direito penal.prescriÇÃo penal

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DIREITO PENAL PRESCRIÇÃO PENAL Punibilidade, pretensão punitiva e pretensão executória: com a prática do delito surge a relação jurídico-  punit iva, d e nat ureza concreta, estabe lecid a entre o Estado e o delin qüent e, que se de nomin a  punibilid ade.  Punibilid ade é a possibilidade jurídica de imposição da sanção penal. É a conseqüência jurídica da prática do delito. Por tratar-se de efeito jurídico e não de elemento ou requisito do crime, sua ausência, salvo as exceções da anistia e da abolitio criminis, não apaga a infração penal. Cometido o delito e nascendo a punibilidade, surge o tema da  pretensão pu nitiva que é a exigência de que o  poder-dever de punir do Estado subord ine o dire ito de liber dade do cidadão . Com a prática do crime , a partir de sua data, surge a pretensão punitiva; transitando em julgado a sentença condenatória, a  preten são executó ria (pág.4), pelo que o Estado adquire o direito de executar a sanção imposta pelo Poder Judiciário. Condições objetivas de punibilidade: são causas extrínsecas ao fato delituoso que condicionam a punibilidade. Recebem a qualificação de objetivas porque se situam fora do fato cometido pelo sujeito. E sendo o dolo, segundo a moderna conceituação, elemento do tipo, essas condições, também se encontram fora do elemento subjetivo do delito. Assim, em determinados casos não basta, para que surja a punibilidade, que o sujeito culpado cometa um fato típico e antijurídico. Muitas vezes o direito de punir concreto só pode ser exercido pelo Estado quando  prese nte cer tas cond içõe s. Elas se int erpõ em ent re o prec eito pri mário , que pre vê a regr a da proi bição , e o prece ito secundário, que comina a sanção. Se o Juiz, quando da sentença, percebe ausente uma condição de procedibilidade, deve anular a ação penal. Causas extintivas de punibi lidade: o rol das causas extintivas de punibilidade do art. 107 do CP não é taxativo, mas exemplificativo. O momento de incidência da causa extintiva da punibilidade tem relevância no campo da reincidência e de outros efeitos da sentença condenatória. a) Se a causa extintiva da punibilidade incidir sobre a pretensão punitiva, ocorrendo antes de transitar em  julga do a sente nça conde natór ia, vindo o suje ito a com eter novo delit o, não deve ser cons idera do reincidente. b) Ocorrendo causa extintiva de punibilidade depois do trânsito em julgado da sentença condenatória, vindo o sujeito a cometer um novo delito, será em regra considerado reincidente. Há três exceções: 1) A anistia; (embora não extinga os efeitos civis da sentença condenatória irrecorrível) 2) A abolitio criminis; (embora não extinga os efeitos civis da sentença condenatória irrecorrível) e 3) Temporarieda de do efeito de a sentença condenatória irrecorrível gerar a reincidência (CP, art. 64, I). Assim, os efeitos da extinção de punibilidade operam ex tunc (para o passado) ou ex nunc (no sentido futuro). DA PRESCRIÇÃO Conceito: é a perda do poder-dever de punir do Estado pelo não-exercício da pretensão punitiva ou da pretensão executória durante certo tempo. A prescrição atinge em primeiro lugar o direito de punir do Estado (pretensão) e, em conseqüência, é extinto o direito de ação; a  perempçã o e a decadência , ao contrário, alcançam primeiro o direito de ação e, por efeito, o Estado perde a pretensão punitiva. Natureza: constitui matéria de direito penal, não de direito processual penal. Os efeitos processuais que gera não são mais que uma conseqüência da extinção do poder punitivo do Estado no caso concreto. Fundamentos: a prescrição penal, em face da nossa legislação penal tem três fundamentos. 1) O de curso do t empo : (teoria do esquecimento do fato), considerando a inexistência do interesse estatal em apurar um fato cometido há muitos anos ou de ser punido o autor. A prevenção genérica e específica advindas da resposta penal, pelo passar dos anos, perdem sua eficácia. 2) Corr eçã o do co ndenado; 3) Negl igê nc ia da auto rid ade: É um castigo a negligência da autoridade. Prescrição civil e penal: alguns pontos em que a prescrição civil se diferencia da prescrição penal. 1) A prescrição civil e aquisitiva e extintiva, no sentido de que por ela os direitos são adquiridos e as obrigações, extintas; a prescrição penal é sempre extintiva do poder-dever de punir do Estado; 2) Os efeitos da prescrição, na esfera civil, podem ser renunciados pelo interessado; a prescrição penal, de ordem pública, não pode ter os seus efeitos renunciados pelo autor da infração penal; 3)  Na es fera civ il, a presc rição nã o corre co ntra que m não pode a gir; no ca mpo cr imina l, não impo rta qua l a razão do não-exercício da pretensão punitiva ou executória, se fuga do agente, inércia da autoridade, autoria ignorada etc. o prazo prescricional, em regra tem seguimento. Espécies: PRESCRIÇÃO PENAL 1

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DIREITO PENALPRESCRIÇÃO PENAL

Punibilidade, pretensão punitiva e pretensão executória: com a prática do delito surge a relação jurídico- punitiva, de natureza concreta, estabelecida entre o Estado e o delinqüente, que se denomina punibilidade.

 Punibilidade é a possibilidade jurídica de imposição da sanção penal. É a conseqüência jurídica da práticado delito. Por tratar-se de efeito jurídico e não de elemento ou requisito do crime, sua ausência, salvo as exceçõesda anistia e da abolitio criminis, não apaga a infração penal.

Cometido o delito e nascendo a punibilidade, surge o tema da pretensão punitiva que é a exigência de que o poder-dever de punir do Estado subordine o direito de liberdade do cidadão. Com a prática do crime, a partir desua data, surge a pretensão punitiva; transitando em julgado a sentença condenatória, a  pretensão executória

(pág.4), pelo que o Estado adquire o direito de executar a sanção imposta pelo Poder Judiciário.Condições objetivas de punibilidade: são causas extrínsecas ao fato delituoso que condicionam a punibilidade.Recebem a qualificação de objetivas porque se situam fora do fato cometido pelo sujeito. E sendo o dolo, segundoa moderna conceituação, elemento do tipo, essas condições, também se encontram fora do elemento subjetivo dodelito.

Assim, em determinados casos não basta, para que surja a punibilidade, que o sujeito culpado cometa umfato típico e antijurídico. Muitas vezes o direito de punir concreto só pode ser exercido pelo Estado quando presente certas condições. Elas se interpõem entre o preceito primário, que prevê a regra da proibição, e o preceito

secundário, que comina a sanção.Se o Juiz, quando da sentença, percebe ausente uma condição de procedibilidade, deve anular a ação penal.

Causas extintivas de punibilidade: o rol das causas extintivas de punibilidade do art. 107 do CP não é taxativo,mas exemplificativo.

O momento de incidência da causa extintiva da punibilidade tem relevância no campo da reincidência e deoutros efeitos da sentença condenatória.

a) Se a causa extintiva da punibilidade incidir sobre a pretensão punitiva, ocorrendo antes de transitar em julgado a sentença condenatória, vindo o sujeito a cometer novo delito, não deverá ser consideradoreincidente.

b) Ocorrendo causa extintiva de punibilidade depois do trânsito em julgado da sentença condenatória, vindo osujeito a cometer um novo delito, será em regra considerado reincidente.

Há três exceções:1) A anistia; (embora não extinga os efeitos civis da sentença condenatória irrecorrível)2) A abolitio criminis; (embora não extinga os efeitos civis da sentença condenatória irrecorrível) e3) Temporariedade do efeito de a sentença condenatória irrecorrível gerar a reincidência (CP, art. 64, I).

Assim, os efeitos da extinção de punibilidade operam ex tunc (para o passado) ou ex nunc (no sentidofuturo).DA PRESCRIÇÃOConceito: é a perda do poder-dever de punir do Estado pelo não-exercício da pretensão punitiva ou da pretensãoexecutória durante certo tempo.

A prescrição atinge em primeiro lugar o direito de punir do Estado (pretensão) e, em conseqüência, é extintoo direito de ação; a perempção e a decadência, ao contrário, alcançam primeiro o direito de ação e, por efeito, o

Estado perde a pretensão punitiva.Natureza: constitui matéria de direito penal, não de direito processual penal. Os efeitos processuais que gera nãosão mais que uma conseqüência da extinção do poder punitivo do Estado no caso concreto.Fundamentos: a prescrição penal, em face da nossa legislação penal tem três fundamentos.

1) O decurso do tempo: (teoria do esquecimento do fato), considerando a inexistência do interesse estatalem apurar um fato cometido há muitos anos ou de ser punido o autor. A prevenção genérica e específicaadvindas da resposta penal, pelo passar dos anos, perdem sua eficácia.

2) Correção do condenado;

3) Negligência da autoridade: É um castigo a negligência da autoridade.Prescrição civil e penal: alguns pontos em que a prescrição civil se diferencia da prescrição penal.

1) A prescrição civil e aquisitiva e extintiva, no sentido de que por ela os direitos são adquiridos e as

obrigações, extintas; a prescrição penal é sempre extintiva do poder-dever de punir do Estado;2) Os efeitos da prescrição, na esfera civil, podem ser renunciados pelo interessado; a prescrição penal, deordem pública, não pode ter os seus efeitos renunciados pelo autor da infração penal;

3)  Na esfera civil, a prescrição não corre contra quem não pode agir; no campo criminal, não importa quala razão do não-exercício da pretensão punitiva ou executória, se fuga do agente, inércia da autoridade,autoria ignorada etc. o prazo prescricional, em regra tem seguimento.

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•  Prescrição da pretensão punitiva: que ocorre antes de transitar em julgado a sentença final, art.109 do CP;

•  Prescrição da pretensão executória: que tem o seu prazo em curso após o trânsito em julgado dasentença condenatória, tem disciplina no art. 110, caput do CP;

DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVAConceito: é a perda do poder-dever de punir do Estado no que tange à pretensão de o Poder Judiciário apreciar alide surgida com a prática da infração penal e aplicar a sanção respectiva.

Com a prática do crime surge a pretensão punitiva, mas o Estado não tem o direito de exercer 

indefinidamente a sua pretensão, estando o seu exercício limitado no tempo. Este lapso começa na data da práticado crime e vai até a sentença final (salvo a exceção do art. 110).

Mas não é só a prestação jurisdicional que deve ser entregue dentro de certo lapso temporal. O início da persecução criminal por intermédio do inquérito policial e o começo da ação penal também estão condicionados aodecurso do tempo.Imprescritibilidade: a CF, em seu art. 5º, criou dois casos em que a pretensão punitiva não é atingida pela prescrição:

1) Crimes de racismo (XLII) – lei n. 7.716/89;2) Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional do Estado Democrático (XLIV). São os delitos

definidos na Lei de Segurança Nacional – lei n. 7.170/83.Efeitos:

a) Extinção da punibilidade: (CP, art. 107, IV). Diante disso, no caso de sua incidência,declarada aextinção da punibilidade, o Juiz deve ordenar o encerramento do processo. Existindo inquérito policial, seu prosseguimento constitui constrangimento ilegal.

b) Certidão dos livros do Juízo e folhas de antecedentes: decidiu o STF que a extinção de punibilidade pela pretensão punitiva acarreta a proibição de fornecimento de certidões e de mençãodo fato na folha de antecedentes, salvo requisição de juiz criminal, tal como acontece nareabilitação.

c) Art. 77 do CNT: não fica impedida a sua aplicação.Oportunidade de declaração: sendo matéria de ordem pública, deve ser reconhecida em qualquer fase doinquérito policial ou da ação penal, de ofício, nos termos do art. 61 do CPP, pelo Juiz ou pelo Tribunal.Exame do mérito: a incidência da prescrição da pretensão punitiva impede a apreciação do mérito da imputação.

 Não há ofensa ao princípio do art. 5º, XXXV, da CF.Prazos e forma de contagem: os prazos de prescrição variam de acordo com a quantidade da pena abstrata ouconcreta. Tratando-se de prescrição da pretensão punitiva, leva-se em consideração o máximo da pena punitiva deliberdade cominada em abstrato com desprezo da pena de multa, quando cominada cumulativa oualternativamente. Cuidando-se de prescrição da pretensão executória, é regulada pela pena imposta (art. 110).

“CP 

 Prescrição antes de transitar em julgado a sentença Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 110 deste Código, regula-

 se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:

 I - em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é superior a 12 (doze);

 II - em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é superior a 8 (oito) anos e não excede a 12 (doze);

 III - em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é superior a 4 (quatro) anos e não excede a 8 (oito);

 IV - em 8 (oito) anos, se o máximo da pena é superior a 2 (dois) anos e não excede a 4 (quatro);

V - em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a 1 (um) ano ou, sendo superior, não excede a 2 (dois);

VI - em 2 (dois) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.

 Prescrição das penas restritivas de direito Parágrafo único. Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.”

Contagem do ano prescricional: para contagem do ano em matéria prescricional devemos considerar dois princípios determinados no art. 10 do CP.

1) O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo;2) Contam-se os anos pelo calendário comum.

 Nos termos do segundo princípio, o ano deve ser contado de acordo com o calendário comum, entre nós ogregoriano. Nosso calendário é o comum, de todos os dias. O ano em matéria penal tem exatamente quantos diasexistem no calendário comum, sejam 365 ou 366.Períodos prescricionais: os prazos prescricionais da pretensão punitiva podem decorrer durante os seguintes períodos:

1) Entre a data da consumação do crime e a do recebimento da denúncia ou queixa;

2) Entre a data da denúncia ou queixa e a da publicação da sentença final;3) A partir da publicação da sentença condenatória.

Tratando-se de crime da competência do Júri:1) Entre a data do fato e a do recebimento da denúncia;2) Entre a data do recebimento da denúncia e a da publicação da pronúncia;3) Entre a pronúncia e a sua confirmação;4) Entre a pronúncia ou a sua confirmação e a sentença final;

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5) A partir da sentença condenatória.Obs: é possível que o prazo prescricional tenha ocorrido em mais de um período. Ex: o Juiz, ao tempo da decisão, verifica que o prazo

 prescricional da pretensão punitiva já decorreu, quer entre a data do fato e a do recebimento da denúncia, quer entre esta data e a dasentença. Nesse caso, aproveita o primeiro período, sendo irrelevante a consideração do segundo.PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA (superveniente à sentença condenatória)

 Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 110 deste Código , regula-se pelo

máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:...

 Art. 110.

 § 1º. A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação , ou depois de improvido seu recurso , regula-se

 pela pena aplicada.”

A contagem do prazo prescricional da pretensão punitiva é regulada por dois princípios:1) Em regra, é o máximo da pena privativa de liberdade que comanda a fixação do período prescricional,

onde é aplicado o disposto do art. 109, caput.;2) Excepcionalmente, a prescrição não é regulada pelo máximo da pena de reclusão ou de detenção, mas

sim pela pena imposta na sentença condenatóriaObs: a expressão “sentença condenatória” é empregada no sentido de “decisão”, não havendo diferença entre aquela e o “acórdãocondenatório”.Obs: ver entendimento do STF em pág. 42-43.

O disposto no art. 110,§1º, prevê, como  primeira condição de ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, na espécie superveniente à sentença condenatória, que tenha transitado em julgado para a acusação(Ministério Público, assistente de acusação ou querelante).

Obs: ex. absolvido o réu em primeiro grau e condenado no Tribunal, a partir da data do acórdão proferido em sessão passa a correr o prazo prescricional superveniente à condenação, desde que não transite em julgado, caso em que terá início a prescrição da pretensãoexecutória.Obs: o recurso impeditivo do princípio prescricional é o apelo da acusação que visa à agravação da pena privativa de liberdade. Demodo que não impede a prescrição a apelação que, deixando de buscar o agravamento da pena detentiva, vise, v.g., a cassação dosursis, a imposição de medida de segurança, agravação da pena de multa etc.Obs: havendo recurso da acusação visando ao agravamento da pena, a partir da publicação da sentença condenatória corre prazo

 prescricional da pretensão punitiva regulado pela pena abstrata.A segunda condição de aplicação do §1º art. 110 do CP é o improvimento do recurso da acusação. De modo

que, improvido o apelo que visou ao agravamento da pena, pode ser reconhecida a prescrição da pretensão punitiva.Obs: o prazo prescricional superveniente à condenação não é interrompido pelo acórdão confirmatório, pela interposição de embargos

infringentes nem pelo recurso especial .

Damásio entende que o provimento do recurso da acusação somente impede o reconhecimento da Prescriçãoda pretensão punitiva quando venha a alterar o prazo prescricional.

Concedido o  perdão judicial em sentença que para Damásio é condenatória (CP, art. 120), não havendorecurso da acusação pode ocorrer a prescrição superveniente, contado o prazo a partir da data da publicação. É oentendimento do STF. Mas o STJ tem entendimento sumulado diverso.

“Súmula. 18 - A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer 

efeito condenatório.’ 

O disposto do art. 110, §1º não pode ser aplicado pelo juiz de primeiro grau.Desclassificação: se o Juiz, na sentença, não aceitando a qualificação jurídica do crime imposta na denúncia,desclassifica a infração para outra, o prazo prescricional da pretensão punitiva deve ser regulado pela pena máximacominada a esta, desprezando-se a capitulação legal da acusação.

Termos iniciais:  “Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final 

 Art. 111. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:

 I - do dia em que o crime se consumou;

 II - no caso de tentativa , do dia em que cessou a atividade criminosa;

 III - nos crimes permanentes , do dia em que cessou a permanência;

 IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil  , da data em que o fato se tornou

conhecido.’ 

a)  Nos delitos materiais: sejam comissivos ou omissivos impróprios, o prazo prescricional tem início na data da produção doresultado, ainda quem outra tenha sido realizada a conduta.

b)  Nos delitos omissivos: a consumação ocorre na data da conduta negativa, momento em que começa a correr o prazo prescricional.

c)  Nos de mera conduta: na data do seu comportamento.

d)  Nos delitos culposos de resultado: a prescrição tem início na data de sua produção;

e)  Nos delitos culposos de mera conduta: na data do comportamento; f)  Nos delitos preterdolosos: na data da produção do resultado;

 g)  Nos delitos permanentes: na data cessação do comportamento delituosoObs: o STF entendeu que no crime de quadrilha ou bando, de natureza permanente, o prazo prescricional tem início na data da

 prática do primeiro delito e não na data de sua organização e que a data da denúncia constitui o termo inicial.h)  Nos delitos continuados: a prescrição deve ser regulada em relação a cada delito parcelar, considerado isoladamente.

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Obs: em relação aos crimes de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, o fundamento legal para o início da prescrição é que são crimes em que o sujeito cerca-se de cuidados para encobrir a sua ocorrência. Se a prescrição tivesse curso a partir de sua consumação, a maioria de seus autores ficariam impunes.Obs: é possível que não se apure a data da consumação do crime, fazendo a denúncia referência somente ao ano de sua prática. Nessecaso, é razoável o entendimento de que o termo inicial se dará no dia 1º de janeiro. Se a denúncia se refere ao mês, não especificando odia, conta-se o prazo prescricional a partir do dia 1º.Causas de aumento ou de diminuição de pena: as causas de aumento e de diminuição da pena, previstas na ParteGeral ou na Parte Especial do CP, alteram o prazo prescricional da pretensão punitiva.

Ocorrendo causa de aumento de quantidade variável (ex. de um terço até a metade), incide a que mais agrava

a pena. O mesmo ocorre com as causa de diminuição de pena.Cuidando-se de pena de tentativa, entretanto, para efeito de prescrição da pena deve ser reduzida de um terço

(art. 14, parágrafo único). Não interfere no quantum do prazo prescricional o aumento de pena previsto no concurso formal de crimes e

no delito continuado (CP, arts. 70 e 71).Agravantes e atenuantes: as circunstâncias legais, sejam agravantes ou atenuantes, não são consideradas nafixação do prazo prescricional da pretensão punitiva. Havendo somente a seguinte exceção:

“Redução dos prazos de prescrição

 Art. 115. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, me nor de 21 (vinte e

um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.”

Obs: no caso de pretensão executória a reincidência adiciona em um terço o prazo prescricional.Concurso de crimes e de normas: nas três formas de concursos de crimes cada delito tem seu prazo prescricional

 próprio, considerado isoladamente.“Art. 119. No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.”

 No concurso material , para efeito de prescrição da pretensão punitiva, as penas não são somadas. Cadacrime tem o seu respectivo prazo.

 No concurso formal , pra efeito de prescrição da pretensão punitiva, cada delito componente conserva suaautonomia, desprezando-se a causa de aumento de pena prevista no art. 70 do CP.

 No crime continuado, o prazo prescricional da pretensão punitiva é regulando pelo máximo da penadetentiva de cada delito parcelar, considerado isoladamente, desprezando-se o acréscimo penal cominado no art.71 do CP.Crimes complexos e conexos: 

“Art. 108. A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro

não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a

agravação da pena resultante da conexão.” No art. 108 há duas regras a respeito do delito complexo:1) A prescrição da pretensão punitiva no tocante a crime que funciona como elemento típico de outro não se estende a este.

O princípio se refere à primeira espécie de crime complexo, em que uma figura típica, de menor gravidade objetiva,integra, como elementar, a descrição de outra, de maior gravidade. Nesse caso, a eventual prescrição da pretensão punitivaem relação ao delito menor não alcança a pretensão estatal emergente da prática da infração maior.(pág. 60);

2) A prescrição da pretensão punitiva em relação a crime que funciona como circunstância qualificadora de outro não seestende a este

 Nos delitos conexos, a pena de cada infração regula o prazo prescricional respectivo, consideradaisoladamente. É necessário que a conexão entre os dois delitos seja a real, de natureza penal, e não a formal, deconteúdo processual penal.Obs: no caso de conexão material de crimes, objetos do mesmo processo, a interrupção da prescrição em relação

a um deles estende-se aos demais. Assim , as causas interruptivas da prescrição, cuidando-se de conexão, sãocomunicáveis entre os delitos.Crimes acessórios: existem delitos, denominados acessórios, que não existem por si sós, subordinando-se a práticas delituosas anteriores. Ex. receptação, favorecimento real e pessoal. Eles funcionam com certos delitoschamados pressupostos. Assim, a receptação pressupõe um delito anterior, que pode ser furto. Nesse caso, aeventual prescrição da pretensão punitiva em relação ao furto não se estende à receptação – art. 108, 1ª parte.Imunidade parlamentar processual: para delitos que não são de opinião.

“ Art. 53 - Os Deputados e Senadores são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos.

 §   1º -  Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime

inafiançável, nem processados criminalmente, sem prévia licença de sua Casa.

 §  2º - O indeferimento do pedido de licença ou a ausência de deliberação suspende a prescrição enquanto durar o mandato”

Quanto aos deputados estaduais incidem os mesmos princípios.Sanção complexa: fala-se em sanção complexa nas hipóteses em que são impostas penas cumulativas, como

detenção e multa, reclusão e multa etc.“Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves.” 

Multa:“Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:

 I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;

 II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente

cominada ou cumulativamente aplicada.”

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O princípio prescricional somente incide sobre a prescrição da pretensão punitiva interrompida pela sentençaque só impôs multa (CP, art. 117, IV) e a prescrição superveniente à sentença condenatória (CP, art. 110, §1º).Inexiste prescrição da pretensão executória penal da multa, uma vez que, transitando em julgado a sentençacondenatória, o seu valor dever ser inscrito com dívida ativa da Fazenda Pública, deixando “a execução” deapresentar natureza penal.Idade do agente (menoridade relativa e maioridade senil): 

“ Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos,

ou, na data da sentença (ou acórdão) , maior de 70 (setenta) anos.“

Sobre esta causa de redução do lapso extintivo da pretensão estatal nenhuma influência tem a emancipaçãocivil ou o casamento do agente.

Há entendimento, em relação ao senil, que é aplicável a redução do prazo quando condenado completa essaidade na pendência de apelação sua.

Tratando-se de crime continuado, há jurisprudência no sentido de que, se sujeito iniciou a série de delitos parcelares antes dos vinte e um anos de idade a e a terminou depois, incide a redução do prazo prescricional. A posição do Damásio é noutro sentido. Cuidando-se de espécie de concurso de crime, cada delito parcelar dacontinuação tem o seu próprio prazo prescricional. Assim, a redução só ocorre no tocante aos delitos praticadosantes dos vinte e um anos de idade do agente. (STF).Obs: a menoridade e a idade senil são circunstâncias de caráter pessoal e, por isso, incomunicáveis no concurso de pessoas (CP, art.30).Causas suspensivas: a suspensão da prescrição caracteriza-se pela circunstância do prazo prescricional não ter 

curso durante certo período, como se tivesse um intervalo, recomeçando a correr quando de seu término,aproveitando-se o lapso anteriormente decorrido.

“Causas impeditivas da prescrição Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:

 I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;

 II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.

 Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado

está preso por outro motivo.”

A enumeração é taxativa.a) Questões prejudiciais: cuida das hipóteses obrigatórias ou facultativas disciplinadas nos arts. 92 e 94 do

CPP.Obs: nos crimes contra a honra, a oposição da exceção da verdade não constitui causa suspensiva da prescrição, uma vez que nãose trata de prejudicial civil e sim penal. Não há prejudiciais penais.

b) Cumprimento de pena no estrangeiro: não pode ser extraditado o sujeito que está cumprindo pena noestrangeiro. Por essa razão, no Brasil não é justo que corra lapso prescricional extintivo da pretensão punitiva. Se, contudo, o agente cumpre pena, por outro motivo, no Brasil, o curso prescricional não ficaimpedido.

c) Imunidade parlamentar processual penal: CF, art. 53, §2º, criou dois casos de suspensão do curso da prescrição da pretensão punitiva.

1) Indeferimento de pedido de licença. Posição adotada por Damásio em detrimento da data da publicação da resolução no Diário Oficial;2) Ausência de deliberação a respeito. O Plenário do STF entendeu que a suspensão da prescriçãoocorre na data do despacho do relator  determinando que seja oficiado à Casa do Congresso, nosentido da obtenção da licença.

d) Suspensão condicional do processo: a lei n. 9.099/95, criou mais uma causa suspensiva de prescrição:não corre o curso da prescrição da pretensão punitiva durante a suspensão condicional do processo (art. 89,§6º).

e) Suspensão do processo: art. 366 do CPP“CPP. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do

 prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,

decretar prisão preventiva, nos termos do disposto do art. 312”

Obs: o termo final do prazo de suspensão é a data de comparecimento do acusado, pessoalmente ou por intermédio de defensor,e não a doa despacho judicial que determina o prosseguimento do feito, se posterior.

Há quatro correntes a respeito do prazo de duração do prazo prescricional1) Que a lei não fixou limites;2) O prazo máximo abstrato da pena privativa de liberdade cominada à infração penal;3) O mínimo abstrato da pena privativa de liberdade cominada;

4) O limite máximo do prazo prescricional previsto em nossa legislação, que é de 20 anos.Damásio entende que o prazo não pode ser eterno, permitindo-se a suspensão sem limite temporal, pois ashipóteses em que se proíbe a prescrição encontram-se constitucionalmente previstas em enumeração taxativa (CF,art. 5º, XLII e XLIV).

Se, em face do crime, o Estado perde, pelo decurso do tempo, a pretensão punitiva, não é lógico que, dianteda revelia, pudesse exerce-la indefinidamente. Por isso, entende que o limite da suspensão do curso prescricional

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corresponde aos prazos do art. 109 do CP, considerando-se o máximo da pena privativa de liberdade impostaabstratamente.

Assim, terminado o prazo de suspensão da prescrição, recomeça a correr, levando-se em conta o máximoabstrato da pena privativa de liberdade e o tempo anteriormente decorrido.

 No caso de ser cominada abstratamente somente a pena de multa, como em algumas contravenções,considera-se o prazo de 2 anos (CP, art. 114, I).Causas interruptivas: na interrupção da prescrição há deslocamento do termo inicial, deslocando-se tal termo para a data da ocorrência da causa que aniquila o tempo anterior. O novo prazo tem início, pois , na mesma data

da ocorrência da causa interruptiva, nos termos do art. 10 do CP.“Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:

 I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;

 II - pela pronúncia;

 III - pela decisão confirmatória da pronúncia;

 IV - pela sentença condenatória recorrível;

V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;

VI - pela reincidência.

 § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do

crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.

 § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da

interrupção.“

a)  Recebimento da denúncia: o primeiro obstáculo interruptivo é o recebimento da denúncia ou da queixa, não seuoferecimento pelo Ministério Público ou querelante. Assim, a interrupção ocorre na data da publicação do despacho; aratificação ou retificação de seus termos equivale a uma nova denúncia; anulada a ação penal em face de incompetência

de juízo e oferecida nova denúncia, é na data do recebimento desta que se interrompe o prazo prescricional;Obs: se da denúncia é aditada (384, parágrafo único, do CPP) para correção de irregularidades, nos termos do art.569 doCPP, sem descrição de fato novo, não há interrupção da prescrição. Mas, havendo descrição de  fato criminoso novo, seurecebimento tem efeito interruptivo.Obs: mas havendo aditamento da denúncia para inclusão de co-autor ou partícipe do crime, aplica-se o art.117, §1. orecebimento da denúncia contra o primeiro co-autor interrompe o prazo prescricional, estendendo seu efeito ao outro.b)  Pronúncia e sua confirmação: se o juiz se convencer da existência do crime ou de indícios de autoria, pronunciá-lo-á,

nos termos do art. 408 do CPP, tendo a sua decisão efeito interruptivo da prescrição na data de sua publicação (art. 389do CPP).

Obs: sendo pronunciado por tentativa de homicídio e vindo a vítima a falecer, nova pronúncia dever ser proferida. Nestecaso, a primeira deve ser considerada inexistente, produzindo apenas a segunda efeito interruptivo da prescrição.Obs: havendo desclassificação na fase da pronúncia (CPP, art. 408, §4º), há dois princípios:

a) Se o Juiz desclassificar o crime para outro, da competência do Júri, pronunciando o réu, a decisão interrompe e

 prescrição. Ex: homicídio para infanticídio;b) Se o Juiz desclassificar o crime para outro, da competência do Juiz singular (CPP, art. 410), tal decisão não em

efeito interruptivo da prescrição.Obs: o STJ, porém, na Súmula 191, adotou posição contrária: “A pronúncia é causa interruptiva de prescrição, ainda que oTribunal do Júri venha a desclassificar o crime”.

c)  Sentença condenatória recorrível: a sentença condenatória recorrível também possui efeito de interromper o prazo prescricional da pretensão punitiva, ainda que parcialmente reformada pelo Tribunal (STF, 1ª Turma). Isso ocorrena data em que o escrivão recebe o processo com a sentença, do Juiz., independentemente de registro e outrasdiligências.

Obs: anulada, a sentença condenatória perde o seu efeito interruptivo (STF, 6ª Turma). E como a nova sentença não poderáaplicar pena mais grave que a imposta na anterior, uma vez proibida a reformatio in pejus indireta, a prescrição da pretensão

 punitiva, em seus períodos entre a consumação do crime e o recebimento da denúncia ou entre esta data e a publicação danova sentença, deve ser regulada pelo quantum da primeira pena (da sentença anulada). Este agora é o máximo que poderá

ser interposto.Obs: confirmada a sentença condenatória pelo Tribunal, o acórdão não tem efeito de interromper o prazo prescricional. Aocontrário do acórdão que mantém a pronúncia, ao que mantém a condenação não se aplica o disposto no art. 117, IV, do CP.Obs: se a condenação surge em segundo grau, em face de recurso voluntário da acusação, ou oficial, o acórdão condenatóriointerrompe a prescrição na data do julgamento, pouco importando se unânime ou , não-unânime, sujeito a embargosinfringentes.Obs: a interposição de recurso extraordinário ou especial não interrompe a prescrição da pretensão punitiva.Obs: se o Juiz aplica o perdão judicial , sendo condenatória a sentença concessiva, interrompe-se o prazo da prescrição (STF);

 para STJ, em face da Súmula 18, a sentença que concede o perdão judicial é declaratória de extinção de punibilidade, nãosubsistindo nenhum efeito condenatório.Obs: no concurso de pessoas (CP, arts. 29 e 30), seja co-autoria ou participação, o efeito interruptivo da prescrição da

 pretensão punitiva em relação a uma dos participantes se estende aos demais, salvo a reincidência e o início ou a continuaçãodo cumprimento da pena (CP,art. 117, §1º, 1ª parte).

Sursis: o art. 112, I, do CP, dispõe que, revogado o sursis, inicia-se o prazo prescricional na data em que transitaem julgado a decisão revocatória. Refere-se à prescrição da pretensão executória. Significa que ela não corredurante o período de prova da medida.

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DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIAConceito: com o trânsito em julgado da sentença condenatória, o direito de punir concreto se transforma em  jus

executionis: o Estado adquire o poder-dever de impor concretamente a sanção imposta ao autor da infração penal pelo Poder Judiciário. Mas pelo decurso do tempo, o Estado perde este poder-dever. Ela é irrenunciável.Imprescritibilidade: a CF contém, em seu art. 5º, dois casos em que a pretensão executória não é alcançada pelodecurso do prazo prescricional:

“art. 5º 

 XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

 XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o

 Estado Democrático;”

Prazos e forma de contagem: na prescrição da pretensão executória é regulado pela pena imposta na sentençacondenatória transitado em julgado, variando de acordo com a tabela estabelecida no art. 109 do CP.Medida de segurança: se imposta medida de segurança ao semi-responsável (CP, arts. 26, parágrafo único, e 98),não há falar-se em prescrição da pretensão executória, uma vez que a prescrição só incide sobre a pena.

 Não entanto, não é justo que a pretensão executória, tratando-se de pena, extinga-se pela prescrição e,cuidando-se, contudo, de medida de segurança, também espécie, como a pena, de sanção penal, não se extinga pelo decurso do tempo.

A solução está em permitir-se que também a medida de segurança se extinga pelo decurso do tempo,levando-se em consideração a pena dosada pelo Juiz antes da substituição. Se o Juiz aplicou a medida desegurança substitutiva sem dosar a pena, de aplicar-se o prazo prescricional no mínimo abstrato cominado ao

delito cometido pelo condenado. No caso de evasão do condenado ou de revogação livramento condicional, a prescrição é regulada pelo

tempo que resta da pena (CP, art. 113). Este dispositivo não é aplicável a prescrição da pretensão punitiva. Não é admissível, na contagem do prazo prescricional da pretensão executória, pretender-se a incidência do

 princípio da detração penal , em termos de dedução do tempo de prisão provisória.Reincidência: o acréscimo do prazo pela reincidência só é aplicável à prescrição da pretensão executória e sobre a pena privativa de liberdade.

O aumento do prazo prescricional pressupõe que a sentença condenatória tenha reconhecido a reincidência. Não considerada a reincidência na sentença, não incide o aumento do lapso prescricional, ainda que descoberta emmomento posterior.

“Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos

 fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.

 § 1º - A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso,regula-se pela pena aplicada.”

 Não aumenta o prazo prescricional a denominada reincidência futura, quando o novo delito é praticadoapós a sentença condenatória em relação à qual se pretende o acréscimo. Ex. transitada em julgado a sentençacondenatória, o sujeito vem a cometer novo crime. É reincidente. Entretanto, o prazo prescricional da pretensãoexecutória relacionado com o primeiro crime não pode ser aumentado de um terço. Nesta hipótese, o efeito da prática do novo crime será interromper o prazo prescricional no tocante ao delito anterior.Efeitos: a declaração extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão executória impede a execução das penas e da medida de segurança (CP, art. 96, parágrafo único), subsistindo as conseqüências de ordem secundáriada sentença condenatória, como o lançamento do nome do réu no rol dos culpados, pagamento das custas processuais, reincidência etc. Assim, embora incidente na prescrição da pretensão executória, a sentença

condenatória pode ser executada no juízo cível para efeito de reparação de dano (CPP, art. 63).Concurso de crimes: no concurso material reconhecido na sentença condenatória, a pena de cada infração penalregula o respectivo prazo prescricional, considerado isoladamente – art. 119 do CP.

 No concurso formal, a pena imposta regula o respectivo prazo prescricional, cumprindo ser desprezado oacréscimo (CP, art. 70).

 No tocante ao delito continuado, incide a Súmula 497 do STF: “Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação”.Multa: não existe mais prescrição da pretensão executória no tocante à multa.

“Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as

normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e

 suspensivas da prescrição.”

A execução não se procede mais nos termos do art. 164 do LEP, devendo ser promovida pela Fazenda

Pública, deixando de ser atribuição do Ministério Público, passando a ter caráter extrapenal a sua execução. Note-se que a multa permanece com o seu caráter penal. Em face disso, a obrigação de seu pagamento não se transmiteaos herdeiros do condenado.Idade do condenado: 

“ Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte

e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.”

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Tratando-se de crime continuado, praticados os delitos parcelares antes e depois dos vinte e um anos deidade do sujeito, aplicada uma só pena em face da ficção jurídica de uma só delito, é razoável o entendimento do prazo prescricional. Trata-se de circunstância de natureza pessoal e, por isso, incomunicável no concurso de pessoas.Termos iniciais: 

“ Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:

 I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória , para a acusação , ou a que revo ga a suspensão condicional da pena

ou o livramento condicional ;

 II - do dia em que se interrompe a execução , salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.”

Em relação ao inciso I, transitando a decisão em julgado para a acusação, é dessa data que se conta o lapso prescricional, ainda que não tenha sido intimado o réu. Isso, entretanto, depende de uma condição: que a sentençatambém tenha transitado em julgado para a defesa. Ocorrendo este requisito, a contagem se faz da data do trânsitoem julgado para a acusação.

Devemos, então, distinguir:a)  Momento em que surge o título penal executório, a partir do que se pode considerar a prescrição da pretensão executória:

trânsito em julgado da sentença para a acusação e para a defesa;b) Termo inicial da contagem do prazo da prescrição da pretensão executória: data em que a sentença condenatória transita

em julgado para a acusação.Quanto ao inciso II, não corre o prezo prescricional da pretensão executória durante o sursis e o livramento

condicional. Como constituem formas de execução da pena impedem o curso do prazo prescricional. Masrevogada a medida, nos temos do inciso I, tem início, na data do trânsito em julgado da decisão revocatória, o prazo prescricional, devendo ser regulado pela quantidade da pena suspensa (sursis) ou pelo restante (livramentocondicional; arts. 88 a 113).Obs: na hipótese do art. 161 da LEP, em que o sursis é tornado sem efeito em face do não-comparecimento do condenado à audiênciaadmonitória, não é aplicável a segunda parte do inciso I e sim a primeira: o prazo se inicia a partir do trânsito em julgado da sentençacondenatória para a acusação. Não se trata de revogação da medida, que não e encontra em seu período de prova, mas sim deinsubsistência de sua aplicação.Suspensão: 

“ Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:

 Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado

está preso por outro motivo.”

Causas interruptivas:“Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:

V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;

VI - pela reincidência. §  1º - Excetuados os casos dos incisos V  e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores

do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.

 §   2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso  V  deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da

interrupção.”

“Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta

da pena.”

A reincidência que interrompe o prazo da prescrição da pretensão executória não se confunde com a queaumenta o lapso de um terço (art. 110, caput, parte final). A forma interruptiva é a denominada “reincidênciafutura”, a que surge após o trânsito em julgado da sentença condenatória. Já a reincidência que aumenta o prazo prescricional é a reconhecida na sentença condenatória. Assim , em curso a prescrição da pretensão executória, a prática de novo delito o interrompe, mão não aumenta o prazo.

Discute-se a respeito do momento em que a reincidência interrompe o prazo prescricional. Há, sobre o tema,

duas orientações:1) O prazo prescricional da pretensão executória é interrompido na data da prática do novo crime. É a posição adotada por Damásio. O efeito interruptivo da reincidência, entretanto, deve ficar condicionado ao trânsito em julgado da novasentença condenatória. Se o réu vem a ser absolvido, desaparecida a reincidência, fica extinto o efeito interruptivo notocante à pretensão executória incidente sobre o primeiro delito.

Obs: A reincidência que interrompe o prazo da prescrição da pretensão executória é que surge em decorrência da prática apóso trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação e defesa e não só para a acusação.2) O prazo prescricional da pretensão executória é interrompido na data em que transita em julgado a sentença condenatória

 proferida em face da prática do novo delito. Nos delitos conexos, desde que sejam objetos do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção da

 prescrição relativa a qualquer destes (CP, art. 117, §1º e 2ª parte).

DA PRESCRIÇÃO RETROATIVA

Natureza jurídica: a denominada prescrição retroativa, da maneira como foi disciplinada da reforma penal de1984, constitui forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação). Tem por fundamento a inércia da autoridade pública, punindo-a coma extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva quando não ultima o processo criminal nos prazos legais.

É regulado no art. 109, considerado em face da pena concreta, (§2º do art. 110)

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