condominio (doutrina e prática condominial)biblioteca virtual edipel issuu 2014
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Oferecer para consulta ilimitada este estudo sobre os mais diversos aspectos doutrinários, prático e positivado das relações condominiais, é uma realização pessoal e profissional imensa. Por muitos anos militando como Advogado, posso mensurar o alcance desta publicação que espero seja de real utilidade...TRANSCRIPT
2 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
CCoonnddoommíínniioo
( Doutrina & Prática Condominial)
> ORIGEM HISTÓRICA DOS CONDOMÍNIOS
> CONDOMÍNIOS, DIREITO E DOUTRINA
> LEI DOS CONDOMÍNIOS Nº. 4.591/64
> PRÁTICA CONDOMINIAL (Formulários)
- Edipel -
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
3
4@. Edição – 2.014
Reinaldo Assis Pellizzaro
PELLIZZARO, Reinaldo Assis
O Condomínio no Novo Código Civil
Edição especial para BIBLIOTECA VIRTUAL –
EDIPEL- ISSUU- reprodução franqueada com
indicação do nome do autor
4 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
ÍNDICE GERAL
Apresentação.......................................................5/6
Prefácio................................................................7/8
Capítulo Primeiro
I - DO CONDOMÍNIO GERAL
1 - Origem do Condomínio...................... .......11
1.2 - O Condomínio no Código Civil..................15
1.3 - Condomínio Voluntário.............................19
1.4 - Dos direitos dos Condôminos....................19
1.5 - Dos deveres dos Condôminos..................23
1.6 - Da Administração do Condomínio..............28
1.7 - Condomínio Necessário.............................29
Capítulo Segundo
II - CONDOMÍNIO EDILÍCIO OU EDIFICAÇÕES
2.1 – Condomínio edilício ou edificações...........34
2.2 - Instituição do Condomínio
Edilicio ou de Edificações...........................37
2.3 - Dos direitos dos condôminos....................42
2.4 - Dos deveres dos Condôminos..................44
2.5 - Realização de Obras pelo Condomínio.....47
2.6 - Da Administração do Condomínio.............50
2.6 - Da cobrança da contribuição a luz
do Código de Defesa do Consumidor.....55
2.8 - Da extinção do Condomínio......................60
Capítulo Terceiro
III – DA VIGÊNCIA DA LEI N. 4.591
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
5
3.1 - Da vigência da Lei N. 4.591, que
dispõe sobre Cond. de Edifícios.........63
3.2 - Das Incorporações............................65
3.3 - Da construção de Edificações
em Condomínio..................................67
3.4 - Concordata Preventiva Reque -
rida pelo Incorporador.........................69
3.5 - Falência do Incorporador...................72
3.6 - Da Infrações Condominiais................74
Capítulo Quarto
III – PRÁTICA CONDOMINIAL
4.1 - Edital de Convocação para
Assembléia..........................................78
4.2 – Procuração de representação
em Assembléia...................................79
4.3 - Carta de cobrança de Condomínio
devido pelo Condômino.......................80
4.4 - Carta notificatória de transgressão
legal....................................................82
4.5 - Procuração judicial à Advogado .........84
4.6 - Recurso de Condômino.......... ............85
4.7 - Relatório do Síndico............................87
4.8 – Modelo de Convenção.........................89
LEGISLAÇÃO:
. Novo Código Civil (arts.1358/1383)....107/117
. Lei dos Condomínios, N.4591/64.......117/152
Bibliografia................................................153
6 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Apresentação
Com prazer fazemos publicar a quarta
edição especial para a BIBLIOTECA VIRTUAL
EDIPEL-ISSUU
Reeditamos igualmente nosso
entendimento de que, com a entrada em vigor do
Novo Código Civil Brasileiro, as relações
condominiais, sofreram substanciais alterações.
É que no ano de 1916, quando foi editado o
Código Civil, o condomínio era pouco difundindo, e
admita-se, tendo nosso direito origem romanística,
nenhuma importância se deu ao instituto do
condomínio, que não era aceito pelos jurisconsultos
de Roma.
Entre nós, foi a partir de 1964, quando
passou a vigorar a Lei dos Condomínios, Lei N.
4591/64, que aquele importante instituto foi
definitivamente incorporado ao ordenamento jurídico
brasileiro.
Assim é que oferecemos este trabalho que
foi idealizado para servir como ferramenta de
manuseio constante por todos aqueles que
necessitarem encontrar uma solução nas complexas
relações condominiais.
Mais do que oferecer soluções imediatas,
no desenvolvimento de seu conteúdo temático, a
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
7
matéria foi explicitada de tal forma, que deixa
transparecer uma visão de maior amplitude, nos
campos da legislação, doutrina e da jurisprudência
como fontes imediatas do Direito Condominial.
Fizemos uma breve incursão histórica para
encontrar o ponto de partida e de pronto enfocamos o
Condomínio Edilício ou de Edificações, seguindo a
ordem expositiva sugerida pelo Novo Código Civil.
Revogada tacitamente a Lei N.4591/64,
nos dispositivos atinentes ás edificações, foi
explicitada no Primeiro Capítulo, obviamente na parte
que permaneceu integralmente em vigor, enquanto
que a parte que cuida das Incorporações,
compuseram o Segundo e demais Capítulos.
Como convém a uma obra que se destina a
todos aqueles que de alguma forma devem se
interessar por condomínio, fizemos inserir algumas
peças de prática dominial, que acreditamos seja de
grande valia.
Oferecemos a íntegra o Novo Código Civil,
na parte que regula o Condomínio de Edificações e
ainda a Lei N. 4591/64 denominada Lei dos
Condomínios.
O autor
8 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
PREFÁCIO
Convidado para prefaciar este livro sobre
Condomínios, inobstante a imensa honra, confesso
que relutei em aceitar a incumbência.
É que minha formação científica se
vincula á área da Ciência da Administração, e a
primeira vista o livro trata do condomínio á luz do
Novo Código Civil, ou seja, voltado para a Ciência
Jurídica.
Todavia, após a leitura atenta da matéria
exposta, me foi possível constatar que o Direito
Condominial, está intimamente ligado a Ciência da
Administração, eis que tem na sua base a prática
operativa organizacional.
Na verdade o livro prefaciado, apar de
enfocar o condomínio como ordenamento jurídico,
aborda com muita clareza como devem ser
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
9
arrecadados os recursos e aplicado o dinheiro dos
condôminos.
Pela exposição da matéria, se pode sentir,
que o Autor, valeu-se de termos menos técnicos, de
forma a facilitar o entendimento, como convém a
uma obra destinada, a todas as pessoas que de
alguma forma se ligam a propriedade compartilhada,
ou seja, propriedade condominial.
Do ponto de vista administrativo, o livro
por sua esmerada elaboração será, temos a mais
absoluta certeza, de importância e até mesmo
imprescindível, a todos aqueles que tiverem como
nós, o privilegio de ler, e manusear para consulta no
dia-a-dia de trabalho condominial, do ponto de vista
jurídico e também administrativo.
Enzo Sander Pellizzaro
Adm. de Empresas
10 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Á minha querida filha Michelle Karine e netas
Ana Luiza, Beatriz e Isadora, Maria Victória e
neto Lorenzo Sander que compartilham de nosso
imenso amor...
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
11
CAPÍTULO I
Do Condomínio Geral
1. Origem histórica condomínio
A palavra condomínio tem origem no termo
dominium, que no latim significava o direito de
propriedade sobre uma coisa; atualmente, acrescida
da preposição com, designa a propriedade
pertencente a mais de uma pessoa.
Segundo o dicionarista De Plácido e SILVA, 1
tecnicamente, o condomínio na linguagem do Direito
Civil, significa o direito simultaneamente tido por
várias pessoas sobre a mesma coisa.
Entre os romanos, não se admitia e existência
simultânea de dois direitos, in solidum, fossem
exercidos compartilhadamente, sobre a mesma coisa.
Ensina ARNOLD WALD, que “os incidentes da
vida, muitas vezes, levam certos bens ás mãos de
diversas pessoas ao mesmo tempo, como ocorria em
1SILVA De Plácido. Vocabulário Jurídico. Ed. Forense. São
Paulo.1963 1º vol.p.390
12 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
matéria sucessória, ficando as coisas em indivisão por
algum tempo, os romanistas elaboraram um teoria
explicativa de condomínio em virtude da qual não
havia mais um direito de propriedade sobre certo
objeto, mas sim direitos paralelos de propriedade que
se exerciam sobre cotas ideais distintas do objeto em
questão”.2
Designando-se assim, como condomínio as
diversas dependências de um prédio de
apartamentos, como corredores, elevadores, áreas de
uso comum e privativas, cujo domínio pertence a
todos os co-proprietários.
É bem de ver-se, que a propriedade tem como
atributo principal a direito exclusivo do proprietário
sobre a coisa, ou seja, a faculdade de “usar, gozar,
dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de
quem quer que injustamente a possua ou detenha”
(art. 1.228), sendo que este caráter exclusivo do
direito de propriedade, pode ser encontrado no
condomínio.
2WALD, Arnold, Curso de Direito das Coisas, Ed.RT, 1990, 7a. ed.p.129
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
13
Diversas teorias procuram dar uma explicação,
para a existência desse direito, que é exclusivo e ao
mesmo tempo compartilhada, podendo-se dividi-las
em dois grandes grupos, ou seja:
I - TEORIA DA PROPRIEDADE INTEGRAL, que
explica a existência do condomínio como um único
direito, exercido por todos os condôminos, onde o
direito de um, se limita ao direito do outro; a um só
tempo encontramos o concurso de todos sobre a
rotatividade da coisa.
II – TEORIA DAS PROPRIEDADES PLÚRIMAS
PARCIAIS, cada condômino tem a plena propriedade
da parte ideal, na coisa comum e a reunião dessas
partes ideais é que formam o condomínio.
III – TEORIA DA PESSOA JURÍDICA, ou seja,
cada condômino é proprietário autônomo de sua
unidade condominial, que corresponde a uma fração
ideal do terreno onde foi edificado o prédio, sendo
proprietário em comunhão indivisível com as áreas
comuns, concorrendo assim para constituir o sujeito
14 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
de direito condominial e cuja quota representa a
expressão numérica de sua contribuição.
O Código Civil Brasileiro, atribui a cada
condômino na condição de proprietário o poder de
“usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela
exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão,
reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e
alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la”. (art.
1.314).
Para a civilista Maria Helena DINIZ, “determinado
direito poderá pertencer a vários indivíduos ao mesmo
tempo, hipótese em que se tem a comunhão. Se a
comunhão recair sobre um direito de propriedade, ter-
se-á condomínio ou compropriedade”.3
Inquestionável é a capacidade jurídica do
condomínio como entidade jurídica, eis que
longevamente nosso tribunais pacificaram
entendimento no sentido de que: “O condomínio de
edifício configura uma entidade jurídica, universitas
júris, distinta da pessoa dos respectivos condôminos,
tendo, pois, capacidade para estar em Juízo e cobrar
3DINIZ Maria Helena. Código Civil Anotado. Editora Saraiva. São Paulo.
.1988. 4ª ed.p.514
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
15
de condômino a prestação devida pelas despesas
comuns.” ( TJDF. Ap.7.335. Ement. For. 108)
2. O Condomínio no Novo Código Civil
A idéia de norma condominial sempre desafiou
o gênio jurídico de todos os países do mundo e entre
nós, remonta às Ordenações do Reino, conforme
ensina Caio Mário da Silva PEREIRA:
“No direito brasileiro não era igualmente
desconhecido o problema o problema. Já das
Ordenações, do Reino herdamos a idéia,
referindo-se elas a casa que de dois senhorios
fosse, a um pertencendo o sótão e a outro o
sobrado. A Consolidação de Teixeira de Freitas
retoma a regra (art.946), e diz, sem qualquer
anotação do mestre, que se uma casa, for de
dois donos, pertencendo a um as lojas e ao
outro o sobrado, não pode o dono deste fazer
janela, ou outra obra, sobre o portal daquelas.”4
O Novo Código Civil Brasileiro, instituído pela
Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 , disciplina o
Condomínio no Livro III, onde, trata do Direito das
Coisas; e no Título III, que cuida da Propriedade.
4 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Rio de Janeiro. Ed. Forense. 1994. 8a. ed.
p.64
16 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
A elaboração do ordenamento substantivo, é o
resultado do Projeto de Lei nr.634 -B, de 1975, em
que foi inicialmente, Relator o Senador
Josaphat Marinho, estabelecendo no CAPÍTULO VI,
as normas que tratam DO CONDOMÍNIO GERAL (
artigos 1.314 até 1.330 ), em três Seções: Seção I,
trata Do Condomínio Voluntário, que é subdividida
em duas subseções; a Subseção I, é dedicada aos
Direitos e Deveres dos Condôminos; a Subseção
II, trata Da Administração do Condomínio; e
finalmente a Seção III, cuida Do Condomínio
Necessário.
No CAPÍTULO VII, a nova Lei Civil trata do
Condomínio Edilício (artigos. 1.331 até 1.358),
sendo que na Seção I, deste capítulo estão
elencadas as Disposições Gerais, e na Seção II,
são codificadas as normas atinentes a
Administração do Condomínio, ficando
estabelecido na Seção III as normas para Extinção
do Condomínio.
É de ser registrado que este o Capítulo, que
cuida especificamente do CONDOMÍNIO EDILÍCIO,
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
17
sofreu, quando da sua elaboração e tramitação no
Senado da Federal, pesadas críticas, pois se
desejava, total modernização sendo que, o Senador
Amaral Furlan, ofereceu a emenda de Nr. 143 ,
que pretendia Suprimir o Capítulo VII, do Livro III -
Do Condomínio Edilício, por inteiro”. (sic).
Na sua justificativa, o referido Senador fazia
duras críticas, a vetusta Lei nr. 4591/64, que dizia
ser obsoleta, e que o Novo Código em nada havia
inovado, e pelo contrário, a redação, afirmava “volta
ao tempo anterior a 1964, dando tratamento pior do
que o já superado pela Lei nr. 4591. Criticava o novo
texto civil, quando não impedia a impertinência da
obrigatoriedade de convivência com maus vizinhos
(art.1.337), e incentivando o mau pagador ao
inadimplemento pelo atraso a sua cota condominial;
afirmava ser inaceitável a utilização no artigo 1333 da
expressão “convenção que constitui o condomínio”, a
convenção segundo sua ótica, devia ser conseqüente
e não simultânea ao nascimento Condomínio.
Entendia ser igualmente inaceitável a previsão
legal encontrada no Novo Código de criação de um
18 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Conselho Consultivo, quando o correto é Conselho
Fiscal.5
Portanto, o Condomínio Geral, de que trata o
Capítulo VI, se divide em Condomínio Voluntário
(artigos. 1.314 á 1326), Condomínio Necessário
(artigos 1.327 á 1.330), e Condomínio Edilício
(artigos 1.331 a 1358).
Com a entrada em vigor do Novo Código Civil, a
Lei 4591/64, foi parcialmente revogada, nos artigos
1º até o artigo 27, ou seja, do Condomínio Voluntário
até Condomínio Edilício, ou de Prédios; todavia como
se trata de revogação tácita, a parte não modificada
continua em vigor, suplementando o Novo
Ordenamento Civil Substantivo.
1.3. Condomínio Voluntário
O Condomínio Voluntário ou convencional, tem
origem na liberdade de formação do condomínio
5 IN, O projeto de Código Civil no Senado Federal - Brasília, Senado Federal,
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
19
através do acordo de vontade dos condôminos;
contrariamente ao Condomínio Necessário, que
independe da vontade dos condôminos.
Vale dizer, que o Condomínio Voluntário tem
origem no contrato, podendo este ser por instrumento
público ou particular, neste caso, para validade em
relação a terceiros deverá ser registrado no Cartório
de Registro de Imóveis.
O instrumento de criação, deve prever os
direitos e obrigações dos condôminos, bem como a
forma de administração do condomínio, sendo que o
registro no Registro de Imóveis, proporciona a
necessária averbação á margem da matricula dos
imóveis.
1.4. Dos direitos dos Condôminos
Conforme determina o Código, cada condômino
pode usar da coisa consoante sua destinação, sobre
ela exercer todos os direitos compatíveis com a
indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua
1998, 2v, pg. 317 / 319.
20 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la
no todo ou em parte.(art. 1.314).
A destinação pode ser livremente estabelecida
no ato de constituição do condomínio, devendo
todavia manter fidelidade ao ato de constituição; bem
como atender ao Código de Postura Municipal e
ainda ao que determina o Estatuto da Cidade.
Tratando-se de bem indivisível a liberdade de
uso da coisa pelo condômino deve ser compatível
com a sua destinação.
Uma das faculdades concedidas ao titular do
domínio, da coisa, é o direito de reivindicá-la de
outro condômino ou de terceiro, em defesa de sua
posse.
Estabelecido o litígio sobre o direito
possessório, a prestação jurisdicional pleiteada, tem
efeito genérico beneficiando a todos os consortes,
vale dizer, que proposta a ação por um dos
condôminos todos os demais se beneficiarão pela
concessão da manutenção ou reintegração na posse
da coisa condominiada.
Assim a ação intentada versará sobre todo o
imóvel indiviso e não somente sobre a fração ideal
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
21
daquele que promove o ajuizamento, o que se
coaduna com a comunhão do condomínio.
Ainda com respeito ao direito possessório, é de
ressaltar-se que no condomínio a posse não gera
direito prescritivo para fins de aquisição de domínio
via usucapião; sendo que a jurisprudência corrobora
esse entendimento:
Ao condômino é defeso usucapir a coisa
possuída em comum, por isso que mandatário
comum – Cód. Civ. Art.640. Não é possuidor
aquele que, achando-se de dependência para
com outro, conserva a posse em nome deste
(TJ-RJ- Ac. Unân. da 1ª Câm. Cív.
Ap.1.709/88. Des. N.Doreste Baptista). 6
Podendo ainda, o condômino titular do domínio,
alienar a respectiva parte ideal, ou gravá-la para
garantia de empréstimo ou transação comercial sem
impedimento algum, já que goza do direito pleno de
propriedade.
Releva anotar-se que para a garantia da boa
utilização da coisa em condomínio, nenhum dos
condôminos pode alterar a destinação da coisa
comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a
estranhos, sem o consenso dos outros.
6 BOAS Vilas Darnley, Obr. Cit. P.275, usque, 294
22 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Desta forma tendo um dos comunheiros
interesse na locação da coisa, todos os demais
condôminos deverão ser consultados, sobre o valor e
condições da locação, podendo qualquer deles
demonstrar seu interesse, e exercitar o direito de
preferência na locação do bem.
Se o condômino oferecer preço idêntico ao
terceiro estranho ao condomínio, por certo assistir-
lhe-á o direito de preferência.
Desta forma, os contratos de locação somente
terão validade, depois de submetidos a aprovação
dos demais condôminos, ou seja, aprovados após
consulta pessoal, mesmo tratando-se de contratos de
temporada, ou cessão para uso gratuito à parentes,
ou amigos, eis que estranhos ao condomínio.
Esta aprovação poderá, entretanto ser feita pelo
Administrador, desde que o Ato de Instituição do
Condomínio, delegue poderes para exprimir o
consenso dos condôminos.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
23
1.5. Dos deveres dos Condôminos
O primeiro dever do condômino é de concorrer
no pagamento do rateio para as despesas de
conservação da coisa condominiada; assim o
condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a
concorrer para as despesas de conservação.
Todavia a cobrança desse rateio, deve obedecer
a certos critérios que preservam e até mesmo
protegem o condômino, dada a relação de consumo
que se estabelece como se verá mais adiante.
Adiante-se desde já que as contribuições para
rateio das despesas, multas e encargos somente tem
característica de liquidez , certeza e exigibilidade,
ensejando processo de execução, se regularmente
aprovados em assembléia dos condôminos; sendo
que somente, através de Procedimento
Sumaríssimo, se poderá apurar responsabilidade e
se exigir o cumprimento de obrigações condominiais.7
Em caso de divisão judicial ou mesmo amigável
o condômino se obriga contribuir na proporção de sua
parte, para pagar as despesas necessárias para a
7 BOAS, Darnley Villas. Obr. Cit. P.282
24 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
divisão da coisa, e ainda a suportar os ônus e dívidas
a que estiver sujeita (Art. 1.315).
Para fins de pagamento de sua quota-parte nas
despesas, estabeleceu o legislador que presumem-se
iguais as partes ideais dos condôminos.
Podendo, entretanto eximir-se de contribuir
para custeio dessas despesas, bem como de
sua responsabilidade pelos ônus e dívidas,
mediante a renúncia, em favor dos demais
condôminos de sua parte ideal. (art.1316)
Se a renúncia for em favor do condomínio
os demais condôminos assumem as despesas e
as dívidas, neste caso, a renúncia lhes
aproveita, adquirindo a parte ideal de quem
renunciou, na proporção dos pagamentos que
fizerem.
Todavia, se não há condômino que faça os
pagamentos, a coisa comum será dividida, entre
todos os condôminos, que dividirão entre si as
despesas e encargos na proporção da parte ideal
adquirida em conseqüência da renúncia.
Entende-se que cada qual se obrigou
proporcionalmente ao seu quinhão na coisa comum,
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
25
quando a dívida houver sido contraída por todos os
condôminos, sem se discriminar a parte de cada um
na obrigação, nem se estipular solidariedade,
consoante prevê o artigo 1.317 do Código Civil.
Pela dicção do ordenamento civil, o condomínio
atribui aqueles que o integra direito de
representação, e assim, as dívidas contraídas por um
dos condôminos em proveito da comunhão, e durante
ela, obrigam o contratante.
Neste caso o condômino poderá recobrar o que
pagou através de ação regressiva contra os demais
condôminos (art.1.318).
Enquanto permanecer indivisa a coisa, cada
condômino responde aos outros pelos frutos que
percebeu em decorrência da utilização exclusiva da
coisa, bem como pelo dano que lhe causou. (art.
1.319.)
Tratando-se de condomínio voluntário, regido
pelo Código Civil, a todo tempo será lícito ao
condômino exigir a divisão da coisa comum,
respondendo o quinhão de cada um pela sua parte
nas despesas da divisão.
26 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
É todavia, facultado aos condôminos acordar
que fique indivisa a coisa comum por prazo não maior
de cinco anos, suscetível de prorrogação ulterior.
Quando a comunhão for originada por doação
ou testamento não poderá a indivisão ser pactuada
por tempo superior a cinco anos; todavia a
requerimento de qualquer interessado e se graves
razões o aconselharem, pode o juiz determinar a
divisão da coisa comum antes do prazo.
Com efeito, aplica-se à divisão do condomínio,
no que couber, as regras de partilha de herança, nos
termos previstos pelos artigos 2.013 até 2.022 do
Código Civil.
É bem de ver-se, que quando a coisa for
indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-la a
um só, indenizando os outros, será vendida e
repartido o valor apurado, preferindo-se, na venda,
em condições iguais de oferta, o condômino ao
estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na
coisa benfeitorias mais valiosas, e, não as havendo, o
de quinhão maior.
Todavia previu o legislador que se nenhum dos
condôminos tiver benfeitorias na coisa comum e
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
27
participarem todos do condomínio em partes iguais,
realizar-se-á licitação entre estranhos e, antes de
adjudicada a coisa àquele que ofereceu maior lanço,
proceder-se-á à licitação entre os condôminos, a fim
de que a coisa seja adjudicada a quem afinal oferecer
melhor lanço, preferindo, em condições iguais, o
condômino ao estranho.
Trata-se pois, de uma forma legal de proteger o
condomínio estabelecendo um liame de confiança
entre os condôminos.
1.6. Da Administração do Condomínio
A administração do condomínio, poderá ser
delegada por consenso, a administrador, eleito pela
maioria dos condôminos, que poderá ser estranho ao
condomínio.
Observe-se que o legislador substantivo se
refere a figura do administrador, que uma vez
escolhido passa a ser o procurador comum..
Como a Convenção, prevista pelo Código Civil
em seu artigo 1334, determina que deve ser
estabelecida por consenso a “forma de
28 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
administração”, portanto se não ocorrer a indicação
de um administrador, qualquer um dos integrantes
poderá praticar atos de administração.
Neste caso, ocorrerá o que se convencionou
denominar de administração tácita, quando um dos
condôminos, livremente administrar sem oposição
dos outros, como representante comum.
Podemos observar que desde a constituição, até
mesmo administração e finalidade, o Condomínio
Voluntário, mentem estreita ligação como Condomínio
Edilício, admitindo-se aplicação supletiva de alguns
dispositivos; ex vi, do art. 1.314, que proíbe a posse,
uso ou gozo a estranhos, e deve ser aplicado á
locação, para exigir-se a aprovação pelo condomínio.
Para o cômputo dos votos para decisão
no Condomínio, a maioria será calculada pelo
valor dos quinhões; sendo que as deliberações
serão obrigatórias, sendo tomadas por maioria
absoluta, e não sendo possível alcançar maioria
absoluta, decidirá o juiz, a requerimento de
qualquer condômino, ouvidos os outros.
É bem de ver-se, que em havendo dúvida
quanto ao valor do quinhão, será este avaliado
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
29
judicialmente já, os frutos da coisa comum, não
havendo em contrário estipulação ou disposição de
última vontade, serão partilhados na proporção dos
quinhões.
1.7. Do Condomínio Necessário
Quando for necessária a meação de paredes,
cercas, muros e valas a relação condominial é
regulada pelo Código Civil com aplicação do disposto
pelos artigos. 1.297 e 1.298; 1.304 a 1.307.
Neste sentido os dispositivos do Novo Código
Civil, em nada modificaram a Lei Nr. 4591/64, que
estabelece em seu artigo 5º: “O condomínio por
meação de parede, soalhos, e tetos das unidades
isoladas, regular-se-á pelo disposto no Código Civil,
no que lhe for aplicável”.
Com efeito, estabelece o Código Civil: “ Art.
1297 - O proprietário tem direito a cercar, murar, valar
ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou
rural, e pode constranger o seu confinante a proceder
com ele à demarcação entre os dois prédios, a
aviventar rumos apagados e a renovar marcos
30 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
destruídos ou arruinados, repartindo-se
proporcionalmente entre os interessados as
respectivas despesas”.
Neste caso os valos, muros, cercas e os
tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de
arame ou de madeira, valas ou banquetas,
presumem-se, até prova em contrário, pertencer a
ambos os proprietários confinantes, sendo estes
obrigados, de conformidade com os costumes da
localidade, a concorrer, em partes iguais, para as
despesas de sua construção e conservação.
Já quanto as sebes vivas, as árvores, ou plantas
quaisquer, que servem de marco divisório, só podem
ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre
proprietários.
Havendo necessidade de construção de tapumes
especiais para impedir a passagem de animais de
pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de
quem provocou a necessidade deles, pelo
proprietário, que não está obrigado a concorrer para
as despesas.
Por seu turno dispõe o artigo 1.298 do Código
Civil, que, “sendo confusos, os limites, em falta de
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
31
outro meio, se determinarão de conformidade com a
posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno
contestado se dividirá por partes iguais entre os
prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, se
adjudicará a um deles, mediante indenização ao
outro”.
De igual forma reza o art. 1.304, que, “nas
cidades, vilas e povoados cuja edificação estiver
adstrita a alinhamento, o dono de um terreno pode
nele edificar, madeirando na parede divisória do
prédio contíguo, se ela suportar a nova construção;
mas terá de embolsar ao vizinho metade do valor da
parede e do chão correspondentes”.
Enquanto que o artigo 1.305, diz que “o
confinante, que primeiro construir, pode assentar a
parede divisória até meia espessura no terreno
contíguo, sem perder por isso o direito a haver meio
valor dela se o vizinho a travejar, caso em que o
primeiro fixará a largura e a profundidade do alicerce”.
Neste caso se a parede divisória pertencer a um
dos lindeiros, e não tiver capacidade para ser
travejada pelo outro, não poderá este lhe fazer
32 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
alicerce ao pé sem prestar caução àquele, pelo risco
a que expõe a construção anterior.
Finalmente dispõe o artigo 1.306 do mesmo
Ordenamento Substantivo, que: “O condômino da
parede-meia pode utilizá-la até ao meio da espessura,
não pondo em risco a segurança ou a separação dos
dois prédios, e avisando previamente o outro
condômino das obras que ali tenciona fazer; não pode
sem consentimento do outro, fazer, na parede-meia,
armários, ou obras semelhantes, correspondendo a
outras, da mesma natureza, já feita do lado oposto”.
O disposto pelo artigo 1.307 do Ordenamento
Substantivo, determina a seu turno normatizando o
condomínio necessário que, “qualquer dos
confinantes pode altear a parede divisória, se
necessário reconstruindo-a, para suportar o
alteamento; arcará com todas as despesas, inclusive
de conservação, ou com metade, se o vizinho adquirir
meação também na parte aumentada”.
No caso em que, o proprietário tiver direito a
estremar um imóvel com paredes, cercas, muros,
valas ou valados, tê-lo-á igualmente a adquirir
meação na parede, muro, valado ou cerca do vizinho,
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
33
embolsando-lhe metade do que atualmente valer a
obra e o terreno por ela ocupado (art. 1.297).
Mas todavia não convindo os dois no preço da
obra, será este arbitrado por peritos, a expensas de
ambos os confinantes.
Qualquer que seja o valor da meação,
enquanto aquele que pretender a divisão não o pagar
ou depositar, nenhum uso poderá fazer na parede,
muro, vala, cerca ou qualquer outra obra divisória.
Como vimos o Condomínio Necessário, tem
origem na necessidade de fazer-se a meação de
paredes, cercas, muros e valas a relação condominial
sendo que nesses casos é regulado pelas
disposições do Código Civil com aplicação do
disposto pelos artigos. 1.297, até 1.307.
Assim é que, em decorrência do Condomínio
Necessário, proprietário tem direito a cercar, murar,
valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano
ou rural, e pode constranger o seu confinante a
proceder com ele à demarcação entre os dois
prédios, a aviventar rumos apagados.
34 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
CAPÍTULO II
Do Condomínio Edilício ou de Edificações
2.1. Condomínio Edilício ou de Edificações
O Código Civil, ordenou juridicamente o
Condomínio de Edifícios, nos artigos 1331 até 1358,
derrogando somente parcial e tacitamente, a
legislação especial, ou seja, somente onde tratou do
mesmo assunto.
Na verdade o legislador substantivo civil, se vale
da legislação especial, para estabelecer os requisitos
necessários a criação ou instituição do condomínio
(art.1332); assim permanece em vigor parte das leis
especiais que disciplinam o condomínio: Lei nr. 4.591,
de 16 - 12 - 1964, regulamentada Decreto Federal
Nº. 55.815 de 8-3-1965.
É que esta legislação especial disciplina
exclusivamente as relações condominiais, a partir da
incorporação de prédios, sendo que esta última
sequer consta do Código Civil, vale dizer, que as
incorporações, continuam reguladas inteiramente
pela lei especial não derrogada.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
35
Na verdade, a ocupação do solo através de
edifícios, foi a solução encontrada para a falta de
espaço nos grandes conglomerados urbanos.
Segundo registram os historiadores essa
modalidade especial de condomínio surgiu em
meados de 1914, objetivando regular a ocupação de
edifícios fracionados em apartamentos.
O Código Civil, reconhece o direito de
propriedade exclusiva em edifícios, ao dispor no
artigo 1.331, que: “ Pode haver, em edificações,
partes que são propriedade exclusiva, e partes que
são propriedade comum dos condôminos”.
Estabelece ainda que as partes suscetíveis de
utilização independentes, tais como apartamentos,
escritórios, salas, lojas, sobrelojas ou abrigos para
veículos, com as respectivas frações ideais no solo e
nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade
exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas
livremente por seus proprietários.
Por seu turno a Lei 4591/64 na parte em que
permanece em vigor, estabelece no artigo 1º. § 1
º.
que: “Cada unidade será assinalada por designação
especial, numérica ou alfabética, para efeitos de
36 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
identificação e discriminação; § 2º. Cada unidade
caberá, como parte inseparável, uma fração ideal do
terreno e coisas comuns, expressa sob forma decimal
ou ordinária”.
O Código Civil, inovou, admitindo livremente a
alienação de acessório,(garagem, terraço exclusivo,
etc.) da unidade condominial a outro condômino, ou
para terceiros, desde que autorizado pelo ato
constitutivo do condomínio, (art. 1339, §2º).
Manteve o Código a proibição prevista pela lei
4591/64 (art. 3º), quanto a venda ou oneração para
terceiros não integrantes do Condomínio, que sempre
ficava sujeito a autorização assemblear.
Quanto as áreas comuns enfatizou o
Legislador Civil que o solo, a estrutura do prédio, o
telhado, a rede geral de distribuição de água,
esgoto, gás e eletricidade, a calefação e
refrigeração centrais, e as demais partes comuns,
inclusive o acesso ao logradouro público, são
utilizados em comum pelos condôminos, não
podendo ser alienados separadamente, ou
divididos.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
37
Ainda, quanto à utilização das áreas comuns, a
Lei 4591/64, na parte em que permanece em vigor,
por não ter sido revogada pelo Novo Código Civil,
“proíbe qualquer condômino ou morador embaraçar o
uso das partes comuns”8
Desta forma ficou estabelecido na lei que a
fração ideal no solo e nas outras partes comuns é
proporcional ao valor da unidade imobiliária, o qual
se calcula em relação ao conjunto da edificação.
Sendo que nenhuma unidade imobiliária pode
ser privada do acesso ao logradouro público.
O terraço de cobertura é parte comum, salvo
disposição contrária da escritura de constituição do
condomínio.
2.2. Instituição de Condomínio Edilício
Institui-se o condomínio edilício por ato entre
vivos ou testamento; sendo que no primeiro caso o
ato de criação será a convenção, que poderá ser
feita por escritura pública ou por instrumento
particular, visado por advogado (Art. 1º.
§ 2º Estatuto
8 BOAS Darnley Villas. Obr. Cit. p.284
38 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
da OAB) e registrado no Cartório de Registro de
Imóveis (Art. 1.332), devendo constar de forma
imprescindível, para atendimento da lei substantiva
civil:
I - a discriminação e individualização das
unidades de propriedade exclusiva, estremadas
uma das outras e das partes comuns;
II - a determinação da fração ideal atribuída a
cada unidade, relativamente ao terreno e partes
comuns;
III - o fim a que as unidades se destinam, e “o
modo de usar as coisas e serviços comuns”,
(Cfe. Art.9º , Parág. 3
º “ c” da Lei 4591/64).
IV - a quota proporcional e o modo de
pagamento das contribuições dos condôminos
para atender às despesas ordinárias e
extraordinárias do condomínio; ” a forma de
contribuição para constituição de fundo de
reserva; (Cfe. Art.9º , Parág. 3
º “ j ” da Lei
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
39
4591/64); bem como a forma de movimentação
da conta de fundo de reserva, que pode ser
somente com autorização do Conselho
Consultivo ou depende de autorização da
Assembléia Geral, conforme ensina Antônio
José Ferreira de CARVALHO.9
V – sua forma de administração, modo de
escolher o síndico e o Conselho Consultivo,
atribuições do síndico, alem das legais, a
definição da natureza gratuita ou remunerada de
suas funções; atribuições do síndico além das
legais. (Cfe. Art.9º , Parág. 3
º “e, g, h, f ” da Lei
4591/64)
VI - a competência das assembléias, forma de
sua convocação, e prazo (Cfe. Art.9º , Parág. 3
º
“h” Lei 4591/64) e quorum exigido para as
deliberações;
9 CARVALHO, Antônio José Ferreira. Condomínio na Prática. Rio de
Janeiro. Ed. Líber Júris.3a. ed. P.63
40 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
VII - as sanções a que estão sujeitos os
condôminos, ou possuidores;
VIII - o regimento interno.
É bem de ver-se que são equiparados aos
proprietários, para os fins deste artigo, salvo
disposição em contrário, os promitentes compradores
e os cessionários de direitos relativos às unidades
autônomas.
A Convenção de constituição do condomínio
edilício, que pode ser feita por instrumento público ou
particular, ensinando Yara MULLER, que: “No
regulamento ou convenção devem ser especificadas
as coisas comuns e também como fazer uso das
mesmas, com discriminação da natureza, quantidade
e objeto dos direitos dos consortes, regulando o gozo
das partes privativas e das comuns do edifício, com
cláusulas proibitivas e permissivas, organização e
disciplina das relações e da representação das
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
41
relações e da representação dos condôminos face à
administração e á defesa do conjunto10
”.
Com apoio em jurisprudência predominante, os
civilistas deixam bem clara a extensão do direito de
propriedade dos condôminos, pois, como pondera
Washington de Barros MONTEIRO:11
Cada proprietário de fração autônoma pode usar
livremente das partes comuns, consoante sua
destinação, de modo que não prejudique a
comunhão (RT.266/581). A propriedade
exclusiva ou privativa constitui-se pelas unidades
ou apartamentos autônomos, delimitados pelas
paredes divisórias. Cada proprietário tem
domínio único e exclusivo sobre suas peças ou
dependências. Com relação a estas, como diz
CAPITANT, seus direitos são quase tão
completos, quase tão absolutos, quanto os do
proprietário único de sua casa.
Por seu caráter especial o condomínio de
edificações é absolutamente indivisível, posto que,
todas as unidades se projetam no solo, ou seja, na
fração do terreno que integra o apartamento, loja,
etc., pois conforme adverte Caio Mário da Silva
PEREIRA: “Ligada a existência jurídica da
10 MULLER, Yara. Direitos, Deveres e Ações de Condomínio.Ed.
Record. São Paulo. P.24 11 MONTEIRO Washington de Barros. Curso de Direito Civil, ed.
Saraiva. São Paulo. 1967 7ª ed. vol.3 p.225
42 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
propriedade coletiva sobre o solo e partes comuns do
prédio a subsistência da propriedade particular e
individual sobre os apartamentos, constitui um
condomínio indivisível”.12
Desta forma não se reveste da necessária
legalidade, a criação de condomínio de galeria, com
convenção e CGC, próprios, separando, por exemplo,
lojas e escritórios, localizados na parte térrea de
edifícios, dos pavimentos superiores, onde estão
localizados apartamentos, garagens, área de lazer.
A jurisprudência vitoriosa de nossos tribunais
corrobora este entendimento: “Inadmissível o
rompimento por condôminos de um dos diversos
blocos do condomínio da convenção para administrar
autonomamente a parte em que possuem
unidades.”(TAC-SP-Ac.da 3a. Câm. Ap.144.304- Rel.
Juiz Martiniano de Azevedo)
2.3. Dos direitos dos condôminos
O Legislador Civil, assegurou no condomínio
edilício aos condôminos direitos decorrentes de
fruição e de administração, assim descriminados:
12 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Obr. Cit. P.211
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
43
I - usar, fruir e livremente dispor das suas
unidades;
II - usar das partes comuns, conforme a sua
destinação, e contanto que não exclua a
utilização dos demais compossuidores;
III - votar nas deliberações da assembléia e
delas participar, estando quite (art. 1.335, II CC).
IV – fiscalizar os atos praticados pelos
administradores do condomínio, notadamente a
aplicação e arrecadação dos recursos financeiros e
registros contábeis.
2.4. Dos deveres dos condôminos
Os deveres dos condôminos estão elencados no
artigo 1.336, e igualmente deverão constar do ato
constitutivo:
44 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
I - Contribuir para as despesas do condomínio,
na proporção de suas frações ideais;
II - não realizar obras que comprometam a
segurança da edificação;
III - não alterar a forma e a cor da fachada, das
partes e esquadrias externas;
IV - dar às suas partes a mesma destinação que
tem a edificação, e não as utilizar de maneira
prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos
possuidores, ou aos bons costumes.
Releva notar-se que convenção que constitui o
condomínio edilício deve ser subscrita pelos titulares
de, no mínimo, dois terços das frações ideais e torna-
se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito
sobre as unidades, ou para quantos sobre elas
tenham posse ou detenção.(Art.1.333)
Sendo que para ser oponível contra terceiros, a
convenção do condomínio deverá ser registrada no
Cartório de Registro de Imóveis.
O não pagamento pelo condômino da
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
45
contribuição devida para custeio das despesas
comuns implica no pagamento de juros moratórios
convencionados ou, não sendo previstos, de um por
cento ao mês, e multa de até dois por cento sobre o
valor.
O Código Civil impõe multa em caso do
condômino, não cumprir qualquer dos deveres
estabelecidos nos incisos II a IV, devendo pagar a
multa prevista no ato constitutivo ou na Convenção,
não podendo ela ser superior a cinco vezes o valor
de suas contribuições mensais, independentemente
das perdas e danos que se apurarem; não havendo
disposição expressa, caberá à Assembléia geral, por
dois terços no mínimo dos condôminos restantes,
deliberar sobre a cobrança da multa.
A multa ainda será aplicada ao condômino, ou
possuidor, que não cumpre reiteradamente com os
seus deveres perante o condomínio poderá, por
deliberação de três quartos dos condôminos
restantes, multa cujo valor será correspondente até
ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as
despesas condominiais, conforme a gravidade das
faltas e a reiteração, independentemente das perdas
46 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
e danos que se apurem.
Prevê o Código Civil que o condômino ou
possuidor que, por seu reiterado comportamento anti-
social, gerar incompatibilidade de convivência com os
demais condôminos ou possuidores, poderá ser
constrangido a pagar multa correspondente ao
décuplo do valor atribuído à contribuição para as
despesas condominiais, até ulterior deliberação da
assembléia(art.1337).
A locação de vaga de garagem de propriedade
do condômino obedece a critério especial, pois
preferir-se-á, em condições iguais, qualquer dos
condôminos a estranhos, e, entre todos, os
possuidores.(art.1.338).
Nos termos da lei substantiva civil, os direitos
de cada condômino às partes comuns são
inseparáveis de sua propriedade exclusiva;
são também inseparáveis das frações ideais
correspondentes as unidades imobiliárias, com as
suas partes acessórias; caso em que é proibido
alienar ou gravar os bens em separado, sendo estes
portanto impenhoráveis.
Todavia é permitido ao condômino alienar parte
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
47
acessória de sua unidade imobiliária a outro
condômino, só podendo fazê-lo a terceiro se essa
faculdade constar do ato constitutivo do condomínio,
e se a ela não se opuser a respectiva assembléia
geral.
As despesas relativas a partes comuns de uso
exclusivo de um condômino, ou de alguns deles,
incumbem a quem delas se serve.
2.5. A realização de obras pelo condomínio
A realização de obras no condomínio depende:
I - se voluptuárias, ou seja, de embelezamento
ou deleite, de voto de dois terços dos
condôminos;
II - se úteis, vale dizer, para melhoria e
comodidade, do voto da maioria dos
condôminos.
48 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
III - as obras ou reparações necessárias podem
ser realizadas, independentemente de
autorização, pelo síndico, ou, em caso de
omissão, por qualquer condômino.
Acentue-se que, se as obras ou reparos
necessários forem urgentes e importarem em
despesas excessivas, determinadas sua realização, o
síndico ou o condômino que tomou a iniciativa delas
dará ciência à assembléia, que deverá ser convocada
imediatamente.
Todavia não sendo urgentes, as obras ou reparos
necessários, que importarem em despesas
excessivas, somente poderão ser efetuadas após
autorização da assembléia, especialmente convocada
pelo síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento
deste, por qualquer dos condôminos.
Sempre que o condômino realizar obras ou
reparos necessários será reembolsado das despesas
que efetuar, não tendo direito à restituição das que
fizer com obras ou reparos de outra natureza, embora
de interesse comum.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
49
Já a realização de obras, em partes comuns,
em acréscimo às já existentes, a fim de lhes facilitar
ou aumentar a utilização, depende da aprovação de
dois terços dos votos dos condôminos, não sendo
permitidas construções, nas partes comuns,
suscetíveis de prejudicar a utilização, por qualquer
dos condôminos, das partes próprias, ou comuns.
Neste sentido o condômino não pode recusar-se
a contribuir, com sua cota-parte na chamadas de
capital – desde que legalmente estabelecidas -, pois
como argumenta Caio Mário da Silva PEREIRA:
“Ninguém pode, também, renunciar a certos
benefícios ou vantagens a fim de eximir-se de
concorrer nas despesas”.13
Por sua importância a construção de outro
pavimento, ou, no solo comum, de outro edifício,
destinado a conter novas unidades imobiliárias,
depende da aprovação da unanimidade dos
condôminos.
As despesas decorrentes de conservação do
terraço de cobertura incumbem ao seu proprietário,
de modo que não haja danos às unidades imobiliárias
13 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Ob. Cit. p. 224
50 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
inferiores.
Em caso de alienação o adquirente de unidade
responde pelos débitos do alienante, em relação ao
condomínio, inclusive multas e juros moratórios.
Para a segurança de todos os condôminos é
obrigatório o seguro de toda a edificação contra o
risco de incêndio ou destruição, total ou parcial.
2.6. Da Administração do Condomínio
No condomínio a administração é atribuída a
um síndico, escolhido e eleito em assembléia, que
poderá não ser condômino, para administrar o
condomínio, por prazo não superior a dois anos, o
qual poderá renovar-se.
O síndico, uma vez eleito, recebe poderes de
representatividade e administração, competindo-lhe :
I - convocar a assembléia dos condôminos;
II - representar, ativa e passivamente, o
condomínio, praticando, em juízo ou fora dele,
os atos necessários à defesa dos interesses
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
51
comuns;
III - dar imediato conhecimento à assembléia da
existência de procedimento judicial ou
administrativo, de interesse do condomínio;
IV - cumprir e fazer cumprir a convenção, o
regimento interno e as determinações da
assembléia;
V - diligenciar a conservação e a guarda das
partes comuns e zelar pela prestação dos
serviços que interessem aos possuidores;
VI - elaborar o orçamento da receita e da
despesa relativa a cada ano, e prestar contas á
assembléia e sempre que solicitado por escrito
por qualquer um dos condôminos;
VII – cobrar dos condôminos as suas
contribuições, bem como impor e cobrar as
multas devidas;
52 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
VIII - prestar contas à assembléia, anualmente e
quando exigidas;
IX - realizar o seguro da edificação, sendo de
observar-se aqui o disposto pelos arts. 13 até 17
da Lei 4591/64, não derrogada nesta parte.
Sendo que poderá a assembléia eleger também
um ou mais subsíndicos, para substituir o síndico
nas suas ausências e impossibilidade, dividindo com
este a carga de suas encargos não personalíssimos,
com atribuições específicas conferidas pela
assembléia, ou previstas na convenção.
O síndico poderá transferir a outrem, total ou
parcialmente, os poderes de representação ou
as funções administrativas , mediante aprovação
da assembléia, salvo disposição em contrário da
convenção.
Convém todavia, ser observado que existem
atribuições, que somente podem ser atribuídas a
pessoa do síndico, conforme enumera
doutrinariamente Cáio Mário da Silva PEREIRA:
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
53
Assim é que são insuscetíveis de
substabelecimento as imposições de multas, a
prestação de contas, a representação do
condomínio, que competem ao síndico e não
podem ser transferidas a ninguém. É também,
privativa do síndico a ação contra condômino,
para cobrar despesas de condomínio.14
A assembléia, especialmente convocada
poderá, pelo voto da maioria absoluta de seus
membros, destituir o síndico que praticar
irregularidades, não prestar contas, ou não
administrar convenientemente o condomínio.
A convocação da assembléia anual será feita
pelo síndico, na forma prevista na convenção, a fim
de aprovar o orçamento das despesas, as
contribuições dos condôminos e a prestação de
contas, e eventualmente eleger-lhe o substituto
e alterar o regimento interno.
Se o síndico não convocar a assembléia, um
quarto dos condôminos poderá fazê-lo, e se a
assembléia não se reunir, o juiz decidirá, a
requerimento de qualquer condômino.
14
PEREIRA, Cáio Mário da Silva. Obr.Cit.p.206
54 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
A alteração da convenção e do regimento
interno depende da aprovação de dois terços dos
votos dos condôminos a mudança da destinação do
edifício, ou da unidade imobiliária, depende de
aprovação pela unanimidade dos condôminos.
Salvo quando exigido quorum especial,
as deliberações da assembléia serão tomadas,
em primeira convocação, por maioria de votos
dos condôminos presentes que representem pelo
menos metade das frações ideais.
Os votos, preferencialmente, serão proporcionais às
frações ideais no solo e nas outras partes comuns
pertencentes a cada condômino, salvo disposição
diversa da convenção de constituição do condomínio,
que poderá estabelecer que cada unidade
condominial corresponda a um voto.
Em segunda convocação, a assembléia
poderá deliberar por maioria dos votos dos
presentes, salvo quando exigido quorum especial.
Insistindo o legislador (Arts.1352/1353 CC) que
somente poderão votar os condôminos presentes,
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
55
estaria impedido o voto por procuração? Não, porque
o instituto do mandato é consagrado no nosso direito
(Art.653 CC); todavia para resguardar o direito de
igualdade e evitar-se abusos, devem ser limitado a
somente uma procuração para cada condômino, de
forma expressa na Convenção.
. Com caráter consultivo poderá haver no
condomínio um Conselho, composto de três
membros, eleitos pela assembléia, por prazo não
superior a dois anos, ao qual compete dar parecer
sobre as contas do síndico e ser consultado
administrativamente.
É necessário deixar bem claro que a função do
Conselho é puramente consultiva, salvo se a
Convenção lhe conferir atribuições maiores.
2.7. Da cobrança da contribuição à luz do Código
de Defesa do Consumidor
Como vimos o Condômino se obriga a pagar as
despesas decorrentes de sua participação no
Condomínio.
56 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Embora ainda se ouçam vozes discordantes,
entendemos que as regras atinentes ao Código de
Defesa do Consumidor se aplicam, supletivamente as
relações condominiais.
Isto porque no condomínio, se exige o
consumo de água, energia elétrica, luz, gás, material
de limpeza, peças de elevador, vidros, e uma
infinidade de outros produtos que fazem existir uma
relação de consumo.
Fora de dúvida que a relação jurídica deve ser
assim equacionada: O condomínio é consumidor em
relação ao produtor, assim como o condômino é
consumidor em relação ao condomínio, pois todos
são envolvidos por uma inquestionável relação de
consumo..
Desde logo deve ser enfatizado no pagamento
das despesas condominiais, que representa todos os
produtos acima referidos, estabelece o Código de
Defesa do Consumidor, o devedor não pode ser
submetido a nenhuma forma constrangedora de
cobrança.
O não pagamento no prazo e na forma
estabelecida na convenção ou Assembléia Geral,
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
57
impõe acréscimos de multa de até 2% sobre a parcela
devida e juros de 12% ao ano.
Desde que esteja previsto na Convenção os
juros e a correção monetária começam a correr a
partir do vencimento da cota-parte e não do
ajuizamento ou citação na Ação de Cobrança.
A cobrança judicial, é feita através de Ação de
Cobrança, devendo ser instruída com os documentos
imprescindíveis, conforme relacionamos no formulário
de ação de cobrança neste volume.
O ajuizamento é feito no Juizado Especial,
consoante tem decidido Tribunal de Justiça de Santa
Catarina:
“O espólio, que goza de personalidade jurídica
de direito processual, e o condomínio, na defesa
da comunidade dos condôminos, podem litigar
como autores perante o Juizado Especial, por
não se incluírem no conceito de pessoa jurídica
(art 8º, § 1º).” (Conclusão Interpretativa n. 10,
publicada no Diário da Justiça n. 9.435, de
11.3.96).
Ainda...
58 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Conflito Negativo de Competência. Juizado
Especial. Ação de Cobrança. Causa Cível de
Pequeno Valor, Figurando Condomínio de Edifício
como Autor. Art. 8º , § 1º Da Lei N. 9.099/95 e
décima Conclusão da Seção Civil Publicada No
Dje N. 9.345, De 11.3.96, Primeira Página.
Exegese . Competência Do Juizado Especial.
E finalmente...
Conforme interpretou a egrégia Seção Civil desta
Corte, o condomínio não se enquadra no conceito
de pessoa jurídica e, portanto, pode litigar no pólo
ativo perante o Juizado Especial.(Conflito de
Competência n. 96.005527-4, da Capital, rel.
Carlos Prudêncio)
O protesto de “bloquetos” por falta de
pagamento é admitido, bem como o registro junto ao
Serviço de Proteção de Crédito é possível desde que
autorizado pela Assembléia Geral do Condomínio.
O protesto indevido, - casos existem em que o
Condômino efetua o pagamento mediante deposito na
conta bancária do Condomínio -, implica em dano
moral, a ser reparado mediante indenização, se for
pleiteada em ação judicial.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
59
Igualmente não é permitido que o devedor seja
exposto ao ridículo, publicando-se, mesmo no interior
do prédio relação onde conste seu nome ou numero
do apartamento como inadimplente.
É importante atentar-se que o ato constitutivo
do condomínio se constitui num verdadeiro contrato, e
a relação de consumo, exige atendimento ás normas
estabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor,
sendo nulas as disposições que causem qualquer tipo
de dano ao condômino.
O corte no fornecimento da gás, não é
aconselhável, por se tratar de produto essencial para
a sobrevivência do devedor; a solução será colocar a
rede de distribuição como coisa comum do
condomínio a disposição dos condôminos, para que
estes comprem o gás diretamente do fornecedor; ora,
uma vez não comprado (=pago) tem-se como
inexistente o produto, justificando o corte.
2.8. Da extinção do Condomínio
A Lei Substantiva Civil estabelece que se
a edificação for total ou consideravelmente
60 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
destruída, ou ameace ruína, os condôminos
deliberarão em assembléia sobre a reconstrução, ou
venda, por votos que representem metade mais
uma das frações ideais (Art.1.357 CC).
Quanto a possibilidade de extinção é importante
trazer-se a colação a opinião do civilista Caio Mário
da Silva PEREIRA, no sentido de que:
Finalmente pode a propriedade horizontal
extinguir-se por convenção, sob a inspiração da
idéia dominante do direito obrigacional, em
virtude de que à vontade é lícito desfazer uma
situação, jurídica, da mesma forma que lhe era
permitido constituí-la.
Todavia adverte:
Mas o que não possível é que o acordo ou a
convenção extinga a propriedade horizontal,
deixando que sobrevivam as unidades
autônomas, porque enquanto subsistir aplicam-
se os princípios contidos na Lei n. 4591, de 16
de dezembro de 1964.15
Sendo deliberada a reconstrução, poderá o
condômino eximir-se do pagamento das despesas
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
61
respectivas, alienando os seus direitos a outros
condôminos, mediante avaliação judicial.
No caso em que for realizada a
venda, se preferirá, em condições iguais de
oferta, o condômino ao estranho, será partilhado
o valor apurado, proporcionalmente entre os
condôminos.
Na assembléia especialmente convocada, o
síndico deverá prestar contas de sua gestão,
constando da ordem do dia a convocação especial
para discutir e votar sobre a extinção do condomínio.
Decidida pela extinção será elaborada ata, que
deverá ser leva a registro para valer contra terceiros,
eis que a extinção se dá da mesma forma como a
constituição.
Todavia deve atentar-se para o fato que como
entidade com capacidade jurídica o condomínio deve:
1. Para a validade da extinção não pode ter
títulos protestados por falta de pagamento.
15 PEREIRA Caio Mário da Silva. Ob. Cit. p.226
62 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
2. Todos os encargos sociais, judiciais,
previdenciários e fiscais devem estar
rigorosamente quitados.
3. Deve ser solicitada a baixa no Cadastro Geral dos
Contribuintes.
4. Deve ser comunicada a Fazenda Pública
Municipal para baixa dos Impostos devidos pela
edificação.
5. Todas as Certidões de Inexistência de Débito,
devem constar da ata de extinção do condomínio.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
63
CAPÍTULO III
VIGÊNCIA DA LEI N. 4591/64
3.1. Da vigência da Lei N. 4591/64, que dispõe
sobre o Condomínio em Edificações e as
incorporações Imobiliárias
A Lei n. 4.591 foi editada em 16 de dezembro de
1964, dispondo sobre o Condomínio em Edificações e
as Incorporações Imobiliárias, não tendo sido
expressamente revogada pelo Novo Código Civil,
permanece, portanto em vigor.
Todavia como o atual Código Civil, em seu
Capítulo VII, disciplinou o Condomínio Edilício ou de
Edificações, tem-se como certo que a referida Lei
4591/64, permanece em vigor somente nas
disposições que não tenham sido modificadas pelo
Novo Código Civil ( Art. 2o. da Lei de Introdução ao
Código Civil ).
Neste sentido é a lição de Washington de
Barros MONTEIRO16
:
A revogação pode ser expressa ou tácita. É
expressa, quando a lei nova taxativamente
16 Obra cit. 1º Vol. Parte Geral. p.28
64 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
declara revogada a lei posterior(...). É tácita, ou
por via obliqua, a revogação, se a lei nova, sem
declarar explicitamente revogada a anterior: a)-
seja com esta incompatível; b)- quando regule
inteiramente a matéria de que tratava a lei
anterior.”
A Lei 4591/64, sofreu alterações especialmente
no Título Primeiro que cuida do Condomínio de
Edificações; já o Título Segundo que trata das
incorporações, em nada foi modificado.
Pelo enunciado, se constata que a lei especial,
regula a incorporação, ou seja, a união de varias
pessoas cujos interesses convergem para a
construção ou edificação num primeiro momento,
bem como a atividade exercida pelas pessoas na
promoção e realização de construções, ou seja,
alienação total ou parcial, de edificações ou conjunto
de edificações compostas de unidades autônomas, ex
vi, dos artigos 28 até 70 da mencionada Lei.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
65
3.2. Das Incorporações
No Título segundo, Arts. 28 até 70 a Lei
Especial cuida das incorporações imobiliárias, que
define como a atividade exercida com o intuito de
promover e realizar a construção, para alienação total
ou parcial de edificações ou conjunto de edificações
compostas de unidades autônomas . ( art.28 ).
Estabelece a lei que o incorporador poderá ser
pessoa física ou jurídica, que compromissar a venda
frações ideais de terreno, responsabilizando-se pela
entrega. Insta observar-se que o imóvel prometido da
venda fica vinculado respondendo o proprietário
como incorporador (art.29, Parágrafo Único ).
A doutrina consagrou entendimento no sentido
de que: “Para poder negociar sobre as unidades
autônomas de edifício a ser construído sob regime de
incorporação imobiliária, deverá o incorporador
promover a inscrição dessa incorporação no registro
de imóveis competente. Ao requerimento devem ser
66 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
anexados todos os documentos relacionados pelo art.
32 da Lei 4591/64”.17
Importante asseverar, que em face da imposição
legal nenhuma incorporação será posta a venda
sem que conste a indicação expressa do
incorporador.
Sendo que Lei N. 4591/64, estabelece deforma
expressa, que as unidades, igualmente, somente
poderão ser vendidas, após o incorporador ter
arquivado no Registro de Imóveis os documentos
elencados no artigo 32, ou seja:
a) - título de propriedade do terreno ou
promessa irrevogável e irretratável;
b) - certidões negativas das Fazendas Federal,
Estadual e Municipal;
c) - histórico dos títulos de propriedade;
d) - projeto de construção devidamente
aprovado;
e) - cálculo das áreas de edificação;
17 FRANCO Nascimento e GONDO. Nisske. Manual Práticpo das
Incorporações Imobiliárias. Ed. Sugestões Literárias. P.19
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
67
f) - certidão de negativa de débito com a
Previdência Social;
g) - memorial descritivo;
h) - avaliação do custo global da obra;
i) - discriminação das frações ideais;
Observa-se portanto grande responsabilidade
tanto do incorporador como do Registro Imobiliário,
sendo que aquele deverá informar a cada seis meses
o andamento da obra, responder civilmente pela
execução da incorporação, devendo requerer após a
conclusão do “habite-se” a averbação da conclusão
da obra.
3.3. Da Construção de Edificação em Condomínio
A lei estabelece que os condôminos poderão
unir esforços no sentido de construir diretamente a
edificação ( art.48 );
Em tais casos o projeto e o memorial descritivo
das edificações farão parte integrante e as condições
e formas de sua eventual prorrogação.
68 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
As decisões serão tomadas em Assembléia ,
que obrigará a todos os condôminos, onde será eleita
uma Comissão de Representantes como poderes
para representar os demais co-proprietários.
Cada condômino será imitido na posse de seu
imóvel, se estiver em dia com suas obrigações (
art.52 ).
Outra forma de construção direta pelos
condôminos é a construção por empreitada ( art.55 ),
em que a construção poderá ser a preço fixo, ou
reajustável, sempre sujeito a fiscalização de uma
comissão de representantes.
Hodiernamente tornou-se comum esta
modalidade de construção conhecida como
construção a preço de custo ( art.58 ).
Neste caso a responsabilidade pela construção
é dos próprios condôminos, todas as faturas e
despesas são de responsabilidade do próprio
condomínio.
A administração é confiada a uma Comissão de
Representantes, que examina os balancetes, fiscaliza
as concorrências, contrata em nome do condomínio,
sendo que em toda a propaganda para venda das
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
69
unidades constará a forma da construção, orçamento
prévio e estagio da obra( art.62).
3.2. A Concordata Preventiva Requerida pelo
Incorporador
O contrato de venda das unidades incorporadas,
á de característica especialíssima, obedecendo ao
disposto por lei especial que regula as relações
atinentes as incorporações imobiliárias.
Com efeito o legislador federal ao editar a Lei
4591/64, exigiu que o incorporador, para colocar a
venda as unidades incorporadas, comprove a sua
idoneidade financeira, ex vi, do art.32: “O
incorporador somente poderá negociar sobre
unidades autônomas após ter arquivado, no Cartório
competente de Registro de Imóveis, os seguintes
documentos:...o) atestado de idoneidade financeira,
fornecido por estabelecimento de crédito que opere
no País há mais de cinco anos”.
Insta gizar-se que no ato do registro da
incorporação no Cartório de Registro de Imóveis, -
sob pena de responsabilidade pessoal do cartorário -,
70 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
o incorporador comprova ter idoneidade financeira, e
como o valor pago pelo condômino é suficiente para a
edificação da sua unidade, conforme orçamento, que
igualmente é de apresentação obrigatória no ato de
registro da incorporação (Art.43, alínea h da Lei
4591/64).
Na verdade, o pedido de concordata preventiva
do incorporador comprova sua inidoneidade
financeira, ensejando seu afastamento, para que os
co-proprietários diligenciem no término da
construção.
O pedido de concordata preventiva do
incorporador, de forma alguma pode atingir a
incorporação, cujos recursos para custeio da
edificação, não podem ser desviadas pelo
incorporador, segundo a dicção do artigo 65 da
referida norma especializada, tipifica-se como crime
contra a economia popular, o uso de bens e
haveres destinados a incorporação contratada.
Vale dizer que se de uma lado a lei exige a
comprovação da idoneidade financeira no momento
da incorporação, de outro lado obriga que todos os
recursos recebidos pelo condômino sejam
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
71
efetivamente aplicado na construção, não podendo
desta forma ter lugar pedido de concordata
preventiva, em prejuízo dos incorporados.
Já a Lei 7.661/45 (Lei de Falências), estabelece
expressamente em seu art.165, que: ”O pedido de
concordata preventiva não resolve os contratos
bilaterais, que continuam sujeitos ás normas do direito
comum”.
Para a defesa seus direitos, os incorporados,
poderão demandar para afastamento e destituição do
incorporador, sob duplo fundamento:
1o - A concordata preventiva, gera a presunção
legal de inidoneidade financeira, sendo nesse passo,
a orientação doutrinária: “ A concordata preventiva do
incorporador, ou do proprietário do terreno, também
gera a presunção de inidoneidade financeira do
concordatário,(...)”18
2o
- Não se constituindo em justa causa para a
paralisação da obra, resta plenamente justificada a
destituição do incorporador, com aplicação do artigo
18 IN, Inciclopédia Sraiva de Direito, Ed. Saraiva 1914/1980, pg.359
72 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
43, VI da Lei 4591/64, sem prejuízo das sanções
penais a que se sujeitar o destituído.
Com a destituição, a obra deverá ser edificada
de conformidade com o disposto pela lei
especializada, e cada condômino deverá demandar
contra o incorporador destituído, para o
ressarcimento dos danos sofridos.
Resulta pois, afastada a necessidade dos
incorporados comporem o quadro de credores do
concordatário, e por via de conseqüência
promoverem habilitação como credor na concordata,
eis que a relação jurídica advinda do contrato de
construção, se integra numa modalidade
especialíssima, sob a proteção do ordenamento civil
especializado, ou seja, a Lei 4591/64 e art.165 da Lei
de Falências.
3.3. Falência do Incorporador
A falência é a quebra econômica do
Incorporador, quando o passivo supera o ativo nas
suas transações comerciais.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
73
A falência pode ter múltiplas espécies, tais
como:
a) - A auto falência, que é a declaração de
insolvência feita pelo próprio incorporador;
b) - Falência requerida por qualquer credor,
munido de titulo executivo, devidamente protestado.
Em todos os casos de quebra falimentar, os
adquirentes de unidades devidamente incorporadas,
somente se habilitam na massa de credores, se não
decidirem nomear uma Comissão de Representantes
e prosseguir na obra até o final da construção.
Neste caso os condôminos, recebem a obra no
estado em que se encontra, contribuindo para o
termino da edificação na proporção de suas frações
ideais de área condominial, ressalvado o direito de
demandar contra o incorporador para ressarcimento
pelos danos sofridos, que poderá ser cumulada com
reparação de danos morais.
Decidindo por não dar prosseguimento na
edificação, os condôminos, poderão se habilitar nos
74 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
autos da falência como credores privilegiados, ( art.
43, inc.III da Lei Nr. 4591/64 ) para concorrer com os
demais credores da massa falida.
Desta forma a Lei 4591/64, concede aos
condôminos a oportunidade de diligenciar no término
da obra, já que seu crédito, com o registro da
incorporação, não se vincula a pessoa do
incorporador, eis que constituíram uma capital
especial para aplicação específica na edificação da
obra condominiada.
3.4. Das Infrações
As infrações previstas na lei, enseja a rescisão
do contrato pelo não pagamento de três prestações
consecutivas, desde que constituído em mora o
devedor ( art. 63 ), podendo a Comissão de
Representes leiloar a unidade condominial para
pagamento da dívida.
O contrato poderá ainda prever a incidência de
multas, juros de mora em caso de atraso (§ 9o. do art.
63).
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
75
É crime contra a economia popular promover a
venda unidades sem a incorporação estar
plenamente legalizada, incorrendo na mesma pena o
incorporado, o corretor e o construtor individuais;
estabelecendo pena de reclusão de um a quatro anos
e multa de 5 a 50 vezes o maior salário mínimo legal
vigente no País ( art.65 ).
Cometendo igualmente crime o incorporador que
desviar as recebidas pela venda unidade
condominial em proveito próprio (art.65, II ).
Constituindo-se em crime contravencional, a
transgressão das disposições da lei, relativamente a
construção, documentos, paralisação por mais de 30
dias da obra.
Já nas disposições transitórias, o legislador
prevê que as clausulas comuns, ou seja
determinadas pela lei, não precisam constar do
contrato, sendo que do contrato padrão cuja cópia é
obrigatória a entrega ao adquirente, deverá constar
clausula que estabeleça a integral aplicação dos
dispositivos legais da lei especializada, que será
obrigatoriamente recebido pelo Cartório de Registro
de Imóveis (art.67)
76 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Insta todavia ser anotado que com a vigência
do Código de Defesa do Consumidor, todas as
disposições atinentes as relações condominiais, por
envolverem relação de consumo, devem ajustar-se
aquelas normas codificadas.
Relevante ainda, é o fato de que o condomínio
é civilmente responsável por danos causados a
terceiros.
De igual forma se houver culpa na condução da
administração pelo síndico ou pelos membros do
Conselho Consultivo e Fiscal, estes serão
responsabilizados regressivamente.
O que todavia, deve ficar claro, é que os
administradores do condomínio responderão
pessoalmente pelos danos que derem causa.
Fica enfaticamente, registrado o alerta para a
gravidade na aplicação de multas e punições, pelo
síndico e pelo Conselho Consultivo e Fiscal – a forma
colegiada é sempre aconselhável - , pois a
responsabilidade civil, compreende o ressarcimento
de danos materiais e morais.
Caio Mário da Silva PEREIRA, com apoio em
Savatier, doutrina no sentido de que :
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
77
O fundamento da responsabilidade pelo dano
moral está em que, a par do patrimônio em
sentido técnico, o indivíduo é titular de direitos
integrantes de sua personalidade, não podendo
conformar-se a ordem jurídica em que sejam
impunemente atingidos. Colocando a questão
em termos de maior amplitude, Savatier oferece
uma definição de dano moral, como “qualquer
sofrimento humano que não é causado por uma
perda pecuniária”, e abrange todo atentado à
reputação da vítima, á sua autoridade legítima,
ao seu pudor, à sua segurança e tranqüilidade.
78 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
CAPÍTULO IV
PRÁTICA CONDOMINIAL
4.1. Edital de Convocação para Assembléia
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
CONDOMÍNIO...através do Síndico, firmatário,
com base no artigos 1348 e 1350 do Código Civil e
artigo...da Convenção Condominial, convoca os
Condôminos para a Assembléia Geral Ordinária, a
ser realizada dia...às...horas em primeira convocação
e decorridos 15 (quinze) minutos em Segunda
convocação , no Salão de Festas do Edifício do
Condomínio, com s seguinte ORDEM DO DIA: 1.
Exame e apreciação das contas; 2. Eleição do
Síndico, Sub-síndico e Conselho Fiscal; 3. Discussão
e aprovação do orçamento das despesas e
contribuições dos condôminos. 4. Julgamento do
recurso do condômino Fulano de Tal; 5. Assuntos
gerais de interesse do Condomínio.
Local e data...
Assinatura do Síndico
Quanto a finalidade:
a) – Convocar os Condôminos para a
Assembléia Geral em cumprimento de
determinação obrigatória legal;
b) – A convocação deve ser enviada por carta
registrada com Aviso de Recebimento, no
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
79
prazo estabelecido pela Convenção, cujo
prazo obrigatoriamente é previsto na
Convenção (art. 1334 III e art. 9 parag. 3º
“h” Lei 4591/64)
4.2. Procuração de representação em Assembléia
PROCURAÇÀO ASSEMBLEAR
Outorgante : Fulano de Tal, brasileiro, casado, do
comercio, CPF..., residente e domiciliado na
rua...n...,na cidade de....Estado de...proprietário do
apto...localizado no Edifício...do Condomínio...
Outorgado : Fulano de Tal, brasileiro, casado, do
comercio, CPF..., residente e domiciliado na
rua...n...,na cidade de....Estado de...
PODERES : Especiais para representar o
Outorgante, na Assembléia Geral
(Ordinária/Extraordinária) do Condomínio...a ser
realizada dia...as...horas, com se seguinte ordem do
dia: (DESCREVER A ORDEM DO DIA)...dispondo
para tanto o procurador de amplos e gerais poderes
de pleno exercício voz e voto, podendo opinar,
discutir, deliberar e votar sobre todos os assuntos
gerais e constantes da ordem do dia, assinando a
lista de presença, ata e tudo o que necessário for
para o fiel desempenho deste mandato, podendo
ainda substabelecer com ou sem reserva de poderes.
Cidade, aos ...dias do mês de....de......
_______________________________
80 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Outorgante
Quanto a finalidade:
c) – Representação em Assembléia Geral do
Condomínio, constando obrigatoriamente a
ordem do dia.
d) – Uma procuração para cada mandatário,
sendo que a procuração fica arquivada no
Condomínio (Arts. 653, caput do art. 1334,
1352, 1353 CC).
4.2. Carta notificatória de cobrança de
contribuições devidas pelo Condômino
Balneário Camboriú, ....
Ilmo.Sr.
Fulano de Tal
Apartamento nr...do Condomínio...
NESTA CIDADE
RFTE: TAXAS CONDOMINIAIS EM ATRASO
Cumprimentando-o cordialmente, vimos pela
presente, solicitar especial atenção no sentido de
efetuar o pagamento das taxas condominiais de sua
responsabilidade, pendentes de pagamento junto a
administradora:
UNIDADE:
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
81
LOCALIZAÇÃO:
CONDOMÍNIO ...
TAXAS DEVIDAS: ...
Tratando-se de recursos constantes de orçamento
necessário á manutenção do condomínio o não
pagamento prejudica a comunidade condominial,
encarecendo sua compreensão para que seja
imediatamente liquidado o valor devido, que poderá
ser feito diretamente com o SÍNDICO no horário
comercial.
A presente tem caráter de notificação epistolar e o
não pagamento importará no ajuizamento de ação de
cobrança e outras medidas de defesa do interesse
condominial no prazo de 10 dias; caso VS. Já tenha
efetuado a liquidação deverá ser desconsiderada a
presente, enviando-nos cópia do comprovante do
pagamento no mesmo prazo.
Limitando-nos ao exposto, ficamos a disposição para
quaisquer outras informações suplementares.
Cordialmente
Dr. .......
Advogado OAB SC ...
Recebido pelo Condômino:_____/_____/_____
82 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
___________________________________________
Quanto a finalidade:
a)- Notificar o condômino inadimplente para
pagar o valor devido ao condomínio (Art.12 CC)
4.4. Carta notificatória por transgressão legal,
ou seja, dar posse a terceiros da unidade
condominial.
Balneário Camboriú, ....
Ilmo.Sr.
Fulano de Tal
Apartamento nr...
CONDOMÍNIO ......
NESTA CIDADE
RFTE: TRANSGRESSÃO DE DISPOSIÇÃO LEGAL
Vimos pela presente, notificar VS. de que foi
constada a posse de estranhos de sua unidade
condominial concedida por VS., sem o consenso dos
demais condôminos.
Sua conduta se transgride disposição expressa do
Código Civil, que passamos a transcrever: “Nenhum
dos condôminos pode alterar a destinação da coisa
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
83
comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a
estranhos, sem o consenso dos outros.”(art.1º Parág,
único), e também da nossa Convenção art...
Consoante previsto na Convenção do Condomínio,
não será permitido o ingresso de pessoas estranhas
no Edifício (Art...) bem como fica VS. notificado a
pagar o valor da multa de R$...equivalente a duas
vezes o valor da contribuição mensal.
A presente notificação é feita em cumprimento a
deliberação constante da Ata Nr...de....do Conselho
Consultivo e Fiscal do Condomínio.
Cordialmente
Fulano de tal
SÏNDICO
Recebido pelo Condômino:_____/_____/_____
___________________________________________
Quanto a finalidade:
a)- Notificar o condômino por infração á lei e a
Convenção do Condomínio. ( Art.1314 Par. Un.)
84 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
4.5. Procuração Judicial à Advogado
PROCURAÇÀO JUDICIAL
Outorgante : Condomínio...pessoa jurídica de direito
privado, com sede na rua.. Edifício...CGC MF Nr...
representado por seu síndico Fulano de Tal,
brasileiro, casado, do comercio, CPF..., residente e
domiciliado na rua...n...,na cidade de....Estado
Outorgado : Dr. Fulano de Tal, brasileiro, casado,
do advogado, OAB SC..., com domicilio profissional
na rua...n...,na cidade de....Estado de...
PODERES : Postular em juízo ou fora dele, fazendo
este prova do mandato, habilitando legalmente o
procurador, a praticar todos os atos inerentes a
atividade advocatícia, receber citação inicial,
confessar, reconhecer a procedência do pedido,
transigir, acordar na fase de conciliação, desistir,
renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação,
receber e dar quitação, firmar compromisso,
substabelecer no todo ou em parte com ou sem
reservas de poderes, podendo assinar em conjunto
ou separadamente sem ordem de precedência e
ainda ajuizar ação de cobrança contra o condômino...
Cidade, aos ...dias do mês de....de......
_______________________________
Outorgante
Quanto a finalidade:
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
85
a)- Contratar advogado para promover cobrança de
crédito do condomínio( Art.1348 , inc.II e VI CC)
4.6. Recurso de Condômino contra aplicação
de multa
Ilustríssimo Senhor Síndico do Condomínio....
(Oito espaços...)
Fulano de tal, brasileiro,
casado, proprietário da unidade condominial descrita
como Apto...e garagem...do Condomínio...vem com o
devido respeito, com base no art...da Convenção
dizer-se inconformado com a aplicação de multa pelo
síndico e Conselho Consultivo e Fiscal, desejando
interpor recurso á Assembléia Geral, requerendo seja
recebido com os documentos que instrui,
encaminhando à Assembléia Geral, para apreciação
e anulação da multa como de direito.
Pede deferimento
Local e data,..................
__________________________
86 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Assinatura do Condômino
SENHORES CONDÔMINOS
O Recorrente, foi multado sob a
alegação de transgressão da alínea “x” do artigo 9º da
Convenção, que reza: Resolvendo o condômino
alugar sua área destinada ao abrigo para veículo,
preferir-se-à, em condições iguais, qualquer dos
condôminos a estranhos”.
Todavia conforme faz prova, a
garagem de sua propriedade foi locada pela
Imobiliária tal...que teve a cautela de informar o
Condomínio, concedendo-lhe o prazo de 15 dias para
que informasse se algum condômino teria interesse
na locação.
Ainda segundo prova documental
anexa o Condomínio através de correspondência,
informou que nenhum condômino demonstrou
interesse na locação.
Portanto a imposição de multa é
absolutamente injusta, devendo ser anulada, com a
devolução do valor pago como medida de,
JUSTIÇA
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
87
Local e data,
Assinatura do condômino
Quanto a finalidade:
Oferecer recurso contra imposição de multa
4.6. Relatório do síndico á Assembléia Geral
CONDOMÍNIO:............
Do : Síndico Fulano de Tal
Para: Assembléia Geral do Condomínio
Assunto: Relatório recurso do condômino....
Senhores Condôminos
Fulano de tal inconformado com a aplicação da
multa.....interpõe o presente recurso alegando:
1. ....................
2. ....................
88 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Todavia não tem razão o Recorrente, posto
que:
1. .................
2. .................
Razão pela qual a multa deve ser mantida,
posto que o Condomínio, efetivamente cometeu a
infração, não tendo o Relatante outra alternativa senão
cumprir o que está expressamente determinado na
Convenção do Condomínio, como medida de JUSTIÇA.
Balneário Camboriú,.............
- Síndico -
Documentos:
1. Ata Conselho Consultivo e Fiscal, que aprovou
a aplicação da multa
Quanto a finalidade:
1. Relatório e juntada de documentos de defesa
na aplicação da pena de multa prevista na
Convenção do Condomínio.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
89
4.7. Modelo de Convenção de Condomínio
Edilício ou de Edifício
Por este instrumento particular de
convenção, é instituído o condomínio edilício,
denominado CONDOMÍNIO (...), localizado na
rua...nº...na cidade de..., é obrigatória para os
titulares de direito sobre as unidades, ou para
quantos sobre elas tenham posse ou detenção.
composto por (descriminar e individualizar as
unidades, com a determinação da fração ideal
atribuída a cada uma...), sendo todas destinadas
exclusivamente para fins residenciais.
( Art. 1.332 CC. Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de Registro de Imóveis, devendo constar daquele ato, além do disposto em lei especial: I - a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas uma das outras e das partes comuns; II - a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e partes comuns; III - o fim a que as unidades se destinam.
Art. 1.333. A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, dois terços das frações ideais e torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção. Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros, a convenção do condomínio deverá ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Art. 1334...§ 1
o A
convenção poderá ser feita por escritura pública ou por instrumento particular.)
Art. 1º - O condomínio é instituído pela
edificação, composta de partes que são propriedade
exclusiva, e partes que são propriedade comum dos
condôminos.
90 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
( Art. 1.331 CC. Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, e partes que são propriedade comum dos condôminos.)
§ 1 o. Sujeitam-se a propriedade exclusiva
dos condôminos, podendo ser alienadas e gravadas
livremente por seus proprietários, as partes
suscetíveis de utilização independente, os
apartamentos, e o abrigo para veículo, com as
respectivas frações ideais no solo e nas outras partes
comuns
( Art.1331 do CC. § 1
o As partes suscetíveis de
utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas, sobrelojas ou abrigos para veículos, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários.)
§ 2 o São utilizados em comum pelos
condôminos, não podendo ser alienados
separadamente, ou divididos, o solo, a estrutura do
prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de
água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e
refrigeração centrais, e as demais partes comuns,
inclusive o acesso ao logradouro público.
( Art. 1332 CC, § 2
o O solo, a estrutura do prédio, o
telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados separadamente, ou divididos.)
§ 3 o A fração ideal no solo e nas outras
partes comuns é proporcional ao valor da unidade
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
91
imobiliária, o qual se calcula em relação ao conjunto
da edificação.
( Art. 1332 CC, § 3
o A fração ideal no solo e nas outras
partes comuns é proporcional ao valor da unidade imobiliária, o qual se calcula em relação ao conjunto da edificação.)
§ 4 o - Nenhuma unidade imobiliária, que
compõe o condomínio poderá ser privada do acesso
ao logradouro público.
( Art. 1332 CC, § 4
o - Nenhuma unidade imobiliária
pode ser privada do acesso ao logradouro público.)
§ 5 o - O terraço de cobertura é parte
comum, obedecendo ao disposto pelo artigo 1º § 2
o
desta convenção, podendo ser utilizado em comum
pelos condôminos.
( Art. 1332 CC, § 5
o O terraço de cobertura é parte
comum, salvo disposição contrária da escritura de constituição do condomínio.)
Art. 2º . São direitos dos condôminos:
I - usar, fruir e livremente dispor das suas
unidades;
II - usar das partes comuns, conforme a
sua destinação, e contanto que não exclua a
utilização dos demais compossuidores;
III - votar nas deliberações da assembléia e
delas participar, estando quite.
( Art. 1.335 CC. São direitos do condômino: I - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades; II - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a utilização dos demais compossuidores;
92 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
III - votar nas deliberações da assembléia e delas participar, estando quite.)
Art. 3º . São deveres dos condôminos:
I - Contribuir para as despesas do
condomínio, na proporção de suas frações ideais;
II - não realizar obras que comprometam a
segurança da edificação;
III - não alterar a forma e a cor da fachada,
das partes e esquadrias externas;
IV - dar às suas partes a mesma
destinação que tem a edificação, e não as utilizar de
maneira prejudicial ao sossego, salubridade e
segurança dos possuidores, ou aos bons costumes.
V - submeter a aprovação previa, do
condomínio cessão de uso para terceiros e a locação
de suas unidades.
VI - cumprir esta convenção e o regimento
interno do condomínio.
§ 1 o O condômino que não pagar a sua
contribuição ficará sujeito aos juros moratórios
convencionados ou, não sendo previstos, os de um
por cento ao mês e multa de até dois por cento sobre
o débito.
§ 2 o O condômino, que não cumprir qualquer
dos deveres estabelecidos nos incisos II a VI, pagará
multa no valor cinco vezes o valor de suas
contribuições mensais, independentemente das
perdas e danos que se apurarem; por disposição
convencional expressa a multa será imposta pelo
síndico e pelo conselho fiscal, cabendo recurso para
a assembléia sem efeito suspensivo.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
93
(Art. 1334 CC. Além das clausulas referidas no art.1332 E DAS QUE OS INTERESSADOS HOUVEREM POR
BEM ESTIPULAR, a convenção determinará:..., usque,
Art. 1337.O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem. § 1
o O condômino que não pagar a sua contribuição
ficará sujeito aos juros moratórios convencionados ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até dois por cento sobre o débito. § 2
o O condômino, que não cumprir qualquer dos
deveres estabelecidos nos incisos II a IV, pagará a multa prevista no ato constitutivo ou na convenção, não podendo ela ser superior a cinco vezes o valor de suas contribuições mensais, independentemente das perdas e danos que se apurarem; não havendo disposição expressa, caberá à assembléia geral, por dois terços no mínimo dos condôminos restantes, deliberar sobre a cobrança da multa.)
Art. 4º - As contribuições dos condôminos
para atender às despesas ordinárias e extraordinárias
do condomínio, fixadas pelo orçamento anual
aprovado pela assembléia, serão calculadas sob
rateio, proporcionalmente sobre a fração ideal no
solo que corresponde a propriedade exclusiva, e nas
outras partes comuns que é o valor da unidade
imobiliária, o qual se calcula em relação ao conjunto
da edificação.
§ 1º - O pagamento será efetuado pelo
condômino através de “boletos ou fichas bancárias”,
no modo e na forma estipulada no documento de
cobrança.
§ 2º - O condômino que não pagar a sua
contribuição no respectivo vencimento, ficará sujeito
94 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
aos juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês,
multa de dois por cento sobre o débito, corrigidos
monetariamente pelos índices oficiais, tendo-se como
liquido certo e exigível o cálculo de apuração do
débito, para fins de execução judicial; vencida a
contribuição esta poderá ser protestada pelas
indicações constantes do documento de cobrança, ou
cobrado judicialmente independentemente de
protesto, podendo ainda ser notificado e enviado o
nome do condômino inadimplente para o Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC) e/ou SERASA, ou outros
órgãos de proteção ao crédito, a critério do
condomínio.
§ 3 o - O não pagamento de duas parcelas,
alternadas ou consecutivas, da contribuição mensal
de qualquer das despesas, encargos, multas e
rateios para realização de obras no condomínio,
devidas pelo Condômino, implica em descumprimento
reiterado dos deveres previstos por esta convenção,
sujeitando ao pagamento da multa do quíntuplo da
última contribuição mensal, aplicada pelo síndico e
pelo conselho fiscal e Consultivo, cuja cobrança será
procedida na forma do artigo 4º , § 2
º supra.
§ 4 o . O condomínio coloca a disposição dos
condôminos, a rede de distribuição de gás,
adquirindo o produto diretamente dos fornecedores,
em nome do condomínio, o não pagamento pelo
condômino, o valor devido pelo gás consumido, no
seu vencimento, implica na suspensão e corte do
fornecimento do produto , até a liquidação do valor
devido, compra e reposição do produto.
( Art. 1.336 CC. São deveres do condômino: I - Contribuir para as despesas do condomínio, na proporção de suas frações ideais;
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
95
II - não realizar obras que comprometam a segurança da edificação; III - não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas; IV - dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons costumes.
Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la. )
Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode
alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse,
uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos
outros.
( Art.1314 CC. ...Par. único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso ou gozo a estranhos, sem o consenso dos outros; aplicação
supletiva, facultada pelo parágrafo 3º do Artigo 9
º, e 1334 caput
do CC).
Art. 5º. Sem prejuízo do disposto pelo artigo
4º supra, o condômino, ou possuidor, que não cumpre
reiteradamente com os seus deveres perante o
condomínio poderá, por deliberação de três quartos
dos condôminos restantes, pagará multa
correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à
contribuição para as despesas condominiais,
conforme a gravidade das faltas e a reiteração,
independentemente das perdas e danos que se
apurem, aplicada pelo síndico e pelo conselho fiscal e
consultivo, cuja cobrança será procedida na forma do
4º, § 2
o supra.
§ 1 o. O condômino ou possuidor que, por seu
reiterado comportamento anti-social, gerar
96 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
incompatibilidade de convivência com os demais
condôminos ou possuidores, pagará multa
correspondente ao décuplo do valor atribuído à
contribuição para as despesas condominiais, aplicada
pelo síndico e pelo conselho fiscal e consultivo, cuja
cobrança será procedida na forma do 4º, § 2
o supra,
podendo ainda ser proibido seu acesso ao
condomínio.
§ 2º - Das decisões do síndico e do conselho
fiscal e consultivo, bem como da aplicação da multa
cabe recurso, no prazo de 15 (quinze) dias, sem
efeito suspensivo, á assembléia.
I . Recurso, será recebido pelo síndico, com
os documentos que instrui, fornecendo comprovante
de recebimento, ao recorrente fazendo relatório
sobre os fatos, podendo juntar documentos e
incluindo para apreciação, discussão e votação, no
final da ordem do dia, da primeira assembléia a ser
convocada.
II - Na assembléia o secretário fará leitura do
que se contem no recurso, decidindo-se em seguida
pela aplicação ou anulação da multa, pela maioria
dos presentes em votação secreta.
III - Decidindo a Assembléia pela anulação
da aplicação da multa, o valor pago, será restituído
ao recorrente com juros e correção.
( Art. 1337CC. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem. Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento anti-social, gerar incompatibilidade de
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
97
convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior deliberação da assembléia.)
Art. 6º - O abrigo para veículos, é parte
acessória da unidade condominial, sendo que
condômino poderá alugar como área de sua
propriedade, obrigando-se a comunicar a locação por
escrito ao condomínio, caso em que, preferir-se-á, em
condições iguais, qualquer dos condôminos a
estranhos, e, entre todos, os possuidores.
Parágrafo único. O abrigo de automóvel constitui
uma unidade acessória, e não pode ser onerado ou
penhorado, separadamente.
Art. 7º - Os direitos de cada condômino às
partes comuns são inseparáveis de sua propriedade
exclusiva; são também inseparáveis das frações
ideais correspondentes as unidades imobiliárias, com
as suas partes acessórias.
§ 1 o Nos casos deste artigo é proibido alienar,
gravar, penhorar ou dar posse a terceiros, os bens
em separado.
§ 2 o É permitido ao condômino alienar parte
acessória de sua unidade imobiliária somente a outro
condômino, só podendo fazê-lo a terceiro se
notificados os demais condôminos em assembléia,
estes não manifestarem interesse, ou se a ela não se
opuser a respectiva assembléia geral.
Art. 8º - O condomínio poderá cessionar o direito
de uso exclusivo de parte comum, desde que não
prejudique os demais condôminos, sendo que, as
despesas relativas a partes comuns de uso exclusivo
de um condômino, ou de alguns deles, incumbem a
quem delas se serve.
98 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Art. 9º - A realização de obras no condomínio
depende:
I - se voluptuárias, de voto de dois terços dos
condôminos;
II - se úteis, de voto da maioria dos condôminos.
§ 1 o As obras ou reparações necessárias
podem ser realizadas, independentemente de
autorização, pelo síndico, ou, em caso de omissão ou
impedimento deste, por qualquer condômino.
§ 2 o Se as obras ou reparos necessários forem
urgentes e importarem em despesas excessivas,
determinada sua realização, o síndico ou o
condômino que tomou a iniciativa delas dará ciência à
assembléia, que deverá ser convocada
imediatamente.
§ 3 o Não sendo urgentes, as obras ou reparos
necessários, que importarem em despesas
excessivas, somente poderão ser efetuadas após
autorização da assembléia, especialmente convocada
pelo síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento
deste, por qualquer dos condôminos.
§ 4 o O condômino que realizar obras ou reparos
necessários será reembolsado das despesas que
efetuar, não tendo direito à restituição das que fizer
com obras ou reparos de outra natureza, embora de
interesse comum.
Art. 10º - A realização de obras, em partes
comuns, em acréscimo às já existentes, a fim de lhes
facilitar ou aumentar a utilização, depende da
aprovação de dois terços dos votos dos condôminos,
não sendo permitidas construções, nas partes
comuns, suscetíveis de prejudicar a utilização, por
qualquer dos condôminos, das partes próprias, ou
comuns.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
99
Art. 11 - A construção de outro pavimento, ou,
no solo comum, de outro edifício, destinado a conter
novas unidades imobiliárias, depende da aprovação
da unanimidade dos condôminos.
Art. 12 - O adquirente de unidade responde
pelos débitos do alienante, em relação ao
condomínio, inclusive multas e juros moratórios.
Art. 13 - É obrigatório o seguro de toda a
edificação contra o risco de incêndio ou destruição,
total ou parcial.
( Art. 1.338 CC. Resolvendo o condômino alugar área no abrigo para veículos, preferir-se-á, em condições iguais, qualquer dos condôminos a estranhos, e, entre todos, os possuidores.
Art. 1.339. Os direitos de cada condômino às partes comuns são inseparáveis de sua propriedade exclusiva; são também inseparáveis das frações ideais correspondentes as unidades imobiliárias, com as suas partes acessórias. § 1
o Nos casos deste artigo é proibido alienar ou gravar
os bens em separado. § 2
o É permitido ao condômino alienar parte acessória
de sua unidade imobiliária a outro condômino, só podendo fazê-lo a terceiro se essa faculdade constar do ato constitutivo do condomínio, e se a ela não se opuser a respectiva assembléia geral.
Art. 1.340. As despesas relativas a partes comuns de uso exclusivo de um condômino, ou de alguns deles, incumbem a quem delas se serve.
Art. 1.341. A realização de obras no condomínio depende: I - se voluptuárias, de voto de dois terços dos condôminos; II - se úteis, de voto da maioria dos condôminos. § 1
o As obras ou reparações necessárias podem ser
realizadas, independentemente de autorização, pelo síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquer condômino. § 2
o Se as obras ou reparos necessários forem urgentes
e importarem em despesas excessivas, determinada sua realização, o síndico ou o condômino que tomou a
100 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
iniciativa delas dará ciência à assembléia, que deverá ser convocada imediatamente. § 3
o Não sendo urgentes, as obras ou reparos
necessários, que importarem em despesas excessivas, somente poderão ser efetuadas após autorização da assembléia, especialmente convocada pelo síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquer dos condôminos. § 4
o O condômino que realizar obras ou reparos
necessários será reembolsado das despesas que efetuar, não tendo direito à restituição das que fizer com obras ou reparos de outra natureza, embora de interesse comum.
Art. 1.342. A realização de obras, em partes comuns, em acréscimo às já existentes, a fim de lhes facilitar ou aumentar a utilização, depende da aprovação de dois terços dos votos dos condôminos, não sendo permitidas construções, nas partes comuns, suscetíveis de prejudicar a utilização, por qualquer dos condôminos, das partes próprias, ou comuns.
Art. 1.343. A construção de outro pavimento, ou, no solo comum, de outro edifício, destinado a conter novas unidades imobiliárias, depende da aprovação da unanimidade dos condôminos.
Art. 1.344. Ao proprietário do terraço de cobertura incumbem as despesas da sua conservação, de modo que não haja danos às unidades imobiliárias inferiores.
Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios.
Art. 1.346. É obrigatório o seguro de toda a edificação contra o risco de incêndio ou destruição, total ou parcial.)
Art. 14º - Para administrar o condomínio, a
assembléia elegerá um síndico, que poderá não ser
condômino, pelo prazo de 1 (um) ano, com
remuneração fixada pela assembléia, o qual poderá
renovar-se.
§ 1 o - Compete ao síndico:
I - convocar a assembléia dos condôminos;
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
101
II - representar, ativa e passivamente, o
condomínio, praticando, em juízo ou fora dele, os atos
necessários à defesa dos interesses comuns;
III - dar imediato conhecimento à
assembléia da existência de procedimento judicial ou
administrativo, de interesse do condomínio;
IV - cumprir e fazer cumprir a convenção, o
regimento interno e as determinações da assembléia;
V - diligenciar a conservação e a guarda
das partes comuns e zelar pela prestação dos
serviços que interessem aos possuidores;
VI - elaborar o orçamento da receita e da
despesa relativa a cada ano;
VII - cobrar dos condôminos as suas
contribuições, bem como impor e cobrar as multas
devidas;
VIII - prestar contas à assembléia,
anualmente e quando exigidas;
IX - realizar o seguro da edificação.
§ 1 o Poderá a assembléia investir outra
pessoa, em lugar do síndico, em poderes de
representação.
§ 2 o - O síndico pode transferir a outrem,
total ou parcialmente, os poderes de representação
ou as funções administrativas, mediante aprovação
da assembléia.
Art. 15º - A assembléia, especialmente
convocada para o fim estabelecido no § 2 o do artigo
antecedente, poderá, pelo voto da maioria absoluta
de seus membros, destituir o síndico que praticar
irregularidades, não prestar contas, ou não
administrar convenientemente o condomínio.
Art. 16º - Convocará o síndico,
anualmente, reunião da assembléia dos condôminos,
na forma prevista na convenção, a fim de aprovar o
102 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
orçamento das despesas, as contribuições dos
condôminos e a prestação de contas, e
eventualmente eleger-lhe o substituto e alterar o
regimento interno.
§ 1 o Se o síndico não convocar a
assembléia, um quarto dos condôminos poderá fazê-
lo.
§ 2 o Se a assembléia não se reunir, o juiz
decidirá, a requerimento de qualquer condômino.
( Art. 1.347 CC. A assembléia escolherá um síndico, que poderá não ser condômino, para administrar o condomínio, por prazo não superior a dois anos, o qual poderá renovar-se.
Art. 1.348. Compete ao síndico: I - convocar a assembléia dos condôminos; II - representar, ativa e passivamente, o condomínio, praticando, em juízo ou fora dele, os atos necessários à defesa dos interesses comuns; III - dar imediato conhecimento à assembléia da existência de procedimento judicial ou administrativo, de interesse do condomínio; IV - cumprir e fazer cumprir a convenção, o regimento interno e as determinações da assembléia; V - diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos serviços que interessem aos possuidores; VI - elaborar o orçamento da receita e da despesa relativa a cada ano; VII - cobrar dos condôminos as suas contribuições, bem como impor e cobrar as multas devidas; VIII - prestar contas à assembléia, anualmente e quando exigidas; IX - realizar o seguro da edificação. § 1
o Poderá a assembléia investir outra pessoa, em
lugar do síndico, em poderes de representação. § 2
o O síndico pode transferir a outrem, total ou
parcialmente, os poderes de representação ou as funções administrativas, mediante aprovação da assembléia, salvo disposição em contrário da convenção.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
103
Art. 1.349. A assembléia, especialmente convocada para o fim estabelecido no § 2
o do artigo antecedente, poderá,
pelo voto da maioria absoluta de seus membros, destituir o síndico que praticar irregularidades, não prestar contas, ou não administrar convenientemente o condomínio.
Art. 1.350. Convocará o síndico, anualmente, reunião da assembléia dos condôminos, na forma prevista na convenção, a fim de aprovar o orçamento das despesas, as contribuições dos condôminos e a prestação de contas, e eventualmente eleger-lhe o substituto e alterar o regimento interno. § 1
o Se o síndico não convocar a assembléia, um quarto
dos condôminos poderá fazê-lo. § 2
o Se a assembléia não se reunir, o juiz decidirá, a
requerimento de qualquer condômino.
Art. 17º - Depende da aprovação de dois
terços dos votos dos condôminos a alteração da
convenção e do regimento interno; a mudança da
destinação do edifício, ou da unidade imobiliária,
depende de aprovação pela unanimidade dos
condôminos.
Art. 18º - Salvo quando exigido quorum
especial, as deliberações da assembléia serão
tomadas, em primeira convocação, por maioria de
votos dos condôminos presentes que representem
pelo menos metade das frações ideais.
§ 1 o - Os votos serão proporcionais a
propriedade de cada unidade ou apartamento que
compõe o condomínio comprovado pela respectiva
transcrição dominial.
§ 2 o - Em segunda convocação, a
assembléia poderá deliberar por maioria dos votos
dos presentes, salvo quando exigido quorum
especial.
§ 3 o – O condômino ausente poderá se
fazer representar através de procurador, condômino
ou não, fazendo prova do mandato com outorga de
poderes especiais em que conste expressamente a
104 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
ordem do dia, com firma reconhecida em cartório,
limitada a uma procuração para cada mandatário
presente, cujo instrumento ficará arquivado no
Condomínio..
§ 4 o - A assembléia não poderá deliberar
se todos os condôminos não forem convocados para
a reunião.
§ 5 o - Assembléias extraordinárias
poderão ser convocadas pelo síndico ou por um
quarto dos condôminos.
( Art. 1.351CC. Depende da aprovação de dois terços dos votos dos condôminos a alteração da convenção e do regimento interno; a mudança da destinação do edifício, ou da unidade imobiliária, depende de aprovação pela unanimidade dos condôminos.
Art. 1.352. Salvo quando exigido quorum especial, as deliberações da assembléia serão tomadas, em primeira convocação, por maioria de votos dos condôminos presentes que representem pelo menos metade das frações ideais. Parágrafo único. Os votos serão proporcionais às frações ideais no solo e nas outras partes comuns pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversa da convenção de constituição do condomínio.
Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembléia poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes, salvo quando exigido quorum especial.
Art.653 . Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.(...) § 2
º O terceiro com quem o mandatário
tratar poderá exigir que a procuração traga a firma reconhecida.
Art. 1.354. A assembléia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem convocados para a reunião.
Art. 1.355. Assembléias extraordinárias poderão ser convocadas pelo síndico ou por um quarto dos condôminos.)
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
105
Art. 19º - Juntamente com a eleição do
síndico será eleito pela assembléia um conselho
fiscal, composto de três membros efetivos e dois
suplentes, com mandato por prazo não superior a
dois anos, competindo aos membros efetivos dar
parecer sobre as contas do síndico e aplicar multas
(Art. 1.356 CC. Poderá haver no condomínio um conselho fiscal, composto de três membros, eleitos pela assembléia, por prazo não superior a dois anos, ao qual compete dar parecer sobre as contas do síndico.)
Art. 20 - Se a edificação for total ou
consideravelmente destruída, ou ameace ruína, os
condôminos deliberarão em assembléia sobre a
reconstrução, ou venda, por votos que representem
metade mais uma das frações ideais.
§ 1 o Deliberada a reconstrução, poderá o
condômino eximir-se do pagamento das despesas
respectivas, alienando os seus direitos a outros
condôminos, mediante avaliação judicial.
§ 2 o Realizada a venda, em que se
preferirá, em condições iguais de oferta, o condômino
ao estranho, será repartido o apurado entre os
condôminos, proporcionalmente ao valor das suas
unidades imobiliárias.
Art. 21 - Se ocorrer desapropriação, a
indenização será repartida na proporção a que se
refere o § 2 o do artigo antecedente.
(Art. 1.357 CC. Se a edificação for total ou
consideravelmente destruída, ou ameace ruína, os condôminos deliberarão em assembléia sobre a reconstrução, ou venda, por votos que representem metade mais uma das frações ideais.
§ 1 o Deliberada a reconstrução, poderá o condômino
eximir-se do pagamento das despesas respectivas,
106 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
alienando os seus direitos a outros condôminos, mediante avaliação judicial.
§ 2 o Realizada a venda, em que se preferirá, em
condições iguais de oferta, o condômino ao estranho, será repartido o apurado entre os condôminos, proporcionalmente ao valor das suas unidades imobiliárias.
Art. 1.358. Se ocorrer desapropriação, a indenização será repartida na proporção a que se refere o § 2
o do
artigo antecedente.)
A presente convenção subscrita pelos titulares
de, no mínimo, dois terços das frações ideais constitui
o condomínio edilício convencionada e torna-se,
desde logo, obrigatória para os titulares de direito
sobre as unidades, ou para quantos sobre elas
tenham posse ou detenção, deverá ser registrada no
Cartório de Registro de Imóveis, para. ser oponível
contra terceiros. (Art. 1.333 CC. A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, dois terços das frações ideais e torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção. Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros, a convenção do condomínio deverá ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis.)
Local e data,
Assinatura de dois terço dos condôminos..........
Quanto a finalidade:
a) - Instituir o Condomínio Edilício ou de Edifício obedecendo a todos os
dispositivos legais. Obs.: Após cada um dos dispositivos que integram a Convenção,
transcrevemos na íntegra o artigo do Código Civil que serve de base, para melhor elucidar a
legalidade da convenção. Portanto somente o dispositivo da convenção deverá ser submetido
a aprovação pela assembléia, e uma vez aprovado deve ser transcrito na ata compondo a
convenção.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
107
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
CAPÍTULO VI
Do Condomínio Geral
SEÇÃO I
Do Condomínio Voluntário
SUBSEÇÃO I
Dos Direitos e Deveres dos Condôminos
Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa
conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os
direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de
terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte
ideal, ou gravá-la.
Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode
alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso
ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros.
Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção
de sua parte, a concorrer para as despesas de
conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a
que estiver sujeita.
Parágrafo único. Presumem-se iguais as partes
ideais dos condôminos.
Art. 1.316. Pode o condômino eximir-se do
pagamento das despesas e dívidas, renunciando à parte
ideal.
§ 1 o Se os demais condôminos assumem as
despesas e as dívidas, a renúncia lhes aproveita,
adquirindo a parte ideal de quem renunciou, na proporção
dos pagamentos que fizerem.
§ 2 o Se não há condômino que faça os
pagamentos, a coisa comum será dividida.
Art. 1.317. Quando a dívida houver sido contraída
por todos os condôminos, sem se discriminar a parte de
cada um na obrigação, nem se estipular solidariedade,
entende-se que cada qual se obrigou proporcionalmente
ao seu quinhão na coisa comum.
108 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Art. 1.318. As dívidas contraídas por um dos
condôminos em proveito da comunhão, e durante ela,
obrigam o contratante; mas terá este ação regressiva
contra os demais.
Art. 1.319. Cada condômino responde aos outros
pelos frutos que percebeu da coisa e pelo dano que lhe
causou.
Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino
exigir a divisão da coisa comum, respondendo o quinhão
de cada um pela sua parte nas despesas da divisão.
§ 1 o
Podem os condôminos acordar que fique
indivisa a coisa comum por prazo não maior de cinco
anos, suscetível de prorrogação ulterior.
§ 2 o Não poderá exceder de cinco anos a indivisão
estabelecida pelo doador ou pelo testador.
§ 3 o A requerimento de qualquer interessado e se
graves razões o aconselharem, pode o juiz determinar a
divisão da coisa comum antes do prazo.
Art. 1.321. Aplicam-se à divisão do condomínio, no
que couber, as regras de partilha de herança (arts. 2.013
a 2.022).
Art. 1.322. Quando a coisa for indivisível, e os
consortes não quiserem adjudicá-la a um só, indenizando
os outros, será vendida e repartido o apurado, preferindo-
se, na venda, em condições iguais de oferta, o condômino
ao estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na
coisa benfeitorias mais valiosas, e, não as havendo, o de
quinhão maior.
Parágrafo único. Se nenhum dos condôminos tem
benfeitorias na coisa comum e participam todos do
condomínio em partes iguais, realizar-se-á licitação entre
estranhos e, antes de adjudicada a coisa àquele que
ofereceu maior lanço, proceder-se-á à licitação entre os
condôminos, a fim de que a coisa seja adjudicada a quem
afinal oferecer melhor lanço, preferindo, em condições
iguais, o condômino ao estranho.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
109
SUBSEÇÃO II
Da Administração do Condomínio
Art. 1.323. Deliberando a maioria sobre a
administração da coisa comum, escolherá o administrador,
que poderá ser estranho ao condomínio; resolvendo
alugá-la, preferir-se-á, em condições iguais, o condômino
ao que não o é.
Art. 1.324. O condômino que administrar sem
oposição dos outros presume-se representante comum.
Art. 1.325. A maioria será calculada pelo valor dos
quinhões.
§ 1 o As deliberações serão obrigatórias, sendo
tomadas por maioria absoluta.
§ 2 o Não sendo possível alcançar maioria absoluta,
decidirá o juiz, a requerimento de qualquer condômino,
ouvidos os outros.
§ 3 o Havendo dúvida quanto ao valor do quinhão,
será este avaliado judicialmente.
Art. 1.326. Os frutos da coisa comum, não havendo
em contrário estipulação ou disposição de última vontade,
serão partilhados na proporção dos quinhões.
SEÇÃO II
Do Condomínio Necessário
Art. 1.327. O condomínio por meação de paredes,
cercas, muros e valas regula-se pelo disposto neste
Código (arts. 1.297 e 1.298; 1.304 a 1.307).
Art. 1.328. O proprietário que tiver direito a estremar
um imóvel com paredes, cercas, muros, valas ou valados,
tê-lo-á igualmente a adquirir meação na parede, muro,
valado ou cerca do vizinho, embolsando-lhe metade do
que atualmente valer a obra e o terreno por ela ocupado
(art. 1.297).
110 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Art. 1.329. Não convindo os dois no preço da obra,
será este arbitrado por peritos, a expensas de ambos os
confinantes.
Art. 1.330. Qualquer que seja o valor da meação,
enquanto aquele que pretender a divisão não o pagar ou
depositar, nenhum uso poderá fazer na parede, muro,
vala, cerca ou qualquer outra obra divisória.
CAPÍTULO VII
Do Condomínio Edilício
SEÇÃO I
Disposições Gerais
Art. 1.331. Pode haver, em edificações, partes que
são propriedade exclusiva, e partes que são propriedade
comum dos condôminos.
§ 1 o As partes suscetíveis de utilização
independente, tais como apartamentos, escritórios, salas,
lojas, sobrelojas ou abrigos para veículos, com as
respectivas frações ideais no solo e nas outras partes
comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo
ser alienadas e gravadas livremente por seus
proprietários.
§ 2 o O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede
geral de distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a
calefação e refrigeração centrais, e as demais partes
comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são
utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser
alienados separadamente, ou divididos.
§ 3 o A fração ideal no solo e nas outras partes
comuns é proporcional ao valor da unidade imobiliária, o
qual se calcula em relação ao conjunto da edificação.
§ 4 o Nenhuma unidade imobiliária pode ser privada
do acesso ao logradouro público.
§ 5 o O terraço de cobertura é parte comum, salvo
disposição contrária da escritura de constituição do
condomínio.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
111
Art. 1.332. Institui-se o condomínio edilício por ato
entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de
Registro de Imóveis, devendo constar daquele ato, além
do disposto em lei especial:
I - a discriminação e individualização das unidades
de propriedade exclusiva, estremadas uma das outras e
das partes comuns;
II - a determinação da fração ideal atribuída a cada
unidade, relativamente ao terreno e partes comuns;
III - o fim a que as unidades se destinam.
Art. 1.333. A convenção que constitui o condomínio
edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo,
dois terços das frações ideais e torna-se, desde logo,
obrigatória para os titulares de direito sobre as unidades,
ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção.
Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros,
a convenção do condomínio deverá ser registrada no
Cartório de Registro de Imóveis.
Art. 1.334. Além das cláusulas referidas no art.
1.332 e das que os interessados houverem por bem
estipular, a convenção determinará:
I - a quota proporcional e o modo de pagamento das
contribuições dos condôminos para atender às despesas
ordinárias e extraordinárias do condomínio;
II - sua forma de administração;
III - a competência das assembléias, forma de sua
convocação e quorum exigido para as deliberações;
IV - as sanções a que estão sujeitos os condôminos,
ou possuidores;
V - o regimento interno.
§ 1 o A convenção poderá ser feita por escritura
pública ou por instrumento particular.
§ 2 o São equiparados aos proprietários, para os fins
deste artigo, salvo disposição em contrário, os promitentes
compradores e os cessionários de direitos relativos às
unidades autônomas.
Art. 1.335. São direitos do condômino:
I - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades;
112 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
II - usar das partes comuns, conforme a sua
destinação, e contanto que não exclua a utilização dos
demais compossuidores;
III - votar nas deliberações da assembléia e delas
participar, estando quite.
Art. 1.336. São deveres do condômino:
I - Contribuir para as despesas do condomínio, na
proporção de suas frações ideais;
II - não realizar obras que comprometam a
segurança da edificação;
III - não alterar a forma e a cor da fachada, das
partes e esquadrias externas;
IV - dar às suas partes a mesma destinação que tem
a edificação, e não as utilizar de maneira prejudicial ao
sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou
aos bons costumes.
§ 1 o O condômino que não pagar a sua contribuição
ficará sujeito aos juros moratórios convencionados ou, não
sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de
até dois por cento sobre o débito.
§ 2 o O condômino, que não cumprir qualquer dos
deveres estabelecidos nos incisos II a IV, pagará a multa
prevista no ato constitutivo ou na convenção, não
podendo ela ser superior a cinco vezes o valor de suas
contribuições mensais, independentemente das perdas e
danos que se apurarem; não havendo disposição
expressa, caberá à assembléia geral, por dois terços no
mínimo dos condôminos restantes, deliberar sobre a
cobrança da multa.
Art. 1337. O condômino, ou possuidor, que não
cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o
condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos
condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa
correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à
contribuição para as despesas condominiais, conforme a
gravidade das faltas e a reiteração, independentemente
das perdas e danos que se apurem.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
113
Parágrafo único. O condômino ou possuidor que,
por seu reiterado comportamento anti-social, gerar
incompatibilidade de convivência com os demais
condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a
pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído
à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior
deliberação da assembléia.
Art. 1.338. Resolvendo o condômino alugar área no
abrigo para veículos, preferir-se-á, em condições iguais,
qualquer dos condôminos a estranhos, e, entre todos, os
possuidores.
Art. 1.339. Os direitos de cada condômino às partes
comuns são inseparáveis de sua propriedade exclusiva;
são também inseparáveis das frações ideais
correspondentes as unidades imobiliárias, com as suas
partes acessórias.
§ 1 o Nos casos deste artigo é proibido alienar ou
gravar os bens em separado.
§ 2 o É permitido ao condômino alienar parte
acessória de sua unidade imobiliária a outro condômino,
só podendo fazê-lo a terceiro se essa faculdade constar
do ato constitutivo do condomínio, e se a ela não se
opuser a respectiva assembléia geral.
Art. 1.340. As despesas relativas a partes comuns
de uso exclusivo de um condômino, ou de alguns deles,
incumbem a quem delas se serve.
Art. 1.341. A realização de obras no condomínio
depende:
I - se voluptuárias, de voto de dois terços dos
condôminos;
II - se úteis, de voto da maioria dos condôminos.
§ 1 o As obras ou reparações necessárias podem ser
realizadas, independentemente de autorização, pelo
síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento deste,
por qualquer condômino.
§ 2 o Se as obras ou reparos necessários forem
urgentes e importarem em despesas excessivas,
determinada sua realização, o síndico ou o condômino
114 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
que tomou a iniciativa delas dará ciência à assembléia,
que deverá ser convocada imediatamente.
§ 3 o Não sendo urgentes, as obras ou reparos
necessários, que importarem em despesas excessivas,
somente poderão ser efetuadas após autorização da
assembléia, especialmente convocada pelo síndico, ou,
em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquer
dos condôminos.
§ 4 o O condômino que realizar obras ou reparos
necessários será reembolsado das despesas que efetuar,
não tendo direito à restituição das que fizer com obras ou
reparos de outra natureza, embora de interesse comum.
Art. 1.342. A realização de obras, em partes
comuns, em acréscimo às já existentes, a fim de lhes
facilitar ou aumentar a utilização, depende da aprovação
de dois terços dos votos dos condôminos, não sendo
permitidas construções, nas partes comuns, suscetíveis
de prejudicar a utilização, por qualquer dos condôminos,
das partes próprias, ou comuns.
Art. 1.343. A construção de outro pavimento, ou, no
solo comum, de outro edifício, destinado a conter novas
unidades imobiliárias, depende da aprovação da
unanimidade dos condôminos.
Art. 1.344. Ao proprietário do terraço de cobertura
incumbem as despesas da sua conservação, de modo
que não haja danos às unidades imobiliárias inferiores.
Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos
débitos do alienante, em relação ao condomínio, inclusive
multas e juros moratórios.
Art. 1.346. É obrigatório o seguro de toda a
edificação contra o risco de incêndio ou destruição, total
ou parcial.
SEÇÃO II
Da Administração do Condomínio
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
115
Art. 1.347. A assembléia escolherá um síndico, que
poderá não ser condômino, para administrar o
condomínio, por prazo não superior a dois anos, o qual
poderá renovar-se.
Art. 1.348. Compete ao síndico:
I - convocar a assembléia dos condôminos;
II - representar, ativa e passivamente, o condomínio,
praticando, em juízo ou fora dele, os atos necessários à
defesa dos interesses comuns;
III - dar imediato conhecimento à assembléia da
existência de procedimento judicial ou administrativo, de
interesse do condomínio;
IV - cumprir e fazer cumprir a convenção, o
regimento interno e as determinações da assembléia;
V - diligenciar a conservação e a guarda das partes
comuns e zelar pela prestação dos serviços que
interessem aos possuidores;
VI - elaborar o orçamento da receita e da despesa
relativa a cada ano;
VII - cobrar dos condôminos as suas contribuições,
bem como impor e cobrar as multas devidas;
VIII - prestar contas à assembléia, anualmente e
quando exigidas;
IX - realizar o seguro da edificação.
§ 1 o Poderá a assembléia investir outra pessoa, em
lugar do síndico, em poderes de representação.
§ 2 o O síndico pode transferir a outrem, total ou
parcialmente, os poderes de representação ou as funções
administrativas, mediante aprovação da assembléia, salvo
disposição em contrário da convenção.
Art. 1.349. A assembléia, especialmente convocada
para o fim estabelecido no § 2 o do artigo antecedente,
poderá, pelo voto da maioria absoluta de seus membros,
destituir o síndico que praticar irregularidades, não prestar
contas, ou não administrar convenientemente o
condomínio.
Art. 1.350. Convocará o síndico, anualmente,
reunião da assembléia dos condôminos, na forma prevista
116 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
na convenção, a fim de aprovar o orçamento das
despesas, as contribuições dos condôminos e a prestação
de contas, e eventualmente eleger-lhe o substituto e
alterar o regimento interno.
§ 1 o Se o síndico não convocar a assembléia, um
quarto dos condôminos poderá fazê-lo.
§ 2 o Se a assembléia não se reunir, o juiz decidirá,
a requerimento de qualquer condômino.
Art. 1.351. Depende da aprovação de dois terços
dos votos dos condôminos a alteração da convenção e do
regimento interno; a mudança da destinação do edifício,
ou da unidade imobiliária, depende de aprovação pela
unanimidade dos condôminos.
Art. 1.352. Salvo quando exigido quorum especial,
as deliberações da assembléia serão tomadas, em
primeira convocação, por maioria de votos dos
condôminos presentes que representem pelo menos
metade das frações ideais.
Parágrafo único. Os votos serão proporcionais às
frações ideais no solo e nas outras partes comuns
pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversa
da convenção de constituição do condomínio.
Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembléia
poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes,
salvo quando exigido quorum especial.
Art. 1.354. A assembléia não poderá deliberar se
todos os condôminos não forem convocados para a
reunião.
Art. 1.355. Assembléias extraordinárias poderão ser
convocadas pelo síndico ou por um quarto dos
condôminos.
Art. 1.356. Poderá haver no condomínio um
conselho fiscal, composto de três membros, eleitos pela
assembléia, por prazo não superior a dois anos, ao qual
compete dar parecer sobre as contas do síndico.
SEÇÃO III
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
117
Da Extinção do Condomínio
Art. 1.357. Se a edificação for total ou
consideravelmente destruída, ou ameace ruína, os
condôminos deliberarão em assembléia sobre a
reconstrução, ou venda, por votos que representem
metade mais uma das frações ideais.
§ 1 o Deliberada a reconstrução, poderá o
condômino eximir-se do pagamento das despesas
respectivas, alienando os seus direitos a outros
condôminos, mediante avaliação judicial.
§ 2 o Realizada a venda, em que se preferirá, em
condições iguais de oferta, o condômino ao estranho, será
repartido o apurado entre os condôminos,
proporcionalmente ao valor das suas unidades
imobiliárias.
Art. 1.358. Se ocorrer desapropriação, a
indenização será repartida na proporção a que se refere o
§ 2 o do artigo antecedente.
LEI DOS CONDOMÍNIOS
(Nº 4.591, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1964)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço
saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
TÍTULO I
CAPÍTULO I
Do Condomínio
Art.1º As edificações ou conjuntos de edificações,
de um ou mais pavimentos, construídos sob a
118 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
forma de unidades isoladas entre si, destinadas a fins
residenciais ou não-residenciais, poderão ser alienados,
no todo ou em parte, objetivamente considerados,
e constituirá, cada unidade, propriedade autônoma sujeita
às limitações desta Lei.
§ 1º Cada unidade será assinalada por designação
especial, numérica ou alfabética, para efeitos de
identificação e discriminação.
§ 2º A cada unidade caberá, como parte
inseparável, uma fração ideal do terreno e coisas comuns,
expressa sob forma decimal ou ordinária.
Art. 2º Cada unidade com saída para a via
pública, diretamente ou por processo de passagem
comum, será sempre tratada como objeto de
propriedade exclusiva, qualquer que seja o número de
suas peças e sua destinação, inclusive (VETADO)
edifício-garagem, com ressalva das restrições que se lhe
imponham.
Art. 3º O terreno em que se levantam a
edificação ou o conjunto de edificações e suas
instalações, bem como as fundações, paredes externas, o
teto, as áreas internas de ventilação, e tudo o mais que
sirva a qualquer dependência de uso comum dos
proprietários ou titulares de direito à aquisição de
unidades ou ocupantes, constituirão condomínio de
todos, e serão insuscetíveis de divisão, ou de
alienação destacada da respectiva unidade. Serão,
também, insuscetíveis de utilização exclusiva por
qualquer condômino.
Art. 4º A alienação de cada unidade, a
transferência de direitos pertinentes à sua aquisição e a
constituição de direitos reais sobre ela independerão do
consentimento dos condôminos.
Parágrafo único. O adquirente de uma unidade
responde pelos débitos do alienante, em relação ao
condomínio, inclusive multas.
Art. 5º O condomínio por meação de parede,
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
119
soalhos, e tetos das unidades isoladas, regular-se-á pelo
disposto no Código Civil, no que lhe for aplicável.
Art. 6º Sem prejuízo do disposto nesta Lei, regular-
se-á pelas disposições de direito comum o condomínio por
quota ideal de mais de uma pessoa sobre a mesma
unidade autônoma.
Art. 7º O condomínio por unidades autônomas
instituir-se-á por ato entre vivos ou por testamento, com
inscrição obrigatória no Registro de Imóvel,
dele constando; a individualização de cada unidade, sua
identificação e discriminação, bem como a fração ideal
sobre o terreno e partes comuns, atribuída a
cada unidade, dispensando-se a descrição interna da
unidade.
Art. 8º Quando, em terreno onde não houver
edificação, o proprietário, o promitente comprador, o
cessionário deste ou o promitente cessionário sobre ele
desejar erigir mais de uma edificação, observar-se-á
também o seguinte:
a) em relação às unidades autônomas que se
constituírem em casas térreas ou assobradadas, será
discriminada a parte do terreno ocupada pela
edificação e também aquela eventualmente reservada
como de utilização exclusiva dessas casas, como
jardim e quintal, bem assim a fração ideal do todo do
terreno e de partes comuns, que corresponderá às
unidades;
b) em relação às unidades autônomas que
constituírem edifícios de dois ou mais pavimentos,
será discriminada a parte do terreno ocupada pela
edificação, aquela que eventualmente for reservada
como de utilização exclusiva, correspondente às
unidades do edifício, e ainda a fração ideal do todo do
terreno e de partes comuns, que corresponderá a cada
uma das unidades;
c) serão discriminadas as partes do total
120 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
do terreno que poderão ser utilizadas em
comum pelos titulares de direito sobre os vários tipos
de unidades autônomas;
d) serão discriminadas as áreas que se constituírem
em passagem comum para as vias públicas ou para as
unidades entre si.
CAPÍTULO II
Da Convenção de Condomínio
Art. 9º Os proprietários, promitentes compradores,
cessionários ou promitentes cessionários dos direitos
pertinentes à aquisição de unidades autônomas, em
edificações a serem construídas, em construção ou já
construídas, elaborarão, por escrito, a Convenção de
condomínio, e deverão, também, por contrato ou por
deliberação em assembléia, aprovar o Regimento Interno
da edificação ou conjunto de edificações.
§ 1º Far-se-á o registro da Convenção no
Registro de Imóveis, bem como a averbação das suas
eventuais alterações.
§ 2º Considera-se aprovada, e obrigatória para os
proprietários de unidades, promitentes compradores,
cessionários e promitentes cessionários, atuais e futuros,
como para qualquer ocupante, a Convenção que reúna as
assinaturas de titulares de direitos que representem, no
mínimo, 2/3 das frações ideais que compõem o
condomínio.
§ 3º Além de outras normas aprovadas pelos
interessados, a Convenção deverá conter:
a) a discriminação das partes de propriedade
exclusiva, e as de condomínio, com especificações das
diferentes áreas;
b) o destino das diferentes partes;
c) o modo de usar as coisas e serviços comuns;
d) encargos, forma e proporção das contribuições
dos condôminos para as despesas de custeio e para as
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
121
extraordinárias;
e) o modo de escolher o síndico e o Conselho
Consultivo;
f) as atribuições do síndico, além das legais;
g) a definição da natureza gratuita ou
remunerada de suas funções;
h) o modo e o prazo de convocação das
assembléias gerais dos condôminos;
i) o quorum para os diversos tipos de votações;
j) a forma de contribuição para constituição de
fundo de reserva;
l) a forma e o quorum para as alterações de
convenção;
m) a forma e o quorum para a aprovarão do
Regimento Interno quando não incluídos na própria
Convenção.
Art. 10. É defeso a qualquer condômino:
I - alterar a forma externa da fachada;
Il - decorar as partes e esquadrias externas
com tonalidades ou cores diversas das empregadas
no conjunto da edificação;
III - destinar a unidade a utilização diversa de
finalidade do prédio, ou usá-la de forma nociva ou
perigosa ao sossego, à salubridade e à segurança dos
demais condôminos;
IV- embaraçar o uso das partes comuns.
§ 1º O transgressor ficará sujeito ao pagamento
de multa prevista na convenção ou no regulamento do
condomínio, além de ser compelido a desfazer a obra ou
abster-se da prática do ato, cabendo, ao síndico,
com autorização judicial, mandar desmanchá-Ia, à custa
do transgressor, se este não a desfizer no prazo que lhe
for estipulado.
§ 2º O proprietário ou titular de direito à
aquisição de unidade poderá fazer obra que ou
modifique sua fachada, se obtiver a aquiescência da
122 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
unidade dos condôminos.
Art. 11. Para efeitos tributários, cada unidade
autônoma será tratada como prédio isolado, contribuindo
o respectivo condômino, diretamente, com as
importâncias relativas aos impostos e taxas federais,
estaduais e municipais, na forma dos respectivos
lançamentos.
CAPÍTULO III
Das Despesas do Condomínio
Art. 12. Cada condômino concorrerá nas
despesas do condomínio, recolhendo, nos prazos
previstos na Convenção, a quota-parte que lhe couber em
rateio.
§ 1º Salvo disposição em contrário na Convenção, a
fixação da quota no rateio corresponderá à fração ideal de
terreno de cada unidade.
§ 2º Cabe ao síndico arrecadar as contribuições
competindo-lhe promover, por via executiva, a cobrança
judicial das quotas atrasadas.
§ 3º O condômino que não pagar a sua contribuição
no prazo fixado na Convenção fica sujeito ao juro
moratório de 1% ao mês, e multa de até 20% sobre o
débito, que será atualizado, se o estipular a
Convenção, com a aplicação dos índices de correção
monetária levantados pelo Conselho Nacional de
Economia, no caso da mora por período igual ou
superior a seis meses.
§ 4º As obras que interessarem à estrutura
integral da edificação ou conjunto de edificações, ou ao
serviço comum, serão feitas com o concurso pecuniário de
todos os proprietários ou titulares de direito à aquisição
de unidades, mediante orçamento prévio
aprovado em assembléia-geral, podendo incumbir-se de
sua execução o síndico, ou outra pessoa, com aprovação
da assembléia.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
123
§ 5º A renúncia de qualquer condômino aos seus
direitos, em caso algum valerá como escusa para
exonerá-lo de seus encargos.
CAPÍTULO IV
Do Seguro, do Incêndio, da Demolição e da
Reconstrução Obrigatória
Art. 13. Proceder-se-á ao seguro da edificação ou
do conjunto de edificações, neste caso,
discriminadamente, abrangendo todas as unidades
autônomas e partes comuns, contra incêndio ou outro
sinistro que cause destruição no todo ou em parte,
computando-se o prêmio nas despesas ordinárias do
condomínio.
Parágrafo único. O seguro de que trata este
artigo será obrigatoriamente feito dentro de 120 dias,
contados da data da concessão do "habite-se", sob
pena de ficar o condomínio sujeito à multa mensal
equivalente a 1/12 do imposto predial, cobrável
executivamente pela Municipalidade.
Art. 14. Na ocorrência de sinistro total, ou que
destrua mais de dois terços de uma edificação, seus
condôminos reunir-se-ão em assembléia especial, e
deliberarão sobre a sua reconstrução ou venda do
terreno e materiais, por quorum mínimo de votos que
representem metade, mais uma das frações ideais do
respectivo terreno.
§ 1º Rejeitada a proposta de reconstrução, a mesma
assembléia, ou outra para este fim convocada, decidirá,
pelo mesmo quorum, do destino a ser dado ao terreno, e
aprovará a partilha do valor do seguro entre os
condôminos, sem prejuízo do que receber cada um pelo
seguro facultativo de sua unidade.
§ 2º Aprovada, a reconstrução será feita, guardados,
obrigatoriamente, o mesmo destino, a mesma forma
externa e a mesma disposição interna.
§ 3º Na hipótese do parágrafo anterior, a minoria
124 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
não poderá ser obrigada a contribuir para a
reedificação, caso em que a maioria poderá adquirir as
partes dos dissidentes, mediante avaliação judicial, feita
em vistoria.
Art. 15. Na hipótese de que trata o § 3º do artigo
antecedente, à maioria poderão ser adjudicadas, por
sentença, as frações ideais da minoria.
§ 1º Como condição para o exercício da ação
prevista neste artigo, com a inicial, a maioria oferecerá e
depositará, à disposição do Juízo, as importâncias
arbitradas na vistoria para avaliação, prevalecendo as de
eventual desempatador.
§ 2º Feito o depósito de que trata o parágrafo
anterior, o Juiz, liminarmente, poderá autorizar a
adjudicação à maioria, e a minoria poderá levantar as
importâncias depositadas; o Oficial de Registro de
Imóveis, nestes casos, fará constar do registro que a
adjudicação foi resultante de medida liminar.
§ 3º Feito o depósito, será expedido o mandado de
citação, com o prazo de dez dias para a
contestação, VETADO.
§ 4º Se não contestado, o Juiz, imediatamente,
julgará o pedido.
§ 5º Se contestado o pedido, seguirá o processo o
rito ordinário.
§ 6º Se a sentença fixar valor superior ao da
avaliação feita na vistoria, o condomínio em execução
restituirá à minoria a respectiva diferença, acrescida de
juros de mora à prazo de 1% ao mês, desde a data da
concessão de eventual Iiminar, ou pagará o total devido,
com os juros da mora a conter da citação.
§ 7º Transitada em julgado a sentença, servirá ela de
título definitivo para a maioria, que deverá registrá-la
no Registro de Imóveis.
§ 8º A maioria poderá pagar e cobrar
da minoria, em execução de sentença, encargos
fiscais necessários à adjudicação definitiva a
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
125
cujo pagamento se recusar a minoria.
Art. 16. Em caso de sinistro que destrua
menos de dois terços da edificação, o síndico
promoverá o recebimento do seguro e a reconstrução ou
os reparos nas partes danificadas.
Art. 17. Em caso de condenação da edificação pela
autoridade pública, ou ameaça de ruína, pelo voto dos
condôminos que representem mais de dois terços das
quotas ideais do respectivo terreno poderá ser decidida a
sua demolição e reconstrução.
Parágrafo único. A minoria não fica obrigada a
contribuir para as obras, mas assegura-se a maioria o
direito de adquirir as partes dos dissidentes, mediante
avaliação judicial, aplicando-se o processo previsto no art.
15.
Art. 18. Em caso de desapropriação parcial de uma
edificação ou de um conjunto de edificações, serão
indenizados os proprietários das unidades
expropriadas, ingressando no condomínio a entidade
expropriante, que se sujeitará às disposições desta Lei e
se submeterá às da Convenção do condomínio e do
Regulamento Interno.
CAPÍTULO V
Utilização da Edificação ou do Conjunto de
Edificações
Art. 19. Cada condômino tem o direito de usar e
fruir, com exclusividade, de sua unidade autônoma,
segundo suas conveniências e interesses, condicionados,
umas e outros às normas de boa vizinhança, e poderá
usar as partes e coisas comuns de maneira a não causar
dano ou incômodo aos demais condôminos ou moradores,
nem obstáculo ou embaraço ao bom uso das mesmas
partes por todos.
Art. 20. Aplicam-se ao ocupante do imóvel, a
qualquer título, todas as obrigações referentes ao uso,
126 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
fruição e destino da unidade.
Art. 21. A violação de qualquer dos deveres
estipulados na Convenção sujeitará o infrator à multa
fixada na própria Convenção ou no Regimento
Interno, sem prejuízo da responsabilidade civil ou
criminal que, no caso, couber.
Parágrafo único. Compete ao síndico a iniciativa do
processo e a cobrança da multa, por via executiva, em
benefício do condomínio, e, em caso de omitir-se ele, a
qualquer condômino.
CAPÍTULO VI
Da Administração do Condomínio
Art. 22. Será eleito, na forma prevista pela
Convenção, um síndico do condomínio, cujo mandato não
poderá exceder de 2 anos, permitida a reeleição.
§ 1º Compete ao síndico:
a) representar ativa e passivamente, o condomínio,
em juízo ou fora dele, e praticar os atos de defesa dos
interesses comuns, nos limites das atribuições
conferidas por esta Lei ou pela Convenção;
b) exercer a administração interna da
edificação ou do conjunto de edificações, no que respeita
à sua vigência, moralidade e segurança, bem como
aos serviços que interessam a todos os moradores;
c) praticar os atos que lhe atribuírem as leis a
Convenção e o Regimento Interno;
d) impor as multas estabelecidas na Lei, na
Convenção ou no Regimento Interno;
e) cumprir e fazer cumprir a Convenção e o
Regimento Interno, bem como executar e fazer executar
as deliberações da assembléia;
f) prestar contas à assembléia dos condôminos.
§ 2º As funções administrativas podem ser delegadas
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
127
a pessoas de confiança do síndico, e sob a sua inteira
responsabilidade, mediante aprovação da assembléia
geral dos condôminos.
§ 3º A Convenção poderá estipular que dos atos do
síndico caiba recurso para a assembléia, convocada pelo
interessado.
§ 4º Ao síndico, que poderá ser condômino ou
pessoa física ou jurídica estranha ao condomínio, será
fixada a remuneração pela mesma assembléia que o
eleger, salvo se a Convenção dispuser diferentemente.
§ 5º O síndico poderá ser destituído, pela forma e
sob as condições previstas na Convenção, ou, no silêncio
desta pelo voto de dois terços dos condôminos,
presentes, em assembléia-geral especialmente
convocada.
§ 6º A Convenção poderá prever a eleição de
subsíndicos, definindo-lhes atribuições e fixando-lhes o
mandato, que não poderá exceder de 2 anos,
permitida a reeleição.
Art. 23. Será eleito, na forma prevista na
Convenção, um Conselho Consultivo, constituído de três
condôminos, com mandatos que não poderão exceder de
2 anos, permitida a reeleição.
Parágrafo único. Funcionará o Conselho como órgão
consultivo do síndico, para assessorá-lo na solução dos
problemas que digam respeito ao condomínio, podendo a
Convenção definir suas atribuiçõesespecíficas.
CAPÍTULO VII
Da Assembléia Geral
Art. 24. Haverá, anualmente, uma assembléia geral
ordinária dos condôminos, convocada pelo síndico na
forma prevista na Convenção, à qual compete, além das
demais matérias inscritas na ordem do dia, aprovar, por
maioria dos presentes, as verbas para as despesas de
condomínio, compreendendo as de conservação da
128 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
edificação ou conjunto de edificações, manutenção de
seus serviços e correlatas.
§ 1º As decisões da assembléia, tomadas, em cada
caso, pelo quorum que a Convenção fixar, obrigam
todos os condôminos.
§ 2º O síndico, nos oito dias subseqüentes à
assembléia, comunicará aos condôminos o que tiver sido
deliberado, inclusive no tocante à previsão orçamentária,
o rateio das despesas, e promoverá a arrecadação, tudo
na forma que a Convenção previr.
§ 3º Nas assembléias gerais, os votos serão
proporcionais às frações ideais do terreno e partes
comuns, pertencentes a cada condômino, salvo
disposição diversa da Convenção.
Art. 25. Ressalvado o disposto no § 3º do art. 22,
poderá haver assembléias gerais extraordinárias,
convocadas pelo síndico ou por condôminos que
representem um quarto, no mínimo do condomínio,
sempre que o exigirem os interesses gerais.
Parágrafo único. Salvo estipulação diversa da
Convenção, esta só poderá ser modificada em assembléia
geral extraordinária, pelo voto mínimo de condôminos que
representem 2/3 do total das frações ideais.
Art. 27. Se a assembléia não se reunir para exercer
qualquer dos poderes que lhe competem, 15 dias após o
pedido de convocação, o Juiz decidirá a respeito,
mediante requerimento dos interessados.
TÍTULO II
DAS INCORPORAÇÕES
CAPÍTULO I Disposições Gerais
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
129
Art. 28. As incorporações imobiliárias, em todo o
território nacional, reger-se-ão pela presente Lei.
Parágrafo único. Para efeito desta Lei,
considera-se incorporação imobiliária a atividade
exercida com o intuito de promover e realizar a
construção, para alienação total ou parcial, de
edificações ou conjunto de edificações compostas de
unidades autônomas, VETADO.
Art. 29. Considera-se incorporador a pessoa física
ou jurídica, comerciante ou não, que embora não
efetuando a construção, compromisse ou efetive a venda
de frações ideais de terreno objetivando a vinculação de
tais frações a unidades autônomas, VETADO em
edificações a serem construídas ou em construção sob
regime condominial, ou que meramente aceite propostas
para efetivação de tais transações, coordenando e
levando a termo a incorporação e responsabilizando-se,
conforme o caso, pela entrega, a certo prazo, preço e
determinadas condições, das obras concluídas. Parágrafo
único. Presume-se a vinculação entre a alienação das
frações do terreno e o negócio de construção, se, ao ser
contratada a venda, ou promessa de venda ou de cessão
das frações de terreno, já houver sido aprovado e estiver
em vigor, ou pender de aprovação de autoridade
administrativa, o respectivo projeto de construção,
respondendo o alienante como incorporador.
Art. 30. Estende-se a condição de incorporador aos
proprietários e titulares de direitos aquisitivos que
contratem a construção de edifícios que se destinem a
constituição em condomínio, sempre que iniciarem as
alienações antes da conclusão das obras.
Art. 31. A iniciativa e a responsabilidade das
incorporações imobiliárias caberão ao incorporador, que
somente poderá ser:
a) o proprietário do terreno, o promitente
comprador, o cessionário deste ou promitente
cessionário com título que satisfaça os requisitos da
alínea a do art. 32;
130 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
b) o construtor (Decreto número 23.569, de 11-12-
33, e 3.995, de 31 de dezembro de 1941, e Decreto-lei
número 8.620, de 10 de janeiro de 1946) ou corretor de
imóveis (Lei nº 4.116, de 27-8-62).
§ 1º No caso da alínea b, o incorporador será
investido, pelo proprietário de terreno, o promitente
comprador e cessionário deste ou o promitente
cessionário, de mandato outorgado por instrumento
público, onde se faça menção expressa desta Lei e se
transcreva o disposto no § 4º, do art. 35, para concluir
todos os negócios tendentes à alienação das frações
ideais de terreno, mas se obrigará pessoalmente pelos
atos que praticar na qualidade de incorporador.
§ 2º Nenhuma incorporação poderá ser proposta à
venda sem a indicação expressa do incorporador,
devendo também seu nome permanecer indicado
ostensivamente no local da construção.
§ 3º Toda e qualquer incorporação,
independentemente da forma por que seja constituída,
terá um ou mais incorporadores solidariamente
responsáveis, ainda que em fase subordinada a período
de carência, referido no art. 34.
CAPÍTULO II
Das Obrigações e Direitos do Incorporador
Art. 32. O incorporador somente poderá negociar
sobre unidades autônomas após ter arquivado, no cartório
competente de Registro de Imóveis, os seguintes
documentos:
a) título de propriedade de terreno, ou de promessa,
irrevogável e irretratável, de compra e venda ou de cessão
de direitos ou de permuta do qual conste cláusula de
imissão na posse do imóvel, não haja estipulações
impeditivas de sua alienação em frações ideais e inclua
consentimento para demolição e construção, devidamente
registrado;
b) certidões negativas de impostos federais,
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
131
estaduais e municipais, de protesto de títulos de ações
cíveis e criminais e de ônus reais relativamente ao imóvel,
aos alienantes do terreno e ao incorporador;
c) histórico dos títulos de propriedade do imóvel,
abrangendo os últimos 20 anos, acompanhado de
certidão dos respectivos registros;
d) projeto de construção devidamente aprovado
pelas autoridades competentes;
e) cálculo das áreas das edificações,
discriminando, além da global, a das partes comuns, e
indicando, cada tipo de unidade a respectiva
metragem de área construída;
f) certidão negativa de débito para com a
Previdência Social, quando o titular de direitos sobre o
terreno for responsável pela arrecadação das
respectivas contribuições;
g) memorial descritivo das especificações da
obra projetada, segundo modelo a que se refere o
inciso IV, do art. 53, desta Lei;
h) avaliação do custo global da obra, atualizada à
data do arquivamento, calculada de acordo com a norma
do inciso III, do art. 53 com base nos custos unitários
referidos no art. 54, discriminando-se, também, o custo de
construção de cada unidade, devidamente autenticada
pelo profissional responsável pela obra;
i) discriminação das frações ideais de terreno com as
unidades autônomas que a elas corresponderão;
j) minuta da futura Convenção de condomínio que
regerá a edificação ou o conjunto de edificações;
l) declaração em que se defina a parcela do
preço de que trata o inciso II, do art. 39;
m) certidão do instrumento público de mandato,
n) declaração expressa em que se fixe, se houver, o
prazo de carência (art. 34);
o) atestado de idoneidade financeira, fornecido por
estabelecimento de crédito que opere no País há mais de
cinco anos.
§ 1º A documentação referida neste artigo, após o
132 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
exame do Oficial de Registro de Imóveis, será arquivada
em cartório, fazendo-se o competente registro.
§ 2º Os contratos de compra e venda, promessa de
venda, cessão ou promessa de cessão de unidades
autônomas, serão também averbáveis à margem do
registro de que trata este artigo.
§ 3º O número do registro referido no § 1º, bem como
a indicação do cartório competente, constará,
obrigatoriamente, dos anúncios, impressos,
publicações, propostas, contratos, preliminares ou
definitivos, referentes à incorporação, salvo dos
anúncios "classificados".
§ 4º O Registro de Imóveis dará certidão ou
fornecerá, a quem o solicitar, cópia fotostática,
heliográfica, termofar, microfilmagem ou outra equivalente,
dos documentos especificados neste artigo, ou
autenticará cópia apresentada pela parte interessada.
§ 5º A existência de ônus fiscais ou reais, salvo os
impeditivos de alienação, não impedem o registro, que
será feito com as devidas ressalvas, mencionando-se, em
todos os documentos, extraídos do registro, a existência e
a extensão dos ônus.
§ 6º Os Oficiais de Registro de Imóveis terão 15 dias
para apresentar, por escrito, todas as exigências que
julgarem necessárias ao arquivamento, e, satisfeitas as
referidas exigências, terão o prazo de 15 dias para
fornecer certidão, relacionando a documentação
apresentada, e devolver, autenticadas, as segundas vias
da mencionada documentação, com exceção dos
documentos públicos. Em casos de divergência, o Oficial
levantará a dúvida segundo as normas processuais
aplicáveis.
§ 7º O Oficial de Registro de Imóveis responde, civil
e criminalmente, se efetuar o arquivamento de
documentação contraveniente à lei ou der certidão ...
VETADO ... sem o arquivamento de todos os documentos
exigidos.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
133
Art. 33. O registro da incorporação será válido pelo
prazo de 120 dias, findo o qual, se ela ainda não se
houver concretizado, o incorporador só poderá negociar
unidades depois de atualizar a documentação a que se
refere o artigo anterior, revalidando o registro por igual
prazo.
Art. 34. O incorporador poderá fixar, para efetivação
da incorporação, prazo de carência, dentro do qual lhe é
lícito desistir do empreendimento.
§ 1º A fixação do prazo de carência será feita pela
declaração a que se refere a alínea "n", do art. 32 onde se
fixem as condições que autorizarão o incorporador a
desistir do empreendimento.
§ 2º Em caso algum poderá o prazo de carência
ultrapassar o termo final do prazo de validade do registro
ou, se for o caso, de sua revalidação.
§ 3º Os documentos preliminares de ajuste, se
houver, mencionarão, obrigatoriamente, o prazo de
carência, inclusive para efeitos do art. 45.
§ 4º A desistência da incorporação será denunciada,
por escrito, ao Registro de Imóveis ... VETADO ... e
comunicada, por escrito, a cada um dos adquirentes ou
candidatos à aquisição, sob pena de responsabilidade civil
e criminal do incorporador.
§ 5º Será averbada no registro da incorporação a
desistência de que trata o parágrafo anterior arquivando-
se em cartório o respectivo documento.
§ 6º O prazo de carência é improrrogável.
Art. 35. O incorporador terá o prazo máximo de 45
anos, a contar do termo final do prazo de carência, se
houver, para promover a celebração do competente
contrato relativo à fração ideal de terreno, e, bem assim,
do contrato de construção e da Convenção do
condomínio, de acordo com discriminação constante da
alínea "i", do art. 32.
§ 1º No caso de não haver prazo de carência, o
prazo acima se contará da data de qualquer documento
134 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
de ajuste preliminar.
§ 2º Quando houver prazo de carência, a obrigação
somente deixará de existir se o incorporador tiver
denunciado, dentro do mesmo prazo e nas condições
previamente estabelecidas, por escrito, ao Registro de
Imóveis, a não concretização do empreendimento.
§ 3º Se, dentro do prazo de carência, o incorporador
não denunciar a incorporação, embora não se tenham
reunido as condições a que se refere o § 1º, o outorgante
do mandato de que trata o § 1º, do art. 31, poderá fazê-lo
nos cinco dias subseqüentes ao prazo de carência, e
nesse caso ficará solidariamente responsável com o
incorporador pela devolução das quantias que os
adquirentes ou candidatos à aquisição houverem entregue
ao incorporador, resguardado o direito de regresso sobre
eles, dispensando-se, então, do cumprimento da
obrigação fixada no caput deste artigo.
§ 4º Descumprida pelo incorporador e pelo mandante
de que trata o § 1º do art. 31 a obrigação da outorga dos
contratos referidos no caput deste artigo, nos prazos ora
fixados, a carta-proposta ou o documento de ajuste
preliminar poderão ser averbados no Registro de Imóveis,
averbação que conferirá direito real oponível a terceiros,
com o conseqüente direito à obtenção compulsória
do
contrato correspondente.
§ 5º Na hipótese do parágrafo anterior, o
incorporador incorrerá também na multa de 50% sobre a
quantia que efetivamente tiver recebido, cobrável por via
executiva, em favor do adquirente ou
candidato à aquisição.
§ 6º Ressalvado o disposto no artigo 43, do contrato
de construção deverá constar expressamente a menção
dos responsáveis pelo pagamento da construção de cada
uma das unidades. O incorporador responde, em
igualdade de condições, com os demais contratantes, pelo
pagamento da construção das unidades que não tenham
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
135
tido a responsabilidade pela sua construção assumida por
terceiros e até que o tenham.
Art. 36. No caso de denúncia de incorporação, nos
termos do art. 34, se o incorporador, até 30 dias a contar
da denúncia, não restituir aos adquirentes as importâncias
pagas, estes poderão cobrá-la por via executiva,
reajustado o seu valor a contar da data do recebimento,
em função do índice geral de preços mensalmente
publicado pelo Conselho Nacional de Economia, que
reflita as variações no poder aquisitivo da moeda nacional,
e acrescido de juros de 6% ao
ano, sobre o total corrigido.
Art. 37. Se o imóvel estiver gravado de ônus real ou
fiscal ou se contra os alienantes houver ação que possa
comprometê-lo, o fato será obrigatoriamente mencionado
em todos os documentos de ajuste, com a indicação de
sua natureza e das condições de liberação.
Art. 38. Também constará, obrigatoriamente, dos
documentos de ajuste, se for o caso, o fato de encontrar-
se ocupado o imóvel, esclarecendo-se a que título se
deve esta ocupação e quais as
condições de desocupação.
Art. 39. Nas incorporações em que a aquisição do
terreno se der com pagamento total ou parcial em
unidades a serem construídas, deverão ser discriminadas
em todos os documentos de ajuste:
I - a parcela que, se houver, será paga em dinheiro;
Il - a quota-parte da área das unidades a serem
entregues em pagamento do terreno que corresponderá a
cada uma das unidades, a qual deverá ser expressa em
metros quadrados. Parágrafo único. Deverá constar,
também, de todos os documentos de ajuste, se o
alienante do terreno ficou ou não sujeito a qualquer
prestação ou encargo.
Art. 40. No caso de rescisão de contrato de alienação
do terreno ou de fração ideal, ficarão rescindidas as
cessões ou promessas de cessão de direitos
136 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
correspondentes à aquisição do terreno.
§ 1º Nesta hipótese, consolidar-se-á, no alienante em
cujo favor se opera a resolução, o direito sobre a
construção porventura existente.
§ 2º No caso do parágrafo anterior, cada um dos ex-
titulares de direito à aquisição de unidades
autônomas haverá do mencionado alienante o valor da
parcela de construção que haja adicionado à
unidade, salvo se a rescisão houver sido causada
pelo ex-titular.
§ 3º Na hipótese dos parágrafos anteriores, sob pena
de nulidade, não poderá o alienante em cujo favor se
operou a resolução voltar a negociar seus direitos sobre a
unidade autônoma, sem a prévia indenização aos
titulares, de que trata o § 2º.
§ 4º No caso do parágrafo anterior, se os ex-titulares
tiverem de recorrer à cobrança judicial do que lhes for
devido, somente poderão garantir o seu pagamento a
unidade e respectiva fração de terreno
objeto do presente artigo.
Art. 41. Quando as unidades imobiliárias forem
contratadas pelo incorporador por preço global
compreendendo quota de terreno e construção, inclusive
com parte de pagamento após a entrega da unidade,
discriminar-se-ão, no contrato, o preço da quota de
terreno e o da construção.
§ 1º Poder-se-á estipular que, na hipótese de o
adquirente atrasar o pagamento de parcela relativa a
construção, os efeitos da mora recairão não apenas sobre
a aquisição da parte construída, mas, também, sobre a
fração ideal de terreno, ainda que esta tenha
sido totalmente paga.
§ 2º Poder-se-á também estipular que, na hipótese
de o adquirente atrasar o pagamento da parcela relativa à
fração ideal de terreno, os efeitos da mora recairão não
apenas sobre a aquisição da fração ideal, mas, também,
sobre a parte construída,
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
137
ainda que totalmente paga.
Art. 42. No caso de rescisão do contrato relativo à
fração ideal de terreno e partes comuns, a pessoa em
cujo favor se tenha operado a resolução sub-rogar-se-á
nos direitos e obrigações contratualmente atribuídos ao
inadimplente, com relação a construção.
Art. 43. Quando o incorporador contratar a entrega
da unidade a prazo e preços certos, determinados ou
determináveis, mesmo quando pessoa física, ser-lhe-ão
impostas as seguintes normas:
I - informar obrigatoriamente aos adquirentes, por
escrito, no mínimo de seis em seis meses, o estado
da obra;
II - responder civilmente pela execução da
incorporação, devendo indenizar os adquirentes ou
compromissários, dos prejuízos que a estes advierem do
fato de não se concluir a edificação ou de se retardar
injustificadamente a conclusão das obras, cabendo-lhe
ação regressiva contra o construtor, se for o caso e se a
este couber a culpa;
III - em caso de falência do incorporador, pessoa
física ou jurídica, e não ser possível à maioria prosseguir
na construção das edificações, os subscritores ou
candidatos à aquisição de unidades serão credores
privilegiados pelas quantias que houverem pago ao
incorporador, respondendo subsidiariamente os bens
pessoais deste;
IV - é vedado ao incorporador alterar o projeto,
especialmente no que se refere à unidade do adquirente e
às partes comuns, modificar as especificações, ou
desviar-se do plano da construção, salvo autorização
unânime dos interessados ou
exigência legal;
V - não poderá modificar as condições de pagamento
nem reajustar o preço das unidades, ainda no caso de
elevação dos preços dos materiais e da mão-de-obra,
salvo se tiver sido expressamente ajustada a faculdade de
reajustamento, procedendo-
138 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
se, então, nas condições estipuladas;
VI - se o incorporador, sem justa causa devidamente
comprovada, paralisar as obras por mais de 30 dias, ou
retardar-lhes excessivamente o andamento, poderá o Juiz
notificá-lo para que no prazo mínimo de 30 dias as reinicie
ou torne a dar-lhes o andamento normal. Desatendida a
notificação, poderá o incorporador ser destituído pela
maioria absoluta dos votos dos adquirentes, sem prejuízo
da responsabilidade civil ou penal que couber, sujeito à
cobrança executiva das importâncias comprovadamente
devidas, facultando-se aos interessados prosseguir na
obra (VETADO).
Art. 44. Após a concessão do "habite-se" pela
autoridade administrativa, o incorporador deverá requerer,
(VETADO) a averbação da construção das edificações,
para efeito de individualização e discriminação das
unidades, respondendo perante os adquirentes pelas
perdas e danos que resultem da demora no cumprimento
dessa obrigação.
§ 1º Se o incorporador não requerer a averbação
(VETADO) o construtor requerê-la-á (VETADO) sob pena
de ficar solidariamente responsável com o incorporador
perante os adquirentes.
§ 2º Na omissão do incorporador e do construtor, a
averbação poderá ser requerida por qualquer dos
adquirentes de unidade.
Art. 45. É lícito ao incorporador recolher o imposto
do selo devido, mediante apresentação dos contratos
preliminares, até 10 dias a contar do vencimento do prazo
de carência a que se refere o art. 34, extinta a obrigação
se, dentro deste prazo, for
denunciada a incorporação.
Art. 46. Quando o pagamento do imposto sobre lucro
imobiliário e respectivos acréscimos e adicionais for de
responsabilidade do vendedor do terreno, será lícito ao
adquirente reter o pagamento das últimas prestações
anteriores à data-limite em que é lícito pagar, sem
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
139
reajuste, o referido imposto e os adicionais, caso o
vendedor não apresente a quitação até 14 dias antes do
vencimento das prestações cujo pagamento torne inferior
ao débito fiscal a parte do preço a ser ainda paga até a
referida data-limite.
Parágrafo único. No caso de retenção pelo
adquirente, esse ficará responsável para todos os efeitos
perante o Fisco, pelo recolhimento do tributo, adicionais e
acréscimos, inclusive pelos reajustamentos que vier a
sofrer o débito fiscal, (VETADO).
Art. 47. Quando se fixar no contrato que a
obrigação do pagamento do imposto sobre lucro
imobiliário acréscimos e adicionais devidos pelo alienante
e transferida ao adquirente, dever-se-á explicitar o
montante que tal obrigação atingiria, se sua satisfação se
desse na data da escritura.
§ 1º Neste caso, o adquirente será tido, para todos
os efeitos, como responsável perante o Fisco.
§ 2º Havendo parcela restituível, a restituição será
feita ao adquirente e, se for o caso em nome deste serão
emitidas as obrigações do Tesouro Nacional a que se
refere o art. 4º da Lei nº 4.357 de 16.7.64.
§ 3º Para efeitos fiscais, não importará em aumento
do preço de aquisição a circunstância de obrigar-se o
adquirente ao pagamento do imposto sobre lucro
mobiliário, seus acréscimos e adicionais.
CAPÍTULO III
Da Construção de Edificação em Condomínio
Seção I
Da Construção em Geral
Art. 48. A construção de imóveis, objeto de
incorporação nos moldes previstos nesta Lei poderá ser
contratada sob o regime de empreitada ou de
administração conforme adiante definidos e poderá estar
140 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
incluída no contrato com o incorporador (VETADO), ou ser
contratada diretamente entre os
adquirentes e o construtor.
§ 1º O Projeto e o memorial descritivo das
edificações farão parte integrante e complementar do
contrato;
§ 2º Do contrato deverá constar a prazo da
entrega das obras e as condições e formas de sua
eventual prorrogação.
Art. 49. Os contratantes da construção, inclusive no
caso do art. 43, para tratar de seus interesses, com
relação a ela, poderão reunir-se em assembléia, cujas
deliberações, desde que aprovadas por maioria simples
dos votos presentes, serão válidas e obrigatórias para
todos eles salvo no que afetar ao direito de propriedade
previsto na legislação.
§ 1º As assembléias serão convocadas, pelo menos,
por 1/3 (um terço) dos votos dos contratantes pelo
incorporador ou pelo construtor, com menção expressa do
assunto a tratar, sendo admitido comparecimento de
procurador bastante.
§ 2º A convocação da assembléia será feita por
carta registrada ou protocolo, com antecedência mínima
de 5 dias para a primeira convocação, e mais 3 dias para
a segunda, podendo ambas as convocações ser feitas no
mesmo aviso.
§ 3º A assembléia instalar-se-á, no mínimo, com
metade dos contratantes, em primeira convocação, e com
qualquer número, em segunda, sendo, porém, obrigatória
a presença, em qualquer caso do incorporador ou do
construtor, quando convocantes, e pelo menos, com
metade dos contratantes que a tenham convocado, se for
o caso.
§ 4º Na assembléia, os votos dos contratantes serão
proporcionais às respectivas frações ideais de terreno.
Art. 50. Será designada no contrato de construção,
ou eleita em assembléia especial devidamente convocada
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
141
antes do início da obra, uma Comissão de
Representantes, composta de 3 membros pelo menos,
escolhidos entre os contratantes, no caso do art. 43 em
tudo que interessar ao bom andamento da obra.
§ 1º Uma vez eleita a Comissão, cuja constituição se
comprovará com a ata da assembléia, devidamente
inscrita no Registro de Títulos e Documentos, esta ficará
de pleno direito investida dos poderes necessários para
exercer todas as atribuições e praticar todos os atos que
esta Lei e o contrato de construção lhe deferirem, sem
necessidade de instrumento especial outorgado pelos
contratantes ou se for caso, pelos que se sub-rogarem
nos direitos e obrigações destes.
§ 2º A assembléia poderá revogar, pela maioria
absoluta dos votos dos contratantes, qualquer decisão da
Comissão, ressalvados os direitos de terceiros quanto aos
efeitos já produzidos.
§ 3º Respeitados os limites constantes desta Lei, o
contrato poderá discriminar as atribuições da Comissão e
deverá dispor sobre os mandatos de seus membros, sua
destituição e a forma de preenchimento das vagas
eventuais, sendo lícita a estipulação de que o mandato
conferido a qualquer membro, no caso de sub-rogação de
seu contrato a terceiros, se tenha por transferido, de pleno
direito, ao sub-rogatário, salvo se este não o aceitar.
§ 4º Nas incorporações em que o número de
contratantes de unidades for igual ou inferior a 3, a
totalidade deles exercerá, em conjunto as atribuições que
esta Lei confere à Comissão, aplicando-se, no que
couber, o disposto nos parágrafos anteriores.
Art. 51. Nos contratos de construção, seja qual for
seu regime deverá constar expressamente a quem
caberão as despesas com ligações de serviços públicos,
devidas ao Poder Público, bem como as despesas
indispensáveis à instalação, funcionamento e
regulamentação do condomínio.
Parágrafo único. Quando o serviço público for
explorado mediante concessão, os contratos de
142 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
construção deverão também especificar a quem caberão
as despesas com as ligações que incumbam às
concessionárias no caso de não estarem elas obrigadas a
fazê-las, ou, em o estando, se a isto se recusarem ou
alegarem impossibilidade.
Art. 52. Cada contratante da construção só será
imitido na posse de sua unidade se estiver em dia com as
obrigações assumidas, inclusive as relativas à construção
exercendo o construtor e o condomínio até então, o direito
de retenção sobre a respectiva unidade; no caso do art.
43, este direito será exercido pelo incorporador.
Art. 53. O Poder Executivo, através do Banco
Nacional da Habitação, promoverá a celebração de
contratos com a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (A.B.N.T.), no sentido de que esta, tendo em
vista o disposto na Lei nº 4.150, de novembro de 1962,
prepare, no prazo máximo de 120 dias, normas que
estabeleçam, para cada tipo de prédio que padronizar:
I - critérios e normas para cálculo de custos
unitários de construção, para uso dos sindicatos, na forma
do art. 54;
Il - critérios e normas para execução de orçamentos
de custo de construção, para fins de disposto no artigo 59;
III - critérios e normas para a avaliação de custo global
de obra, para fins da alínea h, do art. 32;
IV – modelo de memorial descritivo dos
acabamentos de edificação, para fins do disposto no art.
32;
V - critério para entrosamento entre o cronograma das
obras e o pagamento das prestações, que poderá ser
introduzido nos contratos de incorporação inclusive para o
efeito de aplicação do disposto no § 2º do art. 48.
§ 1º O número de tipos padronizados deverá ser
reduzido e na fixação se atenderá primordialmente:
a) o número de pavimentos e a existência de
pavimentos especiais (subsolo, pilotis etc);
b) o padrão da construção (baixo, normal, alto), tendo
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
143
em conta as condições de acabamento, a qualidade dos
materiais empregados, os equipamentos, o número de
elevadores e as inovações de conforto;
c) as áreas de construção.
§ 2º Para custear o serviço a ser feito pela A.B.N.T.,
definido neste artigo, fica autorizado o Poder Executivo a
abrir um crédito especial no valor de Cr$10.000.000,00
(dez milhões de cruzeiros), em favor do Banco Nacional
de Habitação, vinculado a este fim, podendo o Banco
adiantar a importância à A.B.N.T., se necessário.
§ 3º No contrato a ser celebrado com a A.B.N.T.,
estipular-se-á a atualização periódica das normas
previstas neste artigo, mediante remuneração razoável.
Art. 54 Os sindicatos estaduais da indústria da
construção civil ficam obrigados a divulgar mensalmente,
até o dia 5 de cada mês, os custos unitários de
construção a serem adotados nas respectivas regiões
jurisdicionais, calculados com observância dos critérios e
normas a que se refere o inciso I, do artigo anterior.
§ 1º O sindicato estadual que deixar de cumprir a
obrigação prevista neste artigo deixará de receber dos
cofres públicos, enquanto perdurar a omissão, qualquer
subvenção ou auxílio que pleiteie ou a que tenha direito.
§ 2º Na ocorrência de omissão de sindicato estadual,
o construtor usará os índices fixados por outro sindicato
estadual, em cuja região os custos de construção mais lhe
pareçam aproximados dos da sua.
§ 3º Os orçamentos ou estimativas baseados nos
custos unitários a que se refere este artigo só poderão
ser considerados atualizados, em certo mês, para os
efeitos desta Lei, se baseados em custos unitários
relativos ao próprio mês ou a um dos dois meses
anteriores.
SEÇÃO II
Da Construção por Empreitada
144 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
Art. 55. Nas incorporações em que a construção
seja feita pelo regime de empreitada, esta poderá ser a
preço fixo, ou a preço reajustável por índices
previamente determinados.
§ 1º Na empreitada a preço fixo, o preço da
construção será irreajustável, independentemente das
variações que sofrer o custo efetivo das obras e qualquer
que sejam suas causas.
§ 2º Na empreitada a preço reajustável, o preço
fixado no contrato será reajustado na forma e nas épocas
nele expressamente previstas, em função da variação dos
índices adotados, também previstos obrigatoriamente no
contrato.
§ 3º Nos contratos de construção por empreitada, a
Comissão de Representantes fiscalizará o andamento da
obra e a obediência ao Projeto e às especificações
exercendo as demais obrigações inerentes à sua função
representativa dos contratantes e fiscalizadora da
construção.
§ 4º Nos contratos de construção fixados sob regime
de empreitada, reajustável, a Comissão de
Representantes fiscalizará, também, o cálculo do
reajustamento.
§ 5º No Contrato deverá ser mencionado o montante
do orçamento atualizado da obra, calculado de acordo
com as normas do inciso III, do art. 53, com base nos
custos unitários referidos no art. 54, quando o preço
estipulado for inferior ao mesmo.
§ 6º Na forma de expressa referência, os contratos
de empreitada entendem-se como sendo a preçofixo.
Art. 56. Em toda a publicidade ou propaganda
escrita, destinada a promover a venda de incorporação
com construção pelo regime de empreitada reajustável,
em que conste preço, serão discriminados explicitamente
o preço da fração ideal do terreno e o preço da
construção, com indicação expressa da reajustabilidade.
§ 1º As mesmas indicações deverão constar em
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
145
todos os papéis utilizados para a realização da
incorporação, tais como cartas, propostas, escrituras,
contratos e documentos semelhantes.
§ 2º Esta exigência será dispensada nos anúncios
"classificados" dos jornais.
Art. 57. Ao construtor que contratar, por empreitada
a preço fixo, uma obra de incorporação, aplicar-se-á, no
que couber o disposto nos itens II, II, IV, (VETADO) e VI,
do art. 43.
SEÇÃO III
Da Construção por Administração
Art. 58. Nas incorporações em que a construção for
contratada pelo regime de administração, também
chamado "a preço de custo", será de responsabilidade
dos proprietários ou adquirentes o pagamento do custo
integral de obra, observadas as seguintes disposições:
I - todas as faturas, duplicatas, recibos e quaisquer
documentos referentes às transações ou aquisições para
construção, serão emitidos em nome do condomínio dos
contratantes da construção;
II - todas as contribuições dos condôminos para
qualquer fim relacionado com a construção serão
depositadas em contas abertas em nome do condomínio
dos contratantes em estabelecimentos bancários, as
quais, serão movimentadas pela forma que for fixada no
contrato.
Art. 59. No regime de construção por administração,
será obrigatório constar do respectivo contrato o montante
do orçamento do custo da obra, elaborado com estrita
observância dos critérios e normas referidos no inciso II,
do art. 53 e a data em que se iniciará efetivamente a obra.
§ 1º Nos contratos lavrados até o término das
fundações, este montante não poderá ser inferior ao da
estimativa atualizada, a que se refere o § 3º, do art.54.
§ 2º Nos contratos celebrados após o término das
fundações, este montante não poderá ser inferior à última
revisão efetivada na forma do artigo seguinte.
146 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
§ 3º As transferências e sub-rogações do contrato,
em qualquer fase da obra, aplicar-se-á o disposto neste
artigo.
Art. 60. As revisões da estimativa de custo da obra
serão efetuadas, pelo menos semestralmente, em comum
entre a Comissão de Representantes e o construtor. O
contrato poderá estipular que, em função das
necessidades da obra sejam alteráveis os esquemas de
contribuições quanto ao total, ao número, ao valor e à
distribuição no tempo das prestações.
Parágrafo único. Em caso de majoração de
prestações, o novo esquema deverá ser comunicado aos
contratantes, com antecedência mínima de 45 dias da
data em que deverão ser efetuados os depósitos das
primeiras prestações alteradas.
Art. 61. A Comissão de Representantes terá poderes
para, em nome de todos os contratantes e na forma
prevista no contrato:
a) examinar os balancetes organizados pelos
construtores, dos recebimentos e despesas do
condomínio dos contratantes, aprová-los ou impugná-los,
examinando a documentação respectiva;
b) fiscalizar concorrências relativas às compras dos
materiais necessários à obra ou aos serviços a ela
pertinentes;
c) contratar, em nome do condomínio, com qualquer
condômino, modificações por ele solicitadas em sua
respectiva unidade, a serem administradas pelo
construtor, desde que não prejudiquem unidade de outro
condômino e não estejam em desacordo com o parecer
técnico do construtor;
d) fiscalizar a arrecadação das contribuições
destinadas à construção;
e) exercer as demais obrigações inerentes a sua
função representativa dos contratantes e fiscalizadora da
construção e praticar todos os atos necessários ao
funcionamento regular do condomínio.
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
147
Art. 62. Em toda publicidade ou propaganda escrita
destinada a promover a venda de incorporação com
construção pelo regime de administração em que conste
preço, serão discriminados explicitamente o preço da
fração ideal de terreno e o montante do orçamento
atualizado do custo da construção, na forma dos artigos
59 e 60, com a indicação do mês a que se refere o dito
orçamento e do tipo padronizado a que se vincule o
mesmo.
CAPÍTULO IV
Das Infrações
§ 1º As mesmas indicações deverão constar em
todos os papéis utilizados para a realização da
incorporação, tais como cartas, propostas, escrituras,
contratos e documentos semelhantes.
§ 2º Esta exigência será dispensada nos anúncios
"classificados" dos jornais.
Art. 63. É lícito estipular no contrato, sem prejuízo de
outras sanções, que a falta de pagamento, por parte do
adquirente ou contratante, de 3 prestações do preço da
construção, quer estabelecidas inicialmente, quer
alteradas ou criadas posteriormente, quando for o caso,
depois de prévia notificação com o prazo de 10 dias para
purgação da mora, implique na rescisão do contrato,
conforme nele se fixar, ou que, na falta de pagamento,
pelo débito respondem os direitos à respectiva fração
ideal de terreno e à parte construída adicionada, na forma
abaixo estabelecida, se outra forma não fixar o contrato.
§ 1º Se o débito não for liquidado no prazo de 10
dias, após solicitação da Comissão de Representantes,
esta ficará, desde logo, de pleno direito, autorizada a
efetuar, no prazo que fixar, em público leilão anunciado
pela forma que o contrato previr, a venda, promessa
de venda ou de cessão, ou a cessão da quota de terreno
e correspondente parte construída e direitos, bem como
a sub-rogação do contrato de construção.
§ 2º Se o maior lanço obtido for inferior ao
148 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
desembolso efetuado pelo inadimplemente, para a quota
do terreno e a construção, despesas acarretadas e as
percentagens expressas no parágrafo seguinte será
realizada nova praça no prazo estipulado no contrato.
Nesta segunda praça, será aceito o maior lanço apurado,
ainda que inferior àqueletotal,VETADO.
§ 3º No prazo de 24 horas após a realização do
leilão final, o condomínio, por decisão unânime de
Assembléia-Geral em condições de igualdade com
terceiros, terá preferência na aquisição dos bens, caso em
que serão adjudicados ao condomínio.
§ 4º Do preço que for apurado no leilão, serão
deduzidas as quantias em débito, todas as despesas
ocorridas, inclusive honorário de advogado e anúncios, e
mais 5% a título de comissão e 10% de multa
compensatória, que reverterão em benefício do
condomínio de todos os contratantes, com exceção do
faltoso, ao qual será entregue o saldo, se houver.
§ 5º Para os fins das medidas estipuladas neste
artigo, a Comissão de Representantes ficará investida de
mandato irrevogável, isento do imposto do selo, na
vigência do contrato geral de construção da obra, com
poderes necessários para, em nome do condômino
inadimplente, efetuar as citadas transações, podendo para
este fim fixar preços, ajustar condições, sub-rogar o
arrematante nos direitos e obrigações decorrentes do
contrato de construção e da quota de terreno e
construção; outorgar as competentes escrituras e
contratos, receber preços, dar quitações; imitir o
arrematante na posse do imóvel; transmitir domínio, direito
e ação; responder pela evicção; receber citação, propor e
variar de ações; e também dos poderes ad juditia, a serem
substabelecidos a advogado lealmente habilitado;
§ 6º A morte, falência ou concordata do
condomínio ou sua dissolução, se se tratar de
sociedade, não revogará o mandato de que trata o
parágrafo anterior, o qual poderá ser exercido pela
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
149
Comissão de Representantes até a conclusão dos
pagamentos devidos, ainda que a unidade pertença a
menor de idade.
§ 7º Os eventuais débitos fiscais ou para com a
Previdência Social, não impedirão a alienação por leilão
público. Neste caso, ao condômino somente será
entregue o saldo, se houver, desde que prove estar quite
com o Fisco e a Previdência Social, devendo a Comissão
de Representantes, em caso contrário, consignar
judicialmente a importância equivalente aos débitos
existentes dando ciência ao fato à entidade credora.
§ 8º Independentemente das disposições deste
artigo e seus parágrafos, e como penalidades
preliminares, poderá o contrato de construção estabelecer
a incidência de multas e juros de mora em caso de atraso
no depósito de contribuições sem prejuízo do disposto no
parágrafo seguinte.
§ 9º O contrato poderá dispor que o valor das
prestações pagas com atraso, seja corrigível em função
da variação do índice geral de preços mensalmente
publicado pelo Conselho Nacional de Economia, que
reflita as oscilações do poder aquisitivo da moeda
nacional.
§ 10. O membro da Comissão de Representantes
que incorrer na falta prevista neste artigo, estará sujeito à
perda automática do mandato e deverá ser substituído
segundo dispuser o contrato.
Art. 64. Os órgãos de informação e publicidade que
divulgarem publicamente sem os requisitos exigidos pelo §
3º do artigo 32 e pelos artigos 56 e 62, desta Lei, sujeitar-
se-ão à multa em importância correspondente ao dobro do
preço pago pelo anunciante, a qual reverterá em favor da
respectiva Municipalidade.
Art. 65. É crime contra a economia popular promover
incorporação, fazendo, em proposta, contratos,
prospectos ou comunicação ao público ou aos
interessados, afirmação falsa sobre a construção do
condomínio, alienação das frações ideais do terreno ou
150 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
sobre a construção das edificações. PENA - reclusão de
um a quatro anos e multa de cinco a cinqüenta vezes o
maior salário-mínimo legal vigente noPaís.
§ 1º lncorrem na mesma pena:
I - o incorporador, o corretor e o construtor,
individuais bem como os diretores ou gerentes de
empresa coletiva incorporadora, corretora ou construtora
que, em proposta, contrato, publicidade, prospecto,
relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou
aos condôminos, candidatos ou subscritores de unidades,
fizerem afirmação falsa sobre a constituição do
condomínio, alienação das frações ideais ou sobre a
construção das edificações;
II - o incorporador, o corretor e o construtor
individuais, bem como os diretores ou gerentes de
empresa coletiva, incorporadora, corretora ou construtora
que usar, ainda que a título de empréstimo, em proveito
próprio ou de terceiros, bens ou haveres destinados a
incorporação contratada por administração, sem prévia
autorização dos interessados.
§ 2º O julgamento destes crimes será de
competência de Juízo singular, aplicando-se os artigos 5º,
6º e 7º da Lei nº 1.521, de 26 de dezembro de 1951.
Art. 66. São contravenções relativas à economia
popular, puníveis na forma do artigo 10 da Lei nº 1.521,
de 26 de dezembro de 1951:
I - negociar o incorporador frações ideais de terreno,
sem previamente satisfazer às exigências constantes
desta Lei;
lI - omitir o incorporador, em qualquer documento de
ajuste, as indicações a que se referem os artigos 37 e 38,
desta Lei;
III - deixar o incorporador, sem justa causa, no prazo
do artigo 35 e ressalvada a hipótese de seus § § 2º e 3º,
de promover a celebração do contrato relativo à fração
ideal de terreno, do contrato de construção ou da
Convenção do condomínio;
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
151
V - omitir o incorporador, no contrato, a indicação a
que se refere o § 5º do artigo 55, desta Lei;
VI - paralisar o incorporador a obra, por mais de 30
dias, ou retardar-lhe excessivamente o andamento sem
justa causa.
PENA - Multa de 5 a 20 vezes o maior salário-
mínimo legal vigente no País. Parágrafo único. No caso de
contratos relativos a incorporações, de que não participe o
incorporador, responderão solidariamente pelas faltas
capituladas neste artigo o construtor, o corretor, o
proprietário ou titular de direitos aquisitivos do terreno,
desde que figurem no contrato, com direito regressivo
sobre o incorporador, se as faltas cometidas lhe forem
imputáveis.
CAPÍTULO V
Das Disposições Finais e Transitórias
Art. 67. Os contratos poderão consignar
exclusivamente às cláusulas, termo ou condições
variáveis ou específicas.
§ 1º As cláusulas comuns a todos os adquirentes
não precisarão figurar expressamente nos respectivos
contratos.
§ 2º Os contratos no entanto, consignarão
obrigatoriamente que as partes contratantes, adotem e se
comprometam a cumprir as cláusulas, termos e condições
contratuais a que se refere o parágrafo anterior, sempre
transcritas, verbo ad verbum no respectivo cartório ou
ofício, mencionando, inclusive, o número do livro e das
folhas do competente registro.
§ 3º Aos adquirentes, ao receberem os respectivos
instrumentos, será obrigatoriamente entregue cópia
impressa ou mimeografada, autenticada, do contrato-
padrão, contendo as cláusulas, termos e condições
referidas no § 1º deste artigo.
§ 4º Os cartórios de Registro de Imóveis, para os
devidos efeitos, receberão dos incorporadores,
152 REINALDO ASSIS PELLIZZARO
autenticamente, o instrumento a que se refere o
parágrafo anterior.
Art. 68. Os proprietários ou titulares de direito
aquisitivo, sobre as terras rurais ou os terrenos onde
pretendam constituir ou mandar construir habitações
isoladas para aliená-las antes de concluídas, mediante
pagamento do preço a prazo, deverão, previamente,
satisfazer às exigências constantes no art. 32, ficando
sujeitos ao regime instituído nesta Lei para os
incorporadores, no que lhes for aplicável.
Art. 69. O Poder Executivo baixará, no prazo de 90
dias, regulamento sobre o registro no Registro de Imóveis
VETADO.
Art. 70. A presente lei entrará em vigor na data de
sua publicação, revogados o Decreto nº 5.481, de 25 de
junho de 1928 e quaisquer disposições em contrário.
Brasília, 16 de dezembro de 1964
O CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO CIVIL
153
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Prática. Rio de Janeiro. 3a. ed.Editora Líber Júris.
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Rio de Janeiro: Editora Forense. 1985. 579 p.
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Cultural Edições Ltda. 1985. 413p.
MONTEIRO Washington de Barros. Curso de Direito
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MULLER, Yara. Direitos, Deveres e Ações de
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OLIVEIRA, Dulce Eugênia de. Constituição da
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Rio de Janeiro. Ed.
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Civil.Ed. Forense. Rio de Janeiro p.61
SILVA De Plácido. Vocabulário Jurídico. Ed. Forense.
São Paulo.1963 1º vol.
VENOSA Sílvio de Salvo. Direito Civil Teoria Geral.
São Paulo: Editora Atlas S.A.. 1984. 474 p.
Sugestões e pedidos para:
Reinaldo Assis Pellizzaro
Rua Antônio Rossa nr. 246
Tele / Fax : ( xx 0492 45 0171 )
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CEP89.5620 000 –Curitibanos SC
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