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1ª EDIÇÃO 2016 CURSO DE DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO LUIS GEOKARLY DO NASCIMENTO

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1ª EDIÇÃO 2016

CURSO DE DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO

LUIS GEOKARLY DO NASCIMENTO

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Luis Geokarly do Nascimento

_____________________________________

Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

_____________________________________

1ª Edição _________________

São Paulo

2016

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Sobre o Autor

Luis Geokarly é despachante aduaneiro, palestrante e instrutor de cursos de Siscomex Importação e Exportação, Despacho aduaneiro de Importação e Exportação.

Membro Fundador do Instituto de Qualificação em Despacho Aduaneiro (IQDA) e do Instituto Aduaneiro, conta em seu currículo mais de 11 anos de experiência em comércio exterior.

É especialista em legislação aduaneira, consultor de comércio exterior em importação e exportação para diversas empresas brasileiras e multinacionais.

Através de seus cursos e palestras, tem capacitado centenas de colaboradores de empresas importadoras e exportadoras e auxiliado na operacionalização de departamentos de comércio exterior em várias empresas, bem como treinou despachantes aduaneiros, ajudantes de despachante e demais estudantes de comércio exterior.

Além de atuar como instrutor, diariamente presta serviços a empresas como despachante aduaneiro, sendo esta atividade a responsável pela experiência adquirida ao longo dos anos.

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Gostaria de dedicar este livro:

À minha família, pelo qual a imensa compreensão, apoio e amor, faz com que tudo se torne possível.

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Agradecimentos

Agradeço a inestimável colaboração de todos os profissionais de comércio exterior com quem tive o prazer de trabalhar, aprender e

trocar as alegrias e frustrações da nossa profissão, que constantemente se renovam.

À esposa Andreza e aos filhos Isabella, Ana Lívia (in memoriam),

Maria Clara e Luís Vinícius (in memoriam) dedico este trabalho.

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Apresentação

O Curso de Despacho Aduaneiro de Importação tem por objetivo ser a base na qual se alicerça todos os demais princípios à esta atividade tão importante dentro do complexo sistema operacional do comércio exterior brasileiro. E não poderia ser de outra forma. Antes de correr precisamos aprender a andar.

A busca constante das empresas em recrutar profissionais capacitados e com conhecimento de fato, bem como as mudanças ocorridas nos últimos tempos na Aduana brasileira, reforçam à necessidade dos profissionais em se adequar à nova realidade e exige a reciclagem dos que já atuam na área.

Não é incomum que alunos que cursam graduações de comércio exterior, procurarem em treinamentos específicos fora da programação de ensino, a complementação tão necessária para entender os fios burocráticos que se entrelaçam no Modus-Operandi do despacho aduaneiro de importação.

Afinal de contas, tratando-se de uma importação, é neste momento em que a “prova dos 9” é realizada. Nada adianta a negociação com o fornecedor, todo o estudo logístico internacional e etc.., se no despacho aduaneiro forem apurados erros. Estes se traduzem em multas e significam prejuízo financeiro em qualquer caso.

Acredito em uma nova era. Acredito que as equipes se comunicarão mais eficientemente. É preciso que o comprador se comunique com a equipe de comércio exterior e esta se comunique com o despachante aduaneiro (se for o caso) para que possam em conjunto verificar possíveis problemas que possam ser constatados

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no despacho aduaneiro. Esse simples procedimento tem por objetivo evitar multas, despesas desnecessárias em períodos a mais de armazenagem, demurrage e etc. Sabemos que estes custos interferem diretamente no resultado das empresas, e sabemos que neste nosso mundo, tudo é sempre muito urgente e qualquer despesa não prevista é sempre ruim para a saúde financeira do importador.

Que este curso possa ser um importante aliado para que você alcance seus objetivos e torne-se um excelente profissional.

Estarei com você no caminho. Sempre que precisar, pode contar comigo.

Luis Geokarly do Nascimento

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 9

Índice

Apresentação......................................................................................7

Capítulo I - Conceitos Básicos

1.Introdução......................................................................................20

2.Conceitos básicos sobre legislação..................................................20

2.1.O que é legislação?......................................................................21

2.1.1.Do Processo Legislativo Brasileiro.......................................... 22

2.2.Da hierarquia das normas.............................................................25

2.3.Constituição Federal ..................................................................... 27

2.4.Emendas à Constituição ................................................................ 27

2.5.Leis Complementares .................................................................... 28

2.6.Leis Ordinárias ............................................................................... 29

2.7.Medidas Provisórias ...................................................................... 30

2.8.Leis delegadas ............................................................................... 30

2.9.Decreto ......................................................................................... 31

2.10.Decreto-Lei .................................................................................. 31

2.11.Decreto Legislativo ...................................................................... 32

2.12.Resolução .................................................................................... 33

2.13.Atos administrativos inferiores ................................................... 33

3.Considerações finais sobre legislação..............................................34

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 10

4.Das atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de

mercadorias.......................................................................................34

3.1.Da representação no despacho aduaneiro ................................... 35

5.Do exercício da profissão de despachante aduaneiro......................37

6.Do exercício da profissão de ajudante de despachante aduaneiro...40

6.Do exame de qualificação técnica...................................................41

7.Alfândega.......................................................................................46

8.Alfandegamento.............................................................................46

9.Recintos alfandegados....................................................................47

10. Território Aduaneiro.....................................................................48

11. Zona Primária...............................................................................49

11.1. Dos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados .... 50

11.1.1. Portos .................................................................................. 52

11.1.2. Aeroportos .......................................................................... 54

11.1.3. Pontos de fronteira ............................................................. 54

12.Zona Secundária............................................................................55

12.1. Dos Portos Secos ........................................................................ 55

12.2.O Centro Logístico e Industrial Aduaneiro – CLIA ....................... 57

13. Orgãos Intervenientes..................................................................59

14. Habilitação para atuar no Siscomex..............................................60

14.1. Da representação (credenciamento) no Siscomex .................... 62

14.2. Da representação no despacho aduaneiro ................................ 63

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 11

15. O que é o Siscomex?.....................................................................64

15.1. Principais usuários do Siscomex ................................................ 66

15.2. Requisitos básicos ...................................................................... 67

15.3. Certificado Digital ....................................................................... 68

15.4. Passo a passo para o cadastro de representante legal .............. 70

16. Classificação fiscal de mercadorias...............................................71

16.1. Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de

Mercadorias (SH)...............................................................................73

16.2.Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) ............................ 74

16.2.1. Estrutura e Composição da NCM ........................................ 76

16.2.2.Dúvidas sobre classificação fiscal de mercadorias ............... 77

16.2.3.Regras de Interpretação ...................................................... 77

16.2.4.Regra Geral Complementar (RGC) ....................................... 80

16.2.5. Notas Explicativas do SH – Sistema Harmonizado .............. 81

16.2.6. Observação final sobre o assunto ....................................... 81

17. Licenciamento de Importação (LI).................................................82

17.1. Órgãos anuentes ........................................................................ 83

17.2. Tratamento Administrativo ........................................................ 85

17.3.Pedido de Licenciamento ............................................................ 86

17.4.Deferimento ................................................................................ 89

17.5.Validade da LI .............................................................................. 89

17.6.Alteração da LI ............................................................................ 90

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 12

17.7.Retificação de LI após o desembaraço aduaneiro ...................... 90

17.8.Exame de similaridade ................................................................ 92

17.9.LI na nacionalização de admissão temporária ............................ 92

18.INCOTERMS..................................................................................92

18.1.Lista completa de Termos conforme Resolução Camex n° 21/11

............................................................................................................ 94

19.Noções básicas de câmbio e modalidade de pagamento................95

19.1.Importação sem cobertura cambial ............................................ 95

19.2.Importação com cobertura cambial ........................................... 96

19.2.1.Pagamento antecipado ........................................................ 98

19.2.2.Cobrança .............................................................................. 99

19.2.3.Carta de Crédito (Letter of credit – L/C) ............................ 102

19.3.Conversão da taxa para contratação do câmbio ...................... 106

19.4.Fechamento do contrato de câmbio ........................................ 108

20.Acordos Internacionais................................................................108

20.1.Associação Latino-Americana de Integração – ALADI .............. 108

20.1.1.Tipos de Acordos no âmbito da Aladi ............................... 110

20.1.2.Regime de Origem ALADI ................................................... 115

20.1.3.Nomenclatura da ALADI ..................................................... 116

20.2.Mercosul ................................................................................... 117

20.2.1.Acordo de Alcance Parcial de Complementação Econômica

N° 18 .............................................................................................. 118

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 13

20.2.2.Tarifa Externa Comum – TEC ............................................. 118

20.2.3.Regime de Origem do Mercosul ........................................ 120

20.3.Regime de Origem, o que é? ..................................................... 120

20.4.Certificado de Origem ............................................................... 121

20.5.Outros Acordos ......................................................................... 124

20.5.1.Sistema Geral de Preferências – SGP ................................. 124

20.5.2.Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC) ........... 125

Capítulo II - Despacho Aduaneiro de Importação

1.Introdução....................................................................................128

2.O que é o despacho aduaneiro de importação?.............................130

3.Obrigatoriedade do despacho.......................................................131

3.Tipos de Despacho........................................................................132

3.1.Despacho para consumo ............................................................. 132

3.2.Despacho para admissão ............................................................ 133

4.Modalidades do despacho.............................................................134

4.1.Despacho normal ........................................................................ 134

4.2.Despacho antecipado.................................................................. 134

4.3.Despacho com entrega fracionada ............................................. 135

4.4.Despacho antecipado com entrega fracionada .......................... 136

5.Prazo para o início do despacho....................................................136

6.Declaração de Importação (DI)......................................................138

7.Controles prévios ao registro da DI...............................................142

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 14

7.1.Disponibilidade da carga importada ........................................... 142

7.1.1.Modal aéreo ......................................................................... 144

7.1.2.Modal marítimo ................................................................... 148

7.1.3.Modal terrestre (fronteiras) ................................................. 152

7.2.Controle de outros órgãos e Agências da Administração Pública

Federal .............................................................................................. 153

7.3.Verificação de mercadoria pelo importador ............................... 155

7.4.Pagamento dos tributos .............................................................. 156

8.Tributos........................................................................................162

8.1.Características Principais ............................................................ 162

8.1.2.Base de cálculo ..................................................................... 162

8.1.3.Alíquota ................................................................................ 163

8.1.4.Fato Gerador ........................................................................ 163

8.1.5.Obrigação principal .............................................................. 163

8.1.6.Obrigação Acessória ............................................................. 163

9. Impostos Incidentes na Importação..............................................164

9.1 Imposto de Importação (II) ......................................................... 164

9.2. Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) .......................... 165

9.3. PIS/Pasep Importação – Contribuição para os Programas de

Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público.

.......................................................................................................... 166

9.4. COFINS........................................................................................ 167

9.5. ICMS ........................................................................................... 167

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 15

9.6. Taxa de Utilização do Siscomex ................................................. 169

10.Registro da Declaração de Importação........................................171

11.Registro Antecipado da DI...........................................................174

12.Registro da declaração simplificada de importação (DSI).............175

13.Documentos de instrução da DI...................................................175

13.1. Do Conhecimento de Carga ..................................................... 177

13.1.2.Da consignação no conhecimento de carga ...................... 177

13.1.3.Classificação do conhecimento de carga ........................... 178

13.1.4.Demais considerações ....................................................... 178

13.1.5.Hipóteses de não exigência ............................................... 180

13.2. Da Fatura Comercial ................................................................. 182

13.2.1.Da fatura “Pro-Forma” ....................................................... 186

13.3. Romaneio de Carga (Packign List) ............................................ 186

13.4.Outros documentos .................................................................. 188

13.5.Considerações finais sobre os documentos instrutivos ............ 189

13.5.1.Recepção dos documentos ................................................ 190

14.Sobre o Visão Integrada de Comércio Exterior – Vicomex............192

14.1.Quem pode acessar o Sistema Visão Integrada ........................ 193

15.Seleção para conferência aduaneira............................................194

15.1.Canal verde ............................................................................... 195

15.2.Canal amarelo ........................................................................... 196

15.3.Canal vermelho ......................................................................... 196

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 16

15.4.Canal cinza ................................................................................ 197

16.Conferência aduaneira................................................................199

16.1.Exame documental ................................................................... 200

16.2.Agendamento da Verificação da mercadoria – Conferência Física

.......................................................................................................... 201

16.3.Posicionamento da mercadoria para verificação ..................... 202

16.4.Verificação da mercadoria ........................................................ 203

16.5.Dispensa de conferência física .................................................. 207

16.6.Registro e Documentação da Verificação da Mercadoria ........ 209

17.Formalização de exigências e retificação da DI.............................211

17.1.Retificação de DI no curso do despacho aduaneiro.................. 212

17.1.1.Da exigência fiscal .............................................................. 212

17.1.2.Da efetivação do registro da retificação ............................ 212

17.2.Retificação de DI após o desembaraço aduaneiro.................... 215

18.Autorização para entrega antecipada..........................................218

19.Desembaraço Aduaneiro.............................................................222

20.Entrega da mercadoria ao importador........................................224

20.1.Verificação da regularidade do AFRMM ................................... 224

20.2.Declaração de pagamento ou de exoneração do ICMS ............ 225

21.Condições e requisitos para a entrega.........................................226

21.1.Obrigações do importador ........................................................ 227

21.2.Obrigações do depositário ........................................................ 228

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 17

22.Entrega fracionada......................................................................231

23.Cancelamento da Declaração de Importação...............................233

24.Devolução de mercadoria ao exterior..........................................236

24.1.Antes do registro da DI ............................................................. 236

24.2.Após o registro da DI ................................................................. 240

24.3.Disposições gerais ..................................................................... 242

25.Comprovante de importação (CI).................................................243

26.Utilização do conhecimento de carga no despacho aduaneiro.....243

26.1.Um conhecimento de carga para mais de uma DI .................... 243

26.2.Uma DI para mais de um conhecimento .................................. 244

27.Inspeção não invasiva.................................................................247

28.Declaração Simplificada de Importação......................................247

28.1.Hipóteses de utilização da DSI .................................................. 248

28.2.Da utilização de formulário próprio – Declarações de Importação

sem Registro no Siscomex ................................................................. 250

28.3.Pagamento dos impostos.......................................................... 253

28.4.Registro da DSI .......................................................................... 253

28.5.Documentos de instrução da DSI .............................................. 255

28.6.Seleção para conferência aduaneira ......................................... 256

28.7.Conferência aduaneira .............................................................. 257

28.8.Desembaraço aduaneiro da DSI ................................................ 257

28.9.Formalização de exigências ...................................................... 258

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 18

28.9.1.Retificação da DSI .................................................................. 259

28.9.2.Cancelamento da DSI ............................................................. 259

28.9.3.Comprovante de importação ................................................. 260

29.Considerações finais....................................................................261

30.Material de consulta para elaboração deste curso.......................261

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 19

Capítulo

I Conceitos Básicos

________________________________

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 20

1.Introdução

Para melhor compreensão, iremos abordar alguns conceitos prévios que são a base do despacho aduaneiro de importação. Esses conceitos são imprescindíveis para o exercício da profissão de despachante aduaneiro, ajudante de despachante aduaneiro bem como qualquer outra atividade relacionada com o despacho aduaneiro de importação.

2.Conceitos básicos sobre legislação

Falar de despacho aduaneiro é falar sobre legislação. E estamos falando de uma legislação extensa, dinâmica. Tratando-se dos atos normativos inferiores, podemos afirmar que quase diariamente os procedimentos mudam.

É assim, de uma hora pra outra certa regra é alterada e o importador deve observar novos procedimentos, o que vez ou outra pega de surpresa os desavisados. Por isso é tão importante o conhecimento da legislação aduaneira para quem trabalha com importação. Firmem essa necessidade.

Não é difícil que ao final da elaboração deste material alguma norma em que foi baseado tinha sido alterada. Por isso é de extrema importância estar atento à estas mudanças.

Não poderia iniciar este curso sem tratarmos, ainda que na superfície, sobre os conceitos básicos sobre legislação. O aluno deve dar a devida importância a este tema e se preferir, pode reforçar o estudo com uma pesquisa mais aprofundada sobre o mesmo. Aqui trataremos apenas dos princípios fundamentais e especificamente sobre os que afetam o despacho aduaneiro de importação.

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 21

2.1.O que é legislação?

Nos regimes democráticos, três poderes apresentam-se bem definidos e atuantes: o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário.

Ao Poder Executivo compete exercer o comando da nação, conforme aos limites estabelecidos pela Constituição ou Carta Magna do país.

O Poder Judiciário tem a incumbência de aplicar a lei em casos concretos, para assegurar a justiça e a realização dos direitos individuais e coletivos no processo das relações sociais, além de velar pelo respeito e cumprimento do ordenamento constitucional.

Quanto ao Poder Legislativo, a ele compete produzir e manter o sistema normativo, ou seja, o conjunto de leis que asseguram a soberania da justiça para todos - cidadãos, instituições públicas e empresas privadas.

Em resumo, a legislação de um estado democrático de direito é originária de processo legislativo que constrói, a partir de uma sucessão de atos, fatos e decisões políticas, econômicas e sociais, um conjunto de leis com valor jurídico, nos planos nacional e internacional, para assegurar estabilidade governamental e segurança jurídica às relações sociais entre cidadãos, instituições e empresas.

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 22

2.1.1.Do Processo Legislativo Brasileiro

Processo Legislativo é um conjunto de ações realizadas pelos órgãos do poder legislativo com o objetivo de proceder à elaboração das leis, sejam elas constitucionais complementares e ordinárias bem como as resoluções e decretos legislativos.

O Congresso Nacional, formado pela Câmara e pelo Senado, é o lugar onde os representantes do povo elaboram as leis.

Para se criar ou modificar uma lei, é preciso um projeto (os denominados PL ou Projetos de Lei), que pode ser proposto por um Deputado ou Senador, por Comissões da Câmara ou do Senado e pelo Presidente da República. Também é possível a apresentação de projeto de lei pelo Poder Judiciário, pelo Procurador-Geral da República e por iniciativa popular.

A aprovação de um projeto depende da mobilização da sociedade, do interesse dos Parlamentares e dos partidos e da articulação do Governo.

Antes que o projeto de lei chegue ao Plenário, ele percorre um longo caminho.

Todo projeto é analisado pelas comissões técnicas. Se o assunto for imposto de renda, por exemplo, ele é discutido na Comissão de Finanças e Tributação; se for sobre previdência, vai para a Comissão de Seguridade Social, etc.

Cada projeto tem um relator, que dá o parecer sugerindo mudanças, aprovando ou rejeitando a matéria.

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Curso de Despacho Aduaneiro de Importação

Luis Geokarly do Nascimento Página 23

Todos os projetos passam pela Comissão de Constituição e Justiça, que avalia se eles estão de acordo com a Constituição Federal.

Muitos projetos têm suas votações concluídas nas próprias comissões, enquanto outros seguem para serem analisados pelo Plenário.

Depois de aprovado pela Câmara, em geral o projeto segue para o Senado.

Para valer como lei, o Presidente da República precisa sancionar, ou seja, ratificar a proposta. Mas o Chefe do Executivo pode vetar o projeto total ou parcialmente, e os Parlamentares, por sua vez, podem confirmar ou derrubar o veto. Assim funciona o equilíbrio entre os Poderes.

A Constituição é também uma lei, a Lei Maior que organiza o Estado e define os direitos e deveres do cidadão.

A Constituição Federal pode ser alterada através de uma Proposta de Emenda à Constituição, a PEC. A proposta tem que ser apresentada por no mínimo um terço dos Deputados ou um terço dos Senadores, pelo Presidente da República ou mais da metade das Assembleias Legislativas, com o apoio da maioria dos Deputados Estaduais.

É também na Constituição que estão definidos os tipos de lei. O Projeto de Lei Ordinária é o mais comum. Daí seguem o Projeto de Lei Complementar e o de Resolução. Existe também a Proposta de Emenda à Constituição ou ainda o Projeto de Decreto Legislativo.

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Em casos de urgência e relevância, o Presidente da República pode editar ainda a Medida Provisória, que entra em vigor imediatamente, mas só vira lei depois de aprovada pelo Congresso Nacional. A Medida Provisória tem um tempo específico para ser analisada e, caso isso não aconteça, ela tranca a apreciação de projetos de lei no Plenário e passa a ser o primeiro item de votação da pauta.

Na Câmara, as regras para a tramitação das propostas estão neste livro: Regimento Interno. Além de mostrar como as propostas são aprovadas ou rejeitadas, o Regimento é fundamental, porque estabelece os direitos e limites dos Deputados e dos partidos políticos durante uma votação.

Em geral, neste caso, os Parlamentares, em grupo, aprovam ou rejeitam a proposta em questão. A votação é conduzida pelo Presidente da sessão.

Há várias maneiras de se acelerar a votação dos projetos.

O Poder Executivo pode pedir a urgência na apreciação de um projeto de sua iniciativa, que tem que ser votado em até 45 dias. Vencido esse prazo, assim como acontece com as medidas provisórias, o projeto em urgência passa à frente dos demais projetos e nenhuma outra matéria pode ser votada.

É importante acompanhar os trabalho dos Congressistas e participar das decisões tomadas na Câmara e no Senado. Todo o processo legislativo é público e qualquer cidadão tem acesso a ele. As sessões do Plenário são transmitidas pela TV Câmara e pela Rádio Câmara. Os projetos e pareceres são impressos e estão à disposição de quem precisar. Todo esse material também está acessível na

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Internet e quem quiser se informar sobre a tramitação dos projetos pode ligar, de graça, no número 0800- 619619.

2.2.Da hierarquia das normas

A Constituição Federal tem por objetivo estabelecer os valores e princípios fundamentais que nortearão todas as demais normas jurídicas emanadas, nas esferas Federal, Estadual e Municipal.

Estes princípios não podem ser violados pelas normas produzidas pelo legislativo (leis), bem como pelo poder executivo (Decretos e atos administrativos) e pelo Poder Judiciário (Sentença), sendo de competência deste último, inclusive, zelar pela manutenção dos valores constantes na Constituição. Para isso temos o intermédio da nossa Corte Suprema, o STF (Supremo Tribunal Federal).

Considerando que os princípios contidos na CF são regras e valores fundamentais, compete a todo um conjunto de normas dispor, com maior nível de detalhamento, sobre direitos, obrigações, processos, dentre outros.

Estas normas, por sua vez, também possuem uma hierarquia que deve ser obedecida, para que seja possível a construção de um sistema jurídico que não entre em conflito, com o estabelecimento de competências e limites para cada tipo de norma.

O Art. 59 da CF, assim compreende o processo legislativo:

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:

I - emendas à Constituição;

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II - leis complementares;

III - leis ordinárias;

IV - leis delegadas;

V - medidas provisórias;

VI - decretos legislativos;

VII - resoluções.

Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.

Tratando-se de legislação aduaneira e tributária, além das normas contidas acima, existem ainda outras normas inferiores (normas de execução) que fazem parte do cotidiano, sem contudo se dar por via legislativa, mas por mero ato unilateral do agente público. Por este motivo, tais normas devem ser analisadas com cautela diante de exigências impostas ao contribuinte, que violem dispositivos legais.

A pirâmide de Kelsen é uma estrutura escalonada que relaciona as normas de um mesmo sistema jurídico, onde cada norma busca sua validade em outra que lhe seja superior. No ápice da pirâmide encontra-se a Constituição, o que significa dizer que não existe nenhuma outra norma que seja superior a Constituição. Abaixo da Constituição encontram-se as leis e abaixo destas encontram-se as normas infralegais. Desta forma, a Constituição é hierarquicamente superior às leis e estas são hierarquicamente superiores às normas infralegais.Por isso, a Constituição é tida como

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norma-origem. Ou seja, a Constituição é a norma máxima de um Estado deve ser observada por todas as demais normas.

E, suma, para que o sistema jurídico normativo funcione, as normas devem obedecer a esta hierarquia, pela qual:

• As leis estão abaixo da Constituição Federal;

• Os decretos estão abaixo das leis;

• Os atos administrativos inferiores estão abaixo dos Decretos.

2.3.Constituição Federal

A Constituição Federal é a norma das normas, a lei das leis, a Carta Maior. Ela representa a norma sob a qual todo ordenamento jurídico deve obediência, tendo a maior hierarquia dentre todas as normas.

2.4.Emendas à Constituição

Para que se proceda a uma alteração na CF, deve ser elaborada uma PEC – Proposta de Emenda Constitucional, que poderá ser apresentada por:

• 1/3(no mínimo) dos Senadores ou Deputados Federais;

• Pelo Presidente da República;

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• Por mais da metade das Assembleias Legislativas (Estados) com aprovação em todas pela maioria relativa dos votos.

Apresentada a PEC ela deverá ser votada em dois turnos, nas duas Casas Legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal), sendo obrigatória a aprovação de 60% dos votos de cada casa.

Em suma, as PEC são normas que alteram a Constituição Federal, obedecendo aos limites impostos pela própria CF.

2.5.Leis Complementares

As leis complementares são destinadas a regulamentar certas matérias que não foram regulamentadas pela própria Constituição Federal, permitindo o progresso de suas alterações.

Neste sentido, temos, por exemplo, a obrigatoriedade de Lei Complementar do ICMS, para regulamentar os seguintes casos:

XII - cabe à lei complementar:

a) definir seus contribuintes;

b) dispor sobre substituição tributária;

c) disciplinar o regime de compensação do imposto;

d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das operações relativas à circulação de mercadorias e das prestações de serviços;

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e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a"

f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias;

g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.

h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) (Vide Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço.

2.6.Leis Ordinárias

As leis ordinárias seguem o mesmo rito das leis complementares, contudo, uma das diferenças principais em relação a elas é referente ao quórum de aprovação, pois enquanto a LC exige a aprovação de maioria absoluta, na lei ordinária basta a maioria relativa.

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2.7.Medidas Provisórias

As medidas provisórias (MPs) foram introduzidas incialmente com a Constituição Federal de 1988, sendo a evolução do extinto Decreto-Lei. Estão previstas no Art. 62 da CF. É instrumento utilizado pelo Poder Executivo par adotar medidas de caráter provisório e com força de lei e vigência imediata à sua publicação (salvo exceções previstas na CF), encaminhando tal medida ao Congresso Nacional para apreciação e aprovação.

As MPs aprovadas tem vigência por 60 dias, prorrogáveis uma única vez por igual período. As matérias que não podem ser tratadas por medida provisória estão estabelecidas no §1° do art. 62 da CF.

2.8.Leis delegadas

As leis delegadas estão previstas no art. 68 da CF, e representam o oposto das MPs, onde na Lei delegada, o Congresso Nacional delega antecipadamente poderes para que o Chefe do Executivo legisle em seu nome. Podemos até chamar isso de um “cheque em branco”.

Essa delegação na esfera federal se dá por uma Resolução do Congresso Nacional, que especificará os poderes delegados. Até mesmo pela sua consequência prática, esse tipo de norma não é muito comum de ser utilizada.

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2.9.Decreto

Ato do chefe executivo, na esfera Federal do Presidente da República, que visa regulamentar as disposições contidas em lei. Os decretos tem por objetivo facilitar a execução das leis, removendo eventuais obstáculos práticos que podem surgir em sua aplicação. Como exemplo, temos o Decreto 6.759/09 (Regulamento Aduaneiro) que institui as normas aduaneiras previstas no Decreto-Lei 37/66. Como exemplo de ato de Chefe do Poder Executivo Estadual, temos os Decretos que regulamentam os ICMS dos estados, em São Paulo, por exemplo, o Decreto 45.490/200 ou RICMS-SP (Regulamento do ICMS do Estado de São Paulo).

2.10.Decreto-Lei

Previsto até a CF de 1988, representava uma espécie de medida provisória. Editada apenas pelo Presidente da República. Significava o Executivo (decreto) legislando (lei), ou seja, o Presidente da República valia-se do instrumento do Decreto-Lei para introduzir norma legal.

Considerando o princípio da recepção, e não sendo incompatível com a CF, as normas continuam vigentes, embora não possam mais ser produzidos. Como exemplo de Decreto-Lei vigente em nossos tempos, temos o Decreto-Lei n° 37/66, que do art. 44 ao 174 normatiza a legislação aduaneira brasileira.

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2.11.Decreto Legislativo

É ato exclusivo do Congresso Nacional e não se confunde com os dois tipos de decreto acima, que são expedidos pelo poder executivo. É por intermédio desses decretos legislativos que são ratificados os tratados internacionais firmados pelo Presidente da República, destacando-se os tratados em matéria tributária, e é também por seu intermédio que o Congresso Nacional dispõe sobre os efeitos de medida provisória rejeitada, quando de sua vigência temporária.

No que se refere aos tratados internacionais, a celebração dos mesmos é de competência privativa do Presidente da República mas para que possa ter validade jurídica, deve ser ratificado pelo Congresso Nacional por meio de Decreto Legislativo.

O processo começa depois da assinatura do tratado, quando o Ministro das Relações Exteriores encaminha uma Exposição de Motivos ao Presidente da República. Este, após receber o documento, se concordar com o tratado, encaminha uma Mensagem ao Congresso Nacional. No Congresso, o tratado será examinado na Câmara dos Deputados e depois no Senado Federal. Uma vez aprovado, o Congresso emite um Decreto Legislativo. O ato seguinte é a ratificação pelo Presidente da República e, por fim, a promulgação por meio de decreto de execução, também de competência do Chefe do Poder Executivo da União[2].

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2.12.Resolução

As Resoluções são instrumentos das Casas Legislativas para tratar de determinados temas, como a fixação das alíquotas mínimas e máximas para o ICMS, pelo Senado Federal, bem como sobre as alíquotas interestaduais do ICMS.

Também podem ser utilizadas para suspender a eficácia de lei declarada inconstitucional pelo STF.

2.13.Atos administrativos inferiores Estas normas se encontram na base da hierarquia segundo a

pirâmide de Kelsen. São expedidos diariamente pelas repartições administrativas, visando estabelecer rotinas, adotar procedimentos, esclarecer dúvidas, dentre outros.

Cada autoridade administrativa possui competência para expedir determinados atos, tais como portarias, ordens de serviço, instruções normativas, atos, resoluções, comunicados, etc. São normas voltadas para a administração interna, devendo observar as disposições da CF, das leis complementares e ordinárias, bem como dos decretos e resoluções hierarquicamente superiores.

Se tratando de comércio exterior, o ato administrativo mais

comum é a Instrução Normativa (IN). A exemplo do despacho aduaneiro onde temos a IN SRF 680/06 e IN SRF 611/06.

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3.Considerações finais sobre legislação

Conforme mencionado anteriormente, pretendeu-se com os conceitos básicos sobre legislação aqui apresentados, tratar de forma muito superficial e abordando apenas os conceitos principais para que os alunos possam ter um conhecimento básico sobre o tema.

Para os interessados, o estudo deve ser complementado de forma específica sobre a matéria.

A dica é que para ser um profissional competente em comércio exterior, principalmente no que diz respeito ao despacho aduaneiro de importação, é se atentar a legislação e se manter atualizado, procurando verificar as normas (principalmente inferiores) que forem publicadas com vistas a realizar os procedimentos corretos.

A observação das normas legais significa a melhor qualidade no serviço prestado bem como consequentemente a exclusão de imposições legais punitivas desnecessárias e evitáveis.

4.Das atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de mercadorias

Art. 808 (R.A). São atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de mercadorias, inclusive bagagem de viajante, na importação, na exportação ou na internação, transportadas por qualquer via, as referentes a:

I - preparação, entrada e acompanhamento da tramitação e apresentação de documentos relativos ao despacho aduaneiro;

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II - subscrição de documentos relativos ao despacho aduaneiro, inclusive termos de responsabilidade;

III - ciência e recebimento de intimações, de notificações, de autos de infração, de despachos, de decisões e de outros atos e termos processuais relacionados com o procedimento de despacho aduaneiro;

IV - acompanhamento da verificação da mercadoria na conferência aduaneira, inclusive da retirada de amostras para assistência técnica e perícia;

V - recebimento de mercadorias desembaraçadas;

§ 1º Somente mediante cláusula expressa específica do mandato poderá o mandatário subscrever termo de responsabilidade em garantia do cumprimento de obrigação tributária, ou pedidos de restituição de indébito ou de compensação.

§ 2o A Secretaria da Receita Federal do Brasil poderá dispor sobre outras atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de mercadorias.

3.1.Da representação no despacho aduaneiro

Art. 809. Poderá representar o importador, o exportador ou outro interessado, no exercício das atividades referidas no art. 808, bem assim em outras operações de comércio exterior (Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, art. 5º, caput e § 1º):

I - o dirigente ou empregado com vínculo empregatício exclusivo com o interessado, munido de mandato que lhe outorgue

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plenos poderes para o mister, sem cláusulas excludentes da responsabilidade do outorgante mediante ato ou omissão do outorgado, no caso de operações efetuadas por pessoas jurídicas de direito privado;

II - o funcionário ou servidor, especialmente designado, no caso de operações efetuadas por órgão da administração pública direta ou autárquica, federal, estadual ou municipal, missão diplomática ou repartição consular de país estrangeiro ou representação de órgãos internacionais;

II-A - o empresário, o sócio da sociedade empresária ou pessoa física nomeada pelo habilitado, nos casos de importações ao amparo do regime de que trata o art. 102-A;

III - o próprio interessado, no caso de operações efetuadas por pessoas físicas; (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013)

III-A - o mandatário de pessoa física residente no País, nos casos de remessa postal internacional, ou bens de viajante; e (Incluído pelo Decreto nº 8.010, de 2013);

IV - o despachante aduaneiro, em qualquer caso.

1o Nos despachos relativos ao regime de trânsito aduaneiro, o transportador ou o operador de transporte, quando forem beneficiários, equiparam-se a interessado. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010).

§ 2o As operações de importação e exportação dependem de prévia habilitação do responsável legal da pessoa jurídica interessada, bem como do credenciamento das pessoas físicas que atuarão em seu

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nome no exercício dessas atividades, de conformidade com o estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010).

Como podemos verificar, a legislação aduaneira prevê que apenas "pessoas físicas" com características legais específicas podem ser representantes legais do importador/exportador para realizar as práticas acima mencionadas.

A diferença entre o despachante aduaneiro e os demais representantes reside no fato de que estes últimos só podem realizar as operações das empresas ou órgãos públicos a que estão vinculados formalmente por força de contrato de trabalho ou designação de função e o despachante pode realizar as operações para qualquer empresa ou órgão público.

Exemplificando: um funcionário de uma empresa "X" não pode representar a empresa "Y", já o despachante aduaneiro, sim (V - o despachante aduaneiro, em qualquer caso).

Desta forma a legislação prevê que qualquer uma das pessoas descritas nos incisos I, II, II-A, III e III-A, podem realizar as mesmas funções de representação previstas ao despachante aduaneiro, exercendo o mesmo papel, com a diferença de não ser despachante aduaneiro em exercício, uma vez que não tem o registro de despachante aduaneiro.

5.Do exercício da profissão de despachante aduaneiro

Por tratar-se de norma que detalha de forma mais precisa o Art. 810 do Regulamento Aduaneiro, iremos abordar a questão do

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exercício da profissão de despachante aduaneiro segundo a IN RFB n° 1.209/2011, a saber:

Art. 10. Poderão ser inscritas no Registro de Despachantes Aduaneiros as pessoas físicas que solicitarem formalmente e que atendam aos seguintes requisitos:

I - comprovação de inscrição há pelo menos 2 (dois) anos no Registro de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros, mantido pela RFB;

II - ausência de condenação, por decisão transitada em julgado, a pena privativa de liberdade;

III - inexistência de pendências em relação a obrigações eleitorais e, se for o caso, militares;

IV - maioridade civil e nacionalidade brasileira;

V - formação de nível médio; e

VI - aprovação no exame de qualificação técnica de que trata o art. 4º desta Instrução Normativa.

Art. 11. A inscrição no Registro de que trata o art. 10 será requerida pelo interessado mediante petição, devidamente protocolizada, dirigida ao chefe da unidade da RFB com jurisdição aduaneira sobre o domicílio do requerente.

§ 1º Na petição de que trata o caput, o interessado deverá apresentar qualificação completa, da qual deverão constar, dentre outros dados:

I - nome;

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II - nacionalidade;

III - estado civil;

IV - número do documento de identidade e órgão emitente;

V - número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF);

VI - endereço residencial, incluindo telefone fixo residencial e celular;

VII - endereço comercial, incluindo telefone comercial, se houver; e

VIII - endereço eletrônico, se houver.

§ 2º O requerente deverá disponibilizar uma fotografia recente, com data, tamanho 3 x 4, a ser entregue na unidade da RFB no momento da formalização do pedido de que trata o caput.

§ 3º A petição de que trata o caput deverá ser instruída com:

I - comprovação dos requisitos estabelecidos no art. 10;

II - cópia do documento de identidade;

III - comprovante de quitação com as obrigações eleitorais e com os deveres do serviço militar, quando for o caso;

IV - folha de antecedentes expedida pelas Polícias Estadual e Federal, bem como certidão dos distribuidores criminais das Justiças Federal, Militar e dos Estados ou Distrito Federal, dos locais de residência do candidato à inscrição nos últimos 5 (cinco) anos;

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V - declaração firmada pelo requerente, na qual conste que nunca foi indiciado em inquérito policial ou processado criminalmente, ou, ainda, em caso contrário, notícia específica da ocorrência, acompanhada dos esclarecimentos pertinentes;

VI - declaração firmada pelo requerente indicando os municípios de residência nos últimos 5 (cinco) anos;

VII - declaração firmada pelo requerente na qual esteja consignada que o declarante não efetua, em nome próprio ou de terceiro, exportação ou importação de quaisquer mercadorias, nem exerce comércio interno de mercadorias estrangeiras;

VIII - declaração firmada pelo requerente na qual esteja consignada que o declarante não exerce cargo público; e

IX - cópia do certificado de conclusão do 2º (segundo) grau ou equivalente (frente e verso).

Art. 12. Verificada a correta instrução do pedido e atendidos os requisitos estabelecidos na legislação, o titular da unidade da RFB com jurisdição aduaneira sobre o domicílio do requerente expedirá Ato Declaratório Executivo, com vistas à inclusão do nome do profissional no Registro respectivo.

Parágrafo único. O Ato Declaratório Executivo de que trata o caput especificará o nome completo, o número de inscrição no CPF, o número do processo e o número de inscrição no Registro.

6.Do exercício da profissão de ajudante de despachante aduaneiro

A mesma IN RFB n° 1.209/2011 assim estabelece:

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Art. 13. Para inscrição no Registro de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros, o interessado deverá atender somente os requisitos estabelecidos nos incisos II a V do art. 10.

Parágrafo único. À formalização do pedido de inscrição no Registro de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros aplicam-se, no que couber, as disposições estabelecidas para o despachante aduaneiro, especialmente as contidas nos arts. 11 e 12.

Art. 14. Os ajudantes de despachantes aduaneiros somente terão competência jurídica para exercer as atividades relacionadas nos incisos I, IV, V e VI do art. 2º, podendo estar tecnicamente subordinados a um despachante aduaneiro.

6.Do exame de qualificação técnica

IN RFB 1.209/2011

Art. 4º O exame de qualificação técnica consiste na avaliação da capacidade profissional do ajudante de despachante aduaneiro para o exercício da profissão de despachante aduaneiro.

Parágrafo único. O exame a que se refere o caput será realizado mediante provas objetivas, aplicadas anualmente sob a orientação da Coordenação-Geral de Administração Aduaneira (Coana) da RFB.

Art. 5º O exame de que trata o art. 4º será precedido de edital publicado no Diário Oficial da União (DOU), com antecedência mínima de 60 (sessenta) dias da realização da prova, e divulgado nos sitios da RFB na Internet, no endereço ou da entidade responsável pela realização desse exame.

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Parágrafo único. A alteração de qualquer dispositivo do edital será publicada no DOU e divulgada no sítio da RFB, no endereço mencionado no caput, ou no sítio da entidade responsável pela realização do exame.

Art. 6º Do edital de divulgação do exame de qualificação técnica constarão, no mínimo, as seguintes informações:

I - identificação da instituição realizadora do exame e da RFB, a qual assume a condição de entidade promotora;

II - denominação da profissão de despachante aduaneiro;

III - descrição das atividades desempenhadas pelos despachantes aduaneiros;

IV - indicação do nível de escolaridade exigido para o exercício da profissão de despachante aduaneiro;

V - indicação precisa dos locais, horários e procedimentos de inscrição, bem como das formalidades para sua confirmação;

VI - valor da taxa de inscrição e hipóteses de isenção;

VII - orientações para a apresentação do requerimento de isenção da taxa de inscrição, conforme legislação aplicável;

VIII - indicação da documentação a ser apresentada no ato de inscrição e no momento da realização das provas, bem como do material de uso não permitido nesta fase;

IX - enunciação das disciplinas das provas e dos eventuais agrupamentos de provas;

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X - indicação das datas de realização das provas;

XI - explicitação detalhada da metodologia para a aprovação no exame de qualificação técnica; e XII - disposições sobre o processo de elaboração, apresentação, julgamento, decisão e conhecimento do resultado do exame, o qual informará, em destaque, o nome e o endereço residencial das pessoas físicas aprovadas.

§ 1º A instituição realizadora do evento exigirá, no momento da inscrição dos ajudantes de despachantes aduaneiros para participação no exame de qualificação técnica, o cumprimento do requisito estabelecido no inciso I do art. 10.

§ 2º Após a divulgação do resultado do exame de qualificação técnica, o ajudante de despachante aduaneiro aprovado terá o prazo de 1 (um) ano para requerer a sua inscrição no Registro de Despachantes Aduaneiros, na forma estabelecida nesta Instrução Normativa.

Art. 7º Serão aplicadas 2 (duas) provas objetivas relativas às disciplinas cujos programas, número de questões, pesos e pontuação ponderada constarão do edital a que faz referência o art. 5º.

Art. 8º Serão considerados aprovados no exame de qualificação técnica os candidatos que obtiverem pontuação igual ou superior a 70% (setenta por cento) do total de pontos das provas objetivas.

Art. 9º O prazo de validade do exame de qualificação técnica de que trata esta Instrução Normativa será de 1 (um) ano, a contar da publicação do resultado do certame.

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Com o advento da certificação OEA – Operador Econômico Autorizado, o referido exame de qualificação técnica se estende aos despachantes aduaneiros em exercício que desejem obter a Certificação como OEA. Vejamos o que disciplina o último EDITAL ESAF Nº 90, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2015:

“...divulga e estabelece normas específicas para abertura das inscrições e realização de Exame de Qualificação Técnica para avaliação da capacitação técnica de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros, previsto no Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009), em seu artigo 810, regulamentado pela Instrução Normativa RFB nº 1.209, de 7 de novembro de 2011 (DOU de 08/11/2011), observadas as disposições legais referentes ao assunto, especialmente os termos do § 3º, do art. 5º, do Decreto-Lei nº 2.472, de 1988 e, em particular, as normas contidas neste Edital. O referido Exame também poderá ser realizado por Despachantes Aduaneiros interessados em obter certificação como Operador Econômico Autorizado (OEA) nos termos do art. 37 da Instrução Normativa RFB nº 1.598, de 9 de dezembro de 2015, e da Portaria Coana nº 125, de 18 de dezembro de 2015.

1 - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

1.1 – O Exame de Qualificação Técnica visa avaliar a capacidade profissional dos Ajudantes de Despachantes Aduaneiros inscritos no Registro de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros, da Secretaria da Receita Federal do Brasil, nas condições previstas na Instrução Normativa RFB nº 1.209, de 2011.

1.2 – O Exame de Qualificação Técnica visa avaliar o Despachante Aduaneiro interessado em ser certificado como Operador

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Econômico Autorizado (OEA), nos moldes do art. 37 da Instrução Normativa RFB nº 1.598, de 9 de dezembro de 2015 e da Portaria Coana nº 125, de 18 de dezembro de 2015.

1.2.1 – Poderá participar do presente Exame de Qualificação Técnica o interessado em ser certificado cuja inscrição no Registro de Despachantes Aduaneiro, mantido pela Receita Federal do Brasil – RFB, tenha prescindido de avaliação da capacidade profissional.

1.2.2 – O resultado obtido no referido exame poderá servir como prova do cumprimento parcial do requisito de admissibilidade previsto no inciso VIII do art. 14 da Instrução Normativa RFB nº 1.598, de 2015, caso o Despachante Aduaneiro requeira certificação como Operador Econômico Autorizado (OEA).

7 – DA APROVAÇÃO NO EXAME DE QUALIFICAÇÃO TÉCNICA

8.1 – Somente será considerado aprovado no Exame de Qualificação Técnica o ajudante de despachante que tenha obtido, no mínimo, 70% (setenta por cento) dos pontos totais correspondentes ao conjunto das provas objetivas 1 e 2.

8.2 – Somente será considerado aprovado para fins de cumprimento parcial do requisito de admissibilidade previsto no inciso VIII do art. 14 da Instrução Normativa RFB nº 1.598, de 2015 para a Certificação como Operador Econômico Autorizado (OEA) o despachante aduaneiro que tenha obtido no mínimo, 80% (oitenta por cento) dos pontos totais correspondentes ao conjunto das provas objetivas 1 e 2.

Como podemos observar no texto do edital, há uma diferença na exigência de pontuação, sendo de 70% para os ajudantes de

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despachante aduaneiro que desejam requerer o registro como despachante aduaneiro e de 80% para o despachante aduaneiro que deseje obter a certificação como Operador Econômico Autorizado (OEA).

7.Alfândega

As alfândegas são repartições oficiais governamentais de jurisdição exclusiva da Receita Federal do Brasil, responsável pelo controle do movimento de entradas e saídas de mercadorias para o exterior ou dele provenientes, inclusive pela cobrança dos tributos aduaneiros obrigatórios e previstos na legislação aduaneira. É o local onde é realizado o controle aduaneiro, que tem três vertentes principais:

1. Controle das mercadorias;

2. Dos veículos que transportam essas mercadorias;

3. Dos locais por onde elas transitam ou ficam armazenadas.

8.Alfandegamento

É o ato de competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil, de tornar uma determinada área delimitada sob controle aduaneiro. A área alfandegada está sujeita às regras de controle estabelecidas pela autoridade aduaneira, onde a fiscalização poderá ser realizada ininterruptamente, como no caso da zona primária, ou apenas em determinados momentos, como no caso da zona secundária, de acordo com o critério da autoridade competente (Portaria RFB 3.518/11). O alfandegamento torna obrigatório a

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prévia autorização da autoridade aduaneira para que seja realizada qualquer operação.

9.Recintos alfandegados

Recintos alfandegados são áreas demarcadas pela autoridade aduaneira competente, na zona primária dos portos organizados ou na zona secundária a estes vinculada, a fim de que nelas possam ocorrer, sob controle aduaneiro pela Receita Federal, movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias procedentes do exterior, ou a ele destinadas, inclusive sob regime aduaneiro especial.

As regras são válidas, também, para bagagens de viajantes procedentes do exterior, ou a ele destinados e para remessas postais internacionais. A questão é regulada pelo Decreto nº 6.759/09, Artigo 9º, Inciso I a III – Regulamento Aduaneiro.

Dos tipos de Recintos Alfandegados, temos:

• Aeroportos - Terminais de Cargas;

• Aeroportos - Terminais de Passageiros;

• Portos (Marítimos, Fluviais e Lacustres);

• Pontos de Fronteira;

• ACI - Área de Controle Integrado;

• Portos Secos;

• CLIAs;

• Bases Militares;

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• Lojas Francas;

• REDEX;

• Remessas Expressas;

• Remessas Postais Internacionais;

• Silos e Tanques.

10. Território Aduaneiro

Conforme disposto no Art. 2° do R.A:

Art. 2° O território aduaneiro compreende todo o território nacional.

Podemos definir o território aduaneiro como a área onde a autoridade aduaneira exerce sua jurisdição por meio da fiscalização e controle, em qualquer parte do país, da entrada e saída de mercadorias, pessoas, veículos e animais. O território aduaneiro pode ser compreendido por todo o território nacional, propriamente dito, inclusive o mar territorial, as águas territoriais e o espaço aéreo correspondente. No entanto, dependendo do interesse econômico e de simplificação e desburocratização do processo de fiscalização aduaneira, há países que firmam acordos permitindo que a fiscalização atue no seu território ou vice-versa, os chamados ENCLAVES ou ESCLAVES, onde desta forma, o território aduaneiro pode ser maior ou menor do que o território nacional. Mas este não é o caso do Brasil, constando esta informação apenas como um incentivo para um estudo mais aprofundado do tema.

O DL 37/66 (Art 33) e o Art. 3° do R.A. transcrito abaixo, dividem o território aduaneiro em Zona Primária e Zona Secundária.

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Art. 3º A jurisdição dos serviços aduaneiros estende-se por todo o território aduaneiro e abrange:

I - a zona primária....

II - a zona secundária...

11. Zona Primária

Complementando o Art. 3º do R.A.:

I - a zona primária, constituída pelas seguintes áreas demarcadas pela autoridade aduaneira local:

a) a área terrestre ou aquática, contínua ou descontínua, nos portos alfandegados;

b) a área terrestre, nos aeroportos alfandegados; e

c) a área terrestre, que compreende os pontos de fronteira alfandegados;

A zona primária compreende as faixas internas de portos e aeroportos, recintos alfandegados e locais habilitados nas fronteiras terrestres, bem como outras áreas nos quais se efetuem operações de carga e descarga de mercadoria, ou embarque e desembarque de passageiros, procedentes do exterior ou a ele destinados (Art. 33, I, DL 37/66).

Resumindo, são os únicos lugares, delimitados pela autoridade aduaneira em porto, aeroporto ou local de fronteira, por onde devem obrigatoriamente entrar mercadorias, veículos e

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pessoas portando bens. São pontos exclusivos de entrada e saída de veículos e mercadorias, com controle aduaneiro permanente e ostensivo. O ingresso por local diverso da zona primária sujeita à pena de perdimento das mercadorias, veículos ou bens, sem prejuízo da questão criminal, dependendo da análise da questão pela autoridade competente.

11.1. Dos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados

Vejamos o texto legal transcrito do Regulamento Aduaneiro:

Art. 5º Os portos, aeroportos e pontos de fronteira serão alfandegados por ato declaratório da autoridade aduaneira competente, para que neles possam, sob controle aduaneiro:

I - estacionar ou transitar veículos procedentes do exterior ou a ele destinados;

II - ser efetuadas operações de carga, descarga, armazenagem ou passagem de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas; e

III - embarcar, desembarcar ou transitar viajantes procedentes do exterior ou a ele destinados.

Art. 6º O alfandegamento de portos, aeroportos ou pontos de fronteira será precedido da respectiva habilitação ao tráfego internacional pelas autoridades competentes em matéria de transporte.

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Parágrafo único. Ao iniciar o processo de habilitação de que trata o caput, a autoridade competente notificará a Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Art. 7º O ato que declarar o alfandegamento estabelecerá as operações aduaneiras autorizadas e os termos, limites e condições para sua execução.

Art. 8º Somente nos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados poderá efetuar-se a entrada ou a saída de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas (Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 34, incisos II e III).

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica à importação e à exportação de mercadorias conduzidas por linhas de transmissão ou por dutos, ligados ao exterior, observadas as regras de controle estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013)

I - à importação e à exportação de mercadorias conduzidas por linhas de transmissão ou por dutos, ligados ao exterior, observadas as regras de controle estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil; e (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013)

II - a outros casos estabelecidos em ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013).

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11.1.1. Portos

Os portos podem ser marítimos, fluviais ou lacustres. Vejamos os conceitos principais da Lei nº 12.815/13 (lei dos portos):

Art. 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:

I - porto organizado: bem público construído e aparelhado para atender a necessidades de navegação, de movimentação de passageiros ou de movimentação e armazenagem de mercadorias, e cujo tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdição de autoridade portuária;

II - área do porto organizado: área delimitada por ato do Poder Executivo que compreende as instalações portuárias e a infraestrutura de proteção e de acesso ao porto organizado;

III - instalação portuária: instalação localizada dentro ou fora da área do porto organizado e utilizada em movimentação de passageiros, em movimentação ou armazenagem de mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário;

IV - terminal de uso privado: instalação portuária explorada mediante autorização e localizada fora da área do porto organizado;

V - estação de transbordo de cargas: instalação portuária explorada mediante autorização, localizada fora da área do porto organizado e utilizada exclusivamente para operação de transbordo de mercadorias em embarcações de navegação interior ou cabotagem;

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VI - instalação portuária pública de pequeno porte: instalação portuária explorada mediante autorização, localizada fora do porto organizado e utilizada em movimentação de passageiros ou mercadorias em embarcações de navegação interior;

VII - instalação portuária de turismo: instalação portuária explorada mediante arrendamento ou autorização e utilizada em embarque, desembarque e trânsito de passageiros, tripulantes e bagagens, e de insumos para o provimento e abastecimento de embarcações de turismo;

VIII - (VETADO):

a) (VETADO);

b) (VETADO); e

c) (VETADO);

IX - concessão: cessão onerosa do porto organizado, com vistas à administração e à exploração de sua infraestrutura por prazo determinado;

X - delegação: transferência, mediante convênio, da administração e da exploração do porto organizado para Municípios ou Estados, ou a consórcio público, nos termos da Lei nº 9.277, de 10 de maio de 1996;

XI - arrendamento: cessão onerosa de área e infraestrutura públicas localizadas dentro do porto organizado, para exploração por prazo determinado;

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XII - autorização: outorga de direito à exploração de instalação portuária localizada fora da área do porto organizado e formalizada mediante contrato de adesão; e

XIII - operador portuário: pessoa jurídica pré-qualificada para exercer as atividades de movimentação de passageiros ou movimentação e armazenagem de mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário, dentro da área do porto organizado.

11.1.2. Aeroportos

Os aeroportos tem a mesma função dos portos, diferenciando-se apenas pela via utilizada, pois neste caso, a operação é realizada apenas com aeronaves, que igualmente aos navios, trazem ou levam para o exterior mercadorias ou pessoas. Aeroporto alfandegado é aquele em que foi delimitada sua área pela autoridade competente para que a fiscalização aduaneira possa exercer sua jurisdição. Neste caso, qualquer atividade dentro da área alfandegada fica na dependência de autorização da fiscalização aduaneira.

11.1.3. Pontos de fronteira

Assim como os portos e aeroportos, os pontos de fronteira alfandegados são igualmente considerados como zona primária, onde é autorizada a entrada e saída do país de pessoas, veículos e mercadorias. São situados em cidades de fronteira, onde há o controle da entrada e saída do país naquela região.

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12.Zona Secundária

Ainda complementando o Art. 3º do R.A.:

II - a zona secundária, que compreende a parte restante do território aduaneiro, nela incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo.

É a parte restante do território nacional, nela incluída as águas territoriais e o espaço aéreo correspondente. Excluindo as zonas primárias e pontos de fronteira, todos os demais são considerados zona secundária.

12.1. Dos Portos Secos

Texto transcrito do Regulamento Aduaneiro:

Art. 11. Portos secos são recintos alfandegados de uso público nos quais são executadas operações de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias e de bagagem, sob controle aduaneiro.

§ 1o Os portos secos não poderão ser instalados na zona primária de portos e aeroportos alfandegados.

§ 2o Os portos secos poderão ser autorizados a operar com carga de importação, de exportação ou ambas, tendo em vista as necessidades e condições locais.

Art. 12. As operações de movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, bem como a prestação de serviços

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conexos, em porto seco, sujeitam-se ao regime de concessão ou de permissão (Lei no 9.074, de 7 de julho de 1995, art. 1o, inciso VI).

Parágrafo único. A execução das operações e a prestação dos serviços referidos no caput serão efetivadas mediante o regime de permissão, salvo quando os serviços devam ser prestados em porto seco instalado em imóvel pertencente à União, caso em que será adotado o regime de concessão precedida da execução de obra pública.

Porto seco (CLIA ou EADI) são instalações e armazéns alfandegados de uso público, em zona secundária, autorizado a realizar sob controle aduaneiro, as operações de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias importadas ou destinadas a exportação e de bagagem desacompanhada.

As diferentes denominações (Porto Seco ou CLIA) se dão por conta do modelo jurídico de cada modelo, onde no Porto Seco a autorização para a exploração das atividades concernentes se dá por Licitação Pública e no CLIA por Licença, onde qualquer empresa que atenda aos requisitos de segurança e de controle exigidos na MP 612/13 podia requerer a transformação de um local em área aduaneira.

Com a expiração da medida provisória acima citada, o CLIA deixou de existir legalmente, mas é válido para os CLIAs autorizados dentro do prazo de vigência da MP e para os que foram concedidos por decisão judicial.

Para todos os efeitos, tendo compreendido que a diferença dos termos se dá apenas por diferenças jurídicas para a concessão, tenha-se em mente que ambos se tratam da mesma coisa, mudando apenas a denominação. Os serviços oferecidos são os mesmos.

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12.2.O Centro Logístico e Industrial Aduaneiro – CLIA

É o antigo EADI (Estação Aduaneira de Interior) são responsáveis por contribuir para a diminuição dos problemas gerados pela distância entre a zona primária e o do estabelecimento das empresas.

Possuem grande importância logística, principalmente quando são estabelecidos nos centros de produção e consumo, diminuindo o período de trânsito da mercadoria, o que influencia diretamente no custo para manter os estoques das empresas. Geralmente as mercadorias são provenientes de zona primária, mas a legislação prevê também a transferência de mercadorias entre portos secos, mesmo que o primeiro trânsito tenha sido realizado obrigatoriamente de zona primária para secundária.

Dentre os serviços previstos para o CLIA (ou Porto Seco), podemos citar:

Na importação:

• Pesagem, cintamento e contagem de mercadorias;

• Movimentação e armazenagem de mercadorias desunitizadas;

• Pesagem de veículos contêineres e volumes;

• Conclusão de trânsito aduaneiro na importação;

• Admissão de mercadorias e bagagem desacompanhada, sob o regime de trânsito aduaneiro;

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• Utilização de regimes aduaneiros especiais;

• Expedição de mercadorias importadas, após o desembaraço aduaneiro.

Na exportação:

• Admissão de mercadorias destinadas a exportação;

• Admissão de contêineres vazios para estufagem;

• Movimentação e armazenagem de mercadorias;

• Pesagem de veículos, contêineres e volumes;

• Início de trânsito aduaneiro para exportação

Na armazenagem:

• Armazenagem de contêineres de importação/exportação;

• Armazenagem de carga seca;

• Armazenagem de carga refrigerada/resfriada;

• Armazenagem de cargas perigosas (IMO);

• Fornecimento de energia elétrica e monitoramento de contêineres REEFER;

• Serviços de fumicação;

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• Controle de cargas e contêineres por sistema informatizado.

Estes são alguns dos serviços prestados pelos CLIA’s, variando de cada estabelecimento. Desta forma, podemos verificar que os portos secos representam vários benefícios para às empresas importadoras e exportadoras, ficando a cargo dos gestores dessas empresas decidirem sobre a utilização dos CLIAS de acordo com a conveniência da empresa.

13. Orgãos Intervenientes

Os órgãos governamentais intervenientes classificam-se como:

a) Gestores: responsáveis pela administração, manutenção e aprimoramento do Sistema dentro de suas respectivas áreas de competência. São eles:

-Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB, responsável pelas áreas aduaneira e tributária;

-Secretaria de Comércio Exterior - SECEX, responsável pela área administrativa; e

-Banco Central do Brasil - BACEN, responsável pelas áreas financeira e cambial.

b) Anuentes: responsáveis pela autorização do processo de importação/exportação na etapa administrativa/comercial, de determinados bens, como por exemplo: Ministério da Agricultura,

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Pecuária e Abastecimento (MAPA), ANVISA (Ministério da Saúde), DECEX (Departamento de Comércio Exterior)IBAMA, entre outros.

14. Habilitação para atuar no Siscomex

A habilitação no Siscomex é condição imprescindível para que a empresa importadora possa realizar o despacho aduaneiro, salvo exceções previstas na legislação.

Os requisitos e condições para a habilitação da pessoa física responsável por pessoa jurídica importadora para a prática de atos no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), bem como o credenciamento dos respectivos representantes para a prática de atividades relacionadas com o despacho aduaneiro, estão disciplinadas na Instrução Normativa RFB n° 1.603/2015. A referida habilitação poderá ser requerida pelo interessado para uma das seguintes modalidades (Art. 2º da referida IN):

I - pessoa jurídica, nas seguintes submodalidades:

a) expressa, no caso de:

1. pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade anônima de capital aberto, com ações negociadas em bolsa de valores ou no mercado de balcão, bem como suas subsidiárias integrais;

2. pessoa jurídica certificada como Operador Econômico Autorizado;

3. empresa pública ou sociedade de economia mista;

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4. órgãos da administração pública direta, autarquia e fundação pública, órgão público autônomo, organismo internacional e outras instituições extraterritoriais;

5. pessoa jurídica que pretenda realizar operações de exportação, sem limite de valores, e de importação, cujo somatório dos valores, em cada período consecutivo de 6 (seis) meses, seja inferior ou igual a US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares dos Estados Unidos da América); e

6. pessoa habilitada para fruir dos benefícios fiscais concedidos para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016 e dos Jogos Paralímpicos de 2016, previstos na Lei nº 12.780, de 9 de janeiro de 2013, inclusive a contratada para representar os entes referidos no § 2º do art. 4º da referida Lei.

b) limitada, no caso de pessoa jurídica cuja capacidade financeira comporte realizar operações de importação cuja soma dos valores, em cada período consecutivo de 6 (seis) meses, seja superior a US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares dos Estados Unidos da América) e igual ou inferior a US$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil dólares dos Estados Unidos da América); ou

c) ilimitada, no caso de pessoa jurídica com capacidade financeira que permita realizar operações de importação cuja soma dos valores seja superior a US$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil dólares dos Estados Unidos da América);

II - pessoa física, no caso de habilitação:

a) do próprio interessado, inclusive quando qualificado como produtor rural, artesão, artista ou assemelhado; ou

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b) de contratada para representar os entes envolvidos na organização e realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, relacionados no § 2º do art. 4º da Lei nº 12.780, de 2013.

§ 1º A estimativa da capacidade financeira para o enquadramento das pessoas jurídicas a serem habilitadas será apurada mediante sistemática de cálculo definida em ato normativo expedido pela Coordenação-Geral de Administração Aduaneira (Coana).

§ 2º A pessoa física habilitada no Siscomex poderá realizar tão somente:

I - operações de comércio exterior para a realização de suas atividades profissionais, inclusive na condição de produtor rural, artesão, artista ou assemelhado;

II - importações para seu uso e consumo próprio;

III - importações para suas coleções pessoais; e

IV - importações para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, com fundamento nos arts. 4º e 5º da Lei nº 12.780, de 2013.

14.1. Da representação (credenciamento) no Siscomex

Art. 11. Poderá ser credenciado a operar o Siscomex como representante de pessoa física ou jurídica, no exercício das atividades relacionadas com o despacho aduaneiro:

I - despachante aduaneiro;

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II - dirigente ou empregado da pessoa jurídica representada;

III - funcionário ou servidor especificamente designado, nos casos de órgão da administração pública direta, autarquia e fundação pública, órgão público autônomo, organismo internacional e outras instituições extraterritoriais; e

IV - o próprio interessado, nos casos de operações efetuadas por pessoas físicas.

Este credenciamento significa basicamente, a obtenção do perfil ao ambiente de produção do Siscomex, ou seja: o acesso para elaboração e registro de Declaração de Importação, Licença de Importação, Declaração Simplificada de Importação, etc.

14.2. Da representação no despacho aduaneiro

Base legal: Regulamento Aduaneiro

Art. 809. Poderá representar o importador, o exportador ou outro interessado, no exercício das atividades referidas no art. 808, bem assim em outras operações de comércio exterior (Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, art. 5º, caput e § 1º):

I - o dirigente ou empregado com vínculo empregatício exclusivo com o interessado, munido de mandato que lhe outorgue plenos poderes para o mister, sem cláusulas excludentes da responsabilidade do outorgante mediante ato ou omissão do outorgado, no caso de operações efetuadas por pessoas jurídicas de direito privado;

II - o funcionário ou servidor, especialmente designado, no caso de operações efetuadas por órgão da administração pública direta ou autárquica, federal, estadual ou municipal, missão diplomática ou

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repartição consular de país estrangeiro ou representação de órgãos internacionais;

II-A - o empresário, o sócio da sociedade empresária ou pessoa física nomeada pelo habilitado, nos casos de importações ao amparo do regime de que trata o art. 102-A (Lei no 11.898, de 2009, art. 7o, § 2o); (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010).

III - o próprio interessado, no caso de operações efetuadas por pessoas físicas; (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013)

III-A - o mandatário de pessoa física residente no País, nos casos de remessa postal internacional, ou bens de viajante; e (Incluído pelo Decreto nº 8.010, de 2013)

IV - o despachante aduaneiro, em qualquer caso. Desta forma, a legislação aduaneira prevê apenas que certas

pessoas físicas, com características legais específicas, podem ser representantes legais do importador para realizar as práticas acima mencionadas. A diferença entre o despachante aduaneiro e os demais representantes reside no fato de que estes últimos só podem realizar as operações das empresas ou órgãos públicos a que estão vinculados formalmente por força de contrato de trabalho ou designação de função e o despachante pode realizar as operações para qualquer empresa ou órgão público.

Exemplificando: um funcionário de uma empresa "X" não pode representar a empresa "Y", já o despachante aduaneiro, sim (Inciso V - o despachante aduaneiro, em qualquer caso).

15. O que é o Siscomex?

O Siscomex – Sistema Integrado de Comércio Exterior - foi instituído pelo Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992, tendo sido implantado primeiramente o módulo Exportação em 1993, desenvolvido pelo Banco Central do Brasil. O módulo importação foi desenvolvido pelo Serpro e lançado em 1997, inovando em sua

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concepção, por tratar-se de um sistema informatizado responsável por integrar as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, através de um fluxo único e automatizado de informações. O SISCOMEX permite acompanhar tempestivamente a saída e o ingresso de mercadorias no país, uma vez que os órgãos de governo intervenientes no comércio exterior podem, em diversos níveis de acesso, controlar e interferir no processamento de operações para uma melhor gestão de processos. Por intermédio do próprio Sistema, o exportador (ou o importador) trocam informações com os órgãos responsáveis pela autorização e fiscalização.

Em 2007 e 2008 foram lançados, respectivamente, o Drawback Suspensão Web e o Drawback Verde-Amarelo Web, que estão vinculados ao SISCOMEX Exportação e Importação e cujos dados servem de apoio para a efetivação e baixa do Ato Concessório. Em abril de 2010 entrou em operação o módulo Drawback Integrado Web na forma da nova regulamentação jurídica do Drawback, isto é, aquela que abrange os regimes Verde-Amarelo, Suspensão Comum e o próprio Integrado na sua forma original. Apenas os Atos Concessórios dos regimes de Drawback para Embarcação e fornecimento no Mercado Interno continuam sendo registrados e mantidos no módulo inicial conhecido como Drawback Suspensão.

Em agosto de 2012, o Serpro lançou o sistema na modalidade WEB – Siscomex Importação Web, o qual permite o acesso ao sistema de qualquer localidade usando a plataforma WEB por meio de certificação digital, sem a necessidade de instalação de aplicativos em cada computador e nem de uma conexão dedicada. O sistema na plataforma WEB, portanto, estava disponibilizado para teste e para adaptação dos usuários desde 2012 até a implantação total do

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sistema e substituição ao sistema em VB. Houve duas tentativas para a implementação definitiva do sistema. Conforme Notícia Siscomex 003/2015 o aplicativo desktop (VB) seria desativado em 31/03/2015 e substituído integralmente pelo sistema Web. Entretanto esta primeira tentativa falhou e teve que ser postergada. O sistema apresentou inicialmente problemas como inconsistências para acessar suas funcionalidades, lentidão e erros devidos ao grande número de acessos. Desta forma, conforme Notícia Siscomex 27/2015 a COANA revogou a Notícia 003/2015 com o argumento de problemas de ordem técnica e postergou a implementação definitiva do sistema WEB para 05/05/2015. Efetivamente a desativação do sistema VB e sua substituição pela plataforma WEB foi definitivamente realizada em 05/05/2015.

O Siscomex Importação Web é o sistema eletrônico que realiza de forma automatizada todas as operações necessárias para a formalização da importação de mercadorias para o Brasil, que são: Licenciamento de Importação, Declaração de Importação e Despacho de Importação, tudo isso por meio um fluxo único de informações interligadas.

15.1. Principais usuários do Siscomex

Os módulos do Siscomex tem como principais usuários:

• Aduana: AFRFB, ATRFB e outros servidores aduaneiros;

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• Secex, Bacen e anuentes: atuam no controle administrativo e cambial;

• Importador e seus representantes;

• Depositário: responsável pelo Recinto Alfandegado (RA), fiel depositário das cargas sob controle aduaneiro;

• Transportador: transportador de cargas do percurso internacional e/ou transportador de trânsito aduaneiro.

15.2. Requisitos básicos

Para utilização do sistema como usuário-importador, primeiramente são necessários algumas considerações:

- A empresa importadora ou pessoa física importadora deve estar devidamente habilitada a operar no Sistema Integrado de Comércio Exterior, nos termos da IN RFB nº 1.603/2015 e nomear o seu Responsável Legal;

- Os representantes que irão atuar em nome do importador (despachante aduaneiro, dirigente ou empregado) deverão estar devidamente cadastrados como representantes legais do importador pelo responsável legal da pessoa jurídica, mediante certificação digital, tipo E-CPF (obtido previamente ao acesso ao sistema por uma autoridade certificadora credenciada) por meio do site da Receita Federal do Brasil, ao selecionar a opção “Cadastro de Representante Legal”.

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- O representante legal, pessoa física, que irá submeter a Declaração de Importação para registro deverá estar com seu CPF devidamente vinculado à conta corrente a qual serão debitados os tributos federais devidos, sem a qual a efetivação do registro não será possível. Além dessa vinculação, o representante deve obter a senha para utilização do sistema mediante solicitação a RFB de sua jurisdição.

Com todos os cadastros realizados, basta o importador ou seu representante acessar o Siscomex Importação Web, via certificado digital.

15.3. Certificado Digital

O Certificado Digital é um Documento Eletrônico que contém dados sobre a pessoa ou empresa que o utiliza para comprovação mútua de autenticidade. Funciona como uma carteira de identidade eletrônica, permitindo que uma transação realizada via Internet torne-se perfeitamente segura, já que as partes envolvidas deverão apresentar mutuamente suas credenciais, comprovando as suas identidades.

A autenticação é necessária para identificar com segurança as partes, dar proteção contra a adulteração do conteúdo dos acessos aos sistemas e documentos e proporcionar, com isso, força de prova aceitável juridicamente. Para tanto, esse método deve proporcionar segurança, por meio da combinação dos seguintes fatores (João Paulo Vinha Bittar, texto sutilmente adaptado para o assunto aqui tratado):

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1)Autenticidade: certeza jurídica sobre o criador do documento, conseguida em parte por meio da entidade certificadora, em parte pela segurança dos algoritmos de criptografia;

2)Integridade: impedir a adulteração da mensagem digitalmente assinada, conseguida pela proteção que a assinatura digital dá à mensagem;

3)Confidencialidade: somente os destinatários da mensagem (partes e entidade certificadora) e autorizados por estes podem lê-la (para impedir que o conteúdo de acesso, documento ou contrato seja interceptado durante o processo de certificação eletrônica, que envolve a comunicação do documento à entidade certificadora);

4)Não repudio: uma vez assinado o documento e enviado para a outra parte, não pode haver dúvidas quanto sua à criação pelo remetente*, conseguida pela força do algoritmo de criptografia mais a proteção da chave privada;

5)Tempestividade: a entidade certificadora pode se tornar responsável por atestar a data e a hora nas quais o documento eletrônico foi assinado, de forma a possibilitar a averiguação da tempestividade da mensagem ou documento eletrônicos, ao mesmo tempo em que resolve o problema da testemunha eletrônica.

O acesso aos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil, quando feito corretamente, isto é, sem o compartilhamento dos dados privados com terceiros e mediante o uso de uma senha, garante que tal acesso somente poderia ter sido realizado “com informações privadas do signatário”. Portanto, é possível “provar para um terceiro (juiz em um tribunal) que só o proprietário da

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chave privada poderia ter gerado o acesso, o documento ou assinado um dossiê digital no Vicomex por exemplo, alcançando assim as finalidades da assinatura formal.

15.4. Passo a passo para o cadastro de representante legal

Para o cadastramento de representante legal, o Responsável Legal pela pessoa jurídica deverá acessar o site da RFB, com o seu certificado digital pessoa física (e-CPF), seguindo o fluxo: Serviços para empresa>Aduana>Siscomex>Acesso aos sistemas Web>Cadastro de representante legal.

OBS: o caminho acima indicado pode mudar sem aviso prévio por conveniência exclusiva da RFB. O importante é ter em mente que o cadastramento é realizado na opção “CADASTRO DE REPRESENTANTE LEGAL”.

Ao selecionar esta opção irá aparecer a tela para o acesso mediante certificação digital. Para o acesso, o certificado deverá estar instalado no PC onde será realizada a inclusão. Clique no ícone “Certificado Digital” e será solicitada a senha PIN do certificado. Informada a senha PIN, a tela inicial será apresentada.

O Responsável Legal deverá informar o CNPJ o qual serão cadastrados os representantes. Informado o CNPJ, deverá selecionar uma das opções: Consultar, Incluir, Alterar, Excluir. Para incluir uma representante basta clicar na opção “incluir” e informar o CPF do representante. A data de validade é a qual o importador julgar necessário a representação, e que comumente acompanha a data de

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validade da procuração. O tipo de representação é para a vinculação do representante no módulo importação, exportação ou ambos.

A identificação deve seguir o seguinte critério: Representante: para despachante aduaneiro e empregado da empresa; Preposto/Dirigente: para o diretor ou administrador da empresa. Após as informações serem preenchidas, basta clicar na seta com a indicação pra “baixo” e clicar no botão “enviar” para a efetivação da inclusão.

Após esse procedimento, o Responsável deverá ir clicar em “voltar” para voltar a tela inicial e depois de ter informado novamente o CNPJ da empresa, deve selecionar a opção “Consultar”. Lá aparecerá a lista em ordem alfabética dos representantes cadastrados. É a chamada “tela do radar”. Essa tela de consulta deve ser salva em PDF e enviada para o representante legal quando for solicitada pela autoridade aduaneira.

16. Classificação fiscal de mercadorias

Neste curso abordaremos apenas o conceito básico sobre a classificação fiscal de mercadorias, ficando este tema para objeto de estudo específico e mais aprofundado por parte dos alunos.

Ressalto que a atividade de classificar produtos exige estudo e cautela por parte do classificador, que deve levar em conta as normas jurídicas do Sistema Harmonizado, aspectos merceológicos e técnicos em relação às mercadorias.

O mais importante de tudo é termos o entendimento que a classificação fiscal é o procedimento que mais merece atenção de todo o contexto operacional exigido para que uma importação seja

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bem sucedida. A classificação fiscal determina se o produto é objeto de tratamento administrativo específico como necessidade de obtenção de licença de importação (LI) seja prévia ao embarque ou não, bem como define as alíquotas dos tributos incidentes na importação.

Dentre os resultados obtidos da classificação de mercadorias, podemos destacar:

• Apuração das alíquotas de Imposto de Importação e IPI e demais tributos aduaneiros;

• Base para o estabelecimento de direitos de defesa comercial (antidumping, direitos compensatórios e medidas de salvaguarda);

• No âmbito do ICMS é utilizada para indicar os produtos que estão sujeitos a alíquotas diferenciadas, isenções e reduções da base de cálculo;

• Informação da NVE-Nomenclatura de Valor Aduaneiro e Estatística-identificação da mercadoria submetida a despacho de importação, para valoração aduaneira e dados estatísticos de comércio exterior;

• Identificação de mercadorias de forma geral - para efeitos de regimes aduaneiros especiais, tratamentos administrativos, obtenção de Licença de Importação etc;

• Solicitação de concessão de benefício de “EX”-tarifário.

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16.1. Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (SH)

O Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH), é um método internacional de classificação de mercadorias, baseado em uma estrutura de códigos e respectivas descrições. Foi criado em 1988.

Este Sistema foi criado para promover o desenvolvimento do comércio internacional, assim como aprimorar a coleta, a comparação e a análise das estatísticas, particularmente as do comércio exterior. Além disso, o SH facilita as negociações comerciais internacionais, a elaboração das tarifas de fretes e das estatísticas relativas aos diferentes meios de transporte de mercadorias e de outras informações utilizadas pelos diversos intervenientes no comércio internacional.

A composição dos códigos do SH, formado por seis dígitos, permite que sejam atendidas as especificidades dos produtos, tais como origem, matéria constitutiva e aplicação, em um ordenamento numérico lógico, crescente e de acordo com o nível de sofisticação das mercadorias.

O Sistema Harmonizado (SH) abrange:

• Nomenclatura – Compreende 21 seções, composta por 96 capítulos, além das Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição. Os capítulos, por sua vez, são divididos em posições e subposições, atribuindo-se códigos numéricos a cada um dos desdobramentos citados. Enquanto o Capítulo

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77 foi reservado para uma eventual utilização futura no SH, os Capítulos 98 e 99 foram reservados para usos especiais pelas Partes Contratantes. O Brasil, por exemplo, utiliza o Capítulo 99 para registrar operações especiais na exportação;

• Regras Gerais para a Interpretação do Sistema Harmonizado – Estabelecem as regras gerais de classificação das mercadorias na Nomenclatura;

• Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH) – Fornecem esclarecimentos e interpretam o Sistema Harmonizado, estabelecendo, detalhadamente, o alcance e conteúdo da Nomenclatura.

16.2.Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM)

A NCM foi criada a partir da necessidade de uma nomenclatura unificada para ser utilizada entre os quatro Estados-Partes para satisfazer os interesses e necessidades destes.

NCM/SH é a base da TEC- Tarifa Externa Comum e da TIPI (Tabela do IPI). Foi implantada no Brasil pelo Decreto 1.343/94 e a legislação que efetuou alterações no Brasil pode ser verificada no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Segundo as diretrizes estabelecidas, desde 1992, a TEC deve incentivar a competitividade dos Estados Partes e seus níveis tarifários devem contribuir para evitar a formação de oligopólios ou de reservas de mercado. Também foi acordado que a TEC deveria atender aos seguintes critérios: a) ter pequeno número de alíquotas;

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b) baixa dispersão; c) maior homogeneidade possível das taxas de promoção efetiva (exportações) e de proteção efetiva (importação); d) que o nível de agregação para o qual seriam definidas as alíquotas era de seis dígitos.

A aprovação da TEC também incluiu alguns mecanismos de ajuste das tarifas nacionais, através de Listas de Exceções, com prazos definidos para convergência aos níveis da TEC.

A partir de 01/01/2012, entrou em vigor no Brasil a nova versão da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) adaptada à V Emenda do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, aprovada pelo Conselho de Cooperação Aduaneira (SH-2012).

A adaptação à V Emenda do Sistema Harmonizado, assim como a correspondente Tarifa Externa Comum (TEC), foi aprovada pelo Grupo Mercado Comum, por sua Resolução 05/11, e publicada no Brasil pela Resolução CAMEX 94, de 08/12/2011. Esta Resolução da CAMEX incorporou também as modificações da NCM e da TEC decididas no âmbito do Mercosul pelas Resoluções GMC 33/10, 13/11, 17/11 e 32/11.

Com base na Decisão CMC 58/10, permanece autorizada a manutenção de lista de exceções à TEC para os quatro Estados Partes, a qual pode ser alterada a cada seis meses, em até 20% dos códigos. Dessa forma, o Brasil poderá aplicar alíquotas de importação distintas da TEC para 100 códigos tarifários até 31/12/2015. Segundo O contido nas Decisões CMC 39/05, 13/06, 27/06, 61/07, 58/08 e 57/10, também está permitida a adoção, pelo

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Brasil, até 31/12/2015, de alíquotas diferenciadas para Bens de Informática e Telecomunicações (BIT).

Observação: notem que a TEC sofre variações pontuais ao longo de cada ano, assim, informamos que pode ter havido alguma modificação nas tarifas que não esteja adequadamente refletida nas informações acima, devendo ser considerada sempre a legislação mais atual sobre a matéria.

16.2.1. Estrutura e Composição da NCM

II. Estrutura e Composição da Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) O Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai adotam, desde janeiro de 1995, a Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), que tem por base o Sistema Harmonizado. Assim, dos oito dígitos que compõem a NCM, os seis primeiros são formados pelo Sistema Harmonizado, enquanto o sétimo e oitavo dígitos correspondem a desdobramentos específicos atribuídos no âmbito do MERCOSUL.

A sistemática de classificação dos códigos na Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) obedece à seguinte estrutura:

00 00 00 0 0

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Exemplo: Código NCM: 0104.10.11

Animais reprodutores de raça pura, da espécie ovina, prenhe ou com cria ao pé.

Este código é resultado dos seguintes desdobramentos:

Seção I

ANIMAIS VIVOS E PRODUTOS DO

REINO ANIMAL

Capítulo 01 Animais vivos

Posição 0104

Animais vivos das espécies ovina e

caprina

Subposição 0104.10 Ovinos

Item 0104.10.1 Reprodutores de raça pura

Subitem 0104.10.11 Prenhe ou com cria ao pé

16.2.2.Dúvidas sobre classificação fiscal de mercadorias

A solução de consultas sobre classificação fiscal de mercadorias é de competência da Receita Federal do Brasil (RFB).

16.2.3.Regras de Interpretação

A classificação das mercadorias na Nomenclatura rege-se pelas seguintes regras:

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1. Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm

apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes:

2.

a. Qualquer referência a um artigo em determinada posição abrange esse artigo mesmo incompleto ou inacabado, desde que apresente, no estado em que se encontra, as características essenciais do artigo completo ou acabado. Abrange igualmente o artigo completo ou acabado, ou como tal considerado nos termos das disposições precedentes, mesmo que se apresente desmontado ou por montar.

Qualquer referência a uma matéria em determinada posição diz respeito a essa matéria, quer em estado puro, quer misturada ou associada a outras matérias. Da mesma forma, qualquer referência a obras de uma matéria determinada abrange as obras constituídas inteira ou parcialmente por essa matéria. A classificação destes produtos misturados ou artigos compostos efetua-se conforme os princípios enunciados na Regra 3.

3. Quando pareça que a mercadoria pode classificar-se em duas ou mais posições por aplicação da Regra 2 b) ou por qualquer outra razão, a classificação deve efetuar-se da forma seguinte:

a. A posição mais específica prevalece sobre as mais genéricas. Todavia, quando duas ou mai s posições se

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refiram, cada uma delas, a apenas uma parte das matérias constitutivas de um produto misturado ou de um artigo composto, ou a apenas um dos componentes de sortidos acondicionados para venda a retalho, tais posições devem considerar-se, em relação a esses produtos ou artigos, como igualmente específicas, ainda que uma delas apresente uma descrição mais precisa ou completa da mercadoria.

b. Os produtos misturados, as obras compostas de matérias diferentes ou constituídas pela reunião de artigos diferentes e as mercadorias apresentadas em sortidos acondicionados para venda a retalho, cuja classificação não se possa efetuar pela aplicação da Regra 3 a), classificam-se pela matéria ou artigo que lhes confira a característica essencial, quando for possível realizar esta determinação.

c. Nos casos em que as Regras 3 a) e 3 b) não permitam efetuar a classificação, a mercadoria classifica-se na posição situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração.

4. As mercadorias que não possam ser classificadas por aplicação das Regras acima enunciadas classificam-se na posição correspondente aos artigos mais semelhantes.

5. Além das disposições precedentes, as mercadorias abaixo mencionadas estão sujeitas às Regras seguintes:

a. Os estojos para aparelhos fotográficos, para instrumentos musicais, para armas, para instrumentos de desenho, para jóias e receptáculos semelhantes, especialmente fabricados para conterem um artigo determinado ou um sortido, e suscetíveis de um uso

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prolongado, quando apresentados com os artigos a que se destinam, classificam-se com estes últimos, desde que sejam do tipo normalmente vendido com tais artigos. Esta Regra, todavia, não diz respeito aos receptáculos que confiram ao conjunto a sua característica essencial. b. Sem prejuízo do disposto na Regra 5 a), as embalagens contendo mercadorias classificam-se com estas últimas quando sejam do tipo normalmente utilizado para o seu acondicionamento. Todavia, esta disposição não é obrigatória quando as embalagens sejam claramente suscetíveis de utilização repetida.

6. A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Subposição respectivas, assim como, mutatis mutandis, pelas Regras precedentes, entendendo-se que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Para os fins da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário.

16.2.4.Regra Geral Complementar (RGC)

1. (RGC-1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendo-se que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível.

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2. (RGC-2) As embalagens contendo mercadorias e que sejam claramente suscetíveis de utilização repetida, mencionadas na Regra 5 b), seguirão seu próprio regime de classificação sempre que estejam submetidas aos regimes aduaneiros especiais de admissão temporária ou de exportação temporária. Caso contrário, seguirão o regime de classificação das mercadorias.

16.2.5. Notas Explicativas do SH – Sistema Harmonizado

As Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Codificação e Classificação de Mercadorias(NESH) compreendem as Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição. Trata-se de material extenso e pormenorizado, que estabelece, detalhadamente, o alcance e conteúdo da Nomenclatura abrangida pelo Sistema Harmonizado, divulgado por Instruções Normativas da Receita Federal do Brasil.

16.2.6. Observação final sobre o assunto

Mais uma vez, reforço que o assunto abordado não é extenso e se propõe apenas para o conhecimento básico sobre a matéria. A quem se interessar em realizar classificações fiscais de mercadorias, é imprescindível que estudem material complementar e cursos específicos. O exercício desta atividade exige muito conhecimento técnico e responsabilidade, afinal de contas, erros de classificação fiscal sujeitam ao importador multas que dependendo da situação e valor da operação, pode tornar a liberação das mercadorias com um custo desnecessário e elevado.

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17. Licenciamento de Importação (LI)

Conforme estabelecido no parágrafo terceiro do Art. 550 do Regulamento Aduaneiro, compete ao Ministro de Estado da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, determinar, de forma conjunta, as informações de natureza comercial, financeira, cambial e fiscal que devem ser prestadas para fins de licenciamento de importação. A legislação atual que rege a matéria se encontra nos Artigos 12 ao 64 da Portaria Secex n° 23/2011.

O sistema administrativo das importações brasileiras compreende as seguintes modalidades (Portaria Secex nº 23/2011):

• Importações dispensadas de Licenciamento;

• Importações sujeitas a Licenciamento Automático; e

• Importações sujeitas a Licenciamento não Automático.

Como regra geral, as importações estão dispensadas de licenciamento, devendo os importadores apenas efetuar o registro da DI no Siscomex para dar início aos procedimentos do despacho aduaneiro junto à unidade da RFB (art. 13 da Portaria Secex nº 23/2011). Entretanto, em alguns casos, a importação de mercadoria pode estar sujeita, de acordo com a legislação específica, ao licenciamento, que pode ocorrer de forma automática ou não automática (art. 550 do Regulamento Aduaneiro e Portaria Secex nº 23/2011).

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O pedido de licença de importação deverá ser registrado no Siscomex pelo importador ou seu representante legal, ou ainda, por agentes credenciados pelo Decex, da Secex, e pela RFB (operação Licenciamento) (art. 18 da Portaria Secex nº 23/2011).

A manifestação dos órgãos anuentes ocorre por meio do Siscomex (art. 550, § 1º, do Regulamento Aduaneiro).

Todas as verificações de cumprimento de formalidades legais ou regulamentares exigidas na importação serão sempre efetuadas pelos respectivos órgãos anuentes na fase de licenciamento, que é anterior ao início do despacho aduaneiro.

No caso de despacho de importação realizado sem registro de declaração no Siscomex, a manifestação dos órgãos anuentes ocorrerá em campo específico da declaração ou em documento próprio (art. 550, § 2º, do Regulamento Aduaneiro).

17.1. Órgãos anuentes

A verificação do cumprimento das condições e exigências específicas para mercadorias sujeitas a controle especial (art. 572 do Regulamento Aduaneiro), inclusive daquelas que exijam inspeção da mercadoria, conforme estabelecido pelos órgãos competentes e agências da administração pública federal, será realizada exclusivamente na fase do licenciamento da importação. Essa inspeção, a critério do chefe do setor responsável pelo despacho aduaneiro, poderá ser efetuada sob acompanhamento fiscal (art. 6º da IN SRF nº 680/2006).

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O chefe da unidade da RFB responsável pelo despacho aduaneiro regulamentará o credenciamento para acesso ao recinto ou local de depósito da mercadoria importada, dos servidores dos órgãos e agências responsáveis pela inspeção. Nos recintos sob responsabilidade de depositário, a expedição de credencial de acesso deverá ser executada por esse (art. 7º da IN SRF nº 680/2006).

A retirada de amostra para realização de inspeção deverá ser averbada em termo próprio, com as assinaturas do importador ou de seu representante, do servidor responsável pela inspeção e do depositário e, havendo acompanhamento fiscal, do representante da RFB. O termo de retirada de amostra será mantido em poder do depositário para apresentação à RFB quando solicitada. As mercadorias retiradas a título de amostra devem ser incluídas na DI (art. 8º da IN SRF nº 680/2006).

Os relatórios ou termos de verificação de mercadoria lavrados por servidores dos órgãos e agências da administração pública federal (órgãos anuentes) poderão servir como elemento comprobatório da identificação e quantificação das mercadorias inspecionadas, para os fins da fiscalização aduaneira (art. 9º da IN SRF nº 680/2006).

Para ter acesso à relação completa de Órgãos Anuentes, consulte o sítio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior na Internet.

Para saber se determinada mercadoria está sujeita a algum tipo de licenciamento, acesse Tratamento Administrativo - Consultas Web.

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17.2. Tratamento Administrativo

O importador deverá consultar o Tratamento Administrativo do Siscomex para se informar sobre os produtos sujeitos a Licenciamento Automático e Não Automático (art. 13 da Portaria Secex nº 23/2011). É importante enfatizar que a ausência de alerta do Siscomex no momento da elaboração da Declaração de Importação não prevalece sobre o Tratamento Administrativo.

Quando uma operação estiver sujeita a licenciamento, automático ou não automático, e o produto estiver dispensado de licenciamento, prevalece a necessidade de obtenção do licenciamento (§ 2º, art. 13 da Portaria Secex nº 23/2011).

Em alguns casos, quando um produto estiver sujeito a licenciamento, automático ou não automático, ainda que a operação esteja dispensada de licenciamento, prevalecerá a necessidade de obtenção do licenciamento (§ 2º, art. 13 da Portaria Secex nº 23/2011).

Portanto, não haverá dispensa do licenciamento quando o produto estiver relacionado no Tratamento Administrativo do Siscomex, mesmo nos casos específicos de operações dispensadas de licenciamento, como as importações sob os regimes de entrepostos aduaneiro e industrial, de admissão temporária, ou com redução da alíquota do imposto de importação decorrente da aplicação de "ex-tarifário", entre outros.

Exemplificando: um equipamento de exames laboratoriais cujo código NCM esteja relacionado no Tratamento Administrativo

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do Siscomex para manifestação da Anvisa, mesmo quando importado em Admissão Temporária para uma feira de produtos hospitalares, estará sujeito a licenciamento.

Entretanto, nos regimes de loja franca, depósito afiançado, depósito franco e depósito especial prevalecerá a dispensa de licenciamento (§ 2º, art. 13 da Portaria Secex nº 23/2011).

Caso o produto relacionado no Tratamento Administrativo do Siscomex possua destaque na NCM (ou seja, um produto sujeito a licenciamento para aquela situação descrita no destaque), e a mercadoria a ser importada não se referir à situação descrita no destaque, o importador deverá apor o código 999, ficando a mercadoria dispensada da anuência (§ 2º do art. 14 da Portaria Secex nº 23/2011).

17.3.Pedido de Licenciamento

Quando a importação estiver sujeita a licenciamento, o importador deverá prestar, no Siscomex, as informações constantes no anexo II da Portaria Interministerial MF/MICT nº 291/1996, previamente ao embarque da mercadoria no exterior ou antes do registro da declaração, conforme o caso.

O licenciamento automático, do produto ou operação, poderá ser efetuado após o embarque da mercadoria no exterior, mas anteriormente ao despacho aduaneiro de importação.

O licenciamento não automático, do produto ou operação, em regra, deve ser providenciado anteriormente ao embarque da mercadoria no exterior.

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O licenciamento não automático, nas situações abaixo indicadas, pode ser efetivado após o embarque da mercadoria no exterior, mas anteriormente ao despacho aduaneiro (§ 1o do art.17 da Portaria Secex nº 23/2011):

• Importações ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus e das Áreas de Livre Comércio, exceto quando o produto estiver sujeito a Tratamento Administrativo no SISCOMEX que exija o licenciamento não automático;

• Importações sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq);

• Importações de brinquedos;

• Mercadoria ingressada em entreposto aduaneiro ou industrial na importação;

• Importações de mercadorias sujeitas à anuência da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), quando previsto na legislação específica;

• Importações a que se refere o §1º do art.43 da Portaria Secex nº 23/2011.

O licenciamento não automático, amparando a importação de mercadoria sujeita à anuência da ANP, do MAPA e da ANVISA, se

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houver outro órgão anuente para a licença, a anuência deste outro órgão deverá ser efetuada previamente ao embarque da mercadoria no exterior. (§ 2o do art. 17 da Portaria Secex nº 23/2011).

Quando uma mercadoria tiver sido embarcada no exterior previamente à data de início da vigência de tratamento administrativo no SISCOMEX para esta mercadoria, poderá ser admitido o deferimento da licença após o embarque da mercadoria e anteriormente ao despacho aduaneiro, devendo-se comprovar o fato por meio do conhecimento de embarque. (§ 3o do art. 17 da Portaria Secex nº 23/2011).

A exigência de apresentação de conhecimento de embarque poderá ser dispensada na hipótese de a licença de importação ter sido registrada em até 30 (trinta) dias após a data do início da vigência do tratamento administrativo. (§ 4o do art. 17 da Portaria Secex nº 23/2011).

Quando o licenciamento não-automático for concedido em virtude de decisão judicial, o sistema indicará esta circunstância. (art. 29 da Portaria Secex nº 23/2011)

O regime de drawback nas modalidades de suspensão e de isenção é concedido pela Secex, mediante emissão de ato concessório e licenciamento automático anterior ao registro da DI, enquanto a modalidade restituição é de competência da RFB (arts. 383, 393 e 397 do Regulamento Aduaneiro; art. 14 da Portaria Secex nº 23/2011).

Nas importações com benefício da ZFM/ALC, o pedido de licenciamento de importação é efetuado por intermédio da Suframa.

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17.4.Deferimento

A LI é deferida em até (artigos 22 e 23 da Portaria Secex no 23/2011):

• dez dias úteis, contados a partir da data de registro no Siscomex, em se tratando de licenciamento automático, caso os pedidos sejam apresentados de forma adequada e completa; ou

• sessenta 960) dias corridos, em se tratando de licenciamento não-automático, podendo este prazo ser ultrapassado quando impossível o seu cumprimento pelo órgão anuente.

17.5.Validade da LI

Ambos os licenciamentos têm, em geral, validade de 90 (noventa) dias, contados a partir da data do deferimento, para fins de embarque da mercadoria no exterior.

Caso seja necessário, sua prorrogação deve ser solicitada antes de vencido o prazo (art. 24, § 1º, da Portaria Secex nº 23/2011).

As LI não-vinculadas a DI são canceladas automaticamente pelo Siscomex (art. 25 da Portaria Secex nº 23/2011):

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• após 90 (noventa) dias contados a partir da data final de sua validade, quando se tratar de licença deferida com restrição à data de embarque; ou

• após 90 (noventa) dias da data de deferimento, no caso de licença deferida sem restrição à data de embarque.

17.6.Alteração da LI

Pode ser solicitada a alteração da LI até o desembaraço da mercadoria, mediante a substituição (LI substitutiva), no Siscomex, da LI anteriormente deferida (art. 26 da Portaria Secex nº 23/2011).

Porém, não são autorizadas substituições que descaracterizem a operação originalmente licenciada. Esta substituição estará sujeita a novo exame pelos órgãos anuentes, mantendo-se a data de validade da LI original.

17.7.Retificação de LI após o desembaraço aduaneiro

Após o desembaraço aduaneiro, nos casos em que houver vinculação com LI originalmente deferida pelo Decex, ou em conjunto com outros órgãos, e desde que o produto ou a situação envolvida esteja sujeita, no momento da retificação, a licenciamento, será necessária a manifestação do Decex, para fins de retificação da DI, quando envolver alteração dos seguintes campos (art. 28 da Portaria Secex nº 23/2011):

• Código NCM;

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• CNPJ do importador;

• País de origem;

• Fabricante/produtor;

• “Condição da Mercadoria” “Material Usado”;

• Regime tributário;

• Fundamento legal;

• Negociação de “Com Cobertura Cambial” para “Sem Cobertura Cambial”;

• Descrição da mercadoria quanto a suas características essenciais;

• Destaque no tratamento administrativo do SISCOMEX;

• Quantidade na unidade de medida estatística;

• Peso líquido;

• Valor total da mercadoria no local de embarque.

Nos casos em que a DI estiver vinculada a ato concessório de drawback, a empresa deverá solicitar manifestação do DECEX quando houver variação do valor, da quantidade, ou da NCM, apresentando a correspondente alteração no ato concessório, dentro do período de validade, independentemente de haver ou não anuência de algum outro órgão.

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17.8.Exame de similaridade

Observadas as exceções previstas em lei ou no Regulamento Aduaneiro, a isenção ou a redução tributária somente beneficiará mercadoria sem similar nacional (arts. 118, 207, 245, I, 256, § 1º, do Regulamento Aduaneiro), e o exame de similaridade será analisado pelo Departamento de Comércio Exterior - Decex na fase de licenciamento de importação, conforme disposto no artigo 15, inciso II, alínea "d" e art. 32 da Portaria Secex nº 23/2011.

17.9.LI na nacionalização de admissão temporária

Em regra, as importações sob o regime de admissão temporária não acarretam licenciamento de importação, nos termos do art. 13 da Portaria Secex nº 23/2011. Entretanto, na hipótese de o tratamento administrativo do SISCOMEX acarretar licenciamento para as importações sob o referido regime, o tratamento administrativo para o produto ou operação prevalecerá, ou seja, será exigido licenciamento de importação, conforme disposto no § 2º do art. 13 da Portaria Secex nº 23/2011.

18.INCOTERMS

Os chamados Incoterms (International Commercial Terms / Termos Internacionais de Comércio) servem para definir, dentro da estrutura de um contrato de compra e venda internacional, os direitos e obrigações recíprocos do exportador e do importador, estabelecendo um conjunto-padrão de definições e determinando regras e práticas neutras, como por exemplo: onde o exportador

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deve entregar a mercadoria, quem paga o frete, quem é o responsável pela contratação do seguro.

Os Incoterms são propostos pela Câmara de Comercio Internacional - CCI, com o objetivo de facilitar o comércio entre vendedores e compradores de diferentes países.

Enfim, os Incoterms tem esse objetivo, uma vez que se trata de regras internacionais, imparciais, de caráter uniformizador, que constituem toda a base dos negócios internacionais e objetivam promover sua harmonia.

Na realidade, não impõem e sim propõem o entendimento entre vendedor e comprador, quanto às tarefas necessárias para deslocamento da mercadoria do local onde é elaborada até o local de destino final (zona de consumo): embalagem, transportes internos, licenças de exportação e de importação, movimentação em terminais, transporte e seguro internacionais etc.

A primeira edição foi em 1936 e, de tempos em tempos, a CCI publica novas versões, de modo a refletir as mudanças nas práticas de comércio.

A mais recente publicação é de 2010, para vigorar a partir de 1º de janeiro de 2011. Atualmente existem 11 termos, divididos em dois grupos: termos para utilização em operações que serão transportadas pelos modais aquaviários (marítimo, fluvial ou lacustre) e termos para operações transportadas em qualquer modal de transporte, inclusive transporte multimodal.

A publicação anterior, de 2000 apresentava 13 termos. As principais modificações nesta nova versão são:

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- no termo FOB, a "entrega" (de vendedor para o comprador) ocorre no momento em que as mercadorias estiverem a bordo do navio no porto de embarque. Na versão 2000 a "entrega" ocorria no momento em que a mercadoria cruzava a amurada da embarcação.

- as demais modificações foram todas nos termos do grupo D. Se em 2000 ele contava com 05 termos: DAF, DES, DEQ, DDU e DDP, na versão 2010 ele conta com apenas 03 termos: DAT, DAP e DDP.

Foram extintos os termos DAF, DES, DEQ e DDU e foram criados os termos DAT e DAP.

O DAT deve ser utilizado quando a entrega ocorrer em um terminal de cargas no país de destino. E o termo DAP quando a entrega ocorrer em algum local no país de destino, que não seja um terminal de cargas (aquaviário, aéreo, rodoviário, ferroviário).

Em ambos os casos o vendedor entregará a mercadoria antes do desembaraço de importação. O único termo no qual o vendedor se responsabilizará pelo desembaraço na importação é o DDP.

18.1.Lista completa de Termos conforme Resolução Camex n° 21/11

Abaixo segue algumas ilustrações que exemplificam os Incoterms 2010.

Fonte da imagem: http://www.atlantaaduaneira.com.br/incoterms.html

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19.Noções básicas de câmbio e modalidade de pagamento

Quanto ao regime de câmbio, há duas modalidades de importação: com ou sem cobertura cambial.

Cobertura cambial é o pagamento da mercadoria no exterior, mediante contratação de câmbio, ou seja, compra de moeda estrangeira para saldar a dívida.

19.1.Importação sem cobertura cambial

Nesse tipo de operação não há pagamento da mercadoria ao exterior. Ou este é feito com moeda nacional. Portanto, não ocorre a contratação de câmbio. Para os casos em que existe transferência de divisas como quitação de algum ônus não utiliza-se Contrato de Câmbio de Importação e sim de Transferência Financeira. São consideradas importações em cobertura cambial, a saber;

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Sem ônus:

• Investimento estrangeiro; • Doação; • Empréstimo e remessas para testes ou doações.

Com ônus:

• Aluguel; • Empréstimo a título oneroso; • Leasing e importação em moeda nacional.

Existem casos especiais, como as mercadorias transferidas para entrepostos aduaneiros, as Estacões Aduaneiras Interior (Eadis). São consideradas importacões sem cobertura cambial e posteriormente, no ato da nacionalizacão, ou seja, na aquisicão de propriedade da mercadoria, passam a ser operacões com cobertura cambial.

19.2.Importação com cobertura cambial

São todas as operações que envolvem remessa de recursos ao exterior, como forma de pagamento à apropriação de um bem. A legislação atual determina que as transações podem ser à vista ou a prazo.

Para as operações com prazo de pagamento até 360 dias, as indicações podem ser feitas diretamente na Declaração de Importação (DI). No caso de importações financiadas, as remessas de

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juros devem ser pactuadas entre as partes, porém celebradas na mesma moeda do financiamento e com apresentação de aviso de cobrança ou documento que comprove o valor remetido; cópia do CI; aviso de desembolso da entidade credora e comprovante de pagamento de IR ou isenção.

Para mercadorias importadas em caráter definitivo, os juros começam a correr a partir da data de embarque. Para as destinadas à entrepostagem aduaneira, a partir do ato da nacionalização. Somente para casos de financiamentos tomados no exterior, a correção passa a ser feita logo após o desembolso.

Já para as importações com prazos acima de 360 dias é necessário o Registro de Operações Financeiras (ROF) no Banco Central, antes da confecção da DI, assim como as remessas de juros.

Através do próprio Siscomex, o importador envia declaração ao Sistema de Informações Banco Central (Sisbacen), informando os partipantes da operação, as condições financeiras e prazo de pagamento (do principal e juros), além de dados do credor ou documento que conste a as condições da operação.

A partir desse material, as condições podem ser aprovadas automaticamente ou encaminhada para a análise das delegacias regionais do BC. Em operações que envolvam o setor público, a conferência é feita pelo Firce. Caso o BC não se manifeste em cinco dias úteis, a transação pode ser considerada aprovada. O ROF tem validade de 180 dias para que as importações cheguem ao País.

Para efetivação das remessas ao exterior, o importador deve registrar o esquema de pagamento no ROF após o desembaraço

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aduaneiro. Existem, como regra geral, três formas de pagamento, discriminadas abaixo.

19.2.1.Pagamento antecipado

O importador remete o valor da importação ao exterior antes do embarque da mercadoria. É uma operação de risco. O pagamento pode ser feito até 180 dias antes da data prevista para o embarque ou da nacionalização da mercadoria.

Para a liquidação do câmbio o importador apresenta ao banco a fatura pro forma, contrato comercial onde constem os valores da transação, as condições pactuadas para a antecipação e o prazo de entrega da carga. Caso a mercadoria esteja sujeita a aprovação de LI antes do embarque, deve ser apresentado o número dela. Na ocasião do registro da DI, deve ser informado o pagamento antecipado.

A partir da data prevista para embarque ou nacionalização, o importador tem 60 dias para realizar o desembaraço aduaneiro e a vinculação do contrato de câmbio à DI.

RMCCI, TÍTULO 1, CAPÍTULO 12, SEÇÃO 3:

Considera-se pagamento antecipado de importação aquele efetuado com antecipação de até 180 dias à data prevista para:

a) o embarque, nos casos de mercadorias importadas diretamente do exterior em caráter definitivo, inclusive sob o regime de drawback, ou quando destinadas a admissão na Zona

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Franca de Manaus, em Área de Livre Comércio ou em Entreposto Industrial;

b) a nacionalização de mercadorias que tenham sido admitidas sob outros regimes aduaneiros especiais ou atípicos.

2. Exclusivamente para máquinas e equipamentos com longo ciclo de produção ou de fabricação sob encomenda, o prazo de antecipação deve ser compatível com o ciclo de produção ou de comercialização do bem, prevalecidas as condições pactuadas contratualmente, tais como sinal e parcelas intermediárias, observado que o prazo máximo de antecipação diretamente na rede bancária para importações da espécie é de 1.080 dias com relação às datas indicadas nas alíneas "a" e b" do item anterior.

3. Não ocorrendo o embarque ou a nacionalização da mercadoria até a data informada na ocasião da liquidação do contrato de câmbio, deve o importador providenciar, no prazo de até 30 dias, a repatriação dos valores correspondentes aos pagamentos efetuados.

19.2.2.Cobrança

Ao contrário do pagamento antecipado, na cobrança o exportador encaminha a mercadoria e só após o recebimento o importador envia o pagamento. Há três formas de se fazer isso:

a) Remessa sem saque

Nessa modalidade, as transações acontecem diretamente entre exportador e importador, sem intermediários.

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Assim, o exportador despacha a mercadoria, envia os documentos ao importador e este, após receber a carga, efetua o pagamento.

As remessas sem saque para pagamento à vista são enquadradas nas normas vigentes para pagamento em até 360 dias.

O risco fica todo com quem está vendendo. Exatamente por isso, a operação, de maneira geral, é empregada por empresas coligadas. Através dela, o importador recebe a documentação mais rápido e pode agilizar o desembaraço da mercadoria.

b) Cobrança à vista ou cobrança documentária à vista

O exportador embarca a mercadoria e, logo após, encaminha a documentação e a cambial ao banco que realizará a cobrança. O importador faz o pagamento, retira os documentos e só então pode desembaraçar a mercadoria.

RMCCI, TÍTULO 1, CAPÍTULO 12, SEÇÃO 3:

Pagamento à vista é aquele efetuado anteriormente ao desembaraço aduaneiro da mercadoria ou à sua admissão em entreposto industrial, quando relativo a mercadoria importada diretamente do exterior em caráter definitivo, inclusive sob o regime de drawback, ou destinada a admissão na Zona Franca de Manaus, em Área de Livre Comércio ou em Entreposto Industrial, e:

a) à vista dos documentos de embarque da mercadoria remetidos diretamente ao importador ou encaminhados por via

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bancária para cobrança, com instruções de liberação contra pagamento; ou

b) em decorrência da negociação no exterior de cartas de crédito emitidas para pagamento contra apresentação de documento de embarque.

c) Cobrança a prazo ou cobrança documental a prazo

Segue o mesmo procedimento da cobrança à vista. O exportador embarca a carga e entrega ao banco os documentos e o saque. No destino, o importador assina o "aceite do saque" e só então recebe os documentos para fazer o desembaraço. A liquidação cambial é feita na data do vencimento do saque.

Para o pagamento a prazo até o limite de 360 dias, deve se apresentar ao banco a cópia do Comprovante de Importação (CI) emitido pelo Siscomex, tanto para casos de desembaraço aduaneiro quando para nacionalização posterior.

Em ambos os casos, se o pagamento à vista for efetuado através de cobrança bancária deve ser anexado à documentação cópia da fatura comercial, do conhecimento de embarque, do saque e da carta-remessa. Para os casos de carta de crédito, deve-se juntar a cópia de aviso de negociação de crédito no exterior. O número da LI precisa ser informado para os casos de licenciamento não-automático antes do embarque.

Qualquer operação com vencimento em até 360 dias, inclusive parcelas de financiamentos com prazos mais extensos, têm que realizar a contratação de câmbio antecipada, conforme a seguinte regra:para pagamentos com vencimento até

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• o 5º mês após o registro da DI, a contratação deve ser feita antes do registro desta;

• nos demais casos, o procedimento pode ser realizado até o último dia do 6º mês anterior ao vencimento.São exceção a esta regra as importações de petróleo e derivados listados pelo BC, drawback, operações com valor inferior a US$ 10 mil e pagamentos parciais de uma mesma importação desde que a soma dos valores não ultrapasse 10% do total da transação e seja inferior ao US$ 10 mil.

19.2.3.Carta de Crédito (Letter of credit – L/C)

Esta modalidade inclui muitos detalhes, envolve pelo menos quatro bancos, onera a operação, mas é a mais segura para operar no comércio internacional, já que o banco emitente da carta de crédito garante, em nome do importador, o pagamento das divisas ao exportador, deste que sejam respeitados os termos e condições descritos no documento.

Além do importador e exportador, participam ainda da operação o banco emitente (Issuing Bank), o banco avisador (Advising Bank), o banco negociador (Negotiating Bank) e o banco confirmador (Confirming Bank).

A carta de crédito pode compreender pagamento à vista ou a prazo. No primeiro caso, é recomendável que se registre na fatura pro-forma a seguinte cláusula: "carta de crédito à vista, irrevogável e confirmada por banco de primeira linha".

Se aceitar as condições, o importador providencia o envio da carta de crédito ao exportador. Para isso, procura um banco que fará

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a emissão do crédito documentário em favor do exportador, responsabilizando-se pelo pagamento. A L/C passa pelo banco avisador, que dará autenticidade ao documento. A carta de crédito deve ser cuidadosamente analisada e suas cláusulas comparadas com os termos de negociação previamente acertados.

Após o embarque da mercadoria, o exportador procura um banco negociador - no país de origem - que fará a conferência dos documentos originais, confrontando-os com as exigências da L/C. Se tudo estiver de acordo, o pagamento é efetuado.

Todas as particularidades de uma Carta de Crédito estão na Publicação nº 500 da Câmara de Comércio Internacional (CCI), conhecida como Brochura 500, que pode ser encontrada nas instituições bancárias que operam com câmbio. Independentemente de sua origem, a L/C tem informações padronizadas, conforme o roteiro abaixo:

1- Issue Date - verificar data de emissão da L/C;

2 - Issuing Bank - localizar o nome do banco emitente;

3 - Applicant - verificar se a razão social ou endereço do exportador estão corretos;

4-Beneficiary - verificar se a razão social do exportador e endereço estão corretos;

5-Número da L/C - toda carta de crédito tem um número de controle fornecido pelo banco emitente;

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6-Valor - conferir se valor mencionado corresponde ao negociado;

7-Valor/About - verificar se a condição "About" consta ao lado do valor mencionado, pois isto permite ao exportador embarcar e faturar em até 10% a mais ou a menos que o valor mencionado. A condição "About" não é obrigatória, portanto o importador pode colocá-la ou não no texto da L/C;

8-Condição de Venda - conferir se o valor mencionado está de acordo com a condição de venda negociada;

9-Condição de Pagamento - verificar se corresponde a negociada;

10-Porto de Embarque - verificar se existe a cláusula "any brazilian port" (qualquer porto brasileiro), pois facilita e flexibiliza a operacionalização do embarque;

11-Porto de Destino - verificar se o porto de destino das mercadorias está citado;

12-Embarques Parciais - verificar a existência de uma das cláusulas:

13-Partial Shipment Allowed (embarques parciais permitidos) ou

14-Partial Shipment not Allowed (embarques parciais não permitidos);

15-Transbordo - verificar se é permitida operação de transbordo;

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16-Descrição das mercadorias - verificar se a descrição das mercadorias corresponde exatamente ao produto. Lembre-se que os bancos examinam documentos e não verificam mercadorias;

17-Quantidade - verificar se a quantidade indicada corresponde àquela negociada, devendo ser considerada a cláusula "About" (item 7)

18-Documentos exigidos - verificar a razoabilidade dos documentos requeridos. Normalmente, uma carta de crédito exige, entre outros, os seguintes:

Fatura Comercial (Commercial Invoice);

Conhecimento de Embarque (Bill of Landing);

Romaneio, conhecido como Packing List;

Certificado de Seguro Internacional, no caso de operação CIF,

Certificado de Peso,

Certificado de Origem;

19-Prazo de Embarque - verificar a data limite para embarque da mercadoria;

20-Prazo de negociação documental - verificar a data limite, contada a partir do efetivo embarque, para entrega dos documentos ao Banco Negociador;

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21-Brochura 500, da Câmara de Comércio Internacional - CCI - verificar se existe a cláusula da Brochura 500 que, textualmente, se apresenta como: "esta L/C está amparada na Publicação 500 da CCI", pois em caso de dúvidas sobre qualquer item da L/C as partes intervenientes devem seguir o que determina aquela Legislação;

22-Instruções de Reembolso de Banco a Banco - verificar se consta cláusula relativa a instruções de reembolso entre os bancos.

19.3.Conversão da taxa para contratação do câmbio

CIRCULAR Nº 3.691, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2013 (BCB):

A taxa de câmbio é livremente pactuada entre os agentes autorizados a operar no mercado de câmbio ou entre estes e seus clientes, podendo as operações de câmbio ser contratadas para liquidação pronta ou futura e, no caso de operações interbancárias, a termo, observado que:

I - nas operações para liquidação pronta ou futura, a taxa de câmbio deve refletir exclusivamente o preço da moeda negociada para a data da contratação da operação de câmbio, sendo facultada a pactuação de prêmio ou bonificação nas operações para liquidação futura;

II - nas operações para liquidação a termo, a taxa de câmbio é livremente pactuada entre as partes e deve espelhar o preço negociado da moeda estrangeira para a data da liquidação da operação de câmbio.

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E ainda (RESOLUÇÃO Nº 3.568 do Banco Central do Brasil):

Da taxa de câmbio

Art. 19. A taxa de câmbio é livremente pactuada entre os agentes autorizados a operar no mercado de câmbio ou entre estes e seus clientes.

Art. 20. A taxa de câmbio pactuada nas operações para liquidação pronta ou futura deve refletir exclusivamente o preço da moeda negociada para a data da contratação da operação de câmbio, sendo facultada, nas operações para liquidação futura, a estipulação de prêmio ou bonificação, na forma definida pelo Banco Central do Brasil.

Art. 21. A taxa de câmbio pactuada nas operações de câmbio a termo deve espelhar o preço da moeda estrangeira para a data da sua liquidação, obedecidas as demais características definidas pelo Banco Central do Brasil.

Art. 22. Sujeitam-se os agentes autorizados a operar no mercado de câmbio às sanções previstas na legislação e regulamentação em vigor para a compra ou a venda de moeda estrangeira a taxas que se situem em patamares destoantes daqueles praticados pelo mercado ou que possam configurar evasão cambial, formação artificial ou manipulação de preços.

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19.4.Fechamento do contrato de câmbio

O fechamento de câmbio é uma fase muito importante no processo de importação, pois é nesse momento que ocorrerá a compra do banco autorizado a operar no mercado de câmbio pelo Banco Central do Brasil, por parte do importador, da moeda estrangeira necessária para cumprir o compromisso de pagamento ao fornecedor estrangeiro.

20.Acordos Internacionais

São acordos comerciais preferenciais, onde dois ou mais países pactuam a redução parcial ou total das tarifas aduaneiras, limitadas ao comércio de uma lista de mercadorias previamente definidas em razão do interesse de cada nação signatária. Ainda podem comtemplar negociações setoriais e de infra-estrutura, com o objetivo de manter um ritmo satisfatório de avanço nas relações comerciais, não sendo obrigado, no todo, em eliminar de forma integral as tarifas aplicadas no intercâmbio comercial.

20.1.Associação Latino-Americana de Integração – ALADI

A Associação Latino-Americana de Integração – ALADI foi instituída pelo Tratado de Montevidéu, em 12.08.80, incorporado ao ordenamento jurídico nacional pelo Decreto-Legislativo nº 66, de 16/11/1981, para dar continuidade ao processo de integração econômica iniciado em 1960 pela Associação Latino-Americana de Livre Comércio – ALALC. Este processo visa à implantação, de forma gradual e progressiva, de um mercado comum latino-americano,

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caracterizado principalmente pela adoção de preferências tarifárias e pela eliminação de restrições não-tarifárias.

A ALADI reúne treze países classificados em três categorias, de acordo com as características econômico-estruturais:

De Menor Desenvolvimento Econômico Relativo - PMDER:

• Bolívia

• Equador

• Paraguai

De Desenvolvimento Intermediário - PDI:

• Chile

• Colômbia

• Peru

• Uruguai

• Venezuela

• Cuba

• Panamá

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Demais países:

• Argentina

• Brasil

• México

20.1.1.Tipos de Acordos no âmbito da Aladi

A integração dos países da ALADI vem sendo efetivada por

meio de uma série de Acordos firmados entre seus membros. Esses Acordos visam a redução e eliminação de barreiras tarifárias e não-tarifárias. Conforme os objetivos firmados em determinada negociação, os Acordos podem ser assim classificados:

• Acordo de Alcance Regional

• Acordo de Alcance Parcial

1. ACORDOS DE ALCANCE REGIONAL

São aqueles em que há a participação de todos os países – membros da ALADI. Os principais Acordos enquadrados como AAR são:

Acordo de Preferência Tarifária Regional nº 04 – APTR 04

Esse Acordo, assinado por todos os países–membros da ALADI, estabelece a Preferência Tarifária Regional (PTR), conforme previsto no Art. 5 do Tratado de Montevidéu – TM 80. Nele, os países – membros outorgam preferências tarifárias de Acordo com sua

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respectiva categoria. Para maiores informações acessem o endereço do site do MDIC.

Este Acordo prevê o estabelecimento de margens tarifárias preferenciais recíprocas, porém diferenciadas, em função do nível de desenvolvimento econômico apresentado pelos países-membros, isoladamente.

Listas de Exceções dos Países Membros da ALADI à APTR 04

As listas de exceções de cada país à PTR foram originalmente definidas em NALADI/NCCA. Posteriormente a ALADI preparou uma consolidação de todas as listas de exceções, transpondo as classificações tarifárias para a NALADI/SH 96.

Nas referidas Listas de Exceções constam os itens NALADI/SH 96 para os quais os diferentes países da ALADI não concedem as respectivas preferências negociadas no âmbito do APTR 04. Ressaltamos para o fato de que, como as listas de cada país devem ser internalizadas ao seu direito interno, podem surgir divergências quanto à nomenclatura utilizada por cada país na sua normativa correspondente. Assim, sugerimos que, em caso de dúvidas quanto à classificação a ser utilizada no Certificado de Origem, seja consultado o importador.

A tabela que contém as Listas de Exceções é constituída de colunas referentes aos diferentes países da ALADI. Quando um produto for exceção para determinado país, haverá um “E” – exceção, na coluna do país que não outorgar preferência para o item mencionado na respectiva linha da tabela. Essa tabela pode ser consultada no sítio do MDIC.

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Acordos de Alcance Regional de Abertura de Mercados - LAM

Estes Acordos são formados por listas negociadas de produtos, conhecidas como Lista de Abertura de Mercados – LAM, e visam promover um melhor nivelamento econômico da região por intermédio de concessões aos Países de Menor Desenvolvimento Econômico Relativo. Cada país-membro, em caráter unilateral, sem reciprocidade, sem prazo de vigência e sem cláusula de denúncia, concede total eliminação de gravames tarifários e não-tarifários às importações de uma série de produtos originários da Bolívia, do Equador e do Paraguai.

Esses Acordos foram firmados de maneira a reduzir as disparidades existentes entre os países associados, mediante concessões aos players de menor desenvolvimento relativo.

O Brasil concedeu 3 LAM’s, para Bolívia, Equador e Paraguai, como segue:

LAM nº 1 - Lista de Abertura de Mercados do Brasil em favor da Bolívia

LAM nº 2 - Lista de Abertura de Mercados do Brasil em favor do Equador

LAM nº 3 - Lista de Abertura de Mercados do Brasil em favor do Paraguai.

AAP de Cooperação e Intercâmbio de Bens nas Áreas Cultural, Educacional e Científica (transformado em Acordo de Alcance Regional em 1998) - Signatários: Todos os países da ALADI

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2. ACORDOS DE ALCANCE PARCIAL

São Acordos firmados entre alguns países-membros da ALADI, não exigindo a participação de todos os membros da Associação. São utilizados como uma forma de aprofundar o processo de integração regional, por meio de sua progressiva multilateralização.

AAPs de Complementação Econômica - ACE

Os Acordos de Complementação Econômica têm por objetivo impulsionar o desenvolvimento dos países-membros da Associação mediante a complementaridade dos sistemas produtivos da região. Podem ser mais abrangentes, incluído todo o universo tarifário, ou possuir um número menor de produtos. Os ACEs comportam desde sistemas de integração sub-regional, como o Mercosul e a Comunidade Andina das Nações e acordos de livre comércio, a simples acordos de preferências tarifárias fixas:

ACE n.º 2 – Brasil e Uruguai: Protocolo de Expansão Comercial – PEC

ACE n.º 14 – Brasil e Argentina

ACE n.º 18 – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (Mercosul)

ACE n.º 35 – Mercosul e Chile

ACE n.º 36 – Mercosul e Bolívia

ACE n.º 53 – Brasil e México

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ACE n.º 54 – Mercosul e México

ACE n.º 55 – Mercosul e México – Automotivo

ACE nº 58 – Mercosul – Peru

ACE nº 59 – Mercosul - Colômbia, Equador e Venezuela

ACE n.º 62 – Mercosul e Cuba

Obs. A Bolívia faz parte da Comunidade Andina - CAN, mas não é signatária do ACE n.º39, pois foi autorizada pela CAN a firmar acordo isoladamente com o Mercosul, o ACE n.º 36.

Acordo de Alcance Parcial com base nos Artigos 25 e 27 do Tratado de Montevidéu 80

Os países-membros da ALADI podem firmar Acordos de Alcance Parcial com países não membros, com base nos artigos 25 e 27 do TM-80, a saber:

Artigo 25: são Acordos de Alcance Parcial firmados pelos países-membros da ALADI com outros países e áreas de integração da América Latina, nos termos das disposições específicas estabelecidas.

Artigo 27: são Acordos de Alcance Parcial firmados pelos países-membros da ALADI com outros países em desenvolvimento ou respectivas áreas de integração econômica fora da América Latina, nos termos das disposições específicas estabelecidas.

Em ambos os casos, as concessões que os países-membros outorguem não serão extensivas aos demais países-membros, salvo aos Países de Menor Desenvolvimento Econômico Relativo (Bolívia,

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Equador e Paraguai). As concessões outorgadas para os produtos nesses Acordos não poderão ser superiores às acordadas no âmbito da ALADI. Se forem superiores, serão automaticamente estendidas aos países que detém as preferências internas.

Esses Acordos deverão ser apreciados multilateralmente, para ser verificada sua compatibilidade com os compromissos assumidos com os demais países-membros.

20.1.2.Regime de Origem ALADI

Regime de Origem da ALADI foi aprovado pela Resolução n.º 78, de 24/11/1987 e consolidado pela Resolução n.º 252, de 4/8/1999. Esse Regime é mais flexível que o estabelecido pelo Mercosul. Nos casos em que o requisito de origem é o valor agregado, é permitido que os produtos tenham 50%, no mínimo, de conteúdo nacional para todos os países, exceto para os de menor desenvolvimento econômico, que poderão ter 40%.

No Regime de Origem do MERCOSUL é necessário que o produto apresente 60% de conteúdo regional.

Entidades Credenciadas a emitir Certificados de Origem

O Certificado de Origem é emitido pelas Federações de Comércio, Indústria e Agricultura e algumas Associações Comerciais habilitadas junto à ALADI para tal fim. Estas entidades encontram-se relacionadas no documento ALADI/SEC/di 180, de 21.06.97, periodicamente atualizado, no seguinte endereço: http://www.aladi.org/.

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No Brasil, as entidades credenciadas, junto à ALADI, para emitir Certificados de Origem estão listadas na Circular N.º 44, de 13 de novembro de 2000, publicada no DOU de 14/11/2000.

Obs. Vale lembrar que essas entidades também são as mesmas que emitem certificados de origem do MERCOSUL.

20.1.3.Nomenclatura da ALADI

Em 1985, o Comitê de Representantes da ALADI adotou a Nomenclatura Aduaneira da Associação Latino-Americana de Integração (NALADI), como base comum dos Acordos. A NALADI foi criada utilizando a Nomenclatura do Conselho de Cooperação Aduaneira (NCCA). Era a NALADI/NCCA, que continha 7 dígitos.

Posteriormente, o Sistema NCCA foi substituído pelo Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias (SH), aprovado pelo Conselho de Cooperação Aduaneira, com o objetivo de atender a todos os segmentos do comércio, como instrumento fiscal ou gerador de dados para estatísticas de produção, comércio exterior e transporte, além de facilitar a compatibilização de estatísticas internacionais e simplificar as negociações bilaterais e multilaterais.

A ALADI passou, então, a adotar a NALADI com base naquele Sistema Harmonizado (NALADI/SH), com 8 dígitos, a qual foi aprovada pela Resolução nº 107/89 do Comitê de Representantes, com início de vigência previsto para 01.01.90. Cabe ressaltar que aquele prazo foi sendo sistematicamente adiado e a transposição para a NALADI/SH não foi feita de imediato em todos os Acordos.

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Á medida em que a Organização Mundial de Alfândegas (OMA) introduziu modificações no Sistema Harmonizado, a ALADI foi ajustando a NALADI, registrando-se as versões de NALADI/SH-1992 (a partir de 1993), NALADI/SH-1996 (a partir de 1997) e NALADI/SH-2002 (a partir de 01.01.2002)

Atualmente, subsistem acordos em NALADI/NCCA e nas NALADI nas 3 versões do Sistema Harmonizado. A transposição para versões atualizadas vem sendo feita gradativamente, à medida em que são assinados os Protocolos de Adequação dos Acordos.

20.2.Mercosul

O Mercado Comum do Sul ( Mercosul ) foi criado em 26/03/1991 com a assinatura do Tratado de Assunção no Paraguai, com vistas a criar o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). O objetivo primordial do Tratado de Assunção é a integração dos Estados Partes por meio da livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos, do estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC), da adoção de uma política comercial comum, da coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais, e da harmonização de legislações nas áreas pertinentes.

Os membros deste importante bloco econômico da América do Sul são os seguintes países: Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Venezuela.

Aqui trataremos apenas do conceito básico do Mercosul, mais especificamente sobre o ACE-18 que veremos abaixo. O estudo deste tema deve ser complementado adicionalmente para que o

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entendimento sobre o funcionamento do bloco seja devidamente absorvida.

20.2.1.Acordo de Alcance Parcial de Complementação Econômica N° 18

As operações comerciais no Mercosul foram normatizadas através do Acordo de Complementação Econômica nº 18 - ACE 18, implementado no Brasil pelo Decreto nº 550, de 27/05/92.

Este Acordo foi firmado ao amparo da Aladi, em 20/11/91, com o objetivo de facilitar a criação das condições necessárias para o estabelecimento do Mercado Comum. No seu âmbito foram firmados diversos Protocolos Adicionais e Atas de Retificação.

20.2.2.Tarifa Externa Comum – TEC

Como previsto no Tratado de Assunção, a partir de 01/01/95, os quatro Estados Partes do MERCOSUL adotaram a Tarifa Externa Comum (TEC), com base na Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), com os direitos de importação incidentes sobre cada um desses itens.

Segundo as diretrizes estabelecidas, desde 1992, a TEC deve incentivar a competitividade dos Estados Partes e seus níveis tarifários devem contribuir para evitar a formação de oligopólios ou de reservas de mercado. Também foi acordado que a TEC deveria atender aos seguintes critérios: a) ter pequeno número de alíquotas; b) baixa dispersão; c) maior homogeneidade possível das taxas de promoção efetiva (exportações) e de proteção efetiva (importação);

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d) que o nível de agregação para o qual seriam definidas as alíquotas era de seis dígitos.

A aprovação da TEC também incluiu alguns mecanismos de ajuste das tarifas nacionais, através de Listas de Exceções, com prazos definidos para convergência aos níveis da TEC.

A TEC foi implantada no Brasil pelo Decreto 1.343, de 23/12/94.

A partir de 01/01/2012, entrou em vigor no Brasil a nova versão da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) adaptada à V Emenda do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, aprovada pelo Conselho de Cooperação Aduaneira (SH-2012).

A adaptação à V Emenda do Sistema Harmonizado, assim como a correspondente Tarifa Externa Comum (TEC), foi aprovada pelo Grupo Mercado Comum, por sua Resolução 05/11, e publicada no Brasil pela Resolução CAMEX 94, de 08/12/2011. Esta Resolução da CAMEX incorporou também as modificações da NCM e da TEC decididas no âmbito do Mercosul pelas Resoluções GMC 33/10, 13/11, 17/11 e 32/11.

Com base na Decisão CMC 58/10, permanece autorizada a manutenção de lista de exceções à TEC para os quatro Estados Partes, a qual pode ser alterada a cada seis meses, em até 20% dos códigos. Dessa forma, o Brasil poderá aplicar alíquotas de importação distintas da TEC para 100 códigos tarifários até 31/12/2015. Segundo O contido nas Decisões CMC 39/05, 13/06, 27/06, 61/07, 58/08 e 57/10, também está permitida a adoção, pelo

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Brasil, até 31/12/2015, de alíquotas diferenciadas para Bens de Informática e Telecomunicações (BIT).

OBS: a TEC sofre variações pontuais ao longo de cada ano, assim, informamos que pode ter havido alguma modificação nas tarifas que não esteja adequadamente refletida nas tabelas compiladas e disponibilizadas no sítio do MDIC.

20.2.3.Regime de Origem do Mercosul

As normas que estabelecem os requisitos e condições para a comprovação de origem estão dispostas no Septuagésimo Sétimo Protocolo Adicional ao ACE n° 18 (Decreto n° 8.454, de 20 de maio de 2015).

OBS: este é o que está vigente no momento da preparação deste curso, sendo necessária a verificação atualizada habitualmente com o objetivo de evitar erros por considerar legislação desatualizada.

20.3.Regime de Origem, o que é?

O alcance dos benefícios previstos nos acordos internacionais de comércio para um determinado produto, de uma forma geral, sujeita-se à sua respectiva comprovação de origem, isto é, cabe ao exportador apresentar uma prova documental de que o item negociado é originário da nação signatária do acordo.

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A sistemática utilizada para assegurar que um produto é originário de um determinado país é conhecida como “Regime de Origem”.

A prova documental que legitima o tratamento preferencial de uma mercadoria pelas autoridades aduaneiras do país importador é consubstanciada por um documento denominado “Certificado de Origem”, emitido por entidades localizadas no país exportador, qualificadas para esse fim nos acordos comerciais.

20.4.Certificado de Origem

Certificado de Origem é o documento que comprova a origem da mercadoria para fins de obtenção de tratamento preferencial (conforme Acordos Comerciais Internacionais), ou apenas para o cumprimento de exigência estabelecida através de legislação do país importador (Certificado de Origem Comum).

É o documento que atesta oficialmente a origem da mercadoria do país de exportação e especifica as normas de origem negociadas e estabelecidas nos acordos comerciais entre países.

No âmbito da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) e do Mercosul, dentre outros esquemas preferenciais, o Certificado de Origem é um documento essencial, uma vez que permite o acesso dos importadores para obter as vantagens comerciais entre os países participantes desses acordos em relação ao comércio extra-zona.

Tais vantagens se dão através das margens de preferências, representadas por percentuais incidentes sobre a alíquota do

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imposto de importação vigente para terceiros países. Abaixo segue tabela:

Cálculo da preferência sobre o imposto de importação

. I. Margem de Preferência

Preferência Concedida

Alíquota Preferencial

0% 80%

16% 4% (80 x 20%) (20% - 16%)

Fonte: FIERGS

O certificado de origem costuma ser exigido pelo importador para a obtenção da redução ou isenção do imposto de importação, pela aduana do país importador, em conformidade com o acordo vigente.

Também poderá ser solicitado pelo próprio exportador com o objetivo de apresentar um diferencial competitivo para o importador.

Existem vários modelos de certificado de origem estabelecidos por cada acordo, que, por sua vez, exigem a obrigatoriedade de diferentes documentos a serem apresentados no momento da emissão.

PROCEDIMENTOS PARA EMISSÃO

Para a análise do certificado de origem são necessários alguns procedimentos: 1. Verificar se o produto está negociado nos acordos comerciais em que o Brasil é parte integrante;

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2. Analisar se o produto está adequado aos critérios para qualificação de origem, ou seja, o produto deve cumprir com as regras de Origem, que é uma condição necessária para garantir as concessões outorgadas pelos países participantes. 3. Providenciar o Certificado de Origem correspondente. REQUISITOS BÁSICOS

• Devem ser emitidos a partir da data da emissão da fatura comercial correspondente ou nos 60 dias consecutivos da data da fatura; • O prazo de validade do Certificado é de 180 dias da data de sua emissão; • Caso não esteja devidamente preenchido em todos os seus campos perderá a validade, exceto o campo observações; • Em nenhum caso poderá ser emitido em substituição a outro uma vez apresentado à administração aduaneira; • Não poderá ser emitido com campos em branco ou incompletos, bem como não poderá apresentar rasuras, correções ou emendas;

DOCUMENTOS A SEREM APRESENTADOS À ENTIDADE HABILITADA PARA EMISSÃO DO CERTIFICADO DE ORIGEM.

Quando empresa:

• Certificado de Origem preenchido; • Cópia da fatura comercial assinada pelo

responsável;

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• Cópia do contrato social da empresa onde conste o nome do responsável, ou procuração outorgando responsável;

• Declaração do produtor/exportador quando exigido pelo acordo;

Os importadores de mercadorias originárias do MERCOSUL e de outros países com os quais o Brasil possui acordo de preferências tarifárias deverão apresentar, sempre que solicitado pelo Departamento de Negociações Internacionais (DEINT) da SECEX , cópias dos respectivos Certificados de Origem, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento da solicitação (Art. 65 da Portaria Secex n° 23/2011).

20.5.Outros Acordos

20.5.1.Sistema Geral de Preferências – SGP

Ainda no âmbito dos Acordos Comerciais, temos ainda o Sistema Geral de Preferências (SGP) que é um acordo firmado pelas nações integrantes do OCDE que tem por objetivo buscar um maior equilíbrio das relações internacionais de comércio e contribuir para uma maior inserção no comércio mundial dos países de menor desenvolvimento relativo. Por intermédio do SGP, a importação de algums produtos pelos países signatários, quando originários e procedentes dos países em desenvolvimento, sofre um tratamento preferencial, traduzindo-se na redução parcial ou mesmo total, em alguns casos, do imposto de importação.

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O alcance de seus benefícios do SGP condiciona-se ao cumprimento de uma série de exigências formuladas pelos países outorgantes, contemplando aspectos tais como a elegibilidade do produto, comprovação de origem, e a necessidade de transporte direto a partir do país exportador beneficiário para o país importador.

A comprovação formal de que um produto é originário e procedente de um país em desenvolvimento é atestada pela emissão do “Certificado de Origem” conhecido como “Form A”, documento que deve ser preenchido diretamente pelo exportador, em três vias, em língua inglesa ou francesa, sem conter qualquer tipo de rasura ou emenda.

20.5.2.Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC)

O SGPC é um acordo firmado entre os países em desenvolvimento que entrou em vigor em 1989, destinado a oferecer concessões entre si, nas relações bilaterais de comércio.

Em termos práticos, são fixadas margens preferenciais na aplicação das tarifas de importação para determinados produtos objetos de uma lista de concessões, emitida segundo um critério próprio de cada uma das partes.

A obtenção desse tratamento diferencial condiciona-se à satisfação das exigências previstas no Regime de Origem deste acordo. Uma vez comprovado o atendimento a esses preceitos, procede-se à emissão do Certificado de Origem do SGPC. No Brasil, essa iniciativa é de competência das Federações de Indústria Estaduais que porventura tenham sido credenciadas para este efeito pelo Governo Brasileiro.

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Capítulo

II Despacho

Aduaneiro de Importação

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1.Introdução

Em uma importação, a atuação dos fiscais da Receita Federal do Brasil tem por objetivo principal o controle aduaneiro. Esse controle não tem como principal objetivo a arrecadação tributária. Esta tem caráter regulatório, ou seja, é aplicada visando proteger os interesses nacionais, evitar a concorrência desleal e estimular a livre concorrência.

O controle aduaneiro é ainda mais amplo que isto: visa garantir a segurança da sociedade. É atuação que visa a combater o contrabando, o tráfico internacional de armas e drogas, o descaminho, a lavagem de dinheiro, a pirataria, a colocação no mercado nacional de produtos nocivos à saúde e tantos outros atos ilícitos que prejudicam nossa sociedade.

A fiscalização aduaneira verifica, por exemplo, se a mercadoria recebeu as devidas anuências, oferecendo, portanto, condições de sanidade e segurança para o uso do consumidor. O controle aduaneiro possui três vertentes principais, que são o controle das mercadorias, dos veículos que transportam estas mercadorias e dos locais por onde elas transitam ou ficam armazenadas.

O principal instrumento que a fiscalização se utiliza para realizar esse controle é o despacho aduaneiro, seja ele com registro no Siscomex ou não.

Tendo compreendido esse papel primordial atribuído à fiscalização aduaneira, verifica-se a necessidade de dar melhor

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importância à legislação a fim de evitar multas, infrações e a apreensão das mercadorias.

Podemos afirmar que dentre todo o processo comercial, logístico, administrativo e operacional de uma importação, o despacho aduaneiro é o procedimento mais importante. É nele que não passará despercebido qualquer erro, seja por inexperiência de gestores, erros do fornecedor e falta de observação legal relativa a procedimentos obrigatórios. Por tratar-se da etapa mais crítica de todo esse processo, o despacho aduaneiro deve ser encarado com toda a seriedade devida, pois se não o for, uma simples importação pode transformar-se em um problema desastroso e oneroso, algumas vezes muito mais que uma empresa poderia suportar para permanecer com suas atividades.

Uma importação com registro no Siscomex, por exemplo, é processada em diversas etapas a serem executadas pelo importador, pelo depositário, pela fiscalização aduaneira e pelo transportador.

Basicamente, cabe ao transportador marítimo internacional, no módulo Siscomex Carga, prestar à RFB informações sobre o veículo e as cargas, nacionais, estrangeiras e de passagem, nele transportadas, para cada escala da embarcação em porto alfandegado (modal marítimo). No caso do modal aéreo, o manifesto eletrônico deverá ser informado no sistema Mantra. Cabe ao depositário, informar à RFB, de forma imediata, sobre a disponibilidade da carga recolhida sob sua custódia. Cabe ao importador o registro da DI ou DSI no Sistema. E cabe à fiscalização aduaneira a conferência aduaneira e o desembaraço. E cabe ao importador realizar a retirada da mercadoria desembaraçada do terminal alfandegado, seja por conta própria ou pela contratação de

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transportadora rodoviária especializada, com vistas a dar a destinação das mercadorias de acordo com sua finalidade.

Com a breve explicação acima, podemos verificar que o despacho aduaneiro envolve vários intervenientes e muitas pessoas para que todo o procedimento possa funcionar. No entanto, sempre é importante frisar que o sucesso de uma operação de importação tem início na análise de toda a operação como um todo, antes mesmo do fechamento do negócio com o exportador. Eu tenho uma regra que criei e que é o ponto principal do meu trabalho. Eu apelidei de CCTC, que significa: “Começar Certo para Terminar Certo”. Seguindo esta filosofia, não haverão maiores problemas.

2.O que é o despacho aduaneiro de importação?

O Art. 542 do Regulamento Aduaneiro assim define o despacho aduaneiro de importação:

Despacho de importação é o procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação específica.

O despacho aduaneiro de importação é instituído pelo Art. 44 do Decreto-Lei n° 37/66, regulamentado pelo Decreto 6.759/09, dos Artigos 542 a 578 e normatizada pela IN SRF n° 680/06 e IN SRF 611/06 (que trata do despacho simplificado). Muito embora a IN SRF 611/06 discipline a utilização da declaração simplificada de importação e exportação, no texto compreendido entre os artigos 2° ao 28°, estabelece todos os procedimentos referentes ao despacho aduaneiro simplificado de importação,

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confundindo-se propriamente a declaração simplificada de importação com o próprio despacho simplificado de importação.

Para efeitos de estudo deste curso, iremos abordar especificamente as IN SRF 680/06 e IN SRF 611/06 pelo fato de que estas contêm os procedimentos mais detalhados sobre o objeto de nosso estudo.

3.Obrigatoriedade do despacho

A mercadoria que ingresse no País, importada a título definitivo ou não, estando sujeita ou não ao pagamento do imposto, sujeita-se a despacho aduaneiro de importação, que será processado com base em declaração formulada no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), salvo exceções previstas na legislação aduaneira.

O despacho aduaneiro aplica-se, inclusive, à mercadoria que, após ter sido submetida a despacho aduaneiro de exportação:

• Retorne ao País; ou

• Permaneça no País, em caráter definitivo ou temporário, nos termos da legislação específica.

Sujeitam-se, ainda, ao despacho aduaneiro de importação, independentemente do despacho a que foram submetidas por ocasião do seu ingresso no País, as mercadorias de origem estrangeira que venham a ser transferidas para outro regime aduaneiro especial ou despachadas para consumo.

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As ações que tem por objetivo a verificação do cumprimento das obrigações tributárias relativas aos tributos e contribuições administradas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, bem como do correto atendimento à legislação de comércio exterior, será realizado por Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil.

3.Tipos de Despacho

Quanto aos tipos de despacho, a legislação disciplina dois tipos: a título definitivo que inclui os despachos para consumo e a título não definitivo no qual estão enquadrados o despacho aduaneiro para admissão em regime especial. Os tipos de despacho tratam então, da propriedade da mercadoria.

3.1.Despacho para consumo

Despacho aduaneiro para consumo é definido pela importação de mercadorias em caráter definitivo, ou seja, nacionalizados. Neste tipo de despacho, a mercadoria ingressa no país já sob propriedade de empresa nacional e o despacho aduaneiro para consumo é o procedimento que visa constatar a legalidade dessa incorporação da mercadoria à riqueza do país, à luz do patrimônio do importador. Podemos citar como exemplo a importação de matérias-primas, bens de produção, produtos intermediários e todos aqueles destinados à comercialização e industrialização.

O despacho aduaneiro para consumo inclui os produtos:

a) ingressada no País com o benefício de drawback;

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b) destinada à ZFM, à Amazônia Ocidental ou a ALC;

c) contida em remessa postal internacional ou expressa ou, ainda, conduzida por viajante, se aplicado o regime de importação comum; e

d) admitida em regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, na forma do disposto no inciso II, que venha a ser submetida ao regime comum de importação.

Como exemplo do último item, temos a importação sob o regime de admissão temporária de uma máquina destinada a testes e ensaios de funcionamento. Na admissão temporária, a máquina deve permanecer no país para que seja realizado os testes necessários, obedecendo os requisitos e prazos obtidos na concessão do regime e após tendo sido cumpridas os testes no prazo determinado, a mercadoria tanto pode ser reexportada ou despachada para consumo. Caso seja despachada para consumo, neste momento o importador deve recolher os tributos e realizar o procedimento concernente a importação para consumo.

3.2.Despacho para admissão

Art. 2°, II, da IN SRF 680/06:

II - despacho para admissão em regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, de mercadoria que ingresse no País nessa condição.

O despacho aduaneiro para admissão tem por objetivo a importação de mercadorias em caráter temporário, sob regime especial ou aplicado em áreas especiais, com a suspensão dos

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tributos, devendo estes produtos permanecer no território aduaneiro por prazo determinado, de acordo com normas específicas e atendendo aos requisitos e condições previstas nestas normas.

Neste caso, o bem importado continua na propriedade da empresa exportadora no exterior e, portanto, não ingressa na massa de riqueza brasileira, ingressando em nosso território a título suspensivo.

Com por exemplo, podemos citar as importações de obras para exposições em feiras, científicas e culturais que após a realização do evento, poderão ser reexportadas.

4.Modalidades do despacho

Quanto ao aspecto do despacho, temos as seguintes opções:

4.1.Despacho normal

Quando não há nenhuma particularidade específica que deva ser observada,

4.2.Despacho antecipado

É aquele que permite o registro da D.I. antes da chegada da mercadoria, com o objetivo de que a conferência documental seja feita antes da chegada para que esta, tão logo chegue, seja desembaraçada. Normalmente é concedido para o caso de perecíveis ou outros bens que necessitem desembaraço imediato.

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4.3.Despacho com entrega fracionada

Nas importações por via terrestre é permitida a entrega fracionada da mercadoria que, em razão do seu volume ou peso, não possa ser transportada em apenas um veículo ou partida e quando for efetuado o registro de uma única DI, correspondente a uma só importação e a um único conhecimento de carga.

Cada veículo transportador deve apresentar seu próprio manifesto e cópia do conhecimento de carga do total da partida, com averbação da quantidade de volumes ou mercadorias de cada um dos lotes.

A entrada, no território aduaneiro, dos lotes subsequentes ao primeiro deverá ocorrer dentro de trinta dias contados do início do despacho de importação.

No caso de descumprimento do prazo acima, será exigida a retificação da DI no Siscomex, tendo por base a quantidade efetivamente entregue, devendo o saldo remanescente ser objeto de nova DI. Na hipótese de o importador não promover essa retificação em até 60 dias a partir do fim do prazo da entrada de toda a mercadoria, a fiscalização deverá efetuar o desembaraço da DI e, em seguida, sua retificação de ofício.

A autoridade aduaneira local poderá, em casos justificados, estabelecer prazo superior a 30 dias subsequentes ao do registro da DI.

O desembaraço é registrado no Siscomex por ocasião do despacho do último lote relativo à DI.

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A entrega de lote de mercadoria desembaraçada mediante fracionamento é realizada pelo depositário com base em autorização expressa da autoridade aduaneira competente .

Na entrega do primeiro lote de mercadoria, deve ser procedido, no Siscomex, o registro da autorização para a entrega fracionada com prosseguimento do despacho, descrevendo-se os fatos no campo de observações da função.

Na entrega de cada lote, o importador deve apresentar à autoridade aduaneira os documentos referidos em Condições e Requisitos, para que os mesmos sejam verificados.

A informação da entrega no Siscomex, pelo depositário, será feita uma única vez, após o desembaraço, por ocasião do último lote, nos termos da Notícia Siscomex Importação nº 10/2008.

4.4.Despacho antecipado com entrega fracionada

O despacho antecipado com entrega fracionada trata-se da junção das duas modalidades acima mencionadas, relativa aos produtos que podem ter a autorização para o despacho antecipado, aliado ao fato de ser realizada a importação por via terrestre.

5.Prazo para o início do despacho

As mercadorias não podem ficar em recinto alfandegado indefinidamente, por conveniência do importador. A legislação aduaneira estipula um prazo para que o despacho aduaneiro seja iniciado, a saber (Decreto 6.759/09):

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Art. 546. O despacho de importação deverá ser iniciado em (Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 44, com a redação dada pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, art. 2º):

I - até noventa dias da descarga, se a mercadoria estiver em recinto alfandegado de zona primária;

II - até quarenta e cinco dias após esgotar-se o prazo de permanência da mercadoria em recinto alfandegado de zona secundária; e

III - até noventa dias, contados do recebimento do aviso de chegada da remessa postal.

O não cumprimento ao disposto acima implica no abandono da mercadoria por decurso de prazo, conforme disciplina no Art. 642 do R.A. e tem como efeito a aplicação da pena de perdimento da mercadoria conforme Art. 689, XXI. Vejamos abaixo:

Art. 642.Considera-se abandonada a mercadoria que permanecer em recinto alfandegado sem que o seu despacho de importação seja iniciado no decurso dos seguintes prazos (Decreto-Lei nº 1.455, de 1976, art. 23, incisos II e III):

I - noventa dias:

a) da sua descarga; e

b) do recebimento do aviso de chegada da remessa postal internacional sujeita ao regime de importação comum;

II - quarenta e cinco dias:

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a) após esgotar-se o prazo de sua permanência em regime de entreposto aduaneiro;

b) após esgotar-se o prazo de sua permanência em recinto alfandegado de zona secundária; e

c) da sua chegada ao País, trazida do exterior como bagagem, acompanhada ou desacompanhada;

Art. 689. Aplica-se a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 105; e Decreto-Lei nº 1.455, de 1976, art. 23, caput e § 1º, este com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59):

XXI - importada e que for considerada abandonada pelo decurso do prazo de permanência em recinto alfandegado, nas hipóteses referidas no art. 642...

6.Declaração de Importação (DI)

A declaração de importação ou DI é o instrumento base do despacho aduaneiro, o qual tem início a partir da efetivação do registro da DI no Siscomex.

Art. 545. Tem-se por iniciado o despacho de importação na data do registro da declaração de importação (Regulamento Aduaneiro).

O registro da DI é também o início do Procedimento Administrativo Fiscal, regulamentado pelo Decreto 70.235/72:

Art. 7º O procedimento fiscal tem início com:

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III - o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada.

A Declaração de Importação (DI) será formulada pelo importador no Siscomex e consistirá na prestação das informações constantes do Anexo Único da referida IN, de acordo com o tipo de declaração (se definitiva ou não definitiva) e a modalidade de despacho aduaneiro (normal ou antecipado).

Não é admitido agrupar, numa mesma declaração, mercadoria que proceda diretamente do exterior e mercadoria que se encontre no País submetida a regime aduaneiro especial ou aplicada em áreas especiais.

É admitida a formulação de uma única declaração para o despacho de mercadorias que, procedendo diretamente do exterior, tenha uma parte destinada a consumo e outra a ser submetida ao regime aduaneiro especial de admissão temporária ou a ser reimportada.

Não é permitido agrupar, numa mesma adição, mercadorias cujos preços efetivamente pagos ou a pagar devam ser ajustados de forma diversa, em decorrência das regras estabelecidas pelo Acordo de Valoração Aduaneira.

A declaração de importação deverá conter:

I - a identificação do importador; e

II - a identificação, a classificação, o valor aduaneiro e a origem da mercadoria.

A Secretaria da Receita Federal do Brasil poderá:

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I - exigir, na declaração de importação, outras informações, inclusive as destinadas a estatísticas de comércio exterior; e

II - estabelecer diferentes tipos de apresentação da declaração de importação, apropriados à natureza dos despachos, ou a situações específicas em relação à mercadoria ou a seu tratamento tributário.

A retificação da declaração de importação, mediante alteração das informações prestadas, ou inclusão de outras, será feita pelo importador ou pela autoridade aduaneira, na forma estabelecida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

A DI compreende o conjunto de informações gerais correspondentes a uma determinada operação de importação e conjuntos de informações específicas de cada mercadoria objeto da importação.

Uma mesma DI não poderá conter mercadorias vindas diretamente do exterior e mercadorias originárias de admissões em regime especial ou atípico.

1 - Uma declaração relativa a mercadorias oriundas diretamente do exterior só poderá referir-se a uma das seguintes hipóteses, mutuamente excludentes:

a) mercadoria para consumo (inclusive drawback e originária do regime DAC);

b) mercadoria para admissão num dos seguintes regimes especiais ou atípicos:

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• Admissão Temporária;

• Entreposto Aduaneiro;

• Entreposto Industrial;

• Depósito Especial Alfandegado;

• Área de Livre Comércio;

• Entreposto Internacional da ZFM;

• Depósito Aduaneiro de Distribuição;

• Loja Franca; ou

• Consumo e Admissão Temporária.

2 - Uma declaração relativa a mercadorias com admissão anterior em regime aduaneiro especial ou atípico só poderá contemplar uma das seguintes hipóteses:

a) Nacionalização:

• de Admissão Temporária;

• de Entreposto Aduaneiro;

• de Depósito Especial Alfandegado (DEA); ou

• de Regime Aduaneiro Especial - Geral.

b) Internação:

• de Área de Livre Comércio (ALC);

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• da Zona Franca de Manaus - Produto Industrializado (ZFM-PI); ou

• da Zona Franca de Manaus - Produto Estrangeiro (ZFM-PE).

c) Saídas:

• do Entreposto Internacional da ZFM; ou

• de Entreposto Industrial.

O despacho aduaneiro de admissão em depósito afiançado, de remessas expressas transportadas por empresas de courier, de remessas postais internacionais submetidas ao RTS e o de urnas funerárias contendo restos mortais serão processados conforme estabelecido em normas específicas, sem registro no Siscomex.

7.Controles prévios ao registro da DI

7.1.Disponibilidade da carga importada Art. 5° da IN SRF 680/06:

O depositário de mercadoria sob controle aduaneiro, na importação, deverá informar à SRF, de forma imediata, sobre a disponibilidade da carga recolhida sob sua custódia em local ou recinto alfandegado, de zona primária ou secundária, mediante indicação do correspondente Número Identificador da Carga (NIC).

§ 1º A constatação de falta ou acréscimo de mercadoria também deve ser informada pelo depositário à fiscalização aduaneira.

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§ 1º Os sinais de avaria e a constatação de falta ou acréscimo de volume também devem ser informados pelo depositário à fiscalização aduaneira. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 957, de 15 de julho de 2009)

§ 2º O NIC informado pelo depositário nos termos do caput deverá ser utilizado pelo importador para fins de preenchimento e registro da DI.

§ 3º O procedimento estabelecido no caput e no § 2º não se aplica à carga:

I - ingressada no País por unidade da SRF usuária do Sistema de Gerência do Manifesto, do Trânsito e do Armazenamento (Mantra), onde se processe o despacho aduaneiro de importação da mercadoria, hipótese em que deverá ser observada a norma específica;

II - introduzida no País por meio de ductos, esteiras ou cabos;

III - cujo despacho aduaneiro tenha sido autorizado com dispensa de seu descarregamento; e

IV - transportada pelo serviço postal ou despachada como remessa expressa.

§ 4º A Coordenação-Geral de Tecnologia e Segurança da Informação (Cotec) ou a Coordenação-Geral de Administração Aduaneira (Coana) poderão expedir instruções complementares necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo.

§ 5º A disponibilidade da carga em unidade da SRF localizada em ponto de fronteira alfandegado, onde inexista depositário, será informada no Siscomex pela fiscalização aduaneira.

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A disponibilização da carga importada é o que se denomina como “presença de carga”, ou seja, é o ato realizado pelo depositário e ratificado pela Receita Federal do Brasil que permite o registro da Declaração de Importação no Siscomex.

A informação da presença da carga, qualquer que seja a forma, representa a comprovação, pelo depositário, da disponibilidade da carga recolhida sob sua custódia.

Entretanto, a informação da presença de carga ocorre de maneiras distintas, conforme o Modal de Transporte:

• Modal Aéreo

• Modal Marítimo

• Modal Terrestre (Fronteiras)

7.1.1.Modal aéreo

O Sistema Integrado de Gerência do Manifesto, do Trânsito e do Armazenamento - Mantra, destina-se ao controle informatizado das cargas procedentes diretamente do exterior e das procedentes de trânsito aduaneiro, desde a sua chegada até a sua saída da zona primária, nos aeroportos internacionais do país.

Entende-se por:

• Carga de armazenamento: aquela que permanecerá no recinto alfandegado sob custódia do depositário.

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• Carga pátio: aquela que permanecerá em local próprio, sob controle aduaneiro e sem armazenamento, no aguardo do desembaraço para movimentação imediata.

• Local Mantra: recinto alfandegado (armazém, terminal, pátio etc.) controlados pelo Sistema Mantra.

• Local não-Mantra: recinto alfandegado (seja de zona primária ou secundária) não controlado pelo Sistema Mantra.

A manifestação da carga (manifesto de carga) é o procedimento pelo qual o transportador, antes da chegada do veículo em aeroporto internacional, informa no sistema as cargas procedentes diretamente do exterior ou em trânsito aduaneiro, com a finalidade de:

• Identificar o veículo transportador e sua previsão de chegada;

• Identificar e quantificar cargas no sistema; e

• Constituir o manifesto informatizado (rol de conhecimentos do veículo destinados ao aeroporto), sobre o qual se controlará a descarga, permanência e saída da carga.

A informação da carga de trânsito é o procedimento pelo qual o transportador de cargas em trânsito aduaneiro informará ao Sistema Mantra os dados da carga já constantes do Siscomex Trânsito, no caso do trânsito aduaneiro de recinto de origem não-Mantra para recinto de destino Mantra.

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No caso de trânsito de origem Mantra para destino Mantra, o sistema gera automaticamente a manifestação de carga para o destino, não necessitando nova informação dos dados da carga, os quais já haviam sido inseridos na chegada da carga do exterior.

Registro da chegada efetiva é o procedimento pelo qual o transportador, ou, na sua ausência, a RFB, registrará, no sistema, a chegada efetiva do veículo aéreo ou rodoviário.

O registro da chegada deverá ser efetuado tanto para veículos procedentes diretamente do exterior, quanto para veículos que transportem cargas em trânsito aduaneiro.

Informada a chegada do veículo, o sistema automaticamente gera o número do termo de entrada (TE), que passa a identificar o manifesto informatizado.

O armazenamento é procedimento pelo qual o depositário informa no sistema os dados da carga que esteja sob sua custódia.

No registro do armazenamento, o depositário procede à conferência da carga recebida para armazenamento e informa, no sistema, quantidade, peso e eventual avaria da carga.

O encerramento do armazenamento é a declaração do depositário de que toda a operação de armazenamento foi concluída, ou seja, que nada mais tem a informar com relação ao recebimento daquela carga.

Encerrado o armazenamento, o sistema procede ao batimento automático dos dados do armazenamento com os dados

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de informação da carga prestados pelo transportador, de forma a identificar os casos de falta, excesso ou avaria.

No caso de divergência, o transportador pode concordar com a informação (função "avaliza sem ressalva") ou discordar dela (função "avaliza com ressalva").

A RFB toma ciência da divergência detectada (função "visa"), que pode ser objeto de procedimento específico, tal como vistoria aduaneira ou conferência final de manifesto.

No caso de carga sem divergências, o "avaliza" e o "visa" serão automáticos. Nesta fase, o sistema já está com todas as informações lançadas e disponibilizado para utilização do importador para registro da DI. É o que comumente chamamos de “Mantra Visado”.

Indisponibilização da carga é o procedimento de segurança que permite bloqueá-la no sistema até a análise da RFB, impedindo que seja submetida a despacho ou entregue.

A indisponibilização da carga é efetuada pela RFB, ao detectar indícios de infração, ou automaticamente, pelo sistema, caso sejam detectadas divergências ou inconsistências entre as informações prestadas pelo transportador e pelo depositário.

A carga pode ser redisponibilizada tanto pela RFB, após avaliação e saneamento dos indícios detectados, como pelo sistema, quando cumpridas as condições exigíveis para a redisponibilização.

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No momento do registro da DI, ocorre a vinculação da carga disponível à declaração, evitando que uma mesma carga seja vinculada a mais de uma declaração.

O desembaraço realizado no Siscomex é informado automaticamente ao Mantra, autorizando a entrega da carga.

7.1.2.Modal marítimo

O módulo de controle de carga aquaviária do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), denominado Siscomex Carga, controla a entrada e a saída de embarcações, a movimentação de cargas e unidades de carga em portos, bem como a entrega de carga pelo depositário (IN RFB nº 800/2007).

As informações necessárias aos controles serão prestadas à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) pelos intervenientes, mediante o uso de certificação digital.

Os dados relacionados ao veículo transportador serão prestados na escala pela empresa de navegação operadora da embarcação ou a agência de navegação.

A informação da carga transportada no veículo compreende:

• A informação do manifesto eletrônico;

• A vinculação do manifesto eletrônico a escala;

• A informação dos conhecimentos eletrônicos;

• A informação da desconsolidação; e

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• A associação do CE a novo manifesto, no caso de transbordo ou baldeação da carga.

A informação do manifesto eletrônico compreende a prestação dos dados referentes a todos os manifestos e relações de contêineres vazios transportados pela embarcação durante sua viagem pelo território nacional.

A informação do Conhecimento de Carga prestada à autoridade aduaneira na forma eletrônica - Conhecimento Eletrônico (CE) compreende os dados básicos e os correspondentes itens de carga e deverá ser prestada pela empresa de navegação que emitiu o manifesto ou por agência de navegação que a represente.Entre os dados básicos, no campo de descrição de mercadorias, deverá conter também a quantidade total de volumes do conhecimento (caput e §5º do art. 13 da IN RFB nº 800/2007).

O CE é a declaração eletrônica das informações constantes do conhecimento de carga (Bill of Lading - BL), informado à autoridade aduaneira na forma eletrônica, mediante certificação digital do emitente, no modal marítimo, lacustre e fluvial. (art. 2º, inciso XI da IN RFB nº 800/2007).

O conhecimento de carga classifica-se, conforme o emissor e o consignatário, em:

• Único, se emitido por empresa de navegação, quando o consignatário não for um desconsolidador;

• Genérico ou master, quando o consignatário for um desconsolidador; ou

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• Agregado, house ou filhote, quando for emitido por um consolidador e o consignatário não for um desconsolidador.

A informação da desconsolidação da carga manifestada compreende:

• A identificação do CE como genérico, pela informação da quantidade de seus conhecimentos agregados; e

• A inclusão de todos os seus conhecimentos eletrônicos agregados.

A desconsolidação será informada pelo agente de carga que constar como consignatário do CE genérico ou por seu representante.

O conhecimento de carga genérico somente poderá ser vinculado a Declaração de Trânsito, sendo vedada a sua vinculação à Declaração de Importação.

O depositário de mercadoria procedente do exterior pela via marítima, fluvial ou lacustre deverá informar, no sistema, o armazenamento da carga destinada ao seu recinto.

Enquanto a função de controle de armazenamento não estiver disponível no Siscomex Carga, a informação do número identificador da carga (NIC) da carga sob a sua custódia deverá ser prestada pelo depositário, no Siscomex Importação, exceto nos casos de carga:

• Em baldeação para outra embarcação, como complementação do seu transporte internacional; e

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• Não armazenada no local de descarga, com tratamento de "carga pátio" no Siscomex Trânsito.

Somente será permitida a informação do armazenamento da carga, via NIC, quando a escala estiver atracada.

Serão observadas as seguintes condições cumulativas para a efetivação do registro da DI, DSI ou declaração de trânsito aduaneiro quando a entrada da carga no País ocorrer por via marítima, fluvial ou lacustre, com informação do CE no sistema:

• O NIC informado na declaração deverá encontrar-se disponível no Siscomex, exceto no caso de carga pátio;

• O consignatário da carga deverá ser o importador identificado na declaração;

• Os dados informados na declaração para despacho aduaneiro deverão ser compatíveis com os informados no respectivo CE; e

• O CE não deverá estar com bloqueio impeditivo de registro.

Através da Consulta CE, no Siscomex Carga, o usuário verificará a situação da carga (armazenada, bloqueada, desembaraçada, entregue, etc).

As regras de formação do Número Identificador da Carga (NIC) e a prestação da sua informação estão dispostas no ADE COREP nº 2/2008.

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Enquanto não estiver disponível no Siscomex Carga a função de controle de armazenamento, o depositário deverá informar o armazenamento da carga destinada ao seu recinto no Siscomex Presença de Carga para que seja gerado o número identificador da carga (NIC). (art. 35 da IN RFB nº 800/2007).

7.1.3.Modal terrestre (fronteiras)

Nas importações realizadas por via terrestre, há um módulo no Siscomex, denominado PRESENÇA DE CARGA, cuja função é registrar/controlar o armazenamento da carga, permitindo o registro da DI somente para as cargas efetivamente armazenadas e ainda não submetidas a despacho, salvo exceções admitidas pela legislação.

O depositário gera o NIC com base no conhecimento de carga e de acordo com a regra de formação estabelecida no ADE Corep nº 2/2008.

A informação do NIC, no sistema, corresponde à confirmação da presença de carga no recinto alfandegado e é registrada na situação "disponível".

O Siscomex Importação somente permite o registro da DI para NIC disponível. Registrada a DI, o sistema automaticamente indisponibiliza o NIC, impedindo novas vinculações para a mesma carga.

Em ponto de fronteira sem depositário, a RFB gera o NIC e o informa ao sistema.

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Para verificar se o veículo transportador está habilitado ao transporte rodoviário internacional, consultar o sítio da ANTT e selecione a opção “Consulta Veículos Habilitados”.

Em ponto de fronteira sem depositário, o MIC/DTA deve ser apresentado em vias originais por ocasião do registro da presença de carga.

7.2.Controle de outros órgãos e Agências da Administração Pública Federal

IN SRF 680/06:

Art. 7º O chefe da unidade da SRF responsável pelo despacho aduaneiro regulamentará o credenciamento para acesso ao recinto ou local de depósito da mercadoria importada, dos servidores dos órgãos e agências responsáveis pela inspeção a que se refere o art. 6º.

Parágrafo único. Nos recintos sob responsabilidade de depositário, a expedição de credencial de acesso deverá ser executada por esse.

Art. 8º A retirada de amostra para realização da inspeção referida no art. 6º deverá ser averbada em termo próprio com as assinaturas do importador ou de seu representante, do servidor responsável pela inspeção e do depositário e, havendo acompanhamento fiscal, do representante da SRF.

§ 1º O termo a que se refere este artigo será mantido em poder do depositário para apresentação à SRF quando solicitada.

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§ 2º As mercadorias retiradas a título de amostra devem ser incluídas na DI.

Art. 9º Os relatórios ou termos de verificação de mercadoria lavrados por servidores dos órgãos e agências da administração pública federal a que se refere o art. 6º poderão servir como elemento comprobatório da identificação e quantificação das mercadorias inspecionadas, para os fins da fiscalização aduaneira.

Este controle refere-se ao atendimento das normas específicas de competência de outros órgãos, que têm a autoridade prevista na legislação para realizar a fiscalização necessária de acordo com sua área de competência. Basicamente trata-se da análise e deferimento de licenças de importação.

Por exemplo, um produto que tenha necessidade de anuência da Anvisa, antes do registro da declaração de importação, o controle que antecede o despacho deve ser realizado por este órgão, através de seus fiscais. Eles irão analisar a documentação, conferir a mercadoria se for o caso, e atestar que todas as condições e requisitos foram observados e cumpridos com vistas a realizar o deferimento da LI.

Só após o deferimento da LI no Siscomex será possível realizar o registro da DI, por este motivo, trata-se de um controle prévio ao registro da DI.

Exemplificamos apenas a Anvisa pois já tratamos anteriormente sobre os órgãos anuentes como MAPA, DPF, INMETRO, etc.

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7.3.Verificação de mercadoria pelo importador

Caso o importador tenha dúvidas quanto ao tratamento tributário ou aduaneiro a ser aplicado à mercadoria importada, inclusive no que se refere a sua perfeita identificação com vistas à classificação fiscal e à descrição detalhada, o importador poderá requerer sua verificação previamente ao registro da DI (art. 10 da IN SRF nº 680/2006).

O requerimento deve ser instruído com o conhecimento de carga correspondente e dirigido ao chefe do setor responsável pelo despacho aduaneiro, o qual deverá indicar um servidor para acompanhar o ato. Essa verificação prévia não dispensa a verificação física pela autoridade aduaneira, por ocasião do despacho de importação, se for o caso (§§ 1º e 2º do art. 10 da IN SRF nº 680/2006 com a redação dada pela IN RFB nº 957/2009).

O importador poderá também requerer a retirada de amostra que somente será autorizada mediante solicitação formal, por escrito ou por meios informatizados. O exame prévio da mercadoria e a retirada de amostras serão efetuados sob controle da autoridade aduaneira. A autorização para retirada de amostras indicará a quantidade de mercadoria a ser coletada, segundo sua natureza. A desembalagem, pesagem, reembalagem e qualquer outra manipulação da mercadoria, bem assim os gastos correspondentes, inclusive para sua análise, quando seja necessária, correrão por conta e risco do interessado (art. 21 da Decisão CMC nº 50/2004 internalizada pelo Decreto nº 6.870/2009).

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OBS: a análise, autorização e conclusão desse procedimento costuma ser demorada pois depende de vários fatores que devem ser considerados pela autoridade aduaneira, principalmente no que se diz respeito às prioridades dos serviços da alfândega. Ademais a isso, o ideal é que o importador tenha de antemão todas as informações necessárias para realizar o despacho aduaneiro, evitando a realização deste procedimento.

7.4.Pagamento dos tributos

O pagamento dos tributos e contribuições federais devidos na importação de mercadorias, bem assim dos demais valores exigidos em decorrência da aplicação de direitos antidumping, compensatórios ou de salvaguarda, será efetuado no ato do registro da respectiva DI, ou da sua retificação se efetuada no curso do despacho aduaneiro, por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) eletrônico, mediante débito automático em conta-corrente bancária, em agência habilitada de banco integrante da rede arrecadadora de receitas federais. (art. 11 da IN SRF nº 680/06).

As exceções à regra do débito automático, onde os recolhimentos podem ser feitos via DARF, são a DI vinculada a "processo judicial exclusivo DARF" e a "declaração preliminar". Esta última deve ser utilizada nas seguintes situações:

- No caso de não ser possível o acesso ao Siscomex, conforme previsto na IN SRF nº 84/96;

- No caso de ser autorizado o início ou a retomada do despacho de importação de mercadoria considerada

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abandonada. Nessa hipótese, o pagamento dos tributos incidentes na importação devem ser recolhidos com juros e multa de mora, nos termos e condições estabelecidos na IN SRF nº 69/99; e:

- No caso de inclusão de adição na DI ou de DI devida a Ato Declaratório, nos termos das Notícias Siscomex nº 39, de 28/10/2008; 40, de 28/10/2008; e 42, de 20/11/2008.

OBS: o ICMS, por tratar-se de imposto de competência estadual e por não estar firmado convênio que permita o recolhimento mediante débito bancário em conta corrente no ato do registro da DI, deverá ser recolhido por meio de GARE ou GNRE e deverá ter o seu pagamento vinculado ao Siscomex de forma a comprovar ao depositário o seu recolhimento.

Em situações em que houver adição com utilização de fundamento legal de suspensão de Imposto de Importação, conjugado com obrigatoriedade do recolhimento de direitos antidumping, até que seja corrigida falha do Sistema Siscomex, deverá ser observado o seguinte procedimento pelo importador, de forma a ser considerado espontâneo o recolhimento dos direitos antidumping, conforme Notícia Siscomex Importação no 55, de 12/12/2007:

Imediatamente após o registro da DI, antes de sua parametrização:

Verificar o valor do antidumping calculado pelo Siscomex (ficha tributos da adição, campo valor devido);

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Retificar a ficha "pagamento" da DI, efetuando o pagamento dos valores calculados e não recolhidos; e

Retificar a ficha "informações complementares" da DI, com informações relativas aos direitos antidumping devidos.

No caso de importação em que o IPI é tributado com a conjugação de alíquota específica e alíquota ad valorem, o IPI e as contribuições PIS e COFINS devem ser calculados manualmente. Até que seja corrigida a limitação do Siscomex, deverá ser observado o seguinte procedimento pelo importador:

Ao elaborar a declaração, deve ser utilizada a alíquota ad valorem prevista na norma para preenchimento da ficha/aba “Tributos/IPI” da adição (não será informada alíquota específica);

Na ficha/aba “Pagamento” da DI, deverão constar valores de IPI, COFINS e PIS conforme calculado pelo Siscomex. Esses valores serão recolhidos para registro da DI;

Imediatamente após o registro, o importador deverá fazer retificação da DI recolhendo a diferença do IPI, da COFINS e PIS. A planilha de cálculo constante no Anexo Único da Norma de Execução Coana nº 2/2005 pode ser usada para o correto cálculo do total do IPI, COFINS e PIS (na planilha, deverão ser informadas corretamente as duas alíquotas - a diferença a ser recolhida na retificação será o total do IPI calculado pela planilha menos o referente à alíquota ad valorem que já fora recolhido para o registro da DI). Da mesma maneira, essa planilha pode ser usada para instrução do despacho aduaneiro, a fim de facilitar a análise nos casos citados. A “memória de cálculo”, com as alíquotas corretas, deverá ser informada na ficha/aba “Informações Complementares” da DI.

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Tratando-se de empresa habilitada ao despacho aduaneiro expresso (Linha Azul, Recof, Depósito Especial), existe ainda a necessidade da vinculação do número do processo administrativo da habilitação ao regime, conforme determinado na referida Notícia Siscomex Importação.

Quando houver a apuração de créditos tributários, a retificação da DI somente deve ser deferida após o pagamento da diferença de tributos e/ou multas, quando cabíveis.

Em se tratando de exigência de crédito tributário efetuada no curso do despacho, não há necessidade de formalização de processo. Havendo, no entanto, manifestação de inconformidade, por parte do importador, essa exigência deve ser formalizada em auto de infração ou notificação de lançamento, na forma prevista no Decreto nº 70.235/72. (§§ 2º e 3º art. 570 do Regulamento Aduaneiro)

Os depósitos administrativos (IN SRF nº 421/04) efetuados no curso do despacho de importação, para liberação de mercadorias, devem ser objeto de confirmação no Sistema de Informações da Arrecadação Federal (Sinal) (art. 12 da IN SRF nº 680/06).

O importador deve observar os detalhes relativos ao recolhimento dos tributos no caso de admissão temporária para utilização econômica no País, nos termos do art. 373 do Regulamento Aduaneiro e da IN SRF nº 285/03.

Os tributos ou contribuições devidos no momento do registro da DI não poderão ser compensados com créditos apurados pelo importador (§ 1º do art. 113 do Regulamento Aduaneiro).

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Nas hipóteses de impossibilidade de identificação da mercadoria importada, em razão de seu extravio ou consumo, e de descrição genérica nos documentos comerciais e de transporte disponíveis, será aplicada alíquota única de 80% (oitenta por cento) em regime de tributação simplificada relativa aos tributos incidentes na importação, nos termos do art. 67 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003.

A base de cálculo da tributação simplificada prevista neste artigo será arbitrada em valor equivalente à mediana dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas a título definitivo, pela mesma via de transporte internacional, constantes de declarações registradas no semestre anterior, incluídas as despesas de frete e seguro internacionais.

Procedimento

Para verificar os códigos de receita relativos aos tributos devidos na importação, ver no sítio da RFB em Pagamento/Códigos de Receitas. Abaixo segue os principais códigos para facilitar a memorização:

• 0086 – Imposto de Importação

• 1038 – IPI

• 5602 – PIS/PASEP Importação

• 5629 – Cofins Importação

• 7811 – Taxa de utilização do Siscomex

• 2185 – Multa aduaneira sem redução

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• 5149 – Multa aduaneira com redução

O recolhimento de tributos por exigência fiscal, inclusive no curso do despacho, deve ser efetuado utilizando-se os códigos de receita de lançamento de ofício.

Em relação ao recolhimento de multa de mora e juros de mora, observar as regras de cálculo a seguir:

Cálculo de Multa de mora:

Calcula-se o percentual da multa de mora multiplicando-se a taxa de 0,33% ao dia pelo numero de dias de atraso, limitado ao máximo de 20%;

O número de dias de atraso é calculado contando-se a partir do primeiro dia útil seguinte à data em que deveria ter ocorrido o recolhimento, até o dia em que este efetivamente ocorrer;

Aplica-se o percentual da multa de mora sobre o valor do tributo ou contribuição devido.

Cálculo de Juros de Mora:

O juro de mora é calculada somando-se a taxa Selic desde o mês seguinte ao do fato gerador dos tributos devidos até a do mês anterior ao do pagamento, acrescentando-se à soma 1% referente ao mês de pagamento;

Não há cobrança de juro de mora para pagamentos feitos dentro do próprio mês de vencimento, e é de 1% o juro de mora para pagamentos efetuados no mês seguinte ao do vencimento;

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Aplica-se a taxa do juro de mora sobre o valor do tributo ou contribuição devido.

8.Tributos

Independe de qualquer atividade estatal específica em relação ao cidadão contribuinte. O imposto é o instrumento que o Estado se utiliza para financiar as necessidades gerais de interesse público.

Taxas: tributo cobrado e relacionado diretamente a um serviço prestado, como por exemplo, a taxa de utilização do Siscomex, cobrada pela utilização e manutenção do sistema.

Contribuições de Melhoria: tributo cobrado para fazer face ao custo de obras públicas. Estão também incluídas neste conceito as contribuições “especiais” ou “parafiscais” constantes do Art 149 e 149-a da CF, onde se incluem as contribuições sociais, previdenciárias, de intervenção no domínio econômico (CIDE) e de interesse das categorias profissionais.

8.1.Características Principais:

8.1.2.Base de cálculo É a grandeza econômica estipulada por lei sobre a qual se

aplica a alíquota para o cálculo da quantia a pagar referente a determinado tributo.

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8.1.3.Alíquota

É o percentual ou valor fixo estipulado por lei que deverá ser aplicado sobre a base de cálculo, afim de encontrar o valor devido do tributo a recolher.

8.1.4.Fato Gerador

É o fato ou conjunto de fatos definidos em lei que uma vez ocorridos vinculam o nascimento da obrigação principal, ou seja, a obrigação jurídica de pagar um tributo determinado.

8.1.5.Obrigação principal

É a obrigação de pagar o tributo devido, gerada pelo fato gerador ocorrido.

8.1.6.Obrigação Acessória

São as obrigações que não representam valores financeiros ao Estado, mas sim de cumprir outras obrigações de natureza tributária, tais como: entregar declarações, escriturar livros, manter documentos arquivados, emitir notas fiscais, dentre outras inúmeras (obrigações de fazer e não fazer). Tais obrigações tem o objetivo de permitir ao Fisco o controle da arrecadação, bem como o combate à sonegação.

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OBS: é importante lembrar que o descumprimento da obrigação acessória faz com que ela se converta em obrigação principal, por meio da penalidade pecuniária (§3º do Art. 113 do CTN).

9. Impostos Incidentes na Importação

Abaixo analisaremos os principais impostos, contribuições e taxas que incidem sobre uma operação de importação.

9.1 Imposto de Importação (II)

É um imposto federal, de competência da União. Sua natureza é extrafiscal, ou seja, sua função principal não é arrecadatória, mas sim econômica ou regulatória. Seu propósito é atingir interesses econômicos de interesse das políticas do governo, proteção da indústria e comércio nacionais, bem como de proteção ao consumidor contra momentos de escassez ou especulação interna.

Fato Gerador: entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro (Art. 72 do Decreto 6.759/09).

Base de Cálculo (Art. 75 do Decreto 6.759/09):

I - quando a alíquota for ad valorem, o valor aduaneiro apurado segundo as normas do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT 1994 – (sobre o valor do bem)

II - quando a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria expressa na unidade de medida estabelecida. (sobre a quantidade de

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mercadoria na sua unidade de medida, Ex.: por peso, extensão, volume, unidade, peça, etc.)

Alíquota: conforme a TEC (Tarifa Externa Comum) e por classificação fiscal (NCM/SH) do bem importado, vigente na data de ocorrência do fato gerador do tributo (Art. 90 do Decreto 6.759/09).

Pagamento: na data de registro da Declaração de Importação (Art. 107 do Decreto 6.759/09).

9.2. Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI)

É um imposto federal, de competência da União. Tem característica primordialmente fiscal, mas também tem função extrafiscal, uma vez que a CF exige que seja seletivo em razão da essencialidade do produto (Art. 153, §3º, I, da CF), ou seja, quanto mais for considerado supérfluo o produto, maior será a sua tributação.

Fato Gerador: desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira (Art. 238 do Decreto 6.759/09 e Art. 35, I, do Decreto 7.212/2010 – RIPI/2010).

Base de Cálculo: valor que servir ou que serviria de base para o cálculo dos tributos aduaneiros, acrescido do montante desses tributos (Art. 239 do Decreto 6.759/09 e Art. 190, I, alínea “a” do Decreto 7.212/2010 – RIPI/2010). Traduzindo, a base de cálculo do IPI é o Valor Aduaneiro + Imposto de Importação.

Alíquota: determinada mediante Decreto Executivo, conforme a essencialidade do produto, com base na TIPI – Tabela de

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Incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados (Decreto 7.660/11) e alterações posteriores.

Pagamento: na data de registro da Declaração de Importação (Art. 242 do Decreto 6.759/09 e Art. 262, I, do Decreto 7.212/2010 – RIPI/2010).

OBS: Há uma diferença entre o texto do R.A e do RIPI no que se refere ao momento do pagamento do IPI. O R.A. diz “na data de registro da declaração de importação” e no RIPI diz “antes da saída do produto da repartição que processar o despacho, nos casos de importação”. Independente das diferenças, na prática, o recolhimento do imposto deve ser efetuado no ato do registro da DI. Desta forma, como o fato gerador do IPI é o desembaraço aduaneiro, o recolhimento é efetuado antes do fato gerador pois o registro da DI é o procedimento inicial do despacho aduaneiro enquanto que o desembaraço é o último procedimento a ser realizado.

9.3. PIS/Pasep Importação – Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público.

É um tributo federal, de competência da União. Seu objetivo é o de financiar a seguridade social, pagamento do seguro-desemprego e do abono para os trabalhadores que ganham até dois salários mínimos e promover a integração do empregado na vida e no desenvolvimento das empresas, viabilizando melhor distribuição da renda nacional.

Fato Gerador: entrada de bens estrangeiros no território aduaneiro (Art. 251 do Decreto 6.759/09 e Art. 3º, I, da Lei 10.865/04).

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Base de Cálculo: valor aduaneiro (Art. 7, I, da Lei 10.865/04).

Alíquota: devem ser observadas as alíquotas previstas no Art. 8º da Lei 10.865/06.

Pagamento: data do registro da declaração de importação (Art. 259 do Decreto 6.759/09 e Art. 13, I, da Lei 10.865/04).

9.4. COFINS A COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade

Social) é uma contribuição federal, de competência da União. Tem por objetivo financiar a seguridade social.

Fato Gerador: entrada de bens estrangeiros no território aduaneiro (Art. 251 do Decreto 6.759/09 e Art. 3º, I, da Lei 10.865/04).

Base de Cálculo: valor aduaneiro (Art. 7, I, da Lei 10.865/04).

Alíquota: devem ser observadas as alíquotas previstas no Art. 8º da Lei 10.865/06.

Pagamento: data do registro da declaração de importação (Art. 259 do Decreto 6.759/09 e Art. 13, I, da Lei 10.865/04).

9.5. ICMS

O ICMS( Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) é um imposto

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estadual, de competência dos estados e Distrito Federal. Incide sobre a movimentação de produtos no mercado interno e sobre serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Também incide sobre os bens importados em geral, afim de promover tratamento tributário isonômico para os produtos importados e nacionais.

Também atende ao princípio da seletividade, ou seja, o ônus do impostos é diferente em razão da essencialidade do produto., tornando as alíquotas variáveis. Por ser um imposto de competência estadual, cada um dos 26 Estados e o Distrito Federal tem sua própria legislação, o que origina 27 regulamentações sobre o ICMS, devendo o importador observar o regulamento de acordo com o seu domicílio tributário e regras gerais do ICMS.

Fato Gerador: desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior (Art. 12, Inciso IX, da Lei Complementar 87/96).

Base de Cálculo (Art 13, Inciso V, da Lei Complementar 87/96):

V - na hipótese do inciso IX do art. 12, a soma das seguintes parcelas:

a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos de importação, observado o disposto no art. 14;

b) imposto de importação;

c) imposto sobre produtos industrializados;

d) imposto sobre operações de câmbio;

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e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras;

Alíquota: conforme legislação tributária de cada Estado (Regulamentos do ICMS).

Pagamento: deverá ser observada a legislação tributária de cada Estado, mas via de regra é recolhido mediante guia de recolhimento (GARE ou GNRE), na data do desembaraço aduaneiro da mercadoria ou no dia subseqüente caso o desembaraço tenha ocorrido após o horário do expediente bancário. Caso o ICMS não tenha sido recolhido no prazo legal, deve ser acrescido de multas e juros, conforme legislação de cada Estado.

9.6. Taxa de Utilização do Siscomex

Antes do Siscomex-Importação entrar em funcionamento em 01/01/1997, os processos de importação eram feitos por meio de formulários padrões, impressos por texto em computador em impressoras matriciais ou datilografados .

No início de implantação do sistema informatizado não era recolhida a taxa referida, tendo sua cobrança iniciada em 01/01/1999, regulamentada pela IN SRF 131/98 que foi incorporada ao texto da IN SRF 680/06, ratificando a cobrança.

Em 2011 foi publicada a IN SRF 1.158/11, alterando o Art. 13 da IN 680/06, com o reajuste dos valores cobrados da taxa, ficando desta forma:

Art. 13. A Taxa de Utilização do Siscomex será devida no ato do registro da DI à razão de:

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I - R$ 185,00 (cento e oitenta e cinco reais) por DI;

II - R$ 29,50 (vinte e nove reais e cinquenta centavos) para cada adição de mercadoria à DI, observados os seguintes limites:

a) até a 2ª adição - R$ 29,50;

b) da 3ª à 5ª - R$ 23,60;

c) da 6ª à 10ª - R$ 17,70;

d) da 11ª à 20ª - R$ 11,80;

e) da 21ª à 50ª - R$ 5,90; e

f) a partir da 51ª - R$ 2,95.

Parágrafo único. A taxa a que se refere este artigo é devida, independentemente da ocorrência de tributo a recolher e será paga na forma do art. 11.

A taxa é cobrada independente de ocorrência de tributo a recolher, e deve ser debitada em conta corrente no ato do registro da Declaração de Importação.

OBS: as informações sobre os tributos contidas neste manual têm o objetivo de fornecer um entendimento geral e básico sobre os mesmos. Ressalto que tratamos apenas dos conceitos principais. Os requisitos e condições para a Não Incidência, Imunidade, Isenção, Redução da Base de Cálculo e Suspensão dos tributos e contribuições devem ser consultados na legislação de cada tributo.

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10.Registro da Declaração de Importação

A DI será registrada no Siscomex, por solicitação do importador, mediante a sua numeração automática única, seqüencial e nacional, reiniciada a cada ano.

A Declaração de Importação - DI será formulada pelo importador no Siscomex e consistirá na prestação das informações constantes do Anexo I da IN SRF nº 680/2006, de acordo com o tipo de declaração e a modalidade de despacho aduaneiro.

Essas informações estão separadas em dois grupos:

• Gerais - correspondentes à operação de importação;

• Específicas (na adição) - contendo dados de natureza comercial, fiscal e cambial sobre as mercadorias.

O tratamento aduaneiro a ser aplicado à mercadoria importada será determinante para a escolha do tipo de declaração a ser preenchida pelo importador.

Na próxima página, segue modelo apenas como exemplo, da chamada “Capa da DI” para a noção do que é o documento.

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O registro da DI caracteriza o início do despacho aduaneiro de importação, e somente será efetivado:

I - se verificada a regularidade cadastral do importador;

II - após o licenciamento da operação de importação, quando exigível, e a verificação do atendimento às normas cambiais, conforme estabelecido pelos órgãos e agências da administração pública federal competentes;

III - após a chegada da carga, exceto na modalidade de registro antecipado da DI, previsto no art. 17;

IV - após a confirmação pelo banco da aceitação do débito relativo aos tributos, contribuições e direitos devidos, inclusive da Taxa de Utilização do Siscomex;

V - se não for constatada qualquer irregularidade impeditiva do registro.

Entende-se por irregularidade impeditiva do registro da declaração aquela decorrente da omissão de dado obrigatório ou o seu fornecimento com erro, bem assim a que decorra de impossibilidade legal absoluta.

Considera-se não chegada a carga que, no Mantra, esteja em situação que impeça a vinculação da DI ao conhecimento de carga correspondente.

Efetivado o registro da DI, o Siscomex emitirá, a pedido do importador, o extrato correspondente.

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11.Registro Antecipado da DI

A DI relativa a mercadoria que proceda diretamente do exterior poderá ser registrada antes da sua descarga na unidade da SRF de despacho, quando se tratar de:

I - mercadoria transportada a granel, cuja descarga deva se realizar diretamente para terminais de oleodutos, silos ou depósitos próprios, ou veículos apropriados;

II - mercadoria inflamável, corrosiva, radioativa ou que apresente características de periculosidade;

III - plantas e animais vivos, frutas frescas e outros produtos facilmente perecíveis ou suscetíveis de danos causados por agentes exteriores;

IV - papel para impressão de livros, jornais e periódicos;

V - órgão da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal, inclusive autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas; e

VI - mercadoria transportada por via terrestre, fluvial ou lacustre.

O registro antecipado poderá ser realizado também em outras situações ou para outros produtos, conforme estabelecido em normas específicas, ou, em casos justificados, mediante prévia autorização do chefe da unidade da SRF de despacho.

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12.Registro da declaração simplificada de importação (DSI)

O registro da declaração simplificada de importação (DSI) obedecem aos mesmos princípios legais do registro de DI, diferenciando-se apenas na possibilidade de sua utilização, conforme o que está disposto na IN SRF 611/06. A DSI também será registrada por solicitação do importador ou seu representante, mediante a sua numeração automática única, sequencial e nacional, reiniciada a cada ano, pelo Siscomex.

O registro da DSI caracteriza o início do despacho aduaneiro de importação.

13.Documentos de instrução da DI

Para a elaboração da DI, o importador se utiliza da documentação original que ampara a operação para que as informações estejam em conformidade com a mesma. O Art. 18 da IN 680/06 e o Art. 553 do R.A. (Regulamento Aduaneiro) instituem como documentos de instrução do despacho:

IN SRF 680/06:

Art. 18. A DI será instruída com os seguintes documentos:

I - via original do conhecimento de carga ou documento equivalente;

II - via original da fatura comercial, assinada pelo exportador;

III - romaneio de carga (packing list), quando aplicável; e

IV - outros, exigidos exclusivamente em decorrência de Acordos Internacionais ou de legislação específica.

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Há uma pequena diferença no texto sobre a obrigatoriedade da apresentação do Romaneio de Carga (Packing List). No R.A, não há no texto explicitamente a menção do referido documento, mas a obrigatoriedade da apresentação do Romaneio de Carga (packing list) tem base no parágrafo único do mesmo artigo:

Parágrafo único. Poderão ser exigidos outros documentos instrutivos da declaração aduaneira em decorrência de acordos internacionais ou por força de lei, de regulamento ou de outro ato normativo.

O ato normativo a que se refere o parágrafo único é a IN SRF 680/06 que disciplina o despacho aduaneiro de importação, portanto é documento obrigatório. Ratifica-se esta prerrogativa pela multa por falta da apresentação do Romaneio de Carga no R.A:

Art. 728. Aplicam-se ainda as seguintes multas

VIII - de R$ 500,00 (quinhentos reais):

e) pela não-apresentação do romaneio de carga (packing-list) nos documentos de instrução da declaração aduaneira;

Portanto temos obrigatoriamente três documentos básicos e mais utilizados: conhecimento de carga, via original da fatura comercial (Invoice) e o romaneio de carga (Packing List).

Com base nestes documentos é que o importador deverá prestar as informações necessárias para o registro correto da declaração de importação. Desta forma, precisamos frisar a importância da análise crítica desses documentos a fim de encontrar divergências que possam ocasionar erros no registro da declaração.

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Abaixo, veremos a base legal desses documentos:

13.1. Do Conhecimento de Carga

O conhecimento de carga, também conhecido como conhecimento de transporte emitido pelo transportador, define a contratação da operação de transporte internacional, comprova o recebimento da mercadoria na origem e a obrigação de entregá-la no lugar de destino, constitui prova de posse ou propriedade da mercadoria e é um documento que ampara a mercadoria e descreve a operação de transporte.

O conhecimento de carga recebe denominações específicas em função da via de transporte: CRT (Rodoviário), TIF (Ferroviário), BL (Marítimo) ou AWB (Aéreo).

13.1.2.Da consignação no conhecimento de carga

A consignação no conhecimento de carga prova a propriedade da mercadoria e pode ser:

• Nominativa - quando conste do conhecimento original o nome por extenso do destinatário da mercadoria;

• À ordem do embarcador - quando a propriedade consigna-se ao remetente; ou

• Ao portador - o proprietário será qualquer pessoa que apresente o conhecimento.

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13.1.3.Classificação do conhecimento de carga

Revisando o que já estudamos anteriormente, o conhecimento de carga classifica-se, conforme o emissor e o consignatário, em:

• Único - se emitido pelo próprio transportador (agência de navegação, companhia aérea, armador), quando o consignatário não for um agente desconsolidador;

• Genérico ou master - se emitido pelo próprio transportador (agência de navegação, companhia aérea, armador), quando o consignatário for um desconsolidador; ou

• Agregado, house ou filhote - quando for emitido por um agente consolidador de cargas e o consignatário não for um desconsolidador.

• Sub-master ou co-loader - quando for emitido por um agente consolidador de cargas e o consignatário for outro agente desconsolidador de cargas.

13.1.4.Demais considerações

A cada conhecimento de carga deve corresponder uma única DI, salvo exceções estabelecidas nos art. 67 e 68 da IN SRF nº 680/2006, art. 555 do Regulamento Aduaneiro.

A DI deve ser registrada em nome do consignatário do conhecimento, ressalvados os casos de nacionalização em

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determinados regimes aduaneiros especiais (caso da admissão temporária e entreposto aduaneiro, por exemplo).

Os conhecimentos do tipo "filhote" e "único" são os que podem amparar o despacho aduaneiro de importação.

Os conhecimentos genérico e submaster não podem amparar DI, mas podem amparar o regime aduaneiro especial de trânsito aduaneiro.

O endosso de conhecimento na via aquaviária deve ser efetuado pelo consignatário no Sistema de Controle da Arrecadação do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (Mercante).

Os requisitos formais e intrínsecos, a transmissibilidade e outros aspectos atinentes aos conhecimentos de carga devem regular-se pelos dispositivos da legislação comercial e civil, sem prejuízo da aplicação das normas tributárias quanto aos respectivos efeitos fiscais (art. 556 do Regulamento Aduaneiro).

Para efeitos fiscais, qualquer correção no conhecimento de carga deve ser feita por carta de correção (e ressalva no próprio documento) dirigida pelo emitente do conhecimento à autoridade aduaneira do local de descarga, a qual, se aceita, implica correção do manifesto (art. 556 do Regulamento Aduaneiro).

No caso de divergência entre o manifesto e o conhecimento, prevalecerá este, podendo a correção daquele ser feita de ofício (art. 47 do Regulamento Aduaneiro).

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É obrigatória a assinatura do emitente nas averbações, nas ressalvas, nas emendas ou nas entrelinhas lançadas nos conhecimentos e manifestos (art. 50 do Regulamento Aduaneiro).

Considera-se ocorrido o embarque da mercadoria para efeitos fiscais na data de emissão do conhecimento de carga.

O conhecimento de carga deve identificar a unidade de carga em que a mercadoria por ele amparada esteja contida.

No caso de registro antecipado da DI, o conhecimento de carga original deverá ser entregue antes do desembaraço aduaneiro.

A transferência de titularidade de mercadoria de procedência estrangeira por endosso no conhecimento de carga somente será admitida mediante a comprovação documental da respectiva transação comercial.

A obrigação prevista anteriomente será dispensada no caso de endosso bancário ou em outras hipóteses estabelecidas em ato da Coana.

13.1.5.Hipóteses de não exigência

Não será exigida a apresentação do conhecimento de carga (inciso I, § 2º,do art. 18 da IN SRF nº 680/2006):

• No despacho para consumo de mercadoria desnacionalizada ou estrangeira que, após ter sido submetida a despacho aduaneiro de exportação, permaneça no País, em caráter definitivo ou temporário, nos termos da legislação específica;

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• Nos despachos para consumo de mercadoria de origem estrangeira que venha a ser transferida para outro regime aduaneiro especial ou despachada para consumo, independentemente do despacho a que foi submetida por ocasião do seu ingresso no País; ou

• Na hipótese de a mercadoria ingressar no País: por seus próprios meios, transportada em mãos, em condição ou finalidade para a qual a legislação não obrigue sua emissão ou em outras hipóteses estabelecidas em ato da coana

• Nos despachos de mercadoria transportada ao país no modal aquaviário, acobertada por Conhecimento Eletrônico (CE).

Regulamento aduaneiro:

Art. 554. O conhecimento de carga original, ou documento de efeito equivalente, constitui prova de posse ou de propriedade da mercadoria (Decreto-Lei no 37, de 1966, art. 46, caput, com a redação dada pelo Decreto-Lei no2.472, de 1988, art. 2o).

Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal do Brasil poderá dispor sobre hipóteses de não-exigência do conhecimento de carga para instrução da declaração de importação.

Art. 555. A cada conhecimento de carga deverá corresponder uma única declaração de importação, salvo exceções estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Art. 556. Os requisitos formais e intrínsecos, a transmissibilidade e outros aspectos atinentes aos conhecimentos de carga devem regular-

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se pelos dispositivos da legislação comercial e civil, sem prejuízo da aplicação das normas tributárias quanto aos respectivos efeitos fiscais.

13.2. Da Fatura Comercial

A fatura comercial é o documento de natureza contratual que espelha a operação de compra e venda entre o importador brasileiro e o exportador estrangeiro.

A Declaração de Importação (DI) deverá ser obrigatoriamente instruída com a via original da fatura comercial, assinada pelo exportador (art. 553, inciso II do Regulamento Aduaneiro c/c art. 18 da IN SRF nº 680/2006) ou seu representante legal, conforme ADI RFB nº 14/2007. A não apresentação da via original acarretará a interrupção do curso do despacho (art 570, § 1º, inciso I, do Regulamento Aduaneiro).

A primeira via da fatura comercial será sempre a original, podendo ser emitida, assim como as demais vias, por qualquer processo (art. 559 do Regulamento Aduaneiro). Será aceita como primeira via da fatura comercial, quando emitida por processo eletrônico, aquela da qual conste expressamente tal indicação.

Regulamento Aduaneiro:

Art. 557. A fatura comercial deverá conter as seguintes indicações:

I - nome e endereço, completos, do exportador;

II - nome e endereço, completos, do importador e, se for caso, do adquirente ou do encomendante predeterminado;

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III - especificação das mercadorias em português ou em idioma oficial do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, ou, se em outro idioma, acompanhada de tradução em língua portuguesa, a critério da autoridade aduaneira, contendo as denominações próprias e comerciais, com a indicação dos elementos indispensáveis a sua perfeita identificação;

IV - marca, numeração e, se houver, número de referência dos volumes;

V - quantidade e espécie dos volumes;

VI - peso bruto dos volumes, entendendo-se, como tal, o da mercadoria com todos os seus recipientes, embalagens e demais envoltórios;

VII - peso líquido, assim considerado o da mercadoria livre de todo e qualquer envoltório;

VIII - país de origem, como tal entendido aquele onde houver sido produzida a mercadoria ou onde tiver ocorrido a última transformação substancial;

IX - país de aquisição, assim considerado aquele do qual a mercadoria foi adquirida para ser exportada para o Brasil, independentemente do país de origem da mercadoria ou de seus insumos;

X - país de procedência, assim considerado aquele onde se encontrava a mercadoria no momento de sua aquisição;

XI - preço unitário e total de cada espécie de mercadoria e, se houver, o montante e a natureza das reduções e dos descontos concedidos;

XII - custo de transporte a que se refere o inciso I do art. 77 e demais despesas relativas às mercadorias especificadas na fatura;

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XIII - condições e moeda de pagamento; e

XIV - termo da condição de venda (INCOTERM).

Parágrafo único. As emendas, ressalvas ou entrelinhas feitas na fatura deverão ser autenticadas pelo exportador.

Art. 558. Os volumes cobertos por uma mesma fatura terão uma só marca e serão numerados, vedada a repetição de números.

§ 1o É admitido o emprego de algarismos, a título de marca, desde que sejam apostos dentro de uma figura geométrica, respeitada a norma prescrita no § 2o sobre a numeração de volumes.

§ 2o O número em cada volume será aposto ao lado da marca ou da figura geométrica que a encerre.

§ 3o É dispensável a numeração:

I - quando se tratar de mercadoria normalmente importada a granel, embarcada solta ou em amarrados, desde que não traga embalagem; e

II - no caso de partidas de uma mesma mercadoria, de cinqüenta ou mais volumes, desde que toda a partida se constitua de volumes uniformes, com o mesmo peso e medida.

Art. 559. A primeira via da fatura comercial será sempre a original, podendo ser emitida, assim como as demais vias, por qualquer processo.

Parágrafo único. Será aceita como primeira via da fatura comercial, quando emitida por processo eletrônico, aquela da qual conste expressamente tal indicação.

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Art. 560. Equipara-se à fatura comercial, para todos os efeitos, o conhecimento de carga aéreo, desde que nele constem as indicações de quantidade, espécie e valor das mercadorias que lhe correspondam (Decreto-Lei no37, de 1966, art. 46, § 1o, com a redação dada pelo Decreto-Lei no 2.472, de 1988, art. 2o).

Art. 561. Poderá ser estabelecida, por ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil, à vista de solicitação da Câmara de Comércio Exterior, a exigência de visto consular em fatura comercial (Decreto-Lei Nº 37, de 1966, art. 46, § 2o, com a redação dada pelo Decreto-Lei no 2.472, de 1988, art. 2o).

Parágrafo único. O visto a que se refere o caput poderá ser substituído por declaração de órgão público ou de entidade representativa de exportadores, no país de procedência ou na comunidade econômica a que pertencerem.

Art. 562. A Secretaria da Receita Federal do Brasil poderá dispor, em relação à fatura comercial, sobre:

I - casos de não-exigência;

II - casos de dispensa de sua apresentação para fins de desembaraço aduaneiro, hipótese em que deverá o importador conservar o documento em seu poder, pelo prazo decadencial, à disposição da fiscalização aduaneira;

III - quantidade de vias em que deverá ser emitida e sua destinação; e

IV - outros elementos a serem indicados, além dos descritos no art. 557.

A fatura comercial não será exigida nos seguintes casos:

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a) Em importação que não corresponda a uma venda internacional da mercadoria, tal como o retorno de exportação temporária ou a admissão temporária de bens;

b) No despacho de importação que corresponda a uma parcela da mercadoria adquirida em uma transação comercial, cuja fatura já tenha sido apresentada em despacho anterior;

c) Em condição ou finalidade para a qual a legislação não obrigue sua emissão; e

d) Em outras hipóteses estabelecidas em ato da Coana.

13.2.1.Da fatura “Pro-Forma”

A fatura Pró-Forma, diferencia-se da fatura comercial pelo fato de que é utilizada apenas durante a negociação entre o exportador e o importador. É o documento emitido antes do fechamento do negócio propriamente dito. Não reflete necessariamente o fechamento definitivo do mesmo. Trata-se de uma proposta de venda, firmada pelo exportador. O importador aceitando-a o negócio será feito e cabe ao exportador a obrigação de transferir todos os termos e condições do negócio acordado para a fatura comercial.

13.3. Romaneio de Carga (Packign List)

Muito embora o Romaneio de Carga (Packing List) não tenha uma configuração prevista na legislação como no caso da Fatura, o mesmo deve conter as informações básicas sobre a quantidade e

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natureza dos volumes, das mercadorias que estão em cada um destes volumes, e seus pesos líquido e bruto.

Ele é o documento de embarque de contém a discriminação de todas as mercadorias embarcadas ou todos os componentes de uma carga em quantas partes estiver fracionada. Tem por objetivo tornar mais fácil a identificação de como a mercadoria está apresentada, como a localização de um produto dentro de um lote. Ele permite facilitar a conferência da mercadoria pela fiscalização tanto no embarque como no desembarque.

Não existe um modelo específico padrão para este documento. No entanto, ele deve conter, no mínimo os seguintes elementos:

• Quantidade total de volumes (embalagem);

• Marcação dos volumes;

• Identificação dos volumes por ordem numérica;

• Espécie de embalagem (se é caixa, pallet, engradado, etc.);

• Peso bruto e líquido de cada produto;

• Dimensões unitárias de cada espécie de embalagem;

• Volume total da carga;

Em algumas situações, está dispensada a sua apresentação, como por exemplo: granéis e cargas não embaladas e que por si só se identificam (automóveis com número de chassi e equipamentos de

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grande porte com número de série). Para estes casos o documento não deve ser considerado como instrutivo da declaração, nem tampouco está sujeito à multa por sua não apresentação.

13.4.Outros documentos

Art. 563. No caso de mercadoria que goze de tratamento tributário favorecido em razão de sua origem, a comprovação desta será feita por qualquer meio julgado idôneo, em conformidade com o estabelecido no correspondente acordo internacional, atendido o disposto no art. 117.

“Outros documentos” entendem-se pelos quais são obrigatórios em situações específicas, como por exemplo, Certificado de Origem para a concessão de alíquota de 0,00% para o Imposto de Importação quando importações realizadas tendo como origem países do MERCOSUL ou de algum outro Acordo que resulte em preferência tarifária.

Por fim, cabe ressaltar que o documento mais importante do despacho aduaneiro é a fatura comercial, pelo seguinte motivo: é o documento base de toda a operação e mediante o qual o importador poderá realizar o procedimento principal antes da efetivação do embarque da mercadoria: a classificação fiscal.

Ressaltamos aqui a importância deste requisito básico, mas muitas vezes ignorado pelos importadores e invariavelmente o motivo da maior parte de multas por parte da RFB.

Como já dito anteriormente, nosso objetivo não é adentrar nas particularidades da classificação fiscal, sendo este um objeto de

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estudo separado, mas sim de orientar que é o procedimento base e anterior a qualquer procedimento aduaneiro e o qual deve ser observado atentamente a fim de evitar prejuízos de ordem financeira.

Apenas como referência para uma compreensão mais aprofundada do assunto, recomendo aos interessados a leitura dos livros de Cesar Olivier Dalston. Cesar é Ex-Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, consultor especializado em classificação de mercadorias, de serviços intangíveis e seu currículo dispensa comentários. Utilizo dos serviços da Dalston Consultoria para melhor assessoria dos meus clientes. Para os interessados em conhecer um pouco mais sobre o trabalho dele, recomendo visitar o site: www.dalston.com.br.

13.5.Considerações finais sobre os documentos instrutivos

Os originais dos documentos instrutivos da DI deverão ser mantidos em poder do importador pelo prazo previsto na legislação

Os documentos instrutivos do despacho serão disponibilizados à RFB, em meio digital, por meio da funcionalidade “Anexação de Documentos Digitalizados”, disponível no Portal Único de Comércio Exterior, no endereço eletrônico , e autenticados via certificado digital.

É vedado o recebimento dos documentos quando o representante do importador não estiver credenciado junto à SRF, nos termos da norma específica.

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13.5.1.Recepção dos documentos

Os originais dos documentos instrutivos deverão ser entregues à RFB sempre que solicitados, devendo ser mantidos em poder do importador pelo prazo previsto na legislação tributária a que está submetido.

O importador deverá vincular o dossiê eletrônico, com os documentos instrutivos digitalizados, à DI.

No caso de registro antecipado da DI, o conhecimento de carga original deverá ser entregue antes do desembaraço aduaneiro.

Nas importações de produtos a granel ou perecíveis originários dos demais países integrantes do Mercado Comum do Sul (Mercosul), a apresentação do Certificado de Origem poderá ocorrer até 15 (quinze) dias após o registro da DI no Siscomex, sendo condição para o desembaraço aduaneiro, e desde que o importador apresente Termo de Responsabilidade em que se constituam as obrigações fiscais decorrentes da falta de entrega do documento no prazo estabelecido.

A Coana poderá dispensar a vinculação dos documentos instrutivos quando a declaração for direcionada para o canal verde de conferência.

Nas importações de produtos a granel ou perecíveis originários dos demais países integrantes do Mercado Comum do Sul (Mercosul), o Certificado de Origem poderá ser apresentado pelo importador à unidade da SRF de despacho até quinze dias após o registro DI no Siscomex, desde que o importador apresente Termo

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de Responsabilidade em que se constituam as obrigações fiscais decorrentes da falta de entrega do Certificado de Origem no prazo estabelecido.

Nas importações de produtos a granel ou perecíveis originários dos demais países integrantes do Mercado Comum do Sul (Mercosul), a apresentação do Certificado de Origem poderá ocorrer até quinze dias após o registro da DI no Siscomex, sendo condição para o desembaraço aduaneiro, e desde que o importador apresente Termo de Responsabilidade em que se constituam as obrigações fiscais decorrentes da falta de entrega do documento no prazo estabelecido.

Os documentos apresentados à RFB na forma disposta no caput subsistem para quaisquer efeitos fiscais.

O disposto no caput aplica-se, também, a outros documentos, requerimentos e termos apresentados no curso do despacho.

É vedado o registro da recepção de documentos no Siscomex se a sua entrega for parcial, com exceção dos casos previstos em norma específica.

Não será aceita carta de correção de conhecimento de carga, que produza efeitos fiscais, apresentada após o registro da respectiva DI ou depois de decorridos trinta dias da formalização da entrada do veículo transportador da mercadoria cujo conhecimento se pretende corrigir.

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14.Sobre o Visão Integrada de Comércio Exterior – Vicomex

O sistema Visão Integrada foi desenvolvido com intuito de prover uma visão integrada de todas as operações de comércio exterior de um determinado operador.

O usuário do Visão Integrada pode consultar, em um único local, as operações de comércio exterior (importação e exportação), com indicação do status atual de cada uma e a visualização completa de todas as suas etapas, sem a necessidade do acesso a diversos sistemas. As operações atualmente suportadas são: LI (Licença de Importação), DI (Declaração de Importação), RE (Registro de Exportação) e DE (Declaração de Exportação).

Outra funcionalidade do sistema é a de anexação de documentos relacionados às operações de importação e exportação, dispensando o uso do papel nesses processos e gerando um grande avanço em termos de eficiência, segurança e transparência.

O sistema Visão Integrada do Comércio Exterior – VICOMEX, é parte integrante do Portal Siscomex, e objetiva simplificar o monitoramento das operações de comércio exterior, facilitando a atuação dos intervenientes envolvidos nessas atividades.

O VICOMEX disponibiliza aos usuários um painel de controle de suas operações, concentrando num só ponto informações até então dispersas em diferentes módulos do Siscomex, bem como em sistemas independentes dos órgãos anuentes.

O sistema é capaz de consultar a situação de Registros de Exportação – RE , Licenças de Importação – LI , Despachos de Exportação – DE e Despachos de Importação – DI , apresentando

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dados como a data da última situação, o canal de parametrização, exigências administrativas e aduaneiras etc.

Duas são as modalidades de consulta existentes. A primeira, “Operações em Andamento”, exibe, de forma agregada, os últimos registros em que houve mudança de status, apresentando ao interveniente a informação mais atualizada sobre o andamento de suas operações. A segunda modalidade permite ao usuário consultar RE, LI, DE e DI individualmente, ou por período, com a possibilidade de acesso ao histórico de cada uma dessas operações.

O acesso ao VICOMEX é franqueado tanto aos responsáveis quanto aos representantes legais, sempre observada as autorizações pertinentes. Resta lembrar que o VICOMEX permanece em desenvolvimento, com previsão de adição de novas funcionalidades, modalidades de consulta e dados de interesse do comércio exterior.

14.1.Quem pode acessar o Sistema Visão Integrada

A depender do perfil selecionado, o sistema Visão Integrada pode ser acessado por:

• Responsáveis e/ou representantes legais de importadores e exportadores (conforme cadastro no Siscomex), mediante a utilização de certificado digital e-CPF ou e-CNPJ.

• Servidor de órgão interveniente habilitado no Siscomex, mediante utilização de certificado digital e-CPF.

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15.Seleção para conferência aduaneira

Após o registro, a DI será submetida a análise fiscal e selecionada para um dos seguintes canais de conferência aduaneira:

• Verde, pelo qual o sistema registrará o desembaraço automático da mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação da mercadoria;

• Amarelo, pelo qual será realizado o exame documental, e, não sendo constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro, dispensada a verificação da mercadoria;

• Vermelho, pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada após a realização do exame documental e da verificação da mercadoria; e

• Cinza, pelo qual será realizado o exame documental, a verificação da mercadoria e a aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro, para verificar elementos indiciários de fraude, inclusive no que se refere ao preço declarado da mercadoria, conforme estabelecido em norma específica.

O importador poderá consultar no Siscomex o canal para o qual foi parametrizada a DI, por meio da função Acompanhamento do Despacho do perfil Importador.

A seleção da declaração para quaisquer dos canais de conferência aduaneira não impede que o chefe do setor responsável pelo despacho, a qualquer tempo, determine que se proceda à ação

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fiscal pertinente, se tiver conhecimento de fato ou da existência de indícios que requeiram a necessidade de verificação da mercadoria, ou de aplicação de procedimento aduaneiro especial. (art. 49 da IN SRF nº 680/2006).

A seleção para conferência aduaneira é efetuada por intermédio do Siscomex, com base em análise fiscal que levará em consideração, entre outros, os seguintes elementos:

• Regularidade fiscal do importador;

• Habitualidade do importador;

• Natureza, volume ou valor da importação;

• Valor dos impostos incidentes ou que incidiriam na importação;

• Origem, procedência e destinação da mercadoria;

• Tratamento tributário;

• Características da mercadoria;

• Capacidade operacional e econômico-financeira do importador; e

• Ocorrências verificadas em outras operações realizadas pelo importador.

15.1.Canal verde

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No canal verde, a mercadoria é entregue sem conferência aduaneira. A importação selecionada neste canal é desembaraçada automaticamente pelo Siscomex, sem qualquer verificação, devendo o importador comparecer à Alfândega apenas para retirar o Comprovante de Importação (dispensa o exame documental, a verificação da mercadoria e a entrega dos documentos de instrução do despacho).

15.2.Canal amarelo

No canal amarelo a conferência será documental, ou seja, é realizada a conferência dos dados declarados na DI em confronto com os documentos instrutivos que a acompanham. Não sendo constatada irregularidade, é efetuado o desembaraço aduaneiro, dispensada a verificação da mercadoria. Há a previsão de solicitação de conferência física das mercadorias quando forem identificados elementos indiciários de irregularidade na importação, pelo AFRFB responsável.

15.3.Canal vermelho

No canal vermelho a conferência é completa, ou seja, além da

conferência documental prevista no canal amarelo é realizada também

a conferência física da mercadoria. A mercadoria somente será

desembaraçada após a realização do exame documental, do exame

preliminar do valor aduaneiro e da verificação da mercadoria.

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15.4.Canal cinza

No canal cinza, além das conferências documental e física, será realizado o procedimento especial para verificar indícios de fraude, como subfaturamento da importação, interposição fraudulenta de terceiros e quaisquer outros indícios de fraudes que o AFRFB encontrar. Se encontrado qualquer indício de fraude, o fiscal designado deverá dar início ao procedimento especial de controle, previsto na IN RFB n° 1.169/2011. Canal cinza significa uma ampla investigação sobre a vida da empresa, abrangendo inclusive sua capacidade financeira.

O procedimento especial de controle aduaneiro aplica-se a toda operação de importação de bens ou de mercadorias sobre a qual recaia suspeita de irregularidade punível com a pena de perdimento, independentemente de ter sido iniciado o despacho aduaneiro ou de que o mesmo tenha sido concluído.

As situações de irregularidade previstas são as seguintes (não excluindo outras hipóteses):

I - autenticidade, decorrente de falsidade material ou ideológica, de qualquer documento comprobatório apresentado, tanto na importação quanto na exportação, inclusive quanto à origem da mercadoria, ao preço pago ou a pagar, recebido ou a receber;

II - falsidade ou adulteração de característica essencial da mercadoria;

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III - importação proibida, atentatória à moral, aos bons costumes e à saúde ou ordem públicas;

IV - ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiro;

V - existência de fato do estabelecimento importador, exportador ou de qualquer pessoa envolvida na transação comercial; ou

VI - falsa declaração de conteúdo, inclusive nos documentos de transporte.

As dúvidas da fiscalização aduaneira quanto ao preço da operação devem estar baseadas em elementos objetivos e, entre outras hipóteses, na diferença significativa entre o preço declarado e os:

I - valores relativos a operações com condições comerciais semelhantes e usualmente praticados em importações ou exportações de mercadorias idênticas ou similares;

II - valores relativos a operações com origem e condições comerciais semelhantes e indicados em cotações de preços internacionais, publicações especializadas, faturas comerciais pro forma, ofertas de venda, dentre outros;

III - custos de produção da mercadoria;

IV - valores de revenda no mercado interno, deduzidos os impostos e contribuições, as despesas administrativas e a

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margem de lucro usual para o ramo ou setor da atividade econômica.

O procedimento especial previsto para a conclusão do procedimento especial deverá ser efetivado no prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogáveis por igual período.

Base legal: IN RFB 1.169/2011.

As declarações de importação selecionadas para conferência

aduaneira serão distribuídas para os Auditores-Fiscais da Receita

Federal (AFRF) responsáveis, por meio de função própria do Siscomex.

16.Conferência aduaneira

A conferência aduaneira tem por finalidade identificar o importador, verificar fisicamente a mercadoria e a correção das informações relativas a sua natureza, classificação fiscal, quantificação e valor, e confirmar o cumprimento de todas as obrigações, fiscais e outras, exigíveis em razão da importação (art. 564 do Regulamento Aduaneiro).

A conferência aduaneira de DSI engloba o exame documental, a verificação física e, se for o caso, do exame do valor aduaneiro e deve ser concluída no prazo máximo de um dia útil, contado do dia seguinte ao da entrega da DSI e dos documentos que a instruem, salvo quando a conclusão depender de providência a ser cumprida pelo importador (art. 15 da IN SRF nº 611/2006).

A verificação da mercadoria é realizada na presença do importador, que prestará à fiscalização aduaneira as informações e a assistência necessárias à identificação da mercadoria e, quando for o

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caso, ao exame do valor aduaneiro (arts. 16 e 17 da IN SRF nº 611/2006).

16.1.Exame documental

O exame documental das declarações selecionadas para conferência nos termos do art. 21 consiste no procedimento fiscal destinado a verificar:

• A integridade dos documentos apresentados;

• A exatidão e correspondência das informações prestadas na declaração em relação àquelas constantes dos documentos que a instruem, inclusive no que se refere à origem e ao valor aduaneiro da mercadoria;

• O cumprimento dos requisitos de ordem legal ou regulamentar correspondentes aos regimes aduaneiros e de tributação solicitados;

• O mérito de benefício fiscal pleiteado; e

• A descrição da mercadoria na declaração, com vistas a verificar se estão presentes os elementos necessários à confirmação de sua correta classificação fiscal.

O importador deve se atentar para o correto preenchimento dos documentos assim como a clareza das informações prestadas na DI que contribuirão para a celeridade na análise do despacho.

Na hipótese de descrição incompleta da mercadoria na DI, que exija verificação física para sua perfeita identificação, com vistas

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a confirmar a correção da classificação fiscal ou da origem declarada, o AFRF responsável pelo exame poderá condicionar a conclusão da etapa à verificação da mercadoria.

16.2.Agendamento da Verificação da mercadoria – Conferência Física

A verificação da mercadoria, no despacho de importação, será realizada mediante agendamento, que será realizado de conformidade com as regras gerais estabelecidas pelo chefe do setor responsável pelo despacho aduaneiro.

Alternativamente ao estabelecimento de regras gerais de agendamento das verificações físicas, poderá ser adotado o critério de escalonamento, por recinto alfandegado, das DI cujas mercadorias serão objeto de conferência.

O depositário das mercadorias será informado sobre o agendamento das verificações, devendo providenciar, com até uma hora de antecedência, o posicionamento das correspondentes mercadorias para a realização da verificação física.

As regras de agendamento para verificação física das mercadorias, ou os escalonamentos, conforme o caso, deverão ser afixados em local de fácil acesso aos importadores, exportadores e seus representantes.

A conferência física tem por objetivo, verificar se a mercadoria, suas características, quantificação e classificação fiscal, conferem com o que foi declarado pelo importador na declaração de importação.

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16.3.Posicionamento da mercadoria para verificação

A mercadoria objeto de declaração selecionada para verificação deverá ser completamente retirada da unidade de carga ou descarregada do veículo de transporte, ou seja, desovada no terminal do depositário.

No caso de mercadorias idênticas ou acondicionadas em volumes e embalagens semelhantes, a retirada total da unidade de carga ou a descarga completa do veículo poderá ser dispensada pelo servidor designado para a verificação física, desde que o procedimento não impeça a inspeção de mercadorias dispostas no fundo do contêiner, vagão, carroceria ou baú.

A desova completa da unidade de carga ou a descarga da mercadoria do veículo de transporte poderá ser dispensada nos recintos em que esteja disponível, para apoio à fiscalização aduaneira, equipamento de inspeção não-invasiva por imagem, se a correspondente imagem obtida for compatível com a que se espera, com base nas informações contidas nos pertinentes documentos, observadas as orientações emitidas pela Coana e as normas complementares estabelecidas pelo chefe da unidade da SRF jurisdicionante.

No caso de mercadorias acondicionadas em mais de um veículo ou unidade de carga, o servidor designado para a verificação física poderá escolher aleatoriamente apenas alguns veículos ou unidades de carga para descarga ou retirada da mercadoria, desde que:

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• Os veículos ou unidades de carga contenham arranjos idênticos de mercadorias;

• O conhecimento de transporte identifique completamente as mercadorias e o seu consignatário;

• Seja apresentado packing-list detalhado da carga, para cada unidade de carga relacionada no conhecimento;

• Não haja discrepância superior a cinco por cento do peso informado no conhecimento e o apurado em cada unidade de carga ou veículo; e

• A relação peso/quantidade nas unidades de carga ou veículos seja compatível com a verificada nas unidades de carga desunitizadas ou veículos descarregados.

Para o caso de mercadorias acondicionadas em mais de um veículo ou unidade de carga, o servidor poderá dispensar a descarga ou a retirada da mercadoria contida em até dois terços dos veículos ou das unidades de carga objeto da verificação.

16.4.Verificação da mercadoria

A verificação física é o procedimento fiscal destinado a identificar e quantificar a mercadoria submetida a despacho aduaneiro, a obter elementos para confirmar sua classificação fiscal, origem e seu estado de novo ou usado, bem assim para verificar sua adequação às normas técnicas aplicáveis.

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O importador prestará à fiscalização aduaneira as informações e a assistência necessárias à identificação da mercadoria.

A fiscalização aduaneira, caso entenda necessário, poderá solicitar a assistência técnica para a identificação e quantificação da mercadoria.

Poderão ser utilizados, entre outros, os seguintes documentos:

• Relatório ou termo de verificação lavrado pela autoridade

aduaneira do País exportador;

• Relatórios e termos de verificação lavrados por outras

autoridades, na fase de licenciamento das importações; ou

• Registros de imagens das mercadorias, obtidos:

1. Por câmeras; ou

2. Por meio de equipamentos de inspeção não-invasiva.

A Coana poderá editar disposições complementares ao estabelecido neste artigo.

A verificação física será realizada exclusivamente por AFRF ou por Técnico da Receita Federal (TRF), sob a supervisão do AFRF responsável pelo procedimento fiscal.

A manipulação e abertura de volumes e embalagens, a pesagem, a retirada de amostras e outros procedimentos similares,

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necessários à perfeita identificação e quantificação da mercadoria, poderão ser realizados por terceiro.

A verificação da mercadoria deverá ser realizada na presença do importador ou de seu representante.

O importador, ou seu representante, deverá comparecer ao recinto em que se encontre a mercadoria a ser verificada, na data e horário previstos, conforme a regra de agendamento ou escalonamento estabelecida.

Na ausência do importador ou de seu representante na data e horário previstos para a conferência, a mercadoria depositada em recinto alfandegado poderá ser submetida a verificação física na presença do depositário ou de seu preposto que, nesse caso, representará o importador, inclusive para firmar termo que verse sobre a quantificação, a descrição e a identificação da mercadoria.

Quando for necessária a extração de amostra, a fiscalização aduaneira emitirá termo descrevendo a quantidade e a qualidade da mercadoria retirada, do qual será fornecida uma via ao importador ou seu representante.

Independentemente do agendamento ou escalonamento, a verificação da mercadoria poderá ocorrer:

• I - na presença do importador ou de seu representante, sempre que:

1. a continuidade do despacho aduaneiro dependa unicamente de sua realização; e

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2. a mercadoria a ser verificada se encontre devidamente posicionada; ou

• por decisão do AFRFB responsável pela conferência física das mercadorias, na presença do depositário ou de seus prepostos, dispensada a exigência da presença do importador ou de seu representante, sempre que se tratar de mercadoria: a) com indícios ou constatação de infração punível com a penalidade de perdimento;

1. com indícios ou constatação de infração punível com a penalidade de perdimento;

2. objeto de ação judicial, cuja conferência fiscal seja necessária à prestação de informações à autoridade judiciária ou ao órgão do Ministério Público; ou

3. com indícios de se tratar de produtos inflamáveis, radioativos, explosivos, armas, munições, substâncias entorpecentes, agentes químicos ou biológicos, ou quaisquer outros nocivos à

As mercadorias retiradas a título de amostra não são dedutíveis da quantidade declarada.

As amostras retiradas serão devolvidas ao declarante, salvo quando inutilizadas durante a análise ou quando sua retenção, pela autoridade aduaneira, resulte necessária.

As amostras colocadas à disposição do declarante e não retiradas no prazo de sessenta dias da ciência serão consideradas abandonadas em favor do Erário.

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As despesas decorrentes da aplicação do disposto no artigo 33 correrão por conta do importador.

A verificação de mercadoria poderá ser realizada, total ou parcialmente, no estabelecimento do importador ou em outro local adequado, por decisão do chefe da unidade da SRF de despacho, de ofício ou a requerimento do interessado, quando:

• O recinto ou instalação aduaneira não dispuser de condições técnicas, de segurança ou de capacidade de armazenagem e manipulação adequadas para a realização da conferência;

• Se tratar de bens de caráter cultural; ou

• Se tratar de bem cuja identificação dependa de sua montagem.

A verificação física poderá ser realizada por amostragem de volumes e embalagens, na forma disciplinada em ato da Coana.

No caso de mercadorias idênticas ou acondicionadas em volumes e embalagens semelhantes, a quantidade poderá ser determinada por métodos indiretos, a partir do peso ou do volume da carga, em substituição à contagem direta.

16.5.Dispensa de conferência física

Poderão ser desembaraçados sem conferência física:

• Os bens de caráter cultural submetidos a despacho por:

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1. Museu, teatro, biblioteca ou cinemateca;

2. Entidade promotora de evento apoiado pelo poder público;

3. Entidade promotora de evento notoriamente reconhecido; ou

4. Missão diplomática ou repartição consular de caráter

• Bens destinados às atividades relacionadas com a intercomparação de padrões metrológicos.

No despacho de bens de caráter cultural, a dispensa de conferência física será autorizada, a requerimento do interessado, pelo AFRFB responsável pelo despacho aduaneiro, aplicando-se especialmente aos bens que, pela natureza, antiguidade, raridade ou fragilidade, exijam condições especiais de manuseio ou de conservação .

A autorização nestes casos, somente será concedida a instituição que:

• I - esteja inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) há mais de três anos; e

• II - preencha as condições para o fornecimento da certidão a que se refere o art. 2º ou o art. 3º da Instrução Normativa SRF nº 574, de 23 de novembro de 2005.

No despacho de bens destinados às atividades relacionadas com a intercomparação de padrões metereológicos, a autorização

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fica condicionada à observância das disposições normativas do Mercosul aplicáveis ao caso.

16.6.Registro e Documentação da Verificação da Mercadoria

A verificação física deverá ser objeto de lavratura de Relatório de Verificação Física (RVF), quando realizada:

• Por servidor que não seja o AFRF responsável pela etapa de verificação da mercadoria; ou

• Por amostragem.

A inobservância destes requisitos, presume a verificação física total da mercadoria, inclusive para os efeitos de apuração de irregularidade em processo administrativo disciplinar.

A Coana estabelecerá o modelo do RVF, enquanto não for implementada função específica no Siscomex.

A Coana poderá disciplinar outras formas de registro e documentação da verificação física.

O chefe da unidade da SRF responsável pelo despacho aduaneiro poderá:

• Editar ato, subsidiária ou complementarmente à norma da Coana, prevista no § 5º do art. 29, para estabelecer:

1. Métodos para quantificação e verificação física de mercadorias, considerando os riscos aduaneiros

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envolvidos, as condições logísticas e os recursos tecnológicos e humanos disponíveis;

2. Nível de amostragem, de acordo com os previstos na norma NBR 5426, de 1985, da ABNT, considerando a natureza, a quantidade e a freqüência das mercadorias objeto de conferência e os riscos existentes nas operações;

• Tratamento diferenciado no que se refere à retirada de mercadoria de unidades de carga ou descarga de veículos, em situações ou casos devidamente justificados; e

• Normas complementares a esta Instrução Normativa para disciplinar o tratamento prioritário a ser conferido a:

1. Órgão ou tecido para aplicação médica;

2. Mercadoria perecível;

3. Jornais, revistas e outras publicações periódicas;

4. Carga perigosa;

5. Bens destinados a defesa civil ou a ajuda humanitária;

6. Urna funerária;

7. Mala postal;

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8. Mercadoria destinada ao consumo de bordo ou ao processamento de alimentos para consumo de bordo de aeronaves ou embarcações;

9. Partes e peças para manutenção de aeronaves, em especial aquelas que se encontrem na condição "aircraft on the ground" (AOG), e de embarcações;

10. Partes e peças de reposição, instrumentos e equipamentos destinados a plataformas marítimas de exploração e produção de petróleo e gás natural; e

11. Bagagem desacompanhada.

Nestas hipóteses, a cópia do ato e as correspondentes justificativas deverão ser enviadas à Coana por intermédio da respectiva Superintendência Regional.

17.Formalização de exigências e retificação da DI

A retificação da DI é o procedimento pelo qual será realizada as correções devidas, apuradas em procedimento fiscal, seja por análise documental ou física, de acordo com exigência formulada pelo AFRFB de distribuição responsável pelo despacho aduaneiro da DI.

Existem duas possibilidades distintas para a retificação da DI:

• No curso do despacho aduaneiro, antes do seu desembaraço; e

• Após o desembaraço aduaneiro.

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17.1.Retificação de DI no curso do despacho aduaneiro

17.1.1.Da exigência fiscal

As exigências formalizadas pela fiscalização aduaneira e o seu atendimento pelo importador, no curso do despacho aduaneiro, deverão ser registrados no Siscomex.

Quando a exigência referir-se a crédito tributário ou direito comercial, o importador poderá efetuar o pagamento correspondente, independentemente de formalização de processo administrativo fiscal.

Havendo manifestação de inconformidade, por parte do importador, em relação à exigência fiscal, o crédito tributário ou direito comercial será constituído mediante lançamento em auto de infração.

O ato de lançamento de exigência fiscal no Siscomex pelo AFRFB designado marca o início da “interrupção do despacho”. Interrompido o despacho, para o atendimento de exigência, inicia-se a contagem do prazo para caracterização do abandono da mercadoria.

17.1.2.Da efetivação do registro da retificação

A retificação de informações prestadas na declaração, ou a inclusão de outras, no curso do despacho aduaneiro, ainda que por

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exigência da fiscalização aduaneira, será feita, pelo importador, no Siscomex.

A retificação da declaração somente será efetivada após a sua aceitação, no Siscomex, pela fiscalização aduaneira, exceto no que se refere aos dados relativos à operação cambial. A retificação dos dados relativos à operação cambial, pode ser realizada diretamente no Siscomex no curso do despacho aduaneiro ou após o seu desembaraço.

Quando da retificação resultar importação sujeita a licenciamento, o despacho ficará interrompido até a sua obtenção, pelo importador.

No caso das importações sujeitas a licenciamento, automático ou não automático, com LI registrada e deferida e vinculada à DI, a alteração da LI será mediante a substituição, no Siscomex, da licença anteriormente deferida (LI substitutiva), que estará sujeita a novo exame pelo(s) órgão(s) anuente(s), mantida a validade do licenciamento original. Não serão autorizadas substituições que descaracterizem a operação originalmente licenciada.

Em qualquer caso, a retificação da declaração não elide a aplicação das penalidades fiscais e sanções administrativas cabíveis.

A respeito desta questão a Receita Federal dispõe o seguinte:

Quando uma DI é registrada, ela recebe o número seqüencial 00. É a “versão” 00 da DI. A cada solicitação de retificação ou retificação registrada, a versão da DI é incrementada em uma unidade, ou seja, com a primeira solicitação de retificação, a DI original (00), passa a ser 01.

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Ao solicitar a recuperação de uma DI, o módulo Consulta DI trará sempre a última versão. Para recuperar uma versão anterior, deve ser informado o número seqüencial (representado pela expressão “Nº Seq” na tela inicial de recuperação) da versão que se deseja acessar.

Importante ressaltar que, uma vez solicitada retificação da DI pelo importador (que depende de deferimento pela Aduana), mesmo que seja indeferida, a nova versão não sai do sistema e a DI passa a ter o número atribuído a essa última versão – deferida ou não.

As solicitações de retificação que dependem de autorização da Aduana são versões definitivas da DI, e incrementam o número seqüencial, da mesma forma que as retificações registradas pela Aduana e que as retificações de dados cambiais registradas pelo importador, que independem de autorização.

O indeferimento de retificação não significa que a DI possa ser desembaraçada. Quando uma solicitação de retificação é indeferida durante o despacho aduaneiro, o sistema libera a interrupção vigente, porém automaticamente gera uma nova interrupção, impedindo o desembaraço até que uma nova solicitação seja deferida.

Caso haja necessidade de retorno dos dados a uma situação anterior (versão com número seqüencial anterior), será preciso o registro de uma nova solicitação, com aqueles dados, uma vez que já foram alterados no sistema.

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O importador, após registrar a solicitação de retificação, deve imprimir o extrato da retificação, que contém as alterações realizadas, apresentando-o à fiscalização aduaneira para auxílio à análise da retificação.

No caso de registro antecipado da DI, o desembaraço aduaneiro somente é realizado após a complementação ou retificação dos dados da DI, no Siscomex, e o pagamento de eventual diferença de crédito tributário relativo à declaração, aplicando-se a legislação vigente na data do registro da DI, em cumprimento ao disposto no art. 73 do Regulamento Aduaneiro e no art. 50 da IN SRF nº 680/06.

17.2.Retificação de DI após o desembaraço aduaneiro

Quando o importador detectar, após o desembaraço, que forneceu informação equivocada e, por exemplo, recolheu imposto a menor, classificou-a equivocadamente, ou houve qualquer outro erro que precisa ser corrigido, poderá requerer a retificação, lembrando sempre que nenhuma retificação poderá ser feita sem prévia autorização da fiscalização aduaneira, mesmo porque o SISCOMEX bloqueia qualquer possibilidade de modificação da D.I. após o registro. Somente o fiscal aduaneiro tem meios de reabri-la, para correção. O processo de correção após o desembaraço está assim disciplinado pela IN SRF 680/06:

Art. 45. A retificação da declaração após o desembaraço aduaneiro, qualquer que tenha sido o canal de conferência aduaneira ou o regime tributário pleiteado, será realizada:

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I - de ofício, na unidade da SRF onde for apurada, em ato de procedimento fiscal, a incorreção; ou

II - mediante solicitação do importador, formalizada em processo e instruída com provas de suas alegações e, se for o caso, do pagamento dos tributos, direitos comerciais, acréscimos moratórios e multas, inclusive as relativas a infrações administrativas ao controle das importações, devidos, e do atendimento de eventuais controles específicos sobre a mercadoria, de competência de outros órgãos ou agências da administração pública federal.

§ 1º Na hipótese a que se refere o inciso II, quando a retificação pleiteada implicar em recolhimento complementar do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), o processo deverá ser instruído também com o comprovante do recolhimento ou de exoneração do pagamento da diferença desse imposto.

§ 2º Na análise de pedidos de retificação que se refiram à quantidade ou à natureza da mercadoria importada deverão ser observados, no mínimo, os seguintes aspectos:

I - a compatibilidade com o peso e a quantidade de volumes informados nos documentos de transporte; e

II - o pleito deve ser instruído com a nota fiscal de entrada no estabelecimento importador da mercadoria a que se refere, emitida ou corrigida, nos termos da legislação de regência, com a quantidade e a natureza corretas.

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§ 3º Na situação prevista no § 2º, poderá ser aceito como elemento de convicção, pela autoridade fiscal, documento emitido por terceiro que tenha manuseado ou conferido a mercadoria, no exercício de atribuição ou responsabilidade que lhe foi conferida pela legislação, no País ou no exterior.

§ 4º Do indeferimento do pleito de retificação caberá recurso, interposto no prazo de trinta dias, dirigido ao chefe da unidade da SRF onde foi proferida a decisão, nos termos dos artigos 56 a 65 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999.

§ 5º Ressalvadas as diferenças decorrentes de erro de expedição, as faltas ou acréscimos de mercadoria e as divergências que não tenham sido objeto de solicitação de retificação da declaração pelo importador, que venham a ser apurados em procedimento fiscal serão objeto, conforme o caso, de lançamento de ofício dos tributos incidentes e penalidades cabíveis ou de aplicação da pena de perdimento.

§ 6º As divergências constatadas pelo importador, entre as mercadorias efetivamente recebidas e as desembaraçadas, deverão ser registradas por esse no livro Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências, modelo 6, nos termos do artigo 392 do Decreto nº 4.544, de 26 de dezembro de 2002.

§ 7º A retificação a que se refere o caput independe do procedimento de revisão aduaneira de toda a declaração de importação que, caso necessário, poderá ser proposta à unidade da SRF com jurisdição para fins de fiscalização dos tributos incidentes no comércio exterior, sobre o domicílio do importador.

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§ 8º A Coana ou a Coordenação-Geral de Tributação (Cosit) poderão editar instruções complementares ao disposto neste artigo.

Art. 46. A retificação, por solicitação do importador, será efetuada:

I - na unidade da SRF com jurisdição para fins de fiscalização dos tributos incidentes no comércio exterior, sobre o domicílio do importador, quando decorrentes de:

a)alteração no tratamento tributário pleiteado para o importador ou para a mercadoria, tais como imunidade, isenção ou redução; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1356, de 03 de maio de 2013)

b) correção da quantidade ou da natureza de mercadoria admitida no Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado (Recof);

c) transferência de propriedade de automóvel importado com isenção; ou

d) outras hipóteses estabelecidas em ato da Coana; ou

II - na unidade da SRF onde foi efetuado o despacho aduaneiro da mercadoria, nos demais casos.

18.Autorização para entrega antecipada

A autorização para entrega antecipada é o procedimento pelo qual a autoridade aduaneira autoriza a entrega da mercadoria no decurso do despacho aduaneiro, antes de seu desembaraço, por solicitação formal do importador mediante processo administrativo,

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em situações previstas na legislação e devidamente justificadas e que sejam suficientes para legitimar o procedimento.

A IN SRF 680/06 dispõe que:

Art. 47. O importador poderá ter, a seu requerimento, autorizada pelo responsável pelo despacho, a entrega da mercadoria antes da conclusão da conferência aduaneira, nas seguintes hipóteses: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1356, de 03 de maio de 2013)

I - indisponibilidade de estrutura física suficiente para a armazenagem ou inspeção da mercadoria no recinto do despacho ou em outros recintos alfandegados próximos; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1356, de 03 de maio de 2013)

II - necessidade de montagem complexa da mercadoria para a realização de sua conferência física; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1356, de 03 de maio de 2013)

III - inexistência de meios práticos no recinto do despacho para executar processo de marcação, etiquetagem ou qualquer outro exigido para a utilização ou comercialização da mercadoria no País; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1356, de 03 de maio de 2013)

IV - mercadoria que está sujeita a confirmação, por exame técnico-laboratorial, de atendimento a requisito de norma técnica para sua comercialização no País; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1356, de 03 de maio de 2013)

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V - necessidade imediata de retirada da mercadoria do recinto, para preservar a salubridade ou segurança do local, ou por motivo de defesa nacional, de acordo com solicitação do responsável pelo recinto ou recomendação da autoridade competente; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1356, de 03 de maio de 2013)

VI - em situação de calamidade pública ou para garantir o abastecimento da população, atender a interesse da ordem ou saúde públicas, defesa do meio ambiente ou outra urgência pública notória; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1356, de 03 de maio de 2013)

VII - em outras hipóteses estabelecidas em ato da Coana.

§ 1º A autorização para entrega antecipada da mercadoria poderá ser condicionada:

I - à apresentação dos documentos de instrução da DI, se não houver dispensa ou prazo diferenciado previsto em legislação específica;

II - à verificação física ou à retirada de amostras, se a definição da mercadoria ou o reconhecimento de suas características não restarem evidentes ou não forem possíveis a partir de inspeções realizadas em importações idênticas anteriores; e

III - ao compromisso firmado pelo importador de não consumir, comercializar ou utilizar a mercadoria até o desembaraço aduaneiro, nos casos em que houver pendência do cumprimento de exigência referida nos incisos III e IV do caput.

§ 2º A entrega antecipada da mercadoria não será autorizada a pessoa inadimplente em relação a casos anteriores.

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§ 3º Toda autorização de entrega antecipada, inclusive em cumprimento de decisão judicial, deve ser informada no Siscomex. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 731, de 03 de abril de 2007)

§ 4º O disposto no § 3º também se aplica às autorizações previstas nos arts. 62 e 69 desta Instrução Normativa, hipóteses em que a autoridade aduaneira deverá informar no Siscomex a autorização para a entrega do primeiro lote, com prosseguimento do despacho, descrevendo os fatos no campo de observações da função.

O art. 54 da Lei nº 13.043/2014 criou uma situação de entrega previamente à formalização dos registros associados aos controles administrativos e aduaneiros em conformidade com o estabelecido em ato do Poder Executivo. Este ato, entretanto, ainda não foi editado.

Nessa hipótese, o importador terá um prazo de 30 (trinta) dias para formalizar os registros exigidos e apresentar os documentos comprobatórios da regular importação e da destinação das mercadorias importadas, sob pena de perdimento da mercadoria , em caso de descumprimento dessa obrigatoriedade.

Os Ministros de Estado da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior editarão ato conjunto estabelecendo a lista de mercadorias que poderão receber o tratamento excepcional a que se refere o caput.

Destaca-se que os tributos decorrentes desta modalidade de importação realizada serão calculados na data do registro da respectiva Declaração de Importação, observado o prazo máximo de 30 (trinta) dias supracitado.

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19.Desembaraço Aduaneiro

O desembaraço aduaneiro pode ser definido como o ato final do despacho aduaneiro, no qual é autorizada a entrega da mercadoria para o importador.

O desembaraço aduaneiro é realizado automaticamente pelo Siscomex nos casos de DI parametrizadas no canal verde e para os demais canais mediante o registro do desembaraço no Siscomex pelo AFRFB responsável pelo despacho. O documento comprobatório do desembaraço é o Comprovante de Importação (CI). Tal documento atesta que todos os procedimentos concernentes ao despacho aduaneiro foram realizados, tais como exame documental, físico e de procedimento especial, inclusive os erros corrigidos por meio de retificação da DI, se for o caso.

A IN SRF 680/06 dispõe:

Art. 48. Concluída a conferência aduaneira a mercadoria será imediatamente desembaraçada.

§ 1º A mercadoria objeto de exigência fiscal de qualquer natureza, formulada no curso do despacho aduaneiro, somente será desembaraçada após o respectivo cumprimento ou, quando for o caso, mediante a apresentação de garantia, conforme estabelecido na Portaria MF nº 389, de 13 de outubro de 1976.

§ 2º O desembaraço da mercadoria será realizado pelo AFRF responsável pela última etapa da conferência aduaneira, no Siscomex.

§ 3º A mercadoria cuja declaração receba o canal verde será desembaraçada automaticamente pelo Siscomex.

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§ 4º A mercadoria poderá ser desembaraçada, ainda, quando a conclusão da conferência aduaneira dependa unicamente do resultado de análise laboratorial, mediante assinatura de Termo de Entrega de Mercadoria Objeto de Ação Fiscal, pelo qual o importador será informado que a importação se encontra sob procedimento fiscal de revisão interna.

§ 5º Nos casos em que, comprovadamente, se tiver conhecimento de processo administrativo fiscal formalizado para exigência de crédito tributário, com base em laudo laboratorial emitido para importação anterior de mercadoria de mesma origem e fabricante, com igual denominação, marca e especificação, o desembaraço na forma do § 4º ficará condicionado à prestação de garantia do crédito tributário anteriormente constituído, em uma das formas estabelecidas no parágrafo único do art. 675 do Decreto nº 4.543, de 2002, ou à sua extinção.

§ 6º O disposto no § 4º não se aplica quando houver indícios que permitam presumir tratar-se de mercadoria cuja importação esteja sujeita a restrição ou proibição de permanência ou consumo no País.

§ 7º Na hipótese prevista no art. 47, decorridos 5 (cinco) dias úteis da realização da entrega antecipada, ou do fim do prazo para a entrega dos documentos de instrução da DI, a eventual exigência fiscal não cumprida será formalizada em termo próprio e, depois da ciência deste pelo importador, a DI será desembaraçada.

Art. 49. A seleção da declaração para quaisquer dos canais de conferência aduaneira não impede que o chefe do setor responsável pelo despacho, a qualquer tempo, determine que se proceda à ação fiscal pertinente, se tiver conhecimento de fato ou da existência de

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indícios que requeiram a necessidade de verificação da mercadoria, ou de aplicação de procedimento aduaneiro especial.

Art. 50. No caso de registro antecipado da DI, o desembaraço aduaneiro será realizado somente depois da complementação ou retificação dos dados da declaração, no Siscomex, e do pagamento de eventual diferença de crédito tributário relativo à declaração, aplicando-se a legislação vigente na data do registro da declaração, em cumprimento ao disposto no art. 73 do Decreto nº 6.759, de 2009. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1356, de 03 de maio de 2013)

Parágrafo único. Nos casos de entrega antecipada da carga, havendo exigência fiscal não atendida no prazo de 5 (cinco) dias úteis, esta será formalizada em termo próprio e, depois da ciência deste pelo importador, a DI será desembaraçada.

20.Entrega da mercadoria ao importador

Após o desembaraço aduaneiro o importador deverá apresentar a documentação obrigatória prevista na legislação para que seja possível retirar a mercadoria do recinto aduaneiro. Não havendo pendências quanto a apresentação da documentação, o importador deverá providenciar o carregamento da mercadoria para que possa realizar a destinação devida.

20.1.Verificação da regularidade do AFRMM

A verificação da regularidade do pagamento ou exoneração do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), para fins de autorização de entrega ao importador, pela

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SRF, de mercadoria importada por via marítima, fluvial ou lacustre, será realizada mediante consulta eletrônica do Siscomex ao sistema Mercante, do Departamento do Fundo da Marinha Mercante (DEFMM).

A referida autorização de entrega da mercadoria fica condicionada à vinculação no sistema Mercante, pelo importador, do NIC indicado na DI ao correspondente Conhecimento de Embarque (CE), e à respectiva liberação da carga naquele sistema.

20.2.Declaração de pagamento ou de exoneração do ICMS

Após a realização do pagamento do ICMS por meio de GARE ou outra forma de pagamento prevista na legislação, o importador deverá realizar a vinculação da informação de pagamento no Siscomex, por meio de função própria do sistema. Apenas a referida vinculação não autoriza a entrega da mercadoria, devendo o importador ou seu representante apresentar o comprovante de pagamento ou exoneração ao terminal depositário da mercadoria para que atenda a norma legal e realize a liberação da entrega.

IN SRF 680/06:

Art. 52. O importador deverá apresentar, por meio de transação própria no Siscomex, declaração sobre o ICMS devido no desembaraço aduaneiro da mercadoria submetida a despacho de importação.

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§ 1º A declaração de que trata o caput deverá ser efetivada após o registro da DI e constitui condição para a autorização de entrega da mercadoria desembaraçada ao importador.

§ 2º Na hipótese de exoneração do pagamento do ICMS, nos termos da legislação estadual aplicável, o importador deverá indicar essa condição na declaração.

§ 3º Entende-se por exoneração do pagamento do ICMS, referida no § 2º, qualquer hipótese de dispensa do recolhimento do imposto no momento do desembaraço da mercadoria, compreendendo os casos de exoneração, compensação, diferimento, sistema especial de pagamento, ou de qualquer outra situação estabelecida na respectiva legislação estadual.

§ 4º Os dados da declaração de que trata este artigo serão fornecidos pela SRF à Secretaria de Estado da Unidade da Federação indicada na declaração, pelo importador, com base no respectivo convênio para intercâmbio de informações de interesse fiscal.

Art. 53. Em virtude de convênio específico firmado entre a SRF e a Secretaria de Estado da Unidade da Federação responsável pela administração do ICMS, o pagamento desse imposto poderá ser feito mediante débito automático em conta bancária indicada pelo importador, em conformidade com a declaração a que se refere o art. 52.

21.Condições e requisitos para a entrega

Entende-se por condições e requisitos para a entrega de mercadoria o atendimento da apresentação da documentação previstas pelo importador para o terminal depositário e a

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observação do depositário quanto a autorização de entrega pela autoridade aduaneira, a verificar e conferira documentação apresentada pelo importador, bem como registrar as informações devidas de sua responsabilidade conforme o previsto na legislação.

21.1.Obrigações do importador

Para retirar as mercadorias do recinto alfandegado, o importador deve apresentar ao depositário os seguintes documentos (art. 54 da IN SRF nº 680/2006):

• Comprovante do recolhimento do ICMS ou, se for o caso, comprovante de exoneração do pagamento do imposto, exceto no caso de unidade da federação com a qual tenha sido celebrado o convênio referido no art. 53 da IN SRF nº 680/2006 para o pagamento mediante débito automático em conta bancária, por meio do Siscomex. É dispensada a apresentação desse documento quando a consulta à autorização de entrega no Siscomex não indicar a necessidade de sua apresentação ou retenção;

• Nota fiscal de entrada emitida em nome do importador, ou documento equivalente, ressalvados os casos de dispensa previstos na legislação estadual, pode ser utilizada nota fiscal eletrônica em substituição à nota fiscal modelo 1 ou 1-a (conforme Notícia Siscomex n° 31/2008); e

• Documentos de identificação da pessoa responsável pela retirada das mercadorias.

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21.2.Obrigações do depositário

O depositário do recinto alfandegado, para proceder à entrega da mercadoria, fica obrigado (art. 55 da IN SRF nº 680/2006):

• A confirmar no Siscomex a autorização da RFB para a entrega da mercadoria e a dispensa ao importador da apresentação ou retenção do ICMS, sempre que não houver a indicação dessa necessidade;

• A verificar os documentos obrigatórios apresentados pelo importador, referidos no art. 54 da IN SRF nº 680/2006; e

• A registrar em controle próprio as seguintes informações:

1. Data e hora da entrega das mercadorias, por DI;

2. Nome, número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e respectivo documento de identificação, com dados do órgão emitente e data de emissão, do responsável pela retirada das mercadorias;

3. Nome empresarial e respectivo número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) da pessoa jurídica que efetue o transporte das mercadorias em sua retirada do recinto alfandegado; e

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4. Placas dos veículos e número da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) dos condutores dos veículos que efetuarem o transporte das mercadorias retiradas.

Na hipótese de constatação de indícios de irregularidade o depositário deve comunicar o fato imediatamente à autoridade aduaneira (art. 55 da IN SRF nº 680/2006).

O depositário, após cumprir as obrigações citadas e autorizada a entrega pela RFB, não poderá obstar a retirada da mercadoria pelo importador, sem prejuízo da observância de controles específicos, de competência de outros órgãos e do cumprimento de eventuais obrigações contratuais relativas aos serviços de movimentação e armazenagem prestados (art. 56 da IN SRF nº 680/2006).

A IN SRF nº 680/2006 veda a exigência pelo depositário de apresentação do Comprovante de Importação ou de qualquer outro documento, diverso daqueles previstos no art. 54 ou necessário ao cumprimento dos requisitos estabelecidos neste artigo, como condição para a entrega da mercadoria ao importador; entretanto, não dispensa o depositário de adotar medidas ou de exigir os comprovantes necessários para o cumprimento de outras obrigações legais, em especial as previstas no art. 754 da Lei 10.406/2002 - Código Civil:

Art. 754. As mercadorias devem ser entregues ao destinatário, ou a quem apresentar o conhecimento endossado, devendo aquele que as receber conferi-las e apresentar as reclamações que tiver, sob pena de decadência dos direitos. Parágrafo único. No caso de perda parcial ou de avaria não

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perceptível à primeira vista, o destinatário conserva a sua ação contra o transportador, desde que denuncie o dano em dez dias a contar da entrega (art. 754 da Lei 10.406/2002 - Código Civil).

Informações a respeito do destinatário do bem estão expressas no conhecimento de transporte ou documento equivalente. Conforme praxe internacional e dispositivos do código civil, é utilizado como prova de titularidade do bem no momento da entrega da carga. (art. 743 e 744 da Lei 10.406/2002)

O depositário deve arquivar, em boa guarda e ordem, pelo prazo de cinco anos, contado do primeiro dia útil do ano seguinte àquele em que tenha sido realizada a entrega da mercadoria ao importador (art. 57 da IN SRF nº 680/2006):

• As cópias dos demais documentos obrigatórios apresentados pelo importador, quando exigida sua retenção;

• Os registros efetuados; e

• A autorização expressa da autoridade aduaneira para entrega da mercadoria, quando for o caso.

Nas importações realizadas em ponto de fronteira alfandegado em que não exista depositário a liberação da mercadoria será realizada pela autoridade aduaneira (art. 60 da IN SRF nº 680/2006).

A entrega da carga importada, quando armazenada em recinto não controlado pelo Siscomex Mantra, deverá ser informada

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pelo respectivo depositário no Siscomex Carga, através da função Entrega da Carga (art. 39 da IN RFB nº 800/2007).

A entrega da carga amparada por DI ou DSI registrada no Siscomex Importação, pelo depositário, somente será permitida quando (art. 51 a 53 da IN SRF nº 680/2006 e art. 39 da IN RFB nº 800/2007):

• O CE não possuir bloqueio total ou de entrega, no caso de mercadoria importada por via marítima, fluvial ou lacustre;

• A DI ou DSI se encontrar desembaraçada ou com entrega autorizada pela autoridade aduaneira, no Siscomex Importação;

• Não houver pendência quanto o evento AFRMM, no caso de mercadoria importada por via marítima, fluvial ou lacustre; e

• Houver declaração de ICMS, quando for o caso.

22.Entrega fracionada

Nas importações por via terrestre será permitida a entrega fracionada da mercadoria que, em razão do seu volume ou peso, não possa ser transportada em apenas um veículo ou partida e quando for efetuado o registro de uma única declaração para o despacho aduaneiro, correspondente a uma só importação e a um único conhecimento de carga.

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O desembaraço aduaneiro e o controle da entrega fracionada, enquanto não houver função específica no Siscomex, será realizado manualmente, no extrato da declaração, pelo AFRF.

A entrada no território aduaneiro de toda a mercadoria declarada deverá ocorrer dentro dos quinze dias úteis subseqüentes ao do registro da declaração.

No caso de descumprimento do prazo de 15 dias, será exigida a retificação da declaração no Siscomex, tendo por base a quantidade efetivamente entregue, devendo, o saldo remanescente, ser objeto de nova declaração.

Por ocasião do despacho do último lote relativo à DI o desembaraço aduaneiro será registrado no Siscomex.

Na hipótese de o importador não promover a retificação referida acima pelo descumprimento de prazo, em até 60 dias a partir do fim do prazo a que se refere a entrada no território aduaneiro de toda a mercadoria declarada, a fiscalização deverá efetuar o desembaraço da DI e, em seguida, a sua retificação de ofício, sem prejuízo do disposto no art. 107, inciso IV, alínea "c", do Decreto-Lei nº 37, de 1966, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833, de 2003.

A entrega de lote de mercadoria desembaraçada mediante fracionamento nas importações por via terrestre, será realizada pelo depositário com base em autorização expressa da autoridade aduaneira competente.

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Nesta hipótes, o importador deverá apresentar à autoridade aduaneira os comprovante de pagamento do ICMS ou exoneração e a nota fiscal de entrada, relativos ao lote, para que sejam verificados.

A declaração do ICMS no Siscomex deverá ser registrada conforme disciplinado pela Coana.

Na hipótese de entrega fracionada, o importador deverá comprovar o recolhimento ou a exoneração do pagamento do ICMS ou, se for o caso, efetuar o débito automático desse imposto, relativo a cada lote de mercadoria a ser entregue.

23.Cancelamento da Declaração de Importação

O cancelamento de DI poderá ser autorizado pelo chefe do setor responsável pelo despacho aduaneiro com base em requerimento fundamentado do importador, por meio de função própria no Siscomex, quando: (art. 63 da IN SRF nº 680/2006 e art. 577 do Regulamento Aduaneiro)

• Ficar comprovado que a mercadoria declarada não ingressou no País;

• No caso de despacho antecipado, a mercadoria não ingressou no País ou tenha sido descarregada em recinto alfandegado diverso daquele indicado na DI;

• For determinada a devolução da mercadoria ao exterior ou a sua destruição, por não atender à legislação de proteção ao meio ambiente, saúde ou segurança pública e controles sanitários, fitossanitários e zoossanitários;

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• A importação não atender aos requisitos para a utilização do tipo de declaração registrada e não for possível a sua retificação;

• Ficar comprovado erro de expedição;

• A declaração for registrada com erro relativamente:

1. Ao número de inscrição do importador no CPF ou no CNPJ, exceto quando se tratar de erro de identificação de estabelecimentos da mesma empresa, bem como do CNPJ do adquirente, passíveis de retificação no sistema; ou

• À unidade da SRF responsável pelo despacho aduaneiro.

• For registrada, equivocadamente, mais de uma DI, para a mesma carga;

• For indeferido o requerimento de concessão do regime de admissão temporária.

Nas hipóteses listadas acima, o cancelamento da DI também poderá ser procedido de ofício pelo chefe do setor responsável pelo despacho aduaneiro ou pelo AFRFB que presidir o procedimento fiscal.

Nos casos de DI já desembaraçadas em canal de conferência aduaneira amarelo, vermelho ou cinza, a competência para autorizar o cancelamento de DI será do chefe da unidade da RFB responsável pelo despacho aduaneiro não podendo a mesma, nesses casos, ser delegada.

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O cancelamento fica condicionado à apresentação da mercadoria para despacho ou devolução ao exterior nas hipóteses dos itens III, IV, V e VI do Art. 63 da IN SRF 680/06.

Em outras situações não previstas, o Superintendente Regional da RFB pode autorizar o cancelamento de DI com base em proposta justificada pela unidade de despacho.

Não será autorizado o cancelamento de DI, quando:

• Houver indícios de infração aduaneira, enquanto não for concluída a respectiva apuração; ou

• Se tratar de mercadoria objeto de pena de perdimento.

O cancelamento da DI não exime o importador da responsabilidade por eventuais delitos ou infrações que venham a ser apurados pela fiscalização, inclusive após a efetivação do cancelamento.

Efetivado o cancelamento, o importador poderá solicitar a restituição dos tributos recolhidos, por ocasião do registro da DI, à unidade da RFB responsável pelo cancelamento (arts. 16 e 70, § 1º, da IN RFB nº 1.300/2012), mediante formulário de Pedido de Reconhecimento de Direito de Crédito Decorrente de Cancelamento ou de Retificação de Declaração de Importação e Reconhecimento de Direito, constante do Anexo III da IN RFB nº 1.300/2012.

Sendo denegado o pedido de cancelamento de DI, pode o importador interpor recurso da decisão administrativa, em faces de razões de legalidade e de mérito.

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O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.

Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução.

24.Devolução de mercadoria ao exterior

Devolução de mercadoria é o procedimento administrativo pelo qual se autoriza o retorno ao exterior de mercadoria importada a título definitivo com cobertura cambial ou não, já submetida a despacho ou não.

24.1.Antes do registro da DI

Pode ser autorizada a devolução de mercadorias estrangeiras ao exterior antes do registro da Declaração de Importação (DI), observada a regulamentação do Ministério da Fazenda (art. 71, inciso IV, do Regulamento Aduaneiro).

A devolução ao exterior de mercadoria estrangeira depende de autorização da RFB (Portaria MF nº 306/1995).

A devolução ao exterior de mercadoria estrangeira importada poderá ser autorizada pelo chefe do setor responsável pelo despacho aduaneiro, desde que o pedido seja apresentado antes do registro da DI e não tenha sido iniciado o processo de que trata o art. 27 do Decreto-Lei nº 1.455/1976 (Perdimento), ou na hipótese de ser autorizado o cancelamento da DI (art. 65 da IN SRF nº 680/2006).

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O interessado, no seu requerimento, deve expor os motivos da devolução, bem como juntar os documentos originais (conhecimento de carga, fatura, packing-list, certificado de origem etc.) e, quando for o caso, documento emitido pelos órgãos anuentes (Min. Saúde, Min. Agricultura, IBAMA etc.) relativo ao impedimento da entrada da mercadoria no País, com determinação de sua devolução ao exterior.

A autorização pode ser condicionada à verificação total ou parcial da mercadoria a ser devolvida.

Não será autorizada a devolução de mercadoria chegada ao País com falsa declaração de conteúdo ou com qualquer outra irregularidade que a sujeite a aplicação da pena de perdimento (§ 3º do art. 65 da IN SRF nº 680/2006).

Caso a mercadoria não seja embarcada para o exterior no prazo de 30 dias, contado da autorização para a devolução, será iniciado o processo para aplicação da pena de perdimento, mediante lavratura do competente auto de infração (art. 1º, § 3º da Portaria MF nº 306/1995).

Em se tratando de mercadoria estrangeira cuja importação não seja autorizada por órgão anuente com fundamento na legislação relativa a saúde, metrologia, segurança pública, proteção ao meio ambiente, controles sanitários, fitossanitários e zoossanitários, o importador fica obrigado a devolver a mercadoria ao exterior, no prazo de até 30 (trinta) dias da ciência da não autorização (art. 46 da Lei 12.715/2012 com nova redação dada pela Lei 13.097/2015 ).

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• Nos casos em que a legislação específica determinar, a devolução da mercadoria ao exterior deverá ser ao país de origem ou de embarque.

• Quando julgar necessário, o órgão anuente determinará a destruição da mercadoria em prazo igual ou inferior a 30 (trinta) dias.

• As embalagens e as unidades de suporte ou de acondicionamento para transporte que se enquadrem na tipificação de não autorização de importação estão sujeitas à devolução ou à destruição, estejam ou não acompanhando mercadorias e independentemente da situação e do tratamento dispensado a essas mercadorias.

• A obrigação de devolver ou de destruir será do transportador internacional na hipótese de mercadoria acobertada por conhecimento de carga à ordem, consignada a pessoa inexistente ou a pessoa com domicílio desconhecido ou não encontrado no País.

• Em casos justificados, os prazos para devolução ou para destruição poderão ser prorrogados, a critério do órgão anuente.

• Transcorrido o prazo de dez dias, contado a partir do primeiro dia depois do termo final do prazo estabelecido, e não tendo sido adotada a providência, a obrigação de devolver ou de destruir a mercadoria passará a ser do depositário ou do operador portuário a

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quem tenha sido confiada, sem prejuízo das penalidades/sanções aplicáveis ao infrator (importador ou transportador).

• Na hipótese acima, o importador ou o transportador internacional, conforme o caso, fica obrigado a ressarcir o depositário ou o operador portuário pelas despesas incorridas na devolução ou na destruição, sem prejuízo do pagamento pelos serviços de armazenagem prestados.

• Vencido o prazo estabelecido para devolução ou para destruição da mercadoria pelo depositário ou pelo operador portuário, consideradas as prorrogações concedidas pelo órgão anuente, e não tendo sido adotada a providência, poderá a devolução ou a destruição ser efetuada de ofício pelo órgão anuente, recaindo todos os custos sobre o importador ou o transportador internacional, conforme o caso.

• O representante legal do transportador estrangeiro no País estará sujeito à obrigação de devolver ou de destruit e responderá pelas multas e ressarcimentos previstos, quando estes forem atribuídos ao transportador.

• O órgão anuente poderá efetuar de ofício e a qualquer tempo a destruição ou a devolução de mercadoria que, a seu critério, ofereça risco iminente.

• As disposições do art. 46 da Lei 12.715/2012 com nova redação dada pela Lei nº 13.097/2015 aplica-se, no que

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couber, à mercadoria já desembaraçada e entregue, em relação a qual se verificou posteriormente alguma das hipóteses previstas no referido artigo.

24.2.Após o registro da DI

Também pode ser autorizada a devolução de mercadorias ao exterior em casos de substituição de mercadoria desembaraçada com defeito ou imprestável para o fim a que se destinava (inciso II, art. 71 do Regulamento Aduaneiro e Portaria MF nº 150/1982).

Considerando a reiterada ocorrência de mercadorias importadas que se revelam, após o seu desembaraço aduaneiro, no todo ou em parte, defeituosas ou imprestáveis para o fim a que se destinam, e que são insusceptíveis de conserto, reparo ou restauração, é autorizada a reposição por mercadoria idêntica, em igual quantidade e valor (item 1 da Portaria MF nº 150/1982).

A autorização se condiciona à observância dos requisitos e procedimentos expostos na Portaria MF nº 150/1982 e Notícia Siscomex Importação nº 51, de 19/09/2003:

• A operação deve realizar-se mediante a emissão, pela SECEX, de Registro de Exportação(RE) vinculado à LI, sem cobertura cambial (Notícia Siscomex Importação nº 51, de 19/09/2003);

• O defeito ou imprestabilidade da mercadoria deve ser comprovado mediante laudo técnico, fornecido por instituição idônea, a juízo da SECEX; e

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• A restituição ao exterior da mercadoria defeituosa ou imprestável deve ocorrer previamente ao despacho aduaneiro da equivalente destinada à reposição.

O RE e a LI vinculados somente serão fornecidos pela SECEX à

vista do laudo técnico referido e da via da DI respectiva (subitem 2.1 da

Portaria MF nº 150/1982).

Complementando a Portaria, foi editada a Notícia Siscomex

Importação nº 51/2003 esclarecendo que, para fins de vinculação do

Registro de Exportação - RE à respectiva Licença de Importação - LI, faz-

se necessária a adoção dos seguintes procedimentos:

• Iniciar o preenchimento do RE e obter o número do mesmo, após a segunda tela;

• Preencher a LI, mencionando, nas informações complementares, o número do RE, e encaminhá-la para análise;

• Voltar ao RE e completar o preenchimento, indicando o numero da LI vinculada no campo 25.

Se inconveniente a sua restituição, e após a emissão da LI, pela SECEX, a mercadoria defeituosa ou imprestável poderá ser destruída, às expensas do interessado, previamente ao despacho aduaneiro do material de reposição, hipótese em que (subitem 2.2 da Portaria MF nº 150/1982):

• O interessado fará inserir na LI a seguinte cláusula: "Reposição de mercadoria que será objeto de destruição, na forma da Portaria MF nº 150/1982"; e

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• Não será emitido o RE.

O ato de destruição deve ser assistido por AFRFB designado pelo chefe da URF com jurisdição sobre o local onde se encontram os bens, lavrando-se, do fato, termo circunstanciado (subitem 2.3 da Portaria MF nº 150/1982).

O pedido de RE e de LI vinculados deve ser apresentado à SECEX, sob pena de indeferimento, no prazo de 90 (noventa) dias, cujo termo inicial é a data do desembaraço aduaneiro da mercadoria a ser restituída. Em casos especiais, justificados, pode a SECEX acolher pedidos de prazo maior, não superior a 180 dias (item 3 da Portaria MF nº 150/1982).

Em se tratando de substituição, a unidade local da RFB, em casos especiais e justificados, poderá autorizar que se processe o despacho aduaneiro da mercadoria de reposição antes da exportação ou destruição da equivalente a ser restituída. Nessa hipótese, é firmado termo de responsabilidade, facultada a exigência de depósito, caução ou fiança, concedido o prazo de 30 (trinta) dias para que o interessado comprove a exportação ou destruição da mercadoria objeto da reposição (item 4 da Portaria MF nº 150/1982).

24.3.Disposições gerais

Caso a mercadoria estrangeira, corretamente descrita nos

documentos de transporte, chegue ao País por erro inequívoco ou

comprovado de expedição, será autorizada a sua devolução ao exterior,

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ainda que desembaraçada, observada a regulamentação do Ministério

da Fazenda.

• Considera-se erro inequívoco de expedição, aquele que, por sua evidência, demonstre destinação incorreta da mercadoria (art. 71 do Regulamento Aduaneiro).

• Observa-se que a definição legal para o erro inequívoco ou comprovado de expedição não acoberta o caso de envio de mercadoria incorreta. O tratamento previsto no art. 71 do Regulamento Aduaneiro limita-se ao erro quanto ao destinatário da mercadoria.

A devolução da mercadoria ao exterior poderá ser processada com base em Declaração Simplificada de Exportação - DSE, nos termos do art. 30, inciso V, da IN SRF nº 611/2006.

25.Comprovante de importação (CI)

O Comprovante de Importação será emitido pelo importador mediante transação específica do Siscomex.

Para efeito de circulação da mercadoria no território nacional, o Comprovante de Importação não substitui a documentação fiscal exigida nos termos da legislação específica.

26.Utilização do conhecimento de carga no despacho aduaneiro

26.1.Um conhecimento de carga para mais de uma DI

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Poderá ser efetuado registro de mais de uma declaração para o mesmo conhecimento de carga na importação de petróleo bruto e seus derivados, a granel.

O chefe do setor responsável pelo despacho aduaneiro poderá, excepcionalmente, adotar o procedimento estabelecido para outros casos devidamente justificados.

O registro de mais de uma DI para o mesmo conhecimento de carga é possível nas seguintes situações:

• Na importação de petróleo bruto e seus derivados, a granel;

• Excepcionalmente, em outros casos justificados, a critério do chefe do setor responsável pelo despacho aduaneiro.

26.2.Uma DI para mais de um conhecimento

Poderá ser autorizado, pelo chefe do setor responsável pelo despacho aduaneiro, previamente ao início do despacho, o registro de uma única DI para mais de um conhecimento de carga nas importações destinadas a um único importador quando (arts. 68 e 69 da IN SRF nº 680/2006 e art. 555 do Regulamento Aduaneiro):

• As mercadorias corresponderem a uma só operação comercial e, em razão do seu volume ou peso, o transporte for realizado por vários veículos ou partidas; ou

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• As mercadorias corresponderem a uma só operação comercial e formarem, em associação, um corpo único ou unidade funcional, completo, com classificação fiscal própria, equivalente à da mercadoria indicada na declaração e nos documentos comerciais que a instruem; ou

• Por razões comerciais ou técnicas, as mercadorias correspondentes aos diversos conhecimentos de carga formarem, em associação, sistema integrado, reconhecido como tal em Resolução da Câmara de Comércio Exterior (Camex), completo, cujos componentes tenham sido contemplados com ex-tarifário.

Enquanto não estiver disponível função própria no Siscomex, o importador deverá protocolar processo administrativo instruído com documentos e informações que demonstrem a necessidade de adoção do procedimento excepcional, bem como da existência de condições mínimas de segurança ao controle aduaneiro.

O processo deverá ser instruído, pelo menos, com os seguintes documentos:

• Requerimento contendo a descrição sumária da operação indicando, inclusive, a necessidade, ou não, da entrega antecipada da mercadoria;

• Descrição completa da mercadoria, ou do sistema integrado, com a apresentação de projetos, plantas,

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Luis Geokarly do Nascimento Página 246

catálogos técnicos e outros documentos que possam colaborar para a perfeita identificação do bem;

• Cópias de documentos que demonstrem a operação comercial realizada ou a se realizar, tais como, contratos de fornecimento, faturas pro-forma, entre outros;

• Em se tratando de embarque fracionado no exterior, com previsão de chegada no País, separadamente, de diversos lotes, cronograma de embarque e chegada dos diversos lotes, bem como da montagem do equipamento;

• No caso de necessidade de entrega antecipada, o local onde deverão ser entregues as mercadorias e as condições de segurança por ele oferecidas, se não se tratar de local alfandegado;

• Outros necessários à comprovação das alegações do interessado sobre a necessidade do despacho parcelado e/ou da entrega antecipada.

A totalidade da mercadoria ou sistema integrado deve chegar ao País dentro do prazo de vigência do benefício fiscal ou ex-tarifário pleiteado, se for o caso.

O importador autorizado a utilizar esse procedimento deve informar ao preencher a Declaração de Importação:

• o número do processo vinculado na Ficha Básicas;

• os dados do primeiro conhecimento de carga na Ficha Transporte;

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• os números dos demais conhecimentos utilizados no despacho aduaneiro e os valores totais do frete e do seguro a eles correspondentes na Ficha Informações Complementares.

27.Inspeção não invasiva

O equipamento de inspeção não-invasiva por imagem que seja utilizado nos recintos aduaneiros em que esteja disponível, desde que a correspondente imagem obtida seja compatível com a que se espera levando em consideração as informações contidas nos documentos pertinentes, poderá permitir a dispensa da desova completa da unidade de carga ou a descarga da mercadoria do veículo de transporte pelo chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal jurisdicionante.

O equipamento deverá ser disponibilizado gratuitamente para a RFB e não deverá em qualquer hipótese qualquer taxa de utilização cobrança dos importadores.

28.Declaração Simplificada de Importação

O despacho aduaneiro simplificado de importação amparado por DSI, obedece os procedimentos disciplinados na IN SRF 611/06 abaixo transcrita.

Art. 2o A Declaração Simplificada de Importação (DSI) será formulada pelo importador ou seu representante em microcomputador conectado ao Sistema Integrado de Comércio Exterior - Siscomex, mediante a prestação das informações constantes do Anexo I.

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Parágrafo único. Excluem-se do procedimento estabelecido neste artigo as importações de que tratam os arts. 4o e 5o, que serão submetidas a despacho aduaneiro mediante a utilização de formulário próprio.

28.1.Hipóteses de utilização da DSI

Art. 3o A DSI apresentada de conformidade com o estabelecido no caput do art. 2o poderá ser utilizada no despacho aduaneiro de bens:

I - importados por pessoa física, com ou sem cobertura cambial, em quantidade e freqüência que não caracterize destinação comercial, cujo valor não ultrapasse US$ 3,000.00 (três mil dólares dos Estados Unidos da América) ou o equivalente em outra moeda;

II - importados por pessoa jurídica, com ou sem cobertura cambial, cujo valor não ultrapasse US$ 3,000.00 (três mil dólares dos Estados Unidos da América) ou o equivalente em outra moeda;

III - recebidos, a título de doação, de governo ou organismo estrangeiro por:

a) órgão ou entidade integrante da administração pública direta, autárquica ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; ou

b) instituição de assistência social; IV - submetidos ao regime de admissão temporária, nas

hipóteses previstas em legislação específica; V - reimportados no mesmo estado ou após conserto,

reparo ou restauração no exterior, em cumprimento do regime de exportação temporária; e

VI - que retornem ao País em virtude de: a) não efetivação da venda no prazo autorizado, quando

enviados ao exterior em consignação;

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b) defeito técnico, para reparo ou substituição; c) alteração nas normas aplicáveis à importação do país

importador; ou d) guerra ou calamidade pública; VII - contidos em remessa postal internacional cujo valor

não ultrapasse US$ 3,000.00 (três mil dólares dos Estados Unidos da América) ou o equivalente em outra moeda;

VIII - contidos em encomenda aérea internacional cujo valor não ultrapasse US$ 3,000.00 (três mil dólares dos Estados Unidos da América) ou o equivalente em outra moeda, transportada por empresa de transporte internacional expresso porta a porta, nas seguintes situações:

a) a serem submetidos ao regime de admissão temporária, nas hipóteses de que trata o inciso IV deste artigo;

b) reimportados, nas hipóteses de que trata o inciso V deste artigo;

c) a serem objeto de reconhecimento de isenção ou de não incidência de impostos; ou

d) destinados a revenda; IX - integrantes de bagagem desacompanhada; X - importados para utilização na Zona Franca de Manaus

(ZFM) com os benefícios do Decreto-Lei no 288, de 28 de fevereiro de 1967, quando submetidos a despacho aduaneiro de internação para o restante do território nacional, até o limite de US$ 3,000.00 (três mil dólares dos Estados Unidos da América) ou o equivalente em outra moeda;

XI - industrializados na ZFM com os benefícios do Decreto-Lei no 288, de 1967, quando submetidos a despacho aduaneiro de internação para o restante do território nacional, até o limite de US$ 3,000.00 (três mil dólares dos Estados Unidos da América) ou o equivalente em outra moeda;

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XII - importados para utilização na ZFM ou industrializados nessa área incentivada, com os benefícios do Decreto-Lei no 288, de 1967, quando submetidos a despacho aduaneiro de internação por pessoa física, sem finalidade comercial; ou

XIII - importados com isenção, com ou sem cobertura cambial, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ou por cientistas, pesquisadores ou entidades sem fins lucrativos, devidamente credenciados pelo referido Conselho, em quantidade ou freqüência que não revele destinação comercial, até o limite de US$ 10.000,00 (dez mil dólares dos Estados Unidos da América) ou o equivalente em outra moeda.

28.2.Da utilização de formulário próprio – Declarações de Importação sem Registro no Siscomex

Art. 4º Poderão ser utilizados os formulários de Declaração Simplificada de Importação (DSI), Folha Suplementar e Demonstrativo de Cálculo dos Tributos, nos modelos constantes respectivamente dos Anexos II a IV desta Instrução Normativa ou, alternativamente, esses mesmos formulários no formato de planilha eletrônica, disponibilizada no sítio da RFB na Internet no endereço http://www.receita.fazenda.gov.br, instruídos com os documentos próprios para cada caso, quando se tratar do despacho aduaneiro de:

I - amostras sem valor comercial;

II - livros, jornais, periódicos, documentos, folhetos, catálogos, manuais e publicações semelhantes, inclusive gravados em meio

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magnético, importados sem finalidade comercial, desde que não estejam sujeitos ao pagamento de tributos;

I - outros bens importados por pessoa física, sem finalidade comercial, de valor não superior a US$ 500.00 (quinhentos dólares dos Estados Unidos da América);

IV - bens importados ou industrializados na ZFM com os benefícios do Decreto-Lei no 288, de 1967, cujo valor não ultrapasse o limite de US$ 500.00 (quinhentos dólares dos Estados Unidos da

América) ou o equivalente em outra moeda, submetidos a despacho aduaneiro de internação por pessoa física;

VI - bens importados por missão diplomática, repartição consular de carreira e de caráter permanente, representação de organismo internacional de que o Brasil faça parte ou delegação acreditada junto ao Governo Brasileiro, bem assim por seus respectivos integrantes, funcionários, peritos ou técnicos;

VII - órgãos e tecidos humanos para transplante; VIII - animais de vida doméstica, sem cobertura cambial e

sem finalidade comercial; IX - importações previstas no art. 3o, quando não for

possível o acesso ao Siscomex, em virtude de problemas de ordem técnica, por mais de quatro horas consecutivas;

X - doações referidas na alínea “a” do inciso III do caput do art. 3º;

XI - bens submetidos ao regime de admissão temporária, nas hipóteses previstas em legislação específica;

XII - bens importados por órgão ou entidade integrante da administração pública direta, autárquica ou fundacional, de qualquer

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dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, cujo valor não ultrapasse o limite de US$ 500.00 (quinhentos dólares dos Estados Unidos da América) ou o equivalente em outra moeda.

XIII - medicamentos, sob prescrição médica, importados por pessoa física;

XIV - bens trazidos por equipe esportiva estrangeira ou a ela destinados, para seu uso ou consumo;

XV - bens trazidos por grupo artístico estrangeiro ou a ele destinados, para seu uso ou consumo;

XVI - equipamentos de rádio, televisão e para a imprensa em geral, no regime de admissão temporária; e

XVII - bens retornando ao País, cujo despacho aduaneiro de exportação tenha sido realizado por meio da declaração de que trata o art. 31.

§ 2o A impossibilidade de acesso ao Siscomex a que se refere o inciso IX deste artigo será reconhecida pelo titular da Unidade da SRF responsável pelo despacho aduaneiro da mercadoria, no âmbito de sua jurisdição.

§ 3º Os formulários de DSI de que trata o caput, bem como os demais documentos de instrução do despacho, deverão ser anexados a dossiê digital de atendimento nos termos da Instrução Normativa RFB nº 1.412, de 22 de novembro de 2013.

Art. 5o No caso de bens integrantes de remessa postal internacional cujo valor não ultrapasse US$ 500.00 (quinhentos dólares dos Estados Unidos da América) ou o equivalente em outra moeda, submetidos ao Regime de Tributação Simplificada (RTS), o despacho aduaneiro será processado mediante o pagamento dos imposto de importação incidente, lançado pela autoridade aduaneira por meio da Nota de Tributação Simplificada (NTS), instituída pela

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Instrução Normativa SRF no 101, de 11 de novembro de 1991, sem qualquer outra formalidade aduaneira.

28.3.Pagamento dos impostos

Art. 6o O pagamento dos impostos incidentes na importação será efetuado previamente ao registro da DSI, por débito automático em conta corrente bancária em agência habilitada de banco integrante da rede arrecadadora de receitas federais.

§ 1o O débito será efetuado pelo banco, na conta indicada pelo declarante, por meio do Siscomex.

§ 2o O pagamento será efetuado mediante a utilização de Documento de Arrecadação de Receitas Federais - DARF, quando se tratar:

I - de importação realizada por pessoa física quando se tratar de declaração transmitida por servidor lotado na Unidade da SRF onde for processado o despacho aduaneiro;

II - das hipóteses referidas nos incisos IV e VII do art. 4o; III - de crédito tributário lançado pela autoridade fiscal no

curso do despacho de importação ou em procedimento de revisão aduaneira; ou

IV - de crédito tributário decorrente de denúncia espontânea, após o desembaraço aduaneiro da mercadoria.

28.4.Registro da DSI

Art. 7o A DSI será registrada por solicitação do importador ou seu representante, mediante a sua numeração automática única, seqüencial e nacional, reiniciada a cada ano, pelo Siscomex.

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Luis Geokarly do Nascimento Página 254

§ 1o Será admitido o registro de DSI por solicitação: I - da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT),

quando se tratar das importações a que se referem os incisos VII e XIII do art. 3o; ou

II - de empresa de transporte internacional expresso, quando se tratar das importações referidas nos incisos VIII e XIII do art. 3o.

§ 2o Quando se tratar de importação eventual efetuada por pessoa física, a DSI poderá ser transmitida para registro por servidor lotado na Unidade da SRF onde será processado o despacho aduaneiro, mediante função própria do Siscomex.

§ 3o No caso de que trata o parágrafo 2o, a Unidade local da SRF colocará à disposição do importador o equipamento necessário à formulação da DSI.

Art. 8o O registro da DSI somente será efetivado: I - se verificada a regularidade cadastral do importador; II - após o licenciamento da operação de importação,

conforme estabelecido pelos órgãos competentes; III - após a chegada da carga; IV - após o recolhimento dos impostos e outros direitos

incidentes sobre a importação, se for o caso; e V - se não for constatada qualquer irregularidade impeditiva

do registro. § 1o Entende-se por irregularidade impeditiva do registro da

declaração aquela decorrente da omissão de dado obrigatório ou o fornecimento com erro, bem como aquela que decorra do descumprimento de limite ou condição estabelecida nesta Instrução Normativa.

§ 2o Considera-se chegada a carga que já tenha sido informada, no Siscomex, pelo depositário, ou aquela que esteja em situação que permita a vinculação da declaração ao conhecimento de carga correspondente, no Sistema de Gerência do Manifesto, do Trânsito e do Armazenamento - Mantra.

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Art. 9o A DSI de que trata o art. 4o será registrada pela Unidade local da SRF onde será processado o despacho aduaneiro, mediante aposição de número, composto pelo código da Unidade da SRF, seguido do número seqüencial de identificação do documento, e data.

Parágrafo único. O registro somente será efetuado: I - após a manifestação favorável da autoridade competente

pelo controle específico a que esteja sujeita a mercadoria, se for o caso, efetuada no campo próprio da declaração ou em documento específico por ela emitido; e

II - mediante a requisição do Ministério das Relações Exteriores, formulada na própria declaração, quando se tratar de importação realizada por missão diplomática ou semelhante.

Art. 10. O registro da DSI caracteriza o início do despacho aduaneiro de importação.

28.5.Documentos de instrução da DSI

Art. 11. A DSI será instruída com os seguintes documentos: I - via original do conhecimento de carga ou documento

equivalente; II - via original da fatura comercial, quando for o caso;

III - via original da receita médica, na hipótese do inciso XIII do art. 4º;

IV - DARF que comprove o recolhimento dos tributos, quando for o caso;

VI - outros, exigidos em decorrência de Acordos Internacionais ou de legislação específica.

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V - nota fiscal de saída, quando for o caso; e Art. 12. Os documentos referidos no artigo 11 serão

mantidos em poder do importador pelo prazo previsto na legislação, devendo ser apresentados à fiscalização aduaneira quando solicitados.

Parágrafo único. Na hipótese do art. 9o, os documentos exigidos devem instruir a DSI apresentada para registro.

28.6.Seleção para conferência aduaneira

Art. 13. Os bens submetidos a despacho aduaneiro com base em DSI poderão ser desembaraçados:

I - sem conferência aduaneira, hipótese em que ficam dispensados o exame documental, a verificação física e o exame do valor aduaneiro; ou

II - com conferência aduaneira, hipótese em que a mercadoria somente será desembaraçada e entregue ao importador após a realização do exame documental e da verificação física e, se for o caso, do exame do valor aduaneiro.

Art. 14. A seleção para conferência aduaneira referida no artigo 13 será efetuada de conformidade com os critérios estabelecidos pela Coordenação-Geral de Administração Aduaneira (Coana) e pelo titular da Unidade da SRF responsável pelo despacho aduaneiro.

§ 1o No caso de DSI registrada no Siscomex, a seleção será realizada por intermédio do sistema.

§ 2o Na hipótese do parágrafo 1o, o importador entregará na Unidade da SRF que jurisdiciona o local onde se encontre a mercadoria a ser submetida a despacho aduaneiro, a DSI impressa, instruída com os respectivos documentos.

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Luis Geokarly do Nascimento Página 257

28.7.Conferência aduaneira

Art. 15. A conferência aduaneira de mercadoria objeto de DSI selecionada nos termos do art. 14 deverá ser concluída no prazo máximo de um dia útil, contado do dia seguinte ao da entrega da declaração e dos documentos que a instruem, salvo quando a conclusão depender de providência a ser cumprida pelo importador.

Art. 16. A verificação da mercadoria será realizada na presença do importador ou de seu representante.

Art. 17. O importador prestará à fiscalização aduaneira as informações e a assistência necessárias à identificação da mercadoria e, quando for o caso, ao exame do valor aduaneiro.

28.8.Desembaraço aduaneiro da DSI

Art. 18. A entrega da mercadoria ao importador somente será realizada após o respectivo desembaraço aduaneiro.

Parágrafo único. O chefe da Unidade da SRF responsável pelo despacho aduaneiro poderá autorizar a entrega da mercadoria ao importador antes de totalmente realizada a conferência aduaneira, em situações justificadas, tendo em vista a natureza da mercadoria ou as circunstâncias específicas da operação de importação.

Art. 19. O desembaraço da mercadoria cuja DSI tenha sido selecionada para conferência aduaneira será realizado:

I - automaticamente, após o registro da conclusão dessa conferência, no sistema, pelo Auditor-Fiscal da Receita Federal (AFRF) responsável; ou

II - mediante consignação no campo próprio da declaração, na hipótese da utilização do formulário de que trata o art. 4o .

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Parágrafo único. A mercadoria cuja DSI, registrada no Siscomex, tenha sido dispensada de conferência aduaneira será desembaraçada mediante procedimento automático do sistema.

Art. 20. A mercadoria objeto de exigência fiscal de qualquer natureza, formulada no curso do despacho aduaneiro, somente será desembaraçada após o respectivo cumprimento ou, quando for o caso, mediante a apresentação de garantia, nos termos de legislação específica.

Art. 21. A mercadoria sujeita a controle sanitário, ambiental ou de segurança, constatado no curso do despacho aduaneiro em decorrência de declaração inexata, somente será desembaraçada após a autorização do órgão competente.

Parágrafo único. Quando se tratar de declaração registrada no Siscomex, a manifestação do órgão será realizada no sistema.

Art. 22. A entrega da mercadoria ao importador, pelo depositário, somente será feita após confirmado o seu desembaraço aduaneiro no Mantra, nas Unidades onde esteja implantado esse sistema.

Parágrafo único. Nas Unidades da SRF onde ainda não esteja implantado o Mantra, a entrega da mercadoria ao importador será feita mediante a apresentação do Comprovante de Importação emitido pelo Siscomex ou da respectiva via da DSI.

Art. 23. Após o desembaraço aduaneiro, os documentos instrutivos da DSI registrada no Siscomex serão devolvidos ao importador, que deverá mantê-los em seu poder pelo prazo previsto na legislação.

28.9.Formalização de exigências

Art. 24. A exigência para cumprimento de formalidades legais ou regulamentares, que não implique constituição de crédito

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tributário, bem como a ciência do importador, serão formalizadas no Siscomex, quando se tratar de DSI registrada no sistema ou no campo próprio do formulário da DSI, na hipótese de aplicação do art. 4o.

Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto neste artigo, a exigência do crédito tributário decorrente de infração à legislação vigente, da qual resulte falta ou insuficiência de recolhimento dos impostos incidentes ou imposição de penalidade, será formalizada em notificação de lançamento ou auto de infração.

Art. 25. Cientificado o importador da exigência, inicia-se a contagem do prazo a que se refere a alínea "a" do inciso I do art. 574 do Decreto nº 4.543, de 26 de dezembro de 2002, para caracterização do abandono da mercadoria submetida a despacho aduaneiro.

28.9.1.Retificação da DSI

Art. 26. A alteração ou inclusão de informações prestadas na declaração, decorrentes de incorreções constatadas no curso do despacho de importação ou em procedimento de revisão aduaneira, serão formalizadas no Siscomex pelo AFRF responsável, quando se tratar de DSI registrada no sistema, ou no verso do formulário da DSI, na hipótese de aplicação do art. 4o.

28.9.2.Cancelamento da DSI

Art. 27. À vista de requerimento fundamentado do importador, o titular da Unidade da SRF responsável pelo despacho aduaneiro poderá autorizar o cancelamento de declaração já registrada, quando:

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I - ficar comprovado que a mercadoria declarada não ingressou no País, inclusive nos casos de duplicidade de registro;

II - for autorizada a devolução da mercadoria ao exterior, antes do desembaraço aduaneiro;

III - a importação não atender aos requisitos exigidos ou não se enquadrar nas hipóteses previstas para a utilização de DSI, e não for possível a retificação da declaração;

IV - ficar comprovado erro de expedição; ou V - for constatado erro na declaração registrada no

Siscomex, não passível de retificação nesse sistema. § 1o O cancelamento da declaração, nos termos deste artigo,

não exime o importador da responsabilidade por eventuais delitos ou infrações, constatados pela fiscalização, inclusive posteriormente a sua efetivação.

§ 2o O cancelamento da declaração será feito por meio de função própria do Siscomex, quando for o caso.

§ 3o As Superintendências Regionais da Receita Federal (SRRF) poderão autorizar o cancelamento de DSI em hipótese não prevista nesta Instrução Normativa.

§ 4o A aplicação do disposto no § 3o fica condicionada ao encaminhamento à SRRF, pela respectiva Unidade, da correspondente proposta, baseada em parecer conclusivo sobre a necessidade e conveniência do cancelamento.

28.9.3.Comprovante de importação

Art. 28. O Comprovante de Importação será emitido pelo Siscomex, após a efetivação do desembaraço da mercadoria no sistema.

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29.Considerações finais

A intenção deste curso foi de apresentar aos alunos a matéria base do despacho aduaneiro de importação. Pretendeu-se abordar as questões preliminares e específicas da matéria com o objetivo de elucidar os principais tópicos que regem a etapa mais importante dentro da logística internacional de uma importação: o despacho aduaneiro.

Todos os que estão ligados ao comércio exterior, mais especificamente ligado ao despacho aduaneiro de importação, devem ter em mente que o material de estudo não tem a presunção de se encerrar nestas páginas. É com estudo constante das normas legais que o aluno poderá se desenvolver mais e mais e crescer profissionalmente.

Todos os fatores que possam prejudicar uma operação de importação devem ser considerados. Somente com planejamento eficiente é possível sanar os prejuízos envolvidos e suportados pelo importador em uma operação mal sucedida.

Lembre-se: “comece certo para terminar certo”.

30.Material de consulta para elaboração deste curso

• Manuais aduaneiros da Receita Federal do Brasil;

• Constituição Federal do Brasil;

• Decreto-Lei n° 37/66;

• Decreto 6.759/09 (Regulamento Aduaneiro);

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• Instrução Normativa SRF n° 680/06;

• Instrução Normativa SRF n° 611/06;

• Trechos de artigos do Sr. Haroldo Gueiros, da Enciclopédia Aduaneira;

• Outras normais legais contidas no curso.

Conheça mais sobre nosso trabalho:

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Tel.: 19.3819.9264 / Cel.: 19.97408-7446

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Apoio:

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CURSO DE DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO

O Curso de Despacho Aduaneiro de Importação tem por objetivo ser a

base na qual se alicerça todos os demais princípios à esta atividade tão

importante dentro do complexo sistema operacional do comércio exterior

brasileiro. E não poderia ser de outra forma. Antes de correr precisamos

aprender a andar.

A busca constante das empresas em recrutar profissionais capacitados

e com conhecimento de fato, bem como as mudanças ocorridas nos últimos

tempos na Aduana brasileira, reforçam à necessidade dos profissionais em

se adequar à nova realidade e exige a reciclagem dos que já atuam na área.

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