direitos sociais e cidadania no brasil: implicaÇÕes...

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1 DIREITOS SOCIAIS E CIDADANIA NO BRASIL: IMPLICAÇÕES DIANTE DO PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS 1 Edemir Braga Dias 2 Camila Duarte 3 RESUMO: No contexto brasileiro, a plena efetivação dos direitos sociais tem sido uma das grandes dificuldades do Estado. Isto deve-se, principalmente, a problemas estruturais e econômicos, mesmo diante da Constituição Federal de 1988, que apregoa como direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, entre outros, obrigando o Estado a proceder sua efetividade. No que tange ao direito à educação, diversas políticas públicas foram criadas nos últimos tempos, dentre essas políticas destaca-se o Programa Universidade Para Todos (PROUNI). Diante desse panorama questiona-se: Em que medida o PROUNI tem cumprido a função de promover a cidadania? Assim, o presente trabalho tem como principal objetivo analisar o Programa Universidade Para Todos como política efetivadora de cidadania. Para tanto parte-se de um estudo sobre os direitos sociais, realçando o direito à educação e sua busca de efetividade através da política pública denominada PROUNI, que estabelece uma nova perspectiva para as classes populares, ao possibilitar o acesso à educação superior, o que permite aos sujeitos se posicionarem na sociedade e interagirem com ela, mediante mudanças comportamentais visando a transformação social. PALAVRAS-CHAVE: Direitos Sociais, Direito à educação, cidadania, Programa Universidade Para Todos 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A efetivação dos direitos fundamentais dentro do Estado Democrático de Direito é premissa básica para a garantia da dignidade da pessoa humana. Nesse contexto, a efetivação dos direitos sociais tem especial relevância, por possibilitar a existência de justiça social e a busca 1 GT 06: Direito, Cidadania e Cultura 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação stricto sensu Mestrado e Doutorado em Direito da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Campus Santo Ângelo/RS. Graduado em Direito pela URI, Campus Santo Ângelo/RS. Graduando em Pedagogia nesta IES. Integrante do projeto de pesquisa “Direitos Humanos e Movimentos Sociais na Sociedade Multicultural”, vinculado ao PPG-Direito acima mencionado. E-mail: [email protected] 3 Acadêmica e Bolsista CAPES do Curso de Mestrado em Direito do PPGD da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI. Pós-graduanda na área de Direito do Consumidor. Graduada em Direito pela Unijuí, Campus Três Passos-RS. E-mail: [email protected]

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DIREITOS SOCIAIS E CIDADANIA NO BRASIL: IMPLICAÇÕES DIANTE DO

PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS1

Edemir Braga Dias2

Camila Duarte3

RESUMO: No contexto brasileiro, a plena efetivação dos direitos sociais tem sido uma das

grandes dificuldades do Estado. Isto deve-se, principalmente, a problemas estruturais e

econômicos, mesmo diante da Constituição Federal de 1988, que apregoa como direitos sociais a

educação, a saúde, o trabalho, entre outros, obrigando o Estado a proceder sua efetividade. No

que tange ao direito à educação, diversas políticas públicas foram criadas nos últimos tempos,

dentre essas políticas destaca-se o Programa Universidade Para Todos (PROUNI). Diante desse

panorama questiona-se: Em que medida o PROUNI tem cumprido a função de promover a

cidadania? Assim, o presente trabalho tem como principal objetivo analisar o Programa

Universidade Para Todos como política efetivadora de cidadania. Para tanto parte-se de um

estudo sobre os direitos sociais, realçando o direito à educação e sua busca de efetividade através

da política pública denominada PROUNI, que estabelece uma nova perspectiva para as classes

populares, ao possibilitar o acesso à educação superior, o que permite aos sujeitos se

posicionarem na sociedade e interagirem com ela, mediante mudanças comportamentais visando

a transformação social.

PALAVRAS-CHAVE: Direitos Sociais, Direito à educação, cidadania, Programa Universidade

Para Todos

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A efetivação dos direitos fundamentais dentro do Estado Democrático de Direito é

premissa básica para a garantia da dignidade da pessoa humana. Nesse contexto, a efetivação dos

direitos sociais tem especial relevância, por possibilitar a existência de justiça social e a busca

1 GT 06: Direito, Cidadania e Cultura 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação stricto sensu – Mestrado e Doutorado em Direito da

Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Campus Santo Ângelo/RS.

Graduado em Direito pela URI, Campus Santo Ângelo/RS. Graduando em Pedagogia nesta IES.

Integrante do projeto de pesquisa “Direitos Humanos e Movimentos Sociais na Sociedade Multicultural”,

vinculado ao PPG-Direito acima mencionado. E-mail: [email protected] 3 Acadêmica e Bolsista CAPES do Curso de Mestrado em Direito do PPGD da Universidade Regional

Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI. Pós-graduanda na área de Direito do Consumidor.

Graduada em Direito pela Unijuí, Campus Três Passos-RS. E-mail: [email protected]

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pela promoção da igualdade entre todos os indivíduos e a promoção de cidadania. Assim, sendo

considerada um direito social, a educação exerce papel relevante nessa perspectiva.

Por isso, atualmente, o direito de acesso à educação é uma prerrogativa essencial para que

qualquer ser humano possa interagir melhor com o mundo. Assim como é impossível negar o

caráter libertador e conscientizador da educação. Isso gera o reconhecimento de que deve existir

maior acesso e melhor qualidade da educação oferecida, levando buscar a universalização da

educação básica, mas no que tange à educação superior, este direito torna-se mais restrito, visto

que seu alcance não é universalizado, restringindo-se, historicamente, a uma pequena parcela da

população brasileira. Assim, mister se faz pesquisar a respeito da contribuição do Programa

Universidade Para Todos (PROUNI), para a efetivação do acesso à educação no Estado

brasileiro.

DIREITOS HUMANOS (FUNDAMENTAIS) NO BRASIL: A EDUCAÇÃO NA

CONSTITUIÇÃO DE 1988

Nos tempos atuais tem-se que a concepção de Direitos Humanos é resultado de uma

construção histórico-cultural, sendo considerados como humanos todos aqueles direitos que

oportunizam uma vida digna a todos os indivíduos, sem distinção. Diante deste fato, destaca-se

que eles não surgiram de repente, e, por conseguinte, não são os mesmos em todos os locais.

A sedimentação dos Direitos Fundamentais como normas obrigatórias é

resultado da maturação histórica, o que também permite compreender que os Direitos

Fundamentais não sejam sempre os mesmos em todas as épocas, não correspondendo,

além disso, invariavelmente, na sua formulação, a imperativos de coerência lógica

(MENDES; BRANCO, 2014, p. 136).

Assim, os Direitos Humanos refletem aspectos tidos como essenciais a todas as pessoas,

pois, “[...] se trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não

convive e, às vezes, nem mesmo sobrevive” (SILVA, 2014, p. 180). No mesmo sentido, Dallari

conclui que, “[...] sem eles a pessoa humana não consegue existir ou não é capaz de se

desenvolver e de participar plenamente da vida” (DALLARI, 2004, p. 12). Para Norberto

Bobbio, a afirmação desses direitos, deve-se a radical inversão de perspectiva, na relação política

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entre Estado e cidadão, sendo esta uma característica da formação do Estado Moderno

(BOBBIO, 2004).

Os Direitos Humanos, para fins didáticos, são divididos em gerações ou dimensões, isso,

com o intuito de facilitar sua compreensão, devido a amplitude de seu conteúdo. A doutrina

majoritária aponta a existência da primeira, segunda e terceira geração ou dimensão de Direitos

Humanos, por outro lado, há doutrinadores, de posição minoritária, que referem-se a existência

da quarta e quinta geração ou dimensão. Não obstante a divisão citada, sua observância se faz

como um todo, não admitindo separação. Para fins desse estudo apenas importa os direitos de

segunda dimensão.

A segunda dimensão dos Direitos Humanos, ou direitos de igualdade, envolve direitos

econômicos, sociais e culturais, bem como os direitos coletivos ou de coletividade, os quais se

caracterizam “[...] por outorgarem ao indivíduo direitos a prestações sociais estatais, como

assistência social, saúde, educação, trabalho [...]” (SARLET, 2009, p. 57). Para Bonavides, esses

direitos “[...] nasceram abraçados ao princípio da igualdade, o qual não se podem separar, pois

fazê-lo equivaleria a desmembrá-los da razão de ser que os ampara e estimula” (BONAVIDES,

2014, p. 578).

Enquanto na primeira dimensão a característica dos direitos envolvendo a função do

Estado é de abstenção deste, ou seja, a não ação diante dos direitos dos indivíduos, na segunda

dimensão uma das principais características é a necessidade de ação do Estado frente ao

indivíduo.

A nota distintiva destes direitos é a sua dimensão positiva, uma vez que se cuida

não mais de evitar a intervenção do Estado na esfera da liberdade individual, [...] Não se

cuida mais, portanto, de liberdade do e perante o Estado, e sim de liberdade por

intermédio do estado (SARLET, 2009, p. 57).

Consequentemente, com base no princípio da igualdade isonômica ou material, o Estado

deve agir, ou seja, deve haver uma prestação positiva do Estado para a efetivação desse rol de

direitos. Isso justifica “[...] o progressivo estabelecimento pelos Estados de seguros sociais

variados, importando intervenção intensa na vida econômica e a orientação das ações estatais por

objetivos de justiça social” (MENDES; BRANCO, 2014, p. 137).

Portanto, a segunda dimensão de Direitos Humanos pressupõe a realização da justiça

social “[...] por meio dos quais se intenta estabelecer uma liberdade real e igual para todos,

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mediante a ação corretiva dos Poderes Públicos” (MENDES; BRANCO, 2014, p. 137). Este

alcance se dá, geralmente, através de políticas públicas e leis que buscam efetivar o princípio da

igualdade isonômica ou material.

Diante disso, cabe ressaltar que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

(CF/1988) representa a transição do Regime Político de um Estado Autoritário para um Estado

Democrático de Direito, após vários anos de ditadura Civil-Militar, que teve início em 1964,

onde se viveu sob a égide do autoritarismo, havendo as mais diversas restrições de Direitos

Humanos ou Fundamentais. A Constituição Federal de 1988, trouxe em seu texto a presença de

um vasto rol de Direitos Fundamentais, o que representa um enorme avanço para a garantia

desses direitos. Além do mais, como bem afirma Sarlet,

No que concerne ao processo de elaboração da Constituição de 1988, há que fazer

referência, por sua umbilical vinculação com a formatação do catálogo dos Direitos

Fundamentais na nova ordem constitucional, à circunstância de que esta foi resultado de

um amplo processo de discussão oportunizado com a redemocratização do país após

mais de vinte anos de ditadura militar (SARLET, 2009, p. 75).

Portanto, é possível afirmar que os Direitos Fundamentais, no contexto atual, “[...]

assumem posição de definitivo realce na sociedade quando se inverte a tradicional relação entre

Estado e indivíduo e se reconhece que o indivíduo tem, primeiro, direitos, e, depois deveres

perante o Estado” (MENDES; BRANCO, 2014, p. 136). E, em consequência disso, “[...] os

direitos que o estado tem em relação ao indivíduo se ordenam ao objetivo de melhor cuidar das

necessidades do cidadão” (MENDES; BRANCO, 2014, p. 136), afim de garantir a efetivação do

princípio da dignidade da pessoa humana.

É este princípio, que “[...] impõe limites à atuação estatal, objetivando impedir que o

poder público venha a violar a dignidade pessoal” (SARLET, 2002, p. 110). Em continuidade,

Sarlet afirma que além de limitar o Estado na sua ação, o princípio da dignidade da pessoa

humana cria a obrigação para o Estado de proteger o indivíduo para a efetivação da dignidade e

dos Direitos Fundamentais.

O princípio da dignidade da pessoa humana impõe ao Estado, além do dever de

respeito e proteção a obrigação de promover as condições que viabilizem e removam

toda sorte de obstáculos que estejam a impedir as pessoas de viverem com dignidade

(SARLET, 2002, p. 112).

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Entende-se que para viver com dignidade é necessário que todos os Direitos

Fundamentais sejam observados, conforme se extrai a ideia do princípio da indivisibilidade dos

Direitos Fundamentais.

Pode afirmar-se, portanto, à luz do exposto, que o princípio da dignidade da

pessoa humana constitui um reduto intangível de cada indivíduo e, neste sentido, a

última fronteira contra quaisquer ingerências externas. Tal não significa, contudo, a

impossibilidade de que se estabeleçam restrições aos direitos e garantias fundamentais,

mas que as restrições efetivadas não ultrapassem o limite intangível imposto pela

dignidade da pessoa humana (SARLET, 2009, p. 127).

Como se percebe diante o exposto, este princípio é a base, o fundamento e a condição

para os Direitos Fundamentais existentes na Constituição, tais como os direitos individuais, os

sociais e os coletivos/difusos.

Consoante, Barreto afirma que em nome da garantia da dignidade da pessoa humana,

deve-se buscar a igualdade ou o mais próximo dela, a fim de que as pessoas possam ter uma vida

melhor, e, com isso, “[...] a eliminação das desigualdades continua sendo uma tarefa

irrenunciável” (BARRETO, 2010, p. 213). Tal intento, deve-se dar em primeiro lugar “[...] por

razões de coerência entre um suposto ideal de igualdade e a própria ideia de democracia; em

segundo lugar pela constatação de igual dignidade humana das pessoas, apesar das desigualdades

físicas e psicológicas” (BARRETO, 2010, p. 213).

Em síntese, não é possível haver dignidade humana, sem haver igualdade de

oportunidades para todas as pessoas, e isso é o que se denomina de igualdade material. Como

bem afirma Norberto Bobbio, ao pensar a igualdade isonômica e os direitos sociais, “[...] não se

pode deixar de levar em conta determinadas diferenças, que justificam um tratamento não igual”

(BOBBIO, 2004, p. 66), ou seja, o tratamento igual só se justifica frente a iguais. Isso quer dizer

que, fixar apenas à igualdade formal é um erro, sendo preciso trabalhar intensamente para

alcançar a igualdade material, ou seja, tratar de forma desigual os desiguais na medida de suas

desigualdades.

Todavia, a garantia da realização dessa igualdade é muito complexa, pois como afirmado

por Rui Barbosa, importante jurista brasileiro do século XX, na célebre Oração aos Moços, não

há igualdade nem “[...] nos ramos de uma só árvore” (BARBOSA, 1972, p. 418), sendo mais

difícil ainda haver igualdade entre seres humanos. Segue o autor, buscando estabelecer o

verdadeiro sentido da igualdade:

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A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na

medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade

natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade. O mais são desvarios da inveja, do

orgulho, ou da loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade,

seria desigualdade flagrante, e não igualdade real (BARBOSA, 1972, p. 418).

Posteriormente, conclui, em seu célebre texto, o referido jurista brasileiro, que, “Os

apetites humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar a cada

um, na razão do que vale, mas atribuir o mesmo a todos, como se todos se equivalessem”

(BARBOSA, 1972, p. 418). Isso, naturalmente, provoca injustiças sociais, e por isso, mantém

e/ou aumenta as desigualdades entre as pessoas, ferindo a dignidade humana.

No que se refere aos direitos sociais constantes na Constituição Federal de 1988,

Piovesan afirma que o texto prevê dois momentos específicos: o artigo 6º e a parte Da Ordem

Social:

Nesse passo, a constituição de 1988, além de estabelecer no artigo 6º que eram direitos

sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer a segurança, a previdência

social, a proteção a maternidade e a infância a assistência aos desamparados, ainda

apresentam uma ordem social com um amplo universo de normas que enunciavam

programas, tarefas diretrizes e fins a serem perseguidos pelo estado e pela sociedade

(PIOVESAN, in ANDRADE; REDIN, 2008, p. 63).

A título exemplificativo de direitos sociais, é possível citar o constante no artigo 205, que

aborda sobre a educação, no artigo 196 que versa sobre a saúde, entre outros, importando em

ações do Estado para sua preservação, todos previstos na Constituição Federal de 1988.

Ao analisar a abrangência das políticas públicas no Brasil, vale destacar que o Estado

brasileiro tem, dentre os seus objetivos fundamentais, declarados constitucionalmente, a

erradicação da pobreza e da marginalização, com a redução das desigualdades sociais e regionais

(artigo 3º, II da CF/1988). Para atingir esses objetivos, as políticas públicas, no Brasil, estão

relacionadas às mais diversas áreas de atuação do Estado, principalmente, para fins de efetivação

dos chamados Direitos Humanos de segunda dimensão, ou seja, os direitos sociais, que

compreendem o direito à educação, moradia, saúde, lazer, entre outros. A seguir serão tecidos

comentários sobre as políticas públicas no Brasil, com enfoque àquelas realizadas no campo da

educação, analisando-se algumas das principais políticas da atualidade, as quais tem sofrido

grande impacto devido a crise econômica pela qual o país vem passando.

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Atualmente, pode se dizer que no Brasil os direitos sociais se realizam através da

execução de políticas destinadas, especialmente, a garantir amparo e proteção social aos mais

fracos ou de parcela da população que esteja em situação de vulnerabilidade, ou seja, aqueles que

estão privados de recursos próprios ou de acesso à possiblidades e oportunidades para viver

dignamente (MENDES; BRANCO, 2014).

Considerando a educação como um direito, a Declaração Universal dos Direitos

Humanos de 1948, a elencou para ser viabilizada, em todos os níveis. Em seu artigo XXVI, a

referida Declaração apregoa o direito à educação como sendo um direito de todas as pessoas,

salientando que, o acesso à educação superior deve estar aberto a todos, em plena igualdade, em

função do seu mérito. Assim, em relação à presença da educação na Constituição de 1988,

Carneiro versa da seguinte forma:

A Constituição de 1988 significou a reconquista da cidadania sem medo. Nela, a

educação ganhou lugar de altíssima relevância. O país inteiro despertou para essa causa

comum. As emendas populares calçaram a ideia da educação como direito de todos

(direito social) e, portanto, deveria ser universal, gratuita e democrática, comunitária e

de elevado padrão de qualidade. Em síntese, transformadora da realidade (CARNEIRO,

2012, p. 28).

Consequentemente, com o passar do tempo, o acesso à educação foi sendo ampliado a

todos os níveis, isso pela obrigatoriedade de oferecimento do nível da educação básica e, mais

tarde, pelo direito ao acesso à educação superior, geralmente por meio de políticas públicas, bem

como, através da criação de universidades públicas: “É inegável que, desde a década de 1990, os

governos têm implementado políticas que visam aumentar o número de vagas/matrículas nas

instituições de ensino superior” (MENDES; BRANCO, 2014, p. 678). Isso levou a um enorme

avanço da educação superior no Brasil e também na educação básica, em especial através do

programa universidade para todos (PROUNI), que tem demonstrado ser muito importante para a

efetivação do acesso à educação superior.

O PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS (PROUNI) E A PROMOÇÃO DA

CIDADANIA

A educação é direito de todos e dever do Estado, sendo um dos direitos sociais,

dependendo, portanto, de prestações estatais para sua realização. Tem-se que essa dependência,

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no entanto, faz com que se esbarre em aportes econômicos, os quais representam um entrave

para a plena implementação de políticas públicas efetivadoras desse direito, que evitariam a

manutenção da elitização histórica do acesso ao ensino superior. É neste cenário, em meio à

dificuldade financeira e à manutenção de status quo, que foi implantado e se desenvolveu o

Programa Universidade Para Todos (PROUNI), como ação afirmativa de acesso ao direito à

educação superior brasileira, para quem preencher os requisitos previstos em lei, ou seja,

abrangendo pessoas das classes menos favorecidas.

É possível dizer que a elevação do acesso à educação superior no Brasil é devido, em

grande parte, às ações afirmativas amplamente desenvolvidas a partir do governo de Luiz Inácio

Lula da Silva, iniciadas em 2003, visando garantir a efetivação do direito à educação. Isso

porque “O Estado tem buscado formas de promover esse direito, principalmente por meio da

inclusão de camadas menos favorecidas e historicamente alijadas da tutela estatal no sistema

educacional” (MENDES; BRANCO, 2014, p. 677). A inclusão referida se dá especialmente por

intermédio das políticas públicas que realizam o princípio da igualdade material no Estado

Democrático de Direito, que é o que se sucede com o PROUNI.

O Programa Universidade para Todos (PROUNI) é um programa do Ministério da

Educação, criado primeiramente por uma Medida Provisória, que logo foi transformada na Lei nº

11.096, de 13 de janeiro de 2005. Essa lei prevê a concessão de bolsas de estudo integrais e

parciais, em instituições privadas de educação superior, em cursos de graduação e sequenciais de

formação específica (BRASIL, PROUNI). A referida lei explicita, no artigo 2º, inciso I a III, a

quem serão destinadas as bolsas de estudo do PROUNI:

I - a estudante que tenha cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou

em instituições privadas na condição de bolsista integral;

II - a estudante portador de deficiência, nos termos da lei;

III - a professor da rede pública de ensino, para os cursos de licenciatura, normal

superior e pedagogia, destinados à formação do magistério da educação básica,

independentemente da renda a que se referem os §§ 1o e 2o do art. 1o desta Lei

(BRASIL, 2005).

Além da necessidade de se adequar a lista dos destinatários acima elencados, quem

pretende obter a bolsa de estudo deve se enquadrar na renda para receber bolsa integral, que é de

um salário mínimo e meio per capita mensal. Já para as bolsas parciais, de 50 e 25% do valor do

curso, a renda familiar mensal per capita não pode exceder o valor de até três salários-mínimos.

Além disso, para ambos os casos há o requisito de não ser portador de diploma de curso superior,

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conforme se extrai da leitura do artigo 1º, § 1º e § 2º da lei que instituiu o PROUNI e, sobretudo,

outro critério é ser aprovado no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Após obter o resultado do ENEM, o candidato precisa entrar no sistema de inscrição on

line, pelo qual pode selecionar duas opções de curso ali constantes (BRASIL, 2005). O próprio

sistema do PROUNI é que faz a seleção do estudante com melhor resultado, sendo esse o critério

para ser pré-selecionado para obter a bolsa. A partir disso, o candidato terá que comprovar seus

dados e, se não o fizer, outro candidato será pré-selecionado para a bolsa de estudos (BRASIL,

PROUNI).

A Instituição de Ensino Superior, ao aderir o PROUNI, deve disponibilizar bolsas de

estudo, conforme critérios estabelecidos na lei. Por outro lado, Araújo e Corrêa (2011) salientam

que deve haver uma contrapartida, por parte do Estado frente às instituições que fizerem a

adesão ao PROUNI, conforme a própria lei estabelece.

Em contrapartida, as Instituições de Ensino Superior- IES ficam isentas no

período de vigência do termo de adesão, das seguintes contribuições e imposto:

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social-COFINS; Contribuição para o

Programa de Integração Social-PIS; Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL;

e Imposto de Renda da Pessoa Jurídica-IRPJ (ARAUJO; CORRÊA, 2011, p. 42).

Tal previsão, constante no artigo 8° da lei em questão, também determina que a isenção

de que trata este artigo será calculada na proporção da ocupação efetiva das bolsas devidas,

conforme termo de adesão (BRASIL, 2005).

Como a legislação brasileira estabelece que o acesso à educação superior deve estar

calcada no mérito, conforme o artigo 208 inciso V, o PROUNI, para atender ao requisito do

mérito para o acesso à educação superior, artigo 3° da Lei 11.096/2005 estabelece que o

estudante “[...] será pré-selecionado pelos resultados e pelo perfil socioeconômico do Exame

Nacional do Ensino Médio – ENEM [...]”, exigindo ao candidato à bolsa, ter sido aprovado com

no mínimo 450 pontos no ENEM. E, além disso, pode a Instituição estabelecer critérios próprios

para avaliar o candidato (BRASIL, 2005).

O Programa Universidade Para Todos, que completou dez anos, tem sido uma das

principais políticas públicas, na área da educação superior do Estado brasileiro, tendo alcançado

um número expressivo de beneficiários e, assim, cumprindo com o seu principal objetivo, que é

a democratização do acesso ao ensino superior. Nesse sentido, é correto o pensamento de

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Mendes e Branco (2014), ao expressarem-se sobre o PROUNI, quando estes apontam que, além

de ser uma política inclusiva, o PROUNI aproveita o potencial de oferecimento de vagas das

Faculdades e Universidades privadas.

A instituição do PROUNI, por meio da lei n.11.096 de 13 de janeiro de 2005, a

qual por sua vez, é fruto da conversão da MP n.213/2004, é um ótimo exemplo de

política pública de ação afirmativa que conseguiu atingir o objetivo de gerar altos

índices de inclusão social, pois é uma iniciativa que visa aproveitar o potencial da

iniciativa privada no setor educacional, direcionando-o à implementação de uma

política pública de ampliação do acesso ao Ensino Superior, voltada a atender a classe

media baixa, mas emergente, que cresce cada vez mais no Brasil (MENDES;

BRANCO, 2014, p. 680).

Para compreender a repercussão do Programa Universidade Para Todos, para o acesso ao

ensino superior brasileiro, é preciso que sejam analisados os números alcançados no decorrer de

sua existência. Quanto ao número de bolsas ofertadas, do ano de 2005 até o ano de 2015, foram

concedidas 2.556.155 bolsas de estudo, sendo dessas 69% bolsas integrais e 31% bolsas parciais.

Somente no ano de 2014 foram oferecidas 205.237 bolsas integrais e 101.489 bolsas parciais,

somando o total de 306.726 bolsas de estudo, em todo o Brasil (BRASIL, PROUNI). Assim, é

possível perceber que se trata uma política afirmativa que realmente pretende a inclusão social

que leva em conta o maior problema no acesso ao ensino superior: a condição econômica

(MENDES; BRANCO, 2014).

Assim, um Estado que apresenta em sua Constituição objetivos claros e precisos, como o

Brasil faz, não pode deixar de desenvolver ações afirmativas para poder alcançá-los. Nesse

ponto, bem claro é o pensamento de Rogério Gesta Leal, referente a ações afirmativas, quando

pondera que: “Um estado que se queira Democrático e de Direito inexoravelmente tem de lançar

mão de inciativas pró-ativas da igualização material de categorias sociais [...]” (LEAL, 2009, p.

148). É, com certeza, isso que o PROUNI representa: uma ação afirmativa do Estado que visa à

efetivação dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil constantes na

Constituição Federal de 1988.

Da mesma forma, conforme bem refere Gilmar Mendes e Paulo Branco, o PROUNI “É

uma iniciativa a ser aplaudida e que deve servir de estímulo a outras tantas que visem melhorar o

acesso e a melhorar a qualidade do ensino no Brasil” (MENDES; BRANCO, 2014, p. 680), pois

ao ser implementada amplia o acesso e oferta mais oportunidade a todos. Em consequência, é

revelador o voto do relator, Ministro Ayres Britto, diante da Ação Direta de

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Inconstitucionalidade (ADIn.) que considerou constitucional o PROUNI: “[...] o PROUNI é,

salientemente, um programa de ações afirmativas, que se operacionaliza mediante concessão de

bolsas a alunos de baixa renda e diminuto grau de patrimonilização” (BRASIL, Supremo

Tribunal Federal, 2012).

Este Programa, através da desigualação, visa efetivar a igualdade. Apesar da contradição

aparente, nada mais é do que a pura concretização do princípio da igualdade material. A referida

igualdade material é garantida, pelo Programa, ao estabelecer o discrímen que diferencia para

estabelecer parâmetros de igualdade. Sendo assim, segue parte do voto do relator, o qual

evidencia a abrangência do programa, quanto ao público beneficiário:

Não podemos deixar de levar em consideração essas reflexões, pois o que estamos a

evidenciar neste caso do PROUNI é a adoção de uma política de inclusão social (um

típico caso de discriminação positiva ou inversa) que leva em conta o critério da raça,

porém não de forma exclusiva, mas conjugado com o critério socioeconômico

(BRASIL, Supremo Tribunal Federal, 2012).

Sendo assim, exige-se a discriminação positiva para haver a igualação, buscando-se a

inclusão das classes populares nas instituições de educação superior. Por outro lado, alguns

críticos apresentam oposições ao sistema adotado pelo PROUNI, em relação à concessão de

bolsas. Alguns, como Araújo e Corrêa (2011), apontam que a imunidade de alguns tributos,

oriunda do PROUNI, faz com que o governo deixe de arrecadar recursos e, com isso, deixa de

investir mais na educação pública, tornando-se uma privatização da educação. No entanto,

contrário a esse argumento, sabe-se que grande parte das instituições já gozavam de tais

benefícios, com base no artigo 150, VI, alínea c, da Constituição de 1988, como pode ser

constatado pelos dados apresentados pelo próprio Ministério da Educação e Cultura do Brasil:

[...] o Programa Universidade para Todos (PROUNI) converte impostos não pagos por

instituições privadas de ensino superior em vagas para alunos de baixa renda. Antes

mesmo do ProUni, 85% do sistema privado já tinha isenção total ou parcial de tributos.

Somente as instituições com fins lucrativos - 15% do sistema - pagam os impostos de

sua competência [...] Com a lei do PROUNI, as instituições privadas devem ofertar um

percentual fixo de bolsas de estudo (BRASIL, PORTAL, MEC).

As regras, estipuladas pelo PROUNI, fazem com que a concessão de bolsas de estudo

seja regulamentada; tal fator leva à ampliação da educação superior e, com isso, um maior

número de indivíduos obtêm acesso a esse nível de ensino.

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Por fim, é possível dizer que o PROUNI vem sendo um meio efetivo para garantir o

acesso à educação superior brasileira, pois ao conceder bolsas de estudo a indivíduos que dela

necessitam para estar em um curso superior, faz com que supere-se a inferioridade impregnada

no decorrer da história, tanto para questões étnicas, quanto para questões de renda, modificando

o status quo, e projetando um futuro onde haja a possibilidade de se ter mais oportunidades de

mudança. Essa mudança ocorre a partir da possibilidade de alcançar o nível superior, visto que as

classes sociais, alijadas economicamente, raramente conseguem ter acesso a este nível de ensino.

Tal fator dá novas oportunidades às pessoas, promovendo a cidadania e oportunizando a

mobilidade social juntamente com a diminuição do sistema elitista da educação, visando à

democratização da educação superior. Dessa forma, o PROUNI repercute positivamente no que

se refere ao acesso à educação superior no Brasil e para que este nível de ensino deixe de ser um

espaço para estudantes que tiveram melhores condições e oportunidades.

Dessa forma, o PROUNI representa uma política pública com viés altamente inclusivo,

para pessoas de classes inferiores da sociedade, que normalmente não teriam acesso a este nível

ensino, visto a elitização do acesso ao ensino superior. Portanto, a democratização do acesso à

educação superior pode contribuir para que haja processos de transformação social, tão

necessário atualmente e que haja a efetivação de todos os demais direitos fundamentais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do conhecimento de que a e educação é um elemento fundamental para o

desenvolvimento tanto pessoal quanto do país, assim como um direito que possibilita a

realização de outros direitos e dessa forma o acesso à educação em todos os níveis deve ser

consolidado com qualidade, destacando a busca da universalização.

Assim, no que se refere a educação superior, o Estado deve propiciar o acesso das classes

populares em nome da promoção da dignidade humana e da igualdade material. Isso por este

direito estar entre as condições básicas para a conquista da cidadania, cabendo ao Estado a

responsabilidade a efetivação desse direitos e deve fazê-lo de forma satisfatória, principalmente

levando em conta os pressuposto da igualdade material.

Destaca-se que o exercício da cidadania, em termos práticos, significa reconhecer-se

como indivíduo que possui direitos e deveres na sociedade, e que dentro da estrutura

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organizacional do Estado, cabe a este a efetivação de condições para que os direitos possam ser

exercidos. Assim, é possível afirmar que o PROUNI representa um meio efetivador de cidadania

ao possibilitar acesso das classes populares ao ensino superior fazendo com que os indivíduos

tenham um olhar diferenciado sobre o mundo em que vivem, trilhando novos caminhos para que

seus direitos sejam efetivados.

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