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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC DÉBORA YASMIN CAVALCANTE DA SILVA SAMARA THAÍS LIMA RAMOS IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA JARDIM FILTRANTE: alternativa para o tratamento do efluente cinza na zona urbana MACEIÓ-AL 2018/1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

DÉBORA YASMIN CAVALCANTE DA SILVA SAMARA THAÍS LIMA RAMOS

IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA JARDIM FILTRANTE: alternativa para o tratamento do efluente cinza na zona urbana

MACEIÓ-AL 2018/1

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DÉBORA YASMIN CAVALCANTE DA SILVA SAMARA THAÍS LIMA RAMOS

IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA JARDIM FILTRANTE: alternativa para o tratamento do efluente cinza na zona urbana

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de Engenharia Civil do CESMAC, sob a orientação da professora Me. Marianny Monteiro Pereira de Lira e coorientação da professora Daysy Lira Oliveira Cavalcanti.

MACEIÓ/-AL 2018/1

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S586i Silva, Débora Yasmin Cavalcante da

Implantação do sistema jardim filtrante: alternativa para o

tratamento do efluente cinza na zona urbana / Débora Yasmin

Cavalcante da Silva, Samara Thaís Lima Ramos. -- Maceió: 2018

73 f.: il.

TCC (Graduação em Engenharia civil) - Centro Universitário

CESMAC, Maceió - AL, 2018.

Orientador: Marianny Monteiro Pereira de Lira

Coorientadora: Daysy Lira Oliveira Cavalcanti

1. Jardim filtrante. 2. Tratamento de águas cinzas. 3. Reutilização de esgoto doméstico. 4. Tratamento natural de

esgoto.

I. Lira, Marianny Monteiro Pereira de. II. Cavalcanti, Daysy Lira

Oliveira. III.Título.

CDU: 628.3.033

REDE DE BIBLIOTECAS

CESMAC

Evandro Santos Cavalcante Bibliotecário CRB-4/1700

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus pelo dom da vida, por toda força, saúde

e coragem que nos foi dada para conseguirmos chegar ao fim de nossa graduação

em Engenharia Civil, e que apesar dos desafios encontrados ao longo do caminho

nos manteve firmes e fortes em busca do nosso sonho.

Um muito obrigada as nossas famílias pelo suporte e dedicação durante

todos os anos de graduação, graças ao apoio de vocês conseguimos chegar até

aqui e alcançar esse sonho e aos amigos por toda colaboração na construção desse

trabalho, a participação de vocês foi fundamentação na concretização deste projeto.

Gratidão também a Universidade que nos recebeu de braços abertos, que nos

deu suporte e condições de aprendizagem, principalmente com o nosso Trabalho de

Conclusão de Curso, agradecemos ao apoio dado pela nossa coordenadora

Rosineide e ao pessoal do laboratório de Construção civil na elaboração deste

projeto.

Aos professores que sem dúvida alguma foram essenciais nesse processo de

aprendizagem, em sua maioria com muita paciência e sabedoria para lidar com as

nossas dúvidas e as perturbações diárias.

Muito Obrigada a Professora Marianny Monteiro por orientar nosso trabalho

de conclusão de curso da melhor forma possível, sempre nos dando ideias,

apoiando e principalmente nas horas mais difíceis acreditando que tudo daria certo,

não poderíamos ter melhor orientadora e a Professora Daysy Cavalcante por nós

auxiliar na conclusão do nosso trabalho.

E por fim, a todos que de alguma forma nos ajudaram a chegar ao fim destes

cinco anos de luta, lagrimas e alegrias, somos gratas a cada um de vocês.

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IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA JARDIM FILTRANTE: alternativa para o tratamento

do efluente cinza na zona urbana IMPLEMENTATION OF THE GARDEN FILTER SYSTEM: alternative for the

treatment of gray effluent in urban areas

Débora Yasmin Cavalcante da Silva Graduanda em engenharia civil

[email protected] Samara Thaís Lima Ramos

Graduanda em engenharia civil [email protected]

Marianny Monteiro Pereira de Lira Mestra em Engenharia Civil

[email protected] Daysy Lira Oliveira Cavalcanti

[email protected] Mestra em Engenharia Civil

RESUMO

O descarte inadequado do esgoto doméstico sem o devido tratamento gera sérios problemas que afetam a qualidade das águas, além de desequilibrar o ecossistema aquático e proporcionar malefícios a saúde pública. Em busca de uma alternativa natural e econômica para minimizar esses problemas foi desenvolvido o presente trabalho apresentando uma alternativa para o reaproveitamento do efluente gerado pelo esgoto doméstico. Nesse sistema as águas cinza são tratadas por meio de um sistema de tratamento natural e simples denominado Jardim Filtrante. Através de estudos sobre implantação e dimensionamento foi possível sua construção e instalação, que não só proporcionou um adequado tratamento eficiente e econômico para o efluente gerado como também uma valorização paisagística do espaço onde foi implantado proporcionando uma maior qualidade de vida aos usuários.

PALAVRAS-CHAVE: Jardim Filtrante. Tratamento de águas cinzas. Reutilização de

esgoto doméstico. Tratamento natural de esgoto.

ABSTRACT

The inadequate disposal of domestic wastewater without proper treatment creates serious problems that affect water quality, as well as unbalance the aquatic ecosystem and harm public health. In search of a natural and economical alternative to minimize these problems, the present work presented an alternative for the reuse of the effluent generated by domestic sewage, called gray water by means of a simple and natural treatment system called Garden Water Filter. Through studies it was possible to build and install it, which not only provided an adequate and efficient treatment for the generated effluent, but also a landscape appreciation of the space where it was installed, providing a higher quality of life for users.

KEYWORDS: Garden Water Filter System. Grey water treatment. Wastewater reuse. Natural treatment of wastewater.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Composição do Jardim Filtrante ................................................................ 22 Figura 2- Ilustração das plantas macrófitas .............................................................. 23 Figura 3 - Fluxograma das etapas construtivas do Jardim ....................................... 34 Figura 4 - Área de estudo para implantação do Jardim Filtrante .............................. 35 Figura 5 - Planta Baixa do Jardim Filtrante ............................................................... 35 Figura 6 - Locação do terreno .................................................................................. 36 Figura 7 - Levantamento da Alvenaria ...................................................................... 36 Figura 8 - Aplicação do reboco ................................................................................. 37 Figura 9 - Instalação das tubulações ........................................................................ 37 Figura 10 - Dreno confeccionado com tubo de PVC................................................. 37 Figura 11 - Dreno Horizontal Profundo de PVC ........................................................ 38 Figura 12 - Instalação do Dreno Horizontal Profundo ............................................... 38 Figura 13 - Caixas de gordura e retenção de sólidos ............................................... 39 Figura 14 - Camada de Brita adicionada ao jardim juntamente com a tela para

separação das camadas de materiais ....................................................................... 40 Figura 15 - Camada de areia grossa ........................................................................ 40 Figura 16 - Camada de terra vegetal ........................................................................ 41 Figura 17 - Plantas macrófitas e ornamentais nativas da região .............................. 42 Figura 18 - Armações das Tampas com CA-50 de 5,0 mm ...................................... 43 Figura 19 - Lançamento e Adensamento do Concreto na forma da Tampa ............. 43 Figura 20 – Tampas do reservatório e caixa de gordura. ......................................... 44 Figura 21 – Plantas inseridas no jardim filtrante ....................................................... 44 Figura 22 - Estrutura do Jardim filtrante ................................................................... 45 Figura 23 - Coleta de Efluente para realização de análises de parâmetros ............. 49 Figura 24 - Efluente Coletado na Entrada do Jardim Filtrante .................................. 49 Figura 25 - Planta Baixa - Jardim Filtrante .............................................................. 52 Figura 26 - Planta Baixa do Jardim Filtrante ............................................................. 56 Figura 27 - Planta de Corte - Jardim Filtrante ........................................................... 56 Figura 28 - Espaço antes da implantação do Jardim Filtrante .................................. 60 Figura 29 - Espaço depois da implantação do Jardim Filtrante ................................ 60

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação das macrófitas aquáticas .................................................. 24 Quadro 2 - Grau de Tratamento para Usos Múltiplos de Esgoto .............................. 28

Quadro 3 - Espécies inseridas no Jardim Filtrante ................................................... 41 Quadro 4 – Parâmetros analisados .......................................................................... 46

Quadro 5 - Parâmetros analisados na entrada do efluente ...................................... 48 Quadro 6 - Composição de Custos de Alvenaria ...................................................... 53

Quadro 7 - Composição de Custos do Reboco ........................................................ 54 Quadro 8 - Composição de Custos da Tubulação .................................................... 55

Quadro 9 - Composição Interna de Custos do Jardim Filtrante ................................ 57 Quadro 10 - Composição de Custo dos Materiais: Insumos..................................... 58

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8 1.1 Considerações Iniciais ....................................................................................... 8

1.2 Objetivos ............................................................................................................ 10

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 10

1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 10 2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 11

2.1 Sistema de Esgotamento Sanitário Doméstico .............................................. 11

2.1.1 Princípios do Tratamento de Esgoto ................................................................. 12

2.1.2 Impactos da Disposição Inadequada de Esgoto Doméstico ............................. 14 2.2 Alternativas Para o Tratamento de Esgoto ..................................................... 16

2.2.1 Sistema Natural de Tratamento de Esgoto ....................................................... 17 2.2.2 Jardim Filtrante ................................................................................................. 19

2.2.2.1 Estrutura e composição dos Jardins Filtrantes ............................................. 22 2.2.2.2 Dimensionamento ......................................................................................... 24 2.3 Reuso doméstico para fins não potáveis ....................................................... 25

2.3.1 Reuso de Águas Cinza ..................................................................................... 26

2.3.2 Aspectos qualitativos das Águas Cinza ............................................................ 27 2.3.2.1 Características físicas ................................................................................... 28

2.3.2.2 Características Químicas .............................................................................. 29 2.3.2.3 Características Microbiológicas .................................................................... 30

2.3.3 Viabilidade Técnica ........................................................................................... 31 3 METODOLOGIA ................................................................................................... 33

3.1 Dimensionamento e implantação do Jardim filtrante. ................................... 33 3.2 Análise de Parâmetros Físico-Químicos do Efluente .................................... 45

3.3 Verificação do custo benefício da implantação do sistema .......................... 46 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 48

4.1 Qualidade da água proveniente da entrada e saída do Jardim Filtrante ...... 48 4.2 Alternativas de reúso após a análise do efluente .......................................... 50

4.3 Custo para implantação do Jardim Filtrante .................................................. 50

4.3.1 Quantificação de Materiais para composição de custos ................................... 50

4.3.2 Área de Alvenaria ............................................................................................. 51 4.3.3 Composição do Custo através do Orçamento de Obras de Sergipe – ORSE e Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil SINAPI ..... 52 4.3.4 Considerações sobre o custo de implantação do Jardim Filtrante .................... 57 4.4 Benefício da implantação do jardim filtrante .................................................. 59

5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 61 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63

ANEXOS ................................................................................................................... 70 ANEXO A - Orçamento dos parâmetros fisico-quimicos e biológico realizado pelo

Institituto do Meio Ambiente. ..................................................................................... 71 ANEXO B – Resultado de Ensaios Analíticos (Físicos, Químicos e Biológicos) ....... 72

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

O descarte inadequado do esgoto doméstico gera sérios problemas

ambientais, sociais, saúde pública. O despejo do esgoto sem o devido tratamento

afeta a qualidade das águas, além de desequilibrar o ecossistema aquático e trazer

malefícios a saúde pública.

Dados do Instituto Trata Brasil (2015), apontam que de todo o esgoto

produzido no país, apenas 38% passa por algum tipo de tratamento. Isso significa

que mais de 100 milhões de brasileiros, mais da metade da população do país, não

possui acesso aos serviços de saneamento básico e todo esgoto produzido por essa

população é despejado in natura em nossos mananciais. O levantamento, intitulado

Ranking do Saneamento mostra que a coleta de esgotos chegou a 61,40% da

população nas 100 maiores cidades do Brasil e a somente 48,1% no restante do

país, no ano de 2011 (STRACI, 2017).

Conforme Édison Carlos (2017), presidente do Instituto Trata Brasil:

“Desde os anos de 1970, a prioridade dos governos foi levar água de qualidade para as pessoas, mas houve um descaso generalizado com o esgoto. Algumas regiões, como o Sudeste se desenvolveram mais rapidamente e estão mais avançadas, mas regiões como o Norte e Nordeste são as que mais sofrem com este descaso histórico”.

Segundo Costa (2017), presidente da Companhia de Saneamento de Alagoas

(CASAL) e vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e

Ambiental (ABES), comenta que as água superficiais estão sendo agredidas de

forma muito acentuada e que ao longo de muitos anos as cidades vêm crescendo

sem planejamento e sem controle, levando a uma expansão habitacional muito

superior ao crescimento de sistemas de coleta/tratamento de esgotos e drenagem

urbana. Assim, rios, lagoas e mares sofrem com o lançamento de esgotos in natura

e de águas servidas que não são coletadas por sistemas públicos de esgotamento

sanitário ou, muitas vezes, são lançadas em redes de drenagem de forma

clandestina ou até intencional.

Atualmente os problemas relacionados ao meio ambiente tem se tornado

muito evidentes, a maioria advém das ações antrópicas, problemas de poluição do

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ar, escassez de água, degradação das florestas, uso desenfreado dos recursos

naturais e despejo inadequado do esgoto são alguns exemplos desses problemas.

Diante do exposto, são feitos estudos para usar técnicas capazes de minimizar os

impactos negativos das ações humanas.

A água é um recurso natural essencial para manutenção da vida, acreditava-

se ser uma um recurso natural inesgotável, entretanto não é, pois não se trata de um

recurso renovável e devido ao seu consumo demasiado de forma irracional e

irresponsável vêm gerando sérios danos. Como por exemplo: a crise hídrica que

vem se instalando e o consumo desenfreado que contribuem para o agravamento

desse problema.

Outro problema a ser minimizado é o descarte inadequado do esgoto

doméstico, mais precisamente, das chamadas águas cinza, que são as águas

provenientes de pias, chuveiros, tanques entre outros dispositivos que utilizam água

potável.

O jardim filtrante é um sistema alternativo para o tratamento de efluentes, cujo

objetivo é dar um destino adequado às águas cinza provenientes de pias, tanques,

chuveiros entre outros aparelhos. Essas águas são conduzidas para um pequeno

reservatório impermeabilizado com uma camada de brita e outra de areia, onde

acima estão localizadas as plantas que por sua vez agem como absorventes dos

nutrientes e contaminantes.

Os jardins filtrantes são de grande utilidade, não se resumindo apenas ao

tratamento das águas podendo ser utilizado também para fins decorativos. Consiste

na filtragem da água por meio das raízes das plantas macrófitas. Essa água filtrada

pode ser reutilizada para fins não potáveis ou simplesmente retornar ao meio

ambiente de forma correta.

Basicamente dois problemas são sanados com a implantação dos jardins

filtrantes: primeiramente existem lugares que não possuem coleta de esgoto e o

mesmo é despejado a céu aberto, nesses lugares esse problema seriam

amenizados, pois através do jardim esse esgoto teria um destino mais adequado. E

posteriormente tería-se a reutilização da água para fins não potáveis uma vez que

enfrentamos problemas como o agravamento da escassez de água.

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1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Estudar a viabilidade técnica e econômica de um sistema de tratamento

alternativo de esgoto denominado Jardim Filtrante e analisar alternativas para

reaproveitamento das águas cinza.

1.2.2 Objetivos Específicos

Dimensionar o Jardim filtrante para a sua implantação;

Analisar os parâmetros físico-químicos e biológicos da amostra da água

proveniente da saída do jardim filtrante;

Estudar alternativas para o reúso do efluente a partir da sua qualidade final;

Verificar o custo benefício da implantação do sistema de reúso do efluente.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo será abordado todo o referencial teórico que foi utilizado para

subsidiar a presente pesquisa, desde a definição do sistema de um esgotamento

sanitário, com a explicação dos princípios de tratamento e os impactos causados

pela disposição inadequada do efluente gerado. Também são abordadas formas de

tratamento e reutilização do efluente gerado para outras atividades de forma não

potável através de um dispositivo natural conhecido como jardim filtrante que é de

fácil manutenção.

2.1 Sistema de Esgotamento Sanitário Doméstico

Segundo definição da norma brasileira NBR 9648 (ABNT, 1986), o esgoto

sanitário doméstico é o “despejo líquido resultante do uso da água para higiene e

necessidades fisiológicas humanas”. O esgoto doméstico é originado a partir da

água advinda do abastecimento e, portanto, sua medida resulta da quantidade de

água consumida, onde 99,9% deste esgoto doméstico é composto por água e os

outros 0,1% de sólidos.

Para Costa e Nuvolari (2010), o município ideal deve ter um sistema de

esgotamento sanitário que atenda 100% das residências, do comércio e do

complexo industrial, através de redes coletoras, interceptores e emissários

devidamente executados e tratamento competente da água residuária. Seu

planejamento e sua construção devem ser inteligentes e personalizados para cada

cidade, seja ela de pequena, média ou grande porte. Essa é uma necessidade

básica e urgente para a formação, ou transformação, de uma sociedade saudável,

promissora e com qualidade de vida.

Os esgotos domésticos têm temperatura ligeiramente superior à da água de

abastecimento, por conta de alguns fatores como a atividade microbiana e

velocidade das reações químicas; possui coloração variando do cinza claro ao cinza

escuro (VON SPERLING, 2005). O odor é geralmente marcante e fétido, devido ao

gás sulfídrico e a outros dejetos em decomposição. A turbidez é causada pela alta

concentração de sólidos em suspensão (VON SPERLING, 2005).

De acordo com Costa e Nuvolari (2010), genericamente, estão presentes no

esgoto doméstico os elementos: Carbono (C), Hidrogênio (H), Oxigênio (O),

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Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Enxofre (S), além de outros microelementos, sendo os

sólidos totais; a matéria orgânica; o nitrogênio total; o fósforo, o pH; a alcalinidade;

os cloretos; e os óleos e graxas os principais parâmetros a serem considerados.

Quando o imóvel não possui rede coletora de esgoto é comum à população

utilizar fossa séptica ou ligar direto na rede pluvial (que deveria coletar apenas água

de chuvas) ou descartar o esgoto diretamente em valões, córregos, rios e praias,

porém esta ação contribui para agravamento e contaminação do meio ambiente e da

saúde. As fossas sépticas são unidades de tratamento primário de esgoto doméstico

nas quais são feitas a separação e a transformação físico-química da matéria sólida

contida no esgoto (CESAN, 2013). É uma maneira simples e barata de disposição

dos esgotos indicada, sobretudo, para a zona rural ou residências isoladas. Todavia,

o tratamento não é completo como numa estação de tratamento de esgotos

(CESAN, 2013).

A destinação adequada dos esgotos se inicia dentro de nossa casa, quando

esta é construída com as instalações hidrossanitárias, que compreende a rede de

tubulação interna da casa e as peças sanitárias (bacia, chuveiros e pias) que

recebem as águas servidas e as levam até a tubulação de saída do ramal predial

(CESAN, 2013).

Comumente o destino final do esgoto sanitário é conduzido a um corpo de

água, muitas vezes em sua forma bruta. E têm-se como consequência do

lançamento desse efluente, alguns inconvenientes, como o desprendimento de

maus odores, a presença de sabor na água potável, a mortalidade de peixes e a

ameaça à saúde pública. Os impactos são evitados ou minimizados quando existe

um tratamento prévio adequado para o esgoto.

As pesquisas em buscas de novas alternativas de tratamento de efluentes

vêm crescendo continuamente, pois há uma grande quantidade de matéria orgânica

sendo lançado nos cursos de água, então se percebe a necessidade de minimizar

esse problema.

2.1.1 Princípios do Tratamento de Esgoto

O tratamento do esgoto está diretamente ligado à saúde pública, se o esgoto

não for devidamente tratado trará inúmeros problemas de cunho ambiental, com a

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degradação do ecossistema natural, onde o esgoto é lançado, ou social, gerando

problemas de saúde a população.

A Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) destaca que, a cada R$ 1,00

investido no setor de saneamento, cerca de R$ 4,00 é economizado com a saúde

(FUNASA, 2010). Água encanada e tratada é considerada um grande benefício para

as comunidades, mas se esse serviço não vier acompanhado de um sistema de

tratamento de esgoto adequado poderá, em certos casos, não acabar com os

problemas de saúde relacionados à veiculação hídrica, tal como verminoses,

hepatite e diarreia (FUNASA, 2010).

Segundo o Programa de Pesquisas em Saneamento Básico (PROSAB,

2005), no Brasil, a coleta de esgoto sanitário atende a apenas cerca de 40% da

população urbana. Do volume coletado, atualmente, apenas cerca de 40% recebe

tratamento adequado, gerando perspectivas significativas de crescimento e de

geração de lodo. A maior parte deste resíduo, até recentemente, era lançada

indiscriminadamente em rios. No entanto, com a evolução da legislação ambiental,

as operadoras vêm sendo obrigadas a destinar adequadamente estes resíduos.

O LE (Lodo do Esgoto) pode ser definido como os sólidos removidos do

esgoto sanitário durante o processo de tratamento, resultante da sedimentação de

sólidos em suspensão do esgoto, areia e microrganismos. É constituído pela fração

sólida de contaminantes concentrados removidos do esgoto, composta por uma

mistura de matéria orgânica e inorgânica, que durante o processo de tratamento do

esgoto permanece acumulada no sistema, estes sólidos, precisam ser removidos

periodicamente ou continuamente de acordo com o tipo de tratamento adotado. Se

estes sólidos receberem tratamento, passam a serem denominados de biossólidos,

por sua vez, os biossólidos são resultantes da degradação biológica ou química da

matéria orgânica (METCALF; EDDY, 2003).

Baseado em Costa e Nuvolari (2010), o tratamento do esgoto se resume na

busca eficiente da remoção dos poluentes neles contidos. Baseia-se em parâmetros

normatizados que variam de acordo com o volume a ser tratado, finalidade, nível de

processamento, qualidades originais e pretendidas, local de lançamento ou

reaproveitamento. Sabe-se que o esgoto é composto de uma elevada parcela de

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água (99,9%) e uma parcela mínima de impureza (0,1%), quando se faz o

tratamento de esgoto, procura-se retirar esse percentual de tais impurezas.

Um processo de tratamento de esgoto convencional possui duas fases: a

chamada fase líquida, correspondente ao fluxo principal do líquido na estação de

tratamento de esgoto, e a fase sólida, do lodo retirado. Para cada uma delas existe

uma forma de processamento e acondicionamento (COSTA; NUVOLARI, 2010)

Banderali (2014) defende que o tratamento do esgoto deve ser realizado para

garantir a saúde da população e o acesso à água de qualidade. “Mesmo que a água

seja utilizada para fins não potáveis, deve-se atingir um padrão mínimo de qualidade

e monitorar a quantidade de compostos químicos que estão presentes na água.

Iniciativas para recuperar a qualidade das águas dos rios, mares e lagos são

essenciais para a saúde das próximas gerações”.

2.1.2 Impactos da Disposição Inadequada de Esgoto Doméstico

Como visto no presente trabalho, muito se fala sobre o descarte inadequado

do esgoto sanitário e são notórios os impactos causados, sejam eles impactos

ambientais, sociais e econômicos.

Segundo Instituto Trata Brasil (2009), no ano de 2004, doenças relacionadas

a sistemas precários de água e esgoto e a deficiências de higiene causaram a morte

de mais de 1,6 milhões de pessoas em países pobres, de acordo com a

Organização Mundial da Saúde (OMS). A perpetuação de sistemas inadequados de

esgotamento sanitário também é causadora de 88% dos óbitos por diarreias

registradas no mundo – quase a totalidade deles ocorre em nações em

desenvolvimento.

Um dos problemas enfrentados pelo lançamento de efluentes não tratados é o

desequilíbrio no ecossistema aquático. O esgoto doméstico, por exemplo, consome

oxigênio em seu processo de decomposição, causando mortalidade aos peixes. Os

nutrientes (fósforo e nitrogênio) presentes nesses despejos, quando em altas

concentrações, ainda causam a proliferação excessiva de algas, o que também

desequilibra o ecossistema local (esse processo é chamado de eutrofização)

(GONÇALVES, 2015).

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Citado por Fernandes (1997), esse consumo de oxigênio mencionado

anteriormente, diz respeito às bactérias aeróbias que são aquelas que consomem

em sua atividade vital o oxigênio livre presente no interior da massa líquida,

originando o processo de decomposição aeróbia do esgoto também chamado de

oxidação.

Os poluentes químicos presentes em agrotóxicos e metais também provocam

um efeito tóxico em animais e plantas aquáticas, podendo se acumular em seus

organismos (GONÇALVES, 2015).

Segundo Rodrigues (2005), citado por Bassetti e Sabei (2013), outra

importante razão para tratar os esgotos diz respeito à preservação ambiental. As

substâncias presentes nesses dejetos exercem ações deletérias nos corpos d’água:

a matéria orgânica pode ocasionar a exaustão do oxigênio dissolvido, resultando na

morte de peixes e outros organismos aquáticos, bem como no escurecimento da

água e aparecimento de maus odores. Isso porque, os nutrientes acarretam uma

forte “adubação” da água, provocando o crescimento acelerado de vegetais

microscópios responsáveis pelo sério desequilíbrio ecológico, além do odor e gosto

desagradáveis.

Para Gonçalves (2015), os efluentes líquidos não tratados, quando lançados

no ambiente, podem comprometer gravemente a saúde pública. A água poluída

provoca doenças como cólera, disenteria, meningite, amebíase e hepatites A e B. Já

os efluentes industriais que poluem os rios podem causar contaminação por metais

pesados, provocando tumores hepáticos e de tireoide, rinites alérgicas, dermatoses

e alterações neurológicas.

A falta de sistemas de esgotos nas cidades é sem dúvidas um problema de

saúde pública, pois pode provocar doenças que são transmitidas por meio hídrico ou

pelo contato direto com o esgoto.

O estudo “Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da

População”, realizado pelo Trata Brasil, mostrou que em 2011, quase 400 mil

pessoas foram internadas por diarreia no Brasil. São números expressivos que

representam uma grande parcela de um montante gasto em saúde pública no país.

“O estudo mostrou também que cidades que investiram em saneamento básico ao

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longo dos anos hoje chegam a gastar 40 vezes menos em saúde do que as cidades

que nada investiram e convivem com as doenças da água poluída”, confirma Carlos

(2017), do Trata Brasil.

2.2 Alternativas Para o Tratamento de Esgoto

Existem várias alternativas para o esgoto ser tratado de forma adequada,

entre elas são expostas os sistemas de lagoas de estabilização, filtros biológicos,

lodos ativados fossas sépticas biodigestoras, banheiros secos, wetlands (jardins

filtrantes), escoamento superficial no solo, produção de biogás, entre outros.

A função das ETE’s (Estações de Tratamento de Esgoto) consiste em

reproduzir, através de processos físicos, químicos e/ou biológicos, em curto período

de tempo, condições necessárias e suficientes, normalmente encontradas na

natureza (em corpos hídricos receptores tais como rios, lagos e banhados), para

promover a decomposição da matéria orgânica presente nos esgotos. Por exemplo,

em ETE’s que utilizam a tecnologia denominada lodos ativados, a decomposição

acelerada da matéria orgânica presente no esgoto é realizada por um conjunto de

bactérias aeróbias. A adequada operação da ETE consiste em promover e

assegurar as condições propícias para a existência dessas bactérias (COMUSA,

2017).

O sistema de tratamento denominado lodos ativados é um sistema de

tratamento de efluentes líquidos que apresenta elevada eficiência de remoção de

matéria orgânica presente em efluentes sanitários e industriais. O processo de

tratamento é exclusivamente de natureza biológica, onde a matéria orgânica é

depurada, por meio de colônias de microrganismos heterogêneos específicos, na

presença de oxigênio (processo exclusivamente aeróbio). Essas colônias de

microrganismos formam uma massa denominada de lodo (lodo ativo, ativado ou

biológico) (COMUSA, 2017).

Também pode ser citado o banheiro seco, que para Alves (2009), que é um

tipo de tratamento realizado no próprio local da disposição e o princípio destes

banheiros é a não utilização de um recurso finito, a água, para o transporte dos

resíduos, e sim o tratamento e o aproveitamento local destes através do processo de

compostagem, onde os resíduos, ao invés de serem despejados nos solos, nos rios

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ou no mar, são armazenados em coletores, nos quais serão compostados a partir do

aquecimento gerado por algum tipo de energia que pode ser solar, elétrica, térmica

ou qualquer outra que seja acessível, disponível e capaz de gerar um aquecimento

colaborando para as bactérias e fungos termófilos que, além de serem responsáveis

pela decomposição, são também responsáveis por ajudar a manter a temperatura

alta, necessária para a eficiência da compostagem.

Bassetti e Sabei (2013) citam também o sistema de fossa biodigestora que

contribui para a viabilização do tratamento de esgoto doméstico e consequente

produção de efluentes desinfetados. Consiste em um tratamento biológico do esgoto

por ação de digestão fermentativa.

Segundo Chernicharo (1997), esse método tem baixa eficiência na remoção

de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DQO), nutrientes e patógenos, mas segundo

a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (BRASIL, 2001) a fossa séptica

biodigestora é capaz de produzir adubo orgânico totalmente isento de

microrganismos patogênicos para o homem como bactérias, vírus e ovos de vermes,

onde mostram estudos fitos com o uso desse adubo em graviola e gerou ótimos

resultados.

Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente (RAFA) ou Reator UASB é um reator

fechado onde o tratamento biológico ocorre por processo anaeróbio, isto é, sem

oxigênio. O esgoto entra pela base do reator, passa por uma manta de micro-

organismos anaeróbicos onde ocorre a decomposição da matéria orgânica. O

esgoto tratado e coletado pelas calhas na parte superior. Trata-se de uma tecnologia

que ocupa pouco espaço, sendo indicada para centros urbanos, bairros, vilas etc.

Por se tratar de um sistema fechado, há liberação de gás que é coletado e queimado

(CESAN, 2013).

2.2.1 Sistema Natural de Tratamento de Esgoto

No sistema natural de tratamento de esgoto são utilizadas plantas específicas

que tem a função de poder realizar o tratamento do solo e também de executar a

limpeza de esgotos. As plantas servem como recurso natural para a formação deste

sistema, que tem por objetivo limpar os resíduos indesejáveis.

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Os sistemas de tratamento de esgotos são ditos naturais quando se baseiam

na capacidade de ciclagem dos elementos contidos nos esgotos em ecossistemas

naturais, sem o fornecimento de quaisquer fontes de energia induzida para acelerar

os processos bioquímicos, os quais ocorrem de forma espontânea. Dentro desta

concepção, enquadram-se as lagoas de estabilização e os wetlands. O princípio do

tratamento nesses sistemas baseia-se na capacidade de depuração dos poluentes

orgânicos em um corpo d’água lêntico natural e em banhados, respectivamente

(BENTO et al, 2004).

Os sistemas naturais de tratamento são habitados por uma ampla diversidade

de seres vivos de vários níveis da cadeia alimentar, desde bactérias até pequenos

animais aquáticos, e no caso das lagoas, também os peixes. Esses organismos

interagem entre si e com o meio tornando o processo mais complexo dentro da

perspectiva ecológica, do fluxo energético. A cada passagem de energia por um

nível trófico, uma quantidade menor de energia atinge o nível superior subsequente,

devido ao trabalho executado e a ineficiência das transformações de energias

biológicas no nível trófico anterior (RICKLEFS, 1996).

Esses tipos de sistemas naturais são bastante eficientes e possuem um custo

acessível, onde as raízes tratam e purificam os esgotos, de uma forma que ele pode

ser lançado sem grandes danos ao meio ambiente, obedecendo aos regimentos

exigidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), ou também podem

ser reutilizadas em descargas sanitárias ou na agricultura, também podendo ter

outras aplicabilidades (MORAIS et. al., 2015).

Os projetos relacionados aos sistemas naturais de tratamento de efluentes

estão baseados normalmente em 5 princípios que são: Tratamento, Paisagístico,

Biodiversidade, Econômico e Gestão. São economicamente viáveis, pois não

necessitam de grandes manutenções, além de serem ecológicos e tanto

preservarem quanto recuperarem rios.

Uma das desvantagens encontradas para implantar certos sistemas é a

demanda de espaço, pois no caso dos jardins filtrantes há de se considerar o

mínimo de 1 m² (metro quadrado) por pessoa.

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2.2.2 Jardim Filtrante

É um tipo de tratamento natural, o jardim trata-se de uma tecnologia, também

conhecida por zona de raízes ou fitorestauração, que consiste no uso de plantas

para tratar esgotos domésticos e efluentes industriais (CUNHA, 2011).

De acordo com Dornellas (2008), o jardim filtrante tem como principal objetivo

a melhoria da qualidade da água. Quando aplicados no tratamento de efluentes, a

técnica pode ser utilizada como uma alternativa secundária ou terciária, realizando a

remoção de nutrientes e reduzindo taxas de DQO e DBO do efluente. A estação de

tratamento é projetada sob critérios de engenharia e as técnicas de construção

variam de acordo com a característica do efluente a ser tratado, da eficiência final

desejada na remoção de poluentes, da área disponível e do interesse paisagístico.

A empresa Phytorestore, fundada pelo engenheiro francês Thyerry Jacquet,

que é o grande desenvolvedor da técnica de tratamento de esgoto por jardins

filtrantes, possui várias provas pelo mundo que esse tipo de processo é eficaz e

confiável, uma possível aplicação desse método no esgoto doméstico faria com que

o efluente que não possui nenhum tipo de tratamento ou cuidado, fosse tratado e

descartado da maneira correta e, assim a natureza não sofreria os impactos

ambientais que são sofridos hoje (ASPÁSIA, 2013).

Esse tratamento natural, já é bem conhecido no mundo inteiro e traz vários re-

sultados positivos, um dos maiores tratamentos realizado por esse tipo de técnica,

foi o tratamento de despoluição das águas do Rio Sena na França, já foram

aplicadas em vários locais da China, como no bairro de Wuhan e em mais três rios,

o Brasil não fica de fora, essa técnica inovadora foi realizada em Campinas e

Curitiba (MORAIS et al, 2015).

A utilização de espécies vegetais no tratamento de esgoto representa uma

tecnologia emergente que está se revelando como uma alternativa, eficiente e de

baixo custo, aos sistemas convencionais (PARKINSON; SIQUEIRA; CAMPOS,

2004).

Para a construção do jardim filtrante, segundo Silva (2013), deve-se

inicialmente fazer uma caixa no solo com aproximadamente 1 m² de área superficial

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por habitante. Essa caixa deve possuir o fundo impermeabilizado com uma

geomembrana que consiste em uma manta de liga plástica, elástica e flexível como

o PVC (policloreto de vinil), EPDM (Borracha de Etileno Propileno Terpolímero) ou

equivalente. Preferencialmente protegida por manta de bidim que é uma manta

geotêxtil de drenagem utilizada na construção civil. Antes da entrada do Jardim

Filtrante, deve ser instalada uma pequena caixa de decantação (50 a 100 litros) que

serve para retenção de sólidos e uma caixa de gordura. Após percorrer essas caixas

o liquido passará por uma tubulação em forma de cachimbo conhecida

popularmente como monge que também regula o nível da água no jardim. As

tubulações de entrada e saída serão em pontos opostos da caixa.

A caixa deve então ser preenchida com brita e areia grossa que agem como

filtros físicos para o material particulado, sustentação para as plantas e na formação

do biofilme que é um conjunto de bactérias que crescem e formam uma espécie de

capsula de proteção, que favorece relações simbióticas e permite a sobrevivência

em ambientes hostis, o biofilme é aderido ao meio suporte e as raízes das plantas

(PHILIPPI et al, 2007; SILVA, 2013).

Para evitar que o escoamento superficial turbulento da chuva, conhecido

popularmente como enxurrada entre no sistema deve-se fazer uma pequena curva

de nível em torno do jardim sobre a geomembrana e o bidim. O jardim filtrante deve

então ser saturado com água, mas deve se evitar a formação de lamina d’ água para

não permitir a procriação de mosquitos (SILVA, 2013).

Em seguida, inserem-se plantas macrófitas aquáticas que agem como

absorvente de nutrientes e contaminantes durante o seu crescimento fazendo assim

a depuração da água. As plantas escolhidas devem ser preferencialmente nativas da

região onde o sistema está instalado. O mecanismo de filtração consiste na

alimentação e percolação contínua do esgoto através do meio suporte. Durante a

percolação, o esgoto entra em contato com regiões aeróbias e anaeróbias onde as

comunidades de microrganismos irão degradar a matéria orgânica e o nitrogênio. O

oxigênio solicitado é suprido pelas macrófitas e pela convecção e difusão

atmosférica. A camada aeróbia é mais evidente ao redor das raízes das macrófitas,

pois tendem a transportar oxigênio da parte aérea para as raízes. A contínua

passagem dos esgotos nos interstícios promove o crescimento e aderência da

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massa biológica na superfície do meio suporte. A massa biológica agregada ao

meio suporte retém a matéria orgânica contida no esgoto, por meio da adsorção,

que é a adesão de moléculas de um fluído a uma superfície sólida. A produção de

novas células promove o aumento da biomassa, prejudicando a passagem de

oxigênio até as camadas internas, então ocorrerá o tratamento dos contaminantes

que só pode ser realizado em meio atóxico. O sistema pronto é então ligado à

tubulação da casa recebendo a água cinza. A água que sai do sistema pode ser

descartada ou reutilizada na limpeza. Este modelo de jardim filtrante é para o

saneamento básico rural, onde apenas a água cinza é tratada (NIRENBERG; REIS,

2010; PHILIPPI et al, 2007).

Segundo Mazzonetto (2011), são inúmeras as vantagens da implantação do

jardim filtrante. A primeira é a versatilidade, pois ele não serve apenas para o

tratamento de efluentes, como também para o tratamento de água para consumo, é

um sistema modulado que pode atender desde uma família até um milhão de

pessoas, serve para esgoto urbano, doméstico ou industrial, desde que seja

devidamente projetado, no tratamento de grandes volumes de água de rios e na

recuperação de áreas alagadas.

Segundo os levantamentos bibliográficos, os jardins filtrantes trazem

excelentes contribuições para a sociedade e para a localidade. Os benefícios vão

desde a melhoria de condições de reciclagem da água a fatores psicológicos que

interferem a qualidade de vida e o bem-estar da sociedade, já que além de realizar o

tratamento do esgoto, ele embeleza o local, podendo ser utilizado como praça para

pontos de encontros entre amigos, já que algumas plantas utilizadas nesse sistema

possui o poder de anular o mau cheiro do esgoto.

Para uma estação de tratamento de água ou esgoto desse tipo funcionar não

é preciso equipamentos, motor ou gerador: tudo ocorre por gravidade, sem

bombeamento, injeção de ar ou adição de químicos. "Se aperfeiçoar o tratamento

biológico da água, fica muito mais fácil e mais barato", concorda José Alberto Ferro,

gerente de recursos hídricos metropolitanos da Sabesp. Porém, há uma limitação:

como precisa de uma área considerável para serem instalados, o jardim não pode

ser aplicado em regiões excessivamente urbanizadas, como São Paulo (ARLEI,

2012).

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2.2.2.1 Estrutura e composição dos Jardins Filtrantes

Para a produção dos jardins filtrantes são usados materiais porosos, como

por exemplo, a brita e o carvão, em que os seus poros conseguem absorver

inúmeras partículas, tornando o recurso mais eficiente, e plantas aquáticas, que

contribui para a filtração de águas em torno de 80% de eficiência. Estas plantas

possuem crescimento e reprodução de forma rápida, nisso, ocorre à necessidade de

manutenção para retirar o excesso (MORAIS et al, 2015).

Figura 1- Composição do Jardim Filtrante Fonte: Embrapa, 2014.

Na Figura 1, está representada a estrutura do jardim filtrante disponibilizada

pela Embrapa com todas as suas camadas e disposição dos materiais, onde

observa-se a entrada do efluente que passa pela caixa de retenção de sólidos, caixa

de gordura e tem sua entrada no jardim para o processo de filtragem e sua saída

para um reservatório apropriado ou para outros destinos.

A escolha das plantas dos jardins é baseada em sua capacidade de

“fitoextração” dos micropoluentes e nutrientes presentes na água, com a capacidade

de autodepuração do meio úmido plantado (CARVALHO; ROCHA; SANTOS, 2016).

Ou seja, as plantas escolhidas para o jardim devem ter a capacidade de extrair os

micropoluentes e nutrientes necessários para elas e para a melhoria daquele

efluente, tendo ainda em vista que as plantas necessitam do poder de

autodepuração naquele meio.

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Segundo pesquisas desenvolvidas pela Embrapa (2014), as macrófitas

aquáticas são plantas aquáticas que vivem em brejos até ambientes

verdadeiramente aquáticos (incluindo os corpos de água doce, salobra e salgada) e

são utilizadas no sistema de tratamento natural do jardim filtrante. Incluem vegetais

desde microalgas até angiospermas. São caracterizados como vegetais que durante

sua evolução retornaram do ambiente terrestre para o aquático, apresentando várias

características de vegetais terrestres.

Figura 2- Ilustração das plantas macrófitas Fonte: Embrapa, 2013.

Na Figura 2 são vistos alguns tipos de macrófitas aquáticas e sua estrutura

perante seu habitat, nota-se que existem vários tipo que estão expostos no quadro

1.

Segundo Irgang et al. (1984), Esteves (1998) e Thomaz; Esteves (2001), as

macrófitas aquáticas se classificam segundo o Quadro 1.

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Quadro 1 - Classificação das macrófitas aquáticas

Tipos Biológicos Definição Exemplos

Emersas Plantas enraizadas no sedimento apresentando as

folhas acima da lâmina de água. Echinochloa, Typha

Submersa Fixa Enraizada no fundo, com caule e folhas submersos, geralmente saindo somente à flor para fora da água.

Vallisneria, Nitella

Submersa Livre Plantas que apresentam raízes pouco desenvolvidas, flutuando submersas em águas tranquilas, presas as

estruturas de outras plantas aquáticas. Utricularia

Flutuante Fixa Enraizada no fundo, com caule e/ou ramos e/ou

folhas flutuantes. Enydra anagallis

Gardner

Flutuante Livre Plantas que se desenvolvem flutuando livremente no

espelho de água. Eichhornia,

Limnobium, Lemna

Semiaquáticas ou Anfíbias

Capaz de viver bem tanto em área alagada como fora da água, geralmente modificando a morfologia da fase aquática para a terrestre quando baixam as

águas.

Ludwigia multinervia (Hook. & Arn.) Ramamoorthy

Fonte: Pompêo, 2017.

2.2.2.2 Dimensionamento

Segundo Begosso (2009), a tecnologia de tratamento por áreas alagadas não

está contemplada em normas técnicas brasileiras, o que dificulta a uniformização

dos parâmetros e critérios para o seu dimensionamento.

Para o dimensionamento da área requerida para a construção do sistema

utiliza-se a Equação (1) (BEGOSSO, 2009):

𝐴 =𝑄 (ln 𝐶𝑜 − ln 𝐶𝑒)

𝐾𝑡 𝑥 𝑝 𝑥 𝑛 (1)

Onde:

A: área superficial requerida (m2);

Q: vazão afluente (m3/d);

Co: concentração afluente em termos de DBO5,20 (mg/L);

Ce: concentração efluente em termos de DBO5,20 (mg/L);

Kt: constante de reação da cinética de primeira ordem (dependente da temperatura);

n: porosidade do substrato (m3 vazios por m3 material);

p: profundidade do maciço filtrante.

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Segundo Begosso (2009), o volume total do tanque de área alagada pode ser

calculado pela Equação (2):

𝑉 = 𝐴 𝑥 𝑝 (2)

V: volume (m3);

A: área superficial requerida (m2);

p: profundidade (m)

Por se tratar de um processo de tratamento baseado na interação material

filtrante – macrófitas, deve-se conhecer as propriedades físicas (granulometria,

diâmetro efetivo, coeficiente de uniformidade, condutividade hidráulica, etc.) e

químicas (teores de Fe, Ca, Mg, capacidade de troca catiônica – CTC) deste

material de recheio, a fim de se conhecer a dinâmica da colmatação e a vida útil do

sistema, bem como utilizar macrófitas adaptadas ao clima da região (SEZERINO;

PHILIPPI, 2003).

2.3 Reuso doméstico para fins não potáveis

O reuso ou reutilização de água mostra-se como um instrumento adicional

para a administração dos recursos hídricos, aspirando à diminuição da pressão

sobre os mananciais de abastecimento, dispensando as águas de qualidade

superior para fins mais nobres, remetendo a uma série de benefícios específicos aos

usuários, tais como o aumento da produtividade agrícola, redução de custos na

compra de água e a preservação de aquíferos subterrâneos (RODRIGUES, 2005).

O uso para fins domésticos de água pode se definir como aquela utilizada

para realização de atividades corriqueiras, como por exemplo: lavagens de roupas e

utensílios domésticos, criação de animais, higiene pessoal, manutenções prediais

entre outras atividades que não necessitam diretamente de água potável para sua

realização.

De acordo com Lavrador Filho (1987), reuso de água é o aproveitamento de

águas anteriormente utilizadas, uma ou mais vezes, oriunda de alguma atividade

humana, afim de suprir as demandas de outros usos benéficos, inclusive o original.

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E ele pode ser de dois tipos direto ou indireto, bem como fruto de ações planejadas

ou não planejadas.

Segundo o autor supracitado, o termo reciclagem é definido como reuso interno

de água para utilização original, antes de algum descarte em um sistema de

tratamento ou algum ponto de descarga. No entanto o termo reuso é utilizado para

indicar descargas de efluentes que são subsequentemente utilizados por outros

usuários, diferente do original.

Nesta forma de reuso estão inclusos utilização para descargas sanitárias,

irrigação de jardins entre outras. Também há outros usos equivalentes para esse

tipo de água, como na lavagem de ruas, uso em grandes edifícios destinada a

reserva contra incêndio e resfriamento de equipamentos de ar condicionado

(MANCUSO; SANTOS, 2003)

2.3.1 Reuso de Águas Cinza

Águas residuais e não industriais advindas de processos domésticos são

chamadas de águas cinza. Distinguem-se das águas negras sanitárias, mais

poluídas, pela quantidade e composição de produtos químicos e contaminantes

biológicos. Em edificação de qualquer tipo - residência, comércio, indústria -, as

origens típicas de águas cinza são aquelas que provenientes do uso de chuveiro,

pia, tanque e máquina de lavar roupas (CORSINI, 2012).

De acordo com Hespanhol (2006), águas cinza podem ser classificadas em:

água cinza escura e água cinza clara. Para água cinza clara, além da separação do

efluente do vaso sanitário, ela também não possui água advinda da pia da cozinha,

para qual essa separação é relativa a grande quantidade de carga orgânica presente

nesse efluente. Para agua cinza escura só há separação do efluente do vaso

sanitário, coletando também a água advinda da pia.

O reaproveitamento de águas cinza tratadas contribui para a redução do

consumo de água potável, diminuindo também o volume de contaminantes

destinados ao solo e cursos de água. Para alguns casos, mais consideravelmente

em edificações de maior tamanho, a realização do reaproveitamento mostrasse

como uma alternativa mais vantajosa, em termos econômicos, do que o uso de

águas pluviais (ALVES et al, 2009).

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2.3.2 Aspectos qualitativos das Águas Cinza

Uma característica importante para que um sistema de reutilização tenha

sucesso é a avaliação da qualidade das aguas cinzas.

De acordo com o Portal Tratamento de Água (BRASIL, 2009), A água contém

diversos componentes, os quais provêm do próprio ambiente natural ou foram

introduzidos a partir de atividades humanas. Para caracterizar uma água, são

determinados diversos parâmetros, os quais representam as suas características

físicas, químicas e biológicas. Esses parâmetros são indicadores da qualidade da

água e constituem impurezas quando alcançam valores superiores aos

estabelecidos para determinado uso.

O tratamento do esgoto doméstico tem por finalidade principal: retirar o

material sólido; diminuir a DBO e as substâncias químicas indesejáveis e eliminar

microrganismos patogênicos (MOTA, 1995).

O Índice de Qualidade das Águas (IQA) é constituído por nove parâmetros:

oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), coliformes fecais,

temperatura da água, nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais, pH e turbidez.

Sabe-se que a água tem capacidade de autodepuração, ou seja, de se autopurificar

naturalmente (ZINATO; OLIVEIRA, 2008).

De acordo com NBR 13969 (1997), O grau de tratamento para uso múltiplo de

esgoto tratado é definido, como regra geral, pelo uso mais restringente quanto à

qualidade de esgoto tratado. No entanto, conforme o volume estimado para cada um

dos usos pode-se prever graus progressivos de tratamento (por exemplo, se o

volume destinado para uso com menor exigência for expressivo, não haveria

necessidade de se submeter todo o volume de esgoto a ser reutilizado ao máximo

grau de tratamento, mas apenas uma parte, reduzindo-se o custo de implantação e

operação), desde que houvesse sistemas distintos de reservação e de distribuição.

Nos casos simples de reuso menos exigente (por exemplo, descarga dos vasos

sanitários) pode-se prever o uso da água de enxágue das máquinas de lavar,

apenas desinfetando, reservando aquelas águas e direcionando ao vaso, em vez de

enviá-las para o sistema de esgoto para posterior tratamento. Em termos gerais,

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podem ser definidas as seguintes classificações e respectivos valores de parâmetros

para esgotos, conforme o reúso de acordo com a Quadro 2.

Quadro 2 - Grau de Tratamento para Usos Múltiplos de Esgoto

Classe Turbidez Coliformes

Fecais

Sólidos Dissolvidos

Totais pH

Cloro Residual

Oxigênio Dissolvido

Classe 1

< 5 < 200

NMP/100 ml < 200mg/L

6 ≤ pH ≤ 8

0,5 ≤ CR ≤ 1,5 mg/l

-

Classe 2

< 5 < 500

NMP/100 ml - - > 5 mg/l -

Classe 3

< 10 < 500

NMP/100 ml - - - -

Classe 4

- < 500

NMP/100 ml - - - > 2 mg/l

Fonte: NBR 13969, 1997.

A baixo está relacionado a classificação versus a utilização do efluente de

acordo com a NBR 13969, 1997.

Classe 1: Lavagem de carros e outros usos que requerem o contato direto do

usuário com a água, com possível aspiração de aerossóis pelo operador, incluindo

chafarizes.

Classe 2: Lavagem de pisos, calçadas e irrigação dos jardins, manutenção dos lagos

e canais para fins paisagísticos, exceto chafarizes.

Classe 3: Reuso das descargas dos vasos sanitários.

Classe 4: Reuso nos pomares, cereais, forragens, pastagens para gados e outros

cultivos através de escoamento superficial ou por sistema de irrigação pontual.

2.3.2.1 Características físicas

Os itens com maior importância são: turbidez, cor, temperatura e a

concentração de sólidos dissolvidos. A temperatura pode ajudar no desenvolvimento

de microrganismos, turbidez e a concentração de sólidos podem contribuir com

informações importantes quanto a possíveis entupimentos nas tubulações que

transportam os efluentes, tenso visto que as partículas sólidas e coloides presentes

poderiam gerar este problema no sistema (BAZZARRELLA, 2005).

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Segundo Richter e Azevedo Neto (2003):

A Turbidez: é uma característica da água devido a presença de partículas

suspensas na água com tamanho variando desde suspensões grosseiras aos

coloides, dependendo do grau de turbulência. A presença destas partículas

provocando a dispersão e a absorção da luz, dando à água uma aparência

nebulosa, esteticamente indesejável e potencialmente perigosa.

A Cor: a água pura é virtualmente ausente de cor. A presença de substâncias

dissolvidas ou em suspenção altera a cor da água, dependendo da qualidade

e da natureza do material presente. Normalmente a cor da água é devido a

ácidos húmicos e tanino, originados da decomposição de vegetais e, assim,

não representa risco algum para a saúde.

A Temperatura: tem importância por sua influência sobre outras propriedades:

acelera reações químicas, reduz a solubilidade dos gases, acentua a

sensação de sabor, odor entre outros.

O pH: o termo é usado universalmente para expressar a intensidade de uma

condição acida ou alcalina de uma solução. Mede a concentração de íon

hidrogênio ou sua atividade, importante em cada fase do tratamento, sendo

referida frequentemente na coagulação, floculação, desinfecção e no controle

de corrosão. O valor do pH varia de 0 a 14. Abaixo de 7 a água é considerada

ácida e acima de 7, alcalina. Água com pH 7 é neutra. A Portaria nº 518/2004

do Ministério da Saúde recomenda que o pH da água seja mantido na faixa

de 6,0 a 9,5 no sistema de distribuição (BRASIL, 2004).

De acordo com a Agência Nacional das Águas (ANA), sólidos dissolvidos são

materiais que passam através do filtro. Representam a matéria em solução ou em

estado coloidal presente na amostra de efluente (BRASIL, 2009).

2.3.2.2 Características Químicas

Segundo Richter e Azevedo Neto (2003), as análises químicas de água

determinam de modo mais correto as características da água, são de grande

importância, tanto do ponto de vista sanitário quanto econômico.

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Dentre as principais características químicas pode-se citar a determinação do

teor de oxigênio dissolvido (OD) como sendo um dos ensaios mais importantes no

controle de qualidade da água. As águas superficiais, relativamente límpidas,

apresentam-se saturadas de oxigênio dissolvido, porem este pode ser rapidamente

consumido pela demanda de oxigênio de esgoto doméstico.

Outra característica química é a medida de qualidade de oxigênio necessária

ao metabolismo das bactérias aeróbias que destroem a matéria orgânica, chamada

de Demanda bioquímica de oxigênio (DBO).

A eutrofização é o crescimento excessivo do das plantas aquáticas, tanto

planctônicas quanto aderidas, a níveis tais que sejam considerados como

causadores de interferências com os usos desejáveis dos corpos d’água

(THOMANN; MUELLER, 1987).

Segundo Von Sperling (2005), o principal fator de estímulo é um nível

excessivo de nutrientes no corpo d’água, principalmente nitrogênio e fósforo.

O processo de eutrofização pode ocorrer também em rios, embora seja

menos frequente, devido às condições ambientais serem mais desfavoráveis para o

crescimento de algas e outras plantas, como turbidez e velocidades elevadas (VON

SPERLING, 2005).

2.3.2.3 Características Microbiológicas

Segundo Richter e Azevedo Neto (2003), entre as impurezas nas águas incluem-

se os organismos presentes que, conforme sua natureza, têm grande significado

para os sistemas de abastecimento de água. Alguns desses organismos, como

certas bactérias, vírus e protozoários, são patogênicos, podendo provocar doenças e

ser a causa de epidemias.

Ainda segundo Richter e Azevedo Neto (2003), os coliformes são bactérias

que normalmente habitam os intestinos dos animais superiores. A sua presença

indica a possibilidade de contaminação da água por esgotos domésticos, entretanto,

nem toda água que contenha coliformes é contaminada e, como tal, podem veicular

doenças de transmissão hídrica.

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31

2.3.3 Viabilidade Técnica

A necessidade de demanda pelo uso da água aumenta gradativamente a cada

ano, principalmente pelo crescente avanço comercial acompanhado dos vários

processos produtivos que utilizam muita água e do próprio abastecimento para

consumo (BEVILACQUA, 2009).

Dada a importância de se tratar a água residual, seja de origem doméstica ou

industrial, há algum tempo se busca a melhor opção para este tratamento. No Brasil,

predominantemente, utilizamos as denominadas Estações de Tratamento de

Efluentes (ETE), entretanto, essas ETEs têm um alto custo de implantação e

manutenção. Como alternativa a estas tradicionais ETEs, existem, há mais de uma

década, empresas dedicadas ao desenvolvimento de jardins filtrantes. A ideia destes

jardins é que, por meio da própria natureza, seja possível purificar a água e manter

nessa região de tratamento uma área verde, como um parque, por exemplo

(ALBIZZATI; MEIRELLES; TELES, 2012).

Uma das formas de tratamento de esgoto é a utilização de filtros biológicos,

com brejos construídos, ou de lagoas com plantas aquáticas. Tanques com plantas

aquáticas assim como brejos agem com filtros de poluentes, ajudando a devolver a

água limpa aos mananciais. Algumas plantas despoluidoras são sugeridas pela sua

capacidade de retirar da água nutrientes e substâncias tóxicas, dando condições

favoráveis para a base alimentar nos ecossistemas aquáticos (POTT; POTT, 2002).

A utilização das plantas como depuradoras de água em jardins filtrantes

apresenta as vantagens de baixo custo de implantação e operação e simplicidade

operacional. Esses sistemas são chamados de naturais, pois se baseiam na

capacidade de ciclagem dos elementos contidos nos esgotos sem o fornecimento de

qualquer fonte de energia induzida para acelerar os processos bioquímicos, os quais

ocorrem de forma espontânea (PHILIPPI et al, 2007).

Segundo o gerente geral da Phytorestore, empresa francesa que trabalha

com jardins filtrantes, no Brasil, Arnaud Fraissignes, uma das facilidades desse

sistema é a sua simplicidade operacional e de manutenção, permitindo redução de

até 30% dos custos quando comparados aos de um sistema convencional de

tratamento de água e efluentes. “Trata-se de um espaço que necessita de cuidado

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similar ao de uma área verde”, afirma. Apenas no final de um período de 10 anos é

preciso retirar o acúmulo de sedimento, que pode ser usado como adubo. Quando o

efluente contém metais pesados, como o chumbo, por exemplo, um jardim

específico e complementar é capaz de “segurar” esses elementos no solo. Neste

último caso, logo que estiver saturado – após cinco anos aproximadamente, o

substrato precisa ser substituído (HYDRO, 2010).

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo será abordada toda a metodologia que foi utilizada para

realizar a presente pesquisa, desde a escolha e dimensionamento do local de

implantação do Jardim Filtrante, passo a passo de sua construção, análise de

parâmetros físico-químicos do efluente gerado após a passagem pelo sistema de

tratamento e por fim verificação do custo benefício da implantação do sistema de

tratamento denominado Jardim Filtrante.

3.1 Dimensionamento e implantação do Jardim filtrante.

O local de escolha para a construção do Jardim Filtrante analisado no

presente estudo foi uma residência unifamiliar localizada na zona urbana do

município de Maceió, Alagoas, mais especificamente no bairro do Farol. Na

residência habitam 2 (dois) adultos. A importância da escolha da área se deu pelo

fato de estar localizada próximo ao Centro Universitário Cesmac, facilitando a

construção e coleta do efluente para análise e por possuir o sistema de

esgotamento separado entre as águas cinza e águas negras, estas por sua vez

são direcionadas à uma fossa séptica. A residência possui sistema de

abastecimento de água encanado operado pela Companhia de Abastecimento do

estado de Alagoas (CASAL).

Segundo dados da EMBRAPA (2013) o dimensionamento ideal é de

1m2/habitante, logo à área mínima do jardim é de 2 m2, no caso de dois habitantes.

Segundo informações da moradora, a água cinza é proveniente da pia da cozinha,

lavatório do banheiro, chuveiros e tanques, conectadas à uma única tubulação de

descarte do efluente da residência. A rotina dos moradores é pouco conhecida e não

houve parâmetros de regularidade e dosagem na utilização de produtos de limpeza

e fornecimento de maiores informações sobre as características dos produtos de

limpeza utilizados.

O fluxograma (ver Figura 3) expõe o resumo das etapas que constituíram

desde a escolha da área para implantação até a sua construção.

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Figura 3 - Fluxograma das etapas construtivas do Jardim Fonte: Autores, 2018.

O Jardim é constituído por uma caixa construída de alvenaria no solo com

60cm de altura e área superficial de 3,38 m². A base do solo é de concreto não

sendo necessária a impermeabilização com uma geomembrana por não está

instalado em solo nu e as tubulações de entrada e saída são ligadas em pontos

opostos da caixa. O efluente, antes de chegar ao Jardim, passa por uma caixa de

retenção de sólidos e na sequência, por uma caixa de gordura, para evitar uma

maior contaminação das camadas constituintes do jardim.

As tubulações de esgotamento da residência são de material cerâmico, sendo

necessário o corte dos tubos que coletam águas cinza para desviar estas águas ao

jardim filtrante. Abaixo são mostradas as imagens das tubulações do esgotamento

das águas cinza (contorno vermelho) e águas negras (contorno amarelo) separadas

e o local escolhido para a construção do jardim filtrante indicado na Figura 4 abaixo.

Escolha da área

para implantação

Coleta de dados Dimensionamento e

desenho do projeto inicial

do Jardim

Orçamento e

compra de materiais

Construção do

Jardim filtrante

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Figura 4 - Área de estudo para implantação do Jardim Filtrante Fonte: Autores, 2018.

A Figura 5 apresenta a planta baixa do projeto inicial para a construção do

jardim filtrante com todas as suas dimensões e localização de cada área constituinte

do sistema.

Figura 5 - Planta Baixa do Jardim Filtrante Fonte: Autores, 2018.

As etapas de construção do Jardim filtrante consistiram basicamente no que é

mostrado nas Figuras 5 a 21 em sequência.

Local para construção

do jardim filtrante

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Primeiramente foi feita a locação do terreno para construção do jardim de

acordo com o projeto (Figura 5) como mostra a Figura 6, seguido pelas etapas de

levantamento da alvenaria (Figura 7), aplicação do reboco (Figura 8) e instalação

das tubulações de entrada e saía de efluente (Figura 9). Foi confeccionado um

dreno (Figura 10) de acordo com modelo da Figura 11 para drenos horizontais

profundos - DHP, a fim de se drenar a água do jardim e transferir ao reservatório e

posteriormente coletá-la.

Figura 6 - Locação do terreno Fonte: Autores, 2018.

Figura 7 - Levantamento da Alvenaria Fonte: Autores, 2018.

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Figura 8 - Aplicação do reboco Fonte: Autores, 2018.

Figura 9 - Instalação das tubulações

Fonte: Autores, 2018.

Figura 10 - Dreno confeccionado com tubo de PVC

Fonte: Autores, 2018.

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Figura 11 - Dreno Horizontal Profundo de PVC

Fonte: Alonso, 1999.

Os diâmetros dos drenos variam de 1” a 2”, o que limita a quantidade de água

a ser extraída por unidade implantada. Seu comprimento pode atingir centenas de

metros, mas geralmente aplica-se de 10 a 20 m. A região corrugada dos tubos

possui furos de 5 a 10 mm, devendo evitar mais de dois furos por seção o que

refletiria na redução da resistência do mesmo. A Figura 12 mostra o dreno

devidamente instalado e revestido com a tela de nylon para evitar que partículas

pequenas de materiais se depositem nos furos do dreno afetando sua eficiência.

Figura 12 - Instalação do Dreno Horizontal Profundo

Fonte: Autores, 2018.

As águas cinza, por conterem gorduras, devem passar por um dispositivo

denominado caixa de gordura, onde ocorrerá a separação deste material, pois o

sistema não é capaz de digerir este tipo de matéria orgânica. Esta caixa de gordura

citada anteriormente foi dimensionada segundo as definições da norma brasileira

NBR 8160 (ABNT, 1999): Sistemas Prediais de Esgoto Sanitário. Por se trata de

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apenas uma cozinha, a caixa de gordura será do tipo simples, retendo até 31 l do

efluente. A caixa de retenção de sólidos é denominada caixa de decantação pelo

EMBRAPA (2013) caixa com uma capacidade de 50 a 100 l. A Figura 13 mostra

esses dispositivos.

Figura 13 - Caixas de gordura e retenção de sólidos

Fonte: Autores, 2018.

Depois da separação dos sólidos lipossolúveis (são solúveis em gordura) o

efluente segue para a porção do jardim filtrante denominada filtro biológico, onde

ocorrerá o processo de depuração biológica do efluente.

Após a construção, a caixa é preenchida com uma camada de brita n°1 e uma

camada de areia grossa e terra vegetal, sendo, em seguida, saturadas com água. As

funções que atribuímos às camadas de areia e brita são:

Atuam diretamente como suporte físico para as plantas que serão inseridas

posteriormente;

Proporciona maior área superficial reativa;

Serve como meio de aderência para a população microbiana;

Por fim, são responsáveis pela remoção de compostos orgânicos e

inorgânicos por processos físicos e químicos.

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É colocada entre as camadas do jardim uma tela de nylon para a separação

dos materiais ali presentes. As Figuras 14 a 16 mostram as camadas desses

materiais sendo inseridas.

Figura 14 - Camada de Brita adicionada ao jardim juntamente com a tela para

separação das camadas de materiais Fonte: Autores, 2018.

Figura 15 - Camada de areia grossa

Fonte: Autores, 2018.

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Figura 16 - Camada de terra vegetal Fonte: Autores, 2018.

Depois de colocado o meio suporte, são plantadas as espécies desejadas

(plantas macrófitas ou ornamentais compatíveis com o meio), visando produzir um

ambiente visualmente agradável. As espécies inseridas no jardim foram as descritas

no Quadro 3.

Quadro 3 - Espécies inseridas no Jardim Filtrante

Espécie Nome Popular Função

Zingiberaceae Alpínia, Gengibre-vermelho Degradação de matéria

orgânica

Cyperaceae Papiro Anão Degradação de matéria

orgânica e Paisagística

Araceae Copo de Leite Degradação de matéria

orgânica e Paisagística

Portulacaceae Onze horas Ornamental

Poaceae Citronela Repelir insetos, aromática

Grama Esmeralda Grama Esmeralda Ornamental

Fonte: Autores, 2018.

A escolha das plantas do jardim foi baseada em sua capacidade de

“fitoextração” dos micropoluentes e nutrientes presentes na água, com a capacidade

de autodepuração do meio úmido plantado. Com isso, as plantas são escolhidas de

acordo com o seu potencial de tolerância, devendo seguir os seguintes fatores:

rusticidade: capacidade de resistir às diversas variações do meio (secas,

inundações, acidez etc.); consumo de oxigênio; tolerância a diversos tipos de

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poluentes; grandes sistemas de raiz, rastejando e ramificada (volume da rizosfera e

produtividade biológica); adaptações às condições de inundação local e de seca. As

Figuras 17 e 21 mostram as plantas que foram escolhidas para compor o sistema de

tratamento.

Figura 17 - Plantas macrófitas e ornamentais nativas da região Fonte: Autores, 2018.

Logo após esse processo de plantação das espécies, foi necessário

confeccionar as tampas da caixa de gordura, caixa de retenção de sólidos e do

reservatório ao qual essa água será armazenada para evitar que insetos se

proliferem no sistema e evitar possíveis odores como mostram as Figuras 18 a 21

abaixo.

As tampas foram devidamente, armadas com Aço CA – 60 com bitola de 5,0

mm e formas de madeirite compensado de 14 mm e em sequência foi lançado e

adensado o concreto dessa tampa como mostra a Figura 19.

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Figura 18 - Armações das Tampas com CA-50 de 5,0 mm

Fonte: Autores, 2018.

Figura 19 - Lançamento e Adensamento do Concreto na forma da Tampa Fonte: Autores, 2018.

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Figura 20 – Tampas do reservatório e caixa de gordura.

Fonte: Autores, 2018.

Figura 21 – Plantas inseridas no jardim filtrante Fonte: Autores, 2018.

Após todas essas etapas para construção do jardim ele se encontra em

perfeitas condições para iniciar o processo de tratamento das águas cinza.

Depois de todo o processo de montagem do Jardim filtrante, representado

pela Figura 22, onde se encontra a entrada do efluente pela tubulação de entrada

que coleta as águas das pias e chuveiro que segue para caixa de retenção de

resíduos sólidos, em seguida para a caixa de gordura e posteriormente para o

sistema de filtro biológico composto pelas plantas e as camadas de terra, areia e

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brita e no final do processo o efluente gerado após percolar pelo sistema segue para

o reservatório para uso ou descarte de acordo com a sua classificação após análise.

Figura 22 - Estrutura do Jardim Filtrante Fonte: Autores, 2018.

Na figura 22, é possível observar que houve infiltração dentro do sistema, isto

aconteceu devido a não impermeabilização da área reservada para o Jardim, pois foi

analisada a área e chegado à conclusão que apenas a argamassa seria suficiente

para garantir a estanqueidade do sistema. Porém, na prática isto não ocorreu

acarretando na infiltração, essa infiltração pode ser resolvida com a retirada do

material e aplicação do produto impermeabilizante, e posteriormente a recolocação

do material.

3.2 Análise de Parâmetros Físico-Químicos do Efluente

Os parâmetros utilizados para a análise do Jardim Filtrante foram

selecionados com base na NBR 13969/1997. As amostras foram coletadas no dia 08

de maio na entrada do efluente no sistema, caixa de gordura e retenção de resíduos

sólidos. A coleta e análise foi realizada pelo técnico do Instituto do Meio Ambiente

(IMA). Após a coleta as amostras foram transportadas até o Laboratório do IMA para

serem analisadas.

Para a caracterização e escolha dos locais que receberão o reuso do efluente

do jardim filtrante serão levados em consideração padrões de qualidade para reuso,

que variam de acordo com o fim desejado. Para isto foi consultado a NBR 13.969 do

ano de 1997.

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De acordo com o NBR 13969/1997, a escolha das fontes alternativas de

reuso de água deve levar em consideração o resultado dos parâmetros do efluente

após análise e feita sua classificação de acordo os valores e classe relacionados no

Quadro 2 acima.

Os métodos e procedimentos aplicados para as análises foram realizados

baseados nos métodos utilizados pelo IMA que constam no Standard Methods for

the Examination of Water and Wastewater (APHA, 1998). Os parâmetros de

determinação selecionados para a análise das amostras do sistema de Jardim

Filtrante estão relacionados no Quadro 4.

Quadro 4 – Parâmetros analisados

Parâmetros Métodos

pH Tritation Method

Turbidez (NTU) Nephelometric Method

OD (mg/L) Eletrometric Method

Cloro Residual (mg/L) Method

colorimetric with DPD

Coliformes fecais (NMP/100mL) Method incubation

SDT (mg/L) Total Solids Dried at 103–105°C

Fonte: Autores, 2018.

3.3 Verificação do custo benefício da implantação do sistema

A avaliação dos custos é de grande importância dentro dos objetivos deste

trabalho. Para que a determinação do período de retorno para o capital investido no

sistema de reuso de águas cinza possa ser determinado, é preciso relacionar os

custos de implantação, valorização do espaço e também de manutenção.

Os custos de implantação envolvem as tubulações de esgoto, o material para

construção do jardim filtrante e a mão-de-obra envolvida. São considerados também

os acessórios necessários para as instalações.

O período de retorno para o investimento inicial necessário à separação das

águas cinza foi determinado admitindo-se a utilização do efluente para usos simples

como lavagem de piso e irrigação do próprio sistema do jardim que proporcionou

uma valorização do espaço onde foi implantado e o não descarte do efluente no

meio ambiente.

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Para a elaboração do consumo de água de reuso foram relacionadas as

demandas de água dos pontos que podem ser abastecidos com água de menor

exigência de qualidade, ou seja, foram relacionados os vasos sanitários e as áreas

externas à residência, jardins e calçadas.

Foram utilizados os custos de composições do Sistema Nacional de Pesquisa

de Custos e Índices da Construção Civil - SINAPI e pelo Orçamento de Obras de

Sergipe - ORSE para a maior parte dos itens analisados.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo está representado e discutido os resultados obtidos através

das análises para a avaliação de alternativa de reúso para o efluente de saída desse

sistema e a composição de custos necessária para aquisição de um jardim filtrante

como sistema de reaproveitamento de águas cinza advindas do esgoto doméstico.

4.1 Qualidade da água proveniente da entrada e saída do Jardim Filtrante

As análises foram realizadas pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) para

quantificação dos parâmetros físico-químicos necessários para a classificação do

efluente gerado na entrada do tratamento por meio do filtro biológico do jardim

filtrante, os resultados obtidos encontram-se no Quadro 5.

Quadro 5 - Parâmetros analisados na entrada do efluente

Parâmetros Resultados dos Ensaios

pH 6,06

Turbidez (NTU) 1702,7

OD (mg/L) 483,3

Cloro Residual (mg/L) < 0,1

Coliformes fecais (NMP/100mL) > 80000

SDT (mg/L) 229

Fonte: Autores, 2018.

Ao observamos o Quadro 5 e compararmos com o Quadro 2, nota-se que não

podemos classificar esse efluente de entrada em nenhuma classe para

determinação de alternativas de reúso sem um tratamento adequado. Ou seja, esse

efluente é ideal para passar por tratamento e ser feito um estudo comparativo da

entrada e saída.

As análises do efluente de gerado na saída do jardim filtrante não foram

possíveis de serem feitas, pois a quantidade disponível na saída não era suficiente

pra ser coletada e analisada.

A hipótese mais provável desse acontecimento é que o jardim foi feito com

uma margem de segurança de 69%, pois a área por habitante é de 1 m² e como na

residência moravam duas pessoas ele deveria ter sido construído com 2 m², mas

para melhor aproveitamento do espaço ele foi construído com área total de 3,38 m².

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Isso fez com que o sistema consumisse todo o efluente e deixasse passar uma

quantidade menor para o reservatório.

Figura 23 - Coleta de Efluente para realização de análises de parâmetros

Fonte: Autores, 2018.

Figura 24 - Efluente Coletado na Entrada do Jardim Filtrante

Fonte: Autores, 2018.

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A Figura 23 retrata a coleta realizada na entrada do jardim filtrante pelo

técnico do IMA e a Figura 24 retrata os frascos utilizados para as análises, o frasco

maior de 5 Litros foi para a utilização nas análises de parâmetros do pH, Turbidez,

Cloro Residual, DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), OD (Oxigênio Dissolvido)

e Sólidos Totais Dissolvidos. Os fracos menores foram utilizados para as análises

dos parâmetros Coliformes Fecais (envolto no plástico e papel alumínio e contém

conservante para a amostra) e DQO (Demanda química de oxigênio).

4.2 Alternativas de reúso após a análise do efluente

Com base na NBR13969/1997 (Quadro 2) citada anteriormente será indicada

as alternativas para o reuso do efluente gerado pelo sistema de tratamento de

acordo com a sua classe que será determinada pelo valor dos parâmetros

analisados – Turbidez, coliformes fecais, sólidos dissolvidos totais, pH, cloro

residual, oxigênio dissolvido.

Com a conclusão das análises são feitas as comparações para que se

obtenha um resultado em torno das alternativas para reutilização desse efluente,

nota-se que existem critérios mais rigorosos com relação a utilização desse efluente

para contato direto com humanos como lavagens de carro e quanto a utilização para

reuso em pomares como sistema de irrigação existem padrões mais aceitáveis nos

parâmetros como mostra a NBR13969/1997.

4.3 Custo para implantação do Jardim Filtrante

4.3.1 Quantificação de Materiais para composição de custos

A Equação (3) foi utilizada para determinação da quantidade em unidade de

Blocos Cerâmicos por Metro Quadrado:

𝑛 = 1

(𝑏1 + 𝑒ℎ) ∗ (𝑏2 + 𝑒𝑣) (3)

n = número de blocos por metro quadrado;

b1 = comprimento horizontal (m);

b2 = altura vertical (m);

b3 = espessura do bloco (m);

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eh = espessura da junta horizontal (m);

ev = espessura da junta vertical (m).

𝑛 = 1

(0,29 + 0,02) ∗ (0,19 + 0,02)= 15,36 ~ 16 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠/𝑚²

A Equação (4) corresponde a equação na qual se encontra o volume de

argamassa por m³ de alvenaria

𝑉 = [ 1 − 𝑛 ∗ (𝑏1 ∗ 𝑏2)] ∗ 𝑏3 (4)

𝑉 = [ 1 − 15,36 ∗ (0,29 ∗ 0,19)] ∗ 0,09 = 0,01382976 𝑚³

Elevação das paredes consome 0,8 h pedreiro por m² e 0,4 h de servente.

Adotado os seguintes consumos para fabricação de 1 m³ de argamassa

182 kg de argamassa pronta

4 h de servente

Quantidade de argamassa por m³ de alvenaria

Equações (5) e (6), respectivamente, são utilizadas para calcular a

quantidade de argamassa para execução de alvenaria e quanto tempo gasto pelo

servente.

𝐴𝑟𝑔𝑎𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑃𝑟𝑜𝑛𝑡𝑎 = 182𝑘𝑔

𝑚3∗ 0,01382976 𝑚3 = 2,52 𝑘𝑔 (5)

𝑆𝑒𝑟𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒 = 4ℎ

𝑚3∗ 0,01382976 𝑚3 = 0,055 ℎ (6)

4.3.2 Área de Alvenaria

A Figura 25 representa as cotas relacionadas a alvenaria do jardim filtrante e

é utilizada a Equação (7) para representa a área da alvenaria necessária para

execução do jardim:

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Figura 25 - Planta Baixa - Jardim Filtrante Fonte: Autores, 2018.

À𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑣𝑒𝑛𝑎𝑟𝑖𝑎 = ∑ ℎ ∗ 𝑐 (7)

h = Altura da alvenaria;

c = Comprimento da alvenaria;

À𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑣𝑒𝑛𝑎𝑟𝑖𝑎 = 0,6 ∗ 12,93 = 7,758 𝑚²

4.3.3 Composição do Custo através do Orçamento de Obras de Sergipe – ORSE e

Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil SINAPI

O Software ORSE - Orçamento de Obras de Sergipe, foi desenvolvido e é

mantido pela Companhia Estadual de Habitação e Obras Públicas de Sergipe -

CEHOP há mais de dez anos, para atender à determinação contida nos artigos 8º e

9º da Lei Estadual nº 4.189 de 28.12.1999 que criou o Sistema Estadual de Registro

de Preços para Obras e Serviços de Engenharia (ORSE, 2004).

O Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil

(SINAPI) é indicado pelo Decreto 7983/2013, que estabelece regras e critérios para

elaboração do orçamento de referência de obras e serviços de engenharia,

contratados e executados com recursos dos orçamentos da União, para obtenção de

referência de custo, e pela Lei 13.303/2016, que dispõe sobre o estatuto jurídico da

empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias (SINAPI,

2014).

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As composições de custos apresentadas nos quadros foram feitas através

desses dispositivos, porém os custos que foram considerados e obtidos

posteriormente são custos reais, custos com base em lojas especializadas nesses

materiais na região.

Alvenaria

A Composição do serviço de alvenaria pose ser vista no Quadro 6.

Quadro 6 - Composição de Custos de Alvenaria

Serviço

Código Descrição do Serviço Unidade

7268/SINAPI Bloco cerâmico (alvenaria de vedação), 8 furos, de 9 x 19 x 29

cm, e = 9cm, com argamassa pronta, junta = 2cm m²

Composição de Preço

Código Descrição da Composição Unid. Quant Custo Unit.

Custo Total

7268/SINAPI Bloco cerâmico (alvenaria de

vedação), 8 furos, de 9 x 19 x 29 cm

UN 16 0,59 9,44

04750/SINAPI Pedreiro h 0.8 6.25 5

06111/SINAPI Servente h 0.4 4.34 1,74

371/SINAPI

Argamassa industrializada multiuso, para revestimento interno

e externo e assentamento de blocos diversos, 20kg

m³ 0,0013

8 351,3 0,48584

10549/ORSE Encargos Complementares -

Servente h 0.4 2.47 0.99

10550/ORSE Encargos Complementares -

Pedreiro h 0.8 2.41 1.93

Totais

Equipamento Material Mão-de-

Obra

Enc. Social

Terceiros

Valor Total

0,00 9,93 6,74 7,98 0,51 25,16

Fonte: ORSE e SINAPI, 2018.

Logo o custo da alvenaria será representado pela Equação (8) :

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑎𝑙𝑣𝑒𝑛𝑎𝑟𝑖𝑎 = 𝑉𝑡𝑜𝑎 ∗ 𝐴 (8)

Vtoa = Valor total ORSE alvenaria;

A = Área da alvenaria;

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑎𝑙𝑣𝑒𝑛𝑎𝑟𝑖𝑎 = 25,16 ∗ 7,758 = 𝑅$ 195,19

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Reboco

A Composição do serviço de reboco pose ser vista no Quadro 7.

Quadro 7 - Composição de Custos do Reboco

Serviço

Código Descrição do Serviço Unidade

03314/ORSE Reboco ou emboço interno, de parede, com argamassa

pronta espessura, 1,5 cm m²

Composição de Preço

Código Descrição da Composição

Unid Quant Custo Unit.

Custo Total

04750/SINAPI Pedreiro h 0,6 6.25 3,75

06111/SINAPI Servente h 0,6 4.34 2,6

03314/ORSE

Reboco ou emboço interno, de parede, com

argamassa pronta

espessura, 1,5 cm

m³ 0,015 311,52 4,67

10549/ORSE Encargos

Complementares - Servente

h 0,6 2.47 1,48

10550/ORSE Encargos

Complementares - Pedreiro

h 0,6 2.41 1,45

Totais

Equipamento Material Mão-de-

Obra Enc.

Social Terceiros Valor Total

0,00 6,55 6,61 7,57 0,48 21,21

Fonte: ORSE e SINAPI, 2018.

Logo o custo do reboco será representado pela Equação (9):

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑅𝑒𝑏𝑜𝑐𝑜 = 𝑉𝑡𝑜𝑟 ∗ 𝐴 (9)

Vtor = Valor total ORSE reboco

A = Área

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑅𝑒𝑏𝑜𝑐𝑜 = 21,21 ∗ 7,758 = 𝑅$ = 164,55

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Tubulação

Os materiais utilizados para instalações hidráulicas estão representados no

Quadro 8.

Quadro 8 - Composição de Custos da Tubulação

Instalações Hidráulicas – Jardim Filtrante

Código SINAPI

Quant. Descrição do Insumo Unid Preço

Mediano (R$)

Total (R$)

3520 6 Joelho Pvc, Soldavel, Pb, 90 Graus, DN

100 Mm, Para Esgoto Predial un R$ 3,90 R$ 23,40

1200 1 Cap Pvc, Soldavel, DN 100 mm, Serie

Normal, Para Esgoto Predial un R$ 5,20 R$ 5,20

9836 5 Tubo Pvc Serie Normal, DN 100 mm,

Para Esgoto Predial (Nbr 5688) m R$ 8,32 R$ 41,60

1191 1 Cap PVC, Soldável, 20 mm, para água

fria predial un R$ 1,69 R$ 1,69

1191 1 Cap PVC, Soldável, 20 mm, para água

fria predial un R$ 1,69 R$ 1,69

9867 1 Tubo PVC, Soldável, DN 20 mm, água

fria (NBR 5684) m R$ 1,99 R$ 1,99

91170 2 Abraçadeira PVC para calha pluvial,

diâmetro entre 80 e 100 mm para drenagem pluvial

un R$ 2,50 R$ 5,00

Valor total R$ 78,88

Fonte: SINAPI, 2018.

Composição interna do jardim

A composição do jardim com os locais de cada etapa e dada pela planta baixa

Figura 26 e os cortes Figura 27 que representam as camadas constituintes do

sistema. O volume das camadas constituintes e do jardim são dadas pelas

Equações (10) a (14) e seus custos são dados pelo Quadro 9.

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Figura 26 - Planta Baixa do Jardim Filtrante Fonte: Autores, 2018.

Figura 27 - Planta de Corte - Jardim Filtrante

Fonte: Autores, 2018.

P = Perímetro;

A = Área;

h = Altura;

Vb1= Volume brita um;

Vaf = Volume areia fina;

Vtv = Volume de terra vegetal;

Vtj= Volume total do jardim filtrante;

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Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑗𝑎𝑟𝑑𝑖𝑚 = 𝐵. ℎ (10)

Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑗𝑎𝑟𝑑𝑖𝑚 = 2,60 ∗ 1,30 = 3,38 𝑚²

𝑉𝑏1 = 𝐴. ℎ (11)

𝑉𝑏1 = 3,38 ∗ 0,30 = 1,014 𝑚³

𝑉𝑎𝑓 = 𝐴. ℎ (12)

𝑉𝑎𝑓 = 3,38 ∗ 0,15 = 0,507 𝑚³

𝑉𝑡𝑣 = 𝐴. ℎ (13)

𝑉𝑡𝑣 = 3,38 ∗ 0,15 = 0,507 𝑚³

𝑉𝑡𝑗 = 𝐴. ℎ (14)

𝑉𝑡𝑗 = 3,38 ∗ 0,6 = 2,028 𝑚³

Quadro 9 - Composição Interna de Custos do Jardim Filtrante

Fonte: ORSE, 2018.

4.3.4 Considerações sobre o custo de implantação do Jardim Filtrante

Como fomos responsáveis pala construção do jardim filtrante o custo com

mão de obra foi desconsiderado, levando apenas em consideração para este

trabalho o custo referente aos materiais adquirido para a construção jardim filtrante,

o preço dos materiais e custo que tivemos para implantação do jardim podem ser

observados no Quadro 10.

Composição interna do Jardim Filtrante

Código Quantidade Descrição do Insumo Unid Preço Mediano

(R$) Total (R$)

00308/ORSE 1,014 Brita 1 (9,5 a 19,0 mm) -

incluso frete m³ R$ 120,00

R$ 121,68

02208/ORSE 0,507 Terra vegetal m³ R$ 52,43 R$26,58

12930/ORSE 0,507 Areia fina m³ R$ 80,00 R$ 40,56

Valor Total R$

188,82

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Quadro 10 - Composição de Custo dos Materiais: Insumos

Composição de custos Jardim Filtrante -Insumos

Código Quant.

Descrição do Insumo Unid. Preço

Mediano (R$)

Total (R$)

7268 180 Bloco cerâmico (alvenaria de

vedação), 8 furos, de 9 x 19 x 29 cm un R$ 0,59 R$106,20

3520 6 Joelho PVC, soldável, pb, 90 graus,

DN 100 mm, para esgoto predial un R$ 3,90 R$23,40

3528 1 Joelho PVC, soldável, pb, 45 graus,

DN 100 mm, para esgoto predial un R$ 5,90 R$5,90

10585/ORSE 1 Arco de serra un R$ 7,00 R$7,00

5078 1 Prego de aço polido com cabeça 16 x

27 (2 1/2 x 12) kg R$ 10,00 R$ 10,00

371 27

Argamassa industrializada multiuso, para revestimento interno e externo e

assentamento de blocos diversos, 20kg

kg R$ 10,41 R$ 281,07

1200 1 CAP PVC, soldável, dn 100 mm, serie

normal, para esgoto predial un R$5 ,20 R$ 5,20

Cotação 2 Luva látex Plus grande un R$ 7,90 R$ 15,80

Cotação 1 Cal kg R$ 8,50 R$ 8,50

7170 5 Tela fachadeira em polietileno, rolo de

3 x 100 m (l x c), cor branca, sem logomarca - para proteção de obras

m² R$ 8,80 R$ 44,00

9836 5 Tubo PVC serie normal, DN 100 mm,

para esgoto predial (NBR 5688) m R$8,32 R$ 41,60

00308/ORSE 1,01

4 Brita 1 (9,5 a 19,0 mm) - incluso frete m³

R$ 120,00

R$ 121,68

02208/ORSE 0,50

7 Terra vegetal m³ R$ 52,43 R$ 26,58

12930/ORSE 0,50

7 Areia fina m³ R$ 80,00 R$ 40,56

Cotação 5 Alpinia mudas R$ 5,00 R$ 25,00

Cotação 30 Papiro Anão mudas R$ 2,50 R$ 75,00

Cotação 7 Copos de Leite mudas R$ 10,00 R$ 70,00

Cotação 17 11 horas mudas R$ 2,00 R$ 34,00

Cotação 2 Citronela mudas R$ 8,00 R$ 16,00

Cotação 1 Grama m² R$ 7,20 R$ 7,20

Cotação 1 Tinta Acrílica Pintalar Econômica Gelo

3,6 L Un R$ 24,90 R$ 24,90

00034456 1,85 Aço CA – 60, 5,0 mm, dobrado e

cortado kg R$ 4,92 R$ 9,10

1191 1 Cap PVC, Soldável, 20 mm, para água

fria predial un R$ 1,69 R$ 1,69

9867 1 Tubo PVC, Soldável, DN 20 mm, água

fria (NBR 5684) m R$ 1,99 R$ 1,99

91170 2 Abraçadeira PVC para calha pluvial,

diâmetro entre 80 e 100 mm para drenagem pluvial

un R$ 2,50 R$ 5,00

Total R$

1007,37

Fontes: SINAPI e ORSE, 2018.

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4.4 Benefício da implantação do jardim filtrante

Os benefícios são inúmeros após a implantação desse sistema de tratamento

alternativo e natural, podemos citar: valorização do espaço pelo jardim de forma

ornamental, descarte adequado das águas residuais, reaproveitamento para

irrigação de plantas e dessedentação de animais (de acordo com a classificação,

após análise do efluente gerado), economia doméstica pois o efluente reduz o uso

de água da rede de abastecimento pela companhia de água a depender do volume

de água gerado pelo sistema.

Concluísse que há um ganho em se utilizar a água proveniente do reúso em

descargas sanitárias, lavagem de pisos, irrigação de jardins, entre outros fins a se

utilizar a água diretamente tratada vinda da CASAL (Companhia de Saneamento de

Alagoas) que pode ser destinada para outras finalidades mais nobres.

Este sistema traz uma valorização para o ambiente ao qual ele se encontra

instalada, pois podem ser utilizadas espécies de macrófitas esteticamente bonitas

com flores, como também se podem utilizar espécies que embelezam menos, porém

com o benefício de fornecimento de frutas e raízes comestíveis, como bananeiras,

inhames e macaxeiras.

Há uma supervalorização do espaço, um dos aspectos mais observados

durante a implantação do jardim filtrante, pois ele além de fazer o tratamento para

esse efluente foi capaz de trazer uma função paisagística para o ambiente trazendo

valorização de um espaço antes desprezado. Como pode ser observado nas Figuras

28 e 29 a seguir.

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Figura 28 - Espaço antes da implantação do Jardim Filtrante Fonte: Autores, 2018.

Figura 29 - Espaço depois da implantação do Jardim Filtrante Fonte: Autores, 2018.

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5 CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou a implantação de um

tratamento alternativo de esgoto através de um sistema natural que se utiliza de

materiais porosos como filtro e plantas macrófitas na absorção de nutrientes. O

jardim filtrante tem utilidade em meios rurais com grande eficiência, trazê-lo para a

zona urbana foi um desafio enfrentado. A fim de minimizar os danos do despejo

inadequado do efluente doméstico foi proposta a implantação do jardim filtrante

sendo analisados aspectos construtivos e os custos de construção.

Os objetivos traçados para esse trabalho de conclusão de curso foram quase

todos alcançados, pois o jardim foi dimensionado e construído, e tanto o custo

quanto os benefícios foram analisados e apresentados ao longo do trabalho, apenas

o efluente de saída do sistema não pôde ser analisado.

Com base nos resultados obtidos no Quadro 5 e de acordo com a NBR

13969/1997 o efluente de entrada não se classifica em nenhuma das classes, pois

se trata do efluente em sua forma bruta, com altos índices de coliformes fecais e

turbidez, índices dos quais podem apresentar diminuição no efluente de saída do

jardim filtrante.

A coleta do efluente de saída do sistema não foi possível de ser realizada por

dois motivos aparentes, primeiramente existiu infiltração devido a não utilização de

aditivo impermeabilizante na argamassa. E o segundo motivo deduzido é que

sistema de tratamento foi capaz de absorver todo efluente de entrada, o seu

dimensionamento foi feito com uma margem de segurança de 69%. O sistema

dimensionado precisava de apenas 2 m² para os dois contribuintes da residência e o

construímos com 3,38 m² afim de aproveitar o espaço disponível e para que futuros

contribuintes de efluentes no domicílio unifamiliar trabalhado possam utilizar o

sistema de jardim filtrante com segurança.

Ajustando apenas com a impermeabilização do sistema será possível obter

resultados na saída do Jardim, pois a margem de segurança ao qual foi

dimensionado o jardim pode ser resolvida com um tempo maior para o

preenchimento do reservatório de saída.

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A fim de ressaltar outros aspectos, podemos citar também que a inserção no

jardim na residência unifamiliar tornou o local ao qual ele foi construído, habitável e

com uma paisagem agradável para os moradores.

O presente trabalho foi de natureza experimental de forma que estava

suscetível a erros ou falhas no sistema, porém esses erros ou falhas, neste caso,

podem ser corrigidos.

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ANEXOS

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ANEXO A - Orçamento dos parâmetros fisico-quimicos e biológico realizado pelo

Institituto do Meio Ambiente.

Fonte: Alagoas, 2018.

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ANEXO B – Resultado de Ensaios Analíticos (Físicos, Químicos e Biológicos)

Fonte: Alagoas, 2018.