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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL – PDE

MARLI FRANCISCO

CULTURA, POLÍTICA E IDENTIDADES DOS PAÍSES LUSÓFONO S:

ANGOLA, UM ESTUDO DE CASO

ASSIS CHATEAUBRIAND-PR

2009/2010

2

MARLI FRANCISCO

CULTURA, POLÍTICA E IDENTIDADES DOS PAÍSES LUSÓFONO S:

ANGOLA, UM ESTUDO DE CASO

Projeto apresentado à Secretaria de Estado da Educação (SEED), como requisito parcial de participação no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), na Área de História. Orientadora: Profa. Drª Geni Rosa Duarte. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste / Campus de Marechal Candido Rondon

ASSIS CHATEAUBRIAND - PR

2009/2010

3

PRODUÇÃO DIDÁTICA - PEDAGÓGICA

CULTURA, POLÍTICA E IDENTIDADES DOS PAÍSES LUSÓFONO S:

ANGOLA, UM ESTUDO DE CASO

Nível de ensino : Médio

Conteúdo estruturante : Relações de poder e cultura

Conteúdo básico/tema histórico : Cultura, política e identidades dos países

lusófonos: Angola, um estudo de caso

Conteúdo específico : Discussão do processo de independência angolano,

incorporando a questão da experiência e da memória

Objetivos :

- Problematizar o processo de independência dos países lusófonos Brasil e

Angola.

- Problematizar as diferenças dos contextos políticos que motivaram Angola a

reivindicar sua independência.

- Discutir a singularidade do processo histórico de Angola por meio da pesquisa

bibliográfica e da narrativa oral.

- Discutir os fatos identitários ligados aos países lusófonos, no caso, Brasil e

Angola.

O ENSINO E A INVESTIGAÇÃO DE CONCEITOS HISTÓRICOS P RÉVIOS DOS

ESTUDANTES

Levantamento dos conceitos prévios dos alunos a par tir das questões:

- Qual o significado do termo lusofonia?

- O que é guerra civil?

- O que é independência?

- A África é um país?

- A África é um país de negros?

- Onde se localiza Angola?

4

Localização geográfica da África e de Angola no con tinente africano.

IMAGEM 1

Fonte: http://www.suapesquisa.com/geografia/continente_africano.htm

IMAGEM 2

Fonte:http://www.spanport.ucsb.edu/faculty/mcgovern/Angola/angola.html

5

Localização geográfica da América do Sul e do Brasi l

Fonte:http://www.geomapas.com.br Fonte: http://www.geomapas.com.br

DADOS GEOGRÁFICOS DE ANGOLA E BRASIL

Localizada na região sudoeste da África, banhada pelo oceano Atlântico, a

República de Angola é o sexto país africano de maior dimensão, com uma área

de cerca de 1.246.700 km², uma costa de 1.650 e uma fronteira terrestre de 4.837

Km. O território da República de Angola fica situado na costa ocidental da África

Austral, a sul do Equador, entre os paralelos 4º 22´ e 18º 02´, sendo limitado a

norte, pela República do Congo Brazaville e República Democrática do Congo, a

leste pela Zâmbia, a sul pela Namíbia e a oeste pelo Oceano Atlântico,

abragendo ainda a Província de Cabinda, situado a norte, entre o Congo-

Brazaville e a República Democrática do Congo (...).

Fonte: http://www.angolanembassy.gr/Portugues/GEOGRAFIA.htm

6

Banhado pelo oceano Atlântico, o Brasil é um país que integra a América

do Sul, apresenta extensão territorial de 8.514.876 Km², é o quinto maior país do

planeta, só é menor que os territórios da Rússia, Canadá, China e Estados

Unidos. A abundância territorial faz com que o Brasil tenha três fusos, uma vez

que no sentido leste-oeste é bastante extenso. Por esses aspectos é considerado

um país com dimensão continental. A sua grande extensão territorial proporciona

ao país fronteira com quase todos os países sul-americanos, apenas Chile e

Equador não fazem fronteira com o Brasil.

Fonte: http://www.brasilescola.com/brasil/localizacao-geografica-brasil.htm

ATIVIDADE

TEXTO 1

Você vai ler parte de uma entrevista concedida por uma portuguesa de 78 anos,

que viveu em Angola antes e durante o processo da guerra civil.

Entrevistador : Por que vieram para o Brasil e não ficaram em Portugal?

Entrevistada : Ah! Meu marido tinha vindo para o Brasil muito antes, assim

quando a guerra começou né, ele disse: “Ah, Maria acho que a gente tem que sair

daqui pra fora” e ele veio aqui andar e gostou muito e disse: “ Maria, o Brasil é

igualzinho aqui, é igualzinho a Angola, os nosso filhos foram criados aqui, se a

gente for para Portugal, eles não vão querer ficar lá, então vamos para o Brasil”.

Aí viemos aqui.

Entrevistador : Quando chegaram em Angola, qual era a língua?

Com base em seus conhecimentos escreva um texto expondo o que você

conhece sobre Angola e Brasil.

O professor deverá analisar as respostas considerando:

a) se o estudante conhece a localização de Angola e seu processo de

independência.

b) se o estudante conhece a localização do Brasil e seu processo de

independência.

7

Entrevistada : Quando eu cheguei, foi difícil pra mime para aquelas mulheres

mais velhas, porque os mais novos já falavam o português, estudavam,

trabalhavam, mas as mulheres não ligavam para estudar. Então uma vez, uma

mulher queria feijão, e o feijão era “chipoque”. Ah? “Chipoque”. Repeti. O que é

isso? Ah, “chipoque”, entendi. Você lembra aqueles balcões? Abri e peguei nela,

levei ela no balcão para escolher o que queria. Aí a mulher de idade me deu o

tanto de dinheiro e já estava conhecendo o dinheiro. Pesei o feijão, recebi o

dinheiro e ela ria para mim. Acho que ela me chamou de filha, também não sei

(risadas), penso.

(Maria de Jesus Pereira, entrevista concedida à Profa. Marli Francisco em 24 fev. 2010)

TEXTO 2

“Gentis, meigos, solenes no trato, os angolanos são cativantes. Nem os

sofridos anos de guerra civil conseguiram tirar o sorriso dos seus lábios, o brilho

dos seus olhos e a docilidade de suas palavras.

Conversando com os angolanos a gente também acaba confirmando que

um pequeno detalhe tão usado na nossa linguagem, o diminutivo, que dá um

toque de sutileza às palavras, como mãezinha, paizinho, bonitinho, menininho e

outros, foi deles que herdamos (...)” (DA VILA, 2006, p. 233)

TEXTO 3

“O Português é a língua oficial de Angola. Apesar das diferenças

gramaticais em relação ao Brasil – raramente usam verbos no gerúndio e a

ortografia é a de Portugal -, o sotaque é mais parecido com o brasileiro do que

com o português lusitano. Por isso, a língua não é o problema para o brasileiro

em Angola. Muito menos os angolanos, com os quais são muitas as afinidades

que temos. A não ser quando estão falando em Kimbundo, língua nativa ainda

muito preservada, falada não só no interior como em Luanda”. (DA VILA, 2006,

p.234)

8

ATIVIDADE

Finalidades em relação às idéias relacionadas ao de senvolvimento do

pensamento histórico :

Desenvolver a construção do pensamento, refletindo sobre as questões

históricas que envolveram o contexto político relacionado ao processo de

independência dos lusófonos Brasil e Angola, analisando os caminhos político-

ideológicos percorridos pela sociedade de cada país, oportunizando a pesquisa

bibliográfica e análises de depoimentos de duas moradoras de Assis

Chateaubriand que vivenciaram o processo de independência da guerra civil

angolana.

A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA DO PROFESSOR

A partir das questões discutidas pelos estudantes, propor uma intervenção

pedagógica. Esta será estruturada por fontes históricas e bibliografia sobre o

tema.

A partir dos textos 1, 2 e 3 discuta e responda:

- Quais as semelhanças e diferenças que as pessoas citadas apontam entre a

língua falada em Angola e a língua falada no Brasil?

- Qual o significado da língua portuguesa para o Brasil e Angola?

- Por que ambos os países falam português?

- Hoje, para Martinho da Vila, o português não é mais a língua do colonizador.

Qual a sua importância na aproximação desses povos?

9

TEXTO 4

História de Angola

Até o contato com os portugueses no século XV, a região da atual Angola

era habitada por tribos que praticavam agricultura itinerante, criavam animais e

pagavam tributos ao Reino do Congo. “... Na Luanda, no Zaire e no Cuangar

foram encontrados instrumentos de pedra e outros, dos homens do Paleolítico. No

Deserto do Namibe foram encontradas gravuras rupestres nas rochas. Trata-se

das gravuras do Tchitundu-Hulo atribuídas aos antepassados dos khoisan. Nos

primeiros 500 anos da era atual,os povos bantu da África Central, que já

dominaram a siderurgia do ferro, iniciaram uma série de migrações para leste e

para sul. Um desses povos emigrantes foi se aproximando do Rio Congo (ou

Zaire), acabando por atravessá-lo já no século XIII e instalar-se no actual

Nordeste de Angola. Era o povo quicongo (ou kikongo)”. As migrações são

constantes, “... No século XVI ou mesmo antes, os nhanecas (nyanekas ou

vanyanekas) entraram pelo sul de Angola, atravessaram o Cunene e instalaram-

se no planalto da Huíla.No mesmo século XVI, um outro povo abandonava a sua

terra na região dos Grandes Lagos, no centro de África, e veio também para as

terras angolanas. Eram os hereros (ou ovahelelos), um povo de pastores. Os

hereros entraram pelo extremo leste de Angola, atravessaram o planalto do Bié e

depois foram instalar-se entre o Deserto do Namibe e a Serra da Chela, no

sudoeste angolano. Já no século XVIII, entraram os ovambos (ou ambós),

grandes técnicos na arte de trabalhar o ferro, deixaram a sua região de origem no

baixo Cubango e vieram estabelecer-se entre o alto Cubango e o Cunene.No

mesmo século, os quiocos (ou kyokos) abandonaram o Catanga e atravessaram o

rio Cassai. Instalaram-se inicialmente na Lunda, no nordeste de Angola, migrando

depois para sul.Finalmente, já no século XIX apareceu o último povo que veio

instalar-se em Angola: os cuangares (ou ovakwangali).

De acordo com o texto, a migração de uma região à outra era constante.

Além do nomadismo onde hoje é Angola, as guerras entre os povos também eram

freguentes. “... Os migrantes mais tardios eram obrigados a combater os que já

10

estavam estabelecidos para conquistar as suas terras. Para se defenderem, os

povos construíam muralhas em volta das sanzalas. Por isso, há em Angola muitas

ruínas de antigas muralhas de pedra, abundantes no planalto do Bié e no planalto

da Huíla, onde se encontram, também, túmulos de pedra e galerias de exploração

de minério, testemunhos de civilizações mais avançadas do que geralmente se

supõe”.

Fonte:

http://www.lusoafrica.net/v2/index.php?option=com_content&view=article&id=81&Itemid=102

TEXTO 5

Resumo histórico

“[...] Angola foi povoada pelos portugueses no século XV e permaneceu

como sua colônia até a independência em 1975. O primeiro europeu a alcançar

Angola foi o explorador português Diogo Cão, que desembarcou na foz do Rio

Congo em 1483. Em 1490, os portugueses enviaram uma pequena frota de

navios com padres, trabalhadores e ferramentas para o Rei do Congo. Em breve,

contudo, o comércio de escravos levou a deterioração das relações de Portugal

com o Rei Afonso e os seus sucessores e revoltas internas levaram ao declínio do

Reino do Congo. Entretanto, os portugueses expandiram os seus contatos para o

sul ao longo da costa, fundando Luanda em 1576. O comércio de escravos

continuou até o meio do século XIX, com Angola servindo como a maior fonte de

mão de obra para as plantações brasileiras”.

Fonte: http://www.terrasdeveracruz.freewebpages.org/angola.htm

ATIVIDADE

Em relação aos textos 4 e 5, sobre o estudo da história de Angola e alguns

fatos, só temos acesso depois da chegada dos portugueses, no século XV. Os

historiadores valorizam as fontes escritas, mas essas nos dão uma descrição

de como ocorreram os primeiros contatos entre esses povos. Entretanto,

devemos levar em consideração que tais escritos foram relatados pelos

portugueses, refletindo o pensamento português e não necessariamente a

objetividade dos fatos históricos. Você concorda com essa afirmação?

Explique.

11

TEXTO 6

O continente africano dominado pelos europeus, durante séculos, iniciou sua luta

pela descolonização no pós-II Guerra Mundial, com reivindicações pacíficas ou

violentas, que alcançaram seu auge durante a década de 1960. A maior parte de

seu território obteve a independência, com a formação de vários países, onde

antes existiam colônias. Mas os territórios de domínio português sofreram

processos de descolonização mais longos e muito penosos. Angola, colônia com

enormes riquezas, foi a última fração de terra africana a conseguir libertar-se de

Portugal, em 1975. Foi o único lugar, onde a luta de libertação ocorreu através de

três movimentos [...]. (CUNHA, 2005, p. 2)

ATIVIDADE

O texto abaixo aponta dados sobre a guerra em Angola. Maria, a nossa

entrevistada, viveu esse momento, ela narra alguns fatos a esse respeito:

TEXTO 7

Entrevistador: Quanto tempo a senhora ficou nesse meio?

Entrevistada: Não foi tanto tempo não, foi que uns dois meses, por aí.

Entrevistador: Por que saíram?

Entrevistada: Tinha que sair, não tinha jeito. Agora já tem gente lá, assim,

portuguesa, todos foram para lá e tinha alguns ficaram lá. Nossos vizinhos, não

O texto 6 relaciona o processo de libertação de Angola a três movimentos.

- Faça uma pesquisa sobre esses movimentos, destacando suas ideologias

políticas.

12

queriam que os meus filhos viessem, porque eles eram angolanos e tinham que

ficar lá. Então isso aconteceu mesmo, o meu Toninho foi comprar pão, assim

pertinho, assim, dois, não sei quantos eles eram, a quem, a quem eles

pertenciam. O meu filho e o amigo dele, que era nosso vizinho também ficaram

não sei quanto tempo na mira do revólver daquelas metralhadoras. E eu fui uma

vez para pegar eles no colégio, só que uma vizinha minha já tinha ido lá pegar

eles. E daí eu vim sozinha com meu carro e cheguei ao lugar, era um

entroncamento, aí eles mandaram parar e eu parei, porque tinha medo. “Tu vais

para onde?” Vou para Cabiote. “E cadê o documento?” Assim todo mundo tinha

que ter o cartão.

Entrevistador: O que era o cartão?

Entrevistada: Era o cartão [do movimento] que a gente pertencia.

Fátima (filha da entrevistada): o cartão de filiação ao movimento.

Entrevistada: Que era Jonas Malheiro Savimbi, que era esse que a gente

pertencia, da Unita (...)

(Maria de Jesus Pereira, entrevista concedida à Marli Francisco em 24 fev. 2010)

Fonte: Maria de Jesus Pereira

ATIVIDADE

De acordo com texto 7, responda:

- Como a guerra civil afetava o cotidiano das pessoas?

13

TEXTO 8

04 de abril, 2002 - Publicado às 16h43 GMT Acordo oficializa fim da guerra civil de Angola

Angolanos estão otimistas com a perspectiva de paz

Acordo oficializa fim da guerra civil de Angola. Soldados da Unita devem ser

integrados ao Exército. A guerra civil de Angola terminou formalmente nesta

quinta-feira depois de 27 anos. Um acordo foi assinado entre comandantes do

Exército angolano e do grupo rebelde Unita para oficializar o fim das hostilidades

entre as duas partes. A assinatura do acordo é o resultado de um processo de

negociações que começou após a morte do líder da Unita, Jonas Savimbi, há seis

semanas. Em discurso proferido na noite de quarta-feira, o presidente José

Eduardo dos Santos qualificou a assinatura do acordo como um momento

histórico para o país.

Otimismo

No último sábado, o exército e os rebeldes assinaram um acordo para

desmobilizar 50 mil soldados da Unita. O acordo prevê que eles serão integrados

ao exército e à polícia angolanos. As negociações entre o governo e os rebeldes

aumentaram as expectativas da população angolana. Outros esforços para

conseguir a paz no país fracassaram nos últimos anos, mas muitos angolanos

estão otimistas e esperam que, desta vez, a guerra civil que aflige o país desde

sua independência, em 1975, finalmente possa terminar.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/020404_angolacb.shtml

14

ATIVIDADE

TEXTO 9

BRASIL – ÁFRICA

“ As relações Brasil e países africanos devem ser incentivadas porque

ambos os lados correspondem à periferia da economia mundial e por isso os

mesmos problemas e interesses. Além disso, a aproximação do Brasil com os

países africanos se deve ao passado de ambos que se entrecruzam. Sendo

assim foi fundada em 1996 a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

(CPLP): uma organização que reúne países lusófonos, para promover a aliança e

a amizade entre os signatários. Os membros desta Comunidade são: Angola,

Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e

Timor Leste.” (História e cultura afro-brasileira e africana: educando para as

relações étnico-raciais/Paraná. Secretaria de estado da Educação.

Superintendência da Educação. Departamento de Ensino Fundamental. –

Curitiba: SEED-PR, 2006. 110p. (Cadernos Temáticos)

ATIVIDADE

Com base no texto 8, desenvolva a seguinte atividade:

- Imagine que você seja um locutor de rádio ou um apresentador de telejornal.

Como você narraria o final da guerra civil de Angola?

Com relação ao texto 9, desenvolva a seguinte atividade:

- A aproximação do Brasil com os países africanos se deve ao passado de

ambos que se entrecruzam. Explique essa afirmação.

15

TEXTO 10

A Comunidade dos Países de Língua

Portuguesa (CPLP) apresenta, entre os dias

30 de Abril e 9 de Maio de 2010, a 3ª edição

da Semana Cultural da CPLP” em Lisboa,

com uma programação dedicada às diversas vertentes da cultura lusófona.

Fonte: http://www.lusoafrica.net/v2/

ATIVIDADE

TEXTO 11

21-07-2005 - Angola

Pessoas que desejam estabelecer contacto com

familiares, após o conflito em Angola

Escritórios da Agência Central de Pesquisas do CICV (Comitê

Internacional da Cruz Vermelha) em Luanda. Crianças não

acompanhadas são fotografadas para que possam ser

reconhecidas/identificadas por seus familiares. ©CICV/ref. ao-e-00166

A longa guerra civil em Angola (1975 – 2002) resultou num vasto

deslocamento de populações e a separação/dispersão de famílias tanto dentro do

país como para o exterior.

Em Angola, as barreiras que separavam as áreas controladas pelas

diferentes partes do conflito, bem como a implantação de minas terrestres, fez

com que muitas dessas áreas ficassem isoladas. Tudo isso resultou em muitos

Com base nos textos 9 e 10, responda:

- O que são países lusófonos?

- Faça uma pesquisa sobre a CPLP.

16

casos em que a perda de contacto familiar aconteceu durante as primeiras

décadas da guerra.

Em cooperação com a CVA (Cruz Vermelha de Angola), o CICV criou um

vasto programa de pesquisas com 73 postos/antenas em cada/vários

município(s), que permite aos angolanos: restabelecer e manter o contacto

familiar interrompido durante a guerra, abrir pedidos de pesquisa para encontrar

membros da família cujo destino ou o paradeiro é desconhecido, encontrar

famílias separadas de seus filhos, e procurar crianças com base na solicitação

dos pais.

Fonte: http://www.icrc.org/Web/doc/siterfl0.nsf/htmlall/familylinks-angola-por

ATIVIDADE

TEXTO 12

X. MAR PORTUGUÊS

Ó MAR SALGADO, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

O texto 11 faz referência às crianças não acompanhadas.

- Quem são essas crianças?

- Por que essas crianças estão sendo fotografadas?

Por favor, ajude-nos a encontrar pessoas cujo desti no é desconhecido. Se você encontrar o seu nome ou o nome de um parente seu na lista e/ou se você tiver informações precisas sobre pessoas que estão a ser procuradas por seus familiares, queira por favor fazer um click em "Contactar o CICV" no registro da pessoa.

17

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojedor

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

(PESSOA, 2005, p. 57)

ATIVIDADE

O texto abaixo relata a razão pela qual o marido da entrevistada escolheu o

Brasil como seu novo endereço durante o processo da guerra civil de Angola.

TEXTO 13

Entrevistador: Por que vieram para o Brasil e não ficaram em Portugal?

Entrevistada: Ah! Meu marido tinha vindo para o Brasil muito antes, assim quando

a guerra começou né. “Ah, Maria acho que a gente tem que sair daqui” e, ele veio

aqui andar e gostou muito e disse: “Maria, o Brasil é igualzinho aqui, é igualzinho

a Angola, os nossos filhos foram criados aqui, se a gente for para Portugal, eles

não vão querer ficar lá”. Então vamos para o Brasil, aí viemos aqui.

(Maria de Jesus Pereira, entrevista concedida à Marli Francisco em 24 fev. 2010)

ATIVIDADE

Fernando Pessoa, poeta português, refere-se aos descobrimentos

portugueses a partir do século XV. Ele aponta os custos da empresa

colonizadora para Portugal. A partir das leituras feitas, reescreva o poema do

ponto de vista do colonizador angolano. Não se esqueça de dar um título ao

seu poema.

Considerando as diferenças dos processos de independência de Brasil e

Angola, por que você acha que o marido da entrevistada escolheu viver no

Brasil?

18

Até agora falamos sobre o processo de independência de Angola. No

Brasil, esse processo teve muitas diferenças. Para começar, ele ocorreu no

século XIX, e não no século XX, como o de Angola. Você já deve ter visto muitas

vezes o famoso quadro de Pedro Américo, retratando o momento da

proclamação. Leia o texto abaixo:

TEXTO 14

A mistificação do grito

“A maioria dos livros didáticos brasileiros de História, ao exaltarem o grito

do Ipiranga como momento heróico da nossa emancipação, nada mais fazem do

que repetir, anacrônica e empobrecidamente, a nossa pobre historiografia

romântica do século XIX. Monarquista e aristocrática, ela precisa criar o mito do

“momento da fundação” do império para justificar a exótica e única monarquia

latino-americana, colocar seu fundador como herói e César, representante

supostamente legítimo de uma “vontade popular” abstrata e resistente. Por isso

mesmo, para ela, o ”momento heróico” do Grito ( não podia ser uma frase, e sim

um brado), realizado necessariamente “ numa suave colina” do Ipiranga ( não

podia ser simples e pacato vale, como qualquer topógrafo diria, pois era um gesto

elevado), é mais importante que os fatos políticos, que antes do dia 7 já haviam

definido a Independência.

A imagem romântica elidiu as decisões afetivas que fizeram a

emancipação, tomadas por José Bonifácio ( um plebeu, não podia ser um César),

e o caráter social e representativo de uma classe dessas decisões. Tudo se

Entrevistas, descrições, memórias, relatos de viagens, diários e

correspondência privada existentes, podem ser considerados importantes

fontes de pesquisa para melhor compreensão do contexto histórico de Angola,

pouco usadas e mencionadas pelos estudos convencionais. Você concorda

com essa afirmativa? Justifique.

19

passa mitologicamente, em uma atmosfera caríssima aos românticos: D. Pedro,

usando uma roupa simples de viagem, montado em uma prosaica mula, é

transformado em um jovem e arrebato príncipe de casaca forrada de galões,

montado em “soberbo cavalo (...)

A visão da historiografia romântico-oficial, em última análise, tenta refazer o

passado com os olhos dos próprios grupos dominantes do passado e mais com

os olhos de 1822, momento em que os mais diversos setores da elite concorriam

para se aproximar de D.Pedro (...)” (MENDES, 1983, p.156)

ATIVIDADE

TEXTO 15

Texto para análise

Constata-se o caráter ambíguo e contraditório do movimento de

independência e, portanto, de sua ideologia. O movimento foi ambíguo por romper

com a dominação colonial, mas ocorrer contra uma revolução liberal

(metropolitana). Ademais, foi liberal porque suas lideranças viram-se obrigadas a

mobilizar essa ideologia para justificar a separação com a metrópole. O

aproveitamento dessa ideologia para justificar a separação com a metrópole. O

aproveitamento dessa ideologia, entretanto, foi basicamente conservador, por ter

que manter a escravidão e a dominação do senhoriato.

Com relação ao texto 14, responda:

- Que aspectos o autor do texto salienta, para mostrar o processo de

separação Brasil / Portugal?

20

Por outro lado, o movimento da independência foi nacional, e até

nacionalista, por criar a nação. Tal criação ideológica surge como a forma que o

senhoriato encontrou para manter a dominação social e assumir o poder político.

Desnecessário dizer que a idéia de nação que prevaleceu foi a dos proprietários.

Finalmente, o processo de emancipação política do Brasil configurou uma

revolução, uma vez que rompeu com a dominação colonial, alterando a estrutura

do poder político com a exclusão da metrópole portuguesa. Revolução,

entretanto, que livraria o Brasil do Antigo Sistema colonial Português para um

novo Sistema Mundial de Dependências” (MOTA e NOVAIS, 1986, página 47)

ATIVIDADE

TEXTO 16

E o povo?

Eis a feliz síntese de uma conhecida historiadora:

“A emancipação política realizada pelas categorias dominantes,

interessadas em assegurar a preservação da ordem estabelecida, e cujo único

objetivo era combater o sistema colonial no que ele representava de restrição à

liberdade de comércio e de autonomia administrativa, não ultrapassaria os limites

definitivos por aqueles grupos. A ordem tradicional seria preservada, a escravidão

mantida. A nação independente continuaria na independência de uma estrutura

colonial de produção, passando pelo domínio português à tutela britânica.

- Por que, tendo havido uma revolução, segundo o autor, não houve guerra civil

no processo de independência do Brasil?

21

A fachada liberal, construída pela elite europeizada, ocultava a miséria, a

escravidão em que vivia a maioria dos habitantes do país. Conquistar a

emancipação definitiva e real da nação, ampliar o significado dos princípios

constitucionais foi tarefa relegada aos pósteros”. (COSTA, 1985, p. 54)

ATIVIDADE

ESTRATÉGIAS DE AÇÃO E CRONOGRAMA

O projeto “Cultura, política e identidades dos países lusófonos: Angola, um

estudo de caso”, que objetiva estudar a cultura, a política e as identidades dos

países lusófonos, visa contribuir com o estudo sobre o processo de

independência dos lusófonos Brasil e Angola e com o ensino de história afro-

brasileira,desenvolvendo tanto a pesquisa bibliográfica quanto se valendo de

depoimentos. O projeto de história afro-brasileira, desenvolvido por mim,

professora Marli Francisco, na disciplina de história, do Colégio Estadual

Chateaubriandense, Ensino Médio, Normal e Profissional, com alunos do 2º ano

do curso de Formação de Docentes, iniciando no 2º semestre de 2010 e com

término no final do 2º semestre do referido ano. No período de implementação do

projeto, as experiências serão sistematizadas por meio dos devidos recortes,

possibilitando ao aluno conhecer e interagir com a pesquisa, com a cultura afro-

brasileira e com a história oral.

Estão a seguir as estratégias para a implementação do Projeto de

Intervenção:

- Por que a autora afirma que após a independência a nação brasileira passou

do domínio português para a tutela britânica?

- Descreva a relação entre os textos 14, 15 e 16.

- Comparando as diferenças dos processos de independência de Brasil e

Angola, a partir dos seus respectivos contextos sócio-histórico, faça uma

narrativa histórica descrevendo essas diferenças.

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- Pesquisa bibliográfica sobre o processo de independência de Brasil e Angola;

- Seminário com as depoentes;

- Produção Didático-Pedagógica (Unidade Didática);

- Oficina para elaboração de material;

- Exposição dos resultados da oficina no colégio de implementação do projeto;

- Exposição itinerante da pesquisa nas escolas públicas estaduais do município

transformando em prática os conhecimentos construídos ao longo da pesquisa;

CRONOGRAMA DE AÇÃO

ATIVIDADE PERÍODO

Aprofundamento teórico

Maio 2009 a março 2010

Revisão bibliográfica

Maio 2009 a abril 2010

Encontro de orientação

Junho 2009 a abril 2010

Implementação do projeto

Junho 2010 a dezembro 2010

Confecção de painéis e apresentação à

comunidade escolar

Junho 2010 a dezembro 2010

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REFERÊNCIAS

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