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A INCLUSÃO DO CÉU DE AMAZÔNIDAS O CURRÍCULO SOB NOVA PERSPECTIVA

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A INCLUSÃO DO CÉU DE AMAZÔNIDAS

O CURRÍCULOSOB NOVA PERSPECTIVA

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(TUPI)

Conhecer / saber / ter notícias

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(GUARANI)

Aprender e ensinar

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1997

Um Convite...

À elaboração do projeto pedagógico do PLANETÁRIO DO PARÁ, oPRIMEIRO DA REGIÃO NORTE!

Não é um observatório!Seu recurso é didático!É especial para a difusão do conhecimento

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PREOCUPAÇÕES INICIAIS

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Por quê, de onde e de quem partia a proposta?Qual o interesse educacional?A contribuição social?Construir mais escolas ou oportunizar uma proposta inovadora na área de planetários?Qual seria a relação custo-benefício?

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Porém...Divulgar apenas a astronomia como os demais Planetários do Brasil?Ser um cenário de somente transmissão de conhecimentos ou para espetáculos?Qual o significado da Astronomia para o povo paraense?Qual a relação do céu com o cotidiano regional?Que ecossistema é esse?

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Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua

produção ou a sua construção.

Paulo Freire

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E o Planetário do Pará?

Ensino ou pesquisa?Difusão ou produção científica?Ensino de Física? Ensino das Ciências?Visão multidisciplinar? pluridisciplinar? interdisciplinar?

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Como estaria articulado aoProjeto Pedagógico das Escolas?

Como valorizar os saberes regionais?Articular espaço, ciência, educação e a complexidade local, regional e global?Que releituras da realidade possibilitaria?Quais comunicações, polifonias e insights adviriam?Trocas de conhecimentos, conversas entre diferentes áreas etc., como provocaria?

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BRASILMais “um planetário”?Ou, “o planetário” – com identidade própria da Região Norte?A singularidade amazônida desconstruindo “modelos mentais”?Ou somente constituir-se-ia no palco de difusão – instrucionista?Talvez para simular passeios virtuais, divertidos, de suspense, de mistérios, de ciência...

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ObjetivoTransversalizar o conhecimento pela linha matricial da cultura e meio ambiente articulando-se às Ciências Humanas, da Saúde e da Comunicação - a Psicologia, a Sociologia, as Artes, a Terapia Ocupacional, a Lingüística, a História, a Pedagogia, a do Corpo em Movimento etc. e para além de áreas afins (a Física, a Matemática, a Química, a Geologia ou a Biologia).

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DE ESTUDOS SISTÊMICOS...indivíduo (biologia)pessoa (psicologia)sujeito (ciência)cidadão (sociologia)humanidade (ética)comunicação (mediação)- grupos, família, escola, organizações, sociedade, conhecimento...

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À ANÁLISE ECOSSISTÊMICA...

a opção foi trabalhar com o saber transdisciplinar... que nos possibilitaria realizar viagens interiores, exteriores, de relacionamentos, intersubjetivas...sugerindo e levantando preocupações coma nossa continuidade, a nossa morada planetária, ciências, consciências, transcendências, singulares ou plurais.

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Planetário do Pará

Pensou-se com um quê de antropologia e pensamento complexo.

“Nas ciências da educação, a transdisciplinaridade é entendida como a coordenação de todas as disciplinas e interdisciplinas do sistema de ensino inovado sobre a base de uma axiomática geral, ética, política e antropológica”.

Gadotti, 2000

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“O importante não é apenas a idéia de inter e de transdisciplinaridade. Devemos ‘ecologizar’ as disciplinas, isto é, levar em conta tudo que lhe é contextual, inclusive as condições culturais e sociais, ou seja, ver em que meio nascem, levantam problemas, ficam esclerosadas e transformam-se. É necessário também o "meta-disciplinar"; o termo "meta significando ultrapassar e conservar. Não se pode demolir o que as disciplinas criaram; não se pode romper todo o fechamento: há o problema da disciplina, o problema da ciência, bem como o problema da vida; é preciso que uma disciplina seja, ao mesmo tempo aberta e fechada.

Morin, 2000.

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Haveria uma relação com os saberes acumulados e produzidos historicamente pela humanidade?

Quais as referências? Com quem aprender?Com Astrônomos? Físicos? Literaturas diversas?Pelos e “com” os amazônidas “letrados”, escolas e identidades constituídas nos movimentos sazonais, ressignificadas pelo meio, nas interações e interferências.Quem são seus representantes? Povos Ribeirinhos? Mateiros? Etnias indígenas? Remanescentes de quilombos?

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Que escola freqüentam? Como se educam? Como ensinam? Como aprendem? Ampliam conhecimentos? Como se relacionam com o diferente? Quais as relações de poder?

Por onde começar?Pela sabedoria indígena...Por raízes culturais, relacionais e históricas.É Pará. É Região Norte. É Brasil.

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ETNOASTRONOMIA

“Etnomatemática”- Ubiratan D’Ambrósio“Etnopedagogia”- Paulo Freire“Etnoalfabetização”- Fritjof Capra“Pensamento Complexo”- Edgar Morin

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Que concepções tem o povodo lado de cá da cidade?

Hoje a escola é um espaço de “cruzamento de culturas”. Perez Gomez

“Aprendemos em comunhão”. Paulo Freire

Planetário um lugar co-produzido.Não mais a um “público assistente – contemplador passivo”.Solicita olhares autônomos, sábios, aprendentes, humildes, solidários, pró-ativos...

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Leitura Imagem Movimento Gesto Cor Textura Ritmo Livro Escrita Sentimento Alteridade Conhecimento Ensino Currículo Avaliação Representação Significado

Traduzindo-se...

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Astronomia é uma ciência milenar, é o mistério profundo, a magia de ter estrelas guias permanentes e em expansão.

Passear por sobre e além das nuvens, entre sóis, luas, asteróides, nebulosas, cometas, dimensões, escuridão, clareados, silêncios, sussurros.Perceber mudanças, sazonalidades.Estabelecer relações com a nossa cotidianidade, crenças e valores.Sentir-se mais próximo de tudo e de todos.Somos um só enquanto seres planetários.

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Novos imaginários, novos problemas, novos desafios. Exigem cooperação.

Que conhecimentos temos de nossa galáxia, do universo, do cosmo?Como está o Planeta Terra?Como estará daqui a 50 anos?Quais expectativas e perspectivas temos?

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Planetário do Pará

Dimensão ética, ecológica, econômica, educacional, psico-socio-cultural, transcendental.

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Livro didático

Alguns sem identidade?Sem território?Sem significado?Propõe-se a mediação reflexiva.Se a escola é uma instituição cultural, as relações entre escola e cultura não podem ser concebidas como dois pólos independentes, mas como universos entrelaçados, cuja práxis deve ser especialmente desafiadora.

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A impessoalidade dos conteúdos:

Pontos CardeaisEstações do anoClimaFotossínteseEcossistemaEtc.

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De circulação local, nas escolas públicas e também particulares...

Se concebidos abaixo do Trópico de Capricórnio...Qual é a sua complexidade?E a de quem vive próximo à linha do Equador?Que leitura fazemos do meio a partir desses referenciais?Ou ignora-se a singularidade do conhecimento?

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Outro cenário...

Temos estrelas como ninguém.E uma paisagem celeste só nossa. O nosso céu regional.Quais são as nossas constelações?Qual a leitura do céu indígena?Que releituras reconstroem?

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Qual o lugar do índio na sociedade atual?

Mitos como “o índio é preguiçoso, só vive na rede!” Selvagem, traiçoeiro, pronto a matar, promíscuo, sem sabedoria, indolente, desleixado...O índio é humano como nós, apenas diferente culturalmente!

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Saberes dos Índios Tembé:o olhar para o céu

"Nós os índios, sempre cantamos e dançamos nas nossas cantorias, como forma de manter a unidade do nosso povo e a alegria da comunidade. Se a gente cantar e dançar, nós nunca vamos acabar".

Verônica Tembé,matriarca da Aldeia Tekohaw.

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PELO CANTO E ALEGRIA

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AMOR DE ÍNDIO

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Tudo que move é sagrado e remove as montanhas com todo o cuidado, meu amor. (...) Todo dia é de viver para ser o que for e ser tudo.Sim, todo amor é sagrado e o fruto do trabalho é mais que sagrado, meu amor.A massa que faz o pão vale a luz do teu suor.Lembra que o sono é sagrado e alimenta de horizontes o tempo acordado, de viver.No inverno te proteger, no verão sair pra pescar, no outono te conhecer, primavera poder gostar, no estio me derreter, pra na chuva dançar e andar junto.O destino que se cumpriu de sentir seu calor e ser tudo.

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TEMBÉ

- Família lingüística tupi-guarani.- Ramo ocidental dos Tenetehara (gente).- Tembé (nariz chato) pelos não índios da região.- Tembé-Tenetehara vivem às margens do Rio Gurupi.- Aldeia denominada Tekohaw.

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CAPITOA VERÔNICA

“Ajudem-me a cuidar e guardar nossa história”

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Relação com o céu...

Os fenômenos sazonaisindicam a migração dos animaisas chuvas para a agricultura...as estrelas como guiaenquanto pescam, caçam,para a época do plantio, da colheita,os rituais indígenas...

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DUAS ESTAÇÕES DO ANO

Kwarahy – estação da seca (21 de junho a 21 de dezembro – o meio da estação é 22 de setembro).Aman – estação das chuvas (22 de dezembro a 20 de junho – o meio da estação é 21 de março).Tudo deve ser plantado na estação da chuva (há menos frutas e peixes).E colhido na estação da seca (tempo de colheita, da fartura na pesca e da alegria).

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SOL – KWARAHY

Não tem pontos cardeais:Norte, Sul, Leste ou Oeste.

A direção mais importante para eles é o caminho percorrido pelo “Deus” Sol.

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KWARAHY

Na trilha, enterram seus mortos, constroem a casa do cacique e

descobrem a época do ano.

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LUA – ZAHY

O mês relaciona-se às fases da Lua.O mês de fevereiro, com 28 dias, é o nosso mês índio.Inicia-se logo depois do dia da Lua Nova. Quando aparece o primeiro filete de Lua depois do Pôr-do-Sol.Quando a Lua está minguando – da Cheia para a Nova – é o melhor período para pesca, a caça e o plantio.Na Lua Crescente e o dia da Lua Cheia é quando os animais estão mais agitados.

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NASCIMENTO DE ZAHY– o misterioso amante –

Transformado em LUA, foi condenadoa viver eternamente no céu.

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CRUZEIRO DO SUL – Wirar Kamy

O maior relógio do mundoMarca a passagem do tempo

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EMA - Wiranu

A maior ave da amazônia

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CONSTELAÇÃO AZIM

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SIRIEMA – Azim

Situa-se ao lado da EMA

Marca o início da Seca

Constituída por manchas claras e escuras da Via-Láctea

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CONSTELAÇÃO TAPI’I HAZYWER

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QUEIXO DA ANTA– Tapi’i Hazywer

Anuncia a época das chuvas. Forma um “V” e fica na região das plêiades.

Corresponde à Constelação de Touro.

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CONSTELAÇÃO TAPI’I

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ANTA – Tapi’i

Somente os que moram próximos à Linha do Equador têm o privilégio de vê-la.

Fica logo abaixo do Quadrado de Pégasus.

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Quem é a ANTA?Sul americana, vive nas matas, nas proximidades de rios e lagoas, alimenta-se de frutas e folhas. Indicava pessoa sagaz, esperta...Depois passou a sinônimo de tolo - a quem habitava a aldeia, o aldeão, na vila, o vilão.Indicava o covarde, a quem o herói sempre vence.Com a urbanização do Brasil, caipiras e matutos que conviviam com a Anta no meio rural, passaram a ser concebidos como incapazes intelectualmente.

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A ANTA“sagrada” aos Guarani ou Tupi

Entre tantos discernimentos na luta pela sobrevivência...Foi precursora da engenharia brasileira.Várias de nossas estradas seguiram o traçado de seus caminhos.

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VIA LÁCTEA - TAPI’IR RAPE

“Caminho dos Espíritos”"Caminho de Leite“, para os gregos antigos.Hércules – seio da deusa Hera...Vaca - animal sagrado na Índia...Mãe Terra, a maternidade, a fertilidade do solo, a esperança, a alegria e a criação da vida.

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CONSTELAÇÃO MAINAMY

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BEIJA-FLOR - Mainamy

Região onde está localizada a constelação do Corvo.

Quando aparece a aldeia Tembé-Tenetehara está em festa.

Mês de Setembro (meio da estação da seca).

Festa das moças, flores e água

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CONSTELAÇÃO- ZAUXIHU RAGAPAW -

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JABUTI – Zauxihu Ragapaw

Fica ao lado norte do céu.Na chamada Coroa Boreal.Quando o jabuti cruza o céu, devagarzinho...... os Tembé sabem que estão no período das chuvas.

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CONSTELAÇÃO- YAR RAGAPAW -

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CANOA – Yar Ragapaw

Formada pela Ursa Maior

E Leão Menor

É o tempo das chuvas

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NA ESCOLA...

Que conteúdos devem ser relacionados?Como se garante a apropriação crítica desses conteúdos?Como resolver a questão transmissão/assimilação ativa?Como interligar conteúdos e condições sociais concretas da vida, sem ficar na pura transmissão ou na simples constatação da experiência vivida?

Libâneo