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REVISTA Nº 3 Dezembro de 2013 LEITURA OBRIGATÓRIA Notícias literárias Escritores expõem seus livros em Wenceslau Braz Prosa Contos de Ricardo Leme Vilela e Eder Ferreira Fala escritor O que é preciso para ser um(a) escritor(a) OS DESAFIOS DA PUBLICAÇÃO Escritores da COLINS falam sobre como publicaram (ou ainda publicarão) seus livros, e revelam as dificuldades e recompensas que aguardam um artista literário COLINS CONFRARIA LITERÁRIA NEWTON SAMPAIO Artigo Das manifestações ao Rei do Camarote Pág. 11

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REVISTA Nº 3 – Dezembro de 2013

LEITURA

OBRIGATÓRIA

Notícias literárias Escritores expõem seus

livros em Wenceslau Braz

Prosa Contos de Ricardo Leme

Vilela e Eder Ferreira

Fala escritor O que é preciso para ser

um(a) escritor(a)

OS DESAFIOS DA

PUBLICAÇÃO

Escritores da COLINS falam sobre como publicaram (ou ainda publicarão) seus livros, e revelam as dificuldades

e recompensas que aguardam um artista literário

COLINS – CONFRARIA LITERÁRIA NEWTON SAMPAIO

Artigo

Das manifestações ao

Rei do Camarote

Pág. 11

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Editorial 2

Sumário

Caro(a) leitor(a). Mais um ano está chegando ao fim. Um ano

complicado, onde coisas boas aconteceram, mas também coisas ruins.

Porém, não estou aqui para falar do passado, mas sim do futuro. A

COLINS surgiu a pouco tempo, mas seus membros já fazem muitos

planos para o ano que esta por vir. Além da participação em eventos

culturais, pretendemos lançar um livro coletivo. Já está em estudo a

possibilidade de um Sarau Literário para o inicio de 2014, e já

começamos a definir alguns rumos que queremos seguir. Ou seja,

estamos trabalhando pela literatura do Norte Pioneiro. Mas, não

podemos viver só de idéias. Cada vez mais estamos cobrando os autores

da COLINS para que participem mais ativamente, e que continuem

escrevendo e realizando projetos. É assim que elevaremos nossa

literatura, mostrando aos nossos leitores como temos escritores

talentosos. E você, leitor, pode fazer parte desse processo. Ajude a

divulgar a COLINS, mostre essa revista aos seus amigos, conheça mais

sobre os nossos escritores. Enfim, faça parte da nova literatura que está

surgindo. Ah, e antes que eu me esqueça, desejo a todos um feliz natal e

um ano novo repleto de alegrias... e de bons textos. Boa leitura!

Eder Ferreira, Editor ([email protected])

Informativo COLINS

- As últimas da Confraria, pág. 3

Noticias literárias

- Escritores expõem livros em

Wenceslau Braz, pág. 4

Artigo

- Das manifestações ao Rei do

Camarote, pág. 5

Especial

- Os desafios da publicação,

Pág. 6, 7 e 8

Fala escritor

- O que é preciso para ser um(a)

escritor(a), pág. 9

Obras-primas

- O Estrangeiro – A Guerra dos

Quatro e (re)contos, pág. 11

Prosa - Contos de Ricardo Leme Vilela e

Eder Ferreira, pág. 12

Poesia

- Poemas, versos e afins, pág. 14

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Informativo COLINS 3

2013, o ano que em a COLINS nasceu

Este ano que está acabando foi

extremamente importante para a COLINS.

Tudo começou em agosto, no lançamento do

livro “Varau sem Lei”, do escritor A. Zhoras

(pseudônimo de Leandro Muniz), em

Tomazina. Foi lá que a ideia de fundar um

grupo de escritores do Norte Pioneiro surgiu.

Depois veio a homenagem ao Newton

Sampaio. A partir dái, a COLINS começou a

tomar forma, e devagar fomos nos

organizando. Em outubro, nossa primeira reunião. Ai surgiu a revista, o

blog e, em breve, nosso site. Ainda temos muito o que fazer, mas sempre

nos lembraremos de 2013 como o ano em que a literatura

nortepioneirense renasceu!

COLINS estreita relações com o Departamento de Cultura de

Siqueira Campos

Recentemente o vice-presidente da COLINS, o siqueirense Eder

Ferreira, iniciou um importante contato como diretor do Departamento de

Cultura de Siqueira Campos, Arnaldo Luska, com a intenção de firmar

uma parceria cultural. E como primeira atividade, surgiu a ideia de um

sarau literário, organizado pelas duas entidades. A data, o local e

realização do sarau ainda não foram definidos, mas esta é uma importante

conquista para a cultura do Norte Pioneiro, pois pode ser apenas a

primeira parceria que a COLINS inicia com os departamentos de cultura

dos municípios da região.

Se você reside na região conhecida como Norte Pioneiro do Paraná e

escreve contos, crônicas, poesias, artigos, ensaios, pensamentos,

frases ou outros tipos de textos literários, mandem-os para nós, pelo

e-mail [email protected], que teremos o maior prazer em

publicá-los na Revista Leitura Obrigatória.

Lançamento do livro de A. Zhoras (Leandro Muniz), onde

a COLINS começou a nascer

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Notícias literárias 4

Apresentação da COLINS na Facibra de Wenceslau Braz

A COLINS participou de mais um evento cultural. Dessa fez foi na

Facibra de Wenceslau Braz, na noite de quarta-feira, dia 13 de novembro,

onde os escritores Claudeci José de Oliveira, Eder Ferreira e Leandro

Muniz falaram sobre a Confraria, distribuíram exemplares da Revista

Leitura Obrigatória e divulgaram seus livros.

Escritor boa-vistense recebe homenagem

O escritor Henrique Borgato recebeu

uma bela homenagem da Câmara de

Vereadores de São José da Boa Vista, por

ter sido o primeiro cidadão a publicar um

livro em sua cidade. Recentemente

Henrique lançou o livro “O Estrangeiro –

A Guerra dos Quatro” (Saiba mais na

Página 11).

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Artigo 5

Das manifestações ao Rei do Camarote, por Eder Ferreira

Há alguns meses atrás, se você olhasse

para uma capa da revista Veja,

provavelmente veria algo relacionado às

manifestações que tomaram conta do Brasil.

Inicialmente por causa do aumento nas

tarifas de ônibus de algumas cidades, os

protestos logo começaram a tratar de outros

temas, como corrupção e gastos excessivos

com a Copa.

Porém, recentemente outra capa da

Veja São Paulo chamou a atenção do país.

Nela, aparecia estampada a foto do então

desconhecido empresário Alexander de

Almeida, o Rei do Camarote. Sua fama começou por causa das quantias

que gasta nas baladas que frequenta e por uma lista com os dez

mandamentos do Rei do Camarote

Analisando com calma, fica evidente o contraste dessas duas

“capas” da revista Veja. A primeira mostrava a indignação da população

de classe mais baixa com os problemas sociais. A segunda deixava

evidente como a “elite” brasileira não está nem um pouco preocupada

com os problemas do país.

Se os protestos mostraram que o Brasil pode acabar com as

desigualdades sociais e com os descasos políticos, o Rei do Camarote nos

mostrou que a ostentação é vista como algo divinal, como se os ricos

devessem ser endeusados.

Há muitos anos atrás, a Europa vivia em um sistema feudal, onde a

maioria da população era de pobres trabalhadores, que serviam aos

senhores feudais, homens ricos e cheios de posses. Hoje em dia as coisas

mudaram, vivemos no sistema capitalista, mas que, em certos pontos, não

difere muito do sistema feudal.

O Brasil mostrou sua indignação contra os abusos do poder e as

injustiças sociais, mas que ainda põe pessoas num pedestal, só porque

não ricas e famosas. Assim como na idade média feudal havia reis, hoje

também os temos. Por sorte, eles gastam mais do que mandam.

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Especial 6

Publicando sonhos, por Letícia Godoy

Meu nome é Letícia Maria de Godoy

e nasci em Curitiba, porém cresci em

Siqueira Campos brincando debaixo das

árvores de minha casa. Aprendi a ler aos

quatro anos de idade tendo como primeira

professora minha mãe. Foi algo incrível para

mim e o gosto pela escrita veio logo em

seguida, aos seis anos quando, em restos de

cadernos, comecei a escrever contos

maravilhosos.

A minha escrita era inocente, como a

mente de uma criança, mas foi amadurecendo no decorrer de minha

infância e adolescência. Meus amigos da escola adoravam ler o que eu

escrevia nos “famosos” caderninhos, até mesmo anotavam o nome em

uma lista por ordem para que ninguém tomasse a vez do outro.

Chamavam-me de escritora. Tal apelido fez-me sonhar em ser uma

escritora profissional e o sonho foi crescendo ao longo dos anos.

Participei de alguns concursos literários, mas eram sempre de

contos e poesias, o que não considero meu forte. Gosto mais de escrever

romances. Logo, não mandei mais os meus textos para concursos e nem

escrevi novos para tal fim. Decidi mandar meus livros para editoras e

esperar uma possível resposta.

Aos 18 anos eu tive uma oportunidade única: publiquei três

contos em uma antologia intitulada Pontos da vida com alguns colegas da

faculdade. Foi o primeiro passo e talvez o mais emocionante. Também

recebi resposta de muitas editoras e assinei um contrato com a editora

Literata para publicar o meu primeiro romance intitulado Jurada pelas

sombras. Ele deve sair até agosto do ano próximo e será lançado na

bienal do livro de São Paulo.

Estes acontecimentos me motivaram a continuar escrevendo e o

contrato com a editora Literata até o atual momento é um sonho para

mim, pois é maravilhoso ser reconhecida por meu trabalho.

Simplesmente amo escrever e não posso descrever o quanto estou me

sentindo realizada.

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Especial 7

Meta 1, por Tiago France

Pesquisando por concursos literários

trombei a Andross, que tem um projeto de

publicação anual com novos escritores.

Mandei minha crônica “Mandrágora”, não

levou muito tempo ela foi selecionada para

participar da antologia “Livre para Voar”.

Recebi o e-mail me avisando sobre isso. Me

mandaram o contrato por e-mail junto as

instruções de preenchimento, questões de

cotas a adquirir, direitos autorais, período de

contrato, clausulas, data de lançamento e tudo mais, preenchi e enviei

junto com as cópias de meus documentos. Lançamento foi em 19 de

outubro 2013 no evento Livros em Pauta em São Paulo. Durante esse

período, de seleção a lançamento, veio a parte do contrato, com ele

assinado e enviado, breve então veio as provas de correção, mandaram os

documentos do livro 2 vezes para revisão pelo autor, a capa de frente, e

depois a capa finalizada. Depois de tudo certo e o livro mandado para

impressão, veio a questão dos valores de aquisição de cotas, com a soma,

o meu ficou por volta de uns 400 reais, um pouco menos, passaram os

dados e a instrução de fazer um depósito referente com centavos como

um código de pagamento, e enviar o

comprovante bancário via e-mail. Como não

pude ir ao lançamento, uma semana após,

maios ou menos, os meus livros chegaram, a

minha cota de 20, com mais 2 referentes a

direitos autorais, e junto o contrato assinado

pelos responsáveis pela Andross. Gostei do

livro, bom material, tecnicamente top de

linha, o conteúdo dos outros autores

também, grandes nomes, alguns já

conhecidos e de história. Bom valor, a final

antologias são um pouco mais caras e não

sustentam um valor mínimo normal.

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Especial 8

Odisséia literária, por Eder Ferreira

Publiquei meu primeiro livro em

2010. Foram apenas 80 exemplares.

Intitulado “Uma verdadeira Prosa – Contos

& Minicontos”, era uma coletânea de 15

contos e 40 minicontos que publiquei ao

longo de 5 anos. Depois disso só publiquei

novos livros pelo site Clube de Autores,

que possui um sistema de vendas sob

demanda (os exemplares só são impressos

mediante pedidos dos compradores).

Ao todo, são 19 livros no Clube,

sendo que alguns são compilações de

outras obras. Minha mais nova publicação é o livro (re)contos, que reúne

11 contos inéditos (saiba mais na página 11), e foi montado de maneira

quase artesanal. O motivo pelo qual optei em publicar este livro dessa

forma, montando os exemplares em casa, com folhas sulfite e capa em

papel cartão, foi pelos altos custos que as editoras e gráficas pedem para

publicar livros em pequenas tiragens.

Como escritor independente, conheço bem as dificuldades por que

passam os autores que não possuem o subsídios das grandes editoras.

Escritores de renome conseguem publicar com muita facilidade. Porém,

nós autores independentes, temos que arcar com os custos, sem nenhuma

garantia de venda, já que não temos acesso à distribuição em massa.

Escrever é um grande prazer. Não escrevo para ganhar dinheiro ou

para conquistar fama. Escrevo porque gosto, porque me trás satisfação.

Só que são muitos os empecilhos por que passamos. Não sou o único que

passa por essas dificuldades. Os demais autores da COLINS também

enfrentam uma série de dificuldades.

Mas, estamos aí. Continuaremos em nossa caminhada. No

momento estou trabalhando em um novo livro, um suspense, que ainda

está em processo de escrita. Na verdade, ainda nem sei como publicarei

esse livro. Mas, de qualquer forma, sou um escritor que não desiste de

seus sonhos. Esta é a minha odisséia literária.

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Fala escritor 9

O que é preciso para ser um(a) escritor(a)

O grupo COLINS – Membros Associados no Facebook foi criado

para que os escritores da Confraria possam interagir e manter contato. E

também para que possam dialogar sobre assuntos pertinentes à literatura.

Recentemente o escritor Leandro Muniz iniciou um debate sobre o que é

necessário para ser um escritor. Confira os melhores comentários:

Leandro Muniz

- Ter uma boa visão de mundo

- Dominar a língua portuguesa

- Pesquisar constantemente sobre literatura

- Conhecer bem o assunto sobre o qual quer falar

- Não ter medo de não ser compreendido

- Já ter experimentado um orgasmo literário

Acho que isso é o básico para um escritor dizer que o é de fato.

Tiago France

- Sonhar e ter em visão o seu próprio mundo

- Escrever e escrever coisas todos entendam.

- Ter amigos escritores no seu dia-a-dia.

- Ser seguro do que se escreve e fala.

- Ser maluco o bastante pra dizer que é o melhor do mundo.

Puts, orgasmo literário?

Acho que é complicado dizer "orgasmo literário"

Viver nas escritas da imaginação..

Leandro Muniz

A própria abstração da metáfora "orgasmo literário" já

garante o escritor...

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Fala escritor 10

Letícia Godoy

Acho extremamente IMPORTANTE conhecer a língua

portuguesa, pois ela é o nosso "instrumento de trabalho".

Através das palavras é que expressamos nossos

pensamentos. Não adianta apenas pensar, é preciso saber colocar no

papel. Logo, estudar a língua é um dos passos iniciais, pois o que separa

o joio do trigo na carreira literária é exatamente isso. Afinal, literatura de

BOA qualidade é aquela que carrega muitos significados e não tem

somente uma intenção artística, mas que tenha um estilo chamativo.

Eder Ferreira

Ser escritor é transformar nossos conhecimentos e

sentimentos em palavras. Só que essa não é uma tarefa

fácil. Há muita coisa envolvida no processo de criação de

um texto. Tudo o que o Leandro Muniz disse esta correto! Incluiria ai só

mais duas coisas: a humildade de se reconhecer um escritor ainda em

formação e a capacidade de sempre se revisar (não apenas os textos, mas

também a si próprio)!

Maria Eugênia

Sou uma escritora em formação...

Eder Ferreira

Todos somos Maria Eugenia, ninguém está pronto,

precisamos ter em mente que estamos em constante

evolução!

Outros comentários foram postados no grupo, mas por uma questão de espaço,

publicamos apenas alguns.

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Obras-primas 11

O Estrangeiro – A Guerra dos Quatro, de Henrique Borgato

(re)contos, de Eder Ferreira

Jovem revelação literária do

Norte Pioneiro, o boa-vistense

Henrique Borgato lançou

recentemente seu primeiro livro.

Adepto do estilo conhecido como

neo-ficcionismo, o autor vem

mostrar nesta bela obra toda a sua

proficiência como escritor, ao nos

trazer um mundo cheio de aventuras

e mistérios. A história gira em torno

de Ed, um garoto que descobrirá ser

diferente das demais pessoas que o

cercam. Para adquirir exemplares do

livro entre em contato pelo e-mail

[email protected]

Novo livro do escritor

siqueirense Eder Ferreira, esta obra

trás contos diversos, entre eles,

textos que não entraram no livro

“Uma Verdadeira Prosa” de 2010,

histórias publicadas somente na

internet e um conto totalmente

inédito, Dança da morte. Uma

particularidade desse livro é o fato de

não ter sido publicado por nenhuma

editora, mas sim pelo próprio autor,

que monta os livros de maneira quase

artesanal. Para adquirir exemplares

ou conhecer mais sobre esta obra

acesse ederliterato.blogspot.com.br

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Prosa (Contos) 12

Produto revolucionário, por Ricardo Leme Vilela

O produto é revolucionário.

Vai mudar a vida de muitas

pessoas. Mas só daqui a

pouquinho. Por enquanto, segue o

drama. Ela quer voltar para casa,

reencontrar os pais. Mal sabe que

seu pai já morreu. Infarto, causa da

morte. Tinha colesterol alto. O

produto que será anunciado

promete acabar com o colesterol. A moça não está aqui por causa do

produto. Ela chora. O apresentador ri. Ri e faz suspense. Quem está atrás

do set? Bom, tem a moça que vai anunciar o produto, mas será que tem

mais alguém? A mãe da moça. Da moça do palco, a que quer voltar para

casa. O programa vai pagar sua passagem de volta? O programa não paga

nada. Quem paga é a empresa do produto. Paga a passagem para poder

anunciar no programa. A mãe aguarda para reencontrar a filha. A mãe é

gorda. Tem colesterol alto. Não conhece o produto. O pai morreu por

causa do colesterol. Não conhecia o produto. Faz um mês. O apresentador

pergunta de novo. Tem alguém atrás do set? Vamos saber disso só daqui a

pouquinho. Pede para o assistente trazer um copo de água para a moça

que não sabe que não tem mais pai. Enquanto isso chama o produto

revolucionário. Atrás de uma mesinha com rodas está outra moça. Essa

ainda tem seu pai. Em cima da mesinha, o produto. Embalagem igual à de

todo produto revolucionário. O vetê mostra as fotos de um monte de gente

que já emagreceu e se tornou feliz com esse produto que acaba de ser

lançado. Os efeitos são rápidos. Antes e depois. Antes e depois. Os efeitos

são rápidos mesmo. O merchandising também. O foco volta para

apresentador, que agora já tomou sua água e retocou a maquiagem. Ele

está sério. Faz um pequeno resumo da história de vida da moça que está

longe de sua casa. De fundo, a trilha sonora triste. O resumo dura uns

trinta segundos, o suficiente para moça retornar às lágrimas. É chegado o

momento. Num oferecimento do produto, que venha quem está atrás do

set. Cresce a trilha de suspense. Vem a mãe. Abraça a filha. A filha abraça

a mãe. Trilha de tristeza outra vez. Mais volume. Choram as duas, mãe e

filha. A filha pergunta alguma coisa para mãe. A mãe responde. A filha

chora mais, se desespera. O apresentador intervém. Palavras de consolo e

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Prosa (Contos) 13

a mãe. Trilha de tristeza outra vez. Mais volume. Choram as duas, mãe e

filha. A filha pergunta alguma coisa para mãe. A mãe responde. A filha

chora mais, se desespera. O apresentador intervém. Palavras de consolo e

esperança em rede nacional. Ainda emocionadas, as duas se despedem e

agradecem ao programa, ao produto e a Deus. O apresentador fala pela

última vez o nome do produto. O foco muda. Agora dançam as moças

com pouca roupa. Algumas delas têm pais, outras não. A música agora é

animada. Vinte segundos depois, o apresentador, agora com sorriso no

rosto, anuncia o patrocinador do próximo quadro. O programa continua.

Engano, por Eder Ferreira

Logo que abriu os olhos, Ana

Flávia viu o rosto de Mariana dormindo

ao seu lado. Levantou o corpo e

esfregou a cara. “O que eu fiz? Bebi

tanto que nem lembro como vim parar

aqui”, pensou ela. Havia passado a noite

com Mariana, uma lésbica que ela

conhecera em uma festa. Entre um gole

e outro, acabaram se beijando. A noite

só acabou na cama de Mariana. “Será

que é isso mesmo o que eu quero? Será que não cometi um engano?”,

pensou ela, enquanto se levantava, ainda nua. De repente, o celular tocou.

Ela o pegou e saiu do quarto, para não acordar Mariana. Logo que

atendeu, escutou a voz de seu ex-namorado. Há dois meses estavam

separados. Ele dizia estar arrependido de tudo o que fizera, e queria

marcar um encontro. Depois de pensar um pouco, Ana Flávia resolveu

aceitar se encontrar com ele. Foi só o tempo dela desligar o celular para

ver Mariana, com cara de sono, saindo pela porta, também toda nua. A

moça se aproximou e deu um selinho em Ana Flávia, que quase não

retribuiu. Mariana perguntou então com quem ela estava falando ao

telefone. Ana Flávia logo respondeu: “Foi engano”.

Este conto foi publicado no livro “(re)contos”, do escritor siqueirense Eder Ferreira.

Para saber mais leia a matéria na página 11

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Poesia 14

Trova da dama de fogo, por Letícia Godoy

Amor! Como descrever tal encanto?

Como ei de me livrar de tamanha dor?

Esta sensação causa-me espanto

Oh minha dama, dona de meu amor

Estou imerso em um oceano de ilusões

Sinto-me tomado por esta emoção

Ela é tão majestosa como as lindas canções

Quando a vejo, perco-me em rios de imaginações

Os cabelos cor de fogo emaranhados pela ventania

Os olhos cor de água mirando-me de forma ardente

O corpo esguio que me provoca agonia

E o sorriso faceiro que confunde-me a mente

Que devo eu fazer? Sou um condenado!

Já não durmo a noite, só tenho pensamentos para ela

Tudo aconteceu tão de repente, nada foi planejado

E sinto que irei padecer de saudades da minha bela

Ó amor, dá-me uma folga deste sofrimento

Tudo parece deixar-me perplexo

Ó amor, liberta-me deste insano sentimento

Tão pesado, sufocante e complexo

Esta noite ei de me confessar

Minha dama de fogo tirarei para dançar

Entre sussurros e risos irei lhe dizer

Tudo o que sinto antes de enlouquecer

Esta noite ela irá saber

Uma rosa vermelha ei de lhe dar

Através de olhares furtivos ela irá entender

E quem sabe um dia também possa me amar...

Minha dama de vermelho meu verso é simples e singelo

Mas saibas que és dona do coração deste poeta

Ninguém no mundo te ama mais, eu espero

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Poesia 15

Minha dama de vermelho meu verso é simples e singelo

Mas saibas que és dona do coração deste poeta

Ninguém no mundo te ama mais, eu espero

E para sempre morará na minha mente inquieta

Rascunho, por Are Siqueira

Procuro o equilíbrio

Me assusta o radicalismo louco

Me irrita o radicalismo sério

Não gosto de generalizações

Há certo que é errado

E errado que é certo

Vejo provas da evolução cósmica

Mas acredito em milagres

E tudo se simplifica no saber

Que não se sabe

Inicio, meio e fim

De seres imperfeitos

Que buscam ser estátuas gregas

Uma arte final

Opiniões formadas

Assuntos acabados

E eu prefiro ser este rascunho

Uma obra em evolução

Contrariando as aparências

Com os olhos da essência!

Lágrima, por Eder Ferreira

Sou homem, não choro

apenas verto pedaços

em forma liquida

de minha masculina

e quase eterna alma

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Eder Ferreira Editor e redator

Impressão e distribuição COLINS - Departamento de Divulgação

Acesse o blog:

confrarialiterarians.blogspot.com.br

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