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Talento Cult

Esta é uma coletânea de textos no estilo contos, organizada pela escritora e editora da revista Boletim Cult.

Todos os contos abordarão vivências femininas e, principalmente, demonstrarão ao leitor a beleza da convivência feminina no lar, na profissão e na sociedade.

Será uma antologia onde a alma da mulher brasileira ficará espelhada. Definirá exatamente o cotidiano da história de nossa terra natal. Suas belezas, suas controvérsias e todo o aspecto familiar que permeia a profissão da brasileira.

O talento da escritora brasileira ficará definitivamente impresso nesta coletânea virtual.

O objetivo deste livro de contos é exatamente trazer ao foco o papel da mulher escritora neste tempo de um Brasil do século XXI

Esta é uma coletânea de textos em formato conto, que a edição de Boletim Cult traz ao seu leitor, com o intuito de mostrar a literatura feminina brasileira.A forma literária feminina infere emoções e sentimentos em seu desenvolver literário. Com isso o leitor entrará num mundo de emoções sutis que o fará perceber completamente a alma feminina.A beleza das vivências do cotidiano, da árdua luta da mulher brasileira para ocupar seu espaço na área profissional que abraçou. O envolvimento da mulher mãe, esposa, ou mesmo da mulher independente, que vê o mundo diferente e sem peias. Todos estes aspectos serão abordados de uma forma poética e gentil, com sói a escritora brasileira sabe traduzir.

TALENTO CULT Dedicatória

Agradecemos a todos que nos incentivaram nesta caminhada.Não fossem essas pessoas que nos acompanham no dia a dia, talvez não teríamos alcançado nosso objetivo. Sem eles: nossos maridos, filhos, mães, pais, amigos, nada poderia ser atingido.Na luta árdua pela inserção cada vez mais da literatura feminina na Literatura Brasileira e Mundial, todos esses incansáveis companheiros foram de extrema nobreza, ao nos acompanharem, estimularem e amarem além do lugar-comum, de que tantos verbalizam seu amor, porém não o vivem verdadeiramente.Nós mulheres escritoras desta antologia pudemos senti-lo com profunda gratidão.

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Talento Cult

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Será uma antologia onde a alma da mulher brasileira ficará espelhada. Definirá exatamente o cotidiano da história de nossa terra natal. Suas belezas, suas controvérsias e todo o aspecto familiar que permeia a profissão da brasileira.

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TALENTO CULT A estrada fez uma curva para a direita e ele assustou-se um pouco. Em ambos os lados viam-se pequenas chácaras, pomares e o pinus elliot, árvore típica da região. Afinal estava seguindo para o lugarejo que abrigava a maior fábrica de papel da América Latina e aquela era a árvore base da feitura do papel. A placa surgiu à sua frente, Telêmaco Borba - 11 km. Os quilômetros faziam-no sentir as costas. Os ponteiros no painel deixavam claro o cansaço, noventa, oitenta, setenta. “Que droga, que estou fazendo?”, pensou. Mas a chácara ao longe, com o caminho todo arborizado, jardim e piscina atraíram sua vista. O perfume dos eucaliptos encheu suas narinas e o atraiu como um imã. Deu meia volta e entrou no desvio. O odor continuou, através do balouçar dos altos eucaliptos e o farfalhar de suas folhas. Olhou pelo espelho retrovisor, quase num gesto de arrependimento, mas inexoravelmente seguiu em frente. Passou pela ponte e encontrou o outro lado. “Talvez fosse exatamente isso que eu sempre quis, interiormente”, pensou, com certa irritação. E por que não, afinal? Era extremamente tarde para arrependimentos. Um atraso de dez anos.

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As flores de inverno

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As Flores de Inverno

Autoria: Sylvia R. Pellegrino

Ele planejara aquela viagem com minúcias, típicas de seu temperamento. Harmonia ficava na chamada Fazenda Monte Alegre e tinha a beleza pacata das pequenas cidades do interior. De repente percebeu que ultrapassara a entrada para o município de Telêmaco Borba. Tinha que passar dentro da cidade para chegar até Harmonia. Olhou para todos os lados e cometeu a infração. Fez um retorno atravessando o asfalto. Voltou e passou debaixo do túnel.Passou os olhos ao derredor e de alguma forma, talvez pela sonolência rural do sol da tarde, debruçando-se no poente, foi seduzido. Afinal tinha que recomeçar. Adélia e o marido haviam ido para as ilhas do Caribe, em segunda lua-de-mel. Imaginou-os velejando em algum barco nas águas límpidas daquele mar azul cobalto. Aquilo estava fora de seu controle. Adélia agora era passado. Um caso que se esfumara.

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Particularmente, André Luís a considerou extremamente moça para ter um filho adulto, mas nada disse, porque se tratava de um encontro de negócios e não de um momento para galanteios. - Assim sendo, preciso de um administrador. Agora não gostaria de dar uma volta pelo haras? Poderia recordar e ver as modificações feitas. - Eu pensei em ir até o Hotel IKP, em Harmonia, para colocar minhas coisas... - Estava pretendendo se hospedar lá?! Acho isso completamente dispensável. Coloque sua bagagem no quarto que preparei. Caso não queira ficar, poderá depois ir embora. Não há necessidade de se hospedar em outro lugar.No dia seguinte passaram inspecionando a propriedade. Havia boas construções e bons estábulos, completamente diferentes da época de sua família. Depois vinham os campos aráveis. Relembrou as plantações de milho e arroz da época de sua infância. Algum gado, carneiros e outros animais de fazenda. Ela o levou até o haras. Estava preparando cavalos para servirem de montaria e divertimento aos habitantes do lugar. O município de Telêmaco Borba ficava apenas a 5 quilômetros do local.

TALENTO CULT- A senhora monta? – perguntou educadamente à Sra. Arlete Menguetti. - Não. Carla é o único membro da família que pratica equitação. - Carla é sua filha? -Sim. Ela conseguiu um emprego nas Indústrias Klabin em Harmonia. É bom para mim, porque ela mora comigo, mas espero que logo siga seu rumo, porque essa rotina é sacrificada. Ela sai pela manhã e atravessa Telêmaco, segue para Harmonia e desce para a fábrica. Só volta no final da tarde para tomar a sopa comigo. Isso quando não resolve dormir na casa de uma amiga, como ontem. É um trajeto de quarenta quilômetros diários, ida e volta. Acho que ela fará o que todos os amigos na idade dela estão fazendo. Seguirá para Curitiba e cursará uma faculdade. Talvez Direito. É o que ela diz. Espero que dê certo.- Sim, imagino que sim. Ela sorriu. - Você desistiu de Curitiba?

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- Para falar a verdade fui despedido, num corte geral da empresa... Ela o olhou, mas nada disse. Mostrou a casa onde ele moraria, caso acertassem os detalhes de seu contrato. Um chalé com tijolinhos à vista, um pequeno jardim com muito amor-perfeito, flor própria para aquela época de inverno. Olhou as flores. Os desenhos, parecidos com carinhas, a observá-lo. Tudo parecia estar preparado como se estivesse sendo habitado. - Mesmo vazia, gosto de conservar o jardim. Espero que aprecie também as flores. - Sou agrônomo, senhora. Todo tipo de planta é de meu agrado. Só não aprecio ervas daninhas. Ela riu, ao comentário. -Também eu. Passo o tempo todo arrancando as mais danadas. Entreolharam-se e sentiram o início da amizade.

TALENTO CULT Finalmente voltaram para a sede da fazenda, uns dois quilômetros de distância dali. Ela se sentou na rede estendida na varanda e ofereceu-lhe a cadeira de vime, com um gesto. Estranhamente, a André Luís, ela preferiu aquele local ao escritório. - O emprego é seu, se aceitar. Contrariando seu bom senso, se viu dizendo que talvez fosse mais conveniente alguém com mais experiência no trato com animais. - Deus do céu! Prefiro alguém que tenha amor a essa fazenda, como é o seu caso. E aprenda com o dia a dia, como sei irá acontecer. Depois não quero que digam o que devo fazer com minha fazenda. As ordens serão minhas, você administrará para que sejam cumpridas. Não descarto que possamos trocar idéias. Isso será salutar! Ele ficou na Fazenda Serena por um ano. Teria ficado para o resto de seus dias, a partir daquela época, não fora sua afobação e sua má compreensão sobre os sentimentos de Carla.

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Ela tinha apenas vinte anos de idade. Até aquele momento não havia considerado seriamente um compromisso com uma garota, estando apaixonado e desejando passar o resto de sua vida com ela. Isso acontecia com muitos homens, ele o sabia. Já acontecera com vários amigos. De alguma forma imaginara que com ele isso iria ocorrer bem mais tarde. Talvez quando tivesse com trinta e cinco anos ou mais. Aí sim estaria amadurecido e preparado para uma estrutura sólida para o futuro, quando poderia oferecer alguma coisa mais firme na vida, para uma mulher. Mas, de repente, Carla entrou em sua vida, e todas as idéias preconcebidas que tinha foram para o espaço. Por que tivera que conhecer Carla? Por que ela afinal? Talvez afinidade, mágica, proximidade, ou tudo isso junto? Não sabia. Inegavelmente estavam próximos. Ele a via todos os dias, mesmo que rapidamente. Auxiliava-a com o carro que não pegava nas manhãs frias de junho e julho, nadava com ela no rio, aos domingos de janeiro e fevereiro, quando o sol de verão lavava as tardes da fazenda e as águas claras do riacho ficavam mais cristalinas.

TALENTO CULT Depois se atiravam languidamente ao sol que aquecia seus corpos. No outono deitavam-se sobre as folhas amarelecidas que caíam para forrar o chão e amaciá-lo e fazer fogueira de outras tantas, que inundariam de odor todo o bosque. Lembrava-se dela no Natal com aquele vestido vermelho que destacava sua pele clara e os cabelos negros caindo em cascata até os ombros. Os olhos luminosos e excitados como de uma criança, em busca do presente sob o pinheiro recém-cortado e todo iluminado de luzes e enfeitado com bolas coloridas. Quanto à intimidade... eram os risos e companheirismo que mantinham ao ficarem silenciosos por horas a fio, vendo o sol se por. Acompanhá-la nas festas no Clube de Telêmaco Borba e vê-la rodopiar no salão com outros rapazes, porque ele não gostava de dançar, mas ao final do baile levá-la para casa, sonolenta encostada em seu ombro. Mas naquele entardecer, sentados na varanda, olhando as carinhas felizes dos amores-perfeitos a observarem-nos, ele realmente colocou tudo a perder ao dizer: - Eu amo você, Carla. - Ama!? Mas eu não quero que você me ame!- Não? Por que?

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- Porque você é André Luís. Meu querido amigo André Luís. - Só falta você dizer que sou um irmão... - Irmão eu já tenho. Você realmente é meu amigo. - Que coisa terrível de se dizer a alguém que a ama.- Terrível? Não quero que nosso relacionamento mude. Quero poder ir para Curitiba estudar Direito e voltar sempre para encontrá-lo, fazer confidências... - Falar sobre namorados?... - Por que não? - Carla nada mais será igual entre nós, depois de hoje. Não quero ser seu amigo. Quero ser seu marido, seu amante. Amigo? Amigo, não.-Por que teve que se apaixonar por mim? Não estou pronta para me apaixonar. Quero viver, estudar, me formar. Tenho muito ainda a fazer antes de me apaixonar, casar, ter filhos, cuidar de casa.

TALENTO CULT André Luís conseguiu um emprego no norte velho do Paraná, pelas bandas de Santo Antônio da Platina, numa fazenda onde se faziam experiências sobre o cultivo de espécies de café.Quando a Sra. Arlete soube, comentou, com um sorriso triste: - Dificilmente encontrarei alguém tão amigo como você.- Talvez, mas eu estou precisando me distanciar. - Oh! Querido, vou sentir sua falta. - Também eu a sua. Eu voltarei para vê-la. Mas não voltou. Partiu para uma nova vida em vários aspectos. Vida de solidão, porque residia numa casa feita de pedras num ambiente agreste, somente tendo por companhia os peões que muito cedo se recolhiam ao sono e ao descanso noturno. Novas atitudes, novos problemas, novas soluções. Adaptou-se aos poucos àquela vida solitária e acostumou-se a dirigir quarenta ou cinqüenta quilômetros para qualquer contato social. Arou terras, plantou mudas de café, testou espécies. Aprendeu a torrar, moer e experimentar o gosto diferenciado de cada tipo.

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Trabalhou de sol a sol, sete dias por semana, às vezes, lançando mão do labor como compensação e sedativo, enterrando lembranças e a dor do coração. Uma manhã, após dois anos de sua saída de Telêmaco Borba, dirigiu cinqüenta quilômetros até Santo Antônio da Platina, para comprar o suprimento mensal e resolveu comprar a Gazeta do Povo. No jornal leu a notícia do noivado de Carla com um advogado de nome Paulo Camargo e Gomes, de família tradicional de Curitiba. Pensou em voltar direto para casa, mas dirigiu-se ao bar da moda da pequena cidade e pensou em se embriagar pela primeira vez na vida. Começou lentamente a tomar um uísque, mas antes que isso acontecesse encontrou um velho amigo dos tempos de faculdade de agronomia. A partir daí todo o curso de sua vida tomou outro rumo. Primeiro a constituição da empresa, depois o completo sucesso na exportação do café de primeira qualidade.Após algum tempo e ter acertado com Rodolfo as necessidades mais urgentes da firma, partiu.

TALENTO CULTAgora a estrada descia e logo viu a curva. A Fazenda Serena ficava lá embaixo e dava para ver a casa toda branca rodeada de jardins e a piscina logo atrás. Entrou pelo caminho ladeado de eucaliptos. Sentiu o cheiro agradável da terra misturado com o odor das árvores. Seu pensamento trouxe lembranças nostálgicas. Foi até os fundos da casa e lá estava ela tomando sua sopa.Atravessou a sala e ela sentiu que alguém a observava. Voltou a cabeça e deu com ele.- Olá. - Ele disse. - André Luís! - A perplexidade tomou conta de seu semblante. Falaram animadamente sobre tudo. A administração da fazenda, o haras, sua ausência, o novo administrador. Até que não mais se conteve e perguntou:- ...Carla, feliz com o casamento? - O casamento não aconteceu André Luís.Ficou perplexo, meio perdido. Seu estômago apertou. Um pânico inexplicável. Passaram-se alguns segundos para que se compusesse.

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- Mas por quê? - Ninguém sabe. Sabemos apenas que cinco dias antes, com a franqueza que é peculiar a Carla, ela disse a Paulo que não mais queria casar. - Ela está... - Na casa onde você residiu... - Posso vê-la? - Por favor. Acho que é isso que ela está esperando, filho... Saiu excitado em direção ao chalé. Lá estava ela mexendo nos jardins. Ainda eram os amores-perfeitos as flores daquele jardim. Ela sentiu-lhe a presença. Voltou a cabeça. Olhou-o e correu para os seus braços sem uma única palavra. Ele a apertou contra o peito e toda a dor desapareceu por completo.

TALENTO CULTEsta é uma amostra do que será o livro digital TALENTO CULT.Outras escritoras já estão enviando seus textos e em breve o livro estará completo.Clique aqui para retornar a BOLETIM CULT

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