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Direito Administrativo Módulo II Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas

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Módulo II

Parabéns por participar de um curso dos

Cursos 24 Horas.

Você está investindo no seu futuro!

Esperamos que este seja o começo de

um grande sucesso em sua carreira.

Desejamos boa sorte e bom estudo!

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Sumário

Unidade 5 – Contratos Administrativos......................................................................... 3

5.1 – Contratos da administração............................................................................... 3

5.2 – Diferenças entre contrato administrativo e contrato de direito privado .............. 4

5.3 – Características dos contratos administrativos .................................................... 6

5.4 – Duração dos contratos administrativos............................................................ 13

5.5 – Prorrogação dos contratos administrativos ...................................................... 14

5.6 – Alteração dos contratos administrativos.......................................................... 15

5.7 – Rescisão dos contratos administrativos ........................................................... 18

5.8 – Modalidades de contratos administrativos....................................................... 21

Unidade 6 – Licitação ................................................................................................. 24

6.1 – Conceito......................................................................................................... 24

6.2 – Princípios ....................................................................................................... 25

6.3 – Obrigatoriedade.............................................................................................. 27

6.4 – Dispensa e inexigibilidade .............................................................................. 28

6.5 – Modalidades................................................................................................... 30

6.6 – Anulação e revogação..................................................................................... 32

6.7 – Recursos administrativos ................................................................................ 33

Unidade 7 – Servidores Públicos................................................................................. 34

7.1 – Terminologia.................................................................................................. 34

7.2 – Agentes públicos ............................................................................................ 35

7.3 – Cargo, emprego e função................................................................................ 37

7.4 – Sistema remuneratório dos servidores públicos............................................... 39

7.5 – Direito de greve e de livre associação sindical ................................................ 43

7.6 – Aposentadoria ................................................................................................ 45

Unidade 8 – Responsabilidade Civil do Estado ........................................................... 53

8.1 – Delimitação e evolução do tema ..................................................................... 53

8.2 – Reparação do dano ......................................................................................... 62

Encerramento.............................................................................................................. 65

Bibliografia................................................................................................................. 66

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Unidade 5 – Contratos Administrativos

Olá,

Nesta unidade, estudaremos a respeito de contratos administrativos. Veremos as

diferenças entre os contratos da administração, bem como os administrativos, suas

espécies, elementos e efeitos jurídicos. Além das obrigações que as encerram.

Bom estudo!

5.1 – Contratos da administração

Quando falamos em “contrato da

administração”, procuramos ampliar o

conceito, englobando tanto os contratos

realizados pela administração pública sob

o regime do direito público, quanto os

contratos realizados por esta sob o

regime do direito privado.

Por outro lado, quando usamos a

expressão “contratos administrativos”, significa a realização de contrato em sentido

estrito, ou seja, quando a administração pública celebra contrato com pessoas físicas ou

jurídicas, públicas ou privadas, para realização de atividades com fins públicos,

utilizando o regime jurídico de direito público.

Quando a administração celebra contratos de direito privado, ela se nivela ao

particular, caracterizando-se a relação jurídica pelo traço da horizontalidade e que, nos

contratos administrativos, a administração age como poder público com todo o seu

poder de império sobre o particular, caracterizando-se a relação jurídica pelo traço da

verticalidade.

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A administração pode celebrar dois tipos de contratos:

1. Contratos da administração regidos pelo direito privado: Nestes contratos, a

administração encontra-se em uma situação de equilíbrio contratual. Exemplo:

locação em que a administração é locatária.

2. Contratos da administração regidos pelo direito público ou simplesmente

contratos administrativos, dentre os quais são incluídos:

•••• Os tipicamente administrativos, sem paralelo no direito privado e

inteiramente regidos pelo direito público como, por exemplo, a

concessão de serviços públicos, de obra pública, entre outros;

•••• Os que têm paralelo no direito privado, mas são regidos também pelo

direito público como, por exemplo, o mandato, o empréstimo, o depósito

e a empreitada.

5.2 – Diferença entre contrato administrativo e contrato de direito

privado

Ambos são espécies do gênero de

contratos da administração, mas

diferenciam-se quanto ao regime jurídico

a que estão submetidos. Entretanto, não

se pode esquecer que tendo a

administração parte no contrato, sempre

haverá incidência de regras de direito

público.

• Licitação: O dever de licitar está presente nestes dois contratos, pouco

importando o regime jurídico;

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• Formalização: As regras de formalização se aplicam a qualquer espécie de

contrato, independentemente de regime jurídico. Exemplo: a concessão de

direito real de uso tem que ser celebrado por escritura pública;

• Finalidade: Qualquer que seja a espécie de contrato e o regime jurídico em que

o este esteja submetido, a finalidade, quando envolver a administração pública,

será o interesse público;

• Mecanismos de controle de sua validade: A administração verifica a validade

dos contratos, independentemente do regime jurídico. Exemplo: Tribunal de

Contas;

• Competência para julgar os litígios: Tendo em vista a concentração da função

jurisdicional do Estado no poder judiciário, qualquer lide envolvendo contratos

da administração tem que se submeter ao poder judiciário.

• Contratos: As partes envolvidas possuem interesses divergentes, assim,

enquanto o poder público visa o recebimento do objeto, o contratado almeja o

recebimento do pagamento;

• Convênio: As partes envolvidas possuem interesses convergentes, visando

atingir objetivos comuns. No convênio, as partes envolvidas devem ser da

mesma esfera de governo. Exemplos: entre municípios ou entre Estados;

• Consórcios: Assim como nos convênios, as partes envolvidas possuem

interesses convergentes, ou seja, visam atingir objetivos comuns. No consórcio,

as partes envolvidas podem ser de diferentes esferas de governo ou até mesmo

fazer parte delas e ter a iniciativa privada.

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5.3 – Características do contrato administrativo

Considerando os contratos

administrativos em sentido estrito, ou

seja, os que são realizados com a

administração pública, sob o regime

jurídico público, podemos destacar

como características principais:

1. Presença da administração pública como poder público

Algumas prerrogativas, ou seja, vantagens estabelecidas por cláusulas

exorbitantes, garantem a supremacia do poder público em relação ao particular. Estas

também são conhecidas como cláusulas de privilégio ou de prerrogativas, devendo estar

definidas expressamente no contrato.

2. Finalidade pública

O contrato precisa ter finalidade pública, isto é, não pode ter objetivo particular,

mesmo quando estabelecido com base no direito privado. Trata-se de uma característica

comum em todo e qualquer ato ou contrato administrativo.

3. Obediência à forma prescrita em lei

Em qualquer situação, a lei deve ser observada e respeitada sob pena de

nulidade. Desta forma, os contratos devem seguir as normas para que seja garantido o

controle da legalidade, beneficiando todas as partes envolvidas.

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4. Procedimento legal

Assim como o contrato deve obedecer à forma prescrita, ele deve também

atender certos requisitos obrigatórios e procedimentos legais que garantam sua validade.

Importante estar atento a estes procedimentos, pois podem variar de acordo com a

modalidade de contrato.

A própria Constituição Federal contém algumas exigências quanto ao

procedimento; o artigo 37, XXI, exige licitação para os contratos de obras, serviços,

compras e alienações, e o artigo 175, para a concessão de serviços públicos. A mesma

exigência é feita por leis ordinárias, dentre as quais a Lei no. 8.666/93; o assunto será,

no entanto, aprofundado na unidade do curso que tratará de licitação.

5. Natureza de contrato de adesão

Todas as cláusulas dos contratos administrativos são fixadas unilateralmente

pela administração, e vinculadas a elas estão as leis, os regulamentos e o princípio da

indisponibilidade do interesse público.

6. Natureza “intuitu personae”

Todos os contratos para os quais a lei exige licitação são firmados intuitu

personae, ou seja, em razão de condições pessoais do contratado, apuradas no

procedimento da licitação. Por esta razão, a Lei 8.666/93, em seu artigo 78, VI, veda a

subcontratação, total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem e

a cessão ou transferência, total ou parcial; essas medidas somente são possíveis se

expressamente previstas no edital de convocação para a licitação.

7. Presença de cláusulas exorbitantes

Como já dissemos, anteriormente, a administração pública possui certos

privilégios que são externados pelas cláusulas exorbitantes. Estas colocam a

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administração em posição de supremacia sobre o contratado. Como exemplo de cláusula

exorbitante, temos a exigência de garantia, a possibilidade de alteração unilateral do

contrato, bem como de rescisão unilateral deste, a fiscalização, a aplicação de

penalidades, a retomada do objeto, entre outras.

8. Mutabilidade

A mutabilidade nos contratos administrativos decorre de determinadas cláusulas

exorbitantes, ou seja, as que conferem à administração o poder de, unilateralmente,

alterar ou rescindir o contratos antes do prazo estabelecido, por motivo de interesse

público.

Competência para legislar sobre contratos administrativos

Cabe à União legislar sobre normas gerais de contratos e a cada ente da

federação legislar sobre normas específicas. Assim, a competência é concorrente, isto é,

todos podem legislar sobre licitação.

Porém, há um limite estabelecido pela Constituição Federal, ou seja, apesar de

poder legislar sobre normas gerais, a União deve respeitar a autonomia de cada ente da

federação, que tratará sua realidade de acordo com suas especificidades.

“Compete privativamente à União legislar sobre normas

gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para

as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da

União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o

disposto no artigo 37, XXI e para as empresas públicas e

sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, §1º, III”

(art. 22, XXVII da CF).

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Normas aplicáveis aos contratos administrativos

Os contratos administrativos regem-se pela Lei 8666/93, bem como também

pelas cláusulas dos contratos, pelos preceitos de direito público e, subsidiariamente,

pela teoria geral dos contratos e pelas disposições de direito privado.

“Os contratos administrativos de que trata esta lei

regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito

público, aplicando-lhes, supletivamente, os princípios da teoria

geral dos contratos e as disposições de direito privado” (art.

54 da Lei 8666/93).

Vale ressaltar que a lei 8666/93 não cuida apenas dos contratos administrativos,

mas também dos contratos da administração regidos pelo direito privado.

As cláusulas necessárias são aquelas indispensáveis a qualquer contrato, sob

pena de invalidade. Contrapõem-se às facultativas ou às dispensáveis, aquelas cuja

presença é definida ao critério das partes contratantes, não implicando a sua ausência

em invalidade do ajuste.

Cláusulas necessárias em todo contrato administrativo

• O objeto e seus elementos característicos (art. 55, I da Lei 8666/93);

• O regime de execução ou a forma de fornecimento (art. 55, II da Lei 8666/93);

• O preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do

reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do

adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento (art. 55, III da Lei

8666/93);

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• Os prazos de início de etapa de execução, de conclusão, de entrega, de

observação e de recebimento definitivo, conforme o caso (art. 55, IV da Lei

8666/93): “É vedado o contrato com prazo de vigência indeterminado” (art. 57,

§3º da Lei 8666/93);

• O crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional

programática e da categoria econômica (art. 55, V da Lei 8666/93);

• As garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas (art.

55, VI da Lei 8666/93);

• Os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os

valores da multa (art. 55, VII da Lei 8666/93);

• Os casos de rescisão (art. 55, VIII da Lei 8666/93);

• O reconhecimento dos direitos da administração, em caso de rescisão

administrativa prevista no artigo 77 desta lei (art. 55, IX da Lei 8666/93);

• As condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando

for o caso (art. 55, X da Lei 8666/93);

• A vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao

convite e à proposta do licitante vencedor (art. 55, XI da Lei 8666/93).

De forma que se evite a nulidade do contrato, é preciso que algumas regras de

licitação sejam seguidas, ou seja, o contrato precisa respeitar o instrumento

convocatório, atendendo ao que chamamos de “princípio da vinculação ao instrumento

convocatório”. Esse instrumento tem por objetivo determinar as regras e cumprimentos

da licitação, por isso deve estar previsto no contrato fixado entre administração pública

e licitado. A minuta do contrato deve ser um anexo obrigatório do instrumento

convocatório (art. 40, §2º da Lei 8666/93).

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É importante ressaltar também, que mesmo os casos em que ocorre a dispensa

ou não da necessidade de licitação, será preciso observar alguns procedimentos que

devem reger o contrato estabelecido entre as partes. Vejamos o que diz a lei: “Os

contratos decorrentes de dispensa ou de inexigibilidade de licitação devem atender aos

termos do ato que os autorizou e da respectiva proposta” (art. 54, §2º da Lei 8666/93).

Muitos autores tratam o contrato administrativo como um “contrato de adesão”,

uma vez que as partes precisam seguir alguns procedimentos. Neste sentido, ambas

devem aderir ao contrato regido tanto por um como por outro procedimento.

• A legislação aplicável à execução do contrato, especialmente aos casos omissos

(art. 55, XII da Lei 8666/93);

• A obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em

compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de

habilitação e qualificação exigidas na licitação (art. 55, XIII da Lei 8666/93);

• Cláusula que declare competente o foro da sede da administração para dirimir

qualquer questão contratual, salvo o disposto no art. 32, §6º desta lei (art. 55, §2º

da Lei 8666/93).

Garantias contratuais

É interessante demonstrar que a administração pública também se preocupa com

a mora, os atrasos e os descumprimentos do contrato, exigindo garantias para este. Veja

o que diz o artigo 56 da Lei 8666/93: “A critério da autoridade competente, em cada

caso e, desde que prevista no instrumento convocatório, poderá ser exigida prestação

de garantia nas contratações de obras, serviços e compras.”

Observe que o artigo acima citado, diz que essa garantia é critério da autoridade,

podendo ser negociada caso a caso, ou seja, significa dizer que a administração deve

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estar atenta se tal garantia não poderá onerar o contrato, já que o contratado poderá

embutir esse valor no preço final do serviço.

Ao final do contrato, caso o contratado tenha executado bem o contrato, poderá

retomar as garantias, mas se o contrato for mal executado, este perderá as garantias

daquele, seja total ou parcialmente, conforme a proporção de sua inadimplência. (artigo

56, §4º da lei 8666/93).

Modalidades de garantia

É direito do contratado escolher a modalidade de garantia:

• Caução em dinheiro ou em títulos de dívida pública (art. 56, §1º, I da Lei

8666/93);

• Seguro-garantia (performance bond): Trata-se de um contrato de seguro

celebrado com a seguradora para assegurar a boa execução do contrato (art. 56,

§1º, II da Lei 8666/93);

• Fiança bancária: Trata-se de contrato com o banco, para que este seja seu fiador

na execução (art. 56, §1º, III da Lei 8666/93).

Limites à garantia

“A garantia não poderá ultrapassar a 5% do valor do

contrato e terá seu valor atualizado nas mesmas condições

daquele, ressalvado o previsto no §3º deste artigo.” (art. 56,

§2º da Lei 8666/93).

“Para obras, serviços e fornecimento de grande vulto

envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros

consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente

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aprovado pela autoridade competente, o limite da garantia

previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para até

10% do valor do contrato.” (art. 56, §3º da Lei 8666/93).

5.4 – Duração dos contratos administrativos

Prazo

“É vedado o contrato por prazo de

vigência indeterminado.” (art. 57, §3º da Lei

8666/93).

Os contratos devem obedecer um

prazo de duração determinado, isto é, que

não deve ultrapassar a vigência dos créditos

orçamentários.

Em alguns casos específicos, a duração dos contratos pode ultrapassar a vigência

do seu respectivo crédito orçamentário, vejamos:

• Projetos cujos produtos estejam contemplados no plano plurianual, os quais

poderão ser prorrogados se houver interesse da administração e desde que isso

tenha sido previsto no ato convocatório (art. 57, I da Lei 8666/93);

• Prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a

sua duração por iguais e sucessivos períodos, com vistas à obtenção de preços e

condições mais vantajosas para a administração, limitando até 60 meses (art. 57,

II da Lei 8666/93);

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• Aluguel de equipamentos e utilização de programas de informática, podendo a

duração estender-se pelo prazo de até 48 meses (quatro anos) após o início da

vigência do contrato (art. 57, IV da Lei 8666/93).

5.5 – Prorrogação do contrato administrativo

Entende-se por prorrogação, a ampliação

do prazo do contrato que ainda está em vigência.

Vale lembrar que o contrato deve estar em

vigência, caso contrário, não seria ampliação e

sim renovação, necessitando, desta forma,

celebrar novo contrato, o que não é permitido,

uma vez que a renovação só poderá ocorrer com

a realização de nova licitação, salvo nos casos de

inexigibilidade e dispensa de licitação.

Motivos para que haja prorrogação (rol taxativo)

“Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão

e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais

cláusulas do contrato e assegurada a manutenção do equilíbrio

econômico financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes

motivos, devidamente autuados em processo.” (art. 57, §1º da

Lei 8666/93)

• Alteração do projeto ou especificações pela administração (art. 57, §1º, I da Lei

8666/93);

• Superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das

partes que altere fundamentalmente as condições de execução do contrato (art.

57, §1º, II da Lei 8666/93);

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• Interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por

ordem e no interesse da administração (art. 57, §1º, III da Lei 8666/93);

• Aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites

permitidos por esta lei (art. 57, §1º, IV da Lei 8666/93);

• Impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro reconhecido

pela administração em documento contemporâneo a sua ocorrência (art. 57, §1º,

V da Lei 8666/93);

• Omissão ou atraso de providências a cargo da administração, inclusive quanto

aos pagamentos previsto que resulte, diretamente, o impedimento ou o

retardamento na execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais

aplicáveis aos responsáveis (art. 57, §1º, VI da Lei 8666/93).

5.6 – Alteração dos contratos administrativos

Como vimos, os contratos

administrativos possuem alguns

privilégios, que podemos destacar como

sendo as alterações do contrato e as

tomadas de decisões de forma unilateral.

Essa unilateralidade, diz respeito apenas à

administração ou de comum acordo entre

as partes, ou seja, o contratado não pode

tomar qualquer decisão sozinho.

Tendo em vista que as hipóteses de alteração são taxativas, qualquer alteração

fora dessas hipóteses será nula. As alterações devem vir acompanhadas das razões e dos

fundamentos que lhe deram origem (art. 65 da Lei 8666/93).

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Hipóteses de alteração unilateral pela administração (rol taxativo)

Havendo modificações do projeto ou das especificações para melhor adequação

técnica aos seus objetivos (art. 65, I, “a” da Lei 8666/93), esta hipótese não pode ser

confundida com alteração do objeto, pois seria uma fraude à licitação.Vejamos:

• Quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de

acréscimo ou diminuição quantitativa do objeto, nos limites permitidos pela lei.

(art. 65, I, “b” da Lei 8666/93);

• “O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os

acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até

25% do valor inicial atualizado do contrato e, no caso particular de reforma de

prédios ou de equipamentos, até o limite de 50% para os seus acréscimos.” (art.

65, §1º da Lei 8666/93);

• A elevação das quantidades, além desses limites, representa fraude à licitação,

não sendo admitida nem mesmo com a concordância do contratado. Entretanto,

as supressões resultantes de acordo celebrado podem ser estabelecidas. (art. 65,

§2º da Lei 8666/93);

• O regime jurídico dos contratos administrativos instituídos por esta lei confere à

administração, em relação a eles, a prerrogativa de: I – “modificá-los

unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público,

respeitados os direitos do contratado.” (art. 58, I da Lei 8666/93). “Havendo

alteração unilateral do contrato que aumento os encargos do contratado, a

Administração deverá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-

financeiro inicial.” (art. 65, §6º da Lei 8666/93). A Teoria da Imprevisão

também esta presente nas alterações unilaterais.

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Hipóteses de alteração por acordo das partes (rol taxativo)

• Quando conveniente a substituição da garantia da execução. (art. 65, II, “a” da

Lei 8666/93);

• Quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço,

bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da

inaplicabilidade dos termos contratuais originários. (art. 65, II, “b” da Lei

8666/93);

• Quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de

circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a

antecipação do pagamento com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a

correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou

serviço. (art. 65, II, “c” da Lei 8666/93). Exemplo: quando resolvem mudar a

data de pagamento, pois cai no feriado;

• Para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os

encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa

remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do

equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, em uma hipótese de

sobrevirem fatos imprevisíveis ou previsíveis, porém de consequências

incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou ainda em

caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea

econômica extraordinária e extracontratual. (art. 65, II, “d” da Lei 8666/93).

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5.7 – Rescisão do contrato administrativo

Formas de extinção

• Normais: São aquelas que geralmente

ocorrem dentro do que é juridicamente

pretendido pelos contratantes no

momento da celebração do contrato;

• Anormais: São aquelas que ocorrem

fora do pretendido pelas partes no

momento da celebração do contrato

como, por exemplo, quando ocorre

alguma situação não desejada pelas

partes, o que levaria a extinção do

contrato.

Extinções normais

• Nos contratos cujo prazo dimensiona o objeto: a extinção se dá pela

ocorrência do termo final e o pagamento dos valores devidos. Exemplo: 100 kg

de arroz por mês durante um ano;

• Nos contratos cujo prazo não dimensiona o seu objeto: a extinção se dá com

a conclusão do objeto pelo contratado, ou seja, com o recebimento definitivo do

objeto e o pagamento dos valores devidos;

• Recebimento provisório: a administração recebe provisoriamente e examina se

o objeto está de acordo com o contrato. Se estiver, faz o recebimento definitivo,

mas se não estiver, devolve ao contratado para que corrija o vício. Se não puder

corrigir, resolve-se pela rescisão por inadimplência. (art. 73 da Lei 8666/93);

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• Dispensa do recebimento provisório: Nestas hipóteses, o recebimento será

feito mediante recibo. (art. 74, parágrafo único da Lei 8666/93);

• Gêneros perecíveis e alimentação preparada. (art. 74, I da Lei 8666/93);

• Serviços profissionais. (art. 74, II da Lei 8666/93);

• Obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, inciso II, alínea a, desta

lei, desde que não se componham de aparelhos, equipamentos e instalações

sujeitos a verificação de funcionamento e produtividade. (art. 74, III da Lei

8666/93).

Extinções anormais

• Anulação: é a extinção do contrato em decorrência da invalidade. Pode ser feita

por via administrativa (de oficio ou por provocação de terceiro) ou judicial (por

provocação). Sempre exigirá contraditório, ampla defesa e motivação.

A anulação produz efeitos retroativos: “A declaração de nulidade do contrato

administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele,

ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já produzidos.” (art. 59 da

Lei 8666/93). A administração tem o dever de indenizar o contratado pelo que foi

executado até a declaração de nulidade, caso este não tenha dado causa a anulação.

Entretanto, se o contratado deu causa a anulação não terá direito à indenização.

“A nulidade não exonera a Administração do

dever de indenizar o contratado pelo que este houver

executado até a data em que ela for declarada e por

outros prejuízos regularmente comprovados, contando

que não lhe seja imputável, promovendo-se a

responsabilidade de quem lhe deu causa.” (art. 59,

parágrafo único da Lei 8666/93);

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• Rescisão: a rescisão pode ocorrer por mútuo consentimento, por inadimplência

da administração ou do contratado, por razões de interesse público ou por

acontecimento que de pleno direito leve a sua extinção. O artigo 78 da Lei

8666/93 traz os motivos para rescisão do contrato;

• Rescisão amigável ou por mútuo consentimento (art. 79, II da Lei 8666/93):

é aquela que se dá por mútuo consentimento das partes. Deve ser realizada com

as mesmas formalidades exigidas para a celebração do contrato;

• Rescisão de pleno direito: é aquela que se dá por fato que propicia o imediato

rompimento do vínculo, independentemente de qualquer formalidade. Exemplo:

morte do contratado e falência. O artigo 79 da Lei 8666/93 não prevê a rescisão

de pleno direito, pois a considera dentro da rescisão administrativa;

• Rescisão judicial (art. 79, III da Lei 8666/93): é aquela que se dá por decisão

do poder judiciário em face da inadimplência da administração. O contratado

poderá cumular o pedido de rescisão mais as perdas e danos;

• Rescisão administrativa (art. 79, I da Lei 8666/93): é aquela que se dá por ato

administrativo unilateral da administração, ou seja, em face da inadimplência do

contratado ou de razões de interesse público. Exige-se contraditório, ampla

defesa e motivação nas duas espécies de rescisão administrativa;

• Por interesse público: a rescisão decorre do fato de não ser mais conveniente e

oportuno aos interesses públicos à manutenção do contrato. A administração tem

que indenizar o contratado pelos danos que ele sofreu e os lucros cessantes;

• Por inadimplência do contratado: a rescisão decorre da inadimplência do

contratado, que pode ser por culpa (em sentido amplo) ou sem culpa;

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• Por inadimplência culposa do contratado: cabendo perdas e danos e, ainda,

sanções administrativas. (art. 87 da Lei 8666/93);

• Por inadimplência sem culpa do contratado: a administração se limita a

rescindir o contrato, não havendo assim perdas e danos e nem sanção.

“Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos

XII a XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do

contratado, será este ressarcido dos prejuízos

regularmente comprovados que houver sofrido, tendo

ainda direito a devolução do pagamento; pagamentos

devidos pela execução do contrato até a data da

rescisão, pagamento do custo da desmobilização.”

(art. 79, §2º da Lei 8666/93).

5.8 – Modalidades do contrato administrativo

A doutrina dominante e o uso

destacam, dentre outros, os principais

contratos administrativos:

1. Contrato de colaboração

Trata-se do contrato que atribui ao

particular, sem a contrapartida de qualquer

vantagem, a obrigação de executar algo em

favor do poder público, que possui interesse prevalente no ajuste. Por exemplo, no

contrato de colaboração, o particular contratado pela administração, obriga-se a prestar

determinado serviço ou a realizar uma obra.

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2. Contrato de atribuição

É o ajuste pelo qual a administração confere ao particular determinadas

vantagens ou direitos como, por exemplo, o uso especial de bem público.

3. Contrato de fornecimento

Trata-se de um contrato de compra e venda (assim denominado pela Lei 8.666/93,

em seu artigo 6º, III) que prevê a aquisição de coisas móveis como, por exemplo:

material hospitalar, material escolar, equipamentos e gêneros alimentícios, necessários à

realização e à manutenção dos serviços da administração pública etc.

4. Contrato de serviço

O contrato de serviço tem por finalidade a prestação, pelo contratado, de uma

determinada atividade ao poder público. São classificados como:

a. comuns: aqueles que não dependem de habilitação especial de seu executor, de

modo que não são privativos de uma determinada categoria profissional;

b. profissionais: aqueles que demandam de seu executor habilitação específica,

traduzida na necessidade de registro profissional ou conclusão de curso técnico

ou universitário.

São modalidades de serviços profissionais:

a. generalizados: aqueles que, muito embora demandem habilitação específica de

seu executor, não exigem para o seu exercício conhecimentos técnicos incomuns

aos demais profissionais da área;

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b. especializados: aqueles que exigem a utilização de conhecimentos técnicos e

científicos incomuns. Exemplo: os serviços constantes do rol do art. 13 da Lei

nº. 8.666/93.

5. Contrato de gerenciamento

É o ajuste através do qual a administração transfere ao contratado o controle, a

condução, o gerenciamento de um dado empreendimento, resguardando, no entanto,

para si, o poder de decisão.

Trata-se, assim, da atividade de mediação, que representa um serviço técnico

profissional especializado, comum em obras de grande porte como, por exemplo, nas

hidroelétricas.

6. Contrato de obra pública

Esta modalidade de contrato tem como objeto a construção, reforma ou ampliação

de uma determinada obra pública. Sua celebração, em regra, requer a realização de

prévio procedimento licitatório. O contrato de obra pública não necessita de autorização

legislativa. Os contratos de obra pública, no que concerne ao seu regime de execução,

podem ser de empreitada ou tarefa.

7. Contrato de concessão

Na visão da professora em direito administrativo da USP, Maria Sylvia Zanella

Di Pietro, o contrato de concessão é o administrativo por excelência, que define

concessão como: “contrato administrativo pelo qual a Administração confere ao

particular a execução remunerada de serviço público ou de obra pública, ou lhe cede o

uso de bem público, para que o explore pelo prazo e nas condições regulamentares e

contratuais.”

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Unidade 6 – Licitação

Olá,

Nesta unidade, veremos o assunto licitação, seu conceito e seus princípios. Os

casos em que a licitação é obrigatória e as formalidades necessárias para a sua validade.

Bom estudo!

6.1 – Conceito

Podemos definir licitação como o

procedimento administrativo pelo qual um

ente público, no exercício da função

administrativa, abre a todos os

interessados, que se sujeitem às condições

fixadas no instrumento convocatório, bem

como a possibilidade de formularem

propostas, dentre as quais sejam capazes de

selecionar e também aceitar a que for mais

adequada para a celebração de um

contrato.

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6.2 – Princípios

Segundo Di Pietro, os princípios informativos da licitação são:

1. Princípio da igualdade

Constitui um dos alicerces da licitação, na medida em que esta visa não apenas

permitir a escolha da melhor proposta pela administração, como também assegurar a

igualdade de direitos a todos os interessados em contratar. Este princípio está expresso

no artigo 37, XXI, da Constituição Federal.

2. Princípio da legalidade

É um princípio de suma relevância quando se trata de licitação, uma vez que esta

constitui um procedimento inteiramente vinculado à lei, ou seja, todas as suas fases

estão rigorosamente disciplinadas pela Lei 8.666/93. Tratando-se de direito público

subjetivo, o licitante que se sinta prejudicado pela inobservância da norma, poderá

impugnar judicialmente o procedimento.

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3. Princípio da impessoalidade

Este princípio, quando se trata de licitação, significa dizer que todos os licitantes

devem ser tratados igualmente, em termos de direitos e obrigações, devendo a

administração em suas decisões, pautar-se por critérios objetivos, sem levar em

consideração as condições pessoais do licitante ou as vantagens por ele oferecidas, salvo

as expressamente previstas em lei ou no instrumento convocatório.

4. Princípio da moralidade e da probidade

Este princípio nada mais é do que honestidade no modo de proceder, ele exige

da administração um comportamento não apenas lícito, mas também consoante com a

moral, os bons costumes, as regras da boa administração, os princípios de justiça e

equidade e a ideia comum de honestidade.

5. Princípio da publicidade

Este princípio diz respeito não apenas à divulgação do procedimento licitatório

para conhecimento de todos os interessados, como também aos atos da administração

praticados nas várias fases do procedimento, que podem e devem ser abertos aos

interessados para assegurar a possibilidade de fiscalizar sua legalidade.

6. Princípio da vinculação ao instrumento convocatório

Trata-se do princípio essencial, cuja inobservância enseja a nulidade do

procedimento, segundo o qual a administração não pode descumprir as normas e

condições do edital ao qual se acha estritamente vinculada. Ainda exige que o

julgamento e a classificação das propostas se façam de acordo com os critérios de

avaliação constantes do edital.

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7. Princípio do julgamento objetivo

Segundo este princípio, o julgamento das propostas há de ser feito de acordo

com os critérios fixados no edital.

8. Princípio da adjudicação compulsória

A administração não pode, concluído o procedimento, atribuir o objeto da

licitação a outrem que não o vencedor. A adjudicação ao vencedor é obrigatória, salvo

se este desistir expressamente do contrato ou não firmá-lo no prazo estabelecido.

9. Princípio da ampla defesa

Na vigência da nova Constituição Federal, em seu artigo 5º., inciso LX, torna

indiscutível a exigência de observância deste princípio, com os meios e recursos a ele

inerentes e, também, o princípio do contraditório, em qualquer tipo de processo

administrativo em que haja litígio.

6.3 – Obrigatoriedade de licitação

A Constituição Federal exige

licitação para os contratos de obras,

serviços, compras e alienações (artigo 37,

XXI), bem como para a concessão e a

permissão de serviços públicos (artigo

175).

A Lei 8.666/93 exige licitação para

obras, serviços, inclusive de publicidade,

compras, alienações, concessões, permissões e locações (artigo 2º.).

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Todos os órgãos da administração pública direta, os fundos especiais, as

autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia

mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados,

Distrito Federal e Municípios estão obrigados à licitação

Quanto às entidades da administração indireta, o artigo 119 da Lei 8.666/93

determina que editem regulamentos próprios, devidamente publicados e aprovados pela

autoridade de nível superior à qual estiverem vinculados, ficando sujeitos às disposições

da lei.

Vale dizer que as entidades privadas, como é o caso das OSCIP’s (Organização

da Sociedade Civil de Interesse Público), as OS (Organizações Sociais), as fundações de

apoio e outras entidades do terceiro setor, se submetam à lei de licitações quando as

aquisições, compras, serviços ou alienações envolvam recursos ou bens repassados

voluntariamente pela União. A mesma exigência se aplica aos consórcios públicos.

6.4 – Dispensa e inexigibilidade

O artigo 37, XXI, da Constituição Federal,

ao exigir licitação para os contratos ali

mencionados, ressalva “os casos especificados na

legislação”, ou seja, deixa em aberto a

possibilidade de serem fixadas, por lei ordinária,

hipóteses em que a licitação deixa de ser

obrigatória.

A mesma ressalva não se contem no artigo

175 que, ao facultar a execução de serviço público por concessão ou permissão, exige

que ela se faça “sempre através de licitação”. Desse modo, apenas em situações de

inviabilidade de competição, a licitação poderá deixar de ser realizada.

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A diferença entre dispensa e inexigibilidade está no fato de que na dispensa há

possibilidade de competição que justifique a licitação, de modo que a lei faculta a

dispensa, que fica inserida na competência discricionária da administração. Nos casos

de inexigibilidade não há possibilidade de competição, já que só existe um objeto ou

uma pessoa que atenda às necessidades da administração; a licitação, neste caso, é

inviável. As hipóteses de dispensa podem ser divididas em quatro categorias:

a. Em razão do pequeno valor;

b. Em razão de situações excepcionais;

c. Em razão do objeto;

d. Em razão da pessoa.

Quanto à inexigibilidade há três hipóteses em que existe a inviabilidade de

competição:

1. A aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser

fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo,

vedada à preferência de marca;

2. A contratação de serviços técnicos, enumerados no artigo 13, de natureza

singular, com profissionais ou empresas de notória especialização,

vedada à inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

3. A contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou

através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica

especializada ou pela opinião pública.

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6.5 – Modalidades

A Lei 8.666/93 prevê, no seu artigo 22,

cinco modalidades de licitação e são elas:

a. Concorrência;

b. Tomada de preços;

c. Convite;

d. Concurso;

e. Leilão;

f. Pregão.

Concorrência

É a modalidade de licitação que se realiza com ampla publicidade para assegurar

a participação de quaisquer interessados que preencham os requisitos previstos no

edital. Ela é obrigatória nos seguintes casos:

a. Obras e serviços de engenharia com valor superior a um milhão e quinhentos mil

reais;

b. Compras e serviços que não sejam de engenharia, de valor superior a seiscentos

e cinquenta mil reais;

c. Compra e alienação de bens imóveis, qualquer que seja o seu valor;

d. Concessões de direito real de uso;

e. Licitações internacionais, com a ressalva para tomada de preços e para o convite

na hipótese do parágrafo 3º., do artigo 23, da Lei 8.666/93;

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f. Alienação de bens móveis de valor superior ao previsto no artigo 23, II, b;

g. Para o registro de preços, ressalvada a possibilidade de utilização do pregão,

conforme artigos 11 e 12, da Lei no. 10.520/2002.

Vale ressaltar, ainda, que a Lei no. 11.107/2005, que estabelece normas sobre

consórcios públicos, veio introduzir o parágrafo 8º. ao artigo 23, para determinar que no

caso de consórcios públicos, deve se aplicar o dobro dos valores mencionados no caput

deste artigo, quando formado por até três entes da Federação e o triplo, quando formado

por maior número.

Tomada de preços

É a modalidade de licitação realizada entre interessados devidamente

cadastrados ou que preencham os requisitos para cadastramento até o terceiro dia

anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

Convite

É a modalidade de licitação entre, no mínimo, três interessados do ramo

pertinente a seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados pela unidade

administrativa e da qual podem participar também aqueles que, não sendo convidados,

estiverem cadastrados na correspondente especialidade e manifestarem seu interesse

com antecedência de 24 horas da apresentação das propostas.

É a única modalidade de licitação em que a lei não exige publicação de edital, já

que a convocação se faz por escrito com antecedência de cinco dias úteis, por meio da

chamada carta convite.

Observação: a tomada de preços e o convite são escolhidos em função dos

valores estabelecidos no artigo 23, incisos I e II, da Lei 8.666/93, com a ressalva contida

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no parágrafo 4º.; nos casos em que couber convite, a administração poderá utilizar a

tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.

Concurso

É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de

trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmio ou

remuneração aos vencedores.

Leilão

É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens

móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou

penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no artigo 19, a quem possa

oferecer o maior lance, igual ou superior ao da avaliação.

Pregão

É a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns, qualquer

que seja o valor estimado da contratação, em que a disputa pelo fornecimento é feita

pelo meio de propostas e lances em sessão pública.

6.6 – Anulação e revogação

O artigo 49, da lei 8.666/93, prevê a

possibilidade de revogação da licitação por interesse

público decorrente de fato superveniente, devidamente

comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal

conduta, bem como a obrigatoriedade de sua anulação

por ilegalidade, neste último caso, podendo agir por

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ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente

fundamentado.

A anulação do procedimento não gera obrigação de indenizar, ressalvada a

hipótese da ilegalidade ser imputável à própria administração.

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6.7 – Recursos administrativos

Recurso administrativo, em sentido amplo, é

a expressão que designa todos os meios postos à

disposição dos administrados para provocar o

reexame dos atos da administração.

O recurso, em sentido estrito, deve ser

interposto no prazo de cinco dias úteis, a contar da

intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos

de:

1. Habilitação ou inabilitação;

2. Julgamento das propostas;

3. Anulação ou revogação da licitação;

4. Indeferimento do pedido de inscrição em registro-cadastral, sua alteração ou

cancelamento;

5. Rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do artigo 79;

6. Aplicação das penas de advertência, suspensão temporária ou de multa.

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Unidade 7 – Servidores públicos

Olá,

Nesta unidade, estudaremos a respeito dos servidores públicos, a sua

terminologia, as várias formas de prestação de serviço público, as responsabilidades e as

prerrogativas. Veremos, ainda, a forma de remuneração e de aposentadoria do servidor.

Bom estudo!

7.1 – Terminologia

Podemos considerar o servidor

público como aquela pessoa física que

trabalha para o Estado e para a administração

pública indireta, ou seja, com vínculo

empregatício. Em sentido menos amplo,

refere-se às pessoas que são responsáveis por

excluir os que prestam serviços para

entidades com personalidade jurídica de

direito privado.

Há ainda as pessoas que prestam serviços à administração pública, ou seja, sem

vínculo empregatício, bem como aqueles que exercem funções legislativas e

jurisdicionais.

Daí é que surge a necessidade de se adotar um outro vocábulo que abarque todas

essas funções, já que de uns tempos para cá, os doutrinadores brasileiros passaram a

falar em “agente público” para designar, em sentido mais amplo, os trabalhadores.

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7.2 – Agentes públicos

Agente público é toda pessoa

física que presta serviços ao Estado e às

pessoas jurídicas da administração

indireta.

Antes da Constituição de 1988,

ficavam excluídos desta designação

todos os que prestavam serviços às

pessoas jurídicas de direito privado,

instituídas pelo poder público

(fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista). Hoje, o artigo 37 da

Constituição Federal exige a inclusão de todos eles, sendo que são quatro as categorias

de agentes públicos:

• Agentes políticos: Para Hely Lopes Meirelles: “Agentes Políticos são os

componentes do Governo, nos seus primeiros escalões, investidos em cargos,

funções, mandatos ou comissões, por nomeação, eleição, designação ou

delegação para o exercício de atribuições constitucionais.”

Com esta definição, ele inclui, nesta categoria, tanto os chefes do poder

executivo Federal, Estadual e Municipal; seus auxiliares diretos, os membros do poder

legislativo, como também os da magistratura, ministério público, tribunais de contas,

representantes diplomáticos, bem como demais autoridades que atuam com

independência funcional no desempenho das atribuições governamentais, judiciais,

estranhas ao quadro do funcionalismo estatutário.

• Servidores públicos: são servidores públicos, em sentido amplo, as pessoas

físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da administração indireta,

com vínculo empregatício e mediante remuneração paga pelos cofres públicos.

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Compreendem

• Servidores estatutários: sujeitos ao regime estatutário e ocupantes de cargos

públicos;

• Empregados públicos: contratados sob o regime da legislação trabalhista e

ocupantes de emprego público;

• Servidores temporários: contratados por tempo determinado para atender à

necessidade temporária de excepcional interesse público, ou seja, que exercem

funções sem estarem vinculados a um cargo ou ao emprego público;

• Militares: pessoas físicas que prestam serviços às Forças Armadas – Marinha,

Aeronáutica e Exército – e às Polícias Militares e aos Corpos de Bombeiros

Militares dos Estados, Distrito Federal e dos territórios, com vínculo estatutário

sujeito a regime jurídico próprio, mediante remuneração paga pelos cofres

públicos.

Seu regime é estatutário porque assim está estabelecido em lei a que se

submetem independentemente de contrato. Este regime jurídico é definido por

legislação própria dos militares, que estabelece normas sobre ingresso, limites de

idade, estabilidade, transferência para inatividade, direitos, deveres,

remuneração e prerrogativas. (artigo 42, parágrafo 1º.; e 142, parágrafo 3º. da

Constituição Federal).

Particulares em colaboração com o poder público.

Nesta categoria entram as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado, sem

vínculo empregatício, com ou sem remuneração. Podem fazê-lo sob títulos diversos,

desde que compreendam os fatores a seguir:

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• Delegação do poder público: exerce função pública, em seu próprio nome, sem

vínculo empregatício, porém sob a fiscalização do poder público. A

remuneração que recebe não é paga pelos cofres públicos, mas por usuários

terceiros dos serviços como exemplo, temos: os serviços notariais e de registro,

os leiloeiros, os tradutores e os intérpretes públicos;

• Mediante requisição, nomeação ou designação para o exercício de funções

públicas relevantes, como exemplo temos: os jurados, os convocados para

prestação de serviços militar ou eleitoral, os comissários de menores, os

integrantes de comissão, os grupos de trabalho, entre outros. Também não têm

vínculo empregatício e, em geral, não recebem remuneração;

• Como gestores de negócio que, espontaneamente, assumem determinada função

pública, como no caso de um momento de emergência como, por exemplo, nos

casos de epidemias, enchentes, incêndios etc.

7.3 – Cargo, emprego e função

A fim de melhor entender o sentido

das expressões cargo, emprego e função, é

preciso antes compreender que todas as

competências da administração pública são

definidas na lei e distribuídas em três

níveis distintos:

• Pessoas jurídicas: Representam a

União, os Estados e os Municípios;

• Órgãos: São os Ministérios, as Secretarias e suas subdivisões;

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• Servidores públicos: São aqueles que ocupam cargos, empregos ou exercem

funções.

Por emprego público devemos entender uma unidade utilizada pela

administração pública, composta por um aglomerado de atribuições permanentes de

trabalho, a ser ocupada por agente contratado sob regime celetista (tratado pela CLT),

caracterizando relação trabalhista. Conforme o artigo 61, §1°, II, “a” da Constituição

Federal de 1988, os empregos permanentes na administração direta ou em autarquia só

podem ser criados por lei.

O cargo consiste na unidade mais simples e indivisível de competência

desempenhada por um agente, criado por lei, em caráter permanente ou transitório,

remunerado pelos cofres públicos com denominação própria. “É o conjunto de

atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser

cometidas a um servidor”. O cargo público submete o servidor ocupante a um regime

criado especificamente para tutelar os agentes, seja qual for o regime estatutário ou

institucional de caráter não contratual, definido essencialmente pela Lei 8.112, de 11 de

dezembro de 1990.

Já a função pública, em direito administrativo, corresponde ao ato ou conjunto

de atos inerentes ao exercício de atribuições da administração, ao qual não corresponde

cargo ou emprego. É importante ressaltar duas modalidades distintas de função, a

primeira delas refere-se à função exercida por servidores contratados com base no artigo

37, IX, da Constituição Federal, temporariamente, sem a exigência de concurso público,

considerando-se o caráter emergencial da contratação.

A segunda trata-se de função de natureza permanente, de livre provimento e

exoneração, desempenhada por titular de cargo efetivo, da confiança da autoridade que

a preenche. Refere-se aos cargos de direção, chefia e assessoramento e distingue-se do

cargo em comissão, por não poder ser preenchida por alguém estranho à carreira ou

alheio ao serviço público. Tal função é, portanto, reservada aos servidores de carreira.

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7.4 – Sistema remuneratório dos servidores públicos

A Constituição de 1988, seguindo a tradição

das constituições anteriores, fala ora em remuneração,

ora em vencimentos para referir-se à remuneração

paga aos servidores públicos pelas entidades da

administração pública direta ou indireta. A legislação

infraconstitucional incumbe-se de dar o conceito legal.

A regra que tem sido adotada em todos os

níveis de governo é a de que a remuneração de um

servidor público compõe-se de uma parte fixa,

representada pelo padrão fixado em lei, e uma parte

que varia de um servidor para outro, em função de condições especiais de prestação de

serviço. Estas condições estão vinculadas a algumas situações, como tempo de serviço e

são representadas basicamente por adicionais, gratificações e outras verbas

indenizatórias.

Por vencimento básico ou vencimento, entende-se a prestação pecuniária, que é

paga pelo Estado ao ocupante de um cargo público, além das condições especiais

apresentadas acima que podem ser permanentes, quando incorporadas ao vencimento

básico, ou seja, quando forem pagas mensalmente ou transitórias, como um prêmio ou

uma gratificação.

Faz-se importante, ainda, destacar a diferença entre vencimento básico e

vencimentos, no plural. Como vimos, o vencimento básico é o pagamento mensal e

vencimentos também, porém com vantagens permanentes. A remuneração, no entanto,

vai ser a soma de todas as parcelas recebidas pelo servidor, abraçando tanto o

vencimento básico como as vantagens permanentes e transitórias.

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40

A Lei nº 8.852, de 04 de fevereiro de 1994, veio consagrar no ordenamento

jurídico a distinção acima realizada, preceituando em seu artigo 1º o seguinte comando:

“Art. 1º – Para os efeitos desta Lei, a retribuição pecuniária

devida na Administração pública direta, indireta e fundacional

de qualquer dos Poderes da União compreende:

I - Como vencimento básico:

a) A retribuição a que se refere o artigo 40 da Lei nº 8.112, de

11 de dezembro de 1990, devida pelo efetivo exercício do

cargo, para os servidores civis por ela regidos.

(...)

b) Como vencimentos, a soma do vencimento básico com as

vantagens permanentes relativas ao cargo, emprego, posto ou

graduação.

c) Como remuneração, a soma dos vencimentos com

adicionais de caráter individual e demais vantagens, nestas

compreendidas as relativas à natureza ou ao local de trabalho

e a prevista no art. 62 da Lei nº. 8.112/90, ou outra paga sob o

mesmo fundamento (...).”

Vale lembrar, também, que proventos é o nome que se dá ao montante recebido

por um servidor inativo, lembrando que se reveste na qualidade de inativo tanto o

aposentado como aquele que se encontra em disponibilidade, neste caso, uma

disponibilidade provisória que durará, em tese, até que se proceda o aproveitamento do

servidor em outro cargo.

A importância desta distinção realizada se demonstra em diversos aspectos,

sendo que o mais relevante é a questão da irredutibilidade. De acordo com o artigo 37,

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inciso XV da Constituição Federal de 1988, os “vencimentos” do servidor são

irredutíveis, ou seja, em consonância com o raciocínio acima exposto, o que não pode

ser diminuído ou suprimido pelo Estado, isto é, o vencimento básico e as vantagens de

caráter permanente que, por sua vez somados, como já demonstrado, formariam o que

denominamos de vencimentos.

A Emenda Constitucional nº. 19/98 criou uma nova sistemática de pagamento

denominado “subsídio”. Desta forma, os servidores que vierem a receber por subsídio

receberão uma parcela única, sendo vedado o acréscimo de qualquer vantagem sobre tal

parcela.

Uma importante característica do subsídio é que os servidores que fizerem jus a

este sistema de pagamento, não poderão receber qualquer tipo de vantagem (art. 39, § 4º

da Carta Magna de 1988), exceção apenas às garantias constitucionais tais como 13º

salário, a percepção de 1/3 de férias, e no caso do Congresso Nacional se reunir em

sessão extraordinária, ocasião em que seus membros poderão receber uma parcela

indenizatória, que não poderá exceder o valor do subsídio mensal recebido pelos

mesmos (art. 57, § 7º da CF/88).

A própria Constituição Federal de 1988 aponta quais os agentes públicos

deverão receber através de subsídio, dentre os quais destacamos:

• Os membros do Poder (que abraçariam os membros do Legislativo, Executivo e

Judiciário), o detentor de mandato eletivo (que já estaria incluído na expressão

membros do poder), os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e

Municipais;

• Os membros do Ministério Público;

• Os integrantes da Advocacia Geral da União, os Procuradores dos Estados e do

Distrito Federal e os Defensores Públicos;

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• Os Ministros do Tribunal de Contas da União;

• Os servidores públicos policiais.

Atualmente existem duas formas de pagamento aos servidores, a remuneração

propriamente dita e o subsídio que, como exposto, caracteriza-se pelo fato de ser em

parcela única.

Além disso, o art. 37, inciso XI, da Carta Magna de 1988, estabeleceu um novo

teto salarial no serviço público, que é o subsídio a ser recebido pelos Ministros do

Supremo Tribunal Federal. Eis o que ordena o citado dispositivo constitucional:

“Art. 37 (...)

(...)

XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,

funções e empregos públicos da administração direta,

autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos

Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos

demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra

espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou

não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer

natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em

espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,

aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do

Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio

mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o

subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito

do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores

do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte

e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em

espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no

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âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos

membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos

Defensores Públicos;”

O teto estipulado pelo artigo da Constituição Federal, transcrito acima, é

totalmente intransponível e alcança inclusive os aposentados e pensionistas. Caso um

servidor acumule, legalmente, mais de um cargo público, o montante recebido pelos

dois cargos ocupados não poderá, sob nenhuma hipótese, ultrapassar o teto definido em

lei.

7.5 – Direito de greve e de livre associação sindical

A Constituição de 1967, em seu artigo 157,

parágrafo 7º. proibia a greve no serviço público:

"Não será permitida greve nos serviços públicos e

atividades essenciais, definidas em lei."

Entretanto, o primeiro substitutivo do mês

de agosto de 1987, na Comissão de Sistematização

da Constituinte, determinava no art. 69: "São

assegurados, na forma da lei, ao servidor público

civil o direito à livre associação sindical e o de

greve." Os servidores militares não poderiam fazer

greve (§ 3o do art. 72).

O segundo substitutivo, de setembro de 1987, previa no § 6o do art. 44 que: "são

assegurados ao servidor público civil o direito à livre associação sindical e o de greve,

observado o disposto nos artigos 9o e 10o desta Constituição."

Quanto aos militares, a vedação da greve estava no § 4o do art. 50. Em julho de

1988, no segundo turno de votação, o Projeto B proibia a greve em relação aos militares

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(art. 43, § 5o), omitindo-se sobre os servidores públicos civis. O Projeto C, na redação

final da Comissão de Redação, estabeleceu no inciso VII do art. 36: "o direito de greve

será exercido nos termos e nos limites definidos em lei complementar."

A redação original do inciso VII do art. 37 da Constituição, assim dispunha: "o

direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei complementar."

A referida lei complementar não foi editada pelo legislador.

A Emenda Constitucional no19, de 04 de junho de 1998, alterou a redação do

caput do artigo 37 da Constituição e também de seu inciso VII, determinando: “o

direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.”

Nada impede que cada Estado e cada município tenha uma lei de greve para seus

servidores públicos, pois será específica para a referida localidade e para seus

trabalhadores.

Por sua vez, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) não possui qualquer

convenção destinada a este assunto. Porém, podemos observar de maneira mais

genérica, alguns verbetes do comitê de Liberdade Sindical, vejamos:

O verbete 394 afirma que: “o direito de greve só pode ser objeto de restrições,

inclusive proibição, na função pública, sendo funcionários públicos aqueles que atuam

como órgãos de poder público, ou nos serviços essenciais no sentido estrito do termo,

isto é, aqueles serviços cuja interrupção possa pôr em perigo a vida, a segurança ou a

saúde da pessoa, no todo ou em parte da população.”

Já o verbete n.º 386 deixa claro sobre a importância de se buscar uma

conciliação, através da arbitragem para os casos de greve em serviços essenciais e

outras funções públicas. O verbete 158 esclarece que tal proibição do direito de greve

deve ser limitada apenas aos funcionários que exercem funções de autoridade em nome

do Estado.

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A OIT aponta também que juízes, membros do Ministério Público, diplomatas,

ministros, secretários e diretores de estatais não possuem o direito de greve, uma vez

que atuam e representam órgãos do poder público. De qualquer forma, é importante

sempre lembrar que é preciso haver responsabilidade e bom senso no direito de greve do

servidor, uma vez que medidas descabidas e abusos podem gerar situações que levem os

responsáveis às penas da lei.

7.6 – Aposentadoria

Ao estudarmos o assunto aposentadoria no funcionalismo público, precisamos,

antes de mais nada, saber que existe a regra geral contida na Constituição Federal do

Brasil de 1988 e três regras de transição, sendo duas estabelecidas pela Emenda

Constitucional nº. 41/2003 e uma estabelecida pela Emenda Constitucional nº. 47/2005,

com situações diferentes para os que ingressaram antes e após 16 de dezembro de 1998

e até 31 de dezembro de 2003.

As regras de transição propiciam ao funcionário público, o direito à

aposentadoria sem ter que preencher o requisito de idade, que para a mulher é de 62

anos e para o homem é de 65 anos de acordo com a reforma da previdência.

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Essas regras são constitucionais e gerais, por essa razão ainda é preciso observar

os estatutos públicos dos órgãos ao qual o funcionário, em vias de aposentar-se, está

vinculado, para entender as peculiaridades do cargo que não poderão afrontar a

Constituição Federal, sob pena de ser um ato nulo.

Regra geral

O artigo 40 da Constituição federal assegura direito à aposentadoria aos

servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, mas desde que sejam regidos pelo

Estatuto dos Funcionários, que é assegurado pelo regime de previdência de caráter

contributivo e solidário, ou seja, regime próprio a ser criado por lei, mediante

contribuição do respectivo ente público dos servidores ativos/inativos e dos

pensionistas.

São quatro as formas de aposentadoria, vejamos:

1. Por invalidez permanente: conforme disposto do Inciso I, do § 1º, do art. 40 da

Constituição Federal, sendo os proventos proporcionais ao tempo de

contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional

ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;

2. Compulsoriamente: conforme disposto do Inciso II, do § 1º, do art. 40 da

Constituição Federal, aos 70 anos de idade, ou aos 75 (anos de idade) com

proventos proporcionais ao tempo de contribuição;

3. Voluntariamente: conforme disposto do Inciso III, do § 1º, do art. 40 da

Constituição Federal, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo

exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a

aposentadoria, observadas ainda as seguintes condições:

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a. se homem, aos 60 anos de idade e 35 anos de contribuição. Letra “a”,

primeira parte, do Inciso III, do § 1º, do art. 40 da Constituição Federal;

b. se mulher, aos 55 anos de idade e 30 anos de contribuição. Letra “a”

segunda parte, do Inciso III, do § 1º, do art. 40 da Constituição Federal.

Nesta situação, para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da

sua concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as

contribuições do servidor aos regimes de previdência própria e geral na forma que a lei

dispuser.

4. Por idade: conforme disposto na Letra b, do Inciso III, do § 1º, do art. 40 da

Constituição Federal, sendo que:

a. se homem, aos 65 anos de idade com proventos proporcionais ao tempo

de contribuição;

b. se mulher, aos 60 anos de idade com proventos proporcionais ao tempo

de contribuição.

As regras acima passaram a vigorar a partir de 16 de dezembro de 1998, com a

vigência da Emenda Constitucional nº. 20, de 15/12/1998, que alterou o art. 40 da

Constituição Federal. Posteriormente foi editada a Emenda Constitucional nº. 41, de

19/12/2003, com três regras de transição, vejamos:

A primeira regra de transição

Assegura o direito de opção pela aposentadoria voluntária para aquele que tenha

ingressado regularmente em cargo efetivo na administração Pública direta, autárquica e

fundacional até 16 de dezembro de 1998 (art. 2º, EC nº. 41/2003), quando o

servidor, cumulativamente:

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• Se homem: se tiver 53 anos de idade (Inciso I, art. 2º, EC nº. 41/2003), cinco

anos de efetivo exercício no cargo em que se der a aposentadoria (Inciso II, art.

2º, EC nº. 41/2003), 35 anos de contribuição (Letra a, Inciso III, art. 2º, EC nº.

41/2003) e um período adicional de contribuição equivalente a 20% sobre a

diferença do tempo que tinha até 16/12/1998 para atingir os 35 anos de

contribuição (Letra b, Inciso III, art. 2º, EC nº. 41/2003).

• Se mulher: se tiver 48 anos de idade (Inciso I, art. 2º, EC nº. 41/2003), cinco

anos de efetivo exercício no cargo em que se der a aposentadoria (Inciso II, art.

2º, EC nº. 41/2003), 30 anos de contribuição (Letra a, Inciso III, art. 2º, EC nº.

41/2003) e um período adicional de contribuição equivalente a 20% sobre a

diferença do tempo que tinha até 16/12/1998 para atingir os 30 anos de

contribuição (Letra b, Inciso III, art. 2º, EC nº. 41/2003).

O funcionário que cumprir as exigências da maneira exposta acima e ainda optar

pela aposentadoria teráos seus proventos de inatividade reduzidos para cada ano

antecipado em relação aos limites de idade (§ 1º, EC nº. 41/2003) estabelecidos na

seguinte proporção:

I - três inteiros e cinco décimos por cento, para aquele que

completar as exigências para aposentadoria até 31 de

dezembro de 2005. (Inciso I, § 1º, EC nº. 41/2003);

II - cinco por cento, para aquele que completar as exigências

para aposentadoria a partir de 1º de janeiro de 2006. (Inciso I,

§ 1º, EC nº. 41/2003).

Esta regra de transição, embora reduza o limite de idade, faz com que o

funcionário público contribua por mais tempo, quando o obriga a contribuir com um

período adicional de contribuição equivalente a 20% sobre a diferença do tempo que

tinha até 16/12/1998 para atingir os 30 anos de contribuição, se mulher; ou 35 anos de

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contribuição, se homem, e mesmo assim tenha uma redução no valor de seus proventos

de 3,5% ou 5%, conforme o período em que cumpriu as exigências, para cada ano

antecipado em relação aos limites de idade.

De qualquer forma, se levarmos em consideração esta regra, o funcionário

público que contribuir ainda por mais um período adicional não terá o valor de sua

aposentadoria de forma integral, uma vez que a renda continua proporcional, embora

assim não a considere o legislador em seu texto, tratando-a como uma redução de

proventos.

Segunda regra de transição

Esta regra, ressalvado o direito à aposentadoria pelas normas estabelecidas,

anteriormente, assegura para o funcionário que tenha ingressado no serviço público até

31 de dezembro de 2003, o direito à aposentadoria com renda integral desde que vier a

preencher, cumulativamente, as seguintes condições:

• Se homem: se tiver 60 anos de idade (Inciso I, art. 6º, EC nº. 41/2003), 35 anos

de contribuição (Inciso II, art. 6º, EC nº. 41/2003), 20 anos de efetivo exercício

no serviço público (Inciso III, art. 6º, EC nº. 41/2003), dez anos de carreira

(Inciso IV, primeira parte, art. 6º, EC nº. 41/2003) e cinco anos de efetivo

exercício no cargo em que se der a aposentadoria (Inciso IV, segunda parte, art.

6º, EC nº. 41/2003).

• Se mulher: se tiver 55 anos de idade (Inciso I, art. 6º, EC nº. 41/2003), 30 anos

de contribuição (Inciso II, art. 6º, EC nº. 41/2003), 20 anos de efetivo exercício

no serviço público (Inciso III, art. 6º, EC nº. 41/2003), dez anos de carreira

(Inciso IV, primeira parte, art. 6º, EC nº. 41/2003) e cinco anos de efetivo

exercício no cargo em que se der a aposentadoria (Inciso IV, segunda parte, art.

6º, EC nº. 41/2003).

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A transição se dá única e exclusivamente pela data, pois, de forma geral, basta

cumprir os requisitos, que ao funcionário público será garantido o direito a receber os

proventos de forma integral.

Com a edição da Emenda Constitucional nº. 47, de 05/07/2005, estabeleceu-se a:

Terceira regra de transição

Ressalvado os direitos já descritos acima, o servidor da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, que

tenha ingressado no serviço público até 16 de dezembro de 1998, poderá aposentar-se

com proventos integrais, desde que preencha, cumulativamente, as seguintes condições:

Se homem: se tiver 60 anos de idade (art. 40, § 1º, Inciso III, Alínea “a”, da

Constituição Federal), 35 anos de contribuição (Inciso I, art. 3º, EC nº. 47/2005), 25

anos de efetivo exercício no serviço público (Inciso II, primeira parte, art. 3º, EC nº.

47/2005), 15 anos de carreira (Inciso II, segunda parte, art. 3º, EC nº. 47/2005) e cinco

anos de efetivo exercício no cargo em que se der a aposentadoria (Inciso II, terceira

parte, art. 3º, EC nº. 47/2005), com redução de um ano de idade para cada de

contribuição que exceder os 35 anos de contribuição (Inciso III, art. 3º, EC nº. 47/2005).

Se mulher: se tiver 55 anos de idade (art. 40, § 1º, Inciso III, Alínea a, da Constituição

Federal), 30 anos de contribuição (Inciso I, art. 3º, EC nº. 47/2005), 25 anos de efetivo

exercício no serviço público (Inciso II, primeira parte, art. 3º, EC nº. 47/2005), 15 anos

de carreira (Inciso II, segunda parte, art. 3º, EC nº. 47/2005) e cinco anos de efetivo

exercício no cargo em que se der a aposentadoria (Inciso II, terceira parte, art. 3º, EC nº.

47/2005), com redução de um ano de idade para cada de contribuição que exceder os 30

anos de contribuição (Inciso III, art. 3º, EC nº. 47/2005).

Esta regra permite que o funcionário público se aposente por tempo de

contribuição sem ter atingido a idade necessária. Isso é possível porque a regra

determina que para cada ano a mais de contribuição, além do exigido, o funcionário

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abaterá um ano da idade mínima necessária. De qualquer forma, para aproveitar esta

regra, o funcionário deverá obedecer aos demais requisitos, tais como cumprir 25 anos

de serviços públicos e 15 anos de carreira, além de estar a cinco anos no cargo em que

se dará a aposentadoria.

Aposentadoria do professor

Nos termos do § 5º, do artigo 40 da Constituição Federal, os requisitos de idade

e de tempo de contribuição, ou seja, 60 anos de idade e 35 de contribuição, se for

homem; e 55 anos de idade e 30 de contribuição, se for mulher (§ 1º, Inciso III, letra

"a", art. 40 da Constituição Federal). Serão reduzidos em cinco anos para o

professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de

magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

Quanto à primeira regra de transição, nos termos do § 4º, do artigo 2º, da

Emenda Constitucional nº. 41/2003, o professor, que até 16 de dezembro de 1998 tenha

ingressado, regularmente, em cargo efetivo de magistério e que opte por aposentar-se na

forma estabelecida por esta regra de transição, terá o tempo de serviço exercido até a

publicação da Emenda Constitucional nº. 20/1998, contado com o acréscimo de 16% se

for homem e de 20% se for mulher, desde que se aposente, exclusivamente, com tempo

de efetivo exercício nas funções de magistério, observada a redução no valor dos

proventos prevista para cada ano antecipado em relação aos limites de idade.

Abono de permanência

Nos termos do § 19, do artigo 40 da Constituição Federal, com redação dada

pela Emenda Constitucional nº. 41/2003, o servidor que tenha completado as exigências

para aposentadoria voluntária, estabelecida na regra geral e que opte por permanecer em

atividade, fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição

previdenciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória que se dá

aos 70 anos de idade.

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Porém, no texto da referida Emenda Constitucional nº. 41/2003 dispõe o artigo 3º:

É assegurada a concessão, a qualquer tempo, de aposentadoria aos servidores

públicos, bem como pensão aos seus dependentes, que, até a data de publicação desta

Emenda, aos que tenham cumprido todos os requisitos para obtenção desses benefícios,

com base nos critérios da legislação então vigente.

Mais além, dispõe o § 1º do referido artigo:

§ 1º – O servidor de que trata este artigo que opte por permanecer em atividade,

tendo completado as exigências para aposentadoria voluntária e que conte com, no

mínimo, 25 anos de contribuição, se for mulher, ou 30 anos de contribuição, se for

homem, fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição

previdenciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória.

Desta forma, para aqueles que até a vigência da referida Emenda Constitucional

nº. 41/2003 tenham cumprido com todos os requisitos para a obtenção de aposentadoria

voluntária nos termos da legislação então vigente, isto é, que permaneceram em

atividade, fazem jus ao abono de permanência.

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Unidade 8 – Responsabilidade Civil do Estado

Olá,

Nesta unidade, estudaremos a respeito da responsabilidade civil do Estado, ou

seja, àquela que busca assumir pelos prejuízos que causa ao poder particular, quando se

trata da defesa dos interesses públicos coletivos. Por fim, veremos como ocorre a

reparação do dano por parte do Estado.

Bom estudo!

8.1 – Delimitação e evolução do tema

A ideia de responsabilidade civil do

Estado é intrínseca na nossa sociedade e no

ordenamento jurídico, uma vez que procura

proporcionar um equilíbrio entre os atos da

administração pública em vista daqueles a quem

são dirigidos.

O jurista Celso Antônio Bandeira de

Mello afirma que o direito administrativo está

construído sobre duas bases sólidas. A primeira

representada pelo Estado e a segunda nas

garantias dos administrados, que deverá limitar os poderes do primeiro. A este

enquadramento, o notável jurista/autor dá o nome de “Regime Jurídico-Administrativo”.

Ainda nas palavras do jurista, a responsabilidade estatal é: “a obrigação que lhe

incumbe de reparar economicamente os danos lesivos à esfera juridicamente garantida

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de outrem e que lhe sejam imputáveis em decorrência de comportamentos unilaterais,

lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos”.

Porém, é de fundamental importância distinguir os fatos que podem ser de

responsabilidade do poder público, dos atos efetivamente realizados pelo Estado e

amparados pela lei, mas que de fato lesam o direito de outrem.

Há situações em que o interesse privado precisa ser “sacrificado” para que haja a

satisfação de um interesse coletivo, ou seja, público, sendo que ambos os interesses,

neste caso, são tutelados pelo Estado. Entretanto, o Estado não pode satisfazer o direito

do segundo, sem que com isso impacte o direito do primeiro.

Desta forma, quando o Estado tem o dever de agir em nome de um interesse

muito maior, que é o interesse coletivo, em detrimento de um interesse particular, não

podemos alegar que houve responsabilidade extracontratual do Estado, mas sim de mera

intervenção pública na esfera de direitos de outrem.

De outro modo, para que o Estado seja responsabilizado, é preciso que ocorra

efetivamente uma violação de direitos protegidos por ele próprio e não apenas o

sacrifício para garantir um interesse maior.

Evolução histórica

A fim de traçar uma evolução histórica a respeito do assunto, é importante

conhecermos as várias teorias elaboradas ao longo dos anos, sendo assim, podemos

dividir as teorias sobre a responsabilidade extracontratual do Estado da seguinte forma:

1. Teoria da irresponsabilidade;

2. Teorias civilistas;

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• Teoria dos atos de império e de gestão;

• Teoria da culpa civil;

• Teorias publicistas;

• Teoria da culpa administrativa ou da responsabilidade subjetiva;

• Teoria da responsabilidade objetiva e suas divisões.

Teoria da irresponsabilidade

Antigamente, os Estados absolutistas adotavam a teoria da irresponsabilidade, ou

seja, os representantes do Estado não tinham qualquer responsabilidade sobre os atos

praticados contra os direitos de particulares.

Esta tese fundamentava-se na ideia de soberania do Estado, isto é, era

inconcebível que o próprio Estado, criador e tutelador das regras jurídicas, as violassem.

Além disso, entendia-se que o Estado gozava de "autoridade incontestável perante o

súdito".

Porém, não se podia alegar total abandono do Estado em relação aos direitos

particulares de seu povo. O Estado se responsabilizava pelos danos causados aos

patrimônios particulares, desde que houvesse previsão legal para isso ou quando o dano

causado passasse por uma intervenção dele em um domínio particular.

Podemos identificar nesta teoria, ainda, uma outra característica definida como

flexibilização do princípio da irresponsabilidade. Tal flexibilização ocorria quando um

agente do Estado, por dolo ou culpa, no atributo de seu cargo, causasse violação dos

direitos particulares. Nestes casos, o particular tinha o direito de pedir ressarcimento

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pelos prejuízos eventualmente sofridos e o Estado tinha o dever de cobrar do agente

público que deu causa à violação.

Claro que tal teoria tanto deveria como foi combatida pelos particulares que a ela

estavam submetidos, uma vez que é notória a posição a respeito da responsabilidade do

Estado em relação ao particular, ou seja, não há de se pensar em qualquer outra hipótese

que não a obrigação do Estado, como pessoa jurídica, com direitos e obrigações, em

responder pelos atos lesivos praticados por seus agentes contra particulares. E mais:

sendo ele o incumbido de tutelar o direito, jamais poderia deixar de responder por ações

ou omissões causadoras de danos a terceiros.

Dessa forma, o princípio da responsabilidade extracontratual do Estado passou a

fazer parte da base para se erguer como um Estado democrático de direito, tornando-se

fundamental em qualquer país que tem a democracia como sistema, porém, com

aspectos próprios de país para país e com peculiaridades e diferenças que não afetam em

si o dever de indenizar o particular pelos danos causados por agentes públicos.

Teorias civialistas

Quando o Estado começou a perceber que a teoria da irresponsabilidade estava

ultrapassada, passou-se a criar novas teorias, com base na responsabilidade do Estado.

Tais teorias passaram a ser chamadas de teorias civilistas, uma vez que tinham

como base o direito civil e seus preceitos, que estabeleciam que a culpa fosse do agente

que viesse a causar danos.

Teoria dos atos de império e de gestão

Maria Sylvia Zanella Di Pietro, distingue da seguinte forma os atos de império

dos atos de gestão:

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"Os primeiros seriam os praticados pela

Administração com todas as prerrogativas e privilégios

de autoridade e impostos unilateral e coercitivamente

ao particular independentemente de autorização

judicial, sendo regidos por um direito especial,

exorbitante do direito comum, porque os particulares

não podem praticar atos semelhantes; os segundos

seriam praticados pela Administração em situação de

igualdade com os particulares, para a conservação e

desenvolvimento do patrimônio público e para a gestão

de seus serviços."

Esta teoria tinha por base a divisão entre dois tipos de atos: os atos de império,

ou seja, atos impostos unilateralmente e coercitivamente ao particular e os atos de

gestão, que tinham características mais brandas, visto que procuravam dividir a

responsabilidade com os particulares. É importante ressaltar que para o Estado, apenas

os atos de gestão eram passíveis de responsabilização, desde que se averiguasse a culpa

do agente causador do dano.

Atualmente, não distinguimos mais o ato de império do ato de gestão, uma vez

que se entende que é impossível dividir a personalidade do Estado, evitando com isso

que se crie uma dualidade de vontades, partindo da mesma entidade jurídica, quer pela

dificuldade de se enquadrar como atos de gestão todos aqueles promovidos pelo

Estado, com a finalidade de administrar o patrimônio público ou quando estiver a

prestar serviços. Desta forma, não nos cabe mais utilizar tal teoria para caracterizar a

culpa do agente, uma vez que tais argumentos doutrinários não fazem mais sentido.

Teoria da culpa civil

Seguindo a linha da teoria anterior, esta teoria tem por objetivo enquadrar a

responsabilidade extracontratual do Estado, utilizando pura e simplesmente a base

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civilista. Por esta teoria, para que o agente fosse responsabilizado, bastava apenas a

noção de culpa no desenvolvimento de suas atividades.

A Professora Di Pietro nos ensina a respeito da questão: "Embora abandonada a

distinção entre atos de império e de gestão, muitos autores continuaram apegados à

doutrina civilista, aceitando a responsabilidade do Estado desde que demonstrada a

culpa. Procurava-se equiparar a responsabilidade do Estado à do patrão, ou comitente,

pelos atos de empregados ou prepostos."

Gradativamente, passou-se a observar a evolução da teoria civilista ao permitir

que novas ideias fossem desenvolvidas, surgindo, assim, as normas e princípios de

direito público, atuando nas diversas relações existentes entre o próprio Estado.

Teoria publicistas

O primeiro passo no sentido da elaboração de teorias de responsabilidade do

Estado, segundo princípios do direito público, foi dado pela jurisprudência francesa,

com o famoso caso Blanco, ocorrido em 1873, vejamos:

A menina, Agnes Blanco, ao atravessar uma rua da cidade de

Bourdeaux, foi atropelada por uma vagonete da Cia. Nacional de

Manufatura do Fumo; seu pai promoveu ação civil de indenização, com

base no princípio de que o Estado é civilmente responsável por prejuízos

causados a terceiros, em consequência de ação danosa de seus agentes.

Suscitado conflito de atribuições, o Tribunal de conflitos decidiu que a

controvérsia deveria ser solucionada pelo tribunal administrativo, porque se

tratava de apreciar a responsabilidade decorrente de funcionamento do

serviço público. Entendeu-se que a responsabilidade do Estado não pode

reger-se pelos princípios do Código Civil, porque se sujeita às regras

especiais que variam conforme as necessidades do serviço e a imposição de

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conciliar os direitos do Estado com os direitos privados.

Fonte: http://jus.com.br/revista/texto/9524/a-responsabilidade-patrimonial-do-estado-por-conduta-comissiva-e-o-direito-de-regresso

A partir desse momento, as teorias baseadas no direito civil cederam lugar para

as regras do direito público e administrativo. No mesmo compasso, as teorias deixaram

de ter um enfoque subjetivo (baseado na culpa) e passaram a ser vistas pelo enfoque

objetivo (relação entre o ato lesivo e o dano causado).

Teoria da responsabilidade subjetiva

A responsabilidade subjetiva pode ser definida como o dever de alguém em

indenizar um outro indivíduo que porventura tenha sofrido algum dano, em razão deste

primeiro ter praticado um ato, culposo ou dolosamente, que vai de encontro ao

ordenamento jurídico.

Para Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, estaremos diante da teoria da

responsabilidade subjetiva do Estado quando: “em atuando o agente público com culpa

ou dolo responde o Estado pelos seus atos culposos ou dolosos, se no exercício das

atividades que lhe são próprias, e causando dano a terceiros, por lhe serem

imputados”.

Nesta teoria, não importa a individualização do ato comissivo ou omissivo

cometido pelo agente. Para a deflagração do dever de indenização pelo Estado, basta a

ideia trazida pela doutrina francesa de faute du service, ou seja, "culpa do serviço".

Sobre este ponto vale novamente citar as palavras do mestre Oswaldo Aranha

Bandeira de Mello: “Não se trata de culpa individual do agente público, causador do

dano. Ao contrário, diz respeito à culpa do serviço diluída na sua organização,

assumindo feição anônima, em certas circunstâncias, quando não é possível

individualizá-la, e, então, considera-se como causador do dano só a pessoa coletiva ou

jurídica”.

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Assim, não importa a culpa do agente, o que importa é a ineficiência do serviço

público que não funcionou incorreta ou indevidamente ou, ainda, funcionou, mas de

forma tardia. Diante desta tríplice modalidade, o particular tem motivo suficiente para

pleitear a reparação do dano sofrido.

Vale a pena destacar que alguns doutrinadores entendem que esta

responsabilização, ou seja, a responsabilidade pela faute di service, seja parte da

responsabilidade objetiva. Como não é este nosso foco, vamos acompanhar a linha

doutrinária adotada por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello e Celso Antônio Bandeira

de Mello, que entendem ser a teoria da faute du service eminentemente subjetiva.

Outro ponto que nos faz adotar a teoria subjetiva é a questão da presunção de

culpa. Por exemplo, em muitos casos será impossível ou ainda extremamente dificultosa

a prova, por parte do administrado ofendido, isto é, da má consecução do serviço pelo

Estado. Desta forma, o particular fica isento de comprovar a má execução do serviço

proporcionado pelo Estado, podendo pleitear a reparação do dano com base na culpa

presumida.

Mesmo assim, a culpa presumida não elimina o caráter subjetivo da teoria. Isto

se dá, pois, comprovando que o Estado no seu agir o fez diligentemente, desta forma,

estará este isento da obrigação de reparar o dano, o que, em caso de objetividade da

conduta, restaria no impossível.

Teoria da responsabilidade objetiva

A teoria objetiva da responsabilidade do Estado, por sua vez, estabelece que para

haver responsabilização, é importante que exista a relação de causalidade entre o ato

omissivo ou comissivo cometido pelo Estado e o efetivo dano causado ao particular.

Para Themistocles Cavalcanti, a verificação da responsabilidade da pessoa

política se dá pelo: “nexo causal entre a pessoa e o dano, sem atender a imputabilidade

baseada na culpa, no procedimento, nas circunstâncias que ocasionaram o dano.”

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Assim, para que possamos compreender a configuração da teoria objetiva, é

preciso observar os seguintes elementos:

• uma ação ou omissão do Estado lícita ou ilícita;

• dano à esfera juridicamente protegida de outrem;

• nexo de causalidade entre o comportamento do Estado e o dano.

Diferente da responsabilidade subjetiva, na qual é estabelecida a ideia de culpa

pelo serviço, a responsabilidade objetiva estabelece outras duas teorias chamadas

de: teoria do risco administrativo e teoria do risco integral.

Teoria do risco administrativo

Por esta teoria, entende-se que para o Estado indenizar o particular, basta que

haja dano a este, provocado pelo ato omissivo ou comissivo do agente. Como o próprio

nome sugere, esta teoria se baseia no risco decorrente dos mais variados atos praticados

pelo Estado em cada uma de suas atividades para oferecer os serviços públicos aos

particulares.

Isso não significa dizer que o Estado vai indenizar todo particular que se sentir

lesado. Apesar da dispensa de prova por parte do particular, o Estado poderá se defender

por todos os meios de provas permitidos em direito, para demonstrar que não deu causa

ao eventual dano.

Teoria do risco integral

A teoria do risco integral se diferencia da teoria do risco administrativo,

justamente por obrigar o poder público a indenizar o particular por todo ato que atente

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contra a esfera jurídica protegida deste, ainda que, para o surgimento do dano, concorra

ou dê causa, a vítima.

Assim, teríamos como principal elemento diferenciador das teorias do risco e do

risco integral, a possibilidade de defesa com base nas causas excludentes de

responsabilidade, no caso da primeira teoria, e a total ausência de defesa, no caso da

segunda teoria.

Em razão de se caracterizar como uma teoria extremamente abusiva e injusta

para o Estado, esta vem sofrendo constantes críticas, sendo reduzida a sua

aplicabilidade, evitando-se com isso graves consequências ao ordenamento jurídico.

8.2 – Reparação do dano

A reparação de danos aos particulares

pode ser realizada na esfera administrativa,

desde que a administração reconheça sua

responsabilidade e entre em acordo com o

particular quanto aos valores de indenização.

Caso isso não seja possível ou viável, não há

outro meio senão uma medida judicial contra o

aquele que causou o ato danoso, pleiteando

indenização por todos os danos sofridos.

Pelo artigo 37, parágrafo 6º. da Constituição Federal, quem responde perante o

prejudicado é a pessoa jurídica causadora do dano, a qual tem o direito de regresso

contra seu agente, desde que este tenha agido com dolo ou culpa.

Muito embora o dispositivo pareça claro, ele tem suscitado muitas controvérsias

entre os doutrinadores, sobretudo no que diz respeito à possibilidade da denunciação da

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lide, bem como daquele que estiver obrigado pela lei, ou pelo contrato, a indenizar, em

ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.

Youssef Said Cahali faz, no entanto, uma distinção entre duas

hipóteses, e que nos parece relevante para a compreensão da questão:

De um lado, a hipótese em que a ação é proposta contra a pessoa

jurídica com fundamento exclusivo na responsabilidade objetiva do Estado

ou na falha anônima do serviço, sem individualizar o agente causador do

dano: neste caso, se a pessoa jurídica fizesse a denunciação da lide, estaria

incluindo novo fundamento não invocado pelo autor, ou seja, a culpa ou o

dolo do funcionário; nas palavras de Cahali, seria: “imoral e

despropositado pretender servir-se do mesmo processo instaurado pelo

ofendido para inovar a fundamentação da ação, recuperar de terceiro

aquilo que já deveria ter sido pago, na composição do dano sofrido pela

vítima; e visto que só esse pagamento efetivamente realizado legitima a

pretensão regressiva contra o funcionário culpado, resta-lhe apenas a

ação direta de regresso para o reembolso.”

De outro lado, há a hipótese em que a pretensão indenizatória é

deduzida com fundamento em ato doloso ou culposo do funcionário, com

aplicação do artigo 70, III, do CPC, que em nada contraria a Constituição

Federal; antes, pelo contrário, visa disciplinar o direito de regresso

assegurado ao responsável direto pelo pagamento da indenização.

Fonte: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=4486

Quanto à possibilidade ainda de litisconsórcio, Cahali menciona o acórdão do

STF (in RT 544/260), em que o Tribunal Pleno entende que a propositura da ação está

ao mesmo tempo contra a administração e o funcionário, não traz qualquer prejuízo a

quem quer que seja e se coaduna com os princípios que disciplinam a matéria. Assim:

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• Não é possível a denunciação da lide, quando o funcionário culpado não for

identificável, o que chamamos de culpa anônima. Para que isso fosse possível, o

autor da ação deveria ter arguido a culpa ou dolo do funcionário;

• De outro modo, mesmo nas ações fundadas na responsabilidade objetiva do

Estado, em que o autor tem arguido a culpa do agente público (funcionário), é

possível, tanto a denunciação da lide, como também o litisconsórcio facultativo

(com citação da pessoa jurídica e de seu agente) ou a propositura da ação,

diretamente contra o agente público.

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Encerramento

Caro, aluno(a)!

Chegamos ao final do curso de Direito Administrativo e desejamos que você

tenha aproveitado ao máximo os conhecimentos aqui estudados para o aprimoramento

dos seus conhecimentos sobre este tema.

Lembramos que o direito administrativo é uma área efetivamente complexa,

sendo uma matéria específica na faculdade de direito, a qual possui pós-graduação e

mestrado.

É necessário ressaltar que este curso não possui valor acadêmico, constituindo

apenas um apanhado geral sobre os principais aspectos que envolvem a área e

estimando-os a continuar melhorando suas competências, participando de programas

mais específicos em sua área de atuação. Faça a avaliação do módulo II, quando se

sentir preparado(a) e confiante!

Boa sorte e sucesso!

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Bibliografia

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 21ª. Edição, Editora Atlas – São Paulo – 2007. – Portal Jus Navigandi – Disponível em <http://www.jus.com.br/revista/texto6587/discricionariedade_administrativa> Acesso em 07 de janeiro de 2012. – Portal Webjur – Informador Jurídico - Disponível em <http://www.webjur.com.br/doutrina/direito_administrativo/atos_administrativos> Acesso em 07 de janeiro de 2012.