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DIREITO PENAL – PARTE GERAL - MODULO I E-LEARNING www.ecocursos.com.br E-LEARNING DIREITO PENAL – PARTE GERAL 1- Infração Penal Alguns conceitos são de suma importância para que possamos dar claro entendimento. Infração penal é toda conduta ilícita que se adequa a descrição de um crime ou uma contravenção. Diante de tal conceito, no art. 1º da lei de Introdução do Código Penal (Decreto - lei nº 3.914/1941) são expressos os conceitos sintéticos de crime e contravenção, a partir da análise do tipo de pena a ser aplicada a cada espécie. Ou seja, para determinar que a conduta descrita é um crime a pena a ela cominada pela lei será de reclusão ou detenção

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DIREITO PENAL – PARTE GERAL

1- Infração Penal

Alguns conceitos são de suma importância para que

possamos dar claro entendimento.

Infração penal é toda conduta ilícita que se adequa a

descrição de um crime ou uma contravenção.

Diante de tal conceito, no art. 1º da lei de Introdução do

Código Penal (Decreto - lei nº 3.914/1941) são expressos

os conceitos sintéticos de crime e contravenção, a partir da

análise do tipo de pena a ser aplicada a cada espécie. Ou

seja, para determinar que a conduta descrita é um crime a

pena a ela cominada pela lei será de reclusão ou detenção

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aplicadas isoladamente, cumulativamente com a pena de

multa, ou alternativamente a esta.

Para ser caracterizada a conduta com uma

contravenção penal é necessário que a pena imposta pela

lei seja de prisão simples ou multa aplicadas isoladamente,

ou ambas, alternativamente ou cumulativamente.

Não há no Código Penal um conceito expresso para

crime.

2- Crime (Elementos)

Nos elementos do crime, não se pode furtar-se de citar

a teoria finalista de Hans Welzel, onde o mesmo reza que o

crime é integrado pelos seguintes requisitos: fato típico e

antijurídico. O requisito culpabilidade é pressuposto de

aplicação da pena. É a teoria adotada pelo Código Penal

desde a reforma de 1984.

O fato típico, por sua vez é formado dos seguintes

elementos:

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a) conduta voluntária dolosa ou culposa: ação ou

omissão voluntária com intenção de obter o resultado (dolo

direto) ou assumindo o risco de produzi-lo (dolo eventual);

ou ação voluntária eivada de imprudência (conduta positiva

feita com descuido objetivo - culpa), negligência (deixar de

fazer algo por descuido objetivo - culpa) ou imperícia

(desconhecimento de técnicas de arte ou oficio ou

inabilidade na aplicação de técnicas conhecidas de arte ou

ofício - culpa)

b) resultado: é a modificação do mundo exterior ou na

órbita jurídica provocada pela conduta (ação ou omissão)

do agente. O resultado se difere de evento, pois este é

qualquer acontecimento. Ex: fenômenos naturais, o

comportamento de animais irracionais. Existem duas

teorias sobre o resultado: Teoria naturalística e Teoria

jurídica ou normativa. Pra essa primeira, o resultado é a

modificação que o crime provoca no mundo exterior, sendo

esse resultado naturalístico, ou seja, visível aos olhos. Ex:

morte da vítima, no crime de homicídio; a redução

patrimonial da vítima no crime de furto. Para essa teoria

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admite-se crime sem resultado. Para a Teoria jurídica ou

normativa, o resultado é a lesão ou o perigo de lesão o

bem jurídico protegido pela lei. Ex: a morte é lesão ao bem

jurídico protegido -vida; a subtração de coisa alheia móvel

é lesão ao bem jurídico protegido- patrimônio. Para essa

teoria não existem crime sem resultado.

c) nexo causal: é a relação natural entre a ação ou

omissão do agente (conduta voluntária) e o resultado

produzido. Nada mais é que na física conhecemos como

causa-efeito. Deve existir necessariamente um elo real

entre a conduta do agente e o resultado efetivamente

produzido. Ex: “A” desfere tiros contra “B”, que falece em

decorrência das lesões experimentadas pelos disparos. Há

nexo causal. Ou contrário de “A” desfere tiros em “B”, que

vem a falecer do desabamento do teto do hospital onde

está sendo socorrido. A morte foi causada pelas lesões

decorrentes do desabamento e não decorrente do disparo

em si. Não há nexo causal real entre os disparos e a morte.

Assim “A” responderá por tentativa de homicídio, por falta

de nexo causal.

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d) tipicidade: é o encaixe perfeito entre a conduta

realizada pelo agente e a norma penal descrita em

abstrato. Ou seja, é o agente praticar todos os elementos

previstos na descrição do crime. Ex: furto (art. 155 CP)-

subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. É

necessário que a conduta seja de subtrair, retirar a coisa

alheia móvel do patrimônio da vítima, sendo tanto para ficar

com a coisa ou entregá-la a outrem. Quando ocorre esse

encaixe perfeito, chamamos de tipicidade.

Já o tipo penal é a artigo de lei que descreve em

abstrato a conduta criminosa. Ex: Art. 163- Destruir,

inutilizar ou deteriorar coisa alheia: pena- detenção, de 6

meses a três anos , ou multa. Esse é o tipo penal: crime de

dano.

São elementares do tipo penal os componentes

fundamentais para a existência do crime. Ex: no mesmo

crime de dano, se a coisa for do próprio agente, não será

coisa alheia, portanto, não há que se falar de crime de

dano, visto que falta a elementar “alheia”.

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Por fim, as elementares do tipo penal podem ser:

elementares objetivas - aquelas cujo significado se extrai

de mera observação. EX: matar (art. 121); conjunção carnal

(art. 213) que seria o coito vaginal. E podem ser

elementares normativas - aquelas que necessitam de juízo

de valor, ou seja, de interpretação para determinar sua

existência. Ex: dignidade e decoro (art. 140), é necessário

conceituar fora do tipo penal o que é dignidade ou decoro.

3- Consumação e tentativa

Considera-se o crime consumado quando nele se

reúnem todos os elementos de sua definição legal. Ex:

Matar alguém (art. 121 CP) consuma-se com a morte da

vítima. Essa definição encontra-se expressa no art. 14, I do

CP.

Da mesma forma considera-se o crime tentado

quando, iniciada a execução, não se consuma por

circunstâncias alheias a vontade do agente. Ex: O agente

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atira na vítima com intenção de matá-la, porém essa é

socorrida a tempo ao hospital e sobrevive. O resultado

morte não ocorreu, portanto ocorreu uma tentativa de

homicídio.

Também há previsão legal para esse instituto da

tentativa no art. 14, II CP (causa de redução de pena). No

caso da tentativa o CP no parágrafo único desse mesmo

artigo que a pena terá a pena correspondente ao crime

consumado, diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços). Ex: O

agente, com intenção de matar a vítima, desfere um

disparo contra a vítima e é impedido de continuar a

execução do crime por terceiros. Nesse caso será aplicada

a redução de 2/3 (dois terços) da pena prevista para o

crime de homicídio. Se o agente desfere seis disparos

contra a vítima e esta é socorrida e sobrevive, o agente

terá redução de apenas 1/3 na pena do crime consumado.

A redução da pena da tentativa é avaliada na aplicação

da pena pelo juiz de forma inversamente proporcional ao

caminho do crime (iter criminis). Quanto mais atos

executórios forem praticados em busca do resultado menor

será a redução da tentativa e vice-versa. Lembrando

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também que se caso for percorrido metade do caminho do

crime, a redução será de ½ na pena da tentativa.

Há duas espécies de tentativa: tentativa perfeita

(acabada) e a tentativa imperfeita (inacabada).

A tentativa perfeita é aquela que o agente fez tudo

para atingir o resultado, ou seja, praticou todos os atos

executórios necessários para que o resultado acontecesse,

mas por circunstâncias alheias a sua vontade, o crime não

se consuma. Ex: o agente, com intenção de matar a vítima,

insere veneno mortal na bebida dessa que ingere tal

líquido, porém não morre, pois foi prontamente socorrida

com o antídoto. Nesse caso haverá redução mínima de 1/3

na pena do crime consumado em razão da tentativa.

Já a tentativa imperfeita é aquela que o agente é

impedido, por circunstâncias alheias a sua vontade, de

prosseguir com os atos executórios. Ex: o agente, com

intenção de matar a vítima, insere veneno mortal na bebida

dessa que não chega a ingerir tal líquido. Nesse caso

haverá a diminuição de ½ ou de 2/3 da pena do crime

consumado.

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4- Desistência voluntária e arrependimento eficaz

O Código Penal prevê em seu art. 15, a desistência

voluntária e o arrependimento eficaz. O agente que,

voluntariamente, desiste de prosseguir na execução

(desistência voluntária) ou impede que o resultado se

produza, só responde pelos atos já praticados.

(arrependimento eficaz).

Na desistência voluntária, o agente inicia a execução

de um crime e podendo prosseguir, resolve por ato

voluntário interromper o caminho para a consumação. Só é

possível no caso da tentativa imperfeita, posto que não

praticou todos os atos necessário à consumação e ele

deixa de praticar mais atos. Ex: o agente com vontade

inicial (dolo) de furtar o toca - cd de um veículo arroba a

fechadura da porta e abre o veículo, mas percebe a

besteira que está fazendo e nada leva do carro. Assim por

ato voluntário seu, fecha e vai embora. Assim reza o art.

15, 1ª parte, que responderá apenas pelos atos já

praticados, ou seja, no presente caso responderá pelo

crime de dano por ter arrombado a porta.

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Já o arrependimento eficaz é aquele que o agente

pratica todos os atos dirigidos à obtenção do resultado,

porém pratica, por sua vontade, mais um ato que é eficaz

para impedir a consumação do crime. Ex: o agente com

vontade inicial (dolo) de furtar o toca - cd de um veículo

arroba a fechadura da porta e abre o veículo, retire o objeto

do painel, mas imediatamente resolve colocá-lo de volta no

mesmo lugar. Responderá apenas pelos atos já praticados,

ou seja, o crime de dano por te arrombado a porta do carro.

Para configurar esse arrependimento previsto na 2ª

parte do art. 15 é necessário que seja eficaz mesmo. Ex: o

agente atira contra a vítima que cai ao chão, desfalecida,

ato contínuo o agente se arrepende do que fez e a leva até

o hospital, para que responda apenas pela lesão corporal é

necessário que a vítima sobreviva, sendo eficaz o seu

socorro.

NOTA: O arrependimento eficaz não se confunde com o

arrependimento posterior, visto que no primeiro instituto a

conduta do agente de arrepender-se é ato contínuo a

prática dos atos de execução. Já no arrependimento

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posterior o agente passado algum tempo se arrepende e

minora o prejuízo ou os efeitos do crime já consumado.

5- Causas de exclusão de ilicitude

Conforme já mencionado o crime é composto de fato

típico, antijurídico e culpabilidade é pressuposto de

aplicação da pena. Assim para que o fato típico seja

antijurídico é necessário que não exista nenhuma lei que

permita a conduta praticada.

O que é antijurídico é ilícito e o que é jurídico (em

conformidade com lei permissiva) é lícito. Portanto, as

causas de exclusão de ilicitude permitem determinadas

condutas, tornando-as lícitas, e assim não sendo mais

consideradas como crime.

Existem quatro causas expressas de excludentes de

ilicitudes previstas no art. 23 CP, são elas: estado de

necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever

legal e exercício regular de direito.

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Cada uma dessas excludentes tem requisitos

específicos para sua configuração. Vejamos cada um:

a) Estado de necessidade: Está previsto no art. 24 CP.

Age em estado de necessidade quem pratica o fato

criminoso para salvar de perigo atual, que não provocou

por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito

próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não

era razoável exigir-se.

Assim fica claro que o perigo deve ser atual, ou seja,

deve está acontecendo no instante da ação da pessoa que

vai proteger direito seu ou alheio. É necessário também

que a pessoa não tenha dado causa ao perigo. Ex: não age

em estado de necessidade quem destrói a casa alheia para

se salvar de incêndio causado por ele mesmo.

Também é de se ressaltar que pode ser para salvar

direito seu (estado de necessidade próprio) ou de

terceira pessoa, nesse último caso é o que chamamos de

estado de necessidade de terceiros. O bem de terceiro se

encontra em perigo atual e agente o salva daquela situação

de risco. Ex: furto famélico.

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Ainda há que se observar a razoabilidade entre o

sacrifício do bem alheio seja razoável. Ex: Não se admite

que alguém mate para proteger bem de ínfimo valor. Não

há proporcionalidade nesse caso. Caso seja razoável exigir

outra conduta do agente, a pena poderá ser diminuída em

1/3 a 2/3, nos termos do art. 23, § 2º CP.

Por fim é importante salientar que não pode alegar

estado de necessidade aquele que tem o dever legal de

enfrentar o perigo ( § 1º do art. 24 CP). Ex: o bombeiro tem

o dever legal de tentar salvar as vítimas de um prédio em

chamas. Porém o legislador não impõe regra absoluta, pois

não pretende heroísmo, mas sim dentro da razoabilidade

que o bombeiro faça o máximo possível para salvá-las,

sem que sua vida seja posta em risco. O que não pode é o

bombeiro cruzar os braços e dizer: “Não vou correr o risco

de morte para salvá-las”.

NOTA: Salvar a si ou uma pessoa de um ataque de um

cão feroz, matando o animal configura estado de

necessidade próprio ou de terceiro.

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a) Legítima defesa: Está prevista no art. 25 CP. Age

em legítima defesa quem usando moderadamente dos

meios necessários, repele injusta agressão, atual ou

iminente, a direito seu ou de outrem.

Deve existir uma agressão injusta, ou seja, uma

agressão ilícita, que não encontra respaldo no

ordenamento jurídico. Essa agressão deve ser atual ou

iminente, aquela que está acontecendo no instante na

reação, ou aquela que estava efetivamente prestes a

acontecer no instante da reação. Ex: o agressor está

empunhando uma faca e vem em na direção do legitimado

em defender-se. Essa agressão deve ser dirigida a bem

jurídico próprio do legitimado (legítima defesa real da

vida, do patrimônio) ou de bem jurídico de terceiro

(legítima defesa real da vida de terceiro, do patrimônio de

terceiro). É necessária também a utilização de meios

necessários e de forma moderada, ou seja, os meios

menos lesivos quando disponíveis. Ex: o legitimado tem um

porrete e uma arma disponíveis: deverá utilizar o porrete.

Mas também não lhe seja exigido que não utilize a arma,

caso não consiga repelir a agressão apenas com o porrete.

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Mas o uso da arma deverá ser moderado. O uso moderado

é aquele estritamente necessário para repelir a agressão

injusta. Ex: o legitimado atira no agressor uma vez e esse

continua lhe agredindo bruscamente; desfere mais um

disparo e não adianta, mais um disparo, o agressor cai.

Nesse momento deverá parar, visto que a agressão foi

cessada. Caso não o faça estará excedendo a legítima

defesa. O excesso na excludente será apresentado mais

adiante.

b) Estrito cumprimento de dever legal: Previsto no

art. 23, III, CP.

Não há crime quando o agente atua em estrito

cumprimento de dever legal. Esse dever deve ser expresso

em lei, decretos, regulamentos ou atos administrativos

baseados em lei. Ex: oficial de justiça que arroba casa para

cumprir ordem de busca domiciliar, desde que devidamente

autorizado no mandado de busca pelo juiz competente.

É de extrema necessidade de que seja o cumprimento

estrito, ou seja, exatamente o que for autorizado, senão o

agente público incorre no crime de abuso de autoridade.

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c) Exercício regular de direito: Previsto também no

art. 23, III, CP.

Não comete crime quem exercita uma prerrogativa

prevista no ordenamento jurídico. A palavra “direito” é

ampla, de forma a permitir que o agente atue em

conformidade com qualquer direito seu seja ele previsto no

direito penal ou em qualquer outra parte do ordenamento

jurídico. Ex: utilização de ofendículos (cerca elétrica com

aviso, cacos de vidro no muro) para proteger sua

propriedade. Desde que não coloque em risco pessoas não

agressoras.

NOTA: O excesso nas excludentes de ilicitude - no

art. 23, parágrafo único, o legislador previu o excesso nas

excludentes, que nada mais é que ir além do permitido por

lei. O excesso pode ser doloso, quando o agente inicia a

conduta legitimado, mas com vontade ou assumindo o risco

de resultado mais grave do que aquele necessário a

utilização da excludente, exagera. Responderá pelo

resultado praticado. Ex: “A” inicia uma legítima defesa, e

quando “B” já está caído desfere o tiro de “confere”. Houve

o excesso doloso. O excesso pode ser culposo quando o

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agente não tem a intenção e nem assume o risco de

exceder, mas culposamente provoca resultado mais grave

do que o necessário. Ex: “A” se defende com um porrete, e

sem intenção, emprega forte maior que a necessária para

repelir a agressão. Responde pelo tipo culposo se houver

previsão legal.

6- Causas de exclusão da culpabilidade

O legislador penal diferenciou as excludentes de

culpabilidade das de ilicitude, com a expressão “é isento de

pena”. A culpabilidade é pressuposto de aplicação de pena,

e, portanto há crime, porém não há que se falar em

condenação e aplicação de pena.

São excludentes de culpabilidade expressas no Código

Penal no art. 20, § 1º, CP, as seguintes:

a)Estado de necessidade putativo, legítima defesa

putativa, estrito cumprimento de dever legal putativo,

exercício regular de direito putativo

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Têm os mesmos requisitos das excludentes reais de

ilicitude, porém o putativo significa “imaginário”. O

legitimado imagina um dos requisitos ou todos, e agem

achando que está respaldado pela lei. Ex: em um naufrágio

noturno, dois sobrevivem, e um mata o outro para ficar com

o colete salva-vidas. Logo amanhece e o sobrevivente

percebe que está a poucos metros da praia. E poderia ter

nadado. Este agiu em estado de necessidade putativo. “A”

supondo que “B” estivesse armado e fosse agredi-lo e

quando este coloca a mão na cintura desfere um disparo.

Depois se verifica que “B” iria puxar uma isqueiro para

acender um cigarro. “A” agiu em legítima defesa putativa.

O erro deve ser plenamente justificado, ou seja,

inevitável. Caso seja evitável o agente responderá pelo tipo

penal culposo se houver previsão legal.

b)Erro inevitável sobre a ilicitude do fato

Ninguém pode alegar o desconhecimento da lei pura e

simplesmente. Porém se um crime não for de

conhecimento de alguém de forma que este não tinha

como sequer imaginar que tal conduta era criminosa, será

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isento de pena. Porém se era ao menos possível que esse

agente tivesse consciência de que sua conduta era

criminosa ele apenas terá sua pena reduzida. (art. 21 CP).

Tal situação decorre do elemento da culpabilidade

conhecido como potencial de consciência de ilicitude da

ação, elemento constitutivo da culpabilidade.

c)Coação moral irresistível (vis compulsiva)

A coação pode ser física irresistível (vis absoluta), Ex.

quando alguém segura a mão do agente e o faz disparar.

Essa coação exclui a própria conduta voluntária, excluindo

a tipicidade, não podendo se falar em crime.

No art. 22 CP, trata-se da coação moral irresistível (vis

compulsiva), quando o agente se depara com uma situação

tão inevitável que acaba por cometer o crime. Ex: um

marginal seqüestra o filho de uma senhora e a obriga a

matar o vizinho. E ela assim o faz. Esta será isenta de

pena, posto que sua vontade não foi livre e sim coagida.

Vale ressaltar que quem responderá pelo homicídio é o

coator, no caso, o marginal.

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d)Obediência hierárquica

Da mesma forma, o art. 22 CP trata da obediência

hierárquica como causa de exclusão da culpabilidade.

Ocorre quando o subordinado cumprindo ordem não

manifestamente ilegal acaba por cometer um crime. Nesse

caso será isento de pena e o autor da ordem que será

responsabilizado pela conduta criminosa.

NOTA: O nosso ordenamento permite a aplicação de

excludentes supra legais de culpabilidade, aquelas que

não estão expressas no Código Penal, mas que na

situação fática permite ao julgador afastar a culpabilidade e

absolver o agente.

7- Concurso de agentes (art. 29 CP)

Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide

nas penas a este cominada, na medida de sua

culpabilidade.

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Assim quando a infração penal é cometida por duas ou

mais pessoas, com vontades compatíveis, ou seja, o

chamado liame subjetivo, todas responderão pelo mesmo

crime, na medida da sua culpabilidade. Na prática, aquele

que manda matar alguém responderá pelo mesmo crime

que o executor, podendo até a ter pena mais grave que a

aplicada a este, dependendo da medida de sua

culpabilidade.

Autor de um crime é aquele que pratica o verbo contido

no tipo. Co-autor é aquele que juntamente com outro

pratica o verbo do tipo. Portanto, quando duas pessoas

praticam um homicídio, ambos são co-autores do delito. O

partícipe é aquele que concorre para o crime, porém sem

praticar o verbo do tipo. Ex: o partícipe é aquele que

empresta a arma para alguém praticar um homicídio. O

partícipe nesse caso responderá pelo crime do art. 121 c/c

art. 29, todos do CP.

Admite-se a participação moral, por instigação ou

induzimento, bem como a participação material, quando há

auxílio na prática do crime de forma acessória, conforme o

citado exemplo.

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NOTA: Autor mediato, é aquele que apesar de não

realizar o verbo do tipo penal, manipula terceiro para a

prática do crime. Esse entendimento decorre da teoria do

domínio do fato, que não é adotada pelo Código Penal. O

autor mediato é partícipe da conduta criminosa.

Há previsão no CP, no § 1, do art. 29, da participação

de menor importância, que reduz a pena do partícipe 1/6 a

1/3. A participação de menor importância é aquela em que

caso não tivesse ocorrido em nada influenciaria o autor do

crime a praticá-lo. Ex: “A” pede a bicicleta de “B”

emprestada para praticar um homicídio, “B” empresta, sua

participação no homicídio é de menor importância, visto

que senão tivesse emprestado “A” poderia ter ido a pé para

cometer o crime.

Por fim, § 2º do art. 29 CP, prevê a cooperação dolosa

distinta, ou seja, o partícipe queria participar de crime

menos grave. Quando não há previsibilidade do resultado

mais grave o partícipe responderá nas penas do crime que

quis participar. Se houver previsibilidade, ele responde pelo

crime que quis participar com pena aumentada de ½.

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NOTA: autoria colateral: duas pessoas querem

praticar um crime e agem ao mesmo tempo sem que uma

saiba da outra e o resultado decorre da ação de uma delas

que é identificada. Ex: Fulano está de um lado do mato e

Cicrano do outro lado oposto, ambos esperando por Maria

para matá-la. Maria passa é ambos atiram, mas identifica-

se que Fulano foi o autor do disparo fatal. Fulano responde

por homicídio e Cicrano por tentativa de homicídio. Visto

que não existia liame subjetivo entre eles. Autoria incerta:

no mesmo caso acima narrado, mas não é possível

identificar quem desferiu o disparo fatal, portanto ambos

responderão pela tentativa de homicídio.

8- Contravenção

É uma espécie de infração penal. Conforme já

mencionado no tópico 1, a contravenção penal é

facialmente identificada por meio da pena aplicada, qual

seja em conformidade com o art. 1º da Lei de Introdução do

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Código Penal. Para ser caracterizada a conduta com uma

contravenção penal é necessário que a pena imposta pela

lei seja de prisão simples ou multa aplicadas isoladamente,

ou ambas, alternativamente ou cumulativamente.

Para Nelson Hungria a contravenção pode também ser

chamada de “crime anão”, visto que o bem jurídico

protegido por ela é de menor importância do que o bem

jurídico tutelado em um crime.

Ao contrário do crime não se pune a tentativa de

contravenção (art. 4º da Lei 3688/41). Também existe outra

peculiaridade na contravenção: art. 3º da mesma lei - Para

a existência da contravenção, basta a ação ou omissão

voluntária. Somente se analisará dolo ou culpa quando a lei

expressamente assim exigir. Ex: o simples fato de explorar

o jogo de azar estará configurada a contravenção. (art. 50

da mesma LCP).

9- Imputabilidade Penal

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A imputabilidade penal é um dos elementos da

culpabilidade, sendo esta, pressuposto de aplicação da

pena, segundo a teoria finalista, adotada no Código Penal.

Ser imputável significa ter todas as condições biológicas

e psicológicas capazes de entender o caráter ilícito das

condutas e de autodeterminar-se perante suas atitudes.

Nada mais é que: ter condições de saber o que é crime e

de não praticá-lo por vontade própria.

A lei penal prevê em seu art. 26 quem são os

inimputáveis, pelo critério psicológico: “Inimputáveis- Art.

26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou

desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao

tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de

entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de

acordo com esse entendimento.”Também prevê a semi-

imputabilidade por esse mesmo critério no seu parágrafo

único: “Redução de pena- Parágrafo único - A pena pode

ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude

de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento

mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz

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de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de

acordo com esse entendimento.”.

Portanto estará excluída a culpabilidade se o agente for

inimputável, e será reduzida a pena do semi-imputável.

Adotando o critério biológico, o legislador penal

também estabeleceu que os menores de 18 anos também

são inimputáveis. (art. 27). Os menores de 18 anos

respondem em conformidade com o Estatuto da Criança e

do Adolescente e praticam ato infracional (condutas

análogas a crimes ou contravenções penais), conforme

definição dessa própria lei.

Também está expresso no art. 28 CP que nem a

emoção e nem a paixão excluem a imputabilidade, mas

podem ser consideradas situações atenuantes, ou até

causas especiais de redução de pena. Ex: § 1º do art. 121

CP.

Finalmente, o legislador penal teve o cuidado de

mencionar a embriaguez, também deixando expresso que

ela não exclui a imputabilidade.

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Porém, também deixou expresso que a embriaguez

completa proveniente de caso fortuito ou força maior (ex:

alguém maliciosamente coloca uma droga na bebida do

agente que vem a perder a consciência completa de seus

atos) é excludente de imputabilidade (art. 28, II, § 1º) e que

a embriaguez incompleta proveniente das mesmas causa

reduz a pena em 1 a 2/3. (art. 28, II, § 2º). Vale esclarecer

que a embriaguez culposa (derivada de imprudência do

agente ao beber) não afasta a imputabilidade e que se

considera também qualquer substância com efeitos

análogos ao álcool.

NOTA: a Teoria “actio libera in causa” estabelece que

se o agente tinha vontade livre antes de se embriagar,

responsável será pelos seus atos após o efeito do álcool ou

substância análoga. Uma vez que pratique um crime nesse

estado responderá por esse normalmente.

E ainda a embriaguez letárgica (vulgar “coma

alcoólico”) exclui a conduta voluntária, excluindo assim a

tipicidade.

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10- Extinção da punibilidade

O agente ao praticar um crime, nasce no Estado o

direito de puni-lo, ou seja, a punibilidade. Essa punibilidade

é o dever-poder estatal para aplicar uma sanção àquele

que praticou um delito.

No art. 107 do CP, o legislador impõe uma série de

barreiras a essa possibilidade de punibilidade, são as

chamadas causas de extinção da punibilidade. Tal rol não é

taxativo, tendo em vista que existem outras causas de

extinção de punibilidade prevista na parte especial do CP e

em outras legislações específicas.

São causas de extinção da punibilidade:

a) a morte do agente (art. 107, I, CP): comprovada por

meio de certidão de óbito, caso tal certidão seja falsa, há

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posicionamento jurisprudencial no sentido que a decisão

que julgou extinta a punibilidade é nula;

b) a anistia, graça ou indulto (art. 107, II, CP): Anistia

é concedida através de lei, e refere-se a fato, e por isso

atinge a todos. Exclui o crime. Ex: anistia dos crimes

políticos ocorridos num determinado período da ditadura.

Pode ser concedida antes ou depois da sentença e

retroage para extinguir todos os efeitos da condenação. A

graça e o indulto só podem ser concedidos após a

sentença condenatória transitada em julgado (processo

sem possibilidade de recurso) e atinge apenas a pena, não

apagando os efeitos da condenação. O indulto é coletivo,

sua concessão é de competência do Presidente da

República, que pode delegar para o ministro da Justiça ou

outras autoridades. Para o indulto exige-se parecer do

Conselho Penitenciário que verifica se o condenado fará

jus ao indulto.A graça, por sua vez é individual, é feita a

pedido do condenado, do Conselho Penitenciário, do MP,

ou pelo diretor do presídio, é competente também o

Presidente da República.

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c) a retroatividade de lei que não mais considera o

fato como criminoso (art. 107, III, CP): também conhecida

como lei “abolitio criminis”, a lei nova vem abolindo um

crime. Portanto, todos os condenados ou processados por

antiga conduta criminosa, terão extintas a punibilidade.

d) a prescrição (art. 107, IV, CP): é a perda do direito

de punir do Estado diante do passar do tempo, sem que o

agente seja condenado (pretensão punitiva) ou punido

(pretensão de execução da pena); a decadência (art. 107,

IV, CP): perda do direito de ação por parte da vítima pela

perda do prazo para propor a queixa-crime ou perda do

direito de ação por perda do prazo da vítima para oferecer

representação. A decadência somente é possível antes de

iniciada da ação penal; a perempção (art. 107, IV, CP): é

uma sanção aplicada ao querelante (vítima que promove a

ação penal) quando ela perde o direito de continuar a ação

penal proposta, visto que foi inerte ou negligente

processualmente. Ou seja, não tomou as providências

dentro do processo dentro dos prazos processuais legais.

e) a renúncia do direito de queixa ou pelo perdão

aceito, nos crimes de ação privada: a renúncia é quando

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a vítima abre mão do direito de processar o autor de um

crime, já o perdão aceito é quando o autor do crime se

desculpa com a vítima e essa por sua vez aceita as

desculpas. Só pode ser feito depois do início da ação penal

e antes do fim do processo, ou seja, antes do trânsito em

julgado da sentença condenatória.

f) pela retratação do agente, nos casos em que a lei

o admite: quando o agente admite que cometeu um

grande erro e se retrata, voltando atrás do que foi dito ou

feito no momento do crime. No CP admite-se retratação

nos crimes de calúnia, difamação, falso testemunho e falsa

perícia.

g) pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei:

esse perdão é concedido pelo juiz, em sentença

fundamentada, onde admite que o crime existiu, mas que

perdoa o agente deixando de aplicar a pena quando a lei

autoriza expressamente diante de situações especiais. Ex:

a mãe que culposamente atropela o filho querido, a pena

não tem razão de ser, pois o sofrimento por ela

experimentado faz com que o juiz deixe de aplicar a pena.

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Só pode haver perdão quando a lei permitir. Ex: art. 121, §

5, art. 129, § 8º.

Referências bibliográficas:

- Código Penal Brasileiro. 2010.