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CONTOS MODERNOS E LEITURA DISCURSIVA: A LÍNGUA NA HISTÓRIA

Autora: Marlene Pacheco Kinach 1

Orientadora: Dra. Maria Cleci Venturini2

RESUMO

A leitura é a porta de entrada para o mundo e para a vivência em sociedade e a medida que o contato da criança vai se ampliando e ela vai crescendo são necessários novos mecanismos de comunicação com o mundo que a cerca e todos os recursos audiovisuais que existem. Sons, placas, letreiros e outdoors são estímulos para a comunicação e a criança inserida nesse contexto precisa se apropriar do aprendizado e adquirir as técnicas da leitura. A proposta de inserção dos contos no Ensino Fundamental, voltada para a análise do discurso para um trabalho diferenciado para a leitura, optando-se por contos com um tom de humor para motivar os alunos para a leitura e para o aprendizado. Os objetivos da pesquisa são contribuir para a formação de leitores críticos e motivados, desenvolvendo a prática da análise do discurso e trabalhando a capacidade de compreensão e interpretação durante a leitura, tendo como instrumento os contos e, ampliar a competência leitora dos alunos de uma turma de 7º ano do Ensino Fundamental, com a inserção dos contos na disciplina de Língua Portuguesa. O trabalho caracterizou-se como uma pesquisa-ação de abordagem qualitativa, com revisão bibliográfica e pesquisa de campo sendo que para realização desse trabalho, serão selecionadas algumas obras inseridas no gênero “Contos”, optando-se pelos contos modernos como base para o desenvolvimento teórico e prático deste trabalho. O material elaborado priorizou o tema contos modernos e foi todo desenvolvido e adaptado para o nível dos alunos para atender os objetivos propostos para essa pesquisa.

Palavras-Chave: Leitura. Contos Modernos. Língua Portuguesa.

1 INTRODUÇÃO

A leitura é a porta de entrada para o mundo e para a vivência em sociedade.

Quando a criança nasce, ela já inicia a comunicação para ter contato com a família

e com o mundo como um todo. A fala é um dos primeiros mecanismos de

1 Especialista em Língua Portuguesa , graduada em Letras Português/Inglês, professora da Rede Estadual de ensino do Colégio Estadual Francisco Ramos – Guamiranga-PR. 2 Docente do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Centro Oeste/ Campus de Guarapuava – UNICENTRO.

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comunicação e a criança, por meio do balbucio de sílabas e palavras, sons e

vocábulos inicia o contato e a busca do entendimento com os que a rodeiam.

A premissa que sustenta nossas reflexões é o fato de que o sujeito é um ser

de linguagem, portanto apto ao discurso, segundo Pêcheux (1997), “efeito de

sentido entre interlocutores”. Pela entrada no mundo da linguagem e pela inserção

em uma formação social a criança vai ampliando seu universo comunicacional e de

conhecimento, independentemente da escola, na qual tem início a fase escolar e a

de mecanismos que disciplinam a comunicação com o mundo que a cerca, dando

relevo aos recursos audiovisuais, dentre eles, sons, placas, letreiros e outdoors, que

a criança, enquanto sujeito deverá ler/interpretar/compreender.

Na perspectiva discursiva, entende-se que a leitura é uma prática social e se

dá a partir de sujeitos que convivem em uma mesma formação social. É por isso,

que não pode ser pensada a partir de individualidades e nem como competência.

Isso nos autoriza a questionar e a perguntar incessantemente: o que é leitura?

Nesse contexto, e ressaltando a sua importância como prática social que

como promove os sentidos de pertencimento a uma dada cultura é que a

significamos como processo, pelo qual o sujeito se apropria dos bens culturais e

sociais que permeiam o espaço de vida social. Diante disso, entendemos que a

função da escola é ajudar para que os alunos se posicionem como sujeitos e

percebam que as materialidades que circulam no espaço em que vivem constituem

efeitos de sentidos que legitimam o funcionamento do social e do político e que é

importante que ele seja capaz não só de ler, mas também de interpretar e de

compreender toda e qualquer materialidade, desde bulas de remédios, panfletos

informativos até os textos literários, em nosso projeto, os contos modernos.

Propomos, então, abordar a leitura dos contos modernos pelo enfoque da

Análise de Discurso, que trabalha no entremeio (entre disciplinas), buscando

preencher o que é deixado de lado pelas demais disciplinas. De acordo com Orlandi

(2004), falar em interdisciplinaridade é transformar uma disciplina em instrumento da

outra e isso seria reduzir o processo e esquecer o trabalho da memória.

Nesse sentido, tanto o professor, como o aluno são sujeitos e como tais se

inscrevem em formações discursivas, as quais de acordo com Pêcheux (1997, p.

160) determinam o que se pode ou deve dizer. Assim, pela minha inscrição da

formação discursiva de professora de Língua Portuguesa na Educação Básica,

sempre me preocupei em ampliar e aperfeiçoar a competência comunicativa dos

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educandos, tanto na leitura quanto na produção oral e escrita. Procurei desenvolver

essas habilidades, solicitando aos alunos que praticassem atividades orais e escritas

de forma intensa, criativa e crítica, aplicando sempre dinâmicas sugestivas para

motivar nos alunos a ampliação do conhecimento de forma interdisciplinar, que

considere a memória.

Talvez essa inscrição tenha feito com que esquecesse que os alunos também

são sujeitos e, por isso, inscrevem-se em formações discursivas que determinam

suas leituras e os sentidos que sempre podem ser outros, independentemente da

escola como um espaço de formação de leitores. Conforme as Diretrizes

Curriculares da Educação Básica do Paraná – Língua Portuguesa (2008, p. 55):

A ação pedagógica referente à linguagem [...] precisa pautar-se na interlocu-ção, em atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a produ-ção oral e escrita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes situações.

A proposta de inserção dos contos no Ensino Fundamental, dentro da prática

da análise de discurso inscreve-se como um trabalho diferenciado para a leitura, que

pressupõe não somente a leitura, mas também a interpretação e a compreensão de

contos, optando-se por contos com um tom de humor para possibilitar que os

sujeitos-alunos vejam o humor como uma forma de criticar e/ou legitimar o

funcionamento de práticas sociais. Nesse sentido, é importante que se destaque que

há diferenças entre ler, interpretar e compreender.

Orlandi (2004) diz que a leitura se dá em três níveis, o primeiro é aquele em

que o sujeito decifra, lendo apenas o que está escrito, sem adentrar aos sentidos. O

segundo nível, o da interpretação possibilita a leitura também dos não-ditos, dados

pelas condições de produção. O terceiro nível, o da compreensão, envolve as

condições sócio-históricas e a memória, ou seja, os discursos que retornam e que

possibilita ver a materialidade textual em sua historicidade, dada pela relação da

língua com a história.

A escolha dos contos para esse trabalho, centrado nos pressupostos teóricos

da Análise de Discurso, justifica-se porque essa teoria prioriza a leitura como prática

centrada em sujeitos. A língua com que trabalha é aquela passível da falta e da

falha, não aquela fechada e homogênea significada como sistema, tal como

preconizou Saussure. O que se pretende é que a leitura deixe de ser um fardo e se

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torne mais significativa. Entendemos que isso pode acontecer se os alunos forem

significados como sujeitos capazes de ler/interpretar/compreender, transcendendo

a linearidade do texto e, a partir disso, alcançando também o que está fora dele.

Com isso poderão entender que as palavras, como diz Pêcheux (1997, p.

161), não possuem um sentido literal, posto que significam pela inscrição em

formações discursivas do que se pode dizer que os sentidos sempre podem ser

outros e um mesmo texto pode significar diferentemente, dependendo da inscrição

de sujeitos a formações discursivas.

O objetivo dessa pesquisa foi trabalhar os contos modernos, como textos

resultantes de processos que se realizam a partir de sujeitos, que ao escrevê-lo

fazem-no de um determinado lugar, sinalizando que a leitura é uma prática, pois

considera as condições de produção e o trabalho da língua na história.

A implementação foi realizada ao longo do primeiro semestre de 2013, no

Colégio Estadual Francisco Ramos, no município de Guamiranga – PR, com os

alunos do 7º ano do Ensino Fundamental. Para o trabalho de intervenção, além

do levantamento bibliográfico com intuito de buscar subsídios teórico-metodológicos

e com a unidade didática, preparada para a intervenção. Para realização desse

trabalho foram selecionados contos, optando-se pelos contos modernos como base

para o desenvolvimento teórico e prático da intervenção didática.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 ANÁLISE DE DISCURSO

O trabalho com a leitura deve ser uma continuação da leitura que

aprendemos a fazer da vida desde que nascemos e vamos construindo o

conhecimento. Desse modo, cada um de nós é capaz de pensar, aprender, ensinar,

criar e fazer leituras da vida e do mundo. No entanto, essa é uma prática social e,

por isso, envolve sujeitos que se inscrevem em posições sociais, as quais

determinam o que pode e deve ser dito.

Portanto, para se formar leitores não basta que os sujeitos saibam ler, é preci -

so que eles se posicionem e busquem não os conteúdos dos textos, o que se consti -

tuiria em uma habilidade. Na perspectiva discursiva, ler significa pensar na língua

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em funcionamento e nos efeitos de sentidos que se instauram e envolvem a ideolo-

gia e o funcionamento da língua na história. Orlandi (2010, p. 05) destaca que:

É na análise de discurso, na qual se pensa a relação entre a ideologia e a linguagem. Toma-se assim a relação língua/sujeito/história, e introduz-se o objeto discurso como observatório para compreender como a materialidade específica da ideologia é o discurso e a materialidade específica do discurso é a língua. Este objeto, o discurso, por sua vez, inaugura um modo de ob-servar-se a constituição do sujeito e do sentido no confronto do político com o simbólico, quando se pensa essa materialidade.

A Análise de Discurso interessa- se pela linguagem, pela língua, mas não se

atém somente a isso. Como o seu objeto é o discurso, a sua preocupação é com o

homem falando, se comunicando e se constituem como um ser de linguagem.

Orlandi (2010, p. 06) diz que:

A análise de discurso concebe a linguagem como mediação necessária entre o homem e a realidade natural e social. Essa mediação, que é o discurso, torna possível tanto a permanência e a continuidade quanto o deslocamento e a transformação do homem da realidade em que ele vive. O trabalho simbólico do discurso está na base da produção da existência humana.

Esse trabalho dentro da leitura na escola leva o aluno a buscar novas

interpretações dentro de um texto, valorizando o contexto de produção e a ideologia,

pela qual se constituem evidências de que o sentido é somente um. Segundo

Orlandi (2007, p. 15):

A Análise de Discurso, como seu próprio nome indica, não trata da língua, não trata da gramática, embora todas essas coisas lhe interessem. Ela trata do discurso. E a palavra discurso, etimologicamente, tem em si a idéia de curso, de percurso, de correr por, de movimento. O discurso é uma palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando.

Na Análise de Discurso, a compreensão da língua vai muito além da

gramática, pois considera toda a significação da linguagem. A língua deixa de ser

concebida como um sistema abstrato e adquire significação à medida que funciona

como mediação nas relações sociais e históricas presentes nos textos, que serão

lidos/interpretados e compreendidos pelos alunos, enquanto sujeitos. Para a Análise

de Discurso, de acordo com Orlandi (2001, p. 19),

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a) A língua tem sua ordem própria mas só é relativamente autônoma (distinguindo-se da Linguística, ela reintroduz a noção de sujeito e de situação na análise da linguagem;b) A história tem seu real afetado pelo simbólico (os fatos reclamam sentidos);c) o sujeito de linguagem é descentrado pois é afetado pelo real da lingua e também pelo real da história, não tendo o controle sobre o modo como elas o afetam. Isso redunda em dizer que o sujeito discursivo funciona pelo inconsciente e pela ideologia.

O discurso é uma produção social que envolve o sujeito interpelado pela

ideologia e atravessado pelo inconsciente e isso significa a inscrição em posições

dentro da formação social. Essas posições determinam o dizer e também a leitura,

de modo que o texto, enquanto materialidade, e o sentido a que encaminha é,

muitas vezes, determinado pelas instituições, que gerenciam o que deve/pode ser

lido. Diante disso, se pode dizer que a função da escola é desmanchar esse

funcionamento, esclarecendo aos sujeitos-alunos sobre esse funcionamento. O que

pode fazer é mostrar que o discurso, pode ajudar na manutenção e reprodução de

determinadas situações, especialmente aqueles que legitimam a divisão na

sociedade em classes, acentuando as diferenças e aprofundando a exclusão social.

Orlandi (1987, p. 20) destaca que:

O que caracteriza a relação entre discurso e texto é o seguinte: eles se equivalem, mas em níveis conceptuais diferentes. Isso significa que o discurso é tomado como conceito teórico e metodológico e o texto, em contrapartida, como o conceito analítico correspondente.

Considerando o texto como objeto de estudo que constitui a AD é o discurso,

sendo uma unidade significativa visto que através dele, é possível tanto a

permanência do homem na realidade, a qual está inserido quanto a sua

transformação. Desta forma, é inconcebível analisar um discurso desconsiderando

as condições de produção, pois estas estão interligadas com a constituição do

discurso e do seu sentido.

O sentido é assim uma relação determinada do sujeito – afetado pela língua – com a história. É o gesto de interpretação que realiza essa relação do sujeito com a língua, com a história, com os sentidos. Esta é a marca da subjetivação e, ao mesmo tempo, o traço da relação da língua com a exterioridade: não há discurso sem sujeito. E não há sujeito sem ideologia. Ideologia e inconsciente estão materialmente ligados (ORLANDI, 2007, p. 47).

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O sentido de um enunciado depende das condições sócio-históricas e da

inscrição do sujeito em formações discursivas, que determinam o que ele pode/deve

dizer. As condições de produção do discurso também estão relacionadas com as

relações de poder e de lugar ocupado pelo sujeito do discurso e pelos interlocutores.

Portanto, quando se consideram as condições de produção do discurso constituem-se

evidências de que na base dos processos discursivos, além da materialidade simbólica, há

também uma materialidade histórica, formada pelas relações sociais de uma determinada

formação social, em meio às quais os sujeitos históricos trabalham a formulação da sua

práxis discursiva.

2.2 TEXTO E DISCURSO

Considerando que o ensino de Língua Portuguesa deve apresentar uma pro-

posta metodológica que traga para sala de aula um ensino contextualizado, visando

a ampliação da linguagem oral e escrita é que se propõe que o objeto de ensino da

Língua Portuguesa seja o texto e que este encaminhe para discursos.

O trabalho com o texto traz um novo olhar na disciplina de Língua Portuguesa

mudando a concepção do trabalho educativo fragmentado, partindo de letras, síla-

bas e palavras, valorizando o contexto. Ao se trabalhar o texto, é importante valori-

zar a interdiscursividade que contribui para a sua interpretação e compreensão. Or-

landi (2001, p. 70) explica que:

Os textos individualizam – como unidade – um conjunto de relações signifi-cativas. Eles são assim unidades complexas, constituem um todo que resul-ta de uma articulação de natureza lingüístico-histórica. Todo texto é hetero-gêneo: quanto à natureza dos diferentes materiais simbólicos (imagem, som, grafia, etc); quanto à natureza das linguagens (oral, escrita, científica, literária, narrativa, descrição, etc); quanto às posições do sujeito.

Na prática da língua, o texto, independente de ser oral ou escrito, envolve um

fenômeno de produção, e para isso o aluno deve compreendê-lo, não somente como

uma unidade linguística comunicativa básica, como define Costa Val (2008), mas

como uma prática permeada pela ideologia, a qual de acordo com Pêcheux faz com

que indivíduos se constituam em sujeitos.

Na perspectiva da Linguística Textual, o texto é uma manifestação lingüística

com capacidade de comunicação, uma linguagem em uso que estabelece uma rela-

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ção entre locutor e interlocutor. Desse modo, o texto possui um caráter comunicati-

vo, que envolve as intenções do produtor, as imagens mentais do interlocutor dentro

do discurso. Costa Val (2008) explica que o texto é uma unidade semântica, desse

modo destaca que para ser texto precisa ser percebido pelo recebedor com toda a

sua significação, com coerência, como uma unidade formal voltada para a comuni-

cação. Para isso exige-se padrões de textualidade que envolvem a análise cognitiva

do texto, considerando que um dos principais fatores que são responsáveis pela tex-

tualidade, são a coesão e da coerência. No entanto, não é com essa perspectiva

que vamos trabalhar.

Já a perspectiva discursiva vê o texto como uma dispersão do sujeito,

conforme destaca Orlandi (2001, p. 70) para a qual

[...] o discurso, por princípio, não se fecha. É um processo em curso. Ele não é um conjunto de textos mas uma prática. É nesse sentido que consideramos o discurso no conjunto das práticas que constituem a sociedade na história, com a diferença de que a prática discursiva se especifica por ser uma prática simbólica.

A análise de discurso não está interessada no texto como objeto final de sua

explicação, o texto é uma unidade imaginária que encaminha para discursos. Nesse

sentido, Orlandi (2001, p. 72) destaca que “o trabalho do analista é percorrer a via

pela qual a ordem do discurso se materializa na estruturação do texto (e a da língua

na ideologia). Isso corresponde a saber como o discurso se textualiza”.

Na sala de aula, considerando o texto como unidade da análise do discurso,

os efeitos de sentidos decorrem das condições de produção, pelas quais ocorre a

representação da linguagem, sendo uma oportunidade de trabalhar o jogo de

sentidos e o funcionamento da discursividade. Na análise de discurso, não se toma

o texto como ponto de partida. Ele é só uma peça da linguagem de um processo

discursivo mais abrangente, sendo um exemplar do discurso.

2.3 A LEITURA E INTERPRETAÇÃO DOS CONTOS

A escola deve trabalhar a leitura dentro dessa perspectiva, trazendo o texto

como unidade imaginária de análise, permeada pelo simbólico e que é objeto de

interpretação. Desse modo, o texto é a materialidade do discurso produzido pelo

sujeito, interpelado pela ideologia e atravessado pelo inconsciente.

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A leitura em uma acepção mais ampla, pode significar atribuir sentidos ao que

quer que seja, já na análise de Discurso a leitura é delimitada pela idéia de interpre-

tação e de compreensão, com processos de instauração de efeitos de sentidos. Ler

não é apenas observar um texto como um produto final, mas vê-lo em toda a sua to-

talidade, como prática social. Orlandi (1987, p. 2002) diz que

Em relação a um mesmo texto, há leituras possíveis hoje e que não seriam em outras épocas. Isso nos mostra que a ação do contexto abrange mais do que fatores imediatos de comunicação, em sua situação momentânea. E nos indica também que as bastante complexos.

A partir dessa abordagem, a leitura pode ser compreendida como uma prática

social, em que o sujeito se inscreve em formações discursivas e o sentido depende

do processo sócio-histórico, tendo em vista que cada leitura reflete o seu tempo.

Deve-se considerar também que diferentes leituras a partir de um mesmo texto são

possíveis, porque estão na base da materialidade do texto.

Orlandi (1988, p. 104) explica que o leitor, “na produção de leitura, entra

com as próprias condições que o caracterizam sócio-historicamente. Ele terá

sua identidade de leitura configurada pelo seu lugar social”. Dessa forma, per-

cebe-se que a proposta de trabalho com contos que estão presente em nosso dia-a-

dia e, de modo intrínseco fazem parte das formações sociais, considerando o fato de

que ao contarem histórias, repassarem situações vividas dentro do seu contexto his-

tórico-social.

Assim, os contos são diversificados na sua temática e fecundos na sua

produção e caberá ao professor buscar alternativas para inserir o trabalho com

contos dentro do planejamento para disciplina de Língua Portuguesa visando

contribuir para o processo de ensino-aprendizagem.

2.3.1 A LEITURA SILENCIOSA

É importante pensar, em relação à leitura, no silêncio que a constitui e que faz

parte do sentido, à medida que o silêncio não significa como implícito, com o que

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fica sem dizer, mas com os sentidos do que não está dito, mas ressoa. Orlandi

(2002, p. 13) diz que

O silêncio é assim a “respiração” (o fôlego) da significação; um lugar de recuo necessário para que se possa significar, para que o sentido faça sentido; reduto do possível, do múltiplo, o silencio abre espaço para o que não é “um”, para o que permite o movimento do sujeito.

Diante disso, pode-se pensar no silêncio como a possibilidade de mais de um

sentido. Ainda em relação a isso, a autora pensa no silêncio como o não dizer e tam-

bém como a política do silenciamento, ou seja, o não dizer porque se é proibido.

Isso possibilita analisar contos nos quais a ditadura militar esteve presente e, os su-

jeitos estavam impedidos de falar. Com isso, eles desenvolveram modos de dizer,

sem dizer, utilizando-se de metáforas, por exemplo. Orlandi (2002, p, 35) diz que a

grande contribuição da análise do discurso está na observação dos modos de cons-

trução do imaginário necessário na produção dos sentidos. Diz ainda que

A linguagem supõe pois a transformação da matéria significante por excelência (silêncio) em significados apreensíveis, verbalizáveis. Matéria e formas. A significação é um movimento. Errância do sujeito, errância dos sentidos (ORLANDI, 2002, p. 35).

Assim a leitura deixa de ser vista como uma recriação para ser compreendida

como instauradora de efeitos de sentidos, considerando os aspectos sócio-históricos

e um trabalho singular de sentidos.

3. METODOLOGIA E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

O trabalho caracteriza-se como uma pesquisa-ação de abordagem qualitativa,

com revisão bibliográfica e pesquisa de campo. Os contos fazem parte do cotidiano

de muitas gerações, trazendo para a sala de aula textos de qualidade que foram

produzidos dentro de um contexto sócio-histórico e que possibilita reflexões e

discusões, trazendo à tona diversos enfoques e que contribuam trabalhar a leitura

como prática. Para que o sujeito- aluno veja na prática, que a língua não é

transparente e que na linearidade do texto ressoam discursos que circularam antes,

em outros tempos e que contribuem para a interpretação.

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Na prática, por meio da pesquisa-ação, foram trabalhados contos tradicionais

e contos modernos para interpretação e compreensão, de forma a promover um

aprofundamento e a integração das práticas de leitura buscando mostrar que a

leitura envolve a língua na história e como tal os sentidos dependem da ideologia em

funcionamento e, também, do inconsciente. Assim, o que se pode ver é se os alunos

apenas decifram os textos ou se vão além e pensam no que não está no texto, mas

significa nele, especialmente o que é silenciado, ou seja, os não-ditos.

O material pedagógico de apoio para implementação do projeto foi todo

confeccionado pela pesquisadora e servirá para trabalhar os contos no ensino

fundamental como instrumento norteador para o trabalho em sala de aula. O

material elaborado prioriza os contos modernos e foi desenvolvido e adaptado para

o nível dos alunos para atender os objetivos propostos para esse projeto.

Além disso, o trabalho visava despertar a prática da leitura utilizando os

contos e propondo atividades que proporcionem a reflexão em torno dos contos e

das sociedades em que circularam, envolvendo também a autoria, a partir de

pesquisa de quem é o autor e de suas filiações. É importante que se defina as

características que o diferenciam de outros textos. Dessa forma a primeira atividade

que será realizada é uma pesquisa sobre “o que é conto?”, será feita

individualmente e com pesquisa no laboratório de informática, posteriormente

apresentada para os colegas, onde o professor resgatou os pontos principais das

pesquisas no quadro de giz.

Durante o processo de leitura, o material pedagógico produzido oportunizou o

contato dos alunos com o texto para posterior trabalho de análise, interpretação e

compreensão. A questão norteadora para esse trabalho foi o questionamento aos

alunos sobre a estrutura do conto e o sobre o contexto sócio-histórico presente nele.

Isso possibilitou que se perceba que os sentidos dependem das condições de

produção.

Outra atividade interessante foi a transposição da situação, que envolve o

conto para a atualidade, ou seja, para a situação sócio-histórica que envolve os

sujeitos alunos. Com isso se mostra que a posição ocupada pelo sujeito, tanto leitor

como autor, é determinante para o sentido, resgatando sobre os contos lidos pelos

alunos e assistindo o filme “A menina que odiava livros”

.A inserção da música em sala de aula também foi uma estratégia utilizada,

trabalhando com os alunos a composição “Beijo, beijinho, beijão”, em que os alunos

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foram questionados sobre o que é beijo e na sequencia foi abordada a correlação do

tema da música com o tema do conto “Primeiro Beijo”, da autora Clarice Lispector e,

também o texto “Hoje é o dia do beijo”, onde discute-se aspectos atuais referentes

aos malefícios e benefícios sobre o beijo.

Na seqüência, foi entregue para os alunos o conto “Beijos Mágicos”, de Ana

Maria Machado e o professor fez a leitura do conto e após a leitura foi realizada uma

análise do mesmo com questionamentos, trazendo a discussão para a realidade dos

sujeitos-alunos, podendo solicitar que eles se coloquem na posição do autor e a

partir dessa posição transformem a problemática desenvolvida.

A proposta foi trazer temas da atualidade para sala de aula, apresentando

também o vídeo “A fábula da corrupção” e o texto “Diga não a corrupção”, com

posterior produção de textos dentro dessa temática.

Os textos produzidos foram disponibilizados na biblioteca da escola e

poderão ser lidos pelos demais alunos da escola. Entendemos que o

desenvolvimento e aplicação do projeto de Contos: leitura e exterioridade nas

classes de ensino fundamental foram fundamentais para compor os resultados

dessa pesquisa que serão apresentados a seguir.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕESO conto na sala de aula: O Primeiro Beijo - Clarice Lispector

O trabalho com contos, dentro da proposta da leitura discursiva, teve como

tema para assuntos com interesse no universo adolescente, como por exemplo, o

beijo. A escolha do vídeo “A Menina que Odiava Livros” contribuiu para motivar os

alunos a adentrar ao mundo da leitura, utilizando como estratégia um desenho

animado para motivar a discussão sobre a importância da leitura é significativa da

matriz curricular.

A discussão foi importante pois os alunos construíram a relação entre leitura e

conhecimento e puderam participar de diferentes estratégias, como a utilização da

música (“Beijo Beijinho Beijão”, de Adriana Calcanhoto) em sala de aula, como fonte

de aprendizado.

Além de conhecer a melodia e cantar os alunos puderam trabalhar com a letra,

apreciando e identificando os elementos que compõem as estrofes da composição.

Diante disso, a realização do questionamento oral sobre “tipos de beijos” existentes,

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trouxe para sala de aula um tema abordado de maneira natural, considerando que

faz parte do cotidiano em que estão inseridos e ao universo adolescente. O que

chamou a atenção foi a relação que os alunos fizeram do beijo com a questão de

gênero, deixando de lado o elemento beijo como afeto, carinho entre amigos ou

parentes.

Os comentários realizados foram heterogêneos, assim abordaram que muitos

já tiveram o seu primeiro beijo e outros a incerteza da chegada do mesmo. Muitos

alunos relacionaram o conto com a música “Beijo, beijinho, beijão” e mostraram que

o conto trazia particularidades significativas em relação a composição. A partir dos

questionamentos pôde-se direcionar o trabalho para um texto de apoio sobre os

benefícios e malefícios sobre o beijo, destacando as doenças que podem ser

adquiridas através do beijo.

A opção de iniciar o trabalho com contos pela compreensão do que é um

conto, utilizando como recurso a pesquisa no laboratório de informática em sites

didáticos selecionados antecipadamente pelo professor foi importante para que os

alunos participassem da descoberta sobre os contos, onde os alunos foram capazes

de construir uma definição conceitual de conto.

A inserção de contos de escritores de renome, como “O Primeiro Beijo” de

Clarice Lispector para leitura foi um momento de aproximação do aluno com a

literatura. Antecipadamente a leitura do conto foram abordadas algumas

características biográficas da autora Clarice Lispector, nesse momento os alunos

apresentaram interesse em conhecer mais sobre a autora do conto que fariam a

leitura.

O incentivo ao uso do dicionário em sala de aula para identificar e conhecer

termos e palavras encontradas no conto que não eram conhecidos pelos alunos foi

uma atividade que trouxe resultado satisfatório. Foi possível perceber que os alunos

apresentam dificuldades na apresentação das ideias, tendo em vista que oralmente

a expressividade torna-se mais significativa diante da escrita. A leitura de imagens foi um excelente recurso utilizado para relacionar o tema

trabalhado e, portanto, foram levadas imagens de obras de artes visuais, tendo com

temática o beijo, trabalhando as obras de Chagall e Brancusi. O incentivo a

descoberta e a pesquisa para que os alunos trouxessem outras referências a fim de

relacionar com a temática trabalhada teve a adesão de todos os alunos sendo que

trouxeram poemas, poesias, músicas, pinturas, entre outros.

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O trabalho interdisciplinar proposto, trabalhando a discussão em sala de aula

em torno das alterações na definição de família onde os alunos fizeram recortes de

jornais e revistas com fotos de famílias diferentes, onde não necessariamente

estavam presentes todos os membros ditos convencionais: famílias compostas pelo

pai, mãe e filhos; famílias compostas por pai e filhos; famílias compostas por dois

pais ou duas mães e filhos; avós e netos, contribuiu para conhecer melhor os alunos

e perceber que existe resistência na receptividade das composições de famílias

homossexuais, porém argumentou-se que esta é uma nova característica da

sociedade contemporânea e que devemos estar suscetíveis na mudança de

pensamentos.

O trabalho com o conto “Beijos mágicos” de Ana Maria Machado aconteceu de

forma bastante esperada pelos alunos, pois já se sentiam familiarizados com a

temática. Entre os elementos citados apareceram análises de que o conto enfoca a

presença da felicidade fora de uma estrutura familiar dita convencional, pois alguns

alunos se identificaram com o texto e foi proposta a produção de uma cena partindo

do conto. O entusiasmo e a interação entre os alunos, saindo da rotina da sala de

aula para uma nova leitura do conto, integrou os alunos e contribuiu para

desenvolver sua capacidade criativa e artística.

A aproximação do conto “Beijos mágicos” com contos de fadas, tendo como

mote fragmentos retirados do próprio texto, onde os alunos compararam e

relacionaram o conto com alguns contos de fadas populares (“Branca de neve”,

“Bela Adormecida”, “Rapunzel”, entre outros).

A oportunidade de discutir temas do cotidiano do aluno foi ampliada com o

desenho animado “A Fábula da Corrupção”, relacionado a questão da corrupção

está presente no dia-a-dia dos alunos. Com essa atividade foi introduzido o conto “O

Santinho”, do autor Luiz Fernando Verissimo e feita a leitura individual e após leitura

oral coletiva. O conhecimento sobre a biografia do autor e a relação do conto “O

Santinho” com a fábula “O lobo e o cordeiro”, gerou uma discussão referente as

formas de manipulação e poder existentes na sociedade atual. Os alunos trouxeram

exemplos da própria cidade, tendo como exemplo as autoridades legislativa e

executiva do município.

Por meio da discussão foi possível direcionar o trabalho para a leitura e

audição do poema “Diga não a corrupção” – Gabriel, O pensador” e realizar um

trabalho de investigação e confrontamento entre dois grupos na sala de aula. Um

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grupo colocou-se na situação honesta da sociedade e ou outro desonesta. Os

resultados foram diversos mas os alunos puderam perceberam que a sociedade

realmente é complexa e que somente a conscientização fará mudar o problema da

corrupção.

Com o embasamento do trabalho com os contos em sala de aula os alunos

puderam optar por uma das temáticas trabalhadas (“Beijos mágicos”, “Primeiro beijo”

e “O Santinho”) e produziram um conto individual pautado nas características de um

conto moderno.

Neste momento foi possível perceber algumas dificuldades no que diz respeito

a produção de texto, pois a falta de leitura foi um agravante. Mesmo assim, após

correções e devoluções aos alunos o conto foi digitado e ilustração para a impressão

do livro. Os alunos receberam uma cópia encadernada da produção de todos os

colegas e sentiram motivação por ver seu conto compondo a produção do pequeno

livro, disponível também na biblioteca para consulta por toda a comunidade escolar.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa desenvolvida, desde seu planejamento, da elaboração da unidade

didática e a implementação das ações serviu de apoio para trabalhar a leitura discur-

siva no ensino fundamental, como instrumento motivador e norteador para o trabalho

em sala de aula.

Através da implementação e dos resultados obtidos foi possível identificar que

cabe ao professor adaptá-la ao nível de seus alunos, de modo a atender os objetivos

propostos, buscando contextualizar na realidade da sua escola e da sala de aula

onde irá trabalhar. Saliente-se que todo o trabalho visava despertar a curiosidade

acerca dos contos e propiciar um maior conhecimento sobre o gênero, por meio de

atividades que buscam definir as características que o diferenciam de outros gêne-

ros literários.

A seleção das obras de autores de destaque como Clarice Lispector, Ana Ma-

ria Machado e Luiz Fernando Veríssimo, autores de contos modernos que trazem te-

máticas que fazem parte do cotidiano, permitiu trazer para a sala de aula textos de

qualidade, possibilitadores de reflexões e discussões, trazendo à tona diversos te-

mas que contribuem para desenvolver o gosto pela leitura.

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O despertar dos alunos para a leitura e a oportunidade de conhecerem e

interpretarem os contos modernos de modo interdisciplinar e com diferentes

estratégias inserindo a pesquisa, a música e a Arte, desenvolveu a criticidade, a

curiosidade e a motivação para ler diferentes gêneros textuais.

Assim, o trabalho com contos modernos torna-se uma alternativa bastante

enriquecedora, pois independentemente do gênero a ser trabalhado, todos são tidos

como objetos de ensino para as aulas de Língua Portuguesa, gerando resultados

positivos para a aquisição de conhecimento, neste caso, associado ao prazer e a

diversão.

É a partir dessa abordagem que surgem as respostas pelo motivo que nos

levou à escolha do gênero em questão, tendo em vista que o principal objetivo

consistiu em contribuir para a prática da leitura, fazendo com que os alunos sejam

leitores capazes de refletir sobre os textos lidos.

Saliente-se que a elaboração da unidade didática foi uma possibilidade de

troca de experiências e avaliação das diferentes visões e concepções sobre a

proposta que foi implementada na escola.

Enfim, a intervenção através do trabalho com os contos modernos contribuiu

para que o aluno pudesse desenvolver suas capacidades discursivas, além de per-

mitir ao docente a determinação de critérios que propiciaram a intervenção eficaz no

processo de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa em aulas voltadas para a

valorização da leitura como fonte de produção do conhecimento.

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ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 7 ed. Campinas: Pontes, 2007.

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