dimensionamento de planta industrial para beneficiamento do molde cerâmico residual proveniente do...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA FÁBIO VICTOR DIMENSIONAMENTO DE PLANTA INDUSTRIAL PARA BENEFICIAMENTO DO MOLDE CERÂMICO RESIDUAL PROVENIENTE DO PROCESSO DE MICROFUSÃO. FLORIANÓPOLIS 2011

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Foi realizado o estudo de operações de beneficiamento bem como o dimensionamento de uma planta industrial para a valorização de um molde cerâmico residual, utilizado para dar forma às peças de um dos processos industriais da Fundição de Precisão: a Microfusão. Nas regiões Sul e Sudeste está localizada a maioria das empresas nacionais, de modo que em todo o país estima-se que sejam gerados 2,3 milhões de quilogramas desse material cerâmico mensalmente, predominantemente depositados em aterros industriais. Após ser submetido a um processo de caracterização mineralógica (fluorescência e difração por raio X e análises térmicas), ele apresentou propriedades altamente refratárias, devido a predominância de alumina (Al2O3), sílica (SO2) e zircônia (ZrO2) em sua composição química e perda ao calor desprezível, dados que revelaram um grande potencial de aplicação em diversos setores industriais. Ao realizar a análise mercadológica do resíduo, a empresa CRETATec encontrou mercados para valorização do mesmo como, por exemplo, a fabricação de refratários pré moldados e monolíticos e a indústria de cerâmica avançada. O projeto da planta de beneficiamento industrial está sujeito às variáveis de logística de produção do material, viabilidade técnica e econômica processual de acordo com as exigências do produto final e logística de venda da matéria-prima beneficiada. A solução encontrada aborda operações de desmetalização (separação magnética), cominuição (moagem) e classificação granulométrica (peneiramento). O armazenamento da matéria-prima será feito em Big Bags e o transporte até as empresas compradoras por caminhões de carga. O beneficiamento do material cerâmico para a incorporação na fabricação de tijolos refratários mostrou baixos custos iniciais, baixos custos de operação e retornos financeiros rápidos e pouco significativos. A planta de beneficiamento para utilização do mesmo como terra refratária ou na incorporação do processo de fabricação de produtos de cerâmica avançada apresentou custos de investimento inicial elevados, R$230.000,00 em média, porém justificados devido aos altos custos com disposição convencional do material. Os custos de operação mensais e custos de produção por tonelada foram mais elevados para pequenas quantidades e médios para quantidades mais elevadas. O retorno financeiro será em médio prazo e pode atingir valores bastante expressivos.

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Page 1: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

FÁBIO VICTOR

DIMENSIONAMENTO DE PLANTA INDUSTRIAL PARA

BENEFICIAMENTO DO MOLDE CERÂMICO RESIDUAL

PROVENIENTE DO PROCESSO DE MICROFUSÃO.

FLORIANÓPOLIS

2011

Page 2: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

FÁBIO VICTOR

DIMENSIONAMENTO DE PLANTA INDUSTRIAL PARA

BENEFICIAMENTO DO MOLDE CERÂMICO RESIDUAL DO

PROCESSO DE MICROFUSÃO

Trabalho apresentado ao Curso de Graduação

em Engenharia Mecânica da Universidade

Federal de Santa Catarina como parte dos

requisitos para a obtenção do título de

Engenheiro Mecânico.

Orientador: Eng. Sandriny da Silva Lacerda

FLORIANÓPOLIS

2011

Page 3: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

DIMENSIONAMENTO DE PLANTA INDUSTRIAL PARA

BENEFICIAMENTO DE MOLDE CERÂMICO PROVENIENTE DO

PROCESSO DE MICROFUSÃO

Este Trabalho de Graduação foi julgado adequado para a obtenção do título de

Engenheiro Mecânico e aprovado em sua forma final pela Comissão examinadora e pelo

Curso de Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa

Catarina.

Lauro Cesar Nicolazzi Dylton do Vale Pereira Filho

Coordenador do Curso Professor da Disciplina

Comissão Examinadora: Eng. Sandriny Lacerda

Orientador

Eduardo Matzenbacher

Profª. Dylton do Vale Pereira Filho

Page 4: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

Victor, F., 1988 -

Dimensionamento de Planta de Beneficiamento de Cerâmica Residual do Processo de

Fundição de Precisão / Fábio Victor. - 2011.

68f. : il. color. ; 27.9 cm

Orientador: Eng. Sandriny Lacerda

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal de Santa

Catarina, Curso de Engenharia Mecânica, 2011.

1. Molde cerâmico. 2. Valorização de resíduo. 3. Indústria de refratários.

4. beneficiamento de materiais cerâmicos. I. Lacerda, Sandriny da Silva.

II. Universidade Federal de Santa Catarina. Curso de Graduação em Engenharia

Mecânica. III. Dimensionamento de Planta Industrial para Beneficiamento de Molde

Cerâmico Residual Proveniente do Processo de Microfusão.

Page 5: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

AGRADECIMENTOS

Este projeto é o resultado de um trabalho desenvolvido em duas etapas, tendo

sido iniciado com o contato do engenheiro Eduardo Bordin com a empresa de

reciclagem industrial CRETATec no início de 2011. Começo agradecendo, portanto, a

todos os envolvidos na primeira etapa do projeto, principalmente o Eng. Afonso José

Alonso, responsável pela execução de um estudo de caracterização do molde cerâmico e

incorporação na fabricação de tijolos refratários. Embora não o tenha conhecido

pessoalmente, sua colaboração foi essencial para que o presente estudo fosse possível.

Agradeço também aos meus dois novos amigos, Eng. Sandriny Lacerda e

Guilherme Pacher, o primeiro que também foi o orientador desse trabalho, que ousam

duplamente todos os dias: uma vez por iniciar seu próprio negócio logo no início da

carreira profissional, a empresa CRETATec, e uma segunda vez por atuarem no ramo

incipiente da reciclagem industrial brasileira, mas que é de fundamental importância.

Logo de início, nos conhecemos em meios não ortodoxos aos quais fomos conduzidos

por pensamentos diferenciados convergentes. Daqui em diante, estou seguro que

estaremos juntos na busca de formas alternativas para o desenvolvimento dos processos

industriais e, mais do que isso, na busca do desenvolvimento social como um todo.

Finalizando, agradeço a minha família, principalmente a meus pais Sérgio e

Eliana, que sempre me deram todo o suporte necessário, me motivando a ser melhor a

cada dia e me disponibilizando todas as oportunidades acadêmicas e profissionais

possíveis.

Page 6: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

ii

RESUMO

Foi realizado o estudo de operações de beneficiamento bem como o dimensionamento

de uma planta industrial para a valorização de um molde cerâmico residual, utilizado

para dar forma às peças de um dos processos industriais da Fundição de Precisão: a

Microfusão. Nas regiões Sul e Sudeste está localizada a maioria das empresas nacionais,

de modo que em todo o país estima-se que sejam gerados 2,3 milhões de quilogramas

desse material cerâmico mensalmente, predominantemente depositados em aterros

industriais. Após ser submetido a um processo de caracterização mineralógica

(fluorescência e difração por raio X e análises térmicas), ele apresentou propriedades

altamente refratárias, devido a predominância de alumina (Al2O3), sílica (SO2) e

zircônia (ZrO2) em sua composição química e perda ao calor desprezível, dados que

revelaram um grande potencial de aplicação em diversos setores industriais. Ao realizar

a análise mercadológica do resíduo, a empresa CRETATec encontrou mercados para

valorização do mesmo como, por exemplo, a fabricação de refratários pré moldados e

monolíticos e a indústria de cerâmica avançada. O projeto da planta de beneficiamento

industrial está sujeito às variáveis de logística de produção do material, viabilidade

técnica e econômica processual de acordo com as exigências do produto final e logística

de venda da matéria-prima beneficiada. A solução encontrada aborda operações de

desmetalização (separação magnética), cominuição (moagem) e classificação

granulométrica (peneiramento). O armazenamento da matéria-prima será feito em Big

Bags e o transporte até as empresas compradoras por caminhões de carga. O

beneficiamento do material cerâmico para a incorporação na fabricação de tijolos

refratários mostrou baixos custos iniciais, baixos custos de operação e retornos

financeiros rápidos e pouco significativos. A planta de beneficiamento para utilização

do mesmo como terra refratária ou na incorporação do processo de fabricação de

produtos de cerâmica avançada apresentou custos de investimento inicial elevados,

R$230.000,00 em média, porém justificados devido aos altos custos com disposição

convencional do material. Os custos de operação mensais e custos de produção por

tonelada foram mais elevados para pequenas quantidades e médios para quantidades

mais elevadas. O retorno financeiro será em médio prazo e pode atingir valores bastante

expressivos.

Palavras-chave: molde cerâmico, valorização de resíduo, indústria de refratários,

beneficiamento de materiais cerâmicos.

Page 7: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

iii

ABSTRACT

It was performed the study of materials processing operations as well as the design of an

industrial plant for the reuse of a residual ceramic shell, utilized to manufacture metal

parts from one of the Investment Casting process. In Brazil, most of the national

factories are located at the Southern and Southeastern regions and it is estimated that 2,3

million kilograms of ceramic shells are generated monthly, which are predominantly

disposed at industrial landfills. After being submitted to mineralogical characterization

processes (X ray fluorescence, and diffraction and thermal analyzes), the ceramic shell

showed highly refractory characteristics, as expected, due to the predominance of

alumina (Al2O3), silica (SiO2) and zircon (ZrO2), little amount of flux material in its

chemical composition, and low weight loss due to high temperature exposure. These

results revealed a great potential for application of the ceramic shell in several industrial

sectors. By performing a market analysis, CRETATec encountered industrial

manufacturers for its use, such as molded and monolithic refractory industry and

advanced ceramics industry. The design of the industrial processing plant is subject to

variables of logistics of waste generation, feasibility of technical and economical

processing, and logistics of selling the new raw material to the consumers. The

proposed solution addresses operations of demetallization (magnetic separation),

comminuting (grinding) and particle size classification (screening). The storage of the

material will be operated in big bags (FIBC) and transported to the consumers by load

trucks. The processing of the ceramic shell for incorporating at the manufacture of

refractory bricks presented low initial costs and low operating costs, and short term low

or average payback. The industrial processing plant for utilizing the ceramic shell as

refractory aggregate or at the manufacture of advanced ceramics products exhibited

high initial costs, R$230.000,00 on average, however acceptable due to high

conventional disposing expenditures. Monthly operating costs and production costs per

tons were found high for low quantities of material processing, and average for higher

quantities. Payback is in medium-term and might reach significant values.

Key-words: ceramic shell, refractory industry, waste appreciation, ceramics processing

Page 8: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

iv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Metodologia de valorização de resíduos. [4] ................................................... 5

Figura 2 - Fabricação dos moldes, cachos sendo revestidos com camadas de barbotina.

[7] ...................................................................................................................................... 7

Figura 3 - Vazamento do metal nos moldes cerâmicos em forma de cachos. ................. 8

Figura 4 - Fluxograma do processo de fundição por cera perdida. [5] ............................ 8

Figura 5 - Fotos do material cerâmico residual proveniente de uma fábrica de

Microfusão do Rio Grande do Sul. [autoria própria] ...................................................... 10

Figura 6 - Fotos de rechupes de aço contaminantes. [autoria própria] ......................... 12

Figura 7 - Fotos do processo de fabricação de tijolos refratários, tijolos após secagem e

tijolos embalados para venda. [autoria própria] ............................................................ 14

Figura 8 - Fluxograma do processo de fabricação de refratários pré-moldados. [11] ... 15

Figura 9 - Fluxograma do processo de fabricação de refratários monolíticos. [11] ...... 18

Figura 10 - Fluxograma do processo de fabricação de produtos da cerâmica avançada.

........................................................................................................................................ 19

Figura 11 - Exemplo de transportador de correia de rolos horizontal. .......................... 21

Figura 12 - Funcionamento da Placa Magnética suspensa. ........................................... 23

Figura 13 - Funcionamento da polia magnética. ............................................................ 24

Figura 14 - Funcionamento do Tambor Magnético. ....................................................... 24

Figura 15 - Funcionamento do separador de corrente parasita. ................................... 25

Figura 16 - Funcionamento do moinho martelo. [19] .................................................... 26

Figura 17 - Funcionamento do moinho laminador. ........................................................ 27

Figura 18 - Funcionamento do moinho desintegrador. ................................................. 27

Figura 19 - Funcionamento do moinho de bolas [19] .................................................... 27

Figura 20 - Representação esquemática de um classificador. ....................................... 28

Figura 21 - Representação esquemática de uma grelha fixa. [20] ................................. 30

Page 9: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

v

Figura 22 - Representação esquemática de uma peneira rotativa: (a) vista lateral e (b)

vista isométrica. [20] ...................................................................................................... 31

Figura 23- Peneira vibratória inclinada. [20] .................................................................. 31

Figura 24 - Abertura equivalente em função do tamanho do produto: A para telas de

borracha e plástico com abertura quadrada; B para telas de borracha e plástico com

abertura retangular, e para telas de arame com abertura quadrada; C telas de arame

para abertura retangular. [22] ....................................................................................... 32

Figura 25 - Exemplo de peneira vibratória horizontal circular. [23] .............................. 32

Figura 26 - Caçamba Roll On Roll Off. [24] ..................................................................... 33

Figura 27 - Caminhão Roll On Roll Off. ........................................................................... 34

Figura 28 - exemplo de big bag. ..................................................................................... 34

Figura 29 - Empilhadeira alocando big bag na caçamba de um caminhão de carga. .... 35

Figura 30 - Fluxograma do processo de beneficiamento do molde cerâmico para

incorporação na indústria de tijolos refratários. ............................................................ 40

Figura 31 - Fluxograma do processo de aplicação do molde cerâmico na indústria de

terra refratária e cerâmica avançada. ............................................................................ 44

Figura 32 - Fluxograma do processo de beneficiamento do molde cerâmico para

aplicação como terra refratária e em produtos de cerâmica avançada ........................ 45

Figura 33 - Custos operacionais (30 x103 kg) .................................................................. 54

Figura 34 - Custos operacionais (150x103 kg). ............................................................... 54

Figura 35 - Fluxograma esquemático do processo de beneficiamento do molde

cerâmico. ........................................................................................................................ 56

Figura 36 - Fluxograma descritivo do processo de beneficiamento do molde cerâmico.

........................................................................................................................................ 56

Figura 37 - Possíveis processos de beneficiamento. ...................................................... 58

Figura 38 - Custos de investimento inicial. ..................................................................... 60

Figura 39 - Custos mensais de operação. ....................................................................... 60

Figura 40 - Custo por tonelada de material produzido para cada processo. ................. 61

Page 10: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização química do molde cerâmico. P. F. - Perda de massa por

aquecimento a 1.273 K. N. D. - Não detectado. ............................................................. 11

Tabela 2 - Comparação das composições químicas das peças padrão e piloto. P. F. -

Perda de massa por aquecimento a 1.273 K. N. D. - Não detectado. ............................ 16

Tabela 3 - Comparação das propriedades relevantes entre produção padrão e piloto. 17

Tabela 4 - Escalas granulométricas de peneiramento. [20] ........................................... 29

Tabela 5 - Tipos de caminhões de carga. [25] ................................................................ 35

Tabela 6 - Valores médios gastos com aterros industriais por fábricas da indústria de

Microfusão. ..................................................................................................................... 36

Tabela 7 - Custo da matéria-prima in natura a ser substituída. ..................................... 37

Tabela 8 - Taxas de depreciação. .................................................................................... 38

Tabela 9 - Economia da fábrica de tijolos refratários na substituição de matéria-prima.

........................................................................................................................................ 39

Tabela 10 - Valores de frete de caminhão 10 m³ para diferentes distâncias. ............... 40

Tabela 11 - Propriedades diferenciadoras e seus correspondentes métodos de

tratamento. [27] ............................................................................................................. 41

Tabela 12 - Custos da operação de separação magnética ............................................. 43

Tabela 13 - Capacidade de armazenamento do silo conforme a logística de

abastecimento da planta. ............................................................................................... 46

Tabela 14 - Custos da operação de Armazenamento/Alimentação............................... 47

Tabela 15 - Especificações do transportador de correia. ............................................... 47

Tabela 16 - Custos da operação de transporte. ............................................................. 48

Tabela 17 - Custos do processo de moagem .................................................................. 50

Tabela 18 - Especificações da peneira circular vibratória. ............................................. 51

Tabela 19 - Custos de funcionamento da peneira circular vibratória. ........................... 51

Tabela 20 - Custos de Expedição, ................................................................................... 52

Page 11: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

vii

Tabela 21 - Análise mercadológica para utilizacão da matéria-prima na fabricação de

tijolos refratários. ........................................................................................................... 53

Tabela 22 - Retorno financeiro do processo para produção de 30x103 kg. ................... 55

Tabela 23 - Retorno financeiro para a produção de 150 x103 kg. .................................. 55

Tabela 24 - Análise mercadológica para venda da matéria-prima beneficiada. ............ 57

Tabela 25 - Gastos com infra-estrutura e despesas com funcionários. ......................... 58

Tabela 26 - Dados de produção da planta ...................................................................... 59

Page 12: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

viii

SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................................... ii

ABSTRACT .................................................................................................................... iii

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... iv

LISTA DE TABELAS .................................................................................................... vi

SUMÁRIO ..................................................................................................................... viii

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 2

2.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 2

2.1.2 Objetivos específicos .................................................................................. 2

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 3

3.1 Reciclagem e gestão de resíduos industriais ...................................................... 3

3.1.1 Classificação de Resíduos Sólidos ............................................................. 3

3.1.2 Valorização como alternativa mineral ........................................................ 4

3.2 A Indústria de Microfusão ................................................................................. 6

3.2.1 Processo Industrial ...................................................................................... 6

3.3 Indústria de Materiais Refratários .................................................................... 12

3.3.1 Tijolos Refratários .................................................................................... 13

3.3.2 Terra Refratária......................................................................................... 17

3.4 Indústria de Cerâmica Avançada ..................................................................... 18

3.5 Operações de Beneficiamento de Materiais Cerâmicos .................................. 20

3.5.1 Silos .......................................................................................................... 20

3.5.2 Transportador de correia ........................................................................... 21

3.5.3 Separadores Magnéticos ........................................................................... 21

3.5.4 Separador de Corrente Parasita................................................................. 25

3.5.5 Métodos de Cominuição ........................................................................... 25

3.5.6 Classificação ............................................................................................. 28

3.5.7 Peneiramento ............................................................................................ 28

3.5.8 Métodos de expedição .............................................................................. 33

4 ESPECIFICAÇÃO DOS PROCESSOS ................................................................. 36

4.1 Incorporação na fabricação de tijolos refratários ............................................. 38

4.1.1 Transporte ................................................................................................. 40

4.1.2 Desmetalização ......................................................................................... 41

4.2 Terra Refratária e Indústria de Cerâmica Avançada ........................................ 43

Page 13: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

ix

4.2.1 Armazenamento/Alimentação .................................................................. 46

4.2.2 Transporte ................................................................................................. 47

4.2.3 Separação Magnética ................................................................................ 48

4.2.4 Moagem .................................................................................................... 48

4.2.5 Peneiramento ............................................................................................ 50

4.2.6 Expedição ................................................................................................. 51

5 RESULTADOS E ANÁLISES .............................................................................. 53

5.1 Tijolos Refratários ........................................................................................... 53

5.2 Terra Refratária e Cerâmica Avançada ............................................................ 56

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 63

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 65

ANEXOS ........................................................................................................................ 68

Page 14: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

1 INTRODUÇÃO

Os recursos naturais utilizados nos processos industriais sempre foram

considerados abundantes e inesgotáveis, de modo que as questões ambientais sequer

faziam parte do planejamento dos processos produtivos até poucas décadas atrás.

Depois de finalizado seu ciclo de vida, eles eram indiscriminadamente depositados na

natureza, tanto em aterros industriais ou, de forma irregular, em áreas não reservadas a

esses fins. Hoje, existe a perspectiva de escassez de recursos em médio e longo prazo,

dificuldade crescente de acesso a eles e aumento gradativo dos preços. Assim sendo, a

reciclagem e o reaproveitamento de resíduos industriais são de fundamental importância

para a redução da quantidade de recursos utilizados e diminuição de custos de produção.

Dentro da indústria de fundição de precisão se observa o processo de

microfusão, ou fundição por cera perdida, que se caracteriza pela fabricação de produtos

com exatidão dimensional, alta qualidade de acabamento e alto grau de liberdade de

formas. Para dar forma a suas peças de aço, seu processo de fabricação utiliza moldes

de cerâmica, que são fragmentados e descartados em aterros industriais após o uso.

Ainda que a fábrica de microfusão não consiga reincorporá-los em seu próprio processo,

estes possuem características de alta refratariedade, visto que sua composição pertence

ao diagrama ternário ZrO2-Al2O3-SiO2 (ZAS) formado a partir de mulita, sílica e farinha

de zircônia, e são classificados como resíduo inerte. A partir dessas características, são

pesquisados possíveis setores industriais de materiais cerâmicos para sua incorporação.

Foram definidas três aplicações, apresentadas em ordem crescente de exigência

composicional, granulométrico e pureza: produção de tijolos refratários, utilização

como agregado refratário e produção de produtos de cerâmica avançada.

O molde cerâmico deixa o processo de microfusão com granulometria bastante

heterogênea e contaminada por rechupes de aço fisicamente liberados de natureza

magnética e paramagnética. Para atender as exigências de cada aplicação proposta, deve

ser realizado um estudo de desenvolvimento tecnológico para transformação do molde

cerâmico residual em matéria-prima refratária de alto valor agregado. Nesse estudo

foram pesquisadas operações de beneficiamento, cujo objetivo é a desmetalização,

moagem e classificação do material, e foram definidos processos alternativos para

posterior análise comparativa de acordo com a viabilidade econômica, capacidade

técnica, automatização e logística.

Page 15: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

2

2 OBJETIVOS

2.1.1 Objetivo Geral

Realizar o dimensionamento de uma planta de beneficiamento de molde

cerâmico residual proveniente do processo de microfusão para incorporação na indústria

de materiais refratários monolíticos, pré-moldados e indústria de cerâmica avançada.

2.1.2 Objetivos específicos

- Analisar de operações de beneficiamento de materiais cerâmicos.

- Definir de processos de beneficiamento que atendam os requisitos de projeto:

desmetalização, cominuição, classificação e expedição.

- Realizar uma análise comparativa entre os processos segundo qualidade

técnica, economia, automatização e logística.

Page 16: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

3

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Reciclagem e gestão de resíduos industriais

Os processos produtivos que abastecem a sociedade moderna com bens de

consumo apresentam fluxo de recursos naturais que entram na forma de matéria prima e

insumos, sejam eles materiais ou energéticos, e geram saídas na forma de resíduos de

inúmeras naturezas. A quantidade de resíduos gerados devido ao desenvolvimento

industrial e tecnológico é crescente, como também é a preocupação ecológica. A forte

pressão sobre as empresas da legislação ambiental (cada vez mais rigorosa), e do

impacto negativo sobre a imagem empresarial no mercado, uma vez que não

desenvolvam práticas mais sustentáveis, acarretou uma mudança na política de gestão

de resíduos. Usualmente são depositados em aterros industriais ou mesmo em locais

sem controle algum. Assim sendo, novas medidas para redução em extrações de bens

não renováveis e reutilização dos recursos naturais no próprio processo produtivo têm

sido adotadas, mas que no Brasil ainda são incipientes. Uma vez que o mundo adentra a

era da sustentabilidade, espera-se que esse quadro seja progressivamente revertido.

Dijkema et al [1], fala do paradigma vigente quanto ao gerenciamento de

resíduos:

[...] resíduo geralmente tem uma conotação negativa, relacionada a lixo,

detritos ou até materiais tóxicos ou perigosos. Pode-se classificar como um

material que se gostaria de eliminar, geralmente pagando uma taxa pelo

serviço. Contudo um material só é resíduo quando assim é experimentado ou

rotulado como tal. Um produtor pode, por exemplo, considerar um

subproduto indesejável como sucata ou resíduo, enquanto outros encaram

como potenciais recursos. Resíduo é então um conceito subjetivo que

classifica um material ou objeto que não desaparece após eliminação. Essa

qualificação, no entanto, pode mudar: o que hoje é considerado resíduo pode

ser visto como recurso no futuro. Em uma visão mais estratégica, resíduo é o

material que não é utilizado em seu pleno potencial. [...]

A adoção desse novo conceito ao lidar com as matérias-primas e subprodutos

utilizados na indústria implica uma transformação nos processos produtivos como

conhecidos hoje, da qual fazem parte a utilização racional, o reaproveitamento de

materiais e a reciclagem. A reciclagem de resíduos industriais requer conhecimentos

multidisciplinares envolvendo engenharia, economia, ciência social, logística urbana e

regional.

3.1.1 Classificação de Resíduos Sólidos

No interesse do presente trabalho é importante a observação da classificação dos

resíduos sólidos perante a legislação brasileira. A norma NBR 10004:2004 - Resíduos

Sólidos - Classificação, elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas -

ABNT, em revisão à norma NBR 10004:1987, de mesmo título, visa fornecer subsídio

Page 17: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

4

para o gerenciamento de resíduos sólidos. A classificação dos resíduos sólidos envolve

a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, de suas características e

constituintes mineralógicos e químicos, e comparação com listagens de resíduos já

conhecidos e classificados. [2]

Segundo a norma, os resíduos sólidos são classificados em:

a) Classe I - Resíduos Perigosos: apresentam risco à saúde pública ou ao meio

ambiente; ou possuem características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,

toxicidade e patogenicidade, ou ainda que pertençam à lista de resíduos já classificados

como tal nos anexos da norma.

b) Classe II - Resíduos Não Perigosos: não apresentam as características citadas

na classe I. Exemplos: sucata de metais ferrosos, sucata de metais não ferrosos (latão),

resíduos de minerais não metálicos, terra de fundição e outros.

c) Classe II A - Não Inertes: são resíduos não perigosos que podem apresentar

propriedades tais como biodegradabilidade, combustibilidade e solubilidade em água.

d) Classe II B - Inertes: resíduos que quando amostrados e submetidos a contato

dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, a temperatura ambiente, não

tiverem seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de

potabilidade da água, exceto aspecto, cor, turvides, dureza e sabor. Deve também

apresentar valores de lixiviabilidade dentro dos permitidos por norma. [2]

A classificação de um dado resíduo não é imutável como provam as constantes

atualizações dos dispositivos legais, estando dependente dos avanços tecnológicos. A

realização de estudos de reaproveitamento de materiais tem permitido desenvolver

novas técnicas de tratamento e reciclagem, fazendo emagrecer a classe. [3]

3.1.2 Valorização como alternativa mineral

A viabilidade de valorização de um determinado material como alternativa

mineral depende de fatores interligados que envolvem aspectos técnicos, econômicos e

de logística, tais como disponibilidade e quantidade gerada, grau de pureza, aplicação

de utilização, condições de mercado, custos com a deposição e impactos ambientais,

custos de reciclagem, transportes, beneficiamentos, e possíveis ganhos com valorização;

sendo mais atraentes nos casos de materiais com fluxo constante e homogêneo,

relativamente limpos, com proximidade entre fonte geradora e utilizadores, e que

induzem ganhos técnicos e econômicos quando da aplicação de recuperação. [3]

Em relação à quantidade, homogeneidade e grau de pureza, deve-se analisar a

fonte geradora, variando conforme o processo produtivo ou condições de utilização do

material. Além desses fatores, a aplicação depende mais fortemente da composição do

resíduo, sendo que se deve fazer uma caracterização fisico-química através de ensaios e

procedimentos que possam avaliar o seu potencial e garantir o desempenho de um

produto desenvolvido com este material alternativo. As condições de mercado dizem

respeito aos custos da matéria prima natural e interesse das indústrias em alternativas,

sendo importante também avaliar os custos despendidos com a deposição, transporte e

acondicionamento do resíduo, confrontando isto com os custos para reciclagem,

beneficiamento e transporte do material como alternativa mineral, e possíveis ganhos

com a comercialização do mesmo. [3]

Page 18: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

5

A crescente atividade industrial e os aumentos constantes no preço das matérias

primas naturais têm levado a indústria de transformação a adotar práticas de

recuperação de descartes em larga escala, que deve dar-se na forma de incorporação em

produtos existentes ou desenvolvimento de novos produtos, sendo que estas soluções

tecnológicas envolvem uma metodologia de avaliação com as seguintes etapas:

- (i) classificação do resíduo,

- (ii) potencialidade mineral,

- (iii) quantidade gerada e homogeneidade,

- (iv) viabilidade técnica e econômica de aplicabilidade.

Na figura 1, a metodologia para avaliação e aplicação de um resíduo como

alternativa mineral é representada em mais detalhamento.

Figura 1 - Metodologia de valorização de resíduos. [4]

Na classificação do resíduo (i) realizam-se ensaios fisico-químicos de acordo

com a norma já referenciada, quanto a características de periculosidade

(inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade) e de inércia

química (solubilidade e lixiviabilidade).

A potencialidade mineral (ii) avalia informações de composição e

comportamentos básicos, através de análises como fluorescência e difração de raios-X e

análise térmica, que quando aliados ao histórico do material permitem comparação com

matérias primas convencionais. [4]

A quantidade gerada e homogeneidade (iii) devem ser avaliadas junto às fontes

geradoras, geralmente interessadas, quando não parceiras, no desenvolvimento do

projeto, sendo que trabalhos e publicações sobre o setor também podem ser uma boa

base de estimativa.

Page 19: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

6

A viabilidade técnica e econômica de aplicabilidade (iv) faz-se a partir dos

dados e levantamentos obtidos nas etapas anteriores e levantamento de potenciais

produtos e seus custos e valores envolvidos que, associados a ensaios específicos vão

indicar a aplicabilidade do resíduo como matéria prima.

3.2 A Indústria de Microfusão

Na indústria da fundição de precisão para fabricação de peças, observa-se o

processo de microfusão ou de cera perdida, que se destaca por produção de peças com

excelente precisão dimensional, máxima liberdade de desenho e detalhes, e ampla

variedade de ligas e metais na constituição. Suas principais vantagens,

comparativamente a outros processos de fundição e conformação, são: custo inicial com

ferramental baixo, eliminação de desperdícios de metal que compõe o produto final,

liberdade de projeto quanto à forma do produto final, estreitas tolerâncias e bom

acabamento de superfície.

No processo da fundição de precisão, uma lama cerâmica é aplicada em torno de

um modelo para construir o molde que será consumido. Dependendo do tipo de modelo,

este também poderá ser destruído. Para a produção dos moldes é utilizada um material

cerâmico refratário. Atualmente os moldes sólidos são mais comuns para a área

odontológica e de jóias, sendo as cascas cerâmicas mais utilizadas industrialmente.

Quanto aos modelos consumíveis, pode-se agrupá-los em cera e plásticos. A cera é o

material mais utilizado, que caracteriza o processo de fundição por cera perdida

denominado também de microfusão.

Se comparada com a indústria da fundição como um todo, não apresenta grande

volume de produção. Não obstante, o valor agregado das peças e o estágio de tecnologia

empregada dá destaque a este segmento. No Brasil são cerca de 30 empresas localizadas

nas regiões Sul e Sudeste, como a Fundimazza e Jandinox, que produzem no total cerca

de 9x106 kg de produtos fundidos e consequentemente em torno de 2,25x10

6 kg de

casca cerâmica, ou molde cerâmico, residual. Algumas indústrias que utilizam peças

produzidas por cera perdida são a aeroespacial, automobilística, eletrônica, alimentícia,

agrícola, petroquímica, mecânica, têxtil, marítima, nuclear, médica e odontológica, lazer

e equipamentos óticos. [5]

3.2.1 Processo Industrial

O processo de fundição por cera perdida pode ser dividido nas seguintes etapas

[6]:

- Produção do modelo de cera, através da injeção de cera em uma matriz,

geralmente, metálica;

- Montagem da “árvore” ou cacho de modelos;

- Produção do molde cerâmico em casca através de camadas obtidas por:

- Imersão do cacho de cera no banho de lama cerâmica;

- Estucagem que consiste no recobrimento com partículas refratárias;

Page 20: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

7

- Secagem dos moldes;

- Deceragem - retirada da cera do molde por derretimento.

- Sinterização do molde para aumento da resistência da casca e retirada de

resíduos de cera por volatilização;

- Fusão/Vazamento do aço;

- Quebra dos moldes (manual ou por vibração mecânica);

- Acabamento;

- Inspeção.

O processo de produção se inicia com o projeto da peça (produto final) e

fabricação de matriz metálica para injeção dos modelos de cera idênticos à peça. A

seguir, estes são armados em cachos para alimentação de até 20 modelos, que variam

conforme o formato da peça. São imersos em material cerâmico em forma de barbotina

(suspensão coloidal cerâmica), para seu revestimento, conforme ilustra a figura 2, até a

formação de um molde cerâmico ao seu redor.

Figura 2 - Fabricação dos moldes, cachos sendo revestidos com camadas de barbotina.

[7]

O molde recém-formado é então revestido com grânulos refratários de estuco, ou

seja, que melhoram a aglomeração e fixação das camadas. Depois de seco, repete-se

este procedimento várias vezes para formação de diversas camadas. Segue-se a

desceragem, na qual o molde é levado à autoclave, onde a cera é derretida, recolhida e

reutilizada. O processo termina com a sinterização dos moldes cerâmicos a temperatura

de 1,273 K (para ganho de resistência mecânica), o vazamento do metal nos cachos,

conforme a figura 3, e a quebra do molde cerâmico, que é feita por vibração mecânica.

A peça é então removida e procede ao acabamento final de usinagem da peça,

extremamente minimizado pelo processo descrito. [6]

Page 21: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

8

Figura 3 - Vazamento do metal nos moldes cerâmicos em forma de cachos.

Na figura 4, o processo é analisado através de um fluxograma simplificado que

evidencia a geração do molde cerâmico residual.

Figura 4 - Fluxograma do processo de fundição por cera perdida. [5]

3.2.1.1 Processamento do Molde Cerâmico

Page 22: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

9

No processamento específico dos moldes cerâmicos se observa a imersão do

cacho de modelos de cera em camadas de barbotina, escoamento e cobertura com areia

fina (estuco). Após secagem este procedimento é repetido várias vezes utilizando grãos

progressivamente maiores formando uma casca refratária com geralmente de seis a nove

camadas de 5 a 16x10-3

m de espessura cada. Como citado anteriormente, são realizadas

etapas de desceragem e sinterização, preparando o molde para receber o vazamento. Os

materiais utilizados para produzir a casca deverão ser suficientemente refratários para

suportar metal fundido a temperaturas em torno de 1.923 K, devendo permanecer inertes

para evitar reações molde metal. Os componentes que conferem a refratariedade são:

- Mulita: presente na forma de um composto com cristais de mulita

(3Al2O3.2SiO2) e sílica amorfa, estável a altas temperaturas com moderada expansão

térmica, o qual é produzido sendo sinterizado, triturado e separado por tamanho de grão

para uso em barbotinas (pós) e estuco (grãos).

- Alumina: possui alto grau de pureza, por volta de 99,5% Al2O3, com SiO2,

Fe2O3 e TiO2 como impurezas. É altamente refratária, com ponto de fusão acima de

2.273 K, expansão térmica intermediária e baixa reatividade.

- Sílica: aparece na forma de areia de sílica de diversas granulometrias, com

baixo custo e pureza de aproximadamente 99,5% de SiO2 de origem eletro fundida, com

baixo teor de cristobalita, baixa expansão e condutividade térmicos e densidade.

- Zirconita: composta por partes em torno de 67% de ZrO2 e 33% de SiO2,

contendo expansão térmica intermediária. Disponível em variados tamanhos de

partículas, esse componente apresenta baixa reatividade com a maioria dos metais e

ligas para fusão. [6]

Alguns aditivos precisam ser adicionados para auxiliar na processabilidade da

barbotina e nas propriedades das camadas do molde tais como (i) aglomerantes, que

promovem a união entre os agregados na barbotina; (ii) antiespumantes, para eliminar o

ar incorporado prejudicial no recobrimento dos cachos pela barbotina; (iii) agentes de

molhamento, que reduzem a tensão superficial da barbotina permitindo um bom

recobrimento dos cachos; e (iv) agentes nucleantes, utilizados para refinar o tamanho de

grão na superfície de contato com a peça. [6]

Cada camada do molde cerâmico é composta por diferentes dosagens dos

componentes refratários e aditivos, de acordo com a exigência. As primeiras camadas de

barbotina contêm partículas mais finas, de alta refratariedade e baixa reatividade com as

ligas metálicas, e com aditivos que conferem bom acabamento superficial. As camadas

mais externas têm função de reforço mecânico, com partículas maiores. Entre as

camadas há ainda o estuco, constituído por agregados granulares de areia de zircônia

(zirconita) e sílica, e que servem para impedir o escoamento das camadas de barbotina,

melhorar a aglomeração entre as mesmas e constituir espessura no molde. [6].

3.2.1.2 Características do Molde Cerâmico

A deposição do molde cerâmico em aterros industriais exige a certificação do

resíduo conforme a norma brasileira de resíduos sólidos NBR 10004:2004 - Resíduos

Sólidos - Classificação. Ela já foi classificada como resíduo classe II B, ou seja, não

perigoso inerte. Isso indica que:

Page 23: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

10

- não possui características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,

toxicidade e patogenicidade, de acordo com os ensaios descritos na norma de

classificação de resíduos sólidos;

- não consta na lista de materiais perigosos da mesma e não foi detectada

nenhuma substância proibida ou que caracterizasse a periculosidade deste resíduo;

- não apresenta propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade e

solubilidade em água, conforme procedimentos também indicados na norma.

Essa classificação é determinante para a aplicação da metodologia para

valorização de resíduos. O cenário é favorável, visto que não há necessidade de

inertização, apenas incorporação do material em formulações na qual possa haver

valorização do mesmo através de suas propriedades. O transporte do material também é

favorável, tendo em vista que não há comportamento perigoso nem de solubilidade e

lixiviação.

Ao deixar o processo de microfusão, após a quebra por vibração mecânica, o

produto restante do molde são peças de tamanhos bastante variados. A área máxima das

peças é de 0,02 m², com até 0,200 m de comprimento por até 0,015 m de espessura. A

figura 5 apresenta o material, após o processo de quebra, proveniente de uma fábrica de

microfusão do Rio Grande do Sul.

Figura 5 - Fotos do material cerâmico residual proveniente de uma fábrica de

Microfusão do Rio Grande do Sul. [autoria própria]

Alonso [5] analisou sua composição química através de espectometria por

fluorescência de raio X. A tabela 1 mostra os resultados dessa análise.

Page 24: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

11

Tabela 1 - Caracterização química do molde cerâmico. P. F. - Perda de massa por

aquecimento a 1.273 K. N. D. - Não detectado.

Elemento Teor (%) Elemento Teor (%)

Al2O3 37,15 P2O5 0,05

SiO2 44,74 CaO 0,05

ZnO2 14,75 Co2O3 <0,10

Fe2O3 1,13 Cr2O3 <0,10

K2O 0,75 SrO <0,10

TiO2 0,66 PbO N. D.

Na2O3 0,33 ZnO N. D.

MnO 0,16 P.F. N. D.

BaO 0,12 Li2O -

MgO 0,09 B2O3 -

A partir dessa análise, vale ressaltar as seguintes características:

- é constituído predominantemente por sílica (SiO2) e alumina (Al2O3);

- possui baixos percentuais de fundentes, como K2O, e impurezas, como óxido

de ferro (Fe2O3), se comparados com argilas e materiais cauliníticos. Isso também

revela potencial de refratariedade;

- possui notável teor de zircônia (ZrO2). Essa deve se apresentar na forma de

zirconita (ZrSiO4), presente na areia de zircônia;

- a perda ao fogo é desprezível. Isso indica que o resíduo não possui material

orgânico ou umidade, o que aumenta o rendimento do agregado como matéria prima em

produtos sinterizados;

- não apresenta substâncias que poderiam gerar gases tóxicos ou de difícil

extração, o que a torna indicada para sinterização.

Segundo essas informações, conclui-se que o material é compatível com

aplicações em produtos utilizados a temperaturas acima dos 1.773 K, devido à alta

concentração de alumina aliada a zircônia, que incrementa ainda mais a refratariedade.

O molde cerâmico fragmentado deixa o processo de microfusão contaminado

com rechupes de aço de tamanhos bastante variados, com dimensões semelhantes entre

os lados (até 0,150 m). Esses rechupes são gerados por excessos ou fuga de metal no ato

de vazamento do mesmo nos cachos de moldes cerâmicos ou, raramente, por algumas

pequenas peças defeituosas, e estão fisicamente soltos em relação ao molde (não reagem

quimicamente). O tipo do aço varia de acordo com as peças que são fabricadas na

microfusão: aço carbono, aço inoxidável, aço baixa e alta liga, etc. Dentro dos fins de

interesse deste estudo, os rechupes são divididos entre aço magnético - consiste na

maior parte (em torno de 90%) - e aço paramagnético - o restante (em torno de 10%). A

quantidade total de aço é pequena em relação ao total de material gerado (menos de

5%). A figura 6 mostra exemplos de rechupes de aço.

Page 25: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

12

Figura 6 - Fotos de rechupes de aço contaminantes. [autoria própria]

A composição e granulometria são bastante heterogêneas entre as diferentes

camadas do molde cerâmico, o que inviabiliza sua reincorporação para a confecção de

novos moldes dentro do mesmo processo. Ainda assim, os elementos que o compõem,

possuem propriedades de ampla utilização em diversos setores industriais,

principalmente no de materiais refratários. Além disso, o baixo nível de contaminação

do resíduo no processo e homogeneidade de volume gerada evidencia o potencial de

aproveitamento deste material como matéria prima alternativa.

3.3 Indústria de Materiais Refratários

Os cerâmicos refratários, conhecidos apenas por refratários, são aqueles capazes

de suportar condições extremas de temperatura sem perder suas propriedades físico-

químicas, entre elas a resistência mecânica, a condutividade térmica e elétrica e

permanecer não reativo e inerte. Os processos e operações dos equipamentos industriais

geralmente também envolvem esforços mecânicos, ataques químicos e outras

solicitações. Portanto, eles também devem ter resistência a quente, à abrasão, à erosão e

ao ataque químico por sólidos, líquidos ou gases e a variações extremas de temperatura.

De acordo com sua massa específica, são classificados em densos e isolantes. [8]

CALLISTER, JR. [9]` classifica os refratários em quatro categorias:

- argila refratária (sílico-aluminosos): possuem de 25 a 40% de Al2O3 + SiO2.

São os mais comuns entre todos os materiais refratários. Capazes de suportar

temperaturas máximas da ordem de 1.860 K, sem líquido em equilíbrio, mas admite-se

pequena quantidade de líquido presente durante seu uso sem comprometer a integridade

mecânica. Logo, a temperatura máxima dependerá do percentual de alumina (Al2O3)

presente, pois quanto mais alumina presente menor a quantidade de líquido pra mesma

temperatura.

- sílicosos (refratários ácidos): capazes de suportar temperaturas máximas da

ordem de 1923 K, sendo que pequeno percentual do material sinterizado estará na forma

líquida. Nesses refratários o teor de alumina (Al2O3) é considerado uma impureza, pois

aumenta o percentual de líquido presente reduzindo a temperatura máxima de trabalho e

fazendo a mistura cerâmica se aproximar do ponto eutético.

- básicos: são ricos em MgO (magnésia ou periclásio). A presença de sílica é

prejudicial em altas temperaturas por razões semelhantes à presença de alumina

Page 26: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

13

naqueles a base de sílica. Substituem o refratário ácido (a base de sílica) quando a

escória do aço é básica.

- especiais: possuem maior temperatura de trabalho, são mais resistentes a

ataque químico, porém também são mais caros. Alguns exemplos são a alumina

(Al2O3), a Berília (BeO), a Zircônia (ZrO2), o Carbeto de silício (SiC) e o Grafite (C).

Quanto à forma de produção, podem ainda ser agrupados em dois grupos [10]:

- materiais refratários conformados: são os refratários submetidos a processos de

queima e definições de forma e dimensões controladas, como tijolos, válvulas, placas e

peças em geral;

- materiais refratários monolíticos: são produzidos por blendagem e mistura de

agregados secos sem a necessidade de processos de moldagem, prensagem e queima. Os

materiais monolíticos apresentam normalmente custos menores devido à ausência de

tais etapas em seu processo de produção.

Segundo a ABCERAM [11], o segmento de materiais refratários brasileiro tem

cerca de cem empresas entre fabricantes, distribuidores/revendedores e serviços,

localizadas predominantemente na região sudeste. Estas empresas prestam serviços e

abastecem um mercado bastante abrangente, desde para simples aplicações como

churrasqueiras e lareiras, até para as de elevada complexidade, como nos equipamentos

siderúrgicos. Podem ser destacadas algumas empresas como Reframa e Gabriella na

região de Criciúma, Refrisul no Rio Grande do Sul, Ibar e Ziegler em São Paulo e Togni

em Minas Gerais. O setor tem como objetivo produzir refratários competitivos em

qualidade e custos com a concorrência internacional vinda da Europa e Ásia e já

consegue cobrir todos os principais campos de aplicação dos materiais refratários.

Portanto, a utilização de matérias primas alternativas de menor custo e alta qualidade

pode ser um instrumento chave para ganhar competitividade.

3.3.1 Tijolos Refratários

Dentre os refratários moldados, encontram-se os blocos e tijolos refratários, cuja

produção atende diversos tipos de utilização variando a composição e formato. A

produção de tijolos refratários é caracterizada pela baixa exigência da qualidade da

matéria-prima se comparada a outros produtos da indústria de refratários. São

comumente produzidos tijolos dos tipos paralelo, cunha, furado, placas retangulares,

placas em formato de “L”, plaquetas, entre outros. [5]

A fabricação de tijolos refratários utiliza-se basicamente de argilas refratárias

duras (flint fireclay), argilas refratárias “semi-duras”, argilas refratárias plásticas, e

caulim para geração de material com composição principal de alumina (Al2O3) em

níveis variando de 18% a 44% e sílica (SiO2) entre 50% e 80% [10], sendo que,

comumente, quanto maior o teor de alumina, maior o desempenho e temperatura de

aplicação. A variação de 30% para 40% de alumina na composição pode incrementar a

temperatura de aplicação de 1.573 K em 200 K, passando para 1.773 K.

Para exemplificar o processo de produção, será descrito o processo de fabricação

de tijolos refratários sílico-aluminosos de uma fábrica de refratários da região de

Criciúma, produzidos para fornalhas da indústria de cana-de açúcar que trabalham à

temperatura máxima de 1.573 K [5]. Existem quatro composições todas baseadas em

alumina e sílica, formuladas com seis argilas diferentes (caulins, argilas fundentes, entre

Page 27: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

14

outras) que resultam em pequenas alterações no teor de sílica e alguns fundentes, sem

alterar o teor de alumina, apenas com a finalidade de ajustar a sinterização devido aos

diversos formatos de peças com dois ciclos térmicos distintos. As argilas passam

inicialmente pelo secador para moagem a seco, realizada em moinho contínuo de

martelo, que resulta em granulometria grosseira (partículas de até 3 mm). A seguir, são

armazenadas nos silos e retiradas nas proporções de acordo com a peça a ser produzida.

Todas as peças são conformadas na forma de prensagem, em prensa hidráulica

para peças com formatos retangulares e prensa de fricção para peças irregulares (tijolo

tipo cunha, por exemplo). Há dois ciclos térmicos que também variam conforme o

formato das peças. Para peças de maior volume, o ciclo é de 8 h em forno contínuo com

temperatura máxima na casa dos 1.623 K e por volta de 1.173 K a 1.273 K nas outras

regiões. Para peças finas e plaquetas, o ciclo é da ordem de 54 min na mesma

temperatura. Finalmente, as peças são empilhadas e classificadas. As peças refugadas

são moídas e voltam para o processo. As ilustrações da figura 7 mostram o processo de

fabricação dos tijolos refratários na empresa da região de Criciúma.

Figura 7 - Fotos do processo de fabricação de tijolos refratários, tijolos após secagem e

tijolos embalados para venda. [autoria própria]

A figura 8 apresenta um fluxograma padrão do processo de fabricação de

refratários moldados, inclusive os tijolos refratários.

Page 28: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

15

Figura 8 - Fluxograma do processo de fabricação de refratários pré-moldados. [11]

3.3.1.1 Incorporação do molde cerâmico

Alonso [5] realizou testes de aplicação do molde cerâmico na fabricação de

tijolos refratários. Utilizou-se uma formulação com 30% em massa de molde cerâmico

em substituição ao material de correção. A tabela 2 apresenta a composição química da

formulação com cerâmico residual (piloto) em comparação com a formulação

tradicional (padrão).

Page 29: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

16

Tabela 2 - Comparação das composições químicas das peças padrão e piloto. P. F. -

Perda de massa por aquecimento a 1.273 K. N. D. - Não detectado.

Formulação Padrão Piloto Formulação Padrão Piloto

Elemento Teor (%) Teor (%) Elemento Teor (%) Teor (%)

Al2O3 20,94 26,33 B2O3 - -

SiO2 71,77 65,21 Li2O - -

CaO 0,16 0,22 BaO N.D. N.D.

Fe2O3 2,22 1,85 Co2O3 <0,10 <0,1

K2O 3,60 2,75 Cr2O3 <0,10 <0,1

MgO 0,29 0,23 PbO N.D. N. D.

MnO 0,07 0,06 SrO <0,10 <0,10

Na2O3 0,22 0,26 ZnO <0,10 <0,10

P2O5 0,05 0,05 ZrO2 <0,10 2,14

TiO2 0,50 0,70 P.F. <0,39 <0,39

A partir dessa análise, vale ressaltar as seguintes características da composição

piloto em relação a padrão:

- nota-se claramente sua adequação composicional;

- os fundentes e impurezas, em geral, apresentaram teores inferiores;

- a alumina se mostrou em maior quantidade;

- há a presença de zircônia, ainda que em baixas quantidades.

Com isso, é esperado acréscimo de refratariedade para a produção piloto em

relação à formulação padrão, o qual foi confirmado através das propriedades mecânicas

avaliadas, tais como absorção de água, resistência a tração na flexão e ao choque

térmico. Foram também comparadas as principais fases cristalinas identificadas por

DRX. A tabela 3 mostra os resultados.

A partir dessas análises, vale ressaltar as seguintes conclusões:

- as propriedades estão de acordo com a produção;

- apesar de haver perda de resistência mecânica devido à maior refratariedade,

ela ainda está em concordância com as especificações

- a resistência ao choque térmico apresentada no piloto foi o dobro da produção

padrão

- a absorção de água seguiu o comportamento padrão.

- é notável a presença da zirconita na produção piloto, além da mulita e sílica,

também presentes no padrão.

- a trabalhabilidade foi interessante: não houve diferenças em relação às matérias

primas tradicionais.

- foi observado um rendimento maior na produção piloto, visto qu e a casca

apresenta perda ao fogo desprezível em relação às matérias primas tradicionais.

Page 30: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

17

Tabela 3 - Comparação das propriedades relevantes entre produção padrão e

piloto.

Propriedades Padrão Piloto

Temp. Sinterização (K) 1.623 1.623

Principais Fases

Cristalinas

(DRX)

Sílica (SiO2), Mulita

(3Al2O32SiO2), Hematita (Fe2O3)

e Sanidina (KOAlSi3O8)

Sílica (SiO2), Mulita

(3Al2O32SiO2),

Zirconita (ZrSiO4)

Resistência a Flexão

(MPa) 6,0 2,6

Absorção de Água (%) 11,9 10,3

Resistência ao Choque

Térmico ¼ 2/7

* Resistência ao choque térmico = A/B, onde, A é o número do ciclo em que surgiu a primeira trinca e B

é o número do ciclo em que houve ruptura total do corpo de prova.

Portanto, a utilização do molde cerâmico em formulações com frações pequenas

já atende todas as exigências de refratariedade dessa aplicação e demonstra sinais de

que tem potencial para aplicações ainda mais severas.

3.3.2 Terra Refratária

Dentre os materiais refratários, observa-se a terra refratária, também conhecida

como agregado refratário em algumas aplicações, usada na formação de concreto

refratário e outras peças estruturais. Os concretos refratários são misturas de agregados

e aglomerantes (cimentícios ou não) compostos de duas fases: o agregado, fase discreta

e particulada; e a matriz, fase finamente granulada e contínua que envolve os agregados

[10]. A matriz de um concreto refratário constitui-se por material ligante, água, aditivos

e a parte mais fina do agregado. O material ligante, em conjunto com os finos presentes

no agregado, é diluído e dispersado na solução de água e aditivos, constituindo a parte

que dará fluidez ao concreto quando em estado fresco. Dentre os agregados encontram-

se as argamassas refratárias e a terra refratária.

O molde cerâmico possui composição química e comportamento físico

aproximadamente compatível com a argamassa refratária, mas também possui teores de

impurezas, como álcalis e ferro, que poderiam se tornar fundentes na mistura quando

submetidos a altas temperaturas. Além disso, essa aplicação não utilizaria o potencial da

casca referente à grande presença composicional de zircônia, que é indiferente a

argamassa. Portanto, ainda que atendesse algumas exigências desse produto, possuiria

valor agregado mais baixo. A terra refratária possui exigência composicional um pouco

diferente, demandando a presença de sílica, magnésia, alumina, zircônia, e outros

componentes. A utilização do molde cerâmico para essa aplicação possui maior

adequação físico-química, além de agregar mais valor como produto. A figura 9

Page 31: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

18

apresenta o fluxograma de fabricação dos materiais refratários monolíticos, inclusive a

terra refratária.

Figura 9 - Fluxograma do processo de fabricação de refratários monolíticos. [11]

Diferentemente do caso de tijolos refratários, não há estudos que comprovem a

eficácia da utilização do resíduo cerâmico como terra refratária. Ainda assim, há

adequação quanto à composição química e quantidade gerada.

3.4 Indústria de Cerâmica Avançada

Page 32: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

19

Os materiais cerâmicos são fabricados a partir de matérias-primas naturais ou

sintéticas e, por isso, podem ser divididos em cerâmicas tradicionais e cerâmicas

avançadas, também conhecidas como cerâmicas de alta tecnologia. As cerâmicas

avançadas são materiais produzidos e purificados sinteticamente, com um controle

rígido da matéria-prima e do processamento empregados, o que leva à obtenção de

peças com propriedades e microestrutura controlada. São compostos em sua grande

maioria por uma família de substâncias chamadas de óxidos de terras raras. Os

principais componentes são: alumina (Al2O3), zirconia (ZrO2), ítria (Y2O3), magnésia

(MgO), nitreto de silício (Si3N4), carbeto de silício (SiC), ZTA (zirconia toughened

alumina), nitreto cúbico de boro (c-BN), carbeto de boro (B4C), carbeto de titânio

(TiC), diboreto de titânio (TiB2) e outros compósitos. [12]

Devido a sua estrutura proporcionam alta resistência mecânica (em torno de três

vezes a resistência da maioria dos aços), baixo peso e alta resistência à corrosão para

aplicação em condições extremas de temperatura e ambientes corrosivos (superior a

2.273 K em algumas aplicações). Um dos problemas da utilização destes materiais é a

fragilidade, mas novas combinações com fibras de reforço têm aumentado sua

ductilidade e tenacidade. É processado com matérias-primas relativamente caras e os

equipamentos de processo são mais sofisticados e trabalham em condições mais críticas,

de modo que existe um maior custo envolvido em sua produção. Não obstante, o valor

agregado desses produtos é muito superior ao da cerâmica tradicional ou mesmo

refratária, como tijolos e blocos. [13]. Na figura 10 é apresentado um fluxograma do

processo padrão de produtos de cerâmica avançada.

Figura 10 - Fluxograma do processo de fabricação de produtos da cerâmica avançada.

As cerâmicas avançadas são usadas em diversas aplicações como naves

espaciais, satélites, usinas nucleares, implantes dentários, aparelhos de som e de vídeo,

Page 33: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

20

suporte de catalisadores para automóveis, sensores (umidade, gases e outros),

ferramentas de fragmentação, entre outros. A alumina (Al2O3) e a zircônia (ZrO2) são os

principais óxidos cerâmicos utilizados como materiais estruturais. Com estes materiais

podem ser fabricados guia-fios, selos mecânicos, cadinhos, bicos e tubos para

jateamento, sensores de oxigênio, refratários, etc.

Assim como na utilização como terra refratária, não há estudos que comprovem

a eficácia da incorporação do molde cerâmico na fabricação de produtos de cerâmica

avançada. Ainda assim, há adequação quanto à composição química e quantidade

gerada. De acordo com a aplicação, poderá ser necessária a correção da formulação com

casca incorporada por outras matérias-prima que possuam determinados elementos

desejados.

3.5 Operações de Beneficiamento de Materiais Cerâmicos

Segundo Lins et al. [14], beneficiamento de materiais consiste de operações que

visam modificar a granulometria, a concentração relativa das espécies de diferente

composição presentes ou a forma, sem modificar a identidade química ou física dos

materiais. Há, no entanto, autores que defendem um conceito mais amplo para o

tratamento, como sendo um processamento no qual os minerais podem sofrer até

alterações de ordem química, resultantes de simples decomposição térmica ou mesmo

de reações típicas geradas pela presença do calor.

As cerâmicas são materiais inorgânicos e não-metálicos, obtidas geralmente

após tratamento térmico em altas temperaturas, de matérias-primas na forma de pó. Os

materiais cerâmicos são, em geral, bons isolantes térmicos e elétricos, possuem alta

temperatura de fusão, além de estabilidade química, resistência à abrasão e alta dureza.

Apesar da baixa tenacidade e baixa ductilidade da maioria, o que limita as aplicações

dos cerâmicos, outras propriedades como dureza, refratariedade e inércia química, os

tornam ideais para diversas aplicações.

A seguir são apresentados equipamentos de operações referentes a processos de

beneficiamento de matérias cerâmicos, como armazenamento, transporte, separação,

classificação, moagem e peneiramento.

3.5.1 Silos

Os silos são reservatários de capacidades diversas, desde 1 m³ até mais de 200

m³, cuja finalidade é o armazenamento e alimentação de materiais a granel. As

composições mais comuns são de metal e alvenaria. No Brasil, ainda não há uma norma

específica que regulamente o dimensionamento e construção de silos, de modo que para

se classificar esse tipo de estrutura, deve-se recorrer a normas estrangeiras acerca do

tema. De acordo com elas, os silos podem ser classificados de acordo com as seguintes

características [15]:

- Geometria: são classificados de acordo com a relação entre altura efetiva do

produto armazenado e o maior diâmetro inscrito de sua seção transversal.

- Tipo e geometria de fluxo: o formato do silo determina o comportamento de

esvaziamento do mesmo, que pode ser de massa (todas as partículas se movimentam) ou

Page 34: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

21

de funil (apenas as partículas alinhadas com a boca de descarga se movimentam).

Quanto à geometria, o silo pode ser assimétrico, planar ou excêntrico.

- Tipo de fundo: podem ter fundo plano (ângulo de inclinação das paredes com a

horizontal menor que 5º) e fundo inclinado (em forma de funil, tronco piramidal e

tronco cônica).

3.5.2 Transportador de correia

O transportador de correia é um equipamento industrial utilizado para transporte

de cargas a granel ou de peças unitárias móveis. Ele consiste em uma estrutura do tipo

calha, chapa ou rolete, horizontal ou inclinada, que sustenta duas ou mais polias que

movimentam uma superfície (lona, tela de aço ou fita de aço) na qual os materiais são

transportados. Estão presentes em praticamente todos os processos de beneficiamento

de materiais em geral, como minerais, materiais cerâmicos, entre outros. As principais

vantagens são a simplicidade do projeto, o custo operacional e de manutenção

reduzidos, pode atingir elevadas velocidades e têm grande durabilidade [16]. A figura

11 mostra um exemplo de transportador de correia de roletes, horizontal.

Figura 11 - Exemplo de transportador de correia de rolos horizontal.

O dimensionamento do transporte exige amplo conhecimento das características

do material a ser transportado - granulometria, massa específica e teor de umidade -,

perfil do transportador - comprimento entre polias extremas e altura de elevação -, e a

capacidade de carga desejada. O acionamento é feito por uma das polias, no caso de

transportadores pequenos, e através de tambores de acionamento nos transportadores de

grande porte, que são acoplados a um moto-redutor elétrico. A potência de acionamento

deve ser suficiente para superar as forças de inércia dos roletes, tambores e correia,

resistências de atrito de acessórios, como raspadores e guias laterais, e a força da

gravidade para deslocamento vertical do material transportado.

3.5.3 Separadores Magnéticos

Os modelos com aplicação prática industrial podem se dividir em dois principais

ramos: os separadores magnéticos que atingem os objetivos de separação desviando as

partículas magnéticas da corrente principal - separação magnética de gradiente livre -, e

Page 35: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

22

os separadores magnéticos que atingem os mesmos objetivos de separação colecionando

as partículas magnéticas em matrizes ferromagnéticas - separação magnética de alto

gradiente. [17]

A propriedade de um material que determina sua resposta a um campo

magnético é chamada de susceptibilidade magnética. Com base nessa propriedade os

materiais são classificados em duas categorias: os que são atraídos pelo campo

magnético e os que são repelidos por ele. Materiais magnéticos compreendem aqueles

que são fortemente atraídos pelo ímã comum. O exemplo mais conhecido é a magnetita.

Os paramagnéticos são fracamente atraídos e o exemplo clássico é a hematita. Os

materiais diamagnéticos possuem susceptibilidade magnética negativa e, portanto, são

repelidos quando submetidos a um campo magnético, entre outros se destacam; quartzo,

cerussita, magnesita, calcita, barita, fluorita, esfalerita, etc.

A separação magnética pode ser feita tanto a seco como a úmido. O método a

seco é usado, em geral, para granulometria grossa e o método a úmido para aquelas

mais finas. Recentemente tem-se verificado grandes avanços em ambos os métodos,

sem contar com a utilização da tecnologia dos supercondutores, que abriu um novo

horizonte na área de processamento de minérios. São conhecidos separadores

magnéticos que operam industrialmente com um campo que varia de 5 a 6 T , sendo 1 T

(Tesla) igual 104 G (Gauss) e, que, representa 1 N.A-1

m-1

[18]

Foram pesquisados equipamentos de separação magnética a seco que

atendessem as necessidades do presente processo de beneficiamento. Os equipamentos

escolhidos para análise, que serão especificados adiante, são largamente utilizados na

proteção de equipamentos tais como: moinhos, britadores, picadores e esmagadores.

3.5.3.1 Placa Magnética

As placas magnéticas são utilizadas em diversos tipos de indústria onde haja a

necessidade de retirada de impurezas ferrosas quando transportados em calhas, dutos ou

correias transportadoras. Alguns exemplos de indústrias de aplicação são: a alimentícia,

beneficiamento de cereais, cerâmicas, rações, indústria química, fiações e indústria

plástica.

Durante seu funcionamento, permanece estática e realiza a separação por contato

com o produto ou de forma suspensa. À medida que o material passa a contaminação

ferrosa é capturada pelo seu campo magnético, enquanto o restante do material segue no

processo de beneficiamento. As placas que trabalham por contato com o material só

podem ser utilizadas nos processos que possuem calhas ou dutos para o transporte.

Nesses casos, o fluxo material não magnético é atrapalhado pelo material contido. As

placas suspensas e de contato são muito semelhantes, diferindo apenas na forma de

aplicação. A figura 12 mostra um esquema do funcionamento da placa magnética

suspensa.

Page 36: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

23

Figura 12 - Funcionamento da Placa Magnética suspensa.

As principais vantagens em sua utilização são: fácil instalação e limpeza

(geralmente manual), baixo custo, não requer alterações estruturais na planta (exceto as

placas por contato), não requer manutenção e não possui custo operacional. A principal

desvantagem é a limpeza manual da placa que exige que a linha de beneficiamento

esteja parada para que possa ser efetuada. A paralisação da linha é necessária para

garantir a segurança do operador.

3.5.3.2 Polia Magnética

A polia magnética é uma solução automática para a remoção de impurezas

ferrosas de produtos transportados por correias, enquanto protege moinhos, britadores e

máquinas em geral. Funciona com correias de borracha, lona ou aço inoxidável não

magnético. Os circuitos magnéticos podem ser de fluxos cruzados ou fluxos radiais.

Algumas aplicações são em beneficiamento de cereais, indústrias alimentícias,

carboníferas, cerâmicas, recuperação de resíduos siderúrgicos, separação de minérios e

outras.

Sua utilização consiste na substituição de uma das polias convencionais da

correia transportadora por uma polia magnética, sendo que pode ser tanto a polia tratora

como a polia de rolamento. As polias são montadas em um cilindro de aço inoxidável

de grande resistência mecânica, no interior do qual se encaixam os conjuntos de ímãs

permanentes. Durante seu funcionamento, o material não magnético segue seu fluxo

natural no processo, enquanto o fluxo do contaminante magnético é desviado.

Comumente possui diâmetros de 200 a 600x10-3

m, para serem utilizadas em correias

desde 203 x10-3

m de largura. A tabela 13 mostra um esquema do funcionamento da

polia magnética.

As principais vantagens de sua aplicação são: limpeza automática, fácil

instalação (substitui uma polia convencional sem que sejam necessárias modificações

estruturais), alta eficiência, não requer manutenção e não possui custo operacional. A

principal desvantagem é a dependência de um transportador de correia.

Page 37: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

24

Figura 13 - Funcionamento da polia magnética.

3.5.3.3 Tambor Magnético

O tambor magnético é utilizado para limpar diferentes tipos de material a

granel. São indicados para produção em larga escala ou quando a correia do extrator

magnético está sobrecarregada ou se desgastando rapidamente. Não possui pontos

mortos, pois o circuito magnético é estacionário, e funcionam com maiores intervalos

de operação.

O tambor é alimentado a partir da parte superior: o material a granel é

distribuído de maneira uniforme por um sistema de alimentação até o tambor magnético

giratório. Qualquer item magnético é atraído à carcaça do tambor e levado ao ponto em

que termina o núcleo magnético. As partículas não-magnéticas já se separaram antes

deste ponto. Como o material e o tambor giram na mesma direção, o fluxo é fácil de

manejar e as perdas de ferro são pequenas. O tamanho das partículas do material

normalmente determina o diâmetro do tambor. A Tabela 14 mostra um esquema do

funcionamento do Tambor Magnético.

Figura 14 - Funcionamento do Tambor Magnético.

As principais vantagens de sua aplicação em relação aos demais separadores

magnéticos pesquisados são limpeza automática e alta eficiência. As principais

desvantagens são: investimento inicial maior, possui custo de manutenção e custo

operacional e requer alterações estruturais na planta;

Page 38: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

25

3.5.4 Separador de Corrente Parasita

A corrente parasita do qual trata o equipamento, em inglês eddy current, é uma

corrente originada numa massa metálica por indução eletromagnética, o que acontece

quando há variação do fluxo magnético que atravessa essa massa metálica. Uma forma

de isso acontecer é através de corrente alternada, que produz um fluxo magnético

alternado. A partir disso, origina-se um redemoinho ou turbilhão de correntes, do qual

decorre o nome eddy, que tem esse significado. Nos separadores de corrente parasita,

essa corrente é produzida intencionalmente. Eles possuem um pequeno transportador de

correia que carrega uma camada de material misto e, ao final da correia, há uma polia

com um sistema veloz de rotação de ímãs permanentes ou eletroímãs que geram campos

magnéticos variáveis de alta freqüência. Estes campos criam correntes parasitas nas

partículas de metais que os atravessam, induzindo sobre elas campos magnéticos

opostos aos campos externos, sendo lançadas para fora do fluxo de material

transportado, conforme mostrado na figura 15. Sua principal aplicação é para a

separação de materiais não magnéticos no tratamento de resíduo urbano e da construção

civil.

Figura 15 - Funcionamento do separador de corrente parasita.

3.5.5 Métodos de Cominuição

A operação de cominuição agrupa um conjunto de técnicas que tem por

finalidade reduzir, por ação mecânica externa e algumas vezes interna, um sólido, de

determinado tamanho em fragmentos de tamanho menor. É dividida, basicamente, em

duas classes distintas: britagem (cominuição inicial) e moagem (cominuição final). [2]

A britagem é a operação que fragmenta os blocos obtidos na lavra, mas como

existe uma série de tipos de equipamentos, esta operação deve ser repetida diversas

vezes, mudando-se o equipamento, até se obter um material adequado à alimentação da

moagem. É a primeira etapa da maioria dos processos de beneficiamento de minerais e

visa à obtenção de produtos com granulometria mais grosseira, superior a 10

milímetros.

A moagem se aplica quando a redução de tamanho envolvida visa a obtenção de

produtos com granulometria inferior a 10 milímetros. Assim como a britagem, também

Page 39: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

26

pode se desenvolver em estágios subseqüentes, considerando-se as relações de redução

pertinentes. Os mecanismos envolvidos compreendem basicamente impacto,

compressão e cisalhamento. A energia requerida para fragmentar uma porção do

material é proporcional à nova área específica produzida, assim o tempo e a potência

gastos aumentam quando as dimensões são reduzidas. A forma e distribuição

granulométrica dependem das máquinas utilizadas e do material. Nos processos de

beneficiamento de materiais cerâmicos, não se faz necessária a utilização de processos

de britagem, apenas os de moagem, pois as granulometrias e resistência mecânica das

matérias-primas, argilas, caulim, calcários, feldspatos, etc, são pouco elevadas.

Os equipamentos de moagem são denominados moinhos. Os mais empregados

para o beneficiamento de cerâmicos são:

- Moinho martelo: consiste de um eixo girando em alta rotação e no qual ficam

presos, de forma articulada, vários blocos ou martelos. O material é alimentado pela

parte superior e as partículas sofrem o impacto dos martelos e são projetadas contra a

superfície interna da câmara, fragmentando-se, para depois serem forçadas a passar por

tela inferior que vai bitolar a granulometria da descarga, conforme mostrado na figura

16.

Figura 16 - Funcionamento do moinho martelo. [19]

- Moinho laminador: também conhecido por moinho de cilindros, possui dois

rolos paralelos rotativos, de igual diâmetro e de superfície abrasiva. O espaçamento

entre as carcaças define o tamanho da granulometria de saída, que podem ser até 2x10-3

m. É comum que seja utilizado mais de um laminador em série para garantir melhor

eficiência do processo. A figura 17 mostra o funcionamento do moinho laminador

Page 40: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

27

Figura 17 - Funcionamento do moinho laminador.

- Moinho Desintegrador: possui dois rolos rotativos paralelos de tamanhos

diferentes. O rolo maior gira em baixa velocidade e tem a função de manter uma

alimentação constante enquanto o rolo menor, que dispõe de diversas facas em sentido

longitudinal, gira em alta velocidade e fragmenta os materiais passantes. O espaçamento

entre a superfície mais externa das facas e a carcaça maior define a granulometria de

saída do processo. A figura 18 mostra o funcionamento de um moinho desintegrador.

Figura 18 - Funcionamento do moinho desintegrador.

- Moinho de Bolas: constituídos de uma carcaça cilíndrica de ferro, revestida

internamente com placas de aço (aumenta impureza) ou borracha, que gira sobre

mancais e contém no interior uma carga solta de bolas de ferro ou aço. Normalmente

são utilizados em moagens nas quais a granulometria final seja #200 a #325.

Figura 19 - Funcionamento do moinho de bolas [19]

Page 41: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

28

3.5.6 Classificação

Na classificação, a separação é realizada tomando-se como base a velocidade

que os grãos atravessam um meio fluido, a seco ou a úmido. O fundamento principal

das operações de classificação está embasado no conceito de velocidade terminal.

Quando uma partícula cai em um meio que não o vácuo, este oferece resistência ao seu

movimento, a qual aumenta em razão direta com a velocidade, até atingir um valor

constante. Quando as duas forças que atuam na partícula (gravitacional e de resistência

do fluido) se tornam iguais, a partícula atinge uma velocidade denominada terminal e

passa a ter uma queda com velocidade constante. [20]

Os classificadores consistem essencialmente de uma coluna de separação, na

qual o fluido, seja líquido ou gasoso, está ascendendo a uma velocidade uniforme. As

partículas introduzidas na coluna de separação sobem ou descem de acordo com suas

velocidades terminais. Assim, são obtidos dois produtos: um overflow consistindo de

partículas com velocidade terminal menor que a velocidade do fluido e um underflow de

partículas com velocidade terminal maior do que a velocidade do fluido, conforme

mostrado na figura 20. Os classificadores podem ser divididos em vários tipos. Dentre

eles, destacam-se os aeroclassificadores, que usam o ar como meio fluido, que são

eficientes para granulometrias baixas (1 a 10x10-3

m), muito utilizados para eliminação

de finos (abaixo de 100x10-6

m). [20]

Figura 20 - Representação esquemática de um classificador.

3.5.7 Peneiramento

Carrisso e Correia [20] descrevem o peneiramento como a separação de um

material em duas ou mais classes, segundo o tamanho geométrico das partículas. Pode

ser executado a seco ou a úmido, com o propósito de facilitar a passagem dos finos

através da tela. Os peneiramentos industriais a seco são realizados normalmente em

frações até 6,0 mm e, com uma eficiência menor, porém razoável, em frações de até

1,7x10-3

m. Já o peneiramento a úmido é aplicado geralmente para partículas de até

0,4x10-3

m e em alguns casos específicos até 50x10-6

m. O material retido na tela da

Page 42: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

29

peneira é denominado oversize e o passante undersize. A determinação das faixas de

tamanho das partículas é feita por meio de uma série de aberturas de peneiras que

mantém entre si uma relação constante. [21]

A escala granulométrica obedece à equação an = ao.r, onde an é a abertura de

ordem n, ao é a abertura de referência e r é a razão de escala

Na Tabela 4 são apresentadas as escalas Tyler, Richards e ISO e suas

associações com o número de malhas (mesh).

Tabela 4 - Escalas granulométricas de peneiramento. [20]

Escala Tyler

r = 2 = 1,414

a = 74 um

Escala Richards

r = 2 = 1,19 a =

1,0 mm = 18

malhas

Escala ISO

Malhas Mm Malhas Mm polegadas Malhas

3 6.68 3 6.35 0.25

3 5.66 0.223 3

4 4.699 4 4.77 0.187

5 4 0.157 5

6 3.327 6 3.36 0.132

7 2.83 0.111 7

8 2.362 8 2.38 0.0937

10 2 0.0787 10

10 1.651 12 1.68 0.0661

14 1.41 0.0555 14

14 1.168 16 1.19 0.0469

18 1 0.0394 18 (Base)

20 0.833 20 0.841 0.0331

25 0.707 0.0278 25

28 0.589 30 0.595 0.0234

35 0.5 0.0197 35

35 0.417 40 0.42 0.0165

45 0.354 0.0139 45

48 0.295 50 0.297 0.0117

60 0.25 0.0098 60

65 0.208 70 0.21 0.0083

80 0.177 0.007 80

100 0.147 100 0.149 0.0059

120 0.125 0.0049 120

150 0.104 140 0.105 0.0041

170 0.088 0.0035 170

200 0.074 200 0.074 0.0029

230 0.063 0.0025 230

270 0.053 270 0.053 0.0021

325 0.044 0.0017 325

400 0.038 400 0.037 0.0015

Page 43: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

30

Os equipamentos utilizados no peneiramento são denominadas peneiras, que

podem ser divididas em diversos tipos, mas para os fins desse estudo serão divididos em

três:

- estacionárias

- rotativas

- vibratórias

Nas peneiras estacionárias, a única força atuante é a força de gravidade e por

isso esses equipamentos possuem superfície inclinada. Um exemplo são as grelhas

fixas, que consistem de um conjunto de barras paralelas espaçadas por um valor pré-

determinado, e inclinadas na direção do fluxo da ordem de 35° a 45°, conforme

mostrado na figura 20. São empregadas basicamente em circuitos de britagem para

separação de blocos de 7,5x10-2

a 0,2x10-2

m, em geral, sendo utilizados

invariavelmente a seco. Sua eficiência é normalmente baixa (60%), porque não havendo

movimento da superfície não ocorre a estratificação, que facilita a separação.

Figura 21 - Representação esquemática de uma grelha fixa. [20]

As peneiras rotativas, ou trommels, possuem a superfície de peneiramento

cilíndrica ou ligeiramente cônica, que gira em torno do eixo longitudinal. O eixo possui

uma inclinação que varia entre 4° e 10°, dependendo da aplicação e do material nele

utilizado. Podem ser operadas a úmido ou a seco. A velocidade de rotação fica entre 35-

40% da sua velocidade crítica (velocidade mínima na qual as partículas ficam presas a

superfície cilíndrica). Nessas condições, a superfície efetiva utilizada no peneiramento

está em torno de 30% da área total. As principais vantagens dos trommels são sua

simplicidade de construção e de operação, seu baixo custo de aquisição e durabilidade.

Atualmente, são substituídos, parcialmente, por peneiras vibratórias que têm maior

capacidade e eficiência, mas ainda são muito utilizados em lavagem e classificação de

cascalhos e areias, conforme mostrado na figura 21.

Page 44: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

31

Figura 22 - Representação esquemática de uma peneira rotativa: (a) vista lateral e (b)

vista isométrica. [20]

Nas peneiras vibratórias, o movimento vibratório é caracterizado por impulsos

rápidos, normais à superfície, de pequena amplitude (1,5 a 25x10-3

m) e de alta

freqüência (600 a 3.600 movimentos por minuto), sendo produzidos por mecanismos

mecânicos ou elétricos. As peneiras vibratórias podem ser divididas em duas categorias:

aquelas em que o movimento vibratório é praticamente retilíneo, num plano normal à

superfície de peneiramento (peneiras vibratórias horizontais); e aquelas em que o

movimento é circular ou elíptico neste mesmo plano (peneiras vibratórias inclinadas).

Estas peneiras são as de uso mais frequente em mineração, sendo muito empregadas nos

circuitos de britagem e de preparação de minério para os processos de concentração. Na

figura 22 é mostrado um exemplo de peneira vibratória horizontal inclinada.

Figura 23- Peneira vibratória inclinada. [20]

Devido à inclinação da peneira, a projeção da abertura da tela é inferior a

abertura real. Portanto, recomenda-se que seja utilizado uma abertura ligeiramente

maior do que a granulometria de classificação desejada. A figura 23 apresenta um

gráfico que determina o tamanho de abertura para uma tela industrial (abertura

Page 45: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

32

equivalente) em função da abertura da malha da peneira de laboratório (tamanho do

produto).

Figura 24 - Abertura equivalente em função do tamanho do produto: A para telas de

borracha e plástico com abertura quadrada; B para telas de borracha e plástico com

abertura retangular, e para telas de arame com abertura quadrada; C telas de arame para

abertura retangular. [22]

Ainda dentre as peneiras vibratórias horizontais, vale ressaltar as peneiras

circulares para separação de materiais com baixas produtividades (de 1 a 14x103 kg/h) e

baixas granulometrias (0,05 de até 5x10-3

m). Possuem um sistema que vibra ao redor

de seu centro de massa, sendo que a vibração é fornecida por um motovibrador

eletromotórico em cujas pontas de eixo estão afixadas duas massas excêntricas. Podem

separar tanto materiais em estado líquido ou lodoso quanto em estado sólido.

Adicionalmente, possuem uma saída central para separação de finos. A figura 24 mostra

um exemplo dessa peneira.

Figura 25 - Exemplo de peneira vibratória horizontal circular. [23]

Page 46: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

33

3.5.8 Métodos de expedição

Os métodos de expedição se caracterizam pela medição da quantidade de

material (por peso ou volume), forma de armazenamento (a granel ou em recipientes e

embalagens) e forma de distribuição (transporte rodoviário, ferroviário ou hidroviário).

3.5.8.1 Materiais a granel

Os materiais a granel são aqueles que são movimentados soltos, sem nenhum

tipo de recipiente ou embalagem. É o método de expedição mais simples e amplamente

utilizado na mineração, na construção civil e muitos outros. Usualmente, o manuseio de

materiais a granel inclui a alimentação de um caminhão de carga basculante através de

uma pá carregadeira para posterior transporte até seu próximo destino.

3.5.8.2 Caçamba “Roll on Roll off”

A expedição dos materiais a granel também pode ser feita através de caçambas

roll on roll off, que fazem parte de um tipo de caçamba móvel, extraídas por completo

do caminhão. Seu formato é retangular, conforme mostrado na figura 25, e sua

capacidade varia de 10m³ a 40m³. Para ser transportado, é necessário que o caminhão

que irá conduzi-lo seja adaptado a essa caçamba através de carroceria especial munida

de haste móvel em formato de “L”, com um gancho acoplado na extremidade, conforme

mostrado na figura 26. Ao posicionar a caçamba sobre o caminhão, o gancho é preso em

uma alça lateral da caçamba e ela é puxada para cima da carreta.

Figura 26 - Caçamba Roll On Roll Off. [24]

Page 47: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

34

Figura 27 - Caminhão Roll On Roll Off.

3.5.8.3 Big Bag

Os big bags são contentores flexíveis de volume médio (em inglês FIBC -

Flexible Intermediate Bulk Container), normalmente confeccionadoss de tecido

polietileno ou polipropileno, com ou sem revestimento, usados para transporte e

armazenamento de qualquer tipo de líquidos, granulados ou produtos em pó, como por

exemplo fertilizantes, sais, produtos químicos, granulados sintéticos, rações, lixo tóxico,

cimento, minerais, metais e muitos outros. Estão disponíveis em diferentes tamanhos e

especificações. [24]

Para o manuseio no processo de enchimento e para manipulação através de

máquinas de levantamento, todos os big bags contam com quatro alças, de dois

diferentes tipos: fixadas na costura vertical e fixadas nas laterais, as últimas para

facilitar as operações de levantamento. Os fundos, retangulares, variam de 700x700 mm

a 1.200x1.200 mm, e a altura varia de 500 mm a 2.200 mm. A capacidade de volume é

de 0,5 a 3 m³ e a capacidade de carga varia de 100 a 2.000 kg. Um exemplo é mostrado

na figura 27.

Figura 28 - exemplo de big bag.

O transporte de big bags pode ser feito de diversas formas, sendo que uma das

mais comuns delas é através de empilhadeiras. Os garfos da empilhadeira encaixam nas

alças reforçadas e o eleva até o caminhão de carga, conforme mostrado na figura 28, ou

outro destino.

Page 48: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

35

Figura 29 - Empilhadeira alocando big bag na caçamba de um caminhão de carga.

3.5.8.4 Caminhão de carga

Na logística brasileira, o transporte rodoviário é o tipo de transporte mais

importante, pois movimenta dois terços do total de carga do país. Os custos com

transporte podem chegar a 60% dos custos logísticos e corresponde em média 20% do

custo total das empresas, tamanha sua importância sobre o negócio [25]. Alguns tipos

de caminhões de carga são mostrados na tabela 5.

Tabela 5 - Tipos de caminhões de carga. [25]

Caminhão Ilustração Dimensões Capacidade

Veículo urbano

de carga

2,2 m de larg. x

6,3 m de comp. 3 t

Toco ou semi-

pesado

comp. 14 m 6 t

Truck ou

pesado

comp. 14 m 10 a 14 t

Cavalo

Mecânico ou

extra pesado

-- Depende da

carreta

Cavalo

Mecânico

Trucado

-- Depende da

carreta

Carreta 2 eixos

comp. 18,5 m 20 t

Carreta 3 eixos

comp. 18,5 m 28,5 t

Carreta Cavalo

Trucado comp. 18,5 m 32 t

Page 49: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

36

4 ESPECIFICAÇÃO DOS PROCESSOS

As propriedades físico-químicas da casca estão em concordância com as

propriedades das matérias-primas utilizadas na indústria de materiais refratários e

cerâmica avançada e existe adequação quanto à quantidade de material residual gerado e

material a ser absorvido pelos novos processos. Visto que o molde cerâmico é

classificado como resíduo sólido inerte e não perigoso, foram pesquisadas operações de

beneficiamento que não alteram sua identidade química ou física.

Economicamente, o processo de valorização do material deve ser benéfico para

todas as empresas envolvidas: a fábrica de microfusão - que elimina seu passivo

ambiental e tem a oportunidade de transformá-lo em lucro -, a fábrica da indústria de

refratários - que passa a comprar matéria-prima a um valor inferior e reduz seu custo de

produção -, e os demais possíveis parceiros - como uma empresa de reciclagem, por

exemplo. Ademais, existe o apelo de sustentabilidade intrínseco na reciclagem de

resíduos a ser usado pelas empresas como marketing de economia verde.

Atualmente, o molde cerâmico residual produzido pela indústria de microfusão

não é reaproveitado e se destina a aterros industriais. Portanto, além de ser desperdiçado

o potencial desse material, sua disposição polui o meio-ambiente e gera gastos

indesejados para quem os produz. A tabela 6 mostra valores gastos com aterros

industriais para quantidades variadas de resíduo gerado.

Tabela 6 - Valores médios gastos com aterros industriais por fábricas da indústria

de Microfusão.

MC* (x10³ kg/mês)

30 50 150 500

Gasto Aterro (mês)

R$2,800,00 R$4,650.00 R$14.000,00 R$46.450,00

Gasto Aterro (ano)

R$33,440.00 R$55,750.00 R$167.200,00 R$557.350,00

*MC - Molde Cerâmico

Tendo em vista que uma fábrica de microfusão comum gera cerca de 30.000 kg

de molde cerâmico por mês, a simples eliminação dos gastos com aterros industriais já

traria benefícios anuais na ordem de R$33.000,00. Em uma fábrica de grande porte, ou

se somadas várias fábricas, o gasto é ainda mais significativo. A venda desse material

pode amenizar esses gastos e, se bem aproveitado, se tornar uma nova fonte de lucros

para o gerador e demais empresas envolvidas, uma vez que o molde cerâmico

beneficiado pode ser negociado como matéria-prima no mercado. As condições dessa

negociação irão variar de acordo com os interesses das partes envolvidas.

O tipo de beneficiamento ao qual o molde cerâmico residual será submetido

depende do tipo de indústria a qual ele será destinado. Sua aplicação na produção de

materiais refratários é subdivida em materiais pré-moldados e monolíticos. O objetivo

será sua incorporação apenas na fabricação de tijolos refratários, dentre os pré-

Page 50: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

37

moldados, e para ser utilizada como terra refratária, dentre os monolíticos. No caso da

cerâmica avançada, a casca será destinada a fabricação de produtos compostos

preferencialmente de Alumina, Sílica ou Zircônia, como o cadinho, produtos TZP

(tetragonal zirconia polycrystal), sensor λ de automóveis, faca e tesoura cerâmica. As

matérias-primas dos produtos apresentam a seguinte ordem crescente de exigência de

qualidade da matéria-prima in natura (homogeneidade das partículas, controle

granulométrico, e pureza) e de custo: tijolos refratários, terra refratária e cerâmica

avançada.

Na fabricação de tijolos refratários e produtos da cerâmica avançada, o material

cerâmico irá substituir parte de uma das matérias-prima refratárias. No caso da terra

refratária, a casca devidamente beneficiada será vendida diretamente ao consumidor

final para exercer as mesmas funções que ela. Portanto, sob a perspectiva da fábrica de

refratários ou de cerâmica avançada, a viabilidade financeira dessa transação exige que

o valor de compra da matéria-prima beneficiada seja inferior ao valor de compra da

matéria-prima in natura a ser substituída ou da terra refratária. A tabela 7 apresenta os

valores médios de compra das matérias-prima refratárias in natura, a serem substituídas

em cada aplicação.

Tabela 7 - Custo da matéria-prima in natura a ser substituída.

Aplicação Tijolos Refratários Terra Refratária Cerâmica Avançada

Matéria-

Prima

Material de

Correção Terra Refratária M.P.* de alta pureza

Preço por 103

kg

R$100,00 a

R$170,00

R$300,00 a R$

400,00

R$1.000,00 a R$

2.000,00

*M.P. - Matéria-prima

Para a aplicação do molde cerâmico na indústria de tijolos refratários, por

exemplo, o custo com beneficiamento é mínimo e o valor de venda é limitado, na

melhor das hipóteses, pelo preço da matéria-prima in natura (material de correção).

Para a aplicação do mesmo como terra refratária e nos produtos de cerâmica avançada,

o valor de venda aumenta em aproximadamente 300% e 1000%, respectivamente. Na

prática, o comprador dificilmente irá pagar o mesmo por um material residual,

independentemente das características deste serem iguais ou até melhores do que as da

matéria-prima convencional.

Na indústria em geral, existem dois tipos de acordos financeiros que podem ser

feitos entre empresas que geram resíduos e empresas que desejam aproveitá-lo como

matéria-prima: a coleta gratuita e a venda do material. No presente estudo, a coleta

gratuita para aplicação direta da casca cerâmica possui uma lógica processual

desfavorável, no caso dos tijolos refratários, e não atende os requisitos de granulometria

e pureza, nos casos da terra refratária e cerâmica avançada. Torna-se necessário,

portanto, o desenvolvimento de um processo de beneficiamento para transformação da

casca cerâmica em matéria-prima alternativa de alta qualidade. No intuito de evitar

explicações repetitivas, a empresa que produz o resíduo poderá ser tratada por empresa

Page 51: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

38

geradora e a empresa interessada em aproveitar o resíduo como matéria poderá ser

tratada por empresa compradora.

Quando na venda do material, normalmente estão envolvidas empresas

geradoras que têm uma visão mais ampla quanto ao potencial de aplicação de seu

resíduo ou que desejam realizar ações mais sustentáveis em sua produção. A viabilidade

financeira depende do custo do processo de beneficiamento, dos custos de transporte e

do valor de venda do material. A empresa que ficar responsável pelo frete deverá

adicionar esse custo em sua contabilidade, que normalmente são bastante significativos.

São apresentados a seguir estudos de operações de beneficiamento do cerâmico

residual junto à literatura específica e empresas fornecedoras, para aplicação nos três

produtos citados anteriormente, bem como o dimensionamento de uma planta industrial.

Para os cálculos realizados, são estrategicamente consideradas as quantias de 30.000 kg

e 150.000 kg de material por mês.

Ao final de cada operação, é apresentada uma tabela com um resumo de seus

custos. O consumo energético se refere aos motores, moto-redutores e moto-vibradores

elétricos no caso dos equipamentos fixos, e o consumo de combustível no caso dos

equipamentos móveis. Os custos de manutenção incluem as ações corretivas,

preventivas ou preditivas a fim de garantir o máximo funcionamento dos equipamentos

e o mínimo de paralisações. Para fins de cálculos de manutenção, foi utilizado o valor

de depreciação mensal do equipamento para a produção de maior quantidade (150.000

kg), e metade desse valor para a outra, assumindo que, conforme o equipamento é

depreciado, torna-se necessária sua manutenção. Após a planta ser implementada,

devem ser feitas análises de eficiência dos equipamentos e controle dos gastos reais, de

modo a tornar as previsões mais próximas da realidade. O método de depreciação

utilizado para todas as máquinas e equipamentos é o método das quotas constantes

(linha reta), no qual a depreciação é função exclusiva do tempo, que é também o método

aceito pela legislação brasileira do imposto de renda para fins de dedutibilidade da

despesa com depreciação. As taxas utilizadas são apresentadas na tabela 8, de acordo

com os Arts. 305 a 323 do Regulamento do Imposto de Renda/RIR/99. Os custos de

depreciação mensais são adicionados aos custos de funcionamento da planta, de modo

que ao fim de seu ciclo de vida, os recursos para restituição do processo estejam

inclusos no planejamento financeiro.

Tabela 8 - Taxas de depreciação.

Depreciação % a. a. Vida útil (anos)

Edifícios 4 25

Máquinas e equipamentos 10 10

Instalações 10 10

4.1 Incorporação na fabricação de tijolos refratários

A utilização do molde cerâmico na indústria de blocos refratários se aproveita,

além da inerente compatibilidade entre as composições químicas, de duas características

Page 52: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

39

específicas do setor: a baixa exigência de qualificação das matérias-prima e os

processos de beneficiamento previamente existentes nas fábricas. Sua aplicação na

produção ocorre através da substituição da matéria prima utilizada para correção da

formulação, consequência do alto teor de alumina (60%). O quanto de economia que

será gerado para essa fábrica depende das seguintes variáveis:

- preço pago pela tonelada de molde cerâmico e material de correção.

- quantidade total de material de correção utilizado mensalmente;

- quantidade de material cerâmico disponível para compra;

Ao considerar o preço médio do material de correção de R$120,00 por tonelada

(valor fornecido pela própria indústria de refratários), a tabela 9 mostra alguns cenários

de economia a serem obtidos na fábrica.

Tabela 9 - Economia da fábrica de tijolos refratários na substituição de matéria-

prima.

Qnt. MC* (t) 30 150

Custo por ton.

(R$) 40 60 80 40 60 80

Econ. mensal

(R$) 2.400,00 1.800,00 1.200,00 12.000,00 9.000,00 6.000,00

Econ. anual

(R$) 28.800,00 21.600,00 14.400,00 144.000,00 108.000,00 72.000,00

*MC - Molde Cerâmico

Nessa etapa, o beneficiamento tem como objetivo a separação dos rechupes de

aço, ou seja, a desmetalização do material. Outras operações não são economicamente

viáveis, pois não agregam mais valor à mesma, visto que a exigência de matéria-prima é

atendida apenas com a separação dos rechupes. Conforme citado na seção 3.2.1.2, os

ensaios realizados por Alonso [5] comprovam que a composição química da casca

permite que ela seja utilizada em aplicações ainda mais severas de temperatura, sem

perder suas propriedades, como são os casos para utilização em concretos refratários ou

na fabricação de produtos da cerâmica avançada. Entende-se, portanto, que a utilização

do molde cerâmico como matéria-prima nesse caso não utiliza todo seu potencial. A

figura 29 mostra o fluxograma do processo.

Page 53: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

40

Figura 30 - Fluxograma do processo de beneficiamento do molde cerâmico para

incorporação na indústria de tijolos refratários.

4.1.1 Transporte

A etapa de transporte é realizada por caminhões de carga, através de empresas

de transporte ou profissionais autônomos terceirizados. Os valores de frete variam

conforme a quantidade a ser transportada e distância percorrida. Alguns valores de frete

pesquisados junto a transportadoras são apresentados na Tabela 10.

Tabela 10 - Valores de frete de caminhão 10 m³ para diferentes distâncias.

Trecho Criciúma - Caxias do

Sul Jaraguá do Sul - Criciúma

Florianópolis - Caxias

do Sul

Distância

(x103 m)

259 362 444

Qnt. CC

(x103 kg)

30 150 30 150 30 150

Custo (R$) 2.106,00 10.533,00 2.944,00 14.721,00 3.611,00 18.056,00

Nota-se que o preço do frete pode ser bastante elevado para grandes distâncias, o

que pode inviabilizar financeiramente o processo. Portanto, é desejável que a distância

entre gerador e coletor seja a menor possível.

Page 54: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

41

4.1.2 Desmetalização

A etapa de desmetalização é a única etapa do processo de beneficiamento. Após

a realização da caracterização tecnológica, é possível identificar as propriedades

diferenciadoras dos materiais que permitem estabelecer o tipo de tratamento mais

adequado, ou uma combinação deles, para a separação desejada em função de seu

objetivo, das características da composição do material e dos recursos técnicos e

financeiros disponíveis. A tabela 11 apresentada por Valadão et al [22] relaciona

diversas dessas propriedades dos materiais com seu método de tratamento

correspondente.

Tabela 11 - Propriedades diferenciadoras e seus correspondentes métodos de

tratamento. [27]

Propriedade Diferenciadora Método de Tratamento

cor, brilho, fluorescência,

radioatividade cata manual seleção automática

peso específico, forma separação gravítica

susceptibilidade magnética separação magnética

condutividade elétrica separação eletrostática

tamanho, forma, densidade peneiramento, classificação

reatividade de superfície flotação, agregação, aglomeração

reatividade química Hidrometalurgia

comportamento térmico Pirometalurgia

Fragmentabilidade Fragmentação

Dentre essas, existem cinco diferenças significativas entre as propriedades do

molde cerâmico e dos rechupes de aço a serem utilizadas como critério de separação:

- tamanho (granulometria);

- densidade;

- fragmentabilidade;

- condutividade elétrica;

- suscetibilidade magnética.

Quanto à primeira propriedade, tendo em vista que a granulometria da casca bem

como a dos rechupes são bastante heterogêneas entre si, o peneiramento direto não iria

separá-los com eficiência. Quanto à segunda propriedade, densidade, os processos de

classificação são os que se utilizam dessa diferença entre os materiais, que podem ser

via seco ou via úmido. Os processos de via úmida não são interessantes para a separação

da casca, pois molhá-la iria acarretar novas operações e novos custos indesejados com

secagem. Dentre os processos de via seca, observou-se os aeroclassificadores, que

submetem o material a um fluxo de ar a uma velocidade específica de modo a separar os

Page 55: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

42

materiais mais densos dos menos densos. Estes equipamentos são relativamente caros e

trabalham essencialmente para separar materiais de baixa granulometria de materiais

finos (pós). Através de pesquisas em empresas do ramo, avaliou-se que a utilização

desta máquina para separação dos rechupes seria ineficiente e de custo elevado. A

grande granulometria das peças de casca e aço e as densidades elevadas, principalmente

do aço, exigiriam a utilização de um compressor de ar de alta potência que consumiria

muita energia. Inclusive, foi idealizado que os materiais fossem submetidos a operações

de moagem para que então pudessem ser classificados dessa forma.

As operações de moagem e britagem são as que se aproveitam da terceira

propriedade, fragmentabilidade, mas não foram pesquisadas para a fabricação de tijolos

refratários devido aos altos custos que acarretam. Não obstante, sua utilização nas

demais aplicações explora esses recursos.

Para se aproveitar da quarta propriedade, condutividade elétrica, podem ser

utilizados os separadores de corrente parasita. O fluxo magnético variável iria induzir

uma corrente elétrica nas peças metálicas que, por sua vez, iria induzir um novo campo

magnético em sentido oposto ao campo magnético originário, de modo a repeli-las do

fluxo de material passante. Enquanto isso, as peças cerâmicas, excelentes isolantes

elétricos, não sofreriam alteração nenhuma em seu movimento. Essa é, provavelmente,

a solução mais adequada tecnicamente para essa operação, visto que separaria 100% do

material metálico contaminante. Ainda assim, as máquinas pesquisadas junto a

fornecedores apresentaram custo inicial muito elevado e inviabilizaram sua utilização,

até mesmo para as aplicações mais nobres do molde cerâmico. No caso de projetos de

beneficiamento do cerâmico com cargas mensais mais expressivas, o separador de

corrente parasita deve ter sua viabilidade revisada.

A quinta propriedade, suscetibilidade magnética, induz a utilização de

separadores magnéticos. Vale ressaltar que uma pequena parte dos rechupes, os de

composição paramagnética, não serão separados por esse método, o que pode diminuir o

valor do produto final obtido. Foram pesquisados três tipos de equipamentos junto a

fornecedores, cujas características são descritas a seguir.

A placa magnética é o equipamento mais simples e de menor custo.

Considerando que há rechupes de aço de até 2 kg, a capacidade de atração magnética

deve ser conferida junto ao fabricante para garantir que atenda essa necessidade. Para a

limpeza de material retido, um funcionário deverá inspecionar o processo

periodicamente. É aconselhável que o modelo utilizado seja suspenso para que não haja

interferência no fluxo de material passante e conseqüente maior eficiência na separação.

A polia magnética é um equipamento de alta eficiência, que desvia o fluxo do material

magnético. Para armazená-lo, pode-se utilizar um recipiente abaixo do transportador de

correia ou formar pilhas no chão. Seu custo inicial é intermediário e o custo de

manutenção é baixo. O tambor magnético é disposto na saída do transportador de

correia. Também é um equipamento de alta eficiência e, assim como a polia, desvia o

fluxo de material magnético.O princípio de armazenamento é o mesmo da polia. Seu

custo inicial é relativamente alto e possui custo de funcionamento e de manutenção

intermediários. A tabela 12 mostra os valores médios obtidos por pesquisas junto a

fornecedores de separadores magnéticos.

Page 56: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

43

Tabela 12 - Custos da operação de separação magnética

Separação Magnética

Máquinas e Equipamentos Tambor

Magnético

Polia

Magnética

Placa

Magnética

Custo inicial R$ 8.000,00 R$ 4.200,00 R$ 600,00

Consumo energético por

hora R$ 0,15 Zero zero

Custos de manutenção

Mensal

R$20,00 a

R$ 40,00

R$ 17,00 a

R$ 33,50

R$ 2,25 a

R$ 4,50

Custo de Depreciação mensal

(10 anos) R$ 70,00 R$ 33.50 R$ 4,50

Custo mês (30x103 kg) R$ 105,00 R$ 50,00 R$ 6,75

Custo mês (150x103 kg) R$ 138,00 R$ 70,00 R$ 9,00

4.2 Terra Refratária e Indústria de Cerâmica Avançada

A qualidade da terra refratária é superior as exigências de matérias-primas da

indústria de tijolos refratários nos quesitos controle granulométrico e composição. Já a

qualidade da matéria-prima refratária utilizada na indústria de cerâmica avançada é

ainda mais exigente nestes dois quesitos. Não obstante, os requisitos são os mesmos

para a aplicação do molde cerâmico: ausência de contaminação de aço e granulometria

de agregado miúdo - passante em peneira #4 e retida em peneira #200. Portanto, os

processos de beneficiamento pesquisados e especificados bem como o

dimensionamento da planta de beneficiamento atingem as expectativas dos dois

mercados, conforme mostrado no fluxograma da figura 31.

Page 57: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

44

Figura 31 - Fluxograma do processo de aplicação do molde cerâmico na indústria de

terra refratária e cerâmica avançada.

A entrada do processo são peças de molde cerâmico de granulometria

heterogênea contaminadas com rechupes de aço. O seu objetivo é a separação do aço,

moagem e classificação em granulometria de agregado miúdo. Para atingir esse

objetivo, foram definidas seis operações principais, conforme é mostrado no fluxograma

da Figura 32. O aço recuperado será facilmente destinado à reciclagem externa.

Page 58: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

45

Figura 32 - Fluxograma do processo de beneficiamento do molde cerâmico para

aplicação como terra refratária e em produtos de cerâmica avançada

Na seção 4.1.1, foi apresentada uma etapa de transporte como parte do processo,

que trata do translado do cerâmico desde a empresa fornecedora até a compradora

através de caminhões de carga. Nesta seção, também existe uma operação de transporte,

mas que trata da movimentação de material dentro do processo de beneficiamento. É

importante ressaltar que o custo de transporte do material entre as empresas continua

sendo uma variável importante desse processo. Seu valor irá depender da distância entre

a empresa geradora, a planta de beneficiamento e a empresa compradora.

Para cada uma das seis operações foram pesquisados métodos alternativos de

concepção junto a referências bibliográficas e empresas relacionadas com o

beneficiamento de materiais cerâmicos e demais serviços necessários. Quatro fatores

foram levados em consideração para a avaliação das alternativas buscadas para cada

operação:

- desempenho técnico;

- investimento inicial;

- custos de operação e manutenção;

- logística.

Page 59: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

46

4.2.1 Armazenamento/Alimentação

A primeira operação é o Armazenamento e Alimentação a ser realizada através

de silos. O molde cerâmico residual contaminado chega à planta de beneficiamento

através de um caminhão basculante. A capacidade do silo irá depender da logística de

entrada de material na planta, conforme mostrado na tabela 13. A densidade aparente

considerada é de 1.400 kg/m³.

Tabela 13 - Capacidade de armazenamento do silo conforme a logística de

abastecimento da planta.

Distância Qnt. (x103

m) Entrada (x103

m) Periodicidade silo (m3)

> 150x103 m

30 30 Mensal 25

150 37,5 Semanal 30

< 150 x103 m

30 7 Semanal 10

150 14 Diária 30

Foram pesquisados dois tipos: silo de alvenaria (concreto) e silo metálico (aço

carbono). O silo de concreto possui baixo custo inicial. A saída de material é regulada

por uma comporta metálica de abertura manual, localizada na parte inferior do mesmo.

O silo de metal possui custo inicial mais elevado. O controle de saída de material

também é feito por uma comporta metálica de abertura manual e ambos possuem fundo

inclinado do tipo tronco-piramidal. Ao iniciar-se o processo, a comporta é aberta e a

casca cerâmica contaminada é depositada sobre o transportador de correia por ação da

gravidade. Assim sendo, o silo deve estar elevado em relação à altura do transportador,

que irá conduzir o material até a próxima operação. A vazão mássica de saída de

material é regulada pelo tamanho da abertura. A tabela 14 mostra os custos envolvidos

nessa operação.

Page 60: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

47

Tabela 14 - Custos da operação de Armazenamento/Alimentação

Armazenamento/Alimentação

Máquinas e

equipamentos Silo Alvenaria Silo Metal

Custo inicial (por m³) R$120,00 a

R$170,00 R$2.000,00

Manutenção Zero Zero

Depreciação (10 anos) R$12,50 R$170,00

Custo mês R$12,50 R$170,00

4.2.2 Transporte

A segunda operação é a de transporte. O material contaminado deixa o silo e

deve ser transportado até o processo de moagem. Ao longo do transporte, será realizada

a separação magnética. O transporte pode ser realizado através de uma calha ou um

transportador de correia.

O transportador de correia pode ser do tipo rolete, chapa ou calha, disposto em

sentido horizontal ou inclinado, móvel ou fixa. A seleção é feita com base nos seguintes

fatores: inclinação dos roletes, largura da correia, tensão máxima da correia e tempo de

percurso completo da correia. As especificações do transportador necessário ao

processo, obtidas junto a fornecedores, são apresentadas na tabela 15 e os custos da

operação de transporte são apresentados na tabela 16.

Tabela 15 - Especificações do transportador de correia.

Transportador de Correia

Altura (m) 3

Acionamento Moto-redutor 1,5 CV

Largura da correia

(x10-3

m) 400

Número de roletes 2

Comprimento (m) 6

Page 61: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

48

Tabela 16 - Custos da operação de transporte.

Transportador de Correia

Custo inicial

Transportador de correia (roletes)

Manutencao:

Subsistemas Periodicidade Custo

Lona (1x) 1 ano R$420,00

Roletes (6x) 5 anos R$240,00

Polia de acionamento (1x) 5 anos R$300,00

Consumo Energético:

Subsistemas Qnt. Custo (hora)

Moto-redutor (2CV) 1 R$ 0,30

Depreciação:

Tipo Tempo

Vida útil 10 anos

% anual 0,001

Custo mês (30 t) R$ 100,00

Custo mês (150 t) R$ 170,00

4.2.3 Separação Magnética

A terceira operação é a separação magnética. Ela ocorre enquanto o material

contaminado é transportado do silo até a operação de moagem. Devido ao alto custo dos

separadores de metais não ferrosos (separador de corrente parasita) e inadequação dos

aeroclassificadores, a utilização desses equipamentos não foi considerada para essa

operação. Os separadores magnéticos pesquisados para nesse processo são os mesmos

apresentados na seção 3.1.2.

4.2.4 Moagem

A quarta operação é a moagem. O material é transportado do silo para ser

depositado no moinho, no qual se realizará a fragmentação do material cerâmico até a

granulometria desejada. As máquinas de britagem são mais utilizadas nos processos de

mineração, enquanto que para o beneficiamento de cerâmicos os moinhos são mais

utilizados devido à menor granulometria de entrada e menor resistência mecânica.

Podem ser encontrados diversos tipos de moinhos que seriam apropriados para

essa operação, se não houvesse a presença dos rechupes de aço paramagnéticos

Page 62: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

49

restantes da separação magnética. A maioria dos moinhos, como laminadores,

desintegradores e moinhos contínuos de martelo, não prevêem a entrada de peças

metálicas dentro de sua ferramenta de desfragmentação. Através de conversas com

fabricantes, foi obtida a informação que a presença de um parafuso pequeno dentro da

máquina causa um enorme desgaste, seja na quebra da ferramenta de desfragmentação

ou na ruptura dos eixos acoplados aos cilindros laminadores. Tornou-se necessário,

portanto, a utilização de um moinho existente específico, apto a receber peças metálicas

dentro de sua ferramenta de fragmentação, ou o desenvolvimento do projeto de um novo

tipo de moinho.

Dentre as poucas opções disponíveis, optou-se por moinhos desintegradores ou

laminadores que tenham sistema de auto-compensação por molas, ou dispositivo

similar, cuja função é deslocar os cilindros desintegradores para trás toda vez que

houver uma peça de aço, de modo a não danificar a ferramenta de fragmentação ou

outros subsistemas. Não obstante, é inevitável que a haja maiores exigências com

manutenção e que vida útil dos moinhos seja afetada, devido a presença de aço.

Os moinhos foram pesquisados entre empresas fabricantes de máquinas de

moagem e metalúrgicas que desenvolvem maquinários customizados. De um modo

geral, a qualidade técnica e o custo do moinho produzido em empresas especializadas

são superiores àqueles produzidos em metalúrgicas.

Foram selecionados o moinho desintegrador, o moinho laminador e um moinho

especial de eixos dentados ou frisados, o último a ser desenvolvido especialmente para

este projeto. Os desintegradores encontrados já possuem um sistema de molas que prevê

a passagem de pedras e similares, ainda que seja em quantidades mínimas. É

recomendado que sejam realizados testes prévios para verificar o comportamento desse

subsistema sob a passagem das peças metálicas e a granulometria de saída. Quanto aos

moinhos especiais, visto que serão desenvolvidos de acordo com a necessidade deste

processo, devem atender as expectativas. A abertura entre as ferramentas de

fragmentação é de 4,69x10-3

m, granulometria máxima desejada para o produto final. A

tabela 17 apresenta os custos dos moinhos.

Page 63: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

50

Tabela 17 - Custos do processo de moagem

Moagem

Equipamento Custo

Desintegrador Novo R$30.000,00

Desintegrado Usado R$10.000,00

Moinho de cilindros dentados R$50.000,00

Laminador R$20.000,00

Manutenção

Subsistemas Period. Custo

Ferramenta de fragmentação (2x) 1 ano R$1.800,00

Cilindros de fragmentação (2x) 5 anos R$2.000,00

Consumo Energético

Subsistemas Qtd. Custo (hora)

Motor elétrico 4 CV 2 R$1,24

Depreciação

Tipo Tempo

Vida útil 10 anos

% anual 0,001

Custo mês (30 t)

R$384,00

Custo mês (150 t)

R$646,00

4.2.5 Peneiramento

A quinta operação é a de peneiramento. Nessa etapa o material cerâmico

cominuído e contaminado com pequena quantidade de aço paramagnético é depositado

sobre uma peneira para ser classificado. Dentre os tipos de peneira utilizados em

processos de beneficiamento de minerais e cerâmicos, optou-se por uma peneira

vibratória horizontal de estrutura vibrada. Esse tipo de peneira foi escolhido devido a

sua alta eficiência, melhor custo benefício comparativamente e baixa incidência de

entupimento. A peneira escolhida trabalha com fluxos baixos de materiais,

diferentemente das peneiras vibratórias inclinadas utilizadas nos processos de

mineração. A tabela 18 mostra as especificações da peneira vibratória.

Page 64: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

51

Tabela 18 - Especificações da peneira circular vibratória.

Peneira Circular Vibratória

Acionamento Moto-vibrador 0,5 a 2,0 CV

No. de telas 1

Abertura da tela (x10-3

m) 4,69 (#4)

Área útil (m²) 0,24 (Ø550)

Altura (m) 1,20

A peneira deve conter apenas 1 tela tamanho 4 meshes, enquanto que a própria

peneira se encarrega da separação de finos (100 a 200x10-6

m). O material retido na

peneira, oversize, será composto por aço paramagnético e material cerâmico que não foi

propriamente cominuído. Após recolhidos, o aço deve ser armazenado junto com

aqueles separados magneticamente, para posterior reciclagem, e o cerâmico não

passante deve ser recolocado no moinho. O material passante na tela, undersize,

caracteriza o produto-final: a matéria-prima refratária. As formas de armazenamento

deste ao deixar a peneira serão discutidas na operação de expedição. A tabela 19

apresenta os custos de operação de peneiramento.

Tabela 19 - Custos de funcionamento da peneira circular vibratória.

Peneiramento

Equipamento Custo inicial

Peneira Vibratória Circular R$10.000,00

Manutenção

Subsistemas Periodicidade Custo

Tela (aço) (1x) ano R$600,00

Consumo Energético

Subsistemas Qtd. Custo

Moto-redutor 2 CV 1 R$0,30 (por hora)

Depreciação

Tipo Tempo

Vida útil 10 anos

% annual 0,001

Custo mês (30 t) R$140,00

Custo mês (150 t) R$215,00

4.2.6 Expedição

Page 65: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

52

A sexta etapa do processo é a expedição, que inclui armazenamento, medição e

transporte do material até o comprador. As duas formas de expedição pesquisadas

foram:

- a granel em caçamba roll on roll off;

- ensacado em bib bag.

O transporte em caçamba roll on/roll off consiste no armazenamento do

produto em caçamba desacoplada de 10 m³ a 20 m³ e transporte por caminhão adaptado

terceirizado. São necessárias duas caçambas: enquanto uma caçamba cheia é entregue

ao comprador, a outra deve estar disponível para armazenar a saída de material no

processo. A caçamba pode ser alugada ou comprada.

O transporte do material em big bag consiste no armazenamento do material em

Big Bags de 1m³ (1,4x103 kg). Seu transporte interno deve ser feito por uma

empilhadeira, comprada ou alugada. A logística até o cliente pode ser feito por

caminhões graneleiros terceirizados. A forma de expedição interfere no valor de venda

do produto, de modo que a venda em big bag’s agrega mais valor. A tabela 20 mostra os

custos desta etapa.

Tabela 20 - Custos de Expedição,

Expedição

Transporte Big Bag Roll on

Máquinas e

Equipamentos Big Bag

Empilhadeira

(alugada)

Empilhadeira

(compra) Caçamba 10m³

Custo inicial R$ 35,00

(unid.) --

R$30.000,00

(usada) R$10.000,00

Quantidade 40 1 1 2

Manutenção -- -- R$250,00 --

Consumo energético -- -- R$100,00 a

R$500,00 --

Depreciação 10 unid/ano -- 10 anos 10 anos

Custo mês (30 t) R$ 30,00 R$3.000,00 R$725,00 R$ 350,00

Custo mês (150 t) R$30,00 R$3.000,00 R$1.250,00 R$350,00

Em todas as seis operações não há grande variação entre os custos de produção

para as duas cargas mensais propostas. A fim de otimizar os custos de produção do

processo, é desejável que seja beneficiado a maior quantidade de material possível.

Page 66: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

53

5 RESULTADOS E ANÁLISES

Para a definição do valor de venda da matéria-prima, foi realizada uma análise

mercadológica das matérias-prima convencionais utilizadas em cada aplicação, que

resultou em três previsões de preço:

- pessimista: considera-se uma dificuldade na obtenção de parceiros para o

beneficiamento do material ou baixa aceitação do produto no mercado.

- conservadora: valor intermediário baseado em negociações já existentes do

molde cerâmico.

- otimista: considera-se o êxito na obtenção de parceiros para beneficiamento do

material e aceitação de sua utilização.

São apresentados a seguir os resultados de viabilidade econômica e técnica de

valorização do molde cerâmico na indústria de materiais refratários e cerâmica

avançada. Buscou-se considerar o máximo de variáveis possíveis a fim de se obter uma

análise comparativa eficiente.

5.1 Tijolos Refratários

A tabela 21 apresenta a análise mercadológica da utilizacão do material na

fabricação de tijolos refratários.

Tabela 21 - Análise mercadológica para utilizacão da matéria-prima na fabricação

de tijolos refratários.

Quantidade (t) 30 150

Valor de

Venda (R$)

Ganho mês

(R$)

Ganho ano

(R$)

Ganho mês

(R$)

Ganho ano

(R$)

40,00 1.200,00 14.400,00 6.000,00 720.00.00

60,00 1.800,00 21.600,00 9.000,00 108.000.00

80,00 2.400,00 28.800,00 12.000,00 144.000.00

A utilização da matéria-prima beneficiada para essa aplicação não possui custos

adicionais com infra-estrutura e funcionários, tendo em vista que seu beneficiamento

será feito dentro da fábrica de blocos refratários, aproveitando sua estrutura. Isso

implica que a produtividade do processo é dependente da produtividade da fábrica (em

torno de 3x106 kg por mês) e do percentual de material na formulação.

O beneficiamento do molde cerâmico, tratado a seguir, inclui separação

magnética e transporte entre empresas. Supondo uma distância de 200x103 m entre a

empresa geradora e a empresa compradora, e uma produtividade de 5x103 kg/h, o tempo

de retorno do investimento e o lucro obtido através da utilização dos três separadores

Page 67: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

54

magnéticos pesquisados são comparados entre si. Nas figuras 32 são avaliados os custos

de produção para 30x103 kg mensais e na figura 33 para 150 x10

3 kg.

Figura 33 - Custos operacionais (30 x103 kg)

Figura 34 - Custos operacionais (150x103 kg).

Notam-se os baixos custos de produção, independentemente do equipamento

selecionado para realizar a separação magnética. O principal custo dessa simulação é o

transporte do material entre as empresas, que gira em torno de R$ 1.700,00 para a

produção de 30x103 kg, e R$ 8.200,00 para a de 150x10

3 kg. As tabelas 22 e 23

mostram os valores referentes ao retorno financeiro do beneficiamento: tempo de

retorno, lucro líquido e o ganho em relação aos gastos convencionais com disposição

em aterros.

Page 68: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

55

Tabela 22 - Retorno financeiro do processo para produção de 30x103 kg.

Venda Placa Polia Tambor

Tempo de

retorno (mês)

R$40,00 -- -- --

R$60,00 4 38 --

R$80,00 1 6 13

Lucro líquido mês

R$40,00 - R$443,27 - R$559,44 - R$693,14

R$60,00 R$156,74 R$40,56 - R$93,14

R$80,00 R$756,74 R$640,56 R$506,86

Ganho mês

R$40,00 R$2.343,44 R$2.227,27 R$2.093,57

R$60,00 R$2.943,45 R$2.827,27 R$2.693,57

R$80,00 R$3.543,45 R$3.427,27 R$3.293,57

Tabela 23 - Retorno financeiro para a produção de 150 x103 kg.

Venda Placa Polia Tambor

Tempo de retorno

(meses)

R$40.00 -- -- --

R$60.00 1 5 12

R$80.00 1 2 3

Lucro liquid mensal

R$40.00 - R$2,150.00 - R$2,266.00 - R$2,405.00

R$60.00 R$851.00 R$735.00 R$597.00

R$80.00 R$3,850.00 R$3,735.00 R$3,597.00

Ganho mensal

R$40.00 R$11,783.55 R$11,667.55 R$11,528.55

R$60.00 R$14,784.55 R$14,668.55 R$14,530.55

R$80.00 R$17,783.55 R$17,668.55 R$17,530.55

Para a venda de material a R$40,00 por tonelada, e a R$60,00 em um dos casos,

observa-se que não há lucro líquido, pois os custos de beneficiamento e transporte

superam os ganhos com a venda do material. Ainda assim, o ganho mensal em relação

ao valor gasto com a disposição convencional é garantido. Conforme avaliado, portanto,

o beneficiamento do material para a incorporação na fabricação de tijolos refratários

mostrou baixo custo de implantação e operação, com retorno financeiro rápido, mas

pouco expressivo, seja na forma de redução do gasto de disposição ou na forma de

lucro, que variam conforme a quantidade de produção de material e preço de venda.

Page 69: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

56

5.2 Terra Refratária e Cerâmica Avançada

O processo de beneficiamento para a aplicação como terra refratária ou cerâmica

avançada é resumido nos fluxogramas esquemáticos da figura 34 e figura 35.

Figura 35 - Fluxograma esquemático do processo de beneficiamento do molde

cerâmico.

Figura 36 - Fluxograma descritivo do processo de beneficiamento do molde cerâmico.

O resultado da análise mercadológica da venda do material é mostrado na tabela

24.

Page 70: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

57

Tabela 24 - Análise mercadológica para venda da matéria-prima beneficiada.

Aplicação

Qnt. CC (t) 30 150

Venda (R$) Ganho

mês (R$)

Ganho ano

(R$)

Ganho

mês (R$)

Ganho ano

(R$)

Terra

Refratária

250,00 5.873,33 70.480,00 29.366,67 352.400,00

300,00 7.373,33 88.480,00 36.866,67 442.400,00

350,00 8.873,33 106.480,00 44.366,67 532.400,00

Cerâmica

Avançada

500,00 13.373,33 160.480,00 66.866,67 802.400,00

800,00 22.373,33 268.480,00 111.866,67 1.342.400,00

1000,00 28.373,33 340.480,00 141.866,67 1.702.400,00

Os preços de venda são baseados nos valores pagos pelas matérias-prima in

natura. Os quadros mais interessantes são os de venda para produção de produtos de

cerâmica avançada, que compõe a possibilidade de valorização máxima da casca. Vale

ressaltar que esses valores de venda podem trazer lucros muito superiores aos esperados

em processos de reciclagem, principalmente ao se trabalhar com a produção mais

elevada. Ainda assim, quanto maior o valor de venda proposto, maior é a incerteza

quanto à aceitação do mercado.

O projeto de dimensionamento de uma planta de beneficiamento independente

deve incluir diversos custos além do processo industrial. A fim de simplificar os

cálculos de projeção de gastos e custos, são tratados por infra-estrutura o aluguel ou

compra de terreno, os gastos com regulamentação jurídica e todos os possíveis gastos

com obras civis (instalações elétricas, escritório, cobertura, aterramento e estruturas

para suportar equipamentos).

A manutenção das máquinas e equipamentos será terceirizada de acordo com o

planejamento ou necessidade, como é feito em diversas indústrias cerâmicas. Para o

funcionamento da planta serão necessários apenas dois funcionários:

- 1 operador: responsável pelo funcionamento de todo o processo e por conduzir

a empilhadeira;

- 1 supervisor: responsável pela manutenção das máquinas e equipamentos, por

gerenciar o estoque e controlar a entrada e saída de material.

Os gastos citados acima são apresentados na tabela 25.

Page 71: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

58

Tabela 25 - Gastos com infra-estrutura e despesas com funcionários.

Infra-estrutura Funcionários

Qnt. CC mês Invest. inicial R$ 120.000,00 --

30 t Custo mês R$ 500,00 R$ 5.400,00

Custo por ton. R 33,33 R$ 180,00

150 t Custo mês R$ 500,00 R$ 5.400,00

Custo por ton. R$ 6,67 R$ 36,00

A soma de possibilidades alternativas pesquisadas para cada operação de

beneficiamento resultou na definição de três propostas de processos para a planta de

beneficiamento, conforme mostrado na figura 36.

Figura 37 - Possíveis processos de beneficiamento.

O processo 1 busca equilibrar o custo dos equipamentos com sua capacidade

técnica e automatização. O processo 2 envolve os equipamentos de menor investimento

inicial e menores custos de operação e manutenção. O processo 3 envolve os

equipamentos com maior capacidade técnica e que permitem maior controle sobre o

Page 72: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

59

processo, independentemente dos custos. Os gastos com infra-estrutura e funcionários

são equivalentes para os três.

As cargas mensais de geração de molde cerâmico consideradas são baixas se

comparadas à capacidade produtiva dos processos de beneficiamento e fabricação de

cerâmicos convencionais, que gira em torno de 5 a 100x103 kg/h. Assim sendo, todo o

material poderia ser beneficiado em poucas horas de trabalho. Ainda assim, conforme

mostrado no capítulo anterior, a logística de entrada na planta é variável, sendo que ele

deve chegar em quantidades parceladas. Portanto, a produtividade máxima da planta é

limitada por esses fatores, cujos valores são mostrados na tabela 26.

Tabela 26 - Dados de produção da planta

Dados de Produção Un. Prod. 1 Prod. 2

Quantidade mensal x103 kg 30 150

Produtividade x103

kg/h 1 1

Horas trab. Mês h 30 150

Dias trab. Mês Dias 5 20

Período ocioso % 77 9

Produção/dia x103

kg 5,4 6,8

Produtividade mês x103

kg 30 150

Produção mensal

(eficiência 90%) x10

3 kg 27 135

A produtividade de 1x103 kg /h foi selecionada por ser um valor intermediário

entre as cargas disponíveis mensalmente, que são pequenas, e a capacidade dos

equipamentos. Para a Produção 1, toda o material é beneficiado em apenas 5 dias, o que

torna a capacidade produtiva da planta ociosa em aproximadamente 77% do tempo.

Nesse caso, fica aberta a possibilidade de utilização da planta para beneficiamento de

outros materiais dentro desse período. Para a Produção 2, a produtividade mensal é

muito superior, ainda que não atinja sua capacidade máxima (9% de ociosidade). A

eficiência do processo é considerada 90% devido aos rechupes de aço presentes (em

torno de 5%), perdas durante as operações e presença de finos.

Os principais custos referentes aos processos de beneficiamento são

apresentados a seguir. Na figura 37, são apresentados os custos de investimento inicial.

Page 73: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

60

Figura 38 - Custos de investimento inicial.

O investimento inicial médio para a implementação da planta é de

R$230.000,00. Ainda que seja um valor expressivo, apenas os gastos de disposição do

material em aterros industriais, em se tratando de uma produção de 150.000 kg mensais,

são na ordem de R$167.000,00 por ano, que poderiam ser facilmente redirecionados

para financiar a planta. Portanto, o investimento inicial pode ser considerado viável.

Entre os três processos, há uma diferença significativa de valores, 25% em média.

Quanto aos custos de produção da planta, são apresentados alguns valores a seguir. A

figura 38 apresenta os custos de operação mensais referentes a cada processo.

Figura 39 - Custos mensais de operação.

Page 74: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

61

Os custos mensais de operação seguem a mesma ordem dos valores de

investimento inicial dos processos: o maior investimento inicial tem também o maior

custo de operação. A média de custo mensal da planta é de R$7.300,00 para produção

de 30x103 kg e R$8.200,00 para produção de 150 x10

3 kg, com uma variação média

entre os três processos de 11% para a primeira produção, e 20% para a segunda. Os

custos entre as duas produções têm uma variação absoluta pequena, o que sugere que os

custos fixos são pouco dependentes da quantidade de material a ser beneficiado. Na

figura 39, mais dados referentes aos custos de produção são apresentados.

Figura 40 - Custo por tonelada de material produzido para cada processo.

O custo por tonelada, apresentado na Figura 40, é um indicador de produção

interessante, pois permite a visualização direta do efeito dos custos fixos sobre o

produto final. Conseqüentemente, ele também facilita a definição da viabilidade

financeira de todo o processo e as previsões de retorno financeiro de acordo com o valor

de venda. A variação média do custo por tonelada de material produzido entre os

processos é de 19% para a produção de 30x103 kg e 25% para 150x10

3 kg. Entre as

duas produções, há uma grande disparidade no custo da tonelada para todos os

processos, com custos médios de R$290,80 e R$63,41. A primeira produção é, portanto,

em média R$226,59 mais cara do que o da segunda, o que deixa claro que para

pequenas quantidades de material o custo de produção é muito elevado e que quanto

maior a quantidade de material a ser beneficiado, menor será esse custo.

Com os resultados apresentados, o projeto de dimensionamento da planta está

concluído. Em suma, o processo de beneficiamento do material para utilização como

areia refratária e em produtos de cerâmica avançada trata da obtenção de matéria-prima

de alto valor agregado (valorização máxima do cerâmico residual), investimento inicial

alto, embora justificado, custos de produção altos, principalmente para produções

baixas, e retornos financeiros elevados, sobretudo ao atender o mercado de cerâmica

avançada e em maior quantidade. O tempo de retorno do investimento é muito variável,

sendo que pode chegar a três meses considerando a melhor hipótese de venda.

Page 75: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

62

Antes da implementação da planta de beneficiamento, uma série de provisões

ainda devem ser realizadas, cuja execução não possui ordem cronológica, de modo a

facilitar a determinação das diversas variáveis de projeto.

Uma delas é a avaliação técnica de aplicação do molde cerâmico como matéria-

prima alternativa, que ocorre através da empresa compradora, terra refratária ou

cerâmica avançada, a qual deve realizar a certificação do novo produto com fração do

subproduto de acordo com as especificações normatizadas para diversas propriedades

tais como densidade aparente, absorção de água, retração de queima, resistência

mecânica e ao choque térmico, entre outras. Assim que for aprovada, já pode ser

liberada a produção. As demais provisões se referem às variáveis mercadológicas e de

processamento da planta, conforme explicado a seguir:

- definição da quantidade de material a ser beneficiado: deve ser obtida junto às

empresas de microfusão disponíveis que estejam interessadas em reaproveitar o

material.

- definição do local da planta e da logística de entrada do material: o local onde a

planta é estabelecida deve ser definido para que também seja definida a distância entre

as empresas geradoras e a planta. A partir daí, a logística de entrada de material

(quantidade, forma de transporte e periodicidade) pode ser calculada.

- seleção do processo industrial mais adequado: devem ser selecionados os

equipamentos e máquinas de acordo com os recursos financeiros disponíveis para

investimento e a disponibilidade dos fornecedores. A compra de máquinas e

equipamentos comumente não tem o valor do frete incluso, portanto os fornecedores

mais próximos devem ser priorizados.

- logística de saída: as empresas compradoras interessadas em adquirir a matéria-

prima alternativa devem ser reunidas e a localização de cada uma definida de modo a

determinar o fluxo de saída de material e o destino final.

- preço de venda do material: segundo os estudos mercadológicos, podem ser

definidos preços meta a serem negociados com as empresas compradoras.

Uma vez que todas as variáveis foram definidas, o processo de valorização do

molde cerâmica está pronto para ser colocado em prática.

Page 76: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

63

6 CONCLUSÃO

A valorização do molde cerâmico residual do processo de microfusão através de

alguns processos de beneficiamento foi analisada e se mostrou viável sob diversas

perspectivas. O beneficiamento para utilização na fabricação de tijolos refratários se

mostrou de baixo custo e com retorno financeiro rápido, tendo em vista que se utiliza da

infra-estrutura das fábricas de blocos refratários. Estas têm a possibilidade de comprar

matéria-prima da boa qualidade a um preço inferior, o que aumenta sua competitividade

no mercado. Para as fábricas de microfusão, o gasto com aterros é inexoravelmente

reduzido e, além disso, existem boas possibilidades de obtenção de lucro a venda do

cerâmico. Fica claro, todavia, que há a necessidade de uma ação em parceria entre as

empresas envolvidas para viabilizar financeiramente esse processo e que o preço do

frete rodoviário é a principal barreira econômica. Hoje, 30.000 kg de molde cerâmico,

geradas em uma empresa de microfusão do Rio Grande do Sul, já são incorporadas na

fabricação de tijolos refratários com sucesso. Ainda assim, essa aplicação pode ser

considerada uma subutilização do seu potencial devido à adequação de suas

características físico-químicas em aplicações mais nobres.

Para a utilização do molde cerâmico como terra refratária e matéria-prima para

fabricação de produtos de cerâmica avançada, foram definidas operações de

beneficiamento que incluem desmetalização, moagem e classificação. Para expedição

do material, optou-se, prioritariamente pela embalagem em big bag e transporte através

de caminhões de carga convencionais. O produto final da planta é uma matéria-prima

refratária de granulometria 4 meshes, livre de finos, que deve atender as exigências da

terra refratária e diversas aplicações de cerâmica avançada. Ao final, deve ser realizada

a análise de distribuição granulométrica e presença de finos para comprovar essa

informação. Ainda assim, antes de ser liberada sua utilização, devem ser realizados

testes experimentais através de formulações com frações de matéria-prima beneficiada a

fim de atender as normas vigentes para cada tipo de aplicação.

Devido às baixas quantidades mensais de geração de cerâmico residual

consideradas, 30.000 e 150.000 kg, os custos dos processos de beneficiamento se

mostraram relativamente altos, sobretudo para a quantidade inferior de material. Os

custos médios foram: investimento inicial de R$230.000,00; custos de produção mensal:

de R$7.300,00 e R$8.200,00; e custos por tonelada de material produzido de R$63,41.

A planta irá trabalhar com produtividades inferiores a sua capacidade máxima e

ficará ociosa em parte do tempo. Ainda assim, existem boas possibilidades de retorno

financeiro, principalmente na venda para cerâmica avançada. A fim de justificar o

investimento na planta, ou torná-lo mais atraente, são feitas duas recomendações: buscar

a maximização da quantidade de cerâmico residual a ser beneficiado em diversas

empresas de microfusão, preferencialmente a distâncias curtas; e a realização de

parcerias com outras empresas que utilizem processos de beneficiamento similares, a

fim de compartilhar os custos fixos de operação.

Apenas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde está localizada a maioria das

fábricas de microfusão do Brasil, estima-se que sejam geradas mensalmente em torno de

2,3 milhões de quilogramas de molde cerâmico, destinados prioritariamente a aterros

industriais. Esse passivo ambiental pode ser eliminado através dos processos propostos

no presente estudo ou, na melhor das hipóteses, se converterem em uma nova fonte de

lucros para as empresas envolvidas. À medida que as empresas utilizarem o molde

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cerâmico como matéria-prima alternativa, novas possibilidades de aplicação devem

surgir, que incitam novos estudos e o desenvolvimento de novos processos de

beneficiamento.

Page 78: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

65

REFERÊNCIAS

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2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 10004/04:

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Cerâmica e do Vidro, Universidade de Aveiro, 2006. Tese (Doutorado).

4. SAMPAIO, J. A.; LUZ, A. B., Separação Magnética e Eletrostática, Rio de

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Precisão em Formulação de Blocos Refratários. Curso de Graduação em Engenharia

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6. MACHADO, I. M. L., Avaliação microestrutural de cascas cerâmicas utilizadas na

produção de moldes para o processo de fundição por cera perdida, Curso de Pós-

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7. BRUM, F. J. B., Deceragem por microondas no processo de fundição de precisão,

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8. MONBRAS, Refratários. Sítio disponível em: http://www.monbras.com.br/text-9

(Acesso em: 04/12/2011).

9. CALLISTER, Jr., William D. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução.

5ª. Edição. LTC - Livros Técnicos e Científicos S. A.. Rio de Janeiro. 2002.

10. RAAD, H. J., Influência das Condições de Mistura e Moldagem na Permeabilidade

de Concretos Refratários Aluminosos. Curso de Pós-Graduação em Construção

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11. ABCERAM (Associação Brasileira de Cerâmica). Sítio disponível em:

http://www.abceram.org.br (Acesso em: 04/12/2011).

12. CERÂMICA CERTEC, Advanced Ceramics, Produtos e Materiais. Sítio disponível

em: http://www.ceramicacertec.com.br/index.php/produtos-e-materiais/ (Acesso em:

04/12/2011).

Page 79: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

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14. LINS, F. A. F.; LUZ, A. B. 2004. Introdução ao Tratamento de Minérios. Rio de

Janeiro: Tratamento de Minérios, Centro de Tecnologia Mineral CETEM, 4ª edição

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15. MENEGHETTI, L. R. C., Silos Circulares Em Alvenaria De Blocos Cerâmicos:

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16. BRISTOT, V. M., Máquinas e equipamentos para Cerâmica, 1996, , Editora e

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Augusto, D. Barbosa, Trabalho apresentado no XXI ENTMME, Natal-RN,

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18. SAMPAIO, J. A.; LUZ, A. B., Separação Magnética e Eletrostática, Rio de

Janeiro: Tratamento de Minérios, Centro de Tecnologia Mineral CETEM, 4ª edição

revisada, capítulo 8, pg. 305-335.

19. ALMEIDA, L. M.; FIGUEIRA, H. V. O.; LUZ, A. B. 2004. Cominuição. Rio de

Janeiro: Tratamento de Minérios, Centro de Tecnologia Mineral CETEM, 4ª edição

revisada, capítulo 4, p. 113-194.

20. CARRISSO, R. C. C.; CORREIA, J. C. G. 2004. Classificação e Peneiramento. Rio

de Janeiro: Tratamento de Minérios, Centro de Tecnologia Mineral CETEM, 4ª

edição revisada, capítulo 5, p. 195-238.

21. BARROSO R. C., Redução do teor de cinzas dos finos de carvão vegetal por

concentração gravítica a seco. Escola de Engenharia, Curso de Pós-Graduação em

Engenharia Metalúrgica e de Minas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo

Horizonte, 2007. Dissertação (Mestrado).

22. VALADÃO, G. E. S.; GALÉRY, R.; PERES, A. E. C. 2000. Tratamento de

Minérios. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia de Minas da Escola de

Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, 226 pp.

23. MANFREDINI E SCHIANCHI, Peneiras Vibratórias Circulares. Sítio disponível

em: http://www.manfredinieschianchi.com/302-03-4PO-peneiras-vibratorias-

circulares-ms-mtc.htm (Acesso em: 04/12/2011).

24. PRB Embalagens, Big Bags. Sítio disponível em: http://prb.ind.br/big-bag.html

(Acesso em: 04/12/2011).

Page 80: Dimensionamento de Planta Industrial Para Beneficiamento Do Molde Cerâmico Residual Proveniente Do Processo de Microfusão

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25. ULTRALIX AMBIENTAL, Caçamba Roll on Roll off. Sítio disponível em:

http://www.ultralixambiental.com.br/Solucoes.aspx (Acesso em: 04/12/2011).

26. LOGÍSTICA DESCOMPLICADA, Tipos de Caminhões e Capacidades. Sítio

disponível em: http://www.logisticadescomplicada.com/tipos-de-caminhoes-

tamanhos-e-capacidades/ (Acesso em: 04/12/2011)

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Anexo I: Empresa CRETATec Tecnologias de Reciclagem

A CRETATec (www.cretatec.com.br) é uma empresa de base tecnológica do

setor de reciclagem que foi criada para apresentar soluções para valorização e

tratamento de resíduos, desenvolvimento de produtos e mercados a partir de

subprodutos industriais.

Fundada em 2009 e com capital 100% nacional, a CRETA Tecnologia se insere

em um setor emergente de reciclagem e novos materiais. A empresa se dedica ao

desenvolvimento de pesquisa tecnológica aplicada, produtos e processos, metodologia

de otimização de misturas, valorização de subprodutos industriais, projetos de unidades

de triagem e reciclagem, além da escolha e qualificação de fornecedores.

É uma empresa idealizada por universitários partindo do Projeto Sinapse da

Inovação de 2008, da Fundação CERTI (www.certi.org.br ), de Florianópolis (SC),

iniciativa que promove capacidades técnicas, administrativas e empreendedoras

necessárias, capacitando nossos recursos humanos e auxiliando no desenvolvimento e

disseminação de soluções inovadoras de engenharia e tecnologias compatíveis com as

necessidades do mercado em um ambiente de negócios para projetos inovadores e

sustentáveis.

Seguindo o modelo de "Empresa Sustentável” que tem como resultado um

conjunto de fatores e de ações que se completam de forma a abranger toda a área de

atuação da empresa e todas as suas cadeias produtivas e de negócios.

A CRETATec é uma empresa incubada no MIDI Tecnológico, incubadora

gerenciada pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) e mantida

pelo SEBRAE-SC.

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Anexo II: Empresas Consultadas Fornecedoras de Máquinas e

Equipamentos para Processos de Beneficiamento de Materiais.

Empresa Localização Site

Máquinas de Moagem

Bonfanti Campinas (SP) www.bonfanti.com.br

Furlan Campinas (SP) www.furlan.com.br

Icon Criciúma (SC) www.icon-sa.com.br

Maqbrit Florianópolis www.maqbrit.com.br

Bertan Criciúma (SC) www.metalurgicabertan.com.br

Metalurgica MS Souza Tubarão (SC) www.mssouza.com.br

Natreb Criciúma (SC) www.natreb.com.br

Piacentini Campinas (SP) www.piacen.com.br

Sandrana Belo Horizonte (MG) www.sandrana.com.br

Schreiner Santa Cruz do Sul (RS) www.maqschreiner.com.br

TecnoMetal Vespasiano (MG) www.tecnometal.com.br

Verdés Itu (SP) www.verdes.com.br

Máquinas de Separação Magnética

Steinert Todas Capitais www.steinert.com.br

Gaustec Belo Horizonte (MG) www.gaustec.com.br

Oximag São Paulo (SP) www.oximag.com.br

Bramis São Paulo (SP) www.bramis.com.br

Tartec São Paulo (SP) www.tartec.com.br

Metalgmag Curitiba (PR) www.metalmag.com.br

Máquinas de Peneiramento

Mavi São Paulo (SP) www.mavi.com.br

Vibrokraft São Paulo (SP) www.vibrokraft.com.br

PriceMaq São Paulo (SP) www.pricemaq.com.br

Mapre Porto Alegre (RS) www.mapreequipamentos.com.br