direito penal

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Direito penal-I Direito Penal é o ramo do Direito Público constituído pelo sistema de normas jurídicas que qualificam os actos ilícitos de maior gravidade social como crimes, e estabelecem as penas tidas por adequadas. Daqui resulta que as principais matérias reguladas pelo Direito Penal são: Qualificação dos actos ilícitos de maior gravidade social como crimes. Estabelecimento para cada um deles de uma pena tida como adequada. Escolha do tipo de pena aplicável a cada tipo de crime. O direito penal tem uma tripla finalidade: - A punição do mal feito à vitima e à sociedade em geral; - A prevenção geral da criminalidade; A reinserção social dos condenados. O objecto da cadeira de DP pode ser encarado em duas acepções: Em sentido estrito, é o objecto do Direito Penal substantivo. Aqui falamos dos elementos constitutivos dos crimes e as consequências jurídicas (que são as penas e as medidas de segurança). Em sentido lato, abrange o DP em sentido estrito, o DP processual, politica criminal, criminologia e DP executivo. - O DP em si é vago; o que nos interessa é a prática de processo penal. - A criminologia estuda o fenómeno do crime. - A politica criminal tem a ver com a forma de tratar com determinados crimes na ordem legislativa. - O D. Penal executivo é posterior à aplicação das penas, já na prisão. O que é um crime? É um facto Típico; Ilícito; Culposo. A lembrar.

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Direito penal-I

Direito Penal é o ramo do Direito Público constituído pelo sistema de normas jurídicas que qualificam os actos ilícitos de maior gravidade social como crimes, e estabelecem as penas tidas por adequadas.  Daqui resulta que as principais matérias reguladas pelo Direito Penal são:Qualificação dos actos ilícitos de maior gravidade social como crimes.Estabelecimento para cada um deles de uma pena tida como adequada.Escolha do tipo de pena aplicável a cada tipo de crime. O direito penal tem uma tripla finalidade:- A punição do mal feito à vitima e à sociedade em geral;- A prevenção geral da criminalidade;A reinserção social dos condenados. O objecto da cadeira de DP pode ser encarado em duas acepções:Em sentido estrito, é o objecto do Direito Penal substantivo.Aqui falamos dos elementos constitutivos dos crimes e as consequências jurídicas (que são as penas e as medidas de segurança).Em sentido lato, abrange o DP em sentido estrito, o DP processual, politica criminal, criminologia e DP executivo. - O DP em si é vago; o que nos interessa é a prática de processo penal.- A criminologia estuda o fenómeno do crime.- A politica criminal tem a ver com a forma de tratar com determinados crimes na ordem legislativa.- O D. Penal executivo é posterior à aplicação das penas, já na prisão. O que é um crime? É um facto         Típico;         Ilícito;         Culposo. A lembrar.Categorias analíticas (todas elas têm que ser percorridas): Tipicidade, ilicitude e a culpa. Tipos de crimes:1.      Particulares;2.      Semi-públicos;3.      Públicos. O que os distingue?         No que respeita aos crimes públicos, basta que o Ministério Público saiba da conduta ou dom facto, tomando a iniciativa de acusar. Ex. Maus tratos ao cônjuge (art.º 200.º).         Semi-públicos. Para o MP actuar, tem que haver queixa. À vitima assiste o direito de desistência, após apresentação da queixa.         Crime particular. O M.P chama o titular, e informa que já fez a investigação. Agora pede-lhe que apresente queixa. 

Quando o legislador insere na lei uma conduta como criminosa, pretende proteger bens jurídicos.Os bens jurídicos são os bens fundamentais à subsistência da vida em sociedade.Cada Estado escolhe determinados bens jurídicos que considera essenciais.Não têm uma tutela absoluta e podem variar consoante a sociedade e a época. O Código Penal tem duas partes: a geral e a especial.- Analisando o artigo 123.º (o primeiro da parte especial), lemos que, quem matar uma pessoa é punido com pena de pode ir de 8 a 16 anos. O que é uma pessoa para o Direito Penal?- A tutela penal considera haver vida antes da plenitude jurídica.- Considera-se pessoa todo o ser humano a partir do momento do parto. A parte geral do Código Penal tem normas de extensão da parte especial.Ex. Temos um crime de homicídio, onde uma pessoa mata, e outra pessoa ajuda na fuga. Aplicando apenas o art.º 123.º, apenas a pessoa que matou seria punida. Critério da morte: é a cessação irreversível das funções do tronco cerebral.Este conceito é importante, na medida em que é necessário saber quando há tutela jurídica sobre o bem via, e em sede de Direito Penal.Assim, um ser humano é pessoa, em sede de Direito Penal, desde o corte do cordão umbilical (ou parto até à cessão irreversível do tronco cerebral. Homicídio: previsto e punido nos termos do art.º 131.º do Código Penal.Mas a tentativa é punível? O art.º 23.º responde a esta questão.E o que acontece a quem tentar matar e não consegue? O art.º 71.º do Código Penal responde. O criminoso pode ser condenado por pena atenuada.Ao abrigo do art.º 10.º, também se pode matar por omissão.  Todos os crimes estão previstos no Código Penal. Todos os crimes têm uma moldura penal. Todos têm uma pena abstracta.Para determinar a pena em concreto, temos que ter em atenção os critérios dos art.os 71.º, 72.º e 73.º.          O primeiro artigo da parte especial relaciona-se com a protecção do bem jurídico vida. A posição destacada deste bem releva a importância atribuída pelo regime vigente.         Já em 1852 o bem jurídico de maior relevância eram os crimes contra o pudor e contra a religião.         Felizmente, com a centralização das atenções na pessoa e na dignidade humana, actualmente o primeiro crime é o homicídio.         Os crimes de maus-tratos já foram crimes semi-públicos e actualmente são considerados públicos. 1.      O Direito Penal é o nível mais extremo do Ius Imperium do Estado.2.      Actua como um limite à arbitrariedade do estado.3.      Define que condutas são consideradas como criminosas.4.      Actua sempre quando as regras não são cumpridas.5.      Tem uma função de protecção dos interesses sociais e manutenção da ordem pública. 

O DP actualmente contém três dimensões:- Função repressiva;- Função punitiva;- Função dissuasora. A ameaça de punição do DP funciona como elemento dissuasor. O DP contém um conjunto de normas que ligam certos comportamentos a determinadas consequências jurídicas, privativas deste ramo do direito.O DP é um sistema de controlo social. Crime: facto típico, ilícito e culposo.Mas pode haver crimes sem culpa. É o caso de um jovem de 16 anos, que formalmente não tem culpa. Crime:      Imputáveis;      Inimputáveis. A parte Geral do CP contém a teoria geral do DP.      São os princípios de aplicação da lei penal;      Como se apura a responsabilidade criminal.A parte especial é aquela que define os crimes:      Indica o que é crime;      Quais as consequências;      É um catálogo de crimes. O direito penal é um direito público. A sua forma de actuação:1.Tenta encontrar a solução dentro de outros ramos de direito;2.Caso não encontre nesses ramos a solução, só aí o DP actua. Por detrás de cada crime está sempre um interesse a proteger. Assim, é necessário que em cada momento o Estado decida quais são os bens jurídicas relevantes. O DP especial vai assimilando esta evolução, porque aí são definidos os crimes. Alguma parte do DP está distribuída em legislação avulsa. E quais as razões? Razões de ordem prática. Há algumas matérias que requerem alguma mobilidade (ex. matérias relacionadas com a informática). Podemos ainda falar em Direitos penais especiais, por ex. o DP militar e o DP disciplinar. São direitos de natureza administrativa. 

         Ciência da criminologia.

É o estudo do crime enquanto fenómeno.      As penas alternativas têm a ver com estudos que delimitam a eficácia.      Actualmente há uma manifesta preferência por estas penas. Nos Estados onde as penas são severas (incluindo a pena de morte) continua a haver muito crime e crime violento. A relação do Direito Penal é entre o Estado e o delinquente.O direito penal não serve para reparar o bem, mas sim para punir e evitar o mal.O seu primeiro objectivo é evitar as condutas proibidas; ser um elemento dissuasor.A função do DP é proteger interesses, e não direitos.

  AGENTE É A PESSOA QUE COMETE O CRIME Art.º 1.º – Princípio da Legalidade, conforme CRPArt.º 2.º – Não há crime sem lei prévia. Princípio da Irrectroactividade. Pode haver se mais favorável ao arguido.Art.º 3.º – Momento para saber se há crime (Quando?)Art.º 4.º a art.º 7.º – Lei Penal no espaço (onde?), sendo que o art.º 7.º dá o critério que estabelece o lugar da prática do facto.Titulo IIArt.º11.º – Pessoas singulares, a menos que a lei determine o contrário.Art.º 13.º – Dolo e negligência. Quanto ao crime previsto na parte especial, a regra é que o crime é sempre doloso. A negligência só é possível quando prevista na lei, tem que estar sempre tipificada na lei.Art.º 14.º – Vários tipos de dolo.Art.º 15.º – Vários tipos de negligência.Art.º 16.º – ERRO. Exemplo do caçador que atinge outro caçador, quando pretende atingir a caça.Art.º 17.º Erro sobre a ilicitude.Art.º 19.º – Inimputabilidade (não susceptível de culpa).Art.º 20.º -  Anomalia psíquica (não susceptível de culpa).Art.º 21.º e seguintes – formas de crimeTentativa, art.º 22.º e art.º 23.º.Comparticipação criminosa, art.º 25.º a art.º 29.º. Acontece sempre que duas ou mais pessoas concorrem para a produção de um facto relevante.Titulo IIIArt.º 31.º – Causas que excluem a ilicitude. São todas as que existam no ordenamento jurídico geral, independentemente da fonte.Consequência jurídica do FactoArt.º 40.º – Pena ou medida de segurança.Art.º 41.º – Diferentes tipos de penas e regra de contagem de prazos e penas substitutivas.Penas Principais – Estão na parte geral. Temos a possibilidade de aplicar as penas acessórias.Penas Acessórias – São as que só podem ser aplicada quando ao agente foi aplicada a pena principal.Capitulo IV – Escolha da medida da pena. Há um limite mínimo e um limite máximo.Art.º 70.º e seguintes – Critérios de escolha.Art.º 91.º e seguintes – Medida de segurança. Pressupostos e duração.Art.º 113.º – Queixa e acusação particular. Os crimes podem ser:Públicos. O impulso é do MP.Semi-Públicos. O impulso é de natureza particular.De natureza particular. O impulso é particular e ainda há uma necessidade de que o queixoso se torne assistente.Art.º 118.º – Prescrição.Art.º 129.º – Responsabilidade Civil.  No Direito Penal Processual permite-se a figura do assistente.Permite -.se que a vitima do crime se constitua sujeito processual.Nos crimes particulares a própria vitima deve apresentar queixa.O interesse da vitima sobrepõem-se ao interesse da sociedade.Existem diversas leis onde impera a protecção da vitima. E cada vez se prepara mais legislação nesse sentido.

Exemplo é o crime de maus-tratos (art.º 152.º do CP) que passou a crime de natureza pública. 

Princípios transversais a todo o Universo Penal.

 A. Principio da culpabilidade.- Assenta na culpa do agente. A responsabilidade objectiva não é compaginável com o DP. No DP a censura é dirigida ao criminoso, que tenha actuado de forma directa.- A medida da culpa é o fundamento da responsabilidade.As pessoas não eram susceptíveis de alcance criminoso. Em 2007, com a revisão do Código Penal, deixa de ser excepção e passa a ser a regra. B. Principio da humanidade.- Assenta na humanização das penas.- Traduz-se na proibição da pena de morte e de penas cruéis, bizarras e degradantes.- Numa primeira fase, a função do Direito penal era unicamente punitiva. Actualmente também se dá muita importância À reabilitação do delinquente. 

Teoria do bem jurídico.

Assenta no ponto de partida da protecção subsidiária dos bens jurídicos. Daí o carácter fragmentário do DP.Há uma dupla fragmentação do DP:      O direito penal está adstrito aos bens jurídicos fundamentais;      O DP não está vocacionado para a protecção dos direitos, mas sim aos bens.          Conceito de bem jurídico.- O bem jurídico é uma expressão do interesse de uma pessoa ou da sociedade socialmente relevante ou juridicamente valiosos.- Todos os crimes estão tipificados para que na sua base decorra um bem jurídico.- O fundamento do DP centra-se na protecção dos bens jurídicos. È necessário que o crime provoque ou ameace o bem jurídico.- Assim, o DP é um instrumento de tutela dos bens jurídicos, nos termos do art.º 40.º do CP.- Já as contra-ordenações estão fora do DP, porque não lhes está subjacente nenhum bem jurídico. É um direito naturalmente sancionatório.          No DP as condutas são proibidas, e aquele que violar as proibições será punido. O DP protege os bens jurídicos e responsabiliza com a lesão dos bens jurídicos do prevaricador.- Mas também é necessário que o Ius Imperium do Estado seja fundamentado.- Vamos ao art.º 18.º, n.º 2 da CRP ler que a fundamentação é necessária para a interpretação do DP.- É na CRP que o DP encontra a sua fundamentação, e é também na CRP que encontra as suas restrições.          Art.º 18.º da CRP: leva-nos a três limitações:      A necessidade, como intervenção mínima;      A subsidiariedade, como instrumento da ultima ratio;      Proporcionalidade, como ideia do mínimo impacto possível. 

A primeira ideia tem a ver com a necessidade de tutela penal. É um conceito fundamental. Deve-se punir ao mínimo, com eficácia. Tem de ser indispensável e relevante o interesse em causa.

A segunda ideia complementa a primeira. Pela sua eficácia, o DP é chamado à colação quando é indispensável e necessário. No art.º 18.º da CRP há uma clara restrição quanto à intervenção do DP. Têm que ser protegidos os bens jurídicos verdadeiramente dignos e essenciais. O Direito Penal é um direito de referência axiológica. Consegue reflectir os valores em destaque numa determinada época, numa sociedade. 

EstatuiçãoNorma penal

Previsão.          Estatuição: aplicação de uma sanção traduzida numa pena.         Previsão: é o pressuposto de facto. Traduz a definição do comportamento que se proíbe. Relaciona-se com o bem jurídico e com a identificação da pena.  

Direito penal-segundo semestre

TeóricaAliceApresentação.

As expressões de autoridade do Estado – O poder de punir.A sanção colide com o Direito à Liberdade e com garantias fundamentais.O Direito Penal é também um instituto público. Assim, é um ramo de Direito Público que tem uma finalidade, orienta-se por princípios e contém uma dogmática. Existe um rigor na linguagem (culpa, dolo, ilicitude).1.ª FasePrincípios e fins que norteiam o Direito Penal. O que limita a actividade do julgador é o violador.Conexão com o Direito Constitucional.Conexão com o Direito Processual Penal.Define condutas proibidas (crimes) para as quais define uma sanção (penas). À volta constitui-se toda uma dogmática. 2.ª FaseTeoria geral da infracção (ou do crime).Divide-se em duas partes:Direito Especial – Crimes (homicídio, violação aborto).Direito Geral – O conjunto de regras que determinam o modo de funcionamento do Direito Penal. O Direito Penal reage a factos e a partir daqui aplica a responsabilidade do agente.

A justiça do Direito Penal é feita de maneira diferente para duas pessoas iguais. Para determinar a pena do agente conta-se com vários factores, tal como a personalidade do agente ou o sexo. Ver art.º 131.º CP 13/10/2005Prática (Alice)Categorias de Teoria GeralTípicaIlícitaCulposaPunível Estudo do Direito PenalEscola ClássicaEscola NeoclássicaEscola Finalista CÓDIGO PENALI Parte, Livro I, Parte Geral- Art.º 1.º até ao art.º 131.º CPIIParte, Livro II, Parte especial, art.º 131.º até ao art.º 386.º CP AGENTE É A PESSOA QUE COMETE O CRIME Art.º 1.º – Princípio da Legalidade, conforme CRPArt.º 2.º – Não há crime sem lei prévia. Princípio da Irrectroactividade. Pode haver se mais favorável ao arguido.Art.º 3.º – Momento para saber se há crime (Quando?)Art.º 4.º a art.º 7.º – Lei Penal no espaço (onde?), sendo que o art.º 7.º dá o critério que estabelece o lugar da prática do facto.Titulo IIArt.º11.º – Pessoas singulares, a menos que a lei determine o contrário.Art.º 13.º – Dolo e negligência. Quanto ao crime previsto na parte especial, a regra é que o crime é sempre doloso. A negligência só é possível quando prevista na lei, tem que estar sempre tipificada na lei.Art.º 14.º – Vários tipos de dolo.Art.º 15.º – Vários tipos de negligência.Art.º 16.º – ERRO. Exemplo do caçador que atinge outro caçador, quando pretende atingir a caça.Art.º 17.º Erro sobre a ilicitude.Art.º 19.º – Inimputabilidade (não susceptível de culpa).Art.º 20.º -  Anomalia psíquica (não susceptível de culpa).Art.º 21.º e seguintes – formas de crimeTentativa, art.º 22.º e art.º 23.º.Comparticipação criminosa, art.º 25.º a art.º 29.º. Acontece sempre que duas ou mais pessoas concorrem para a produção de um facto relevante.Titulo IIIArt.º 31.º – Causas que excluem a ilicitude. São todas as que existam no ordenamento jurídico geral, independentemente da fonte.Consequência jurídica do Facto

Art.º 40.º – Pena ou medida de segurança.Art.º 41.º – Diferentes tipos de penas e regra de contagem de prazos e penas substitutivas.Penas Principais – Estão na parte geral. Temos a possibilidade de aplicar as penas acessórias.Penas Acessórias – São as que só podem ser aplicada quando ao agente foi aplicada a pena principal.Capitulo IV – Escolha da medida da pena. Há um limite mínimo e um limite máximo.Art.º 70.º e seguintes – Critérios de escolha.Art.º 91.º e seguintes – Medida de segurança. Pressupostos e duração.Art.º 113.º – Queixa e acusação particular. Os crimes podem ser:Públicos. O impulso é do MP.Semi-Públicos. O impulso é de natureza particular.De natureza particular. O impulso é particular e ainda há uma necessidade de que o queixoso se torne assistente.Art.º 118.º – Prescrição.Art.º 129.º – Responsabilidade Civil. A parte especial é feita pela tutela dos bens jurídicos. 14/10/2005Teórica (Alice)

Qual é a missão do Direito Penal no nosso ordenamento jurídico?Estabelecer regras de conduta. O Direito Penal tem como função o reforço, recorre-se sempre a este em última análise, para garantir a ordem, responsabilizando os que violarem as regras. Tem como fim encontrar a paz pública. PunirComo?Quem?Com que finalidade? O Direito Penal tem:Uma função repressiva.Uma função preventiva. O Estado pune quem mata porque não quer que matem – Função Preventiva. 

Penas e Medidas de Segurança

 Crime              Pena            Sanção                        Uma consequência do crime ou                        Uma medida de segurança Não há crimes sem penas e só há penas para crimes.O poder punitivo do Estado – O Ius Puniendi.

O Direito Penal é uma forma de controlo social que visa reagir contra uma actuação que perturbou a ordem jurídica e visa uma prevenção. Tem uma função primária para impedir que as pessoas cometam crimes.O Direito Penal reage a um acto violento, a reacção é também, uma forma violenta do Estado reagir contra o indivíduo, através das normas penais e processuais penais. O Direito Penal é um sistema formalizado – a lei tem de descrever um crime e determinar o tipo de lei para punir – Princípio da Tipicidade. Direito Penal Objectivo (Material, Positivo)Corresponde ao Direito Penal substancial, que tem como conteúdo a norma penal. Direito Penal SubjectivoÉ o poder punitivo do Estado, que é concretizado pelas normas que regulam o processo penal. Normas Penais:CrimePenaMedida de Segurança CrimeResponsabiliza o agente pelas condutas que cometerem. As normas são previamente fixadas através de um juízo negativo.PenaÉ a consequência negativa para a conduta do agente. É a sanção. A pena funciona como um meio de repressão. É essencial a fixação de uma pena. Quem não tiver capacidade de culpa não pode ser alvo de aplicação de uma pena. Medida de SegurançaO objectivo aqui é a prevenção. Se não pode haver uma pena, aplica-se uma medida de segurança. Como exemplo refere-se o menor de treze anos, mas que já apresenta uma grande perigosidade. Aqui pretende-se evitar um futuro delito. Entende-se que o menor de doze anos não tem qualquer sentido de discernimento. Aqui deve-se actuar para protecção. Este campo de intervenção não é do Direito Penal.O menor entre os doze e os dezasseis anos não tem capacidade de culpa, é um inimputável. Aqui, pode vir a ser um delinquente, aqui deve-se actuar por prevenção, logo, aplica-se uma medida de segurança. Domínio do Direito Penal.O menor de dezasseis anos já revela culpa, é imputável. Aqui já é a palavra de ordem a punição, vai-se aplicar uma pena. Domínio do Direito Penal. O Direito Penal é o direito do facto. Só posso responsabilizar alguém pelo facto que praticou. O Direito Penal, no seu âmbito, integra três domínios:O Direito Penal Substantivo ou Material contém a definição das condições gerais para definir um crime e as concretas formas do aparecimento do mesmo.O Direito Processual Penal. As regras que organizam a punição. Define o modo de intervenção, através dos Tribunais. (Prazos, fases processuais, vários intervenientes). Por fim, o Estado implica a sanção. Como é que a pena vai ser cumprida? Quem vai determinar e fazer cumprir?O Direito Penal de Execução. As regras, o modo de execução da pena. 

Nós vamos estudar o Direito Penal Substantivo – O conjunto de regras que definem os pressupostos da crise.  19/10/2005Teórica

Âmbito do Direito Penal

Direito Penal Substantivo (Dogmática Penal) – Pressuposto de aplicação da lei penal, do crime e do crime em especial.Direito Processual Penal – Regulamentação dos modos de aplicação da Justiça.Direito Penal Executivo – Direito Penitenciário. Regras e princípios que definem a execução da pena. Dogmática PenalTem dois domínios:Direito Penal Geral – Teoria Geral do Direito. Regras de aplicação do Direito Penal, art.º 1.º a art.º 130.º CP.Direito Penal Especial – Vários crimes em particular. É integrado pelo catálogo dos crimes.O Direito Penal situa-se no Direito Público, pois aqui o Estado está expressivamente em uso do seu Jus Imperi, daí a sua grande proximidade com o Direito Constitucional, pois é aí que vai encontrar os seus princípios e os seus limites.O Direito Penal está limitado pelos outros Direitos Públicos, é acessório do Estado. Só subsidiariamente o Estado recorre a ela, tem natureza, subsidiária, é a ultima rácio. Está num segundo nível de intervenção.Hoje, o Direito Penal é um instrumento político e social, podendo ser perigoso.O Direito Penal Especial tem a tipificação dos vários crimes. Encontra-se no Código Penal – Livro II, bem como em leis avulsas e legislação extravagante. Quando se fala de Direitos Penais Especiais, fala-se de certos domínios paralelos ao Direito Penal de que se salientam três questões:Direito Penal Militar, ver art.º 8.º CP. Direito Penal é subsidiário do Direito Penal Militar.Direito Disciplinar, onde se destaca o Estatuto Disciplinar da Administração Pública. O processo é de natureza administrativa.Direito Penal Internacional. Padece de um problema original, o de legitimação de punir.Estatuto do TPIAuto define a competência dos crimes julgados pelo TPI.Crimes de Guerra.Violação da Convenção de Genebra. Crimes contra a Humanidade (Violação, Escravidão, Morte de civis, etc).Genocídio.Julga factos que não integram o TPI, se um Estado pedir a intervenção. Só o facto de o prazo de prescrição ser maior no TPI do que em Portugal, poderia levar a que um português fosse julgado pelo TPI, ver art.º 29.º, n.º 2 CRP. 

Ciências do Direito Penal

Foram surgindo várias ciências que estudam o Direito Penal em si e o crime em si.

Ciência do Direito Penal. Abrange o estudo do Direito Penal de Execução, Direito Penal Substantivo e Direito Processual Penal.Política Criminal. Ocupa-se da evolução do Direito Penal. Estuda o Direito Penal vigente e pensa a sua reforma, vendo da sua eficácia e da sua aplicação.Criminologia. Estuda o crime enquanto fenómeno social. Tenta perceber as causas do crime e as motivações do criminoso. Tenta perceber as condutas. Veio ajudar a perceber que o endurecimento das penas não veio baixar os crimes (exp.: droga). Ajudou a procurar a prevenção e as penas acessórias.Vitimologia.

Prática

Elementos do Tipo (no Direito Penal)

DoloNegligênciaCategorias analíticas da Teoria Geral da InfracçãoTipicidadeIlicitudeCulpaPunibilidade Tipicidade – A conduta tem de estar tipificada objectivamente (agente, conduta, objecto da acção., resultado e nexo causal) e subjectivamente como crime, na lei.Tipicidade = Dolo + Negligência.  CATEGORIAS ANALITICAS  TIPICIDADE ILICITUDE CULPA PUNIBILIDADE

ELEMENTOSOBJECTIVOS

   Agente   Conduta, 22.º   Objecto da acção   Resultado   Nexo de causalidade[1]   Bem Jurídico (interesse fundamental que a norma protege)

     Art.º 33.º     Art.º 35.º     Art.º 36.º

          Art.º 23.º

ELEMENTOSSUBJECTIVOS

  Dolo. Tem de conhecer e querer os elementos objectivos do crime.  Negligência

     

Art.º 131.º CPÉ doloso? Sim. Porquê? Art.º 13.º CPA parte geral do Código Penal aplica-se ao Livro II do Código e a legislação extravagante.

Art.º 137.º CPA negligência pode não estar no corpo da norma (art.º 131.º CP) mas pode estar no mesmo capítulo.A regra é a de que o crime é doloso. A negligência é subsidiária do dolo, tal retira-se do art.º 13.º CP, mas não é automática.Art.º 140.º CPÉ doloso. Na resposta traz-se á colação o art.º 13.º CP.O Dolo é diferente da Ilegítima Intenção de Apropriação (Elemento Subjectivo Especial). Só nos crimes dolosos existe a ilegítima intenção de apropriação.Art.º 203.º CPDoloso. Art.º 13.º CP + Ilegítima intenção de apropriação. O facto de se afastar a responsabilidade criminal, não quer dizer que não se seja responsabilizado a outro nível (civil, disciplinar, etc.). O Direito Penal283/82, de 27/10 (fls. 223 do Código).O Direito Penal é subsidiário dos demais ramos do Direito.Art.º 227.º CPEOE – Intenção de enriquecimento ilegitimo.Art.º 386.º CPConceito de funcionário.Art.º 202.º CPCoisa de valor elevado.Art.º 22.º CP - TentativaTem os elementos objectivos. Analisa-se em sede de tipicidade da tentativa.N.º 1“…decidiu…” – Conhecer e querer – Dolo.Art.º 23.º CPAnalisado na punibilidade. Basta que um dos limites da moldura penal seja superior a três anos para se aplicar este artigo – Caso do art.º 133.º CP.Art.º 134.º CPPara a punibilidade ser punida, art.º 23.º, n.º 1 CP + art.º 134.º, n.º 2 CP. Articulando os dois artigos, temos a resposta.Art.º 19.º CPMaioridade penal. Comparticipação Criminosa – Existe quando duas ou mais pessoas se conluiem para a prática de um ilícito criminal.Art.º 26.º CPTítulos comparticipativos:Autor Material ou Imediato ou Singular – “Por si mesmo”.Autor Mediato – “Por intermédio de outrem” – Controla a vontade do executor. Dá arma a criança de cinco anos e manda matar.Co-Autor – “dar acordo ou juntamente com o outro ou outros”.Instigador (vulgo Autor Moral) – Determinar outra pessoa à prática do facto”.  21/10/2005Teórica (Alice)VITIMOLOGIA

Parte de uma perspectiva centrada na própria vitima. A vítima ao constituir-se assistente, torna-se um sujeito processual.A intervenção no processo:Nos crimes particulares dependem de queixa, a vontade da vítima, esse impulso de apresentar queixa é fundamental para se responsabilizar o agente, em alguns casos. A vítima tem a faculdade de solicitar a suspensão do processo.Nos instrumentos de apoio à vitima surge o Instituto de Apoio à Vitima. No processo crime há que tentar separar o mal feito para minorar as consequências que a vitima sofre. O Estado criou um fundo para vitimas de crimes violentos. O Direito Penal é um direito sancionatório cujo objectivo é sancionar o agente. A função é proteger os interesses. 

PRINCÍPIOS DA POLITICA CRIMINAL

Segundo Claus Roxin, são três os princípios basilares:1.      PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE. Cada pessoa só pode ser responsabilizada pela sua culpa. (facto essencial no apuramento da responsabilidade). Impossibilidade de intervenção do Direito Penal no caso de anomalia psíquica ou de idade. A culpa é fundamento de responsabilidade criminal. A pena deve de ser proporcional à medida da culpa, art.º 40.º CP. Há claras diferenças entre o Direito penal e o Direito Civil. Em Direito Penal não há responsabilidade objectiva, pelo risco. Temos de imputar ao agente um facto culposo.2.      PRINCÍPIO DO ESTADO DE DIRIETO. Papel fundamental no Direito penal – Duplo sentido (O Estado está estritamente vinculado à lei – O juiz tem de julgar segundo a lei). Há uma limitação do poder de punir do Estado (aplicação do Direito Penal).3.      PRINCÍPIO DA HUMANIDADE. Pune os agentes como forma de os responsabilizar, mas também visando a sua recuperação. Por isso não há prisão perpétua, nem pena de morte. Vide art.º 40.º, n.º 1 CP :        Aplicação da pena.        Medida da pena.        Forma de executar a pena.Para Cesar Beccaria toda a pena que não resulta da estrita necessidade é tirana. FUNÇÕES E LIMITES DO DIREITO PENALA linguagem do Direito Penal é aferida pela estipulação dos crimes.O que se entende por crimes?O crime é tudo o que o legislador legitimamente considerar como tal.DISTINÇÃO ENTRE O CONCEITO DE CRIEM FORMAL E CRIME MATERIALCrime no sentido FormalAcção típica (tipificada na lei), ilícita (contrária à lei) e culposa (Princípio da Culpabilidade que vigora no Direito Penal).Crime no sentido MaterialTodo o comportamento que lesa ou ponha em perigo bens jurídicos fundamentais. É a esta função que se reconduz o Direito Penal.A função do Direito Penal é a função de tutela subsidiária dos bens jurídicos. Actua subsidiariamente em ultima rácio.O Direito Penal não protege direitos mas sim bens jurídicos (valores ou da pessoa ou da comunidade, ou interesses).

A sanção pode colidir com a liberdade (que é um direito fundamental), por isso a intervenção do Estado tem de ser limitada. 

CONJUNTO DE FUNÇÕES DO DIREITO PENAL / LIMITES

O legislador deve pautar-se por um critério de dignidade penal, só intervindo quando necessário, quando o bem em causa seja justificativo, se não o Direito Penal deve abstrair-se de intervir (imposição constitucional).O Direito Penal é um direito duplamente fragmentário:        Só protege bens jurídicos.        De entre eles, só protege os fundamentais.

OBJECTIVO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL

O seu objectivo assenta na protecção dos bens jurídicos. O Direito Penal deve espelhar essa realidade.

IMPORTÂNCIA DOS BENS JURÍDICOS

O legislador quando amplia a intervenção do Direito Penal, justifica dizendo que o bem jurídico é susceptível de protecção. Em cada crime está sempre identificado o bem jurídico.O Direito penal não deve de intervir quando não esteja em causa bens jurídicos fundamentais, mas se estiverem, deve intervir, logo o bem jurídico é fundamento e limite (positivo e negativo) dessa intervenção.  26/10/2005TeóricaO Direito Penal está adstrito à protecção de bens jurídicos. O Direito penal visa espelhar os valores que estão vigentes numa determinada fase histórica de um Estado. Pelo Direito Penal vigente se conhece o quadro valorativo de uma sociedade. 

COMPONENTES DA LEI PENAL

Normas Penais

A norma contempla um suposto facto, uma conduta numa perspectiva proibitiva. Temos então a previsão que corresponde grosso modo ao crime. A estatuição da norma é sempre a consequência jurídica da norma.

Após identificar os bens jurídicos a proteger, o legislador tem de definir os comportamentos que lesam os bens jurídicos e por fim, fixa a pena que corresponde a cada um dos crimes. Na pena, o legislador vai-se conduzir por critérios de proporcionalidade.Os crimes estão previstos na parte especial do Código penal e em legislação avulsa.

A propósito da tipificação dos crimes uma referência ao Princípio da Legitimidade, pois só é crime o que a lei cominar como tal, logo, presume-se que não há lacunas. O Julgador não cria normas, por imposição do Princípio da Legalidade.Há que usar de:ClarezaConcreta identificaçãoCom isto limita a interpretação do intérprete. Ideia de espiral interpretativa. O Legislador está ligado ao Julgador na medida em que restringe a interpretação deste.O Direito Penal assume uma dupla função:Proteger os bens jurídicosMotivação (controlo social)As normas penais visam permitir a criação de uma consciência social. As pessoas interpretam e não violam as normas. Forma-se uma consciencialização das pessoas.A ameaça penal deve-me demover de cometer o ilícito. A pena funciona numa fase de ameaça, para prevenir e numa segunda fase para punir quem prevarica. LIMITES DO DIREITO PENAL

Está restrito a apenas proteger bens jurídicos.

TEORIA DO BEM JURÍDICO

A função do Direito Penal é a tutela subsidiária dos bens jurídicos. Em primeiro lugar, deve o sistema recorrer aos outros ramos do Direito. Só quando tal não é suficiente, se recorre ao Direito Penal. É um direito fragmentário, um direito de ultima rácio. É o poder de por em causa direitos, liberdades e garantias, art.º 18.º CRP. O Estado só lança mão do Direito Penal quando é absolutamente necessário, por uma questão de eficácia.

O Direito Penal é duplamente fragmentário pois protege os bens jurídicos e dentro destes, os fundamentais.O Direito Penal tem uma função de tutela dos bens jurídicos. 

BEM JURÍDICO

“O Bem Jurídico expressa um interesse, da comunidade ou do indivíduo, para a manutenção da integridade do Estado” – Figueiredo DiasO Bem Jurídico adquire a sua relevância no contexto social.“Bem Jurídico como bem vital, um valor essencial” – Claus RoxinOs bens jurídicos apresentam sempre um carácter variável pois depende da sociedade em que se integra. Evolução da concepção do Bem JurídicoEste conceito fica ligado ao Liberalismo. Foi BIRNBAUM o primeiro a surgir com o conceito. A ideia era conceder ao bem jurídico um carácter individual. O bem jurídico tem de ter sempre uma referência à pessoa.Os autores da Escola de Frankfurt (HASSEMER) dizem que o Direito Penal deve de se restringir aos bens jurídicos de interesse individualista. Se o Direito Penal se desviar desta linha está a descaracterizar-se.

Concepção MetodológicaO bem jurídico acaba por constituir formas interpretativas. Cada crime tem um bem jurídico. O bem jurídico serve como interpretação do crime.Concepção FuncionalConcepção racional, instrumental do Bem Jurídico. Neste contexto o Bem Jurídico tem sempre uma tripla função:MaterialPadrão criticoOrientação Político-SocialSocialHoje, a tendência é para uma concepção mista.O Bem Jurídico tem sempre uma dimensão individual e social. “Um bem, um valor, um interesse fundamental para o indivíduo e a sociedade, indispensável para o equilíbrio e a ordem social; a que a ordem jurídica é essencial à vida”.Para HASSEMER, a dogmática penal não está preparada para os crimes ambientais, pois está virada para o indivíduo.SILVA SANCHES diz que se fala de um Direito Penal a duas velocidades, dois Direitos Penais.Uma terceira vertente diz que se deve de atentar ao valor fundamental dos direitos. Então, as normas de Dogmática Penal têm de ser alteradas pois é a tutela do Bem Jurídico que tem de ser protegida e não a mera aplicação da Dogmática.Existem dois critérios a ter em conta:Dignidade do Bem JurídicoNecessidade de tutela penalSe estes dois critérios estiverem preenchidos, então o Direito Penal intervém. O fundamento para punir alguém terá de ser o facto dessa pessoa ter lesado alguém. O bem jurídico é o fundamento e o pressuposto da intervenção do Direito Penal, daqui advém a sua relevância, vide art.º 40.º CP, onde se estabelece um limite à intervenção do Direito Penal. Art.º 18.º CRPFim do n.º 1n.º 2Encontramos um critério limitativo da intervenção do Direito Penal, ao mesmo tempo que encontra a sua legitimidade.Deste artigo retira-se três critérios que fundamentam e limitam o Direito Penal:Subsidiariedade – Direito de ultima rácioProporcionalidade – Medidas das penas proporcionais aos crimes(?) – Intervenção mínima e eficazO Direito Penal assenta a sua legitimidade na necessidade da tutela e no critério de intervenção mínima do Estado. Reclama-se a eficácia do Direito Penal, sendo a pena necessária e eficaz, logo adequada. O Direito Penal orienta-se ainda pelo critério da proporcionalidade. As penas devem de ser proporcionais aos crimes que a gravidade justifique e à gravidade do facto. Consequências práticas das limitações constitucionaisO Direito Penal só protege bens jurídicos com relevância constitucionalSó intervém em situações com dignidade para talA intervenção é proporcional à gravidade do facto  

27/10/2005PráticaPara que haja comparticipação criminosa, tem de haver querer participar no ilícito penal.Os art.º 26.º e 27.º CP identificam os títulos comparticipativos.Há que articular a norma da parte especial com as normas da parte geral. Art.º 26.º CPAutor ImediatoAutor MediatoCo-AutoriaInstigadorPara ser co-autor, é necessário que duas ou mais pessoas, em simultâneo, conheçam e queiram cometer o ilícito criminal. Abel pede a Carlos e Daniel para matar Xavier.Carlos e Daniel – Co-autoria, art.º 26.º, n.º 3 CP para o art.º 131.º CP.Abel – Art.º 26.º, n.º 4 CP (Instigador), para o art.º 131.º CP.Abel pode ainda ser cúmplice, art.º 27.º CP.

 Art.º 29.º, n.º 5 CPPrincípio NE BIS IN IDEMNinguém é julgado e condenado duas vezes, pelo mesmo crime. Daí que Abel, do exemplo acima, não é punido pela cumplicidade, mas sim pela instigação, pois esta é mais grave. TEORIA GERAL DA LEI PENALDistinção Direito Penal – Outros DireitosNo Direito Penal Substantivo estabelece-se de forma geral em abstracto, quais os factos puníveis como crimes e as sanções que lhes corresponde.Esta intervenção decorre do art.º 18.º CRP.Só podem ser constituídos como crimes os factos que ofendam direitos fundamentais.Do ponto de vista sancionatório, o Direito Penal tem penas e medidas de segurança. Estas distinguem-se consoante a culpa do agente.As penas só podem ser aplicadas a quem for susceptível de culpa, pelo que é um pressuposto de aplicação da pena, ver a propósito o art.º 40.º CP, se o agente não é susceptível de culpa, se não compreende o motivo da pena.Quando o facto for típico e ilícito, mas não culposo, pode-se aplicar uma medida de segurança. No entanto, a sua aplicação depende da perigosidade do agente, art.º 40.º, n.º 3 CP.Pena – Pressuposto de culpa.Medida de Segurança – Pressuposto de perigosidade.DIREITO PENAL DIREITO CIVIL*. Direito Público.* Tutela dos bens jurídicos essenciais para a vida em sociedade.* As penas permitem a privação da liberdade.* Só há responsabilidade subjectiva.* Os factos têm de ser dolosos ou negligentes, desde que tipificados. Se a negligência não estiver tipificada, o agente não é punido. Não há

* Direito Privado.* Não tutela os bens jurídicos essenciais com a mesma intensidade do Direito Penal.* Não há privação da liberdade.* Existe responsabilidade subjectiva e objectiva.* A negligência não tem de estar tipificada. Há responsabilidade objectiva.

responsabilidade objectiva. PONTO DE VISTA SANCIONATÓRIO

DIREITO PENALDIREITO DE MERA ORDENAÇÃO SOCIALDecreto-Lei 433/82, de 27/10

* Sanções mais graves (Penas).* A sanção é aplicada pela autoridade judicial.

* Sanções manos graves (Coima).* Natureza estritamente pecuniária.* Por regra, a sanção é aplicada por autoridade administrativa.* O recurso é proposto para os Tribunais Judiciais.

O Código da Estrada tem natureza contra ordenacional. Respeita as regras gerais do Dec.-Lei 433/82, de 27/10.A sanção contra ordenacional, por excelência é a coima.A multa é característica do Direito Penal.Quando se é apanhado em excesso de velocidade (ou outro) dizemos que fomos multados. Está errado e isto é dito por razões históricas, que advém das contravenções. Em 1994, foi introduzido o novo código estradal, que passou a ser contra ordenacional e a sanção passou a ser a coima, mas o termo multa já estava enraizado e, ainda hoje, erroneamente se mantém.Se a multa não for paga, pode ser transformada em prisão.Se a coima não for paga, responde o património do devedor, por execução. 09/11/2005TeóricaO Direito Penal só tem legitimidade para intervir quando é possível identificar o bem jurídico em causa, o qual varia no tempo.A história do Direito Penal é feita de constantes mudanças e descriminalizações. Há também neocriminalizações, novos valores que surgem e são tutelados. Cada crime protege, pelo menos, um bem jurídico.O legislador prevê condutas que são lesadas ou postas em perigo. Pune-se a consumação do crime e em outros casos a tentativa de consumação. 

TEORIA DO BEM JURÍDICO

É a partir desta teoria que encontramos o limite e a delimitação dos bens jurídicos a proteger pelo Estado. Não se fala de proteger direitos próprios mas bens fundamentais, como a vida.Não relevância das normas que não protegem bens jurídicos fundamentais.Natureza subsidiária do Direito penal, art.º 18.º CRP: Bem Jurídico – Valor ou interesse em abstracto a proteger pelo Direito Penal.Objecto do facto – É no objecto que se consuma o facto.Direitos – Interesses subjectivos dos indivíduos.Novas realidades podem trazer novas condutas que podem levar a novos valores e novos bens jurídicos.Encontramos nesta teoria, a função do Direito Penal.Compete pois ao legislador saber quais os bens jurídicos fundamentais.Questão pertinente:-Quais as finalidades das penas, em Direito Penal?Somos então levados a uma segunda teoria:

 

TEORIA DOS FINS DAS PENAS

As penas são a sanção exclusiva do Direito Penal. Vigora o Principio da Tipicidade. A partir do art.º 41.º CP, encontramos as penas tipificadas. A pena principal é a pena de prisão, mais gravosa das penas, que consiste na privação da liberdade e cumprida exclusivamente em estabelecimentos públicos. Devia ser utilizada como a ultima rácio do sistema punitivo. Deve ser utilizada apenas para as penas mais graves.No ordenamento português o limite mínimo é de um mês e o máximo de vinte anos, podendo ir a vinte e cinco anos em casos expressamente previstos, art.º 132.º CP. A prisão é a maior manifestação da acção punitiva do Estado.Há ainda a pena de multa, fixação de um valor pecuniário. É fixado num valor e esse valor é fixado por dia. Há um mínimo de dez dias e um máximo de sessenta dias. O valor varia entre €1 e €498, art.º 47.º CP. Pretende-se com esta pena evitar o recurso à pena de prisão. Tem uma característica fundamental: Se a multa não for paga é convertível em prisão, art.º 49.º CP.Há outras penas, alternativas:Trabalho a favor da Comunidade.Admoestação.Nota:Medidas de segurança, aplicadas aos inimputáveis, insusceptíveis de responsabilidade criminal.Razão de idade – Medidas Tutelares Educativas.Anomalia psíquica – Medidas de Segurança.Mas, quais as finalidades das penas?De forma mediata, a penas serve os fins do Estado, salvaguardar os seus valores, salvaguardar a ordem pública e manter a segurança.  

TEORIA RETRIBUTIVA.

Houve uma primeira teoria para fundamentar a finalidade das penas. Assim, a finalidade seria castigar quem viola as leis. Na óptica do Pecado e da expiação do Pecado. Procura encontrar na pena a compensação pelo crime cometido. É sempre proporcional à gravidade da conduta. Ao agente deve de ser imposta uma justa paga. Aqui é similar à Lei de Talião, expressão máxima da Teoria Retributiva. Esta teoria imperou na Idade Média. Como defensor desta Teoria, destaca-se KANT, que vê na pena a ideia de Imperativo Categórico. A justiça é um elemento fundamental para a vida em sociedade. Também Hegel é um defensor das ideias retributivas. A pena tem a função fundamental de afirmação do Direito que foi negado pelo crime.TESE DIREITOANTITESEDireito negado pelo crimeSINTESEPena que vai negar o crime e repor o Direito   

A magnitude da pena tem como barómetro o facto, o crime cometido. Esta teoria pura é impraticável. Estando orientada para reagir contra o indivíduo, de forma punitiva, pergunta-se onde está o bem jurídico?

É destituída da capacidade face ao indivíduo, só interessa punir, reprimir, persuadir. Onde está a resocialização? Não é possível, com esta Teoria, qualquer factor de integração. O agente incumpre, castiga-se. Esta Teoria foi recusada, pois o sistema penal não se pode basear apenas na punição do indivíduo. 

TEORIAS RELATIVAS

TEORIAS DE PREVENÇÃOTEORIA DE PREVENÇÃO GERAL

A pena não pode ter como exclusiva responsabilidade castigar, deve de tentar influenciar as pessoas. A pena deve ser centrada na ameaça que tem contida. Tenta-se dar à pena a ideia de profilaxia, de demover a pessoa de praticar o crime. Condena-se a pessoa para dar exemplo demonstrativo aos outros, do que acontece a quem pratica o facto. A pena terá uma função psíquica. Tem esta teoria como principal promotor FEUERBACH, com a Teoria Psicológica da Acção. Quando se tem o impulso psicológico, terá a pena a função de quebrar o impulso. “-Vou matar! – não vou porque vou preso!”. Se não resistir, pune-se para dar o exemplo aos outros. Há uma ideia de coacção psicológica, de intimidação. Ameaça-se com o espectro da pena para que se não viole a lei.

A pena como prevenção geral tem dois efeitos:Prevenção Geral Positiva – revelar aos membros da sociedade o que acontece a quem viola as normas.Prevenção Geral Negativa – Prevenir para que não se cometa crimes.Encontra-se na pena uma função de ameaça. A pena tem função de coacção psicológica, actuando na sociedade em geral. Esta teoria apresenta um avanço face à teoria retributiva, mas algumas questões se levamtam:  Continuamos sem critério para aplicar a pena. È sempre a pena máxima? Há uma ausência de medida para delimitar a pena.

A pessoa punida é um exemplo. Mas não estamos a esquecer a dignidade da pessoa? Esta critica pode ser ultrapassada, pois em sociedade todos abdicamos de algo.

Para dar exemplos temos de punir mais gravosamente os crimes frequentes. Então, é mais grave o Furto do que o Homicídio? O juízo de prevenção geral é perigoso. 

TEORIA DE PREVENÇÃO ESPECIAL DIFERENÇAS DE NATUREZA SUBSTANTIVA 

ILÍCITO PENALILÍCITO DE MERA ORDENAÇÃO SOCIAL

RESPONSABILIDADE * Regra geral só as * Tanto as pessoas

pessoas singulares são responsabilizadas. No entanto, fora do CP há responsabilização penal das pessoas colectivas – legislação extravagante.

singulares como as pessoas colectivas são responsabilizadas, Principio da Equiparação, art.º 7.º RGOS

TENTATIVA

* Basta ao crime consumado corresponder a três anos de prisão, para a tentativa ser punível, art.º 23.º CP.

* Só é punível quando o legislador o disser. Art.º 13.º RGOS

COMPARTICIPAÇÃO

* Distingue-se qual o grau de autoria do ilícito, art.º 26.º CP.

* Não se distingue quem é o autor, qual o seu grau, apenas se identifica o cúmplice, art.º 16.º RGOS[2]

Existem ainda diferenças de natureza sancionatória. A ideia de autoria, que serve de trave mestra à comparticipação é ligeiramente diferente nos dois Ilícitos.

Art.º 16.º RGOS

Parte-se da ideia unitária de acto. Mais tarde, foi acrescentado o n.º 3 deste artigo, para distinguir o cúmplice. A sua introdução atenuou a ideia originária de um ilícito célere, de natureza administrativa. Só os autores praticam os factos.

Art.º 16.º, n.º 3 RGOS – Art.º 32.º RGOS – Art.º 27.º CPLer:FREDERICO DE LACERDA DA COSTA PINTO, texto publicado na revista Portuguesa de Ciência Criminal, Ano 7, n.º 1, 1997. “O ilícito de mera ordenação social e a erosão do Princípio da Subsidariedade da intervenção processual”.

FIGUEIREDO DIASTERESA BELEZA Tutela dos bens jurídicos – CPFonte dos bens jurídicos – CRP

Art.º 18.º, n.º 2 CRPFundamental em procedimento penal. Dá as traves mestras para o sancionamento dos factos.Ler:Conceitos do Dr. COSTA ANDRADE, “Dignidade Penal” e “Carência de tutela penal”. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADEAdequaçãoExigibilidadeProporcionalidade em sentido estrito 

Caracterização no Direito Penal da Teoria dos Fins das Penas

1852-Código Penal

Marcado pelo iluminismo penal. Aboliram-se definitivamente no nosso sistema as penas cruéis – Torturas. Estava direccionado para a prevenção geral negativa ou de intimidação. Até aqui, havia uma pena fixa para o crime. Com este Código surgem duas variáveis, não apresentando contudo um critério para determinar o quantum da pena, a medida da pena. Já se previam factores agravantes e atenuantes. Durou trinta anos.1886-Novo Código PenalInfluência directa do Liberalismo. Inspirado na filosofia de KANT e HEGEL. Em termos de penas, não se fixou em termos retributivos, estava ainda virado para fins preventivos. Houve uma regressão, pois voltou-se à pena fixa, na esmagadora maioria dos crimes. Já se introduziu a ideia de prevenção especial com resocialização do agente.1982Profundamente influenciado pela nova CRP e pelo Princípio da Estado de Direito.Foi reformado em 1985.Assume as finalidades visadas pelas penas e pelas medidas de segurança, art.º 40.º CP. O nosso CP marca-se por uma natureza exclusivamente preventiva, conjugando fins de prevenção geral e especial. Efectiva o reforço da ideia do Direito Penal ser subsidiário. Fixa-se um critério para o critério das penas, a culpa. Este é o limite da pena, art.º 40.º, n.º 2 CP. Tem como função primordial a prevenção geral positiva e a prevenção especial redireccionada para a resocialização do agente.A pena tem três funções:Responsabilização.Resocialização.Ideia de segurança. Função primordial da pena.No art.º 40.º CP concentram-se as funções e finalidades da pena:Instrumento de protecção dos bens jurídicos.Conjugação dos fins preventivos. Promover a resocialização do agente e preventivos para a sociedade.Princípio da Culpa. Culpa como medida da pena. Só é responsável o agente com capacidade de culpa. Art.º 40.º CP conjugada com o art.º 20.º, n.º 3 CPNão se justifica aplicar penas a inimputáveis, pois o fim da pena, dissuasão, resocialização, então não faz sentido aplicar a pena. Isto leva-nos às medidas de segurança. Esta é aplicada a quem não tem capacidade de culpa, os inimputáveis, ver a propósito o art.º 40.º, n.º 3 CP. Atenta á perigosidade do agente, a ideia agora é prevenir numa ideia determinada à criminalidade futura.

Medidas de Segurança DetentivasInternamento, aferido em razão da sua inimputabilidade. Facto ilícito, incapaz de culpa e receia-se a prática de outros factos idênticos.Os fins das medidas de segurança são preventivos, mas a finalidade principal é a prevenção especial.Para reagir neste domínio, o Estado cria mecanismos. Temos então um sistema dual de sanção:PenasMedidas de SegurançaMas é também monista pois à mesma pessoa ou se aplica penas ou medidas de segurança.O campo de aplicação de cada um é distinto.Art.º 91.º CP – Campo das medidas de aplicação.

Art.º 91.º a art.º 99.º CP – Medidas detentivas.Art.º 100.º e seguintes CP – Medidas não detentivas.Para os inimputáveis em razão da idade temos a Lei Tutelar Educativa.Traços gerais:A que situações se aplica?Maiores de doze anos e menores de dezasseis anos. O Direito Penal olha para os menores de doze anos como vítimas, pois estão em perigo. Para se estar sujeito a estas medidas, o EstadoIntervém porque se entende que se deve educar para o Direito.Pretende-se a inserção do menor, de forma digna, na sociedade. O interesse é virado para o menor, para o agente. O julgador orienta o seu interesse para o menor.Assim, prevê-se dois tipos de medidas:Não institucionaisAdmoestaçãoReparo do danoProibição de condução de ciclomotorFrequência obrigatória de cursos organizados pelo Instituto de Reinserção SocialInstitucionaisInternamento em Centros EducativosExistem dois critérios de aplicação:SubsidariedadeInteresse do menorOs inimputáveis não cometem crimes, pois não têm culpa, cometem ilícitos penais.Tratamentos dos InimputáveisO nosso sistema é insuficiente especialmente, quando se trata de anomalia psíquica.  

LIMITES PARA O DIREITO PENAL

O Direito Penal deve de se restringir a um núcleo mínimo de bens jurídicos fundamentais. Nos finais do séc. XIX, o Estado encontrou um bom meio de libertar os Tribunais de muitos crimes: A Administração. Esta foi investida da função, do poder, de punir. Criou-se então o Direito penal Administrativo, que criou o regime das contravenções. Este Direito penal é paralelo ao Direito Penal Criminal. Este Direito de segundo nível pôs termo ao facto da Administração ter poder para punir mas não ter regras para o fazer.No regime das contravenções apenas se tem como medida a ilicitude. Se não cumpriu, é responsabilizado. É um segundo nível do Direito penal, mas é ainda Direito Penal. Isto não libertou o Direito penal mas sim atrofiou-o, pois alargou o seu âmbito.O regime das contravenções tinha como vantagem a celeridade.Punia-se o facto consumado.Punia-se apenas o autor.Prazos mais curtos.Não ficava a constar do registo criminalAssentava nos Tribunais de PolíciaPunia dolo e negligênciaNo pós-guerra, marca-se a ideia de depurar o Direito Penal. Surge, então nos anos 50, na Alemanha, a teoria do Ilícito de Mera Ordenação Social. Pretende ser um ilícito autónomo, direito idêntico ao Direito Penal Administrativo mas tem função de tirar matérias do Direito Penal.Tem-se em atenção a :

Dignidade PenalNecessidade de tutela penalRazões primordiais:Retiram-se do Direito Penal infracções que não tenham razão ética.Cria-se novo tipo de infracção (contra-ordenação). Elimina-se os Tribunais de Polícia, ficando a Administração com o poder.Chega a Portugal em 1982, através do Decreto-Lei 483/82.Tem o objectivo de substituir as contravenções.  17/11/2005PráticaFaltei  18/11/2005TeóricaA imposição do Direito Penal decorre do art.º 18.º CRP. Existe uma tendência crescente para certas matérias serem retiradas do Direito Penal, o que se acentuou com o aparecimento do Ilícito de Mera Ordenação Social, que surge em 1982. 

O ILICITO DE MERA ORDENAÇÃO SOCIAL

Com a entrada em vigor do Decreto-Lei 433/82 fixou-se como objectivo eliminar completamente o regime das contravenções, o que não foi conseguido totalmente. O segundo objectivo era o de eliminar as contravenções existentes, o que ainda não se conseguiu fazer. O legislador manifestou como objectivos os descritos no preâmbulo.O pai do Decreto-Lei, Prof. EDUARDO CORREIA, assume o Decreto-Lei como a purificação do Direito Penal, pois afastava as matérias que não punham em causa os bens jurídicos fundamentais. Para este professor, deveria desaparecer o Direito Penal Administrativo, surgindo um ilícito administrativo em seu lugar. Ao Direito Penal fica um mínimo ético de combate às lesões graves dos bens jurídicos fundamentais. O ilícito deveria ter sanções próprias, devolvendo o poder de sancionar à Administração. O Estado cria assim um ilícito que vai punir condutas socialmente (podem ser económico-sociais) censuráveis, deixando o ilícito penal para as condutas mais relevantes do ponto de vista criminal.O Ilícito de Mera Ordenação Social funciona como limite negativo do recurso ao Direito Penal. Não é Direito Penal. A autonomia do Ilícito de Mera Ordenação Social verifica-se a vários níveis. A coexistência dos dois ilícitos coloca três questões:Sempre que o legislador decide estender a sua intervenção a uma nova matéria, coloca-se a questão de qual dos dois ilícitos aplicar?Outra questão é a de como se processa a articulação entre ambos? Tal é feito em atenção ao princípio da Subsidariedade.Como os sistemas se sobrepõem, há uma terceira questão qie é prevista na Constituição. “NE BIS IN IDEM”, não se é punido duas vezes pelo mesmo facto, art.º 20.º DL 433/82.Níveis de autonomia do Direito de Mera Ordenação Social face ao ilícito penalDogmática. O regime substantivo do Ilícito de Mera Ordenação Social embora se aproxime do ilícito penal, é distinto. Assentam na mesma base porque têm carácter sancionatório, sendo aplicado o ilícito penal subsidiariamente. A autonomia regista-se em sede de comparticipação, onde aqui se estabelece um conceito extensivo de autoria, art.º 16.º DL 433/82. Outro regime onde se destaca a autonomia é no dos sujeitos, em que no Direito de Mera Ordenação Social a

responsabilidade das pessoas colectivas é regra, assim como as que lhe forem equiparadas. No ilícito de mera ordenação social não há referência aos comportamentos por omissão, equiparando-as à acção. Também em matéria de concursos há regras próprias, art.º 19.º DL 433/82.Sancionatória, art.º 1.º DL 433/82. Aqui existem coimas e não penas. Têm natureza exclusivamente pecuniária. O sistema prevê alternativas à Coima, a Advertência, e sanções acessórias, apreensão de objectos, privação de direitos. A lei fixa limites para os valores das coimas. As coimas não têm ideia de prevenção especial.Processual. Tem autonomia. Os prazos são mais curtos no ilícito de mera ordenação social. A autoridade é Administrativa, fixada em razão da matéria e do território, quanto à competência, sendo as decisões impugnáveis. O ilícito de mera ordenação social assenta no princípio da oportunidade. A Administração pode tentar uma mediação.Outras diferenças. Num fala-se de crimes, noutro de contra ordenações. Num fala-se de penas, noutro de coimas.O critério base para a diferenciação é um critério manual qualificativo que é complementado por um critério quantificativo. O nível de gravidade dos regimes é diferente.    23/11/2005Teórica

CONCLUSÃO DO ESTUDO DO ILÍCITO

O Ilícito Penal é complementado pelo Ilícito de Mera Ordenação Social, constituindo este último, um limite negativo do ilícito penal.O Ilícito de Mera Ordenação Social situa-se num 2.º nível de protecção dos bens jurídicos.Convém aqui referir a norma penal em branco, que tem a particularidade de não prever sanção. Uma vez que ambos os ilícitos coexistem, convém integrar cada um nos seus domínios.  Por vezes, os dois ilícitos sobrepõem-se relativamente aos mesmos factos. Usa-se nestes casos o Princípio NE BIS IN IDEM, e aplicar-se-á o ilícito penal.Se houver instauração de processo-crime, o processo de contra ordenação não se instaura, se o processo de contra ordenação já foi instaurado, pára, se já foi decidido o processo de contra ordenação, não se aplica a sanção. 

SINTESE DE DIFERENÇAS ENTRE ILÍCITOS PENAIS E DE MERA ORDENAÇÃO SOCIAL

FinsIlícito Penal- Protecção de bens jurídicos fundamentais.Ilícito de Mera Ordenação Social- Protecção do bem estar económico e social.SançãoIlícito Penal- Aplica-se penas.Ilícito de Mera Ordenação Social- Aplica-se coimas.CompetênciaIlícito Penal- Tribunal.

Ilícito de Mera Ordenação Social- Entidades Administrativas responsáveis.ProcessoDistinto e autónomo. O legislador deve atender, aquando da integração ou não de uma matéria como ilícito penal, aos seguintes requisitos:Bem jurídico a defender.Técnica legislativa a empregar.Tipo de delinquência (No Ilícito de Mera Ordenação Social é regra a sanção da pessoa colectiva).Finalidades pretendidas.Eficácia das sanções pretendidas. Ainda sobre o Ilícito de Mera Ordenação Social:É necessário um facto, não basta uma manifestação de intenção.A tipicidade e a ilicitude resultam no art.º 1.º do DL 483/82.Subjectivamente responsabiliza-se quer o dolo quer a negligência.Culpa em sentido próprio. Não há a ideia de censura ética mas a imputação do facto à conduta social do agente.A coima é sempre aplicada como critério de ponderação de dois factores: Gravidade do facto.Condição económica do Agente. 

NOTAS FINAIS:

Na origem da criação do Ilícito de Mera Ordenação Social, está uma reacção contra a indiscriminada intervenção do Ilícito Penal.O Ilícito de Mera Ordenação Social fica marcado pela neutralidade ética das condutas.O Ilícito de Mera Ordenação Social surgiu em 1982, quando houve uma reforma penal de fundo, sendo, portanto, contemporâneo do Código Penal.O DL 483/82 inclui o regime geral das contraordenações e o regime processual geral. É em legislação especial que se vai definir o que é contraordenação. 

ILÍCITOS SEMELHANTES MAS DIFERENTES DO ILÍCITO DE MERA ORDENAÇÃO SOCIAL

Ilícito Disciplinar- Ilícito que regula a sanção aplicada a comportamentos tidos por agentes com determinadas profissões. Em regra, aplica-se o modelo de ilícito penal. Aqui, o objectivo é aplicar medidas disciplinares que regulam o serviço público e não proteger bens jurídicos, o que o afasta do Ilícito Penal. Pode haver comulação de sanções. Não se viola o Princípio NE BIS IN IDEM, pois por um lado analisa-se o comportamento face à estrutura profissional em que o agente está inserido (ilícito Disciplinar), por outro analisa-se o comportamento face à responsabilidade face à sociedade em que o agente está inserido.O próprio Processo Penal contém sanções, como por exemplo a multa para o arguido que falta a julgamento. As sanções do processo penal são sempre multas e não coimas.  Quando se aplica a prisão preventiva não se está a aplicar um ilícito penal mas sim a aplicar o funcionamento das regras processuais previstas na Lei.

   

Ilícito Civil O Ilícito Civil, ao contrário do Ilícito Penal, prevê sanções na sua fonte primordial, a lei, mas ao contrário do ilícito anterior, admite como fonte da sanção a Autonomia da Vontade, exemplo da Cláusula Penal.O Ilícito Civil admite sempre a desistência.O Ilícito Civil prevê, em determinados casos, a presunção de culpa.O Ilícito Civil prevê a Responsabilidade Objectiva, o Ilícito Penal não.No Ilícito Civil, prevê-se em alguns casos, a inversão do ónus da prova. No Ilícito Penal quem acusa, prova.A Responsabilidade Civil, é transmissível, a responsabilidade criminal não. 

TEORIA DA LEI PENAL

Conduz aos princípios fundamentais do Direito Penal, mormente ao princípio da Legalidade.Momentos HistóricosSéc. XI e XII- Período VisigóticoPrimeiras manifestações do Direito penal. Já incluía de modernidade. Procurava o respeito à lei, tentando limitar o poder do rei de punir. Punia-se condutas que desrespeitavam a lei, de forma dolosa. Houve um período revolucionário em que reinou a justiça privada – Tempo dos duelos. Séc. XIII- Primeira DisnastiaTendência absolutista.Foram proibidas todas as formas de justiça privada.Tentativa de monopolizar o poder de punir.Tempo da crueldade das penas. OrdenaçõesNos Livros da Ordenações, todos eles tinham um livro dedicado ao Direito Penal, curiosamente em todos era o livro V. Criam-se ideias de Direito Penal e de Direito Processual Penal.Características:Arbitrariedade.Penas cruéis, transmissíveis.Impera o casuísmo.As penas variavam em função do estrato social do Agente. Sé. XVIII, 2.ª metade- LiberalismoSurge um movimento de codificação.Há uma primeira tentativa de Código penal, em 1789, durante o reinado de DONA MARIA, projecto esse de MELO FREIRE, que foi influenciado pelos ideais italianos de CESAR BECCARIA, um humanista.Ler: CESAR BECCARIA – “DOS DELITOS E DAS PENAS” 

O Direito Penal é pensado no conceito das finalidades das penas. Existe uma característica ressocializadora. “Toda a pena que não é necessária, é tirana”- CESAR BECCARIA. O projecto de MELO FREIRE não passou disso mesmo. Revolução LiberalA Constituição Liberal de 1822 inspira e orienta o Direito Penal. Introduz definitivamente o Princípio da Humanização das Penas, mantendo-se, no entanto, a pena de morte.Surgem:O Princípio da Igualdade das Penas.O Princípio da Necessidade das Penas.O Princípio da Proporcionalidade das Penas.O carácter pessoal da Responsabilidade Criminal.Em 1852, todos estes princípios têm acolhimento no Código penal de SALDANHA/ LEVI MARIA JORDÃO/ SILVA FERRÃO. Este é marcado pelas ideias de correccionismo. Foi abolida a pena de morte. Um ano depois os mesmos comentadores do Código, começam a querer alterá-lo, pois este “já nasceu velho”. Durou trinta anos.Em 1886 surge o novo Código Penal. Fim da Monarquia Primeira República Segunda República Estado NovoDestaca-se CAVALEIRO FERREIRA e EDUARDO CORREIA. 1974- RevoluçãoEm 1976 surge a nova Constituição. EDUARDO CORREIA pega nos seus projectos antigos e faz o novo Código Penal.Traz para a primeira linha os bens jurídicos de natureza pessoal e patrimonial.Acolhe-se a culpa.Define-se os princípios e os fins do Direito penal e das penas, art.º 40.º CP.Hoje, o Direito Penal tem como instrumentos a Constituição da República Portuguesa e o Código Penal. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS INFLUENCIADORES DO DIREITO PENALPrincípio da Legalidade, art.º 29.º CRP. A partir dele se define os limites estritos da intervenção do Direito Penal.   24/11/2005PráticaFaltei.  25/11/2005TeóricaPrincípio da Legalidade e relevância no Direito Penal, art.º 29.º CRPObjectivo claro de limitar o poder de punir do Estado

Decorrências do Princípio da Legalidade retiradas do art.º 29.º CRPNão pode haver nem pena sem lei prévia e escrita.Irrectroactividade da Lei Penal.Proibição de interpretação extensiva[3].Proibição da analogia[4].Retroactividade das leis mais favoráveis ao agente.Matéria de competência exclusiva da Assembleia da República.Exigência de processo judicial.Princípio NE BIS IN IDEM. O Princípio da Legalidade remonta, na sua origem, ao séc. XVIII, surgindo com a Teoria do Estado, retirada do movimento liberal. O poder judicial está vinculado à lei e ao poder legislativo. Começa-se a construir também o Princípio da Culpa. Este Princípio da Legalidade foi sendo acolhido em algumas fontes, DUDH, séc. XVIII. Saiu ainda dos ecos da Revolução Francesa, Constituições Americanas e em todas as ordens jurídicas europeias, incluindo a portuguesa. Em 1933, na Constituição, reforçam-se estes princípios assim como em 1976, se acolhem princípios que limitam o poder do Estado e principalmente do Julgador. Os crimes passam a ter penas fixas. Impôs-se ao Juiz limites à interpretação da lei. Claramente se demarca o Princípio da Segurança Jurídica. Compete ao Julgador aplicar a lei e não fazer nova lei ou alterar a existente. Assim, não é possível ao Juiz aplicador integrar lacunas. Se não está previsto é porque o Legislador não quis. Pretende-se com isto conferir segurança aos cidadãos. A decorrência do Princípio da Legalidade no Direito penal assume características interessantes. Assim, começa-se por limitar, condicionar o Legislador, o que se faz em atenção ao Princípio da Legalidade, não o “deixando” fazer leis ambíguas. No Código Penal é feita uma tímida referência ao Princípio da Legalidade, art.º 1.º e art.º 2.º. Aqui estão presentes algumas decorrências do Princípio.Primeiro domínio onde se concretiza o Princípio da LegalidadeFontesLei, escrita, própria dos órgãos com legitimidade nesta matéria, lei formal e material, art.º 1.º CP e art.º 29.º CRP.Costume. Está necessariamente excluído como fonte de lei penal, o que se retira do art.º 29.º CRP. Apenas tem relevância no domínio das normas favoráveis (normas que estipulam factores de exclusão de ilicitude). Aqui, admite-se que o Costume funcione para as criar. Caso do poder de correcção dos pais em relação aos filhos.Jurisprudência. Não é fonte imediata. Tem importante papel no âmbito da interpretação das normas. A praxis criou uma realidade em que é quase fonte de Direito, caso também dos conceitos indeterminados, art.º 133.º CP.Doutrina. Não é fonte de Direito Penal. Tem um papel secundário, no tocante à metodologia do Direito Penal.Princípios Gerais de Direito Penal Internacional, art.º 29.º, n.º 2 CRP. Vai sendo construído por duas vias: Por Tratados, vide Tratado de Roma que instituiu o Tribunal Penal internacional, por força do art.º 8.º CRP e art.º 29.º, n.º 2 CRP. O agente pode ser criminalizado por um crime que a lei portuguesa não defina, mas esteja definido em Direito Internacional. Crimes típicos do Direito Internacional: Crimes contra a paz.Crimes de guerra.Crime contra a Humanidade Genocídio.  

 30/11/2005TeóricaNo art.º 29.º CRP, há uma vertente de garantia do Princípio da Legalidade que destaca o Princípio da Reserva de Lei, em sentido Formal e Material, art.º 165.º CRP. A lei autorizativa define os limites e o âmbito dessa autorização. Esta competência da Assembleia da República abrange a lei penal, a lei processual penal, a lei penal militar, as contraordenações e as amnistias. 

VÁRIAS DECORRÊNCIAS DO PRICÍPIO DA LEGALIDADE

        EXIGÊNCIA DE LEI PRÉVIA. Concretiza-se no art.º 29.º, n.º 1 e 3 CRP. “NULLUM CRIMEN NULA POENA SINE LEGE” – Máxima fundamental do funcionamento do Princípio da Legalidade. “A lei penal existente é a magna carta do criminoso”. Há aqui um fundamento de segurança jurídica.        EXIGÊNCIA DE LEI EXPRESSA. A lei tem de ser certa e precisa. O legislador tem de criar uma norma que seja facilmente compreendida no seu conteúdo. Não pode haver normas vagas ou dúbias. Esta decorrência também se retira do n.º 3 do art.º 29.º CRP, “expressamente cominadas”. Neste âmbito suscita-se um problema com as Leis Penais em Branco, pois estas podem ser imprecisas. Estas contêm apenas parcialmente as condutas, pois os pressupostos de incriminação serão dados por outras normas, as normas integradoras. Exemplo de Norma Penal em Branco é o art.º 279.º, n.º 1 CP “em medida inadmissível” e ainda o seu n.º 3. Temos também o art.º 213.º, n.º 2, alínea c) CP. As Normas Penais em Branco têm a característica de remeter para outro tipo de normas, são normas incompletas. Recorremos a normas de carácter integrador, que são normas não penais, podendo ser administrativas, técnicas, etc. Podem ter valor superior, igual ou inferior à Lei. O recurso à Norma Penal em Branco tem como finalidade tornar a norma mais ágil. O que é importante para garantir o Princípio da legalidade é o legislador não delegar mais do que isto na norma integradora. A Norma Penal em Branco remete parcialmente a sua concretização. O alargamento do Direito Penal a outras áreas vai fazendo com que cada vez mais haja que recorrer às Normas Penais em Branco, logo, tem de haver uma agilidade e flexibilidade das normas. Uma vez que precisam de outras normas, surgiram vozes criticas que disseram que as Normas Penais em Branco são inconstitucionais, pois:  Violam o Princípio da Legalidade e o Princípio da Tipicidade, pois não cumprem a descrição típica da norma.Violam o Princípio da Legalidade pois falta precisão às normas.Violam o Princípio da Legalidade na vertente da Reserva de Lei, pois a norma integradora pode ser inferior hierarquicamente à Lei.Comentários às criticas:o       Não se perde precisão nas normas, ganha-se precisão, pois as normas integradoras são técnicas, logo mais precisas.o       A CRP não exige, expressa ou tacitamente, a concentração na mesma norma de todos os pressupostos de incriminação.o       Nem sempre se remete para normas inferiores hierarquicamente, e nos casos em que se remete é a norma penal que estipula os pressupostos de incriminação. A conduta está descrita na norma penal, o que se remete é a descrição típica da conduta. As normas integradoras apenas vêm integrar a conduta típica, a norma penal é que diz o que é crime. Este é o limite da remissão da norma penal, pois está aqui em causa o Princípio da Unidade da Ordem Jurídica. A norma penal tem de ter os elementos essenciais integradores:

o       Descrição concreta.o       Conduta que se proíbe.o       Bens que se protege.A norma penal tem de precisar para que norma é que remete.Germano Marques da Silva defende a inconstitucionalidade das Normas Penais em Branco, por não serem claras e precisas.  

Quanto ao Princípio da Reserva de Lei, ultrapassa-se a critica com a Teoria da Essencialidade. É a norma penal que define na essência o que é crime em concreto.Pressupostos:o       Comportamento.o       Bem jurídico tutelado.o       Sanção.o       Resultado típico.As Normas Penais em Branco estão sujeitas a vários requisitos:o       É necessário que contenha pressupostos de incriminação.o       É necessário que defina com rigor as normas para que remete.É necessário que as normas complementares devem funcionar como auxílio da definição dos comportamentos sujeitos a responsabilidade criminal.      Também surgem criticas aos conceitos indeterminados. Estes não podem ser de natureza ambígua nem ser pouco claros. Não se pode deixar espaço ao julgador para que seja ele a definir estes conceitos. O recurso a estes conceitos é por vezes indispensável, mas é desejável que o legislador recorra o menos possível a ele.        EXIGÊNCIA DE LEI ESTRITA. Tem de estar acautelada a separação de poderes. O julgador confina-se estritamente à lei, não cria a lei. O julgador não deve poder ir mais além da letra da lei. Não pode haver espaço à interpretação extensiva da lei, nem pode haver integração de lacunas por analogia, art.º 1.º, n.º 3 CP. O intérprete está adstrito ao sentido estrito da lei. Esta limitação é também para o legislador. A norma tem de ser criada de forma a não ter várias interpretações.  02/12/2005Teórica        EXIGÊNCIA DE INTERVENÇÃO JUDICIAL. Ninguém pode ser acusado sem haver contra si, a correr, um processo em tribunal.        PROIBIÇÃO DA DUPLA CONDENAÇÃO PELO MESMO FACTO. Art.º 29.º CRP. Não se pode ser sujeito a julgamento, em dois processos, pelos mesmos factos, NE BIS IN IDEM. Aplica-se a processos crime, e a processos contraordenacionais. 

INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

O Princípio da Legalidade não se satisfaz com o definir dos limites da Lei Penal.Estende-se à interpretação dessa mesma Lei, começando pela criação desta. O legislador tem de saber determinar a norma, antecipadamente, para que o julgador se limite a interpretá-la. Há como que uma espiral hermenêutica.Por interpretar entende-se o verificar se a conduta do agente consubstancia um crime previsto. O legislador está também vinculado á linguagem jurídica existente.

Pressupostos de Interpretação:Contextualizar o tipo incriminador. Ver em que capitulo está o crime previsto. A sistematização do Código penal apoia-se na teoria do Bem Jurídico. Há que ter em conta o bem jurídico tutelado, a conduta típica e o resultado do tipo. Há que ter em conta, ainda, o contexto intrasistemático.Enquadramento constitucional.Sentido histórico do crime, da questão gerada à volta do mesmo. 

TIPOS DE INTERPRETAÇÃO

        INTERPRETAÇÃO DECLARATIVA        INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. O legislador disse mais do que aquilo que queria dizer. Numa primeira fase, foi proibida em Portugal. Hoje, a questão está ultrapassada, pois ao diminuir-se o campo da norma, está-se a diminuir o campo da punição.        INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. Atendendo ao espirito da Lei, ir mais além do que aquilo que o legislador disse. É diferente da analogia. Aqui, retira-se da norma expressa, através do espirito da lei, outro significado. Hoje, há que distinguir dois tipos de normas:  INCRIMINADORAS. Definem, fundamentam e agravam a aplicação da lei penal.FAVORÁVEIS. Diminuem ou excluem a responsabilidade do agente.Quanto às normas incriminadoras, apenas se admite uma interpretação declarativa ou no máximo, uma interpretação restritiva lacto sensu. Proíbe-se a analogia e a interpretação extensiva. Quanto às normas favoráveis, admite-se a interpretação declarativa, a extensiva e a analogia. (não vai contra o art.º 1.º, n.º 3 CP). A razão da admissibilidade é a mesma, não ampliar o campo da incriminação.Face ao caso concreto, não se pode interpretar extensivamente as normas incriminadoras. O julgador está “preso” ao sentido literal possível, das normas. Toda a interpretação que exceda o sentido literal deixa de ser interpretação a passa a ser criação de normas. Há uma fidelidade à lei, não se pode ir além da lei. Aplica-se o sentido inequívoco do cominado literalmente na lei. Há uma auto limitação do Estado aos preceitos constitucionais de interpretação das normas.Pistas de interpretação:1.      Perguntar qual o bem jurídico tutelado?2.      Fazer uma interpretação literal da norma.  07/12/2005TeóricaINTEGRAÇÃO DE LACUNASO caso em causa não está previsto na norma. Art.º 10.º CC. No contexto do Direito Penal esta integração adquire um sentido próprio. Alguns autores entendem que não há lacunas no Direito Penal. Então qual é o âmbito de proibição do art.º 3.º CP?Não há dúvida que quando a analogia funciona contra o agente ela é proibida – Direito Penal a funcionar como sistema fechado. Está limitado ao que está previsto. Se a lei não precisa uma situação, o Juiz só tem de absolver. Já nas normas favoráveis, a Doutrina já vem dizendo que tal é possível.Âmbito de ProibiçãoNormas da Parte Especial.Proíbe-se a analogia e a interpretação extensiva no que disser respeito às condutas.Proíbe-se também na análise das consequências jurídicas da prática do facto.Proíbe-se também na norma penal em branco e na norma integradoraNormas da Parte Geral

Nas normas favoráveis já é possível recorrer à analogia. Tem-se entendido que todas as causas de exclusão de ilicitude pressupõem no elemento subjectivo e um elemento objectivo. Só para uma delas o Legislador dispôs um elemento subjectivo, art.º 38.º, n.º 4 CP. A Doutrina entende que esta norma deve de ser aplicada por analogia às outras causas de exclusão.Nas normas favoráveis proíbe-se a interpretação restritiva, sejam da parte geral ou da parte especial, admitindo-se a interpretação declarativa, a analogia e a extensiva.Alguns autores admitem que o art.º 132.º, n.º 2 na parte “entre outras” é inconstitucional porque abre a porta á interpretação por analogia.Tal não colhe porque o n.º 2 serve para orientar o Julgador, não deixando a este a escolha arbitrária do que é especial censurabilidade, logo, em vez de ferir o Princípio da Legalidade, ajuda a completar o Princípio. Não é feita analogia à norma incriminadora mas aos factos do tipo.As decorrências do Princípio da Legalidade estendem-se também às regras de aplicação da lei no tempo e no espaço.Aplicação da Lei no TempoSurge associada à aplicação sucessiva de Leis. 1                      2                      3                      41- Lei X2- Prática do crime3- Lei Y actualiza Lei X4- JulgamentoSe o julgador expressamente disser o que aconteceu e ao facto cometido no momento 2, está resolvido, se não art.º 29.º CRP.Para se ser punido é necessário que a Lei na altura da prática do facto diga que a conduta é crime. Pune-se o efeito ex nunc, não há retroactividade da lei penal no tempo, art.º 29.º, n.º 1 e 3 CRP.Art.º 29.º, n.º 4 CRP – Só há retroactividade para as normas mais favoráveis ao arguido.  08/12/2005PráticaFurto de Electricidade subsumível ao art.º 203.º CP, que aponta para o conceito de coisa do CC, art.º 202.º.Energia Coisa móvel alheia? (problema de interpretação)Energia Coisa corpórea?Temos de ir aos critérios interpretativos da “coisa energia”:Art.º 202.º CP: Dá vários conceitos mas não o de coisa. Nem sempre temos um diploma especial que nos dê as noções que o Código Penal utiliza. Por exemplo, o art.º 200.º, omissão de auxilio Desastre, calamidade?Os conceitos do CP devem de ser entendidos no sentido comum das palavras (na esfera normal do uso da palavra). Assim, a interpretação dos conceitos em DP deve ser em sentido comum do uso normal das palavras. Porém, se tal conceito for desenvolvido por outro ramo de Direito (exp.: Código Civil), então, para além do uso normal das palavras, deve-se ter em conta esses conceitos. (complementaridade).A actividade interpretativa invoca:Conceito/sentido normal das palavras.Conceito jurídico de outros ramos do Direito. Exemplos de furto de coisas:

Quadro num Museu (domínio público), porém é também uma coisa móvel art.º 204.º, n.º 2, alínea d) – Furto Qualificado. Há consonância com o art.º 202.º CC e com o art.º 204.º CP?Um rim num Hospital para transplante, que é furtado. É uma coisa? Art.º 202.º CC? Não. Está for a do comércio e não cabe no conceito de coisa. Então não é punível? Então e o sentido comum das palavras?Energia/ Electricidade Desvio de cabos de electricidade. Coisa? Pode ser considerado crime de furto? É corpórea/ palpável? Art.º 203.º CP concretizado de forma ampla. A energia é quantificável, passível de ser controlada. Assim, a Jurisprudência considerou (bem como a Doutrina), na sua actividade interpretativa, que a energia pode ser considerada uma coisa (porque quantificável), podendo deste modo ser subsumível ao conceito de coisa furtada a que diz respeito o art.º 203.º CP, nomeadamente subsumível ao n.º 1 do artigo. Actividade interpretativa:Por vezes, o legislador dá-nos definições.Temos que interpretar à luz do uso normal das palavras.  14/12/2005Teórica (Prof.ª Sónia Reis)NULLA CRIME SINE LEGE PREVIAArt.º 29.º, n.º 1 CRP – Art.º 1 .º CP – Art.º 2.º, n.º 1 CP

Princípio da Irrectroactividade da Lei Penal

Não há crime nem pena sem lei prévia à data do facto.O crime tem de estar tipificado em lei em vigor. A Lei Penal tem de estar em vigor na data da prática do facto, para dele ser acusado.A exigência vale para a previsão e para a estatuição do crime. Para além das penas, também as medidas de segurança são abarcadas por este Princípio. Von Lizt tentou transportar para o Direito Penal o Princípio da Legalidade Penal, defendendo a proibição da retroactividade desfavorável que seria a Magna Carta do arguido.Para a Teoria Absoluta a lei aplicável era a que vigorasse no momento da prática do facto, não havendo retroactividade favorável ou desfavorável.A Teoria Relativa de Prevenção Especial defendia a retroactividade da lei penal mais favorável ao arguido. Os art.ºs 18.º e 29.º CRP assumem uma política criminal ético-preventiva numa dupla perspectiva:Bem Jurídico, art.º 18.º, n.º 1, 1.ª parte CRP.Ponto de vista da pena, art.º 18.º, n.º 2, 2.ª parte CRP – Carácter Preventivo. O critério do legislador constitucional e penal usado para aferir do momento da prática do facto é o critério do art.º 3.º CP, é o momento da prática da conduta. O Princípio da Lei Favorável pode-se estender para além da vigência formal da lei, ultra actividade, ou aquém, retroactividade. O art.º 29.º, n.º 1 CRP é amplo e claro. O Princípio da Legalidade abarca tudo o que diz respeito à vida da lei penal. O Princípio da Irrectroactividade da Lei Penal está consagrado no art.º 1.º CP, concretizando o art.º 29.º, n.º 1 CRP no CP, o mesmo acontecendo no art.º 2.º, n.º 1 CP.

No n.º 2, 3 e 4 aparecem “flutuações” ao Princípio.No n.º 2 está elencada a entrada de uma nova lei em vigor que vem descriminalizar uma conduta anteriormente prevista como crime. Isto pode dar-se por mudança ético-axiológica da sociedade. Esta medida pode ser tomada pelo Juiz de Julgamento, no saneamento, art.º 311.º CPP. Se já foi condenado, cessa a condenação, o arguido é posto em liberdade.Se uma conduta que era crime for descriminalizada e o Diploma passar o facto que era crime a contra ordenação, poderá o agente ser condenado em Coima?Vigora em ambos o Princípio da Irrectroactividade da Lei, logo o agente não pode ser punido pelo crime nem pela contra ordenação, art.º 3.º DL 433/82. O n.º 3 do art.º 2.º CP aplica-se a leis temporárias ou leis de emergência.Lei Temporária. Vigora para um determinado período de tempo que ela própria define.Lei de Emergência – Não tem prazo definido. Vigora durante o prazo que a situação de emergência se verificar. AMÉRICO TAIPA DE CARVALHO – “Sucessão de Leis Penais no Tempo”, tem posição diferente da Doutrina. Para ele, só aqui encaixam as leis temporárias. Não admite as leis de emergência porque para ele, vigorando o Princípio da Legalidade, é necessário que as pessoas conheçam a lei, revelar-se-ia perigoso uma lei de que não se conhece o tempo de vigência. Quando a lei vigora por determinado tempo, não obsta a que este seja julgado por essa lei, que já cessou a sua vigência, pois estava em vigor à data da prática do facto. Não há flutuações da regra jurídica do Legislador. Aqui permite-se a ultractividade gravosa, porque há apenas uma alteração fática e não uma alteração político-criminal. Todas as condutas praticadas na vigência da lei temporária são punidas. No n.º 4 do art.º 2.º CP o facto continua a ser crime, só que vai verificar-se uma alteração legislativa que muda a responsabilidade jurídico-penal do agente.A alteração legislativa pode alterar a descrição do tipo, não só a sanção. Pode alterar a estatuição, previsão, pressupostos. Afere-se o regime concretamente mais favorável ao agente fixando-se a medida concreta da pena nos dois regimes, aplicando-se depois o que for mais favorável.Há uma aplicação retroactiva in mellius.O art.º 2.º, n.º 4 CP está de acordo com o art.º 29.º, n.º 4 CRP, logo é constitucional. Não há aqui uma excepção ao Princípio, pois está aqui um Princípio Geral Constitucional.Para a Prof.ª FERNANDA PALMA, há a intangibilidade do caso julgado. Inconstitucionalidade.O fundamento da retroactividade in mellius é:Princípio da IgualdadePrincípio da Necessidade da PenaDaqui retira-se que o Princípio da Retroactividade da Lei Penal de Conteúdo Mais Favorável ao Arguido, art.º 4.º, n-.º 2 CRP surge como Princípio Geral de Direito e não como excepção ao Princípio da Irrectroactividade da Lei Penal, art.º 29.º, n.º 1 e 4 CRP.O TC já se pronunciou pela constitucionalidade da ressalva do n.º 4 do art.º 2.º CP.Argumentos a favor:A CRP refere arguidos logo não é condenados, interpretação técnico-jurídica literal.O STJ defende o Princípio da Irrevogabilidade da Lei Penal e o Princípio da Intangibilidade do Caso Julgado.Para FIGUEIREDO DIAS é necessário a razoabilidade na aplicação do art.º 29.º CRP. Era inexequível rever todas as sentenças.A CRP é de 1976, o CP é de 1986, logo o CP não tem normas inconstitucionais.

Argumentos contra:O conceito de arguido está utilizado de forma pouco rigorosa no art.º 29.º CRP. A CRP, no art.º 282.º, n.º 3 utiliza-o de forma ampla.O caso julgado não é absolutamente intangível. O art.º 29.º, n.º 5 CRP coexiste com outros Princípios, nomeadamente o art.º 18.º, n.º 2 CRP. A intangibilidade não pode ser usada contra o arguido, ela existe para protegê-lo.As dificuldades da máquina judiciária não podem ser desculpa para uma “dualização” do arguido. Haverá uma violação do Princípio da Igualdade.No proc. 194/97, o Acórdão 02/11/1998 declarou a ressalva inconstitucional. Normas Processuais Penais Materiais – Condicionam a submissão a julgamento do arguido ou diminuem os DLG do arguido – Normas sobre prazos de prescrição, art.º 215.º CPP. 15/12/2005PráticaAcórdão de 08/02/1996Art.º 217.º – Art.º 10.ºA burla pratica-se por acção. A conduta descrita na norma é positiva. Este crime exige um resultado para que se considere consumado – Crime Material ou de Resultado.No caso do Acórdão, estamos perante um crime material pois houve um prejuízo material à empresa V Lda.O MP e o Assistente dizem que há burla por omissão, aplicando o art.º 217.º CP, conjugado com o art.º 10.º CP. Este estende a interpretação do art.º 217.º CP, permitindo a interpretação da regra geral do CP. Crimes ComissivosExigem resultado. São os crimes materiais ou de resultado. Podem ser praticados por acção ou omissão, art.º 10.º CP. Equipara-se a omissão à acção.O art.º 10.º CP é uma cláusula de extensão de tipicidade. Crimes de Execução VinculadaAo contrário dos crimes deForma, o Legislador especifica, descreve no tipo o modo como a conduta deve ser executada. Há um maior desvalor da acção. A lesão tem de ocorrer de forma muito particular, de um desvalor muito particular da acção – Dr.ª FERNANDA PALMA, Dr. RUI PEREIRA, Acórdão em estudo.Pode-se aduzir mais três argumentos:A astúcia é sinónimo de ardil. É necessário a construção de uma realidade falsa, o que só se consegue por acção.O facto da palavra “aproveitamento” ter sido retirada do corpo do artigo implica que não se abrange a omissão.O Legislador quando quis referir-se à burla por omissão, expressamente o fez, art.º 220.º CP, pois o desvalor é menor. Klaus Roxin – OmissãoHá Doutrina e Jurisprudência que sustenta (ALMEIDA E COSTA, Conselheiro GONÇALVES DA COSTA) a Burla por Omissão.Argumentos a favor:A astúcia pode resultar do silêncio.Existe desvalor da acção nos comportamentos omissivos. 

 16/12/2005Teórica (Prof.ª Sónia Reis)Caso PráticoSupondo que Abel subtrai de um estabelecimento comercial uma coisa móvel alheia e para o fazer, Abel destruiu a fechadura desse estabelecimento comercial.Pode ou não imputar-se a Abel o crime de furto qualificado p. e p. no art.º 204.º, n.º 2, alínea e) CP?Preenche os elementos do tipo do art.º 203.º CP.Houve conduta dolosa e há nexo de causalidade. Há circunstãncia modificativa agravante do art.º 204.º, n.º 2, alínea e) CP.O art.º 204.º CP está numa relação de especialidade com o art.º 203.º CP, pois acrescenta-lhe algo mais, sem o contrariar.Para harmonizar o art.º 204.º, n.º 2, alínea e) CP quanto ao estabelecimento comercial, com o art.º 202.º, alínea d) CP, temos de ter em conta a versão actualista do art.º 204.º CP e o facto do art.º 202.º CP ter ficado na mesma, desde 1966. á uma interpretação declarativa, visto que o conceito casa não é interpretado para lá do seu significado.  04/01/2006Teórica

Aplicação da Lei

Âmbito de vigência Espacial da Lei Penal.A partir do Código Penal ficamos a saber se aplicamos a lei penal portuguesa ao caso concreto. Há um conjunto de regras a partir das quais se aplica a lei penal portuguesa. 

Princípio da Territorialidade

Princípio básico.A lei penal portuguesa aplica-se aos factos ocorridos no território português.É complementado por outros princípios:Princípio da Nacionalidade – Quem ou contra quem o acto foi praticado.Princípio dos Interesses Nacionais.Princípio da Universalidade.Princípio da Administração Supletiva da Justiça. O Princípio da Territorialidade entende território nacional como Portugal Continental e ilhas.Razões desta regra:Harmonia internacional.Princípio da maior Proximidade. Torna-se necessário punir o facto no sítio onde foi praticado. Há que distinguir qual o lugar da prática do facto locus delicti.Forma do Estado proteger os seus interesses.Há um alargamento do território português na alínea b) do art.º 4.º CP, Princípio do pavilhão ou da Bandeira. Também se estende às Embaixadas e aos Consulados portugueses. O DL 254/03, de 18 de Setembro consagrou o alargamento de competência territorial da lei portuguesa a algumas aeronaves não registadas em Portugal, desde que alugadas por empresas portuguesas ou quando se trata de aeronave civil registada noutro Estado a fazer transportes

comerciais, desde que a aterragem posterior ao facto seja em Portugal, desde que o comandante da aeronave entregue às autoridades portuguesas o agente.Esta extensão só se aplica a determinados tipos de crime.Este DL tipifica novos crimes:Crime contra a segurança de aeronaves.Desobediência a instruções dadas pela tripulação.Difusão de informação que provoque receio nos passageiros. Há uma conexão geográfica da lei penal portuguesa. 

Princípio da Nacionalidade

Obrigação que o Estado português assume, devido à conexão pela nacionalidade.Personalidade Activa – O agente é um português.Personalidade Passiva – A vitima é um português.A cidadania portuguesa afere-se pela lei da nacionalidade.Requisitos para aplicação da lei penal portuguesa, art.º 5.º, n.º 1, alínea c) CPQuem cometer o crime ser encontrado em Portugal.O crime ser punível pela legislação do país onde foi praticado, salvo quando nesse lugar não se exercer o poder punitivo.Admita extradição mas ela não poder ser concedida. 

Extradição

Pedido feito por um Estado a outro, de que lhe seja entregue um cidadão, para ser julgado nesse Estado.Não se admite extradição de cidadãos portugueses, art.º 33.º CRP.Não se admite extradição se esta envolver penas de morte ou prisão perpétua.A Lei 44/99 fixa as regras sobre a extradição.Admite-se extradição desde que:Seja crime em PortugalPena superior a um ano.Haja tratados bilaterais sobre a extradição.Se for para cumprir pena, desde que esta seja superior a quatro meses. Condições para Extraditar Cidadãos PortuguesesHaja acordo nesse sentido.Crime de terrorismo ou criminalidade organizada.O Estado que pede a extradição garanta um processo justo e equitativo.O Estado que pede a extradição garanta que no fim do julgamento, o devolve a Portugal para cumprir cá a pena. A extradição é sempre negada:Quando o Estado não garantir justiça e equidade.Quando não haja acordos.Quando haja a possibilidade de pena de morte, prisão perpétua ou possibilidade de perigo da integridade física, se o país não garantir que as não aplica. 

Princípio dos Interesses Nacionais

Há crimes que violam interesses nacionais.Estão em causa bens jurídicos portugueses fundamentais.

Princípio da Universalidade

Podem estar em causa interesses, bens jurídicos, universais, logo, qualquer Estado deve julgá-los.Estão em causa bens jurídicos de interesse supranacional que carecem de protecção internacional, art.º 5.º, n.º 1, alínea b) CP. Para tal:O agente tem de ser encontrado em Portugal.Não pode haver lugar a extradição.Casos em que o estado português se tenha obrigado a intervir, art.º 5.º, n.º 2 CP. 

Princípio da Administração Supletiva da Justiça (Penal)

Em causa está a ideia de preencher uma lacuna que tem que ver com a existência de impunidade nos casos em que Portugal não extradita por não poder e o agente poder ficar impune.O agente tem de estar em Portugal.O pedido de extradição tenha sido feito mas não possa ser cumprido. O nosso sistema estabelece um princípio base e desde que o facto seja praticado em Portugal, aplica-se sempre a lei penal portuguesa. Fora disso, aplica-se nas situações previstas no art.º 5.º CP.1.º – Vê-se se se aplica a lei portuguesa (vigência espacial).2.º – Vê-se qual a lei que se aplica (vigência temporal). Quando a lei penal portuguesa é competente por via dos princípios complementares já pode haver restrições à aplicação da lei penal portuguesa.Art.º 6.º CPN.º 1. Só se aplica a lei penal portuguesa se o agente não tiver sido julgado no país onde praticou o facto[5] ou se se furtou ao cumprimento da pena.N.º 2. Se a lei estrangeira se mostrar concretamente mais favorável ao agente[6], aplica-se a lei estrangeira.  06/01/2006Teórica (Alice)

CONCURSO DE CRIMES

Real ou Efectivo

É o verdadeiro concurso de crimes no sentido em que o agente é punido por todos os que cometeu. 

Aparente

É por força de interpretação (é uma questão de interpretação). O Prof. EDUARDO CORREIA diz que o número de infracções se determina pelo número de acções. Se as normas tutelarem bens jurídicos distintos, logo são normas diferentes e estamos perante concurso real. Basta uma norma se forem todos iguais. É no momento de interpretação que se define se é concurso aparente. O Prof. Entende que não. Temos duas normas X e Y, em concurso.A conduta do agente integra-se nas duas normas. Neste comportamento, os factos integram mais do que uma norma.As normas estão todas preenchidas. Há vários tipos de concurso que como que estabelecem uma relação – São os tipos de crime potencialmente aplicáveis.Existem três tipos de concurso aparente:

Relação de especialidade.

Relação de subsidiariedade

ExpressaImplícita

Relação de Consumação

 

Relação de Especialidade

Tradicional relação entre a norma especial e a norma geral.Exemplos:Art.º 131.º CP (Geral) e art.º 132.º CP (Especial)Art.º 217.º CP (Burla) e art.º 218.º CP (Burla Qualificada)Há conexão entre os tipos de crime porque prevêem a mesma circunstância, mas acaba por prevalecer a norma especial. 

Relação de Subsidiariedade

Dois tipos de crime em que um é subsidiário em relação ao outro. Só se aplica se o outro não se aplicar, porque o agente não preencheu os requisitos do outro.Existem duas formas:Subsidiariedade Expressa. A relação de subsidiariedade resulta expressamente de lei. É o próprio tipo de crime que diz que só se aplica se outro não se aplicar. Exemplo do art.º 152.º CP e art.º 150.º, n.º 2 CP “se pena mais grave lhe não…”.Subsidiariedade Implícita. Resulta de um raciocínio lógico de interpretação em que se o agente não puder ser responsabilizado por ambos os crimes, de acordo com o art.º 29.º – Princípio da Legalidade, vai prevalecer o mais grave. Exemplo: Se o agente tiver simultaneamente um crime de perigo e um crime de lesão ou um facto com dolo (conhecer, querer) e outro com negligência (foi descuidado), a responsabilidade por negligência é subsidiária da dolosa. Ainda o exemplo do autor, art.º 26.º CP (domina o facto) e do cúmplice, art.º 27.º CP, (não domina, tem só uma participação). Neste caso, a participação é subsidiária para a autoria. Prevalece sempre o facto mais grave. Exemplo, por fim da responsabilidade por acção e da responsabilidade por omissão. A responsabilidade por acção, art.º 10.º CP, é a forma mais

grave de conduta, logo, a responsabilidade por omissão é subsidiária da responsabilidade por acção.  NOTA:Para ser punido por omissão é necessário que o agente tenha um dever de agir.  11/01/2006Teórica

CONCURSO DE CRIMES

Concurso Aparente ou Legal de Normas

Associado á proibição de uma condenação pelo mesmo facto. 

CONCUSSÃO

Situações em que um dos crimes faz parte do outro. Um tipo de crime é de tal forma abrangente que integra o campo de aplicação do outro. Um tipo de crime consome a esfera de protecção do outro tipo de crime. O homicídio, regra geral, consome o crime de ofensas à integridade física. Podem ser bens jurídicos diferentes, desde que o bem jurídico também esteja abrangido pela norma abrangente.Pode haver dois tipos de concussão:Pura – Uma norma consome-se por outra de discrição mais abrangente.Impura – na eventualidade daquele tipo de crime mais abrangente ter uma moldura penal mais baixa. Neste caso, o tipo de crime mais abrangente consome o outro, mas a moldura penal do último consome a pena do crime mais abrangente. 

Situações Próximas

Relações de AlternatividadeAs relações de alternatividade (EDUARDO CORREIA) são diferentes do Concurso.Vários tipos de crime virados para a tutela dos mesmos bens jurídicos, mas com várias formas de assegurar essa tutela. Há que ver onde o comportamento do agente se integra, afastando os outros tipos de crime. 

Factos Posteriores Não Puníveis

Depois de ter praticado um crime, o agente pratica outro facto tipificado como crime, mas apenas para disfarçar o primeiro crime. Exemplo: Mata e atira o corpo ao rio. Há aqui ocultação de cadáver, que é crime, mas apenas para encobrir o primeiro crime de Homicídio. 

TÓPICOS ENFORMADORES DO DIREITO PENAL

Legalidade.

Funcionalidade.Subjectividade.Bilateralidade.Complexidade. 

LEGALIDADE

Limite estratégico evolutivo do Direito Penal.        Proibição da analogia.        Proibição do uso de fontes, para além da lei.        Proibição da retroactividade da lei.        Não há crime sem LeiRegras criadas para o legislador. Cria normas precisas ou então dá critérios de interpretação. 

FUNCIONALIDADE

Orientação teleológica do Direito Penal. No art.º 40.º CP assume as finalidades dos fins das penas: Socialização, Reintegração.O Direito Penal assume finalidades, o que controla a actuação do legislador e do julgador. 

SUBJECTIVIDADE

A natureza da justiça penal faz-se em função do agente, da sua atitude, comportamentos, vontade, etc.O Direito Penal é hoje claramente centrado no indivíduo. 

BILATERALIDADE

A mais recente inovação do Direito Penal. Papel determinante da vitima no apurar da responsabilidade do agente. É relevante a vontade da vitima, daí que muitas vezes é necessário o impulso dado pela vitima, como por exemplo no caso dos maus tratos conjugais. A vítima pode pedir a suspensão do processo, apesar de ser crime público. Há um diálogo agente – vitima. 

COMPLEXIDADE

Cada vez mais, hoje, a aplicação da justiça penal envolve um conjunto complexo de relações, que vai para além da aplicação da lei. Há que recorrer a outras ciências como a medicina, a biologia, etc., recurso esse feito por parte do julgador. 

TEORIA GERAL DA INFRACÇÃO OU DO FACTO PUNÍVEL

 Como é que se apura a responsabilidade criminal do agente?É preciso recorrer a um método científico!

No facto que se pratica, é por aqui que se apura a responsabilidade.Atende-se ainda ao tipo de factos, à natureza dos factos.“Nula Crime Nula Pena Sine Leges”.Nos anos 30 do século passado, com VOLF, começou-se a abandonar o Direito Penal do autor. A culpa era centrada no agente e não no facto praticado. Hoje, actua-se em função do agente que evidenciou um facto. O Direito penal do autor é relevante, mas a intervenção do Direito Penal é despoletada pelo facto praticado pelo agente.A teoria da Infracção centra-se no facto punível e este é o crime. Há depois de atender a todo um conjunto de circunstâncias, papel da dogmática criminal. A Teoria da Infracção aponta os critérios para analisar o crime. Aponta caminhos para o julgador, dá o critério de orientação para se apurar o crime.Recorre-se ao conceito formal de crime.

Fases para apreciação da conduta do agente:(Construção Doutrinal)Acção ou OmissãoTípicaIlícitaCulposaPunívelA finalidade da Teoria da Infracção é dar ao julgador um critério. Para lá chegar houve uma evolução, um longo caminho desenvolvido ao longo do séc. XX.As Escolas de estudo do Direito Penal tiveram um papel importante na Teoria da Infracção.:Escola ClássicaEscola NeoclássicaEscola FinalistaEscola Pós-FinalistaCaracterísticas comuns às três primeiras EscolasAnálise tripartida do crime, introduzida pela Escola ClássicaTipicidadeIlicitudeCulpaA evolução das Escolas não é crime. A Doutrina comum tradicional apenas distinguia elementos objectivos e subjectivos.STUBEL, no séc. XIX, introduz no pensamento do Direito Penal a distinção do ilícito face à responsabilidade pelo facto.LUND, no séc. XIX, faz um ensaio sobre a análise tripartida do crime: Tipicidade, Ilicitude, Culpa.IHERING procura desenvolver um conceito de ilicitude objectiva, traduzindo-o do Civil, onde o criou, para o Penal, numa 2.ª fase.  12/01/2006PráticaFaltei  13/01/2006Teórica

ESCOLA CLÁSSICA OU MODERNA do conceito de crime

VON LIZT e BELLING como principais protagonistas do impulso dado por esta Escola.Traz para o crime a ideia de cientificidade. Elogia-se nesta Escola o rigor dos conceitos. Vê o crime numa dupla vertente objectiva e subjectiva, separando os elementos do crime.Objectivos – Tipicidade, Ilicitude.Subjectivos – Culpa.Analisa o crime nesta dupla vertente.Começa por desenvolver o conceito de acção para ver o que é e não é acção de relevância penal. Para eles, todos os movimentos que se materializam em movimento corpóreo é acção. Tudo se limita no crime a este momento.Criticas apontadas:Posso isolar todo o tipo de actos a um movimento perpétuo?Para eles o movimento perpétuo no crime de difamação é o falar., o abrir a boca. Então onde está o movimento perpétuo nos crimes por omissão? Não está, é visto à parte! É punida a falta de movimentos corpóreos.Tipicidade – A lei define os crimes, desde que objectivamente se pegue no facto a subsuma à lei é crime. Não entram momentos subjectivos.Se a conduta, objectivamente, prevista na lei então ela é ilícita. Então, o facto que é típico é ilícito. A ilicitude também é analisada puramente objectivamente. Se é típica, em princípio é ilícita, a menos que haja causas de exclusão de ilicitude. Consagram a legítima defesa, etc. A análise da ilicitude em cada caso concreto reconduz-se à tipicidade. A ilicitude é indiciada, conseguida pela negativa.O facto é típico se corresponder ao que está na lei.É ilícito se violar a lei no seu todo.A subjectividade concentra-se no conceito de culpa. Aqui não tem os elementos valorativos e subjectivos. A culpa assenta no facto do agente ter pretendido o crime. Integram como elementos da culpa o dolo e a negligência. Assim, a ilicitude é o lado externo da conduta e a culpa o lado interno. Os fins das penas são meramente retributivos.Posição actual face a esta Escola:De forma rigorosa, apresentou conceitos claros.Partiu de um momento tripartido para separar o momento objectivo do momento subjectivo.Critica-se o conceito de acção, demasiado débil.Explicação débil dos crimes de omissão.Critica-se o conceito de tipicidade, puramente objectivo, que classifica por igual cortar para ferir e cortar para operar.Critica-se o conceito puramente formal de ilicitude. O acto é ilícito ou não é e não há gradação do conceito de ilicitude.Critica-se a culpa de forma vinculativa.Procuram ter do Direito penal um monismo típico das normas da natureza, que é redutora e ausente da lógica formal.A partir das críticas feitas, outras Escolas e outros autores se destacam. 

ESCOLA NEOCLÁSSICA

Desenvolveu-se das críticas feitas à Escola Clássica. Teve como nomes maiores FRANK, MEZZER e EDUARDO CORREIA, “pai” do actual Código Penal. É com eles que se chega à protecção dos bens jurídicos.Partem do conceito genérico de crime como os comportamentos que negam valores. Introduzem os fins, uma concepção valorativa.

Introduzem conceitos valorativos ao conceito de acção.A actuação ou a não actuação do agente colidem com os valores que a ordem jurídica procura preservar. Assim, já se integra o conceito de acção e o de omissão.Acção como relevância social que as pessoas têm.A tipicidade deve de conter não só elementos objectivos. Propõem que haja elementos normativos referentes ao sujeito e ao objecto. Também a intenção do agente deve de ser utilizada o que é e o que não é crime. O tipo deixa de ser meramente descritivo de condutas e traz para o conceito de crime o de dano social.Quanto à ilicitude, é neste conceito que se deve de encontrar os fins do Direito Penal. Vão criar um conceito material de ilicitude. Este responde à ofensa material dos bens jurídicos fundamentais. A função e o limite do Direito Penal são a tutela dos bens jurídicos que se visa proteger.Importa saber o grau de lesão e não só se foi lesado. Importa a intensidade da lesão da lei que se infere da intensidade da lesão do bem jurídico.O facto para ser ilícito viola um bem jurídico.Para além das causas de exclusão, podem surgir outras.Criam a ponderação de interesses. Transformam o próprio tipo num tipo de ilícito.O carácter ilícito da conduta fica marcado pelos bens jurídicos violados e pela intensidade dessa lesão.Na culpa não contam só elementos subjectivos. Para os clássicos, a culpa era uma ideia psicológica. Aqui, a culpa assenta num juízo de censura. O agente agiu em desconformidade com a norma quando o podia ter feito em conformidade.Há a ideia de exigibilidade ao agente a par da censurabilidade. Assim, adopta situações que podem desculpar a conduta do agente.Dolo e negligência continuam a fazer parte do conceito de culpa, como a exigibilidade e a censurabilidade, introduzindo um pressuposto de culpa, como a capacidade de culpa, surgindo a inimputabilidade como falta de capacidade de culpa. Quem não tem capacidade de reconhecer a culpa não se pode exigir que se comporte de acordo com a norma, pois não tem capacidade de optar por agir ou não agir de acordo com a norma.  18/01/2006TeóricaCriticas:Concepção filosófica. Radical distinção entre o mundo do ser e o mundo do dever ser, que não se coaduna com a realidade.A negação de valores pode não ser suficiente para abranger todas as condutas, nomeadamente as por omissão.Os crimes de perigo criam ameaça de lesão, não se chega a negar, pelo que não eram abarcados por esta Escola.Continuam a conservar o dolo integrado na culpa, quando este deve ser ponderado na tipicidade.Há um abandonar tendencial desta Escola 

ESCOLA FINALISTA

Principais protagonistas: WELZER e KAUFFMAN.A Teoria da Infracção deve de ter natureza ontológica, qual a essência da acção do facto praticado. Há que nos centrar na realidade objectiva, no ser social.É uma visão distinta do Direito penal – Visão ética do Direito Penal.

A reestruturação parte da reinterpretação do conceito de acção. Há um supra conceito de acção. Acção formal – O agente quando se envolve numa acção, ela é sempre determinada para algo. Há uma prévia determinação do agente. Há uma supra adequação do agente à parte causal. Quando empreende um comportamento, é tudo em vista de determinado fim. A acção penalmente relevante é aquela que o agente empreende visando um fim prévio, daí a natureza ontológica da acção.Há alteração nos conceitos, nomeadamente na tipicidade, que espelha a vontade do agente, logo integra elementos objectivos e subjectivos. Há uma deslocação do dolo da culpa para o tipo. O dolo é o elemento subjectivo geral do tipo. O dolo deve fazer parte da acção típica.“A tipicidade afere-se em função do dolo”.Em todo o tipo de crime se exige elementos subjectivos.Em sede de ilicitude, sem negar que o facto é ilícito quando nega bens jurídicos, este é pessoal. Entra o conceito do desvalor do facto. Este desvalor integra duas situações: Desvalor da acçãoDesvalor do resultado, pois este é contrário á ordem jurídica.O facto é desvalioso. Há que fazer um juízo sobre a falta social do agente. Este juízo pode ser maior ou menor, consoante o desvalor do facto seja maior ou menor.Nova forma de analisar a culpa: Culpa como valor normativo, dolo e negligência retirados da culpa.Só se vai censurar o agente se ele tiver consciência da ilicitude da acção. Ter consciência da ilicitude não faz parte do dolo, Ver art.º 16.º e 17.º CP.A culpa corresponde a um comportamento livre, pois só o comportamento livre pode ser censurado.Além da consciência da ilicitude, autonomiza-se a inimputabilidade como elemento de culpa.Criticas:Conceito de acção. Se a acção é comportamento para uma determinada finalidade, porque se pune o facto negligente?Se o agente quer uma finalidade e age de acordo com ela, o que se passa com o crime por omissão? KAUFFMAN diz que há uma teoria própria omissiva. ESCOLA PÓS-FINALISTAPrincipal protagonista: KLAUS ROXINCriticas à Escola Finalista:A concepção finalista faz com que tudo de concretize no momento da acção final, pelo que não há possibilidade de abranger a negligência.Nos casos de comparticipação criminosa, como se responsabiliza todos? Como se fundamenta se a acção é só uma? Não se pode reduzir à mesma categoria todos os agentes!E o crime por omissão? As mesmas criticas.Podem optar por um conceito final de tipicidade em detrimento do conceito final de acção. Nem toda a acção é previamente determinada. Para saber se a acção é determinante é essencial saber se o agente entendeu todos os factos da acção.Para FIGUEIREDO DIAS o conceito final de acção é insuficiente para concretizar todas as acções passíveis de relevância criminal.+++Enquadramos o dolo como elemento da culpa mas o dolo é também elemento do tipo.Os autores contemporâneos tentam desviar-se do conceito de acção final, que tantas criticas sofreu na Escola Finalista.Mas, o que é a acção?A ACÇÃOConceito causal, na escola ClássicaConceito reconduzido à negação de valores, na Escola Neo-Clássica

Conceito de transformação do mundo exterior, na Escola FinalistaConceito social de acção, eConceito negativo de acção eConceito pessoal de acção, na Escola Pós-FinalistaConceito Social de AcçãoDesenvolvido por VESSELS e IECHELT. A acção para ser penalmente relevante entende-se uma relação do agente com o meio que o rodeia. Resposta do agente perante uma acção com que se depara.Critica:Conceito pouco preciso e muito vago. Conceito Negativo de AcçãoA Acção corresponde a um não evitar uma produção de uma acção que se podia evitar.Critica:É mais um supra conceito de omissão do que de acção. Conceito Pessoal de AcçãoKlaus RoxinA acção é em primeiro lugar uma manifestação da personalidade do agente. As nossas actuações são impulsionadas por um animus do agente, manifestando a personalidade do mesmo. Há autores que põem em causa o facto de se ver se há uma acção e só depois ver a sua tipicidade. Procuram um conceito de acção para procurar a relevância negativa. Para HEZZBERG há actos que se devem de afastar. Insiste-se na ideia de analisar a acção antes da tipicidade. Sé há uma acção que seja logo afastada, pré-tipica.FIGUEIREDO DIAS censura que o conceito de acção não é autónomo, mas sim um elemento dos tipos de ilícito. Se se afasta a acção, afasta-se a tipicidade.Conceito de tipicidade abrangente. Muitos dos comportamentos humanos não devem ser valorados juridicamente.  Conceito de acção contemporâneo (construído por vários autores)Comportamento humano com relevância externa, que é dominável ou dominado pela vontade.Só acções humanas.Meros pensamentos não têm relevância jurídica.A vontade a dominar ou a ser dominada.Há um conceito, uma limitação negativa.Este conceito traduz-se num facere e num non facere.Recupera-se um pouco a ideia de HERZZBERG, negativa.As acções não dominadas ou domináveis pela vontade, são destituídas de vontade humana.Desenvolvendo a omissão: No conceito abrangente de acção há dois tipos de omissão: Por acção.Por omissão.Na omissão pune-se o não evitar, o não agir.Só se é punido se houver obrigação de agir, o que nem sempre acontece, apesar de haver uma atitude de não agir.  

19/01/2006PráticaCaso Prático 5Conduta – Art.º 140.º, n.º 2 CPResultado – X

 Resposta:Art.º 2.º, n.º 4 CP. À luz do art.º 3.º CP vigora o momento da prática da conduta.Atenção que pode não alterar só a pena.Há que ter em conta que há vontade divergente para a parte final do n.º 4 do art.º 2.º CP. A constitucionalidade da ressalva é sustentada pela intangibilidade da sentença, art.º 29.º, n.º 5 CP, o que iria bulir com a segurança jurídica.Art.º 282.º, n.º 3 CRP – Contraria a Doutrina que defende a constitucionalidade na ressalva do n.º 4.Neste caso, como se favorecia o arguido e uma vez que não se vislumbra que, no caso concreto, se poria em causa a segurança jurídica, deve-se sustentar a inconstitucionalidade da norma. As garantias constitucionais devem de ser sempre em prol do arguido. Proc. 194/97, Acórdão 02/12/1998 – Pronuncia pela inconstitucionalidade da ressalva do n.º 4 do art.º 2.º CP.Utiliza-se o Princípio da Máxima Restrição da Pena. Caso Prático 6Lugar da prática do facto, art.º 7.º CP.Critério da Ubiquidade, pois basta que o facto seja praticado ou o resultado ocorra no território português, para que se aplique o Princípio Geral do art.º 4.º CP. Para os Prof.s DIOGO LEITE DE CAMPOS e PAULO OTERO, a personalidade jurídica adquire-se na fecundação. Perguntas:Seria a sua resposta diferente caso o aborto na Holanda fosse punido como contra-ordenação?Não, pois o facto tem de ser punido criminalmente, art.º 5.º, n.º 1, alínea c)  II CP, senão o art.º 6.º, n.º 2 CP esvaziava o anterior. Suponha agora que Abel se desloca a Espanha, em férias. Aí é barrado à entrada numa discoteca, de forma cordial. Irado, esmurra porteiro e seguranças. Abel é julgado e condenado em Espanha mas foge para Portugal, furtando-se ao cumprimento integral da pena a que havia sido julgado.Quid JurisArt.º 5.º, n.º 1, alínea c) e art.º 6.º, n.º 1 CP.

 O sentido comum das palavras do art.º 5.º, n.º 1, alínea c) I abarca o instituto da extradição. O Abel tem uma grande ambição que é a de ser Juiz. Como não gosta de estudar, admite que assistindo a muitas audiências, adquirirá conhecimento suficiente para julgar.Certo dia, quando assistia a uma audiência, vê que o Juiz faltou. Rapidamente, munido de uma beca, que a mãe havia costurado, Abel informa o oficial de justiça de que é o juiz Substituto do

outro magistrado.Abel dá inicio à audiência de julgamento, devidamente trajado e tudo corre bem até que, já depois de proferida a sentença, chega o verdadeiro juiz.Que crimes cometeu Abel ao utilizar o traje próprio de função pública ao assumir ilicitamente a função de Juiz?  19/01/2006Prática (Adelaide)5) Verificar o momento da conduta, art.º 3.º CP. A nova conduta comparada com a vigente à data da conduta e verificar qual deles em concreto é mais favorável, art.º 2.º, n.º 4 CP.Não há alterações dos critérios de aplicação da pena, apenas a moldura penal foi alterada.Atendendo a que a sentença já havia transitado em julgado.O Princípio do Caso Julgado é absoluto, sob pena de gerar insegurança jurídica – não deve ser utilizado contra o arguido. O art.º 282.º, n.º 3 CRP abre uma excepção relativa à intangibilidade do caso julgado. Para FIGUEIREDO DIAS a ressalva é constitucional, art.º 2.º, n.º 4 CP, alega a inexiquibilidade de fazer de novo todo o processo. Como argumentos contra temos o processo espanhol que faz uma reavaliação dos processos sempre que há alteração de lei penal. Taipa de Carvalho – “Sucessão de leis penais”.Carlota Pizarro de Almeida – “Casos e materiais de Direito Penal”. Proc.º 194/97 – Acórdão de 02/12/1998.Natureza subsidiária.Beneficiar todas as pessoas sempre que haja uma alteração legislativa (tipificação ou alteração da moldura ou alteração dos critérios de aplicação das penas).Decorrente do Princípio da Máxima Restrição das Penas. Art.º 2.º, n.º 4 CP versus Art.º 29.º, n.º 4 CRP

 6) Primeiro determinar o lugar da prática do facto, art.º 7.º CP.Critério da Ubiquidade. Lugar da condutaLugar do resultadoBasta que se verifique que um destes critérios se verifique em Portugal para que a lei penal portuguesa possa ser aplicada à luz do princípio da Territorialidade, art.º 4.º, alínea a) CP. Caso PráticoCondutaFazer abortar.Ingestão de substância abortiva.Para aplicação da alínea d) do art.º 5.º, n.º 1 CP, é necessário um posicionamento relativo ao momento em que se adquire personalidade jurídica e consequentemente a nacionalidade portuguesa. A Doutrina divide-se. 

7) Para aplicação do art.º 6.º, n.º 2 CP era necessário que a conduta fosse punida criminalmente, visto que a medida de comparação feita ao caso concreto é feita através das penas. Ora os ilícitos de mera ordenação social são punidos com contra-ordenações.Logo não poderia ser aplicada a alínea c) do art.º 5.º, n.º 7 CP, mantendo-se a discussão ao nível da alínea d) do mesmo artigo. Caso PráticoAbel vai de férias para Espanha. Comete o crime de ofensas à integridade física. É condenado e julgado, tendo-lhe sido aplicado uma pena. Abel foge para Portugal, furtando-se ao cumprimento da pena.É possível a aplicação da lei portuguesa?Art.º 6.º, n.º 1 CP Se se verificar o mecanismo de extradição de um país estrangeiro para Portugal, considera-se o agente como tendo sido “encontrado” em Portugal, art.º 5.º, n.º 1, alínea c), linha I CP. Caso PráticoO Juiz AntónioAntónio quer ser Juiz. Como não gosta de estudar admite que assistindo a muitas audiências atingirá os seus intentos.Certo dia, apercebe-se que o Juiz faltou numa das audiências. Rapidamente, munido de uma beca, enviada pela mãe para se mascarar no Carnaval, António informa o oficial de justiça de que é o Juiz substituto do outro magistrado impossibilitado de comparecer. António dá inicio à audiência de julgamento e tudo corre bem até que, já depois de proferir a sentença, chega o verdadeiro Juiz.Que crimes cometeu o António ao utilizar um traje próprio de uma função de serviço público e ao assumir ilegitimamente a função de Juiz.  20/01/2006TeóricaA omissão traduz-se num non facere. Associado á omissão há um dever de agir que não foi praticado.Art.º 10.º CP – Contempla a omissão, consagra minimamente a ideia. Há três requisitos para se estar perante a omissão:Dever jurídico de agir, art.º 10.º, n.º 2 CP. Mas de onde resulta essa obrigação de agir? De situações na fonte do dever de agir: LeiContrato. De um negócio jurídico (vigilância, lar de terceira idade)Dever de Ingerência (Se foi o agente que colocou a vitima em perigo)Omitida a acção devida. Não evitou o resultado perigoso ou lesivo.Possibilidade de agir, possibilidade jurídica, física.O comportamento por omissão comporta uma menor energia criminal, em termos de conduta esta é menos gravosa.Omissão Pura. Corresponde a determinadas situações em que a lei tipifica a omissão. A descrição típica é direccionada para o non facere. Tem estrutura do crime formal, a não actuação já é crime, independentemente do resultado, art.º 200.º; 250.º e 284.º, todos do CP.Omissão Impura. O agente, por não agir, deixou que certo resultado se produzisse. É um crime de resultado. Nestes casos a conduta está direccionada par a acção, art.º 131.º CP, com recurso ao art.º 10.º CP.

A omissão impura corresponde sempre ao recurso ao art.º 10.º CP. Há dois requisitos adicionais:Produção do resultado, proveniente do não agir.Aquele que não agiu tinha o dever de agir.A equiparação provém duma equivalência ética.Hoje, a Doutrina identifica situações em que não obstante o agente não ter o dever de agir, é intolerável que não seja punido. Caso de quem não age e não deixa os outros agir. A Doutrina considera que há omissão por acção. Caso de quem inicia um processo causal de auxilio e depois interrompe ou de quem impede terceiro de agir. Há tipos de crime que pela sua conduta não implicam preenchimento por omissão (sequestro, violação). A diferença que se encontra na Doutrina centra-se no facto da acção ser extra-tipo ou se inserir na tipicidade (FIGUEIREDO DIAS). O Prof. Dr. FERNANDO SILVA perfilha a primeira corrente. TIPICIDADETipicidade existe quando um comportamento é considerado desvalioso pela ordem jurídica e sabemo-lo quando ele está descrito na lei como crime. Aqui tem papel fundamental a hermenêutica. Regra geral, os tipos de crime estão construídos por acção da conduta. Os crimes descrevem a conduta da autoria e dolosa. Os tipos de crime incluem elementos subjectivos e objectivos. O facto típico, em princípio é ilícito, podendo haver causas de exclusão de ilicitude.Estrutura do tipo: elementos objectivos e subjectivos.Há um elemento que tem a haver com a teleologia do Direito penal. Logo é fundamental identificar qual o bem jurídico protegido. Não confundir bem jurídico com objecto da acção. No homicídio o bem jurídico afectado é a vida, o objecto da acção é o cadáver. Os elementos do tipo do crime integram elementos descritivos e elementos normativos.Elementos Descritivos – dados reais, realidade anímica. O julgador lê em primeiro os dados da vida.Elementos Normativos – elementos cuja verificação pressupõe não já uma análise objectiva mas uma valoração (coisa móvel alheia).  25/01/2006TeóricaTIPICIDADEA responsabilidade criminal do agente pressupõe sempre a prática de um facto típico. A conduta do agente há-de corresponder a um tipo legal de crime.Estrutura do TipoBem jurídico que não pode ser confundido com o objecto do crime.O bem jurídico é a vida, o objecto do crime é a vítima do crime.Hoje, identificamos nos tipos de crime elementos descritivos, factos da vida quotidiana e há que perceber e identificar estes elementos naturais e o animus, a motivação que levou o agente a actuar.Os elementos normativos carecem de uma valoração suplementar para se identificar como elemento normativo da norma.Temos então os elementos normativos e os elementos naturais.Temos sempre que percorrer este caminho para apurar a responsabilidade do agente:(Crime em sentido formal)Acção (penalmente relevante)Tipo Bem jurídicoElemento descritivoElemento normativo

Elementos objectivos Agente – Contra quem se apura o facto.Conduta – Elemento descritivo conduta enquadrado com o que a lei comina como crime.Resultado – Lesão[7].Nexo de Causalidade entre conduta e resultado[8].Elementos subjectivos Dolo – Pressupõe conduta voluntária ConhecerQuererNegligênciaElemento subjectivo especialIlícitoCulpaNa Doutrina, o conceito de tipo tem tido vários significados.O conceito pode ser mais restrito ou mais abrangente.Tipo de Garantia – Sentido mais amplo da palavra tipo. Facto punível. Integra todas as características analíticas do crime. Tipo legal de crime. Tem a totalidade dos pressupostos da punibilidade.Tipo Indiciador ou de Tipo Restrito – Tipo enquanto acção típica. Elementos objectivos mais elementos subjectivos. O comportamento do agente corresponde a um tipo de crime tipificado. A conduta integra os elementos objectivos e subjectivos.Tipo Intermédio – facto típico que não está abrangido por uma causa de ilicitude. O facto é típico e ilícito.Tipo de Ilícito (FIGUEIREDO DIAS) – Defende um supra conceito de tipo. Facto típico, ilícito, culposo. Conceito formal de crime.Tipo de Culpa – Por vezes para concluir que o tipo é enquadrado no conceito de crime, há que analisar a culpa.Relevante se torna ainda classificar os tipos de crimeCrimes de Resultado também classificados como Crimes Materiais. Pressupõem um resultado típico. É necessário que tenha ocorrido algo, Exp.: art.º 131.º CP e art.º 143.º CP.Crimes de Mera Actividade também classificados como Crimes Formais. O facto é típico com a mera acção ou a mera omissão. Produz um tipo de crime independentemente de haver ou não resultado. Preenche os elementos objectivos apenas com o agente e a conduta. Os crimes de omissão impura são crimes de mera actividade, art.º 284.º CP:Critério de classificação relacionado com o AgenteCrimes Gerais ou Comuns. São crimes em que não se exigem qualidades especiais para o agente. Normalmente começam com a expressão “Quem…”. Exp.: Art.º 131.º e art.º 143.º CP. Não se exige nenhuma qualidade.Crimes Específicos. O agente tem de preencher determinados requisitos, determinadas características, exp.: Art.º 136.º CP e a última secção do CP. Podem ser objecto de uma outra classificação: Sentido Próprio. Prevê-se apenas como crime para quem tiver essas características.Sentido Impróprio. Prevê-se a conduta do agente e também para outros agentes. Há responsabilização paralela. Infanticídio/Homicídio.Crimes Plurisubjectivos ou Crimes de Participação Necessária. A conduta típica envolve necessariamente vários agentes, exp.: Art.º 151.º, art.º 299.º CP.Crimes Unisubjectivos. Basta um agente para que a conduta típica esteja preenchida.Crimes de Mão Própria ou Crimes de Actuação Pessoal. Tem de ser cometido necessariamente pelo próprio agente. Este não pode agir por intermédio de outro. Exp.: Bigamia, art.º 295.º CP.Crimes de Encontro. Há determinados crimes que o agente comete com a colaboração do sujeito passivo, Exp.:art.º 172.º e art.º 175.º CP.

Critério do bem jurídico violadoCrimes Complexos ou Pluriofensivos. É possível classificar a tutela de vários bens jurídicos, exp.: Violação, Roubo, art.º 140.º CP.Crimes Singulares. Protege-se apenas um bem jurídico, exp.: Homicídio.Outro CritérioCrimes de Dano ou Lesão. Sendo de resultado, o resultado é a lesão do bem jurídico.Crimes de Perigo. A lei sente a necessidade de alargar a protecção do bem jurídico, antecipando a lesão para momento anterior à efectiva lesão. Exp.: Poluição. Basta criar uma ameaça de lesão ao bem jurídico.Classificação anterior ao resultadoCrimes de Perigo Concreto. Pressupõe que em concreto haja um determinado bem jurídico que fica em perigo. É um crime de resultado em que o resultado é o perigo. Só há crime se se provar que o bem jurídico esteve em perigo, art.º 138.º CP. Permitem responsabilizar o agente que causou um perigo, uma ameaça de lesão ao bem jurídico. Os crimes de perigo concreto são materiais. É preciso autonomização.Crimes de Perigo Abstracto. O que está subjacente é que por uma análise apriorística, baseada em cientificidade, a mera conduta do agente é perigosa. O Legislador estabelece uma presunção, inilidível para certos autores, que o facto do agente actuar assim é perigoso, art.º 272.º CP. Em abstracto é perigoso. Aqui o elemento perigo não se autonomiza da conduta. Não é elemento do tipo mas está na própria conduta. Os crimes deste tipo são abstractamente perigosos, Doutrina que o Prof. Dr. FERNANDO SILVA não admite, dando espaço à prova por parte do agente, mas será uma probatio diabolica. Pode demonstrar que na sua conduta não há perigo. Há ainda uma terceira fórmula de crimes de perigo. SCHROEDER fala em crimes de empreendimento perigoso. Sem se chegar a exigir que o perigo se autonomize da conduta, não basta a simples conduta do agente. Esta tem de ter especial perigosidade. Crimes abstracto-concretos, art.º 135.º, art.º 151.º CP, crime de aptidão perigosa. Sempre houve grande discussão em torno dos crimes de perigo abstracto, nomeadamente em termos constitucionais, pois não há desvalor do resultado. Para outros a materialidade da conduta, o elemento desvalioso está no perigo criado.Crimes Praeterintencionais. O agente actua com uma determinada vontade e da sua conduta advém um resultado mais grave do que aquele que o agente queria. Há um determinado dolo mas verifica-se um resultado mais grave que lhe é atribuído a título de negligência, desde que seja proferido no mesmo objecto do crime, exp.: art.º 18.º; art.º 141.º e art.º 145.º CP. A existência desta distinção justifica-se pois o elemento determinante não é a culpa mas o dolo.Crimes Agravados pelo Resultado. Temos um crime negligente agravado pelo resultado a titulo de negligência.  26/01/2006PráticaResposta ao Caso Prático “O Juiz Abel”A conduta do agente é subsumível ao n.º 1 e 2 do art.º 307.º CP e ao art.º 358.º, alínea b) CP.Ver a propósito tese de Doutoramento de EDUARDO CORREIA  e tese de Mestrado de DUARTE ALMEIDA.Aplica-se o art.º 307.º, n.º 2 CP, pois é especial em relação ao n.º 1 do mesmo artigo. No art.º 358.º Cp o campo de valoração da norma é mais lato do que no art.º 307.º CP, pois para lá do uso do traje há o exercício de uma profissão equivalente à utilização do traje.Está também preenchida a regra quantitativa. Estão preenchidas as duas regras, logo concusão pura. Logo, aplica-se a alínea b) do art.º 358.º CP.  

Há concurso de crimes quando ao agente forem imputáveis vários tipos de crimes. Há concurso de normas quando ao agente forem imputáveis várias normas referentes a tipos de crime diferentes mas só se irá ser punido por um.Regras:Especialidade. A norma especial acrescenta mais elementos ao tipo de ilícito sem contrariar a norma geral.Subsidariedade. Uma das normas só se aplica quando a outra não se puder aplicar.Expressa.Tácita.Concusão. Uma norma consome a outra.Regra Axiológica. Campo de valoração.Regra Quantitativa. Moldura penal abstractamente aplicável.Pura.Impura. Concurso de CrimesIdeal. Uma única conduta lesa mais do que um bem jurídico.Homogéneo. Lesa o mesmo bem jurídico mais do que uma vez.Heterogéneo. Lesa mais do que um bem jurídico.Real. Várias condutas.Homogéneo.Heterogéneo. Caso Prático.Um alcoólico quase atropela uma pessoa numa passadeira.Aplica-se o art.º 291.º Cp. Pois há subsidariedade do art.º 292.º CP. Caso PráticoAbel convence Beto a matar Xixas. Abel traça todo o plano e executou-o juntamente com Beto, com a armas compradas por Abel.Art.º 131.º CPAbel:Instigador (Convence Beto).Cúmplice (Traça o plano)Co-autorHá um Princípio em matéria constitucional que este artigo visa assegurar, o Princípio Ne Bis In Idem.Art.º 26.º, 3.ª proposição CP – Co-autor                    Autor – Tem o domínio do factoArt.º 26.º 4.ª proposição CP – InstigadorArt.º 27.º CP – Cúmplice                                            Participante – Não tem o domínio do facto. A participação (instigação, cumplicidade) é subsidiária da autoria.Esta regra que aqui está em causa é a regra da subsidiariedade implícita. Caso PráticoAbel, residente em Lisboa, desloca-se frequentemente à Roménia para celebrar contratos de trabalho com romenos. Em troca de um emprego na Construção Civil, bem como da livre entrada em Portugal e de uma residência para a família, Abel recebe de cada romeno €2500. U7ma vez chegados a Portugal, os romenos nunca conseguem contactar Abel que não cumpre as promessas. Por isto apresentam queixa contra Abel.

1-      Podia Abel ser responsabilizado pelo art.º 217.º, art.º 218.º ou art.º 222.º CP. E como responsabilizaria, por todos, por dois, por nenhum ou apenas por um?2-      Suponha agora que os factos se passam em Novembro de 2004 e que essas condutas, nessa data, eram punidas na Roménia em pena de prisão até dois anos e que em 2005 a lei é alterada, passando a pena de prisão até seis anos. Sendo hoje julgado, em que era responsabilizado?3-      Imagine que em 1 de Dezembro de 2005, o governo português, em função do aumento de situações como a desccrita e do fluxo de emigrantes ilegais, resolve, por Decreto-Lei, que enquanto se verificasse a entrada abundante de emigrantes de leste, as condutas veriam agravadas a responsabilidade até sete anos. O mesmo Decreto-lei é revogado no dia 15 de Janeiro de 2006. tendo o Abel praticado os factos no dia 02 de Janeiro de 2006, como irá ser responsabilizado. 1-Art.º 5.º, alínea a), II      27/01/2006TeóricaCritérioCrime Privilegiado.Crime Agravado.Tanto o crime privilegiado como o crime agravado estão em relação à primeira norma como normas especiais.QualificaçãoCrimes Instantâneos. O crime esgota-se com a prática do facto.Crimes Duradouros ou de Execução Duradoura. A conduta do agente prolongou-se no tempo, bem como o efeito do acto, art.º 158.º CP – Sequestro. Não confundir crime duradouro com crime continuado. No crime duradouro o agente pratica um único crime que se prolonga no tempo, no crime continuado, o agente pratica várias vezes o crime.Crimes de Intenção. Há crimes que para que estejam preenchidos exige-se uma especial intenção. O que caracteriza o facto punível é a intenção do agente. Não se exige que o resultado da intenção se verifique, daí que se chamem também Crimes de Resultado Parcial, art.º 217.º CP – Burla. Percurso do Crime (formas do Crime)TentativaConsumação Crimes de Forma Livre. São a maioria. No seu cometimento, o agente pode provocar de qualquer maneira, qualquer comportamento. É preciso é provocar o crime, art.º 131.º CP.Crimes de Forma Vinculada. A lei descreve o modo como a conduta deve de ser praticada, art.º 132.º, n.º 2, alínea c) CP. Vários Elementos do Tipo de CrimeAgenteCondutaResultado

Nexo da Causalidade AgenteAquele que cometeu o facto típico que a lei refere.Tradicionalmente apenas as pessoas singulares são passíveis de procedimento criminal. SOCIETAS DELIQUERE NON POTEST. Não é reconhecido à sociedades a hipótese de cometimento de crimes. As pessoas colectivas não são reconhecidas como podendo cometer acções penalmente relevantes e estas não têm capacidade de acção.As penas são aplicáveis àquele indivíduo. Se as aplicarmos á pessoa colectiva, estas vão ser punidas por quem as constitui. Então, se elas cometerem crimes, quem se pune?Soluções:Remeter todas as suas acções para o sistema contra ordenacional ou para o ilícito civil.Outros autores defendem que se aplique medidas de segurança, como aos inimputáveis, ideia que se afasta.Responsabilizar quem está na direcção da pessoa colectiva. Mas esta solução levanta dificuldades para se encontrar quem deu a ordem.Autoria Mediata. Alguém actua por intermédio de outrem. Director que instrumentaliza a vontade da empresa á sua. Difícil de provar. Há muitos factos imputáveis às empresas, que são factos tipificados como crime.Hoje encontra-se nos vários ordenamentos jurídicos três modelos de responsabilidade das pessoas colectivas:Irresponsabilidade da Pessoa Colectiva. Vinculados ao modelo SOCIETAS DELINQUERE NON POTEST. Espanha, Alemanha, Itália.Responsabilidade pura e simples da Pessoa Colectiva. Equiparada á pessoa singular. Inglaterra, E.U.A., Colômbia. Fixam o Princípio da Equiparação, fixam a capacidade delituosa á pessoa colectiva.Princípio da Especialidade. Luxemburgo, Brasil. A pessoa colectiva tem carácter especial em certos domínios. Tem de estar consagrado na lei em causa. PORTUGALAté 1982 – Irresponsabilidade das pessoas colectivas.1982 – Art.º 11.º CP, Princípio da EspecialidadeO Legislador por imperiosa necessidade político-criminal veio dizer que se justifica esta Especialidade.FIGUEIREDO DIAS afirma que o art.º 11.º CP diz que a responsabilidade das pessoas colectivas só existe em Direito Penal Secundário (fora do CP), o que está assumido no preâmbulo por imposição deste Professor.O Prof. FERNANDO SILVA não concorda e acha que o Prof. FIGUEIREDO DIAS entra em algumas contradições, nomeadamente em Ambiente.Alguns autores consideram inconstitucional a responsabilização dos entes colectivos, por virtude da culpa. O TC não vê objecção a isso, ressalvando que é no Direito Penal Secundário.Objecções:        Incapacidade para cometer acções penalmente relevantes. As decisões resultam da concertação da vontade dos administradores.        Personalidade das Penas. Podem persuadir as pessoas colectivas como fazem às pessoas singulares. Não existe só a prisão. Há multas, perca de regalias, bens confiscados, suspensão da actividade, todas formas de sancionar a Pessoa Colectiva.        Afectar inocentes na personalidade das Penas. Os actos das pessoas colectivas não são actos dos que os praticaram, art.º 12.º CP. Esses cumulam com os da pessoa singular. Se a pessoa colectiva pratica um acto, a pessoa singular também beneficia, logo, será inocente?

        A Pessoa Colectiva é punida por actos de Outrem. Os Órgãos é que praticam os actos, estes são elementos de conexão entre a pessoa colectiva e o Mundo, fazem parte da pessoa colectiva, logo, não se está a punir terceiros.Pressupostos para haver Responsabilidade da Pessoa ColectivaDecisão tomada no âmbito da Pessoa Colectiva. Declaração tomada por quem representa a pessoa colectiva.Actuação realizada no interesse da pessoa colectiva.Infracção cometida no âmbito da actividade da pessoa colectiva.É preciso que tenha havido aproveitamento da estrutura da pessoa colectiva.Consoante:NaturezaGravidadeReiterada práticaA pessoa colectiva pode ser responsabilizada.  

[1] Estabelece-se entre a conduta e o resultado.[2] O conceito unitário de autor que tem uma base causalista.[3] Lei certa e precisa.[4] Lei certa e precisa.[5] Senão estamos perante uma violação do princípio NE BIS IN IDEM.[6] Por tratamento mais favorável não se deve olhar apenas para a moldura penal. Há outros factores a ter em conta, tais como: suspensão da pena, penas alternativas, etc.[7] Só exigível nos crimes de resultado.[8] Só exigível nos crimes de resultado. 12/10/2005TeóricaAliceApresentação.As expressões de autoridade do Estado – O poder de punir.A sanção colide com o Direito à Liberdade e com garantias fundamentais.O Direito Penal é também um instituto público. Assim, é um ramo de Direito Público que tem uma finalidade, orienta-se por princípios e contém uma dogmática. Existe um rigor na linguagem (culpa, dolo, ilicitude). 1.ª FasePrincípios e fins que norteiam o Direito Penal. O que limita a actividade do julgador é o violador.Conexão com o Direito Constitucional.Conexão com o Direito Processual Penal.Define condutas proibidas (crimes) para as quais define uma sanção (penas). À volta constitui-se toda uma dogmática. 2.ª FaseTeoria geral da infracção (ou do crime).Divide-se em duas partes:

Direito Especial – Crimes (homicídio, violação aborto).Direito Geral – O conjunto de regras que determinam o modo de funcionamento do Direito Penal. O Direito Penal reage a factos e a partir daqui aplica a responsabilidade do agente.A justiça do Direito Penal é feita de maneira diferente para duas pessoas iguais. Para determinar a pena do agente conta-se com vários factores, tal como a personalidade do agente ou o sexo. Ver art.º 131.º CP

 13/10/2005Prática (Alice)Categorias de Teoria GeralTípicaIlícitaCulposaPunível Estudo do Direito PenalEscola ClássicaEscola NeoclássicaEscola Finalista CÓDIGO PENALI Parte, Livro I, Parte Geral- Art.º 1.º até ao art.º 131.º CPIIParte, Livro II, Parte especial, art.º 131.º até ao art.º 386.º CP AGENTE É A PESSOA QUE COMETE O CRIME Art.º 1.º – Princípio da Legalidade, conforme CRPArt.º 2.º – Não há crime sem lei prévia. Princípio da Irrectroactividade. Pode haver se mais favorável ao arguido.Art.º 3.º – Momento para saber se há crime (Quando?)Art.º 4.º a art.º 7.º – Lei Penal no espaço (onde?), sendo que o art.º 7.º dá o critério que estabelece o lugar da prática do facto.Titulo IIArt.º11.º – Pessoas singulares, a menos que a lei determine o contrário.Art.º 13.º – Dolo e negligência. Quanto ao crime previsto na parte especial, a regra é que o crime é sempre doloso. A negligência só é possível quando prevista na lei, tem que estar sempre tipificada na lei.Art.º 14.º – Vários tipos de dolo.Art.º 15.º – Vários tipos de negligência.Art.º 16.º – ERRO. Exemplo do caçador que atinge outro caçador, quando pretende atingir a caça.Art.º 17.º Erro sobre a ilicitude.Art.º 19.º – Inimputabilidade (não susceptível de culpa).Art.º 20.º -  Anomalia psíquica (não susceptível de culpa).Art.º 21.º e seguintes – formas de crimeTentativa, art.º 22.º e art.º 23.º.

Comparticipação criminosa, art.º 25.º a art.º 29.º. Acontece sempre que duas ou mais pessoas concorrem para a produção de um facto relevante.Titulo IIIArt.º 31.º – Causas que excluem a ilicitude. São todas as que existam no ordenamento jurídico geral, independentemente da fonte.Consequência jurídica do FactoArt.º 40.º – Pena ou medida de segurança.Art.º 41.º – Diferentes tipos de penas e regra de contagem de prazos e penas substitutivas.Penas Principais – Estão na parte geral. Temos a possibilidade de aplicar as penas acessórias.Penas Acessórias – São as que só podem ser aplicada quando ao agente foi aplicada a pena principal.Capitulo IV – Escolha da medida da pena. Há um limite mínimo e um limite máximo.Art.º 70.º e seguintes – Critérios de escolha.Art.º 91.º e seguintes – Medida de segurança. Pressupostos e duração.Art.º 113.º – Queixa e acusação particular. Os crimes podem ser:Públicos. O impulso é do MP.Semi-Públicos. O impulso é de natureza particular.De natureza particular. O impulso é particular e ainda há uma necessidade de que o queixoso se torne assistente.Art.º 118.º – Prescrição.Art.º 129.º – Responsabilidade Civil. A parte especial é feita pela tutela dos bens jurídicos. 14/10/2005Teórica (Alice)Qual é a missão do Direito Penal no nosso ordenamento jurídico?Estabelecer regras de conduta. O Direito Penal tem como função o reforço, recorre-se sempre a este em última análise, para garantir a ordem, responsabilizando os que violarem as regras. Tem como fim encontrar a paz pública. PunirComo?Quem?Com que finalidade? O Direito Penal tem:Uma função repressiva.Uma função preventiva. O Estado pune quem mata porque não quer que matem – Função Preventiva. Penas e Medidas de Segurança Crime              Pena            Sanção                        Uma consequência do crime ou                        Uma medida de segurança Não há crimes sem penas e só há penas para crimes. 

O poder punitivo do Estado – O Ius Puniendi. O Direito Penal é uma forma de controlo social que visa reagir contra uma actuação que perturbou a ordem jurídica e visa uma prevenção. Tem uma função primária para impedir que as pessoas cometam crimes.O Direito Penal reage a um acto violento, a reacção é também, uma forma violenta do Estado reagir contra o indivíduo, através das normas penais e processuais penais. O Direito Penal é um sistema formalizado – a lei tem de descrever um crime e determinar o tipo de lei para punir – Princípio da Tipicidade. Direito Penal Objectivo (Material, Positivo)Corresponde ao Direito Penal substancial, que tem como conteúdo a norma penal. Direito Penal SubjectivoÉ o poder punitivo do Estado, que é concretizado pelas normas que regulam o processo penal. Normas Penais:CrimePenaMedida de Segurança CrimeResponsabiliza o agente pelas condutas que cometerem. As normas são previamente fixadas através de um juízo negativo.PenaÉ a consequência negativa para a conduta do agente. É a sanção. A pena funciona como um meio de repressão. É essencial a fixação de uma pena. Quem não tiver capacidade de culpa não pode ser alvo de aplicação de uma pena. Medida de SegurançaO objectivo aqui é a prevenção. Se não pode haver uma pena, aplica-se uma medida de segurança. Como exemplo refere-se o menor de treze anos, mas que já apresenta uma grande perigosidade. Aqui pretende-se evitar um futuro delito. Entende-se que o menor de doze anos não tem qualquer sentido de discernimento. Aqui deve-se actuar para protecção. Este campo de intervenção não é do Direito Penal.O menor entre os doze e os dezasseis anos não tem capacidade de culpa, é um inimputável. Aqui, pode vir a ser um delinquente, aqui deve-se actuar por prevenção, logo, aplica-se uma medida de segurança. Domínio do Direito Penal.O menor de dezasseis anos já revela culpa, é imputável. Aqui já é a palavra de ordem a punição, vai-se aplicar uma pena. Domínio do Direito Penal. O Direito Penal é o direito do facto. Só posso responsabilizar alguém pelo facto que praticou. O Direito Penal, no seu âmbito, integra três domínios:O Direito Penal Substantivo ou Material contém a definição das condições gerais para definir um crime e as concretas formas do aparecimento do mesmo.O Direito Processual Penal. As regras que organizam a punição. Define o modo de intervenção, através dos Tribunais. (Prazos, fases processuais, vários intervenientes). Por fim, o Estado implica a sanção. Como é que a pena vai ser cumprida? Quem vai determinar e fazer cumprir?O Direito Penal de Execução. As regras, o modo de execução da pena.

 Nós vamos estudar o Direito Penal Substantivo – O conjunto de regras que definem os pressupostos da crise.  19/10/2005TeóricaÂmbito do Direito PenalDireito Penal Substantivo (Dogmática Penal) – Pressuposto de aplicação da lei penal, do crime e do crime em especial.Direito Processual Penal – Regulamentação dos modos de aplicação da Justiça.Direito Penal Executivo – Direito Penitenciário. Regras e princípios que definem a execução da pena. Dogmática PenalTem dois domínios:Direito Penal Geral – Teoria Geral do Direito. Regras de aplicação do Direito Penal, art.º 1.º a art.º 130.º CP.Direito Penal Especial – Vários crimes em particular. É integrado pelo catálogo dos crimes.O Direito Penal situa-se no Direito Público, pois aqui o Estado está expressivamente em uso do seu Jus Imperi, daí a sua grande proximidade com o Direito Constitucional, pois é aí que vai encontrar os seus princípios e os seus limites.O Direito Penal está limitado pelos outros Direitos Públicos, é acessório do Estado. Só subsidiariamente o Estado recorre a ela, tem natureza, subsidiária, é a ultima rácio. Está num segundo nível de intervenção.Hoje, o Direito Penal é um instrumento político e social, podendo ser perigoso.O Direito Penal Especial tem a tipificação dos vários crimes. Encontra-se no Código Penal – Livro II, bem como em leis avulsas e legislação extravagante. Quando se fala de Direitos Penais Especiais, fala-se de certos domínios paralelos ao Direito Penal de que se salientam três questões:Direito Penal Militar, ver art.º 8.º CP. Direito Penal é subsidiário do Direito Penal Militar.Direito Disciplinar, onde se destaca o Estatuto Disciplinar da Administração Pública. O processo é de natureza administrativa.Direito Penal Internacional. Padece de um problema original, o de legitimação de punir.Estatuto do TPIAuto define a competência dos crimes julgados pelo TPI.Crimes de Guerra.Violação da Convenção de Genebra. Crimes contra a Humanidade (Violação, Escravidão, Morte de civis, etc).Genocídio.Julga factos que não integram o TPI, se um Estado pedir a intervenção. Só o facto de o prazo de prescrição ser maior no TPI do que em Portugal, poderia levar a que um português fosse julgado pelo TPI, ver art.º 29.º, n.º 2 CRP. Ciências do Direito PenalForam surgindo várias ciências que estudam o Direito Penal em si e o crime em si.Ciência do Direito Penal. Abrange o estudo do Direito Penal de Execução, Direito Penal Substantivo e Direito Processual Penal.Política Criminal. Ocupa-se da evolução do Direito Penal. Estuda o Direito Penal vigente e pensa a sua reforma, vendo da sua eficácia e da sua aplicação.

Criminologia. Estuda o crime enquanto fenómeno social. Tenta perceber as causas do crime e as motivações do criminoso. Tenta perceber as condutas. Veio ajudar a perceber que o endurecimento das penas não veio baixar os crimes (exp.: droga). Ajudou a procurar a prevenção e as penas acessórias.Vitimologia.  20/10/2005PráticaElementos do Tipo (no Direito Penal)DoloNegligênciaCategorias analíticas da Teoria Geral da InfracçãoTipicidadeIlicitudeCulpaPunibilidade Tipicidade – A conduta tem de estar tipificada objectivamente (agente, conduta, objecto da acção., resultado e nexo causal) e subjectivamente como crime, na lei.Tipicidade = Dolo + Negligência.  CATEGORIAS ANALITICAS  TIPICIDADE ILICITUDE CULPA PUNIBILIDADE

ELEMENTOSOBJECTIVOS

   Agente   Conduta, 22.º   Objecto da acção   Resultado   Nexo de causalidade[1]   Bem Jurídico (interesse fundamental que a norma protege)

     Art.º 33.º     Art.º 35.º     Art.º 36.º

          Art.º 23.º

ELEMENTOSSUBJECTIVOS

  Dolo. Tem de conhecer e querer os elementos objectivos do crime.  Negligência

     

Art.º 131.º CPÉ doloso? Sim. Porquê? Art.º 13.º CPA parte geral do Código Penal aplica-se ao Livro II do Código e a legislação extravagante.Art.º 137.º CPA negligência pode não estar no corpo da norma (art.º 131.º CP) mas pode estar no mesmo capítulo.A regra é a de que o crime é doloso. A negligência é subsidiária do dolo, tal retira-se do art.º 13.º CP, mas não é automática.Art.º 140.º CP

É doloso. Na resposta traz-se á colação o art.º 13.º CP.O Dolo é diferente da Ilegítima Intenção de Apropriação (Elemento Subjectivo Especial). Só nos crimes dolosos existe a ilegítima intenção de apropriação.Art.º 203.º CPDoloso. Art.º 13.º CP + Ilegítima intenção de apropriação. O facto de se afastar a responsabilidade criminal, não quer dizer que não se seja responsabilizado a outro nível (civil, disciplinar, etc.). O Direito Penal283/82, de 27/10 (fls. 223 do Código).O Direito Penal é subsidiário dos demais ramos do Direito.Art.º 227.º CPEOE – Intenção de enriquecimento ilegitimo.Art.º 386.º CPConceito de funcionário.Art.º 202.º CPCoisa de valor elevado.Art.º 22.º CP - TentativaTem os elementos objectivos. Analisa-se em sede de tipicidade da tentativa.N.º 1“…decidiu…” – Conhecer e querer – Dolo.Art.º 23.º CPAnalisado na punibilidade. Basta que um dos limites da moldura penal seja superior a três anos para se aplicar este artigo – Caso do art.º 133.º CP.Art.º 134.º CPPara a punibilidade ser punida, art.º 23.º, n.º 1 CP + art.º 134.º, n.º 2 CP. Articulando os dois artigos, temos a resposta.Art.º 19.º CPMaioridade penal. Comparticipação Criminosa – Existe quando duas ou mais pessoas se conluiem para a prática de um ilícito criminal.Art.º 26.º CPTítulos comparticipativos:Autor Material ou Imediato ou Singular – “Por si mesmo”.Autor Mediato – “Por intermédio de outrem” – Controla a vontade do executor. Dá arma a criança de cinco anos e manda matar.Co-Autor – “dar acordo ou juntamente com o outro ou outros”.Instigador (vulgo Autor Moral) – Determinar outra pessoa à prática do facto”.  21/10/2005Teórica (Alice)VITIMOLOGIAParte de uma perspectiva centrada na própria vitima. A vítima ao constituir-se assistente, torna-se um sujeito processual.A intervenção no processo:Nos crimes particulares dependem de queixa, a vontade da vítima, esse impulso de apresentar queixa é fundamental para se responsabilizar o agente, em alguns casos. A vítima tem a faculdade de solicitar a suspensão do processo.

Nos instrumentos de apoio à vitima surge o Instituto de Apoio à Vitima. No processo crime há que tentar separar o mal feito para minorar as consequências que a vitima sofre. O Estado criou um fundo para vitimas de crimes violentos. O Direito Penal é um direito sancionatório cujo objectivo é sancionar o agente. A função é proteger os interesses. PRINCÍPIOS DA POLITICA CRIMINALSegundo Claus Roxin, são três os princípios basilares:1.      PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE. Cada pessoa só pode ser responsabilizada pela sua culpa. (facto essencial no apuramento da responsabilidade). Impossibilidade de intervenção do Direito Penal no caso de anomalia psíquica ou de idade. A culpa é fundamento de responsabilidade criminal. A pena deve de ser proporcional à medida da culpa, art.º 40.º CP. Há claras diferenças entre o Direito penal e o Direito Civil. Em Direito Penal não há responsabilidade objectiva, pelo risco. Temos de imputar ao agente um facto culposo.2.      PRINCÍPIO DO ESTADO DE DIRIETO. Papel fundamental no Direito penal – Duplo sentido (O Estado está estritamente vinculado à lei – O juiz tem de julgar segundo a lei). Há uma limitação do poder de punir do Estado (aplicação do Direito Penal).3.      PRINCÍPIO DA HUMANIDADE. Pune os agentes como forma de os responsabilizar, mas também visando a sua recuperação. Por isso não há prisão perpétua, nem pena de morte. Vide art.º 40.º, n.º 1 CP :        Aplicação da pena.        Medida da pena.        Forma de executar a pena.Para Cesar Beccaria toda a pena que não resulta da estrita necessidade é tirana. FUNÇÕES E LIMITES DO DIREITO PENALA linguagem do Direito Penal é aferida pela estipulação dos crimes.O que se entende por crimes?O crime é tudo o que o legislador legitimamente considerar como tal.DISTINÇÃO ENTRE O CONCEITO DE CRIEM FORMAL E CRIME MATERIALCrime no sentido FormalAcção típica (tipificada na lei), ilícita (contrária à lei) e culposa (Princípio da Culpabilidade que vigora no Direito Penal).Crime no sentido MaterialTodo o comportamento que lesa ou ponha em perigo bens jurídicos fundamentais. É a esta função que se reconduz o Direito Penal.A função do Direito Penal é a função de tutela subsidiária dos bens jurídicos. Actua subsidiariamente em ultima rácio.O Direito Penal não protege direitos mas sim bens jurídicos (valores ou da pessoa ou da comunidade, ou interesses). A sanção pode colidir com a liberdade (que é um direito fundamental), por isso a intervenção do Estado tem de ser limitada.   CONJUNTO DE FUNÇÕES DO DIREITO PENAL / LIMITESO legislador deve pautar-se por um critério de dignidade penal, só intervindo quando necessário, quando o bem em causa seja justificativo, se não o Direito Penal deve abstrair-se de intervir (imposição constitucional).

O Direito Penal é um direito duplamente fragmentário:        Só protege bens jurídicos.        De entre eles, só protege os fundamentais. OBJECTIVO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENALO seu objectivo assenta na protecção dos bens jurídicos. O Direito Penal deve espelhar essa realidade. IMPORTÂNCIA DOS BENS JURÍDICOSO legislador quando amplia a intervenção do Direito Penal, justifica dizendo que o bem jurídico é susceptível de protecção. Em cada crime está sempre identificado o bem jurídico.O Direito penal não deve de intervir quando não esteja em causa bens jurídicos fundamentais, mas se estiverem, deve intervir, logo o bem jurídico é fundamento e limite (positivo e negativo) dessa intervenção.  26/10/2005TeóricaO Direito Penal está adstrito à protecção de bens jurídicos. O Direito penal visa espelhar os valores que estão vigentes numa determinada fase histórica de um Estado. Pelo Direito Penal vigente se conhece o quadro valorativo de uma sociedade. COMPONENTES DA LEI PENALNormas PenaisA norma contempla um suposto facto, uma conduta numa perspectiva proibitiva. Temos então a previsão que corresponde grosso modo ao crime. A estatuição da norma é sempre a consequência jurídica da norma.Após identificar os bens jurídicos a proteger, o legislador tem de definir os comportamentos que lesam os bens jurídicos e por fim, fixa a pena que corresponde a cada um dos crimes. Na pena, o legislador vai-se conduzir por critérios de proporcionalidade.Os crimes estão previstos na parte especial do Código penal e em legislação avulsa. A propósito da tipificação dos crimes uma referência ao Princípio da Legitimidade, pois só é crime o que a lei cominar como tal, logo, presume-se que não há lacunas. O Julgador não cria normas, por imposição do Princípio da Legalidade.Há que usar de:ClarezaConcreta identificaçãoCom isto limita a interpretação do intérprete. Ideia de espiral interpretativa. O Legislador está ligado ao Julgador na medida em que restringe a interpretação deste. O Direito Penal assume uma dupla função:Proteger os bens jurídicosMotivação (controlo social)As normas penais visam permitir a criação de uma consciência social. As pessoas interpretam e não violam as normas. Forma-se uma consciencialização das pessoas.A ameaça penal deve-me demover de cometer o ilícito. A pena funciona numa fase de ameaça, para prevenir e numa segunda fase para punir quem prevarica. 

LIMITES DO DIREITO PENALEstá restrito a apenas proteger bens jurídicos. TEORIA DO BEM JURÍDICOA função do Direito Penal é a tutela subsidiária dos bens jurídicos. Em primeiro lugar, deve o sistema recorrer aos outros ramos do Direito. Só quando tal não é suficiente, se recorre ao Direito Penal. É um direito fragmentário, um direito de ultima rácio. É o poder de por em causa direitos, liberdades e garantias, art.º 18.º CRP. O Estado só lança mão do Direito Penal quando é absolutamente necessário, por uma questão de eficácia.O Direito Penal é duplamente fragmentário pois protege os bens jurídicos e dentro destes, os fundamentais.O Direito Penal tem uma função de tutela dos bens jurídicos. BEM JURÍDICO“O Bem Jurídico expressa um interesse, da comunidade ou do indivíduo, para a manutenção da integridade do Estado” – Figueiredo DiasO Bem Jurídico adquire a sua relevância no contexto social.“Bem Jurídico como bem vital, um valor essencial” – Claus RoxinOs bens jurídicos apresentam sempre um carácter variável pois depende da sociedade em que se integra. Evolução da concepção do Bem JurídicoEste conceito fica ligado ao Liberalismo. Foi BIRNBAUM o primeiro a surgir com o conceito. A ideia era conceder ao bem jurídico um carácter individual. O bem jurídico tem de ter sempre uma referência à pessoa.Os autores da Escola de Frankfurt (HASSEMER) dizem que o Direito Penal deve de se restringir aos bens jurídicos de interesse individualista. Se o Direito Penal se desviar desta linha está a descaracterizar-se.Concepção MetodológicaO bem jurídico acaba por constituir formas interpretativas. Cada crime tem um bem jurídico. O bem jurídico serve como interpretação do crime.Concepção FuncionalConcepção racional, instrumental do Bem Jurídico. Neste contexto o Bem Jurídico tem sempre uma tripla função:MaterialPadrão criticoOrientação Político-SocialSocialHoje, a tendência é para uma concepção mista.O Bem Jurídico tem sempre uma dimensão individual e social. “Um bem, um valor, um interesse fundamental para o indivíduo e a sociedade, indispensável para o equilíbrio e a ordem social; a que a ordem jurídica é essencial à vida”.Para HASSEMER, a dogmática penal não está preparada para os crimes ambientais, pois está virada para o indivíduo.SILVA SANCHES diz que se fala de um Direito Penal a duas velocidades, dois Direitos Penais.Uma terceira vertente diz que se deve de atentar ao valor fundamental dos direitos. Então, as normas de Dogmática Penal têm de ser alteradas pois é a tutela do Bem Jurídico que tem de ser protegida e não a mera aplicação da Dogmática.Existem dois critérios a ter em conta:Dignidade do Bem Jurídico

Necessidade de tutela penalSe estes dois critérios estiverem preenchidos, então o Direito Penal intervém. O fundamento para punir alguém terá de ser o facto dessa pessoa ter lesado alguém. O bem jurídico é o fundamento e o pressuposto da intervenção do Direito Penal, daqui advém a sua relevância, vide art.º 40.º CP, onde se estabelece um limite à intervenção do Direito Penal. Art.º 18.º CRPFim do n.º 1n.º 2Encontramos um critério limitativo da intervenção do Direito Penal, ao mesmo tempo que encontra a sua legitimidade.Deste artigo retira-se três critérios que fundamentam e limitam o Direito Penal:Subsidiariedade – Direito de ultima rácioProporcionalidade – Medidas das penas proporcionais aos crimes(?) – Intervenção mínima e eficazO Direito Penal assenta a sua legitimidade na necessidade da tutela e no critério de intervenção mínima do Estado. Reclama-se a eficácia do Direito Penal, sendo a pena necessária e eficaz, logo adequada. O Direito Penal orienta-se ainda pelo critério da proporcionalidade. As penas devem de ser proporcionais aos crimes que a gravidade justifique e à gravidade do facto. Consequências práticas das limitações constitucionaisO Direito Penal só protege bens jurídicos com relevância constitucionalSó intervém em situações com dignidade para talA intervenção é proporcional à gravidade do facto  27/10/2005PráticaPara que haja comparticipação criminosa, tem de haver querer participar no ilícito penal.Os art.º 26.º e 27.º CP identificam os títulos comparticipativos.Há que articular a norma da parte especial com as normas da parte geral. Art.º 26.º CPAutor ImediatoAutor MediatoCo-AutoriaInstigadorPara ser co-autor, é necessário que duas ou mais pessoas, em simultâneo, conheçam e queiram cometer o ilícito criminal. Abel pede a Carlos e Daniel para matar Xavier.Carlos e Daniel – Co-autoria, art.º 26.º, n.º 3 CP para o art.º 131.º CP.Abel – Art.º 26.º, n.º 4 CP (Instigador), para o art.º 131.º CP.Abel pode ainda ser cúmplice, art.º 27.º CP.

 Art.º 29.º, n.º 5 CPPrincípio NE BIS IN IDEM

Ninguém é julgado e condenado duas vezes, pelo mesmo crime. Daí que Abel, do exemplo acima, não é punido pela cumplicidade, mas sim pela instigação, pois esta é mais grave. TEORIA GERAL DA LEI PENALDistinção Direito Penal – Outros DireitosNo Direito Penal Substantivo estabelece-se de forma geral em abstracto, quais os factos puníveis como crimes e as sanções que lhes corresponde.Esta intervenção decorre do art.º 18.º CRP.Só podem ser constituídos como crimes os factos que ofendam direitos fundamentais.Do ponto de vista sancionatório, o Direito Penal tem penas e medidas de segurança. Estas distinguem-se consoante a culpa do agente.As penas só podem ser aplicadas a quem for susceptível de culpa, pelo que é um pressuposto de aplicação da pena, ver a propósito o art.º 40.º CP, se o agente não é susceptível de culpa, se não compreende o motivo da pena.Quando o facto for típico e ilícito, mas não culposo, pode-se aplicar uma medida de segurança. No entanto, a sua aplicação depende da perigosidade do agente, art.º 40.º, n.º 3 CP.Pena – Pressuposto de culpa.Medida de Segurança – Pressuposto de perigosidade.DIREITO PENAL DIREITO CIVIL*. Direito Público.* Tutela dos bens jurídicos essenciais para a vida em sociedade.* As penas permitem a privação da liberdade.* Só há responsabilidade subjectiva.* Os factos têm de ser dolosos ou negligentes, desde que tipificados. Se a negligência não estiver tipificada, o agente não é punido. Não há responsabilidade objectiva.

* Direito Privado.* Não tutela os bens jurídicos essenciais com a mesma intensidade do Direito Penal.* Não há privação da liberdade.* Existe responsabilidade subjectiva e objectiva.* A negligência não tem de estar tipificada. Há responsabilidade objectiva.

PONTO DE VISTA SANCIONATÓRIO

DIREITO PENALDIREITO DE MERA ORDENAÇÃO SOCIALDecreto-Lei 433/82, de 27/10

* Sanções mais graves (Penas).* A sanção é aplicada pela autoridade judicial.

* Sanções manos graves (Coima).* Natureza estritamente pecuniária.* Por regra, a sanção é aplicada por autoridade administrativa.* O recurso é proposto para os Tribunais Judiciais.

O Código da Estrada tem natureza contra ordenacional. Respeita as regras gerais do Dec.-Lei 433/82, de 27/10.A sanção contra ordenacional, por excelência é a coima.A multa é característica do Direito Penal.Quando se é apanhado em excesso de velocidade (ou outro) dizemos que fomos multados. Está errado e isto é dito por razões históricas, que advém das contravenções. Em 1994, foi introduzido o novo código estradal, que passou a ser contra ordenacional e a sanção passou a ser a coima, mas o termo multa já estava enraizado e, ainda hoje, erroneamente se mantém.Se a multa não for paga, pode ser transformada em prisão.Se a coima não for paga, responde o património do devedor, por execução.

  28/10/2005TeóricaFaltei  02/11/2005Teórica(?)  03/11/2005PráticaNão houve.  04/11/2005TeóricaNão houve.  09/11/2005TeóricaO Direito Penal só tem legitimidade para intervir quando é possível identificar o bem jurídico em causa, o qual varia no tempo.A história do Direito Penal é feita de constantes mudanças e descriminalizações. Há também neocriminalizações, novos valores que surgem e são tutelados. Cada crime protege, pelo menos, um bem jurídico.O legislador prevê condutas que são lesadas ou postas em perigo. Pune-se a consumação do crime e em outros casos a tentativa de consumação. TEORIA DO BEM JURÍDICOÉ a partir desta teoria que encontramos o limite e a delimitação dos bens jurídicos a proteger pelo Estado. Não se fala de proteger direitos próprios mas bens fundamentais, como a vida.Não relevância das normas que não protegem bens jurídicos fundamentais.Natureza subsidiária do Direito penal, art.º 18.º CRP: Bem Jurídico – Valor ou interesse em abstracto a proteger pelo Direito Penal.Objecto do facto – É no objecto que se consuma o facto.Direitos – Interesses subjectivos dos indivíduos.Novas realidades podem trazer novas condutas que podem levar a novos valores e novos bens jurídicos.Encontramos nesta teoria, a função do Direito Penal.Compete pois ao legislador saber quais os bens jurídicos fundamentais.Questão pertinente:-Quais as finalidades das penas, em Direito Penal?Somos então levados a uma segunda teoria: TEORIA DOS FINS DAS PENASAs penas são a sanção exclusiva do Direito Penal. Vigora o Principio da Tipicidade. A partir do

art.º 41.º CP, encontramos as penas tipificadas. A pena principal é a pena de prisão, mais gravosa das penas, que consiste na privação da liberdade e cumprida exclusivamente em estabelecimentos públicos. Devia ser utilizada como a ultima rácio do sistema punitivo. Deve ser utilizada apenas para as penas mais graves.No ordenamento português o limite mínimo é de um mês e o máximo de vinte anos, podendo ir a vinte e cinco anos em casos expressamente previstos, art.º 132.º CP. A prisão é a maior manifestação da acção punitiva do Estado.Há ainda a pena de multa, fixação de um valor pecuniário. É fixado num valor e esse valor é fixado por dia. Há um mínimo de dez dias e um máximo de sessenta dias. O valor varia entre €1 e €498, art.º 47.º CP. Pretende-se com esta pena evitar o recurso à pena de prisão. Tem uma característica fundamental: Se a multa não for paga é convertível em prisão, art.º 49.º CP.Há outras penas, alternativas:Trabalho a favor da Comunidade.Admoestação.Nota:Medidas de segurança, aplicadas aos inimputáveis, insusceptíveis de responsabilidade criminal.Razão de idade – Medidas Tutelares Educativas.Anomalia psíquica – Medidas de Segurança. Mas, quais as finalidades das penas?De forma mediata, a penas serve os fins do Estado, salvaguardar os seus valores, salvaguardar a ordem pública e manter a segurança.  TEORIA RETRIBUTIVA.Houve uma primeira teoria para fundamentar a finalidade das penas. Assim, a finalidade seria castigar quem viola as leis.Na óptica do Pecado e da expiação do Pecado. Procura encontrar na pena a compensação pelo crime cometido. É sempre proporcional à gravidade da conduta. Ao agente deve de ser imposta uma justa paga. Aqui é similar à Lei de Talião, expressão máxima da Teoria Retributiva. Esta teoria imperou na Idade Média. Como defensor desta Teoria, destaca-se KANT, que vê na pena a ideia de Imperativo Categórico. A justiça é um elemento fundamental para a vida em sociedade. Também Hegel é um defensor das ideias retributivas. A pena tem a função fundamental de afirmação do Direito que foi negado pelo crime.TESE DIREITOANTITESEDireito negado pelo crimeSINTESEPena que vai negar o crime e repor o Direito   

A magnitude da pena tem como barómetro o facto, o crime cometido. Esta teoria pura é impraticável. Estando orientada para reagir contra o indivíduo, de forma punitiva, pergunta-se onde está o bem jurídico?É destituída da capacidade face ao indivíduo, só interessa punir, reprimir, persuadir. Onde está a resocialização? Não é possível, com esta Teoria, qualquer factor de integração. O agente

incumpre, castiga-se. Esta Teoria foi recusada, pois o sistema penal não se pode basear apenas na punição do indivíduo. TEORIAS RELATIVASTEORIAS DE PREVENÇÃOTEORIA DE PREVENÇÃO GERALA pena não pode ter como exclusiva responsabilidade castigar, deve de tentar influenciar as pessoas. A pena deve ser centrada na ameaça que tem contida. Tenta-se dar à pena a ideia de profilaxia, de demover a pessoa de praticar o crime. Condena-se a pessoa para dar exemplo demonstrativo aos outros, do que acontece a quem pratica o facto. A pena terá uma função psíquica. Tem esta teoria como principal promotor FEUERBACH, com a Teoria Psicológica da Acção. Quando se tem o impulso psicológico, terá a pena a função de quebrar o impulso. “-Vou matar! – não vou porque vou preso!”. Se não resistir, pune-se para dar o exemplo aos outros. Há uma ideia de coacção psicológica, de intimidação. Ameaça-se com o espectro da pena para que se não viole a lei.A pena como prevenção geral tem dois efeitos:Prevenção Geral Positiva – revelar aos membros da sociedade o que acontece a quem viola as normas.Prevenção Geral Negativa – Prevenir para que não se cometa crimes.Encontra-se na pena uma função de ameaça. A pena tem função de coacção psicológica, actuando na sociedade em geral. Esta teoria apresenta um avanço face à teoria retributiva, mas algumas questões se levamtam:  Continuamos sem critério para aplicar a pena. È sempre a pena máxima? Há uma ausência de medida para delimitar a pena.A pessoa punida é um exemplo. Mas não estamos a esquecer a dignidade da pessoa? Esta critica pode ser ultrapassada, pois em sociedade todos abdicamos de algo.Para dar exemplos temos de punir mais gravosamente os crimes frequentes. Então, é mais grave o Furto do que o Homicídio? O juízo de prevenção geral é perigoso. TEORIA DE PREVENÇÃO ESPECIAL  10/11/2005PráticaDIFERENÇAS DE NATUREZA SUBSTANTIVA 

ILÍCITO PENALILÍCITO DE MERA ORDENAÇÃO SOCIAL

RESPONSABILIDADE * Regra geral só as pessoas singulares são responsabilizadas. No entanto, fora do CP há responsabilização penal das pessoas colectivas – legislação extravagante.

* Tanto as pessoas singulares como as pessoas colectivas são responsabilizadas, Principio da Equiparação, art.º 7.º RGOS

TENTATIVA

* Basta ao crime consumado corresponder a três anos de prisão, para a tentativa ser punível, art.º 23.º CP.

* Só é punível quando o legislador o disser. Art.º 13.º RGOS

COMPARTICIPAÇÃO * Distingue-se qual o grau * Não se distingue quem é

de autoria do ilícito, art.º 26.º CP.

o autor, qual o seu grau, apenas se identifica o cúmplice, art.º 16.º RGOS[2]

Existem ainda diferenças de natureza sancionatória.A ideia de autoria, que serve de trave mestra à comparticipação é ligeiramente diferente nos dois Ilícitos.Art.º 16.º RGOSParte-se da ideia unitária de acto.Mais tarde, foi acrescentado o n.º 3 deste artigo, para distinguir o cúmplice. A sua introdução atenuou a ideia originária de um ilícito célere, de natureza administrativa.Só os autores praticam os factos.Art.º 16.º, n.º 3 RGOS – Art.º 32.º RGOS – Art.º 27.º CPLer:FREDERICO DE LACERDA DA COSTA PINTO, texto publicado na revista Portuguesa de Ciência Criminal, Ano 7, n.º 1, 1997. “O ilícito de mera ordenação social e a erosão do Princípio da Subsidariedade da intervenção processual”.FIGUEIREDO DIASTERESA BELEZA Tutela dos bens jurídicos – CPFonte dos bens jurídicos – CRPArt.º 18.º, n.º 2 CRPFundamental em procedimento penal. Dá as traves mestras para o sancionamento dos factos.Ler:Conceitos do Dr. COSTA ANDRADE, “Dignidade Penal” e “Carência de tutela penal”. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADEAdequaçãoExigibilidadeProporcionalidade em sentido estrito  11/11/2005TeóricaFaltei  16/11/2005TeóricaCaracterização no Direito Penal da Teoria dos Fins das Penas1852-Código PenalMarcado pelo iluminismo penal. Aboliram-se definitivamente no nosso sistema as penas cruéis – Torturas. Estava direccionado para a prevenção geral negativa ou de intimidação. Até aqui, havia uma pena fixa para o crime. Com este Código surgem duas variáveis, não apresentando contudo um critério para determinar o quantum da pena, a medida da pena. Já se previam factores agravantes e atenuantes. Durou trinta anos.1886-Novo Código PenalInfluência directa do Liberalismo. Inspirado na filosofia de KANT e HEGEL. Em termos de penas, não se fixou em termos retributivos, estava ainda virado para fins preventivos. Houve uma regressão, pois voltou-se à pena fixa, na esmagadora maioria dos crimes. Já se introduziu a

ideia de prevenção especial com resocialização do agente.1982Profundamente influenciado pela nova CRP e pelo Princípio da Estado de Direito.Foi reformado em 1985.Assume as finalidades visadas pelas penas e pelas medidas de segurança, art.º 40.º CP. O nosso CP marca-se por uma natureza exclusivamente preventiva, conjugando fins de prevenção geral e especial. Efectiva o reforço da ideia do Direito Penal ser subsidiário. Fixa-se um critério para o critério das penas, a culpa. Este é o limite da pena, art.º 40.º, n.º 2 CP. Tem como função primordial a prevenção geral positiva e a prevenção especial redireccionada para a resocialização do agente.A pena tem três funções:Responsabilização.Resocialização.Ideia de segurança. Função primordial da pena.No art.º 40.º CP concentram-se as funções e finalidades da pena:Instrumento de protecção dos bens jurídicos.Conjugação dos fins preventivos. Promover a resocialização do agente e preventivos para a sociedade.Princípio da Culpa. Culpa como medida da pena. Só é responsável o agente com capacidade de culpa. Art.º 40.º CP conjugada com o art.º 20.º, n.º 3 CPNão se justifica aplicar penas a inimputáveis, pois o fim da pena, dissuasão, resocialização, então não faz sentido aplicar a pena. Isto leva-nos às medidas de segurança. Esta é aplicada a quem não tem capacidade de culpa, os inimputáveis, ver a propósito o art.º 40.º, n.º 3 CP. Atenta á perigosidade do agente, a ideia agora é prevenir numa ideia determinada à criminalidade futura.Medidas de Segurança DetentivasInternamento, aferido em razão da sua inimputabilidade. Facto ilícito, incapaz de culpa e receia-se a prática de outros factos idênticos.Os fins das medidas de segurança são preventivos, mas a finalidade principal é a prevenção especial.Para reagir neste domínio, o Estado cria mecanismos. Temos então um sistema dual de sanção:PenasMedidas de SegurançaMas é também monista pois à mesma pessoa ou se aplica penas ou medidas de segurança.O campo de aplicação de cada um é distinto.Art.º 91.º CP – Campo das medidas de aplicação.Art.º 91.º a art.º 99.º CP – Medidas detentivas.Art.º 100.º e seguintes CP – Medidas não detentivas.Para os inimputáveis em razão da idade temos a Lei Tutelar Educativa.Traços gerais:A que situações se aplica?Maiores de doze anos e menores de dezasseis anos. O Direito Penal olha para os menores de doze anos como vítimas, pois estão em perigo. Para se estar sujeito a estas medidas, o EstadoIntervém porque se entende que se deve educar para o Direito.Pretende-se a inserção do menor, de forma digna, na sociedade. O interesse é virado para o menor, para o agente. O julgador orienta o seu interesse para o menor.Assim, prevê-se dois tipos de medidas:Não institucionaisAdmoestação

Reparo do danoProibição de condução de ciclomotorFrequência obrigatória de cursos organizados pelo Instituto de Reinserção SocialInstitucionaisInternamento em Centros EducativosExistem dois critérios de aplicação:SubsidariedadeInteresse do menorOs inimputáveis não cometem crimes, pois não têm culpa, cometem ilícitos penais.Tratamentos dos InimputáveisO nosso sistema é insuficiente especialmente, quando se trata de anomalia psíquica.  LIMITES PARA O DIREITO PENALO Direito Penal deve de se restringir a um núcleo mínimo de bens jurídicos fundamentais. Nos finais do séc. XIX, o Estado encontrou um bom meio de libertar os Tribunais de muitos crimes: A Administração. Esta foi investida da função, do poder, de punir. Criou-se então o Direito penal Administrativo, que criou o regime das contravenções. Este Direito penal é paralelo ao Direito Penal Criminal. Este Direito de segundo nível pôs termo ao facto da Administração ter poder para punir mas não ter regras para o fazer.No regime das contravenções apenas se tem como medida a ilicitude. Se não cumpriu, é responsabilizado. É um segundo nível do Direito penal, mas é ainda Direito Penal. Isto não libertou o Direito penal mas sim atrofiou-o, pois alargou o seu âmbito.O regime das contravenções tinha como vantagem a celeridade.Punia-se o facto consumado.Punia-se apenas o autor.Prazos mais curtos.Não ficava a constar do registo criminalAssentava nos Tribunais de PolíciaPunia dolo e negligênciaNo pós-guerra, marca-se a ideia de depurar o Direito Penal. Surge, então nos anos 50, na Alemanha, a teoria do Ilícito de Mera Ordenação Social. Pretende ser um ilícito autónomo, direito idêntico ao Direito Penal Administrativo mas tem função de tirar matérias do Direito Penal.Tem-se em atenção a :Dignidade PenalNecessidade de tutela penalRazões primordiais:Retiram-se do Direito Penal infracções que não tenham razão ética.Cria-se novo tipo de infracção (contra-ordenação). Elimina-se os Tribunais de Polícia, ficando a Administração com o poder.Chega a Portugal em 1982, através do Decreto-Lei 483/82.Tem o objectivo de substituir as contravenções.  17/11/2005PráticaFaltei  

18/11/2005TeóricaA imposição do Direito Penal decorre do art.º 18.º CRP. Existe uma tendência crescente para certas matérias serem retiradas do Direito Penal, o que se acentuou com o aparecimento do Ilícito de Mera Ordenação Social, que surge em 1982. O ILICITO DE MERA ORDENAÇÃO SOCIALCom a entrada em vigor do Decreto-Lei 433/82 fixou-se como objectivo eliminar completamente o regime das contravenções, o que não foi conseguido totalmente. O segundo objectivo era o de eliminar as contravenções existentes, o que ainda não se conseguiu fazer. O legislador manifestou como objectivos os descritos no preâmbulo.O pai do Decreto-Lei, Prof. EDUARDO CORREIA, assume o Decreto-Lei como a purificação do Direito Penal, pois afastava as matérias que não punham em causa os bens jurídicos fundamentais. Para este professor, deveria desaparecer o Direito Penal Administrativo, surgindo um ilícito administrativo em seu lugar. Ao Direito Penal fica um mínimo ético de combate às lesões graves dos bens jurídicos fundamentais. O ilícito deveria ter sanções próprias, devolvendo o poder de sancionar à Administração. O Estado cria assim um ilícito que vai punir condutas socialmente (podem ser económico-sociais) censuráveis, deixando o ilícito penal para as condutas mais relevantes do ponto de vista criminal.O Ilícito de Mera Ordenação Social funciona como limite negativo do recurso ao Direito Penal. Não é Direito Penal. A autonomia do Ilícito de Mera Ordenação Social verifica-se a vários níveis. A coexistência dos dois ilícitos coloca três questões:Sempre que o legislador decide estender a sua intervenção a uma nova matéria, coloca-se a questão de qual dos dois ilícitos aplicar?Outra questão é a de como se processa a articulação entre ambos? Tal é feito em atenção ao princípio da Subsidariedade.Como os sistemas se sobrepõem, há uma terceira questão qie é prevista na Constituição. “NE BIS IN IDEM”, não se é punido duas vezes pelo mesmo facto, art.º 20.º DL 433/82.Níveis de autonomia do Direito de Mera Ordenação Social face ao ilícito penalDogmática. O regime substantivo do Ilícito de Mera Ordenação Social embora se aproxime do ilícito penal, é distinto. Assentam na mesma base porque têm carácter sancionatório, sendo aplicado o ilícito penal subsidiariamente. A autonomia regista-se em sede de comparticipação, onde aqui se estabelece um conceito extensivo de autoria, art.º 16.º DL 433/82. Outro regime onde se destaca a autonomia é no dos sujeitos, em que no Direito de Mera Ordenação Social a responsabilidade das pessoas colectivas é regra, assim como as que lhe forem equiparadas. No ilícito de mera ordenação social não há referência aos comportamentos por omissão, equiparando-as à acção. Também em matéria de concursos há regras próprias, art.º 19.º DL 433/82.Sancionatória, art.º 1.º DL 433/82. Aqui existem coimas e não penas. Têm natureza exclusivamente pecuniária. O sistema prevê alternativas à Coima, a Advertência, e sanções acessórias, apreensão de objectos, privação de direitos. A lei fixa limites para os valores das coimas. As coimas não têm ideia de prevenção especial.Processual. Tem autonomia. Os prazos são mais curtos no ilícito de mera ordenação social. A autoridade é Administrativa, fixada em razão da matéria e do território, quanto à competência, sendo as decisões impugnáveis. O ilícito de mera ordenação social assenta no princípio da oportunidade. A Administração pode tentar uma mediação.Outras diferenças. Num fala-se de crimes, noutro de contra ordenações. Num fala-se de penas, noutro de coimas.O critério base para a diferenciação é um critério manual qualificativo que é complementado por um critério quantificativo. O nível de gravidade dos regimes é diferente. 

   23/11/2005TeóricaCONCLUSÃO DO ESTUDO DO ILÍCITOO Ilícito Penal é complementado pelo Ilícito de Mera Ordenação Social, constituindo este último, um limite negativo do ilícito penal.O Ilícito de Mera Ordenação Social situa-se num 2.º nível de protecção dos bens jurídicos.Convém aqui referir a norma penal em branco, que tem a particularidade de não prever sanção. Uma vez que ambos os ilícitos coexistem, convém integrar cada um nos seus domínios.  Por vezes, os dois ilícitos sobrepõem-se relativamente aos mesmos factos. Usa-se nestes casos o Princípio NE BIS IN IDEM, e aplicar-se-á o ilícito penal.Se houver instauração de processo-crime, o processo de contra ordenação não se instaura, se o processo de contra ordenação já foi instaurado, pára, se já foi decidido o processo de contra ordenação, não se aplica a sanção. SINTESE DE DIFERENÇAS ENTRE ILÍCITOS PENAIS E DE MERA ORDENAÇÃO SOCIALFinsIlícito Penal- Protecção de bens jurídicos fundamentais.Ilícito de Mera Ordenação Social- Protecção do bem estar económico e social.SançãoIlícito Penal- Aplica-se penas.Ilícito de Mera Ordenação Social- Aplica-se coimas.CompetênciaIlícito Penal- Tribunal.Ilícito de Mera Ordenação Social- Entidades Administrativas responsáveis.ProcessoDistinto e autónomo. O legislador deve atender, aquando da integração ou não de uma matéria como ilícito penal, aos seguintes requisitos:Bem jurídico a defender.Técnica legislativa a empregar.Tipo de delinquência (No Ilícito de Mera Ordenação Social é regra a sanção da pessoa colectiva).Finalidades pretendidas.Eficácia das sanções pretendidas. Ainda sobre o Ilícito de Mera Ordenação Social:É necessário um facto, não basta uma manifestação de intenção.A tipicidade e a ilicitude resultam no art.º 1.º do DL 483/82.Subjectivamente responsabiliza-se quer o dolo quer a negligência.Culpa em sentido próprio. Não há a ideia de censura ética mas a imputação do facto à conduta social do agente.A coima é sempre aplicada como critério de ponderação de dois factores: Gravidade do facto.

Condição económica do Agente. NOTAS FINAIS:Na origem da criação do Ilícito de Mera Ordenação Social, está uma reacção contra a indiscriminada intervenção do Ilícito Penal.O Ilícito de Mera Ordenação Social fica marcado pela neutralidade ética das condutas.O Ilícito de Mera Ordenação Social surgiu em 1982, quando houve uma reforma penal de fundo, sendo, portanto, contemporâneo do Código Penal.O DL 483/82 inclui o regime geral das contraordenações e o regime processual geral. É em legislação especial que se vai definir o que é contraordenação. ILÍCITOS SEMELHANTES MAS DIFERENTES DO ILÍCITO DE MERA ORDENAÇÃO SOCIALIlícito Disciplinar- Ilícito que regula a sanção aplicada a comportamentos tidos por agentes com determinadas profissões. Em regra, aplica-se o modelo de ilícito penal. Aqui, o objectivo é aplicar medidas disciplinares que regulam o serviço público e não proteger bens jurídicos, o que o afasta do Ilícito Penal. Pode haver comulação de sanções. Não se viola o Princípio NE BIS IN IDEM, pois por um lado analisa-se o comportamento face à estrutura profissional em que o agente está inserido (ilícito Disciplinar), por outro analisa-se o comportamento face à responsabilidade face à sociedade em que o agente está inserido.O próprio Processo Penal contém sanções, como por exemplo a multa para o arguido que falta a julgamento. As sanções do processo penal são sempre multas e não coimas.  Quando se aplica a prisão preventiva não se está a aplicar um ilícito penal mas sim a aplicar o funcionamento das regras processuais previstas na Lei.   

Ilícito Civil O Ilícito Civil, ao contrário do Ilícito Penal, prevê sanções na sua fonte primordial, a lei, mas ao contrário do ilícito anterior, admite como fonte da sanção a Autonomia da Vontade, exemplo da Cláusula Penal.O Ilícito Civil admite sempre a desistência.O Ilícito Civil prevê, em determinados casos, a presunção de culpa.O Ilícito Civil prevê a Responsabilidade Objectiva, o Ilícito Penal não.No Ilícito Civil, prevê-se em alguns casos, a inversão do ónus da prova. No Ilícito Penal quem acusa, prova.A Responsabilidade Civil, é transmissível, a responsabilidade criminal não. TEORIA DA LEI PENALConduz aos princípios fundamentais do Direito Penal, mormente ao princípio da Legalidade.Momentos HistóricosSéc. XI e XII- Período VisigóticoPrimeiras manifestações do Direito penal. Já incluía de modernidade. Procurava o respeito à lei, tentando limitar o poder do rei de punir. Punia-se condutas que desrespeitavam a lei, de forma dolosa. Houve um período revolucionário em que reinou a justiça privada – Tempo dos duelos.

 Séc. XIII- Primeira DisnastiaTendência absolutista.Foram proibidas todas as formas de justiça privada.Tentativa de monopolizar o poder de punir.Tempo da crueldade das penas. OrdenaçõesNos Livros da Ordenações, todos eles tinham um livro dedicado ao Direito Penal, curiosamente em todos era o livro V. Criam-se ideias de Direito Penal e de Direito Processual Penal.Características:Arbitrariedade.Penas cruéis, transmissíveis.Impera o casuísmo.As penas variavam em função do estrato social do Agente. Sé. XVIII, 2.ª metade- LiberalismoSurge um movimento de codificação.Há uma primeira tentativa de Código penal, em 1789, durante o reinado de DONA MARIA, projecto esse de MELO FREIRE, que foi influenciado pelos ideais italianos de CESAR BECCARIA, um humanista.Ler: CESAR BECCARIA – “DOS DELITOS E DAS PENAS” 

O Direito Penal é pensado no conceito das finalidades das penas. Existe uma característica ressocializadora. “Toda a pena que não é necessária, é tirana”- CESAR BECCARIA. O projecto de MELO FREIRE não passou disso mesmo. Revolução LiberalA Constituição Liberal de 1822 inspira e orienta o Direito Penal. Introduz definitivamente o Princípio da Humanização das Penas, mantendo-se, no entanto, a pena de morte.Surgem:O Princípio da Igualdade das Penas.O Princípio da Necessidade das Penas.O Princípio da Proporcionalidade das Penas.O carácter pessoal da Responsabilidade Criminal.Em 1852, todos estes princípios têm acolhimento no Código penal de SALDANHA/ LEVI MARIA JORDÃO/ SILVA FERRÃO. Este é marcado pelas ideias de correccionismo. Foi abolida a pena de morte. Um ano depois os mesmos comentadores do Código, começam a querer alterá-lo, pois este “já nasceu velho”. Durou trinta anos.Em 1886 surge o novo Código Penal. Fim da Monarquia Primeira República Segunda República Estado NovoDestaca-se CAVALEIRO FERREIRA e EDUARDO CORREIA. 

1974- RevoluçãoEm 1976 surge a nova Constituição. EDUARDO CORREIA pega nos seus projectos antigos e faz o novo Código Penal.Traz para a primeira linha os bens jurídicos de natureza pessoal e patrimonial.Acolhe-se a culpa.Define-se os princípios e os fins do Direito penal e das penas, art.º 40.º CP.Hoje, o Direito Penal tem como instrumentos a Constituição da República Portuguesa e o Código Penal. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS INFLUENCIADORES DO DIREITO PENALPrincípio da Legalidade, art.º 29.º CRP. A partir dele se define os limites estritos da intervenção do Direito Penal.   24/11/2005PráticaFaltei.  25/11/2005TeóricaPrincípio da Legalidade e relevância no Direito Penal, art.º 29.º CRPObjectivo claro de limitar o poder de punir do EstadoDecorrências do Princípio da Legalidade retiradas do art.º 29.º CRPNão pode haver nem pena sem lei prévia e escrita.Irrectroactividade da Lei Penal.Proibição de interpretação extensiva[3].Proibição da analogia[4].Retroactividade das leis mais favoráveis ao agente.Matéria de competência exclusiva da Assembleia da República.Exigência de processo judicial.Princípio NE BIS IN IDEM. O Princípio da Legalidade remonta, na sua origem, ao séc. XVIII, surgindo com a Teoria do Estado, retirada do movimento liberal. O poder judicial está vinculado à lei e ao poder legislativo. Começa-se a construir também o Princípio da Culpa. Este Princípio da Legalidade foi sendo acolhido em algumas fontes, DUDH, séc. XVIII. Saiu ainda dos ecos da Revolução Francesa, Constituições Americanas e em todas as ordens jurídicas europeias, incluindo a portuguesa. Em 1933, na Constituição, reforçam-se estes princípios assim como em 1976, se acolhem princípios que limitam o poder do Estado e principalmente do Julgador. Os crimes passam a ter penas fixas. Impôs-se ao Juiz limites à interpretação da lei. Claramente se demarca o Princípio da Segurança Jurídica. Compete ao Julgador aplicar a lei e não fazer nova lei ou alterar a existente. Assim, não é possível ao Juiz aplicador integrar lacunas. Se não está previsto é porque o Legislador não quis. Pretende-se com isto conferir segurança aos cidadãos. A decorrência do Princípio da Legalidade no Direito penal assume características interessantes. Assim, começa-se por limitar, condicionar o Legislador, o que se faz em atenção ao Princípio da Legalidade, não o “deixando” fazer leis ambíguas. No Código Penal é feita uma tímida referência ao Princípio da Legalidade, art.º 1.º e art.º 2.º. Aqui estão presentes algumas decorrências do Princípio.Primeiro domínio onde se concretiza o Princípio da Legalidade

FontesLei, escrita, própria dos órgãos com legitimidade nesta matéria, lei formal e material, art.º 1.º CP e art.º 29.º CRP.Costume. Está necessariamente excluído como fonte de lei penal, o que se retira do art.º 29.º CRP. Apenas tem relevância no domínio das normas favoráveis (normas que estipulam factores de exclusão de ilicitude). Aqui, admite-se que o Costume funcione para as criar. Caso do poder de correcção dos pais em relação aos filhos.Jurisprudência. Não é fonte imediata. Tem importante papel no âmbito da interpretação das normas. A praxis criou uma realidade em que é quase fonte de Direito, caso também dos conceitos indeterminados, art.º 133.º CP.Doutrina. Não é fonte de Direito Penal. Tem um papel secundário, no tocante à metodologia do Direito Penal.Princípios Gerais de Direito Penal Internacional, art.º 29.º, n.º 2 CRP. Vai sendo construído por duas vias: Por Tratados, vide Tratado de Roma que instituiu o Tribunal Penal internacional, por força do art.º 8.º CRP e art.º 29.º, n.º 2 CRP. O agente pode ser criminalizado por um crime que a lei portuguesa não defina, mas esteja definido em Direito Internacional. Crimes típicos do Direito Internacional: Crimes contra a paz.Crimes de guerra.Crime contra a Humanidade Genocídio.   30/11/2005TeóricaNo art.º 29.º CRP, há uma vertente de garantia do Princípio da Legalidade que destaca o Princípio da Reserva de Lei, em sentido Formal e Material, art.º 165.º CRP. A lei autorizativa define os limites e o âmbito dessa autorização. Esta competência da Assembleia da República abrange a lei penal, a lei processual penal, a lei penal militar, as contraordenações e as amnistias. VÁRIAS DECORRÊNCIAS DO PRICÍPIO DA LEGALIDADE        EXIGÊNCIA DE LEI PRÉVIA. Concretiza-se no art.º 29.º, n.º 1 e 3 CRP. “NULLUM CRIMEN NULA POENA SINE LEGE” – Máxima fundamental do funcionamento do Princípio da Legalidade. “A lei penal existente é a magna carta do criminoso”. Há aqui um fundamento de segurança jurídica.        EXIGÊNCIA DE LEI EXPRESSA. A lei tem de ser certa e precisa. O legislador tem de criar uma norma que seja facilmente compreendida no seu conteúdo. Não pode haver normas vagas ou dúbias. Esta decorrência também se retira do n.º 3 do art.º 29.º CRP, “expressamente cominadas”. Neste âmbito suscita-se um problema com as Leis Penais em Branco, pois estas podem ser imprecisas. Estas contêm apenas parcialmente as condutas, pois os pressupostos de incriminação serão dados por outras normas, as normas integradoras. Exemplo de Norma Penal em Branco é o art.º 279.º, n.º 1 CP “em medida inadmissível” e ainda o seu n.º 3. Temos também o art.º 213.º, n.º 2, alínea c) CP. As Normas Penais em Branco têm a característica de remeter para outro tipo de normas, são normas incompletas. Recorremos a normas de carácter integrador, que são normas não penais, podendo ser administrativas, técnicas, etc. Podem ter valor superior, igual ou inferior à Lei. O recurso à Norma Penal em Branco tem como finalidade tornar a norma mais ágil. O que é importante para garantir o Princípio da legalidade é o legislador não delegar mais do que isto na norma integradora. A Norma Penal em Branco

remete parcialmente a sua concretização. O alargamento do Direito Penal a outras áreas vai fazendo com que cada vez mais haja que recorrer às Normas Penais em Branco, logo, tem de haver uma agilidade e flexibilidade das normas. Uma vez que precisam de outras normas, surgiram vozes criticas que disseram que as Normas Penais em Branco são inconstitucionais, pois:  Violam o Princípio da Legalidade e o Princípio da Tipicidade, pois não cumprem a descrição típica da norma.Violam o Princípio da Legalidade pois falta precisão às normas.Violam o Princípio da Legalidade na vertente da Reserva de Lei, pois a norma integradora pode ser inferior hierarquicamente à Lei.Comentários às criticas:o       Não se perde precisão nas normas, ganha-se precisão, pois as normas integradoras são técnicas, logo mais precisas.o       A CRP não exige, expressa ou tacitamente, a concentração na mesma norma de todos os pressupostos de incriminação.o       Nem sempre se remete para normas inferiores hierarquicamente, e nos casos em que se remete é a norma penal que estipula os pressupostos de incriminação. A conduta está descrita na norma penal, o que se remete é a descrição típica da conduta. As normas integradoras apenas vêm integrar a conduta típica, a norma penal é que diz o que é crime. Este é o limite da remissão da norma penal, pois está aqui em causa o Princípio da Unidade da Ordem Jurídica. A norma penal tem de ter os elementos essenciais integradores:o       Descrição concreta.o       Conduta que se proíbe.o       Bens que se protege.A norma penal tem de precisar para que norma é que remete.Germano Marques da Silva defende a inconstitucionalidade das Normas Penais em Branco, por não serem claras e precisas.  

Quanto ao Princípio da Reserva de Lei, ultrapassa-se a critica com a Teoria da Essencialidade. É a norma penal que define na essência o que é crime em concreto.Pressupostos:o       Comportamento.o       Bem jurídico tutelado.o       Sanção.o       Resultado típico.As Normas Penais em Branco estão sujeitas a vários requisitos:o       É necessário que contenha pressupostos de incriminação.o       É necessário que defina com rigor as normas para que remete.É necessário que as normas complementares devem funcionar como auxílio da definição dos comportamentos sujeitos a responsabilidade criminal.      Também surgem criticas aos conceitos indeterminados. Estes não podem ser de natureza ambígua nem ser pouco claros. Não se pode deixar espaço ao julgador para que seja ele a definir estes conceitos. O recurso a estes conceitos é por vezes indispensável, mas é desejável que o legislador recorra o menos possível a ele.        EXIGÊNCIA DE LEI ESTRITA. Tem de estar acautelada a separação de poderes. O julgador confina-se estritamente à lei, não cria a lei. O julgador não deve poder ir mais além da letra da lei. Não pode haver espaço à interpretação extensiva da lei, nem pode haver integração

de lacunas por analogia, art.º 1.º, n.º 3 CP. O intérprete está adstrito ao sentido estrito da lei. Esta limitação é também para o legislador. A norma tem de ser criada de forma a não ter várias interpretações.  02/12/2005Teórica        EXIGÊNCIA DE INTERVENÇÃO JUDICIAL. Ninguém pode ser acusado sem haver contra si, a correr, um processo em tribunal.        PROIBIÇÃO DA DUPLA CONDENAÇÃO PELO MESMO FACTO. Art.º 29.º CRP. Não se pode ser sujeito a julgamento, em dois processos, pelos mesmos factos, NE BIS IN IDEM. Aplica-se a processos crime, e a processos contraordenacionais. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENALO Princípio da Legalidade não se satisfaz com o definir dos limites da Lei Penal.Estende-se à interpretação dessa mesma Lei, começando pela criação desta. O legislador tem de saber determinar a norma, antecipadamente, para que o julgador se limite a interpretá-la. Há como que uma espiral hermenêutica.Por interpretar entende-se o verificar se a conduta do agente consubstancia um crime previsto. O legislador está também vinculado á linguagem jurídica existente.Pressupostos de Interpretação:Contextualizar o tipo incriminador. Ver em que capitulo está o crime previsto. A sistematização do Código penal apoia-se na teoria do Bem Jurídico. Há que ter em conta o bem jurídico tutelado, a conduta típica e o resultado do tipo. Há que ter em conta, ainda, o contexto intrasistemático.Enquadramento constitucional.Sentido histórico do crime, da questão gerada à volta do mesmo. TIPOS DE INTERPRETAÇÃO        INTERPRETAÇÃO DECLARATIVA        INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. O legislador disse mais do que aquilo que queria dizer. Numa primeira fase, foi proibida em Portugal. Hoje, a questão está ultrapassada, pois ao diminuir-se o campo da norma, está-se a diminuir o campo da punição.        INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. Atendendo ao espirito da Lei, ir mais além do que aquilo que o legislador disse. É diferente da analogia. Aqui, retira-se da norma expressa, através do espirito da lei, outro significado. Hoje, há que distinguir dois tipos de normas:  INCRIMINADORAS. Definem, fundamentam e agravam a aplicação da lei penal.FAVORÁVEIS. Diminuem ou excluem a responsabilidade do agente.Quanto às normas incriminadoras, apenas se admite uma interpretação declarativa ou no máximo, uma interpretação restritiva lacto sensu. Proíbe-se a analogia e a interpretação extensiva. Quanto às normas favoráveis, admite-se a interpretação declarativa, a extensiva e a analogia. (não vai contra o art.º 1.º, n.º 3 CP). A razão da admissibilidade é a mesma, não ampliar o campo da incriminação.Face ao caso concreto, não se pode interpretar extensivamente as normas incriminadoras. O julgador está “preso” ao sentido literal possível, das normas. Toda a interpretação que exceda o sentido literal deixa de ser interpretação a passa a ser criação de normas. Há uma fidelidade à lei, não se pode ir além da lei. Aplica-se o sentido inequívoco do cominado literalmente na lei. Há uma auto limitação do Estado aos preceitos constitucionais de interpretação das normas.Pistas de interpretação:1.      Perguntar qual o bem jurídico tutelado?

2.      Fazer uma interpretação literal da norma.  07/12/2005TeóricaINTEGRAÇÃO DE LACUNASO caso em causa não está previsto na norma. Art.º 10.º CC. No contexto do Direito Penal esta integração adquire um sentido próprio. Alguns autores entendem que não há lacunas no Direito Penal. Então qual é o âmbito de proibição do art.º 3.º CP?Não há dúvida que quando a analogia funciona contra o agente ela é proibida – Direito Penal a funcionar como sistema fechado. Está limitado ao que está previsto. Se a lei não precisa uma situação, o Juiz só tem de absolver. Já nas normas favoráveis, a Doutrina já vem dizendo que tal é possível.Âmbito de ProibiçãoNormas da Parte Especial.Proíbe-se a analogia e a interpretação extensiva no que disser respeito às condutas.Proíbe-se também na análise das consequências jurídicas da prática do facto.Proíbe-se também na norma penal em branco e na norma integradoraNormas da Parte GeralNas normas favoráveis já é possível recorrer à analogia. Tem-se entendido que todas as causas de exclusão de ilicitude pressupõem no elemento subjectivo e um elemento objectivo. Só para uma delas o Legislador dispôs um elemento subjectivo, art.º 38.º, n.º 4 CP. A Doutrina entende que esta norma deve de ser aplicada por analogia às outras causas de exclusão.Nas normas favoráveis proíbe-se a interpretação restritiva, sejam da parte geral ou da parte especial, admitindo-se a interpretação declarativa, a analogia e a extensiva.Alguns autores admitem que o art.º 132.º, n.º 2 na parte “entre outras” é inconstitucional porque abre a porta á interpretação por analogia.Tal não colhe porque o n.º 2 serve para orientar o Julgador, não deixando a este a escolha arbitrária do que é especial censurabilidade, logo, em vez de ferir o Princípio da Legalidade, ajuda a completar o Princípio. Não é feita analogia à norma incriminadora mas aos factos do tipo.As decorrências do Princípio da Legalidade estendem-se também às regras de aplicação da lei no tempo e no espaço.Aplicação da Lei no TempoSurge associada à aplicação sucessiva de Leis. 1                      2                      3                      41- Lei X2- Prática do crime3- Lei Y actualiza Lei X4- JulgamentoSe o julgador expressamente disser o que aconteceu e ao facto cometido no momento 2, está resolvido, se não art.º 29.º CRP.Para se ser punido é necessário que a Lei na altura da prática do facto diga que a conduta é crime. Pune-se o efeito ex nunc, não há retroactividade da lei penal no tempo, art.º 29.º, n.º 1 e 3 CRP.Art.º 29.º, n.º 4 CRP – Só há retroactividade para as normas mais favoráveis ao arguido.  08/12/2005Prática

Furto de Electricidade subsumível ao art.º 203.º CP, que aponta para o conceito de coisa do CC, art.º 202.º.Energia Coisa móvel alheia? (problema de interpretação)Energia Coisa corpórea?Temos de ir aos critérios interpretativos da “coisa energia”:Art.º 202.º CP: Dá vários conceitos mas não o de coisa. Nem sempre temos um diploma especial que nos dê as noções que o Código Penal utiliza. Por exemplo, o art.º 200.º, omissão de auxilio Desastre, calamidade?Os conceitos do CP devem de ser entendidos no sentido comum das palavras (na esfera normal do uso da palavra). Assim, a interpretação dos conceitos em DP deve ser em sentido comum do uso normal das palavras. Porém, se tal conceito for desenvolvido por outro ramo de Direito (exp.: Código Civil), então, para além do uso normal das palavras, deve-se ter em conta esses conceitos. (complementaridade).A actividade interpretativa invoca:Conceito/sentido normal das palavras.Conceito jurídico de outros ramos do Direito. Exemplos de furto de coisas:Quadro num Museu (domínio público), porém é também uma coisa móvel art.º 204.º, n.º 2, alínea d) – Furto Qualificado. Há consonância com o art.º 202.º CC e com o art.º 204.º CP?Um rim num Hospital para transplante, que é furtado. É uma coisa? Art.º 202.º CC? Não. Está for a do comércio e não cabe no conceito de coisa. Então não é punível? Então e o sentido comum das palavras?Energia/ Electricidade Desvio de cabos de electricidade. Coisa? Pode ser considerado crime de furto? É corpórea/ palpável? Art.º 203.º CP concretizado de forma ampla. A energia é quantificável, passível de ser controlada. Assim, a Jurisprudência considerou (bem como a Doutrina), na sua actividade interpretativa, que a energia pode ser considerada uma coisa (porque quantificável), podendo deste modo ser subsumível ao conceito de coisa furtada a que diz respeito o art.º 203.º CP, nomeadamente subsumível ao n.º 1 do artigo. Actividade interpretativa:Por vezes, o legislador dá-nos definições.Temos que interpretar à luz do uso normal das palavras.  14/12/2005Teórica (Prof.ª Sónia Reis)NULLA CRIME SINE LEGE PREVIAArt.º 29.º, n.º 1 CRP – Art.º 1 .º CP – Art.º 2.º, n.º 1 CP

Princípio da Irrectroactividade da Lei PenalNão há crime nem pena sem lei prévia à data do facto.O crime tem de estar tipificado em lei em vigor. A Lei Penal tem de estar em vigor na data da prática do facto, para dele ser acusado.A exigência vale para a previsão e para a estatuição do crime. Para além das penas, também as medidas de segurança são abarcadas por este Princípio. Von Lizt tentou transportar para o Direito Penal o Princípio da Legalidade Penal, defendendo a proibição da retroactividade desfavorável que seria a Magna Carta do arguido.Para a Teoria Absoluta a lei aplicável era a que vigorasse no momento da prática do facto, não havendo retroactividade favorável ou desfavorável.

A Teoria Relativa de Prevenção Especial defendia a retroactividade da lei penal mais favorável ao arguido. Os art.ºs 18.º e 29.º CRP assumem uma política criminal ético-preventiva numa dupla perspectiva:Bem Jurídico, art.º 18.º, n.º 1, 1.ª parte CRP.Ponto de vista da pena, art.º 18.º, n.º 2, 2.ª parte CRP – Carácter Preventivo. O critério do legislador constitucional e penal usado para aferir do momento da prática do facto é o critério do art.º 3.º CP, é o momento da prática da conduta. O Princípio da Lei Favorável pode-se estender para além da vigência formal da lei, ultra actividade, ou aquém, retroactividade. O art.º 29.º, n.º 1 CRP é amplo e claro. O Princípio da Legalidade abarca tudo o que diz respeito à vida da lei penal. O Princípio da Irrectroactividade da Lei Penal está consagrado no art.º 1.º CP, concretizando o art.º 29.º, n.º 1 CRP no CP, o mesmo acontecendo no art.º 2.º, n.º 1 CP.No n.º 2, 3 e 4 aparecem “flutuações” ao Princípio.No n.º 2 está elencada a entrada de uma nova lei em vigor que vem descriminalizar uma conduta anteriormente prevista como crime. Isto pode dar-se por mudança ético-axiológica da sociedade. Esta medida pode ser tomada pelo Juiz de Julgamento, no saneamento, art.º 311.º CPP. Se já foi condenado, cessa a condenação, o arguido é posto em liberdade.Se uma conduta que era crime for descriminalizada e o Diploma passar o facto que era crime a contra ordenação, poderá o agente ser condenado em Coima?Vigora em ambos o Princípio da Irrectroactividade da Lei, logo o agente não pode ser punido pelo crime nem pela contra ordenação, art.º 3.º DL 433/82. O n.º 3 do art.º 2.º CP aplica-se a leis temporárias ou leis de emergência.Lei Temporária. Vigora para um determinado período de tempo que ela própria define.Lei de Emergência – Não tem prazo definido. Vigora durante o prazo que a situação de emergência se verificar. AMÉRICO TAIPA DE CARVALHO – “Sucessão de Leis Penais no Tempo”, tem posição diferente da Doutrina. Para ele, só aqui encaixam as leis temporárias. Não admite as leis de emergência porque para ele, vigorando o Princípio da Legalidade, é necessário que as pessoas conheçam a lei, revelar-se-ia perigoso uma lei de que não se conhece o tempo de vigência. Quando a lei vigora por determinado tempo, não obsta a que este seja julgado por essa lei, que já cessou a sua vigência, pois estava em vigor à data da prática do facto. Não há flutuações da regra jurídica do Legislador. Aqui permite-se a ultractividade gravosa, porque há apenas uma alteração fática e não uma alteração político-criminal. Todas as condutas praticadas na vigência da lei temporária são punidas. No n.º 4 do art.º 2.º CP o facto continua a ser crime, só que vai verificar-se uma alteração legislativa que muda a responsabilidade jurídico-penal do agente.A alteração legislativa pode alterar a descrição do tipo, não só a sanção. Pode alterar a estatuição, previsão, pressupostos. Afere-se o regime concretamente mais favorável ao agente fixando-se a medida concreta da pena nos dois regimes, aplicando-se depois o que for mais favorável.Há uma aplicação retroactiva in mellius.O art.º 2.º, n.º 4 CP está de acordo com o art.º 29.º, n.º 4 CRP, logo é constitucional. Não há aqui uma excepção ao Princípio, pois está aqui um Princípio Geral Constitucional.

Para a Prof.ª FERNANDA PALMA, há a intangibilidade do caso julgado. Inconstitucionalidade.O fundamento da retroactividade in mellius é:Princípio da IgualdadePrincípio da Necessidade da PenaDaqui retira-se que o Princípio da Retroactividade da Lei Penal de Conteúdo Mais Favorável ao Arguido, art.º 4.º, n-.º 2 CRP surge como Princípio Geral de Direito e não como excepção ao Princípio da Irrectroactividade da Lei Penal, art.º 29.º, n.º 1 e 4 CRP.O TC já se pronunciou pela constitucionalidade da ressalva do n.º 4 do art.º 2.º CP.Argumentos a favor:A CRP refere arguidos logo não é condenados, interpretação técnico-jurídica literal.O STJ defende o Princípio da Irrevogabilidade da Lei Penal e o Princípio da Intangibilidade do Caso Julgado.Para FIGUEIREDO DIAS é necessário a razoabilidade na aplicação do art.º 29.º CRP. Era inexequível rever todas as sentenças.A CRP é de 1976, o CP é de 1986, logo o CP não tem normas inconstitucionais.Argumentos contra:O conceito de arguido está utilizado de forma pouco rigorosa no art.º 29.º CRP. A CRP, no art.º 282.º, n.º 3 utiliza-o de forma ampla.O caso julgado não é absolutamente intangível. O art.º 29.º, n.º 5 CRP coexiste com outros Princípios, nomeadamente o art.º 18.º, n.º 2 CRP. A intangibilidade não pode ser usada contra o arguido, ela existe para protegê-lo.As dificuldades da máquina judiciária não podem ser desculpa para uma “dualização” do arguido. Haverá uma violação do Princípio da Igualdade.No proc. 194/97, o Acórdão 02/11/1998 declarou a ressalva inconstitucional. Normas Processuais Penais Materiais – Condicionam a submissão a julgamento do arguido ou diminuem os DLG do arguido – Normas sobre prazos de prescrição, art.º 215.º CPP. 15/12/2005PráticaAcórdão de 08/02/1996Art.º 217.º – Art.º 10.ºA burla pratica-se por acção. A conduta descrita na norma é positiva. Este crime exige um resultado para que se considere consumado – Crime Material ou de Resultado.No caso do Acórdão, estamos perante um crime material pois houve um prejuízo material à empresa V Lda.O MP e o Assistente dizem que há burla por omissão, aplicando o art.º 217.º CP, conjugado com o art.º 10.º CP. Este estende a interpretação do art.º 217.º CP, permitindo a interpretação da regra geral do CP. Crimes ComissivosExigem resultado. São os crimes materiais ou de resultado. Podem ser praticados por acção ou omissão, art.º 10.º CP. Equipara-se a omissão à acção.O art.º 10.º CP é uma cláusula de extensão de tipicidade. Crimes de Execução VinculadaAo contrário dos crimes deForma, o Legislador especifica, descreve no tipo o modo como a conduta deve ser executada. Há um maior desvalor da acção. A lesão tem de ocorrer de forma muito particular, de um

desvalor muito particular da acção – Dr.ª FERNANDA PALMA, Dr. RUI PEREIRA, Acórdão em estudo.Pode-se aduzir mais três argumentos:A astúcia é sinónimo de ardil. É necessário a construção de uma realidade falsa, o que só se consegue por acção.O facto da palavra “aproveitamento” ter sido retirada do corpo do artigo implica que não se abrange a omissão.O Legislador quando quis referir-se à burla por omissão, expressamente o fez, art.º 220.º CP, pois o desvalor é menor. Klaus Roxin – OmissãoHá Doutrina e Jurisprudência que sustenta (ALMEIDA E COSTA, Conselheiro GONÇALVES DA COSTA) a Burla por Omissão.Argumentos a favor:A astúcia pode resultar do silêncio.Existe desvalor da acção nos comportamentos omissivos.  16/12/2005Teórica (Prof.ª Sónia Reis)Caso PráticoSupondo que Abel subtrai de um estabelecimento comercial uma coisa móvel alheia e para o fazer, Abel destruiu a fechadura desse estabelecimento comercial.Pode ou não imputar-se a Abel o crime de furto qualificado p. e p. no art.º 204.º, n.º 2, alínea e) CP?Preenche os elementos do tipo do art.º 203.º CP.Houve conduta dolosa e há nexo de causalidade. Há circunstãncia modificativa agravante do art.º 204.º, n.º 2, alínea e) CP.O art.º 204.º CP está numa relação de especialidade com o art.º 203.º CP, pois acrescenta-lhe algo mais, sem o contrariar.Para harmonizar o art.º 204.º, n.º 2, alínea e) CP quanto ao estabelecimento comercial, com o art.º 202.º, alínea d) CP, temos de ter em conta a versão actualista do art.º 204.º CP e o facto do art.º 202.º CP ter ficado na mesma, desde 1966. á uma interpretação declarativa, visto que o conceito casa não é interpretado para lá do seu significado.  04/01/2006TeóricaAplicação da LeiÂmbito de vigência Espacial da Lei Penal.A partir do Código Penal ficamos a saber se aplicamos a lei penal portuguesa ao caso concreto. Há um conjunto de regras a partir das quais se aplica a lei penal portuguesa. Princípio da TerritorialidadePrincípio básico.A lei penal portuguesa aplica-se aos factos ocorridos no território português.É complementado por outros princípios:Princípio da Nacionalidade – Quem ou contra quem o acto foi praticado.Princípio dos Interesses Nacionais.Princípio da Universalidade.Princípio da Administração Supletiva da Justiça.

 O Princípio da Territorialidade entende território nacional como Portugal Continental e ilhas.Razões desta regra:Harmonia internacional.Princípio da maior Proximidade. Torna-se necessário punir o facto no sítio onde foi praticado. Há que distinguir qual o lugar da prática do facto locus delicti.Forma do Estado proteger os seus interesses.Há um alargamento do território português na alínea b) do art.º 4.º CP, Princípio do pavilhão ou da Bandeira. Também se estende às Embaixadas e aos Consulados portugueses. O DL 254/03, de 18 de Setembro consagrou o alargamento de competência territorial da lei portuguesa a algumas aeronaves não registadas em Portugal, desde que alugadas por empresas portuguesas ou quando se trata de aeronave civil registada noutro Estado a fazer transportes comerciais, desde que a aterragem posterior ao facto seja em Portugal, desde que o comandante da aeronave entregue às autoridades portuguesas o agente.Esta extensão só se aplica a determinados tipos de crime.Este DL tipifica novos crimes:Crime contra a segurança de aeronaves.Desobediência a instruções dadas pela tripulação.Difusão de informação que provoque receio nos passageiros. Há uma conexão geográfica da lei penal portuguesa. Princípio da NacionalidadeObrigação que o Estado português assume, devido à conexão pela nacionalidade.Personalidade Activa – O agente é um português.Personalidade Passiva – A vitima é um português.A cidadania portuguesa afere-se pela lei da nacionalidade.Requisitos para aplicação da lei penal portuguesa, art.º 5.º, n.º 1, alínea c) CPQuem cometer o crime ser encontrado em Portugal.O crime ser punível pela legislação do país onde foi praticado, salvo quando nesse lugar não se exercer o poder punitivo.Admita extradição mas ela não poder ser concedida. ExtradiçãoPedido feito por um Estado a outro, de que lhe seja entregue um cidadão, para ser julgado nesse Estado.Não se admite extradição de cidadãos portugueses, art.º 33.º CRP.Não se admite extradição se esta envolver penas de morte ou prisão perpétua.A Lei 44/99 fixa as regras sobre a extradição.Admite-se extradição desde que:Seja crime em PortugalPena superior a um ano.Haja tratados bilaterais sobre a extradição.Se for para cumprir pena, desde que esta seja superior a quatro meses. Condições para Extraditar Cidadãos PortuguesesHaja acordo nesse sentido.Crime de terrorismo ou criminalidade organizada.O Estado que pede a extradição garanta um processo justo e equitativo.

O Estado que pede a extradição garanta que no fim do julgamento, o devolve a Portugal para cumprir cá a pena. A extradição é sempre negada:Quando o Estado não garantir justiça e equidade.Quando não haja acordos.Quando haja a possibilidade de pena de morte, prisão perpétua ou possibilidade de perigo da integridade física, se o país não garantir que as não aplica. Princípio dos Interesses NacionaisHá crimes que violam interesses nacionais.Estão em causa bens jurídicos portugueses fundamentais.Princípio da UniversalidadePodem estar em causa interesses, bens jurídicos, universais, logo, qualquer Estado deve julgá-los.Estão em causa bens jurídicos de interesse supranacional que carecem de protecção internacional, art.º 5.º, n.º 1, alínea b) CP. Para tal:O agente tem de ser encontrado em Portugal.Não pode haver lugar a extradição.Casos em que o estado português se tenha obrigado a intervir, art.º 5.º, n.º 2 CP. Princípio da Administração Supletiva da Justiça (Penal)Em causa está a ideia de preencher uma lacuna que tem que ver com a existência de impunidade nos casos em que Portugal não extradita por não poder e o agente poder ficar impune.O agente tem de estar em Portugal.O pedido de extradição tenha sido feito mas não possa ser cumprido. O nosso sistema estabelece um princípio base e desde que o facto seja praticado em Portugal, aplica-se sempre a lei penal portuguesa. Fora disso, aplica-se nas situações previstas no art.º 5.º CP.1.º – Vê-se se se aplica a lei portuguesa (vigência espacial).2.º – Vê-se qual a lei que se aplica (vigência temporal). Quando a lei penal portuguesa é competente por via dos princípios complementares já pode haver restrições à aplicação da lei penal portuguesa.Art.º 6.º CPN.º 1. Só se aplica a lei penal portuguesa se o agente não tiver sido julgado no país onde praticou o facto[5] ou se se furtou ao cumprimento da pena.N.º 2. Se a lei estrangeira se mostrar concretamente mais favorável ao agente[6], aplica-se a lei estrangeira.  06/01/2006Teórica (Alice)CONCURSO DE CRIMESReal ou EfectivoÉ o verdadeiro concurso de crimes no sentido em que o agente é punido por todos os que cometeu. Aparente

É por força de interpretação (é uma questão de interpretação). O Prof. EDUARDO CORREIA diz que o número de infracções se determina pelo número de acções. Se as normas tutelarem bens jurídicos distintos, logo são normas diferentes e estamos perante concurso real. Basta uma norma se forem todos iguais. É no momento de interpretação que se define se é concurso aparente. O Prof. Entende que não. Temos duas normas X e Y, em concurso.A conduta do agente integra-se nas duas normas. Neste comportamento, os factos integram mais do que uma norma.As normas estão todas preenchidas. Há vários tipos de concurso que como que estabelecem uma relação – São os tipos de crime potencialmente aplicáveis.Existem três tipos de concurso aparente:Relação de especialidade.Relação de subsidiariedade ExpressaImplícitaRelação de Consumação Relação de EspecialidadeTradicional relação entre a norma especial e a norma geral.Exemplos:Art.º 131.º CP (Geral) e art.º 132.º CP (Especial)Art.º 217.º CP (Burla) e art.º 218.º CP (Burla Qualificada)Há conexão entre os tipos de crime porque prevêem a mesma circunstância, mas acaba por prevalecer a norma especial. Relação de SubsidiariedadeDois tipos de crime em que um é subsidiário em relação ao outro. Só se aplica se o outro não se aplicar, porque o agente não preencheu os requisitos do outro.Existem duas formas:Subsidiariedade Expressa. A relação de subsidiariedade resulta expressamente de lei. É o próprio tipo de crime que diz que só se aplica se outro não se aplicar. Exemplo do art.º 152.º CP e art.º 150.º, n.º 2 CP “se pena mais grave lhe não…”.Subsidiariedade Implícita. Resulta de um raciocínio lógico de interpretação em que se o agente não puder ser responsabilizado por ambos os crimes, de acordo com o art.º 29.º – Princípio da Legalidade, vai prevalecer o mais grave. Exemplo: Se o agente tiver simultaneamente um crime de perigo e um crime de lesão ou um facto com dolo (conhecer, querer) e outro com negligência (foi descuidado), a responsabilidade por negligência é subsidiária da dolosa. Ainda o exemplo do autor, art.º 26.º CP (domina o facto) e do cúmplice, art.º 27.º CP, (não domina, tem só uma participação). Neste caso, a participação é subsidiária para a autoria. Prevalece sempre o facto mais grave. Exemplo, por fim da responsabilidade por acção e da responsabilidade por omissão. A responsabilidade por acção, art.º 10.º CP, é a forma mais grave de conduta, logo, a responsabilidade por omissão é subsidiária da responsabilidade por acção.  NOTA:Para ser punido por omissão é necessário que o agente tenha um dever de agir.  

11/01/2006TeóricaCONCURSO DE CRIMESConcurso Aparente ou Legal de NormasAssociado á proibição de uma condenação pelo mesmo facto. CONCUSSÃOSituações em que um dos crimes faz parte do outro. Um tipo de crime é de tal forma abrangente que integra o campo de aplicação do outro. Um tipo de crime consome a esfera de protecção do outro tipo de crime. O homicídio, regra geral, consome o crime de ofensas à integridade física. Podem ser bens jurídicos diferentes, desde que o bem jurídico também esteja abrangido pela norma abrangente.Pode haver dois tipos de concussão:Pura – Uma norma consome-se por outra de discrição mais abrangente.Impura – na eventualidade daquele tipo de crime mais abrangente ter uma moldura penal mais baixa. Neste caso, o tipo de crime mais abrangente consome o outro, mas a moldura penal do último consome a pena do crime mais abrangente. Situações PróximasRelações de AlternatividadeAs relações de alternatividade (EDUARDO CORREIA) são diferentes do Concurso.Vários tipos de crime virados para a tutela dos mesmos bens jurídicos, mas com várias formas de assegurar essa tutela. Há que ver onde o comportamento do agente se integra, afastando os outros tipos de crime. Factos Posteriores Não PuníveisDepois de ter praticado um crime, o agente pratica outro facto tipificado como crime, mas apenas para disfarçar o primeiro crime. Exemplo: Mata e atira o corpo ao rio. Há aqui ocultação de cadáver, que é crime, mas apenas para encobrir o primeiro crime de Homicídio. TÓPICOS ENFORMADORES DO DIREITO PENALLegalidade.Funcionalidade.Subjectividade.Bilateralidade.Complexidade. LEGALIDADELimite estratégico evolutivo do Direito Penal.        Proibição da analogia.        Proibição do uso de fontes, para além da lei.        Proibição da retroactividade da lei.        Não há crime sem LeiRegras criadas para o legislador. Cria normas precisas ou então dá critérios de interpretação. FUNCIONALIDADEOrientação teleológica do Direito Penal. No art.º 40.º CP assume as finalidades dos fins das penas: Socialização, Reintegração.O Direito Penal assume finalidades, o que controla a actuação do legislador e do julgador. SUBJECTIVIDADE

A natureza da justiça penal faz-se em função do agente, da sua atitude, comportamentos, vontade, etc.O Direito Penal é hoje claramente centrado no indivíduo. BILATERALIDADEA mais recente inovação do Direito Penal. Papel determinante da vitima no apurar da responsabilidade do agente. É relevante a vontade da vitima, daí que muitas vezes é necessário o impulso dado pela vitima, como por exemplo no caso dos maus tratos conjugais. A vítima pode pedir a suspensão do processo, apesar de ser crime público. Há um diálogo agente – vitima. COMPLEXIDADECada vez mais, hoje, a aplicação da justiça penal envolve um conjunto complexo de relações, que vai para além da aplicação da lei. Há que recorrer a outras ciências como a medicina, a biologia, etc., recurso esse feito por parte do julgador. TEORIA GERAL DA INFRACÇÃO OU DO FACTO PUNÍVEL Como é que se apura a responsabilidade criminal do agente?É preciso recorrer a um método científico!No facto que se pratica, é por aqui que se apura a responsabilidade.Atende-se ainda ao tipo de factos, à natureza dos factos.“Nula Crime Nula Pena Sine Leges”.Nos anos 30 do século passado, com VOLF, começou-se a abandonar o Direito Penal do autor. A culpa era centrada no agente e não no facto praticado. Hoje, actua-se em função do agente que evidenciou um facto. O Direito penal do autor é relevante, mas a intervenção do Direito Penal é despoletada pelo facto praticado pelo agente.A teoria da Infracção centra-se no facto punível e este é o crime. Há depois de atender a todo um conjunto de circunstâncias, papel da dogmática criminal. A Teoria da Infracção aponta os critérios para analisar o crime. Aponta caminhos para o julgador, dá o critério de orientação para se apurar o crime.Recorre-se ao conceito formal de crime.Fases para apreciação da conduta do agente:(Construção Doutrinal)Acção ou OmissãoTípicaIlícitaCulposaPunívelA finalidade da Teoria da Infracção é dar ao julgador um critério. Para lá chegar houve uma evolução, um longo caminho desenvolvido ao longo do séc. XX.As Escolas de estudo do Direito Penal tiveram um papel importante na Teoria da Infracção.:Escola ClássicaEscola NeoclássicaEscola FinalistaEscola Pós-FinalistaCaracterísticas comuns às três primeiras EscolasAnálise tripartida do crime, introduzida pela Escola ClássicaTipicidadeIlicitude

CulpaA evolução das Escolas não é crime. A Doutrina comum tradicional apenas distinguia elementos objectivos e subjectivos.STUBEL, no séc. XIX, introduz no pensamento do Direito Penal a distinção do ilícito face à responsabilidade pelo facto.LUND, no séc. XIX, faz um ensaio sobre a análise tripartida do crime: Tipicidade, Ilicitude, Culpa.IHERING procura desenvolver um conceito de ilicitude objectiva, traduzindo-o do Civil, onde o criou, para o Penal, numa 2.ª fase.  12/01/2006PráticaFaltei  13/01/2006TeóricaESCOLA CLÁSSICA OU MODERNA do conceito de crimeVON LIZT e BELLING como principais protagonistas do impulso dado por esta Escola.Traz para o crime a ideia de cientificidade. Elogia-se nesta Escola o rigor dos conceitos. Vê o crime numa dupla vertente objectiva e subjectiva, separando os elementos do crime.Objectivos – Tipicidade, Ilicitude.Subjectivos – Culpa.Analisa o crime nesta dupla vertente.Começa por desenvolver o conceito de acção para ver o que é e não é acção de relevância penal. Para eles, todos os movimentos que se materializam em movimento corpóreo é acção. Tudo se limita no crime a este momento.Criticas apontadas:Posso isolar todo o tipo de actos a um movimento perpétuo?Para eles o movimento perpétuo no crime de difamação é o falar., o abrir a boca. Então onde está o movimento perpétuo nos crimes por omissão? Não está, é visto à parte! É punida a falta de movimentos corpóreos.Tipicidade – A lei define os crimes, desde que objectivamente se pegue no facto a subsuma à lei é crime. Não entram momentos subjectivos.Se a conduta, objectivamente, prevista na lei então ela é ilícita. Então, o facto que é típico é ilícito. A ilicitude também é analisada puramente objectivamente. Se é típica, em princípio é ilícita, a menos que haja causas de exclusão de ilicitude. Consagram a legítima defesa, etc. A análise da ilicitude em cada caso concreto reconduz-se à tipicidade. A ilicitude é indiciada, conseguida pela negativa.O facto é típico se corresponder ao que está na lei.É ilícito se violar a lei no seu todo.A subjectividade concentra-se no conceito de culpa. Aqui não tem os elementos valorativos e subjectivos. A culpa assenta no facto do agente ter pretendido o crime. Integram como elementos da culpa o dolo e a negligência. Assim, a ilicitude é o lado externo da conduta e a culpa o lado interno. Os fins das penas são meramente retributivos.Posição actual face a esta Escola:De forma rigorosa, apresentou conceitos claros.Partiu de um momento tripartido para separar o momento objectivo do momento subjectivo.Critica-se o conceito de acção, demasiado débil.

Explicação débil dos crimes de omissão.Critica-se o conceito de tipicidade, puramente objectivo, que classifica por igual cortar para ferir e cortar para operar.Critica-se o conceito puramente formal de ilicitude. O acto é ilícito ou não é e não há gradação do conceito de ilicitude.Critica-se a culpa de forma vinculativa.Procuram ter do Direito penal um monismo típico das normas da natureza, que é redutora e ausente da lógica formal.A partir das críticas feitas, outras Escolas e outros autores se destacam. ESCOLA NEOCLÁSSICADesenvolveu-se das críticas feitas à Escola Clássica. Teve como nomes maiores FRANK, MEZZER e EDUARDO CORREIA, “pai” do actual Código Penal. É com eles que se chega à protecção dos bens jurídicos.Partem do conceito genérico de crime como os comportamentos que negam valores. Introduzem os fins, uma concepção valorativa.Introduzem conceitos valorativos ao conceito de acção.A actuação ou a não actuação do agente colidem com os valores que a ordem jurídica procura preservar. Assim, já se integra o conceito de acção e o de omissão.Acção como relevância social que as pessoas têm.A tipicidade deve de conter não só elementos objectivos. Propõem que haja elementos normativos referentes ao sujeito e ao objecto. Também a intenção do agente deve de ser utilizada o que é e o que não é crime. O tipo deixa de ser meramente descritivo de condutas e traz para o conceito de crime o de dano social.Quanto à ilicitude, é neste conceito que se deve de encontrar os fins do Direito Penal. Vão criar um conceito material de ilicitude. Este responde à ofensa material dos bens jurídicos fundamentais. A função e o limite do Direito Penal são a tutela dos bens jurídicos que se visa proteger.Importa saber o grau de lesão e não só se foi lesado. Importa a intensidade da lesão da lei que se infere da intensidade da lesão do bem jurídico.O facto para ser ilícito viola um bem jurídico.Para além das causas de exclusão, podem surgir outras.Criam a ponderação de interesses. Transformam o próprio tipo num tipo de ilícito.O carácter ilícito da conduta fica marcado pelos bens jurídicos violados e pela intensidade dessa lesão.Na culpa não contam só elementos subjectivos. Para os clássicos, a culpa era uma ideia psicológica. Aqui, a culpa assenta num juízo de censura. O agente agiu em desconformidade com a norma quando o podia ter feito em conformidade.Há a ideia de exigibilidade ao agente a par da censurabilidade. Assim, adopta situações que podem desculpar a conduta do agente.Dolo e negligência continuam a fazer parte do conceito de culpa, como a exigibilidade e a censurabilidade, introduzindo um pressuposto de culpa, como a capacidade de culpa, surgindo a inimputabilidade como falta de capacidade de culpa. Quem não tem capacidade de reconhecer a culpa não se pode exigir que se comporte de acordo com a norma, pois não tem capacidade de optar por agir ou não agir de acordo com a norma.  18/01/2006TeóricaCriticas:

Concepção filosófica. Radical distinção entre o mundo do ser e o mundo do dever ser, que não se coaduna com a realidade.A negação de valores pode não ser suficiente para abranger todas as condutas, nomeadamente as por omissão.Os crimes de perigo criam ameaça de lesão, não se chega a negar, pelo que não eram abarcados por esta Escola.Continuam a conservar o dolo integrado na culpa, quando este deve ser ponderado na tipicidade.Há um abandonar tendencial desta Escola ESCOLA FINALISTAPrincipais protagonistas: WELZER e KAUFFMAN.A Teoria da Infracção deve de ter natureza ontológica, qual a essência da acção do facto praticado. Há que nos centrar na realidade objectiva, no ser social.É uma visão distinta do Direito penal – Visão ética do Direito Penal.A reestruturação parte da reinterpretação do conceito de acção. Há um supra conceito de acção. Acção formal – O agente quando se envolve numa acção, ela é sempre determinada para algo. Há uma prévia determinação do agente. Há uma supra adequação do agente à parte causal. Quando empreende um comportamento, é tudo em vista de determinado fim. A acção penalmente relevante é aquela que o agente empreende visando um fim prévio, daí a natureza ontológica da acção.Há alteração nos conceitos, nomeadamente na tipicidade, que espelha a vontade do agente, logo integra elementos objectivos e subjectivos. Há uma deslocação do dolo da culpa para o tipo. O dolo é o elemento subjectivo geral do tipo. O dolo deve fazer parte da acção típica.“A tipicidade afere-se em função do dolo”.Em todo o tipo de crime se exige elementos subjectivos.Em sede de ilicitude, sem negar que o facto é ilícito quando nega bens jurídicos, este é pessoal. Entra o conceito do desvalor do facto. Este desvalor integra duas situações: Desvalor da acçãoDesvalor do resultado, pois este é contrário á ordem jurídica.O facto é desvalioso. Há que fazer um juízo sobre a falta social do agente. Este juízo pode ser maior ou menor, consoante o desvalor do facto seja maior ou menor.Nova forma de analisar a culpa: Culpa como valor normativo, dolo e negligência retirados da culpa.Só se vai censurar o agente se ele tiver consciência da ilicitude da acção. Ter consciência da ilicitude não faz parte do dolo, Ver art.º 16.º e 17.º CP.A culpa corresponde a um comportamento livre, pois só o comportamento livre pode ser censurado.Além da consciência da ilicitude, autonomiza-se a inimputabilidade como elemento de culpa.Criticas:Conceito de acção. Se a acção é comportamento para uma determinada finalidade, porque se pune o facto negligente?Se o agente quer uma finalidade e age de acordo com ela, o que se passa com o crime por omissão? KAUFFMAN diz que há uma teoria própria omissiva. ESCOLA PÓS-FINALISTAPrincipal protagonista: KLAUS ROXINCriticas à Escola Finalista:A concepção finalista faz com que tudo de concretize no momento da acção final, pelo que não há possibilidade de abranger a negligência.

Nos casos de comparticipação criminosa, como se responsabiliza todos? Como se fundamenta se a acção é só uma? Não se pode reduzir à mesma categoria todos os agentes!E o crime por omissão? As mesmas criticas.Podem optar por um conceito final de tipicidade em detrimento do conceito final de acção. Nem toda a acção é previamente determinada. Para saber se a acção é determinante é essencial saber se o agente entendeu todos os factos da acção.Para FIGUEIREDO DIAS o conceito final de acção é insuficiente para concretizar todas as acções passíveis de relevância criminal.+++Enquadramos o dolo como elemento da culpa mas o dolo é também elemento do tipo.Os autores contemporâneos tentam desviar-se do conceito de acção final, que tantas criticas sofreu na Escola Finalista.Mas, o que é a acção?A ACÇÃOConceito causal, na escola ClássicaConceito reconduzido à negação de valores, na Escola Neo-ClássicaConceito de transformação do mundo exterior, na Escola FinalistaConceito social de acção, eConceito negativo de acção eConceito pessoal de acção, na Escola Pós-FinalistaConceito Social de AcçãoDesenvolvido por VESSELS e IECHELT. A acção para ser penalmente relevante entende-se uma relação do agente com o meio que o rodeia. Resposta do agente perante uma acção com que se depara.Critica:Conceito pouco preciso e muito vago. Conceito Negativo de AcçãoA Acção corresponde a um não evitar uma produção de uma acção que se podia evitar.Critica:É mais um supra conceito de omissão do que de acção. Conceito Pessoal de AcçãoKlaus RoxinA acção é em primeiro lugar uma manifestação da personalidade do agente. As nossas actuações são impulsionadas por um animus do agente, manifestando a personalidade do mesmo. Há autores que põem em causa o facto de se ver se há uma acção e só depois ver a sua tipicidade. Procuram um conceito de acção para procurar a relevância negativa. Para HEZZBERG há actos que se devem de afastar. Insiste-se na ideia de analisar a acção antes da tipicidade. Sé há uma acção que seja logo afastada, pré-tipica.FIGUEIREDO DIAS censura que o conceito de acção não é autónomo, mas sim um elemento dos tipos de ilícito. Se se afasta a acção, afasta-se a tipicidade.Conceito de tipicidade abrangente. Muitos dos comportamentos humanos não devem ser valorados juridicamente.  Conceito de acção contemporâneo (construído por vários autores)Comportamento humano com relevância externa, que é dominável ou dominado pela vontade.

Só acções humanas.Meros pensamentos não têm relevância jurídica.A vontade a dominar ou a ser dominada.Há um conceito, uma limitação negativa.Este conceito traduz-se num facere e num non facere.Recupera-se um pouco a ideia de HERZZBERG, negativa.As acções não dominadas ou domináveis pela vontade, são destituídas de vontade humana.Desenvolvendo a omissão: No conceito abrangente de acção há dois tipos de omissão: Por acção.Por omissão.Na omissão pune-se o não evitar, o não agir.Só se é punido se houver obrigação de agir, o que nem sempre acontece, apesar de haver uma atitude de não agir.  19/01/2006PráticaCaso Prático 5Conduta – Art.º 140.º, n.º 2 CPResultado – X

 Resposta:Art.º 2.º, n.º 4 CP. À luz do art.º 3.º CP vigora o momento da prática da conduta.Atenção que pode não alterar só a pena.Há que ter em conta que há vontade divergente para a parte final do n.º 4 do art.º 2.º CP. A constitucionalidade da ressalva é sustentada pela intangibilidade da sentença, art.º 29.º, n.º 5 CP, o que iria bulir com a segurança jurídica.Art.º 282.º, n.º 3 CRP – Contraria a Doutrina que defende a constitucionalidade na ressalva do n.º 4.Neste caso, como se favorecia o arguido e uma vez que não se vislumbra que, no caso concreto, se poria em causa a segurança jurídica, deve-se sustentar a inconstitucionalidade da norma. As garantias constitucionais devem de ser sempre em prol do arguido. Proc. 194/97, Acórdão 02/12/1998 – Pronuncia pela inconstitucionalidade da ressalva do n.º 4 do art.º 2.º CP.Utiliza-se o Princípio da Máxima Restrição da Pena. Caso Prático 6Lugar da prática do facto, art.º 7.º CP.Critério da Ubiquidade, pois basta que o facto seja praticado ou o resultado ocorra no território português, para que se aplique o Princípio Geral do art.º 4.º CP. Para os Prof.s DIOGO LEITE DE CAMPOS e PAULO OTERO, a personalidade jurídica adquire-se na fecundação. Perguntas:Seria a sua resposta diferente caso o aborto na Holanda fosse punido como contra-ordenação?

Não, pois o facto tem de ser punido criminalmente, art.º 5.º, n.º 1, alínea c)  II CP, senão o art.º 6.º, n.º 2 CP esvaziava o anterior. Suponha agora que Abel se desloca a Espanha, em férias. Aí é barrado à entrada numa discoteca, de forma cordial. Irado, esmurra porteiro e seguranças. Abel é julgado e condenado em Espanha mas foge para Portugal, furtando-se ao cumprimento integral da pena a que havia sido julgado.Quid JurisArt.º 5.º, n.º 1, alínea c) e art.º 6.º, n.º 1 CP.

 O sentido comum das palavras do art.º 5.º, n.º 1, alínea c) I abarca o instituto da extradição. O Abel tem uma grande ambição que é a de ser Juiz. Como não gosta de estudar, admite que assistindo a muitas audiências, adquirirá conhecimento suficiente para julgar.Certo dia, quando assistia a uma audiência, vê que o Juiz faltou. Rapidamente, munido de uma beca, que a mãe havia costurado, Abel informa o oficial de justiça de que é o juiz Substituto do outro magistrado.Abel dá inicio à audiência de julgamento, devidamente trajado e tudo corre bem até que, já depois de proferida a sentença, chega o verdadeiro juiz.Que crimes cometeu Abel ao utilizar o traje próprio de função pública ao assumir ilicitamente a função de Juiz?  19/01/2006Prática (Adelaide)5) Verificar o momento da conduta, art.º 3.º CP. A nova conduta comparada com a vigente à data da conduta e verificar qual deles em concreto é mais favorável, art.º 2.º, n.º 4 CP.Não há alterações dos critérios de aplicação da pena, apenas a moldura penal foi alterada.Atendendo a que a sentença já havia transitado em julgado.O Princípio do Caso Julgado é absoluto, sob pena de gerar insegurança jurídica – não deve ser utilizado contra o arguido. O art.º 282.º, n.º 3 CRP abre uma excepção relativa à intangibilidade do caso julgado. Para FIGUEIREDO DIAS a ressalva é constitucional, art.º 2.º, n.º 4 CP, alega a inexiquibilidade de fazer de novo todo o processo. Como argumentos contra temos o processo espanhol que faz uma reavaliação dos processos sempre que há alteração de lei penal. Taipa de Carvalho – “Sucessão de leis penais”.Carlota Pizarro de Almeida – “Casos e materiais de Direito Penal”. Proc.º 194/97 – Acórdão de 02/12/1998.Natureza subsidiária.Beneficiar todas as pessoas sempre que haja uma alteração legislativa (tipificação ou alteração da moldura ou alteração dos critérios de aplicação das penas).Decorrente do Princípio da Máxima Restrição das Penas. Art.º 2.º, n.º 4 CP versus Art.º 29.º, n.º 4 CRP

 

6) Primeiro determinar o lugar da prática do facto, art.º 7.º CP.Critério da Ubiquidade. Lugar da condutaLugar do resultadoBasta que se verifique que um destes critérios se verifique em Portugal para que a lei penal portuguesa possa ser aplicada à luz do princípio da Territorialidade, art.º 4.º, alínea a) CP. Caso PráticoCondutaFazer abortar.Ingestão de substância abortiva.Para aplicação da alínea d) do art.º 5.º, n.º 1 CP, é necessário um posicionamento relativo ao momento em que se adquire personalidade jurídica e consequentemente a nacionalidade portuguesa. A Doutrina divide-se. 7) Para aplicação do art.º 6.º, n.º 2 CP era necessário que a conduta fosse punida criminalmente, visto que a medida de comparação feita ao caso concreto é feita através das penas. Ora os ilícitos de mera ordenação social são punidos com contra-ordenações.Logo não poderia ser aplicada a alínea c) do art.º 5.º, n.º 7 CP, mantendo-se a discussão ao nível da alínea d) do mesmo artigo. Caso PráticoAbel vai de férias para Espanha. Comete o crime de ofensas à integridade física. É condenado e julgado, tendo-lhe sido aplicado uma pena. Abel foge para Portugal, furtando-se ao cumprimento da pena.É possível a aplicação da lei portuguesa?Art.º 6.º, n.º 1 CP Se se verificar o mecanismo de extradição de um país estrangeiro para Portugal, considera-se o agente como tendo sido “encontrado” em Portugal, art.º 5.º, n.º 1, alínea c), linha I CP. Caso PráticoO Juiz AntónioAntónio quer ser Juiz. Como não gosta de estudar admite que assistindo a muitas audiências atingirá os seus intentos.Certo dia, apercebe-se que o Juiz faltou numa das audiências. Rapidamente, munido de uma beca, enviada pela mãe para se mascarar no Carnaval, António informa o oficial de justiça de que é o Juiz substituto do outro magistrado impossibilitado de comparecer. António dá inicio à audiência de julgamento e tudo corre bem até que, já depois de proferir a sentença, chega o verdadeiro Juiz.Que crimes cometeu o António ao utilizar um traje próprio de uma função de serviço público e ao assumir ilegitimamente a função de Juiz.  20/01/2006TeóricaA omissão traduz-se num non facere. Associado á omissão há um dever de agir que não foi praticado.Art.º 10.º CP – Contempla a omissão, consagra minimamente a ideia. Há três requisitos para se estar perante a omissão:

Dever jurídico de agir, art.º 10.º, n.º 2 CP. Mas de onde resulta essa obrigação de agir? De situações na fonte do dever de agir: LeiContrato. De um negócio jurídico (vigilância, lar de terceira idade)Dever de Ingerência (Se foi o agente que colocou a vitima em perigo)Omitida a acção devida. Não evitou o resultado perigoso ou lesivo.Possibilidade de agir, possibilidade jurídica, física.O comportamento por omissão comporta uma menor energia criminal, em termos de conduta esta é menos gravosa.Omissão Pura. Corresponde a determinadas situações em que a lei tipifica a omissão. A descrição típica é direccionada para o non facere. Tem estrutura do crime formal, a não actuação já é crime, independentemente do resultado, art.º 200.º; 250.º e 284.º, todos do CP.Omissão Impura. O agente, por não agir, deixou que certo resultado se produzisse. É um crime de resultado. Nestes casos a conduta está direccionada par a acção, art.º 131.º CP, com recurso ao art.º 10.º CP.A omissão impura corresponde sempre ao recurso ao art.º 10.º CP. Há dois requisitos adicionais:Produção do resultado, proveniente do não agir.Aquele que não agiu tinha o dever de agir.A equiparação provém duma equivalência ética.Hoje, a Doutrina identifica situações em que não obstante o agente não ter o dever de agir, é intolerável que não seja punido. Caso de quem não age e não deixa os outros agir. A Doutrina considera que há omissão por acção. Caso de quem inicia um processo causal de auxilio e depois interrompe ou de quem impede terceiro de agir. Há tipos de crime que pela sua conduta não implicam preenchimento por omissão (sequestro, violação). A diferença que se encontra na Doutrina centra-se no facto da acção ser extra-tipo ou se inserir na tipicidade (FIGUEIREDO DIAS). O Prof. Dr. FERNANDO SILVA perfilha a primeira corrente. TIPICIDADETipicidade existe quando um comportamento é considerado desvalioso pela ordem jurídica e sabemo-lo quando ele está descrito na lei como crime. Aqui tem papel fundamental a hermenêutica. Regra geral, os tipos de crime estão construídos por acção da conduta. Os crimes descrevem a conduta da autoria e dolosa. Os tipos de crime incluem elementos subjectivos e objectivos. O facto típico, em princípio é ilícito, podendo haver causas de exclusão de ilicitude.Estrutura do tipo: elementos objectivos e subjectivos.Há um elemento que tem a haver com a teleologia do Direito penal. Logo é fundamental identificar qual o bem jurídico protegido. Não confundir bem jurídico com objecto da acção. No homicídio o bem jurídico afectado é a vida, o objecto da acção é o cadáver. Os elementos do tipo do crime integram elementos descritivos e elementos normativos.Elementos Descritivos – dados reais, realidade anímica. O julgador lê em primeiro os dados da vida.Elementos Normativos – elementos cuja verificação pressupõe não já uma análise objectiva mas uma valoração (coisa móvel alheia).  25/01/2006TeóricaTIPICIDADEA responsabilidade criminal do agente pressupõe sempre a prática de um facto típico. A conduta do agente há-de corresponder a um tipo legal de crime.Estrutura do Tipo

Bem jurídico que não pode ser confundido com o objecto do crime.O bem jurídico é a vida, o objecto do crime é a vítima do crime.Hoje, identificamos nos tipos de crime elementos descritivos, factos da vida quotidiana e há que perceber e identificar estes elementos naturais e o animus, a motivação que levou o agente a actuar.Os elementos normativos carecem de uma valoração suplementar para se identificar como elemento normativo da norma.Temos então os elementos normativos e os elementos naturais.Temos sempre que percorrer este caminho para apurar a responsabilidade do agente:(Crime em sentido formal)Acção (penalmente relevante)Tipo Bem jurídicoElemento descritivoElemento normativoElementos objectivos Agente – Contra quem se apura o facto.Conduta – Elemento descritivo conduta enquadrado com o que a lei comina como crime.Resultado – Lesão[7].Nexo de Causalidade entre conduta e resultado[8].Elementos subjectivos Dolo – Pressupõe conduta voluntária ConhecerQuererNegligênciaElemento subjectivo especialIlícitoCulpaNa Doutrina, o conceito de tipo tem tido vários significados.O conceito pode ser mais restrito ou mais abrangente.Tipo de Garantia – Sentido mais amplo da palavra tipo. Facto punível. Integra todas as características analíticas do crime. Tipo legal de crime. Tem a totalidade dos pressupostos da punibilidade.Tipo Indiciador ou de Tipo Restrito – Tipo enquanto acção típica. Elementos objectivos mais elementos subjectivos. O comportamento do agente corresponde a um tipo de crime tipificado. A conduta integra os elementos objectivos e subjectivos.Tipo Intermédio – facto típico que não está abrangido por uma causa de ilicitude. O facto é típico e ilícito.Tipo de Ilícito (FIGUEIREDO DIAS) – Defende um supra conceito de tipo. Facto típico, ilícito, culposo. Conceito formal de crime.Tipo de Culpa – Por vezes para concluir que o tipo é enquadrado no conceito de crime, há que analisar a culpa.Relevante se torna ainda classificar os tipos de crimeCrimes de Resultado também classificados como Crimes Materiais. Pressupõem um resultado típico. É necessário que tenha ocorrido algo, Exp.: art.º 131.º CP e art.º 143.º CP.Crimes de Mera Actividade também classificados como Crimes Formais. O facto é típico com a mera acção ou a mera omissão. Produz um tipo de crime independentemente de haver ou não resultado. Preenche os elementos objectivos apenas com o agente e a conduta. Os crimes de omissão impura são crimes de mera actividade, art.º 284.º CP:Critério de classificação relacionado com o Agente

Crimes Gerais ou Comuns. São crimes em que não se exigem qualidades especiais para o agente. Normalmente começam com a expressão “Quem…”. Exp.: Art.º 131.º e art.º 143.º CP. Não se exige nenhuma qualidade.Crimes Específicos. O agente tem de preencher determinados requisitos, determinadas características, exp.: Art.º 136.º CP e a última secção do CP. Podem ser objecto de uma outra classificação: Sentido Próprio. Prevê-se apenas como crime para quem tiver essas características.Sentido Impróprio. Prevê-se a conduta do agente e também para outros agentes. Há responsabilização paralela. Infanticídio/Homicídio.Crimes Plurisubjectivos ou Crimes de Participação Necessária. A conduta típica envolve necessariamente vários agentes, exp.: Art.º 151.º, art.º 299.º CP.Crimes Unisubjectivos. Basta um agente para que a conduta típica esteja preenchida.Crimes de Mão Própria ou Crimes de Actuação Pessoal. Tem de ser cometido necessariamente pelo próprio agente. Este não pode agir por intermédio de outro. Exp.: Bigamia, art.º 295.º CP.Crimes de Encontro. Há determinados crimes que o agente comete com a colaboração do sujeito passivo, Exp.:art.º 172.º e art.º 175.º CP.Critério do bem jurídico violadoCrimes Complexos ou Pluriofensivos. É possível classificar a tutela de vários bens jurídicos, exp.: Violação, Roubo, art.º 140.º CP.Crimes Singulares. Protege-se apenas um bem jurídico, exp.: Homicídio.Outro CritérioCrimes de Dano ou Lesão. Sendo de resultado, o resultado é a lesão do bem jurídico.Crimes de Perigo. A lei sente a necessidade de alargar a protecção do bem jurídico, antecipando a lesão para momento anterior à efectiva lesão. Exp.: Poluição. Basta criar uma ameaça de lesão ao bem jurídico.Classificação anterior ao resultadoCrimes de Perigo Concreto. Pressupõe que em concreto haja um determinado bem jurídico que fica em perigo. É um crime de resultado em que o resultado é o perigo. Só há crime se se provar que o bem jurídico esteve em perigo, art.º 138.º CP. Permitem responsabilizar o agente que causou um perigo, uma ameaça de lesão ao bem jurídico. Os crimes de perigo concreto são materiais. É preciso autonomização.Crimes de Perigo Abstracto. O que está subjacente é que por uma análise apriorística, baseada em cientificidade, a mera conduta do agente é perigosa. O Legislador estabelece uma presunção, inilidível para certos autores, que o facto do agente actuar assim é perigoso, art.º 272.º CP. Em abstracto é perigoso. Aqui o elemento perigo não se autonomiza da conduta. Não é elemento do tipo mas está na própria conduta. Os crimes deste tipo são abstractamente perigosos, Doutrina que o Prof. Dr. FERNANDO SILVA não admite, dando espaço à prova por parte do agente, mas será uma probatio diabolica. Pode demonstrar que na sua conduta não há perigo. Há ainda uma terceira fórmula de crimes de perigo. SCHROEDER fala em crimes de empreendimento perigoso. Sem se chegar a exigir que o perigo se autonomize da conduta, não basta a simples conduta do agente. Esta tem de ter especial perigosidade. Crimes abstracto-concretos, art.º 135.º, art.º 151.º CP, crime de aptidão perigosa. Sempre houve grande discussão em torno dos crimes de perigo abstracto, nomeadamente em termos constitucionais, pois não há desvalor do resultado. Para outros a materialidade da conduta, o elemento desvalioso está no perigo criado.Crimes Praeterintencionais. O agente actua com uma determinada vontade e da sua conduta advém um resultado mais grave do que aquele que o agente queria. Há um determinado dolo mas verifica-se um resultado mais grave que lhe é atribuído a título de negligência, desde que seja proferido no mesmo objecto do crime, exp.: art.º 18.º; art.º 141.º e art.º 145.º CP. A existência desta distinção justifica-se pois o elemento determinante não é a culpa mas o dolo.

Crimes Agravados pelo Resultado. Temos um crime negligente agravado pelo resultado a titulo de negligência.  26/01/2006PráticaResposta ao Caso Prático “O Juiz Abel”A conduta do agente é subsumível ao n.º 1 e 2 do art.º 307.º CP e ao art.º 358.º, alínea b) CP.Ver a propósito tese de Doutoramento de EDUARDO CORREIA  e tese de Mestrado de DUARTE ALMEIDA.Aplica-se o art.º 307.º, n.º 2 CP, pois é especial em relação ao n.º 1 do mesmo artigo. No art.º 358.º Cp o campo de valoração da norma é mais lato do que no art.º 307.º CP, pois para lá do uso do traje há o exercício de uma profissão equivalente à utilização do traje.Está também preenchida a regra quantitativa. Estão preenchidas as duas regras, logo concusão pura. Logo, aplica-se a alínea b) do art.º 358.º CP.  Há concurso de crimes quando ao agente forem imputáveis vários tipos de crimes. Há concurso de normas quando ao agente forem imputáveis várias normas referentes a tipos de crime diferentes mas só se irá ser punido por um.Regras:Especialidade. A norma especial acrescenta mais elementos ao tipo de ilícito sem contrariar a norma geral.Subsidariedade. Uma das normas só se aplica quando a outra não se puder aplicar.Expressa.Tácita.Concusão. Uma norma consome a outra.Regra Axiológica. Campo de valoração.Regra Quantitativa. Moldura penal abstractamente aplicável.Pura.Impura. Concurso de CrimesIdeal. Uma única conduta lesa mais do que um bem jurídico.Homogéneo. Lesa o mesmo bem jurídico mais do que uma vez.Heterogéneo. Lesa mais do que um bem jurídico.Real. Várias condutas.Homogéneo.Heterogéneo. Caso Prático.Um alcoólico quase atropela uma pessoa numa passadeira.Aplica-se o art.º 291.º Cp. Pois há subsidariedade do art.º 292.º CP. Caso PráticoAbel convence Beto a matar Xixas. Abel traça todo o plano e executou-o juntamente com Beto, com a armas compradas por Abel.Art.º 131.º CPAbel:Instigador (Convence Beto).

Cúmplice (Traça o plano)Co-autorHá um Princípio em matéria constitucional que este artigo visa assegurar, o Princípio Ne Bis In Idem.Art.º 26.º, 3.ª proposição CP – Co-autor                    Autor – Tem o domínio do factoArt.º 26.º 4.ª proposição CP – InstigadorArt.º 27.º CP – Cúmplice                                            Participante – Não tem o domínio do facto. A participação (instigação, cumplicidade) é subsidiária da autoria.Esta regra que aqui está em causa é a regra da subsidiariedade implícita. Caso PráticoAbel, residente em Lisboa, desloca-se frequentemente à Roménia para celebrar contratos de trabalho com romenos. Em troca de um emprego na Construção Civil, bem como da livre entrada em Portugal e de uma residência para a família, Abel recebe de cada romeno €2500. U7ma vez chegados a Portugal, os romenos nunca conseguem contactar Abel que não cumpre as promessas. Por isto apresentam queixa contra Abel.1-      Podia Abel ser responsabilizado pelo art.º 217.º, art.º 218.º ou art.º 222.º CP. E como responsabilizaria, por todos, por dois, por nenhum ou apenas por um?2-      Suponha agora que os factos se passam em Novembro de 2004 e que essas condutas, nessa data, eram punidas na Roménia em pena de prisão até dois anos e que em 2005 a lei é alterada, passando a pena de prisão até seis anos. Sendo hoje julgado, em que era responsabilizado?3-      Imagine que em 1 de Dezembro de 2005, o governo português, em função do aumento de situações como a desccrita e do fluxo de emigrantes ilegais, resolve, por Decreto-Lei, que enquanto se verificasse a entrada abundante de emigrantes de leste, as condutas veriam agravadas a responsabilidade até sete anos. O mesmo Decreto-lei é revogado no dia 15 de Janeiro de 2006. tendo o Abel praticado os factos no dia 02 de Janeiro de 2006, como irá ser responsabilizado. 1-Art.º 5.º, alínea a), II      27/01/2006TeóricaCritérioCrime Privilegiado.Crime Agravado.Tanto o crime privilegiado como o crime agravado estão em relação à primeira norma como normas especiais.QualificaçãoCrimes Instantâneos. O crime esgota-se com a prática do facto.Crimes Duradouros ou de Execução Duradoura. A conduta do agente prolongou-se no tempo, bem como o efeito do acto, art.º 158.º CP – Sequestro. Não confundir crime duradouro com crime continuado. No crime duradouro o agente pratica um único crime que se prolonga no tempo, no crime continuado, o agente pratica várias vezes o crime.

Crimes de Intenção. Há crimes que para que estejam preenchidos exige-se uma especial intenção. O que caracteriza o facto punível é a intenção do agente. Não se exige que o resultado da intenção se verifique, daí que se chamem também Crimes de Resultado Parcial, art.º 217.º CP – Burla. Percurso do Crime (formas do Crime)TentativaConsumação Crimes de Forma Livre. São a maioria. No seu cometimento, o agente pode provocar de qualquer maneira, qualquer comportamento. É preciso é provocar o crime, art.º 131.º CP.Crimes de Forma Vinculada. A lei descreve o modo como a conduta deve de ser praticada, art.º 132.º, n.º 2, alínea c) CP. Vários Elementos do Tipo de CrimeAgenteCondutaResultadoNexo da Causalidade AgenteAquele que cometeu o facto típico que a lei refere.Tradicionalmente apenas as pessoas singulares são passíveis de procedimento criminal. SOCIETAS DELIQUERE NON POTEST. Não é reconhecido à sociedades a hipótese de cometimento de crimes. As pessoas colectivas não são reconhecidas como podendo cometer acções penalmente relevantes e estas não têm capacidade de acção.As penas são aplicáveis àquele indivíduo. Se as aplicarmos á pessoa colectiva, estas vão ser punidas por quem as constitui. Então, se elas cometerem crimes, quem se pune?Soluções:Remeter todas as suas acções para o sistema contra ordenacional ou para o ilícito civil.Outros autores defendem que se aplique medidas de segurança, como aos inimputáveis, ideia que se afasta.Responsabilizar quem está na direcção da pessoa colectiva. Mas esta solução levanta dificuldades para se encontrar quem deu a ordem.Autoria Mediata. Alguém actua por intermédio de outrem. Director que instrumentaliza a vontade da empresa á sua. Difícil de provar. Há muitos factos imputáveis às empresas, que são factos tipificados como crime.Hoje encontra-se nos vários ordenamentos jurídicos três modelos de responsabilidade das pessoas colectivas:Irresponsabilidade da Pessoa Colectiva. Vinculados ao modelo SOCIETAS DELINQUERE NON POTEST. Espanha, Alemanha, Itália.Responsabilidade pura e simples da Pessoa Colectiva. Equiparada á pessoa singular. Inglaterra, E.U.A., Colômbia. Fixam o Princípio da Equiparação, fixam a capacidade delituosa á pessoa colectiva.Princípio da Especialidade. Luxemburgo, Brasil. A pessoa colectiva tem carácter especial em certos domínios. Tem de estar consagrado na lei em causa. PORTUGALAté 1982 – Irresponsabilidade das pessoas colectivas.1982 – Art.º 11.º CP, Princípio da Especialidade

O Legislador por imperiosa necessidade político-criminal veio dizer que se justifica esta Especialidade.FIGUEIREDO DIAS afirma que o art.º 11.º CP diz que a responsabilidade das pessoas colectivas só existe em Direito Penal Secundário (fora do CP), o que está assumido no preâmbulo por imposição deste Professor.O Prof. FERNANDO SILVA não concorda e acha que o Prof. FIGUEIREDO DIAS entra em algumas contradições, nomeadamente em Ambiente.Alguns autores consideram inconstitucional a responsabilização dos entes colectivos, por virtude da culpa. O TC não vê objecção a isso, ressalvando que é no Direito Penal Secundário.Objecções:        Incapacidade para cometer acções penalmente relevantes. As decisões resultam da concertação da vontade dos administradores.        Personalidade das Penas. Podem persuadir as pessoas colectivas como fazem às pessoas singulares. Não existe só a prisão. Há multas, perca de regalias, bens confiscados, suspensão da actividade, todas formas de sancionar a Pessoa Colectiva.        Afectar inocentes na personalidade das Penas. Os actos das pessoas colectivas não são actos dos que os praticaram, art.º 12.º CP. Esses cumulam com os da pessoa singular. Se a pessoa colectiva pratica um acto, a pessoa singular também beneficia, logo, será inocente?        A Pessoa Colectiva é punida por actos de Outrem. Os Órgãos é que praticam os actos, estes são elementos de conexão entre a pessoa colectiva e o Mundo, fazem parte da pessoa colectiva, logo, não se está a punir terceiros.Pressupostos para haver Responsabilidade da Pessoa ColectivaDecisão tomada no âmbito da Pessoa Colectiva. Declaração tomada por quem representa a pessoa colectiva.Actuação realizada no interesse da pessoa colectiva.Infracção cometida no âmbito da actividade da pessoa colectiva.É preciso que tenha havido aproveitamento da estrutura da pessoa colectiva.Consoante:NaturezaGravidadeReiterada práticaA pessoa colectiva pode ser responsabilizada.  

[1] Estabelece-se entre a conduta e o resultado.[2] O conceito unitário de autor que tem uma base causalista.[3] Lei certa e precisa.[4] Lei certa e precisa.[5] Senão estamos perante uma violação do princípio NE BIS IN IDEM.[6] Por tratamento mais favorável não se deve olhar apenas para a moldura penal. Há outros factores a ter em conta, tais como: suspensão da pena, penas alternativas, etc.[7] Só exigível nos crimes de resultado.[8] Só exigível nos crimes de resultado.

DIREITO PENAL II

  1           CONTINUAÇÃO E CONCLUSÃO DO DIREITO PENAL I  POLÍTICA CRIMINAL

 Os 2 grandes vectores da politica criminal 

EficáciaPRINCIPIOS ACOPLANTES AOS 2 VECTORES:-Principio da legalidade-Culpa-Ressocialização-Garantia dos direitos fundamentais

Legitimidade(dignidade penal)

Normativa

Sociológica

 O direito penal deve ser encarado na sua globalidade, chamando-se nesta perspectiva política criminal. Esta perspectiva engloba o direito penal material, direito processual penal, a questão da psicologia e sociologia criminal. No fundo engloba todas as ciências paralelas que se relacionam com o ser humano. Aliás o nosso direito penal baseia-se nesta visão global que se chama politica criminal. A legitimidade sociológica define-se por ser uma consciência de censura da sociedade em relação a determinada conduta. Esta censura da comunidade delimita as condutas dignas de tutela penal. Não é o tirano que define a censurabilidade mas a sociedade consciente. Esta censura vai definir, por seu turno, os elementos estruturantes do crime como a culpa, a censurabilidade, e desagua na legitimidade normativa. A legitimidade normativa de nada vale se sociologicamente não houver consciência da censurabilidade da conduta. Exemplo: a legitimidade do direito penal. As normas penais europeias passam pela comissão e pelo conselho e apesar da presença de representantes de cada estado, alguns não são eleitos. De facto é lei. Mas será legítima? A estes 2 grandes vectores, para funcionarem, é-lhes necessário, os princípios como o princípio da legalidade o qual está ligado ao princípio da segurança jurídica, muito bem reflectido pelo Professor Canotilho. È um princípio jus constitucional mas também jus internacional. Emerge também daqui do princípio da jurisdicional idade. Não basta que haja consciência que o bem jurídico deva ser tutelado, é necessário que tenha relevo constitucional. Outro princípio é o da culpa. Outro é o da ressocialização. Outro é o da garantia dos direitos fundamentais. O grande fundamento do direito penal ou base axiológica é a paz social. È um direito que surge em oposição ao livre arbítrio do tirano. È um limite à intervenção do tirano ao “ius puniendi” face ao delinquente. Tutela bens jurídicos individuais e supra individuais. A norma penal deve conter equilíbrio que é imposto pela Constituição através do princípio da proporcionalidade. Deve conter o mínimo ético, e tem na verdade, sempre qualquer coisa de retribuição. Um autor português que segue a retribuição é o Professor Faria Costa. Os princípios que devem nortear o DP é a necessidade, proporcionalidade, adequabilidade, a eficácia, unicidade do direito, da especialidade, da consunção, e princípio da subsidiariedade expressa e tácita. O princípio da subsidiariedade na resolução dos conflitos expresso quando por exemplo o preceito diz o seguinte se norma ou pena mais grave não lhe couber. O art. 292/1 CP é disso exemplo. Se a conduta não for subsumível a pena mais grave por via de ser mais eficaz. O art. 31 do Decreto-Lei 15/93 (diploma da droga). Uma coisa é o abandono de seringas outra é afectação doutro bem jurídico através do abandono de seringas,

relacionado já com o dolo e negligência elementos subjectivos do tipo que iremos falar para a semana. Também existe a subsidiariedade tácita, que não está expressa na lei, mas da interpretação que se faz a norma jurídica é afastada porque existe outra à qual a conduta se subsume na sua totalidade (caso raro). O direito penal a curto prazo vai-se resumir ao bem jurídico vida e integridade física acrescido dos bens jurídicos supranacionais. Os restantes bens a tutelar serão consumidos por outros sectores do ordenamento jurídico. Nós temos do melhor direito penal do mundo, no entanto temos maus intérpretes, questão logo diferente. O conhecimento da dogmática penal é de extrema importância em sede de julgamento. 1.1         Tipicidade: elementos subjectivos do tipo1.2         Ilicitude1.3         Culpa1.4         Punibilidade 2           DIREITO PENAL II O direito, segundo o Prof. Faria Costa, é a relação entre o eu o outro e os outros e dessa interacção gera-se uma relação comunicacional, dela nasce os cuidados (acção ou desvalor) de perigo. A reacção contrária a essa relação comunicacional nasce o crime. O crime é um facto humano, embora se coloque o problema da responsabilidade das pessoas colectivas, face à reforma eminente da CP. No entanto, além de facto humano é necessário estar tipificado (tipo). em de haver o tipo objectivo e o tipo subjectivo. Só é crime aquele facto humano que estiver tipificado como crime na lei. Os tipos legais de crime representam modelos de comportamento, de um dado espaço ou território, e de um dado tempo. Exemplo: o crime de bigamia existe em Portugal, mas a cultura Islâmica assume-o. A questão levanta-se se um habitante de um desses países casado com 4 mulheres no País de origem, se devemos aplicar a lei do nosso País. Embora exista o princípio da respeitabilidade dos ordenamentos jurídicos estranhos, quando está em causa, por exemplo a vida, ou a integridade física, esse princípio é afastado. Nem com a interpretação extensiva nem com a analogia conseguiríamos tipificar algo como crime, se não houver tipificação na lei. O tipo é uma discrição abstracta de uma certa conduta que face à sua prática gera um desvalor, que pode ser de resultado ou de acção. Este desvalor subsume-se a uma figura do tipo legal, que é a cooptação de uma conduta humana da vida real a uma norma jurídica ou criminal. Quando não existe a subsunção da norma real à conduta humana falamos de direito penal simbólico ou de ficção. Relativamente à tipicidade releva a importância dos elementos do tipo objectivo e subjectivo. O tipo objectivo tem a ver com o nexo de causalidade, a acção/omissão, o resultado, enfim tudo aquilo que faz a discrição do tipo concretamente. A finalidade filosófica do tipo objectivo tem a ver com a delimitação, de recorte, da conduta criminalizáveis, não sendo líquido nos termos do art. 126 CPPenal de que aquilo que não é proibido é permitido. Assegura a segurança jurídica e limita a interpretação ao intérprete, não deixando lugar à previsão. Determina quais os comportamentos que são proibidos pela lei penal. O elemento subjectivo representa a vontade (teoria da voluntariedade do facto), tem a ver com comando intelectual ou comando volitivo. Além disso, para tipificar a conduta é necessário que o facto seja anti jurídico ou ilícito, formal e materialmente. Não basta que a norma exista simbolicamente é necessário que materialmente haja susceptibilidade de verificação daquela situação real, conexionada com o princípio da necessidade nos termos do art. 18/2 CRP. Ou seja o afastamento de uma situação em que formalmente estamos perante um tipo legal de crime em termos formais, sem dúvida, e materialmente não existe, existe violação o princípio da necessidade, imposto por força constitucional, havendo uma inconstitucionalidade material neste caso concreto. Mas é necessário uma causa de justificação para a ilicitude da conduta. Se houver uma causa de exclusão da conduta, mesmo que seja um facto humano, não existe lugar à ilicitude. Além disto é necessário que o facto seja censurável jurídico ou penal, censurável ético ou penal, ou culpável, que haja juízo de reprovação. A

comunidade tem de considerar aquela conduta de crime. È um dos argumentos para a despenalização do consumo de droga, em que a censura ético jurídica ou penal não se verificava, justificando-se apenas uma intervenção do Estado ao nível da prevenção. O direito penal deve ser a última intervenção, logo toda a conduta passível de censura, mas que não tenha dignidade penal deve ser tratada por outros sectores da ordem jurídica como o direito sancionatório administrativo ou outros. No entanto existem algumas tipificadas que aparentemente não apresentam dignidade penal, sendo no entanto carapaças do bem jurídico vida ou integridade física. Exemplo: art. 292 CP apresenta em primeira linha a defesa do bem jurídico a segurança rodoviária, apesar de por detrás estar em causa a vida e integridade física. Mas não basta que o facto seja humano, típico, ilícito e culposo, sendo necessário as condições de punibilidade. Por exemplo: um rapaz de 12 anos matou uma pessoa, é um facto humano, típico, ilícito, culposo mas não imputável. A questão da imputabilidade à luz do nosso ordenamento jurídico ou penal persegue o elemento biológico. No entanto a conduta é censurável, apesar da menoridade afastar tal elemento. Quando se fala em elementos do tipo gerais e fundamentalmente objectivos, existem os descritivos que dizem respeito à verificação sensorial, por exemplo ferir, matar subtrair. Elementos normativos que têm valor jurídico, por exemplo, um cheque ou um documento, escritura. Valoração cultural como por exemplo a honra, a reputação, pudor. Juízo cognitivo relacionado com a experiência de vida que cada um de nós tem, que influencia na questão final. Elementos negativos do tipo, como exemplo a falta de autorização para intervenção médica. Exemplo: art. 190 CP só é invasão de domicílio se não houver autorização. Relacionado com o não consentimento. Nos tipos legais de crime existem aqueles que são abertos, ou seja aqueles que têm uma situação incompleta e cujo comportamento tipo é aberto. A subsunção do comportamento à norma é feita pelo intérprete, do juiz que analisa a situação. Não confundir com as normas penais em branco. O intérprete pode retirar a subsunção do comportamento à norma no diploma legal, como pode auxiliar-se da Constituição. Exemplo: art. 32 do Decreto-Lei 2834 que fala em bens próprios relevantes para a economia nacional. Este artigo tem relacionado com crimes económicos surge numa altura em o País (1978) carecia de bens essenciais para o consumo, e tinha de haver uma forma específica para travar o açambarcamento, e o Direito Penal teve de intervir. Actualmente essa situação não se coloca no que concerne a bens essenciais para a vida, mas pode acontecer, por exemplo, um Banco decidir que as casas que hipotecou e executou em vez de as pôr em hasta pública decide arrasá-las. Logo este artigo pode ser aplicado ainda hoje embora com interpretação diferente, sendo por isso do tipo de aberto. O tipo tem de ser preenchido pelo intérprete. Existe penalistas que defendem esta tipificação criminal sendo felizmente posições minoritárias, porque esta actuação colide com o princípio da segurança jurídica. Esta questão é importante também no plano da extraterritorialidade do DP porque o Juiz dum País do espaço Europeu que recebe um mandato não tem de se preocupar se é crime ou não, desde que afastados os pressupostos da dupla incriminação. Pode ser crime na Alemanha, por exemplo, e não ser em Portugal. A tipificação destes crimes, segundo algumas posições, deveria ser de tipo aberto permitindo a cooperação jurídica Internacional em matéria penal, outras posições referiam que quem vai delimitar a tipificação do crime deve estar na lei e deve ser o legislador. A orientação actual é criar tipos de crime fechados e não tipo aberto, porque traz problemas afectando o princípio da legalidade. Ou seja que todos os elementos subjectivos ou objectivos estejam perfeitamente delimitados na lei. Não pode ser deixado ao intérprete, por exemplo, a possibilidade de decidir se estamos perante um crime doloso ou negligente. Também neste caso concreto da tipificação do crime tipo fechado vai permitir saber qual é o tipo incriminador e quais as situações em que o tipo é permissivo ou o próprio tipo de culpa. Outra situação relacionada com a classificação dos crimes e do art. 10 CP tem a ver com o tipo causal. Tem como base uma conduta que vai gerar outra. Depois existe o tipo modal em que para o preenchimento de um tipo legal de crime impõem-se que naquele caso concreto se verifique uma situação ilegal. È necessário que se verifique um determinado pressuposto para que o

crime seja preenchido. A burla por exemplo em que o indivíduo utiliza uma certa artimanha para conseguir enganar terceiro. O caso da própria ameaça ou coacção. São casos em que se verifica um pressuposto material, uma acção atitude ou actividade subjectiva que vai preencher o tipo. Nestes casos não é admissível a comissão por omissão, porque existe um pressuposto de existir um meio para que o tipo de crime seja preenchido para que a conduta traga a lesão ao bem jurídico não faz sentido a omissão. A função da tipicidade (tipo) tem uma certa função uma delas tem a função de garantia por imposição do principio da legalidade por um lado, por imposição do principio da tipicidade, por imposição do principio da irretroactividade da lei penal. Esta garantia promove a indiciação de que aquela conduta é ilícita. Mas é apenas é uma função indiciadora, embora se possa verificar situações de justificação ou circunstâncias que afastem a ilicitude. Quanto à classificação dos crimes podemos referir os crimes gerais ou comuns. O crime geral é aquele que tem a ver com a indeterminabilidade do agente do crime e essa indefinição tem a ver com o facto da norma começar pela palavra “quem”. Sempre que comece por “quem” estamos perante um crime geral ou comum. Existem os crimes especiais (mão própria) ou crimes que não estão no CP por força do art. 8 CP que estão em legislação avulsa como o terrorismo. Os crimes comissivos são aqueles que apresentam numa acção em sentido estrito. Os omissivos tem a ver com a proibição do não fazer. È uma proibição de não fazer. Exemplo: falta da pensão de alimentos. Ou omissão de denúncia. Ou os elementos policiais têm conhecimento de um crime e nada fazem. Os crimes omissivos próprios são aqueles a omissão de auxílio. Existe também os crimes omissivos impróprios que advém do art. 10 CP. A responsabilidade pode ser uma acção ou omissão. Tem de se revelar adequada. Quando se fala em acção em direito penal pode ser um comportamento positivo ou acção da omissão que é um comportamento negativo. Muitos dos nossos tipos de crimes legais seguem a teoria causal em que a acção é a causa daquele resultado ou lesão. È aquela mais adequada ao mundo real. A omissão tem a ver com a abstenção de uma certa conduta que era exigível no caso concreto e que se exigia e o agente podia praticá-la. A omissão impura representa os crimes omissivos próprios. A omissão pura no âmbito dos crimes de mera conduta ou de abstenção de agir nos termos do art. 200 ou 245 CP. Não é necessário que se verifique o resultado para que o tipo legal de crime esteja cumprido ou esteja preenchido. Basta a conduta. A omissão impura é difícil de conceptualizar e a doutrina não é consensual. Tem a ver com situações em que se impõem ao agente uma determinada conduta para evitar o resultado mas esse agente não tem essa conduta e a lesão ou perigo de lesão acontece. No fundo podemos comparar a acção à omissão. Os tipos de crimes modais não admitem a omissão, porque se impõe a utilização do meio. O dever de agir nos termos do art. 10/2 CP pode estar relacionado com a função que a pessoa desenvolve, por exemplo, um nadador salvador. A questão mais complicada são as pessoas que estão na praia e sabiam nadar. A fonte do dever de agir, segundo o Professor Faria Costa, como critério legal, nos termos do art. 402 CC das obrigações naturais, quando se funda no mero dever. Ele tenta encontrar aqui o critério legal. Mas não nos podemos esquecer que a obrigação natural não é passível de acção judicial. E direito penal de nada tem de moral. Apenas tem um mínimo ético. Quando estamos a falar do dever de agir de pessoas com determinadas funções falamos de crimes próprios. Há que ter em conta também, na omissão, relativamente ao dever de agir, as pessoas relacionadas coma vitima, como por exemplo suma situação onde esteja envolvido pais e filhos, ou relações especiais com a vítima. Resumindo: o dever de agir tem de haver um dever jurídico e não um dever natural ou moral tem de se inferir da lei esse dever jurídico e não da moralidade, a lei tem de ser a fonte e também tem de obedecer ao princípio da legalidade. Não basta que a omissão da conduta seja adequada à produção daquele resultado, tem de haver mais elementos. Qualidade, função e a relação do agente. AULA PRÁTICA 1 

 Revisões de tipicidade objectiva. Resolução de um caso prático.Elementos que compõem estruturalmente o tipo objectivo. A categoria analítica do tipo ou tipicidade em sentido restrito, dado que existem várias acepções onde podemos utilizar a palavra tipo, aqui referimo-nos ao tipo restrito. Estas acepções são uma conquista de da teoria finalista da infracção criminal, onde se distinguiu a tipicidade como constante dos elementos objectivos e subjectivos. A tipicidade tem na sua estrutura elementos de duas naturezas, os objectivos que existem independentemente de qualquer representação que o agente deles possa fazer e os elementos subjectivos são aqueles que postulam já uma representação mental por parte do agente na exteriorização nas suas actuações. Na análise estrutural de um tipo podemos encontrar por um lado elementos objectivos e elementos subjectivos. Dentro dos elementos objectivos encontramos no tipo normalmente a referencia ao agente ou autor do crime, em muitos casos dados pela palavra “quem”. Exemplo: crimes gerais ou comuns que começam pela palavra “quem”. Significa que qualquer pessoa pode ser autora desses crimes, embora exista tipos enganadores que começam por “quem” e depois da leitura do tipo vemos que esse “quem” está investido na titularidade de determinado dever jurídico ou uma determinada posição de garante e que acaba por ser um crime especial. Temos, além do agente, a conduta que algumas pessoas designam por acção típica. Temos também nos crimes de resultado ou crimes materiais o próprio resultado e nos crimes materiais ou de resultado temos um elemento objectivo do tipo que é o nexo de causalidade. Encontramos também uma referência ao bem jurídico que são tutelados pela norma incriminadora que se distingue do chamado objecto, do facto ou da acção penalmente relevante. Podemos ter também nalguns crimes que enquanto elementos objectivos determinadas circunstancias que umas vezes caracterizam a conduta do agente outra vezes a finalidade ou motivação mas os elementos objectivos do tipo são normalmente o agente a conduta, nos crimes materiais o resultado e o nexo de causalidade. Estas circunstancias podem ter um efeito catalizador na conduta do agente. Podem ser agravantes ou atenuantes ou nenhuma delas por fazerem parte do próprio tipo incriminador. Evidentemente por detrás de cada tipo de crime existiu sempre a tentação do legislador tentar proteger um ou mais bens jurídicos fundamentais, e o bem jurídico não se confunde com a conduta penalmente relevante. Quanto aos elementos subjectivos a partir de uma análise pós-finalista da teoria geral da infracção criminal a grande conquista dos finalistas face aos antecedentes clássicos e neo-clássica foi ter passado ou deslocado o dolo que estava inserido em sede de culpa para a própria tipicidade. Os crimes dolosos enquanto elemento subjectivo geral nós temos o dolo, e para além de elemento subjectivo geral podemos ter também elementos subjectivos especiais ou específicos. Por exemplo especiais intenções, como acontece no crime de furto, ou no crime de burla com especial intenção de enriquecimento sem causa, ou na devassa da vida privada com especial intenção de devassar a intimidade da vida privada. Agora vamos pegar num tipo de crime e fazer a análise do tipo. Do tipo objectivo sendo certo que neste momento não entramos na análise dos elementos subjectivos do dolo. O art. 131 CP que tipifica o crime de homicídio e vamos ler a norma que refere quem matar outra pessoa é punido com pena de prisão de 8 a 16 anos. Vamos verificar que o interesse ou valor ou o bem jurídico fundamental que o legislador quis proteger foi a vida humana. A palavra “quem” refere-se ao agente ao autor aquele que adopta a conduta típica descrita no preceito incriminador. Refere-se a um elemento objectivo do tipo que é o agente. A palavra “matar” na norma é a acção ou a conduta tipificada na lei como criminosa, logo temos que a conduta ou acção típica no crime de homicídio enquanto elemento objectivo é matar. “outra pessoa” e não um caracol, por exemplo, o objecto do facto ou da acção penalmente relevante é “outra pessoa”. O bem jurídico distingue-se da acção penalmente relevante na medida em que o bem jurídico é um valor de ordem ideal, o objecto do facto ou da acção penalmente relevante é o “quid” da acção penalmente relevante. Por exemplo no crime de ofensas à integridade física simples nos termos do art. 143 CP onde se diz “ o corpo ou a saúde de outra pessoa” sabemos

que o bem jurídico foi a integridade física e o objecto foi outra pessoa. Exemplo: António deu um soco a Bento no lábio provocando-lhe sangue. O bem jurídico foi a integridade física e o objecto da acção penalmente relevante foi o corpo de Bento. Por exemplo: num crime de furto nos termos do art. 203 CP, António furta a carteira de Bernardo, o bem jurídico predominantemente lesado com a conduta de António foi um bem jurídico de natureza patrimonial (a propriedade) o objecto do facto ou da acção penalmente relevante onde incidiu a acção criminal do agente foi a carteira (coisa móvel alheia). Normalmente ao fazermos uma interpretação teleológica é que deduzimos quais os bens jurídicos que o legislador quis tutelar, sendo certo que, por regra, o bem jurídico nunca vem expresso, mas tem de existir sempre e tem de estar conexionada. Retomando o art. 131 CO, o homicídio trata de um crime material, de resultado, só está formalmente consumado quando, para além da adopção por parte do agente da conduta típica que é matar pode-se destacar ontologicamente como diferenciação um determinado evento. Que da conduta de matar resulte a morte. Porque sem morte não existe crime de homicídio. Podemos ter tentativa de homicídio mas a consumação não temos. O resultado típico é a morte. Nos crimes materiais ou de resultado para podermos imputar objectivamente o resultado à conduta empreendida pelo agente. Independentemente do processo utilizado, que não vem descrito na norma. Tanto posso matar uma pessoa dando-lhe um tiro como empurrando de um precipício etc.. todas estão aptas a produzir o resultado típico morte. Mas se tivéssemos por exemplo que o homicídio só se dava com uma facada no coração, tínhamos um tipo de crime de realização vinculada em que o nexo causal seria feito através de uma conduta que consistisse matar a vitima apunhalando-a no coração e nesta situação é modal ou causal. Existe referência escrita neste art. 131 CP a todos elementos objectivos, no entanto não existe referencia ao nexo de causalidade que é um elemento do tipo objectivo que existe e tem de existir sempre no chamado crimes materiais ou de resultado. O nexo de causalidade é o elemento que nos vai permitir imputar um determinado evento a uma conduta empreendida por determinado agente. Exemplo: observamos uma pessoa a cair inanimada no chão na rua. Podemos dizer que verificou-se um resultado de morte, um objecto de facto outra pessoa, mas já não faz sentido responsabilizar-me do ponto de vista objectivo por aquela morte. Porque é necessário que se possa imputar um determinado evento a uma determinada conduta é necessário que se verifique um nexo de causalidade entre o comportamento ou conduta do agente e a verificação do evento para o respectivo resultado. Portanto, em norma, os crimes materiais de resultado é um elemento objectivo do tipo mas é um elemento não escrito. Apenas é um elemento escrito do tipo quando nos crimes materiais ou de resultado eles são ou modais ou de realização vinculada tal qual o exemplo da facada no coração. Aqui o nexo causal, o processo que leva À produção do evento típico ao resultado de morte é um processo causal que consiste em espetar uma faca no coração de outrem. Nestes casos é que surge como elemento escrito do tipo. Da estrutura do crime fazem também parte elementos descritivos, normativos do tipo. Quem pela primeira vez chamou a atenção que os tipos não eram puramente descritivos, como pretendiam os clássicos foram os neo-clássicos, contributo importante para a teoria da tipicidade. Os elementos descritivos são aqueles do tipo que descrevendo o comportamento humano tipificado na lei como crime, que para a cabal compreensão e interpretação não postulam por parte do intérprete a necessidade de recorrer à valoração suplementar dada por uma norma. Exemplo: se olharmos para o tipo do art. 131 CP quem, toda a gente sabe quem é uma pessoa, morte, matar, não existe no ordenamento jurídico uma norma que venha definir esses mesmos conceitos. Por vezes utiliza-se para além dos elementos descritivos elementos normativos do tipo que são, para cabal interpretação, o intérprete necessita de recorrer uma valoração suplementar que é feita a partir de uma outra norma do sistema. Ou seja, para o intérprete apreender o seu significado precisa de ter em mente uma outra norma que lhe dá conteúdo valorativo. Por exemplo: art. 203 “coisa móvel alheia” é o objecto de facto é já um elemento normativo do tipo porque os leigos o que é uma coisa eles naturalmente respondem que é uma mesa, ou casaco. Mas nos termos do art. 202 CC existe a

noção de coisa jus civilista, por isso também os animais são coisas para o direito. Portanto o intérprete da norma penal quando o legislador descreve o crime de furto utiliza elementos descritivos mas utiliza também elementos normativos como coisa móvel alheia. Por exemplo o crime de bigamia também contém para além de elementos descritivos, elementos normativos como o casamento. Logo na estrutura do tipo encontramos elementos escritos e não escritos. Nos crimes materiais ou de resultado que sejam crimes de forma livre e não crimes modais ou de realização vinculada o nexo de causalidade é um elemento não escrito do tipo assim como o bem jurídico também não aparece no tipo porque é descoberto através de uma interpretação teleológica. No âmbito das omissões impuras (ou impróprias) que encontram assento no art. 10 CP e que curiosamente são crimes de resultado há também um elemento do tipo não escrito que é a posição de garante ou o dever jurídico que obriga o omitente a evitar a produção do resultado. Assim pode haver, por exemplo, crime de homicídio por dar um tiro na cabeça de alguém, como pode haver crime de homicídio por omissão, quando e apenas, nos termos do art. 10/2 CP sobre o omitente impendesse ou caísse um dever jurídico que pessoalmente o obrigasse a evitar a produção do resultado, neste caso o resultado de morte. As fontes do dever de garante podem ser a lei, o contrato e outros. Exemplo: os pais têm o dever de zelar pelo bem estar dos filhos. Imaginem que um Pai foi dar banho a uma criança, e a banheira ficou muito cheia, e reparou que a criança se estava a afogar e o Pai ficou a ver o filho a afogar-se e nada fez para evitar que o filho se afogasse. Aqui o Pai pode ser responsabilizado por crime de homicídio por omissão por força das disposições conjugadas do art. 131 CP e do art. 10/1/2 CP porque sobre o Pai impendia um dever jurídico que pessoalmente o obrigava a evitar a produção do resultado morte. A fonte desse dever jurídico resulta da própria lei. A posição de garante ou dever de garante é um elemento do tipo para a comissão por omissão impura que não está escrito no tipo. Pela conjugação da norma art. 10/2 CP e 131. Não se encontra referencia a uma ama que por omissão impura acaba por contribuir para o resultado de morte do bebé. A imputação objectiva poder-se-á estudar a partir desta hipótese: A é um individuo por natureza distraído, vem a atravessar a rua e não repara que vem a toda a velocidade uma ambulância e não repara na eminência que vai ser atropelado. B, colega de A repara, e para que A não seja atropelado dá-lhe um safanão que A por força do empurrão e rasgou as calças e feriu o joelho. Emergiu estes eventos a destruição das calças de A e o ferimento do joelho. Vamos analisar a responsabilidade jurídica de B: a metodologia para resolução de casos práticos que serve para qualquer caso prático em primeiro lugar é apreensão da matéria de facto. Os factos aqui são muito simples, B para evitar que A fosse atropelado deu-lhe um safanão donde resultou um ferimento do joelho e destruição das calças. Segundo é determinar qual o problema ou problemas que são suscitados para a resolução do caso prático. Neste caso trata-se de uma questão de imputação objectiva. Se eu sei que a imputação objectiva faz parte da categoria analítica da tipicidade eu sei que este problema eu tenho-o de o resolver em sede de tipo. Não me interessa passar para a exclusão da ilicitude, para um estado de exclusão da ilicitude justificada, nem para uma causa de consentimento presumido nos termos do art. 39 porque eu sei que primeiro este é um problema de imputação objectiva e tenho-o de resolver em sede de elemento objectivo do tipo. Ponto 1: nunca perder tempo em dizer por palavras nossas os factos que já nos são dados. Se nos pedem a análise da responsabilidade jurídica de A só temos de por a análise da responsabilidade jurídica de A. Porque os factos estão no problema. A primeira coisa que se tem de verificar é se o agente cuja responsabilidade penal eu quero apurar é se houve ou não uma acção com relevância jurídica penal. Para isso, pese embora qualquer divergência em termos conceptuais, para haver um comportamento penalmente relevante tem de ser uma acção dominada pela vontade humana. Se se tratar de um comportamento animal ou natural das forças da natureza, nunca pode ter responsabilidade penal. Se eu estou na savana africana e sou descuidada vem um leão e come-me o leão não tem responsabilidade penal embora se tenha produzido o resultado típico penalmente relevante morte. Para ter relevância penal a acção tem de ter um comportamento participado de harmonia com as capacidades

intelectuais humanas. Tem de ser um comportamento dominável pela vontade. Porque que há comportamentos humanos que não assumem relevância penal porque não são dominados nem domináveis pela vontade, como por exemplo, a coacção física irresistível. Ou o caso dos movimentos reflexivos, que ocorrem independentemente de serem participados pelas minhas faculdades intelectuais humanas. Exemplo: martelo dos reflexos dos neurologistas. Existem determinadas zonas que reagem reflexivamente. E também, para além destes tipos comportamentais, os movimentos corpóreos produzidos em estado de inconsciência como o sonambulismo, ou durante uma crise de hipnose. Exemplo: uma pessoa durante o sono mexe-se e acaba por o matar por abafamento. Nestas situações não existem comportamentos penalmente relevantes embora possa sempre ser discutível, pelo menos no caso do abafamento, porque poderia ter tido o cuidado de prever a situação. O método é: apanhar a matéria de facto, depois identificar o problema ou problemas subjacentes. Saber se houve por parte do agente uma acção com relevância penal, e neste caso verificamos que sim porque o empurrão foi dominado pela vontade, logo temos uma conduta penalmente relevante. Sempre que há uma acção penalmente relevante temos de ver se é típica para passarmos para a análise da categoria analítica da tipicidade. Temos de verificar se os factos são subsumíveis à previsão normativa geral e abstracta tipificada num tipo legal de crime. Aqui poderíamos ter o crime de ofensa À integridade física e dano de propriedade. Mas vamos por a propriedade de lado. Imaginemos que as calças não se rasgaram. Vamos começar por analisar o tipo. Subsumimos ao art. 143 CP. Quando analisamos o tipo, o método começa por analisar o tipo objectivo e verificar se encontramos todos os elementos objectivos do tipo e só depois os elementos subjectivos. O bem jurídico tutelado pela norma incriminadora é o bem integridade física e o valor que foi afectado em B foi a sua integridade física. O objecto do facto ou da acção penalmente relevante no âmbito do art. 143 CP é outra pessoa, neste caso temos o corpo de A. Um outro elemento objectivo é “quem” o B. A conduta típica é ofender o corpo ou a saúde que aconteceu. Temos o resultado típico porque da conduta de ofender o corpo de A resultou a concreta da ofensa corporal, neste caso o ferimento de João. Para além disto é necessário que se verifique o nexo de causalidade, ou seja, que me permita imputar objectivamente o resultado daquela lesão corporal à conduta empreendida por B. Aqui entramos dentro do problema da imputação objectiva. Vamos abrir uma parêntesis para relembrarmos as teorias já estudadas para resolver o problema da imputação objectiva. È ela a teoria da causalidade, a teoria das condições equivalentes ou a teoria da condição sine quan non. Em relação a esta ultima a causa do resultado tem dois conceitos de causa uma formulação positiva e outra negativa. Dentro da formulação positiva causa para produção do evento é toda condição que permite o seu aparecimento do evento ou do resultado. Numa formulação negativa causa da produção de resultado é toda a condição sem a qual o resultado se não produziria. Esta teoria assenta num juízo hipotético de eliminação. Vai-se abstrair do comportamento e fazer a seguinte pergunta: se o comportamento não se verificasse e o evento não se produzisse então ele não causaria o evento. Se pelo contrário abstraindo do comportamento podemos ver que com a causa do evento o evento também desaparecia é porque o comportamento foi causa do evento. Daí este juízo hipotético de eliminação. Exemplo: A mata B dando-lhe um tiro na cabeça. Quero ver se a conduta de A que foi o disparo de uma arma de fogo, na cabeça de B é causa da morte de B. Para a teoria da condição sinequanon causa é toda a condição que permita a verificação do evento ou toda a condição sem a qual o evento não se produziria. Segundo este juízo hipotético de eliminação eu vou fazer u juízo hipotético de eliminação. Se A não desse um tiro a B será que B morria ou não? Se chegar à conclusão se A não desse um tiro a B e ele continuasse vivo eu digo então é porque o comportamento é causa da produção do evento. Se chegasse que mesmo que A não desse um tiro B morria na mesma então chegava à conclusão de que não é condição da morte de B. É assim o juízo hipotético de eliminação. Esta teoria da condição sinequanon padece de várias críticas, uma delas é que nos leva a um encadeamento causal infinito na medida em que esta teoria não permite distinguir entre condições relevantes de

condições irrelevantes por isso é que é designada teoria da equivalência das condições ou condições equivalentes. Se se diz que causa é toda a condição que permite o aparecimento do evento toda a causa é relevante. Por exemplo condição para ocorrer a morte de B, segundo esta teoria, é o momento de gestação de A. Outra crítica é que a teoria da conditio sinequanon não nos diz o que é a causa do resultado. Tem como pressuposto que já temos por definido o que é a causa. Significa que quando à partida a relevância da causa é indispensável para a produção do resultado pouco ou nada nos diz se nos abstrairmos daquele comportamento o resultado desaparece. Para ilustrar a falácia desta teoria chamamos o exemplo da talamoida, que era um medicamento que no inicio dos anos 60 as mulheres grávidas para aliviar os enjoos. Apareceu o nascimento de várias crianças com malformações. Só é possível eu dizer que sem a causa o evento, se conhecer à partida a relevância da causa. Se ela for desconhecida à partida pouco ou nada me diz sobre a produção do resultado. Outra crítica era a que se faz é que esta teoria não resolve os problemas de causalidade cumulativa e hipotética. Imaginemos uma situação de causalidade cumulativa: um pelotão de fuzilamento, e todas as armas de A, B e C estão carregadas e com aptidão para originar o resultado de morte de D. O A, B e C disparam simultaneamente e que os disparos matam D. Se utilizarmos o processo hipotético de eliminação, e nos abstrairmos do comportamento de A, se A não disparasse será que D morria. Morria na mesma, logo o resultado mantêm-se é porque o comportamento não é a causa da produção do resultado. Depois analisamos o comportamento de B e chagamos à mesma conclusão e de C. Obviamente concluía-se que estes comportamentos não seriam a causa da morte de D. Esta teoria não resolve problemas de causalidade cumulativa. Nem resolve correctamente os problemas de causalidade virtual ou hipotética. Podemos distinguir entre causa real por um lado e causa virtual ou hipotética. A causa real é aquela que determina a produção do resultado e a hipotética seria aquela que ocorreria não fosse a verificação da causa real. Exemplo: A pretende matar B, para o efeito convida B para almoçar e administra-lhe veneno na comida às 13 horas, com efeito retardado par a1 hora após a ingestão daquela substância venenosa. Entretanto aparece naquele restaurante o Senhor C, precisamente às 13:05 h e reconhecendo em B o seu inimigo agarra numa arma dispara e mata B. A causa real da morte de B foi o disparo da arma de fogo. A causa virtual ou hipotética seria o envenenamento. Se aplicarmos aqui o critério hipotético da teoria da condição sine qua non, se nos abstrairmos do comportamento de C, se C não desse o tiro B morria na mesma. Vamos fazer a mesma pergunta para A, se A não tivesse envenenado B ele morria na mesma? Morria por força do disparo da arma de fogo. Logo a teoria da condição sine qua non que assenta neste juízo hipotético de eliminação não resolve correctamente os problemas de causalidade relativa nem os problemas de causa real ou hipotética. Para além do encadeamento causal eterna. Aula 6Um elemento negativo do tipo, como exemplo, pode ser quando entramos numa residência mas com autorização do proprietário o tipo legal do crime é afastado. Nos crimes formais o bem jurídico não é o objecto material. È uma questão virtual como a honra ou o bom nome. Já os crimes materiais são aqueles que efectivamente o bem jurídico afectado é um objecto. Exemplo: o corpo, a propriedade. Existem os crimes de actividade que se esgotam na mera actividade. Exemplo: a injúria. Os crimes de resultado implicam sempre um resultado negativo, e normalmente estão ligados aos crimes materiais. Existe um resultado negativo no bem jurídico e esse resultado é verificado. Os crimes de dano que geram sempre uma lesão efectiva do bem. Exemplo: espetar uma faca no braço. Ou um murro na cara e parte um maxilar. Nos crimes de perigo existem duas vertentes o abstracto e o concreto. Aquele não é necessário que se verifique na totalidade a ofensa ao bem jurídico que se pretende tutelar. Exemplo: caso da condução do efeito do álcool ou substâncias psicotrópicas. Estes crimes tentam actuar antes do evento acontecer. Este não se pode partir da suposição que possa vir a afectar isto ou aquilo ele tem de se verificar, sendo um dos mais difíceis de prova. Um deles é o art. 291 CP. Crimes

complexos que têm mais do que um tipo legal de crime. Exemplo: o crime de roubo tem o furto e a integridade física. Os pluri ofensivos são aqueles que também ofendem mais do que um bem jurídico. O crime de roubo é um crime pluri ofensivo porque ofende vários bens jurídicos. O crime de roubo não só é um crime complexo como um crime pluri ofensivo. Crimes poliédricos, como refere o Prof. Faria Costa temos o caso do furto qualificado conjugado com o furto simples. Tem a ver com duas faces. Tem a ver com a situação do crime em si poder gerar o conflito de dois bens jurídicos e levanta questões sobre o tipo. Crimes de permanência e crime continuado existem uma diferença grande. O crime permanente é aquele que começa e só termina quando existe acção contrária. Exemplo sequestro ou rapto. Aula 7 (professora)O nexo de causalidade. Em relação ao caso prático da última aula sabendo nós ser um caso de imputação, aproveitamos para revisar as teorias do crime e à luz destas teorias solucionar este caso. Uma das teorias foi a teoria da conditio sine quanon também chamado teoria das condições equivalentes ou teoria da equivalência das condições. Esta teoria entendia que a causa da produção do evento assenta em duas formulações uma positiva e outra negativa. Aquela postula que causa é toda a condição que permite a verificação do evento. Aquela refere que causa é toda a condição sem a qual o evento ou resultado não se produziria. Esta teoria assenta num juízo ou raciocínio hipotético de eliminação. Quer dizer que para aferir se um determinado comportamento pode ser causa da produção do resultado. Retira-se mentalmente o comportamento que se quer analisar. E verifica-se de duas uma se o resultado permanecer na mesma então o comportamento não foi causa do evento ou resultado. Se pelo contrário verificamos que o comportamento em análise, após a sua retirada mental, implica a exclusão do resultado final, podemos concluir que o comportamento é causa do resultado fina. Exemplo: A dispara uma arma de fogo contra B e ele morre. Segundo esta teoria a causa da morte de B será toda a condição que permitiu a verificação daquele evento da morte de B. Vamos analisar à luz desta teoria se o comportamento de A (disparar a arma de fogo) é causa da morte de B. Utiliza-se o processo hipotético de eliminação. Vou-me abstrair mentalmente da existência deste comportamento e verificar se A não tivesse dado um tiro em B, ele morria ou não? Se chagar à conclusão que se A não desse um tiro em B ele morria na mesma, chegava à conclusão que a conduta de A que o disparo não tinha sido causa da morte de B. Se pelo contrário verificar que B não morria retirando o disparo de A, então o disparo foi condição para a morte de B. È neste raciocínio que consiste o processo de eliminação hipotética. As criticas a esta formulação pura derivada da teoria das condições equivalentes são muitas porque se ela entende que causa é toda a condição necessária à produção do evento acabamos por entrar num encadeamento causal até ao infinito, não permitindo a distinção entre causas relevantes e causas irrelevantes da produção do resultado ou do evento, na medida em que todas as condições são válidas. Outra crítica pertinente é que não resolve adequadamente na pureza dos seus factos as situações de causalidade cumulativa. È o exemplo típico do assassínio de César com várias punhaladas ou o batalhão de fuzilamento. Além disso também não resolve convenientemente os problemas de causa virtual ou hipotética. A causa virtual ou hipotética é aquela que se operaria em termos de produção de determinado evento se não ocorresse a causa real. Exemplo: A pretende matar B, para esse efeito A convida B para almoçar, aproveita um momento de distracção e deita-lhe na bebida uma substancia venenosa que actua passados 30 minutos após a ingestão. Entretanto C entra no restaurante e antes de decorridos os 30 minutos mata B. A causa real da morte de B foi o disparo efectuado por C, a causa virtual ou hipotética é o envenenamento. Aplicando a teoria e utilizando o juízo hipotético de eliminação, eliminamos o comportamento de A, retiramos o envenenamento, e perguntamos de B morria ou não. Morria por força do disparo. O resultado permanece então o comportamento de A não é causa do resultado. Fazendo o mesmo a C concluímos que B morria na mesma por força do envenenamento de A. Logo este comportamento não é causa do resultado final, não podendo ser imputado à morte de B. Além

destas lacunas da teoria podemos dizer que esta teoria padece do vício lógico na medida em que não define o que se deve entender por causa do evento ou resultado. Tem esse problema como pressuposto resolvido. Ou seja só quando sabemos à partida que os factos se relacionam em termos causais (causa e efeito) é que eu posso afirmar com certeza que sem a causa o efeito não se produz. Mas quando a relevância da causa for desconhecida pouco ou nada nos diz. A falácia desta teoria e do vicio lógico que padece pode ser iluminado por este exemplo: o caso da talidomida que afectou mulheres grávidas acabando por criar deformações nos recém nascidos. Na altura não se sabia que a ingestão deste medicamento provocava este evento. Só quando sabemos, é que podemos estabelecer o nexo causal. Mas quando a relevância da causa for desconhecida à partida nada nos diz. Outra crítica é uma teoria com uma base natural ou casuística e por isso não resolve, a não ser que façamos uma inversão do raciocínio, os problemas da responsabilidade criminal por omissão. Não de todas as omissões mas pelo menos as omissões impuras ou impróprias, reflectidas no art. 10 CP que são materialmente crimes de resultado. Este artigo faz equiparar à acção à omissão quando se produz um resultado idêntico. A omissão caracteriza-se por nada fazer, logo do nada, nada pode nascer. Então como se pode responsabilizar criminalmente o Pai que foi dar banho ao recém-nascido e que o deixou morrer afogado na banheira nitidamente por nada fazer ou em estado de omissão. Aqui temos de inverter o raciocínio da seguinte forma: se o Pai actuasse conforme lhe era exigível, e tinha capacidade para o fazer, designadamente agarrando a criança por um braço retirando-a da água, será que o resultado de morte do filho se teria produzido? Se o resultado desaparecesse é por que aquela omissão foi causa da produção de morte do filho. Se pelo contrário, mesmo que o Pia actuasse como se exigia e o resultado de morte se verificasse é porque aquela omissão não foi causa do evento. Estamos agora, após termos reavivado as noções desta teoria, em condições de analisar o caso do empurrão. Será que podemos responsabilizar A por, ao empurrar B para o salvar do empurrão, do ponto de vista objectivo? Podem ser imputados os eventos de A se ter magoado e rasgado as calças segundo a teoria conditio sine qua non. Sim porque o empurrão de B a A é condição sine qua non à produção do evento, pelo que ao abstrairmo-nos da conduta de B, A não se teria magoado nem rasgado as calças, logo o evento não se verificaria. Logo à luz desta teoria estes resultados poderiam ser imputados a B constituindo nexo de causalidade. Outra teoria, aliás adoptada pelo nosso legislador, é a teoria da causalidade adequada, se olharmos para o art. 10/1 CP quando se equipara a omissão da acção para evitar o resultado e a acção adequada a produzir o resultado em crimes de resultado. A causalidade tem um mínimo de adequabilidade, ou seja, se ocorrer um homicídio fora desta sala, o nexo causal que se estabelece entre nós aqui nesta sala e o homicídio na rua não existe. No entanto pode causa adequada à produção do evento e não haver imputação objectiva. A teoria da adequação ou teoria da causalidade adequada considera-se como causa à produção do resultado, ao contrário da teoria da conditio sine qua non causa da produção do evento já não é toda e qualquer premissa, mas apenas dentro de todas essas condições apenas aquelas que são adequadas a produzir o evento ou resultado. Causa adequada a produzir o resultado será toda a condição que do ponto de vista da normalidade seja apta no sentido verosímil à produção do evento. O critério a adoptar não passa por fazer um juízo hipotético de eliminação, mas um juízo que assenta numa ideia chave de previsibilidade. Faz-se uma prognose póstuma ou posterior, porque é feita no momento em que ocorreu o resultado que pretendemos ver, ou seja, se o comportamento do agente foi causa do resultado. Exemplo: A deu um tiro na cabeça de B e para verificar se o disparo efectuado por A é causa adequada da morte de B, no sentido de verosímil, à produção de morte de B, eu vou fazer um prognóstico na altura em que já sabemos que a conduta de A levou à morte de B. Este juízo de prognose posterior assenta num bom pai de família, ou padrão de homem médio. Mas ao perguntar ao homem médio não é se ele reagiria como reagiu o agente em concreto mas antes se a esse homem médio colocado nas mesmas circunstancias do agente em concreto se era previsível que actuando como actuou o agente em concreto pudesse evitar-se o resultado em concreto. Esta teoria assenta num critério

de previsibilidade. A esta teoria também se pode tecer críticas porque se eu perguntar objectivamente, será previsível enquanto homens médios que uma pessoa levando um tiro num dedo possa morrer. Não é previsível. Mas se eu agente souber que a pessoa a quem eu vou disparar sofre de hemofilia, já é previsível. Esta prognose posterior que ao principio se pretendia objectiva por recurso apenas ao padrão do homem médio poderia levar a resultados injustos. Porque entravamos em linha de conta com conhecimentos particulares ou especiais que o agente tinha da situação e o resultado seria o inverso. Então temos de introduzir um correctivo à teoria da adequação. Vamos verificar se para um homem médio colocado nas mesmas posições do agente e dotado dos competentes conhecimentos da situação se lhe era previsível que actuando como o agente em concreto actuou se viesse a verificar o resultado. No fundo já se entra aqui com alguma dose de critério subjectivo na parte que toca ao conhecimento que o agente tinha da situação. Esta teoria possui um defeito, porque o conhecimento que temos da realidade é puramente residual. Ou seja, quando temos um agente em concreto dotado de especiais conhecimentos, não podemos perguntar ao homem médio pela previsibilidade da conduta originar o evento. Ou seja, se está em cauda conhecimentos de medicina, há que perguntar a um médico médio. Não a um super médico e não a um médico medíocre. Este juízo de previsibilidade é um juízo categórico, ou se afirma que é previsível ou não. Exemplo: um campino está num prado com vários cavalos. A pretende abater o campino com arma de fogo e dispara À figura do campino. O tiro tange a figura do campino mas com o estampido um dos cavalos assusta-se e galopa para o campino dá-lhe um coice, emerge um traumatismo que provoca a morte imediata. Pretendo saber se é ou não previsível que actuando como A actuou, o cavalo matar o campino. Segundo a teoria da conditio sine qua non sem dúvida. Já segundo a teoria da adequação podemos afirmar, como homens comuns, logo com um conhecimento residual de cavalos, que um estampido numa zona com animais à solta, poderia provocar a morte do campino. Mas na verdade, um homem com conhecimentos acerca destes animais, poderá afirmar que a reacção normal era fugir e não enfurecer-se e atacar o campino. Portanto esta teoria é passível de criticas por esta razão. Voltando ao nosso caso prático, aplicando a teoria da causalidade adequada, perguntamos se era previsível, estando A distraído e levasse um puxão de B, que se ferisse e rasgasse as calças. È previsível. Assim podemos afirmar que o resultado se subsume à norma 143 e 212 CP segundo a teoria da adequação ou da causalidade adequada podem ser objectivamente imputados à conduta do agente que consistiu no caso em concreto a dar um empurrão a A. O resultados a que nos conduzem quer a teoria da conditio sine qua non quer a teoria da adequação são idênticos, levam-nos a afirmar a imputação objectiva. No entanto existem determinados resultados que nos conduzem estas teorias que não merecem as melhores soluções e por isso os resultados tem de ser corrigidos socorrendo-nos de alguns critérios que tem de ser imputados pela teoria do risco que foi desenvolvida pelo Professor Roxin. Ele trabalhou determinados critérios, pese embora a imputação objectiva por via das teorias acerca do nexo da causalidade, que levam a considerar com mais acuidade o resultado da imputação objectiva do agente, mesmo quando existe causalidade e causalidade adequada, que permitem concluir que não se devem imputar os eventos às condutas causais. Um dos critérios que levam ao afastamento da imputação objectiva, mesmo havendo causa e causalidade adequada, traduzidos pela teoria do risco são os casos de diminuição do risco, ou seja, o agente intervém no decurso de um processo causal já iniciado no sentido de evitar ou minorar a produção de determinados efeitos, ou seja o caso da nossa hipótese. Ele interveio no decurso de um processo causal que já existia no âmbito de grave lesão de integridade física daquele transeunte. E o agente interveio no sentido no sentido de minorar esse risco, até porque o arranhão no joelho e o rasgão nas calças é um efeito muito menor do que aquele que aconteceria se ele fosse atropelado. Comprovadamente neste caso por via da conditio sine qua non e pela teoria da adequação havia objectivamente imputação objectiva, o empurrão era a causa adequada de imputação pelos dois eventos ocorridos e subsumidos às normas penais de crime de dano e integridade física. No entanto este resultado

tem de ser corrigido por via da teoria do perigo porque o agente acabou por diminuir o risco da vítima. Só há imputação objectiva, quando o agente com o seu comportamento, não diminui o risco. Logo esta hipótese resolvia-se não em sede de exclusão de ilicitude mas desde logo em sede de tipicidade. Dir-se-ia que pese embora B desse um valente empurrão a A de modo a evitar que ele fosse atropelado, analisando o tipo subsume-se 2 crimes ofensas à integridade física e crime de dano. Objectivamente temos o “quem” o agente B, temos o objecto de facto a “outra pessoa” neste caso o transeunte, temos o resultado típico a ofensa e o rasgão das calças, no entanto, em relação à causalidade, segundo a teoria da conditio sim, segundo a teoria da adequabilidade sim, mas temos de corrigir o resultado pelo critério do risco porque se trata nitidamente de diminuição do risco. Logo não deve haver imputação objectiva, logo falta o nexo de causalidade, falta um elemento do tipo objectivo, nem sequer podemos seguir para os elementos subjectivos logo deixa de haver tipo. Portanto para que haja responsabilidade jurídico-penal é necessário que ela seja, típica, culposa e punível. Quando nem sequer típica não há responsabilidade jurídico-penal. O mesmo se passa mutatis mutante para o crime de dano. Outra hipótese: A vai a circular em determinada localidade cujo limite de velocidade são 50 km e ele circula a 80, excedendo o limite de velocidade. Entretanto B que anda mal com a vida, ao verificar que A tem um carro bonito e está em cima de um viaduto resolve por termo à vida saltando para via publica no preciso momento em que A em excesso de velocidade e não teve tempo de travar passa-lhe literalmente por cima provocando-lhe a morte. O resultado morte de B pode ser imputado à conduta de A? Segundo a teoria da conditio sine qua non se o carro não lhe passasse por cima e ele sobrevivesse é porque o comportamento foi a causa do evento. Se ele morresse na mesma é porque não era causa. Segundo a teoria da adequabilidade temos de verificar se para um homem médio colocado na mesma situação que passando por cima de uma pessoa com um automóvel a uma velocidade de 80 Km ele morria. È previsível. Então imputamos o resultado porque era previsível o evento de morte. Não imputamos porque temos de entrar com outro correctivo da teoria do risco que são os casos que ficam para além da esfera de protecção da norma que o agente violou. A norma violada foi uma norma estradal que impõem um determinado limite regulamentar de velocidade. A finalidade desta norma é prevenir a segurança rodoviária, integridade física ou danos. No entanto essa regra de forma alguma foi criada para evitar que pessoas se suicidem. Assim o resultado de morte por suicídio não se insere no âmbito da norma violada pelo agente, logo não deve ser imputado à conduta do agente, por ter conduzido em excesso de velocidade. A norma não visa impedir que as pessoas se queiram matar. Este é um outro correctivo da teoria do risco, preenchendo lacunas da teoria da adequação. Exemplo: uma pessoa aponta uma pistola à cabeça de outro, e embora não dispare a outra pessoa morre de acidente vascular. Pergunta-se se este resultado de morte pode ser imputado à conduta do agente, apesar de não ter efectuado os disparos.Aqui verificamos segundo a teoria sine qua non que pode ser uma condição susceptível de produzir o resultado morte. Segundo a teoria da adequação temos de perguntar se é ou não previsível se uma pessoa média for apontada uma arma com ameaça de morte, se produza o resultado final de morte, por advir dai um acidente vascular? Na verdade não. Não é de previsão normal, sendo um facto imprevisível, embora o agente tivesse criado o risco da verificação do resultado. Logo teria de ser afastado a imputação objectiva. Aula 8 (professor)Classificação dos crimes. OS crimes agravados pelo resultado ou pelo evento. O resultado advém do primeiro facto humano. Contudo esta ligação por força do art. 18 CP tem de haver um mínimo de imputação nem que seja a titulo de negligencia. Quando se analisa um tipo de

crime que é agravado pelo resultado tem ter em conta o art. 18 CP. Exemplo: dou um murro numa pessoa ela vai para o hospital no caminha há um acidente da ambulância e ele morre digamos que esta morte não me pode ser imputada. Exemplo: se eu der um pontapé no peito de uma pessoa e pratiquei artes marciais e parto-lhe as costelas, passado uns tempos a pessoa vem a morrer já este facto já pode ser imputado. O facto tem de estar relacionado com o evento primário que deu origem à situação. O legislador para evitar imputações de uma pessoa ao facto futuro determinou que teria de haver essa agravação e essa imputação no mínimo sujeita à concepção de negligência. Da interpretação do art. 18 CP expressamente refere tem de haver imputação pelo menos a título de negligência consciente. Não pode ser trazido para este artigo a negligência inconsciente do art. 15 CP. Quanto ao crime complexos apesar da previsão ser uma só os tipos podem ser mais do que um, como exemplo o roubo. Pode ser integridade física e património. Os crimes pluri-ofensivos são aqueles que têm mais do que um bem jurídico a tutelar quer directa quer indirectamente. Exemplo: condição sob o efeito do álcool, indirectamente a integridade física das pessoas. Os crimes simples também podem ser pluri-ofensivos. Os crimes instantâneos são importantes por razões práticas. È aquele que se consome com a prática de certo acto. Os crimes permanentes sabemos quando começam mas não sabemos quando terminam. Exemplo: furto de automóvel. Aqui existe uma questão doutrinária, porque pode ser furto do uso de veículo que será instantâneo. Normalmente o furto de veículo está ligado a negócios, que poderá ser qualificado caso entre numa das agravantes do art. 204 CP. Aqui não falamos de furto de uso de veículo que é permanente. Caso de sequestro ou rapto. É importante para a determinação da prática do facto, que não existe. O crime continuado é uma forma de crime nos termos do art. 30 CP. Outra questão tem a ver com pessoas que se fazem passar por serem detentoras de uma profissão. Uma coisa é fazer-se passar por advogado, outra é fazer procuradoria ilícita. Ou fazerem-se fazer passar por polícias. São crimes habituais que têm a ver com a continuidade, mas é diferente do crime continuado. Usurpação de funções. Este tipo legais de crime tem nas normas em geral a palavra habitualmente ou habitual. Os crimes unisubsistentes (prática de um acto só, ex. dar um pontapé num carro) e plurisubsistentes (precisa mais do que um acto, ex. a burla). Crimes privilegiados (condições especiais do agente), pode estar em concurso perante uma situação de exclusão de culpa ou ilicitude, por exemplo a honra não assume categoria de exculpação. Quanto à natureza dos crimes existe a natureza pública (homicídio), a semi pública (ex. furto, tem de haver denuncia e o denunciante tem de manifestar o desejo de que quer procedimento criminal) e à a natureza particular (é necessário queixa, é constituída assistente, não obstante o inquérito estar na mão do MP). Não confundir a natureza dos crimes com a natureza do processo, que pode ser comum, sumário ou sumaríssimo ou abreviado. O critério de diferenciação da classificação é-nos dada pelo CP. Se nada disser é público, se disser “depende de queixa” é semi-público, se disser que “depende de queixa de particular” é particular.  Aula 9 (professor)Crimes dolosos e culposos, o prof. Germano quando fala em crimes culposos fala em crimes negligentes. A regra vigente no nosso ordenamento jurídico está vertida no art. 13 CP. No caso de branqueamento de capitais não pode haver dolo eventual sendo a posição do professor por falta de cabimento. Só é subsumível através do dolo directo ou dolo necessário. Mesmo o dolo necessário o prof. tem dúvidas. A diferença entre o dolo eventual e a negligência consciente tem a ver com a conformação do crime. A negligência é uma excepção para certo tipo legal de crime. O legislador criou tipos autónomos de crimes negligentes. Exemplo: homicídio negligente nos termos do art. 137 CP. Na negligencia há a representação mas não há conformação. A diferença entre negligência e dolo eventual é em relação à conformação, e no dolo existe em todos eles. Dentro do crime negligente temos duas grandes vertentes, temos a vertente da consciência em que há a representação nos termos do art. 15/a CP. Temos aqueles casos em que não há representação nos termos do art. 15/b CP.

 Aula 10 (professor)A escola finalista considera que o dolo e negligência devem ser estudados no âmbito da ilicitude principalmente, dentro do tipo de ilícito. Mas a escola clássica considera que deve ser considerada no âmbito da globalidade, como tem defendido o Prof. Germano, sendo esta a posição que estamos a seguir em termos de estudo embora a prática não esteja nesse sentido, o que quer dizer que temos de saltar na matéria que estamos a estudar. Quanto aos elementos subjectivos do tipo temos o dolo, negligência (ou chamada culpa), questão relacionada com os crimes dolosos e culposos que já estudamos. O Prof. Germano considera que o dolo enquadra a chamada culpa em sentido amplo e a negligência é a culpa em sentido estrito. A nossa sociedade actual envolve novos riscos e novos perigos, é uma sociedade de risco, logo não pode afastar a negligência do DP. Daí a negligência ganha um grande espaço de intervenção o que não se passa no DP clássico, que é aquele que nós seguimos. A regra do nosso DP é que os crimes puníveis são apenas os dolosos, sendo a negligência punível a título excepcional apenas se a lei o referir nos termos do art. 13 CP. Existem tipos legais negligentes que são tipos autónomos. A culpa é o limite por um lado e é o fundamento da intervenção do DP da subsunção do facto humano que o legislador considerou que deve ser subsumível à legislação criminal, de forma que seja um facto, típico, ilícito e culposo. Esta questão tem de ser conexionada com o art. 40/2 CP, conjugado com o art. 29 CRP e com o art. 18/2 CRP relativamente ao principio da proporcionalidade ou proibição do excesso. Este é um dos princípios fundamentais relacionados com o dolo e negligência. O outro é a imputação subjectiva a título de dolo como regra e a excepção está prevista no art. 13 CP. Outro dos princípios é a excepção da imputação a título de negligencia passa a ser excepcional. Só em situações muito excepcionais ou verificando-se certo elemento do tipo que pode afastar o dolo, havendo casos desses como o art. 153/3 CP, que considera se o agente presumir falsamente os pressupostos neste caso afasta o dolo e o médico será responsabilizado a titulo negligente. Deste princípio da excepcionalidade da negligência obedece a outro princípio da legalidade por um lado e ao princípio da tipicidade. O legislador ao redigir o art. 13 CP impõem quer todas as normas, quer constantes do CP, quer as constantes em legislação avulsa, o próprio tipo identifique ou como crime autónomo negligente ou então o próprio tipo legal de crime terá de dizer se a negligencia é ou não punível. Dizendo qual é a pena abstracta aplicável naquele caso concreto. Quanto ao dolo o Prof. Germano tem uma concepção que se deve ter sempre ciente quando ele fala de vontade, não é só vontade mas é vontade consciente. Se não houver a consciência de que aquele facto ao ser praticado é um facto tipo legal de crime, há o afastamento do dolo. Não basta o elemento factual, é necessário a consciência. O dolo tem uma estrutura com dois tipos de elementos. De um lado um elemento intelectual ou cognitivo. Do outro o elemento volitivo. Do lado cognitivo temos a representação por um lado e por outro lado a consciência. Ou seja, não é por representar na minha mente um homicídio que eu tenho consciência que esse homicídio possa vir a acontecer. A representação tem a ver com o conhecimento do facto e o preenchimento desse facto a um tipo legal de crime. Quando pensamos num homicídio (matar) sabemos que essa conduta é proibida e que a CP tem um tipo legal de crime que pune esta conduta. Quanto à consciência a pessoa tem de ter consciência que a conduta em que pensar é ilícita. Pode haver situações de afastamento da ilicitude. Quanto ao elemento volitivo ou da vontade temos a falar da voluntariedade e neste caso é a realização concreta. Mas esta realização concreta não quer dizer que opere naquele momento exacto. Tem a ver com a vontade de que aquele facto humano se realize. Toda esta concepção vai ter influência nas espécies do dolo. Também é importante perceber que na vontade a influência que vai ter a realização do evento. A realização é no sentido de que no momento em que representou e tinha consciência de havia a vontade daquela acção ou omissão. Relativamente à representação pode haver várias situações nos termos do art. 156/3 CP que é preciso ter em conta. Quando se fala de dolo não é só a acção mas também a omissão. Na própria

representação na ligação com a vontade vamos ter de enquadrar o evento ou o resultado real que venha a acontecer ou o nexo causal. Também relativamente ao objecto material que é utilizado nessa prática. E as chamadas circunstancias essenciais (gerais e especiais) que são muito importantes quando se analisa o facto humano, por várias razões, sendo certo que muitas vezes esquecemo-nos que estes elementos podem afastar o dolo nas 3 espécies e automaticamente, caso o tipo legal de crime preveja, a tipo de negligencia. Se não prever não haverá punibilidade naquele caso concreto. E existem alguns casos que isso acontece. Quanto ao dolo, quando falamos na consciência vamos ter de conjugar a consciência da ilicitude com o art. 16/1 CP. Não podemos esquecer na análise do dolo o art. 16/1 CP. Este artigo é um princípio de exclusão de dolo. Este artigo representa duas situações diferentes. Por um lado temos os conhecimentos dos elementos de facto e direito, que pode acontecer a qualquer pessoa, muitas das vexes ocasionado por aparecimento de tipos legais de crime novos. Mas aqui o erro vais mais longe, não é só o desconhecimento relativamente aos elementos de facto e de direito. Vai também à questão das proibições, e este desconhecimento razoável das proibições implica, por norma algumas profissões. Exemplo: um advogado não pode referir que desconhecia este tipo legal de crime novo. Já uma pessoa que não tem estudos se admite este desconhecimento. Assim a consciência também permite acrescentar o conhecimento das proibições. No dolo existe sempre conformação com o resultado final. A grande diferença entre o dolo eventual e a negligencia consciente é a conformação e a não conformação. Quanto ás espécies de dolo, existe o directo, necessário e eventual. O dolo directo preenche toda a estrutura dolo. O que diferencia o dolo directo e o necessário não é a conformação, no dolo directo há a consciência psíquica e motora, por exemplo, do facto matar, ele quer mesmo matar, outra coisa é ele sabe que se disparar é uma consequência necessária à morte de outrem. Exemplo: disparar a um metro de uma pessoa é uma consequência necessária à morte de uma pessoa, e quem mata, lá por isso não se abstém de produzir aquele resultado. A diferença é que no dolo directo ele quer mesmo, no necessário ele sabe, mas não se abstêm. Digamos que é indirecto. Muitas vezes, dado a proximidade dos dois conceitos, é difícil de apurar. E torna-se importante porque a diminuição da intensidade do dolo, por força do art. 71/2/b CP na determinação concreta da medida da pena esta intensidade tem de ser medida de forma a aplicar-se uma pena concreta. Quanto dolo eventual, que é o mais difícil, ele representa que aquela sua conduta terá uma consequência possível de que irá produzir um certo resultado, não obstante ele assume o risco e produziu. Não quer dizer que ele tenha vontade directa de produzir aquele resultado. A exclusão do dolo exclui a negligência? Não. Nos termos do art. 16/3 CP. No dolo existe sempre a conformação. Não confundir conformação com intensidade. A conjugação destes artigos 13-14-15-16-40-71/2/b CP é a necessária interpretação desta matéria. O professor não considera que exista dolo eventual no branqueamento de capitais. Porque aquela conduta é consequência necessária ao resultado branqueamento de capitais, no mínimo. O professor entende que no branqueamento de capitais existe dolo directo. È difícil medir a intensidade do dolo, muitas vezes, sendo resultado dos elementos cognitivos da consciência do Juiz. È difícil, mas não se pode dizer que no dolo eventual não haja elemento volitivo. O Prof. Germano refere em nota de rodapé alguns acórdãos em que os próprios acórdãos demonstram materialmente elementos volitivos por parte do agente. Relativamente ao dolo eventual relacionado com o branqueamento de capitais há crimes onde podemos considerar o dolo especifico que se afasta dos dolo genérico (tem representação e tem volição), mas vai mais além. Retiram-se do próprio tipo legal de crime que para que seja preenchido o tipo se impõem um elemento determinado certo que o determinou anteriormente, uma vontade por parte do agente para a prática do crime. Quando o indivíduo está a furtar algo a alguém implica a subtracção, mas ele implica também apropriação licita. Por isso não se pode falar de dolo específico no branqueamento de capitais. Como é impensável o dolo eventual no furto. Se calhar num dano já é admissível pensar-se num dolo eventual. Há tipos legais de crimes que é impensável conceber o dolo eventual. Eu represento que tirar a carteira duma colega é uma

consequência necessária de que estou a cometer um crime de furto? Não é possível. Fala-se muitas vezes no dolo alternativo (questão doutrinária), que não se deve confundir com a aberratio ictius, é possível a representação das 3 espécies mas relativamente ao eventual é muito difícil. Exemplo: eu queria mesmo era ferir mas depois matei parece difícil conceber o dolo eventual porque entre o matar entre o ferir (que era o que se queria) tendo em conta o instrumento que era uma arma de fogo, que aponto para o abdómen, mas também ponho a condição possível de a matar, de ter a questão da consequência possível, não ser no mínimo a consequência necessária. O critério objectivo individual tem a ver com o critério que utilizamos para aferir duma situação concreta à subsunção ao tipo legal de crime. No caso do direito civil é a responsabilidade civil. Tem a ver com o homem comum. Qualquer homem comum sabe que apontar uma arma mesmo pretendendo ferir, sabe que pode ferir ou matar. Quanto ao dolo antecedente, quando se faz a análise ao dolo, neste caso concreto, o que interessa é saber se no momento em que há o desejo, vontade de acção ou omissão, se estavam preenchidos todos os requisitos do dolo, não podemos vir dizer, no caso em que uma bomba explodiu 7 ou 8 horas depois que não há dolo no momento da realização do evento. Este crime de atentado pressupõe outros crimes anteriores. Não é por ele estar bêbado para dar um murro a alguém que ele é inimputável nos termos do art. 20 CP. Temos ir ao passado, uma ou duas horas, verificar se naquele momento ele se pôs naquela condição para produzir um certo efeito no futuro. No dolo antecedente acontece a mesma coisa. Não podemos dizer não estar perante dolo, se no momento que acontece o dano a lesão do bem jurídico se nesse momento ele não tinha essa vontade. A causa da causa não é irresponsável. O dolo de perigo pode haver 3 espécies de dolo, mas só se pode falar de dolo de perigo no âmbito dos crimes de perigo concreto em que o que está em causa é a criação perigo para o dano, e só nessas questões é que poderá acontecer. Quanto há negligencia existe a consciente que está plasmada no art. 15/a CP e a inconsciente no art. 15/b CP. A separação entre o dolo eventual e a negligencia consciente é mínima só que o agente não se conforma com o resultado. Ele representa mas não se conforma. Relativamente à negligência inconsciente não há representação nem conformação. Tem a ver com pessoas que desempenham determinadas actividades e não representam o resultado. O professor resumiu a matéria dada. Para o teste tem de se ler até a pag. 71 (II), e mais da 175 até 190) Aula 11 (professora)A partir de 3 caos práticos da colectânea vamos tentar compreender a teoria do risco e quais os seus critérios. Caso prático nº 23 da colectânea: a matéria de facto é o engano de um médico ao administrar uma substância ao paciente. No entanto a autópsia vem revelar que mesmo que o médico administrasse a substância correcta ele morria na mesma por possuir uma deficiência congénita. Verificar a imputação objectiva. Num caso prático como este em que a questão fundamental é uma questão de imputação objectiva convém dizer tudo o que sabemos acerca da matéria. Se não for esse o problema passa-se à frente. Segundo a teoria das condições equivalentes ou sine qua non causa do resultado é toda a condição que permite o resultado, logo, se o médico não administrasse a substancia provavelmente o resultado desaparecia, então a conduta do médico tinha sido causa da produção do resultado. Se pelo contrário retirando a conduta do médico o resultado permanecesse então a concluiríamos que a conduta não seria causa da produção do resultado. Segundo a teoria da adequação fazendo a prognose posterior para um homem médio, neste caso um médico médio, colocado nas mesmas circunstâncias do médico em concreto, seria previsível, que administrando aquela dose pudesse resultar a morte. Acreditamos que sim. A dose seria adequada ao resultado de morte. No entanto diz-nos a teoria do risco, que só deve haver imputação objectiva, pese embora só se poder fazer uma juízo de causalidade quando o agente com o seu comportamento queria, aumente, ou diminuía o risco para a realização do próprio tipo. Ao contrário da teoria da adequação que assenta no raciocínio e previsibilidade nós dizemos que a teoria do risco é mais precisa porque assenta não em juízos de previsibilidade mas numa ideia de probabilidade. Dentro daquilo que é previsível, e a

previsibilidade é um juízo categórico ou se nega ou se afirma, eu posso dizer que é mais ou menos provável que venha a acontecer. Daí que o juízo de probabilidade seja um juízo mais rigoroso do que a previsibilidade em si. Exemplo: Se A jogou à bisca e ganhou é previsível se jogou mais 10 jogos que volte a ganhar. Mas a previsibilidade não nos quantifica quantas vezes é que poderá ganhar. Em termos matemáticos não é rigoroso, mas a ideia é esta. Ou seja a previsibilidade é menos rigorosa do que a probabilidade. Será que podemos afirmar que o médico pese embora se tenha enganado, que criou o risco de morte do paciente. Não. Porque o risco para a vida já estava criado na medida que ele padecia uma atrofia de uma glândula que mesmo que o médico actuasse em conformidade provavelmente o resultado seria o mesmo. Mas provavelmente poderá ter aumentado esse risco. As perícias médicas legais nunca dão o resultado de100 % certas. Ou seja se o médico administrasse a substancia correcta a morte fosse 100 % certa. Por uma questão de simplificação de raciocínio vamos trabalhar com valores certos e imaginar que era possível sustentar a dúvida. Ou seja se o médico anestesiasse com a substancia correcta o risco de morte era de 80 %, tendo administrado a substancia incorrecta o risco de morte subiu para 90 %. Neste caso podemos dizer que o médico com o seu comportamento, pese embora, o médico não tivesse criado o risco de vida ele aumentou o risco. Logo deveria haver imputação objectiva. Imaginemos que conseguiríamos demonstrar que a perícia médica legal era neste sentido. Administrando a substancia correcta o risco para a vida do paciente era 100 %, significava que a morte era inevitável. Vamos imaginar que ao administrar a substancia errada a perícia determinava que o risco de morte era idêntico. Neste caso, dentro dos critérios do risco, será um caso de comportamento lícito alternativo. Ou seja, existem autores que entendem não haver imputação objectiva quando o agente com o seu comportamento descuidado tiver dado origem à produção do evento. Ou seja se se vier a provar que o médico actuando diligentemente o resultado seria rigorosamente igual com 100% de certeza se produziria o mesmo resultado. Não existem dúvidas que o médico teve uma falha profissional negligente, causando o resultado, mas se em alternativa ele tivesse actuado diligentemente, o resultado seria o mesmo era porque naquela intervenção fizesse o que se fizesse o resultado de morte era inevitável. Então diremos ninguém poderia evitar o que é inevitável. Nesta conformidade existem autores que aceitam o comportamento licito alternativo, isto é, se o agente em vez de actuar como actuou, tivesse actuado diligentemente o resultado seria o mesmo, é porque o resultado era impossível de evitar e consequentemente não deve haver imputação objectiva. No entanto, existe divergência doutrinária porque as perícias nunca apontam para resultados exactos, como aqui por uma questão de simplificação estamos a apresentar. Se o resultado, num primeiro momento ocorreu fruto de uma actuação pouco diligente do agente, como podemos conseguir provar com 100% de certeza que se o médico tivesse actuado de forma diferente o resultado seria o mesmo? Portanto estamos a inferir que o resultado seria exactamente o mesmo sem poder jamais provar que assim fosse. Daí alguma doutrina não aceitar o critério trazido pela teoria do risco de comportamento alternativo visando infirmar a imputação objectiva. Esta é uma análise puramente objectiva com a finalidade de saber a imputação objectiva da conduta do agente seja ela por acção ou omissão. Assim se seguirmos esta linha e não aceitarmos a imputação objectiva, evidentemente passamos, aos passos seguintes que levarão à análise subjectiva do tipo. A seguir, este seria um caso onde não teria havido dolo, e seria um caso quando muito de homicídio negligente. Se aceitássemos este critério do comportamento lícito alternativo não havendo imputação objectiva não teríamos sequer de enveredar pelo tipo subjectivo, e não havendo tipicidade por falta de elemento objectivo pára logo aqui a responsabilidade jurídico ou penal.  Caso prático 23A matéria de facto consiste num empresário que importa pelo de cabra. È avisado que deveria proceder à desinfecção, embora os métodos de desinfecção não garantisse totalmente a erradicação. Não o fez e submeteu a matéria-prima ao contacto físico com os trabalhadores.

Vieram a morrer por contágio. Apreendida a matéria de facto, em primeiro lugar temos de ver se o empresário teve uma conduta dominada pela vontade, logo penalmente relevante. E não existem dúvidas que sim foi um comportamento participado de harmonia com as faculdades intelectuais do empresário, que entregou a matéria-prima sem a competente desinfecção. Partindo do princípio que foi uma acção penalmente relevante, que não foi um acto reflexo, nenhuma situação em estado de inconsciência, de seguida temos de ver se a conduta é típica. Aqui como nos falam em morte estamos perante o tipo homicídio nos termos do art. 131 CP. Depois temos de analisar se o tipo objectivo está preenchido, só depois eventualmente partimos para a análise do tipo subjectivo. Se estiver preenchido o tipo integral, objectivo e subjectivo, passo para a exclusão da ilicitude. Se não houver, passo para a culpa. Se houver culpa passo logo para a responsabilidade penal e a respectiva subsunção da conduta à norma. Por ora, no problema concreto, temos de verificar se pudemos imputar o resultado morte destas 4 pessoas ao comportamento que nos é descrito por parte do empresário, que entregou aos trabalhadores matéria prima sem o devido cuidado de desinfecção apesar de saber que o devia fazer. Os elementos do tipo objectivo do crime homicídio, o bem jurídico tutelado é a vida, o agente, outro elemento objectivo, é o empresário, a conduta tipificada na lei como criminosa é matar, o resultado típico é a morte, o objecto do facto é outra pessoa, logo não há duvida nenhuma que o resultado típico incidiu sobre o objecto do facto de outra ou outras pessoas. Mas como este é um crime material ou de resultado cumpre saber se o resultado de morte dos trabalhadores, doutras pessoas pode ser imputado objectivamente à conduta do agente por ter entregue a matéria-prima sem desinfectar. Temos um problema de imputação objectiva. Embora saibamos, à partida que este é um crime de acção por omissão nos termos do art. 10 CP, por ora, vamo-nos abster por uma questão metodológica, à determinação dos elementos objectivos. Trata-se antes de mais de um problema de imputação objectiva. Temos de saber se o comportamento do agente de duas uma ou é condição do resultado sem o qual ele não se produziria ou se é adequado a produzir o resultado de morte ou se não é e se há um critério de risco que possamos aplicar e eventualmente corrigir o resultado que nos faz chegar a teoria da adequação. Para nos ajudar a resolver este problema existem várias teorias, a saber a teoria sine qua non que nos diz que causa é toda a condição sem a qual o resultado se não produziria ou toda a condição que permite a verificação do resultado. Esta teoria assenta num raciocínio hipotético de eliminação, em que nós nos abstraímos do comportamento que pretendemos ver se é causa da produção do efeito e de duas uma ou se nos abstrairmos do comportamento o resultado se mantiver é porque o comportamento não é causa. Se pelo contrário nos abstrairmos do comportamento e o resultado desaparecer é porque o comportamento é causa. Como parêntesis: trata-se de um problema de imputação objectiva, no entanto se houvesse erro (aberratio ictius), problemas de justificação, problemas de desculpa aí não perdíamos tempo e íamos logo à solução. No caso em apreço, podemos dizer se o empresário não tivesse entregue a matéria prima não se verificaria o evento. Poderíamos dizer que o comportamento do agente foi condição que permitiu a verificação do evento. No entanto esta teoria é bastante criticada, nomeadamente levar-nos em termos causais ao infinito, não resolver os problemas da causalidade real e causa virtual e outras. Por isso surgiu outra teoria que veio dizer que causa da produção do resultado são todas as condições que permitem a produção do resultado mas apenas aquelas condições que são patas no sentido de produzirem o resultado, Para isso fazemos um juízo de prognose posterior verificando se para um empresário médio dotado dos conhecimentos concretos que aquele empresário tinha se seria previsível entregar matéria prima não desinfectada pudesse ocorrer o resultado de morte dos trabalhadores. Se na realidade fosse previsível então existe imputação objectiva e o comportamento do empresário foi causa adequada do evento ou resultado. Segundo a teoria do risco temos de ver se o comportamento do empresário criou o risco de morte dos trabalhadores. Não criou. Vamos demonstrar: imaginemos 100 gr de pelo de cabra contêm 100 bacilos da baceira, sem passar por um dos 3 processos de desinfecção. Se passasse por um dos processos de desinfecção as 100 gr ficavam com 75 bacilos da baceira. O

que nós podemos dizer é que em termos da probabilidade na verdade se o empregador entregasse 100 gr de pelo de cabra desinfectados, o risco do contágio da baceira existia na mesma. Portanto o agente não criou o risco, porque o risco já estava criado. Mas dentro do raciocínio da probabilidade o que tem maior probabilidade de produzir o contágio, são 100 bacilos ou 75? São 100 bacilos, logo existe maior probabilidade de morte é porque o agente ou não proceder à desinfecção não diminuiu o risco. Se fosse um crime de acção dir-se-ia que ele aumentou o risco, se fosse um crime de acção por omissão, dir-se-á que o agente, não tendo aumentado o risco, também não o diminuiu podendo-o ter feito. Porque se sujeitasse a um dos métodos de desinfecção o risco de contágio era menor. Objectivamente, queremos saber se o agente sabendo que o material estava infectado e sabendo também que mesmo desinfectado havia sempre risco de contágio porque os procedimentos não eliminavam todos os bacilos, se o empresário criou o risco? Não criou. Porque o risco existia sempre. Por outro lado se considerarmos que este é um comportamento por omissão pode-se chegar à conclusão que o agente não procedeu como devia porque tinha a possibilidade de diminuir o risco e não o diminuiu. Logo ao não diminuir esse risco deve haver imputação objectiva porque segundo a teoria do risco a imputação objectiva acontece quando o agente cria, aumenta ou não diminui o risco. Nas situações do comportamento típico alternativo a inevitabilidade do resultado tem de ser provado. Aqui não tem de ser provada. Basta que se demonstre que houve uma maior probabilidade de verificação do evento. Enquanto no comportamento licito alternativo eu tenho eu tenho de poder dizer se actuasse conforme me competia o resultado era exactamente o mesmo com 100% de certeza eu aqui na situação de aumento ou diminuição do risco basta-me dizer que o agente, pese embora o risco de já existir e independentemente da intenção que animou o agente ele ou aumentou o risco ou no caso de uma omissão ele podia ter diminuído o risco do contágio e ao não diminuir o risco está a acresce-lo e nesse caso deve haver imputação objectiva. Aqui as três teorias conduzem ao mesmo resultado. Com estas hipóteses já apreendemos alguns critérios do risco. Já aprendemos que quando está em causa uma diminuição do risco, pese embora possa haver adequação e mesmo causalidade adequada, como há diminuição do risco não deve haver imputação objectiva. Já aprendemos que se tratando de risco licito ou permitido pese embora possa haver causa ou condição, causa adequada não deve haver imputação objectiva. Já aprendemos que para determinados autores quando houver uma situação de comportamento licito alternativo também não deve haver imputação objectiva, embora para outros possa haver. Havendo imputação objectiva passaríamos à análise do tipo subjectivo que neste caso não há duvida nenhuma que o agente tendo sido informado do que eram os bacilos representou pelo menos a possibilidade de realização dos factos, e mesmo assim actuou conformando-se com a situação. Poderia haver dolo eventual. Mas é uma questão do tipo subjectivo. Depois analisaríamos se seria ilícito indiciada pelo preenchimento do tipo, verificávamos se o facto era culposo, se os elementos da culpa estavam preenchidos, se o agente tinha mais de 16 anos, se não sofria de anomalia psíquica ou estado patológico equiparado, se não havia causa de exculpação se tinha consciência da ilicitude do facto e depois se o facto era punível em sentido estrito. Matérias que nesta altura ainda não dominamos. Caso 25 Poderíamos equacionar as teorias todas, mas vamos avançar porque aqui porque do ponto de vista da teoria da adequação é previsível para uma pessoa uma pessoa que está a apontar uma arma para a cabeça de outrem e que se lhe desviarem o braço que o disparo que lhe ia atingir a cabeça lhe atinja o braço. Poder-se-ia dizer que o ferimento resultante do disparo que proporcionou uma fractura óssea possa ser imputada ao comportamento de A que desviou o trajecto da bala da cabeça para o braço. Só que embora haja raciocínios decorrentes das teorias que estudamos, não há duvida nenhuma que aqui nós temos um nítido caso de diminuição do risco. A conduta do agente foi a intervenção de numa conduta já iniciada, no sentido de evitar ou pelo menos diminuir ou minorar o resultado que decorria da actuação do agressor. Por isso

embora nos termos do art. 143 CP o bem jurídico tutelado seja a integridade física e o bem jurídico afectado, no caso concreto fosse a integridade física, embora tenhamos um objecto de facto que é a vitima C, embora tenhamos uma conduta típica de ofender o corpo ou saúde de outra pessoa, embora tenhamos o resultado ou ofensa no corpo de outra pessoas, não há nexo de causalidade porque estamos perante uma situação de diminuição do risco. Como corrector ao resultado da teoria da adequação à causalidade. Existe, no entanto, outro critério correctivo da teoria do risco que a doutrina utiliza para afastar a imputação objectiva, são chamados casos que se situam para além da esfera de protecção da norma que o agente violou com o seu comportamento, matéria já falada e ilustrada pelo caso prático do agente que se suicidou ao mandar-se da ponte contra o carro vermelho. Outro critério, prende-se com o facto de vivermos numa sociedade de risco, no entanto nem todas as indústrias ou actividades perigosas são proibidas, por exemplo a indústria do armamento é perigosa mas devidamente regulamentada ela não é proibida. Sabemos que a situação rodoviária é perigosa no entanto não é proibida. Acontece que quando o agente com o seu comportamento tiver criado a verificação do evento mas esse risco for lícito ou permitido não deve haver imputação objectiva. Exemplo: é o caso do sobrinho ganancioso que compra um bilhete ao tio, numa companhia perigosa, porque espera que ele venha a morrer de acidente. E acaba por ter sorte o avião cai e o tio morre. Pergunta-se se o resultado morte pode ser imputável à conduta do agente. Não. Exemplo: um empregador quer-se ver livre do empregado e numa noite de trovoada resolve mandar o empregado acartar lenha na esperança que viesse um raio e que fulminasse o trabalhador e que acabou por ter sorte. Não. Existem vários outros casos. A professora na resolução destes casos de imputação objectiva, contrariamente a ao Dr. Rui Carlos Pereira, parte sempre da teoria da adequação, ou causalidade adequada, verificando depois se eles são de corrigir através da teoria dos critérios de risco. Este parte sempre da teoria da conditio sine qua non com as devidas correcções a partir da teoria do risco. Se estamos perante uma situação de risco lícito ou permitido não imputação objectiva. Se trata de uma situação para além da esfera da norma que o agente violou com o seu comportamento não há imputação objectiva. Se for uma situação de diminuição do risco não há imputação objectiva. Se for uma situação de comportamento lícito alternativo, a menos que a perícia for de tal forma coincidente que me permita verificar com 100 % quase de certeza ou probabilidade que o evento não deixaria de ser o mesmo, a professora entende que não há imputação objectiva. Se a perícia não for de modo a podermos concluir que o resultado que se teria verificado não seria com a mesma probabilidade eu entendo pela imputação objectiva. Finalmente podemos introduzir um principio correctivo do DP que é o principio da responsabilização por facto alheio. Neste sentido entendo que a responsabilidade penal é individual e se houver uma interferência ou um processo causal de terceiro donde derive a produção do evento a produção não pode responsabilizar o agente. Outro caso atípico por causalidade de terceiro é o exemplo clássico do indivíduo que manda um soco a outro, chama-se a ambulância que tem um acidente e morre. Neste caso não deve haver imputação objectiva do resultado morte à conduta inicial do agente porque houve um processo causal por parte de um terceiro. Se partíssemos da teoria da conditio diríamos que o soco foi condição para produção do resultado. Em conclusão, a professora parte da teoria da adequação corrigida com os critérios do risco e com este principio fundamental que é a não responsabilização por facto alheio. Estes são os rudimentos da imputação objectiva. No entanto existem casos difíceis e que nem a teoria do risco resolve convenientemente. Um deles é este: um indivíduo pretende matar outro e lhe dá facadas na cabeça e nos membros superiores e inferi rores. Entretanto acontece que há um indivíduo que passa no local onde a vitima está e encontrando-a com vida resolve levá-la ao hospital para ver se consegue salvar aquela pessoa que está moribunda. Mas, animado de espírito salvador, imprime demasiada velocidade ao automóvel e colo ainda é um condutor inexperiente, e numa curva apertada acaba por se estampar e desse acidente resulta um traumatismo craniano do moribundo que lhe determina morte imediata. Chegados ao Hospital prova-se que a causa imediata da morte foi o

traumatismo craniano mas prova-se também que mesmo que não tivesse havido aquele acidente, por força das facadas ele não deixaria de morrer. Pede-se que se avalie a responsabilidade objectiva de quem dá as facadas e de quem o transportou para o hospital. A doutrina divide-se aqui. A prof. Teresa Beleza ela diz que qualquer antecipação da morte determina a morte e por isso mesmo uma pessoa que estivesse moribunda e destinada a morrer não há duvida que estamos condenados. Quem antecipa a morte deve ser responsabilizado por ter antecipado a morte e haver imputação objectiva. Depois se foi com dolo ou negligencia ai é um problema de interpretação subjectiva. Nesta caso responsabilizaríamos o autor das machadadas com autor de uma tentativa de homicídio na pessoa de C, e responsabilizaríamos o condutor por homicídio consumado, embora do ponto de vista subjectivo ele não teria dolo, quando muito negligencia. Há no entanto uma corrente jurisprudencial que vem dizer, talvez na senda deste comportamento licito ou alternativo, e vem dizer o seguinte se na realidade do veiculo automóvel que por mera negligencia produziu o resultado de morte que era inevitável e a perícia medica nos diz face a gravidade dos ferimentos a vitima não iria sobreviver mesmo que chegasse com vida ele morria, logo deve-se imputar a morte ao autor das machadadas e não responsabilizar o autor do veiculo automóvel. Podemos optar por uma ou outra visão jurisprudencial. AULA 12 (professor)Está trocada, Aparece como 13 mas é a 12. Correcção do teste. AULA 13 (professora)Está trocada. Aparece como 12 mas é a 13, Correcção do teste.Além de termos corrigido a parte II do teste de 27 Março, iniciamos o estudo do elemento subjectivo do tipo. O tipo subjectivo. Iniciamos o e estudo com a referência da regra constante do art. 13 CP. Os tipos previstos na parte especial do CP são sempre dolosos excepto quando a lei expressamente refere que há negligencia. Podemos dizer o art. 13 CP tem aqui um bocado do carácter subsidiário e fragmentário do DP, como interventor de ultima ratio no quadro sancionatório ou instrumental. Só muito excepcionalmente existe responsabilidade penal por negligência. Por isso interessa saber o que é o dolo. O dolo pode ter um duplo enquadramento. Podemos falar de dolo de tipo (categoria analítica da tipicidade), ou culpa dolosa. Neste momento só vamos falar do dolo como elemento do tipo. E do tipo dos crimes dolosos. O dolo como elemento subjectivo geral dos crimes dolosos consiste no conhecimento e vontade por parte do agente por preenchimento ou realização dos elementos objectivos do tipo legal do crime. Exemplo: No tipo homicídio, temos como elementos do tipo objectivo o agente, a conduta, o objecto de facto, o nexo de causalidade e o resultado. Para que o agente tenha dolo de homicídio tem de representar e querer com vontade. Ele tem de representar a morte da pessoa, tem de representar que está a iniciar um percurso para produzir a morte, há-de representar que está a desenvolver esse processo causal para com outra pessoa que ele deseja que morra. E quer os elementos objectivos do tipo de crime. È integrado na sua estrutura por dois elementos. È composto por um elemento de natureza intelectual (conhecimento) e outro elemento de natureza volitiva (a vontade). O dolo é conhecer e querer os elementos objectivos do tipo. Por vezes refere-se erradamente que dolo é o agente conhecer e querer o resultado. Porque nem todos crimes são materiais de resultado. Também há crimes formais de mera actividade e estes distinguem-se dos materiais porque não têm resultado. Por exemplo: art. 190 CP violação de domicílio está consumado quando o agente adopta a conduta descrita no preceito incriminador. Ou introduz-se na habitação, ou quando nela se mantém após ter sido intimado a sair. No entanto este é um crime doloso. O agente representa introduzir-se em casa da vítima apesar de saber que não tem consentimento para lá entrar. Não existem situações de dolo antecedente e subsequente. O dolo é aferido no momento da execução do facto. Da exteriorização efectiva do comportamento do agente. Exemplo: eu decidi matar um caçador

num dia atrasado para a caçada. Eu vou atrás dele e dou-lhe um tiro e ninguém sabe quem é o autor. No dia da caçada todos se reúnem para partir, e ao limpar a minha caçadeira e não reparo que já está carregada. O caçador está à minha frente, e eu inadvertidamente premi o gatilho e ele morreu o caçador que eu pretendia matar dai a meia hora. Não posso dizer que actuei com dolo porque no momento que estava a limpar a arma nem sequer representei a possibilidade de realizar o facto. No momento em que o matei nem sequer representei matá-lo. Aqui haverá um crime de homicídio por negligência. Exemplo: um médico numa operação provoca uma lesão no paciente por negligência. Mas repara que a vítima é um indivíduo que ele pretende matar e decide não reparar a lesão negligente com intenção de lhe provocar a morte. Ele não actua com dolo de homicídio na primeira fase. Só passa a ter dolo de homicídio por omissão com dolo na segunda fase. Porque sobre ele impendia o dever jurídico que pessoalmente obrigava a evitar a produção do resultado de morte do paciente. A chamada ingerência. AULA 14Crimes dolosos (dolo). Crimes culposos (negligencia). Uma nota acerca do homicídio negligente que o professor tem dúvidas se não será homicídio com dolo eventual. A regra no DP é a responsabilização das condutas apenas a titulo doloso, sendo a negligencia um caso excepcional. No entanto na actual sociedade de risco e perigosa onde lidamos todos os dias com substâncias e actividades perigosas o DP não poderia de tentar imputar criminalmente estas actividades tanto a titulo negligente com a titulo doloso pela segurança jurídica e plena tutela dos bens jurídicos. Existe a culpa em sentido amplo e a culpa em sentido estrito que é o caso da negligência. Os crimes compostos surgem para que não existisse a ideia de que uma determinada conduta ficaria impune caso não se enquadrasse no âmbito do dolo. No CP a partir do tipo crimes de perigo quase todos eles têm a punibilidade a título de negligência. Muitos deles têm a criação do perigo e têm a conduta negligente. São duas situações diferentes. Muitas dessas ofensas vêm não da representação da conduta mas do chamado dever de cuidado. Esse dever de cuidado ou atitude de respeito por regras de cautela traz uma determinada responsabilidade. Embora o DP seja de última ratio nem por isso o direito civil, ou administrativo preventivo ou sancionatório deixam de actuar convenientemente, havendo uma política jurídica global de protecção ao bem jurídico. O direito punitivo tem de ser enquadrado em sentido amplo. O grande problema é que a sociedade actual é demasiadamente rápida e por vezes descuidada, e o DP não pode ficar alheio á lesão bens jurídicos fundamentais, como DP do ambiente a titulo de negligencia, nomeadamente as descargas de substancias tóxicas. O DP não pode de deixar de actuar neste campo sob pena de haver situações de violação do princípio da igualdade constitucional penal. Este princípio vincula a igualdade do cidadão acerca de condutas subsumíveis a uma norma jurídica. A negligência é um elemento subjectivo do tipo, é fundamento da punição da conduta humana que vai lesar bens jurídicos fundamentais, e entende-se que mal vai o País que não conseguir responsabilizar mais do que a titulo de negligencia uma descarga de substancia tóxicas para um rio que abastece uma cidade de água. A insuficiência ou incapacidade de outros meios jurídicos para a tutela e protecção dos bens jurídicos, faz com que a negligência funcione como uma válvula de escape para o sistema. O prof. Germano refere “facto injusto” no sentido de tentar afastar a ideia de facto ilícito per si mais ligado ao dolo. Além disso está ligado com o dever de cuidado das profissões de risco e consequente ligação à imputação criminal aos administradores dessa empresa, no sentido de por norma as empresas descartarem da responsabilidade. A ideia é se o quadro superior tem responsabilidade tem poder de supervisão e fiscalização, logo emerge a imputação objectiva penal, em termos objectivos. No fundo, a pessoa (funcionário ou quadro superior responsável) não quer aquele resultado, não o representa, mas acaba por o gerar, logo esta conduta tem de ser culposa (negligencia). Para isso tem de haver censurabilidade ética jurídica ou penal. Os crimes de negligência estão relacionados com actividades perigosas, no entanto é necessário que a haja censurabilidade. Para isso vai-se entrar em linha de conta com o critério objectivo

individual da ponderação para chegar a uma solução do caso. Exemplo: art. 279/3 CP regula que os critérios têm de estar inseridos em normas legais ou regulamentares. Nunca podemos falar da negligencia sem ter em conta a imputabilidade. Tem se ser imputável criminalmente. Em relação à inimputabilidade cria problemas quando advêm duma situação (ou incapacidade) momentânea. A existir, se o facto injusto resultar da acção ou omissão por parte daquele indivíduo que tinha um certo dever não é possível imputá-la. Para que haja o juízo de censurabilidade também é necessário que o agente tenha conhecimento da ilicitude. Não está em causa a anti – jurisdicidade, mas sim o facto injusto relacionado com o mínimo ético do DP. Tem de ter que aquele facto injusto é crime. Tem de ter consciência dos elementos legais do tipo de crime. Exemplo: um condutor que passa numa via a 200 km/h em obras, tem necessariamente de ser imputado dolo eventual no mínimo. Quando se fala destes deveres de cuidado, cautela, temos se saber qual o critério. O art. 15 CP não diz. Temos de seguir a lógica da hermenêutica jurídica. A doutrina aponta determinados critérios. Em primeiro lugar esses deveres de cuidado devem emergir da lei, em segundo lugar devem emergir de normas regulamentares e em terceiro lugar de interpretação do homem comum. O legislador não colocou no art. 15 CP todos os critérios. Deixou que a doutrina o fizesse. Além dos regulamentos internos das empresas com profissões de risco, os quais são para cumprir nos termos da lei civil. Acresce que as acções ou omissões contrárias a esses regulamentos internos gera uma responsabilidade. Não são normas jurídicas mas não podem ser retiradas da interpretação jurídica para análise duma conduta negligente. A doutrina vai mais longe, ao afirmar que o agente de acordo com o seu estatuto académico/profissional médio deveria ter tido um certo dever de cautela ou diligente. Chama-se critério objectivo individual na ponderação. No fundo trata-se de saber se aquela pessoa apesar de ser funcionário, se ela mesmo e face aquelas circunstancias se lhe eram imputável um determinado comportamento ou não. A estrutura da negligência, antes de mais é um elemento subjectivo do tipo, existe a voluntariedade indirecta (quadro volitivo indirecto). Ou seja ele não quer mas prevê. Não produz o chamado dever de cuidado necessário. Logo a conduta que conduz a esse facto ilícito emerge uma voluntariedade indirecta num quadro de litígio indirecto. Também tem a ver com a chamada violação de um dever. Ou omissão de medidas de cautela. Além disso a conduta dele (acção ou omissão) é voluntária, na medida em que ele é imputável e sabe o que está a fazer. È porque a vontade contém a cognoscibilidade. Exemplo: um menor quando faz uma declaração, em termos jurídicos, é uma declaração de ciência. Mas quando assina um documento de consentimento com mais de 14 anos, não só é uma declaração de ciência como é uma declaração de vontade. Porque pressupõe no mínimo a cognoscibilidade. Além disso este facto foi previsto, nos termos da teoria da previsibilidade. Não foi querido nem desejado, o que nos leva à não conformação, que é grande diferença entre a negligência consciente e o dolo eventual. Aula 15 (professor) Mesmo que o facto tenha sido previsto, se o agente não o pode evitar não estamos do domínio da negligencia. Evitar pode ser uma acção por omissão, aspecto muito importante. Quando se fala da acção tem a ver com o dever de cuidado, quando falamos de omissão tem a ver com as medidas que deveriam ter sido desenvolvidas por parte do agente e ele não as desenvolveu. Digamos que tem a ver com as medidas de cautela não empreendidas pelo agente. Esta omissão que se fala neste sentido estrito não é a omissão do art. 10 CP, mas sim a omissão de uma prática de medidas de cautela. Também quando falamos aqui da vontade ou consciência referimo-nos à indirecta, esta omissão de diligência objectiva vai gerar aquela situação concreta. Caso essa omissão de diligência objectiva não se verificasse aquele resultado estávamos perante uma situação em que a omissão não era adequada aquela acção. Também implica uma certa atitude, e quando falamos de atitude não é em sentido doloso mas sim

daquela que se requer e entra no quadro da censurabilidade social ou sócio jurídica. Esta atitude, segundo Germano da Silva refere-se a falta de concentração ou falta de diligência, que pode não ser física ou motora apenas, mas também intelectual ou psicológica. Esta tem de ser adequada à produção do resultado, caso contrário estamos fora da negligência e, ou estamos dentro do dolo, ou a atitude nem sequer se subsume a um tipo legal de crime. Germano tem uma frase reveladora desta ideia “na conduta negligente a vontade e a previsão não se encontram presentes em todo o processo volitivo” pág. 189, referindo-se aqui às duas negligencias, consciente e inconsciente, (esta frase pode aparecer num exame) frase que resume quase tudo o que dissemos até agora acerca da negligência. Os elementos da culpa ou negligência, segundo Germano Silva apresentam 3 grandes elementos e depois um 4º que se deve ter em conta também. Olhando para o art. 15 CP, verificamos a estrutura da negligência. Há os elementos positivos e os chamados elementos subjectivos. Germano Silva analisa em profundidade os elementos positivos, sendo que destes advém a negligência. Os elementos subjectivos da negligência apesar de haver uma representação na negligência consciente, não há um querer mas existe também uma parte subjectiva mínima. Segundo o art. 15 CP, verificamos logo “não proceder com cuidado”, um dos elementos objectivos principal. Outro é a previsão ou a previsibilidade, analisada através do âmbito psicológico concreto do agente, e não de forma abstracta. Há casos em que um cidadão normal ao fazer um furo numa casa e fure um tubo do gás rebentando com a casa, não estamos perante uma questão criminal, mas perante um caso de responsabilidade civil, porque não se pede a este cidadão normal que saiba onde passa o tubo do gás. Outro elemento positivo é a não conformação, ou seja a pessoa não desejar aquele resultado. Outro elemento, já subjectivo, é a imputabilidade em que o agente tem de ser imputável em razão da idade (elemento biológico), e em razão psicológica. Não basta isto, mas tem de se ter em linha de conta as circunstâncias do caso, o caso em concreto. Tomando por exemplo o caso do cidadão normal que furou o tubo do gás, se ele souber que os tubos passavam ali, ele já não podia dizer que não tinha conhecimento. Relativamente à diligência objectiva consiste no comportamento adequado para evitar consequências perigosas, ligado “per si” ao conteúdo do comportamento. Há actividades que são reguladas por normas internas, advindas de vários diplomas, quer em leis quer em decretos regulamentares, quer em portarias, nos termos do art. 112 CRP. Existem decretos regulamentares que têm valor de lei, nos termos deste artigo, embora existam outros que não o têm. Tudo depende se preenche o numero 1 do art. 112 CRP. Todos os outros diplomas referidos nos outros números deste artigo, se preencherem a estrutura do número 1 são diplomas legais. Esta interpretação é importante na medida em que se liga com os direitos fundamentais. Mesmo que, em exemplo, a portaria seja revogada o direito fundamental continua a existir. As normas não regulamentares, não são oriundas de despachos ou outro normativo legal, mas sim normas internas das sociedades, nomeadamente as normas de funcionamento ou diligência. No entanto existem outras situações de negligência não circunscritas a nenhumas destas situações, e devem ser aferidas em função do critério do bom homem de família, inserido na sua actividade, no quadro cultural, económico educacional e social (sentido restrito, o meio) onde vive (homem comum). Outro aspecto importante é a violação do dever de cuidado, tem de ser adequado, por várias razões, para não se correr o risco de entrarmos no campo do dolo. Deve-se falar na adequação ao dever de cuidado que não foi tido e gerou aquele facto ilícito ou injusto. Quanto há teoria do risco tolerado emerge da consciência que todos temos que existem actividades consentidas na nossa sociedade potencialmente perigosas. Exemplo: conduzir um fórmula 1 numa pista adequada não é proibido. Existem regras na condução destas actividades. Este risco é tolerado embora com limites, com o equilíbrio do DP. Por um lado a sociedade admite que devem haver actividades que têm de ser desenvolvidas e são muito perigosas (ex. explosivos) em relação da economia importante para todos, por outro a intervenção do DP surge neste campo a imputar responsabilidade penal, embora deva ter o equilíbrio que se lhe impõe, nomeadamente na imputação a titulo de dolo mas sim a nível da negligência. Esta atitude do DP face a esta

situação concreta, pautada pelo equilíbrio, é uma consequência dum princípio do DP que é limitar o “ius puniendi” ao proteger o delinquente face à acção penal. E a negligência é um dos casos, o DP baseado neste princípio vem dizer que esta conduta que levou concretamente a este resultado final é negligente e não dolosa (muito menos grave). A teoria do risco tolerado fala da liberdade no âmbito dos direitos sociais e económicos que tem a ver com os contratos de trabalho e liberdade de profissão. Na diligencia subjectiva, o elemento cognoscitivo deve ser afastado do quadro da negligência, senão entrávamos no dolo. Mas há uma parte desse elemento cognoscitivo que tem de existir, intrínseco da perigosidade da profissão. Existe sempre uma consciência do risco. Desde que não se verifique este elemento nunca poderíamos submete-lo a uma responsabilidade penal. Esta parte está ligado também ao elemento volitivo que é o não querer. Ele prevê, existe previsibilidade, mas ele não quer que aconteça aquele resultado. Quando se fala na teoria da previsibilidade deve funcionar o elemento cognoscitivo. Para se subsumir a previsão no elemento cognoscitivo do agente torna-se imperativo que seja sobre todos os elementos essenciais do facto típico, ilícito e culposo. Não basta que o resultado final seja crime, é necessário esta cognoscibilidade. A negligência consciente e inconsciente vem descrita no art. 15/a/b. CP. A diferenciação entre uma e outra assenta na representação do facto ou resultado ilícito ou injusto produzido através da acção ou omissão. A intensidade da negligência é e cariz doutrinário. O concurso entre o dolo e negligência no nosso ordenamento jurídico nos termos do art. 13 CP origina que se opte pelo dolo ou negligência. Existe situações em que o tipo é doloso, mas também é negligente. Há situações em que o tipo é doloso, a conduta pode ser dolosa ou negligente e o tipo pode ser negligente ou doloso. Estes últimos têm a ver com os crimes de perigo. Existe uma parte do CP que têm exclusivamente a ver com os crimes de perigo. Nestes casos nunca nos devemos esquecer do art. 18 CP, principalmente quando existe agravamento pelo resultado. Consiste em saber até que ponto a negligência é responsável pelo resultado. Quando o agente preenche o tipo negligente mas é agravado pelo resultado importa apurar se o crime é punido a titulo de negligência, depois entramos em linha de conta com o art. 18 CP. Embora exista tipos legais que prevêem esta situação do agravamento pelo resultado, excluindo o intérprete e a aplicação do art. 18 CP. O crime aberrante não invalida a responsabilidade criminal. Exemplo: quero roubar a Joana mas efectivamente roubo a Maria. Há quem defenda que ele deve ser condenado por crime de roubo tentado contra a Joana e crime de roubo consumado com a Maria. No fundo é condenado por duas situações distintas. Um aparte: o CP não prevê nenhuma norma que refira não ser a responsabilidade intransmissível como refere o art. 30/3 CRP, porque em sentido antropológico não faz sentido actualmente. No DP nunca nos podemos abstrair do sentido antropológico.  Aula 16 (professor) Importa saber distinguir entre crimes qualificados pelo evento, os quais derivam do agente ter praticado a conduta típica e um crime e, pelo circunstancialismo, desaguar noutro diferentes, e os crimes que eles próprios no seu tipo, já contém prevista uma agravante. A teoria da previsibilidade postula que é previsível a ocorrência daquele resultado caso o agente pratique determinada conduta. Caso contrário o agente não é imputado penalmente. Se houver conformação estamos no campo do dolo. A negligência inconsciente é o último reduto para imputarmos responsabilidade penal ao agente. O surgimento do art. 18 CP deve-se ao facto de que se ele não existisse perdia-se a possibilidade de imputação objectiva. Caso não houvesse a possibilidade à sujeição da culpa, perdia-se a responsabilidade objectiva. Os crimes de perigo comum estão relacionados com o concurso do dolo e negligência. Os crimes de perigo basta que em concreto haja a ameaça do bem jurídico. Basta que a conduta leve eventualmente ao crime concreto. No entanto tem de se provar que aquela conduta, naquele caso concreto colocava em perigo algum bem jurídico nos termos do art. 291 CP. Os crimes comuns têm por base uma acção ou omissão que tem de ser a causa desse perigo. Tem de ser a causa desse

evento do perigo. Se não for não estamos perante um evento que agrave a pena. Os crimes de perigo comum vêm descritos a partir dos art. 272 e seguintes CP. Há vários artigos que falam da conduta dolosa e negligente. E do perigo doloso e negligente. Quando se fala em crime doloso há uma ligação com o dolo de perigo. Tem a ver com a consciência e vontade que é dirigida à produção duma lesão de perigo e não um dano. Quando a conduta é negligente temos sempre um evento de perigo comum e ele é obrigatoriamente negligente. A acção tutelada pela conduta é refere-se a acção ou omissão. Quando temos uma conduta (acção ou omissão) dolosa mais um dolo de perigo temos um perigo doloso. Não existe qualquer negligência, sendo as duas dolosas. Quando temos uma conduta dolosa mais o perigo negligente ou culposo tenho um concurso entre um crime doloso e um perigo negligente. Exemplo: um incêndio, embora careça sempre de prova no que concerne a conduta dolosa e negligente. Toda esta matéria é das mais difíceis de prova em julgamento, além de ser extremamente complexa. Quanto à ilicitude é um elemento estruturante do tipo. É um facto contrário à ordem jurídica a partir da conduta, não obstante existem normas que justificam aquela conduta. Ou seja existe uma norma X que contrária aquela conduta, no entanto existe a norma Y que refere que em determinadas condições a conduta é permitida. Estamos perante uma norma permissiva. São causas de justificação ou causas de exclusão da ilicitude. São aquelas que afastam a ilicitude. Existe uma ideia errada de que essas normas são aquelas previstas no art. 31 CP. Essa lista é as causas gerais mas não são exclusivas, nãos sendo por isso “numerus clausulus”. Existem cláusulas supra legais com inserção no número 1 do art. 31. Como por exemplo a acção directa, assim como o direito de informação, embora com limites (existe algumas reservas neste parâmetro).  Aula 17 (professor) Exemplo: Se o António pratica um tipo de crime enquadrado numa norma penal. No entanto existe uma outra norma permissiva que lhe permite essa conduta. O raciocínio é sempre este: há que enquadrar ao tipo legal de crime, e depois encontrar a permissividade da conduta que pode ser uma norma jurídica ou princípio geral do direito que justifica aquela conduta. Exemplo: está vedado a entrada no domicílio, excepto nos casos em que a lei o preveja. Mas há casos em que a lei não prevê. Nós temos causas de exclusão da ilicitude, que normalmente se diz causas de justificação. Nas causas de justificação temos por base o art. 31 CP. O número é a cláusula geral e o número dois tem as cláusulas gerais de justificação. Na cláusula geral cabem todas as cláusulas que não estão descritas no número dois. Não só as cláusulas especiais de justificação que estão nos tipos legais de crime (art. 153/3 CP ou art. 180/2/b CP), ou causas de justificação especiais que entram na cláusula geral de justificação. Se há uma norma mesmo que seja especial que permita um comportamento não pode haver uma norma jurídica que puna esse comportamento, esta é a regra. Aqui cabe também as causas supra legais conexionados com os princípios gerais do direito, que muitas das vezes não são escritas mas extraem-se da filosofia do direito que fundamentam determinadas condutas ou que as justificam. O comportamento não era admissível apenas justificável. As causas de exculpação têm a ver com as causas de exclusão da culpa, causas de exclusão da culpa ou desculpas. Temos um facto concreto e em primeiro lugar temos de verificar se aquele facto é subsumível ou não a um tipo legal de crime. Depois vamos verificar se aquele modelo de comportamento é ou não justificável perante uma norma que o permite. Caso não seja verificamos as causas que excluem a ilicitude ou culpa nos termos do art. 31/2 CP. Caso não sejam vamos verificar se é ou não permitida pela cláusula geral. Se há alguma norma no ordenamento jurídico que permita e autorize aquele comportamento. Mais ainda temos de verificar se o tipo legal de crime não tem causas de justificação específicas conforme exemplo dados em cima. Depois vamos ver das cláusulas de exclusão da tipicidade, como por exemplo os elementos negativos do tipo, coisa diferente das causas de justificação. Por exemplo o consentimento é uma causa de justificação, mas também o consentimento está prescrito em muitos tipos legais de crime que funciona como elemento

negativo do tipo, logo é uma causa de exclusão do tipo. È uma causa de atipicidade. Dentro da trilogia, crime típico, ilícito e culposo. Claramente se eu afastar a tipicidade afasto a ilicitude e a culpa. O resultado final é concluir que aquele facto que afinal de contas é subsumível a uma norma incriminadora é lícito. Por exemplo o consentimento do art. 156 CP é uma causa que exclui a tipicidade que afasta o tipo. Uma coisa é o consentimento como causa de exclusão de ilicitude outra coisa é o consentimento como elemento negativo do tipo que o afasta. As causas de justificação são uma especificidade que afasta a ilicitude naquele caso concreto. Esta especificidade da causa de justificação está ligada ao bem jurídico, ao interesse relevante a ser tutelado naquele caso. È por isso que até meados do século dezanove se permitia que uma pessoa pudesse matar outra em defesa da propriedade. No fundo é o que nós temos aqui é uma ilicitude aparente que verificados os pressupostos da norma permissiva ou justificadora afaste essa ilicitude tornando aquele facto lícito ou menos ilícito. AULA 18 (PROFESSORA) Matéria do erro plasmada no art. 16 CP. Para simplificar a questão vamos dividir o art. 16/1 CP em 3 partes ou 3 proposições. O erro sobre elementos de facto ou tipo legal de crime, o erro sobre elementos de direito ou erro normativo do tipo e o erro sobre as proibições. Todas estas proposições têm como consequência jurídica a exclusão do dolo, ficando no entanto ressalvada a punibilidade na forma de negligência. O erro sobre elementos de facto do tipo legal de crime encontra frequentemente o erro sobre o objecto. Dentro deste encontra o erro sobre a inexistência do objecto e a identidade do objecto. Também no erro sobre o objecto encontramos o erro sobre a qualidade fáctica do objecto, além do erro sobre a qualidade normativa do objecto e além destes, não sendo uma verdadeira situação de erro, nós temos uma situação a chamada erratio ictius (execução defeituosa). Esta última matéria, embora não faça parte do erro, por questões didácticas faz sentido introduzi-la agora. Também podemos ter uma situação de erro por processo causal, não situada no art. 16 CP, embora faça sentido introduzi-la agora. Tem a ver com a eficácia do processo causal nas situações de desvio do processo causa, que pode ser essencial ou relevante, ou um desvio não essencial ou irrelevante. Quanto à segunda proposição do art. 16 CP temos erros sobre elementos de direito do tipo legal de crime, encontramos um erro sobre a qualidade normativa do objecto, o erro sobre a qualidade normativa do agente e qualidade normativa do agente. Quanto à terceira proposição do artigo 16 CP temos o erro sobre o conhecimento, sobre a inexistência da proibição e o erro sobre a XXXXXXXXX da XXXXXXXXXXX. A matéria do erro está regulada no art. 16 e 17 CP, no entanto nas situações do art. 16 temos as situações de erros de natureza intelectual, no art. 17 temos as situações de erro moral. Em matéria penal existe o erro de representação ou erro de execução. Esta noção de erro congrega as duas noções de erro constantes no art. 16 e 17 CP. O erro de natureza intelectual e o erro de natureza moral. Dá-se uma situação de erro de natureza intelectual quando a realidade de natureza objectiva é uma e essa mesma realidade objectiva é representada deficientemente na mente do agente. Pensa eu é uma e na realidade é outra por representação deficiente. Exemplo: após ser incomodado várias vezes pelo barulho de um cachorro na porta disparo uma arma e verifico que é uma pessoa. È um erro de natureza intelectual, um erro de suposição. Também pode acontecer por ignorância. No fundo trata-se de má avaliação duma situação objectiva. No art. 17 CP representa fielmente tal como ela é a realidade objectiva, mas erra porque supõe que a sua actuação, acção ou omissão, ser valorada pelo ordenamento jurídico quando na realidade o não é. Exemplo: caso de adultério originando a morte dos adúlteros pelo marido o qual pensa que o homicídio justifica a lavagem da honra. Ou ignorância sobre a omissão de auxílio. As consequências jurídicas são diferentes quer seja um ou outro tipo de erro. No que se refere ao erro intelectual do art. 16 CP tem como consequência o afastamento do dolo, já do art. 17 CP, erro moral, releva em sede de culpa, e por isso será estudado quando dermos a categoria analítica da culpa. Importa distinguir que

basta provar as situações previstas no art. 16 CP, já o regime do art. 17 CP é mais exigente, porque não basta que prove, é necessário o critério da existência ou não de censurabilidade, dado que o resultado deste critério afere as consequências ou do numero 1 ou do numero 2 do art. 17 CP. O objecto de facto enquanto elemento do tipo objectivo do crime não deve se confundido com bem jurídico, podendo ser qualquer um. Exemplo: disparo contra uma porta sugestionado por uns amigos e acabo por matar uma pessoa que estava atrás da porta. No entanto não representei a existência do objecto (outra pessoa) atrás da porta. Do ponto de vista objectivo o tipo está preenchido, há um agente que sou eu, conduta típica de matar outra pessoa através de disparo de arma de fogo, resultado típico morte de outra pessoa, há um nexo de causalidade porque é previsível do ponto de vista objectivo que disparando as munições contra a porta possa matar uma pessoa atrás da porta, do ponto de vista do bem jurídico lesado houve uma lesão de vida humana, só que, do ponto de vista subjectivo, pergunta-se se agi com dolo? È que o dolo é constituído por dois elementos de natureza intelectual e volitiva, o agente tem de conhecer e querer matar outra pessoa. Aqui eu não representei matar outra pessoa, logo não estou a cometer um crime. Por isso se diz em DP que o elemento intelectual precede o elemento de natureza volitiva. Eu só posso querer aquilo que previamente conheci. Logo temos uma situação de erro sobre a natureza do objecto, que é um elemento do facto típico homicídio. Existe erro sobre o objecto quando o objecto representado diverge do objecto da conduta são divergentes. Existe relevância entre eu conhecer e querer atingir um animal, e relevância entre querer e atingir uma pessoa, logo aplica-se o art. 16/1 CP, logo o dolo de homicídio está excluído, e quando muito o homicídio negligente. AULA 19 (PROFESSOR) Teoria do desvalor da acção. A causa de justificação vai neutralizar a ilicitude. Não vai neutralizar a tipicidade. A tipicidade tem de estar aferida pelo princípio da legalidade. A tipicidade não é só indiciar o tipo, é também garantir a segurança jurídica. Este indício da tipicidade pode ser afastado por uma norma do CP quer pelo restante ordenamento jurídico. O consentimento nos termos do art. 156 e 190 CP é um elemento negativo do tipo logo nega o tipo e não a ilicitude. Já no art. 38 CP é diferente já afasta a ilicitude. A nossa doutrina entende que o tipo incriminador e o tipo justificador são complementares, logo não podemos falar em causas justificativas que vão afastar o tipo, mas sim a ilicitude indiciada no tipo. Por isso a causa de justificação funciona como um juízo valorativo jurídico e como um direito de acção e intervenção. No entanto há que fazer o raciocínio sempre até chegarmos à conduta lícita, que existia desde o primeiro momento. Por exemplo o direito de informar gera uma causa justificativa ou especifica nos termos da primeira parte do numero 2 da alínea b do CP que se insere no numero 1 do art. 31 CP, ou seja, na totalidade da ordem jurídica e não na alínea b numero 2 do artigo 31 CP. São duas situações diferentes. Os princípios gerais das causas de justificação existem duas posições doutrinárias. Uma defende o princípio geral que entende que existe um interesse que se sobrepõem a outro e outra que defende o interesse preponderante, p.e., a legítima defesa. Relativamente ao princípio geral deriva do princípio constitucional do princípio da concordância prática nos termos do art. 18/2 CRP. As circunstâncias justificativas têm de se aferir sempre pela CRP primado do panorama jurídico. As causas de justificação supra legais, apesar do nome não deixam de estar previstas na lei. Retiram-se da letra da lei. Exemplo de caso real: a revista por parte das forças de segurança pública das pessoas que foram a um concerto de rock. Esta conduta apesar de não estar preceituada na lei, retira-se dela. Há a violação de um direito fundamental que é justificado por uma cláusula (principio) geral de intervenção do Estado. Os princípios gerais do Direito têm carácter vinculativo, porque o direito no fundo é constituído pelos princípios gerais do direito, e de cada ramo de direito, são as normas do direito positivo, são a jurisprudência e a doutrina. A lei está dentro do direito. A analogia nas causas de justificação é aplicada em favor do arguido. Ou interpretação extensiva

no mesmo sentido. Outras situações, mais polémicas, como a detenção por parte dos operadores judiciários sem autorização judiciária, é admissível no entanto deveras limitado. A adequação social da conduta não tem nada a ver com circunstâncias ou causas justificativas, p.e., a prática de desportos como o judo ou boxe onde é lesado a integridade física da pessoa, é uma causa de atipicidade na medida em que exclui o tipo, não chegando a verificar-se naquele caso concreto. AULA 20 (PROFESSORA) Caso prático 31 da colectânea de casos práticos. O agente projecta determinado fim, nomeadamente uma burla, e representa a morte de 20 pessoas, além da destruição do navio. No entanto, por circunstancialismo, quem morre são 3 trabalhadores. È uma situação de aberractio ictius ou execução defeituosa. Pune-se o agente por 20 tentativas de homicídio relativamente aos tripulantes do navio com dolo necessário (dolo de 2º grau). Tentativa de burla relativamente à seguradora com dolo directo acrescido de tentativa de dano ao navio com dolo necessário, além de três crimes de homicídio negligente inconsciente. Trata-se de um caso de execução defeituosa (aberratio ictius) na medida em que o objecto representados não foram os objectos efectivamente atingidos e isto porque não se verificou uma deficiente representação da realidade objectiva. Para a resolução destas situações existem várias posições doutrinárias, a saber: segundo Teresa Beleza dá-se às situações de execução defeituosa o mesmo tratamento ao erro sobre o objecto. Já para a maior parte da doutrina e jurisprudência deve punir-se em concurso efectivo a solução modular entre facto tentado sobre o objecto atingido e facto tentado sobre o objecto efectivamente representado pelo agente. No caso concreto o agente pretendia burlar a companhia de seguros com dolo (produziu e quis) embora o resultado não se verificasse. Logo os elementos objectivos e subjectivos da tentativa de burla encontram-se preenchidos por força das disposições conjugadas dos art. 22/1/2/c e 219 e 14/1 CP. O agente seria punido em concreto por crime de tentativa de dano, também porque os elementos objectivos e subjectivos se encontravam preenchidos, por força das disposições conjugadas dos art. 22/1/2/c e 212/1/2 e 14/2 CP. Além de 20 tentativas de homicídio tentado relativamente aos tripulantes 22/1/2/c e 131 e 14/2 CP. Além de 3 homicídios negligentes inconsciente 137 e 15/b CP. Caso prático 32 da colectânea de casos práticos. Existe claramente um erro sobre a identidade do objecto.Trata-se de verificar se a lei valora da mesma forma o objecto atingido e o objecto representado pelo agente. Verificamos que existe uma distonia típica porque querer e matar uma pessoa é um crime de homicídio e matar uma peça de caça em período de defeso será uma contra ordenação. A solução modular é punir  AULA 21 PROF. FALTOU AULA 22Correcção do teste. IIIExplicar as razões de ser das causas de justificação. Só temos consciência da licitude daquele facto humano jurídico no final do raciocínio hermenêutico jurídico ou penal. Pode-se encontrar a norma permissiva positiva no ordenamento, embora a causa de justificação possa estar para

além do art. 31/1 CP, dado não haver numerus clausus. O direito de informação tem de ter interesses gerais. As causas de justificação supra legais. Aplicação da interpretação extensiva e analógica relativamente às causas de justificação em que a doutrina defende que deve ser aplicada a favor da parte, e não admissível para mal da parte.   AULA 23 (PROFESSORA)RESOLUÇÃO DE CASOS PRÁTICOS AULA 26 (PROFESSORA) RESOLUÇÃO CASOS PRÁTICOS AULA 27 (PROFESSOR) As causas de justificação são direitos abstractos quando colocados em prática são direitos concretos. Existem artigos que têm as chamadas causas especiais de justificação, fora do âmbito das causas gerais do art. 31/1 CP. Tem a ver com o concurso, donde é necessário saber quais delas devem ser aplicadas. Tendo o tipo legal de crime a própria causa de justificação, em princípio, será essa que se esgota, depois é que vamos às causas gerais. Mas nem sempre isso acontece, porque se a conduta do agente se justificar e os pressupostos estiverem preenchidos quer na causa de justificação em especial, quer na causa de justificação geral nos termos do art. 31/2 CP, nesses casos em concreto aplica-se aquela mais favorável ao agente. Tem a ver com o princípio da especialidade que refere a causa especial derroga a causa geral. No caso em que estejam os dois pressupostos preenchidos aplica-se a mais favorável ao agente (arguido). Outra situação relaciona-se quando nos deparamos com causas de justificação oriundas doutros ramos do direito, o procedimento a ter relaciona-se com o princípio da unicidade do direito. No entanto há que reter o facto de que o alcance e conteúdo das causas de justificação diversas não são idênticos. Não pode haver uma norma que permite um comportamento que o não determine e o sancione em paralelo, nos termos do princípio da unicidade. Desde que se verifique o preenchimento de uma norma permissiva ou por um princípio geral do direito que permita ou justifique aquela conduta ou comportamento, deixa de ter uma valoração negativa e passa a ter a valoração positiva. As limitações das causas ou se retiram da própria causa em si ou se retiram do ramo do direito. As limitações podem não estar na norma ou noutro ramo do direito.  AULA 28 (PROFESSOR) As causas de justificação têm a ver com a valoração positiva dum facto negativo, mas também como uma manifestação pura do estado de direito consubstanciado pelo auto defesa. Análise da dogmática existente, nomeadamente os princípios e doutrina, das causas de justificação. AULA 29 (PROFESSORA) Resolução de casos práticos.  AULA 30 (PROFESSOR) Deu as notas e falou do teste. AULA 31 (FALTOU) 

AULA 32 Exercício do direito. Abuso do direito. Colisão de direitos. Não nos devemos esgotar dentro do CP ou CC. Existem direitos espalhados por vários ramos do direito. Direitos que emanem de normas regulamentares mesmo que tenham ganho estatuto constitucional, mesmo que o diploma tenha sido revogado o direito mantém-se. O exercício do direito tem limites, nomeadamente os limites internos, dados pelo próprio direito. Depois existem os limites externos e direitos subjectivos. As normas positivas só têm valor quando enraízam nos princípios.  AULA 35 A legítima defesa tem consagração constitucional.  AULA 36  A legítima defesa. Formação do medo ou susto não podem ser censuráveis, senão estamos no âmbito do art. 36/1 CP. A grande diferença entre direito de necessidade e estado de necessidade justificativo culpante é que um é causa de justificação e outro é causa de exculpação. E a grande diferença é esta: enquanto o direito de necessidade é um bem jurídico superior, no estado de necessidade desculpante podemos sacrificar o bem jurídico superior em defesa do bem jurídico inferior. Exemplo: uma pessoa que se desloque a 130 km, mas verifique que está atrasado para uma reunião, e preze cumprir horários, não há trânsito e o tribunal aceitou a honra como causa de exculpação. 2.1         Agentes do crime e a vítima2.1.1       Comparticipação criminosa2.1.2       Participação na comparticipação: autoria e cumplicidade2.1.3       Crimes de participação necessária – associações criminosas e organizações terroristas.   Caso prático de DP IIImagine-se a seguinte hipótese.          Em época de elevada criminalidade na cidade, com diárias notícias de homicídios, latrocínios, seqüestros relâmpagos, assaltos etc., o dono de uma pequena empresa, no dia do pagamento do salário aos seus funcionários, estando em mãos com vinte mil reais, ao constatar o súbito ingresso de dois rapazes no escritório, acreditando tratar-se de um assalto, reage com o emprego de arma, desferindo-lhes seis e letais tiros. Comprova-se, posteriormente, que os rapazes tinham ido ao escritório em busca de emprego e não para praticarem assalto.          De pronto, sem margem a discussão teórica, o fato hipotizado não comportaria enquadramento no art. 25 do CP. A legítima defesa, como excludente da antijuridicidade pressupõe, dentre outros, o requisito da agressão, atual ou iminente, sempre, porém, como fato da realidade.          O empresário apenas “pensou” que estivesse prestes a ser assaltado. Seu erro, incidente sobre pressuposto fático da legítima defesa (que dá vez à chamada “legítima defesa putativa”), comporta diferentes soluções no âmbito da doutrina do direito penal, conforme a corrente que se siga.

          Segundo a teoria “extremada da culpabilidade”, todo e qualquer erro que recaia sobre uma causa excludente da ilicitude deve receber o tratamento jurídico-penal dado ao “erro de proibição”. Desde que o sujeito atue na suposição de que não faz algo antijurídico, contra o

direito, tanto faz errar sobre elemento fático (erro sobre o fato de o prédio estar em chamas), sobre a existência (sapateiro que vende os sapatos deixados pelo freguês há mais de ano, para ressarcir-se dos serviços, pensando estar juridicamente autorizado a fazê-lo) ou sobre os limites de uma excludente reconhecida pela ordem jurídica (marido dá violenta surra na mulher ao vê-la animadamente dançando com outro).          Para Welzel, os três casos de suposição errônea de concurso de uma causa de justificação são igualmente erros de proibição: o erro inevitável exclui a culpa, o evitável atenua-se segundo a medida da culpabilidade (Derecho Penal Aleman, pág. 235).          Assim, sob o prisma da teoria extremada, os dois homicídios seriam típicos e antijurídicos, podendo ser excluída ou diminuída a culpabilidade. O erro produziria efeitos tão só no terreno da culpabilidade, permanecendo íntegra a tipicidade dolosa.          Esta teoria, de minoritário acolhimento dentre os autores, não pode ser aplicada no direito penal brasileiro em face da expressa regra do §1º, art. 20, do CP. Nossa legislação não admite que se dê ao erro inevitável sobre pressuposto fático o efeito de diminuição da culpabilidade dolosa.          Em sentido oposto, a teoria “limitada da culpabilidade” propõe um tratamento diferenciado, segundo a natureza do erro.          Será tratado como erro de proibição somente quando o erro recair sobre a existência ou limites de uma causa de justificação – erro de permissão (art. 21, do CP).          Quando o erro recair sobre um pressuposto fático da excludente, erro sobre a agressão, por ex., deverá receber o tratamento dispensado ao erro de tipo (art. 20, § 1º, do CP), embora com este não se confunda – erro de tipo permissivo.          Nesta perspectiva, acolhida pela CP, conforme consta da Exposição de Motivos da Reforma de 1984 (item nº 17), independentemente da natureza vencível ou invencível do erro no qual o proprietário da empresa incorreu, a tipicidade dolosa dos homicídios estaria prontamente excluída, restando apurar, e aí sim conforme a evitabilidade ou não do erro, sua responsabilidade por homicídio culposo.          Há quem entenda, porém, e não são em pequeno número os seus defensores, que, mesmo sendo excluída a responsabilidade à título de dolo, o efeito do erro inevitável sobre pressuposto fático não deve ser o de exclusão da tipicidade dolosa e sim o de exclusão da culpabilidade dolosa – isenção de pena (Jescheck, Wessels, Maurach).          O dolo se mantém íntegro, não havendo afetação do respectivo tipo, apesar do erro sobre pressuposto fático da excludente. E, quando evitável o erro, por analogia, a conseqüência jurídica é a da sua equiparação ao erro de tipo.          Esta compreensão parte de uma visão que dá ao dolo dupla função. Sua presença no tipo, como elemento subjetivo, não implica em perda de significado na culpabilidade.          Conforme Johannes Wessels, em face do princípio da culpabilidade, culpa e pena devem se corresponder mutuamente.          “Como as cominações legais de pena são essencialmente menores nos fatos negligentes do que nos dolosos, a representação do legislador se expressa em que entre fatos puníveis dolosos e negligentes não subsiste uma diferença só no injusto da conduta, mas também que há uma diferença de culpabilidade, que afeta a graduação da pena.          “Disso segue que com os conceitos de dolo e negligência não se devem indicar somente formas diferenciadas de conduta, mas igualmente duas formas diversas de culpabilidade, nas quais o dolo, no sentido de culpabilidade dolosa, representa o degrau mais elevado e a negligência, no sentido de culpabilidade negligente, o mais diminuto.          “No tipo de injusto o dolo é, como forma de conduta, o portador do sentido jurídico-social da ação, que compreende as relações psíquicas do autor para com o acontecimento fático exterior (= dolo do tipo em sentido estrito, como realização consciente e volitiva das circunstâncias objetivas).

          “No setor da culpabilidade, o dolo é, como forma de culpa, o portador do desvalor do ânimo, que expressa o deficiente ânimo jurídico especificadamente ligado à realização dolosa do tipo (= posição dolosa e defeituosa para com a ordem jurídica).          “Como a realização do tipo somente indicia a antijuridicidade do fato, assim também o dolo do tipo, como elemento subjetivo do injusto, só oferece um indício para o tipo de culpabilidade que lhe corresponde. Este indício pode desaparecer em situações atípicas, como, por exemplo, na tomada errônea de circunstância justificante do fato” (Direito Penal, Parte Geral, pág. 37).          Assim, como “forma de conduta” e “forma de culpabilidade”, o dolo desempenha uma “dupla função” no sistema do delito.          Quando o agente erroneamente supõe a existência de pressuposto fático da excludente (por ex., a existência da agressão), a realização dolosa do tipo não será expressão do ânimo do tipo de culpa que lhe corresponde normalmente (Wessels, ob. cit., pág. 90), como ânimo adverso ao Direito, porque, se não fosse o erro sobre a realidade, ele seria fiel ao Direito, querendo observar a lei (Munhoz Neto, A Ignorância da Antijuridicidade em Matéria Penal, pág. 86), e o fato seria lícito.          Na circunstância, a realização do tipo seria fruto de uma atenção defeituosa, de uma posição negligente para com os deveres de cuidados impostos pela ordem jurídica, igual ao que se dá nos fatos culposos, sendo, pois, a censura, qualitativamente correspondente a uma censura de culpabilidade negligente, razão pela qual é de ser equiparado, em termos de conseqüências jurídicas, quando inevitável, ao genuíno erro de proibição: o agente fica isento de pena, tendo excluída a culpabilidade. Quando evitável, o erro de tipo permissivo deve ser equiparado, em termos de conseqüência jurídica, ao erro de tipo vencível (art. 20, § 1º, do CP).          Cumpre observar que esta posição doutrinária, consagrando uma teoria de culpa que remete para as conseqüências jurídicas, não implica em confusão do erro de tipo permissivo com o erro de tipo nem com o erro de proibição. O erro sobre pressuposto fático possui natureza própria e específica, apresentando-se como um erro “sui generis”, situado a meio termo entre o erro de tipo e o erro de proibição indireto.          À semelhança do erro de tipo, recai sobre um elemento do tipo justificante, e, à semelhança do erro de proibição, o sujeito erra sobre elementos que fundamentam a ilicitude material.          Mas não é erro de tipo porque o sujeito quer realizar o tipo (característica do erro de tipo é a ausência de dolo como vontade de cometimento do fato descrito pelo tipo), nem é erro de proibição porque não tem por base uma valoração da ordem jurídica e sim uma situação da realidade.          Assim, a tipicidade dolosa permanece íntegra e o agente poderá ter excluída a culpabilidade quando o erro for inevitável.          Nos casos de erro vencível, a regra do erro de tipo só lhes é aplicada com vistas a uma igualdade no tratamento jurídico com o erro de tipo (teoria da conseqüência jurídica).          Também deve ser referido que a teoria do erro “sui generis” não se confunde com a extremada.          Para a teoria extremada o erro sobre pressuposto fático é sempre erro de proibição. Para a teoria que remete à conseqüência jurídica, o erro sobre pressuposto não é erro de proibição e pode receber o mesmo tratamento dispensado ao erro de tipo, quando evitável, em uma equiparação de seus efeitos penais que se justifica pela identidade da natureza negligente do fato de que decorrem.          A aplicação desta teoria é admissível à luz do direito penal brasileiro.          O CP, embora regulamente o erro de tipo permissivo (§ 1º do art. 20) no âmbito do erro de tipo (“caput” do art. 20), não os confunde. Se os confundisse não haveria razão plausível à existência do § 1º. Ao conferir uma certa autonomia ao erro de tipo permissivo, admite que se lhe possa dar o tratamento preconizado pela teoria do “erro sui generis”, única, aliás, e a

observação é de Teresa Serra, “capaz de explicar teoricamente a natureza, as características e o regime deste erro” (Problemática do Erro sobre a Ilicitude, pág. 86).          Por derradeiro, seja sob o prisma da teoria extremada, da limitada ou da teoria moderna da culpabilidade (a que remete à conseqüência jurídica), tomando-se o erro do empresário como erro inevitável, não é correto afirmar-se a ocorrência de “crimes” de homicídio.          Para a teoria limitada, porque faltaria tipicidade. Para as teorias extremada e moderna, porque faltaria culpabilidade, embora afirmadas a tipicidade e a antijuridicidade.          Sendo obra do homem, o delito não é estruturado tão só por valorações da conduta frente às exigências de proteção do bem jurídico. Os juízos de tipicidade e antijuridicidade, que têm como objeto a conduta humana e por enfoque a violação ao bem jurídico protegido, não o esgotam em termos de composição. O delito também é composto de uma valoração da ordem jurídica sobre o autor da conduta típica e antijurídica, juízo de censura que a culpabilidade encerra. A culpabilidade, pois, é o terceiro elemento que dá estrutura à infração penal. Na sua falta, apesar de típico e antijurídico, o fato não se constitui em infração penal. http://edgarsousacavaleiro.blog.com/tag/direito-penal-ii/