cidadania e direitos humanos (resumo)

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  • 7/28/2019 Cidadania e Direitos Humanos (Resumo)

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    Material auxiliar de estudo para a prova de mltipla escolha do curso GAAP Grupo de Apoio s Aes Penitencirias 2010

    CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS1

    1. Conceitos Bsicos2

    1.1 Direito

    A palavra "Direito" deriva do latim directum e significa direo sem desvio. Adota-se otermo em trs sentidos:

    a) regra de conduta obrigatria (Direito Objetivo);

    b) sistema de conhecimentos jurdicos (Cincia J urdica);

    c) faculdade ou poderes que tem ou pode ter uma pessoa de exigir de outra (DireitoSubjetivo).

    1.2 Fato Social

    um fato social na medida em que se registra o relacionamento social. A vida emsociedade impensvel sem um conjunto de normas que discipline o uso dos bens da vida(propriedade, liberdade etc.), impondo sanes pela inobservncia dos padres de condutaestabelecidos.

    1.3 Direitos Humanos (Direitos Fundamentais)

    Conjunto de regras para salvaguardar as necessidades essenciais da pessoa humana

    e os benefcios que a vida em sociedade proporciona, a fim de que a pessoa, ao mesmotempo em que se torne til mesma sociedade, viva em harmonia e goze de paz.

    justamente a lei, qual se submetem o Estado e a sociedade, que vem coordenar oexerccio dos direitos fundamentais. O artigo 4 da Declarao de 1789 exprime, em suasegunda parte: "O exerccio dos direitos naturais de cada homem no tem por limites senoos que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Esseslimites no podem ser determinados seno por lei". Tais leis decorrem, geralmente, de umacarta de princpios, intitulada Declarao de Direitos, que precedem as constituies. Issoaconteceu na Amrica do Norte e na Frana. Neste pas, a Declarao dos Direitos doHomem e do Cidado apareceu em 1789, e, a Constituio, somente em 1791.

    Em nossa Constituio de 1988, os Direitos Fundamentais dizem respeito aos DireitosIndividuais e Coletivos (art. 5: direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade), aos Direitos Sociais (art. 6 ao art. 11 direito educao, sade, aotrabalho, ao lazer, segurana, previdncia social, proteo, maternidade e infncia, e assistncia aos desamparados), e aos Direitos Polticos (art. 14 ao 16).

    Esses trs conjuntos de direitos, que compem os direitos do cidado, no podemestar desvinculados entre si, pois sua efetiva realizao depende da relao recproca e,

    1 Contedos retirados da apostila do Curso de Formao para Agentes Penitencirios referente ao concurso do ano de 2005.2 (Texto adaptado da apostila "Direitos Humanos", Arlindo Mares Oliveira Filho. Academia de Polcia Civil/DF-CESPE /Universidade de Braslia, 1999).

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    sobretudo, de foras econmicas e polticas, que, a propsito, devero estar a servio dacidadania e no do capital.

    O ncleo do conceito de direitos humanos se encontra no reconhecimento da dignidadeda pessoa humana. Essa dignidade, expressa num sistema de valores, exerce uma funoorientadora sobre a ordem jurdica porquanto estabelece "o bom e o justo" para o homem. A

    expresso "direitos humanos" uma forma abreviada de mencionar os direitos fundamentaisda pessoa humana. Esses direitos so considerados fundamentais porque sem eles a pessoahumana no consegue existir ou no capaz de se desenvolver e de participar plenamenteda vida. Todos os seres humanos devem ter assegurado, desde o nascimento, as mnimascondies necessrias para se tornarem teis humanidade, como tambm devem ter apossibilidade de receber os benefcios que a vida em sociedade pode proporcionar, para viverem harmonia e gozar de paz. Esse conjunto de condies e de possibilidades associa ascaractersticas naturais dos seres humanos sua capacidade natural (como um dever) deatuar como cidado na organizao social, e dela usufruir seus direitos. a esse conjunto quese d o nome de direitos humanos.

    1.3.1 Caractersticas

    Imprescritibilidade: os direitos humanos fundamentais no se perdem por decurso deprazo. So permanentes.

    Inalienabilidade: no so transferidos de uma pessoa para outra, quer gratuitamentequer mediante pagamento.

    Irrenunciabilidade: no so renunciveis. No se pode exigir de ningum querenuncie vida (no se pode pedir a um doente terminal que aceite a eutansia, porexemplo) ou liberdade (no se pode pedir a algum que v para a priso no lugar deoutro).

    Inviolabilidade: nenhuma lei infraconstitucional nem tampouco autoridade algumapode desrespeitar os direitos fundamentais de outrem, sob pena de responsabilizaocivil, administrativa e criminal.

    Interdependncia: as vrias previses constitucionais e infraconstitucionais nopodem se chocar com os direitos fundamentais. Antes, devem estar relacionados eharmonizados para atingirem suas finalidades.

    Universalidade: os direitos fundamentais aplicam-se a todos os indivduos,independentemente de nacionalidade, sexo, raa, credo ou convico poltico-flosfica.

    Efetividade: o Poder Pblico deve atuar de modo a garantir a efetivao dos direitos egarantias fundamentais, usando inclusive mecanismos coercitivos quando necessrio,porque esses direitos no se satisfazem com o simples reconhecimento abstrato.

    Complementaridade: os direitos humanos fundamentais no devem ser interpretadosisoladamente, mas sim de forma conjunta para sua plena realizao.

    1.4 Sanes

    As sanes visam alcanar a ordem e a estabilidade sociais, variando da simplesdesaprovao coletiva privao da prpria vida (pena de morte). Tais regras dividem-se emdois grandes grupos: as normas meramente sociais e as normas jurdicas. As primeiras

    decorrem do costume e no se encontram legisladas. As segundas, por sua vez, so

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    reconhecidas pelo Poder Pblico, que estabelece rgos prprios para observar seucumprimento (p. ex: a polcia e os tribunais).

    1.4.1 Um segundo signi ficado de "sano"

    "Parte da lei em que se indicam as penas contra os transgressores", est diretamente

    relacionada lei. LEI toda norma obrigatria que serve para disciplinar as relaes doshomens numa sociedade.

    As leis so to importantes que sem elas no existe sociedade organizada. A esseconjunto de "normas obrigatrias", assim como cincia que as estuda, d-se o nome deDireito, na sua primeira de trs acepes (ver 1.1). E tudo isso existe em funo da paz nasociedade. Alis, se cada pessoa fizesse tudo o que lhe apraz, sem respeitar o direito dosoutros, no haveria paz na sociedade.

    1.4.2 Hieraquia da Lei

    So Toms de Aquino (sc. XIII), na Suma Teolgica, aborda, de forma refinada, sobreos direitos fundamentais do homem, relacionando-os com o conceito de lei, a qual, segundoele, tem a seguinte hierarquia:

    a) Lei eterna (s o prprio Deus a conhece na plenitude);

    b) Lei natural (gravada na natureza humana, a qual o homem conhece pelo uso da razo);

    c) Lei humana (a lei positiva, legislada).

    1.5 Pacto Social e Constituio

    O pacto social, para estabelecer a vida em sociedade de seres humanos livres,dotados de faculdades, prerrogativas, interesses e necessidades protegidas dotados dedireitos, enfim impe a definio de limites que os membros da sociedade aceitam paraesses direitos, sob pena de se estabelecer o conflito, a balbrdia. Com a Revoluo Francesatem-se a Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado (1789), que estabelece em seu art.16: "A sociedade em que no esteja assegurada a garantia dos direitos fundamentais nemestabelecida a separao dos poderes no tem Constituio". A diviso do exerccio do poderseguiu frmula preconizada por Montesquieu (em "O Esprito das Leis"), e consistia noestabelecimento de um sistema de freios e contrapesos (Constituio Brasileira, 1988, art. 2 "So Poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e oJudicirio").

    1.6 Estado de Direito

    A submisso do Estado s regras do direito objetivo construo do final do sculoVIII, decorrente dos movimentos sociais registrados na Frana e na Amrica do Norte. aconsagrao do poder do direito (lei) em substituio ao poder desptico, concretizandoantiga lio de Aristteles (sc. 4 a.C.), segundo a qual o governo das leis melhor do que ogoverno dos homens, porque aquelas no tm paixes.

    2. Evoluo dos Direitos Fundamentais

    Segundo Celso Lafer ("A Ruptura Totalitria e a Reconstruo dos Direitos Humanos"),

    os direitos fundamentais evoluram atravs de trs geraes:a) Direitos Individuais ou das Liberdades pblicas (sc. XVIII);

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    b) Direitos sociais (sc. XIX, aps a Primeira Guerra Mundial);

    c) Direitos de solidariedade (sc. XX e ainda em formao).

    fcil memorizar esses trs momentos. Basta lembrar-se do lema da Frana:Liberdade, Igualdade, Fraternidade.

    2.1 Os Direitos Individuais (A Primeira Gerao dos Direitos Humanos)

    No final do sculo XVI e mais precisamente no sculo XVII formulou-se a modernadoutrina sobre os direitos naturais, preparando o terreno para a formao do Estado modernoe a transio do feudalismo para a sociedade burguesa. Tratava-se, ento, de explicar osdireitos naturais no mais com base no direito divino, mas sim como a expresso racional doser humano.3

    O sculo XVIII caracterizou-se pelo confronto direto e definitivo com o antigo regimeabsolutista. Foi a partir das lutas travadas pela burguesia europia contra o Estado absolutistaque se criaram condies para a instituio formal de um elenco de direitos, que passariam aser considerados fundamentais para os seres humanos e mola propulsora para as grandes

    transformaes sociais.Os momentos marcantes desse perodo compreenderam as declaraes de direitos

    que passaram a servir de paradigma universal, tanto na luta contra os antigos regimes comonas lutas de independncia das colnias americanas. As duas referncias mais importantesforam a Declarao de Virgnia (1776) e a Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado,da Assemblia Nacional francesa, de 1789.4

    Esse elenco de direitos coincidia com as aspiraes de amplas massas populares emsua luta contra os privilgios da aristocracia. No entanto, eram direitos que primeiramentesatisfaziam s necessidades da burguesia, dentro do processo de constituio do mercadolivre, com direitos inerentes (livre iniciativa econmica; livre manifestao da vontade; livre-

    cambismo; liberdade de pensamento e expresso; liberdade de ir e vir; liberdade poltica emo-de-obra livre), que viriam a criar condies para consolidar o modo de produocapitalista. Para isso era fundamental a consolidao do Estado liberal e a regulamentaoconstitucional dos direitos dos indivduos.5

    Os direitos humanos de "Primeira Gerao" so a expresso das lutas da burguesiarevolucionria, com base na filosofia iluminista e na tradio doutrinria liberal, contra odespotismo dos antigos Estados absolutistas. Materializaram-se, portanto, como direitos civise polticos, ou direitos individuais, atribudos a uma pretensa condio natural do indivduo.So a expresso formal de necessidades individuais que requerem a absteno do Estadopara o seu pleno exerccio.

    2.2 Os Direitos Coletivos ou Sociais (A Segunda Gerao dos Direitos Humanos)

    Atravs, principalmente, da reflexo de Karl Marx (1818-1883) tomou impulso opensamento crtico com forte ataque desigualdade social entre a burguesia que ditava asregras da vida econmica e a ampla maioria do povo, que vivia sob duras condies deexistncia: sem direito remunerao digna, com jornada de trabalho de catorze a quinzehoras diria, sem segurana no trabalho e na velhice, sem moradia, sem condies deassegurar educao e sade aos filhos, etc.

    3 Dornelles, op. cit., p. 18).4 Ibidem, p. 19-205 Ibidem, p.21

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    O pensamento socialista e a prtica poltica e sindical do movimento europeu e norte-americano do sculo XIX questionavam o fato da lei ser igual para todos, e alguns moraremem castelos e outros debaixo de pontes. A luta operria e popular debatia-se contra a meraformalidade dos direitos enunciados nas declaraes americana e francesa. De nadaadiantava a Constituio dizer que todos tinham direito vida se no eram garantidas ascondies materiais para se viver.

    Aquele contexto histrico passou a exigir a ao positiva do Estado, vindo, portanto, aserem criadas condies institucionais para o efetivo exerccio, pelo povo, dos direitosfundamentais: direito ao trabalho; organizao sindical; previdncia social (em caso develhice, invalidez, incapacidade para o trabalho, aposentadoria, doena, etc.); direito greve;a uma remunerao que garantisse condies dignas para o trabalhador e sua famlia; direitoa frias remuneradas; estabilidade no emprego e a condies de segurana no trabalho;direito aos servios pblicos (transporte seguro e confortvel, segurana pblica, saneamentobsico, ruas caladas, iluminao, gua encanada e tratada, comunicao, etc.); direito moradia digna; ao lazer; ao acesso cultura; direito de proteo infncia; etc.6

    Trata-se, portanto, no apenas de enunciar direitos nos textos constitucionais, mas

    tambm de prever os mecanismos adequados para a viabilizao das suas condies desatisfao, onde o Estado o agente promotor das garantias aos "Direitos Coletivoschamados, tambm, de "Direitos Sociais, Econmicos e Culturais".7

    2.3 Os Direitos dos Povos ou os Direitos da Solidariedade (A Terceira Gerao dosDireitos Humanos)

    Depois da Segunda Guerra Mundial desenvolvem-se os direitos dos povos, tambmchamados de "direitos da solidariedade", a partir de uma classificao que distingue entre os"direitos da liberdade" (os direitos individuais da Primeira Gerao), os "direitos da igualdade"(os direitos sociais, econmicos e culturais da Segunda Gerao) e os "direitos da

    solidariedade" (novos direitos, ou direitos da "Terceira Gerao"). Assim, os direitos dos povosso ao mesmo tempo "direitos individuais" e "direitos coletivos", e interessam a toda ahumanidade.

    Uma nova e complexa realidade colocou na ordem do dia uma srie de novos anseiose interesses reivindicados por novos movimentos sociais. So direitos a serem garantidoscom o esforo conjunto do Estado, dos indivduos, dos diferentes setores da sociedade e dasdiferentes naes8. Entre eles esto o direito paz, ao desenvolvimento, autodeterminaoe soberania dos povos, a um meio ambiente saudvel e ecologicamente equilibrado e utilizao do patrimnio comum da humanidade.

    3. A Proteo Internacional dos Direitos Humanos

    As liberdades e garantias para os seres humanos interessam e obrigam cada Estado ea toda a comunidade internacional.9

    Os conflitos internacionais, principalmente as duas grandes guerras mundiais do sculoXX, os massacres de populaes civis, os genocdios de grupos tnicos, religiosos, culturais,etc., e a permanente ameaa paz internacional provocaram a criao de mecanismos einstrumentos controladores da ao dos Estados em respeito aos princpios do Direito

    6 Dornelles, op. cit., p. 30.7 Ibidem, p.30-35.8 Ibidem, p. 35 e seguintes9 Ibidem, p. 37 e seguintes.

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    Internacional, independentemente de nacionalidade, raa, sexo, idade, religio, opiniopoltica e condio social. Portanto, o que passou a caracterizar a evoluo dos direitoshumanos durante o sculo XX, principalmente aps a Segunda Guerra Mundial (1939-1945),foi a sua progressiva incorporao ao plano internacional (enquanto o sculo XIX secaracterizou por ser o momento do reconhecimento constitucional, em cada Estado, dosdireitos fundamentais).

    O estabelecimento de mecanismos de controle das aes violadoras se chocou, assim,com um conceito ilimitado de soberania nacional que tem como corolrio o princpio da No-interveno em assuntos de responsabilidade interna de cada Estado.

    O problema colocado para o Direito Internacional que lhe falta o poder coercitivo, porno existir na ordem internacional um rgo controlador direto e fiscalizador com capacidadede exigir o fim da violao. Ele tem simplesmente um carter moral-referencial ao propor orespeito efetivo dos direitos humanos, mesmo quando se tratam de casos dramticos como osde torturas, de desaparecimentos forados, de restrio liberdade de opinio e de credo, demassacres e genocdios notoriamente reconhecidos10.

    A universalizao da temtica dos direitos humanos um fenmeno da nossa pocaque acompanha o desenvolvimento da poltica e da economia internacionais, bem como aevoluo jurdica atravs do Direito Internacional.

    3.1 Conveno Contra Tortura

    A Conveno contra a Tortura e Outros Tratamentos Penais Cruis, Desumanos ouDegradantes entrou em vigor em junho de 1987. A Conveno vai consideravelmente alm doPacto Internacional dos Direitos Civis e Polticos no que diz respeito proteo contra o crimeinternacional de tortura. De acordo com a Conveno, os Estados-partes so obrigados atomar medidas eficazes de tipo legislativo, administrativo e judicirio para prevenir atos detortura; a comprometer-se com o princpio de no-rejeio quando houver motivos parasuspeitar que uma pessoa seria torturada; a assegurar s vtimas de tortura o direito de darqueixa e de ter o caso rpida e imparcialmente examinado por autoridades competentes; aproteger os queixosos e testemunhas; a excluir provas ou declaraes obtidas sob tortura; aindenizar as vtimas e seus dependentes.

    3.2 Conveno Sobre a Eliminao da Discriminao Racial

    A Conveno Internacional Sobre a Eliminao de Todas as Formas de DiscriminaoRacial entrou em vigor em janeiro de 1969 e probe todas as formas de discriminao racialnas esferas poltica, econmica, social e cultural. Entre outros dispositivos, requer o

    tratamento igual perante todos os tribunais, agncias e organismos envolvidos naadministrao da justia, sem distino de raa, cor ou origem nacional ou tnica.

    4. A Questo da Tortura

    4.1 Histria

    Na antiguidade, os gregos e os romanos s empregavam a tortura contra os escravos,tendo-a usado, tambm, contra judeus e cristos.

    10 Ibidem, p.39 e ss.

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    A partir do sculo XI, com a colonizao dos brbaros, comearam aparecer oschamados Juzos de Deus: o ru, para provar sua inocncia, colocava a mo num recipientecom leo fervente. Se no gemesse, era porque falava a verdade.

    A Inquisio empregava-a largamente, aproveitando-se dos J uzos de Deus e dosprocessos secretos, com a finalidade de obter confisso de acusados, pois essa era

    considerada a rainha das provas. Havia o Manual do Inquisidor, de autoria do Frei NicolEmrico. Mesmo o autor reconhecia que a tortura no era o mtodo mais seguro de se obter averdade, pois h presos fracos que, primeira dor, confessam crimes que no cometeram,enquanto outros, mais fortes, so capazes de suportar enormes tormentos.

    Com a evoluo da civilizao, a tortura oficialmente desaparece at para efeito deprovas pois sua prtica exige do agente um embrutecimento da sensibilidade at o sadismo,repelido, alis, pelos valores culturais. No obstante, ainda hoje continua sendo aplicada,embora ocultamente e ao arrepio da lei.

    Sendo prtica proibida, os algozes passaram a empregar tcnicas altamentesofisticadas para no deixar marcas nos corpos das vtimas. Empregam-se choques eltricos,interrogatrios prolongados, privao do sono, rudo ensurdecedor, silncio absoluto, lavagemcerebral, internao em clnicas psiquitricas, entre outros meios.

    A Declarao sobre a Proteo de Todas as Pessoas Contra a Tortura e Outras Penasou Tratamentos Cruis, foi aprovada pela Assemblia Geral das Naes Unidas em 9 dedezembro de 1975, entendendo, por tortura,todo ato pelo qual um funcionrio pblico, ououtra pessoa a seu poder, inflija intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos graves,sendo eles fsicos ou mentais, com o fim de obter dela ou de um terceiro informao ou umaconfisso, de castig-la por um ato que tenha cometido ou seja suspeita de que tenhacometido, ou de intimidar a essa pessoa ou a outras. Depois a Conveno das NaesUnidas, em 1984, considerou a tortura um crime.

    A Conveno Internacional para prevenir e punir a tortura, em Cartagena, Colmbia,

    em 1985, define a tortura como todo ato pelo qual so infligidos intencionalmente a umapessoa penas e intimidao, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ouqualquer outro fim. O Brasil aprovou o texto dessa Conveno Internacional em 1989 e otransformou em lei em 1997.

    Sistematizando, diramos que a tortura usada com os seguintes objetivos:

    1. Meio de prova: usada na poca em que a confisso era considerada a rainha das provas.Persiste s escondidas.

    2. Intimidao:ameaa com tortura para intimidao.

    3. Pena: uso comum entre os antigos, quando as penas de morte eram precedidas e

    executadas mediante tormentos.4. Satisfao: muitas vezes a tortura aplicada para satisfazer instintos sdicos detorturadores.

    A prtica da tortura apresenta uma herana da Inquisio na Idade Mdia, quandose presumia a culpa a partir de qualquer denncia ou suspeita. injustia, pois incideigualmente sobre culpados e inocentes. O nmero de condenaes de inocentes baseadosem confisses obtidos em sesses de tortura compromete a responsabilidade do sistemapenal do pas.

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    4.2 Lei

    LEI N. 9.455, DE 07 DE ABRIL DE 1997

    Define os crimes de tortura e d outras providncias

    Art. 1 Constitui crime de tortura:

    I Constranger algum com emprego da violncia ou grave ameaa, causando-lhe sofrimentofsico ou mental:

    com o fim de obter informao, declarao ou confisso da vtima ou de terceirapessoa;

    para provocar ao ou omisso de natureza criminosa;

    em razo de discriminao racial ou religiosa;

    II Submeter algum, sob sua guarda, poder ou autoridade, com o emprego de violncia ougrave ameaa, a intenso sofrimento fsico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoalou medida de carter preventivo.

    Pena: recluso de dois a oito anos.

    Pargrafo 1 Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa, ou sujeita a medida desegurana, a sofrimento fsico ou mental por intermdio da prtica de ato no previsto em leiou no resultante de medida legal.

    Pargrafo 2 Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evit-las ou apur-las, incorre na pena de deteno de um a quatro anos.

    Pargrafo 3 Se resulta leso corporal de natureza grave ou gravssima, a pena derecluso de quatro a dez anos; se resulta em morte, a recluso de oito a dezesseis anos.

    Pargrafo 4 Aumenta-se a pena de um sexto at um tero:

    I se o crime cometido por agente pblico;

    II se o crime cometido contra a criana, gestante, deficiente e adolescente;

    III se o crime cometido mediante seqestro.

    Pargrafo 5 A condenao acarretar a perda do cargo, funo ou emprego pblico e a

    interdio para seu exerccio pelo dobro do prazo da pena aplicada.

    Pargrafo 6 O crime de tortura inafianvel e insuscetvel de graa ou anistia.

    Pargrafo 7 O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hiptese do 2, iniciar ocumprimento da pena em regime fechado.

    Art. 2 O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime no tenha sido cometido emterritrio nacional, sendo a vtima brasileira ou encontrando-se o agente em local sobjurisdio brasileira.

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    Art. 3 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.

    Art. 4 Revoga-se o art. 233 da Lei n. 8.069, de 23 de julho de 1990 Estatuto da Crianae do Adolescente.

    5. Direitos Fundamentais11

    5.1 Direito Vida

    A vida necessria para que uma pessoa exista. Tudo que uma pessoa tem perde ovalor e deixa de ter sentido quando ela perde a vida.

    Nenhum homem conseguiu inventar ou criar a vida. Os cientistas podem at juntar numtubo de ensaio elementos que geram a vida, mas no conseguem criar esses elementos. Avida no dada pelos homens, pela sociedade ou pelo governo; e quem no capaz de dar avida no deve ter o direito de tir-la.

    Quando uma pessoa mata a outra por dio, por vingana ou para obter algum proveito,ou ainda para esconder alguma opinio, vaidade ou desejo, est cometendo um ato imoral,est ofendendo o bem maior, a vida, a que nenhum outro se iguala.

    O Cdigo Penal, que enfatiza a tutela vida intra-uterina, ao punir o aborto, (art. 128 eincisos) admite, em carter de excepcionalidade, duas hipteses de aborto: legtima defesa eestado de necessidade. Na eutansia, que a eliminao da vida de algum que se encontraem estado de agonia, o autor responde pelo crime de homicdio piedoso, com uma puniomenor, devido benevolncia da sua conduta para com o agonizante.

    O homicdio no resolve problemas individuais ou sociais. Ao contrrio, fonte deproblemas. Retira-se o criminoso do meio da sociedade para ensin-lo a respeitar os valores

    humanos e sociais.A Constituio adota o princpio da inviolabilidade, em face da dignidade e do direito

    vida, resguardando o cidado em sua:

    5.1.1 Integridade fsica

    A pena de morte imoral. Primeiro, porque, ao aplic-la contra algum que norespeitou os direitos, o Estado tambm est desrespeitando um direito fundamental, que odireito vida. Segundo, porque, para sua aplicao, o poder pblico deve contratar algumpara matar, ou seja, para uma pessoa, usando dinheiro pblico, para cometer um assassinatolegal. No sculo XIX havia pena de morte no Brasil. Ela passou a ser proibida depois de umcaso escandaloso de erro judicirio. Aps a execuo de um homem acusado de um crimeviolento, apareceu o verdadeiro criminoso, que confessou o crime.

    A guerra outra forma imoral de atentado contra a vida humana. Na sua origem estointeresses econmicos venda de armamento, por exemplo ambio de mando, estratgiade domnio ou vaidade de impor sua vontade, seus valores, seu sistema poltico e econmico.

    Outra prtica imoral o genocdio: a matana de grupos populacionais comcaractersticas diferenciadas, por meios diretos ou indiretos, como, por exemplo, os ndiosbrasileiros. Eram mais de cinco milhes quando os portugueses chegaram; hoje, um pouco

    11Cpia de trechos do livro Direitos Humanos e Cidadania . Dalmo de Abreu Dallari. Coleo Polmica, So Paulo, Ed.Moderna, 1998. NOTA: Os textos alheios a esse livro e inseridos neste resumo sero referenciados ao serem citados.

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    mais de trezentos mil. So mortos por armas de fogo, ou morrem por doena, pela poluiodos rios (mercrio atirado por mineradores), escassez de pesca, caa, frutos e terra paraplantio.

    5.1.2 Integridade moral, psquica e espiri tual

    Necessidade de amor, compreenso, dilogo, de beleza, de liberdade, de gozar dorespeito dos semelhantes, de ter suas crenas, de sonhar, de ter esperana. A vida s temsentido na liberdade, igualdade, fraternidade e solidariedade. S assim a dignidade serrespeitada e se poder conseguir paz e felicidade. Ser feliz: razo ltima da existncia.

    Imoral, tambm, a situao de pobreza em que so obrigadas a viver milhes depessoas, num atentado flagrante contra a vida. Pessoas que morrem um pouco por dia, porfalta de alimentos, de assistncia mdica e de condies mnimas para a conservao davida. O mesmo acontece com muitos trabalhadores: ambientes insalubres, sem proteocontra odores e p (pintores, marceneiros, dedetizadores, etc.), sem falar nos salriosindignos, sem correo, que no do condies de conforto no lar nem tampouco de lazer.

    A engenharia gentica um tema atual relacionado com direitos humanos. Testesbiolgicos com seres humanos tm suscitado discusses sobre os aspectos ticos.Recentemente se noticiou que determinado cientista norte-americano desenvolveu mtodoque lhe permite realizar o transplante de cabeas humanas para outros corpos. Noticiou-se,tambm, que o mesmo cientista j havia realizado, com sucesso, a experincia com animais.Alguns princpios gerais de proteo do ser humano devem ser analisados, tais como, suadignidade, a inviolabilidade e a no patrimonialidade do seu corpo, etc. (Pargrafo extrado daapostila Direitos Humanos, Arlindo Mares Oliveira Filho, APC/DF e SEPE/UnB, 1999).

    5.2 Direito de Ser Pessoa

    Pessoa um feixe de relaes (Mounier). Para que um indivduo tenha direitos evenha a exerc-los preciso que sua dignidade seja respeitada. Ningum deve ser escravoou escravizar; humilhado ou humilhar; violentado ou violentar. No se pode admitir que umpolicial pratique violncia fsica contra um preso, que no tem como se defender. Asviolncias praticadas pelas polcias so contraditrias, pois as polcias existem para protegeras pessoas e fazer respeitar o Direito. Toda punio deve estar prevista em lei. A violncia nomundo contraditria e denota falta de conscincia, por parte de quem a pratica, de quesomos oriundos de um nico e mesmo Esprito, criador da vida.

    O sofrimento psquico ou moral imposto a uma pessoa igualmente grave em face desua violncia, sobretudo quando imposto a crianas. Ela frgil e menos capaz de se

    proteger, tanto por sua fraqueza fsica, pelo seu insuficiente desenvolvimento psquico e porno ter pleno conhecimento dos costumes dos adultos.

    O abuso de autoridade, a atitude arrogante de quem manda, a imposio dehumilhao aos subordinados, tudo isso caracteriza agresso psicolgica ou moral e,portanto, desrespeito ao direito de ser pessoa.

    A Constituio brasileira estabelece que todos devem ser considerados inocentesenquanto no sofrerem uma condenao judicial definitiva pela prtica de um crime. Esseprincpio chamado de Presuno de inocncia.

    A discriminao social outra forma de ofensa ao direito de ser pessoa, pois trataalgum como inferior por causa de sua raa, sua cor, suas crenas, idias ou sua condio

    social.

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    No existe respeito pessoa humana se no for respeitada, em toda e qualquersituao, sua integridade fsica, psquica e moral.

    5.3 Direito Liberdade Real

    Quando a Declarao Universal dos Direitos Humanos diz que todas as pessoas

    nascem livres, significa que a liberdade faz parte da natureza humana. Sem liberdade apessoa humana no est completa.

    Montesquieu, no seu livro O Esprito das Leis, diz que num Estado, isto , numasociedade onde h leis, a liberdade consiste no direito de se fazer tudo que as leis permitem.A liberdade, como outro direito, deve ser exercitada de forma livre, at que no venha ainvadir, privar, obstaculizar direito de outrem quando ento dever sofrer limitaes oupunies.

    Quando uma pessoa escolhe algo contra sua vontade, por medo dos poderosos, ouporque sua pobreza a obriga a fazer o que outros querem, ou, ainda, porque o chefe polticolhe retribuir algum favor, no h verdadeira escolha e no existe liberdade.

    O Estado Democrtico de Direito um bero para o desenvolvimento das liberdadespblicas. na democracia que o homem encontra os meios necessrios para desenvolversuas liberdades e buscar, incansavelmente, sua satisfao pessoal. por isso que J osAfonso da Silva afirma com razo que Quanto mais o processo de democratizao avana,mais o homem se vai libertando dos obstculos que o constrangem, e mais liberdadeconquista. (Extrado do Curso de Direito Constitucional, J os Afonso Silva. So Paulo,Malheiros, 1992).

    Adotando a classificao proposta pela doutrina em geral, vamos dividir as formas deliberdade em quatro grandes grupos:

    5.3.1 Liberdade da pessoa fsica

    Liberdade de locomoo e de circulao que se ope escravido e priso. odireito de ir e vir livremente, desde que no seja em tempo de guerra.

    5.3.2 Liberdade de pensamento

    Exteriorizao de pensamento em suas variadas formas, ou seja, de opinio, religio,informao, artstica, etc.

    atravs da livre opinio que o cidado forma sua conscincia e tem convico arespeito de diversos temas; adere ou no a crenas religiosas e tem convices polticas e

    filosficas., tambm, atravs da livre formao de opinio que o Estado garante os demais

    direitos correlatos, dentre eles a liberdade de comunicao (difuso dos pensamentos), dereligio (onde so garantidas as liberdades espirituais) e de expresso intelectual, artstica oucientfica.

    5.3.3 Liberdade de expresso coletiva

    Direito de reunio e associao. O Estado garante que reunies e associaes sejamlivres, porm lcitas. No favoreceu o desenvolvimento dos direitos coletivos aqueles deTerceira Gerao podem, consequentemente, ter carter paramilitar, sob pena de pr emrisco a existncia e soberania do Estado. As reunies livres, quando feitas em locais pblicos,

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    devem ser comunicadas s autoridades competentes, para que no prejudiquem outrosdireitos igualmente existentes (ex.: locomoo ou mesmo outra reunio igualmente marcada).

    5.3.4 Liberdade de ao profissional

    No pode o Estado querer impor s pessoas as atividades que querem exercer. Este

    um direito individual, e no um direito social.

    5.4 Direito Educao

    A educao um processo de aprendizagem, aperfeioamento e desenvolvimentoindividual da pessoa, pela utilizao mais conveniente da inteligncia e da memria, e pelaassociao da razo com os sentimentos, propiciando o seu aperfeioamento global biofsico, psicoemocional e mental-racional-espiritual. A educao de cada um interessa atodos, comeando nos seus primeiros instantes de vida, pois ali que se comea a observaro meio em que se est vivendo e a ter possibilidade de se tomar decises. Naquele momentoa pessoa inicia seu processo de integrao na vida social. Da por diante, cada fato e cada

    situao exercero influncia sobre a definio de sua personalidade. A pessoa adulta ser,em grande parte, o resultado da educao recebida desde os primeiros instantes de vida. Apersonalidade a sntese dos fatores originrios (hereditrios) e dos fatores adquiridos(sociais ou educacionais).

    O nvel e o padro de convivncia de um povo definem sua cultura (cultura entendidacomo tudo aquilo que um povo , faz e tem: Teoria do Ser-Fazer-Ter). No fcil mudarfuturamente os padres adquiridos na infncia, pois essa fase, bem como a uterina, deixamuitas marcas.

    A escola devia ser somente um complemento da famlia. O direito educao incluifamlia e escola, mas o mundo moderno carece de convivncia no lar.

    Educar bem estimular o uso da inteligncia e da crtica. reconhecer em cadacriana uma pessoa humana essencialmente livre e capaz de raciocinar sobre as conquistasanteriores da inteligncia humana e sobre a melhor forma de utilizao dessas informaespara a busca de novos conhecimentos.

    O Estado responsvel pela educao, especialmente pela educao de base, e devemanter um sistema de ensino de alta qualidade. A escola privada, por sua vez, devesubmeter-se fiscalizao permanente das normas e diretrizes do Estado.

    No Brasil, a prpria Constituio que estabelece o mnimo de recursos que, em cadaano, a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios devem destinar manuteno eao desenvolvimento do ensino.

    Outra exigncia fundamental: que todos, sem qualquer exceo, tenham igualoportunidade de educao. Na realidade no est assegurado esse direito quando os paisno podem pagar as taxas da escola, comprar livros e material escolar, ou, ainda, quando apobreza obriga as crianas a procurar trabalho mais cedo, no lhes deixando tempo edisposio para a escola.

    Adolescentes e adultos tambm tm direito educao. O sistema escolar deve estarao alcance deles e possibilitar a conciliao com outras atividades trabalho,responsabilidades de famlia e procura de aperfeioamento atravs de cursos e outros meiosde aprendizagem. A educao deve ser prioridade de todos os governos, pois atravs dela aspessoas se aperfeioam e obtm elementos para serem mais teis coletividade.

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    5.5 Direito Sade

    Para que se diga que uma pessoa tem sade preciso que ela goze de completo bem-estar fsico, mental e social (Organizao Mundial de Sade OMS). No suficiente no terdoenas. Assim, as pessoas convivem em clima de dignidade, igualdade e respeito.

    Alm das condies salutares de qualquer ambiente, quer seja escola, trabalho,

    moradia condies de aerao (ar puro), ventilao, iluminao, temperatura (calor, frio,umidade, rudo e insolao) , o direito sade inclui a possibilidade de boa alimentao,para que a pessoa tenha energia suficiente para desenvolver suas atividades. No Brasil hmilhes de pessoas que, por sua pobreza, s conseguem alimentos em pequena quantidadeou de muita m qualidade.

    E quanto aos mdicos, remdios e hospitais? O ideal seria que as pessoas nochegassem a ficar doentes ou tivessem um mnimo de doenas e mal-estar. Muitas vezesuma pessoa tem boa situao econmica, mas adota um mtodo de vida prejudicial sade,alimentando-se mal, fazendo esforos exagerados ou no repousando o suficiente. O governodeve trabalhar, permanentemente, procurando evitar doenas e garantindo boas condies devida para todos.

    A deficincia crnica dos servios pblicos de prestao de cuidados de sade noBrasil, de graves repercusses sociais, vem sendo usada como justificativa para aprivatizao dos servios de sade. A prpria Constituio brasileira, declara a sade "umdireito de todos e dever do Estado".

    6. Declarao Universal dos Direitos do Homem (1948)

    Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros dafamlia humana e de seus direitos iguais e inalienveis o fundamento da liberdade, da justiae da paz no mundo;

    Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram ematos brbaros que ultrajaram a conscincia da Humanidade e que o advento de um mundo emque os homens gozem de liberdade de palavra, de crena e da liberdade de viverem a salvodo temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspirao do homem comum;

    Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado deDireito, para que o homem no seja compelido, como ltimo recurso, rebelio contra atirania e a opresso;

    Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de relaes amistosas entreas naes;

    Considerando que os povos das Naes Unidas reafirmaram, na Carta, sua f nos

    direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade dedireitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhorescondies de vida em uma liberdade mais ampla;

    Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a promover, emcooperao com as Naes Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdadesfundamentais e a observncia desses direitos e liberdades;

    Considerando que uma compreenso comum desses direitos e liberdades da maisalta importncia para o pleno cumprimento desse compromisso:

    A Assemblia Geral

    Proclama a presente DECLARAO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS comoideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as naes, com o objetivo de que cada

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    indivduo e cada rgo da sociedade, tendo sempre em mente esta Declarao, se esforcem,atravs do ensino e da educao, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e,pela adoo de medidas progressivas de carter nacional e internacional, por assegurar o seureconhecimento e a sua observncia universal e efetiva, tanto entre os povos dos prpriosEstados-Membros, quanto entre os povos dos territrios sob sua jurisdio.

    Art. 1 Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. So dotadas derazo e conscincia e devem agir em relao umas s outras com esprito de fraternidade.

    Art. 2

    I Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nestaDeclarao, sem distino de qualquer espcie, seja de raa, cor, sexo, lngua, religio,opinio poltica ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ouqualquer outra condio.

    II No ser tampouco feita qualquer distino fundada na condio poltica, jurdica ou

    internacional do pas ou territrio a que pertena uma pessoa, quer se trate de um territrioindependente, sob tutela, sem governo prprio, quer sujeito a qualquer outra limitao desoberania.

    Art. 3 Toda pessoa tem direito vida, liberdade e segurana pessoal.

    Art. 4 Ningum ser mantido em escravido ou servido; a escravido e o trfico deescravos sero proibidos em todas as suas formas.

    Art. 5 Ningum ser submetido tortura nem a tratamento ou castigo, cruel, desumano oudegradante.

    Art. 6 Toda pessoa tem direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoaperante a lei.

    Art. 7 Todos so iguais perante a lei e tm direito, sem qualquer distino, a igual proteoda lei. Todos tm direito a igual proteo contra qualquer discriminao que viole a presenteDeclarao e contra qualquer incitamento a tal discriminao.

    Art. 8 Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remdioefetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pelaConstituio ou pela LEI.

    Art. 9 Ningum ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

    Art. 10 Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audincia justa e pblica porparte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do

    fundamento de qualquer acusao criminal contra ele.

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    Art. 11

    I Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente at quea sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento pblico no quallhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessrias sua defesa.

    II Ningum poder ser culpado por qualquer ao ou omisso que, no momento, no

    constituam delito perante o direito nacional ou internacional. Tambm no ser imposta penamais forte do que aquela que, no momento da prtica, era aplicvel ao ato delituoso.

    Art. 12 Ningum ser sujeito a interferncias na sua vida privada, na sua famlia, no seu larou na sua correspondncia, nem a ataques sua honra e reputao. Toda pessoa tem direito proteo da lei contra tais interferncias ou ataques.

    Art. 13

    I Toda pessoa tem direito liberdade de locomoo e residncia dentro das fronteiras de

    cada Estado.II Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer pas, inclusive o prprio, e a este regressar.

    Art. 14

    I Toda pessoa, vtima de perseguio, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outrospases.

    II Este direito no pode ser invocado em caso de perseguio legitimamente motivada porcrimes de direito comum ou por atos contrrios aos objetivos e princpios das Naes Unidas.

    Art. 15I Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.

    II Ningum ser arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar denacionalidade.

    Art. 16

    I Os homens e as mulheres de maior idade, sem qualquer restrio de raa, nacionalidadeou religio, tm o direito de contrair matrimnio e fundar uma famlia. Gozam de iguais direitosem relao ao casamento, sua durao e sua dissoluo.

    II O casamento no ser vlido seno com o livre e pleno consentimento dos nubentes.III A famlia o ncleo natural e fundamental da sociedade e tem direito proteo dasociedade e do Estado.

    Art. 17

    I Toda pessoa tem direito propriedade, s ou em sociedade com outros.

    II Ningum ser arbitrariamente privado de sua propriedade.

    Art. 18 Toda pessoa tem direito liberdade de pensamento, conscincia e religio; este

    direito inclui liberdade de mudar de religio ou crena e a liberdade de manifestar essa

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    religio ou crena, pelo ensino, pela prtica, pelo culto e pela observncia, isolada oucoletivamente, em pblico ou em particular.

    Art.19 Toda pessoa tem direito liberdade de opinio e expresso; este direito inclui aliberdade de, sem interferncia, ter opinies e de procurar, receber e transmitir informaes e

    idias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

    Art. 20

    I Toda pessoa tem direito liberdade de reunio e associao pacficas.

    II Ningum pode ser obrigado a fazer parte de uma associao.

    Art. 21

    I Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu pas diretamente ou porintermdio de representantes livremente escolhidos.

    II Toda pessoa tem igual direito de acesso ao servio pblico de seu pas.III A vontade do povo ser a base da autoridade do governo; esta vontade ser expressa emeleies peridicas e legtimas, por sufrgio universal, por voto secreto ou processoequivalente que assegure a liberdade de voto.

    Art. 22 Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito segurana social e realizao, pelo esforo nacional, pela cooperao internacional e de acordo com aorganizao e recursos de cada Estado, dos direitos econmicos, sociais e culturaisindispensveis sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade.

    Art. 23

    I Toda pessoa tem direito ao trabalho, livre escolha de emprego, a condies justas efavorveis de trabalho e proteo contra o desemprego.

    II Toda pessoa, sem qualquer distino, tem direito a igual remunerao por igual trabalho.

    III Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remunerao justa e satisfatria, que lheassegure, assim como famlia, uma existncia compatvel com a dignidade humana, e a quese acrescentaro, se necessrio, outros meios de proteo social.

    IV Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteo de seusinteresses.

    Art. 24 Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitao razovel das horasde trabalho e a frias peridicas remuneradas.

    Art. 25

    I Toda pessoa tem direito a um padro de vida capaz de assegurar a si e sua famliasade e bem-estar, inclusive alimentao vesturio, habitao, cuidados mdicos e osservios sociais indispensveis, e direito segurana em caso de desemprego, doena,invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistncia em

    circunstncias fora de seu controle.

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    II A maternidade e a infncia tm o direito a cuidados e assistncia especiais. Todas ascrianas, nascidas dentro ou fora do matrimnio, gozaro da mesma proteo social.

    Art. 26

    I Toda pessoa tem direito instruo. A instruo ser gratuita, pelo menos nos graus

    elementares e fundamentais. A instruo elementar ser obrigatria. A instruo tcnico-profissional ser acessvel a todos, bem como a instruo superior, esta baseada no mrito.

    II A instruo ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humanae do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. Ainstruo promover a compreenso, a tolerncia e a amizade entre todas as naes egrupos raciais ou religiosos, e coadjuvar as atividades das Naes Unidas em prol damanuteno da paz.

    III Os pais tm prioridade de direito na escolha do gnero de instruo que ser ministrada aseus filhos.

    Art. 27

    I Toda pessoa tem direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir asartes e de participar do progresso cientfico e de seus benefcios.

    II Toda pessoa tem direito proteo dos interesses morais e materiais decorrentes dequalquer produo cientfica, literria ou artstica da qual seja autor.

    Art. 28 Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos eliberdades estabelecidos na presente Declarao possam ser plenamente realizados.

    Art. 29

    I Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e plenodesenvolvimento de sua personalidade seja possvel.

    II No exerccio de seus direitos e liberdades, toda pessoa estar sujeita apenas slimitaes determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devidoreconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer s justasexigncias da moral, da ordem pblica e do bem-estar de uma sociedade democrtica.

    III Esses direitos e liberdades no podem, em hiptese alguma, ser exercidoscontrariamente aos propsitos e princpios das Naes Unidas.

    Art. 30 Nenhuma disposio da presente Declarao pode ser interpretada como oreconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividadeou praticar qualquer ato destinado destruio de quaisquer dos direitos e liberdades aquiestabelecidos.