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Fundação Getúlio Vargas MBA Logística e Supply Chain Managment Título: Classificação e dimensionamento de estoques Aluno(a): Glauco Veloso dos Santos Turma: LOG 14 Conveniado FGV: Mmurad Local: Vitória 05/2016

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Page 1: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

Fundação Getúlio Vargas MBA Logística e Supply Chain Managment

Título: Classificação e dimensionamento de estoques

Aluno(a): Glauco Veloso dos Santos Turma: LOG 14 Conveniado FGV: Mmurad

Local: Vitória 05/2016

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Fundação Getúlio Vargas MBA Logística e Supply Chain Managment

Título: Classificação e dimensionamento de estoques

Trabalho de Conclusão de Curso para atender à exigência curricular do MBA Logística e Supply Chain Managment, da Fundação Getúlio Vargas.

Local: Vitória 05/2016

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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS PROGRAMA FGV MANAGEMENT CURSO MBA EM LOGÍSTICA E SUPPLY CHAIN MANAGMENT

O Trabalho de Conclusão de Curso

CLASSIFICAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE ESTOQUES

elaborado por Glauco Veloso dos Santos

e aprovado pela Coordenação Acadêmica do curso MBA em Logística e Supply

Chain Management, foi aceito como requisito parcial para obtenção do certificado do

curso de Pós Graduação, nível de especialização, do Programa FGV Management.

Data: _______________________________________ Jamil Moysés Filho Coordenador Acadêmico _______________________________________ Professor Avaliador

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DEDICATÓRIAS / AGRADECIMENTOS

DEDICO ESTE TRABALHO PRIMEIRAMENTE A DEUS QUE PERMITIU

QUE EU ESTIVESSE APTO A REALIZAR ESSE CURSO, A MINHA FAMÍLIA E

NAMORADA QUE SEMPRE ME APOIARAM, ALÉM DE MEUS COLEGAS DE

TURMA EM ESPECIAL A LAÍSA, GUILHERME, LARISSA E CAROL, POIS COM

ELES O CURSO SE TORNOU MAIS AGRADÁVEL E DIVERTIDO.

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RESUMO

Devido à concorrência existente entre as empresas, a gestão minuciosa e o

controle de estoques tornam-se uma questão cada vez mais importante para o

sucesso das organizações. Os estoques são necessários porque há uma diferença

entre as taxas de oferta e demanda por bens, e é o papel do inventário absorver

essa diferença de ritmo sem causar impacto significativo no nível de atendimento ao

cliente com relação às datas de entrega. Além disso, é importante classificá-lo e

quantificá-lo, com o objetivo de evitar excessos e reduzir custos. Este estudo

concentra-se em apresentar uma metodologia de classificação e dimensionamento

de estoques.

Palavras-chave: estoque, custos, atendimento, cliente, inventário.

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ABSTRACT

Due to the ever existing competition between companies, the careful

management and control of inventories becomes an increasingly important issue for

the success of the organizations. Inventories are necessary because there is a

difference between the rates of supply and demand for goods. It is the inventory role

to absorb such difference rate without causing significant impact to the aimed

customer service level related to delivery dates. In addition, it is important to sort it

and quantify it in order to avoid excesses and reduce costs. This study is focused on

presenting a classification and calculation methodology for inventory management.

Key words: Inventory, costs, service level, customer.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

MTS – Make-to-stock (Produzido para o estoque)

MTO – Make-to-order (Produzido sob encomenda)

OTIF - On time in full

SS – Safety stock (Estoque de segurança)

ROP – Reorder Point (Ponto de reposição)

Outliers – Pontos fora da curva ou discrepantes

CV – Coeficiente de variação

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Curva ABC.....................................................................18 1

Figura 2 Análise do volume..........................................................19 1

Figura 3 Impacto do nível de serviço no inventário......................22 2

Figura 4 Modelo de “Ponto de reposição”....................................27 2

Figura 5 Custos totais do sistema de gestão de estoque.............28 2

Page 9: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Fatores de segurança.....................................................25 2

Page 10: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11

1.1 Contextualização e Relevância do Tema ..................................................... 11

1.2 Problema da Pesquisa ................................................................................. 12

1.3 Objetivos ...................................................................................................... 12

1.4 Delimitação do Estudo ................................................................................. 12

1.5 Metodologia da Pesquisa ............................................................................. 13

1.6 Organização do Estudo ................................................................................ 13

2 CLASSIFICAÇÃO MTS/MTO .............................................................................. 15

2.1 Informações necessárias para a análise ...................................................... 15

3 ANÁLISE ABC .................................................................................................... 18

4 DEFINIÇÃO DO NÍVEL DE SERVIÇO................................................................ 21

4.1 Como selecionar níveis de serviço ............................................................... 21

5 DIMENSIONAMENTO (PONTO DE REPOSIÇÃO E ESTOQUE DE

SEGURANÇA) .......................................................................................................... 24

5.1 Estoque de segurança (SS) ......................................................................... 24

5.2 Modelo de ponto de reposição e lote econômico ......................................... 26

5.3 Modelo de revisão periódica ........................................................................ 28

6 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 30

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 32

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1 INTRODUÇÃO

Estoques, segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2001), são o acúmulo de

recursos materiais que possuem uma propriedade fundamental que pode ser usada

para “o bem” e para “o mal” de uma organização e são utilizados para regular

diferenças entre as taxas de produção e de demanda do mercado.

Além disso, segundo Slack et al. (2007), os estoques existem pois há uma

diferença de ritmo ou de taxa entre fornecimento e demanda.

Segundo Slack et al. (2007), existem quatro tipos tipos de estoque: 1)

Estoque isolador: Também chamado de estoque de segurança, possui o propósito

de compensar as incertezas de fornecimento e demanda; 2) Estoque de ciclo:

Ocorre porque um ou mais estágios na operação não podem fornecer todos os itens

que produzem simultaneamente; 3) Estoque de antecipação: Usado para compensar

diferenças de ritmo, de fornecimento e de demanda; e 4) Estoque no canal de

distribuição: Existem porque o material não pode ser transportado instantaneamente

entre o ponto de fornecimento e o ponto de demanda.

Logo, “[...] é preciso que definamos o momento do ressuprimento e a

quantidade a ser ressuprida, para que o estoque possa atender às necessidades da

demanda” (CORRÊA, GIANESI e CAON, 2001, p.56).

Classificar e dimensionar estoques é algo de extrema importância para a

maioria das organizações, assim como conhecer a demanda por produtos como

suporte para a definição de o que e quanto estocar.

Os produtos são dividos em dois grupos: MTO (Make-to-order) que se tratam

de produtos específicos com demandas pontuais e são produzidos somente sub

encomenda e MTS (Make-to-stock) que são produtos com demanda regular, esses

são produzidos para estocagem, pois possuem uma demanda previsível baseada

em históricos de vendas.

1.1 Contextualização e Relevância do Tema

Com a globalização o mercado se tornou mais competitivo, o que exige maior

eficiência por parte das empresas para sobreviverem. Com isso, conquistar e/ou

manter uma participação no mercado é de extrema importância para as

organizações.

Page 12: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

O estoque é um componente essencial na maioria das organizações e

precisa ser classificado, ou seja, as empresas precisam conhecer e diferenciar os

produtos que precisam e devem ser estocados dos que não devem ser estocados,

pois seu custo é relevante. Conhecer o que e quanto deve ser estocado sem

dúvidas é algo essencial para manter baixos custos e garantir um nível de serviço

compatível com o que o mercado exige.

Com isso, a disponibilidade de produtos passa a ser algo primordial na saúde

financeira da empresa e na determinação do seu sucesso ou fracasso ao longo do

tempo. Além disso, as empresas precisam realizar investimentos em ferramentas de

controle que proporcionem uma melhor gestão de seus estoques, já que a falta ou

excesso deles podem resultar em altos custos, sejam esses devido ao não

atendimento de clientes ou ao capital investido.

1.2 Problema da Pesquisa

Neste contexto, a pergunta que será respondida durante esta pesquisa é:

O que e quanto estocar?

1.3 Objetivos

O presente trabalho tem por objetivo final apresentar uma metodologia para

classificação e dimensionamento de estoques.

1.4 Delimitação do Estudo

O estudo é delimitado da seguinte forma:

Tema: Classificação e dimensionamento de estoques.

Delimitação Organizacional: Organizações que

necessitam estocar produtos.

Delimitação Geográfica: Não existe.

Delimitação Temporal: Não existe.

Delimitação por Indicador(es) de Desempenho: Não

existe.

Delimitação por tipo/grupo de: Produtos acabados.

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1.5 Metodologia da Pesquisa

Quanto à Natureza da Pesquisa:

Pesquisa Exploratória: A pesquisa foi realizada através da

investigação do tema para que se pudesse obter uma maior compreensão

do assunto estudado. Foi realizada através de levantamentos

bibliográficos com o objetivo de procurar padrões e ideias sobre o

problema de pesquisa.

Quanto à Forma de abordagem do Problema:

Pesquisa Qualitativa: A pesquisa realizada possui caráter

exploratório através da busca de padrões e conceitos já existentes sobre

o assunto estudado.

Quanto aos Fins:

Pesquisa Descritiva: A pesquisa busca analisar, estruturar e

expor modelos teóricos sobre o objeto de estudo.

Quanto aos Meios:

Pesquisa Bibliográfica: Foram realizadas pesquisas em

bibliografias sobre o tema com o objetivo de saber quais o métodos

utilizados em investigações similares a essa.

Pesquisa Documental: A pesquisa também se utilizou de

apresentações sobre o tema para a conceituação do tema.

1.6 Organização do Estudo

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) está organizado da seguinte

forma:

Capítulo 1(ou Parte 1) – CLASSIFICAÇÃO MTS/MTO.

Capítulo 2(ou Parte 2) – ANÁLISE ABC.

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Capítulo 3(ou Parte 3) – DEFINIÇÃO DO NÍVEL DE SERVIÇO

Capítulo 4(ou Parte 4) – DIMENSIONAMENTO (PONTO DE

REPOSIÇÃO E ESTOQUE DE SEGURANÇA)

Conclusão - CONCLUSÃO

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2 CLASSIFICAÇÃO MTS/MTO

Para uma boa gestão de estoque, esse precisa ser classificado entre itens

desejáveis a serem estocados de itens que não devem ser estocados.

Segundo Pacheco e Cândido (2001), os estoque são basicamente

classificados em MTO (Make-to-order) e MTS (Make-to-stock).

“Make-to-order (MTO): a chegada de um pedido firme de cliente provoca o

início da produção dos produtos desejados. Possui a vantagem de se trabalhar com

baixos estoques de produtos acabados, sendo adequado para produtos com

demanda pouco freqüente, que possuem alto custo de estocagem (itens classe A) ou

que são perecíveis. Esta estratégia entretanto torna o lead-time do produto igual ao

lead-time do “ramo” mais demorado da fabricação do produto. Este particular pode

tornar o prazo de entrega estrategicamente indesejável, especialmente em mercado

no qual o fator velocidade de entrega é vital” (PACHECO e CÂNDIDO, 2001, p. 1).

Sendo o MTS:

“...fabricação iniciada mediante uma previsão de demanda. A chegada do

pedido de cliente provoca o seu atendimento quase imediato, mediante a retirada do

produto acabado do estoque. Possui a vantagem de oferecer um lead-time muito

reduzido, sendo adequado para a gestão de produtos com demanda astante

previsível. Entretanto, o volume de estoques a serem mantidos para o nível de

atendimento desejado pode significar um grande volume de capital investido,

especialmente no caso de empresas com grande número de itens comercializados e

cuja capacidade de previsão da demanda é deficiente” (PACHECO e CÂNDIDO,

2001, p. 1).

Produtos MTS possuem possuem alta demanda e volume de vendas, uma

demanda consistente durante os meses do ano, sua demanda mensal deve ser igual

ou maior que a quantidade mínima de produção ou compra e devem ser

confirmados pelo time comercial como produtos de fácil venda. Já os produtos MTO

possuem demanda sazonal ou por projetos, são inconsistentes durante os meses do

ano, sua demanda mensal é inferior aos lotes mínimos de compras e produção e

seus custos de estocagem não são justificáveis.

2.1 Informações necessárias para a análise

Para que seja realizado a análise de segmentação dos itens entre MTS e

MTO são necessárias informações do histórico de vendas dos últimos doze meses

de cada item, é importante que seja coletado o histórico por produto e não por

Page 16: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

família ou grupo. Caso o produto possa ser medido em diferentes unidades, é

importante que se obtenha o histórico, por exemplo: Valores financeiros, unidades,

metros, litros, kilos dentre outras. Além disso, deve ser calculado a porcentagem que

os itens representam no volume total de vendas por segmento de produto.

Deseja-se estocar produtos que possuem a maior probabilidade de venda,

primeiro deve-se procurar pelos produtos com a maior demanda anual e idealmente

esses produtos também deveriam possuir a maior receita. Deve-se estocar produtos

que possuem demanda praticamente todos os doze meses do ano e vendas em

todos os trimestres, porém é aceitável que tenham pelo menos seis dos doze meses

do ano com demanda desde que tenha demanda em todos os trimestres, assim é

possível reduzir o risco de geração de itens de baixo giro no inventário. Além disso,

segundo Sholts e Dietsch (2016), também é necessário verificar se os itens

possuem uma demanda mensal maior que o lote mínimo de produção e/ou compra.

“Se a demanda mensal é menor que a quantidade mínima de produção, então

vamos repor muito inventário e aumentar o risco de termos material de baixo giro”

(SHOLTS e DIETSCH, 2016, p. 6, tradução nossa).

Também é necessário saber se o produto disponível no estoque traz

vantagem competitiva no mercado, pois se o cliente aceita esperar a

produção/compra de um MTO, não se deve manter esse o produto na política MTS,

pois não oferecerá nenhuma vantagem competitiva agregando apenas custo ao

inventário.

“Precisamos ter certeza de que ter material no estoque nos dê uma vantagem

comercial no mercado” (SHOLTS e DIETSCH, 2016, p. 6, tradução nossa).

Após ser feita a separação entre os produtos classificados como Make-to-

order dos Make-to-stock, deve-se revisar a lista com o time de vendas.

Sendo assim, existem quatro critérios a serem analisados antes de classificar

um item entre MTS e MTO:

1) Alto volume de vendas;

2) Demanda consistente (mensal e trimestral);

3) Vendas mensais maiores que o lote mínimo de produção ou

compras; e

4) Vantagem competitiva devido a disponibilidade no estoque.

Com isso, segundo Sholts e Dietsch (2016), produtos selecionados nos quatro

critérios devem ser imediatamente classificados como MTS, produtos selecionados

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em três critérios devem ser analisados pelo time de Supply Chain como bons

candidatos a Make-to-Stock e por fim, os itens selecionados em apenas dois ou um

critério, devem ser classificados como MTO. A classificação deve ser revisada e

validada junto ao time comercial e caso haja algum produto selecionado como MTO

em que o time comercial deseja estocá-lo, ou seja, classificá-lo como MTS, para

esse item deve haver alguma estratégia comercial sólida, como por exemplo o

lançamento de algum produto.

Page 18: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

3 ANÁLISE ABC

Em qualquer estoque que possua mais de um item, há diferentes níveis de

importância entre eles, ou seja, uns serão mais importantes do que os outros. “A

técnica ABC é uma forma de classificarmos todos os itens de estoque de

determinado sistema de operações em três grupos, baseados em seu valor total

anual de uso” (CORRÊA, GIANESI e CAON 2001, p.57). Sendo assim, Slack et al.

(2007) definem essas 3 classificações da seguinte forma:

Classe A: 20% de itens que representam 80% do volume de vendas;

Classe B: 30% dos itens que representam 10% do volume; e

Classe C: 50% do total de itens representando 10% do volume total de itens

vendidos.

Figura 1 – Curva ABC

Fonte: Adaptada de Slack et al. (2007, p. 299)

Segundo Sholts e Dietsch (2016), a análise ABC pode ser usada para

classificar os produtos MTS por importância, identificar quais os produtos que devem

ter um melhor nível de serviço, alinhar a estratégia de estoque com a necessidade

do mercado, focar no serviço dos principais produtos e focar nos produtos de maior

importância.

Deve-se ordenar os produtos em ordem decrescente de volume de vendas

dos últimos doze meses e calcular a participação percentual de cada item no volume

Page 19: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

total, é importante que essa análise seja realizada separadamente por famílias de

produtos para que não haja ruídos na análise. Após isso, é necessário realizar a

classificação ABC de acordo com o critério da curva de representação do volume

(80%,10% e 10%).

Figura 2 – Análise do volume

Fonte: Adaptada de Sholts e Dietsch (2016, p. 6)

Segundo Sholts e Dietsch (2016), depois de classificar, é necessário contar o

número de itens selecionados de cada grupo (A, B e C) para finalizar o ABC e ter

certeza de que somente alguns produtos representam a maior demanda (Itens A´s).

Isso é imporante, pois é necessário conhecer quais são os principais produtos em

que deve-se concentrar os investimentos.

Com a classificação ABC finalizada é possível validá-la e revisá-la junto a

equipe comercial para se ter a certeza de que estão sendo priorizados os produtos

corretos, ou seja, precisa ser validado com o time comercial se realmente os itens A

são os mais importantes e assim por diante. Além disso, em cada revisão deve ser

analisado com mais atenção os itens que tiveram suas classificações alteradadas

em relação a última revisão.

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Recomenda-se que a revisão da classificação seja realizada a cada semestre

ou trimestre.

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4 DEFINIÇÃO DO NÍVEL DE SERVIÇO

Segundo Silva, Silva e Rodrigues (2015), o nível de serviço está diretamente

relacionado a disponibilidade do material no estoque quando o mesmo é solicitado, e

para sua determinação são utilizados indicadores como por exemplo, o On time in

full (OTIF), que é calculado através da divisão entre o número de pedidos atendidos

dentro do prazo dividido pelo número total de pedidos atendidos. Sendo assim,

quanto maior o nível de serviço, maior será o volume de inventário.

Após a finalização da classificação dos produtos realizada no capítulo

anterior, deve ser feita a determinação dos níveis de serviço para cada família de

produto.

Segundo Sholts e Dietsch (2016), o nível de serviço é usado para:

1) Identificar quantas oportunidades possivelmente serão perdidas;

2) Decidir quanto será mantido de inventário;

3) Focar o serviço nos itens mais críticos em virtude de outros

menos críticos; e

4) Investir no serviço dos produtos que possuem maior impacto

comercial.

Os níveis de serviço devem ser implementados no mesmo nível de detalhe da

classificação ABC, ou seja, cada família de produto analisada, assim como os itens

A´s, B´s e C´s devem possuir diferentes níveis de serviço de acordo com a demanda

ou estratégia de mercado adotada pela empresa.

A escolha do nível de serviço vai determinar a certeza em que toda vez que

houver um pedido, haverá material disponível em estoque, por exemplo: Se o nível

de serviço de um produto em específico é de 90%, isso significa que há uma certeza

de que 90% das vezes em que houver um pedido, esse será atendido no prazo.

4.1 Como selecionar níveis de serviço

Primeiramente deve ser identificado qual o nível de serviço necessário para

cada família de produto ser competitiva no mercado.

“Baseado na competição, alguns tipos de comodites ou famílias/subfamílias

possam precisar de um maior nível de serviço” (SHOLTS e DIETSCH, 2016, p. 3,

tradução nossa).

Page 22: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

Além disso, o nível de serviço deve estar alinhado com o custo de inventário,

pois quanto melhor o serviço, maior será o investimento em estoque.

“Enquanto nós adoraríamos ter 100% de serviço em cada SKU, essa

estratégia seria extremamente custosa $$$ e nosso armazém de produto acabado

provavelmente não estaria apto a manter todos os produtos! ” (SHOLTS e DIETSCH,

2016, p. 3, tradução nossa).

Depois de ser definido o nível de serviço para cada família, deve ser definido

o nível de serviço para os itens A´s, B´s e C´s dessas famílias e a média entre os

três deve estar alinhada com o nível definido anteriormente.

Além disso, como o nível de serviço determina quanto de estoque será

mantido, também deve ser analisado o espaço físico disponível para que não seja

definido um volume de estoque superior a capacidade física de armazenagem.

“Se o espaço do armazém de produto acabado é limitado, nós queremos

selecionar cuidadosamente o nível de serviço, então não sobrecarregamos o centro

de distribuição. ” (SHOLTS e DIETSCH, 2016, p. 4, tradução nossa).

Na figura 3 é possível observar o impacto do nível de serviço no volume de

inventário, observe que a partir de um certo nível o impacto no aumento de

inventário é muito maior do que o aumento no nível de serviço.

Figura 3 – Impacto do nível de serviço no inventário

Fonte: Adaptada de Sholts e Dietsch (2016, p. 5)

Page 23: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

Após a definição dos níveis de serviço para cada família e seus ABC´s, esses

devem ser revisados e validados com o time comercial para que estejam alinhados

com a estratégia de vendas. Com isso, é possível iniciar os cáculos dos volumes

que deverão ser mantidos no estoque, assim como o estoque de segurança e ponto

de reposição.

Page 24: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

5 DIMENSIONAMENTO (PONTO DE REPOSIÇÃO E ESTOQUE DE

SEGURANÇA)

A medida que foi finalizado a separação entre MTS e MTO, realizado a

classificação ABC e definido os níveis de serviço, é possível calcular os estoques de

segurança, os pontos de reposição e demanda média para cada produto.

O que é o ponto de reposição (ROP)?

O ponto de reposição é um gatilho para determinar quando uma nova ordem

de reposição é necessária, fornece uma referência da quantidade mínima a ser

reposta e indica um limite de inventário saudável a se manter.

O que é o estoque de segurança (SS)?

Fornecede uma quantidade suficiente de inventário para absorver parte da

variação da demanda, cobre a demanda quando essa for superior a média e indica o

limite mínimo de inventário saudável.

O que é demanda média?

Representa a demanda histórica durante um período de tempo, fornece uma

base para estimar a demanda futura e indica uma estimativa no nível de inventário

em relação a quantos dias corresponde o inventário atual.

Para que se possa seguir para os próximo passos, é necessário se obter os

tempos de ressuprimentos de cada produto ou se não for possível nesse nível de

detalhe, deve-se obter por família de produto.

O tempo de ressuprimento representa o tempo entre a emissão da ordem de

ressuprimento e a transferência desse produto para o armazém.

5.1 Estoque de segurança (SS)

O fato da demanda na maioria das vezes não ser constante gera a

necessidade do estoque de segurança que tem como objetivo absorver as variações

da demanda em relação a média de consumo.

“Para fazer frente a essas situações de variações aleatórias da demanda, em

torno de sua média, muitas empresas resolvem lançar mão de manter alguma

quantidade de estoque (chamado estoque de segurança) ” (CORRÊA, GIANESI e

CAON 2001, p.57).

Page 25: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

Essa quantidade será proporcional ao nível de incerteza de variação da

demanda, que segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2001), pode ser calculado com

a equação 1:

(1)

FS = fator de serviço que varia de acordo com o nível de serviço

= desvio-padrão para demanda futura

PP = periodicidade à qual se refere o desvio-padrão

LT = tempo de ressuprimento

Tabela 1 – Fatores de segurança

Nível de

serviço

Fator de

serviço

50% 0

60% 0,254

70% 0,525

80% 0,842

85% 1,037

90% 1,282

95% 1,645

98% 2,055

99% 2,325

Fonte: Adaptado de Corrêa, Gianesi e Caon (2001, p.65)

O desvio-padrão, segundo Pereira e Tanaka (1990), pode ser calculado

através da equação 2 abaixo:

(2)

Onde,

= valor i da amostra

= média da demanda no período

Page 26: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

Quando se conhece bem o tempo de ressuprimento, assim como sua

variação, recomenda-se utilizar a fórmula abaixo, pois essa é mais completa uma

vez que também considera o desvio padrão do LT.

(3)

Onde,

C = fator de serviço que varia de acordo com o nível de serviço

= média do tempo de ressuprimento

= desvio padrão da demanda elevada ao quadrado

= média da demanda elevada ao quadrado

= desvio padrão do tempo de ressuprimento elevado ao quadrado

O C ou FS também pode ser calculado caso deseja-se utililizar algum valor

diferente do tabelado. Basta calcular a normal inversa do nível de serviço escolhido.

Segundo Sholts e Dietsch (2016), é recomendável que se trabalhe com a

média da demanda semanal, pois dessa forma é possível absorver nos cálculos a

variação semanal da demanda, porém a demanda mensal já é aceitável.

Nos cálculos de estoque de segurança é importante que se analise o

coeficiente de variação (CV) da demanda que é obtido através da divisão entre o

desvio padrão da demanda pela demanda média.

Esse valor indica o quanto volátil é a demanda.

“Esse valor é um indicador de quanta volatilidade (quanta variação) existe nas

informações de demanda que estão sendo utilizadas” (SHOLTS e DIETSCH, 2016,

p. 4, tradução nossa).

Com ele é possível analisar a presença de outliers para que essa variação

não seja considerada nos cálculos. Sendo assim, é recomendável que seja revisado

os itens que possuem os maiores CV´s.

5.2 Modelo de ponto de reposição e lote econômico

Por se tratar de um modelo simples e de fácil utilização, é um dos mais

utilizados tradicionalmente.

Page 27: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

“O modelo de ponto de reposição funciona da seguinte forma. Todas as

vezes que determinada quantidade do item é retirada do estoque, verificam a

quantidade restante. Se esta quantidade restante é menor que uma quantidade

predeterminada (chamada „ponto de reposição`), compramos (ou produzimos

internamente, conforme o caso) determinada quantidade chamada „lote

ressuprimento‟. O fornecedor leva determinado tempo (chamado „tempo de

ressuprimento‟ ou lead time) até que possa entregar a quantidade pedida,

ressuprindo o estoque” (CORRÊA, GIANESI e CAON, 2001, p.57).

O funcionamento desse modelo pode ser visualizado conforme figura 4.

Figura 4 – Modelo de “ponto de resposição”

Fonte: Adaptado de Corrêa, Gianesi e Caon (2001, p.58)

Assim, é necessário definir o ponto de reposição e o tamanho do lote de

ressuprimento através de uma modelagem matemática. Segundo Slack et al. (2007),

é necessário encontrar o melhor equilíbrio entre as vantagens e as desvantagens de

manter estoque.

Esse equilíbrio pode ser encontrado por meio do cálculo dos custos do

sistema de gestão de estoque, que segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2001), é

encontrado com o cálculo do custo de armazenagem (CA) e o custo de pedido (CP).

Custo de armazenagem (CA):

(4)

= custo unitário anual de estocagem – é o custo anual de armazenagem de

uma unidade do item. Inclui todos os custos de manter um item em estoque.

Custo de pedido (CP):

(5)

Page 28: Classificação e dimensionamento de estoques - MBA em Logística e Supply Chain Management.rev02

= custo fixo de fazer o pedido para reposição do estoque

DA = demanda anual

L = tamanho do lote

É possível visualizar o comportamento das curvas e o momento em que se

encontra o lote econômico (menor custo total), através da figura 5. Nesse momento,

o custo de armazenagem é igual ao custo de pedido.

Figura 5 – Custos totais do sistema de gestão de estoque

Fonte: Adaptado de Corrêa, Gianesi e Caon (2001, p.58)

Logo, é possível calcular o LEC (lote econômico) que segundo Corrêa,

Gianesi e Caon (2001) é encontrado com a aplicação da equação 6:

(6)

O ponto de ressuprimento (PR) pode ser calculado por meio da equação 7:

(7)

D = taxa de demanda por unidade de tempo

LT = tempo de ressuprimento

= estoque de segurança

5.3 Modelo de revisão periódica

Um outro modelo para gestão de estoques pode ser utilizado que, segundo

Corrêa, Gianesi e Caon (2001), trata-se do modelo de revisão periódica. Este

modelo é mais simples de ser operacionalizado e consiste em verificar o nível de

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estoque periodicamente. Baseado no nível de estoque encontrado, determina-se a

quantidade a ser ressuprida que, ao recebê-la, seja atingido um nível de estoque

predeterminado.

(8)

Onde,

Q = quantidade a pedir

M = estoque máximo

E = estoque presente

QP = quantidade pendente (já pedida)

Sendo que,

(9)

Onde,

D = taxa de demanda

P = período de revisão

LT = lead time

= estoque de segurança

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6 CONCLUSÃO

Sobre o modelo proposto de classificação e dimensionamento de estoques,

apesar de ser uma metodologia eficiente, possui algumas limitações. No que rege a

classificação de estoques, esse é limitado a produtos que possuem históricos de

vendas, não sendo uma classificação eficaz para novos produtos, uma vez que

esses não possuem históricos, o que pode ser amenizado através da utilização de

volumes de vendas estimados ou previstos. Além disso, também não é indicado

para produtos sazonais, como por exemplo ovos de páscoa que são vendidos

somente em um único mês do ano e que precisam ser estocados ao longe deste.

Também não se aplica para produtos com alta tecnologia e segmentos inovadores,

pois para esses o lançamento de novos produtos substitutivos ocorre com grande

frequência, tornando o estoque obsoleto com muita rapidez.

Em relação ao dimensionamento de estoque, o modelo também apresenta

limitações a demandas consistentes, uma vez que se trabalha com históricos de

vendas, não sendo uma modelo ideal para produtos que são muito sensíveis a

variáveis de mercado e a lançamento de novos produtos. Esse modelo não se

adapta a alterações de demanda, pois trabalha com dados históricos podendo

apresentar excesso ou falta de inventário até a próxima revisão.

Apesar de suas limitações, o modelo é uma excelente opção a ser adotada

em empresas que possuem um mix de produto mais estável, ou seja, consumos

mais consistentes e segmentos com baixa inovação, por exemplo supermercados,

indústrias de auto-peças, hospitais, indústrias alimentícias, dentro outros. Além

disso, o modelo de classificação de estoques permite de maneira simples e fácil

identificar e separar os produtos de maior giro dos que possuem baixa

movimentação, além de classificá-los por importância. Também é possível calcular

as quantidades necessárias no inventário para que se possa alcançar o nível de

serviço desejado pela empresa e definir quantidades ótimas de produção ou

compras através do cálculo dos lotes enconômicos.

Sendo assim, conclui-se que o objetivo de propor uma metodologia de

classificar e dimensionar estoques foi alcançado.

Como proposta de aperfeiçoamento do modelo, recomenda-se a

complementação com um modelo de previsão de vendas com o objetivo de calcular

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e dimensionar os estoques com base em uma previsão de consumo que pode ser

mais próxima da realidade quando comparado com o histórico de vendas.

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