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MARCEL MAZZAROTTO CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DA BOVINOCULTURA DE CORTE NO ESTADO DO PARANÁ CURITIBA 2010

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Page 1: CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DA BOVINOCULTURA DE … · Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná. ... sazonalidade dos preços foi obtida pelo método

MARCEL MAZZAROTTO

CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DA BOVINOCULTURA DE C ORTE NO

ESTADO DO PARANÁ

CURITIBA

2010

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MARCEL MAZZAROTTO

CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DA BOVINOCULTURA DE C ORTE NO

ESTADO DO PARANÁ

CURITIBA

2010

Trabalho apresentado para conclusão do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná. Supervisor: Prof. Dr. João Batista Padilha Jr. Orientador: Ana Paula Brenner Busch

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Aos meus pais, Irineu e AnAos meus pais, Irineu e AnAos meus pais, Irineu e AnAos meus pais, Irineu e Angela,gela,gela,gela,

por todo o amor e dedicação.por todo o amor e dedicação.por todo o amor e dedicação.por todo o amor e dedicação.

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Agradeço...Agradeço...Agradeço...Agradeço...

A minha família que me apoiou em todos os momentos da minha vida.

Especialmente aos meus pais, que sempre fizeram tudo para que tivesse a melhor

formação possível, e ao meu irmão Bruno, que sempre dividiu comigo seus

conhecimentos e experiências.

Aos Professores Paulo Rossi e João Padilha por terem compartilhado comigo

seus conhecimentos e pelas oportunidades que me deram. Tenho vocês como

exemplo.

Aos demais professores e funcionários que de algum modo colaboraram para

minha formação acadêmica.

Ao pessoal do LAPBOV, em especial a Amanda, que sempre me ajudou e

ensinou com muita paciência e dedicação.

Ao pessoal da SEAB, em especial a Ana, Marta e Adélio, pela receptividade e

por tudo que me ensinaram no período de estágio.

Aos amigos desde a época do Bom Jesus, que estiveram ao meu lado desde o

começo desta jornada.

Aos amigos da Veterinária por todos os momentos que passamos juntos ao

longo destes cinco anos. Se não fosse pela alegria de vê-los, com certeza a minha

vida acadêmica teria sido mais complicada.

Um salve especial para os veterinários Caio, Lew e Tocantins pela amizade

com a qual sempre pude contar.

Aos amigos da Economia, em especial o Dhiego, João Nerdes, Kelly Riquelme

e Fer’s Campos e Machado, por me ajudarem nos trabalhos econômicos quando

os veterinários se tornavam prioridade, e por tornarem as noites de segunda à

sexta também momentos de lazer.

Um beijo especial para a Lis, que, além de me ajudar diretamente na realização

deste trabalho, se tornou uma companhia indispensável.

E a todos que de alguma forma me ajudaram nesta jornada.

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“A vida é para quem topa qualquer parada.

Não para quem pára em qualquer topada.”

Bob Marley

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RESUMO

A pecuária de corte paranaense vem buscando tornar-se cada vez mais competitiva, o que exige atitudes inovadoras e um bom gerenciamento da atividade. A análise do comportamento de preços dentro desta cadeia e a caracterização deste agronegócio são fundamentais, pois constituem ferramentas que auxiliam no planejamento estratégico e na tomada de decisões. O presente estudo objetivou caracterizar o panorama mundial, nacional e paranaense do agronegócio da carne bovina e, a partir de uma série histórica de preços, analisar o comportamento dos preços do boi gordo, atacado e varejo no estado do Paraná, a fim de verificar a existência de tendência, determinar as variações cíclicas e sazonais e as margens de comercialização. Os preços nominais referentes ao período de julho de 1995 a setembro de 2010, provenientes da SEAB/PR, foram deflacionados utilizando-se como deflator o IGP-DI/FGV. Para a verificação de tendência foram ajustadas retas de regressão sobre os preços reais, por meio do método dos mínimos quadrados ordinários, enquanto que a caracterização da sazonalidade dos preços foi obtida pelo método das médias móveis centralizadas, calculando-se os Índices Sazonais e os Índices de Irregularidade positivos e negativos. Constatou-se que não houve tendência significativa nos preços, demonstrando estabilidade no valor da arroba do boi gordo e da carne bovina nos setores atacadista e varejista ao longo do período analisado. A análise da componente cíclica evidenciou um ciclo de preços da arroba do boi gordo de cerca de oitos anos no Paraná. O estudo da sazonalidade permitiu determinar os períodos de safra (fevereiro a julho) e entressafra (agosto a janeiro) da pecuária paranaense, indo ao encontro dos padrões sazonais determinados por outros autores para diferentes estados brasileiros. Ao longo dos elos da cadeia produtiva da carne bovina, o varejo é o que detém maior participação na formação do preço pago pelo consumidor, correspondendo a 54,05%. Palavras-chave: análise de preços, competitividade, perfil da pecuária de corte

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Mundo: rebanho bovino, principais países (em milhares de cabeças) ................................................................................................................................14 TABELA 2 - Mundo: produção de carne bovina (em milhares de T Eqc)............15 TABELA 3 - Mundo: exportação de carne bovina, principais países (milhares de T Eqc)..............................................................................................17 TABELA 4 - Mundo: consumo de carne bovina (em milhares de T EQC)..........18 TABELA 5 - Mundo: consumo per capita de carne bovina nos principais países ...............................................................................................................................19 TABELA 6 - Brasil: evolução do rebanho bovino................................................22 TABELA 7 - Brasil: número de cabeças bovinas abatidas..................................21 TABELA 8 - Brasil: exportações de carne bovina e animais vivos, principais destinos...........................................................................................23 TABELA 9 - Brasil: principais destinos das exportações em 2009.....................24 TABELA 10 - Brasil: importações de carne bovina e animais vivos, principais origens............................................................................................25 TABELA 11 - Brasil: produção de carne bovina...................................................26 TABELA 12 - Paraná: distribuição do rebanho bovino por mesorregião, 2008....27 TABELA 13 - Paraná: ranking do rebanho bovino por município, 2008...............27 TABELA 14 - Paraná: evolução da área de pastagem, em há.............................28 TABELA 15 - Paraná: índices zootécnicos da pecuária de corte.........................29 TABELA 16 - Paraná: distribuição do rebanho bovino em 2002..........................30 TABELA 17 - Paraná: evolução das exportações de carne bovina.....................31 TABELA 18 - Paraná: evolução das importações de carne bovina.....................32 TABELA 19 - Margem markup.............................................................................45

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Mundo: consumo e produção de carne bovina.............................18 GRÁFICO 2 - Evolução do abate de fêmeas bovinas no Brasil..........................21 GRÁFICO 3 - Comportamento dos preços do boi gordo e magro......................38 GRÁFICO 4 - Evolução dos preços da arroba do boi gordo e da taxa de abate de fêmeas bovinas no Paraná...........................................................38 GRÁFICO 5 - Comportamento dos preços do boi gordo e do bezerro...............39 GRÁFICO 6 - Estimativa de tendência dos preços do boi gordo........................40 GRÁFICO 7 - Estimativa de tendência dos preços da carne bovina – atacado..40 GRÁFICO 8 - Estimativa de tendência dos preços da carne bovina – varejo.....40 GRÁFICO 9 - Sazonalidade dos preços do boi gordo.........................................41 GRÁFICO 10 - Sazonalidade dos preços da carne bovina no setor varejista.......42 GRÁFICO 11 - Sazonalidade dos preços da carne bovina no setor atacadista....42 GRÁFICO 12 - Evolução dos preços nos diferentes elos da cadeia bovina..........44 GRÁFICO 13 - Margens de comercialização da carne bovina no Paraná............44 GRÁFICO 14 - Evolução dos preços das carnes bovina, suína e de frango em 2010..............................................................................................46

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Núcleos Regionais da SEAB...............................................................5 FIGURA 2 - Fluxograma da informação no DERAL.............................................13

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LISTA DE SIGLAS

@ - Arroba

BM&F – Bolsa de Mercadorias e Futuros

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento

CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

DCA – Divisão de Conjuntura Agropecuária

DEB – Divisão de Estatísticas Básicas

DPA – Divisão de Planejamento Agropecuário

DERAL – Departamento de Economia Rural

Ha - Hectare

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IGP-DI – Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna

IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social

IMEA – Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária

Kg - kilograma

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

NR – Núcleo Regional

R$ - Real

SEAB/PR – Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento do Paraná

SIMA – Sistema de Informação de Mercado Agrícola

VBP – Valor Bruto da Produção

T Eqc – Tonelada equivalente carcaça

UE – União Européia

USDA – United States Department of Agriculture

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1 2 OBJETIVOS........................................ .....................................................

3

2.1 Objetivo geral......................................................................................... 3 2.2 Objetivos específicos............................................................................. 3 3 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO............................. ........................................

4

3.1 Departamento de Economia Rural......................................................... 4 3.1.1 Estrutura organizacional..................................................................... 5 3.1.1.1 Chefe do Departamento................................................................... 5 3.1.1.2 Divisão de Estatísticas Básicas....................................................... 6 3.1.1.3 Divisão de Conjuntura Agropecuária............................................... 8 3.1.1.4 Divisão de Planejamento Agropecuário........................................... 10 3.1.2 Fluxo da informação no DERAL......................................................... 10 4 PANORAMA DO MERCADO MUNDIAL DA PECUÁRIA DE CORTE. ...

14

4.1 Rebanho bovino..................................................................................... 14 4.2 Produção mundial de carne bovina....................................................... 15 4.3 Exportação mundial de carne bovina.................................................... 16 4.4 Consumo mundial de carne bovina....................................................... 17 5 PANORAMA NACIONAL................................ .........................................

20

5.1 Rebanho bovino brasileiro..................................................................... 20 5.2 Exportações brasileiras.......................................................................... 23 5.3 Importações brasileiras.......................................................................... 24 5.4 Produção brasileira de carne bovina..................................................... 25 6 PANORAMA PARANAENSE.............................. ....................................

27

6.1 Rebanho paranaense............................................................................ 27 6.2 Características da pecuária paranaense............................................... 28 6.3 Produção paranaense de carne bovina................................................. 31 6.4 Inserção do Paraná no mercado externo.............................................. 31 6.5 Análise dos preços da cadeia produtiva da pecuária de corte paranaense.................................................................................................. 32 6.5.1 Metodologia........................................................................................ 34 6.5.2 Resultados e discussão...................................................................... 36 6.5.2.1 Componente cíclico......................................................................... 36 6.5.2.2 Tendência........................................................................................ 38 6.5.2.3 Sazonalidade................................................................................... 40 6.5.2.4 Margens de comercialização........................................................... 42 7 PERSPECTIVAS DO AGRONEGÓCIO DA PECUÁRIA DE CORTE. ....

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8 CONSIFERAÇÕES FINAIS............................. .........................................

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS.......................... ....................................

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INTRODUÇÃO

O desempenho positivo do agronegócio no cenário mundial e nacional

foi responsável por melhorias qualitativas e quantitativas na produção agrícola

e pecuária brasileira, que passou a contar com mão-de-obra qualificada e

tecnologias avançadas no desenvolvimento das culturas, tornando, assim, o

país cada vez mais competitivo neste ramo de atividade.

No Brasil, o agronegócio gera expectativas em todas as regiões. Isso se

justifica porque, além do aumento no consumo interno, as exportações

crescem vertiginosamente, impulsionando todos os setores ligados ao Sistema

Agroindustrial Brasileiro. O país é ainda um dos poucos que possui capacidade

real de expansão produtiva, seja em potencial área territorial para exploração

sustentável da agropecuária, seja para o melhor aproveitamento das áreas já

utilizadas.

Com relação à pecuária de corte, a carne bovina é um dos principais

produtos agropecuários exportados pelo Brasil e a arroba do boi gordo é uma

das mais importantes commodities comercializadas através da Bolsa de

Mercadorias e Futuros (BM&F/Bovespa). A atividade de produção de carne

bovina reveste-se de grande importância socioeconômica no país, tanto pela

elevada quantidade de produtores rurais envolvidos nesta atividade em todas

as macrorregiões do País, como pelo ainda maior contingente de agentes

envolvidos na cadeia produtiva, que se configuram a partir da produção

pecuária, envolvendo a produção, o processamento e a distribuição de insumos

agropecuários, animais, produtos cárneos, couro e outros derivados.

No Paraná, a bovinocultura também se configura como uma atividade

importante. Segundo estimativas do Censo Agropecuário, realizado pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Paraná possuía, em

2006, o 10º maior rebanho bovino do país, com mais de 9,1 milhões de

cabeças distribuídas em 209 mil estabelecimentos. Em 2007, de acordo com a

Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB/PR), foram

abatidas 1,1 milhão cabeças, produzindo 268.876 toneladas de carne, ao

passo que, em 2008, as atividades relacionadas à pecuária de corte

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movimentaram mais de 3 bilhões de reais, correspondendo a 7,88% do valor

total de produção agropecuária do Estado (SEAB, 2008).

A pecuária de corte paranaense ainda é marcada por características

bastante tradicionais, apesar das mudanças verificadas, especialmente nas

regiões Noroeste e Norte, em que os pecuaristas vêm desenvolvendo uma

atitude empresarial mais acentuada, tanto em termos inovativos quanto nas

relações com os agentes frigoríficos. Essas alterações são resultado da política

macroeconômica vigente após o Plano Real, a qual implicou a eliminação de

um comportamento especulativo em função da nova tendência dos preços ao

consumidor. Há, portanto, indicações de que esse comportamento previamente

típico dos criadores venha cedendo espaço para a eficiência como único

caminho para a lucratividade dos estabelecimentos pecuários. Por outro lado,

ainda persiste entre os pecuaristas a lógica de venda não programada de

animais para cobrir gastos correntes ou investimentos não planejados

(IPARDES, 2002).

Diante da grande representatividade da pecuária no contexto econômico

estadual, conhecer o perfil desta atividade é fundamental, pois sua

caracterização auxilia no planejamento estratégico e na tomada de decisões,

tornando a atividade cada vez mais competitiva.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Proceder a uma caracterização do agronegócio da bovinocultura de

corte no Paraná demonstrando as suas características, estruturação,

importância econômica bem como o comportamento dos preços reais do boi

gordo em diferentes níveis do sistema de comercialização através de diferentes

indicadores econômicos de preços.

2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho foram:

a) Caracterizar o agronegócio da bovinocultura de corte em nível mundial,

nacional e estadual, comentando seus principais indicadores

econômicos;

b) Analisar séries temporais mostrando o comportamento dos preços reais

do boi gordo no Paraná pela utilização do cálculo da tendência,

sazonalidade, margens e markups de comercialização em diferentes

níveis do sistema de comercialização;

c) Fornecer informações aos agentes do agronegócio paranaense,

principalmente nas áreas de estatística e conjuntura agropecuária, para

propiciar uma melhora no processo de gestão e tomada de decisão.

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3 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO

O estágio foi realizado no Departamento de Economia Rural (DERAL) na

sede da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná,

em Curitiba. O período de estágio teve início em 27 de setembro e término em

26 de novembro de 2010, totalizando 320 horas.

As atividades realizadas foram na maioria relacionadas a pesquisas e

relatórios que o departamento demandava. Como não foi desenvolvido nenhum

trabalho específico durante o estágio, e sim um acompanhamento geral de

todas as atividades do local, justifica-se entender a estruturação e o

funcionamento do DERAL para esclarecimento da rotina do estagiário.

3.1 Departamento de Economia Rural

O DERAL constitui-se em uma unidade do nível de execução

programática da SEAB, cujo objetivo é caracterizar o mercado agropecuário do

Paraná.

Localizado na sede da SEAB/PR, em Curitiba, o DERAL tem como

atribuições gerais: disponibilizar informações estratégicas para subsidiar a

formulação de políticas agrícolas; elaborar planos, programas e projetos que

visem o desenvolvimento do setor rural, bem como a geração de estatísticas

básicas para sua elaboração; desenvolver estudos que determinem as

perspectivas de tendência dos mercados regional, nacional e internacional, e

desenvolver ações com outros Órgãos e Entidades do setor público e do setor

privado, com o intuito de acompanhar a economia agrícola do Estado; levantar

distorções do setor agropecuário, bem como de sua descontinuidade com os

demais setores econômicos e sugerindo soluções.

Para conseguir executar com eficiência todas as atividades que lhe são

atribuídas, o DERAL conta com o apoio de 20 Núcleos Regionais (NR)

espalhados por todo o Estado. Cada Núcleo possui cerca de 3 funcionários e

engloba um grupo de municípios da região, de modo que todos os municípios

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paranaenses são atendidos por um núcleo. A figura 1 ilustra a disposição dos

Núcleos Regionais da SEAB no Paraná.

FIGURA 1. Núcleos Regionais da SEAB Fonte: SEAB *Nota: Recentemente, foi feita uma nova divisão dos núcleos, resultando na criação do Núcleo de Cianorte. No entanto, este Núcleo ainda não atua como informante do DERAL.

3.1.1 Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional do DERAL compreende quatro divisões,

distinguidas de acordo com as funções que assumem.

3.1.1.1 Chefe do Departamento

Além das funções básicas que competem a este cargo, como coordenar

e avaliar as atividades do Departamento, o atual chefe do DERAL, o Sr.

Francisco Carlos Simioni, articula ações junto a demais Órgãos, como a

Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), e dirige outros projetos,

como o Trator Solidário.

O Trator Solidário é um programa do Governo paranaense que permite

aos agricultores familiares adquirir tratores e implementos agrícolas novos por

preços mais acessíveis, proporcionando ao pequeno agricultor o acesso à

mecanização e à tecnologia. O programa já colocou mais de 5 mil tratores no

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campo, contribuindo para que a agricultura paranaense se torne cada vez mais

moderna e produtiva.

3.1.1.2 Divisão de Estatísticas Básicas

A Divisão de Estatísticas Básicas (DEB) é responsável por coletar e

processar dados estatísticos sobre a agropecuária do Estado, desenvolver

metodologias e realizar estimativas das produções agropecuárias.

É nesta divisão que o Valor Bruto da Produção (VBP) é calculado. Para

tanto, busca-se saber qual foi a receita bruta gerada por cada produto,

multiplicando-se o preço médio estadual do produto pelo volume produzido. Os

preços médios usados no cálculo são referentes à média ponderada da

produção de cada produto, por Núcleo Regional. O VBP engloba a produção de

mais de 500 produtos, compreendendo hortaliças, especiarias, fruticultura,

pecuária, pesca, produtos florestais, floricultura e produção orgânica

certificada, e considera a produção dos 399 municípios paranaenses.

Além de indicar quanto a agropecuária movimentou na economia do

estado, o VBP também é um importante banco de dados do agronegócio

paranaense e é fundamental para a composição do índice que distribui o ICMS

arrecadado aos municípios.

O VBP é baseado em outras duas pesquisas, também realizadas pela

DEB: a pesquisa de preços recebidos pelo produtor, de frequência semanal, e

uma pesquisa auxiliar, divulgada mensalmente. Tais pesquisas apresentam os

preços médios por Núcleo Regional, os quais são ponderados pela produção

de cada Núcleo no ano anterior, gerando assim uma média paranaense do

produto pesquisado.

A pesquisa de Preços Recebidos pelo Produtor de freqüência semanal

engloba 54 produtos, os quais em sua maioria representam os produtos de

maior peso em termos de renda gerada no estado. Esta pesquisa sofre uma

consistência e então é publicada, semanalmente, na página da SEAB

(www.seab.pr.gov.br). Os 54 produtos têm índices de comercialização mensais

elaborados pelo DERAL, com base em pesquisas como a Previsão Subjetiva

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de Safras, através dos quais são calculados os preços médios do ano (safra)

para cada produto.

Por sua vez, a lista auxiliar dos preços recebidos pelo produtor é

pesquisada mensalmente, porém sua consistência é anual, devido ao grande

volume de informações contido nela. À exceção dos 54 produtos da pesquisa

semanal, todos os demais têm seu preço levantado através desta lista auxiliar,

englobando, assim, aproximadamente 450 produtos. Neste caso, não há

ponderação para a comercialização mensal dos produtos, o que significa que o

preço médio anual é a média simples dos preços nos doze meses do ano.

Além dos preços recebidos pelo produtor, alguns produtos têm seu

preço cotado no atacado e no varejo. Mensalmente, o preço de cerca de 80

produtos no setor varejista são levantados e ponderados com base na

população do município para formação de uma média estadual, ao passo que,

semanalmente, há uma cotação dos preços no atacado.

Há, ainda, uma cotação diária do preço de 15 produtos principais. Todos

os dias, o Sistema de Informação de Mercado Agrícola (SIMA) coleta dados

com os 20 Núcleos Regionais, e, na DEB, os preços são ponderados de acordo

com a participação na formação do VBP de cada município. Em caso de preços

que divirjam muito do padrão para determinado produto, é feito contato com o

Núcleo do qual veio a informação para verificar se houve algum erro na coleta,

evitando, assim, que a média final de preços do Estado fuja da realidade. O

SIMA gera um preço que representa a intenção de compra por parte do

empresário, ou seja, quanto este está disposto a pagar, diferindo do preço

recebido pelo produtor, que reflete quanto o produtor efetivamente embolsou

pela venda da produção.

Para melhor entender o esquema de cotações de preços, podemos

avaliar, por exemplo, como se procede com o mercado da carne bovina. Todos

os dias, o SIMA coleta juntos aos Núcleos Regionais o preço que os frigoríficos

têm intenção de praticar ao comprar uma carga de animais, permitindo que a

evolução dos preços seja acompanhada diariamente. Semanalmente, é

divulgado o preço recebido pelo produtor, à vista e livre do FUNRURAL,

representando quanto o produtor embolsou ao vender uma carga de animais

prontos para o abate. Ainda no intervalo de uma semana, são pesquisados os

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preços praticados no atacado, que, neste caso, correspondem aos preços

comercializados do traseiro e dianteiro das carcaças bovinas. Por fim, na

terceira semana de cada mês, são cotados os preços de 11 cortes cárneos

bovinos, praticados no setor varejista. Desse modo, é possível analisar como

os preços se comportam dentro de toda a cadeia produtiva.

A DEB não realiza cotações apenas de produtos agropecuários.

Trimestralmente, preços pagos pelo produtor referentes a diferentes insumos,

produtos, máquinas, etc., utilizados nas mais diversas atividades de produção

agropecuária, são levantados e disponibilizados na página da Secretaria. Os

preços pagos, além de disponibilizados para a comunidade, são fundamentais

para calcular o custo de produção das principais culturas do Paraná.

Acompanhando a cotação dos preços pagos pelo produtor – que

ultrapassa a marca de 500 produtos - trimestralmente é elaborada uma planilha

de custos de produção das culturas mais importantes, como soja, milho, trigo e

café. Estas planilhas informam quanto o produtor tem que desembolsar, por

hectare, para produzir determinado produto. Desse modo, o produtor pode

tomar uma decisão mais fundamentada sobre o que irá produzir.

Outras atividades que a DEB desempenha são a Previsão Subjetiva de

Safra, que permite acompanhar semanalmente como está o plantio/colheita de

algumas culturas, bem como estimar como será a próxima safra; e a cotação

de preços de terras agrícolas, em que, anualmente, é lançado um

levantamento de quanto vale o hectare em cada um dos 399 municípios do

Estado, levando-se em consideração as características do solo que interferem

na fertilidade e na possibilidade de mecanização.

3.1.1.3 Divisão de Conjuntura Agropecuária

A Divisão de Conjuntura Agropecuária (DCA) é responsável por

desenvolver análises conjunturais dos mercados de fatores de produção e de

produtos da agropecuária, além de organizar e coordenar a editoração e

disseminação das informações geradas pela Divisão. De acordo com a

Resolução Nº 31/06, é dividida em 13 áreas:

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− Área de Cereais;

− Área de Horticultura;

− Área de Bioenergia e Sucroalcooleira;

− Área de Agrometereologia;

− Área de Fibras e Oleaginosas;

− Área de Raízes e Tubérculos;

− Área de Produtos Florestais;

− Área de Cafeicultura;

− Área de Bovinocultura de Corte, de Leite e Bubalinocultura;

− Área de Suinocultura;

− Área de Pesca e Aqüicultura;

− Área de Outras Criações;

− Área de Avicultura;

De maneira geral, cada técnico da conjuntura é encarregado de analisar

uma ou duas culturas. Esta análise depende diretamente do trabalho realizado

na DEB.

Os dados coletados pelos técnicos da DEB são repassados para a DCA.

Os profissionais de cada área, então, trabalham para transformar estes dados

em informações úteis e que reflitam o que vêm acontecendo em cada mercado.

Resumidamente, os técnicos, utilizando-se dos dados estatísticos do

estado, elaboram relatórios sobre como está se comportando determinado

mercado, incluindo informações dos preços, relações de troca, estimativas,

ritmo de plantio/colheita. A freqüência com que tais informativos são

elaborados e disponibilizados na página da SEAB varia de acordo com a

importância da cultura, o volume e freqüência de obtenção dos dados e a

demanda externa.

Além disso, a DCA elabora prognósticos anuais de cada cultura

avaliada. Estes prognósticos demonstram, individualmente, como cada cultura

se comportou durante o ano todo. As relações que podem ser feitas com os

dados são muitas; cada técnico escolhe o seu melhor modo de expor suas

idéias. No geral, é feita uma comparação da safra atual com as anteriores e

uma estimativa de como deve ser a próxima.

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Feita a análise do Paraná, os técnicos buscam informações da produção

agropecuária do Brasil e do mundo, bem como dados sobre a importação e

exportação dos produtos. Desse modo, a situação da agricultura paranaense é

inserida no contexto nacional e mundial, possibilitando tirar conclusões sobre o

desempenho deste setor da economia.

3.1.1.3 Divisão de Planejamento Agropecuário

A Divisão de Planejamento Agropecuário (DPA) é responsável por

acompanhar e elaborar estudos sobre políticas monetárias, tributárias, fiscais,

agrícolas e ambientais relacionadas ao agronegócio, além de desenvolver

planos, programas e projetos que visem o desenvolvimento do setor

agropecuário.

Atualmente, o foco da DPA é a pesquisa em agroenergia, através do

acompanhamento da produção de oleaginosas, como soja e girassol, e

planejamento de programas que visam a integração entre o setor público e

privado.

3.1.2 Fluxo da Informação no DERAL

Depois de entendido como o DERAL está estruturado e quais são suas

principais funções e como são desempenhadas, cabe detalhar aqui como

ocorre o fluxo da informação. A figura 2 representa de maneira esquemática

este processo.

Os Núcleos Regionais iniciam a coleta de informações nos municípios

que fazem parte de suas dependências. Os técnicos regionais buscam os

dados em frigoríficos, cooperativas, agroindústrias, casas agropecuárias,

mercados, etc. Enfim, cada Núcleo tem uma gama de informantes em cada

município, que são a fonte de toda informação que será gerada no final do

processo.

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Após coletados os dados, cuja freqüência varia de produto para produto,

como foi explicado anteriormente, estes são repassados para a DEB. Esta

recebe os dados brutos de cada Núcleo, ou seja, são dados aleatórios, que,

desagrupados, não têm relevância estatística nenhuma para o estado. Os

técnicos são responsáveis por organizar, tratar e tabular estes dados, para que

então possa ser gerado um indicador confiável para o Paraná. Só depois de

passar por tal tratamento prévio é que os dados são disponibilizados para o

público e/ou repassados para a DCA.

Recebidos os dados, a equipe de conjuntura agropecuária irá analisá-los

para que possa gerar os pareceres técnicos de cada atividade. A DCA

transforma o dado em informação, podendo, a partir de então, ser utilizada pela

sociedade.

No entanto, a conjuntura agropecuária não utiliza apenas dados da DEB

para elaborar os relatórios. A elaboração dos panoramas nacional e mundial

demanda informações de fontes externas. Entre as fontes utilizadas, destacam-

se o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Food and Agriculture

Organization (FAO), o United States Department of Agriculture (USDA) e a

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

É dispensável dizer que existe um leque muito maior de opções de

pesquisa, as quais são consultadas quando se necessita saber, por exemplo, a

produção de um estado ou de um país especificamente, ou, ainda, páginas de

associações específicas de cada produção. Além disso, a DCA não se

restringe apenas a elaborar informativos e prognósticos. Quando há uma

demanda por determinado assunto, os técnicos da conjuntura mobilizam-se

para obter dados na DEB e elaborar relatórios que supram essa necessidade

de informação.

Desse modo, a informação está pronta para ser disponibilizada aos

consumidores do DERAL. A principal ferramenta de divulgação do que é

produzido neste departamento é a página da SEAB na internet, porém a

imprensa também atua como um importante veículo de divulgação do trabalho

do departamento.

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As informações produzidas no DERAL atendem uma gama bastante

ampla e diversificada de usuários. Primeiramente, todos os agentes ligados às

cadeias de produção da agropecuária, desde os produtores até os

estabelecimentos comerciais, são beneficiados com esta prestação de serviço

do Estado, pois têm parâmetros importantes para avaliar o desempenho de

suas atividades e tomar decisões melhor embasadas. As informações

provenientes do DERAL são reconhecidas também por sua idoneidade, uma

vez que não há tendência de favorecer um ou outro usuário. Logo, o que é

publicado pelo departamento é comumente usado como referência pelo Poder

Judiciário no julgamento de processos.

No caso do levantamento dos preços das terras agrícolas, por exemplo,

a cotação é utilizada como referência para validação do Imposto Territorial

Rural (ITR), bem como serve de instrumento balizador de contratos de

empresas de consultoria, seguros e contratos de vendas. Já para a Secretaria

da Fazenda, o VBP é indispensável para que possa ser feita a restituição do

ICMS aos municípios. A imprensa é outra usuária assídua das informações.

Constantemente, os técnicos do DERAL são entrevistados por jornais e redes

de televisão para auxiliar na produção de matérias relacionadas ao

agronegócio.

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FIGURA 2. Fluxograma da informação no DERAL

FIGURA 2. Fluxograma da informação no DERAL Fonte: o Autor

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4 PANORAMA DO MERCADO MUNDIAL DA PECUÁRIA DE CORTE

4.1 Rebanho bovino

O primeiro aspecto a ser analisado quando se deseja conhecer o

comportamento dos mercados fornecedores e consumidores, bem como o

papel desempenhado individualmente pelos países, diz respeito ao tamanho e

à evolução do rebanho bovino mundial.

Segundo dados preliminares do United States Department of Agriculture

(USDA), o rebanho mundial deve encerrar o ano de 2010 com mais de 991

milhões de cabeças, confirmando a tendência de queda que observou-se em

2009. Conforme mostra a tabela 1, 70% do rebanho está concentrado em

quatro países: Índia, Brasil, China e Estados Unidos. Outro destaque é o bloco

do Mercosul, cujos países integrantes respondem por 28% do rebanho efetivo.

TABELA 1. Mundo: Rebanho bovino, principais países (em milhares de cabeças) País 2006 2007 2008 2009 2010* 2011** Índia 290.000 296.500 303.000 303.500 304.000 304.000 Brasil 172.111 173.830 175.437 179.540 185.325 191.000 China 109.908 104.651 105.948 105.722 105.430 105.060 EUA 96.342 96.573 96.035 94.521 93.701 92.550 UE (27) 89.672 88.463 89.043 88.837 88.300 87.500 Argentina 54.266 55.664 55.662 54.260 49.057 48.656 Colômbia 28.452 29.262 30.095 30.775 31.171 31.871 Austrália 27.782 28.400 29.040 27.321 27.907 28.280 México 23.669 23.316 22.850 22.666 22.192 21.697 Rússia 19.850 19.000 18.370 17.900 17.630 16.919 Venezuela 14.232 12.831 13.515 13.269 13.129 12.771 Outros 89.740 88.617 82.489 71.768 53.363 51.908

Total 1.016.024 1.017.107 1.021.484 1.010.079 991.205 992.212 Fonte: USDA, 2010 *Dados preliminares **Dados estimados Nos últimos anos, o rebanho argentino vem decrescendo, fato que pode

ser explicado pelas estiagens consecutivas que o país enfrentou. Além disso, a

pecuária de corte no vizinho platino perdeu grandes extensões de pastagens

para a lavoura de soja, o que acentuou a queda do número de cabeças neste

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país. No caso da Rússia e Venezuela, o decréscimo no rebanho tem como

principais causas as adversidades climáticas e os elevados custos de produção

(BORGES e MEZZADRI, 2009).

O Brasil, apesar de recentemente ter apresentado um dos mais altos

índices de abate de fêmeas, apresentou aumento de 7,7% em relação a 2006,

e a previsão é que em 2011 o rebanho brasileiro atinja a ordem de 191 milhões

de cabeças. A China também vem apresentando aumento do rebanho, mas

sua produção é direcionada principalmente para abastecer o mercado interno.

(BRASIL, 2007).

O maior rebanho bovino comercial do mundo é do Brasil, mas a

liderança em número de cabeças é da Índia, com mais de 300 milhões de

cabeças. A diferença se dá por motivos religiosos, visto que no país asiático

não se consome carne de gado bovino.

4.2 Produção mundial de carne bovina

Segundo dados do USDA, em 1995 a produção mundial de carne bovina

e vitelo era de 48,5 milhões de toneladas em equivalente carcaça (T Eqc). Já

em 2010, a estimativa é de que esse número seja de 56,6 milhões, o que

representa um salto de 16,7%. A evolução da produção mundial nos últimos 5

anos está representada na tabela 2.

Tabela 2. Mundo: Produção de carne bovina (em milhares de T Eqc). País 2006 2007 2008 2009 2010* 2011** EUA 11.980 12.097 12.163 11.891 11.828 11.556 Brasil 9.025 9.303 9.024 8.935 9.145 9.410 UE (27) 8.150 8.188 8.090 7.900 7.870 7.850 China 5.767 6.134 6.132 5.764 5.550 5.450 Índia 2.375 2.413 2.650 2.750 2.850 2.920 Argentina 3.100 3.300 3.150 3.375 2.600 2.550 Austrália 2.183 2.172 2.159 2.129 2.080 2.050 México 1.550 1.600 1.667 1.700 1.731 1.775 Paquistão 1.300 1.344 1.388 1.457 1.486 1.450 Canadá 1.329 1.278 1.288 1.255 1.285 1.275 Rússia 1.430 1.370 1.315 1.290 1.300 1.270 Outros 9.542 9.359 9.496 8.985 9.038 9.107

Total 57.731 58.558 58.522 57.431 56.763 56.663 Fonte: USDA, 2010. *Dados preliminares **Dados estimados

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Confrontando as tabelas 1 e 2, verifica-se que os maiores rebanhos, por

si só, não determinam o melhor desempenho em produção de carne bovina. Os

Estados Unidos, por exemplo, apesar de possuírem o quarto rebanho, detêm a

maior produção de carne, com aproximadamente 11,9 milhões de T Eqc,

devido à sua alta taxa de abate. Outros países, como Canadá e Paquistão,

mesmo não estando no ranking dos rebanhos mais expressivos, figuram entre

os maiores produtores de carne.

Nesse setor, o Brasil alcança cerca de 9 milhões de T Eqc, os países da

União Européia somam 7,9 milhões e a China obtém 5,7 milhões. Nos últimos

10 anos, contudo, os brasileiros obtiveram um acréscimo de 47,6% na

produção, enquanto os demais países tiveram um pequeno crescimento

(USDA, 2010).

A produção mundial de carne vinha apresentando, desde 2001,

sucessivo crescimento. No entanto, a partir de 2008, a produção vem

decrescendo, devendo terminar 2010 com redução de 1,7% em relação a 2009.

Esta queda pode ser reflexo da redução do consumo, devido à crise financeira

mundial, que se iniciou em setembro de 2008.

4.3 Exportação mundial de carne bovina

Os maiores exportadores, de acordo com USDA, são Brasil e Austrália,

com 1,5 e 1,3 milhões de T Eqc exportadas em 2009, respectivamente. Ainda

segundo o órgão norte-americano, os Estado Unidos exportavam, até 2003,

mais de 1 milhão de toneladas. Porém, devido à ocorrência de casos de

Encefalopatia Espongiforme Bovina, registrados entre 2002 e 2003, as

exportações deste país recuaram para 209 mil toneladas em 2004 (BRASIL,

2007). As estimativas são de que as exportações norte-americanas de carne

bovina voltem a ultrapassar 1 milhão de T Eqc em 2010.

Quanto às exportações brasileiras, em função do câmbio e da alta

valorização do real frente ao dólar, a competitividade da carne brasileira

reduziu, tendo impacto negativo nas exportações. Além disso, a crise financeira

de 2008 ajudou a agravar o quadro (BORGES e MEZZADRI, 2009). A

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estimativa é de que em 2010 o Brasil exporte 1,6 milhões de toneladas, valor

4,2% menor que 2007, ano que antecedeu a crise.

Vale notar que a Austrália, detentora do 8º maior rebanho e 7º maior

produtor de carne bovina, consegue gerar excedentes exportáveis suficientes

para posicioná-la como segundo maior exportador do produto. Os maiores

exportadores estão listados na tabela 3.

TABELA 3. Mundo: Exportação de carne bovina, principais países (milhares de toneladas em equivalente carcaça) País 2006 2007 2008 2009 2010* 2011** Brasil 2.084 2.189 1.801 1.596 1.675 1.810 Austrália 1.430 1.400 1.407 1.364 1.325 1.325 EUA 519 650 856 878 1.036 1.002 Índia 681 678 672 609 700 725 Canadá 477 457 494 480 525 530 Nova Zelândia 530 496 533 514 510 496 Uruguai 460 385 361 376 380 390 Paraguai 240 206 233 254 290 310 Argentina 552 534 423 655 300 300 UE (27) 218 140 204 148 160 160 Nicarágua 68 83 89 101 115 115 Outros 243 352 417 346 237 245

Total 7.502 7.570 7.490 7.321 7.253 7.408 Fonte: USDA, 2010 *Dados preliminares **Dados estimados

4.4 Consumo mundial de carne bovina

A tabela 4 apresenta o consumo mundial de carne bovina nos principais

países consumidores. Os Estados Unidos, a União Européia, o Brasil e a

China configuram-se como os maiores consumidores, e chegaram a

corresponder, em 2009, por 59,2% do consumo mundial de carne bovina.

Diferente da retração mundial que se observou no período pós-crise, o

Brasil vem aumentando a quantidade de carne consumida, com acréscimo de

5,8% em 2009 em relação a 2006. A expectativa é que em 2010 o consumo

interno chegue a 7,5 milhões de T Eqc.

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TABELA 4. Mundo: Consumo de carne bovina, em milhares de toneladas em equivalente carcaça País 2006 2007 2008 2009 2010* 2011** EUA 12.833 12.830 12.452 12.239 11.932 11.715 EU (27) 8.649 8.690 8.352 8.249 8.200 8.180 Brasil 6.969 7.144 7.252 7.374 7.510 7.645 China 5.692 6.065 6.080 5.749 5.528 5.441 Argentina 2.553 2.771 2.731 2.722 2.303 2.255 Rússia 2.361 2.392 2.441 2.177 2.235 2.216 Índia 1.694 1.735 1.978 2.141 2.150 2.195 México 1.894 1.961 2.033 1.971 2.006 2.033 Paquistão 1.333 1.363 1.394 1.461 1.496 1.460 Japão 1.159 1.182 1.173 1.210 1.207 1.210 Canadá 1.023 1.068 1.035 1.019 997 995 Outros 10.814 10.872 10.976 10.430 10.873 11.026

Total 56.974 58.073 57.897 56.742 56.437 56.371 Fonte: USDA, 2010 *Dados preliminares **Dados estimados

O gráfico 1 registra o comportamento da produção e do consumo

mundial. Observa-se que a partir de 2008, a retração do consumo tem sido

acompanhada de uma firme redução na produção.

55.000

55.500

56.000

56.500

57.000

57.500

58.000

58.500

59.000

2006 2007 2008 2009 2010 2011

Ano

Milh

ões

de T

Eqc

Produção Consumo

GRÁFICO 1. Mundo: consumo e produção de carne bovina Fonte: USDA, 2010

Em relação ao consumo per capita, é possível observar, na tabela 5, os

países com maior consumo de carne por habitante. Dos países listados abaixo,

o Brasil é o único que vem apresentado sucessivos acréscimos no consumo.

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Nota-se que houve redução inclusive em países com renda elevada, como

Estados Unidos e Canadá.

TABELA 5. Mundo: Consumo per capita de carne bovina nos principais países

País 2006 2007 2008 2009 2010* 2011** Argentina 64.4 69.2 67.5 66.5 55.7 54.0 Uruguai 53.4 51.7 50.6 58.4 55.5 53.9 EUA 43.0 42.6 41.0 39.8 38.5 37.4 Austrália 36.5 34.7 35.0 35.0 35.3 34.2 Brasil 36.4 36.8 36.9 37.1 37.3 37.6 Canadá 31.3 32.4 31.2 30.4 29.5 29.2 Nova Zelândia 31.1 29.8 29.5 28.5 28.0 28.0 Kazakistão 25.7 27.1 27.3 26.7 26.6 26.5

Fonte: USDA, 2010 *Dados preliminares **Dados estimados

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5 PANORAMA NACIONAL

5.1 Rebanho bovino brasileiro

Segundo o IBGE (2009), o rebanho bovino do país voltou a crescer em

2008, após dois anos em queda. O efetivo somou 202,2 milhões de cabeças,

alta de 1,3% em relação a 2007. A tabela 6 mostra a evolução do rebanho nos

últimos anos.

O estado do Mato Grosso é responsável por 12,9% do efetivo nacional,

com mais de 25 milhões de animais. Em segundo lugar está Minas Gerais, com

22,5 milhões de cabeças, representando 11,3% do total. Em seguida, aparece

o Mato Grosso do Sul, com 21,8 milhões e 10,9% do total; Goiás, com 20,4

milhões e 10,2% do efetivo; e Pará, com 15,3 milhões de cabeça e 7,7% do

total. Esses cinco estados abrigam 53% dos bovinos brasileiros.

O principal incremento foi detectado na região Sul, onde houve

crescimento de 4%, seguido por Norte (3,3%), Centro-Oeste (1,2%) e Nordeste

(0,48%). Na região Sudeste, houve retração de 1,9%, com destaque negativo

para São Paulo, que teve seu rebanho encolhido em 5,1%. Segundo o próprio

IBGE, o gado paulista encolheu em cerca de 605.000 cabeças, em função da

substituição das pastagens por canaviais.

Analisando-se a tabela, observa-se que em 2007 houve uma redução de

3% no rebanho em relação a 2006. Esta diminuição pode ser atribuída à

descapitalização dos produtores, que acabaram abatendo matrizes. O gráfico

2, que mostra evolução do abate de fêmeas no mesmo período, corrobora esta

idéia. Nota-se que em 2006 a taxa de abate de fêmeas chegou a 48,5% sobre

o total de cabeças abatidas, o que corresponde a 23,6 milhões de cabeças.

Mesmo mostrando uma diferença considerável do número de cabeças

abatidas divulgado pelo Instituto AgraFNP, os dados do IBGE também mostram

um alto abate de fêmeas em 2006, conforme representa a tabela 7. De acordo

com esta, houve uma redução no total de animais abatidos em 2008 e em

2009, e principalmente de fêmeas a partir de 2007, o que contribuiu para o

aumento do rebanho neste período.

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2004 2005 2006 2007 2008

Anos

Milh

ões

de C

abeç

as

Abate de fêmeas

GRÁFICO 2. Evolução do abate de fêmeas bovinas no Brasil Fonte: AgraFNP (2010).

TABELA 7. Brasil: número de cabeças bovinas abatidas Categoria 2005 2006 2007 2008 2009 2010* Bois 13.171.988 14.446.858 15.795.623 15.141.620 15.373.330 8.039.225 Vacas 10.280.001 11.255.207 10.591.474 9.549.161 8.756.015 4.576.428 Novilhos 2.683.620 2.739.165 2.507.469 2.340.220 2.194.289 1.098.738 Novilhas 1.859.296 1.911.119 1.790.478 1.655.312 1.731.894 940.478 Vitelos 35.504 21.211 27.870 14.057 7.160 7.230 Total 28.030.409 30.373.560 30.712.914 28.700.370 28.062.688 14.662.099

Fonte: IBGE, 2010 *Dados de janeiro a junho

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TABELA 6. Brasil: evolução do rebanho bovino Região/UF 2005 2006 2007 2008 Brasil 207.156.696 205.886.244 199.752.014 202.287.191 Norte 41.489.002 41.060.384 37.865.772 39.119.455 Rondônia 11.349.452 11.484.162 11.007.613 11.176.201 Acre 2.313.185 2.452.915 2.315.798 2.425.687 Amazonas 1.197.171 1.243.358 1.208.652 1.312.352 Roraima 507.000 508.600 481.100 476.200 Pará 18.063.669 17.501.678 15.353.989 16.240.697 Amapá 96.599 109.081 103.170 95.803 Tocantins 7.961.926 7.760.590 7.395.450 7.392.515 Nordeste 26.969.286 27.881.219 28.711.240 28.851.880 Maranhão 6.448.948 6.613.270 6.609.438 6.816.338 Piauí 1.826.833 1.838.378 1.736.520 1.750.910 Ceará 2.299.233 2.352.589 2.424.290 2.460.523 Rio Grande do Norte 978.494 1.027.289 1.010.238 1.029.240 Paraíba 1.052.613 1.092.792 1.139.322 1.202.363 Pernambuco 1.909.468 2.095.184 2.219.892 2.249.788 Alagoas 985.422 1.029.352 1.112.125 1.162.005 Sergipe 1.005.177 1.067.508 1.073.692 1.080.833 Bahia 10.463.098 10.764.857 11.385.723 11.099.880 Sudeste 38.943.898 39.208.512 38.586.629 37.820.094 Minas Gerais 21.403.680 22.203.154 22.575.194 22.369.639 Espírito Santo 2.026.690 2.119.309 2.142.342 2.120.017 Rio de Janeiro 2.092.748 2.095.666 2.078.529 2.144.882 São Paulo 13.420.780 12.790.383 11.790.564 11.185.556 Sul 27.770.006 27.200.207 26.500.261 27.565.967 Paraná 10.153.375 9.764.545 9.494.843 9.585.600 Santa Catarina 3.376.725 3.460.835 3.488.992 3.864.724 Rio Grande do Sul 14.239.906 13.974.827 13.516.426 14.115.643 Centro-Oeste 71.984.504 70.535.922 68.088.112 68.929.795 Mato Grosso do Sul 24.504.098 23.726.290 21.832.001 22.365.219 Mato Grosso 26.651.500 26.064.332 25.683.031 26.018.216 Goiás 20.726.586 20.646.560 20.471.490 20.466.360 Distrito Federal 102.320 98.740 101.590 80.000

Fonte: IBGE

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5.2 Exportações brasileiras

O volume e os principais destinos das exportações brasileiras de carne

bovina, segundo os diferentes produtos, podem ser verificados na tabela 8.

TABELA 8. Exportações de carne bovina no Brasil e animais vivos e principais destinos Item/destino 2007 2008 2009 2010* Animais vivos 201.788.687 197.240.294 259.079.396 246.185.201 Líbano 79.668.423 48.924.740 55.624.195 11.559.600 Senegal 33.417 280.285 - 35.711 Costa do Marfim - - - - Paraguai 40.150 - - - Carne in natura 1.285.806.729 1.022.882.950 926.082.298 761.135.846 Rússia 447.996.840 382.669.537 327.220.900 220.454.976 Egito 174.187.409 64.993.786 71.980.018 97.923.497 Países Baixos 49.042.809 12.754.556 13.211.301 8.653.089 Itália 49.402.824 8.252.632 16.955.255 12.731.218 Carne industrializada 209.486.635 200.294.015 163.363.337 103.250.352 EUA 62.516.624 51.178.579 43.199.638 13.531.303 Reino Unido 60.190.694 50.729.934 45.594.186 33.740.279 Países Baixos 13.695.020 14.518.265 8.443.764 6.804.091 Itália 10.252.762 10.614.925 6.336.496 4.865.047 Miudezas 119.747.601 160.687.546 155.693.508 113.144.509 Hong Kong 56.540.380 93.604.212 106.135.262 71.724.695 Rússia 13.794.001 8.440.878 6.670.728 7.130.055 Angola 5.851.299 5.865.894 4.711.106 2.580.651 Egito 6.100.532 9.147.693 7.463.915 3.792.121 Total 1.614.779.098 1.378.164.325 1.229.071.937 977.530.707 Fonte: Agrostat *Dados de janeiro a setembro

A tabela 9 apresenta os principais destinos das exportações das carnes

bovinas brasileiras. Nota-se que, em relação a 2008, o volume exportado teve

redução de 10,8% em 2009. Os principais países que reduziram o volume

importado foram Rússia (-35%), Israel (-34%) e Arábia Saudita (-30%). O

destaque positivo foi Hong Kong, para o qual as exportações aumentaram 25%

em 2009.

Apesar da queda, são boas as tendências para as exportações

brasileiras em 2010, uma vez que estão sendo abertos novos mercados. O

grupo JBS-Friboi adquiriu uma empresa frigorífica da Coréia do Sul; existem

negociações com a Coréia do Norte para compra de carne do Brasil; e há o

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desejo da União Européia de restabelecer o acordo com o Mercosul. Além

disso, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o MAPA

montaram em conjunto um banco de dados para dar mais transparência às

informações sobre rastreabilidade, o que deve facilitar as auditorias da União

Européia (CARVALHO, 2010).

No período de janeiro a setembro de 2010 já pôde ser verificada alta de

23,21% na receita advinda das exportações em relação ao mesmo período do

ano passado, totalizando US$ 3,6 bilhões. Em volume, o aumento foi menor,

alcançando 977 mil toneladas em T Eqc, o que corresponde a 5,6% a mais do

que os primeiros nove meses de 2009.

Em 2010, a Rússia continua como o maior importador do produto in

natura do Brasil, tendo adquirido, até setembro deste ano, 227 mil T Eqc, o que

representa um faturamento de US$ 781 milhões. O Irã aumentou a exportação

de carne bovina brasileira em mais de 200%, e deve ultrapassar Hong Kong no

ranking dos principais importadores de 2010.

TABELA 9. Brasil: Principais destinos das exportações em 2009

Ranking Destino Valor (US$) Volume (kg) Preço médio (em US$/kg)

1 Rússia 952.812.327 334.068.437 2,85

2 Hong Kong 612.136.152 207.393.746 2,95

3 Irã 335.351.689 88.994.637 3,77

4 EUA 231.820.310 44.284.483 5,23

5 Egito 217.174.837 81.597.786 2,66

6 Reino Unido 168.163.354 48.009.295 3,50

7 Itália 159.203.491 24.809.951 6,42

8 Argélia 142.299.322 51.138.078 2,78

9 Países Baixos 126.808.418 21.824.789 5,81

10 Arab. Saudita 97.184.723 31.866.378 3,05

11 Israel 91.258.590 29.293.257 3,12

12 Alemanha 51.005.305 8.736.371 5,84 Fonte: Agrostat

5.3 Importações Brasileiras

Conforme a tabela 10, as importações brasileiras totais de carne bovina

e de animais vivos, desde 2007, vem apresentando sucessivos aumentos. As

principais importações são oriundas da Argentina, Paraguai, Uruguai e

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Austrália. No entanto, o volume importado é inexpressivo se comparado ao

exportado. Em toneladas, as importações representam 3,1% das exportações.

TABELA 10. Brasil: importações de carne bovina e animais vivos, principais origens (em kg) Item/origem 2007 2008 2009 2010* Animais vivos 4.478.503 17.896.461 12.317.738 864.170

Uruguai 4.408.243 17.894.961 12.244.358 803.670

Paraguai 70.260 0 0 0

Nova Zelândia 0 0 0 0

Argentina 0 0 73.380 60.500

Carne in natura 21.213.737 20.027.253 23.912.755 18.838.165

Argentina 7.688.410 6.271.526 8.425.821 6.295.795

Uruguai 9.395.796 9.593.512 9.825.114 7.201.176

Paraguai 4.110.001 3.936.396 4.959.501 5.137.794

Austrália 19.530 225.819 702.319 203.400

Carne Industrializada 534.000 881.723 730.415 819.283

Uruguai 534.000 440.509 614.560 610.744

Argentina 0 441.214 115.855 208.539

Espanha 0 0 0 0

Paraguai 0 0 0 0

Miudezas 4.721.465 5.325.109 9.935.654 7.042.345

Austrália 119.400 148.559 150.765 129.165

Uruguai 1.019.179 178.350 519.202 615.504

Argentina 3.050.016 4.737.938 9.108.435 5.945.366

Paraguai 476.410 251.057 148.047 343.780

Total 30.947.705 44.130.546 46.896.562 27.563.963 Fonte: Agrostat *Dados de janeiro a setembro

5.4 Produção brasileira de carne bovina

A produção de carne bovina está presente em todo o território nacional.

Segundo dados do ANUALPEC (2010), foram produzidas, em 2009, 7,6

milhões de T Eqc, valor 2,5% maior que em 2008. Para 2010, a expectativa é

que a produção chegue a 7,8 milhões (Tabela 11).

Embora seja detentor do maior rebanho efetivo nacional, o estado de

Mato Grosso é apenas o terceiro no ranking dos principais estados brasileiros

produtores de carne, com 719 mil T Eqc. A produção mato-grossense é

superada pela mineira (965 mil T Eqc) e pela sul-matogrossense (725 mil T

Eqc).

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A região de maior relevância no abate é a Centro Oeste. Os três Estados

que a compõem, juntos, produziram mais de 2,1 milhões de T Eqc em 2009.

Segundo ZEN et al. (2008), nesta região existem pequenos centros

consumidores e grandes produtores de carne, o que permite a geração de

excedente para suprir a demanda dos grandes centros consumidores, como

São Paulo e Rio de Janeiro.

TABELA 11. Brasil: produção de carne bovina (em mil T Eqc) Regiões 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* Norte 1003 1117 1270 1160 1148 1220 1306 Nordeste 996 1049 1101 1011 1038 1093 1223 Sudeste 1964 2111 2182 2072 1945 1894 1900 Sul 1330 1376 1349 1214 1204 1237 1225 C. Oeste 2282 2497 2640 2348 2093 2172 2120 Brasil 7575 8150 8542 7805 7428 7616 7774 Fonte: AgraFNP, 2010

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6 PANORAMA PARANAENSE

6.1 Rebanho Paranaense

O Paraná possuía, em 2008, segundo o IBGE, o 10º maior rebanho

bovino brasileiro, com quase 9,6 milhões de cabeças distribuídas em mais de

211 mil estabelecimentos. As mesorregiões paranaenses Norte Central, Oeste

e Noroeste, juntas, representam 50% do rebanho do Estado, como mostra a

tabela 12. A classificação dos 20 municípios com maior número de cabeças é

apresentada na Tabela 13.

TABELA 12. Distribuição do rebanho bovino por mesorregião no Paraná, 2008 Mesorregião Rebanho efetivo

Centro-Ocidental Paranaense 575.358 Norte Central Paranaense 1.382.097 Norte Pioneiro Paranaense 1.012.049 Centro-Oriental Paranaense 672.845 Oeste Paranaense 1.195.005 Sudoeste Paranaense 1.031.649 Centro-Sul Paranaense 1.059.350 Sudeste Paranaense 252.034 Metropolitana de Curitiba 219.152 Noroeste Paranaense 2.186.061 Paraná 9.585.600 Fonte: IBGE

O rebanho paranaense vem diminuindo nos últimos anos. O número de

estabelecimentos também diminuiu, passando de 243 mil em 1996, para 211

mil em 2006 (IBGE,2006). O Censo Agropecuário aponta também para uma

redução da área de pastagem no Paraná (Tabela 14).

TABELA 14. Paraná: evolução da área de pastagem, em ha 1970 1975 1980 1985 1995 20064.509.710,00 4.982.840,00 5.520.218,00 5.999.604,00 6.677.312,00 5.735.095,00

Fonte: IBGE

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TABELA 13. Paraná: ranking do rebanho bovino por município, 2008 Municípios Rebanho Ortigueira 173.220 Umuarama 142.356 Paranavaí 137.600

Guaraniaçu 134.186 Palmital 114.206

Cândido de Abreu 102.387 Nova Laranjeiras 96.000

Reserva 95.136 Castro 93.701

Cascavel 89.986 Alto Paraíso 89.222

Ibaiti 88.740 Pitanga 88.432

Querência do Norte 83.228 Loanda 82.241 Laranjal 77.900

Iporã 69.922 Campina da Lagoa 68.132

Terra Rica 67.709 Londrina 66.940

Fonte: IBGE

A redução da área de pastagem registrada em 2006, em relação a 1995,

é de 14,8%, o que representa 942.217 ha. Esta diminuição observada no

número de cabeças, bem como na área de pastagem e na quantidade de

estabelecimentos, teve como principal causa a queda da rentabilidade da

pecuária de corte, forçando os pecuaristas a migrarem para outras atividades,

como as lavouras de soja e cana-de-açúcar (Regiões Norte e Noroeste) e

implantação de extensas áreas de pinus e eucalipto (Região Centro-Sul)

(BORGES e MEZZADRI, 2009).

6.2 Características da pecuária paranaense

O Paraná está se tornando um pólo superior em pecuária de corte. Os

rebanhos possuem qualidade genética e sanidade. Os produtores preocupam-

se cada vez mais em conhecer e utilizar tecnologias, sejam elas sanitárias, de

manejo, reprodutivas ou nutricionais, visando a melhora da produtividade de

seus rebanhos (BORGES e MEZZADRI, 2009).

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De acordo com ABRAHÃO (1999), a cadeia produtiva da bovinocultura

de corte do Paraná apresenta grande diversidade. No segmento de produção,

observa-se variação quanto ao grau de uso de tecnologia, com produtores

abatendo animais com menos de 24 meses de idade e outros, aos 42 meses

ou mais.

O progresso técnico da pecuária pode ser observado na tabela 15, uma

vez que a adoção de novas tecnologias reflete no desempenho dos índices

zootécnicos.

TABELA 15. Índices zootécnicos da pecuária de corte no Paraná Indicadores Unidade 2003 2008 Taxa de natalidade % 55 60 Mortalidade 1o ano % 3 – 5 2 Taxa lotação U.A 1,4 1,5 Idade 1a cria meses 48 36 IEP meses 14,5 14,5 Produção carne kg/ha/ano 75 82 Idade abate meses 36 – 48 36 Rendimento carcaça % 52 52 Taxa desfrute % 20 22 Fonte: SEAB/DERAL, EMATER

Na pecuária, o Paraná pode ser dividido em 2 segmentos básicos: a

pecuária desenvolvida acima do paralelo 24 (Norte do Paraná) e abaixo do

paralelo 24 (Sul do Paraná). Nessa divisão, praticamente 60% do rebanho

paranaense encontra-se ao norte e os outros 40%, ao sul, porém com

diferenças nas características de produção (IPARDES, 2002).

No sul do estado predominam temperaturas frias e amenas, o que

permitiu a adaptação de rebanhos formados, em sua maioria, por raças

européias, como Simental, Pardo-Suíço, Aberdeen e Red Angus, Charolês,

Canchin e Limousin, além dos cruzamentos dessas raças. Nesta região,

durante o inverno, as geadas e as estiagens reduzem quase a zero a pastagem

nativa, obrigando os pecuaristas mais profissionalizados a buscar meios

alternativos para a alimentação dos animais, como a produção de feno e

silagem, e principalmente, o cultivo de espécies forrageiras de clima

temperado, como aveia e azevém.

Já na região Norte, predominam rebanhos formados por raças zebuínas,

em especial a raça nelore. No entanto, o perfil da pecuária no Norte vem

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mudando. A técnica conhecida como cruzamento industrial introduziu animais

mestiços, zebuínos x europeus, nos rebanhos que até então eram

predominantemente de Nelores. Esta complementaridade de raças reforça a

idéia de que os pecuaristas paranaenses estão cada vez mais buscando

melhorar a qualidade e a produtividade de seus rebanhos (BORGES e

MEZZADRI, 2009).

No Norte situam-se os maiores confinamentos, com 66% dos animais

confinados no Estado (BORGES e MEZZADRI, 2009). Porém, os animais são

criados e terminados basicamente em regime de manejo extensivo e em

grandes estabelecimentos, com área média de pasto de 110 ha, apresentando

menor custo de produção e animais de boa qualidade. Na região sul a atividade

ocorre de forma mais sistemática em médios e pequenos estabelecimentos,

com área média de 70 ha (IPARDES, 2002).

Mesmo que a atividade esteja presente em praticamente todo o território

estadual, a região Noroeste apresenta um nível de desenvolvimento superior

ao das demais, não apenas pela maior participação das áreas de pastagens,

do número de animais e de criadores, mas pela densidade de cabeças e pelo

número médio de cabeças (Tabela 16).

TABELA 16. Distribuição do rebanho bovino em 2002 no Paraná

Região Pastagens Bovinos Densidade

ha Participação Cabeças Participação cab./ha Umuarama 722.481 16,8 1.070.532 18,60 1,48 Paranavaí 608.876 14,2 865.525 15,04 1,42 Ivaiporã 273.120 6,4 409.912 7,12 1,50 Sto Antônio Platina 308.544 7,2 368.761 6,41 1,20 Campo Mourão 263.217 6,1 355.508 6,18 1,35 Londrina 172.410 4,0 268.858 4,67 1,56 Maringá 149.932 3,5 227.910 3,96 1,52 Total Norte 2.498.580 58,3 3.567.006 61,97 1,43 Cascavel 503.012 11,7 540.177 9,38 1,07 Ponta grossa 267.580 6,2 492.553 8,56 1,84 Guarapuava 309.675 7,2 227.200 3,95 0,73 Outras Sul 710.077 16,6 929.439 16,15 1,31 Total Sul 1.790.344 41,7 2.189.369 38,03 1,22 Paraná 4.288.924 100,0 5.756.375 100,00 1,34 Fonte: SEAB/DERAL, EMATER Elaboração: adaptado de IPARDES (2002)

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6.3 Produção de Carne bovina no Paraná

Segundo o ANUALPEC (2010), o Paraná produziu, em 2009, 523 mil T

Eqc, correspondendo a 7% da produção nacional. Apesar da queda de 1,9%

em relação a 2008, o Paraná continua como o maior produtor de carne bovina

da Região Sul do país, posição que ocupa desde 2006, quando ultrapassou a

produção do Rio Grande do Sul. Além disso, o abate total de cabeças neste

estado superou o paranaense em cerca de 48 mil cabeças, o que aponta o

bom índice de rendimento de carcaça da pecuária paranaense.

6.4 Inserção do Paraná no mercado externo.

Em 2009, o Paraná foi o 10º maior exportador de carne bovina entre os

estados brasileiros, com mais de 18 mil toneladas de carne bovina enviadas ao

exterior. São Paulo, Mato Grosso e Goiás são os principais exportadores, e

juntos correspondem a 67% do volume exportado. Neste mesmo ano, os

principais destinos das exportações paranaenses foram Hong-Kong, Rússia,

Venezuela, Angola e Arábia Saudita.

A tabela 17 mostra a evolução das exportações do Estado desde 2006.

Nota-se que em 2006 a receita despencou 71%, queda que se estendeu até

2007. A principal causa desta redução foram as suspeitas de focos de febre

aftosa ocorridos em outubro de 2005, resultando em uma série de embargos à

entrada da carne paranaense em tradicionais países compradores.

TABELA 17. Evolução das exportações de carne bovina no Paraná (em kg) Item 2010* 2009 2008 2007 2006 Carne in natura 9.909.268 8.535.460 17.999.147 3.490.226 5.492.599

Miudezas 9.252.367 9.549.407 7.476.475 6.597.451 6.407.795

Carne industrializada 27.974 45.840 740.608 328.326 483.773

Total 19.189.609 18.130.707 26.216.230 10.416.003 12.384.167 Fonte: Agrostat. *Dados de janeiro a setembro. Em maio de 2008, o Paraná recuperou perante a OIE o status de livre de

febre aftosa com vacinação, o que contribuiu para que as exportações

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32

voltassem ao patamar do período anterior ao aparecimento dos casos da

doença. Para 2010, as estimativas apontam a recuperação das exportações,

depois da queda de 41,4% em 2009, provocada pela crise financeira mundial.

No período de janeiro a setembro do ano corrente, o Paraná já exportou 34 mil

toneladas de carne bovina, gerando US$ 112 milhões, alta de 58,5% em

relação ao mesmo período do ano passado.

É importante ressaltar também a relevância que o Porto de Paranaguá

possui na comercialização externa do Paraná e do Brasil. Em 2009, saíram do

porto do estado mais de 101 mil toneladas de carne bovina com destino a

diferentes países, o que representou 9,3% do volume exportado pelo país. O

Porto de Paranaguá só perde em volume exportado para o de Santos, o qual é

responsável por 89% das exportações brasileiras de carne bovina.

Com relação às importações (Tabela 18), os principais fornecedores do

Paraná são Argentina, Uruguai e Paraguai. As importações vêm crescendo ano

a ano, e até setembro de 2010, o volume importado já supera o total de 2009

em 1,5%. No entanto, as importações representam apenas 20% do que é

exportado, ao passo que, em 2008, esse valor chegou a ser de 4%.

TABELA 18. Evolução das importações paranaenses de carne bovina Item 2010* 2009 2008 2007 2006 Carne in natura 4.015.988 3.420.595 2.535.500 2.932.001 4.416.775 Miudezas 68.400 147.560 24.000 - 293 Carne industrializada 208.539 115.855 441.214 - - Total 4.292.927 3.684.010 3.000.714 2.932.001 4.417.068 Fonte: Agrostat. *Dados de janeiro a setembro.

6.5 Análise dos preços da cadeia produtiva da bovin ocultura de corte

paranaense

A valorização da carne bovina, principalmente a partir de 1983,

aumentou o interesse por informações sobre o comportamento dos preços das

diversas categorias bovinas comercializadas. Em especial, nota-se maior

preocupação por parte dos pecuaristas em tentar encurtar o prazo de engorda

dos animais, através do confinamento do boi magro. Em decorrência da

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33

produção seqüencial da pecuária de corte, o mercado de boi gordo caracteriza-

se pelo conhecido ciclo pecuário (TOLEDO e SANTIAGO, 1984).

O ciclo de preços da pecuária bovina de corte, de acordo com IGREJA

(1987) citado por MEDEIROS et al. (2005), possui dois tipos de ciclos: um

relacionado às variações estacionais que ocorrem durante o ano e outro

referente a um ciclo plurianual. A maior ou menor disponibilidade de pastagens

ao longo das estações do ano determina dois períodos distintos na

comercialização de bovinos, pois influencia diretamente na disponibilidade de

animais gordos em ponto de abate. Em geral, nos primeiros seis meses do ano

há uma maior oferta de pastagens, o que leva os proprietários a reterem o

gado para um aumento do peso. Já no segundo semestre, a falta de chuvas

diminui a oferta de pastagens, reduzindo, consequentemente, o número de

animais prontos para o abate. Portanto, pode-se concluir que o primeiro

semestre corresponde ao período de safra, pois a maior oferta de animais

terminados ocasiona queda nos preços, e que o segundo semestre representa

a entressafra, período em que os preços estão em alta devido à baixa

disponibilidade de animais em peso ideal (NEVES e COUTO, 1999 citado por

MEDEIROS et al., 2005).

Além do ciclo anual, os preços dos animais vivos apresentam uma

variação plurianual determinada pelas expectativas dos agentes do sistema

produtivo em relação ao preço do boi gordo no futuro. Quando há uma

tendência de queda nos preços, os produtores responsáveis pela fase de cria,

prevendo a queda nos preços, decidem por abater as matrizes para minimizar

o prejuízo futuro. Com isso, ocorre um aumento da oferta de animais para o

abate, acentuando a queda de preços. No entanto, a longo prazo, há uma

queda na disponibilidade de animais terminados, uma vez que a oferta das

categorias de reposição foi prejudicada pelo abate da matrizes. Inicia-se, então,

a fase de ascensão dos preços, em que o produtor diminui a oferta de animais

para o abate visando aumentar a oferta de animais para reposição (IGREJA,

1987 citado por MEDEIROS et al., 2005).

As variações nos valores recebidos pelos produtores rurais determinam,

em grande parte, uma oscilação nas expectativas, positivas ou negativas, em

relação ao período subseqüente de produção. A análise da variação estacional

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34

de preços torna-se importante na medida em que pode auxiliar no processo de

tomada de decisões na produção, comercialização, formulação de políticas

agrícolas e de abastecimento, como preços mínimos, estoques reguladores,

tabelamentos entre outros (SÁ e SILVA JR., 1992).

A análise temporal de preços permite caracterizar, além da variação

estacional, os componentes: tendência, cíclico e variações irregulares. A

tendência permite evidenciar qual o padrão de movimento dos preços no longo

prazo, enquanto que a componente cíclica demonstra as oscilações para cima

e para baixo ao longo da série. Variações causadas por fatores exógenos,

como catástrofes, epidemias e planos de governo podem ser identificados pela

componente irregular (MENDES e PADILHA JR., 2007).

A margem de comercialização pode ser definida como a diferença de

preços dos produtos nos diferentes níveis de mercado, em unidades

equivalentes. Dentro da margem estão embutidos os custos fixos e variáveis e

o lucro do setor. Desse modo, um aumento da margem pode tanto ser

interpretado como um aumento na taxa de lucro dos intermediários como um

acréscimo nos custos de produção. A grande vantagem do cálculo das

margens de comercialização está na possibilidade de acompanhar a evolução

dos preços e o desempenho dos mercados (MARQUES e AGUIAR, 1993).

6.5.1 Metodologia

Os preços do boi gordo, boi magro, atacado e varejo, considerados para

a formação das séries temporais, foram provenientes da SEAB/PR e

correspondem às médias mensais de preços nominais recebidos pelos

pecuaristas e pelos setores atacadista e varejista entre julho de 1995 e

setembro de 2010. Os preços do bezerro foram obtidos da AgraFNP e

correspondem às médias mensais de preços nominais recebidos pelos

pecuaristas do município de Maringá entre julho de 1995 e dezembro de 2009.

Para a composição do boi casado no atacado, foi considerada uma

média dos preços do traseiro e do dianteiro, ponderada de acordo com o

rendimento de cada corte na carcaça (48% para o dianteiro e 38% para o

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35

dianteiro). Já para o preço do setor varejista, foi feita uma média do preço de

10 cortes cárneos, onde a média dos cortes provenientes do traseiro da

carcaça foi ponderada por 0,6 (60% dos cortes eram de carne bovina de

primeira) e, partindo desta mesma lógica, a média dos cortes provenientes do

dianteiro foi ponderada por 0,4.

O deflacionamento dos dados foi feito utilizando-se como deflator o IGP-

DI, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base 100 em

setembro de 2010, conforme a fórmula:

Preço Real = [índice base/índice de cada período] x preço nominal

As análises comportamentais foram determinadas por meio de um

modelo multiplicativo, que considera que a série de preços reais possui

componentes que estão integrados entre si, assim representado:

P =T x C x E x A

Onde “P” é a série de preços que se propõe analisar; “T” é a

componente tendência contida na referida série de preços; “C”, a componente

cíclica da série temporal; “E”, a componente estacional da série e “A” é a

componente aleatória.

A componente cíclica foi analisada verificando-se o período de tempo

decorrido entre dois picos de alta de preço. Para avaliar a tendência na série

de preços foram ajustadas retas de regressão sobre os preços reais, utilizando-

se o Método dos Mínimos Quadrados Ordinários. O preço real médio mensal

foi considerado a variável dependente e como variável independente, o período

de tempo em meses. Para SOUZA et al. (2006), quando o objetivo é verificar a

existência ou não de tendência e o sentido da mesma, a reta de regressão é

uma forma funcional adequada.

A componente sazonal da série foi analisada pelo método da Média

Móvel Centralizada (MMC), para 13 meses, para que alguns eventos aleatórios

fossem diluídos ou distribuídos ao longo do tempo, de forma que não

alterassem a análise. Após o cálculo das MMC, calcularam-se os Índices

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36

Estacionais Gerais (IEG), os Índices Estacionais Médios (IEM), os Índices

Sazonais (ISAZ) e os Índices de Irregularidade Positiva (IRR+) e Negativa

(IRR-). Para tanto, os valores da série histórica foram divididos pelas

respectivas médias móveis obtendo-se os IEG. Para os IEM foi feita a média

dos IEG para cada mês do ano. Também foi calculado o fator de correção dos

índices mensais para que sua multiplicação por cada IEG resulte nos ISAZ. Por

fim, os desvios padrão de cada IEG somados e subtraídos dos ISAZ geram o

IRR+ e o IRR -, respectivamente.

As margens de comercialização foram calculadas conforme metodologia

indicada por MARQUES e AGUIAR (1993), a qual segue o seguinte modelo:

MR`= ([PV – PP]/PV)*100

Em que MR` é a Margem Relativa, PV é o preço pago no varejo e PP

corresponde ao preço pago ao produtor.

Para a tabulação, análises dos dados e composição dos gráficos

utilizou-se o programa Microsoft® Office Excel, versão 2003.

6.5.2 Resultados e Discussão

6.5.2.1 Componente cíclico

Na série histórica analisada, foi possível identificar dois ciclos pecuários

com duração, amplitude e simetria distintas. O primeiro ciclo iniciou-se em 1995

e estendeu-se até 2000. Nos dois primeiros anos deste ciclo houve queda nos

preços, conforme ilustra o gráfico 3. O segundo ciclo teve duração de 8 anos,

com início em 2000 e fim em 2008. No gráfico 3 podemos observar os períodos

de alta e baixa de preços que coincidem com os períodos crescentes e

decrescentes dos ciclos pecuários. O gráfico 4 apresenta a evolução dos

preços e da taxa de abate de fêmeas entre 2001 e 2009.

Embora muitos autores afirmem que a duração dos ciclos pecuários

oscila entre 5 e 7 anos (IGREJA, 1987 apud MEDEIROS et al., 2005; COUTO,

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37

1996; MENDES e PADILHA JR, 2007), MARTINS et al. (2010), analisando a

cadeia produtiva de pecuária de corte paulista entre os anos de 1954 e 2008,

identificaram ciclos pecuários com duração muito variável, como ciclos

inferiores a 1 ano e outros superiores a 10 anos.

44

45

46

47

48

49

50

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

% abate R/@

GRÁFICO 4. Evolução dos preços da arroba do boi gordo e da taxa de abate de fêmeas* no Paraná, 2001 - 2009 *Dados provenientes do ANUALPEC (2010) No Mato Grosso, as variações cíclicas da pecuária pantaneira, segundo

CADAVID GARCIA (1982), apresentam padrões de comportamento regulares,

repetidos a cada sete a oito anos, em fases de alta ou queda de preços,

estreitamente relacionadas com os ciclos da pecuária de outras regiões do

país. Esse período coincidia com o tempo decorrido entre o nascimento de uma

matriz e a data em que sua primeira cria (safra do boi magro) estivesse em

condições de ser vendida, quatro anos após o seu nascimento.

Analisando-se os gráficos 3 e 5, é possível infringir também que os

ciclos de preços da pecuária determinam o sentido de variação dos preços de

todas as categorias animais, embora as variações de preço de cada categoria

possam ter intensidades diferentes. MARTINS et al. (2010) observaram que, na

virada dos ciclos, no início da fase ascendente, geralmente os preços dos

animais de reposição crescem proporcionalmente mais do que os do boi gordo,

enquanto que no início da fase descendente do ciclo os preços do bezerro

caem mais intensamente que os dos animais gordos.

Page 50: CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DA BOVINOCULTURA DE … · Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná. ... sazonalidade dos preços foi obtida pelo método

38

GRÁFICO 3. Comportamento dos preços do boi gordo e magro no PR, 1995- 2010 Fonte: O Autor

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Anos

R$/

kg

Boi gordo Bezerro

GRÁFICO 5. Comportamento dos preços do boi gordo e do bezerro no PR, 1995-2009 Fonte: O Autor

6.5.2.2 Tendência

Apesar de as linhas de tendência encontradas neste estudo

apresentarem-se lineares e levemente decrescentes, sugerindo queda nos

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 Anos

R$/kg

Boi magro Boi gordo

Page 51: CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DA BOVINOCULTURA DE … · Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná. ... sazonalidade dos preços foi obtida pelo método

39

preços da arroba ao longo do período analisado, tanto o parâmetro “b” quanto o

Teste F das amostras não foram significativos, indicando que os preços não

apresentam tendência no período. Nos gráficos 6, 7 e 8 estão representadas as

estimativas da tendência das séries estudadas.

A estabilização dos preços encontrada no período pós-implantação do

Plano Real vai ao encontro dos achados de SOUZA et al. (2006) e VIANA et al.

(2009), que, ao analisarem a tendência histórica de preços dos principais

produtos da pecuária do Rio Grande do Sul após o início do Plano Real,

concluíram que houve uma estabilização dos preços reais da arroba do boi

gordo.

O período de 1995 a 2006 foi marcado pela estabilização monetária,

abertura econômica, flutuação cambial e aumento do poder aquisitivo da

população. Esse cenário econômico refletiu nos preços pagos aos produtores

trazendo uma maior estabilidade dos preços, sem uma tendência significativa

de queda (VIANA et al., 2009).

SCHUNTZEMBERGER (2010), estudando o comportamento dos preços

da pecuária paranaense entre 1994 e 2009, observou desvalorização

significativa desses preços. Tal divergência de resultados pode ser explicada

pelo fato do ano de 1994 ainda apresentar preços muito inconstantes, por ser

uma fase de adaptação ao Plano Real.

y = -0,1871x + 79,204

60

65

70

75

80

85

90

199

5

199

7

199

9

200

1

200

3

200

5

200

7

200

9

Anos

R$

/@

boi gordo

GRÁFICO 6. Estimativa de tendência dos preços do boi gordo no PR Fonte: O Autor

Page 52: CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DA BOVINOCULTURA DE … · Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná. ... sazonalidade dos preços foi obtida pelo método

40

y = -0,0403x + 5,8297

4,00

4,50

5,00

5,50

6,00

6,50

7,00

1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009

Anos

R$/kg

Atacado

GRÁFICO 7. Estimativa de tendência dos preços da carne bovina no atacado Fonte: O Autor

y = -0,0026x + 10,781

9

9,5

10

10,5

11

11,5

12

19

95

19

97

19

99

20

01

20

03

20

05

20

07

20

09

Anos

Rr/

kg

Varejo

GRÁFICO 8. Estimativa de tendência dos preços da carne bovina no varejo Fonte: O Autor

6.5.2.3 Sazonalidade

A análise da sazonalidade permitiu caracterizar os períodos de safra e

entressafra da pecuária paranaense. Entre os meses de fevereiro e julho foram

observados índices sazonais inferiores a 100, sendo, portanto, considerado o

período de safra. Já no período entre agosto e janeiro, os índices apresentaram

elevações superiores a 100, indicando a fase de entressafra. O pico de preços

Page 53: CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DA BOVINOCULTURA DE … · Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná. ... sazonalidade dos preços foi obtida pelo método

41

baixos ocorreu no mês de junho e o de preços altos, no mês de outubro,

conforme representa o gráfico 9.

Para o estado de Goiás, SÁ e SILVA JR. (1992), observaram que os

preços da arroba do boi gordo crescem entre junho e novembro e tendem a

decrescer de novembro a junho, com maior valor em novembro e menor em

abril. Este comportamento é reflexo, em grande parte, do sistema da

exploração da pecuária, predominantemente do tipo extensivo e dependente

das condições climáticas.

Em alguns estados da região Nordeste os níveis de preços mais baixos

ocorreram em torno do mês de julho e os mais altos nos meses de janeiro,

fevereiro e março (SILVA e LEMOS, 1986). No entanto, é importante ressaltar

que nesta região a distribuição das chuvas não segue o padrão da maior parte

dos outros estados brasileiros.

90,00

92,00

94,00

96,00

98,00

100,00

102,00

104,00

106,00

108,00

110,00

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO

Em R

$

GRÁFICO 9. Sazonalidade dos preços do boi gordo no PR, 1995/2010 Fonte: O Autor

O padrão de sazonalidade dos preços da carne bovina no setor varejista

e atacadista está demonstrado nos gráficos 10 e 11, respectivamente. Nota-se

que o comportamento dos preços nestes setores é muito semelhante ao

encontrado para o boi gordo. O atacado apresentou índices sazonais inferiores

a 100 no período de março a agosto, com picos de alta e baixa que coincidem

com os do boi gordo. No varejo, os preços foram menores entre março e

setembro, com pico de baixa em junho e de alta em janeiro.

Page 54: CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DA BOVINOCULTURA DE … · Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná. ... sazonalidade dos preços foi obtida pelo método

42

90,00

92,00

94,00

96,00

98,00

100,00

102,00

104,00

106,00

108,00

110,00

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO

Em R

$

GRÁFICO 10. Sazonalidade dos preços da carne bovina no setor varejista Fonte: O Autor

90,00

95,00

100,00

105,00

110,00

115,00

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO

Em

R$

GRÁFICO 11. Sazonalidade dos preços da carne bovina no setor atacadista Fonte: O Autor

6.5.2.4 Margens de comercialização

O gráfico 12 demonstra o comportamento dos preços da carne bovina

recebidos pelo produtor, os preços praticados pelo atacado e os praticados no

varejo no Paraná.

De acordo com os cálculos, no período de 1995 a 2010, em termos

médios, a margem total de comercialização e a participação do produtor no

preço final pago pelo consumidor foram da ordem de 53,9% e 46,1%,

Page 55: CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DA BOVINOCULTURA DE … · Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná. ... sazonalidade dos preços foi obtida pelo método

43

respectivamente (Gráfico 13). Ou seja, de cada R$ 100,00 pagos pelo

consumidor na compra de carne bovina, R$ 53,8 são atribuídos pelos agentes

envolvidos na comercialização e R$ 46,12 pelo produtor.

Os agentes atacadistas paranaenses representam apenas 2,7% do

preço final do produto. Apesar de o produtor apresentar 43% a mais na

participação do preço do que os frigoríficos, isto não significa que o lucro dele

seja maior, uma vez que a margem considera custos e lucro.

A margem do varejo é a que mais participa da formação do preço pago

pelo consumidor, chegando a 54,05%. Segundo TELLECHEA (2001), de forma

geral, é o setor varejista que estabelece as regras na cadeia da carne bovina e

tem um papel muito significativo na definição dos preços, pela informação

direta de sensibilidade do consumidor.

Como o preço das commodities é imposto basicamente pela lei de

mercado oferta x demanda, o produtor rural é um mero tomador de preços, ou

seja, ele não tem o poder de estipular os valores da sua mercadoria, podendo

somente aceitar a valoração do seu produto, que é inteiramente imposta pelo

mercado (MENDES e PADILHA JR 2007). Desse modo, considerando as

distâncias dentro da cadeia, pode-se concluir que a grande vantagem do varejo

está no poder estratégico de ter a informação diária da demanda, definindo os

preços e pressionando o mercado, ao passo que o produtor, distante do

consumidor, tende a ter a margem mais afetada devido à restrição de

informações e à pressão do mercado.

No estado de Mato Grosso, o Instituto Mato Grossense de Economia

Agropecuária (IMEA, 2009), ao analisar as margens de comercialização da

cadeia bovina matogrossense, detectou uma margem total de comercialização

de 70%, em que a participação do varejo chegou a 64% e a do produtor, a

30%. A pequena margem do atacado – cerca de 5% - foi atribuída à pressão

exercida pelo varejo no setor, que, por lidar com produtos perecíveis, necessita

de rápido escoamento para minimizar perdas produtivas.

Page 56: CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DA BOVINOCULTURA DE … · Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná. ... sazonalidade dos preços foi obtida pelo método

44

3,00

5,00

7,00

9,00

11,00

13,00

1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009

Anos

R$/

kg

Boi gordo Atacado Varejo

GRÁFICO 12. Evolução dos preços nos diferentes elos da cadeia bovina no PR, 1995/2010 Fonte: O Autor

Em Goiânia/GO, SERAPHIM (1972) estimou que o produtor corresponde

a 61% do preço pago pelo consumidor de carne bovina, cabendo ao varejista e

atacadista 29% e 10%, respectivamente. Já em Campo Grande/MS, a margem

total encontrada por MICHAELS et al.(2005) foi de 33%, ficando o atacado com

15% e o varejo com 18%.

-10

0

10

20

30

40

50

60

1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009

Anos

%

Produtor

Atacado

Varejo

GRÁFICO 13. Margens de comercialização da carne bovina no PR Fonte: O Autor

Page 57: CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DA BOVINOCULTURA DE … · Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná. ... sazonalidade dos preços foi obtida pelo método

45

Outro parâmetro a ser calculado quando são estudadas as margens de

comercialização de uma cadeia produtiva, é a margem markup, que se refere à

margem absoluta expressa em termos do custo do produto e representa a

elevação de preços ao longo da cadeia (MARQUES e AGUIAR, 1993). A tabela

19 mostra que a margem markup média do período analisado foi de 117%, ou

seja, o consumidor paga mais que o dobro do preço que o frigorífico paga ao

produtor.

TABELA 19. Margem markup Margem markup % Total 117,4 Atacado 5,5 Varejo 104,8

Em 2010, a pecuária de corte vem passando por um período de boa

rentabilidade aos produtores, que começam a se capitalizar depois de dois

anos de preços pouco remuneradores (LAPBOV/UFPR, 2010). Considerando o

período de janeiro a outubro de 2010, a arroba do boi gordo teve valorização

de 17%, chegando a R$ 90,25. Já no mesmo período, a carne bovina no varejo

teve valorização de 9,5%, mostrando que a pressão dos produtos substitutos,

como as carnes de frango e suína, tem evitado o repasse total da alta de

preços aos consumidores finais.

Analisando dados da SEAB, observa-se que a carne suína vem

apresentando neste ano uma correlação de 96% com a carne bovina, ou seja,

quando houve um aumento do preço do boi gordo, a chance do preço do suíno

em pé também aumentar foi de 96%. Na comparação com o frango vivo, a

correlação com o preço do boi foi de 73%. Já no setor varejista, as carnes

suína e de frango apresentaram, respectivamente, 82% e 87% de correlação

com a carne bovina. Isso sugere que o aumento que vem sendo verificado na

arroba do boi gordo tem impacto também nos preços de outras carnes, uma

vez que há aumento na demanda por estes produtos devido ao aumento do

preço da carne bovina. O gráfico 14 mostra a evolução dos preços das

diferentes carnes ao longo de 2010.

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9

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11

12

13

jan fev mar abr mai jun jul ago set out

Meses

R$/

kg

carne bovina carne suína carne de frango

GRÁFICO 14: Evolução dos preços das carnes bovina, suína e de frango no PR em 2010 Fonte: O Autor

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7 PERSPECTIVAS DO AGRONEGÓCIO DA PECUÁRIA DE CORTE

Segundo previsões do CEPEA e da CNA (2010), a partir do ano de

2010, a expectativa é de déficit de 150 toneladas na oferta mundial de carne,

devido, principalmente, ao crescimento da renda e da população. Em 2015,

esse montante pode chegar a 5,6 mil toneladas. O Brasil é visto como uma

válvula de escape dentro deste contexto, pois possui área, clima e potencial

para o aumento da produção de alimentos e o abastecimento do mercado

global, entre eles de carne bovina.

A pecuária brasileira tem crescido em média 4,4% ao ano, o que coloca

o país em uma situação de auto-suficiência e maior exportador de carne bovina

do mundo. No entanto, nem que esta taxa fosse de 10% ao ano, o Brasil

conseguiria atender a demanda mundial de carne bovina. Tal fato se deve ao

crescente poder aquisitivo brasileiro e ao aumento do PIB, que mantém grande

parcela da produção no mercado doméstico (CNA, 2010).

O Brasil deve, de acordo com FAPRI (2010), continuar liderando as

exportações de carne bovina na próxima década. Deve, ainda, expandir sua

parcela de mercado em 6,4% até 2019, enquanto países como Austrália, Índia,

Canadá e Nova Zelândia devem perder mercado. A Argentina deve reduzir as

exportações em 3%, em favorecimento de seu mercado interno.

O impacto do crescimento da economia e a expansão do rebanho

brasileiro permitirão que o Brasil se recupere da queda nas exportações que

apresentou em 2009. O aumento da produtividade, as políticas nacionais

favoráveis, a promoção da carne bovina nacional no mercado externo e o

enfraquecimento da moeda devem melhorar a competitividade brasileira

(FAPRI, 2010).

Em termos de comércio internacional, alguns obstáculos a serem

vencidos podem ser destacados: superação das barreiras sanitárias, o

desenvolvimento de um padrão de qualidade e seu reconhecimento pelo

mercado importador, a constituição de uma cadeia melhor coordenada, a

superação de barreiras comerciais como quotas, tarifas e concorrência

subsidiada e a inserção no mercado com produtos de maior valor (BRASIL,

2007).

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Com relação ao mercado interno, segundo CARVALHO et al. (2010), a

projeção é de que em 2011 haja uma redução de 19% no estoque de cabeças

prontas para serem abatidas, totalizando 1,23 milhões de animais. Em 2012, o

volume deve cair para 1,09 milhões de animais com mais de 2 anos de idade,

recuo de 29% ante 2010 e de 12% se comparado a 2011. A previsão é de que

o rebanho só se normalize a partir de 2014.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É necessário conhecer o comportamento dos mercados fornecedores e

consumidores, bem como o papel desempenhado individualmente pelos

países, para corroborar ou retificar as possíveis estratégias de inserção

brasileira e paranaense no mercado mundial, o que justificou a elaboração

deste trabalho.

Apesar de sérios obstáculos internos que precisam ser superados, a

conjuntura externa apresenta-se favorável ao aumento das exportações

brasileiras, principalmente com as mudanças tecnológicas que vêm sendo

implementadas na pecuária de corte e na indústria frigorífica nacionais.

No Paraná, a bovinocultura de corte está distribuída em todo o Estado,

se concentrando principalmente nas regiões Norte e Noroeste, onde a atividade

assume um caráter tecnificado e empreendedor, destacando-se das demais

mesorregiões.

As séries históricas analisadas neste trabalho permitiram concluir que os

preços da cadeia produtiva da pecuária de corte paranaense se mantiveram

estáveis no período analisado, confirmando a estabilização econômica advinda

com o Plano Real.

Os ciclos pecuários caracterizados no estudo podem ser atribuídos aos

efeitos do processo de investimentos e desinvestimentos pecuários, em

resposta ao comportamento dos preços.

Em relação à sazonalidade, foram observados preços mais baixos do boi

gordo entre os meses de fevereiro e julho e mais altos entre julho e janeiro,

caracterizando os períodos de safra e entressafra, respectivamente. Os preços

da carne bovina no atacado e varejo seguem padrão de sazonalidade

semelhante ao do boi gordo.

A margem de comercialização do varejo é a que mais participa da

formação do preço pago pelo consumidor, chegando a 54,05%. A do atacado

corresponde a 2,6% e o produtor participa com 46,12% do preço.

Há necessidade de investimentos constantes para o aumento da taxa de

produtividade do rebanho nacional, com o objetivo de abastecer o mercado. O

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aumento da produção de carne bovina, não só no Brasil, como nos demais

países produtores, se torna fundamental na busca de equilíbrio deste mercado.

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