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www.seab.pr.gov.br – (41) 3313 4000 1 ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL ANÁLISE DA CONJUNTURA AGROPECUÁRIA SAFRA 2008/09 BOVINOCULTURA DE CORTE Médico Veterinário Adélio Ribeiro Borges Médico Veterinário Fábio Mezzadri Outubro de 2008 PANORAMA MUNDIAL Avaliando o Panorama Mundial através da TABELA 1, observa-se que a tendência de redução do rebanho mundial se confirmou em 2007, situando-se em 982.663.000 cabeças sendo esperado um ligeiro declínio para 2008. Tabela 1 – Rebanhos Mundiais de Gado Bovino / Em milhares de cabeças

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ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL

ANÁLISE DA CONJUNTURA AGROPECUÁRIA

SAFRA 2008/09

BOVINOCULTURA DE CORTE

Médico Veterinário Adélio Ribeiro Borges

Médico Veterinário Fábio Mezzadri Outubro de 2008

PANORAMA MUNDIAL

Avaliando o Panorama Mundial através da TABELA 1, observa-se que a tendência de redução do rebanho mundial se confirmou em 2007, situando-se em 982.663.000 cabeças sendo esperado um ligeiro declínio para 2008. Tabela 1 – Rebanhos Mundiais de Gado Bovino / Em milhares de cabeças

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Considerando os dez países com maiores rebanhos, apenas, China, Austrália e África do Sul, registraram pequenas elevações em 2007. O aumento da produção chinesa se destina basicamente ao seu consumo interno. Observa-se também que cerca de 50% do rebanho mundial está concentrado nas mãos de 05 países. No âmbito do MERCOSUL, o somatório dos respectivos rebanhos ultrapassa 20% do efetivo mundial. PRODUÇÃO MUNDIAL DE CARNE BOVINA

A produção mundial vem apresentando aumentos sucessivos a partir de 2001 até 2006, apontando uma redução de aproximadamente 5% em 2007. Conforme se observa na tabela 02 a seguir, Estados Unidos, Brasil e União Européia, apresentam-se como os três maiores produtores individuais embora os maiores rebanhos pertençam à Índia, Brasil e China. Tabela 2 – Produção Mundial de Carne Bovina

Verifica-se que os maiores rebanhos por si só não caracterizam o melhor desempenho de produção de carne bovina. Sete dos dez países que possuem os maiores rebanhos estão entre os dez maiores produtores de carne em 2007. Os Estados Unidos classificados na 4ª posição quanto ao efetivo bovino, em função de sua alta taxa de desfrute apresentou-se como o 1º produtor de carne bovina no mundo em 2007.

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EXPORTAÇÃO MUNDIAL DE CARNE BOVINA

A relação dos maiores exportadores de carne bovina está listada na tabela 3 a seguir: Tabela 3 – Exportações Mundiais de Carne Bovina / Em mil tone ladas equivalente -carcaça

Até 2003, os Estados Unidos eram grandes exportadores, porém, devido à ocorrência de casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina – BSE, ( Doença da Vaca Louca), registrados em 2002 e 2003, a sua queda foi vertiginosa. Ou seja, redução de 1.142 mil toneladas em 2003, para 209 mil toneladas em 2004. As exportações brasileiras ao contrário apresentaram um crescimento de 107% entre 2002 a 2007. A Austrália, mesmo sendo o oitavo produtor mundial de carne, consegue gerar excedente exportável, suficiente para posiciona-la como 2º maior exportador mundial. A partir de 2004 o Brasil passou a ocupar o primeiro lugar no “ranking” das exportações mantendo-se nesta posição até o momento.

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Merece destaque também as exportações da Índia, que na última década registraram um crescimento superior a 300%. Importante salientar que o consumo de carne bovina na Índia é muito baixo devido a tradições religiosas. CONSUMO MUNDIAL DE CARNE

Considerando o panorama internacional, existe uma sinalização de crescimento da demanda. As projeções estimam um forte e consistente aumento de consumo mundial de carne bovina, nos países denominados emergentes. Bom lembrar que o Brasil exportou para mais de 140 países em 2006, apesar dos embargos devidos aos focos de febre aftosa em outubro de 2005. A União Européia, Estados Unidos, Coréia e Japão, não fazem parte desta lista de países. Segundo as previsões da OCDE e da FAO, o consumo de proteína nobre (carne vermelha) ou carne bovina, deve crescer 4,4% até 2015 nos países ricos ou desenvolvidos. As mesmas fontes estimam um aumento de consumo da ordem de 8 a 12% no mesmo período para os países emergentes.

MERCOSUL O maior “poder de fogo” no mercado internacional da carne bovina, sempre foram dos membros desta comunidade. É importante salientar que a Argentina, detentora de um grande prestígio neste mercado, vêm perdendo espaço desde 1980. No fim da década de 80 e início de 90 significativas áreas de pastagens cederam lugar para o plantio de grãos, principalmente a soja. Neste período também foram registrados os maiores índices no abate de fêmeas, entre vacas e novilhas. Em conseqüência, o rebanho na época que era da ordem de aproximadamente 56 milhões de cabeças, recuou para 51 milhões de cabeças em 2007, ou seja, redução de aproximadamente 9%.

• Em função de uma “política de estado”, ou seja, para cumprir metas de controle de inflação em 2007, o Governo Argentino proibiu as exportações. Com as pressões dos frigoríficos, pecuaristas e políticos, reabriram as exportações em 2008, porém foram estabelecidas pelo governo cotas de no máximo 45 mil toneladas mensais para a exportação.

Considerando uma série histórica de 15 anos, observa-se que o vizinho platino participava ou respondia por mais de 52% das exportações do MERCOSUL. Em 2007, as vendas dos quatro países do bloco ultrapassaram 3,3 milhões de toneladas equivalente carcaça. Este volume significa um aumento no crescimento de 273% em relação a 1995. Atualmente, a Argentina responde por apenas 17% do total exportado pelo MERCOSUL. As causas para a redução das exportações e do rebanho argentino são

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várias: vai desde o sucateamento do SENASA (Serviço Nacional de Sanidade Animal) pelos economistas e políticos neoliberais, resultando em inúmeros focos de febre aftosa em 2001, bem como o protecionismo dos países ricos do 1º mundo. Em 2003 a Argentina recuperou junto a OIE (Organização Internacional de Epizootias), seu “status” de livre de aftosa com vacinação. Em função disto tanto a produção quanto as exportações apresentaram significativos aumentos. � Nos últimos três anos grandes frigoríficos brasileiros como: Friboi, Bertin e Marfrig, adquiriram plantas industriais na Argentina, Uruguai e Paraguai. Estas têm como pano de fundo a tentativa de aumentar a participação no mercado internacional. È a procura de espaço e aproveitamento do prestígio que a Argentina e Uruguai desfrutam no mercado internacional de carnes, principalmente o Europeu. Não se pode esquecer que tanto as raças bovinas quanto a maioria dos frigoríficos destes países, são de origem inglesa.

Importante frisar que na UE, os países mais influentes são, Alemanha, Inglaterra e França. O prestígio da Argentina neste mercado é tão grande que das 70 mil toneladas de carne Cota Hilton para o mundo, a Argentina detêm 28 mil toneladas o Uruguai 18 mil e o Brasil apenas 5 mil toneladas. *Cota Hilton - Assim denominadas inicialmente pela OMC (Organização Mundial de Comércio) porque se destinavam a atender o consumo da rede de Hotéis Hilton, com carnes de animais precoces e com qualidade excepcional. Atualmente estes cortes são destinados também a outros estabelecimentos como hotéis e restaurantes de 1ª linha, principalmente localizados em países da União Européia. Vantagens da Cota Hilton – Enquanto os cortes tradicionais recebem no mercado internacional uma remuneração da ordem de US$ 3.800 a US$ 4.000 (t /equiv.carcaça), os produtos da cota Hilton agregam valor e ultrapassam duas vezes e meia estes valores, além de gozar de isenção total de taxas alfandegárias junto a União Européia. PARAGUAI E URUGUAI

Com a menor presença da Argentina no mercado internacional de carne bovina, os três outros parceiros estão ocupando espaços. As exportações paraguaias que se situaram em torno de 100 milhões de dólares em 2003, saltaram para US$ 500 milhões em 2006, com incremento de 400%. Uruguai, com um rebanho aproximadamente igual ao do Paraná, produziu 645 mil toneladas de carne (equiv.carcaça) em 2006. Este volume significa praticamente 41% a mais do total produzido em 2002, que foi de 425 mil

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toneladas. (TABELA 2) Nas exportações, o Paraguai tem preenchido lacunas deixadas pela Argentina e Mato Grosso do Sul; este último devido aos focos de febre aftosa registrados em outubro de 2005. Os principais clientes do Paraguai são Rússia e Chile. Analisando o quadro das exportações mundiais de carne bovina (TABELA 3), observa-se que a participação brasileira no MERCOSUL em 1999 era de 48%, em 2007, esta se elevou para 66%. A proposta é de que as exportações dos quatro países sejam feitas em conjunto ou em comunhão de interesses, bem como as políticas de sanidade animal englobem também a Bolívia e Peru. CENÁRIO NACIONAL

O Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo, aproximadamente 170 milhões de cabeças de acordo com o Censo Agropecuário do IBGE em 2006. O Censo Agropecuário de 2006, de fato confirmou as previsões de queda no rebanho nacional. O efetivo bovino que até então era estimado em 205 milhões de cabeças, indicou um número de 169.899.855 cabeças, significando uma redução de aproximadamente 17,5%. Conforme se observa na tabela 4, os estados que apresentaram maior crescimento foram Rondônia (49,69%), Pará (83,5%) e Maranhão (39,51%). Estes números mostram que a bovinocultura de corte está sempre à procura de terras mais baratas, em função disto à migração para o norte e nordeste. Os estados que apresentaram maiores reduções foram São Paulo (21,10%), Rio Grande do Sul (6,19%), Mato Grosso do Sul (15,89%). Os três estados, tem terras relativamente caras o que vem confirmar a hipótese de migração para terras mais baratas. O Mato Grosso, que registrava um rebanho de 16,7 milhões de cabeças em 1999, apontou um crescimento de 16%, significando 18,7 milhões de cabeças em 2007, assumindo assim o 2º lugar no “ranking” nacional. O Estado de Minas Gerais ocupa o 1º lugar, com 20.991.678 cabeças. Em 2007 o Brasil abateu 30.546.890, com acréscimo de 0,57% em relação ao ano de 2006, quando o abate foi de 30.373.560 cabeças. A produção de carne em 2006 foi de aproximadamente 9 milhões de toneladas, apresentando queda no ano de 2007, quando foram produzidas 8,12 milhões de toneladas. Dos 9 milhões produzidos em 2006, 1,6 milhões de toneladas foram destinados à exportação e o restante vendidos no mercado interno. Em 2007, as exportações foram da ordem de 1,71 milhões de toneladas.

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A partir de 2004, o Brasil alcançou a liderança mundial nas exportações de carne bovina, superando a Austrália que continua na 2ª posição.

Tabela 4 – Rebanho Bovino Brasileiro / Efetivo por Estado (ca beças)

Atualmente, com a ascensão das cotações da arroba, o que ocorre

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aproximadamente desde agosto de 2007 (início do ciclo de alta da pecuária de corte), o período esta sendo de recuperação da rentabilidade. Apesar dos bons preços da arroba bovina, os custos de produção se elevaram significativamente (a exemplo, a alta do sal mineral, que subiu mais de 80% nos últimos 6 meses), além dos altos preços dos animais de reposição, fatores que estão levando à redução na margem de lucro dos pecuaristas. EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE BOVINA

Brasil, Exportações de Carne Bovina 2002 a 2007 ANO TONELADAS US$ MIL 2002 429.831 775.855,18 2003 619.545 1.153.931,32 2004 923.659 1.961.464,71 2005 1.452.214 3.142.817,19 2006 1.596.975 3.987.815,84 2007 1.713.571 4.521.605,03

Fonte: MDIC/SECEX Bovinos (carne “in natura” industrializada, salgadas, miúdos e tripas)

• De 2002 a 2007, as exportações brasileiras apresentaram uma explosão de crescimento conforme se observa na tabela anterior, significando um aumento de 298,6% no período em volumes e 482,7% em dólares em seis anos.

Segundo estimativa da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), as exportações, em 2008, deverão ultrapassar US$ 5,0 bilhões de dólares. O faturamento este ano (janeiro a setembro) atingiu quase US$ 4,0 bilhões de acordo com a ABIEC. A mesma associação afirma que apesar da forte crise do setor financeiro, o consumo mundial de carne brasileira tende a subir. Esta alavancagem deverá ser devida a entrada de países como o Chile e os da União Européia. As exportações para a Rússia este ano já ultrapassaram US$ 1,0 bilhão de dólares. Nos primeiros nove meses deste ano a Venezuela e Irã importaram respectivamente 11% e 7% do total da carne “in natura”, significando 234 milhões e 157 milhões de dólares. Uma série de fatores permitiu esse desempenho entre os quais podem ser destacados os seguintes:

1. Desvalorização do real: tornou a carne brasileira baratíssima para os padrões internacionais; 2. BSE (vaca louca): a procura, pelos tradicionais consumidores de carne européia e norte americana de fornecedores mais confiáveis ajudou a abrir mercados para a carne brasileira; 3. Fim da aftosa: após anos de vacinações, a doença foi controlada nas

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principais regiões de pecuária do país; 4. Aumento da demanda internacional: o crescimento acelerado dos países emergentes (Ásia, Leste Europeu, ex URSS, África, Oriente Médio, com grandes populações famintas contribuiu para tirar da estagnação o mercado mundial da carne bovina; 5. Ciclo de baixa da pecuária: grande abate de fêmeas e uma relativa “capacidade ociosa” da produção de animais de boa qualidade permitiram ao Brasil, atender ao crescimento da demanda internacional;

Entre 2001 e 2004, a demanda mundial por carne bovina cresceu de 5,8 milhões para 6,3 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo os Estados Unidos, devido ao aparecimento da síndrome da “vaca louca” em seu território, reduziram suas exportações em 1,0 milhão de toneladas. Assim, em quatro anos foi necessário encontrar fornecedores que pudessem aumentar suas exportações em aproximadamente 1,5 milhão de toneladas, quase 25% do mercado mundial. (Anualpec 2008) EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNES BOVINA 20 PRINCIPAIS DESTINOS (ano 2007) (“ranking” volume)

1º-Rússia, 2º-Egito, 3º-Hong-Hong, 4º-Reino Unido, 5º-Estados Unidos (carne industrializada), 6º-Irã, 7º-Itália, 8º-Argélia, 9º-Paises Baixos (Holanda), 10º-Venezuela, 11º-Arábia Saudita, 12º-Filipinas, 13º-Israel, 14º-Alemanha, 15º-Líbano, 16º-Emirados Árabes Unidos, 17º-Suécia, 18º- Ilhas Canárias, 19º-Espanha, 20º-Suíça. CICLO PECUÁRIO � O comportamento dos preços na bovinocultura de corte é cíclico, alternando períodos de baixas de preços com períodos de alta, devido às oscilações do estoque de matrizes. � Um dos itens de maior peso no custo de produção dos animais é a alimentação. Todo animal consome comida de maneira proporcional ao seu peso vivo. � Assim um pecuarista de gado de corte tem um custo muito maior por fêmea instalada que um suinocultor ou um avicultor. Ele gasta muito mais para alimentar sua matriz durante os ciclos de produção. A necessidade de manutenção de uma vaca é uma das razões que elevam os preços da carne bovina em relação a outras carnes. � A variação do estoque de matrizes de um rebanho afeta diretamente a produção (oferta) de bezerros. � Quando existe excesso de fêmeas no rebanho, existe igualmente a tendência de ocorrer uma oferta excessiva de bezerros, o que leva à desvalorização de ambos, em relação aos preços do boi gordo. � A cria torna-se então menos lucrativa do que a recria e a engorda, uma vez que a relação de troca do boi gordo pelo bezerro fica mais favorável para os recriadores e terminadores.

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� A tendência, passa a ser de abandono da cria, através do aumento dos abates de matrizes, o que significa na prática o aumento do deságio do preço da vaca gorda para abate, em relação ao boi gordo. Segundo as informações disponíveis os ciclos até 1986 eram de aproximadamente 6 a 7 anos. Com os ganhos de produtividade alcançados com maior uso de tecnologia, o ciclo brasileiro encurtou e passou a ter uma duração média de aproximadamente quatro anos.

Tabela 5 – Taxa de Abate de Fêmeas Base: Total de Cabeças Abatidas

Segundo se observa na tabela 5 (taxa de abate de fêmeas), a percentagem de abate de matrizes no Brasil e Paraná tem sido superior a 45%.

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Considerando-se que a taxa de descarte de fêmeas para o gado de corte, com vista a manter a evolução do rebanho é no máximo de 35% ao ano, o abate de fêmeas está excessivamente alto, daí a escassez de bezerros e gado para reposição. Este quadro vem se acentuando desde 2003 e estima-se que perdurou até meados de 2007. Importante salientar que nas ciências econômicas os preços determinam o equilíbrio entre a oferta e a demanda, o que significa que na fase de alta do ciclo da pecuária os preços sobem até alcançar um novo patamar de equilíbrio. Na fase de alta voltam os investimentos em aumento de produção e produtividade que foram decaindo conforme caiam os preços do boi gordo. Na fase de baixa do ciclo pecuário, cortam-se praticamente todos os investimentos e reduz-se ao máximo o uso de recursos humanos ou insumos. Sem nenhuma sombra de dúvida esta foi a causa da frustração das metas de vendas da maioria dos fornecedores de insumos para o setor de 2003 a 2007. Registrou-se queda acentuada de venda de reprodutores, arames, sementes de pastagens e forrageiras de medicamentos e até sais minerais. Nas fases de baixa de ciclo, o ator ou elo da cadeia produtiva que mais ganha são os frigoríficos. Há uma redução na competição pela matéria-prima (boi gordo) e permite assim aumentar a escala de produção (ganhos quantitativos). Os sistemas de produção de recria e engorda nas fases de baixa do ciclo têm algum benefício ou registram uma perda menor. Os preços do boi gordo caem, mas dos bezerros caem muito mais. Nesta fase de baixa a relação de troca, boi gordo para bezerro, chega a 1:3 ou seja, um boi gordo mesmo sendo mais barato, vale o mesmo que três bezerros. No ciclo de alta, a relação tende a ser pior, ou 1:2, onde um boi gordo tem o melhor preço, mas na troca repõe apenas 2 bezerros. Conforme acompanhamento e análise das séries históricas de cotações de preços de gado para reposição, observa-se um cenário de demanda de bezerros em alta e significativa queda ou redução na oferta, tendo como principal causa o já relatado abate indiscriminado de fêmeas, ocasionado pela baixa rentabilidade observada no período de ciclo de baixa (anos de 2003 a 2007). CENÁRIO ESTADUAL

A bovinocultura de corte aparece como uma atividade distribuída em todo o estado, porém a maior concentração está na região norte e noroeste com 57,64% do rebanho.

• 9,4 milhões de cabeças bovinas (rebanho de leite co rte e misto); • 9º rebanho no “ranking” nacional; • 5,5% do rebanho nacional;

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Aproximadamente 7,5 milhões de cabeças formam o rebanho de corte alocado em 94.078 propriedades e 55 mil produtores que efetivamente participam do mercado.

As regiões mais expressivas em pecuária de corte no estado são Umuarama e Paranavaí, embora existam outras regiões muito importantes na atividade como: Londrina, Maringá, Campo Mourão, Jacarezinho, Ponta Grossa, entre outras. • UMUARAMA – 1º lugar = 1.180.641 cabeças • PARANAVAÍ – 2º lugar = 965.970 cabeças

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Os bovinos da raça nelore e anelorados respondem por aproximadamente, 70% do rebanho de bovinos do Brasil e também do Paraná, onde a raça adaptou-se perfeitamente ao clima tropical observado nas regiões Norte e Noroeste e subtropical no Oeste e Centro-Sul do Estado. A constante busca de melhores índices de produtividade na pecuária moderna, faz com que cada vez mais sejam utilizadas técnicas reprodutivas, como: a inseminação artificial, a transferência de embriões e o cruzamento industrial. No cruzamento industrial são utilizados reprodutores de raças européias, sobre um rebanho de matrizes de sangue zebuíno (maioria base nelore no Brasil e Paraná). Este tipo de cruzamento agrega ao produto obtido, através da heterose (choque de sangue), fatores positivos, como: rusticidade, maior ganho de peso, melhor qualidade de carcaça, maior conversão alimentar, melhor habilidade materna nas fêmeas, maior fertilidade, adaptabilidade, entre outras características. Além do nelore, outras raças puras européias e zebuínas merecem destaque no Estado, entre elas: a charolesa, simental, limousin, guzerá, caracu, aberdeen angus, etc.

DISTRIBUIÇÃO DO REBANHO NO PARANÁDISTRIBUIÇÃO DO REBANHO NO PARANÁSEGUNDO APTIDÃO E RAÇAS

20Leiteiro

10Misto

125870Corte

CruzamentoIndustrial - %

Nelore%

Total%

REBANHO

20Leiteiro

10Misto

125870Corte

CruzamentoIndustrial - %

Nelore%

Total%

REBANHO

Fonte: SEAB/DERAL

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CARACTERÍSTICAS DA PECUÁRIA PARANAENSE

• Produtores cada vez mais tecnificados; • Pastagens de qualidade; • Aumento da lotação (> 1,5 cab/ha); • Rebanhos de alto valor genético; • Sanidade dos rebanhos; • Crescimento em produtividade;

PARANÁ – ÍNDICES ZOOTÉCNICOS – ANO 2008

Fonte: SEAB/DERAL - EMATER O Estado do Paraná está se tornando um pólo superior em pecuária de corte. Os rebanhos possuem qualidade genética e sanidade, os produtores preocupam-se cada vez mais em conhecer e utilizar tecnologias, sejam elas: sanitárias, de manejo, reprodutivas e nutricionais, que levem a uma maior produtividade de seus rebanhos. O uso destas tecnologias, o entendimento de novos conceitos na pecuária de corte e a modernização das propriedades rurais, estão resultando, na melhoria constante dos níveis de produtividade, demonstrados no quadro acima. Estes índices são uma média das marcas atingidas em todo o Estado, sendo que em muitas propriedades os índices de produtividade apresentam-se bem superiores aos apresentados.

INDICADORES REFERÊNCIA ATUAL META

Taxa de natalidade 60% 75 a 80%

Mortalidade no 1 º ano 2% 1%

Taxa de lotação de pastagens 1,5 U.A 3,0 U.A

Idade m édia 1ª cria 36 meses 24 meses

Intervalo entre partos 14,5 meses 12 meses

Produção de carne 82 kg/ha/ano 180 a 200 kg/ha/ano

Idade m édia de abate 36 meses 24 a 15 meses

Rendimento de carca ça 52% > 55 a 56% (machos)

Taxa de desfrute 22% 30%

INDICADORES REFERÊNCIA ATUAL META

Taxa de natalidade 60% 75 a 80%

Mortalidade no 1 º ano 2% 1%

Taxa de lotação de pastagens 1,5 U.A 3,0 U.A

Idade m édia 1ª cria 36 meses 24 meses

Intervalo entre partos 14,5 meses 12 meses

Produção de carne 82 kg/ha/ano 180 a 200 kg/ha/ano

Idade m édia de abate 36 meses 24 a 15 meses

Rendimento de carca ça 52% > 55 a 56% (machos)

Taxa de desfrute 22% 30%

INDICADORESINDICADORESINDICADORES REFERÊNCIA ATUALREFERÊNCIA ATUALREFERÊNCIA ATUAL METAMETAMETA

Taxa de natalidadeTaxa de natalidadeTaxa de natalidade 60%60%60% 75 a 80%75 a 80%75 a 80%

Mortalidade no 1 º anoMortalidade no 1 º anoMortalidade no 1 º ano 2%2%2% 1%1%1%

Taxa de lotação de pastagensTaxa de lotação de pastagensTaxa de lotação de pastagens 1,5 U.A1,5 U.A1,5 U.A 3,0 U.A3,0 U.A3,0 U.A

Idade m édia 1ª criaIdade m édia 1ª criaIdade m édia 1ª cria 36 meses36 meses36 meses 24 meses24 meses24 meses

Intervalo entre partosIntervalo entre partosIntervalo entre partos 14,5 meses14,5 meses14,5 meses 12 meses12 meses12 meses

Produção de carneProdução de carneProdução de carne 82 kg/ha/ano82 kg/ha/ano82 kg/ha/ano 180 a 200 kg/ha/ano180 a 200 kg/ha/ano180 a 200 kg/ha/ano

Idade m édia de abateIdade m édia de abateIdade m édia de abate 36 meses36 meses36 meses 24 a 15 meses24 a 15 meses24 a 15 meses

Rendimento de carca çaRendimento de carca çaRendimento de carca ça 52%52%52% > 55 a 56% (machos)> 55 a 56% (machos)> 55 a 56% (machos)

Taxa de desfruteTaxa de desfruteTaxa de desfrute 22%22%22% 30%30%30%

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ÁREAS DE PASTAGENS – Paraná – Confronto dos Resultados dos Dados Estruturais dos Censos Agropecuários – 1970 / 2006.

1970 1975 1980 1985 1995 2006

4.509.710 4.982.840 5.520.218 5.999.604 6.677.312 5.735.095 Fonte: IBGE

A redução da área de pastagens registrada em 2006 em relação a 1995 é de 942.217 ha, ou 14,8%. Esta diminuição de área teve como principal causa a queda de rentabilidade, forçando os pecuaristas à migrarem para outras atividades como: o plantio da soja, da cana-de-açúcar (regiões norte e noroeste) e mais recentemente na região centro sul, aonde observamos a implantação de extensas áreas de pinus e eucalipto. PARANÁ - MERCADO DA CARNE BOVINA Produção – Exportação – Variação - Preços Cabeças Abatidas E Produção De Carne Ano 2005 com (SIF – SIP – SIM) - 1.919.898 cabeças • *431.977 t de carne (equivalente carcaça) - 1. 864.006 cabeças • *419.401 t de carne (equivalente carcaça) Ano 2007 com (SIF – SIP – SIM)

• 1.776.164 cabeças • *399.636 t de carne (equivalente carcaça)

* convertido – peso de carcaça de 225 kg (Fonte: SEAB/DERAL) CARNE BOVINA – Paraná – Exportações – 2004 a 2008

Ano Toneladas US$ (mil) FOB 2004 40.762 101.533.310 2005 34.508 78.427.312 2006 12.384 23.874.357 2007 10.416 20.778.942 2008* 11.263 35.800.441

Fonte: Agrostat Brasil, a partir de dados da SECEX/MDIC * janeiro a junho de 2008, carne bovina (miudezas, “in natura” e industrializada)

Conforme observa-se na tabela anterior, as exportações de carne bovina do Paraná, nos primeiros 6 meses de 2008, foram superiores a todo o volume exportado no ano anterior.

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Os cinco principais importadores de carne bovina do Paraná no ano de 2008 são: Rússia, Hong-Kong, Arábia Saudita, Casaquistão, Costa do Marfim, Angola e Monte Negro. O Paraná recuperou seu “status” de livre de febre aftosa com vacinação junto a OIE em 26/05/2008. A expectativa da SEAB-PR, é de que as exportações ultrapassem o volume de 40 mil toneladas de 2004, antes da suspeita de febre aftosa, ocorrida em outubro de 2005. As certificadoras serão auditadas pela Secretaria e Ministério da Agricultura, que indicarão a lista de propriedades que preenchem os requisitos do SISBOV. Estas listas serão encaminhados a Bruxelas, para análise da UE que indicará quais propriedades estarão aptas a exportação. Atualmente, no Paraná, existem 14 propriedades, certificadas e auditadas pela SEAB-MAPA, já encaminhadas para análise da União Européia, significando aproximadamente 25 mil animais. Segundo a Agência Estado, no Brasil, atualmente existem 364 propriedades certificadas para exportação para a UE. ARROBA DO BOI GORDO - Preços Médios Recebidos pelos Produtores – Estado do Paraná Anos 2002 a 2007 - R$/@

Ano 2002 Ano 2003 Ano 2004 Ano 2005 Ano 2006 Ano 2007

45,41 54,14 55,89 50,76 48,86 57,07

Fonte: SEAB/DERAL

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Arroba do Boi Gordo - Estado do Paraná - Preços Médios Recebidos pelos Produtores - Anos 2002 a

2007

0

10

20

30

40

50

60

Ano2002

Ano2003

Ano2004

Ano2005

Ano2006

Ano2007

R$ / @

Fonte: SEAB/DERAL

ARROBA BOVINA (Boi Gordo) – Variação de Preços Médios Recebidos pelos Produtores – Estado do Paraná - Anos de 2006 e 2007 – R$/@

Ano 2006 Ano 2007 Variação %

48,86 57,07 16,84

Fonte: SEAB/DERAL

ARROBA DO BOI GORDO – Preços Médios Recebidos pelos Produtores – Estado do Paraná – Ano 2008 / Janeiro a Setembro – R$/@

Janeir

o Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro

68,54 68,12 69,67 71,88 75,41 85,18 85,90 85,88 84,63

Fonte: SEAB/DERAL

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AR RO BA DO BO I GO RD O - Preços Médios R ecebidos pelos Produtores - Es tado do Paraná - Ano 2008 - Janeiro a Setem bro -

R $/@

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Jane

iro

Fever

eiro

Abril

Maio

Junh

oJu

lho

Agosto

Setem

bro

R $/@

Considerando os preços médios recebidos em janeiro de 2007, da ordem de R$ 51,65/@, em comparação a janeiro de 2008 de R$ 68,54/@, o diferencial de preços é da ordem de 32,70%, em 12 meses. O comportamento dos preços do boi gordo no período de safra de 2008 foi atípico em relação aos anos anteriores. Os preços médios em janeiro de 2008 que eram de R$ 68,54/@, fecharam em maio a R$ 75,41 /@ (plena safra). A principal causa deste aumento foi devido a redução da oferta de bois terminados em função do abate indiscriminado de fêmeas dos últimos cinco anos. Esta redução de oferta ocorreu não apenas no Paraná, mas em todo o Brasil. Em junho de 2008, no 1º mês da entressafra, a redução da oferta se acentuou, trazendo como conseqüência uma elevação dos preços na ordem de 13,30%. Considerando a tabela anterior, observa-se que os preços médios da arroba do boi gordo têm se mantido estáveis no período de junho a setembro e na 1ª quinzena de outubro, tendo como causa a conquista do novo patamar de equilíbrio em função do ciclo pecuário já analisado. Analisando os preços médios recebidos pela arroba da vaca para abate o diferencial de preços em relação ao recebido pela arroba do boi gordo varia entre 5 e 5,5%. Historicamente este diferencial sempre ficou entre 10 e 10,5%.

A elevação dos preços da arroba da vaca gorda para abate, muito próximas às cotações da arroba do boi gordo, leva a crer que a maioria dos frigoríficos, com dificuldades de conseguir bois terminados para fechar suas escalas de abate, têm usado deste artifício, para atender seus compromissos contratuais.

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MERCADO FINANCEIRO E BOI GORDO

O boi gordo é um produto com menor exposição em bolsas internacionais, constituindo-se em uma das poucas commodities cujos preços não tem, pelo menos por enquanto, sido influenciados por esta crise mundial. Isso evidencia que a formação de preços no mercado pecuário brasileiro tem como base a oferta e a demanda do próprio setor, ao contrário da soja, do café e do açúcar por exemplo que estão diretamente atrelados aos movimentos das bolsas internacionais. Segundo o CEPEA/ESALQ, agentes temem que a crise financeira diminua a demanda internacional pela carne no médio prazo, além de serem fortes os sinais de que o crédito externo para novos investidores no setor brasileiro reduzirá. De imediato, o impacto que se verifica é a escassez de recursos para as operações de adiantamento de crédito para exportação. Apesar da alta do dólar o que deixa as vendas externas mais atrativas, representantes de frigoríficos se mostram inseguros com os últimos acontecimentos.

• É importante salientar que as exportações para a União Européia, de janeiro a setembro de 2008, não atingem 8% do volume total exportado.

Para os Estados Unidos significa apenas 2,3%, exclusivamente de carne industrializada. Considerando que a crise financeira, está envolvendo basicamente Estados Unidos e União Européia, este impacto para o Brasil não vêm a ser tão significativo frente ao já exposto, uma vez que a maior parte das exportações brasileiras têm como destino os países emergentes. PROGNÓSTICO

O ano de 2008 tem se caracterizado como o primeiro de alta do ciclo pecuário. Nesta fase se verifica a valorização da arroba do boi gordo e do gado de reposição (bezerros, garrotes e fêmeas). A oferta de gado de reposição tem sido baixa desde 2007, permanecendo em 2008, contribuindo para a valorização destas categorias. Não há como mudar este quadro, a menos que em tempo certo, tivessem sido tomadas medidas anticíclicas; aí sim teria sido possível evitar a alta geral dos preços da pecuária. Como nada foi feito o movimento cíclico continua. Segundo os estudos das mais diversas empresas de consultoria, este ciclo de alta deverá continuar até o final de 2011.

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Considerando que o número de animais confinados este ano encontra-se reduzido em relação a anos anteriores, a estimativa é de que o produto proveniente dos confinamentos não será suficiente para atender a demanda no pico da entressafra. Desta forma, o cenário é de estabilidade dos preços da arroba do boi gordo no curto prazo, com possibilidades de novos aumentos no final da entressafra. Outro fator que pode contribuir para a sustentação a esta previsão é de que a demanda durante este período seja alavancada pela massa salarial e pelo aumento do consumo estimulado pelas festas de fim de ano. Quanto à demanda mundial, também se encontra aquecida e a tendência é de acréscimo ainda maior para os próximos anos. Espera-se que supere os recordes históricos anteriores. O cenário para a pecuária de corte brasileira é de recuperação de preços, retomada de investimentos, tanto no aumento da produção quanto no da produtividade.

BOI GORDO – Paraná – Preço Médio Nominal – Julho de 1994 à Setembro de 2008 (R$ / Arroba) Ano/M

ês Janeir

o Feverei

ro Março Abril Maio Junho Julho Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

1994 20,75 23,34 23,78 28,69 30,46 27,82 1995 24,76 24,40 23,23 22,24 21,02 20,55 22,80 23,75 22,70 22,95 23,83 21,09 1996 20,70 21,09 20,73 21,13 20,66 20,81 22,72 23,39 23,20 24,01 22,37 21,96 1997 22,15 22,66 22,89 23,47 22,92 23,04 24,39 24,45 24,16 24,71 25,02 25,27 1998 25,21 25,11 25,37 25,38 24,75 24,51 25,13 26,01 27,44 27,37 27,17 27,26 1999 27,59 29,89 29,96 29,10 27,72 27,83 29,79 30,82 32,56 36,60 38,57 37,62 2000 38,20 37,93 35,98 36,04 35,13 36,44 37,72 39,72 39,73 40,74 40,42 39,18 2001 38,23 37,14 37,85 39,17 38,60 38,48 39,03 40,98 41,34 43,52 43,18 42,95 2002 42,85 42,74 41,95 41,22 40,62 40,83 41,28 45,47 46,76 48,85 53,81 53,75 2003 53,49 53,47 53,14 52,22 50,29 50,75 53,00 54,92 56,53 56,77 57,73 57,37 2004 57,26 55,96 54,30 53,66 54,40 55,45 56,10 57,48 56,75 55,77 56,65 56,84 2005 55,77 53,93 52,37 51,05 50,53 50,08 49,95 48,47 47,70 50,14 50,48 48,60 2006 46,56 46,09 45,30 45,28 45,33 44,57 45,69 50,96 53,61 57,11 53,80 52,02 2007 51,65 52,14 52,79 52,23 51,55 52,57 57,25 60,08 58,40 59,92 66,82 69,45 2008 68,54 68,12 69,67 71,88 75,41 85,18 85,90 85,88 84,63

Fonte: SEAB/DERAL

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BOI MAGRO - Preço Médio Nominal Boi Magro Julho 1994 à Setembr o 2008 - R$/Cabeça (Média 300 kg)

Ano/ Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembr

o Dezemb

ro

1994 237,07 264,84 277,77 320,30 334,73 303,55 1995 281,68 275,69 270,24 261,15 236,16 233,52 246,61 257,96 250,49 246,32 252,02 229,37 1996 223,24 226,63 225,77 233,25 229,54 230,84 244,59 249,76 252,94 260,74 251,81 239,40 1997 243,24 243,11 247,93 260,34 255,92 254,27 262,12 261,71 259,31 261,70 263,91 268,97 1998 268,29 265,46 270,56 273,23 270,72 269,30 271,11 279,64 292,63 291,52 285,69 286,67 1999 293,96 308,73 309,73 316,80 303,81 307,91 322,17 332,81 340,17 370,29 386,95 386,66 2000 392,82 394,67 387,18 397,01 386,50 396,49 409,12 424,05 425,99 432,92 434,62 423,21 2001 420,68 412,53 413,43 432,88 432,17 431,25 439,49 448,65 454,22 473,28 480,90 470,24 2002 493,35 470,09 468,34 458,48 454,89 442,59 460,51 499,23 500,76 524,33 578,00 578,05 2003 580,77 570,82 578,72 574,16 547,14 564,22 558,88 581,04 606,59 615,78 633,03 624,86 2004 632,11 616,52 594,55 576,53 587,36 601,54 614,41 625,43 612,74 590,41 599,48 588,02 2005 579,58 564,58 544,09 532,30 517,84 515,63 513,28 504,63 503,59 534,26 533,51 517,73 2006 501,55 499,39 494,19 495,21 488,95 484,58 487,60 535,07 563,24 610,58 554,80 534,55 2007 542,41 557,77 559,00 557,33 546,77 557,61 615,32 647,39 634,70 650,80 721,05 746,70 2008 740,30 734,71 755,47 776,41 821,33 934,87 916,76 915,55 915,33

Fonte: SEAB/DERAL