direitos humanos - aula alteracoes - nf · 2013-03-21 · escravidão e o tráfico de escravos...

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[email protected] http://natashaferreira.wordpress.com/ 1 DIREITOS HUMANOS http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=136600 PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/pacto_dir_politicos.htm PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/san jose.htm CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (1969)* (PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA) http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/dis crimulher.htm CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4316.htm Sugestão de leitura: Flávia Piovesan, Fábio Konder Comparato (A AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS), Pedro Lenza, Flávia Bahia. DIREITOS HUMANOS: CONCEITOS DIREITOS HUMANOS X DIREITOS FUNDAMENTAIS Os “direitos humanos” ou os “direitos fundamentais” formam o centro mais valioso dos direitos e se relacionam à vida, à liberdade, à propriedade, à segurança e à igualdade, com todos os seus desdobramentos. A expressão “direitos humanos” é utilizada pela Filosofia do Direito e ainda pelo Direito Internacional Público e Privado. Já os “direitos fundamentais” seriam os direitos humanos positivados em um sistema constitucional, analisados sob o enfoque do direito interno. DIREITOS X GARANTIAS FUNDAMENTAIS “Direito”, em sua acepção clássica, seria a disposição meramente declaratória que imprime existência legal ao direito reconhecido. É a proteção ao bem, ao interesse tutelado pela norma jurídica configurando verdadeiro patrimônio jurídico. As “garantias”, por sua vez, traduzem-se no direito dos cidadãos de exigir dos poderes públicos a proteção de seus direitos. Servem para assegurar os direitos através da limitação do poder, possuindo caráter instrumental, atuando como mecanismos prestacionais na tutela dos

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DIREITOS HUMANOS http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=136600 PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/pacto_dir_politicos.htm PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose.htm CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (1969)* (PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA) http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/discrimulher.htm CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4316.htm Sugestão de leitura: Flávia Piovesan, Fábio Konder Comparato (A AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS), Pedro Lenza, Flávia Bahia.

DIREITOS HUMANOS: CONCEITOS DIREITOS HUMANOS X DIREITOS FUNDAMENTAIS Os “direitos humanos” ou os “direitos fundamentais” formam o centro mais valioso dos direitos e se relacionam à vida, à liberdade, à propriedade, à segurança e à igualdade, com todos os seus desdobramentos. A expressão “direitos humanos” é utilizada pela Filosofia do Direito e ainda pelo Direito Internacional Público e Privado. Já os “direitos fundamentais” seriam os direitos humanos positivados em um sistema constitucional, analisados sob o enfoque do direito interno.

DIREITOS X GARANTIAS FUNDAMENTAIS “Direito”, em sua acepção clássica, seria a disposição meramente declaratória que imprime existência legal ao direito reconhecido. É a proteção ao bem, ao interesse tutelado pela norma jurídica configurando verdadeiro patrimônio jurídico. As “garantias”, por sua vez, traduzem-se no direito dos cidadãos de exigir dos poderes públicos a proteção de seus direitos. Servem para assegurar os direitos através da limitação do poder, possuindo caráter instrumental, atuando como mecanismos prestacionais na tutela dos

 

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direitos. Dividem-se em garantias gerais e específicas. Direitos e garantias servem tanto a defesa da propriedade, vida, liberdade, segurança, igualdade, como com seus desdobramentos. Segundo Rui Barbosa os direitos tem conteúdo mais material, eles imprimem um sentido legal a existência de um determinado direito. Ex. Caput art. 5º CF – é um dispositivo típico, declaratório que imprime um sentido legal a esse grupo de direitos tão significativos. Mas não adianta apenas apresentar materialmente esses direitos, é preciso também estabelecer um grupo de garantias que vão funcionar como ferramentas em defesa desses direitos fundamentais. Então as garantias são normas de conteúdo mais processual e visam garantir/defender que esses direitos sejam sempre cumpridos, sejam sempre respeitados por parte do Estado. José Afonso da Silva quando se refere a garantias fundamentais ainda faz a sua divisão, em Garantias Fundamentais gerais e específicas. Garantias fundamentais: Gerais – compostas pelos princípios que instruem o processo, o devido processo legal ,ampla defesa, contraditório, acesso à justiça, inafastabilidade do controle jurisdicional, vedação as provas ilícitas, presunção de inocência. São as principiológicas, os princípios presentes expresso e implicitamente na CF que visam garantir que a decisão seja mais justa possível. Específicas – são compostas pelos remédios constitucionais, que estão a serviço dos direitos fundamentais. Remédios Constitucionais: Administrativos ( art. 5º XXXIV) e Judiciais (ações constitucionais - art. 5º, LXVIII a LXXIII) O autor lembra que nem sempre é fácil distinguir direito de garantia. Às vezes a linha que separa é tênue. Ex. 5º, LXXIII – ação popular preserva direitos difusos e no mesmo inciso encontramos a ação de preservação imposta pelo cidadão. Direitos e garantias se confundem. Gilmar Mendes em seu livro de direito. constitucional diz que a CF/88 adota um sentido unívoco entre direitos e garantias. Pois não faz uma separação cartesiana. Não conseguimos ler a CF e identificar claramente esse é o direito aquilo é a garantia , já que há uma relação simbiótica entre direito e garantia. Embora o autor reconheça que haja uma divisão clássica, direito base mais material e garantia base mais processual em defesa dos direitos fundamentais. Garantias fundamentais gerais: são aquelas que vêm convertidas em normas constitucionais que proíbem os abusos de poder e todas as espécies de violação aos direitos que elas asseguram e procuram tornar efetivos. Realizam-se por meio de princípios, tais como: o da legalidade, o da liberdade, princípio do devido processo legal etc. Garantias fundamentais específicas: são aquelas que instrumentalizam, verdadeiramente, o exercício dos direitos, fazendo valer o conteúdo e a materialidade das garantias fundamentais gerais. São exemplos: o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data, o mandado de injunção, a ação popular, o direito de petição etc. São chamados de “remédios constitucionais” por designar um recurso aquilo que combate o

 

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mal, qual seja, o desrespeito ao direito fundamental. DIREITOS HUMANOS: CARACTERÍSTICAS FGV – Direitos humanos – traz a parte do direito interno e internacional de forma conjunta. a) Relatividade STF diz que no Brasil não há direitos ou garantias fundamental que possam ser absolutos, o STF entende que como é muito comum que os princípios relacionados aos direitos fundamentais entrem numa rota de conflito, é muito comum a necessidade de ponderar esses direitos em conflito, e muitas vezes relativizar um direito em prol de outro direito. STF entende que não há direito ou garantia fundamental que tenha natureza absoluta, pois numa situação de conflito os direitos podem (devem) ser relativizados. Os direitos fundamentais não são absolutos, pois podem ser relativizados diante de situações em conflito. Importante destacar que de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 existiriam alguns direitos fundamentais que não poderiam em hipótese alguma ser desrespeitados, como por exemplo, a vedação à escravidão e à tortura, como abaixo transcrito:

“Artigo IV Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.” “Artigo V Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.” Em uma questão de prova a lembrança é de que no direito brasileiro o STF já pacificou entendimento de que não há direito ou garantia fundamental de natureza absoluta. b) Complementariedade

Os direitos fundamentais não são analisados sob o prisma isolado, pois estão numa relação de complementariedade, ou seja, os direitos sociais reforçam os direitos individuais, os direitos difusos ampliam as garantias para a tutela coletiva e é nessa simbiose que eles devem ser compreendidos e respeitados. c) Indisponibilidade Como não possuem natureza econômico-financeira, o núcleo dos direitos fundamentais não poderá ser transacionado por inteiro, ainda que alguns aspectos concretos dos direitos fundamentais possam ser eventualmente passíveis de negociação, como nos contratos de reality show, por exemplo. Então o núcleo essencial é o núcleo indisponível, você não esgota o núcleo transacionando/negociando. Suas manifestações concretas são possíveis,

 

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eventualmente, de algum tipo de negociação, preservando-se, entretanto o seu núcleo essencial. d) Imprescritibilidade

Os direitos fundamentais não estão sujeitos ao decurso do tempo, por isso se diz que são imprescritíveis. e) Universalidade Esta característica está em harmonia com o envolvimento dos países com a comunidade jurídica internacional depois da 2ª Guerra Mundial de uma maneira muito contundente e pode ser analisada sob dois enfoques. Inicialmente, a titularidade deverá proteger o maior número de destinatários, sem preconceitos de raça, cor, sexo, idade, nacionalidade ou condição social. Em segundo lugar, podemos falar na relativização do próprio conceito de soberania estatal, em prol da soberania do indivíduo. “Todos os seres humanos merecem igual respeito e proteção, a todo tempo e em todas as partes do mundo em que se encontrem” (Fábio Konder Comparato)

Os Direitos Fundamentais possuem essa característica pois se estendem a todas as pessoas. Os Direitos Fundamentais não tem um carimbo de um país específico, não estão relacionados ao sexo, idade orientação sexual, a cor, a existência ou não de algum tipo de deficiência. Os direito. derivam da natureza humana. Os direito. derivam do simples fato de sermos pessoas humanas. Os direitos são universais pois se destinam a todas as pessoas independentes das características externas do indivíduo. A declaração de direitos de Virginia de 1776 já dizia, que os direitos derivavam do simples fato de sermos seres humanos. No pós 2a Guerra Mundial, a Declaração Universal dos Direitos Humanos trouxe a restauração da defesa da dignidade da pessoa humana indicando que todos seres humanos gozam da preservação de seus direito. sociais, indiferente das características externas. Alguns autores dizem que 1945 nós tivemos a virada Kantiana, pois Kant dizia que a única e verdadeira razão de ser do estado era a defesa dos direitos humanos, defesa do indivíduo/ pessoa humana. O outro angulo da universalidade, é o que trata do conceito da necessidade de relativizar a soberania estatal, vista em termos quase que absolutos até a 2a Guerra Mundial, em prol da soberania do individuo. Como se até 1945, todas as decisões do estado, todo seu território, toda sua politica fosse respeitada, como se o conceito de soberania estatal fosse visto como se fosse absoluto. A 2a Guerra Mundial nos trouxe o pós guerra, com a reflexão de que houvesse entre os estados uma união em prol de um futuro de maior humanidade. A noção de que o ser humano precisa ser tratado de uma maneira mais digna, é uma noção que trouxe a necessidade de relativizar, de realizar uma releitura do contexto clássico de soberania estatal. A universalidade também é analisada em termos de ruptura de soberania estatal, internacionalização dos direitos humanos, independente das fronteiras internacionais. De 1945 em diante há uma reconquista da

 

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dignidade da pessoa humana, em defesa do individuo que é o sujeito principal da atualidade, pelo menos em termos formais. f) Irrenunciabilidade Não há possibilidade de alguém renunciar ao núcleo do seu direito fundamental, esvaziando- o por completo. Com isso o Estado estaria protegendo o indivíduo contra si mesmo, por exemplo, o Brasil garante a todos o direito fundamental à vida, mas não o direito à morte, proibindo a eutanásia. Temos direito público subjetivo à vida, mas não a morte. g) Historicidade É uma característica fundamental dos nosso direitos, eles não nascem no século XXI, eles nos acompanham desde os primórdios. A internacionalização desses direitos é um fenômeno recente na historia da humanidade, mas a relação dos direitos fundamentais com a historia é muito próxima, foram sendo agregados, se complementando ao longo dos anos, sofrendo e restaurando a sua defesa, dependendo do momento histórico anunciado. As dimensões caracterizam bem essa natureza histórica. Os direitos fundamentais não têm natureza definitiva, pois continuam sendo construídos ao longo da história e estão em constante processo de modificação. Enfrentaram guerras, morte, lutas e as gerações dos direitos fundamentais explicam justamente isso, o ganho pontual que os direitos foram recebendo ao longo da história. h) Abstratos Derivam da natureza humana, e não das características externas que nos cercam, não importa a nacionalidade. Como os direitos fundamentais são do homem e não apenas de franceses ou ingleses, são abstratos. GERAÇÕES OU DIMENSÕES DOS DIREITOS (Manoel Gonçalves Ferreira Filho)

a) Direitos de primeira dimensão Se analisarmos a declaração americana de 1776, Bill of Rights de 1688, declaração francesa de 1789, e uma série de documentos históricos até o séc. XIX , vamos encontrar que esses documentos trazem: as liberdades negativas, o basta (busca da igualdade perante a lei, não se fazia grandes exigências do estado. Liberdades negativas – o estado em principio para garantir o direito a vida precisava não matar, liberdade, precisava não prender, é a geração que quer a mínima intervenção do estado.) Direitos de primeira dimensão Ex. direito. À vida, liberdade, propriedade, igualdade perante a lei (igualdade em sentindo formal). Inauguram o movimento constitucionalista fruto dos ideários iluministas do

 

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século XVIII. Os direitos defendidos nessa geração cuidam da proteção das liberdades públicas, civis e direitos políticos. Nesta fase, o Estado teria um dever de prestação negativa, isto é, um dever de nada fazer, a não ser respeitar as liberdades do homem. Seriam exemplos desses direitos: a vida, a liberdade de locomoção, a liberdade de opinião, a liberdade de expressão, à propriedade, à manifestação, à expressão, ao voto, ao devido processo legal, direitos políticos, nacionalidade, etc. b) Direitos de segunda dimensão Boaventura de Souza Santos diz que o homem na primeira geração pensava que mínima intervenção do estado já seria suficiente, mas na passagem do estado liberal pro estado do bem estar social, o homem começa a perceber que não é igual aos seus semelhantes, que a igualdade perante a lei não garante a verdadeira igualdade, em sentido substancial. A segunda dimensão traz a tutela das liberdades positivas, dos direitos sociais, da liberdade não mais perante a lei, mas a igualdade em sentido material, na luta pela justiça social. É o olhar aos hipossuficientes, e tenta trazer um tratamento mais equilibrado entre as pessoas, para que todos possam usufruir dos bens, dos serviços, dos diretos, das garantias oferecidas pelo estado. Sob a inspiração principal do Tratado de Versalhes, de 1919, pelo qual se definiram as condições de paz entre os Aliados e a Alemanha e a criação da Organização Internacional do Trabalho – a OIT- nasce a denominada segunda dimensão de direitos fundamentais, que traz proteção aos direitos sociais, econômicos e culturais, onde do Estado não mais se exige uma abstenção, mas, ao contrário, impõe-se a sua intervenção. Ex. constituição mexicana 1917, constituição de Weimar (alemã) 1919 conhecida como sendo a grande constituição social. 1G – defesa da igualdade perante a lei ( igualdade formal) 2G – igualdade material – visando uma justiça social, mais digna para todas as pessoas, traz um olhar para os hipossuficientes. Nesse diapasão, seriam exemplos clássicos desses direitos: o direito à saúde, ao trabalho, à assistência social, à educação e o direito dos trabalhadores. c) Direitos de terceira dimensão Vem a segunda guerra, a grande ruptura nos direitos humanos no séc. XX, e com o final da guerra vem um espirito de solidariedade, de fraternidade, de união entre os povos Terceira dimensão surge com o fim da 2a Guerra Mundial, a declaração universal dos diretos humanos é um do grandes documentos que traz a defesa da fraternidade como sendo um direito fundamental – união entre os povos, proteção dos direitos difusos.

 

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Preocupa-se com a igualdade, mas buscando uma justiça pluralista, é a justiça que visa defender os direitos das minorias. Traz um viés na defesa da igualdade um pouco distinto das outras gerações. 1G – defesa da igualdade perante a lei ( igualdade formal) 2G – igualdade material – visando uma justiça social, mais digna para todas as pessoas, traz um olhar para os hipossuficientes. 3G - É uma igualdade material, substancial, mas visa defender os direitos das minorias, mulheres, afrodescendentes, homossexuais, idosos, deficientes físicos, são exemplos de grupos de pessoas que foram ao longo da historia discriminadas e que precisam de algum privilégio, as vezes, tratar um grupo com desigualdade significa exatamente a igualdade, tratando os desiguais na medida na medida das suas desigualdades. Traz a ideia de que a justiça só é real se conseguir atingir a todas as pessoas, não é uma justiça calcada apenas na hipossuficiência, o olhar da igualdade na 3G visa buscar uma justiça pluralista, uma forma de viabilizar essa justiça pluralista é a realização das ações afirmativas, como o sistema de cotas nas universidades, leis de incentivo a mulher no mercado de trabalho, e dai por diante. Essas três dimensões são as clássicas, reconhecidas pelo STF e normalmente apresentadas pelos autores de direitos humanos, mas sabemos que muitos autores trouxeram a visão de quatro e até mesmo de cinco dimensões, já se fala de seis que é a busca da felicidade.

Essas gerações estão interligadas, não há uma separação cartesiana entre elas, muitos garantistas, inclusive Flavia Piovesan, dizem que essas divisões não trouxeram muitos benefícios para os direitos fundamentais, pois da mesma maneira que os divide, o estado acaba fragmentando a sua proteção, por isso os direitos devem sempre ser analisados de uma maneira completar, os direitos se agregam uns nos outros, e não devem ser pensados de forma isolada, pois isso traz uma perda na sua proteção. Marcada pelo espírito de fraternidade ou solidariedade entre os povos com o fim da Segunda Guerra Mundial, a terceira geração representa a evolução dos direitos fundamentais para alcançar e proteger aqueles direitos decorrentes de uma sociedade já modernamente organizada, que se encontra envolvida em relações de diversas naturezas, especialmente aquelas relativas à industrialização e densa urbanização. Nesta perspectiva, são exemplos desses direitos: direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o direito à comunicação, o direito à autodeterminação entre os povos e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. POSIÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO SISTEMA NORMATIVO Fábio Konder Comparato (A AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS)

 

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I - A Magna Carta, Inglaterra – 1215 Principais disposições: Lança as bases do tribunal do júri, bem como do princípio do paralelismo entre delitos e penas, dando início, com isto, ao lento processo histórico de abolição das penas criminais arbitrárias ou desproporcionais; Garantia do respeito à propriedade privada contra os confiscos ou requisições, decretados abusivamente pelo soberano ou seus oficiais. Traz um viés de direitos primeira geração. Defesa da liberdade, vida, propriedade. O que marca a magna carta são os direitos de primeira geração. E nesse momento histórico não podemos falar em agregar valores aos direitos sociais. Surge o princípio do devido processo legal, ao estabelecer que os homens livres devem ser julgados pelos seus pares e de acordo com a lei da terra”; Reconhece-se a liberdade de ingresso e saída do país, bem como a livre locomoção dentro de suas fronteiras, a qualquer pessoa em geral. II- Lei de Habeas Corpus (Habeas Corpus Act) – Inglaterra – 1679 Principais destaques: A importância histórica do habeas-corpus, tal como regulado pela lei inglesa de 1679, consistiu no fato de que essa garantia judicial, criada para proteger a liberdade de locomoção, tornou-se a matriz de todas as que vieram a ser criadas posteriormente, para a proteção de outras liberdades fundamentais, como o mandado de segurança, por exemplo. III - Declaração de Direitos (Bill of Rights) –Inglaterra – 1689

O essencial do documento consistiu na instituição da separação de poderes, com a declaração de que o Parlamento é um órgão precipuamente encarregado de defender os súditos perante o Rei, e cujo funcionamento não pode, pois, ficar sujeito ao arbítrio deste. Ademais, o Bill of Rights veio fortalecer a instituição do júri e reafirmar alguns direitos fundamentais dos cidadãos, os quais são expressos até hoje, nos mesmos termos, pelas Constituições modernas, como o direito de petição e a proibição de penas inusitadas ou cruéis. IV- A Declaração de Direitos Americana Principais destaques: A Declaração de Direitos de Virgínia (1776) A importância histórica da Declaração de Independência está justamente aí: é o primeiro documento político que reconhece, a par da legitimidade da soberania popular, a existência de direitos inerentes a todo ser humano, independentemente das diferenças de sexo, raça, religião, cultura ou posição social. Expressou os fundamentos do regime democrático ao reconhecer os direitos inatos de toda pessoa humana que não podiam ser alienados ou suprimidos por uma decisão política e ainda destacou a importância da soberania popular. É importante assinalar que os dois primeiros parágrafos da declaração de

 

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Virgínia expressam com nitidez os fundamentos regime democrático: o reconhecimento de "direitos inatos" de toda pessoa humana, os quais não podem ser alienados ou suprimidos por uma decisão política, é o principio de que todo poder emana do povo, sendo os governantes a este subordinados. Defesa da igualdade perante a lei. A liberdade de imprensa como um dos grandes baluartes da liberdade V- As Declarações de Direitos Francesa Principais destaques: A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) Defesa das liberdades individuais; No campo penal, o princípio da legalidade e o da anterioridade da pena foram consagrados; Duas preocupações máximas da burguesia foram rigorosamente atendidas: a garantia da propriedade privada contra expropriações abusivas e a estrita legalidade na criação e cobrança de tributos. A Declaração dos Direitos na Constituição de 1791 Cuidou-se, sobretudo, de reforçar o caráter anti-aristocrático e antifeudal do novo regime político, bem como de nacionalizar os bens pertencentes a eclesiásticos ou a congregações religiosas, declarados doravante "bens nacionais". Reconheceu pela primeira vez na história a existência de direitos humanos de caráter social com a criação de um estabelecimento geral de Assistência Pública, para educar as crianças abandonadas, ajudar os enfermos pobres. Estabeleceu que o Poder Legislativo não poderia fazer nenhuma lei que prejudicasse ou impedisse o exercício dos direitos naturais e civis garantidos pela Constituição VI - A Convenção de Genebra – 1864 Principais destaques: Inaugura o direito humanitário, que veio a ser desenvolvido no século seguinte após as guerras mundiais Serviu como base para a criação, em 1880, da Comissão Internacional da Cruz Vermelha, mundialmente conhecida. VII – A Constituição Mexicana – 1917 A Carta Política mexicana de 1917 foi a primeira a atribuir aos direitos trabalhistas a qualidade de direitos fundamentais, juntamente com as liberdades individuais e os direitos políticos. Proibição de reeleição do Presidente da República Garantias para as liberdades individuais e políticas Quebra do poderio da Igreja Católica Expansão do Sistema de educação pública Reforma agrária Proteção do trabalho assalariado

 

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VIII- A Constituição Alemã (Weimar) – 1919 Instituiu a primeira república alemã Igualdade jurídica entre marido e mulher Equiparou os filhos ilegítimos aos legítimos com relação à política social do Estado Proteção à família e à juventude Proteção à educação pública e aos direitos trabalhistas e previdenciários A função social da propriedade (“a propriedade obriga”) IX- A Carta das Nações Unidas A Carta das Nações Unidas foi assinada em São Francisco, a 26 de junho de 1945, após o término da Conferência das Nações Unidas sobre Organização Internacional, entrando em vigor a 24 de outubro daquele mesmo ano. O Estatuto da Corte Internacional de Justiça faz parte integrante da Carta. NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra,que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla. RESOLVEMOS CONJUGAR NOSSOS ESFORÇOS PARA A CONSECUÇÃO DESSES OBJETIVOS. Em vista disso, nossos respectivos Governos, por intermédio de representantes reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem seus plenos poderes, que foram achados em boa e devida forma, concordaram com a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de Nações Unidas (ONU). E PARA TAIS FINS, praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum, a empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos. Os autores garantistas quando se referem a carta das nações unidas dizem que a carta traz esse novo momento na historia, da união dos estados em

 

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prol de um futuro mais digno para todos, com a primazia da dignidade da pessoa humana, mas anuncia uma serie de direitos que não define, ai se diz que para exteriorizar o que a carta dizia, veio a declaração universal do direitos humanos, que contextualiza esses direitos. X- A ONU A Organização das Nações Unidas é uma instituição internacional formada por 193 Estados soberanos, fundada após a 2ª Guerra Mundial para manter a paz e a segurança no mundo, fomentar relações cordiais entre as nações, promover progresso social, melhores padrões de vida e direitos humanos. Os membros são unidos em torno da Carta da ONU, um tratado internacional que enuncia os direitos e deveres dos membros da comunidade internacional. A carta não traz esses direitos pormenorizados, e sim a declaração universal dos direitos humanos. As Nações Unidas são constituídas por seis órgãos principais: a Assembléia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela, o Tribunal Internacional de Justiça e o Secretariado. Todos eles estão situados na sede da ONU, em Nova York, com exceção do Tribunal, que fica em Haia, na Holanda. http://www.onu.org.br/conheca-a-onu/como-funciona/ Ligados à ONU há organismos especializados que trabalham em áreas tão diversas como saúde, agricultura, aviação civil, meteorologia e trabalho – por exemplo: OMS (Organização Mundial da Saúde), OIT (Organização Internacional do Trabalho), Banco Mundial e FMI (Fundo Monetário Internacional). Estes organismos especializados, juntamente com as Nações Unidas e outros programas e fundos (tais como o Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF), compõem o Sistema das Nações Unidas. XI- A Declaração Universal dos Direitos Humanos – 1948 Tem duas características principais: a universalidade e a indivisibilidade. DU foi criada através de uma resolução da ONU, não é formalmente um tratado internacional, é uma resolução, e funciona como uma recomendação, muito embora seu efeito vinculante esteja claro. Se fala em universalidade, pois são direitos que se estendem a todas as pessoas, independente de qualquer característica externa ao individuo. Importante destacar que o brasil manifestou adesão a DUDH em 10/12/1948. Como foi feita em forma de resolução, muitos estados diziam que a declaração não trazia normas formais, que a declaração é uma mera recomendação, e na década de 60 ela é pormenorizada em 2 pactos: pactos de direitos civis e pactos de direitos sociais. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um dos documentos básicos das Nações Unidas e foi assinada em 10 de dezembro de

 

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1948. Nela, são enumerados os direitos que todos os seres humanos possuem. “Todos os seres humanos nascem livres (1G) e iguais (2G) em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade(3G).” Art. I “No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.” (Artigo XXIX) “Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados”. (Artigo XXVIII) Em 66 a DUDH foi dividida em 2 pactos, o pacto civil trazendo os direitos de primeira geração, e o pacto dos direitos sociais trazendo os direitos de segunda dimensão. Brasil ratificou esses pactos por meio dos decretos 591/592 (1992).

XII- Os Pactos Internacionais de Direitos Humanos – 1966 Em 16 de dezembro de 1966, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou dois pactos internacionais de direitos humanos que desenvolvera, pormenorizadamente o conteúdo da Declaração Universal de 1948: Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos 1G Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 2G O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos Consagra o direito à autodeterminação dos povos. Assenta o princípio da igualdade essencial de todos os seres humanos. Não se admite regressões com relação aos direitos fundamentais - progresso Vedação à tortura, penas cruéis, aos ratamentos desumanos ou degradantes. Vedação à escravidão. Princípio do livre acesso ao Poder Judiciário. Reconhece o direito de reunião. Criou o Comitê de Direitos Humanos – para fiscalizar o pacto Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais Proteção das classes ou grupos sociais desfavorecidos contra a dominação socioeconômica exercida pela minoria rica e poderosa. Proteção ao trabalho e à previdência social. Direito à moradia. Direito à saúde. Desafios para a sua concretização. Não criou nenhum órgão de fiscalização e controle.

 

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Decidiu-se, por isso, separar essas duas séries de direitos em tratados distintos, limitando-se a atuação fiscalizadora do Comitê de Direitos Humanos unicamente aos direitos civis e políticos, e declarando-se que os direitos que têm por objeto programas de ação estatal seriam realizados progressivamente, "até o máximo dos recursos disponíveis" de cada Estado. Essa divisão do conjunto dos direitos humanos em dois Pactos distintos é, em grande medida, artificial. Temos, assim, que o direito à autodeterminação dos povos é reconhecido, de forma idêntica, no artigo 1º de ambos os Pactos, o mesmo sucedendo com o direito de sindicalização (art. 2º do Pacto sobre Direitos Civis e Políticos e artigo 8º do Pacto sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais). De qualquer forma, os redatores estavam bem conscientes de que o conjunto dos direitos humanos forma um sistema indivisível, pois o preâmbulo de ambos os pactos é idêntico. XIII - A Convenção Americana de Direitos Humanos – 1969 http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose.htm Traz direitos de primeira geração, se inspirou no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Em 88, com a inserção pelo Protocolo de San Salvador passou a receber também os direitos de 2 G. http://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/e.Protocolo_de_San_Salvador.htm Aprovada na Conferência de São José da Costa Rica em 22 de novembro de 1969, a Convenção reproduz a maior parte das declarações de direitos constantes do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos Principais destaques: Proteção do direito à vida desde o momento da concepção Prisão Civil apenas ao devedor de alimentos Liberdade de atividade empresarial em matéria de imprensa, rádio e televisão Defesa do direito ao nome Vedação a todas as formas de exploração do homem pelo homem XIV- O Estatuto do Tribunal Penal Internacional (Tratado de Roma) – 1998 Encerradas as hostilidades da Segunda Guerra Mundial, instalaram-se, em Nuremberg e Tóquio, tribunais militares com competência para julgar os responsáveis por crimes de guerra e crimes contra a humanidade, perpetrados pelas antigas autoridades políticas e militares da Alemanha nazista e do Japão imperial. Em maio de 1947, o jurista francês Henri Donnedieu de Vabres, que foi juiz do Tribunal Militar de Nuremberg, voltou a formular a proposta de criação de um tribunal penal permanente no âmbito internacional. A Assembléia Geral das Nações, reunida em Paris, aceitou a idéia em 9 de dezembro de 1948, exatamente na véspera da aprovação da Declaração Universal dos

 

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Direitos Humanos. A Comissão de Direito Internacional foi então oficialmente encarregada de estudar o projeto. Em junho de 1950, ao concluir seu relatório, a Comissão entendeu que a criação do tribunal era "desejável" e "possível". O Estatuto incluiu na competência do Tribunal Penal apenas quatro crimes: “o crime de genocídio, os crimes contra a humanidade, os crimes de guerra e o crime de agressão” – imprescritíveis. Sua criação constitui um avanço importante, pois esta é a primeira vez na história das relações entre Estados que se consegue obter o necessário consenso para levar a julgamento, por uma corte internacional permanente, políticos, chefes militares e mesmo pessoas comuns pela prática de delitos da mais alta gravidade, que até agora, salvo raras exceções, têm ficado impunes, especialmente em razão do princípio da soberania. No brasil encontramos uma série de prerrogativas e imunidades cercando presidente, deputados, senadores, e demais autoridades, o TPI não reconhece nenhuma imunidade diplomática, nenhuma imunidade parlamentar, ou do executivo, pois se o TPI reconhecesse essas imunidades não poderia julgar ninguém. Todos esses 4 tipos de crime são considerados imprescritíveis, diante da sua gravidade para com a humanidade. Decreto 4388/2002 – encontramos que esses crimes são bem organizados e estão tipificados , salvo os crimes de agressão, pois na época da criação do estatuto havia uma preocupação que esses crimes tivessem um viés mais politico, então para evitar essa politização do TPI se evitou tipificar os crimes de agressão. a) Crimes de genocídio: matar membros de um grupo ou comunidade étnica; provocar lesões a membros do mesmo grupo; submeter a maus tratos que comportam a destruição física total ou parcial do grupo étnico; impor medidas anticoncepcionais ou capazes de causar a esterilidade; transferir forçadamente grupos de crianças para um grupo diferente. b) Crimes contra a humanidade: homicídio; extermínio; escravidão; deportação; aprisionamento com violação das normas do direito internacional; torturas; estupro, escravidão sexual, prostituição forçada, violência sexual; perseguição de grupos ou comunidades por motivos políticos, raciais, culturais, religiosos; desaparecimento forçado de uma ou mais pessoas; apartheid; atos inumanos que provocam graves sofrimentos. c) Crimes de guerra: para tal definição, foram utilizados os instrumentos jurídicos de Direito Internacional Humanitário, em particular a Convenção de Genebra, de 12 de agosto de 1949. d) Crimes de agressão: esses crimes são de natureza política por

 

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excelência. Devido a isso, argumenta-se que a inclusão de tais crimes no Estatuto da Corte implicaria na “politização” dos seus trabalhos, colocando em risco a sua independência. Por isso, os Crimes de Agressão não tiveram, no Estatuto, uma definição precisa. O Tribunal Penal Internacional compõe-se de 18 juízes, três a mais do que na Corte Internacional de Justiça. O Estatuto abre ainda ao órgão da Presidência a faculdade de propor a ampliação desse número. O Tribunal será integrado por 18 juízes, no mínimo, que se distribuirão por três Seções: a Seção de Questões Preliminares, incumbida de examinar a admissibilidade dos processos, a Seção de Primeira Instância, que proferirá os julgamentos, e a Seção de Apelações, responsável pela apreciação dos recursos. A escolha dos juízes caberá à Assembléia dos Estados-partes, recaindo sobre pessoas que gozem de elevada consideração moral, imparcialidade e integridade, e que possuam as condições exigidas para o exercício das mais altas funções judiciárias de seu país, além dominarem uma das línguas oficiais da Corte (inglês, francês, espanhol, russo e árabe) Estão sujeitos à jurisdição do Tribunal os Estados-partes e os respectivos nacionais, assim como todos aqueles que se encontrem em seu território ou em navios e aviões que estejam sob sua bandeira. Também se incluem entre os jurisdicionados da Corte os Estados que submeterem à mesma algum caso específico, ainda que não tenham aderido ao Tratado. O TPI não tem jurisdição em todos os estados, o TPI tem jurisdição em todos os estados partes, e são mais de 120 países, alguns países não manifestaram adesão, como EUA, China, então em principio o TPI não tem jurisdição sobre esses estados, salvo se esses próprios estados requisitarem a atuação do TPI. A idade para julgamento no TPI é 18 anos completos, somente pessoas naturais são levadas a julgamento, TPI não tem competência para julgar pessoas jurídicas, em caso de condenação temos pena de até 30 anos de reclusão, e temos a pena de prisão perpetua, não há pena de morte. Mas o direito brasileiro não admite prisão perpetua, mas observem que a força do TPI no brasil se tornou maior com a EC 45/04 que acrescentou ao art. 5o o § 4º, o TPI não admite reservas, ou o Brasil aderia completamente ao estatuto de Roma, ou ficava no grupo dos países que negaram a sua jurisdição, o Brasil preferiu aceitar o TPI, muito embora haja muita discussão sobre a efetividade do TPI no direito brasileiro, pois, inegavelmente o TPI é uma realidade e sua criação é constitucional, mas a sua efetividade no direito pátrio esta pendente de decisão. Em 2009 o brasil recebeu o mandado de prisão internacional pois o presidente do Sudão estava sendo levado a julgamento, e o TPI mandou um mandado de prisão internacional para que o país que estivesse com ele o mandasse para Haia para julgamento. O supremo recebe essa petição, e num informativo traz a preocupação com a efetividade do TPI, pois o brasil não vai entregar ninguém para que seja levado a prisão perpétua, e como o

 

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estatuto não aceita reservas essa questão fica indefinida. A inconstitucionalidade do TPI é inegável, a grande dificuldade é quanto a sua efetividade. Foi usada a expressão entrega, e não extradição (ato por meio do qual um estado entrega um individuo para outro estado que é competente para processa-lo e julga-lo, a extradição esta num tratado que deve existir entre os estados partes), agora a entrega ou “surrender” é o processo de encaminhamento de um individuo de um estado para a jurisdição do TPI , e a entrega não tem como base qualquer tratado, o tratado base é o estatuto de Roma, e se apresenta outra polemica, o art. 5o, LI CF veda a extradição do brasileiro nato, mas não há nada sobre a entrega de brasileiro nato. O art. 5o, § 4º diz que o brasil se submete a jurisdição do TPI, então poderia se entregar brasileiros natos. XV - A Humanidade no Século XXI: A Grande Opção “Ainda é tempo de mudar de rota e navegar rumo à salvação. Na fímbria do horizonte já luzem os primeiros sinais da aurora. É a esperança de uma nova vida que renasce. A chama da liberdade, da igualdade e da solidariedade haverá de iluminar e inflamar a Terra inteira.” (Fábio Konder Comparato) CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS E DIREITOS HUMANOS CF/88 é a mais importante, é o divisor de águas nos direitos humanos. 1824 O voto é censitário, baseado em bens de raízes, ou seja, tudo que tivesse valor financeiro. Desse modo, não só a aristocracia votaria, mas o comércio também poderia votar; Contém um extenso rol de liberdades públicas; São excluídos de votar nas Assembléias Paroquiais os que não tiverem renda líquida anual de cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio, ou empregos; Primeira dimensão – nem todos podiam votar ou ser votados. Além disso defendia a liberdade, vida, propriedade, bem como os demais direitos de 1 G. 1891 Não podem alistar-se eleitores para as eleições federais ou para as dos Estados os mendigos e os analfabetos. As mulheres também não votavam Fica abolida a pena de morte, reservadas as disposições da legislação militar em tempo de guerra; Trouxe o habeas corpus sempre que o indivíduo sofresse ou se achasse em iminente perigo de sofrer violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder; 1 G. – traz o sufrágio capacitário. HC era utilizado para inúmeros direitos e não apenas para os direitos de ir e vir. 1934 Implanta a justiça do trabalho, a justiça eleitoral e o voto secreto; Primeira Constituição a consagrar os direitos dos trabalhadores, como a jornada de oito horas e a proibição do trabalho infantil; Prevê o direito de voto às mulheres na Constituição; Não podem alistar-se como eleitores os

 

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mendigos e os analfabetos; Introduz o mandado de segurança individual e a ação popular no texto da Constituição. Social, inaugura os direitos de 2 G, mantem o sufrágio capacitário, mas mulheres podem votar. Introduz o MS individual, pois o coletivo é de 88. 1937 Inspirada num modelo fascista da Carta ditatorial polonesa de 1935, foi extremamente autoritária. Conhecida por Constituição “polaca”; Além dos casos previstos na legislação militar para o tempo de guerra, a lei poderá prescrever a pena de morte para alguns crimes, inclusive os de homicídio cometido por motivo fútil e com extremos de perversidade; Recebeu as influências fascistas e nazistas, pouco antes da segunda Guerra Mundial. 1937 Perdem-se os direitos políticos: pela recusa, motivada por convicção religiosa, filosófica ou política, de encargo, serviço ou obrigação imposta por lei aos brasileiros; A lei pode prescrever censura prévia da imprensa, do teatro, do cinematógrafo, da radiodifusão, facultando à autoridade competente proibir a circulação, a difusão ou a representação; A greve e o lock-out são declarados recursos anti-sociais nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional; É uma constituição extremamente reacionária, autoritária. 1946 O alistamento e o voto são obrigatórios para os brasileiros de ambos os sexos, salvo as exceções previstas em lei; Não podem alistar-se eleitores os analfabetos; É livre a manifestação do pensamento, sem que dependa de censura, salvo quanto a espetáculos e diversões públicas; É estabelecida a função social da propriedade, prevendo desapropriação com indenização; Vem o processo de redemocratização 1946 Não haverá pena de morte, de banimento (expulsão de nacional do pais por crime aqui cometido.), de confisco nem de caráter perpétuo. São ressalvadas, quanto à pena de morte, as disposições da legislação militar em tempo de guerra com país estrangeiro; É reconhecido o direito de greve, cujo exercício a lei regulará. 1967 Cria a ação de suspensão de direitos individuais e políticos; Temos também um retrocesso, em 64 houve o golpe militar, a constituição de 67 foi altamente arbitraria, entre 67 e 69 tivemos o AI 5, que foi o ato institucional mais cruel durante o regime militar. Ficam aprovados e excluídos de apreciação judicial os atos praticados pelo Comando Supremo da Revolução de 31 de março de 1964; Em 1968, instituem o AI- 5. EMENDA CONSTITUCIONAL N° 1 DE 1969 Nesse texto emendado, o poder ficou cada vez mais centralizado, tanto horizontalmente (legislativo, executivo e judiciário), quanto verticalmente (União, Estados e Municípios), nas mãos do Presidente da República; Elimina as imunidades parlamentares materiais e processuais; Determina a liberdade de criação de partidos políticos; Não avança na criação dos direitos humanos.

 

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1988 - A consagração dos direitos humanos em termos de quantidade e qualidade é encontrada na CF/88, de um programa de redemocratização do país, tem uma base processual e material que nenhuma outra constituição que a antecedeu possui. Em termos do direito internacional, os avanços são inúmeros, tanto na carta originária, como na EC 45/04, todos esses artigos devem ser lidos: Dignidade da pessoa humana como fundamento do nosso estado democrático de direito – art. 1o, III CF. Art. 4o, II, novidade é a prevalência dos direitos humanos. Art. 34, VII, b CF – diz que os direitos humanos também se tornam um principio sensível, que se desrespeitado pode até gerar uma intervenção federal. Art. 5o, §  § 1o e 2o, o 1o diz que os direitos tem aplicação imediata no nosso pais, e o 2o diz que o brasil reconhece os tratados e os princípios dos quais faz parte, reconhece a responsabilidade que possui dentro dessa nova ordem social, isso tudo sem falar dos ganhos materiais e processuais que a carta de 88 nos trouxe. Podemos destacar na base material: saúde – passou a ser tratada como direito fundamental, e não mais apenas como serviço essencial, foram vários os avanços relacionados a cultura, lazer, a moradia passou a ser direito fundamental (EC 26/00) e a alimentação passou a ser com a EC 64/10. E ganhos processuais: mandado de injunção, ação direta de inconstitucionalidade por omissão, ação civil publica, habeas data, mandado de segurança coletivo, arguição de descumprimento de preceito fundamental, são todos avanços implementados em 1988. A ação popular teve seu objeto ampliado com a CF/88. EC 45/2004 – inseriu ao art. 5o , LXXVIII a garantia da razoável duração do processo, até porque justiça lenta é injustiça clara e manifesta. O amplo acesso a justiça é fundamental. Tivemos a inserção do §3o instituindo a constitucionalização dos tratados sobre direitos humanos, temos o §4o que traz a constitucionalização do TPI, art. 109, §5o que traz o incidente de deslocamento para a justiça federal. UNIVERSALISMO X RELATIVISMO CULTURAL Universalistas entendem que os direitos se destinam a todas as pessoas, derivam da natureza humana, e onde quer que estejamos devemos ter nossos direitos respeitados. Universalistas entendem que cultura, religião, costumes, são importantes, só não podem se sobrepor a dignidade da pessoa humana, não podem estar acima da natureza humana. A visão pós segunda Guerra Mundial é uma visão universal, a de que os direitos devam ser defendidos onde quer que nos estejamos. Sabemos que infelizmente nem sempre é assim, existem países que o homossexualismo é crime, ou que a mulher é tratada como objeto do desejo masculino. O relativismo cultural diz que o homem/ individuo não pode ser enxergado dessa maneira tão isolada, sem a conexão com a cultura, religião, costumes daquela determinada sociedade, se contrapõe ao universalismo, pois diz que o homem precisa estar inserido na sua comunidade para que

 

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seus direitos sejam respeitados, e refutam a ideia da soberania do individuo e, ainda, defendem a soberania nacional, quase que em termos absolutos. Colocam cultura, religião, acima do próprio individuo. E , por isso, as pessoas ainda são tratadas aquém do que os universalistas defendem. Boaventura de Souza Santos diz que um dos grandes desafios desse Séc. XXI é o de romper com essas barreiras machistas, culturais e preconceituosas que tanto separam as nações.