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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

1

FORMAS DE COMPREENDER E TRATAR OS SABERES ESCOLARES: UM ESTUDO COM OS JOVENS ESCOLARES EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE

PINHAIS- PR

Autor: Francisco Antonio Albano1

Orientadora: Rosicler Terezinha Goedert2

Resumo

Este estudo buscou compreender a realidade escolar em uma Escola Pública do Município de Pinhais – Pr., identificando quem são seus alunos/as – enquanto jovens – como eles vivem as sua condição de jovem e como as manifestações de sua cultura interferem nas formas de tratar os saberes escolares nas aulas de Educação Física. Para isso foi necessário pesquisar a prática escolar na busca de compreender as relações estabelecidas entre o Saber e o Aprender (CHARLOT, 2001) e suas interferências no mundo juvenil, gerando um espaço de possibilidades de discussões e reflexões sobre a realidade social do jovem escolar. Os registros referentes ao processo de intervenção na escola foram realizados de diversas formas, entre elas destacamos: as enquetes, as entrevistas semi estruturadas, os questionários e outros. Na perspectiva de ampliar os espaços de reflexões e registros, foi elaborado um material didático a partir de alguns elementos tecnológicos - como o uso das linguagens das webs: Webquest, Webgincana, Avaliação Online, as quais se propuseram a tratar os saberes escolares apresentando outras formas de re-significar e contextualizar os conteúdos tratados nas diversas disciplinas do currículo escolar, refletindo também na escolha do Tema da Semana Cultural/2010 sendo definida como “A Cultura, a Juventude e a Escola”. Neste espaço de formação os grupos de jovens alunos/as puderam expressar as suas manifestações culturais de diversas formas, entre elas, através da música, do teatro, da dança entre outras formas de registrar o que é ser jovem nos dias de hoje.

Palavras-chave: Educação e Cultura; Juventude e Tecnologias; Escola e Ensino de

Educação Física

1 Pós-Graduação em Informática Aplicada à Educação, Graduado em Educação Física, Secretaria Estadual de Educação/Superintendência de Desenvolvimento/Coordenação de Informações Educacionais.

2 Doutorado em Educação, Tecnologias – Linha de Pesquisa: Escola,Cultura e Ensino. Mestrado em Ciência do Movimento – Linha de Pesquisa: Pedagogia do Movimento/UFSM/RS. Professora Adjunta do Departamento de Teoria e Prática de Ensino - Setor de Educação/UFPR.

2

1 Introdução

As propostas descritas neste trabalho basearam-se nos recortes

necessários ao se aproximar e identificar os possíveis olhares ao objeto a ser

investigado. Este recorte se originou dos “estranhamentos3” que me acompanharam

em relação às formas de se tratar os saberes nas aulas de Educação Física.

Durante os vários anos que trabalhei com crianças e jovens da Educação Básica

como professor de Educação Física da Rede Estadual de Educação do Paraná, me

permitiu a partir do ingresso no Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE),

pesquisar e aprofundar os estudos relacionados ao tema: A ESCOLA - AS

JUVENTUDES E SABERES ESCOLARES.

Foi a partir de minha participação e das orientações com a Profª Drª

Rosicler Goedert nos anos de 2009, 2010 e 2011 no PDE que comecei a

interpretar a minha própria prática com os “olhos” da pesquisa, buscando na

literatura e no “chão da escola” os caminhos para compreender que o sujeito aluno é

mais que simplesmente um aluno, ele é segundo (CHARLOT, 2001, p.21). um

sujeito social, o qual na sua condição de jovem traz para dentro da escola seus

conhecimentos oriundos de experiências individuais vividas na sociedade a partir do

entendimento de um processo histórico – social e cultural.

Assim, apoiando-se neste princípio citado pelo autor, reconheci a

importância de trabalhar com alguns dos elementos que constituem as Culturas

Juvenis, neste caso o uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs)

como formas de produzir e significar o conhecimento nas aulas de Educação Física.

Para isto, mediante as propostas do PDE – como o GTR (Grupo de Trabalho em

Rede), e a produção de Material Didático, elaborou-se um conjunto de situações e

criações didáticas denominado “Elementos Didáticos Pedagógicos e as Formas de

3 Assim tratados a partir dos estudos sobre Pesquisa Ensino e Escola ( GOEDERT, 2005, p.2 apud Gracia, 1996)

em que ressalta a importância de “tornar estranhos os elementos que se encontravam no campo empírico, para

melhor entender as relações que se estabeleciam no interior da escola, espaço não homogêneo e onde ocorrem

processos contraditórios, os quais, percebidos na sutileza da cotidianidade, precisava ser profundamente

compreendidos”.

3

Tratar os Saberes Escolares nas Aulas de Educação Física, em que as práticas

corporais e culturais dos Jovens Escolares fossem evidenciadas.

Neste sentido é que foi criado e desenvolvido os conhecimentos tratados

nas Webquest4 e a Juventude e a WebGincana5 e o Hip Hop, as quais ao tratar

de questões e temas relacionados à Cultura Jovem (GOEDERT,2005) aproximando

e compreendendo a realidade vivida pelo jovem em seu cotidiano, possibilitou criar

situações onde os sujeitos refletem e discutem com seus pares as formas

encontradas dos modos de viver as juventudes nos dias de hoje - em que de acordo

com o interesse dos grupos ampliando e re-significando a aprendizagem em sala de

aula - os jovens escolares foram motivados a produzir cartazes, painéis,

apresentações teatrais/musicais e outras formas que contemplasse as atividades

corporais/culturais e seu desenvolvimento em nossa sociedade.

Assim, destacamos a importância de apresentar a seguir os passos

percorridos metodologicamente para o alcance dos objetivos propostos no projeto

de Intervenção Pedagógica na Escola.

2 Olhares para com a realidade Escolar “Pesquisada”

A Escola Pública denominada Colégio Estadual Ottilia Homero da Silva, foi

selecionada para implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola,

prevista no PDE, por ser uma escola com representatividade na região, ofertando

4 O conceito de WebQuest foi criado pelo Bernie Dodge - Profº Universitário da Califórnia/EUA em

1995, como proposta metodológica para usar a Internet de forma criativa, utilizando-se de uma

ferramenta de criação de site, blogs, editores de texto, editores de slides e outros editores.

<Disponível em http://WebQuest.sp.senac.br/textos/oque Acesso em 05/07/2010>.

5 As WebGincanas foram criadas a partir da idéia de um jogo de caça ao tesouro chamado

popularmente nos EUA de “Scavenger Hun”, sua origem e expansão no Brasil foi em 2003 pelo Profº

Jarbas Novelino Barato - reconhecido como um dos precursores da informática pedagógica no Brasil

- iniciou a tradução de algumas Scavenger Hunts para a matéria de Tecnologia Educacional.

Disponível em < http://e-educador.com/index.php/projetos-de-ensino-mainmenu-124/77-projetos-de-

ensino/3137-gincana01> Acesso em 05/07/2010.

4

mais de 800 vagas nos cursos do Ens. De 1° GR - Regular 5/8 Série e no ENS.

Médio nos 3 turnos, essas vagas em sua maioria são destinados à adolescentes e

Jovens. O Colégio Otíllia Homero da Silva está situado à Rua Arthur Bernardes nº.

321, no Bairro Jardim Amélia, município de Pinhais, região metropolitana de Curitiba.

A região é caracterizada pelas poucas áreas destinadas ao lazer/ recreação e à

cultura corporal de modo geral. Um dos únicos espaços públicos destinadas ao

lazer, é uma praça localizada no bairro vizinho Jardim Planta Karla, utilizadas pelas

pessoas residentes nos dois bairros. Na praça existem duas canchas de areia em

bom estado de conservação, cercadas por telas, onde geralmente aos finais de

semana são utilizados para a realização de campeonatos de Futebol de areia e

Voleibol organizados pela própria comunidade e, às vezes, pela Associação de

Moradores. Entre o Jardim Amélia e o Bairro Jardim Karla existe uma reserva

florestal que há algumas décadas era utilizada como bosque de lazer, dentro da

mata desta reserva existe um campo de futebol, com aspecto de abandono,

denominado “Campinho da Maconha”, esse espaço por estar localizado próximo ao

Colégio Estadual Ottília Homero da Silva, foi por um período utilizado pelos

professores de Educação Física como espaço alternativo para a prática de atividade

física durante as aulas, porém com o crescimento da violência e o uso de drogas no

local, essa prática foi abandonada. É possível ainda observar-se nas tardes de finais

de semana alguns grupos de jovens da comunidade e entre eles alguns sujeitos

escolares dirigindo-se àquele espaço com o objetivo de realizar a prática do futebol

de campo, o que pode indicar falta de interesse e incentivo por parte dos

governantes locais em relação à programas de incentivo voltados à faixa etária da

juventude da comunidade.

Porém, como opção para a prática de esportes, é comum a utilização do

espaço escolar nos dias não letivos pelas pessoas da comunidade, pois na entrada

principal da escola existe um pequeno portão que nesses dias permanece aberto e

com a autorização do guardião responsável pelo espaço escolar, os grupos

adentram ao espaço das quadras com o compromisso de zelar pelo patrimônio da

escola enquanto lá permanecerem, essa convivência parece apresentar bons

resultados, pois além de incentivar à prática de atividade esportiva, por parte dos

usuários ainda desperta certo respeito e cuidado pelo patrimônio público, pois se

5

percebe que os espaços escolares, paredes e muros encontram-se limpos e

pintados, podendo representar que não existe depredação do patrimônio da escola,

nem pelos alunos que lá estudam e nem pelos usuários que são sujeitos da

comunidade e que utilizam as dependências da escola nos finais de semana.

Outro espaço que cabe aqui citar pela relevância de sua utilização como

prática de lazer da comunidade da região é o estacionamento de um grande

hipermercado, localizado na entrada principal do bairro e que lá se estabeleceu já há

algumas décadas. Este estacionamento, por ser um local todo cercado por tela e por

lá permanecerem pessoas responsáveis pela segurança local 24 horas por dia,

torna-se uma opção interessante de lazer, Observa-se a presença de famílias –

pais/mães e filhos, assim como os jovens que estacionam seus carros e motos para

ouvirem música, conversarem, andarem de skate e bicicleta, soltarem pipa, entre

outras atividades, como jogar futebol e vôlei no espaço gramado.

A Escola Pública aqui pesquisada tem como peculiaridade - talvez por situar-

se em um bairro pequeno e cercado por reservas e áreas de proteção ambientais e

sem espaço para ampliação imobiliárias – famílias que se conhecem e que lá

residem por longa data, não só os alunos, mas também os professores, o que

proporciona ao espaço escolar, um ambiente de amizades, proporcionando às

pessoas que fazem parte desse local, um sentimento agradável em relação ao

ambiente de trabalho. O Colégio Estadual Ottilia Homero da Silva atende a uma

comunidade de alunos oriundos de classes populares, sendo trabalhadores e filhos

de trabalhadores que residem no bairro ou em seus arredores e que buscam na

Escola e na Educação uma forma de mudar suas condições de vida.

2.1- Descrevendo o Processo de “Inserção” como - Professor Pesquisador –

no Ambiente Escolar

Os primeiros contatos com a Escola e seus sujeitos ocorreram através da

aproximação com o Diretor e a Equipe Pedagógica, apresentado-lhes o projeto “ Os

Jovens Escolares do Ensino Médio e as Formas de Tratar os Saberes Escolares nas

6

Aulas de Educação Física” (SEED/GRUPO GTR, 2010), seus objetivos e

estratégias, justificando sua importância para os sujeitos escolares com destaques

aos possíveis benefícios que esta Escola poderia ter com a implementação do

projeto. Este entendimento se deu prontamente, pois o Diretor e a Equipe

pedagógica aprovaram o projeto, o que permitiu o início de sua implementação,

sendo marcando uma reunião com todos os professores/as da Escola para que

fosse oficialmente lançado o inicio dos trabalhos previstos no Projeto.

Nesta reunião, foram apresentados os objetivos e encaminhamentos

previstos nas ações da intervenção pedagógica, procurando atuar na realidade

escolar com a intenção propor possíveis formas de alterações positivas nesse

ambiente. Foi abordada nesta ocasião as seguintes questões: a) as formas de viver

as juventudes (ABRAMO, 2005) nos dias de hoje; b) A Escola e a Educação Física ;

c) a discussão de quem são os jovens que freqüentam os bancos escolares

atualmente, que conceitos de escola, família e de juventude eles trazem de seu

cotidiano para o espaço escolar, bem como sobre o papel da escola e da família na

sua formação, e por último d) quais as possíveis influências que os saberes tratados

nas aulas de Educação Física exercem sobre a vida cotidiana desses sujeitos.

Pode-se afirmar que este primeiro contato resultou em diálogos e conversas

com e entre os professores/as, os quais puderam expor seus entendimentos e

dificuldades em relação às formas de se relacionar com o jovem aluno no ambiente

escolar. Alguns depoimentos apontaram de forma clara, a importância de que, como

educadores, temos que nos aproximar do jovem aluno, criando espaços onde estes

possam discutir e expressar suas vontades/necessidades em relação ao ambiente

escolar, o que pode em alguns casos gerar indicativos de melhorar a aprendizagem

e as maneiras de como o sujeito vive a sua condição juvenil no espaço escolar.

Estes indicativos geraram um impacto positivo no encaminhamento da segunda

parte da reunião prevista para a revisão do Planejamento Curricular Semestral da

Escola. Ao pensarem e revisarem as Diretrizes Curriculares do Colégio Estadual

Ottilia Homero da Silva para o segundo semestre, os professores/as puderam

repensar suas próprias práticas pedagógicas, principalmente quando da seleção dos

conteúdos na composição do documento. Cabe destacar, que no caso da

7

elaboração do documento da área de Educação Física, na qual tive a oportunidade

de participar, autorizado pelo diretor – pude perceber que os professores/as de

Educação Física procuraram incluir nas propostas de suas ações elementos das

Diretrizes Curriculares da Educação Física do Estado do Paraná e do Livro Didático

Público do Aluno, na tentativa de aproximar e relacionar elementos dos estudos e

questões levantadas na reunião sobre o Projeto. O documento produzido,

denominado Diretrizes Curriculares do Colégio Estadual Ottília Homero da Silva para

o segundo semestre de 2010, foi disponibilizado para consulta no espaço da

Organização Pedagógica da escola, aos professores, alunos e a toda a comunidade

Escolar, servindo de orientação para a organização das ações da disciplina de

Educação Física naquele semestre.

Porém, foi preciso compreender que somente com a elaboração das

Diretrizes Curriculares da Escola, não estariam garantidas mudanças significativas

na relação ensino/aprendizagem estabelecidas entre os sujeitos escolares. Assim,

com o objetivo de obter um panorama da situação da escola e opinião dos

professores em relação às dificuldades de suas ações pedagógicas e das

dificuldades de aprendizagem de seus alunos, foi elaborada uma enquete entre os

professores/as de todos os períodos, apresentada a seguir: (Vide Anexo A)

2.2.1 – Criação dos instrumentos sobre AS RELAÇÕES DA APRENDIZAGEM E

AS MANEIRAS DE ENSINAR

Neste processo tive a oportunidade de criar um questionário com perguntas

objetivas e dissertativas sobre as dificuldades relacionadas ao Ensino e

Aprendizagem dos Jovens, em que a primeira questão procurou verificar o

entendimento do professor em relação às dificuldades de aprendizagem de seus

alunos com as seguintes questões:

QUESTÃO 1 - Você identifica em seus alunos dificuldades de

aprendizagem?

( ) Sim ( ) Não.

8

Ao abordar o tema dificuldades de aprendizagem com os professores da

Escola foi necessário refletir sobre as diversas correntes que estudam o assunto,

pois neste levantamento a intenção não foi tratar e identificar os transtornos da

aprendizagem visto do ponto de vista das disfunções do sistema nervoso, mas sim

se aproximar teoricamente das dificuldades de aprendizagem impostas pelo meio no

contexto escolar e social, principalmente na relação estabelecida entre os sujeitos e

o que eles aprendem (CHARLOT, 2001 p 16).

As reflexões deste questionamento projeta a possibilidade do professor

recorrer à sua prática pedagógica em busca de respostas diversas, sendo

reconhecidas nas suas respostas quando na sua maioria afirmaram que “existem

muitas dificuldades de aprendizagem por parte de seus alunos”, ou seja, noventa e

quatro por cento dos entrevistados responderam de forma positiva ao

questionamento e apenas seis por cento indicaram “Não existir dificuldades”, o que

torna-se urgente compreender a importância de buscar alternativas para tratar e

melhorar os resultados dessa situação. Tais resultados podem ser determinantes no

sucesso ou o insucesso da vida escolar do aluno, refletindo inclusive, para os

resultados da escola no cenário nacional, traduzido em resultados para o Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e o Exame Nacional do Ensino Médio

(ENEM). Estes indicativos remetem também à necessidade de reflexão por parte dos

professores/as levando-os à questionar sobre as relações de suas atuações em sala

de aula e os valores atribuídos pelos alunos quando de suas participações nas

discussões e maneiras de aprender.

Na sequência, um segundo questionamento foi apresentado aos

professores;

Questão 2 - Na sua opinião, quais são os fatores que dificultam a

aprendizagem?” (pode-se assinalar mais de uma opção)

A- Falta de interesse, B- Indisciplina, C- Aulas pouco interessantes D-

Outros

9

24%

38%

21%

17%

Indisciplina

Falta de interesse

Aulas pouco interessantes

Outros

Gráfico 1 – Resultado da questão 2 tratada na enquete sobre a aprendizagem

O item “Falta de Interesse” foi o que obteve um resultado mais expressivo

com 38% das respostas. Sendo apontadas causas variadas relacionada abaixo que

levam um aluno a se desinteressar pelos estudos, e a escola deve estar atenta a

esse problema, pois, isso pode ser indícios de várias situações, dentre eles até

mesmo a falta de incentivo e a consciência da importância dos estudos na vida

desses sujeitos.

O item, “Indisciplina” teve o percentual de 24% das respostas. Na realidade

a indisciplina pode aparecer como conseqüência de outros fatores externos que

interferem tanto no ambiente escolar em forma de indisciplina, como em seu

cotidiano.

O item, “aulas pouco interessantes” obteve 21% das respostas, o que

surpreendentemente chamou a atenção pela consciência que o próprio professor

apresentou em relação à sua prática pedagógica conceituando-as de aulas pouco

interessantes, pois como responsável pela suas próprias ações e prática pedagógica

o professor deveria ser o primeiro a buscar formas de não ser merecedor desse

conceito.

Com 16% dos resultados registrou-se o item “outros”, onde os professores

consultados tiveram a opção de após assinalar este item descrever quais seriam

esses elementos. Dentre os itens apresentados foram citados: “os déficits de

aprendizagem; os transtornos globais do desenvolvimento; as metodologias

utilizadas em sala de aula; a falta de perspectivas apresentadas pelos alunos em

10

relação à Educação e à sua própria maneira/condição de viver e também o pouco

interesse da sociedade em relação ao processo educacional.

Ainda neste questionamento ficaram em evidências os problemas sócio-

culturais existentes nos resultados apresentados em relação aos modos de aprender

pelo aluno, o que merece maiores discussões e pesquisas. Outro ponto em

destaque é a formação do professor, esta ainda apresenta-se de forma precária,

pois em alguns casos são decorrentes das políticas da “indústria” da formação

profissional que se instalou no país nas últimas décadas. Estes pontos refletem em

outros dois ítens também importantes como os modelos de Educação e os

Processos de Ensino e as formas de como a “organização familiar” e ou re-

organização das instituições familiares vigentes se relacionam com o Mundo da

Escola, do Trabalho e das Relações Sociais.

E como último item, perguntou-se aos professores/as sobre:

Que Sugestões vocês (Professores) teriam para “amenizar” as

questões acima descritas.

Foram várias as sugestões apresentadas pelo conjunto dos professores/as:

- Procurar entender o que os “sujeitos alunos” gostariam de aprender;

- Ampliar a participação dos pais e familiares na escola;

- Criar espaços de discussão sobre “o reconhecimento e conscientização”

dos deveres dos alunos;

- Garantir uma metodologia diferenciada e de avaliação conforme o avanço

da aprendizagem dos alunos;

- Trabalhar com as dificuldades que exigem atitudes e punições mais

severas em relação aos alunos e suas atitudes no espaço escolar;

- Processo de Formação Escolar e do exercício da Cidadania;

- Garantir ao atendimento dos grupos de alunos nas turmas;

- Dinamizar o tempo e espaço das aulas;

- Buscar formas de capacitar os educadores para compreender e tratar as

diferenças apresentadas em sala de aula;

11

- Análise do modelo escolar com perspectiva de mudanças no sistema de

ensino;

- Dinâmicas motivacionais e lúdicas no processo do apreender na Educação

Básica;

- Enriquecer as aulas com recursos disponíveis;

- Repensar metodologias e conteúdos;

- Valorização da busca do conhecimento;

- Concentração do trabalho pedagógico direcionado à cidadania e aos

valores;

- Trabalho docente em conjunto e com acompanhamento da família.

Pode-se dizer que a partir deste conjunto de indicativos apresentados na

enquete os professores reconhecem causas e conseqüências, assim como as

possíveis alternativas a serem tomadas na busca de enfrentar as dificuldades

existentes na relação ensino/aprendizagem na realidade pesquisada. Assim, este

processo de intervenção pedagógica proposto no Programa de Desenvolvimento da

Educação (PDE) pode através do professor PDE, neste caso, já reconhecendo as

questões que envolvia a Escola e suas Práticas, apresentar ações que pudessem

auxiliar na compreensão e busca de alternativas que contribuíssem no trato das

situações apresentadas.

2.2.2 O Projeto 5 Minutos.

Com a análise dos resultados e as respostas contidas na enquete, bem

como, o contexto onde se encontra inserida a escola e os seus sujeitos, foi possível,

sugerir ações onde todos os sujeitos escolares pudessem se envolver, na busca de

melhorias não só nas relações professor/aluno, aluno/aluno, como também nas

relações ensino/aprendizagem. Assim, apresentei e viabilizei uma possível

implementação junto à escola, do PROJETO 5 MINUTOS que trata-se de um projeto

desenvolvido por uma ONG, sem fins lucrativos, coordenada pela Professora

Doutora Maria do Socorro de Souza Rodrigues, da Universidade do Federal do

Ceará. Este projeto mediante a realidade atual da corrida pela busca de uma

12

educação de qualidade voltada para o conhecimento e domínio de vários idiomas, e

também pelos conhecimentos da tecnologia, das cores, das formas matemáticas e

tantos outros, busca aliar a essas habilidades também o crescimento moral do ser

humano, combinando reflexões sobre questões como a ética, justiça, disciplina,

honestidade a outros valores presentes na formação humana. Disponibilizado de

forma gratuita o material elaborado está dividido em 3 módulos com 200 lições

diárias de aproximadamente 5 minutos de duração cada uma, sobre conceitos e

valores diversos, buscando suprir a ausência desses saberes na vida cotidiana

trazida pelo jovem/aluno para dentro do espaço escolar. O material, após ser

baixado do site da Ong, poderá ser adotado pela escola de forma completa, onde,

todos os professores, em um determinado momento, trabalham as lições

previamente selecionadas pela coordenação pedagógica, ou ainda ser adotadas de

forma parcial onde algum professor que se interesse pelo material, dê inicio ao

trabalho de forma isolada. Esse material foi apresentado isoladamente à equipe

pedagógica da escola e a alguns professores em seus momentos de hora/atividade

na tentativa de obter informações sobre o possível interesse da implementação

dessa ação na escola. As respostas a esse trabalho se deu de forma positiva, pois

os professores a quem foram apresentados à proposta, se mobilizaram junto à

direção para que o projeto fosse apresentado em data a ser marcada à todos os

professores da escola e dessa forma possibilitar a sua implementação. Não houve,

porém, durante o processo de intervenção a possibilidade de acompanhar o

desenvolvimento das ações do projeto na prática diária dos professores, uma vez

que a escola não teve condições de implementar o projeto na sua totalidade devido

ao cronograma do semestre já estar previamente definido e o tempo de

implementação do Projeto de Intervenção pedagógica do PDE ter solicitado outros

encaminhamentos e ações.

3 – A Educação Física e a prática Escolar do Col. Estadual Prof. Ottilia Homero

da Silva.

13

Conforme descrito nos itens anteriores em relação a realidade escolar e o

ambiente educativo pude perceber na ação didática da Educação Física Escolar,

que esta apresenta-se com indícios e características da Educação Física praticada

em tempos anteriores, onde seus objetivos eram formar cidadãos saudáveis e

obedientes, e também formar atletas de alto rendimento. Os saberes trabalhados

nestes períodos estavam mais voltados para a técnica do movimento e à tática dos

esportes. Porém, a Educação Física precisa ser compreendida como um elemento

didático que poderá contribuir com muito mais do que simplesmente a técnica, a

tática ou atividade física do fazer por fazer (SOUZA JUNIOR, 1999). Como nos

aponta as Diretrizes Curriculares da Educação do Estado do Paraná (DCE, 2008, p

50) afirmando que “ A Educação Física seja fundamentada nas reflexões sobre as

necessidades atuais de ensino perante aos alunos, na superação de contradições e

na valorização da Educação. Por isso, é de fundamental importância considerar os

contextos e experiências de diferentes regiões, escolas, professores, alunos e da

comunidade” Dessa forma sua ação pedagógica deverá ser geradora de

aprendizagem de saberes voltados para o desenvolvimento do sujeito aluno e da

sua formação enquanto cidadão.

Na realidade pesquisada - nos muitos momentos de conversas/discussão

com o Professor de Educação Física da 1ª serie A do Ensino Médio - foi possível

reconhecer através de suas falas, expressões e atitudes a compreensão que o

mesmo apresenta em relação à importância da disciplina de Educação Física na

matriz curricular do Ensino Médio, bem como o papel da disciplina na formação dos

alunos. O professor aponta ser perceptível uma melhora nas relações inter-pessoais

e na convivência dos sujeitos no espaço escolar e nos grupos de alunos, nas séries

do Ensino Médio onde está inserida a disciplina de Educação Física. Em relação ao

Livro Didático Público o professor reconhece sua importância e diz utilizar sempre

que possível na preparação de suas aulas, porém, acha que os assuntos poderiam

ser “melhor” divididos entre as séries. Porém, nas aulas observadas ao longo desse

tempo de permanência na escola, não foi possível reconhecer uma diversidade na

sua prática pedagógica, ou seja, as aulas de Educação Física, seguiram

basicamente um padrão único onde os alunos se aproximavam do espaço

pedagógico utilizado para a prática da atividade corporal, já com suas equipes

14

formadas e prontas para dar início ao jogo de futebol e voleibol, não variando

também os sujeitos nos grupos de um dia para outro. Os alunos já traziam a

compreensão de que, alternadamente, um dia, os meninos ficariam na quadra

coberta jogando futebol e as meninas em um espaço onde existe uma rede de

voleibol, treinando vôlei e que no próximo dia de aula a situação se inverteria, os

meninos iriam jogar vôlei e as meninas iriam para a quadra coberta jogar futebol. A

forma da competição, predominante era aquela, onde cada tempo de jogo tinha a

duração de 10 minutos, ou acabava quando uma das equipes faziam 2 gols, assim

feito a equipe perdedora deixava a quadra para entrada de uma nova equipe. Essa

forma de prática se aproxima do “fazer por fazer” tão questionada na área de

Educação Física, pois a atividade é realizada sem nenhum vínculo com algum tipo

de significado que poderia enriquecer o conhecimento ou até mesmo produzir novos

conhecimentos ao sujeito aluno.

Os comentários que se podiam ser observados nos grupos em relação ao

“esporte futebol” durante às aulas de Educação Física, faziam menções à tática, à

técnica de jogo, às regras e aos campeonatos em andamentos transmitidos pela

mídia, o que pode nos apontar, em direção à grande força que os meios de

comunicação exercem sobre a prática pedagógica que ocorre dentro da Escola e no

interior das praticas pedagógicas da Educação Física. Os jovens sempre atentos ao

“fenômeno” esportivo nacional que é o futebol, levam para dentro da escola a cultura

esportiva voltada para a competição de rendimento. As práticas escolares em geral

não consegue alterar essa rotina, permanecendo sempre naquele mesmo formado

de aula onde pouco conhecimento é produzido, perdendo assim essa rica

oportunidade de aprendizagem que é a aula de Educação Física.

Para alguns dos alunos da 1ª serie A do Ensino Médio do Colégio

Ottilia Homero da Silva, a Educação Física é vista como um momento de diversão e

lazer onde eles podem se divertir através da prática dos esportes. “A Educação

Física é a melhor coisa da escola, porque fazemos alguns esportes como o Futebol,

o Voleibol e o Basquetebol”. (Aluno da 1ª serie A).

15

Marcelino define o lazer como [...]

a cultura – compreendida no seu sentido mais amplo – vivenciada

(praticada ou fruída) no “tempo disponível”. O importante, como traço

definidor, é o caráter “desinteressado” desta vivência. Não se busca, pelo

menos fundamentalmente, outra recompensa além da satisfação provocada

pela situação”. (MARCELINO, 1990 p.31)

Porém, a Educação Física na escola não pode ser definida meramente como

um momento de “lazer”, pois o “espaço aula” poderá ser carregada de significados,

gerando no aluno o processo da descoberta, da pesquisa, da resolução de

problemas, do vencer desafios e tantas outras possibilidades que necessariamente

passam pelos caminhos da aprendizagem. Não que, a atividade física em si, não

tenha seus benefícios, porém à essa prática podem ser atribuídas outros benefícios

relacionados à própria saúde, e também à formação e ao desenvolvimento do sujeito

aluno, dessa forma a Educação Física estaria contribuindo com o papel da escola de

formar cidadãos que façam diferenças para o mundo onde vivem, (DCE, 2005).

Percebeu-se durante as observações nas aulas de Educação Física que os

saberes eram tratados nestas aulas de forma a promover o lazer e a recreação com

a preocupação voltada ao bem estar físico e à saúde do corpo, sem aproximar-se da

intenção de garantir a ampliação do conhecimento que podem ser tratados nas

aulas dessa disciplina curricular.

3.1– Sujeitos Escolares Envolvidos com o Projeto

A turma envolvida no desenvolvimento desse estudo foi a 1ª Série A do

Ensino Médio Bloco, caracterizada como uma turma “numerosa” para os padrões da

escola, totalizando 38 alunos matriculados, sendo dezoito alunos do sexo masculino

e 20 do sexo feminino, destes, dois foram transferidos para outros estabelecimentos

por motivos não informados. Os alunos que compõe a turma são nascidos entre

1992 a 1996, estando portanto, na faixa etária entre 15 e 20 anos. Vinte e sete

alunos são residentes no Jardim Amélia, os demais residem nos bairros vizinhos

16

como: Jardim Prive, Rosi Galvão, Capoeira Grande e Jardim Pio XII (Fonte:

Documentos arquivados nas pastas individuais dos alunos na escola).

Percebe-se nos jovens que compõe a 1ª Série A do Ensino Médio uma

grande alegria em “pertencerem” ao grupo de alunos do Colégio Estadual Ottilia

Homero da Silva, reconhecido através das suas expressões, conversas e sorrisos

nos momentos em que estes encontram se reunidos no ambiente escolar, estes

sujeitos buscam no grupo e na escola firmar a sua própria identidade juvenil e suas

condições de viver a sua juventude. È possível ainda, identificar que dentro do grupo

que compõe a turma, existem subdivisões por área de interesse. Foram

reconhecidos: o grupo que gosta de jogar Futebol, o grupo que gosta da

modalidade de Voleibol, o grupo que participa de todas as atividades e também o

grupo daqueles que quase sempre permanecem sentados conversando durante às

atividades da aula de Educação Física. Em geral, os jovens da turma demonstram-

se unidos sempre que precisam defender seus direitos e interesses no espaço

escolar. O aluno da 1ª Série A, se reconhece como jovem, isso foi possível

compreender analisando algumas respostas apresentadas por eles quando

questionados sobre: Quem sou eu e o quais as dificuldades de ser Jovem nos dias

de hoje? A aluna A, se reconhece como sendo: “Alguém que tem um ou vários

objetivos na vida e de certa forma luta por todos eles, alguém que sonha com algo

novo e melhor para todos. Sonho em cursar a Faculdade de Direito. Para esta aluna

a grande dificuldade de ser jovem nos dias de hoje esta relacionada às diversas

expressões das “desigualdades e o preconceitos existentes em relação aos jovens,

com isso, eles apontam sentir dificuldades em se “defender dos problemas e expor

suas opiniões em relação ao mundo adulto, enfim, “faltam mais oportunidades para

que o jovem possa crescer e se desenvolver com segurança. Questões como: as

drogas, a violência, o álcool, a prostituição e outras, foram também citadas pelos

jovens como dificuldades encontradas nas condições de viver a Juventude nos dias

de hoje. Para que pudessem se distanciar dessas situações, apontam que a família

precisaria estar mais próxima e presente em suas vidas, aconselhando, auxiliando

nas escolhas e apoiando sempre que necessário garantindo mais tranqüilidade e

segurança em seu desenvolvimento. Na opinião dos jovens, a escola também tem

sua parcela de colaboração na tarefa de auxiliar em seu desenvolvimento. Quando

17

questionados sobre o papel da escola na formação da juventude, suas colocações

nos levam a compreender que estes reconhecem a importância da escola na sua

formação. Para eles “a escola deve propor atividades que os ajudem a aprender a

se relacionar com outras pessoas; a respeitar as diferenças apontando caminhos

rumo ao futuro em relação à escolha profissional e também a outros aspectos da

formação. A escola, deve ainda, segundo os jovens escolares, “ter respeito aos

alunos para que com esses exemplos eles aprendam também a respeitar as

pessoas;“ pois, ela é a instituição que prepara o jovem para o futuro e ensina a ser

cidadãos, portanto, deve ensinar valores, direitos e deveres”. Apontam ainda que

esta precisa “transmitir conhecimentos sobre os mais diversos assuntos

relacionados ao passado, presente e futuro” Tais apontamentos realizados pelos

sujeitos alunos muitas vezes se contrastam com o que afirmam os professores, em

relação ao interesse mostrado pelos alunos em situações ligadas à aprendizagem.

Para os professores a falta de interesse dos alunos foi citada como a maior

dificuldade encontrada por eles em relação à aprendizagem dos saberes escolares

por seus alunos. Porém seria necessário analisar os recursos didáticos que estes

professores, fazem uso em suas aulas com o objetivo de torná-las mais

interessantes para seus alunos. Ainda hoje, não é raro nos depararmos com

professores que nas suas práticas pedagógicas fazem uso, como recursos didáticos

somente do quadro negro e o giz, tornando sua aula como foi citado na enquete

sobre a aprendizagem pelos próprios professores, um dos motivos relacionadas às

dificuldades de aprendizagem apontadas “como aula pouco interessante”.

Durante a implementação do projeto de intervenção pedagógica na escola

foi desenvolvido um material didático denominado Elementos Didáticos

Pedagógicos e as Formas de Tratar os Saberes Escolares nas Aulas de

Educação Física que procurou apresentar sugestões de atividades aproximando os

elementos tecnológicos que, em muitos casos, já se fazem presentes na vida

cotidiana do sujeito aluno com a prática pedagógica do professor tornando-a mais

significativa aos olhos dos jovens alunos que serão descritos a seguir.

18

4. Criação dos Elementos Didáticos como Proposta de Tratar os Saberes

Escolares.

A elaboração do material didático baseou-se na tentativa de reunir

ferramentas gratuitas disponíveis na internet e que já fosse de certa forma presente

na vida cotidiana dos alunos com a intenção de tornar pedagógica a sua utilização,

permitindo ao professor mesmo sem grandes conhecimentos técnicos na área da

informática adaptar os conteúdos que seria tratado em suas aulas acrescentando

novos significados aos saberes das diversas disciplinas curriculares, nesse caso

especificamente os da Educação Física. Para isso, utilizou-se os conceitos e

exemplos da Webquest e da Webgincana como forma pedagógica de tratar os

saberes escolares nas aulas de Educação Física.

Os temas escolhidos, para o desenvolvimento do material neste caso, foram

selecionados com base nas intenções de pesquisa estabelecidas no projeto de

intervenção Pedagógica “ Os jovens no Ensino Médio e as formas de tratar os

saberes Escolares nas aulas de Educação Física, sendo eles a Webquest e a

Juventude e a Webgincana sobre o HIP HOP, que apresenta questões e situações

onde os jovens realizam pesquisas, debates e discussões sobre o assunto,

apresentando possibilidade de facilitar o entendimento do processo de

desenvolvimento humano e as formas de viver as Juventudes de cada época. Cabe

aqui ressaltar que o importante não é simplesmente a utilização de elementos

tecnológicos no espaço aula com os jovens alunos, mas buscar novas

possibilidades pedagógicas de tratar os Saberes Escolares nas Aulas de Educação

Física.

4.1 Webquest:

A Webquest é um elemento criado a partir de um editor de páginas na internet

ou um editor de webquest específico, este elemento aproveita as informações

disponíveis na internet para tratar determinados assuntos de forma pedagógica. A

19

utilização desses elementos vem crescendo rapidamente em aulas de diversas

disciplinas do currículo escolar, justamente porque propicia grande interatividade do

conhecimento disponível na rede. As webquest geralmente são compostas dos

seguintes itens:

- Introdução: Espaço destinado para apresentar um comentário sobre o objetivo da

atividade, bem como, do público a que esta se destina;

- Tarefa: Nesse item deverão estar descrita as tarefas que serão realizadas no

decorrer da atividade.

- Processo ou desenvolvimento: nesse espaço é definido, como serão organizados

os trabalhos, podendo ser de forma individualizada, em duplas e ou em grupos.

- Recurso: Item que disponibiliza as formas de reunir as informações necessárias às

resoluções propostas na atividade como: sites, links de ferramentas de buscas,

enciclopédias, formas de entrevistas entre outros.

- Avaliação: Este espaço, permite criar uma forma avaliação do conhecimento

produzido, ou auto-avaliação do aproveitamento da atividade, bem como realizar a

avaliação da própria Webquest, como por exemplo, se a atividade proposta foi de

fácil compreensão, se houveram dificuldades de navegação, etc.

- Conclusão; Neste item, cabe buscar incentivos para que seja aprofundado o

conhecimento do referido conteúdo estudado e outras informações necessárias,

além dos reconhecimentos por ter se utilizado da ferramenta webquest.

4.2 Webgincana:

A WEBGINCANA é, entre outras, possibilidades de tratar os saberes

escolares, utilizando-se de ferramentas tecnológicas e também da rede mundial de

computadores. Sua organização metodológica, aproxima-se dos passos

operacionais apresentados na webquest com menus e links que possibilitam a

navegação pelo aplicativo. A diferença básica entre uma e outra, é que além dos

elementos básicos da webquest, as webgincanas podem ser de caráter competitivo,

pois além dos conhecimentos trabalhados na proposta/atividade pedagógica, a

20

dinâmica permite o destaque dos resultados a partir da indicação de uma equipe

vencedora, o que pode tornar mais agradável/prazeroso a participação do jovem

aluno. A webgincana possibilita, além, de um tratamento pedagógico sobre os

assuntos tratados no seu desenvolvimento, a oportunidade ao jovem aluno de

compreender as formas de leitura disponível na internet.

5 Processo Metodológico e o Espaço utilizado: análise e discussão

O espaço utilizado para os trabalhos referentes à Webquest e a Webgincana,

nesse caso, foi o laboratório de informática da escola que pela sua constituição

difere da sala de aula onde os alunos freqüentam e permanecem durante o “espaço

aula” das mais diversas disciplinas curriculares, e difere também do espaço onde

são realizadas as atividades corporais nas aulas de Educação Física. Esse fato,

mudou a rotina da turma “A”, um misto de euforia e curiosidade foi claramente

visualizado, percebidos através de suas risadas, expressões de alegria, traduzidos

também através de suas expressões corporais e ansiedade por iniciar de forma

imediata os trabalhos propostos. Para esses alunos esse ambiente pedagógico foi

considerado como novo, pois, até então, nenhum professor ainda tinha feito uso

desse espaço, e somente o fato de ser um ambiente diferente daqueles geralmente

utilizados, neste caso indicou certa predisposição à aprendizagem, pois a

composição e aspecto dos ambientes de aprendizagem geralmente apresentam

sentidos e significados para quem os freqüentam, isso faz com que o jovem aluno se

identifique ou não com esses espaços, sendo assim, o laboratório de informática

pode ser um lugar privilegiado de aprendizagem para o jovem uma vez que os

elementos existentes no ambiente já são frequentemente presentes em seu

cotidiano. Ao serem questionados, eles são quase unânimes em afirmar que têm

acessos a computadores e internet em suas casas e que ainda fazem uso de Lan

House em seus momentos de lazer como forma de conversar e conhecer novos

amigos, em contrapartida os professores destas turmas muitas vezes não tem

acesso a computadores e quando tem, em alguns casos não sabem como utilizá-los.

21

Outro dado interessante observado, foi em relação aos acessos que os

jovens apresentam aos diversos tipos de redes sociais, ambientes virtuais de “bate

papo” denominados “chats’, espaços coletivos de compartilhamento de imagens e

vídeos e outros ambientes virtuais utilizados como ponto de encontro e de amizades

que também difere dos professores, pois, nesta realidade escolar são poucos os que

conhecem e utilizam tais ferramentas usadas pelos jovens. Isto pode demonstrar, a

distância existente entre as experiências sociais cotidianas dos jovens alunos e as

práticas pedagógicas dos professores. Estes, como sujeito do processo escolar e do

ensino/aprendizagem, poderiam utilizar-se desses elementos para implementar e

enriquecer suas aulas aproximando-se de seus alunos e tornando suas aulas mais

atraentes e produtivas. A Webquest sobre a juventude possibilitou diminuir a

distancia entre os dois sujeitos da Educação e colocá-los frente a frente a uma

ferramenta que era “nova” para ambos. No caso dos professores que a utilizaram,

um certo sentimento de medo e preocupação com o “novo” tornou se aparente

percebidos nas expressões e falas que apresentavam quando era propostos que

estes incluíssem em seus planejamentos de aula a utilização de equipamentos

tecnológicos, porém são unânimes em reconhecer a necessidade e importância de

se fazer uso do material em suas aulas, a maioria dos professores neste caso,

mostrou-se despreparados e com pouco domínio sobre esse tipo de elemento. Dos

professores que fizeram uso da ferramenta, somente um se mostrou confiante e sem

receios. Esse sentimento de medo e despreparo nos remete ao processo de

formação que provavelmente permeou o período acadêmico dessa geração que hoje

atua como professores. Como esses elementos não se fizeram presentes no seu

período de formação acadêmica e esses professores não tiveram a oportunidade de

adquirir esses saberes ao longo de sua carreira, às vezes até mesmo por conta da

carga horária a que muitas vezes são submetidos, não conseguindo motivação para

aquisição desses saberes percebe-se que em alguns casos eles esperam que

alguma política pública externa à escola lhes proporcionem essas oportunidades.

Porém, a maioria dos professores sente-se motivados a dar continuidade ao uso

tecnológico em suas aulas, quando observam os resultados que esta prática

pedagógica gera, quando seus alunos entram em contato com esses elementos. O

envolvimento e empenho dos grupos em resolver as questões propostas são tão

22

intensas e integradas, que chegam a ser contagiantes. Nos casos em que

acompanhei os professores durante o desenvolvimento dos trabalhados, estes

quase não tiveram problemas de indisciplinas durante as aulas e não precisaram

chamar atenção de seus alunos, mesmo no caso de turmas com um maior número

de alunos. Isto apontou que houve um envolvimento intenso do grupo com as

atividades propostas, os grupos conseguiram se concentrar e se empenharam em

resolver as tarefas apresentadas.

A webquest sobre a Juventude proporcionou aos jovens alunos e também aos

professores refletirem sobre suas realidades, preocupações e expectativas em

relação ao tema proposto. Para esses alunos ser jovens nos dias de hoje “ é estar

ligados ao mundo, é ter atitude e opinião própria, conseguindo se desviar das más

influências sem se envolver com coisas erradas” para Goedert (2005) “a juventude é

um conceito heterogêneo,uma construção histórica, social e cultural e não mera

condição de idade” (GOEDERT, 2005, p.29). Porém, alguns fatores podem

influenciar radicalmente as formas de compreender e viver as juventudes

atualmente, esses jovens são atores da grande diversidade cultural que permeiam a

sociedade, são agentes da integração das telecomunicações, da globalização das

tecnologias, da produção industrial da cultura e do consumismo, isso pode

diferenciar as novas juventudes das anteriores, pois estabelecem-se novas formas

de relações entre as pessoas rompendo com os referenciais tradicionais

historicamente produzido pela humanidade, com isso varia-se também as formas de

compreender e intervir no mundo enquanto sujeito deste cenário o que leva-os a

enfrentar as mais diversas dificuldades em viver a condição de ser jovem. Entre elas,

foram citados pelos alunos:

a ausência de políticas públicas voltadas para a juventude;

a onda crescente de violência contra esses sujeitos nas mais diversas formas;

o fácil acesso às drogas e ao alcoolismo,

o preconceito em diversas dimensões, a prostituição, e principalmente,

a ausência da família, da escola e de outras entidades que tem por objetivo

desempenhar papeis importantes na sua formação.

23

As Diretrizes Curriculares da Educação/Educação Física nos aponta que a

escola “deverá propor-se a formar sujeitos que construam sentidos para o mundo,

que compreendam criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que,

pelo acesso ao conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e

transformadora na sociedade” (DCE-EF/PR,2008, p.31). Esse conceito aproxima o

que os jovens pensam em relação às funções da escola e à sua formação. Para eles

a escola deve propor atividades que os ajudem a aprender a se relacionar com

outras pessoas, a respeitar as diferenças apontando caminhos rumo ao futuro em

relação à escolha profissional e também a outros aspectos da formação. A escola

deve ainda, segundo os jovens escolares, ter respeito aos alunos para que com

esses exemplos eles aprendam também a respeitar as pessoas. Segundo esses

jovens a escola é “a instituição que prepara o jovem para o futuro e ensina a ser

cidadãos” portanto, deve ensinar valores, direitos e deveres. Enfim, deverá

transmitir, conhecimentos sobre os mais diversos assuntos relacionados ao

passado, presente e futuro. Os apontamentos realizados pelos alunos, podem

indicar à escola e aos professores um rumo a ser seguido em relação à organização

de suas atividades pedagógicas utilizadas nos espaços das aulas em seu cotidiano.

Porém no discurso de alguns professores percebe-se a idéia de que os

alunos, muitas vezes, não se importam com a escola e com o que ela deve ensinar,

porém, esta atividade apontou que são claras as expectativas por eles depositadas

nessa instituição.

A webquest sobre a juventude propôs em seu desenvolvimento em uma das

tarefas uma produção na forma de cartazes onde as equipes pudessem expressar

suas opiniões através da arte sobre questões relacionadas a temas que se

relacionam com a vida cotidiana dos jovens. Nesta tarefa foi possível observar a

preocupação que os jovens apresentam em relação ao seu futuro quando elegem

temas para suas produções relacionadas ao mundo do trabalho, e à sua formação

religiosa.

As produções elaboradas pelas equipes apresentaram formas variadas e

olhares diferenciados sobre os assuntos propostos, dos quais estavam listados “a

24

juventude e o trabalho;” “a juventude e a religião;” “a Juventude e a mídia;” “a

juventude e as regras sociais;”

No caso da Webgincana sobre o Hip Hop pôde-se observar nas diversas

aulas que se utilizou esse elemento didático que muito pouco os alunos conheciam

sobre o assunto, como cita o Aluno D, quando diz: “Para mim o Hip Hop era

simplesmente uma forma diferenciada de dançar”. A maioria dos jovens que

participaram das atividades da Webgincana, não conhecia o processo histórico do

movimento. A descoberta por eles de que cada movimento representado em forma

de passos de dança trazia em si um significado que estava relacionado diretamente

com o período de guerra vividos pelos precursores do movimento, foi uma surpresa

geral traduzido em forma de conhecimento/aprendizagem.

6. Repercusões das ações implementadas

Compreendendo a Educação Física como a disciplina que tem a possibilidade

de propor a Educação através do movimento, os elementos didáticos pedagógicos

presentes no material didático “Elementos Didáticos Pedagógicos e as Formas de

Tratar os Saberes Escolares nas Aulas de Educação Física,” propõem em suas

ações saberes que vincula conteúdos teóricos com atividades práticas significando e

ampliando o conhecimento. Na Webquest sobre a juventude, além de possibilitar um

canal de discussão entre os jovens sobre questões presentes em seu cotidiano,

também possibilita desenvolver atividades práticas em diversas formas dependendo

do interesse das equipes participantes. As discussões entre os sujeitos escolares

sobre as questões relacionadas à juventude tiveram um impacto positivo no meio

escolar pesquisado, tão significante e ampliado foram seus resultados que

inspiraram a equipe pedagógica da escola a nomear a Semana Cultural 2010 do

Colegio Estadual Ottilia Homero da Silva com o tema : A JUVENTUDE, A ESCOLA

E A CULTURA, com o objetivo de aproximar a realidade cotidiana da Cultura Juvenil

com a Cultura Escolar, pois entenderam através das leituras e debates realizadas

neste período que a escola como um espaço de formação da juventude deverá,

aproximar-se da realidade do sujeito jovem de forma a compreender os elementos

25

presentes em sua cultura cotidiana para então através do processo escolar

desenvolver atividades que vá de encontro aos interesses dos jovens alunos,

tornando a aprendizagem um processo mais dinâmico e produtivo , assim os temas

propostos na Webquest e a Juventude e a Webgincana sobre o Hip Hop, tiveram

seus objetivos e resultados significadamente ampliados. No caso da implementação

do Projeto na Escola Estadual Ottilia Homero da Silva, os jovens que participaram

dos trabalhos com a Webquest sobre a Juventude e a Webgincana sobre o Hip Hop,

optaram por elaborar atividades voltadas principalmente para a música e a dança

para que fossem apresentadas no encerramento da semana cultural. Assim tivemos

a apresentação de um grupo de meninas que elaboraram uma coreografia de dança

de rua representando a cultura juvenil presente no cotidiano desses jovens.

Representado as lutas, um grupo optou por representar os movimentos do Karatê,

uma vez que estes jovens escolares integram grupos que participam de aulas

especiais dessa modalidade nas dependências da escola. O Karatê e muitas outras

modalidades de lutas como capoeira, judô, jui jitso também compõe de forma

representativa a cultura juvenil desses sujeitos naquela realidade, pois percebeu-se

nesses jovens, que estes apresentam aparente fascínio por este tipo de modalidade

esportiva e atividade física. Percebe-se que, entre os jovens, aqueles que participam

de grupos de lutas são respeitados pelos demais e tratados como lideres nos grupos

de conversas de corredores e grupos formados na entrada e saída das aulas, estes

por sua vez fazem questão de mesmo fora da escola, utilizar-se de vestimentas e

adereços que os identifiquem com a modalidade praticada na escola ou em

academias. Um outro grupo de meninas fizeram uma apresentação de balé

acompanhado por uma música Country Universitária, representando a grande

diversidade de ritmos que fazem parte da cultura juvenil do Col. Ottilia Homero da

Silva, e de certa forma de grande parte da juventude.

Porém, o que mais chamou atenção nas apresentações do encerramento da

Semana Cultural, foi a formação de uma grande coreografia, com todos os grupos

de alunos que se apresentaram anteriormente em grupos separados, agora em um

único grupo. Os jovens escolares buscaram representar a diversidade cultural e

musical que fazem parte do seu cotidiano, e assim o trouxeram para dentro da

escola. Reuniam-se nesta coreografia, o grupo de meninas caracterizadas para a

26

prática do balé, meninas e meninos vestidos com roupas coloridas representando

essa nova e atual tendência musical representada por alguns grupos nacionais que

usam calçados, roupas e cabelos com cores fortes e vibrantes, o grupo da dança de

rua e hip hop também se faziam presentes. Ainda representando a cultura e a

música sertaneja, que tem conquistado um espaço surpreendente entre os jovens,

estavam alguns jovens caracterizados de duplas sertanejas equipados com violas,

violões e acordeons. Foi realizada uma grande apresentação em conjunto

acompanhada por uma vibrante e dançante, música regional gaúcha, a qual foi

aplaudida em pé pelos presentes e era possível perceber a euforia e empolgação

não só dos jovens que se apresentavam, mas de todos os presentes, que por sinal,

ali se encontravam pela ocasião da inauguração da quadra coberta da escola,

representantes da Secretaria Estadual e do Núcleo Regional de Educação,

representantes da comunidade e de Associações locais, representantes da

Prefeitura Municipal, entre eles o Prefeito do Município de Pinhais, o que culminou

em “alto estilo” as apresentações do final da semana cultural. Dessa forma a

utilização da Webquest sobre a Juventude e a Webgincana sobre o Hip Hop tiveram

um impacto interessante nas atividades da Semana Cultural, tanto no aspecto da

produção do conhecimento, uma vez que foi criado um espaço para que todos os

sujeitos (alunos e professores) pudessem discutir as questões da juventude

presente no material, conhecer um pouco sobre a história e a cultura dos grupos de

Hip Hop, tanto em relação às suas origens, nomes representativos do movimento e

a sua prática no Brasil, bem como, a possibilidade de experimentar através do

movimento, as apresentações, coreografias e as diversas performances

apresentadas durante as aulas em que se utilizou o material e também no

encerramento da Semana Cultural.

Percebeu-se com as ações desenvolvidas durante o estudo que em qualquer

disciplina da matriz curricular e principalmente na Educação Física existe a

possibilidade de aliar o conhecimento teórico com alguma forma de atividade prática.

Isso, além de diversificar a prática pedagógica pode ainda significar o conhecimento,

tornando o mais interessante e atraente aos olhos dos jovens alunos. As ações

tratadas durante a implementação do Projeto de Intervenção na Escola contribuíram

para a sistematização de dois enfoques do Trabalho que foram apresentados no VII

27

SEMINARIO DE TEORIA E PRÁTICA DE ENSINO – DTPEN – UFPR/2010. E a

elaboração da Oficina “As linguagens Culturais e as “Webs”:- diálogos com as

formas de tratar os saberes escolares e da criação de materiais didáticos”

apresentadas na XXIII SEMANA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO DO

SETOR DE EDUCAÇÃO e VI SEMANA DE PEDAGOGIA – DTPEN- UFPR-2011 e

ainda o envio de material de resumo denominado “ Jovens Escolares e o uso de

Linguagens da Webs: Formas de Tratar os Saberes da Educação Física Escolar” ao

.XII CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO ESPORTE E IV CONGRESSO

INTERNACIONAL DE CIÊNCIA DO ESPORTE – CBCE – Porto Alegre/2011.

7. Considerações Finais

Dessa forma o estudo e a aproximação realizada junto a esses jovens

escolares, proporcionaram a oportunidade de direcionar um olhar diferenciado e

mais aprofundado na tentativa de compreendê-los como sujeito cotidiano, que têm

suas vidas fora do contexto escolar, que têm suas dificuldades, suas verdades, e

que essas verdades são cheias de significados, muitas vezes justificando as formas

com que esses jovens se comportam nos meios onde encontram-se inseridos. Em

vários momentos de conversas com esses sujeitos foi possível perceber as formas

com que eles se posicionam diante de algumas questões ou atividade proposta

emitindo quase que um “grito de socorro” na busca por ajuda em relação à respostas

às dúvidas e dificuldades encontradas por eles nas relação e condições de viverem

a juventude. Quando questionados sobre o significado da escola, da educação, da

família e de seus próprios objetivos de vida, percebe-se o quanto eles necessitam de

espaço para discutir sobre essas questões, e que, muitas vezes na busca de vencer

o conteúdo, o professor e a escola como um todo, se esquecem de abrir um canal

por onde possam fluir esses diálogos. Mais que aprender conceitos matemáticos e

científicos o jovem precisa ser compreendido como sujeito passando por um

processo de formação. Hoje acredito que a verdadeira aproximação entre o

professor e o aluno, acontece nas relações vividas dentro do contexto do mundo

jovem e do mundo da escola. A partir do momento em que saibamos o que significa

28

para esses sujeitos o que é ser jovem nos dias atuais; o que ele espera da família e

da escola e da sociedade, ai sim a aprendizagem poderá ser efetiva e significativa. A

aprendizagem necessita encontrar caminhos que possam extrapolar os limites do

“fazer por fazer”, significando e ensinando-os a viver e conviver em sociedade.

Neste sentido que reforçamos a necessidade de conhecer esse sujeito social

e cotidiano. Aproximar-se dos jovens alunos é criar a oportunidade de auxiliá-los e

muitas vezes apontar-lhes caminhos que talvez, lhes serão útil para o resto de suas

de suas vidas. Assim, na realização deste estudo foi possível ir desvelando a

importância da pesquisa e a necessidade de conhecer, de compreender e interpretar

a realidade. Muitas vezes, durante conversas com os jovens e com os professores,

surgia a inquietação de querer saber por que as coisas funcionavam daquela forma

naquele contexto, o que provoca uma aproximação com olhar inquietante de

professor pesquisador procurando compreender o processo como um todo e propor

ações e sugestões.

Finalizando gostaria de registrar o quanto significou esta trajetória, pois os

resultados obtidos no decorrer deste trabalho me fizeram crescer não só do ponto de

vista profissional, mas também nos âmbitos de todas as minhas relações pessoais e

sociais, entendendo que por traz de um aluno, professor ou outra pessoa do

convívio social”, existe um sujeito cotidiano que traz em suas relações, sentimentos

e experiências produzidas historicamente justificando assim a sua forma de ser, de

compreender e de se relacionar com o mundo. Isto também é Educação e Formação

para a vida!

29

REFERÊNCIAS

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BRANCO, P. M. (Orgs.). Retrato da Juventude Brasileira: análise de uma

pesquisa nacional. São Paulo: Instituto de Cidadania, Editora Fundação Perseu

Abramo, 2005. p. 37-72.

ANGULSKI, Cíntia Müller, FIDALGO Mário Cerdeira; NAVARRO, Rodrigo Tramutolo. Hip Hop - Movimento de Resistência ou de Consumo? In: Livro Didático Público de Educação Física. Educação Física. Curitiba: SEED/PR, 2006. 2ª Edição.p.227-244.

CHARLOT, Bernad. Os jovens e o saber: perspectivas mundiais. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

GARCIA,T. M. F. B. Esculpindo geodos, tecendo redes: estudo etnográfico sobre tempo e avaliação na sala de aula. São Paulo, 1996. Dissertação (Mestrado em Educação) Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo.

GOEDERT, R T. A cultura jovem e suas relações com a educação física escolar. Curitiba, 2005(a). Tese de Doutorado em Educação, Universidade Federal do Paraná.

MARCELINO, N.C. Lazer e Educação – 2ª edição – Campinas/SP: Papirus, 1990.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica/Educação Física. Curitiba: SEED, 2008. SENAC, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. Disponível em <http://webquest.sp.senac.br/textos/oque> Acesso: 15 de Abril.2011 SOUZA JÚNIOR, M. O saber e o fazer pedagógicos. A Educação Física como componente curricular?... isso é História. Recife, Editora EDUPE 1999

DOCUMENTOS CONSULTADOS E CRIADOS ONLINE http://www.youtube.com/watch?v=I9PazdaNzZk Acesso 15/04/2010

30

http://www.youtube.com/watch?v=I9PazdaNzZk Acesso 15/04/2010 http://WebQuest.sp.senac.br/textos/oque Acesso em 05/07/2010> http://e-educador.com/index.php/projetos-de-ensino-mainmenu-124/77-projetos-de-ensino/3137-gincana01> Acesso em 05/07/2010. http://www.webquestbrasil.org/criador/webquest/soporte_tablon_w.php?id_actividad=18100&id_pagina=1>Acesso em 08/07/2010 http://www.slideshare.net/albanofran/web-gincana-sobre-o-hip-hop-4739171 Acesso 09/07/2010 http://gangstarhiphop.blogspot.com/2010/10/hip-hop.html Acesso 15/07/2010 http://nandoeesportes.blogspot.com/2008/08/tipos-de-esportes.html Acesso 19/10/2010 http://www.naoviolencia.org.br/projeto-nao-violencia.htm Acesso 10/01/2011

31

ANEXOS A

ENQUETE SOBRE APRENDIZAGEM TRABALHADA COM PROFESSORES DO COLEGIO ESTADUAL OTTILIA HOMERO DA SILVA

ENQUETE SOBRE APRENDIZAGEM.

ENQUETE

FOTOS

QUESTIONÁRIOS

ENQUETE SOBRE APRENDIZAGEM

A - Você identifica em seus alunos dificuldades de aprendizagem?

( ) Sim ( ) Não

B - Na sua opinião quais são os fatores que dificultam a aprendizagem ?

( ) - Falta de interesse por parte dos alunos

( ) - Indisciplina

( ) - Aulas pouco interessante

( ) - Outros Cite:....................................................

C - Que sugestões você teria para amenizar a situação?

----------------------------------------------------

----------------------------------------------------

----------------------------------------------------

32

ANEXO B

QUESTÕES SOBRE A JUVENTUDE APRESENTADOS AOS ALUNOS.

Colégio Estadual Professora Otília Homero da Silva 1ª Série A

Ensino Médio Bloco – Manhã.

(responda de forma a expressar a sua maneira de pensar em relação às questões abaixo)

Não precisa identificação.

- Quem sou eu e quais as vantagens e desvantagens de ser aluno no Colégio

Ottília?

- O que é e quais as dificuldades de ser jovem nos dias de hoje?

- Na sua opinião, qual é o papel da escola na formação da juventude?

- Quais os principais desafios que o jovem enfrenta em relação à sua forma de viver

o período da juventude?

33

ANEXO C

QUESTÕES SOBRE A PRÁTICA ESCOLAR DA EDUCAÇÃO FÍSICA.

COLÉGIO ESTADUAL PROFESSORA OTTILIA HOMERO DA SILVA ENSINO MÉDIO

BLOCO – 1º SÉRIE A

Responda de forma a expressar a sua maneira de pensar em relação às questões abaixo. Não precisa

identificação

- Para mim, enquanto jovem o que é a Educação Física?

- O que você acha das aulas de Educação Física na sua escola e em que ela

contribui na sua formação?

- Como você acha que os conteúdos trabalhados nas aulas de Educação Física

estão ligados com sua vida dentro e fora da escola?

- Na sua opinião, como seria uma aula de Educação Física ideal que atendesse aos

desafios de ser e viver as “Juventudes” nos dias de hoje?