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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
1 Professora da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná, Licenciada em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina - UEL 2 Orientador PDE: Professor Doutor da Universidade Estadual de Londrina- UEL
AVALIAÇÃO POSTURAL DOS ÂNGULOS: CERVICAL, TORÁCICO E LOMBAR,
POR MEIO DE FOTOGRAMETRIA EM ESCOLARES NA CIDADE DE ROSÁRIO
DO IVAÍ – PR
Nádia Watanabe ¹
Victor Hugo Alves Okazaki ²
RESUMO Os alunos passam uma boa parte do dia sentados em várias posições, em algumas
situações até mesmo adquirindo hábitos errados de postura que poderão evoluir para desvios posturais. Os desvios posturais podem decorrer da má postura sentada em carteiras escolares sem ergonomia adequada, no peso exagerado da mochila e na forma assimétrica de transportar o material escolar. Normalmente, estes desvios posturais têm sua origem durante a fase de crescimento e de desenvolvimento, ou seja, na infância ou na adolescência, que corresponde ao período de sua escolaridade. Entretanto, pouca atenção tem sido voltada para a identificação de desvios posturais em escolares. O objetivo deste estudo foi realizar uma avaliação postural da coluna vertebral por meio de fotogrametria com os educandos do 7º ano na cidade de Rosário do Ivaí- PR. Utilizando o software de avaliação postural SAPO, foram avaliados os ângulos cervicais, torácicos e lombares para identificar os seguintes desvios: hipercifose, hiperlordose e escoliose. Foram avaliados 33 alunos, sendo que 26 apresentam algum tipo de desvio postural e apenas 7 alunos não apresentam nenhum tipo de desvio. No ângulo torácico, 10 alunos estão fora do valor de referência. No ângulo lombar, 10 alunos apresentam valores abaixo ou acima da média da turma. Já a escoliose foi o desvio de maior prevalência, 17 alunos apresentam alguma curvatura fora da média. A detecção precoce destes desvios e a intervenção com orientação, conscientização e prevenção, podem evitar que esses alunos evoluam para um quadro mais grave de problemas na coluna vertebral na vida adulta.
Palavras-chave: Avaliação postural. Fotogrametria. Educação física. Postura. Coluna vertebral.
1. INTRODUÇÃO
A escola é o período em que os alunos passam uma boa parte do dia, cerca
de 4 a 5 horas sentados em várias posições, adquirindo hábitos errados de postura.
Segundo Zapater (2003, p. 192) a postura sentada gera várias alterações
musculoesqueléticas da coluna lombar. A coluna do homem não foi construída para
permanecer por longos períodos na posição sentada, mantendo posturas estáticas
fixadas e realizando movimentos repetitivos (BRACCIALLI; VILARTA, 2000,p. 161).
Hábitos posturais incorretos são motivos de grandes preocupações, pois são
crianças e seu corpo está em fase de desenvolvimento e formação (KNOPLICH,
1989, p.30). Deste modo, se estes maus hábitos não forem identificados e
corrigidos, poderão evoluir para desvios posturais. Estes desvios posturais podem
decorrer da má postura sentada, de carteiras escolares sem ergonomia adequada,
no peso exagerado da mochila e na forma assimétrica de transportar o material
escolar (VERDERI, 2003; RITTER e SOUZA, 2006; NOLL, CANDOTTI e VIEIRA,
2013). Normalmente, estes desvios posturais têm sua origem durante a fase de
crescimento e de desenvolvimento, ou seja, na infância ou na adolescência, que
corresponde ao período de sua escolaridade – Ensino Fundamental e Médio.
Considerando que toda alteração postural possui risco evolutivo mesmo quando
mínima, a prática de programas para a detecção de desvios da coluna vertebral é
imprescindível (PEREIRA; FORNAZARI; SEIBERT,2006). Entretanto, pouca atenção
tem sido voltada para a identificação de desvios posturais de escolares.
Diagnósticos preventivos e orientados adequadamente permitem evitar
problemas de posturas mais graves na idade adulta. Para Detsch e colaboradores
(2007,p.232), muitas vezes, essa é a única oportunidade que a criança ou o
adolescente tem de obter um diagnóstico de sua postura e de informações sobre a
saúde de sua coluna vertebral. A fotogrametria é utilizada como um valioso recurso
diagnóstico para a verificação e a mensuração de alterações posturais (SOUZA et
al, 2011, p. 299). Esta aplicação é conhecida e empregada há vários anos,
apresentando resultados com grande confiabilidade (TOMMASELLI et al,
1999,p.149). Convém ressaltar que no estudo de Santos e colaboradores (2009
p.353), a análise fotogramétrica da postura infantil apresentou-se como um método
quantitativo, adequado e confiável. E na pesquisa de Iunes e colaboradores (2005,
p. 334), o método proposto para a quantificação das assimetrias posturais pela
fotogrametria apresentou confiabilidade aceitável inter e intra-avaliadores para a
maioria das medidas angulares propostas.
Apesar da grande difusão em avaliações da postura, são escassas as
pesquisas com fotogrametria na idade escolar. Ademais, no Colégio Estadual José
Siqueira Rosas nunca foi realizado o diagnóstico da incidência de desvios posturais
em escolares. Este diagnóstico seria fundamental para que os professores de
Educação Física tenham informações dos alunos, para a adoção de posturas
corretas nas atividades do dia a dia, como forma de prevenção e se necessário
encaminhar o aluno para uma análise clínica mais detalhada (DETSCH; CANDOTTI,
2001 p. 53; VERDERI, 2003 p.2). Braccialli e Villarta (2000, p. 159) sugerem que
para “minimizar a alta incidência de desvios posturais no adulto, se faz necessário
um trabalho preventivo e educacional, possibilitando principalmente a mudança de
hábitos inadequados.”
Em função do acima exposto, o objetivo do presente estudo foi realizar uma
avaliação postural da coluna vertebral por meio de fotogrametria com os educandos
do 7º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual José Siqueira Rosas, na
cidade de Rosário do Ivaí - PR. A realização dessa avaliação postural, possibilitou
verificar a incidência dos principais desvios posturais: hipercifose, hiperlordose e
escoliose.
2 MÉTODO
2.1 Caracterização do Estudo
Este estudo caracteriza-se como exploratório descritivo.
2.2 População, Amostra e/ou Participantes
A população do estudo foi composta por alunos do 7o ano do Colégio
Estadual José Siqueira Rosas, totalizando 73 alunos, sendo 37 do sexo feminino e
36 do sexo masculino.
A amostra do estudo foi constituída por 33 alunos do 7º ano, com idade entre
11 a 15 anos (média 11,76), sendo 19 meninas e 14 meninos, devidamente
autorizados pelos pais e/ou responsáveis, por meio de TCLE e o Termo de Cessão
de Pessoa Física para Pessoa Física, no direito de uso da imagem nas fotografias.
2.3 Local
A avaliação postural ocorreu no laboratório de informática do Colégio
Estadual José Siqueira Rosas – Ensino Fundamental e Médio, na cidade de Rosário
do Ivaí – PR.
2.4 Instrumentos /Equipamentos e Tarefa
Foi utilizado um notebook para o preenchimento dos dados pessoais, uma
máquina fotográfica CANON, EOS 550 D, posicionada em um tripé, linear ao fio de
prumo pendurado no teto. Uma balança digital marca WISO modelo W721 e um
estadiômetro para aferir o peso e a estatura. Os marcadores externos (esferas de
isopor de 10 mm de diâmetro) e as pequenas hastes coladas em fita adesiva dupla
face, para fixar na demarcação dos pontos anatômicos feitos pelo lápis de olho na
cor preta. E para limpar, algodão umedecido no álcool.
2.5 Procedimentos Experimentais
A avaliação postural por meio de fotogrametria foi realizada pela equipe do
PET (Programa de Educação Tutorial da Educação Física) do CEFE / UEL (Centro
de Educação Física e Esportes / Universidade Estadual de Londrina), composta por
3 (três) avaliadores experientes juntamente com a professora pesquisadora e sob a
coordenação do professor orientador. A avaliação ocorreu no laboratório de
informática, por possuir banheiro para os alunos se trocarem. A sala foi preparada
na noite anterior, fixando o fio de prumo no teto, e delimitando 1m no fio para
calibragem da foto no SAPO. A máquina fotográfica foi posicionada no tripé linear ao
fio de prumo. Colocou-se uma cortina para separar o ambiente da coleta de imagens
com a coleta dos dados pessoais e antropométricos. Por ser um dia frio, usou-se um
aquecedor para manutenção e controle da temperatura de maneira agradável aos
participantes.
Os alunos foram previamente avisados a trazerem trajes adequados para a
avaliação postural, meninos: shorts e meninas: shorts e top, não sendo o modelo
tipo nadador pois interfere na demarcação dos pontos na coluna vertebral. Os
avaliadores se dividiram da seguinte forma: (1) coletar os dados pessoais e
antropométricos; (2) demarcar os pontos anatômicos; (3) posicionar os alunos e
realizar as fotos; (4) preparar o material (colar fita dupla face nos marcadores, retirá-
los e limpar as marcas dos alunos).
Primeiramente, foi chamado um grupo de alunos, eles respondiam um
questionário sobre dores no corpo e outro para levarem aos pais para responderem,
enquanto isso, o avaliador coletava os dados pessoais e antropométricos (peso e
estatura) dos mesmos, já com as roupas adequadas e descalços. Os pontos
anatômicos foram localizados através de palpação digital, marcados com lápis de
olho na cor preta, sinalizados com as pequenas hastes (C7, T12 e L5), e com os
marcadores externos de isopor ( acrômio, T4, T8, EIPS, EIAS): Processo Espinhoso
da Cervical 7- C7; Processo Espinhoso da Torácica 4 -T4; Processo Espinhoso da
Torácica 8 –T8; Processo Espinhoso da Torácica 12 - T12; Processo Espinhoso da
Lombar 5 -L5; Articulação Acrômio Clavicular; Espinha Ilíaca Póstero-Superior –
EIPS; Espinha Ilíaca Ântero-Superior – EIAS; e, Centro da patela (Joelho).
A demarcação dos pontos C7, T4,T8, T12 e L5 foi feita com o aluno sentado e
tronco flexionado, após localizar o processo espinhoso o aluno retorna a postura
para marcação. Para localizar a vértebra C7 e diferenciá-la da T1, o aluno fez
rotação do pescoço para a lateral, e com o dedo verifica se for móvel é identificada a
C7, se for fixa é identificada a T1. Um referencial para demarcar a T12 é localizar a
T7 pelo bordo inferior da escápula. Já para marcar a L5, a referência é a crista ilíaca
que indica a L4. Porém é necessário conferir vértebra por vértebra, lembrando que é
só um referencial.
Figura 1. Fotos dos procedimentos de coletas de dados.
Legenda: a figura do lado esquerdo apresenta a demarcação dos processos anatômicos de
referência. A figura do lado direito apresenta um participante com os marcadores posicionados para a
realização da foto.
Após a marcação apropriada da coluna vertebral, o participante foi instruído a
se posicionar no mesmo plano que o fio de prumo, com os pés entreabertos. As
fotografias foram tiradas 3 (três) vezes na mesma posição, no plano frontal (vista
posterior e anterior) e no plano sagital (vista lateral direita e vista lateral esquerda).
Ao final, foram retirados os marcadores e limpou-se as marcas de lápis de olho com
o auxilio de algodão e álcool.
Figura 2. Captação das fotos para a avaliação postural
Legenda: a imagem acima apresenta a realização das fotos no plano frontal anterior.
Após todos os procedimentos, com todos os participantes, as imagens obtidas
foram transferidas para o computador, para análise dos dados através do SAPO
(Software de Avaliação Postural). O SAPO é um programa de computador gratuito e
está disponível em http://puig.pro.br/sapo/. Este software é uma ferramenta
fundamental no diagnóstico do alinhamento dos segmentos corporais e é
amplamente utilizada pelos profissionais de fisioterapia e educação física,
constituindo-se como um passo inicial e de acompanhamento para avaliação,
tratamento e prescrição de atividade física.
2.6 Variáveis de estudo
Foram analisadas as seguintes variáveis dependentes do estudo, a saber:
ângulo cervical (em graus), ângulo torácico (em graus) e ângulo lombar (em graus),
no plano sagital e para a análise da escoliose no plano frontal/coronal.
2.7 Análise Estatística
Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva de distribuição
de frequência, média e desvio-padrão.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da avaliação postural por meio de fotogrametria, apresenta-se
em formato de gráfico para os ângulos analisados, ou seja, ângulo torácico, lombar e
da escoliose, demonstrando a média do ângulo em graus para os 33 alunos
avaliados, os que estão abaixo ou acima do valor de referência, de acordo com seu
desvio-padrão.
3.1 Ângulo Torácico
Figura 3. Ângulo Torácico
Legenda: os alunos analisados apresentaram valor de referência: 39,3º, com desvio-padrão: 9,51º e
valores de corte (+): (2 x DP) + média = 48,8º , Valor de corte (-): (-2 x DP) + média = 29,8º.
Dos 33 alunos avaliados, 23 apresentam curvatura torácica dentro da média,
5 estão acima do valor de referência, o que pode ser um hipercifose e 5 alunos
abaixo da média. Dentre eles, 6 meninos e 4 meninas. Nesta idade as meninas
estão em processo de desenvolvimento dos quadris e dos seios, podendo adotar
uma postura inadequada de protusão de ombros ou assumindo uma posição de
hipercifose torácica, na tentativa de esconder os seios. E se não for corrigida,
poderá persistir por toda a vida. (DETSCH e CANDOTTI, 2001).
De acordo com a pesquisa de SANTOS et al (2009), foram analisados 247
escolares com idade entre 8 e 12 anos, tendo 24 alunos (9,7%) com hipercifose. E
no estudo descritivo das alterações posturais em Tangará-SC, MARTELLI e
TRAEBERT (2006) examinaram 344 alunos de 10 a 16 anos, com uma prevalência
de 38 alunos (20,3%) com hipercifose.
3.2 Ângulo Lombar
Figura 4. Ângulo Lombar
Legenda: nesse ângulo analisado os alunos apresentaram valor de referência: média 28,5º, com
desvio-padrão: 11,14 e valor de corte (+):( 2 x DP) + média = 39,6º, valor de corte (-): (-2 x DP) +
média = 17,3º.
Observa-se que 23 alunos dos 33 avaliados, estão com o ângulo dentro do
valor de referência, e 7 alunos estão acima apresentando uma possível hiperlordose,
e 3 alunos abaixo da média, apresentando uma retificação da lombar. Desses 10
alunos que apresentam a hiperlordose e retificação da lombar, 7 são meninas e o
restante meninos. Segundo Detsch e Candotti (2001), até os 9 anos, a presença de
hiperlordose lombar é normal no desenvolvimento infantil. A hiperlordose lombar
nesta faixa etária dos alunos avaliados não pode mais ser classificada como desvio
de desenvolvimento (crescimento). Se trata mesmo de um desvio postural, como
classificam KENDALL, McCREARY & PROVANCE (1995), que deve ser tratados,
afim de evitar problemas mais sérios. No estudo de SANTOS et al (2009), dos 247
escolares avaliados, 65 (26,3%) apresentaram hiperlordose. E no de MARTELLI e
TRAEBERT (2006), dos 344 alunos examinados, 70 (20,3%) deles apresentam a
hiperlordose.
3.3 Ângulo da escoliose
Para o ângulo da escoliose, foram demarcados e avaliados os seguintes
processos espinhosos: C7-T4, T4-T8, T8-T12 e T12-L5, como demonstram os
gráficos abaixo.
Figura 5. Ângulo C7 - T4
Legenda: os alunos analisados apresentaram valor de referência: média 2,94º, com desvio-padrão:
2,47 e valor de corte (+):( 2 x DP) + média = 5,41,6º, valor de corte (-): (-2 x DP) + média = 0,47º.
Observando o gráfico acima, dos 33 alunos avaliados, 6 deles apresentam
uma curvatura acima dos valores para esse ângulo.
Figura 6. Ângulo T4 - T8
Legenda: os alunos analisados apresentaram valor de referência: média 1,91º, com desvio-padrão:
1,26, e valor de corte (+):( 2 x DP) + média = 3,16º, valor de corte (-): (-2 x DP) + média = 0,65º
Foram avaliados 33 alunos e 5 apresentam uma curvatura acima da média
nesse ângulo.
Figura 7. T8 - T12
Legenda: os alunos analisados apresentaram valor de referência: média 2,23º, com desvio-padrão:
1,50 e valor de corte (+):( 2 x DP) + média = 3,73º, valor de corte (-): (-2 x DP) + média = 0,73º.
Analisando o gráfico acima, percebe-se dos 33 alunos avaliados, 7 deles
apresentam uma curvatura acima para esse ângulo.
• abaixo: 0,73 • média: 2,23 • acima: 3,73
Figura 8. Ângulo T12-L5
Legenda: os alunos analisados apresentaram valor de referência: média 2,12º, com desvio-padrão:
2,11 e valor de corte (+):( 2 x DP) + média = 4,23º, valor de corte (-): (-2 x DP) + média = 0,01º.
Para esse ângulo analisado, dos 33 alunos avaliados, 4 alunos apresentaram
uma curvatura acima da média. Visualizando o quadro da escoliose no geral, foram
avaliados 33 alunos, sendo 17 deles com alguma diferença na angulação, 9 alunos
são do sexo masculino e 8 do sexo feminino. Observa-se que dos 33 alunos
avaliados, apenas 10 se encontra dentro do valor de referência, 13 alunos
apresentam apenas uma diferença na curvatura, 3 alunos apresentam 2 ângulos
fora da média e 1 aluno (nº 24) está acima do valor de referência nos três primeiros
ângulos analisados da escoliose. Se esses adolescentes não receberem orientação
adequada a tempo, a escoliose, que inicialmente é postural, poderá se tornar
estrutural.
Acredita-se que essa grande incidência, deve-se, além dos fatores
hereditários, aos hábitos de vida incorretos. À medida que esses alunos crescem
vão deixando de executar atividade e brincadeiras com os dois lados do corpo, e
assumindo o seu lado dominante para executar as tarefas do cotidiano. Além disso,
as meninas deixam de carregar mochilas e passam a usar bolsas adotando uma
flexão lateral da coluna. (DETSCH e CANDOTTI, 2001)
Numa pesquisa feita em Jaguariúna em São Paulo, foram avaliados 247
escolares e 39 alunos (15%) apresentaram escoliose .(SANTOS et al, 2009). Já no
estudo de DOHNERT e TOMASI (2008), a prevalência de escoliose em 224
escolares de acordo com o exame radiológico, 10 alunos apresentam escoliose
idiopática, 18 alunos com escoliose funcional , 110 propensos a desenvolver e 86
não apresentam escoliose. E no estudo de MARTELLI e TRAEBERT (2006), foram
examinados 344 alunos, 11 (3,2%) com escoliose funcional e 05 (1,5%) com
escoliose estrutural.
4 CONCLUSÃO
A partir dos resultados da avaliação postural, conclui-se que dos 33 alunos
analisados pela fotogrametria, 26 alunos apresentam algum tipo de desvio postural e
somente 7 alunos estão dentro do valor de referência para cada ângulo observado.
Esse alto índice pode estar relacionado com as mudanças dos hábitos de vida dos
alunos, pois a partir do 6º ano na escola, eles tem maior número de disciplinas,
tendo que carregar mais materiais nas mochilas e permanecem por mais tempo
sentados em mobiliários sem ergonomia adequada. Já em casa, não brincam tanto
quanto brincavam na infância e ficam mais tempo na TV e no computador,
adquirindo uma vida mais sedentária.
A presente pesquisa limitou-se apenas aos alunos do 7º ano do Ensino
Fundamental, como cumprimento obrigatório do PDE, sugere-se abranger esse
estudo com as demais turmas, realizando a avaliação postural com todos os alunos
da escola, obtendo assim uma referência geral da postura dos educandos da cidade
de Rosário do Ivaí.
Os resultados do presente estudo possuem potencial para alertar os
professores de Educação Física sobre a incidência de desvios posturais e a
importância da realização de avaliação postural em nossos alunos. Tais avaliações
podem informar, orientar, prevenir, identificar precocemente e, assim, auxiliar o
professor para encaminhar os alunos com desvio postural para um especialista,
evitando que se tornem adultos portadores de problemas posturais decorrentes de
maus hábitos.
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