correio do douro #08

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Pg.|4 www.correiododouro.pt DOURO QUINZENAL REGIONALISTA director|OSCAR QUEIRÓS ano|59 número|8 Sexta, 25 de setembro de 2009 preço|0,25CORREIO do nova série Associação Desportiva de Valongo: INSIGNE EMBAIXADORA DO CONCELHO É seguramente a colectividade que mais longe levou o nome de Valongo. Referimo-nos à Associação Desportiva de Valongo (ADV), agremiação que tornou o concelho – até então apenas conhecido pela lousa e pela regueifa – um nome incontornável como potência do hóquei em patins. A ADV foi fundada em 1954, por um grupo de amigos de que se destacou João Lino Alves do Vale. Pgs.|14 -15 COLECTIVIDADES ILUSTRES - andava na vida para alimentar e vestir marido e 3 filhos que de trabalho só conheciam o nome - MAIS UMA PROSTITUTA ASSASSINADA Pgs.|8, à 11 CAMPO PS E INDEPENDENTES SOCIALISTAS CONTINUAM ÀS TURRAS Guerra de cartazes Está instalado novamente o clima de mau estar entre a candi- datura do PS e a candidatura independente da área socialista à Assembleia de Freguesia de Campo. Fernando Melo apresenta programa eleitoral “JUNTOS VAMOS CONSEGUIR” VALONGO UM SONHO CHAMADO Foi infeliz até ao fim. Uma mulher de 49 anos, prostituta, foi encontrada morta, presumivelmente asfixia- da. O corpo foi descoberto pelo marido e pelos 3 filhos Pg.|12-13 Pgs.|5 Coligação PSD||CDS SOFIA FREITAS

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Jornal Quinzenal Regionalista

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Page 1: Correio do Douro #08

Pg.|4

www.correiododouro.pt

DOURO

Q U I N Z E N A L R E G I O N A L I S T A

director|OSCAR QUEIRÓS

ano|59

número|8

Sexta, 25 de setembro de 2009

preço|0,25€

CORREIOdonova

série

Associação Desportiva de Valongo:

INSIGNE EMBAIXADORA DO CONCELHOÉ seguramente a colectividade que mais longe levou o nome de Valongo. Referimo-nos à Associação Desportiva de Valongo (ADV), agremiação que tornou o concelho – até então apenas conhecido pela lousa e pela regueifa – um nome incontornável como potência do hóquei em patins. A ADV foi fundada em 1954, por um grupo de amigos de que se destacou João Lino Alves do Vale. Pgs.|14 -15

COLECTIVIDADES ILUSTRES

- andava na vida para alimentar e vestir marido e 3 fi lhos que de trabalho só conheciam o nome -

MAIS UMA PROSTITUTA ASSASSINADA

Pgs.|8, à 11

CAMPO

PS E INDEPENDENTES SOCIALISTAS CONTINUAM ÀS TURRAS

Guerra de cartazes

Está instalado novamente o clima de mau estar entre a candi-datura do PS e a candidatura independente da área socialista à Assembleia de Freguesia de Campo.

Fernando Melo apresenta programa eleitoral

“JUNTOS VAMOS CONSEGUIR”

VALONGOUM SONHO CHAMADO

Foi infeliz até ao fi m. Uma mulher de 49 anos, prostituta, foi encontrada morta, presumivelmente asfi xia-da. O corpo foi descoberto pelo marido e pelos 3 fi lhos

Pg.|12-13

Pgs.|5

Coligação PSD||CDS SOFIA FREITAS

Page 2: Correio do Douro #08

25 de Setembro 2009CD

Opinião

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Editorial

Eleições & Indecências�Oscar QueirósHá atitudes que atestam a mediocridade de determinados políticos. Uma delas – infelizmente bastante expandida – é impedir a todo o custo que adversários façam coisas úteis, em prol da comunidade. Maria José Azevedo, vereadora e candidata independente à Câmara de Valongo, não desperdiçou a oportunidade de mostrar que acima dos interesses da população estão outros que são apenas seus e da meia dúzia que a segue.Em causa estava uma obra simples mas de uma premência e utilidade indubitáveis: a requalificação e ampliação da Escola da Retorta, em Campo. Maria José e os seus seguidores votaram contra, inviabilizando a obra. Tentando justificar o injustificável – à luz dos interesses da comunidade – Azevedo tentou dizer que o seu voto contra a obra, não era grave, atrasava “apenas uns 15 dias”. Como se isso fosse aceitável. Ou até verdade.Nada disso. O atraso será muito maior já que tudo terá de voltar à estaca zero; promoção de um novo concurso, abertura de propostas, adjudicação e todos os prazos legais inerentes a estas burocracias.Sem medo de me enganar, se correr bem lá para o fim do ano.Mas que fossem apenas 15 dias… Porque terão as crianças e professores da escola da Retorta de esperar “mais 15 dias”? Não. O que a senhora quis – ela e os seus camaradas, mais o “converti-do” vereador João Queirós – foi impedir que a obra fosse creditada ao currículo de Fernando Melo. Procurou, sem sombra de dúvidas, retirar-lhe a possibilidade de mais uma realização. Mas não foi Fernando Melo o prejudicado. Longe disso. Lesados foram os alunos, professores e auxiliares daquela escola, a quem Maria José e seus acólitos retiraram a possibilidade de mais rapidamente beneficiarem de condições que potenciariam o seu desempenho.Francamente, espanta-me que autores deste tipo de indecências ainda tenham quem os apoie.

PS: - O início do Complexo Desportivo da Outrela também mereceu o voto contra desta senhora e dos seus seguidores que assim o transfor-maram noutro “investimento adiado”. Pelo menos por enquanto, que se lixem as colectividades que dele beneficiariam, não é?E, veja-se o supremo refolhamento (para não lhe chamar outra coisa): depois de ter votado contra, Maria José Azevedo, coadjuvada por Pedro Panzina, correu a reunir com a direcção do Valonguense – um dos principais prejudicados pelo seu voto – onde tentou desculpar-se com argumentos que só ela entende [ver noticia noutro local], adiantando que se o presidente voltar com o assunto á reunião, “desta vez” não o inviabilizará!

É preciso ter lata!

CORREIO DO DOURO – QUINZENÁRIOwww.correiododouro.pt

Propriedade Condor Publicações, Lda.Contr. 508923190Sede e Redacção Rua Dr. João Alves Vale, 78 – Est. D – 4440-644 VALONGOTel. 224210151 – Fax 224210310

Director|Oscar Queirós - Chefe de Redacção|João RodriguesRedacção e Colaboradores|Victorino de Queirós - J. Rocha - J. Silva - E. Queirós -Nuno Victorino - Carlos Silva, Marquês do Vale.���������Editor Miguel Pereira - João Rodrigues Filho

CORREIO ELECTRÓNICO:������������ �� ���� � � �� ���� �������� �� ���� � � �� ����������� �� ���� � � �� ����������� ���� � � �� ����������������� ���� � � �� ���Nº. Registo ERC 125216����������������� ���������

ficha técnica

O poder local é, sem qualquer dúvida, uma das mais bonitas e

importantes conquistas do 25 de Abril. Todos podemos, de forma

directa, intervir na construção do futuro da nossa terra. Todos reco-

nhecemos a importância do Poder Local no crescimento e, essencial-

mente, no desenvolvimento das localidades.

Fruto de circunstâncias várias, em 2005 um grupo de homens e mu-

lheres de Alfena uniram-se em torno do sonho de uma Alfena melhor e dessa

união resultou uma candidatura independente à Junta de Freguesia “Unidos por Alfena”

que ganhou as eleições. E este movimento de homens e mulheres

apaixonados pela sua terra, o “Unidos por Alfena”, viu o seu trabalho reconhecido pelos alfenenses ganhando as eleições intercalares,

em Janeiro deste ano, com 82,4%.Encheu todos de orgulho, esta votação massiva

dos nossos conterrâneos. Inequivocamente a população de Alfena tem apoiado o trabalho que, com afinco, todos os

dias procuramos concretizar. Mas na vida nada é estático e se queremos servir a causa pública temos que estar disponíveis para

as mudanças e para cuidar da melhor maneira aqueles que em nós acreditam.

O PSD local e distrital entendeu que o Presi-dente da Junta de Freguesia de Alfena poderia

realizar um bom trabalho no concelho, reconhe-cendo, penso eu, o trabalho desenvolvido ao

longo destes 4 anos.Depois de alguns encontros e desencontros

e tendo a certeza de que a minha equipa dos Unidos por Alfena continuaria unida e a

trabalhar por Alfena, acabei por aceitar integrar a lista do PSD, liderada pelo Dr. Fernando Melo,

para a Câmara Municipal.Entendi que, sendo o último mandato do Dr. Fer-nando Melo, depois do muito que ele já fez pelo Concelho de Valongo, tinha obrigação de cola-

borar, de dar o meu contributo, o meu empenho e disponibilizar a minha capacidade de trabalho.Hesitei pois às vezes dava comigo a pensar que muitos Alfenenses iriam considerar que eu era um in-grato e que na primeira oportuni-dade os abandonei esquecendo o carinho e apoio que todos sempre me deram.Compreendo estes sentimentos pois foi exactamente o que eu

senti quando o convite me foi feito. Mas tive que decidir. Após o primeiro impacto, depois de reflectir aturadamente, de me aconselhar com amigos, mas também com alfenenses anónimos, concluí que na Câmara poderei trabalhar por todo o concelho com o mesmo afinco com que o fiz ao longo destes 4 anos por Alfena, sendo certo que é na Câmara que muitas coisas se decidem e não na Junta.À população do concelho de Valongo quero dizer que estarei na Câmara com o mesmo empenho e dedicação com que servi a população de Alfena como Presidente da Junta de Freguesia.À população de Alfena quero dizer que nunca esquecerei que é a minha terra, nem o apoio e confiança que depositaram em mim. Procurei ser merecedor dessa confiança em cada dia que estive na Junta trabalhando, com toda a minha equipa, pelo engrandecimento da nossa terra.Confiai em mim pois podeis ter a certeza de que na Câmara continuarei a trabalhar com o mesmo empenho e humildade e estarei sem-pre disponível em tudo o que precisarem.Ao lado do Dr. Fernando Melo, em conjunto com os restantes colegas de vereação fare-mos um excelente trabalho nos próximos 4 anos.Estou-vos grato e pronto para retribuir a confiança, o apoio e a amizade.Não vos desiludirei.

*Presidente da Junta de Alfena

Disponível para Servir…Por Arnaldo Pinto Soares*

Page 3: Correio do Douro #08

CD 325 de Setembro 2009

Actualidade

Maria Queirós, Fernando Melo e António Monteiro (presidente da Junta de Sobrado)

Face a acusações de que hoje fui alvo, nomeadamente pela senhora vereadora Maria José Azevedo, seja durante a reunião extraordinária de Executivo seja numa conferência de imprensa promovida para o efeito, entendo ser necessário, mais uma vez, clarificar algumas questões.

Preocupada com as consequências eleitorais que possam advir do chumbo da proposta de adjudicação das obras de requalificação da Escola da Retorta, em Campo, concretizado na última sessão de Executivo, a senhora vereadora criticou hoje o envio de um ofício aos agrupamen-tos escolares e acusa-me de inverdades. Importa, mais uma vez, esclarecer que os procedimentos despachados por mim en-quanto presidente de câmara, tal como previsto na lei, só teriam eficácia com a ra-tificação em sede de reunião de Executivo. Procedimento que, aliás, não é novo e nun-ca foi objecto de oposição. No caso concre-to da Escola da Retorta havia que ratificar a abertura do concurso e a escolha da em-

presa. Daí ter estado, na semana passada, em votação a adjudicação da obra, o que acabou por ser retirado. Ora, tendo sido reprovado a ratificação dos procedimentos obriga a que tudo volte ao início. Perante isto, não vejo onde esteja a inverdade no ofício enviado às escolas. A requalificação do estabelecimento só pode ser realizado no próximo mandato. Não há apenas um atraso de 15 dias como diz Maria José Aze-vedo, uma vez que o concurso terá de ser novamente aberto e escolhida a empresa a quem, posteriormente, deverá ser apro-vada em sede de reunião de executivo, a adjudicação.

Também preocupada com as conse-quências eleitorais do voto contra a pro-posta de ratificação das obras de constru-ção do Complexo Desportivo da Outrela, a senhora vereadora apressou-se a contactar os dirigentes da União Desportiva Valon-guense para tentar descartar responsabili-dades no atraso da obra. Mas a verdade é que o atraso só se verifica porque a proposta

foi reprovada na passada semana. A atitude da vereadora socialista re-

vela que só está preocupada em impedir e bloquear o funcionamento da câmara municipal. Esta luta contra o presiden-te da câmara e contra o concelho atingiu maiores proporções quando apresentou uma proposta de retirada de poderes. Os vereadores do PS propuseram a retirada de um conjunto de competências ao presiden-te da Câmara, alegando uma necessidade de controlar as finanças da autarquia. Mas afinal até competências de trânsito e pro-tecção civil ficaram englobadas no conjun-to de competências retiradas. Nesse mesmo dia ficou provado que afinal está montada uma estratégia para paralisar a Câmara Municipal de Valongo. Este foi mais um episódio desta tentativa mas as obras con-tinuam!

Fernando Melo

Valongo, 23 de Setembro de 2009

Maria José Azevedo dirige estratégia para paralisar a Câmara

Fernando Melo acusa líder da oposiçãoO presidente da Câmara de Valongo, visivelmente desagradado pela força de bloqueio em que se transformou a oposição so-cialista nas reuniões do Executivo camarário e pela forma como esta, sob a batuta de Maria José Azevedo, tenta sacudir respon-sabilidades, sentiu-se na obrigação de emitir um comunicado à população.Dada a importância do seu conteúdo, passamos a transcrevê-lo na íntegra:

No próximo dia 1 de Outubro, pelas 21h00, vai realizar-se uma procissão de velas em honra de Nossa Senhora de Fátima, partin-do da capela da Nossa Senhora da Luz (Pr. Machado dos Santos), até à Igreja Matriz.

Homenageando “Maria Rainha do Terceiro Milénio” esta cerimó-nia contará com a presença dos reverendos padres Alfredo e Luís Henrique, fiéis e Arautos do Evan-gelho.

Segundo os promotores da ce-

lebração, o objectivo é “dar continuidade ao pedido de Oração, Reparação e Devo-ção feito por Nossa Senhora, em Fátima no ano de 1917, aos três pastorinhos “Por fim o meu Imaculado Coração Triunfará”. E para isso convi-dam “todos quantos queiram participar, nesta manifesta-ção pública de fé e amor à Virgem Nossa Senhora”.

Será rezado o terço a Nos-sa Senhora, pelo bom êxito do Apostolado do Oratório, o triunfo de Maria Santíssima e também pelos cinco Conti-nentes.

A Procissão de velas terá o seguinte percurso: Capela Nossa Se-nhora da Luz, Rua Joaquim Marques dos Santos, Rua da Passagem, Rua da Misericórdia, até à Igreja Matriz de Valongo

No fim, haverá a Santa Missa com cânticos do grupo musical dos Arautos do Evangelho, tendo como intenção os participantes deste Apostolado, as famílias que recebem o Oratório do Imaculado Coração de Maria, bem como todos os que vão assistir à Eucaristia.

Procissão de velas em Valongo

N.ª S.ª de Fátima

ACâmara Municipal de Valongo homenageou no passado dia 13 o fundador do nosso jornal,

e durante décadas colaborador do Jornal de Notícias, dando o seu nome a uma rua da freguesia onde habitava.Com a presença da viúva, filhos e netos do saudoso jornalista [falecido há cinco anos] o presidente Fernando Melo justificou “a inclusão do nome de Fernando Queirós na toponímia do concelho pelos serviços que este filho da terra prestou na divulgação do concelho”.“Era também um amigo e achei que lhe devíamos isso”, acrescentou Fernando Melo no final da cerimónia em que foi descerrada a placa com o nome da Rua Fernando Queirós.O jornalista, que já foi homenageado noutras terras a cujas populações também se dedicou defendendo “com a caneta” os seus mais elemen-tares direitos, fica assim com mais uma artéria, a juntar às avenidas imensas que deixou no coração dos familiares e amigos.

Fernando Queirós deu nome a rua de Sobrado

Page 4: Correio do Douro #08

25 de Setembro 2009CD

Sociedade

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Olga tinha 48 anos e há muito que se de-dicava à prostituição “porque nem o marido, de 51 anos, nem os três filhos, de 17, 20 e 28 anos, trabalhavam”. Vivia com os familiares num apartamento em Vila d’Este, Vilar de An-dorinho (V. N. Gaia), e todos os dias, entre as 10 e as 18 horas, “estacionava” no Monte da Virgem diante de um pinhal frente ao Hospi-tal de Santos Silva (Centro Hospitalar Gaia/Espinho).

A última quinta-feira começou para Olga como todos os outros dias das suas semanas, meses e anos que se vinham repetindo. Por volta das 10 da manhã saiu de casa e dirigiu-se à pastelaria Monte Doce onde, como sempre, tomou café, desta vez acompanhada pelo ma-rido. Dali partiu para a rua Santiago, que faz fronteira com a zona florestal, muito próxima do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar, onde costumava parar à espera da clientela. Terá entrado várias vezes na mata, sinal de outros tantos fregueses e, da última vez que o fez, ficou-se.

Ao final da tarde Olga não regressou. Pai e filhos não deram muita importância, poderia ter ido às compras já que era ela que fazia tudo em e para a casa, designadamente compras e refeições. E foi exactamente porque chegava a hora de jantarem e ela não chegava que os homens “que viviam à sua custa e do ren-dimento mínimo”, começaram a ficar seria-mente preocupados. Decidiram ligar para o telemóvel que a acompanhava sempre. Estava desligado, condição que se manteve sempre. E as horas continuaram a passar e a angústia a aumentar. Já bastante aflitos os quatro resol-veram ir em busca da mulher e mãe. E mar-charam para o local onde sabiam que Olga se prostituía, no pinhal perto do Hospital. Anda-ram por ali “cerca de uma hora”, segundo nos contou alguém que pára também por ali, até que desistiram. A noite na mata é cerrada. E havia sempre a esperança de, entretanto Olga já ter regressado ao lar.

Infelizmente não. E talvez por isso homem e filhos tiveram dificuldade em conciliar o sono. Mal despontou o dia de sexta-feira já os quatro se encontravam, de novo, a caminho da mata. Ali chegados não andaram muito para que se confirmassem os seus piores receios. Eram 7 horas da manhã quando apareceu diante dos seus olhos, caído no meio de mato, o corpo de Olga, completamente despido e com um saco de plástico enfiado na cabeça.

V. N. GAIA

- andava na vida para alimentar e vestir marido e 3 filhos que de trabalho só conheciam o nome -

Mais uma prostituta assassinadaFoi infeliz até ao fim.Uma mulher de 49 anos, pros-tituta, foi encontrada morta, presumivelmente asfixiada. O corpo foi descoberto pelo mari-do e pelos 3 filhos – todos sem ocupação – num matagal fren-te ao hospital de Gaia, onde a mulher costumava vender pra-zeres para alimentar a família.

Estava menos de 100 metros da Rua Concei-ção Fernandes, diante do hospital. A rigidez do cadáver assegurava que fora morta há vá-rias horas.

Marido e filhos desataram aos gritos que foram ouvidos a muitos metros de distância, designadamente pelo guarda do parque de estacionamento próximo daquele local e que serve os visitantes da unidade hospitalar.

A Policia Judiciária foi chamada ao local e andou por lá várias horas a recolher eventuais indícios, incluindo testemunhos de pessoas que frequentam ou cruzam aquela zona.

Depois, na companhia dos familiares da vítima, os inspectores deslocaram-se ao apar-tamento em Vila d’Este, onde estiveram “mais de meia hora”, após o que saíram sós, e ao que parece sem mais rastos que os colhidos no lo-cal do crime.

Sem arredar qualquer outra pista ou cir-cunstância, os investigadores privilegiam a hipótese que mais sobressai: um cliente que além de não querer pagar o”serviço” da Olga, ainda lhe cobiçava o apuro do dia. E para isso tê-la-á matado. No entanto, o facto de no Ve-rão de 2001, muito próximo daquele local, ter havido uma morte, também de uma prosti-tuta, com contornos em tudo semelhantes e cujo autor ainda hoje se passeia por aí, obri-gou os inspectores a retirar da gaveta esse pro-cesso. O assassino pode ser o mesmo e nesse caso tratar-se-á de algum tarado, certamente, mas suficientemente inteligente a ponto de saber que evidências como fluidos corporais, em ambos os casos, seriam sempre difíceis de

identificar e atribuir, dada a actividade das ví-timas.

A PJ interrogou Luís Almeida, um “sem-abrigo” que há muitos anos ali assentou ar-raiais e considerado muito amigo de Olga. De resto ele era a sua companhia, nos muitos períodos em que não havia “clientes”. Luís só sabe que ao contrário do que era habitu-al, Olga não se juntou a ele às “quatro e meia [16h30], hora a que íamos sempre beber uma cerveja. Ainda gritei por ela várias vezes – porque ela aviava os fregueses ali ao fundo, mas nunca me respondeu. Achei muito es-tranho mas nunca pensei que lhe tivesse feito mal. Se tivesse gritado eu tê-la-ia escutado. Mas quem lhe fez mal, foi por essa altura [en-tre as 15h00 e as 16h30].

ELA É QUE OS ALIMENTAVA…Na zona do bairro de Vila d’Este a notí-

cia da morte de Olga causou forte comoção. Toda a gente sabia a que ela se dedicava e per-cebiam, ou julgavam perceber, as suas motiva-ções: “coitada, tinha de fazer isso porque com quatro homens em casa, todos na ‘boa-vai-ela’, como poderiam viver? Era difícil quei-xar-se mas às vezes parecia cansada da vida. E nessas alturas lamentava-se. Sentia-se ve-lha – dizia que se pudesse largar aquela vida que lhe estragara o corpo, há muito o teria feito. Depois, encolhia os ombros e dizia que a vida era mesmo assim, boa para uns, má para outros. E lá ia, ao supermercado com-prar comida para casa. Temos mais gente por aqui que se dedica a coisas do género. Mas ela era única. Não se escondia, era educadíssima e tinha sempre uma palavra de simpatia para todos com que se cruzava. Acredite que todos gostávamos dela. Deles nem tanto. Viviam à custa dela e do rendimento que o Sócra-tes dá aos malandros. Agora quero ver se o rendimento, só, lhes chega”, contou-nos uma vizinha, logo corroborada por um comerciante daquela área que, em jeito lapidar, acrescentou: “Foi infeliz até na morte”.

“AGORA VÃO TER DE TRABALHAR”A nossa reportagem foi encontrar Luís a

acender velas, “para iluminar a caminhada dela até ao Céu”, diz-nos convicto de que é esse o lu-gar que lhe estava destinado.

Luís, perdendo as reservas que a princípio demonstrou, “abriu o livro”: “Aquilo não foi qualquer um porque ela só ia com os clientes já habituais, todos velhotes que já vinham aqui há muito tempo. Ela sentava-se nesta pedra [diante das velas] e eles vinham de carro, faziam sinal e ela subia aqueles metros de rua e entrava no local onde a rede tem um buraco. Os clientes já lá estavam à espera. Passado pouco tempo vol-tava aqui, sentando-se ao meu lado. Era sempre assim.

Terá então sido um desses clientes?, per-guntámos. Luís encolhe os ombros mas faz um trejeito com os lábios que significam dúvida. E confirma: “tenho sérias dúvidas, ela conhecia-os todos e há muitos anos. Ela já pára aqui, nes-

te local, há mais de 12 anos”.Contando-nos o dia-a-dia de Olga, Luís

fala, já com saudade: “Chegava aqui por volta das 10h30, 11 horas. Ao meio-dia ia comer à cantina do hospital. Regressava, sentava-se aí na pedra até chegarem clientes. Por volta das 15h30 aparecia o marido para buscar tabaco que ela lhe comprava e – parece-me pois nunca mo disse – às vezes dava-lhe algum dinheirito e ele ia à sua vida. Às 16h30 íamos os dois beber uma cervejita. Depois voltava para aqui e “tra-balhava” até às 18h30, 19horas,e depois regres-sava a casa. Era sempre assim”.

Aproveitámos que nos tivesse falado do ma-rido de Olga para lhe perguntar se ela nunca lhe fizera comentários ou confidências sobre ele e os filhos. Luís fez um silêncio que nos pareceu longo. E quando nos preparávamos para insistir, atalhou como quis: “ela gostava muito deles, só falava deles”. Mas nunca se queixou pelo facto de nenhum dos quatro trabalhar?, porfiamos. Novo silêncio cortado por um significativo “não sei… o que sei é que agora para levarem a vidi-nha que levavam vão ter de trabalhar”.

“ESPREITA”Luís, o sem-abrigo, não gosta de falar no as-

sunto mas outras pessoas por nós contactadas referiram um “voyeur” que frequentemente se interna por aquelas matas para observar pros-titutas ou casais de namorados que por ali se perdem de “amores”. Chamam-lhe o “espreita” e até já lhe terão “acertado o passo”, “para ver se ele perdia a mania”. Mas parece que não já que, por muito que se esconda, “acaba sempre por ser detectado, quase todos os dias”, contou-nos quem sabe, adiantando – mas não conseguimos confirmação oficial – que o tal “espreita” (um in-dividuo de aproximadamente 40 anos) terá sido detido no sábado pela PJ mas libertado horas depois.

“SERIAL KILLER”?Os inspectores da brigada de Homicídios da

PJ do Porto poderão ter diante de si “um bico-de-obra”, pois existem casos análogos, ainda com a culpa solteira, um pouco por todo o país, desig-nadamente nas zonas de Lisboa e Aveiro. “Talvez uma meia dúzia”, contou-nos um polícia. E em-bora nada, por ora, indique que se possa tratar do mesmo autor, também nada existe que prove o contrário. E a falta de suspeitos inviabiliza qual-quer convicção.

Ao que nos foi confiado, deverão ser revistos todos os processos pendentes, na tentativa de en-contrar algo de comum.

Não é fácil mas também não é impossível.

INCOMPATIBILIDADESO marido e filhos de Olga não gozam da mes-

ma simpatia que esta tinha junto da vizinhança. Qualquer das pessoas que abordámos não es-condeu até alguma antipatia chegando alguns a atribuir-lhes culpas pelo sucedido: “se eles trabalhassem, ela não precisava de andar ali…”.

Olga a vitima

Page 5: Correio do Douro #08

CD 525 de Setembro 2009

A fechar

Está instalado novamente o clima de mau estar entre a candidatura do PS e a candidatura indepen-dente da área socialista à Assem-bleia de Freguesia de Campo.O facto que fez o caldo entornar foi a colocação de cartazes de pro-paganda eleitoral de Odete Dias na conhecida Ponte dos Arcos, um dos mais bonitos monumentos do concelho. A candidata colocou três cartazes seus por baixo dos projectores existentes na mesma ponte.A colocação dos cartazes tem sido criticada pela população e pelo PS local que acusa o José Carvalho de dualidade de critérios.Segundo um apoiante de Alfredo Sousa “O presidente da Jun-ta chamou a GNR porque o Fernando Baltarejo estava a colocar um cartaz no jar-dim da junta e não chama a GNR por causa dos cartazes da Ponte. Deve ser por ser a mulher dele”.Ao lado podemos ver os cartazes da polémica

Valongo capital da magia Pelo 18.º ano consecutivo, Valongo vai voltar a encher-se de magia e ilusão. De hoje até Domingo o MagicValongo – Festival Internacional de Ilusio-nismo regressa ao concelho, apresen-tando alguns dos melhores ilusionistas do mundo. Que surpresas saltarão da cartola? Que ilusões nos guardam as cartas? Que truques nos reservam os vários ilusionis-tas com as suas caixas mágicas, lenços coloridos e facas afiadas?O MagicValongo, fortemente implan-tado no conjunto das iniciativas anuais de cultura e de lazer organizadas pela Câma-ra Municipal de Valongo, recebe todos os anos centenas de aficionados ou simples curiosos pela arte da ilusão. Os espectadores têm sido premiados sempre com novos truques e ilusões e esta edição, com certeza, também não irá defraudar as expectativas.Neste já conceituado festival vão estar artistas provenientes de diversos países, designadamente Reino Unido, Espanha, Brasil e França. Portugal será representa-do pelos ilusionistas Artur Santos e Mário Daniel.Os bilhetes encontram-se à venda desde o passado dia 11 de Setembro, custando apenas 2,5 euros no que concerne à Gala Internacional no dia de abertura do Festi-val e ao Close-up, agendado para sábado. A entrada é gratuita nas sessões de boas vindas e de encerramento.

PROGRAMADia 25 de Setembro – sexta-feira12h00 - Sessão de boas vindas no Salão Nobre do Município21h45 - Gala Internacional na Casa de Espectáculos do Fórum Cultural de Erme-sinde

Dia 26 de Setembro - Sábado 10h00 - Concurso de Close-up no Auditório Municipal do Vallis Longus, em Valongo

Dia 27 de Setembro – Domingo11h00 - Sessão de encerramento e atribui-ção de prémios no Auditório Municipal, em Valongo

�Oscar Queirós

Na última quinta-feira teve lugar o tradicional passeio a Fátima dos ido-sos do concelho de Valongo. Trata-se, para a grande maioria destes nossos queridos peregrinos mais “velhi-nhos”, de uma oportunidade – que não desperdiçam – de se aproxima-rem mais da Virgem e de Deus, en-comendando-se numa altura em que, muito naturalmente, vai surgindo o términus do seu caminho na terra e têm na devoção à Virgem o seu der-radeiro amor. É a Fé que os move e a certeza que Maria não pode nem quer negar-se a cuidar da sua chegada ao Céu, nem deixar de deitar os olhos

aos que por cá deixam.Fátima é isso mesmo, um espaço

onde nos deslocámos para pedir, para falar com o Céu.

Por isso, tudo o mais que se pos-sa fazer naquele chão sagrado é su-pérfluo, inútil. No entanto ainda há quem pareça não se dar conta disso, confundido a zona do Santuário com algum parque de diversões ou centro comercial. São comportamentos mui-tas vezes explicados e desculpados por notória pobreza de espírito dos seus protagonistas.

Mas há ainda outro tipo de condu-ta que é, a meus olhos, imperdoável.

Contarei apenas os factos e o lei-tor que ajuíze:

- No dia desta peregrinação dos mais idosos valonguenses, a candida-ta à Câmara de Valongo, Maria José Azevedo – vereadora há 4 anos e que nunca quis acompanhar a tradicional romagem – decidiu aparecer no San-tuário de Fátima onde esperou pelos autocarros de Valongo para distribuir propaganda da sua candidatura.

Mas pior ainda: estava acompa-nhada por um grupo de cantadores e músicos e foi ao som de cantigas com letras profundamente desadequada ao lugar santo que pisava que Ma-ria José Azevedo distribuiu a habitual parafernália de campanha.

Digno de dó (a decência desacon-selha outros adjectivos).

VALE TUDO?

CAMPO

PS E INDEPENDENTES SOCIALISTAS CONTINUAM ÀS TURRAS

Entre 25 e 27 de Setembro, Fórum de Ermesinde e Auditório Municipal de Valongo

Guerra de cartazes

Page 6: Correio do Douro #08

25 de Setembro 2009CD

Valongo

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Por A. CastroA junta de Freguesia de Campo continua a dar que falar. Recentemente, Fernando Baltarejo, actual secretário da Junta e n.º de 2 da lista do PS àquela freguesia utilizou os serviços administrativos da autarquia para enviar uma carta de cariz particular onde o autarca “agradece” o contributo dos comerciantes e empresá-rios locais para a realização de actividades como os festejos do 25 de Abril e Semana das Colectividades.Em anos anteriores esta carta era enviada logo a seguir à realização das actividades e normalmente em nome do executivo da junta e não em nome pessoal.Na carta, Fernando Baltarejo “lembra” as eleições do próximo dia 11 de Outubro e solicita, explicitamente, o apoio dos empresários: “Assim e caso, a minha con-tinuidade se verifique, gostaria de poder contar com o vosso apoio, a exemplo do acontecido nestes últimos oito anos”,Assegura-se, nos “mentideros” do PS (desavindo) que o envio desta carta foi aconselhado por Alfredo Sousa, o cabeça-de-lista que diz que num dia de trabalho fez mais que Fernando Baltarejo (que vai em segundo na sua lista) em 4 anos. O mesmo Alfredo que acusou o executivo (de que Baltarejo faz parte) de gerir mal os dinheiros públicos relativamente às obras da Junta.No meio desta salgalhada toda fica-se sem sequer perceber como é que o candidato Alfredo Sousa, que defende a transparên-cia e a boa gestão dos dinheiros públicos, aconselha o seu número dois a aproveitar-se do lugar (implicitamente) e a utilizar os mesmos dinheiros para fazer campanha eleitoral. Será esta uma nova fórmula de “queimar” Fernando Baltarejo?Por sua vez, José Carvalho, presidente da junta de Campo, é que não está satisfeito com o alegado “abuso de poder”. Carvalho anda de comerciante em comerciante a entregar fotocópias da carta, criticando o seu envio e acusando o seu secretário de “crime de favorecimento”.

“AGRADECIMENTO” EM CAMPO

Secretário da Junta utiliza meios da autarquia para fins eleitorais

O PSD de Valongo acusou a semana passada a independente Maria José Azevedo de estar a violar as suas pró-prias promessas eleitorais ao colocar no concelho vários cartazes dos candidatos incluídos nas suas listas depois de ter prometido que não o faria.Em comunicado, a candidatura do so-cial-democrata Fernando Melo manifes-ta a sua “surpresa quando na passada semana começaram a ser colocados nas cinco freguesias do concelho diversos cartazes da candidatura independente de Maria José Azevedo”.Fonte da candidatura de Fernando Melo adiantou que foram contabilizados em todo o concelho de Valongo “mais de 50 cartazes” de candidatos integrados nas listas de Maria José Azevedo.“A candidata, que tem procurado passar que a credibilidade é seu apa-nágio, em apenas quatro meses parece ter mudado de opinião e invertido a

estratégia. Para quem decidiu registar o seu programa eleitoral em Cartório Notarial, fazendo passar a ideia de que os munícipes a poderão responsabilizar judicialmente se não cumprir tais com-promissos, é no mínimo estranho que em Maio tenha anunciado que a sua campanha não teria cartazes políticos e, agora, em Setembro mande colocar em todas as freguesias propaganda da sua candidatura”, refere o PSD.Para os sociais-democratas, “a credibili-dade é, afinal, um atributo que começa a desmoronar-se publicamente. Vale a pena recordar que, em Maio, Maria José Azevedo garantia que a sua cam-panha não teria outdoors. Passado um mês, a 11 de Junho, a candidata dizia que o postal que estava a ser entregue nas residências dos munícipes funcio-nava como ‘um outdoor personalizado’ e criticava as outras candidaturas pelo despesismo nos cartazes, até porque,

segundo a própria, cada cartaz equiva-lerá a dois salários mínimos. No início de Setembro faz tábua rasa do que disse anteriormente e, confiante da falta de memória dos munícipes, avança com a colocação de cartazes”.“Perante esta inflexão de Maria José Azevedo, resta-nos dar como provado que a candidata engana os valon-guenses e não cumpre com as suas promessas. Provadas ficam igualmente as opiniões publicadas que as acções de campanha da sua candidatura não passam de meros episódios de show-off político”, acrescentou o PSD.Contactada por jornalistas, Maria José Azevedo admitiu que foram de facto colocados os cartazes, apesar de inicialmente não estarem previstos, mas garantiu que nunca foi promessa eleitoral e adiantou que a decisão foi tomada “devido à pressão de inúmeros apoiantes”.

Todas as escolas básicas do 1º ciclo do concelho de Valongo es-tão já cobertas pela rede wireless, uma iniciativa implementada pela Câmara Municipal, definitiva-mente apostada em proporcionar o acesso gratuito à internet.

Este esforço da autarquia pode-se dizer que foi coroado de êxito já que Fernando Melo nunca es-condeu que tinha como objectivo “conseguir que no início do ano

lectivo todas as escolas dispuses-sem de ligação sem fios à inter-net”.

Sinal inequívoco da forte apos-ta do presidente na Educação “ e que inexplicavelmente não me-receu a concordância da oposi-ção “ a requalificação do parque escolar revelou-se “fundamental” para que fosse possível alargar a utilização da Net a todos os espa-ços das escolas e feita de modo a poder suportar a oferta de novos serviços e aplicações.

Segundo fontes da autarquia, “com este investimento, foi au-mentada a largura de banda”, bem como “a área de cobertura” que permite o acesso á Net a par-tir de todas “as salas de aula, bem como cantinas e recreios”.

FUTURO NO HORIZONTEPara além da rede wireless, o mu-

nicípio também dotou as escolas “com infra-estruturas tecnológi-cas para quadros interactivos e para uma evolução informática planeada e estruturada”.

Para Fernando Melo, “a mo-dernização tecnológica da escola exige um plano de ac-ção que defina com clareza os meios necessários à prossecu-ção dos objectivos, bem como uma intervenção articulada de todos os agentes envolvidos na execução das medidas”.

Até ao final do mês o Parque da Cidade de Valongo e o Par-que Urbano Fernando Melo, em Ermesinde, passarão a dis-por também da rede wireless, sem limites de utilização e de forma completamente gratuita. Os trabalhos de instalação es-tão já na fase final.

VALONGO

PSD acusa Azevedo de violar promessas

VALONGO

Escolas básicas, jardins-de-infância e parques urbanos cobertos por wireless

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CD 725 de Setembro 2009

Opinião

Analisando as várias candidaturas autár-quicas, a única que merece credibilidade é a do PSD, em coligação com o CDS. Por isso, como ex-indeciso, passo a explicar porque decidi votar Fernando Melo para a Câmara Municipal e Luís Ramalho para Ermesinde, cidade onde vivo. 1 - A candidatura do PS à Câmara Munici-pal, o cidadão de Ermesinde melhor coloca-do na lista está num  lugar onde nunca será eleito, talvez por saber que nunca poderá tomar posse por ser inelegível devido à sua profissão: inspector da Policia Judiciaria. Ou seja: o PS, que tentou impugnar um candida-to do PSD à Câmara, é vítima da sua estraté-gia! O que é engraçado é que o PSD, numa atitude muito nobre, nem sequer impugnou o nome, mesmo tendo conhecimento do fac-to. Esqueceram-se que “quem tem telhados de vidro acaba com a credibilidade perdida”: não rima, mas é a mais pura verdade. Para além disso, a candidatura do PS já desistiu de Ermesinde e empenha todos os esforços na eleição de Afonso Lobão. Se assim é agora, como seria se ga-nhasse as eleições? Mais do mesmo, como no tempo do Moreira Dias, em que a freguesia de Ermesinde foi completamente esquecida? Sabem decerto que Lobão é director-adjunto da Segurança Social do Porto e sabem também em que condições estão as IPSS’s de Ermesinde, que vivem com grandes dificuldades, tendo-se inclusive regis-tado há pouco tempo a demissão do Presidente da Direcção do Centro Social de Ermesinde. Porque é que Lobão não as ajudou ou ajuda enquanto pode e promete agora, quando vai deixar de ter meios para o fazer? 2 - A candidatura da Maria José Azevedo tem na sua lista, imediatamente a seguir a ela, gente que não serviu para outros partidos e que adoptaram uma postura ressabiada. É uma verdadeira manta de retalhos e, ainda por cima, rota. E pelo que se pode ver em Ermesinde, Maria José desistiu já de ganhar a Câmara. De uma forma quase grotesca e absurda, foram colocados cartazes com a fotografia de um homem com um nome de uma mulher: Será que algum deles quer esconder a iden-tidade ou pretendem apenas provocar a confusão no eleitorado?!? Pelo que se viu à porta da Expoval, Maria José apre-sentava imagens, supostamente do Concelho, que remontam ao tempo da gestão do PS e esquecia-se dos projectos estruturantes apresentados dentro do espaço da mesma feira e obra do PSD, uns já reali-dade e outros realidade futura. Pessoalmente, prefiro

Voto na credibilidade, voto na obra, voto na seriedade, voto Fernando Melo e Luís Ramalho

AS RAZÕES QUE ME MOVEM

quem me acena com o futuro e me dá soluções para os meus problemas e necessidades, do que quem me mostra um passado cada vez mais longínquo e me continua a dizer que a culpa é dos outros. 3 - A candidatura do PS à Junta de Freguesia, para além de ser de qualidade e diversidade de compe-tências muito questionável é, no mínimo, muito duvidosa. Para além de já ter desistido de fazer campanha por Ermesinde e de empenhar todo o seu esforço na candidatura à Câmara, devido às graves fracturas internas – com graves consequências para o PS – verificaram-se sérias dificuldades para com-pletar a lista de candidatos. E mais: Tavares Queijo, já reformado e com tantas ocupações, terá tempo para a Junta de Ermesinde? E vontade? 4 - A candidatura da Maria José a Ermesinde é tanto mais estranha quando se escolhe um candidato que ainda não teve a coragem de forma frontal explicar os verdadeiros motivos que o levam a candidatar-se à Junta depois de ter sido vereador. Descer de cavalo para burro, só se alguns interesses pessoais o força-rem a tal. Um homem com duas reformas quer mais tachos para quê? Perguntem-se: quem são as pessoas da lista à Junta e porque as escondem? Com que coragem concorre depois de 20 anos à frente da Junta, sem provas dadas e sem ter deixado saudades? Que memórias temos do Jorge Videira? Boas não são certamente. E enquanto vereador, será que sempre defendeu os interesses de Ermesinde? Por estes e muitos outros motivos, a decisão está tomada. Voto Fernando Melo para a Câmara e Luís Ramalho para a Junta. Temos uma Câmara Municipal com obra feita e se já se esqueceram eu relembro. Em Ermesinde, Sanea-mento, Abastecimento de Água, Parque da Cidade, Acessibilidades, Ambiente, Camiões fora do centro da cidade, FERTOR e cheiros pestilentos para longe, o início da intervenção no Rio Leça… É verdade que

ainda falta fazer algumas coisas, mas Roma e Pavia não se fizeram num dia e pelo que sei, o Governo do PS tem esquecido completamente Valongo e deve, neste momento, muito dinhei-ro à Câmara resultado, por exemplo, das obras nas Escolas. É de louvar a coragem e o arrojo de Fernando Melo, porque se estivesse à espera desse dinheiro, a requalificação das escolas nem sequer tinha começado. E deixo aqui o louvor à elevação que tem demonstrado pe-rante as traições permanentes de que tem sido alvo por parte de uma oposição do bota-abaixo e jogo sujo. E para a Junta de Freguesia de Ermesinde voto Luís Ramalho. Antes de mais um voto de lou-vor à coragem do PSD de lutar contra a inércia e a conflituosidade. Um jovem que só por isso

me dá mais garantias, pois, e pelo que me pa-rece, pode ter uma carreira brilhante de sucesso pela sua frente. Para isso, para além da vontade que sei que tem, demonstra trabalho e isso aliado à capacidade, competência, experiência e homogeneidade da sua lista, é a prova maior da minha escolha. Pelo que li no Programa do PSD para a Junta de Freguesia de Ermesinde, recomendo a candidatura vivamente. É o melhor Programa de sempre e total-mente exequível, sem promessas balofas ou ideias megalómanas. Esperam-se grandes realizações e o fim do mito de Ermesinde ser só um dormitório e de que os seus habitantes têm que procurar outros concelhos e freguesias para se divertirem. Também neste aspecto as candidaturas do PSD à Câmara de Valongo e Junta de Freguesia de Ermesinde deixam todas as outras muito para trás. Aliás, é curioso verificar que as outras candidaturas colocam ideias muito pobres em papéis muito ricos, melhor seria terem gasto o dinheiro para pagar a alguém que os ajudasse com ideias e usassem um papel mais modesto. Esperava-se mais de quem trocou de camisola. Afinal os seus antigos Partidos tinham razão quanto às suas qualidades. Pena é que as novas escolhas também não sejam melhores. As candidaturas do PSD são as únicas que não têm derrotados, ressabiados, escolhas de última hora, nem acólitos ou caciques ao serviço sabe Deus de quê. Luís Ramalho não tem que ir à aldeia ao fim-de-se-mana, por isso será um Presidente presente, não tem empresas, negócios ou negociatas pessoais para gerir, por isso terá toda a disponibilidade para Ermesinde, que irá gerir a tempo inteiro. Luís Ramalho não é reformado ou aposentado e por isso tem obrigatoria-mente que viver do seu trabalho.

Por estas razões já tomei a minha decisão. Voto na Vi-tória de Todos, voto Luís Ramalho e Fernando Melo.

Armando Marques, Ermesinde

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Entrevista

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È conhecida pelo seu activismo no meio associativo. É uma paixão?

Desde os meus tempos de estudante, sempre estive ligada ao meio associativo, a começar por Associações de Estudantes do Magistério – fiz mesmo parte da equipa que formou essa associação – e esse “bichinho” ficou para sempre comigo. Mais tarde casei e vim morar para Valongo.

Quando as minhas filhas começaram a estudar, integrei a Associação de Pais da Es-cola da Ilha; depois a minha filha foi para o Núcleo Cultural e Recreativo de Valongo (NCRV), associação que a determinada al-tura deixou de ter direcção, passando a ser dirigido por uma Comissão Administrativa; e aí as expectativas quanto ao seu futuro não eram muito risonhas.

Abreviando, acabei por me interessar e, mais uma vez, ingressei de alma e coração no associativismo, ou antes, noutra associa-ção porque nunca deixei de fazer parte de outras. Trata-se de uma área que defendo plenamente, até como professora. Penso que as associações são, de facto, um impor-tantíssimo núcleo de desenvolvimento de qualquer sociedade. Porque fazem, muitas vezes, o papel do Estado, associações como o Núcleo Cultural e Recreativo de Valongo

UM SONHO CHAMADO VALONGOH

á mais de três décadas a resi-dir em Valongo, Sofia Freitas, professora, cedo atingiu noto-

riedade ao envolver-se, “de alma e coração” no movimento associativo onde tem, inega-velmente trabalho feito. Há quatro anos deu outro passo ao aceitar candidatar-se à As-sembleia Municipal. Não só foi eleita como acabou na presi-dência do importante órgão autárquico. Foi a entrada em “mais uma das dimensões do cidadão” diz.Mas esta mulher, de olhar e pensamento irrequietos, quer mais para a terra que a adop-tou, quer continuar a retribuir. Para isso decidiu enveredar por outro caminho, também polí-tico mas desta vez executivo: é candidata à presidência da Junta de Freguesia de Valongo.E tem projectos que, concreti-zados, farão desta freguesia uma terra muito melhor.

proporcionam, designadamente aos jovens e crianças (mas não só) oportunidades de se formarem, de serem felizes na ocupação dos seus tempos livres.

Da presidência do Núcleo à presidên-cia da Assembleia Municipal de Valongo, pela CDU…

Eu já estava no NCRV e foi lá que co-nheci pessoas ligadas ao PCP. A determina-da altura – estou a reportar-me há quatro anos – aquando da constituição das listas para concorrerem às autárquicas, algumas dessas pessoas fizeram-me o convite. Eu achei interessante, era mais uma forma de poder participar activamente na vida de Va-longo pelo que aceitei o desafio.

Era a primeira vez que entrava na polí-tica, pela mão de um partido?

Na política, propriamente dita e dessa forma, era sim. A minha experiência era apenas ao nível das associações. Também faço parte de uma Associação, que ajudei a fundar – de professores – há bastantes anos. Isto para dizer que o meu curriculum poli-tico se resumia a essa participação, longa e

activa, no movimento associativo. E o fac-to de poder pertencer a uma Assembleia Municipal seduziu-me porque me propor-cionaria participar activamente no desen-

volvimento de Valongo em mais uma das dimensões de cidadão. Não podia recusar essa oportunidade.

Há quatro anos concorreu pela CDU, agora concorre [à Junta de Valongo] pelo PSD. Não teme que a cataloguem como uma espécie de “Maria vai com todos”?

Não, de modo algum. A Junta de Fre-guesia é um órgão do poder local muito próximo da população e nessa relação ínti-ma, pouco relevo se dá às filiações ou sim-patias partidárias. Veja, no caso da minha actual candidatura, a lista que encabeço é composta por pessoas que têm em comum um grande amor pela terra e uma enorme

vontade de a dinamizar e valorizar. Traba-lhar por Valongo. Por isso pouca ou nenhu-ma relevância tem, para nós, filosofias ou ideologias doutrinárias.

Temos um objectivo e um projecto para Valongo. Esse projecto é resultado de um trabalho de uma equipa bastante alargada, em que todos participaram com ideias e soluções. Nunca, asseguro-lhe, qualquer de nós se questionou sobre a cor partidária ou ideológica dos outros companheiros.

O nosso partido, a nossa ideologia, a nossa filosofia, tudo isso, tem apenas um nome, um bonito nome: Valongo.

Vai submeter-se ao sufrágio dos va-longuenses, tendo a concorrer consigo outros projectos, outras “filosofias”. Que diferença encontrarão os eleitores entre o seu projecto e, por exemplo, o do actual presidente, António Oliveira, que se re-candidata?

Eu não falo em mim mas em “nós”. So-mos uma equipa e é como tal que funcio-námos.

Temos um princípio, o primeiro enun-ciado no nosso programa que é desenvolver a nossa actividade autárquica envolvendo

Proposta de criação de um Gabinete de Acção Social, com técnicos da área, para apoiar as famílias na resolução das suas dificuldades.

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Entrevista

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toda a população, em vários momentos. Aliás, eu não entendo um autarca que este-ja dentro de quatro paredes e que não ande constantemente no exterior, junto da sua população. E quando digo “andar” faço-o no sentido de “sentir” a população e não an-dar por aí de carro ou de jipe. Os autarcas, sobretudo os das freguesias, têm de se en-volver mais directa e frequentemente, diria mesmo constantemente, com a população. Em todos os momentos, nos bons mas tam-bém e sobretudo nos menos bons. Este é um

princípio que rege todo este grupo que me acompanha nesta caminhada por Valongo. Queremos e vamos estar sempre perto da população. E isso, tenho a certeza, vai fazer a diferença.

Outra coisa que nos vai diferenciar é a nossa aposta em dinamizar Valongo; tanto no aspecto social como impulsionando o associativismo e a cultura. E isso, por arras-to consequência, vai promover o comércio local, outro sector há muito “esquecido”, o que é uma lamentável falha quando se quer desenvolver uma terra.

Nos contactos que temos tido com os comerciantes da freguesia, há um ponto que todos referem constantemente: são pouco frequentados, há poucas pessoas nas ruas de Valongo; lúcidos, há muito que reparam que há poucas iniciativas em Valongo e isso tem repercussões negativíssimas no comér-cio local.

Valongo é neste momento uma fregue-sia com as ruas vazias. E não falo apenas aos dias da semana de trabalho mas também aos fins-de-semana. Vê-se, à noite, uma pes-soa ou outra a caminhar – já há quem goste de fazer caminhadas, à noite, pelas ruas da freguesia. Mas nós queremos mais, muito mais. Queremos criar oportunidades de momentos alegres, que juntem as pessoas, que as façam conviver de uma forma muito mais alargada, que não seja em pequenos grupos.

E isso vamos fazê-lo – se formos eleitos, obviamente – valorizando, ao mesmo tem-po, a cultura local. Eu sei do que falo; dou aulas aqui em Valongo e tenho-me debru-çado, meditado, muito nesta situação. As nossas crianças, os pais das nossas crianças, muitos deles não são naturais de Valongo; vieram, como eu, viver para cá e por aqui ficaram. Sei que embora gostem de viver em Valongo conhecem pouco da história e da cultura de Valongo. Para construir a nossa

identidade pessoal e cultural é fundamen-tal, conhecermos dos costumes, dos usos, das festas, do porquê dessas festas, o porquê das suas procissões, etc. Tudo isso temos de proporcionar. Repare que só um grupo muito restrito de valonguenses é que tem acesso a este conhecimento. Nós queremos, e é nossa obrigação, alargar, tornar o mais vasto possível, esse conhecimento.

Mas não só aos valonguenses. Quere-mos que a nossa história, as nossas tradi-ções, cheguem a todos os cantos do País. A nossa história e tradições são riquíssimas e se mais amplamente divulgadas, seduzirão quem delas tome conhecimento. E virão a Valongo verificar quem e como somos. Va-longo tem de ser mais conhecida. A nossa regueifa, os nossos biscoitos, as nossas tra-dições, as nossas procissões, as nossas serras e o que elas encerram…

Valongo é de facto uma cidade muito rica e vamos dá-la a conhecer.

Falou das queixas e maleitas do co-mércio local e da necessidade de o tornar

próspero. Concretamente o que se pode fazer para o retirar deste quase “estado de falência”?

Promovendo e multiplicando activi-dades nas varias áreas da cidade. Temos o Parque Urbano, temos o Parque Radical, o Largo do Centenário, a Praça Machado dos Santos, tudo locais, digamos, no coração da cidade e que antes eram locais onde as pessoas se juntavam, conviviam e com isso mantinham dinâmico o comércio da cida-de. Temos vários centros e é dinamizando-os, criando actividades, que levaremos as pessoas para lá. Envolveremos nessas ini-ciativas as associações recreativas, culturais, desportivas, de modo a trazer as pessoas para a rua. Porque, ao contrário do que pen-sa quem por aqui passa, Valongo tem gen-te, muita gente. Não foi por acaso que o Sr. Presidente da Câmara apostou na constru-ção de novas escolas. Em Valongo, na fre-guesia, todas as escolas estão sobrelotadas. A excepção é a escola da Boavista, de resto,

todas as outras estão completamente cheias. E isso é um óptimo sinal. Significa que te-mos muita, muita gente jovem na cidade. As escolas do primeiro ciclo estão cheias; a nossa escola E.B 2,3 também está sobrelota-da, o mesmo se passando com a Secundária. E isso é um indesmentível indicador de que Valongo tem gente, muita gente.

Que no entanto optou pelo “casa-tra-balho-casa” ou “casa-escola-casa”, deixan-do desertas as ruas o que dá um aspecto tristonho à cidade…

È o que tenho estado a dizer. As pesso-as ficam em casa porque não existem acti-vidades que as chamem à rua. E a criação e multiplicação de actividades, iniciativas, podem acreditar, será uma das nossas prin-cipais tarefas. É isso que queremos para que Valongo volte a ser o que já foi: uma terra de gente que vem para a rua, saudável, irre-quieta, alegre, participativa.

CEMITÉRIO

Um caso que se arrasta maugrado re-petidas promessas, é o alargamento do cemitério. O actual presidente parece não conseguir resolver o problema e a situação agrava-se dia a dia. Pensa poder solucio-nar o caso?

Nos sabemos que a CCDRN [Comis-são de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte] deu parecer negativo à solução apresentada pela actual Junta. Os terrenos propostos pelo presidente António Oliveira são inviáveis porque existem mui-tos lençóis de água, passam ali muitas linhas

Criação de uma bolsa de voluntários que colaborem e apoiem o desen-volvimento do bem-estar social na freguesia.

Criação de uma bolsa de emprego que permita a fixação de famílias na cidade.

Colaboração estreita com as associa-ções, apoiando e incentivando os seus projectos e realizações que promovam a cultura e o desporto locais

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de água. È urgente, de facto, o alargamento do actual cemitério. E já temos um projec-to, em fase adiantada de estudo, que, obri-gatoriamente passa pela construção de um cemitério noutra local da freguesia. Já co-meçamos a ouvir as pessoas, já começamos a ver os terrenos onde poderá ser viável a

construção. Repito que está completamente fora de causa o alargamento do actual. As características do terreno, a proliferação de linhas de água, não o permitem. A solução é um novo cemitério.

Há pouco falava de levar o nome de Valongo a todo o país e “ao mundo”. Não há aí um pouco de exagero?

Não. E dou-lhe um exemplo: uma das muitas actividades que promoveremos, logo no inicio do mandato, quando formos executivo, é a de fazer a maior regueifa do mundo. Vamos para o Guiness. E quando assim acontece todos sabemos a enorme divulgação – à escala mundial – que tal ini-ciativa terá, Será a comunicação social a fa-zer a promoção desse produto valonguense e isso, podem ter certeza, reflectir-se-á nos canais de comercialização do produto, nes-te caso a regueifa. Mas também no biscoito – há varias marcas de biscoitos, com carac-terísticas únicas, em Valongo e outras po-tencialidades desta terra nobre. Ainda neste sector, vamos promover uma feira anual do Pão. E mais, muitas mais coisas, asseguro.

Tem projectos para a Juventude Valon-guense? E para os menos jovens, os idosos, que normalmente só parecem fazer parte da população uma vez por ano, aquando do tradicional passeio?

Temos projectos sim. E para todos. Quando lhe dizia, há pouco, que queremos fazer os valonguenses sair de casa, partici-par, conviver, interagir, creio que ficou clara a ideia de que terá de ser uma constante e não apenas de vez em quando, muito menos uma vez por ano.

Nós temos vários projectos que vão infi-

nitamente mais longe que o simples passeio anual. Para além das iniciativas locais, que queremos sejam muitas, projectamos vários passeios temáticos, abertos a todas as pesso-as de Valongo – não só os idosos mas antes de todas as faixas etárias. Não somos muito apologistas do isolamento, muito menos por idades. Velhos e novos, temos muito mais

a ganhar em conjunto que cada um por si. Portanto, não acabaremos com esse passeio anual, antes vamos multiplicá-lo; mas serão temáticos e abertos à participação de todos.

Projectamos também a abertura de Cen-tros de Convívio, designadamente no Susão, onde apostaremos nas actividades inter-ge-racionais. A nossa aposta é na comunicação contínua entre os valonguenses. Queremos, e vamos construir, locais onde as várias ge-rações possam de facto comunicar umas com as outras. É um erro crasso, lamentá-vel, criar “nichos” para as várias gerações, dividindo-as, separando-as, dificultando a interacção. Porque os mais idosos têm um passado, têm uma experiência de vida e é muito importante que a possam transmi-tir aos mais jovens. Só os vai enriquecer e ajudá-los a crescer.

Para este nosso projecto vamos precisar de um ou outro técnico especializado mas estamos profundamente confiantes nos re-sultados. Nesses espaços de convívio, seja qual for a idade do frequentador, terá ao dis-por ocupações, mecanismos, que lhe permi-tam novos projectos, diria mesmo, projec-tos de vida. Porque a vida não acaba quando as pessoas atingem a idade da reforma. Têm

ainda muito para dar. Esses projectos pas-sarão, em parte, pela comunicação com os mais jovens. Eu, na minha vida de profes-sora, pus em pratica – aqui em Valongo – um projecto (em duas escolas) a que chamei “As histórias dos avós”. Nessa iniciativa le-vávamos os avós às escolas, onde contavam as suas histórias; histórias tristes, histórias

alegres, relatos de vida. Nós ate pedíamos aos avós que contassem mais as histórias alegres, que contassem aos meninos como era o mundo no seu tempo de criança: E digo-lhe, as crianças prendiam-se àqueles relatos, como quem ouve contos de fadas, histórias de encantar. Ficavam ali uma hora, quietas, caladas, presas àquilo que os mais idosos lhes estavam a comunicar. Portanto, esta minha experiência, os seus inequívocos

resultados, serviram-me de incentivo para avançar com este projecto. E ele vai para a frente quando formos executivo. Queremos valorizar os mais idosos ao permitir que eles valorizem os mais jovens.

Todos temos a lucrar.

Valongo, como qualquer outra cidade que integra uma área metropolitana, tem zonas mais problemáticas, tem “ilhas” que dificultam a integração. Já pensou o que pode a Junta fazer para resolver, pelo menos atenuar, problema tão candente?

No nosso programa, destacamos como primeiro ponto a acção social. E vamos en-trar logo com a criação de um Gabinete So-cial que terá a frente pelo menos duas técni-cas, uma das quais psicóloga, cuja principal função será ajudar as pessoas a construírem um projecto de vida. Às vezes estas áreas mais problemáticas, ditas assim sob o ponto de vista das relações entre pessoas, são-no porque as dificuldades fazem alguns desa-nimarem, desistir do sonho, desistir de lutar por uma vida melhor. Todos conhecemos o ditado que diz “na casa onde não a pão todos ralham e ninguém tem razão”. Isto é verdade

Apostar no reforço da formação escolar e premiar o esforço individual dos es-tudantes da freguesia com a atribuição de prémios de mérito escolar de cada um dos níveis de ensino.

Comemoração anual da elevação a cidade e promoção de Valongo a nível regional e nacional

Criação de parcerias com instituições nacionais e internacionais com vista à ocupação dos tempos livres, com especial destaque para os períodos de férias dos estudantes.

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Entrevista

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e cria conflitos entre as pessoas. É um grave problema social e, hoje em dia, não se res-tringe só aos bairros sociais, atravessa toda a população. Temos de responder a isso, disponibilizando moderadores de confli-tos. Acho importante que haja pessoas que ajudem e que contribuam para a construção de um projecto de vida para munícipes que, neste momento e por varias circunstancias

da vida, ficaram desempregadas. De facto, onde há desemprego é onde existe maior conflitualidade.

Quando formos eleitos a nossa Junta vai ser assim e não apenas um local onde se vai procurar subsídios. Esses subsídios são im-portantes para ultrapassar os problemas de momento; mas os problemas poderão con-

tinuar se não ajudarmos as pessoas a encon-trar soluções para a sua vida. Às vezes coisas simples são para essas pessoas obstáculos inultrapassáveis. Connosco terão apoio, quem as ajude a fazer um currículo, quem as motive a não se contentarem com o sub-sídio do desemprego mas antes a procurar emprego rapidamente, sem esperar que o subsídio acabe; teremos de ajudar também aqueles que querem procurar emprego e o encontram mas têm de se levantar muito cedo e não sabem onde deixar os filhos até à hora de abertura das escolas ou jardins-de-infância. No nosso programa todas estas circunstâncias estão previstas. Vamos, por exemplo, promover a abertura das escolas às 7 horas da manha, de modo a que os pais e/ou as mães possam deixar os seus filhos, partindo tranquilos para o trabalho, sem terem uma nova, mais uma, despesa – com uma ama ou ATL – nos seus já de si escassos orçamentos familiares

A junta de freguesia estará em condi-ções de assegurar o que acaba de dizer?

É evidente que terá de ser em parceria com a Câmara e isso será possível. De resto,

não estamos a inventar nada de novo; o que acabei de dizer já existe noutros concelhos, com as juntas de freguesia, em pareceria com a câmara, a terem funcionários nas es-colas que assegurem esse tempo até ao ini-cio das aulas.

Há pouco falámos das “ilhas” de Va-longo e não respondeu concretamente. Nessa questão estávamos a pensar no Su-são e na Quinta da Lousa. O Susão é um caso mais antigo e que sempre constituiu uma espécie de “lugar à parte”. Mais re-cente é a Quinta da Lousa.

Não acha que se deveria procurar uma maior integração destes dois lugares na freguesia?

Primeiro temos de respeitar a cultu-ra das próprias pessoas; e depois fazendo “pontes” e criando mais acessibilidades. Essa é também uma das coisas que faz par-te do nosso programa. Queremos pressio-nar as entidades competentes de maneira a que haja mais transportes entre Valongo e a Quinta da Lousa e o Susão mas também criar as tais actividades, designadamente com as escolas, com as associações, de ma-

neira a que essas actividades se realizem também no centro de Valongo. Queremos “levar” Valongo ao Susão e Quinta da Lousa e vice-versa. Esta freguesia é una e indivisí-vel. Vamos demonstrá-lo.

O facto de criar mais transportes não parece que resolva o problema fundamen-tal que é o facto de serem “ilha”. Também agora há mais transportes para a Madei-ra mas isso não lhes retirou o estatuto de ilha…

Parece que não me compreendeu. As pontes que de falei são os contactos entre os habitantes das duas partes da freguesia. Ao promover e multiplicar esses contactos, es-ses convívios, de Valongo para o Susão e do Susão para Valongo, estaremos a minimizar essa sensação de “ilha”, de isolamento.

Quando há pouco lhe falava dos Cen-tros de Convívio que queremos construir, pensei que tivesse compreendido o espírito que nos norteia. Nós queremos pôr toda a gente da freguesia em contacto.

E isso com uma frequência que transfor-mará esses contactos em hábitos.

Quando, a princípio, nos falava na promoção de iniciativas, como a Feira do Pão ou outra, estava a pensar na localiza-ção desse tipo de iniciativa? Será no cen-tro de Valongo? Não poderia, por exem-plo, ser no Susão?

Podem e devem acontecer em qualquer

parte da freguesia. Ela tem, naturalmente, o seu centro histórico mas o que pretendemos é “ressuscitar” toda a freguesia. E o Susão, como a Boavista, por exemplo, pertencem à freguesia.

Como é evidente, Valongo é como as outras cidades, com centro histórico e zonas novas, como a Quinta da Lousa. Mas tam-

bém não podemos privilegiar essas zonas nobres e deixar ao abandono os centros his-tóricos. A nossa Junta batalhará pelo desen-volvimento harmonioso de toda a freguesia. Não podemos deixar que a parte histórica se continue a estragar como tem acontecido. E a culpa é do presidente da Junta que, na minha opinião tem de ter um papel muitís-simo mais activo, designadamente quando se está a elaborar um plano de pormenor; quando se está, como actualmente, a fazer a revisão do PDM. O presidente da Junta tem de estar presente, em todos os momentos! Repare que, no âmbito da Assembleia Mu-nicipal, temos feito algumas reuniões com a equipa do PDM e o actual presidente da Junta nunca apareceu. E isso não pode ser. A troca de ideias, opiniões, dizermos aquilo que queremos para Valongo é essencial. E a Assembleia Municipal é o órgão político, por excelência, do concelho e qualquer dos presidentes de junta tem ali um papel muito importante.

Se for eleita presidente, a freguesia de Valongo vai ficar melhor?

Não diga “se for eleita”. É antes “quando for eleita”. Sim, quando for eleita presiden-te da Junta de Freguesia de Valongo, eu e a minha equipa faremos desta terra um local muito melhor.

Conta com a colaboração da Câmara para concretizar o seu projecto para Va-longo?

Conto sim. Com o Dr. Fernando Melo sei que posso pôr em prática o que projectá-mos para Valongo.

Espera ganhar as eleições…

Esperámos, a partir de Outubro, fazer renascer Valongo, recuperando a sua ri-quíssima história. E, paralelamente, pro-mover a modernidade, o desenvolvimento.

E contrariamente ao actual presiden-te da Junta, não perderemos uma única oportunidade de pressionar, influenciar, lutar, junto da Câmara Municipal e outras entidades, para que o nosso projecto seja uma realidade no mais curto espaço de tempo.

E queremos fazer este trabalho com todos os valonguenses. Só com eles será possível.

Se lhe pedir uma frase para terminar esta entrevista…

Todos juntos temos que Valorizar Va-longo.

Promoção e multiplicação de contactos inter-geracionais. Os mais idosos têm um passado, têm uma experiência de vida e é muito importante que a possam transmitir aos mais jovens. Só os vai enriquecer e ajudá-los a crescer

Não entendo um autarca que esteja dentro de quatro paredes e que não ande constantemente no exterior, junto da sua população. E quando digo “andar” faço-o no sentido de “sentir” a população

Mais espaços verdes e preservação dos já existentes.

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Valongo

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“A grande virtude do poder local é a possibilidade de cada um de nós poder es-colher aquele que, de entre todos, achamos ser o que melhor pode interpretar os nos-sos anseios”. Foi desta forma que Fernando Melo começou a apresentação do seu pro-grama eleitoral, diante das muitas centenas de munícipes que estiveram no Largo do Centenário para ouvir o líder da coligação PSD/CDS que em Outubro próximo se sub-mete a sufrágio para novo mandato.

Fernando Melo, que elegeu como priori-

dades o aspecto social e o apoio às famí-lias dirigiu-se “às gentes da nossa terra” para explicar aquele “será o projecto políti-co para o concelho de Valongo”, cimentado naquilo que considera serem esteios essen-ciais: “ a experiência adquirida e as provas dadas”.

Escaldado por traições e deserções que muitas vezes tornaram penoso o mandato que agora termina, Fernando Melo desta vez parte com uma equipa que lhe permi-te garantir “um executivo municipal forte, coeso e meritório” capaz de, “com a vitória nas autárquicas de 2009” assegurar uma administração que transformará o futuro na “vitória de todos”.

As pessoas são a maior das motivações do autarca “porque é para elas e com elas, pela proximidade com os seus problemas diários, que elaboramos este projecto”.

Insistindo que pretende “alcançar uma vitória para todos”, Fernando Melo salien-tou o quão essencial é pôr toda a gente a participar “na construção da vitória” que permitirá além da prosperidade, fazer e Va-longo um concelho mais solidário. “Por isso é essencial investir na criação de uma rede de cooperação pessoal e institucional! É com esta rede que contamos para a concre-tização dos nossos principais objectivos” elegendo como prioritários “os aspectos so-ciais e o apoio às famílias”.

APOIAR QUEM MAIS PRECISA

Para justificar o que considera priori-dades, Melo aludiu à crise económica que “inundou o País, afogando em profundas dificuldades muitas famílias do nosso con-celho, sendo que as soluções políticas en-contradas em muitos casos tardam e, na maioria, não chegam a quem mais precisa. É por isso que, apesar da Acção Social ser, desde há muito tempo, uma prioridade da Câmara Municipal de Valongo, queremos fazer mais e melhor! Apesar do Município ter já um papel relevante nesta área, pres-tando acompanhamento social em todos os empreendimentos de habitação social e di-namizando, em múltiplas áreas, desejamos criar um Gabinete de Intervenção Social, com uma acção preventiva e constante, cuidando de quem mais precisa, nomeada-

APOSTA

Fernando Melo apresenta programa eleitoral

“JUNTOS VAMOS CONSEGUIR”

mente das pessoas portadoras de deficiên-cia. Esta é uma aposta fundamental para que a Vitória de todos não falhe a quem mais precisa de ganhar”.

EMPREGO E INVESTIMENTO

Continuando a dissertar sobre o projec-to para os próximos quatro anos, o presi-dente/candidato assinalou a necessidade de investimento e criação de empregos, sector em que tem projectos já em avançado estado e que deverão permitir a criação de alguns milhares de postos de trabalho no conce-lho. No entanto Fernando Melo poupou-se quanto a esses planos: “No contexto da cria-ção de emprego, formação e dinâmica em-presarial, Valongo tem as condições ideais

para a instalação de indústrias, podendo assumir-se como uma plataforma logística de transporte de materiais e equipamen-tos para o Norte de Portugal e até mesmo para a Península Ibérica. Neste âmbito, na Zona Industrial de Campo, continuarão as obras de execução das infra-estruturas necessárias à sua consolidação e, em Alfe-na e Sobrado, será feito um investimento no sentido de maximizar e rentabilizar as óptimas condições existentes para a defini-ção de novas zonas industriais. Será ainda desenvolvido todo o processo com vista à legalização de diversas indústrias, nos ca-sos em que tal seja possível. Sendo o desem-prego um flagelo que muito contribui para a exclusão social, compete-nos também, em parceria com todos - escolas, empresá-rios e cidadãos - encontrar os caminhos da

criação de emprego, da criação de riqueza. Para tal, a aposta na formação, o apoio e o acompanhamento à iniciativa privada se-rão uma constante. O nosso projecto nesta área propõe ainda, entre outras medidas, a renovação e dinamização do Gabinete do Empresário, dotando-o de mais competên-cias e meios técnicos. Vamos também criar uma Incubadora de Empresas e uma Agên-cia Local para o Investimento.

A Cultura, o Desporto e a Saúde são, também, para Fernando Melo “áreas fun-damentais na vida da população do nosso concelho”. E a prova está no facto de nos úl-timos anos ser “preocupação central para o executivo municipal o investimento em in-fra-estruturas capazes de colher uma pro-dução e manifestação cultural de relevo, dos quais são prova os Centros Culturais existentes em cada freguesia, a Biblioteca, o Arquivo, o Museu Municipal, entre ou-tros. Além disso, as tradições continuarão sempre a ser tidas em conta, promovendo uma política de divulgação e valorização”.

E continuou: “Sedimentado que está este primeiro plano de intervenção social e cultural, importa também reforçar a prá-tica desportiva para uma promoção de hábitos de saúde na população de Valon-go. Dessa forma, será fortemente apoiado o aproveitamento das excelentes condições naturais existentes no concelho para a prática desportiva, como é o caso da Ser-ra de Santa Justa. Também no campo das infra-estruturas será efectuada uma forte aposta, com a construção de novos equipa-mentos desportivos e, fundamentalmente, a construção de novas Unidades de Saúde em Alfena e Campo - que serão, muito em breve, uma realidade”, para além da unida-de de Valongo, na Fonte da Senhora e que terá também o mérito de requalificar uma área onde há anos está um empreendimento inacabado.

OS JOVENS E O FUTURO

Para Fernando Melo “o futuro começa a construir-se hoje e os jovens serão, com certeza, o futuro de amanhã! Neste sentido, a Educação foi uma aposta clara e vence-dora do actual executivo municipal, sendo sua expressão, por exemplo, a construção de novas escolas - algo que deixou de ser um desenho de papel e é, hoje, uma reali-dade! Embora tais equipamentos e infra-estruturas estejam em fase de execução e brevemente disponíveis para serem utili-zados, importa agora dar-lhes continui-dade. Para além disso, na Sociedade que é, hoje, intitulada do Conhecimento e da Informação, torna-se essencial promover a adaptação do concelho às novas tecnolo-gias. Neste âmbito, consideramos que a re-

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Valongo

novação dos serviços municipais, através da dinamização do portal do cidadão, será o primeiro passo para aumentar a celeridade dos processos de cada cidadão. Em se-gundo lugar, queremos criar um acesso à informação e ao arquivo municipal mais facilitado, a par de uma maior transparência na gestão autárquica. A colocação de rede sem fios nos principais locais da nossa terra e a dinamização do Conselho Municipal de Juven-tude serão também duas grandes apostas deste projecto. Para além disso, vamos construir uma Pou-sada para a Juventude na Serra de Santa Justa”.

Por fim o presidente salientou “as infra-estruturas, os equipa-mentos públicos e o ambiente” afirmando que “continuarão a merecer a nossa total atenção”.

Salientando a importância que estas áreas têm para o concelho, Fernando Melo afirmou que a “manutenção das infra-estrutu-ras degradadas no concelho, des-de arruamentos, passando pelos parques públicos, ou ainda merca-dos municipais, entre outros, reve-la-se, com o passar dos anos, uma área estruturante, sendo particu-larmente importante, em alguns momentos, reabilitar determina-dos equipamentos públicos. Neste âmbito, os mercados e as feiras do nosso concelho merecem aqui uma particular atenção. Para além destes, as ruas e os espaços públi-cos continuarão a ser acautela-dos, não apenas pela necessidade inequívoca de garantir a sua ma-nutenção pelo óbvio desgaste do

tempo mas, fundamentalmente, porque é da vida das pessoas que estamos a tratar quando falamos, por exemplo, na segurança rodo-viária e nas acessibilidades”.

A bandeira do ambiente, “tan-tas vezes assumida na linha da frente por Valongo, não será neste novo projecto esquecida. Os pré-mios recebidos e o reconhecimen-to público serão um incentivo a fazer mais e melhor! Com vista a

manter Valongo no primeiro lu-gar como município do ambiente e do bem-estar do distrito do Por-to iremos instituir o Prémio de Mérito Ambiental anual, dirigido a todos aqueles que nos ajudem na missão da recolha de lixos. Iremos ainda constituir uma rede social com preocupações ambien-tais, que irão desde a refloresta-ção, à recolha e tratamento de lixos, à limpeza e higiene urbana,

assim como a um plano de produ-ção de energia através de ener-gias renováveis”.

A VITÓRIA DE TODOS

Fernando Melo terminou a apresentação do programa para os próximos 4 anos, com a afirmação de que “a Vitória de todos tem que ser mais do que a vitória de um partido, mais do que a vitória de

um candidato, tem que ser a vitória de todos aqueles que querem viver melhor em Valongo.

E enfatizou: “É para isso que aqui estamos! Para continuar a dar aos valonguenses a qualidade de vida que merecem.

Alfena, Campo, Ermesin-de, Sobrado e Valongo preci-sam que continuemos o nosso trabalho. Juntos vamos con-seguir”.

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Equipa de Juniores da ADV, em 1962. A foto foi tirada por Fernando Queirós, fundador deste jornal

�Carlos Silva com Redacção

É seguramente a colectividade que mais longe levou o nome de Valongo. Referimo-nos à Associação Desportiva de Valongo (ADV), agremiação que tornou o concelho – até então apenas conhecido pela lousa e pela regueifa – um nome incontornável como potência do hóquei em patins. A ADV foi fundada em 1954, por um grupo de amigos de que se destacou João Lino Alves do Vale. No entanto só no ano seguinte, após a publicação dos Estatutos do Diário da Re-pública conforme legislação do estado Novo, é que o clube se tornou oficial.

Nessa altura a patinagem, modalidade então ainda pou-co divulgada no país, era praticada em eiras e pátios de fa-mílias normalmente abastadas até porque os patins, “aquela coisa esquisita”, eram importados do estrangeiro. Mas havia quem ultrapassasse essa dificuldade, inventando. Cortavam dois pedaços de tábua, do tamanho do pé e aplicavam-lhes rolamentos. Desenrascanços que funcionavam.

E portanto, o clube nasceu e ficou aberto a todos os es-tratos sociais. Fazendo um paralelismo com a agricultura, pode-se dizer que acabavam de lançar a semente e o terreno revelou-se tão fértil que não demorou a dar frutos que ultra-passaram, em muito, as melhores expectativas.

Atletas como Armindo Leal Fonseca, Joaquim Leal, Francisco Pires, Joaquim Navio, António Rodrigues Al-ves, carimbaram de forma indelével a marca “Valongo” numa modalidade que enchia Portugal de orgulho, pois – ao

Colectividades ilustres

Associação Desportiva de Valongo: insigne embaixadora de Valongo

contrário do que então sucedia no futebol, em que a Espa-nha nos cilindrava constantemente – finalmente surgia um desporto onde quem dava cartas éramos nós. E a ADV tri-lhava essa senda de êxitos, prestigiando Valongo ao paten-tear uma enorme capacidade de produzir talentos. Já com regras universais, começam a surgir estrelas que transfor-mavam aquele desporto numa verdadeira arte. Exemplos? Américo Moreira, José Nora, Manuel Pires, Camões, Ví-tor Francisco (guarda-redes), António Vale, Lino Gomes, António Aguiar; António Alves, Vítor Bruno e outros, se calhar com menos talentos, mas com o mesmo empenho quando envergavam a camisola verde escura da associação.

A ADV era tão forte que nunca temeu os confrontos com equipas como Benfica, Porto, Sporting, onde pontifi-cavam nomes como Livramento, Salema, Sobrinho, Cháná, Rendeiro, Ramalhetes, Cristiano, etc., que quando vinham jogar a Valongo traziam certezas de tudo, menos do resulta-do que tantas e tantas vezes lhes foram adversos.

E assim se construiu a fama que tornou Valongo, a ADV, numa referência do hóquei patinado nacional, com especial destaque para a formação. A sul, com características seme-lhantes destacava-se a Juventude Salesiana, ela também uma grande casa de formação.

Regressando à ADV, num passado recente, a selecção nacional júnior sagrou-se vice-campeã europeia, em Itália. E no seu elenco pontificavam cinco jogadores valonguenses (em 10 convocados).

De salientar que a ADValongo, foi a primeira equipa portuguesa a derrotar o portentoso Barcelona, no decorrer

de uma competição europeia onde, durante os anos, a ADV se passeou pela Europa, ostentando o nome desta terra.

Inesquecível também a noite em que Valongo se encheu de gente para recepcionar os heróis que foram à Alemanha eliminar o Iserlohn, por 6-3, quando eles cá tinham ganho por 7-6.

Estas vitórias, estes momentos de glória, faziam com que a modalidade se enraizasse ainda mais no sangue dos valonguenses.

É justo também lembrar homens como João Alves do Vale, Carlos Reis Figueira, António e Delfim Pires, José Costa, Francisco Barros, Eduardo Reis Figueira, Joaquim Paupério, António Ferreira, José Rafael e Ezequiel Russo, Álvaro Figueira, e tantos outros abnegados dirigentes desta ilustríssima associação e que ficarão para sempre ligados ao

História de dois amores

Francisco Pires foi guarda-redes da ADV e tem, no meio de muitos outros de compa-nheiros seus, um episódio que diz bem do amor que estes homens nutriam pela terra, pelo clube e pela modalidade: Francisco Pires, casou num sábado, corria o ano de 1964. Era suposto, após o enlace e a festa, partir em lua-de-mel. Mas não! Mal acabou o almoço de casamento, o Chico Pires largou noiva, família e convidados e rumou com a equipa à cidade do Porto onde defrontaram o sempre combativo Infante de Sagres, jogo que a ADV ganhou por três bolas a duas. E se a noiva pensava que final-mente partiriam para a viagem de núpcias, rapidamente perdeu as ilusões. Pires adiou de novo já que no dia seguinte, domingo, partiu para Lisboa com a equipa para jogar contra a CUF e novamente, no dia seguinte (segunda-feira) outro jogo, desta vez contra o Sintra. Três jogos em três dias. Após este fim-de-semana alucinante, re-gressou finalmente aos braços da mulher a quem dedicou então alguns dias de “exclusi-vidade”.Mas a senhora nunca teve ilusões: o Chico Pires tinha mesmo dois amores: ela e a AD Valongo. Até hoje.

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Valongo

clube, à sua história, à história desta terra. Neste particular do dirigismo da ADV é da mais elemen-

tar justiça destacar Carlos Figueiras que se revelou, durante anos a fio, o grande timoneiro e benemérito da associação. E o clube, feito de gente que tem na gratidão uma das suas características, decidiu eternizar este nome com um torneio anual denominado “Memorial Carlos Figueiras” que de resto irá acontecer neste fim-de-semana (26-27 de Setembro).

ACTUALIDADEPresentemente, progridem no pavilhão municipal 95 atle-

tas, que vão dos benjamins aos seniores. Todos sabemos que formação e competição, em qualquer

modalidade desportiva, não fica barato pelo que é sempre um enormíssimo sacrifício manter a ADV em actividade. Além das deslocações das equipas por este Portugal fora, há despe-sas como as inscrições e seguros dos atletas, e outras, mas so-bretudo de material, que no hóquei é caríssimo.

Com um orçamento que de muitas dezenas de milhar de euros (aproxima-se da centena de milhar) anuais, esta realidade obriga a um esforço enormíssimo dos dirigentes actuais para le-

var o “barco a bom Porto”. É claro que os autarcas sabem desta realidade e do enorme

contributo desportivo e cultural da AD Valongo. E vão aju-dando, do mesmo modo que algumas empresas; mas mes-mo assim, os tempos são difíceis.

A equipa sénior que disputa o campeonato nacional da 1ª Divisão, pelo que, além do espaço continental, tem deslocações à Madeira e Açores. Este ano, atingiu a Final Four da Taça de Portugal e o país pode ver, em directo, na televisão, um jogo muito competitivo, re-nhidamente disputado, entre a ADV e FC Porto. Aliás, o resultado – 2-3 – no prolongamento, atesta isso mes-mo.

PALMARÉS - 2 vezes vice-campeão nacional; 4 vezes campeão nacio-

nal da 2ª Divisão. 2 Presenças na Taça dos Campeões Europeus, onde atin-

giu a Meia-final e Quartos de Final respectivamente; 4 presenças na Taça CERS (Confederação Europeia Roller Skating); campeão Metropolitano de Juniores; Campeão Distrital de Seniores. Junte-se ainda as inúmeras vezes campeão de Juniores, de Juvenis e de iniciados; várias ve-

zes também vice-campeão nacional de infantis; inúmeras vitórias em torneios internacionais de jovens, e vitória nas Olimpíadas de Hóquei em Patins.

ÓRGÃOS SOCIAIS ACTUAIS - Presidente: João Carlos Paupério, Directores: Antó-

nio Rodrigues, Miguel Pinto, e João Almeida, responsáveis também pela equipa sénior.

Director dos escalões de formação: António Marques Moreira

PLANTEL SÉNIOR: Fábio Vieira e Nuno Ribeiro, Jorge Vieira, Francisco

Barreiros, João Marques, Miguel Viterbo, Nuno Rodrigues, atletas que transitam da época passada:

Jorge Alves, Tiago Pimenta e Rafael Almeida, ex-juniores. E finalmente Hugo Azevedo que regressa a Valongo, após três épocas em Barcelos.

Treinador: Paulo Pereira; treinador de guarda-redes: Carlos Silva; Preparador físico: Tiago Sousa; médico: Luís Pinheiro; fisioterapeuta: David Gui-marães; mecânico: Alberto Marques.

João Carlos Paupério, actual presidente da ADVManuel Pires, na recepção ao Sporting. Na foto, entre outros, pode ver-se Livramento