comunicaÇÃo como instrumento da memÓria...

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1 COMUNICAÇÃO COMO INSTRUMENTO DA MEMÓRIA ORGANIZACIONAL: pertencimento e identidade nas organizações a partir da leitura do Museu Antropológico Diretor Pestana 1 Fábio Frá Fernandes 2 Ronaldo Bernardino Colvero 3 Marcela Guimarães e Silva 4 Resumo Compreender a comunicação como um instrumento da memória organizacional para fortalecer o pertencimento e a identidade destas organizações e deus públicos é o objetivo central deste artigo. Amparado por estudos sobre memória e comunicação organizacional, este artigo ainda orienta seu olhar sobre o Museu Antropológico Diretor Pestana - MADP como um equipamento cultural de grande importância para a preservação da história e memória da região noroeste gaúcha, em especial sobre a FIDENE, instituição mantenedora do museu em questão que, há 60 anos desenvolve Ijuí e região a partir da educação, tecnologia e cultura. Por fim, é apresentado o acervo histórico e mnemônico do MADP que instrumentalizado pela comunicação, compartilha a trajetória, os valores e as crenças da Fundação para com seus públicos, constituindo identidade e pertencimento organizacional. Palavras-chave: Estratégias; Equipamentos Culturais; Relações Públicas. Introdução Memória é entendida como um fenômeno psicológico pelo qual os indivíduos retêm conhecimentos do passado e que são lembrados no futuro. É deste fenômeno a capacidade de os seres humanos poderem entender sua história, reviver experiências e assim, compartilhar com as partes de seu grupo (FIGUEIREDO; DE BEM, 2012). Portanto, memória se consolida como um instrumento que permite o retrospecto de algo pertencente ao passado, preservando estas informações e permitindo a continuidade social, pois vai arbitrar sobre a estruturação 1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho 02: História, Patrimônio e Arquitetura; 2 Autor. Relações-públicas, especialista em Comunicação Empresarial, aluno do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação e Indústria Criativa da UNIPAMPA São Borja: [email protected] 3 Orientador. Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação e Indústria Criativa da UNIPAMPA São Borja: [email protected] 4 Co-Orientadora. Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação e Indústria Criativa da UNIPAMPA São Borja: [email protected]

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COMUNICAÇÃO COMO INSTRUMENTO DA MEMÓRIA ORGANIZACIONAL:

pertencimento e identidade nas organizações a partir da leitura do Museu

Antropológico Diretor Pestana1

Fábio Frá Fernandes2

Ronaldo Bernardino Colvero3

Marcela Guimarães e Silva4

Resumo

Compreender a comunicação como um instrumento da memória organizacional para

fortalecer o pertencimento e a identidade destas organizações e deus públicos é o objetivo

central deste artigo. Amparado por estudos sobre memória e comunicação organizacional,

este artigo ainda orienta seu olhar sobre o Museu Antropológico Diretor Pestana - MADP

como um equipamento cultural de grande importância para a preservação da história e

memória da região noroeste gaúcha, em especial sobre a FIDENE, instituição mantenedora

do museu em questão que, há 60 anos desenvolve Ijuí e região a partir da educação,

tecnologia e cultura. Por fim, é apresentado o acervo histórico e mnemônico do MADP que

instrumentalizado pela comunicação, compartilha a trajetória, os valores e as crenças da

Fundação para com seus públicos, constituindo identidade e pertencimento organizacional.

Palavras-chave: Estratégias; Equipamentos Culturais; Relações Públicas.

Introdução

Memória é entendida como um fenômeno psicológico pelo qual os indivíduos retêm

conhecimentos do passado e que são lembrados no futuro. É deste fenômeno a capacidade de

os seres humanos poderem entender sua história, reviver experiências e assim, compartilhar

com as partes de seu grupo (FIGUEIREDO; DE BEM, 2012). Portanto, memória se consolida

como um instrumento que permite o retrospecto de algo pertencente ao passado, preservando

estas informações e permitindo a continuidade social, pois vai arbitrar sobre a estruturação

1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho 02: História, Patrimônio e Arquitetura;

2 Autor. Relações-públicas, especialista em Comunicação Empresarial, aluno do Programa de Pós-Graduação

Stricto Sensu em Comunicação e Indústria Criativa da UNIPAMPA – São Borja: [email protected] 3 Orientador. Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação e Indústria

Criativa da UNIPAMPA – São Borja: [email protected] 4 Co-Orientadora. Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação e

Indústria Criativa da UNIPAMPA – São Borja: [email protected]

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identitária individual com o grupo à qual pertence (MICHEL; MICHEL; PORCIÚNCULA,

2015).

A memória pode ser concebida em âmbitos coletivos e individuais e são

materializados em atos narrativos. Não pode ser percebida, de forma redutiva, como um

fenômeno de interiorização individual, mas de fenômenos coletivos (PERAZZO; CAPRINO,

2008). As experiências do indivíduo com o conhecimento adquirido são relacionadas com o

que é vivenciado em sociedade e, assim, forma outras estruturas de memória, não sendo mais

fragmentos de lembrança para se tornar fenômenos de memória coletiva e social.

Já comunicação pode ser considerada como um processo de troca simbólica entre

indivíduos por diferentes materialidades. Sem ela os homens teriam dificuldades em

estabelecer relacionamentos, sendo a comunicação o processo essencial para a troca de

experiências e ideias acerca de assuntos de interesse comum.

Nas organizações a comunicação, quando instrumentalizada, se apresenta como um

conjunto de variáveis que afetam a organização ou são afetadas por ela, visto que as relações

humanas são a matéria principal no desenvolvimento de suas ações. A comunicação

organizacional pode ainda ser utilizada para explicar a produção de estruturas sociais, estados

psicológicos, hierarquias, conhecimento e tantos outros fenômenos que ocorrem nas

organizações (DEETZ, 2001, p. 05 apud FARIAS, 2009).

Um destes fenômenos é a memória organizacional, um composto estratégico que

congrega a memória individual dos atores organizacionais com a memória registrada pela

administração da organização. Esse composto legitima a história da organização e se

relaciona intimamente com a história das pessoas e instituições que com a organização

mantém vínculos. A memória organizacional passa então a perceber na comunicação uma

forma de ampliar o acesso deste conhecimento - da cultura da memória - a todos os seus

públicos e construir bases de pertencimento e identidade organizacional.

Como forma de materializar e também ampliar o acesso a esta memória, as

organizações podem constituir espaços para organizar e preservar estes produtos da memória.

Uma opção seria a consecução de museus, que tendo certa organização como objeto de

intervenção, podem se tornar um espaço legitimo para o compartilhamento dessas memórias.

“Museus são locais privilegiados para o diálogo e a preservação das identidades e da

diversidade natural ou cultural” (FABBRI, 2011, p.51). Ou seja, se apresentam como

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instituições para investigar, compilar, interpretar, preservar, comunicar, entre outras funções

a história, memória, cultura e tradições das pessoas, sociedades e suas organizações.

A partir desta tríade – comunicação, memória e museus – este artigo buscar refletir a

importância da memória organizacional como uma estratégia de legitimação, pertencimento e

reconhecimento identitário da organização perante seus públicos. Da mesma forma, perceber

de que forma a comunicação organizacional pode servir de instrumento para a construção,

consolidação e compartilhamento da memória organizacional e, por fim, caracterizar os

museus (com foco nos organizacionais) equipamentos culturais para a materialização da

memória e subsídio maior da comunicação para a efetivação de suas estratégias.

Assim, ao articular estes conceitos, ainda é apresentado o Museu Antropológico

Diretor Pestana, referenciando um olhar para sua estrutura e ações desenvolvidas como uma

instituição que congrega a memória da região noroeste rio-grandense do sul, da cidade de Ijuí

e ainda, do Ensino Superior nesta mesma região, representado pela FIDENE – Fundação de

Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul,

instituição mantenedora de uma das maiores universidades público não-estatal do interior do

Estado, a UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Organizações e suas memórias: uma construção identitária

Em um simples olhar 360º é suficiente para se perceber como a sociedade é

constituída e mantida por organizações. São empresas privadas, governamentais, do terceiro

setor, instituições religiosas, educacionais, entre tantas outras que podem ser citadas. Todas

elas buscam, através da produção de bens, ou prestação de serviços, atender as necessidades

das pessoas (NASSAR, 2007).

Disto, é fácil estabelecer que todas as pessoas, direta ou indiretamente, afetam ou são

afetadas, por uma organização. Estabelecem vínculos por suas relações de trabalho,

ideologias ou objetivos pessoais. São agrupamentos relacionais cunhados por fatores

históricos, geográficos e econômicos que objetivam o desenvolvimento individual, coletivo e

comunitário por meio do trabalho.

Todas elas (organizações), distintas entre objetos e objetivos, se encontram

simbolicamente por sua constituição histórica, representação social e econômica e pelo

significado que atribuem à vida das pessoas que, de um modo ou outro, se relacionam com

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ela. Esse encontro simbólico se materializa na memória dessas pessoas, ajudando a construir

a memória da organização e, principalmente, na configuração documental do retrospecto de

sua história.

Biologicamente, memória pode ser entendida como propriedade cognitiva para

conservar informações. É constituída pela armazenagem – codificação e decodificação – de

informações, passadas ou entendidas como passadas (LE GOFF, 2006). A memória é um

fator muito importante para a vida dos grupos sociais, já que é o armazenamento do que foi

adquirido pelas experiências, o que a torna como forma de aprendizado (MICHEL; MICHEL;

PORCIÚNCULA, 2015).

Segundo POLLAK (1989 apud COSTA; CELANO, 2012), memória define-se pela

condição do que se tem no presente e que pertence ao passado. A ela, cabem duas funções

principais: manter a coesão interna e defender as fronteiras que um grupo tem em comum. Ou

seja, a partir das experienciações individuais e coletivas, constrói-se um quadro de referencia,

onde são identificados e compartilhados significados comuns ao grupo ou distintos a ele. A

este quadro de significações são fundamentados os sentimentos de pertencimento social e

organizacional.

Por isso, a compreensão da memória como elemento estruturante das organizações se

faz necessário e, ampliar o olhar para a memória organizacional se apresenta como um forte

componente estratégico, institucional e mercadológico.

Os estudos referenciados na memória organizacional são recentes e escassos. Na

bibliografia científica pouco se encontra sobre o tema. Apenas alguns cientistas se debruçam

sobre esse fenômeno. De acordo com Lucia Santa Cruz (2014), é a partir de 1980 que a

memória organizacional começou a ser um tema consistente nas ciências sociais,

principalmente em estudos de história e museologia.

Como um tema pertinente, a memória ganha consistência nas organizações pelo

interesse no retrospecto do passado, no que fora vivido e na construção do pertencimento

organizacional na figura de heróis, que tornam comum as experiências vivenciadas por seus

atores contemporâneos. A memória organizacional busca

engrandecer os seus feitos do passado, a narrar de forma épica as dificuldades dos

anos iniciais, a romantizar a atuação de seus lideres em períodos-chave, enfim

contar a história da empresa como se tratasse de um relato oficial e único de fatos, e

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não uma versão, entre as várias possíveis (LEBLEBICI; SHAH, 2004 apud

COSTA; CELANO, 2012, p. 4).

A relação entre as conquistas do passado, na figura de personalidades estetizadas e

romantizadas (heróis), configura o imaginário dos colaboradores que se identificam com os

fatos, almejam ser grandiosos como tal e desenvolvem-se de forma a prosperar a organização.

Esta é uma síntese clara e objetiva de um tipo de estratégia de memória organizacional que

cria relações identitária entre seus públicos.

Os modos pelos quais os indivíduos percebem e se relacionam com as organizações,

além de terem se tornado um tema central nos estudos organizacionais, despontam

como pistas para que as organizações, elas mesmas, alimentem o pertencimento e a

identidade, tanto a individual quanto a coletiva. As organizações contemporâneas se

estruturam pelo compartilhamento de valores, missão e objetivos, reunindo pessoas

diferentes, em uma espécie de camaradagem, forjando uma cultura (SANTA

CRUZ, 2014, p. 179).

A memória organizacional é expressa de várias maneiras em seus sistemas

informacionais, desde sua arquitetura, até as estratégias adotadas para sua legitimação. É ela,

uma facilitadora nos relacionamentos entre seus grupos, ou melhor, entre seus públicos de

interesse (COSTA; CELANO, 2012).

Quando pensada sob um viés estratégico, organizada em objetivos específicos e

comunicada eficazmente, a memória organizacional torna seus públicos pertencentes e

intimamente conectados ao corpus da organização. É construída a identidade da organização,

a qual é transferida simbolicamente aos grupos a ela pertencentes. A construção e

publicização da memória organizacional vem reforçar os vínculos que perpassam as relações

de trabalho, a exemplo, e acaba por aumentar a autoestima dos colaboradores, que passam a

sentir-se parte atuante de sua história. Aqui, é estruturada uma experiência coletiva quando,

recupera-se a memória e fornece subsídios internos para o planejamento e execução de ações

estratégicas e também para a gestão dos relacionamentos (SANTA CRUZ, 2014).

Assim, cultura da memória, como um fenômeno organizacional, se consolida na

preservação de tradições, experiências coletivas e perpetuação de ritos e rituais. Para sua

consecução, se faz necessário criar arquivos que a legitimem, registrar datas como marcos de

celebração, onde serão situados os ritos de passagem e a própria prospecção de futuro

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(NORA, 1993). Estruturar estes artefatos é prerrogativa da comunicação organizacional (e

seus profissionais) como meio de fortalecer a cultura e desenvolver a organização.

Comunicação como instrumento da memória organizacional

Relacionar memória a comunicação, mais especificamente à memória organizacional

e a comunicação organizacional é relativamente novo. Assim como os estudos de memória

organizacional datam do início da década de 1980 (SANTA CRUZ, 2014), a comunicação

organizacional também passa a ter status como disciplina nessa época (FERNANDES, 2010).

As aproximações entre as duas podem ser compreendidas por ser a comunicação um

instrumento pelo qual a memória organizacional é difundida. Isto, por ser a memória

pertencente ao processo de construção de sentido por meio dos discursos organizacionais

(COSTA; CELANO, 2012).

Por isso, a comunicação organizacional apresenta-se como um fenômeno que efetiva

as trocas simbólicas intrínsecas as organizações, normatizando políticas, ações e objetivos,

construindo o retrospecto histórico e corroborando para a formação identitária de seus

públicos junto à organização.

Torna-se difícil imaginar uma organização sem comunicação, pois são elas -

comunicação e organizações - processos equivalentes, e que para a existência de uma é

necessária à efetivação da outra. “A comunicação deve ser entendida tanto como agente que

molda a organização, quanto resultado das estruturas organizacionais, as quais estabelecem as

mensagens a serem transmitidas” (FERARRI, 2009, p. 245).

A comunicação não pode ser percebida como mais uma das atividades

organizacionais (DEETZ, 2010), mas sim como uma ferramenta de gestão, fundamental no

processo pelo qual as organizações existem. Através de suas concepções, é algo constitutivo

às organizações e da própria vida organizacional. Devendo ela, não ter foco apenas na

transmissão de informações, mas essencialmente na formação de significado, consolidação

cultural, no estabelecimento de relacionamentos e na produção e compartilhamento de

conhecimento.

Deste modo, compreende-se a comunicação organizacional como um conjunto de

variáveis que afetam a organização ou são afetadas por ela, visto que as relações humanas são

a matéria principal no desenvolvimento de suas ações. A comunicação organizacional pode

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ainda ser utilizada para explicar a produção de estruturas sociais, estados psicológicos,

hierarquias, cultura, conhecimento e tantos outros fenômenos que ocorrem nas organizações

(DEETZ, 2001, p. 05 apud FARIAS, 2009).

A cultura da memória, instrumentalizada pela comunicação organizacional insere-se

como uma estratégia de gestão emergente da preocupação com o retrospecto histórico da

empresa, a preservação e documentação desse histórico e, nas memórias coletivas dos

públicos. Em uma época onde tudo é acelerado, efêmero e líquido (BAUMAN, 2001), se faz

necessário registrar e preservar a memória organizacional antes que ela se perca ou sofra

distorções no incomensurável conjunto de informações que a sociedade registra diariamente.

Ter a memória organizacional como estratégia, não somente vai agregar valor à

imagem da empresa, ou criar laços identitários entre públicos. Mas corrobora no

fortalecimento da cultura organizacional que passa a não ser tão fragilizada por mudanças

externas. A cultura organizacional quando estruturada em raízes sólidas, relacionamentos

organizacionais de excelência e em processos de gestão humanizados ajuda na consolidação

do sentimento de pertencimento organizacional, pois estará amparada por ações coerentes e

coesas com os objetivos coletivos. A construção de narrativas a partir da memória e da

história, e que representam a cultura organizacional, acabam por blindar a organização em

processos de socialização, mudanças organizacionais e conflitos (GABRIEL, 2000 apud

PUTNAM, 2009). Usar da memória e da história como estratégia de narrativas “reduz o papel

autoritário da organização, aumenta a reflexão e revela visões múltiplas de conflitos”

(PUTNAM, 2009, p. 54).

Nas três atividades que a comunicação organizacional desenvolve (NASSAR, 2007)

para atingir seus objetivos em uma empresa – institucional (comunicação por meio das

relações corporativas, construção de reputação e desenvolvimento corporativo);

organizacional (comunicação por meio do desenvolvimento da cultura organizacional e da

comunicação integrada); e mercadológica (comunicação por meio da publicidade e promoção

comercial) -, a cultura da memória se faz presente como fenômeno potencializador das ações

comunicativas.

Mesmo os maiores exercícios comunicativos para a memória organizacional serem

demandados para o público interno, as narrativas organizacionais e toda sua simbologia

histórica e identitária também é comunicada no âmbito externo, pois precisa agregar valor no

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imaginário das comunidades as quais se relaciona (ou esta inserida) e com as demais

organizações e instituições que por ela são afetadas e vice-versa. O retrospecto histórico e a

memória organizacional também serão constituídos das lembranças e percepções do público

externo, que são compilados e organizados pela comunicação organizacional.

Nos estudos mais recentes sobre a relação entre a memória e a comunicação

organizacional, cinco grandes chaves conceituais são apontadas (SANTA CRUZ, 2014), e

apresentadas como fenômenos estratégicos da comunicação e memória organizacional,

sendo: 1. Memória como estratégia de comunicação (utilizada como ferramenta de

disseminação dos valores das organizações, ampliando seu reconhecimento junto à

sociedade; 2. Memória como cultura organizacional (gestão de pessoas, desenvolvendo o

caráter identitário, de pertencimento e na transmissão dos valores institucionais); 3. Memória

como gestão do conhecimento (função da memória para a preservação do conhecimento

construído na organização, sua recuperação e compartilhamento); 4. Memória como trajetória

institucional (o retrospecto histórico de uma organização); e 5. Memória como saber coletivo

(num sentido que se aproxima [ou quase] do de cultura, como o conjunto de valores, crenças,

símbolos e significados de uma coletividade) (SANTA CRUZ, 2014).

Serão esses conceitos-chave a referência para a identificação estratégica do Museu

Antropológico Diretor Pestana, um equipamento cultural que tem sua importância percebida

como instituição para a consolidação e fomento da memória local e regional, e da memória

organizacional. Esse desenho será apresentado na última parte deste artigo.

Museus: equipamentos culturais para memória e história

Tendo claro o entendimento de cultura da memória nas organizações, apresentado nos

itens anteriores, se faz necessária uma compreensão e contextualização dos espaços

constituídos para a organização e preservação destas memórias, os museus.

Dentre os equipamentos culturais que podem ser compreendidos como “locais de

trocas e de disseminação da cultura e contribuem para democratizar a cultura e para integrar

populações, tanto de áreas periféricas como centrais, pois oferecem aos cidadãos acesso a

bens e serviços culturais” (MinC apud AYRES & SILVA, p. 29, 2016), os museus, enquanto

equipamento cultural tradicional, notadamente são reconhecidos pelo seu papel na difusão da

cultura e por serem locais de acesso aos bens e serviços culturais. Ressalta-se ainda que

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muitas vezes o museu é o único ponto de contato de uma população com o seu passado,

principalmente em regiões e localidades menos assistidas pelas políticas públicas para a

cultura.

Por um viés histórico, os museus se encontram entre as instituições mais antigas da

humanidade. São locais de memória, que preservam o patrimônio e operarem como lugares

de representação, gerando conhecimento, promovendo a cidadania e ainda valorizando as

identidades culturais e suas manifestações materiais e imateriais (FABBRI, 2011).

É pela mesma dimensão histórica que se observa que o reconhecimento dos museus

como espaço de cidadania resulta de uma ação recente do Estado e da própria sociedade.

Apenas para ilustrar tal realidade, no Brasil a Lei Federal nº 11.904 de 14 de janeiro de 2009,

institui o estatuto dos museus e apresenta uma compreensão sobre os mesmos orientada a

tornar estes espaços locais de consumo e apropriação cultural da população.

Consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, as instituições sem fins lucrativos

que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de

preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e

coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza

cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.

Assim, os museus que por muito tempo foram percebidos como o lugar de um

determinado grupo ou classe social, motivo do afastamento da população da sua própria

memória e história, vivenciam um processo de reconfiguração com o objetivo de se

aproximar da população, valorizar a diversidade cultural e democratizar a cultura. Segundo o

IBGE, equipamentos culturais como museus “constituem o estoque fixo ligado à cultura

existente no município, aberto ao público, podendo ser mantido pela iniciativa privada ou

poder público de qualquer esfera Federal, Estadual ou Municipal” (IBGE, AYRES; SILVA,

p. 29, 2016).

A partir destas compreensões é possível observar o papel que organizações como o

Museu Antropológico Diretor Pestana - MADP mantido pela FIDENE exercem ao assumir o

compromisso com a preservação e manutenção da memória e da história não apenas da

instituição a qual representa, mas de um município e de uma região, ou seja, da população

ligada diretamente ou não a esta instituição.

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Um olhar sobre o Museu Antropológico Diretor Pestana - MADP

O município de Ijuí é um território de grande importância no Estado do Rio Grande

do Sul. É conhecido como “Terra das Culturas Diversificadas” por agrupar imigrantes de

mais de 30 países diferentes (séculos XIX e XX). Por essa característica multiétnica, o fator

cultural se apresenta como um expoente para o desenvolvimento da região e também nas

estratégias de construção do pertencimento local. Ijuí também é o berço da interiorização do

Ensino Superior no Brasil e no Rio Grande do Sul (década de 1950). É ali que nasce uma das

primeiras universidades público não-estatal do país, agregando ao município o status de

cidade universitária. A consolidação do Ensino Superior em Ijuí também auxiliou o

desenvolvimento da região noroeste gaúcha.

Neste cenário marcado pela educação, pelo multiculturalismo e pelo desenvolvimento

regional, emerge a necessidade de construir, preservar e disseminar a história e a memória

local, regional e também da ascensão do Ensino Superior. Desta tríade – educação, cultura e

desenvolvimento – é criado em 25 de maio de 1961, o Museu Antropológico Diretor Pestana5

– MADP. Mantido pela FIDENE - Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do

Noroeste do Estado, e vinculado na época ao Centro de Estudos e Pesquisas Sociais da

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ijuí – FAFI (hoje UNIJUÍ – Universidade

Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul) o MADP nascia com o objetivo de

resgatar e preservar a memória local, regional e da Fundação, além de promover a cultura, a

educação e o lazer.

Sua missão centra-se em oportunizar conhecimento e reflexão por meio da pesquisa,

comunicação, difusão e preservação de seu acervo, contribuindo no processo educacional,

identitário e cultural, visando o desenvolvimento da região noroeste rio-grandense do sul. É o

único museu da cidade e um dos mais importantes da região, sendo referência, não somente

no Estado, mas no Brasil por seu profissionalismo técnico, acervo e estratégias museológicas

e mnemônicas.

Para concretizar sua missão, o MADP preserva tanto documentos bibliográficos e

iconográficos como museais, permitindo assim, a reconstrução e preservação da memória da

5 Informações obtidas no portal institucional do MADP: www.unijui.edu.br/museu

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FIDENE, de Ijuí e da região. Todo esse compilado educacional e cultural é disponibilizado a

pesquisadores e comunidade.

Com sede própria, o MADP possui 1.618m² de área construída. Oferece condições

ideais para conservação de seu acervo, que é constituído por mais de 29 mil peças museais.

Este acervo é disponibilizado ao público através das exposições permanente, temporárias e

em outras atividades educativo-culturais. A organização de seu acervo é ordenada em três

divisões, sendo: Museologia; Documentação e Imagem e Som.

Na divisão de Museologia, o acervo é acondicionado, conservado, documentado e

exposto conforme suas especificidades. A maioria dos objetos é doada. Esta divisão é

responsável pela manutenção da exposição permanente e também gera insumo para as

exposições temporárias. Encontram-se nessa divisão, artefatos de antropologia, arqueologia,

numismática e filatelia e artes visuais.

O Arquivo Documental tem seu objetivo centrado na preservação da história/memória

da FIDENE e suas mantidas, bem como do município de Ijuí e sua relação com a região

noroeste gaúcha. Este acervo vem sendo constituído ao longo das últimas cinco décadas e

abriga documentação de natureza pública e privada relacionada ao município de Ijuí e

subsidiariamente da região noroeste do Rio Grande do Sul. Em seu conjunto documental

encontra-se registrada e preservada parcela significativa da memória regional, o que o torna

referência para estudantes, pesquisadores e estudiosos da cultura e da história de Ijuí e região.

Complementa esta documentação a hemeroteca, constituída por 40 títulos, relacionados à

cidade de Ijuí, Estado do Rio Grande do Sul e Brasil, considerados de cunho histórico e de

grande relevância para a história da cidade, em sua maior parte, proveniente de Ijuí e região.

Esta documentação está classificada nos seguintes arquivos: Ijuí, Regional,

Sindicalismo, Cooperativismo, Kaingang, Guarani e Xetá e FIDENE, totalizando 975,41

metros lineares de documentos.

Já no Arquivo de Imagem e Som, diferentes suportes congregam a memória e a

história, principalmente de Ijuí e da FIDENE. Fotografias, negativos flexíveis, negativos de

vidro, discos, fitas, filmes e vídeos, são alguns dos suportes disponíveis. No arquivo

fotográfico, por exemplo, mais de 300 mil imagens representam um pouco da trajetória dos

127 anos do município de Ijuí, contada em sua evolução urbana e rural e das pessoas que

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constituíram esses fatos. Estas imagens ainda registram a consolidação do Ensino Superior na

região, representado pela UNIJUÍ, principal mantida da FIDENE.

A curadoria do MADP ainda promove exposições temporárias, relacionando seu

acervo com temas contemporâneos e pertinentes à época. Outra atividade promovida pelo

MADP é o projeto “Cinema no Museu”, onde a comunidade é convidada a assistir filmes

antigos ou contemporâneos, sempre com enredos educativos, sociais e culturais.

Da síntese de suas atividades e acervo, legitima-se sua importância e relevância para a

população de Ijuí e, ao mesmo modo, para toda região noroeste gaúcha. Como mencionado

anteriormente, o Museu Antropológico Diretor Pestana é o único equipamento cultural desta

natureza na cidade. Destaca-se, principalmente em relação a outros museus no interior do

Estado, por sua estrutura física, pela qualidade de suas atividades e pelo seu constante

desenvolvimento, atualização e modernização. É graças a sua existência que a cultura (com

foco na história e memória) é democratizada em Ijuí. Neste espaço as pessoas visualizam e

percebem suas raízes. Os acontecimentos são eternizados e o passado consegue, de forma

harmônica, ser presente.

O MADP não somente amplia o acesso à cultura, a memória e a história para a

comunidade local e regional, mas também se configura como um grande laboratório de

ensino para as escolas e instituições de ensino superior. Seu acervo pode ser facilmente

consultado, de forma gratuita e até com possibilidade de empréstimo de materiais. O mesmo

é base para inúmeros estudos já realizados ou em realização em todo país.

Como organização responsável pela história e memória da FIDENE, o Museu

Antropológico Diretor Pestana assume um papel estratégico quando apropriado pela gestão

da Fundação para consolidar sua identidade enquanto instituição preocupada em formar

profissionais, construir conhecimentos científicos e tecnológicos e promover ações culturais

constituidoras da integração e do desenvolvimento da região Noroeste do Estado. Sua

trajetória e seus heróis, materializados e eternizados no acervo do MADP são comunicados

organizacionalmente para a constituição identitária dos públicos da Fundação e seu

pertencimento organizacional.

Assim, o MADP utiliza a memória como estratégia de comunicação, tornando público

suas atividades, materializando em diferentes aparelhos comunicacionais, sínteses de seu

acervo, bem como sua missão para com a cidade, a região e com a Fundação que a mantém.

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Apropriada pela FIDENE, sua atividade-fim é explorado cotidianamente nos instrumentos

comunicativos quando é reafirmado o papel da Fundação junto à comunidade. Em datas

comemorativas, seu acervo serve de ponto referencial para explicitar, publicizar e disseminar

a história, memória, a cultura e os valores das organizações que formam a Fundação. Destes

elementos – cultura, memória e valores organizacionais – é constituída o elemento de

memória como cultura organizacional, pois será a memória o fator de legitimação das

normas, políticas, do “jeito de ser e de fazer” da instituição. A evolução das tecnologias, dos

métodos e técnicas do trabalho materializados nos documentos, imagens e vídeos da história

da Fundação acabam por nortear o aperfeiçoamento das atividades no contemporâneo. E isto

tudo ainda valorizando a figura das pessoas que subsidiaram os caminhos para este

desenvolvimento.

No Museu Antropológico Diretor Pestana a memória também tem a característica de

gestor do conhecimento, quando compila, organiza e dissemina por diferentes meios tudo que

a Fundação construiu no fazer organizacional. É o conhecimento técnico e formal, munido de

características pessoais e conhecimentos do senso comum. Documentos, manuais, programas,

campanhas e projetos institucionalizados e personificados conforme as demandas de sua

época e das pessoas que ali se encontravam e realizaram estas atividades.

A memória como trajetória institucional já sucinta uma das atividades-fim do MADP.

Afinal, um dos grandes objetos de sua intervenção é a história e a memória da FIDENE e das

pessoas e organizações a ela relacionadas. É desta reunião de saberes e de memórias que o

Museu Antropológico Diretor Pestana vai utilizar da memória como saber coletivo, pois suas

narrativas não são fechadas ou tidas como verdades absolutas. Ao contrário, está em

constante evolução, reunindo saberes de diversas coletividades para estruturar a história da

cidade de Ijuí, da região a qual está inserida e, é claro, sobre a FIDENE. Da história e

memória de cada pessoa e organização deste universo regional de intervenção do MADP que

o saber coletivo é constituído, são os valores, as crenças, e os símbolos que dão significado a

esta memória coletiva.

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Considerações Finais

Este artigo buscou refletir sobre a instrumentalização da comunicação pela memória

organizacional como forma de ampliar o acesso aos artefatos culturais produzidos pela

cultura da memória. Tentou também clarificar a cultura de memória como elemento

estratégico das organizações para a consolidação de uma imagem positiva junto a seus

públicos e ao desenvolvimento do sentimento de pertencimento organizacional e

identificação identitária. É na figura dos museus (foco nos organizacionais) que a memória é

materializada e, pela comunicação organizacional, acessada pelos diferentes públicos com os

quais uma organização se relaciona. Neste cenário, apresentou-se o Museu Antropológico

Diretor Pestana como um equipamento cultural que legitima a articulação dos conceitos

explicitados acima. É na sua figura (MADP) que facilmente é percebida a importância da

cultura da memória nas organizações e da instrumentalização da comunicação pela memória

organizacional.

O Museu Antropológico Diretor Pestana, através das diversas atividades por ele

produzidas, contempla conceitos-chave para a cultura de memória como estratégia. Isolando

a FIDENE, e está utilizando o acervo do MADP como estratégia de gestão da memória

organizacional, é vislumbrado estes conceitos de forma mais entendível e aplicável, pois vai

utilizar a comunicação como estratégia para memória. Terá na memória o elemento fundante

para fortalecer a cultura organizacional, e ainda a memória como meio para a gestão do

conhecimento, da trajetória institucional e do saber coletivo.

A comunicação organizacional então se desenha como instrumento da memória nas

organizações e, aqui, pautada no olhar sobre o Museu Antropológico Diretor Pestana, por ser

compreendida como meio e forma para que esta cultura de memória seja amplamente

acessada e empregada como estratégia de pertencimento e identidade organizacional. Será

nas materialidades da comunicação organizacional que os públicos consumirão as

informações mnemônicas da organização, agregando em sua cultura particular estas crenças e

valores. Do mesmo modo, é através da comunicação que os públicos compartilharão com

suas partes essas crenças e valores fortalecidos pela memória organizacional e, efetivando o

processo de pertencimento e identificação com a organização em questão.

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Por fim, este artigo se conclui tendo clara a importância da comunicação para a

cultura de memória. Percebe a representatividade que os museus possuem junto às

sociedades, em especial às organizações as quais congregam sua história e memória e deixa

como um campo aberto, a necessidade de olhar sobre outras perspectivas a relação entre

memória, comunicação e museus organizacionais.

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