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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL Gabriela Barbosa Bruno CONTRIBUIÇÃO NA CARACTERIZAÇÃO DE AGREGADOS COMERCIALIZADOS NA GRANDE NATAL COM ÊNFASE NA REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO Natal 2014

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL

    Gabriela Barbosa Bruno

    CONTRIBUIO NA CARACTERIZAO DE AGREGADOS

    COMERCIALIZADOS NA GRANDE NATAL COM NFASE NA

    REAO LCALI-AGREGADO

    Natal 2014

  • ii

    Gabriela Barbosa Bruno

    CONTRIBUIO NA CARACTERIZAO DE AGREGADOS

    COMERCIALIZADOS NO RIO GRANDE DO NORTE COM

    NFASE NA REAO LCALI-AGREGADO

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-graduao em Engenharia Civil, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Civil

    Orientador: Profa. Dra. Maria das Vitrias Vieira de Almeida de S

    Co-Orientador: Prof. Dr. Marcos Alyssandro Soares dos Anjos

    Natal 2014

  • UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

    Catalogao da Publicao na Fonte

    Bruno, Gabriela Barbosa.

    Contribuio na caracterizao de agregados comercializados no Rio

    Grande do Norte com nfase na reao lcali-agregado / Gabriela Barbosa

    Bruno. Natal, RN, 2014. 116 f. : il.

    Orientadora: Prof. Dr. Maria das Vitrias Vieira de Almeida de S. Co-orientador: Prof. Dr. Marcos Alyssandro Soares dos Anjos.

    Dissertao (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Ps-Graduao em Engenharia

    Civil.

    1. Argamassa - Dissertao. 2. Agregados - Dissertao. 3. Patologia

    das construes - Dissertao. 4. Reao lcali-agregado - Dissertao. I.

    S, Maria das Vitrias Vieira de Almeida de. II. Anjos, Marcos

    Alyssandro Soares dos. III. Universidade Federal do Rio Grande do

    Norte. IV. Ttulo.

    RN/UF/BCZM CDU 666.971.4

  • iii

    GABRIELA BARBOSA BRUNO

    CONTRIBUIO NA CARACTERIZAO DE AGREGADOS COMERCIALIZADOS NO RIO GRANDE DO NORTE COM NFASE

    NA REAO LCALI-AGREGADO

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-graduao, em Engenharia Civil, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Civil.

    BANCA EXAMINADORA

    ___________________________________________________________________ Prof. Dr. Maria das Vitrias Vieira de Almeida de S Orientadora (UFRN)

    ___________________________________________________________________ Profa. Dr. Marcos Alyssandro Soares dos Anjos Co-orientador (IFRN)

    ___________________________________________________________________ Prof. Dr. Jos Neres da Silva Filho Examinador Externo ao Programa (UFRN)

    ___________________________________________________________________ Prof. Dr.Ana Ceclia Vieira da Nbrega Examinadora Externa Instituio (UFPE)

    Natal, 04 de agosto de 2014.

  • iv

    CONTRIBUIO NA CARACTERIZAO DE AGREGADOS

    COMERCIALIZADOS NO RIO GRANDE DO NORTE COM

    NFASE NA REAO LCALI-AGREGADO

    Gabriela Barbosa Bruno

    Orientador: Profa. Dra. Maria das Vitrias Vieira de Almeida de S

    Co-Orientador: Prof. Dr. Marcos Alyssandro Soares dos Anjos

    RESUMO

    Existem vrias formas de deteriorao do concreto, dentre elas, a reao lcali-agregado (RAA) est inserida na categoria de degradao atravs de processo qumico. Como resultado ocorre uma interao entre os componentes do concreto que o fragilizam, podendo causar fissurao, perda de resistncia, aumento da deformao, reduo da durabilidade, alm de outros prejuzos. Diante do exposto, faz-se necessrio conhecer os agregados comercializados na regio quanto possibilidade de reao com os lcalis do cimento, de forma a contribuir com a comunidade tcnica quanto a preveno da reao. O presente trabalho tem por objetivo analisar as caractersticas de alguns agregados comercializados no Rio Grande do Norte (RN), enfatizando o seu comportamento com relao reao lcali agregado atravs do ensaio de reatividade recomendado por norma, alm de anlises das propriedades da argamassa, produzida para a anlise da reao lcali-agregado, aps exposio s condies do ensaio de reatividade, avaliando a resistncia compresso, trao na flexo, propriedades elsticas e anlises microestruturais, empregando dois tipos de cimento (CPV ARI-RS e Cimento Padro). Os resultados encontrados nesta pesquisa no indicaram presenas de formas reativas nos agregados do RN, houveram apenas pequenos pontos onde a reao se desenvolveu, mas no geral no foram encontradas expanses acima das especificadas pela norma. Com relao comparao do comportamento dos dois tipos de cimento estudados, no foram encontradas diferenas significativas nas propriedades da argamassa. As mesmas apresentaram comportamentos semelhantes para os dois tipos de cimentos.

    Palavras-chave: argamassa, agregados, patologia das construes, reao

    lcali-agregado.

  • v

    CONTRIBUTION ON AGGREGATE CHARACTERISTICS SOLD IN RIO

    GRANDE DO NORTE WITH EMPHASIS ON ALKALI-AGGREGATE

    REACTION

    Gabriela Barbosa Bruno

    Adviser: Profa. Dra. Maria das Vitrias Vieira Almeida de S

    Co-adviser: Prof. Dr. Marcos Alyssandro Soares dos Anjos

    ABSTRACT

    There are various forms of concrete deterioration, among them, the alkali-aggregate reaction (AAR) is included in category of degradation through chemical process. As a result of an interaction between the components of concrete occurring its weaken, it may cause cracking, loss of strength, increased deformation, reduced durability, and other losses. Given the above, it is necessary to know the aggregate marketed in this region about the possibility of reaction with alkalis of cement, in order to contribute to the technical community and the prevention of reaction. This study aims to analyze the characteristics of some aggregates commercialized in Rio Grande do Norte (RN), emphasizing their behavior related to alkali-aggregate reaction by testing its reactivity normally recommended, and the analysis of the mortar properties after exposure to reactivity conditions, evaluating the compressive strength, the bending strength, elastic properties and microstructural analysis using two types of cement. The findings of this study indicated no presence of reactive forms on aggregates, there was just small points where the reaction developed but overall no expansions above specified by the standard. The comparison of the behavior of the two types of cement, no major differences were found in the mortar properties. The behaviors of mortars were similar for both types of cements.

    Keywords: mortar, aggregate, pathologies in construction, alkali-agregate

    reaction.

  • vi

    A Deus,

    A Joo, Maria, Joo

    Maria sempre presentes

  • vii

    Agradecimentos

    A Deus, sem Ele nada disso seria possvel.

    Ao meu av, apesar de nunca ter estudado, aprendeu na escola da vida

    e foi a pessoa mais inteligente de quem ouvi falar. Me orgulho muito dos

    ensinamentos que ele deixou a minha me e que chegaram at mim.

    Aos meus pais, pela dedicao e cuidado, apoio incondicional aos meus

    estudos, agradeo por terem sempre me ensinado o valor do conhecimento.

    A Joo Maria, no somente pelo carinho e pacincia, mas tambm por

    estar sempre disponvel a me ajudar, me acalmar, me ouvir, trabalhar junto

    comigo nos ensaios, enfim, infindveis ajudas, no existem palavras para

    expressar minha gratido.

    professora Maria das Vitrias, pela confiana e orientao, pelos

    conselhos, por entender minhas angstias, pelos puxes de orelha, tudo foi

    vlido para eu chegar aqui hoje.

    Ao professor Marcos pela orientao e ajuda, pelo apoio de diversas

    formas parte experimental e pelas contribuies significativas ao trabalho.

    Aos professores da UFRN que de alguma forma me ajudaram na

    concluso deste trabalho.

    Aos professores do IFRN, em especial Valtencir, Edilberto e Mrcio que

    sempre estavam dispostos a me ajudar e abertos a discusses.

    Aos tcnicos e bolsistas dos laboratrios do IFRN, especialmente Aline,

    Thiago, Klcio, Thomaz e Evilane que pelos auxlios e ideias durante a

    pesquisa, alm dos tcnicos Leonardo e Bruna que tambm me ajudaram

    durante os ensaios, deixo ainda aqui um agradecimento especial a minha

    bolsista Amanda, que muito se dedicou a minha pesquisa.

    A empresa TECOMAT, pela disponibilidade na realizao do ensaio de

    reatividade.

  • viii

    A Prof. Ana Ceclia pelo emprstimo dos equipamentos e formas

    utilizadas nos ensaios.

    Ao IFRN por abrir as portas dos seus laboratrios para que fosse

    possvel a concluso desta dissertao.

    A todos os meus amigos que aguentaram minha ausncia, que me

    ajudaram de inmeras formas. Aos amigos que fiz ao longo dessa jornada.

    Todos contriburam com o meu sucesso.

    A secretaria do PEC, que sempre se mostraram prestativos e dispostos

    a ajudar.

    A CAPES, pelo suporte financeiro atravs da bolsa de mestrado.

  • ix

    Lista de Figuras

    Figura 2.1 - Elementos qumicos mais abundantes na crosta terrestre ... 8

    Figura 2.2 - Rocha formada a partir da unio de minerais ..................... 12

    Figura 2.3 - O ciclo das rochas .............................................................. 13

    Figura 2.4 - Exemplo de formao de rocha gnea intrusiva e extrusiva 14

    Figura 2.5 - Composio qumica dos magmas formadores de rochas

    gneas............................................................................................................... 15

    Figura 2.6 - Relaes entre caractersticas de rochas gneas e sua

    classificao ..................................................................................................... 16

    Figura 2.7 - Processo de formao de rochas sedimentares ................. 17

    Figura 3.1 - Bloco de fundao de edifcios residenciais da cidade de

    Recife com RAA ............................................................................................... 22

    Figura 3.2 - Detalhe da amostra retirada do bloco de fundao ............ 22

    Figura 3.3 - Fluxograma de desenvolvimento da reao ....................... 24

    Figura 3.4 - Expanso devida RAS em amostras de argamassa

    submetidas a diferentes umidades relativas ..................................................... 27

    Figura 3.5 - Cristais de quartzo microcristalino (QM) que, associado a

    quartzo recristalizado (QR), conferem ao agregado carter reativo (F=feldspato)

    ......................................................................................................................... 28

    Figura 3.6 - Expanso pela reao lcali-alica de acordo com a natureza

    do agregado (agregado reativo 315-1.250 m, tamanho do prisma: 20x20x160

    mm) .................................................................................................................. 30

    Figura 3.7 - Influncia do teor de agregado reativo, em relao a

    quatidade total de agregado na expanso ....................................................... 31

    Figura 3.8 - Relao entre a porcentagem de expanso e o tamanho das

    partculas .......................................................................................................... 31

  • x

    Figura 3.9 - Efeito do tipo e quantidade de adies cimentcias presentes

    na soluo dos poros ....................................................................................... 33

    Figura 3.10 - Agregados utilizados com diferentes teores de lcalis e

    diferentes graus de reatividade ........................................................................ 34

    Figura 3.11 - Ruptura das ligaes do grupo siloxano pelo pH elevado 35

    Figura 3.12 - Neutralizao das ligaes do grupo silanol pelas hidroxilas

    ......................................................................................................................... 36

    Figura 3.13 - Esquema de progresso e consequncia da expanso da

    RAA .................................................................................................................. 37

    Figura 3.14 - Fragmento de agregado com borda no seu entorno. ....... 40

    Figura 3.15 - Produtos cristalizados da RAA no poro ............................ 41

    Figura 4.1 - Fluxograma das etapas desenvolvidas no procedimento

    experimental ..................................................................................................... 47

    Figura 4.2 - Agregados separados na granulometria exigida ................ 50

    Figura 4.3 - Agregados granticos utilizados .......................................... 53

    Figura 4.4 - Fluxograma de exposio s condies de RAA ............... 56

    Figura 4.5 Corpos de prova de argamassa durante o ensaio ............. 57

    Figura 4.6 - Corpos de Prova J1 ............................................................ 58

    Figura 4.7 - Corpos de Prova J2 ............................................................ 58

    Figura 4.8 - Corpos de Prova J3 ............................................................ 58

    Figura 4.9 - Corpos de Prova J4 ............................................................ 58

    Figura 4.10 - Dimenses do corpo de prova sendo conferidas .............. 59

    Figura 4.11 - Ensaio de ultrassom sendo realizado em corpo de prova de

    argamassa ........................................................................................................ 59

    Figura 4.12 - Ensaio de trao na flexo dos CP's submetidos 28 dias

    de soluo de NaOH ........................................................................................ 60

    Figura 4.13 - Rompimento de CP de argamassa submetido

    compresso ...................................................................................................... 61

  • xi

    Figura 4.14 - Moldagem dos corpos de prova de argamassa ................ 62

    Figura 4.15 - Leitura das barras no relgio comparador ........................ 62

    Figura 4.16 - Recipiente utilizado para acondicionar as barras em

    soluo de NaOH ............................................................................................. 63

    Figura 5.1 - Agregado da jazida J1 ........................................................ 66

    Figura 5.2 - Agregado da jazida J2 ........................................................ 66

    Figura 5.3 - Agregado da jazida J3 ........................................................ 66

    Figura 5.4 - Agregado da jazida J4 ........................................................ 66

    Figura 5.5 Mapa geolgico do Rio Grande do Norte........................... 51

    Figura 5.6 - Indicao da Jazida J1 em mapa geolgico ....................... 52

    Figura 5.7 - Indicao da Jazida J2 no mapa geolgico ........................ 52

    Figura 5.8 Indicao da Jazida J3 e J4............................................... 53

    Figura 5.9 - DRX dos agregados utilizados nos ensiaos ....................... 69

    Figura 5.12 - Poro de CP moldado com CPV ARI-RS ........................... 71

    Figura 5.13 - Zona de transio do CP moldado com Cimento-Padro. 71

    Figura 5.14 - Poro de argamassa moldada com CPV ARI-RS e agregado

    J2 ..................................................................................................................... 73

    Figura 5.15 - Poro com deposies dentro (ciimento padro e agregado

    J2) .................................................................................................................... 73

    Figura 5.16 - Ampliao do poro com formao de gel na amostra J2 .. 75

    Figura 5.17 - Poro do CP moldado com CPV ARI-RS e agregado J3 ... 76

    Figura 5.18 - Poro e zona de transio de CP moldado com cimento

    padro e agregado J3 ...................................................................................... 76

    Figura 5.19 - Zona de transio entre pasta e agregado moldado com

    cimento CPV ARI-RS (agregado J4) ................................................................ 78

    Figura 5.20 - Poro com deposies no seu interior (ponto 2) corpo de

    prova moldado com cimento padro (agregado J4) ......................................... 78

  • xii

    Figura 5.21 - Detalhe de um CP moldado com cimento padro que

    apresentava fissuras aparentes (foram destacadas as fissuras para melhor

    visualizao) ..................................................................................................... 80

    Figura 5.22 - Corpos de prova de argamassa com CPV ARI-RS aps 28

    dias em soluo de NaOH................................................................................ 81

    Figura 5.23 - Grfico comparando as resistncias trao na flexo dos

    CP's estudados ................................................................................................ 82

    Figura 5.24 - Grfico comparando as resistncias compresso dos

    CP's estudados ................................................................................................ 84

    Figura 5.25 - Grfico indicando e comparando os mdulos de

    elasticidadde dinmico encontrado nos corpos de prova ................................. 87

    Figura 5.26 Grfico da expanso em barras de argamassa pelo

    mtodo acelerado ............................................................................................. 89

  • xiii

    Lista de Tabelas

    Tabela 2.1 - Geometria das clulas unitrias para sistemas cristalinos .. 7

    Tabela 2.2 - Classes qumicas de minerais ............................................. 9

    Tabela 2.3 - Classificao sistemtica dos minerais da classe dos

    silicatos............................................................................................................. 10

    Tabela 2.4 - Minerais mais comuns formadores de rochas ................... 11

    Tabela 3.1 - Minerais e rochas suscetveis reao lcali-agregado ... 29

    Tabela 3.2 - Medidas de mitigao ........................................................ 38

    Tabela 3.3 - Estruturas de concreto com evidncias de RAA ................ 43

    Tabela 4.1 - Ficha tcnica do cimento padro (iformaes cedidas pela

    Tecomat) .......................................................................................................... 48

    Tabela 4.2 - Ficha tcnica do cimento CPV ARI-RS .............................. 49

    Tabela 4.3 - Quantitativos de cimento e gua utilizados na moldagem

    dos corpos de prova (25x25x285) mm, juntamente com a granulometria do

    agregado mido ............................................................................................... 55

    Tabela 5.1 - Massas especficas dos agregados utilizados ................... 65

    Tabela 5.2 - FRX dos agregados utilizados nos ensaios ....................... 67

    Tabela 5.3 - Fluorescncia de raios-X em argamassa utilizando CPV

    ARI-RS ............................................................................................................. 70

    Tabela 5.4 - Fluorescncia de raios-X em argamassa utilizando cimento

    padro .............................................................................................................. 70

    Tabela 5.5 - EDS da amostra J1 com CPV ARI-RS............................... 72

    Tabela 5.6 - EDS da amostra J1 com cimento padro .......................... 72

    Tabela 5.7 - EDS da amostra J2 com CPV ARI-RS............................... 74

    Tabela 5.8 - EDS da amostra J2 com cimento padro .......................... 74

    Tabela 5.9 - EDS da amostra J3 com CPV ARI-RS............................... 76

  • xiv

    Tabela 5.10 - EDS da amostra J3 com cimento padro ........................ 77

    Tabela 5.11 - EDS da amostra J4 com CPV ARI-RS............................. 78

    Tabela 5.12 - EDS da amostra J4 com cimento padro ........................ 78

    Tabela 5.13 - Reduo da resistncia trao na flexo entre os corpos

    de prova expostos ou no a reao ................................................................. 83

    Tabela 5.14 - Reduo da resistncia entre os corpos de prova expostos

    ou no a reao ............................................................................................... 84

    Tabela 5.16 - Valores da velocidade do pulso ultrassnico em CPs

    prismticos ....................................................................................................... 86

    Tabela 5.17 - Valores do mdulo de elasticidade dinmico encontrados

    para cada jazida com os diferentes tipos de cimento e o comparativo com os

    CPs no expostos a RAA ................................................................................ 88

  • xv

    Sumrio

    Sumrio CAPTULO 1 ............................................................................................ 1

    Introduo e Relevncia da Pesquisa ......................................................1

    1.1 Justificativa .................................................................................. 2

    1.2 Objetivo Geral ............................................................................. 3

    1.3 Objetivos especficos ................................................................... 3

    1.4 Estrutura da pesquisa .................................................................. 3

    CAPTULO 2 ............................................................................................ 5

    Minerais e Rochas ..................................................... ..............................5

    2.1 Minerais: ...................................................................................... 5

    2.1.1 Minerais formadores de rocha: .................................................... 8

    2.2 Rochas ...................................................................................... 11

    2.2.1 Classificao das rochas ........................................................... 14

    2.2.1.1 Rochas gneas (magmticas) ................................................. 14

    2.2.1.2 Rochas sedimentares............................................................. 16

    2.2.1.3 Rochas metamrficas............................................................. 18

    CAPTULO 3 .......................................................................................... 20

    A Reao lcali-Agregado .....................................................................20

    3.1 Tipos de reao lcali-agregado ............................................... 22

    3.1.1 Reao lcali-slica.................................................................... 22

    3.1.2 Reao lcali-silicato: ................................................................ 23

    3.1.3 Reao lcali-carbonato ............................................................ 24

    3.2 O papel de cada agente na RAA ............................................... 25

    3.2.1 Umidade: ................................................................................... 25

  • xvi

    3.2.2 Agregado reativo: ...................................................................... 27

    3.2.3 Concentrao de lcalis: ........................................................... 32

    3.3 Como ocorre a reao lcali-slica ............................................ 34

    3.4 Medidas de mitigao ................................................................ 37

    3.5 Mtodos de investigao da RAA.............................................. 39

    3.5.1 Anlise petrogrfica ................................................................... 39

    3.5.2 Microscopia eletrnica de varredura (MEV) .............................. 40

    3.5.3 Mtodo acelerado em barras de argamassa ............................. 41

    3.5.4 Mtodo para avaliar a combinao cimento/agregado .............. 42

    3.5.5 Mtodo dos prismas de concreto............................................... 42

    3.6 Casos de RAA no Brasil ............................................................ 43

    CAPTULO 4 .......................................................................................... 45

    Metodologia Experimental ......................................................................45

    4.1 Materiais .................................................................................... 48

    4.1.1 Cimento ..................................................................................... 48

    4.1.2 gua e Soluo de NaOH ......................................................... 49

    4.1.3 Agregado ................................................................................... 49

    4.2 Dosagem moldagem e cura dos CPs ........................................ 54

    4.2.1 Caracterizao granulomtrica .................................................. 54

    4.3 Ensaios realizados .................................................................... 55

    4.3.1 Massa especfica ....................................................................... 55

    4.3.2 Exposio s condies de RAA ............................................... 55

    4.3.3 Velocidade do pulso ultrassnico .............................................. 58

    4.3.4 Clculo do mdulo de elasticidade dinmico ............................. 59

    4.3.5 Ensaio de trao na flexo e compresso ................................. 60

  • xvii

    4.3.6 Determinao da expanso em barras de argamassa pelo

    mtodo acelerado ............................................................................................. 61

    4.3.7 Caracterizao qumica, cristalogrfica e microestrutural ......... 64

    4.3.7.1 Microscopia eletrnica de varredura ...................................... 64

    4.3.7.2 Fluorescncia de raios-X........................................................ 64

    CAPTULO 5 .......................................................................................... 65

    Resultados e Discusses .......................................................................65

    5.1 Caracterizao dos agregados .................................................. 65

    5.1.1 Caracterizao da microestrutura.............................................. 67

    5.1.1.1 Argamassas ........................................................................... 69

    5.2 Propriedades mecnicas e elsticas das argamassas .............. 81

    5.2.1 Resistncia trao na flexo .................................................. 81

    5.2.2 Resistncia compresso ........................................................ 83

    5.2.3 Velocidade do pulso ultrassnico .............................................. 85

    5.2.4 Mdulo de elasticidade dinmico............................................... 87

    5.3 Determinao da expanso em barras de argamassa pelo

    mtodo acelerado ............................................................................................. 89

    CAPTULO 6 .......................................................................................... 91

    Concluses ............................................................................................91

    Referncias ............................................................................................ 93

  • 1

    CAPTULO 1 .

    Introduo e Relevncia da Pesquisa

    O concreto, caso tenha sido bem projetado, deve atender as

    necessidades de resistncia, e durabilidade, esta, implica em resistncias as

    aes no meio ambiente e as aes internas. Dentro das aes externas ao

    concreto esto os ataques qumicos, que podem ser do tipo: ataque por ons

    cloreto, ataque por sulfato, ataques cidos, dixido de carbono e a reao

    lcali-agregado (RAA) (MUNHOZ, 2007).

    Dentro deste tema, a questo da durabilidade dos materiais um ponto

    determinante para soluo para que se evite ao mximo a necessidade de

    alguma interveno para fins de reparo.

    Uma forma de se evitar surpresas com relao durabilidade das

    edificaes e o conhecimento das propriedades dos materiais que sero

    utilizados. Seguindo este raciocnio, cabe citar o caso do concreto, onde os

    materiais constituintes (cimentos, agregados, gua e aditivos), que conferem

    a ele, suas caractersticas de durabilidade, desta maneira, deve ser verificado o

    emprego correto desses materiais.

    O escopo deste trabalho tratar a reao lcali-agregado, sendo o efeito

    originado da reao entre os hidrxidos alcalinos dissolvidos na fase liquida

    dos poros e algumas fases reativas dos agregados. Resultando numa

    fragilizao do concreto podendo ocasionar problemas estruturais. Mesmo

    tendo sido descoberta por Stanton em 1940, ainda existem muitos mistrios

    acerca dos mecanismos envolvidos na reao e principalmente as formas de

    tratamento aps o seu desenvolvimento.

    Como visto anteriormente, para que ocorra a RAA necessria a

    coexistncia dos seguintes fatores: gua, lcalis no cimento e agregado

    reativo, portanto, para que se evite a reao, indispensvel que se elimine

    um dos fatores que causa a reao, ou seja: reduzir a quantidade de lcalis do

  • 2

    cimento, abolir a gua do concreto, ou trocar o agregado. Quando nenhuma

    das alternativas citadas possvel, existem medidas mitigadoras que podem

    ser tomadas, sendo algumas descritas na prpria norma que rege a reao.

    (BATTAGIN et al., 2010)

    Este um tema que vem sendo cada vez mais discutido em congressos

    como IBRACON e tem sido preocupao de construtores do pas. Existem

    inmeros casos identificados no Brasil, inclusive relatos extraoficiais de casos

    confirmados de RAA no estado do Rio Grande do Norte, os mesmos nunca

    foram divulgados e tambm no existe a comprovao da presena de fases

    reativas nos agregados da regio.

    Nesse cenrio, pode-se conhecer os agregados comercializados na

    regio de posse a verificar suas reatividades em relao a reao lcali-

    agregado.

    1.1 Justificativa

    Esse tipo de reao vem sendo cada vez mais estudada no universo

    acadmico brasileiro nos ltimos anos, principalmente aps 2008 com o

    advento da norma NBR 15577 (ABNT, 2008a), que rege o assunto e pelo fato

    de ser uma reao muitas vezes lenta. No Brasil, as edificaes so

    relativamente jovens, apenas nas ltimas dcadas detectaram-se vrios casos,

    em especial, na cidade de Recife-PE onde existem vrios casos de RAA em

    edifcios, que so mais difceis de serem identificados (ANDRADE et al., 2006).

    Os custos para reparar os efeitos da reao lcali-agregado so muito

    elevados, necessitando em alguns casos de um monitoramento contnuo da

    estrutura, ou construo de novas fundaes no caso de edifcios, portanto,

    nesse caso pertinente prevenir o surgimento desta patologia (HASPARYK,

    2005).

    Tendo em vista a grande quantidade de barragens de terra dentro do Rio

    Grande do Norte e que estas algumas vezes possuem estruturas de concreto,

    surge a necessidade de conhecer as caractersticas de comportamento dos

    agregados presentes na regio com relao a essa patologia.

  • 3

    Sabendo da inexistncia de um mapeamento dos agregados

    comercializados em Natal e regies metropolitanas com relao reao

    lcali-agregado, e que j existe a suspeita de aparecimento desta patologia em

    alguns edifcios da capital, de grande importncia, o estudo do tema, de

    forma a contribuir com a durabilidade das obras do Rio Grande do Norte.

    1.2 Objetivo Geral

    Identificar o potencial reativo de uma amostragem de agregados

    comercializados no Rio Grande do Norte atravs dos ensaios acelerados com

    barras de argamassa e verificar algumas propriedades da argamassa quando

    expostas aos ensaios de reatividade.

    1.3 Objetivos especficos

    Contribuir com o conhecimento dos agregados grados produzidos na

    Grande Natal-RN: anlise qumica, massa especfica e caracterizao

    mineralgica.

    Avaliar o potencial reativo dos agregados atravs de ensaios de

    expanso acelerada com barras de argamassa.

    Identificar as propriedades qumicas, cristalogrficas e microestruturais

    em argamassas aps ensaios de reatividade RAA e mecnicas atravs

    de ensaios de resistncia, ultrassom e anlises microscpicas.

    Avaliar a influncia do cimento CPV ARI-RS no comportamento das

    argamassas.

    1.4 Estrutura da pesquisa

    O trabalho est dividido em cinco captulos organizados da seguinte

    forma:

    Captulo 1 INTRODUO Apresenta uma introduo, contendo a

    importncia, justificativa e relevncia do tema em estudo, alm dos objetivos,

    hiptese estudada e a estrutura da pesquisa.

  • 4

    Captulo 2 MINERAIS E ROCHAS Consiste numa reviso da

    literatura apresentando os principais aspectos das rochas. apresentada uma

    introduo terica sobre rochas e minerais dando destaque aos conceitos

    relativos as rochas gneas e metamrficas;

    Captulo 3 A REAO LCALI-AGREGADO Apresenta uma reviso

    da literatura enfatizando aspectos gerais sobre a RAA, mecanismos de

    expanso e fatores intervenientes.

    Captulo 4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL So detalhadas as

    caractersticas dos materiais, o planejamento dos experimentos, como tambm

    os mtodos de ensaios aplicados.

    Captulo 5 RESULTADOS E DISCUSSES Expem-se os

    resultados obtidos e as discusses sobre os mesmos.

    Captulo 6 CONSIDERAES FINAIS So apresentadas as

    consideraes finais sobre o assunto e sugestes para trabalhos futuros.

  • 5

    CAPTULO 2 .

    Minerais e Rochas

    Para entender o que uma rocha necessrio entender inicialmente

    sobre os minerais que so os constituintes bsicos das rochas, em virtude do

    tipo de agregado utilizado no procedimento experimental ser dada uma maior

    nfase as rochas gneas neste captulo.

    2.1 Minerais:

    Os minerais so definidos pelos gelogos como uma substncia de

    ocorrncia natural, slida, cristalina, geralmente inorgnica, com uma

    composio qumica especfica, sendo ainda componentes homogneos, no

    podendo ser dividido por meios mecnicos (PRESS et al., 2006). Considerando

    a viso da Cincia dos Materiais, Van Vlack (1984) define os minerais como

    fases cermicas ou fases de uma rocha.

    Para o melhor entendimento dos minerais, faz-se necessrio o

    esclarecimento de alguns conceitos referentes aos mesmos, Dana e Hurlbut

    (1969), Ernst (1971) e Santos (1989) apud Couto (2008), esclarecem alguns

    desses conceitos:

    Mineral: qualquer partcula mineral limitada por faces planas faces de

    cristal que possui uma relao geomtrica definida quanto ao arranjo

    atmico;

    Mineralide: ocorre naturalmente na natureza na forma slida, e no

    possui um arranjo sistemtico (cristalino) dos tomos constituintes;

    Argilomineral: possui granulao fina e so minerais constitudos de

    silicatos de alumnio hidratado ou filossilicatos;

    Os minerais so formados atravs do processo de cristalizao,

    tratando-se de um processo de crescimento de um slido a partir de um gs ou

    lquido, cujos tomos constituintes agrupam-se seguindo propores qumicas

  • 6

    e arranjos cristalinos tridimensionais adequados. A Tabela 2.1 demonstra os

    tipos de sistemas cristalinos que podem ser encontrados:

  • 7

    Tabela 2.1 - Geometria das clulas unitrias para sistemas cristalinos

    Fonte: Frasc; Sartori (1998) apud Couto (2008)

  • 8

    2.1.1 Minerais formadores de rocha:

    Mais de 70% da crosta formada por oxignio e silcio (Figura 2.1),

    devido a este fato a classe dos silicatos a mais abundante classe de

    minerais, constituindo mais de 90% de seu volume (PRESS et al., 2006).

    Figura 2.1 - Elementos qumicos mais abundantes na crosta terrestre Fonte: Vlach (2002)

    As formas de origem dos minerais so diversas, como por exemplo

    atraves da evaporao do solvente, resfriamento do magma, perda de gs

    atuando como solvente, reduo da temperatura e/ou presso, interao de

    solues, entre outras. Baseando-se na composio qumica os minerais

    dividem-se em oito grupos, listando os seis mais comuns na Tabela 2.2 (PRESS

    et al., 2006; ANDRADE et al., 2009).

    Oxignio

    Silcio

    Al

    Fe

    Ca

    Na

    K

    Mg

    Elementos Qumicos

  • 9

    Tabela 2.2 - Classes qumicas de minerais

    Classe nions definidores Exemplo

    Elementos nativos Nenhum (ausncia de ons

    carregados) Cobre metlico (Cu)

    xidos e hidrxidos

    on oxignio (O2-)

    on hidroxila (OH-)

    Hematita (Fe2O3)

    Brucita (Mg[OH]2)

    Haletos Cloreto (Cl-), Fluoreto (F-), Brometo (Br-), Iodeto (I-)

    Halita (NaCl)

    Carbonatos on carbonato (CO32-) Calcita (CaCO3)

    Sulfatos on sulfato (SO42-) Anidrita (CaSO4)

    Silicatos on silicato (SiO44-) Olivina (Mg2SiO4)

    Fonte: Press et al. (2006)

    Os silicatos so os mais abundntes minerais da crosta e do manto

    terrestre, cerca de 97% dos mineirias conhecidos pertencem a este grupo,

    como por exemplo os feldspatos, quartzo, olivinas, piroxnios, anfiblicos,

    granadas e micas. So organizados estruturalmente pelo radical aninico

    conhecido como slica [SiO2]-4 que constituem tetraedros que se unem entre si

    ou com ctions para compartilhar os tomos de oxignio. Depensendo da

    forma como estes tetraedros so ligados uns aos outros so divididas

    subclasses desses silicatos. A Tabela 2.3 mostra os pricipais minerais

    formadores das rochas silicosas do grupo dos silicatos (SZAB et al., 2009)

  • 10

    Tabela 2.3 - Classificao sistemtica dos minerais da classe dos silicatos

    Sub-grupo

    Arranjo dos tetraedros

    Exemplo Arranjo das molculas

    Ne

    so

    s-

    sili

    cato

    s

    Isolados Olivina, Mg2SiO4

    Solo

    s-

    sili

    cato

    s

    Duplos Hemimorfita,

    Zn4(Si2O7)(OH).H2O

    Cic

    lossili

    ca

    tos

    Aneis Berilo, Be3Al2(Si6O18)

    Inossili

    cato

    s

    Cadeia simples (Piroxnios)

    Enstatita, Mg2(Si2O6)

    Cadeia dupla (Anfiblicos

    Tremolita, Ca2Mg5(Si8O22)(OH)2

    Filo

    ssili

    ca

    tos

    Folheados Talco,

    Mg3(Si4O10)(OH)2

    Te

    cto

    s-

    sili

    cato

    s

    Tridimensionais Quartzo, SiO2

    Fonte: Deer et al. (2000) apud Couto (2008)

  • 11

    Para que uma substncia seja considerada um mineral necessrio que

    a mesma preencha os requisitos de ser cristalina e ter sido formada

    naturalmente, na condio da substncia no ser cristalina ela intitulada

    mineralide como no caso do vidro vulcnico. Entre os minerais mais comuns

    formadores de rocha pode-se destacar os representados na Tabela 2.4 (PRESS

    et al., 2006).

    Tabela 2.4 - Minerais mais comuns formadores de rochas

    Rochas gneas Rochas Sedimentares Rochas Metamrficas

    Quartzo Quartzo Quartzo

    Feldspato Argilominerais Feldspato

    Mica Feldspato Mica

    Piroxnio Calcita Granada

    Anfiblio Dolomita Piroxnio

    Olivina Gipsita Estaurolita

    Halita Cianita

    Fonte: Press et al. (2006)

    2.2 Rochas

    A rocha pode ser definida como sendo um agregado slido de minerais

    que ocorre naturalmente, podendo ser compostas por apenas um mineral

    (mrmore branco), ou podem possuir diferentes composies, tais como

    material no mineral (carvo, rocha vulcnica vtrea). Em um agregado os

    minerais so unidos de maneira a manter suas caractersticas individuais, a

    Figura 2.2 demonstra essa caracterstica (LEINZ e AMARAL, 1998; OLIVEIRA e

    BRITO, 1998; PRESS et al., 2006).

  • 12

    Figura 2.2 - Rocha formada a partir da unio de minerais

    Fonte: Rainho (

    As rochas fazem parte de um planeta cheio de energia que

    promove, com sua alta temperatura e presso interna todos os processos de

    abalos ssmicos, movimentos tectnicos de placas e atividades vulcnicas em

    uma dinmica muito intensa. Da mesma forma, a atividade intemprica e

    erosiva externa, envolvendo agentes atmosfricos como o calor, chuvas,

    ventos geleiras, tambm atuam sobre essas rochas, causando constantes

    alteraes. Esse processo conhecido como o ciclo das rochas, resultado das

    interaes de dois dos sistemas fundamentais da Terra: o sistema da tectnica

    de placas e o sistema do clima. Essas interaes esto exemplificadas na

    Figura 2.3 (LEINZ e AMARAL, 1998; PRESS et al., 2006; ANDRADE et al., 2009).

  • 13

    a - Formao de rocha gnea por vulcanismo; b manto de intemperismo

    constitudo de material frivel; c decomposio de sedimentos (litificao); d dobras em uma rocha metamrfica; e fuso parcial de uma rocha

    Figura 2.3 - O ciclo das rochas Fonte: Andrade et al. (2009)

    Uma caracterstica importante a se observar nas rochas a textura, que

    indica as relaes entre as fases minerais constituintes da rocha, esta

    caracterstica definida pela forma, arranjo e distribuio dos minerais, sendo

    importante na determinao do tamanho dos gros, processos de formao

    sofridos pela rocha e o grau de cristalinidade da rocha. Acerca do grau de

    cristalinidade as rochas dividem-se em: holocristalinas (constituda apenas por

    cristais), holohialinas (constitudas apenas por vidro) e hialocristalinas

    (existncia simultnea de cristais e vidro) (ERNST, 1971; BIGARELLA et al., 1985).

    Quando se trata do tamanho dos gros, caso sejam visveis a olho nu a rocha

    dita fanertica, quando no, denominada afantica, podendo ser

    microcristalina, devido a possibilidade de observar os cristais apenas com

    microscpio, ou criptocristalina, quando no o tamanho demasiado reduzido

    para se caracterizar em microscpio comum (ERNST, 1971; BIGARELLA et al.,

    1985; ANDRADE et al., 2009).

  • 14

    2.2.1 Classificao das rochas

    De acordo com a formao geolgica na natureza, as rochas so

    separadas em trs grandes grupos: rochas gneas (magmticas), rochas

    metamrficas e rochas sedimentares.

    2.2.1.1 Rochas gneas (magmticas)

    As rochas gneas so formadas pela cristalizao do magma, sendo este

    uma massa de rocha fundida presente no centro da terra. Atravs do tempo de

    resfriamento do magma na superfcie terrestre que se faz a diviso das

    rochas em intrusivas, que resfriam dentro do globo terrestre, (resfriamento

    lento) e extrusivas, que resfriam na superfcie terrestre, (resfriamento rpido)

    atravs desse resfriamento das rochas adquirem diferentes texturas (DANA e

    HURLBUT, 1969; LEINZ e AMARAL, 1998; OLIVEIRA e BRITO, 1998; PRESS et al.,

    2006; ANDRADE et al., 2009). A Figura 2.4 exemplifica uma rocha extrusiva

    (Basalto) e uma rocha intrusiva (Granito).

    Figura 2.4 - Exemplo de formao de rocha gnea intrusiva e extrusiva

    Fonte: Press et al. (2006)

    Segundo Press et al. (2006) e Szab et al. (2009), a constituio

    dos magmas geradores das rochas depende de vrios fatores, dentre eles

    esto: a constituio da rocha geradora do magma no local de origem; a

    composio da rocha geradora no local de origem; as condies em que

    ocorreu a fuso desta rocha e a taxa de fuso; os processos que atuam sobre

    este magma do seu local de origem at o seu stio de consolidao. Diante

  • 15

    deste fato, os magmas so classificados de acordo com sua quantidade de

    slica, diferenciando-se em magmas: basltico, andestico e rioltico (grantico),

    como expresso na Figura 2.5.

    Figura 2.5 - Composio qumica dos magmas formadores de rochas gneas

    Fonte: Szab et al. (2009)

    2.2.1.1.1 Composio das rochas gneas

    Os minerais constituintes de rochas gneas so formados a partir do

    momento em que a rocha atinge a chamada temperatura de cristalizao,

    dividindo as rochas gneas em dois grupos (DANA e HURLBUT, 1969; OLIVEIRA e

    BRITO, 1998):

    Minerais mficos: contm o grupo da olivina, piroxnios,

    anfiblicos (hornblenda) e micas, apresentam colorao mais escura em

    virtude da presena do magnsio e ferro. Por se cristalizarem em maiores

    temperaturas e presso so instveis.

    Minerais flsicos: grupo dos plagioclsios clcicos, seguidos por

    plagioclsicos sdicos, feldspatos alcalinos, quartzo e mica (muscovita), so os

    aluminossilicatos e sdio e potssio.

    A composio qumica de uma rocha influenciada pela composio do

    magma que a originou, sendo inmeras as formas de classificar uma rocha

    gnea, podendo ser atravs da sua composio qumica, da textura, ndice de

    cor, ambiente de cristalizao. Existem uma infinidade de minerais na terra,

    porm nem todos so utilizados na classificao das rochas; estes so os

    denominados minerais essenciais. Outros minerais aparecem em menores

    quantidades na rocha, sendo assim chamados de minerais acessrios

  • 16

    (BIGARELLA et al., 1985; ANDRADE et al., 2009; SZAB et al., 2009). Levando em

    considerao a composio qumica e mineralgica da rocha, a Figura 2.6

    classifica-se a rocha quanto ao tipo rocha e suas caractersticas (DANA e

    HURLBUT, 1969; PRESS et al., 2006; SZAB et al., 2009).

    Figura 2.6 - Relaes entre caractersticas de rochas gneas e sua

    classificao Fonte: Szab et al. (2009)

    Quanto composio qumica, as rochas podem ser classificadas de

    acordo com a quantidade de silcio presente na sua estrutura, sendo divididas

    em (LEINZ e AMARAL, 1998; SZAB et al., 2009).

    cidas: quando apresenta teores de SiO2 superiores a 66% (granito);

    Intermedirias: quando possuem SiO2 entre 66% e 52% (andesito);

    Bsicas: teores de SiO2 entre 52% e 45% (basalto);

    Ultrabsicas: apresentam teores de SiO2 inferiores a 45% (periotito).

    Para fins deste estudo sero destacados os granitos, sendo o tipo de

    rocha mais comum de todas, ocorrendo em diversas cores, cinza-clara a cinza

    bem escura, amarelada rsea ou vermelha. So classificadas como rochas

    cidas plutnicas (intrusiva), compostas principalmente por quartzo (20-30%),

    feldspatos (50-70%); feldspato potssico e plagioclsio e minerais ferro-

    magnesianos (5-25%) sua granulao varia de milimtrica a centimtrica,

    detendo densidades em torno de 2,60g/cm (LEINZ e AMARAL, 1998; OLIVEIRA e

    BRITO, 1998; POPP, 1998).

    2.2.1.2 Rochas sedimentares

  • 17

    Este tipo de rocha originria da consolidao de sedimentos

    provenientes de outras rochas preexistentes, podendo esses sedimentos

    serem de trs tipos: os sedimentos clsticos so fragmentos de rocha

    fisicamente transportados, j os sedimentos qumicos e bioqumicos tratam-se

    de produtos dissolvidos pelo intemperismo. A Figura 2.7 demonstra o processo

    de formao de rochas sedimentares que tem seu incio com o intemperismo

    da rocha existente, posteriormente ocorre o transporte de sedimentos,

    passando pela deposio do material e por fim tem-se a litificao, que

    consolida a formao da rocha. (ERNST, 1971; PRESS et al., 2006).

    Figura 2.7 - Processo de formao de rochas sedimentares

    Fonte: Press et al. (2006)

    As rochas sedimentares so classificadas de acordo com sua origem,

    dividindo-se em: detrticas, como os arenitos, os siltitos e os argilitos; qumicas

    ou bioqumicas, como calcrio e carves (OLIVEIRA e BRITO, 1998).

    Os minerais mais significativos que compem as rochas sedimentares,

    so segundo Dana e Hurlbut (1969) e Leinz e Amaral (1998): quartzo,

    feldspato, mica, calcita, dolomita, algumas variedades criptocristalinas de

    quartzo (calcednia e slica hisdratada amorfa, ou opala).

  • 18

    2.2.1.3 Rochas metamrficas

    Devido as altas temperaturas e presso e mudanas no ambiente

    qumico que podem acontecer no interior da Terra, so suficientes para

    modificar a composio mineral, textura cristalina e composio qumica de

    rochas preexistentes (protolito), independentemente de sua natureza, sem que

    esta deixe de ser slida, formando assim a classe das rochas metamrficas

    (DANA e HURLBUT, 1969; BIGARELLA et al., 1985; LEINZ e AMARAL, 1998; RUBERTI

    et al., 2009).

    De acordo com os autores: Oliveira e Brito (1998), Press et al. (2006) e

    Ruberti et al. (2009) existem trs fatores que controlam as aes do

    metamorfismo, os quais seriam: presso, temperatura e presena de fluidos. A

    presso pode variar de 200 a 1.000Mpa, j quando se trata da temperatura,

    necessita ser superior a 200C para que se inicie o processo, caso a

    temperatura seja muito elevada o metamorfismo evolui para o limite de gerao

    das rochas gneas, ocorrendo sua fuso parcial e formando rochas mistas

    denominadas migmatitos. A presena dos fluidos fundamental para que

    ocorra as reaes metamrficas, que so basicamente de desidratao e/ou

    decarbonatao.

    Existem trs tipos principais de metamorfismo que podem ocorre em

    uma rocha: regional ou dinamometral, de contato ou termal e cataclstico ou

    dinmico (OLIVEIRA e BRITO, 1998; PRESS et al., 2006; RUBERTI et al., 2009),

    existem autores como Ruberti et al. (2009) e Press et al. (2006) que ainda

    destacam o metamorfismo de soterramento, o hidrotermal, de fundo ocenico e

    o de impacto.

    Sobre a textura deste tipo de rocha pode-se dizer que devido ao

    crescimento dos minerais no estado slido ocorre por um processo

    denominado blastese, consequentemente o radical blasto sucede a

    nomenclatura das texturas, so portanto: granoblstica, encontrada em rochas

    no-foliadas, macias e no h predominncia de uma das dimenses dos

    minerais; lepidoblstica, ocorre uma maior quantidade de minerais micceos,

    foliceos orientados; nematoblstica, predomnio de minerais prismticos e

  • 19

    orientados; porfiroblstica, contm cristais de diferentes dimenses com

    destaque para os de maior dimenso (LEINZ e AMARAL, 1998).

    Neste tipo de rocha a constituio mineralgica dependente do grau de

    metamorfismo sofrido, podem ocorrer tanto a recristalizao dos minerais

    preexistentes como tambm novos minerais podem se formar no processo

    devido a mudana da estrutura cristalina sob as novas condies de presso,

    temperatura, tambm em razo da combinao entre dois ou mais minerais,

    formar um novo mineral estvel. As principais rochas metamrficas so:

    quartzito, mrmore, filito, micaxisto, cloritaxisto, anfiblio-xisto e gnaisse (LEINZ

    e AMARAL, 1998).

  • 20

    CAPTULO 3 .

    A Reao lcali-Agregado

    A reao lcali-agregado (RAA) pode ser considerada como sendo um

    termo geral para descrever a interao qumica ocorrida dentro dos poros do

    concreto, envolvendo os hidrxidos alcalinos provenientes principalmente do

    cimento e os minerais provenientes de estruturas amorfas dos agregados

    utilizados, podendo formar um gel, o qual em presena de gua se expande

    gerando fissuras que comprometem as estruturas (SIMS e POOLE, 1992;

    HASPARYK, 2005; MUNHOZ, 2007). Outro tipo de interao pode ocorrer

    enfraquecendo a ligao pasta e agregado (ABNT, 2008a).

    Segundo Mehta e Monteiro (2008), as consequncias da RAA

    (fissuraes) podem levar a uma diminuio da resistncia e elasticidade do

    concreto que foi afetado, e consequentemente, sua durabilidade fica

    comprometida.

    O primeiro a discutir a existncia da RAA, foi Stanton em 1940,

    identificando-a como uma sendo um processo deletrio que ocorria entre os

    prprios componentes do concreto. De acordo com seus experimentos, ele

    comprovou que a reao tinha como resultado eflorescncias brancas, e estas

    causavam fissuraes semelhantes s que eram observadas na Califrnia,

    durante os anos 1920 a 1930 (STANTON, 1940). Aps Stanton, vrios outros

    passaram a estudar a reao, principalmente nos Estados Unidos.

    A principal preocupao com relao RAA que ela atinge

    principalmente estruturas de concreto que tem contato com a gua, como por

    exemplo: obras hidrulicas, barragens, pontes, pavimentos, fundaes, etc. E

    essas estruturas apresentam grandes volumes de concreto, podendo causar

    grandes prejuzos.

    O diagnstico e os danos causados pela reao lcali-agregado

    dependem de vrios fatores e s vezes bastante demorada sua percepo.

  • 21

    Para realizao do diagnstico visual, importante atentar para as seguintes

    caractersticas (VALDUGA, 2002; HASPARYK et al., 2012):

    Microfissuras no concreto, em especial na argamassa;

    Fissuras na zona de transio do concreto;

    Presena de contorno nos agregados grados;

    Fissurao em forma de mapa (em concretos sem armadura);

    Fissurao orientada (em concreto armado);

    Problemas em usinas como deslocamento de equipamentos ou

    seu travamento na estrutura;

    Preenchimento dos poros ou exsudao do gel na superfcie do

    concreto;

    Manchas superficiais;

    Macrofissuras com descolorao visvel ao longo de suas bordas;

    Desplacamentos com descolamentos entre a pasta e o agregado

    (perda de aderncia);

    Movimentao de superfcies livres;

    Expanso visvel do concreto.

    Os sinais de manifestao da reao lcali-agregado podem ser

    identificados externamente, atravs de inspeo visual conforme nas Figura 3.1

    e Figura 3.2 ou com ajuda de ensaios como, por exemplo, atravs de

    microscopia eletrnica de varredura, alm microscopia tica.

  • 22

    Figura 3.1 - Bloco de fundao de edifcios residenciais da cidade de

    Recife com RAA

    Figura 3.2 - Detalhe da amostra retirada do bloco de fundao

    Fonte: Munhoz (2007)

    3.1 Tipos de reao lcali-agregado

    Os tipos de reao lcali-agregado conhecidos atualmente dependem do

    tipo de agregado que reage com os lcalis presentes nos poros do concreto:

    Reao lcali-slica;

    Reao lcali-carbonato.

    3.1.1 Reao lcali-slica

    Conhecida como a forma mais rpida de desenvolvimento da

    manifestao do tipo reao lcali-agregado, a reao lcali-slica (RAS) o

    tipo de reao lcali-agregado em que participam a slica reativa dos

    agregados e os lcalis, na presena do hidrxido de clcio originado pela

    hidratao do cimento, formando um gel expansivo (ABNT, 2008a).

    Muitos tipos de agregados comumente usados, possuem slica

    em sua composio, estes podem ser atacados pela soluo alcalina dos poros

    do concreto Este ataque, essencialmente uma reao de dissoluo, exige a

    presena de um certo nvel de umidade e lcalis (levando ao aumento do pH)

    para acontecer. Durante a reao, ocorre a formao de um gel higroscpico,

    que absorve gua, aumentando de volume causando fissurao e em casos

    extremos a ruptura do concreto (LINDGRD et al., 2012).

  • 23

    Paulon (1981) apud Silva (2009a) afirma que as rochas que

    desencadeiam a reao lcali-slica apresentam formas bem definidas de slica

    metaestvel (tridimita e cristobalita), slica microcristalina amorfa (opala), certos

    tipos de vidros naturais (vulcnicos) e artificiais, e slica sob a froma de quartzo

    criptocristalino, que a forma mais desordenada e reativa (chert, flint e

    calcednia).

    3.1.2 Reao lcali-silicato:

    A reao lcali-silicato um tipo especfico da reao lcali-slica em

    que participam os lcalis e alguns tipos de silicatos presentes em certas

    rochas, tais como ardsias, filitos, xistos, gnaisses, granulitos, quartzitos, entre

    outros (ABNT, 2008a).

    Forma de RAA mais comum no Brasil, apresentando-se de forma mais

    lenta e complexa que os outros tipos de reao, devido ao fato dos minerais

    reativos encontrarem-se mais disseminados na matriz. De acordo com Khiara

    et al. (2006), existem estudos apontando o quartzo tensionado, deformado e

    cisalhado, como um dos principais responsveis por esse tipo de reao, alm

    do feldspato afetado pelos mesmos processos.

    Glasser e Swamy (1992) apud Munhoz (2007) afirmam que a reao

    lcali-agregado no ocorre em minerais com fases silicosas bem cristalizadas,

    apenas em fases criptocristalinas e amorfas devido a sua estrutura

    desordenada e rea de contato. A Figura 3.3 apresenta um fluxograma que

    descreve as etapas de desenvolvimento tanto para a reao lcali-slica como

    para lcali-silicato.

  • 24

    Figura 3.3 - Fluxograma de desenvolvimento da reao Fonte: Ferraris (2000) apud Valduga (2002) Adaptado

    3.1.3 Reao lcali-carbonato

    Reao lcali-carbonato: tipo de reao lcali-agregado em que

    participam os lcalis e agregados rochosos carbonticos. A forma mais

    conhecida de deteriorao do concreto devida desdolomitizao da rocha e

    consequente enfraquecimento da ligao pasta-agregado. No h a formao

    do gel expansivo, mas de compostos cristalizados como bructa, carbonatos

    alcalinos, carbonato clcico e silicato magnesiano. Como a reao regenera os

    hidrxidos alcalinos a desdolomitizao ter continuidade at que a dolomita

    tenha reagido por completo ou a fonte de lcalis se esgote (ABNT, 2008a).

    Este tipo de reao muito raro de acontecer e ainda no h relatos de

    sua ocorrncia e algumas vezes ocorre juntamente com as outras formas de

    reao lcali-agregado, como no caso estudado por Silveira (2006) que avaliou

    vrios agregados de origem carbontica e contendo pequenas quantidades de

    silicatos observada durante a avaliao mineralgica.

  • 25

    Este tipo de reao no ser tratada de forma mais significativa

    no presente trabalho, pois no se trata do escopo do mesmo. O termo reao

    lcali-agregado (RAA) ser utilizado quando tratar-se tanto do tipo lcali-slica,

    quanto lcali-silicato, indistintamente.

    3.2 O papel de cada agente na RAA

    O que comum a muitos autores citados na bibliografia que se conhece

    hoje sobre a reao lcali-agregado que so necessrios trs fatores para

    que seja garantida a ocorrncia da RAA: a existncia de umidade, quantidade,

    tamanho e distribuio de fases reativas no agregado e concentrao de

    hidrxidos alcalinos disponveis nos poros do concreto. imprescindvel a

    ocorrncia dos trs fatores em conjunto. (SIMS e POOLE, 1992; MUNHOZ, 2007;

    SILVA, 2007; MEHTA e MONTEIRO, 2008; DE CARVALHO et al., 2010; HASPARYK,

    2011; LINDGRD et al., 2012).

    3.2.1 Umidade:

    A gua o principal agente de degradao do concreto, pois possui

    grande facilidade de transitar entre os poros do concreto e conhecida como o

    solvente universal, possuindo capacidade de dissolver muitas espcies

    qumicas, tornando-a rica em ons e gases capazes de causar a deteriorao.

    (MEHTA e MONTEIRO, 2008).

    Antes da reao, a gua tem o papel de transportar os ons, aps a

    ocorrncia da reao, a gua absorvida pelo gel formado na reao,

    causando sua expanso e fissurao do concreto. A relao gua/cimento

    influencia nas propriedades do concreto e consequentemente no

    desenvolvimento da reao, uma baixa relao gua/cimento pode causar um

    aumento nas expanses (devido ao aumento da concentrao dos ons OH- na

    soluo dos poros), mas, por outro lado pode reduzir a expanso (por causa da

    menor porosidade da pasta e consequentemente um menor e mais lento

    transporte de ons pelos poros, alm de menos entrada de gua e portanto

    uma reduo na umidade relativa interna) (LINDGRD et al., 2012).

  • 26

    Sendo a gua reconhecidamente um dos fatores primordiais para

    ocorrncia da reao, a norma NBR 15577 (ABNT, 2008a) aponta medidas

    preventivas levando em conta a umidade interna do elemento (devido s suas

    dimenses) e as condies em que o elemento est inserido, estabelecendo

    quatro condicionantes:

    Elemento macio: aquele cuja menor dimenso da seo

    transversal maior ou igual a 1m;

    Ambiente seco: ambientes com ausncia permanente de umidade

    em contato direto com a estrutura;

    Ambiente exposto a umidade: engloba os componentes

    enterrados;

    Em contato com gua ou umidade proveniente do solo ou de

    rochas.

    Quanto maior o contato com a gua, o nvel de umidade ou o porte da

    estrutura maior a ao preventiva recomendada pela norma.

    Estudo desenvolvido por Foray et al. (2004) apud (Silva (2007)),

    demonstra bem o efeito da umidade relativa na expanso devido RAA em

    argamassa. A Figura 3.4 demonstrando que quando elevada a umidade relativa

    a expanso aumentou, destacando-se as curvas de 96% e 100% que devido a

    lixiviao dos lcalis ocasionada pela condensao do vapor dagua aos 100%

    de umidade acarretando uma certa reduo na expanso

  • 27

    Figura 3.4 - Expanso devida RAS em amostras de argamassa submetidas a

    diferentes umidades relativas Fonte: Foray et al. (2004) apud Silva (2007)

    Portanto o que se sabe que quanto maior a quantidade de poros no

    concreto, maior a possibilidade de ocorrncia de RAA. Alm do fato de que a

    reao mais comum em reas onde existe movimentao de gua. Para

    diminuio da porosidade do concreto e diminuir a probabilidade da ocorrncia

    de RAA so adies ativas no concreto que vem sendo largamente

    pesquisadas nos dias atuais, porm no so alvos desta pesquisa, pois ainda

    no se tem notcia da existncia de agregados reativos no estado.

    3.2.2 Agregado reativo:

    Vrios fatores interferem na reatividade dos agregados, tais como forma,

    textura, mineralogia, entre outros. Quanto maior o nvel de instabilidade e

    desordem dos agregados, mais susceptveis a reao eles so (HASPARYK,

    2011).

    A determinao de ocorrncia ou no de RAA depende da quantidade

    de fases cristalizadas e mal cristalizadas, pois esse tipo de reao ocorre

    somente com fazes microcristalinas, criptocristalinas e amorfas, devido ao

    aumento da rea de contato entre as estruturas abertas e a soluo dos poros

    (MUNHOZ, 2007). A Figura 3.5 demonstra algumas fases reativas que podem

    ser encontradas nos agregados.

  • 28

    Segundo Marinoni et al. (2011) a diferente composio mineralgica do

    agregado (em termos de slica livre) conduz a uma velocidade de reao

    diferente dentro das rochas sedimentares, alm de produzir diferentes produtos

    atmosfricos, tais como a agregao, dissoluo e/ou microfissuras. Estudos

    experimentais realizados por Multon et al. (2010) demonstram que quando so

    empregadas partculas finas (menores que 160m) no identificada expanso

    significativa, ao passo que partculas mais grossas (0,63 1,25mm)

    apresentam menor expanso, ou seja, para um dado perodo de teste e um

    dado teor alcalino, a expanso maximizada quando utilizada uma

    determinada gama de tamanho de agregados.

    A NBR15577-3 (ABNT, 2008a) apresenta as informaes referentes a

    minerais e rochas suscetveis reao lcali-agregado, apresentada na Tabela

    3.1, e sugere que em jazidas produtoras de agregado, devem ser feitos ensaios

    de verificao de potencialidade reativa a cada 150.000m de agregado

    produzido ou seis meses o que ocorrer primeiro, e que, uma anlise

    petrogrfica pode ser feita a cada 75.000m ou trs meses das mesmas

    condies anteriores.

    Figura 3.5 - Cristais de quartzo microcristalino (QM) que, associado a quartzo recristalizado (QR), conferem ao agregado carter reativo

    (F=feldspato) Fonte: Munhoz (2007)

  • 29

    Tabela 3.1 - Minerais e rochas suscetveis reao lcali-agregado

    Mineral reativo Rochas de ocorrncia

    Rochas sedimentares Rochas vulcnicas

    Opala, tridimita ou cristobalita, vidro vulcnico

    cido, intermedirio ou bsico

    Rochas sedimentares contendo opala, como

    folhelho, arenito, rochas silicificadas, alguns cherts

    e filints e diatomito

    Rochas vulcnicas com vidro ou vitrofricas:

    rochas cidas, intermedirias ou bsicas como riolito, dacito, latito,

    andesito, tufo, perlita, obsidiana e todas as

    variedades contendo uma matriz vtrea, alguns

    basaltos

    Rochas reativas contendo quartzo

    Material reativo Tipos de rocha

    Calcednia, quartzo micro e criptocristalino.

    Quartzo macrogranular, com o retculo cristalino

    deformado, rico em incluses, intensamente fraturado, com quartzo

    microcristalino no contato com o gro

    Chert, flint, veio de quartzo, quartzito, quartzo arenito, arenito quartzoso, calcrio silicoso

    Rochas vulcnicas com vidro devitrificado micro ou criptocristalino

    Rochas micro ou macrogranulares que contenham quartzo micro ou criptocristalino ou quantidade

    significativa de quartzo moderadamente ou intensamente tensionado:

    - rochas gneas: granito, granodiorito e charnockito

    - rochas sedimentares: arenito, grauvaca, siltito, argilito, folhelho, calcrio silicoso, arenito e arcseo

    - rochas metamrficas: gnaisse, quartzo-mica xisto, quartzito, filito, ardsia

    Fonte: NBR 15577 (ABNT, 2008a)

    Diferentes tipos de agregados possuem diferentes potenciais reativos,

    Gao et al. (2013) utilizou quatro tipos de agregados diferentes (calcrio silicoso,

    quartzito, opala e quartzo) em uma mesma proporo (30% de 315-1,250m e

    70% de mrmore no reativo), obtendo os resultados apresentados na Figura

    3.6.

  • 30

    Figura 3.6 - Expanso pela reao lcali-alica de acordo com a natureza do agregado (agregado reativo 315-1.250 m, tamanho do prisma: 20x20x160

    mm) Fonte: Gao et al. (2013)

    Existe um limite para o aumento da taxa de expanso de acordo com o

    teor de agregado reativo, o qual chamado de teor pssimo indicado por

    Hobbs (1980) representado pela Figura 3.7, porm no existe uma explicao

    clara a respeito desse comportamento, este teor varia de acordo com o grau de

    reatividade do agregado e s condies de exposio.

  • 31

    Figura 3.7 - Influncia do teor de agregado reativo, em relao a quatidade total

    de agregado na expanso Fonte: Hobbs (1980)

    Ainda sobre o teor pssimo Gao et al. (2011), tambm o observou

    quando utilizou tamanhos diferentes de agregados em corpos de prova de

    diferentes dimenses, expondo-os a 150 dias de ensaio, tendo como resultado

    a Figura 3.8.

    Figura 3.8 - Relao entre a porcentagem de expanso e o tamanho das

    partculas Fonte: Gao et al. (2011)

  • 32

    3.2.3 Concentrao de lcalis:

    Os lcalis so elementos que ocupam a primeira coluna da tabela

    peridica, por exemplo: ltio, sdio, potssio, rubdio, csio, etc. dentre esses,

    apenas o sdio e o potssio esto presentes no cimento (DIAMOND, 1975). O

    cimento a principal fonte de lcalis que so transportados para dentro dos

    poros do concreto e reagem com os outros componentes formando o gel. O

    teor de lcalis do cimento tem importncia significativa na intensidade da RAA

    (LINDGRD et al., 2012).

    Os lcalis do cimento provm dos materiais com os quais se fabrica o

    clnquer e normalmente indicado pelo equivalente alcalino que expresso em

    relao ao teor de xido de sdio e expresso pela Equao 3.1 presente na

    norma NBR 15577 (ABNT, 2008a):

    Equao 3.1

    O teor de lcalis disponveis na soluo dos poros influenciada no s

    pela concentrao de lcalis no cimento, como tambm pelo consumo do

    mesmo no concreto (SILVA, 2007). Segundo Diamond (1975) os lcalis do

    cimento se dividem em solveis e insolveis, porm a parte insolvel estar

    disponvel aps a hidratao do clnquer, portanto, tratando-se a RAA de uma

    reao de desenvolvimento lento, provvel que todos os lcalis sejam

    disponibilizados.

    Como medida mnima de mitigao a manifestao da RAA indicado

    limitar o teor de lcalis equivalente do concreto a valores menores que 3,0

    kg/m (ABNT NBR 15577-4:2008). Thomas (2011) indicou atravs da

    compilao de vrios trabalhos que, o uso de adies cimentcias, tais como:

    slica ativa, cinza volante, escria de alto forno, metacaulin, contm

    componentes que se ligam aos lcalis do cimento, diminuindo sua

    disponibilidade na soluo dos poros, conforme observado na Figura 3.9. Wang

    et al. aponta que fatores como tipos de minerais alcalinos, a relao soluo

  • 33

    porosa/agregado, o pH e a quantidade de ons alcalinos provenientes de outras

    fontes influenciam na liberao de lcalis na soluo dos poros.

    Figura 3.9 - Efeito do tipo e quantidade de adies cimentcias presentes na

    soluo dos poros Fonte: Thomas (2011)

    Lu et al. (2006) afirma que as fases dos minerais mais susceptveis a

    contribuir na soluo dos poros, compreende o vidro vulcnico, nefelina,

    feldspatos, micas e minerais de argila, alm de confirmar experimentalmente

    que partculas mais finas liberam lcalis mais rapidamente. Brub et al. (2002)

    encontrou que a quantidade de lcalis que pode ser fornecida para a soluo

    pode variar de

  • 34

    Figura 3.10 - Agregados utilizados com diferentes teores de lcalis e diferentes graus de reatividade

    Fonte: Brub et al. (2002)

    3.3 Como ocorre a reao lcali-slica

    De forma geral, a reao lcali-agregado ocorre de forma lenta, com a

    reao acontecendo entre as fases da rocha microcristalinas, criptocristalinas e

    amorfas, pois esse tipo de estrutura desordenado e reage mais facilmente

    com os lcalis presentes na soluo dos poros do concreto (DENT GLASSER e

    KATAOKA, 1981; MUNHOZ, 2007).

    Autores como Diamond (1975), Dent Glasser e Kataoka (1981), Paulon

    (1981), Turriziani (1986) apud Couto (2008), Hobbs (1980) e Sims e Poole

    (1992), concordam com a forma como se desenvolve a qumica da reao.

  • 35

    No momento da hidratao do cimento ocorre a produo de silicato de

    clcio hidratado, hidrxido de clcio e sulfoaluminato de clcio. Neste

    momento, ons de clcio passam a ser incorporados nos produtos de

    hidratao, mas sdio e potssio permanecem na soluo e apenas uma

    pequena parte pode ser incorporada aos silicatos de clcio hidratados e

    monosulfatos (FERRARIS, 1995).

    A soluo vai se tornando alcalina a medida que a hidratao do cimento

    prossegue e ocorre dissoluo dos componentes alcalinos do cimento, sendo

    os ons hidroxilas (OH-), que elevam o pH da soluo dos poros. Neste meio,

    algumas rochas (agregados compostos de slica e minerais silicosos) no

    permanecem estveis por longos perodos, pois o aumento do pH contribui

    para um significativo aumento da dissoluo da slica, quanto mais

    desordenada a estrutura da slica, maior a quantidade de ons de slica

    passam para a fluida. Os ons hidroxila reagem com a slica presente na

    superfcie do agregado formando ligaes do tipo silanol (Si-OH), para

    posteriormente iniciar os dois estgios da reao conforme Equao 3.2 e

    Figura 3.11.

    Equao 3.2

    Figura 3.11 - Ruptura das ligaes do grupo siloxano pelo pH elevado

    Fonte: Couto (2008)

    Os ons hidroxila (OH-) ao penetrarem no agregado com fases reativas

    atacam as ligaes Si-O-Si rompendo a sua estrutura. Das quatro ligaes que

    o silcio faz normalmente com oxignio, uma ser ocupada pelo on OH-. Com o

    prosseguimento da reao, grupos de silanol (Si-OH) so rompidos pelos ons

  • 36

    OH- em ons SiO-, sobre a superfcie do agregado. Esse processo

    representado pela Equao 3.3:

    Equao 3.3

    . As cargas negativas criadas pelo rompimento das ligaes so

    balanceadas pelos ons alcalinos com cargas positivas (Na+, K+). Os ons SiO-

    liberados so atrados pelos ctions alcalinos da soluo dos poros, formando

    um gel de silicato alcalino em torno do agregado. Conforme demonstra a

    Equao 3.4 e a Figura 3.12.

    Equao 3.4

    Aps esta etapa ocorre a formao do gel que pode ter composio

    varivel e indefinida, pois influenciada por vrios fatores como afirmou Poole

    (1992) depende da temperatura da reao, concentrao dos reagentes,

    composio da soluo dos poros, fase reativa presente no agregado. Uma

    representao aproximada do gel dada pela Equao 3.5, a Figura 3.12

    representa o processo (DENT GLASSER e KATAOKA, 1981).

    Equao 3.5

    Figura 3.12 - Neutralizao das ligaes do grupo silanol pelas hidroxilas

    Fonte: Couto (2008)

  • 37

    Hobbs (1980) indicou um modelo que explica como a expanso ocorre,

    conforme Figura, dividindo o processo em quatro estgios: sendo o estgio 1

    onde ocorre a expanso do gel (tenso na argamassa) mas que no

    suficiente para causar microfissuras, no estgio 2 ocorre um aumento das

    tenses e est suficiente para que ocorra microfissuras ao redor das

    partculas reativas, o estgio 3 se inicia com a migrao do gel para as

    microfissuras e um alvio de tenses, no estgio 4 o gel das microfissuras

    tambm comea a se expandir causando um aumento das fissuras podendo

    causar grandes expanses.

    Figura 3.13 - Esquema de progresso e consequncia da expanso da RAA

    Fonte: Hobbs (1988)

    3.4 Medidas de mitigao

    Diante dos efeitos to prejudiciais ao concreto que a reao lcali-

    agregado pode causar, as pesquisas atuais tm se voltado para evitar que a

    reao lcali-agregado possa ocorrer. Cada estrutura necessita de uma anlise

    de qual o mtodo mais eficaz de preveno da reao, pois depende do grau

    de umidade a que a pea est submetida, a importncia da estrutura e o

    Estgio 1 Estgio 2 Estgio 3 Estgio 4

    Gel

    Pasta saturada de gel

    Microfissura preenchida por gel

    Microfissura preenchida por gel e envolvida por pasta

    saturada de gel

  • 38

    volume de concreto (HASPARYK, 2005; MUNHOZ, 2007; DE CARVALHO et al.,

    2010; SHEHATA e THOMAS, 2010).

    Para tanto, a norma NBR 15577 (ABNT, 2008a) inovadora e dedica

    uma parte a verificao da eficcia da medida de mitigao adotada e quais as

    medidas preventivas que devero ser adotadas. Alm disso, traz a Tabela 3.2

    representada abaixo indicando limites mximos de lcalis de acordo com as

    medidas preventivas necessrias para a estrutura.

    Tabela 3.2 - Medidas de mitigao

    Intensidade da ao preventiva

    Medidas de mitigao

    Mnima

    1) limitar o teor de lcalis do concreto a valores menores que 3,0kg/m de Na2O equivalente

    2) utilizar cimentos CP II-E ou CP II-Z, conforme ABNT NBR 11578, ou CP III, conforme ABNT NBR 5735, ou CP

    IV, conforme ABNT NBR 5736

    3) usar uma das medidas mitigadoras previstas na ao preventiva de intensidade moderada

    Moderada

    1) limitar o teor lcalis do concreto a valores menores que 2,4 kg/m Na2O equivalente

    2) utilizar cimento CP III, com no mnimo 60% de escria conforme ABNT NBR 5735

    3) utilizar cimento CP IV, com no mnimo 30% de pozolana conforme ABNT NBR 5736

    4) usar uma das medidas mitigadoras previstas na ao preventiva de intensidade forte

    Forte

    1) utilizar materiais inibidores da reao, comprovando a mitigao da reatividade potencial pelo ensaio previsto

    pela norma

    2) substituir o agregado em estudo

    Fonte: NBR 15577 (ABNT, 2008a)

    Como observado, a norma, na maioria dos itens se limita a indicar o uso

    de cimento com baixos teores de lcalis, porm, como citado no item X.XX, que

    descreve os principais componentes envolvidos na reao, outra forma de se

  • 39

    diminuir os efeitos expansivos da RAA por meio das chamadas adies

    ativas (cinzas, ecrias), pois estas diminuem os efeitos da RAA, reduzindo a

    quantidade de lcalis presentes na soluo dos poros, (THOMAS, 2011)

    consequentemente diminuindo a disponibilidade de um dos agentes

    desencadeadores da reao.

    Devido falta de pesquisas no RN sobre os agregados da regio com

    relao a sua reatividade, este trabalho se voltar ao diagnstico da reao,

    no cabendo a discusso mais aprofundada sobre as medidas de mitigao.

    3.5 Mtodos de investigao da RAA

    As pesquisas desenvolvidas j avanaram muito nos dias atuais no que

    diz respeito ao diagnstico e preveno da RAA. Existem vrias normas que

    apresentam mtodos que avaliam o comportamento dos agregados, dentre

    elas, as mais utilizadas so: anlise petrogrfica, microscopia eletrnica de

    varredura, mtodo de acelerado em barras de argamassa e mtodo em

    prismas de concreto.

    3.5.1 Anlise petrogrfica

    Esse mtodo fornece informaes importantes podendo ser utilizado

    tanto no diagnstico da reao quando realizado em concretos afetados pela

    reao (Figura), quando no entendimento das fases cristalinas e amorfas dos

    agregados que se pretende estudar, atualmente, a ABNT NBR 15577-3:2008

    traz informaes sobre o procedimento da anlise em agregados.

    Hasparyk (1999) descreve a o mtodo, em que se deve utilizar um

    microscpio polarizador de luz transmitida para que seja possvel fazer a

    descrio mineralgica dos agregados atravs de lminas delgadas dos

    agregados (ou concretos) que se deseja estudar.

    O estudo dos agregados atravs da anlise petrogrfica visa uma maior

    compreenso sobre sua composio mineralgica, buscando informaes

    acerca de possveis minerais reativos presentes nos agregados conforme

  • 40

    observado no item 3.2.2 desta dissertao a norma j prescreve alguns

    agregados susceptveis a reao.

    Caso a lmina analisada seja de um concreto possivelmente afetado

    pela RAA a busca passa a ser por indcios que comprovem a manifestao

    patolgica, como a presena de bordas escuras nos agregados (Figura 3.14),

    microfissuras invisveis a olho nu, alm da presena de poros preenchidos com

    produto da reao (SANCHEZ, 2008).

    Figura 3.14 - Fragmento de agregado com borda no seu entorno.

    Fonte: Hasparyk et al. (2012)

    Paulon (1981) apud Silva (2009a), Kuperman et al. (2005) e

    posteriormente a prpria norma ABNT NBR 15577-3:2008 indicam que este

    tipo de anlise deve ser feita por um profissional experiente no fenmeno, pois

    a anlise a de depender do conhecimento do petrgrafo referente a quantidade

    de fases reativas que deve existir em um agregado e o potencial reativo desta

    fase, portanto trata-se de um mtodo que no deve ser utilizado de forma

    isolada.

    3.5.2 Microscopia eletrnica de varredura (MEV)

    Este tipo de mtodo vem sendo bastante utilizado para fazer

    diagnsticos de RAA, especialmente quando so feitos ensaios de laboratrio,

    com este mtodo, amostras de concreto ou argamassa so analisadas.

    Atravs desse microscpio possvel identificar tanto a presena do gel

    presente principalmente nas bordas das interfaces pasta/agregado, podendo

  • 41

    tambm estar presente nas microfissuras e preenchendo poros da amostra

    como mostra a figura (HASPARYK, 1999).

    Figura 3.15 - Produtos cristalizados da RAA no poro

    Fonte: Hasparyk (2005)

    3.5.3 Mtodo acelerado em barras de argamassa

    Este mtodo aplica-se a identificao de potencial reativo referente a

    reao lcali-slica ou lcali-silicato e descrito pela ABNT NBR 15577 parte 4

    (2008), baseado na norma americana ASTM C 1260 (2005) e canadense CSA

    A23.2-25 (1994), vem sendo amplamente utilizado no Brasil para a

    identificao de agregados reativos.

    A anlise da reao lcali-agregado feita atravs na variao de

    comprimento de barras de argamassa lidas com auxlio de relgio comparador,

    os agregados devem preencher uma faixa de fraes pr-estabelecidas. Ao

    contrrio da norma americana a brasileira estabelece ainda o teor de lcalis do

    cimento, porm assim como a brasileira fixa a expansibilidade em autoclave

    para que no se confunda expanses geradas pelo xido de magnsio e/ou

    xido de clcio com expanses devido a reao.

    Ao final dos 28 dias de ensaio, caso o agregado apresente expanso

    inferior a 0,19% ele considerado potencialmente incuo, do contrrio,

    potencialmente reativo, no caso do agregado ser potencialmente reativo, pode

    ser utilizado o mtodo que avalia a combinao material cimentcio/agregado.

  • 42

    3.5.4 Mtodo para avaliar a combinao cimento/agregado

    Quando se pretende utilizar um agregado reativo, a norma ainda

    estabelece uma alternativa, pois existem adies cimentcias que podem inibir

    o aparecimento da reao. Dessa forma o ensaio procede da mesma forma

    descrita no item 3.5.3, sendo a nica diferena a possibilidade de utilizar

    qualquer tipo de cimento ou adio.

    Neste caso, aps 14 dias de ensaio, se as amostras obtiverem

    expanses inferiores a 0,10% a ABNT NBR 15577 parte 5 (2008) afirma que o

    potencial mitigador da adio (cimento) foi comprovado, no ocorrendo, so

    necessrios novos testes.

    3.5.5 Mtodo dos prismas de concreto

    Mtodo aconselhado pela ASTM C 1293 (1995), CSA A23.2-14A (1994)

    e ABNT NBR 15577 parte 6 (2008). Que tem por objetivo, assim como o

    mtodo das barras de argamassa, avaliar o potencial reativo de agregados

    (grado ou mido) utilizados nos prismas de concreto atravs da variao do

    comprimento dos mesmos.

    No caso de anlise do agregado grado, este deve ser separado em

    fraes determinadas pela norma e moldados trs corpos de prova com

    dimenses de (75x75x285) mm e relao a/c entre 0,42 e 0,45 em massa, com

    consumo de cimento de 420 kg/m e equivalente alcalino de 1,25% na massa

    de concreto.

    Os corpos de prova devem ser mantidos em soluo alcalina para que se

    acelere o desenvolvimento da reao. No caso das anlises deve ser lembrado

    que um dos dois tipos de agregado sempre deve ser incuo para que se

    analise o potencial reativo do outro.

    O tempo total de ensaio de 1 ano, com leituras aos 7, 28, 56 dias, 3, 6,

    9 e 12 meses. As leituras so feitas com auxlio de relgio comparador.

    No desenvolvimento desta pesquisa foram utilizados os mtodos do

    ensaio acelerado em barras de argamassa, mtodo para avaliar a combinao

    material cimentcio/agregado e ao final a microscopia eletrnica de varredura.

  • 43

    3.6 Casos de RAA no Brasil

    Ainda que no tenham sido oficializados casos de RAA localizados no

    Rio Grande do Norte, existem inmeros outros identificados no Brasil, como

    demonstra a Tabela 3.3.

    Tabela 3.3 - Estruturas de concreto com evidncias de RAA

    Estrutura de Concreto Estado Ano de

    Construo Natureza do

    Agregado Natureza

    da Reao

    Barragem de Tapacur/DNOS

    PE 1975 Granito e gnaisse

    cataclasados

    lcali-silicato

    Base de concreto de instao industrial da White-Martins

    PE 1982 Granito e gnaisse

    cataclasados

    lcali-silicato

    Base de concreto/Angelin PE -

    Rocha granitoide

    deformada e milonito

    lcali-silicato

    Base de concreto Mirueira PE - Biotita

    hosblenda gnaisse

    lcali-silicato

    Base de concreto Benji PE - Biotita, gnaisse

    lcali-silicato

    Base de concreto Pirapama PE - Horblenda,

    biotita, gnaisse lcali-silicato

    Barragem de Paulo Afonso I a IV

    BA/AL 1955-1979 Granito,

    gnaisse e migmatito

    lcali-silicato

    Barragem de Pedras BA 1970 Granito lcali-silicato

    Barragem Joanes II BA 1969-1971 Gnaisse,

    migmatito e granulito

    lcali-silicato

    Barragem Moxot BA/AL 1972-1977 Granito,

    gnaisse e migmatito

    lcali-silicato

    Barragem Sobradinho BA 1979 Quartzito lcali-silicato

    Barragem de Ilha de Pombos

    RJ/MG 1920

    Gnaisse milontico, biotita e gnaisse

    lcali-silicato

    Barragem de Peti MG 1946 Gnaisse lcali-silicato

    Barragem de Furnas MG 1958-1963 Quartzito lcali-

  • 44

    silicato

    Barragem de Biliings/Pedras SP 1926 Granito lcali-silicato

    Barragem de Pedro Beicht SP 1932 Granito-gnaisse

    lcali-silicato

    Barragem Santa Branca SP 1960 Biotita, gnaisse

    cataclstico

    lcali-silicato

    Barra Bonita SP 1963 Basalto lcali-silicato

    Usina Taio SP >50 anos Milonito lcali-silicato

    Barragem de Rio das Pedras

    SP - Mica-xisto e

    gnaisse lcali-silicato

    Tomada dgua/Sistema Cantareira

    SP - Gnaisse

    cataclstico lcali-silicato

    UHE Salto do Meio PR - Basalto lcali-silicato

    UHE Guaricana PR - Milonito, basalto e granito

    lcali-silicato

    Usina Elevatria de Pedreira

    SP - Granito

    gnssico lcali-silicato

    Barragem Paiva de Castro SP - Granito

    gnssico lcali-silicato

    Barragem Ribeiro do Campo

    SP - Milonito lcali-silicato

    Barragem de Cascata SP - Granito/ gnaisse

    lcali-silicato

    Barragem de Atibainha SP - Milonito lcali-silicato

    Reservatrio de Paraibuna SP - Milonito lcali-silicato

    Barragem de Jaguari SP - Gnaisse lcali-silicato

    Barragem de Vossoroca PR - Gnaisse lcali-silicato

    Ponte Paulo Guerra PE 1977 Gnaisses e milonitos

    lcali-silicato

    Fundaes de cerca de 30 prdio residenciais

    PE

    A maior parte na

    dcada de 80

    Gnaisses e milonitos

    lcali-silicato

    Fonte:Hasparyk (1999); Andrade et al. (2006); Battagin et al. (2009)

  • 45

    CAPTULO 4 .

    Metodologia Experimental

    Neste captulo so apresentados os materiais utilizados e o

    procedimento experimental adotado, com a finalidade de alcanar os objetivos

    definidos para a pesquisa.

    A dosagem dos corpos de prova de argamassa utilizados em todos os

    ensaios foi feita respeitando o que prescreve a norma NBR 15577 (ABNT,

    2008a), a moldagem, assim como toda a caracterizao fsica das amostras,

    foram feitas no Laboratrio de materiais de construo da Diretoria Acadmica

    de construo civil - DIACON no IFRN. A determinao da expanso pelo

    mtodo acelerado em barras de argamassa foi realizada no laboratrio da

    empresa TECOMAT em Recife.

    Visando um maior entendimento dos materiais bem como mudanas na

    composio qumica, mineralgica e/ou microestrutural das argamassas, os

    materiais de partida (p de pedra) e as argamassas endurecidas foram

    caracterizados qumica, mineralgica e microestruturalmente nos laboratrios

    da Diretoria Acadmica de Recursos Naturais - DIAREN IFRN.

    O trabalho avaliou o potencial reativo dos agregados utilizados na

    Grande Natal e posteriormente caracterizao da argamassa exposta ao banho

    trmico em soluo de NaOH durante 28 dias, objetivando fazer uma

    comparao entre o cimento-padro descrito pela norma e o cimento CPV ARI-

    RS, devido ao elevado uso deste tipo de cimento nas obras da regio.

    Na primeira fase do trabalho, coletaram-se amostras de p de pedra de

    quatro jazidas distintas (que sero denominadas neste trabalho como J1, J2, J3

    e J4) provenientes da Grande Natal, escolhidas de acordo