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Direito Tributário

Professora Giuliane Torres

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DIREITO TRIBUTÁRIO CARREIRAS JURÍDICAS

FINALIDADE DO TRIBUTO

A função principal do tributo é gerar recursos financeiros para o Estado.

As funções são classificas conforme segue abaixo:

• Fiscal: arrecadatória, no geral.

• Extrafiscal: social e econômica (interferência no domínio econômico, a exemplo das alíquotas de importação).

• Parafiscal: arrecadatória, contudo para determinadas atividades. O Poder Público delega para outra pessoa jurídica a capacidade tributária ativa, ou seja, delega a função de cobrar (arrecadação de recursos para autarquias, fundações públicas ou mesmo pessoas de direito privado que desenvolvam atividades relevantes mas que não são próprias do Estado, a exemplo dos sindicatos, do Sesi, etc.).

TRIBUTO - CONCEITO

Conforme estabelece o art. 3o do Código Tributário Nacional: "Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada."

Compulsório: diz-se que a obrigação é compulsória, obrigatória, porque ela decorre diretamente da lei. A vontade do contribuinte é irrelevante e por isso até mesmo os incapazes podem ser sujeitos passivos das obrigações tributárias.

Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: a lei só pode obrigar o contribuinte a pagar o tributo em moeda corrente do País (obrigação pecuniária), razão pela qual a doutrina costuma afirmar que em regra nosso direito desconhece o tributo in natura (parte da mercadoria comercializada é entregue ao Fisco a título de pagamento de tributo) ou in labore (a cada mês o sujeito passivo destinaria alguns dias de seu trabalho à entidade tributante).

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Contudo, a partir da Lei Complementar n. 104/2001, que acrescentou o inciso XI ao art. 156 do CTN, admite-se a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.

Não constitui sanção de ato ilícito: isso significa que a hipótese de incidência é sempre algo lícito. Observe-se, porém, que situações como a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de rendimentos são suficientes para o nascimento de obrigações tributárias como o imposto de renda, ainda que tais rendimentos sejam provenientes de atividades ilícitas como o tráfico de drogas.

É o princípio do non olet, no sentido de que o dinheiro não tem odor e de que não seria justo tributar a renda obtida licitamente e deixar de tributar a renda decorrente de atividades ilícitas.

O tributo, portanto, não é multa.

Instituída em lei: necessariamente, o tributo tem que ser instituído por lei. É o princípio da legalidade.

Atividade administrativa plenamente vinculada: não há a possibilidade de analisar nenhum aspecto. Não há margem para decidir se cobra ou não cobra.Existe a obrigatoriedade do poder público de lançar o tributo.

Discussão: o FGTS é tributo? O STJ decidiu que não é tributo, pois, em que pese estarem presentes todos os requisitos que caracterizam um tributo, caso fosse considerado tributo, a cobrança apenas poderia ser dos últimos 5 anos, pois é a regra de prescrição tributária e isso seria danoso ao trabalhador, que tem 30 anos de prescrição em relação ao FGTS. Assim, o STJ decidiu de forma política, em favor do trabalhador. Ainda, o STJ decidiu que não é tributo, pois a receita do FGTS é destinada ao trabalhador e pela lei só é tributo se for destinada aos cofres do Estado, conforme o conceito financeiro de tributo.

Após, a discussão foi para o STF que concordou com a ideia de que FGTS não é tributo. Porém, entendeu que o prazo prescricional para a cobrança do FGTS é de 5 anos, pois todas as verbas decorrentes de trabalho tem prazo prescricional para cobrança apenas dos últimos 5 anos. Sendo o FGTS verba decorrente do contrato de trabalho, não poderia ser diferente.

CLASSIFICAÇÃO TRIPARTIDA X PENTAPARTIDA

O art. 5o do Código Tributário Nacional e o art.. 145 da Constituição Federal indicam que são três as espécies do gênero tributo: os impostos, as taxas e as contribuições de melhorias. No entanto, com base no art. 217 do Código Tributário e nos arts. 148 e 149 da Constituição, inúmeros doutrinadores têm considerado o empréstimo compulsório e as contribuições sociais como espécies do gênero tributo, até porque na Constituição de 1988 tais obrigações também figuram no capítulo do Sistema Tributário.

Teoria tripartida: os tributos são apenas os impostos, as taxas e contribuições de melhoria. Art. 5º do CTN

Teoria pentapartida: os tributos são os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria, os empréstimos compulsórios e as contribuições específicas.

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A teoria adotada pelo STF é da pentapartição.

ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

IMPOSTOS:

Imposto é o tributo cuja a obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica. O imposto é uma exação não vinculada, uma exigência cujo fato gerador não se liga a uma atividade estatal específica relativa ao contribuinte ou por ele provocada. Independentemente de contraprestação específica.

O valor obtido com o imposto não pode ser vinculado a um fundo, órgão ou despesa específica. A prestação patrimonial do contribuinte do imposto é unilateral porque não faz nascer para a entidade tributante qualquer dever específico em relação ao contribuinte.

O imposto tem seu fundamento de validade na competência tributária da pessoa política que o instituiu, embora sua cobrança (capacidade tributária ativa) possa ser atribuída a terceira pessoa.

Impostos "diretos" são aqueles cuja carga econômica é suportada pelo próprio realizador do fato imponível. É o caso do Imposto Renda, em que o patrimônio de quem auferiu os rendimentos líquidos é atingido por essa tributação.

Impostos "indiretos" são aqueles cuja carga financeira é suportada não pelo contribuinte (contribuinte de direito), mas por terceira pessoa, que não realizou o fato imponível (contribuinte de fato). Normalmente essa terceira pessoa é o consumidor final, que, ao adquirir a mercadoria, verá embutido no seu preço final o quantum do imposto (por exemplo, o ICMS).

Os impostos se distinguem entre si pelos respectivos fatos geradores. E com base nessa distinção são atribuídos às diversas pessoas políticas do Estado Federal Brasileiro (União, Estados, DF e Municípios).

A competência para cobrança é privativa (União, Estados e Municípios), de acordo com o que diz a Constituição Federal.

União pode criar, art. 153, CF/88: II, IE, IOF, IPI, ITR, IR e IGF (nunca foi criado, é apenas previsto).

Estados podem criar, art. 155, CF/88: ITCMD, IPVA e ICMS.

Municípios podem criar, art. 156, CF/88: IPTU, ISS e ITBI.

Distrito Federal: Estado e Município

Fato gerador dos impostos são sempre manifestações de riquezas.

Base de cálculo (valor sobre o qual incide a alíquota): quantificação da riqueza que está sendo tributada.

A União tem competência, art. 154:

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I - residual: (pode criar tributos sobre "o que sobra", o que não é tributado, mediante lei complementar, fato gerador e base de cálculo que não exista e não pode ser cumulativo).

II - Extraordinária: fora do usual, tem que estar acontecendo algo de excepcional para essa competência ser exercida. Assim, só pode usar essa competência em caso de guerra externa ou na iminência de guerra, se criando o IEG (Imposto Extraordinário de guerra).

OBS.: não precisa observar os requisitos da competência residual. Não há requisitos a serem observados.

TAXAS

As taxas são tributos vinculados, contraprestacionais. Tem como fato gerador o exercício regular do Poder de Polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestados ao contribuinte ou colocado a sua disposição ( Art. 145, II da CF/88 e Art. 79 do CTN).

Base de cálculo das taxas: CF, art. 145, §2o: as taxas não podem ter base de cálculo própria de imposto. Ocorre que base de cálculo de imposto codifica uma riqueza. Base de cálculo de taxa não pode codificar riqueza. Assim, não pode se cobrar taxa de acordo com a capacidade contributiva do contribuinte.

Ex.: um milionário não pode ter a taxa de coleta de lixo mais cara porque ele tem mais dinheiro. Em relação aos impostos, deve obedecer a capacidade contributiva, mas não no caso das taxas.

Competência para cobrança: é diferente da cobrança para imposto, que é privativa. Para as taxas, a Constituição não diz quem cria cada taxa. Quem tem competência para cobrar o serviço, tem competência para criar a taxa. A competência para taxa é comum, de todos os entes federados, desde que exerçam a atividade que configura o fato gerador da taxa.

TAXA DECORRENTE DO EXERCÍCIO REGULAR DO PODER DE POLÍCIA

O Poder de Polícia está previsto no art. 78 do Código Tributário Nacional. É o poder de limitar e disciplinar direitos e deveres com base no interesse público, regulando questões pertinentes à segurança, higiene, à ordem etc. (taxa de publicidade, taxa de fiscalização de elevadores etc.).

O exercício do poder de polícia é o poder fiscalizatório. É relacionado com o supraprincípio do Direito Administrativo do interesse público. Assim, o Estado deve ter o poder de restringir o exercício do direito de atividades por particulares para garantir o bem comum. É a taxa para que o Estado fiscalize. Ex.: taxa de funcionamento, para verificar se o local está funcionando de acordo com a lei.

Observe-se que a taxa decorrente do Poder de Polícia tem por justificativa o efetivo exercício de atos relacionados a esse poder. "Disso resulta que, corolário indispensável à cobrança da taxa de licença de funcionamento é a efetiva contraprestação do serviço, realizada por força do poder de polícia da municipalidade. Não pode, portanto, sem o exercício da fiscalização, cobrar, anualmente, a taxa de funcionamento.

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OBS.: o efetivo poder de polícia pode ser presumido, de acordo com o STF. Ex.: taxa de renovação de alvará. Se há órgão competente, se presume que a fiscalização está sendo feita.

TAXA DE SERVIÇOS PÚBLICOS DISPONIBILIZADOS

A segunda hipótese autorizadora da cobrança da taxa é a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico, divisível e compulsório, prestado ao contribuinte ou colocado a sua disposição (art. 79 do CTN).

O serviço pode ser utilizado pelo contribuinte de forma efetiva ou potencial, nos termos do art. 79 do Código. Efetivamente, quando por ele usufruído a qualquer título. Potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, seja posto à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento.

Utilização - efetiva - Serviços Público -Específicos- Prestados ao contribuinte - divisível e divisíveis ou postos a disposição

Efetiva OU potencial: no caso da coleta de lixo, mesmo que não se produza lixo, tem que se pagar a taxa. Assim, não se utiliza efetivamente o serviço, mas potencialmente, pois está a disposição.

A utilização é potencial em relação aos serviços que a lei define como de utilização compulsória e posto ao contribuinte a disposição efetiva.

Alguns serviços, como a taxa de coleta de lixo, tem que ser pago de qualquer jeito, bastando que o serviço esteja à disposição. Outros, como a taxa judiciária, só será cobrado caso ocorra a utilização efetiva do mesmo.

Específicos E divisíveis:

Específico: o Estado tem que ser capaz de identificar quem são os usuários.

Divisíveis: tem que ser possível ao usuário identificar por qual serviço está pagando, utilizando.

Ex.: taxa para emissão de passaporte. O Estado é capaz de identificar para quem está emitindo o passaporte e o usuário sabe que está pagando pela emissão do passaporte.

Assim, quando o serviço é específico e divisível, o Estado pode cobrar taxa.

Quando não é, o Estado custeio através dos impostos.

No caso da limpeza dos logradouros públicos, não pode ser cobrada taxa, pois o serviço não é divisível, não tem como se identificar os usuários. É para a coletividade.

Súmula Vinculante 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.

O serviço de iluminação pública não é específico e divisível, portanto, não pode ser cobrado por taxa.

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CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA

A contribuição de melhoria tem como fato gerador a valorização do imóvel do contribuinte em razão de obra pública (instalação de rede elétrica, obras contra enchentes etc.). Os beneficiários diretos da obra arcam com seu custo, total ou parcial.

Cada contribuinte não pode ser obrigado a pagar quantia superior à valorização de seu imóvel. Em síntese, a contribuição de melhoria tem como limite geral o custo da obra, e como limite individual a valorização do imóvel beneficiado.

A contribuição de melhoria, assim como a taxa, é uma espécie de tributo vinculado, tributo cujo fato gerador está ligado a uma atividade estatal específica relativa ao contribuinte.

Anote-se que não é qualquer obra pública que autoriza a cobrança da contribuição de melhoria. É necessária a valorização do imóvel do contribuinte em razão da obra pública.

Antes da obra, tem que ser criada a lei. Tem que ser definida a área de abrangência e o fator de valorização.

Melhoria - tem que ser de valor. Não pode ser de outro aspecto.

Limites:

Total (geral): o que o Estado gasta para fazer a obra. O máximo que o Estado pode cobrar é o que gastou com a obra.

Individual: o que cada imóvel se valorizou. O valor acrescido a cada imóvel.

Assim, o Estado não pode cobrar do contribuinte mais do que gastou, nem mais do que o imóvel valorizou.

Ex.: se o valor da obra foi de 100 milhões e valorizou 1000 imóveis, o valor máximo que pode ser cobrado do contribuinte seria R$ 100.000,00. Contudo, se o valor individual acrescido a cada imóvel foi de R$ 50.000,00, não pode ser cobrado R$ 100.000,00, pois extrapola o limite individual. Assim, tem que ser observado o limite total e o individual.

Quem fez a obra tem competência para cobrar a Contribuição de Melhoria, dentro de sua competência, obedecendo os limites acima colocados.

EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS

A União (somente a União), mediante lei complementar pode instituir empréstimos compulsórios nas seguintes hipóteses:

I - Para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência. Na hipótese de despesas extraordinárias, o empréstimo compulsório pode ser cobrado imediatamente após sua instituição, sem obedecer ao princípio da anterioridade.

Por calamidade pública se deve entender não apenas as catástrofes provocadas por agentes da natureza, mas também outras ocorrências que ponham em risco o equilíbrio social.

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II - No caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, hipótese em que deve ser observado o princípio da anterioridade. Nesta segunda hipótese, o empréstimo compulsório servirá como antecipação da receita, ou seja, em vez de esperar muitos anos pelo ingresso dos recursos necessários ao investimento público urgente e de relevante interesse nacional, antecipa-se a receita com o empréstimo compulsório, cujo valor deve ser restituído ao contribuinte nos anos seguintes.

A aplicação dos recursos provenientes do empréstimo compulsório é vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Os valores obtidos com o empréstimo compulsório não integram o patrimônio público. Por ser restituível, o empréstimo compulsório não chega a transferir riquezas do setor privado para o Estado. Trata-se de simples ingresso e não propriamente de receita.

A mesma lei complementar que instituiu o empréstimo compulsório deve disciplinar sua devolução e o prazo de resgate.

O empréstimo compulsório não se perpetua no tempo, só devendo ser exigido enquanto estiver presente o pressuposto constitucional que autorizou sua instituição.

CONTRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS

As contribuições sociais geralmente são instituídas pela União com base no arts. 149 e 195 da Constituição Federal c/c o art. 217 do Código Tributário Nacional.

As contribuições sociais têm fundamento no art. 149 da Constituição, que as divide em três subespécies: as contribuições sociais em sentido estrito, as contribuições de intervenção no domínio econômico (de caráter extrafiscal, caracterizadas pela finalidade interventiva específica) e as contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas.

Contribuições sociais são aquelas destinadas a financiar a concretização dos direitos sociais previstos na Constituição Federal, ou seja, o direito à seguridade social, à habitação, à educação etc. Têm função fiscal.

As contribuições de intervenção de domínio econômico (CIDE) têm função regulatória da economia ou do mercado de consumo (função extrafiscal).

As contribuições profissionais são instituídas em favor de categorias profissionais (sindicatos de empregados) ou econômicas (sindicatos de empregadores). São as denominadas contribuições sindicais, que têm função parafiscal e são exigíveis de todos os integrantes da categoria, sindicalizados ou não, como SESI e SENAI.

CONTRIBUIÇÕES SOCIAS

As contribuições sociais podem ser subdivididas em: a) previdenciárias, se destinadas especificamente ao custeio da Previdência Social, e são formadas pelas contribuições dos segurados e das empresas (arts. 20/23 da Lei nº 8.212/1991); b) e não previdenciárias, quando voltadas para o custeio da Assistência Social e da Saúde Pública. Por exemplo: a COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), o PIS (Programa de Integração

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Social), incidentes sobre a receita ou o faturamento, e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), que recai sobre o lucro.

As contribuições previdenciárias são espécies de contribuições sociais, com a destinação específica de custear o pagamento dos benefícios previdenciários (sistema atuarial). Há, desse modo, como hipótese de incidência, uma atuação do Poder Público indiretamente vinculada ao contribuinte: por meio do custeio da seguridade social ele terá direito a ações gratuitas da saúde pública e, eventualmente, da assistência social e da previdência social (quando se enquadrar em alguma das hipóteses legais). Essas contribuições financiam o sistema da seguridade social (e não retribuem uma atividade específica e divisível do Estado), pois o contribuinte tem a obrigação de pagá-las, mas não necessariamente irá usufruir algum benefício ou serviço da previdência social (a menos que cumpra os requisitos).

CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURIDADE SOCIAL

As contribuições para a seguridade social (sistema que engloba a assistência social, a previdência social e o sistema público de saúde), previstas no art. 195 da CF, são financiadas por toda a sociedade, diretamente ou indiretamente, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União (art. 165, §5º, III), dos Estados-Membros, do Distrito Federal, dos Municípios e das seguintes contribuições:

I - a) dos empregadores da empresa e da entidade a ela equiparada; b) da folha de salários e demais rendimentos de trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que preste serviços, mesmo sem vinculo empregatício (inclui os avulsos e os autônomos); c) sobre a receita ou o faturamento; e d) sobre o lucro.

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre a aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral da previdência social de que trata o art. 201 da CF.

CONTRIBUIÇÃO SINDICAL E A CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA

Além da contribuição sindical prevista no art. 149 da CF, de caráter nitidamente tributário, é prevista também uma contribuição confederativa sindical (art. 8º, IV, da CF), que não tem natureza tributária e cujo montante é fixado em assembleia geral da respectiva categoria (não incide o princípio da legalidade tributária).

Nesse sentido a súmula vinculante 40 do STF: " A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo."

CONTRIBUIÇÃO DE INTEVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE)

O Estado cria a contribuição, tributa a atividade e a grana que recebe ele usa para estimular outra atividade. É instituída com o objetivo de regular determinado mercado, para corrigir distorções.

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Ex.: CIDE royalties: quando se adquire uma mercadoria estrangeira, se paga royalties e sobre os royalties se paga uma contribuição por intervenção no domínio econômico e esse dinheiro é utilizado no fundo nacional de tecnologia que desenvolve a tecnologia no país.

CIDE Combustíveis: do valor que a União arrecadar, 29% ela passa para os Estados. Do que cada Estado recebe, 25% passa para os Municípios. Os Estados e os Municípios apenas gastam esse valor com a terceira finalidade: melhoria da infraestrutura de transporte.

As outras duas finalidades: projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás e pagamento de preço subsídios ao combustível ou ao transporte são atividades exclusivas da União.

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

III - poderão ter alíquotas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

CONTRIBUIÇÃO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA

De acordo com o STF, não poderia existir taxa de iluminação pública, pois não atendia os requisitos de taxa, pois não visa remunerar um serviço específico e divisível e não há referibilidade. A receita é vinculada a uma receita especifica, então não poderia ser um imposto. Assim, surgiu a contribuição para a iluminação pública.

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Direito Constitucional

ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS – FUNÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR NO DIREITO TRIBUTÁRIO

FINALIDADE DO TRIBUTO

A função principal do tributo é gerar recursos financeiros para o Estado.

As funções são classificas conforme segue abaixo:

• Fiscal: arrecadatória, no geral.

• Extrafiscal: social e econômica (interferência no domínio econômico, a exemplo das alíquotas de importação).

• Parafiscal: arrecadatória, contudo para determinadas atividades. O Poder Público delega para outra pessoa jurídica a capacidade tributária ativa, ou seja, delega a função de cobrar (arrecadação de recursos para autarquias, fundações públicas ou mesmo pessoas de direito privado que desenvolvam atividades relevantes mas que não são próprias do Estado, a exemplo dos sindicatos, do Sesi, etc.).

TRIBUTO – CONCEITO

Conforme estabelece o art. 3º do Código Tributário Nacional: "Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada."

Compulsório: diz-se que a obrigação é compulsória, obrigatória, porque ela decorre diretamente da lei. A vontade do contribuinte é irrelevante e por isso até mesmo os incapazes podem ser sujeitos passivos das obrigações tributárias.

Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: a lei só pode obrigar o contribuinte a pagar o tributo em moeda corrente do País (obrigação pecuniária), razão pela qual a doutrina costuma afirmar que em regra nosso direito desconhece o tributo in natura (parte da mercadoria comercializada é entregue ao Fisco a título de pagamento de tributo) ou in labore (a cada mês o sujeito passivo destinaria alguns dias de seu trabalho à entidade tributante).

Contudo, a partir da Lei Complementar n. 104/2001, que acrescentou o inciso XI ao art. 156 do CTN, admite-se a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.

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Não constitui sanção de ato ilícito: isso significa que a hipótese de incidência é sempre algo lícito. Observe-se, porém, que situações como a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de rendimentos são suficientes para o nascimento de obrigações tributárias como o imposto de renda, ainda que tais rendimentos sejam provenientes de atividades ilícitas como o tráfico de drogas.

É o princípio do non olet, no sentido de que o dinheiro não tem odor e de que não seria justo tributar a renda obtida licitamente e deixar de tributar a renda decorrente de atividades ilícitas.

O tributo, portanto, não é multa.

Instituída em lei: necessariamente, o tributo tem que ser instituído por lei. É o princípio da legalidade.

Atividade administrativa plenamente vinculada: não há a possibilidade de analisar nenhum aspecto. Não há margem para decidir se cobra ou não cobra.Existe a obrigatoriedade do poder público de lançar o tributo.

Discussão: o FGTS é tributo? O STJ decidiu que não é tributo, pois, em que pese estarem presentes todos os requisitos que caracterizam um tributo, caso fosse considerado tributo, a cobrança apenas poderia ser dos últimos 5 anos, pois é a regra de prescrição tributária e isso seria danoso ao trabalhador, que tem 30 anos de prescrição em relação ao FGTS. Assim, o STJ decidiu de forma política, em favor do trabalhador. Ainda, o STJ decidiu que não é tributo, pois a receita do FGTS é destinada ao trabalhador e pela lei só é tributo se for destinada aos cofres do Estado, conforme o conceito financeiro de tributo.

Após, a discussão foi para o STF que concordou com a ideia de que FGTS não é tributo. Porém, entendeu que o prazo prescricional para a cobrança do FGTS é de 5 anos, pois todas as verbas decorrentes de trabalho tem prazo prescricional para cobrança apenas dos últimos 5 anos. Sendo o FGTS verba decorrente do contrato de trabalho, não poderia ser diferente.

CLASSIFICAÇÃO TRIPARTIDA X PENTAPARTIDA

O art. 5º do Código Tributário Nacional e o art. 145 da Constituição Federal indicam que são três as espécies do gênero tributo: os impostos, as taxas e as contribuições de melhorias. No entanto, com base no art. 217 do Código Tributário e nos arts. 148 e 149 da Constituição, inúmeros doutrinadores têm considerado o empréstimo compulsório e as contribuições sociais como espécies do gênero tributo, até porque na Constituição de 1988 tais obrigações também figuram no capítulo do Sistema Tributário.

Teoria tripartida: os tributos são apenas os impostos, as taxas e contribuições de melhoria. Art. 5º do CTN

Teoria pentapartida: os tributos são os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria, os empréstimos compulsórios e as contribuições específicas.

A teoria adotada pelo STF é da pentapartição.

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Espécies Tributárias - Função da Lei Complementar no Direito Tributário – Profª Giuliane Torres

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ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

IMPOSTOS:

Imposto é o tributo cuja a obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica. O imposto é uma exação não vinculada, uma exigência cujo fato gerador não se liga a uma atividade estatal específica relativa ao contribuinte ou por ele provocada. Independentemente de contraprestação específica.

O valor obtido com o imposto não pode ser vinculado a um fundo, órgão ou despesa específica. A prestação patrimonial do contribuinte do imposto é unilateral porque não faz nascer para a entidade tributante qualquer dever específico em relação ao contribuinte.

O imposto tem seu fundamento de validade na competência tributária da pessoa política que o instituiu, embora sua cobrança (capacidade tributária ativa) possa ser atribuída a terceira pessoa.

Impostos "diretos" são aqueles cuja carga econômica é suportada pelo próprio realizador do fato imponível. É o caso do Imposto Renda, em que o patrimônio de quem auferiu os rendimentos líquidos é atingido por essa tributação.

Impostos "indiretos" são aqueles cuja carga financeira é suportada não pelo contribuinte (contribuinte de direito), mas por terceira pessoa, que não realizou o fato imponível (contribuinte de fato). Normalmente essa terceira pessoa é o consumidor final, que, ao adquirir a mercadoria, verá embutido no seu preço final o quantum do imposto (por exemplo, o ICMS).

Os impostos se distinguem entre si pelos respectivos fatos geradores. E com base nessa distinção são atribuídos às diversas pessoas políticas do Estado Federal Brasileiro (União, Estados, DF e Municípios).

A competência para cobrança é privativa (União, Estados e Municípios), de acordo com o que diz a Constituição Federal.

União pode criar, art. 153, CF/88: II, IE, IOF, IPI, ITR, IR e IGF (nunca foi criado, é apenas previsto).

Estados podem criar, art.155, CF/88: ITCMD, IPVA e ICMS.

Municípios podem criar, art. 156, CF/88: IPTU, ISS e ITBI.

Distrito Federal: Estado e Município

Fato gerador dos impostos são sempre manifestações de riquezas.

Base de cálculo (valor sobre o qual incide a alíquota): quantificação da riqueza que está sendo tributada.

A União tem competência, art. 154:

I – residual: (pode criar tributos sobre "o que sobra", o que não é tributado, mediante lei complementar, fato gerador e base de cálculo que não exista e não pode ser cumulativo).

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II – Extraordinária: fora do usual, tem que estar acontecendo algo de excepcional para essa competência ser exercida. Assim, só pode usar essa competência em caso de guerra externa ou na iminência de guerra, se criando o IEG (Imposto Extraordinário de guerra).

OBS.: não precisa observar os requisitos da competência residual. Não há requisitos a serem observados.

TAXAS

As taxas são tributos vinculados, contraprestacionais. Tem como fato gerador o exercício regular do Poder de Polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestados ao contribuinte ou colocado a sua disposição ( Art. 145, II da CF/88 e Art. 79 do CTN).

Base de cálculo das taxas: CF, art. 145, §2o: as taxas não podem ter base de cálculo própria de imposto. Ocorre que base de cálculo de imposto codifica uma riqueza. Base de cálculo de taxa não pode codificar riqueza. Assim, não pode se cobrar taxa de acordo com a capacidade contributiva do contribuinte.

Ex.: um milionário não pode ter a taxa de coleta de lixo mais cara porque ele tem mais dinheiro. Em relação aos impostos, deve obedecer a capacidade contributiva, mas não no caso das taxas.

Competência para cobrança: é diferente da cobrança para imposto, que é privativa. Para as taxas, a Constituição não diz quem cria cada taxa. Quem tem competência para cobrar o serviço, tem competência para criar a taxa. A competência para taxa é comum, de todos os entes federados, desde que exerçam a atividade que configura o fato gerador da taxa.

TAXA DECORRENTE DO EXERCÍCIO REGULAR DO PODER DE POLÍCIA

O Poder de Polícia está previsto no art. 78 do Código Tributário Nacional. É o poder de limitar e disciplinar direitos e deveres com base no interesse público, regulando questões pertinentes à segurança, higiene, à ordem etc. (taxa de publicidade, taxa de fiscalização de elevadores etc.).

O exercício do poder de polícia é o poder fiscalizatório. É relacionado com o supraprincípio do Direito Administrativo do interesse público. Assim, o Estado deve ter o poder de restringir o exercício do direito de atividades por particulares para garantir o bem comum. É a taxa para que o Estado fiscalize. Ex.: taxa de funcionamento, para verificar se o local está funcionando de acordo com a lei.

Observe-se que a taxa decorrente do Poder de Polícia tem por justificativa o efetivo exercício de atos relacionados a esse poder. "Disso resulta que, corolário indispensável à cobrança da taxa de licença de funcionamento é a efetiva contraprestação do serviço, realizada por força do poder de polícia da municipalidade. Não pode, portanto, sem o exercício da fiscalização, cobrar, anualmente, a taxa de funcionamento.

OBS.: o efetivo poder de polícia pode ser presumido, de acordo com o STF. Ex.: taxa de renovação de alvará. Se há órgão competente, se presume que a fiscalização está sendo feita.

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TAXA DE SERVIÇOS PÚBLICOS DISPONIBILIZADOS

A segunda hipótese autorizadora da cobrança da taxa é a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico, divisível e compulsório, prestado ao contribuinte ou colocado a sua disposição (art. 79 do CTN).

O serviço pode ser utilizado pelo contribuinte de forma efetiva ou potencial, nos termos do art. 79 do Código. Efetivamente, quando por ele usufruído a qualquer título. Potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, seja posto à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento.

Utilização – efetiva – Serviços Público - Específicos – Prestados ao contribuinte – divisível e divisíveis ou postos a disposição

Efetiva OU potencial: no caso da coleta de lixo, mesmo que não se produza lixo, tem que se pagar a taxa. Assim, não se utiliza efetivamente o serviço, mas potencialmente, pois está a disposição.

A utilização é potencial em relação aos serviços que a lei define como de utilização compulsória e posto ao contribuinte a disposição efetiva.

Alguns serviços, como a taxa de coleta de lixo, tem que ser pago de qualquer jeito, bastando que o serviço esteja à disposição. Outros, como a taxa judiciária, só será cobrado caso ocorra a utilização efetiva do mesmo.

Específicos E divisíveis:

Específico: o Estado tem que ser capaz de identificar quem são os usuários.

Divisíveis: tem que ser possível ao usuário identificar por qual serviço está pagando, utilizando.

Ex.: taxa para emissão de passaporte. O Estado é capaz de identificar para quem está emitindo o passaporte e o usuário sabe que está pagando pela emissão do passaporte.

Assim, quando o serviço é específico e divisível, o Estado pode cobrar taxa.

Quando não é, o Estado custeio através dos impostos.

No caso da limpeza dos logradouros públicos, não pode ser cobrada taxa, pois o serviço não é divisível, não tem como se identificar os usuários. É para a coletividade.

Súmula Vinculante 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.

O serviço de iluminação pública não é específico e divisível, portanto, não pode ser cobrado por taxa.

CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA

A contribuição de melhoria tem como fato gerador a valorização do imóvel do contribuinte em razão de obra pública (instalação de rede elétrica, obras contra enchentes etc.). Os beneficiários diretos da obra arcam com seu custo, total ou parcial.

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Cada contribuinte não pode ser obrigado a pagar quantia superior à valorização de seu imóvel. Em síntese, a contribuição de melhoria tem como limite geral o custo da obra, e como limite individual a valorização do imóvel beneficiado.

A contribuição de melhoria, assim como a taxa, é uma espécie de tributo vinculado, tributo cujo fato gerador está ligado a uma atividade estatal específica relativa ao contribuinte.

Anote-se que não é qualquer obra pública que autoriza a cobrança da contribuição de melhoria. É necessária a valorização do imóvel do contribuinte em razão da obra pública.

Antes da obra, tem que ser criada a lei. Tem que ser definida a área de abrangência e o fator de valorização.

Melhoria – tem que ser de valor. Não pode ser de outro aspecto.

Limites:

Total (geral): o que o Estado gasta para fazer a obra. O máximo que o Estado pode cobrar é o que gastou com a obra.

Individual: o que cada imóvel se valorizou. O valor acrescido a cada imóvel.

Assim, o Estado não pode cobrar do contribuinte mais do que gastou, nem mais do que o imóvel valorizou.

Ex.: se o valor da obra foi de 100 milhões e valorizou 1000 imóveis, o valor máximo que pode ser cobrado do contribuinte seria R$ 100.000,00. Contudo, se o valor individual acrescido a cada imóvel foi de R$ 50.000,00, não pode ser cobrado R$ 100.000,00, pois extrapola o limite individual. Assim, tem que ser observado o limite total e o individual.

Quem fez a obra tem competência para cobrar a Contribuição de Melhoria, dentro de sua competência, obedecendo os limites acima colocados.

EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS

A União (somente a União), mediante lei complementar pode instituir empréstimos compulsórios nas seguintes hipóteses:

I – Para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência. Na hipótese de despesas extraordinárias, o empréstimo compulsório pode ser cobrado imediatamente após sua instituição, sem obedecer ao princípio da anterioridade.

Por calamidade pública se deve entender não apenas as catástrofes provocadas por agentes da natureza, mas também outras ocorrências que ponham em risco o equilíbrio social.

II – No caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, hipótese em que deve ser observado o princípio da anterioridade. Nesta segunda hipótese, o empréstimo compulsório servirá como antecipação da receita, ou seja, em vez de esperar muitos anos pelo ingresso dos recursos necessários ao investimento público urgente e de relevante interesse nacional, antecipa-se a receita com o empréstimo compulsório, cujo valor deve ser restituído ao contribuinte nos anos seguintes.

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A aplicação dos recursos provenientes do empréstimo compulsório é vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Os valores obtidos com o empréstimo compulsório não integram o patrimônio público. Por ser restituível, o empréstimo compulsório não chega a transferir riquezas do setor privado para o Estado. Trata-se de simples ingresso e não propriamente de receita.

A mesma lei complementar que instituiu o empréstimo compulsório deve disciplinar sua devolução e o prazo de resgate.

O empréstimo compulsório não se perpetua no tempo, só devendo ser exigido enquanto estiver presente o pressuposto constitucional que autorizou sua instituição.

CONTRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS

As contribuições sociais geralmente são instituídas pela União com base no arts. 149 e 195 da Constituição Federal c/c o art. 217 do Código Tributário Nacional.

As contribuições sociais têm fundamento no art. 149 da Constituição, que as divide em três subespécies: as contribuições sociais em sentido estrito, as contribuições de intervenção no domínio econômico (de caráter extrafiscal, caracterizadas pela finalidade interventiva específica) e as contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas.

Contribuições sociais são aquelas destinadas a financiar a concretização dos direitos sociais previstos na Constituição Federal, ou seja, o direito à seguridade social, à habitação, à educação etc. Têm função fiscal.

As contribuições de intervenção de domínio econômico (CIDE) têm função regulatória da economia ou do mercado de consumo (função extrafiscal).

As contribuições profissionais são instituídas em favor de categorias profissionais (sindicatos de empregados) ou econômicas (sindicatos de empregadores). São as denominadas contribuições sindicais, que têm função parafiscal e são exigíveis de todos os integrantes da categoria, sindicalizados ou não, como SESI e SENAI.

CONTRIBUIÇÕES SOCIAS

As contribuições sociais podem ser subdivididas em: a) previdenciárias, se destinadas especificamente ao custeio da Previdência Social, e são formadas pelas contribuições dos segurados e das empresas (arts. 20/23 da Lei nº 8.212/1991); b) e não previdenciárias, quando voltadas para o custeio da Assistência Social e da Saúde Pública. Por exemplo: a COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), o PIS (Programa de Integração Social), incidentes sobre a receita ou o faturamento, e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), que recai sobre o lucro.

As contribuições previdenciárias são espécies de contribuições sociais, com a destinação específica de custear o pagamento dos benefícios previdenciários (sistema atuarial). Há, desse modo, como hipótese de incidência, uma atuação do Poder Público indiretamente vinculada ao contribuinte: por meio do custeio da seguridade social ele terá direito a ações gratuitas da saúde

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pública e, eventualmente, da assistência social e da previdência social (quando se enquadrar em alguma das hipóteses legais). Essas contribuições financiam o sistema da seguridade social (e não retribuem uma atividade específica e divisível do Estado), pois o contribuinte tem a obrigação de pagá-las, mas não necessariamente irá usufruir algum benefício ou serviço da previdência social (a menos que cumpra os requisitos).

CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURIDADE SOCIAL

As contribuições para a seguridade social (sistema que engloba a assistência social, a previdência social e o sistema público de saúde), previstas no art. 195 da CF, são financiadas por toda a sociedade, diretamente ou indiretamente, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União (art. 165, §5º, III), dos Estados-Membros, do Distrito Federal, dos Municípios e das seguintes contribuições:

I – a) dos empregadores da empresa e da entidade a ela equiparada; b) da folha de salários e demais rendimentos de trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que preste serviços, mesmo sem vinculo empregatício (inclui os avulsos e os autônomos); c) sobre a receita ou o faturamento; e d) sobre o lucro.

II – do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre a aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral da previdência social de que trata o art. 201 da CF.

CONTRIBUIÇÃO SINDICAL E A CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA

Além da contribuição sindical prevista no art. 149 da CF, de caráter nitidamente tributário, é prevista também uma contribuição confederativa sindical (art. 8o, IV, da CF), que não tem natureza tributária e cujo montante é fixado em assembleia geral da respectiva categoria (não incide o princípio da legalidade tributária).

Nesse sentido a súmula vinculante 40 do STF: " A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo."

CONTRIBUIÇÃO DE INTEVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE)

O Estado cria a contribuição, tributa a atividade e a grana que recebe ele usa para estimular outra atividade. É instituída com o objetivo de regular determinado mercado, para corrigir distorções.

Ex.: CIDE royalties: quando se adquire uma mercadoria estrangeira, se paga royalties e sobre os royalties se paga uma contribuição por intervenção no domínio econômico e esse dinheiro é utilizado no fundo nacional de tecnologia que desenvolve a tecnologia no país.

CIDE Combustíveis: do valor que a União arrecadar, 29% ela passa para os Estados. Do que cada Estado recebe, 25% passa para os Municípios. Os Estados e os Municípios apenas gastam esse valor com a terceira finalidade: melhoria da infraestrutura de transporte.

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As outras duas finalidades: projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás e pagamento de preço subsídios ao combustível ou ao transporte são atividades exclusivas da União.

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

I – não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

II – incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

III – poderão ter alíquotas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

CONTRIBUIÇÃO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA

De acordo com o STF, não poderia existir taxa de iluminação pública, pois não atendia os requisitos de taxa, pois não visa remunerar um serviço específico e divisível e não há referibilidade. A receita é vinculada a uma receita especifica, então não poderia ser um imposto. Assim, surgiu a contribuição para a iluminação pública.

FUNÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR EM DIREITO TRIBUTÁRIO

O art. 146 da CF/88 adota a teoria tricotômica no sentido de que as leis complementares em matéria tributária podem: a) emitir normas gerais de direito tributário; b) dispor sobre conflitos de competência tributária entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; c) regular as limitações constitucionais ao poder de tributar.

Desde a emenda constitucional n. 42 também cabe à lei complementar disciplinar o regime tributário diferenciado para as pequenas e microempresas (hoje vigoram a LC n. 123/2006, que trata das microempresas e das empresas de pequeno porte, e a Lei Complementar n. 128/2008, que desde de 1o julho de 2009 disciplina as atividades do micropempreendedor individual – MEI – e poderá regularizar a situação de grande número de trabalhadores informais). E o art. 146-A traz que lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação para prevenir desequilíbrios na concorrência, sem prejuízo de lei ordinária estabelecer benefícios de outra natureza. O art. 155, XII, impõe lei complementar para o regramento de diversas questões

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pertinentes ao ICMS e o art. 156, III e §3o, traz as hipóteses em que o INSS municipal também depende de Lei Complementar (hoje vigora a Lei n. 116/2003).

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

(...)

XII – cabe à lei complementar:

a) definir seus contribuintes;

b) dispor sobre substituição tributária;

c) disciplinar o regime de compensação do imposto;

d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das operações relativas à circulação de mercadorias e das prestações de serviços;

e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a"

f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias;

g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.

h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) (Vide Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

Impõe-se, ainda, lei complementar federal para a instituição dos empréstimos compulsórios (art. 148 da CF) e da contribuição para a seguridade social instituída com base no §4o do art. 195 da CF/88.

A definição de fato gerador, da base de cálculo e dos contribuintes de qualquer imposto depende de lei complementar (art. 146,III, "a", da CF).

Quando a Constituição Federal nada dispõe de forma contrária (a exemplo dos arts. 148, 153, VII e 154,I), a instituição de um tributo, sua modificação e sua revogação se dão por lei ordinária.

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Direito Constitucional

DOS PRINCÍPIOS GERAIS (ART. 145 A 149-A)

LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR – PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS

Art. 150 CF – limitações que todos os entes federados devem observar.

I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.

Nenhum tributo será instituído, nem aumentado, a não ser por lei. Equiparam-se à majoração do tributo as mudanças de base de cálculo que o tornem mais oneroso. A simples atualização monetária, porém, não caracteriza a majoração.

Para extinguir um tributo também é necessário lei.

A lei instituidora do tributo obrigatoriamente deve explicitar: a) o fato tributável; b) a base de cálculo; c) a alíquota, ou outro critério a ser utilizado para o estabelecimento do valor devido; d) os critérios para a identificação do sujeito passivo da obrigação tributária; e e) o sujeito ativo, se diverso da pessoa pública da qual emanou a lei. Ou seja, deve fixar os elementos essenciais do tributo.

A Constituição não cria tributo, apenas dá a previsão de lei. Quem cria o tributo é a Lei: Lei ordinária, Lei complementar, Medida Provisória, Lei delegada, Decretos legislativos. Assim, se o tributo for criado por outro ato que não a lei, é inconstitucional.

Na parte de criar e extinguir tributo, não há exceções no princípio da legalidade. Contudo, para "mexer" no tributo, há exceções:

1. II, IE, IOF e IPI – tributos extraficais, podem ter suas alíquotas alteradas nos limites da lei por ato do Poder Executivo. Art. 153, §1o, CF/88.

Ato do Poder Executivo – por ato sem lei, por ato infralegal.

CAMEX – Câmara do comércio exterior tem poder de mexer em alíquota de Imposto de Importação e Imposto de Exportação. Não é ilegal, pois faz parte do Poder Executivo. É órgão do Ministério do Planejamento.

IOF e IPI – por decreto da Presidente da República

2. CIDE Combustíveis – por decreto da Presidente da República

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3. ICMS sobre alguns combustíveis definidos em lei complementar, por convênio. Os Estados se reúnem e combinam. – Por convênio do CONFAZ

4. Aumento de IPTU – o prefeito pode no fim do ano editar um decreto fazendo a correção monetária da tabela do IPTU até o limite da inflação oficial. Isso não se configura em aumento. Se passar do limite inflação oficial, tem que ser por lei a alteração.

SÚMULA 160 STJ: É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.

Atenção: revogação de benefício fiscal e extinção de isenção equivalem a aumento, conforme o STF.

II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; – PRINCÍPIO DA ISONOMIA/IGUALDADE/CAPACIDADE CONTRIBUTIVA

O princípio da igualdade tributária explicita que a uniformidade do tratamento deve ser observada entre aqueles que têm situação equivalente.

A cobrança do imposto deve ser adequada a capacidade contributiva do contribuinte, visando a igualdade. É um tratamento privilegiado aos menos favorecidos.

O princípio da igualdade é complementado pelos princípios da personalização e da capacidade contributiva, previstos no art. 145, §1o, da CF.

Pelo princípio da personalização e da capacidade contributiva, sempre que possível os impostos devem ter caráter pessoal e ser graduados de acordo com a capacidade econômica do contribuinte.

Ex 1.: advogados e médicos não podiam ser incluídos no Simples Nacional quando constituíam Sociedade Simples. Agredia a igualdade, pois se está discriminado em função da profissão. Ocorreu a alteração na lei do Simples e hoje pode.

Ex 2.: lei de isenção de custas em cartório para membros do Ministério Público foi declarada inconstitucional, pois fere a igualdade. Os membros do MP não tem menos capacidade contributiva que os demais.

Ex 3: benefícios fiscais para atrair empresas a uma região menos desenvolvida.

III – cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; – PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou – PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b – PRINCÍPIO DA NOVENTENA/PRINCÍPIO DA NÃO-SURPRESA

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Dos Princípios Gerais (Art. 145 a 149-A) e Das Limitações do Poder de Tributar (Art. 150 a 152) – Profª Giuliane Torres

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Relacionado a segurança jurídica.

a) Princípio da Irretroatividade – os fatos ocorridos antes do início da vigência da lei que houver instituído ou aumentado os tributos não acarretam obrigações. A nova lei não se aplica aos fatos geradores já consumados.

b) Princípio da anterioridade – a Constituição Federal veda a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.

Exceções:

II, IE, IOF, Imposto Extraordinário de Guerra, Empréstimo Compulsório para Guerra ou calamidade, IPI, contribuições para seguridade social, CIDE sobre combustíveis e ICMS sobre combustíveis.

c) Princípio da noventena – o tributo só pode ser cobrado, além do ano seguinte, após 90 dias antes da data que publicou a lei.

Exceções:

II, IE, IOF, Imposto Extraordinário de Guerra, Empréstimo Compulsório para Guerra ou calamidade, IR e bases de cálculo do IPTU e IPVA.

No caso do IPVA e IPTU, que o fato gerador ocorre em 1o de janeiro, se a lei foi publicada em 20 de outubro de 2015, os 90 dias se complementam em 20 de janeiro de 2016. Assim, a lei só começara a viger no outro ano de 2017, pois o fato gerador é em 1o de janeiro. Essa é a regra para veículos e imóveis usados. Se forem novos, o fato gerador ocorre na data da compra.

IV – utilizar tributo com efeito de confisco – PRINCÍPIO DO NÃO-CONFISCO

Significa que é vedado à União, aos Estados-Membros, ao Distrito Federal e aos Municípios utilizar tributo com efeito de confisco. O tributo não pode ser pesado, exagerado ao ponto de impedir o exercício de uma atividade lícita. Por exemplo: o imposto não pode ser 90% do valor arrecadado pela empresa.

A carga tributária tem que ser razoável.

O princípio do não-confisco está previsto na Constituição para tributos. Porém, segundo o STF, também se aplicam para as multas tributárias, pois a intenção da Constituição era que não aconteça excesso do Estado em matéria fiscal.

Ex.: uma multa de 300% é confiscatória.

IMPORTANE: teve uma recente decisão do STF declarando que uma multa de 120% é confiscatória, que a multa não pode ser maior que 100%, pois é confiscatória. É uma decisão inovadora. Nunca teve uma decisão nesse sentido antes. É uma provável questão de prova.

Não tem como estipular um limite de alíquota, pois depende de cada tributo. Por exemplo, uma alíquota de 20% de IPTU é confiscatória, pois se o imóvel vale R$ 300.000,00, a cada ano se pagará R$ 60.000,00 de IPTU. Porém, uma alíquota de 20% de ICMS não é confiscatória.

Para a análise da carga tributária se é confiscatória ou não, tem que se olhar para a totalidade da carga tributária e não apenas para cada tributo.

O princípio do não-confisco já decorre do conceito de tributo, é extraído do conceito de tributo.

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Confisco no Brasil só é permitido como punição. Tributo não pode ser punição. Portanto, o tributo não pode ser confiscatório.

V – estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público – PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFICO

É proibida a criação de tributo cujo o objetivo é limitar a circulação de bens e pessoas no país. Isso não impede que sejam criados tributos interestaduais.

Ex: teve um Estado que criou taxa de desembarque na rodoviária. Existia uma tabela na qual a taxa era proporcional a distância percorrida pelo ônibus. O objetivo da taxa era impedir a entrada de determinadas pessoas no Estado. Assim, esse tributo vai de encontro a liberdade de tráfico e foi declarado inconstitucional.

Em relação ao pedágio, para ser tributo, teria que a rodovia ser conservada pelo Poder Público. Porém, na maioria das vezes, quem conserva a rodovia é empresa privada. Assim, pedágio não é tributo, é preço público.

Quando a rodovia é conservada pelo pedágio, para ser tributo, teria que ter lei criando. Ainda, o pedágio consta como exceção ao princípio da liberdade de tráfico e pode ser cobrado.

Antigamente, se pagava pedágio anualmente, independente se fosse usar a rodovia ou não. Esse pedágio era tributo. Atualmente, não existe mais. Só se paga pedágio se vai utilizar a rodovia. Esse pedágio não é tributo, é preço público.

§ 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços – PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA DA CARGA TRIBUTÁRIA

Impostos sobre mercadorias e serviços – ICMS e ISS

São impostos "escondidos". Os demais são visíveis. Tem uma lei recente que obriga que apareça na nota fiscal o valor aproximado de ICMS.

§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. – PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO

Não pode a autoridade abrir mão do patrimônio público. O patrimônio público está à disposição do povo.

Os benefícios fiscais, através de isenção, anistia, redução de base de cálculo e outras, só podem ser concedidos por lei. A lei tem que ser específica sobre o assunto ou uma lei sobre o tributo para acabar com o "contrabando legislativo", onde se tramita uma lei que trata de um assunto e no meio da lei um parlamentar insere um artigo sobre outro assunto de seu interesse e acaba passando pelo congresso.

Ex.: não pode uma lei para construção de casas populares ter um artigo sobre a isenção de IPI para a compra dos materiais de construção. Não tem relação uma coisa com a outra.

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No caso da Lei do Super Simples, que prevê isenção de contribuições, o STF considera legal, pois tem pertinência temática.

Exceção – fim do parágrafo – sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g: referente ao ICMS

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

(...)

§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

XII – cabe à lei complementar:

g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.

Para obter aprovação de um benefício do ICMS, tem que ter aprovação no CONFAZ, que é um órgão colegiado, que tem um represente de cada Estado da área tributária do Estado. Ex.: o Estado da Bahia quer isenção no ICMS do acarajé para a época do carnaval. Se um dos Estados brasileiros votar contra, não será concedido o benefício.

Todos os integrantes presentes da CONFAZ tem que aprovar o benefício, ou não será concedido. Tem que ser por unanimidade, por deliberação conjunta.

Assim, se trata de uma exceção, pois nesse caso do benefício do ICMS não precisa lei e sim de um convênio.

Art. 151. É vedado à União:

I – instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;

II – tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;

III – instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.

Art. 151. Apenas para a União

I – instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; – PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA DA TRIBUTAÇÃO

A incidência tributária deve ser uniforme. A União não pode estabelecer um tributo que não tenha a incidência uniforme em cada ponto, que traga benefício a um Estado ou município.

Exceção: concessão de benefício fiscal para atrair empresas a uma região menos desenvolvidas, como no Norte e Nordeste. Não pode ser para um Estado e sim para uma região delimitada.

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II – tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes; – UNIFORMIDADE NA TRIBUTAÇÃO DA RENDA

A União não pode usar do imposto de renda como um meio de concorrer deslealmente com Estados e municípios em duas áreas:

1. seleção de servidores públicos: não pode a União diminuir o imposto de renda cobrado de servidor público federal para atrair mais servidores

2. títulos da dívida pública: se pode comprar títulos da dívida pública e quando se resgata o título, incide Imposto de Renda. Não pode a União reduzir a alíquota do imposto para que atraia mais investidores aos títulos federais em vez dos estaduais.

III – instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. – VEDAÇÕES AS ISENÇÕES HETERÔNOMAS

A isenção pode ser autônoma ou heterônoma. Só quem pode conceder isenção de IPVA são os Estados. A União não pode. É uma isenção autônoma.

Há três exceções a proibição de isenção heterônoma no Brasil:

1. ICMS na exportação, pois é concedida por lei federal. – art. 15, §2o, XII, "e", CF/88

2. ISS na exportação de serviço, através de lei complementar nacional – art. 156, §2o, II, CF/88

3. Tratados internacionais – o Brasil faz parte do GATT. Nesse tratado tem uma cláusula que prevê que uma mercadoria importada que paga o tributo aduaneiro para entrar, daquele momento em diante deve ser tratado como uma mercadoria nacional. Se tem isenção para uma mercadoria nacional, a similar estrangeira também tem que ter. Assim, quando a União concede a isenção de tributos alheios, isso não impede que a República Federativa do Brasil por meio de tratados internacionais o faça. Um tratado internacional pode tratar de isenção de tributo estadual.

Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino – PRINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO

Estados, DF e Municípios não podem discriminar mercadorias e serviços com base nas mercadorias e destino.

ATENÇÃO: o que está proibido pelos Estados e Municípios, está permitido para a União. Se não pudesse, a União não poderia se juntar ao Mercosul e diferenciar a tributação nas mercadorias que entram no país. A tributação é feita diferente com base na procedência.

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DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR (ART. 150 A 152)

LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAL AO PODER DE TRIBUTAR – IMUNIDADES

Diferença entre imunidade e isenção: a imunidade está na Constituição e a isenção está na lei.

Desoneração tributária – mais amplo, tirar o ônus tributário. As situações em que nos livramos do pagamento do tributo são três:

1. Não incidência – quando o que acontece no mundo não se enquadra na lei

1.1. "tout court" – pura e simples

1.2. Imunidade – não incidência constitucionalmente qualificada. O tributo incide, mas o pagamento é dispensado.

2. Isenção – o ente federado não tributa, mesmo que ocorra o fato gerador. A lei dispensa o pagamento do tributo devido.

3. Alíquota Zero – o tributo não é pago por uma questão de cálculo.

IMUNIDADES: art. 150, VI, CF/88 – só se aplica sobre impostos

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI – instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; – IMUNIDADE RECÍPROCA entre a União, Estados, DF e Municípios. Os imunes são os entes políticos. Um não cobra tributos do outro.

Tal imunidade decorre do princípio da isonomia no âmbito político, o qual afirma que as pessoas políticas são iguais.

O §2 estende a imunidade a autarquias e fundações públicas somente para patrimônio, renda e serviços vinculadas as suas finalidades essenciais ou as delas decorrentes. Em relação aos entes políticos, essa restrição não existe.

§ 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

§ 3º As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. – nesse caso de exploração a empreendimentos privados, não há imunidade.

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Autarquias e Fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público que praticarem atividade econômica regida pelo direito privado: Não serão abrangidas pela imunidade (art. 150, VI, §3º da CF). Ex: lanchonete dentro de uma autarquia.

§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. – não se aplicam as delas decorrentes.

Ex.: Autarquias e Fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público que praticarem atividade econômica regida pelo direito privado: Não serão abrangidas pela imunidade (art. 150, VI, §3º da CF). Ex: lanchonete dentro de uma autarquia.

Somente a Constituição dá imunidade.

IMPORTANTE: Em 2005, o STF entendeu que as empresas públicas também tem imunidade, assim como as autarquias e fundações públicas, pois nos dois casos se tem patrimônio 100% público, vinculados a sua finalidade. Então, as empresas públicas seriam uma espécie de fundação e, portanto, imunes. A partir de então, vieram várias ações dos correios e todas tiveram a imunidade reconhecida. As empresas públicas prestam serviços essenciais.

O STF entendeu da mesma forma para as sociedades de economia mista. Portanto, tanto as empresas públicas como as sociedades de economia mista que prestam serviços essenciais, tiveram a imunidade reconhecida.

b) Templos de qualquer culto; – a entidade religiosa é imune, não só o templo. Todo o patrimônio e renda que estejam vinculados as atividades essenciais.

A maçonaria não é uma religião, de acordo com o STF e, portanto, paga tributos.

Em relação aos cemitérios, quando for do patrimônio da igreja, como desempenha uma função religiosa, a imunidade se estende. Se o cemitério pertence a particulares, com finalidade lucrativa, não tem imunidade.

Prevalece que a renda dos imóveis locados, desde que utilizada para a realização das finalidades essenciais da entidade religiosa, também está protegida pela imunidade.

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; – complementar, por força do art. 146, II, da CF/88 – art. 14 do CTN

PARTIDOS POLÍTICOS: Os partidos políticos fazem jus à imunidade quando regularmente registrados no TSE, na forma da Lei n. 9.096/95.

ENTIDADES SINDICAIS: é restrito aos sindicatos dos empregados. As centrais sindicais também estão abrangidas pela imunidade. Ex: CUT.

INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: A imunidade protege o patrimônio, a renda e os serviços, desde que relacionados com as finalidades essenciais dos entes explicitados.

Em relação a essa imunidade, tem que ser observada a regra do art. 14 do CTN:

Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:

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I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001)

II – aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;

III – manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

I – Não ter finalidade lucrativa, ou seja, não pode distribuir seus lucros. Pode lucrar, mas tem que aplicar os lucros nos fins da instituição.

II – Não pode mandar dinheiro do exterior.

III – Manter o registro para comprovar as receitas e despesas, que está tudo sendo aplicado na instituição.

A instituição tem que reter na fonte o imposto de renda cuja a legislação atribua essa responsabilidade. Por exemplo, a Santa Casa de Misericórdia tem que reter o imposto de renda na fonte dos médicos empregados. Mesmo imune, tem que praticar os atos que garantam o cumprimento da obrigação tributária por terceiro. Assim, a Santa Casa tem que reter o imposto, recolher o imposto e informar pra receita quanto pagou e quanto recolheu.

Sumula 730 STF: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, "C", da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.

Assistência social é um subsistema da seguridade social, que abrange a assistência social, previdência social e saúde. A Constituição imunizou apenas a espécie assistência social, não imunizou a seguridade social. Assim, para diferenciar que instituições são assistência e quais são seguridades, o STF decidiu que seria analisado se o empregado contribui ou não. Se o empregado contribui, é previdência. Se o empregado não contribui é assistência e aí tem imunidade.

d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. – IMUNIDADE CULTURAL

A imunidade não inclui a empresa jornalística, a empresa editorial, o autor, o livreiro etc., que em razão dos princípios da igualdade e da capacidade contributiva deverão pagar impostos sobre o rendimento que obtiverem com o livro, com o jornal etc.

A ideia é facilitar o acesso a cultura. É uma imunidade puramente objetiva, pois é para um objeto, não para uma pessoa.

Papel para imprimir livro, é sem imposto, mas papel para imprimir panfleto que vai dentro do livro, paga o imposto.

Em relação aos jornais, a presença de propaganda não descaracteriza o jornal e se mantém a imunidade.

Dos insumos necessários a produção do livro, apenas o papel está imunizado. O que é similar ao papel, também está imune, como por exemplo o filme, o papel para endurecer a capa do livro e o papel fotográfico. A tinta e os demais insumos não.

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IMPORTANTE: livro eletrônico ainda está sendo discutido pelo Supremo. O livro em meio eletrônico ainda não está imunizado. Então, numa questão de prova, a resposta é não, não há imunidade ao livro eletrônico.

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.

Imunidade musical ou da música nacional:

Fonograma: arquivo contendo áudio.

Videofonograma: arquivo contendo áudio e vídeo.

A produção tem que ser no Brasil e com autores brasileiros e/ou intérpretes brasileiros. Os suportes materiais ou arquivos digital que contenham os fonogramas ou videofonogramas, contém imunidade.

Exceção: o que não é imune é a etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser (blue ray, cd, dvd), Outras mídias são imunes.

OBS.: existem outras imunidades previstas na Constituição. O rol do art. 150 não é taxativo.

IMUNIDADES ESPECÍFICAS

Imunidade em relação ao IPI:

O IPI não incide sobre exportações de produtos industrializados (art. 153, §3º, III da CF). O país não deve exportar tributos, mas sim produtos e estes devem chegar ao mercado internacional com condições de competitividade.

Imunidade em relação ao ITR:

O ITR não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando o proprietário que as explore não possua outro imóvel (art. 153, §4º, II da CF).

Embora o artigo mencione lei, cabe à lei complementar definir o que são pequenas glebas rurais, pois a ela cabe regular as limitações constitucionais ao poder de tributar (art. 146, II da CF).

Imunidade em relação ao ICMS:

• O ICMS não incidirá sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatário no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento

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do montante do imposto, cobrado nas operações e prestações anteriores. (art. 155, §2º, X, “a” da CF).

• O ICMS não incidirá sobre operações interestaduais de petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados e energia elétrica (art. 155, §2º, X, “b” da CF). Ex: Quando Itaipu vende energia elétrica para São Paulo, não incide ICMS.

A LC 87/96 dispõe que a imunidade só se restringe ás operações destinadas à comercialização ou à industrialização. Assim, quando as operações interestaduais de petróleo e seus derivados se destinar ao consumidor final, não haverá imunidade.

• ICMS não incide nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita (art. 155, §2º, X, “c” da CF).

• O ICMS não incidirá sobre o ouro quando utilizado como ativo financeiro ou instrumento cambial, mas nesta operação incidirá IOF (art. 153, §5º da CF).

Com exceção do ICMS, II e IE, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País (art. 155, §3º da CF).

Imunidade em relação ao ITBI:

• Não incide sobre os direitos reais de garantia incidentes sobre imóveis. (art. 156, II, in fine da CF) Ex: Hipoteca e Anticrese.

• Não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital (art. 156, §2º, I da CF).

• Sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão (reunião de 2 ou mais sociedades para formar uma só), incorporação (absorção por uma ou mais sociedades de uma ou outras), cisão (transferência de parte do patrimônio de uma sociedade anônima a outras já existentes com tal finalidade) ou extinção de pessoa jurídica (art. 156, §2º, I da CF).

Exceção: Se a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de imóveis ou arrendamento mercantil, haverá incidência do ITBI (art. 156, §2º, I, da CF). “O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente tenha como atividade preponderante a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a cessão de direitos relativos à sua aquisição” (art. 37 do CTN).

• São isentas de ITBI as transmissões imobiliárias decorrentes de desapropriações realizadas para fim de reforma agrária. Houve um erro de técnica legislativa, pois na verdade são imunes (art. 184, §5º da CF). Também não incide sobre os bens adquiridos por usucapião, pois é forma originária de aquisição da propriedade.

Imunidade em relação às contribuições sociais:

• A contribuição para a seguridade social não incidirá sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência de que trata o art. 201 (art. 195, II da CF).

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• São isentas de contribuições sociais para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei (art. 195, §7º da CF). Embora mencione “isentas”, trata-se de imunidade.

Imunidades com relação as taxas:

Ex: direito de petição, certidão de nascimento; certidão de óbito (art. 5º, XXXIV, “a” e “b” da CF).

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Direito Constitucional

DA REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS (ART. 157 A 162)

REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

REPASSE DA UNIÃO PARA OS ESTADOS:

1. 100% DO IRRF (imposto de renda retido na fonte) sobre os rendimentos pagos pelos Estados/DF;

2. 25% dos impostos residuais (se criados);

3. 10% do IPI proporcionalmente às exportações de produtos industrializados do Estado;

4. 29% do CIDE Combustível;

5. 30% do IOF sobre o ouro utilizado como ativo financeiro ou instrumento cambial conforme a origem da operação;

REPASSE DA UNIÃO PARA OS MUNICÍPIOS

1. 100% da arrecadação do IRRF sobre os rendimentos pagos pelo município;

2. 50% do ITR relativos aos imóveis do município (ressalvada a hipótese do art. 153, §4º, III da CF em que os municípios poderão, por convênio com a UNIÃO, arrecadar 100% do ITR);

3. 7,25% do CIDE Combustível;

4. 70% do IOF sobre o ouro utilizado como ativo financeiro ou instrumento cambial conforme a origem da operação;

REPASSE DOS ESTADOS PARA O MUNICÍPIO

1. 50% do IPVA dos veículos licenciados em seu território;

2. 25% do ICMS;

3. 2,5% do IPI transferido pela União aos Estados proporcional às exportações ocorridas no território estadual (equivale à 25% dos 10% que os Estados receberam a título de IPI);

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DOS IMPOSTOS DA UNIÃO (ART. 153 A 154)

IMPOSTOS FEDERAIS

Imposto de Importação

Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional.

Art. 20. A base de cálculo do imposto é:

I – quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;

II – quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcança-ria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País;

III – quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arre-matação.

Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alí-quotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.

Art. 22. Contribuinte do imposto é:

I – o importador ou quem a lei a ele equiparar;

II – o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.

São impostos que servem para o controle, mais do que para a arrecadação, sendo impostos marcantemente extrafiscais.

Fato gerador do Imposto de Importação: entrada de mercadoria estrangeira no território brasi-leiro. Não importa de que forma.

Quando a mercadoria entra de forma temporária, não para ficar, não ocorre o fato gerador. As-sim, não basta a entrada física da mercadoria. Tem que ser de forma definitiva.

ATENÇÃO: a frase de que o fato gerador é ocorrido no registro da declaração de importação, apenas vale para o regime comum de importação, quando se faz a declaração de importação. Tem alguns regimes que nem tem declaração de importação. Nesse caso, a data será no lança-mento mesmo.

Fato gerador:

Critério material: a mercadoria tem que ter entrado no país

Critério temporal: na data de registro da declaração de importação, com exceções.

O fato gerador do II é a entrada da mercadoria estrangeiro no país. Para efeitos de cálculo, se considera a data da entrada, a mesma data do registro de declaração da importação, quando existente. Senão, será a data do lançamento.

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Da Repartição das Receitas Tributárias (Art. 157-162) e Dos Impostos da União (Art. 153-154) – Profª Giuliane Torres

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Imposto de Exportação

Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do território nacional.

Art. 24. A base de cálculo do imposto é:

I – quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;

II – quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência.

Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional o custo do financiamento.

Art. 25. A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do valor ou do preço, referidos no artigo anterior, excedente de valor básico, fixado de acordo com os critérios e dentro dos limites por ela estabelecidos.

Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-los aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.

Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar.

Art. 28. A receita líquida do imposto destina-se à formação de reservas monetárias, na forma da lei.

Imposto de exportação incide sobre a exportação para o exterior de mercadoria nacional ou nacionalizada.

Mercadoria nacional: produzida no Brasil

Mercadoria nacionalizada: produzida em outro país e regularmente importada para o Brasil, se incorpora a economia nacional. Assim, quando ingressa, passa a ser uma mercadoria nacionalizada.

Mercadoria desnacionalizada: produzida no Brasil e regularmente importada em outro país e incorporada na economia do país.

Não incide Imposto de Importação sobre mercadoria nacional e nacionalizada. Isso é muito importante quando se viaja para o exterior e volta. O fiscal pode perguntar na chegada ao país.

IOF – Imposto sobre Operações Financeiras

Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador:

I – quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado;

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II – quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este;

III – quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável;

IV – quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável.

Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito.

Art. 64. A base de cálculo do imposto é:

I – quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros;

II – quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição;

III – quanto às operações de seguro, o montante do prêmio;

IV – quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários:

a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver;

b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação em Bolsa, como determinar a lei;

c) no pagamento ou resgate, o preço.

Art. 65. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política monetária.

Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei.

Art. 67. A receita líquida do imposto destina-se a formação de reservas monetárias, na forma da lei.

Impostos sobre operações de créditos, de câmbios, seguros e referentes a títulos e valores mobiliários. O IOF é o imposto que recai sobre essas quatro operações.

IOF Câmbio – fato gerador: sobre conversão de moedas

IOF crédito – fato gerador: sobre operações de crédito, como por exemplo, quando se faz um empréstimo ou entra no limite do cheque especial.

IOF seguros – fato gerador: contratação de um seguro

IOF títulos e valores mobiliários: fato gerador: negociação de títulos em bolsas, por exemplo

Por ser um tributo que incide sobre operações financeiras, tem que ser explicado separadamente para cada operação. Também é um tributo parafiscal e não obedece a anterioridade, nem a noventena.

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IOF Ouro: quando o ouro for considerado como ativo financeiro ou instrumento cambial, sobre ele apenas incide o IOF e nenhum outro tributo. O ouro aprece na economia de duas formas: as vezes como mercadoria (ex.:joia de outro), as vezes como investimento, se tornando um ativo financeiro. Este ouro ativo financeiro é o instrumento cambial para conversão de moeda e a incidência é só do IOF que incide na operação de origem e não tem mais IOF nas operações seguintes. A alíquota será de no mínimo 1% e é o único caso que a Constituição estabelece que a arrecadação do IOF ouro, em que pese ser um tributo Federal, 70% da arrecadação vai para os Municípios e os outros 30% vai para o Estado da arrecadação de origem e nenhum centavo ficará para a União.

IPI – Imposto sobre produtos Industrializados

Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador:

I – o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;

II – a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;

III – a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão.

Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.

Art. 47. A base de cálculo do imposto é:

I – no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do artigo 20, acrescido do montante:

a) do imposto sobre a importação;

b) das taxas exigidas para entrada do produto no País;

c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis;

II – no caso do inciso II do artigo anterior:

a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria;

b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente;

III – no ca♥so do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação.

Art. 48. O imposto é seletivo em função da essencialidade dos produtos.

Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados.

Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte transfere-se para o período ou períodos seguintes.

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Art. 50. Os produtos sujeitos ao imposto, quando remetidos de um para outro Estado, ou do ou para o Distrito Federal, serão acompanhados de nota fiscal de modelo especial, emitida em séries próprias e contendo, além dos elementos necessários ao controle fiscal, os dados indispensáveis à elaboração da estatística do comércio por cabotagem e demais vias internas.

Art. 51. Contribuinte do imposto é:

I – o importador ou quem a lei a ele equiparar;

II – o industrial ou quem a lei a ele equiparar;

III – o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior;

IV – o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão.

Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante.

O IPI não incide sobre as exportações de produtos industrializados ao exterior. Além disso, a Constituição impõe que o IPI será seletivo e não cumulativo.

Seletividade: graduar as alíquotas de acordo com a essencialidade da mercadoria ou do produto.

Não cumulatividade: O imposto será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. Este sistema é conhecido como “débito x crédito”, onde abate-se do montante devido pelo contribuinte do valor pago por este em etapas anteriores, já tributados pelo imposto.

OBS.: para o ICMS, a seletividade é opcional, para o IPI não. A não cumulatividade é obrigatório para o IPI e ICMS.

Importante decisão do STF:

Conforme o princípio da não cumulatividade, se compensa o que foi devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores.

A-----------------------B------------------C

100 200

10%

Crédito na operação de A para B: R$ 10,00

Quando vende para C por R$ 200,00 tem R$ 20,00 a pagar de IPI. Assim, ele credita os R$ 10,00 que tem de crédito da operação de A para B e tem R$ 10,00 a pagar.

Contudo, a discussão começou nos casos de desoneração, por não incidência, isenção ou alíquota zero. Assim, se tiver desoneração na operação de A para B, não tem IPI na entrada, mas vai ter na saída.

Os contribuintes começaram a questionar na Justiça para que se criasse um crédito presumido na operação de A para B e gerasse um crédito para a operação seguinte. A Constituição nada fala sobre esse assunto, apenas tem resposta no caso do ICMS.

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Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

I – será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;

II – a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação:

a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes;

b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;

A Fazenda Pública opinou que fosse utilizada a analogia. Assim, se não há direito a crédito para ICMS, também não deve haver para IPI. O contribuinte não concordou, dizendo que não se tratava de uma lacuna e não poderia ser utilizada a analogia. Ainda, argumentou que se para ICMS não tem direito a crédito, para IPI tem.

O STF disse que se a Constituição diz que no IPI se compensa na operação seguinte o que foi cobrado na operação anterior, se nada foi cobrado na operação anterior, nada se compensa.

Após, chegou na judiciário uma situação ao contrário: a empresa compra com IPI, gera o crédito, mas quando vende não tem IPI, a saída é isenta, não tendo o que compensar. É o oposto do caso anterior. O contribuinte requereu que se utilizasse o crédito para se compensar em outros tributos ou que a Fazenda devolva o crédito.

O STF disse que, de acordo com a Constituição, apenas poderia ser compensado com o IPI. Se não tem IPI para compensar, o crédito será estornado, salvo disposição em lei.

Em 1999, surgiu uma norma que estabeleceu que existiria o direito a crédito. Assim, no fim, o contribuinte tem direito ao crédito e se trata de um benefício. Sendo assim, poderá ser revogado esse benefício por outra lei.

ATENÇÃO: pela Constituição, não há direito a crédito.Foi a lei que determinou o direito ao crédito. No caso do ICMS, está na Constituição o direito ao crédito e no caso do IPI, a legislação que concede.

Para o ICMS, nunca teve discussões grandes sobre o direito a crédito, pois está na Constituição. Tem que ter incidência na entrada e na saída para ter direito a crédito.

Contudo, no caso da exportação, não se estorna os créditos de entrada quando não incide o ICMS na saída. Para incentivar a exportação, e o ICMS não onerar a exportação, é garantida a manutenção e o aproveitamento do crédito nas operações anteriores.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

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II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

X – não incidirá:

a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;

Existe uma decisão do STF concedendo direito a manutenção de crédito a contribuinte, sem que houvesse previsão em lei. Foi no caso de um contribuinte que adquiriu mercadoria necessária a impressão de papel para a impressão de livro, jornal e periódico.

A regra para o ICMS é que não tem direito a crédito nas operação com desoneração, com exceção quando a lei conceder (tem que verificar a legislação local), para as exportações e no caso da decisão acima para a impressão de livro, jornal e periódico.

A Constituição fala que o IPI terá seu impacto diminuído sobre a aquisição de bem de capital do contribuinte do imposto. Bem de capital é o bem utilizado para produzir outro bem, como a máquina. Isso se refere quando o industrial adquire máquina. A ideia foi baixar a carga tributária para o industrial produzir. É um benefício, não é um isenção. É a redução da carga tributária. Assim, o governo editou MP para reduzir pela metade o IPI para a aquisição do bem de capital pelo industrial, que depois virou lei, a chamada lei do bem.

IR – Imposto de renda

Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:

I – de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos;

II – de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

§ 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

§ 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis.

Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis.

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Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam.

Imposto sobre renda e proventos. Não há um conceito exato de proventos. Renda, a Constituição diz que é o produto do trabalho, do capital ou da combinação de ambos: trabalho mais capital. Proventos, de acordo com o CTN, compreende os acréscimos patrimoniais que não configurem renda. Não há um conceito, é por exclusão. O que não é renda, é provento. Ex.: ganhar na loteria. Não é acréscimo nem do trabalho, nem do capital.

Tem que haver aumento patrimonial para incidir IR. Assim, sobre indenizações, não incide IR.

A lei de IR dispõe sobre as isenções.

O IR é regido por três critérios: 1o) generalidade, pelo qual tudo que caracterizar renda ou provento (observadas as imunidades e isenções) autoriza a incidência do imposto. 2o) universalidade, de forma que toda e qualquer pessoa que aufere renda ou proventos está sujeita ao tributo; 3o) progressividade, que permite a elevação da alíquota à medida que sobe o montante da base de cálculo.

A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido da renda ou dos proventos tributáveis (art. 44 do CTN).

ITR – Imposto Territorial Rural

Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da zona urbana do Município.

Art. 30. A base do cálculo do imposto é o valor fundiário.

Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título.

O ITR não é predial, é apenas territorial. Só incide sobre terreno. Assim, nada que se venha incorporar ao terreno conta. A base de cálculo é o valor da terra nua.

O ITR é progressivo e será suas alíquotas progressivas para desestimular a manutenção da propriedade improdutiva. Se produz mais, paga menos.

Não incide ITR sobre as pequenas glebas rurais. A lei determinará o que é uma pequena gleba rural. Até 30 hectares é considerada pequena gleba rural. Além disso, para ser imune, o contribuinte não pode possuir outro imóvel.

IGF – Imposto sobre Grandes Fortunas

É previsto, mas não foi criado.

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Direito Constitucional

DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL (ART. 155)

IMPOSTOS ESTADUAIS

ITCMD - Imposto sobre a transmissão causa mortis e doação de bens e direitos

Fato gerador: incide sobre a transmissão de direitos, transmissão de bens móveis e imóveis.

Contribuinte: na transmissão causa mortis é o beneficiário do bem ou direito transmitido.

Função: fiscal

Alíquotas: fixadas por cada estado e Distrito Federal.

Base de cálculo: é fixada por lei da entidade competente para instituir o tributo.

Competência:

Bens imóveis e respectivos direitos: Estado da situação do bem;

Bens móveis, títulos de crédito: local onde se processar o inventário ou arrolamento (na sucessão processada por escritura pública - é devido para o Estado do domicílio do transmissor, ainda que admitida a lavratura do ato em local diverso);

Doação de bens móveis, títulos de crédito: local onde o doador tiver seu domicílio.

ICMS - Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação

Contribuinte: é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize com habitualidade, ou em volume que caracterize intuito comercial, operação de circulação de mercadorias ou prestação de serviços descritas como fato gerador do imposto.

Lançamento: por homologação

Competência: em regra, pertence ao Estado onde a operação se realizou, ainda que o destinatário da mercadoria esteja em outro Estado.

Operação: relação jurídica mercantil.

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Circulação: é caracterizada pela troca da titularidade jurídica do bem em uma relação mercantil.

Mercadoria: bem sujeito à mercancia.

Fato gerador: é aquele descrito na lei estadual ou distrital que instituir o tributo. É a saída econômica e jurídica da mercadoria, a mudança de titularidade de uma coisa móvel destinada ao comércio.

Função: predominantemente fiscal

Creditamento: é a compensação do que foi devido em cada operação anterior relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços.

Isenção: não há crédito presumido quando o imposto não incidiu sobre a operação anterior.

Base de cálculo: o montante do ICMS integra a base de cálculo do imposto.

Alíquota: a CF faculta a seletividade em razão da essencialidade das mercadorias e dos serviços. As alíquotas interestaduais e de exportação são fixadas pelo Senado.

Algumas decisões:

1. Não incide ICMS no serviço dos provedores de acesso à internet (súmula 334 do STJ)

2. Não constitui fato gerador de ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte (súmula 166 do STJ).

3. Há incidência sobre a entrada de mercadoria importada do exterior, mesmo que sem habitualidade e ainda quando se tratar de bem destinado a consumo ou ativo fixo de estabelecimento, assim como sobre serviço importado do exterior.

4. Incide sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios.

5. Não incide nas operações que destinem mercadorias (industrializadas ou não) para o exterior e também em relação aos serviços prestados a destinatários no exterior.

O serviços de energia elétrica incide ICMS, mas porque é considerado mercadoria.

Sobre comunicação, já teve muita discussão sobre o que é comunicação.

Uma das decisões do STF foi sobre o serviço da habilitação do celular, antes de inventarem o chip. Esse serviço de habilitação era cobrado e o Estado queria o ICMS sobre o valor total da habilitação. As companhias telefônicas foram para o justiça alegando que o serviço de habilitação de celular não é um serviço de comunicação e sim uma operação prévia para a comunicação. O STF entendeu que não era serviço de comunicação e não pode os Estados cobrar ICMS sobre esse serviço;

Outra decisão importante foi sobre os provedores de internet, que conseguiram na justiça provar que não prestam serviço de comunicação. O provedor agrega valor para um serviço existente. Assim, não incide ICMS.

A parte mais importante do ICMS é a relativa a mercadoria. O conceito de mercadoria já foi bem discutido pelo judiciário. Existe um conjunto das coisas, compreendendo tudo, e dentro há o subconjunto dos bens e o subconjunto dos bens que são as mercadorias, sendo bens móveis

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que estão no mundo com a finalidade de circularem com a obtenção de lucro. Para identificar quando algo é mercadoria ou não, se utiliza dois critérios: habitualidade e o volume da venda. Ex.: suponha que um colega num dia de aula esteja com um gravador de MP3 para gravar aula, mas quer comprar um mais moderno e põe aquele a venda e outra colega compra. Não incide ICMS, pois não é uma venda habitual com finalidade de lucro. Contudo, no outro dia, o mesmo colega chega com outro Mp3 igual para vender e todos os dias traz um para vender. Nesse caso, tem habitualidade. O colega começou a comercializar o Mp3 e aí sim, incide o ICMS.

Se o colega não vendesse todos os dias, mas num dia só, levou um saco de mp3 para vender. Assim, mesmo não sendo habitual, tinha volume e demonstrava interesse comercial. Assim, também incide ICMS.

Na importação, o ICMS incide sobre tudo, bens e mercadorias.

O ICMS na importação pertence ao Estado para onde vai a mercadoria e não ao Estado por onde a mercadoria entrou. Depois da emenda Constitucional 42/2011, o ICMS passa a incidir em qualquer importação, não sendo relevante o tipo de contrato.

A empresa aérea Tam foi para justiça para tentar não pagar ICMS sobre as aeronaves adquiridas por leasing. A Tam não compra aeronave, faz leasing da aeronave e se alguma peça quebra, faz leasing da peça. Assim, sempre está com sua frota atualizada. A airbus é a proprietária. A Tam é a arrendatária num contrato de arrendamento mercantil e nunca opta pela compra ao final. Assim, não há circulação, pois não muda o proprietário. Nessa linha, o judiciário reconheceu que a Tam não precisa pagar ICMS sobre essas aeronaves e sobre as peças, pois não existe a circulação.

Senado Federal por meio de resolução estipula para o ICMS as alíquotas interestaduais e de exportação. O Senado pode fixar também para o ICMS as alíquotas mínimas e máximas nas operações internas.

IPVA - Imposto sobre a propriedade de veículos automotores

Fato gerador: é a propriedade de veículo automotor terrestre.

Contribuinte: é o proprietário do veículo

Competência: é devido ao Estado onde o contribuinte tem seu domicílio ou residência.

Base de cálculo: valor venal do veículo

Alíquota: é fixada por lei estadual e pode ser diferenciada em função do tipo ou utilização do veículo, mas o percentual mínimo pode ser fixado pelo Senado Federal.

Função: fiscal

Imunidade: veículos das pessoas jurídicas de direito público, dos templos de qualquer culto e das instituições de educação e assistência social.

OBS: de acordo com o art. 155, §6o, II da CF, o IPVA poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização.

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DOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS (ART. 156)

IMPOSTOS MUNICIPAIS

IPTU - Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:

I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;

II - abastecimento de água;

III - sistema de esgotos sanitários;

IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;

V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado.

§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.

Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel.

Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se considera o valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade.

Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título.

Fato gerador: é a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel (por natureza ou por acessão física) localizado na zona urbana do Município.

Contribuinte: é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil ou seu possuidor a qualquer título (desde que haja ânimo de dono).

Função: é predominantemente fiscal

Base de cálculo: é o valor venal do imóvel

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ITBI - Imposto sobre a transmissão inter vivos de bens imóveis e direitos a eles realtivos

Fato gerador: é a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis (urbanos e rurais), por natureza ou por acessão física.

Contribuinte: é a pessoa indicada na lei do Município competente (em regra, é o adquirente do imóvel).

Alíquotas: são fixadas nas leis ordinárias dos Municípios competentes. Por ora prevalece que não se admite a alíquota progressiva, por falta de previsão constitucional específica.

Base de cálculo: é o valor venal do bem.

Competência: do Município da situação do bem.

ISS - Imposto sobre serviços de qualquer natureza

Regulado pela LC 116/2003

Art. 2º O imposto não incide sobre:

I – as exportações de serviços para o exterior do País;

II – a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes-delegados;

III – o valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor dos depósitos bancários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos a operações de crédito realizadas por instituições financeiras.

Parágrafo único. Não se enquadram no disposto no inciso I os serviços desenvolvidos no Brasil, cujo resultado aqui se verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no exterior.

Art. 3º O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, quando o imposto será devido no local: (Vide Lei Complementar nº 123, de 2006).

I – do estabelecimento do tomador ou intermediário do serviço ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, na hipótese do § 1o do art. 1o desta Lei Complementar;

II – da instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas, no caso dos serviços descritos no subitem 3.05 da lista anexa;

III – da execução da obra, no caso dos serviços descritos no subitem 7.02 e 7.19 da lista anexa;

IV – da demolição, no caso dos serviços descritos no subitem 7.04 da lista anexa;

V – das edificações em geral, estradas, pontes, portos e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.05 da lista anexa;

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VI – da execução da varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer, no caso dos serviços descritos no subitem 7.09 da lista anexa;

VII – da execução da limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.10 da lista anexa;

VIII – da execução da decoração e jardinagem, do corte e poda de árvores, no caso dos serviços descritos no subitem 7.11 da lista anexa;

IX – do controle e tratamento do efluente de qualquer natureza e de agentes físicos, químicos e biológicos, no caso dos serviços descritos no subitem 7.12 da lista anexa;

X – (VETADO)

XI – (VETADO)

XII – do florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.16 da lista anexa;

XIII – da execução dos serviços de escoramento, contenção de encostas e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.17 da lista anexa;

XIV – da limpeza e dragagem, no caso dos serviços descritos no subitem 7.18 da lista anexa;

XV – onde o bem estiver guardado ou estacionado, no caso dos serviços descritos no subitem 11.01 da lista anexa;

XVI – dos bens ou do domicílio das pessoas vigiados, segurados ou monitorados, no caso dos serviços descritos no subitem 11.02 da lista anexa;

XVII – do armazenamento, depósito, carga, descarga, arrumação e guarda do bem, no caso dos serviços descritos no subitem 11.04 da lista anexa;

XVIII – da execução dos serviços de diversão, lazer, entretenimento e congêneres, no caso dos serviços descritos nos subitens do item 12, exceto o 12.13, da lista anexa;

XIX – do Município onde está sendo executado o transporte, no caso dos serviços descritos pelo subitem 16.01 da lista anexa;

XX – do estabelecimento do tomador da mão-de-obra ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, no caso dos serviços descritos pelo subitem 17.05 da lista anexa;

XXI – da feira, exposição, congresso ou congênere a que se referir o planejamento, organização e administração, no caso dos serviços descritos pelo subitem 17.10 da lista anexa;

XXII – do porto, aeroporto, ferroporto, terminal rodoviário, ferroviário ou metroviário, no caso dos serviços descritos pelo item 20 da lista anexa.

Fato gerador: é a prestação, por empresa ou profissional autônomo de serviços de qualquer natureza, enumerados em lei complementar de caráter nacional e na lei do Município (ou DF) credor, desde que tais serviços não estejam compreendidos na competência do ICMS.

Contribuinte: é a empresa, ou trabalhador autônomo, que presta o serviço tributável.

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Dos Impostos dos Estados e do Distrito Federal, Dos Impostos dos Municípios e Normas Gerais – Profª Giuliane Torres

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Alíquotas: são fixadas pelo Município competente para a instituição do imposto, mas a CF ou lei complementar federal podem fixar as alíquotas máximas e mínimas.

Base de cálculo: para as empresas - preço do serviço prestado; trabalho pessoal do contribuinte - o preço normalmente é fixo e determinado de acordo com a atividade desenvolvida.

Competência: em regra, do Município do estabelecimento prestador.

FINANÇAS PÚBLICAS

Finanças públicas é a ciência que estuda a atividade fiscal, ou seja, a atividade desempenhada pelos poderes públicos na obtenção e aplicação dos recursos necessários ao cumprimento de suas finalidades.

Assim como acontece nas empresas, o governo também realiza a administração dos seus recursos arrecadando e liberando valores, ou seja, as finanças públicas tem o objetivo de equilibrar os gastos e as receitas públicas. Para que o governo invista seus recursos em diversas situações é necessário que ocorra a arrecadação desses valores.

O Estado precisa de um planejamento fiscal, orçamentário, com um sistema eficiente para obtenção e aplicação dos recursos de forma correta, racional e eficiente, garantindo a obtenção dos resultados.

Assim, essa atividade financeira do Estado, não é a atividade fim do Estado. O Estado não existe para desempenhar atividade financeira e sim para obtenção das necessidades públicas. As finanças públicas representam o meio para tanto. É necessário uma atividade financeira eficiente para administrar e aplicar bem os recursos.

As regras básicas estão dispostas no art. 163 da CF. A Constituição transferiu para a Lei Complementar a tarefa de organizar a atividade financeira do Estado a partir dos preceitos Constitucionais.

A Lei que trata as normas gerais sobre finanças públicas é a Lei 4.320/64, que, em pese ser de 1964, foi recepcionada pela Constituição de 1988, com status de Lei Complementar, mesmo tendo sido produzida como lei ordinária.

Art. 163. Lei Complementar deve dispor sobre as normas gerais a respeito das finanças públicas.

Art. 163. Lei complementar disporá sobre:

I - finanças públicas;

II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público;

III - concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;

V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

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VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.

Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central.

§ 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira.

§ 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.

§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.

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Direito Tributário

FATO GERADOR, OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL E ACESSÓRIA E SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

FATO GERADOR

Fato gerador: situação de fato/circunstâncias materiais que lhe são próprias.

Ex.: mercadoria entrou no país.

• situação jurídica: olhar para o direito aplicável.

Ex.: para saber quando o imóvel é transferido, tem que ir até o direito civil para saber que é no momento da transferência no registro civil. Então é nesse momento que nasce o fato gerador do ITB.

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA

A obrigação tributária surge da ocorrência de um fato previsto (hipótese de incidência, fato tributável, fato gerador in abstracto) em lei como capaz de produzir este efeito. Ocorrido o fato gerador (fato imponível, fato gerador in concreto) previsto em lei, nasce a obrigação tributária principal, a obrigação patrimonial do sujeito passivo que tem por objeto o pagamento do tributo e/ou da penalidade pecuniária.

Fato gerador: fato social que acontece no mundo.Em abstrato: hipótese de incidência que está na lei.Em concerto: em sentido estrito.

A obrigação tributária acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto uma obrigação de fazer ou não fazer previstas em favor da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Se não cumprida, a obrigação acessória, na modalidade de pena pecuniária, será exigida como se fora um tributo, com todas as garantias e privilégios inerentes a este. Pode subsistir mesmo com a dispensa do cumprimento da obrigação principal, a exemplo daqueles que estão isentos do imposto de renda, mas são obrigados a apresentar a respectiva declaração.

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Ex.: entregar a obrigação de IR, obrigação de emitir nota fiscal, obrigação de não receber mercadorias desacompanhadas de instrumento fiscal.

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Se existe uma relação, existe quem pode exigir o cumprimento e quem tem que cumprir a obrigação. É o sujeito ativo e o sujeito passivo.

Sujeito ativo: entes políticos. Normalmente quem pode criar o tributo. Assim, a União é o sujeito ativo do Imposto de Renda.

Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento.

Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de direito público, que se constituir pelo desmembramento territorial de outra, subroga-se nos direitos desta, cuja legislação tributária aplicará até que entre em vigor a sua própria.

Ex.: quando Tocantins foi criado, foi desmembrado de Goiás. Assim, Tocantins ficou usando a legislação de Goiás até que se criou as leis de Tocantins. Esse foi um caso de extraterritorialidade, aonde se utiliza num Estado, regras de outro.

Além da questão da extraterritorialidade, já explicada em tópico anterior, essa regra também serve para saber para quem pagar o tributo. No caso do Tocantins, se o sujeito devia IPVA para Goiás que agora se tornou Tocantins, pela regra do art. 120, o estado de Goiás, que era o Credor, deixa de ser e Tocantins se subroga nos direitos, sendo o novo credor.

Sujeito passivo: quem deve pagar o tributo ou multa.

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:

I – contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador;

II – responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.

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Fato Gerador, Obrigação Tributária Principal e Acessória e Sujeitos da Obrigação Tributária – Profª Giuliane Torres

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→ Contribuinte: quem tem relação direta com o fato gerador, ou seja, quem praticou o fato gerador e tem que pagar o tributo.

→ Contribuinte de fato: quem recebe os efeitos do fato gerador.

Ex.: no caso do ICMS, o contribuinte de direito é quem tem que recolher o ICMS e o de fato é quem tem que pagar.

→ Contribuinte de direito: quem pratica o fato gerador.

Quando a banca só falar contribuinte, é o de direito.

→ Responsável: quem não tem relação direta com o fato gerador, mas tem que pagar. Quem não praticou o fato gerador, mas por lei, tem que pagar.

Se o sujeito passivo tem sua obrigação prevista na lei, não pode por acordo entre as partes se mudar o sujeito passivo. As convenções particulares não podem ser impostas ao fisco.

Ex.: contrato de aluguel. No contrato, fico disposto que o locatário tem que pagar o IPTU. Contudo, se não for pago, o IPTU vai ser cobrado do locador, o proprietário do imóvel. Quando o município ajuizar a execução fiscal, o contrato de aluguel não poderá ser oposto e mudar o sujeito passivo. O contrato não é nulo, apenas é ineficaz perante o fisco. No âmbito civil, é válido e o locador poderá ajuizar ação regressiva contra a locatária, cobrando o IPTU.

ATENÇÃO: se o município acrescentar na lei que o locatário será o sujeito passivo, aí então, poderá o contrato ser oposto, pois houve uma disposição de lei. É raro isso ocorrer, mas é possível.

Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto.

Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.

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Direito Tributário

RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES, LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO E RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO

RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES

O art. 136 do CTN evidencia que, salvo disposição de lei em sentido contrário, nas infrações tributárias a responsabilidade pelas multas é objetiva (inversamente do que se verifica nas infrações penais), ou seja, independe da culpa ou da intenção do agente ou do responsável, salvo disposição de lei em contrário. Independe, também, da existência do prejuízo.

Ex.: o contribuinte diz que não entregou a declaração no prazo porque entregou os documentos ao contador e ele não fez no prazo. A responsabilidade independe de comprovação de culpa. Assim, paga a multa igual.

Contudo, esse raciocínio não é aplicável quando a mercadoria foi vendida com nota inidônea.

Ex.: quando a empresa A vende a mercadoria para a empresa B, com 18% de ICMS para uma mercadoria de R$ 100,00, a empresa B registra na sua contabilidade um crédito de R$ 18,00. Mas, se a empresa A é uma empresa pirata, cheia de irregularidades, emitindo nota fiscal inidônea, não recolhendo tributos para o fisco, o contribuinte B, que não sabia nada da nota inidônea, não pode ser multado e ter seu crédito retirado.

A responsabilidade é objetiva para quem cometeu a infração. A responsabilidade do adquirente é subjetiva.

Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.

Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente:

I – quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito;

II – quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar;

III – quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico:

a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem;

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b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou empregadores;

c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra estas.

LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO

Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.

O lançamento é o ato declaratório da obrigação tributária e constitutivo do crédito tributário. Lançamento é um procedimento e tem repercussão prática. A notificação é um início do lançamento.

Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.

A legislação material aplicável ao lançamento do tributo é a da data do fato gerador. A lei formal, quanto a forma como deve ocorrer o procedimento, é a da data do lançamento, não do fato gerador.

Ex.: lançar hoje IR de receita recebida em 2011. Se utiliza a legislação material do IR de 2011, mas a lei quanto ao procedimento será a atual, da data do lançamento.

§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.

Desde 2001 foi aumentado os poderes de investigação das autoridades administrativas e as mesmas podem verificar a conta bancária dos contribuintes. Contudo o judiciário ainda discute se não seria necessário a quebra de sigilo bancário para isso.

Lei que tenha instituído novos critérios e ampliado poderes da autoridade investigativa se aplica a fatos passados, bem como lei que tenha outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios.

Ex.: se surgir uma lei que autoriza a penhora do único bem de família para pagamento de dívidas tributárias (para todos os tributos, não apenas do IPTU), as garantias do crédito tributário serão ampliadas e poderá a lei ser utilizada para o passado.

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Responsabilidade por Infrações, Lançamento Tributário e Responsabilidade por Substituição – Profª Giuliane Torres

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Nesse último caso, de leis que tenha outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, salvo se essa nova proteção consistir uma atribuição de responsabilidade de terceiro. Nesse caso, só se aplica da lei para frente, não retroage a casos do passado.

Quando a mercadoria adquirida é estrangeira, expressa em moeda estrangeira, se o Fisco for lançar tributo referente a essas mercadorias, tem que ser no câmbio da época do fato gerador.

Ex.: o fisco pega contribuinte na alfândega na fronteira com Rivera e na época o valor do dólar era R$ 1,90, se o lançamento for feito hoje, com o dólar a R$ 3,00, tem que ser utilizado o câmbio da época do fato gerador, qual seja R$ 1,90.

RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO

Exemplo: empresa X pagou para Zé. Quem tem que pagar o IR é a empresa X, ou seja, a obrigação já surge contra a empresa X. Neste caso, a empresa X substitui Zé no dever de pagar. Quando nasce a obrigação, já tem um substituto. Não se transfere a obrigação.

Há duas modalidade se substituição:

→ Substituição tributária para trás (antecedente/regressiva): é cobrado do próximo na cadeia produtiva. Ocorre o diferimento.

A vende para B que vende para C:

ICMS1  ICMS2     ICMS3

Nesse caso, empresa B pagar o ICMS 1 e 2.

→ Substituição tributária para frente (subsequente/progressiva): ocorre a antecipação do recolhimento do ICMS.

A vende para B que vende para C:

ICMS1  ICMS2     ICMS3

Na substituição tributária para frente, a empresa A paga todo o ICMS. O correto seria a empresa A pagar o ICMS1, a empresa B pagar o ICMS2 e a empresa C pagar o ICMS3. Mas existe a regra da substituição tributária para facilitar a fiscalização.

No caso do fato gerador presumido não ocorrer, quem tem direito de pedir a restituição é o substituído, no caso a empresa B, com a nota fiscal.

A é o substituto.B é o substituído.

A sistemática dessa cobrança é constitucional. Se o fato gerador ocorrer, mas com valor diferente, aí não haverá devolução, nem se cobra a diferença. Existe a presunção relativa de que o fato gerador vai ocorrer.

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Direito Tributário

MODALIDADES DE LANÇAMENTO

Critério utilizado pelo legislador para definir as modalidades: grau de participação do sujeito passivo no lançamento, que é privativo da autoridade administrativa, mas o sujeito passivo pode cooperar no lançamento.

1ª modalidade: LANÇAMENTO DE OFÍCIO

O procedimento é feito todo pela autoridade administrativa. O particular não participa em nada. O fisco calcula a base de cálculo, a alíquota, lança o tributo e notifica o sujeito passivo.

Ex.: IPTU e IPVA.

2ª modalidade: LANÇAMENTO POR DECLARAÇÃO

O particular declara para o fisco os dados, o fisco lança o tributo e envia ao particular para pagar.

Ex.: ITBI.

3ª modalidade: LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO OU AUTOLANÇAMENTO

O particular faz quase tudo. O particular verifica que o fato gerador ocorreu, calcula o tributo devido e antecipa o pagamento. O fisco apenas homologa o lançamento feito pelo particular. Contudo, só há lançamento quando o fisco homologa. Passados 5 anos, se o fisco nada disse, se operou a homologação. O silêncio do fisco é a homologação tácita.

Ex.: ICMS.

IMPORTANTE: no lançamento por declaração que não é feito pelo particular ou feito de forma errada, a autoridade administrativa pode fazer o lançamento de ofício. Assim, qualquer tributo pode ser lançado de ofício.

Pela sistemática atual, o lançamento do Imposto de Importação passou a ser por homologação. É raro lançamento por declaração atualmente.

Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial.

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Arbitramento é uma técnica utilizada pelo Poder Público para achar a base de cálculo e lançar o tributo. Ocorre quando o particular não declara o tributo ou declara errado ou o valor não mereça fé. Não é um lançamento propriamente e sim uma técnica.

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Direito Tributário

SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

I – moratória;

II – o depósito do seu montante integral;

III – as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo;

IV – a concessão de medida liminar em mandado de segurança.

V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes.

O que suspende não é o crédito tributário, mas sim, a exigibilidade do crédito. O fisco não poderá cobrar por um período de tempo. Os casos estão no art. 151 do CTN.

I – Moratória: é a concessão, pelo credor, de um prazo para que o devedor pague seu débito. Normalmente o Poder Público concede uma moratória quando acontece algum fato excepcional no mundo que dificulta de sobremaneira o cumprimento das obrigações tributárias. A moratória pode ser concedida em caráter geral ou em caráter individual.

A moratória pode ser restrita a uma região determinada. É uma moratória geral, mas em local delimitado. A moratória também pode ser circunscrita a uma região e de forma individual. Ex.: moratória para produtores de vinho da serra gaúcha em função de evento climático que afetou a região. Tem que comprovar que é produtor de vinho e que mora na serra gaúcha.

Art. 152. A moratória somente pode ser concedida:

I – em caráter geral:

a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira;

b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado;

II – em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior.

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1. Geral:

a) autônoma: concedida pela pessoa jurídica que tem competência para o tributo.

b) Heterônoma: moratória concedida pela União de tributos que sejam de competência dos Estados, Distrito Federal e municípios, mas simultaneamente concedida a tributos de sua competência e obrigações de direito privado.

Obs.: apenas a União pode conceder a moratória heterônoma. Os Estados e os municípios não podem.

2. Individual: em caráter individual, desde que autorizado por lei.

Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos:

I – o prazo de duração do favor;

II – as condições da concessão do favor em caráter individual;

III – sendo caso:

a) os tributos a que se aplica;

b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter individual;

c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual.

Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo.

Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele.

Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora:

I – com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele;

II – sem imposição de penalidade, nos demais casos.

Esse artigo também é aplicado para anistia, isenção, remissão e parcelamento.

A concessão de moratória, não gera direito adquirido, por isso, poderá ser revogada se os requisitos não forem cumpridos, sendo determinada a anulação do ato, que erroneamente é denominado de revogação pelo código.

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Direito Tributário – Suspensão do Crédito Tributário – Profª Giuliane Torres

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A multa apenas será devida quando ocorrer infração, com dolo ou a simulação de benefício ou se um terceiro agir em benefício daquele. Além da multa, não será beneficiado pela prescrição, pois não ocorre a prescrição até que ocorra a revogação do benefício.

Se for sem dolo, não terá multa. Apenas paga o tributo com juros. Também, se não há dolo, a prescrição continua correndo e o Estado tem que cobrar antes que ocorra a prescrição.

II – Depósito do montante integral: quando se ajuíza a ação judicial para discutir o débito tributário, fazendo o depósito integral do débito, se suspende a exigibilidade do tributo, enquanto não encerra a ação judicial. Se no final o contribuinte ganhar, levanta o valor depositado. Se o contribuinte perder, o Fisco converte o valor em renda. Se o valor depositado for menor que o exigido pelo fisco, não suspende a exigibilidade do débito. Além disso, o depósito tem que ser em dinheiro, não pode ser em bens.

Súmula 112 STJ: Tributário. Depósito. Execução fiscal. Suspensão da exigibilidade. Necessidade de ser integral e em dinheiro. CTN, art. 151, II. Lei 6.830/80, arts. 9º, § 4º, 32 e 38.

III – Reclamação e recurso: quando se impugna as notificações do fisco, bem como se recorre da decisão de primeira instância. Enquanto a notificação ou recurso estiverem sob análise do julgador, a exigibilidade do crédito tributário fica suspenso.

IV – Medida liminar em Mandado de Segurança: liminar é um pedido de urgência feita na inicial.Isso ocorre porque o processo judicial é demorado. Assim, se pede que o juiz antecipe a tutela pleiteada para proteger o direito. É pedir que a autoridade não exija o pagamento até que se julgue o processo. Os requisitos para a concessão da liminar são: o periculum in mora (perigo na demora) e o fumus boni iuris (fumaça do bom direito, a verossimilhança nas alegações, a relevância das alegações).

V – Liminar ou tutela antecipada em outras ações: da mesma forma que exposto acima no caso do mandado de segurança, mas a liminar será concedida numa ação ordinária.

Obs.: o juiz não pode proferir liminar determinando que a autoridade não efetue um lançamento. A liminar é para suspender a exigibilidade do crédito. Exigir que a autoridade administrativa não cobre nada do contribuinte até o processo ser julgado.

VI – Parcelamento: o código não cria regras para o parcelamento. Quem indica as regras é o credor. O CTN apenas traz as diretrizes, normas gerais. As regras estarão em lei específica, criado por cada ente da federação.

A concessão de parcelamento não exclui juros e multas.

Para as empresas em recuperação judicial, existe uma lei mais vantajosa para o parcelamento. Assim, a União e os Estados criam as leis específicas para o parcelamento. São leis diferentes da comum do parcelamento, é específica para o caso de recuperação judicial. Se o Estado não criar essa lei, se usa a lei comum e, se o prazo para o parcelamento da lei da União for mais vantajosa, mais extenso, a empresa pode utilizar o parcelamento concedido pela União. Mas apenas no caso do Estado não criar a lei específica para recuperação judicial.

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Direito Tributário

EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Art. 175. Excluem o crédito tributário:

I – a isenção;

II – a anistia.

Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente.

A exclusão do crédito é uma proibição ao lançamento. O tributo nem mesmo é lançado. Apenas acontece em caso de isenção e anistia.

I – Isenção: não lançar o tributo. Se evita o lançamento. A isenção tem que ser concedida por lei.

Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva:

I – às taxas e às contribuições de melhoria;

II – aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.

A isenção pode ser revogada ou modifica, mas por lei.

As isenções condicionadas e temporárias, não podem ser revogadas. Geram direto adquiridos.

Ex.: a empresa terá isenção de tributo por 10 anos se criar 200 empregos na região. Nesse caso, a isenção pode ser revogada e quem não se beneficiou dela, não se beneficia mais. Porém, quem se beneficiou, tem direito adquirido e terá a isenção pelos 10 anos.

Art. 178. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.

Assim como no caso da moratória, a isenção pode ser em caráter geral ou individual. As regras são as mesmas para o caso da moratória. É o mesmo raciocínio.

II – Anistia: não lançar a multa. É relativa a infração e apenas para infrações já cometidas. Não pode ser para infrações futuras.

Não pode ser aplicada as infrações qualificadas como crime ou contravenções penais, bem como se foi praticada com dolo. No caso do conluio, pode ser anistiado se a lei autorizar.

Da mesma forma que na moratória e na isenção, a anistia pode ser em caráter geral e individual. Vale a mesma regra.

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Direito Tributário

EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

I – o pagamento;

II – a compensação;

III – a transação;

IV – remissão;

V – a prescrição e a decadência;

VI – a conversão de depósito em renda;

VII – o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;

VIII – a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;

IX – a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;

X – a decisão judicial passada em julgado.

XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149.

I – Pagamento:

Art. 157. A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário.

Não se livra do pagamento da obrigação com o pagamento da multa. O tributo e a multa são cumulativos. A multa não fica embutida no tributo, nem o tributo na multa.

Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento:

I – quando parcial, das prestações em que se decomponha;

II – quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos.

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O devedor deve guardar os comprovantes de pagamentos. Não há presunção de pagamento em Direito Tributário.

Ex.: se tem comprovante de pagamento do IPTU de 2014, não se presume que o de 2013 foi pago, assim como não há presunção de que a taxa de lixo foi paga.

Ordem de pagamento

Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas:

I – em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária;

II – primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos;

III – na ordem crescente dos prazos de prescrição;

IV – na ordem decrescente dos montantes.

Consignação em Pagamento

Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:

I – de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;

II – de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal;

III – de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.

§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar.

§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância con-signada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, co-bra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.

Pagamento indevido

Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:

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I – cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;

II – erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento;

III – reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.

Quando o contribuinte paga um valor indevidamente, tem o direito de ter o valor restituído, através da repetição de indébito, independentemente de prévio protesto. Se não ocorreu o fato gerador, não há obrigação tributária. Assim, se o contribuinte pagou por engano, terá o valor restituído.

Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la.

Esse artigo se refere aos tributos indiretos. Há os contribuintes de fato e de direito. O fisco cobra do contribuinte de direito. Em alguns casos, o contribuinte de fato é o mesmo de direito, como no caso do IPTU.

No caso do ICMS, por exemplo, há a transferência do encargo financeiro. Na prática, o comerciante repassa o encargo financeiro ao comprador. Assim, o comerciante é o contribuinte de direito, de quem o fisco cobra, mas o consumidor é o contribuinte de fato, pois é quem paga o tributo, que vem embutido na mercadoria.

Dessa forma, se a empresa pagou ICMS a maior, não terá direito a restituição, pois repassou o encargo, ou seja, não poderá ter a restituição de um valor que foi repassado. Quem efetivamente pagou, foi o contribuinte de fato. Para ter a restituição, tem que haver a prova de que assumiu o encargo financeiro.

Para os tributos indiretos, para pedir restituição, tem que comprovar que não repassou o tributo ou tem que provar que está autorizado por quem recebeu o encargo.

Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição.

Parágrafo único. A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a determinar.

O prazo para pedir a restituição é de 5 anos, contados:

I – da data da extinção do crédito tributário: da data do pagamento (o crédito se extingue com o pagamento).

Quando o lançamento é de ofício e por declaração, quem calcula o tributo é o fisco e basta que o contribuinte pague para que o crédito seja extinto.

Quando o pagamento é por homologação, a extinção ocorre quando é feito o pagamento mais a homologação. Nessa caso, em que pese todas as discussões ocorridos e de, antigamente, ter

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sido reconhecido que o prazo começa da data da homologação, hoje, o prazo estabelecido é o da data do pagamento.

II – da data que tornar definitiva a decisão administrativa ou judicial: após se tornar definitiva a decisão sobre o tributo ser devido ou não, tanto na esfera judicial como na administrativa, caso o contribuinte tenha que pagar o tributo, o prazo começa a contar da data que tornar definitiva a decisão.

Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados:

I – nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; (Vide art 3 da LCp nº 118, de 2005)

II – na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória.

Se for feito o pedido de restituição administrativo e foi indeferido pela Fazenda Pública, o prazo para pedir a restituição é de 2 anos na Justiça para pedir a restituição.

ATENÇÃO: o prazo de 5 anos é para ir direto para o Justiça. Se pedir administrativamente antes, o prazo é de 2 anos contados do indeferimento.

Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição.

Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada. – Prescrição intercorrente. Não se aplica.

II – Compensação:

Encontro de contas. Para existir compensação, duas pessoas tem que ser credor e devedor reciprocamente. Além disso, os valores tem que ser líquidos, certos, vencidos e exigíveis.

Liquidez – quanto ao valor;Certeza – quanto a existência;Vencida – já tem que ter ocorrido o vencimento;Exigível – não pode estar com a exigibilidade suspensa.

Há possibilidade de compensar um crédito vincendo que se tem perante a Fazenda Pública com um crédito tributário vencido.

ATENÇÃO: o crédito tributário tem que estar vencido.

Para compensação em direito tributário, tem que ter lei autorizando. Além disso, a lei pode autorizar a compensação com um crédito vincendo. Se o valor é vincendo, tem que ocorrer a atualização para o dia do vencimento, com taxa de juros de 1% a.m. para se apurar o valor correto.

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Precatórios: ordem judicial em que o Judiciário determina ao executivo que reserve dinheiro do orçamento para pagar um débito.

Como o pagamento por precatório demora muito, os credores acabam pedindo compensação dos débitos na justiça. Contudo, após o trânsito em julgado é que ocorre a compensação.

Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

Existem algumas súmulas do STJ sobre Mandado de Segurança em compensação.

Ex.: Na declaração de DCTF, se diz quando se deve e se diz se foi pago. Mas se pode compensar com algum crédito. Se o Estado ainda não compensou o crédito. Se entra com mandado de segurança pedindo essa compensação.

Não pode compensação ser determinada em medida liminar. A compensação só pode ser determinada na decisão final.

III – Transação:

Acordo entre credor e devedor que fazem concessões mútuas para extinguir crédito tributário.

Pode ocorrer na esfera administrativa ou judicial. Na administrativa, evita o litígio judicial. A transação tem que ser autorizada por lei. A lei pode facultar a transação, mas não obrigar.

IV – Remissão:

Significa o perdão total ou parcial do crédito tributário. O ato de remitir, de perdoar a dívida, é formalizado pela autoridade administrativa após autorização de lei que tenha por fundamento uma das hipóteses do art. 172 do CTN.

Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo:

I – à situação econômica do sujeito passivo;

II – ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato;

III – à diminuta importância do crédito tributário;

IV – a considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso;

V – a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.

Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.

Em relação a remissão por equidade, não se contradiz com a regra que determina que a equidade não pode resultar na dispensa de pagamento de tributo. Aquela, é para o julgador, que não pode perdoar o pagamento. Nesse caso, a equidade é do legislador, está na lei.

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V – Prescrição e Decadência:

Se extingue o crédito pelo passar do tempo. É para o Fisco. É o prazo que o fisco tem para lançar o tributo (prazo decadencial) ou executar o contribuinte que não pagou o tributo (prazo prescricional).

A decadência está relacionada com o lançamento. O prazo para o fisco lançar o tributo é de 5 anos e o inicio do prazo depende do tributo. Se não fizer, decai o direito de lançar o crédito e ocorre a extinção pela decadência.

A prescrição está relacionada a cobrança do tributo lançado. O fisco tem 5 anos para executar o crédito a partir da data do lançamento. Caso não execute nesse prazo, prescreve o direito de cobrar o crédito e ocorre a extinção pela prescrição.

Termo inicial do prazo decadencial:

I – Regra geral: o prazo de decadência será de 5 anos contados do primeiro dia do exercício seguinte daquele em que o tributo poderia ter sido lançado.

Ex.: IPTU. O fato gerador ocorre em 1o de janeiro de 2015. Assim, a contagem do prazo para o lançamento começa em 1o de janeiro do outro ano em que o tributo poderia ter sido lançado, ou seja, em 1o de janeiro de 2016.

II – Regra de antecipação da contagem: a contagem seria feita conforme o inciso I, mas acontece qualquer coisa que seja considerada inicio de procedimento de lançamento.

Ex.: no dia 09 de abril de 2015, o município notifica o contribuinte para prestar esclarecimento sobre benfeitorias feita no imóvel para fins do valor do IPTU. Assim, o prazo para lançar o tributo começa de 09 de abril de 2015, data da notificação.

Contudo, essa regra só funciona se o inicio do prazo ainda não começou a contar com a regra geral acima.

III – Regra da anulação de lançamento por vicio formal: se o lançamento feito pelo fisco foi anulado POR VÍCIO FORMAL (relacionado a forma, não ao conteúdo), o inicio do prazo para lançar novamente inicia da data que tornar definitiva a decisão da anulação e o prazo é de 5 anos. Contudo, se a anulação for por vicio de conteúdo, não reabre o prazo.

IV – Regra nos tributos por homologação:

1. Se o contribuinte efetuou o pagamento do tributo: a regra é de 5 anos contados da ocorrência do fato gerador para analisar se o pagamento ta certo. Se o fisco tiver que complementar o valor e fazer o lançamento, o prazo é de 5 anos. Ex.: o contribuinte declarou que deve R$ 50.000,00 e efetuou o pagamento. O fisco verificou que, na verdade, o contribuinte deve R$ 57.000,00. Assim, o prazo para o fisco lançar os R$ 7.000,00 restantes será de 5 anos da data do fato gerador. Se passar os 5 anos, não poderá lançar e o crédito se extingue pela decadência.

2. Se o contribuinte não efetuou o pagamento do tributo:

2.1 Se há declaração de débito: se o contribuinte não declarou o débito, como por exemplo, quem cria empresa e não registra. O fisco poderá lançar todos os tributos que tiveram seus fatos geradores ocorridos. A contagem do prazo inicia do primeiro dia do ano seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (regra geral).

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2.2 Há declaração de débito: se o contribuinte declarou o débito, através, por exemplo, da DCTF, o crédito já está constituído, pois houve a declaração. Então, não é mais prazo decadencial e sim, prescricional.

3. Se houve dolo, fraude ou simulação: não se aplica as regras acima dos tributos por homologação. Assim, se aplica a regra geral.

Termo inicial do prazo prescricional:

I – Da constituição definitiva do crédito: a constituição do crédito não é definitiva com o lançamento porque há prazo para impugnar o auto de lançamento. Assim, após os 30 dias que o contribuinte tem para impugnar o documento, no 31º dia, começa a contar o prazo para o fisco ajuizar a execução fiscal. Se o contribuinte impugnou, apenas após a decisão final haverá a constituição definitiva do crédito. Não há prazo para a constituição definitiva do crédito, vai depender de cada caso. Mas o prazo prescricional apenas inicia depois de definitivamente constituído o crédito.

Parágrafo único. A prescrição se interrompe:

I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)

II – pelo protesto judicial;

III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

IV – por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor.

Interrupção da prescrição: quando o prazo começa a contar e zera, começa de novo.

O parcelamento e o pedido de compensação equivalem a confissão de dívida e interrompem o prazo prescricional.

ATENÇÃO: Interrompe a prescrição o despacho do juiz ordenando a citação, não com a citação pessoal do devedor. Apenas o despacho é suficiente para interromper a prescrição.

IMPORTANTE: pode ocorrer a decadência e a prescrição ao mesmo tempo.

VI – A conversão de depósito em renda:

Quando o devedor deposita o montante integral da dívida em juízo para discutir o débito. No fim, o devedor perde. Assim, o Estado converte o depósito em renda e o crédito estará pago.

VII – Pagamento antecipado e a homologação do lançamento:

No pagamento por homologação, o sujeito passivo antecipa o pagamento, como no caso do ICMS. Após, o sujeito ativo tem que homologar o pagamento. A homologação é o ato mediante o qual a autoridade administrativa diz que concorda com o que foi feito pelo particular.

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Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o pagamento apenas ocorre, extinguindo o débito, após a homologação pela autoridade administrativa. Após 5 anos, se a Fazenda Pública não se manifestar, se considera homologado o pagamento. É a homologação tácita.

A homologação expressa é quando a autoridade expressamente se manifesta, homologando o pagamento, que é raro.

VIII – Consignação em pagamento:

Na prática, é um ação judicial. Assim, ter que ser procedente ao final para que ocorra a extinção do crédito.

Essa ação é ajuizada quando o credor que efetuar o pagamento, mas não consegue pagar. Assim, se consigna o valor em juízo, depositando judicialmente e o credor é citado para receber o pagamento ou contestar. O credor pode contestar dizendo que o devedor deve mais. Aí, a ação será improcedente e o autor terá que pagar mais com juros e multa.

Ex.: o devedor quer pagar o IPTU, mas o devedor diz que só aceita o pagamento se o contribuinte pagar a taxa de lixo junto. Assim, se consigna o pagamento apenas do valor do IPTU e se requer que o juiz autorize apenas o pagamento do IPTU.

Se faz a consignação em pagamento dos seguintes casos:

1. quando o credor se recusa a receber ou subordina o pagamento do tributo ao pagamento de outro tributo (exemplo acima);

2. subordinação do recebimento do valor a exigências sem fundamento legal;

3. Quando mais de um ente tributante está cobrando o mesmo tributo, sobre o mesmo fato gerador.

Ex.: Dois municípios cobrando IPTU sobre o mesmo imóvel, pois o imóvel está na divisa entre dois municípios.

Assim, se consigna o valor em juízo e o juiz decide a que município pertence o imóvel e o credor efetua o pagamento.

X – Decisão administrativa irreformável:

No caso do contribuinte impugnar o auto de lançamento e ao final, ganhar. Sendo irreformável a decisão e tendo o CARF entendido que o tributo não é devido, ocorre a extinção do crédito tributário.

XI – Decisão judicial passada em julgado:

Da mesma forma que a decisão administrativa irreformável, mas nesse caso, é em ação judicial. Ao final, havendo decisão favorável ao sujeito passivo, que não pode mais ser reformado, se extingue o crédito tributário.

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XII – Dação em pagamento de bens imóveis:

Quando o credor aceitar receber algo diferente do que foi convencionado. A lei apenas autoriza em bens imóveis. Não pode ser carro, moto, joias e afins. Contudo, tem que haver lei local para que exista a dação em pagamento. Após, autorizada, se extingue o crédito tributário.

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Direito Tributário

ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA, CERTIDÃO DE REGULARIDADE FISCAL, DÍVIDA ATIVA, PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO – PAT

E PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO – EXECUÇÃO FISCAL

ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

Os livros, arquivos e afins devem ser mantidos para fins de fiscalização tributária. Não há prazo para se manter esses documentos guardados, pois, mesmo após os 5 anos de prescrição, pode ainda ocorrer a fiscalização sobre algum fato gerador anterior, conforme já foi acima explicado.

Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los.

Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram.

A autoridade que promove a fiscalização, tem que documentar desde o início toda a fiscalização. Um dos efeitos de documentar o início da fiscalização é que o sujeito não terá mais os benefícios da denúncia espontânea em relação ao objeto da fiscalização e, além disso, poderá antecipar a contagem do prazo decadencial.

TIF – termo inicial de fiscalização

Não pode o contribuinte ser fiscalizado sem estar sabendo.

Os exames dos livros fiscais ficam restritos ao objeto da fiscalização, conforme já decidido pelo STJ.

Obtenção de informações x Manutenção das informações em sigilo

A lista das pessoas que tem que prestar informações é exaustiva. Só quem está na lei tem que prestar informações. Contudo, as leis de cada tributo podem incluir outras pessoas.

O acesso imotivado dos fiscais as declarações de outras pessoas é ilícito.

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Ex.: verificar a declaração de IR da Xuxa.

Só pode acessar quando necessário.

A divulgação por parte dos servidores da Fazenda Pública de informações obtidas em razão de ofício é vedada. Se constitui em ilícito.

Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001)

§ 1º Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no art. 199, os seguintes: (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001)

I – requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública, desde que seja comprovada a instauração regular de processo administrativo, no órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de infração administrativa. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

§ 2º O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Administração Pública, será realizado mediante processo regularmente instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à autoridade solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência e assegure a preservação do sigilo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

§ 3º Não é vedada a divulgação de informações relativas a: (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

I – representações fiscais para fins penais; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

III – parcelamento ou moratória. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

Hipóteses em que a informação pode ser repassada a outra autoridade:

1. Requisição de autoridade judiciária: ordem do juiz de que tem que ser apresentado o documento. Tem que ser atendida. O juiz que não poderá divulgar.

2. Solicitações de autoridade administrativa: será analisado o pedido. É uma solicitação. Tem que ser comprovada a instauração do processo administrativo.

Casos em que as informações podem ser repassadas:

1. Representações fiscais para fins penais: o órgão fiscal vai mandar uma representação narrando o que aconteceu para uma autoridade judicial para fins penais. Isso não é sigiloso. É permitida a divulgação dessas informações.

2. Concessão de moratória e parcelamento.

3. Inscrição de Dívida Ativa.

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Casos de compartilhamento de informações sigilosas: atuação conjunta de fiscos e outros órgãos. Tem que haver lei ou convênio para compartilhar as informações.

Para repassar informações entre a Fazenda Pública Federal e estados estrangeiros, tem que haver algum tipo de acordo. Pode ser convenção, convênio, tratado internacional... Tem que existir algum ato.

Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou convênio.

Parágrafo único. A Fazenda Pública da União, na forma estabelecida em tratados, acordos ou convênios, poderá permutar informações com Estados estrangeiros no interesse da arrecadação e da fiscalização de tributos. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

As autoridades administrativas poderão requisitar auxílio da força pública.

O fiscal do Estado pode requisitar a Polícia Federal o auxílio da força policial.

Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação dê medida prevista na legislação tributária, ainda que não se configure fato definido em lei como crime ou contravenção.

CERTIDÕES NEGATIVAS DE DÉBITO

CDA – certidão de dívida ativa – documento que prova que o sujeito deve.

CND – certidão negativa de débito – documento que prova que o sujeito não deve.

É fundamental para que o sujeito goze dos benefícios da regularidade.

Ex.: empresa participar de licitação.

A certidão é expedida em 10 dias e nos termos em que tenha sido requerida.

CPEN – Certidão positiva com efeitos de negativa.

A certidão é positiva porque tem débito, mas com efeitos de negativa porque o débito está suspenso. O caso mais comum é o do parcelamento.

Os casos da emissão da CPEN serão:

• em caso de débito não vencido;

• em caso de débito com exigibilidade suspensa (todos os casos que ensejam a suspensão);

• em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora.

Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.

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Se é urgente a obtenção de uma certidão e o contribuinte não tem como obtê-la, poderá então participar do ato sem certidão. Mas se tiver algum débito, a pessoa será responsabilizada pelo débito.

Art. 207. Independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a prova de quitação de tributos, ou o seu suprimento, quando se tratar de prática de ato indispensável para evitar a caducidade de direito, respondendo, porém, todos os participantes no ato pelo tributo porventura devido, juros de mora e penalidades cabíveis, exceto as relativas a infrações cuja responsabilidade seja pessoal ao infrator.

Se o servidor emitir certidão contra a Fazenda Pública com dolo ou fraude, será também considerado devedor do crédito devido, além das demais sanções cabíveis. Mas tem que haver o dolo, necessariamente.

Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade criminal e funcional que no caso couber.

DÍVDA ATIVA

É um ativo do ponto de vista do Estado. É um crédito de natureza tributária que não foi pago pelo sujeito passivo e o Estado é o credor. Só poderá o sujeito passivo ser inscrito em dívida ativa se passar o prazo para o mesmo pagar o tributo e se a exigibilidade do débito não estiver suspensa.

Se inscreve em dívida ativa o contribuinte para se obter o título executivo para executar o contribuinte na esfera judicial. Sem esse título executivo, não poderá ser ajuizada a execução fiscal.

O procedimento de execução de dívida ativa é um ato administrativo e tem que ser analisada sua legalidade. Assim, se presume que se o débito foi inscrito, é regular. Há presunção de liquidez e certeza.

Para haver a nulidade do ato, tem que haver prejuízo ao processo. Caso contrário, mesmo sendo nulo, não será decretada a nulidade.

Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente:

I – o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;

II – a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;

III – a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado;

IV – a data em que foi inscrita;

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V – sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.

Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição.

A omissão de qualquer requisito obrigatório na certidão de dívida ativa que é causa de nulidade da mesma, poderá ser sanada até a decisão dos embargos à penhora.

Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada.

SÚMULA Nº 392-STJ. A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução.

Não pode a Fazenda Pública modificar o sujeito passivo que consta na certidão de dívida ativa. Não pode a certidão de dívida ativa ser substituída no que toca o sujeito passivo da execução.

Ex.: a empresa é executada e após, se modifica para os sócios.

Até poderá ocorrer o redirecionamento da execução, mas tem que ser provado os motivos, que constam no art. 135 do CTN.

PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO FEDERAL

A primeira fase do processo administrativo inicia-se com o lançamento tributário, que pode ser de três tipos:

a) direto ou de ofício;

b) por declaração ou misto; e

c) por homologação ou autolançamento, conforme já explicado no tópico sobre lançamento.

Os dois primeiros casos de lançamento (de ofício e por declaração) asseguram ao contribuinte a faculdade de opor-se ao lançamento. É essa faculdade que permite surgir a fase contenciosa do processo de lançamento tributário.

Logo, sempre que o contribuinte achar injusta a exigência de um crédito fiscal pode tentar as vias administrativas ou fiscais, dando início ao contencioso administrativo fiscal.

Importante esclarecer que o processo administrativo tributário tem seu fundamento na Constituição Federal (art. 5º LV) e no Código Tributário Nacional (art. 145), que delimitam a constituição, cabendo aos entes da federação, obedecidos os ditames da Magna Carta, estipular as demais condições ou "ritos" procedimentais.

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Essa fase tem seu início com a impugnação da exigência formulada no auto de infração. O auto de infração é o documento no qual o agente da autoridade administrativa narra a infração da legislação tributária atribuídas por ele ao sujeito passivo no período da ação fiscal.

Em relação ao prazo para o sujeito passivo impugnar, o contribuinte pode impugnar, no prazo de 30 dias, o auto de infração ou o lançamento notificado. Instaura-se assim o processo administrativo tributário, de rito contencioso, durante o qual se realizarão as perícias e provas necessárias à ampla defesa.

Para o sujeito passivo, não há necessidade de se esgotar a via administrativa para o acesso ao Poder Judiciário.

Dessa forma, o contribuinte pode escolher entre a impugnação administrativa e a judicial.

Quando é a via administrativa a escolhida, em geral, cabe a um julgador singular promover o julgamento monocrático da impugnação, sobre questões por esta suscitadas.

O contribuinte pode vir a não concordar com a decisão, e então, apresentar recurso, e o órgão julgador deverá apreciar a decisão monocrática de primeira instância.

Caso a decisão seja desfavorável ao contribuinte, quer seja proferida por autoridade singular, quer emanada de órgão colegiado, mesmo em grau de recurso, não produz caráter definitivo para este, e se quiser, pode procurar a via judicial.

Todavia, para a Fazenda, o efeito é vinculante, com as seguintes consequências:

a) Impossibilidade de revisão judicial dos atos por iniciativa da própria Administração; e

b) O dever de execução de tais decisões.

Na fase contenciosa, o ônus da prova no processo administrativo fiscal é sempre do sujeito ativo e não do contribuinte. Aliás, um requisito imprescindível no auto de infração é a descrição do fato, que no entender do autuante configura a infração.

Justamente por isso é imprescindível a descrição clara e objetiva da infração contida no auto de infração, para não ensejar dúvidas acerca do lançamento pois, sendo obscura, deverá o processo ser julgado em favor do contribuinte.

Como apontado anteriormente, o contribuinte, caso tenha obtido uma decisão desfavorável do órgão julgador administrativo, pode procurar a via judicial.

Existem determinadas situações em que a decisão em esfera administrativa será tida como definitiva, quais sejam:

a) De primeira instância, esgotado o prazo pra recurso voluntário, sem que este tenha sido interposto dentro do prazo de trinta dias seguintes à ciência, pelo sujeito passivo.

b) De segunda instância de que não caiba recurso ou, se cabível, quando decorrido o prazo de trinta dias sem sua interposição. A não-interposição de recurso pode ser decorrência do não cabimento de tal expediente, ou da falta de interesse da parte que poderia ter recorrido. De qualquer maneira, cabível o recurso e decorrido o prazo que o mesmo deveria ter sido interposto sem que isto aconteça, é definitiva a decisão de segunda instância.

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c) De decisão da instância especial não cabe qualquer espécie de recurso produzindo, desde logo, sua eficácia.

O processo administrativo tributário culmina com a inscrição da dívida apurada no livro da dívida ativa, já explicada alhures.

PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO

MEDIDA CAUTELAR FISCAL: pode ser instaurada antes ou com a ação já em curso. Objetiva a garantia do pagamento do débito fiscal, decretando a indisponibilidade dos bens e direitos do sujeito passivo. Usada quando há indícios de possibilidade do não pagamento do débito fiscal.

EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE: trata-se de uma simples petição, sendo uma construção jurisprudencial. Utilizada quando não for necessário dilação probatória, se tratando de questão meramente de direito.

MANDADO DE SEGURANÇA: previsto no artigo quinto da Constituição Federal, o mandado também pode ser usado em questões tributárias, desde que não haja necessidade de produção de provas.

AÇÃO DECLARATÓRIA: a ser impetrada pelo contribuinte, devendo ser proposta antes do lançamento do crédito tributário. Seu resultado pode ser negativo ou positivo em relação à existência ou não do crédito tributário.

AÇÃO ANULATÓRIA: nesse caso, o lançamento administrativo já deve ter sido realizado, já que o objetivo da ação é anulação do débito tributário.

AÇÃO CAUTELAR DE CAUÇÃO: utilizada pela sujeito ativo para indicar um bem a penhora, antes da instauração da execução fiscal. Ajuizada com o intuito de não ter seu nome inscrito em dívida ativa.

AÇÃO CONSIGNATÓRIA: Prevista no artigo 164 do CTN:

Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:

I – de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;

II – de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal;

III – de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.

§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar.

§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.

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AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO: esta ação nada mais é do que a restituição do pagamento de tributo indevido.

Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:

I – cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;

II – erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento;

III – reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.

Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la.

Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição.

Parágrafo único. A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a determinar.

Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados:

I – nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; (Vide art 3 da LCp nº 118, de 2005)

II – na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória.

Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição.

Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada.

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LEF – LEI DE EXECUÇÕES FISCAIS

LEGITIMIDADE PASSIVA: CONTRA QUEM PODERÁ SER PROPOSTA A EXECUÇÃO

De acordo com o art. 4o da Lei de Execuções Fiscais, a execução fiscal poderá ser proposta contra:

Art. 4º A execução fiscal poderá ser promovida contra:

I – o devedor;

II – o fiador;

III – o espólio;

IV – a massa;

V – o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado; e

VI – os sucessores a qualquer título.

A ação de execução fiscal deverá ser proposta contra quem detém a legitimidade passiva para tanto.

Assim, pela ordem trazido pelo art. 4o, temos:

• Devedor: aquele que assumiu a obrigação e não pagou. Ex.: o proprietário do veículo que não pagou o IPVA.

• Fiador: quem assumiu a obrigação contratual como fiador, como num contrato de locação de um imóvel público.

• Espólio: em caso de falecimento do devedor, o espólio assume a obrigação e responde pela dívida

• Massa: no caso das empresas que são decretadas como falidas, a massa falida responde pela débito perante a Fazenda Pública.

• Responsável: o responsável é apenas aquele autorizado nos termos da lei, como por exemplo, os pais em caso de filhos menores. Segue abaixo o que dispõe o art. 134 do Código Tributário Nacional sobre a responsabilidade:

Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:

I – os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;

II – os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;

III – os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;

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IV – o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;

V – o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;

VI – os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;

VII – os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.

• Sucessores: como por exemplo, no caso de sucessão de empresas. A empresa adquirente, responde pelos tributos não pago.

COMPETÊNCIA PARA JULGAR A EXECUÇÃO DA DÍVIDA ATIVA

De acordo com o art. 5º da Lei de Execuções Fiscais, "A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer outro Juízo, inclusive o da falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário." Isso quer dizer que as execuções fiscais propostas pela Fazenda Pública será sempre de competência das Varas da Fazenda Pública, ou, em caso de não existência das mesmas, as varas cíveis comuns.

No caso dos tributos ou dívidas de competência da Justiça Federal, se no domicílio do devedor não existir Justiça Federal, a ação será proposta na Justiça Comum.

PETIÇÃO INICIAL

A petição inicial será, basicamente, a própria CDA, contendo, apenas, o juízo na qual será dirigida a execução, o pedido, qual seja a citação para pagar a dívida e o próprio pedido de citação.

No caso das execuções da dívida ativa, a Fazenda Pública não precisa requerer a produção de provas na petição inicial. Cumpre salientar que, de acordo com o Código de Processo Civil, o pedido de produção de provas é obrigatório na inicial, sob pena da parte não poder pedir novas provas durante a instrução. Contudo, nas execuções promovidos pela Fazenda Pública, essa regra é excetuada.

Segue abaixo o artigo que disciplinam o acima trazido.

Art. 6º A petição inicial indicará apenas:

I – o Juiz a quem é dirigida;

II – o pedido; e

III – o requerimento para a citação.

§ 1º A petição inicial será instruída com a Certidão da Dívida Ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse transcrita.

§ 2º A petição inicial e a Certidão de Dívida Ativa poderão constituir um único documento, preparado inclusive por processo eletrônico.

§ 3º A produção de provas pela Fazenda Pública independe de requerimento na petição inicial.

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§ 4º O valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais.

PROCESSO DE EXECUÇÃO

Após a Fazenda Pública protocolar a petição inicial, o executado será citado por carta AR ou via oficial de Justiça. Após citado, o executado terá 5 dias para pagar o valor da dívida com juros e correção monetária, ou, oferecer a garantia do valor ao juízo.

CITAÇÃO

Quanto a citação, essa poderá ser feita pelo correio, via oficial de justiça ou por edital. Porém, a citação será feita por edital apenas se as demais tentativas forem frustradas ou o executado estiver ausente do país. Atenção ao art. 8º da Lei 6830/80:

Art. 8º O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:

I – a citação será feita pelo correio, com aviso de recepção, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma;

II – a citação pelo correio considera-se feita na data da entrega da carta no endereço do executado, ou, se a data for omitida, no aviso de recepção, 10 (dez) dias após a entrega da carta à agência postal;

III – se o aviso de recepção não retornar no prazo de 15 (quinze) dias da entrega da carta à agência postal, a citação será feita por Oficial de Justiça ou por edital;

IV – o edital de citação será afixado na sede do Juízo, publicado uma só vez no órgão oficial, gratuitamente, como expediente judiciário, com o prazo de 30 (trinta) dias, e conterá, apenas, a indicação da exeqüente, o nome do devedor e dos co-responsáveis, a quantia devida, a natureza da dívida, a data e o número da inscrição no Registro da Dívida Ativa, o prazo e o endereço da sede do Juízo.

§ 1º O executado ausente do País será citado por edital, com prazo de 60 (sessenta) dias.

DA GARANTIA DO VALOR

A garantia do valor devido poderá ser o depósito integral do valor ou a oferta de algum bem a penhora, inclusive de terceiros, desde que aceito pela Fazenda Pública. Com a garantia oferecida, o executado poderá apresentar a sua defesa em face da execução que está sofrendo. Essa defesa de chama EMBARGOS À EXECUÇÃO.

Caso o executado seja citado e não pague a dívida ou não apresente nenhuma garantia da mesma ao juízo, a Fazenda Pública começará a diligenciar na procura de valores na conta bancária do executado, o chamado BacenJud, ou diligenciar na procura de bens em nome do executado para que seja penhorado.

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Sendo penhorado valores na conta bancária ou penhorado algum bem, o executado será intimado da penhora efetuada e, a partir da intimação, começará a contra o prazo de 30 dias para que o mesmo ofereça os Embargos a Execução.

Se os Embargos a Execução não forem apresentados, a execução seguirá normalmente. Se tiver sido efetuada a penhora on line na conta bancária do executado, o juiz mandará expedir o alvará para que a Fazenda levante os valores. Em caso de penhora de algum bem, será nomeado um leiloeiro para a avaliação do bem e agendamento da data do leilão.

Poderá acontecer do valor do bem penhorado ou do valor bloqueado na conta do executado não ser suficiente para o pagamento da dívida. Nesse caso, a execução segue e a Fazenda pública continuará diligenciando na procura de novos bens para satisfazer o valor total da dívida.

Se a divida for 100% satisfeita, o processo será baixado e arquivado e o executado não mais estará inscrito em dívida ativa.

Cumpre salientar que os juros e a correção monetária seguem se atualizando durante o processo. Assim, ao final o valor a pagar sempre será maior. O índice de correção utilizado nos processo de execução de dívida ativa é a taxa SELIC. Ainda, o executado terá que pagar honorários advocatícios a Fazenda Pública.

DO DEVEDOR NÃO ENCONTRADO OU BENS NÃO LOCALIZADOS

Poderá ocorrer do devedor não ser encontrado e, consequentemente, a citação não ocorrer, ou, em caso do devedor ser citado não ser encontrado nenhum bem que possa ser penhorado. Nesse caso, deverá ser observado o art. 40 da Lei 6830/80, conforme segue:

Art. 40. O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição.

§ 1º Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da Fazenda Pública.

§ 2º Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos.

§ 3º Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para prosseguimento da execução.

Assim, não sendo o devedor encontrado, nem bens passíveis de penhora, os autos serão arquivados, podendo, a qualquer tempo, serem desarquivados, caso a Fazenda Pública tenha nova diligência a ser feita.

ORDEM DOS BENS A PENHORA

Em tese, a penhora ou arresto de bens, obedece a seguinte ordem, de acordo com o art. 11 da Lei 6.830/80:

I – dinheiro;

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II – título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa;

III – pedras e metais preciosos;

IV – imóveis;

V – navios e aeronaves;

VI – veículos;

VII – móveis ou semoventes; e

VIII – direitos e ações.

Contudo, essa ordem não precisa, necessariamente, ser atendida na prática. Deve ser memorizada apenas para fins de concurso. É importante saber que existe uma ordem legal, mesmo não sendo aplicada na prática, no curso do processo de execução.

EMBARGOS À EXECUÇÃO

Os Embargos à Execução nada mais é do que a defesa apresentada em face da execução que o devedor está sofrendo. É como uma contestação. Contudo, é autuada em autos apartados, recebendo um novo número, como outra ação, apensa a Execução.

O prazo para a apresentação dos Embargos são de 30 dias, de acordo com o art. 16 da Lei 6830/80:

• do oferecimento espontâneo do depósito do valor integral do débito ou da oferta de algum bem a penhora;

• da intimação recebida da penhora efetuada;

• da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia.

Importante salientar que NÃO PODERÃO SER OFERECIDOS EMBARGOS À PENHORA SEM A GARANTIA INTEGRAL DA EXECUÇÃO.

Ao apresentar os Embargos, o embargante deverá apresentar toda a matéria de defesa, incluindo fatos e fundamentos. Caso exista alguma matéria que não seja apenas provada por provas documentais, poderá ser requerida audiência de instrução e julgamento para a ouvida de testemunhas. O deferimento do pedido de audiência será a critério do juiz.

Não será admitida reconvenção, nem compensação com os Embargos, apenas poderá ser alegada eventuais exceções de suspensão, incompetência e impedimentos, que serão julgadas preliminarmente, com os Embargos. Art. 16, §3º da Lei 6830/80.

Após os Embargos serem recebidos, o juiz mandará intimar a Fazenda Pública para impugná-los no prazo de 30 dias.

Não ocorrendo audiência, nem a produção de novas provas, os Embargos são julgados pelo juiz. Em caso de improcedência, a execução fiscal segue, com o devido levantamento do valor depositado ou com o leilão do bem penhorado. Se os embargos forem julgados procedentes,

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a execução fiscal será improcedente e os autos arquivados, com a respectiva retirado do nome do devedor da dívida ativa.

Cumpre salientar que as partes poderão recorrer da sentença. Todavia, os recursos serão recebidos apenas no efeito devolutivo e não no suspensivo. Portanto, o recurso não tem o condão de suspender o tramite normal da execução após a sentença.

Quanto a penhora, não sendo embargada a execução ou rejeitados os embargos, o executado poderá pagar a dívida e recuperar o bem penhorado.

Sendo mantida a penhora, será designada a data do leilão, que será publicada via edital. O prazo entre as datas de publicação do edital e do leilão não poderá ser superior a 30 dias, nem inferior a 10 dias (art. 22, §1º da Lei 6830/80).

Ainda, cabe ao arrematante as despesas de comissão do leiloeiro e as demais indicadas no edital (art. 23, §2º da Lei 6830/80).

A Fazendo Pública também poderá adjudicar os bens penhorados, conforme determina o art. 24 da Lei 6830/80. Vejamos:

Art. 24. A Fazenda Pública poderá adjudicar os bens penhorados:

I – antes do leilão, pelo preço da avaliação, se a execução não for embargada ou se rejeitados os embargos;

II – findo o leilão:

a) se não houver licitante, pelo preço da avaliação;

b) havendo licitantes, com preferência, em igualdade de condições com a melhor oferta, no prazo de 30 (trinta) dias.

Parágrafo único. Se o preço da avaliação ou o valor da melhor oferta for superior ao dos créditos da Fazenda Pública, a adjudicação somente será deferida pelo Juiz se a diferença for depositada, pela exequente, à ordem do Juízo, no prazo de 30 (trinta) dias.

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