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ELEKTRO ELETRICIDADE E SERVIÇOS S.A ENDEREÇO: RUA ARY ANTENOR SOUZA, 321, CAMPINAS, JD NOVA AMÉRICA, CEP 13053-024 CONTRIBUIÇÕES AUDIÊNCIA PÚBLICA 003/2015 ELEKTRO ELETRICIDADE E SERVIÇOS S/A No presente documento, apresentamos as contribuições da Elektro a respeito da definição das quotas anuais da Conta de Desenvolvimento Energético CDE, com vistas ao ano de 2015, objetos da Audiência Pública nº 003/2015. 1. Proporção de Rateio para Recomposição da CDE 1.1. DISPOSIÇÕES LEGAIS A Lei nº 10.438/02, cujo artigo 13 dispõe sobre a CDE, contém determinação generalista sobre o critério de rateio das quotas a cargo das distribuidoras, para fins de custeio da conta. Diz o texto: Art. 13. Fica criada a Conta de Desenvolvimento Energético - CDE visando ao desenvolvimento energético dos Estados, além dos seguintes objetivos: (...) § 1º Os recursos da CDE serão provenientes das quotas anuais pagas por todos os agentes que comercializem energia com consumidor final, mediante encargo tarifário incluído nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão ou de

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CONTRIBUIÇÕES AUDIÊNCIA PÚBLICA 003/2015

ELEKTRO ELETRICIDADE E SERVIÇOS S/A

No presente documento, apresentamos as contribuições da Elektro a respeito

da definição das quotas anuais da Conta de Desenvolvimento Energético –

CDE, com vistas ao ano de 2015, objetos da Audiência Pública nº 003/2015.

1. Proporção de Rateio para Recomposição da CDE

1.1. DISPOSIÇÕES LEGAIS

A Lei nº 10.438/02, cujo artigo 13 dispõe sobre a CDE, contém determinação

generalista sobre o critério de rateio das quotas a cargo das distribuidoras, para

fins de custeio da conta. Diz o texto:

Art. 13. Fica criada a Conta de Desenvolvimento

Energético - CDE visando ao desenvolvimento

energético dos Estados, além dos seguintes

objetivos:

(...)

§ 1º Os recursos da CDE serão provenientes das

quotas anuais pagas por todos os agentes que

comercializem energia com consumidor final,

mediante encargo tarifário incluído nas tarifas de

uso dos sistemas de transmissão ou de

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distribuição, dos pagamentos anuais realizados a

título de uso de bem público, das multas aplicadas

pela Aneel a concessionárias, permissionárias e

autorizadas, e dos créditos da União de que

tratam os arts. 17 e 18 da Medida Provisória nº

579/2012.

§3º As quotas anuais da CDE deverão ser

proporcionais às estipuladas em 2012 aos

agentes que comercializem energia elétrica

com o consumidor final.

A redação dos citados §§ 1º e 3º foi introduzida pela MP nº 579/2012,

convertida na Lei nº 12.783/2013, alterando o texto original, que remetia os

valores às quotas estipuladas em 2001, mediante aplicação do mecanismo

estabelecido no art. 11, § 1º da Lei nº 9.648/1998, deduzidas em 2003,

2004 e 2005, dos valores a serem recolhidos a título da sistemática de

rateio de ônus e vantagens para as usinas termelétricas, situadas nas

regiões atendidas pelos sistemas elétricos interligados (art. 13, § 2º da Lei

nº 10.438/2002 – redação original).

Por conseguinte, o art. 11, § 1º da Lei nº 9.648/1998 estabelece uma

sistemática de rateio de ônus e vantagens decorrentes do consumo de

combustíveis fósseis para a geração de energia elétrica para usinas

termelétricas, situadas nas regiões abrangidas pelos sistemas elétricos

interligados, que iniciarem sua operação a partir de 6 de fevereiro de 1998,

sistemática esta prevista pelo art. 13, III da Lei nº 5.899/1973.

Assim, deve-se transcrever o art. 13, III da Lei nº 5.899/1973:

Art 13. A coordenação operacional, a que se

refere o artigo anterior, terá por objetivo principal

o uso racional das instalações geradoras e de

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transmissão existentes e que vierem a existir nos

sistemas interligados das Regiões Sudeste e Sul,

assegurando ainda:

(...)

III - que os ônus e vantagens decorrentes do

consumo dos combustíveis fósseis, para atender

às necessidades dos sistemas interligados ou por

imposição de interesse nacional, sejam rateados

entre todas as empresas concessionárias

daqueles sistemas, de acordo com critérios que

serão estabelecidos pelo Poder Executivo.

(Grifo nosso)

Por sua vez, o ato regulamentador do dispositivo acima, o Decreto nº

73.102/1973, com redação introduzida pelo Decreto nº 791/1993, prevê em seu

art. 34 que as quotas da CCC do Sistema Interligado serão recolhidas

considerando a proporção da energia elétrica vendida pelas concessionárias

conectadas, em todo ou em parte, ao sistema interligado Sul/Sudeste, que

distribuam energia elétrica diretamente aos seus respectivos consumidores

finais.

Apesar de revogado pelo Decreto nº 2.655/1998, as disposições sobre a

aplicação da sistemática do rateio de ônus e vantagens, decorrentes do

consumo de combustíveis fósseis para geração de energia elétrica, foram

mantidas em vigor, por força do art. 28, deste Decreto.

Assim, o rateio das quotas da CDE seguiu, desde então, a proporção prevista

para rateio aplicável à CCC do Sistema Interligado, qual seja, com tarifas (em

R$/MWh) 4,5 vezes superior nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, àquelas

nas regiões Norte e Nordeste.

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1.2. DA ALTERAÇÃO DE CRITÉRIOS

A questão a ser enfrentada é a possibilidade, ou não, de serem alterados

critérios de rateio da CDE, diante do que determina o §3º do artigo 13 da Lei nº

10.438/02.

De início, cumpre observar que a CDE sofreu sensível alteração em sua

destinação e custeio desde sua criação, conforme se observa da Tabela 1, a

seguir:

Tabela 1: Itens e critérios de rateios da CDE antes e depois da Lei 12.783.

Item

Critério de Rateio

Original

Itens que

compunham a

CDE antes da

Lei 12.783

Geradores por fontes incentivadas com

consumidor final Tarifas em R$/MWh

4,5 vezes superiores

nas regiões S/S/CO

àquelas cobradas nas

regiões N/NE

Proinfa - 2ª etapa

Carvão mineral

Universalização

Gasodutos

Subvenção baixa renda

Itens que

passaram a

compor a CDE

antes da Lei

12.783

CCC Isolada

Tarifas equânimes em

R$/MWh em todas as

regiões

Indenização pela reversão das concessões Receita de cada

concessionária (RGR)

Descontos tarifários Internalizados em cada

concessão

Itens contidos no Decreto nº 8.221/2014

Tais itens passaram a

existir apenas após a

Lei 12.783, sendo que

seu rateio se dará com

tarifas equânimes em

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R$/MWh em todas as

regiões

Obras Olimpíadas NA (passou a existir

após a Lei)

O Decreto nº 8.221/2014 define que alguns custos serão rateados a partir de

quotas da CDE, pagas por todos os agentes que comercializem energia com

consumidor final, mediante encargo tarifário, proporcional ao mercado cativo

das concessionárias de distribuição, incluído nas tarifas de energia elétrica, e

de repasses feitos pela União, na forma da lei, considerando o saldo de

recursos arrecadados em períodos anteriores.

Este é o caso da CDE analisada a seguir, que versa sobre os seguintes custos

introduzidos pelo Decreto nº 8.221/2014 ao rol de dispêndios da CDE: (i)

relativos à exposição involuntária das distribuidoras no mercado de curto prazo;

(ii) decorrentes do despacho de usinas termelétricas vinculadas a Contratos de

Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente Regulado - CCEAR, na

modalidade por disponibilidade de energia elétrica; e (iii) referentes à Conta no

Ambiente de Contratação Regulada - CONTA-ACR, conforme artigo 4º-C:

Art. 4º-C. Poderão ser repassados recursos da CDE

para:

I - cobrir os custos relativos à exposição involuntária

das concessionárias de distribuição no mercado de

curto prazo;

II - cobrir os custos adicionais das concessionárias

de distribuição relativos ao despacho de usinas

termelétricas vinculadas a Contratos de

Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente

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Regulado - CCEAR, na modalidade por

disponibilidade de energia elétrica; e

III - cobrir os custos relativos à Conta no Ambiente

de Contratação Regulada - CONTA-ACR, de que

trata o art. 1º do Decreto nº 8.221, de 1º de abril de

2014.

(...)

§6º Os recursos da CDE, para atender às

finalidades definidas no caput, serão provenientes

de quotas pagas por todos os agentes que

comercializem energia com consumidor final

mediante encargo tarifário, proporcional ao

mercado cativo das concessionárias de

distribuição, incluído nas tarifas de energia elétrica, e

de repasses feitos pela União, na forma da lei,

considerando o saldo de recursos arrecadados em

períodos anteriores.

Dessa forma, embora o §3º do artigo 13 da Lei 10.438, na redação dada pela

Lei nº 12.783, determine que se observe, no rateio das quotas,

proporcionalidade às estipuladas em 2012 para os agentes, é fato que a Lei fez

menção a um rateio concreto, que levou em consideração aspectos técnicos

concretos e que, em última análise, teve como fundamento o Decreto nº 73.102

/ 73.

Conclui-se, então, que a estipulação dos critérios possui feição

REGULAMENTAR e não legal em sentido estrito. E tal conclusão é reforçada

pelas disposições do §6º do artigo 4º-C do Decreto nº 8.221, que seria

inconstitucional caso se admitisse uma reserva legal absoluta, o que não nos

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parece razoável. Até porque, diga-se, a proporção original era estipulada em

Regulamento.

Não se deve imaginar que o legislador tenha desejado petrificar uma realidade

de fato, permeada de questões técnicas, e por isso mesmo pertinente à

regulamentação a cargo do executor da lei, ou seja, do Poder Executivo. A Lei

não fixou a proporção ou os critérios, quem o fez foi o regulamento.

Ademais, a possibilidade de alteração dos critérios de rateio inter-regionais se

mostra de rigor, justamente para permitir a plena vigência do artigo 28 da Lei nº

10.848, que é expresso ao exigir do Estado, como Ente Regulador, que

observe, em sua regulamentação “critérios e instrumentos que assegurem

tratamento isonômico quanto aos encargos setoriais entre os consumidores

sujeitos ao fornecimento exclusivo por concessionárias e permissionárias de

distribuição de energia elétrica e demais usuários, observada a legislação em

vigor”.

Dessa forma, e no intuito de propiciar, a um só tempo: (i) o cumprimento

harmônico entre as disposições das Leis n]s 10.438 e 10.848 bem como do

Decreto 8.221; e (ii) que não se perenizem formas de quotização da CDE que

lhe distorçam a real finalidade, acentuando um indesejável subsídio cruzado –

acerca do qual, poder-se-ia dizer, consistiria medida ilegal, frente ao art. 28 da

Lei nº 10.848, cuja eficácia deve ser entendida da forma mais ampla possível,

eis que guardião dos princípios da isonomia e da modicidade tarifária.

Entende-se pela possibilidade de alteração da metodologia de rateio da CDE

por meio de ato do Poder Executivo.

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2. Assimetrias de Custos de Parcela A

Como o próprio conteúdo da NT 14/2014-SGT/SRG/ANEEL dispõe, a definição

das cotas de CDE conforme proposto resulta em impactos desiguais entre as

distribuidoras, tendo em vista a manutenção da razão de 4,53 para 1 do custo

unitário para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste com relação ao custo

unitário das regiões Norte e Nordeste. O aumento tarifário médio esperado é de

19,97% para as distribuidoras do primeiro grupo e de 3,89% para as do

segundo.

Existe, contudo, uma série de outros itens de Parcela A que impactam as

distribuidoras de maneira assimétrica e que, quando vistas em conjunto, podem

intensificar tais diferenças.

Um desses itens é o dos custos relacionados à compra de energia de Itaipu.

Arcada somente pelas distribuidoras das regiões Sul e Sudeste, tal despesa

sofreu um incremento substancial em 2015, de forma a ser um dos principais

motivadores das Revisões Tarifárias Extraordinárias solicitadas pelas

distribuidoras neste ano (e cuja metodologia é objeto de discussão da

Audiência Pública nº 007/2015).

Além disso, o próprio portfólio de contratos de compra de energia das

distribuidoras sofreu alterações significativas a partir da Lei 12.783/2013, cujos

efeitos se fizeram perceber de maneira distinta entre distribuidoras diferentes.

A gênese dessa situação se encontra na alocação original das cotas de

garantia física e potência das usinas que aderiram à renovação das

concessões e a realocação de contratos feita concomitantemente. Além da

desproporcionalidade na alocação original das cotas, empresas que receberam

pouco lastro contratual nessa modalidade acabaram aumentando seu montante

de reposição, devido ao recebimento de mais lastro relacionado a contratos de

energia existente. Essas empresas tiveram que comprar bastante energia em

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leilões a preços elevados, tendo em vista a influência dos preços do mercado

de curto prazo, elevados devido à conjuntura hidrológica desfavorável.

Figura 1: Energia comprada nos leilões A-1/2013 e A/2014, em proporção ao mercado de cada

distribuidora.

Boa parte desses custos adicionais de compra de energia já foi incorporada às

tarifas, tendo sido responsáveis por boa parte dos índices de reajuste aplicados

em 2014.

Têm sido feitas algumas tentativas de correção desse tipo de assimetrias, a

exemplo da socialização da devolução dos recursos à Conta-ACR e da

redistribuição de cotas promovida pela Resolução Normativa nº 631/2014

Nesse último exemplo, apesar de ser buscada a proporção do mercado na

alocação a médio prazo, por não ter sido feito o rearranjo imediato das cotas,

as distribuidoras continuarão portando tais assimetrias nas suas tarifas durante

alguns anos.

Todos os custos elencados afetam as distribuidoras diferentemente, seja de

forma semelhante por regiões (CDE e Itaipu), seja de forma mais aleatória

(demais contratos de compra de energia). Esses efeitos podem até se

compensar em alguns casos, mas em outros eles ocorrem simultaneamente.

O que é comum a todos esses itens é a ausência de capacidade de

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

A-1/2013

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

A/2014

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gerenciamento por parte das distribuidoras, sendo que, sem ter dado causa,

uma distribuidora pode ter um valor de Parcela A artificialmente diminuto ou

elevado. Por consequência, de forma também aleatória, os clientes das

diversas áreas de concessão terminam por arcar de maneira assimétrica com

custos que, pela sua natureza, deveriam ser divididos de maneira mais

isonômica.

Tal situação pode ser amenizada com a adoção, no que tange à presente AP,

de alocação proporcional dos custos da CDE entre as distribuidoras

(eliminando-se a razão de 4,53 para 1 entre as regiões). A Figura 2, a seguir,

apresenta os valores unitários da Parcela A (em R$/MWh) para um conjunto de

distribuidoras dos dois grupos de interesse, sendo possível observar que a

adoção da proporção ao mercado conduz a resultados mais equânimes.

Figura 2: Custo médio da Parcela A de conjunto de distribuidoras considerando as diferentes

opções de rateio das cotas da CDE.

Portanto, em nome da redução das assimetrias relacionadas a custos não

gerenciáveis pelas distribuidoras e que ocasionam impactos desiguais para os

consumidores das diferentes áreas de concessão, defendemos que o rateio da

CDE seja feito considerando a igualdade de custos unitários para todas as

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

ELEKTRO D2(S/SE/CO)

D3(S/SE/CO)

D4(S/SE/CO)

D5(S/SE/CO)

D6 (N/NE) D7 (N/NE) D8 (N/NE) D9 (N/NE)

R$

/MW

h

Tarifas Médias (Parcela A)

Tarifa Média Último IRT Tarifa Média com CDE Proposta Tarifa Média com CDE Proporcional ao Mercado

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regiões do país.

3. Pagamentos e Recebimentos da CDE Subsídios Tarifários

Com a edição da Medida Provisória nº 579, de 2012, convertido na Lei 12.783,

de 2013, foi alterado o regime de formação e utilização dos recursos da CDE,

incluindo a partir de então a cobertura dos subsídios tarifários então contidos

nas tarifas de cada empresa.

Durante o ano de 2013 e até meados de 2014, tanto os subsídios tarifários,

incluído os referentes a politica de subvenção da Tarifa Social de energia

elétrica foram cobertos por recursos do Tesouro Nacional diretamente às

concessionárias e nos montantes à elas determinado pela ANEEL por

intermédio de Resoluções e/ou Despachos.

Sob o entendimento, em síntese, de que a subvenção econômica integra o

preço efetivo de circulação da mercadoria, portanto deve sofrer a incidência do

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), alguns Estados

da Federação vêm exigindo o recolhimento do imposto pelas concessionárias

de distribuição de energia elétrica, a saber:

SÃO PAULO - Anteriormente à edição do Decreto nº 7.891/2013, o

Regulamento1 local já continha dispositivo expresso a determinar a incidência

do imposto sobre as subvenções relacionadas à subclasse baixa renda.

Em resposta às consultas formuladas pelas empresas Distribuidoras do

Estado, a Secretaria de Estado da Fazenda (SEFAZ) de São Paulo afirmou

1 Decreto nº 45.490/00, artigo 12 do anexo XVIII (empresas de energia elétrica)

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expressamente ser o caso de incidência do tributo2, bem como sustentou a

adequação da regulamentação vigente para a sua arrecadação.

Mesmo tendo afirmado em momento anterior a suficiência da regulamentação,

o Estado de São Paulo editou, em outubro último, o Decreto nº 59.581, que

alterou a redação do artigo 12 do anexo XVIII do RICMS, aprimorando o

dispositivo para contemplar a arrecadação do imposto incidente sobre os

descontos das várias classes tarifárias.

Por fim, em 31 de janeiro de 2014 foi publicada a Portaria CAT nº 13 /2014,

que cuida de obrigações acessórias relativas ao imposto incidente sobre as

subvenções recebidas.

BAHIA – Em resposta a consulta formulada pela Distribuidora local, o Governo

Estadual emitiu, em 31 de outubro p.p., o Parecer Tributário nº 26.110/2013,

afirmando a incidência do imposto sobre o valor efetivamente recebido pelo

fornecimento de energia, nele incluída a subvenção recebida nos termos do

Decreto nº 7.8913. O referido parecer, além de afirmar a incidência do tributo,

destaca que o imposto é devido desde a primeira incidência dos descontos.

2 ICMS – ENERGIA ELÉTRICA – TARIFAS REDUZIDAS – VALOR REFERENTE À

SUBVENÇÃO TARIFÁRIA.

I. Qualquer valor pago ou creditado pelo poder concedente à concessionária de distribuição de energia

elétrica, decorrente de compensação devida por subvenção tarifária instituída, deve integrar a base de

cálculo do ICMS incidente sobre as respectivas operações relativas à circulação de energia elétrica

destinada aos consumidores atendidos a tarifas reduzidas, pois esse valor integra-se ao preço total da

energia elétrica objeto das correspondentes saídas (artigo 37, inciso I, e § 1º, item 1 do RICMS/2000).

II. Para fins de apuração e recolhimento do ICMS devido sobre o valor recebido a título de subvenção

econômica, deverão ser observados os procedimentos previstos no artigo 12 do Anexo XVIII do

RICMS/2000.

3 Ementa: “ICMS. BASE DE CÁLCULO. OPERAÇÕES COM ENERGIA ELÉTRICA. Subvenção

econômica aos consumidores finais referidos no art. 13 da Lei Federal nº 12.783/2013, e no art. 1º do

Decreto Federal nº 7.891/2013. O valor da operação, para fins de determinação da base de cálculo do

imposto, é o preço efetivamente recebido pelo fornecimento de energia”.

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Em razão de sua objetividade, transcreve-se o seguinte trecho do parecer:

“Nesse contexto, a apuração do ICMS devido pela

Consulente será o valor efetivamente cobrado e recebido

pela venda da mercadoria, isto é, será a soma do valor

cobrado diretamente aos consumidores finais através de

faturamento, e do valor subvencionado aos consumidores

finais e repassado pela ELETROBRÁS (art. 3º do Dec. nº

7.891/13) diretamente para a Distribuidora. Portanto, a

base de cálculo para apuração do imposto devido será o

preço cobrado pela tarifa normal, considerando que esta é

composta por duas parcelas, uma, paga diretamente

pelos consumidores finais integrantes das classes

beneficiadas e outra, representada pela subvenção

econômica, paga pelos cofres públicos diretamente ao

Distribuidor, complementando, assim, o valor da tarifa

normal.”

Anote-se que o Estado ressalvou da incidência do tributo os valores recebidos

a título de subvenção para a subclasse baixa renda.

PERNAMBUCO – Em 5 de junho de 2013 o Governo Estadual editou o

Decreto nº 39.459, que “Dispõe sobre o recolhimento do ICMS relativo ao

montante da subvenção econômica recebida em decorrência da concessão de

descontos incidentes sobre a tarifa de energia elétrica”.

RIO GRANDE DO NORTE – Em resposta a consulta formulada pela

Distribuidora local, o Governo Estadual editou a decisão nº 58/2013 – COJUP,

pela qual afirma a incidência do imposto sobre as subvenções recebidas pela

concessionária. Transcreve-se, por oportuno, o seguinte trecho da decisão:

“Fundamentada na legislação tributária do ICMS,

anteriormente exposta, informa-se a Consulente (sic) que

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o ICMS incide sobre o valor da operação de que decorra o

fornecimento de energia elétrica destinada as (sic)

classes de consumidores beneficiadas com redução de

tarifa, de que trata o Decreto nº 7.891/2013, portanto,

também integra a base de cálculo do imposto o valor

recebido pela Distribuidora a título de subvenção”.

MATO GROSSSO DO SUL – Em resposta a consulta formulada pela

Distribuidora que atende a maioria dos municípios do Estado, a Unidade de

Consulta e Julgamento da Superintendência de Administração Tributária emitiu

o Parecer UCJ nº 262 / 2013, afirmando a incidência do imposto sobre a

subvenção recebida pela Concessionária para reequilíbrio econômico dos

descontos tarifários previstos no Decreto nº 7.891/20134.

Em todos os citados Estados, seja pela solução de consultas ou pela edição de

Decreto, a incidência do ICMS retroagiu ao início da sistemática trazida pelo

Decreto nº 7.891.

As empresas concessionárias de distribuição de energia elétrica, em

consequência da citada exigência, vêm recolhendo aos cofres públicos

estaduais os montantes de ICMS incidentes sobre as subvenções recebidas, e

efetuando o respectivo repasse de tais importes aos consumidores.

Na definição das quatas anuias da CDE para o ano 2015, percebe-se que

todos os subísidios tarifários, inclusive àquele referentes a TSEE estão

considerados, serão recolhidos por cadaditribuidora e serão recuperados com a

aplicação das tarifas ao mercado final de cada conscessionária conforme rateio

previsto na legislação.

4 “(...) A subvenção econômica introduzida pelo Decreto nº 7.891/2013 constitui valor da operação de

energia elétrica com relação à classe de consumidores por ele beneficiados, e, nesse sentido, integra a base de

cálculo do ICMS”

Page 15: CONTRIBUIÇÕES AUDIÊNCIA PÚBLICA 003/2015 ELEKTRO ... · CONTRIBUIÇÕES AUDIÊNCIA PÚBLICA 003/2015 ELEKTRO ELETRICIDADE E SERVIÇOS S/A No presente documento, apresentamos as

ELEKTRO ELETRICIDADE E SERVIÇOS S.A ENDEREÇO: RUA ARY ANTENOR SOUZA, 321, CAMPINAS, JD NOVA AMÉRICA, CEP 13053-024

Nessa formatação, o consumidor ao pagar a sua fatura de energia, com a

inclusão da CDE, estará automaticamente recolhendo os impostos estaduais

pertinentes (ICMS) incidentes sobre a tarifa.

Num segundo momento a Eletrobras, como agente financeiro do conta CDE,

depositará para a distribuidora o montante de subsídios dessa empresa que

integrou a quota total.

As empresas então serão taxadas pelas fazendas estaduais e cobrarão essa

diferença dos consumidores afetados pelos subsídios, inculsive àqueles

enquadrados como “baixa renda”.

Entndemos que ao procedermos isso estamos prejudicando uma parte muito

grande do mercado, mais intensamente aqueles que menos consomem, quais

sejam os cleientes beneficiados pela TSEE.

Dessa forma solicitamos que quando do recolhimento da cota à CDE, seja

excluido o valor a receber relativo aos susídios.