carf - planejamento tributário. irpj e csll

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PRELIMINAR DE NULIDADE DO LANÇAMENTO - ERRONA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO - PENALIDADE QUALIFICADA - EVIDENTE INTUITO DEFRAUDE - INOCORRÊNCIA - SIMULAÇÃO RELATIVA - IRPJ E CSLL

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  • 1.,

    CCOICOSIi.Fls. I

    4Fr hCR, MINISTRIO DA FAZENDAPRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTESigorktOITAVA CMARA

    Processo n 11080.009668/2004-28Recurso n 149.392 VoluntrioMatria IRPJ - Ex.: 2000Acrdo n 108-09.227Sesso de 28 de fevereiro de 2007

    Recorrente EPART ADMINISTRAO E PARTICIPAES LTDA.Recorrida P TURMA/DRJ-PORTO ALEGRE/RS

    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA -IRPJAno-calendrio: 1999Ementa:

    PRELIMINAR DE NULIDADE DO LANAMENTO - ERRONA IDENTIFICAO DO SUJEITO PASSIVO - Configuraerro na identificao do sujeito passivo, quando o Fisco no lavrao auto de infrao na empresa onde foram efetuados os aportesfinanceiros e para qual foi dirigido o ganho econmico, quandoela permanece ativa aps os fatos considerados como simulados econtrolada pela pessoa fisica beneficiada, direta ou indiretamente,pela no tributao do ganho de capital na alienao departicipao societria.IRPJ E CSLL - DECADNCIA - O Imposto de Renda PessoaJurdica e Contribuio Social sobre o Lucro Lquidos, sotributos cuja legislao prev a antecipao de pagamento semprvio exame pelo Fisco, est adstrito sistemtica delanamento dita por homologao, na qual a contagem dadecadncia do prazo para sua exigncia tem como termo inicial adata da ocorrncia do fato gerador (art. 150 pargrafo 4 doCTN). Ocorrendo a cincia do auto de infrao pela contribuinteno ano de 2005, cabvel a preliminar de decadncia suscitada paraos tributos lanados no ano-calendrio de 1999.PENALIDADE QUALIFICADA - EVIDENTE INTUITO DEFRAUDE - INOCORRNCIA - SIMULAO RELATIVA - Aevidncia da inteno dolosa, exigida na lei para agravamento dapenalidade aplicada, h que aflorar na instruo processual,devendo ser inconteste e demonstrada de forma cabal.atendimento a todas as solicitaes do Fisco e observncia dalegislao societria, com a divulgao e registro nos rg

    ,,,,, 4

    1, ''

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 CCOI/COS

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 2

    pblicos competentes, inclusive com o cumprimento dasformalidades devidas junto Receita Federal, ensejam a intenode obter economia de impostos, por meios supostamente elisivos,mas no evidenciam m-f, inerente prtica de atosfraudulentos.Preliminar de nulidade acolhida.Preliminar de decadncia acolhida.

    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto porEPART ADMINISTRAO E PARTICIPAES LTDA.

    ACORDAM os Membros da Oitava Cmara do Primeiro Conselho deContribuintes, por unanimidade de votos, ACOLHER a preliminar de nulidade por erro deidentificao do sujeito passivo em relao ao item 001 (ganhos e perdas de capital) e, nomrito, em relao ao item 002 (adies no computadas na apurao do lucro real), porunanimidade de votos, REDUZIR a multa de oficio para 75% e, em decorrncia da reduo damulta, por maioria de votos, ACOLHER a preliminar de decadncia das exigncias (IRPJ eCSL), nos termos do relatrio e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos osConselheiros Nelson Losso Filho (Relator), 'vete Malaquias Pessoa Monteiro e Jos CarlosTeixeira da Fonseca que acolhiam a decadncia apenas em relao ao IRPJ. Designado oConselheiro Margil Mouro Gil Nunes para redigir o voto vencedor.

    DoRdfin, p#0413ADyiyov

    Presi nt

    r repittAve,MARGIL OU r O GIL NUNES

    Redator Designado

    FORMALIZADO EM: 1 0 M! 2008

  • _.

    . Processo n. 11080.009668/2004-28 CCO I/C08,

    - Acrdo n. 108-09.227 Fls. 3

    Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: KAREM JUREIDINI DIAS,MARGIL MOUR0 GIL NUNES, ORLANDO JOS GONALVES BUENO e JOSHENRIQUE LONGO.

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 CCOI/C08

    Acrdo n. 108-09.227Fls. 4

    Relatrio

    Contra a empresa Epart Administrao e Participaes Ltda., foram lavradosautos de infrao do IRPJ, fls. 160/165, CSL, fls. 166/173, por ter a fiscalizao constatado asseguintes irregularidades no ano-calendrio de 1999, descritas s fls. 04:

    "1- Ganhos e Perdas de Capital Alienao de Investimento Avaliadopelo Valor do Patrimnio Lquido Falta de contabilizao do ganhode capital apurado na alienao de investimento permanente avaliadopelo valor do Patrimnio Lquido, conforme Relatrio de AtividadeFiscal, gerando, em conseqncia, reduo indevida do lucro sujeito tributao.2- Adies No Computadas na Apurao do Lucro Real Reavaliao de Bens na Coligada ou Controlada Alienao/Liquidao do Investimento ou Capitalizao da Reserva deReavaliao.- Ausncia de adio ao lucro lquido do perodo, nadeterminao da base de clculo do tributo, da Reserva de ReavaliaoReflexa decorrente do investimento na controlada ELEVADORES SUR,a qual deveria ter sido realizada por ocasio da alienao do referidoinvestimento."

    A descrio dos fatos complementa pelo Relatrio da Atividade Fiscal de fls.175/234, do qual transcrevo o seguinte excerto:

    "Para uma adequada compreenso das operaes realizadas, misterum breve resumo dos principais negcios jurdicos implementadospelas partes envolvidas, que culminou com a celebrao, em 08/09/99,do CONTRATO DE COMPRA E VENDA E DE PERMUTA DE AES(Anexo 1):Em 22/09/98, atravs de uma Assemblia Geral Extraordinria (AGE),os acionistas de ELEVADORES SCIR deliberaram pelo cancelamentodo registro de capital aberto de ELEVADORES St2R, tomando asociedade companhia de capital fechado;No dia 04/08/99 1, os ALIENANTES ingressaram no quadro societrioda 5246 PARTICIPAES, subscrevendo um aumento de capital de R$700,00, bem como a formao de reserva de capital no valor de R$1.400,00, mediante a emisso de 7.000.000 de aes. Com

    isso, ocapital social da 5246 PARTICIPAES passou a ser dividido em17.000.000 de aes. A subscrio do aumento de capital se deu de talforma, que foi mantida, aproximadamente, a mesma participao queos acionistas detinham em ELEVADORES St.2R;No dia 04/08/99, um dos antigos acionistas de 5246 PARTICIPAES,EDUARDO DUARTE, at ento detentor (funtamente MRCIA LCIACOELHO DOS SANTOS) de 100% das aes de emisso da 5246PARTICIPAES, renunciou ao cargo de diretor da empresa.MRCIA LUCIA COELHO DOS SANTOS j havia renunciado aocargo anteriormente, em 20/04/99;

    Embora tenha sido realizada em 04/08/99, o protocolo na Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro(JUCERJA) est datado de 03/09/99;

  • _

    Processo n. 11080.009668/2004-28 CCOI/C08Acrdo n. 108-09.227 Fls. 5

    No dia 05/08/99, EDUARDO DUARTE e MRCIA LCIA COELHODOS SANTOS, alienaram as 10.000.000 de aes que detinham na5246 PARTICIPAES para a prpria 5246 PARTICIPAES pelovalor de R$ 1.400,00. Com isso, a 5246 PARTICIPAES passou adeter 10.000.000 de AES EM TESOURARIA, ou seja, passou adeter 10.000.000 de aes de sua prpria emisso;No dia 15/08/992, os ALIENANTES subscrevem um aumento de capitalna empresa 5246 PARTICIPAES no valor de R$ 36.653.340,00, oqual foi integralizado mediante a conferncia das aes que elesdefinham na empresa ELEVADORES SUR;No dia 27/08/90, a THYSSEN INDUSTRIES, juntamente com aTHYSSEN ELETEC LTDA., CNPJ 01.189.622/0001-72, constituram,no Brasil, a empresa THYSSEN KRUPP PARTICIPAES, com umcapital social subscrito de R$ 100,00, a ser integralizado no prazo deum ano;

    No dia 05/09/99, EDUARDO DUARTE e SIMONE BORCK SILVA, atento detentores de 100% das aes de emisso da 5256PARTICIPAES, transferem suas aes para ADROALDOAUMONDE, renunciando aos cargos de Diretores no dia 08/09/99;No dia 08/09/99, os ALIENANTES PESSOAS FSICAS (alm da pessoajurdica domiciliada no exterior, a EWEN LTD) transferem as aesque acabaram de subscrever na 5246 PARTICIPAES para a 5256PARTICIPAES em decorrncia de uma integralizao de aumentode capital subscrito pelos ALIENANTES nesta empresa no montante deR$ 25.032.000,09;No dia 08/09/99, a 5246 PARTICIPAES (VENDEDORA) vendepara THYSSEN INDUSTRIES, S/A, as 10.000.000 (3.340.000 ON e6.660.000 PIV) de AES de sua emisso que estavam EMTESOURARIA, pelo preo de R$ 202.337.000,00, equivalentes,naquela data, a US$ 107.000.000,00, as quais 5246 PARTICIPAEShavia acabado de adquirir;O preo de RS 202.337.000,00 foi pago no ato de celebrao docontrato atravs de crdito em conta corrente da VENDEDORAmantida junto ao BANCO PACTUAL S/A, outorgando a VENDEDORA COMPRADORA a mais ampla, geral e irrestrita quitao pelorecebimento da totalidade do preo, inscrevendo-se a COMPRADORAno Livro Registro de Aes Nominativas da VENDEDORA;Ato contnuo, a THYSSEN INDUSTRIES (COMPRADORA) subscreveuum aumento de capital na empresa THYSSEN KRUPPPARTICIPAES no valor de R.S 226.919.901,00, integralizado daseguinte forma: a) R$ 202.331000,00, mediante a conferncia das10.000.000 de emisso da 5246 PARTICIPAES, que a THYSSENINDUSTRIES - acabado de adquirir da prpria 5246PARTICIPAES; b) pagamento em dinheiro no valor de R$3.782.000,00; e c) o saldo remanescente deveria ser integralizado emdinheiro ou bens no prazo de 14 meses. Como conseqncia do aportede capital feito pela THYSSEN INDUSTRIES, a THYSSEN KRUPP

    2 A Ata da AGE foi protocolizada na JUCERJA apenas no dia 03/09/99;3 O Instrumento Particular de Contrato de Constituio da THYSSEN KRUPP foi protocolizado na JuntaComercial do Estado de So Paulo (JUCESP);

    *Cf

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 CCOI/C08

    Acrdo n. 108-09.227 As. 6

    PARTICIPAES foi inscrita no Livro Registro de Aes Nominativasda VENDEDORA;Em seguida, e no mesmo dia 08/09/99, a THYSSEN KRUPPPARTICIPAES (PERMUTANTE) permuta com a 5246PARTICIPAES (VENDEDORA), passando a titularidade das10.000.000 (3.340.000 ON e 6.660.000 PIV) de aes de emisso de5246 PARTICIPAES para a prpria 5246 PARTICIPAES e atitularidade das aes de emisso de ELEVADORES SOR e de ASTELASSISTNCIA TCNICA para a THYSSEN KRUPPPARTICIPAES. Com

    isso, as 10.000.000 de aes de emisso de5246 PARTICIPAES voltaram a ser AES EM TESOURARIA e aTHYSSEN KRUPP PARTICIPAES passou a deter o controlesocietrio de ELEVADORES SR e de ASTEL ASSISTNCIATCNICA (98,66% e 99,9999%);No dia 09/09/99 a 5246 PARTICIPAES remeteu para o exterioruma considervel parcela do valor recebido na venda deELEVADORES SR e ASTEL ASSISTNCIA TCNICA (R$172.101.510,00) a ttulo de investimento direto na subsidiriaGRANITE HOLDINGS CORPORATION, com sede em Nassau, IlhasBahamas (11. 208 do Anexo II);No dia 30/12/99, os quotistas da THYSSEN KRUPP PARTICIPAESresolvem, por unanimidade, aprovar a incorporao da THYSSENKRUPP PARTICIPAES pela THYSSEN SR ELEVADORES.Com base em uma anlise mais detida nos negcios jurdicos acima, possvel afirmar, de maneira resumida, que os controles societrios deELEVADORES SR e da ASTEL ASSISTNCIA TCNICA foramvendidos para o GRUPO THYSSENKRUPP pelo valor de R$202.337.0001 00, atravs de uma complexa seqncia de atossocietrios que tiveram por objetivo MASCARAR a operao decompra e venda, acarretando a falta de recolhimento dos tributosdevidos pelos ALIENANTES sobre o ganho auferido na operao.Alm da falta de recolhimento dos tributos devidos, a operao tevepor objetivo gerar um gio dedutvel para o GRUPOTHYSSENKRUPP, sem o qual a operao no seria vantajosa para oadquirente.Da Utilizao por Parte de Adroaldo Aumonde de Interpostas PessoasJurdicas Domiciliadas no ExteriorAntes de passarmos a analisar os principais elementoscaracterizadores das fraudes levadas a efeito pelos ALIENANTES navenda de suas participaes societrias, MISTER destacar a utilizao,em larga escala, de interpostas pessoas jurdicas domiciliadas noexterior por parte de ADROALDO AUMONDE.Em resposta a intimao desta fiscalizao para informar e comprovarse o ADROALDO AUMONDE mantinha ou j manteve quaisquerrelaes (direta ou indireta elou societria, comercial ou empresarial),com vrias pessoas jurdicas domiciliadas no exterior e no Pas, bemcomo a informar, ainda, teria atuado como procurador ou comorepresentante legal das referidas empresas no perodo de janeirode

  • :. . Processo n. 11080.009668/2004-28 ccoi /CoaAcrdo n. 108-09.227 Fls. 7

    1997 at a presente data', ADROALDO AUMONDE respondeu o quesegue:"No mantenho e nunca mantive relaes de administrador,procurador, ou representante legal em nenhuma das empresasmencionadas. Tambm nunca fui scio nem acionista em nenhumadessas empresas."Dentre as pessoas jurdicas domiciliadas no exterior, para as quaisforam solicitadas as informaes, constavam a MILLER1 SOCIEDADANONIMA, com sede no Uruguai, e a GRANITE HOLDINGSCORPORATIOIV, com sede nas Bahamas.Com relao primeira, no mnimo curiosa a negativa deADROALDO AUMONDE sobre eventuais relaes por ele mantidascom a empresa, principalmente, quando se confronta essasinformaes com aquelas prestadas ao DEPARTAMENTO DEPOLICIA FEDERAL por LUIZ HENRIQUE PILLA DIAS (advogado deADROALDO AUMONDE), o qual foi inquirido e reinquirido nos autosdo Inqurito Policial n IPL 056/04 SR/DPF/RS (11. 07 a 18 do AnexoII).Com efeito, LUIZ HENRIQUE PILLA DIAS informou que ADROALDOAUMONDE possua uma participao societria na empresa MILLERISOCIEDAD ANONIMA e que teria sido atravs desta empresa queADROALDO AUMONDE teria participado de um empreendimento emPunta Del Este, no Uruguai. estranho, ainda, que ADROALDO AUMONDE negue ter tidoparticipao na MILLERI SOCIEDAD ANONIMA, quando oprocurador da empresa o advogado e contador ANTNIO CARLOSDE CASTRO PALCIOS (ANTONIO CARLOS PALCIOS), CPF148.280.060-87 (11. 246 do Anexo II), seu principal assessor jurdico econtbil.'J com relao segunda empresa, causa estranheza a informaoprestada por ADROALDO AUMONDE, j que, em uma certidooriginal da EURO-AMERICAN INTERNA TIONAL SER VICES(BAHAMAS) LJMITED, datada de 08/07/2004, ADROALDOAUMONDE consta como um dos DIRETORES da GRANITEHOLDINGS CORPORATIOIV6.Tal fato NO CAUSA NENHUMA SURPRESA, principalmente, seanalisarmos a participao da GRANITE HOLDINGSCORPORATION na operao de compra e venda das aes deELEVADORES SR e ASTEL ASSISTNCIA TCNICA.

    'As informaes deveriam ser prestadas de maneira detalhada, completa e deveriam ser acompanhadas dasrespectivas documentaes comprobatrias (tais como atos constitutivos e alteraes posteriores, procuraes,contratos, comprovantes de pagamentos etc.);5 Embora regularmente intimado, ANTNIO CARLOS PALCIOS alegou sigilo profissional, deixando deapresentar documentos relacionados com sua atuao de procurador das empresas de "fachada" de ADROALDOAUMONDE;6 A certido original foi encaminhada pelo Ministrio Pblico Federal atravs do Oficio OF/PR/RS n 7956/2004,de 06/12/2004. A certido autenticada pelo Ministrio das Relaes Exteriores do Panam, devidamentereconhecida pela Embaixada do Brasil naquele pais, foi encaminhada, juntamente com a Traduo Pblica

    ci9

    Juramentada, pelo Ministrio Pblico Federal atravs do Oficio OF/PR/RS n 1855/2005, de 11/04/2005;

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 COM /COS

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 8

    Com efeito, a GRANITE HOLDINGS CORPORATION foi utilizada porADROALDO AUMONDE e demais ALIENANTES para remeterrecursos para o exterior, em uma operao muito conhecida de"BLINDAGEM PATRIMONIAL". Essas "blindagens patrimoniais",via de regra, tem como principais objetivos a realizao de operaessimuladas com o intuito de suprimir indevidamente tributos incidentessobre negcios jurdicos, bem como proteger o patrimnio pessoal dosfkaudadores contra terceiros, dentre eles, o Fisco. Seno, vejamos.No dia seguinte ao da operao, em 09/09/99, a empresa 5246PARTICIPAES remeteu para o exterior a quantia de RS172.101.510,00 (considervel parcela do valor recebido na venda deELEVADORES SR e ASTEL ASSISTNCIA TCNICA) a ttulo deinvestimento direto na subsidiria GRANITE HOLDINGSCORPORATION, com sede em Nassau, Ilhas Bahamas.NO por COINCIDNCIA o valor remetido para o exteriorcorresponde, aproximadamente, participao de ADROALDOAUMONDE (92,10%) na venda das empresas ELEVADORES SR eASTEL ASSISTNCIA TCNICA, tanto atravs de sua prpria pessoafsica, como de suas pessoas jurdicas EWEN LTD. (59,16%), EWEMPARTICIPAES (21,43%), BW PARTICIPAES (7,25%) e EPARTPARTICIPAES (4,26%).J a EWEN LTD. (ou, sabe-se l, EWEM LTD.) um ente VIRTUALque, se no estivesse a servio daqueles que costumam fazer uso doemprego da fraude, poderia ser classificado como um ser ETREO,existindo to somente no papel e muitas vezes nem nele. mais umainterposta pessoa utilizada por ADROALDO AUMONDE para"blindar" seu patrimnio pessoal e realizar operaes fraudulentas,com a que transferiu o controle societrio da ELEVADORES SR paraa ASTEL ASSISTNCIA TCNICA para o GRUPO THYSSENKRUPP.Com efeito, a EWEN LTD. , de longe, a maior acionista deELEVADORES SR, possuindo mais de 60% do seu capital social, e100% do capital social da ASTEL ASSISTNCIA TECNICA. Noentanto, a maior parte das 2.026.422 aes detidas por EWEN LTD. naELEVADORES SR representada por aes preferenciaisnominativas, ou seja, sem direito a voto.J ADROALDO AUMONDE detm, no mnimo, mais de 70% (atravsde sua pessoa fsica e, por exemplo, da EPART PARTICIPAES) dasaes com direito a voto na empresa. Assim, causa estranheza que uminvestidor, responsvel por mais de 60 04 no s no tenha qualquerpoder de deliberao nas decises de sua investida, como tambmCONFIE plenamente seu investimento a uma NICA pessoa.Investigando a origem da participao acionria da EWEN LTD. naELEVADORES SUR esta fiscalizao se deparou com uma situaosimplesmente ESTARRECEDORA. Embora no Livro Registro de AesNominativas (fl. 130, 131, 152 e 153 do Anexo 19 seja possvelidentificar que uma parte das aes preferenciais detidas pela EWENLTD. tenham sido transferidas da MILLERI SOCIEDAD ANONIMA,empresa de ADROALDO AUMONDE, SIMPLESMENTE NOCONSTA nos Livros de Transferncia de Aes Nominativas essaSUPOSTA operao. PIJO

  • ' Processo n. 11080.009668/2004-28 CC0I/C08

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 9

    Esta situao causa mais estranheza ainda, quando os procuradores daempresa so a mesma pessoa, ANTNIO CARLOS PALCIOS 01 168do Anexo V), principal assessor de ADROALDO AUMONDE.Uma outra parte das aes preferenciais (1.012.236) foi adquirida pelaEWEN LTD. da empresa EVERTS EN VAN DER WEIJDENEXPLOITATIE MAATSCHAPPIJ EWEM B.V. (EWERTS EWEM), comsede na Holanda, que, no por coincidncia, vem sendo representadaaqui no Brasil pelo assessor ANTNIO CARLOS PALCIOS 01. ta76 77e 78 do Anexo 10.Tambm no coincidncia constar a expresso "EWEM" nadenominao social da EVERTS EWEM, afinal, esta empresa"compartilha" investimentos com ADROALDO AUMONDE, conformepode ser observado nos quadros societrios das empresas deADROALDO AUMONDE7:

    BuseReticiroe3 Acrpr Rricipe5s BWPartkipapls Elat Patitirates QdLt Sit 2210/ 5 age 5 7,

    Paorl~es 11.C87525 53'4 - 014. - 01A -

    Bats BAcn 8847974 4% - DV. 207.035 42% -FshanPaticipa3 - C% 1591567

    53% 283314 53% 2 90S Ir 22%PcinicbCides Aprmt - 1.1E6752 294 - WA 7.984653 78%Paio Ftrei - asio 3:4241 834 - (PA - CPA

    BWPaticimees - Ovo, 286214 734 - WAn - 0%Adula She Leal - C% 9325 2% - CPA - O%

    kralcs Pai:Stip - O% 917E8 1% - OVo - 0/0PelatiramateAnmie - O% 51973 1% - DV. - VA

    Frart PaticipAs - CPA 43003 1% - - C%

    Mut/1nm~ - O% - O% MO C%

    SP 1 ff% - N 1 VA - C%19485533 100% 4032003 109/6 491.Cal 1WA 101910:0 109%

    interessante observar que a ACAPAR PARTICIPAES ingressouno quadro societrio da EWEM PARTICIPAES atravs de umacesso de quotas feitas, por nada menos, que a MILLERI SOCIEDADANONIMA, empresa de ADROALDO AUMONDE.Curiosa a constatao da participao recproca entre a ACAPARPARTICIPAES'?

    (acrnimo de ADROALDO CARLOS AUMONDEPARTICIPAES) e a EWEM PARTICIPAES, o que inclusive, vedado pela legislao societria9.A aberrao societria implementada por ADROALDO AUMONDEem suas empresas leva seguinte situao: a ACAPARPARTICIPA OES CONTROLA a EWEM PARTICIPAO, a qual,por sua vez CONTROLA a ACAPAR PARTICIPAES.Em outras palavras, a CONTROLADA CONTROLA aCONTROLADORA, que por sua vez CONTROLA a CONTROLADA, aqual, na verdade, a CONTROLADORA que ...

    7 exceo da EPART PARTICIPAES (que, embora regularmente intimada, no apresentou a estafiscalizao todos os contratos sociais), as informaes relacionadas com o quadro societrio das empresas deADROALDO AUMONDE referem-se poca da venda da ELEVADORES Slt.;

    Empresa que tem, inclusive, como representante a filha de ADROALDO AUMONDE, KARINA AUMONDEVELHINHO;9 Art. 244 da Lei de S/A, como o art. 18 do Decreto n3.708/19, que regula as sociedades por quotas deresponsabilidade limitada;

  • - Processo n 11080.009668/2004-28 CanC013 Acrdo n. 108-09.227 Fls. 10

    Anulando as participaes recprocas, possvel concluir queADROALDO AUMONDE quem, efetivamente, controla no somentea ACAPARPARTICIPAES como tambm a EWEMPARTICIPAES

    (atravs da ACAPAR PARTICIPAES) e a BWPARTICIPAES (atravs da EWEM PARTICIPAES). o CAOS SOCIETRIO a servio dos escusos interesses deADROALDO AUMONDE na omisso de tributos e na "blindagem" deseu patrimnio pessoal atravs da utilizao de tteres e "testas deferro", "empresas de fachada", participaes recprocas, parasosfiscais, apenas para relacionar alguns artifcios.E neste PROMSCUO e INSIDIOSO emaranhado de participaessocietrias, encontra-se a EVERTS EWEM, participando diretamenteda EWEM PARTICIPAES e da BW PARTICIPAES, que temcomo procurador o "brao direito" de ADROALDO AUMOIVDE.Mas, apesar disso tudo, ADROALDO AUMONDE afirma no ternenhuma relao com a EVERTS EWEM. Ao que tudo indica, estaseria mais uma informao falsa prestada por ele a esta fiscalizao.E as aberraes societrias no param por aqui. A maior delas aquela havida por ocasio da venda das empresas ELEVADORES SCIRe ASTEL ASSISTNCIA TCNICA e que denuncia a EWEN LTD. comoINTERPOSTA PESSOA de ADROALDO AUMONDE.Conforme visto, a EWEN LTD. era a principal investidora daELEVADORES SR, detendo mais de 60% do capital social daempresa. No entanto, de maneira mais do que esdrxula, no tinhanenhum poder de deliberao, j que as aes por ela detidas(preferenciais) no davam direito algum de voto. Assim, todoinvestimento de EWEN LTD. era confiado pessoa de ADROALDOAUMONDE, que atravs de suas empresas, detinha o controlesocietrio da ELEVADORES SR.No entanto, com a utilizao por parte dos ALIENAIVTES da interpostapessoa 5246 PARTICIPAES para a concretizao da venda de suasparticipaes societrias, a EWEN LTD., que simplesmente NOTINHA QUALQUER PODER DE DELIBERAO sobreELEVADORES SR, passou a deter, de repente, MAIS DE 60% docapital VOTANTE da 5246 PARTICIPA OES, a qual, naquele exatomomento, passou a deter a quase totalidade das aes daELEVADORES Sle 9.A seguir, apresentamos o quadro societrio da 5246 PARTICIPAESlogo aps a integralizao realizada em 08/09/99:

    I importante lembrar que a outra metade do capital social da empresa, no total de 10.000.000 de aes,encontrava-se em tesouraria naquele momento, tendo passado rapidamente pelas mos do GRUPOTHYSSENICRUPP e retornado para tesouraria da 5246 PARTICIPAES;

    171?

  • - Processo n. 11080.009668/2004-28 CCO I /08Acrdo n. 108-09.227 Fls. II

    24 ri Itil

    idatt Diffii 5 IAM 5 Qat, $

    Emes 11r1 3893197 649457% 831294 Z9141% 4751.4)1 425104Fprt- Alii~e Ibli~s bis

    12710E9 23(843% UO1473 28,9CA 2372532 23,753%5Aem-6~ Pasicimees ah

    655033 7,4055% 219.716 5~4 a? 674894Pckeltalcs Arnsch 1815)7 2,5577% 634479 14498% 818.077 81M734Paio Ilrei li 131134 2.12164 111190 259E% 241524 24351%FAV- ~se Palicipsfts Ws

    72878 1,185RA MOO 237195% 871.571 8.715S%- &tu Paz c EA3a~e

    61361 1,003% 18343 R4713% 82:271 482XPAAlchch SM Led 41.777 46798% 3S467 49155%

    78237 47921PAJatales Urgis Parsategn

    21760 Q47734 21103 45:01% 45353 Q4531PA

    Martins Bornais Anu* 22710 438794 19.813 (35147%

    4223 4412%Paio ABE/o Mac 4033 Q06551'/0 1523 80314'/0

    7556 40793%ano Ssgio&hict L746 C10284% 127 (1,09/0 3273 Q032"afio kis Zam 1.716 Q02729/8 1.125 QCP&A 2742 QC0f/oPaloNsintrioRka 1510 40349%

    915 81:195% 2656 Q014IFASegied Abade Rhsrgr 777 40120% 177 80775Y0

    954 QC095%IsizRiteissctsSsits 433 407X% 377 (31036% 810 Q0731%SisstioLcres ~16 193 Q0031% 1 03033% 319 Q071214

    Total 6145194 1080000% 38548116 KQCOIP/e moam momo

    Ora, como possvel que ADROALDO AUMONDE, o ONIPOTENTEacionista da ELEVADORES SN, tenha perdido gratuitamente essacondio em favor da EWEN LTD., uma empresa que ele insiste emafirmar no ter tido qualquer relao?O questionamento ganha fora, se levarmos em considerao, ainda,que a EWEN LTD. passou a exercer o controle integral, atravs da5246 PARTICIPAES, da empresa GRANITE HOLDINGSCORPORATION, com sede em um conhecido paraso fiscal, escolhidopor ADROALDO AUMONDE e suas pessoas jurdicas, paraaterrissarem, em porto seguro, os recursos por eles auferidos na vendada ELEVADORES SCIR e da ASTEL ASSISTENCIA TCNICA.Como possvel que ADROALDO AUMONDE tenha concedido EWEN LTD. um

    pleno poder de deliberao sobre os destinos dos R$172.101.510,00, ou seja, da quase totalidade da parcela a queADROALDO AUMONDE e suas empresas teria direito?Teria sido uma retribuio da confiana depositada pela EWEN LTD.em ADROALDO AUMONDO durante o tempo em que este permanecia frente do investimento da primeira em ELEVADORES SUR? EVIDENTE QUE NO!!!!Todos esses atos no passaram de mais uma seqncia de fraudes e denegcios simulados, os quais so promovidos por ADROALDOAUMONDE e suas empresas SEM O MENOR PUDOR.As ANOMALIAS societrias pretendidas por ADROALDO AUMONDEsomente seriam possveis de ocorrer em um cenrio de completaESQUIZOFRENIA JURIDICA, como, por exemplo, aquele que serviude palco para a venda, ao GRUPO THYSSENKRUPP, das aes deELEVADORES SIM e de ASTEL ASSISTNCIA TCNICA.Como se no bastassem os ARDIS empregados por ADROALDOAUMONDE em sua busca incessante de uma "blindagem patrimonial"satisfatria, a GRANITE HOLDINGS CORPORATION concedeuemprstimos de longo prazo, no montante superior

    US$

  • Processo n. 11080.00966812004-28 cc. lias

    Acrdo n.* 108-09.227 Fls. 12

    90.000.000,00, com vencimentos entre 30/08/2030 e 03/04/2032 empresa INCHEON HOLDINGS LIMITED.Vale mencionar, ainda, a utilizao de outra "empresa de fachada"

    por ADROALDO AUMONDE para internalizao no Pas de parte derecursos por ele mantidos no exterior. a GALLION INDUSTRIALHOLDINGS LIMITED, com sede em Nassau, Bahamas, com a qualADROALDO AUMONDE teria celebrado a venda de suas aes na5256 PARTICIPAES pela quantia de US$ 8.400.000,00, a ser pagoatravs de 24 parcelas TRIMESTRAIS. Alm da utilizao novamenteda "empresa de fachada" 5256 PARTICIPAES, ADROALDOAUMONDE fez uso de mais uma "empresa fictcia", novamente em umconhecido paraso fiscal, a qual, ainda por cima, foi representada porum de seus vrios advogados, SYLVIO TORRES REIS.A utilizao, por parte de ADROALDO AUMONDE, da EWEN LTD.como interposta pessoa tem como conseqncia direta a tributao doganho de capital que caberia a esta (mas que, na verdade, pertence aADROALDO AUMONDE) na pessoa fsica de ADROALDOAUMONDE.

    Dos Elementos Caracterizadores da Simulao nos Negcios JurdicosCelebrados para Ocultar a Compra e Venda de AesA partir do item seguinte, passaremos a analisar detalhadamente osprincipais elementos que caracterizam as operaes societriasrealizadas pelas partes como SIMULADAS, encobrindo umaVERDADEIRA OPERAO DE COMPRA E VENDA de 3.356.797aes de emisso de ELEVADORES SOR e de 1.234.999 aes deemisso da ASTEL ASSISTNCIA TCNICA, realizada por EPARTPARTICIPAES e pelos DEMAIS ALIENANTES.Por oportuno, incorporamos ao nosso relatrio os principaisargumentos e concluses (no sentido da existncia de fraude nosnegcios jurdicos) trazidos pelos juristas PAULO DE BARROSCARVALHO (item O), GALENO LACERDA e JAGUAR TORELLYTEIXEIRA (item 0) em seus Pareceres, os quais, por sua vez, foramcontratados pela CIA CORP para analisar as operaes realizadasentre os ALIENAIVTES e o GRUPO THYSSENKRUPP.

    Vcios nos Elementos Volitivos Constantes dos Negcios JurdicosExteriorizadosO principal elemento denunciador da simulao a divergncia entrea vontade ntima das partes envolvidas e as declaraes por elasexternadas nos diversos atos societrios e demais negcios jurdicosimplementados cujo encadeamento compe o suposto "planejamentotributrio".Com efeito, resta evidente, pela anlise dos negcios jurdicoscelebrados, que a real inteno dos ALIENANTES e do GRUPOTHYSSENKRUPP era a de realizar uma operao de compra e vendado controle societrio das empresas ELEVADORES SUR e ASTELASSISTNCIA TCNICA.O GRUPO THYSSENKRUPP nunca teve a inteno de adquirir 50%de aes de emisso da "EMPRESA DE FACHADA" 5246PARTICIPAES, mas sim em adquirir a totalidade dos controlessocietrios das duas empresas mencionadas.

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 CCOI/C08

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 13

    A prpria seqncia de atos celebrados entre as panes denuncia ovcio de vontade nos negcios jurdicos formalizados. A contratao daPERMUTA no mesmo ato em que havia sido formalizada a compra dasAES EM TESOURARIA da 5246 PARTICIPAES deixam mais doque evidente a falsa vontade das partes em negociar essas aes.A cronologia dos atos, mais uma vez anuncia os vcios nos elementosvolitivos dos negcios jurdicos celebrados entre as partes, ou seja, arealizao da venda de aes em tesouraria com a imediata esubseqente aquisio atravs de permuta (inclusive, no mesmoinstrumento contratual).Alm disso, as prprias Demonstraes Financeiras da empresaELEVADORES SUR, relativas ao exerccio social findo em 30/09/2001,admitem, embora de maneira oblqua, a simulao, quando, aoexplicar a origem do gio pago no investimento, simplesmente omitema 5246 PARTICIPAES":"O gio foi apurado quando da aquisio da THYSSEN SR S/AELEVADORES E TECNOLOGIA (antiga ELEVADORES SOR) pelaempresa incorporada em 1999, THYSSEN KRUPP INDUSTRIESPARTICIPA OES LTDA. e tem como fundamento econmico aperspectiva de rentabilidade futura. A amortizao est sendorealizada no perodo de dez anos. Em 2000, houve um reembolso de R$6.272.806,00 e, conseqentemente, uma reduo no gio nestemontante."

    Apesar de o gio ter surgido (formalmente) quando da aquisio da5246 PARTICIPAES e NO da ELEVADORES SOR, ela NEMSEQUER mencionada nas notas explicativos das referidasdemonstraes contbeis.A prpria empresa contratada por ELEVADORES SOR, a ARTHURANDERSEN BUSI1VESS CONSULTING S/C LTDA. (ARTHURANDERSEN), para emitir um Laudo de Avaliao para ser usado comobase para identcao do fundamento econmico do gio pago noinvestimento, comete o mesmo ato falho, expondo, mais uma vez, amanobra das partes envolvidas na introduo do trabalho:"A Thyssen Eletec International adquiriu recentemente, atravs de suaHolding denominada Thyssen Krupp Participaes S.A., o controleacionrio da Thyssen Sr S.A. (antiga Elevadores Sr S.A.- Indstria eComrcio), apurando gio na aquisio do investimento."As omisses acima somente reforam que as operaes societriascelebradas entre as panes somente existiram na literalidade dasestipulaes, tendo sido formalizadas com total desprezo da rigorosainteno dos envolvidos e dos fins econmicos por eles visados, assimcomo da essncia do verdadeiro negcio jurdico celebrado entre aspanes, qual seja, o de uma verdadeira operao de compra e venda departicipaes societrias.

    Utilizao de Interpostas Pessoas Jurdicas ("Empresas de Fachada')na Celebrao dos Negcios Jurdicos

    I Esse mesmo ato falho, j havia se repetido nas Demonstraes Financeiras de ELEVADORES SOR relativas aoexerccio findo em 30/09/2000;

  • Processo n. 11080.00966812004-28 CCO 1 /CO8

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 14

    Para a concretizao dos negcios jurdicos simulados, osALIENANTES utilizaram-se das "empresas de fachada" 5246PARTICIPAES e 5256 PARTICIPA OES.Com efeito, para que a operao pudesse ser formalizada tal como foi,era IMPRESCINDMEL a utilizao de uma sociedade annima, jque, nos termos do art. 442 do RIR/99 (a seguir transcrito), a isenoaplica-se to somente s sociedades constitudas sob a forma decompanhia:"Art. 442. No sero computadas na determinao do lucro real asimportncias, creditadas a reservas de capital, que o contribuinte coma forma de companhia receber dos subscritores de valores mobiliriosde sua emisso a ttulo de (Decretos-lei n 1.598/77, art. 38):(.)1 lucro na venda de aes em tesouraria.Pargrafo nica O prejuzo na venda de aes em tesouraria no serdedutvel na determinao do lucro real (Decretos-lei n1.598/77, art.38, 1)" (destacamos)Foi justamente visando o aproveitamento desta iseno que osALIENANTES resolveram transferir suas participaes societrias (emELEVADORES SCIR e ASTEL ASSISTENCIA TCNICA) para a"empresa de fachada" 5246 PARTICIPAES, conferindo-as atravsde uma integralizao de capital, para, ato contnuo, transferirem ocontrole das duas empresas para o GRUPO THYSSE,NKRUPP atravsde uma venda fictcia de aes em tesouraria, com subseqente eimediato recebimento de volta dessas mesmas aes em tesouraria,atravs de uma enganosa permuta.A transferncia das participaes societrias detidas pelosALIENANTES para a 5246 PARTICIPAES s vsperas danegociao revela a CONDENVEL e LESIVA prtica de utilizao deinterpostas pessoas.

    Da mesma forma, a transferncia das aes, realizada no dia 08/09/99(desta vez no MESMO dia da formalizao do negcio com o GRUPOTHYSSENKRUPP) de emisso da 5246 PARTICIPAES para a 5256PARTICIPAES, em virtude de integralizao de aumento de capital,tambm confirma a prtica de interposio de pessoas.Enquanto a utilizao da 5246 PARTICIPAES teve por objetivo acriao fictcia do lucro na venda de aes em tesouraria, o uso da5256 PARTICIPAES teve como finalidade possibilitar umadistribuio de lucros isentos para os ALIENANTES PESSOASFISICAS, assim como para a pessoa jurdica domiciliada no exterior".

    12 Os ALIENANTES PESSOAS JURDICAS (domiciliadas no Brasil) no precisaram fazer uso da 5256PARTICIPAES, em virtude dos seus investimentos na 5246 PARTICIPAES serem avaliadoscontabilmente pelo mtodo de equivalncia patrimonial. Com isso, o lucro auferido pela 5246 PARTICIPAESna venda de aes em tesouraria se reflete por equivalncia patrimonial nos resultados dos ALIENANTESPESSOAS JURDICAS, possibilitando, inclusive, a imediata distribuio de lucros. Isto no ocorre com aspessoas fisicas e jurdicas domiciliadas no exterior. Por este motivo, estes fizeram uso da 5256PARTICIPAES, transferindo seus investimentos para esta sociedade -veiculo", para que esta reconhecesse porequivalncia patrimonial, o lucro da 5246 PARTICIPAES na venda de aes em tesouraria, permitindo, comisso, a distribuio de lucros e dividendos;

    Sv Gr

  • Processo n 11080.009668/2004-28 CC01/C08

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 15

    Com efeito, no ano-calendrio de 2000, a 5256 PARTICIPAESdistribuiu dividendos no montante de R$ 97.700.000,00, conforme ATAde AGE realizada em 25/01/2000, assim distribudos entre osacionistas";

    DividendosAcionista; Distribudos

    Ewen Ltd. 76.326.449,34 78,1233%

    Adroaldo Carlos Aumonde 13.157.442,19

    13,4672%Paulo Ronei Reali 3.911.892,55 4,0040%Alceu Paz de Albuquerque

    1.328.691,55 1,3600%Aldo da Silva Leal 1.256.774,44 1,2864%Jos Carlos Bisognin Panzenhagen

    744.760,58 0,7623%

    Relantino Fioravante Aumonde 683.076,03

    0,6992%Paulo Augusto Weber 121.377,20 0,1242%

    Obram Sergio Scheidt 52.576,44 0,0538%Fabio Luis Zanon 44.046,62 0,0451%Paulo Nascimento Rocha

    39.452,41 0,0404%Siegried Alexandre Ellwanger 15.324,75 0,0157%Luiz Ribeiro dos Santos

    13.011,58 0,0133%Sebastio Lopes Machado

    5.1 24,32 0,0052% Total 97.700.000,00 100,0000%

    Uma parcela dos dividendos distribudos, no montante de R$77.494.378,00, foi revertida para aumento de capital da 5256PARTICIPAES, tendo sido integralizado to somente porADROALDO AUMONDE (no valor de R$ 3.853.109,00) e EWEN LTD.(no valor de R$ 73.641.269,00). Com isso, a participao acionriados ALIENANTES no quadro societrio da 5256 PARTICIPAESficou assim:

    Pies Sdarriag~a,

    /~2E PM ffEamIst 71539.465 8g134 9378v. 716412403 95,0279%AlcalcbChicsAunrth 4035X6 634493 5$92% 3.89.109,00 4,9721%

    PaioRnei 134334 111190 0,2914% - 403CIPAMal PaubAktquge 64361 18343 40990%

    - Q0303%AlcbdiSilmiLeal 41.777 364E0 4C936% - 403CIYAJSChicsEnginPataxitun 24763 21.603 40559% QCMCP/oPelatiroFiaamiteAsnrcb 2210 19.813 40512P/0 - QaTLY4PaioAgMoWbr 4033 152 QTRP/0

    -QTI ffro

    ClimoSzEloStt 1.746 1.527 4CO39'/0 QCOrls

    FatiollisZarn 1.716 1.026 4033% - 40rfff/oPaioNsseinuloibla 1.510 946 4027/0 - CgO/J%Segialfriecakerilwrw 777

    177 0011% 4C00234IlizlIkeirotts Suta 433 377 QCOICP/0 - COMAStinio hpz Marb 193 125 QCCOP/0

    -QCOMPA

    Total 81810522 17348913 100,0000V. 774941"00 1040000%

    A venda foi realizada justamente atravs de negociaes simuladasrealizadas pela 5246 PARTICIPAES com aes de sua prpriaemisso.

    Uma anlise dos Livros Registros de Atas das Reunies de Diretoria ede Atas e Pareceres do Conselho Fiscal, previstos no art. 100 da Lei n6.404/76, da 5246 PARTICIPAES e da 5256 PARTICIPAES

    13 De acordo com a contabilidade da 5256 PARTICIPAES, os pagamentos dos dividendos foram registrados acrdito da conta I.1.01.001 CAIXA;

    (7"..

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 CCOI/C08

    Acrdo n. 108-09.227Fls. 16

    corrobora a constatao de as empresas serem meramente de'fachada", haja vista que NO H UM NICO REGISTRO SEQUERde reunies daqueles rgos ai. 220 a 243 do Anexo III e 209 a 232do Anexo DO.Dessa forma, os ALIENAN7'ES fizeram uso de interpostas pessoas noBrasil (5246 PARTICIPAES e 5256 PARTICIPAES), tambmchamadas de "empresas laranjas", com o nico intuito de viabilizar avenda de suas participaes societrias em ELEVADORES SCIR eASTEL ASSISTENCIA TCNICA sem o recolhimento dos tributosdevidos sobre o ganho de capital auferido na operao.Caso no tivesse feito uso dessas "empresas de fachada" osALIENANTES teriam que transferir suas participaes societriasatravs de uma INDESEJADA e INCONVENIENTE operao decompra e venda, ou, caso insistissem em no recolher os tributosdevidos neste tipo de negociao, teriam que empregar qualquer outrafraude ou simulao.Das Restries s Companhias de Negociarem com suas PrpriasAesA lei probe, de maneira geral, sociedade negociar com aes de suaprpria emisso, autorizando o ato apenas em hipteses excepcionais.As razes da vedao so no sentido de preservar o capital social daempresa (evitando negociaes simuladas com restituio do capitalao scio, por exemplo), bem como no sentido de evitar que recursos dacompanhia sejam utilizados em cotaes artificiais de suas aes. Noentanto, o legislador excepcionou quatro situaes, nas quais seautoriza a companhia a negociar com as aes de sua emisso.Conforme ensina Fbio UlMa Coalho u, uma delas "a compra deaes com a finalidade de mant-las 'em tesouraria' este o statusda ao negocivel, enquanto a titularidade cabe prpria companhiaemissora ou cancel-las". Seno, vejamos:"Art.30. A companhia no poder negociar com as prprias aes. I Nessa proibio no se compreendem:a) as operaes de resgate, reembolso ou amortizao previstas em lei;b) a aquisio para permanncia em tesouraria ou cancelamento,desde que at o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, esem diminuio do capital social, ou por doao;c) a alienao das aes adquiridas nos termos da alnea "h" emantidas em tesouraria;d) a compra quando, resolvida a reduo do capital medianterestituio, em dinheiro, de parte do valor das aes, o preo destas embolsa for inferior ou igual importncia que deve ser restituda. 2 A aquisio das prprias aes pela companhia aberta obedecer,sob pena de nulidade, s normas expedidas pela Comisso de ValoresMobilirios, que poder subordin-la a prvia autorizao em cadacaso.

    14 COELHO, Fbio Ulhoa, Curso de direito comercial, vali. 5 ed. rev. e atual. De acordo com o novo CdigoCivil e alteraes da LSA - So Paulo: Saraiva, 2002. p. 118 a 120.

    ft

  • - Processo n. 11080.009668/2004-28 CCOI/C08

    Acrdo n. 108-09.227Fls. 17

    3 A companhia no poder receber em garantia as prprias aes,salvo para assegurar a gesto dos seus administradores. 4 As aes adquiridas nos termos da alnea "b" do I, enquantomantidas em tesouraria, no tero direito a dividendo nem a voto. 5 No caso da alnea "d" do 1, as aes adquiridas seroretiradas definitivamente de circulao." (destacamos)E aqui que reside um outro elemento denunciador do vcio de vontadenos negcios jurdicos celebrados entre as partes, qual seja. NUNCAhouve a inteno da 5246 PARTICIPAES de adquirir suas prpriasaes para MANTE-LAS em tesouraria, ou ainda, para que l elasPERMANECESSEM.Pelo contrrio, a 5246 PARTICIPAES negociou com suas prpriasaes com o nico intuito de obter um LOGRO TRIBUTRIO para osseus acionistas, ou seja, para os ALIENANTES, que dela se utilizaramde maneira DESPUDORADA para obter um ganho fiscal ilcito.Com efeito a 5246 PARTICIPAES teria comprado suas prpriasaes (10.000.000) em 05/08199. No dia 08/09/99, a 5246PARTICIPAES VENDE essas aes em tesouraria para o GRUPOTHYSSENKRUPP e, NA MESMA DATA, recebe essas mesmas aes devolta, dando em troca, as aes que detinha nas empresasELEVADORES SCIR e ASTEL ASSISTNCIA TCNICA.Ora, se o legislador restringe as negociaes de aes de emisso daprpria companhia justamente para evitar fraudes e operaessocietrias simuladas, como possvel aceitar como vlido oEMBUSTE promovido pelos ALIENAN7'ES, atravs da seqncia deatos jurdicos (compra, venda e permuta) celebrados pela 5246PARTICIPAES com suas prprias aes?Da mesma forma, a legislao tributria ao estabelecer iseno para olucro na venda de aes em tesouraria, tem como claro objetivo apreservao do mercado de capitais, ou seja, incentivar o investimento,evitando a tributao de aportes ou "injees" de capital e,conseqentemente, o comprometimento do patrimnio lquido dasempresas investidas.A iseno no existe para incentivar operaes de compra e venda departicipaes societrias ACOBERTADAS por negociaesfraudulentas de aes em tesouraria. importante destacar que os cuidados tidos pelas partes naobservncia dos requisitos para a aquisio de aes em tesouraria(criao, poucos dias antes da operao, de saldo suficiente de lucrosou reservas, no diminuio do capital social etc.), somente confirmama maneira premeditada com que os ALIENANTES agiram na tentativade obterem xito nos seus objetivos ESCUSOS.Subavaliao das Aes de Emisso de ELEVADORES SC1R e daASTEL ASSISTNCL4 TCNICA na Integralizao de Aumento deCapital na 5246 PARTICIPAES interessante destacar que, para atingir seus objetivos, osALIENA1VTES tiveram que promover uma BRUTAL SUBAVALIAOno valor pelo qual as aes de ELEVADORES Se1R e ASTEL

    Of

  • Processo n 11080.009668/2004-28 CCO 1 /038

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 18

    ASSISTNCIA TCNICA foram dadas como integralizao doaumento de capital na 5246 PARTICIPAES.Assim, os ALIENANTES subscreveram um aumento de capital na 5246PARTICIPAES no montante de R5 36.653.344,00, o qual foiintegralizado mediante a conferncia das aes de emisso deELEVADORES SR e ASTEL ASSISTNCIA TECNICA, as quais, porsua vez, foram avaliadas, respectivamente, em R$ 35.918.540,00 e R$734.804,00, conforme demonstrado a seguir:

    At

    Eval 1.101458 264938 47,5149% 21.683203,03 59,1575%Qat - Mnir~ePaticireksUct 381327 3311448 13,7258% 7.85523100 21,4311%Buem- Miinistrao e Paticireps Lida

    13625 65.915 47480/0 2655.195,00 7,2441%Pckccid)Olics Ama* 55.079

    190348 8,1929/0 1.56246500 4,2628%Paio Pari Rcali 39.1CO 33957 2,4352%

    935671,0) 2,1581%13W- Allicistra;215 e Paticipwees Ltda

    21262 23?.611 8,7158% 1.112349,03 30348%

    Nau Paz ch AN:trinque 193M 5.503 0,82701/0 364.053,03 49732%

    Mb& She Leal 12533 10938 Q7824%

    25848,00 470512/0Jcs Catics Bistifin Pananhoon

    7.428 6481 44636% 153.14780 44178%Reladro Berma= Ano* 6813 5.944 44252% 140.466,03 0,3832%Paio Ano %ter 1.210 1.02 40756%

    24.95100 o,o"Climo &roSzheick SM 458 40327% 10806,03 0,005%Ftio Lis Zn= 515 18 40274% 1(1194,0) 411278%Paio Nocinuto Rxha 453 2134 40346% 9.0up 06246%Stegied Accanie BIwaw 233 53 400753'. 4.353,00 40119%

    Ltiz Facho cia &ries I3)

    113 40081% 2679,03 40373%Sei:S.531.cm M4:14.d5 58 38 00032% 1.153,00 Q002%

    Total 1.841556 1.156444 100,0030% 36 1A, 310,00 100,0000%

    Ocorre que essas transferncias das aes que os ALIENA1VTESdetinham nas empresas ELEVADORES SR e ASTEL ASSISTNCIATCNICA NO se deram pelo valor constante de suas declaraes debens, mas pelo SUPOSTO valor de mercado da empresa.Assim, de acordo com a Lei n9.249/95:Art. 23. As pessoas fisicas podero transferir a pessoas jurdicas, attulo de integralizao de capital, bens e direitos pelo valor constanteda respectiva declarao de bens ou pelo valor de mercado. 1 Se a entrega for feita pelo valor constante da declarao de bens,as pessoas fisicas devero lanar nesta declarao as aes ou quotassubscritas pelo mesmo valor dos bens ou direitos transferidos, no seaplicando o disposto no art. 60 do Decreto-lei n 1.598, de 26 dedezembro de 1977, e no art. 20, II, do Decreto-lei n 2.065, de 26 deoutubro de 1983. 2 Se a transferncia no se fizer pelo valor constante da declaraode bens, a diferena a maior ser tributvel como ganho de capital."(destacamos)

    Em virtude do referido dispositivo legal, os ALIENANTES PESSOASFiSICAS (alm da pessoa jurdica domiciliada no exterior")

    15 De acordo com o art. 18 da Lei n9.249/95, "o ganho de capital auferido por residente ou domiciliado noexterior ser apurado e tributado de acordo com as regras aplicveis aos residente no Pais" (destacamos).

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 MOUCOSAcrdo n. 108-09.227 Fls. 19

    recolheram I6, em 19/10/99, o imposto de renda sobre o que seria adiferena entre o valor pelos quais essas aes constavam de suasdeclaraes de bens e o valor pelo qual elas foram transferidas para a5246 PARTICIPAES, conforme demonstrado a seguir:

    Acionistas IRPFEwen Ltd. 2.685.180,82Adroaldo Carlos Aumonde 234.369,00Paulo Ronei Reali 78.913,19

    Alceu Paz de Albuquerque 54.608,15Aldo da Silva Leal

    25.842,71Jos Carlos Bisognin Panzenhagen 22.971,28Relantino Fioravante Aumonde 21.069,31Paulo Augusto Weber 3.742,94limo Sergio Scheidt 1.621,09Fabio Luis Zanon 1.529,60Paulo Nascimento Rocha 1.351,44Siegried Alexandre Ellwanger 653,25Luiz Ribeiro dos Santos 401,26Sebastio Lopes Machado 173,24

    Total 3.132.427,28

    No entanto, o valor (R$ 36.653.344,00) pelo qual as aes deELEVADORES SCIR e ASTEL ASSISTNCL4 TCNICA foramintegralizadas em aumento de capital na 5246 PARTICIPAES NOTORL4ME1VTE INFERIOR ao valor de mercado das duasempresas.

    E no s a venda subseqente (ocorrida apenas poucos dias aps aintegralizao) para o GRUPO THYSSENKRUPP pelo valor de Ill202.337.000,00 que anuncia o ARDIL empregado pelos ALIENANTES.Uma anlise dos documentos coletados no curso da ao fiscal apontapara a mesma direo. Seno, vejamos.De acordo com o Laudo de Avaliao emitido em 15/08/99 (com data-base em 30/06/99) pela ACAL CONSULTORIA E AUDITORIA S/C(CNPJ 28.005.734/0001-82), para a determinao do VALOR DEMERCADO das aes de emisso de ELEVADORES SCIR," foi eleitoo mtodo de avaliao patrimonial, ou seja, valor lquido contbil.Nas palavras do Contador que emitiu o documento:"este mtodo nos parece aquele mais adequado nas circunstncias,considerando que trata-se de participao relevante no capital daemissora dos ttulos, que os ttulos no possuem negociaocontinuada e que no foram expostos a nenhum fato conjuntural quepossa ser invocado para justificar a sua sobrevalorizao" (sic).Ao mencionar os exemplos de mtodos baseados no valor de ativoslquidos, a ACAL CONSULTORL4 E AUDITORIA novamente comete o"equvoco" acerca do mtodo de avaliao patrimonial utilizado,afirmando que:

    Assim, aplica-se tanto s pessoas fsicas residentes, como s jurdicas domiciliadas no exterior, as mesmas regrasaplicveis s pessoas fsicas residentes no Brasil;I Na verdade os recolhimentos foram efetuados pela 5256 PARTICIPAES, em nome dos ALIENANTES, atal, por sua vez, registrou os valores em seu ativo, como uma conta corrente com os acionistas;I Embora regularmente intimada, a 5246 PARTICIPAO NO apresentou o Laudo de Avaliao das aes deemisso da ASTEL ASSISTNCIA TCNICA;

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 CCO I /C08

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 20

    Este enfoque de valorao usado para determinar o valor Justo demercado de ativos especficos, fornecer a base para certos ajustes aovalor contbil liquido (como mencionado acima) e como o ponto departida para a estimativa do valor da liquidao. Alm disso, aavaliao patrimonial fornece tambm uma base adequada do valordo negcio e freqentemente utilizada em operaces de nezocia code empresas sendo o valor ajustado pelas depreciaes eobsolescncia aplicveis. notrio que a informao acima est completamente dissociada darealidade. Nenhum empresrio em s conscincia, arriscaria venderseu negcio pelo seu valor de patrimnio liquido, sem antes se socorrerdos vrios modelos de avaliao que existem, dentre os quaisdestacam-se: I) tcnicas comparativas de mercado; 2) tcnicasbaseadas em ativos e passivos contbeis ajustados; e 3) tcnicasbaseadas no desconto de fluxos futuros de benefcios (geralmente,caixa).Vejamos o que diz ELJSEU MARTINS m a respeito do assunto:A avaliao de uma empresa normalmente se inicia pelasdemonstraes contbeis. Devido, porm, adoo dos princpioscontbeis e influncia da legislao tributria, elas geralmente soincapazes de refletir o valor econmico de um empreendimento.De acordo com ELISEU MARTINS, o modelo de avaliao patrimonialcontbil de uso MUITO RESTRITO.

    A diferena entre o valor de mercado de uma empresa e o seu valorcontbil ou seu valor de patrimnio liquido no nenhuma novidade evem sendo objeto de muito estudo e preocupao por parte da doutrinacontbil e at econmica desde longa data.Uma empresa pode ter um valor de mercado maior, menor ou igual aoseu valor contbil, no entanto, a grande dificuldade, na maioria doscasos, identificar os itens que contribuem para a diferena entreesses dois valores, ou seja, alocar essa diferena de maneiraindividualizada aos diversos itens que compem o patrimnio de umaempresa.

    Vrios so os aspectos que inviabilizam a utilizao das demonstraescontbeis para a obteno do valor econmico ou de mercado daempresa. Dentre eles, destacamos os seguintes:as demonstraes financeiras normalmente se baseiam em custoshistricos, dissociados dos valores correntes ou de mercado;o princpio contbil da prudncia ou do conservadorismo tende asubestimar os valores do ativo e a superestimar os do passivo;existem diversos ativos relevantes que normalmente no soregistrados pela contabilidade ou o so por valores inferiores ao seuvalor econmico, tais como: goodwill, capital intelectual, imagem daempresa junto ao mercado, marcas, patentes e outros intangveis.Na prtica, o avaliador geralmente aplica vrios modelos e ponderaseus resultados para o caso concreto. Isso favorece a identificao de

    ig MARTINS, Eliseu (organizador), Avaliao de empresas: da mensurao contbil econmica/FIPECA17. 1Ed. So Paulo: Atlas, 2001;

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 CCO I/C08Acrdo n. 108-09.227

    Fls. 21

    um valor que represente uma adequada aproximao do valoreconmico da empresa.Ainda de acordo com ELISEU MARTINS, o valor justo de mercado aquele que receberamos (ativos) ou pagaramos (passivo) casodecidssemos transacionar um patrimnio em um mercado eficiente eem condies normais. Em condies normais, esse valor de mercadono deve divergir muito do valor econmico.Entre os modelos existentes, o FLUXO DE CAIXA DESCONTADO aquele que "melhor revela a capacidade de gerao de riqueza dedeterminado empreendimento", ou seja, o seu valor econmico ou demercado. Segundo ELISEU MARTINS, o valor presente do fluxofuturo de caixa do patrimnio avaliado pode ser considerado umvalor justo quando a obteno de uma cotao de mercado forimpraticvel.E justamente esse modelo de fluxo de caixa descontado que aARTHUR ANDERSEN utilizou para _fundamentar o gio apurado peloGRUPO THYSSENKRUPP na aquisio de ELEVADORES SR, nomontante de R$ 164.071.689,76, que, somados ao valor do patrimniolquido da empresa (R$ 37.147.000,00), em 31/08/99, se atinge o valoreconmico ou de mercado das aes de ELEVADORES SR,aproximadamente, R$ 200.000.000,00. No por coincidncia, um valormuito prximo quele pago pelo GRUPO THYSSENKRUPP.O Laudo de Avaliao das aes de emisso de ELEVADORES SRemitido pela ACAL CONSULTORIA E AUDITORIA parte de premissasequivocadas em sua metodologia de trabalho, revelando uma notriainconsistncia tcnica.

    E so justamente as premissas "equivocadas" na metodologia detrabalho da ACAL CONSULTORIA E AUDITORIA, que fizeram comque o valor de mercado por ela encontrado fosse bastante inferiorquele encontrado pela ARTHUR ANDER,SEN, apesar de as datas epatrimnios lquidos que serviram de base para a avaliao serem bemprximos".

    Esses "equvocos" fizeram, por conseqncia, com que o valor demercado encontrado pela ACAL CONSULTORIA E AUDITORIA fosseTAMBM MUITO INFERIOR quele efetivamente pago pelo GRUPOTHYSSENKRUPP.

    Alm de mais uma vez revelar a ASTCIA dos ALIENANTES na busca pelo ganho fiscal ilcito, a SUBAVALIAA-0 assume uma relevncia

    CRUCIAL na exigncia do crdito tributrio. que, caso se considere, por algum absurdo, no ter havidosimulao (o que se admite TO SOMENTE para argumentar) nasoperaes de compra, venda e permuta de aes em tesourariarealizadas pela 5246 PARTICIPAES, AINDA ASSIM, os tributosseriam devidos pelos ALIENANTES PESSOAS FSICAS, por fora dodisposto no art. 23 da Lei n 9.249/95, e PESSOA JURIDICAS?, tendo

    19 O Laudo de Avaliao da ACAL CONSULTORIA E AUDITORIA teve como data-base 30/06/99 e utilizou umpatrimnio lquido de ILS 35.918.540,00;" A nica previso de diferimento do ganho de capital auferido por pessoas jurdicas nessas situaes foiveiculada pelo art. 39 da Medida Provisria n 66/2002, com vigncia a partir de 30/08/2002. A citada MedidaProvisria foi convertida na Lei n 10.637/200Z quando o dispositivo assumiu o

    36;

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 CCOI/C08

    Acrdo n. 108-09.227Fls. 22

    em vista que o valor de mercado das aes de ELEVADORES SR eASTEL ASSISTNCIA TCNICA era de, aproximadamente, R$200.000.000,00, e NO de apenas R$ 36.000.000,00, como tentaramfazer parecer os seus acionistas. importante observar que os ALIENANT'ES poderiam ter efetuado astransferncias das aes pelos valores constantes de suas declaraesde bens ou de suas escrituraes contbeis. No entanto, no o fizeram,preferindo transferi-las a valor de mercado, ou melhor, a um valor demercado SUBA VALIADO.Um dos principais motivos para que os ALIENANTES no tenhamexercido a opo de transferncia pelos valores constantes de suasdeclaraes que seria INVIAVEL CONCILIAR os interessesindividuais relacionados aos valores que cada um dos ALIENAIVTESpretendia receber na venda, com a proporo calculada levando emconsiderao os valores que cada um informou em suas declaraes debens.

    Dessa forma, os ALIENANTES resolveram utilizar o valor patrimonialde seus investimentos (notoriamente muito inferior ao valor econmicodas empresas), tendo em vista que este mais facilmenteCONFUNDiVEL com o valor de mercado de uma empresa.A SUBAVALIAO DELIBERADA no valor de mercado pelo qual asaes de emisso de ELEVADORES SR foram integralizadas na 5246PARTICIPAES, tambm CARACTERIZA o DOLO, a FRAUDE e oCONLUIO dos ALIENANT'ES, que assim agiram com o claro intuito dereduzir a tributao sobre ganho de capital auferido na venda dasaes de ELEVADORES SR e ASTEL ASSISTNCIA TCNICA.Subavaliao das Aes de Emisso da 5246 PARTICIPAES naIntegralizao de Aumento de Capital na 5256 PARTICIPAESCom o objetivo de possibilitar uma distribuio de dividendos (a qual isenta de tributao), os ALIENANTES subscreveram um aumento decapital na empresa 5256 PARTICIPAES, integralizando-o mediantea conferncia das aes por eles detidas na empresa 5246PARTICIPAES.Com essa integralizao, o quadro societrio da 5256PARTICIPAES passou a ser o seguinten

    21 Comparando o quadro societrio no momento da integralizao do aumento de capital na 5256PARTICIPAES e aquele aps a distribuio de dividendos, com o subseqente aporte de capital efetuado porADROALDO AUMONDE e EWEN LTD. (item O), fica evidente a diluio de participao societria dosDEMAIS ALIENANTES na proporo do recebimento de uma parte dos valores a que eles tinham direito navenda de ELEVADORES SUR e ASTEL ASSISTNCIA TCNICA. Essa diluio expe, ainda, um outroaspecto da operao, qual seja, a segregao entre os valores pertencentes aos acionistas majoritrios(ADROALDO AUMONDE e EWEN LTD.) e aqueles devidos aos minoritrios;

  • ". . Processo n. 11080.00966812004-28 CCO I /CDS

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 23

    Sift ia~3mata sr PN Mgr

    Even Ltd 18E6.197 881214 741361% 21.63445155 8162fWo~boda turende 121597 6344/3 13,4531% 1.562555,78 63422%Pado Ftnei Redi 131334 1111% 4,0)16%

    9373112 321"~the Alaquqta 61351 18313 1,36QP4

    3E4078,67 1,4545%Alcbdake loal 41.777 364E0 1,29E6%

    22 424,43 1,0324%32EaCleks EfsginPamteipt 24763 21.033 47611% 15115535 0,6118%Riram Humane Anercb 2.710 19.813 Q6993%

    140473,64 115612%Paio Ao= Wter 4033 123 QI4W. 2495431 40;972AChoro Senio Sina 1.716 1527 Q0526% 1083131 40132%Fatio lua Zarn 1.716 1.026 40451% 10190,38 401CrP/oPado Nreimro Min 1.510 916 40101% 9k15,91 403124

    Segied Acede Fihsaior 777 177 Q0157% 4155,35 110174/0Luiz Ribeiro de Sraes 377 40133%

    2677,65 40107%StailitriC3MCInt 193 126 4CO52% 1.155,67 4001(1/0

    Toai 4346144 1734226 mon 1503200109 101000)%

    Ocorre que, para terem xito na empreitada de NO recolherem ostributos sobre os ganhos auferidos na venda de suas participaessocietrias na ELEVADORES SCIR e na ASTEL ASSISTENCL4TCNICA, os ALIENANTES NOVAMENTE TIVERAM que promoveruma BRUTAL DISTORO no valor pelo qual as aes foramintegralizadas.Ao contrrio da SUBAVALIAO promovida quando daintegralizao de aumento de capital na 5246 PARTICIPAES, aqual se deu s vsperas do fechamento da venda da empresasELEVADORES SR e ASTEL ASSISTNCIA TCNICA, a BRUTALDISTORO nos valores das aes dadas como integraliza o doaumento de capital na 5256 PARTICIPAES se deu NA MESMA DATA DA ASSINATURA do CONTRATO DE COMPRA E VENDA DEPERMUTA DE AES.Analisando o Laudo de Avaliao da empresa 5246 PARTICIPAES,datado de 06/09/99 o qual foi novamente assinado pela ACALCONSULTORIA E AUDITORIA, possvel identificar as mesmasinconsistncias encontradas no Laudo de Avaliao das aes deemisso de ELEVADORES SR, com um agravante que a maiorproximidade entre a data de sua emisso e a da venda das duasempresas.

    Com efeito, CAUSA ESTRANHEZA que, NA MESMA DATA em sue ocontrole acionrio da ELEVADORES SCIR e da ASTEL ASSISTENCIATCNICA foi vendido para o GRUPO THYSSENKRUPP, osALIENANTES PESSOAS FISICAS tenham dado as aes da 5246PARTICIPAES, que naquele momento era proprietria das aesdas duas empresas (e que seriam, logo em seguida, seriam transferidaspara o GRUPO THYSSENKRUPP), por um valor MUITO INFERIORao do recebimento na venda para o GRUPO THYSSENKRUPP, sob oINFUNDADO argumento de que este valor MUITO INFERIOR seria oJUSTO VALOR DE MERCADO da empresa.Cabe repetir, aqui, as mesmas consideraes realizadas no itemanterior (0), qual seja, caso, por algum absurdo, se entenda no terhavido simulao alguma (o que se admite TO SOMENTE paraargumentar) nas operaes de compra, venda e permuta de aes em

    f C7/

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 CO31/0)8Acrdo n. 108-09.227 Fls. 24

    tesouraria realizadas pela 5246 PARTICIPAES, AINDA ASSIM, ostributos seriam devidos pelos ALIENANTES PESSOAS FSICAS, porfora do disposto no art. 23 da Lei no

    9.249/95, tendo em vista que ovalor de mercado das aes de 5246 PARTICIPAES era de,aproximadamente, R$ 120.000.000,0022, e NO de apenas R$25.000.000,00, como tentaram fazer parecer os seus acionistas.Novamente, os ALIENANTES resolveram utilizar o valor patrimonialde seu investimento em 5246 PARTICIPAES (notoriamente inferiorao valor econmico da empresa), tendo em vista que este maisfacilmente CONFUNDiVEL com o valor de mercado de uma empresa.A SUBAVALIAO DELIBERADA no valor de mercado pelo qual asaes de emisso de .5246 PARTICIPAES foram integralizadas na5256 PARTICIPAEs, tambm CARACTERIZA o DOLO, aFRAUDE e o CONLUIO dos ALIENANTES, que assim agiram com oclaro intuito de reduzir a tributao sobre ganho de capital auferido navenda das aes de ELEVADORES SUR e ASTEL ASSISTNCIATCNICA.Incompatibilidade entre o Valor Pago pelo GRUPO THYSSENKRUPP 5246 PARTICIPAES e o Controle Acionrio Indireto Adquiridona ELEVADORES SCIR e ASTEL ASSISTNCIA TCNICAOutra inconsistncia lgica na fraude implementada pelas partes adesproporo entre o preo pago pelo GRUPO THYSSENKRUPP nacompra de aes em tesouraria de emisso da 5246 PARTICIPAESe os direitos por ele adquiridos, representados pelo controle acionrioINDIRETO nas empresas ELEVADORES SCIR e ASTEL ASSISTNCIATCNICA.Com efeito, sabido que o valor econmico de umd empresa para oadquirente, ou seja, o valor que ele estaria disposto a pagar paraadquirir uma participao, depende DIRETAMENTE de como oucomo ser exercido o seu controle societrio. mais do que elementar que uma empresa, do ponto de vistaeconmico-empresarial, valha muito mais quando se tem uma gernciadotada de plena liberdade, conferida pelo controle acionrio integral,do que um empreendimento gravado pelo controle compartilhado dasaes, ou seja, quando dois grupos de acionistas detm 50% cada umde aes com direito a voto. ainda mais do que bsico que aes de uma empresa que permitam aum investidor o controle acionrio de uma empresa tenha um valoreconmico muito superior do que a mesma quantidade de aes queno lhe confiram essa prerrogativa.Assim, a heterogeneidade dos bens negociados se reflete diretamenteno seu preo, ainda mais quando no se est comprando aes demaneira pulverizada, mas sim, negociando-se em quantidade tal quetenha influncia no prprio controle empresarial.

    n A participao societria detida pelos ALIENANTES PESSOAS FSICAS (mais a EWEN LTD.) na 5246PARTICIPAES era um pouco superior a 60%. Com a transferncia, essa participao passou a ser da 5256PARTICIPAES. A 5246 PARTICIPAES, por sua vez, detinha, quase que integralmente, o controlesocietrio das empresas ELEVADORES SI:IR e ASTEL ASSISTNCIA TCNICA. Assim, o valor de econmicoda 5256 PARTICIPAES pode ser obtido pela aplicao do seu percentual de participao indireta nas duasempresas (60%) sobre o valor de mercado delas (R$ 200.000,00);

  • Processo n. 11080.00966812004-28 CCO I/C08

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 25

    Sem dvida alguma, o Laudo de Avaliao da ARTHUR ANDERSEN,ao avaliar o valor econmico do "controle acionrio" CIL 35 do AnexoV) da ELEVADORES SJR, chegou ao valor aproximado de RS200.000.000,00.O GRUPO THYSSENKRUPPP, por sua vez, pagou essa quantia, ouseja, um montante correspondente integralidade do controleacionrio da ELEVADORES SCIR, para adquirir TO SOMENTE, 351(3.340.000/9.485.194) das aes com direito a voto da 5246PARTICIPAES, quais sejam, as aes ordinrias.O controle acionrio INDIRETO da ELEVADORES SCIR, exercido via5246 PARTICIPAES, no momento da aquisio das aes emtesouraria por parte do GRUPO THYSSENKRUPP, era detido pelosALIENANTES, tendo a EWEN LTD., individualmente, como a acionistacom maior nmero de aes ordinrias (3.868.197) na 5246PARTICIPAES, representativa de 41% do capital votante daempresa.

    Essa disparidade revela no somente os absurdos na operao decompra de aes em tesouraria promovida pelo GRUPOTHYSSENKRUPP, o que contamina o negcio de vcios insanveis,como denuncia tambm que o que estava sendo adquirido, desde oincio, era o controle societrio da ELEVADORES SUR e NO aesem tesouraria de uma "empresa de fachada". curioso observar que, com o intuito de ludibriar os mais desavisados,as partes tomaram vrios cuidados com os detalhes envolvidos nasoperaes por eles FORJADAS. No entanto, algumas particularidadespassaram despercebidas. Esta inconsistncia foi apenas um dessesdetalhes no notados".Um desses cuidados foi o de guardar uma proporo entre o que seriao valor econmico das aes em tesouraria adquiridas e o valor porelas pago pelo GRUPO THYSSENKRUPP. Com

    efeito, os compradorespagaram, aproximadamente, R$ 200.000.000,00 na aquisio de 50%do capital social da 5246 PARTICIPAES, a qual por sua vez, tinhaum investimento (na ELEVADORES SC1R) que valia R$ 200.000.000,00(embora contabilmente estivesse registrado por, aproximadamente, R$36.000.000,00).Como o valor pago por aes em tesouraria termina sendo registradono patrimnio lquido da empresa que as aliena, pode-se afirmar que a5246 PARTICIPAES passou a valer R$ 400.000.000,00, ou seja, R$200.000.000,00, em decorrncia de seu investimento na ELEVADORESSCIR, e R$ 200.000.000,00, referente ao lucro auferido na venda deaes em tesouraria. Com

    isso, o valor pago pelo GRUPOTHYSSENKRUPP estaria proporcional ao valor econmico de seuinvestimento na 5246 PARTICIPAES.No entanto, esse simplrio e astuto raciocnio aritmtico utilizadopelas partes envolvidas, parte da premissa equivocada, de que o valorda mesma quantidade de aes de uma empresa idntico, seja ela

    " O engano cometido pelas partes at compreensvel, j que so tantas as mincias e pessoas envolvidas(executivos, contadores, escritrios de advocacia, consultores etc.) no emprego de fraudes dessa natureza, quealguns detalhes terminam escapando ao controle dos participantes;

  • ..

    Processo n. 11080.009668/2004-28 CCO I /C08

    .

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 26

    com direito a voto ou no. E isto, como se demonstrou, no encontra amenor correspondncia dentro da realidade do mercado societrio.Vcios e Irregularidades Encontradas nos Livros Societrios dasEmpresas EnvolvidasDe acordo com o art. 100 da Lei de S/A:Art. 100. A companhia deve ter, alm dos livros obrigatrios paraqualquer comerciante, os seguintes, revestidos das mesmasformalidades legais:I - os livros de 'Registro de Aes Nominativas' e 'Registro de AesEndossveis', para inscrio, anotao ou averbao:a) do nome do acionista e do nmero das suas aes;b) das entradas ou prestaes de capital realizado;c) das converses de aes, de uma em outra forma, espcie ou classe;d) do resgate, reembolso e amortizao das aes, ou de sua aquisiopela companhia;e) das mutaes operadas pela alienao ou transferncia de aes;.f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienao fiduciria emgarantia ou de qualquer nus que grave as aes ou obste suanegociao.II - o livro de 'Transferncia de Aes Nominativas', para lanamentodos termos de transferncia, que devero ser assinados pelo cedente epelo cessionrio ou seus legtimos representantes;(..)V- o livro de 'Atas das Assemblias Gerais ';VI - o livro de 'Presena dos Acionistas';VII - os livros de 'Atas das Reunies do Conselho de Administrao',se houver, e de 'Atas das Reunies da Diretoria';VIII - o livro de 'Atas e Pareceres do Conselho Fiscal'.J o art. 104 do mesmo diploma legal, dispe que:Art. 31. A propriedade das aes nominativas presume-se pelainscrio do nome do acionista no livro de 'Registro das AesNominativas'. 1 A transferncia das aes nominativas opera-se por termo lavradono livro de 'Transferncia de Aces Nominativas' datado e assinadopelo cedente e pelo cessionrio, ou seus legtimos representantes.

    No obstante as disposies societrias acerca do registro deacionistas e das transferncias de aes, CHAMA ATENO aquantidade de irregularidades encontradas nos livros societrios daempresa ELEVADORES S .M. A seguir, relacionamos os principaisvcios:1) A principal acionista da empresa, a EWEN LTD., consta do LivroRegistro de Acionistas como EWEM LTD. ROAD TWON

    7....,TOR TOLA (folhas 0090 e 0091 do referido livro);

  • Processo n. 11080.00966812004-28 CCO1 /038

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 27

    2) O acionista MILLERI SOCIEDAD ANONIMA, que teria efetuadodiversas transferncias de aes para a EWEM LTD. ROAD TWON TORTOLA NO consta do Livro Registro de Acionistas daELEVADORES SR;3) As transferncias de aes de emisso de ELEVADORES SRrealizadas em08/09/99 pelos ALIENANTES para a empresa 5246PARTICIPAES simplesmente NO se encontram registradas noLivro Registro de Transferncia de Aes Nominativas. No referidoLivro constam as transferncias posteriores das aes de emisso deELEVADORES SR, da empresa 5246 PARTICIPAES para aTHYSSEN KRUPP PARTICIPAES (Termos de Transferncia nos335 e 627), realizada por permuta no mesmo dia 08/09/99;4) As supostas transferncias de aes realizadas pela MILLERISOCIEDAD ANONIMA para a EWEM LTD. ROAD 7'WON TOR TOLA TAMBM NAO SE ENCONTRAM registradas no LivroRegistro de Transferncia de Aes Nominativas. interessante observar que o mesmo apego excessivo dosALIENANTES e do GRUPO THYSSENKRUPP s formalidades daseqncia de atos societrios, como justificativa para se eximir dorecolhimento dos tributos devidos sobre o ganho na operao decompra e venda de ELEVADORES SR e ASTEL ASSISTNCIATCNICA, PARADOXALMENTE, no foi demonstrado por ocasiodos registros societrios decorrentes da realizao dos negciosjurdicos celebrados.Cumpre destacar que, conforme preceitua o y' I do art. 31 da Lei deS/A, a transferncia das aes nominativas opera-se por termo lavradono livro de 'Transferncia de Aes Nominativas', datado e assinadopelo cedente e pelo cessionrio, ou seus legtimos representantes.Ora, como foi possvel a EWEN LTD. (ou EWEM?) ter transferidoaes que supostamente havia recebido da MILLERI SOCIEDADANONIMA se no consta qualquer registro dessa transferncia noLivro de Transferncia de Aes Nominativas?Da mesma forma, como possvel a 5246 PARTICIPAES terefetuado a transferncia de 1.130.545 aes ordinrias de emisso deELEVADORES SR e 2.226.252, de aes preferenciais, sem que essasaes SEQUER houvesse sido transferidas para a 5246PARTICIPAES?Essas irregularidades nos livros societrios somente demonstram amaneira ATABALHOADA com que agiram os ALIENANTES no AFde SUPRIMIR INDEVIDAMENTE os tributos devidos nas operaesde compra e venda de participaes societrias.Por oportuno, vale destacar a responsabilidade (ou falta dela) daempresa ELEVADORES 501?, no que diz respeito corretaescriturao dos livros societrios da empresa, conforme preceitua aLei ri" 6.404/76:"Art. 104. A companhia responsvel pelos prejuzos que causar aos

    interessados por vcios ou irregularidades verificadas nos livros de quetratam os nmeros I a IV do artigo 100.

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 0001/CO8. . .

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 28

    Pargrafo nico. A companhia dever diligenciar para que os atos deemisso e substituio de certificados, e de transferncias e averbaesnos livros sociais, sejam praticados no menor prazo possvel, noexcedente do fixado pela Comisso de Valores Mobilirios,respondendo perante acionistas e terceiros pelos prejuzos decorrentesde atrasos culposos."Parecer da Consultoria Tributria ERNST & YOUNGA CIA CORP contratou a ERNST & YOUNG SERVIOSTRIBUTRIOS S/C LTDA. 24

    para analisar, interpretar e opinar sobrea operao de transferncia do controle acionrio das empresasELEVADORES SCIR e ASTEL ASSISTNCIA TCNICA para oGRUPO THYSSENKRUPP. Na conduo dos trabalhos, a ERNST &YOUNG examinou os documentos e relatrios relacionados referidaoperao, os quais foram apresentados pela CIA CORP.Como resultado do trabalho, a ERNST & YOUNG emitiu o relatrio"Anlise da Transferncia do Controle Societrio da ELEVADORESSCIR para o GRUPO THYSSEN", datado de 25/03/2003 (11. 123 a 154do Anexo 11). As concluses a que chegou a ERNST & YOUNG sobreas operaes so bastante semelhantes s desta fiscalizao.A primeira delas a de que, para a transferncia do controle acionriode ELEVADORES SR e da ASTEL ASSISTNCIA TCNICA, foiadotada uma forma estruturada para que, alm de atender os objetivosdo negcio que estava sendo realizado, houvesse a reduo oueliminao da carga tributria sobre o ganho de capital. Nos dizeresda empresa "a forma adotada para a realizao da operao no seconfigurou uma simples alienao de aes ou quotas, mas, sim, umatransao complexa, onde, ao final, ocorre o que podemos denominarde ALIENA AO INDIRETA" das aes de ELEVADORES SR e daASTEL ASSISTNCIA TCNICA.A segunda a de que o objetivo final das partes envolvidas, que era atransferncia das participaes societrias que os ALIENANTESdetinham, "poderia ter sido atingido sem que fosse necessrio autilizao de uma operao cuja estrutura bastante complexa". Umadas razes para a utilizao dessa estrutura complexa 'foi a reduoda carga tributria, atravs da reduo ou eliminao do ganho decapital que seria obtido caso a transferncia ocorresse mediante umsimples contrato de compra e venda de participaes societrias (..). Acronologia dos atos societrios indica os procedimentos adotados paraque a operao atingisse os objetivos que as partes envolvidasdesejavam. Portanto, ambos os grupos consentiram nos atos queintervieram" (destacamos).Ao ser indagada pela CIA CORP, entre outros assuntos, acerca de suaopinio sobre a operao, a ERNST & YOUNG respondeu, em25/03/2003 (fl. 155 a 161 do Anexo 11), que o GRUPOTHYSSENKRUPP poderia simplesmente ter adquirido da 5246PARTICIPAES as aes que esta detinha na empresaELEVADORES SIM e ASTEL ASSISTNCIA TCNICA, evitando terparticipado do capital social da 5246 PARTICIPAES e,

    24 A EFtNST & YOUNG um grupo multinacional com destacada atuao na prestao de servios nas reas de

    auditoria independente, gesto de riscos, assessoria tributria e transaes corp rativas;

  • - Processo n. 11080.009668/2004-28 CCO I /CO8

    Acrdo n. 108-09.227Fls. 29

    conseqentemente, a permuta desta participao pelas participaesnaquelas duas empresas. O GRUPO THYSSENKRUPP evitaria, ainda,todos os demais atos jurdicos celebrados. Todas essas operaestiveram como uma das finalidades, evitar o ganho de capital pelatransferncia da propriedade das aes das empresas envolvidas.A CIA CORP questionou, ainda, a ERNST & YOUNG se a operao, daforma como foi realizada, dificultaria o seu entendimento por parte deterceiros ou do mercado.A resposta da ERNST & YOUNG foi afirmativa, j que a operao foiefetuada utilizando-se de empresas constitudas sob a forma desociedades por quotas de responsabilidade limitada e de sociedade poraes com capital fechado. Alm disso, em virtude do diminuto nmerode acionistas, as informaes pblicas so mnimas, dificultando arecuperao de todos os passos das operaes realizadas.Parecer de PAULO DE BARROS CARVALHOA CIA CORP contratou ()parecer do renomado tributarista PAULO DEBARROS CARVALHO' s

    acerca das repercusses tributriasdecorrentes dos negcios jurdicos celebrados, que objetivaram atransmisso do controle acionrio das empresas ELEVADORES SCIR eASTEL ASSISTNCIA TCNICA, formulando as seguintes perguntas:"Tendo em vista as evidncias antes apontadas, pode-se afirmar que a

    forma eleita constitui planejamento tributrio ou teve por fimdissimular ou ocultar a verdadeira natureza jurdica do negciorealizado?""Em caso afirmativo da segunda hiptese, podem-se identificarbeneficios fiscais indevidos para a empresa compradora? Quais?""Em caso afirmativo, ainda, podem-se identificar benefcios fiscaisindevidos para o detentor do controle acionrio do grupo vendedor?Quais?"A operao negociai descrita entra no conceito de planejamentotributrio lcito?""Se negativa a resposta ao nmero anterior, quais a conseqnciaslegais?"" possvel identificar, na operao, concilium fraudis?"Em Parecer datado de 08/09/2004, o ilustre tributarista chega smesmas concluses a que esta fiscalizao chegou, e responde sindagaes da CIACORP, resumidamente, da seguinte forma:1) Ao invs de celebrarem um simples contrato de compra e venda, aspartes envolvidas fizeram constar pessoas jurdicas interpostascontroladas por cada um dos sujeitos interessados. Com

    isso, e dianteda ausncia de qualquer outra finalidade comercial, aparentaramnegociar direitos para pessoas diversas daquelas que efetivamenterealizaram a transao. Esta conduta ajusta-se fielmente hiptese desimulao. A estratgia adotada configura, pelos resultadosalcanados, outra modalidade de ilcito tributrio, a fraude. Comefeito, o conceito jurdico-positivo de 'fraude" abrange todo e

    25 PAULO DE BARROS CARVALHO um dos mais respeitveis advogados tributaristas do Pais e dispensamaiores apresentaes;

    C9f

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 CCOI/C08Acrdo n. 108-09.227 Fls. 30

    qualquer ato que, por ao ou omisso dolosa impea, retarde ouatenue os efeitos da ocorrncia do fato tributrio, reduz o montante dotributo devido ou postergue o seu pagamento. A sucesso de atossocietrios permitiu obteno de ganho de capital e formao de giosem o dever de pagar tributo. O ganho de capital foi,fraudulentamente, ocultado pela existncia de outras pessoas jurdicase a realizao de permuta. Caso tivesse sido realizada uma simplescompra e venda, o fato tributrio no teria sido ocultado. Assim, almde ser simulada, a ao dos ALIENAN7'ES (GRUPO AUMONDE) emconjunto com o GRUPO THYSSENKRUPP pode ser classificada comofraudulenta. Diante desses argumentos, no cabe falar emplanejamento tributrio lcito, mas sim em tpico caso de evasotributria.2) O GRUPO THYSSENKRUPP obteve gio susceptvel de serdeduzido da base de clculo do IRPJ e da CSLL nos anos subseqentes.Esse gio decorre da diferena a maior entre o valor investido pelaTHYSSEN INDUSTRIES na sua controlada THYSSEN KRUPPPARTICIPAES, a quem coube efetivar permuta com a 5246PARTICIPAES, adquirindo o controle das empresas ELEVADORESSR e ASTEL ASSISTNCIA TCNICA. Com

    isso, alm de obter ocontrole acionrio que pretendia, o GRUPO THYSSE1VKRUPPacumulou gio em montante superior ao valor patrimonial das duasempresas adquiridas.3) Os ALIENAM-1ES (pessoas fisicas e jurdicas) obtiveram benefciosfiscais diretos e indiretos com a operao. Os diretos so aquelesauferidos por eles como pessoas fsicas, enquanto que os indiretos soaqueles obtidos pelas pessoas jurdicas por eles controladas. Entreganhos diretos e indiretos, deve-se destacar, como principal benefciodos ALIENAN7'ES a obteno de ganho de capital pela permuta de umpatrimnio avaliado em, aproximadamente, R$ 36 MILHES, poroutro de mais de R$ 200 MILHES, sem que tenha havido opagamento dos tributos devidos em uma operao convencional.Assim, surge a OCULTAO do ganho de capital e o conseqenteno-pagamento dos tributos incidentes, como sendo o principalbeneficio obtido pelos ALIENA1VTES, inclusive, por meio das pessoasjurdicas por eles controladas.4) As operaes analisadas NO se enquadram no conceito deplanejamento tributrio lcito, pelos motivos expostos na resposta daquesto I.5) Diante dos documentos analisados, possvel afirmar a existnciade, pelo menos, quatro conseqncias legais imediatas: (i)possibilidade de lanamento de ofcio por parte da AdministraoTributria, nos termos do art. 149, VII, do CTN, para a cobrana dostributos que deixaram de ser recolhidos sobre o ganho de capitalauferido pelos ALIENANT'ES com a venda do controle societrio dasduas empresas; (ii) dilao no prazo de decadncia pela interpretaoem conjunto dos uns. 150, $ 4, e 173, 4 ambos do C77V,. (iii) glosados valores deduzidos a ttulo de gio pela compradora: (iv) aplicaode multa de 150% sobre o valor que deixou de ser paro em face daconfigurao de fraude. Essas conseqncias, vistas do mbitoexclusivamente tributrio, no comprometem a imputao de outras

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 Cco I/C08

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 31

    sanes de ordem penal, cvel, administrativa e comercial pela prticados ilcitos.6) possvel, sim, a identificao, nas operaes, de concilium fraudis.Para realizar o complexo rol de operaes descritas no caso concreto IMPRESCINDiVEL que exista um concurso de vontades entre as partesque, de maneira consciente e deliberada, atuem em conjunto para aconsecuo dos fins pretendidos. H amplos indcios de que, no caso,houve a inteno das partes de realizar as condutas evasivascomentadas acima, quais sejam: (i) existncia de auditoria (duediligence) da empresa ELEVADORES SR (que poca eracompanhia de capital aberto) muito antes de celebrados os negciosjurdicos entre as partes, sem que fosse dado o regular conhecimentoaos demais acionistas e s autoridades pblicas, em afronta ao queprescreve a legislao societria. Alm de infringir a lei, esta omissoevidencia o propsito de alienao do controle acionrio; (ii)presena, no Brasil, de executivos do GRUPO THYSSENKRUPP muitoantes dos negcios terem sido concludos; (iii) celebrao doCONTRATO DE COMPRA E VENDA E DE PERMUTA DE AES,no lugar de um simples contrato de compra e venda; (iv) utilizao daspessoas jurdicas 5146 PARTICIPA OES e 5156 PARTICIPAES,alm da THYSSEN KRUPP PARTICIPAES, sem NENHUMPROPSITO EMPRESARIAL que no a OCULTAO do negcio decompra e venda e dos efeitos tributrios; (v) eleio de ALCEUALBUQUERQUE para exercer no GRUPO THYSSENKRUPP, amesma funo que desempenhava na ELEVADORES SR sob ocontrole dos ALIENANTES, qual seja, a de principal executivo daempresa. Por esses elementos, INDUBITVEL a concluso de que,no caso, houve concilium fraudis.Parecer de GALENO LACERDA

    A CIA CORP contratou tambm o parecer do eminente mestreGALENO LACERDA acerca dos negcios jurdicos celebrados entre osALIENANTES e o GRUPO THYSSENKRUPP, que objetivaram atransmisso do controle acionrio das empresas ELEVADORES SR eASTEL ASSISTNCIA TCNICA.O Parecer, assinado pelo professor GALENO LACERDA 26 em04/01/2003, foi assim ementado:"Fraude contra credores, caracterizada pela criao, dentro e fora doPas, de empresas fictcias, de modo a propiciar a transferncia depatrimnios de grande vulto para o exterior, em prejuzo dos credoresnacionais, lesados pela frustrao das penhoras, e do prprio Fisco,pela conseqente evaso de divisas e sonegao fiscaLProcessos e atos jurdicos fictcios, concertados no Uruguai, e colusode importante empresa multinacional na prtica das manobrasjurdicas fraudulentas.Incidncia do art. 109 do Cdigo Civil." (destacamos)Pela sua pertinncia com a presente autuao, transcrevemos trechode algumas consideraes prvias do renomado advogado.

    26 Professor Catedrtico aposentado de Direito Processual Civil na Faculdade de Direito de Porto Alegre/RS daUniversidade Federal do Rio Grande do Sul e Desembargador aposentado do Tribunal de Justia do Rio Grandedo Sul;

    C1712

  • Processo n. 11080.009688/2004-28 ccouomAcrdo n. 108-09227 Fls. 32

    "A criao de pessoas jurdicas civis ou comerciais tem servido deinstrumento prtica de atos nocivos a direitos de terceiros de boa-f.O tema tem sido objeto de trabalhos de eminentes juristas nacionais eestrangeiros e da elaborao de normas legais tendentes a obviar asprticas nefastas." (destacamos)Ao analisar o caso concreto, GALENO LACERDA categrico aoafirmar que houve ESCANCARADA e ACINTOSA FRAUDE porparte dos ALIENAIVTES e do GRUPO THYSSENKRUPP.Com relao 5246 PARTICIPAES, GALENO LACERDA destacao inusitado artificialismo dessa "INVENO" de sociedade annima,que no possui nome algum, simplesmente um nmero, capitalfantasista e irrisrio, dividido em aes sem nenhum valor nominal,como a confessar, de antemo, tratar-se de mera burla, com objetivode fraudar incautos.Recorrendo ao auxlio do no menos eminente jurista JAGUARTORELLY TEIXEIRA (mestre no assunto), GALENO LACERDAdestaca os seguintes aspectos:a nulidade da ata de constituio da 5246 PARTICIPAES, porinfrigncia ao art. 80. I e III, da Lei de Sociedades Annimas, bemcomo ao art. 5, 5, do Estatuto Social da empresa;A AGO de 20/04/99 aceita a renncia de um dos diretores e reelege ooutro, ficando a 5246 PARTICIPAES com um nico diretor, emcompleta afronta ao disposto no art. 143, I, da Lei das SociedadesAnnimas e do art. 9 do Estatuto Social da empresa;Em 17/06/99, foi constituda a 5256 PARTICIPAES, com capitalsocial de R$ 1.000,00, do mesmo modo que a 5246 PARTICIPAES.Como se percebe, a nova empresa, tambm "numrica", com nmeroquase igual ao da primeira, de modo a aumentar a confuso,facilitando a consumao da fraude. A Assemblia de constituio da5256 PARTICIPAES seria nula, por infrao ao art. 80, I e IlL daLei das S/A;

    Em 04/08/99, a AGE da empresa 526 PARTICIPAES aprova odesdobramento de aes razo de 1 ao para 10.000, passando ocapital social da empresa a dividir-se em 10.000.000 de aes e, aseguir, aprova tambm o aumento do capital para R$ 17.000.000,00,com incorporao do gio. A AGE teria violado o art. 170, 1 e T'da Lei de S/A, bem como o art. 5 0, 5 do Estatuto Social da empresa;GALENO LACERDA, cita, ainda, as concluses de JAGUARTORELLY TEIXEIRA, a qual resumimos a seguir:

    a grande maioria dos atos e instrumentos, individualmenteconsiderados, viola dispositivos estatutrios e, sobretudo, normascogentes da Lei de S/A, autorizando a sua anulao, por no revestir aforma prescrita em lei ou por preterir requisito essencial a suavalidade;

    analisados em conjunto, a nulidade de um ato retira a sustentao dosatos subseqentes, afora as nulidades prprias desses atos posteriores(efeito domin);a alienao do controle de ELEVADORES SOR poderia ter sidoalcanada de forma bem mais simplificada e direta, gerando a

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 CCO I/C08. . .

    Acrdo n. 108-09.227 Fls. 33

    suspeio de que o caminho adotado (afora beneficios de ordemtributria) procurou dissimular e/ou ocultar os diversos passos daoperao dificultando sua compreenso;a operao acarretou a alienao da parcela mais signcativa dopatrimnio de ADROALDO AUMONDE, seguida de remessa aoexterior dos recursos da auferidos;a apontada nulidade dos atos e instrumentos sob exame assume notvelrelevncia, se for considerado o panorama global: (1) a adoo de umamontagem jurdico-societria complexa e desnecessria; (h) o usoabusivo de interpostas pessoas jurdicas, de durao efmera eimotivada; (iii) evaso e expatriao dos recursos resultantes daalienao da parcela mais significativa do patrimnio de ADROALDOAUMONDE; e (iv) a existncia de vultosa dvida de ADROALDOAUMONDE, em data anterior e prxima realizao da operao.Por fim, GALENO LACERDA passa a responder, em seu parecer, aosquestionamentos da CIA CORP, destacando que: a) a sucesso demanobras societrias realizadas pelos ALIENANTES e pelo GRUPOTHYSSENKRUPP, com a utilizao de empresas de fachada (duasdelas, inclusive, tendo como razo social "nmeros') que impediram oacompanhamento real de transferncia do controle acionrio que osALIENANTES detinham sobre a empresa ELEVADORES SCIR; b) aconcordncia da adquirente, GRUPO THYSSENKRUPP, com essasmanobras dos ALIENAN7'ES, constituindo, ela prpria, novasempresas (como, por exemplo, THYSSEN KRUPP PARTICIPAES)exclusivamente para se ajustar no quadro das empresas criadas pelosALIENANTES; c) a aquiescncia no apenas passiva, mas ativa, daadquirente, GRUPO THYSSENKRUPP, com tais operaes que, ao fime ao cabo, possibilitaram a drenagem para o exterior, atravs de umaempresa "numrica", de todo o pagamento por ela efetuado aoALIENANTES, configuram, sem dvida, a responsabilidade solidriada adquirente, na fraude cometida pelos ALIENANTES para lesarterceiros.GALENO LACERDA destaca, ainda, que a criao de pessoasjurdicas e a sua extino, a bel prazer pelas partes envolvidas, parapromover o nascimento e o sumio de patrimnio, configura noapenas grave ilcito civil extracontratual, como tipifica tambm ocrime de sonegao fiscal, passvel de ao penal pblicaincondicionada, conforme Smula 609 do Supremo TribunalFederaL Nas palavras do ilustre jurista, "o caso , pois, gravssimo".Laudo do Perito JudicialDe acordo com o Laudo Pericial emitido pelo Perito ContadorCARLOS EDBERTO DE ALMEIDA GUEDES, CRC IRJ028206/T-9,em 05/10/2004 01 188 a 206 do Anexo 11), o capital social da empresaGRANITE HOLDINGS CORPORATION (com sede em Nassau,Bahamas) era, em 31/12/2003, de US$ 84.600.000,00, dividido em84.600.000 de aes ordinrias, com valor nominal de US$ 1,00 cada,as quais, por sua vez, pertenciam, integralmente, 5246PARTICIPAES.De acordo com o Laudo Pericial e o Balano Patrimonial daGRANITE HOLDINGS CORPORATION, a empresa teria concedido

    deemprstimos de longo prazo no montante superior a US$

    S

  • Processo n. 11080.009668/2004-28 CCOI/C08 Acrdo n. 108-09.227 Fls. 34

    90.000.000,00, com vencimentos entre 30/08/2030 e 03/04/2032, empresa INCHEON HOLDINGS LIMITED.De acordo com o Perito Contador. a GRANITE HOLDINGSCORPORATION constituiu uma proviso para perdas dessesemprstimos, no montante correspondente a, aproximadamente, 504restando um valor lquido a receber em torno de apenas US$46.000.000,00. Essas perdas teriam comeado a ocorrer no exerccioencerrado em 31/12/2001, no existindo informaes que identifiquemos elementos que fundamentam essas provises, bem como se elas irocontinuar ocorrendo at o prazo de resgate dos emprstimos.A utilizao da GRAIVITE HOLDINGS CORPORATION foi mais umdos muitos artifcios utilizados pelo controlador majoritrio,ADROALDO AUMOIVDE, para a "BLINDAGEM" de seu patrimniopessoal, j que a parcela que foi remetida para o exterior, quando daconstituio dessa empresa (R$ 172.101.510,00), correspondia,aproximadamente, parcela a que ele teria direito" na venda daELEVADORES SC1R e da ASTEL ASSISTNCIA TCNICA.Assim, ADROALDO AUMONDE manteve esse valor no exterior,exercendo o controle da GRANITE HOLDINGS CORPORATIONatravs da 5246 PARTICIPAES, a qual, por sua vez, passou a sercontrolada, em 08/09/99, pela EWEN LM. (outra empresa de"fachada" de ADROALDO AUMONDE)."Foi lavrado pelo Fisco o Termo de Sujeio Passiva Solidria indicando como

    sujeito passivo solidrio pelos tributos lanados contra a empresa Epart Administrao eParticipaes Ltda, o senhor Adroaldo Carlos Aumonde.

    Inconformada com a exigncia, apresentou impugnao protocolada em 08 dejulho de 2005, fls. 257/288, e a do sujeito passivo solidrio Adroaldo Carlos Aumonde, em 07de julho de 2005, fls. 409/505, em cujo arrazoado alega, em apertada sntese, o seguinte:

    Introduo:

    1- o auto de infrao surgiu em razo de um inqurito policial instaurado pormeio de denncia feita por particular, com o qual o administrador da empresa, Sr. AdroaldoCarlos Aumonde, mantm litgios cveis;

    2- a atividade de fiscalizao tributria envolveu to-somente trs intimaes empresa;

    3- a autoridade tributria no produziu prova mas utilizou prova produzida porparticular e por autoridade policial;

    4- essas provas no poderiam ter sido simplesmente transplantadas para oprocesso tributrio, pois foram produzidas com mtodos e pro