despacho saneador
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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO DE CÍRCULO DE LISBOA
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Av. D. João II, nº 1.08.01.-Edificio G – 6º Piso, Parque das Nações – 1900-077 Lisboa 218 367 100 Fax: 211 545 188
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Proc. n.º 60/2013 Acção administrativa especial de
impugnação de norma regulamentar em
coligação passiva com impugnação de
acto administrativo em cumulação com
pedido de responsabilidade civil do Estado
Data: 26-11-2013
Autor: Noé das Arcas
Réus: Ministério da Agricultura e do
Mar e Carris de Ferro de Lisboa, S.A.
Assunto: Notificação para despacho saneador
Fica V. Ex. notificado relativamente ao processo supra indicado do despacho que se junta.
Fica ainda notificado para, no prazo de 48 horas, suprir as vicissitudes que constam do referido
despacho.
Lisboa, 26 de Novembro de 2013
O Oficial de Justiça
Cosme Damião (Cosme Damião)
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Pressupostos Processuais
1. O tribunal é competente em razão da nacionalidade, da matéria, da hierarquia e do território
(Artigos 13º, 16º e 21º do Código do Procedimento Administrativo, doravante, CPTA, artigo 44º do
Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais, doravante, ETAF, e artigo 3º do Decreto-Lei Nº
325/2003, de 29 de Dezembro).
2. O processo não sofre de nulidade total.
3. As partes são dotadas de capacidade e personalidade judiciárias. Quanto à legitimidade: no caso
de Noé das Arcas, esta é comprovada pelo artigo 9º, nº2 do CPTA. Já no caso da legitimidade
passiva, tanto do Ministério da Agricultura e do Mar e da Carris de Ferro de Lisboa, S.A. esta está
comprovada e feita nos termos devidos do artigo 10º, números 1 e 2.
4. O patrocínio judiciário está concretizado segundo os devidos trâmites legais (artigo 11º, números
1 e 2).
5. As taxas de justiça foram devidamente pagas.
6. Não existem outras excepções dilatórias, nulidades relativas, outras questões prévias ou
incidentais que obstem ao conhecimento do mérito e de que cumpra conhecer.
7. Não existem excepções peremptórias que importem decidir neste momento.
8. Quanto aos pressupostos da cumulação de pedidos: o artigo 5º do CPTA consagra o princípio da
livre cumulabilidade de pedidos. Estando nós perante um pedido respeitante a uma acção
administrativa comum e outro respeitante a uma especial, temos que prestar atenção ao artigo 47º,
n.º1. Este refere que se existir uma relação material de conexão entre o pedido comum e um
daqueles referidos no artigo 46º, n.º2 poderá existir a cumulação. Assim, pelos factos expostos, esta
é admissível.
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9. Quanto aos pressupostos da coligação de pedidos: devemos começar por olhar para o artigo 12º.
De acordo com o seu n.º1, existe a possibilidade de vários autores formularem pedidos contra um
ou vários demandados, o que é o caso. Para que isto possa ocorrer, a causa de pedir deve ser a
mesma e única ou os pedidos devem estar entre si numa relação de prejudicialidade. Ora, levando
em conta as especificidades do caso (2 autores e 3 demandados – se tivermos em conta os contra-
interessados), podemos chegar à conclusão que todos os actos, à excepção da acção contra o
funcionário da Carris de Ferro de Lisboa, S.A., têm por base a mesma causa de pedir: a aprovação
ou produção de efeitos do regulamento. Já quanto à acção contra a Carris de Ferro de Lisboa, S.A.,
esta está numa relação de prejudicialidade quanto às restantes acções, pelo que a coligação é
permitida.
10. Os pressupostos estão cumpridos relativamente a todas as acções.
11. Por fim, quanto ao valor da causa: de acordo com o artigo 31º, n.º3 do CPTA, têm-se em conta
as referências dadas pelo CPC. Para aferir do mesmo, temos que começar pelo artigo 296, n.º2, na
medida em que, quando haja cumulação de pedidos, o valor é a soma correspondente à soma de
todos eles. Ora, como o único pedido que refere um valor é o formulado pelo autor aquando da
condenação à reparação dos danos (não enquanto valor da causa, mas enquanto indemnização
pretendida), o Tribunal terá apenas este valor como referência, pelo que fixamos o valor de
100000€ (cem mil euros) como valor da causa. Isto porque o único valor de benefício que
observamos efectivamente (artigo 297º, n.º1 CPC) é este e não podemos deixar que a acção proceda
sem o mesmo (306º, n.ºs 1 e 2 CPC).
Da legitimidade dos contra-interessados:
1. O problema coloca-se acerca da contestação feita pelos contra-interessados, José Ribeiro de
Almeida, Maria dos Anjos Ferreira, Arménio Alves, Manuel da Silva dos Anjos e Maria de Fátima
Gaspar. Os artigos invocados pelos contra-interessados, artigos 82º, nº1 e 83º, nº1, ambos do CPTA
não conferem aos contra-interessados a legitimidade que estes invocam. Olhando, em especial, para
o nº 1 do artigo 82º, diz este que, havendo contra-interessados em número superior a 20, estes
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devem ser citados pelo tribunal de modo a que se possam constituir como contra-interessados no
processo. Neste caso existiam apenas 5 contra-interessados pelo que é manifesta a inadequação de
aplicação do preceito.
2. Não obstante estes problemas, o artigo 82º, n.º5 concede a estes contra-interessados a
possibilidade de intervirem no processo. Assim sendo, tendo em conta o artigo 88º, n.º1, este
Tribunal vem oficiosamente corrigir esta situação inserindo a pretensão destes interessados ao
abrigo do preceito devido.
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O estado do processo não nos habilita a conhecer do mérito da causa, pelo que se procede à
selecção da matéria de facto relevante para a decisão da causa.
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Factos Assentes:
I - Do regulamento em questão:
A) O “Regulamento do Animal Doméstico” entrou em vigor dia 1 de Novembro de 2013.
B) O regulamento estabelece o número máximo de animais que podem habitar com pessoas em
fracções de prédios urbanos. Estabelece condições de transporte de animais domésticos em
transportes públicos. Estabelece regras higiénicas a ser seguidas pelos donos relativas à limpeza
dos resíduos dos animais domésticos. Estabelece o dever de passear com os referidos animais,
pelo menos, 2 vezes por dia.
II - Da contestação à petição inicial pela Carris de Ferro, S.A.:
A) O autor foi impedido de entrar no autocarro.
B) Jorge Jesus encontrava-se no eléctrico e tentou dissuadir o condutor para que este deixasse o
autor entrar no autocarro.
C) O autor nunca antes tinha sido impedido de entrar no eléctrico, mesmo quando acompanhado de
animais.
D) Os animais tinham sempre trela e um açaime para proteger os restantes cidadãos.
E) O autor tinha passe válido da Carris para o mês em questão.
F) O autor utiliza os animais para espectáculos, pelo que, não os podendo transportar para os locais
onde estes se realizam, terá perdas pessoais e patrimoniais.
G) O autor tinha conhecimento do regulamento.
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H) A paragem da Rua Conceição faz parte do percurso efectuado pelo eléctrico 28-E.
I) O motorista encontrava-se no seu horário de trabalho.
J) O autor e o motorista são amigos de infância.
K) O regulamento estabelece que os animais domésticos não podem ocupar lugares nos bancos.
L) O regulamento apenas autoriza a presença de 2 animais no eléctrico.
M) Existem alternativas de transporte ao dispor do autor – alternativas já previamente utilizadas.
N) O percurso a pé é efectuado em 21 minutos.
O) Foi celebrado um contrato com Dmitri Petrolovsky.
III - Da contestação do Ministério da Agricultura e do Mar à petição inicial:
A) O autor tomou conhecimento do “Regulamento do Animal Doméstico”.
B) O regulamento estabelece limitações ao transporte de animais domésticos em transportes
públicos.
C) O regulamento foi emitido pela Ministra da Agricultura e do Mar.
D) A portaria 1226/2009 de 12 de Outubro, para a qual este regulamento remete, estabelece
limitações e proibições à detenção de certas espécies de animais.
E) É dado à administração o poder de elaborar regulamentos administrativos de forma a completar
ou desenvolver os comandos genéricos contidos na lei.
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F) O Governo é o órgão máximo da administração pública e dispõe de poderes regulamentares, tal
como os seus ministérios.
G) Quando o regulamento é emitido por um Ministro em nome do seu Ministério e não em nome
do Governo, estamos perante um despacho normativo.
H) O “Regulamento do Animal Doméstico” exclui do âmbito da sua aplicação as espécies de
animais de fauna selvagem, autóctone e exóticas.
IV - Da contestação dos contra-interessados:
A) Maria de Fátima adquiriu uma fracção autónoma no dia 30 de Janeiro de 1995.
B) Maria de Fátima não é afectada pelo facto de o autor possuir os animais na sua fracção até final
de 2012.
C) Maria de Fátima foi representada por uma amiga na reunião de condomínio de 25 de Março de
2003.
D) Maria de Fátima concordou com a Acta n.º25 por acreditar na competência dos empreiteiros e
no parecer técnico
E) Maria de Fátima concordou com a exclusividade do uso do sótão.
F) Júlia Pinheiro limpava regularmente a casa antes da visita da veterinária.
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Base Instrutória
Temas de Prova:
1. Competência do Ministério da Agricultura e do Mar para legislar quanto à matéria do
regulamento.
2. Vícios e Ilegalidades do regulamento.
3. Aplicação retroactiva do regulamento.
4. Interesse público do regulamento.
5. Taxatividade do regulamento.
6. Consequências da aplicação do regulamento.
7. Existência de um limite de número de animais no regulamento.
8. Saúde e bem-estar dos animais.
9. Direitos do autor sobre a detenção dos animais.
10. Relação entre o proprietário e os animais que detém.
11. Impedimento ao cumprimento do contrato celebrado previamente entre o autor e Dmitri
Petrolovsky.
12. Estado da carruagem após a passagem dos animais.
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13. Necessidade de o autor ter referido as espécies que tinha na sua fracção autónoma.
14. Conhecimento da parte do autor de alguma reclamação feita pelos restantes condóminos.
15. Condições de higiene da fracção autónoma.
16. Colocação de répteis em reservatórios próprios.
17. Qualidade das obras levadas a cabo por parte do autor.
18. Veracidade dos documentos apresentados.
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Despacho de Ordenação de Prova
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Prova Testemunhal:
1. A pedido da Carris de Ferro de Lisboa, S.A., são chamadas a prestar prova testemunhal acerca
dos temas de prova já arrolados:
a) Albertina Soares, domicílio na Avenida do Infante Santo, nº 365, 2º esquerdo, 1350-181
Lisboa;
b) Joana de Boa Morte, domicílio na Rua do Alecrim, nº 117, 1º esquerdo, 1200-016 Lisboa.
2. A pedido de Noé das Arcas, são chamados a prestar prova testemunhal acerca dos temas de
prova já arrolados:
a) Benedita da Cruz, domicílio na Rua da Prata, nº 59, 3ºA, 1149-027 Lisboa;
b) Érica Fontes, veterinária, domicílio na Rua João das Regras, nº6, 2ºE, 1099-077 Lisboa;
c) Jorge Jesus, treinador, domicílio na Rua do Rei Artur, nº74, 3ºA, 1111-025, Lisboa;
d) Asdrúbal Bonifácio, treinador de animais, domicílio profissional sediado na Rua do Canuto,
Lote 4, 3454-987, Algés.
3. A pedido dos contra-interessados, são chamados a prestar prova testemunhal acerca dos temas
de prova já arrolados:
a) Júlia Pinheiro, domiciliada na Rua dos Segredos, Vivenda Casa dos Degredos;
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b) Anastácia Helga, domiciliada no 3ºD, do prédio sito na rua da Prata, n.º59;
c) Filipe Cruz Lopes, domiciliado na rua Garret, n.º70, Vila Nova de Gaia;
d) Maria de Fátima Gaspar, domiciliada no 2ºD, do prédio sito na rua da Prata, nº 59;
e) Manuel da Silva dos Anjos, domiciliado no R/C D, do prédio sito na Rua da Prata, n.º59.
4. A pedido do Ministério Público, são chamados a prestar prova testemunhal acerca dos temas
de prova já arrolados:
a) Gertrudes da Encarnação, domiciliada na Praceta Almirante Reis, nº 10, 1º esq. em Lisboa;
b) Glicénia Maçarico, domiciliada na Rua do Arsenal, nº 28, 1400 Lisboa.
Consigna-se que a testemunha Benedita da Cruz padece de surdez, pelo que se determina, desde
já, que se precede à nomeação de intérprete de linguagem gestual, solicitando-se à secção
diligência nesse sentido, para que a interprete compareça na data designada para a audiência de
discussão e julgamento.
Designa-se para a audiência de discussão e julgamento o dia 28 de Novembro pelas 16
horas.
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Carla Romão
João Estrela
Margarida Oliveira
Pedro Saraiva
Rita Mordido
Sílvia Braz