestores investissem em
todos os projetos que apresentassem valor presente liacutequido (VPL) positivo Isto culminaria em
accedilotildees corretamente precificadas ou seja o preccedilo de equiliacutebrio natildeo seria afetado Pode haver
situaccedilotildees em que informaccedilotildees privilegiadas sejam tatildeo favoraacuteveis aos gestores que estes se
recusaratildeo a emitir accedilotildees mesmo que isto signifique abrir matildeo de boas oportunidades de
investimentos sendo a causa de tal decisatildeo o intuito de agir em consonacircncia com os interesses
dos antigos acionistas Com isto o custo de se emitir accedilotildees a um preccedilo mais baixo pode exceder
o VPL dos projetos Essa situaccedilatildeo leva agrave seguinte situaccedilatildeo investidores conscientes de seu
relativo desconhecimento iratildeo entender que a decisatildeo de natildeo emitir accedilotildees sinaliza boas notiacutecias
Considerando-se que os gestores agiratildeo no interesse dos acionistas antigos em uma
empresa com folga financeira como altos niacuteveis de caixa eles aceitariam todos os projetos com
VPL positivo Com esta premissa sobre o comportamento dos gestores espera-se que as
27
empresas prefiram diacutevida externa agrave emissatildeo de accedilotildees quando necessitarem de fundos externos
(MYERS MAJLUF 1984)
Assim a teoria pecking order pode ser subdividida em duas formas segundo Chirinko e
Singha (2000) Satildeo elas a forma forte e a semiforte A forma forte sustenta que a empresa supre
suas necessidades de investimentos somente atraveacutes de financiamento com diacutevida A forma
semiforte considera que a empresa recorre inicialmente e primeiramente agrave divida externa A
emissatildeo de accedilotildees seria uma raridade e uma uacuteltima fonte
Pode-se perceber entatildeo que a teoria pecking order sustenta uma ordem a ser seguida
quando a empresa necessita de recursos para financiar seus empreendimentos enquanto a teoria
tradeoff busca um niacutevel oacutetimo em sua estrutura Poreacutem parece ser questionaacutevel a possibilidade
de que as teorias em algum momento sejam convergentes Nesse sentido Lemmon e Zender
(2004) advertem que no que concerne a teoria tradeoff os benefiacutecios fiscais da diacutevida
incentivariam as empresas a utilizarem mais financiamentos externos enquanto o risco de
insolvecircncia e os problemas de agecircncia serviriam como um estiacutemulo a utilizar menos tal espeacutecie
de financiamento Jaacute quanto agrave teoria pecking order os autores argumentam que as empresas natildeo
teriam um niacutevel oacutetimo de capital considerando que os custos e benefiacutecios em questatildeo da teoria
tradeoff satildeo de importacircncia secundaacuteria quando comparados aos custos de novas emissotildees de
accedilotildees na presenccedila de assimetria informacional
Bontempi (2002) acrescenta que a estrutura da empresa segundo a teoria pecking order
reflete suas exigecircncias externas de financiamento de forma que a mesma natildeo conteria em seu
bojo a busca por um niacutevel alvo de estrutura Todavia Myers (2001) destaca uma limitaccedilatildeo da
pecking order A teoria assume que os gestores agem no interesse dos acionistas existentes mas
natildeo eacute capaz de explicar porque natildeo satildeo desenvolvidas taacuteticas de financiamentos que evitem as
consequumlecircncias da superioridade informacional dos gestores
28
23 A Teoria Free Cash Flow
A teoria free cash flow proposta por Jensen (1986) considera o problema de agecircncia nas
discussotildees de investimentos da empresa Os problemas de agecircncia surgem quando os gestores
decidem perseguir seus proacuteprios interesses em detrimento dos interesses dos acionistas
Segundo Jensen (1986) os pagamentos a acionistas reduzem o montante de recursos sob
controle dos gestores reduzindo seu poder O mercado de capitais aumentaraacute sua monitoraccedilatildeo agrave
empresa que necessitar de financiamento para um projeto Com isso os gestores tecircm incentivos
para fazer as empresas crescerem aleacutem de seu ponto oacutetimo pois o crescimento aumenta o poder
dos gestores ao aumentar o montante de recursos sob seu controle Os aumentos nas
compensaccedilotildees dos gestores tambeacutem se relacionam a este aspecto pois estatildeo positivamente
relacionados ao crescimento das vendas Os gestores tenderatildeo a motivar a eficiecircncia em suas
empresas ateacute mesmo para garantirem a sobrevivecircncia da mesma apesar de que as forccedilas de
monitoraccedilatildeo do mercado para novas atividades satildeo relativamente fracas Atividades que gerem
retornos econocircmicos significativos satildeo tambeacutem as que geram substanciosos montantes de caixa
em excesso
Com isso Jensen (1986) define que free cash flow eacute o caixa que excede o montante
necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo A questatildeo colocada eacute como
motivar os gestores a natildeo empregaacute-lo em potenciais ineficiecircncias organizacionais Nesse
contexto os benefiacutecios que a diacutevida traz para a organizaccedilatildeo no sentido monitoraccedilatildeo da
eficiecircncia passam a desempenhar um relevante papel Entende-se que a diacutevida reduz os custos de
agecircncia provenientes do excesso de caixa uma vez que reduz o fluxo de caixa disponiacutevel aos
gerentes para ser empregado O autor considera que esse efeito de controle da diacutevida eacute um
potencial determinante da estrutura de capital das empresas Para empresas com grandes fluxos
29
de caixa mas pequenas oportunidades de investimentos o efeito controlador da diacutevida eacute mais
importante nelas a pressatildeo para se investir os fluxos em projetos de viabilidade econocircmica
duvidosa eacute maior Apoacutes expor evidecircncias empiacutericas da teoria do free cash flow em setores como o
de oacuteleo e aquisiccedilotildees alavancadas Jensen (1986) apresenta a teoria para takeovers1
Frente ao exposto essa teoria apresenta prediccedilotildees sobre o comportamento do niacutevel de
caixa das empresas tendo como crivo a monitoraccedilatildeo exercida sobre os gestores para a
distribuiccedilatildeo do caixa excessivo A exemplo Kusnadi (2003) destaca que empresas com maior
concentraccedilatildeo de controle detecircm maiores niacuteveis de caixa pois a monitoraccedilatildeo dos gestores por
mecanismos de governanccedila eacute menos eficiente Ozkan e Ozkan (2004) apresentam outra
abordagem Os autores consideram que se a participaccedilatildeo dos gestores aumentar o niacutevel de caixa
aumentaraacute tambeacutem pois a monitoraccedilatildeo por parte dos acionistas externos seraacute menor o que
estimularaacute os gestores a manterem maiores niacuteveis de caixa para aproveitarem dos benefiacutecios
privados Aparentemente a concentraccedilatildeo de controle deveraacute repercutir em maior niacutevel de caixa
Neste sentido cabe destacar que a teoria pondera a atuaccedilatildeo focada em benefiacutecios proacuteprios
para os gestores Tanto a proposiccedilatildeo de Kusnadi (2003) quanto agrave de Ozkan e Ozkan (2004) satildeo
passiacuteveis de aceitaccedilatildeo embora caiba destacar a contra argumentaccedilatildeo dos uacuteltimos que uma maior
participaccedilatildeo dos gestores no controle das empresas poderia reduzir a divergecircncia de interesses
entre estes e os acionistas o que repercutiria em um menor niacutevel de caixa
30
1 Tomada de controle via bolsa A empresa adquirente assume o controle de uma empresa alvo atraveacutes da compra de suas accedilotildees em bolsa Pode ser hostil (sem acordo com a empresa alvo) ou natildeo
31
A seguir seraacute apresentada uma tabela ilustrativa das teorias2
Tabela 1 Resumo das Teorias
teoria Tradeoff Pecking order Free Cash Flowautor Myers (1977) Myers (1984) e Myers e M ajluf (1984) Jensen (1986)
Niacutevel oacutetimo de endividamento determinado pela relaccedilatildeo entre os benefiacutecios e os custos marginais da diacutevida Custos Falecircncia Conflitos entre acionista e credor Benefiacutecios dedutibilidade e reduccedilatildeo de free cash flow
Sequecircncia hieraacuterquica de endividamento
partindo das fontes internas para as
externas O motivo desta sequecircncia eacute a
presenccedila de assimetria informacional
Fontes internas lucros retidos e caixa
Fontes externas titulos de diacutevida e
emissatildeo de accedilotildees
E o caixa que excede o montante necessaacuterio para financiar todos os projetos com VPL positivo Os gestores o utilizariam em benefiacutecio proacuteprio em detrimento aos acionistas O caixa representa poder intriacutenseco para os gestores
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
24 Relaccedilatildeo entre as teorias e o niacutevel de caixa
Esta seccedilatildeo abarca teoricamente a relaccedilatildeo existente entre as trecircs teorias deste trabalho -
tradeoff pecking order e free cash flow - e o niacutevel de caixa das empresas Pretende explorar as
proposiccedilotildees que cada uma delas sustenta sobre o niacutevel de caixa
241 A teoria tradeoff e os determinantes de caixa
De acordo com Ferreira e Vilela (2004) um dos modelos capazes de explicar o niacutevel de
caixa das empresas eacute o modelo tradeoff o qual considera que as empresas procuram identificar
um niacutevel oacutetimo de caixa ao ponderar seus custos e benefiacutecios marginais Os benefiacutecios de se
manter caixa seriam a diminuiccedilatildeo da probabilidade de distuacuterbios financeiros a possibilidade de
continuidade em poliacuteticas de investimentos quando da existecircncia de restriccedilotildees financeiras
2 Dentre as teorias capazes de explicar o caixa das empresas encontra-se tambeacutem a teoria buffer stock liquidity (BRUINSHOOFD KOOL 2002) No Brasil essa teoria foi analisada junto agrave teoria tradeoff por Koshio e Cia (2004) Todavia este trabalho natildeo tem por objetivo abarcar tal teoria sendo as possiacuteveis implicaccedilotildees da mesma desconsideradas para efeito de anaacutelise uma vez que o presente trabalho baseia-se no estudo de Ferreira e Vilela (2004) o qual natildeo contemplou a teoria buffer stock liquidity
externas e a minimizaccedilatildeo de custos de levantamento de recursos externos ou da liquidaccedilatildeo de
ativos Jaacute o custo equivaleria ao custo de oportunidade do capital investido em ativos liacutequidos
Opler et al (1999) destacam uma visatildeo alternativa para o modelo tradeoff a qual
considera que natildeo haacute um montante oacutetimo de caixa de forma que os niacuteveis de caixa seriam uma
questatildeo irrelevante Isso se deve ao argumento de que nada muda em uma empresa se esta tem
um doacutelar a mais de caixa financiado com um doacutelar a mais de diacutevida Dessa forma mesmo sob a
premissa de que haveria uma estrutura oacutetima de capital para a empresa essa estrutura especifica
um montante oacutetimo de diacutevida que eacute diacutevida menos caixa Como resultado natildeo haacute um montante
oacutetimo de caixa pois este seria apenas diacutevida negativa
Poreacutem os custos fixos de acesso aos financiamentos externos induzem a empresa a buscaacute-
lo de forma pouco frequumlente e a usar caixa e ativos liacutequidos como um estoque Como resultado
para um certo montante de diacutevida haacute um niacutevel oacutetimo de caixa e o mesmo natildeo eacute apenas diacutevida
negativa (OPLER et al 1999)
Ferreira e Vilela (2004) afirmam que o modelo tradeoff sugere as seguintes variaacuteveis
como determinantes de caixa
bull os pagamentos de dividendos empresas que pagam dividendos frequumlentemente podem
obter recursos a um custo menor atraveacutes da reduccedilatildeo desses pagamentos ao contraacuterio empresas
que natildeo pagam dividendos teratildeo que usar o mercado de capitais para obter recursos Espera-se
que as empresas que pagam dividendos mantenham menor montante em caixa do que as que natildeo
pagam Uma explicaccedilatildeo alternativa para o pagamento de dividendos e os niacuteveis e caixa eacute
apresentada por Ozkan e Ozkan (2004) E possiacutevel que empresas que paguem dividendos com
frequumlecircncia mantenham maiores niacuteveis de caixa no intuito de evitarem situaccedilotildees nas quais
estejam com poucos recursos para manter sua poliacutetica de pagamento Isso resultaria em uma
relaccedilatildeo positiva entre dividendos e caixa
32
33
bull oportunidades de investimento os custos de se incorrer em falta de caixa satildeo maiores
para empresas com maiores oportunidades de investimentos devido aos ganhos que se deixa de
obter resultantes do abandono das mesmas Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre esta variaacutevel e o
caixa
bull ativos liacutequidos substitutos os ativos liacutequidos substitutos satildeo um nome alternativo para o
capital de giro Uma vez que estes ativos podem ser liquidados quando a empresa se encontra
com falta de caixa eles podem ser considerados substitutos para o caixa Espera-se que empresas
com maiores niacuteveis de ativos liacutequidos substitutos mantenham menor montante em caixa O efeito
substitutivo eacute dado por outros ativos que a empresa pode ter aleacutem do caixa O custo de se
converter ativos liacutequidos em dinheiro eacute mais baixo de forma que empresas com altos niacuteveis de
ativos liacutequidos natildeo precisam usar o mercado de capitais para levantar fundos quando se
encontram em escassez de recursos
bull alavancagem a relaccedilatildeo entre a alavancagem e caixa eacute considerada ambiacutegua Por um
lado entende-se que a alavancagem aumenta a probabilidade de falecircncia como consequumlecircncia da
pressatildeo que os planos de amortizaccedilatildeo da diacutevida exercem sobre a tesouraria da empresa o que
faria que empresas com maiores graus de alavancagem mantivessem mais caixa Entretanto uma
vez que o grau de alavancagem representa uma proxy para a capacidade da empresa de emitir
tiacutetulos de diacutevida pode-se esperar que empresas com maior alavancagem mantenham um menor
caixa
bull porte de acordo com o modelo de Baumol (1952) empresas maiores manteriam menos
caixa que empresas menores em funccedilatildeo de economias de escala Argumenta-se tambeacutem que os
juros dos empreacutestimos natildeo satildeo correlacionadas com o tamanho das empresas A obtenccedilatildeo de
fundos seria mais caro para empresas de pequeno porte o que as encorajariam a manter maiores
niacuteveis de caixa Aleacutem disso considera-se que as empresa de grande porte por causa de sua
34
capacidade de diversificaccedilatildeo estariam menos sujeitas a incorrerem em problemas financeiros
Com isso espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre porte e montante em caixa
bull fluxo de caixa uma empresa que apresente fluxo de caixa das operaccedilotildees com
comportamento mais uniforme e constante e com maior volume de recursos envolvidos poderia
a princiacutepio acumular um menor montante em caixa (disponiacutevel mais aplicaccedilotildees financeiras de
curto prazo) pois frente a necessidade de dinheiro ela conseguiria obtecirc-lo atraveacutes dos resultados
de suas operaccedilotildees o fluxo de caixa poderia ser visto como uma proxy para o caixa Sendo assim
se a empresa acumulasse caixa ela deixaria de investir em ativos de produccedilatildeo Desta forma
empresas com maiores niacuteveis de fluxo de caixa manteriam menores reservas de caixa
bull incerteza do fluxo de caixa quanto mais volaacutetil o fluxo de caixa da empresa maior seraacute
sua probabilidade de experimentar faltas de caixa Espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre a
incerteza do fluxo de caixa e o montante mantido em caixa
bull prazo da diacutevida empresas que utilizam mais financiamentos de curto prazo devem
renegociar periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de enfrentar
problemas financeiros se encontrarem restriccedilotildees para tal renovaccedilatildeo Nesse sentido seria esperado
que o prazo da diacutevida fosse negativamente relacionado ao montante mantido em caixa Todavia
outra linha argumentativa entende que ao se considerar que as empresas com maiores ratings de
creacutedito tecircm melhor acesso a empreacutestimos eacute de se esperar que essas empresas mantenham menos
caixa por motivos de precauccedilatildeo o que causaria uma relaccedilatildeo positiva entre o prazo da diacutevida e o
montante mantido em caixa
242 A teoria pecking order e os determinantes de caixa
O segundo modelo com implicaccedilotildees para o caixa eacute o modelo pecking order de Myers
(1984) o qual considera que para minimizar os custos de informaccedilotildees assimeacutetricas e outros
custos de financiamento as empresas deveriam financiar seus investimentos primeiramente com
lucros retidos em seguida com diacutevidas sem risco e com risco e finalmente com emissatildeo de
accedilotildees Esta teoria sugere que as empresas natildeo tenham um niacutevel de caixa alvo mas este eacute utilizado
como intermediaacuterio entre lucros retidos e necessidade de investimentos O modelo pecking order
apresenta de acordo com Ferreira e Vilela (2004) as seguintes variaacuteveis como determinantes de
caixa
bull oportunidades de investimentos um cenaacuterio de amplas oportunidades de investimentos
cria uma demanda para um grande estoque de caixa uma vez que faltas de caixa implicariam em
financiamentos externos onerosos Portanto espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre as
oportunidades de investimentos e o montante mantido em caixa
bull alavancagem para a teoria pecking order as diacutevidas crescem quando os investimentos
excedem os lucros retidos e diminuem quando ocorre o contraacuterio Consequentemente o caixa
diminui quando os investimentos excedem os lucros retidos e aumenta quando ocorre o contraacuterio
Assim espera-se uma relaccedilatildeo negativa entre alavancagem e o caixa
bull porte firmas maiores satildeo presumivelmente as que tiveram maior sucesso e por isso as
que devem ter maior caixa
bull fluxo de caixa como o foco da teoria pecking order eacute a reduccedilatildeo dos custos causados
pela assimetria informacional ou seja diminuiccedilatildeo da dependecircncia de capital de terceiros espera-
se que empresas com maiores fluxos de caixa tenham mais caixa pois desta forma quando se
encontrassem frente a necessidade de dinheiro as empresas natildeo precisariam incorrer em diacutevidas
243 A teoria free cash flow e os determinantes de caixa
O modelo de fluxo de caixa livre de Jensen (1986) sugere que os gerentes tenham um
incentivo para aumentar as reservas de caixa de forma a aumentar a quantidade de ativos sob seu
35
controle e para obter poderes impliacutecitos sobre as decisotildees de investimentos das empresas Nesse
sentido o caixa reduz a pressatildeo por um bom desempenho e permite aos gerentes investirem em
projetos que mais se aproximem de seus interesses mas talvez natildeo do interesse dos acionistas
Ferreira e Vilela (2004) apresentam as seguintes variaacuteveis como determinantes de caixa no
contexto da teoria free cash flow
bull oportunidades de investimentos gerentes de empresas com poucas oportunidades de
investimentos provavelmente mantecircm maiores niacuteveis de caixa para garantirem a disponibilidade
de fundos para investir em projetos de crescimento o que faria que a relaccedilatildeo esperada entre as
oportunidades de investimentos e caixa fosse negativa
bull alavancagem empresas pouco alavancadas satildeo menos monitoradas o que possibilita
uma maior atuaccedilatildeo da gerecircncia Consequentemente espera-se que empresas menos alavancadas
mantenham maior caixa
bull porte empresas maiores tendem a ter maior dispersatildeo de acionistas o que daacute aos
gerentes maiores poderes impliacutecitos Como resultado espera-se uma relaccedilatildeo positiva entre o
porte e o caixa
bull concentraccedilatildeo de controle nas empresas onde o controle estaacute mais concentrado com
menor dispersatildeo acionaacuteria existe maior monitoraccedilatildeo sobre os gestores Sendo assim espera-se
uma relaccedilatildeo negativa entre concentraccedilatildeo de controle e caixa
A tabela apresentada a seguir resume a relaccedilatildeo esperada entre o niacutevel de caixa e as
variaacuteveis Os espaccedilos em branco indicam que a teoria natildeo faz ponderaccedilotildees sobre a variaacutevel
36
37
Tabela 2 Resumo das relaccedilotildees esperadas entre o niacutevel de caixa e as variaacuteveis
Variaacutevel Tradeoff Pecking order Free Cash flowPagamento de dividendos negativaOportunidades de investimentos positiva positiva negativaAtivos liacutequidos substitutos negativaAlavancagem desconhecida negativa negativaPorte negativa positiva positivaIncerteza do fluxo de caixa positivaFluxo de caixa negativa positivaPrazo da diacutevida desconhecidaConcentraccedilatildeo de controle negativaFonte Adaptado de Ferreira e Vilela (2004)
25 Aspectos conceituais
Esta seccedilatildeo contempla toacutepicos teoacutericos adicionais aos determinantes de caixa Satildeo
apresentadas compreensotildees de autores sobre diversos temas relacionados ao tema central deste
estudo
251 O valor da liquidez e o valor do caixa
Como jaacute mencionado anteriormente o valor da liquidez eacute um dos dez problemas ainda
natildeo solucionados na teoria de financcedilas O estudo de Kim et al (1998) procurou ampliar o
entendimento desse toacutepico ao investigar os determinantes de liquidez e a decisatildeo da empresa de
investir em ativos de liquidez O investimento em liquidez pode ser visto como uma forma de
reduzir a dependecircncia de financiamento externo de forma que haacute que se ponderar seus custos e
benefiacutecios
O modelo de Kim et al (1998) estabelece um niacutevel oacutetimo de liquidez o qual aumenta com
o custo do financiamento externo a variacircncia dos fluxos de caixa futuros e a lucratividade das
oportunidades futuras de investimentos Essa liquidez decresce com a diferenccedila de retorno entre
os ativos fiacutesicos da empresa e os ativos liacutequidos quanto maior o retorno em ativos de produccedilatildeo
comparativamente ao retorno em ativos liacutequidos menor o investimento em liquidez
Faulkender e Wang (2004) analisaram o valor marginal do niacutevel de caixa em funccedilatildeo das
diferenccedilas nas poliacuteticas financeiras das empresas Assim eles consideram que o valor de um
doacutelar adicional de reserva iraacute variar em funccedilatildeo de sua utilizaccedilatildeo futura Essa pode ser a
distribuiccedilatildeo de dividendos ou recompra de accedilotildees a reduccedilatildeo do montante de recursos que devem
ser levantados junto ao mercado de capitais ou o pagamento de diacutevidas e obrigaccedilotildees Para
empresas onde as reservas de caixa aparentemente superam suas necessidades futuras um doacutelar
adicional em caixa seraacute provavelmente distribuiacutedo como dividendo ou utilizado para recompra de
accedilotildees Entretanto por conta dos impostos sobre dividendos o valor marginal do doacutelar eacute reduzido
ficando abaixo de um doacutelar Para as empresas que necessitam de levantar caixa em mercados
externos por natildeo terem fundos internos suficientes para seu auto-financiamento o valor marginal
de um doacutelar eacute maior que um
252 Assimetria informacional problemas de agecircncia e niacutevel oacutetimo de caixa
Opler et al (1999) destacam que teorias que foquem na relaccedilatildeo entre custos e benefiacutecios
dos niacuteveis de caixa possibilitam responder sob perspectiva de maximizaccedilatildeo de valor do acionista
quando uma empresa manteacutem caixa em excesso Uma teoria que proponha niacuteveis oacutetimos de
ativos liacutequidos deveria explicar porque a decisatildeo de manter uma unidade monetaacuteria a mais eacute
mais eficiente do que reduzir a alavancagem ou aumentar o hedge
Por outro lado um modelo que contemple a assimetria informacional deve considerar que
o custo de obtenccedilatildeo de capital externo aumenta agrave medida que os tiacutetulos vendidos se tornam mais
sensiacuteveis a informaccedilotildees e a assimetria informacional seja mais importante (OPLER et al 1999)
38
39
No que concerne agraves implicaccedilotildees dos custos de agecircncia para os niacuteveis de caixa Opler et al
(1999) consideram que empresas com base acionaacuteria altamente diluiacuteda mantecircm altos montantes
de caixa dado que a possibilidade e tomada de controle ou de proxy contest3 eacute maior
253 Governanccedila corporativa e niacutevel de caixa
Ozkan e Ozkan (2004) acreditam que as normas de governanccedila corporativa podem ter
impactos importantes na explicaccedilatildeo dos determinantes de caixa Destacam que no Reino Unido
o setor corporativo eacute caracterizado por uma deficiente disciplina externa por parte do mercado e
pela falta de monitoraccedilatildeo eficiente das instituiccedilotildees financeiras e quadros diretivos das empresas
o que proporciona aos gestores maior liberdade para perseguirem seus proacuteprios interesses
inclusive manter maiores volumes de caixa
Harford et al (2004) analisaram o niacutevel de caixa em relaccedilatildeo a um iacutendice de governanccedila
corporativa com vaacuterios itens de prevenccedilatildeo a takeovers O estudo traccedila duas hipoacuteteses baacutesicas A
primeira considera que empresas que apresentam menores direitos para os acionistas mantecircm
menor caixa pois o gastam mais rapidamente e natildeo o acumulam Essa hipoacutetese eacute uma
consequumlecircncia da teoria da agecircncia e implica que gestores fracamente controlados gastam o fluxo
de caixa livre ao inveacutes de escolher acumulaacute-lo visivelmente A hipoacutetese alternativa considera que
empresas onde os direitos dos acionistas satildeo maiores permitem que seus gestores mantenham
maior caixa pois a visatildeo de seu emprego eacute suficientemente clara aliada agrave capacidade desses
acionistas de punir os gestores que o desperdiccedilam
Dittmar et al (2003) afirmam que um dos motivos para as evidecircncias atuais sobre os
custos de agecircncia como motivos para o niacutevel de caixa eacute que a maioria dos estudos foca os
3 Tipo de tomada de controle hostil onde um grupo dissidente busca atraveacutes do voto dos acionistas obter controle sobre o quadro de diretores pela substituiccedilatildeo dos mesmos Com isso o adquirente pode evitar o pagamento de um precircmio pela aquisiccedilatildeo
Estados Unidos sendo que os acionistas norte-americanos apreciam ou mesmo exigem boa
proteccedilatildeo de forma a serem capazes de forccedilar os gestores a retornarem os excessos de fundos para
eles
A bibliografia sobre governanccedila corporativa e niacuteveis de caixa eacute relativamente extensa
Associadas a ela encontram-se abordagens sobre o desenvolvimento do mercado de capitais e
sobre o ambiente regulatoacuterio dos paiacuteses Tais abordagens podem se verificadas em Cornett et al
(2003) LaPorta et al (1999) Howell e Stover (2002) Deloof (2001) e Pinkowitz et al (2003)
254 Caixa e desempenho das empresas
Mikkelson e Partch (2003) investigaram se empresas natildeo financeiras com reservas de
caixa persistentemente altas ou seja empresas que apresentam por um periacuteodo de cinco anos
mais de um quarto de seus ativos totais em caixa e equivalentes apresentam baixo desempenho
Eles argumentam que haacute duas correntes explicativas para isso Para uma o caixa serve aos
interesses dos gerentes e para a outra aos interesses dos acionistas
Mikkelson e Partch (2003) consideram que amplas reservas de caixa diminuem a pressatildeo
para que os gestores criem valor A folga financeira significativa remove a disciplina
proporcionada pelo financiamento externo Isto permite a empresa ter um desempenho
relativamente pobre e ainda evitar problemas financeiros
Partindo da corrente argumentativa de que as empresas mantecircm altos niacuteveis de caixa para
evitarem o custo do financiamento externo Mikkelson e Partch (2003) destacam que um baixo
niacutevel de fluxo de caixa relativo aos investimentos cria uma demanda por estoques de caixa pois
sua falta implica na perda de oportunidades e investimentos a menos que a empresa recorra ao
financiamento externo Adicionalmente a demanda por caixa eacute influenciada por alta
variabilidade do fluxo de caixa ou investimentos Com isso entende-se que empresas com niacuteveis
40
41
de caixa persistentemente altos antecipam grandes necessidades de investimentos ou alta
variabilidade do fluxo de caixa
255 O mercado de controle corporativo e os niacuteveis de caixa
O papel do caixa foi tambeacutem investigado em relaccedilatildeo a aquisiccedilotildees de novas empresas por
Harford (1999) dado o papel estrateacutegico desempenhado pela liquidez nas organizaccedilotildees em
funccedilatildeo da assimetria informacional entre gestores e capitalistas Os gestores podem aumentar o
valor de suas empresas atraveacutes do gerenciamento do caixa como ldquobuffer stockrdquo Desta forma
pode-se manter a poliacutetica de investimentos mesmo quando os fluxos de caixa satildeo insuficientes
para tal evitando os problemas de subinvestimento Contudo a mesma autonomia de
financiamento externo que torna o caixa valioso para os acionistas pode ser utilizada de forma
abusiva pelos gestores ao eximi-los da monitoraccedilatildeo que seria realizada pelos financiadores
externos criando mais uma vez os conflitos de agecircncia Uma vez que caixa em excesso eacute
estoque de fluxos de caixa o custo de agecircncia do fluxo de caixa livre seraacute maior para empresas
com altos niacuteveis de caixa
Ao acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa demonstra que tem mais fluxo de
caixa do que precisa para seus bons investimentos Uma explicaccedilatildeo alternativa para a teoria free
cash flow eacute a de que os gestores satildeo relutantes em distribuir fundos uma vez que as imperfeiccedilotildees
do mercado de capitais tornam a reposiccedilatildeo dos mesmos onerosa (HARFORD 1999) apesar de
Safieddine e Titman (1999) afirmarem que o aumento de alavancagem pode ser visto como uma
estrateacutegia defensiva de empresas alvos de takeovers
Pinkowitz (2000) ressalta que para o conhecimento corrente em financcedilas o mercado de
controle corporativo monitora o niacutevel de caixa das empresas ao alvejar empresas com altos
montantes de caixa Essa possiacutevel ameaccedila induziria os gestores a manterem menores niacuteveis de
caixa Por outro lado altos niacuteveis de caixa proporcionam agraves empresas a flexibilidade e recursos
para se defenderem de tentativas natildeo desejadas de tomada de controle Soma-se a isso o
paradoxal fato de que uma empresa com altos niacuteveis de caixa pode ser mais difiacutecil de ser
avaliada pois esta pode facilmente e rapidamente distribuir este caixa
Jensen (1986) afirma que empresas com altos niacuteveis de caixa apresentam gestores menos
eficazes Empresas mantecircm caixa em excesso se natildeo tiverem investimentos com VPL positivo
sendo que os projetos de investimentos das empresas satildeo um reflexo da qualidade da gerecircncia Se
o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre equipes gestoras por ativos
produtivos espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com alto caixa Soma-
se a isso o fato de que muitos compradores esperam utilizar o caixa para financiar a compra jaacute
que a venda de ativos reais apresenta proporccedilatildeo menor ou igual a um entre o ativo vendido e o
dinheiro que entra no caixa pela venda
Rosa et al (2002) consideram a validade da teoria free cash flow e da imperfeiccedilatildeo de
mercado para explicar o retorno de accedilotildees das empresas compradoras em takeovers onde o caixa
eacute oferecido como pagamento O estudo parte do princiacutepio de que ofertas de caixa permitem um
controle mais rigoroso da validade de tais teorias pois pode-se controlar os efeitos de avaliaccedilatildeo
do mercado sobre as accedilotildees associado a forma de pagamento
256 A diacutevida e o caixa
Pinkowitz (2000) destaca o papel que a diacutevida teria para monitoraccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
mas que em estruturas acionaacuterias diluiacutedas seria improvaacutevel que os acionistas conseguissem
persuadir os gestores a aumentarem a alavancagem Outra possibilidade de monitoraccedilatildeo seria
atraveacutes dos credores ou dos bancos sendo que estudos empiacutericos mostram que os bancos
encorajam o conservadorismo nas empresas resultando em uma poliacutetica de pouca exposiccedilatildeo a
42
riscos Uma vez que caixa eacute um ativo livre de risco os bancos natildeo teriam razotildees para tentar
limitar o niacutevel de caixa de uma empresa Poreacutem Pinkowitz e Williamson (2001) consideram que
a relaccedilatildeo com o principal banco deve reduzir a assimetria informacional e o comportamento
desperdiccedilador dos gestores de forma a resultar em baixos niacuteveis de caixa pois haveria menor
necessidade de se mantecirc-lo por motivo de precauccedilatildeo
Ao tratar o prazo da diacutevida Ericsson (2000) sugere que inicialmente se considere o
exemplo de uma empresa com uma dada poliacutetica de risco e maturidade da diacutevida Nesse caso o
montante de diacutevida simplesmente reflete a relaccedilatildeo entre seus benefiacutecios e os custos esperados dos
problemas financeiros Num segundo momento ao se considerar uma empresa apenas com uma
poliacutetica de risco definida pelo aumento do prazo da diacutevida a empresa seraacute capaz de aumentar sua
alavancagem e explorar de forma mais eficiente os benefiacutecios fiscais Entretanto se os gestores
natildeo puderem definir uma dada poliacutetica de risco o aumento do prazo da diacutevida ampliaraacute o escopo
da substituiccedilatildeo de ativos e limitaraacute a capacidade de endividamento da empresa O autor adiciona
agrave sua compreensatildeo de diacutevida as proposiccedilotildees de que diacutevida de curto prazo reduz o incentivo agrave
substituiccedilatildeo de ativos e que diacutevida de longo prazo eacute utilizada por empresas de grande porte
baixo risco e com oportunidades de crescimento
257 Caixa flu xo de caixa e investimentos
Morgado e Pindado (2003) investigaram a relaccedilatildeo entre o valor da empresa e os
investimentos para testar duas hipoacuteteses a de subinvestimento e a de superinvestimento tendo
como base teoacuterica a assimetria informacional
Quando da existecircncia de assimetria informacional poacutes-contratos e dada a impossibilidade
de se desenvolver contratos completos tal assimetria pode gerar custos aos acionistas uma vez
que os credores descontam a consequumlente e futura substituiccedilatildeo de ativos Desta forma o
43
problema da substituiccedilatildeo de ativos eacute um dos mecanismos que levam ao subinvestimento Em
contrapartida o processo de superinvestimento surge do conflito entre gestores e acionistas
Quando haacute assimetria informacional os gestores podem usar o excesso de caixa para assumirem
projetos de valor presente liacutequido negativo em favor de seus proacuteprios interesses (MORGADO
PINDADO 2003)
O modelo de Boyle e Guthrie (2003) apresenta implicaccedilotildees quanto agrave relaccedilatildeo entre
incerteza e investimentos Apesar de uma maior incerteza sobre o valor futuro de um projeto
aumentar o valor do atraso no investimento bem como o dos empreacutestimos a maior incerteza
sobre a liquidez da empresa produz o efeito contraacuterio Maior volatilidade nas distribuiccedilotildees de
fluxos de caixa futuros das empresas aumenta o risco de faltas de financiamentos futuros
aumentando o valor dos investimentos Aleacutem disso maior incerteza quanto aos rendimentos
aumenta o montante demandado para justificar tal investimento enquanto que maior incerteza
quanto ao financiamento reduz tal montante
Ao considerarem o papel do financiamento nas decisotildees e investimentos Almeida et al
(2004) desenvolveram um modelo para testar o impacto que as restriccedilotildees financeiras causam nas
poliacuteticas corporativas No modelo as empresas ao anteciparem restriccedilotildees financeiras futuras
adotam um aumento de caixa como resposta Manter caixa apresenta o custo da reduccedilatildeo dos
investimentos atuais Assim empresas com restriccedilotildees financeiras utilizam uma poliacutetica oacutetima de
caixa para balancear a lucratividade entre investimentos atuais e futuros Da mesma forma para
empresas sem restriccedilotildees o caixa natildeo teria utilidade relevante bem como natildeo apresentaria custos
para ser mantido
Adedeji (1998) inclui os pagamentos de dividendos como determinantes de investimentos
Ele presume que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre os pagamentos de dividendos em longo prazo e a
taxa de investimento uma vez que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
44
niacuteveis de lucros retidos e uma maior tendecircncia para levantar recursos de fontes externas Mas se
as empresas se encontrarem frente a uma realidade de reduccedilatildeo persistente dos lucros e ocorrer
uma mudanccedila nas oportunidades de investimentos elas deveratildeo ajustar seu niacutevel de pagamento
de dividendos a seu novo niacutevel de lucros e oportunidades de crescimento Por isso espera-se uma
relaccedilatildeo negativa entre dividendos de longo prazo e taxa de investimento
Deshmukh (2003) trata a dinacircmica das poliacuteticas de dividendos em um modelo de risco
moral Na presenccedila de assimetria informacional as empresas enfrentaratildeo situaccedilotildees de
subinvestimento Esse evento pode ser controlado pela presenccedila de folga financeira de forma
que o acuacutemulo de tal folga atraveacutes da retenccedilatildeo de lucros implique menores dividendos Assim a
poliacutetica de dividendos pode ser utilizada para controlar problemas de subinvestimento na
presenccedila de assimetria informacional
Richardson (2002) investigou como a governanccedila corporativa afeta as decisotildees de
investimentos das empresas na presenccedila de excesso de caixa Dada a possibilidade de que os
gestores incorram em projetos que natildeo maximizem o valor quando na presenccedila de excesso de
caixa os acionistas aplicam uma variedade de mecanismos de contratos para proteger seus
interesses
258 Influecircncia do pagamento de dividendos no niacutevel de caixa
Os dividendos satildeo estudados por Amihud e Li (2003) onde os mesmos propotildeem que o
uso de dividendos como meio de sinalizaccedilatildeo apresente custos com a diminuiccedilatildeo do caixa o que
implica em levantamento de capital imposto e investimentos sub oacutetimos
O impacto que os dividendos causam em conjunto com o niacutevel de caixa no valor das
empresas eacute analisado por Zhang (2005) Ele propotildee que haacute uma relaccedilatildeo negativa entre a
concentraccedilatildeo de controle e o pagamento de dividendos Segundo o autor em empresas com
45
maior concentraccedilatildeo de controle os credores e acionistas minoritaacuterios perceberiam conflitos de
agecircncia e estabeleceriam uma taxa de desconto no valor da empresas Os controladores frente
esta realidade utilizariam os dividendos como estrateacutegia mas se beneficiariam para retecirc-los em
forma de caixa Nesse contexto tanto as poliacuteticas de governanccedila corporativa ao niacutevel da empresa
quanto ao niacutevel do paiacutes satildeo importantes determinantes do pagamento de dividendos e
consequumlentemente do niacutevel de caixa
259 Caixa e porte das empresas
Basu e Reagle (2001) argumentam que apesar das fricccedilotildees informacionais entre
credores e devedores explicarem algumas das restriccedilotildees financeiras natildeo satildeo tratados os motivos
pelos quais empresas de pequeno porte continuam viaacuteveis mesmo apoacutes incorrerem em altos
custos de financiamento Assim os autores desenvolvem um modelo que prevecirc que empresas
menores optem por maiores custos de financiamento devido ao maior retorno proporcionado
pelo estoque de capital o que implicaria uma hierarquia endoacutegena das restriccedilotildees financeiras
sobre o porte das empresas Desta forma aparentemente uma empresa de menor porte estaacute
sujeita a racionamento de creacutedito e maior custo de financiamento do que empresas maiores
Opler et al (1999) consideram que empresas de grande porte devem manter maiores
caixas pois um alvo maior requer maiores recursos da empresa compradora e uma empresa
maior pode usar mais facilmente o tracircnsito poliacutetico para obter vantagens Ao mesmo tempo os
ganhos da empresa compradora satildeo maiores uma vez que a mesma adquira controle sobre ativos
liacutequidos que possam ajudar a financiar aquisiccedilatildeo A fundamentaccedilatildeo teoacuterica de Ozkan e Ozkan
(2004) considera que empresas de menor porte deveriam manter maiores niacuteveis de caixa para
evitar custos fixos de valor significativo envolvidos na obtenccedilatildeo de fundos externos
46
Por outro lado sugere-se que empresas de grande porte apresentem menor assimetria
informacional do que as de pequeno o que implica agraves uacuteltimas maiores restriccedilotildees e custos de
financiamentos Assim a relaccedilatildeo esperada entre porte e caixa deveria ser negativa (OZKAN
OZKAN 2004)
26 Resultados empiacutericos
Kim et al (1998) testaram as implicaccedilotildees de seu modelo para uma amostra de 915
empresas norte-americanas de 1975 a 1994 em panel data Os resultados apuraram que as
empresas que enfrentam maiores custos de financiamento externo apresentam fluxos de caixa
mais volaacuteteis e obtecircm menores retornos nos investimentos em ativos de produccedilatildeo mantendo uma
proporccedilatildeo significativamente maior em ativos de liquidez frente aos ativos totais
Apoacutes uma variedade de testes em seacuteries temporais e cross sectional Opler et al (1999)
encontraram evidecircncias que suportam o modelo tradeoff para niacuteveis de caixa Em especial
empresas com fortes oportunidades de crescimento e maior risco de fluxo de caixa mantecircm
maiores niacuteveis de caixa Empresas com maior acesso ao mercado de capitais como empresas de
grande porte tendem a manter menores niacuteveis de caixa Os resultados indicam tambeacutem que os
gestores acumulam caixa em excesso se tiverem a oportunidade de fazecirc-lo por motivo de
precauccedilatildeo
Ozkan e Ozkan (2004) constataram apoacutes a realizaccedilatildeo de testes que a participaccedilatildeo gestora
na propriedade apresenta significativa influecircncia no niacutevel de caixa embora a composiccedilatildeo do
quadro e a presenccedila de acionistas controladores natildeo sejam relevantes Aleacutem disso as
oportunidades de investimentos ativos liacutequidos fluxo de caixa alavancagem e participaccedilatildeo dos
bancos nos empreacutestimos satildeo variaacuteveis importantes na determinaccedilatildeo dos niacuteveis de caixa
47
Kusnadi (2003) investigou a relaccedilatildeo entre caixa e poliacuteticas de governanccedila corporativa em
Singapura O tamanho do quadro diretor a natildeo participaccedilatildeo de gestores na propriedade e
poliacuteticas de governanccedila deficientes satildeo determinantes do niacutevel de caixa naquele paiacutes
Os resultados de Dittmar et al (2003) mostraram que empresas de paiacuteses com estrutura
juriacutedica baseada no direito britacircnico mantecircm aproximadamente um niacutevel de caixa 35 maior do
que as de paiacuteses com base no direito romano Nenhuma das evidecircncias indicou que os gestores
mantinham maiores caixas simplesmente por ser mais difiacutecil acessar capital em paiacuteses com fraca
proteccedilatildeo aos acionistas Na verdade as empresas mantecircm maior caixa quando eacute mais faacutecil o
acesso a fundos externos ou quando apresentam maior dependecircncia de tais financiamentos
Para a realizaccedilatildeo dos testes de seu estudo Mikkelson e Partch (2003) selecionaram duas
amostras de empresas para comparaccedilatildeo com as empresas de caixa persistentemente alto e
concluiacuteram que empresas com altos niacuteveis de caixa tecircm desempenho operacional meacutedio superior
ao de empresas comparados por porte ou setor Adicionalmente empresas com altos niacuteveis de
caixa crescem mais rapidamente e apresentam maiores relaccedilotildees entre o valor de mercado e o
valor contaacutebil Caracteriacutesticas de governanccedila natildeo explicam a variaccedilatildeo de desempenho entre
empresas com altos niacuteveis de caixa
O impacto que o niacutevel de caixa causa na avaliaccedilatildeo de empresas foi analisado por
Schwetzler e Reimund (2004) Os autores analisaram o desempenho de empresas alematildes que
apresentaram um longo periacuteodo de excesso de niacutevel de caixa e em seguida estudaram os efeito de
avaliaccedilatildeo do caixa O estudo abarcou 547 empresas e os resultados sugeriram que caixas
persistentemente altos desviam os gestores do objetivo de melhorarem as operaccedilotildees o que eacute
consistente com a hipoacutetese baseada na teoria da agecircncia de investimentos ineficientes
Adicionalmente os desvios positivo e negativo da meacutedia setorial da relaccedilatildeo entre caixa e vendas
tecircm impactos significativos sobre o valor
48
Harford (1999) reportou como resultados de seu estudo o qual teve como objetivo
investigar se a presenccedila de excesso de caixa leva os gestores a tomarem decisotildees de
investimentos que destroem valor que o comportamento da empresa com altos niacuteveis de caixa eacute
consistente com as prediccedilotildees da teoria free cash flow Essa conclusatildeo eacute baseada em constataccedilotildees
de que a reaccedilatildeo anormal dos preccedilos de accedilotildees a anuacutencios de aquisiccedilotildees por parte das empresas
com caixas ricos eacute negativa e decresce no montante de caixa em excesso mantido pela empresa
Pinkowitz (2000) constatou que o caixa e o excesso de caixa reduzem a probabilidade de a
empresa ser adquirida por reduzirem as chances de que ela seja alvejada em primeiro lugar O
mercado de controle corporativo natildeo monitora efetivamente o niacutevel de caixa das empresas
Apoacutes uma amostra de 154 takeovers Rosa et al (2002) concluiacuteram que as compras que
utilizam reservas de caixa tecircm performance superior agraves que utilizam diacutevida Aleacutem disso
empresas com excesso de caixa apresentam melhor desempenho do que as que natildeo apresentam
tal relaccedilatildeo
Fazzari et al (1988) apud Cleary (1999) identificaram que as decisotildees de investimentos de
empresas que apresentam maiores restriccedilotildees financeiras satildeo mais sensiacuteveis agrave liquidez Todavia
em uma linha aparentemente contraacuteria Kaplan e Zingales (1997) descobriram que as decisotildees de
investimentos das empresas com menores restriccedilotildees financeiras satildeo as mais sensiacuteveis agrave
disponibilidade de fluxos de caixa
Cleary (1999) constatou que as decisotildees de investimentos de empresas com melhores
niacuteveis de creacutedito apresentam uma maior sensibilidade agrave liquidez
49
Haushalter et al (2005) constataram empiricamente que o caixa eacute frequumlentemente
utilizado como uma ferramenta de gestatildeo de risco que pode proteger a empresa de sub
investimentos em periacuteodos de crise setoriais
Zhang (2005) conclui que empresas de paiacuteses com melhores poliacuteticas de proteccedilatildeo aos
acionistas e empresas com altos niacuteveis de caixa pagam maiores dividendos
Dentre os resultados alcanccedilados por Faulkender (2004) a alavancagem guarda uma
relaccedilatildeo positiva com o niacutevel de caixa para empresas menores sendo que a relaccedilatildeo para empresas
de maior porte segundo estudos empiacutericos preacutevios eacute negativa Uma vez que empresas de menor
porte tecircm maiores dificuldades de acesso a capital o benefiacutecio marginal de se manter caixa eacute
maior que o custo marginal de pagamento da diacutevida Outro resultado de destaque eacute a relaccedilatildeo
positiva entre capital de giro e caixa indicando que as empresas de menor porte aumentam seu
caixa na medida em que devem maiores quantias a seus fornecedores enquanto estudos preacutevios
constataram que o capital de giro funcionaria como um substituto para o caixa mantendo uma
relaccedilatildeo negativa
Ferreira e Vilela (2004) investigaram os determinantes de caixa de empresas dos paiacuteses da
Uniatildeo Europeacuteia Apoacutes a realizaccedilatildeo dos testes em panel data os resultados indicaram que o niacutevel
de caixa eacute positivamente afetado pelas oportunidades de investimentos e pelo fluxo de caixa e eacute
negativamente afetado pelos ativos liacutequidos substitutos alavancagem e porte A concentraccedilatildeo de
controle tambeacutem apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa Por fim os autores afirmam que tanto
a teoria tradeoff quanto a teoria pecking order desempenham um importante papel na explicaccedilatildeo
dos determinantes de caixa
Richardson (2002) encontrou uma relaccedilatildeo positiva entre o excesso de caixa e o
superinvestimento indicando a presenccedila de custos de agecircncia uma vez que empresas com falta de
caixa tecircm menor probabilidade de super investir jaacute que devem passar pelo crivo do mercado
50
externo para conseguir o capital necessaacuterio para tal Concluiu-se que os mecanismos de
governanccedila natildeo satildeo desenvolvidos em resposta aos custos de agecircncia que derivam do excesso de
caixa mas desempenham importante papel para a monitoraccedilatildeo dos gestores
Os resultados do estudo de Jani et al (2004) reportaram uma relaccedilatildeo negativa entre o niacutevel
de caixa e a diacutevida as despesas de capital e os dividendos Constatou-se a existecircncia de um alvo
oacutetimo de caixa no longo prazo e que empresas com menor concentraccedilatildeo de controle mantecircm
maiores niacuteveis de caixa
Os testes realizados por Faulkender e Wang (2004) corroboraram as previsotildees de seu
estudo especialmente as de que o aumento na alavancagem e no niacutevel de caixa implicam uma
reduccedilatildeo no valor marginal do dinheiro e empresas que pagam dividendos apresentam um menor
valor de caixa dado aos impostos incidentes nessa operaccedilatildeo
Kalcheva e Lins (2004) investigaram uma amostra de mais de cinquumlenta mil empresas de
trinta e um paiacuteses para identificar os determinantes e implicaccedilotildees do niacutevel de caixa em relaccedilatildeo agrave
liquidez corporativa O estudo realizou essa anaacutelise considerando a presenccedila de problemas de
agecircncia Os resultados sugeriram que os investidores externos apliquem taxas de desconto no
valor da empresa quando estas tecircm alto niacutevel de caixa e estaacute sujeita a tais problemas
Koschio e Cia (2004) utilizaram as teorias tradeoff e buffer stock liquidity para estudar os
determinantes de caixa das empresas brasileiras em comparaccedilatildeo a empresas norte-americanas
para o periacuteodo de 1995 a 2002 Os resultados indicaram que alguns dos determinantes entre os
dois paiacuteses satildeo diferentes Dentre as variaacuteveis testadas o porte a diacutevida de longo prazo e os
estoques apresentaram relaccedilatildeo positiva com o caixa Os dividendos natildeo foram estatisticamente
significantes Os autores acrescentaram que a variaacutevel contas a receber apresentou sinal negativo
sendo que este sinal indica a prioridade das empresas de ampliarem o creacutedito e de financiarem
seu capital de giro com o dinheiro dos clientes
51
52
3 METODOLOGIA
31 Amostra e Dados
Este trabalho estuda as empresas negociadas na Bolsa de Valores de Satildeo Paulo
(BOVESPA) Para tal utilizou-se como base de dados a Economaacutetica da qual foi extraiacuteda a
amostra
A amostra foi selecionada no dia trecircs de marccedilo de 2005 e excluiu empresas do setor de
financcedilas e seguros procedimento adotado tambeacutem por Ferreira e Vilela (2004) Kim et al (1998)
Mikkelson e Partch (2003) Dittmar et al (2003) e Opler et al (1999) entre outros Tal
procedimento justifica-se porque para os bancos o caixa eacute composto pelos depoacutesitos dos clientes
Nesse caso eacute razoaacutevel entender que os bancos natildeo definem sua poliacutetica de manutenccedilatildeo de caixa
pois o dinheiro que compotildee esta conta patrimonial natildeo eacute efetivamente dos bancos mas de seus
clientes O nuacutemero de empresas totalizou 334 Os dados de cada empresa satildeo trimestrais e
englobam o periacuteodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2004 totalizando 40 trimestres por
empresa A amostra eacute composta pelas maiores empresas brasileiras de mais de 20 setores
econocircmicos com situaccedilotildees financeiras variadas e que juntas no final de 2003 apresentavam um
valor de mercado superior a 1 trilhatildeo de reais
Durante o procedimento de levantamento dos dados e caacutelculo das variaacuteveis pocircde-se
verificar que algumas empresas natildeo apresentavam dados em um periacuteodo especiacutefico como
consequumlecircncia da natildeo publicaccedilatildeo dos demonstrativos naquele periacuteodo ou de uma limitaccedilatildeo da
proacutepria base
32 Panel Data
Este estudo utiliza regressotildees em panel data para testar a hipoacutetese descrita na seccedilatildeo 12
De acordo com Gujarati (1995 p 12) o panel data refere-se agrave disposiccedilatildeo dos dados do estudo
sendo estes uma combinaccedilatildeo entre dados em seacuterie temporal (conjunto de valores de uma variaacutevel
em diferentes momentos) com dados em cross sectional (dados de uma ou mais variaacuteveis
coletados no mesmo ponto de tempo)
De acordo com Marques (2000) uma das vantagens das estimaccedilotildees por panel data eacute
enfatizar a heterogeneidade individual de forma a sugerir a existecircncia de caracteriacutesticas
diferenciadoras entre os indiviacuteduos Uma vez que essas caracteriacutesticas podem ou natildeo ser
constantes ao longo do tempo estudos em seacuteries temporais ou cross sectional que natildeo a levem
em conta produziratildeo resultados enviesados Ao se incluir a dimensatildeo seccional em estudos
temporais consegue-se uma maior variabilidade nos dados contribuindo para uma reduccedilatildeo da
eventual colinearidade dos dados Aleacutem disso estudos com amostras longitudinais facilitam a
anaacutelise das dinacircmicas de ajustamento Com isso o panel data permite identificar efeitos que
estudos exclusivamente temporais ou seccionais natildeo identificariam
Os modelos de panel data podem ser divididos em trecircs formas O modelo pooled o
modelo de efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatoacuterios No modelo pooled os dados satildeo
tratados como se houvesse apenas um intercepto para toda a amostra Tanto o intercepto quanto a
inclinaccedilatildeo da reta natildeo variam Nesse caso segundo Baltagi (2001) apud Daher (2004) nem os
efeitos inerentes aos elementos da amostra nem o passar do tempo produziriam impacto sobre o
modelo
O modelo de efeitos aleatoacuterios considera que o comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos
e periacuteodos de tempo satildeo desconhecidos Caso haja efeitos que fazem parte do modelo estes satildeo
totalmente exoacutegenos e natildeo correlacionados com os regressores O modelo pressupotildee que o
53
comportamento especiacutefico dos indiviacuteduos e periacuteodo de tempo seja desconhecido (MARQUES
2000)
O modelo de efeitos fixos representa um modelo cujos coeficientes podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo ou no tempo ainda que permaneccedilam como constantes fixas O modelo
considera que as inclinaccedilotildees das retas satildeo constantes mas o intercepto varia entre os elementos
(BALTAGI (2001) apud DAHER 2004)
Adicionalmente considera-se que quando a variaacutevel dependente defasada eacute incluiacuteda no
modelo tem-se um modelo dinacircmico caso contraacuterio o modelo eacute estaacutetico (BALTAGI (2001) apud
DAHER 2004)
O modelo SUR ou Seemingly Unrelated Regressions onde tanto o intercepto quanto os
coeficientes angulares variam entre os elementos da amostra representa uma forma mais
complexa de realizaccedilatildeo do panel data (MARQUES 2000) Como este estudo segue a
metodologia de Ferreira e Vilela (2004) e eles natildeo utilizam o SUR esse modelo natildeo seraacute
abordado sendo suas implicaccedilotildees desconsideradas
33 Modelo claacutessico de regressatildeo linear
Para a realizaccedilatildeo dos testes deste trabalho optou-se pela utilizaccedilatildeo de regressotildees lineares
pois de acordo com Brooks (2002 p42) a regressatildeo eacute uma tentativa de se explicar os
movimentos de uma variaacutevel tendo como referecircncia movimentos de outra variaacutevel
O meacutetodo eacute apropriado quando se tem uma funccedilatildeo de regressatildeo de primeiro grau ou seja
uma funccedilatildeo da forma y = a+bx dado que sua representaccedilatildeo graacutefica eacute uma reta (GUJARATI
1995 p4) Diz-se nesse caso que a funccedilatildeo eacute linear nas variaacuteveis Entretanto o autor adverte que
uma funccedilatildeo pode ou natildeo ser linear nas variaacuteveis e ainda assim ser uma regressatildeo linear se os
paracircmetros o forem
54
Deve-se ainda atentar para o fato de que natildeo haacute modelos que possam afirmar com
completa certeza de que o valor de uma variaacutevel daacute-se pelo valor de outra ou seja um modelo
onde as variaacuteveis explanatoacuterias expliquem cem por cento a variaacutevel dependente Por isso
acrescenta-se um termo de distuacuterbio aleatoacuterio no modelo tambeacutem conhecido como termo de erro
(BROOKS 2000 p45)
Aleacutem do exposto Ferreira e Vilela (2004) Opler et al (1999) e Pinkowitz e Williamson
(2001) entre outros utilizam um modelo linear o que mostra que esse eacute um modelo apropriado
para estudos sobre determinantes de caixa
55
331 O modelo economeacutetrico do estudo
Para a realizaccedilatildeo do teste foi desenvolvido o seguinte modelo de regressatildeo em panel
data
y i j = a + Ph]ALSu + (32jP O R T E j + P^ALAV^ + PAjMFCUj + P^IFC^ + P6jINVUi +
fr jP D IV a j +ampjCONTRlj + P 9j DIVu + 8 Uj
onde
y = niacutevel de caixa
ALS = ativos liacutequidos substitutos
PORTE
ALAV = alavancagem
MFC = magnitude do fluxo de caixa
IFC = incerteza do fluxo de caixa
INV = oportunidades de investimentos
PDIVa = prazo da diacutevida
56
CONTR = concentraccedilatildeo do controle
DIV = pagamento de dividendos e juros sobre capital proacuteprio
8 = termo de erro
i = empresa
j = tempo
34 Variaacuteveis
As variaacuteveis utilizadas nesse estudo satildeo apresentadas por Ferreira e Vilela (2004)
Mikkelson e Partch (2003) e Kim et al (1998) entre outros A inclusatildeo da variaacutevel juros sobre
capital proacuteprio (JCP) foi feita por entender-se que essa eacute uma forma de remuneraccedilatildeo agrave acionistas
semelhante ao pagamento de dividendos sendo uma particularidade brasileira que poderia a
priori causar um impacto no caixa anaacutelogo ao impacto proposto pelo pagamento de dividendos
A seguir seratildeo apresentadas as formas de caacutelculo das variaacuteveis utilizadas no estudo
Niacutevel de caixa
Caixa e equivalentes caixa dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes O caixa e
equivalentes refere-se ao disponiacutevel e aplicaccedilotildees financeiras de curto prazo
CENC = ------------
AT - CE
Sendo NC o caixa AT o ativo total e CEC caixa e equivalentes
Pagamento de dividendos e juros sobre o capital proacuteprio
Refere-se a uma variaacutevel dummy Assume valor igual a 1 quando a empresa pagou Uma
vez que os pagamentos de dividendos satildeo anuais os valores foram convertidos
57
proporcionalmente em dados trimestrais Jaacute a variaacutevel juros sobre capital proacuteprio apresentava
valores trimestrais natildeo sendo necessaacuteria nenhuma modificaccedilatildeo para realizaccedilatildeo dos testes
Oportunidade de investimentos
Medida pela relaccedilatildeo entre o valor de mercado do ativo e seu valor contaacutebil O valor de
mercado do ativo eacute dado pelo valor de mercado do patrimocircnio liacutequido mais o valor contaacutebil da
diacutevida O valor de mercado eacute calculado como o nuacutemero de accedilotildees ordinaacuterias multiplicado pelo
preccedilo de tais accedilotildees somado ao resultado da multiplicaccedilatildeo do nuacutemero de accedilotildees preferenciais por
seu respectivo preccedilo Nesse estudo utilizou-se como valor de mercado do patrimocircnio o valor
VMAapresentado pela Economaacutetica como proxy Assim INV = a
Onde VMA eacute o valor de mercado do ativo e VCA seu valor contaacutebil
Ativos liacutequidos substitutos
Eacute uma proxy para o capital de giro Seu caacutelculo leva em consideraccedilatildeo os ativos circulantes
menos caixa equivalentes dividido pelos ativos totais menos caixa e equivalentes
AC - CETem-se portanto ALS = ------------AT - CE
Onde AC eacute o ativo circulante CE representa caixa e equivalentes e AT o ativo total
Alavancagem
Calculada pelo total das diacutevidas dividido pelo ativo total menos caixa e equivalentes
DTALAV = ------------
AT - CE
Onde DT eacute a diacutevida total
58
Porte
Dado pelo logaritmo neperiano do ativo total
Incerteza do fluxo de caixa
Desvio padratildeo do fluxo de caixa O fluxo de caixa leva em conta o lucro menos juros
imposto de renda e dividendos mais amortizaccedilatildeo e depreciaccedilatildeo Para cada empresa eacute calculado o
desvio padratildeo do fluxo de caixa referente ao periacuteodo total a ser estudado
M agnitude do Fluxo de caixa
Fluxo de caixa dividido pelo ativo operacional O ativo operacional eacute calculado pelo ativo
total menos caixa e equivalentes
FCMFC = mdashAO
Sendo FC o fluxo de caixa e AO o ativo operacional
Prazo da diacutevida
Diacutevida total menos diacutevida de curto prazo dividido pela diacutevida total
PD = DT - DCP DT
Concentraccedilatildeo de controle
Somatoacuterio da percentagem meacutedia de accedilotildees ordinaacuterias em posse dos trecircs maiores
acionistas em cada trimestre
59
35 Procedimentos estatiacutesticos
O primeiro teste realizado foi a obtenccedilatildeo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis onde se
pode observar os valores maacuteximo miacutenimo a meacutedia o desvio padratildeo a assimetria e a curtose de
cada variaacutevel Calculou-se tambeacutem a matriz de correlaccedilatildeo no intuito de identificar se os dados
apresentavam multicolinearidade A matriz de correlaccedilatildeo utilizada eacute uma matriz de Pearson com
niacutevel de confianccedila de 95 bicaudal O primeiro resultado da matriz indicou multicolinearidade
entre trecircs variaacuteveis Segundo Brooks (2002 p 192) frente agrave identificaccedilatildeo de variaacuteveis
significativamente correlacionadas opta-se pela exclusatildeo de uma delas Todavia as estatiacutesticas
descritivas haviam indicado a presenccedila de outliers Por isso inicialmente optou-se por excluir os
outliers sendo a exclusatildeo de variaacuteveis considerada como uma segunda alternativa caso a
primeira natildeo solucionasse este problema Isso significa dizer que foram excluiacutedas 4 empresas
deixando a amostra com 330 empresas Nesse estudo as variaacuteveis independentes foram mantidas
pois a anaacutelise da matriz apoacutes a exclusatildeo dos outliers natildeo impocircs esta necessidade As estatiacutesticas
descritivas satildeo apresentadas na tabela 3
Tabela 3 Estatiacutesticas descritivas
VariaacuteveisNdeg
Observaccedilotildees Miacutenimo Maacuteximo Meacutedia Desvio PadratildeoAssimetria
estatiacutestica desvio padratildeoCurtose
estatiacutestica desvio padratildeo
y 10341 001 3897 01062 054649 4445 0024 2743204 0048ALS 10302 000 1328 02965 027902 13582 0024 52835 0048Porte 10307 000 1877 127968 207951 -0699 0024 2796 0048ALAV 9755 000 112255 18951 166866 48662 0025 2854218 005MFC 10341 -87025 4529 01186 1269119 -57352 0024 361308 0048IFC 13120 1007 9171084 3904187 1061960 5526 0021 34892 0043INV 9810 000 100 04488 03052 0113 0025 -1163 0049PDIVa 6612 001 22137 33554 1214866 8956 003 98933 006CONTR 10350 000 100 08156 018497 -1211 0024 1046 0048DIVobservaccedilotildees totais
132006430
000 100 0422 049389 0316 0021 -19 0043
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
As estatiacutesticas descritivas mostram o nuacutemero total de observaccedilotildees vaacutelidas de 6430 Este
nuacutemero representa as observaccedilotildees que satildeo vaacutelidas no conjunto ou seja considerando todas as
60
variaacuteveis O valor miacutenimo e maacuteximo das variaacuteveis possibilitam perceber o comportamento
particular das variaacuteveis ALAV MFC e IFC Tal comportamento explica os valores destoantes
que a variaacutevel IFC teve no caacutelculo da meacutedia e que as variaacuteveis IFC MFC e ALAV tiveram no
desvio padratildeo A assimetria mostra a distribuiccedilatildeo dos dados Considera-se que quanto mais
proacuteximo de zero maior a similitude perfeita com a curva de Gauss O porte os investimentos e o
pagamento de dividendos satildeo as variaacuteveis mais proacuteximas da normalidade enquanto o niacutevel de
caixa e a alavancagem apresentam maiores assimetrias positivas A magnitude do fluxo de caixa
destaca-se por ter o maior valor de assimetria negativa Jaacute a curtose positiva indica que as
observaccedilotildees estatildeo menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuiccedilatildeo normal ao
tempo em que a curtose negativa indica o contraacuterio
A matriz de correlaccedilatildeo eacute apresentada na tabela 4
Tabela 4 Matriz de correlaccedilatildeo de Pearson
ALS PORTE ALAV ------MFC------ IFC INV mdash PDIV CONTR DIV
ALS correlaccedilatildeo de Pearson 1 -0151 0035 -0050 -0154 -0194 0014 -0041 0061bicaudal 0000 0001 0000 0000 0000 0272 0000 0000N 10302 10302 9702 9703 10270 9714 6564 9621 10302
PORTE correlaccedilatildeo de Pearson -0151 1 -0091 0123 0516 0305 0097 -0078 0359bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000 0000N 10302 10370 9727 9728 10338 9771 6593 9679 10370
ALAV correlaccedilatildeo de Pearson 0035 -0091 1 -0630 -0011 0035 0655 0036 -0035bicaudal 0001 0000 0000 0292 0001 0000 0001 0000N 9702 9727 9755 9755 9723 9741 6596 9131 9755
MFC correlaccedilatildeo de Pearson -0050 0123 -0630 1 0025 0061 0249 0013 0047bicaudal 0000 0000 0000 0010 0000 0000 0216 0000N 9703 9728 9755 10341 10309 9741 6596 9256 10341
IFC correlaccedilatildeo de Pearson -0154 0516 -0011 0025 1 0154 0020 -0101 0180bicaudal 0000 0000 0292 0010 0000 0112 0000 0000N 10270 10338 9723 10309 13120 9781 6610 10312 13120
INV correlaccedilatildeo de Pearson -0194 0305 0035 0061 0154 1 0256 0138 0012bicaudal 0000 0000 0001 0000 0000 0000 0000 0233N 9714 9771 9741 9741 9781 9810 6611 9174 9810
PDIVa correlaccedilatildeo de Pearson 0014 0097 0655 0249 0020 0256 1 0046 0063bicaudal 0272 0000 0000 0000 0112 0000 0000 0000N 6564 6593 6596 6596 6610 6611 6612 6481 6612
CONTR correlaccedilatildeo de Pearson -0041 -0078 0036 0013 -0101 0138 0046 1 -0122bicaudal 0000 0000 0001 0216 0000 0000 0000 0000N 9621 9679 9131 9256 10312 9174 6481 10350 10350
DIV correlaccedilatildeo de Pearson 0061 0359 -0035 0047 0180 0012 0063 -0122 1bicaudal 0000 0000 0000 0000 0000 0233 0000 0000N 10302 10370 9755 10341 13120 9810 6612 10350 13200
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
A anaacutelise da matriz de correlaccedilatildeo conforme mencionado anteriormente indica a ausecircncia
de multicolinearidade Na tabela 4 pode-se observar que os valores da correlaccedilatildeo de Pearson natildeo
satildeo suficientemente grandes para sugerirem correlaccedilotildees significativas entre as variaacuteveis
351 Os testes
Faz-se necessaacuterio esclarecer uma premissa assumida pelos testes Para amostras grandes a
violaccedilatildeo da premissa de normalidade pode ser inconsequumlente Ao se considerarem as implicaccedilotildees
do teorema do limite central o teste estatiacutestico iraacute seguir assintoacuteticamente a distribuiccedilatildeo mesmo
na ausecircncia de normalidade dos erros Sendo assim nesse estudo seraacute considerada a premissa de
normalidade tendo como fundamentaccedilatildeo teoacuterica o teorema do limite central (BROOKS 2002
p182)
No intuito de se capturar efeitos que a realidade macroeconocircmica brasileira pudesse
exercer sobre o niacutevel de caixa realizou-se uma regressatildeo onde quatro variaacuteveis macroeconocircmicas
foram incorporadas ao modelo sendo elas taxa de cambio taxa de juros PIB e inflaccedilatildeo apesar
dessas variaacuteveis natildeo serem contempladas pelo modelo original de Ferreira e Vilela (2004) O
cacircmbio foi mensurado pela taxa de fechamento do doacutelar comercial do mecircs A inflaccedilatildeo foi
calculada pela meacutedia trimestral do INPC assim como os juros para os quais foi utilizada a taxa
selic O PIB eacute medido pela variaccedilatildeo trimestral dos valores a preccedilos correntes Todavia as
mesmas natildeo apresentaram significacircncia estatiacutestica sendo assim excluiacutedas do modelo A tabela a
seguir mostra o t estatiacutestico e o p-valor de cada uma dessas variaacuteveis em relaccedilatildeo as outras
variaacuteveis do modelo Os resultados completos estatildeo apresentados no apecircndice A
61
62
Tabela 5 Irrelevacircncia das variaacuteveis macroeconocircmicas para o modelo
Variaacutevel t-estatiacutestico p-valorCacircmbioInflaccedilatildeoJurosPIB
-0586765 05574-0568930 056940314526 075310198684 08425
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Em uma primeira realizaccedilatildeo dos testes avaliou-se a presenccedila de raiacutezes unitaacuterias A
importacircncia da realizaccedilatildeo desse teste repousa no fato de que uma vez que o estudo utiliza tanto
dados em time series quanto em cross sectional a natildeo estacionariedade das seacuteries temporais pode
resultar em regressotildees espuacuterias ou seja o R quadrado observado pode ser resultado da presenccedila
de tendecircncias e natildeo da relaccedilatildeo entre as variaacuteveis (GUJARATI 1995 p719) O teste ADF-Fisher
apresentou t estatiacutestico igual a 112704 O t estatiacutestico do teste PP-Fisher foi igual a 165035
Ambos os testes apresentaram p-valor igual a zero rejeitando a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes
unitaacuterias O teste de Breitung reporta t estatiacutestico de -958774 e p-valor de 00000 e tambeacutem
rejeita a hipoacutetese nula de que haacute raiacutezes unitaacuterias O teste de Hadri entretanto apresentou como
resultado t estatiacutestico de 583271 e p-valor de 00000 rejeitando a hipoacutetese nula de ausecircncia de
raiacutezes unitaacuterias Resumindo os trecircs primeiros testes ADF-Fisher PP-Fisher e Breitung indicam a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto que o uacuteltimo teste Hadri indica a presenccedila de raiacutezes
unitaacuterias Frente este resultado considerar-se-aacute neste estudo que natildeo haacute raiacutezes unitaacuterias tendo
como base para tal decisatildeo o fato de que entre os quatro testes realizados trecircs indicaram a
ausecircncia de raiacutezes unitaacuterias enquanto apenas um indicou a presenccedila O resultado completo dos
testes eacute apresentado no apecircndice B
Em seguida as regressotildees do modelo proposto no estudo (vide seccedilatildeo 331) foram
realizadas nos meacutetodos pooled efeitos fixos e efeitos aleatoacuterios A tabela a seguir exibe os
resultados
63
Tabela 6 Resultado das regressotildees
Variaacutevel Dependente Niacutevel de caixa Periacuteodo 1995 1deg a 2004 4degNuacutemero de empresas 269 observaccedilotildees 6430Meacutetodo Pool Fixos AleatoacuteriosVariaacutevel t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor t estatiacutestico p -valor
ALS 3158791 0001600 3044142 00023 3160542 00016Porte 2104707 0035400 1891551 00586 2105874 00353ALAV 15820060 0000000 15744810 00000 15828830 00000MFC -0594820 0552000 -0706432 04799 -0595149 05518IFC -3479112 0000500 -3346570 00008 -3481041 00005INV -2511739 0012000 -2325386 00201 -2513132 00120PDIVa -9915728 0000000 -9850099 00000 -9921225 00000CONTR -3409988 0000700 -3158225 00016 -3411879 00006DIV 3322064 0000900 3552492 00004 3323906 00009
DW 1266324 DW 1269185 DW 1266324F estatiacutestico 351241 F estatiacutestico 75539 F estatiacutestico 352241
p-valor 00000 p-valor 00000 p-valor 00000R ajustado 0045593 R ajustado 0046650 R ajustado 0045593
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
Os resultados completos das regressotildees encontram-se no apecircndice A O comportamento
das variaacuteveis pode ser observado nos graacuteficos de autocorrelaccedilatildeo total e parcial no apecircndice C
O teste Durbin-Watson (DW) considera em sua hipoacutetese nula que natildeo haacute evidecircncia de
autocorrelaccedilatildeo dos erros e apresentou neste estudo valor igual a (1266324) o qual segundo
Gujarati (1995 p824) apresenta os seguintes valores criacuteticos dl igual a 1008 e du igual a 2072
A anaacutelise destes valores criacuteticos conforme propotildee Brooks (2002 p163) situa o valor encontrado
no teste em regiatildeo inconclusiva isto eacute natildeo se pode afirmar que haacute ou que natildeo haacute autocorrelaccedilatildeo
352 Resultados dos testes
A seguir seratildeo apresentados os resultados indicando quais as variaacuteveis que se mostraram
significativas bem como a teoria corroborada pela variaacutevel apoacutes as medidas corretivas realizadas
nos testes A tabela 7 apresenta o sinal previsto pelas variaacuteveis de acordo com cada teoria
64
conforme pode ser visto da seccedilatildeo 233 A variaacutevel magnitude do fluxo de caixa natildeo apresentou
coeficiente estatiacutestico significativo Jaacute as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos e dividendos apesar
de significativas natildeo apresentam um comportamento em consonacircncia com as teorias Ademais
ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa
positivamente enquanto que incerteza do fluxo de caixa oportunidades de investimentos prazo
da diacutevida e concentraccedilatildeo de controle apresentam uma relaccedilatildeo negativa com o caixa
Tabela 7 Resumo dos resultados - variaacuteveis significativas e teorias corroboradas
VariaacutevelSinal Previsto pela
Sinal TeoriaTO PO FCFALS - + nenhumaPorte - + + + PO e FCFALAV D - - + TOMFC - + - natildeo significativaIFC + - nenhumaINV + + - - FCFPDIVa D - TOCONTR - - FCFDIV - + nenhumaonde TO - tradeoff D - desconhecido
PO pecking order FCF- free cash flow
Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria
65
4 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
Pela anaacutelise dos resultados dos trecircs meacutetodos (pooled fixos e aleatoacuterios) natildeo se observa
diferenccedila entre os coeficientes de determinaccedilatildeo dos modelos sendo o valor proacuteximo a 0045 nos
trecircs casos O valor do F estatiacutestico foi menor para a regressatildeo com efeitos fixos do que para as
outras O p-valor das trecircs regressotildees indica que a hipoacutetese nula natildeo eacute rejeitada no niacutevel de
confianccedila de 5
No meacutetodo de efeitos fixos a variaacutevel PORTE apresentou o t estatiacutestico com
comportamento diferente dos outros dois meacutetodos Entretanto seu p-valor ficou em 586
contra 35 nos outros dois meacutetodos permitindo concluir que a variaacutevel eacute significativa ao niacutevel
de 5 no meacutetodo de efeitos fixos e abaixo de 5 no meacutetodo pooled e efeitos aleatoacuterios
O t estatiacutestico e o p -valor das variaacuteveis denota que satildeo significativas e que apenas a
variaacutevel MFC natildeo apresenta coeficientes satisfatoacuterios
Uma vez que esses meacutetodos tecircm o objetivo de encontrar particularidades no
comportamento dos dados que o meacutetodo pool natildeo encontrariam pode-se entender que a diferenccedila
de comportamento dos dados no presente estudo natildeo foi suficientemente significativa a ponto de
apresentar relevacircncia estatiacutestica
41 M agnitude do fluxo de caixa
Os resultados dos testes economeacutetricos revelam que a variaacutevel magnitude do fluxo de
caixa (MFC) natildeo eacute significativa para determinaccedilatildeo do montante de caixa Desta forma a hipoacutetese
de que o fluxo fosse um substituto para o caixa natildeo pocircde ser corroborada
42 Ativos Liacutequidos substitutos
A variaacutevel ativos liacutequidos substitutos (ALS) segundo Ferreira e Vilela (2004) deveria
apresentar uma relaccedilatildeo negativa com o caixa dado que a teoria tradeoff a considera como um
substituto para o mesmo apresentou relaccedilatildeo positiva Faulkender (2004) argumenta que tal
resultado se explica quando a empresa relaciona seu caixa agraves obrigaccedilotildees com fornecedores e agrave
medida em que suas diacutevidas com fornecedores crescem cresce tambeacutem o montante mantido em
caixa afastando a possibilidade de ser um substituto para o caixa Ao considerar-se que essa
variaacutevel inclui em seu caacutelculo o valor de estoques e contas a receber de curto prazo seu resultado
parece consistente com o de Koshio e Cia (2004) os quais encontraram uma relaccedilatildeo positiva entre
estoques e recebiacuteveis de curto prazo com o caixa das empresas brasileiras
43 Porte
A variaacutevel porte apresentou relaccedilatildeo positiva com o caixa em consonacircncia com o proposto
pelas teorias pecking order e free-cash-flow Nesse sentido Opler et al (1999) argumentam que a
primeira considera que empresas maiores presumivelmente obtiveram mais sucesso o que as
fariam ter mais dinheiro Jaacute a segunda de acordo com Ferreira e Vilela (2004) considera que
empresas de maior porte estatildeo menos sujeitas a serem alvos de takeovers pois exigem um maior
montante Isto daria aos gestores de tais empresas maiores poderes sobre os investimentos e as
poliacuteticas financeiras Soma-se a isso as vantagens de um maior tracircnsito poliacutetico o que os
incentivaria a acumular maiores niacuteveis de caixa Ao mesmo tempo um maior niacutevel de caixa
aumenta os ganhos da empresa compradora visto que a mesma adquire controle sobre ativos que
auxiliariam o financiamento da aquisiccedilatildeo (OPLER et al 1999) Pinkowitz (2002) destaca o papel
do mercado de controle corporativo o qual a princiacutepio agiria monitorando o niacutevel de caixa das
empresas frente o paradoxal fato de que ao mesmo tempo em que maiores niacuteveis de caixa tornam
66
a empresa mais atrativa provecircm as empresas com os recursos necessaacuterios para se defenderem de
tentativas de takeovers Sendo que o mercado de controle corporativo eacute uma competiccedilatildeo entre
equipes gestoras espera-se ver gestores de alta qualidade procurando empresas com altos niacuteveis
de caixa pois isso significa que natildeo tiveram suficiente nuacutemero de projetos com VPL positivo
sendo estes reflexo da qualidade da gestatildeo Nesse contexto destaca-se a afirmaccedilatildeo de Opler et al
(1999) de que no modelo com custos e agencia (free cash flow) os gestores acumulam caixa por
serem avessos ao risco ou por pretenderem perseguir seus proacuteprios objetivos Jaacute o modelo que
considera a assimetria informacional (pecking order) prevecirc que os custos de levantamento de
capital aumentem na medida em que os tiacutetulos sejam mais sensiacuteveis agraves informaccedilotildees
44 Alavancagem
A variaacutevel alavancagem mostrou-se positivamente relacionada com o caixa A teoria
tradeoff para Ferreira e Vilela (2004) considera que a relaccedilatildeo entre alavancagem e caixa eacute
ambiacutegua mas quando positiva justifica-se pelo fato de que uma maior alavancagem aumenta a
possibilidade de insolvecircncia dadas as pressotildees exercidas pela amortizaccedilatildeo dos juros de forma
que empresas mais alavancadas manteriam maiores niacuteveis de caixa para evitarem os problemas
financeiros A alavancagem eacute vista por Safieddine e Titman (1999) como uma estrateacutegia
defensiva contra takeovers Dittmar et al (2003) consideram que em paiacuteses com fraca proteccedilatildeo
aos acionistas as empresas mantecircm maiores niacuteveis de caixa quando o acesso a fundos externos eacute
mais faacutecil ou apresentem maior dependecircncia destes financiamentos
45 Prazo da diacutevida
O prazo da diacutevida apresentou relaccedilatildeo negativa com o caixa e de acordo com Ferreira e
Vilela (2004) explica-se pela teoria tradeoff Quanto menor o prazo da diacutevida maior o montante
67
68
mantido em caixa Empresas que utilizam diacutevida de curto prazo devem renegociar
periodicamente seus termos de creacutedito e estatildeo sujeitas ao risco de problemas financeiros se
enfrentarem restriccedilotildees para renovaccedilatildeo das linhas de creacutedito
46 Oportunidades de investimentos
As oportunidades de investimentos foram significativas corroborando a teoria free cash
flow Quanto menores as oportunidades de investimentos maior o montante mantido em caixa
Para tal teoria os gestores de empresas com poucas oportunidades de crescimento mantecircm
maiores niacuteveis de caixa para garantir a disponibilidade de fundos para projetos de crescimento
mesmo quando o VPL deste eacute negativo (FERREIRA VILELA 2004) As oportunidades de
investimentos satildeo intangiacuteveis e seu valor segundo Ozkan e Ozkan (2004) cai rapidamente
quando ocorrem problemas financeiros ou risco de insolvecircncia Aleacutem disso empresas com
permanentes oportunidades de crescimento e ativos de risco estatildeo sujeitas a perderem
oportunidades valiosas o que representa maiores custos de agecircncia Mikkelson e Partch (2003)
destacam que folga financeira remove a disciplina proporcionada pelo financiamento externo e
permite a empresa a ter um desempenho relativamente pobre Harford (1999) destaca que ao
acumular mais caixa do que o necessaacuterio a empresa mostra que tem mais fluxo de caixa do que
precisa para seus bons investimentos Segundo Morgado e Pindado (2003) ao utilizarem o
excesso de caixa para assumir projetos de VPL negativo criam-se o problema de
superinvestimento
47 Pagamento de dividendos
O pagamento de dividendos apesar de significativo natildeo tem seu comportamento
explicado pelas teorias desse trabalho Entretanto Ozkan e Ozkan (2004) afirmam que a relaccedilatildeo
entre o pagamento de dividendos e caixa pode ser positiva quando a empresa tem interesse de dar
continuidade a uma poliacutetica de pagamentos sendo que o estudo de Zangh (2005) encontrou essa
relaccedilatildeo Adedeji (1998) considera que altas taxas de pagamento de dividendos levaratildeo a menores
niacuteveis de lucros retidos e a uma maior tendecircncia a levantar recursos de fontes externas A
empresa pode agir reduzindo investimentos e financiando-se para pagar dividendos no curto
prazo
48 Incerteza do fluxo de caixa
A incerteza do fluxo e caixa eacute abordada pela teoria tradeoff a qual propotildee uma relaccedilatildeo
positiva com o caixa e a empresa manteria maiores niacuteveis de caixa quando tem fluxo de caixa
mais volaacutetil dado que o nuacutemero de estados da natureza em que se encontraria em falta de
recursos seria maior Entretanto a relaccedilatildeo encontrada pelos testes foi negativa ou seja quanto
maior a incerteza do fluxo de caixa menor o niacutevel de caixa Para se averiguar se tal resultado natildeo
seria resultado da influecircncia das outras variaacuteveis do modelo realizou-se a regressatildeo apenas com
essa variaacutevel sendo que a mesma manteve seu sinal Esse resultado pode ser analisado como uma
consequumlecircncia da decisatildeo de se manter caixa por motivo de transaccedilatildeo A empresa tem fluxos de
caixa volaacuteteis mas natildeo constroacutei estoques de caixa a partir dos mesmos por utilizaacute-los para as
necessidades operacionais normais e natildeo se prever de situaccedilotildees futuras pois para isso pode
utilizar sua capacidade de endividar-se
Em resumo as variaacuteveis ativos liacutequidos substitutos porte alavancagem e dividendos
guardam uma relaccedilatildeo positiva com o caixa enquanto que incerteza do fluxo de caixa
oportunidades de investimentos e prazo da diacutevida impactam o caixa de forma negativa
69
49 Concentraccedilatildeo de controle
A concentraccedilatildeo de controle se comportou como prevecirc a teoria free cash flow Ferreira e
Vilela (2004) explicam que a relaccedilatildeo negativa com o niacutevel de caixa significa que quanto menor a
concentraccedilatildeo de controle maior o niacutevel de caixa Assim empresas com base acionaacuteria mais
diluiacuteda manteriam maiores montantes em caixa em face da menor capacidade de se monitorar a
atuaccedilatildeo dos gestores Com isso os gestores teriam maiores possibilidades de agirem em
consonacircncia com seus objetivos em detrimento aos objetivos dos acionistas e como salientam
Ozkan e Ozkan (2004) se aproveitarem de benefiacutecios privados
70
71
5 CONCLUSAtildeO E SUGESTOtildeES
O presente estudo se propocircs a identificar qual teoria entre as teorias tradeoff pecking
order e free cash flow seria capaz de explicar o niacutevel de caixa das empresas brasileiras Para isso
testou-se empiricamente utilizando um modelo em panel data as variaacuteveis que tais teorias
apresentam como determinantes do niacutevel de caixa O estudo abrangeu uma amostra de 269
empresas selecionadas na Economaacutetica e apresentou resultados para 6430 observaccedilotildees
Dentre as variaacuteveis testadas identificou-se que os ativos liacutequidos substitutos porte
alavancagem e pagamento de dividendos afetam o caixa positivamente O prazo da diacutevida a
incerteza do fluxo de caixa as oportunidades de investimentos e a concentraccedilatildeo de controle satildeo
capazes de explicar o montante mantido e caixa pelas empresas atraveacutes de uma relaccedilatildeo negativa
com o mesmo
Uma vez que os sinais das variaacuteveis corroboraram as trecircs teorias parece plausiacutevel
concluir que nenhuma delas eacute capaz de explicar o niacutevel de caixa de forma dominante ou seja natildeo
se pode dizer que para as empresas brasileiras exista uma teoria que explique seu niacutevel de caixa
jaacute que os determinantes de caixa apresentam comportamentos que satildeo previstos pelas trecircs
Estudos que abordem outras concepccedilotildees teoacutericas sobre niacuteveis de caixa seratildeo bem-vindos
Como o estudo respalda-se em trecircs teorias diferentes a anaacutelise das relaccedilotildees que as
variaacuteveis guardam entre si eacute limitada Estudos futuros poderiam buscar investigar as relaccedilotildees
empiacutericas entre estas variaacuteveis podendo aiacute florescer um feacutertil campo de desenvolvimento
teoacuterico
Natildeo foi realizado o teste para homoscedasticidade sendo que os resultados aqui
apresentados natildeo fogem agrave possibilidade de violaccedilatildeo dessa premissa Pesquisas futuras podem
investigar o efeito bidirecional do modelo bem como a interaccedilatildeo entre as variaacuteveis Estudos
sobre o niacutevel de caixa e governanccedila corporativa como profissionalizaccedilatildeo da gestatildeo satildeo
altamente promissores
A anaacutelise das relaccedilotildees entre restriccedilotildees financeiras e niacuteveis de caixa bem como a relaccedilatildeo
que este guarda com o valor das empresas e seu desempenho tambeacutem apresentam profiacutecuo campo
de discussatildeo
Destaca-se tambeacutem a possibilidade de investigar o comportamento setorial dos niacuteveis de
caixa Apesar de se ter procurado identificar aspectos especiacuteficos da realidade brasileira nos
determinantes de caixa atraveacutes da inserccedilatildeo de variaacuteveis macroeconocircmicas e da variaacutevel juro
sobre capital proacuteprio no modelo as mesmas natildeo se mostraram significativas Entretanto natildeo se
descarta a possibilidade de criticar teoricamente a loacutegica com a qual as teorias desenvolvidas em
contextos econocircmicos diferentes do brasileiro deveriam ser replicadas neste paiacutes
72
73
REFEREcircNCIAS
ADEDEJI A Does the pecking order hypothesis explain the dividend payout ratios of firms in the UK Journal of Business Finance and Accounting v 25 n9 p295-319 1998
ALMEIDA H CAMPELLO M WEISBASH M The cash flow sensitivity to cash The Journal of Finance v59 n 4 p1777-1804 2004
AMIHUD Y LI K The declining information content of dividend announcements and the effect of institutional holdings 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
ANDA J Corporate balance sheets swimming in cash or drowning in excess Journal of Applied Corporate Finance v 17 n1 p51-52 2005
ASSAF NETO A SILVA C A T Administraccedilatildeo do capital de giro 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2002
BASU P REAGLE D Firm size cost of financing and financing behavior 2001 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
BAUMOL W J The transactions demand for cash an inventory theoretic approach Quarterly Journal of Economics v66 n4 p545-556 1952
BOYLE G W GUTHRIE G A Cash flow immediacy and the value of investment timing The Journal of Financial Research v26 n4 p553-570 2003
BONTEMPI M E The dinamyc specification of the modified pecking order theory its relevance to Italy Empirical Economics v17 n1 p1-22 2002
BREALEY R A MYERS SC Principles of corporate finance 6 ed Mac Grow Hill 1995
74
BROOKS C Introductory econometrics for finance Cambrige Cambrige University Press 2002
BRUINSHOOFD A KOOL C The determinants of corporate liquidity in the Netherlands 2002Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
CHIRINKO R SINGHA A R Testing static tradeoff theory against pecking order models of capital structure a critical comment Journal of Financial Economics v58 n3 p417-425 2000
CLEARY S The relationship between firm investment and financial status The Journal of Finance v54 n2 p673-692 1999
CORNETT M M MARCUS A J SAUNDERS A TEHRANIAN H The impact of institutional ownership on corporate operating performance 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
DAHER C E Testes empiacutericos de teorias alternativas sobre a determinaccedilatildeo da estrutura de capital das empresas brasileiras 2004 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis) Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004
DEELOF M Belgian intragrup relations and the determinants of corporate liquid reserves European Financial Management v 7 n3 p375-392 2001
DESHMUKH S Dividend iniciations and asymmetric information The Financial Review v38 n3 p351-368 2003
DITTMAR A MAHRT-SMITH J SERVAES H International corporate governance and corporate cash holdings Journal of Financial and Quantitative Analysis v38 n1 p111-133 2003
ERICSSON J Asset substitution debt pricing optmal leverage and maturity 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
75
FAMA E F FRENCH K R Testing tradeoff and pecking order predictions about dividends and debt The Review of Financial Studies v15 n 1 p 1-33 2002
FAULKENDER M Cash holdings among small business 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt http wwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FAULKENDER M WANG R Corporate financial police and the value of cash2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
FERREIRA M A VILELA A S Why do firms hold cash evidence from EMU countries European Finacial Management v10 n2 p295-319 2004
GUJARATI D N Econometria baacutesica 3 ed Satildeo Paulo Makron Books 2000
HARFORD J Corporate cash reserves and aquisitions Journal of Finance v54 n6 p1969-1997 1999
HARFORD J MANSI S A MAXWELL W F Corporate governance and firmcash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lt httpwwwpapersssrncom gt Acesso em 25 maio 2005
HAUSHELTER D KLASA S MAXWELL W F The influence of product m arket dynamics on the firm s cash holdings and hedge behavior 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HARTZELL J C TITMAN S TWITE G W hy do firms hold so much cash a tax- based explanation 2005 Working Paper series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
HOWELL J C STOVER R D How much do governance and managerial behavior matter in investment decisions Evidence from failed thrift auctions Journal of Corporate Finance v8 p 195-211 2002
JANI E HOESLI M BENDER A Corporate cash holdings and agency conflicts2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
76
JENSEN MC Agency costs of free cash flow corporate finance and takeovers American Economic Review v 76 n 22 p323-329 1986
KALCHEVA I LINS K International evidence on cash holdings and expected managerial agency problems 2004 European Corporate Governance Institute Working Paper Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
KAPLAN S N ZINGALES L Do investment cash flow sensitivities provide useful measures of financing constraints The Quarterly Journal of Economics fev p 169shy215 1997
KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda Satildeo Paulo Atlas 1982
KIM CS MAUER D C SHERMAN A E The determinants of corporate liquidity theory and evidence Journal of Financial and Quantitative Analysis v33 n73 p335- 359 1998
KOSHIO S CIA J N The determinants of corporate cash holdings a comparison between brazilian and US firms Anais do XXVIII Enanpad Curitiba ANPAD 2004 CD-ROM
KUSNADIY Corporate cash holdings board structure and ownership concentratiom evidence from Singapure 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
LA PORTA R LOPEZ-DE-SILANES F SHLEIFER A Corporate ownership around the world The Journal of Finance v54 n2 p471-517 1999
LEMMON M L ZENDER J F Debt capacity and tests of capital structures theory2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttp wwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
MARSH P The choice between equity and debt an empirical study Jounal of Finance v37 n1 p121-144 1982
77
MARQUES L D Modelos dinacircmicos com dados em painel revisatildeo de literatura Centro de Estudos Macroeconomicos e Previsatildeo - Faculdade de Economia do Porto Outubro de 2000 Disponiacutevel em lthttpfepupptinvestigacaoworkingpapersgt Acesso em 26 jan 2005
MIKKELSON WH PARTCH MM Do persistent large cash holdings hinder performace Journal of Financial and Quantitative Analysis V38 n2 p275-294 2003
MODGLIANI F MILLER M H The cost of capital corporate finance and the theory of investment The American Economic Review Vol48 ndeg3 1958
MORGADO A PINDADO J The underinvestment and overinvestment hypotheses an analysis using panel data European Financial Management v9 n2 p163-177 2003
MYERS S C Capital Structure Journal of Economic Perspectives v15 n2 p81-102 2001
MYERS S C Determinants of Corporate borrowing Journal of Financial Economics v5 n2 p147-175 1977
MYERS S C The capital structure puzzle The Journal of Finance v39 n3 p575- 592 1984
MYERS S C MAJLUF NS Corporate financing and investment decisions whem firms have informations that investors do not have Journal of Financial Economics v13 n2 p187-221 1984
OPLER T PINKOWITZ L STULZ R WILLIAMSON R The determinants and implications of corporate cash holdings Journal of Financial Economics v52 n1 p3- 46 1999
OZKAN A OZKAN N Corporate cash holdings an empirical investigation of UK companies Journal of Banking and Finance v 28 p2103-2134 2004
78
PINKOWITZ L The market for corporate control and corporate cash holdings 2000 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L WILLIAMSON R Bank power and cash holdings evidence from Japan The Review of Financial Studies v14 n4 p1059-1082 2001
PINKOWITZ L STULZ R M WILLIAMSON R Do firms in countries with poor protection of investor rights hold more cash 2003 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio de 2005
PINKOWITZ L F WILLIAMSON R W hat is a dollar worth The market value of cash holdings 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
RICHARDSON S A Corporate governance and the over-investment of surplus cash 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
ROSA R S LIMMACK R SIEW S WOODLIFF D Explaning returns to cash bidstests of the free cash flow and market imperfections hypotheses 2002 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SAFIEDINE A TITMAN S Leverage and corporate performance evidence from unsuccessful takeovers The Journal of Finance vol 54 n2 p547-580 1999
SCHWETZLER B REIMUND C Valuation effects of corporate cash holdings 2004 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
SHYAM-SUNDER L Myers S C Testing static tradeoff against pecking order models of capital structure Journal of Financial Economics v51 n2 p219-244 1999
SYMONDS W C GREENE J MILLER R BUROWSP WEBER J Stuffed with dough Business Week 19 de julho de 2004
79
WATSON R Wilson N Small and medium size enterprise financing a note on some empirical implications of a pecking order Journal of Business Finance and Accounting V29 n3-4 p557-578 2002
ZHANG R The effects of firm and country level governance mechanisms on dividend policy cash holdings and firm value a cross country study 2005 Working Paper Series Disponiacutevel em lthttpwwwpapersssrncomgt Acesso em 25 maio 2005
80
APEcircNDICES
Tabela A-1 Regressatildeo com variaacuteveis macroeconocircmicas
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1456Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0049786 0057260 0869463 03846B 0057892 0017726 3265984 00011C 0008587 0003796 2261912 00237D 0017613 0001111 1585236 00000E -0000872 0001510 -0577900 05634F -1 66E-08 468E-09 -3541123 00004G -0047045 0018413 -2555013 00106H -0005383 0000543 -9908331 00000I -0084951 0025782 -3294942 00010J 0032640 0010394 3140402 00017K -0004786 0008157 -0586765 05574L -0006093 0010709 -0568930 05694M 0003521 0011193 0314526 07531N 0015376 0077387 0198684 08425
R-squared 0047203 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045273 SDdependent var 0382634SE of regression 0373872 Akaike info criterion 0872370Sum squared resid 8968314 Schwarz criterion 0887107Log likelihood -2790668 F-statistic 2445091Durbin-Watson stat 1266802 Prob(F-statistic) 0000000
Onde K(cambio) L(inflaccedilatildeo) M(selic) e N(pIB)
81
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A-2 R egressotildees- Pooled regression
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050549 1047243 02950B 0055535 0017581 3158791 00016C 0007879 0003743 2104707 00354D 0017525 0001108 1582006 00000E -0000898 0001509 -0594820 05520F -1 62E-08 467E-09 -3479112 00005G -0046178 0018385 -2511739 00120H -0005386 0000543 -9915728 00000I -0087513 0025664 -3409988 00007J 0034179 0010289 3322064 00009
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Akaike info criterion 0871414Sum squared resid 8970900 Schwarz criterion 0881941Log likelihood -2791596 F-statistic 3512410Durbin-Watson stat 1266324 Prob(F-statistic) 0000000
82
Dependent Variable AMethod Pooled Least SquaresDate 080505 Time 1508Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Cross sections without valid observations dropped
T abela A 21 R eg re ssotilde es- E feitos fixos
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0053285 0051776 1029135 03035B 0054446 0017885 3044142 00023C 0007230 0003822 1891551 00586D 0017509 0001112 1574481 00000E -0001070 0001514 -0706432 04799F -1 57E-08 468E-09 -3346570 00008G -0042966 0018477 -2325386 00201H -0005355 0000544 -9850099 00000I -0081410 0025777 -3158225 00016J 0037500 0010556 3552492 00004
Effects Specification
Period fixed (dummy variables)
R-squared 0053768 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0046650 SDdependent var 0382634SE of regression 0373603 Akaike info criterion 0876343Sum squared resid 8906526 Schwarz criterion 0927924Log likelihood -2768442 F-statistic 7553910Durbin-Watson stat 1269185 Prob(F-statistic) 0000000
83
Dependent Variable AMethod Pooled EGLS (Period random effects)Date 080505 Time 1509Sample 1995Q1 2004Q4Included observations 40Cross-sections included 269Total pool (unbalanced) observations 6430Swamy and Arora estimator of component variancesCross sections without valid observations dropped
T abela A 2 2 R eg re ssotilde es- E feitos aleatoacuterios
Variable Coefficient Std Error t-Statistic Prob
C 0052937 0050521 1047823 02948B 0055535 0017571 3160542 00016C 0007879 0003741 2105874 00353D 0017525 0001107 1582883 00000E -0000898 0001508 -0595149 05518F -1 62E-08 466E-09 -3481041 00005G -0046178 0018375 -2513132 00120H -0005386 0000543 -9921225 00000I -0087513 0025649 -3411879 00006J 0034179 0010283 3323906 00009
Effects Specification
Period random SD Rho 0000000 00000Idiosyncratic random SD Rho 0373603 10000
Weighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Adjusted R-squared 0045593 SDdependent var 0382634SE of regression 0373810 Sum squared resid 8970900F-statistic 3512410 Durbin-Watson stat 1266324Prob(F-statistic) 0000000
Unweighted Statistics
R-squared 0046929 Mean dependent var 0103951Sum squared resid 8970900 Durbin-Watson stat 1266324
84
Pool unit root test Summary Date 080505 Time 1448 Sample 1995Q1 2004Q4 Series A_A1Exogenous variables Individual effects Automatic selection of maximum lags Automatic selection of lags based on SIC 0 to 9 Newey-West bandwidth selection using Bartlett kernel
A P Ecirc N D IC E B
T abela B T este de raiacutezes unitaacuterias
Method Statistic ProbCross-
sections O bsNull Unit root (assumes common unit root process)Levin Lin amp Chu tBreitung t-stat -958774 00000
24972497
7118768690
Null Unit root (assumes individual unit root process)Im Pesaran and Shin W-stat NA ADF - Fisher Chi-square 112704 PP - Fisher Chi-square 165035
0000000000
249724972667
711877118779966
Null No unit root (assumes common unit root process)Hadri Z-stat 583271 00000 3220 104188
Test statistic value of NA due to the present of a p-value of one or zero Probabilities for Fisher tests are computed using an asympotic Chi
-square distribution All other tests assume asymptotic normality
Parti
al AC
F
85
A P Ecirc N D IC E C
T abela C 1 N iacutevel de caixa
C o e ff ic ie n tUpper
--------ConfidenceLimitL o w e r
-------- C o n f id e n c eLimit
Coefficient Upper
--------C onfidenceLimitL o w e r
--------C onfidenceLimit
86
Tabela C 2 Ativos Liacutequidos Substitutos
VAR00002
VA R 00002
~imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag N u m b e r
87
Tabela C3 Porte
88
Tabela C4 Alavancagem
VAR00004
D Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
89
Tabela C5 Magnitude do Fluxo de Caixa
VAR00005
o oo lt
- 05
i mdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash imdash r1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Lag Number
V A R 00005
90
Tabela C6 Incerteza do Fluxo de Caixa
VAR00006
VAR00006
Coefficient Upper
------ConfidenceLimitLower
------ConfidenceLimit
91
Tabela C7 Oportunidades de Investimentos
Part
ial
ACF
AC
F
92
Tabela C8 Prazo da Diacutevida
VAR00008
Coefficient
Upper--------Confidence
Limit
Lower 1 Confidence
Limit
1mdash Imdash Imdash 1mdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash Imdash I 1 I
VAR00008
Lag Number
93
Tabela C9 Concentraccedilatildeo do Controle
94
Tabela C10 Pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Proacuteprio
95
96
97