defesa insalubridade frio calor confeiteiro

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Page 1: Defesa Insalubridade Frio Calor Confeiteiro

Este é o cache do Google de http://www.trt23.gov.br/acordaos/2001/Pb01001/RS002664.htm. Ele é um instantâneo da página com a aparência que ela tinha em 31 jul. 2011 10:19:18 GMT. A página atual pode ter sido alterada nesse meio tempo. Saiba mais

Versão somente textoEstes termos de pesquisa estão realçados: insalubridade frio calor  

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

RS-2664/2000   AC.TP 3140/2000   Sessão n.º 53ª ORDINÁRIA

  Data 12.12.2000

Presidente: JUÍZA LEILA BOCCOLI   MPT ELINEY BEZERRA VELOSO

ORIGEM: 5ª VARA DO TRAB. DE CUIABÁ JUIZ ALEXANDRE AUGUSTO CAMPANA PINHEIRO

QUORUM:

Relator : JUIZ TARCÍSIO VALENTE

ROBERTO BENATAR, JOÃO CARLOS RIBEIRO DE SOUZA

PARTES:

RECORRENTE RONALDO ROSA RIBEIRO

Advogado(s) : ODEVALDO LEOTTI

RECORRIDO VOVÓ HÉLIDE PANIFICADORA E CONFEITARIA LTDA

Advogado(s) : FERNANDO CESAR ZANDONADI e OUTRO

DECISÃO :

por unanimidade, conhecer do presente Recurso Ordinário interposto pelo reclamante, bem como das contra-razões e, no mérito, negar-lhe provimento. Deferido ao Juiz Relator a juntada da fundamentação de seu voto. A douta representante do Ministério Público do Trabalho, em sessão, manifestou-se pelo conhecimento do recurso e, no mérito, pelo seu improvimento, mantendo na íntegra a r. sentença por seus doutos e jurídicos fundamentos, pois comprovada através de laudo pericial que o reclamante não trabalhava em funções ou locais insalubres. Presidiu o julgamento dos presentes autos a Juíza Leila Boccoli, em face da ausência momentânea e com causa justificada do Juiz José Simioni, Presidente.

OBSERVAÇÃO:

Ausentes, em gozo de férias regulamentares, os Exmos. Senhores Juízes Guilherme Augusto Caputo Bastos e Maria Berenice Carvalho Castro Souza.

Dou fé.

Plenário – Cuiabá-MT., 13 de dezembro de 2000. (4ª f.)

Page 2: Defesa Insalubridade Frio Calor Confeiteiro

 

WASHINGTON DANILTON DEL PINTOR VIEIRA

Secretário do Tribunal Pleno

De acordo:  

  Relator

 

 

 

TRT-RS-2664/00 - Ac. TP n. 3140/2000

ORIGEM : 5ª VARA DO TRABALHO DE CUIABÁ-MT

RELATOR : JUIZ TARCÍSIO VALENTE

RECORRENTE : RONALDO ROSA RIBEIRO

ADVOGADO : DR. ODEVALDO LEOTTI

RECORRIDO : VOVÓ HÉLIDE PANIFICADORA E CONFEITARIA LTDA

ADVOGADOS   DR. FERNANDO CESAR ZANDONADI E OUTROS

 

 

Vistos, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima indicadas.

 

R E L A T Ó R I O

 

A egrégia 5ª Vara do Trabalho, então presidida pelo Excelentíssimo Juiz Alexandre Augusto Campana Pinheiro, através da r. decisão de fls. 110/115, cujo relatório adoto, julgou procedentes em parte os pedidos formulados em face da VOVÓ HÉLIDE PANIFICADORA E CONFEITARIA LTDA, para condená-la ao pagamento de diferenças de horas extraordinárias e reflexos, bem como indenização do intervalo intrajornada, rejeitando o pleito de adicional de insalubridade e reflexos.

Inconformado, o Reclamante interpôs, tempestivamente, o Recurso Ordinário acostado às fls.116/119.

Page 3: Defesa Insalubridade Frio Calor Confeiteiro

Custas processuais e depósito recursal a cargo da Reclamada (fl. 115).

Contra-razões às fls. 128/130.

O douto Ministério Público do Trabalho, em sessão, opina pelo prosseguimento do feito.

É, em síntese, o relatório.

A D M I S S I B I L I D A D E

 

Presentes os pressupostos processuais de admissibilidade, conheço do Recurso Ordinário interposto, bem como das contra-razões.

 

M É R I T O

DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

 

Inicialmente, convém ressaltar que o Reclamante na exordial pleiteou o pagamento do adicional de insalubridade, sob o fundamento de que durante todo o contrato de trabalho laborou em ambiente frio e quente, assando pães em fornos de alta temperatura e, ao mesmo tempo, tinha que guardar e retirar os ingredientes da câmara fria.

Insurge-se, o Reclamante, contra a r. sentença a quo que, com base no laudo pericial acostado aos autos, indeferiu o pleito.

Em seu apelo, sustenta que as luvas térmicas fornecidas pela empresa Reclamada não o protegia contra os agentes insalubres, já que não continha, conforme estaria exposto no laudo pericial, o Certificado de Aprovação - CA do Ministério do Trabalho.

Acrescenta que referido Certificado "...não se trata de um ato voluntário do empregador, e, sim, uma obrigação legal, como sendo a única forma de provar que os EPI's utilizados protegem os empregados contra os agentes insalubres." (fls. 117/118) e que a lei, sem a aprovação do órgão competente, não permite nem mesmo a comercialização de tais equipamentos quanto mais a sua utilização, conforme consta dos sub-itens 6.5 e 6.6.1, "b", da NR-6, pretendendo a condenação da Reclamada ao pagamento do adicional de insalubridade no grau médio.

Quanto ao agente físico "calor", alega que constou do laudo pericial que, quando do seu trabalho junto ao forno, a temperatura alcançava a média de 31,4º C e 31,5º C e, assim, nos termos da NR-15, Anexo 3, Quadro n. 1, a cada 45 minutos a Recorrida teria que lhe conceder 15 minutos de descanso, o que não foi observado pela Empresa, haja vista que nos cartões de ponto ficou consignado que nunca lhe foi concedido tal intervalo, enfatizando, ainda, que a r. sentença reconheceu que durante toda a sua jornada gozava apenas de 20 (vinte) minutos de intervalo intrajornada.

Page 4: Defesa Insalubridade Frio Calor Confeiteiro

Finaliza, asseverando que não concedidos os intervalos determinados pela NR-15 e laborando nas temperaturas de 31,4 º C o ambiente deveria ter sido considerado insalubre, em grau médio, pleiteando a modificação da r. decisum ou a realização de uma nova perícia.

Sem razão o Reclamante.

A conclusão do senhor perito aponta para o labor nas seções onde o Reclamante laborou - embalagens e padaria - isento de risco à saúde.

Extraio do laudo pericial: "Conforme verificado "in loco" os trabalhos realizados na área de embalagem são leves, em ambiente sem ruído e com temperatura média e 22/24º C, ambiente refrigerado com ar condicionado. Já na padaria o ambiente não é refrigerado, porém é ventilado, as operações são leves, não tem equipamentos ruidosos. Os funcionários não tem contato com temperaturas extremas, a pior situação é no forno de assar os pães, porém a porta é entreaberta para sair o vapor interno sem atingir o operador, o mesmo para retirar as esteiras (assadeiras) de dentro do forno, usa luvas anti-térmicas, sendo que não há necessidade de colocar a mão dentro do forno, pois a assadeira é retirada pela lateral paralela a porta do forno". (fls. 91/92).

 

Verifico, pois, que o laudo pericial efetuado no ambiente de trabalho do Obreiro não detectou os motivos caracterizadores da nocividade alegada pelo Reclamante na petição inicial, de que mantinha contato concomitante com ambiente quente e frio, o que inclusive teria lhe valido crises de dores no sistema nervoso.

Nesse aspecto, respondendo o quesito formulado pelo Autor, o senhor perito consignou que o mesmo não corria nenhum risco de doença na preparação da massa para confecção do pão, pois "... o Reclamante não mantinha contato com gelo, a masseira é alimentada por água gelada em sistema fechado, sem o contato do padeiro ou do auxiliar do padeiro, apenas para abrir o registro para passagem da água gelada." (fl. 95).

No tocante à utilização de equipamentos de proteção individual para a realização do serviços constou do laudo que o Reclamante utilizava luvas anti-térmicas para a retirada das esteiras (assadeiras) do forno, apenas para não queimar a mão.

Apega-se o Recorrente, em seu apelo, conforme já dito alhures, ao fato de que o perito observara que tais luvas não tinham o CA - Certificado de Aprovação do órgão competente, já que expressamente consignara em seu laudo que "... A Reclamada poderá apresentar a marca e o CA da luva anti-térmica." (fl. 95) e que, dessa forma, ao apresentar suas conclusões no sentido de que o Reclamante não estaria sujeito a agentes insalubres em seu ambiente de trabalho, quando a lei exige tal certificado, o fez sem base legal e documental.

É certo que o equipamento de proteção individual resguarda o Empregado contra a nocividade do agente físico ou químico gerador de insalubridade e que dentre as obrigações do Empregador ressaí a de fornecer ao Empregado somente EPI aprovado pelo Ministério do Trabalho e da Administração - MTA e de empresas cadastradas no DNSST/MTA, conforme consta da NR-6.

Contudo, como bem colocou o Juízo a quo, a inexistência de insalubridade independia do uso de equipamentos de proteção individual.

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É que restou claro no laudo pericial que o tempo de exposição da mão ao calor durante a jornada de trabalho era mínimo e as luvas anti-térmicas, que também estariam em condições de evitar que o Obreiro queimasse suas mãos, seriam utilizadas somente na retirada das esteiras (assadeiras) do forno, colocando-as nos carrinhos ao lado, constando, ainda, do referido laudo, conforme já frisado linhas atrás, que na retirada dos pães não havia necessidade " ... de colocar a mão dentro do forno, pois a assadeira é retirada pela lateral paralela a porta do forno."(fl. 92).

No que se refere ao agente físico "calor" nenhuma razão tem o Reclamante, pois, in casu, o laudo pericial concluiu que o Obreiro não trabalhava em condições insalubres, já que confrontado os índices de exposição ao calor (IBUTG) encontrados junto ao forno – 26,60o C e 25,10o C -, não fora ultrapassado o máximo permitido na NR-15 – de 30, 6oC - para uma atividade leve como a do Recorrente, com regime de trabalho intermitente, sendo 45 minutos de trabalho e 15 minutos de descanso no local de trabalho.

E, ainda que não adotado o regime de trabalho descrito pelo senhor perito, de 45 minutos de trabalho e 15 minutos de descanso, e considerando o trabalho do Reclamante como contínuo, com atividade leve (conforme Quadro n º 3 do Anexo nº 3 da NR-15 - de pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços), o índice de exposição ao calor IBTUG máximo, conforme verifico no Quadro nº 1 do Anexo nº 3 da NR-15, deve ser até 30,0º, o resultado obtido pela perícia situou-se entre 26,60° C e 25,10° C, estando, pois, dentro do limite máximo permitido pela Norma Regulamentadora NR-15.

Assim, ante a inexistência de provas em contrário, deve prevalecer o laudo pericial acostado aos autos.

Nego, pois, provimento ao apelo, confirmando a r. sentença que indeferiu o pleito de pagamento do adicional por serviço insalubre.

 

C O N C L U S Ã O

 

Face ao exposto, conheço do presente Recurso Ordinário interposto pelo Reclamante, bem como das contra-razões e, no mérito, nego-lhe provimento, nos termos da fundamentação supra.

 

I S T O P O S T O:

 

DECIDIU, o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da Vigésima Terceira Região, por unanimidade, conhecer do presente Recurso Ordinário interposto pelo reclamante, bem como das contra-razões e, no mérito, negar-lhe provimento. Deferido ao Juiz Relator a juntada da fundamentação de seu voto. A douta representante do Ministério Público do Trabalho, em sessão, manifestou-se pelo conhecimento do recurso e, no mérito, pelo seu improvimento, mantendo na íntegra a r. sentença por seus doutos e jurídicos fundamentos, pois comprovada através de laudo pericial que o reclamante não trabalhava em funções ou locais insalubres. Presidiu o julgamento dos presentes autos a Juíza Leila Boccoli, em face da ausência momentânea e com causa justificada

Page 6: Defesa Insalubridade Frio Calor Confeiteiro

do Juiz José Simioni, Presidente. Ausentes, em gozo de férias regulamentares, os Exmos. Senhores Juízes Guilherme Augusto Caputo Bastos e Maria Berenice Carvalho Castro Souza.

Cuiabá-MT., 13 de dezembro de 2000.

 

 

 

 

TARCÍSIO RÉGIS VALENTE

Juiz Relator