dessensibilização sistemática - definição e aplicação

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Dessensibilização Sistemática: definição e aplicação POR: NETO * Trabalho apresentado na disciplina de Estratégias de Intervenção em Terapia Comportamental da I Turma do Curso de Fundamentos em Terapia Comportamental promovido pelo InPA - Instituto de Psicologia Aplicada. Autora: Mariana Pereira Assim como o contracondicionamento (emparelhamento de estímulos que eliciam respostas contrárias àquelas produzidas pelo estímulo condicionado), a dessensibilização sistemática é uma técnica muito eficaz para suavizar o processo de extinção de um reflexo condicionado e amenizar o sofrimento do indivíduo (MOREIRA e MEDEIROS, 2007). Moreira e Medeiros (2007) explicam que, com base na generalização respondente, tal técnica consiste em dividir o procedimento de extinção em pequenos passos, ou seja, consiste em expor o indivíduo gradativamente a estímulos que eliciam respostas de menor magnitude até o estímulo condicionado original. De acordo com Knapp e Caminha (2003) e Negrão (2011), a dessensibilização sistemática foi desenvolvida originariamente por Wolpe em 1958 e diz respeito a um conjunto de técnicas de exposição/apromimação à experiência traumática, envolvendo três etapas básicas: treinamento do cliente ao relaxamento físico, estabelecimento de uma hierarquia de ansiedade em relação ao estímulo fóbico e contracondicionamento do relaxamento como uma resposta ao estímulo temido, iniciando-se com o elemento mais baixo na hierarquia de ansiedade até chegar ao ponto mais alto dessa hierarquia previamente estabelecida na segunda etapa. Moreira e Medeiros (p. 41, 2007) discorrem acerca do assunto explicando que para utilizá-la na prática clínica é necessário primeiramente “construir uma escala crescente da intensidade do estímulo (hierarquia de ansiedade)”, ou seja, descobrir quais são os estímulos relacionados ao objeto fóbico que causam no indivíduo maior ou menor medo. Em seguida, treina-se o cliente em uma resposta que é antagonista à ansiedade (relaxamento muscular progressivo) e solicita-se ao mesmo que imagine uma série de situações que provoquem ansiedade enquanto está profundamente relaxado (REMOR, 2000). Imaginemos alguém que sente medo muito intenso de cães e consegue um emprego bem remunerado em um canil: “Em função da generalização respondente, a pessoa em questão não tem medo apenas do cão que a atacou (supondo que a origem do medo de cães esteja em um ataque) ou de cães da mesma raça. Ela provavelmente tem medo de cães de outras raças, de diferentes tamanhos e formas.” (MOREIRA e MEDEIROS, p. 41, 2007). Sendo assim, para que essa pessoa possa entrar no canil em que irá trabalhar sem sentir medo, o processo de dessensibilização se inicia levando-a a pensar em cães, ver fotos de cães, tocar em cães de pelúcia, observar de longe cães diferentes daquele que a atacou, observar de perto esses cães, tocá-los e assim por diante, até que se chegue ao ponto mais alto da hierarquia de ansiedade (MOREIRA e MEDEIROS, 2007). Cabe destacar aqui que a exposição ao vivo é precedida pela exposição imaginária, construída dentro

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Dessensibilização Sistemática TCC

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  • Dessensibilizao Sistemtica: definio e aplicao

    POR: NETO * Trabalho apresentado na disciplina de Estratgias de Interveno em Terapia

    Comportamental da I Turma do Curso de Fundamentos em Terapia Comportamental

    promovido pelo InPA - Instituto de Psicologia Aplicada.

    Autora: Mariana Pereira

    Assim como o contracondicionamento (emparelhamento de estmulos que eliciam

    respostas contrrias quelas produzidas pelo estmulo condicionado), a

    dessensibilizao sistemtica uma tcnica muito eficaz para suavizar o processo de

    extino de um reflexo condicionado e amenizar o sofrimento do indivduo (MOREIRA

    e MEDEIROS, 2007). Moreira e Medeiros (2007) explicam que, com base na

    generalizao respondente, tal tcnica consiste em dividir o procedimento de extino

    em pequenos passos, ou seja, consiste em expor o indivduo gradativamente a estmulos

    que eliciam respostas de menor magnitude at o estmulo condicionado original.

    De acordo com Knapp e Caminha (2003) e Negro (2011), a dessensibilizao

    sistemtica foi desenvolvida originariamente por Wolpe em 1958 e diz respeito a um

    conjunto de tcnicas de exposio/apromimao experincia traumtica, envolvendo

    trs etapas bsicas: treinamento do cliente ao relaxamento fsico, estabelecimento de

    uma hierarquia de ansiedade em relao ao estmulo fbico e contracondicionamento do

    relaxamento como uma resposta ao estmulo temido, iniciando-se com o elemento mais

    baixo na hierarquia de ansiedade at chegar ao ponto mais alto dessa hierarquia

    previamente estabelecida na segunda etapa.

    Moreira e Medeiros (p. 41, 2007) discorrem acerca do assunto explicando que para

    utiliz-la na prtica clnica necessrio primeiramente construir uma escala crescente da intensidade do estmulo (hierarquia de ansiedade), ou seja, descobrir quais so os estmulos relacionados ao objeto fbico que causam no indivduo maior ou menor

    medo. Em seguida, treina-se o cliente em uma resposta que antagonista ansiedade

    (relaxamento muscular progressivo) e solicita-se ao mesmo que imagine uma srie de

    situaes que provoquem ansiedade enquanto est profundamente relaxado (REMOR,

    2000).

    Imaginemos algum que sente medo muito intenso de ces e consegue um emprego bem

    remunerado em um canil:

    Em funo da generalizao respondente, a pessoa em questo no tem medo apenas do co que a atacou (supondo que a origem do medo de ces esteja em um ataque) ou de

    ces da mesma raa. Ela provavelmente tem medo de ces de outras raas, de diferentes

    tamanhos e formas. (MOREIRA e MEDEIROS, p. 41, 2007).

    Sendo assim, para que essa pessoa possa entrar no canil em que ir trabalhar sem sentir

    medo, o processo de dessensibilizao se inicia levando-a a pensar em ces, ver fotos de

    ces, tocar em ces de pelcia, observar de longe ces diferentes daquele que a atacou,

    observar de perto esses ces, toc-los e assim por diante, at que se chegue ao ponto

    mais alto da hierarquia de ansiedade (MOREIRA e MEDEIROS, 2007). Cabe destacar

    aqui que a exposio ao vivo precedida pela exposio imaginria, construda dentro

  • do consultrio e trabalhada numa hierarquia de situaes temidas, desde as consideradas

    mais fceis de enfrentamento at as mais difceis (KNAPP e CAMINHA, 2003).

    Referncias Bibliogrficas

    KNAPP, P; CAMINHA, R. M. Terapia cognitiva do transtorno de estresse ps-

    traumtico. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2003, vol.25, suppl.1, pp. 31-36. ISSN 1516-

    4446. Disponvel em: http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462003000500008. Acesso

    em: (02/11/2011).

    MOREIRA, B. M; MEDEIROS, C. A. O Reflexo Aprendido: Condicionamento

    Pavloviano. In: MOREIRA, B.M; MEDEIROS, C.A. Princpios Bsicos de Anlise do

    Comportamento. 1 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 29-46.

    NEGRO, M. M. Fobias Especficas. In: Orgone Psicologia Clnica [online]. 2011.

    Disponvel em:http://www.orgone.com.br/a_fobias.html. Acesso em: (14/11/2011).

    REMOR, E. A. Tratamento psicolgico do medo de viajar de avio, a partir do modelo

    cognitivo: caso clnico. Psicologia: Reflexo e Crtica [online]. 2000, vol.13, n.1, pp.

    205-216. ISSN 0102-7972. Disponvel em:http://dx.doi.org/10.1590/S0102-

    79722000000100021. Acesso em: (14/11/2011).