diagnostico social de Évora

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007 Página1 ÍNDICE NOTA INTRODUTÓRIA....................................................................... 2 METODOLOGIA................................................................................ 5 BREVE CARACTERIZAÇÃO DO CONCELHO DE ÉVORA................................. 8 PROTECÇÃO SOCIAL ....................................................................... 13 SANTO ANTÃO .............................................................................. 14 Resultados dos Questionários: .......................................................................................... 15 Principais conclusões: ...................................................................................................... 43 Análise S.W.O.T. de Santo Antão: ................................................................................... 45 Instituições: ........................................................................................................... ….46 Análise Social da Freguesia de Santo Antão: .................................................................... 47 Propostas: ................................................................................................................... 49 SÃO MAMEDE ............................................................................... 50 Resultados dos Questionários: .......................................................................................... 52 Principais conclusões: ................................................................................................. 75 Análise S.W.O.T. de S. Mamede:..................................................................................... 77 Instituições: ................................................................................................................ 78 Análise Social da Freguesia de São Mamede:................................................................... 79 Propostas: ................................................................................................................... 80 SÉ/SÃO PEDRO ............................................................................ 81 Resultados dos Questionários: .......................................................................................... 83 Principais conclusões: ............................................................................................... 106 Análise S.W.O.T. de Sé/São Pedro:................................................................................ 108 Instituições: .............................................................................................................. 109 Análise Social da Freguesia da Sé/São Pedro: ................................................................ 110 Propostas: ................................................................................................................. 111 REFLEXÃO FINAL SOBRE O CENTRO HISTÓRICO .................................. 112 Análise S.W.O.T. do Centro Histórico: .......................................................................... 119 BIBLIOGRAFIA ............................................................................ 120 ADENDA: ................................................................................... 123 O PAPEL DAS AUTARQUIAS NO ....................................................... 123 DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMUNITÁRIO ..................................... 123

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Page 1: Diagnostico social de Évora

Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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ÍNDICE

NOTA INTRODUTÓRIA....................................................................... 2

METODOLOGIA................................................................................ 5

BREVE CARACTERIZAÇÃO DO CONCELHO DE ÉVORA................................. 8

PROTECÇÃO SOCIAL ....................................................................... 13

SANTO ANTÃO .............................................................................. 14

Resultados dos Questionários:.......................................................................................... 15

Principais conclusões: ...................................................................................................... 43

Análise S.W.O.T. de Santo Antão: ................................................................................... 45

Instituições: ........................................................................................................... ….46

Análise Social da Freguesia de Santo Antão:.................................................................... 47

Propostas: ................................................................................................................... 49

SÃO MAMEDE ............................................................................... 50

Resultados dos Questionários:.......................................................................................... 52

Principais conclusões: ................................................................................................. 75

Análise S.W.O.T. de S. Mamede:..................................................................................... 77

Instituições: ................................................................................................................ 78

Análise Social da Freguesia de São Mamede:................................................................... 79

Propostas: ................................................................................................................... 80

SÉ/SÃO PEDRO ............................................................................ 81

Resultados dos Questionários:.......................................................................................... 83

Principais conclusões: ............................................................................................... 106

Análise S.W.O.T. de Sé/São Pedro:................................................................................ 108

Instituições: .............................................................................................................. 109

Análise Social da Freguesia da Sé/São Pedro: ................................................................ 110

Propostas: ................................................................................................................. 111

REFLEXÃO FINAL SOBRE O CENTRO HISTÓRICO .................................. 112

Análise S.W.O.T. do Centro Histórico: .......................................................................... 119

BIBLIOGRAFIA ............................................................................ 120

ADENDA: ................................................................................... 123

O PAPEL DAS AUTARQUIAS NO ....................................................... 123

DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMUNITÁRIO ..................................... 123

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NOTA INTRODUTÓRIA

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O diagnóstico apresentado surge da necessidade sentida pelos actores locais, presidentes das Juntas de Freguesia de Santo Antão, São Mamede e Sé/São Pedro quanto ao levantamento e reconhecimento das necessidades da população destas freguesias, também denominada por população intramuros eborense, uma vez que estas freguesias fazem parte do Centro Histórico de Évora. Face a esta necessidade e às novas exigências das políticas sociais actuais, cada vez mais territorializadas e activas, responsabilizando as organizações locais (Autarquias locais, Instituições Particulares de Solidariedade Social, Organizações não governamentais e outras) tornava-se imperativo que houvesse um documento de referência, que não permitisse apenas a leitura das necessidades/potencialidades mas que apontasse medidas de combate aos problemas sociais, nestas freguesias. Compreendendo a necessidade deste estudo, importa defini-lo enquanto conceito: “O Diagnóstico Social pode ser definido como um processo concertado, permanente e reiterado, de identificação e de análise, entre os actores implicados, do conjunto das causas e características das situações de exclusão social. Confere além disso, os elementos que orientam a acção, ajuda a definir as necessidades, a conhecer os recursos e os obstáculos existentes e a iniciar o estabelecimento das prioridades, a concretizar e a adaptar na função de planificação. O Diagnóstico corresponde à análise da realidade social num determinado contexto social, espacial e temporal, respeitante a uma ou várias situações problemáticas” (Câmara Municipal de Tondela: 2005, 5). Este trabalho assenta, sobretudo, numa perspectiva de Desenvolvimento Social e Comunitário visto aqui como uma “técnica social de promoção humana e de mobilização de recursos humanos, integrada nos programas nacionais de desenvolvimento; e que atende, basicamente, ao processo educativo” e à promoção de solidariedades nos pequenos grupos (Ware cit. in Mascarenas, 1996: 44). Enquadra-se no âmbito da Rede Social, mais concretamente na Comissão Social Inter freguesias do Centro Histórico de Évora, que resulta da conjugação de sinergias de entidades públicas, privadas e de cidadãos, presentes na localidade e que em parceria procuram combater a pobreza e exclusão social. A Rede Social poderá contribuir decisivamente para a efectivação de uma consciência pessoal e colectiva dos problemas sociais, para activação dos meios e agentes de resposta, para as inovações nos modos de agir e ainda, para promover o desenvolvimento social local. Em suma, trata-se de criar um modelo de co-responsabilidade e de gestão participada, no combate à pobreza e à exclusão social, com base territorial. Para que a análise dos problemas e das suas causas fosse o mais participada possível, procurando enriquecer-se através da perspectiva de vários profissionais de diferentes áreas, foi constituída uma equipa em que participaram elementos do Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura da Câmara Municipal de Évora e a Assistente Social da Comissão Social Interfreguesias do Centro Histórico de Évora, formando um núcleo restrito de trabalho. Este grupo conta também com a colaboração pontual de um grupo de alunos de Sociologia da Universidade de Évora, pois só puderam participar por questões de tempo e interesse na freguesia de São Mamede e com um grupo de seis voluntários do Programa de Ocupação de Tempos Livres do Instituto Português da Juventude. Embora todos os elementos da equipa estivessem presentes apenas no momento da recolha de dados, poder-se-á afirmar que todos contribuíram em maior ou menor grau para as reflexões apresentadas neste estudo, pelo que se deve um agradecimento aos

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mesmos, principalmente ao Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura da Câmara Municipal de Évora. Neste contexto, e sentindo as Juntas de Freguesia do Centro Histórico de Évora – St. Antão, S. Mamede e Sé/S.Pedro necessidade de um maior conhecimento das principais características da comunidade intramuros, nos seus aspectos socio-económicos, e procurando abrir novos caminhos na sua forma de apoiar a comunidade, foi realizado no ano 2007 um Diagnóstico Social na comunidade intramuros. E este documento que daí resultou, pretende ser mais do que um instrumento de leitura, um instrumento de intervenção com finalidade de promoção humana e comunitária. A metodologia seleccionada para a realização deste diagnóstico foi a metodologia quantitativa e qualitativa. Quantitativa pois foi utilizado o inquérito por questionário aplicado, quer a uma amostra representativa dos agregados familiares intramuros, quer às instituições que fazem parte da Comissão Social de Freguesias do Centro Histórico, efectuando-se a análise de dados e estatística. Qualitativa quando as técnicas utilizadas basearam-se na observação directa, sistemática, na análise documental e recolha de informação através de informadores privilegiados, que em muito contribuíram para as reflexões apontadas. Os capítulos seguintes serão apresentados na seguinte ordem: a metodologia que explica como se fez a estudo aqui presente, uma breve caracterização do concelho de Évora que inclui dados relativos ao Centro Histórico; depois entramos na análise de cada freguesia intramuros. O capítulo de cada freguesia é composto pelos resultados dos questionários, principais conclusões desta análise, análise S.W.O.T., referência às instituições presentes na comunidade e análise social da freguesia. Terminando no capítulo da reflexão final sobre o Centro Histórico. Este diagnóstico inclui também uma adenda onde se apresenta uma pequena reflexão sobre o papel das autarquias locais no desenvolvimento social e comunitário.

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METODOLOGIA

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Para a concretização do Diagnóstico Social das Freguesias Intramuros, “o Diagnóstico Social pode ser definido como um processo concertado, permanente e reiterado, de identificação e de análise, entre os actores implicados, do conjunto das causas e características das situações de exclusão social. Confere além disso, os elementos que orientam a acção, ajuda a definir as necessidades, a conhecer os recursos e os obstáculos existentes e a iniciar o estabelecimento das prioridades, a concretizar e a adaptar na função de planificação. O Diagnóstico corresponde à análise da realidade social num determinado contexto social, espacial e temporal, respeitante a uma ou várias situações problemáticas” (Câmara Municipal de Tondela: 2005, 5). O estudo diagnóstico está intrinsecamente associada a ideia de intervir, é um momento em que se deve gerar um conhecimento dos problemas sobre os quais se vai intervir, este conhecimento permite ir atingindo as restantes fases de intervenção com maior eficácia. Aqui o objecto de análise é a comunidade, ancorada na necessidade de ter um bom conhecimento da dinâmica de conjunto da comunidade, desde o seu espaço territorial ao seu espaço social. Privilegiaram-se as metodologias quantitativas, embora estas não limitassem o estudo somente à análise numérica, uma vez que os investigadores participaram em todos os momentos do diagnóstico e que foram eles mesmos a aplicar os questionários. Situação que permitiu uma observação directa e muitas vezes participante, o que contribuiu para uma abordagem qualitativa. Houve um contacto privilegiado com a população que permitiu não só a recolha da informação, mas também a agilização de respostas a problemas apontados, quase findando numa metodologia de investigação-acção. No que diz respeito aos procedimentos de recolha empírica, o presente estudo apresenta-se com contributos bastante diversificados. Recorreu-se, deste modo, aos seguintes instrumentos, para caracterizar cada espaço físico e social:

a) Consulta de fontes documentais, tendo em vista obtenção de elementos de caracterização local, que permitissem contextualizar e melhor compreender as dinâmicas existentes, problemas detectados e o contexto sócio-económico-político-histórico, tais como: Diagnóstico Social da Rede Social de Évora de 2003, o Plano de Desenvolvimento Social de Évora de 2004, Plano Nacional de Acção para a Inclusão, entre outros;

b) Consulta de dados estatísticos existentes disponíveis no Instituto Nacional de Estatística;

c) Recolha e compilação de vários documentos escritos (relatórios, dados, levantamentos ou análises sócio-demográficas e urbanísticas) cedidas, principalmente pelo Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura – Câmara Municipal de Évora;

d) Conversas informais com informadores privilegiados da comunidade; tais como os presidentes das Juntas de Freguesia e técnicos que intervinham na área em análise.

Depois de uma primeira fase de contextualização, passou-se para um segundo momento a construção de questionários a serem aplicados quer à população, quer às intuições sociais que providenciam apoios socais à comunidade intramuros e que fazem parte da Comissão Social Interfreguesias do Centro Histórico de Évora. Face ao número de famílias residentes no Centro Histórico cerca de 2647 (INE, 2001), e ao número dos recursos humanos disponíveis recorreram-se a amostras aleatórias simples em cada freguesia, sendo que os meios de recolha foi o chamado “questionário porta-a-porta”, e apenas era inquirida uma pessoa por agregado familiar. O que contribuiu para uma melhor percepção territorial, dos espaços habitacionais e comerciais existentes. O Instituto Nacional de Estatística define como família clássica residente o conjunto de pessoas que residem no mesmo alojamento e que têm relações de parentesco; qualquer

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pessoa independente que ocupa uma parte ou a totalidade de uma unidade de alojamento e as empregadas domésticas residentes no alojamento onde prestavam serviço.

Freguesia Famílias Residentes

Amostra Valores Absolutos

Amostra Percentagem

Santo Antão 685 205 30% São Mamede 1018 211 20%

Sé/São Pedro 944 112 12% Total Centro Histórico 2647 528 17% Em Ciências Sociais define-se que uma amostra representativa de um universo de valor considerável deve fica situada no mínimo entre os 15% e os 30%, sendo preferencial a aproximação dos 30% do universo (Duarte, 2005). Atendendo-se a estes valores, na freguesia da Se/São Pedro não se conseguiu concretizar uma amostra representativa, devido às limitações temporais.

Estes questionários tiveram por objectivos: - Conhecer a comunidade intramuros, analisando o seu contexto social, económico,

cultural e ambiental; - Conhecer a qualidade de vidas dos habitantes locais, - Identificar problemas existentes e as necessidades percepcionadas pela comunidade; - Clarificar os recursos e forças existentes na comunidade intramuros - Apontar para possíveis prioridades de intervenção; - Proporcionar um quadro referencial. E atenderam aos seguintes vectores de análise: - Análise sócio-histórica e demográfica do meio; - Análise dos recursos do meio; - Análise condições habitacionais; - Análise das redes de solidariedade locais; - Análise dos valores culturais; - Análise dos problemas sociais na comunidade.

Pode-se afirmar que, os questionários utilizados foram sendo aperfeiçoados ao longo do contacto com a população, procurando ser um instrumento aberto e dinâmico ao longo da análise, para que permitissem uma maior compreensão da realidade e da comunidade que se encontrava a ser analisada.

� Limitações do Diagnóstico Social Este estudo apresenta limitações que não permitiram o aprofundamento de algumas questões que serão apresentadas. Entre as limitações identifica-se: o facto de ser um estudo que se debruça nas características generalistas dos agregados residentes no Centro Histórico, não houve a análise da vertente mais pública deste território como a convergência dos serviços, comércio e parque habitacional, portanto privada; o facto de este diagnóstico ter sido construído num espaço de nove meses e a equipa que tratou da recolha de dados só esteve disponível em horário laboral, das 9h às 20h; no que concerne aos questionários às instituições presentes na comunidade foram poucos os que devolvidos. O que não tornou possível a auscultação das entidades presentes sobre esta comunidade, no presente estudo.

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BREVE CARACTERIZAÇÃO DO CONCELHO DE ÉVORA

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“A cidade de Évora é testemunha de um passado irrequieto, marcado pela presença de povos

e culturas distintas. Évora é uma cidade notável destes períodos remotos da Península Ibérica”. (Silva et all: 1998)

No estudo aqui apresentado, e apesar de se pretender somente reflectir sobre o Centro Histórico de Évora, julgou-se ser importante fazer uma breve caracterização da cidade de Évora, para que se contextualize a realidade envolvente da qual o Centro Histórico constitui vital parte. No coração do Alentejo, o concelho de Évora tem a área de 1 308,25 km² (Ficha de Caracterização Concelhia 1999:207), sendo a sede de um dos maiores municípios de Portugal, com a configuração mais ou menos circular, com um raio aproximado de 20 quilómetros. Évora situa-se no meio da planície alentejana, a uma altitude média 240 metros. O município é limitado a norte pelo município de Arraiolos, a nordeste por Estremoz, a leste pelo Redondo, a sueste por Reguengos de Monsaraz, a sul por Portel, a sudoeste por Viana do Alentejo e a oeste por Montemor-o-Novo. Situando-se junto do eixo Lisboa - Madrid. Localizada no ponto de encontro de três grandes bacias hidrográficas – Tejo, Sado, Guadiana. Évora é descrita como sendo uma planície docemente ondulada, com uma paisagem aberta, clima mediterrâneo, suavizado pela influência atlântica. “Évora cidade – museu, assim classificada por artistas, arqueólogos e escritores, não desmereceu do cognome, que só aparentemente consagra uma imobilidade estética, de certo modo presa a sombras tradicionais e tutelares das suas características e origens monumentais, mas que a dinâmica cultural em vivência, actualidade e cosmopolitismo relegou para a magia contemplativa da Antiguidade. Évora é uma cidade viva, relativamente pequena (…), mas de um humanismo e pitoresco inimitáveis, sobretudo no Centro histórico, medalhado em 1982 pela Fundação F.V.S., de Hamburgo, e de valor artístico europeu reconhecido pela UNESCO” (Roteiro: 2000/2001, 13). A história de Évora está intrinsecamente ligada à história de Portugal e é uma das grandes embaixadoras da identidade do povo alentejano e de Portugal, através do turismo dá a conhecer os costumes, as artes, a gastronomia, etc., projectando uma ideia de romantismo e de pacatez. A cidade Évora é o principal pólo regional de comércio e serviços, evidenciando-se nos últimos anos o turismo como um sector em franco crescimento. Sendo o maior centro urbano do Alentejo com total de 55 619 habitantes (Anuário Estatístico da Região do Alentejo, 2004:71), encontra-se subdividido em 19 freguesias. E apesar de ter passado por períodos de diminuição de população, Évora entre 1991 e 2001 apresentou um crescimento efectivo de população como se poderá verificar no Quadro A.

Quadro A Ano 1911 1940 1960 1970 1981 1991 2001 População 14 108 22 174 28 652 28 190 14 851 38 094 58 564

Fonte: INE, Censos 2001

Para Silva et all (1998:267) dois factores que contribuíram para modificar o panorama socioeconómico de Évora: a dinâmica ganha pela Universidade local e a projecção decorrente da classificação da cidade como Património da Humanidade pela UNESCO. Segundo estes autores, a presença da Universidade permitiu inverter o processo de envelhecimento da população eborense. É um rejuvenescimento parcial, na medida em

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que os jovens não se irão, em geral, fixar na cidade ou no concelho, uma vez diplomados. Contudo, quando partirem serão substituídos por outros, e graças a esta população flutuante Évora ganhou uma outra animação. É o aluguer de quartos e casas, é um maior movimento nos cafés, restaurantes e estabelecimentos similares, e sobretudo, uma vida cultural e também nocturna com características muito diferentes das tradicionais. Apesar deste cenário em que se aponta para um crescimento efectivo da população Évora vive uma dicotomia, se por um lado tem vindo manifestar um crescimento populacional efectivo, por outro lado o Centro Histórico desta cidade tem perdido população a um ritmo acentuado. Tal, como demonstrado no seguinte Quadro B e Gráfico 1.

Quadro B

Evolução da População Residente

1911 1940 1960 1970 1980 1990 2000

CHE 14074 18559 15696 12696 10783 7842 5661

CEM 34 3615 12956 15494 4068 30252 41970

Fonte: Mourão, Susana – C.M.E. (2001:s/p)

Gráfico 1

Evolução da População Residente

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

1911 1940 1960 1970 1980 1990 2000

CEM

CHE

Fonte: Mourão, Susana – C.M.E. (2001:s/p)

Efectivamente, os dados apontam para uma perda de população no Centro Histórico de Évora (CHE) em benefício da Cidade Extra Muros (CEM), segundo um estudo realizado pelo Departamento do Centro Histórico e Património da Câmara Municipal de Évora (Oliveira et all: 2003:3), as causas deste fenómeno demográfico devem-se sobretudo ao aparecimento de núcleos urbanos fora das muralhas e um centro histórico superpovoado levou os moradores do Centro Histórico à procura de habitações nestes novos espaços. O que se traduziu num primeiro momento num equilíbrio entre espaço residencial/população, mas que depois originou um profundo desequilíbrio, perdendo o centro da cidade vitalidade. O que segundo os autores deste mesmo estudo “levou a uma rotura demográfica, dos 20 000 habitantes em 1940, restam pouco mais de ¼” (Ibidem). Comparativamente à densidade populacional verifica-se que embora afastado da média nacional, o distrito de Évora se encontra ligeiramente abaixo dos valores apresentados pela região do Alentejo, tal como demonstra Gráfico 2.

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Gráfico 2

113,92

24,38 23,11

0

50

100

150

Hab/Km2

1

Densidade Populacional

Portugal Alentejo Distrito Évora

Fonte: INE, O País em Números, 2004

No que concerne à distribuição etária, Gráfico 3, verifica-se que a Évora apresenta os seguintes valores: 15% da população apresenta idades compreendidas entre os 0-14 anos, 12% da população encontra-se entre os 15-24 anos e grande maioria 73% da população tem idades superiores aos 24 anos. O que demonstra uma população maioritariamente com idade adulta.

Gráfico 3

0

10000

20000

30000

40000

50000

0-14 Anos 15-24 Anos <24 Anos

Distribuição Etária

Fonte: Anuário Estatístico da Região Alentejo, 2004

Quanto aos indicadores sociais, o concelho, no ano lectivo 2004/2005, encontravam-se cerca de 67 instituições de ensino, Gráfico 4, sendo que ao nível do ensino pré-escolar 19 estabelecimentos pertencem ao ensino privado e 13 ao ensino público, ao nível do ensino básico 1 estabelecimento pertence ao ensino privado e 26 ao ensino público, pertencendo todos os outros níveis ao ensino público.

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Gráfico 4

Estabelecimentos de Ensino

32

27

3 3 2

Educação Pré-escolar Ensino Básico Ensino Secundário

Escolas Profissionais Ensino Superior

Fonte: Anuário Estatístico da Região Alentejo, 2004

Nos indicadores de saúde, Évora em 2004 apresentava valores acima da média nacional, no que respeita a enfermeiros, médicos e farmácias por habitante. Tal como demonstrado no Gráfico 5.

Gráfico 5

4,23,4

9,9

3,31,7

4,4

0,30,40,40

2

4

6

8

10

Enfermeiros por1000 Habit.

Médicos por1000 Habit.

Farmácias epostos de med.

1000 Habt.

Indicadores de Saúde

Portugal Alentejo Évora

Fonte: Anuário Estatístico da Região Alentejo, 2004

Ao nível da protecção social, e no que toca mais exactamente ao número de pensionistas e subsidiários no final do ano de 2004, esta cidade apresentava os valores apresentados no Quadro C.

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Quadro C

Protecção Social Pensionista Invalidez 2091 Pensionista Velhice 9692

Pensionista Sobrevivência 3418 Pensionista 15201

Beneficiário da prestação de desemprego 1727 Abono de família a crianças e jovens 2561

Subsídio por assistência à terceira pessoa 26 Subsídio Mensal vitalício 9

Subsídio funeral 11 Subsídio por doença 2314

Subsídio Maternidade 348 Subsídio de Paternidade 148

Fonte: Anuário Estatístico da Região Alentejo, 2004 Tendo o Distrito de Évora em 2003, uma totalidade 36 equipamentos sociais, segundo a Carta de Equipamentos e Serviços de Apoio à População – 2002, sendo estes 8 Creches, 12 Centros de Dia e 16 Lares. No que se refere à educação, mais propriamente ao analfabetismo, Évora apresenta uma taxa elevada quando comparada com o Alentejo e Portugal, tal como demonstrado no seguinte gráfico.

Gráfico 6

9

15,9 14,8

0

5

10

15

20

Analfabetos

Taxa de Analfabetismo - 2001

Portugal

Alentejo

Évora

Fonte: INE, O País em Números

Quanto às freguesias do Centro Histórico, em análise – Sé/São Pedro, St. Antão e São Mamede, três das dezanove freguesias do concelho de Évora, caracteristicamente urbanas, cingem em si importantes serviços para toda a população eborense, podendo intitular-se as artérias principais do concelho. Representando no seu conjunto cerca de 9% da população eborense.

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SANTO ANTÃO

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5

A Freguesia de Santo Antão é uma das freguesias urbanas de Évora, sendo a mais pequena deste Concelho, e consequentemente do Centro Histórico, ocupa uma área geográfica de cerca de 0,27 Km2 e os limites do seu território entre a Rua dos Mercadores e a Rua José Elias Garcia. Tem como património a Igreja de Santo Antão, a Fonte Henriquina, o Convento de Santa Clara, o Teatro Garcia de Resende e o Convento do Calvário. É, também, nesta freguesia que se situa a famosa Praça do Giraldo, que ainda hoje serve de ponto da sociedade eborense.

Freguesia de Santo Antão

A Freguesia de Santo Antão corresponde à área sombreada da imagem. Fonte: Departamento do Centro Histórico Património e Cultura – C.M.E.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística em 2001, St. Antão apresentava cerca de 1473 habitantes residentes, sendo que 58% são mulheres e 42% são homens, uma densidade populacional de 5462,8 hab/km2. No que respeita ao edificado apresentava 1020 alojamentos e 697 edifícios, como se poderá verificar pelos dados do Quadro E.

Quadro E

N.º Pessoas Residente H M

Famílias ResidentesAlojamentos Edifícios

Proporção de

Reformados 1473 614 859 685 1020 697 38,8%

Fonte: INE 2001

Face ao universo apresentado e às limitações temporais e dos recursos humanos, foi decidido construir uma amostra da população para a realização de questionários, efectuando-os “porta-a porta”. Deste modo, os investigadores tiveram a possibilidade de conhecer melhor a comunidade local e a população.

Resultados dos Questionários: Quanto à amostra, de um universo de 685 famílias residentes, foram efectuados 205 questionários à população desta freguesia, abrangendo 30% das famílias residentes na freguesia como comprova o gráfico 1. A recolha de dados foi realizada entre as 9h e as 20h e foram percorridas todas as ruas desta freguesia e inquiridas o máximo de pessoas possível.

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Gráfico 1

Amostra

Famílias Residentes

Não Inquiridas ; 480; 70%

Famílias Residentes Inquiridas ; 205; 30%

Quanto ao sexo dos inquiridos, maioritariamente foram mulheres, cerca de 147 mulheres e 58 homens, com as percentagens representadas no Gráfico 2.

Gráfico 2

Sexo dos Inquiridos

Feminino72%

Masculino28%

A apresentação dos dados será dividida através das várias temáticas abordadas no questionário: caracterização dos agregados familiares, rendimentos, saúde, mobilidade, habitação, bens de conforto, a relação face ao Centro Histórico, 3º Idade e, e por fim, factores de interesse.

� Caracterização dos Agregados Familiares: No que respeita às idades verifica-se, que maioritariamente os agregados familiares são compostos por adultos, com particular incidência para pessoas nas faixas etárias entre os 31-65 anos e pessoas com idades superiores aos 76 anos de idade, Gráfico 3.

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Gráfico 3

1510

79

119

73

96

0

20

40

60

80

100

120

Nº Pes

soas

0-14 15-18 19-30 31-65 66-75 >76

idades

Idades Elementos Agregados Familiares

Quanto à composição do agregado familiar verificou-se que os núcleos familiares são superiores ao grupo de indivíduos que vivem sozinhos, ficando em último lugar a população flutuante composta pelos jovens estudantes universitários que se encontravam a residir nesta freguesia, Gráfico 4.

Gráfico 4

Distribuição População

Núcleos Familiares

55%

Pessoas Isoladas

40%

Pop. Flutuante 5%

Núcleos Familiares Pessoas Isoladas Pop. Flutuante

Os núcleos familiares eram compostos sobretudo por dois elementos, na sua maioria casais, Gráfico 5.

O que nos revela uma população particularmente envelhecida, atendendo a que se

juntarmos as pessoas com idades iguais e superiores aos 66 anos, estas tem mais

representatividade que qualquer outro grupo.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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8

Gráfico 5

Composição do Agregado Familiar

82; 40%

81; 40%

21; 10%12; 6% 6; 3%2; 1%1; 0%

1 2 3 4 5 6 7

No que respeita à escolaridade 36% dos indivíduos que componham o agregado familiar tinham o 1º ciclo do ensino básico (4º ano), 14% tinha o 3º ensino básico (9º ano) e 12% não sabiam ler nem escrever, havendo depois distribuição por todos os escalões de escolaridade, tal como presente no Quadro F.

Quadro F Escolaridade

Nível de Ensino V.A. % Não sabe ler/escrever 46 12 Sabe ler e escrever sem possuir qualquer grau 4 1 Ensino Básico 1º 141 36 Ensino Básico 2º 18 5 Ensino Básico 3º 55 14 Ensino Secundário 37 0,9 Ensino Médio 7 2 Bacharelato 4 1 Licenciatura 21 5 Mestrado 3 1 Doutoramento 1 0, 1 Frequentam Universidade 40 10 Frequentam Escola 15 4

Relativamente às categorias profissionais com maior representatividade são: os trabalhadores não qualificados com 49%, os estudantes com 17% e pessoal dos serviços ou vendedores com 13%, as restantes categorias também se encontram presentes nesta freguesia embora em número bastante inferior, Quadro G. Neste item também foram

Sendo que são as famílias nucleares e os agregados isolados os mais representados,

com cerca de 80% da composição dos agregados familiares nesta freguesia.

Podemos concluir que a amostra caracteriza-se pelas baixas qualificações escolares,

consequência directa desta ser uma população envelhecida com vivências de uma

época em que a escolaridade não era obrigatória nem tinha importância maior.

Contudo, salienta-se a elevada percentagem de analfabetos.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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9

válidas as profissões dos pensionistas, uma vez que nos permitiam confirmar indicadores com rendimentos, idades e escolaridade.

Quadro G

Categoria Profissional V.A. % Membros Forças Armadas 7 2 Quadros Superiores da Administração Pública 1 0 Especialistas das profissões intelectuais e científicas 30 8 Técnicos e profissionais de nível intermédio 3 1 Pessoal administrativo e similares 33 8 Pessoal dos serviços e vendedores 49 13 Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas 2

1

Operários, artífices e trabalhadores similares 5 1 Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem 4

1

Trabalhadores não qualificados 193 48 Estudantes 65 17

Quanto à situação profissional em que se encontravam os membros do agregado familiar verificou-se que 52%; 27% mantinham-se activos, 16% inactivos e aqui incluíram-se principalmente donas de casa restando 5% da população que se encontrava desempregada, Gráfico 6.

Gráfico 6

Situação Profissional

Reformados52%

Inactivos16%

Desempregados5%

Activos27%

A baixa qualidade de mão-de-obra, encontra-se igualmente relacionada com o facto

de esta ser uma população envelhecida com baixas qualificações escolares, e o

mercado de trabalho não se encontrava tão desenvolvido ao nível da especialização.

Mais de metade dos elementos do agregado familiar encontrava-se na reforma, o

que não é surpresa com as idades médias apresentadas nesta amostra.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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0

No que concerne à naturalidade dos elementos dos agregados, 322 pessoas, nasceram no Distrito de Évora, representando 81% da amostra, os restantes encontram-se divididos entre o Baixo Alentejo com 34 pessoas, Alto Alentejo com 5 pessoas, Centro com 3 indivíduos, Sul com 2 pessoas, Norte 5 pessoas, das Ilhas 2 pessoas e do estrangeiro que surpreendentemente tem representatividade com cerca de 19 pessoas, Gráfico 7. Este grupo de estrangeiros são sobretudo adultos, vivem em pequenos núcleos familiares com laços de consanguinidade ou não, activos, exercendo funções em serviços, ou enquanto operários ou trabalhadores não qualificados.

Gráfico 7

Naturalidade

81%

9%1%1%1%1%1% 5%

Évora Baixo Alentejo Alto Alentejo Centro

Sul Norte Ilhas Estrangeiro

� Rendimentos

Quando inquiridos sobre as fontes de rendimento a maioria afirmou que vivia das suas pensões/reformas (56%). A segunda fonte de rendimento com maior representatividade é o salário (26%), logo seguido pelo auxílio de terceiros (13%) e aqui encontram-se representados fundamentalmente os estudantes que subsistem devido ao apoio dos seus pais. O subsídio de desemprego ficou em quarto lugar (2%), seguido com igual representatividade (1%) de negócios próprios, Rendimento Social de Inserção e outras formas de rendimento, Gráfico 8.

Gráfico 8

Fontes de Rendimento

26%

1%

56%

2%13% 1%1%

Salário Negócio Próprio Pensão/Reforma

Subsídio Desemprego Auxílio de 3ºs RSI

Outro

Sem surpresas face às idades dos agregados familiares inquiridos, a fonte de

rendimentos advém principalmente das pensões/reformas.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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1

No que respeita aos rendimentos médios do agregado familiar 80 pessoas (20%) atestaram receber valores inferiores a 250 € e as restantes 102 pessoas (27%) indicaram usufruir de valores entre os 251€ e 400€. O segundo grupo com maior representatividade (20%) apresenta valores superiores a 1200€. No terceiro grupo encontram-se pessoas com rendimentos entre os 601€ e os 800€ (13%). Sendo seguidos de perto pelo grupo de pessoas que apontam possuir entre os 401€ e 600€ (11%), havendo ainda outros escalões intermédios destes valores, tal como demonstrado no Gráfico 9.

Gráfico 9

Rendimento Médio Agregado Familiar

20%

27%

11%13%

3%

6%

20%

<250 250-400 401-600 601-800 801-1000 1001-1200 >1200

Relativamente aos gastos do orçamento familiar a maioria, 55%, dos inquiridos indicaram ser a saúde a área com maior peso para as suas famílias, seguido da alimentação 33%, a renda/empréstimos com 9% e finalmente a educação com 3%, Gráfico 10.

Gráfico 10

Área Maiores Gastos Agregados Familiares

67; 33%

7; 3%

18; 9%

113; 55%

Alimentação Educação Renda/Empréstimo Saúde

No que respeita a prestações sociais, entendendo-se por estes apoios os complementares à pensão sob forma pecuniárias de prestações. Dos inquiridos 92% das pessoas

Podendo-se concluir que cerca de 50% recebe da amostra recebe menos de um

salário mínimo nacional o que revela agregados familiares de baixos recursos.

Maior área de gastos é a saúde, dado que não é surpreendente articulando-se as idades

dos inquiridos e a necessidade de maiores cuidados médicos.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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2

afirmaram não ter qualquer tipo de apoios, 7% atestaram usufruir do Cartão do Munícipe Idoso, 1% asseveraram receber o Complemento Solidário para Idosos e 1 pessoa recebia apoio da antiga entidade patronal, não tendo representatividade percentual. Através do Gráfico 11 consegue-se verificar os valores absolutos.

Gráfico 11

152 1

187

0

50

100

150

200

Cartão Idoso C.S.I. EntidadePatronal

Não tem

Prestações Sociais

Relativamente a apoios institucionais, e entendem-se por estes respostas sociais como apoio domiciliário, apoio alimentar e apoio da acção social directo das diversas entidades existentes. Dos inquiridos 91% afirmaram não tem qualquer tipo de apoio, sendo que os restantes 9% afirmaram receber apoios de diversas entidades, encontrando-se repartidos pelas seguintes entidades: Cáritas 5%, Santa Casa da Misericórdia 2%, Fundação Alentejo Terra Mãe/ Associação Pão e Paz (F.A.T.M.) 1% e Câmara Municipal de Évora/Junta de Freguesia 1%. Tal como se verifica no Gráfico 12.

Gráfico 12

10 4 2 2

187

0

50

100

150

200

Cáritas

St. Casa M

.

F.A.T.M.

C.M.E./J

unta

Não tem apoios

Apoios Institucionais

Na amostra constituída o apoio da Câmara Municipal de Évora, através do Cartão do

Munícipe Idoso, é superior aos apoios complementares concedidos pela Segurança

Social, por exemplo o Complemento Solidário para Idosos.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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3

� Saúde

Quanto à saúde 88% dos inquiridos asseveraram ter médico de família e 12% afirmaram não ter, este último grupo associado à população universitária e a novos residentes que não regularizaram a sua situação nos serviços de saúde, Gráfico 13.

Gráfico 13

180

25

0

50

100

150

200

Nº Pessoas

Sim Não

Médico Família

No que concerne a gastos com medicamentos dos inquiridos 49 pessoas responderam não ter (25%), 27 não sabem quanto gastam (13%), contudo, 110 pessoas afirmam ter gastos até 150€ mensais (54%), como se poderá verificar Gráfico 14.

Gráfico 14

46 46

18

11

3 3 2

27

49

0

10

20

30

40

50

<50 51-100 101-150

151-200

201-250

251-300

>300 NãoSabe

Nãotem

gastos

Gastos em Medicamentos

Somente nesta freguesia a Fundação Alentejo Terra Mãe/Associação Pão e Paz

apareceu como entidade que presta apoio alimentar aos inquiridos, apoio

completamente gratuito. O que para pessoas que vivem de parcos rendimentos é um

enorme auxílio.

Não foi detectado qualquer problema no que se refere ao acesso dos serviços de

saúde, nesta freguesia.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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4

No que se refere a doenças crónicas, e aqui ressalva-se o facto de se ter questionado aos inquiridos se tinham ou não alguma doença crónica, cerca de 137 pessoas responderam não padecer de alguma doença crónica. No entanto, 68 pessoas atestaram sofrer de várias doenças, sobretudo diabetes, Gráfico 15.

Gráfico15

Doenças Crónicas

48%

4%9%

4%

1%

1%

4%

3%

26%

Diabetes Bronquite Cardíaca Asma Artroses

Depressões Parkinson Alzhameir Outras

No que respeita a incapacidades gerais, 117 (57%) pessoas afirmaram não sentir qualquer dificuldade ou incapacidade, todavia 88 (43%) asseguraram: ter dificuldade em transpor lanços de escadas (56 pessoas), dificuldade de locomoção (16 pessoas), necessidade de dispositivos de compensação (12 pessoas), e (4 pessoas) sofrem de outras incapacidades, tais como auditivas e visuais. Como demonstrado no Gráfico 16.

Gráfico 16

Incapacidades Gerais

18%

63%

14% 5%

Incapacidade Locomoção Dificuldades Transpor lanços Escadas

Dispositivos de compensação Outras Incapacidades

Mesmo com baixos recursos económicos, mais de metade dos inquiridos tem gastos

até 150€ mensais, o que representa uma enorme despesa para esta população.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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5

� Mobilidade urbana

Quanto à mobilidade a maioria dos inquiridos (53%) responderam não ter automóvel, em oposição a 47% que afirmaram ter automóveis, como se poderá verificar no Gráfico 17.

Gráfico 17

Número Automóveis

57; 28%

39; 19%

109; 53%

1 Automóvel 2 Automóvel Não tem

Relativamente ao meio de transporte utilizado na cidade intramuros, Gráfico 18, 60% declararam andar a pé, 25% utilizam os transportes públicos e 15% utilizam os próprios automóveis ou algumas das vezes são os filhos que transportam os pais, situações que se encontra relacionada com problemas de saúde e dificuldade de deslocação mesmo a pé.

Gráfico 18

Meio Transporte Utilizado

31; 15%

51; 25%123; 60%

Automóvel Autocarros Pé

� Habitação

Podemos afirmar que os inquiridos apresentaram hábitos saudáveis e positivos para o

ambiente, pois as formas de locomoção privilegiadas são as deslocações a pé e os

transportes públicos.

Dos inquiridos 43% apresentavam algumas incapacidades, principalmente, dificuldade

de transpor lanços de escadas e incapacidades locomoção. Estas incapacidades estão

relacionadas com as idades dos inquiridos e o consequente aumento do grau de

dependência.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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6

Quanto à função da habitação encontra-se distribuída entre habitação permanente e segunda habitação, esta última profundamente relacionada com as deslocações de estudantes que arrendam casas perto da universidade, uma vez que o endereço oficial destes jovens continua a ser a casa dos seus pais. Maioritariamente, as casas tinham por função serem permanentes, Gráfico 19.

Gráfico 19

Função Habitação

16; 8%

189; 92%

Segunda Habitação Habitação Permanente

Quanto ao vínculo contratual da habitação, em larga escala as casas são arrendadas 69%, seguindo a situação de casa própria 30%, e a habitação cedida cerca de 1%.Esta última associada a questões familiares em que um membro da família disponibiliza sua habitação para usufruto de um outro familiar, Gráfico 20.

Gráfico 20

Tipo de Vínculo à Habitação

61; 30%

142; 69%

2; 1%

Própria Arrendada Cedida

Entre os indivíduos em situação de arrendatários verificou-se que quanto ao contrato propriamente dito, Gráfico 21, 71% dos casos afirmavam ter contratos ilimitados, seguido pelos indivíduos que afirmavam não ter contrato mas terem recibos e por aqueles que asseveravam não ter, nem contrato nem recibos, ambos com 13%. Verificou-se que 3% dos inquiridos, não sabia qual tipo de contrato que tinham estabelecido. A situação de não existência de contrato ou recibos tinha particular incidência na população universitária.

A maioria dos inquiridos era arrendatária.

Page 27: Diagnostico social de Évora

Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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7

Gráfico 21

Tipo de Contrato

18; 13%

18; 13%

102; 71%

4; 3%

Sem Contrato/Sem Recibo Sem Contrato/Com Recibo

Contrato Ilimitado Não sabe

Quanto aos anos de celebração de contrato verificou-se que 63% dos casos eram contratos com mais de vinte anos, havendo ainda um valor considerável, 21%, de contratos com menos de cinco anos. Tal como demonstrado Gráfico 22.

Gráfico 22

Anos de Contrato

44; 21%

33; 16%

67; 34%

58; 28%3; 1%

<5 6 - 2 0 21-40 41-60 >60

No que toca ao valor da renda verificou-se que, 53% da população paga menos de 100€, associado a contratos mais antigos. Por sua vez no outro extremo, mas também com alguma representatividade, 29% têm rendas entre os 301€ e 350€. Encontrando-se entre estes extremos valores intermédios como se poderá verificar através do Gráfico 23.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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8

Gráfico 23

Valor Renda

50; 35%

26; 18%

11; 8%

3; 2%

7; 5%

4; 3%

41; 29%

<50 51-100 101-150 151-200 201-250 251-300 301-350

� Bens de Conforto

No que se refere a bens de conforto, todos os inquiridos afirmaram ter fogão, frigorífico e televisor. No que toca a esquentador 7 afirmaram não ter, 10 asseveraram não ter máquina de lavar roupa e 6 declararam não ter telefone fixo ou móvel. Quanto ao computador cerca de 50 pessoas afirmaram não ter, Gráfico 24.

Gráfico 24

0

50

100150

200

250

Nº Pessoas

Fogão

Esquen

tador

Maq. L

avar

Telefon

e Tv

Figorifr

ico

Computado

r

Bens

Bens de Conforto

Relativamente a condições de conforto e salubridade constatou-se que todos os inquiridos afirmaram ter água canalizada, saneamento básico e electricidade. Contudo, 13 pessoas afirmaram não ter casa de banho completa, apontando para a falta de uma banheira ou duche, e 9 pessoas afirmaram não ter cozinha completa, nem as mínimas condições para cozinhar, Gráfico 25.

Concluindo-se que, as rendas baixo valor estão associadas a vínculos contratuais

antigos, sob a forma de contratos ilimitados e as rendas de elevado valor estão

associadas a vínculos contratuais mais recentes sob a forma de vínculos sem

contrato e sem recibos, maioritariamente.

Page 29: Diagnostico social de Évora

Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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9

Gráfico 25

185

190

195

200

205

Nº Pessoas

Água

Canal

izada

Sanea

men

to B

ásico

Electri

cidad

e

Casa

de B

anho

Cozin

ha O

pera

ciona

l

Condições de Conforto e Salubridade

Quanto às patologias no edifício, e aqui foi questionado se os inquiridos identificavam problemas ao nível da água canalizada, saneamento básico, electricidade, estrutura ou outros. Dos inquiridos 78%, afirmaram ter a casa não identificar qualquer problema de relevante importância, todavia 22% apontaram ter problemas de conservação, entre os quais problemas de salitre, degradação da casa, caixilharia, etc., Gráfico 26.

Gráfico 26

Patologias no Edifício

46; 22%

159; 78%

Sim Não

� Relação com Centro Histórico

No que se refere à relação dos inquiridos com Centro Histórico, foram aplicadas uma série de questões que permitiram ver a identificação dos residentes com este território, as redes de solidariedades locais e as necessidades, potencialidades deste, de acordo com a opinião da própria população, a identificação dos problemas sociais e possíveis respostas. Assim, relativamente ao prazer de viver no Centro Histórico de Évora 89% dos inquiridos afirmou ter gosto em viver neste local e, apenas, 11% atestou que não gostava, Gráfico 27.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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0

Gráfico 27

Prazer em Viver no Centro Histórico

182; 89%

23; 11%

Sim Não

Dos 23 inquiridos que asseveraram não gostar de viver no Centro Histórico, 13% gostariam apenas de mudar de residência, mas não deixariam o Centro Histórico e 87% prefeririam ir viver para fora dos muros, Gráfico 28. Não se conseguindo aferir as causas desta possível mudança.

Gráfico 28

Local da Mudança

20; 87%

3; 13%

Fora Muros Cidade

Relativamente aos principais problemas sociais apontados da população da freguesia, os inquiridos responderam principalmente pobreza (31%), depois degradação habitacional (18%) e o isolamento/abandono particularmente face aos idosos (14%), entre outras problemáticas como se poderá verificar no Quadro H.

Pela forma como os inquiridos respondiam a esta questão de gostarem ou não de morar

no Centro Histórico de Évora muito reactiva e defensiva, podemos aferir que há um

sentimento de orgulho e de pertença associado a este espaço.

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1

Quadro H Problemáticas Apontadas Nº %

Pobreza 93 31 Isolamento/Abandono 42 14 Doença 32 11 Degradação Habitacional 53 18 Desemprego 32 11 Especulação Imobiliária 1 0,001 Toxicodependência 9 0,3 Violência Doméstica 5 0,2 Envelhecimento População 6 0,2 Maltrato 1 0,001 Alcoolismo 8 0,3 Famílias Disfuncionais 3 0,1 Desertificação 3 0,1 Exclusão Social 4 0,1 Baixa Qualificação Escolar 3 0,1 Mendicidade 1 0,001

Quanto aos equipamentos sociais 69% dos inquiridos acharam que eram insuficientes face as necessidades da população, 14% admitiram ser suficientes aqueles que já existem, em igual percentagem ficaram aqueles que não sabiam responder e 3% acharam que aqueles que existem eram demasiados face às necessidades, Gráfico 29.

Gráfico 29

Equipamentos Sociais

7; 3% 28; 14%

142; 69%

28; 14%

Demais Suficientes Insuficientes Não Sabe

Daqueles que responderem ser insuficientes os equipamentos existentes, 80% apontaram para a necessidade de haver mais apoio à população envelhecida, particularmente, mais lares, apoio domiciliário, centros de convívio; 13% aludiram não saber o que fazia exactamente falta; 5% indicaram a falta de equipamentos na área de infância e de apoio à população envelhecida e 2% apontaram apenas para a infância, Gráfico 30.

Foram identificados como principais problemas da população de Santo Antão, por

ordem decrescente: a pobreza, a degradação habitacional, isolamento/abandono dos

idosos, doença e o desemprego.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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2

Gráfico 30

Áreas Necessidade Equipamentos Sociais

163; 80%

5; 2%

10; 5% 27; 13%

3º Idade Infância Infância e 3º Idade Não Sabe

No que toca às redes de apoio em situações de emergência ou necessidade, Gráfico 31, 64% dos inquiridos afirmaram procurar a família, 16% socorrem-se dos vizinhos, 16% procuram instituições e 4% pedem apoio a amigos.

Gráfico 31

Rede Apoio

9; 4%32; 16%

32; 16%132; 64%

Amigos Vizinhos Instituições Famílias

Quanto à participação em eventos, 66% das pessoas responderam não participar em qualquer evento, 29% participam em cultos religiosos, 3% participam nos eventos que a Junta de Freguesia organiza, principalmente nos passeios que promove e 3% participa em festas da freguesia, Gráfico 32.

Quanto aos equipamentos sociais houve uma clara manifestação de maior

necessidade destes, sendo os equipamentos de apoio à população envelhecida os

mais indicados como necessários.

Nesta freguesia verificou-se que é a que mais se socorre das instituições em casos de

emergência, o que é indicador de isolamento social.

Page 33: Diagnostico social de Évora

Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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3

Gráfico 32

Participação em Eventos

60; 29%

6; 3%

4; 2%135; 66%

Cultos Religiosos Eventos Junta de Freguesia

Festas das Freguesias Não Participa em nenhum evento

Mesmo, quando questionados se tem alguma participação enquanto sócios de associações, colectividades ou outros, 85% afirma não pertencer a qualquer colectividade ou associação, e apenas 15% afirma ser sócio de alguma entidade, Gráfico 33.

Gráfico 33

Participação enquanto Sócios

31; 15%

174; 85%

Sócio Não Sócio

Relativamente ao local onde normalmente efectuam compras, Gráfico 34, 50% afirmou ir apenas às grandes superfícies, 33% declarou comprar quer no comércio tradicional, quer nas grandes superfícies, alguns destes casos mesmo quando as pessoas não se conseguem deslocar aos grandes supermercados é a família que lhe faz as compras. E 17% apenas efectuam compras no comércio tradicional, questão também associada à dificuldade mobilidade que a pessoa tem e eventualmente, ao não apoio da família.

A maioria dos inquiridos não participa em qualquer evento, o que revela que há

muito pouca dinâmica social, cultural ou associativa nesta população.

Page 34: Diagnostico social de Évora

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4

Gráfico 34

Local de Compras

68; 33%

35; 17%

102; 50%

Comércio Tradicional e Grandes Superfícies

Comércio Tradicional

Grandes Superfícies

Quanto à ocupação dos tempos livres, 32% afirmou que aproveita estes tempos para realizar tarefas domésticas, 19% opta por passear, 15% vê televisão e 10% dedica-se à realização de trabalhos manuais, Gráfico 35.

Gráfico 35

Ocupação Tempos Livres

19%

32%10%5%

5%

15%2%4%4% 4%

Passear Cuida Casa Trabalhos Manuais

Apoio Família/Cuida netos Voluntariado Ver Tv

Teatro Ler Internet/Computador

Descansar

No que respeita aos aspectos positivos de morar no Centro Histórico de Évora foram apontados as seguintes aspectos registados no Quadro I, entre estes destacam-se: a proximidade dos serviços/comércio, a segurança, vizinhança e a beleza/monumentos.

Mesmo a ocupação de tempos livres é vivida de forma muito isolada, remetendo quase

na sua totalidade para a esfera privada, indicador de falta de dinâmica social.

Page 35: Diagnostico social de Évora

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5

Quadro I Aspectos Positivos V.A. %

Proximidade Comércio/Serviços 117 39 Vizinhança 23 8 Segurança 57 20 Sossegado 21 7 Beleza/Monumentos 23 8 Deslocações a Pé 10 3 Linha Azul 5 2 Limpeza 11 4 Proximidade Família 3 1 Diversão Nocturna 3 1 Gosta de Tudo 8 3 Não gosta de nada 5 2 Não Sabe 5 2

Nos aspectos negativos apontados de relevância verifica-se que, 20% dos inquiridos não encontraram aspectos negativos, 14% apontaram o estacionamento, 9% a falta de civismo devido aos dejectos caninos entre outras situações apontadas como se poderá verificar no Quadro J.

Quadro J Aspectos Negativos V.A. %

Vizinhança 1 1 Barulho Bares 16 8 Falta de Espaços verdes/Desportivos 8 4 Abandono/Degradação Casas 14 7 Desertificação/Isolamento pessoas e comércio 15 8 Falta de lugares de Estacionamento 26 14 Preços das casas/Especulação Imobiliária 7 4 Más condições Habitacionais 3 2 Falta de civismo/dejectos caninos 18 9 Vandalismo 2 1 Insegurança 11 5 Trânsito 10 5 Calçada 15 8 Falta de Hipermercados 7 4 Não tem aspectos negativos 38 20

O factor positivo, mais apontado, de morar no Centro Histórico foi a proximidade do

comércio e serviços, o que deve ser considerado em qualquer exercício de intervenção

e reabilitação deste espaço.

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Quanto às sugestões de actividades para a Junta de Freguesia, 51% afirmou não ter nenhuma sugestão, e entre as mais apontadas encontram-se as actividades desportivas e as actividades para idosos, como se poderá ver Gráfico 36.

Gráfico 36

Sugestões Actividades

41; 20%

5; 2%

20; 10%

105; 51%

34; 17%

Actividades Idosos Associação Moradores Actividades Desportivas

Não Sabe Não sente necessidade

Entre os pedidos endereçados à Junta de Freguesia, que os inquiridos julgavam ser importantes para melhorarem a sua vida, embora 49% dos inquiridos não lhe ocorresse nada, entre os que efectivamente tinham pedidos, encontramos pedido de apoio económico e social 17%, pedido de apoio da conservação das casas 7% e mais actividades 5%, entre outras que constam no Quadro K.

Quadro K Pedidos à Junta de Freguesia V.A. %

Não sabe 100 49 Cuidar casas 14 7 Regular bares 4 2 Actividades 10 5 Apoio Social e Económico 34 17 Arranjar calçada 4 2 Segurança 3 1 Regular Trânsito 4 1 Promover Associativismo/Voluntariado 3 1 Gosta Atendimento Junta 4 1 Limitações Orçamentais 7 3 Criar Espaços verdes 3 1 Nada 15 7

Embora grande parte dos inquiridos não encontrassem nenhum aspecto negativo de

morar no Centro Histórico, o que demonstra que gostavam de viver neste espaço, de

entre os aspectos apontados encontramos a falta de lugares de estacionamento,

que deve ser um elemento importante na reabilitação deste espaço e falta civismo

dos donos dos cães, que gera sujidade a ponto de incomodar os habitantes desta

freguesia.

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� 3.ª Idade

Quanto à 3.ª Idade e verificado que grande parte dos inquiridos tinha idades iguais ou superiores a 65 anos, julgou-se ser importante perceber as dinâmicas desta população em particular. No que respeita à frequência de equipamentos para a 3.ª Idade, apenas três do total dos inquiridos se encontravam a frequentar estes equipamentos, Gráfico 37.

Gráfico 37

Frequência Equipamentos 3º Idade

3; 1%

202; 99%

Frequenta Não Frequenta

Quanto a inscrições nestes equipamentos, no total da amostra verificaram-se 12 pessoas inscritas, Gráfico 38.

Gráfico 38

Inscrições Equipamento 3º Idade

12; 6%

193; 94%

Inscrito Não Inscrito

Embora cerca de metade dos inquiridos não soubessem em que medida é que a

Junta de Freguesia poderia melhorar a sua vida, novo indicador de falta de

participação cívica; o pedido mais frequente é o apoio económico e social, o que

indica vulnerabilidades nestas áreas.

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A todas as pessoas que participaram no questionário também lhes foi perguntado se tinham algum familiar a residir na freguesia, e 31% responderam afirmativamente, Gráfico 39.

Gráfico 39

Família Residente na Freguesia

64; 31%

141; 69%

Residente Não Residente

E quando inquiridos sobre se mantinham contacto com familiares, que poderiam ir para além dos residentes na freguesia, 10% afirmou não ter qualquer contacto com familiares, mesmo telefónicos, Gráfico 40.

Gráfico 40

Contactos com Familiares

21; 10%

184; 90%

Não tem Contacto Mantém Contacto

Mais metade dos inquiridos não frequentam e não se encontram inscritos em qualquer

equipamento para a população mais envelhecida e não tem familiares a viver no Centro

Histórico. Sendo que 10% da amostra não têm qualquer contacto com familiares,

mesmo telefónicos.

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� Factores de Relevante Interesse Durante o tratamento dos questionários sobressaíram aspectos que mereceram especial atenção, um destes aspectos foi número de pessoas que viviam sozinhas cerca de 40% da amostra, 82 indivíduos. Face a este facto decidiu-se aprofundar a análise neste grupo particular. Quanto às idades neste grupo de 82 indivíduos, verificamos que a maioria (44%) encontra-se entre os 71 e os 80 anos, e o segundo maior grupo tem idades compreendidas entre os 81 e 90 anos de idade (28%), Gráfico 41. Gráfico 41

68 8

36

23

105

10152025303540

<30 31-60 61-70 71-80 81-90 >90

Idade

Idades Pessoas Vivem Sozinhas

Quanto ao sexo maioritariamente são indivíduos do sexo feminino 78%, Gráfico 42.

Gráfico 42

Sexo

64; 78%

18; 22%

Feminino Masculino

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No que se refere às profissões, 76% destes indivíduos foram trabalhadores não qualificados, ficando os restantes distribuídos pelas profissões apresentadas no Quadro L.

Quadro L Categorias Profissionais V.A. %

Membros Forças Armadas 1 1 Quadros Superiores da Administração Pública 2 2 Especialistas das profissões intelectuais e científicas 2 2 Técnicos e profissionais de nível intermédio 1 1 Pessoal administrativo e similares 3 4 Pessoal dos serviços e vendedores 6 7 Trabalhadores não qualificados 62 76 Estudantes 5 7

Quanto à situação profissional, 87% encontram-se já reformados, 7% são inactivos e neste grupo encontramos representados os estudantes e donas de casa e 6% encontram-se no activo, Gráfico 43.

Gráfico 43

Situação Profissional

5; 6% 6; 7%

71; 87%

Inactivo Activo Reformado

O envelhecimento vive-se sobretudo no feminino, como podemos comprovar pela

amostra.

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Os rendimentos são em 73% dos inquiridos inferiores a 250€ por mês, obtendo o segundo maior grupo rendimentos entre os 250 e os 400€, encontrando-se os seguintes repartidos em outros escalões, Gráfico 44.

Gráfico 44

65

83 1 3 2

0

10

20

30

40

50

60

70

<250 250-400 400-600 600-800 800-1000 >1200

Rendimentos

A área de maiores gastos continua a ser a saúde 72%, logo seguida pela alimentação 24%, e depois a renda e a educação com 2%, Gráfico 45.

Gráfico 45

Maiores Gastos

20; 24%

58; 72%

2; 2%

2; 2%

Alimentação Saúde Renda Educação

Deste grupo 46% indicaram ter alguma doença crónica, 36% afirmaram não saber qual é o gasto mensal em medicamentos, assim como 5% atestaram não ter qualquer gasto em medicamentos, aqueles que indicaram gastos encontram-se representados no Gráfico 46.

Cerca de 80% vive de baixos rendimentos, com menos de um salário mínimo nacional, não

atingindo 73% os 250€ mensais.

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2

Gráfico 46

1213

14

11

2

0

2

4

6

8

10

12

14

<50 50-100 100-150 150-200 200-250

Gastos em Medicamentos

Neste grupo, apenas, 1 pessoa frequenta um equipamento social e 5 encontram-se inscritos em lares; 56 (58%) inquiridos têm família residente na freguesia e dos 82 indivíduos apenas 69 (84%) mantêm contacto com familiares, e 13 (16%) afirmaram não ter qualquer contacto com família. O que revela fragilidade nos laços sociais, e aponta para questões de isolamento.

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Principais conclusões: � Há um decréscimo de população no Centro Histórico de Évora, o que tem

conduzido a uma desertificação física e humana deste espaço; � A população inquirida apresenta uma média de idades igual a 64 anos, e a idade

média dos agregados situa-se nos 55 anos de idade; � Dos agregados familiares 169 indivíduos (82%) apresentam uma idade igual ou

superior a 65 anos, portanto são o maior grupo etária apresentado, o que demonstra uma população já na 3.ª Idade, logo envelhecida;

� Há dois modelos familiares os indivíduos isolados e as famílias nucleares, havendo poucas famílias com filhos, o que leva à não renovação do tecido social;

� 36% dos elementos do agregado familiar só têm o 1º ciclo do ensino básico e 12% dos inquiridos não sabe ler nem escrever, observando-se população com baixas qualificações escolares e com níveis de analfabetismo com significado;

� 49% dos agregados familiares são trabalhadores não qualificados, o que conduz a situações de precariedade laboral;

� 56% dos elementos dos agregados familiares vivem das suas baixas reformas; sendo que 47% subsiste com rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional, o que os conduz a situações de precariedade económica;

� Dos inquiridos, 92 pessoas afirmaram ter gastos de saúde compreendidos em valores inferiores a 50€ e os 100€ mensais, e foi considerada a saúde a área de gastos elevados no orçamento familiar, o que indica saúde precária;

� Quanto à habitação 69% dos ocupantes são arrendatários, na maioria com vínculos contratuais superiores a 20 anos e em 53% com rendas compreendidas entre menos de 50€ a 100€, portanto rendas de baixo valor associadas a vínculos contratuais antigos;

� Contrapondo-se aos contratos de arrendamento mais recentes que apresentam valores entre os 300 e 350 € mensais, rendas de elevados valor associado a vínculos contratuais mais recentes;

� Quanto às condições de conforto e salubridade 13 pessoas asseveraram não ter casa de banho completa e 9 afirmaram não ter cozinha operacional, indica más condições de habitabilidade, assim como, 7 pessoas afirmaram não ter esquentador, 10 declararam também não ter máquina de lavar, apontando para falta de bens de conforto;

� 89% dos inquiridos gostam de viver no Centro Histórico, muitas vezes associada a uma ideia de romantismo e orgulho, associado a um forte sentimento de pertença;

� Os aspectos positivos do Centro Histórico residem principalmente na proximidade serviços/comércio (39%), na segurança (20%) e as relações de vizinhança (8%);

� Nos aspectos negativos 20% afirmaram que não encontravam aspectos negativos, entre os que apontaram (14%) falta de lugares de estacionamento e 9% falta civismo/dejectos caninos;

� E quanto às problemáticas sociais predominantes são apontadas a pobreza (31%), a degradação habitacional (18%) e o isolamento/abandono dos idosos (14%) como os principais problemas da freguesia;

� 16% dos inquiridos procuram instituições em situações de necessidade ou emergência, o que traduz falta de rede familiar de apoio;

� 66% dos inquiridos não participa em qualquer evento, o que indica não participação nas dinâmicas culturais, sociais e associativas mesmo perante este cenário 29% sugerem mais actividades;

� Mesmo as ocupações dos tempos livres são vividos de forma muito isolada uma vez que 69% das actividades realizam-se dentro de casa e apenas 10% dos inquiridos apresentam actividades sociais, como o voluntariado e apoio à família, o que aponta para não participação em dinâmicas sociais;

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� A falta de dinâmica social é acompanhada de mais um dado relevante, uma vez que 10% afirma não manter qualquer contacto com a restante família, induz a questões de isolamento social severo;

� Quanto à população dos inquiridos que vivem sozinhos (40%) merecem algumas considerações, pois, são compostas sobretudo por idosos, do sexo feminino, com reformas inferiores a 250€, com gastos substanciais na saúde e 16% não mantêm contacto com as respectivas famílias, o que revela potencial risco social;

� Quanto aos pedidos a fazer à Junta de Freguesia, um dado importante e que deve ser interpretado é que, 49% dos inquiridos não sabia em que medida é que junta poderia melhorar a sua condição de vida e 17% aludiram para a necessidade de apoio económico e social.

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Ameaças

� Proximidade de serviços e comércio

� Questões da vizinhança

Análise S.W.O.T. de Santo Antão: A análise S.WO.T. resulta numa análise estratégica através de quatro elementos chave. Pontos Fortes Pontos Fracos Oportunidades Oportunidades

� Novo Quadro Comunitário – QREN

� Sentimento de orgulho e de pertença associado à cidade

� S.R.U.

� Desertificação física e humana da freguesia

� Emergência territórios de risco social

� Envelhecimento da população � Não renovação do tecido

social � Pouca atractividade para

novos casais � Especulação imobiliária

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Instituições: As entidades presentes no Quadro M encontram-se localizadas na Freguesia de Santo Antão.

Quadro M Instituição Resposta Social Nº de Utentes

Associação dos Funcionários Aposentados da Segurança

Social

Centro Convívio 30

Creche 43 Pré-escolar 40

Centro de Actividade Infantil

ATL C/A 60 Lar de Crianças e Jovens 42 Lar de Santa Helena

Casa de Abrigo 24 Creche 35

Pré-Escolar 63 ATL C/A 41

Centro de Dia 40

Legado Caixeiro Alentejano –

Associação Mutualista

Apoio Domiciliário 40

Fundação Alentejo Terra Mãe

-------

---------

Legado Operário de Évora -------- --------

Associação de Deficientes das Forças Armadas

------ -------

Liga dos Combatentes de Évora (Núcleo de Évora)

------- --------

Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Évora

Protecção Menores --------

Associação Pão e Paz

Apoio alimentar

60

Escola Básica do 2º e 3º Ciclos de Santa Clara

Ensino Básico 2º e 3º Ciclo Cursos de Educação e Formação (2006/2007)

2.º Ciclo: 303 3 º Ciclo: 259

CEF: 13 Fonte: Centro Distrital da Segurança Social de Évora, 2007; www.drealentejo.pt; www.cm-evora.pt.

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Análise Social da Freguesia de Santo Antão: Embora, os dados apontados permitam retirar ilações sobre a freguesia de Santo Antão, o contacto com a população e a observação directa, acabaram por contribuir para um olhar mais atento e mais profundo sobre as dimensões psico-sociais que a compõem. No terreno foi possível observar, tal como os dados confirmam, uma população extremamente envelhecida, que vive dependente das suas reformas, e que em quase cinquenta por cento da amostra, subsistem com rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional. Com elevados custos na área da saúde e com rendas de casa baixíssimas. Sendo que estas viviam, principalmente, ou sozinhas, ou em famílias nucleares, compostas essencialmente por casais. Havendo, claramente, manifestações das consequências de uma população envelhecida, que naturalmente vai aumentando o seu grau de dependência e de necessidade de acompanhamento. A questão social coloca-se ao nível do envelhecimento populacional, toda a reflexão aqui apresentada irá centrar-se nesta problemática e no risco que uma população envelhecida acarreta para a freguesia de Santo Antão. O que mais impressionou neste estudo, foram os dados que os números não revelam, pois, em não raras situações pessoas choraram durante o questionário. A título de exemplo, num destes casos, uma senhora chamemos Maria quando inquirida porque é que chorava, respondeu: “ Porque desde a Páscoa, que ninguém entrava na minha casa”. Ou o questionário que demoraria em situações normais cerca de vinte a trinta minutos a ser respondido, chegou a demorar manhãs e tardes inteiras com o mesmo indivíduo, pois eles continuamente apresentavam fotografias da família, e contavam episódios das suas vidas, sem que em momento algum isto fosse pedido, mas que lhes era de importância extrema contar. O que exteriorizava uma necessidade colossal de comunicar, de serem ouvidos e de serem alvos de meritíssima atenção por parte dos outros. Estes factos revelaram-se tão ou mais importantes que as dimensões avaliadas quantitativamente, não são exclusivos desta freguesia, mas tiveram maior visibilidade nesta. Revelam questões de isolamento atrozes, revelam formas muito particulares de viver a velhice, de forma muito solitária e a fragilidade das relações inter-sociais, que formam a rede primária de suporte, das quais as famílias são o elemento chave. Mas que por situações de afastamento intergeracional, por causas que vão desde as migrações de filhos para outras cidades ou concelhos, até ao ritmo de vida que é imposto às famílias e que muitas vezes por uma gestão de tempo em prol das gerações descendentes (filhos), abdica-se de um efectivo acompanhamento das gerações ascendentes (pais dos pais – avós), potenciando situações de abandono e isolamento – de risco social. Mesmo apesar, de sabermos que o “Homem não é uma ilha” é um ser social e a comunicação é uma das necessidades primárias, isto remete-nos para necessidades de auto-estima e de valorização pessoal que são necessárias para o nosso bem-estar. Acentua-se, particularmente, em Santo Antão as questões de isolamento, devido à desertificação, o que fragiliza a questão da vizinhança enquanto rede de suporte social que ainda funciona como principal rede, na falta da família. Ainda, que caracterizada por uma forma que assenta no voluntarismo a título individual e não organizada, podemos assistir a variadíssimas manifestações da sua existência e são disto exemplo, o facto de estarmos a entrevistar uma pessoa e surgirem vizinhos a questionar o que estávamos a fazer, e isto aconteceu quer por curiosidade, quer por sentimento de protecção inter-vizinhos; assim como, assistimos inúmeras vezes a vizinhos a cuidarem de outros vizinhos. Quando a

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questão da desertificação se acentua, surgem então as instituições como principal rede de apoio. Neste cenário a pobreza agudiza, os reformados residentes em Santo Antão têm uma situação muito precária economicamente, encontram-se no limiar da pobreza ou na pobreza propriamente dita e sem apoio da família a situação torna-se ainda mais vulnerável. A situação agrava-se quando as formas de viver a pobreza são profundamente envergonhadas e solitárias, chegando mesmo a limitar a sua participação cívica na sociedade. Estabelecendo fronteiras para as suas vivências, nas paredes das suas casas, fomentando lógicas de exclusão social. O que se traduz num isolamento severo e extremamente penoso. Quando nos debruçamos sobre a realidade observada e os dados estatísticos apresentados percebemos, que a população desta freguesia procura obter níveis de satisfação, mesmo que mínimos, das necessidades fisiológicas e de segurança, e que são sem dúvida importantes. Mas que para Maslow estas necessidades são quase dadas como inatas uma vez que estão ligadas ao processo biológico, contudo, as necessidades sociais e as necessidades de estima que levam, segundo o autor, conduzem à auto-realização do ser humano estão longe de ser atingidas. Não pretendendo de forma alguma criar alguma imagem apocalíptica da freguesia ou até mesmo do Centro Histórico, é contudo, é necessário alertar para as situações de pobreza e exclusão social em que muitos cidadãos se encontram. Embora o Centro Histórico de Évora detenha uma imagem muito positiva, sendo mesmo definida como uma pérola do Alentejo, vigoroso embaixador de Portugal, reconhecido destino turístico, e Santo Antão é elemento chave nesta imagem. A verdade é que no âmbito social torna-se imperativo um novo olhar, com novas abordagens relativas a este território, a cidade também é as pessoas. Até porque neste momento, a questão do apoio aos mais velhos é iminente, mas há um outro fenómeno a ocorrer em simultâneo, não sendo exclusivo desta freguesia encontrando-se por todo o Centro Histórico, causado pelo envelhecimento e desertificação humana, que é a emergência de territórios de risco, o que potencia o aparecimento de novas e preocupantes problemáticas.

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Propostas: As acções a desenvolver deverão passar pelas lógicas do desenvolvimento social e comunitário, o sentimento de pertença, a identidade colectiva tão profundamente enraizada deve ser aproveitada no sentido de desenvolver lógicas de participação e de cidadania. É aqui que a Junta de Freguesia tem um importante papel, de promotor destas lógicas, envolvendo entidades parceiras e população em novos projectos, e criando e agilizando novas respostas de apoio à comunidade, que deve passar num primeiro momento por apoio aos munícipes com mais de 65 anos, mas que deve simultaneamente permitir uma série de outras respostas atractivas à comunidade. Nesta perspectiva seria importante criar:

� Acções de educação cívica, destinadas à população que tem animais domésticos, uma vez que este foi detectado como problema;

� Atendendo ao isolamento da população mais envelhecida e há falta de equipamentos socais nas valência que permitam o combate a este fenómeno, propõe-se a criação de um pequeno centro comunitário nesta freguesia, com espaços de leitura e acesso à Internet, onde os residentes desta freguesia se poderão encontrar e conviver um pouco, animado por voluntários, contadores de histórias, etc., e onde se prestem serviços à comunidade como pequenos arranjos domésticos e lavandaria social. A lavandaria poderia funcionar em articulação com o serviço desta valência na A.P.P.C.D.M. Este pequeno centro comunitário serviria também de observatório social para técnicos.

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0

SÃO MAMEDE

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1

A Freguesia de São Mamede é uma das freguesias urbanas de Évora, sendo a segunda maior freguesia do Centro Histórico em termos de área, ocupando cerca de 0,2 Km2 e tendo os limites do seu território entre a Rua dos Mercadores e a Rua Menino Jesus e a maior em termos populacionais. Tem como património cultural a Igreja de São Mamede, Aqueduto da Prata e Fonte do Largo de Avis.

Freguesia de São Mamede

A Freguesia de São Mamede corresponde à área sombreada da imagem.

Fonte: departamento Centro Histórico, Património e Cultura – C.M.E.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística em 2001, São Mamede apresenta cerca de 2170 habitantes residentes, sendo que 58% são mulheres e 42% são homens, uma densidade populacional de 9271,7 hab/km2. No que respeita ao edificado apresenta 1345 alojamentos e 896 edifícios, como se poderá verificar pelos dados do Quadro E.

Quadro E N.º Pessoas Residente H M

Famílias ResidentesAlojamentos Edifícios

Proporção Reformados

2170 915 1255 1018 1345 896 36,7% Fonte: INE 2001

Face ao universo apresentado e às limitações temporais e de recursos humanos, tal como em Santo Antão, foi decidido construir uma amostra da população para a realização de questionários, efectuando-os “porta-a porta”. Deste modo, os investigadores tiveram a possibilidade de conhecer melhor a comunidade local e a população.

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2

Resultados dos Questionários: Quanto à amostra, de um universo de 1018 famílias residentes (INE), foram efectuados 211 questionários à população desta freguesia, abrangendo-se 20% das famílias residentes na freguesia como comprova o Gráfico 1. A recolha de dados foi realizada entre as 9h e as 20h, foram percorridas todas as ruas desta freguesia e inquiridas o máximo de pessoas possível.

Gráfico 1

Amostra

825; 80%

211; 20%

Famílias Residentes Não Inquiridas Famílias Residentes Inquiridas

Quanto ao sexo dos inquiridos eram maioritariamente mulheres, cerca de 165 mulheres e 46 homens, com as percentagens representadas no Gráfico 2.

Gráfico 2

Sexo dos Inquiridos

165; 78%

46; 22%

Feminino Masculino

A apresentação dos dados, tal como no capítulo de Santo Antão, será dividida através de várias temáticas abordadas no questionário: caracterização dos agregados familiares, rendimentos, saúde, mobilidade, habitação, bens de conforto, a relação com o Centro Histórico, 3.ª Idade e, e por fim, factores de interesse.

� Caracterização dos Agregados Familiares: No que respeita às idades verifica-se que maioritariamente os agregados familiares são compostos por adultos, com particular visibilidade pessoas nas faixas etárias entre os 31-65 anos. Seguidamente encontramos pessoas com idades compreendidas entre os 19-30 anos, Gráfico 3.

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3

Gráfico 3

2210

93

195

58 62

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

0-14 15-18 19-30 31-65 66-75 >76

Idades Elementos Agregados Familiares

Quanto à composição do agregado familiar verificou-se que os núcleos familiares são superiores ao grupo de indivíduos que moram sozinhos, Gráfico 4 e 5. Sendo que os agregados familiares nucleares são compostos sobretudo por casais, Gráfico 5.

Gráfico 4

Composição Agregados Familiares

121; 57%

82; 39%

8; 4%

Núcleos Familiares Pessoas Isoladas Pop. Flutuante

Os inquiridos apresentaram em média a idade de 64 anos e a idade média do agregado

familiar é de cerca de 54 anos, portanto estamos perante uma população envelhecida.

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4

Gráfico 5

7377

35

20

4 2

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Ag

reg

ado

s

1 2 3 4 5 6

Nº Elementos

N.º de Elementos do Agregado Familiar

No que respeita à escolaridade 47% dos indivíduos que compunham o agregado familiar tinham o 1º ciclo do ensino básico (4º ano), 11% tinha o 3º ciclo ensino básico (9º ano) e 10%a licenciatura, tal como está presente no Quadro M.

Quadro M Escolaridade

Nível de Ensino V.A. % Não sabe ler/escrever 21 5 Sabe ler e escrever sem possuir qualquer grau 4 1 Ensino Básico 1º 209 47 Ensino Básico 2º 25 6 Ensino Básico 3º 47 11 Ensino Secundário 22 5 Ensino Médio 11 3 Bacharelato 1 0 Licenciatura 46 10 Mestrado 1 0 Doutoramento 1 0 Frequenta Universidade 39 9 Frequenta Escola 13 3

Relativamente às categorias profissionais com maior representatividade são: os trabalhadores não qualificados com 48%, pessoal dos serviços e vendedores com 17%,

A população inquirida detém baixos níveis escolares, na sua maioria com o 1º e 3º

ciclos do ensino básico, havendo ainda analfabetismo, o que se encontra directamente

relacionado com as idades dos inquiridos e os processos vivenciais destes. Havendo

um terceiro grupo de habilitações superiores, licenciatura.

Nesta freguesia o modelo familiar com maior representatividade são núcleos familiares,

composto sobretudo por dois elementos, casais.

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seguidos, por pessoal administrativo e similares 9%. As restantes categorias também se encontram nesta freguesia presentes, embora em número bastante inferior, Quadro N.

Quadro N

Categoria Profissional V.A. % Membros Forças Armadas 13 3 Quadros Superiores da Administração Pública 1 0 Especialistas das profissões intelectuais e científicas 34 8 Técnicos e profissionais de nível intermédio 18 4 Pessoal administrativo e similares 41 9 Pessoal dos serviços e vendedores 74 17 Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas 1 0 Operários, artífices e trabalhadores similares 12 3 Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem 7

2

Trabalhadores não qualificados 211 48 Estudantes 28 6

Quanto à situação profissional em que se encontravam os membros do agregado familiar, verificou-se que 53% já se encontravam reformados, 28% mantinham-se activos, 13% inactivos e aqui incluíram-se principalmente donas de casa, restando 6% da população que se encontrava desempregada, Gráfico 6.

Gráfico 6

Situação Profissional

233; 53%

56; 13%

27; 6%

124; 28%

Reformados Inactivos Desempregados Activos

No que concerne à naturalidade dos elementos dos agregados, 367 pessoas nasceram no Distrito de Évora representando 83% da amostra, os restantes encontram-se divididos entre o Baixo Alentejo com 24 pessoas, Alto Alentejo com 7 pessoas, Centro com 11

A baixa qualidade de mão-de-obra, encontra-se igualmente relacionada com o facto

de esta ser uma população envelhecida com baixas qualificações escolares, e o

mercado de trabalho não se encontrava tão desenvolvido ao nível da especialização.

Quanto à situação profissional mais de metade dos inquiridos já se encontravam

reformados.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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6

indivíduos, Sul com 5 pessoas, Norte 3 pessoas e do estrangeiro que surpreendentemente tem representatividade com cerca de 23 pessoas, Gráfico 7. Este grupo de estrangeiros são sobretudo adultos, vivem em pequenos nichos familiares com laços de consanguinidade ou não, activos, exercendo funções em serviços, ou enquanto operários ou trabalhadores não qualificados.

Gráfico 7

Naturalidade

367; 83%

24; 5%7; 2%11; 3%5; 1%3; 1% 23; 5%

Évora Baixo Alentejo Alto Alentejo Centro Sul Norte Estrangeiro

� Rendimentos

Quando inquiridos sobre as fontes de rendimento a maioria afirmou que vivia das suas pensões/reformas (60%), a segunda fonte de rendimento com maior representatividade é o salário (31%), logo seguido por auxílio de terceiros (4%) e aqui encontram-se representados fundamentalmente os estudantes que subsistem devido ao apoio dos seus pais, o subsídio de desemprego ficou em quarto lugar (2%), seguido com igual representatividade (1%) de negócios próprios, Rendimento Social de Inserção e outras formas de rendimento, Gráfico 8.

Gráfico 8

Fontes de Rendimento

78; 31%

2; 1%

148; 60%

6; 2% 10; 4%

3; 1%

3; 1%

Salário Negócio Próprio Pensão/Reforma Subsídio Desemprego

Auxílio de 3ºs RSI Outro

Devido às idades dos inquiridos e à situação profissional em que a maioria se

encontrava, a maior fonte de rendimento são as reformas/pensões.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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7

No que concerne aos rendimentos médios do agregado familiar 47 pessoas (22%) atestaram receber valores inferiores a 250 € e os restantes 38 pessoas (18%) indicaram usufruir de valores entre os 251€ e os 400€. O segundo grupo com maior representatividade (22%) apresenta valores entre os 601-800, seguindo-se o grupo com rendimentos superiores a 1200€, (21%), tal como demonstrado no Gráfico 9.

Gráfico 9

Rendimentos do Agregado Familiar

47; 22%

38; 18%

47; 22%

12; 6%

12; 6%

11; 5%

44; 21%

<250 250-400 401-600 601-800 801-1000 1001-1200 >1200

Relativamente aos gastos do orçamento familiar a maioria (59%), dos inquiridos indicaram ser a saúde a área com maior peso para as suas famílias, seguido da alimentação 39%, a renda/empréstimos com 2% e finalmente a educação, Gráfico 10.

Gráfico 10

Área de Maiores Gastos do Agregado Familiar

82; 39%

1; 0%

5; 2%

123; 59%

Alimentação Educação Renda/Empréstimo Saúde

No que respeita a prestações sociais, entendendo-se por estes apoios os complementares às pensões sob forma pecuniárias de prestações. Dos inquiridos 89% das pessoas afirmaram não ter qualquer tipo de apoios, 9% atestaram usufruir do Cartão do Munícipe

Maior área de gastos é a saúde, dado que não é surpreendente, dadas as idades dos

inquiridos e a necessidade de maiores cuidados médicos.

No que respeita aos rendimentos médios do agregado familiar, 40% dos inquiridos

afirmaram receber valores inferiores ao salário mínimo nacional.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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8

Idoso, 2% asseveraram receber prestações sociais da Segurança Social. Através do Gráfico 11 verificam-se os valores absolutos.

Gráfico 11

204

187

0

20

4060

80100

120

140160

180200

Cartão Idoso Outras PrestaçoesSegurança Social

Não tem

Prestações Sociais

Relativamente a apoios institucionais, e entendendo-se por estes as respostas sócias como apoio domiciliário, apoio alimentar e apoio da acção social directo das diversas entidades sociais existentes. Dos inquiridos 96% afirmaram não tem qualquer tipo de apoio, sendo que os restantes 4% afirmaram receber apoios de diversas entidades, encontrando-se repartidos pelas seguintes entidades: Cáritas 2%, Santa Casa da Misericórdia 1% e Câmara Municipal de Évora/Junta de Freguesia 1%.,Gráfico 12.

Gráfico 12

4 3 3

201

0

50

100

150

200

250

Cáritas St. Casa M. C.M.E./Junta Não tem apoios

Apoios Institucionais

� Saúde

Quanto à saúde 95% dos inquiridos asseveraram ter médico de família e 5% afirmaram não ter, Gráfico 13. Este último grupo (5%) está relacionado com a população universitária ou novos residentes que ainda não regularizaram a sua situação nos serviços de saúde.

Gráfico 13

Conclui-se que o apoio da Câmara Municipal de Évora, através do Cartão do Munícipe

Idoso, é superior aos apoios complementares concedidos pela Segurança Social.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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9

200

11

0

50

100

150

200

Sim Não

Médico de Família

No que concerne a gastos com medicamentos dos inquiridos 36 (20%) pessoas responderam não ter, 26 (14%) não sabem quanto gastam, e 122 (66%) pessoas tem gastos compreendidos em até aos 100€ mensais, como se poderá verificar no Gráfico 14 em valores absolutos.

Gráfico 14

6260

10 10

3 2 2

26

36

0

10

20

30

40

50

60

70

<50 51-100 101-150

151-200

201-250

251-300

>300 NãoSabe

Não temgastos

Gastos na Saúde

No que se refere a doenças crónicas, e aqui ressalva-se o facto de se ter questionado aos inquiridos se tinham ou não alguma doença crónica, cerca de 122 pessoas responderam não padecer de alguma doença crónica, e 89 pessoas atestaram sofrer de doenças que se encontram representadas no Gráfico 15, com os valores percentuais.

Mesmo com baixos recursos económicos, mais de metade dos inquiridos tem gastos na

ordem dos 100€ mensais, o que representa uma elevada despesa para esta população.

Não foi detectado qualquer problema no que se refere ao acesso aos serviços de

saúde.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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0

Gráfico 15

Doenças Crónicas

23; 26%

5; 6%

6; 7%7; 8%5; 6%5; 6%

4; 4%3; 3%

31; 34%

Diabetes Bronquite Cardíaca Asma Artroses Depressões Parkinson Alzhameir Outras

No que respeita a incapacidades gerais, 135 (64%) pessoas afirmaram não sentir qualquer dificuldade ou incapacidade, mas 76 (36%) asseguraram: ter dificuldade em transpor lanços de escadas (23 pessoas); em ter alguma incapacidade de locomoção (28 pessoas); necessitarem de dispositivos de compensação (9 pessoas); sofrerem de outras incapacidades sendo disto exemplo as auditivas e as visuais (9 pessoas); ter necessidade de cadeira de rodas (4 pessoas) e 3 pessoas certificaram ter pessoas acamadas em casa, Gráfico 16.

Gráfico 16

Incapacidades

28; 37%

3; 4%

4; 5%23; 30%

9; 12%

9; 12%

Incapacidade Locomoção Pessoas acamadas

Necessidade de cadeira de rodas Dificuldades Transpor lanços Escadas

Dispositivos de compensação Outras Incapacidades

� Mobilidade urbana

Quanto à mobilidade a maioria dos inquiridos (81%) responderam não ter automóvel, em oposição a 19% que afirmaram ter automóveis, como se poderá verificar no Gráfico 17.

Dos inquiridos 36% afirmaram sofrer de alguma incapacidade, principalmente

dificuldade de locomoção e transposição de lanços de escadas. Havendo ainda 4

pessoas que afirmaram ter necessidade de cadeira de rodas e 3 pessoas asseguraram

ter pessoas acamadas em casa.

Page 61: Diagnostico social de Évora

Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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1

Gráfico 17

Nº de Automóveis

27; 13%

13; 6%

171; 81%

1 Automóvel 2 Automóvel Não tem

Relativamente ao meio de transporte utilizado na cidade intramuros, Gráfico18, 80% declararam andar a pé, 1% utilizam os transportes públicos e 19% utilizam os próprios automóveis ou algumas das vezes são os filhos que transportam os pais, situações que se encontra relacionada com problemas de saúde e dificuldade de deslocação mesmo a pé.

Gráfico 18

Meio de deslacação mais utilizado

40; 19%

3; 1%

168; 80%

Automóvel Autocarros Pé

� Habitação

Quanto à função da habitação encontra-se distribuída entre habitação permanente e segunda habitação, esta última relacionada com as deslocações de estudantes que arrendam casas perto da universidade, tornando-se estas segundas habitações uma vez que o endereço oficial destes jovens continua a ser a casa de seus pais. Como tal, maioritariamente as casas tinham por função serem permanentes, Gráfico 19.

Conclui-se maioria os inquiridos apresentam hábitos saudáveis e positivos para o

ambiente, pois a forma privilegiada de mobilidade são as deslocações a pé.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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2

Gráfico 19

Função de Habitação

203; 96%

8; 4%

Habitação Permanente Segunda Habitação

Quanto ao vínculo contratual da habitação, a maioria das casas são arrendadas 54%, seguindo a situação de casa própria 40%, e a habitação cedida 6%, esta última associada a questões familiares em que um membro da família disponibiliza uma sua habitação para usufruto de um outro familiar, Gráfico 20.

Gráfico 20

Tipo de Vínculo

84; 40%

115; 54%

12; 6%

Própria Arrendada Cedida

Entre os indivíduos em situação de arrendatários verificou-se que quanto ao contrato propriamente dito, Gráfico 21, 77% dos casos os inquiridos afirmavam ter contratos ilimitados. Seguindo-se os indivíduos que afirmavam não ter nem contrato nem recibos 14% e logo depois os que asseveravam não ter contrato mas terem recibos 7%. Verificou-se que 2% dos inquiridos que não sabiam qual tipo de contrato tinha estabelecido. A situação da não existência de contrato ou recibos tinha particular incidência na população universitária.

A maioria dos inquiridos é arrendatária.

Page 63: Diagnostico social de Évora

Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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3

Gráfico 21

Tipo de Contrato

16; 14%

8; 7%

89; 77%

2; 2%

Sem Contrato/Sem Recibo Sem Contrato/Com Recibo

Contrato Ilimitado Não sabe

Quanto aos anos de vigência de contrato verificou-se que 69% dos casos já eram contratos com mais de vinte anos, havendo ainda um valor considerável, 31%, de contratos com menos de vinte anos. Tal como demonstrado Gráfico 22.

Gráfico 22

Anos de Vínculo

32; 15%

33; 16%

80; 38%

32; 15%

34; 16%

<5 6 - 2 0 21-40 41-60 >60

No que toca ao valor da renda verificou-se que, 61% da população paga menos de 100€ mensais, associadas a contratos mais antigos. E no outro extremo, mas também com alguma representatividade, de 12% tem rendas superiores aos 301€ mensais. Encontrando-se entre estes extremos valores intermédios como se poderá verificar através do Gráfico 23.

Gráfico 23

Valor da Renda

67; 59%

14; 12%

8; 7%

1; 1%

7; 6%

4; 3%14; 12%

<50 51-100 101-150 151-200 201-250 251-300 >301

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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4

� Bens de Conforto No que se refere a bens de conforto, todos os inquiridos afirmaram ter fogão, frigorífico e televisor. No que toca a esquentador 11 afirmaram não ter, 15 asseveraram não ter máquina de lavar roupa e 4 declararam não ter telefone fixo ou móvel. Quanto aos computadores cerca de 107 pessoas afirmaram não ter, Gráfico 24.

Gráfico 24

211200 196

207 211 211

104

0

50

100

150

200

250

Fogão

Esque

ntado

r

Maq

. Lav

ar

Telefo

ne Tv

Figorif

rico

Compu

tado

r

Bens de Conforto

Relativamente a condições de conforto e salubridade constatou-se que todos os inquiridos afirmaram ter água canalizada, saneamento básico e electricidade. Contudo, 9 pessoas afirmaram não ter casa de banho completa, apontando para a falta de uma banheira ou duche e 3 pessoas afirmaram não ter cozinha completa, nem as mínimas condições para cozinhar, Gráfico 25.

Gráfico 25

211 211 211

202

208

196

198

200

202

204

206

208

210

212

ÁguaCanalizada

SaneamentoBásico

Electricidade Casa de Banho CozinhaOperacional

Bens de Conforto e Salubridade

Quanto às patologias no edifício, e aqui foi questionado se os inquiridos identificavam problemas ao nível da água canalizada, saneamento básico, electricidade, estrutura ou outros. Dos inquiridos 82% afirmaram não identificar qualquer problema, todavia 18% apontaram ter problemas de conservação, entre os quais problemas de salitre, degradação da casa, caixilharia, etc., Gráfico 26.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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Gráfico 26

Patologias

38; 18%

173; 82%

Sim Não

� Relação com o Centro Histórico

No que se refere ao Centro Histórico propriamente dito, foram realizadas uma série de questões que nos permitiram ver a identificação dos residentes com este território, as redes solidariedades locais e as necessidades e potencialidades deste de acordo com a opinião da própria população. Assim, relativamente ao prazer de prazer de viver no Centro Histórico de Évora, 98% dos inquiridos afirmaram gosto em viver neste local e, apenas, 2% atestou que não gostava, Gráfico 27.

Gráfico 27

Prazer em Morar no Centro Histórico

207; 98%

4; 2%

Sim Não

Destes 2% que asseveraram não gostar de viver no Centro Histórico, 25% gostariam apenas de mudar de residência, mas não deixariam o Centro Histórico e 75% prefeririam ir viver para fora muros, Gráfico 28.

Pela forma como os inquiridos responderam a esta questão, muito reactiva e defensiva,

podemos aferir que há um sentimento de orgulho e de pertença associado a este

espaço.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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Gráfico 28

Local de Mudança

3; 75%

1; 25%

Fora Muros Cidade

Relativamente aos principais problemas sociais apontados nesta freguesia, os inquiridos responderam principalmente pobreza (26%), depois doença (12%) e o isolamento/abandono particularmente face aos idosos (10%), entre outras problemáticas como se poderá verificar no Quadro O.

Quadro O

Problemáticas Apontadas Nº % Pobreza 93 26 Isolamento/Abandono 34 10 Doença 43 12 Degradação Habitacional 33 9 Desemprego 14 4 Especulação Imobiliária 2 1 Toxicodependência 12 3 Violência Doméstica 1 0 Envelhecimento População 25 7 Maltrato 1 0 Alcoolismo 3 1 Famílias Disfuncionais 2 1 Desertificação 5 1 Exclusão Social 3 1 Baixa Qualificação Escolar 11 3 Mendicidade 13 4 Desemprego 7 2 Problemas psicológicos e/ou mentais 5 1 Não sabe 57 16

Contudo, é de que a esmagadora maioria dos inquiridos, incluindo estudantes gostam

de viver no Centro Histórico.

Foram identificadas como principais problemas da população de São Mamede, por

ordem decrescente: a pobreza, a doença e o isolamento/abandono dos idosos.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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7

Quanto aos equipamentos sociais 67% dos inquiridos acharam que eram insuficientes face as necessidades da população, 7% admitiram ser suficientes os que já existem e 26% não sabiam responder, Gráfico 29.

Gráfico 29

Equipamentos Sociais

7%

67%

26%

Suficientes Insuficientes Não Sabe

Daqueles que responderem ser insuficientes os equipamentos existentes 80% apontaram para a necessidade de haver mais apoio à 3.ª Idade, particularmente, mais lares; 13% aludiram não saber o que fazia exactamente falta; 5% anotaram para falta de equipamentos na área de Infância e da 3ºIdade e 2% apontaram apenas para a Infância, Gráfico 30.

Gráfico 30

Área de Necessidade de Equipamentos Sociais

108; 75%

5; 4%

18; 13%11; 8%

3º Idade Infância Infância e 3º Idade Não Sabe

No que toca às redes de apoio em situações de emergência ou necessidade, 77% dos inquiridos afirmaram procurar a família, 11% socorrem-se nos vizinhos, 8% procuram instituições e 4% pedem apoio a amigos, Gráfico 31.

Quanto aos equipamentos socais houve uma clara manifestação de maior

necessidade destes, sendo os equipamentos de apoio à população envelhecida os

mais indicados como mais necessários, com o exemplo mais apontado os lares.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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8

Gráfico 31

Rede de Apoio

8; 4% 24; 11%

17; 8%

162; 77%

Amigos Vizinhos Instituições Famílias

Quanto à participação em eventos, 59% das pessoas responderam não participar em qualquer evento, 34% participam em cultos religiosos, 1% participam nos eventos que a Junta de Freguesia Organiza, principalmente nos passeios que promove e 6% participa em festas da freguesia, Gráfico 32.

Gráfico 32

Participação em Eventos

71; 34%

2; 1%

13; 6%

125; 59%

Cultos Religiosos Eventos Junta de Freguesia

Festas das Freguesias Não Participa em nenhum evento

Mesmo, quando questionados se tem alguma participação enquanto sócios de associações, colectividades ou outros, 80% afirma não pertencer a qualquer colectividade ou associação, e apenas 20% afirma ser sócio de alguma entidade, Gráfico 33.

Esta é a freguesia que mais afirmou procurar a família em situações de emergência ou

necessidade.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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9

Gráfico 33

Participação Enquanto Sócios

42; 20%

169; 80%

Sócio Não Sócio

Relativamente ao local onde normalmente efectuam compras, 46% afirmou ir apenas às grandes superfícies, 27% declarou comprar quer no comércio tradicional, quer nas grandes superfícies, alguns destes casos mesmo quando as pessoas não se conseguem deslocar aos grandes supermercados é a família que lhe faz as compras. E 27% apenas efectuam compras no comércio tradicional, questão também associada à mobilidade que a pessoa tem, Gráfico 34.

Gráfico 34

Local Compras

57; 27%

58; 27%

96; 46%

Comércio Tradicional e Grandes Superfícies

Comércio Tradicional

Grandes Superfícies

Quanto à ocupação dos tempos livres 23% afirmou que aproveita estes tempos para tarefas domésticas, 16% dedica-se à realização de trabalhos manuais, 13% opta por apoiar a família e cuidar dos netos, 10% passear, entre outros como se poderá verificar no Gráfico 35.

A maioria dos inquiridos não participa em qualquer evento, o que revela que há

pouca dinâmica social, cultural ou associativa nesta freguesia.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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0

Gráfico 35

Ocupação Tempos Livres

21; 10%

45; 23%

33; 17%27; 13%2; 1%

13; 6%

7; 3%

16; 8%

4; 2%

14; 7%21; 10%

Passear Tarefas Domésticas Trabalhos Manuais

Apoio Família/Cuida netos Voluntariado Conviver Vizinhança

Desporto Ler Internet/Computador

Descansar Ver Tv

No que respeita aos aspectos positivos relacionados com o facto de morar no Centro Histórico, foram apontados os aspectos registados no Quadro P. Entre os quais se destacam a proximidade dos serviços/comércio com 49% das respostas, a vizinhança que arrecadou 13% das respostas, a segurança com 7% e as deslocações a pé com 7%.

Quadro P Aspectos Positivos V.A. %

Proximidade Comércio/Serviços 128 49 Vizinhança 34 13 Segurança 19 7 Sossegado 16 6 Beleza/Monumentos 10 4 Deslocações a Pé 18 7 Linha Azul 3 1 Limpeza 6 2 Proximidade Família 3 1 Diversão Nocturna 2 1 Gosta de Tudo 12 5 Não gosta de nada 5 2 Não Sabe 6 2

Nos aspectos negativos apontados com maior relevância verificou-se que, 19% dos inquiridos afirmaram que o Centro Histórico não tem aspectos negativos, 13% não encontraram aspectos negativos a indicar, 17% referiram a falta de lugares de

Mesmo a ocupação de tempos livres é vivida na sua maioria de forma muito isolada,

remetendo quase na sua totalidade para a esfera privada. Contudo esta é freguesia

com maiores índices de apoio à família e convívio com os vizinhos.

Também nesta freguesia se verificou que o factor positivo mais indicado foi a

proximidade de comércio e serviços, o que deve ser considerado em qualquer exercício

de intervenção e reabilitação deste espaço.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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1

estacionamento, 15% indicaram o barulho resultante dos estabelecimentos nocturnos, entre outras situações apontadas como se poderá verificar no Quadro Q.

Quadro Q Aspectos Negativos V.A. %

Vizinhança 7 4 Barulho dos Estabelecimentos Nocturnos 28 15 Falta de Espaços verdes/Desportivos 3 2 Abandono/Degradação Casas 7 4 Desertificação/Isolamento pessoas e comércio 5 3 Falta de Lugares de Estacionamento 31 17 Preços das casas/Especulação Imobiliária 4 2 Falta de Equipamentos Saúde 6 3 Falta limpeza ruas/dejectos caninos 12 7 Prostituição 3 2 Insegurança 2 1 Trânsito 6 3 Calçada 6 3 Falta de Hipermercados 4 2 Não tem 34 19 Não sabe 23 13

Quanto às sugestões de actividades para a Junta de Freguesia, 80% afirmou não ter nenhuma sugestão, e entre as mais apontadas encontram-se mais actividades recreativas, desportivas e de ocupação tempos livres para crianças e idosos, como se poderá ver Gráfico 36.

Embora grande parte dos inquiridos não encontrassem nenhum aspecto negativo

em morar no Centro Histórico ou não conseguissem indicar, o que demonstra que

efectivamente gostavam de viver neste espaço; entre os aspectos negativos

apontados encontramos a falta de lugares de estacionamento, que deve ser um

elemento a considerar na reabilitação deste espaço e o barulho de estabelecimentos

nocturnos.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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2

Gráfico 36

Sugestões Actividades

4; 2% 18; 9%9; 4%

170; 80%

10; 5%

OTL Crianças e Idosos Recreativas Desportivas Não Sabe Não sente necessidade

Entre os pedidos endereçados à Junta de Freguesia, que os inquiridos julgavam ser importantes para melhorarem a sua vida, embora 28% dos inquiridos não lhe ocorresse nada, entre os que efectivamente tinham pedidos, os mais evidentes ficaram a criação de mais estacionamento 13%, pedido de apoio económico e social 12%, pedido para que a junta regulasse a actividade dos bares 11%, assim como outros indicados tal como podemos verificar no Quadro R.

Quadro R

Pedidos à Junta de Freguesia V.A. % Não sabe 71 28 Regular actividade dos estabelecimentos nocturnos 28 11 Criar de Espaços Verdes/Desportivos 9 3 Cuidar Casas 22 8 Actividades Recreativas 10 4 Criar mais estacionamento 32 13 Combater especulação imobiliária 7 3 Falta limpeza ruas/dejectos caninos 12 5 Combater a insegurança 6 2 Trânsito 6 2 Calçada 8 3 Falta de Equipamentos Saúde 8 3 Apoio económico/social 32 12 Gosta Atendimento Junta 3 1 Limitações Orçamentais 6 2

Embora haja uma percentagem de pessoas que não soubessem em que medida é que

a Junta poderia melhorar a sua qualidade de vida, esta foi contudo a população que

mais se mostrou activa e reivindicadora de direitos e de mais apoio por parte da Junta

de Freguesia.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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3

� 3ª Idade Quanto à 3º Idade e verificado que grande parte dos inquiridos tinha idades iguais ou superiores a 65 anos, julgou-se ser importante perceber as dinâmicas desta população em particular. No que respeita à frequência de equipamentos para a 3.ª Idade apenas 14 dos inquiridos se encontravam a frequentar estes equipamentos, principalmente nas valências de Centros de Convívio, Gráfico 37.

Gráfico 37

Frequência Equipamentos

14; 7%

197; 93%

Frequenta Não Frequenta

Quanto a inscrições nestes equipamentos e noutros como lares, em toda a amostra havia 9 pessoas inscritas, Gráfico 38.

Gráfico 38

Incrição Equipamento

9; 4%

202; 96%

Inscrito Não Inscrito

A todas as pessoas que participaram no questionário também lhes foi perguntado se tinham algum familiar a residir na freguesia, e 30% responderam afirmativamente, Gráfico 39.

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Gráfico 39

Família a Residir no Centro Histórico

63; 30%

148; 70%

Residente Não Residente

E quando inquiridos sobre se mantinham contacto com familiares, que poderiam ir para além dos residentes na freguesia, surpreendentemente 5% afirmou não ter qualquer contacto com familiares, mesmo telefónicos, Gráfico 40.

Gráfico 40

Contacto Família

11; 5%

200; 95%

Não tem Contacto Mantém Contacto

Mais de metade dos inquiridos não frequentam e não se encontram inscritos

em qualquer equipamento para a população mais envelhecida e não tem

familiares a viver no Centro Histórico. Sendo que 10% da amostra não tem

qualquer contacto com familiares, mesmo telefónicos.

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Diagnóstico Social das Freguesias do Centro Histórico – Évora 2007

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Principais conclusões: � Há uma perda de população no Centro Histórico de Évora, o que tem conduzido a

uma desertificação física e humana deste espaço; � A população inquirida apresenta uma média de idades igual a 64 anos, e a idade

média dos agregados situa-se nos 54 anos de idade; � Os agregados familiares apresentam algum equilíbrio nas faixas etárias inferiores

a 30 anos e superiores a 65 anos de idade, contudo o número de elementos compreendidos entre os 31 e os 64 anos apresentam-se em maior valor com uma clara tendência para um envelhecimento efectivo;

� 57% dos inquiridos vivem em núcleos familiares compostos por duas ou mais pessoas, e 39% dos indivíduos moram sozinhos, o que demonstra pela amostra constituída que esta freguesia ainda acolhe bastantes famílias;

� 47% dos elementos do agregado familiar só têm o 1º ciclo do ensino básico e 11% dos inquiridos têm o 2º ciclo, seguidos de perto pelos licenciados, a população embora apresente baixas qualificações escolares, não apresenta um número tão grande de analfabetos;

� 49% dos agregados familiares são trabalhadores não qualificados, o que conduz a situações de precariedade laboral;

� 53% dos elementos dos agregados familiares subsistem através das suas reformas; sendo que 40% subsiste com rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional, o que os conduz a situações de precariedade económica;

� Dos inquiridos 123 pessoas afirmaram ter gastos de saúde até aos 100€ mensais, e foi considerada a saúde a área de maiores gastos no orçamento familiar, o que indica saúde precária;

� Quanto à habitação 54% dos ocupantes são arrendatários, na maioria com vínculos contratuais superiores a 20 anos e em 59% com rendas até aos 100€ mensais, portanto rendas de baixo valor associadas a vínculos contratuais antigos;

� Contrapondo-se aos contratos de arrendamento mais recentes que apresentam valores entre os 300 e 350 € mensais, rendas de elevado valor associado a vínculos contratuais mais recentes;

� Quanto às condições de conforto e salubridade 9 pessoas asseveraram não ter casa de banho completa e 3 afirmaram não ter cozinha operacional, indicando más condições de habitabilidade, assim como, 11 pessoas afirmaram não ter esquentador, 15 declararam também não ter máquina de lavar e 3 atestaram não ter telefone apontando para falta de bens de conforto;

� 98% dos inquiridos gostam de viver no Centro Histórico, muitas vezes associada a uma ideia de romantismo e orgulho, associado forte pertença;

� Os aspectos positivos do Centro Histórico residem principalmente na proximidade serviços/comércio (49%), as relações de vizinhança (13%), na segurança (7%) e as deslocações a pé (7%);

� Os aspectos negativos 19% afirmaram que não encontravam aspectos negativos, entre os que apontaram (17%) indicaram a falta de lugares de estacionamento e 15% barulho dos estabelecimentos nocturnos;

� E quanto às problemáticas sociais predominantes são apontadas a pobreza (26%), a degradação habitacional (16%) e o isolamento/abandono dos idosos (14%) e degradação habitacional (9%) como os principais problemas da freguesia;

� A família e a vizinhança funcionam nesta comunidade como a rede de apoio de solidariedade local, havendo apenas 8% dos inquiridos a procurar instituições em situações de necessidade ou emergência;

� Embora 59% dos inquiridos não participam em qualquer evento, o que indica não participação nas dinâmicas culturais, dos 41% que participam 6% fazem-no através das festas da freguesia, que parece levar a um sentimento de partilha e identidade da comunidade;

� Embora, as ocupações dos tempos livres sejam vividos de forma muito isolada uma vez que 65% das actividades realizam-se dentro de casa, 35% dos inquiridos

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apresentam actividades sociais, como: apoio à família, convivência com os vizinhos, o voluntariado, o desporto o que parece indicar uma não participação em dinâmicas sociais, mas que se deve atender às novas formas de ocupação como a convivência com vizinhos e o desporto;

� Quanto aos pedidos a fazer à Junta de Freguesia, um dado importante e que deve ser interpretado é que, 28% dos inquiridos não sabia em que medida é que junta poderia melhorar a sua condição de vida e 13% aludiram para a necessidade de apoio económico e social, e para a necessidade de regulação das actividades dos bares 12%.

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� Proximidade de serviços e comércio

� Questões da vizinhança/parentesco

� Elevada participação na esfera social e cultural

Análise S.W.O.T. de S. Mamede: A análise S.WO.T. resulta numa análise estratégica através de quatro elementos chave. Pontos Fortes Pontos Fracos Oportunidades

Ameaças Oportunidades

� Novo Quadro Comunitário – QREN

� Sentimento de orgulho e de pertença associado à cidade e à comunidade local – São Mamede

� S.R.U

� Desertificação física e humana da freguesia

� Emergência territórios de risco social

� Envelhecimento da população � Não renovação do tecido

social � Especulação imobiliária

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Instituições: As Instituições presentes no Quadro S encontram-se localizadas na Freguesia de São Mamede.

Quadro S Instituição Resposta Social Nº de Utentes

Creche 30 Coopberço Pré-Escolar 40

Obra de S. José Operário

Pré-Escolar 44

APPACDM ---------- ------

Centro de Convívio para Idosos e Reformados da Câmara

Municipal de Évora

----------

--------

Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental

-------

-------

Associação Benévolos Dadores de Sangue de Évora

--------

-------

Escola Básica do 2º e 3º Ciclos de São Mamede

Ensino Básico 1º (2006/2007) 1.º Ciclo: 261

Fonte: Centro Distrital da Segurança Social de Évora, 2007; www.drealentejo.pt; www.cm-evora.pt.

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Análise Social da Freguesia de São Mamede: Embora, os dados apontados dêem para retirar ilações sobre freguesia de São Mamede, o contacto com a população e a observação directa, acabou por contribuir para um olhar mais atento e mais profundo sobre as dimensões psico-sociais que compõe esta. Os dados apurados nesta freguesia indicam a existência de uma população envelhecida, que vive na sua maioria em núcleos familiares, contudo 39% dos indivíduos vivem sozinhos, apresentam baixas qualificações escolares, trabalhadores não qualificados, 40% subsistem com rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional, área de maiores gastos a saúde, arrendatários, alguns com falta de condições de habitabilidade e bens de conforto, e onde a família e a vizinhança desempenham um importantíssimo recurso, pois constituem a rede de solidariedade local. A questão social nesta freguesia coloca-se ao nível da identidade local e do envelhecimento da população, a reflexão aqui apresentada irá centrar-se nestas temáticas. Ao contrário de Santo Antão das pessoas que vivem sozinhas em São Mamede, raras foram as que apresentavam indícios de isolamento e solidão. Havia uma rede de solidariedade social em que família e vizinhos estavam muito presentes, foi a freguesia com maiores índices de apoio à família e de convívio com a vizinhança como ocupação dos tempos livres. Foi, também, a freguesia com menor representatividade no que concerne a socorrer-se das entidades locais. Pode-se confirmar através da observação directa e ao nível de participação no questionário que é a comunidade que mais reivindica os seus direitos, está mais atenta às necessidades da comunidade e solidariza-se mais. É a população que participa mais nas actividades promovidas pela Junta de Freguesia, tem uma capacidade de organização, através de um movimento popular voluntário, da qual as Festas de Santo António são resultado directo. Conhecendo a trajectória histórica desta população pode-se aferir que esta noção de identidade local tão demarcada, é resultado de uma reacção ao estigma de esta ser a freguesia com menos prestígio, ao longo da história da cidade de Évora. Uma vez, que era aqui que se situava a mouraria, classe social menos privilegiada na idade média, entendida como o ghetto intramuros, que face a este processo de exclusão desenvolveu uma auto sustentabilidade, criando comércio, mercados e oficinas próprias. Estas denominações para além de determinarem percursos históricos, marcam os territórios, os espaços dentro da cidade, tal como a Escola de Chicago defende. As fortes malhas de solidariedade locais originaram uma identidade local própria, que perante situações de pobreza, isolamento, exclusão social reagem como uma instância de protecção de primeiro grau. Perante isto, os idosos tem maior acompanhamento da vizinhança e as situações de pobreza não agudizam tanto, pois os vizinhos e família procuram colmatar as necessidades. A identidade local é uma potencialidade que deve ser aproveitada para captar sinergias e potenciar o desenvolvimento social e comunitário, pois existe uma boa base, uma comunidade já definida. Contudo, também, nesta freguesia está a ocorrer a desertificação e o surgimento de novas problemáticas, como a emergência de territórios de risco social.

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Propostas: As acções a desenvolver deverão passar pelas lógicas do desenvolvimento social e comunitário, o sentimento de pertença, a identidade colectiva tão profundamente enraizada deve ser aproveitada no sentido de desenvolver lógicas de participação e de cidadania. É aqui que, também, esta Junta de Freguesia tem um importante papel, de promotor destas lógicas, envolvendo entidades parceiras e população em novos projectos, e criando e agilizando novas respostas de apoio à comunidade. Atendendo às principais conclusões deste estudo, propõe-se as seguintes acções:

� Fomento de acções destinadas à intergeracionalidade, criando espaços de apoio às crianças e avós, pois verificou-se que muitos inquiridos eram os cuidadores dos netos. As acções destinadas à população mais envelhecida devem incluir actividades para os netos, fortalecendo ainda mais os laços de parentesco e de solidariedade, aqui também se pode resgatar o património incorpóreo e procurá-lo incutir nos mais jovens, criando pontes para que entre o passado e o futuro;

� Uma vez que há um movimento popular voluntário, criar uma estrutura de apoio ao associativismo e voluntariado nesta freguesia, procurando conduzir formas de desenvolvimento sustentável.

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SÉ/SÃO PEDRO

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A Freguesia de Sé/São Pedro é a freguesia intramuros com maior área geográfica, ocupando uma área de cerca de 0,6 Km2, e a segunda maior em termos populacionais tendo um total de 2025 habitantes. Os limites do seu território situam-se entre a Rua dos Mercadores e a Rua Menino Jesus. Tem como principal património edificado a Catedral, Templo Romano, Palácio Cadaval, Universidade, entre outros.

Freguesia Sé/São Pedro

A Freguesia de da Sé/São Pedro corresponde à área sombreada da imagem.

Fonte: Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura – C.M.E.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística em 2001, Sé/São Pedro tinha cerca de 2025 habitantes residentes, 58% mulheres e 42% homens; uma densidade populacional de 3199,2 hab/km2. No que respeita ao edificado apresenta 1484 alojamentos e 965 edifícios, como se poderá verificar pelos dados no Quadro T.

Quadro T N.º Pessoas Residente H M

Famílias ResidentesAlojamentos Edifícios

Porção Reformados

2025 847 1178 944 1484 965 38,8% Fonte: INE 2001

Tal como nas outras freguesias, face ao universo apresentado e às limitações temporais e de recursos humanos, foi decidido construir uma amostra da população para a realização de questionários. Deste modo permitindo desta forma aos investigadores um melhor conhecimento da comunidade local e à população.

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Resultados dos Questionários: De um universo de 944 famílias residentes, foram efectuados 112 questionários aos agregados familiares, abrangendo-se 12% das famílias residentes, como comprova o Gráfico 1. A amostra recolhida pode não ser representativa, mas devido às restrições temporais decidiu-se apresentar os dados, podendo ser interpretados como uma possível projecção do universo. A recolha de dados foi realizada entre as 9h e as 18h, foram percorridas todas as ruas desta freguesia e inquiridas o máximo de pessoas possível, de acordo com a capacidade de resposta da equipa.

Gráfico 1

Amostra

832; 88%

112; 12%

Famílias Residentes Não Inquiridas Famílias Residentes Inquiridas

Quanto ao sexo dos inquiridos maioritariamente eram mulheres, cerca de 84 mulheres e 28 homens, de acordo com as percentagens representadas no Gráfico 2.

Gráfico 2

Sexo dos Inquiridos

84; 75%

28; 25%

Feminino Masculino

A apresentação dos dados, tal como freguesias anteriores, foi dividida em várias temáticas abordadas no questionário: caracterização dos agregados familiares, rendimentos, saúde, mobilidade, habitação, bens de conforto, relação face ao Centro Histórico e a 3.ª Idade.

� Caracterização dos Agregados Familiares:

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No que respeita às idades do agregado familiar verifica-se, que maioritariamente estes são compostos por adultos, com particular visibilidade pessoas nas faixas etárias entre os 19-30 anos, seguidas de pessoas com idades compreendidas entre os 31-65 anos e os 66-75 anos. Com efeito, o escalão com maior representatividade é o dos 19-30 anos, algo que pode ser atribuído ao facto de ser esta freguesia a que acolhe a Universidade e ser a que apresentou maior número de famílias compostas por três gerações. Contudo, mesmo com este contributo a população apresenta-se envelhecida, como demonstra o Gráfico 3.

Gráfico 3

21

7

63

55 55

45

0

10

20

30

40

50

60

70

0-14 15-18 19-30 31-65 66-75 >76

Idades Elementos Agregados Familiares

Quanto à composição do agregado familiar verificou-se que os núcleos familiares são superiores ao grupo de indivíduos que moram sozinhos, ficando em último lugar a população flutuante composta pelos jovens estudantes universitários que se encontravam a residir nesta freguesia, Gráfico 4.

Gráfico 4

Composição Agregados Familiares

65; 58%

40; 36%

7; 6%

Núcleos Familiares Pessoas Isoladas Pop. Flutuante

No gráfico seguinte apresenta-se estes mesmos agregados familiares mas agora analisados pelo número de elementos que compõem estes. Aqui se verifica novamente que os agregados constituídos por núcleos familiares são superiores às pessoas que

Mesmo verificando-se a predominância de jovens dos 19 aos 30 anos, a população

desta freguesia apresenta-se envelhecida.

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vivem sozinhas, salienta-se que estes núcleos são compostos sobretudo por casais, como se poderá verificar, no Gráfico 5.

Gráfico 5

40

35

17 16

31

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Ag

reg

ado

s

1 2 3 4 5 6

Nº Elementos

N.º de Elementos do Agregado Familiar

No que respeita à escolaridade, 47% dos indivíduos que componham cada agregado familiar tinham o 1º ciclo do ensino básico (4º ano), 14% são licenciados e 13% frequentam a Universidade, tal como presente no Quadro U.

Quadro U Escolaridade

Nível de Ensino V.A. % Não sabe ler/escrever 16 7 Sabe ler e escrever sem possuir qualquer grau 0 0 Ensino Básico 1º 81 33 Ensino Básico 2º 23 9 Ensino Básico 3º 20 8 Ensino Secundário 22 9 Ensino Médio 3 1 Bacharelato 0 0 Licenciatura 34 14 Mestrado 0 0 Doutoramento 0 0 Frequenta Universidade 32 13 Frequenta Escola 15 6

Nesta freguesia o modelo familiar com maior representatividade são núcleos familiares,

compostos por dois ou mais elementos.

A amostra caracteriza-se pelas baixas qualificações escolares, consequência desta ser

uma população envelhecida e dos processos socais que viveu. Contudo, a segunda

percentagem mais elevada são os licenciados o que indica uma melhoria na

qualificação escolar.

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Relativamente às categorias profissionais com maior representatividade destacam-se: os trabalhadores não qualificados com 29% das respostas, pessoal dos serviços e vendedores com 22%; e 15% dos inquiridos são estudantes. O quadro seguinte indica mão-de-obra mais qualificada, contudo, as restantes categorias também se encontram presentes nesta freguesia, Quadro V.

Quadro V

Categoria Profissional V.A. % Membros Forças Armadas 3 1 Quadros Superiores da Administração Pública 7 3 Especialistas das profissões intelectuais e científicas 24 10 Técnicos e profissionais de nível intermédio 9 4 Pessoal administrativo e similares 17 7 Pessoal dos serviços e vendedores 54 22 Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas 2 1 Operários, artífices e trabalhadores similares 14 6 Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem 5

2

Trabalhadores não qualificados 73 29 Estudantes 38 15

Quanto à situação profissional em que se encontravam os membros do agregado familiar verificou-se nesta freguesia um maior equilíbrio entre os activos e os pensionistas, verificando-se uma grande percentagem de inactivos que correspondem sobretudo a estudantes e donas de casa, e alguns desempregados, Gráfico 6.

Gráfico 6

Situação Profissional

89; 36%

52; 21%13; 5%

92; 38%

Reformados Inactivos Desempregados Activos

Quanto às categorias profissionais, embora o maior grupo se caracterize pela baixa

qualidade de mão-de-obra, os dois maiores grupos seguintes são pessoal dos

serviços e vendedores e os especialistas das profissões intelectuais e científicas, o

que demonstra uma propensão na melhoria da mão-de-obra.

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No que concerne à naturalidade dos elementos dos agregados, 187 pessoas, nasceram no Distrito de Évora representando 76% da amostra, sendo que os restantes inquiridos encontram-se repartidos entre o Baixo Alentejo com 9 pessoas; o Alto Alentejo com 3 pessoas; o Centro do país com 19 indivíduos; o Sul com 8 pessoas, o Norte com 7 pessoas, das Ilhas 2 pessoas e do estrangeiro 11 pessoas, Gráfico 7. Este grupo de estrangeiros é semelhante, ao grupo encontrado nas outras freguesias, adultos, vivem em pequenos núcleos familiares e são activos.

Gráfico 7

Naturalidade

76%

4%1%

8%3% 3% 1% 4%

Évora Baixo Alentejo Alto Alentejo Centro Sul Norte Ilhas Estrangeiro

� Rendimentos

Quando inquiridos sobre as fontes de rendimento, 41% declararam auferir rendimentos provenientes de pensões/reformas, seguindo-se o salário (37%), o auxílio de terceiros (10%). Sendo que nestes últimos representam fundamentalmente os estudantes que subsistem devido ao apoio dos seus pais, depois os negócios próprios (9%), terminando com o subsidio de desemprego (3%), Gráfico 8.

Gráfico 8

Fontes de Rendimento

77; 37%

19; 9%

82; 41%

7; 3%21; 10%

Salário Negócio Próprio Pensão/Reforma Subsídio Desemprego Auxílio de 3ºs

Nesta freguesia verificou-se que a maioria dos inquiridos encontravam-se activos

38%, logo seguido pelos reformados 38%, indica um equilíbrio.

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No que respeita aos rendimentos médios por agregado familiar, 50% afirma que o seu agregado familiar tem rendimentos superiores a dois salários mínimos nacionais, e 24% afirma ter rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional, tal como demonstrado no Gráfico 9.

Gráfico 9

Rendimentos do Agregado Familiar

11; 11%

15; 14%

11; 11%

14; 14%14; 14%

10; 10%

28; 26%

<250 250-400 401-600 601-800 801-1000 1001-1200 >1200

Relativamente aos gastos do orçamento familiar a maioria, 49% declara ser a alimentação a área de maiores gastos do agregado familiar, seguido pelo saúde 29%, pelas rendas e empréstimos, e 2% afirma ser a educação, Gráfico 10.

Gráfico 10 Área de Maoires Gastos do Agregado Familiar

55; 49%

2; 2%22; 20%

33; 29%

Alimentação Educação Renda/Empréstimo Saúde

As fontes de rendimentos advêm na sua maioria das pensões reformas com 41%,

uma vez que grande parte das famílias eram compostas por várias gerações e dado

a idade dos agregados inquiridos, seguindo-se os salários com 37%.

Esta freguesia apresenta algum conforto económico uma vez que cerca de metade

dos inquiridos admite ter rendimentos superiores a dois salários mínimos.

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No que respeita a prestações sociais, entendendo-se por estas apoios complementares às pensões sob forma pecuniária de prestações. Dos inquiridos 93% das pessoas afirmaram não ter qualquer tipo de apoios, 5% atestaram usufruir dos apoios concedidos pelo Cartão do Munícipe Idoso, e 2% declararam ter apoio da acção social das Cáritas Diocesanas de Évora, no Gráfico 11 seguinte se poderá ver os valores absolutos.

Gráfico 11

6 2

104

0

20

40

60

80

100

120

Cartão Idoso Cáritas Não tem

Prestações Sociais

Relativamente a apoios institucionais, entendendo-se por estes, respostas sociais como apoio domiciliário, apoio alimentar e acção social directa das diversas entidades existentes. Dos inquiridos 94% afirmaram não tem qualquer tipo de apoio, sendo que os restantes 6% afirmaram receber apoios de diversas entidades, encontrando-se repartidos equitativamente pelas seguintes entidades: Cáritas 2%, Santa Casa da Misericórdia 2% e Cruz Vermelha Portuguesa 2%. Tal como se verifica no Gráfico 12, em valores absolutos.

Gráfico 12

2 2 2

106

0

20

40

60

80

100

120

Cáritas St. Casa M. Cruz Vermelha Não tem apoios

Apoios Institucionais

A maior área de gastos dos agregados familiares é, nesta freguesia, a alimentação.

Conclui-se que apoio concedido pela Câmara Municipal através do Cartão do Idoso

é superior a qualquer outro.

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� Saúde

Quanto à saúde 85% dos inquiridos asseveraram ter médico de família e 15% afirmaram não ter, este valor encontra-se mais uma vez relacionado com o fluxo de jovens estudantes Gráfico 13.

Gráfico 13

95

17

0

20

40

60

80

100

Sim Não

Médico de Família

No que concerne a gastos com medicamentos pelos inquiridos, 27 pessoas responderam não ter, 20 não sabem quanto gastam. Daqueles que declararam despender encargos na saúde, 50% aprestam valores inferiores a 150€ mensais, como se poderá verificar 14 em valores absolutos.

Gráfico 14

2324

7

32

1 1

20

27

0

5

10

15

20

25

30

<50 51-100 101-150

151-200

201-250

251-300

>300 NãoSabe

Não temgastos

Gastos na Saúde

No que se refere a doenças crónicas, e aqui ressalva-se o facto de se ter questionado aos inquiridos se tinham ou não alguma doença crónica, cerca de 62 pessoas responderam

Boa cobertura dos médicos de família, não tendo sido detectado qualquer problema

no acesso aos serviços de saúde.

Os gastos mensais na saúde, para o grupo que admitiu despender, rondam valores

até os 150€ mensais.

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1

não padecer de qualquer doença crónica e 50 atestaram sofrer de patologias que se encontram representadas no Gráfico 15.

Gráfico 15

69

6 6

23

62

0

10

20

30

40

50

60

70

Diabet es Cardí aca Asma Ost eoporose Out ras Não Tem Doenças

Doenças Crónicas

No que respeita a incapacidades gerais, 67 pessoas afirmaram não sentir qualquer dificuldade ou incapacidade, mas 45 afirmaram sofrer de alguma incapacidade, tal como demonstrado no Gráfico 16.

Gráfico 16

Incapacidades

17; 38%

2; 4%3; 7%13; 29%

8; 18%2; 4%

Incapacidade Locomoção Pessoas acamadas

Necessidade de cadeira de rodas Dificuldades Transpor lanços Escadas

Dispositivos de compensação Outras Incapacidades

� Mobilidade urbana

Quanto à mobilidade a maioria dos inquiridos (60%) responderam não ter automóvel, em oposição a 40% que afirmaram ter automóveis, como se poderá verificar no Gráfico 17.

Gráfico 17

Dos inquiridos 40% afirmaram sofrer de alguma incapacidade, principalmente

dificuldade de locomoção e de transposição de lanços de escadas.

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2

Nº de Automóveis

29; 26%

16; 14%67; 60%

1 Automóvel 2 Automóvel Não tem

Relativamente ao meio de transporte utilizado na cidade intramuros, Gráfico 18, 92% declararam andar a pé, 6% utilizam os transportes públicos e 2% utilizam os próprios automóveis ou algumas das vezes são os filhos que transportam os pais, situações que se encontra relacionada com problemas de saúde e dificuldade de deslocação mesmo a pé.

Gráfico 18

Meio de deslacação mais utilizado

2; 2% 7; 6%

103; 92%

Automóvel Autocarros Pé

� Habitação

Quanto à função da habitação encontra-se distribuída entre habitação permanente e segunda habitação, esta última relacionada com de deslocações de estudantes que arrendam casas perto da universidade, tornando-se estas segundas habitações uma vez que o endereço oficial destes jovens continua a ser a casa de seus pais. Como tal, maioritariamente as casas são habitações permanentes, Gráfico 19.

Conclui-se que os inquiridos apresentam hábitos saudáveis e positivos para o

ambiente, pois as formas de locomoção privilegiadas são as deslocações a pé e os

transportes públicos.

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3

Gráfico 19

Função de Habitação

106; 95%

6; 5%

Habitação Permanente Segunda Habitação

Quanto ao vínculo contratual da habitação, maioritariamente as casas são arrendadas 53%, seguindo a situação de casa própria 43%, e a habitação cedida 4%, esta última associada a questões familiares em que um membro da família disponibiliza uma sua habitação para usufruto de um outro familiar, Gráfico 20.

Gráfico 20

Tipo de Vínculo

48; 43%

60; 53%

4; 4%

Própria Arrendada Cedida

Entre os indivíduos em situação de arrendatários verificou-se que quanto ao contrato propriamente dito, Gráfico 21, em 65% dos casos os inquiridos afirmavam ter contratos ilimitados, seguindo-se os indivíduos que afirmaram não ter nem contrato nem recibos 15% e logo depois os que asseveraram não ter contrato mas terem recibos 10%. Os contrato com prazo determinado obtiveram 7% das respostas, sendo que 3% dos inquiridos que não sabia qual o tipo de contrato que tinha estabelecido. Verificou-se que a situação de não terem contrato, nem recibos, tinha particular incidência na população universitária.

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4

Gráfico 21

Tipo de Contrato

9; 15%

6; 10%

39; 65%

4; 7% 2; 3%

Sem Contrato/Sem Recibo Sem Contrato/Com Recibo Contrato Ilimitado

Contrato com prazo determinado Não sabe

Quanto aos anos de celebração de contrato verificou-se que 66% dos casos eram contratos com mais de vinte anos, havendo ainda um valor considerável, 23%, de contratos recentes, com menos de cinco anos, mais uma vez associados à população mais jovem, Gráfico 22.

Gráfico 22

Anos de Vínculo

21; 22%

11; 12%

31; 33%

22; 23%

9; 10%

<5 6 - 2 0 21-40 41-60 >60

No que se refere ao valor da renda, verificou-se que 63% da população paga rendas de valores inferiores a 100€, associadas aos contratos mais antigos. E no outro extremo, mas também com alguma representatividade, 18% têm rendas superiores aos 301€, Gráfico 23.

A maioria dos inquiridos é arrendatária.

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5

Gráfico 23

Valor da Renda

27; 50%

7; 13%3; 5%

1; 2%

4; 7%

3; 5%

10; 18%

<50 51-100 101-150 151-200 201-250 251-300 >301

� Bens d

e Conforto No que se refere a bens de conforto todos os inquiridos afirmaram ter fogão, frigorífico e televisor. No que toca a esquentador 3 afirmaram não ter, 7 asseveraram não ter máquina de lavar roupa e 1 declarou não ter telefone fixo ou móvel. Quanto aos computadores cerca de 64 pessoas afirmaram não ter, Gráfico 24.

Gráfico24

112109

105111 112 112

48

0

20

40

60

80

100

120

Fogão

Esque

ntado

r

Maq.

Lav

ar

Telef

one Tv

Figor

ifrico

Compu

tado

r

Bens de Conforto

Relativamente a condições de conforto e salubridade constatou-se que todos os inquiridos afirmaram ter água canalizada, saneamento básico e electricidade. Que 7 pessoas afirmaram não ter casa de banho completa, apontando para a falta de uma banheira ou duche, e 5 pessoas afirmaram não ter cozinha completa, nem as mínimas condições para cozinhar, Gráfico 25.

Concluindo-se que, as rendas de baixo valor estão associados a vínculos contratuais

antigos, sob forma de contratos ilimitados e as rendas de elevado valor estão

associadas a vínculos contratuais mais recentes sob forma de vínculos sem contrato

e sem recibos, maioritariamente.

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6

Gráfico 25

112 112 112

105

107

100

102

104

106

108

110

112

ÁguaCanalizada

SaneamentoBásico

Electricidade Casa deBanho

CozinhaOperacional

Bens de Conforto e Salubridade

Quanto às patologias no edifício, e aqui foi questionado se os inquiridos identificavam problemas ao nível da água canalizada, saneamento básico, electricidade, estrutura e outros. Dos inquiridos 82% afirmaram não identificar qualquer problema relevante, todavia 18% apontava para problemas de salitre, degradação da casa, caixilharia, etc., Gráfico 26.

Gráfico 26 Patologias

20; 18%

92; 82%

Sim Não

� O Centro Histórico

No que se refere ao Centro Histórico propriamente dito, foram realizadas uma série de questões que nos permitiram ver a identificação dos residentes com este território, as redes solidariedades locais e as necessidades e potencialidades deste de acordo com a opinião da própria população. Assim relativamente, ao prazer de viver no Centro Histórico de Évora 97% afirmou ter gosto em viver neste local e, apenas, 3% atestou que não gostava, Gráfico 27.

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7

Gráfico 27

Prazer em Morar no Centro Histórico

3; 3%

109; 97%

Sim Não

Quando questionados se mudariam ou não para um novo local nove pessoas responderam afirmativamente, destas uma apenas desejava sair do Centro Histórico e as restantes 8 desejavam sair mesmo da cidade de Évora, deslocando-se sobretudo para o local de onde são naturais, Gráfico 28.

Gráfico 28

Local de Mudança

8; 89%

1; 11%

Fora Muros Cidade

Relativamente aos principais problemas sociais apontados nesta freguesia, os inquiridos responderam principalmente pobreza (20%), a degradação habitacional (14%), com valores equivalentes doença e o isolamento/abandono dos idosos (11%), entre outras problemáticas como se poderá verificar no Quadro W.

Pela forma como os inquiridos respondiam a esta questão de forma muito reactiva e

defensiva, podemos aferir que há um sentimento de orgulho e de pertença

associado a este espaço.

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Quadro W Problemáticas Apontadas Nº %

Pobreza 39 20 Isolamento/Abandono 22 11 Doença 21 11 Degradação Habitacional 28 14 Desemprego 11 6 Toxicodependência 5 3 Violência Doméstica 4 2 Envelhecimento População 17 9 Maltrato 1 1 Alcoolismo 9 5 Desertificação 1 1 Exclusão Social 4 2 Baixa Qualificação Escolar 3 2 Desemprego 1 1 Problemas psicológicos e/ou mentais 1 1 Não sabe 2 11

Quanto aos equipamentos sociais, 58% acharam que eram insuficientes face as necessidades da população, 21% admitiram ser suficientes os existentes, assim como, 21% não sabiam responder, Gráfico 29.

Gráfico 29

Equipamentos Sociais

21%

58%

21%

Suficientes Insuficientes Não Sabe

Daqueles que responderem ser insuficientes os equipamentos existentes 48% não sabiam o que fazia falta, nos que apontaram possíveis respostas: 39% indicavam a área da 3.ª idade, 12% área da terceira idade e infância e 1% apenas infância, Gráfico 30.

Foram identificados como principais problemas da Sé/São Pedro, por ordem

decrescente: a pobreza, a degradação habitacional, doença e isolamento/abandono

dos idosos.

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Gráfico 30

Área de Necessidade de Equipamentos Sociais

44; 39%

1; 1%13; 12%

54; 48%

3º Idade Infância Infância e 3º Idade Não Sabe

No que toca às redes de apoio em situações de emergência ou necessidade, 71% dos inquiridos afirmaram procurar a família, 11% socorrem-se nos vizinhos, 10% pedem apoio a amigos e 8% procuram instituições, Gráfico 31.

Gráfico 31

Rede de Apoio

11; 10%12; 11%

9; 8%

80; 71%

Amigos Vizinhos Instituições Famílias

Quanto à participação de eventos, 76% das pessoas responderam não participar em qualquer evento, 20% participam em cultos religiosos, 4% participam nos eventos que a Junta de Freguesia promove, Gráfico 32.

Quanto aos equipamentos sociais houve uma clara manifestação de maior

necessidade destes, sendo os equipamentos de apoio à população envelhecida aos

mais indicados como necessários.

Embora os inquiridos afirmassem, na sua maioria, que procuravam apoio/auxílio na

família, esta foi a freguesia em que mais se indicou os amigos como rede de apoio e

solidariedade.

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00

Gráfico 32

Participação em Eventos

22; 20%

5; 4%

85; 76%

Cultos Religiosos Eventos Junta de Freguesia Não Participa em nenhum evento

Mesmo, quando questionados se tem alguma participação enquanto sócios de associações, colectividade ou outros, 71% afirma não pertencer a qualquer colectividade ou associação, e 29% afirma ser sócio de alguma entidade, Gráfico 33.

Gráfico 33

Participação enquanto Sócios

32; 29%

80; 71%

Sócio Não Sócio

Relativamente ao local onde normalmente efectuam compras, Gráfico 34, 39% declararam comprar quer no comércio tradicional, quer nas grandes superfícies, 33% restringe as suas compras ao comércio tradicional e 28% efectua compras somente nas grandes superfícies.

Embora a maioria dos inquiridos, não participe em qualquer evento, o que revela que

há muita pouca dinâmica social, cultural e associativa nesta população. Esta foi a

freguesia houve se registou maior número de dinâmica associativa.

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Gráfico 34

Local Compras

44; 39%

37; 33%

31; 28%

Comércio Tradicional e Grandes Superfícies

Comércio Tradicional

Grandes Superfícies

Quanto à ocupação dos tempos livres 19% afirmaram passear e ler, 13% vêem televisão, e 9% fazem as suas tarefas domésticas, entre outros como se poderá verificar no Gráfico 35.

Gráfico 35

Ocupação dos Tempos Livres

27; 19%

12; 9%

6; 4%

8; 6%

5; 4%

8; 6%25; 19%1; 1%

4; 3%

17; 13%

21; 16%

Passear Tarefas Domésticas Trabalhos Manuais

Apoio Família/Cuida netos Conviver Vizinhança Desporto

Ler Internet/Computador Descansar

Ver Tv Não responde

No que respeita aos aspectos positivos de morar no Centro Histórico de Évora foram apontados as seguintes aspectos registados no Quadro X, entre estes destacam-se a proximidade dos serviços/comércio 49%, as deslocações a pé 10%, a vizinhança 8%, entre outras.

A ocupação de tempos livres é vivida de forma isolada, mas remete para actividades

mais recreativas e culturais, como passear e ler.

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Quadro X Aspectos Positivos V.A. %

Proximidade Comércio/Serviços 83 49 Vizinhança 14 8 Segurança 8 5 Sossegado 7 4 Beleza/Monumentos 10 6 Deslocações a Pé 17 10 Linha Azul 7 4 Renda Baixo Valor 3 2 Proximidade Família 3 2 Diversão Nocturna 2 1 Gosta de Tudo 3 2 Não sabe 12 7

Os aspectos negativos apontados de relevância verifica-se que 16% apontaram a falta de estacionamento, 14% dos inquiridos não encontraram aspectos negativos, 12% indicaram o barulho resultante dos estabelecimentos nocturnos e o abandono/degradação casas, entre outras situações apontadas como se poderá verificar no Quadro Y.

Quadro Y

Aspectos Negativos V.A. % Barulho Bares 16 12 Falta de Espaços verdes/Desportivos 2 1 Abandono/Degradação Casas 12 12 Desertificação/Isolamento pessoas e comércio 14 10 Estacionamento 22 16 Falta limpeza ruas/dejectos caninos 9 7 Trânsito 12 9 Calçada 9 7 Falta de Hipermercados 4 3 Não tem 19 14 Não sabe 16 12

Quanto às sugestões de actividades para a Junta de Freguesia, 43% afirmou não ter nenhuma sugestão, 29% declarou não sentir necessidade, pois achavam que a oferta existente era suficiente, e entre as mais apontadas encontram-se mais actividades recreativas, desportivas e de ocupação tempos livres para crianças e idosos, como se poderá ver Gráfico 36.

Também nesta freguesia, o factor positivo mais apontado de morar no Centro

Histórico foi a proximidade do comércio e serviços, o que deve ser considerado em

qualquer exercício de intervenção e reabilitação deste espaço.

Os aspectos negativos mais apontados foram: a falta de lugares de estacionamento, o

barulho dos estabelecimentos nocturnos e o abandono/degradação das casas.

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Gráfico 36

Sugestões Actividades

8; 7%12; 11%

11; 10%

48; 43%

33; 29%

OTL Crianças e Idosos Recreativas Desportivas Não Sabe Não sente necessidade

Entre os pedidos endereçados à Junta de Freguesia, que os inquiridos julgavam ser importantes para melhorarem a sua vida, embora 52% dos inquiridos não lhe ocorresse nada, entre os que efectivamente tinham pedidos, os mais evidentes foram: o pedido de apoio económico e social 25%, apoio na conservação e recuperação de casas 11% e apoio aos jovens 6%, assim como outros indicados tal como podemos verificar no Quadro Z.

Quadro Z Pedidos à Junta de Freguesia V.A. %

Não sabe 43 52 Regular actividade dos bares 1 1 Criar de Espaços Verdes/Desportivos 1 1 Apoio na Conservação e Recuperação de Casas 9 11 Apoio Jovens 5 6 Criar mais estacionamento 2 2 Apoio económico/social 21 25 Gosta Atendimento Junta 1 1 Limitações Orçamentais 1 1

� 3.ª Idade

Quanto à 3º Idade e verificado que grande parte dos inquiridos tinha idades iguais ou superiores a 65 anos, julgou-se ser importante perceber as dinâmicas desta população em particular. No que respeita à frequência de equipamentos para a 3.ª Idade apenas 12 dos inquiridos se encontravam a frequentar estes equipamentos, Gráfico 37.

Embora, cerca de metade dos inquiridos não soubessem em que medida é que a Junta

de Freguesia poderia fazer para melhorar a sua vida, novo indicador de falta de

participação cívica; o pedido mais frequente é apoio económico e social.

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Gráfico 37

Frequência Equipamentos

100; 89%

12; 11%

Frequenta Não Frequenta

Quanto a inscrições nestes equipamentos, em toda a amostra havia 6 pessoas inscritas, Gráfico 38.

Gráfico 38

Incrição Equipamento

6; 5%

106; 95%

Inscrito Não Inscrito

A todas as pessoas que participaram no questionário também lhes foi perguntado se tinham algum familiar a residir na freguesia, e 24% responderam afirmativamente, Gráfico 39.

Gráfico 39

Família a Residir no Centro Histórico

27; 24%

85; 76%

Residente Não Residente

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E quando inquiridos sobre se mantinham contacto com familiares, que poderiam ir para além dos residentes na freguesia, surpreendentemente 4% afirmou não ter qualquer contacto com familiares, mesmo telefónicos, Gráfico 40.

Gráfico 40

Contacto Família

4; 4%

108; 96%

Não tem Contacto Mantém Contacto

Tal como já enunciado não foi possível constituir uma amostra da população da freguesia da Sé/ São Pedro, portanto todas as conclusões apresentadas em baixo são válidas no âmbito de serem ilações sobre os inquéritos feitos, contudo, face ao universo são em facto uma projecção de prováveis características desta população.

Mais de metade dos inquiridos não frequentavam e nem se encontravam inscritos em

qualquer equipamento para a população mais envelhecida e não tem familiares a residir

no Centro Histórico. Sendo que dos inquiridos 4% não mantém qualquer contacto com

familiares. Contudo, esta foi a freguesia que em que mais frequentavam valências como

Centro de Convívio.

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Principais conclusões: � Há uma perda de população no Centro Histórico de Évora, o que tem conduzido a

uma desertificação física e humana deste espaço; � A população inquirida apresenta uma média de idades igual a 57 anos e a idade

média dos agregados situa-se nos 57 anos de idade; � Os agregados familiares apresentam entre a população tendencialmente

envelhecida, pois, as faixas etárias superiores aos 65 anos situa-se nos 40%, quase em igualdade 38% situa-se a população menor de trinta anos, contudo, a população entre os 31 e os 64 anos corresponde a 22% dos inquiridos, o que aponta para uma população envelhecida;

� 58% dos inquiridos vivem em núcleos familiares compostos por duas ou mais pessoas, e 36% dos indivíduos moram sozinhos;

� 47% dos elementos do agregado familiar só têm o 1º ciclo do ensino básico, 14% são licenciados, 13% frequentam a universidade, o que aponta para baixas qualificações escolares na população mais envelhecida, em contraposição como segundo maior grupo os licenciados;

� 29% dos agregados familiares são trabalhadores não qualificados, 22% são trabalhadores das áreas de serviço e vendedores, o que induz a melhoria na qualidade de mão-de-obra, mas que mantém em maioria precariedade laboral;

� 38% dos inquiridos mantém-se no activo e 36% são reformados, 50% apresentavam rendimentos superiores a dois salários mínimos nacionais, contrapondo os 24% que tem rendimentos de cerca de um salário mínimo nacional, que na sua maioria leva a uma situação de algum conforto económico;

� Dos inquiridos 49% afirmaram fazer maiores gastos na alimentação, 29% na saúde e 20% na renda/empréstimos;

� Quanto à habitação 53% dos ocupantes são arrendatários, na maioria com vínculos contratuais superiores a 20 anos e em 63% com rendas até aos 100€ mensais, portanto rendas baixo valor associadas a vínculos contratuais antigos;

� Contrapondo-se aos contratos de arrendamento mais recentes que apresentam valores entre os 300 e 350 € mensais, rendas de elevados valor associado a vínculos contratuais mais recentes;

� Quanto às condições de conforto e salubridade 7 pessoas asseveraram não ter casa de banho completa e 5 afirmaram não ter cozinha operacional, indica más condições de habitabilidade, assim como, 3 pessoas afirmaram não ter esquentador, 7 declararam também não ter máquina de lavar e 4 atestaram não ter telefone apontando para falta de bens de conforto;

� 98% dos inquiridos gostam de viver no Centro Histórico, muitas vezes associada a uma ideia de romantismo e orgulho, associado forte pertença;

� Os aspectos positivos do Centro Histórico residem principalmente na proximidade serviços/comércio (49%), facilidade das deslocações a pé (11%) nas relações de vizinhança (8%);

� Os aspectos negativos 19% afirmaram que não encontravam aspectos negativos, entre os que apontaram (16%) indicaram a falta de lugares de estacionamento, 12% barulho dos estabelecimentos nocturnos e abandono/degradação parque habitacional;

� E quanto às problemáticas sociais predominantes são apontadas a pobreza (20%), a degradação habitacional (14%) e o isolamento/abandono dos idosos e doença (11%) como os principais problemas da freguesia;

� A família e a vizinhança funcionam nesta comunidade como a rede de apoio de solidariedade local, havendo apenas 8% dos inquiridos a procurar instituições em situações de necessidade ou emergência;

� 59% dos inquiridos não participa em qualquer evento, o que indica não participação dinâmicas culturais, mesmo perante este cenário 15% sugerem mais actividades;

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� As ocupações dos tempos livres são vividos de forma muito isolada uma vez que 65% das actividades realizam-se dentro de casa e apenas 35% dos inquiridos apresentam actividades sociais, apoio à família, convivência com os vizinhos, passeios o que aponta para não participação em dinâmicas sociais;

� Quanto aos pedidos a fazer à Junta de Freguesia, um dado importante e que deve ser interpretado é que 52% dos inquiridos não sabia em que é medida é que junta poderia melhorar a sua condição de vida e 25% aludiram para a necessidade de apoio económico e social.

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� Proximidade de serviços e comércio

� Questões da vizinhança

� População universitária

Análise S.W.O.T. de Sé/São Pedro: A análise S.WO.T. resulta numa análise estratégica através de quatro elementos chave. Pontos Fortes Pontos Fracos Ameaças Oportunidades

� Novo Quadro Comunitário – QREN

� Sentimento de orgulho e de pertença associado à cidade

� Desertificação física e humana da freguesia

� Emergência territórios de risco social

� Envelhecimento da população � Não renovação do tecido

social � Especulação imobiliária

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Instituições: As entidades presentes no Quadro AA encontram-se localizadas na Freguesia da Sé/ São Pedro.

Quadro AA

Instituição Resposta Social Nº de Utentes Creche 108

Pré-Escolar 155 Associação da Creche e

Jardim-de-infância ATL C/A 40

Associação Humanidade e Respeito pelos Idosos de Évora

Centro de Convívio 30

Associação Reformados e Pensionista e Idosos de Évora

Centro Convívio 40

Creche 44 Santa Casa da Misericórdia de Évora

Apoio Domiciliário 114

Cáritas Centro de Ocupação Tempos Livres

----

IPJ Apoio jovem ------

Associação de Estudantes da Universidade de Évora

Apoio jovens universitários de Évora

------

Fundação Eugénio de Almeida ------

Hospital Espírito Santo Saúde -------

Polícia Segurança Pública Segurança ------

Fonte: Centro Distrital da Segurança Social de Évora, 2007; http:///www.cm-evora.pt; Santa Casa da Misericórdia.

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Análise Social da Freguesia da Sé/São Pedro: Os inquéritos realizados na freguesia da Sé/São Pedro não foram suficientes para construir uma amostra representativa, contudo poderemos retirar algumas ilações do contacto com a população e a observação directa, acabou por contribuir para um olhar mais atento e mais profundo sobre as dimensões psico-sociais que compõe esta. Os dados apurados nesta freguesia indicam a existência de uma população envelhecida, que vive na sua maioria em núcleos familiares, compostos por três ou duas gerações, contudo 36% dos indivíduos vivem sozinhos, apresentam predominantemente baixas qualificações escolares, havendo em oposição um segundo grupo de licenciados, melhoria da qualidade da mão-de-obra face às outras freguesias, maioria apresenta algum conforto económico. A área de maiores gastos foi a alimentação, deferentemente das outras freguesias, arrendatários, alguns com falta de condições de habitabilidade e bens de conforto, e onde a família e a vizinhança desempenham um importantíssimo recurso, pois constituem a rede de solidariedade local. A questão social nesta freguesia coloca-se ao nível do envelhecimento da população e do apoio aos jovens estudantes universitários, a reflexão aqui apresentada irá centrar-se nestas temáticas. Embora, os inquiridos desta freguesia apresentassem uma melhor situação económica e social, caracterizado pela sociedade média e média/alta, manteve-se o factor do envelhecimento populacional e os baixos índices de participação cívica, exercícios ainda pouco frequentes neste tipo de população. Portanto, a questão do envelhecimento não está tão relacionada com pobreza na sua dimensão económica, como nas outras freguesias, mas com a falta de participação nas dinâmicas sociais, culturais e associativas. Contudo, foi nesta freguesia que se observou maior número de jovens casais universitários, isto deve principalmente ao facto de ser a freguesia que acolhe a Universidade e ser o primeiro espaço da cidade que recebe estes jovens. O contacto com estes jovens permitiu a conclusão da existência, segundo estes mesmos, de dois ciclos da cidade intramuros, associados aos fluxos de jovens estudantes e a uma maior animação nocturna verificada durante o ano lectivo, em oposição aos fins-de-semana e férias lectivas. Estes jovens casais indicaram gostar mais do ciclo em que encontram outros jovens, portanto do ano lectivo. Outro facto, também verificado nesta freguesia foi o pedido de apoio aos jovens, relacionado com a inserção no mercado de trabalho e a procura de melhores habitações e a preços mais acessíveis. Neste momento a procura desta freguesia e do próprio Centro Histórico, por estes jovens, como parque habitacional funciona através de um processo pouco organizado e voluntário. A Junta de Freguesia poderá desenvolver um importante papel no desenvolvimento deste processo, apoiando e acompanhando as necessidades desta população, em particular.

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Propostas: As acções a desenvolver deverão passar pelas lógicas do desenvolvimento social e comunitário, o sentimento de pertença, a identidade colectiva tão profundamente enraizada deve ser aproveitada no sentido de desenvolver lógicas de participação e de cidadania. É aqui que, também, esta Junta de Freguesia tem um importante papel, de promotor destas lógicas, envolvendo entidades parceiras e população em novos projectos, e criando e agilizando novas respostas de apoio à comunidade. Atendendo às principais conclusões deste estudo, propõe-se as seguintes acções:

� Apoio à implementação de uma UNIVA – Unidade de Inserção na Vida Activa, destinada à população universitária, procurando apoiar a inserção no mercado de trabalho, através de vínculos contratuais ou estágios com empresas da região. Estabelecendo acordos com as indústrias e serviços da região potencializando estes recursos humanos em recursos capazes de capitalizar riqueza e desenvolvimento social;

� Apoiar a população mais jovem, através abertura de um de espaço de leitura e acesso à Internet;

� Fomentar a abertura de pequenos cursos, em parceria com a Associação de Estudantes e a própria Universidade de Évora, dirigidos a imigrantes e jovens estudantes, que permitam o enriquecimento curricular e uma melhor recepção desta população.

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REFLEXÃO FINAL SOBRE O CENTRO HISTÓRICO

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O Centro Histórico de Évora é composto pelas três freguesias estudadas Santo Antão, São Mamede e Sé/S. Pedro, sendo o maior centro histórico do país, com cerca de 104 hectares, é o centro de vitalidade desta cidade, onde a esfera privado do parque habitacional e a esfera pública composta pelo comércio, diversos serviços e universidade procuram conviver em equilíbrio. Sendo património mundial a importância deste espaço é primordial para o desenvolvimento do turismo e da economia local, e devido a esta designação urze a necessidade de ser analisado sobre diversas perspectivas que se deverão complementar, pois, este Centro Histórico é a porta do passado onde se deslumbra o futuro do povo eborense. Quando somos acolhidos por esta cidade somos assombrados pela sua beleza e riqueza arquitectónica, resultado de um passado repleto de grandes momentos. Somos facilmente levados numa viagem pelo tempo, pela história de Portugal, de que a calçada, praças e ruas são testemunhas. Quando compenetrados na lição viva de história que Évora é fruto, somos também obrigados a indignar que povo é este cheio de coragem e valentia que procurou rumar sempre ao futuro, e que nos legou um património talvez mais grandioso que o edificado, os seus filhos, a comunidade que faz a cidade. O presente trabalho assenta na segunda perspectiva sobre a cidade, procurando conhecer a comunidade intramuros, as suas vivências, práticas, solidariedades, etc., não tem a audácia de se intitular de estudo sociológico, mas é sem dúvida social. Este Centro Histórico já foi alvo de alguns estudos, entre os quais um realizado pela Câmara Municipal de Évora 2000/2001 (Mourão: 2001, s/p), que incidiu sobre as condições de habitabilidade neste espaço, atingiu uma amostra entre 38% aos 26% nas freguesias intramuros, e que chegou a algumas ilações sobre traços gerais da comunidade que passamos a enunciar:

� Desde 1940 que a população Centro Histórico tem vindo a decrescer, sendo que este se deve ao envelhecimento da população e à deslocação da população para a cidade extra-muros;

� Não há renovação do tecido social e existe um acentuado envelhecimento; � A população subsiste com recursos económicos muito baixos – 35% dos

inquiridos de uma base amostra apresentavam um rendimento inferior a um salário mínimo nacional;

� Predominância do inquilinato; � Patologias identificadas em cozinhas, casas de banho e arejamento/ventilação, na

ordem dos 25%; � Capacidade de utilização habitacional de alguns edifícios esgotou-se, ficando

estes devolutos ou sujeitos a alterações de uso – 278 edifícios devolutos e em mau estado de conservação.

Foi perante este cenário que se construíram instrumentos de análise da comunidade e que se procurou inquirir a máximo de pessoas possíveis no tempo exigido, concluindo-se este diagnóstico chegou-se a surpreendentes inferências, podendo estas ser divididas em três grandes temáticas que serão aqui apresentadas: existência de diferentes identidades locais; o envelhecimento na sua dimensão sócio-económica e a emergência de territórios de risco. A primeira conclusão e talvez uma das mais surpreendentes é o facto de se ter verificado que cada freguesia apresenta uma comunidade diferente, isto é, embora se possa construir dimensões que são transversais a todas freguesias, no que respeita às redes de solidariedade, que são a malha de protecção de cada indivíduo, há diferenças, ao ponto de se construírem diversas identidades locais. Para percebermos melhor isto, devemos antes de mais definir o conceito de comunidade, Manuel Castells afirma que “as pessoas socializam-se e interagem no seu ambiente local, seja ele a vila, a cidade, o subúrbio, formando redes sociais entre os seus vizinhos” (2003:72), estas redes constroem

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identidades locais repletas de significados e reconhecimento social. E funcionam como barreiras de defesa e de reacção, asseverando ainda o autor que “subitamente indefesas diante de um turbilhão global, as pessoas agarram-se a si mesmas: qualquer coisa que possuíssem, e o que quer que fossem, transformou-se na sua identidade” (ibidem). Através da observação e dos questionários constatou-se que, por exemplo, na freguesia de São Mamede de um modo geral existe uma só comunidade bem definida, as festas de Santo António que partem de um movimento popular, a elevada participação nos eventos promovidos pela junta de freguesia, e repetitivos episódios de no momento da realização dos questionários à população vizinhos aparecerem com frequência e algum ar de suspeição, a questionarem o nosso papel, são disto exemplo. Olhando-se para o percurso histórico da comunidade percebemos que nesta freguesia se localizava a mouraria, local onde residiam os mouros e que não eram mais do um espaço de exclusão, o ghetto da cidade. Portanto era um espaço que não tinha prestígio, menos nobre, e onde no decurso da história se alojaram sempre os pobres e os “desgraçados”, com demarcadas ruas de prostituição. A comunidade que aqui residiu e reside desenvolveu formas de defesa e de reacção perante este estigma, talvez não de forma organizada, mas consciente, e a sua elevada participação, o exercício de cidadania são disto resultado. Já a freguesia de Sé/São Pedro e Santo Antão no que respeita a estas redes de solidariedade locais apresentam pequenos nichos, compostos essencialmente por vizinhos, e que funcionam como agentes minimizadores de riscos sociais e que muitas vezes facilitam o sentido de envelhecer, permitindo maior acompanhamento. Contudo, nem toda a população tem estas redes, por exemplo em Santo Antão 16% dos inquiridos responderam que em situações de emergência recorrem às instituições locais, o que é revelador do isolamento que experienciam. Estas situações agudizam com o facto de, e nesta freguesia em particular, 10% dos inquiridos afirmarem que não mantêm contacto com as suas respectivas famílias. A presença destes pequenos nichos, ou a não existência em todo destes mesmos, mudam a percepção de identificação de comunidade. Se o indivíduo se encontra numa situação de isolamento não identifica a sua comunidade, não participa, não se envolve, desencadeando um processo de risco social, de vulnerabilidade societal que pode terminar em situações de exclusão social. As situações de isolamento adquirem uma preocupante dimensão com o envelhecimento da população e o natural aumento de dependência. Nas sociedades contemporâneas, o substancial aumento da esperança de vida verificado durante o século XX, associado às profundas mudanças societárias que para ele ocorreram, fez emergir o envelhecimento e a velhice como questão social, as freguesias do Centro Histórico não fogem a esta realidade. Procurando reflectir sobre a realidade social destas freguesias é incontornável pensarmos sobre o envelhecimento. O envelhecimento é uma consequência das mutações sociais e económicas, houve um recuar da morte e os velhos ficaram cada vez mais velhos, experienciam uma vida adulta cada vez mais prolongada, marcada pela coexistência da diversidade e complexidade de papéis. A gestão de papéis no tempo e a gestão do tempo na gestão das idades apresentam-se hodiernamente com dados novíssimos da nossa experiência humana (Quaresma: 2005,5). Koffi Annan (1999:s/P) afirmou sobre a temática do envelhecimento que “ o aumento da longevidade está a criar uma nova fronteira para a humanidade, a ampliar as nossas perspectivas mentais e físicas. Os idosos dos nossos dias são, em muitos aspectos, pioneiros. Fazendo jus a este espírito foram inovadores, catalisadores e condutores de muitas iniciativas levadas a cabo durante o Ano. Ao fazerem-no, ajudaram-nos a preparar

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para uma vida mais segura, mais saudável e mais rica para muitas gerações de idosos que virão depois deles”. As actuais gerações de idosos são as primeiras a experimentar estas mudanças, estão a sofrer impactes por elas não esperados, mal conhecidos e, muitas vezes, socialmente distorcidos ou denegados por forças das representações negativas da velhice (Quaresma:2005,5). Esta fase da vida deve perder a sua conotação tão negativa e depreciativa, a velhice não é opaca, a integração é um contínuum na existência dos indivíduos, há um manancial de novas experiências, de potencialidades. Contudo, há riscos também associados a esta fase da vida, riscos sociais, ambientais e de saúde, de isolamento, de solidão, incapacidades e de exclusão. Mas estes riscos devem ser reconhecidos e estudados, e deve-se procurar formas de combate a estes mesmos. O que acontece no Centro Histórico de Évora não é diferente desta realidade, a população é caracteristicamente envelhecida; o isolamento, solidão, pobreza e a exclusão social também se encontram presentes nesta população, tal como verificado em cada freguesia. A respeito da solidão Bernadette Puijalon (Quaresma:2003,10) afirmou “ pode-se estar isolado ou ter um sentimento de solidão em qualquer idade, como escreveu Emmanuel Lévinas «A solidão é uma categoria do ser», no entanto, quem diz velhice não diz forçosamente solidão, mas mesmo para aqueles que não a conhecem, nesta idade, ela é um horizonte temido”. O sofrimento dos mais idosos quando causado pela solidão, é considerado por muitos, como a mais penosa e problemáticas situações de vida a que se torna necessário responder. O isolamento e a solidão foram diversas vezes verificadas neste diagnóstico social, para isto muito tem contribuído a desertificação do Centro Histórico, o êxodo rural dos descendentes dos idosos intramuros e o desaparecimento da vizinhança. O enfraquecimento das redes de solidariedade, das relações de vizinhança, de onde emergiam um verdadeiro suporte, que satisfaziam aquilo a que Marshal define como necessidades sociais, importantíssimas para se atingir o bem-estar pessoal e social, que mesmo em casos de dependência proviam e garantiam algum conforto, levou à vivência de isolamento e solidão. Podendo-se concluir que a população intramuros apresenta alguma vulnerabilidade societal nesta âmbito e que deve ser urgentemente equacionada. Quanto ao fenómeno da pobreza, é reconhecido que certas categorias da população são particularmente vulneráveis, que entre os pobres em número significativo podemos encontrar, desempregados de longa duração ou jovens à procura do primeiro emprego, famílias monoparentais, certas minorias étnicas, e sobretudo deficientes e idosos com recursos insuficientes para lhes assegurar um nível de vida acima dos limiares de pobreza (Almeida et all, 1992:11). Os baixos montantes dos subsídios recebidos pela grande maioria dos idosos – pensões de reforma, de invalidez e de sobrevivência – fazem com que a incidência da pobreza ou da vulnerabilidade à pobreza sejam grandes nesta categoria. Em termos comparativos, em qualquer um dos regimes de Segurança Social e para qualquer das pensões atribuídas, os respectivos montantes não ultrapassam o salário mínimo nacional. E a inexistência, na maior parte dos casos, de rendimentos alternativos, leva a que a duração das situações de pobreza nesta população seja longa, acompanhando praticamente o próprio ciclo de vida dos pensionistas, e torna altamente improvável que escapem à situação de precariedade. Esta realidade, pelas amostras construídas, aparece mais gravosa em Santo Antão, seguindo-se São Mamede e, por último, Sé/S. Pedro respectivamente. Entre os idosos pensionistas Almeida et all (1992,69) identificaram dois tipos de perfis de pobreza, um relacionado com indivíduos que sempre tiveram baixos rendimentos e que a

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situação da pensão não vem alterar em nada a situação anterior de pobreza, vindo apenas prolongar uma situação já existente, estando a diferença apenas na origem dos rendimentos recebidos. Para outros, é com a passagem à de pensionista que a pobreza tende a manifestar-se, já que essa mudança de estatuto pode significar, justamente, uma quebra sensível relativamente aos meios de vida de que dispunham antes. Estes últimos já vivam no limiar da pobreza e com a entrada na reforma deslizam para situações de pobreza efectiva. Encontramos assim dois tipos de situações, um referente à reprodução continuada de pobreza tradicional, e outro referente a um empobrecimento recente (Ibidem). Um factor que contribui de modo não desprezível para a fragilização das condições de vida dos idosos pensionistas é o das suas necessidades na área da saúde, no que toca particularmente à assistência médica e medicamentosa. A composição etária desta população faz com que as despesas de saúde sejam um dos maiores pesos no orçamento familiar, despesas, essas que só parcialmente são cobertas pelos esquemas de apoio social, e que têm sofrido ultimamente sérias reduções. Isto mesmo se verificou, a área da saúde foi a mais indicada como a área de maiores gastos na freguesia de Santo Antão e São Mamede. Outra característica da população idosa diz respeito à matéria de habitação, pois encontra-se caracterizado o facto de os idosos residentes nos centros urbanos, usufruem de rendas de casas antigas, cujos montantes, por terem estado congelados durante tantos anos, e mesmo apesar de se encontrarem descongelados, acabam por não ter um peso elevado nas despesas orçamentais do agregado familiar (Ibidem:70), também verificada nas freguesias intramuros. Pelos dados que o Diagnóstico Social apontou: a predominância de trabalhadores não qualificados, baixos rendimentos nos agregados familiares, à existência das figuras do homem “ganha-pão” e a mulher a zeladora do lar, a esperança média de vida ser maior nas mulheres torna a pobreza não só uma questão de classes sociológicas mas uma questão de género. Existem dificuldades intrínsecas em avaliar a pobreza, resultantes do facto de se tratar sempre de um conceito relativo no tempo e no espaço, são ainda acrescidas por referências os valores predominantes numa dada sociedade. São vários os domínios em que se pode verificar a pobreza, entre eles: condições económicas, condições de habitação, condições de saúde, educação, emprego e desemprego, a até sob a perspectiva do desenvolvimento social e comunitário pode ser acrescida a estas dimensões a redes de solidariedade, uma vez que estas são definidas como capazes de gerar riqueza e de colmatar situações de precariedade. Remetendo novamente para a análise do Centro Histórico podemos afirmar que a pobreza construí-se sobre variadas dimensões que podem co-existir ou não, e que iremos abordar seguidamente, exceptuando a dimensão económica uma vez que esta já foi previamente apresentada. No que concerne às condições de habitação “a situação de pobreza corresponde a uma falta de conforto habitacional derivada de elevados graus de insalubridade, de superlotação e de inadequação geral dos alojamentos” (Almeida et all, 1992:15). Acrescentaria a esta definição a existência de bens de conforto como frigorífico, fogão, esquentador ou similar, máquina de lavar roupa e um telefono fixo ou móvel, essenciais para o bem-estar. Esta dimensão da pobreza está presente na população de cada freguesia, quer na falta de conforto habitacional, quer na falta de bens de conforto. É de realçar, que mesmo com os programas de apoio da Câmara Municipal para melhoria das condições de habitação, há ainda pessoas sem casa de banho completa e cozinhas. Isto

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deve-se a um sentimento de resignação sobre a própria condição de vida, a um sentido muito restrito da esfera privada, não querendo muitas vezes os inquilinos “incomodar” como eles próprios definem os senhorios. As condições de saúde “relacionam-se com as desigualdades que se manifestam sobretudo por uma esperança de vida mais curta, maiores níveis de mortalidade infantil, menor consumo de serviços médicos e, simultaneamente, maior risco de contrair doenças” (Almeida et all, 1992:15). Quanto a esta dimensão grande maioria dos inquiridos asseveraram ter médico de família, portanto não há privação no acesso a estes serviços, o que ocorre é que a saúde foi a mais apontada ao nível dos gastos do orçamento familiar, havendo imensos idosos que chegam a gastar mais de metade dos seus rendimentos em medicamentos. Levando a uma autentica gestão de receitas, aviando apenas os mais urgentes, prejudicando não raras vezes a alimentação em detrimento dos medicamentos. Aqui novamente, a Câmara Municipal tem um importante papel através do Cartão do Munícipe Idoso, que tem vindo a aliviar estas situações. Na educação a pobreza encontra-se associada a níveis de escolaridade mais fracos e tardios, saídas precoces do sistema de ensino, e reprovações, tudo isto resultando numa maior proporção de analfabetos e de pessoas com muito baixa escolaridade. Esta também é a realidade da população intramuros, com baixas qualificações escolares, existência de número considerável de analfabetos, o que conduz a uma “mão-de-obra” não qualificada e à precariedade laboral. A ligação entre o desemprego e a pobreza é de identificação imediata e ainda mais significativa quando se trata de desemprego de longa duração ou de situações de trabalho meramente temporário. Ainda que por amostra pequena a existência em todas as freguesias de desempregados acentua as vulneráveis condições de vida, conduzindo à pobreza. A composição do desemprego caracteriza-se por uma elevada proporção de jovens à procura de primeiro emprego e de pessoa não qualificadas ou mesmo analfabetas, de onde resultam que um elevado número de desempregados não tem sequer qualquer direito a um subsídio de desemprego, enquanto outros o têm por períodos curtos de tempo (Ibidem). Distingue-se que apesar de ser incontornável abordar o envelhecimento e os riscos sociais associados a esta temática que se verificaram no território em análise, este não é por si um problema social. Na perspectiva de Maria Lurdes Quaresma (2007:52) o que constitui o “problema social é a ausência, insuficiência ou inadequação de respostas da organização social para o enfrentamento das necessidades naturais desses estratos da população (…) a inexistência de articulação das respostas com a sociedade civil e a necessidade de superação do desenho habitual das políticas sociais”. Paralelamente, ao risco de desertificação e de envelhecimento da população está a ocorrer a emergência de territórios de risco social, estes espaços urbanos desabitados, degradados, pouco povoados, começam a alojar outras problemáticas, que podem até não ser novas, mas são sem dúvidas preocupantes, a prostituição, marginalidade começam a adquirir maiores dimensões, perturbar a vida quotidiana dos habitantes, trazendo insegurança e problemas de vizinhança. Esta problemática deve ser acompanhada de imediato, de forma a não dominar estes territórios, devendo ser adoptada uma postura preventiva e defensiva do Centro Histórico, preferencial à reactiva. Todavia, a recém Sociedade de Reabilitação Urbana, criada com base no Decreto-Lei n.º 104/2004, de 7 de Maio, destinada à reabilitação dos Centros Histórico é um organismo que deve ser utilizado no combate: à degradação, à desertificação e à emergência destes territórios de risco, uma vez que articula financiamento público e privado na reabilitação e reorganização destes espaços. E quantos a estes exercícios de intervenção urbanística os

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aspectos positivos e negativos que foram considerados pelos habitantes neste estudo devem ser considerados. A própria Universidade de Évora, localizada na freguesia da Sé/São Pedro deve ser considerada como outra potencialidade, uma vez que por si é capaz de atrair jovens, importantes recursos humanos, que quando bem aproveitados são capazes de gerar desenvolvimento e competitividade ao mais alto nível. Dois importantes parceiros e interlocutores na construção de uma melhor comunidade do Centro Histórico. Reconhece-se, contudo, neste Diagnóstico Social que as entidades locais fazem o que podem para prestar o melhor apoio possível à comunidade do Centro Histórico, mas as necessidades são tantas e tão complexas, que é necessário projectar novas medidas de apoio. Este estudo não tem a ousada pretensão de erradicação destes problemas, até porque não acreditamos que grandes medidas de acções advêm de uma só entidade, mas do esforço concertado de vários agentes, contudo face aos resultados apresentamos duas propostas de acção:

� Criação de uma Equipa de Monitorização do Centro Histórico em que interlocutores de segurança, da área social e da autarquia local trabalhassem com o objectivo de acompanhar, despistar e intervir nestas problemáticas;

� A nível social que se formalize o atendimento social integrado, com reuniões entre os vários parceiros da área social de modo a haver partilha;

� A implementação de respostas socais atípicas, assentes numa perspectiva de desenvolvimento social e comunitário, que trabalhe e resgate o património incorpóreo e que desenvolva apoios na comunidade de forma a criar um desenvolvimento sustentável providenciando apoio à comunidade existe, envelhecida, e projectando medidas de atractivas para a formação de uma nova comunidade mais jovem.

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� Proximidade de serviços e comércio

� Questões da vizinhança

� População universitária

Análise S.W.O.T. do Centro Histórico:

Oportunidade

� Novo Quadro Comunitário – QREN

� Sentimento de orgulho e de pertença associado à cidade

� SRU

� Universidade de Évora

Pontos Fracos � Envelhecimento da população � Não renovação do tecido

social � Especulação imobiliária

Ameaças

� Desertificação física e humana da freguesia

� Emergência territórios de risco social

Pontos Fortes � Proximidade de serviços

e comércio

� Questões da vizinhança

� População aniversário

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BIBLIOGRAFIA

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Endereços electrónicos consultados

� http:///www.cm-evora.pt � www.seg-social.pt � www.cmevora.pt � www.drea.pt

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ADENDA: O PAPEL DAS AUTARQUIAS NO

DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMUNITÁRIO

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“Pensar globalmente, agir localmente. Pensar localmente, agir globalmente”

Actualmente, vivemos numa época em que somos confrontados com um ritmo acelerado de transformações sociais que mudam, de modo quase imperceptível, os comportamentos, as mentalidades e as próprias necessidades dos agentes e das instituições. Assistimos à transnacionalização do trabalho, do capital financeiro, da informação, de hábitos e costumes de vida. A esta transformação deu-se o nome de Globalização, sendo que, este processo caracteriza-se por uma tendência de mundialização dos mercados, dos negócios, gostos e hábitos de consumo, de novas formas de estar em áreas como a economia, cultura, política e a própria sociedade. Este fenómeno mundial provocou alterações nas três esferas sociais: local, nacional e o transnacional ou mundial, “ (…) alterando-se completamente as noções de tempo e de espaço” (Roque Amaro et all, 1992: 12) e estabelecendo novas lógicas entre o local e o global. Uma vez que, se por um lado se assiste a um incremento no “grau de integração funcional entre as diversas actividades estabelecidas a nível mundial (Castells, Grupo de Lisboa, Porter Cit In Santos, 2001:94), por outro verifica-se um aumento da importância dos factores territoriais, sendo o território considerado como um importante catalisador de múltiplas sinergias que influenciam a própria actividade económica” (Santos, 2001). Esta relevância da territorialização assenta num reconhecimento da existência de identidades territoriais, que se constituem através de um sentimento de pertença que é enraizado e colectivizado, em que os actores locais comungam dos mesmos valores, costumes, processos históricos, características e problemas. Surgindo o local como um espaço de referência privilegiado de análise e intervenção social capaz de modificar os processos geradores de exclusão social (Fernandes e Carvalho, 2003). Como refere Santos (2002:13) devemos encarar o “território à categoria de sujeito activo de desenvolvimento”, de modo a que se possa observar, identificar e potenciar as especificidades dos factores que fazem parte das dinâmicas socio-económicas, culturais e históricas dos territórios. Desta forma, tem sido apontado por vários autores que a sustentabilidade dos processos de desenvolvimento deve assentar em respostas adaptadas, localizadas, exigindo a percepção dos recursos e da criação de novos recursos, mesmo onde eles não existem, ou seja apelam à inovação e criação. Exigindo também, em termos de processo, discussão colectiva, tomada de decisões colectivas, partilha de responsabilidades, compatibilização de relações de poder conflituantes, ou seja, faz apelo a competências relacionais em contextos colectivos de trabalho (Campos, 2005:56). Se analisarmos a dimensão territorial de Portugal, verificamos que apesar da pequena dimensão, é um país muito diversificado internamente, em planos como os de tipo e densidade de povoamento, das tradições e identidades culturais, do dinamismo económico e demográfico, da composição social e dos modos de vida. Para João Almeida (1992:12) não só os tipos de pobreza são tributários dessa diversidade como os desequilíbrios regionais são eles próprios produtores de situações de exclusão e vulnerabilidade à marginalização social. Neste sentido é imperativo conhecer o território, o local. Urge a necessidade de lógicas de desenvolvimento local, que exprimam segundo Amaro (2001:26) “o processo de satisfação de necessidades e de melhoria das condições de vida de uma comunidade local, a partir essencialmente das suas capacidades, assumindo aquela, o protagonismo principal nesse processo e segundo uma perspectiva integrada dos problemas e das respostas”. Ele surge sob múltiplas formas, representando o símbolo de uma nova cultura económica que renuncia à separação entre o económico e o social.

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A noção de desenvolvimento local foi proposta como “alternativa às perspectivas funcionalistas do desenvolvimento territorial que acreditavam que investindo em determinadas zonas-motor, a dinâmica do desenvolvimento se alastraria, por si, para outras regiões do país o que, em Portugal, deu origem a fortes desequilíbrios territoriais. Passa pela valorização dos recursos endógenos e pela dinamização das populações e dos actores locais, no quadro de uma noção de desenvolvimento sustentável mais englobante, que articula o desenvolvimento social com o desenvolvimento económico e o ambiente. É uma dinâmica essencialmente territorializada, mas que não é fechada em si, integrando os recursos e as oportunidades que são oferecidos ao nível nacional e comunitário” (cf. Programa Rede Social, 2001: 41)

Uma das dificuldades existentes no processo de desenvolvimento local consiste em organizar e coordenar as transformações do “espaço urbano e social local”, devido sobretudo, tal como cita Mozzicafredo à relativa «desorganização» do seu processo (cit. in Passarinho, 1993). O Poder Local surge neste contexto, reformulado pelo Poder Central que lhe foi transferindo um leque alargado de competências, que delega para as autarquias locais competências na área da formulação de estratégias e iniciativas políticas que, em larga medida, contribuem para o desenvolvimento de aspectos económicos, urbanísticas, sociais e culturais. E incumbe, também, estes organismos locais um papel de gestor/mediador na resolução de problemas de equilíbrio e de reorganização local. O desenvolvimento do poder autárquico parece encontrar-se beneficiado, uma vez que, “quanto mais o Estado vê diminuído o seu campo de actividade, mais as comunidades locais tenderão a assumir, nas próprias mãos, o seu destino, tendo em conta, nomeadamente, a responsabilização que as próprias populações tendem a depositar, quando bem legitimados, nos órgãos de poder autárquico, com os quais desenvolveram uma relação de proximidade” (Almeida: 1992:133). Contudo, a abertura de uma possibilidade de uma tal responsabilização deve ser acompanhada por uma série de reflexões problematizadoras, quer em relação a esta transferência de responsabilidades do Poder Central para o Poder Local, quer no que concerne à relação entre Poder Local e à comunidade local. Quanto à primeira temática não será alvo de análise no presente trabalho, embora se reconheça a sua importância, mas deixaremos essa análise para uma outra altura, debruçando-nos no que é principal para esta breve reflexão. Reconhecida a proximidade entre comunidade local e o Poder Local, esta relação não se encontra de forma alguma consolidada. Não raras vezes as expectativas e exigências, da comunidade, face às autarquias superam as competências destas. É importante que haja um efectivo conhecimento das competências dos organismos locais, para que a comunidade compreenda o papel destas, e se aproprie e utilize estes organismos que são seus representantes, na concretização dos seus direitos sociais. Arriscaria mesmo a dizer que tão importante que interpretar as suas competências é reconhecer as suas limitações, para que o Poder Local e Comunidade Local construam novas formas de estar, protagonizando-se assim um desenvolvimento local e social. Sendo primordial definir-se o conceito de Autarquias Locais, representantes do Poder Local. Na Constituição da República Portuguesa (artigo 237, n.º 2) as “Autarquias Locais são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de interesses próprios das populações respectivas”. Desta definição legal ressalta o facto de que as autarquias locais – a freguesia, o município e a região (artigo 238.º, n.º I da Constituição) – são, antes de mais nada, “pessoas colectivas, isto é instituições possuidoras de direitos e deveres próprios, assentes numa base territorial, determinada por limites específicos. A característica política resulta da existência de

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órgãos representativos, eleitos por sufrágio directo, universal e secreto. O carácter funcional da instituição sobressai no que respeita à definição dos fins ou interesses que as autarquias visam prosseguir, ou seja, os que são próprios das populações respectivas”.

Em termos de maior desenvolvimento, são os seguintes os elementos que, em teoria, caracterizam a autonomia:

� “Atribuições próprias, isto é, capacidade jurídica para a prossecução de interesses específicos das populações;

� Independência funcional dos seus órgãos, dentro dos limites da lei;

� Garantia da própria existência, que se caracteriza do modo seguinte: os órgãos locais podem ser dissolvidos pelo Governo, em determinadas circunstâncias, mas as autarquias não podem auto-dissolver-se;

� Protecção institucional, dada pelo poder central, relativamente a quaisquer limitações da sua capacidade legal;

� Capacidade para tomar decisões, sob responsabilidade dos seus órgãos;

� Personalidade jurídica;

� Poder de organização dos seus serviços, nos termos da lei, sem sujeição a ordens ou instruções emanadas de outros organismos públicos;

� Independência política, isto é, capacidade para eleger os seus órgãos, através de sufrágio universal, directo e secreto e garantia de aceitação pelo poder central da orientação política resultante desse sufrágio, mesmo que contrária à do Governo;

� Receitas e patrocínios próprios e poder de determinação do seu destino, através de orçamento;

� Capacidade regulamentar nos limites de Constituição e das leis” (cit. in Cadernos de Apoio à Gestão Municipal).

As autarquias locais possuem património e finanças próprias, bem como “autonomia legislativa (é um quadro geral que as posteriores revisões não alteraram). Saindo da lei fundamental, há limitações importantes a estas autonomias, uma vez que muitas destas actividades do poder local são controladas, quer pelo governo (particularmente pelos ministérios que se encarregam das finanças, do planeamento e da administração do território), quer pelo sistema judicial (como é o caso da necessidade de um visto prévio para muitas das iniciativas que envolvem concursos públicos, a conceder pelo Tribunal de Contas) ” (Gonçalves: 2001)

Como já foi referido a freguesia é uma forma de autarquia local, assim, quanto à sua integração no contexto do poder local poder-se-á referir que é na ordem política e jurídica, que a freguesia se integra, não como entidade subalterna – ao contrário do alguns erradamente supõe – ou como autarquia de importância secundária, mas como igual às demais instituições legais, o município e a região (Passarinho e Sousa, 1993). Com efeito, a Constituição e demais leis proclamam o princípio de estrita igualdade entre as autarquias que integram o poder local. Quer no que toca ao grau de autonomia quer no que respeita aos âmbitos dos poderes (atribuições) quer quanto à legitimidade ou à força democrática de criação dos seus órgãos representativos, a freguesia é sempre apresentada no mesmo plano de importância que qualquer um dos seus parceiros (Passarinho e Sousa, 1993). “As freguesias são também importantes pessoas colectivas de direito público que têm o seu papel no contexto da administração autárquica em Portugal e mais concretamente no pós 25 de Abril de 1974, funcionando como guarda avançada dos municípios junto das

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populações”. Podem ser consideradas como organizações concretas e autónomas que se fundamentam em si mesmas pela sua maior capacidade na realização de determinados interesses das populações que representam (Gonçalves: 2001). É nas juntas de freguesia que a questão da proximidade do Poder Local à comunidade se torna mais evidente, pois os presidentes são reconhecidos como membros da comunidade, a abordagem tem um cariz mais pessoal e informal, o diálogo acontece mais naturalmente (com todos os aspectos positivos e negativos presentes), e o processo de mediação e envolvimento na e com se comunidade se dá com maior facilidade. São instâncias privilegiadas para análise e intervenção social, e com enormes potencialidades de captar as sinergias locais quer na comunidade, quer institucionais. As autarquias locais devem ter “consciência da importância capital que assume como intermediador entre a sociedade e o Estado, ou seja recebendo e reconstruindo elementos da comunidade que o envolve, reenviando-os (sob a óptica da especificidade) ao poder central “ (Menezes: 2001, 42). E devem ser capazes de reconhecer, quer elas mesmas, quer a própria comunidade, a sua natureza, pois, as autarquias nascem de um movimento dialéctico entre forças promotoras e forças centralizadoras, dado que “ a autarquia é a expressão de uma vontade local por um lado, e a consequência da política de racionalização da estrutura administrativa do Estado Central, por outro, o que leva a que as mesmas possuam duas fontes de legitimação, uma que lhe vem de cima, do Estado e, outra que vem de baixo, da população (Menezes:2001,43). Face às novas exigências e às novas competências do Poder Local, as autarquias devem assumir um papel catalizador das forças sociais da comunidade, para que as mesmas tenham uma participação activa na construção de um futuro melhor. É neste pressuposto que surge o Programa da Rede Social, este é resultado de afirmação de uma nova geração de políticas sociais activas, baseada na responsabilização e mobilização do conjunto da sociedade e de cada indivíduo para o esforço da erradicação da pobreza e da exclusão social em Portugal. Trata-se, sobretudo, de um modelo de co-responsabilidade e de gestão participada, no combate à pobreza e à exclusão social, com base territorial. As autarquias na área social, apesar de em muitos casos desempenharem um papel complementar, em termos de intervenção directa, detêm um papel muito importante quanto à orientação/coordenação, criando as condições para que formas organizativas da sociedade civil possam interferir, eficaz e directamente, na luta contra as diversas formas de marginalização (Sampaio cit in Menezes, 2001:74). Há um papel relevante dos organismos do Poder Local sejam elas Câmaras Municipais ou Juntas de Freguesia, no que concerne ao desenvolvimento social e comunitário. De acordo com a Cimeira de Copenhaga a noção de desenvolvimento social apresenta-se como uma “componente do desenvolvimento sustentável, a par com a noção de desenvolvimento económico e com a protecção ambiental. Trata-se de uma perspectiva sobre o desenvolvimento que dá particular ênfase às necessidades dos indivíduos, das famílias e das suas comunidades, assentando em três pressupostos básicos: o direito ao emprego, a erradicação da pobreza e a promoção da integração social (cf. Programa Rede Social: 2001,42). O desenvolvimento comunitário visa libertar potencialidades existentes na comunidade através da associação, realização de interesses comuns, do desenvolvimento de capacidades, confiança e recursos e do fortalecimento de relações (Payne:2002). E é entendido como uma “técnica social de promoção do homem e de mobilização de recursos humanos e institucionais, mediante a participação activa e democrática da população” (cit in Carmo, 1999:76).

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É nesta perspectiva que se deve edificar a perspectiva, e toda e qualquer acção do Poder Local. Um Poder Local assente nas lógicas do Desenvolvimento Social e Comunitário e profundamente comprometido com a Cidadania. É este o papel das autarquias, que não se espera fácil, pois é acima de tudo um desafio.