contabilidade fiscal 04

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1 Finanças Públicas FINANÇAS PÚBLICAS SUMÁRIO AUTORIA Maria Thereza Lopes Leite Jairo da Matta COORDENAÇÃO E MODELAGEM Paulo Alexandre Adler Pereira REVISÃO Adriana Almeida DIAGRAMAÇÃO Paulo Alexandre Adler Pereira Adelino de Oliveira Jr. Anna Luisa Araujo PARTE 1 Política e Gestão Fiscal e Tributária 1. INTRODUÇÃO 3 2. DEFINIÇÕES 4 3. POLÍTICATRIBUTÁRIA 4 3.1 RECEITA 5 3.2 CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA 5 3.3 ALGUNS PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS 8 3.4 COMPETÊNCIA DA ARRECADAÇÃO POR ENTE DA FEDERAÇÃO 9 3.5 IMPOSTOS EXTRAORDINÁRIOS 10 3.6 CRIAÇÃO DE NOVOS IMPOSTOS 10 3.7 IMPOSTOS DIRETOS E IMPOSTOS INDIRETOS 10 PARTE 2 Política e Gestão Orçamentária 4. O ORÇAMENTO PÚBLICO 11 4.1 CARACTERÍSTICAS 11 4.2 DEFINIÇÕES 12 4.3 O SISTEMA ORÇAMENTÁRIO 13 4.4 ASPECTOS E FUNÇÕES DOORÇAMENTO 15 4.5 PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 16 4.6 RECEITA PÚBLICA 18 4.7 DESPESAS 21 4.8 REGIMESCONTÁBEIS 33 4.9 DÍVIDAATIVA 33 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 33 BIBLIOGRAFIA 34

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Fina

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Púb

licasFINANÇAS

PÚBLICAS

SUMÁRIO

AUTORIAMaria Thereza Lopes LeiteJairo da Matta

COORDENAÇÃO E MODELAGEMPaulo Alexandre Adler Pereira

REVISÃOAdriana Almeida

DIAGRAMAÇÃOPaulo Alexandre Adler PereiraAdelino de Oliveira Jr.Anna Luisa Araujo

PARTE 1Política e Gestão Fiscal e Tributária

1. INTRODUÇÃO 3

2. DEFINIÇÕES 4

3. POLÍTICATRIBUTÁRIA 4

3.1 RECEITA 5

3.2 CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA 5

3.3 ALGUNS PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS 8

3.4 COMPETÊNCIA DA ARRECADAÇÃOPOR ENTE DA FEDERAÇÃO 9

3.5 IMPOSTOS EXTRAORDINÁRIOS 10

3.6 CRIAÇÃO DE NOVOS IMPOSTOS 10

3.7 IMPOSTOS DIRETOS E IMPOSTOS INDIRETOS 10

PARTE 2Política e Gestão Orçamentária

4. O ORÇAMENTO PÚBLICO 11

4.1 CARACTERÍSTICAS 11

4.2 DEFINIÇÕES 12

4.3 O SISTEMA ORÇAMENTÁRIO 13

4.4 ASPECTOS E FUNÇÕES DOORÇAMENTO 15

4.5 PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 16

4.6 RECEITA PÚBLICA 18

4.7 DESPESAS 21

4.8 REGIMESCONTÁBEIS 33

4.9 DÍVIDAATIVA 33

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 33

BIBLIOGRAFIA 34

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Finanças Públicas

Obra de saneamento básico do Programa de despoluição da Baia de Guanabra - São Gonçalo

GERAIS PARTICULARES

Impostos Taxas

OBTER

CRIAR

GERIR

DESPENDER

RECEITA

CRÉDITO

ORÇAMENTO PÚBLICO

DESPESA

Os cidadãos solicitam esses serviços ou são levados a solicitá-los.

Tais serviços poderão ser ut i l izados ou poderão beneficiar grupos específicos de cidadãos.

O Estado identifica as necess idades co le t ivas, cr ia e executa os serviços.

Eventualmente estas necessidades não são de todos mas todos devem pagar por elas.

CAPTAÇÃO DE RECURSOSDestinada à captação de

recursos para o atendimento das funções da administração pública em todas as esferas de

governo.

APLICAÇÃO DE RECURSOSEstabelece a aplicação dos

recursos, conforme o planejamento governamental,

consubstanciado no orçamento público.

POLÍTICA TRIBUTÁRIA POLÍTICA ORÇAMENTÁRIA

COMPONENTES DA POLÍTICA TRIBUTÁRIA

SERVIÇOS PÚBLICOS

ATIVIDADE FISCAL DO ESTADO

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1. INTRODUÇÃO

As Finanças Públicas podem ser entendidas a par tir de dois pontos de vista. Numa primeira abordagem, esta noção pode serdefinida enquanto disciplina de estudo, como objeto de conhecimento, ou seja, o estudo das receitas, das despesas, doorçamento e da dívida. Um segundo enfoque é o das Finanças Públicas enquanto atividade financeira do Estado, enquanto “aprocura de meios para satisfazer as necessidades públicas”, conforme a definição de Alberto Deodato (Deodato, 1973). Osautores, ao abordarem o tema, ora referem-se ao primeiro conceito (como objeto de conhecimento) ora ao segundo, deatividade financeira do Estado, propriamente.

Para exercer esta atividade financeira, as denominadas autoridades públicas executam ações destinadas ao atendimento dasnecessidades públicas, configuradas como bens e/ou serviços públicos ou coletivos, os quais os indivíduos não podem adqui-rir em pequenas quantidades, como justiça, defesa, segurança pública, educação, saúde pública, entre outros.

A economia pública é diferente da economia do setor privado, principalmente por realizar-se através de processos coativos, ouseja, por imposição do Estado, efetivada por meio da legislação vigente .

Os recursos controlados pelos governos, na maioria das Nações, excedem os do setor privado. Muito embora estejamos na eraem que predomina o ideário das privatizações, os governos continuam sendo partícipes impor tantes, senão preponderantesnas economias mundiais.

Historicamente, existem diversos argumentos para justificar o processo de crescente intervenção do Estado na economia. Umdos mais importantes baseia-se no fato histórico e econômico da consolidação do chamado “regime Keynesiano” (fundadonas idéias do economista inglês John Maynard Keynes) que se apresentou como resposta à profunda crise da economiamundial ocorrida no final da década de 20, do século passado (séc. XX), cujo principal marco emblemático foi a queda (ochamado crack) da Bolsa de Nova York.

No modelo “Keynesiano”, a participação ativa e direta do Estado na economia é entendida como elemento salutar e fomentadordo progresso para todos os setores econômicos (indústria, comércio, finanças etc.).

Além deste, outros fatores como a ascensão dos regimes socialistas nos países do Leste Europeu, após a 2.ª Grande Guerra(1939 a 1945), contribuíram para for talecer o papel intervencionista dos estados nas economias das nações.

Este papel de grande investidor e regulador da economia, ocupado pelo estado, foi fundamental durante aproximadamente 50anos da história contemporânea, indo desde a década de 30 até, aproximadamente, aos anos 80. Após este período, com oadvento da chamada “crise fiscal do Estado”, sua capacidade econômica é enfraquecida e aparecem ideologias antiestatizantes,como o pensamento “neoliberal”, que passa a questionar e refutar a impor tância da participação e intervenção estatal para odesenvolvimento econômico.

Neste contexto, surgem noções como a de “estado mínimo”, for talecimento do setor privado e liberalização dos mercados, quepassam a ganhar força hegemônica. Contudo, a impor tância da participação do estado na economia ainda permanece comofundamental. Assim é que, após a década de 30, temos como a principal característica das Finanças Públicas o caráterintervencionista do Estado, por meio da utilização dos tributos.

Estes permitem a satisfação das necessidades coletivas, como também se personalizados, isto é, diferenciado pessoa porpessoa, tornam a tributação mais justa, pois cada cidadão contribui para o estado conforme sua capacidade econômica.

Modernamente, o Estado intervem na ordem econômica, buscando, preponderantemente, atingir três grandes objetivos:

a) “promover ajustamentos na alocação de recursos;

b) promover ajustamentos na distribuição de renda;

c) manter a estabilidade econômica” (Musgrave, Richard – apud Rezende, 2001).

No primeiro caso, o Estado orienta os agentes econômicos ou mesmo intervém para aplicar recursos em determinado setor ousetores de interesse ou necessidade precípua da coletividade. Em segundo, o Estado implementa mecanismos a fim de corrigirdesigualdades. Por último está “o propósito de atenuar o impacto social e econômico de crises de inflação ou depressão”(Rezende, 2001).

1.1 Os serviços públicos cuja finalidade é prover às necessidades coletivas por meio do provimento dos chamados benspúblicos podem ser considerados como:

a) Gerais ou Universais: O Estado identifica a necessidade coletiva e, sem que ninguém lhe peça, cria e executa o serviço -eventualmente esta necessidade não é de todos, mas todos devem pagá-la. Este pagamento será exigido pelo Estado na forma deIMPOSTO. Mesmo não sendo individualizado o serviço, usando-o ou não, todos terão de pagá-lo, em razão da força de impérioque o Estado exerce sobre os seus cidadãos. É geral e indivisível, o indivíduo é obrigado a pagar o que nunca pediu.

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Finanças Públicas

b) Particulares, especiais, ou específicos: Os cidadãos pedem espontaneamente ou são obrigados a pedi-los, tendo porconseqüência a possibilidade de se utilizar deles individualmente. Tais serviços são, por isso, chamados de indivisíveis eseu pagamento será feito na forma de TAXA.

Ambos exigem a atividade financeira do Estado.

2. DEFINIÇÕES

Levando-se em conta as duas definições aplicáveis às finanças públicas (enquanto objeto de conhecimento e como atividadedo Estado), Aliomar Baleeiro conceitua a Ciência das Finanças Públicas como sendo a disciplina que “estuda um dos aspectosou atividades do Estado - obtenção e emprego dos meios materiais e serviços para a realização de seus fins”. Para o mesmoautor, esta noção entendida em sua outra acepção, a de atividade financeira do Estado, “consiste em obter, criar, gerir edespender o dinheiro indispensável às necessidades, cuja satisfação o Estado assumiu ou cometeu outras pessoas de direitopúblico” (Baleeiro,1997).

Na mesma vertente da atividade financeira, José Matias Pereira afirma que as finanças públicas constituem-se de

“(...) atividade financeira do Estado orientada para a obtenção e o emprego dos meiosmateriais e de serviços para a realização das necessidades da coletividade, de interessegeral, satisfeitas por meio do processo do serviço público. É a intervenção do Estado paraprover essas necessidades da população” (Matias Pereira, 1999).

ATIVIDADE FISCAL DO ESTADO

Quando o Estado está executando ações destinadas à obtenção e aplicação de recursos financeiros para o custeio dos serviçospúblicos necessários ao bem-estar da população, está exercendo a sua ação denominada atividade fiscal.

A atividade fiscal, ou seja, aquela desempenhada pelos poderes públicos com o propósito de obter e aplicar recursos noprovimento de bens públicos é, portanto, o objeto da Ciência das Finanças Públicas.

A atividade fiscal, conduzida através da política fiscal governamental, possui duas grandes diretrizes:

Política Tributária – destinada à captação de recursos para o atendimento das funções da administração pública em todasas esferas de governo.

Política Orçamentária - a aplicação dos recursos, conforme o planejamento governamental, expressado no orçamentopúblico, que também exprime a capacidade e a disposição para o gasto público pela população através de seus represen-tantes.

3. POLÍTICA TRIBUTÁRIA

Passamos então a examinar as par tes componentes da atividade financeira que, conforme a definição de Aliomar Baleeiro jácitada, divide-se em quatro áreas ou setores de atividades:

1. OBTER (RECEITA);

2. CRIAR (CRÉDITO);

3. GERIR (ORÇAMENTO PÚBLICO);

4. DESPENDER (DESPESA).

BENS PÚBLICOS

“A principal característica dos bens públicos, e que os distingue dos privados, refere-se à impossibilidade de excluirdeterminados indivíduos ou segmentos da população de seu consumo...” (Rezende, 2001).

O QUE É ?

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Púb

licas3.1 RECEITA

Sendo a primeira das atividades apontadas, pode-se definir receita pública, genericamente, como “ingressos” ou “entradas” derecursos aos cofres públicos. Porém, atenção: nem todos os ingressos podem configurar-se como receita pública.

Alguns deles são meros “movimentos de fundos”, sem repercussão patrimonial. Logo, não representam acréscimo patrimonial, bemcomo podem estar condicionados à devolução posterior, ou seja, encontram-se transitoriamente nos cofres governamentais.

Podemos citar como ingressos:

1. Movimento de fundos ou de caixa;

2. Empréstimos ao tesouro;

3. Restituições de empréstimos do tesouro;

4. Caução, fiança e depósitos;

5. Indenizações de direito civil.

Receita Pública, diferentemente de Ingresso puro e simples, é definida por Aliomar Baleeiro como sendo “a entrada que,integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seuvulto como elemento novo e positivo” (Baleeiro, ob. cit.) .

Outras definições enfocam a relação contribuinte e Estado, como a de Alberto Deodato que considera receita pública como “ocapital arrecadado do povo coercitivamente, tomado por empréstimo (no caso, empréstimo compulsório) ou produzido pelarenda dos seus bens ou pela sua atividade de que o Estado dispõe para fazer face às despesas públicas” (Deodato, ob. cit.).

Considerando-se o dispositivo legal vigente, tem-se na Lei 287, de 4 de dezembro de 1979, que aprovou o Código de Adminis-tração Financeira e Contabilidade Pública do Estado do Rio de Janeiro, no seu ar t. 32, a seguinte definição:

“a receita pública do Estado constitui-se do produto dos impostos, taxas, multas, contribuições, auxílio, tarifas e preços dealienações, bem como dos rendimentos do seu patrimônio e dos recursos obtidos do lançamento de empréstimos”.

3.2 CLASSIFICAÇÃO DA RECEITAAs receitas públicas podem ser classificadas com base nos critérios de regularidade e de obrigatoriedade de seu ingresso.

3.2.1 DE ACORDO COM A REGULARIDADE DO INGRESSO, CLASSIFICAM-SE EM:

3.2.1.1 RECEITAS EXTRAORDINÁRIAS – aquelas que não possuem regularidade na sua arrecadação, tais como impostosdecretados em circunstâncias anormais de caráter mais ou menos esporádico, receitas a serem criadas em tempo de guerra,ou ainda outras receitas que, pelas circunstâncias eventuais e excepcionais, não se enquadram no rol dos ingressos permanen-tes e ordinários do tesouro. Provêm de fontes acidentais.

Ex.: Alienação de bens e operações de crédito.

3.2.1.2 RECEITAS ORDINÁRIAS - são aquelas que ingressam nos cofres públicos regularmente e com alguma periodicidade.Provêm de fontes permanentes.

Ex.: Tributos

Movimento de Fundos

Caução

Indenização de Direito Civil

Ingressos que não acarretam acréscimo patrimonial.

Depósito provisório feito como garantia de obrigação (p. ex. garantia de contrato).

Ressarcimento para compensar danos causados ao Estado.

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Finanças Públicas

3.2.2 DE ACORDO COM A OBRIGATORIEDADE DO INGRESSO, PODEM SER DIVIDIDAS EM:

3.2.2.1 RECEITAS ORIGINÁRIAS – ou de economia privada ou de direito privado. Compreendem as rendas provenientes dosbens e de empresas comerciais ou industriais pertencentes ao Estado. São aquelas auferidas, sem coercitividade, para autilização dos serviços a serem cobrados, porém, na maioria das vezes, os preços de tais serviços são instituídos através demonopólio. A noção de preço também corresponde à noção de receita originária, sendo estes uma espécie do gênero dereceita originária. As receitas originárias saem do próprio Setor Público, do patrimônio do Estado.

3.2.2.2 Receitas Derivadas - ou de economia pública, de direito público ou co-ativas. Compreendem as rendas que o Estadocolhe no setor privado, através de ato de autoridade, caracterizando-se pelo constrangimento legal para a arrecadação. AsReceitas Derivadas originam-se do patrimônio do setor privado ou das rendas dos par ticulares.

As Receitas Derivadas constituem-se de TRIBUTOS.

TRIBUTOS

O Código tributário define tributo como “toda prestação pecuniária compulsória em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, quenão constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada por atividade administrativa plenamente vinculada” (C.T art. 3°).

ESPÉCIES DE TRIBUTOS

A- IMPOSTO- trata-se, com efeito, de uma contribuição compulsória (obrigatória) paga ao governo para o custeio geral das despesasimplicadas em benefício da coletividade, sem que esta venha a incorrer em qualquer obrigatoriedade de retribuição ou contraprestaçãodireta. Na expressão de Aliomar Baleeiro, “imposto é a prestação de dinheiro que, para fins de interesse coletivo, uma pessoa jurídicade Direito público, por lei, exige coativamente de quantos lhe estão sujeitos e têm capacidade contributiva, sem que lhes assegurequalquer vantagem ou serviço específico em retribuição desse pagamento” (Baleeiro, ob. cit.).

No imposto, o consumo individual é desconsiderado, pois o serviço público a ser prestado é geral e o interesse coletivo éexclusivo.

Atividade VinculadaAtividade (ou ato) cuja execução está plenamente definida em lei, sendo seus elementos principais a competência (atributode quem pode fazer), a finalidade (o objetivo do ato) e a forma (a maneira de fazer). Sem a observância da obrigação legal,relativa a estes três elementos o ato será nulo. Seu oposto seria o ato , ou seja, dependente, unicamente daautoridade de quem o comete.

discricionário

O QUE É ?

PreçoEnquanto receita originária, é a contraprestação paga pelos serviços pedidos ao Estado ou pago pelos bens vendidos por ele.

O QUE É ?

A Constituição Federal de 1988 prevê que“Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica docontribuinte, facultando à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a estes objetivos, identificar ,respeitados os direitos individuais e nos termos da lei , o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas doscontribuintes” (art.145 § 1°).

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Púb

licas

B- TAXAS – Contraprestação de um serviço público individualizado, ou de benefício feito, posto à disposição ou custeado peloEstado em favor de quem a paga ou, se por sua atividade, provocou a necessidade da criação daquele serviço público.

Taxas podem ser, por tanto, de fiscalização (pelo poder de polícia do Estado) ou de serviços propriamente.

C- CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA – Pagamento obrigatório, decretado exclusivamente ou concorrentemente pela União,Estados, Municípios e D. F., em razão da valorização produzida em imóvel, e cujo montante não pode ultrapassar nem o custoda obra nem o valor do benefício, até hoje nunca foram cobradas no Rio de Janeiro.

D- CONTRIBUIÇÕES PARAFISCAIS – ou contribuições especiais são, na verdade, alheias ao tesouro, referem-se ao pagamen-to de grupos profissionais, religiosos ou de outras naturezas, beneficiados ou representados por instituições, sindicatos einstituições de Seguro Social, como por exemplo:

COFINS, SESC, SENAC, SENAI etc.

Código Tributário Nacional (CTN)

Art. 16 imposto “é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatalespecífica, relativa ao contribuinte”.

O QUE É ?

Código Tributário Nacional (CTN)

Art. 77 As taxas “têm como fato gerador o exercício do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviçopúblico específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição” .

O QUE É ?

O poder do Estado não se confunde com, unicamente, o poder polícia (corporação policial). O primeiro dizrespeito ao poder que o Estado tem de limitar a liberdade dos particulares tendo em vista o interesse público.

de polícia da

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Código Tributário Nacional (CTN)

CTN, Art. 81 A contribuição de melhoria “é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorizaçãoimobiliária, tendo como limite total a despesa realizada”.

O QUE É ?

Código Tributário Nacional (CTN)

C.F., Art. 149 “Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais de intervenção no domínio econômico e deinteresse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de atuação nas suas respectivas áreas (...)”.“§ único Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir contribuição, cobrada de seus servidores, paracusteio, em beneficio destes, de sistema de previdência e assistência social.”

O QUE É ?

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Finanças Públicas

3.3 ALGUNS PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOSO Direito Tributário obedece a alguns institutos ou princípios, dentre os quais são apresentados a seguir os mais impor tantes:

Legalidade Tributária – exigir ou aumentar impostos sem lei que o estabeleça. Exceções: II, IE, IPI, IOF (apenas para mudançasde alíquota).

Anterioridade da Lei – Cobrar tributo durante o mesmo exercício da publicação da lei que o instituiu ou o aumentou.

Exceções: II, IE, IPI, IOF (para mudança de alíquota), CS (90 dias), IEG, EC (calamidade guerra).

Isonomia - Tratar de forma desigual contribuintes em situação equivalente.

Inversão do Ônus da Prova – A dívida regularmente inscrita tem efeito de prova constituída – cabe ao prejudicado comprovaro pagamento.

Corpo de Bombeiros

Biblioteca Pública

Delegacia Legal

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Púb

licas3.4 COMPETÊNCIA DA ARRECADAÇÃO POR ENTE DA FEDERAÇÃO

(*) – a arrecadação do IRPF, retido na fonte, sobre rendimentos pagos pelos estados e municípios, pertencem, respectivamen-te, a estes dois entes federativos.

COMPETÊNCIA NOMENCLATURA FATO GERADOR BASE DE CÁLCULO OBSERVAÇÕES

UNIÃO (CF a. 153)

Percentual sobre opreço do produto

ou da arrematação(mercadoriaapreendida)

Imunidades: livros,jornais, periódicos,

papel p/impressão eouro c/ instrumento

cambial

Entrada de mercadoriaestrangeira no país

Imposto de ImportaçãoII

Imunidades: asmesmas do II

Alíquota sobre opreço do produto

Saída de produtosnacionais ou acionalizados

do território nacional

Imposto de Exportação –IE

53% - União22,50% - FP Mun.21,50 – FP Estad.3% - Prog. de financ.N/NE/CO (CF a. 159)

Imposto de Renda –IR(*)

Disponibilidade econômicaou jurídica de renda eproventos de qualquer

natureza

PF montante da renda oudos acréscimos

PatrimoniaisPJ lucro (real, arbitrado,

presumido)

Imposto Progressivo

43% - União22,50% - FPMun.21,50 – FP Estad.3% - Progr. de financ.N/NE/CO10% - Est. e DF,proporcional àsexportações (CF a. 159)

Imposto sobre ProdutosIndustrializados –

IPI

Saída de mercadoria deestabelecimento industrial ou

a ele equiparado;desembaraço aduaneiro earrematação de produto

estrangeiro

Valor da operaçãodecorrente da saída damercadoria; valor do

produto importado ouarrematado

Imunidade:Exportação de produtosindustriais; livros, jornais,

periódicos e papelp/impressão

Imposto Seletivo

50% - União50% - Municip.(CF a, 158)

Imposto Territorial Rural –ITR

Propriedade, domínio útil ouposse de imóvel, p/

natureza, fora da áreaurbana

Valor do solo comacessórios e adjacênciasnaturais, frutos pendentes

e subsolo

Finalidade extrafiscal(desestímulo àspropriedadesimprodutivas)

Imposto sobre OperaçõesFinanceiras –

IOF

Operações de Câmbio,Crédito, Seguros Títulos e

Valores Mobiliários

Valor objeto do crédito;troca da moeda; emissãoda apólice ou pagamento

do prêmio (seguros);emissão, transmissão,

pagamento eresgate do título

ESTADOS E DF.(CF a. 155)

Imposto de Transmissãocausa mortis e Doação de

quaisquer bens oudireitos –

ITD

Transmissões gratuitas:doações e heranças

Valor venal dos bens edireitos transmitidos

Competência:bens móveis - Estado onde

reside o doador;bens imóveis - Estado

onde está o bem

Imposto Sobre aCirculação de

Mercadorias e Serviçosde transportes

intermunicipais,interestaduais e de

comunicações –ICMS

Operações relativas àcirculação de mercadorias;

serviços de transportesintermunicipais e

interestaduais; serviços decomunicação em geral

Valor da mercadoriaou do serviço

Imposto não- cumulativo.Imunidade:

Produtos industriaisp/exportação; energia

elétrica; petróleo; livros,jornais, periódicos epapel p/impressão

50% - Estado50% - Município

Imposto sobre aPropriedade de Veículo

Automotor -IPVA

Propriedade de carro, barco,avião ou moto

Valor do veículoautomotor

MUNICÍPIOS E D. F.(CF a. 156)

Imposto sobre aPropriedade Territorial

Urbana –IPTU

Propriedade, domínio útil ouposse de bem imóvel na

Zona Urbana do Município

Valor venal do imóvel

Imposto Sobre Serviçosde qualquer natureza –

ISS

Prestação de serviços dequalquer natureza, arrolados

em Lei Complementar,exceto os do ICMS

PF – valor fixo anual,fixado em Lei municipal;

PJ – porcentagem s/ valordos serviços

Pago ao município sededo estabelecimento

prestador, exceto const.civil – pago no local da

obra.

Imposto de Transmissãode Bens Intervivos -

ITBI

Transmissões onerosas aqualquer título, da

propriedade, domínio útil, oudireitos reais sobre bens

imóveis

Valor do Imóvel Exceção:Direitos Reais de Garantia

– hipoteca, penhor,anticrese

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Finanças Públicas

3.5 IMPOSTOS EXTRAORDINÁRIOSSão de competência exclusiva da União.

Imposto Extraordinário de Guerra – IEG

Aplicável em caso de Guerra Externa;

Permite a bitributação;

A supressão do Imposto é gradativa, no prazo máximo de 5 anos, contados a partir da celebração da paz;

É instituído por leis ordinárias;

Excepciona o princípio da anterioridade.

3.6 CRIAÇÃO DE NOVOS IMPOSTOSA instituição de novos impostos pode dar-se apenas por meio de Lei Complementar, sendo que o novo imposto deverá ser nãocumulativo, não poderá ter por base de cálculo ou fato gerador aqueles que já são próprios dos atualmente existentes e serãosubmetidos ao princípio da anterioridade.

3.7 IMPOSTOS DIRETOS E IMPOSTOS INDIRETOSA propriedade, a posse, as faculdades e rendas das pessoas geram impostos diretos, que são arrecadados por meio de listasnominativas ou lançamentos. Ex. IR, IPVA, ITBI.

O consumo, os negócios e os atos jurídicos geram os impostos indiretos, cobrados por meio de valores impessoais, sóquantificados quando o contribuinte é alcançado pelo imposto. Ex. ICMS, IOF e IPI.

3.7.1 IMPOSTOS DIRETOSÉ aquele em que o contribuinte é individualmente inscrito no lançamento.

“Existir, possuir, exercer comércio ou industria - eis no homem os dados permanentesque a Administração pode acompanhar em seu desenvolvimento e podar regularmentepor meio de impostos nominativos periódicos” (FOVILLE – Economiste Française, 1883).

3.7.2 IMPOSTOS INDIRETOSNão necessita de individualização no lançamento, podendo manter o anonimato do contribuinte.

“Os impostos indiretos, pelo contrário, assentam não sob qualidades ou posses, massobre fatos particulares e atos intermitentes. Em duas palavras, o verbo fazer convoca oimposto indireto, o verbo ser ou ter chama o imposto direto” (FOVILLE, ob. Cit.).

IMUNIDADE TRIBUTÁRIAISENÇÃO TRIBUTÁRIA

ANISTIA FISCAL

é matéria constitucional; não chega a ocorrer o fato gerador.é matéria de lei específica; ocorre o fato gerador, mas o benefício legal isenta o pagamento do

tributo.- é matéria de lei; isenta o pagamento de multas devidas.

O QUE É ?

“diretos seriam os tributos cujos contribuintes são os mesmos que arcam com o ônus da respectiva contribuição”...(Rezende, ob. cit.)

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licas

4. ORÇAMENTO PÚBLICO

4.1 CARACTERÍSTICASO orçamento público é caracterizado por possuir uma multiplicidade de aspectos, tais como: político, jurídico, contábil, econô-mico, financeiro e administrativo. O seu conceito tem sofrido significativas mudanças ao longo do tempo, em decorrência daevolução de suas funções, as quais, hoje em dia, são bastante diversas daquelas que o caracterizavam no passado.

Podemos dividir a história da evolução conceitual do orçamento público em duas grandes fases: a do Orçamento tradicional ea do Orçamento moderno.

O orçamento tradicional tinha como sua principal função o controle político.

O orçamento público, mesmo sendo um instrumento disciplinador das Finanças Públicas, também possibilitou aos órgãos de repre-sentação política exercer o controle político sobre o poder executivo. Ainda no século XVIII, Montesquieu já propunha a separação entrequem efetiva o gasto e quem os controla e os aprova. Dessa forma, quem “aprova” as despesas (o legislativo) mantém o controlesobre quem as efetiva (o executivo). Montesquieu também anteviu a aplicação do princípio da anualidade do orçamento, comoinstrumento mais efetivo de controle e, portanto, de garantia de maior equilíbrio entre os poderes de Estado.

O orçamento e os demais elementos financeiros estavam a serviço da concepção do Estado Liberal preocupado em manter,além do controle, o equilíbrio financeiro e evitar ao máximo a expansão dos gastos por parte do Estado.

No plano técnico, o orçamento tradicional, ao lado da utilização da linguagem contábil, adotava classificações suficientesapenas para instrumentalizar o controle das despesas pura e simplesmente.

Desse modo, eram adotadas duas classificações clássicas:

a) por unidades administrativas (os órgãos responsáveis pelos gastos);

b) por objetivo ou item de despesa (o objeto dos gastos - pessoal, material etc.).

O orçamento assim classificado é, antes de qualquer coisa, um inventário dos meios com os quais o Estado conta para levar acabo suas tarefas.

Diferentemente do Tradicional, o Orçamento Moderno iniciou-se desde que o Estado deixou sua neutralidade do “laissez-faire”,das doutrinas liberais e passou a intervir como regulador e retificador de distorções do sistema econômico e, ao mesmo tempo,como propulsor deste sistema.

A idéia do orçamento público moderno nasceu no início do século XX, nos Estados Unidos, entre 1910 e 1912 (Presidente Taft),quando W.F. Willoughby apresentou as novas propostas do orçamento, comentando : “O orçamento é algo mais que umasimples previsão da receita ou estimativa de despesa. É ao mesmo tempo um relatório de uma estimativa e uma proposta”(Apud, Giacomoni, 1997).

À época, a reforma orçamentária na sua essência exigia que os orçamentos públicos deveriam constituir-se de instrumentos deadministração, de forma que auxiliassem o Executivo nas várias etapas do processo administrativo, qual seja nas tarefas deprogramação, execução e controle.

4.1.1 O ORÇAMENTO PÚBLICO E A CONJUNTURA ATUALNo momento atual, quando praticamente todos os países passam por um período de ajustamento à sua crise econômica (ochamado ajuste fiscal), os gastos públicos de cada um desses países tem papel-chave nos esforços de seu ajuste de gastosaos limites do orçamento.

“indiretos seriam os tributos para os quais os contribuintes poderiam transferir total ou parcialmente o ônus dacontribuição para terceiros.” (idem).

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Finanças Públicas

As políticas econômicas têm sido inibidoras da expansão das despesas públicas, por isso vem sendo bastante reforçado opapel do orçamento como instrumento de controle econômico, sobressaindo-se aos demais papéis, seja o de ferramentapolítica ou administrativa.

Pode-se, deste modo, concluir que se a fase que a economia atravessa é expansionista, eleva-se a função de planejamento doorçamento, enquanto que nas etapas contracionistas, reforça-se a sua função de controle, enquanto elemento de contenção degastos.

Contemporaneamente, num contexto de crise fiscal, a política orçamentária dos governos é exercida através da gestão doorçamento público, como a forma de utilização dos recursos públicos pelo Estado de maneira equilibrada para evitar o défict.

O déficit ocorre quando se gasta mais do que se arrecada, em razão da baixa capacidade de poupança do país, favorecendo oendividamento como condição para a existência de investimentos.

No Brasil, o déficit público é calculado pelo Banco Central e pela Secretaria do Tesouro Nacional, que consideram três modali-dades de déficit:

DÉFICIT NOMINAL(*)

REPRESENTA O DÉFICIT TOTAL DO SETOR PÚBLICO, EM QUE SÃO REGISTRADAS TODAS AS DESPESAS E RECEITAS:

Déficit Nominal = Gastos Totais – Receitas Totais

DÉFICIT PRIMÁRIO(**)

É OBTIDO INCLUINDO-SE AS RECEITAS NÃO FINANCEIRAS E AS DESPESAS NÃO FINANCEIRAS, OU SEJA, EXCLUI-SE DODÉFICIT O PAGAMENTO DOS JUROS E AMORTIZAÇÕES DA DÍVIDA PÚBLICA:

Déficit Primário = Gastos não Financeiros – Receitas não Financeiras

DÉFICIT OPERACIONAL

É A SOMA DO RESULTADO PRIMÁRIO COM AS DESPESAS COM JUROS REAIS, EXCLUINDO-SE A PARTE DA INFLAÇÃO QUEEXCEDE AO PAGAMENTO DOS JUROS (A CORREÇÃO MONETÁRIA):

Déficit Operacional = Déficit Primario + Pagamento de Juros Reais

(*) - É o mais utilizado em termos mundiais, visto que possibilita realizar comparações internacionais em relação ao déficitpúblico do pais. O Brasil, a partir de 1995, passou a utilizar o conceito nominal.

(**)- - SALÁRIOS + INVESTIMENTOS + APOSENTADORIAS + OUTRAS DESPESAS – INFLAÇÃO = GASTOS PRIMARIOS

4.1.2 ORÇAMENTO E ESTADO DE DIREITOHistoricamente, a luta pelo direito de autorizar as receitas veio logo seguida do controle das despesas, exigindo a demonstraçãocompleta e minuciosa de cada tributo e de cada gasto programado com especificação dos fins e limites para que os Parlamen-tos (que representavam o povo) não fossem ludibriados pelos monarcas e ministros.

Quanto mais um regime se afasta do ideal do Estado de Direito, tanto menos o Parlamento decide o conteúdo do orçamentopúblico, da tributação e das despesas.

Seria esta a concepção do orçamento moderno, graças ao qual os representantes dos contribuintes condicionam sua aprova-ção ao emprego dos recursos públicos aos fins que mais interessem ao povo representado.

4.2 DEFINICÕESOs orçamentos documentam expressivamente a vida financeira de um país ou de uma circunscrição política em determinadoperíodo, geralmente de um ano, porque contêm o calculo das receitas e despesas autorizadas para o funcionamento dosserviços públicos ou para outros fins projetados pelos governos. A sua importância, sob vários pontos de vista, é imensacomo a própria evolução das idéias orçamentárias o testifica.

Nos Estados democráticos, o orçamento é considerado o ato pelo qual o Poder Legislativo prevê e autoriza ao Poder Executivo,por cer to período e em pormenor, as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pelapolítica econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas, já criadas em lei.

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Púb

licasO Orçamento é considerado o ato através do qual o poder legislativo, como órgão de representação popular, exerce ação fiscalizadora

sobre a receita e a despesa do poder executivo num determinado período, incluindo-se também as despesas do poder judiciário e dopróprio poder legislativo, funcionando como instrumento de controle e de planejamento das ações governamentais.

“O orçamento, do ponto de vista jurídico, deixa de ser apenas o instrumento de previsãoda receita e de autorização dos gastos públicos em um sistema financeiro aberto para osempréstimos. É, sobretudo, o documento de quantificação dos valores éticos, a contacorrente dos princípios constitucionais, o plano contábil da justiça social, o balanço dasescolhas dramáticas por políticas públicas em um universo fechado de recursos financei-ros escassos e limitados” (Torres, R. L, 2000).

4.3 O SISTEMA ORÇAMENTÁRIOConforme a Constituição Federal de 1988, o ciclo orçamentário tem início com a aprovação do PLANO PLURIANUAL (PPA), que sedesdobra anualmente na LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO), a qual estabelece os parâmetros que fundamentam a LEIORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA). Este mesmo ciclo integra também o chamado Sistema de Planejamento Governamental.

4.3.1 O PLANO PLURIANUALA duração do PPA é equivalente ao período do mandato de governo, sendo aplicado a partir do segundo ano da administraçãoque o elabora até o primeiro ano do governo seguinte, podendo ser modificado por lei durante sua vigência.

É encaminhado pelo Executivo à apreciação e aprovação do Legislativo até quatro meses antes do encerramento do primeiroexercício financeiro (até 31 de agosto) e devolvido para a sanção daquele Poder até o encerramento da sessão Legislativa (31de dezembro – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, Art. 35).

“A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outrasdelas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada”. (CF, Art.165, III,§ 1º.)

4.3.2 A LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIASSua função seria servir de elo entre o Plano Plurianual e os orçamentos anuais, fixando os parâmetros para a elaboração destescom base nas diretrizes e definições daquele Plano. Há, contudo, quem avalie que a LDO ainda está longe de alcançar talobjetivo, constituindo-se, na verdade, de uma lei de aspectos qualitativos e restritivos orientadores da Lei Orçamentária.

Deverá ser encaminhada ao Legislativo até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro (15 de abril) edevolvida para a sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa (30 de junho – Ato das DisposiçõesConstitucionais Transitórias, Art. 35).

A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesasde capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alteraçõesna legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das financeiras oficiais de fomento (CF, Art. 165, § 2º)

4.3.3 LEI ORÇAMENTÁRIA ANUALO Projeto de Lei do Orçamento é encaminhado ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto de cada ano. Acompanha o projeto umaMensagem do Presidente da República na qual é feito um diagnóstico sobre a situação econômica do país e suas perspectivas.

O governo define no Projeto de Lei Orçamentária Anual as prioridades contidas no PPA e as metas que deverão ser atingidasnaquele ano. A Lei Orçamentária disciplina todas as ações do governo. Nenhuma despesa pública pode ser executada fora doOrçamento. No Congresso, deputados e senadores discutem na Comissão Mista de Orçamentos e Planos a proposta enviadapelo Executivo, fazem as modificações que julgam necessárias através das emendas e votam o projeto. A Constituição determi-na que o Orçamento deve ser votado e aprovado até o final de cada Legislatura (31 de dezembro).

Depois de aprovado, o projeto é sancionado pelo Presidente da República e transforma-se em Lei.

A Lei Orçamentária brasileira estima as receitas e autoriza as despesas de acordo com a previsão de arrecadação. Se, duranteo exercício financeiro, houver necessidade de realização de despesas acima do limite que está previsto na Lei, o Poder Execu-tivo submete ao Congresso Nacional o projeto de lei de crédito adicional. Para evitar o envio constante de solicitações de crédito

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ao Legislativo, a própria Lei Orçamentária costuma autorizar um limite percentual (que habitualmente varia entre 15% e 20%),dentro do qual é permitido o remanejamento de dotações (créditos orçamentários) pelo Executivo.

Constituição Federal, Art. 165:

§ 5º – A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta,inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social comdireito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ouindireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo poder público.

§ 6º – O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito sobre as receitas e despesas,decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.

§ 7º – Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funçõesa de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.

§ 8º – A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindona proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que porantecipação de receita, nos termos da lei.

“A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciara política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos osprincípios de unidade, universalidade e anualidade” (Lei 4320/64, Art. 2º.).

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - 1988SISTEMA - PLANEJAMENTO - ORÇAMENTO

LEI COMPLEMENTAR DAS FINANÇAS PÚBLICAS

PLANO PLURIANUAL - PPA

LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS - LDO

LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL - LOA

ORÇAMENTO DEINVESTIMENTO

ORÇAMENTOFISCAL

ORÇAMENTO DASEGURIDADE

CICLOORÇAMENTÁRIO

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licas4.3.4

4.4 ASPECTOS E FUNÇÕES DO ORÇAMENTOO estudo do orçamento compreende quatro aspectos fundamentais:

4.4.1.1 o aspecto jurídico, isto é, a natureza do ato orçamentário à luz do Direito e, especialmente, das instituições constitucionaisdo país, inclusive as conseqüências daí decorrentes para os direitos e obrigações dos agentes públicos e dos governados;

4.4.1.2 o político pelo qual, além do controle e equilíbrio entre os poderes, já referido, o orçamento revela a tendência aoatendimento dos grupos sociais e a maior ou menor liberdade de ação do poder executivo no cumprimento das demandas dasclasses sociais, par tidos políticos, interesses e aspirações coletivas.

O orçamento, em sua primeira fase, era um processo de fiscalização financeira e de cerceamento das tendências perdulárias degovernantes dissociados dos interesses gerais das massas. Estabelecido para cada ano, forçava o rei à convocação periódicae regular dos representantes em Parlamento.

Na atualidade, todo o governo no poder tem necessariamente um plano de ação. No Estado Moderno, os Partidos Políticosopõem seus programas e suas concepções. Um governo está no poder como representante de um partido ou de uma coligaçãopartidária e, por isso, tem por meta a realização do programa do partido político (ou coligação) que o sustenta. Trata-se, emlinhas gerais, de um plano de ação de governo. A realização do programa político traduz-se necessariamente em despesasnovas ou reduções de despesas. Daí advém a função política do Orçamento Público.

No caso brasileiro, o sistema de planejamento, portanto, o sistema orçamentário, demonstra-se como expressão concreta do Progra-ma de Governo, pois o orçamento como um todo expressa as realizações efetivas que um dado governo dispõe-se a empreender.

“Por outro lado há que achar os meios de pagar as despesas. Então, intervém o problemadas receitas, impostos, repartição dos gravames entre os indivíduos. Problema essenci-almente político, porque trata de saber quem pagará e em que medida se pagará. Aquiaparecem em primeiro plano, as concepções políticas de justiça social, igualdade verda-deira, solidariedade nacional”. (Theorie Générale du Budget, Jèze-1922).

4.4.1.3 o econômico, como instrumento de política fiscal, passível de utilização pelo governo no intuito deliberado de modi-ficar as tendências da conjuntura ou estrutura da economia, bem como, ao mesmo tempo, funcionando como um dos indica-dores do seu desempenho.

“Não se trata de equilibrar o Orçamento, mas fazer com que este equilibre a economianacional”.

“O equilíbrio Orçamentário é desejável em certos casos, impossível e inelutável noutros eserá nocivo em circunstâncias especiais”.

PROJETO DE LEI ORÇAMENTÁRIAELABORAÇÃO E APRECIAÇÃO - federal

MINISTÉRIOS(ÓRGÃOS SETORIAIS)

PRESIDÊNCIADA REPÚBLICA

Ministério do Planejamento,Orçamento e Gestão

Secretaria de OrçamentoFederal

CONGRESSONACIONAL

COMISSÃOMISTA

ORÇAMENTO

SUBCOMISSÕES

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Finanças Públicas

4.4.1.4 o técnico, que envolve o estabelecimento das regras práticas para realização dos fins indicados nos itens anteriorese para a classificação clara, metódica e racional de receitas e despesas, processos estatísticos para cálculo tão aproximadoquanto possível de uma e de outros, apresentação gráfica e contábil do documento orçamentário etc. Considerando sobre umoutro aspecto o orçamento, é um quadro de técnica contábil destinado a coordenar comparativamente despesas e receitaspúblicas, de sorte que o Estado possa imprimir ordem e método à Administração. Sem esse instrumento, ninguém poderácolher com relativa facilidade uma impressão global dos negócios públicos nem da correção com que são empregados osrecursos coletados aos contribuintes.

Apesar de contemplar, na atualidade, também este aspecto, deve-se ter em mente que a origem do orçamento não se prende aelucubrações de técnicos nem a preocupação de racionalizar a máquina financeira. É o resultado de uma penosa e multissecularcadeia de lutas políticas que tornou a elaboração orçamentária indispensável ao equilíbrio dos interesses antagônicos quebuscam expressar-se e realizar-se através das diversas instâncias consubstanciadoras do poder do Estado.

4.4.2 Função Reguladora - o orçamento regula o social e o econômico por intermédio da Administração que, através deatos discricionários, efetiva os gastos e implementa a atividade fim. A fixação das receitas tributárias não se faz para atenderintegralmente às políticas públicas do Executivo, subordinam-se também a critérios de justiça fiscal e a leis materiais.

O fortalecimento popular leva à modificação do caráter do orçamento e da atitude dos parlamentares. Neste sentido, o orça-mento apresenta-se como um instrumento que permite o controle social sobre a ação dos governos e, conseqüentemente, dosgovernantes. É uma das mais concretas expressões das ações governamentais (ou ausência delas) no contexto nacional,regional ou mesmo local.

4.5 PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOSA série de regras que cercou a instituição orçamentária sempre teve como principal finalidade auxiliar o controle parlamentarsobre o Executivo. Embora estes princípios não venham merecendo aprovação unânime ao longo do tempo e, inclusive, algunsdeles tenham perdido muito do seu significado, vamos apresentar uma rápida explicação sobre os princípios orçamentários demaior representatividade.

4.5.1 PRINCÍPIO DA UNIDADEO orçamento deve ser uno, ou seja, cada unidade governamental deve possuir apenas um orçamento.

No Brasil, a Lei 4.320/64 no seu Art. 2º pede a observância do princípio da unidade, porém, nos últimos tempos, este não vemsendo cumprido devido ao sistema de orçamentos múltiplos, através do qual o orçamento, na verdade, foi dividido em: fiscal,da seguridade e das empresas estatais.

A Constituição de 1988 trouxe melhor entendimento a esta questão ao precisar a composição do orçamento anual que passa aser integrado pelas seguintes partes: a) orçamento fiscal, compreendendo as receitas e despesas de todas as unidades eentidades da administração direta e indireta; b) orçamento de investimento das empresas estatais; c) orçamento das entidadesde seguridade social.

4.5.2 PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADEO orçamento (uno) deve conter todas as receitas e todas as despesas do Estado.

As principais vantagens que este princípio possibilita, principalmente ao legislativo, são: a) o conhecimento, a priori, de todasas receitas e despesas do governo, bem como a respectiva autorização para a realização da arrecadação; b) o impedimento doExecutivo em realizar qualquer operação de receita ou despesa, sem a prévia autorização parlamentar; c) o conhecimento doexato volume global das despesas projetadas pelo governo, o que, em princípio, pode propiciar a autorização somente dacobrança dos tributos, nos limites estritamente necessários ao atendimento destas.

“A Lei de Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa, de forma a evidenciara política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo obedecidos os prin-cípios de unidade, universalidade e anualidade”. Lei 4320/64 - Art. 2º.

“A Lei de Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as operações de créditoautorizadas em Lei...” Idem - Art. 3º.

“A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do governo eda administração centralizada, ou que por intermédio deles se realizar...” Idem – Art. 4º.

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Púb

licas4.5.3 PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO

Este princípio estabelece que todas as parcelas da receita e da despesa devem constar do orçamento em seus valores brutos,sem qualquer tipo de dedução.

“Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadasquaisquer deduções.” Lei 4320, Art. 6º.

Uma boa ilustração deste princípio é o caso do ICMS, do qual 25% do valor arrecadado pelo Governo Estadual, cabem aosmunicípios. No orçamento estadual, deve constar na receita a estimativa de arrecadação integral do tributo e na despesa os25% devem figurar como despesas de transferências aos municípios.

4.5.4 PRINCÍPIO DA ANUALIDADE OU PERIODICIDADEEste princípio estabelece que o orçamento público deve ser elaborado e autorizado para um determinado período de tempo,geralmente um ano. A anualidade orçamentária é uma regra de aceitação unânime em praticamente todas as nações modernas,embora nem todos os países façam coincidir o ano financeiro com o ano civil, como no caso do Brasil.

Exemplos de Países cujos Exercícios Financeiros NÃO coincidem com o ano civil:

Itália e Suécia – julho a junho;

Inglaterra e Alemanha – abril a março;

Estados Unidos – outubro a setembro

O Art. 165 da Constituição Federal estabelece, em seu inciso I, como lei de iniciativa do poder executivo: “os orçamentos anuais”.

4.5.5 PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO DAS RECEITASPor este princípio, nenhuma parcela da receita geral poderá ser reservada ou comprometida para atender gastos certos edeterminados.

Este princípio não se inclui entre aqueles clássicos, elaborados a par tir do interesse parlamentar, porém ele nasceu do própriobom senso do administrador que prefere - ou mesmo necessita - dispor dos recursos sem comprometimento prévio, de formaa atender às despesas conforme as necessidades.

C.F., Art. 167 - São vedados:

(...)

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repar-tição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, adestinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino, como determina-do pelo art. 212, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação dereceita, previstas no art. 165, § 8º, bem assim o disposto no § 4º deste artigo;

Arts. 158 e 159 – tratam da repartição dos tributos entre os entes da federação

Art. 167, § 4º. – estabelece as exceções ao “princípio da não afetação das receitas”(cerca de 48% dos recursos do Tesouro são transferidos aos Estados, e Municípios e aórgãos autônomos, fundos e entidades da administração indireta).

4.5.6 PRINCÍPIO DA DISCRIMINAÇÃO OU ESPECIALIZAÇÃODe acordo com este princípio, as receitas e despesas devem aparecer no orçamento de maneira discriminada de tal forma quese possa saber, pormenorizadamente, a origem dos recursos e sua aplicação.

Também se trata de um princípio com enfoque político, pois um orçamento altamente especificado fornece condições ideaispara a fiscalização parlamentar, além de inibir a expansão das atividades governamentais.

Na legislação orçamentária brasileira, também este princípio está incorporado à Lei 4.320/64 no seu Art. 5º que estabelece:

“A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferente-mente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quais-quer outras, ressalvado o disposto no Art. 20 e seu parágrafo único.”

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A ressalva (Art. 20) trata da possibilidade de que cer tos programas de investimento sejam apresentados no orçamento deforma global, deixando de cumprir a discriminação normal.

4.5.7 PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADEEste princípio determina que a Lei Orçamentária deverá conter apenas matéria financeira, excluindo-se dela qualquer dispositi-vo estranho à estimativa da receita e à fixação da despesa para o próximo exercício.

Também considerado Princípio da Técnica Legislativa, surgiu com o objetivo de impedir que a lei de Orçamento fosse utilizadacomo meio de aprovação de matérias outras, que nada tinham a ver com questões financeiras.

C.F., Art. 165, § 8º - A Lei Orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsãoda receita e à fixação da despesa, não incluindo na proibição a autorização para aberturade crédito, ainda que por antecipação de receita

4.5.8 PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIOPrincípio pelo qual deve haver equilíbrio entre receitas e despesas, não podendo as despesas superarem as receitas, ou seja,não se admitindo déficit orçamentário.

No caso brasileiro, a Constituição de 1988 adotou uma postura realista em face do déficit orçamentário. Pela sistemática declassificação das contas orçamentárias no Brasil, o déficit aparece embutido nas chamadas operações de crédito que contem-plam tanto os financiamentos de longo prazo para grandes obras, quanto os de curto prazo para reposição de caixa e queterminaram por se transformar em de longo prazo pela permanente rolagem.

A Constituição Federal, no Ar t.167, III, veda a realização de operações de crédito que excedam o montante das despesas decapital. Como regra, cada unidade governamental pode ter seu endividamento vinculado apenas à realização de investimentose não a manutenção da máquina administrativa e demais serviços.

4.5.9 OUTROS PRINCÍPIOSAlém dos anteriormente referidos, também os orçamentos devem seguir alguns outros princípios básicos, apresentados aseguir:

I – PRINCÍPIO DA CLAREZA – O orçamento deve ser apresentado com linguagem clara e compreensível.

II – PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE – O orçamento público deve merecer ampla publicidade.

III – PRINCÍPIO DA EXATIDÃO – O orçamento público deve conter exatidão orçamentária. Deve haver grande preocupaçãocom a realidade e com a efetiva capacidade do setor público de nela intervir de forma positiva.

4.6 RECEITA PÚBLICACabe lembrar as definições de Receita apresentadas no início, qual seja,“a entrada que, integrando-se ao patrimônio públicosem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto como elemento novo e positivo”e também a que a define enquanto “o capital arrecadado do povo coercitivamente, tomado por empréstimo ou produzido pelarenda dos seus bens ou pela sua atividade, de que o Estado dispõe para fazer face às despesas públicas”.

De modo geral, a receita pública divide-se em Receita Orçamentária e Receita Extra-Orçamentária.

Receitas Orçamentárias – como o próprio nome define, são aquelas receitas que integram o orçamento público, das quaisseriam exemplo os tributos, as rendas, as transferências, as alienações, os retornos de empréstimos e as operações de crédito.

Receitas Extra-Orçamentárias - a arrecadação não depende da autorização legislativa; sua realização não se vincula à execu-ção orçamentária, não constitui renda do Estado, constitui disponibilidade financeira. Por exemplo: depósito ou caução degarantia.

Na estrutura do orçamento, a receita envolve um número bem menor de questões de interesse do que a despesa.

O orçamento da receita é constituído de apenas um quadro analítico com as estimativas de arrecadação de cada um dos tiposde receita de cada instituição. Diferentemente da despesa que é programada, autorizada e controlada através do orçamento, areceita é apenas estimada do ponto de vista orçamentário.

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Púb

licas4.6.1 CLASSIFICAÇÃO POR CATEGORIAS ECONÔMICAS

O Art. 11 da Lei 4.320/64 estabelece que “a receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntese Receitas de Capital”.

4.6.1.1 RECEITAS CORRENTESReceita Tributária (impostos, taxas e contribuições de melhoria);

Receita Contribuições (previdenciárias, subtarifas de comunicações etc.);

Receita Patrimonial (juros, aluguéis, dividendos etc.);

Receita Agropecuária (agricultura, pecuária, silvicultura etc);

Receita Industrial (extrativa, mineral, de transformação etc.);

Receita de Serviços (transpor te, comunicação, armazenagem etc.);

Transferências Correntes (transferências tributárias, recursos financeiros recebidos de pessoas jurídicas);

Outras Receitas Correntes (multas, juros, indenizações etc.);

4.6.1.2 RECEITAS DE CAPITALOperações de Crédito (captações para atender desequilíbrios orçamentários ou financiar empreendimentos públicos);

Alienação de Bens (alienação de ações, títulos, bens móveis e imóveis etc.);

Amortização de Empréstimos

Transferências de Capital

Outras Receitas de Capital

4.6.2 CLASSIFICAÇÃO POR FONTESEsta classificação objetiva identificar a origem dos recursos a serem utilizados nas despesas autorizadas. Para isto, utiliza-seuma codificação específica, que no Estado do Rio de Janeiro é como a seguir demonstrado.

ATENÇÃO: A classificação aqui indicada é a que consta do orçamento, indicando a fontedos recursos pelas quais irão correr as despesas autorizadas.

RECURSOS DO TESOURO

00 - Ordinários não Vinculados

04 - Indenização Extração de Petróleo (Royalties)

05 - Salário Educação

06 - Fundo Participação Estados - FPE

12 - Convênios através do Tesouro

15 - FUNDEF

99 - Outras/Administração Direta

11 - Operações de Crédito Através do Tesouro

RECURSOS DE OUTRAS FONTES

10 - Diretamente Arrecadados

14 - RIOPREVIDÊNCIA

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16 – Convênios Diretos

17 - Operações de Crédito Diretas

4.6.3 A CODIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DAS RECEITASPara classificar uma receita quanto à sua natureza, deve-se considerar a categoria econômica, a subcategoria econômica, asfontes de receitas, as rubricas, as alíneas e as subalíneas.

O código da natureza da receita é constituído de oito algarismos, que indicam:

1º dígito – categoria econômica da receita

2º dígito – subcategoria econômica da receita

3º dígito – fonte da receita

4º dígito – rubrica

5º/6º dígitos – alínea

7º/8º dígitos – subalínea

Natureza da Receita - NR: 1 . 1 . 1 . 2 . 05 . 01

1º dígito - 1 - categoria econômica da receita “Receitas Correntes”;

2º dígito - 1 - subcategoria econômica “Receita Tributária”;

3º dígito - 1 - fonte de receita “Impostos”;

4º dígito - 2 - rubrica “Imposto sobre o Patrimônio e a Renda”;

5º e 6º dígitos - 05 - alínea “Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores”;

7º e 8º dígitos - 01 - subalínea “Cota-Parte do Estado”.

4.6.4 ESTÁGIOS DA RECEITAEm seu processo de arrecadação, a receita obedece à seqüência representada pelos seguintes estágios:

PREVISÃO, LANÇAMENTO, ARRECADAÇÃO E RECOLHIMENTO

Previsão - indica o que se estima arrecadar no exercício. É expressa pela Lei do Orçamento Anual.

Lançamento – consta da identificação do devedor ou da pessoa do contribuinte.

Trata-se de ato indelegável da repar tição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal, a pessoa que é devedora einscreve o débito desta (art. 53, Lei 4320/64).

Arrecadação – é o momento em que o contribuinte recolhe ao agente arrecadador o valor do seu débito - admite delegação.

Recolhimento - momento em que o agente arrecadador repassa o produto arrecadado à Fazenda Pública.

“O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância da Unidade de Tesouraria, vedada qualquer fragmentaçãopara criação de caixas especiais” (Art. 56, Lei 4320/64 ).

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Púb

licas4.7 DESPESAS

A Execução das Despesas Públicas

4.7.1 ASPECTOS GERAIS DA DESPESASe for adotado o enfoque empresarial, pode-se considerar como DESPESA o conjunto de recursos consumidos direta ou indireta-mente para obtenção de receitas, em contraposição ao conceito de custo, com o qual é freqüentemente confundido e que seriaconstituído do gasto destinado à aquisição de bens e serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços.

Considerando-se que as entidades par ticulares têm como objetivo imediato o retorno do capital empregado através do lucro, oincremento das DESPESAS deveria gerar mais lucro, uma vez que elas oxigenam os gastos, provocam movimentação financei-ra positiva e possibilitam a existência de novos investimentos. Seria o ciclo de vida empresarial completando-se e transforman-do-se em outros ciclos de crescimento, de transformação e de vida.

Produzir mais unidades fabris ou unidades de serviços com custos menores é a meta empresarial, sempre se tendo em menteque as DESPESAS seriam aumentadas de modo diretamente proporcional ao incremento da produção.

Se, pelo contrário, a abordagem for a enfocada pela ótica do Estado, das Entidades Governamentais, o conceito de DESPESAserá diretamente proporcional ao atendimento das necessidades da coletividade, e quanto mais a coletividade for desprovidade recursos, da possibilidade de prover a suas próprias demandas, maior será o dispêndio dos erários públicos para cobrir osgastos públicos.

Desse modo, as DESPESAS públicas seriam custeadas pela própria coletividade, através das receitas entregues ao poderpúblico por esta mesma coletividade, estando constantemente relacionadas às atividades e às funções que a coletividadeatribui à responsabilidade deste mesmo poder público.

Poder-se-ia então considerar que “O ESTADO NÃO GASTA: RETRIBUI”, uma vez que devolve em serviços o que arrecada dacoletividade como receita.

“O Estado não consome. Pode-se dizer com certa medida que toda DESPESA, mesmoprivada, implica uma redistribuição. O indivíduo que utiliza o seu salário para comer, vestire morar redistribui aos comerciantes o que recebeu do patrão. A DESPESA do indivíduo éreal, porque é seguida de um consumo correlativo, isto é, de uma destruição de produtosou de utilidades, de uma perda, enfim de substância econômica. As DESPESAS do Esta-do, porém, são ilusórias, porque não correspondem a um consumo, mas a uma simplesrepartição” (Duverger, Maurice, Apud, Torres, R. L., 2000).

Conceitos como o de Duverger, remetem à necessidade de reflexão acerca das concepções sobre a necessidade de reduçãodos gastos públicos. Na execução das políticas de ajuste fiscal (adequação dos gastos aos limites das receitas), há que seatentar para os critérios dos cortes de despesa, pois esta redução pode implicar um trágico decréscimo no cumprimento dasfunções governamentais mais elementares em que os setores sociais mais prejudicados são exatamente aqueles mais vulne-ráveis da população de um país. Fazendo-se uma analogia às definições empresariais, poderíamos dizer que DESPESAS seriam

Porto do Rio de Janeiro (recentemente privatizado)

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Finanças Públicas

a parte do gasto público destinado a atender as atividades meio, e custos seriam os gastos destinados ao atendimento dasatividades fim. Neste caso, diminuir DESPESAS seria salutar, e cortar custos diminuiria o oferecimento de unidades de serviçosà população, ou seja, haveria um decréscimo no atendimento das funções governamentais elementares.

As limitações seriam nos gastos com serviços administrativos, transferências improdutivas e outras que “são simples gastosde serviços de rotina e sem outras finalidades”, que não a de despender recursos sem repercussão social ou econômica.

Assim sendo, vincula-se o conceito de gastos públicos ao conceito de utilidade, considerando-se como tal a capacidade deatendimento à satisfação das necessidades de um maior número de indivíduos: quanto maior esta capacidade, proporcional-mente, maior a utilidade do gasto público.

Todavia, não deveria ser levada em conta somente a utilidade para a realização de DESPESAS, com dispêndio de recursospúblicos. Aliado à utilidade, tem-se que considerar também o motivo de uma dada despesa.

A investigação do motivo é de importância vital para a realização da DESPESA, tanto dos particulares que cuidam de interessesprivados, quanto para os agentes da Administração Pública que cuidam dos interesses públicos, satisfeitos mediante a utiliza-ção de recursos desta própria coletividade.

Linha Amarela

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Púb

licasUTILIDADE E MOTIVO (NECESSIDADE) NA DESPESA PÚBLICA

“Somente situações concretas de urgência ou necessidade exigem sempre uma atitude da Administração (...)

(...) situações de utilidade somente justificam uma atitude da Administração se não houver uma necessidade aguardandoatendimento, e que num mundo como o atual (onde crises econômicas fazem parte do dia-a-dia e problemas sociais continu-am sem solução) as meras utilidades estão sempre no final da fila, transformando-se em puras inutilidades quando atendidasem detrimento de uma necessidade (...)” (Blanchet, L. A.., 1993).

4.7.2 CONCEITOSEm termos mais propriamente conceituais, no dizer de ALIOMAR BALEEIRO, as DESPESAS seriam públicas quando houvessea “aplicação de cer ta quantia em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente, dentro de uma autorizaçãolegislativa, para execução de fim a cargo do Governo”. Em outras palavras, a despesa pública ocorreria quando houvessecrédito que a comporte, através da Lei do Orçamento Público .

A aplicação desta quantia em dinheiro apresenta-se sob um duplo aspecto:

O aspecto político do gasto, presente desde a gênese da DESPESA: quando o Poder Executivo, escolhido pelo voto popular,define uma linha de ação política de atendimento às demandas, obedecendo às diretrizes político-econômicas que determinamo planejamento governamental (ou seja, o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual) edeliberando sobre o objeto do gasto, através do Orçamento Público;

O aspecto técnico do gasto: em que predomina o enfoque da legalidade dos atos de gestão e a obtenção da eficácia eeficiência nos gastos.

A Constituição de 1988 determina que, além do Controle examinar o cumprimento das metas governamentais, deve tambémexaminar os resultados obtidos em termos da legalidade, da eficiência e da eficácia da gestão orçamentária, financeira epatrimonial dos Órgãos e Entidades da Administração Pública (C.F. Art. 74).

A eficiência relaciona-se diretamente com o desempenho da Entidade; a eficácia diz respeito ao alcance de suas metas e seusobjetivos, quer sejam estas entidades públicas ou privadas.

Considerando-se as entidades Públicas e Privadas pelos parâmetros da eficácia e da eficiência, observa-se que, em relação àsprimeiras, trata-se do cumprimento da norma legal, enquanto que nas outras é uma questão vital de sobrevivência.

O ideal seria que as entidades Governamentais pudessem efetivamente suportar, como manda a Constituição Federal, mas queinfelizmente não é observado pelas auditorias do Governo, a análise da sua eficiência e eficácia como condição para a suasobrevivência.

4.7.3 CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA FRENTE AO MODELODO ORÇAMENTO BRASILEIRO

Até a publicação do Decreto 2.829, de 29 de outubro de 1998, e o advento da Por taria 42, de 14 de abril de 1999, as DESPESAScompreendiam as seguintes classificações: Institucional, Funcional-Programática quanto à categoria Econômica e por Elemen-tos. A referida Portaria veio reformular a Classificação Funcional-Programática, passando a Classificação orçamentária, nostermos do Manual Técnico de Orçamento de 2000 (o primeiro a instruir a elaboração orçamentária após a publicação da citadaPor taria), a adotar as seguintes categorias:

Classificação Institucional; Classificação Funcional, Estrutura Programática quanto à Categoria Econômica e Classificaçãoquanto à Natureza da Despesa.

4.7.3.1 A CLASSIFICAÇÃO INSTITUCIONALÉ definida em razão do Órgão de Governo responsável pela realização dos gastos públicos para o qual o Orçamento consignouDotações Próprias e que se constituem dos chamados Órgãos acompanhados de suas respectivas Unidades Orçamentárias.

O Manual Técnico de Orçamento – MTO/2000 – apresenta a seguinte definição para esta classificação:

“A classificação institucional compreende os Órgãos Setoriais e suas respectivas Unida-des Orçamentárias.

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Finanças Públicas

Um órgão ou uma unidade orçamentária da classificação institucional do orçamento pode, eventualmente, não corresponder a umaestrutura administrativa, como por exemplo: “Transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios”, “Encargos Financeiros daUnião”, “Operações Oficiais de Crédito”, “Refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal” e “Reserva de Contingência”.

18.00 SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

18.61 Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério

4.7.3.2 A CLASSIFICAÇÃO FUNCIONALCom a finalidade de programação, elaboração e controle da execução dos planos e das ações diretas ou indiretas do Governo,as DESPESAS foram agrupadas em FUNÇÕES e estas, por sua vez, divididas em SUBFUNÇÕES. Também, de acordo com oMTO, a classificação FUNCIONAL recebe a seguinte definição:

“A classificação funcional, composta de um rol de funções e subfunções pré- fixadas,servirá como agregador dos gastos públicos por área de ação governamental, nas trêsesferas. Trata-se de uma classificação independente dos programas.

Por ser de aplicação comum e obrigatória no âmbito dos Municípios, dos Estados e daUnião, a classificação funcional permitirá a consolidação nacional dos gastos do setorpúblico”.

A função representa o maior nível de agregação das diversas áreas de despesa que competem ao setor público.

FUNÇÃO – enquanto classificação orçamentária representa o maior nível de agregação, através do qual o Governo procuraalcançar os objetivos nacionais.

As FUNÇÕES, por sua vez, desmembram-se em SUBFUNÇÕES.

A portaria no 42, de 14 de abril de 1999, apresenta a seguinte definição para SUBFUNÇÃO:

§ 3º A subfunção representa uma partição da função, visando agregar determinadosubconjunto de despesa do setor público.

§ 4º As subfunções poderão ser combinadas com funções diferentes daquelas a queestejam vinculadas (...).

EX:FUNÇÃO: 12 - EDUCAÇÃOSUBFUNÇÃO: 361 - ENSINO FUNDAMENTAL

4.7.4 A ESTRUTURA PROGRAMÁTICAAs FUNÇÕES e respectivas SUBFUNÇÕES desdobram-se em PROGRAMAS através dos quais efetiva-se a integração entre osplanos e os orçamentos, de modo organicamente articulado, servindo como elemento de ligação entre o planejamento de longoe médio prazo e o Orçamento Anual.

O Manual Técnico de Orçamento/MTO - 2000, com base na Por taria 042, de 1999, institui a ESTRUTURA PROGRAMÁTICA, tala impor tância assumida pelo Programa no planejamento orçamentário a partir da publicação do Decreto 2.829/98 e daquelaPor taria; importância que é ressaltada pelo referido Manual da forma seguinte:

“A partir da Portaria nº 42, de 14 de abril de 1999, os programas deixaram de ter o caráterclassificador e cada nível de governo passou a ter a sua estrutura própria, adequada àsolução dos seus problemas e originária do processo de planejamento desenvolvido du-rante a formulação do Plano Plurianual – PPA.

Há convergência entre as estruturas do plano plurianual e do orçamento anual, a partir doprograma “módulo” comum integrador do PPA com o Orçamento. Em termos deestruturação, o plano termina no programa e o orçamento começa no programa, o queconfere a esses documentos uma integração desde a origem, sem a necessidade, por-tanto, de buscar-se uma compatibilização entre módulos diversificados. O programa agecomo único módulo integrador e os projetos e as atividades como instrumento de realiza-ção dos programas.

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Púb

licasCada programa contém, no mínimo, objetivo, indicador que quantifica a situação que o

programa tem por fim modificar e os produtos (bens e serviços) necessários para atingiro objetivo. Os produtos dos programas dão origem aos projetos e atividades. A cadaprojeto ou atividade só pode estar associado um produto, que, quantificado por sua uni-dade de medida, dá origem à meta.”

PROGRAMA - categoria orçamentária cujo objetivo é traduzir no orçamento anual as definições e objetivos do planejamen-to de médio e longo prazos.

“O programa é o instrumento de organização da atuação governamental. Ar ticula um conjunto de ações que concorrem paraum objetivo comum pré-estabelecido, mensurado por indicadores estabelecidos no plano plurianual, visando à solução de umproblema ou ao atendimento de uma necessidade ou demanda da sociedade.

Toda a ação finalística do Governo Federal deverá ser estruturada em programas orientados para consecução dos objetivosestratégicos definidos para o período, no PPA” (MTO – 2000).

EX:PROGRAMA: 0002 - GESTÃO ADMINISTRATIVA

4.7.4.1 PROJETOS, ATIVIDADES E OPERAÇÕES ESPECIAISAs ações de governo derivadas dos Programas, portanto, os instrumentos de realização dos programas, podem ser de trêstipos:

a) PROJETOS: conjunto de operações limitadas no tempo dos quais normalmente resultam produtos quantificáveis física efinanceiramente que concorrem para a expansão ou para o aperfeiçoamento da ação governamental, sendo que deve-seentender como expansão os dispêndios necessários à ampliação dos atuais níveis de atendimento ou diversificação debens e serviços a cargo dos entes governamentais.

Conforme a redação da Por taria 42, tem-se a seguinte definição:

“Projeto, um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações,limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de governo”.

b) ATIVIDADES: conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e que concorrem para a manutenção da ação doGoverno, entendendo-se como manutenção os dispêndios necessários para assegurar a execução das ações existentesnos níveis correspondentes à capacidade produtiva instalada.

Também, nos termos da citada Por taria:

“Atividade, um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa,envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente,das quais resulta um produto necessário à manutenção da ação de governo”.

c) OPERAÇÕES ESPECIAIS

Além dos conceitos de Projeto e Atividade, já há muito consagrados, a reformulação classificatória ensejada pela Por taria 42instituiu também a categoria orçamentária denominada “operações especiais”, que recebe a seguinte definição:

“Operações Especiais, as despesas que não contribuem para a manutenção das ações de governo, das quais não resulta umproduto e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços”.

São despesas passíveis de enquadramento nesta ação: amortizações e encargos, aquisição de títulos, pagamento de senten-ças judiciais, transferências a qualquer título (não confundir com descentralização), fundos de participação, operações definanciamento (concessão de empréstimos), ressarcimentos de toda a ordem, indenizações, pagamento de inativos, par ticipa-ções acionárias, contribuição a organismos nacionais e internacionais e compensações financeiras.

EX:ATIVIDADE: 2694 - PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA COMPLETA:No Orçamento Geral da UniãoCLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL PROGRAMÁTICA 18.61.12.361.0002.2694

No Estado do Rio de Janeiro:Programa de Trabalho: Nossa Merenda com Leite

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Finanças Públicas

4.7.5 CATEGORIA ECONÔMICANo que diz respeito à CATEGORIA ECONÔMICA, divide-se a DESPESA PÚBLICA em:

DESPESAS CORRENTES e DESPESAS DE CAPITAL.

4.7.5.1 AS DESPESAS CORRENTESEntendem-se como operações correntes todas as transações que o Governo realiza diretamente (Administração Direta) ouatravés dos seus Órgãos da Administração Indireta e de cujo esforço não resultam em acréscimo no seu patrimônio, nãocontribuindo, por conseguinte, para aquisição, constituição ou criação de bens de capital.

Tais operações, ao se converterem em moeda, consomem-se no mercado, entrando no seu fluxo e não produzindo algomaterializável.

Preliminarmente, poderíamos classificar os gastos correntes em três categorias básicas:

a) CONSUMO DO GOVERNO - considerado como tal as despesas com salários, ordenados e remunerações de qualquer cate-goria funcional, quer militar ou civil, gastos destinados à manutenção das atividades governamentais etc.

SUBSÍDIOS – as despesas destinadas a cobrir déficits operacionais de empresas públicas ou privadas, prestadoras de serviçosou produtoras de bens para possibilitar aos indivíduos da coletividade o pagamento reduzido dos bens ou dos serviços forne-cidos, fluindo do setor Governo para o aparelho produtor da economia.

b) TRANSFERÊNCIAS – as despesas unilaterais do Governo, que não se constituem de contraprestação de serviços.

Exemplificando, podemos considerar como operações correntes as que:

não provenham da alienação de um bem de capital;

não resultem em um bem de capital;

não estejam na lei definidas como de capital;

estejam vinculadas, por ato do Poder Público, à manutenção e ao funcionamento de serviços públicos.

Conforme o disposto no art. 12, da LEI 4320, de 17 de março de 1964, as DESPESAS CORRENTES subdividem-se em:

c) DESPESAS DE CUSTEIO – que seriam as dotações destinadas à manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive asdestinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis, sendo despesas que sempre dependem decontraprestação de serviços.

d) DESPESAS DE TRANSFERÊNCIAS CORRENTES – que seriam as dotações para as DESPESAS às quais não correspondacontraprestação de serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender a manutenção de outras entida-des de direito público ou privado.

As TRANSFERÊNCIAS podem ser consideradas:

de origem constitucional, como as previstas nos arts.157 ao 159 e 162, §§ e inciso da atual Constituição Federal;

decorrentes simplesmente de autorização Orçamentária, se incluídas no orçamento sem vinculação a uma disposição legalprévia;

de origem legal, se criadas por lei ordinária;

decorrentes de convênios, acordos, ajustes e afins, caso em que obedecerá à cláusula sobre o seu objetivo.

12. 306. 0019. 2715

Função

Subfunção

Projeto/Atividade/Operações Especiais

Programa

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Púb

licas4.7.5.2 DESPESAS DE CAPITAL

As operações de CAPITAL seriam aquelas que provocam uma movimentação ou registro no ativo e no passivo e têm comofinalidade concorrer para a formação de um bem de capital. São as que contribuirão para a produção ou geração de novos bensou serviços e que integrarão o patrimônio público, quais sejam:

as que provenham da alienação de um bem de capital;

as que dêem em resultado um bem de capital;

as que estejam na lei definidas como operações de capital;

as que estejam, por ato do Poder Público, vinculadas à constituição ou aquisição de bens de capital.

De acordo com o ar t.12, já anteriormente citado, as DESPESAS DE CAPITAL dividem-se em:

a) INVESTIMENTOS – seriam as dotações destinadas ao planejamento e à execução de obras, inclusive as destinadas àaquisição de imóveis considerados necessários à realização destas obras, bem como para os programas especiais detrabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento de capital de empresasque não sejam de caráter comercial ou financeiro, proporcionando o crescimento do Produto Interno Bruto.

b) INVERSÕES FINANCEIRAS – seriam as dotações destinadas à aquisição de imóveis, bens de capital já em uso, de títulosrepresentativos do capital de empresas ou entidades de quaisquer espécie, já constituídas, quando a operação não repre-sentar aumento de capital e, ainda, as dotações para a constituição ou aumento de capital de entidades ou empresas quevisem aos objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias e de seguros, não gerando incremento doProduto Interno Bruto.

c) TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL – seriam as dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas dedireito público ou privado devem realizar independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindoessas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei do Orçamento ou de lei especial ante-rior, bem como as dotações para a amortização da dívida pública.

As DESPESAS DE CAPITAL são financiadas pela poupança dos Governos que se configura como a diferença positiva entre asDESPESAS de CONSUMO dos Governos, SUBSÍDIOS e TRANSFERÊNCIAS e as RECEITAS de IMPOSTOS diretos e indiretos eoutras RECEITAS CORRENTES.

Constantemente, no caso de diferença negativa, para financiar as suas DESPESAS de capital, os Governos recorrem à DívidaPública, contraindo empréstimos, internos ou externos.

4.7.6 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À NATUREZA DA DESPESA.Trata-se do menor e mais específico nível de classificação orçamentária, pois identifica o objeto imediato de cada despesa.Para a classificação quanto à Natureza da Despesa, deve-se levar em conta a CATEGORIA ECONÔMICA, o GRUPO DE DESPE-SA, a MODALIDADE DE APLICAÇÃO e os ELEMENTOS DE DESPESA.

O código da classificação da natureza da despesa é constituído por oito algarismos, que:

1º - indica a categoria econômica da despesa;

2º - indica o grupo da despesa;

3º/4º - indicam a modalidade da aplicação;

5º/6º - indicam o elemento da despesa (objeto do gasto);

7º/8º - indicam o subelemento da despesa (detalham o objeto do gasto).

Natureza da Despesa - ND: 3 . 3 . 90 . 36 . 06

3 - categoria econômica da despesa “Despesas Correntes”;

3 - grupo da despesa “Outras Despesas Correntes”;

90 - modalidade da aplicação “Aplicações Diretas”;

36 - elemento da despesa “Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física”; e

06 - subelemento da despesa “Serviços Administrativos”.

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Finanças Públicas

4 – Despesa de Capital

4 – Investimento

90 – Aplicação Direta

51 – Obras e Instalações

07 – Execução de Obras por Contrato

4.7.7 CRÉDITOS ADICIONAISPor se tratar de uma previsão, por melhor elaborada que seja, o orçamento pode apresentar dotações insuficientes para cobrirdeterminadas despesas ou, no transcorrer do exercício, podem surgir despesas inesperadas, não orçadas, ou, ainda, situaçõesemergenciais que acarretem gastos imprevistos. Para o atendimento a situações como estas, a lei dispõe a figura do CréditoAdicional:

Art. 40. São créditos adicionais as autorizações de despesas não computadas ou insufi-cientemente dotadas na Lei de Orçamento (Lei 4320/64).

Os créditos adicionais podem ser de três tipos: Créditos Adicionais Suplementares, Créditos Especiais e Créditos Extraordinários.

4.7.7.1 CRÉDITOS SUPLEMENTARESFinalidade - reforço de dotações já existentes;

Autorização Legislativa - prévia, podendo ser incluída na própria Lei do Orçamento;

Forma de Abertura - por Decreto do Executivo

Compensação dos recursos – obrigatória, indicada na lei de autorização e no decreto de abertura;

Limite e vigência - no exercício de abertura;

Prorrogação - vedada;

Classificação da despesa - projetos e atividades com a indicação de elementos e fontes.

4.7.7.2 CRÉDITOS ESPECIAISFinalidade - atender a programas não existentes na LOA;

Autorização Legislativa - prévia em Lei especial;

Forma de Abertura – por Decreto do Executivo;

Compensação dos recursos – obrigatória, indicada na lei de autorização e no Decreto de abertura;

Limite e vigência -indicação obrigatória na Lei e no decreto de abertura

Prorrogação -prorrogado para o exercício seguinte se aberto nos 4 últimos meses do ano;

Classificação da despesa; projetos e atividades com indicação dos elementos e fontes.

4.7.7.3 CRÉDITOS EXTRAORDINÁRIOSFinalidade - despesas imprevistas e urgentes, em caso de guerra, comoção interna ou calamidade pública;

ND: 4. 4. 90. 51.07

Categoria econômica

Grupo de despesa

Elemento

Modalidade de Aplicação

Subelemento

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Púb

licasAutorização Legislativa - independe;

Forma de Abertura - Decreto do Executivo com remessa imediata ao Legislativo;

Compensação dos recursos - independe de indicação, no final do exercício deve ser compensado com o superavit financei-ro com o excesso de arrecadação;

Limite e vigência -indicação obrigatória no decreto de abertura;

Prorrogação -prorrogado para o exercício seguinte se aberto nos 4 últimos meses do ano;

Classificação da despesa; será classificada após a realização.

4.7.7.4 A COMPENSAÇÃO DOS CRÉDITOS ADICIONAISA compensação dos créditos adicionais é realizada através de:

Superavit Financeiro;

Excesso de Arrecadação;

Anulação de Dotações;

Operação de Crédito;

Reserva de Contingência.

Superavit Financeiro: apurado no balanço Patrimonial, corresponde a diferença positiva entre o ativo e o passivo financeiro;

Excesso de Arrecadação: saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e a efetivamenterealizada, considerando-se, ainda, a tendência da arrecadação no exercício.

4.7.8 FASES DA EXECUÇÃO DA DESPESAPodemos considerar as fases da DESPESA como sendo de dois tipos: obrigatórias e facultativas.

As obrigatórias seriam em razão dos dispositivos legais que determinam a sua efetivação, e as facultativas em razão tambémde dispositivos legais, porém combinados ao poder discricionário dos Gestores.

Como fases OBRIGATÓRIAS temos:

fixação;

empenho;

liquidação;

pagamento.

Como fases FACULTATIVAS temos:

programação;

licitação;

dispensa de licitação;

inexigibilidade de licitação e suprimento.

Considerando-se todo o elenco, teremos que a DESPESA PÚBLICA obedece aos seguintes estágios:

FIXAÇÃO, PROGRAMAÇÃO, LICITAÇÃO (ou DISPENSA DE LICITAÇÃO ou, ainda, INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO), EMPENHO,LIQUIDAÇÃO, SUPRIMENTO E PAGAMENTO.

A Lei Orçamentária anual prevê a RECEITA e fixa a DESPESA. A FIXAÇÃO é, portanto, o primeiro estágio da despesa. A despesatambém é fixada por meio dos créditos adicionais.

Assim sendo, nenhuma DESPESA pode ser realizada sem Crédito Orçamentário que a comporte, diferentemente da receita queé prevista e poderá ser cobrada independentemente de prévia autorização orçamentária, bastando que a lei criadora do tributoesteja em vigor antes do início do exercício financeiro, ainda que o Orçamento já tenha sido aprovado e publicado.

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Finanças Públicas

No caso da DESPESA, a análise dos dispositivos legais em vigor traz o entendimento da condição essencial do Crédito Orça-mentário compatível em qualidade e quantidade para possibilitar o EMPENHO da DESPESA.

O SIAFEM – SISTEMA DE ACOMPANHAMENTO FINANCEIRO PARA ESTADOS E MUNICÍPIOS

Cada vez mais consolida-se a tendência para que todas as fases e atos para a execução da despesa sejam executados através doSIAFEM. Atualmente, o sistema encontra-se implantado em praticamente todos os órgãos e respectivas unidades orçamentárias doEstado do Rio de Janeiro. É através dele que são emitidos os empenhos, realizadas liquidações das despesas e emitido o documentoque permite à fazenda pública a realização dos pagamentos através das Programações de Desembolso – PDs

4.7.8.1 O EMPENHOConsidera-se EMPENHO:

“o ato emanado de autoridade competente, que cria para o Estado obrigação de paga-mento, pendente ou não de implemento de condição”(art.58,Lei 4.320/64); “para cadaEMPENHO será extraído um documento denominado NOTA DE EMPENHO, que indicará onome do credor, a especificação e a importância da DESPESA, bem como a deduçãodesta do saldo da dotação própria”(art.61, Lei 4.320/64).

Da análise do contido nos dispositivos legais mencionados, depreende-se que empenhar é deduzir a importância autorizada dadotação orçamentária correspondente.

Conforme os termos da lei, tem-se que o Empenho:

Cria para o Estado obrigação de pagamento;

Esta obrigação de pagamento pode ser pendente ou não de implemento de condição – no ato do EMPENHO a condição para opagamento já pode estar satisfeita ou não, o que será necessariamente apurado sempre na fase da liquidação, como será vistomais adiante.

Por conseguinte, o empenhamento da despesa compreende as etapas da AUTORIZAÇÀO e da FORMALIZAÇÃO da despesa.

a) AUTORIZAÇÃO – é a permissão dada por autoridade competente (ordenador de despesa) para a realização da DESPESA:

“O Empenho será autorizado pelo Ordenador da Despesa (Lei Estadual n.º 287/79 ,Art.82) através da ‘NAD’ Nota de Autorização da Despesa, sendo esta facultativa.” (Manualde Orientação do Gestor Público);

b) FORMALIZAÇÃO – o momento da dedução do crédito correspondente, com a respectiva emissão da “Nota de EMPENHO”.

“Para as formalidades do empenhamento da despesa deverão ser observados, além daLei Estadual n.º 287/79, Artigos 81 ao 88, a Portaria n.º 103/SECIN de 23/12/88, alteradapela Portaria n.º 108/SECIN, de 28/02/1989.

O Empenho será formalizado por meio da emissão, através do SIAFEM/RJ, com eventos do tipo “4”, do documento denomina-do Nota de Empenho (NE), em que são especificados os campos” (especificados em formulários próprios constantes noSistema).(Idem)

Conforme o expresso na etapa da autorização, necessariamente, o empenho deve ser um ato emanado de autoridade compe-tente: o ORDENADOR de DESPESA.

Ordenador de Despesa: “toda e qualquer autoridade de cujos atos resultarem reconhecimento de dívida, emissão de EMPENHO,autorização de pagamento, concessão de adiantamentos, suprimentos de fundos ou dispêndio do Estado ou pelos quais esteresponda”.

Os ORDENADORES de DESPESA podem ser de dois tipos:

Ordenadores Natos, cuja capacidade está ligada ao cargo que ocupa, previsto em Leis, Regulamentos, Estatutos etc.;

Ordenadores Delegados, cuja autoridade baseia-se em DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA formal, nominativa e específica.

A DELEGAÇÃO de COMPETÊNCIA “tem caráter facultativo e transitório, apoiando-se em razões de oportunidade e conveniênciae na capacidade do Delegado de exercer a contento as atribuições conferidas, de modo que o delegante pode sempre retomara COMPETÊNCIA e atribuí-la a outrem ou exercê-la pessoalmente” (MEIRELLES, H. L., 2000).

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Púb

licasO EMPENHO como ato pressupõe o princípio da anterioridade, em razão do definido na referida Lei 4320/64:

Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.

Esta anterioridade leva ao entendimento que o EMPENHO é um instrumento de PROGRAMAÇÃO, uma vez que a ExecuçãoOrçamentária dos Governos permite a visão do desempenho orçamentário e o nível do comprometimento existente.

Os EMPENHOS classificam-se em:

1. EMPENHOS ORDINÁRIOS: quando destinados a atender despesa cujo pagamento se processe de uma só vez:

Destinado à despesa cujo valor se conhece e que será pago em uma única parcela.

Exemplo: Aquisição de um bebedouro, pago em uma única vez.(Manual do Gestor Público).

2. EMPENHOS POR ESTIMATIVA: quando destinados a atender despesa cujo montante exato não se pode previamente deter-minar:

“É utilizado nos casos em que não é possível a determinação prévia do valor exato dadespesa, podendo o pagamento ser efetuado em uma única vez ou parceladamente. Poressa razão, estima-se um valor e se estabelece um cronograma de pagamento.

Exemplo: pagamento de contas de energia elétrica, água e telefone.” (Idem).

3. EMPENHOS GLOBAIS: quando destinados a atender despesas contratuais, e outras sujeitas a parcelamento, cujo montanteexato pode ser determinado

“Utilizado nos casos de despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento, cujomontante de pagamento é previamente conhecido.

Exemplo: Despesa com locação de imóvel” (Idem).

4.7.8.2 A LIQUIDAÇÃO DA DESPESAConsiste na verificação do direito do credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito (art.63, Lei 4 320/64).

Em outras palavras, a LIQUIDAÇÃO é a verificação do implemento da condição, observando-se a origem e o objeto do que sedeve pagar, a impor tância a ser paga e a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação, com base noscontratos, ajustes ou acordos, na Nota de EMPENHO e nos comprovantes da entrega do material ou da prestação do serviço.

No momento da LIQUIDAÇÃO da DESPESA, os Órgãos de Controle encarregados de processá-la transformam-se em agentessolidários com os Gestores, uma vez que determinam, após a análise dos documentos anteriormente relacionados, que aDESPESA encontra-se em condições de ser paga.

Coloquialmente, a liquidação é conhecida por “atestação”, embora esta não seja a forma correta de denominar esta fase dadespesa.

4.7.8.3 O PAGAMENTO DA DESPESAO PAGAMENTO da DESPESA é a fase que determina a extinção das obrigações, devendo ser realizada através de Tesourarias ouPagadorias regularmente instituídas ou por estabelecimentos bancário credenciados e, em casos excepcionais, através deAdiantamentos ou Suprimento de Fundos.

O pagamento só poderá ser efetuado após regular a liquidação da despesa.

4.7.8.4 O ADIANTAMENTOA legislação em vigor define que “o regime de adiantamento é aplicável aos casos de DESPESAS expressamente definidos emlei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria, para o fim de realizarDESPESAS que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação”.(art.68, Lei 4 320/64).

De acordo com o contido no dispositivo legal transcrito, configura-se o Adiantamento como um regime excepcional de paga-mento das DESPESAS Públicas, e cada Entidade pode definir, sem sobrepor-se às limitações da Lei Federal, quais os casos emque se aplicará esta forma de pagamento.

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Finanças Públicas

Casos em que se aplica o adiantamento no Estado do Rio de Janeiro:

Despesas com diligências policiais;

Despesas eventuais de gabinete;

Despesas miúdas de pronto pagamento;

Despesas extraordinárias e urgentes;

Despesas de caráter secreto e reservado.

(Art.1, §1º Decreto 3147/80 e art. 103, Lei 287/79)

FASES DO ADIANTAMENTO:

CONCESSÃO –realizada após requisição, a autoridade ordenadora de despesa que definirá na autorização o prazo deaplicação e a finalidade;

APLICAÇÃO – 60 dias dentro do exercício financeiro;

COMPROVAÇÃO – 30 dias, contados do último dia útil para sua aplicação.

(Normas válidas para o Estado do Rio de Janeiro: Lei 287/79 e Decreto 3.147/80)

4.7.9 RESTOS A PAGARAs despesas empenhadas, mas não pagas, até 31 de dezembro, constituem-se do que a lei denominou de Restos a Pagar – RP.Os RPs distinguem-se em processados e não processados.

Processados – material já entregue, serviço prestado e obra medida até a data do encerramento do exercício financeiro;

Não processados – ainda na dependência de apuração da obrigação.

Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até odia 31 de dezembro, distinguindo-se as processadas das não processadas. (Lei 4320/64)

Os Restos a Pagar serão relacionados em conta nominal do credor – é a chamada inscrição dos Restos a Pagar, que é feitaobedecendo-se aos critérios de despesas processadas e não processadas.

Os RPs constiutem-se de despesas extra-orçamentária, na medida em que não são consignados ao orçamento dos exercíciosem que são pagos.

LEI COMPLEMENTAR FEDERAL N.º. 101 de 04 de maio de 2000.

Dos Restos a Pagar

Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos doisquadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cum-prida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício se-guinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.

Parágrafo único - Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados osencargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.

4.7.10. DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORESQuando, após o encerramento do exercício, restarem despesas que constavam autorizadas do orçamento e, por alguma razão,não foi possível processá-las na época devida, ou, no caso de Restos a Pagar cuja validade foi interrompida, ou, ainda, poralgum motivo, alguma despesa foi assumida após o encerramento do exercício, tais despesas serão pagas à conta de dotaçãoespecífica, consignada no orçamento do novo exercício.

Neste caso, os motivos do não pagamento serão justificados e o ordenador de despesa fará o reconhecimento público da dívida.

LEI n.º 4.320 DE 17 DE MARÇO 1964

Art. 37 - As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivoconsignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham

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licasprocessado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida

e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondentepoderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminadapôr elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica.

LEI N.º 287, 04 DE DEZEMBRO DE 1979 (ESTADUAL)

Art. 11 - Quanto ao exercício financeiro, observar-se-ão os seguintes princípios:

III – as despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consig-nava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processa-do na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e oscompromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente, pode-rão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada porelementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica;

4.8. REGIMES CONTÁBEISDe acordo com o disposto no ar t. 35 da Lei 4320/64, pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas e asdespesas nele legalmente empenhadas.

O regime contábil adotado recebe o nome de REGIME MISTO, na medida em que compõe-se de um REGIME DE CAIXA PARAAS RECEITAS e de um REGIME DE COMPETÊNCIA PARA AS DESPESAS.

“O registro das receitas obedecerá ao regime de caixa, sendo consideradas pertencentesao exercício as receitas nele arrecadadas (Lei Estadual n.º 287/79, art. 10, I).

O registro das despesas obedecerá ao regime de competência, sendo consideradas pertencentes ao exercício as despesasnele legalmente empenhadas (Lei Estadual n.º 287/79, ar t.10, II)”. (Manual do Gestor Público)

4.9. DÍVIDA ATIVAOs valores devidos à União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal que, na data fixada, não foram pagos pelosdevedores constituirão os créditos a receber, devendo haver o seu registro na Dívida Ativa, na repartição competente e orespectivo registro contábil do direito de a receber. Serão sempre escriturados como receita do exercício em que forem arreca-dados, nas respectivas rubricas orçamentárias (Art.39 da Lei 4320/64).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora desnecessário, nunca é demais frisar que este roteiro não possui a presunção de esgotar tão vasto e complexo temacomo o das Finanças Públicas. A intenção é de apenas levar ao aluno o conhecimento de algumas noções básicas, necessá-rias ao entendimento inicial da matéria. Nesta introdução temática, procurou-se permear os assuntos com o vislumbre de seusentido prático e de um enfoque que se pode definir como o de uma certa funcionalidade cidadã, em que, na medida dopossível, buscou-se remeter aspectos tecnicamente financeiros a patamares do exercício cidadão, relativos tanto às pessoasde modo geral, quanto, em especial, ao servidor público, responsáveis pela quotidianidade deste propalado exercício.

Neste intento, a idéia, ao discorrermos em páginas anteriores acerca da impor tância do motivo e do imperativo da necessidadepara que seja efetuada a DESPESA Pública, foi a de chamar a atenção sobre o desperdício causado pelos dirigentes dos Órgãospúblicos que se utilizam das autorizações Orçamentárias sem o mínimo de planejamento e sem a preocupação com atendimen-to às metas e às necessidades dos indivíduos que formam a coletividade, e que são, em última análise, os financiadoresdestas mesmas DESPESAS.

O conhecimento do Orçamento e a discussão sobre suas DESPESAS constitui-se, de fato, de exercício vivo de Cidadania,devendo cada vez mais ser difundido, discutido e contestado em proveito de uma sociedade melhor e mais justa para todosnós, brasileiros.

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6. BIBLIOGRAFIA

Baleeiro, Aliomar – UMA INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DAS FINANÇAS, Forense ed., Rio de Janeiro, 1997, 15a. ed.

Blanchet, L. A. – LICITAÇÃO: o Edital à Luz da Nova Lei, Juruá ed., Curitiba, 1993, 1a. ed.

Deodato, Alberto – MANUAL DE CIÊNCIA DAS FINANÇAS, Saraiva ed., São Paulo, 1973, 13a. ed.

Giacomoni, J. – ORÇAMENTO PÚBLICO, Atlas ed., São Paulo, 1997, 7.a ed.

Matias Pereira, J. – FINANÇAS PÚBLICAS: a Política Orçamentária no Brasil, Atlas ed., São Paulo, 1999, 1a. ed.

Meirelles, H. L. – DIREITO ADIMISTRATIVO BRASILEIRO, Malheiros ed., São Paulo, 2000, 25a. ed.

Rezende, F. – FINANÇAS PÚBLICAS, Atlas ed., São Paulo, 2001, 2a. ed.

Secretaria de Estado de Fazenda do Rio de Janeiro – MANUAL DE ORIENTAÇÃO DO GESTOR PÚBLICO, Superintendência deNormas e Sistemas, Coordenação de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, S.D.

Torres, R. L. – TRATADO DE DIREITO CONSTITUCIONAL FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO, Renovar ed., 2000, 2a. ed.