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S3C2T1 Fl. 324 1 323 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13502.000867/200731 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201001.424 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de setembro de 2013 Matéria DRAWBACK ISENÇÃO Recorrente CARAIBA METAIS S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO:REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 21/05/2002 a 03/01/2006 DRAWBACK ISENÇÃO. COMPETÊNCIA. CACEX/SECEX. ADITIVO. INTEMPESTIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE AVALIAÇÃO PELA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. A emissão de Ato Concessório do Regime Aduaneiro de Drawback, bem como dos respectivos Aditivos, é de competência da CACEX. A competência da Receita Federal é para avaliar o adimplemento do compromisso por parte do contribuinte, não se estendendo para a legalidade dos atos administrativos expedidos por outros órgãos da Administração Federal. DRAWBACK ISENÇÃO. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE IMPORTAÇÕES PRÉVIAS SUJEITAS A TRIBUTAÇÃO NORMAL. O drawback isenção é um incentivo à exportação mediante a desoneração tributária das importações destinadas à reposição dos estoques dos insumos previamente utilizados em mercadorias comprovadamente exportadas. Por força do art. 354 do Regulamento Aduaneiro de 2002, reproduzido no art. 402 do Regulamento Aduaneiro de 2009, fica evidente que o recolhimento de tributos aduaneiros na importação original de insumos não é condição sine quad non para que o drawback isenção seja concedido. ASSUNTO:NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 21/05/2002 a 30/12/2006 REVOGAÇÃO DE ISENÇÃO. PENALIDADES. A revogação da isenção, salvo demonstrado dolo ou simulação, por si só, não é fundamento para a imposição de multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACÓRDÃO GERADO NO PGD-CARF PROCESSO 13502.000867/2007-31 Fl. 336 DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓPIA Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2013 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 07/03/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 27/11/2013 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalment e em 27/11/2013 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM

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    323

    S3C2T1 MINISTRIODAFAZENDACONSELHOADMINISTRATIVODERECURSOSFISCAISTERCEIRASEODEJULGAMENTO

    Processon 13502.000867/200731

    Recurson Voluntrio

    Acrdon 3201001.4242Cmara/1TurmaOrdinriaSessode 24desetembrode2013

    Matria DRAWBACKISENO

    Recorrente CARAIBAMETAISS.A.

    Recorrida FAZENDANACIONAL

    ASSUNTO:REGIMESADUANEIROSPerododeapurao:21/05/2002a03/01/2006

    DRAWBACK ISENO. COMPETNCIA. CACEX/SECEX. ADITIVO.INTEMPESTIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE AVALIAO PELARECEITAFEDERALDOBRASIL.

    A emisso de Ato Concessrio do Regime Aduaneiro de Drawback, bemcomodosrespectivosAditivos,decompetnciadaCACEX.AcompetnciadaReceitaFederalparaavaliaroadimplementodocompromissoporpartedocontribuinte,noseestendendoparaalegalidadedosatosadministrativosexpedidosporoutrosrgosdaAdministraoFederal.

    DRAWBACKISENO.DESNECESSIDADEDECOMPROVAODEIMPORTAESPRVIASSUJEITASATRIBUTAONORMAL.

    O drawback iseno um incentivo exportao mediante a desoneraotributriadas importaesdestinadas reposiodos estoquesdos insumospreviamente utilizados em mercadorias comprovadamente exportadas. Porfora do art. 354 doRegulamentoAduaneiro de 2002, reproduzido no art.402doRegulamentoAduaneirode2009,ficaevidentequeorecolhimentodetributos aduaneiros na importao original de insumos no condio sinequadnonparaqueodrawbackisenosejaconcedido.

    ASSUNTO:NORMASGERAISDEDIREITOTRIBUTRIOPerododeapurao:21/05/2002a30/12/2006

    REVOGAODEISENO.PENALIDADES.

    Arevogaodaiseno,salvodemonstradodoloousimulao,porsis,nofundamentoparaaimposiodemultadeofcio.

    Vistos,relatadosediscutidosospresentesautos.

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    Fl. 336DF CARF MF

    Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

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    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 27/11/2013 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 07/03/2014por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 27/11/2013 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/11/2013 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM

    13502.000867/2007-31 3201-001.424 TERCEIRA SEO DE JULGAMENTO Voluntrio Acrdo 2 Cmara / 1 Turma Ordinria 24/09/2013 DRAWBACK ISENO CARAIBA METAIS S.A. FAZENDA NACIONAL Recurso Voluntrio Provido Crdito Tributrio Exonerado CARF Daniel Mariz Gudio 2.0.4 32010014242013CARF3201ACC Assunto: Regimes Aduaneiros Perodo de apurao: 21/05/2002 a 03/01/2006 DRAWBACK ISENO. COMPETNCIA. CACEX/SECEX. ADITIVO. INTEMPESTIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE AVALIAO PELA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. A emisso de Ato Concessrio do Regime Aduaneiro de Drawback, bem como dos respectivos Aditivos, de competncia da CACEX. A competncia da Receita Federal para avaliar o adimplemento do compromisso por parte do contribuinte, no se estendendo para a legalidade dos atos administrativos expedidos por outros rgos da Administrao Federal. DRAWBACK ISENO. DESNECESSIDADE DE COMPROVAO DE IMPORTAES PRVIAS SUJEITAS A TRIBUTAO NORMAL. O drawback iseno um incentivo exportao mediante a desonerao tributria das importaes destinadas reposio dos estoques dos insumos previamente utilizados em mercadorias comprovadamente exportadas. Por fora do art. 354 do Regulamento Aduaneiro de 2002, reproduzido no art. 402 do Regulamento Aduaneiro de 2009, fica evidente que o recolhimento de tributos aduaneiros na importao original de insumos no condio sine quad non para que o drawback iseno seja concedido. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributrio Perodo de apurao: 21/05/2002 a 30/12/2006 REVOGAO DE ISENO. PENALIDADES. A revogao da iseno, salvo demonstrado dolo ou simulao, por si s, no fundamento para a imposio de multa de ofcio. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatrio e votos que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Joel Miyazaki. Conselheira Mrcia Helena Trajano DAmorim apresentou declarao de voto. (ASSINADO DIGITALMENTE) JOEL MIYAZAKI - Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) DANIEL MARIZ GUDIO - Relator. EDITADO EM: 27/11/2013 Participaram da sesso de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (Presidente), Luciano Lopes de Almeida Moraes, Mrcia Helena Trajano DAmorim, Daniel Mariz Gudio, Ana Clarissa Masuko dos Santos Arajo e Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto. Por bem descrever os fatos ocorridos at o julgamento da deciso recorrida, segue abaixo a transcrio do relatrio da instncia a quo e da sua ementa, bem como as razes recursais:Do lanamentoO presente processo se refere a lanamentos inerentes ao Imposto sobre as Importaes II, Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, e Contribuio ao Programa de Integrao Social PIS, acrescidos da multa de ofcio prevista no inciso I do art. 44 da Lei n 9.430/96, assim como dos juros de mora tipificados no art. 61, 3 da mesma lei, perfazendo, na data da autuao (11/09/2007), crdito tributrio no valor total de R$ 274.966.018,53, objeto dos autos de infrao fls. 02/86.Nos termos do Relatrio de Fiscalizao de fls. 87/107, a ao fiscal teve como objeto a fiscalizao dos atos concessrios de drawback iseno nos 2978-02/000006-0, 2978-02/000009-4, 2978-02/000012-4, 2003-00/0724-0, 2978-04/000018-9, 2978-04/000028-6, 2978-04/000029-4, 2978-04/000035-9, 2978-04/000038-3, 2004-00/9740-4, 2978-05/000010-6, 2978-05/000024-6, 2978-05/000026-2, e 2978-05/000028-9. No relatrio citado, depois de tratar de questes gerais atinentes ao incentivo exportao em apreo, a autoridade fiscal verificou que as importaes que serviram de base para a concesso do direito importao com iseno [...] foram realizadas sem o recolhimento de tributos, o que, no seu entender, inviabilizaria o gozo ao incentivo exportao objeto do litgio. Esse problema foi observado em relao a todos os 14 atos concessrios de drawback iseno fiscalizados, tendo ressaltado a autoridade lanadora a inexistncia de recolhimento do II e do IPI em todas as importaes informadas pela autuada nos respectivos pedidos concesso de drawback iseno dirigidos SECEX.De acordo com o Relatrio de Fiscalizao de fls. 87/107, o no recolhimento do II nas importaes informadas SECEX decorreu de reduo tributria objeto de Acordos de Complementao Econmica ACE firmados entre o Brasil e entidades de Direito Internacional Pblico, notadamente a Associao Latino-Americana de Integrao ALADI, o Mercado Comum do Sul MERCOSUL, e a Comunidade Andina, nos termos dos acordos discriminados pela autoridade lanadora no citado relatrio, conforme informaes extradas da ficha dados complementares das respectivas Declaraes de Importao DI. Quanto ao IPI, o no pagamento, em todos os casos, decorreu do fato de a alquota aplicvel aos produtos ser zero.Particularmente no tocante ao ato concessrio n 2978-04/000029-4, embora em algumas das DI a ele vinculadas constasse solicitao de reduo de 100% da alquota do II em funo do ACE-35, firmado no mbito do MERCOSUL, em outras estava consignado pedido de desembarao com suspenso ou com iseno de tributos por conta de outros atos concessrios de drawback (suspenso ou iseno). Contudo, em quaisquer dos casos, no houve recolhimento do II ou do IPI, [...] pois, alm da reduo de 100% da iseno ou da suspenso do II, o IPI, para esse produto, possui alquota zero (vide fls. 99/100 dos autos).Segundo observao do auditor fiscal autuante relativamente a cada ato concessrio objeto da autuao, a ausncia de pagamento dos tributos incidentes na importao inviabiliza a utilizao destas DIs para o Pedido de Drawback Iseno [...], uma vez que a empresa j fora favorecida com outro benefcio fiscal na ocasio das importaes. Em seu relatrio fiscal, na parte em que trata do ato concessrio n 2978-02/000006-0 (fls. 90/93), faz ainda as seguintes consideraes:[...] Se a empresa j teve a alquota do Imposto de Importao reduzida em 100%, e a alquota do IPI zero, sua exportao j foi desonerada. O objetivo do Drawback - Iseno, que desonerar as exportaes, tornou-se sem substncia, pois a correspondente importao de matria-prima no foi onerada com tributos federais. A empresa realizou as exportaes sem pagar tributos na importao dos insumos correspondentes, portanto no houve prejuzo a ser alegado pela mesma para se valer da compensao do Drawback - Iseno. Alm disso, esta prtica provocaria uma concorrncia desleal dentro do Pas, motivo pelo qual as operaes de Drawback so to fiscalizadas pela RFB. [...]Ressalta que a Terceira Cmara do Conselho de Contribuintes j teria adotado entendimento semelhante, elencando como fundamentao o Parecer Normativo CST n 126/72. Transcreve parte do voto proferido no Acrdo n 303-33497, de 19/09/2006 (vide fls. 92), bem como do Parecer Normativo reportado (fls. 92/93).Com respeito a cada ato concessrio fiscalizado, conclui que todas as importaes realizadas sob amparo dos respectivos atos concessrios no tinham direito iseno dos tributos, tendo, em conseqncia, formalizado as exigncias do II, da COFINS e do PIS, nos termos dos autos de infrao de fls. 02/86. Os atos concessrios de drawback iseno, os correspondentes Relatrios Unificados de Drawback RUD, as respectivas DI utilizadas como fundamento para a solicitao do drawback iseno, e as DI cuja iseno fora glosada (utilizadas no lanamento) integram o anexo I ao processo, constitudo por 5 volumes.Da impugnaoCientificada dos lanamentos em 11/09/2007 (vide fls. 01, 37, 61 e 85), a recorrente insurgiu-se contra a exigncia, tendo apresentado, em 10/10/2007, a impugnao de fls. 115/140, onde, depois de descrever os fatos, apresenta os argumentos na seqncia relatados.Aduz que no teria fundamento a premissa oficial que considera a obrigatoriedade de pagamento do imposto como condio para gozo do benefcio, o que violaria o sagrado direito ampla defesa, preconizado pelo Pacto Fundamental do Pas.Faz consideraes acerca da finalidade do regime drawback, destacando o seu papel no incentivo exportao e no desenvolvimento econmico do pas, ressaltando, ainda, as diferentes modalidades do incentivo em tela (suspenso, iseno e restituio). Assevera que a SECEX teria autorizado [...] o gozo do benefcio atravs da emisso dos atos concessrios supra citados, que estabelecem as condies a serem cumpridas pelo contribuinte. Em tpico especfico, apresenta, com mais detalhes, os objetivos do regime drawback, ressaltando seu papel no incentivo exportao com vistas a desenvolver o parque industrial do Pas, a reverter o dficit crnico da balana comercial, a melhorar a eficincia e o xito econmico, a gerao de empregos, a qualidade dos bens produzidos no pas, a reduzir as desigualdades sociais, dentre outros, mediante a desonerao do processo de produo de bens destinados ao exterior. O destaque s questes finalsticas atinentes ao regime de drawback, abalizado por respeitvel doutrina, reiterado em vrias partes da impugnao do sujeito passivo.Assevera que a interpretao da legislao procedida pelo Ilmo. Auditor-Fiscal tem escopo meramente financeiro da tributao, em contraposio s prprias diretrizes traadas no Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comrcio (GATT), firmado em 1947 por 23 pases, entre os quais o Brasil, e hoje integrado por 151 pases de todo o mundo. Frisa a autoridade aduaneira em seu relatrio que o fundamento da autuao a que procedeu reside na compensao do tributo. Se nada foi pago na primeira importao, nada h que compensar na seguinte. Vale assinalar, todavia, que o instituto do drawback deve ser encarado sob tica mais ampla, em que no cabe a interpretao puramente literal do regime.Reitera questes atinentes ao escopo do regime de drawback, destacando que o [...] drawback no pode ser visto sob tica estreita, sob pena de anular todo o esforo competitivo da poltica industrial do pas. Aduz que [...] as razes expostas no Relatrio de Fiscalizao estremam-se do prprio conceito do instituto, tendo em vista o nus que impem (sic) aos produtos industrializados pela impugnante. Como preceituam o Decreto-lei n 37/66 e o Regulamento Aduaneiro, o drawback no tem por finalidade a compensao tributria. Ao contrrio do que afirma o Auditor-Fiscal na equivocada autuao, o regime consiste na desonerao dos tributos que normalmente incidem na importao baseada no drawback.A atitude da fiscalizao representaria distoro aos [...] fins desejados pela lei ao desonerar os impostos no regime especial de incentivo exportao, que acaba constituindo, ao lado de tantos outros tributos, mais uma contribuio excessiva carga tributria j suportada pelos to sacrificados contribuintes do pas. Faz comentrios acerca da saudvel poltica de incremento das exportaes implementada pelo governo, destacando que deveriam ser refutadas quaisquer medidas em sentido inverso.Aduz que a autuao [...] medida incabvel no quadro dos incentivos fiscais dirigidos iniciativa privada para fins de empreendimentos considerados prioritrios em reas ou setores em que o investimento seria menos atraente e sem estmulo estatal.Ressalta que o inciso I do art. 151 da Constituio Federal admitiria interpretao extensiva, [...] em face da importncia que representa para o desenvolvimento econmico. Referido dispositivo seria reforado pelo art. 150, inciso II, da mesma lei maior, [...] que cuida de assegurar tratamento isonmico a contribuintes que se encontrem na mesma situao fiscal. Por via de conseqncia, a contribuintes que se encontrem em situao diversa, caso dos exportadores brasileiros, vlido conceder incentivo ao desenvolvimento de sua atividade exportadora. Conclui o tpico asseverando que a manuteno da presente autuao significaria, to s, desvirtuar o objetivo e o interesse pblico no incremento das exportaes brasileiras e contribuir com a diminuio da nossa participao no comrcio mundial.Em item intitulado das modalidades de drawback, a impugnante apresenta as principais particularidades de cada uma das espcies deste tipo de incentivo exportao, passando, na seqncia, a tpico especfico sobre o drawback iseno, onde, com respaldo em doutrina especializada, destaca seu objetivo principal de repor os estoques dos insumos utilizados em produtos j exportados, em quantidade e qualidade equivalentes, ficando o valor total da importao limitado ao valor da mercadoria substituda. Assevera que o direito iseno, assim, assegura ao produtor o benefcio do drawback iseno, qual seja, a importao isenta de tributos, o que no lhe pode ser negado, em hiptese alguma, sob pena de frustrar o prprio objetivo desenvolvimentista que caracteriza o regime especial do drawback. Aduz ainda o seguinte, verbis:54. No caso concreto, a impugnante realizou suas importaes, com base nos atos concessrios, com a finalidade nica e exclusiva de repor o seu estoque de mercadoria, cumprindo fielmente o disposto no art. 345, do Regulamento Aduaneiro.55. A reposio tem como escopo principal o reforo direto do estoque de mercadorias das empresas favorecidas com o benefcio, incentivando o seu ingresso no mercado nas mesmas condies que garantem o direito s demais empresas nacionais, bem como a todas as estrangeiras, visto que o incentivo exportao no exclusividade da lei brasileira, mas das leis de todo o mundo, cujo fundamento reproduz a velha mxima exportar o que importa.Colaciona posicionamento doutrinrio acerca dos benefcios que advm do incentivo s exportaes.Em tpico relacionado s diferenas entre as modalidades de drawback, reitera as caractersticas das principais espcies do incentivo exportao em evidncia, destacando que, no drawback suspenso, a norma est direcionada ao tributo, sendo a mercadoria seu objeto mediato, aparecendo [...] em segundo plano, no que tange ao alvo buscado pelo legislador. Por sua vez, no drawback iseno, [...] o destinatrio imediato da norma desloca-se para a mercadoria a ser reposta, conforme consta, expressamente, do art. 345, do Regulamento Aduaneiro [...], ao passo que o tributo, embora dispensado, desloca-se em plano secundrio no que tange ao alvo visado pelo legislador. Procura reforar seu argumento com doutrina reproduzida s fls. 129/130. Mais adiante, reitera [...] o carter tributrio da modalidade suspenso e o carter econmico da modalidade iseno, destacando ainda, verbis:67.No quer isto dizer que o aspecto tributrio no esteja implcito em ambas as formas, mas sim que a nfase muda quando se muda de modalidade. Na primeira, a suspenso, a nfase est no tributo. Na modalidade iseno, enfatiza-se a mercadoria.68. Repita-se, na modalidade suspenso o tributo o objeto primrio, direto e imediato do benefcio, sendo a mercadoria o objeto secundrio e mediato. Por outro lado, na modalidade iseno, a mercadoria passa a ser o objeto primrio, direto e imediato do drawback, sendo o tributo objeto secundrio e mediato.69. A distino acima, clara, entre as duas modalidades reala a falibilidade dos argumentos que sustentam a autuao ora impugnada.Depois de reproduzir doutrina de Ana Clarissa Araujo e Angela Sartori (fls. 131), defende que o lanamento no poderia prosperar pelo fato do autuante haver afrontado [...] os objetivos do regime aduaneiro especial, fundamentando a autuao nos estoques e nas caractersticas do drawback da modalidade suspenso.Em tpico relacionado no exigncia legal do tributo na importao, aduz que a autoridade lanadora no teria apresentado a fundamentao legal que justificasse a obrigatoriedade de comprovar o nus fiscal como condio impeditiva ao gozo do drawback iseno. Tal omisso teria se dado pelo fato de no existir norma nesse sentido. Destaca que cumpriu rigorosamente os requisitos legais para gozo do drawback iseno, notadamente queles dispostos no art. 346 do Regulamento Aduaneiro, e que a SECEX no teria formulado nenhuma outra condio para emisso do ato concessrio. Critica a referncia, pela autoridade lanadora, ao artigo 602 do Regulamento Aduaneiro, ressaltando que [...] jamais cometeu infrao por ao ou por inobservncia da norma estabelecida [...], posto que cumprira com [...] todos os requisitos da norma que regulamenta a emisso dos atos concessrios.Clama pela aplicao do princpio da legalidade, insculpido no art. 5 da Constituio Federal, assim como em seu art. 150, inciso I, ao qual a impugnante deu especial ateno para asseverar que a exigncia ou o aumento de tributo s seria possvel mediante lei ou medida provisria em espcie. Assim, para o nascimento de obrigao tributria, objeto dos Autos de Infrao em apreo, necessrio que lei especfica o exija. Em defesa da observao do princpio da legalidade, traz abalizada doutrina de Luciano Amaro (fls. 134).Assevera que no haveria como se cogitar de descumprimento de norma pelo fato da impugnante no haver recolhido os tributos na importao inicial, tendo em vista que os Acordos de Complementao Econmica (ACE) 35 e 39, em vigor na ocasio, dispensavam essa exigncia.Argumenta que no haveria como fazer vinculao entre [...] a obrigatoriedade do recolhimento dos tributos devidos na importao sob o regime especial de drawback na modalidade iseno [...] e a [...] importao primeira com recolhimento de tributos. A alegao de duplo benefcio, alm de desvinculada de amparo legal, no procederia. Traz, novamente, doutrina de Luciano Amaro acerca da necessidade de reserva absoluta de lei como pressuposto a toda conduta da administrao, notadamente, quela inerente atividade tributria. Embasado nesses ensinamentos, ressalta que a autoridade fiscal [...] no tem competncia para determinar o nascimento de uma obrigao tributria sem o respaldo legal do fato. -lhe vedado, terminantemente, usar de poder discricionrio para ditar o que deve ser tributado ou em que medida ou circunstncias o tributo deve ser recolhido.No caso em tela, o autuante teria exacerbado [...] de seus poderes ao condicionar o gozo do direito ao drawback, assegurado por lei ao impugnante, ao prvio pagamento de tributos na importao original.Transcreve doutrina de Sacha Calmon Navarro Coelho (fls. 135), segundo o qual [...] se a lei for omissa, ou obscura, ou antitica em quaisquer desses pontos, descabe ao administrador (que aplica a lei de ofcio) e ao juiz (que aplica a lei contenciosamente) integrarem a lei suprindo lacuna por analogia.Destaca a proibio, insculpida no o art. 111 do CTN, adoo de interpretao extensiva de dispositivos que se refiram outorga de isenes, como teria feito a autoridade administrativa. Destaca ainda, literalmente:87. A ilustre autoridade cita, em seu arrimo, Parecer Normativo que comete o mesmo equvoco e o mesmo desrespeito ao princpio da legalidade, omitindo a norma legal, inexistente, como requisito para a descabida exigncia de recolhimento do tributo na importao dos bens utilizados na industrializao de produtos exportados.88. A propsito, vale transcrever as palavras de Leone Soares de Resende (Exportao e drawback. So Paulo: Aduaneiras, 2. ed., 1984, p. 57), que, no captulo relativo ao regime aduaneiro especial de drawback na modalidade iseno, assim se expressa:Para fins de operao nessa modalidade, no se exige que a anterior importao tenha sido tributada ou no, nada impedindo propor-se importao sob ""drawback" relativa a componentes anteriormente importados sob "drawback" modalidade iseno. (grifos nossos)89. Dessa forma, no importa que os tributos incidentes sobre a entrada dos bens em referncia tenham sido dispensados em razo dos ACEs 35 e 39. No h vinculao legal de fruio do regime especial existncia do pagamento dos tributos como alegara em seu relatrio a ilustre autoridade fiscal, pelo que se disse acima.90. Lembre-se, os ACEs em questo no mais tm com (sic) validade, face ao decurso do prazo de vigncia previsto pelos pases signatrios.Na parte de sua impugnao em que trata do cumprimento dos requisitos do drawback iseno, ratifica que teria cumprido com todas as exigncias inerentes ao incentivo em tela, contidas no art. 346 do Regulamento Aduaneiro, motivo pelo qual a SECEX expedira o ato concessrio em favor do sujeito passivo. Reitera a desnecessidade de comprovao do nus fiscal na importao para fins de direito ao gozo do drawback iseno.Aduz que o 2 do art. 179 do CTN, combinado com o art. 155 do mesmo diploma legal, determinam que, para gozo do direito o interessado dever realizar a prova dos requisitos referentes ao beneficio pretendido. A observao de todos os requisitos legais teria sido atestada pela SECEX ao reconhecer o direito pleiteado. Faz novo clamor em favor do princpio da legalidade contido no art. 5, inciso II, da Constituio Federal. Sobre a concorrncia desleal, reportada pelo auditor fiscal autuante, afirma o seguinte:100. A alegada concorrncia desleal, sustentada no Relatrio de Fiscalizao, tambm descabida e sem qualquer relao com o caso concreto, uma vez que os supostos concorrentes da impugnante igualmente se valeram da reduo de 100% na alquota do imposto de importao, prevista nos ACEs 35 e 39. Aps a exportao do produto final, obtido a partir da industrializao dos bens objeto de importao com base na reduo prevista nos ACEs aludidos, os "concorrentes" podem valer-se, de forma idntica, do benefcio do drawback iseno para fins de reposio de seu estoque.101. A impugnante, de fato, importou produtos sob a gide dos citados ACEs, tendo em vista que o acordo comercial assinado pelo Brasil lhe assegurara esse direito. A utilizao desse benefcio no inviabiliza o direito ao regime do drawback modalidade iseno. Um direito no invalida o outro. As operaes ocorrem em momentos distintos e sem qualquer vinculao entre elas, a no ser o fato de fazerem parte de um mesmo regime aduaneiro especial.102. Vale salientar, ainda, que nenhuma relao existe entre o regime especial de que se cogita e a reduo de 100% do valor do imposto sobre as importaes, concedida pelos ACEs 35 e 39. Em outras palavras, a eventual incidncia do imposto na primeira importao no elemento integrante do drawback iseno. Trata-se de dois instrumentos distintos, embora por vezes o resultado venha a ser o mesmo, isto , o no pagamento de tributo, como no caso em apreo. Concluindo, vlido afirmar que, com ou sem os ACEs, ou seja, pagando ou no pagando tributos, o gozo da iseno na importao posterior estaria assegurado pela legislao que rege o assunto.Diante do exposto, requer seja declarada a nulidade dos lanamentos formalizados contra si, e a [...] realizao de diligncias, aquelas necessrias plena elucidao das questes ora suscitadas, inclusive a realizao de percias, para a qual protesta pela indicao do seu perito assistente, formulao de quesitos, e suplementao de provas.A instncia a quo julgou improcedente a impugnao, em 07/12/2007, ficando o Acrdo n 08-12.442 assim ementado:ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCALPerodo de apurao: 21/05/2002 a 03/01/2006PERCIA. PRESCINDIBILIDADE. INOBSERVNCIA DOS REQUISITOS FORMAIS. RECUSA.Ser considerado no formulado o pedido de percia que desatenda s normas do Processo Administrativo Fiscal.ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROSPerodo de apurao: 21/05/2002 a 03/01/2006DRAWBACK ISENO. NECESSIDADE DE COMPROVAO DE IMPORTAES PRVIAS SUJEITAS A TRIBUTAO NORMAL.O drawback iseno um incentivo exportao de natureza compensatria, destinado reposio dos estoques dos insumos previamente utilizados em mercadorias comprovadamente exportadas. Assim, referido incentivo s ser admitido se for demonstrado que as importaes dos insumos, j utilizados na industrializao das mercadorias exportadas, ocorreram com todos os nus fiscais.Lanamento Procedente.Irresignada com a deciso desfavorvel, a Recorrente interps o competente recurso voluntrio de forma tempestiva, reiterando, em sntese, os argumentos j suscitados em sua impugnao, inclusive o pedido de diligncia.O processo foi distribudo para a relatoria Conselheiro Nilton Luiz Bartoli, ento, integrante da Terceira Cmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, que, por unanimidade de votos, converteu o julgamento do recurso em diligncia, nos termos da Resoluo n 303-01.512, de 09/12/2008.Em suma, o ento relator entendeu que: (i) a legislao de regncia no exige que a importao anterior ao pedido do beneficio tenha sido comprovadamente tributada, o que seria o cerne da discusso em sua anlise; (ii) no havia at o momento jurisprudncia do Egrgio Terceiro Conselho de Contribuintes qualquer precedente que tivesse enfrentado diretamente a questo envolvida nos autos; (iii) o Parecer Normativo CST n 126/72 foi indevidamente invocado pela autoridade preparadora, eis que versa sobre situao diversa do caso concreto; (iv) embora tenham sido concedidos os atos concessrios, certo que os pedidos dirigidos SECEX so desacompanhados das declaraes de importao, onde se poderia constatar o no recolhimento dos tributos. E conclui:Por tais razes, entendo ser imprescindvel, para o correto julgamento da lide, o conhecimento das razes e critrios adotados pela SECEX quando da concesso dos Atos Concessrios de que tratam os autos, atravs dos quais a Recorrente promoveu importao de produtos sob o Regime de Drawback modalidade iseno. vista da determinao da Terceira Cmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, o Oficio no 29/2010/GAB/DRF-CCI/SRRF05/RFB/MF-BA foi expedido para a Coordenadora Geral do Decex, Sra. Ieda Fernandes, que, por sua vez, emitiu o Ofcio 248/DECEX, por meio do qual encaminha a Nota Tcnica n 13/2010/DENOC/SECEX, de 7 de abril de 2010, que versa sobre entendimento normativo do tema em questo, e Memorando n 24/DENOC/SECEX, de 14 de abril de 2010, alm da documentao especfica relativa aos pedidos de drawback submetidos a exame na modalidade iseno e Instruo Normativa n 2001/45, de 12 de novembro de 2001, utilizada poca como base para anlise das operaes em tela.Tambm por meio do Ofcio 248/DECEX, a Coordenadora Geral do Decex esclareceu que os atos 20030007240 e 20040097404 foram concedidos na modalidade suspenso e baixados respectivamente em 24 de maro de 2004 e 28 de maio de 2007.Por oportuno, convm transcrever trechos conclusivos da Nota Tcnica n 13/2010/DENOC/SECEX, a saber:8. Da leitura dos mencionados textos normativos, fica claro que, interpretado literalmente, o critrio para a concesso do drawback iseno tem por base a qualidade e a quantidade das mercadorias originalmente importadas, no o montante de tributos pagos na importao ou a eventual diferena entre os tributos exigidos na operao original e aqueles referentes importao que se deseja contemplada com o drarwback. Inexiste, portanto, na legislao exigncia, a ser aplicada pela SECEX, relativa ao valor ou ao recolhimento dos tributos relativos primeira importao.9. Se se deve considerar esse ltimo com base no valor o que existe a modalidade drawback restituio, previsto no Decreto-Lei n 37, de 1966, art. 78, III. A sua administrao de atribuio exclusiva da RFB.10. Assim que, buscando respeitar o princpio da legalidade na Administrao Pblica, o DECEX limita a sua anlise aos critrios expressamente previstos na legislao. Ou seja, procede de modo a verificar se houve a "exportao de produto em cujo beneficiamento, fabricao, complementao ou acondicionamento tenham sido utilizadas mercadorias importadas equivalentes, em qualidade e quantidade, quelas para as quais esteja sendo pleiteada a iseno", desconsiderando a diferena entre os tributos que seriam pagos na segunda importao e aqueles pagos na operao original. (Grifou-se)Intimada para se manifestar sobre o resultado da diligncia, a DRF de Camaari-BA expediu o Termo de Diligncia Fiscal, informando que o Decex teria reconhecido que, quando da emisso dos atos concessrios de drawback iseno, no realiza qualquer verificao quanto ao pagamento dos tributos referentes s importaes iniciais.E mais, a DRF de Camaari-BA concluiu que o ofcio do Decex teria confirmado que compete RFB a realizao de fiscalizao junto aos beneficirios de drawback para verificar se todas as outras condies necessrias concesso do regime foram atendidas, em atividade complementar da Secex.Por outro lado, tambm intimada a se manifestar sobre o resultado da diligncia, a Recorrente ressalta que o Decex confirmou o seu entendimento de que o pagamento de tributos na importao de insumos empregados na fabricao do produto exportado no configura requisito para a fruio do drawback iseno, inclusive reconhecendo que a competncia para o exame do direito ao drawback modalidade iseno privativa e exclusiva da SECEX.Em seguida, a Recorrente contesta a manifestao da DRF de Camaari-BA, alegando que no a fase processual para defender o lanamento.Na forma regimental, o processo digitalizado foi distribudo e, posteriormente, encaminhado a este Conselheiro Relator. o relatrio.

    Conselheiro Daniel Mariz GudioO recurso atende aos pressupostos de admissibilidade previstos no Decreto n 70.235, de 1972, razo pela qual deve ser conhecido.IntroduoConforme j mencionado exaustivamente no relatrio, o cerne do presente litgio consiste em saber: se a autoridade preparadora teria competncia para impor outros requisitos fruio do regime de drawback iseno, alm daqueles j exigidos na fase de concesso do regime pelo DECEX; e se est em linha com a legislao de regncia o requisito imposto pela fiscalizao, qual seja, a incidncia dos tributos na operao de importao dos insumos utilizados na fabricao dos produtos a serem posteriormente exportados.Registre-se, desde logo, que no h precedentes neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais especificamente sobre drawback iseno requerido em funo de importao de insumos sujeitos alquota zero de Imposto de Importao II e de Imposto sobre Produtos Industrializados IPI por fora de polticas de comrcio exterior.Da competncia para concesso de Drawback IsenoConforme j mencionado exaustivamente no relatrio, o cerne do presente litgio consiste em saber se a autoridade preparadora teria competncia para impor outros requisitos fruio do regime de drawback iseno, alm daqueles exigidos na fase de concesso do regime pelo DECEX/SECEX, bem como se est em linha com a legislao de regncia o requisito imposto pela fiscalizao, qual seja, a incidncia dos tributos na operao de importao dos insumos utilizados na fabricao dos produtos a serem posteriormente exportados.De incio, importante registrar que a autoridade fiscal preparadora consignou em seu relatrio que o objeto central da fiscalizao seria verificar o cumprimento das obrigaes fiscais decorrentes dos Atos Concessrios analisados (fls. 160).A DRJ, por sua vez, ao julgar a impugnao interposta pela Recorrente, mostra claramente que o fundamento para a manuteno da autuao decorreria dos prprios atos concessrios e dos requisitos para suas concesses. Ou seja, analisa a validade e legalidade dos atos exarados pela SECEX quando do estabelecimento das condies para a fruio dos incentivos decorrentes do regime de Drawback Iseno.Neste ponto, importante registrar que no obstante os rgos da administrao fazendria possam e devam realizar a fiscalizao, de forma ampla, das condies estipuladas pelos atos concessrios, previstas em lei, tal prerrogativa no permite invadir a competncia de emisso de atos concessrios, introduzindo entre os requisitos a necessidade de haver pagamento de tributos nas importaes que deram suporte ao pedido de Drawback Iseno, condio no exigida pelo rgo competente.Ademais, segundo a legislao aduaneira vigente poca dos atos concessrios ora em anlise, SECEX caberia a concesso do regime de drawback nas modalidades suspenso e iseno arts. 386 e 393 do Regulamento Aduaneiro , enquanto que Secretaria da Receita Federal do Brasil competiria a emisso de ato relativo ao drawback na modalidade restituio art. 397 do mesmo regulamento.Neste sentido, com relao ao regime de Drawback na modalidade Iseno, a concesso de competncia exclusiva da SECEX, competindo RFB fiscalizar o cumprimento dos termos estipulados nos atos concessrios.Sobre este tema, a Cmara Superior de Recursos Fiscais, em recente Deciso tomada unanimidade de votos, teve oportunidade de se manifestar, ocasio em que se pronunciou pelo reconhecimento de invaso de competncia pela autoridade tributria. Eis o teor da ementa:DRAWBACK SUSPENSO. COMPETNCIA. CACEX/SECEX. ADITIVO. INTEMPESTIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE AVALIAO PELA RECEITA FEDERAL DO BRASIL.A emisso de Ato Concessrio do Regime Aduaneiro de Drawback, bem como dos respectivos Aditivos, de competncia da CACEX. A competncia da Receita Federal para avaliar o adimplemento do compromisso por parte do contribuinte, no se estendendo para a legalidade dos atos administrativos expedidos por outros rgos da Administrao Federal.(Grifo nosso)(Processo Administrativo 10074.000100/2002-04, 3 Turma da Cmara Superior, Acrdo n 9303-001.932, Rel. Cons. Susy Gomes Hoffmann, Sesso de 12/04/2012)Com efeito, a conselheira relatora, traduzindo consenso da Turma da Cmara Superior, aduz, de forma esclarecedora, sobre o desvio de finalidade perpetrado pela fiscalizao tributria ao imiscuir-se em seara a ela no competente. Vejamos:O que se depreende disso que a norma prev, desde a concesso do ato concessrio at a eventual comunicao Secretaria da Receita Federal sobre o inadimplemento do contribuinte, toda uma cadeia de atos administrativos.Dentro de tal cadeia, no que tange concesso do benefcio e dos respectivos termos aditivos e, enfim, a todo o procedimento que tem que ver com o regime do Drawback suspenso, a competncia cometida CACEX/SECEX. Somente se estes constatarem pela inadimplncia das condies estabelecidas no Ato Concessrio que aqueles rgos comunicam, formalmente, Receita Federal para que esta adote as providncias cabveis.A competncia, desta forma, para a anlise das circunstncias que envolvam o regime especial da CACEX, e no da Receita Federal. Esta somente pode comear a agir ante a comunicao que lhe venha a dirigir aquele rgo, acerca do inadimplemento docontribuinte ou aps o prazo final (decorridos os trinta dias) do trmino do regime.Diante disso, de se tecer algumas consideraes sobre o que vem a ser a competncia administrativa, e o seu papel no ordenamento jurdico.A competncia administrativa , segundo Maral Justen Filho, a atribuio normativa da legitimao para a prtica de um ato administrativo.Celso Antonio Bandeira de Mello, em seu Curso de Direito Administrativo, designa competncia administrativa, como o crculo compreensivo de um plexo de deveres pblicos a serem satisfeitos mediante o exerccio de correlatos e demarcados poderes instrumentais, legalmente conferidos para a satisfao de interesses pblicos.A competncia, como se sabe, demarcada pelo ordenamento jurdico, e uma das suas caractersticas essenciais, segundo a doutrina, a imodificabilidade pela vontade do prprio titular, o qual, pois, no pode dilat-las ou restringi-las, pois sua compostura a que decorre da lei. Qualquer exceo a tal regra deve ser estabelecida pelo prprio sistema legal; jamais pela Administrao, sem qualquer base legal.Aplicando-se estes conceitos ao presente caso, temos que o fato de a Receita Federal ter imiscudo-se na competncia da CACEX configura patente desvio de poder, gnero do qual constitui-se em espcie o desvio de finalidade. Este no resta afastado to-somente pelo fato de que o ltimo Aditivo fora concedido extemporaneamente, isto , aps o transcurso do prazo de cumprimento estabelecido no penltimo aditivo.A competncia para o ato administrativo, com efeito, no se esvai pela ausncia do seu exerccio, ou por seu eventual exerccio irregular. Se assim , tampouco a competncia, naquelas hipteses, transfere-se para outro rgo. Eis a lio de Maral Justen Filho:A ausncia de exerccio de uma competncia no importa sua transferncia para outrem, a no ser quando a lei assim o determinar. A lei pode estabelecer regras especficas no tocante competncia, limitando o modo de atuao do agente ou condicionando sua atuao a certos eventos.Assim, no competia Receita Federal apurar, sem a comunicao perpetrada pela CACEX, o adimplemento ou no do compromisso firmado pelo contribuinte, quanto mais quando a prpria CACEX efetivamente concedeu o aditivo questionado. Trata-se, obviamente, portanto, de indevida ingerncia.Dessa forma, levando-se em considerao que a jurisprudncia da Cmara Superior de Recursos Fiscais objetiva precipuamente iluminar o melhor caminho para interpretao buscando a segurana jurdica necessria aplicao equnime do Direito Tributrio, deve-se afastar a indevida ingerncia da administrao fazendria em temas que fogem sua competncia.Importante frisar que as concluses do precedente acima pontuado, mesmo tratando de hiptese de drawback suspenso, devem ser aplicadas de forma integral ao presente caso. Isto porque, a concesso das duas modalidades de drawback (iseno e suspenso), como j externado anteriormente, de competncia exclusiva da SECEX, cabendo aos rgos fiscais apenas a averiguao do cumprimento dos requisitos e condies estipulado nos atos concessrios.De mais a mais, as bases utilizadas para fundamentar a deciso devem balizar e guardar coerncia com novas decises. Segundo a doutrina administrativista, lastreada na teoria dos motivos determinantes, h que se guardar compatibilidade entre as premissas e as concluses de todo ato administrativo, sob pena de macul-lo por falta de congruncia lgica entre o motivo e o resultado do ato.Neste sentido, outro resultado no poder advir da apreciao do presente processo seno pela concluso de que indevida a forma de atuao da autoridade coatora em desfavor da Recorrente, pois que os argumentos que deram ensejo ao acrdo da Cmara Superior so idnticos aos dos presentes autos, qual seja, a impossibilidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil em exigir requisitos no previstos em lei para expedio de atos de competncia de outro rgo da Administrao Federal.Destaque-se, ainda, que o Decex, quando instado a se manifestar no processo mediante explicitao dos critrios e condies para expedir atos concessrios respondeu ao Ofcio no 29/2010/GAB/DRF-CCI/SRRF05/RFB/MF-BA no sentido de que inexiste na legislao exigncia obrigatoriedade de recolher tributos relativos primeira importao.Por tais razes, devem os autos de infrao lavrados serem cancelados em sua integralidade.Do Parecer normativo CST n 126/72Como fundamento da autuao, a autoridade fiscalizadora citou o Parecer Normativo CST n 126, de 1972, que trata de consulta formulada por empresa explorando o ramo de curtume que indaga se a venda no mercado interno, de produto importado com a iseno prevista no inciso III, do Decreto n 68.904/71, acarreta algum nus tributrio empresa vendedora.A motivao da consulta foi o fato de que produtos por ela importados ao abrigo do regime restaram desaproveitados em funo da matriz tecnolgica da empresa e precisavam encontrar destinao econmica fora do produto resultante do aperfeioamento.Assim as condies de venda no mercado interno precisavam ser estabelecidas no mbito do despacho para consumo, cuja base tributvel precisava ser definida nos termos autorizados pela administrao aduaneira.Ocorre que os fatos que ensejaram elaborao do aludido Parecer Normativo destoam completamente da situao que cuidam os autos, fato este considerado pela ento Terceira Cmara do Terceiro Conselho ao informar que como se observa da prpria introduo do referido Parecer, no se trata de questo idntica ao dos presentes autos, j que o caso examinado por mencionada anlise diz respeito venda, no mercado interno, do produto importado sob o benefcio em discusso.Em verdade, o lanamento faz meno ao art. 602 do Regulamento Aduaneiro vigente poca da ocorrncia do fato gerador dos tributos aduaneiros, qual seja, o Decreto n 4.543, de 2002, que assim dispe:Art. 602. Constitui infrao toda ao ou omisso, voluntria ou involuntria, que importe inobservncia, por parte de pessoa fsica ou jurdica, de norma estabelecida ou disciplinada neste Decreto ou em ato administrativo de carter normativo destinado a complet-lo (Decreto-lei n 37, de 1966, art. 94).Pargrafo nico. Salvo disposio expressa em contrrio, a responsabilidade por infrao independe da inteno do agente ou do responsvel e da efetividade, da natureza e da extenso dos efeitos do ato (Decreto-lei n 37, de 1966, art. 94, 2).J a Recorrente defendeu que o referido parecer no tem eficcia normativa, logo, como no h previso legal que condicione a concesso da iseno ao prvio recolhimento dos tributos, a autuao teria violado o princpio da legalidade. A deciso recorrida, por sua vez, defende a eficcia normativa do parecer normativo, a saber: Ressalte-se que o Parecer Normativo CST n 126/72 foi publicado no Dirio Oficial da Unio de 05/05/1972, tendo preenchido, portanto, a requisito fundamental quanto sua normatividade.De fato, no h como negar a eficcia normativa deste tipo de parecer, de modo que o vcio alegado pela Recorrente no prospera pelos fundamentos suscitados por ela. Contudo, h razes outras para no admitir a invocao do Parecer Normativo CST n 126, de 1972. A primeira que o referido parecer interpreta dispositivos legais do Decreto n 68.907, de 1971, que h muito tempo j no est em vigor. Como pode, ento, manter-se eficaz uma norma que complementa um decreto no mais em vigor? Evidentemente no pode. A segunda razo para afastar a aplicao do parecer em tela o prprio contedo, ou seja, ainda que pudesse ser admitida a sua eficcia, o seu contedo normativo em momento algum estabelece que a importao de insumos sujeitos alquota zero no gera direito iseno nas importaes subseqente, tratando to-somente das hipteses convencionais em que o tributo recolhido na primeira importao.Mais uma vez, insubsistentes os autos de infrao lavrados em desfavor da Recorrente.Da legalidade dos atos concessriosComo visto, o deslinde da controvrsia existente nos autos consiste em saber se era condio para a fruio do drawback iseno o pagamento de tributos aduaneiros na operao anterior ao pedido relativo ao regime especial em tela.Nesse sentido, a DRJ, ao julgar procedentes os lanamentos objeto do litgio em evidncia sob a pretensa alegao de que a Recorrente somente poderia se valer do regime especial de drawback iseno se houvesse arcado com o pagamento dos tributos nas importaes que serviram de base para os seus pleitos, no s contraria o rgo competente pela concesso de drawback iseno, quanto que, de fato, questionou, por vias transversas, a prpria legalidade dos referidos atos administrativos. A despeito do que foi exposto em tpico anterior, em que se constata que tal avaliao e fiscalizao, na forma como foi feita, no representa prerrogativa da Receita Federal do Brasil, os fundamentos legais para autuao da Recorrente, de igual modo, no prosperam. Vejamos.Preliminarmente, h que se fazer um cotejo histrico sobre a forma e os motivos que ensejaram a criao do regime de drawback. certo que a Constituio Federal de 1988 dispe, em seu art. 237, que a fiscalizao e o controle do comrcio exterior compete ao Ministrio da Fazenda (MF), assim como estabelece no seu art. 88 que a lei dispor sobre a criao e extino de Ministrios e rgos da administrao pblica. Nesse contexto, o Ministrio do Desenvolvimento, da Indstria e do Comrcio Exterior (MDIC) foi criado pela Medida Provisria n 1.911-8, de 1999, tendo como rea de competncia os seguintes assuntos:poltica de desenvolvimento da indstria, do comrcio e dos servios;propriedade intelectual e transferncia de tecnologia;metrologia, normalizao e qualidade industrial;polticas de comrcio exterior;regulamentao e execuo dos programas e atividades relativas ao comrcio exterior;aplicao dos mecanismos de defesa comercial participao em negociaes internacionais relativas ao comrcio exterior;formulao da poltica de apoio microempresa, empresa de pequeno porte e artesanato;execuo das atividades de registro do comrcio cedio que o Governo Federal, por meio de polticas de incentivo, cria regimes aduaneiros especficos com o ntido intuito de promover e estimular as exportaes do Pas. Mais que instituir benefcios tributrios, tratam-se de regimes econmicos que possibilitam o desenvolvimento da indstria nacional e a promoo desta no mercado internacional.No que tange ao regime de Drawback Iseno, em especial, percebe-se que seu objetivo precpuo repor estoques de insumos utilizados em produtos j exportados, em quantidade e qualidade equivalentes, ficando o valor total da importao, isento de tributos, limitado ao valor da mercadoria substituda.Desta maneira, franqueia-se ao beneficirio cenrio com maior estabilidade financeira, permitindo quele se precaver de oscilaes de mercado que eventualmente possam surgir, mediante a recomposio de seus estoques, por meio de importaes isentas de tributos.A lgica da concepo do regime de Drawback Iseno, portanto, est no estmulo exportao, por meio de concesso de incentivos econmicos e comerciais. Assim, uma vez preenchidos os requisitos estabelecidos na legislao de regncia e concedidos pelo rgo competente, ser facultada ao produtor a fruio dos incentivos estipulados. Neste ponto, cabe esclarecer que nem a lei nem o RA/2002 vigente poca dos fatos impunham pessoa jurdica solicitante qualquer comprovao de recolhimento dos tributos quando da aquisio dos estoques a serem repostos. Conforme a redao dada ao art. 345 do mesmo RA, exigia-se to somente que as importaes fossem feitas em qualidade e quantidade dos insumos anteriormente importados, silenciando-se quanto suposta exigncia do pagamento dos tributos na operao original.De se observar, ainda, que o enfrentamento da lide iniciou-se com a apreciao da matria pela ento Terceira Cmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, a qual entendeu ser cabvel diligenciar junto CACEX/SECEX no sentido de obter informaes sobre os critrios utilizados para emisso dos Atos Concessrios aqui discutidos, uma vez que, de plano, pareceu haver um descompasso entre a lgica da administrao tributria e da administrao das politicas de incentivo econmico no mbito do MDIC, pela CACEX/SECEX, que emitiu Atos Concessrios para a empresa ora autuada, em conformidade com as normas legais de regncia, e que foram desconstitudas no curso da fiscalizao que deu azo aos autos de infrao sob julgamento. O resultado da diligncia decorrente da Resoluo n 303-01.512 e materializado por meio do Ofcio n 248/DECEX no poderia ser outro e foi conclusivo no sentido de que o critrio para a concesso do drawback iseno tem por base a qualidade e a quantidade das mercadorias originalmente importadas, no o montante de tributos pagos na importao....Aqui importante ressaltar que ao responder diligncia, oportunizou-se SECEX a reviso de seus atos e assim sendo, vlido inferir que ela os ratificou nos exatos termos em que foram emitidos.Conquanto a DECEX/SECEX tivesse posicionamento diverso, ainda assim estaria adstrita, como tambm est a prpria administrao fazendria, ao que determina o art. 176 do CTN, ou seja, A iseno, ainda quando prevista em contrato, sempre decorrente de lei que especifique as condies e requisitos exigidos para a sua concesso, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua durao.Em suma, a essncia do regime aduaneiro do Drawback Iseno, aliado aos ditames do CTN, sobretudo luz do art. 111, II, o qual impe que isenes devam ser interpretadas de forma literal, conduz uma nica concluso lgica possvel, qual seja, o respeito pelas regras estipuladas poca dos fatos, que no caso concreto no impe ao administrado qualquer recolhimento de tributos nas importaes originrias.Ademais, no caso concreto, conforme j relatado, o no recolhimento do II nas importaes informadas SECEX decorreu de reduo tributria objeto de Acordos de Complementao Econmica ACE firmados entre o Brasil e entidades de Direito Internacional Pblico, notadamente a Associao Latino-Americana de Integrao ALADI, o Mercado Comum do Sul MERCOSUL, e a Comunidade Andina. Quanto ao IPI, o no pagamento, em todos os casos, decorreu do fato de a alquota aplicvel aos produtos ser zero, sendo esta tambm uma forma de estimular a importao de certos insumos essenciais para a produo nacional e o ilustre Auditor no se debruou sobre a atualizao dos ACEs que, a bem da verdade, eram vigentes poca dos fatos em anlise.Da nova legislaoA rigor, somente com o advento da Lei n 12.350/2010 (MP 497/2010) que se passou a exigir o pagamento de tributos sobre a importao originria. o que se depreende do art. 31 do referido diploma legal, in verbis:Art. 31. A aquisio no mercado interno ou a importao, de forma combinada ou no, de mercadoria equivalente empregada ou consumida na industrializao de produto exportado poder ser realizada com iseno do Imposto de Importao e com reduo a zero do IPI, da Contribuio para o PIS/Pasep e da Cofins, da Contribuio para o PIS/Pasep-Importao e da Cofins-Importao.[...] 3 O beneficirio poder optar pela importao ou pela aquisio no mercado interno da mercadoria equivalente, de forma combinada ou no, considerada a quantidade total adquirida ou importada com pagamento de tributos.(Grifou-se)O atual regime de Drawback Iseno, com a redao dada pela Lei n 12.350/2010, mudou consideravelmente o ento regime vigente no perodo de autuao. Em rpida anlise, nota-se a alterao na prpria essncia do regime aduaneiro, por meio de inovaes at ento inexistentes.A ttulo ilustrativo, a lei nova passou no s a exigir o recolhimento de tributos nas importaes originrias como condio para concesso do regime de Drawback Iseno, como permitiu a aquisio de insumos no mercado interno ou mesmo combinar tais aquisies com importaes, situao anteriormente vedada. Patente, por conseguinte, se tratar de regimes completamente distintos, cuja aplicao destes deve ser igualmente distinta.Convm registrar que esse dispositivo somente este ano foi incorporado ao atual RA (Decreto n 4.543, de 2009) com a edio do Decreto n 8.010, de 2013. Confira-se:Art. 393-A. O beneficirio do drawback, na modalidade de iseno, poder optar pela importao ou pela aquisio no mercado interno da mercadoria equivalente, de forma combinada ou no, considerada a quantidade total adquirida ou importada com pagamento de tributos (Lei n 12.350, de 2010, art. 31, 3). (Includo pelo Decreto n 8.010, de 2013)Por derradeiro, cabe frisar que no bastasse os argumentos acima despendidos, a Recorrente, que nada mais fez do aquilo que dela se exigiu, no pode ser penalizada por atos da Administrao Pblica que supostamente estariam em desacordo com a legislao de regncia, ainda mais quando a diligncia feita junto ao rgo competente para a emisso dos atos concessrios aponta no sentido oposto ao fundamento dos autos de infrao.Pelo exposto, em obedincia aos princpios constitucionais do ato jurdico perfeito, do direito adquirido e da segurana jurdica e tendo em vista que a fiscalizao no constatou qualquer irregularidade no cumprimento das condies estabelecidas nos atos concessrios, conforme relatrio detalhado da anlise de cada um dos atos de fls. 90/107, resta indubitvel que no h matria de mrito que possa, por qualquer outra razo no mencionada, manter hgido os autos de infrao.Devem, portanto, ser acolhidas as razes aqui expostas, dando-se provimento ao recurso voluntrio por ela interposto.

    DispositivoDiante de todo o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso voluntrio da Recorrente, exonerando integralmente o crdito tributrio em discusso.

    (ASSINADO DIGITALMENTE)Daniel Mariz Gudio - Relator CONSELHEIRA MRCIA HELENA TRAJANO DAMORIMCom o devido respeito aos fundamentos do voto do relator; seguem abaixo os motivos mediante os quais exponho o acompanhamento do meu voto pelas concluses, em relao ao regime de Drawback Iseno, para este caso. Ressalto, de pronto, que a matria demais controvrsia.Inicio com uma indagao, seria o regime de drawback iseno uma reposio de estoque ou um crdito fiscal?Tem-se conhecimento que a legislao internacional, como a Conveno Internacional para a Simplificao e Harmonizao dos Regimes Aduaneiros, firmado em Quioto revisada, bem como cdigos aduaneiros regionais tratam, usando outras denominaes, como reposio de estoque.O primeiro dispositivo legal que se refere ao drawback no Brasil o Decreto-lei n 994, de 28/07/1934, revogado pelo art. 37 da Lei de n 3.244/1957 que dava a este uma conotao de remisso, perdo, posteriormente, evoluindo para uma conceituao de estmulo exportao.O Brasil o nico pas em que incrementou o drawback, criando a modalidade de "restituio", alm das duas outras modalidades tratadas internacionalmente como aperfeioamento ativo , que a suspenso e reposio de estoque, que a iseno.Nessa linha,seria irrelevante se houvesse mudana de alquota entre a data da primeira importao (da matria prima a ser industrializada para exportao) e a da segunda (da matria prima a ser reposta).A modalidade de iseno baseia-se numa sistemtica pelo qual o importador utilizou produtos de importao na fabricao de produtos j exportados. Ento, como a exportao j ocorreu, da o benefcio fiscal dirigido no sentido de repor o estoque na medida do que foi exportado.O importador tendo solicitado e obtido devidamente o deferimento, atravs do Ato Concessrio, para repor seu estoque (em idntica quantidade/qualidade), no poderia o importador, smj, ser punido com nenhum tipo de circunstncia, tais como majorao de alquota, extino de benefcio fiscal de reduo de alquotas; alheia relao estabelecida no respectivo ato concessrio.No Brasil, no entanto, o tratamento da matria no foi to claro, desde ento.A base legal, hoje, do drawback iseno (art. 78, III do DL 37/66) dispe:"Art.78 - Poder ser concedida, nos termos e condies estabelecidas no regulamento:(...)III - iseno dos tributos que incidirem sobre importao de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes utilizada no beneficiamento, fabricao, complementao ou acondicionamento de produto exportado." (grifo nosso)

    Primeiro ponto, observa-se que a incidncia um requisito da aplicao do regime. At a no se justificaria a concluso de que o drawback-iseno um crdito, pois incidncia ( hiptese de incidncia a abstrao legal de um fato, ou seja, aquela situao descrita na lei cuja previso abstrata, tratando-se, pois, de uma hiptese que poder vir a ocorrer no mundo dos fatos, e que, uma vez realizada, se concretiza como fato gerador), e que no se confunde com pagamento.Pelo visto, disciplinado pelo art. 78 do Decreto-Lei de n 37/66 e regulamentado pelos arts. 314 e ss do Regulamento Aduaneiro/85, aprovado pelo Decreto n 91.030/1985. Bem como nos arts. 335 e ss do Regulamento Aduaneiro/2002, aprovado pelo Decreto n 4.543/2002 O caso em litgio compreende o perodo de 21/05/2002 a 03/01/2006.Na redao original do art. 345 do Regulamento Aduaneiro-RA/2002,dispunha-se:Art. 345. A concesso do regime, na modalidade de iseno, de competncia da Secretaria de Comrcio Exterior, devendo o interessado comprovar a exportao de produto em cujo beneficiamento, fabricao, complementao ou acondicionamento tenham sido utilizadas mercadorias importadas equivalentes, em qualidade e quantidade, quelas para as quais esteja sendo pleiteada a isenoO art. 402 atual Regulamento Aduaneiro/2009, aprovado pelo Decreto de n 6.759/2009 estabelece dispositivo que traz certa ambiguidade: h quem o leia dizendo que institui uma faculdade (utilizao do drawback iseno para outros tributos, mesmo que o II seja zero/isento) e h quem o leia a contrario sensu (no sentido da proibio de utilizao do drawback para o II quando a alquota for zero ou houver iseno). Corresponde ao art. 345 do RA/2002.Art. 354. Na hiptese de mercadoria isenta do imposto de importao ou cuja alquota seja zero, poder ser concedido o regime relativamente aos demais tributos devidos na importao.Quem l o texto a contrrio sensu passa, assim, a seguir a linha de que o drawback-iseno um crdito, e somente pode ser concedido se houve "pagamento".Tal linha endossada pela redao atual do art. 393-A do Regulamento Aduaneiro, que resulta de alterao promovida pelo art. 31 da Lei 12.350/2010.Art. 393-A. O beneficirio do drawback, na modalidade de iseno, poder optar pela importao ou pela aquisio no mercado interno da mercadoria equivalente, de forma combinada ou no, considerada a quantidade total adquirida ou importada com pagamento de tributos (Lei n 12.350, de 2010, art. 31, 3). (Includo pelo Decreto n 8.010, de 16 de maio de 2013)Analisemos sobre as consequncias dos dois raciocnios, em um exemplo no qual h mudana de alquotas em relao primeira importao (matria prima destinada industrializao de bem exportado) e a segunda utilizando-se do drawback-iseno.Exemplo: Importao 1 - peas para industrializao de computadores a serem exportados (alquotas na data de registro da DI 1: II= 0%, IPI=30%, ...); e importao 2 - peas idnticas em quantidade/qualidade quelas utilizadas na exportao de tais computadores(alquotas na data de registro da DI 2: II= 10%, IPI=10%, ...).Para a corrente que defende ser o drawback-iseno uma reposio de estoque, a discusso sobre as alquotas, como exposto, irrelevante, visto que a importao 2 se destina a repor exatamente a mercadoria trazida na importao 1 e exportada. E esse raciocnio no incompatvel nem com o art. 402 (na sua leitura literal, tal qual o CTN recomenda), nem com o art. 393-A, pois bastaria o pagamento de tributos (quaisquer).Contudo, para quem defende que o drawback-iseno um crdito fiscal, teramos como impossvel a aplicao do drawback ao II na importao 1 (visto que no houve pagamento). Caberia assim o pagamento de 10% a ttulo de II mesmo havendo drawback para os demais tributos. Essa corrente provavelmente no cogitaria cobrar o IPI (que foi pago alquota de 30%, e agora exigido com alquota de 10%), nem restituir parcialmente o valor (o clculo no seria to elementar porqueo II faz parte da base de clculo do IPI, o que torna um pouco mais complexa a subtrao entre o pago e o a pagar/restituir). Da mesma forma, que essa corrente (admitindo-se que o clculo fosse simples) aplique o "drawback-iseno" aos 10% de IPI e o "drawback-restituio" aos demais 20% de IPI. Receio de que a RFB restituiria os 20%.Assim, quando a situao piora o importador sofre as consequncias negativas, mas quando melhora no acontece, no obstante a possibilidade de se discutir juridicamente.Um exemplo 2 ajuda a piorar ainda mais as coisas: Importao 1 - peas para industrializao de computadores a serem exportados (alquotas na data de registro da DI 1: II= 5%, IPI=20%, ...); e importao 2 - peas idnticas em quantidade/qualidade quelas utilizadas na exportao de tais computadores(alquotas na data de registro da DI 2: II= 10%, IPI=10%,...).Para a corrente que defende ser o drawback-iseno uma reposio de estoque, a discusso sobre as alquotas continua irrelevante.Para quem defende ser o drawback-iseno um crdito fiscal, teramos a aplicao do drawback a ambos os tributos (II e IPI), pagos na importao 1.Em uma subcorrente moderada dos que veem o drawback-iseno como um crdito, a importao 2 seria sem pagamento algum, visto que houve pagamento (ainda que em montante diferente - a mais para o II e a menos para o IPI) na primeira operao.Em uma subcorrente mais extremista, aimportao 2 seria assim feita com um crdito de 5% de II (10% que seriam incidentes menos 5% que j foram pagos na importao 1) e com um crdito de 10% de IPI (dos 20% pagos na importao 1 - ciente novamente de que h simplificao das contas, pois a base de clculo do IPI, que inclui o II, foi diferente na primeira importao).Abomino essa subcorrente extremista da teoria do "drawback-iseno" como "crdito", com um terceiro exemplo:Importao 1 - peas para industrializao de computadores a serem exportados (alquotas na data de registro da DI 1: II= 10%, IPI=20%, ...); e importao 2 - peas idnticas em quantidade/qualidade quelas utilizadas na exportao de tais computadores(alquotas na data de registro da DI 2: II= 10%, IPI=20%, ...). isso mesmo: as alquotas so exatamente as mesmas. No exemplo 3, o que mudou foi a base de clculo, pois o preo do bem idntico (em quantidade/qualidade) aumentou em 5% entre a primeira e a segunda importao. Tal subcorrente (que coteja o pago na primeira operao com o devido na segunda) entenderia absurdamente que a importao 2 deveria ser tributada.A subcorrente moderada, a meu ver, pecaria to-somente pela equivocada compreenso do instituto (como crdito, e no como reposio de estoque), e pela leitura antiisonmica do art. 402 do RA.Conclui-se, pois que no se aplica o art. 402 do RA (em qualquer de suas leituras), visto que no houve iseno nem alquota zero.A pergunta inicial permanece- que iseno essa na qual a legislao aplicvel a de dois momentos distintos, subtraindo-se os totais pagos e a pagar? Ento uma compensao, ou uma restituio, ou um crdito, ou uma mistura/juno?O drawback iseno, no Brasil, to-somente um crdito fiscal?Ou uma autorizao para importar mercadoria idntica em qualidade/quantidade para repor a usada na industrializao e exportada (no interessando se houve alterao no tratamento tributrio entre as importaes)?Por todo o exposto, em uma interpretao sistemtica, as construes do drawback (seja o "suspenso, iseno ou restituio"), no me parecem que se refiram aplicao de uma segunda legislao, que no a do registro da declarao de importao inicial da matria-prima. Se as alquotas ou bases de clculo mudam, o importador que est adimplindo o compromisso assumido no deveria ser onerado.E, neste foi concedido um Ato Concessrio para reposio de estoque.

    (ASSINADO DIGITALMENTE)Mrcia Helena Trajano DAmorim

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    Acordamosmembrosdocolegiado,pormaioriadevotos,emdarprovimentoao recurso, nos termos do relatrio e votos que integram o presente julgado. Vencido oConselheiro Joel Miyazaki. Conselheira Mrcia Helena Trajano DAmorim apresentoudeclaraodevoto.

    (ASSINADODIGITALMENTE)

    JOELMIYAZAKIPresidente.

    (ASSINADODIGITALMENTE)

    DANIELMARIZGUDIORelator.

    EDITADOEM:27/11/2013

    Participaram da sesso de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki(Presidente),LucianoLopesdeAlmeidaMoraes,MrciaHelenaTrajanoDAmorim,DanielMarizGudio,AnaClarissaMasukodosSantosArajoeCarlosAlbertoNascimentoeSilvaPinto.

    Relatrio

    Porbemdescreverosfatosocorridosatojulgamentodadecisorecorrida,segueabaixoatranscriodorelatriodainstnciaaquoedasuaementa,bemcomoasrazesrecursais:

    Dolanamento

    O presente processo se refere a lanamentos inerentes aoImposto sobre as Importaes II, Contribuio para oFinanciamento da Seguridade Social COFINS, e Contribuio ao Programa de Integrao Social PIS,acrescidosdamultadeofcioprevistano incisoIdoart.44daLein9.430/96,assimcomodosjurosdemoratipificadosnoart.61, 3 da mesma lei, perfazendo, na data da autuao(11/09/2007), crdito tributrio no valor total de R$274.966.018,53,objetodosautosdeinfraofls.02/86.

    Nos termosdoRelatriodeFiscalizaode fls.87/107,aaofiscal teve comoobjetoa fiscalizaodos atos concessriosdedrawback iseno nos 297802/0000060, 297802/0000094,297802/0000124, 200300/07240, 297804/0000189, 297804/0000286, 297804/0000294, 297804/0000359, 297804/0000383, 200400/97404, 297805/0000106, 297805/0000246, 297805/0000262, e 297805/0000289. Norelatriocitado,depoisdetratardequestesgeraisatinentesaoincentivoexportaoemapreo,aautoridade fiscalverificouqueas importaesque serviramdebaseparaa concessododireitoimportaocomiseno[...] foramrealizadassemorecolhimentodetributos,oque,noseuentender,inviabilizariao gozo ao incentivo exportao objeto do litgio. Esseproblema foi observado em relao a todos os 14 atosconcessriosdedrawbackisenofiscalizados,tendoressaltadoaautoridadelanadoraainexistnciaderecolhimentodoIIedoIPI em todas as importaes informadas pela autuada nos

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  • Processon13502.000867/200731Acrdon.3201001.424

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    respectivospedidosconcessodedrawback isenodirigidosSECEX.

    DeacordocomoRelatriodeFiscalizaodefls.87/107,onorecolhimento do II nas importaes informadas SECEXdecorreu de reduo tributria objeto de Acordos deComplementao Econmica ACE firmados entre o Brasil eentidades de Direito Internacional Pblico, notadamente aAssociao LatinoAmericana de Integrao ALADI, oMercado Comum do Sul MERCOSUL, e a ComunidadeAndina, nos termos dos acordosdiscriminados pelaautoridadelanadora no citado relatrio, conforme informaes extradasda fichadadoscomplementaresdasrespectivasDeclaraesdeImportaoDI.QuantoaoIPI,onopagamento,emtodososcasos,decorreudofatodeaalquotaaplicvelaosprodutosserzero.

    Particularmente no tocante ao ato concessrio n 297804/0000294, embora em algumas das DI a ele vinculadasconstassesolicitaodereduode100%daalquotadoIIemfuno do ACE35, firmado no mbito do MERCOSUL, emoutrasestavaconsignadopedidodedesembaraocomsuspensooucomisenodetributosporcontadeoutrosatosconcessriosdedrawback(suspensoouiseno).Contudo,emquaisquerdoscasos,nohouverecolhimentodoIIoudoIPI,[...]pois,almda reduode 100%da isenoou da suspenso do II, o IPI,para esse produto, possui alquota zero (vide fls. 99/100 dosautos).

    Segundoobservaodoauditor fiscalautuante relativamenteacada ato concessrio objeto da autuao, a ausncia depagamentodostributosincidentesnaimportaoinviabilizaautilizaodestasDIsparaoPedidodeDrawbackIseno[...],umavezquea empresa j fora favorecidacomoutrobenefciofiscal na ocasio das importaes. Em seu relatrio fiscal, naparteemquetratadoatoconcessrion297802/0000060(fls.90/93),fazaindaasseguintesconsideraes:

    [...]Seaempresa jteveaalquotadoImpostodeImportaoreduzidaem100%,eaalquotadoIPIzero,suaexportaojfoi desonerada. O objetivo do Drawback Iseno, que desonerar as exportaes, tornouse sem substncia, pois acorrespondente importao de matriaprima no foi oneradacom tributos federais. A empresa realizou as exportaes sempagar tributos na importao dos insumos correspondentes,portantonohouveprejuzoaseralegadopelamesmaparasevalerdacompensaodoDrawbackIseno.Almdisso,estaprtica provocaria uma concorrncia desleal dentro do Pas,motivopeloqualasoperaesdeDrawbacksotofiscalizadaspelaRFB.[...]

    Ressalta que aTerceiraCmaradoConselho deContribuintesj teria adotado entendimento semelhante, elencando comofundamentaooParecerNormativoCSTn126/72.TranscrevepartedovotoproferidonoAcrdon30333497,de19/09/2006

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    (vide fls. 92), bem como do Parecer Normativo reportado (fls.92/93).

    Com respeito a cada ato concessrio fiscalizado, conclui quetodasasimportaesrealizadassobamparodosrespectivosatosconcessrios no tinham direito iseno dos tributos, tendo,emconseqncia,formalizadoasexignciasdoII,daCOFINSedoPIS,nostermosdosautosdeinfraodefls.02/86.

    Os atos concessriosde drawback iseno, os correspondentesRelatrios Unificados de Drawback RUD, as respectivas DIutilizadas como fundamento para a solicitao do drawbackiseno, e as DI cuja iseno fora glosada (utilizadas nolanamento) integramoanexoI aoprocesso, constitudopor5volumes.

    Daimpugnao

    Cientificadadoslanamentosem11/09/2007(videfls.01,37,61e 85), a recorrente insurgiuse contra a exigncia, tendoapresentado, em 10/10/2007, a impugnao de fls. 115/140,onde,depoisdedescreverosfatos,apresentaosargumentosnaseqnciarelatados.

    Aduzquenoteriafundamentoapremissaoficialqueconsideraaobrigatoriedadedepagamentodoimpostocomocondioparagozo do benefcio, o que violaria o sagrado direito ampladefesa,preconizadopeloPactoFundamentaldoPas.

    Faz consideraes acerca da finalidade do regime drawback,destacando o seu papel no incentivo exportao e nodesenvolvimento econmico do pas, ressaltando, ainda, asdiferentesmodalidadesdoincentivoemtela(suspenso,isenoe restituio). Assevera que a SECEX teria autorizado [...] ogozo do benefcio atravs da emisso dos atos concessriossupracitados,queestabelecemascondiesaseremcumpridaspelocontribuinte.

    Emtpicoespecfico,apresenta,commaisdetalhes,osobjetivosdo regime drawback, ressaltando seu papel no incentivo exportaocomvistasadesenvolveroparqueindustrialdoPas,areverterodficitcrnicodabalanacomercial,amelhoraraeficincia e o xito econmico, a gerao de empregos, aqualidade dos bens produzidos no pas, a reduzir asdesigualdadessociais,dentreoutros,medianteadesoneraodoprocesso de produo de bens destinados ao exterior. Odestaque s questes finalsticas atinentes ao regime dedrawback, abalizado por respeitvel doutrina, reiterado emvriaspartesdaimpugnaodosujeitopassivo.

    AsseveraqueainterpretaodalegislaoprocedidapeloIlmo.AuditorFiscal temescopomeramente financeiroda tributao,em contraposio s prprias diretrizes traadas no AcordoGeralsobreTarifasAduaneiraseComrcio(GATT),firmadoem1947por23pases,entreosquaisoBrasil,ehojeintegradopor151 pases de todo omundo.Frisa aautoridade aduaneira emseu relatrio que o fundamento da autuao a que procedeuresidenacompensaodotributo.Senadafoipagonaprimeiraimportao,nadahquecompensarnaseguinte.Valeassinalar,

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  • Processon13502.000867/200731Acrdon.3201001.424

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    todavia,queoinstitutododrawbackdeveserencaradosobticamaisampla,emquenocabeainterpretaopuramenteliteraldoregime.

    Reitera questes atinentes ao escopo do regime de drawback,destacando que o [...] drawback no pode ser visto sob ticaestreita, sob pena de anular todo o esforo competitivo dapoltica industrial do pas.Aduzque[...] as razes expostasno Relatrio de Fiscalizao estremamse do prprio conceitodoinstituto,tendoemvistaonusqueimpem(sic)aosprodutosindustrializadospela impugnante.ComopreceituamoDecretolei n 37/66 e o Regulamento Aduaneiro, o drawback no tempor finalidade a compensao tributria. Ao contrrio do queafirma o AuditorFiscal na equivocada autuao, o regimeconsistenadesoneraodos tributosquenormalmente incidemnaimportaobaseadanodrawback.

    Aatitudeda fiscalizao representariadistoroaos[...] finsdesejadospelaleiaodesonerarosimpostosnoregimeespecialde incentivo exportao, que acaba constituindo, ao lado detantosoutrostributos,maisumacontribuioexcessivacargatributria j suportada pelos to sacrificados contribuintes dopas. Faz comentrios acerca da saudvel poltica deincremento das exportaes implementada pelo governo,destacando que deveriam ser refutadas quaisquer medidas emsentidoinverso.

    Aduz que a autuao [...] medida incabvel no quadro dosincentivos fiscais dirigidos iniciativa privada para fins deempreendimentosconsideradosprioritriosemreasousetoresem que o investimento seria menos atraente e sem estmuloestatal.

    Ressalta que o inciso I do art. 151 da Constituio Federaladmitiriainterpretaoextensiva,[...]emfacedaimportnciaque representa para o desenvolvimento econmico. Referidodispositivoseriareforadopeloart.150,incisoII,damesmaleimaior, [...] que cuida de assegurar tratamento isonmico acontribuintes que se encontrem na mesma situao fiscal. Porvia de conseqncia, a contribuintes que se encontrem emsituao diversa, caso dos exportadores brasileiros, vlidoconceder incentivo ao desenvolvimento de sua atividadeexportadora.Concluiotpicoasseverandoqueamanutenodapresenteautuaosignificaria,tos,desvirtuaroobjetivoeointeressepbliconoincrementodasexportaesbrasileirasecontribuircomadiminuiodanossaparticipaonocomrciomundial.

    Em item intitulado das modalidades de drawback, aimpugnante apresenta as principais particularidades de cadaumadasespciesdestetipodeincentivoexportao,passando,na seqncia, a tpico especfico sobre o drawback iseno,onde, com respaldo em doutrina especializada, destaca seuobjetivo principal de repor os estoques dos insumos utilizadosem produtos j exportados, em quantidade e qualidade

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    equivalentes, ficando o valor total da importao limitado aovalor da mercadoria substituda. Assevera que o direito iseno, assim, assegura ao produtor o benefcio do drawbackiseno,qualseja,aimportaoisentadetributos,oquenolhepode ser negado, em hiptese alguma, sob pena de frustrar oprprio objetivo desenvolvimentista que caracteriza o regimeespecialdodrawback.Aduzaindaoseguinte,verbis:

    54. Nocasoconcreto,aimpugnanterealizousuasimportaes,com base nos atos concessrios, com a finalidade nica eexclusiva de repor o seu estoque de mercadoria, cumprindofielmenteodispostonoart.345,doRegulamentoAduaneiro.

    55. Areposiotemcomoescopoprincipaloreforodiretodoestoque de mercadorias das empresas favorecidas com obenefcio, incentivandoo seu ingressonomercadonasmesmascondiesquegarantemodireitosdemaisempresasnacionais,bem como a todas as estrangeiras, visto que o incentivo exportaonoexclusividadedaleibrasileira,masdasleisdetodo o mundo, cujo fundamento reproduz a velha mximaexportaroqueimporta.

    Colacionaposicionamentodoutrinrioacercadosbenefciosqueadvmdoincentivosexportaes.

    Em tpico relacionado s diferenas entre as modalidades dedrawback, reitera as caractersticas das principais espcies doincentivo exportao em evidncia, destacando que, nodrawbacksuspenso,anormaestdirecionadaaotributo,sendoamercadoriaseuobjetomediato,aparecendo[...]emsegundoplano,noquetangeaoalvobuscadopelo legislador.Por suavez, no drawback iseno, [...] o destinatrio imediato danorma deslocase para a mercadoria a ser reposta, conformeconsta, expressamente, doart. 345,doRegulamentoAduaneiro[...],aopassoqueotributo,emboradispensado,deslocaseemplanosecundrionoquetangeaoalvovisadopelolegislador.Procura reforar seu argumento com doutrina reproduzida sfls.129/130.Maisadiante,reitera[...]ocarter tributriodamodalidade suspenso e o carter econmico da modalidadeiseno,destacandoainda,verbis:

    67. No quer isto dizer que o aspecto tributrio no estejaimplcito em ambas as formas, mas sim que a nfase mudaquando se muda de modalidade. Na primeira, a suspenso, anfase est no tributo. Na modalidade iseno, enfatizase amercadoria.

    68. Repitase, na modalidade suspenso o tributo o objetoprimrio,diretoe imediatodobenefcio, sendoamercadoriaoobjeto secundrio e mediato. Por outro lado, na modalidadeiseno, a mercadoria passa a ser o objeto primrio, direto eimediato do drawback, sendo o tributo objeto secundrio emediato.

    69. Adistinoacima,clara,entreasduasmodalidadesrealaa falibilidade dos argumentos que sustentam a autuao oraimpugnada.

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  • Processon13502.000867/200731Acrdon.3201001.424

    S3C2T1Fl.327

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    DepoisdereproduzirdoutrinadeAnaClarissaAraujoeAngelaSartori (fls. 131), defende que o lanamento no poderiaprosperar pelo fato do autuante haver afrontado [...] osobjetivos do regime aduaneiro especial, fundamentando aautuao nos estoques e nas caractersticas do drawback damodalidadesuspenso.

    Em tpico relacionado no exigncia legal do tributo naimportao, aduz que a autoridade lanadora no teriaapresentado a fundamentao legal que justificasse aobrigatoriedade de comprovar o nus fiscal como condioimpeditiva ao gozo do drawback iseno. Tal omisso teria sedadopelofatodenoexistirnormanessesentido.Destacaquecumpriu rigorosamente os requisitos legais para gozo dodrawbackiseno,notadamentequelesdispostosnoart.346doRegulamento Aduaneiro, e que a SECEX no teria formuladonenhumaoutracondioparaemissodoatoconcessrio.

    Critica a referncia, pela autoridade lanadora, ao artigo 602do Regulamento Aduaneiro, ressaltando que [...] jamaiscometeu infrao por ao ou por inobservncia da normaestabelecida [...], posto que cumprira com [...] todos osrequisitos da norma que regulamenta a emisso dos atosconcessrios.

    Clamapelaaplicaodoprincpiodalegalidade,insculpidonoart. 5 da Constituio Federal, assim como em seu art. 150,inciso I, ao qual a impugnante deu especial ateno paraasseverar que a exigncia ou o aumento de tributo s seriapossvelmedianteleioumedidaprovisriaemespcie.Assim,paraonascimentodeobrigaotributria,objetodosAutosdeInfraoemapreo,necessrioqueleiespecficaoexija.Emdefesadaobservaodoprincpiodalegalidade,trazabalizadadoutrinadeLucianoAmaro(fls.134).

    Asseveraquenohaveriacomosecogitardedescumprimentodenormapelofatodaimpugnantenohaverrecolhidoostributosna importao inicial, tendo em vista que os Acordos deComplementao Econmica (ACE) 35 e 39, em vigor naocasio,dispensavamessaexigncia.

    Argumentaquenohaveriacomofazervinculaoentre[...]aobrigatoriedade do recolhimento dos tributos devidos naimportao sob o regime especial de drawback namodalidadeiseno [...] e a[...] importaoprimeira com recolhimentode tributos. A alegao de duplo benefcio, alm dedesvinculadadeamparolegal,noprocederia.Traz,novamente,doutrina de Luciano Amaro acerca da necessidade de reservaabsoluta de lei como pressuposto a toda conduta daadministrao, notadamente, quela inerente atividadetributria. Embasado nesses ensinamentos, ressalta que aautoridadefiscal[...]no temcompetnciaparadeterminaronascimentodeumaobrigaotributriasemorespaldolegaldofato. lhe vedado, terminantemente, usar de poder

    Fl. 342DF CARF MF

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    discricionrio para ditar o que deve ser tributado ou em quemedidaoucircunstnciasotributodeveserrecolhido.

    No caso em tela, o autuante teria exacerbado [...] de seuspoderes ao condicionar o gozo do direito ao drawback,assegurado por lei ao impugnante, ao prvio pagamento detributosnaimportaooriginal.

    Transcreve doutrina de Sacha Calmon Navarro Coelho (fls.135), segundooqual[...] sea lei foromissa, ouobscura,ouantiticaemquaisquerdessespontos,descabeaoadministrador(que aplica a lei de ofcio) e ao juiz (que aplica a leicontenciosamente) integrarem a lei suprindo lacuna poranalogia.

    Destacaaproibio,insculpidanooart.111doCTN,adoode interpretao extensiva de dispositivos que se refiram outorga de isenes, como teria feito a autoridadeadministrativa.Destacaainda,literalmente:

    87. Ailustreautoridadecita,emseuarrimo,ParecerNormativoque comete o mesmo equvoco e o mesmo desrespeito aoprincpio da legalidade, omitindo a norma legal, inexistente,como requisito para a descabidaexigncia de recolhimento dotributonaimportaodosbensutilizadosnaindustrializaodeprodutosexportados.

    88. Apropsito, vale transcreveraspalavrasdeLeoneSoaresdeResende(Exportaoedrawback.SoPaulo:Aduaneiras,2.ed.,1984,p.57),que,nocaptulorelativoaoregimeaduaneiroespecialdedrawbacknamodalidadeiseno,assimseexpressa:

    Para fins de operao nessamodalidade, no se exige que aanterior importao tenha sido tributada ou no, nadaimpedindo proporse importao sob ""drawback" relativa acomponentes anteriormente importados sob "drawback"modalidadeiseno.(grifosnossos)

    89. Dessaforma,noimportaqueostributosincidentessobreaentrada dos bens em referncia tenham sido dispensados emrazodosACEs35e39.Nohvinculaolegaldefruiodoregime especial existncia do pagamento dos tributos comoalegaraemseurelatrioailustreautoridadefiscal,peloquesedisseacima.

    90. Lembrese, os ACEs em questo no mais tm com (sic)validade, face ao decurso do prazo de vigncia previsto pelospasessignatrios.

    Napartedesua impugnaoemquetratadocumprimentodosrequisitosdodrawbackiseno,ratificaqueteriacumpridocomtodasas exigncias inerentesao incentivo em tela, contidasnoart.346doRegulamentoAduaneiro,motivopeloqualaSECEXexpediraoatoconcessrioemfavordosujeitopassivo.Reiteraadesnecessidade de comprovao do nus fiscal na importaoparafinsdedireitoaogozododrawbackiseno.

    Aduzqueo2doart.179doCTN,combinadocomoart.155domesmodiplomalegal,determinamque,paragozododireitoo

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  • Processon13502.000867/200731Acrdon.3201001.424

    S3C2T1Fl.328

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    interessadodeverrealizaraprovadosrequisitosreferentesaobeneficiopretendido.Aobservaodetodososrequisitoslegaisteria sido atestada pela SECEX ao reconhecer o direitopleiteado.Faznovoclamoremfavordoprincpiodalegalidadecontidonoart.5,incisoII,daConstituioFederal.

    Sobre a concorrncia desleal, reportada pelo auditor fiscalautuante,afirmaoseguinte:

    100. A alegada concorrncia desleal, sustentada noRelatriodeFiscalizao, tambmdescabidae semqualquerrelao com o caso concreto, uma vez que os supostosconcorrentesda impugnante igualmente sevaleramdareduode 100% na alquota do imposto de importao, prevista nosACEs 35 e 39. Aps a exportao do produto final, obtido apartir da industrializao dos bens objeto de importao combasenareduoprevistanosACEsaludidos,os"concorrentes"podem valerse, de forma idntica, do benefcio do drawbackisenoparafinsdereposiodeseuestoque.

    101. A impugnante, de fato, importou produtos sob agidedoscitadosACEs,tendoemvistaqueoacordocomercialassinado pelo Brasil lhe assegurara esse direito. A utilizaodessebenefcionoinviabilizaodireitoaoregimedodrawbackmodalidade iseno. Um direito no invalida o outro. Asoperaes ocorrem em momentos distintos e sem qualquervinculaoentreelas,anosero fatode fazerempartedeummesmoregimeaduaneiroespecial.

    102. Vale salientar, ainda, que nenhuma relao existeentreoregimeespecialdequesecogitaeareduode100%dovalor do imposto sobre as importaes, concedida pelos ACEs35e39.Emoutraspalavras, a eventual incidnciado impostonaprimeiraimportaonoelementointegrantedodrawbackiseno. Tratase de dois instrumentos distintos, embora porvezesoresultadovenhaaseromesmo,isto,onopagamentode tributo, como no caso em apreo. Concluindo, vlidoafirmar que, com ou sem os ACEs, ou seja, pagando ou nopagando tributos, o gozo da iseno na importao posteriorestariaasseguradopelalegislaoqueregeoassunto.

    Diante do exposto, requer seja declarada a nulidade doslanamentos formalizados contra si, e a [...] realizao dediligncias,aquelasnecessriasplenaelucidaodasquestesora suscitadas, inclusive a realizao de percias, para a qualprotestapela indicaodo seuperitoassistente, formulaodequesitos,esuplementaodeprovas.

    A instncia a quo julgou improcedente a impugnao, em 07/12/2007,ficandooAcrdon0812.442assimementado:

    ASSUNTO:PROCESSOADMINISTRATIVOFISCAL

    Perododeapurao:21/05/2002a03/01/2006

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    PERCIA. PRESCINDIBILIDADE. INOBSERVNCIA DOSREQUISITOSFORMAIS.RECUSA.

    Ser considerado no formulado o pedido de percia quedesatendasnormasdoProcessoAdministrativoFiscal.

    ASSUNTO:REGIMESADUANEIROS

    Perododeapurao:21/05/2002a03/01/2006

    DRAWBACKISENO.NECESSIDADEDECOMPROVAODE IMPORTAES PRVIAS SUJEITAS A TRIBUTAONORMAL.

    O drawback iseno um incentivo exportao de naturezacompensatria,destinadoreposiodosestoquesdosinsumospreviamente utilizados em mercadorias comprovadamenteexportadas. Assim, referido incentivo s ser admitido se fordemonstrado que as importaes dos insumos, j utilizados naindustrializao das mercadorias exportadas, ocorreram comtodososnusfiscais.

    LanamentoProcedente.

    Irresignadacomadecisodesfavorvel,aRecorrenteinterpsocompetenterecursovoluntriodeformatempestiva,reiterando,emsntese,osargumentosjsuscitadosemsuaimpugnao,inclusiveopedidodediligncia.

    Oprocesso foi distribudo para a relatoriaConselheiroNiltonLuizBartoli,ento, integrante da Terceira Cmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, que, porunanimidade de votos, converteu o julgamento do recurso em diligncia, nos termos daResoluon30301.512,de09/12/2008.

    Emsuma,oentorelatorentendeuque:(i)alegislaoderegncianoexigequeaimportaoanterioraopedidodobeneficiotenhasidocomprovadamentetributada,oqueseria o cerne da discusso em sua anlise (ii) no havia at o momento jurisprudncia doEgrgio Terceiro Conselho de Contribuintes qualquer precedente que tivesse enfrentadodiretamente a questo envolvida nos autos (iii) o Parecer Normativo CST n 126/72 foiindevidamente invocadopelaautoridadepreparadora,eisqueversasobresituaodiversadocaso concreto (iv) embora tenham sido concedidos os atos concessrios, certo que ospedidos dirigidos SECEX so desacompanhados das declaraes de importao, onde sepoderiaconstataronorecolhimentodostributos.Econclui:

    Por tais razes, entendo ser imprescindvel, para o corretojulgamento da lide, o conhecimento das razes e critriosadotados pela SECEX quando da concesso dos AtosConcessrios de que tratam os autos, atravs dos quais aRecorrentepromoveuimportaodeprodutossoboRegimedeDrawbackmodalidadeiseno.

    vista da determinao da Terceira Cmara do Terceiro Conselho deContribuintes,oOficiono29/2010/GAB/DRFCCI/SRRF05/RFB/MFBAfoiexpedidoparaaCoordenadora Geral do Decex, Sra. Ieda Fernandes, que, por sua vez, emitiu o Ofcio248/DECEX,pormeiodoqualencaminhaaNotaTcnican13/2010/DENOC/SECEX,de7deabrilde2010,queversasobreentendimentonormativodotemaemquesto,eMemorandon24/DENOC/SECEX,de14deabrilde2010,almdadocumentaoespecficarelativaaospedidos de drawback submetidos a exame namodalidade iseno e InstruoNormativa n

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  • Processon13502.000867/200731Acrdon.3201001.424

    S3C2T1Fl.329

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    2001/45,de12denovembrode2001,utilizadapocacomobaseparaanlisedasoperaesemtela.

    TambmpormeiodoOfcio248/DECEX,aCoordenadoraGeraldoDecexesclareceu que os atos 20030007240 e 20040097404 foram concedidos na modalidadesuspensoebaixadosrespectivamenteem24demarode2004e28demaiode2007.

    Por oportuno, convm transcrever trechos conclusivos da Nota Tcnica n13/2